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edição nº 48 | maio 2014 | R$ 8,90
paraná santa catarina rio gr. do sulO COLECIONADOR
DO MAROs quatro museus
marinhos que o gaúcho Jules Soto
já criou
TEM TAINHA NO ANZOL
As dicas para pegar muitas
tainhas também com vara e linha
Caixa d’açoaOS DOiS LADOS DO
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8818-C AnMarco_404x266.ai 1 2/17/14 7:05 PM
Sinta o prazer e a excelência em navegabilidade.
10 Náutica Sul Náutica Sul 11
Aconteceu...RiO BOat SHOW 2014O grande salão náutico do Rio de Janeiro recebeu uma grande delegação
de representantes e estaleiros e do Sul do país. Confira aqui alguns deles
“ Com modelos expostos no seco e na água, o Rio Boat Show permite ver e já testar os barcos
entre barcos e motoresAcima, a equipe do grupo Brunswick. À esquerda, Hudy Gastolin. À direita, Marcio Cirillo. E, no canto, Marcelo Puscar e Ron Huibers, da Volvo Penta
“ Nos estandes, havia representantes de diversos pontos do país, para atender aos clientes de cada região
muita genteNos corredores, muita gente, que pôde visitar os barcos tanto no seco quanto na água — como fez Luciana Petrelli (abaixo). Nos estandes, os expositores tiveram o apoio de NÁUTICA SUL, como mostraRoger Russowaki e Emanuela Rasia (ao lado). Abaixo a equipe do estaleiro Schaefer Yachts, uma das maiores do salão carioca
visitantes e expositoresAcima, a equipe quase completa da Vip Boats, representante Azimut. Ao lado, Roberta Bevilacqua e Giovana David. Abaixo, Ademir Silva, Marcio Delfino e Eder Gonchoroski.
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12 Náutica Sul
sozinhos ou acompanhadosAcima, Davide Breviglieri, da Azimut. Ao lado, Ricardo Wigles e Bal Humphreys, do estaleiro Evolve e Marcio Lima e Hamilton Angonese, da Nautos. Abaixo, Fernando Saraiva e Everton Clímaco, da estreante S Boats
“ Alguns expositores eram estreantes no Boat Show. Outros, já veteranos no evento
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“ Praticamente todos os estaleiros do Sul expuseram seus barcos no salão carioca
Aconteceu...
de todos os estadosAcima, Eduardo Duarte com Laercio Gulmin e Anderson Ribeiro com Dave. Ao lado, Antonio Pereira e Alexandre Santos, de Itajaí. E, abaixo, Marcelo, Almiro, Ricardo e Carlos, da também catarinense FS Boats
gente do mercadoAcima, a equipe do estaleiro gaúcho Cimitarra. Ao lado, Jucemar Nunes. Abaixo, a equipe Fibrafort, com Cleide Lana (ao centro). No canto, Marcelo Linder
Aconteceu...
casa cheiaA edição da revista que mostrou a grande lagoa de Florianópolis em 22 páginas foi lançada na presença de muita gente, como as catarinenses Maria Lima e Lillian Pettrers (acima)
laNçameNtO Náutica Sul lagOa da cONceiçãOPara apresentar a edição que colocou na capa a mais
linda lagoa da Ilha de Santa Catarina, NÁUTICA SUL
reuniu muita gente bonita numa festa em Floripa
“ O evento aconteceu na Confraria Hall, em Florianópolisfo
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“ Entre os convidados, gente do setor náutico e apreciadores de barcos
entre amigosGustavo Ortiz, de NÁUTICA SUL (na foto ao lado com Tchello Brandão) foi o anfitrião da noite e recebeu convidados como Roberto Fazzi e Rudy Gatolin (ao lado) e Alex Eckschmidt (no canto). A campanha de NÁUTICA pela limpeza dos mares (abaixo) também foi divulgada
baLada de bom gostoAo lado, o sócio proprietário do estaleiro Sessa Marine, José Galízio Neto e esposa, e Kelly Tribess com Lise Longo. Abaixo,Ana Barbian eKadu Almeida com Angela Zill. Na festa, muita gente bonita e animada
“ A festa teve o patrocínio da Greenval Florestas de Alto Rendimento
EDIÇÃO Nº 47 | MARÇO 2014 | R$ 8,90
PARANÁ SANTA CATARINA RIO GR. DO SUL
O Mar de dentrO de FlOripa
ESTALEIRO EM CRESCIMENTO
A nova fase da Sessa em Santa
Catarina
REMÉDIOS CONTRA ENJOO
O que você pode fazer para (tentar) evitar
MEU PRIMEIRO BARCO
12 dúvidas na hora de
escolher e comprar
Lagoa da ConCeição
A polêmica ponte que todo mundo amaHERCÍLIO LUZ
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“Sou de Paranaguá e, mesmo assim, passei um sufo-co danado, tem-
pos atrás, ao voltar da Ilha do Mel para cá. Tínhamos ido, eu e qua-tro amigos, para a ilha, com a lan-chinha de um deles, para sur-far. O plano era retornar ao final da tarde, com o dia ainda claro. Mas, na hora programada, três deles (incluindo o dono da lan-cha) resolveram ficar na ilha, para uma festa que haveria na-quela noite. Eu não podia, pois ti-nha compromisso no dia seguin-te. Outro amigo também não. E foi ele que se ofereceu para pilo-tar o barco, de volta para a cida-de. Disse que tinha habilitação
e que não haveria nenhum pro-blema. Acreditei. E embarquei numa canoa furada que por pou-co não acabou em tragédia.
No começo, foi tudo bem. Mas logo que começou a es-curecer, descobri que a lancha não tinha luzes de navegação e que meu amigo, que dizia co-nhecer bem o caminho, não sa-bia mais para onde estava indo. Ele, então, passou a avançar na direção de algumas luzes, que di-zia ser o porto de Paranaguá, mas que, mais de uma hora depois, por causa da baixa velocidade e do mar agitado, mostraram ser as de um navio. Ou seja, estáva-mos indo no sentido oposto ao da baía! E com o combustível já en-trando num nível crítico.
Mesmo não sendo eu o pi-loto, olhei para a bússola e disse para o meu amigo (naquelas altu-ras já não tão amigo assim...) fa-zer uma curva de 180 graus, retor-nando no mesmo rumo. E fiquei monitorando a bússola, para ele
Michel gantus neto tem uma empresa de aventuras em Paranaguá e aprendeu que, às vezes, os maiores sustos acontecem nas águas que tanto se conhece
não fazer mais nenhuma bestei-ra. Enquanto isso, liguei para o meu pai, que também estava na Ilha do Mel, e disse para ele pe-gar uma lanterna e ir para o píer, a fim de nos guiar de volta à ilha. Não tinha a menor ideia se uma simples lanterna resolveria o pro-blema, mas foi o que me ocor-reu fazer naquela hora. Também amarrei as duas pranchas de surf e improvisei uma jangada, para o caso de o combustível acabar e nós dois termos de nadar até al-gum lugar. Na escuridão, eu não enxergava nada. Mas torcia para que o combustível aguentasse o caminho de volta e que o truque da lanterna funcionasse.
Por fim, deu tudo certo: o combustível não acabou e a luzinha da lanterna nos guiou até o trapiche da ilha, depois de quase quatro horas de pleno sufoco. Mas, ficou a lição: no mar, convém não confiar tan-to nos outros, porque ninguém sabe o bastante.
“ Salvo por uma lanterna “Por Michel gantus neto
LIÇÕES DO MAR 5 histórias que deixaram cinco paranaenses mais precavidos ao navegar
“
Náutica Sul 17
Ao ignorar aquela curiosa ordem do capitão, a curitibana Jessica Trombini colocou o seu barco sob grande tensão
“E stávamos no Pa-cífico, no meio de uma traves-sia entre as Ilhas
Cocos e Galápagos, quando escu-receu e vi a luzinha de outro bar-co ao longe. Como não víamos barcos navegando na nossa rota há dias, achei que seria legal fazer contato com eles, saber de onde eram, pra onde iam, essas coisas que todo mundo pergunta quan-do quer puxar conversa... Igno-rei, então, o alerta do comandan-te do barco, que era o meu pai, de que “mulheres não devem falar ao rádio, porque isso atiça a libido dos homens que estão no mar há muito tempo”, e fiz contato.
Era um barco pesqueiro. Ao ouvir minha voz, ele imediata-mente alterou sua rota e aproou na nossa direção, sem responder nada ao rádio. Também ficou claro que aumentara a velocida-de. Me arrependi na hora e cha-mei meu pai. Ele estava tomando banho e saiu correndo, até com espumas no cabelo, ordenando que apagássemos todas as luzes e não fizéssemos nenhum baru-lho. Para nosso azar, estava uma
noite maravilhosa e a luz da lua mostrava claramente onde está-vamos. Mostrava, também, o tal barco se aproximando cada vez mais do nosso. Abrimos, então, totalmente as velas e mudamos nossa rota, passando a velejar a fa-vor do vento, para ganhar veloci-dade. Mas vimos o tal barco fazer o mesmo. Não havia mais dúvi-das; eles estavam nos perseguin-do. E, pior, se aproximando.
O problema de uma mulher falar ao rádio numa circunstân-cias daquelas é que é muito fácil para alguém praticar um crime no meio de um oceano, onde não há testemunhas e qualquer pedi-do de socorro leva dias para ser atendido. E mulheres são sempre mais fáceis de dominar. Por isso, é altamente recomendável que apenas os homens se comuni-quem com outros barcos, porque isso, de certa forma, já é um fator inibidor aos mal-intencionados.
Enquanto o tal pesqueiro nos seguia, pensamos em tudo que poderíamos fazer para que ele se afastasse de nós. Mas não havia ninguém por perto, estáva-mos a três dias de distância das
Jessica troMbini sempre navegou com a família, mas, naquele dia, viveu algo que nunca imaginaria
lições do mar
Ilhas Cocos e ainda restavam ou-tros quatro até Galápagos. Tudo bem, tínhamos um Epirb (trans-missor de localização em caso de emergência e resgate) a bordo, mas, mesmo que ele fosse acio-nado, levaria, pelo menos, umas 24 horas para alguém chegar até nós. Ou seja, naquela situação, de nada adiantaria. Só mesmo a fé em Deus. Passei a pedir que Ele nos ajudasse. E Ele ajudou.
Quando a situação começou a ficar realmente crítica, com o barco bem perto do nosso, meu pai teve a iluminada ideia (a lem-brança só pode ter sido uma in-tervenção divina...) de usar os nossos foguetes sinalizadores como arma de defesa. Chamou o tal pesqueiro pelo rádio e dis-se, em voz bem grossa, que dispa-raria, caso eles não se afastassem. Nada aconteceu. Ele, então, deu o primeiro disparo, para o alto. Em seguida, chamou-os nova-mente pelo rádio e disse que o próximo seria bem no barco de-les – que, com certeza, sofreria um belo estrago.
Foi quando, lentamente, o pesqueiro começou a se afastar. Até que sua luzinha desapare-ceu no horizonte. Mesmo assim, por precaução, mantivemos nos-sas luzes apagadas e ficamos de olhos bem abertos, durante toda a noite. A mais longa da minha vida até hoje.
“ Eu não devia ter usado o rádio! “ fo
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Por jessica troMbini
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18 Náutica Sul
lições do mar
o navio se aproximava e a dúvida só aumentava: será que daria para passar? Foi quando Luiz Guttierrez entrou em ação
“Em janeiro do ano passado, fui a Europa comprar um
veleiro e trazê-lo para cá. Achei o barco que queria, um Jeanneau 49 DS, ano 2007, em Palma de Mallorca e fechei negócio. De-pois de meses experimentando o barco, decidi cruzar o Atlânti-co, na companhia de um amigo brasileiro que tinha ido me en-contrar. Descemos até as Ilhas Canárias e, de lá, partimos para mais uma escala, em Cabo Ver-de, onde eu pretendia comprar frutas e verduras frescas, para re-forçar a despensa do barco.
Quando saímos da marina, o vento estava perfeito, fraco, com no máximo 15 nós de ve-locidade, e a previsão do tempo indicava que ele iria se manter assim pelos próximos dois dias. Resolvi, então, estrear uma vela gennaker que havia ganhado de presente. Decidi, também, que passaria a noite com ela armada, pois estávamos avançando bem.
Já era tarde da noite quando percebi, pelo AIS, equipamen-to que identifica outros barcos se aproximando, que um navio vi-nha na nossa direção. A princí-pio, não havia porque se preocu-par, porque o equipamento AIS dele também já devia ter a loca-lização do nosso barco. Mas, jus-tamente quando estávamos che-gando perto do navio, o vento começou a aumentar e me dei-xou preocupado. Eu já via as lu-zes do navio no horizonte quan-do iniciei uma discussão com o meu amigo, sobre o procedi-mento a ser adotado. Ele garan-tia que passaríamos com folga, mas eu tinha dúvidas. E o navio se aproximando, cada vez mais...
A noite estava escura de-mais para uma só pessoa reco-lher a gennaker sem riscos e nem tínhamos treinado como fazer isso direito. Mas julguei que não seria complicado ar-riá-la ou, talvez, dar um jibe. Só que o meu amigo pensava o contrário e não parava de fa-
luiz guttierrezé um velejador experiente e, por isso mesmo, fez o que fez naquela noite no Atlântico
lar que enxergava bem no es-curo, que passaríamos tranqui-lo pela frente do navio, que eu estava me preocupando à toa, etc. Aquele falatório me deixou ainda mais tenso e eu já ouvia o barulho do navio. Resolvi pegar uma lanterna e iluminar a nos-sa vela, para que o comandan-te visse que éramos um veleiro. Ele respondeu com um farol so-bre nós. Foi quando conclui que seria arriscado demais continuar naquele rumo — apesar da opi-nião contrária do meu amigo.
Num impulso, desliguei o piloto automático e girei a roda do leme com força, para ficar pa-ralelo ao navio — que passou a uns míseros 30 metros da gente. Só que a vela não aguentou a ris-pidez da manobra e rasgou na hora, soltando fiapos ao vento e desabando o restante do pano na água. O meu amigo danou a fa-lar ainda mais que eu não devia ter feito aquilo, que perdemos a vela à toa, etc., etc. Mas eu te-nho dúvidas até hoje e acho que fiz o certo. Apesar do prejuízo.
De proveitoso mesmo ficou o hábito de me antecipar aos fa-tos. Agora, sempre que vejo um navio vindo, chamo ele pelo ra-dio, explico que meu barco tem restrições em manobras e peço, de maneira bem educada, que ele desvie. Já fiz isso várias vezes e sempre fui atendido. E bem antes que eles cheguem tão per-to quanto aquele navio”.
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Por luiz guttierrez
““ Na dúvida, resolvi agir. E aprendi
20 Náutica Sul
PRESTIGE, muito alémdo que se pode imaginar.
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Quando começou a chover forte, Marcelo Barreto resolveu levantar âncora e voltar à cidade. Mas, onde estava a cidade?
“Minha histó-ria aconte-ceu no dia 30 de de-
zembro de 2009, véspera do di-lúvio que gerou uma das maio-res catástrofes da Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro. No início daquela tarde, eu e mi-nha mulher saímos de Angra, com nossa lanchinha de 18 pés, para mergulhar na Ilha Gran-de. O céu estava azul e a água, cristalina. Lá chegando, vesti-mos nossas roupas de mergulho e caímos no mar. Meia hora de-pois, quando estávamos a uns dez metros de profundidade, vi-mos uma mancha escura vindo da superfície e, intrigados, su-bimos. Eram nuvens negras de uma tempestade que se aproxi-mava. Tudo bem, pensei: chu-vas de verão logo passam. Mas aquela não passou. Ao contrário, foi ficando cada vez pior. Deci-dimos, então, levantar âncora e voltar para a Angra. Foi quando começou o nosso sufoco.
Em condições normais, da-
quele ponto da Ilha Grande da-ria para ver Angra perfeitamente e bastava navegar no visual. Mas, com aquela chuva toda, não se via mais nada. Nem a própria Ilha Grande, assim que cometi a besteira de optar por cruzar logo o canal em vez de seguir marge-ando a ilha ou, melhor ainda, fi-car parado lá mesmo, até que a tempo melhorasse — foi o meu segundo erro, depois do de ter partido com pouco combustível.
