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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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Produção Didática Pedagógica

Produção Didática Pedagógica realizada pela

Professora Rosemary Pinheiro Lima

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

Orientador: Prof.Dr.José Luiz de Araújo

MARIALVA - 2014

Educação das

relações étnico-raciais:

um caminho a trilhar.

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Sumário

1. Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica –

Turma 2014 ........................................................................................................ 2

2. Apresentação ............................................................................... 3

3. Objetivo Geral ............................................................................... 4

4, Fundamentação Teórica ................................................................ 4

5. Estratégia de ação ......................................................................... 9

6. Encontros .................................................................................... 11

6.1. Primeiro Encontro .............................................................. 11

6.2. Segundo Encontro ............................................................. 18

6.3. Terceiro Encontro .............................................................. 29

6.4. Quarto Encontro ................................................................ 31

6.5. Quinto Encontro ................................................................. 40

6.6. Sexto Encontro .................................................................. 42

6.7. Sétimo Encontro ............................................................... 47

6.8. Oitavo Encontro ................................................................ 48

6.9. Nono Encontro .................................................................. 55

6.10. Décimo Encontro............................................................. 58

7- Referências ................................................................................. 61

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1. Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica –

Turma 2014

Título: Educação das relações étnico-raciais: um caminho a trilhar.

Autora Rosemary Pinheiro Lima

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

Colégio Estadual

Dr. Felipe Silveira Bittencourt

Município da escola Marialva

Núcleo Regional de Educação Maringá

Professor Orientador Prof. Dr. José Luiz de Araújo

Instituição de Ensino Superior UEM

Relação Interdisciplinar Todas as disciplinas da Educação Básica

Resumo

A sociedade é racista, o preconceito reforça a ideologia de que as(os) negras(os) são consideradas(os) uma raça inferior. O debate referente à Lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica tem por objetivo desmitificar a história eurocêntrica oficial, que negou as(aos) africanas(os) a condição de sujeitos históricos, desconsiderando sua presença, contribuição e participação na construção do Brasil. E, a partir de um novo olhar sobre a história de luta do povo negro, busca-se efetivar as políticas de ações afirmativas, colocando em prática novos conceitos, direcionando positivamente as relações das questões étnico-raciais, no sentido do respeito e da correção de posturas e atitudes, por uma educação verdadeiramente democrática e libertadora.

Palavras-chave Educação antirracista; Historiografia da

África; Identidade Negra

Formato do Material Didático Caderno Temático / Pedagógico

Público Professoras(res), funcionárias(os),

pedagogas(os) e equipe administrativa.

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2. Apresentação

Se uma das grandes tarefas da educação nos dias de hoje, é

combater o preconceito, o racismo, reconhecer e valorizar a história, a cultura e

a identidade dos descendentes afro-brasileiros, africanos e indígenas,

reconhecer que a(o) escrava(o) teve papel fundamental na formação da

sociedade brasileira, a autora defende que é preciso investigar como nossa

história foi contada, e como esse passado reflete em nosso presente.

As(os) intelectuais brasileiras(os) defendiam que a Europa era o

berço da civilização e o Brasil deveria se assemelhar à Europa para ser

civilizado, esse entendimento, fez com que, apenas a visão europeia fosse

estudada, tornando os demais territórios inferiores. Jamais se considerou de

maneira verdadeira as diferenças étnico-raciais, ignorando dessa forma, a

participação africana na formação do povo brasileiro. A sociedade aceitou e

naturalizou o predomínio das(os) brancas(os) sobre as(os) negras(os). A

história contada nas escolas foi a partir da pessoa de cor branca, a inteligência

e a beleza mostradas pela mídia também o são.

(...) “as pessoas têm

direito a ser iguais

sempre que a diferença as

tornar inferiores, contudo

têm também direito a ser

diferentes sempre que a

igualdade colocar em risco

as suas identidades”.

Boaventura Souza Santos

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Esse conceito eurocêntrico construído e fortalecido desde os séculos

passados, teceu a consciência coletiva brasileira com mecanismos racistas

que, sutil, consciente ou inconscientemente, marcaram a nossa própria

educação. Como consequência, esse quadro preconceituoso prejudica e

prejudicou a formação do verdadeiro cidadão.

3. Objetivo Geral

Esse caderno temático pedagógico visa fornecer informações e

sugestões de atividades que auxiliem em sala de aula e em toda escola, na

discussão da temática das relações étnico-raciais, a fim de colocar em prática

ações que possam auxiliar no combate ao racismo, preconceito e discriminação,

estimular a formação de uma visão crítica das relações étnico-raciais,

compreender melhor as políticas de ações afirmativas, as políticas de

reparações, de reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade da

população afrodescendente, conforme prevê a Lei 10.639/03.

4, Fundamentação Teórica

Não existem leis no mundo que sejam capazes de erradicar as atitudes preconceituosas que existem nas cabeças das pessoas (....). No entanto, cremos que a Educação é capaz de dar tanto aos jovens quanto aos adultos a possibilidade de questionar e de desconstruir os mitos de superioridade e de inferioridade entre grupos humanos que foram socializados (...) não temos dúvidas que a transformação de nossas cabeças de professores é uma tarefa preliminar importantíssima. Essa transformação fará de nós os verdadeiros educadores, capazes de contribuir no processo de construção de individualidades históricas e culturais das populações que formam a matriz plural do povo e da sociedade brasileira (MUNANGA, 2008, p. 17).

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Desde a publicação da Lei 10.639/03 que instituiu as Diretrizes

Curriculares Nacionais (DCN’s) para a Educação das Relações Étnico Raciais,

e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas,

as(os) professoras(es), vêm sendo desafiados a incluir nos currículos uma

nova leitura sobre o lugar da África na história da humanidade e também sobre

o papel dos afro-brasileiras(os) na constituição do Brasil, que não seja o da(o)

estigmatizada(o). Essa releitura e reconstrução não tocam apenas a dimensão

curricular, mas vão além, quando pretendem uma mobilização de

subjetividades e uma desconstrução de concepções eurocêntricas apreendidas

no decorrer da vida de todos nós. A partir da relevância dada pela lei, um

processo de mudança aconteceu, é preciso desconstruir o racismo, fortalecer a

identidade negra, aceitar a diversidade, reparar e valorizar a contribuição

das(os) africanas(os) e suas/seus descendentes nas áreas social, econômica

política e cultural da sociedade brasileira

No Estado do Paraná, cuja população negra1 é minoritária,2 a

historiografia “paranista”3 enalteceu a imigração europeia como fator

preponderante de seu desenvolvimento, negando a presença e participação da

população negra, aquele movimento regionalista, exaltava alguns grupos

étnicos, e consequentemente, rejeitava outros. Intelectuais e historiadores

preconizavam que a população não europeia (negra e indígena), atrapalhava o

1 Entende-se por população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e

pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), ou que adotam autodefinição análoga; (Inciso IV, Art. 1º da Lei nº 12.288 de 20 de julho de

2010).

2 Dados do CENSO 2010 apontam que a população negra (pretos e pardos) no Paraná é

de 27,4%.

3 Paranismo, neologismo cunhado por Romário Martins “para designar os que nutriam

amor pelo Paraná e estavam dispostos, através do discurso, a louvá-lo e reconhecerem nele um lugar onde

a população teria as perfeitas condições para se desenvolver como civilização”. (IURKIV, 2002: 131

apud BATISTELLA, 2012).

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desenvolvimento e defendiam o branqueamento da população4.

Wilson Martins (autor da coleção História da Inteligência Brasileira),

defendia a existência de um Paraná branco e europeu. Ao contrário do Brasil

descrito por Gilberto Freyre, o paranaense não se apresentava como o

resultado da miscigenação das três raças formadoras do povo brasileiro. [...]

Embora, sendo tarefa de toda a escola, as(os) professoras(es) são

as(os) principais protagonistas da mudança. Muitas(os) se formaram sem

nunca terem estudado a cultura Africana como uma das principais matrizes da

cultura brasileira, nunca tiveram em suas graduações, contato com esses

conteúdos. O desconhecimento dessa cultura, contribuiu para aumentar o

preconceito.

Alguns dentre nós não receberam na sua educação e formação de cidadãos, de professores e educadores o necessário preparo para lidar com o desafio que a problemática da convivência com a diversidade e as manifestações de discriminação dela resultadas colocam quotidianamente na nossa vida profissional. Essa falta de preparo, que devemos considerar como reflexo do nosso mito de democracia racial, compromete, sem dúvida, o objetivo fundamental da nossa missão no processo de formação dos futuros cidadãos responsáveis de amanhã (MUNANGA, 2005, p. 15).

Através do conhecimento da história e da cultura da população

negra as(os) professoras(es) compreenderão a real importância da lei, lutando

para que haja uma sociedade menos preconceituosa e uma real valorização

destes povos.

