OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · um dos focos a utilização de jogos teatrais...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

1 Ficha para identificação da Produção

Didático-pedagógica

OS JOGOS TEATRAIS DE VIOLA SPOLIN COMO POTENCIAL PARA A FORMAÇÃO DO ESPECTADOR

Autor Fernanda Faria Hilmann

Disciplina (ingresso no PDE) Arte

Escola de implementação do Projeto e

sua localização Escola Estadual Shirlene de Souza Rocha

Município da Escola Rio Branco do Sul

Núcleo Regional de Educação NRE AMNorte

Professor Orientador Robson Rosseto

Instituição de Ensino Superior Faculdade de Artes do Paraná

Relação interdisciplinar

Resumo

A presente Unidade Didática – UD tem como linha de estudos o ensino do teatro, abordando o tema da formação do aluno espectador, delimitada para os jogos teatrais de Viola Spolin como potencial para a formação do espectador.

O objetivo desta Unidade Didática é fomentar a formação do aluno espectador por meio de jogos teatrais, nos termos da metodologia proposta por Viola Spolin; abordagem que se justifica pelo fato de que o ensino de Arte no nível fundamental propicia ao aluno condições de apreciar o fazer artístico e interpretar as intenções do artista, ampliando assim as possibilidades de perceber o mundo sob diferentes perspectivas.

Assim, é apresentado um conjunto com 19 atividades, elaboradas com base nos jogos teatrais sistematizados por Viola Spolin.

Palavras-chave Jogos teatrais, recepção, espectador.

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público-alvo Alunos do 6° ano

Apresentação

Sou professora de Arte e atuo exclusivamente na rede pública de ensino, e a

vivência dentro de diferentes instituições escolares, assim como a experiência em sala de

aula, permitiu perceber que muitos dos alunos atendidos nessas unidades não têm maiores

conhecimentos sobre o teatro, mostrando-se despreparados para apreciar e aproveitar a

riqueza da linguagem teatral como recurso para interpretar e conhecer a realidade e as

sutilezas do mundo que os cerca.

Mas, no ambiente escolar, uma dificuldade constante no ensino de Arte é o pouco

acesso dos alunos à produção artística, condição essa que inviabiliza a formação do senso

crítico, a apreensão da estética e da linguagem multissensorial que é inerente às quatro

áreas: Artes Visuais, Música, Dança e Teatro.

Os professores sabem da importância de proporcionar situações de aproximação do

aluno com o universo da Arte, para que esses possam aprender a conhecer e apreciar estilos

e técnicas distintas, e compreender a proposta que cada obra traz em si para o público; e é

essa experiência que possibilitará a fruição - compreendida no sentido de “sentir e

perceber”, conforme explicitado nas DCEs Arte (PARANÁ, 2008).

No entanto, no espaço da educação nem sempre se mostra possível desenvolver

um trabalho dessa natureza, pois muitas vezes a escola não dispõe dos recursos necessários;

os professores de forma recorrente se mostram despreparados para promover uma

mudança no ensino da disciplina tornando a aprendizagem significativa; as salas de aula

quase sempre com um número de alunos superior ao que seria ideal para o ensino dos

conteúdos específicos da disciplina; e, além disso, os alunos em geral se mostram pouco

envolvidos, muitas vezes eles estão mais interessados nos momentos de lazer que poderão

desfrutar nas aulas de Arte.

Assim, com poucas condições de vivenciar a arte em sua plenitude, o aluno deixa de

reconhecer o potencial da Arte, o que é um prejuízo em termos educacionais, como se

depreende das DCEs – Arte que preconizam o ensino da disciplina no nível fundamental,

notadamente em função de sua “[...] forte característica interdisciplinar [...], pois seus

conteúdos de ensino ensejam diálogos com a história, a filosofia, a geografia, a matemática,

a sociologia, a literatura, etc” (PARANÁ, 2008, p. 62). Aspecto esse reafirmado por Rosseto

(2008) quando ressalta o poder da mensagem criativa que toma forma e significado pelo

trabalho com o teatro, tendo em vista que esse é capaz de levar o espectador a novas

possibilidades e sensações, e a considerar essas vivências em suas percepções e análises

sobre o mundo que o cerca.

Dessa forma, o aluno, principalmente aquele cuja condição socioeconômica familiar

não lhe permite usufruir a Arte e a cultura, apresenta poucas condições de analisar

criticamente os fatos e as situações com as quais se depara no seu dia a dia. Desta maneira,

o aluno demonstra dificuldade para posicionar-se e para promover mudanças no meio onde

vive e interage; e assim, raramente experimenta emoções diferentes e ainda desconhecidas.

Nesse sentido, o aluno mostra-se despreparado para enfrentar obstáculos e buscar soluções

criativas para seus problemas.

Para o professor interessado em promover o desenvolvimento de seus alunos,

permanece a questão sobre como desencadear esse processo e favorecer competências a

partir de atividades educativas que levem seus alunos a pensar, refletir, analisar e agir

positivamente. Uma das possibilidades para contribuir com esses processos está na

formação do espectador por meio de jogos teatrais, pois somente quando são capazes de

compreender as regras do jogo teatral, de exercitar a alteridade e de perceber o significado

dos signos e da linguagem teatral é que os alunos poderão compreender e utilizar o teatro

como forma de expressão de crítica e de posicionamento político e social.

Portanto, entende-se como aspecto fundamental o ambiente escolar, no sentido de

promover ações que favoreçam a compreensão da dinâmica da sociedade e sobre o

comportamento dos indivíduos. E para que isso ocorra a formação de espectadores precisa

ser incentivada a partir de propostas factíveis, como a metodologia de trabalho

sistematizada por Viola Spolin, que é pautada em jogos teatrais, uma proposta reconhecida

e praticada mundialmente.

Mas, como operacionalizar esse método em sala de aula? Por isso o interesse em

abordar a questão, buscando subsídios para incrementar o trabalho educacional com esses

alunos, principalmente aqueles que estão ingressando na segunda fase do Ensino

Fundamental, momento em que se mostram mais preparados para interagir com processo

que envolvam conceitos, regras e orientações específicas para alcançar objetivos propostos.

