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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – D PPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

A RELIGIOSIDADE AFRO-DESCENDENTE EM SALA DE AULA

VERA LUCIA BELO DA SILVA

Artigo apresentado à Universidade Estadual do Paraná, Campus de Campo Mourão e à Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED, como requisito para conclusão da participação no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, sob a orientação do Prof. Dr. Frank Antonio Mezzomo.

CAMPO MOURÃO

2014

A RELIGIOSIDADE AFRO-DESCENDENTE EM SALA DE AULA

Vera Lucia Belo da Silva1 Frank Antonio Mezzomo2

Resumo: Artigo é resultado de uma investigação decorrente do projeto intitulado a “Religiosidade afro-descendente em sala de aula”, ligado ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). Aplicado aos estudantes de 1º ano do Colégio Estadual José Alfredo de Almeida, no município de Mariluz/PR, buscou-se discutir as manifestações religiosas afro-descendentes, bem como compreender as origens históricas de seu processo de estigmatização no Brasil. Procurou-se envolver os estudantes em atividades lúdicas e exercícios reflexivos a fim de permitir reflexão crítica, compreensão e assimilação da temática abordada. Por meio das atividades realizadas, foi possível perceber que, a partir do entendimento dos estudantes a respeito das religiões de matriz africana, suas opiniões sofreram alterações. A princípio consideravam as religiões de identidade africana, em especial o Candomblé como sendo um fenômeno ligado ao mal, mas no decorrer do trabalho perceberam a ligação que estas têm com outras religiões e que os rituais são formas representativas do fenômeno, evidenciando a importância do trabalho dessa temática no cotidiano escolar. Palavras Chave: Manifestações religiosas; Processo de estigmatização; Cultura.

Introdução

Desde o aparecimento do homem na Terra, sua vida sempre esteve ligada a

fenômenos naturais e sobrenaturais, um desses fenômenos é a religião, caracterizada

como sendo universal e complexa. A existência desse fenômeno nos mostra que sua

presença acompanha fortemente a construção da sociedade contemporânea marcando

a vida de modo significativo e ocupa papel importante na história da humanidade.

Desse modo, podemos dizer que:

Não existem povos, por mais primitivos que sejam, sem religião e magia. Tampouco há povos primitivos sem atitudes científicas ou

1 Professora da Rede Pública do Estado do Paraná. Especialista em História do Mundo Contemporâneo e Graduada em História pela Universidade Paranaense – UNIPAR. Atua como professora de História no Colégio Estadual José Alfredo de Almeida – Ensino Fundamental, Médio, Profissional e Normal, município de Mariluz. 2 Professor do Colegiado de História da Universidade Estadual do Paraná, Campus de Campo Mourão.

ciência, mesmo que se lhes fosse negada esta capacidade. Encontrou-se nestas sociedades duas esferas distintas, o sagrado e o profano; em outras palavras, do domínio da magia e religião como o da ciência. (MALINOWSKI, 1983, p. 19).

Apesar da universalidade e importância desse fenômeno ele desperta

inquietações e provoca conflitos. Observamos que esses conflitos estão mais presentes

quando se trata de religiões de matriz africana, que, a nosso ver decorre do

desconhecimento das pessoas, gerando desconfiança, preconceito e discriminação e

que, devido a “esse desconhecimento, ignorância ou má-fé [...], têm alimentado

estereótipos, estigmas, bem como preconceito e discriminações que cotidianamente

atingem não só os adeptos [mas] toda a população negra, afrodescendente [...].

(JESUS, 2008, p. 132).

Compreendendo ser papel da escola o trabalho no sentido da formação integral

do estudante, consideramos ser este um assunto que deva ser refletido no ambiente

escolar, uma vez que quando os estudantes se deparam com práticas religiosas ligadas

principalmente à etnia negra, nas suas mais diversificadas matrizes étnico-culturais,

percebemos, em sua maioria, os mais diferentes tipos de discriminação e adjetivações

pejorativas como religião maligna, ligada à prática de magias obscuras, denominadas

de macumba.

Desse modo, é possível levantar a hipótese de que os estudantes não

conhecem, ou conhecem superficialmente as práticas religiosas, e por isso a

discriminam. A base de sua compreensão é oriunda das experiências cotidianas e dos

conhecimentos passados de geração a geração.

