OS JOGOS E BRINCADEIRAS COMO FERRAMENTAS DE...

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1 OS JOGOS E BRINCADEIRAS COMO FERRAMENTAS DE ESTIMULAÇÃO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Patícia Orientadora: Wany Sousa Pós Graduação: Supervisão Escolar, Orientação Educacional e Inspeção Escolar Avenida Getúlio Vargas nº329, Centro - Leoplodina Mg CEP: 36700-000 Tel: (32) 3441 - 5676( 32) 8867 5676 [email protected]

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OS JOGOS E BRINCADEIRAS COMO FERRAMENTAS DE ESTIMULAÇÃO

DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Patícia

Orientadora:

Wany Sousa

Pós – Graduação:

Supervisão Escolar, Orientação Educacional e Inspeção Escolar

Avenida Getúlio Vargas nº329, Centro - Leoplodina Mg

CEP: 36700-000

Tel: (32) 3441 - 5676( 32) 8867 – 5676

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RESUMO

O presente artigo descreve sobre a importância dos jogos e brincadeiras no processo de ensino –

aprendizagem. Através da brincadeira a criança exercita todas as suas potencialidades, desenvolvendo seu

lado social, motor e cognitivo.

Investigaremos as influências positivas que os jogos e as brincadeiras exercem na aprendizagem da

criança, sinalizando as concepções de um dos grandes teóricos sobre a aprendizagem infantil: Lev

Semenovich Vygotsky, que entre outros grandes estudiosos, destaca a necessidade de as atividades

lúdicas estarem presentes nas fases do desenvolvimento e da aprendizagem. Neste sentido, esta

investigação tem por objetivo analisar e discutir o papel das brincadeiras, dos jogos e dos brinquedos

como instrumento na construção da aprendizagem da criança. Para tanto, a fundamentação teórica busca

a contribuição de diversos autores que tratam do assunto.

Os jogos e brincadeiras podem ser utilizados como ferramentas estimuladoras, facilitadoras e

enriquecedoras que através do lazer e com prazer estimulam satisfatoriamente todo o processo de

aprendizagem do indivíduo. Cabe ao professor propiciar através dos recursos adequados às necessidades

de sua escola jogos e brincadeiras com intuito de garantir aos alunos um aprendizado eficaz.

Palavras – Chave: jogos, brincadeiras, lúdico

ABSTRACT

This article discusses about the importance of games and play in the teaching - learning process. Through

play a child exercises its full potential by developing its social side, motor and cognitive development.

Investigate the positive influences that play games and play in a child's learning, signaling the

conceptions of one of the great theorists on child learning: Lev Semenovich Vygotsky, who among other great scholars, highlights the need for play activities are present in phases development and learning. In

this sense, this research aims to analyze and discuss the role of play, games and toys as a tool in building

the child's learning. For both, the theoretical foundation seeks input from various authors dealing with the

subject.

The games and activities can be used as tools in stimulating, facilitating and enriching it through leisure

and pleasure stimulate satisfactorily throughout the learning process of the individual. The teacher has to

provide with adequate resources to the needs of your school plays and games with a view to ensuring

effective learning for students.

Keywords - Keywords: games, games, play

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INTRODUÇÃO

Esse artigo apresenta um estudo relacionado a utilização dos jogos e brincadeiras na

estimulação da aprendizagem na educação infantil, através dos jogos e brincadeiras a

aprendizagem acontece de maneira lúdica e significativa proporcionando ao educando o

prazer em aprender.

O educador infantil tem como tarefas: dirigir a relação entre o ensino e aprendizagem;

orientar para o saber e gerenciar o conhecimento, deve estar atento para o

desenvolvimento educacional de cada aluno com excelência e dispor de recursos

apropriados para o aprendizado eficaz, buscar rotinas pedagógicas de acordo com os

desejos e as necessidades de todos.

A elaboração e a execução de uma proposta pedagógica são as primeiras e as principais

atribuições da escola. A partir desta proposta é definido o caminho e os rumos que uma

determinada comunidade escolar busca para si e para aqueles que se agregam em seu

ambiente.

Sendo assim, neste artigo aponta para importância da inserção dos jogos e brincadeiras

ligadas ao campo da aprendizagem sejam utilizadas como uma ferramenta estimuladora,

facilitadora e enriquecedora que auxilia de maneira prazerosa todo o processo de

aprendizagem do indivíduo.

Assim, os jogos e as brincadeiras não são apenas meios de distração para o aluno, mas

torna-se um agente facilitador de apoio a aquisição de novas aprendizagens que

possibilita ao aluno o gostar de aprender de modo prazeroso.

Tendo em vista o processo pedagógico tais aprendizagens só acontecem eficazmente a

partir do momento que se determine objetivos precisos para que o ganho realmente

aconteça e que as aprendizagens se concretizem, respeitando o desenvolvimento em

suas especificidades.

1. A APRENDIZAGEM

A aprendizagem é um sistema complexo. Não engloba somente o processo de aquisição

de conhecimentos, conteúdos ou informações, mas também a assimilação e a apreensão

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desses conhecimentos, conteúdos e informações. A fim de tornar o aluno em seres

capazes de criticar.

Pode-se descrever a aprendizagem como sendo “um processo de aquisição e assimilação

mais conscientes de novos saberes e novas formas de perceber, ser , pensar e agir”.

(Schmitz, E. F. Opcit p. 53 ).