Assim, a presente Unidade Didática – UD, tem como linha de estudos o ensino do

teatro, abordando o tema da formação do aluno espectador, delimitada para os jogos

teatrais de Viola Spolin como potencial para a formação do espectador.

Essa abordagem se justifica pelo fato de que o ensino de Arte no nível fundamental

propicia ao aluno condições de apreciar o fazer artístico e interpretar as intenções do artista,

ampliando assim as possibilidades de perceber o mundo sob diferentes perspectivas;

aspecto esse preconizado nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Arte (PARANÁ,

2008, p. 56) destacando que “[...] educar os alunos em arte é possibilitar-lhes um novo olhar,

um ouvir mais crítico, um interpretar da realidade além das aparências, com a criação de

uma nova realidade, bem como a ampliação das possibilidades de fruição”.

E dentre as várias formas de manifestação artística, o teatro é a área que possibilita

essa leitura e interpretação do mundo de maneira mais intensa. Isso porque a representação

exige a incorporação de personagens utilizando-se de expressões corporais, vocais, gestuais

e faciais, e o uso da ação e do espaço para transmitir uma mensagem. Deste modo, essa

linguagem multissensorial permite ao espectador o exercício da alteridade, a vivência de

situações e emoções por vezes desconhecidas, ensejando uma maior reflexão sobre a

realidade. Para Desgranges (2011) é através do teatro que o espectador passa a ter

condições de decodificar os signos e questionar os significados produzidos, seja no palco ou

fora dele.

De acordo com as DCEs – Arte (PARANÁ, 2008, p. 77), “[...] dentre as possibilidades

de aprendizagem oferecidas pelo teatro na educação, destacam-se a: criatividade,

socialização, memorização e a coordenação, sendo o encaminhamento metodológico,

proposto pelo professor, o momento para que o aluno os exercite”.

Nesse sentido, busca-se com o trabalho com as artes cênicas em sala de aula

“educar pelo teatro e para o teatro” (PARANÁ, 2008, p. 79), mas, para que esse objetivo seja

alcançado é preciso, primeiramente, sensibilizar o aluno, despertando-lhe o interesse pela

área, o que somente será possível por meio de propostas que privilegiem a formação do

espectador, como afirma Desgranges quando defende a importância de “[...] preparar os

alunos-espectadores para a recepção da obra”, de forma que esses possam “sublimar alguns

aspectos artísticos do espetáculo”. (2011, p. 53)

Essa é a mesma visão de Rosseto (2008, p. 1-2), quando ressalta que “promover a

aquisição do conhecimento em teatro requer trabalhar o ator e o espectador, ou seja, o

fazer e o apreciar [...]”. Para tanto, é preciso que o professor adote uma metodologia de

trabalho que propicie ao aluno oportunidades de experimentação artística por meio de jogos

variados e exercícios teatrais, como recomendado por Viola Spolin (1979) que descreve um

sistema fundamentado principalmente na relação palco/plateia, ressaltando que o objetivo

dessas ações deve ser o aprendizado da linguagem teatral, a comunicação com o público.

Assim sendo, e considerando a percepção de que o teatro é uma das áreas menos

exploradas na escola, entende-se ser necessário incentivar sua prática com ênfase em jogos

teatrais como potencial para a formação do espectador, nos termos da proposta

sistematizada por Viola Spolin.

Espera-se, com o desenvolvimento das atividades propostas nesta UD, favorecer o

interesse dos alunos pelo teatro mediante a formação do espectador, condição

indispensável para a apreciação, compreensão e fruição da Arte em sua mais ampla forma

de manifestação.

Material Didático

O objetivo desta UD é fomentar a formação do aluno espectador por meio de jogos

teatrais, nos termos da metodologia proposta por Viola Spolin e, para tanto, torna-se

necessário, primeiramente, analisar a dinâmica do ensino com vistas à formação do

espectador considerando os aspectos socioeconômicos e culturais do público atendido, os

recursos disponíveis na escola e a metodologia atualmente em uso para o ensino da

disciplina.

Em seguida, descrever a metodologia desenvolvida por Viola Spolin, que tem como

um dos focos a utilização de jogos teatrais como potencial para a formação do espectador e

apresentar atividades a serem realizadas com os alunos, elaboradas com base nos jogos

teatrais sistematizados por Spolin.

Os Jogos Teatrais de Viola Spolin

como potencial para a formação

do espectador

Em estudo sobre a formação do espectador, Ana Mae Babrosa, sistemamtizadora da

proposta triangular para o ensino da Arte, destaca que

O que a arte na escola principalmente pretende é formar o conhecedor, fruidor, decodificador da obra de arte. Uma sociedade só é artisticamente desenvolvida quando ao lado de uma produção artística de alta qualidade há também uma alta capacidade de entendimento desta produção pelo público (BARBOSA apud ROSSETO, 2008, p.69-70).

De acordo com as DCEs – Arte (PARANÁ, 2008), para consolidar a formação do

espectador, há que se estabelecer um parâmetro acerca das diferenças entre as linguagens

utilziadas pela televisão, cinema e teatro, e o teatro na escola; haja vista que cada

modalidade apresenta características e objetivos distintos.

Teatro inclui realidade e fantasia num contato direto com a plateia. Por esse diferencial, a estética teatral não se compara com a dramatização do cinema ou das telenovelas. São linguagens distintas que dependem de uma estrutura tecnológica para acontecer e que podem ter como ponto de análise e discussão as diversas estéticas, as características de interpretação, os espaços e os argumentos escolhidos para o desenvolvimento da história. O teatro na escola possui características diferenciadas ao oferecer oportunidades que prezem o direito do aluno ao conhecimento a partir dos conteúdos específicos, metodologias de aprendizagem e avaliação. Na escola, a dramatização evidenciará mais o processo de aprendizagem do que a finalização, a montagem de uma peça. É no teatro e em seus gêneros, propostos como jogo do riso, do sofrimento e do conflito, que se veem refletidas as maneiras de sentir o mundo por meio de um ser criado (a personagem) num mundo criado (a cena) (PARANÁ, 2008, p. 80-81).

