Os It capítulo 06

16
6 Aquela manhã foi tão cheia de notícias que, mesmo que os alunos foram liberados para saírem da escola, eles pararam na esquina da escola — onde os dois lados (masculino e feminino) sempre se encontravam e começaram a falar sobre a chegada deles. O que eles mais falavam era como eles eram elegantes e sempre brilhan- tes; como se houvesse um brilho próprio vindo deles — talvez o cabelo loiro da raiz e o branco americano ajudasse nesse brilho. As meninas não paravam de falar de quando eles haviam chega- do, na verdade era ela quem havia chegado. Ela usava um vestido branco rendado Prada comprado direta- mente da coleção feita apenas para a revista Vogue americana, estava com uma bolsa de couro branco, com acabamento a mão e forrada com seda vinda da Índia Carolina Herrera; que, com certe- za, era customizada pela própria e para ela. Seu nome era Barbara; um nome elegante e incrível (como as meninas descreviam). Elas também falavam de quando ela entrou pela primeira vez na sala de aula — para quem teve a oportunida-

description

Capítulo seis!!!

Transcript of Os It capítulo 06

Page 1: Os It capítulo 06

6

Aquela manhã foi tão cheia de notícias que, mesmo que os alunos

foram liberados para saírem da escola, eles pararam na esquina da

escola — onde os dois lados (masculino e feminino) sempre se

encontravam e começaram a falar sobre a chegada deles. O que

eles mais falavam era como eles eram elegantes e sempre brilhan-

tes; como se houvesse um brilho próprio vindo deles — talvez o

cabelo loiro da raiz e o branco americano ajudasse nesse brilho.

As meninas não paravam de falar de quando eles haviam chega-

do, na verdade era ela quem havia chegado.

Ela usava um vestido branco rendado Prada comprado direta-

mente da coleção feita apenas para a revista Vogue americana,

estava com uma bolsa de couro branco, com acabamento a mão e

forrada com seda vinda da Índia Carolina Herrera; que, com certe-

za, era customizada pela própria e para ela.

Seu nome era Barbara; um nome elegante e incrível (como as

meninas descreviam). Elas também falavam de quando ela entrou

pela primeira vez na sala de aula — para quem teve a oportunida-

Page 2: Os It capítulo 06

de de estar na mesma sala que ela — e estava meio que se achan-

do um pouco tímida. Mas era muito raro que um Salles fosse tími-

do.

Todas as meninas olharam à volta, procurando por uma pessoa

em especial que devia estar bem naquele lugar, mas não estava.

Todas as alunas do David para Garotas sabiam que a muito tempo

atrás Sofia e Barbara eram muito amigas. Agora, parecia que não

era mais. Na verdade, elas tentaram acreditar que Sofia tinha pas-

sado mal e que não pode ficar na aula naquele dia. E isso era bom

para Sofia: pois se alguém desconfiassem que ela estava com medo

de Barbara, a reputação dela não seria lá das boas.

No outro lado, o colégio Davis para Garotos, os meninos estavam

mito agitados também. Todos falavam só sobre o que tinham lido

no Classificados do colégio. Naquela hora, Mark e Ed estavam lá,

parados dentro da sua sala de aula, sabendo que eles estavam na

mesma ela do que ele. S dois estavam bem exasperados, com medo

da popularidade deles estivessem indo água abaixo. Na verdade,

apenas Marcos estava receoso, pois ele era namorado da menina

mais popular da escola, e se sua popularidade abaixasse, seria uma

catástrofe.

Na verdade, todos estavam no mesmo barco; Sofia, Bianca, Mar-

cos e Edgar estavam com medo das mesmas pessoas — na verda-

de, de duas pessoas diferentes, mas com o mesmo sobrenome e o

mesmo sangue.

Mark conseguia se lembrar bem do que tinha acontecido naquela

hora cujo sinal tinha tocado e todos os alunos estavam esperando

pelo primeiro professor daquele dia: o professor de Português. Ele

entrou, fechou a porta e colocou sua parta rudemente em cima de

sua mesa.

Enquanto isso, todos atrás dele conversavam e tentavam procu-

rando entre cada cadeira um alguém que não fosse exatamente

conhecido, mas que fosse. Ou seja, alguém que não fosse um deles,

Page 3: Os It capítulo 06

mas que fosse alguém que todos sabiam quem eram. Infelizmente,

eles não iram ninguém.

