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Os pesquisadores do Brasil e o imperialismo no pós-guerra: o campo da historiografia do Departamento de Estado Larissa Penelu Bitencourt Pacheco Introdução Quando o historiador Rollie Poppino, 1922, faleceu em 2010, era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e produziu, ao longo de sua carreira, uma série de estudos sobre o Brasil, em diferentes fases. Entre artigos, tese, livros e capítulos, contribuições em palestras do Instituto e outras reuniões no Brasil, podemos perceber o perfil de um historiador ligado aos grandes temas a respeito da sociedade brasileira. No contexto pós-Guerra, foi convidado a pesquisar uma das áreas delimitadas pelo Projeto Colúmbia University, na Bahia, em 1950 (CASIMIRO, MAGALHÂES, ROCHA et al. 2013; PACHECO, 2012, SANTOS, 2014), trabalho a partir do qual produziu a tese intitulada “Feira de Santana” – município baiano que, a 100 km de Salvador, despontava para investimentos no setor comercial em expansão. A partir de então, as redes de aproximação de intelectuais, do qual participou, envolveu personalidades engajadas com o discurso democrático da UDN, no Brasil e, posteriormente, ao campo de intelectuais vinculados aos chamados “think thanks” nos Estados Unidos e que subsidiaram leituras sobre o regime político brasileiro, junto ao Departamento de Estado. Suas relações e aproximações com um conjunto de intelectuais de destaque junto ao governo da Bahia e as agências de discussão sobre a sociedade baiana, como Thales de Azevedo, Luis A. Costa Pinto, Charles Wagley e especialmente, o vínculo de todos estes com as reformas da educação, propostas por Anísio Teixeira, na conjuntura do governo udenista de Otávio Mangabeira na Bahia (1947-1951) tornaram mais fáceis suas entradas em circuitos de debates sobre o Brasil. Naquele contexto, as opções por parcerias entre as agências no Estados Unidos e o Brasil, como as provocadas pelos pesquisadores do Programa de Pesquisas Sociais do estado da Bahia Colúmbia University precisavam de uma adesão às concepções “democráticas” em vigor nas políticas de Estado dos governos dos EUA, como o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca e a United Nations Education Cultural Organization (UNESCO). Após o crescimento dos regimes que aprofundaram as políticas de atendimento das demandas dos

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Os pesquisadores do Brasil e o imperialismo no pós-guerra: o campo da historiografia do

Departamento de Estado

Larissa Penelu Bitencourt Pacheco

Introdução

Quando o historiador Rollie Poppino, 1922, faleceu em 2010, era membro do Instituto

Histórico e Geográfico Brasileiro e produziu, ao longo de sua carreira, uma série de estudos

sobre o Brasil, em diferentes fases. Entre artigos, tese, livros e capítulos, contribuições em

palestras do Instituto e outras reuniões no Brasil, podemos perceber o perfil de um historiador

ligado aos grandes temas a respeito da sociedade brasileira. No contexto pós-Guerra, foi

convidado a pesquisar uma das áreas delimitadas pelo Projeto Colúmbia University, na Bahia,

em 1950 (CASIMIRO, MAGALHÂES, ROCHA et al. 2013; PACHECO, 2012, SANTOS,

2014), trabalho a partir do qual produziu a tese intitulada “Feira de Santana” – município baiano

que, a 100 km de Salvador, despontava para investimentos no setor comercial em expansão. A

partir de então, as redes de aproximação de intelectuais, do qual participou, envolveu

personalidades engajadas com o discurso democrático da UDN, no Brasil e, posteriormente, ao

campo de intelectuais vinculados aos chamados “think thanks” nos Estados Unidos e que

subsidiaram leituras sobre o regime político brasileiro, junto ao Departamento de Estado. Suas

relações e aproximações com um conjunto de intelectuais de destaque junto ao governo da

Bahia e as agências de discussão sobre a sociedade baiana, como Thales de Azevedo, Luis A.