Também as DCEs – Arte (PARANÁ, 2008, p. 79) destacam o papel do professor para

a valorização das obras teatrais como bens culturais, enfatizando que “[...] na escola, as

propostas devem ir além do teatro convencional, que não pode ser entendido somente em

seu formato, mas pelas ideologias de uma época que ele simboliza”.

Para promover a formação do aluno espectador, Spolin (1979) sugere que o

processo de atuação no teatro deve ser baseado na participação em jogos; isso porque é por

meio do desenvolvimento criado pela relação de jogo que o participante desenvolve

liberdade pessoal dentro do limite de regras estabelecidas e cria técnicas de habilidades

pessoais necessárias para o jogo. À medida que interioriza essas habilidades e essa liberdade

ou espontaneidade, ele se transforma em um jogador criativo.

Assim sendo, as atividades devem ser colocadas aos alunos de forma gradual,

começando com jogos de aquecimento e aumentando a dificuldade à medida que os alunos

correspondem ao propósito apresentado.

Os alunos também deverão ser orientados sobre o traje adequado para o trabalho

com as aulas de teatro: short, calção, bermuda ou calça de malha e/ou tecido, confortável

de qualquer cor, sem a obrigatoriedade de utilizarem o uniforme da escola para essas

atividades. Isso implica aos alunos, trazer roupas apropriadas nos dias das aulas de teatro.

Os exercícios e jogos propostos neste trabalho são baseados na metodologia da Viola

Spolin e sua proposição sobre a avaliação.

Atividade 01: Aplicação de questionário

A oficina de teatro terá início com uma pesquisa de campo realizada com os alunos

na forma de entrevista por meio de um questionário para compreender a dinâmica da

formação do aluno espectador na instituição de ensino. O objetivo é analisar seu perfil no

que se refere aos seus interesses, gostos e preferências relacionados ao teatro.

QUESTIONÁRIO DESTINADO AOS ALUNOS

1) Os professores trabalham com teatro nas aulas de Arte?

( ) Sim

( ) Não

2) De forma resumida, como você classifica o teatro?

( ) Desconheço

( ) Não gosto

( ) interessante

( ) Muito Interessante

3) Você já assistiu a uma peça de teatro?

( ) Sim

( ) Não

4) Onde se deu esse contato com o teatro?

( ) Comunidade

( ) Na escola

( ) Teatro

5) Quantas peças de teatro você já assistiu?

( ) Nenhuma

( ) 1 a 2 no máximo

( ) 2 a 5

( ) 5 a 10

( ) Mais de 10

6) Você assiste ao teatro:

( ) Porque gosta

( ) Por incentivo dos pais

( ) Porque a professora de arte promove atividades envolvendo teatro

( ) Porque a escola incentiva

Atividade 02 : Quem sou eu? Quem é você?

Foco

Promover a interação e a vivência.

Instrução

Auto apresentação em círculo.

Desenvolvimento

Com base nas orientações de Japiassu (2003), o professor organizará a turma em

círculo e, sentados no chão, um a um os alunos farão a auto apresentação: nome, idade,

nome do professor, considerações sobre o que gosta de fazer e sua vivência em relação ao

teatro: se aprecia, se já assistiu a alguma peça e onde, qual a impressão que teve, etc,

socializando ao grupo o que pensa sobre a linguagem teatral . A cada fala, os demais alunos

devem fazer perguntas àquele que está na vez, procurando aprofundar conhecimentos

sobre o assunto e promover um clima de companheirismo e confiança.

Em seguida, o professor apresentará informações gerais sobre o que vai ser

desenvolvido na aula daquele dia. Depois da explanação, os alunos poderão fazer perguntas

sobre o assunto, o que entenderam e o que já sabem e o que gostariam de saber mais a

respeito da proposta de atividade.

Depois dessas falas o professor deverá explicar de forma objetiva as características

do trabalho com a linguagem teatral, ou seja:

a) Identificar a matéria: Teatro

b) Identificar a metodologia de ensino: por jogos teatrais

c) Esclarecer o tipo de avaliação: avaliação continua ou formativa (por meio da

frequência, da qualidade de participação nas atividades) e somativa integrativa:

verificações de aprendizado, como elaboração de protocolos-registros do processo

de trabalho;

d) Explicar que testes e provas serão substituídos por protocolos1, portfólio2 e outras

atividades baseadas na recordação estimulada;

1 De acordo com Koudela (apud JAPIASSU, 2003, p. 76) “o termo protocolo é utilizado no ensino de teatro para

referir-se ao registro das atividades pedagógicas desenvolvidas a cada dia, como produção textual, desenhos,

etc.”

2 O termo portfolio refere-se à coletânea de todos os protocolos das sessões de trabalho (JAPIASSU, 2003).

Atividade 03: Apresentação pessoal

Os alunos caminham livremente, em ritmo rápido, tentando ocupar o maior espaço

possível. Cada um fala bem alto, mantendo o ritmo da caminhada, procurando responder

sempre a três questões: seu nome, sua idade e o que gosta de fazer.

Exemplo: Eu me chamo Marina, tenho 12 anos e gosto de andar de bicicleta.

Cada um vai repetindo sua própria frase ao mesmo tempo. Depois de algum tempo

peça aos alunos que alterem o ritmo durante a caminhada, tornando-o rápido, normal e

lento. A altura da voz também deve ir diminuindo conforme o ritmo da caminhada, ir

decrescendo até ficarem estáticos e em silêncio.

Sempre que houver necessidade, o professor sempre poderá marcar o ritmo do

exercício batendo em um tambor ou em outro instrumento.

