OS IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELO AVANÇO … · No entanto com o aumento na demanda desse...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE Faculdade de Ciências e Tecnologia OS IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELO AVANÇO DA CANA-DE- AÇÚCAR NO BRASIL ROGÉRIO RAUBER

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UNIVERSIDADE  ESTADUAL  PAULISTA CAMPUS  DE  PRESIDENTE  PRUDENTE  Faculdade  de  Ciências  e  Tecnologia  

OS I MPA C T OS A M BI E N TA IS PR O V O C A D OS PE L O AVA N Ç O D A C A N A-D E-

A Ç Ú C A R N O BR ASI L

R O G É RI O R A UB E R

UNIVERSIDADE  ESTADUAL  PAULISTA CAMPUS  DE  PRESIDENTE  PRUDENTE  Faculdade  de  Ciências  e  Tecnologia  

Presidente Prudente

Novembro de 2011

UNIVERSIDADE  ESTADUAL  PAULISTA CAMPUS  DE  PRESIDENTE  PRUDENTE  Faculdade  de  Ciências  e  Tecnologia  

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Campus de Presidente Prudente

OS IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELO AVANÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR

NO BRASIL

ROGÉRIO RAUBER

O rientador : Prof. Dr. José Tadeu Garcia Tommaselli

Trabalho de conclusão de curso de

especialização de Geografia da

Rede São Paulo de Formação

Docente

UNIVERSIDADE  ESTADUAL  PAULISTA CAMPUS  DE  PRESIDENTE  PRUDENTE  Faculdade  de  Ciências  e  Tecnologia  

Presidente Prudente, 2011

D E DI C AT Ó RI A

Dedico este trabalho a meu pai Abilio Rauber (in

memoriam) e a minha mãe Nadir Aguero Rauber, pela

compreensão e amor a mim dedicados nos momentos de

dificuldades e incertezas.

A G R A D E C I M E N T OS

Agradeço primei ramente a Deus por me dar a vida e iluminar meu caminho pra

que eu chegasse até aqui.

À minha mãe, Nadir Aguero Rauber pelo incentivo e apoio.

À minha esposa Sarah Campanhã Rauber por todo amor, incentivo e ajuda nos

momentos de dificuldades.

R ESU M O

Há hoje no mundo uma intensa preocupação com aumento de CO2 na atmosfera,

decorrentes principalmente da queima dos combustíveis fósseis.

O Brasil dentro desse cenário mundial possui tecnologia para a produção de etanol a

partir da cana, que é muito mais competitivo do que o etanol produzido nos EUA a partir do

milho. No entanto com o aumento na demanda desse biocombustível tanto no mercado

interno quanto no externo, haverá aumento das áreas utilizadas para o cultivo da cana. Nesse

contexto estão os impactos ambientais decorrentes da intensificação das lavouras de cana no

país que precisam ser considerados.

Com a diminuição das áreas propícias a agricultura em função da degradação dos

solos e a questão de produção de energias limpas, caso do biodiesel e etanol, novas áreas

precisam ser ocupadas para atender a demanda da produção e do consumo.

Palavras-chaves: cana-de-açúcar. etanol. impactos ambientais.

A BST R A C T

Today there is intense concern in a world with increased CO2 in the atmosphere,

resulting mainly from burning fossil fuels.

Brazil is within this global scenario has the technology to produce ethanol from

sugarcane, which is much more competitive than the U.S. ethanol from corn. However with

the increasing demand of ethanol both domestically and in foreign, will increase in areas used

for growing sugarcane. In this context are the environmental impacts resulting from the

intensification of sugarcane in the country that need to be considered.

With the decrease of areas for agriculture in the degradation of soils and the issue of

clean energy production, the case of biodiesel and ethanol, new areas need to be employed to

meet the demand of production and consumption.

K eywords: cane sugar. ethanol, environmental, impacts.