4 Nesse sentido, conforme observou Renato Ortiz (1994: 31), é interessante observar que a

política imigratória, além de seu significado econômico, também possuía uma dimensão ideológica, que

era a crença no branqueamento da população brasileira (e a conseqüente evolução da raça brasileira).

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A agenda colocada pela Lei, neste sentido, não indica apenas inserir conteúdos, mas, fundamentalmente também, rever conteúdos (que ocultam mais do que revelam, que silenciam mais do que mostram), rever práticas e posturas, rever conceitos e paradigmas no sentido da construção de uma educação antirracista, uma educação para a diversidade e para a igualdade racial (SANTOS, 2009, p.24).

Para prosseguir na direção da constituição de relações sociais justas

e igualitárias, a educação necessita vencer as ideologias de dominação,

fundadoras da sociedade brasileira. “Os preconceitos que subjazem o

imaginário social expressam, mesmo inconscientemente, o desejo de

dominação de uns sobre os outros” (CROCHÍK, 1997, p.152).

Esse Projeto Pedagógico foi construído com base nas ideias de

Bakhtin (1992) e Vygotsky (1993), ambos contribuintes das DCE’s do Paraná,

que focam o saber científico e reafirmam o compromisso do ensino público com

o conhecimento produzido historicamente, a influência dos outros e da

cultura no processo de construção do conhecimento.

Para Vygotsky, o meio social é determinante para o do

desenvolvimento humano e que isso acontece fundamentalmente pela

aprendizagem da linguagem, que ocorre por imitação, num processo interno,

ativo e interpessoal, em que, no mínimo, duas pessoas estão envolvidas

ativamente trocando experiências e ideias, gerando novas experiências e

conhecimento. Por meio das Teorias Interacionistas do Desenvolvimento, a

aprendizagem não era uma mera aquisição de informações, não acontecia a

partir de uma simples associação de ideias armazenadas na memória, mas na

ideia de interação entre o organismo e o meio.

Sob essa visão, a aprendizagem é uma experiência social, ela

idealiza o homem como um ser histórico e produto de um conjunto de relações

sociais. Considera que a consciência é engendrada no social, a partir das

relações que os homens estabelecem entre si, pela mediação da linguagem.

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Para melhor compreender suas ideias, é preciso reconhecer o

caráter marxista que fundamenta suas investigações. Na abordagem

vygotskyana, o homem é visto como alguém que transforma e é transformado

nas relações que acontecem em uma determinada cultura. Sendo que o

desenvolvimento humano é compreendido não como a decorrência de fatores

isolados que amadurecem, nem tampouco de fatores ambientais que agem

sobre o organismo controlando seu comportamento, mas sim como produto de

trocas recíprocas, que se estabelecem durante toda a vida, entre indivíduo e

meio, cada aspecto influindo sobre o outro, e isso se realiza pela linguagem.

Através da linguagem os sujeitos, seres sociais se comunicam e se

relacionam com o que os cercam, inseridos num contexto de relações e

interações. A todo instante, as pessoas se comunicam seja por meio de

linguagem verbal ou linguagem não verbal, isso implica uma responsabilidade

e, consequentemente, em um juízo de valor, ao se apropriar de um

determinado texto (falado ou escrito), o leitor se posiciona em relação a ele,

quer concordando, discordando, podendo acrescentar ou retirar informações.

Um texto revela a existência de outras obras em seu interior, as quais lhe

causam inspiração, esse conceito, chamado de dialogismo, foi desenvolvido

por Bakhtin, sua teoria perpassa o estudo do indivíduo por meio de questões

relativas à teoria geral da literatura e da cultura, concluindo com a análise do

povo e sua produção cultural. O autor apontou as diversas vozes presentes em

um mesmo discurso e a sua historicidade (1992).

Embora os autores trabalhem em áreas diferentes, os dois

compreendem em seus estudos uma perspectiva sócio-histórica, privilegiando

o aspecto cultural e social em seus fundamentos, construindo “[...] uma

perspectiva histórica e uma compreensão do homem como conjunto de

relações sociais” (FREITAS, 2000, p.157). Eles têm como base a linguagem

como ação e veem o percurso do social para o individual. Entendem que a

constituição dos sujeitos se dá nas interações sociais, essas interações sociais

têm um efeito cumulativo no desenvolvimento e na caracterização dos

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indivíduos, existe uma profunda ligação entre história individual e história

social.

A interação homem-ambiente será sempre mediada pelo uso de

instrumento, como pelo uso dos sistemas de signos “’[...] criados pelas

sociedades ao longo do curso da história humana, mudando a forma social e o

nível de seu desenvolvimento cultural" (VYGOTSKY, 1984, p.8).

Os sujeitos não são passivamente moldados pelo meio, nem

realizam suas aquisições assentados em recursos exclusivamente individuais,

mas sim, se constroem socialmente, e ao mesmo tempo participam ativamente

da construção do social. Os sujeitos só podem ser explicados, a partir de suas

histórias, nessas interações sociais cheia de intencionalidade, fomos

imbricados de racismo e da negação do mesmo: é o racismo à moda brasileira.

Algumas das formas de interação social fundamental, são os laços

familiares, relações de amizade, entre outros círculos de convivência, pois

nesses lugares aparecem as oportunidades, contatos são realizados, negócios

são engendrados. Essas interações não acontecem, numa sociedade em que a

separação racial é significativa, e torna-se uma desvantagem para as(os)

negras(os), a falta de acesso a essas interações com as(os) brancos.

5. Estratégia de ação

O trabalho será dividido em 10 encontros, sendo 6 presenciais e 4 a

distância, com duração de 4 horas cada um. Nos encontros o trabalho será

expositivo, com apresentação e sugestões de vídeos, livros, slides e textos, e

avaliação pela participação colaborativa oral e/ou escrita em cada encontro,

além da frequência. Não será abordada nesse trabalho a contribuição indígena.

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1º Encontro Presencial: “A história do povo negro, é uma história de luta”.

Quando se fala da história da(o) negra(o), é da história do Brasil que estamos

falando.

2º Encontro Presencial: Por que ensinar relações étnico-raciais e história da

África nas salas de aula?

3º Encontro a Distância: Como o racismo foi construído historicamente, leitura

do texto: História e conceitos básicos sobre o racismo e seus derivados, de

Antônio Olímpio de Sant’Ana. Pág.39 a 67 - Caderno Superando o racismo na

escola. !

http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo_

escola_miolo.pdf>

4º Encontro Presencial: O Combate ao racismo no Brasil esbarra na negação

do preconceito.

5º Encontro a distância: Reflexão sobre as manifestações do preconceito na

escola. Leitura das pág.15 a 20 – Caderno Superando o racismo na escola

Kabengele.Munanga. !!

<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo

_escola_miolo.pdf>

6º Encontro Presencial: Razões que impedem a construção da identidade

das(os) afro-descendentes. A valorização da cor e das características físicas

pelas(os) próprias(os) negras(os) e pardas(os).

7º Encontro a Distância: Leitura do texto: O Direito a diferença, de Glória

Moura. Pág.69 a 82 - Caderno Superando o racismo na escola.

<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo

_escola_miolo.pdf>

8º Encontro Presencial: Um olhar mais atento às práticas de racismo.

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9º Encontro a Distância: Desconstruir o Mito da Democracia Racial que existe

no Brasil.

<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/diversidade_universidad

e.pdf> Curta metragem - O xadrez das cores de Marco Schiavon, 21 min.

10º Encontro Presencial: Que tipo de educação sua escola prioriza

Etnocêntrica ou antirracista? Avaliação e momento de reflexão e diálogo em

relação ao curso, possível mudança de postura, o antes e depois do curso.

6. Encontros

6.1. Primeiro Encontro

TEMA – “A história do povo negro, é uma história de

luta”. Quando se fala da história da(o) negra(o), é

da história do Brasil que estamos falando.

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Objetivo - Conhecer e valorizar a história de luta da população negra,

para compreender que as mãos negras, construíram nosso País.

Ação – As(os) participantes preencherão uma ficha (modelo anexo 1) –

Descubra que tipo de educação sua escola prioriza ETNOCÊNTRICA ou

ANTIRRACISTA ? Essa ficha será retomada no último encontro.

Por etnocentrismo entende-se: um

jeito de ver o mundo no qual um

determinado povo está no seu centro

geográfico e moral, ponto a partir do

qual, todos os povos são medidos e

avaliados (BRASIL, 2009, p.191).

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De acordo com a REVISTA USP, São Paulo, n.46, p. 52-65,

junho/agosto 2000, entre os anos de 1525 e 1851, mais de cinco milhões de

africanas(os) foram trazidos para o Brasil na condição de escravas(os), foram

brutalmente tirados de suas terras e de seu contexto social, foram afastados de

sua nação, de sua família. Quando aqui chegaram, eram vistos como seres

grosseiros e primitivos, sem identidade, sem alma.

