Os It capítulo 06
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Transcript of Os It capítulo 06
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Aquela manhã foi tão cheia de notícias que, mesmo que os alunos
foram liberados para saírem da escola, eles pararam na esquina da
escola — onde os dois lados (masculino e feminino) sempre se
encontravam e começaram a falar sobre a chegada deles. O que
eles mais falavam era como eles eram elegantes e sempre brilhan-
tes; como se houvesse um brilho próprio vindo deles — talvez o
cabelo loiro da raiz e o branco americano ajudasse nesse brilho.
As meninas não paravam de falar de quando eles haviam chega-
do, na verdade era ela quem havia chegado.
Ela usava um vestido branco rendado Prada comprado direta-
mente da coleção feita apenas para a revista Vogue americana,
estava com uma bolsa de couro branco, com acabamento a mão e
forrada com seda vinda da Índia Carolina Herrera; que, com certe-
za, era customizada pela própria e para ela.
Seu nome era Barbara; um nome elegante e incrível (como as
meninas descreviam). Elas também falavam de quando ela entrou
pela primeira vez na sala de aula — para quem teve a oportunida-
de de estar na mesma sala que ela — e estava meio que se achan-
do um pouco tímida. Mas era muito raro que um Salles fosse tími-
do.
Todas as meninas olharam à volta, procurando por uma pessoa
em especial que devia estar bem naquele lugar, mas não estava.
Todas as alunas do David para Garotas sabiam que a muito tempo
atrás Sofia e Barbara eram muito amigas. Agora, parecia que não
era mais. Na verdade, elas tentaram acreditar que Sofia tinha pas-
sado mal e que não pode ficar na aula naquele dia. E isso era bom
para Sofia: pois se alguém desconfiassem que ela estava com medo
de Barbara, a reputação dela não seria lá das boas.
No outro lado, o colégio Davis para Garotos, os meninos estavam
mito agitados também. Todos falavam só sobre o que tinham lido
no Classificados do colégio. Naquela hora, Mark e Ed estavam lá,
parados dentro da sua sala de aula, sabendo que eles estavam na
mesma ela do que ele. S dois estavam bem exasperados, com medo
da popularidade deles estivessem indo água abaixo. Na verdade,
apenas Marcos estava receoso, pois ele era namorado da menina
mais popular da escola, e se sua popularidade abaixasse, seria uma
catástrofe.
Na verdade, todos estavam no mesmo barco; Sofia, Bianca, Mar-
cos e Edgar estavam com medo das mesmas pessoas — na verda-
de, de duas pessoas diferentes, mas com o mesmo sobrenome e o
mesmo sangue.
Mark conseguia se lembrar bem do que tinha acontecido naquela
hora cujo sinal tinha tocado e todos os alunos estavam esperando
pelo primeiro professor daquele dia: o professor de Português. Ele
entrou, fechou a porta e colocou sua parta rudemente em cima de
sua mesa.
Enquanto isso, todos atrás dele conversavam e tentavam procu-
rando entre cada cadeira um alguém que não fosse exatamente
conhecido, mas que fosse. Ou seja, alguém que não fosse um deles,
mas que fosse alguém que todos sabiam quem eram. Infelizmente,
eles não iram ninguém.
Talvez fosse apenas uma fofoca de alguém que queria que eles
ficassem agitados como eles estavam, pensaram. E que era tudo
mentira.
Eles não sabia que a pessoa que eles estavam esperando estava
apenas um pouco atrasada.
— Muito bem — disse o professor de Português, Sr. Garcia,
olhando para os alunos —, hoje vamos começar com a primeira
aula de conjugação de verbos. Em pouco tempo, vocês estarão
prestando vestibular e terão que saber essa regrinha…
Ele ia continuar, mas não pode. Alguém bateu na porta umas
duas vezes tão calma e contraidamente que os alunos que estavam
na segunda fileira não puderam nem ouvir.
Sr. Garcia não gostava de ser interrompido em sua aula. Mas ele
estava calmo, como Mark pode ver. A feição dele era serena quan-
do ele virou-se para a porta de madeira que não se podia ver em
nenhuma brecha quem estava fora, e disse:
— Pode entrar.