Costa Pinto, Charles Wagley e especialmente, o vínculo de todos estes com as reformas da

educação, propostas por Anísio Teixeira, na conjuntura do governo udenista de Otávio

Mangabeira na Bahia (1947-1951) tornaram mais fáceis suas entradas em circuitos de debates

sobre o Brasil.

Naquele contexto, as opções por parcerias entre as agências no Estados Unidos e o

Brasil, como as provocadas pelos pesquisadores do Programa de Pesquisas Sociais do estado

da Bahia – Colúmbia University – precisavam de uma adesão às concepções “democráticas”

em vigor nas políticas de Estado dos governos dos EUA, como o Tratado Interamericano de

Assistência Recíproca e a United Nations Education Cultural Organization (UNESCO). Após

o crescimento dos regimes que aprofundaram as políticas de atendimento das demandas dos

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trabalhadores e dos setores subalternos na América Latina, como em Guatemala (1954) e Cuba

(1959), novas políticas diplomáticas associaram várias parcerias às propagandas

anticomunistas, fortificadas após 1961. Após o marco da “Aliança para o Progresso”, assinada

no governo J. F. Kennedy, os acordos vinculados à United States Information Agency (USIA)

e a United States Agency for Development (USAID), fundações como a Rockefeller e a

Fullbright, atuaram fortemente no Brasil, através de instituições como o IPES – Instituto de

Pesquisa e Estudos Sociais e editoras brasileiras que receberam transferências financeiras de

empresas privadas em colaboração com agencias do Estado (OLIVEIRA, 2015).

Os analistas estadunidenses da história brasileira operaram com conceitos de política e

democracia enraizados no conflito ideológico do período pós-guerra e buscamos localizar

diretrizes afins, presentes no estabelecimento de parcerias entre instituições acadêmicas, o

Departamento de Estado e a escrita da história. Aqui encontramos os trabalhos de Poppino

como argumento.

A escrita de “Feira de Santana”, por Poppino, acompanhou o crescimento das pesquisas

de pós-graduação em Brasil, nos anos 1950. Segundo Bieber, foram obtidos 14 títulos de PHD

em história do Brasil, número considerado pequeno. As produções seguintes do autor são

influenciadas por incentivos para a pesquisa que procuraram fortalecer a vinda de pesquisadores

para o país. Em outras oportunidades, já no final da década, procurou se aproximar de instuições

como o IHGB. Neste outro contexto, “os programas de estudos latino-americanos proliferaram

quando recursos federais foram disponibilizados sob o título VI do National Defense Education

Act de 1958” (BIEBER, CHERNELA, 2002). Depois deste ato e do interesse, no Brasil, no

recebimento dos pesquisadores, o peso do olhar estrangeiro em muito influenciou nas visões

sobre a democracia brasileira. Segundo Bieber, “alguns conseguiram ter acesso aos arquivos

particulares que as elites brasileiras hesitavam em partilhar com estudiosos locais no período

repressivo militar.” (BIEBER, CHERNELA, 2002:199)

Responsável pelo Instituto do Departamento de História, em Stanford, entre 1953 e

1954, Poppino foi especialista do Departamento de Pesquisa e Inteligência, em Washington, de

1954 a 1961, quando escreveu a maioria de seus textos. Colaborador do Escritório de

Inteligência e Pesquisa (INR - Bureau of Intelligence and Reserarch), na Secretaria de

Inteligência do governo dos Estados Unidos, tratou de temas relacionados à América Latina,

atuando diretamente em Washington entre 1959-19511.