Talvez fosse apenas uma fofoca de alguém que queria que eles

ficassem agitados como eles estavam, pensaram. E que era tudo

mentira.

Eles não sabia que a pessoa que eles estavam esperando estava

apenas um pouco atrasada.

— Muito bem — disse o professor de Português, Sr. Garcia,

olhando para os alunos —, hoje vamos começar com a primeira

aula de conjugação de verbos. Em pouco tempo, vocês estarão

prestando vestibular e terão que saber essa regrinha…

Ele ia continuar, mas não pode. Alguém bateu na porta umas

duas vezes tão calma e contraidamente que os alunos que estavam

na segunda fileira não puderam nem ouvir.

Sr. Garcia não gostava de ser interrompido em sua aula. Mas ele

estava calmo, como Mark pode ver. A feição dele era serena quan-

do ele virou-se para a porta de madeira que não se podia ver em

nenhuma brecha quem estava fora, e disse:

— Pode entrar.

A porta se abriu calmamente e um menino alto, de braços lar-

gos, com os cabelos bem loiros e os olhos azuis, parecendo um

esportista (como Mark pode observar) entrou sorrateiramente pela

porta e ficou parado, na frente do professor esperando alguma

coisa.

— Bom dia, Sr Salles. — Disse o professor com um sorriso de

ponta a ponta que ninguém nunca viu em seu rosto. Depois ele

olhou para a turma de vinte alunos e continuou: — Bem, pessoal.

Esse aqui é o Toddy Salles e ele é nosso novo aluno. Seja bem vin-

do Tod.

O menino, meio acanhado, curvou a cabeça num sim meio en-

vergonhado. Talvez aquilo fosse tudo cena, talvez não.

Page 4: Os It capítulo 06

— Sente-se na cadeira da frente — continuou o professor apon-

tando para a única primeira-cadeira que estava vazia. — E espero

que goste da nossa aula.

Então professor continuou a falar sobre conjunção de verbos. Na

verdade, ninguém estava prestando atenção no que ele fala; eles

apenas davam olhadelas imperceptíveis para o menino calado na

primeira cadeira.

Até Marcos ficou um tanto curioso com como Toddy Salles tinha

chegado em sua primeira vez. Ele estava muito envergonhado. Tal-

vez, se ele começasse a fazer amizade com aquele menino, sua

popularidade não caísse.

Talvez…

Mas ele não estava pensando naquilo, primeiramente. As mãos

de Mark coçavam para pegar seu Blackberry e teclar um e-mail

para Sofia que estava apenas a alguns metros longe dele. Quando

ele teve a oportunidade de fazer isso, foi o que ele fez.

Ele pegou seu celular, abriu em seu e-mail e teclou uma mensa-

gem dizendo: como está aí? Tudo bem? Depois, deixou o celular num espaço em sua carteira feita para

isso mesmo. Ele sempre fasia isso até porque Sofia era muito rápi-

da em responder mensagem. Mas, naquela hora, ela demorou. Se

passaram cinco, dez minutos e ele não sentiu sua mesa vibrando.

Então ele pegou o celular novamente e começou a tecla uma nova

mensagem.

O q. aconteceu?

Ele esperou mais um momento, mas nada de Sofia.

Mark estava começando a ficar preocupado; será que alguma

coisa tinha acontecido. Ele esperou mais meia hora, até que a aula

do Sr. Garcia terminasse entrasse Sabrina; a professora de história

nova que todos os meninos babavam, mas que era séria e rígida.

Page 5: Os It capítulo 06

Então, ele pegou o telefone novamente e teclou outra mensagem.

Sofy, se alguma coisa de errado aconteceu, man-

de-me uma mensagem. Talvez eu possa ajudar,

ok? Qualquer problema pode me ligar!

Bjs.

Mas nada dela. Mark não fazia idéia de onde ela estava — e não ia

fazer até que o sinal do intervalo tocasse, ele fosse para o banheiro

fumar uns dois cigarros e fazer umas cinco ligações a mais para ele

e que na quinta ela atendesse dizendo que estava fora da escola.

