OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · reconhecer que a(o) escrava(o) teve papel...
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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
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Produção Didática Pedagógica
Produção Didática Pedagógica realizada pela
Professora Rosemary Pinheiro Lima
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE
Orientador: Prof.Dr.José Luiz de Araújo
MARIALVA - 2014
Educação das
relações étnico-raciais:
um caminho a trilhar.
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Sumário
1. Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica –
Turma 2014 ........................................................................................................ 2
2. Apresentação ............................................................................... 3
3. Objetivo Geral ............................................................................... 4
4, Fundamentação Teórica ................................................................ 4
5. Estratégia de ação ......................................................................... 9
6. Encontros .................................................................................... 11
6.1. Primeiro Encontro .............................................................. 11
6.2. Segundo Encontro ............................................................. 18
6.3. Terceiro Encontro .............................................................. 29
6.4. Quarto Encontro ................................................................ 31
6.5. Quinto Encontro ................................................................. 40
6.6. Sexto Encontro .................................................................. 42
6.7. Sétimo Encontro ............................................................... 47
6.8. Oitavo Encontro ................................................................ 48
6.9. Nono Encontro .................................................................. 55
6.10. Décimo Encontro............................................................. 58
7- Referências ................................................................................. 61
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1. Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica –
Turma 2014
Título: Educação das relações étnico-raciais: um caminho a trilhar.
Autora Rosemary Pinheiro Lima
Disciplina/Área Língua Portuguesa
Escola de Implementação do
Projeto e sua localização
Colégio Estadual
Dr. Felipe Silveira Bittencourt
Município da escola Marialva
Núcleo Regional de Educação Maringá
Professor Orientador Prof. Dr. José Luiz de Araújo
Instituição de Ensino Superior UEM
Relação Interdisciplinar Todas as disciplinas da Educação Básica
Resumo
A sociedade é racista, o preconceito reforça a ideologia de que as(os) negras(os) são consideradas(os) uma raça inferior. O debate referente à Lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica tem por objetivo desmitificar a história eurocêntrica oficial, que negou as(aos) africanas(os) a condição de sujeitos históricos, desconsiderando sua presença, contribuição e participação na construção do Brasil. E, a partir de um novo olhar sobre a história de luta do povo negro, busca-se efetivar as políticas de ações afirmativas, colocando em prática novos conceitos, direcionando positivamente as relações das questões étnico-raciais, no sentido do respeito e da correção de posturas e atitudes, por uma educação verdadeiramente democrática e libertadora.
Palavras-chave Educação antirracista; Historiografia da
África; Identidade Negra
Formato do Material Didático Caderno Temático / Pedagógico
Público Professoras(res), funcionárias(os),
pedagogas(os) e equipe administrativa.
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2. Apresentação
Se uma das grandes tarefas da educação nos dias de hoje, é
combater o preconceito, o racismo, reconhecer e valorizar a história, a cultura e
a identidade dos descendentes afro-brasileiros, africanos e indígenas,
reconhecer que a(o) escrava(o) teve papel fundamental na formação da
sociedade brasileira, a autora defende que é preciso investigar como nossa
história foi contada, e como esse passado reflete em nosso presente.
As(os) intelectuais brasileiras(os) defendiam que a Europa era o
berço da civilização e o Brasil deveria se assemelhar à Europa para ser
civilizado, esse entendimento, fez com que, apenas a visão europeia fosse
estudada, tornando os demais territórios inferiores. Jamais se considerou de
maneira verdadeira as diferenças étnico-raciais, ignorando dessa forma, a
participação africana na formação do povo brasileiro. A sociedade aceitou e
naturalizou o predomínio das(os) brancas(os) sobre as(os) negras(os). A
história contada nas escolas foi a partir da pessoa de cor branca, a inteligência
e a beleza mostradas pela mídia também o são.
(...) “as pessoas têm
direito a ser iguais
sempre que a diferença as
tornar inferiores, contudo
têm também direito a ser
diferentes sempre que a
igualdade colocar em risco
as suas identidades”.
Boaventura Souza Santos
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Esse conceito eurocêntrico construído e fortalecido desde os séculos
passados, teceu a consciência coletiva brasileira com mecanismos racistas
que, sutil, consciente ou inconscientemente, marcaram a nossa própria
educação. Como consequência, esse quadro preconceituoso prejudica e
prejudicou a formação do verdadeiro cidadão.
3. Objetivo Geral
Esse caderno temático pedagógico visa fornecer informações e
sugestões de atividades que auxiliem em sala de aula e em toda escola, na
discussão da temática das relações étnico-raciais, a fim de colocar em prática
ações que possam auxiliar no combate ao racismo, preconceito e discriminação,
estimular a formação de uma visão crítica das relações étnico-raciais,
compreender melhor as políticas de ações afirmativas, as políticas de
reparações, de reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade da
população afrodescendente, conforme prevê a Lei 10.639/03.
4, Fundamentação Teórica
Não existem leis no mundo que sejam capazes de erradicar as atitudes preconceituosas que existem nas cabeças das pessoas (....). No entanto, cremos que a Educação é capaz de dar tanto aos jovens quanto aos adultos a possibilidade de questionar e de desconstruir os mitos de superioridade e de inferioridade entre grupos humanos que foram socializados (...) não temos dúvidas que a transformação de nossas cabeças de professores é uma tarefa preliminar importantíssima. Essa transformação fará de nós os verdadeiros educadores, capazes de contribuir no processo de construção de individualidades históricas e culturais das populações que formam a matriz plural do povo e da sociedade brasileira (MUNANGA, 2008, p. 17).
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Desde a publicação da Lei 10.639/03 que instituiu as Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN’s) para a Educação das Relações Étnico Raciais,
e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas,
as(os) professoras(es), vêm sendo desafiados a incluir nos currículos uma
nova leitura sobre o lugar da África na história da humanidade e também sobre
o papel dos afro-brasileiras(os) na constituição do Brasil, que não seja o da(o)
estigmatizada(o). Essa releitura e reconstrução não tocam apenas a dimensão
curricular, mas vão além, quando pretendem uma mobilização de
subjetividades e uma desconstrução de concepções eurocêntricas apreendidas
no decorrer da vida de todos nós. A partir da relevância dada pela lei, um
processo de mudança aconteceu, é preciso desconstruir o racismo, fortalecer a
identidade negra, aceitar a diversidade, reparar e valorizar a contribuição
das(os) africanas(os) e suas/seus descendentes nas áreas social, econômica
política e cultural da sociedade brasileira
No Estado do Paraná, cuja população negra1 é minoritária,2 a
historiografia “paranista”3 enalteceu a imigração europeia como fator
preponderante de seu desenvolvimento, negando a presença e participação da
população negra, aquele movimento regionalista, exaltava alguns grupos
étnicos, e consequentemente, rejeitava outros. Intelectuais e historiadores
preconizavam que a população não europeia (negra e indígena), atrapalhava o
1 Entende-se por população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e
pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), ou que adotam autodefinição análoga; (Inciso IV, Art. 1º da Lei nº 12.288 de 20 de julho de
2010).
2 Dados do CENSO 2010 apontam que a população negra (pretos e pardos) no Paraná é
de 27,4%.
3 Paranismo, neologismo cunhado por Romário Martins “para designar os que nutriam
amor pelo Paraná e estavam dispostos, através do discurso, a louvá-lo e reconhecerem nele um lugar onde
a população teria as perfeitas condições para se desenvolver como civilização”. (IURKIV, 2002: 131
apud BATISTELLA, 2012).
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desenvolvimento e defendiam o branqueamento da população4.
Wilson Martins (autor da coleção História da Inteligência Brasileira),
defendia a existência de um Paraná branco e europeu. Ao contrário do Brasil
descrito por Gilberto Freyre, o paranaense não se apresentava como o
resultado da miscigenação das três raças formadoras do povo brasileiro. [...]
Embora, sendo tarefa de toda a escola, as(os) professoras(es) são
as(os) principais protagonistas da mudança. Muitas(os) se formaram sem
nunca terem estudado a cultura Africana como uma das principais matrizes da
cultura brasileira, nunca tiveram em suas graduações, contato com esses
conteúdos. O desconhecimento dessa cultura, contribuiu para aumentar o
preconceito.
Alguns dentre nós não receberam na sua educação e formação de cidadãos, de professores e educadores o necessário preparo para lidar com o desafio que a problemática da convivência com a diversidade e as manifestações de discriminação dela resultadas colocam quotidianamente na nossa vida profissional. Essa falta de preparo, que devemos considerar como reflexo do nosso mito de democracia racial, compromete, sem dúvida, o objetivo fundamental da nossa missão no processo de formação dos futuros cidadãos responsáveis de amanhã (MUNANGA, 2005, p. 15).
Através do conhecimento da história e da cultura da população
negra as(os) professoras(es) compreenderão a real importância da lei, lutando
para que haja uma sociedade menos preconceituosa e uma real valorização
destes povos.