Darcy Ribeiro é um dos maiores intelectuais que o Brasil já teve. Não apenas pela alta qualidade do seu trabalho e da sua produção de antropólogo, de educador e de escritor, mas também pela incrível capacidade de viver muitas vidas numa só, enquanto a maioria de nós mal consegue viver uma

(CANDIDO, 1995, p.3). !

Darcy Ribeiro, antropólogo, educador, escritor e político, exilado em

1964, escreveu durante 30 anos, e em 1995 publicou o livro “O povo brasileiro”,

que aborda a história da formação do povo brasileiro, retratando o genocídio e

a brutalidade contra a população negra. Os trechos abaixo, foram selecionados

do livro e contam o início da história do povo negro no Brasil:

Assista ao vídeo: “Chico Buarque lê Darcy Ribeiro”. Disponível em:

<http://www.youtube.com/watch?v=bv9DqymwzBc> Acesso em 20 novembro

2014.

Leitura e discussão: Darcy Ribeiro explica a desvantagem histórica do negro em relação ao branco. Disponível em: <http://socialistamorena.cartacapital.com.br/darcy-ribeiro-explica-a-desvantagem-historica-do-negro/> Acesso em 21 novembro 2014.

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É fundamental que seja oferecido as(os) alunas(os) uma visão mais

abrangente do mundo em que vivem, favorecendo a formação de suas

identidades, é fundamental que conheçam a história e cultura africana,

valorizem a população negra como povo lutador, e repudiem preconceitos e

discriminações, a fim de promover a consolidação da igualdade social tão

necessária à sociedade brasileira.

A longa história de lutas e algumas

conquistas da população negra.

LER

Leitura e discussão: Outro trecho de Darcy Ribeiro. Disponível em:

<http://ulisses-borges.blogspot.com.br/2013/11/um-trecho-de-o-

povo-brasileiro-de-darcy.html> Acesso em: 21 novembro 2014.

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No Brasil colônia, a formação dos quilombos representava a

consolidação material da resistência dos negros à escravidão. Eram aldeias ou

comunidades que recebiam negras(os) foragidas(os). No Brasil, existiram

centenas de quilombos em todas as regiões, o mais conhecido foi Palmares

que abrangeu parte de diversos Estados do Nordeste, durou mais de 100 anos

e teve mais de 20 mil habitantes, não foi fácil vencê-lo, até mesmo a elite

escravocrata negociou com seus líderes. A mulher negra também é

personagem dessa história, uma delas é Dandara, esposa de Zumbi dos

Palmares, que enfrentou destemida a luta contra o sistema escravocrata do

século XVII.

Tendo como fonte de estudos e pesquisas os estudos de Benilda

Regina Paiva de Brito e Fúlvia Rosemberg, destaco cronologicamente alguns

momentos importantes para a constituição do movimento negro brasileiro, ao

longo do Século XX, algumas ações que realizaram e as contribuições para a

construção de organizações negras:

1948 – Jornal Quilombo, fundado por Abdias do Nascimento, RJ, trazia a

seguinte afirmação:

"Nos dias de hoje a pressão contra a educação do negro afrouxou

consideravelmente, mas convenhamos que ainda se encontra muito longe do

ideal".

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Década de 1950 – Acontecem os primeiros estudos sobre preconceitos e

estereótipos raciais em livros didáticos no Brasil. Um grupo de pesquisadores,

entre eles o sociólogo Florestan Fernandes, produziu um amplo inventário

sobre o preconceito e a discriminação racial no Brasil.

Décadas de 1960 e 1970 - Os militares oficializaram a ideologia da

democracia racial e a militância que ousou desafiar esse mito foi acusada de

imitadora dos ativistas americanos. !

1984 - Uma Comissão de Educação da Comunidade Negra e o Grupo de

Trabalho para Assuntos Afro-Brasileiros, São Paulo, promoveu discussões com

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professores de várias áreas sobre a necessidade de rever o currículo e

introduzir conteúdos não discriminatórios. !

1985 - A comemoração de 13 de maio foi questionada pela Comissão, que

exaltava 20 de novembro como data a comemorar a consciência negra.

1986 - A Bahia inseriu a disciplina Introdução aos Estudos Africanos nos cursos

de Ensino Fundamental e Médio de algumas escolas estaduais atendendo a

antiga reivindicação do movimento negro. ! !

1996 - Entre os critérios de avaliação dos livros didáticos comprados e

distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) foram incluídos

aqueles específicos sobre questões raciais.

2003 - A publicação da lei 10.639 tornou obrigatório o ensino da História da

África e dos Afro-brasileiros no Ensino Fundamental e Médio.

Navio Negreiro, é uma das maiores realizações poéticas de Castro

Alves, foi escrita no ano de 1850, século XIX, num período de muita resistência

em relação ao abolicionismo no Brasil, principalmente por parte dos

proprietários.

Escrevendo as histórias que ouviu quando menino na Bahia, na

convivência com escravas(os), Castro Alves faz uma denúncia da escravidão,

dos horrores do tráfico, o martírio da chibata, recria na sua poesia as cenas

dramáticas do transporte de escravos no porão dos navios negreiros. Foi o

mais engajado à causa humanitária do abolicionismo, abordava temas sociais e

políticos, retratando a(o) escrava(o) de modo trágico e romântico, para

Mensagem final - Poesia “Navio Negreiro”, cantada por Caetano

Veloso.

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despertar a sociedade, habituada a três séculos de escravidão, para o que há

de mais desumano naquele regime.

Caetano Veloso criou uma música para o poema “O Navio Negreiro”,

e com Maria Betânia no CD Livro (1998), canta-o em ritmo de Rap. Disponível

em: <https://www.youtube.com/watch?v=NVAMDEbnm5s> Acesso em: 21

novembro 2014. !

6.2. Segundo Encontro

ASSISTIR

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.

Embora houvesse movimentos internos e imposição internacional

para se eliminar do Brasil, todas as formas de discriminação racial, foi a partir

dos anos 80, com as lutas pela redemocratização do País, a promulgação da

Constituição Federal de 1988, paralelamente com o centenário da “abolição” da

escravatura, aliado às intensas mobilizações do Movimento Social Negro que

efetivamente as(os) negras(os) começaram a ter voz.

Desde meados do século passado, o Movimento Negro Brasileiro

preocupa-se com o papel desempenhado pela educação na reprodução de

estereótipos e preconceitos, buscando a implantação de políticas de combate

ao racismo e o acesso à educação.

Acreditando que somos todas(os) sujeitos históricos e sociais,

fundamentada na reflexão que tem como base o princípio de igualdade, a Lei

TEMA – Por que ensinar relações étnico-

raciais e história da África nas salas de

aula?

Objetivo – Superar o etnocentrismo europeu, reestruturando as

relações étnico-raciais e sociais na escola.

Ação - Leitura de textos e discussão.

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10.639 foi sancionada pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva,

em nove de janeiro de 2003, e introduziu o Art. 26-A e 79-B na LDB:

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino

sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política

pertinentes a História do Brasil (BRASIL, 2003).

A instituição da Lei 10.639, resgata a história e a cultura das(os)

afrodescendentes nos ambientes escolares, reconhecendo assim sua

identidade étnica. Após sua implantação, a sociedade brasileira deve

reconhecer a África como verdadeiro “Berço da Humanidade”, pela sua

importância como palco das ações humanas e pelas profundas relações que

guardamos com aquele Continente. Na verdade, a lei deve contribuir para

reeducar a sociedade brasileira com um novo entendimento de sua história e a

contribuição do povo negro na construção social, econômica e cultural do

nosso país, pois a população negra e indígena é de certa forma, os verdadeiros

historiadores desse país.

É possível afirmar cientificamente, que Brasil e África já estiveram

unidos, e, há 200 milhões de anos, os dois continentes começaram a se

separar e assumiram as atuais posições, afastados milhares de quilômetros

pelo Oceano Atlântico.

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Nessa imagem, podemos observar, como os dois continentes

formam duas peças de um quebra cabeça, e se encaixam perfeitamente.

Disponível em: <https://eco4u.wordpress.com/tag/placas-tectonicas/> Acesso

em: 21 novembro 2014.

O mar que hoje os separa, foi o mesmo onde mais de cinco milhões

de africanas(os) cruzaram contra a vontade entre os séculos 16 e 19 em

direção ao Brasil. A África lugar de origem da matéria prima escrava, foi

loteada entre os países coloniais-escravistas, e cerca de 60 milhões de

habitantes foram retirados violentamente pelo tráfico negreiro de escravas(os).

“A África está em nós, em nossa cultura, em nossa vida, independentemente

de nossa origem pessoal”, defende a historiadora Mônica Lima e Sousa, em A

África na Sala de Aula, p.85-86. Por isso, as tradições, a cultura e a trajetória

dos descendentes das(os) africanas(os) escravizadas(os) compõem um objeto

de estudo importante para todas as crianças e jovens, negras(os) ou não.

Entender a África, sem os estereótipos de miséria, fome, doenças e

guerras tribais, construída por impressões sempre pejorativas e equivocadas,

mas, em sua riqueza cultural, étnica, linguística, artística, intelectual, deverá

contribuir para a superação de preconceitos.