No meio do canal, a visibili-dade era nula. Eu não sabia para qual lado deveria ir e mal conse-guia abrir os olhos, de tanta água que caía. Resolvi, então, colo-car a máscara de mergulho e tentar enxergar algo. Ficou ridí-culo, mas, pelo menos, deu pra ver uma grande lancha se apro-ximando pela popa. Desacelerei, pensando em pegar uma “caro-na” na esteira dela, mesmo sem saber para onde ela estava indo — naquelas alturas, qualquer lu-gar era melhor do que ficar ali, no meio do canal, sem ver nada e com o combustível já dando
Marcelo barretovive em Londrina mas jamais esqueceu o susto que passou na Ilha Grande
perigosos sinais de que poderia não durar muito mais. Guinei a bombordo, para deixar a lancha passar, mas ela virou também, para o mesmo lado. Inverti a cur-va e ela fez o mesmo. Conclui que o piloto da lancha estava tão perdido quanto nós. Ele nos se-guiu por algum tempo, mas, de-pois, optou por outro caminho. Preferi seguir a minha intuição, contando que Angra logo surgi-ria a nossa frente. Mas o que sur-giu foi um pescador, que me in-formou que estava com a proa “na direção do Rio de Janeiro”. Ou seja, avançava para o lado oposto ao de Angra!
Agradeci a ele — e a Deus! — e segui no rumo que ele in-dicou, que era o correto. Longos minutos depois, com o combus-tível já no limite, finalmente vi terra firme. Estava uns 20 quilô-metros longe de Angra, mas só a visão da costa me tranquilizou. Diminuí ainda mais a velocida-de, para economizar combustí-vel, e fui margeando e rezando para o combustível dar até che-gar à cidade. Deu. Mas ainda chovia forte quando desembarca-mos. E assim continuou até o dia seguinte, quando o pior aconte-ceu na Ilha Grande.
Perto daquela tragédia, meu sufoco não passou de um susto. Mas serviu para me deixar uma dupla lição: a de que, no mar, é sempre melhor ficar do que prosseguir, e de que, em qual-quer situação, combustível a mais nunca é demais.
lições do mar
Por Marcelo barreto
“ Saí da ilha e não vi mais nada “
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22 Náutica Sul
lições do mar
Quando viu que as bombas não dariam conta da entrada de água, Edivaldo Vedan manteve a calma e ainda controlou os marinheiros, desesperados
“Era o primeiro dia de outubro de 2001. Acor-dei cedo e fui
para a marina, em Paranaguá, de onde partiria, com dois ma-rinheiros, para o Guarujá, no li-toral de São Paulo. Era uma tra-vessia longa, mas o nosso barco (que, na verdade, não era nos-so e sim de um cliente que ha-via contratado o transporte) ti-nha porte para isso: o My Way, um trawler de 54 pés com cas-co de madeira, mas aparentan-do ser bem resistente. Pena que era só aparência...
Partimos ao meio dia e, à noite, quando estávamos nos aproximando da Ilha do Bom Abrigo, a cerca de quatro mi-lhas da costa, um dos marinhei-ros me chamou, com cara de as-sustado.
— A casa de máquinas está alagada! — disse, com os olhos esbugalhados.
Assumi o timão e pedi que
o outro marinheiro, mais expe-riente, descesse e fosse ver o que estava acontecendo. Ele voltou ainda mais apavorado, dizen-do que estávamos afundando, porque o calafeto da bochecha do casco de boreste estava aber-to e a água, entrando forte. Li-guei, então, todas as bombas de porão, mas das oito que ha-via a bordo, só três funcionaram. Aquilo, realmente, era preocu-pante. Mas não justificava aque-le pânico descontrolado nos dois marinheiros, porque, nessas ho-ras, é preciso justamente ter cal-ma e pensar nas ações a serem tomadas. Além disso, embora fosse noite e caísse uma garoa chata, o mar estava calmo.
Minha primeira providên-cia, depois de me certificar de que as bombas operantes não dariam conta do recado, foi mandar que eles improvisas-sem uma jangada, amarrando todas as boias e coletes salva-vi-das. Em seguida, peguei o rá-
edivaldo vedané navegador há muitos anos e sabe bem que, sem manutenção, nenhum barco vai longe
dio e chamei algum barco que estivesse por perto. Respondeu o pesqueiro Vô Cícero, que es-tava a 15 milhas de distância. Traçamos, então, eu e o capi-tão do pesqueiro, um cálculo de rota de forma que um avançasse na direção do outro, encurtan-do assim o tempo para o encon-tro. Até porque o nosso barco enchia rapidamente, para to-tal desespero dos dois marinhei-ros, que, a estas alturas, se abra-çavam, chorando, dizendo que iríamos todos morrer afogados. Aquele comportamento não era nada produtivo. Pânico só piora as coisas. Em qualquer situação.
Mas a manobra deu certo e pouco mais de uma hora depois o pesqueiro estava ao nosso lado. Pulamos na água e fomos na-dando até o barco, de onde assis-timos o My Way descer de vez. Nada mais podíamos fazer. Per-demos o trawler, mas eu, pelo menos, ganhei a certeza de que, num barco, manutenção é tudo. Se todas as bombas de porão es-tivessem funcionando, ele, tal-vez, não tivesse afundado. E, se a sua manutenção estivesse em dia, nada daquilo teria aconteci-do, porque a brecha no calafeto já teria sido descoberta. É como diz o ditado: “quem cuida sem-pre tem”. Já o contrário...
Por edivaldo vedan
“ Pânico só piora “
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24 Náutica Sul
N a definição, “tender”é um tipo de barco de ser-viço, largamente usa-do como embarcação
de apoio aos navios, para transpor-te de cargas e pessoas — por isso mesmo, um barco bem despojado. Mas, de tempos para cá, “tender” passou também a designar um tipo considerado “moderno” de lancha de passeio, com linhas mais retas, mais espaços vazios e menos aces-
sórios a bordo, como uma espécie de lounge náutico. Um dos precur-sores deste estilo (que também pre-ga proa reta, casco liso e sem vincos nos costados e convés com ângulos vivos em quase tudo), foi o ousado estaleiro europeu Wally, cujos bar-cos logo passaram a ser o melhor exemplo de que “menos é mais”. Com isso, e uma boa dose de mar- keting, os “tender boats” viraram uma quase tendência mundial.
No Brasil, no entanto, com ex-ceção da pioneira lancha Zonda, de 42 pés — criada quase como um ex-perimento, quatro anos atrás, por um estaleiro ligado a um dos maio-res incentivadores da náutica nacio-nal, o empresário Eduardo Souza Ramos, dono do barco —, não ha-via nenhum tender boat em efetiva produção no mercado. Agora, sim.
O tender M1, lançado no mês passado pelo mais novo estaleiro de
Algo de novo no mArO primeiro barco do estaleiro catarinense M1 Yachts é uma lancha pequena, mas bem moderna e diferente, que praticamente inaugura o estilo “tender boat”
Santa Catarina, a M1 Yachts (www.m1yachts.com), é uma lancha pe-quena, de 23 pés de comprimento, mas com todas as características dos mais modernos tender boats da Eu-ropa, a começar pelo estilo, diga-mos, “quadrado”, que marca este tipo de barco. No entanto, justa-mente por não ter tantos “elementos a bordo” (tender boats não têm, por exemplo, guarda-mancebos), a M1 é bem leve e, por isso mesmo, eficien-
te, mesmo usando apenas um mo-tor centro-rabeta de baixa potência, de 135 hp, o que também se reflete no seu preço, a partir de R$ 110 mil.
Mas isso não quer dizer ela seja uma lancha “pelada”, como seu es-tilo despojado possa parecer. A M1 tem muitos estofados (que tanto na proa quanto na popa viram solá-rios), revestimento em teca sintéti-ca no convés, chuveirinho de água doce na plataforma de popa (que,
por ser integrada ao casco, não é vi-sível quando o barco está de lado, o que só embeleza o projeto), com-partimento para caixa térmica e equipamento de salvatagem debai-xo do banco do piloto (que fica num console central, no meio do casco), capota de armar e um interessante toldo de proa, que, quando armado, torna este barco ainda mais curioso. Ou, no mínimo, diferente de tudo o que havia por aqui até hoje.
novo conceitoA M1 foi inspirada nas ousadas lanchas do estaleiro Wally e representa um novo conceito de barco, “limpo”, reto e só com o necessário
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Plataforma integrada ao casco
Casco liso, sem vincos
Um motor de 135 hp
Pouco peso Proa reta
Nenhum guarda-mancebo
Convés “limpo”
Toldo opcional de proa
Muitos estofadosÂngulos vivos
Console central de pilotagem
diferente? É um tender boAt!
26 Náutica Sul Náutica Sul 27
Náutica Sul 29
O empresário catarinense Márcio Ferreira, dono do estaleiro que mais produz pequenas lanchas de passeio no país e que já colocou tanta gente nova para navegar, é líder disparado no seu segmento, mas não está satisfeito. Ele, agora, quer transformar a sua empresa, a Fibrafort, de Itajaí, na primeira indústria náutica nacional de fato. E, para isso, vem trabalhando pesado.
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O descobridor dos mares
pensando grandeMárcio Ferreira, na linha de montagem da Fibrafort: ele está determinado a liderar ainda mais o mercado
POr jorge de souza
30 Náutica Sul
márcio ferreira
Náutica Sul 31
visão empresarial O empresário, a sua fábrica, em Itajaí, e um dos modelos de maior sucesso da marca: a Fibrafort está se transformando, para crescer ainda mais
Na sua opinião, como está
o mercado náutico?
Para mim, estagnado. Basta ver os números. No ano passado, so-mados todos os estaleiros nacio-nais, foram produzidos no Brasil praticamente o mesmo número de barcos de 2010, ou seja, cer-ca de 2 400 unidades, o que, por si só, mostra o tamanho acanha-do da indústria náutica nacional. 2 400 unidades por ano é muito pouco para qualquer setor indus-trial, seja ele produtor de fogões ou barcos. Imagine a situação de um fornecedor de ferragens náu-ticas, por exemplo. 2 400 unida-
des do que produz é algo que ele, possivelmente, faz num piscar de olhos. E depois? O que ele fará? É por isso que é tão difícil formar fornecedores de equipamentos náuticos: falta economia de esca-la que torne este segmento atra-ente para os fornecedores. Para isso, precisamos produzir — ou seja, vender... — mais barcos. E o que mais me preocupa nestes números é que a quantidade de barcos pequenos, entre 20 e 30 pés de comprimento, historica-mente os primeiros que qualquer pessoa que esteja entrando no mercado náutico compra, vem
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diminuindo. Isso pode signifi-car que o universo de comprado-res de barcos não está crescendo e que estamos vendendo apenas para os clientes que já temos, o que é bem preocupante para o futuro do setor como um todo.
Sua visão, então, é pessimista?
Não. Não é pessimista, mas tam-pouco é otimista. Prefiro ser re-alista. Este é o quadro atual que temos e é dentro dele que temos de achar uma saída para o setor. Uma delas, talvez a mais impor-tante neste momento, é aumen-tar a eficiência da nossa produ-
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ção. Culturalmente, a eficiência industrial brasileira é baixa em todos os setores, não só o náu-tico. Estudos já mostraram que são precisos quatro brasileiros para produzir o mesmo que um americano e oito para um só ale-mão! E isso não acontece só nos estaleiros. Somos assim, mas te-mos de tentar mudar isso. Não é preciso ser nenhum economista para saber que, com três ou sete salários a mais para pagar, não há como ser economicamente eficiente, muito menos compe-titivo em preço, o que, em par-te, explica a dificuldade que o
“ O maior problema dos estaleiros brasileiros é a falta de eficiência. Um funcionário americano vale por quatro brasileiros”
Oempresário catarinense Márcio Ferreira é fã das pequenas lanchas desde que, nos tempos de juventude, saía para passear com os ami-gos a bordo de uma minúscula 14 pés — e se
divertia um bocado, nas águas de Itajaí, onde nasceu e vive até hoje. E foi graças aos pequenos modelos (hoje não tão pequenos assim...) que ele tornou a sua empre-sa, a Fibrafort, também sediada em Itajaí, a maior fabri-cante de barcos de fibra de vidro do país. Está bom as-sim? Não para este dedicado dono de estaleiro com uma profunda visão empresarial, que, por isso mesmo, acha que ser líder não representa muito se o resultado não for tão bom quanto o desejado. E é em busca disso que ele agora parte, determinado a transformar seu estaleiro em uma “indústria náutica de fato” e “a maior do país tam-bém em resultados”, como conta nesta entrevista.
“A Fibrafort vai crescer. O me rcado precisa fazer o mesmo”
32 Náutica Sul
márcio ferreira
Náutica Sul 33
Brasil tem para exportar seus barcos, além da alta do dólar, naturalmente.
Por falar em exportação, a Fi-
brafort continuará vendendo
algumas de suas lanchas para
fora do país?
Se surgirem interessados, claro. Mas, neste momento, o merca-do externo não é nossa priorida-de, nem está tanto nos planos quanto já esteve no passado. Ao longo de nossa história, já ven-demos mais de 1 000 barcos, para 42 países, mas não preten-demos exportar este ano, tal-vez só a partir do próximo, se a taxa cambial voltar a ficar favo-rável. Nosso foco, por enquan-to, está em aumentar a eficiên-cia da produção, o que significa,
linha de montagem Com a assessoria da Porsche Consulting, a eficiência da produção da Fibrafort vem aumentando rapidamente
entre outras coisas, acabar com os desperdícios, tanto de ma-teriais quanto de mão de obra. Queremos nos tornar, até 2018, o maior estaleiro brasileiro em resultados financeiros e também chegar a um faturamento de R$ 100 milhões por ano, contra os atuais R$ 70 milhões. Quere-mos, também, deixar de ser um estaleiro para virar uma indús-tria náutica de fato, como acho que todo o setor deveria pensar em se tornar. Só assim vamos fa-
Focker 320 GT
20142013201220112010200920082007200620052004200219991998 200320012000199719961995199419931992
Focker 305
Focker 280 GT
Focker 275 SS
Focker 265 Focker 265 open
Focker 230
Focker 210
Focker 185
Focker i9
Focker 205
Focker 215i
exTreme 220
Focker 215
Focker 240
FiSherman 190
FiSherman 238
Focker 255
Focker 222
Focker 160
Focker 180
Sea STar 1800
TwiSTer 150
laGoon 17
Focker 275
Focker 310 GT
zer o mercado crescer e ter o lu-cro que todos merecemos ter.
Não é um objetivo muito fácil
de ser alcançado...
Não, não é, reconheço. Mas so-nhar grande ou pequeno dá o mesmo trabalho, não é mes-mo? (rindo). Queremos liderar o mercado náutico brasileiro em vendas e também em resultados empresariais, na faixa dos barcos de até 40 pés de comprimento, até 2018. Também pretendemos
“Nosso objetivo a curto prazo é deixar de ser um simples estaleiro pa ra virar uma indústria náutica de fato”
Quais modelos da marca já foram produzidos e durante quanto tempo
virar referência em eficiência profissional no setor náutico na-cional como um todo. Mas tudo isso não é apenas simples dese-jo. Desde que contratamos os serviços de consultoria indus-trial da Porsche Consulting e de gestão financeira da Fundação Cabral, passamos a nos preparar tecnicamente para isso. Esta-mos implantando na Fibrafort o conceito de uma fábrica de ver-dade, com linhas de montagem cada vez mais otimizadas, para diminuir tempo e custo, au-mentando com isso a nossa efi-ciência. Ser mais eficiente em tudo está se tornando o mantra da nossa empresa. Ser líder de mercado, como é o nosso caso, cria a falsa sensação de bons re-sultados e isso é muito perigoso
para o futuro de qualquer em-presa. Neste momento, estamos trabalhando para unir as duas coisas: manter a liderança na faixa de mercado em que atua-mos e lucrar com isso, aumen-tando a nossa eficiência indus-trial. E está dando muito certo.