4 Nesse sentido, conforme observou Renato Ortiz (1994: 31), é interessante observar que a
política imigratória, além de seu significado econômico, também possuía uma dimensão ideológica, que
era a crença no branqueamento da população brasileira (e a conseqüente evolução da raça brasileira).
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A agenda colocada pela Lei, neste sentido, não indica apenas inserir conteúdos, mas, fundamentalmente também, rever conteúdos (que ocultam mais do que revelam, que silenciam mais do que mostram), rever práticas e posturas, rever conceitos e paradigmas no sentido da construção de uma educação antirracista, uma educação para a diversidade e para a igualdade racial (SANTOS, 2009, p.24).
Para prosseguir na direção da constituição de relações sociais justas
e igualitárias, a educação necessita vencer as ideologias de dominação,
fundadoras da sociedade brasileira. “Os preconceitos que subjazem o
imaginário social expressam, mesmo inconscientemente, o desejo de
dominação de uns sobre os outros” (CROCHÍK, 1997, p.152).
Esse Projeto Pedagógico foi construído com base nas ideias de
Bakhtin (1992) e Vygotsky (1993), ambos contribuintes das DCE’s do Paraná,
que focam o saber científico e reafirmam o compromisso do ensino público com
o conhecimento produzido historicamente, a influência dos outros e da
cultura no processo de construção do conhecimento.
Para Vygotsky, o meio social é determinante para o do
desenvolvimento humano e que isso acontece fundamentalmente pela
aprendizagem da linguagem, que ocorre por imitação, num processo interno,
ativo e interpessoal, em que, no mínimo, duas pessoas estão envolvidas
ativamente trocando experiências e ideias, gerando novas experiências e
conhecimento. Por meio das Teorias Interacionistas do Desenvolvimento, a
aprendizagem não era uma mera aquisição de informações, não acontecia a
partir de uma simples associação de ideias armazenadas na memória, mas na
ideia de interação entre o organismo e o meio.
Sob essa visão, a aprendizagem é uma experiência social, ela
idealiza o homem como um ser histórico e produto de um conjunto de relações
sociais. Considera que a consciência é engendrada no social, a partir das
relações que os homens estabelecem entre si, pela mediação da linguagem.
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Para melhor compreender suas ideias, é preciso reconhecer o
caráter marxista que fundamenta suas investigações. Na abordagem
vygotskyana, o homem é visto como alguém que transforma e é transformado
nas relações que acontecem em uma determinada cultura. Sendo que o
desenvolvimento humano é compreendido não como a decorrência de fatores
isolados que amadurecem, nem tampouco de fatores ambientais que agem
sobre o organismo controlando seu comportamento, mas sim como produto de
trocas recíprocas, que se estabelecem durante toda a vida, entre indivíduo e
meio, cada aspecto influindo sobre o outro, e isso se realiza pela linguagem.
Através da linguagem os sujeitos, seres sociais se comunicam e se
relacionam com o que os cercam, inseridos num contexto de relações e
interações. A todo instante, as pessoas se comunicam seja por meio de
linguagem verbal ou linguagem não verbal, isso implica uma responsabilidade
e, consequentemente, em um juízo de valor, ao se apropriar de um
determinado texto (falado ou escrito), o leitor se posiciona em relação a ele,
quer concordando, discordando, podendo acrescentar ou retirar informações.
Um texto revela a existência de outras obras em seu interior, as quais lhe
causam inspiração, esse conceito, chamado de dialogismo, foi desenvolvido
por Bakhtin, sua teoria perpassa o estudo do indivíduo por meio de questões
relativas à teoria geral da literatura e da cultura, concluindo com a análise do
povo e sua produção cultural. O autor apontou as diversas vozes presentes em
um mesmo discurso e a sua historicidade (1992).
Embora os autores trabalhem em áreas diferentes, os dois
compreendem em seus estudos uma perspectiva sócio-histórica, privilegiando
o aspecto cultural e social em seus fundamentos, construindo “[...] uma
perspectiva histórica e uma compreensão do homem como conjunto de
relações sociais” (FREITAS, 2000, p.157). Eles têm como base a linguagem
como ação e veem o percurso do social para o individual. Entendem que a
constituição dos sujeitos se dá nas interações sociais, essas interações sociais
têm um efeito cumulativo no desenvolvimento e na caracterização dos
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indivíduos, existe uma profunda ligação entre história individual e história
social.
A interação homem-ambiente será sempre mediada pelo uso de
instrumento, como pelo uso dos sistemas de signos “’[...] criados pelas
sociedades ao longo do curso da história humana, mudando a forma social e o
nível de seu desenvolvimento cultural" (VYGOTSKY, 1984, p.8).
Os sujeitos não são passivamente moldados pelo meio, nem
realizam suas aquisições assentados em recursos exclusivamente individuais,
mas sim, se constroem socialmente, e ao mesmo tempo participam ativamente
da construção do social. Os sujeitos só podem ser explicados, a partir de suas
histórias, nessas interações sociais cheia de intencionalidade, fomos
imbricados de racismo e da negação do mesmo: é o racismo à moda brasileira.
Algumas das formas de interação social fundamental, são os laços
familiares, relações de amizade, entre outros círculos de convivência, pois
nesses lugares aparecem as oportunidades, contatos são realizados, negócios
são engendrados. Essas interações não acontecem, numa sociedade em que a
separação racial é significativa, e torna-se uma desvantagem para as(os)
negras(os), a falta de acesso a essas interações com as(os) brancos.
5. Estratégia de ação
O trabalho será dividido em 10 encontros, sendo 6 presenciais e 4 a
distância, com duração de 4 horas cada um. Nos encontros o trabalho será
expositivo, com apresentação e sugestões de vídeos, livros, slides e textos, e
avaliação pela participação colaborativa oral e/ou escrita em cada encontro,
além da frequência. Não será abordada nesse trabalho a contribuição indígena.
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1º Encontro Presencial: “A história do povo negro, é uma história de luta”.
Quando se fala da história da(o) negra(o), é da história do Brasil que estamos
falando.
2º Encontro Presencial: Por que ensinar relações étnico-raciais e história da
África nas salas de aula?
3º Encontro a Distância: Como o racismo foi construído historicamente, leitura
do texto: História e conceitos básicos sobre o racismo e seus derivados, de
Antônio Olímpio de Sant’Ana. Pág.39 a 67 - Caderno Superando o racismo na
escola. !
http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo_
escola_miolo.pdf>
4º Encontro Presencial: O Combate ao racismo no Brasil esbarra na negação
do preconceito.
5º Encontro a distância: Reflexão sobre as manifestações do preconceito na
escola. Leitura das pág.15 a 20 – Caderno Superando o racismo na escola
Kabengele.Munanga. !!
<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo
_escola_miolo.pdf>
6º Encontro Presencial: Razões que impedem a construção da identidade
das(os) afro-descendentes. A valorização da cor e das características físicas
pelas(os) próprias(os) negras(os) e pardas(os).
7º Encontro a Distância: Leitura do texto: O Direito a diferença, de Glória
Moura. Pág.69 a 82 - Caderno Superando o racismo na escola.
<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo
_escola_miolo.pdf>
8º Encontro Presencial: Um olhar mais atento às práticas de racismo.
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9º Encontro a Distância: Desconstruir o Mito da Democracia Racial que existe
no Brasil.
<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/diversidade_universidad
e.pdf> Curta metragem - O xadrez das cores de Marco Schiavon, 21 min.
10º Encontro Presencial: Que tipo de educação sua escola prioriza
Etnocêntrica ou antirracista? Avaliação e momento de reflexão e diálogo em
relação ao curso, possível mudança de postura, o antes e depois do curso.
6. Encontros
6.1. Primeiro Encontro
TEMA – “A história do povo negro, é uma história de
luta”. Quando se fala da história da(o) negra(o), é
da história do Brasil que estamos falando.
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Objetivo - Conhecer e valorizar a história de luta da população negra,
para compreender que as mãos negras, construíram nosso País.
Ação – As(os) participantes preencherão uma ficha (modelo anexo 1) –
Descubra que tipo de educação sua escola prioriza ETNOCÊNTRICA ou
ANTIRRACISTA ? Essa ficha será retomada no último encontro.
Por etnocentrismo entende-se: um
jeito de ver o mundo no qual um
determinado povo está no seu centro
geográfico e moral, ponto a partir do
qual, todos os povos são medidos e
avaliados (BRASIL, 2009, p.191).
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De acordo com a REVISTA USP, São Paulo, n.46, p. 52-65,
junho/agosto 2000, entre os anos de 1525 e 1851, mais de cinco milhões de
africanas(os) foram trazidos para o Brasil na condição de escravas(os), foram
brutalmente tirados de suas terras e de seu contexto social, foram afastados de
sua nação, de sua família. Quando aqui chegaram, eram vistos como seres
grosseiros e primitivos, sem identidade, sem alma.