O historiador Anderson Oliva, analisou o estudo da história da África

no Brasil em 34 coleções didáticas e chegou a uma conclusão preocupante: a

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maioria dos livros didáticos apresenta uma visão eurocêntrica sobre a África a

partir da colonização e quase sempre aborda com displicência e simplificações

a história do continente. !

Para se ter uma ideia, até o ano 2000 somente três manuais brasileiros usados no ensino fundamental reservavam um capítulo especial para a história da África anterior ao século 19, Todas as demais publicações tratavam o período exclusivamente a partir de considerações e acontecimentos

referentes à Europa e às Américas (OLIVA, 2012, p.4).

O estudo da história do continente africano possibilita a correção das

referências equivocadas que carregamos sobre as(os) africanas(os), para

conhecer quem é o “povo brasileiro”, sua descendência, seus antepassados, o

que fizeram. O caminho é longo, mas, seu estudo, deve romper com a

estrutura eurocêntrica, mostrando que o conhecimento ocidental não é único.

Hoje, a população brasileira que se declara como negra ou parda é

maior do que a população de brancas(os) miscigenadas(os). De acordo com os

dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, divulgados no

começo de 2011, 96,7 milhões de pessoas se declararam negras/pardas – o

equivalente a 50,7% da população – contra 91 milhões de brancos (47,7%), 2

milhões de amarelos (1,1%) e 817,9 mil indígenas (0,4%). No total,

190.755.799 milhões de habitantes. O Brasil é o país fora do continente

africano que possui o maior número de afrodescendentes, entre negras(os) e

pardas(os), chegamos a mais da metade da população brasileira.

No Brasil, a cor ou raça é autodeclarada, isto é, ao responder ao

Censo Demográfico ou outras pesquisas, cada um diz se é preta(o), parda(o),

branca(o), amarela(o) ou indígena.

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Abordar a participação das(os) negras(os) em diversos episódios da

história nacional é, portanto, imprescindível, essa prática, ajudará na luta contra

o racismo, como também na consolidação da democracia, na promoção da

cidadania e no reforço à igualdade social e racial..

O programa Entrevista Record Atualidade da Record News exibiu

em 07 de novembro de 2014, uma entrevista com o professor Marcelo Paixão,

do Instituto de Economia da UFRJ, que mostrou dados estatísticos, que

comprovam a situação de exclusão social das(os) negras(os) nesse País:

Disponível em: <http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/05/19/o-brasil-

dos-brancos-e-rico-dos-negros-e-muito-muito-pobre/> Acesso em: 21

novembro 2014.

As(os) negras(os) brasileiras(os) vivem seis anos menos que as(os)

brancas(os).

O número de analfabetos negras(os) é o dobro do número de

brancas(os).

A renda das(os) negras(os) é a metade da renda das(os) brancas(os).

As(os) negras(os) ficam dois anos a menos na escola que as(os)

brancas(os).

Se desmontarmos os números do IDH, índice do desenvolvimento

humano, da ONU, veremos que se o Brasil fosse só das(os) brancas(os)

ficaria na 40ª posição do IDH. O Brasil está na 70ª. Mas, se fosse só de

negras(os), seria um país pobre africano e ficaria na 104ª posição.

Ler o texto: História Africana para compreensão da História do

Brasil. Disponível em:

<http://www.nre.seed.pr.gov.br/pontagrossa/arquivos/File/Equipe%20d

e%20Ensino/DEDI/Caderno_1.pdf> pág.85 a 89. Cadernos Temáticos

– Educando para as relações étnicos-raciais. Acesso em: 21 novembro

2014.

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Pesquisa do IBGE mostra que negras(os) que concluem o Ensino

Superior são minoria no Brasil, 05/06/2013.

<http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/pesquisa-do-ibge-mostra-que-

negros-que-concluem-o-ensino-superior-sao-minoria-no-brasil/>

Apenas 2,7% das(os) médicas(os) formados no Brasil são negras(os)

27/10/2013. <http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/apenas-27-dos-

medicos-formados-no-brasil-sao-negros/>

Entre 2003 e 2009 foram libertadas(os) 40 mil brasileiras(os),

abandonaram a posição de escravas(o)s, porque viviam em fazendas

sob o regime servil: não recebiam remuneração para poder pagar

dívidas impagáveis. Desses 40 mil escravas(os), 73,5% eram

negras(os).

<http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/05/19/o-brasil-dos-brancos-e-rico-dos-negros-e-muito-muito-pobre/>

Dados tabulados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

de 2012 comprovam: elas(es) são a maioria dos analfabetas(os), com a

maior taxa de distorção idade-série, e o trabalho infantil é mais comum

entre elas(es) do que entre brancas(os) (veja gráficos abaixo).

Desigualdades entre brancos e negros no Brasil

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A cada três pessoas mortas pela PM de São Paulo, duas são negras,

revela estudo de 24/05/2013. <http://www.revistaafro.com.br/mundo-

afro/a-cada-tres-pessoas-mortas-pela-pm-de-sao-paulo-duas-sao-

negras-revela-estudo/ >

Negras(os) representam 70% das vítimas de assassinato no país,

06/01/2014. <http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/negros-

representam-70-das-vitimas-de-assassinato-no-pais/>

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Negras(os) são as(os) mais agredidos no Brasil, 17/01/2013.

<http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/negros-sao-os-mais-

agredidos-no-brasil/>

Pesquisa revela: mais de 90% das meninas que trabalham no Brasil são

negras, 13/10/2013. Disponível em:

<http://www.revistaafro.com.br/mundo-afro/pesquisa-revela-mais-de-90-

das-meninas-que-trabalham-no-pais-sao-negras/>

Todos os links acima foram acessados pela última vez em 07 de

novembro de 2014.

Foi manchete na Folha de São Paulo, de alguns anos

atrás: “A violência tem cor. Negro morre a bala, e

branco do coração”.

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Análise da charge abaixo:

6.3. Terceiro Encontro

Mensagem final - É preciso entender que o sucesso de uns tem o

preço da marginalização e da desigualdade impostas a outros.

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Encontro a distância

Segundo Antônio Olímpio de Sant’ Ana, nos tempos primitivos até

por volta da Idade Média, à discriminação baseava-se em fatores religiosos,

políticos, nacionalidade e na linguagem, e não em diferenças biológicas ou

raciais como acontece hoje.

Vamos ler esse texto no Caderno do MEC – Superando o racismo

na escola, pág.39 a 67. Disponível em: : !

<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo

_escola_miolo.pdf> Acesso em: 14 novembro 2014.

Denise Carreira, especialista em Direito à Educação e em

Diversidade, Raça e Participação na escola, desenvolveu um teste online, faça

TEMA – Como o racismo foi construído historicamente.

Objetivo – Compreender como o racismo foi construído historicamente

desde a colonização e como a escravização foi determinante para

solidificação do racismo.

Ação – Leitura e reflexão do texto: História e conceitos básicos sobre o

racismo e seus derivados. Teste online sobre a posição da escola e as raízes

culturais brasileiras.

LER

ASSISTIR

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31

e descubra se sua escola e/ou a escola de sua/seu filha(o) está no caminho

certo para o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana.

DIVERSIDADE

Como a escola de seu filho/aluno aborda as raízes culturais

brasileiras?

1. Depois de seu filho ter aprendido sobre a história da formação do povo brasileiro,

você percebe que ele:

Foto: Dreamstime

a) Sabe tudo sobre a origem européia (branca) do país;

b) Tem amplo conhecimento da história e da cultura de cada um dos povos que

contribuíram na formação do Brasil – indígenas, negros e brancos;

c) Sabe mais sobre a influência européia (branca) no Brasil, mas tem noção das

contribuições dos indígenas e africanos para a formação do país.

Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/testes/a-escola-

do-seu-filho-ensina-o-conteudo-certo-sobre-as-origens-do-povo-brasileiro.shtml>

Acesso em: 02 dezembro 2014.

6.4. Quarto Encontro

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O

Não se identifica na história, a motivação ou origem para o

comportamento racista, mas é possível afirmar que o momento da colonização

foi determinante para a solidificação do racismo na mentalidade tanto das

antigas metrópoles quanto das suas antigas colônias. No momento do

descobrimento do Brasil, o ideal capitalista existia e era expresso nas Grandes

Navegações. Aportou nas Américas jorrando sangue, com os dois maiores

massacres da história da humanidade: a destruição dos povos indígenas e a

escravidão. Disponível em: <http://www.geledes.org.br/1808-1822-e-os-negros-

por-emir-sader/#axzz3JkMkN2F1> Acesso em: 21 novembro 2014.

O racismo foi construído culturalmente através das relações humanas

para justificar a dominação, para hierarquizar, para desumanizar e

discriminar.

TEMA – O Combate ao racismo no Brasil esbarra na negação do preconceito.