A Fibrafort sempre foi consi-
derada a maior fabricante de
lanchas de fibra de vidro do
país, em unidades produzi-
das. Isso continua?
Sim. Não temos informação de que alguém produza mais bar-cos de fibra de vidro do que nós e nossos números são inve-jáveis para o pequeno tamanho do mercado náutico brasilei-ro. Dos tais cerca de 2 400 bar-cos de passeio que o país produ-
“ Logo, logo, a Focker 210 vai se tornar a lancha mais vendida da história, ultrapassando a Focker 190, que também é nossa”
A história da Fibrafort contada pelos seus barcos
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34 Náutica Sul Náutica Sul 35
márcio ferreira
ziu no ano passado, quase 1 000 deles saíram da nossa fábrica, em Itajaí. Temos atualmente 13 modelos de barcos em linha de produção e 40% do merca-do de lanchas de passeio, entre 16 e 32 pés. Nossa atual capaci-dade de produção é de quatro barcos por dia, sendo três deles dos modelos menores e um da linha maior, que vai de 28 a 32 pés. Logo, logo, o nosso modelo Focker 210, que é uma evolução da Focker 205, irá se tornar a lancha mais produzida na histó-ria do país, superando a Focker 19, que já vendeu 1 300 unida-des desde que começou a ser fa-bricada. Hoje, produzimos uma Focker 210 por dia, ou 250 por ano. E daria perfeitamente para duplicar esta capacidade, se uti-lizássemos uma segunda forma. Mas, neste caso, certamente fal-tariam compradores, apesar de nós termos a, talvez, maior rede de revendedores do país, com 37 representantes — que pre-tendemos aumentar para 50. Este é o atual drama do mer-cado náutico nacional: faltam mais e novos usuários de bar-cos. E isso precisa mudar.
Como conseguir isso?
Com várias ações. Como campa-nhas de desmistificação de que barco é coisa de rico, pensamen-to que ainda predomina, apesar de várias das nossas lanchas custa-rem menos que um automóvel, e gerando experimentações do pra-zer que é passear com um barco, coisa que o brasileiro não conhe-ce, porque ter barco não faz parte da nossa cultura de berço, como é, por exemplo, o automóvel. São ações de médio e longo pra-zo, mas que precisam, ao menos, começar. E efetivamente. Nós, da Fibrafort, como maiores fabrican-tes de lanchas de pequeno porte do país, estamos sempre trazen-do novos usuários de barcos para o mercado, mas isso não é algo que um só fabricante consiga. É preciso uma ação conjunta de to-dos os estaleiros. Mas, hoje, infe-lizmente, muitos deles estão mais preocupados em tirar clientes dos concorrentes do que em fazer o mercado crescer como um todo. Isso é um erro que, no futuro, pre-judicará ainda mais todo mundo. Porque, sem renovação de clien-tes, não há como um mercado crescer, seja ele do que for.
Nos últimos tempos, as faixas
de barcos que mais crescem
em vendas não são as meno-
res. Não seria um erro a Fibra-
fort continuar focando nas
lanchas de pequeno porte?
Não, por alguns motivos. Pri-meiro, porque nossa linha de modelos já chega aos 32 pés e nosso plano é estendê-la até os 40 — portanto, bem acima do que se convencionou chamar de “barco pequeno”. Segun-do porque, apesar dos atuais ín-dices de crescimento mais sa-tisfatórios nas faixas dos barcos maiores, os menores ainda são — e sempre serão! — os que venderão mais, pela óbvia ra-zão que há muito mais pesso-as com possibilidade de gastar R$ 50 ou R$ 100 mil numa lan-cha do que bem acima disso. Só para se ter uma ideia, dos cer-ca de 2 400 barcos produzidos e vendidos no país no ano pas-sado, 1 900 foram modelos en-tre 20 e 30 pés de comprimen-
to. Por fim, porque se todos os estaleiros optarem por construir apenas barcos maiores, qual op-ção restará aos novos usuários, que quase sempre buscam bar-cos menores e mais baratos para começar a navegar? Neste mo-mento, pode haver mais usu-ários de barcos se movendo dentro do próprio mercado, tro-cando um barco menor por ou-tro maior, mas a regra é que o movimento maior seja sempre o dos “entrantes” no mercado, porque isso é que faz ele cres-cer. Se todos os estaleiros passa-rem a construir só barcos maio-res, a curto prazo, todos sofrerão as consequências disso.
Qual o tamanho que o mer-
cado brasileiro de barcos já
deveria ter?
Não sei dizer. Mas penso que deveríamos buscar uma pro-dução anual de, pelo menos, 5 000 barcos, duas vezes o que produzimos hoje, em cerca de
duas linhas de barcosTempos atrás, a Fibrafort criou uma nova linha de lanchas, maiores e mais completas (foto à direita), como opção para as pequenas (acima). Deu certo. Mas não quer passar dos 40 pés
“ O mercado brasileiro de barcos está estagnado. E o pior é que o número de novos usuários vem diminuindo”
“ Se cada estaleiro crescesse apenas 10%, chegaríamos a 2020 com o dobro de barcos produzidos. Não é tão difícil”
A chegada dos barcos estran-
geiros ajudou ou atrapalhou?
Para os consumidores, a chega-da de marcas estrangeiras pode ter sido vantajosa porque au-mentou a oferta no mercado. Mas, para a indústria nacional, a chegada das marcas estrangeiras não aumentou em nada o mer-cado. Pelo contrário, o dividiu ainda mais. As fábricas estran-geiras não geraram novos forne-cedores no Brasil, não formaram novos usuários, nem mesmo au-mentaram a rede de represen-tantes e distribuidores no país — apenas foram em cima dos que já tínhamos. Isso não contribui em nada para o mercado cres-cer e melhorar. Exceto na qua-lidade, porque, sem dúvida, a chegada das marcas estrangei-ras forçou a indústria nacional a melhorar ainda mais os seus bar-cos. E todos hão de concordar que os barcos brasileiros hoje são bem superiores em qualida-de aos de dez anos atrás.
cinco anos. Dito assim, pare-ce algo impossível, mas é só fazer as contas para ver que é um número bem viável e al-cançável — basta cada esta-leiro crescer 10% ao ano, para que, em 2020, estejamos pro-duzindo o dobro de barcos de hoje. O que não pode é conti-nuarmos estagnados como es-tamos atualmente.
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“Até 2018, seremos o maior fabricante brasi le iro de barcos, também em resultados”
36 Náutica Sul
márcio ferreira
Sem título-1 1 28/04/2014 09:42:19
atenta aos clientesA Fibrafort acompanha muito de perto as opiniões dos usuários de barcos da marca e chega a fazer ações de manutenção gratuitas
Qual a principal razão do su-
cesso dos barcos Focker?
Justamente a qualidade — sem falar em outras virtudes, como as linhas harmoniosas, o bom espa-ço que eles oferecem, a boa rede de assistência técnica, a confiabi-lidade que os nossos mais de 20 anos de mercado passam, etc. etc. Mas a qualidade, que para nós é lei, porque temos consci-ência de que produzimos algo que transporta pessoas, é a base de tudo. Ela traz benefícios até secundários, como a ótima li-quidez dos nossos barcos. Quem tem uma Focker não sofre nada na hora de vender. Pode ver. So-mos uma das marcas que me-
nos aparecem nos anúncios clas-sificados, porque, geralmente, o dono nem precisa anunciar o barco. Isso me enche de orgu-lho, juntamente com os nossos índices de satisfação dos clientes.
Quais são eles?
Temos 93% de clientes satis-feitos, segundo nosso último levantamento. Para mim, isso é o principal indicador do su-cesso do nosso negócio, junta-mente com o resultado finan-ceiro. Fazemos barcos para ganhar dinheiro, mas eles têm que ser, acima de tudo, bons, para agradar a praticamente to-dos os nossos clientes.
Novidades fazem vender
mais barcos?
Depende da intensidade das no-vidades... Os brasileiros são bem conservadores com seus bens, especialmente veículos. Basta ver a quantidade de carros de cor prata nas ruas. Com os barcos, acontece a mesma coisa. Nós preferimos não criar grandes sur-presas nos projetos dos barcos para não sermos surpreendidos pelos clientes depois. O investi-mento para criar um novo bar-co não é pequeno e quase sem-pre feito apenas com dinheiro do próprio bolso, porque pratica-mente não existem financiamen-tos para o nosso setor. Por isso, o resultado de vendas precisa ser garantido. Não podemos correr grandes riscos. Nossas lanchas mudam, mas mantêm a identi-dade da marca. Quem vê uma Focker sabe que é uma Focker, porque identifica isso facilmente.
Preço influencia muito?
Um pouco, mas, no nosso caso,
“ Se todo mundo passar a construir só barco grande, a médio prazo o mercado inteiro desmonta”
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márcio ferreira
“Meu maior orgulho é o índice de satisfação dos nossos clientes: 93%”
38 Náutica Sul
fibrafort
não muito, porque as pessoas co-nhecem a nossa marca e sabem que estão comprando um bar-co de qualidade. Fico preocu-pado quando alguém paga bara-to demais por um barco, porque não é possível que a qualidade não tenha sido comprometida. Para baixar o custo, algo tem de ser sacrificado e torço para que não tenha sido a segurança, até porque isso repercute mal para todo o mercado. A pessoa paga 10% menos e leva um barco 50% pior. Qual a vantagem disso? E o que vai acontecer na hora de vender o barco se ele estiver em situação precária? O prejuízo certamente será bem maior do que a suposta economia que a
pessoa fez, pagando um pouco mais barato. Quem paga pouco, não leva; só se ilude.
Como a consultoria do por-
te de uma empresa como a
Porsche pode ajudar os pe-
quenos fabricantes brasilei-
ros de barcos?
Basicamente, ensinando a traba-lhar com eficiência. Os consul-tores da Porsche não entendem nada de barcos, mas sabem tudo sobre processos industriais — e isso serve para qualquer coisa fei-ta em série, de lanchas a geladei-ras. Em linhas gerais, eles ana-lisam como estamos fazendo e, depois de conversar com todos os setores, vão propondo altera-
ções nos sistemas, mas em con-junto com os próprios funcioná-rios. É uma mudança radical em alguns casos, que põe todo mun-do para trabalhar mais. Inclusive o dono do negócio. Ou seja, eu (rindo, de novo). Mas gera uma diferença brutal nos resultados e já estamos sentindo isso, apesar do nosso contrato com eles ain-da se estender por mais três anos. Além disso, agregar o nome Pors-che ao nosso gerou uma percep-ção de qualidade ainda maior nos nossos clientes. Mas a esco-lha da Porsche não foi apenas pelo nome. Guardadas as devi-das proporções, o que estas duas empresas produzem faz parte do sonho de muita gente.
consultor em ação Com muita frequência, os consultores da Porsche fazem conferências com os funcionários de diversos setores, o que tem ajudado a fábrica a aumentar sua eficiência
“ Fico preocupado quando alguém paga pouco por um barco novo. A economia saiu de algum canto. Espero que não da segurança”
“A consultoria da Porsche agregou valor a nossa marca”
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márcio ferreira
0800 644 3311www.ilcampanario.com.br
Jurerê internacionalFlorianópolis - SC - Brasil
por otto aquino
Fisgar uma tainha com linha e anzol é bem mais difícil do que um cardume inteiro com
uma tarrafa, mas, além de ser perfeitamente possível, é um desafio que atrai muitos pesca-dores, especialmente os adep-tos da pesca esportiva — aquele tipo de pescaria cujo real pra-zer é apenas capturar o peixe, não importando se, depois, ele será devolvido à água ou levado para a panela, o que, no entan-to, no caso da tainha seria um desperdício de oportunidade, já
que sua carne é muito saboro-sa. Quem consegue fisgar uma tainha no anzol terá pela fren-te uma empolgante luta, que anima os pescadores. Mas pe-gar tainhas na linha, apesar da fartura do peixe na nossa região nos próximos meses, é uma pes-caria que exige muita calma e tem algumas particularidades. Como, por exemplo, onde en-contrá-las na água.
A tainha passa a maior par-te do ano nas águas salobras das lagoas do Rio Grande do Sul e Uruguai, mas, nos meses de
maio, junho e julho, foge do frio para desovar mais ao nor-te, chegando até próximo às praias do litoral do Rio de Ja-neiro. Gosta de águas relati-vamente rasas, perto de praias e costões. Durante o inverno, grandes cardumes penetram nos estuários, canais e lagoas, não raro com grandes saltos. Os pescadores aproveitam essas in-vestidas terra adentro para facili-tar a captura nas barras dos rios. Mas isso nem sempre aconte-ce. Segundo os velhos pescado-res, o que faz com que os car-
De agora até o final do inverno, as tainhas fazem a festa dos pescadores. E nem é preciso uma rede para isso. Veja aqui algumas dicas para também se dar bem com vara e linha
dumes desviem do seu curso de mar aberto para chegar pró-ximo às praias, são as tempesta-des oceânicas, que, por aconte-cerem bem longe da costa, nem sempre são percebidas em ter-ra firme. Por isso mesmo, não há como prever quando elas irão aparecer. Seria a natureza que ditaria as regras da captu-ra. Daí o motivo de a tainha ser tão valorizada pelos pescadores — além do seu sabor delicioso. Não é todo dia que ela aparece.
Mas é sabido que as tai-nhas gostam de áreas com algas ou detritos orgânicos. Portanto, a primeira dica é aproveitar as marés baixas para reconhecer os pesqueiros potenciais, como locais com pedras recobertas de musgos. Tanto em canais quan-to em rios estuarinos, também é fundamental haver corrida de maré, mas — atenção! — sem exageros. O ideal são os locais que formam remansos, onde a água circula por mais tempo, o que favorece a pescaria. Isso acontece perto de pilastras de pontes ou em curvas acentua-das do canal. Outra dica é dar fisgadas leves e trabalhar sem-pre com a fricção do moline-te solta, já que a boca da tainha é delicada e puxadas fortes po-dem simplesmente rasgá-la.
Quanto às melhores iscas, como as tainhas se alimentam basicamente por meio de um sistema de “filtragem” da água, similar ao das carpas, a escolha delas deve ser criteriosa. Evi-te as iscas de consistência mais dura e dê preferência às massas
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caseiras, carne moída ou cama-rão, que, além de permanece-rem bom tempo no anzol, têm cheiro forte e atrativo. O bom e velho pão francês também fun-ciona muito bem e, melhor ain-da, se estiver envelhecido e um pouco “emborrachado”, para esfarelar mais devagar.
Também a ceva do local da pescaria é muito importan-te e altamente eficiente. Ela pode ser feita com porções das próprias iscas, jogadas aos pou-cos na água. Pães velhos coloca-dos num saco vazado, como os de cebola (se possível, com al-gumas horas de antecedência à pescaria), também funcionam muito bem. E não custam pra-ticamente nada no bolso.
Quanto ao equipamen-to, para varas simples, de até quatro metros de comprimen-to, o melhor conjunto são as li-nhas de monofilamento, trans-parentes, com 0,30 a 0,40 mm de diâmetro, com anzóis peque-nos, tipo Maruseigo 11 e 12, com peso igualmente leve, de 3 a 5 gramas e boias pequenas ou mé-dias (as do tipo “caneta” são óti-mas porque oferecem pouca re-sistência para o peixe). Já quem for usar molinete deve optar por uma vara com cerca de dois metros de comprimento, com linha de monofilamento de 0,30 mm ou multifilamento de 0,15 a 0,20 mm e anzóis com chicotes de 10 ou 15 cm.
Com isso na mão e muita paciência, é possível curtir uma pescaria, acima de tudo, bem divertida.
Tem tainha no anzol
vara e linha Embora as tarrafas sejam mais comuns, é perfeitamente possível fisgar tainhas e curtir uma pescaria bem divertida. Basta usar os equipamentos corretos
42 Náutica Sul Náutica Sul 43
44 Náutica Sul Náutica Sul 45
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QUASE FALTA ÁGUAO Caixa d´Aço em dia de altíssima temporada: barcos lado a lado, para caber todo mundo na mais linda enseada de Porto Belo
texto e fotos jorge de souza
É fácil saber por que todo mundo que tem um barco adora a
enseada do Caixa d´Aço, em Porto Belo.