A porta se abriu calmamente e um menino alto, de braços lar-
gos, com os cabelos bem loiros e os olhos azuis, parecendo um
esportista (como Mark pode observar) entrou sorrateiramente pela
porta e ficou parado, na frente do professor esperando alguma
coisa.
— Bom dia, Sr Salles. — Disse o professor com um sorriso de
ponta a ponta que ninguém nunca viu em seu rosto. Depois ele
olhou para a turma de vinte alunos e continuou: — Bem, pessoal.
Esse aqui é o Toddy Salles e ele é nosso novo aluno. Seja bem vin-
do Tod.
O menino, meio acanhado, curvou a cabeça num sim meio en-
vergonhado. Talvez aquilo fosse tudo cena, talvez não.
— Sente-se na cadeira da frente — continuou o professor apon-
tando para a única primeira-cadeira que estava vazia. — E espero
que goste da nossa aula.
Então professor continuou a falar sobre conjunção de verbos. Na
verdade, ninguém estava prestando atenção no que ele fala; eles
apenas davam olhadelas imperceptíveis para o menino calado na
primeira cadeira.
Até Marcos ficou um tanto curioso com como Toddy Salles tinha
chegado em sua primeira vez. Ele estava muito envergonhado. Tal-
vez, se ele começasse a fazer amizade com aquele menino, sua
popularidade não caísse.
Talvez…
Mas ele não estava pensando naquilo, primeiramente. As mãos
de Mark coçavam para pegar seu Blackberry e teclar um e-mail
para Sofia que estava apenas a alguns metros longe dele. Quando
ele teve a oportunidade de fazer isso, foi o que ele fez.
Ele pegou seu celular, abriu em seu e-mail e teclou uma mensa-
gem dizendo: como está aí? Tudo bem? Depois, deixou o celular num espaço em sua carteira feita para
isso mesmo. Ele sempre fasia isso até porque Sofia era muito rápi-
da em responder mensagem. Mas, naquela hora, ela demorou. Se
passaram cinco, dez minutos e ele não sentiu sua mesa vibrando.
Então ele pegou o celular novamente e começou a tecla uma nova
mensagem.
O q. aconteceu?
Ele esperou mais um momento, mas nada de Sofia.
Mark estava começando a ficar preocupado; será que alguma
coisa tinha acontecido. Ele esperou mais meia hora, até que a aula
do Sr. Garcia terminasse entrasse Sabrina; a professora de história
nova que todos os meninos babavam, mas que era séria e rígida.
Então, ele pegou o telefone novamente e teclou outra mensagem.
Sofy, se alguma coisa de errado aconteceu, man-
de-me uma mensagem. Talvez eu possa ajudar,
ok? Qualquer problema pode me ligar!
Bjs.
Mas nada dela. Mark não fazia idéia de onde ela estava — e não ia
fazer até que o sinal do intervalo tocasse, ele fosse para o banheiro
fumar uns dois cigarros e fazer umas cinco ligações a mais para ele
e que na quinta ela atendesse dizendo que estava fora da escola.
Depois de comprarem bastante coisas — e de Marcos ter dado um
perfume que ela tanto queria de presente —, os dois casais foram
para a praça de alimentação do shopping. Estava bem cheia para o
dia que era. Mas, pelo que Mark podia ver em seu Rolex comprado
num shopping em Sâo Paulo (o mais caro shopping do Brasil, onde
havia um conjunto de apartamentos no qual um deles era do pai
dele) que era meio dia e que muitas pessoas estavam fazendo suas
refeições lá.
— O que vamos comer? — Sofia perguntou, olhado a sua volta
e procurando por algo bom de comer. Talvez ela comesse tofu, mas
será que ali existia algum restaurante que vendesse esse tipo de
comida? Talvez sim.
— Não faço a menor idéia — respondeu sua melhor amiga,
Bianca, olhando com cara feia parta um restaurante de comidas
nada higiênicas e nada saudável.
Marcos e Edgar estava a procura de algo para comer também,
mas nenhum dos dois queria dar nenhuma opinião; era melhor
deixar que as meninas escolhessem. Era mais educado.