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Percebemos que o início de sua carreira de historiador, ao se pautar pelos estudos a

respeito das colônias ibéricas, com o seu aprofundamento em português e espanhol, o autorizou

na inserção de redes de pesquisa que publicavam em periódicos como a The Hispanic American

Historical Review, The American Review, publicada pela editora da Universidade de Oxford,

juntamente com a Associação Americana de História, Hispania, Hispanic Review, esta última

da imprensa da Universidade da Pensilvânia, índices e materiais de pesquisa divulgados pela

Associação Americana de Professores de Espanhol e Português, entre outros periódicos, nos

quais era assinante e colaborador. No início dos anos 1950, foi um dos poucos pesquisadores

da América Ibérica a publicar uma análise específica sobre a economia brasileira, em “Cattle

Industry in Colonial Brazil”2. No encontro da Associação Americana de História, por exemplo,

ocorrido em Nova York em 1957, Poppino proferiu palestra na mesa com o tema “Depressão,

Guerra e processos políticos,1929-1945”, onde dividiu o espaço com Thomas Mcc Gann, pela

Universidade de Havard, que tratou sobre a Argentina. O historiador ficou responsável por falar

sobre o Brasil, representando naquele ambiente o Departamento de Estado3. A Universidade de

Colúmbia foi a grande receptora da reunião, que ocorreu no Hotel Statler, com quase 2450

pessoas. Naquele encontro, Poppino analisou as rápidas mudanças ocorridas no Brasil, vistas

num novo equilíbrio de poder econômico, “emergência de novas forças sociais, crescimento da

população e a expansão fenomenal das cidades como influencias que o velho sistema político

não estava preparado para lhe dar”4. Os pesquisadores, que fizeram a exposição na mesa,

tiveram como tarefa estabelecer comparações entre os processos ocorridos no Brasil e na

Argentina no contexto entre guerras e teriam estabelecido novas marcas para a compreensão

das possibilidades democráticas e de crescimento industrial para a América Latina. Mais tarde,

em 1966, na análise que o autor fez do Brasil após o retorno de Vargas, com as eleições em

1951, afirmou que a “velha elite política”, sobre a qual se referiu “deposta em 1930, demonstrou

querer retornar à vida pública sob o regime constitucional, mas não o fez por causa de interesse

próprio, ceticismo, uma incapacidade de entender ou se ajustar às mudanças na realidade social

brasileira, ou uma aversão à demagogia exagerada e corrupção eleitoral”5. Constantemente,

usava dos argumentos que apontavam uma “esquerdização” combatida pelos setores liberais

mais conservadores, na conjuntura de aprofundamento da guerra fria.

O debate envolve inúmeras centelhas. O intelectual que escreve sobre “democracia”

circunscreve suas análises em um campo minado de embates teóricos e políticos que, por mais

que consideremos as definições formalistas do que sejam práticas democráticas, regimes

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democráticos e seus opostos (antidemocráticos) (LAMOUNIER, 2011), como o exercício do

voto, a liberdade de imprensa, os pressupostos para o exercício da democracia se amparam em

elementos conjunturalmente disputados no campo ideológico (WOOD, 2003). Outros conceitos

como “povo”, “raça”, “progresso” e “desenvolvimento” ganharam aprofundamento entre os

chamados “brasilianistas” e suas repercussões tem laço com o posicionamento de setores

liberais e democráticos no Brasil, antes e depois de 1964.

Sua carreira contém expectativas que estes agentes (de saber e de ciência) possuíram a

respeito de suas narrativas, que envolveram um “estudo de comunidade”, junto ao Projeto

Colúmbia, biografias sobre Getúlio Vargas, a quem considerava como grande ditador,

discussões sobre o papel do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro na produção de história

sobre o Brasil, equívocos – no seu ponto de vista – das ações das esquerdas na América Latina,

costumes e relações étnico e culturais, caracterizando o “povo brasileiro”, e outros debates a

respeito da política brasileira de 1945-1964. Pretendemos verificar como as leituras a respeito

do passado brasileiro e a história política redigida por estes agentes estariam conectadas às

visões sobre liberdade, emancipação e progresso que vingavam na diplomacia entre Estados

Unidos e Brasil.