Sentados em círculo, um aluno de cada vez caminha ao redor do círculo, parando

em frente a um colega. Deve dizer o seu nome, e fazer um gesto de saudação (por exemplo:

tocar no ombro) de escolha do aluno e dizer:

Oi, Pedro, como está? É a vez de Pedro levantar, deixar seu lugar para o colega que

o saudou e fazer sua caminhada ao redor do círculo e saudar outro colega. Assim todos

devem ser saudados, com o cuidado de não se esquecerem de nenhum colega.

Avaliação

Como é um exercício de primeiro contato e de apresentação pessoal, o professor

pode encerrar a atividade propondo que, sentado na roda, cada um ofereça ao colega da sua

direita algum objeto ou doce (combinar para que cada aluno traga algo de casa para este

dia) como confraternização.

Jogos de Aquecimento

Com os jogos teatrais, o aluno passa a perceber que faz parte de um grupo e sua

participação é tão fundamental quanto os demais, assim, ele é preparado para reconhecer a

primeira essência do jogo (foco) e para seguir corretamente as instruções e as correções

sobre sua performance durante a atividade. E, para que esses objetivos sejam alcançados, é

necessário alguns exercícios de aquecimento, visando proporcionar aos alunos melhores

condições de interagir durante os jogos.

Objetivo: exercitar o foco, a observância às instruções e à avaliação sobre a

performance dos alunos.

Por que essa atividade é importante?

O aquecimento é importante porque promove o relaxamento e a descontração,

ajuda a remover inibições, ao passo que fortalece a responsabilidade individual dentro do

grupo (SPOLIN, 1994).

Como fazer?

Com base nos ensinamento de Soplin, o professor deve levar em conta os seguintes

aspectos no trabalho de aquecimento com seus alunos: foco, instrução e avaliação.

Portanto, cada porposta elencada abaixo trará esses princípios como norteadores para guiar

a prática teatral em sala de aula.

Atividade 04: Marcha, soldado!

Foco

Cada foco determinado da atividade é um problema essencial para o jogo que pode

ou deve ser solucionado pelos participantes; portanto os alunos devem ser orientados a

participar, comprometendo-se com o resultado do grupo.

Instrução

A instrução é o enunciado daquela palavra ou frase que mantém o jogador com o

foco; é dada de forma geral, não dirigida aos jogadores individualmente, e busca

basicamente manter todos os jogadores (inclusive os jogadores na plateia) com o foco;

portanto o professor orientará os alunos a partir de palavras de comando:

Fila indiana!

Ordem unida!

Cantando (Marcha Soldado)!

Contando (1, 2, 3, 4 – 4, 3, 2, 1)!

Sentido (posição de sentido)!

Marchar!

Em círculos (marchar em círculos)!

Dividir grupos (meninos, meninas)!

Avião!

Onda!

Desenvolvimento

A turma será dividida em dois grupos: o primeiro com seis alunos e o segundo com

os demais. O primeiro grupo será responsável por observar e anotar o que está apreciando.

Com chapéus de papelão, os alunos formarão uma fila indiana, marcando a

distância entre um e outro com o braço direito sobre o ombro do colega que está à frente. O

professor orienta-os a marchar formando um círculo, cantando “Marcha Soldado...”. Em

seguida propõe a cantoria de militares: “1, 2, 3, 4 – 4, 3, 2, 1...”.

O professor orienta que sem parar de marchar, as meninas organizem-se em fila e

recomecem a cantar Marcha Soldado, marchando da direita para a esquerda. Já os meninos

devem continuar a cantar forte: 1, 2, 3, 4 – 4, 3, 2, 1, marchando da esquerda para direita.

Agora são dois círculos girando, sempre cantando e marchando. O professor orienta

que todos se organizem em filas: alunos de um lado, alunas de outro, frente a frente, e dá a

ordem de posição de sentido. Todos param de marchar e de cantar.

Então o professor instrui: Aviões! E todos os alunos, em fila indiana, a exemplo da

professora, fazem o som de avião, inclinando o corpo para frente e, com os braços abertos,

movimentam-se inclinando primeiro para a esquerda e depois para a direita; sempre em

linha reta, voltando quando chegar ao limite dos muros do pátio.

Em seguida, sempre em fila indiana, os alunos são orientados a seguir o professor,

que repete os movimentos com os braços, agora fazendo o movimento do infinito (∞).

Finalizando, mantendo a mesma formação e movimentos, os alunos recebem a instrução de

observar o movimento do colega que está imediatamente à frente, realizar os movimentos

em forma de onda.

Obtém-se dessa forma, o aquecimento inicial para a representação, a incorporação

de personagens (soldado, avião), o canto e a marcha feitos em uníssono e de forma

simultânea, o exercício de intercalação de vozes e de movimentos sincronizados.

Avaliação

Os alunos serão avaliados a partir da concentração nas atividades propostas, na

participação, na exigência e autocorreção dos movimentos e na capacidade de manter a

ordem unida, a formação dos grupos e os movimentos que lhes foram instruídos sem

prejuízo ao desempenho do grupo.

O professor discutirá suas considerações com os 6 alunos que ficaram responsáveis

pela observação da performance do grupo e, em seguida, ouvirá a percepção do grupo

participante da atividades no pátio.

Isso porque, como bem observa Spolin (1994) a avaliação deve ser compreendida

pelo professor e pelo aluno como uma oportunidade para ambas as partes (professores

mediador e jogadores) emitirem sua opinião sobre a forma que consideram mais adequada

de fazer algo, partindo da lógica que nada pode ser assumido de forma leviana e

precipitadamente, mas como decorrência de uma avaliação sobre o que acabou de ver. E é

nesse sentido que o jogo deixa de ser uma brincadeira infantil, ou como bem esclarece

Koudela (2001) para ser compreendido como uma prática que leva à reflexão, ao

questionamento, à experimentação de emoções e, com isso, a novas percepções acerca da

própria realidade.

Atividade 05: Integração e Relacionamento

Foco

A adaptação de cada aluno ao grupo com o qual irá conviver.