— Talvez poderíamos comer naquele restaurante de comida
japonesa. Suchi é uma escolha ótima para quem como nós está
querendo perder uns quilinhos. — Sofia deu uma risada para a
amiga que estava ao seu lado.
Era estranho ela falar isso; ela estava no peso perfeito. Bianca é
que tinha que tomar conta dela meso, ou senão ela voltaria a ter os
seus 75 quilos que ela tinha há alguns anos atrás, quando ela não
era amiga de… você sabe quem.
— Está ótimo. — Bianca disse, virando-se para os garotos que
estavam juntos do lado direito das meninas. — O que vocês acham,
meninos?
Os dois falaram juntos coisas como “por mim está tudo bem” e
“adoraria comer lá”. Na verdade, as duas só estavam querendo que
eles reforçassem o que elas falaram, porque elas iam de qualquer
jeito comer lá — cai entre nós. Ninguém pediu para que a seguis-
sem, não é?
Os dois foram para lá, calmamente, olhando tudo que tinha a sua
volta. Estava tudo bem cheio de gente. Felizmente, dentro do res-
taurante havia mesas próprias que eles podiam se sentar. Não havia
quase ninguém lá e eles puderam escolher qualquer mesa que eles
quisessem.
Em poucos minutos depois, os quatro estavam saindo, tendo
pagado a conta que dera mais de setenta reais em dinheiro cru e
estavam indo na direção de mais uma loja que eles deviam entrar.
Era uma loja que só vendia roupas intimas e que os quatro adora-
vam entrar juntos para dar opiniões sobre o que cada um iria que-
rer comprar.
Às duas da tarde os quatro estavam saindo da loja e indo em
direção á saída do shopping para pegar um taxi, passar em casa e
colocar as compras e depois ir a algum lugar mais. Era melhor do
que ficar dentro de casa sem ter nada para fazer. Talvez eles pudes-
sem ir passear em Copacabana, andar por Ipanema e depois sentar-
se em um café ali perto, bebendo e conversando sobre nada. Ou
eles podiam mesmo pegar um avião e ir para São Paulo fazer qual-
quer coisa que eles pudessem fazer lá.
Logo que o taxi parou na frente do apartamento de Sofia, ela
entregou a Bianca a sua parte no pagamento e saiu, pegando suas
coisas da mala do carro. Depois jogou beijo para quem ficava e
entrou com seus óculos escuros Versace da última coleção, sendo
atendida por um shoffer do próprio prédio que se ofereceu para
pegar as sacolas dela, pois ela estava muito cansada.
Sofia entregou as sacolas a ele e os dois foram juntos pelo eleva-
dor, enquanto ela passeava pelo saguão do prédio, que era o cami-
nho para ir para o elevador, como se estivesse desfilando numa
passarela no Rio Fashion Week.
Afinal, estava quase no dia daquele grandioso evento. Ela tinha
recebido uma carta convidando a comparecer no camarote do even-
to e é claro que ela iria — até porque a marca de sua mãe iria
desfilar e ela tinha que ser uma filha a comparecer lá.
A marca da mãe dela estava tão famosa que, ela tinha certeza, ao
chegar em casa e abrir o exemplar da Vogue e da Marie Clare que
sua mãe tinha assinado, ela poderia ver nas duas primeiras páginas
da revista a modelo com o vestido que sua mãe tinha customizado
apenas para aquele anúncio. Aquilo era tão elegante e, ao mesmo
tempo, tão normal para ela.
Aquilo era simples: sua mãe tinha uma marca de roupas. Sofia
não se surpreendia mais com isso, desde quando ela tinha onze
anos e sua mãe disse sobre a griff que ela estaria fazendo e ela
achou o máximo e gritou para todo o canto da casa que a mãe dela
seria dona de uma griff de roupas. Depois ela descobriu que aquilo
não era novidade nenhuma, que, mesmo que sua mãe fosse uma
ótima estilista, ela nem fez esforço nenhum para entrar nesse mun-
do. Foi só ela colar com o pai dela que conhecia muita gente influ-
ente nesse mundo que ela, em poucas semanas já estava sendo
conhecida no país inteiro.