Objetivo - Assumir que o Brasil é um país racista, e nós

brasileiras(os), carregamos esse flagelo.

Ação – Leitura de textos, vídeo e discussão.

REFLETIR

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Para Flávio José dos Passos, em “A urgência de um processo de

desconstrução do racismo institucional: uma proposta didático-pedagógica”,

(2013, p.11), o racismo é mais que uma ideologia, é um projeto de sociedade

pautado na manutenção dos privilégios de um pequeno grupo hegemônico e

dominante. No Brasil, o estado foi o principal agente de segregação racial, com

legislações e uso da força de Estado para reprimir e restringir o acesso da

população negra, desde a terra, passando pela preservação da própria cultura

e religião, até o acesso a cargos e espaços de poder.

Após a proibição do tráfico de escravas(os) em 1850 (lei Eusébio de

Queiroz), os recursos que eram destinados ao tráfico foram direcionados para

investimentos em sistemas produtivos, possibilitando aí, a transição negociada

do escravismo colonial para o capitalismo. Nesse mesmo ano, foi aprovada a

lei 601 (lei que regulamentou a concessão de terras públicas), que significou

uma drástica restrição das possibilidades de acesso a terra na transição do

regime escravista para o trabalho livre. A lei incentivou a imigração de

europeus pobres, mas não contemplou o povo africano, que trabalhou em

regime escravo, nessas mesmas terras por mais de 300 anos. As terras

ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos, apesar de ter

prevista sua regularização na Constituição Federal de 1988, inúmeros entraves

impedem que a titulação aconteça.

Mesmo depois de 126 anos de abolida a escravidão, as(os)

afrodescendentes são vitimas de pensamentos que pregam a sua inferioridade

intelectual e moral, e essa população luta para conquistar direitos civis,

Dialogando com o pensamento de Leopold Senghir, o racismo é visto

como ideologia elaborada, fruto da ciência europeia a serviço da

dominação sobre a América, Ásia e África, objetivando usar mão de

obra barata através da exploração dos povos colonizados.

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políticos e direitos sociais. A discriminação institucionalizada negou

oportunidades e vida digna para essa parcela de nossa sociedade durante

séculos. Dialogando com o pensamento de Gomes, (2005, p.48), as

características físicas que identificam negras(os) e brancas(os) foram usadas

para discriminar e negar direitos e oportunidades as(aos) negras(os) no nosso

país.

Segundo as Diretrizes Curriculares (2005), o Brasil ao longo da sua

História, estabeleceu um modelo de desenvolvimento excludente, impedindo

que milhões de brasileiras(os) tivessem acesso à escola ou nela

permanecessem.

É o que pode ser constado no Decreto de nº 1.331 de 17 de

fevereiro de 1854, no qual estabeleceu que nas escolas públicas do país não

seriam admitidos escravas(os), e a previsão de instrução para adultos

negras(os) dependia da disponibilidade de professoras(es). Já o Decreto de

7.031, de 6 de setembro de 1878, estabelecia que as(os) negras(os) só podiam

estudar no período noturno e diversas estratégicas foram montadas no sentido

de impedir o acesso pleno dessa população aos bancos escolares.

No ano de 2001, a III Conferência Mundial contra o Racismo,

Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, promovida pela ONU, foi um momento

muito significativo na luta contra o racismo, pois, pela primeira vez na história,

173 países reconheceram que as estatísticas das desigualdades social e racial,

a violência e o racismo têm sua origem na escravidão. O preconceito e o

racismo no Brasil têm suas raízes, assim como em outros países da América

Latina e dos Estados Unidos, no processo de escravização das(os) negras(os),

conforme retratados por Chiavenato (1987) quando menciona a figura da(o)

negra(o) como “naturalmente inferior”, passível de ser escravizada(o) aos olhos

dos europeus e das Igrejas Cristãs. Este tipo de pensamento está até hoje

enraizado na sociedade brasileira.

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Mas, qual é a diferença entre preconceito, estereótipo e

discriminação? E você sabia que é possível possuir preconceito contra um

grupo sem ter consciência desse preconceito?

Etimologicamente, preconceito, vem do latim prae, antes, e

conceptu, conceito “este termo pode ser definido como conjunto de crenças e

valores aprendidos, que levam um indivíduo ou grupo a nutrir opiniões a favor

ou contra os membros de determinados grupos, antes de uma efetiva

experiência com estes” (CASHMORE, 2000, p.438).

Segundo Nogueira (2006, p.296), no Brasil, a intensidade do

preconceito varia em proporção direta aos traços negróides. Portanto,

preconceito é uma opinião que formamos das pessoas antes de conhecê-las. É

um julgamento apressado e superficial e muito perigoso, pois ao invés de

melhorar a nossa vida e da sociedade, acaba trazendo muitas situações

complicadas e até mesmo violentas.

Diferentemente do conceito biológico do século XVIII, hoje em dia, o

termo raça é aceito como a construção social forjada nas tensas relações entre

brancas(os) e negras(os), muitas vezes simuladas como harmoniosas. Cabe

esclarecer que é utilizado com frequência, nas relações sociais brasileiras, de

forma inadequada, para informar como determinadas características físicas —

como cor de pele, tipo de cabelo, entre outras — influenciam, interferem e, até

mesmo, determinam o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da

sociedade brasileira.

Contudo, o termo foi ressignificado pelo Movimento Negro, que, em

várias situações, utiliza-o com um sentido político e de valorização do legado

deixado pelas(os) africanas(os).

Na opinião da coordenadora de projetos do Centro de Referência

do Negro, Lucimar Martins, uma das formas de sensibilizar a população é dar

destaque às atitudes racistas para poder combatê-las. “É importante focar na

discriminação racial, que é a materialização do racismo. É preciso partir da

premissa que o racismo é uma realidade para poder enfrentar a

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questão”. Discriminação é, portanto tratar as(os) outras(os) com inferioridade,

se julgando superior.

Segundo afirmações científicas as raças não existem enquanto

método classificatório, pois todos os homens estão sujeitos a diferenciações

genéticas incapazes de determinar certas habilidades, valores, ou padrões de

comportamento.

Existe muito preconceito, racismo e discriminação no contexto

escolar e este é um grande problema de todos nós. Vamos esclarecer um

pouco sobre cada conceito. Flavia Cunha Lima. Disponível em:

<http://www.geledes.org.br/preconceito-racismo-e-discriminacao-contexto-

escolar/#axzz3IZx4uvv7> Acesso em: 21 novembro 2014.

Discussão sobre o vídeo:

Preconceito e estereótipo

O conceito de racismo, segundo as teorias mais recentes, é mais do que

discriminar ou ter preconceito racial, é uma ideologia que estabelece

relação hierárquica entre características raciais e culturais e dissemina

ideias de que algumas raças são, por natureza superiores a outras.

REFLETIR

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Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7m-yuzFljpc> Acesso em:

21 novembro 2014.

Uma pesquisa de opinião realizada pela Fundação Perseu Abramo

em 2003 (Santos & Silva, 2005), demonstra que 87% das(os) brasileiras(os)

admitem que há racismo no Brasil, contudo apenas 4% se reconhecem como

racista. Conclusão: “todo brasileiro se sente uma ilha de democracia racial,

cercada de racistas por todos os lados”. A frase, atribuída à antropóloga Lilia

Schwarcz, 57 anos, dá a dimensão do desafio no enfrentamento da

discriminação em razão da cor da pele,

Podemos extrair duas consequências desses dados: a primeira é

que o racismo existe não pela consciência de quem o exerce, mas sim pelos

efeitos de quem sofre seus efeitos. A segunda consequência é que o racismo

no Brasil, embora perceptível, se localiza sempre no outro, nunca nas práticas

cotidianas de seus agentes, o que torna ainda mais difícil sua superação.

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Disponível em:

<http://www.portaldoservidor.ba.gov.br/sites/default/files/Racismo%20-

%20texto%20do%20Peck.pdf> Acesso em 21 novembro 2014.

RACISTA EU?

De jeito nenhum...

Leitura e discussão

REFLETIR

O primeiro passo para superar o racismo silencioso é justamente

combater o discurso de que não há racismo.

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Adilson José Moreira, professor de Direito na Fundação Getúlio

Vargas apresentou, em 2013, sua tese no doutorado de Direito de Harvard Law

School sobre a questão racial no Brasil. Sua conclusão acadêmica vai direto ao

ponto. “O racismo é um sistema de dominação social e o seu objetivo sempre

foi o mesmo: garantir a hegemonia do grupo racial dominante”. Sua tese expõe

um país dominado pela hegemonia branca, cheio de preconceitos e muito

longe de uma real igualdade racial, embora haja esforços para mudar o quadro.

Disponível,em: !

<http://brasil.elpais.com/brasil/2014/06/21/politica/1403380855_900715.html>

Acesso 21 novembro 2014.

Mensagem final – Afinal, você esperava o quê?

LER

ASSISTIR

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Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=N_ohC54rEus> Acesso em: 21

novembro 2014.