É só continuar virando as páginas...
46 Náutica Sul
caixa d´aço
aixa d’Aço é o nome da mais famo-sa enseada do recortado litoral de Porto Belo, em
Santa Catarina. Ela fica tão escondida nas reentrâncias da topografia local e é tão abrigada dos humores do mar que
foi batizada com a contração da expressão “Caixa de Aço” por um navegador português, que ali escondeu o seu navio de uma fro-
ta inteira de naus inimigas espanholas. “Isto aqui é tão seguro quanto uma caixa d’aço!”, teria dito o autor involuntário de tão curioso nome
para aquele estupendo acidente geográfico — que mais parece uma baía dentro da outra, o que confere às suas águas a violência de uma piscina. E o
nome ficou. Até porque, um local realmente seguro para ancorar os seus bar-cos sempre foi tudo o que os pescadores que se seguiram aos colonizadores por-
tugueses mais queriam na região. Caixa d’Aço virou, então, uma espécie de porto natural — um local visitado por todos os barcos quando o mau tempo toma conta do mar catarinense. E assim ele entrou para a história.Hoje, no entanto, Caixa d’Aço tem outro significado para os donos de barcos de pas-seio que lotam as águas do litoral norte ca-tarinense, entre Florianópolis e Balneário Camboriú: virou, também, sinônimo de diversão e agitação. No mínimo, o melhor lugar para se ir com um barco quando o ob-jetivo é encontrar outros barcos. Especialmente nos fins de semana ensola-rados ou feriados prolongados, quando o Caixa d’Aço ganha outro atrati-
vo, além do seu mar esverdeado: os bares flutuantes que existem dentro da enseada, aos quais só se chega de barco. Ou, então, quando vira pal-
co de animadas festas náuticas, como a já tradicional Shed al Mare, que na última edição levou mais de 300 barcos e estimadas 2 000
pessoas para as águas desta enseada em forma de U, que, cer-cada pelo verde de uma mata milagrosamente intocada,
ainda por cima também é linda. Além de tranquilís-sima. Ou agitadíssima, dependendo do dia.
“ Caixa d´Aço porque a enseada é tão segura quanto uma caixa de aço
ViSão do pArAíSoO Caixa d´Aço visto do alto: destino de todos os barcos nos fins de semana ensolarados
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48 Náutica Sul Náutica Sul 49
Apesar da animação de baile de carnaval,
o Caixa d’Aço é bem mais famoso pela
sua tranquilidade — tanto do mar quanto
no movimento de barcos. Para aproveitá-la,
basta evitar os horários mais movimentados
dos sábados e domingos. No restante do
calendário, a enseada é um mar de silêncio,
como tanto apreciam os que gostam de dormir
a bordo ou os que preferem a companhia da
natureza em vez da de outros barcos. Por isso
mesmo, ao final do dia, quando as lanchas
partem e os flutuantes fecham, é comum
chegar um ou outro veleiro, em busca de um
pernoite tranquilo — que ali é garantido.
Quando as lanchas partem, os veleiros chegamfora dos dias de movimento, a enseada é pura tranquilidade, que os cruzeiristas adoram
A centopeia de Porto BeloPara caber tantos barcos, só mesmo parando uns nos outros
Estas fotos foram feitas no último
Carnaval, durante a mais famosa festa
no Caixa d’ Aço. Mas não mostram nada
que os frequentadores desta famosa
enseada já não estejam acostumados a
ver. Em algumas ocasiões, a quantidade
de barcos é tamanha que a única saída
para caber todo mundo é parar um
barco ao lado do outro, formando assim
verdadeiros “píers” artificiais ao redor dos
bares flutuantes. Ou uma inédita centopeia
náutica, como aconteceu nesta foto.
caixadaço
ANTES E dEpoiSConcentração de barcos durante o último carnaval e, completamente vazio, depois disso (abaixo): os frequentadores escolhem a paisagem que preferem no Caixa d’Aço
caixa d’aço
“ Deserto ou lotado, o Caixa d’ Aço é unanimidade entre os donos de barcos
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50 Náutica Sul Náutica Sul 51
caixa d’aço
MUVUcA NÁUTicAEste ano, mais uma vez, a festa Shed al Mare foi proibida pelas autoridades, em cima da hora. Mas ninguém deu bola, nenhum barco saiu da enseada e todos se divertiram do mesmo jeito
Baladaço no Caixa d’AçoUma vez por ano, uma festa transforma o Caixa d’Aço na maior balada náutica do país. Mesmo que ela não aconteça
Todos os anos, sempre num fim de semana próximo ao Carnaval, o
Caixa d’ Aço se agita muito mais, com a tradicional festa Shed al Mare,
que já faz parte do calendário local de donos de barcos em geral. Mas, a
julgar pelas últimas edições do evento, também faz parte dessa tradição
que a festa não aconteça. Foi assim em 2012, quando uma invasão de
lanchas tomou a enseada para assistir aos shows dos cantores Michel
Teló e Luan Santana, o que levou os organizadores a transferirem o
evento do dia seguinte para a Ilha de Porto Belo, maior e menos sujeita às
reclamações dos vizinhos. E foi assim, de novo, este ano, quando a festa
foi proibida, em cima da hora, por uma decisão judicial, quando todos os
barcos já estavam ancorados, à espera do início da maior balada náutica
do país — e que, tanto em animação, quanto em concentração de barcos e
mulheres bonitas por metro de água, deixa até a famosa Praia do Dentista,
em Angra dos Reis, parecendo um monastério. “Gente, por ordem da
Justiça, a festa está cancelada”, avisou, pelo microfone do barco-palco onde
se apresentariam várias bandas e duplas sertanejas, o responsável pela casa
noturna Shed, de Balneário Camboriú, que todos os anos, a despeito dos
últimos acontecimentos, convoca todo mundo para aquela balada náutica
no Caixa d’ Aço — e que, na última edição, reuniu mais de 300 barcos. “Mas
vocês não precisam ir embora”, completou, revelando um truque para
driblar legalmente a decisão judicial. “Basta todo mundo sintonizar o rádio
do barco na mesma emissora que a música e a animação continuam!”.
E continuou mesmo. Na verdade, ninguém ali sentiu a menor falta da
festa propriamente dita, porque o mais importante já tinha acontecido: a
convocação geral dos baladeiros e donos de barcos para uma inusitada
balada na água, que, ao que parece, basta para manter a fama da Shed al
Mare. Ano que vem, tem mais. Mesmo que, de novo, a festa não aconteça.
“ A festa Shed al Mare levou mais de 300 barcos e 2 000 pessoas para a enseada
52 Náutica Sul Náutica Sul 53
O outro lado do Caixa d’AçoA comunidade do bairro do Araçá, onde fica o Caixa d’Aço, é uma atração à parte
O senhor da foto é um típico morador do bairro do Araçá,
onde fica o Caixa d’Aço: é idoso (tem 80 anos), chama-
se Manuel (já que todos são descendentes de portugueses
ou açorianos), nasceu e sempre morou naquela comunidade
(onde também vivem seus oito filhos) e todos ali o conhecem
muito bem, porque no Araçá todo mundo é parente. Manuel
Pedro dos Santos, o “Balela”, como ele próprio se apresenta,
faz parte de uma das três famílias (os Santos, que depois
ganharam a companhia dos Aquino e dos Marques, todos
vindos de terras portuguesas) que criaram, povoaram, se
mesclaram, por meio de casamentos entre eles próprios,
e há pelo menos dois séculos dominam o bairro de Porto
Belo onde fica o Caixa d’ Aço — uma comunidade pra lá de
homogênea e pitoresca, onde até as (pouquíssimas) ruas
têm nomes que remetem à origem daquele gente simples,
de fala fácil e que, ao contrário dos proprietários das casas
de veraneio do bairro, não se incomoda com o movimento
intenso dos barcos. Ao contrário, gostam, porque isso, de
certa forma, movimenta a economia local, que sempre viveu
só da pesca. Como o próprio Balela, que, até hoje, muitas
vezes sai de casa de manhã para buscar o peixe do almoço. E
na própria enseada, bem diante da sua casa.
caixa d’aço
Oficialmente, o Caixa d’Aço é uma enseada,
mas, como acontece na maioria das
enseadas, também tem praia. É esta aqui, não
por acaso batizada de Praia do Caixa d’Aço. Ela
é tão bonita quanto a própria enseada, mas seu
tamanho varia (muito) em função da maré —
tanto pode ir de uma ponta a outra da enseada e
oferecer uma larga faixa de areia nas marés baixas,
quanto virar apenas um cantinho fora d’água, onde
mal cabem os botes dos barcos que decidem
visitá-la, nas marés altas. Nos dois cantos, a praia é
emoldurada por bonitas pedras. Num deles, há um
barzinho improvisado, que serve de quebra-galho
para quem não quiser (ou não tiver como...) ir até
os flutuantes. Só o que nunca muda na Praia do
Caixa d’Aço é a tranquilidade do mar. Esteja a maré
alta ou baixa, a prainha tem sempre a mesma
ondulação de piscina. Ou seja, nenhuma. As
crianças adoram. Até porque a água é quentinha
e a areia, forrada de conchinhas. Para chegar até
ela por terra, basta deixar o carro na estrada e
descer um rápido caminho, morro abaixo. Já, para
quem chega de barco, é só avançar até o final da
enseada, mas atento aos limites de segurança (não
menos que 200 metros da praia) e profundidade.
Porque, além de bonita, tranquila e gostosa, a
Praia do Caixa d’Aço também é rasinha, rasinha.
Resumindo: uma delícia.
prAiNhA dA ENSEAdARasinha, quentinha e só com marolinhas, como todo mundo gosta
porTUGUESA, coM cErTEZAA comunidade do bairro Araçá foi formada por apenas três famílias portuguesas, que, até hoje, vivem entre si. Todo mundo é parente e sempre viveu da pesca. Como o “Seu Balela” (acima)
E ainda tem praia!A prainha do Caixa d’Aço, no fundo da enseada, é para quem não quiser ficar só dentro d’água
“ No fundo da enseada, uma bonita praia. Ao lado, uma típica comunidade
54 Náutica Sul Náutica Sul 55
caixa d’aço
As sereias da enseadaAlém de tudo, a paisagem é bonita também dentro d’água
Gosto não se discute, mas ninguém
discorda que o Caixa d’Aço
costuma reunir a maior quantidade de
mulheres bonitas, a bordo de barcos
idem. Basta olhar estas fotos para ter
um bom exemplo disso. Nos fins de
semana, as águas da enseada viram
uma espécie de passarela náutica, com
os barcos disputando informalmente
o título de “o mais bonito” — nos
dois sentidos. E, embora a enseada
tenha uma bonita prainha ao fundo, é
mesmo a bordo que todo mundo fica,
curtindo gostosos banhos de sol. E
ponha gostoso nisso!
BANhoS dE SoL E MArApesar da praia, ninguém desembarca. Na quantidade de mulheres bonitas, o Caixa d’Aço deixa a famosa Praia do Dentista, em Angra dos Reis, no chinelo
“ O Caixa d’Aço tem a maior concentração de mulheres bonitas das águas de Santa Catarina
56 Náutica Sul Náutica Sul 57
Bom até para os sem-iateQuem não tem barco, curte o Caixa d’Aço do mesmo jeito
Não é todo mundo que tem
um barco para curtir o
Caixa d’Aço. Mas, quem não
tem, curte do mesmo jeito
— basta embarcar num dos
barcos que fazem passeios em
Porto Belo. Na própria vila do
Araçá, onde fica a enseada,
sempre é possível encontrar
algum barquinho que leve os
visitantes até os flutuantes,
voltando, depois, para buscá-
los. Ou, então, embarcar numa
das escunas (a mais famosa
imita um barco pirata e tem sede
também no Araçá) que fazem
passeios turísticos regulares nas
águas da cidade — só que, neste
caso, não dá para desembarcar
e curtir os flutuantes, porque
as escunas só visitam o Caixa
d’Aço e partem. Outra opção
é ainda mais simples: chegar
de carro até a praia que existe
no fundo da enseada e, de lá,
acenar para que alguém dos
flutuantes venha lhe buscar, com
um bote. Ou, se a maré estiver
baixa e você não se importar de
se molhar, ir caminhando, pela
água mesmo, até o primeiro
deles, que fica bem perto da
praia, a não mais que um metro
e meio de profundidade. Na
volta, se a maré subir, você
pega carona no bote. Com
ou sem iate, o Caixa d’Aço é
democrático.
caixa d’aço
Vista de arrepiarDeste mirante, você vê o Caixa d’Aço do seu melhor ângulo. Bem de cima
Ocatarinense Ariel Soares é dono de um pequeno bar-
restaurante que serve porções de frutos do mar e “camarão
soltinho” no bairro do Araçá — ou “petiscaria”, como eles chamam
por lá. Ele toca o negócio junto com a mulher e a sogra, no
ponto mais alto da encosta do morro que rodeia o Caixa d’Aço
— um local com uma vista pra lá de especial. Apesar do visual
de cartão-postal, as coisas vão meio devagar, porque a clientela
não tem fôlego ou curiosidade para subir a estrada de terra
até lá. Mas deveria... O Mirante Caixa d’Aço, nome do pequeno
estabelecimento de Ariel, fica no ponto mais alto e privilegiado do
entorno da enseada e oferece uma paisagem que só ela já vale
o esforço — e que ele próprio não se cansa de admirar. “As coisas
podem não estar do jeito que deveriam estar, mas, com um visual
desse todos os dias, não dá pra reclamar”, raciocina.
VErdE NA MATA E No MArDo balcão do bar Mirante do Caixa d’Aço (abaixo), a vista é da enseada inteira e rodeada de muito verde
VALE TUdoComo tudo no Caixa d’Aço acontece dentro d’água, quem não tem barco dá um jeito de chegar lá de outra maneira. Da vila partem traineiras que levam os visitantes até os bares flutuantes. Ou eles vão remando
“ Ninguém cansa de olhar o visual do Caixa d’Aço. especialmente do alto
58 Náutica Sul Náutica Sul 59
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caixa d’aço
TUdo NA ÁGUAO flutuante Maresia (visto de cima, na página ao lado) é o maior de todos. Já o simpático Balanço do Mar (acima e ao lado) tem até espaço para os clientes registrarem os nomes de seus barcos (abaixo)
Neymar e companhiaMichel teló, Luan santana e o craque da seleção também já curtiram a folia na enseada
Esta imagem foi notícia no país inteiro e o que ela
registrou correu o mundo (literalmente) de boca em
boca. Em 2011, no auge do seu sucesso estratosférico,
Michel Teló escolheu o Caixa d’Aço para a gravação
da versão em inglês do clip do fenômeno-chiclete “Se
eu te agarro” (“If I catch you”, na versão para inglês ver,
ouvir e tentar dançar como as brasileiras) e, com isso,
transformou a pacata enseada numa espécie de casa
de shows náuticos (experiência depois repetida na
companhia de Luan Santana). Na ocasião, até Neymar
apareceu por lá e, como todo mundo, deu um jeito de se
aproximar do flutuante que serviu de palco para o mais
inusitado show que Teló já deu. A começar pela plateia,
toda aboletada em barcos em vez de camarotes.
diA hiSTóricoTrês anos atrás, a gravação de um clip do cantor Michel Teló transformou um flutuante da enseada em palco e atraiu uma multidão ao Caixa d’Aço, inclusive o craque Neymar
Bares em forma de ilhastanto quanto a natureza exuberante, os bares flutuantes são símbolos do Caixa d’Aço
Como se não bastassem a água clara e a paisagem, o Caixa d´Aço ainda tem
um atrativo a mais. Na verdade, três — os três bares-restaurantes flutuantes
que existem dentro da enseada, aos quais só se chega de barco. Eles são como
ilhas artificiais, que não só atraem os sedentos por uma bebida gelada ou os
famintos por um peixe grelhado, como servem de pretexto extra para todo
mundo ir de barco até lá. Encostar num dos flutuantes do Caixa d’Aço e passar um
par de horas beliscando porções de camarão ou tomando cervejas congelantes,
cercado pelo tranquilo verde do mar de Porto Belo, vale por um passeio completo.