A educação formal é, primeiramente, um processo de direção e orientação da

aprendizagem, mas nem todas as aprendizagens pertencem a este tipo. Aprendizagens

são todas as modificações, relativamente permanentes, de nossas tendências a reagir,

que resultam da experiência. O comportamento apreendido não é instável, pois o ser

humano modifica-se durante toda a sua vida.

1.1 TIPOS DE APRENDIZAGEM

A teoria de Ausubel sustenta três tipos gerais de aprendizagem (Moreira 1982,

p.89 e 90)

1.1.1 Aprendizagem Psicomotora

Envolve habilidades motoras simples até as mais complexas através de treino e

prática.

1.1.2 Aprendizagem cognitiva

Aprendizagem realizada através da aquisição de conhecimentos e informações e suas

interpretações tendo como base seus conceitos. É resultante do que o individuo

armazena no seu aprendizado.

1.1.3 Aprendizagem afetiva – emocional

Resulta dos sinais internos do indivíduo. Dependem do ambiente escolar, respeito e a

valorização do aluno. Para se obter o aprendizado é de suma importância que o aluno

tenha vontade em aprender. Tenha motivação para o aprendizado e esta motivação pode

ser estimulada pelo professor através de recursos atrativos, utilizando a linguagem do

aluno com intuito de enriquecer seus conhecimentos. Uma forma de tornar o saber

prazeroso é inserindo jogos e brincadeiras no planejamento de curso em cada

disciplina.

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1.2 Características do Processo de Aprendizagem

1.2.1 Processo dinâmico - A aprendizagem não é um processo passivo.

Sua característica mais importante é a atividade daquele que aprende. Portanto a

aprendizagem só se faz através da participação do aprendiz.

1.2.2 Processo continuo – A aprendizagem está presente desde o inicio da vida (talvez

desde a idade pré natal) até a morte.

1.2.3 Processo Global – Qualquer comportamento humano é global incluindo sempre

aspectos motores e emocionais.

1.2.4 Processo Pessoal – A aprendizagem é intransferível. Ninguém pode aprender

pelo outro. A maneira de aprender e o próprio ritmo da aprendizagem variam de

indivíduo para indivíduo.

1.2.5 Processo Gradativo – A aprendizagem é um processo que se desenvolve em

complexidade crescente. Em cada nova situação sem um maior numero de elementos se

torne presente.

1.2.6 Processo cumulativo – A aprendizagem é um processo de progressiva adaptação e

ajustamento social, em que a experiência atual, aproveita-se das experiências anteriores.

2 - PRINCIPAIS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES EM

RELAÇÃO A APRENDIZAGEM

Ivone Castilho Benedetti, Paulo Freire , Martins Fontes, Cortez , Pioneira são alguns

autores que descrevem sobre os principais teóricos e suas contribuições para o

desenvolvimento do ensino – aprendizagem. A seguir as colocações realizadas por estes

autores.

2.1 Skinner

Inicialmente, abordou as ideias de Skinner relacionadas ao desenvolvimento e a

aprendizagem do sujeito.

Skinner nasceu em 1994, no Estados da Pensilvânia, EUA, falecendo no ano de 1980.

Graduou-se em Harvard, em Psicologia, Skinner estudou comportamento operante

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focando no estudo da psicologia da aprendizagem. Desta forma buscou recursos para

serem utilizados através de ensino programado sem ter a necessidade da presença do

mediador para execução das tarefas. Ensino sendo efetuado com uso de livros, apostilas

e máquinas de ensinar , meio mais apropriado , segundo skinner, para realizar o

aprendizado escolar.

Skinner criou primeiro tipo de aprendizagem chamada condicionamento respondente,

cuja qual são respostas através de reflexos ou involuntárias e segundo tipo de

aprendizagem chamado comportamento operante, são condutas voluntárias, estímulos

que se seguem de respostas.

2.2 Carl Rogers

Carl Rogers nasceu em Lindonois, Eua, em 1902, falecendo no ano de 1987.

Representante da psicologia humanística é responsável na educação pela antipedagogia

e ou pedagogia não diretiva, com uma premissa basicamente fenomenologica, pois

enfatiza as experiências das pessoas, seus valores e sentimentos,ou seja,visualiza o

aluno como pessoa. Carl Rogers foi o primeiro a realizar o desenvolvimento da

Psicologia Humanista.

O Teórico acreditava que uma pessoa possui capacidade para alcançar seu crescimento e

desenvolvimento. Esta evolução não acontece somente por influências do grupo social

ao qual o indivíduo está inserido , seja familiar ou não , mas por causa de sua própria

capacidade. A facilitação da aprendizagem é o maior objetivo da educação para Rogers.

Os seres humanos têm uma potencialidade natural para aprender, ou seja, nascemos com

uma tendência natural para aprender, em contato com problemas da existência, todos

querem estudar, deseja crescer, procuram descobrir, esperam dominar almejam criar.

Concluindo, segundo Rogers, o indivíduo tem que aprender a aprender e é capaz de

realizar seus ideais , pois nascemos com uma tendência natural para o aprender.

2.3 Piaget

Biólogo por formação, Piaget tornou-se um estudioso das questões epistemológicas ao

realizar algumas indagações como: o que é conhecimento? Como aprendemos? Qual a

relação entre conhecimento e ação sobre o objeto?

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Jean Piaget foi pioneiro no estudo da inteligência infantil. Acreditava que o

comportamento dos humanos não acontece de forma inata, nem resulta de

condicionamentos. Mas, sim da interação entre indivíduo e meio.