Depois de comprarem bastante coisas — e de Marcos ter dado um

perfume que ela tanto queria de presente —, os dois casais foram

para a praça de alimentação do shopping. Estava bem cheia para o

dia que era. Mas, pelo que Mark podia ver em seu Rolex comprado

num shopping em Sâo Paulo (o mais caro shopping do Brasil, onde

havia um conjunto de apartamentos no qual um deles era do pai

dele) que era meio dia e que muitas pessoas estavam fazendo suas

refeições lá.

— O que vamos comer? — Sofia perguntou, olhado a sua volta

e procurando por algo bom de comer. Talvez ela comesse tofu, mas

será que ali existia algum restaurante que vendesse esse tipo de

comida? Talvez sim.

— Não faço a menor idéia — respondeu sua melhor amiga,

Bianca, olhando com cara feia parta um restaurante de comidas

nada higiênicas e nada saudável.

Marcos e Edgar estava a procura de algo para comer também,

mas nenhum dos dois queria dar nenhuma opinião; era melhor

deixar que as meninas escolhessem. Era mais educado.

Page 6: Os It capítulo 06

— Talvez poderíamos comer naquele restaurante de comida

japonesa. Suchi é uma escolha ótima para quem como nós está

querendo perder uns quilinhos. — Sofia deu uma risada para a

amiga que estava ao seu lado.

Era estranho ela falar isso; ela estava no peso perfeito. Bianca é

que tinha que tomar conta dela meso, ou senão ela voltaria a ter os

seus 75 quilos que ela tinha há alguns anos atrás, quando ela não

era amiga de… você sabe quem.

— Está ótimo. — Bianca disse, virando-se para os garotos que

estavam juntos do lado direito das meninas. — O que vocês acham,

meninos?

Os dois falaram juntos coisas como “por mim está tudo bem” e

“adoraria comer lá”. Na verdade, as duas só estavam querendo que

eles reforçassem o que elas falaram, porque elas iam de qualquer

jeito comer lá — cai entre nós. Ninguém pediu para que a seguis-

sem, não é?

Os dois foram para lá, calmamente, olhando tudo que tinha a sua

volta. Estava tudo bem cheio de gente. Felizmente, dentro do res-

taurante havia mesas próprias que eles podiam se sentar. Não havia

quase ninguém lá e eles puderam escolher qualquer mesa que eles

quisessem.

Em poucos minutos depois, os quatro estavam saindo, tendo

pagado a conta que dera mais de setenta reais em dinheiro cru e

estavam indo na direção de mais uma loja que eles deviam entrar.

Era uma loja que só vendia roupas intimas e que os quatro adora-

vam entrar juntos para dar opiniões sobre o que cada um iria que-

rer comprar.

Às duas da tarde os quatro estavam saindo da loja e indo em

direção á saída do shopping para pegar um taxi, passar em casa e

colocar as compras e depois ir a algum lugar mais. Era melhor do

que ficar dentro de casa sem ter nada para fazer. Talvez eles pudes-

sem ir passear em Copacabana, andar por Ipanema e depois sentar-

Page 7: Os It capítulo 06

se em um café ali perto, bebendo e conversando sobre nada. Ou

eles podiam mesmo pegar um avião e ir para São Paulo fazer qual-

quer coisa que eles pudessem fazer lá.

Logo que o taxi parou na frente do apartamento de Sofia, ela

entregou a Bianca a sua parte no pagamento e saiu, pegando suas

coisas da mala do carro. Depois jogou beijo para quem ficava e

entrou com seus óculos escuros Versace da última coleção, sendo

atendida por um shoffer do próprio prédio que se ofereceu para

pegar as sacolas dela, pois ela estava muito cansada.

Sofia entregou as sacolas a ele e os dois foram juntos pelo eleva-

dor, enquanto ela passeava pelo saguão do prédio, que era o cami-

nho para ir para o elevador, como se estivesse desfilando numa

passarela no Rio Fashion Week.

Afinal, estava quase no dia daquele grandioso evento. Ela tinha

recebido uma carta convidando a comparecer no camarote do even-

to e é claro que ela iria — até porque a marca de sua mãe iria

desfilar e ela tinha que ser uma filha a comparecer lá.

A marca da mãe dela estava tão famosa que, ela tinha certeza, ao

chegar em casa e abrir o exemplar da Vogue e da Marie Clare que

sua mãe tinha assinado, ela poderia ver nas duas primeiras páginas

da revista a modelo com o vestido que sua mãe tinha customizado

apenas para aquele anúncio. Aquilo era tão elegante e, ao mesmo

tempo, tão normal para ela.