São três bares, cada um com um apelo diferente — mas todos com muito
movimento nos finais de semana. O menor de todos é o pioneiro e homônimo
flutuante Caixa d’Aço, de um morador do próprio bairro. Já o mais frequentado
pelos navegadores (cuja tradição manda pintar o nome do barco no balcão do
flutuante) é o simpático Balanço do Mar. E o maior de todos, o tradicional Maresia,
com uma arquitetura que lembra a de Bali e um dono que, só ele, já rende um
ótimo papo: Osmar Tibúrcio da Silva, o “Maresia”, que tem mar até no apelido.
“ o atrativo extra do Caixa d’ Aço são os bares flutuantes no meio da enseada
Náutica Sul 61
Enquanto se prepara para inaugurar o segundo maior museu oceanográfico do país, em Piçarras, o professor gaúcho Jules Soto segue firme no seu propósito de espalhar instituições sobre o mar por toda Santa Catarina. Com este, já são quatro museus criados por ele no estado
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Colecionador do mar
Por Giselle ZambiaZZi
Naquele edifício de Porto Alegre, os condômi-nos estavam reunidos, mais uma vez, para dis-cutir o mesmo assunto: a insustentável situ-ação do apartamento onde morava o garoto
Jules Soto, então com 12 anos, de onde já escapara até uma cobra, para terror dos vizinhos. A família dele preci-sava dar um jeito naquele guri, que, desde os cinco anos, tinha mania de colecionar todos os bichos que encontra-va na praia, no mato e no meio da rua — um verdadei-ro arsenal de história natural, que ia de minhocas a sapos empalhados. “Tudo bem”, concordou o moleque quan-do encurralado pela família, que estava em vias de ser expulsa do condomínio. “Vou doar os meus bichos para
um museu”, avisou, solene. “Ótimo!”, disse o pai. “Eu pago o táxi para você levar tudo isso embora”.
E assim foi. Mas não sem antes o taxista quase desis-tir da empreitada, porque jamais vira tantas aranhas jun-tas (muito menos dentro do seu carro!), e de o pai de Jules se arrepender da oferta, já que para se livrar de tudo aqui-lo foram necessárias várias viagens até o museu da cidade, que aceitou receber as “doações” porque imaginou que não passavam de um par de borboletas ou coisas do gêne-ro. Que nada! Eram mais de 3 000 exemplares de seres de todas as espécies, todos devidamente catalogados e conser-vados em álcool. Naquele dia, os vizinhos da família Soto se livraram das esquisitas manias daquele garoto, que cap-
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turava todos os seres repugnantes que encontras-se pela frente, mas o país começou a ganhar um estudioso da biologia e um dedicado amante dos museus, especialmente aqueles ligados ao mar.
Hoje, 32 anos depois, o professor gaú-cho Jules Souto, há muito radicado em Santa Catarina, é uma das maio-res autoridades brasileiras em seres
marinhos e se prepara para inaugurar, em agosto, aquele que será o segundo maior museu oceano-gráfico do país, em Piçarras, no litoral catarinen-se — e cujo acervo reúne seres que ele coletou ainda criança, já que a única condição que o ga-roto impôs ao doar os seus bichos ao museu foi guardar todas as espécies que fossem do mar. “Minha meta e meu objetivo sempre foi criar um museu marinho”, diz o hoje professor da Univer-
Jules soto
guardião do acervo Prédio do campus da Universidade do Vale do Itajaí, em Piçarras, onde, em breve, o Museu Oceanográfico abrirá suas portas. No acervo, muitas preciosidades da vida marinha, que Jules coleciona desde garoto
sidade do Vale do Itajaí – Univali. “Já fiz outros três museus com temas ligados ao mar, mas o de Piçarras, que é da própria Univali, será o maior e o mais específico sobre a vida marinha”, diz, com naturalidade, como se criar e equipar museus fos-se a coisa mais banal do mundo. Sobre a estante, numa das salas do prédio doado pela universida-de para o futuro museu, está uma grande teste-munha desta trajetória. Uma minúscula sardinha, conservada dentro de um vidro. Na etiqueta, a data da sua coleta: 1976. Foi a primeira coisa que Jules coletou, já pensando em criar um museu. Ele tinha, então, cinco anos de idade.
Jules sempre teve certeza do que iria fazer. Cinco anos depois daquela primeira coleta, já cir-culava pelos corredores da PUC de Porto Ale-gre em busca de informações “técnicas” para o seu museu particular — aquele que os vizinhos
Uma aventura no Atlântico
Desde a adolescência, Jules sempre
cultivou o hábito de sair para o
mar em barcos de pesca para coletar
espécies, especialmente de tubarões,
um de seus bichos favoritos. Em 1986,
quando tinha 16 anos, um professor
conseguiu uma vaga a bordo de
um pesqueiro japonês que, segundo
ele, sairia por três dias para pescar
tubarões no litoral do Rio Grande do
Sul. Entusiasmado, o garoto pegou
todo o dinheiro que tinha e comprou
uma passagem de ônibus para Rio
Grande, de onde o barco partiria. No
dia seguinte, embarcou, mesmo sem
saber maiores detalhes sobre a viagem,
até porque ninguém na tripulação
falava português. Começava ali a maior
Em busca de espécies, o jovem Jules cruzou o oceano sem querer
aventura da vida de Jules até hoje.
Três dias depois, o barco seguiu
navegando, sem nenhum sinal de
terra firme. E não parou mais de
avançar mar adentro. O comandante
sequer olhava para o garoto. E
ninguém lhe explicava o que estava
acontecendo. Até que o cozinheiro
percebeu sua angústia, esticou um
mapa sobre a mesa e com o dedo
desenhou a rota que o navio faria
— até as Ilhas Malvinas, no extremo
sul da Argentina, e de lá para o sul
do oceano Índico. O que era para
ser uma viagem de apenas três dias
pelo litoral gaúcho tornou-se uma
incógnita, sem caminho de volta.
Para piorar ainda mais as coisas,
dIas depois o capitão decidiu
alterar o rumo e cruzar o Atlântico,
até a Namíbia, na África. Ali, Jules,
finalmente, desembarcou — 35 dias
depois de ter partido de Rio Grande.
Lá, encontrou um guarda do porto
que falava português e contou sua
história. O homem ficou apavorado
com aquele garoto que não tinha
dinheiro nem passaporte, mas,
mesmo assim, queria voltar para casa.
A única saída era embarcá-lo no avião
que, uma vez por semana, saía da
vizinha África do Sul para a distante
Nova Zelândia, mas com uma escala
no Rio de Janeiro. Só que havia três
problemas: ele não tinha dinheiro
nem passaporte e ainda precisava
chegar até a África do Sul para isso.
Foi, então, levado de jipe até uma
cidade no meio do caminho, onde
se juntou a um grupo de surfistas
que o largaram no aeroporto, dias
depois. Mas sem documento de
viagem, muito menos passagem.
No aeroporto, os policiais ficaram
estarrecidos com aquele garoto que
não tinha nada mas queria embarcar
para o Brasil e, enquanto pensavam
numa solução, desenharam um
quadrado no chão e disseram que ele
não poderia sair dele — como uma
espécie de prisão virtual, já que nunca
haviam tido caso igual.
Depois de muita insistência, a
polícia permitiu que Jules ligasse para
a família, no Brasil, que, a estas alturas,
já estava seriamente preocupada,
porque o garoto costumava passar
períodos no mar, mas não tão longos
assim, muito menos sem dar nenhuma
notícia. Um primo atendeu, deu-lhe
uma bronca oceânica, mas comprou
uma passagem para o garoto, que, no
entanto, precisou embarcar escondido,
porque não tinha documentos
para isso. Sorte que os policiais do
aeroporto fecharam os olhos para o
detalhe, porque o que queriam mesmo
era se livrar daquele garoto-problema.
Ao chegar ao Rio de Janeiro, Jules
fez amizade com uma velhinha que
o ajudou a conseguir o dinheiro para
retornar a Porto Alegre (o restante
ele pediu nas ruas), onde chegou 42
dias e um quarto do mundo depois. O
resultado da aventura, além desta boa
história, está hoje exposto no Museu
Oceanográfico da Univali: a boca de
um tubarão-mako, pescado durante
aquela imprevista travessia, que ele
obviamente fez questão de levar para
casa. Porque, como explicou para a
família, “só ela já valeria a viagem”.
troféu de viagem Jules, hoje, com mandíbula de tubarão que ele capturou quando era jovem: ele saiu para navegar pelo Rio Grande do Sul e acabou na África
“ O seu museu oceanográfico será o segundo maior do gênero no país, o que não é pouco
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Náutica Sul 6564 Náutica Sul
Jules
deram um jeito de acabar. “Eu queria aprender como conservar serpentes”, recorda, rindo. “E tanto insisti, que eles me ensinaram”. Sem con-seguir tirar o garoto de dentro dos laboratórios da universidade, os professores decidiram “adotá-lo”, dando-lhe tarefas simples, como lavar os potes onde seriam colocados os animais ou contar as escamas de um peixe — e mais de uma vez, para ter certeza da quantidade delas. Enquanto isso, Jules tratava de prestar atenção nas conversas e nas orientações que os professores davam aos alu-nos. “Eu era como um radar, atento a tudo que me ensinasse algo novo”, lembra.
Todo o conhecimento adquirido era apli-cado rapidamente. “Eu criava armadi-lhas para atrair os insetos e, nas férias, quando ia para a fazenda de uma tia,
amontoava tábuas, sabendo que quando voltasse, um ano depois, encontraria vários bichos debai-xo delas”. Jules tinha engenhosidade de sobra e, por isso, considerava a escola uma perda de tem-po. “Eu já sabia do que gostava e precisava. Por-tanto, com exceção das aulas de ciência, o resto nada me acrescentava”. Na sétima série, ele to-mou uma decisão que chocou seus pais e profes-sores: aboliu de vez os cadernos e passou a não anotar mais nada na sala de aula, o que seguiu fa-
“ Em Bombinhas, ele criou a Casa do Homem do Mar, um museu, acima de tudo, muito bonito
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o começo de tudoJules com a primeira sardinha que ele capturou na infância e que guarda até hoje (ao lado), Acima, o registro da última baleia caçada em Santa Catarina, a luta pela preservação das toninhas e a autópsia de um leão marinho na praia
zendo até o fim da faculdade. “Para mim, basta-va assistir às aulas. Minhas anotações eram outras e aconteciam fora da escola. Eu tirava notas boas, mas os professores não aceitavam o fato de eu ir para a sala de aula sem sequer um lápis para to-mar nota”, recorda, ainda rindo.
Aos 14 anos, o primeiro emprego como auxi-liar numa empresa de materiais impressos ajudou a gerar fundos para a manutenção do seu museu particular sobre o mar, com o material que esca-pou daquela doação compulsória na infância — incluindo aí a pioneira sardinha num pote de vi-dro. Três anos depois, ao assumir um cargo de gerente na mesma empresa, tomou outra decisão
importante para sua vida futura: fundou o pompo-so “Centro Brasileiro de Estudos Bio-Ecológicos Costeiros, Limnológicos e Marinhos”, ou apenas “Cebeclim”, uma ONG que não demorou muito a se tornar incompatível com o emprego burocráti-co na empresa gráfica — que ele, obviamente, lar-gou, para cuidar apenas do seu centro de estudos.
Mas as constantes mudanças econômi-cas no país logo tornaram as coisas difíceis para o Cebeclim. Os recursos demoravam a chegar e, quando che-
gavam, a inflação já havia devorado o valor. Mas três instituições se mostraram interessadas nos tra-balhos da ONG de Jules, embora ele ainda fos-se um simples estudante de biologia: o Centro de Estudos Marinhos de Fortaleza, a própria PUC de Porto Alegre, onde ele começara a sua “jor-nada acadêmica”, digamos assim, e a Univali, de Itajaí, que estava em vias de inaugurar o seu cur-so de oceanografia. Não demorou para o próprio Jules abandonar a biologia e virar aluno do mais novo curso da universidade de Itajaí e, desde o princípio, ele esteve envolvido no curso. Mes-mo assim, acabou se formando em geografia, já que era o único curso noturno compatível com o seu horário de trabalho. “Na verdade, nunca fez a menor diferença no que eu ia me formar porque eu sempre soube o que queria fazer na vida”, ana-lisa. E tanto sabia que antes mesmo de terminar a faculdade, ele já havia se tornado o segundo bra-sileiro que mais descrevia novas espécies de tuba-rão, até hoje uma de suas maiores paixões.
Depois, Jules começou a dar corpo ao velho sonho de criar museus marinhos e fez isso em di-versos pontos de Santa Catarina, para onde se mudou de vez quando optou pela Univali. Na Ilha de Porto Belo, criou o Ecomuseu, dedicado a resgatar os costumes e a história das comunida-des litorâneas do estado. Em Bombinhas, fincou a Casa do Homem do Mar, com um rico acer-vo naval que vai de equipamentos de navegação a canoas típicas da região. No centro de Florianó-polis, implantou o Museu Naval Forte de Santa Bárbara, com peças originais da Marinha Impe-
O incrível peixe-fóssil Esta quimera, um peixe com características que remetem a animais que existiram há mais de 100 milhões de anos, é uma das preciosidades da coleção de Jules Soto e estará exposta no Museu da Univali. Foi encontrada por ele em 2004 entre o litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, e batizada de Hydrolagus matallanasi Soto & Vooren. Foi a primeira quimera descoberta no Atlântico Sul e, por isso, virou notícia mundial entre os pesquisadores do gênero. O maior dos tubarões Este raro tubarão-baleia foi encontrado morto numa praia de Porto Belo, em 2013, e levado por Jules para um tanque no pátio do prédio do futuro Museu Oceanográfico, onde será exposto ao público em uma caixa de vidro. É o maior tubarão do gênero conservado inteiro em todo o mundo e tem nove metros de comprimento, com peso de seis toneladas.
Este aqui foi ele que descobriu
Em 2001, Jules identificou e descreveu uma nova espécie de tubarão endêmico do Brasil: o tubarão lagarto pintado, cientificamente batizado de Schroederichthys saurisqualus Soto. A descoberta também repercutiu bastante entre a comunidade científica mundial.
Alguns feitos do professor
“ Ele começou a coletar seres e coisas do mar quando ainda era garoto. E não parou mais, até hoje
acervo espalhado Tudo o que Jules juntou e coletou até hoje está dividido entre os quatro museus que ele já criou. É um acervo e tanto
Jules soto
Museu Oceanográfico Univali
Univali — Campus Piçarras
Previsão de abertura: agosto
de 2014
Avenida Sambaqui, 328,
Piçarras
Tel: (47) 3261-1287
www.univali.br
Museu Naval do Forte de
Santa Bárbara
Rua Antônio da Luz, 260,
Florianópolis
Tel: (48) 3721-8302
Ecomuseu Univali
Ilha de Porto Belo
Diariamente, das 9h às 18h,
de setembro a março
Entrada gratuita (mas cerca de
R$ 15 pela travessia)
Tel: (47) 3261-1287
Casa do Homem do Mar
Avenida Falcão, 2200,
Bombinhas
4a. a domingo, das 14h às 18h
Entrada: de R$ 4 a R$ 8
Tel: (47) 3363-5786
Os 4 museus que ele já fez
rial Brasileira. E em Itajaí, um novo acervo já está pron-tinho, para a criação de um museu portuário. “Embora adore tudo o que coleciono, não tenho muito apego às minhas coleções”, diz. “Tenho uma formação em cura-doria forte o bastante para saber que se eu ficasse com tudo só para mim, as coleções em si não fariam senti-do”, avalia. É que, além de coletar, Jules gosta de dividir tudo o que juntou. Daí tantos museus.