Darcy Ribeiro é um dos maiores intelectuais que o Brasil já teve. Não apenas pela alta qualidade do seu trabalho e da sua produção de antropólogo, de educador e de escritor, mas também pela incrível capacidade de viver muitas vidas numa só, enquanto a maioria de nós mal consegue viver uma
(CANDIDO, 1995, p.3). !
Darcy Ribeiro, antropólogo, educador, escritor e político, exilado em
1964, escreveu durante 30 anos, e em 1995 publicou o livro “O povo brasileiro”,
que aborda a história da formação do povo brasileiro, retratando o genocídio e
a brutalidade contra a população negra. Os trechos abaixo, foram selecionados
do livro e contam o início da história do povo negro no Brasil:
Assista ao vídeo: “Chico Buarque lê Darcy Ribeiro”. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=bv9DqymwzBc> Acesso em 20 novembro
2014.
Leitura e discussão: Darcy Ribeiro explica a desvantagem histórica do negro em relação ao branco. Disponível em: <http://socialistamorena.cartacapital.com.br/darcy-ribeiro-explica-a-desvantagem-historica-do-negro/> Acesso em 21 novembro 2014.
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É fundamental que seja oferecido as(os) alunas(os) uma visão mais
abrangente do mundo em que vivem, favorecendo a formação de suas
identidades, é fundamental que conheçam a história e cultura africana,
valorizem a população negra como povo lutador, e repudiem preconceitos e
discriminações, a fim de promover a consolidação da igualdade social tão
necessária à sociedade brasileira.
A longa história de lutas e algumas
conquistas da população negra.
LER
Leitura e discussão: Outro trecho de Darcy Ribeiro. Disponível em:
<http://ulisses-borges.blogspot.com.br/2013/11/um-trecho-de-o-
povo-brasileiro-de-darcy.html> Acesso em: 21 novembro 2014.
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No Brasil colônia, a formação dos quilombos representava a
consolidação material da resistência dos negros à escravidão. Eram aldeias ou
comunidades que recebiam negras(os) foragidas(os). No Brasil, existiram
centenas de quilombos em todas as regiões, o mais conhecido foi Palmares
que abrangeu parte de diversos Estados do Nordeste, durou mais de 100 anos
e teve mais de 20 mil habitantes, não foi fácil vencê-lo, até mesmo a elite
escravocrata negociou com seus líderes. A mulher negra também é
personagem dessa história, uma delas é Dandara, esposa de Zumbi dos
Palmares, que enfrentou destemida a luta contra o sistema escravocrata do
século XVII.
Tendo como fonte de estudos e pesquisas os estudos de Benilda
Regina Paiva de Brito e Fúlvia Rosemberg, destaco cronologicamente alguns
momentos importantes para a constituição do movimento negro brasileiro, ao
longo do Século XX, algumas ações que realizaram e as contribuições para a
construção de organizações negras:
1948 – Jornal Quilombo, fundado por Abdias do Nascimento, RJ, trazia a
seguinte afirmação:
"Nos dias de hoje a pressão contra a educação do negro afrouxou
consideravelmente, mas convenhamos que ainda se encontra muito longe do
ideal".
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Década de 1950 – Acontecem os primeiros estudos sobre preconceitos e
estereótipos raciais em livros didáticos no Brasil. Um grupo de pesquisadores,
entre eles o sociólogo Florestan Fernandes, produziu um amplo inventário
sobre o preconceito e a discriminação racial no Brasil.
Décadas de 1960 e 1970 - Os militares oficializaram a ideologia da
democracia racial e a militância que ousou desafiar esse mito foi acusada de
imitadora dos ativistas americanos. !
1984 - Uma Comissão de Educação da Comunidade Negra e o Grupo de
Trabalho para Assuntos Afro-Brasileiros, São Paulo, promoveu discussões com
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professores de várias áreas sobre a necessidade de rever o currículo e
introduzir conteúdos não discriminatórios. !
1985 - A comemoração de 13 de maio foi questionada pela Comissão, que
exaltava 20 de novembro como data a comemorar a consciência negra.
1986 - A Bahia inseriu a disciplina Introdução aos Estudos Africanos nos cursos
de Ensino Fundamental e Médio de algumas escolas estaduais atendendo a
antiga reivindicação do movimento negro. ! !
1996 - Entre os critérios de avaliação dos livros didáticos comprados e
distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) foram incluídos
aqueles específicos sobre questões raciais.
2003 - A publicação da lei 10.639 tornou obrigatório o ensino da História da
África e dos Afro-brasileiros no Ensino Fundamental e Médio.
Navio Negreiro, é uma das maiores realizações poéticas de Castro
Alves, foi escrita no ano de 1850, século XIX, num período de muita resistência
em relação ao abolicionismo no Brasil, principalmente por parte dos
proprietários.
Escrevendo as histórias que ouviu quando menino na Bahia, na
convivência com escravas(os), Castro Alves faz uma denúncia da escravidão,
dos horrores do tráfico, o martírio da chibata, recria na sua poesia as cenas
dramáticas do transporte de escravos no porão dos navios negreiros. Foi o
mais engajado à causa humanitária do abolicionismo, abordava temas sociais e
políticos, retratando a(o) escrava(o) de modo trágico e romântico, para
Mensagem final - Poesia “Navio Negreiro”, cantada por Caetano
Veloso.
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despertar a sociedade, habituada a três séculos de escravidão, para o que há
de mais desumano naquele regime.
Caetano Veloso criou uma música para o poema “O Navio Negreiro”,
e com Maria Betânia no CD Livro (1998), canta-o em ritmo de Rap. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=NVAMDEbnm5s> Acesso em: 21
novembro 2014. !
6.2. Segundo Encontro
ASSISTIR
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Embora houvesse movimentos internos e imposição internacional
para se eliminar do Brasil, todas as formas de discriminação racial, foi a partir
dos anos 80, com as lutas pela redemocratização do País, a promulgação da
Constituição Federal de 1988, paralelamente com o centenário da “abolição” da
escravatura, aliado às intensas mobilizações do Movimento Social Negro que
efetivamente as(os) negras(os) começaram a ter voz.
Desde meados do século passado, o Movimento Negro Brasileiro
preocupa-se com o papel desempenhado pela educação na reprodução de
estereótipos e preconceitos, buscando a implantação de políticas de combate
ao racismo e o acesso à educação.
Acreditando que somos todas(os) sujeitos históricos e sociais,
fundamentada na reflexão que tem como base o princípio de igualdade, a Lei
TEMA – Por que ensinar relações étnico-
raciais e história da África nas salas de
aula?
Objetivo – Superar o etnocentrismo europeu, reestruturando as
relações étnico-raciais e sociais na escola.
Ação - Leitura de textos e discussão.
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10.639 foi sancionada pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva,
em nove de janeiro de 2003, e introduziu o Art. 26-A e 79-B na LDB:
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino
sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política
pertinentes a História do Brasil (BRASIL, 2003).
A instituição da Lei 10.639, resgata a história e a cultura das(os)
afrodescendentes nos ambientes escolares, reconhecendo assim sua
identidade étnica. Após sua implantação, a sociedade brasileira deve
reconhecer a África como verdadeiro “Berço da Humanidade”, pela sua
importância como palco das ações humanas e pelas profundas relações que
guardamos com aquele Continente. Na verdade, a lei deve contribuir para
reeducar a sociedade brasileira com um novo entendimento de sua história e a
contribuição do povo negro na construção social, econômica e cultural do
nosso país, pois a população negra e indígena é de certa forma, os verdadeiros
historiadores desse país.
É possível afirmar cientificamente, que Brasil e África já estiveram
unidos, e, há 200 milhões de anos, os dois continentes começaram a se
separar e assumiram as atuais posições, afastados milhares de quilômetros
pelo Oceano Atlântico.
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Nessa imagem, podemos observar, como os dois continentes
formam duas peças de um quebra cabeça, e se encaixam perfeitamente.
Disponível em: <https://eco4u.wordpress.com/tag/placas-tectonicas/> Acesso
em: 21 novembro 2014.
O mar que hoje os separa, foi o mesmo onde mais de cinco milhões
de africanas(os) cruzaram contra a vontade entre os séculos 16 e 19 em
direção ao Brasil. A África lugar de origem da matéria prima escrava, foi
loteada entre os países coloniais-escravistas, e cerca de 60 milhões de
habitantes foram retirados violentamente pelo tráfico negreiro de escravas(os).
“A África está em nós, em nossa cultura, em nossa vida, independentemente
de nossa origem pessoal”, defende a historiadora Mônica Lima e Sousa, em A
África na Sala de Aula, p.85-86. Por isso, as tradições, a cultura e a trajetória
dos descendentes das(os) africanas(os) escravizadas(os) compõem um objeto
de estudo importante para todas as crianças e jovens, negras(os) ou não.
Entender a África, sem os estereótipos de miséria, fome, doenças e
guerras tribais, construída por impressões sempre pejorativas e equivocadas,
mas, em sua riqueza cultural, étnica, linguística, artística, intelectual, deverá
contribuir para a superação de preconceitos.