Considerando os pressupostos citados, realizamos como os estudantes do

Colégio Estadual José Alfredo de Almeida, município de Mariluz/PR um estudo sobre a

religiosidade afro-descendente a fim de evidenciar os valores da cultura afro-

descendente e entender algumas razões históricas da resistência a estas

manifestações religiosas.

O trabalho consistiu na realização de atividades variadas objetivando aprofundar

o conhecimento da temática da religiosidade em sala de aula, bem como fomentar a

compreensão sobre algumas raízes históricas das religiões afro-descendente,

sobretudo do Candomblé e discutir como estas manifestações foram historicamente

estigmatizadas no Brasil, a fim de conscientizar os estudantes sobre as necessidades

de mudanças de atitude, bem como estimulá-los a serem multiplicadores dos

conhecimentos sobre o tema.

A África no Brasil

Para discutirmos sobre a religiosidade africana necessitamos refletir sob quais

condições esse fenômeno foi consolidado em solo brasileiro, portanto, faremos uma

breve retrospectiva da escravidão negra no Brasil, para assim melhor compreendermos

o ranço que ainda persiste em relação a esse povo, sendo este apresentado de forma

marcante nas manifestações religiosas que muitas vezes é confundida com ritos

voltados para o mal.

Ao observarmos o território brasileiro constatamos que o “Brasil é um país

extraordinariamente africanizado. E só quem não conhece a África pode escapar o

quanto há de africano nos gestos, nas maneiras de ser e de viver e no sentimento

estético do brasileiro” (COSTA E SILVA, 1994, s/p).

Essa constatação nos apresenta como sendo natural, uma vez que os africanos

contribuíram para a formação do povo brasileiro, além disso, foram eles que

constituíram boa parte da riqueza nacional, com seu trabalho nos canaviais de cana-de-

açúcar, nos cafezais ou nas minas de ouro, prata e diamante de todo o Brasil Colônia,

como discute Freyre: “os escravos vindos da área de cultura negra mais adiantada

foram um elemento ativo, criador e quase que se pode acrescentar nobre da

colonização do Brasil; degredados apenas pela sua condição de escravo” (FREYRE,

2006, p. 390).

A escravidão no Brasil perdurou por mais de 300 anos, marcando diversos

aspectos da cultura e sociedade brasileira, como também imprimindo valores a essa

condição provocando o problema do preconceito racial e social, sustentado até hoje,

mesmo após a condição de escravo negro ter sido abolida, lembrando que, mesmo

após sua independência o Brasil manteve a escravidão, sendo abolida apenas no

Segundo Reinado, não sem antes passar por um longo processo. A criação de leis

abolicionistas contribuiu para a efetivação da abolição.

É importante lembrar que a escravidão dos povos africanos ocorreu devido à

necessidade de mão-de-obra barata para trabalhar nas lavouras e mineração brasileira,

isso porque o índio não aceitou a mesma condição, preferindo a morte a se curvar para

o homem branco. Na realidade, os escravos eram simples mercadorias para os

colonizadores portugueses.

O africano era transportado para o Brasil em navios negreiros, em condições

subumanas. A viagem era longa e, devido às más condições do transporte muitos

morriam durante a travessia. Conforme Cáceres,

os navios vinham geralmente superlotados. Quase não havia lugar para os cativos se sentarem. Quando adormeciam, ficavam uns sobre os outros. [...]. Alimentação pobre, péssimas condições de higiene, falta de cuidados médicos e viagens longas e desconfortáveis tornavam a mortandade muito grande. Até o século XVIII, acredita-se que tenham morrido entre 15% e 20% dos cativos – e os corpos eram jogados ao mar. (CÁCERES, 1993, p. 33).

Os escravos negros não trabalhavam apenas em trabalhos braçais, afinal os

serviços domésticos também eram realizados por eles. Era comum as mulheres negras,

além de servirem de cozinheiras e arrumadeiras, amamentarem os filhos do senhor.

Os escravos eram considerados como meras ferramentas de trabalho, tendo o

mesmo tratamento que qualquer instrumento de produção. Mal alimentados, estavam

subordinados a vontade do senhor, toda a sua rotina era para desempenhar as funções

que lhe eram dadas. Sua moradia se resumia em um grande galpão (senzala) onde

dividia espaço com os outros negros da propriedade. Recebiam castigos se

desobedeciam ou tentassem fugir. Suas vestimentas eram rudimentares. No

entendimento dos proprietários de escravos, bastavam aos negros “três pês: pau, pano

e pão” (CÁCERES, 1993, p. 47).