6.5. Quinto Encontro

A escola, enquanto instituição social responsável por assegurar o

direito da educação a toda(o) e qualquer cidadã(ão), deverá se posicionar

politicamente, contra toda e qualquer forma de discriminação.

Encontro a distância.

TEMA – Reflexão sobre as manifestações do preconceito na escola.

Objetivo – Assumir uma posição política contra toda e qualquer

forma de discriminação.

Ação – Leitura e reflexão do texto e vídeo de Kabengele Munanga.

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Kabengele Munanga é professor titular da Universidade de São

Paulo, especialista em Antropologia Africana e primeiro antropólogo a ser

formado na Universidade Oficial do Congo, defende a ideia de que o racismo

brasileiro é um crime perfeito.

Kabengele organizou o Caderno do MEC – Superando o racismo na

escola (2005), leia a apresentação p.15 a 20. Disponível em:

<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo

_escola_miolo.pdf> Acesso em: 21 novembro 2014.

E assista a uma entrevista sobre sua Trajetória, num programa

gravado na USP em 2012, onde revela as estruturas que sustentam o

preconceito silencioso brasileiro. Além de trazer a tona sua vida enquanto

cientista social, Kabengele relata episódios de preconceito consigo e com seus

filhos, num país que até pouco tempo atrás anunciava ao mundo harmonia

entre as diferentes pessoas de cores de pele distintas.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6iOmlZRiJeg> Acesso em:

21 novembro 2014.

LER

ASSISTR

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6.6. Sexto Encontro

A identidade é para os indivíduos a fonte de sentido e experiência... É necessário que a escola resgate a identidade dos afro-brasileiros. Negar qualquer etnia, além de esconder uma parte da história, leva os indivíduos a sua negação

(MUNANGA, 1999).

Muitas(os) já viram ou ouviram falar do teste da boneca que foi feito

nos EUA, pelo Dr. Kenneth Clark que, em 1954, ajudou a Suprema Corte dos

Estados Unidos a proibir a segregação racial nas escolas públicas.

TEMA – Razões que impedem a construção da identidade dos afrodescendentes e a valorização da cor e características físicas pelos próprios negros e pardos.

Objetivo – Desencadear processos de afirmação da identidade dos

afrodescendentes, e de sua história negada ou distorcida.

Ação - Leitura, reflexão de textos, vídeos e discussão.

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O teste consistia em apresentar a crianças negras uma boneca

branca e uma negra e perguntar qual era a mais bonita, a mais gentil, a mais

feia e a mais má. Elas sempre escolhiam a branca como sendo boa e bonita e

a negra como má e feia e justificavam isso dizendo que as achavam bonitas e

gentis por serem brancas ou feias e más por serem negras. O teste foi refeito

em 2008 e os resultados continuam os mesmos. É surpreendente ver quando o

entrevistador, após ter ouvido a criança dizer que a boneca negra é feia e má,

pergunta à criança qual boneca se parece mais com ela. A criança sente o

choque ao perceber que também é negra e então se dá conta que deve ser feia

e má apenas por ser negra, mas se sente em conflito por não se sentir assim.

Essa pesquisa realizada com crianças americanas mostra o racismo

social implantado no subconsciente de crianças negras, mostra como o

racismo é introjetado no ser humano logo nos primeiros anos da infância. As

crianças negras são metralhadas por padrões globalizados de beleza branca,

loiras, cabelos lisos, modelos que elas nunca serão. Como elas podem

acreditar que são bonitas? Que tem cabelos bonitos?

Quando uma criança negra recebe na escola, para brincar, uma

boneca branca, ela formula na sua cabecinha que o bom é ter uma filha branca

e não uma da sua própria cor. Um trabalho de doutorado mostrou que, nas

creches, não foi encontrado nenhum pente para o cabelo encaracolado das

crianças negras.

O modelo de humano é a(o) mulher/homem, branca(o), jovem,

boa/bom, bonita(o), inteligente, saudável e bem sucedida(o); é, ainda, a(o) que

se denomina cristã(ão), rica(o) e sem deficiência aparente. Dessa forma,

mulheres, de qualquer etnicorracial e todos as(os) índias(os), afrodescendentes

e asiáticas(os) estão fora desse padrão.

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Assista ao Vídeo O Teste da Boneca - Cor de Pele e Tipo de Cabelo e

comentários,disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nGuHv6qhrzI>

Acesso em: 26 de outubro de 2014.

Sugestão bibliográfica: “Cultura Negra na sala de aula: pode ser um cantinho

de Africanidades, elevar a auto-estima de crianças negras e melhorar o

relacionamento entre crianças negras e brancas.” – Dissertação de Mestrada

de Valéria Aparecida Algarve, Orientadora Drª Petronilha Beatriz Golçalves e

Silva.Disponível em: <http://www.ufscar.br/~neab/documentosBV/DissVAA.pdf>

Acesso em 21 novembro 2014.

O documentário “Lápis de cor” (2014), dirigido pela estudante de

Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia,

Larissa, aborda a representação racial no universo infantil e a maneira como

um determinado padrão de beleza eurocêntrico afeta a autoimagem e

autoestima de crianças negras, revelando a ação silenciosa do racismo. Lápis

de cor, faz referência a uma cor de lápis, conhecida como "cor de pele", que,

na verdade, é de tonalidade bege. É essa cor que as crianças utilizam para

representar a si mesmas e as pessoas do seu convívio, compondo, nos

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desenhos, um fenótipo de pessoas brancas - olhos claros, cabelos louros e

pele bege, mesmo quando são negras as pessoas representadas.

Assistiremos também ao vídeo Lápis cor de Pele – 4’16, disponível

em: <https://www.youtube.com/watch?v=NmjicgJi-q4#t=170> Acesso em: 26

outubro 2014.

O vídeo abaixo complementa o anterior. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=7O6G82UgTrM> Acesso em: 26 outubro

2014.

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Percebemos que, o trabalho de educação antirracista deve começar

cedo. Na Educação Infantil, o primeiro desafio é o entendimento da identidade. A

criança negra precisa se ver como negra, aprender a respeitar a imagem que tem

de si e ter modelos que confirmem essa expectativa. Por isso, deve ser cuidadosa

a seleção de livros didáticos e de literatura que tenham famílias negras bem-

sucedidas, por exemplo, heróis e heroínas negras.

Da compositora, coreógrafa e desenhista expoente da arte afro-

peruana Victória Eugenia Santa Cruz Gamara. No decorrer do poema, Victoria

assume sua cor, raça e afirma que "de hoje em diante não quero alisar meu

cabelo" e que "negra, soa como lindo". Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=RljSb7AyPc0> Acesso em: 10 novembro

2014.

Mensagem final – Poema “Gritaram-me NEGRA!

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Vamos desfrutar desta beleza de composição!

6.7. Sétimo Encontro

TEMA – O direito a diferença. Políticas afirmativas e de reparação.

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Encontro a distância.

Disponível em:

<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/superando_%20racismo

_escola_miolo.pdf> Acesso em: 16 novembro 2014.

Glória Moura Glória Moura, é Professora do Departamento de Artes

Cênicas e Coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da

Universidade de Brasília.

6.8. Oitavo Encontro

TEMA – Exercitando um olhar mais atento às práticas de racismo.

Objetivo - Ter ciência de que, as políticas afirmativas e de reparação

são caminhos para reverter o quadro de injustiça e desigualdade social

existente no Brasil.

Ação - Leitura do texto O direito a diferença, de Glória Moura, Caderno

Superando o Racismo na Escola, p.69 a 92.

Objetivo – Construir um ambiente favorável ao trabalho para a

promoção da igualdade racial na escola.

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Os Jesuítas (1711) ensinavam que para o escravo são necessários

três “pés”: pau, pão e pano. E nessa ordem, em primeiro lugar o castigo, para

dobrar a resistência, dignidade e qualquer resquício de orgulho próprio, aquele

humano, para ser submisso a seu senhor, precisava ser reduzido à condição

de “coisa”, posto que era uma mercadoria. Segundo Marx, em Concepção

Materialista da História (Hunold, 1988, p.3) (...) Ao desumanizar o negro, ao

coisificá-lo, estavam os dominadores a negar-lhe uma história, a negar-lhe

vida. Esse ensinamento foi reeditado, e hoje soa como um alerta: “Cuidado

com os 5 “pes”: Preto, Pobre, Preguiçoso, Perigoso, Presidiário.

Nos deparamos constantemente com formas explícitas de

inferiorização de negras(os), admitindo que, como ensina a sabedoria popular,

“quem cala consente”, e o silêncio omisso garante que desigualdades se

perpetuem, em sala de aula, as(os) professoras(es) precisam tomar partido,

Ação – Apontar metodologias para o enfrentamento contra as práticas

racistas.

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isto é, assumir uma postura política clara diante do racismo, política entendida

como a possibilidade de debatermos sobre as diferentes ideias e buscarmos a

resolução de problemas.