O historiador Anderson Oliva, analisou o estudo da história da África
no Brasil em 34 coleções didáticas e chegou a uma conclusão preocupante: a
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maioria dos livros didáticos apresenta uma visão eurocêntrica sobre a África a
partir da colonização e quase sempre aborda com displicência e simplificações
a história do continente. !
Para se ter uma ideia, até o ano 2000 somente três manuais brasileiros usados no ensino fundamental reservavam um capítulo especial para a história da África anterior ao século 19, Todas as demais publicações tratavam o período exclusivamente a partir de considerações e acontecimentos
referentes à Europa e às Américas (OLIVA, 2012, p.4).
O estudo da história do continente africano possibilita a correção das
referências equivocadas que carregamos sobre as(os) africanas(os), para
conhecer quem é o “povo brasileiro”, sua descendência, seus antepassados, o
que fizeram. O caminho é longo, mas, seu estudo, deve romper com a
estrutura eurocêntrica, mostrando que o conhecimento ocidental não é único.
Hoje, a população brasileira que se declara como negra ou parda é
maior do que a população de brancas(os) miscigenadas(os). De acordo com os
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, divulgados no
começo de 2011, 96,7 milhões de pessoas se declararam negras/pardas – o
equivalente a 50,7% da população – contra 91 milhões de brancos (47,7%), 2
milhões de amarelos (1,1%) e 817,9 mil indígenas (0,4%). No total,
190.755.799 milhões de habitantes. O Brasil é o país fora do continente
africano que possui o maior número de afrodescendentes, entre negras(os) e
pardas(os), chegamos a mais da metade da população brasileira.
No Brasil, a cor ou raça é autodeclarada, isto é, ao responder ao
Censo Demográfico ou outras pesquisas, cada um diz se é preta(o), parda(o),
branca(o), amarela(o) ou indígena.
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23
Abordar a participação das(os) negras(os) em diversos episódios da
história nacional é, portanto, imprescindível, essa prática, ajudará na luta contra
o racismo, como também na consolidação da democracia, na promoção da
cidadania e no reforço à igualdade social e racial..
O programa Entrevista Record Atualidade da Record News exibiu
em 07 de novembro de 2014, uma entrevista com o professor Marcelo Paixão,
do Instituto de Economia da UFRJ, que mostrou dados estatísticos, que
comprovam a situação de exclusão social das(os) negras(os) nesse País:
Disponível em: <http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/05/19/o-brasil-
dos-brancos-e-rico-dos-negros-e-muito-muito-pobre/> Acesso em: 21
novembro 2014.
As(os) negras(os) brasileiras(os) vivem seis anos menos que as(os)
brancas(os).
O número de analfabetos negras(os) é o dobro do número de
brancas(os).
A renda das(os) negras(os) é a metade da renda das(os) brancas(os).
As(os) negras(os) ficam dois anos a menos na escola que as(os)
brancas(os).
Se desmontarmos os números do IDH, índice do desenvolvimento
humano, da ONU, veremos que se o Brasil fosse só das(os) brancas(os)
ficaria na 40ª posição do IDH. O Brasil está na 70ª. Mas, se fosse só de
negras(os), seria um país pobre africano e ficaria na 104ª posição.
Ler o texto: História Africana para compreensão da História do
Brasil. Disponível em:
<http://www.nre.seed.pr.gov.br/pontagrossa/arquivos/File/Equipe%20d
e%20Ensino/DEDI/Caderno_1.pdf> pág.85 a 89. Cadernos Temáticos
– Educando para as relações étnicos-raciais. Acesso em: 21 novembro
2014.
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Pesquisa do IBGE mostra que negras(os) que concluem o Ensino
Superior são minoria no Brasil, 05/06/2013.
<http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/pesquisa-do-ibge-mostra-que-
negros-que-concluem-o-ensino-superior-sao-minoria-no-brasil/>
Apenas 2,7% das(os) médicas(os) formados no Brasil são negras(os)
27/10/2013. <http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/apenas-27-dos-
medicos-formados-no-brasil-sao-negros/>
Entre 2003 e 2009 foram libertadas(os) 40 mil brasileiras(os),
abandonaram a posição de escravas(o)s, porque viviam em fazendas
sob o regime servil: não recebiam remuneração para poder pagar
dívidas impagáveis. Desses 40 mil escravas(os), 73,5% eram
negras(os).
<http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/05/19/o-brasil-dos-brancos-e-rico-dos-negros-e-muito-muito-pobre/>
Dados tabulados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
de 2012 comprovam: elas(es) são a maioria dos analfabetas(os), com a
maior taxa de distorção idade-série, e o trabalho infantil é mais comum
entre elas(es) do que entre brancas(os) (veja gráficos abaixo).
Desigualdades entre brancos e negros no Brasil
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A cada três pessoas mortas pela PM de São Paulo, duas são negras,
revela estudo de 24/05/2013. <http://www.revistaafro.com.br/mundo-
afro/a-cada-tres-pessoas-mortas-pela-pm-de-sao-paulo-duas-sao-
negras-revela-estudo/ >
Negras(os) representam 70% das vítimas de assassinato no país,
06/01/2014. <http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/negros-
representam-70-das-vitimas-de-assassinato-no-pais/>
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26
Jovem negro tem quase quatro vezes mais chances de ser morto do que
jovem branco 20/10/2013. <http://www.revistaafro.com.br/mundo-
fro/jovem-negro-corre-quase-quatro-vezes-mais-chances-de-homicidio-
do-que-jovem-branco/>
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27
Negras(os) são as(os) mais agredidos no Brasil, 17/01/2013.
<http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/negros-sao-os-mais-
agredidos-no-brasil/>
Pesquisa revela: mais de 90% das meninas que trabalham no Brasil são
negras, 13/10/2013. Disponível em:
<http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/pesquisa-revela-mais-de-90-
das-meninas-que-trabalham-no-pais-sao-negras/>
Todos os links acima foram acessados pela última vez em 07 de
novembro de 2014.
Foi manchete na Folha de São Paulo, de alguns anos
atrás: “A violência tem cor. Negro morre a bala, e
branco do coração”.
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29
Análise da charge abaixo:
6.3. Terceiro Encontro
Mensagem final - É preciso entender que o sucesso de uns tem o
preço da marginalização e da desigualdade impostas a outros.
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Encontro a distância
Segundo Antônio Olímpio de Sant’ Ana, nos tempos primitivos até
por volta da Idade Média, à discriminação baseava-se em fatores religiosos,
políticos, nacionalidade e na linguagem, e não em diferenças biológicas ou
raciais como acontece hoje.
Vamos ler esse texto no Caderno do MEC – Superando o racismo
na escola, pág.39 a 67. Disponível em: : !
<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo
_escola_miolo.pdf> Acesso em: 14 novembro 2014.
Denise Carreira, especialista em Direito à Educação e em
Diversidade, Raça e Participação na escola, desenvolveu um teste online, faça
TEMA – Como o racismo foi construído historicamente.
Objetivo – Compreender como o racismo foi construído historicamente
desde a colonização e como a escravização foi determinante para
solidificação do racismo.
Ação – Leitura e reflexão do texto: História e conceitos básicos sobre o
racismo e seus derivados. Teste online sobre a posição da escola e as raízes
culturais brasileiras.
LER
ASSISTIR
31
31
e descubra se sua escola e/ou a escola de sua/seu filha(o) está no caminho
certo para o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana.
DIVERSIDADE
Como a escola de seu filho/aluno aborda as raízes culturais
brasileiras?
1. Depois de seu filho ter aprendido sobre a história da formação do povo brasileiro,
você percebe que ele:
Foto: Dreamstime
a) Sabe tudo sobre a origem européia (branca) do país;
b) Tem amplo conhecimento da história e da cultura de cada um dos povos que
contribuíram na formação do Brasil – indígenas, negros e brancos;
c) Sabe mais sobre a influência européia (branca) no Brasil, mas tem noção das
contribuições dos indígenas e africanos para a formação do país.
Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/testes/a-escola-
do-seu-filho-ensina-o-conteudo-certo-sobre-as-origens-do-povo-brasileiro.shtml>
Acesso em: 02 dezembro 2014.
6.4. Quarto Encontro
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O
Não se identifica na história, a motivação ou origem para o
comportamento racista, mas é possível afirmar que o momento da colonização
foi determinante para a solidificação do racismo na mentalidade tanto das
antigas metrópoles quanto das suas antigas colônias. No momento do
descobrimento do Brasil, o ideal capitalista existia e era expresso nas Grandes
Navegações. Aportou nas Américas jorrando sangue, com os dois maiores
massacres da história da humanidade: a destruição dos povos indígenas e a
escravidão. Disponível em: <http://www.geledes.org.br/1808-1822-e-os-negros-
por-emir-sader/#axzz3JkMkN2F1> Acesso em: 21 novembro 2014.
O racismo foi construído culturalmente através das relações humanas
para justificar a dominação, para hierarquizar, para desumanizar e
discriminar.