E aquilo era tão simples de ser falado com quando ela tinha von-
tade de ir ao shopping comprar alguma coisa nova, pedia dinheiro a
mãe e ela dava sem reclamar de nada.
A porta do elevador se abriu e Sofia e sua ajudante estavam
saindo e indo direto para a sala de estar da casa dela. Sua mãe
estava no telefone falando com alguém tão importante quanto ela
enquanto o ajudante colocava as sacolas com roupas, perfumes e
presentes em cima de um divã que ficava num canto da sala.
Sofia pegou um copo de água gelada com gás e bebeu em alguns
goles enquanto sua mãe ainda conversava no telefone. Depois tirou
seus óculos e colocou-os em cima da mesa de centro de madeira
escura com um vidro transparente tão bonito que a empregada
sempre, quando estava limpando a mesa, ficava parada, mirando
aquela beleza.
Ela já tinha quebrado aquele vidro várias vezes desde quando a
mãe comprou a mesa, toda vez que ela jogava sem querer uma
sacola cheia de coisas pesadas em cima do vidro frágil. O primeiro
vidro era um cristal que tinha vindo com a mesa, mas já o segundo
não tinha sido porque a mãe não tinha gostado do jeito que o cris-
tal contratava com a cor da madeira.
Depois de um tempo, pela cara da mãe depois de ter desligado o
telefone, Sofia percebeu que tinha alguma coisa errada. Serpa que
ela e o pai tinham brigado mais uma vez?
Ela chegou perto da mãe que estava, na com os olhos inchados
de tristeza, mas com uma expressão de angústia — mesmo que a
mãe dela não ficasse com uma expressão tão forte assim —, e per-
guntou calmamente:
— Mãe, tem algum problema que eu possa ajudar?
A Sra. von Hudsen já tinha tudo programado em sua mente. Ela
não podia perder tanto assim em sua griff. Ela olhou para a filha e
disse:
— Quero, sim. — Depois pensou melhor para ver se era aquilo
que ela queria mesmo. Ela estava certa do que queria.
— Então conte-me, mãe. Eu vou te ajudar.
— Querida, uma modelo de corpo teve que sair correndo, pois
sua mãe tinha sofrido um acidente e ela teve que ir. Então estou
sem modelo de corpo. — ela falou aquilo simplesmente, como se
fosse a coisa mais fácil do mundo. — Então, vá se arrumar porque
eu vou precisar do seu belo corpo como modelo, ok?
Sofia achava que não tinha escutado direito. Sua feição era de
alguém que estava morrendo de vontade de gritar. Mas ela não
podia fazer isso, não agora com sua mãe na sua frente.
Ela levantou-se asperamente do sofá de onde estava perto de sua
cama, para ter certeza do que estava ouvindo. Ela disse:
— O que?
A mãe dela apenas assentiu com a cabeça. Era isso mesmo: Sofia
teria que seguir sua mãe até o lugar que ela criava as roupas e as
construía para ser modelo de corpo de da marca dela? Podia pare-
cer algo completamente normal, mas não era comparado ao que ela
ia fazer com os amigos naquela tarde.
Aquilo não podia estar acontecendo. Infelizmente, ela não podia
dizer não para a mãe, ou um de seus cartões golden (com certeza o
American Express) seria cortado.
Ela teve apenas que respirar fundo e esperar que sua mãe conti-
nuasse a falar.
— Vá para o seu quarto e se troque. Não quero que você vá ao
meu atelier vestida de escola. — Sra. von Hudsen continuava sen-
tada calmamente que parecia até inumano o seu jeito de falar.
Sofia tinha que fazer o que sua mãe tinha mandado, ou senão ela
ia perder mesmo um de seus cartões e isso não seria justo.
Enquanto ela ia em direção ao seu quarto, ela pegou seu celular
do bolso de sua calça jeans skinny da Calvin Klein Jeans e escreveu
uma mensagem para todos os seus amigos: infelizmente, eu não vou poder ir. Problemas com mamãe. Depois, ela entrou em seu quarto e fechou a porta as suas costas,
tentando estar a mais calma possível.