Instrução

Devem ser realizados exercícios de apresentação pessoal, contatos com os

companheiros, desconcentração, contemplando a expressão gestual, verbal, corporal, ritmo,

expressão plástica, música (STOKMANN, 2007).

Desenvolvimento

Trata-se de exercício adaptado de Stokmann (2007). O professor deve organizar

seus alunos em dois grupos dispostos de cada lado do espaço onde as atividades se

desenvolverão e, dado o sinal de alerta, o os alunos caminham, saindo de seus postos e indo

até o outro lado em ritmo rápido, e falando alto: seu nome, sua idade e o que gosta de fazer

(Exemplo: Eu me chamo Marina, tenho 12 anos e gosto de andar de bicicleta).

Primeiro sai um aluno de cada lado (os que estão nas pontas - lado direito da fila);

em seguida juntam-se a eles os que estão à sua esquerda e assim, gradativamente o grupo

vai aumentando até que todos estão deslocando-se de um lado para o outro e repetindo sua

própria frase ao mesmo tempo.

Outra proposta da mesma atividade: a mesma metodologia, começando com um

aluno de cada lado e aumentado a cada vez que esse volta ao seu lugar; porém agora, as

passadas são em ritmo normal, de caminhada; ao passo que a altura da voz também diminui.

Mais uma etapa e, desta vez e com a mesma orientação de descolamento, os alunos

movimentam-se lentamente e falando baixo, diminuindo até o som sumir, momento em que

cada aluno deve parar no local onde se encontra, permanecendo estático e em silêncio .

Avaliação

O professor pode encerrar a atividade propondo que, sentado na roda, cada um

ofereça ao colega da sua direita algum objeto ou doce (combinar para que cada aluno traga

algo de casa para este dia) como forma de confraternização (STOKMANN, 2007).

Atividade 06: Esculturas

Foco

Contatos com os companheiros, desconcentração, contemplando a expressão

gestual, corporal e plástica.

Instrução

O professor deverá dividir os alunos em dois grupos: enquanto um desenvolve o

exercício, o outro fica observando.

O primeiro grupo deverá se dividir em duplas, um em frente ao outro, em duas filas

paralelas e realizar as atividades indicadas.

Desenvolvimento

Conforme sugere Stokmann (2007), após um sinal combinado, um aluno da dupla modela a

outra conforme sua vontade, como se fosse um escultor. Exemplo: dobra a perna esquerda e a apoia

no joelho direito; coloca a mão esquerda no nariz e mão direita no joelho esquerdo, etc.

Quando a fila dos componentes estiver pronta, o professor deverá inverta os papéis

do modelador.

Avaliação

O aluno modelado conservou a criação do modelador? O aluno modelado não deve

contribuir com ideias para a modelagem, apenas deixar-se modelar e manter sua pose até

que todos fiquem modelados.

Atividade 07: Queda livre

Foco

Exercitar a confiança no companheiro.

Instrução

A turma deverá ser organizada em grupos de cinco alunos que se revezarão à

medida que o jogo for se desenvolvendo.

Desenvolvimento

Cada membro do grupo permanece de pé com os braços esticados para frente, à

altura dos ombros. Um dos alunos se joga, de costas, nos braços dos companheiros que o

sustentam (STOKMANN, 2007).

Avaliação

O professor pode encerrar a atividade perguntando aos alunos: quais as dificuldades

encontradas nas etapas do jogo? Sentiram medo? Sentiram confiança no colega? Qual a

sensação de se lançar no espaço e cair? Peça-lhes que descrevam suas emoções.

Atividade 08: Eu, você, nós e os Jogos

Teatrais

Foco

O foco dessa atividade é diminuir o desconforto do aluno em colocar-se em posição

de destaque, por falar em seus anseios pessoais, por nominar, em público, as pessoas que de

alguma forma lhes são importantes e por poder buscar em suas memórias, situações

marcantes e socializá-las ao grupo.

Instrução

Os alunos fazem um grande círculo e um por vez, levanta-se, vai até o centro e diz

seu nome, sua idade e que profissão pretende seguir. Aponta no grupo amigos e colegas de

escola, aqueles com que já estudou em outros anos, nominando-os e, para finalizar, conta

uma passagem de sua infância que tenha marcado profundamente.

Uma variação é trabalhar com três palavras para definir a profissão que deseja

seguir, ou a que tem seu pai/mãe, para que os demais tentem descobrir de que se trata. A

observação é para que as palavras sejam bem escolhidas, exigindo que os demais pensem

em sua finalidade, nada como remédio (para médicos, enfermeiros ou farmacêuticos), mas

algo mais genérico, como aroma (que se adequa a flores, frutas, doces, homem, mulher,

bebê, mato, etc.). A ideia é fazer com que os alunos pensem uns sobre os outros e somem

esforços para descobrir as charadas.

Avaliação

A avaliação do professor deverá conter observações sobre a desenvoltura, a

capacidade de improvisar e falar sobre si mesmo, o que para muitos é difícil.

Atividade 09: Os papeis propostos pelas

Cantigas de Roda

Foco

Promover a integração e o aquecimento no exercício de dar forma e corpo aos

personagens.

Instrução

Os alunos receberão letras de cantigas de roda, cujos personagens deverão ser

definidos e organizados em grupos: dos cantadores e dos lobos (com máscaras de papel),

deverão ficar atentos à “deixa” da música, quando então deverão adentrar na roda,

caracterizados, dizendo as falas de seu personagem e, em seguida, tirando a máscara,

somam-se aos cantadores que giram a roda em círculos marcado por passos e pequenos

saltos.

Cantiga do Lobo

Cantadores: “Vamos passear na floresta, enquanto “Seo” Lobo não vem... Está

pronto, “Seo” Lobo?

Lobo 1: Não... Estou, tomando banho (foco nas ações do personagem,

imitando os gestos do lobo tomando banho);

Repete a chamada: vamos passear na floresta...

Lobo 2: Não... Estou almoçando!