TEMA – O Combate ao racismo no Brasil esbarra na negação do preconceito.
Objetivo - Assumir que o Brasil é um país racista, e nós
brasileiras(os), carregamos esse flagelo.
Ação – Leitura de textos, vídeo e discussão.
REFLETIR
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33
Para Flávio José dos Passos, em “A urgência de um processo de
desconstrução do racismo institucional: uma proposta didático-pedagógica”,
(2013, p.11), o racismo é mais que uma ideologia, é um projeto de sociedade
pautado na manutenção dos privilégios de um pequeno grupo hegemônico e
dominante. No Brasil, o estado foi o principal agente de segregação racial, com
legislações e uso da força de Estado para reprimir e restringir o acesso da
população negra, desde a terra, passando pela preservação da própria cultura
e religião, até o acesso a cargos e espaços de poder.
Após a proibição do tráfico de escravas(os) em 1850 (lei Eusébio de
Queiroz), os recursos que eram destinados ao tráfico foram direcionados para
investimentos em sistemas produtivos, possibilitando aí, a transição negociada
do escravismo colonial para o capitalismo. Nesse mesmo ano, foi aprovada a
lei 601 (lei que regulamentou a concessão de terras públicas), que significou
uma drástica restrição das possibilidades de acesso a terra na transição do
regime escravista para o trabalho livre. A lei incentivou a imigração de
europeus pobres, mas não contemplou o povo africano, que trabalhou em
regime escravo, nessas mesmas terras por mais de 300 anos. As terras
ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos, apesar de ter
prevista sua regularização na Constituição Federal de 1988, inúmeros entraves
impedem que a titulação aconteça.
Mesmo depois de 126 anos de abolida a escravidão, as(os)
afrodescendentes são vitimas de pensamentos que pregam a sua inferioridade
intelectual e moral, e essa população luta para conquistar direitos civis,
Dialogando com o pensamento de Leopold Senghir, o racismo é visto
como ideologia elaborada, fruto da ciência europeia a serviço da
dominação sobre a América, Ásia e África, objetivando usar mão de
obra barata através da exploração dos povos colonizados.
34
34
políticos e direitos sociais. A discriminação institucionalizada negou
oportunidades e vida digna para essa parcela de nossa sociedade durante
séculos. Dialogando com o pensamento de Gomes, (2005, p.48), as
características físicas que identificam negras(os) e brancas(os) foram usadas
para discriminar e negar direitos e oportunidades as(aos) negras(os) no nosso
país.
Segundo as Diretrizes Curriculares (2005), o Brasil ao longo da sua
História, estabeleceu um modelo de desenvolvimento excludente, impedindo
que milhões de brasileiras(os) tivessem acesso à escola ou nela
permanecessem.
É o que pode ser constado no Decreto de nº 1.331 de 17 de
fevereiro de 1854, no qual estabeleceu que nas escolas públicas do país não
seriam admitidos escravas(os), e a previsão de instrução para adultos
negras(os) dependia da disponibilidade de professoras(es). Já o Decreto de
7.031, de 6 de setembro de 1878, estabelecia que as(os) negras(os) só podiam
estudar no período noturno e diversas estratégicas foram montadas no sentido
de impedir o acesso pleno dessa população aos bancos escolares.
No ano de 2001, a III Conferência Mundial contra o Racismo,
Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, promovida pela ONU, foi um momento
muito significativo na luta contra o racismo, pois, pela primeira vez na história,
173 países reconheceram que as estatísticas das desigualdades social e racial,
a violência e o racismo têm sua origem na escravidão. O preconceito e o
racismo no Brasil têm suas raízes, assim como em outros países da América
Latina e dos Estados Unidos, no processo de escravização das(os) negras(os),
conforme retratados por Chiavenato (1987) quando menciona a figura da(o)
negra(o) como “naturalmente inferior”, passível de ser escravizada(o) aos olhos
dos europeus e das Igrejas Cristãs. Este tipo de pensamento está até hoje
enraizado na sociedade brasileira.
35
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Mas, qual é a diferença entre preconceito, estereótipo e
discriminação? E você sabia que é possível possuir preconceito contra um
grupo sem ter consciência desse preconceito?
Etimologicamente, preconceito, vem do latim prae, antes, e
conceptu, conceito “este termo pode ser definido como conjunto de crenças e
valores aprendidos, que levam um indivíduo ou grupo a nutrir opiniões a favor
ou contra os membros de determinados grupos, antes de uma efetiva
experiência com estes” (CASHMORE, 2000, p.438).
Segundo Nogueira (2006, p.296), no Brasil, a intensidade do
preconceito varia em proporção direta aos traços negróides. Portanto,
preconceito é uma opinião que formamos das pessoas antes de conhecê-las. É
um julgamento apressado e superficial e muito perigoso, pois ao invés de
melhorar a nossa vida e da sociedade, acaba trazendo muitas situações
complicadas e até mesmo violentas.
Diferentemente do conceito biológico do século XVIII, hoje em dia, o
termo raça é aceito como a construção social forjada nas tensas relações entre
brancas(os) e negras(os), muitas vezes simuladas como harmoniosas. Cabe
esclarecer que é utilizado com frequência, nas relações sociais brasileiras, de
forma inadequada, para informar como determinadas características físicas —
como cor de pele, tipo de cabelo, entre outras — influenciam, interferem e, até
mesmo, determinam o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da
sociedade brasileira.
Contudo, o termo foi ressignificado pelo Movimento Negro, que, em
várias situações, utiliza-o com um sentido político e de valorização do legado
deixado pelas(os) africanas(os).
Na opinião da coordenadora de projetos do Centro de Referência
do Negro, Lucimar Martins, uma das formas de sensibilizar a população é dar
destaque às atitudes racistas para poder combatê-las. “É importante focar na
discriminação racial, que é a materialização do racismo. É preciso partir da
premissa que o racismo é uma realidade para poder enfrentar a
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36
questão”. Discriminação é, portanto tratar as(os) outras(os) com inferioridade,
se julgando superior.
Segundo afirmações científicas as raças não existem enquanto
método classificatório, pois todos os homens estão sujeitos a diferenciações
genéticas incapazes de determinar certas habilidades, valores, ou padrões de
comportamento.
Existe muito preconceito, racismo e discriminação no contexto
escolar e este é um grande problema de todos nós. Vamos esclarecer um
pouco sobre cada conceito. Flavia Cunha Lima. Disponível em:
<http://www.geledes.org.br/preconceito-racismo-e-discriminacao-contexto-
escolar/#axzz3IZx4uvv7> Acesso em: 21 novembro 2014.
Discussão sobre o vídeo:
Preconceito e estereótipo
O conceito de racismo, segundo as teorias mais recentes, é mais do que
discriminar ou ter preconceito racial, é uma ideologia que estabelece
relação hierárquica entre características raciais e culturais e dissemina
ideias de que algumas raças são, por natureza superiores a outras.
REFLETIR
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Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7m-yuzFljpc> Acesso em:
21 novembro 2014.
Uma pesquisa de opinião realizada pela Fundação Perseu Abramo
em 2003 (Santos & Silva, 2005), demonstra que 87% das(os) brasileiras(os)
admitem que há racismo no Brasil, contudo apenas 4% se reconhecem como
racista. Conclusão: “todo brasileiro se sente uma ilha de democracia racial,
cercada de racistas por todos os lados”. A frase, atribuída à antropóloga Lilia
Schwarcz, 57 anos, dá a dimensão do desafio no enfrentamento da
discriminação em razão da cor da pele,
Podemos extrair duas consequências desses dados: a primeira é
que o racismo existe não pela consciência de quem o exerce, mas sim pelos
efeitos de quem sofre seus efeitos. A segunda consequência é que o racismo
no Brasil, embora perceptível, se localiza sempre no outro, nunca nas práticas
cotidianas de seus agentes, o que torna ainda mais difícil sua superação.
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Disponível em:
<http://www.portaldoservidor.ba.gov.br/sites/default/files/Racismo%20-
%20texto%20do%20Peck.pdf> Acesso em 21 novembro 2014.
RACISTA EU?
De jeito nenhum...
Leitura e discussão
REFLETIR
O primeiro passo para superar o racismo silencioso é justamente
combater o discurso de que não há racismo.
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39
Adilson José Moreira, professor de Direito na Fundação Getúlio
Vargas apresentou, em 2013, sua tese no doutorado de Direito de Harvard Law
School sobre a questão racial no Brasil. Sua conclusão acadêmica vai direto ao
ponto. “O racismo é um sistema de dominação social e o seu objetivo sempre
foi o mesmo: garantir a hegemonia do grupo racial dominante”. Sua tese expõe
um país dominado pela hegemonia branca, cheio de preconceitos e muito
longe de uma real igualdade racial, embora haja esforços para mudar o quadro.
Disponível,em: !
<http://brasil.elpais.com/brasil/2014/06/21/politica/1403380855_900715.html>
Acesso 21 novembro 2014.