Bianca estava parando na frente do seu apartamento algumas es-
quinas depois do da amiga. Mark saiu junto com ela, pois o seu era
bem ao lado do dela. Ela pegou as suas sacolas de dentro da mala
do taxi e jogou o dinheiro da parte dela para o namorado, Edgar,
que ficaria mais algumas esquinas depois.
Mark se ofereceu para ajudá-la a carregar as coisas para dentro
do apartamento dela, mas já havia um ajudante chamando o nome
de Bianca para ajudá-la a carregar as compras. Os dois se despedi-
ram e Marcos foi em direção ao seu apartamento.
Quando ela chegou na porta do apartamento, o ajudante ajudou-
a a entrar e percebeu que estava tudo em silencio. Não havia som
de ninguém dentro de lá e Bianca achou estranho.
De repente, a empregada estava saindo do portal que levava a
cozinha, deu um sorriso empolgante a ela e disse:
— Senhora Bianca, a sua mãe está te esperando no seu quarto.
— Obrigada Clarice — Bianca disse, sorrindo, já estou indo para
lá.
Então ela se lembrou das bolsas que estavam em sua mão; como
que ela iria chegar em seu quarto, com sua mãe lá e as bolsas esta-
vam logo na mão dela? Era impossível.
— Clarice, poderia me fazer um favor? Poderia colocar essas
bolsas em algum lugar para que minha mãe não ache e depois co-
locá-las no meu quarto? — ela falou, entregando todas as sacolas
para a empregada.
— Sim, senhora. — Respondeu a mesma, rindo.
— Muito obrigada.
Agora, sem nenhuma bolsa, Bianca se atreveu a passar pela sala
de estar, subir as escadas e bater em sua própria porta que estava
meio-enconstada, mas que ela foi ensinada a sempre fazer isso
quando havia alguém dentro de qualquer lugar.
— Entre — Bianca ouviu a voz de sua mãe do outro lado da
porta.
Ela abriu a porta e deu de cara com sua mãe parada, sentada em
sua cama, olhando apenas para ela — como se estivesse esperando
por ela a muito tempo naquele mesmo estado, como se fosse uma
estátua.
Bianca chegou uns dois passos à frente, com medo do que a mãe
pudesse falar. Será que já era tarde demais esconder tudo que ela
comprou? Será que, por uma falta de observação, sua mãe tinha a
visto no shopping e agora estava tudo acabado? Será que ela ia
brigar com ela? Ou o que iria acontecer? Bianca não sabia de nada.
— Algum problema, mãe? — Bianca disse, jogando as palavras
no ar.
Se fosse mesmo o que ela estava pensando, sua mãe já ia falar e
brigar com ela. Mas, pela cara que a Sra. Bittencourt tinha feito
havia algo um pouco mais importante do que ela fugir da escola
com a amiga e fazer compras no Barra Shopping.
— Bem — sua mãe começou, tentando escolher as palavras para
dizer alguma coisa muito importante para a filha.
A mãe dela sabia exatamente o que queria dizer, mas não sabia
como dizer. Era muito difícil ter que falar do assunto para a filha
que já tinha dezesseis anos e que queria mais era conversar com os
amigos e passear e sair e ter que estudar. Ela nunca tinha falado
sobre isso com a filha desde quando ela teve seus doze anos. Ela
nem sabia mesmo como começar.
A Sra. Bittencourt respirou fundo antes de dizer:
— Seu pai vem me ligando a algumas semanas tentando fazer
minha cabeça e deixar que ele fale com você, pelo menos por algu-
mas horas. Mas eu venho tentando passar isso para mais longe. —
ela pode ver na feição da filha que a menina não estava gostando
nada do que estava sendo falado. — Então, depois de ele me encher
a cabeça com suas baboseiras, eu decidi marcar um encontro entre
vocês dois.
Sra. Bittencourt esperou que a filha gritasse e esperneasse e fa-
lasse alguma coisa a mais. Mas a única coisa que a menina disse foi:
— Para quando?