SU M Á RI O

1. IN T R O DU Ç Ã O ............................................................................................... 10

2. O BJE T I V OS ........................................................................................................ 11

3. M AT E RI A IS E PR O C E DI M E N T OS ................................................................ 12

4. R E V ISÃ O BIB L I O G R Á F I C A ........................................................................... 13

4.1. H IST Ó RI A D A C A N A-D E-A Ç Ú C A R N O BR ASI L ..................................................... 13

4.2. I M PA C T OS A M BI E N TA IS R E L A C I O N A D OS À PR O DU Ç Ã O D A C A N A-D E-

A Ç Ú C A R ...................................................................................................................... .... 17

5. 20

6. R E F E R Ê N C I AS BIB L I O G R Á F I C AS .......................................................... 21

10

1. IN T R O DU Ç Ã O

O meio ambiente começa a se tornar motivo de preocupações para o homem, somente

após da Primeira Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente, realizado em Estocolmo

em 1972. Nessa conferência foram abordadas questões, que colocavam o homem como

principal agente impactante do meio, e os recursos naturais exaustivamente explorados eram

finitos, e seria necessário mudar o pensamento egoísta e consumista, pois seria colocada em

risco as gerações futuras de várias espécies (FELDMANN, 2009).

Há uma forte tendência, no mercado mundial, de produção e consumo de energias

limpas, decorrentes das mudanças climáticas associadas à queima de combustíveis fósseis. O

Brasil é liderança mundial no segmento de combustíveis renováveis com o etanol. No entanto

há uma preocupação crescente em relação aos impactos ambientais provocados pela expansão

da monocultura da cana-de-açúcar no Brasil. Dentre estes destacam-se: queimadas, erosão dos

solos, desmatamentos e contaminação da água com defensivos agrícolas (SANTO &

ALMEIDA, 2007).

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2. O BJE T I V OS

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão literária sobre os impactos

ambientais causados pelo cultivo da cana-de-açúcar. Serão abordadas as principais

consequências para o meio ambiente.

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3. M AT E RI A IS E PR O C E DI M E N T OS

Para realizar esta revisão foram utilizados sites da world wide web , com conteúdos

específicos do tema, tais como: Embrapa, Esalq, Vitaecivilis, Sober, Ecoeco, Terrabrasilis e

Unesp. Foram utilizados basicamente, as seguintes palavras chaves: impactos ambientais,

cana-de-açúcar, erosão dos solos. Os textos selecionados foram os que possuíam valor

acadêmico, publicados em seminários, congressos e encontros.

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4. R E V ISÃ O BIB L I O G R Á F I C A

4.1. H IST Ó RI A D A C A N A- D E- A Ç Ú C A R N O BR ASI L

Coincidentemente, a história da agricultura no Brasil tem seu início no século XVI, na

Região Nordeste, com a introdução da monocultura da cana-de-açúcar, com utilização da

mão-de-obra escrava, praticada em grandes latifúndios agrícolas voltados ao mercado externo

(BRASIL ESCOLA, 2011). Durante muito tempo essa atividade se concentrou nessa região

em virtude da localização dos solos mais férteis e propícios a essa cultura.

A história da cana- de- açúcar no país confunde-se com a própria história do Brasil.

Presente desde a fundação das primeiras cidades até o desenvolvimento de tecnologias de

automação, ela criou relações em torno de si que traçaram muito do que somos hoje

(REPORTER BRASIL, 2001).

Por conta da nossa colonização, tivemos nosso processo de modernização retardado.

Talvez por isso, ainda hoje, podemos encontrar engenhos em diferentes etapas de

desenvolvimento, convivendo ao mesmo tempo e com relações humanas muito parecidas com

as das épocas às quais pertenceram (REPORTER BRASIL, 2001).

A cana-de-açúcar (Saccharum spp) é uma gramínea cultivada desde a antiguidade. É

uma planta da família Poeceae, representada pelo milho, sorgo, arroz e muitas outras

gramíneas. As principais características dessa família são a forma da inflorescência (espiga), o

crescimento do caule em colmos, e as folhas com lâminas de sílica em suas bordas e bainha

aberta. Apresenta sistema radicular que chega atingir até 5 metros de profundidade (SALLA,

2008).

Originária da Nova Guiné e introduzida na América por Cristóvão Colombo e no

Brasil por Martim Afonso de Souza aproximadamente no ano de 1532. A primeira muda de

cana foi plantada, na Capitania de São Vicente e ali também foi construido o primeiro

Engenho do Brasil (SALLA, 2008).