A chamada se repete e as respostas podem englobar as seguintes situações:

dormindo, estudando, tomando remédio, catando piolhos, penteando a cauda, lavando

louças, cortando a grama, regando as plantas, calçando sapatos, colocando perfume, etc;

desde que para cada ação tenha um aluno para representá-la.

Uma variação desse jogo pode ser feita sem que se diga o que o lobo está fazendo,

mas esse adentra a roda e realiza a mímica correspondente à ação que supostamente estava

realizando - e que causou ou impediu de atacar aqueles que estavam passeando na floresta.

Se ninguém acertar o lobo é vaiado e fica fora do jogo, sabendo que na próxima vez não

poderá mais ser lobo e integrará a roda dos cantadores. Assim, o grau de dificuldade das

mímicas vai aumentando e promovendo uma alternância nos papeis de lobos e cantadores.

Cantiga da transformação

Outra possibilidade é mudar a cantiga, que poderá ser aquela que demonstra as

transformações ocorridas com o passar dos anos. Há apenas um personagem, mas esse se

apresenta com o gestual e a postura física de acordo com o crescimento e o

envelhecimento.

Letra da cantiga: “Quando eu era neném, neném, neném... Eu era assim, eu era

assim... Também assim !”

Aí o aluno adentra a roda, faz a representação do personagem neném, sendo

aplaudido pelos cantadores. Esse personagem fica no centro da roda e espera o próximo

personagem ser chamado: criança, menino (a), mocinho (a), homem (mulher), pai (mãe),

velhinho (velhinha), caveira. Exemplo: “Quando eu era velhinho, velhinho, velhinho... Eu era

assim, eu era assim... Também assim!”.

Para cada situação proposta o aluno deve escolher uma mímica que a represente o

mais fielmente possível. Assim vai se formando na outra roda no centro da roda e, depois de

o último personagem entrar, pode-se recomeçar o jogo, agora tendo como personagens os

animais e, para sua representação, os alunos deverão adequar sua postura e gestual para

representar aqueles animais que forem “chamados” para dentro da roda.

Avaliação

A troca de papeis é muito importante nesse jogo, pois os alunos se vêm obrigados a

improvisar, a usar de sua criatividade para avançar no jogo. O fato de cantarem juntos

desinibe e, por serem dois grupos, promove-se a alternância no comando do jogo e a

necessidade de desenvolver o timing certo para entrar, apresentar e encerrar sua parte de

forma ágil e com o efeito desejado.

Jogos de vivência

Atividade 10: Animais caminhando?

Foco

Favorecer as capacidades expressivas.

Instrução

Desenvolver a expressão gestual, corporal e verbal; a improvisação planejada e

espontânea; criando cenas a partir de locais imaginados e conferindo-lhes significados.

Desenvolvimento

Organizados em grupo, os alunos devem caminhar pela sala, cada um imitando um

animal de sua livre escolha. A um sinal combinado, eles se imobilizam e se observam

mutuamente. Então o professor escolhe um aluno e pede que todos imitem o animal que

estava sendo representado por ele. A caminhada recomeça e o aluno cuja caminhada serviu

de modelo indica outro aluno e assim sucessivamente. Os animais podem ser imitados em

diferentes situações que a turma encontrar para suas representações.

Avaliação

Para essa avaliação o professor deverá perguntar diretamente aos seus alunos: as

imitações foram feitas com clareza? Foi difícil de reconhecer o animal imitado? O que é

necessário para imitar bem um animal? Quem tem um animal em casa – e qual?

Atividade 11: O Corpo e a imaginação

Foco

Integrar os participantes e criar um ambiente favorável para o trabalho do grupo;

desinibir os jogadores e incentivar o espírito de grupo.

Instrução

O professor orientará os alunos para formarem um círculo.

Desenvolvimento

Ainda em círculo, um jogador é direcionado para o centro da roda. Seu objetivo é

sair do centro e integrar a roda, mas, para isso, terá de tirar alguém e ocupar o seu lugar.

Diferentes resoluções para viabilizar essa troca de lugares podem ser propostas pelos

alunos. Por exemplo: o jogador do centro deverá fazer uma mímica que identifique o colega

que deseja substituir; usar da expressão fácil para demonstrar à pessoa que deseja substituir

que ela foi escolhida.

Avaliação

Os alunos serão avaliados pelo interesse em realizar as atividades, pela concentração

e observância às regras do jogo.

Atividade 12: Amigo Oculto

Disponha os alunos no chão em círculo. Escolha um para sair da sala. Ele será o

detetive. Combine com os que ficaram quem vai ser o amigo oculto.

Peça para o detive retornar à sala. Solicitar que cada aluno do círculo dê uma dica

que possa indicar as características e gosto do amigo oculto: a cor do cabelo; do que gosta

de brincar; qual é o transporte que utiliza até a escola, dentre outras.

O detetive deve descobrir quem é o colega que representa o amigo oculto. E assim,

consecutivamente, o detetive deve ir se alternando.

Avaliação

Conversar com os colegas questionando como observamos nossos colegas, as

pessoas com quem convivemos.

Atividade 13: Espelho, espelho meu...

Foco

Exercitar a observação dos movimentos sugeridos por um colega, a reprodução dos

gestos produzidos.

Instrução

O professor deverá organizar seus alunos em duplas, frente a frente e cada grupo

comanda uma etapa da atividade.

Desenvolvimento

Cada grupo, ao comando dado (um movimento específico), o grupo imita,

observando três diferentes velocidades: alto, médio e baixo – sendo a escolha do ritmo

aleatória. Enquanto um grupo participa mediante o comando, o outro reflete seus

movimentos (imita seus gestos). No decorrer da ação, muda-se de comando e a formação

das duplas.

Avaliação

O professor deverá perguntar aos seus alunos: qual a dificuldade enfrentada na

execução das tarefas? Qual sua sugestão? Sentiu confiança em seu parceiro de dupla? O

“espelho” refletiu perfeitamente as imagens?

Atividade 14: Use a imaginação!

Foco

Promover o acesso ao imaginário, por meio de palavras soltas que deverão ser

utilizadas em diferentes contextos na criação de um universo ficcional.