Essa era a pior parte, ela sabia disso. Ela respirou fundo nova-
mente, tentando escolher alguma palavra para dar a notícia, porém
não havia nenhuma palavra a não ser uma única:
— Hoje.
De repente, Sra. Bittencourt viu nos olhos da filha que aquilo é
que foi a pior coisa que ela podia ter dito nesse conversa.
— Logo Hoje?! — Bianca quase exclamou com tanta raiva.
Logo naquele dia que ela tinha marcado com os colegas para sair!
Era impossível. Sua mãe divia estar brincando com ela. Mas pela
feição da mãe, ela tinha a absoluta certeza que aquilo não era uma
brincadeira. O que ela podia fazer? Apenas desmarcar o encontro
com os amigos.
Mas, mesmo assim, ela tentou.
— Mas mãe, ele nunca mais falou comigo. Nem no meu aniver-
sário de quinze anos ele veio! Será que não pode deixar ele de lado?
— ela queria isso mesmo: deixar o pai de lado para ir festejar com
os amigos.
Mas, pela expressão da mãe, ela não podia fazer isso.
— Querida, ele é seu pai! — ela disse. — Eu marquei de se
encontrarem no Café do Copacabana Palace. Disse para ele que
seriam apenas algumas horas, o que mais você queria que eu fizes-
se?
— Não sei, talvez dissesse não.
— Mas ele ia me encher todo o dia! Eu não tinha escolha!
Aquilo era a mais pura verdade, infelizmente.
— Ok — Bianca continuou, tendo uma idéia ótima —, eu vou,
mas vou falar umas coisas que ele merece ouvir!
Sua mãe, de repente, levantou-se da cama e ficou, assustada,
olhando diretamente para a filha.
— O que é que você vai fazer?
Bianca deu de ombros.
— Espere e verá. — ela disse, empurrando a mãe para fora do
seu quarto. — Agora me dá licença que eu vou ter que me arru-
mar, ok? Beijos, tchau.
Ela trancou o quarto, pegou o telefone, entrou no e-mail e man-
do uma mensagem para todos os seus amigos, dizendo: mudança de
planos. Vou ter que fazer outra coisa! amanhã eu conto tudo!
Depois, abriu raivosa o guarda-roupa e pegou a primeira roupa
que estava na sua frente.
Mark entrou no seu apartamento e viu sua irmã pequena sentada
vendo TV, a empregada ao seu lado, tediosa, olhando para a TV
também.
Quando ela o viu, ficou tão alegre que parecia que ia até pular.
Ela levantou-se do sofá e foi na direção dele, dizendo:
— Senhor Marcos, que bom que o senhor está aqui! — ela
olhou para a menina. — Seus pais saíram e me deixaram tomando
conta da sua irmã até quando você chegasse. Eu tenho muita coisa
para fazer e não tenho tempo de ficar tomando conta dela, senão
seus pais vão me matar. Tem como o senhor fazer isso por mim?
— ele nem pode responder. — Obrigada.
Ela foi direto para a cozinha continuar com suas tarefas.
Enquanto isso, ao reparar que eles estava ali, sua irmãzinha le-
vantou-se do sofá chamando-o pelo o nome, pegou um livro de
contos de fadas que ela tinha ganhado no aniversário da avó e o
abraçou, um abraço amoroso, dizendo:
— Eu estava esperando por você! Eu queria que você contasse
uma história para mim!
Ele pegou-a no colo.
— Qual? — ele perguntou. — Aquela da moça que dormia?
A menina assentiu tão feliz que parecia que tinham dado uma
bala para ela.
Ele a levou para o sofá, desligou a TV, abriu o livro no conto que
a sua irmã mais gostava e começou a contar. De repente ele se
lembrou do ele iria fazer naquela tarde. ele levantou-se, falando
com a irmã que já voltava e foi para a cozinha.
— Matilda — ele começou , meus pais disseram quando iriam
voltar?
A empregada negou.
— Não, senhor. — ela respondeu. — Eu acho que eles apenas
disseram que seria hoje, mas não que horas.
— O que? — o que ele falou foi quase um grito, mas não che-
gou a ser muito alto.