No seu maior e mais novo empreendimento, em Piçarras, haverá cerca de 60 mil peças. Entre elas, uma das maiores coleções priva-das de tubarões e raias do mundo, só ela com
mais de 10 mil exemplares, além de conchas suficientes para encher uma pequena praia — incluindo as duas mais raras do mundo, em meio a muitas aves, mamífe-ros, peixes e tartarugas marinhas.
E tudo isso coletado ao longo de apenas 44 anos de vida, bem pouco para um profissional da área. “O pessoal dos museus realmente se surpreende com a minha pouca idade para o setor”, diz Jules. “Mas o que eles não consi-deram é que, enquanto eles ainda brincavam com outras crianças, eu já colecionava coisas. E, por causa delas, qua-se fui expulso daquele apartamento”, completa, rindo.
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Marina Pier 340 I Rua dos Pescadores, 340 I Ilha das Flores I 51 3264.6800 I Plantão 51 8118.8008
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Marolas são, provavelmente, o maior incômodo que um barco pode causar a outro. E,
dependendo do tamanho dos barcos, podem ser bem mais perigosas do que o seu singelo nome (marola = ondi-nha pequena) sugere. Basta que a ‘ví-tima’ seja um barquinho menor que o seu, como, por exemplo, as canoas dos pescadores, que vira e mexe pas-sam sérios apuros na guerra contra as grandes lanchas de passeio.
Mesmo as menores marolas têm um poder bem maior do que a grande maioria das pessoas imagina. Para ter ideia disso, basta recorrer à ciência. Ao se chocar com outros barcos, qualquer ondinha de pouco mais de meio metro de altura (algo banal para uma lancha de médio porte navegando em veloci-dade de cruzeiro) joga uma carga equi-valente a quase duas toneladas de água! Além disso, marolas se propagam na su-perfície da água feito ondas de rádio e
demoram bastante para perder a inten-sidade. Minutos depois de um barco ter passado, todos os que estavam por perto ainda estarão sacudindo por causa dele.
Barcos, como se sabe, têm a capa-cidade de alterar radicalmente o meio por onde circulam, por conta justa-mente das marolas. Quem navega sabe disso. Mas, o que, talvez, nem to-dos saibam é que as marolas podem ser evitadas ou, ao menos, atenuadas. Bas-ta parar de acelerar bem antes do pon-to aonde se deseja chegar, por exem-plo. A regra do bom senso determina que, quanto maior o barco, mais cedo se deve diminuir a velocidade, até como forma de gerar menos marolas.
O ideal seriam dez metros de dis-tância para cada pé do tamanho do casco. Assim sendo, uma lancha de 30 pés deveria começar a reduzir a velocidade quando estivesse a cerca de 300 metros do ponto de ancora-gem, de forma que, quando chegas-
se lá, não fizesse ninguém sacolejar. Além disso, ao cruzar a marola de ou-tro barco, o certo é manter uma dis-tância de, no mínimo, três vezes o comprimento do barco que a gerou.
Também como regra geral, as em-barcações (lanchas ou jets) devem na-vegar a, no máximo, 5 nós de velocida-de nas áreas de marinas e canais, e a 3 nós na aproximação para fundeio, praias ou margens de rios. Mas, infelizmente, nem todos seguem isso à risca. Não é só uma questão de educação e respeito, mas sim de segurança. E a atenção com as marolas deve ser redobrada nos locais mais estreitos, onde a reverberação das ondulações é ainda maior.
Por tudo isso, o mais sensato é — sempre — tentar não gerar marolas, por mais bonitas que elas pareçam na água. Ou, já que isso é impossível no caso dos barcos, dosar bem a velocidade. Porque, quanto mais rápido você navegar, mais incômodo gerará aos demais.
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Você e seu barcoTotalmente de proa Se a marola de um barco bem
maior que o seu for lhe alcançar,
altere sua rota de forma a abordá-
la totalmente de proa. Mesmo que,
para isso, precise alterar o seu rumo
por alguns instantes. Mas, atenção:
o limite de segurança para qualquer
manobra desse tipo é de, no mínimo,
três vezes o comprimento de um
barco para o outro.
Fazendo zigue-zague Se você preferir chacoalhar
em vez de levar pancadas
no casco, a melhor maneira
de vencer as marolas alheias é
fazendo um zigue-zague nelas.
Para isso, aborde-as quase
paralelamente às ondulações,
tentando o menor ângulo possível.
Você ficará no sobe-e-desce, mas
sem maiores impactos no casco.
De carona na marola dos outros Se você estiver indo no mesmo sentido e em velocidade próxima
à do barco que acabou de passar pelo seu, prefira ficar exatamente atrás dele — mas não tão próximo, a fim de evitar acidentes (lembre-se sempre da regra de, no mínimo, três vezes o comprimento do casco). Enfie-se no vão entre as marolas e fique nele, onde chacoalha menos. E o barco da frente ainda “alisará” a superfície da água para você.
3 maneiras de driblar as marolas
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As ondinhas que os barcos fazem ao navegar podem ir bem além de apenas incomodar
O riScO daS MarOlaS
Sabia que é proibido?a legislação náutica brasileira prevê que cada um é responsável pela marola
criada pela sua embarcação e pode ser punido por causa dela. Portanto,
convém pensar duas vezes antes de navegar com velocidade quando estiver
próximo a outros barcos. Se alguém se sentir lesado, pode reclamar à autoridade
marítima, bastando para isso apresentar duas testemunhas. a Marinha, então, chamará os dois lados para uma
acareação e, caso não se chegue a um acordo, abrirá inquérito judicial. Marola, como se vê, é coisa séria.
68 Náutica Sul Náutica Sul 69
Sim, é um filme. Mas com um nível de realismo tão acentuado que mais pare-ce um documentário — o da triste saga de um velejador solitário às voltas com
o drama do naufrágio do seu barco. Só não se-ria um documentário porque o seu personagem não tem sequer nome. É apenas um velejador em apuros, no meio do oceano, tentando achar um jeito de sair vivo. E o que ele faz vale por um curso de situações difíceis no mar.
Todo mundo que tem um barco deveria as-sistir (ou ter assistido, já que o filme teve uma pas-sagem-relâmpago pelos cinemas brasileiros, mas deve ser lançado também em DVD) ao mais re-cente trabalho de Robert Redford, o sufocante Até o Fim, dirigido por J.C. Chandor — que, tal qual o próprio Redford, se não for um velejador tarim-bado, mostrou que tem tudo para ser. Do início da história (a colisão do barco com um container caído no mar, algo bem mais frequente do que se imagina) aos cuidados que o seu único ocupante adota após o acidente, tudo parece ter saído de um manual náutico de sobrevivência, não de um fil-me de Hollywood. Não há absurdos nem drama-tizações exageradas, embora duas quedas na água sem nenhuma consequência a não ser mergulhos involuntários talvez seja um pouco demais, é ver-dade — uma só vez seria mais aceitável, porque só quem já passou por isso sabe o que significa cair no mar e não ter ninguém para ajudar.
Fora isso, no entanto, é tudo tão verossímil que não há como discordar dos procedimentos adota-dos pelo infeliz personagem. Está tudo lá, na tela, como uma aula prática sobre o que fazer numa si-
veja e aprendaO mais recente filme de Robert Redford vale por um curso de sobrevivência em situações difíceis no mar
quando a ficção vira lição
Para quem navega ou tem um barco, o filme no qual Robert Redford interpreta um
velejador em apuros no meio do oceano é mais do que apenas diversão. É pura lição
tuação daquela — do inteligente meio usado para desprender o container do casco (só mesmo al-guém experiente pensaria naquilo...) ao engenho-so recurso para, depois do naufrágio, obter água po-tável. Pegar apenas o que realmente importa antes de abandonar o barco (algumas roupas quentes e água doce, por exemplo) e só fazê-lo em caso ex-tremo, são alguns dos ensinamentos que vão sendo passados, meticulosamente, pelo personagem. Ou-tro ensinamento é a própria racionalidade ao tra-çar os próximos passos, em meio a uma situação na qual qualquer um ficaria desesperado — primeiro fazer isso, depois aquilo, como que seguindo um script tão ensaiado quanto o de um filme.
Mas a maior de todas as lições de Até o Fim é mesmo a boa e velha receita de manter a calma, seja lá o que aconteça — algo sempre fácil de di-zer, mas muito difícil de manter quando a água co-meça a invadir o que não deveria. O personagem de Redford demonstra uma calma tibetana duran-te todo o seu calvário e isso, longe de ser pura fic-ção naquela situação, é realmente o que todos de-veriam fazer em qualquer circunstância no mar. Apavorar-se é sempre a melhor maneira de fazer tudo terminar mal, especialmente quando se está na água — esta é a regra máxima e a mensagem extra que o filme deixa ao terminar.
Por falar em final, embora o título original do filme (All is Lost, “Tudo Está Perdido”, em inglês) já entregue muito da história, muita gente o en-tenderá de outra forma. Qual? Só vendo para sa-ber. E, também, aprender.
Se não viu, veja. E, depois, responda: você não faria exatamente o que ele fez?
Você e seu barco
70 náutica Sul
Loja Angra dos ReisMarina Pirata’s - Lj. 148B
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Fotos meramente ilustrativas.Crédito sujeito a análise financeira.
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Você e seu barco
O anodo é um dos menores (e mais básicos) componentes de qualquer barco. Mas, sem ele, a corrosão das partes metálicas que ficam em contato com a água (motores, por exemplo) seria
capaz de arruinar qualquer embarcação em pouquíssimo tempo. Para evitar que isso aconteça, ele — o anodo — é corroído, poupando assim componentes bem mais caros e sofisticados. Esta é a função do anodo: corroer no lugar dos outros. Ou seja, ele existe para ser sacrificado, feito um boi de piranha náutico. Daí o seu nome oficial: anodo de sacrifício.
Basicamente, um anodo não passa de um bloquinho sólido de me-tal, que, quando grudado a qualquer parte metálica submersa do bar-co, cumpre o papel de ser destruído no lugar dele. Isso acontece graças a um fenômeno chamado eletrólise, ou a corrente elétrica gerada pela união de dois metais submersos (o do anodo com outro qualquer, do barco), que irá corroer aquele de maior eletronegatividade — no caso, o anodo. Mas, para que isso aconteça, existem outras particularidades que devem ser respeitadas, como mostramos nos dez tópicos abaixo.
E se você nem sabe
o que é um anodo,
prepare o bolso...
O melhor material para o anodo é o zinco ou liga de zinco com magnésio e alumínio, para uso no mar. Já nos barcos que ficam em água doce a melhor matéria-prima é a liga de magnésio.
O anodo não deve ser pintado em hipótese alguma, porque isso tira completamente a sua capacidade de ser corroído.
Também pelo mesmo motivo, o anodo não deve ser aplicado em partes pintadas. É preciso assegurar o contato dele diretamente com um metal.
Os melhores locais para a instalação do anodo são os de pouca resistência à água, como dentro do escapamento do motor ou na base dos motores de popa.
Qualquer anodo deve ser substituído por outro quando a corrosão atingir 50% do seu tamanho. Porque, a partir daí, ele corroerá ainda mais rapidamente.
Não dá para calcular exatamente a vida útil de um anodo, porque isso depende
do tempo que ele permanecer na água — ou seja, quanto mais tempo submerso, mais rápido será o seu processo de corrosão. Por isso, ele deve ser verificado a cada seis meses e trocado, em média, a cada um ano completo.
Todas as vezes que o seu barco estiver fora d’água, aproveite para ver o estado do anodo e passar uma escova ou palha de aço nele, a fim de eliminar a camada superficial já deteriorada.
Em todas as revisões do motor, não esqueça de exigir que seja trocado o anodo. Ou, no mínimo, que ele seja limpo.
O ideal é que o anodo seja aparafusado ou soldado em alguma parte metálica da propulsão, ou seja, eixo, leme, rabeta, flap ou hélice.
Usar mais anodos do que o indicado pode surtir efeito contrário. Muitos metais farão com que a massa dos anodos fique “mais dura” e isso atrapalhará a sua corrosão. Que, afinal, é o objetivo desta curiosa (mas fundamental) pecinha de metal.
E se você nem sabe
o que é um anodo
prepare o bolso...
Anodos
10coisas que você precisa saber sobre
Entusiasmada com o sucesso das recentes escalas de regatas
internacionais na cidade, Itajaí resolveu ir ainda mais fundo nas
competições de veleiros e está criando a sua própria Semana de Vela —
cuja primeira edição acontecerá agora, entre os dias 6 e 8 de junho. O
principal objetivo é receber muito bem os velejadores de outras regiões,
que, por isso, terão uma série de benefícios, como isenção de taxa de
inscrição (que podem ser feitas pelo email [email protected].
br), desconto de 50% nas diárias de hotel e até ajuda de custo para o
combustível do barco. Além disso, haverá sorteios de equipamentos e
prêmios em dinheiro para os vencedores das classes oceânicas, como a
ORC, RGS, C30 e Bico de Proa. Entre os monotipos, praticamente todas
as classes estão convidadas, dos optimist aos hobie cats. “Nosso foco
será nos velejadores, para que eles gostem do evento e retornem nos
próximos anos”, diz Claudio Copello, diretor da Associação Náutica de
Itajaí, a ANI, que está organizando a primeira Semana de Vela da cidade.
itajaí terá semana de vela
Até aqui, a melhor maneira de movimentar as carretas de
barcos nas marinas era por meio de tratores. Mas, agora,
já há uma opção mais barata e mais compacta: este simples
carrinho, o Bolt, produzido em Santa Catarina, pela Náutica Mané
Ferrari (tel. 48/3348-7084). Ele tem dois modelos, o HT 500,
para barcos de até 1 000 quilos, e o MT 5000, que puxa até três
toneladas, ambos movidos por motores elétricos, portanto, sem
fumaça nem barulho, para alívio dos frequentadores de marinas.
Não chegam a ser baratos (o menor modelo custa R$ 8 800 e o
maior, R$ 15 300), mas é bem menos do que qualquer trator —
além de não ocupar espaço e manobrar com mais facilidade.
A primeira
concessionária
gaúcha da Sea Doo
abriu recentemente
as portas, em Porto
Alegre. É a Marrsul (o
duplo “r” tem a ver
com a sigla “RS” do
estado), do gaúcho
Jorge Rien, que
investiu numa loja
e oficina altamente
capacitada. Tanto que contratou um dos mais experientes
mecânicos de jets do estado, Nestor Obach. Para os gaúchos fãs
dos jets é uma ótima novidade. E para os que moram em outras
cidades do estado, um alívio, porque, agora, não precisarão mais
viajar até Santa Catarina para achar um concessionário autorizado.