No entanto essa cultura teve seu apogeu na Região Nordeste, mais precisamente no

atual estado de Pernambuco, durante os áureos tempos do Brasil colônia. A planta adaptou-se

facilmente nesse continente devido aos solos e clima propícios para seu desenvolvimento,

associado com a mão-de-obra escrava, os canaviais se disseminaram pela costa litorânea

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brasileira, atingindo mais tarde os atuais estados da Região Sudeste, principalmente São Paulo

e Rio de Janeiro, contribuindo com a degradação de um dos mais importantes ecossitemas do

nosso país: a Mata Atlântica (SALLA, 2008).

Durante muito tempo o Brasil possuiu monopólio da produção mundial de açúcar. A

Europa enriquecida pelo ouro e prata do Novo Mundo passou a ser a grande consumidora

desse produto. Algumas cidades do nordeste prosperaram, especialmente Salvador e Olinda.

O nordeste era a região mais rica do país naquela época. O declínio açucareiro no Brasil

ocorreu em virtude da produção de açucar pelos holandeses no Caribe, associado com a

descoberta de ouro nas Minas Gerais (SALLA, 2008).

No ano de 2007, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) foram produzidas no Brasil por volta de 514.079,729 toneladas de cana.

O Pró-álcool foi um programa do governo federal, criado no ano de 1975, cujo

principal objetivo era diminuir a dependência do país em relação ao petróleo importado.

Naquela época o mundo estava passando por uma grande crise de produção e consumo de

petróleo. Os países produtores de petróleo perceberam quão grande era a dependência

mundial por essa energia e aumentaram consideravlemente o preço do barril (SILVA, 2010).

Os primeiros carros movidos exclusivamente a etanol ou (álcool) entraram no mercado

no ano de 1978. No entanto no início da década de 80, quando o preço do barril de petróleo

triplicou, o governo federal criou organismos como o Conselho Nacional do Álcool (CNAL)

para agilizar a implementação do Pró-álcool no país. Com essas, entre outras, medidas a

produção de etanol atingiu um pico de 12,3 bilhões de litros no ano de 1986-87

(SALLA, 2008).

O grande teste do etanol foi no fim da década de 80 quando o preço do petróleo caiu

significativamente no cenário internacional, juntamente com a falta de políticas internas para

estimular e subsidiar a produção de etanol. Os baixos preços pagos aos produtores associados

ao aumento da demanda gera uma crise na entressafra 1989-90. Essa situação gerou um

desestímulo à produção de veículos automotores movidos a etanol pelas indústrias

automobilisticas padronizando assim, na sua linha de montagem uma tendência, mundial que

se verificava: a fabricação de motores a gasolina (SILVA, 2010).

Outro fator que contribui para o declínio do PRÓ-ÁLCOOL, no período compreendido

entre 1986 e 2003 no cenário nacional, foi reflexo de uma conjuntura internacional, como

queda no preço do barril de petróleo, aumento no preço do açúcar, concomitantemente com

elevação da produção interna de petróleo desenvolvido pela Petrobras, diminuindo assim as

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importações desse combustível fóssil. Dessa maneira os usineiros priorizaram a produção do

açúcar em detrimento do álcool combustível (MICHELLON et al., 2008).

Com 30 anos após sua criação, onde o Proalcool tinha como principal objetivo

oferecer um combustivel alternativo ao petróleo frente ao aumento abrupto no mercado

mundial, ele vive atualmente uma nova fase de expansão dos canaviais, só que agora a

questão maior é ambiental, já que o etanol é considerado um combsutivel bem menos

poluente e nocivo ao ambiente do que os combustiveis fósseis. A corrida por novas áreas para

o plantio da cana não está concentrada somente nas regiões tradicionais, como oeste paulista e

nordeste brasileiro, mas está avançado para o Cerrado e Amazônia. O governo e o setor

sucroalcooleiro estão convictos de que o etanol é o combustível do futuro e o Brasil tem um

novo papel a desempenhar frente a essa tecnologia para a produção de etanol a partiri da cana-

-de-áçucar (SILVA, 2010).

Segundo dados da União da Indústria da Cana, (UNICA), a frota de veículos flex no

país representa cerca de 7 milhões de veículos totalizando 28% da frota nacional. Ela estima

que esses números deverão, no ano de 2015, atingir 65% da frota nacional, que será movida

tanto por álcool (etanol) quanto gasolina.