Mensagem final – Afinal, você esperava o quê?
LER
ASSISTIR
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Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=N_ohC54rEus> Acesso em: 21
novembro 2014.
6.5. Quinto Encontro
A escola, enquanto instituição social responsável por assegurar o
direito da educação a toda(o) e qualquer cidadã(ão), deverá se posicionar
politicamente, contra toda e qualquer forma de discriminação.
Encontro a distância.
TEMA – Reflexão sobre as manifestações do preconceito na escola.
Objetivo – Assumir uma posição política contra toda e qualquer
forma de discriminação.
Ação – Leitura e reflexão do texto e vídeo de Kabengele Munanga.
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Kabengele Munanga é professor titular da Universidade de São
Paulo, especialista em Antropologia Africana e primeiro antropólogo a ser
formado na Universidade Oficial do Congo, defende a ideia de que o racismo
brasileiro é um crime perfeito.
Kabengele organizou o Caderno do MEC – Superando o racismo na
escola (2005), leia a apresentação p.15 a 20. Disponível em:
<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo
_escola_miolo.pdf> Acesso em: 21 novembro 2014.
E assista a uma entrevista sobre sua Trajetória, num programa
gravado na USP em 2012, onde revela as estruturas que sustentam o
preconceito silencioso brasileiro. Além de trazer a tona sua vida enquanto
cientista social, Kabengele relata episódios de preconceito consigo e com seus
filhos, num país que até pouco tempo atrás anunciava ao mundo harmonia
entre as diferentes pessoas de cores de pele distintas.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6iOmlZRiJeg> Acesso em:
21 novembro 2014.
LER
ASSISTR
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6.6. Sexto Encontro
A identidade é para os indivíduos a fonte de sentido e experiência... É necessário que a escola resgate a identidade dos afro-brasileiros. Negar qualquer etnia, além de esconder uma parte da história, leva os indivíduos a sua negação
(MUNANGA, 1999).
Muitas(os) já viram ou ouviram falar do teste da boneca que foi feito
nos EUA, pelo Dr. Kenneth Clark que, em 1954, ajudou a Suprema Corte dos
Estados Unidos a proibir a segregação racial nas escolas públicas.
TEMA – Razões que impedem a construção da identidade dos afrodescendentes e a valorização da cor e características físicas pelos próprios negros e pardos.
Objetivo – Desencadear processos de afirmação da identidade dos
afrodescendentes, e de sua história negada ou distorcida.
Ação - Leitura, reflexão de textos, vídeos e discussão.
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O teste consistia em apresentar a crianças negras uma boneca
branca e uma negra e perguntar qual era a mais bonita, a mais gentil, a mais
feia e a mais má. Elas sempre escolhiam a branca como sendo boa e bonita e
a negra como má e feia e justificavam isso dizendo que as achavam bonitas e
gentis por serem brancas ou feias e más por serem negras. O teste foi refeito
em 2008 e os resultados continuam os mesmos. É surpreendente ver quando o
entrevistador, após ter ouvido a criança dizer que a boneca negra é feia e má,
pergunta à criança qual boneca se parece mais com ela. A criança sente o
choque ao perceber que também é negra e então se dá conta que deve ser feia
e má apenas por ser negra, mas se sente em conflito por não se sentir assim.
Essa pesquisa realizada com crianças americanas mostra o racismo
social implantado no subconsciente de crianças negras, mostra como o
racismo é introjetado no ser humano logo nos primeiros anos da infância. As
crianças negras são metralhadas por padrões globalizados de beleza branca,
loiras, cabelos lisos, modelos que elas nunca serão. Como elas podem
acreditar que são bonitas? Que tem cabelos bonitos?
Quando uma criança negra recebe na escola, para brincar, uma
boneca branca, ela formula na sua cabecinha que o bom é ter uma filha branca
e não uma da sua própria cor. Um trabalho de doutorado mostrou que, nas
creches, não foi encontrado nenhum pente para o cabelo encaracolado das
crianças negras.
O modelo de humano é a(o) mulher/homem, branca(o), jovem,
boa/bom, bonita(o), inteligente, saudável e bem sucedida(o); é, ainda, a(o) que
se denomina cristã(ão), rica(o) e sem deficiência aparente. Dessa forma,
mulheres, de qualquer etnicorracial e todos as(os) índias(os), afrodescendentes
e asiáticas(os) estão fora desse padrão.
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Assista ao Vídeo O Teste da Boneca - Cor de Pele e Tipo de Cabelo e
comentários,disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nGuHv6qhrzI>
Acesso em: 26 de outubro de 2014.
Sugestão bibliográfica: “Cultura Negra na sala de aula: pode ser um cantinho
de Africanidades, elevar a auto-estima de crianças negras e melhorar o
relacionamento entre crianças negras e brancas.” – Dissertação de Mestrada
de Valéria Aparecida Algarve, Orientadora Drª Petronilha Beatriz Golçalves e
Silva.Disponível em: <http://www.ufscar.br/~neab/documentosBV/DissVAA.pdf>
Acesso em 21 novembro 2014.
O documentário “Lápis de cor” (2014), dirigido pela estudante de
Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia,
Larissa, aborda a representação racial no universo infantil e a maneira como
um determinado padrão de beleza eurocêntrico afeta a autoimagem e
autoestima de crianças negras, revelando a ação silenciosa do racismo. Lápis
de cor, faz referência a uma cor de lápis, conhecida como "cor de pele", que,
na verdade, é de tonalidade bege. É essa cor que as crianças utilizam para
representar a si mesmas e as pessoas do seu convívio, compondo, nos
ASSISTIR
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desenhos, um fenótipo de pessoas brancas - olhos claros, cabelos louros e
pele bege, mesmo quando são negras as pessoas representadas.
Assistiremos também ao vídeo Lápis cor de Pele – 4’16, disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=NmjicgJi-q4#t=170> Acesso em: 26
outubro 2014.
O vídeo abaixo complementa o anterior. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=7O6G82UgTrM> Acesso em: 26 outubro
2014.
ASSISTIR
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Percebemos que, o trabalho de educação antirracista deve começar
cedo. Na Educação Infantil, o primeiro desafio é o entendimento da identidade. A
criança negra precisa se ver como negra, aprender a respeitar a imagem que tem
de si e ter modelos que confirmem essa expectativa. Por isso, deve ser cuidadosa
a seleção de livros didáticos e de literatura que tenham famílias negras bem-
sucedidas, por exemplo, heróis e heroínas negras.
Da compositora, coreógrafa e desenhista expoente da arte afro-
peruana Victória Eugenia Santa Cruz Gamara. No decorrer do poema, Victoria
assume sua cor, raça e afirma que "de hoje em diante não quero alisar meu
cabelo" e que "negra, soa como lindo". Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=RljSb7AyPc0> Acesso em: 10 novembro
2014.
Mensagem final – Poema “Gritaram-me NEGRA!
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Vamos desfrutar desta beleza de composição!
6.7. Sétimo Encontro
TEMA – O direito a diferença. Políticas afirmativas e de reparação.
ASSISTIR
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Encontro a distância.
Disponível em:
<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo
_escola_miolo.pdf> Acesso em: 16 novembro 2014.
Glória Moura Glória Moura, é Professora do Departamento de Artes
Cênicas e Coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da
Universidade de Brasília.
6.8. Oitavo Encontro
TEMA – Exercitando um olhar mais atento às práticas de racismo.
Objetivo - Ter ciência de que, as políticas afirmativas e de reparação
são caminhos para reverter o quadro de injustiça e desigualdade social
existente no Brasil.
Ação - Leitura do texto O direito a diferença, de Glória Moura, Caderno
Superando o Racismo na Escola, p.69 a 92.
Objetivo – Construir um ambiente favorável ao trabalho para a
promoção da igualdade racial na escola.
LER
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49
Os Jesuítas (1711) ensinavam que para o escravo são necessários
três “pés”: pau, pão e pano. E nessa ordem, em primeiro lugar o castigo, para
dobrar a resistência, dignidade e qualquer resquício de orgulho próprio, aquele
humano, para ser submisso a seu senhor, precisava ser reduzido à condição
de “coisa”, posto que era uma mercadoria. Segundo Marx, em Concepção
Materialista da História (Hunold, 1988, p.3) (...) Ao desumanizar o negro, ao
coisificá-lo, estavam os dominadores a negar-lhe uma história, a negar-lhe
vida. Esse ensinamento foi reeditado, e hoje soa como um alerta: “Cuidado
com os 5 “pes”: Preto, Pobre, Preguiçoso, Perigoso, Presidiário.
Nos deparamos constantemente com formas explícitas de
inferiorização de negras(os), admitindo que, como ensina a sabedoria popular,
“quem cala consente”, e o silêncio omisso garante que desigualdades se
perpetuem, em sala de aula, as(os) professoras(es) precisam tomar partido,
Ação – Apontar metodologias para o enfrentamento contra as práticas
racistas.