Os escravos negros não eram tão reativos quanto os indígenas, perante os

trabalhos forçados, embora ocorressem revoltas e resistências ao trabalho forçado,

como fugas que os direcionaram a formação de quilombos. Era comum a prática de

aborto entre as mulheres negras, pois assim não gerariam mais escravos para o

senhor. Apesar de todo o sofrimento e humilhação, o negro africano não relegou sua

etnia, manteve quando possível, sua culinária, suas danças e manifestações religiosas.

Porém, apenas

Alguns senhores permitiam que os negros dançassem e cantassem aos sábados, domingos ou dias de festas. Já nas cidades, os batuques e cangerês eram proibidos. Temia-se que os agrupamentos de escravos degenerassem em movimentos subversivos. As únicas festas autorizadas eram as de cunho cristão: a de nossa senhora do rosário, padroeira dos pretos, as congadas e outras do mesmo gênero. (COSTA, 1999, p. 297).

Como podemos observar a cultura africana, apesar de ser presente em nossa

sociedade sempre sofreu restrições. Em relação à prática da religião de origem

africana, esta era proibida. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas,

mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a

capoeira.

Religiões afro-descendentes

A religião pode ser considerada como um instrumento de dominação, como

também de resistência à opressão, e foi justamente isso que ocorreu em território

brasileiro ainda no período colonial, quando os negros africanos foram expostos aos

piores tratamentos eles a utilizaram como forma de resistência e preservação de sua

cultura, como esclarece Mantovanello.

Os negros importados para o continente americano [...]. Embora despojados de seus valores materiais, vindos de regiões diversas e, muitas vezes, possuidores de diferentes línguas, eles buscaram na religiosidade uma forma, ainda que frágil, de manutenção dos valores culturais e de alguns traços da sua identidade, como também uma fuga da dura realidade a que estavam obrigados (MANTOVANELLO, 2006, p. 27).

No entanto, essa manifestação não era vista com bons olhos, pois o catolicismo

era a principal religião no Brasil, desse modo, os escravos eram obrigados a se

converterem ao Cristianismo, situação que ocorria superficialmente, já que

secretamente continuavam se manifestando religiosamente. Mantiveram seus deuses,

transportando-os às imagens cristãs, dando origem às religiões afro-brasileiras, como o

Candomblé e a Umbanda. Com o tempo, a Igreja Católica percebeu as manifestações e

iniciou-se as perseguições às crenças africanas, isso porque, segundo Ferretti,

as religiões de matrizes africanas e ameríndias não foram encaradas pelas camadas dominantes como diferentes do catolicismo professado pelo colonizador português. Foram consideradas primitivas, inferiores, falsas e ameaçadoras – daí porque foram tão reprimidas e perseguidas (FERRETTI, 2007, p. 3, grifo nosso).

Porém, durante muito tempo as religiões afro-descendentes mantiveram-se como

foco de resistência da cultura negra, marcando significativamente a cultura brasileira. O

sincretismo, originário de uma situação (a do negro em querer professar sua fé e não

poder manifestá-la) foi a forma que o negro encontrou para manter viva suas origens e

professar sua religião aqui no Brasil.

O sincretismo foi um mecanismo cultural decisivo para a reconstituição das religiões africanas no Brasil. A própria palavra ‘santo’ serviu de tradução para ‘orixá’, inclusive nos termos ‘mãe de santo’, ‘filho de santo’, ‘povo de santo’ e outras palavras compostas em que originalmente a palavra africana era orixá. E esse santo é o santo católico (PRANDI, 2002, p. 50).

Prandi ressalta ainda: “desde o início as religiões afro-brasileiras se fizeram

sincréticas, estabelecendo paralelismo entre divindades africanas e santos católicos,

adotando o calendário de festas do catolicismo, valorizando a frequência aos ritos e

sacramentos da igreja” (PRANDI, 2003, p. 16).

Apesar da singularidade com o catolicismo, as religiões de matriz afro sempre

foram motivo de hostilidade e incompreensão, muitas vezes seus seguidores foram

reprimidos violentamente pelos colonizadores, pois o rigoroso controle moral que a

religião católica pregava, propiciou concepções deturpadas em relação à religião de

matriz africana, tais como: religião de satã, endemoniada, bruxaria, magia negra, entre

outras denominações, era por causa desses princípios que “a magia africana era vista

como prática diabólica pelas autoridades eclesiásticas, como já havia ocorrido com as

religiões indígenas” (CAPPELLI, 2010, p. 332).