Poppino intérprete do Brasil nos anos 1950 e os valores da democracia de 1945-1964

Nos anos 1950, destacou-se o tema do “nacionalismo, desenvolvimentismo,

radicalismo”, considerados por Carlos Guillherme Mota como assuntos de “novas linhas a

produção intelectual” (MOTA, 2008). Envolto numa “história das ideologias no Brasil’, Mota

é um dos que apontou um crescimento do debate acadêmico com a presença do caráter político

da carreira intelectual naquela década. Consideramos que a presença do caráter “político”,

tomado “stritu senso” na sua leitura, vai de encontro com as críticas feitas por Florestan

Fernandes sobre as “falsas polémicas” apresentadas sobre as suas gerações, principalmente no

campo da sociologia, sobre um anterior distanciamento da escrita e da ação intelectual da

política propriamente dita. Para Florestan Fernandes, a ciência envolve uma dimensão de

atuação política, ainda que seus produtores busquem se elevar frente a sociedade como um

grupo destacado e neutro dos conflitos sociais ou que os mesmos construam leituras sobre

“fases” de maior entrosamento de sua fala com as demandas do presente, principalmente no

campo das ciências humanas.

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É fato que, embora não concordemos com a escolha metodológica de Mota,

encontramos uma série de características comuns para o debate que ele chama de “quadro

ideológico” intelectual brasileiro na fase dos chamados governos “democráticos” antes do golpe

de 1964.

Observadas em conjunto as duas décadas, dir-se-ia que a primeira é de

consolidação de um sistema ideológico (com suas múltiplas vertentes, por

vezes, diretamente, interligadas: neocapitalistas, liberal, nacionalista,

sindicalista, desenvolvimentista, marxista); ao passo que a segunda década,

vista globalmente, aparece antes como de desintegração desse sistema

ideológico, apresentando vertentes em que houve rupturas radicais, dando

origem a novas constelações de difícil avaliação (MOTA, 2008: p.195)

Dentre os pesos atribuídos à democracia brasileira neste contexto, as críticas sobre seu

passado escravista, as comparações e os assuntos que evocaram alternativas para o encontro do

Brasil com um modelo político considerado moderno são abordados pelo autor, que escolhe

Hélio Jaguaribe para adiantar que um dos assuntos que preocuparam os debates intelectuais foi

o da classe média.

Boa parte destas questões do campo ideológico que envolvia os cientistas sociais

brasileiros atraem Poppino. Tomemos o tema da classe média como exemplo. As questões sobre

o seu papel histórico na sociedade, nas mobilizações sociais e na ocupação de setores

considerados estratégicos, assim como estão presentes em Jaguaribe, são tema dos trabalhos de

Poppino na época. Nos textos “Brazil 1945-1954” e “Brazil since 1954”, produzidos para a

tradução norte-americana de A História do Brasil Moderno, de José Maria Bello (A History of

Modern Brazil,1889-1964), Poppino destacou o funcionamento dos partidos políticos e do

sistema eleitoral, entre os temas da política brasileira naquele período, enumerando ações dos

presidentes da República mediante a aprovação da Constituição de 1946 – marco da sua análise

– e as coerências entre o regime democrático e o aprofundamento dos investimentos na

economia. O livro, publicado pela Stanford University Press, obteve o suporte da bolsa

Rockefeller do Programa Latino Americano de tradução da Fundação, através da mobilização

da Associação de Editoras Universitárias Americanas. A Stanford anunciou mais três

publicações, “Political Change in Latin America: the emergence of the middle Sectors”; “The

Military and Society in Latin America”; “Continuity and Change in Latin America”,

coordenados, editados e escritos por John J. Johnson6. José Maria Bello foi deputado federal

em Pernambuco, de 1927 a 1929, Senador, em 1930, tendo seu mandato interrompido em 1930,

quando se tornou auxiliar no consulado em Nova York, assumindo algumas tarefas

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diplomáticas em Estocolmo, Hamburgo, Porto Príncipe, Dacar, Miami. Este foi um período de

intensa aproximação entre liberais, exilados pelo governo Getúlio Vargas, com intelectuais em

Nova York, como ocorreu também com o baiano Otávio Mangabeira.