Aquilo era simples: sua mãe tinha uma marca de roupas. Sofia

não se surpreendia mais com isso, desde quando ela tinha onze

anos e sua mãe disse sobre a griff que ela estaria fazendo e ela

achou o máximo e gritou para todo o canto da casa que a mãe dela

seria dona de uma griff de roupas. Depois ela descobriu que aquilo

não era novidade nenhuma, que, mesmo que sua mãe fosse uma

ótima estilista, ela nem fez esforço nenhum para entrar nesse mun-

do. Foi só ela colar com o pai dela que conhecia muita gente influ-

Page 8: Os It capítulo 06

ente nesse mundo que ela, em poucas semanas já estava sendo

conhecida no país inteiro.

E aquilo era tão simples de ser falado com quando ela tinha von-

tade de ir ao shopping comprar alguma coisa nova, pedia dinheiro a

mãe e ela dava sem reclamar de nada.

A porta do elevador se abriu e Sofia e sua ajudante estavam

saindo e indo direto para a sala de estar da casa dela. Sua mãe

estava no telefone falando com alguém tão importante quanto ela

enquanto o ajudante colocava as sacolas com roupas, perfumes e

presentes em cima de um divã que ficava num canto da sala.

Sofia pegou um copo de água gelada com gás e bebeu em alguns

goles enquanto sua mãe ainda conversava no telefone. Depois tirou

seus óculos e colocou-os em cima da mesa de centro de madeira

escura com um vidro transparente tão bonito que a empregada

sempre, quando estava limpando a mesa, ficava parada, mirando

aquela beleza.

Ela já tinha quebrado aquele vidro várias vezes desde quando a

mãe comprou a mesa, toda vez que ela jogava sem querer uma

sacola cheia de coisas pesadas em cima do vidro frágil. O primeiro

vidro era um cristal que tinha vindo com a mesa, mas já o segundo

não tinha sido porque a mãe não tinha gostado do jeito que o cris-

tal contratava com a cor da madeira.

Depois de um tempo, pela cara da mãe depois de ter desligado o

telefone, Sofia percebeu que tinha alguma coisa errada. Serpa que

ela e o pai tinham brigado mais uma vez?

Ela chegou perto da mãe que estava, na com os olhos inchados

de tristeza, mas com uma expressão de angústia — mesmo que a

mãe dela não ficasse com uma expressão tão forte assim —, e per-

guntou calmamente:

— Mãe, tem algum problema que eu possa ajudar?

Page 9: Os It capítulo 06

A Sra. von Hudsen já tinha tudo programado em sua mente. Ela

não podia perder tanto assim em sua griff. Ela olhou para a filha e

disse:

— Quero, sim. — Depois pensou melhor para ver se era aquilo

que ela queria mesmo. Ela estava certa do que queria.

— Então conte-me, mãe. Eu vou te ajudar.

— Querida, uma modelo de corpo teve que sair correndo, pois

sua mãe tinha sofrido um acidente e ela teve que ir. Então estou

sem modelo de corpo. — ela falou aquilo simplesmente, como se

fosse a coisa mais fácil do mundo. — Então, vá se arrumar porque

eu vou precisar do seu belo corpo como modelo, ok?

Sofia achava que não tinha escutado direito. Sua feição era de

alguém que estava morrendo de vontade de gritar. Mas ela não

podia fazer isso, não agora com sua mãe na sua frente.

Ela levantou-se asperamente do sofá de onde estava perto de sua

cama, para ter certeza do que estava ouvindo. Ela disse:

— O que?

A mãe dela apenas assentiu com a cabeça. Era isso mesmo: Sofia

teria que seguir sua mãe até o lugar que ela criava as roupas e as

construía para ser modelo de corpo de da marca dela? Podia pare-

cer algo completamente normal, mas não era comparado ao que ela

ia fazer com os amigos naquela tarde.

Aquilo não podia estar acontecendo. Infelizmente, ela não podia

dizer não para a mãe, ou um de seus cartões golden (com certeza o

American Express) seria cortado.

Ela teve apenas que respirar fundo e esperar que sua mãe conti-

nuasse a falar.

— Vá para o seu quarto e se troque. Não quero que você vá ao

meu atelier vestida de escola. — Sra. von Hudsen continuava sen-

tada calmamente que parecia até inumano o seu jeito de falar.