Segundo Piaget a adaptação é importante para estimular o intelecto da criança, assim

como o funcionamento biológico. O processo de adaptação é realizado através da

assimilação e acomodação.

Assimilação – Integra a criança em um novo. Desenvolvendo a parte motora, perceptiva

e de conceituação. A criança tenta se adaptar ao meio sempre que recebe novos

estímulos.

A acomodação ocorre quando a criança não consegue identificar as diferenças. A

criança não consegue assimilar um novo estímulo.

Piaget acreditava que a teoria de equilibração estava baseada na integração da criança

com o meio. A teoria da equilibração está entre a assimilação e a acomodação agindo

como auto - regulador.

2.3.1 Estágios Cognitivos de Piaget

Piaget destaca que o desenvolvimento cognitivo no sujeito é uma sessão de estágios e

sub estágios, nos quais os esquemas se organizam entre si formando as estruturas.

Nasciam assim os estágios ou períodos do desenvolvimento: sensório- motor, pré

operacional, operatório concreto, e operatório formal.

Estágio sensório – motor (0 a 2 anos ) - A criança conhece o mundo através da

manipulação . Experiências vivenciadas.

Estágio pré- operatório ou pré operacional (2 a 7 anos )- Surge a linguagem ,

desenvolvimento cognitivo , afetivo e social. Destaca-se nesta fase o egocentrismo.

Estágio operatório – Início da construção lógica.

Estágio operatório forma (12 anos) – Pensamento formal, excluindo o concreto. .

A teoria de Piaget coloca que a construção do conhecimento ocorre quando ações físicas

ou mentais tem como feedback assimilação dessas ações e automaticamente um

equilíbrio educacional é alcançado.

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2.4 Lev Vygotsky

Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) nasceu na Rússia czarista. E junto com seus

colaboradores desenvolveu uma teoria original e fecunda. Apesar de ter morrido muito

jovem, produziu volumosa obra escrita além de ter aplicado suas teorias em múltiplas

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Vygostysky pressupõe que o aprendizado é um processo profundamente social, e o

desenvolvimento um processo dialético, cuja característica é baseada de no

desenvolvimento das diferentes funções. Para autor a aprendizagem e desenvolvimento

são interrelacionados desde o nascimento do sujeito, sendo os atos intelectuais

decorrentes de práticas sociais. A interação social e o processo de intervenção social são

fundamentais para o desenvolvimento do sujeito.

Vygotsky valoriza a transmissão de experiência histórica – social reconstrução interna

através da transformação de um processo interpessoal num processo intrapessoal.

Introduziu os conceitos de zona de desenvolvimento proximal e zona de

desenvolvimento real, que tem relação direta com o processo de aprendizagem.

Incentivar, estimular, proporcionar e valorizar os conhecimentos linguísticos de

crianças,familiar e e comunidade são conceitos importantíssimos para Vygotsky, pois,

dessa forma, o desenvolvimento e aprendizagem ocorre a a partir de mediações sociais .

3 - JOGOS E BRINCADEIRAS NO CONTEXTO HISTÓRICO

Ao analisamos a trajetória do brincar dentro do contexto histórico verificamos a

introdução da brincadeira através de Fröebel educador alemão (1782-1852) como

primeiro recurso para a aprendizagem. Comenius (1592-1670) - fundador da didática

moderna da pedagogia diz que a criança aprende muito cedo e o aprendizado é como

uma semente que precisa ser plantada cultiva para depois vermos seus frutos, ou seja, o

ensino deve ser feito com a ação e deve estar voltado para a ação.

De acordo com Rousseau - filósofo (1712-1778) – a aprendizagem é adquirida através

das experiências, devemos deixar que a criança viva cada fazer no seu devido tempo.

Montessori - médica italiana Maria Montessori (1870-1952) - valorizava o ambiente,

adequando-o de acordo com o tamanho da criança. E, além disso, o material didático

deveria estar voltado para a estimulação sensório-motora, pois acreditava que

estimulando a parte sensório motora, estaria, também estimulando a mente, como forma

de alimentação, pois, corpo e mente, caminham juntos.

O filósofo John Dewey (1859-1952) defende o conhecimento como uma atividade

dirigida que não tem um fim em si mesmo, mas está voltado para a experiência. Assim

ele acredita que a atividade lúdica torna-se um fator decisivo para o desenvolvimento da

criança.

Para Vygotsky: (1896-1934) - a brincadeira, o jogo são atividades específicas da

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infância, na quais a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. É uma

atividade social, com contexto cultural e social. Acredita ainda que é enorme a

influência do brinquedo no desenvolvimento da criança. É no brinquedo e no jogo que a

criança aprende a agir numa esfera cognitiva.

Piaget: (1896-1980) - tanto a brincadeira como o jogo é essencial para contribuir no

processo de aprendizagem. Ao lançar uma atividade desconhecida seja um jogo ou uma

brincadeira, o aluno entrará em conflito. No entanto, logo ao tomar conhecimento e

compreender melhor as idéias, este estará assimilando e acomodando o novo

conhecimento.

Wallon - médico neurologista e psicólogo francês (1879-1962) – em sua concepção o

termo infantil significa lúdico. As brincadeiras e jogos assumem um grande valor

educacional no qual a criança concebe o grupo em função das tarefas que o grupo pode

realizar, dos jogos a que pode entregar-se com suas camadas de grupo, e também das

contestações, dos conflitos que podem surgir nos jogos onde existem duas equipes

antagônicas.