O Brasil produz hoje cerca de um terço do etanol mundial, altamente competitivo em

relação ao produzido pelos americanos a partir do milho (veja tabela 1), chegando a produzir

na safra de 2006/07, 18 bilhões de litros e previsão para 2007/08 de 21 bilhões de litros

(EMBRAPA, 2010).

Tabela1 Custo de produção do etanol (US$/barril) em 2008.

País Matéria-Prima Custo de produção

(US$/barril)

Brasil Cana-de-açúcar 32

Tailândia Cana-de-açúcar 46

Austrália Cana-de-açúcar 51

EUA Milho 75

União Européia Cereal 154

Fonte: (EMBRAPA, 2010)

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O Brasil, em virtude do seu tamanho e localização geográfica (Zona Tropical da

Terra), possui imenso potencial para expansão da produção do etanol a partir da cana-de-

açúcar. As lavouras produtoras de cana estão localizadas essencialmente nas regiões do

Centro-Sul e Nordeste e respectivamente repondem juntas por (86%) e (14%) da produção

nacional (EMBRAPA, 2010).

Figura1. Localização da produção atual de cana-de-açúcar no Brasil (vermelho).

Fonte: RODRIGUES & ORTIZ (2006)

Atualmente, o que se observa no país é uma expansão na região do Centro-Sul da área

de plantio da cana devido, principalmente, ao fator dessa região concentrar a maior parte das

Usinas aí instaladas e as novas em fase de instalação. De acordo com dados da UNICA

(2006), no Centro-Sul, existem em funcionamento, cerca de 228 usinas, sendo que 56 apenas

produzem álcool (etanol) e 166 produzem álcool (etanol) e açúcar. E estão em fase de

planejamento 50 novas unidades no eixo Sudeste-Centro e Sudeste-Centro-Oeste-Sul

(EMBRAPA, 2010).

No entanto, desde a criação do Programa Nacional do Álcool (PRO-ÁLCOOL) vem

se agravando no país uma série de problemas sociais: elevação da dívida pública em

consequência dos benefícios concedidos aos produtores do setor álcooleiro; aumento dos

latifúndios monocultores de cana-de-açucar; elevação dos preços de alguns gêneros

alimentícios; redução da área plantada destinada à produção de alimentos; erosão dos solos;

degradação dos ecossistemas; entre outros, (CERQUEIRA, 2011).

A busca acelerada para o desenvolvimento de energias sustentáveis a fim de reduzir os

impactos ambientais decorrentes da utilização de combustíveis fósseis tem, no etanol,

produzido a partir da cana de açucar, o caminho rumo a uma matriz energética renovável e

17

efetivamente sustentável, desde que sejam equacionados parte dos problemas citados no

páragrafo anterior.

4.2. I MPA C T OS A M BI E N TA IS R E L A C I O N A D OS À PR O DU Ç Ã O D A C A N A-

D E-A Ç Ú C A R

Entende-se por impacto ambiental uma quebra na harmonia dos elementos da natureza

provocada pelo homem. Pode-se dizer que os impactos ambientais são uma espécie de choque

que rompe o equilíbrio ecológico nas relações dos seres vivos entre si e entre estes e o meio

ambiente, (ALMEIDA & RIGOLIN, 2005). Um impacto ambiental pode ser local, regional ou

global. Entende-se por impacto ambiental local, por exemplo, um derramamento de óleo no

mar atingindo um ecossistema litorâneo específico. Um impacto regional, por exemplo, pode

ser entendido como a poluição, produzida nas cidades atingindo e interferindo na saúde, de

um a floresta ou poluindo um rio. Em escala global temos os impactos naturais (erupção

vulcânica) ou de ordem antrópica, tais como queima de combustívies fósseis associado com

as mudanças climáticas e o aquecimento global.

O impacto ambiental também pode ser entendido como transformações das

propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, decorrente da ação de qualquer

forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que podem afetar, direta ou

indiretamente, a saúde, a segurança da população, como também as atividades sociais e

econômicas; a biota e a qualidade dos recursos naturais (SPADOTTO, 2002).