Sofia tinha que fazer o que sua mãe tinha mandado, ou senão ela

ia perder mesmo um de seus cartões e isso não seria justo.

Page 10: Os It capítulo 06

Enquanto ela ia em direção ao seu quarto, ela pegou seu celular

do bolso de sua calça jeans skinny da Calvin Klein Jeans e escreveu

uma mensagem para todos os seus amigos: infelizmente, eu não vou poder ir. Problemas com mamãe. Depois, ela entrou em seu quarto e fechou a porta as suas costas,

tentando estar a mais calma possível.

Bianca estava parando na frente do seu apartamento algumas es-

quinas depois do da amiga. Mark saiu junto com ela, pois o seu era

bem ao lado do dela. Ela pegou as suas sacolas de dentro da mala

do taxi e jogou o dinheiro da parte dela para o namorado, Edgar,

que ficaria mais algumas esquinas depois.

Mark se ofereceu para ajudá-la a carregar as coisas para dentro

do apartamento dela, mas já havia um ajudante chamando o nome

de Bianca para ajudá-la a carregar as compras. Os dois se despedi-

ram e Marcos foi em direção ao seu apartamento.

Quando ela chegou na porta do apartamento, o ajudante ajudou-

a a entrar e percebeu que estava tudo em silencio. Não havia som

de ninguém dentro de lá e Bianca achou estranho.

De repente, a empregada estava saindo do portal que levava a

cozinha, deu um sorriso empolgante a ela e disse:

— Senhora Bianca, a sua mãe está te esperando no seu quarto.

— Obrigada Clarice — Bianca disse, sorrindo, já estou indo para

lá.

Então ela se lembrou das bolsas que estavam em sua mão; como

que ela iria chegar em seu quarto, com sua mãe lá e as bolsas esta-

vam logo na mão dela? Era impossível.

— Clarice, poderia me fazer um favor? Poderia colocar essas

bolsas em algum lugar para que minha mãe não ache e depois co-

locá-las no meu quarto? — ela falou, entregando todas as sacolas

para a empregada.

— Sim, senhora. — Respondeu a mesma, rindo.

Page 11: Os It capítulo 06

— Muito obrigada.

Agora, sem nenhuma bolsa, Bianca se atreveu a passar pela sala

de estar, subir as escadas e bater em sua própria porta que estava

meio-enconstada, mas que ela foi ensinada a sempre fazer isso

quando havia alguém dentro de qualquer lugar.

— Entre — Bianca ouviu a voz de sua mãe do outro lado da

porta.

Ela abriu a porta e deu de cara com sua mãe parada, sentada em

sua cama, olhando apenas para ela — como se estivesse esperando

por ela a muito tempo naquele mesmo estado, como se fosse uma

estátua.

Bianca chegou uns dois passos à frente, com medo do que a mãe

pudesse falar. Será que já era tarde demais esconder tudo que ela

comprou? Será que, por uma falta de observação, sua mãe tinha a

visto no shopping e agora estava tudo acabado? Será que ela ia

brigar com ela? Ou o que iria acontecer? Bianca não sabia de nada.

— Algum problema, mãe? — Bianca disse, jogando as palavras

no ar.

Se fosse mesmo o que ela estava pensando, sua mãe já ia falar e

brigar com ela. Mas, pela cara que a Sra. Bittencourt tinha feito

havia algo um pouco mais importante do que ela fugir da escola

com a amiga e fazer compras no Barra Shopping.

— Bem — sua mãe começou, tentando escolher as palavras para

dizer alguma coisa muito importante para a filha.

A mãe dela sabia exatamente o que queria dizer, mas não sabia

como dizer. Era muito difícil ter que falar do assunto para a filha

que já tinha dezesseis anos e que queria mais era conversar com os

amigos e passear e sair e ter que estudar. Ela nunca tinha falado

sobre isso com a filha desde quando ela teve seus doze anos. Ela

nem sabia mesmo como começar.

A Sra. Bittencourt respirou fundo antes de dizer:

Page 12: Os It capítulo 06

— Seu pai vem me ligando a algumas semanas tentando fazer

minha cabeça e deixar que ele fale com você, pelo menos por algu-

mas horas. Mas eu venho tentando passar isso para mais longe. —

ela pode ver na feição da filha que a menina não estava gostando

nada do que estava sendo falado. — Então, depois de ele me encher

a cabeça com suas baboseiras, eu decidi marcar um encontro entre

vocês dois.