Ainda que consideradas de escravos e negros e, por esse motivo desvalorizada3,

as práticas religiosas africana foram vistas como uma ameaça, pois alguns brancos

simpatizavam e até praticavam rituais, uma vez que a falta de atendimento médico e a

ineficiência dos remédios contribuíam para que a população procurasse os curandeiros

negros.

João, preto, escravo, benzia panos para estancar sangue de feridas; os pardos Faustina e João Dias faziam quimbandos, enquanto Joana também parda, mas forra, benzia quebranto, olhado, carne-quebrada, ventre caído e bicheira, e Maria da Cruz, de igual condição, benzia olhado e carnes-quebradas (MOTT, 1997, p. 194).

Assim, mesmo diante dos olhares atentos dos senhores as práticas religiosas

africanas iam se integrando ao cotidiano colonial. Na realidade, a relação entre os

santos católicos e os deuses africanos foi realizada como uma forma de omitir a prática

do Candomblé, que era proibida pela Igreja Católica e pelo governo.

Desse modo os praticantes do Candomblé cultuavam seus Orixás, Inquices e

Vodus como se fossem santos católicos, para não serem perseguidos, pois antes

mesmo do século XIX, quando as religiões afro-descendentes podiam cultuar

livremente, seus adeptos nunca esqueceram suas raízes religiosas e as praticaram

distantes dos espaços públicos (Brasil escola – Candomblé, 2013).

O Candomblé não é exclusividade de negros e mulatos da Bahia e Pernambuco,

como muitos tendem a pensar “A partir dos anos 60 do século XX, as pessoas de

origem não-africana começaram a professar o Candomblé” (MUNANGA, 2006, p. 143).

Assim, o Candomblé passou a ser cultuado por todos aqueles que se identificam com

seus rituais, normas e cultos.

Foi por meio dessa variada gama de formas de cultos religiosos dos negros

escravos trazidos ao Brasil, que o país formou sua cultura miscigenada, com imenso

patrimônio religioso. Infelizmente, esse patrimônio é desprezado por muitos, devido ao

racismo existente no país.

3 Compreendemos que a desvalorização seja decorrente da ideia de que, nesse período, a religião dominante era o catolicismo, como também a questão da relação de poder: senhores de engenho versus escravos.

as religiões afro-brasileiras [...] até recentemente [...] eram proibidas e por isso duramente perseguidas por órgãos oficiais. Continuam a sofrer agressões, hoje menos da polícia e mais de seus rivais pentecostais, e seguem sob forte preconceito, o mesmo preconceito que se volta contra os negros independentemente de religião. Por tudo isso, é muito comum, mesmo atualmente, quando a liberdade de escolha religiosa já faz arte da vida dos brasileiros, muitos seguidores das religiões afro-brasileiras ainda se declararem católicos (PRANDI, 2003, p. 16).

Entretanto, a partir da literatura produzida no campo das Ciências Sociais,

considera-se que desde a década de 80,

O campo religioso brasileiro passa por um momento de inflexão que a demografia religiosa parece não deixar dúvidas. Esse fenômeno estaria marcando definitivamente o processo de secularização do Estado Moderno brasileiro e mais, o definitivo declínio das religiões tradicionais, assim classificadas pela sociologia, como o catolicismo, o luteranismo e a Umbanda (MEZZOMO, 2008, p. 4).

No século XXI, vemos no Brasil o crescimento do pluralismo espiritual de

múltiplas crenças, do movimento neopentecostal dos anos 1980 e 1990, sendo religiões

como: a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Internacional da Graça de Deus,

entre outras, que apresentam três características fundamentais, sendo que uma delas,

apresenta demasiada discriminação às demais religiões, principalmente às religiões

afro-brasileiras e espiritismo kardecista. Essa é a primeira característica fundamental:

“ênfase na guerra espiritual contra o diabo e seus representantes terrenos, a saber, as

religiões afro-brasileiras e espiritismo kardecista” (MEZZOMO, 2008, p. 10).