— Me desculpe, senhor. Eu não posso fazer nada, infelizmente.
— Eu sei que não — ele respondeu, vendo na expressão da em-
pregada que ela estava com um pouco de medo do que ele podia
fazer com os pais para despedi-la; mas ele não ia fazer isso. —
Muito obrigado.
Ele voltou-se para a sala de estar, onde sua irmãzinha estava
esperando que ele continuasse a ler a história da Bela Adormecida.
Mas, antes, ele pegou seu celular, clicou em ENVIAR MENSAGEM e
digitou: desculpem-me pessoal, mas não vou poder sair! Até alguma hora. Então ele enviou a mensagem e voltou para contar a história
para sua irmã.
Edgar estava entrando no hall do seu prédio quando alguém o
chamou. Era Pedro o porteiro que estava com um envelope pardo
grande na mão. Ed chegou mais perto e perguntou:
— O que é isso?
— Um envelope que seus pais deixaram aqui, senhor. — O por-
teiro respondeu. — Para te entregar.
Ed pegou o envelope e ali mesmo o abriu, pegando um papel
com a letra de mão de sua mãe toda trabalhada, como se fosse de
uma professora e uma passagem de avião para São Paulo.
— Obrigado, Pedro. — ele disse, chegando mais para o canto do
hall, para ler a mensagem.
Ele sentou-se numa poltrona acolchoada tão fofa que era côo se
fosse o espaço de espera, colocou os pés para cima como ele sem-
pre fazia e leu a mensagem: querido filho, eu sei que não deve ser uma hora boa para fazer esse comunicado, mas estamos em São Paulo numa reunião de negócios e você tem que vir agora para cá, ok? Pegue a passagem, vá ara o aeroporto e, quando chegar aqui, vai ter uma pessoa com uma placa a sua espera, ok? Boa viajem. Mamãe papai. Ok, agora tudo o que ele tinha pensado em fazer tinha saído pelo
ralo; ele agora teria que ir para outro estado. Mas antes, ele tinha
que pegar algumas coisas essenciais em sua casa. Ele pegou o ele-
vador e, enquanto ia em direção a sua casa, ele digitou uma mensa-
gem do celular para os seus colegas: Não vou poder sair! Meus pais me prenderam! Amanhã eu conto tudo! As mensagens dos quatro chegaram quase ao mesmo tempo.
Sofia estava parada, em pé, enquanto uma ajudante da sua mãe
estava tentando arrumar um vestido de outono no corpo dela
quando seu celular tocou. Ela pegou-o do bolso sem se preocupar
com o que estava acontecendo e leu as mensagens que estavam
nele. Ela se sentiu mais aliviada não sendo a única que teve que
cancelar o que eles tinham marcado.
Bianca estava sentada frente a frente com o pai, brigando com
ele por ele tê-la deixado e depois de muito tempo ter procurado ela.
Ela também estava falando que não queria mais vê-lo e que ele era
uma página virada da vida dela quando o seu celular tocou.
— Um minuto — ela disse como se estivesse conversado nor-
malmente com a sua amiga. Pegou o telefone e leu as mensagens.
Ela ficou feliz por todos terem algo de diferente para fazer naquela
tarde, e não só ela.
Era a terceira vez que Mark contava a historinha para a irmã e
olhava para o relógio vendo o tempo passar e os pais não chegarem
quando ele ouviu alguma coisa tocar, mas nem reparou que era seu
telefone.
— Mark, seu celular está tocando. — Sua irmã disse, interrom-
pendo-o.
Ele pegou seu celular e leu as três mensagens de diferentes pes-
soas, mas que desmarcavam o encontro daquela tarde. Agora ele
não precisava ficar olhando para o relógio de minuto em minuto,
não é?
Ed estava no aeroporto, entregando o cartão de embarque quan-
do seu celular tocou. Ele pediu licença a mulher que estava em sua
frente e pegou o celular vendo que ele tinha recebido três mensa-
gens. Ele leu cada uma delas, ficando mais aliviado de estar viajando
e não sendo o único que estava cancelando o passeio da tarde.