Sra. Bittencourt esperou que a filha gritasse e esperneasse e fa-

lasse alguma coisa a mais. Mas a única coisa que a menina disse foi:

— Para quando?

Essa era a pior parte, ela sabia disso. Ela respirou fundo nova-

mente, tentando escolher alguma palavra para dar a notícia, porém

não havia nenhuma palavra a não ser uma única:

— Hoje.

De repente, Sra. Bittencourt viu nos olhos da filha que aquilo é

que foi a pior coisa que ela podia ter dito nesse conversa.

— Logo Hoje?! — Bianca quase exclamou com tanta raiva.

Logo naquele dia que ela tinha marcado com os colegas para sair!

Era impossível. Sua mãe divia estar brincando com ela. Mas pela

feição da mãe, ela tinha a absoluta certeza que aquilo não era uma

brincadeira. O que ela podia fazer? Apenas desmarcar o encontro

com os amigos.

Mas, mesmo assim, ela tentou.

— Mas mãe, ele nunca mais falou comigo. Nem no meu aniver-

sário de quinze anos ele veio! Será que não pode deixar ele de lado?

— ela queria isso mesmo: deixar o pai de lado para ir festejar com

os amigos.

Mas, pela expressão da mãe, ela não podia fazer isso.

— Querida, ele é seu pai! — ela disse. — Eu marquei de se

encontrarem no Café do Copacabana Palace. Disse para ele que

seriam apenas algumas horas, o que mais você queria que eu fizes-

se?

Page 13: Os It capítulo 06

— Não sei, talvez dissesse não.

— Mas ele ia me encher todo o dia! Eu não tinha escolha!

Aquilo era a mais pura verdade, infelizmente.

— Ok — Bianca continuou, tendo uma idéia ótima —, eu vou,

mas vou falar umas coisas que ele merece ouvir!

Sua mãe, de repente, levantou-se da cama e ficou, assustada,

olhando diretamente para a filha.

— O que é que você vai fazer?

Bianca deu de ombros.

— Espere e verá. — ela disse, empurrando a mãe para fora do

seu quarto. — Agora me dá licença que eu vou ter que me arru-

mar, ok? Beijos, tchau.

Ela trancou o quarto, pegou o telefone, entrou no e-mail e man-

do uma mensagem para todos os seus amigos, dizendo: mudança de

planos. Vou ter que fazer outra coisa! amanhã eu conto tudo!

Depois, abriu raivosa o guarda-roupa e pegou a primeira roupa

que estava na sua frente.

Mark entrou no seu apartamento e viu sua irmã pequena sentada

vendo TV, a empregada ao seu lado, tediosa, olhando para a TV

também.

Quando ela o viu, ficou tão alegre que parecia que ia até pular.

Ela levantou-se do sofá e foi na direção dele, dizendo:

— Senhor Marcos, que bom que o senhor está aqui! — ela

olhou para a menina. — Seus pais saíram e me deixaram tomando

conta da sua irmã até quando você chegasse. Eu tenho muita coisa

para fazer e não tenho tempo de ficar tomando conta dela, senão

seus pais vão me matar. Tem como o senhor fazer isso por mim?

— ele nem pode responder. — Obrigada.

Ela foi direto para a cozinha continuar com suas tarefas.

Enquanto isso, ao reparar que eles estava ali, sua irmãzinha le-

vantou-se do sofá chamando-o pelo o nome, pegou um livro de

Page 14: Os It capítulo 06

contos de fadas que ela tinha ganhado no aniversário da avó e o

abraçou, um abraço amoroso, dizendo:

— Eu estava esperando por você! Eu queria que você contasse

uma história para mim!

Ele pegou-a no colo.

— Qual? — ele perguntou. — Aquela da moça que dormia?

A menina assentiu tão feliz que parecia que tinham dado uma

bala para ela.

Ele a levou para o sofá, desligou a TV, abriu o livro no conto que

a sua irmã mais gostava e começou a contar. De repente ele se

lembrou do ele iria fazer naquela tarde. ele levantou-se, falando

com a irmã que já voltava e foi para a cozinha.

— Matilda — ele começou , meus pais disseram quando iriam

voltar?

A empregada negou.