Mezzomo (2008), a partir de literatura produzida sobretudo pela sociologia da

religião, menciona que uma das características do embate contra as religiões afro-

brasileiras e o espiritismo kardecista se refere à guerra espiritual promovidas por

agentes ligados, sobretudo, ao neopentecostalismo. Em livros escritos4 pelos líderes

espirituais da Igreja Universal do Reino de Deus e Igreja Internacional da Graça de

Deus, por exemplo, encontram-se apelos direcionados para convencer o crente a

observar a direção que aponta a bússola da verdade e precaver-se dos falsos profetas,

4 O autor refere-se aos livros dos fundadores da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD), respectivamente: MACEDO, Edir. Orixás& guias: deuses ou demônios? Rio de Janeiro: Ed. Gráfica Universal, 2002; e SOARES, Romildo. Espiritismo: a magia do engano. Rio de Janeiro: Graça editorial, 1984.

até por meio de imagens dos terreiros, objetos sacros e sessões de descarrego das

religiões afro-brasileiras.

Dessa forma, esses livros mencionam que satanás faz uso das religiões afro-

brasileiras e do espiritismo kardecista, pelos orixás, caboclos e outros guias, pois essas

religiões enganam as pessoas, fazendo-as de cavalos, burrinhos ou aparelhos,

conforme mencionado nos livros. Por fim, esses livros indagam que apenas a salvação

e a verdade estão em seguir Jesus, o libertador e doador de todo bem. E ainda, que

esses livros não são discriminatórios, faz uso de linguagem simples, para que todos,

sobretudo, os pais-de-santo e mães-de-santo do Brasil, possam entender e assim se

esclarecer, para que sirva de bússola que mostra o caminho certo e assim examinar,

cuidadosamente e sem preconceitos, a religião que tem praticado.

Para Munanga (2006, p. 143) o Candomblé “é uma religião que afirma o mundo,

reorganiza seus valores e também reveste de estima muitas das coisas que outras

religiões, consideram más: por exemplo, o dinheiro, os prazeres (inclusive os da carne),

o sucesso, a dominação e o poder”.

Desse modo e, refletindo sobre todo o exposto, consideramos que a questão do

preconceito instituído às religiões de matriz africana está relacionado a três aspectos: o

ranço instalado sobre o negro escravo e a cultura africana; o desconhecimento das

religiões de matriz africana e por fim, nos apropriamos da afirmação de Oliveira5, o

preconceito ainda existe porque as religiões africana obedecem a outra lógica que não

a ocidental.

Experiências didático-pedagógicas a partir da inter venção junto à Escola

Como já destacado o projeto de intervenção pedagógica, “A religiosidade afro-

descendente em sala de aula”, consistiu na realização de atividades que encaminharam

os estudantes a conhecerem e refletirem sobre algumas raízes históricas das religiões

afro-descendente, sobretudo do Candomblé, e discutir como estas manifestações foram

historicamente estigmatizadas no Brasil.

5 Cristiano Freitas de Oliveira, Historiador. Entrevista: Religiões afro-brasileiras continuam discriminadas, afirma historiador, por Hugo Costa. Disponível em: http://laurocampos.org.br/2008/02/religioes-afro-brasileiras-continuam-discriminadas-afirma-historiador/. Acesso em: 19 nov. 2014.

Para realizar esse trabalho elaboramos Caderno Pedagógico estruturado em

cinco unidades com atividades que objetivavam discutir as manifestações religiosas

afro-descendentes e compreender algumas origens históricas de seu processo de

estigmatização no Brasil, bem como proporcionar aos estudantes um contato com a

cultura dos afro-descendentes. Ao enfocar, sobretudo a dimensão religiosa, procurou-

se criar momentos de desconstrução de conhecimentos já formulados, permitindo que

novas compreensões pudessem ser formuladas, com intermediação da professora

PDE, sobre a história da cultura afro-brasileira. As atividades foram organizadas e

desenvolvidas observando os seguintes temas e ordenamento:

Imagem 1 : Estrutura das atividades realizadas em sala de aula.

Fonte : Arquivo da professora PDE.

Foram desenvolvidas diversas atividades em sala de aula, a fim de proporcionar

aos estudantes contato com a cultura dos afro-descendentes, sobretudo da dimensão

religiosa. Assim, promoveu-se atividades como: produção de desenhos, leitura de

textos, exibição de filme, pesquisas na internet, confecção de cartazes6, produção de

texto, apresentação de vídeos, resolução de atividades de reflexão e debates.

Imagem 2 : Iemanjá

Imagem 3 : Nossa Senhora da Conceição

Fonte : Arquivo da Professora PDE.