É importante que a(o) profissional da educação identifique

expressões que desumanizam e desqualificam as pessoas negras, enfatizando

com as(os) alunas(os) o quanto isso é negativo e prejudicial à formação da

identidade: esses momentos exigem a intervenção da(o) educadora(or), para

que o problema não se torne uma agressão mais séria.

“Essa falta de preparo que, devemos considerar com reflexo do

nosso mito de democracia racial compromete sem dúvida o objetivo

fundamental de nossa missão no processo de formação dos futuros cidadãos

responsáveis de amanhã” (MUNANGA 2008, p.11).

Vamos comentar e discutir esses estereótipos bastante conhecidos

e presentes em nosso dia a dia e pensar juntos como desconstruí-los?

Veja algumas frases presentes no nosso dia a dia, muitas vezes em

tom de brincadeira:

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Rocha, Rosa Margarida de Carvalho- Almanaque Pedagógico Afro-Brasileiro

Fazer comparação associando a

cor branca ao que é limpo, bom,

puro e a cor preta ao que é sujo,

feio ruim. “Você é um negro de

alma branca”.

Usar eufemismo como “moreninho”, “escurinho” “pessoas de cor” evitando a palavra negro a se referir a

pessoas negras.

Querer agradar utilizando-se

de argumentos tais como: “É

negro, mas é bonito”.

Responsabilizar negros pela

própria discriminação:

“Eles é que são racistas”

“Você tem é complexo de

cor”.

Essas palavras carregam preconceitos: mercado negro, humor negro, magia negra, ovelha negra.

Querer agradar dizendo:

“É negro, mas é

inteligente”.

Usar o termo “serviço de

preto” ou “coisa de preto”,

fazendo piada de mau

gosto.

Associar os negros à violência e a

mazelas sociais: ”Negro parado é

suspeito, correndo é ladrão”.

Colocar apelidos nas pessoas negras

como Pelé, Mussum, Tição, Café,

Buiu, Chocolate, Branca de Neve.

Associar o “sangue fraco” à

mestiçagem do brasileiro.

Usar o ditado “Negro quando não faz

sujeira na entrada, faz na saída”.

Classificar de “ruim”,

“pixaim” ou “bombril”,

o cabelo dos negros.

Apertar a bolsa

quando um negro

passa por perto.

Não sou racista, até

tenho uma amiga negra.

Tinha que ser negro!

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“Você usa a expressão ‘Não sou tuas nega”?

A expressão é histórica, e remete à época em que mulheres negras

eram vendidas, compradas, trocadas. Enfim, elas pertenciam a homens

brancos ricos que as adquiriam como amantes, escravas ou amas de leite.

“Não sou tuas nega” significa “não sou sua negra escrava”, o que quer dizer

“não pertenço a você”. A essência racista desta frase é bastante evidente,

embora haja quem insistentemente lute para ter o direito de seguir proferindo a

expressão que, por séculos, foi usada para colocar a mulher negra em

patamares socialmente inferiores.

Essa expressão é totalmente ligada com a escravidão, quando as

negras eram literalmente propriedade de homens brancos. Ela também reforça

a associação direta da mulher negra ao sexo, como se ela fosse de todo

mundo, como se o papel dela na sociedade fosse estritamente sexual. Pense:

e se a expressão dissesse “não sou tuas branca”? Ela passaria a mesma

ideia? Certamente não. É possível que ela jamais chegue a ser reproduzida.

Disponível em: <http://www.geledes.org.br/o-racismo-lucrativo-disfarcado-de-

humor/#axzz3JSkGl3CR> Acesso em: 02 dezembro 2014.

LER

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A cultura negra em sala de aula

Essa forma de ensinar está errada:

Abordar a história das(os) negras(os) a partir da escravidão.

Apresentar o continente africano cheio de estereótipos, como o exotismo

dos animais selvagens, a miséria e as doenças, como a Aids.

Pensar que o trabalho sobre a questão racial deve ser feito somente por

professoras(es) negras(os) para alunas(os) negras(os).

Acreditar no mito da democracia racial.

Considerar piadas racistas e apelidos como “brincadeiras”, “carinho” ou

problemas existentes fora da escola.

Assim é a forma correta de ensinar:

Aprofundar-se nas causas e consequências da dispersão das(os)

africanas(os) pelo mundo e abordar a história da África antes da

escravidão.

Enfocar as contribuições das(os) africanas(os) para o desenvolvimento

da humanidade e as figuras ilustres que se destacaram nas lutas em

favor do povo negro.

A questão racial é assunto de todas(os) e deve ser conduzida para a

reeducação das relações entre descendentes de africanas(os), de

europeias(eus) e de outros povos.

Reconhecer a existência do racismo no Brasil e a necessidade de

valorização e respeito as(aos) negras(os) e à cultura africana. Disponível

em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/educacao-nao-tem-cor-

425486.shtml> Acesso em: 21 novembro 2014.

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Neil deGrasse Tyson, um astrofísico famoso, conta durante uma

conferência, as dificuldades que enfrentou para estudar sendo negro.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=U7ziyJobvgI> Acesso em:

20 novembro 2014.

O Curta metragem : "O preconceito cega" – 1’16, trata das situações

interraciais. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aec-i7n6V48>

Acesso em: 10 novembro 2014.

Mensagem Final: O racismo desfere golpes a cada dia mais certeiros, e

marca profundamente a vida das pessoas negras.

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6.9. Nono Encontro

Encontro a Distância.

TEMA – Desconstruir o Mito da Democracia Racial, que existe no Brasil.

Combate ao racismo no Brasil esbarra na negação do preconceito. Políticas afirmativas e de reparação.

Objetivo - Observar a permanência das práticas discriminatórias ao

longo da história, desfazendo o mito da Democracia Racial.

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A ideologia da democracia racial dificultou a situação da(o) negra(o)

no Brasil, pois passa uma ideia de relacionamento pacífico entre as diversas

etnias, deixando fora a discussão dos conflitos raciais. Essa teoria não ajuda a

melhorar as condições da população negra, mas serve apenas para camuflar

os conflitos étnicos existentes no país, impedindo o grupo branco de refletir

sobre seu próprio comportamento discriminatório.

Na opinião da coordenadora de projetos do Centro de Referência

do Negro, Lucimar Martins, não há a democracia racial do país. “Essa falácia

de que o Brasil é uma democracia racial cai por terra quando a Constituição

Federal é promulgada, em 1988”. O próprio texto criminaliza o racismo.

Como poderíamos criminalizar o racismo caso ele não existisse?”

Segundo a coordenadora, uma das formas de sensibilizar a

população é dar destaque às atitudes racistas para poder combatê-las. “É

importante focar na discriminação racial, que é a materialização do racismo,

o próprio ato de discriminar. É preciso partir da premissa que o racismo é

uma realidade para poder enfrentar a questão”. Disponível em:

<http://portal.mpt.gov.br/wps/portal/portal_do_mpt/comunicacao/noticias/cont

eudo_noticia/!ut/p/c4/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xBz9CP0os3hH92BPJydDR

wN_E3cjA88QU1N3L7OgMC93I_2CbEdFAAovLRY!/?WCM_GLOBAL_CON

TEXT=/wps/wcm/connect/mpt/portal+do+mpt/comunicacao/noticias/combate

+ao+racismo+no+brasil+esbarra+na+negacao+do+preconceito> Acesso em

02 dezembro 2014.

Em setembro de 2014, a ONU, apresentou um relatório dizendo

que existe racismo no Brasil e que ele permeia todas as áreas da nossa

sociedade. No entanto, muitas(os) brasileiras(os) negam a existência do

racismo, afirmando que aqui vivemos numa situação de democracia racial.

Afirmar que o Brasil não é um país racista soa falto, e acreditar nisso, é

Ação - Leitura e reflexão de textos e vídeo.

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continuar permitindo um quadro social que favorece uma população de elite e

branca, ou, pelo menos, de pessoas que se identificam com isso.

Leitura do texto de Nilma Gomes, professora mineira, que se tornou

a primeira mulher negra a assumir o comando de uma universidade federal –

UNILAB: “Educação e diversidade étnico-cultural, Caderno Diversidade na

Educação” - Reflexões e experiências, pág.69 a 78. Disponível em:

<http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/diversidade_universidad

e.pdf> Acesso em: 16 novembro 2014.

LER

Leitura do texto “Democracia Racial” de Rainer Sousa.

Disponível em:

<http://www.brasilescola.com/historia/democracia-racial.htm>

Acesso em: 06 dezembro 2014.

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Assista ao curta-metragem de 2002, “O xadrez das cores”- 22’, de

Marco Chiavam. Que conta a história de Cida, uma mulher negra de quarenta

anos que vai trabalhar para Maria, uma velha de oitenta anos, que é

extremamente racista. As cenas de discriminação e preconceito presentes no

curta-metragem são bastante fortes e evidenciam cenas cotidianas nos lares

brasileiros. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NavkKM7w-cc>

Acesso em: 16 novembro 2014.