TRATOR PRA QUê? tem sea doo no rio Grande do sul
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72 náutica sul náutica sul 73
Farol Notícias náuticas do Sul do Brasil
Depois do sucesso das paradas das regatas internacionais, a cidade quer criar o seu próprio evento
Um rebocador portátil,
construído em Santa Catarina Finalmente uma concessionária em Porto Alegre
PARANÁ EstalEiros
• BassboatTel. 41/3029-0512www.bassboat.com.br Lanchas para pescaCuritiba
• EngetecTel. 41/3383-0182www.engetecbrasil.com.br Botes de alumínio, infláveis e lanchasSão JoSé doS PinhaiS
• Vom Wasser Tel. 41/3344-5806www.evw.com.brLanchas Curitiba
• Way BrasilTel. 41/3278-7433www.waybrasil.comLanchas Triton e QuestCuritiba
• Wind NáuticaTel. 41/3383-1865www.windnautica.com.br Veleiros Curitiba
MoTores e eQuipaMenTos
• BritaniteTel. 41/[email protected] de salvatagem Quatro barraS
• Fort CarTel. 41/3673-2386www.fortcarreboques.com.brFábrica de carretas Curitiba
• Mar SulTel. 41/3443-6024 www.marsulservicos.com.brMotores ManGuaratuba
• NautimaxTel. 41/3333-0410www.nautimax.com.brMotores Volvo penta Curitiba
• Piqui Naval Tel. 41/[email protected]órios de aço inox Guaratuba
• RetiparTel. 41/3016-0206www.retipar.com.brretífica, peças e acessóriosCuritiba
• SeparTel. 41/3324-7205www.separ.com.br Carregadores de bateria, divisores e conversoresCuritiba
• Volvo Penta Brasilwww.volvopenta.com.brFabricante de motoresCuritiba
Lojas e serViços
• Bankoc/Almir Capotas
Tel. 41/3282-4804www.bankoc.com.brCapotas e revestimentosSão JoSé doS PinhaiS
• BerneckTel. 41/2109-1513www.berneck.com.brpainéis de madeira teca arauCária
• Centro NáuticoTel. 41/3366-7677www.centronautico.netBarcos, motores e equipamentosCuritiba
• Ciclonáutica44/3425-1267www.ciclonautica.com.brLanchas Ventura e rionáutica, jets e motores YamahaLoanda
• Despachante Marítimo JBTel. 41/3333-6660Legalizações, registros e cursos náuticosCuritiba
• DiprofiberTel. 41/3373-0057www.diprofiber.com.brMaterial para laminaçãoCuritiba
• First YachtTel. 41/3333-0410www.firstyacht.com.brLanchas azimut e atlantis Curitiba
• Horst TransporteTel. 41/3275-7228
Transporte de barcos Curitiba
• InteryachtsTel. 41/4102-7362www.interyachts.com.br Lanchas intermarine Curitiba
• Kapazi Tapetes Tel. 41/3232-8282www.kapazi.com.brTapetes náuticos Curitiba
• Kapot CapotariaTel. 41/3333-7122www.kapot.com.brFábrica de capotasCuritiba
• Lakshmi Tel. 41/3392-6002www.moveislakshmi.com.brMarcenaria com teca CamPo LarGo
• Loba do Mar Tel. 41/3027-7788www.lobadomar.com.breletrônicos, despachante, cursos Curitiba
• Londrináutica Tel. 43/3328-5858www.londrinautica.com.brLanchas, jets e motoresLondrina
• Marine Service Tel. 41/3665-9393oficina, motores, elétrica Curitiba
• MM Náutica Tel. 41/3333-9011www.mmnautica.com.brLanchas, motores, equipamentos Curitiba
• Náutica Gold Fish Tel. 43/3347-1509www.nauticagoldfish.com.brLanchas Ventura, Mestra, Metal Glass; motores evinrude; jets sea DooLondrina
• Náutica ParanáTel. 43/3336-1900www.nauticaparana.com.brLanchas Fs, jets e motores MercuryLondrina
• Náutica Wilke Tel. 41/3442-2519www.nauticawilke.com.br
Manutenção e fabricação de peças. representante Fischer pandaGuaratuba
• Nautipar Tel. 41/3016-0020www.nautipar.com.brrepresentante FerrettiCuritiba
• Paraná Boats Broker Tel. 41/7819-1854www.paranaboats.com.brLanchas singularCuritiba
• Per MareTel. 41/3030-3313www.permare.com.brrepresentante sessa Marine
• Piçarras Tel. 41/3472-1438posto e equipamentos Guaratuba
• PromarTel. 41/3254-1502www.promar.com.brFábrica de tintas Curitiba
• RionáuticaTel. 44/3262-6365www.rionautica.comLanchas, jets e motores evinrudemarinGá
• Sailing Shop NáuticoTel. 41/3079-3040www.shopnautico.com.br Veleiros e acessórios Curitiba
• Schneider NavalTel. 41/3283-5893www.schneidernaval.com.br peças de inox e madeiraCuritiba
• SeparTel. 41/3324-7205www.separ.com.br Lanchas singularCuritiba
• SP MarineTel. 41/3233-3636www.spmarine.com.brLanchas intermarineCuritiba
• Sport Náutica FozTel. 45/3573-3151www.sportnauticafoz.com.brLanchas Ventura, jets e motores Mercury
Foz do iGuaçu
• Vip BoatTel. 41/9841-3838www.vipboat.com.brLanchas nacionais e importadas Curitiba
• YamanáuticaTel. 41/3333-3738www.yamanautica.com.brLanchas, motores suzuki e Yamaha e jets YamahaCuritiba
SAN TACA TA RI NA
esTaLeiros
• Armada YachtsTel. 48/3242-9600www.armada.com.brLanchas PaLhoça
• Azimut YachtsTel. 47/3249-7700www.azimutyachts.com.brLanchasitaJaí
• BB BarcosTel. 48/3255-3590www.bbbarcos.com Veleiros e catamarãs imbituba
• Blujoi CatamarãsTel. 47/4009-0341www.blujoi.com.brTrawlers e catamarãs JoinviLLe
• Brasboats Tel. 48/3242-4927www.brasboats.com.brLanchasPaLhoça
• Brunswick Boat Group
Tel. 47/3025-4984www.bayliner.com.brLanchas Bayliner e sea rayJoinviLLe
• Catarina Yachts Tel. 47/3404-6801www.catarinayachts.comLanchas e veleiros naveGanteS
• Century Yachts Tel. 48/9119-1991www.centuryachts.com.br
Lanchas itaJaí
• Dream Boats www.dreamboats.com.br Canoas de madeira JaraGuá do SuL
• FibrafortTel. 47/3249-9958www.fibrafort.com.brLanchas Focker itaJaí
• FS YachtsTel. 48/3243-1990www.fsyachts.com.br Lanchas biGuaçu
• Gamper NáuticaTel. 47/3442-2456www.gampernautica.com.br infláveis São FranCiSCo do SuL
• Império YachtsTel. 47/3045-3080 www.imperioyachts.com.brLanchas DM itaJaí
• Intech Boating
Tel. 48/3259-0484www.intechboating.comLanchas São JoSé
• KalmarTel. 47/3348-2916www.kalmar.com.brLanchas e veleiros itaJaí
• Krause Boats Tel. 48/4107-0260www.estaleirokrause.com.brLanchas PaLhoça
• LancerTel. 48/32429840www.lanceryachts.com.brLanchas PaLhoça
• Mastro d’AsciaTel. 48/3238-2314www.mastrodascia.com.br Lanchas nomad FLorianóPoLiS
• Ocean LifeTel. 48/3342-0204www.evolveboats.com.brLanchas evolve biGuaçu
• Psari Boats Tel. 47/3365-0906
www.psari.com.brLanchas Camboriú
• Sail Master Tel. 48/3343-8930www.sail-master.com.brinfláveis São JoSé
• Schaefer YachtsTel. 48/2106-0001www.schaeferyachts.com.brLanchas phantom PaLhoça
• Sea CrestTel. 48/3278-1252www.seacrest.com.brLanchas São JoSé
• Sessa Marine Brasil
www.sessamarine.comTel. 48/3278-1169Lanchas São JoSé
• Singular Boats Tel. 48/3341-3343www.singularboats.comLanchas PaLhoça
• Top Line Yachts Tel. 48/4109 -0414www.toplineyachts.com.br. Lanchas biGuaçu
• Zeta YachtsTel. 48/9982-2118www.zetaestaleiro.com.brLanchas PaLhoça
MoTores eeQuipaMenTos
• Boa Vista ReboquesTel. 47/3433-4815www.boavistareboques.com.brFábrica de reboques itaJaí
• De Vento em PopaTel. 47/9977-0676Mecânica de motores Camboriú
• ElberTel. 47/3542-3000www.elber.ind.brGeladeiras e freezers aGronômiCa
• Formula Import Tel. 47/3473-0088
www.formulaimport. com.br Geradores, gaiutas, vigias, condicionadores de ar e equipamentos hidráulicos JoinviLLe
• Hoffmann Tel. 47/3348-1069www.heliceshoffmann.com.br Fábrica de hélices itaJaí
• Motor MarineTel. 47/3264-1439 assistência técnica de motores baLneário Camboriú
• Nautcar CarretasTel. 48/3257-6243 www.nautcar.com Fabricante de carretas FLorianóPoLiS
• Optolamp – HE Tel. 47/3369-4184www.optolamp.comiluminação e sinalização para barcos Porto beLo
• Pirâmide ReboquesTel. 47/3473-1078www.piramidereboques.com.brFábrica de reboquesJoinviLLe
• Real Marítima Tel. 48/3348-7885autorizada Volvo FLorianóPoLiS
• XexeumarTel. 48/3243-2726www.xexeumar.com.br Fábrica de peças de inoxbiGuaçu
Lojas e serViços
• American BoatTel. 47/3427-2143www.americanboat.com.br Lanchas importadas Chris Craft JoinviLLe
• AcrilatecTel. 48/3257-1038www.acrilatec.com.br peças em acrílico São JoSé
• AJX Tel. 48/3222-7752
www.ajxtec.com.brTorres de abastecimento e equipamentos de fibra para marinas FLorianóPoLiS
• Alenáutica Tel. 48/3244-4466www.alenautica.com.brLanchas Ventura, oficina e loja náutica FLorianóPoLiS
• Armazém NavalTel. 48/3225-9370www.armazemnaval.com.brLoja Yanmar e Holt nautos; oficina FLorianóPoLiS
• Beneteau Tel. 48/3066-2222Lanchas e veleiros biGuaçu
• Boat Sul Tel. 47/3367-6813www.boatsul.com.brLanchas importadas sunseeker e Cobalt biGuaçu
• Brasil Adventure (by Dente)Tel. 47/3366-3114www.bydente.com.brVenda e reparo de jetsCamboriú
• Brisa YachtsTel. 48/9133-7418www.brisayachts.com.brLanchas singularFLorianóPoLiS
• CalamarTel. 48/3244-3863www.calamarsc.com.brpeças e serviços náuticosFLorianóPoLiS
• Cleo MullerTel. 47/3043-0497Lanchas sea GoldJoinviLLe
• Cia. da PraiaTel. 48/3269-5988www.companhiadapraia.com.brBarcos e equipamentosFLorianóPoLiS
• Coltri SubTel. 48/3348-2114www.coltrisub.itCompressores para recarga de ar FLorianóPoLiS
• Estofatec Tel. 48/7812-6727
revestimentos náuticosSão JoSé
• First YachtTel. 48/3027-1038 www.firstyacht.com.brFLorianóPoLiS ebaLneário Camboriú
• Floripa NáuticaTel. 48/3243-2232 www.floripanautica.com.brLanchas e motores biGuaçu
• GuaíbaTel. 48/3304-7223 www.guaibanautica. com.brBarcos e equipamentosFLorianóPoLiS
• Gurupés NáuticaTel. 47/3366-1410www.gurupes.com.brVeleiros Bramador e catracas sea Winch baLneário Camboriú
• Inter Coatings Tel. 48/3349-9090www.intercoatings.com.brTintas marítimasitaJaí
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• Jet Hause Tel. 48/[email protected] e manutenção de jetsFLorianóPoLiS
• Katavento Capas Náuticas Tel. 48/3225-7600www.kataventocapas nauticas.com.brCapas e reparos de velasFLorianóPoLiS
• Jet Point Tel. 47/3361-0294www.jetpoint.com.br Venda e manutenção de jetsCamboriú
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Onde encontrar
74 Náutica Sul Náutica Sul 75
• Mar & CiaTel. 47/3423-3351Loja, oficina e despachante JoinviLLe e São FranCiSCo do SuL
• Mar&Mar NáuticaTel. 48/3365-9570www.maremarnautica.com.brVenda de barcos novos e usados; aluguel FLorianóPoLiS
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• Moto JeansTel. 49/3319-2480 www.motojeans.com.brLanchas Ventura, jets sea Doo e motores envirude ChaPeCó
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Lanchas importadas baLneário Camboriú
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• Pino www.pino.com.brroupas, botas e acessórios de neoprene Porto beLo
• Paulo Marques Tel. 48/9911-9488www.pmoyd.wordpress.comprojetos de barcosFLorianóPoLiS
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• Pro NáuticaTel. 48/3232-1963www.pronautica.com.brVenda e manutenção de jets; venda de lanchas; roupas e equipamentos para jet e wakeboard; flyboard FLorianóPoLiS
• RC NáuticaTel. 48/3240-4731acessórios para lanchasFLorianóPoLiS
• Real Class SulTel. 47/3028-1230www.powerboats.com.brLanchas real ClassJoinviLLe
• Rinaldi Yacht DesignTel. 47/3348-1354www.rinaldi-yd.comprojetos de barcosbaLneário Camboriú
• Sailing InternationalTel. 47/3366-2753www.melim.com.brLoja náutica Camboriú
• Rio Marine ServiceTel. 48/3236-2107www.coppercoat.com.brDistribuidor de resina anti-incrustante FLorianóPoLiS
• Sanautica JoinvilleTel. 47/3028-0888www.sanautica.com.brVenda e assistência Brp e Mercury; lanchas JoinviLLe
• SC YachtsTel. 48/3222-0052www.scyachts.com.brLanchas sessaFLorianóPoLiS
• Sea Doo-Mega Jet Tel. 48/3246-4546Venda e oficina de jets São JoSé
• Só NáuticaTel. 47/3361-9393www.sonautica.com.brVenda e oficina Camboriú
• SP MarineTel. 47/3361-6139www.spmarine.com.brLanchas intermarine baLneário Camboriú
• SquadramarineTel. 48/3365-9613www.squadramarine.com.brLanchas, veleiros, manutenção e administração de obras FLorianóPoLiS
• Sul YachtsTel. 48/3012-1444www.sulyachts.com.brLanchas multi-marcasFLorianóPoLiS
• Trans AcácioTel. 48/3342-0653www.transacacio.com.brTransporte de barcosFLorianóPoLiS
• Transportadora Dois IrmãosTel. 48/3245-5566www.g2irmãos.com.brTransporte de barcos, máquinas e motoresSanto amaro da imPeratriz
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• Velas OceanoTel. 48/3223-6051Velas e capasFLorianóPoLiS
• Via NáuticaTel. 48/3205-1212www.vianauticasc.com.brLanchas Fs e Brasboats e motores Mercury São JoSé
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RIO GRANDE DO SUL
esTaLeiros
• AllfibrasTel. 51/[email protected] Lanchas Millenium tramandaí
• Cia. Câmara Tel. 51/3035-5080www.ciacamara.com.br Veleiros e trawlers Porto aLeGre
• Delta Yachts Tel. 51/3431-3007www.deltayachts.com.br VeleirosPorto aLeGre
• Estaleiro CimitarraTel. 51/3388-4444www.cimitarra.com.brLanchas Porto aLeGre
• HF Marine – SolaraTel. 51/3718-1838www.hfmarine.com.brLanchas Porto aLeGre
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Santa Cruz do SuL • Nautiflex
Tel. 51/3697-1544www.nautiflex.com.brBotes e balsas salva-vidasbroChier
• Ocean BoatsTel. 51/3627-4399www.seagoldlanchas.com.brLanchas sea Gold imbé
• Quality MarineTel. 51/3482-1697 www.qualitymarine.com.brVeleiros e lanchas barra do ribeiro
• SkipperTel. 51/3311-8476www.skipper.com.br Veleiros Porto aLeGre
• Sunset BoatsTel. 51/3427-3566www.sunsetboats.com.br Lanchas intruder CanoaS
• Vilas Boas NáuticaTel. 53/3228-1383www.vilasboasnautica.com.br Barcos de aço PeLotaS
MoTores e eQuipaMenTos
• Farol NáuticaTel. 51/3242-1085www.farolnautica.com.br Fábrica de mastros Porto aLeGre
• Manotaço Tel. 51/3268-4611www.manotaco.com.brFábrica de mastros Porto aLeGre
• MarnáuticaTel. 51/[email protected] Volvo penta CanoaS
• Nautiway MotoryamaTel. 51/[email protected] Mercury e YamahaPorto aLeGre
• Nautos Tel. 54/3026-1600 www.nautos.com.brequipamentos para veleiros CaxiaS do SuL
• Port MarinneTel. 51/3337-4788www.portmarinne.com.br Lanchas e equipamentosPorto aLeGre
Lojas e serViços
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• Bica Jet Tel. 51/3375-0033www.bicajet.com.brjets e motores Porto aLeGre
• Central NáuticaTel. 51/3268-4695www.centralnautica.orgBroker e charters Porto aLeGre
• EmesulTel. 51/3347-4747artigos de fibra de vidro
Porto aLeGre
• Equinautic Tel. 51/3268-6675www.equinautic.com.brVeleiros Laser e pico e equipamentos Porto aLeGre
• Kali NáuticaTel. 51/3037-4872www.kalinautica.com.brLanchas, motores e serviços São LeoPoLdo
• Marina das Flores