Assim, apesar de uma negatividade crítica das instituições, seria a classe média, para

Jaguaribe e para Poppino, que poderiam ser responsáveis pela condução dos avanços

democráticos na sociedade. Mota incitou um debate de antecipação de Jaguaribe sobre aquelas

ideologias do desenvolvimento que viriam a se consolidar na década de 60 como “saídas” para

uma sociedade democrática a fim de superar o passado demarcado principalmente pelo fracasso

dos tenentes após o Estado Novo e pelas ingerências, segundo os autores, dos governos

executivos.

se nos lembrarmos que o agente básico da história do brasil, nessa

interpretação é a “classe média”, à qual o Exército sempre esteve vinculado, e

que, no período juscelinista o nacionalismo teve como objetivos básicos o

desenvolvimento (com plena aceitação do capital estrangeiro) e a segurança

nacional (combate à subversão), não parecerão estas formulações de Jaguaribe

tão deslocadas de um sólido (nem por isso crítico), quadro ideológico que

vinha sendo montado, em tendência de longa duração, e que teria plena

florescência nos anos 1960, estribado no desenvolvimentismo, no

nacionalismo e na segurança nacional (MOTA, 2008, p.203)

Um dos grandes inimigos do projeto democrático estadunidense para a América Latina,

o nacionalismo radical é visto com preocupação por Poppino (1957, p.324). Não estando ligado

diretamente às expectativas que se desenhavam sobre a ação dos grupos chamados por “classes

médias”, onde se destacam principalmente a “intelligentsia”, ele veio a indagar, no campo da

história política, quem eram os agentes portadores de um nacionalismo não desejado pela leitura

liberal sobre a consolidação da democracia e seu amadurecimento (1957, p.324). O crescimento

da expressão eleitoral e de um nacionalismo que havia se tornado a esteira também dos

investimentos na economia do governo Vargas, após 1954, teria verificado um direcionamento

para o campo do “apelo revolucionário”, carregado de elementos de “demagogia” e assim, teria

incluído o Brasil num circuito de preocupações políticas (1957, p.324). O autor atribuiu todo o

peso das ações de uso da força ou de ameaça de uso da força entre 1954 e 1964 no Brasil, pelos

militares a uma suposta perda de crença no avanço do processo democrático por parte das forças

armadas e das classes médias (1957, p.325).

Por outro lado, “a História do Brasil passara a despertar um interesse renovado. O

cenário político depois da morte de Getúlio Vargas em 1954, a crescente polarização entre seus

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continuadores e os que se opunham a ele, agravada pelo clima de tensão resultante da Guerra

Fria, mobilizaram os intelectuais.” (DA COSTA, 2015, p.144). Dentre os temas, a democracia

racial e suas implicações políticas se sobressaíam como discussões privilegiadas, de acordo

com Emília Viotti.

Entre os vários problemas da história do Brasil que chamavam a atenção

estavam a escravidão e seu legado, o preconceito racial, a abolição e a situação

do negro na sociedade brasileira. Em São Paulo, jovens orientados por Roger

Bastide e Florestan Fernandes iniciaram uma pesquisa sobre relações entre

pretos e brancos e sobre a escravidão, pesquisa que a todos parecia essencial

para a compreensão do país. Como fora possível acabar com uma instituição

que durara vários séculos sem levar o país à guerra civil parecia uma questão

crucial para aqueles que almejavam mudar as estruturas vigentes. Foi nessas

condições que Da Senzala a Colonia foi produzido (DA COSTA, 2015, p.147)

Dentre os interpretes do Brasil, nos Estados Unidos, Rollie Poppino ficou mais

conhecido pela produção de um texto de caráter geral sobre o povo brasileiro, intitulado “The