6.10. Décimo Encontro

ASSISTIR

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A Ficha sugerida no Almanaque Pedagógico Afro-Brasileiro, de Rosa

Margarida de Carvalho Rocha, (167 págs. Ed. Mazza), e avaliada, faz um

diagnóstico, junto as(os) professoras(es) e à equipe, de como as questões

raciais são tratadas nas respectivas instituições.

Serão apresentadas algumas imagens em forma de slides

relacionadas ao tema a fim de instigar uma conversa informal para perceber

como a visão das(os) cursistas mudou. As imagens serão acompanhadas de

questionamentos que levem as(os) participantes a concluírem o quanto ainda

existem representações estereotipadas do povo negro as quais geram práticas

de preconceito, discriminação e racismo, e, ao mesmo tempo, possam

viabilizar novas representações, novos referenciais da africanidade gerando

uma visão de respeito e valorização da(o) negra(o).

Objetivo – Analisar o discurso escolar, avaliando os posicionamentos frente

as questões raciais e as interações que ocorrem com a comunidade escolar

Ação – Retomada da Ficha preenchida no primeiro encontro, correção dos

dados, conforme tabela, discussão e avaliação final do curso.

TEMA – Que educação sua escola prioriza?

Etnocêntrica ou antirracista?

Mensagem final: Discurso de Martin Luther King em 1963, pelo fim do

preconceito e discriminação racial.

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Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NOCJKCENFOA> Acesso

em:

Após o incidente quando uma negra: Rosa Parks, se recusou a

ceder seu lugar para um branco num ônibus, Martin Luther King conseguiu que

mais de 200.000 pessoas marchassem pelo fim da segregação racial em

Washington. King liderou um forte boicote contra a segregação racial, o

movimento durou quase um ano, nesta ocasião proferiu seu discurso mais

conhecido, "Eu Tenho um Sonho". Diante do movimento, a Suprema Corte

decidiu pelo fim da segregação racial nos transportes públicos, e foram

aprovadas a lei dos Direitos Civis, de 1964, e a lei dos Direitos de Voto, de

1965. Em 1964, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Em abril

de 1968, foi assassinado a tiros por um opositor.

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7- Referências

BRASIL, Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura

Afro-brasileira e Africana. Brasília: MEC, [s.d.]. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/cne> Acesso em: 15 agosto 2010.

BRASIL. Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de

1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm>.

Acesso em: 20 novembro 2014.

MOURA, Gloria, Superando o racismo na escola. Brasília 2ª ed Ministério da

Educação, Secretaria Continuada, Alfabetização e Diversidade. 2005 p. 204.

MUNANGA, Kabenguele. Superando o Racismo na escola. (org.). Brasília: Ministério

da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.

2ª edição revisada.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. História

e cultura afro-brasileira : educando para as relações étnico-raciais. Curitiba:SEED-

PR, 2006. (Cadernos Temáticos)

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua

Portuguesa para o Ensino Fundamental. Versão preliminar, julho/2006.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Educação Para as Relações Étnico-

Raciais. Curitiba, 2008.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido de Brasil. 2ª ed. São

Paulo: Companhia das Letras, 1995.

ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. Almanaque pedagógico afro-brasileiro. Belo

Horizonte: Mazza, 2005

SANT’ANA, Antônio Olímpio de. Superando o racismo na escola. História e conceitos

básicos sobre o racismo e seus derivados. Brasília 2º ed Ministério da Educação,

Secretaria Continuada, Alfabetização e Diversidade. 2005 p. 204

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

_____. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes,

2001.

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LITERATURA AFRO-BRASILEIRA, MAIS ALGUMAS DICAS

A Lei 10.639, aponta a literatura como um dos caminhos para a

construção de conhecimentos sobre a história da África e das(os) africanas(os),

a luta das(os) negras(os) no Brasil, a cultura negra e o negro na sociedade

brasileira. Essas sugestões de leituras devem fazer parte da biblioteca de todas

as escolas: Livros com personagens negras(os), mesmo que esses não falem

da temática diretamente. Os livros de princesas europeias não dizem,

diretamente, que ser belo é ser somente como elas, mas apresentam a beleza

somente daquela forma. Dessa forma, é preciso muitos livros que falem Da(o)

negra(o) de todas as formas, mostrando a sua presença na sociedade

brasileira.

A(o) negra(o) deve ser retratado linda(o) e feliz, para que as crianças

negras sintam orgulho de sua imagem, para que as crianças negras se sintam

representadas.

01. Título: O Príncipe da Beira, texto e Ilustração: Josias Marinho. Ed. Mazza

Edições.

02. Título: Josephine na Era do Jazz, autor Jonah Winter, ilustradora Majorie

Priceman. Ed. Martins Fontes.

03. Título: Meninas Negras, autor Madu Costa, ilustrador Rubem Filho. Ed. Mazza Edições.

04. Título: Ombela a Origem das Chuvas, autor Ondjaki, ilustradora Rachel

Caiano. Ed. Pallas Mini.

05. Título: O Mundo no Black Power de Tayó, autora Kiusam de Oliveira,

ilustradora Taísa Borges. Ed. Peirópolis.

06. Título: O Menino, o Jabuti e o Menino, autoria e Ilustração: Marcelo Pacheco. Ed. Panda Books.

08. Título: O menino Marron, autor Ziraldo. Ed. Saraiva.

09. Título: Terra sonâmbula, autor Mia Couto. Ed. Companhia das Letras.

10. Título: Meu avô um escriba, autor Oscar Guelli. Ed. Ática.

11. Título: A varanda do Frangipani, autor Mia Couto. Ed. Companhia das Letras.

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12. Título: Bia na África, autor Ricardo Dreguer. Ed. Moderna. 13. Título: Diversidade, autora Tatiana Belink. Ed. Saraiva. 14. Título: Amanhecer Esmeralda, autor Ferréz. Ed. DSOP. 15. Título: Luana, A Menina Que Viu o Brasil Neném, autores Aroldo Macedo. Oswaldo Faustino. Ed. FTD 16. Título: Em Angola tem? No Brasil também!, autor Rogério Andrade

Barbosa. Ed. FTD. 17. Título: A lenda de Taita Osongo, autor Joel Franz Rosell. Ed. SM. 18. Título: AvóDezanove e o segredo do soviético, autor Ondjak. Ed. Companhia das Letras. 19. Título: Num tronco de Iroko vi a Iúna cantar, autora Erika Balbino. Ed.

Peirópolis. 20. Título: Histórias da Preta, autora Heloisa Pires Lima. Ed. Cia das Letrinhas.

21. Título: Uma ideia luminosa, autor Rogério Andrade Barbosa. Ed. Pallas. 22. Título: Contos e Lendas Afro-Brasileiros, autor Reginaldo Prandi. Ed. Companhia das Letras. 23. Título: O Amigo do Rei, autora Ruth Rocha. Ed. Salamandra.

24. Título: O homem que não podia olhar para trás. Autor Nelson Saúte. Ed.

Língua Geral.

25. Título: Um passeio pela África, autor Alberto da Costa e Silva. Ed. Nova

Fronteira.

26. Título: O beijo da palavrinha, autor Mia Couto. Ed.Língua Geral.

27. Título: Meus contos Africanos, autor Nelson Mandela. Ed. Martin Fontes.

28. Título: A lenda de Taita Osongo, autor Joel Franz Rosell. Ed. SM.

29. Título: O vestido de Jamela, escrito e ilustrado por Niki Daly, tradução

Luciano Machado. Ed. SM.

30. Luana: as sementes de Zumbi, escrito por Aroldo Macedo e Oswaldo Faustino. Ilustrado por Mingo de Souza. Ed. FTD.

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31. Título: Escola de Chuva, escrito e ilustrado por James Rumford. Ed.

Brinque-Book. 32. Título: Os Reizinhos do Congo, autor Edimilson de Almeida Pereira, Ilustração Graça Lima. Ed. Paulinas. 33. Título: A princesa e a ervilha, recontada e ilustrada por Rachel Isadora.

Ed. Farol-DCL. 34. Título: Madiba, escrito por Rogério Andrade Barbosa e ilustrado por Alarcão. Ed. Cortez. 35. Título: Tequinho e o ensaio da bateria, autor Neusa Rodrigues e Alex

Oliveira. Editora Rovelle. 36. Título: Flora, escrito por Bartolomeu Campos de Queirós - Ilustrações: Ellen Pestili. Ed.Global. 37. Título: O mapa: máscaras africanas, texto e Ilustrações de Marilda

Castanha. Ed. Dimensão.

No Blog: Compartilhando Leituras, Angela Ramos, professora do

Ensino Fundamental, faz pequenas resenhas da literatura infanto-juvenil e nos

ajuda a trilhar um caminho para a construção do conhecimento. Disponível em:

<http://literaturainfantilafrobrasil.blogspot.com.br/> Acesso em 06 dezembro

2014.

Anexo:

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