De acordo com Firmino & Fonseca (2008), um impacto ambiental decorre a partir do

momento que o homem utiliza os recursos naturais para satisfazer suas necessidades gerando

rejeitos que irão, de alguma forma, trazer consequências negativas para os ecossistemas.

No início do processo de apropriação dos recursos naturais o homem sempre provocou

alterações no meio, no entanto, essas modificações sempre estavam limitadas pelas técnicas e

tecnologias que dispunha no momento. Com o desenvolvimento tecnológico, associado ao

crescimento da população mundial acelerou-se o processo de exploração dos recursos

naturais, e intensificou-se a agressão a natureza (ALMEIDA & RIGOLIN, 2005).

O desenvolvimento da cultura da cana-de- açúcar provoca significativas alterações no

meio biótico, físico e antrópico.

Os impactos desencadeados no meio biótico estão relacionados à retirada da cobertura

vegetal, transformando ambiente ocupado pela fauna e a diminuição da biodiversidade

decorrente da implantação da monocultura. É importante destacar que as áreas ocupadas pelo

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cultivo da cana-de-açúcar, muitas vezes, ocupam grandes extensões de terras que em

determinados casos chegam a 90% da área territorial de um município (EMBRAPA, 2010).

No meio físico os impactos mais significativos são os processos de erosão dos solos,

defensivos agrícolas, também destacam-se o aumento de poluentes na atmosfera decorrentes,

principalmente, da queima da palha da cana para a colheita, (EMBRAPA, 2010).

Em relação aos impactos sociais destacam-se o da sazonalidade da mão-de-obra, da

rotação de culturas e a questão que envolve a inflação dos serviços urbanos nos municípios

que recebem essa mão-de-obra (EMBRAPA, 2010).

O Brasil é referência mundial, quando se fala em energias limpas e sustentáveis,

principalmente na energia produzida a partir da biomassa. É referência na redução das taxas

de CO2, quando se destaca a substituição da gasolina por etanol nos motores a combustão

interna. No entanto, isso preocupa a sociedade brasileira em virtude da expansão das áreas

com cana-de-açucar em função dos problemas de ordem ambiental, social e econômicos

associados a essa cadeia produtiva (RONQUIM, 2010).

De acordo com Andrade & Diniz (2007) a produção da cana implica ao meio, uma

série de imapactos dos quais destacam-se:

redução e perda da biodiversidade, em função do desmatamento e da monocultura;

poluição das águas de superfície e subsuperfície e do solo em face do uso

indiscriminado de fertilizantes e defensivos agricolas;

endurecimento do solo pelo uso excessivo de maquinários durante a fase de plantio

e de colheita;

assoreamento dos rios, córregos em decorrência da erosão dos solos;

produção de fuligem entre outros poluentes devido a queima da palha da cana para

a colheita;

prejuízos irremediáveis a fauna e flora em conseqência de incêndios

descontrolados;

intensificação do uso de óleo diesel na época da colheita pelos maquinários

gerando poluentes para atmosfera;

formação de latifúndios, concentração de renda e condições de trabalho

degradantes para o cortador.

O etanol, apresentado como alternativa à substituição dos combustíveis fósseis avança

sobre importantes biomas na região do Centro-sul do Brasil ameaçando gerar perdas

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incalculáveis sobre essas áreas riquíssimas em biodiversidade. O cerrado brasileiro, entre os

anos de 2003 e 2007, teve perdas aproximadas de 1,9 milhão de hectares associados aos

desmatamentos para o plantio, principalmente da cana (www.reporterbrasil.org.br, 2008).

Tabela 2. O avanço da área plantada da cana-de-açúcar no Brasil

Estado Á rea plantada em

2007(em ha)

Á rea plantada em

2008 (em ha)

Variação em

(%)

Mato Grosso 203.142,2 223.200 9,9

Mato Grosso do Sul 186.791,2 275.810 47,7

Goiás 285.372 401.800 40,8

Minas Gerais 496.406,4 600.697 21

Espirito Santo 59.147,6 65.200 10,2

Rio de Janeiro 54.735,5 50.000 -8,7

São Paulo 3.361.660,8 3.824.241 13,8

Paraná 477.240,7 509.289 6,7

Rio Grande do Sul 2.249,9 2.095 -6,9

Brasil 6.137.578,6 7.010.202 14,2

Fonte: www.reporterbrasil.org.br (2008).