Huizinga (2001) nos coloca que a atividade relacionada ao jogo pertence a uma classe

bem primitiva, por isso é fundamental quando o pensamento (homo sapiens) e a

fabricação de objetos (homo faber), então, “homo ludens”, no remete a algo lúdico, o

qual surge dentro do processo do desenvolvimento da humanidade, ou seja, do

momento que o indivíduo pensa, ela passa a concretizar seu pensamento, através do seu

fazer, e ao realizar tal tarefa, inicia seu processo de construção, que vem, de forma

implícita, fazer brincando, ou jogando.

Huizinga (2001) também define o jogo como: Uma atividade

voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente

obrigatórias. (HUIZINGA, 2001, p. 5).

Jogos e brincadeiras são indispensáveis para a saúde intelectual, psíquica e física do

indivíduo, em especial crianças em fase de desenvolvimento global. Através de

atividades lúdicas, os alunos desenvolvem o cognitivo, a socialização, linguagem,

raciocínio lógico, criatividade, análise, síntese, capacidade de interpretação entre outras

funções.

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Atualmente, com o crescimento dos meios de comunicação como televisão e a internet,

as crianças estão deixando de lado as brincadeiras, buscando o aspecto lúdico apenas

nos jogos de computador, vídeos-games, dentre outros brinquedos eletrônicos que

limitam as crianças, ocasionando a perca da sua própria identidade, e ao mesmo tempo,

apontando para elas o que é correto, direciona-as em meio a situações com regras

prontas, o que as priva de novas experiências que as façam crescer.

Numa sociedade, onde ambos os pais trabalham as crianças têm que viver em função de

particularidades culturais, e a partir dos novos ritmos desta sociedade é perceptível a

forma empobrecedora das experiências lúdicas que a criança tem vivido, quando fica à

margem de vídeo games, televisores e outros meios eletrônicos. Ou seja, sufocada em

exigências de seu cotidiano e em virtude disso, os meios eletrônicos deixam marcas

subjetivas na vida das crianças, o que se torna desprovido de recursos sua experiência

diárias e da mesma forma a imaginação. Neste contexto, verifica-se no discurso parental

e social a grande preocupação com segurança, limpeza e saúde, que leva a subtrair das

crianças a possibilidade de brincar, para tanto, atendem dos adultos a uma série de

regras de controle.

Portanto, os meios eletrônicos interferem na atitude e na formação de personalidade das

crianças, principalmente quando comparado aos aspectos motores. A inatividade destes

jogos, a influência alimentar, a hiperatividade, a liberação de violência, entre outras

ações inadequadas adquiridas em conseqüências do mau uso dos aparelhos eletrônicos

constituem exemplos de suas influencias na vida humana.

4 - PRINCIPAIS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA AS

ATIVIDADES LÚDICAS

Apresentamos de uma forma mais sucinta, o olhar dos teóricos que foram considerados

mais significativos, cujas contribuições direcionam as atividades lúdicas na educação.

Optamos por apresentar as ideias desses teóricos uma vez que os mesmos tem como

premissa principal a criança como um individuo que precisa de atenção no seu processo

de formação.

Enfatizo o trabalho Rousseau, como grande contribuidor para a educação infantil,

na visão de Aranha (2002) e Pileti e Pileti(1995). Além de Rosseau, abordaremos

Comenius, Froebel, Montessori, Dewey, Vygotsky, Piaget e Wallon, sempre citados no

discorrer do trabalho.

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4.1 Comenius

Comenius (1999) destaca que a aprendizagem acontece por meio da prática, valorizava

o uso de atividades lúdicas, acreditava que brincadeiras e jogos ofereciam resultado

positivo no processo de ensino – aprendizagem.Também buscou tornar a aprendizagem

mais eficaz e atraente. Pois é nesta etapa que deve se aproveitar a forma lúdica para

melhor formar a criança.

As crianças na primeira fase escolar são seres com maior capacidade para a

aprendizagem. As crianças estão em período de crescimento, de vivenciar o novo, é uma

fase ideal para explorar e projetar seu interesse pela descoberta, usando temas que sejam

interessantes de acordo com a faixa etária a ser trabalhada.

4.2 Rousseau

Seguindo o caminho aberto por Comenius, os pedagogos do século das luzes, refletem

sobre a infância, a educação destinada às crianças pequenas e o papel do lúdico no

desenvolvimento da criança, anunciando o começo da psicologia infantil. Essa nova

compreensão acerca da educação imprime uma preocupação em relação às diferenças

entre adulto e criança. Portanto, a educação torna-se fator de grande importância.

Rousseau coloca que o contato da criança com a natureza desenvolverá a curiosidade

para buscar o conhecimento. A criança, segundo Rousseau deve ser livre para realizar

suas atividades, logo na primeira etapa da educação infantil, valorizando a criança

dentro da primeira infância. Para ele, a educação deve ser baseada na atividade, a

aquisição da aprendizagem é realizada através das experiências.

Para que a criança obtenha um desenvolvimento global eficaz, nos aspectos cognitivos,

sensoriais, psicomotores deve-se deixar que ela viva cada fase de sua vida, no seu

devido tempo. Rousseau não aceitava determinadas restrições direcionadas às crianças

nos primeiros anos de vida.