Instrução

Em círculo, escolhe-se um jogador que ficará no centro da roda e iniciará as

atividades. Esse jogador fecha os olhos enquanto os outros passam, de mão em mão, um

objeto qualquer. O aluno que receber o objeto deverá falar uma palavra (substantivo,

adjetivo ou verbo) e passar o objeto para o próximo. As palavras não podem ser óbvias,

(como bola para bola), mas, associada ao objeto: o que se faz com ele, de que ele é feito,

para que se presta, em que é utilizado, etc.

Desenvolvimento

Dependendo da escolha das palavras, o desfecho do jogo com esse objeto pode

demorar mais ou menos tempo. Assim que o jogador do centro entender que já sabe a

resposta, deverá apenas bater palmas. Para-se o jogo e ele arrisca seu palpite. Se errar, sai

do jogo e espera, fora do círculo. Se acertar ele deve indicar o último aluno a dar dica para

substituí-lo.

Avaliação

Os alunos serão avaliados pelo interesse em realizar as atividades, pela

concentração e observância às regras do jogo e, ainda, a partir das seguintes orientações:

deixar os alunos falarem de seus sentimentos e sensações durante o trabalho: como se

sentiram durante a atividade? Ficaram com medo? Atrapalham-se na sequência do jogo?

Sentiram confiança no companheiro? Tiveram dificuldade em encontrar as palavras

adequadas?

Atividade 15: Ele disse, ela disse, e

aconteceu

Foco

O jogo proposto visa ampliar o acesso ao imaginário, promover o trabalho em grupo

e a manutenção da linha de pensamento e atividade, objetivando exercitar a improvisação e

a vivência de situações imaginárias, exercício para a criação de um universo ficcional.

Instrução

O professor começa a narrativa de um fato imaginário, ou a leitura de uma carta

imaginária destinada a alguém. Enquanto isso, os alunos vão passando de mãos em mãos,

uma bola pequena.

O professor dá a sentença inicial do que vai relatar aos alunos e, em determinado

momento diz, “e daí...”. Essa é a senha para a bola parar e aquele aluno que está com a bola

nas mãos deve dar continuidade ao relato, utilizando elementos de sua imaginação.

Desenvolvimento

De acordo com Desgranges (2011), essa atividade possibilita a contribuição de

todos os alunos, e a formação de um enredo colaborativo. A história deve se manter com

novos desdobramentos, a partir de cada “e daí...”, até o que o último aluno da roda tenha

que falar, momento em que dará um encerramento à sequência de acontecimentos,

finalizando também o enredo.

Avaliação

Ainda de acordo com os ensinamentos de Desgranges (2011), ao final do exercício o

professor deve propor ao grupo, analisar como se deu a construção da história; se o fio da

narrativa foi mantido ou não; se a coerência interna da trama foi respeitada; os aspectos

relevantes quanto à inventividade na contribuição de cada participante.

Essa avaliação tem que ser feita em todos os jogos, é o momento fundamental na

apreensão da linguagem, além de reforçar o compromisso dos participantes com a

investigação artística, evitando que a atividade se restrinja ao mero divertimento irrefletido.

Atividade 16: Eu sinto ...

Foco

Explorar as emoções e expressões de sentimentos.

Instrução

A turma deverá ser dividida em duplas. As orientações serão passadas por um dos

integrantes da dupla (mediador) e o outro deverá expressar as emoções indicadas.

Depois de cada rodada, os alunos trocam de lugar e /ou de dupla.

Desenvolvimento

O professor orientará as duplas para que o mediador indique a emoção que ambos

devem tentar expressar naquele momento e, na medida em que a mão direita se levanta

essa expressão deve ser intensificada para a ideia de amor, diminuindo à medida que a mão

vai abaixando (mais alto = mais intenso; mais baixo = menos intenso). O sentimento vai

aumentando, até que o mediador (a) da atividade indicará que este deve se transformar

subitamente ou aos poucos em ódio.

Avaliação

Os alunos deverão conversar entre si sobre a experiência, destacando as sensações

que essa atividade lhes proporcionou; o que lhes pareceu mais difícil de executar; o quanto

o seu colega de dupla ajudou (ou não).

Viva o Teatro!

Atividade 17: Vivenciado o teatro (eu sei o

que vocês fazem aí, e gosto do que vejo!)

Foco

Exercitar o jogo do teatro, agora de forma mais complexa, assumindo o papel de

protagonistas, mas da própria construção do conhecimento no campo da apreciação e

vivência teatral.

Instrução

Os alunos receberão revistas e jornais e deverão escolher uma reportagem que

mais lhe chame à atenção e transformá-la em ação teatral, debatendo sobre cada

personagem, suas características, a mensagem implícita no que foi lido. Depois de ler, o

professor sugerirá aos alunos que debatam e escolham suas proposições estéticas, definam

a parte o que vai ser encenado; o figurino e o cenário.

Todos os alunos devem participar desse processo, a partir de divisão de tarefas

estabelecidas em Plano de Ação básico, nas quais as tarefas são estabelecidas e atribuídas

soluções para cada uma das variáveis apresentadas: quem fará o que, porque, como, com

quais recursos e até quando deverá ter realizado sua parte, como forma de integrar os

participantes, dividir as responsabilidade e consolidar o espírito de grupo.

A distribuição de tarefas deverá englobar: os atores para cada um dos papéis que a

cena exige, detalhes sobre o figurino, cenário e iluminação, dentre outros aspectos ditados

pela realidade da escola (como: A escola possui anfiteatro? A escola possui um espaço

adequado onde as atividades teatrais possam ser realizadas? Os alunos demonstram

interesse em utilizar algum espaço, mesmo que alternativo? A sala comporta a proposta? A

acústica é adequada? Dentre tantos outros que somente a especificidade da unidade escolar

e o interesse dos alunos poderão determinar e exigir).

Depois da apresentação, os alunos deverão sentar e debater sobre a experiência,

apontando os pontos positivos e negativos de sua própria atuação, fornecendo subsídios

para corrigi-los e aprimorar a própria performance.