Tel. 51/3203-2002www.marinadasflores.com.brLanchas solara Porto aLeGre
• Marítima
Tel. 51/3061-4261www.maritima.eng.brLanchas, veleiros, e vistoria Porto aLeGre
• Moto Sportwww.motosportyamaha.com.brjets e motores YamahaereChim, PaSSo Fundo, Sâo LuíS GonzaGa, São borJa, Carazinho, trêS PaSSoS, FrederiCo WeStPhaLen e PaLmeira daS miSSõeS
• Multináuticatel. 54/3229-0405
www.multinautica.com.br peças para estaleiros CaxiaS do SuL
• Nautiescola Tel. 51/3203-2177www.nautiescola.comHabilitação náutica Porto aLeGre
• Nautipar Tel. 51/3337-4788www.nautipar.com.brLanchas Ferretti Porto aLeGre
• Nautisul tel. 51/3264-4000www.nautisul.com.brLanchas e equipamentosPorto aLeGre
• Nautiway MotoryamaTel. 51/[email protected], jets e equipamentosPorto aLeGre
• Olimpic Sails
tel. 51/32666-0523www.olisails.com.brVelas de competição e lazerPorto aLeGre
• Piccolo SailsTel. 51/3266-7196www.piccolosails.com.brVelas, lonas e capasPorto aLeGre
• Port MarinneTel. 51/3337-4788www.portmarinne.com.br Lanchas, motores e jetsPorto aLeGre
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• RefrináuticaTel. 51/4101-2233www.refrinautica.com.brrefrigeração embarcada
Porto aLeGre
• SanáuticaTel. 55/3412-3907www.sanautica.com.br
Lanchas e motoresuruGuaiana
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• Vascopopa55/3312-4398www.vascopopa.com.brLanchas Ventura, jets e motores YamahaSanto anGeLo
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NÁUTICA SUL é uma publicação da G.R. um Editora ltda. – ISSn 1413-1412. maio de 2014. Jornalista responsável: Denise Godoy (mTb 14037). Os
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76 Náutica Sul
PARANÁ AN TO NI NA
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CAIOBÁ
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GUARATUBA
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• IateClubedeGuaratubaTel. 41/3442-1535/3222-6813 www.iateguaratuba.com.br
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PARANAGUÁ
• IateClubedeParanaguáTel. 41/3422-5622
www.icpgua.com.br
www.icpgua.com.br
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• MarlimAzulMarinaClubeTel. 41/3422-7238
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PONTAL DO SUL
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• Cond.NáuticoIlhasdoSulTel. 41/3455-1380
• IateClubePontaldoSulTel. 41/3455-1145/3264-1153
• MarinaAragãoTel. 41/3455-1392
• MarinaCentralNáuticaTel. 41/3455-1528
• MarinaLagamarTel. 41/3455-2187 marinalagamar.com.br
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• MarinaSeteMaresTel. 41/3455-2177
• MarinaValedoSolTel. 41/3455-2282 [email protected]
• PontadoPoçoTel. 41/3455-1450
• PortoMarinaMaresdoSulTel. 41/3455-1447 www.marinamaresdosul.com.br
SAN TA CA TA RI NA
BIGUAçU
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• MarinaTerraFirmeTel. 48/3285-1524 www.marinaterrafirme.com.br
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BOMBINHAS
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CAMBORIÚ
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• MarinaVipTel. 47/3361-9393marina@sonautica.com.br
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FLORIANÓPOLIS
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• MarinaBarradaLagoaTel. 48/3232-4657
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• MarinadaConceiçãoTel. 48/3232-1297
• MarinadaCroaTel. 48/3266-1980 www.marinadacroa.com.br
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• MarinaFortalezaTel. 48/3232-3296
• MarinaGuaráTel. 48/3232-9614
• MarinaItaguaçuTel. 48/3348-7084
• MarinadaLagoa/ProNáuticaTel. 48/[email protected]
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• MarinaPontadaAreia(Fedoca)Tel. 48/3232-0759www.cheffedoca.com
• MarinaPontaNorte Tel. 48/3284-1558
• MarinaRecantodaLagoaTel. 48/3232-2260
• MarinaRibeirãodaIlhaTel. 48/9925-9188
• MarinaSantoAntônioTel. 48/3233-0009www.marinasantoantonio.com.br
• MarinaSeaEscapeTel. 48/3248-3596www.seaescape.com.br
• MarinaVerdeMarTel. 48/3232-7323www.marinaverdemar.com.br
GOv. CeLSO RAMOS
• MarinaSãoSebastiãoTel. 48/3262-7414www.marinasaosebastiao.com.br
ITAjAí
• ANITel. 47/9146-2020
www.culturanautica.org.br
ITAPeMA
• MarinadoGalegoTel. 47/3368-3474
jOINvILLe
• CNPortodoSolTel. 47/3427-2143www.centronauticoportodosol.com.br
• IateClubeBoaVistaTel. 47/3433-4429
• JoinvilleIateClubeTel. 47/3434-1744www.joinvilleiateclube.com.br
• MarinadasGarças Tel. 47/3467-3801 www.marinadasgarcas.com.br
• NassMarinerTel. 47/3427-4915
• SociedadeRecreativaMarbiTel. 47/3437-4124
LAGUNA
• I.C.LagunaTel. 48/3644-0551
PIçARRAS
• MarinaParkTel. 47/3345-0338www.marinaparksc.com.br
POR TO Be LO
• CNPortoBeloTel. 47/[email protected]
• ICdePortoBeloTel. 47/3369-4333
• MarinaAtlântidaTel. 47/3369-5665
• MarinaCostaMansaTel. 47/3369-4760marinacostaman[email protected]
• MarinaPortoBeloTel. 47/3369-4570
• MarinaPortodoRioTel. 47/3369-4000www.marinaportodorio.com.br
SÃO FRANCISCO DO SUL
• CapriIateClubeTel. 47/3444-7247www.capriiateclube.com.br
• ClubeNáuticoCruzeirodoSulTel. 47/3444-2493
• IperobaHangaragemNáuticaTel. 47/9922-0070
• MarinaNautilusTel. 47/3444-7172www.marinanautilus.com.br
Marinas e Iates Clubes
78 Náutica Sul Náutica Sul 79
RIO GRANDe DO SUL
OSÓRIO
• FazendaPontalTel. 51/9971-1793www.fazendapontal.com.br
• LagoadaPinguelaIateClubeTel. 51/3628-8080www.pinguelaiateclube.com.br
PeLOTAS
• VeleirosSaldanhadaGamaTel. 53/3225-5399www.veleirossaldanhadagama.com.br
PORTO ALeGRe
• ClubedosJangadeirosTel. 51/3268-0080www.jangadeiros.com.br
• IateClubeGuaíbaTel. 51/3268-0397www.iateclubeguaiba.com.br
• MarinaSulTel. 51/3203-1944www.marinasul.com.br
• MarinadaCongaTel. 51/9899-2894www.marinadaconga.com.br
• MarinadasFloresTel. 51/3203-2002www.marinadasflores.com.br
• MarinaDatelliTel. 51/3018-1001
• MarinadoLessaTel. 51/9967-3036
• MarinaIlhaBelaTel. 51/3211-7551
• MarinaPorto30Tel. 51/3022-3217
• MarinaVitóriaRégiaTel. 51/3211-7938
• NautiescolaTel. 51/3203-2177www.nautiescola.com
• Píer340Tel. 51/3264-6800www.pier340.com.br
• PortoAlegreBoatClubTel. 51/9956-1033www.portoalegreboatclub.com.br
• SavaClubeTel. 51/3269-1984www.savaclube.com.br
• VeleirosdoSulTel. 51/3265-1733www.vds.com.br
TAPeS
• ClubeNáuticoTapenseTel. 51/3672-1209www.nauticotapense.com.br
RIO GRAN De
• RioGrandeYachtClubTel. 53/3232-7196www.rgyc.com.br
SÃO LOUReNçO
• IateClubeSãoLourençodoSulTel. 53/3251-3606www.icsls.com.br
vIAMÃO
• ClubeNáuticoItapuãTel. 51/3494-1355www.clubenauticoitapua.com.br
Marinas
1 Uma instalação como o telhado • 2 O estado nordestino entre o Ceará e a Paraíba • 3 Bússola usada para orientar planos em levantamentos hidrográficos •
4 Convés na parte superior da superestrutura de um navio, logo abaixo do tijupá, disposto transversalmente, de onde o comandante dirige a manobra e onde
permanece o oficial de serviço em viagem • 6 A capital do estado brasileiro localizado na fronteira com a venezuela e a Guiana • 7 Ilha do litoral sul de São Paulo,
junto ao Parque estadual da ilha do Cardoso • 9 Direção, na esfera celeste, a meio entre as direções norte e oeste • 14 Denominação dada ao ciclone que ocorre
no extremo Oriente, com ventos que excedem 65 nós • 15 Tira de madeira comprida e estreita • 16 Pequeno convés por cima do teto da cabine das lanchas,
com comandos que permitem timonear o barco • 18 Termo usado para designar o primeiro barco a cruzar a linha de chegada em uma regata • 19Linda flor
que fornece um óleo comestível usado em culinária • 22 Parte curva do costado de um navio, de um e outro bordo, junto à popa • 23 A série de degraus que
permite o deslocamento para lugares altos e ou baixos • 24 Terreno que ladeia um rio • 25 Pele de certos animais, curtida e usada como matéria-prima na
confecção de calçados, móveis etc. • 26 Palavra do alfabeto fonético que representa a letra L • 28 Narrativa heroica ou lendária e rica de incidentes e perigos.
1 Abertura envidraçada no telhado, no teto ou na parte alta de uma parede, para permitir maior luminosidade e ventilação a um ambiente
• 4 Construção perpendicular ao cais, para atracação de embarcações de um ou de ambos os lados • 5 A capital colombiana • 8 verga com boca de lobo
ou cachimbo, usada nos mastros que envergam velas latinas • 10 A letra I do Alfabeto Fonético Internacional • 11 Lugar onde as ondas se quebram, na praia,
fazendo espuma • 12 O oitavo mês do calendário gregoriano • 13 Passar para dentro • 17 Um combustível originário do petróleo • 18 O produto da corrosão
do ferro em presença do oxigênio atmosférico e em meio úmido • 20 Um acessório destinado a equilibrar o casco e melhorar o desempenho do barco •
21 Medida inglesa de comprimento, equivalente a 0,914 m • 23 equipamento usado para medir a profundidade do mar • 26 O traço que une os pontos que
têm a preamar à mesma hora • 27 Os óvulos fecundados de um peixe, muito apreciados na culinária • 29 vento típico das regiões marinhas, suave, fresco,
agradável • 30 O ritmo musical de Bob Marley e jimmy Cliff • 31 Pequena canoa de fibra, plástico etc., usada para recreação e competições esportivas • 32
Depósito de matérias orgânicas, que fica no fundo das águas do mar, de rios etc., misturadas à terra • 33 O que está à direita ou à esquerda de um todo.
Você eNteNde de mar?
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cruz
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e p
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HORIZONTAIS
VERTICAIS
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zar
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cruzadas náuticas
Nome deste convés
Náutica Sul 81
“O chef dO mar”
O catarinense (mas nascido no Rio de Janeiro, de onde saiu ainda criança) Bernardo Simões é o que se pode chamar de o chef de cozinha da
hora. É o responsável pelas delícias gastronômicas que brotam das cozinhas dos badalados Gukapub, em Bal-neário Camboriú, e Guka Beach, na vizinha Praia Bra-va, produtor do Projeto Expedições, que traz renoma-dos chefs estrangeiros para conhecer as matérias-primas culinárias de Santa Catarina, e coordenador nacional do movimento Slow Food, que prega que as pessoas de-
vem saborear os alimentos em todos os sentidos e não apenas como um meio de matar a fome. Mas, acima de tudo isso, Bernardo é um fã de carteirinha das viei-ras, moluscos que se desenvolvem dentro de conchas e que têm nas águas de Santa Catarina (em especial num ponto específico do lado de fora da ilha de Porto Belo, para onde ele vai quase todos os dias em busca dos me-lhores espécimens) um dos seus habitats mais propícios — e que, por isso mesmo, gera pratos ainda mais sabo-rosos, como ele conta neste rápido bate-papo.
O chef catarinense Bernardo Simões diz por que comer devagar faz bem e melhor
ainda se forem as vieiras de Porto Belo, que ele considera as melhores do país
1 2 3Porque, depois de terem sido pratica-
mente dizimadas pela pesca predatória com
redes de arrasto, só as melhores espécies fo-
ram reintroduzidas num trecho do litoral da-
quela cidade. Ali, as conchas chegam a ter
um palmo de diâmetro e geram vieiras graú-
das e tenras. Vou lá quase todos os dias, bus-
car as vieiras que um produtor local cria para
mim, dentro de princípios 100% naturais, e,
em seguida, as sirvo nos dois restaurantes. O
único problema é que as boas vieiras devem
ser comidas vivas, enquanto ainda estão pul-
sando, como as ostras, e elas não vivem mais
do que cinco horas fora d’água. Então, é pre-
ciso correr e sair do mar direto para a mesa,
a fim de garantir o sabor diferenciado que só
encontrei nas vieiras de Porto Belo. Nunca
comi um fruto do mar tão saboroso.
Sempre sugiro o mais simples de to-
dos: a vieira in natura, ou seja, viva e não co-
zida, mas com um pouco de mel de abe-
lhas nativas indígenas por cima, o que é
outra deliciosa iguaria de Santa Catarina. Te-
nho dois apicultores que extraem esse mel
para mim, a partir dos cada vez mais ra-
ros exemplares das abelhas primitivas de
Santa Catarina que restaram — e é um mel
com um sabor também muito especial. Já
as vieiras que sirvo são colhidas quando as
conchas estão com entre oito e nove cen-
tímetros, porque isso gera um molusco do
tamanho de uma moeda de R$ 1, mas com
três ou quatro centímetros de altura, que
é uma verdadeira iguaria. Um filé-mignon
dos mares. Para mim, melhor do que qual-
quer lagosta.
Não (rindo), porque neste movimen-
to o termo “slow” (devagar, em inglês) não
tem o sentido estrito de “tempo” mas sim
de “envolvimento” — propõe que a pessoa
“envolva” todos os sentidos no prazer de
saborear um alimento, o que pode, como
consequência, fazer com que as refeições
se tornem mais lentas. Mas isso é altamen-
te saudável, até porque comer acompanha-
do tem um sentido de integração social. É
quando se une o prazer da comida com o
da companhia. O termo é uma contraparti-
da ao “fast food”, porque todo mundo deve-
ria dedicar mais tempo ao hábito de se ali-
mentar. Sexo e alimentação são a base da
humanidade. Ambos são prazerosos e me-
recem ser aproveitados. Comer devagar só
faz bem. E, não, não esfria a comida!
Por que a vieira de Porto Belo é melhor do que as outras?
Qual o prato com vieira que faz mais sucesso nos Gukas?
Quem pratica o slow food não acaba comendo comida fria?
ar
qu
ivo
pe
sso
al
3 perguntas
versÃo eleTrÔNiCa GrÁTis Acesse www.nautica.com.br/nauticasul e baixe, de graça, esta edição de NÁUTICA SULFAVOR
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EDIÇÃO Nº 48 | MAIO 2014 | R$ 8,90
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SANTA CATARINA RIO GR. DO SUL
O COLECIONADOR
DO MAR
Os quatro museus
marinhos que
o gaúcho Jules Soto
já criou
TEM TAINHA
NO ANZOL
As dicas para
pegar muitas
tainhas também
com vara e linha
Caixa d’açoaOS DOIS LADOS DO
82 Náutica Sul
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
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