Concluímos que, de acordo com Rousseau, a falta de liberdade prejudicava a criança, e

a que a vida educacional das crianças, em especial , na primeira fase escolar,deveriam

seguir um caminho agradável , livre e natural assim como a natureza.

4.3 Froebel

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Froebel foi o pioneiro a compreender a importância dos jogos e brincadeiras como fonte

do desenvolvimento da criança de maneira adequada. Criador e fundador do jardim de

infância. Froebel comparava a criança como uma planta, pois a mesma sendo um ser

vivo precisaria de elementos fundamentais para o seu desenvolvimento como carinho e

cuidados especiais desde a mais simples para que possa crescer forte , sadio e tornar-se

um adulto equilibrado.

Através do lúdico, a criança teria mais condições de viver melhor sempre acrescentando

os brinquedos e jogos direcionados, livres ou espontâneos.

Assim, o autor, e acordo com Aranha (2002), consegue perceber o significado e a

importância das atividades lúdicas para o desenvolvimento sensório-motor, criando

meios de para aprimorar a capacidade intelectual da criança através da relação com

brinquedos estimulando a criatividade, imaginação e experiências vivenciadas.

Kishimoto (2002) comenta que Froebel defendia o valor do lúdico na infância e a

expressão de liberdade como um meio para o ensino. E a proposta de Froebel se

caracterizava no caráter lúdico, pois esse era o fator determinante da aprendizagem das

crianças.

4.4 Montessori

Montessori, criou um método próprio de ensino pesquisando e observando crianças

com problemas mentais. Maria Montessori ocupa papel de destaque pelas novas

técnicas introduzidas nos jardins de infância e nas primeiras séries do ensino formal.

Seus jogos são atraentes e instrutivos destinados a proporcionar uma educação sensorial,

estimulando a observação, entre esses materiais didáticos encontram-se objetos

relacionados à coordenação motora e à visualização do tempo e do espaço, todos com

formas muito diversificadas e coloridas.

Todo o trabalho de Montessori se apóia sobre uma série de materiais didáticos,

organizados em grupos: material de exercícios para a vida cotidiana, material sensorial,

de linguagem, de matemática e de ciências. Os materiais compreendem quebra-cabeças,

letras em madeira ou lixa, diferentes alfabeto para compor palavras, formas variadas,

barra de contagem, algarismos em lixa e madeira, conjuntos de contas coloridas etc...

O material é de livre escolha do aluno e seu uso ocorre a partir do ritmo de cada um.

Cada tipo de material é auto-corretivo o que permite que a própria criança avalie seu

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progresso. Trabalhando em ritmo individual, cada criança passa de forma própria pelos

materiais necessários.

A pedagogia montessoriana levava em consideração a importância do tamanho do

ambiente escolar o mesmo deveria ser condizente com o tamanho da criança e todo

material didático pertinente à estimulação psicomotora e sensorial. O espírito da

criança, para a educadora italiana, se formaria mediante os estímulos externos que

precisam ser determinados. Referindo-se aos fundamentos da didática montessoriana, a

criança é livre, mas livre apenas na escolha dos objetos sobre que possa agir. Esses

objetos são sempre os mesmos e típicos para cada gênero de atividade. Daí, o conjunto

de jogos ou material que criou para os jardins de infância e suas lições materializadas

para o ensino primário. Para ela, as atividades manuais e físicas com objetos definidos

ajudavam à organização interna das crianças.

4.5 Dewey

Autor foi um dos primeiros a chamar a atenção para a capacidade de pensar dos alunos.

Dewey acreditava que, para o sucesso do processo educativo, bastava um grupo de

pessoas se comunicando e trocando idéias, sentimentos e experiências sobre as situações

práticas do dia a dia. A experiência educativa é, para Dewey, reflexiva, resultando em

novos conhecimentos, reflexão e ação, devem estar ligadas, são parte de um todo

indivisível. Dewey acreditava que só a inteligência dá ao homem a capacidade de

modificar o ambiente a seu redor.

O desenvolvimento, tanto da vida infantil quanto a vida adulta consideradas em suas

condições específicas, é a orientação das energias e das forças latentes para formação de

hábitos de observação e reflexão que tornam a experiência inteligente. Por isso a

educação da criança jamais deve prescindir das aptidões da criança: “A criança é

possuidora, por certo, de aptidões especiais: desprezar esta circunstância é mutilar ou

deformar os órgãos de que depende seu desenvolvimento.” (Dewey, 1979, p. 53).

Por um lado, a educação da criança busca desenvolver suas aptidões para lidar com os

problemas do mundo adulto. A educação do adulto é um reencontro com a infância: “E

com referência à curiosidade simpatizante, às reações francas e à receptividade mental

poderemos dizer que o adulto se desenvolve à medida que se reaproxima da infância.”

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(Dewey, 1979, p. 54). Assim para o teórico, a educação que atua sobre a expansão da

experiência presente a torna uma mola propulsora para as experiências seguintes, cujas

condições históricas, sociais, pessoais são imprevisíveis:

“Sendo grande a necessidade de preparação para uma vida em

contínua evolução, urge empregarem-se todas as energias para tornar-

se a experiência presente a mais rica e significativa possível. E como o presente insensivelmente se transforma em futuro, segue que, assim

procedendo, também temos tomado em conta o futuro.” (Dewey,

1979, p. 60)

Assim, justifica-se aos olhos de Dewey, o prolongamento do chamado período da

infância, favorecendo a aquisição dos “variados e novos modos de controle”, através da

inteligência, que contribuem para o progresso social. Como vemos, para Dewey, o

desenvolvimento infantil tem sua base na vida social da criança. Desta forma, ele

visualiza a escola e podemos estender a todos os espaços educativos – como um

ambiente que deve oportunizar a livre expressão da vida em comunidade.