As atividades foram iniciadas com um diálogo a respeito do projeto e sua

importância para a compreensão da temática. A primeira atividade consistiu em

apresentar aos estudantes o embasamento teórico a respeito da temática. Essa

atividade foi permeada por perguntas realizadas pelos estudantes, cujo assunto

despertava a curiosidade dos jovens. Porém, no primeiro momento também

percebemos o que predomina sobre a maioria dos estudantes: a menção acerca do

Candomblé os faz lembrar macumba, feitiçaria, entre outras ações.

Em seguida apresentamos aos estudantes a Lei 10.639/03 (Lei que institui a

obrigatoriedade no currículo da Educação Básica do ensino da História e Cultura Afro-

brasileira). Após discussão e troca de ideias sobre a mesma, os estudantes foram

distribuídos em pequenos grupos, sendo orientados a produzirem um pequeno texto

sobre o disposto na referida Lei a respeito da História e Cultura Afro-Brasileira.

6 Estes foram afixados no mural da escola como a história dos Orixás e dos respectivos Santos Católicos.

Surgiram várias as opiniões relatadas, porém havia em comum um ponto: todos

concordam que abordagem da história da cultura afro-brasileira não pode ser esquecida

pela escola, pois, como mencionou um dos grupos: “Foram eles, os negros que

ajudaram o Brasil a enriquecer, então nada mais justo que todos os brasileiros

conheçam a verdadeira história desse povo”.

Para finalizar a Unidade I do Caderno pedagógico, os estudantes leram os textos

“Candomblé”, “Oração pela paz interior” e “Religiões Afro-Brasileiras” que mencionam

referências, eventos e características sobre o Candomblé e Umbanda. Após leitura dos

textos, os estudantes responderam a questionamentos que os levaram a refletir sobre a

religião Candomblé, bem como distingui-la da religião Umbanda.

A Unidade II do Caderno consistiu em proporcionar reflexão acerca das

representações artísticas dos orixás. Para iniciar a atividade, apresentamos aos

estudantes a música “Salve as Folhas”, interpretada por Maria Bethânia e Sandra de

Sá, para reflexão dos estudantes.

Quadro 1: Fragmento da música Salve as Folhas

Salve As Folhas

Sem folha não tem sonho

Sem folha não tem vida

Sem folha não tem nada

Quem é você e o que faz por aqui

Eu guardo a luz das estrelas

A alma de cada folha

Sou Aroni

Fonte: Disponível em: http://letras.mus.br/maria-bethania/887254/. Acesso em: 27 nov. 2014.

Em seguida, os estudantes foram conduzidos ao laboratório de informática para

pesquisarem sobre os Orixás e os Santos Católicos. Foi possível perceber o espanto

dos estudantes ao descobrirem a semelhança entre o santo católico São Jorge e o

Orixá Ogum. Para finalizar essa atividade, os estudantes confeccionaram cartazes com

as imagens de alguns orixás e os santos católicos respectivos.

Imagem 4 : Ogum

Imagem 5 : São Jorge Fonte : Arquivo da Professora PDE.

Objetivando o conhecimento de comunidades remanescentes de quilombos,

suas histórias, o cotidiano, a cultura e as estratégias de sobrevivência dos grupos, bem

como suscitar o debate de como a sociedade enxerga as religiões afro-brasileiras,

apresentamos o documentário “Kiriku e a feiticeira” que retrata a história de um garoto,

com dons especiais, que nasceu com a missão de salvar sua aldeia. Em seguida, os

estudantes refletiram e discutiram questionamentos propostos pela professora.

Fazendo um contraponto entre orações tradicionais, tal como o Pai Nosso,

pedimos aos estudantes que realizassem pesquisa e análise da oração ao orixá Ogum

e fizessem relação com alguma oração que conheciam. Facilmente os estudantes a

identificaram com a oração do Pai Nosso. Um dos estudantes ainda mencionou que

“jamais imaginei que eles fizessem oração assim, para mim é uma surpresa, achei que

eles faziam invocações”. Esse comentário vem ao encontro da afirmação de Pereira:

De fato, ainda é muito forte na sociedade os sentimentos de preconceito – levando as pessoas a elaborarem juízos acerca do outro, sem nem mesmo conhecer o mínimo que seja da sua cultura, organização social e prática religiosa, promovendo a discriminação social, econômica, cultural e religiosa. Nesta realidade, nega-se profundamente o valor do outro até mesmo enquanto pessoa humana, haja vista os diversos casos de discriminação racial que acontecem diariamente na sociedade e os de caráter religioso, onde se considera a religião do outro como diabólica e tantas outras afirmações. (PEREIRA, 2000, p. 6).