Land and People”7. Envolto na conjuntura das preocupações sobre as práticas de convivência

“racial” consideradas mais dinâmicas no Brasil do que nos Estados Unidos, corrente

principalmente demarcada pelos trabalhos de Gilberto Freyre, Poppino procurou caracterizar

“o povo”. O autor apresentava uma caracterização do que seriam os aspectos tradicionais da

economia brasileira nos setores de criação de gado e de extração de minerais, até chegar na

industrialização considerada pelo autor no período entre guerras, dirigindo o olhar para os

setores promissores. Sua intenção seria apontar o papel dos tipos humanos, especialmente no

Nordeste, usando imagens do artista Caribé (1963) e um panorama dos entraves para o

desenvolvimento ali considerado. Naquela altura, já haviam importantes trabalhos na

sociologia, como os de Charles Wagley (An Introduction to Brazil, 1971), T. Lynn Smith

(Brazil: People and Instituitions, 1942), como outros títulos resultantes da aproximação

diplomática promovida pela USIA, até meados de 1968. O trabalho de Smith, por exemplo, foi

feito após oito viagens do sociólogo ao Brasil entre 1942 e 1967, em viagens do Departamento

de Estado, financiadas por agências de pesquisa ou requisitadas pelo governo brasileiro, quando

conseguiu compilar tabelas e organizar o material disperso em instituições nacionais, como

IBGE, SUDENE e setores de recenseamentos do governo para a edição brasileira, publicada

em 1967. Toda uma discussão sobre os métodos e viagens do pesquisador ofereceram suporte

para as pesquisas posteriores de historiadores estadunidenses no campo do Departamento de

Estado, inclusive Poppino. Consideremos que os modos de observação empírica e de

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recolhimento de material foram amplamente facilitados após a aceleração da urbanização e

construção de rodovias e trânsito aéreo, entre os estados da federação.

Havia uma preocupação de fundo, sobre o desfecho das lutas raciais nos Estados Unidos

em comparação com o Brasil. Segundo Emília Viotti,

Pesquisadores brasileiros e norte-americanos desse período compartilhavam

vários pressupostos. Primeiro, o de que diferentes percepções eram produto

de diferenças culturais. Segundo, o de que o preconceito era uma reação a

distinções raciais objetivas (definidas seja em termos fenotípicos, seja em

termos genéticos). Terceiro, o racismo era um legado direto da escravidão.

Quarto, havia uma diferença fundamental entre a escravidão nos Estados

Unidos e no Brasil; e, assim, sistemas escravagistas diversos levaram a

padrões raciais diversos: preconceito, discriminação e segregação nos Estados

Unidos e democracia racial no Brasil (DA COSTA, 2015, p. 147)

É salutar compreender que liberais e setores de esquerda indicavam, após a Segunda

Guerra a visão negadora do getulismo na política brasileira, como sendo um modelo ditatorial

de gestão do Estado. De acordo com Elizabeth Cancelli (2007), o totalitarismo teria se tornado

o principal elemento de crítica e o enquadramento de qualquer grupo político de uma

democracia nos arquétipos do ditador, fascista, que encerrassem os parâmetros então

considerados inimigos para as liberdades democráticas pregadas pelos Estados Unidos,

colocariam sua reputação política em xeque.

As referências ao autoritarismo varguista remontavam as torturas sofridas pelos

prisioneiros e exilados políticos do contexto de aproximação do governo com a Alemanha e,

durante os governos considerados como democráticos, o retorno a estas práticas foram uma

preocupação de grande parte dos intelectuais liberais, que muitas vezes se posicionaram até

mesmo ao lado da liberdade dos comunistas. Esta era uma forma de esvaziamento das tensões

sociais provocadas no seio das classes subalternas.