4.6 – Vygotsky

Para Vygotsky, segundo Aranha (2002), a brincadeira, o jogo são atividades

específicas, a criança cria novamente a realidade simbolicamente. É uma atividade

social, dentro do meio cultural e social.

Em Vygotski (1998) observamos que o brinquedo cria uma Zona de Desenvolvimento

Proximal na criança. Sabendo que a aquisição do conhecimento se dá através das zonas

de desenvolvimento: a real e a proximal. A zona de desenvolvimento real é a do

conhecimento já adquirido, é o que a pessoa traz consigo, já a proximal, só é atingida,

de início com o auxílio de outras pessoas mais capazes, que já tenham adquirido esse

conhecimento. As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo,

aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação.

Vygotsky (1991) classifica o brincar em três fases da seguinte forma: a primeira fase a

criança começa a se distanciar de seu primeiro meio social, representado pela mãe,

começa a falar, a andar e a movimentar-se em volta das coisas. Nesta fase, o ambiente a

alcança por meio do adulto e pode-se dizer que a fase estende-se até em torno dos sete

anos. A segunda fase é caracterizada pela imitação, a criança copia os modelos dos

adultos. A Terceira fase é marcada pelas convenções que surgem de regras e

convenções a elas associadas.

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Segundo ele, a criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a

informações: aprendem a regra do jogo, por exemplo, através dos outros e não como o

resultado de um engajamento individual na solução de problemas. Desta maneira,

aprende a regular seu comportamento pelas reações, quer elas pareçam agradáveis ou

não.

4.7 Piaget

Jean Piaget (1896-1980) nascido na Suíça, embora não fosse pedagogo, muito

influenciou a pedagogia do século XX. Suas primeiras obras aparecem na década de

vinte e logo provoca viva repercussão, sobretudo a psicologia genética, que investiga o

desenvolvimento cognitivo da criança desde o nascimento até a adolescência.

Para Piaget o jogo é essencial para a criança, diferentemente de Vygotsky, ele divide o

jogo por faixa etária, Piaget elaborou uma “classificação genética baseada na evolução

das estruturas”. (PIAGET apud RIZZI, 1997) e classificou os jogos em três grandes

categorias que correspondem às três fases do desenvolvimento infantil:

Fase sensório-motora (do nascimento até os 2 anos aproximadamente): a criança

brinca sozinha, sem utilização da noção de regras.

Fase pré-operatória (dos 2 aos 5 ou 6 anos aproximadamente): as crianças

adquirem a noção da existência de regras e começam a jogar com outras crianças

jogos de faz-de-conta.

Fase das operações concretas (dos 7 aos 11 anos aproximadamente): as crianças

aprendem as regras dos jogos e jogam em grupos. Esta é a fase dos jogos de regras

como futebol, damas, etc.

Assim Piaget (1975), classificou os jogos correspondendo a um tipo de estrutura mental,

percebendo o jogo como uma atividade natural no ser humano. Inicialmente a atividade

lúdica surge como uma série de exercícios motores simples. Sua finalidade é o próprio

prazer do funcionamento, Estes exercícios consistem em repetição de gestos e

movimentos simples como agitar os braços, sacudir objetos, emitir sons, caminhar,

pular, correr, etc. Embora estes jogos comecem na fase maternal e durem

predominantemente até os 2 anos, eles se mantém durante toda a infância e até na fase

adulta. Por exemplo, andar de bicicleta, moto ou carro. Posteriormente o jogo simbólico

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aparece predominantemente entre os 2 e 6 anos. A função desse tipo de atividade lúdica,

de acordo com Piaget, “consiste em satisfazer o eu por meio de uma transformação do

real em função dos desejos, ou seja, tem como função assimilar a realidade”. (PIAGET

apud RIZZI, 1997).

A criança tende a reproduzir nesses jogos as relações predominantes no seu meio

ambiente e assimilar dessa maneira a realidade e uma maneira de se auto-expressar.

Esse jogo-de-faz-de-conta possibilita à criança a realização de sonhos e fantasias, revela

conflitos, medos e angústias, aliviando tensões e frustrações.

Na fase adiante os 7 e 11-12 anos, começam a aparecer com mais freqüência desenhos,

trabalhos manuais, construções com materiais didáticos, representações. Piaget não

considera este tipo de jogo como sendo um segundo estágio e sim como estando entre

os jogos simbólicos e de regras.

O teórico apresenta ainda o jogo de regras, entretanto este começa a se manifestar por

volta dos cinco anos, desenvolve-se principalmente na fase dos 7 aos 12 anos. Este tipo

de jogo continua durante toda a vida do indivíduo (esportes, trabalho, jogos de xadrez,

baralho, RPG, etc.).

Os jogos de regras são classificados em jogos sensório-motores (exemplo futebol), e

intelectuais (exemplo xadrez).

O que caracteriza o jogo de regras é a existência de um conjunto de leis imposto pelo

grupo, sendo que seu descumprimento é normalmente penalizado, e uma forte

competição entre os indivíduos. O jogo de regra pressupõe a existência de parceiros e

um conjunto de obrigações (as regras), o que lhe confere um caráter eminentemente

social.