Também é importante instigar uma reflexão sobre o que precisa ser melhorado

pelo grupo para obter maior harmonia na apresentação, considerando que o trabalho de

cada um e suas interações são responsáveis pela qualidade do resultado.

Avaliação

Os alunos serão avaliados por sua capacidade de entender a proposta da linguagem

teatral; sua capacidade de interpretar levando a sério a proposta, pois se trata de um

exercício de Arte e não um momento de brincadeira; a capacidade de improvisação e de

explorar a própria criatividade.

Também serão observados em sua capacidade de autocritica, de busca por soluções

a problemas encontrados e de sugestões para a melhoria do grupo, como um melhor

posicionamento dos personagens, ou na entonação da voz durante os diálogos, maior ênfase

no gestual; e aspectos relacionados à iluminação e cenário, por exemplo, de forma a obter o

clima que o grupo deseja.

Atividade 18: conhecendo e apreciando o

teatro

Foco

Preparar o aluno a apreciar o teatro, subsidiando elementos para interpretar a

linguagem teatral e, por conseguinte, a formação do aluno espectador.

Instrução

Os alunos serão levados a assistir uma peça de teatro, analisar o cenário, o tema

tratado pelo autor e a forma de representação dos atores; figurino, gestual, iluminação e as

músicas utilizadas na trilha sonora.

De volta à sala de aula, os alunos deverão debater sobre o que viram, o que mais

gostaram, o que lhes despertou o interesse e o que mais lhes surpreendeu; tecendo

considerações sobre o tema e a forma como fora tratado na encenação.

Essas anotações deverão ser registradas em formulário próprio ou a partir de um

roteiro elaborado pelo professor, como forma de fixar os aspectos que devem ser

observados na apreciação do teatro.

Avaliação

A ida ao teatro permite ao aluno ampliar a construção do seu conhecimento na área

teatral por meio da apreciação e da leitura do espetáculo. Assim sendo, cada professor

poderá desenvolver procedimentos variados para avaliar a recepção dos espetáculos

assistidos.

Para tanto, segue uma sugestão para trabalhar com as distintas leituras dos alunos

espectadores a partir de um questionário.

1. Onde se passa a encenação (lugar)?

2. Qual o momento mais impactante ou menos impactante da peça que você

assistiu?

3. Descreva o cenário e sua relação com os outros elementos teatrais em função

do desenvolvimento da encenação.

4. Você gostou da iluminação? Qual cor chamou mais atenção? Explique.

5. A peça apresentava objetos em cena? Qual o objeto chamou mais a sua

atenção?

6. Comente sobre o figurino e a maquiagem utilizada na encenação. Se você

pudesse mudaria o figurino ou a maquiagem dos personagens? Como seria?

7. Você gostou da atuação dos atores?

8. A encenação apresenta sons e/ou música? Qual foi sua função na cena?

9. O espetáculo tem ritmo lento ou rápido? De que forma você percebeu o ritmo?

10. Que história foi contada? Era um enredo linear ou fragmentado?

11. Qual é o gênero teatral da encenação?

12. Que expectativa você tinha do espetáculo?

13. Como sua turma reagiu à peça teatral assistida?

14. Qual personagem você mais gostou? Justifique.

15. Durante a apresentação teve alguma cena que você não entendeu? Qual?

Atividade 19: Depois de assistir ao teatro...

Foco

Intensificar a integração dos participantes; explorar o deslocamento do corpo no

espaço; aprofundar alguns aspectos da criação cênica.

Instrução

O professor seleciona um elemento da encenação da peça assistida (uma palavra,

um som, um gesto, etc.) para que os alunos, organizados em círculo conversem com o colega

ao lado sobre o que assistiu e defina essa impressão em uma palavra. Assim, um seguido do

outro deverão pronunciar uma palavra, fechando o círculo. Retoma-se o círculo e o primeiro

jogador diz uma das palavras pronunciadas e os demais tentam recuperar as falas, sem

repetir o que dissera anteriormente. Agora, volta-se ao foco para outros elementos

significativos da encenação e retoma-se a definição em uma única palavra.

Desenvolvimento

Busca-se com essa atividade, trazer à tona lembranças, sensações, pensamentos

acerca do espetáculo assistido. Por isso, o professor deve promover, logo em seguida, um

debate sobre a relação das palavras com a encenação. Durante essa atividade os alunos

expressam pensamentos críticos e criativos, enriquecendo sua análise da montagem.

Avaliação

Os alunos serão avaliados pela qualidade das palavras escolhidas e sua relação com

os elementos da encenação. Também serão avaliados pelo interesse em realizar as

atividades, pela concentração e observância às regras teatrais.

Referências

ALMEIDA, Patrícia N. A experiência, a necessidade do teatro e a ação cultural na aplicação do jogo teatral em sala de aula. In: Anais do VI Congresso de Pesquisa e pós-graduação em artes cênicas, 2010; disponível em www.portalabrace.org. Acessado em 23.abr.2013.

DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do espectador. 2 ed. São Paulo: Hucitec, 2011.

KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos Teatrais. São Paulo: Perspectiva, 2001.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Arte. Curitiba: SEED, 2008.

PAVIS, Patrice. A análise dos espetáculos. São Paulo: Editora Perspectiva, 2003, 323 p.

ROSSETO, Robson. O espectador e a relação do ensino do teatro com o teatro contemporâneo. Revista Científica da FAP, Curitiba, v.3, p. 69-84, jan./dez. 2008.

SPOLIN, Viola. O jogo teatral no livro do diretor. São Paulo: Perspectiva, 1999.

STOKMANN, Doraci T. R. Arte Cênica e os Jogos Dramáticos: Uma proposta para a Educação Especial. Publicado em 2007. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2007_unioeste_edespecial_md_doraci_tereza_roso_stokmann.pdf. Acessado em 12.nov.2013.

_______. Jogos teatrais para a sala de aula: um manual para o professor. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.