— Não, senhor. — ela respondeu. — Eu acho que eles apenas

disseram que seria hoje, mas não que horas.

— O que? — o que ele falou foi quase um grito, mas não che-

gou a ser muito alto.

— Me desculpe, senhor. Eu não posso fazer nada, infelizmente.

— Eu sei que não — ele respondeu, vendo na expressão da em-

pregada que ela estava com um pouco de medo do que ele podia

fazer com os pais para despedi-la; mas ele não ia fazer isso. —

Muito obrigado.

Ele voltou-se para a sala de estar, onde sua irmãzinha estava

esperando que ele continuasse a ler a história da Bela Adormecida.

Mas, antes, ele pegou seu celular, clicou em ENVIAR MENSAGEM e

digitou: desculpem-me pessoal, mas não vou poder sair! Até alguma hora. Então ele enviou a mensagem e voltou para contar a história

para sua irmã.

Page 15: Os It capítulo 06

Edgar estava entrando no hall do seu prédio quando alguém o

chamou. Era Pedro o porteiro que estava com um envelope pardo

grande na mão. Ed chegou mais perto e perguntou:

— O que é isso?

— Um envelope que seus pais deixaram aqui, senhor. — O por-

teiro respondeu. — Para te entregar.

Ed pegou o envelope e ali mesmo o abriu, pegando um papel

com a letra de mão de sua mãe toda trabalhada, como se fosse de

uma professora e uma passagem de avião para São Paulo.

— Obrigado, Pedro. — ele disse, chegando mais para o canto do

hall, para ler a mensagem.

Ele sentou-se numa poltrona acolchoada tão fofa que era côo se

fosse o espaço de espera, colocou os pés para cima como ele sem-

pre fazia e leu a mensagem: querido filho, eu sei que não deve ser uma hora boa para fazer esse comunicado, mas estamos em São Paulo numa reunião de negócios e você tem que vir agora para cá, ok? Pegue a passagem, vá ara o aeroporto e, quando chegar aqui, vai ter uma pessoa com uma placa a sua espera, ok? Boa viajem. Mamãe papai. Ok, agora tudo o que ele tinha pensado em fazer tinha saído pelo

ralo; ele agora teria que ir para outro estado. Mas antes, ele tinha

que pegar algumas coisas essenciais em sua casa. Ele pegou o ele-

vador e, enquanto ia em direção a sua casa, ele digitou uma mensa-

gem do celular para os seus colegas: Não vou poder sair! Meus pais me prenderam! Amanhã eu conto tudo! As mensagens dos quatro chegaram quase ao mesmo tempo.

Sofia estava parada, em pé, enquanto uma ajudante da sua mãe

estava tentando arrumar um vestido de outono no corpo dela

quando seu celular tocou. Ela pegou-o do bolso sem se preocupar

com o que estava acontecendo e leu as mensagens que estavam

Page 16: Os It capítulo 06

nele. Ela se sentiu mais aliviada não sendo a única que teve que

cancelar o que eles tinham marcado.

Bianca estava sentada frente a frente com o pai, brigando com

ele por ele tê-la deixado e depois de muito tempo ter procurado ela.

Ela também estava falando que não queria mais vê-lo e que ele era

uma página virada da vida dela quando o seu celular tocou.

— Um minuto — ela disse como se estivesse conversado nor-

malmente com a sua amiga. Pegou o telefone e leu as mensagens.

Ela ficou feliz por todos terem algo de diferente para fazer naquela

tarde, e não só ela.

Era a terceira vez que Mark contava a historinha para a irmã e

olhava para o relógio vendo o tempo passar e os pais não chegarem

quando ele ouviu alguma coisa tocar, mas nem reparou que era seu

telefone.

— Mark, seu celular está tocando. — Sua irmã disse, interrom-

pendo-o.

Ele pegou seu celular e leu as três mensagens de diferentes pes-

soas, mas que desmarcavam o encontro daquela tarde. Agora ele

não precisava ficar olhando para o relógio de minuto em minuto,

não é?

Ed estava no aeroporto, entregando o cartão de embarque quan-

do seu celular tocou. Ele pediu licença a mulher que estava em sua

frente e pegou o celular vendo que ele tinha recebido três mensa-

gens. Ele leu cada uma delas, ficando mais aliviado de estar viajando

e não sendo o único que estava cancelando o passeio da tarde.