Este jogo aparece quando a criança abandona a fase egocêntrica possibilitando

desenvolver os relacionamentos afetivo-sociais.

4.8 Wallon

Wallon foi um estudioso que se dedicou ao psiquismo humano na perspectiva genética,

ele defendeu a gênese da pessoa, na qual justifica o seu interesse pela evolução

psicológica da criança.

Para Wallon, o fator mais importante para a formação da personalidade não é o meio

físico, mas sim o social. O autor chama a atenção para o aspecto emocional, afetivo e

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sensível do ser humano e elege a afetividade, intimamente fundida com a motricidade,

como desencadeadora da ação e do desenvolvimento da ação e do desenvolvimento

psicológico da criança.

Wallon enfoca a motricidade no desenvolvimento da criança, ressaltando o papel que as

aquisições motoras desempenham progressivamente para o desenvolvimento individual.

Segundo ele, é pelo corpo e pela sua projeção motora que a criança estabelece a

primeira comunicação com o meio, apoio fundamental do desenvolvimento da

linguagem. É a incessante ligação da motricidade com as emoções, que prepara a gênese

das representações que, simultaneamente, precede a construção da ação, na medida em

que significa um investimento, em relação ao mundo exterior.

Deste modo, Wallon o define o jogo como uma atividade voluntária da criança. Se

imposta, deixa de ser jogo; é trabalho ou ensino. Ao classificar os jogos infantis,

apresenta quatro categorias:

Jogos funcionais;

Jogos de ficção

Jogos de aquisição

Jogos de fabricação.

a) Jogos funcionais

Caracterizam-se por movimentos simples de exploração do corpo, através dos sentidos.

A criança descobre o prazer de executar as funções que a evolução da motricidade lhe

possibilita e sente necessidade de pôr em ação as novas aquisições, tais como: os sons,

quando ela grita, a exploração dos objetos, o movimento do seu corpo. Esta atividade

lúdica identifica-se com a “lei do efeito”. Quando a criança percebe os efeitos

agradáveis e interessantes obtidos nas suas ações gestuais, sua tendência é procurar o

prazer repetindo suas ações.

b) Jogos de ficção

Atividades lúdicas caracterizadas pela ênfase no faz-de-conta, na presença da situação

imaginária. Ela surge com o aparecimento da representação e a criança assume papéis

presentes no seu contexto social, brincando de “imitar adultos”, “casinha”, “escolinha”,

etc.

c) Jogos de aquisição

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Desde que o bebê, “todo olhos, todo ouvidos”, como descreve Wallon, se empenha para

compreender, conhecer, imitar canções, gestos, sons, imagens e histórias, começam os

jogos de aquisição.

d) Jogos de fabricação

São jogos onde a criança se entretém com atividades manuais de criar, combinar, juntar

e transformar objetos. Os jogos de fabricação são quase sempre as causas ou

conseqüências do jogo de ficção, ou se confundem num só. Quando a criança cria e

improvisa o seu brinquedo: a boneca, os animais que podem ser modelados, isto é,

transforma matéria real em objetos dotados de vida fictícia.

Wallon destaca que os jogos influenciam o caráter emocional, fazendo com que a

criança demonstre seu interesse pelas relações sociais nos momentos do jogo e seus

aspectos relativos à socialização. Percebe-se que sua concepção diz que, o lúdico e

infância não podem ser dissociados, toda atividade da criança deve ser espontânea, livre

de qualquer repressão, antes de tornar-se subordinada a projetos de ações mais extensas

e transformadas. Portanto, o jogo é uma ação voluntária, caso contrário, não é jogo, mas

sim trabalho ou ensino.

5 - A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO

DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

De acordo com (Oliveira 2002), o ato de brincar proporciona uma mudança

“significativa” na “consciência infantil” pelo motivo de determinar das crianças um

jeito mais “complexo” de conviver com o mundo.

Oliveira diz que jogos, brinquedos e brincadeiras estimulam o desenvolvimento

cognitivo. A partir do brincar, a criança tem uma experiência vivenciada, descobre

assim um mundo mágico , inventa , cria , estimula habilidades, a curiosidade e em

especial a sua independência.

Ao construir suas hipóteses a criança constrói suas próprias ideias sobre o mundo que a

cerca, refletindo com isso seu desenvolvimento psicológico e cognitivo em que se

encontra. Quando o professor de Educação infantil compreende a importância de se

avaliar os mecanismos e raciocínio empregados em cada brincadeira deixa de existir o

certo e o errado. Toda ideia elaborada pela criança passa, então, a ser valorizada,

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competindo ao professor apena conduzir o aluno a refletir, para que a própria criança

faça suas reformulações e atinja de maneira significativa o seu aprendizado.

O uso de jogos e brincadeiras, em uma visão pedagógica estimula o desenvolvimento

psicomotor, emocional, afetivo, cognitivo entre outras áreas de aprendizagem, mas é

preciso que se identifiquem as necessidades individuais de cada aluno para que possa

estabelecer uma estratégia que supra essas carências. Deve-se entender melhor as

necessidades e dificuldades mais imediatas do sujeito e utilizar as atividades lúdicas

justamente na busca de possibilidades de aprendizagem e compreensão não só de

conteúdos mas de valores também.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998,

p. 23, v.01):

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que

possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de

relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças

aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.