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isto é, assumir uma postura política clara diante do racismo, política entendida
como a possibilidade de debatermos sobre as diferentes ideias e buscarmos a
resolução de problemas.
É importante que a(o) profissional da educação identifique
expressões que desumanizam e desqualificam as pessoas negras, enfatizando
com as(os) alunas(os) o quanto isso é negativo e prejudicial à formação da
identidade: esses momentos exigem a intervenção da(o) educadora(or), para
que o problema não se torne uma agressão mais séria.
“Essa falta de preparo que, devemos considerar com reflexo do
nosso mito de democracia racial compromete sem dúvida o objetivo
fundamental de nossa missão no processo de formação dos futuros cidadãos
responsáveis de amanhã” (MUNANGA 2008, p.11).
Vamos comentar e discutir esses estereótipos bastante conhecidos
e presentes em nosso dia a dia e pensar juntos como desconstruí-los?
Veja algumas frases presentes no nosso dia a dia, muitas vezes em
tom de brincadeira:
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Rocha, Rosa Margarida de Carvalho- Almanaque Pedagógico Afro-Brasileiro
Fazer comparação associando a
cor branca ao que é limpo, bom,
puro e a cor preta ao que é sujo,
feio ruim. “Você é um negro de
alma branca”.
Usar eufemismo como “moreninho”, “escurinho” “pessoas de cor” evitando a palavra negro a se referir a
pessoas negras.
Querer agradar utilizando-se
de argumentos tais como: “É
negro, mas é bonito”.
Responsabilizar negros pela
própria discriminação:
“Eles é que são racistas”
“Você tem é complexo de
cor”.
Essas palavras carregam preconceitos: mercado negro, humor negro, magia negra, ovelha negra.
Querer agradar dizendo:
“É negro, mas é
inteligente”.
Usar o termo “serviço de
preto” ou “coisa de preto”,
fazendo piada de mau
gosto.
Associar os negros à violência e a
mazelas sociais: ”Negro parado é
suspeito, correndo é ladrão”.
Colocar apelidos nas pessoas negras
como Pelé, Mussum, Tição, Café,
Buiu, Chocolate, Branca de Neve.
Associar o “sangue fraco” à
mestiçagem do brasileiro.
Usar o ditado “Negro quando não faz
sujeira na entrada, faz na saída”.
Classificar de “ruim”,
“pixaim” ou “bombril”,
o cabelo dos negros.
Apertar a bolsa
quando um negro
passa por perto.
Não sou racista, até
tenho uma amiga negra.
Tinha que ser negro!
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“Você usa a expressão ‘Não sou tuas nega”?
A expressão é histórica, e remete à época em que mulheres negras
eram vendidas, compradas, trocadas. Enfim, elas pertenciam a homens
brancos ricos que as adquiriam como amantes, escravas ou amas de leite.
“Não sou tuas nega” significa “não sou sua negra escrava”, o que quer dizer
“não pertenço a você”. A essência racista desta frase é bastante evidente,
embora haja quem insistentemente lute para ter o direito de seguir proferindo a
expressão que, por séculos, foi usada para colocar a mulher negra em
patamares socialmente inferiores.
Essa expressão é totalmente ligada com a escravidão, quando as
negras eram literalmente propriedade de homens brancos. Ela também reforça
a associação direta da mulher negra ao sexo, como se ela fosse de todo
mundo, como se o papel dela na sociedade fosse estritamente sexual. Pense:
e se a expressão dissesse “não sou tuas branca”? Ela passaria a mesma
ideia? Certamente não. É possível que ela jamais chegue a ser reproduzida.
Disponível em: <http://www.geledes.org.br/o-racismo-lucrativo-disfarcado-de-
humor/#axzz3JSkGl3CR> Acesso em: 02 dezembro 2014.
LER
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A cultura negra em sala de aula
Essa forma de ensinar está errada:
Abordar a história das(os) negras(os) a partir da escravidão.
Apresentar o continente africano cheio de estereótipos, como o exotismo
dos animais selvagens, a miséria e as doenças, como a Aids.
Pensar que o trabalho sobre a questão racial deve ser feito somente por
professoras(es) negras(os) para alunas(os) negras(os).
Acreditar no mito da democracia racial.
Considerar piadas racistas e apelidos como “brincadeiras”, “carinho” ou
problemas existentes fora da escola.
Assim é a forma correta de ensinar:
Aprofundar-se nas causas e consequências da dispersão das(os)
africanas(os) pelo mundo e abordar a história da África antes da
escravidão.
Enfocar as contribuições das(os) africanas(os) para o desenvolvimento
da humanidade e as figuras ilustres que se destacaram nas lutas em
favor do povo negro.
A questão racial é assunto de todas(os) e deve ser conduzida para a
reeducação das relações entre descendentes de africanas(os), de
europeias(eus) e de outros povos.
Reconhecer a existência do racismo no Brasil e a necessidade de
valorização e respeito as(aos) negras(os) e à cultura africana. Disponível
em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/educacao-nao-tem-cor-
425486.shtml> Acesso em: 21 novembro 2014.
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Neil deGrasse Tyson, um astrofísico famoso, conta durante uma
conferência, as dificuldades que enfrentou para estudar sendo negro.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=U7ziyJobvgI> Acesso em:
20 novembro 2014.
O Curta metragem : "O preconceito cega" – 1’16, trata das situações
interraciais. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aec-i7n6V48>
Acesso em: 10 novembro 2014.
Mensagem Final: O racismo desfere golpes a cada dia mais certeiros, e
marca profundamente a vida das pessoas negras.
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6.9. Nono Encontro
Encontro a Distância.
TEMA – Desconstruir o Mito da Democracia Racial, que existe no Brasil.
Combate ao racismo no Brasil esbarra na negação do preconceito. Políticas afirmativas e de reparação.
Objetivo - Observar a permanência das práticas discriminatórias ao
longo da história, desfazendo o mito da Democracia Racial.
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A ideologia da democracia racial dificultou a situação da(o) negra(o)
no Brasil, pois passa uma ideia de relacionamento pacífico entre as diversas
etnias, deixando fora a discussão dos conflitos raciais. Essa teoria não ajuda a
melhorar as condições da população negra, mas serve apenas para camuflar
os conflitos étnicos existentes no país, impedindo o grupo branco de refletir
sobre seu próprio comportamento discriminatório.
Na opinião da coordenadora de projetos do Centro de Referência
do Negro, Lucimar Martins, não há a democracia racial do país. “Essa falácia
de que o Brasil é uma democracia racial cai por terra quando a Constituição
Federal é promulgada, em 1988”. O próprio texto criminaliza o racismo.
Como poderíamos criminalizar o racismo caso ele não existisse?”
Segundo a coordenadora, uma das formas de sensibilizar a
população é dar destaque às atitudes racistas para poder combatê-las. “É
importante focar na discriminação racial, que é a materialização do racismo,
o próprio ato de discriminar. É preciso partir da premissa que o racismo é
uma realidade para poder enfrentar a questão”. Disponível em:
<http://portal.mpt.gov.br/wps/portal/portal_do_mpt/comunicacao/noticias/cont
eudo_noticia/!ut/p/c4/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xBz9CP0os3hH92BPJydDR
wN_E3cjA88QU1N3L7OgMC93I_2CbEdFAAovLRY!/?WCM_GLOBAL_CON
TEXT=/wps/wcm/connect/mpt/portal+do+mpt/comunicacao/noticias/combate
+ao+racismo+no+brasil+esbarra+na+negacao+do+preconceito> Acesso em
02 dezembro 2014.
Em setembro de 2014, a ONU, apresentou um relatório dizendo
que existe racismo no Brasil e que ele permeia todas as áreas da nossa
sociedade. No entanto, muitas(os) brasileiras(os) negam a existência do
racismo, afirmando que aqui vivemos numa situação de democracia racial.
Afirmar que o Brasil não é um país racista soa falto, e acreditar nisso, é
Ação - Leitura e reflexão de textos e vídeo.
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continuar permitindo um quadro social que favorece uma população de elite e
branca, ou, pelo menos, de pessoas que se identificam com isso.
Leitura do texto de Nilma Gomes, professora mineira, que se tornou
a primeira mulher negra a assumir o comando de uma universidade federal –
UNILAB: “Educação e diversidade étnico-cultural, Caderno Diversidade na
Educação” - Reflexões e experiências, pág.69 a 78. Disponível em:
<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/diversidade_universidad
e.pdf> Acesso em: 16 novembro 2014.
LER
Leitura do texto “Democracia Racial” de Rainer Sousa.
Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/historia/democracia-racial.htm>
Acesso em: 06 dezembro 2014.
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Assista ao curta-metragem de 2002, “O xadrez das cores”- 22’, de
Marco Chiavam. Que conta a história de Cida, uma mulher negra de quarenta
anos que vai trabalhar para Maria, uma velha de oitenta anos, que é
extremamente racista. As cenas de discriminação e preconceito presentes no
curta-metragem são bastante fortes e evidenciam cenas cotidianas nos lares
brasileiros. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NavkKM7w-cc>
Acesso em: 16 novembro 2014.