Como meio de levar os estudantes a observarem especificidades das religiões

Candomblé e Umbanda e assim divulgar e preservar a religiosidade afro-brasileira foi

apresentado o vídeo: História das religiões: Umbanda e Candomblé7. Após refletirem

sobre o documentário, proporcionou-se momento para socialização das impressões a

respeito das religiões apresentadas. O resultado foi interessante, pois os estudantes

perceberam que estes já não reconheciam as religiões africanas como associadas ao

mal, mas sim, uma forma diferente de cultuar as divindades, como relatou uma aluna:

“Professora, tudo o que vi até agora sobre a religião dos negros não bate com nada que

eu já tinha ouvido falar. Sabe, às vezes tinha até medo, minha vó contava cada história

a esse respeito, de arrepiar o cabelo, mas pelo que “tô” vendo, não é nada disso, é só

uma forma de rezar diferente da nossa”.

Para debater acerca do preconceito e da estigmatização que os adeptos da

religião afro-descendente sofrem diariamente, apresentamos fragmentos de textos e

reportagens retirados da internet. A atividade foi realizada por meio de leitura de textos

e reportagens que retratam preconceito às religiões de matriz africana, iniciando com a

reportagem sobre a morte de uma professora, em 20118, sob a qual a mídia se

empenhou em registrar sua opinião:

Quadro 1 : Parte de texto trabalhado com os estudantes em sala de aula.

A representação

Nas notícias veiculadas sobre a morte da professora, foi descrito um ritual, conduzido por três pessoas – duas delas denominadas por alguns veículos como “mãe” e “pai”

7 Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=KqqGr8ab5Jk. Acesso em: 10 out. 2013. 8 Após da leitura da reportagem na íntegra os estudantes conheceram a verdadeira história, o terreiro onde ocorreu o fato não era reconhecido, bem como seus responsáveis. Disponível em: http://ombudspe.org.br/analises/terreiros-na-midia-o-que-voce-diz-sobre-mim-e-o-que-eu-realmente-sou/. Acesso em: 20 nov. 2014.

de santo –, que a teria levado à morte. Dentre as matérias que pesquisamos, as publicadas no PE 360 Graus, no Tudo na Hora e no Portal Terra, sem hesitar, afirmam que a morte realmente ocorreu em um terreiro, tendo como um dos suspeitos a mãe de santo. Alguns textos utilizaram o termo “ritual de magia negra” associado à prática do Candomblé, reforçando uma representação negativa da religião que não condiz com seu rito. Fonte: Disponível em: <http://www.ombudspe.org.br/analises/terreiros-na-midia-o-que-voce-diz-sobre-

mim-e-o-que-eu-realmente-sou/>. Acesso em: 22 nov. 2013.

Os demais textos relatavam discussões sobre as religiões de matriz com notas

explicativas de seus adeptos relatando suas atividades, orações e sentimentos. No

debate estabelecido durante as leituras foi possível perceber sinais de entendimento e

compreensão em relação às religiões de matriz africana. O principal argumento utilizado

por vários estudantes era que as pessoas desconhecem o contexto histórico das

religiões afro-brasileiras e sua importância na vida de seus seguidores.

Outro fato apontado pelos estudantes foi sobre o trabalho realizado ou a ser

realizado pela mídia, destacando-a como poderoso instrumento tanto na disseminação

quanto na diminuição da discriminação religiosa, como foi o caso da reportagem acima

citada. Essa atividade finalizou com a produção de texto a respeito do preconceito

sobre as religiões de matriz africana.

Imagem 6 : Texto produzido por estudante.

Fonte : Arquivo da Professora PDE.

A atividade seguinte levou os estudantes a conhecerem a perseguição, união e

opinião da Igreja Católica sobre o Candomblé. Para realização dessa atividade foram

utilizados vídeos e apresentação de fragmentos de textos que retratam atividades

realizadas em conjunto com a Igreja Católica, como é o caso da lavagem da escada da

Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador na Bahia. As atividades também

conduziram os estudantes a refletirem sobre a existência do sincretismo religioso e

descobrirem aspectos comuns entre o Candomblé e o catolicismo.