Com a expansão da cana no Brasil para produção do etanol, o Governo Federal lança

um projeto desenvolvido pela EMBRAPA denominado de ZAE (Zoneamento Agroecológico)

da cana-de-açucar cujo objetivo era de mapear áreas propicias ao seu cultivo sem

comprometer a principalmente a Amazônia e o Pantanal. Em outras palavras o ZAE da cana,

teria como objetivo central, fornecer subsídios técnicos com intuito de desenvolver politicas

públicas centradas na sustentabilidade da expansão e produção da cana de açucar no Brasil

(EMBRAPA, 2009).

Com a chamada Revolução Verde, que iniciou na década de 70, o homem conseguiu

aumentar drasticamente a produtividade no campo com o emprego de defensivos agrícolas,

fertilizantes e utilização de novas sementes entre outras práticas, associadas à modernização e

à mecanização da agricultura. Em contrapartida intensificou-se a dilapidação dos recursos

naturais (GASPI & LOPES, 2007).

20

O uso de fertilizantes sintéticos na cultura da cana pode ser atenuado com a utilização

da vinhaça, que é um resíduo do próprio vegetal. Essa pode ser usada como fertilizante, pois,

possui altos níveis de concentração de potassio e nitrogênio. Entretanto, quando este resíduo é

micro-organismos responsáveis pela diminuição dos níveis de oxigênio da água, tornando-a

imprópria para o consumo e destituída de animais e plantas. Essa prática está proibida no

Brasil desde 1978 (SANTO & ALMEIDA, 2007).

No entanto, em nosso país, com sérios problemas de fiscalização e altos índices de

corrupção por parte dos órgãos responsáveis pela vigilância é possível que ainda ocorra o

O que mais preocupa os ambientalistas na contaminação dos recursos híidricos diz

respeito ao uso intensivo de agrotóxicos no cultivo da cana, pois, esta demanda altos níveis de

pesticidas para controlar pragas como a broca e a cigarrinha (as mais comuns) e o emprego

demasiado de herbicidas para o controle de ervas daninhas. A maior parte dessas substâncias

contamina a água de superfície e subsuperfície, como também todos os demais seres vivos

(SANTOS & ALMEIDA, 2007).

5. C O NSID E R A Ç Õ ES F IN A IS

De acordo com o observado no decorrer deste trabalho, a produção de álcool (etanol),

a partir da cana-de-açúcar no Brasil, pode ser uma alternativa frente à substituição dos

combustiveis fósseis, porém precisam ser superados os impactos gerados em toda a cadeia

produtiva da monocultura da cana. Os impactos mais preocupantes são os gerados pelo uso da

queima da palha da cana, já que traz problemas no local como mortes de animais silvestres e,

contaminação do trabalhador pelo respiro da fuligem; no âmbito regional, já que as partículas

são dispersas e levadas pelo vento há grandes distantes distâncias dos focos poluindo e

contaminando pricipalmente áreas urbanas e, no âmbito global, já que lança na atmosfera

quantidades significativas de gases responsáveis pelo aumento da temperatura da Terra.

Entretanto, para esse problema decorrente da queima da palha, parece que já se encaminha

uma solução, pelo menos no estado de São Paulo, com a proibição do uso do fogo em áreas

mecanizáveis, até 2014, e para áreas não mecanizáveis, até 2017.

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Há de se considerar como preocupantes também os impactos produzidos a partir do

uso excessivo de fertilizantes, pesticidas e herbicidas no meio edáfico e nos mananciais, pois

no cultivo da cana é necessário o uso intensivo desses agentes quimicos.

O presente estudo demonstrou, que o etanol da cana só será ambientalmente

sustentável quando não ameaçar nossa biodiversidade, não colocar em risco de contaminação

nossos recursos hídricos e assegurar a integridade do trabalhador do campo e não

comprometer nossa segurança alimentar. Só assim, esse biocombustível poderá ser referência

no cenário internacional, como fonte energética limpa e sustentável e de tecnologia nacional.

R E F E R Ê N C I AS BIB L I O G R Á F I C AS

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