6.10. Décimo Encontro
ASSISTIR
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A Ficha sugerida no Almanaque Pedagógico Afro-Brasileiro, de Rosa
Margarida de Carvalho Rocha, (167 págs. Ed. Mazza), e avaliada, faz um
diagnóstico, junto as(os) professoras(es) e à equipe, de como as questões
raciais são tratadas nas respectivas instituições.
Serão apresentadas algumas imagens em forma de slides
relacionadas ao tema a fim de instigar uma conversa informal para perceber
como a visão das(os) cursistas mudou. As imagens serão acompanhadas de
questionamentos que levem as(os) participantes a concluírem o quanto ainda
existem representações estereotipadas do povo negro as quais geram práticas
de preconceito, discriminação e racismo, e, ao mesmo tempo, possam
viabilizar novas representações, novos referenciais da africanidade gerando
uma visão de respeito e valorização da(o) negra(o).
Objetivo – Analisar o discurso escolar, avaliando os posicionamentos frente
as questões raciais e as interações que ocorrem com a comunidade escolar
Ação – Retomada da Ficha preenchida no primeiro encontro, correção dos
dados, conforme tabela, discussão e avaliação final do curso.
TEMA – Que educação sua escola prioriza?
Etnocêntrica ou antirracista?
Mensagem final: Discurso de Martin Luther King em 1963, pelo fim do
preconceito e discriminação racial.
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Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NOCJKCENFOA> Acesso
em:
Após o incidente quando uma negra: Rosa Parks, se recusou a
ceder seu lugar para um branco num ônibus, Martin Luther King conseguiu que
mais de 200.000 pessoas marchassem pelo fim da segregação racial em
Washington. King liderou um forte boicote contra a segregação racial, o
movimento durou quase um ano, nesta ocasião proferiu seu discurso mais
conhecido, "Eu Tenho um Sonho". Diante do movimento, a Suprema Corte
decidiu pelo fim da segregação racial nos transportes públicos, e foram
aprovadas a lei dos Direitos Civis, de 1964, e a lei dos Direitos de Voto, de
1965. Em 1964, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Em abril
de 1968, foi assassinado a tiros por um opositor.
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7- Referências
BRASIL, Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura
Afro-brasileira e Africana. Brasília: MEC, [s.d.]. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/cne> Acesso em: 15 agosto 2010.
BRASIL. Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de
1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm>.
Acesso em: 20 novembro 2014.
MOURA, Gloria, Superando o racismo na escola. Brasília 2ª ed Ministério da
Educação, Secretaria Continuada, Alfabetização e Diversidade. 2005 p. 204.
MUNANGA, Kabenguele. Superando o Racismo na escola. (org.). Brasília: Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
2ª edição revisada.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. História
e cultura afro-brasileira : educando para as relações étnico-raciais. Curitiba:SEED-
PR, 2006. (Cadernos Temáticos)
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua
Portuguesa para o Ensino Fundamental. Versão preliminar, julho/2006.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Educação Para as Relações Étnico-
Raciais. Curitiba, 2008.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido de Brasil. 2ª ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 1995.
ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque pedagógico afro-brasileiro. Belo
Horizonte: Mazza, 2005
SANT’ANA, Antônio Olímpio de. Superando o racismo na escola. História e conceitos
básicos sobre o racismo e seus derivados. Brasília 2º ed Ministério da Educação,
Secretaria Continuada, Alfabetização e Diversidade. 2005 p. 204
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
_____. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes,
2001.
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LITERATURA AFRO-BRASILEIRA, MAIS ALGUMAS DICAS
A Lei 10.639, aponta a literatura como um dos caminhos para a
construção de conhecimentos sobre a história da África e das(os) africanas(os),
a luta das(os) negras(os) no Brasil, a cultura negra e o negro na sociedade
brasileira. Essas sugestões de leituras devem fazer parte da biblioteca de todas
as escolas: Livros com personagens negras(os), mesmo que esses não falem
da temática diretamente. Os livros de princesas europeias não dizem,
diretamente, que ser belo é ser somente como elas, mas apresentam a beleza
somente daquela forma. Dessa forma, é preciso muitos livros que falem Da(o)
negra(o) de todas as formas, mostrando a sua presença na sociedade
brasileira.
A(o) negra(o) deve ser retratado linda(o) e feliz, para que as crianças
negras sintam orgulho de sua imagem, para que as crianças negras se sintam
representadas.
01. Título: O Príncipe da Beira, texto e Ilustração: Josias Marinho. Ed. Mazza
Edições.
02. Título: Josephine na Era do Jazz, autor Jonah Winter, ilustradora Majorie
Priceman. Ed. Martins Fontes.
03. Título: Meninas Negras, autor Madu Costa, ilustrador Rubem Filho. Ed. Mazza Edições.
04. Título: Ombela a Origem das Chuvas, autor Ondjaki, ilustradora Rachel
Caiano. Ed. Pallas Mini.
05. Título: O Mundo no Black Power de Tayó, autora Kiusam de Oliveira,
ilustradora Taísa Borges. Ed. Peirópolis.
06. Título: O Menino, o Jabuti e o Menino, autoria e Ilustração: Marcelo Pacheco. Ed. Panda Books.
08. Título: O menino Marron, autor Ziraldo. Ed. Saraiva.
09. Título: Terra sonâmbula, autor Mia Couto. Ed. Companhia das Letras.
10. Título: Meu avô um escriba, autor Oscar Guelli. Ed. Ática.
11. Título: A varanda do Frangipani, autor Mia Couto. Ed. Companhia das Letras.
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12. Título: Bia na África, autor Ricardo Dreguer. Ed. Moderna. 13. Título: Diversidade, autora Tatiana Belink. Ed. Saraiva. 14. Título: Amanhecer Esmeralda, autor Ferréz. Ed. DSOP. 15. Título: Luana, A Menina Que Viu o Brasil Neném, autores Aroldo Macedo. Oswaldo Faustino. Ed. FTD 16. Título: Em Angola tem? No Brasil também!, autor Rogério Andrade
Barbosa. Ed. FTD. 17. Título: A lenda de Taita Osongo, autor Joel Franz Rosell. Ed. SM. 18. Título: AvóDezanove e o segredo do soviético, autor Ondjak. Ed. Companhia das Letras. 19. Título: Num tronco de Iroko vi a Iúna cantar, autora Erika Balbino. Ed.
Peirópolis. 20. Título: Histórias da Preta, autora Heloisa Pires Lima. Ed. Cia das Letrinhas.
21. Título: Uma ideia luminosa, autor Rogério Andrade Barbosa. Ed. Pallas. 22. Título: Contos e Lendas Afro-Brasileiros, autor Reginaldo Prandi. Ed. Companhia das Letras. 23. Título: O Amigo do Rei, autora Ruth Rocha. Ed. Salamandra.
24. Título: O homem que não podia olhar para trás. Autor Nelson Saúte. Ed.
Língua Geral.
25. Título: Um passeio pela África, autor Alberto da Costa e Silva. Ed. Nova
Fronteira.
26. Título: O beijo da palavrinha, autor Mia Couto. Ed.Língua Geral.
27. Título: Meus contos Africanos, autor Nelson Mandela. Ed. Martin Fontes.
28. Título: A lenda de Taita Osongo, autor Joel Franz Rosell. Ed. SM.
29. Título: O vestido de Jamela, escrito e ilustrado por Niki Daly, tradução
Luciano Machado. Ed. SM.
30. Luana: as sementes de Zumbi, escrito por Aroldo Macedo e Oswaldo Faustino. Ilustrado por Mingo de Souza. Ed. FTD.
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31. Título: Escola de Chuva, escrito e ilustrado por James Rumford. Ed.
Brinque-Book. 32. Título: Os Reizinhos do Congo, autor Edimilson de Almeida Pereira, Ilustração Graça Lima. Ed. Paulinas. 33. Título: A princesa e a ervilha, recontada e ilustrada por Rachel Isadora.
Ed. Farol-DCL. 34. Título: Madiba, escrito por Rogério Andrade Barbosa e ilustrado por Alarcão. Ed. Cortez. 35. Título: Tequinho e o ensaio da bateria, autor Neusa Rodrigues e Alex
Oliveira. Editora Rovelle. 36. Título: Flora, escrito por Bartolomeu Campos de Queirós - Ilustrações: Ellen Pestili. Ed.Global. 37. Título: O mapa: máscaras africanas, texto e Ilustrações de Marilda
Castanha. Ed. Dimensão.
No Blog: Compartilhando Leituras, Angela Ramos, professora do
Ensino Fundamental, faz pequenas resenhas da literatura infanto-juvenil e nos
ajuda a trilhar um caminho para a construção do conhecimento. Disponível em:
<http://literaturainfantilafrobrasil.blogspot.com.br/> Acesso em 06 dezembro
2014.
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