Por isso o educador é a peça fundamental nesse processo, devendo ser um elemento

essencial. Educar não se limita em repassar informações ou mostrar apenas um

caminho, mas ajudar a criança a tomar consciência de si mesmo, e da sociedade. É

oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher caminhos, aquele que for

compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas que

cada um irá encontrar. Nessa perspectiva, segundo o Referencial Curricular Nacional da

Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30, v.01):

A criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem. O

afeto pode ser uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a ludicidade em parceria

com professor-aluno, ajuda a enriquecer o processo de ensino-aprendizagem. E quando

o educador dá ênfase às metodologias que alicerçam as atividades lúdicas, percebe-se

um maior encantamento do aluno, pois se aprende brincando.

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5.1 - ASPECTOS AFETIVOS DO JOGO

O emocional, afetivo é constantemente descrito e comentado no mundo

educacional e fora dele também. No meio escolar, há uma opinião entre educadores

sobre a importância do qualitativo nas relações afetivas da criança. A afetividade esta

ligada diretamente na socialização, nas interações humanas e, sobretudo, na

aprendizagem.

A afetividade tem um sentido pleno: está relacionada às experiências vivenciadas por

adultos e crianças, a motivação de professores e alunos é um fator determinante para a

prática educativa.

Durante o brincar a criança se empenha da mesma maneira com que aprende a andar,

falar, comer e etc. Esse esforço é intenso e demanda concentração. E só por essa

mobilização que aparece nas atividades lúdicas os jogos e brincadeiras deveriam ter

reconhecida a sua real importância no desenvolvimento global das crianças.

Certas brincadeiras parecem vencer o tempo, e são transmitidas de geração a geração

através da cultura. Dentre as brincadeiras que podem ser observadas há o faz de contas:

brincar de casinha, consertar e montar carrinhos, montar garagens, ir ao médico. Nestes

momentos de imaginação, a criança atribui significados distintos dos que eles têm

qualquer coisa pode representar outra coisa, e através do olhar cuidadoso de quem os

cercam podemos ter diante de nossos olhos vários indicativos dos sentimentos desta

criança e compreender melhor a sua realidade. Portanto é essencial que se saiba

interpretar tais brincadeiras, colocando-se no lugar da criança.

A conduta de propiciar momentos lúdicos expressando situações do cotidiano amplia as

oportunidades de compreender as suas próprias experiências como também de

progressos de pensamentos. A criança se apóia imaginação para expressar seus

sentimentos e os reproduz através das brincadeiras permitindo que seus sentimentos

sejam assim extravasados.

Assim vale mais uma vez frisar que os jogos e as brincadeiras sendo livres dirigida

permitem a evolução dos afetos, a interação e a socialização, além de auxiliarem na

construção do pensamento.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após um extenso estudo bibliográfico, constatamos que a aprendizagem acontece de

maneira significativa enquanto a criança brinca, a aprendizagem é um processo

interligado que faz com que ocorra uma transformação em nível de qualidade na

estrutura mental daquele que aprende. Essa transformação se dá através da modificação

do comportamento de um indivíduo.

Tendemos a conceituar a aprendizagem apenas como aquisições escolares formais. A

educação formal é um processo de orientação da aprendizagem, mas nem todas as

aprendizagens pertencem a este estilo, aprendizagens são todas as modificações,

relativamente permanentes, de nossas tendências a reagir, que resultam da experiência

de cada um. O comportamento apreendido não é estático, pois o ser humano modifica-

se durante toda a sua vida

Para se adquirir o aprendizado é muito importante que o aluno tenha desejo em

aprender. Tenha motivação, estímulo para o aprendizado e esta motivação pode ser

incentivada pelo professor através de recursos atrativos, utilizando a linguagem do

aluno com intuito de enriquecer seus conhecimentos. Uma forma de tornar o saber

prazeroso é inserindo jogos e brincadeiras no planejamento diário.

A motivação é condição necessária para o processo de aprendizagem, essa motivação é

peça chave da aprendizagem, pois desenvolvida pelo educador nas atividades propostas,

possibilita impulsionar o educando a alcançar os objetivos propostos por ele de maneira

significativa.

Segundo o dicionário Silveira Bueno (1999), motivação quer dizer exposição de

motivos ou causas; animação; entusiasmo. Através dessas definições, pode-se constatar

que estar motivado é estar animado, entusiasmado. Para isso, é necessário ter motivos.

Portanto, o educador precisa buscar recursos didáticos que possibilitem motivar suas

aulas, pois entendemos que a motivação parte do educador já que necessita de

estratégias em sua prática pedagógica. Motivação é agregar as atividades propostas

estímulo, alegria, ânimo e entusiasmo. A motivação é energia para a aprendizagem, ou

seja, um convite ao educando a participar e interagir nesta construção de sua

aprendizagem.

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Do ponto de vista pedagógico, percebemos que as brincadeiras auxiliam aos educandos

a formar conceitos, relacionar idéias, estabelecer relações lógicas, desenvolver a

expressão oral, reforçar as habilidades sociais e construir seu próprio conhecimento,

confirmando ser esse o papel dos jogos como instrumento facilitador do

desenvolvimento da aprendizagem da criança. É brincando e jogando que a criança

desenvolve sua atenção e afetividade.

Desta forma percebemos que a ludicidade é uma necessidade do ser humano.em

qualquer idade mas, principalmente na infância, na qual ela deve ser vivenciada de

maneira a desenvolver suas potencilidades.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Educação Infantil: conhecimento de mundo. Secretaria da Educação Fundamental.

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