Quadro 3: Fragmento do texto: A lavagem do Bonfim é um ritual católico ou do candomblé?

Fonte: Disponível em: <http://pessoas.hsw.uol.com.br/lavagem-do-bonfim.htm>. Acesso em: 27 nov. 2013.

Na Unidade III evidenciamos a estigmatização e preconceito contra o

Candomblé, por meio de notícias que trazem informações inverídicas acerca dessa

religião afro-brasileira, o papel das redes sociais, tanto para disseminar essa cultura

quanto para difamá-la, culminando no texto que apresenta aspectos dessa

religiosidade, onde descreve que o receio inicial para conhecer a religião Candomblé,

deve-se primeiramente ao desconhecimento e por fim, o preconceito adquirido pela

influência das religiões cristãs. Desta forma, esta unidade foi desenvolvida fazendo-se a

leitura dos textos, discutindo o assunto dos mesmos em sala de aula e por fim,

resolvendo as questões, ora individualmente, ora em grupos.

Na Unidade IV, trabalhada quase da mesma forma que a unidade anterior, traz

aspectos da “ligação” entre a Igreja Católica e a religião afro-brasileira Candomblé. Por

meio do texto “Juntos pelo Bonfim”, é possível verificar uma situação onde as religiões

citadas fazem uma parceria, originária desde a época da escravatura. O outro texto traz

uma proposta de a Igreja Católica pensar a respeito do Candomblé, sendo

anteriormente exibido um vídeo na TV Pen Drive acerca do tema, e por fim, a leitura e

discussão do texto com os alunos da turma, para culminar na resolução das questões,

assim como realizado, também, no primeiro texto.

Finalizando o projeto, na Unidade V evidenciamos, por meio de leitura e

discussão de textos, os ataques que a religião afro-brasileira Candomblé, sofre das

religiões neopentencostais, mostrando que muitas religiões vivem em constante

ameaça.

Quadro 4: Fragmento da reportagem: religiões em constante ameaça

Fonte: Disponível em: <http://www.labjor.unicamp.br/patrimonio/materia.php?id=45>. Acesso em: 24 nov. 2013.

As atividades proporcionadas geraram debate entre os alunos, onde o centro do

diálogo era que “todos temos o direito de professar uma religião e que não podemos

falar de determinadas religiões sem antes conhecer sua história.” (exposição oral de um

aluno).

Considerações finais

A religiosidade marca fortemente a vida do homem e cada um pratica o culto no

qual foi educado ou acredita. Esse fenômeno, na maioria das vezes serve como

referência para a organização das pessoas. Olhando sob esse entendimento, podemos

dizer que a religiosidade é um fenômeno vivenciado por todos, sendo este um direito

conquistado. O que vemos, contudo, é que no cotidiano brasileiro as religiões de matriz

africana não são vistas como manifestação ‘normal’, correta e culturalmente aceitável.

Em geral, vemos como associadas a algo negativo.

Essa concepção decorre da falta de conhecimento, como também de

preconceitos originários da época da escravidão. O fato é que a religião foi e é parte

importante da identidade dos africanos e afro-descendentes tendo, em diversas

ocasiões, sido um mecanismo de resistência dos negros contra a crueldade do

escravismo. Ademais, é correto afirmar que os aspectos da formação da identidade do

povo brasileiro também estão ligados às religiões de matriz africana, sobretudo porque

estão incorporadas às manifestações culturais do país.

Considerando a função da escola, a religiosidade afro-brasileira, enquanto

resistência e cultura afro, deve ser inserida nos debates escolares, pois percebemos

que a imagem negativa sobre essas religiões decorre sobretudo dos estudantes as

desconhecerem. Por meio das atividades realizadas foi possível perceber que, a partir

do entendimento a respeito das religiões de matriz africana, suas opiniões sofreram

alterações. A princípio consideravam as religiões de identidade africana, em especial o

Candomblé como sendo um fenômeno ligado ao mal, mas no decorrer do trabalho

perceberam a ligação que estas têm com outras religiões e que os rituais são formas

representativas do fenômeno.

Enfim, consideramos as religiões de matriz africana como o último legado dos

escravos africanos que resistiu ao processo de escravidão e que ainda hoje persiste,

nesse sentido torna-se necessário compreendê-las, pois estas estão intimamente

ligadas ao processo histórico e cultural da nação brasileira.

Referências

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