A política internacional estadunidense difundia sua expectativa sobre o liberalismo no

Brasil, promovendo leituras críticas daqueles anos anteriores e perspectiva de que a intervenção

do Estado de exceção seria uma experiência histórica não mais bem vinda naquela conjuntura,

já que era associada ao discurso autoritário/totalitário combatido. Diante da “ameaça

comunista” para a política de expansão imperialista no continente, o tema da “ameaça das

liberdades democráticas” veio à tona.

Para Perry Anderson (2015), a política externa estadunidense se dispunha a negociar

com as políticas regionais, ainda que nacionalistas ou ainda que o comunismo ocupasse um

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lugar nas cadeiras de representação democrática do legislativo, enquanto partido. Porém, o

limite destas negociações eram a expansão comercial, subtendida na diplomacia internacional

nos termos da ideologia da Paz Americana que divulgava a legalidade democrática nos países

vizinhos durante o pós-guerra e depois em todo mundo, com o término da Guerra Fria.

Emília Viotti da Costa somou reflexões a respeito do papel que os pesquisadores

estadunidenses tiveram no campo da historiografia brasileira nos anos 1950 e 1960, ressaltando

que a profissionalização do historiador acompanhou iniciativas de incentivo à produção das

ciências sociais, pois antes as carreiras eram bastante definidas pelo engajamento próprio do

pesquisador. Muitas vezes estas escolhas estavam envoltas dos temas da democracia brasileira,

o povo, as relações raciais.

os estudos históricos não tinham ainda a nota de profissionalização que irá

caracterizar o trabalho do historiador nos anos que se seguiram. Estávamos

em um período de transição do pesquisador autodidata e do ensaísta,

característicos da geração anterior, para a do historiador profissional,

acadêmico, especialista, que via a História como ‘a ciência do homem’, do

dizer de Lucien Febvre, um dos luminares do grupo dos Annales, que, com

Fernand Braudel e Marc Bloch, tanta influência exerciam na historiografia de

então (DA COSTA, 2015, p.197)

Penso que o debate de Emília Viotti como historiadora do Brasil, no período, me permite

enumerar pontos para a problematização do passado brasileiro na década de 1960 que se

entrelaçam aos problemas de compreensão do posicionamento político e ideológico de seus

intérpretes. Os ensaios da autora indicaram suas concepções de história, política e intervenção

historiográfica, indeléveis na historiografia brasileira, quando a mesma, inclusive, pontuou seu

próprio lugar nas disputas das concepções do período. A recente republicação de alguns de seus

textos, anteriormente produzidos para o leitor em inglês, demonstra o quanto as concepções dos

intérpretes do Brasil, no período, sobre o passado das lutas sociais e as condições para o

exercício de sua democracia, e do abstrato “povo” brasileiro e seu ethos, alçava reflexões

internacionais, com um maior suporte dos colaboradores estrangeiros, ou que realizaram

pesquisa fora do país.

A intérprete nos leva aos caminhos das memórias sobre as suas próprias pesquisas, como

a primeira edição de Da Senzala à Colônia, para a qual a autora ampliou os mecanismos de

acesso ao contexto intelectual de seu tempo, quando mostrou o lugar da obra naqueles anos e

ensaiou uma interpretação metodológica sobre a sua própria produção na historiografia

brasileira.

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Para avaliar o livro é preciso situá-lo em sua época. Toda obra de história é ao

mesmo tempo uma visão do passado e um retrato do presente, um diálogo a

partir do presente entre o historiador, suas inquietações, seus projetos, de um

lado, e os traços deixados pelo passado, de outro. A obra também é expressão

das tendências da historiografia, dos debates teóricos ela é, metodológicos, e

das lutas políticas existentes na época de sua elaboração. Por essa razão, toda

obra histórica ilumina tanto o passado quanto o presente, tanto a história

quanto a historiografia. Quando deixa de ter valor por sua interpretação do

passado, passa a valer como documento que lança luz sobre o tempo em que

foi escrita. Ela é ao mesmo tempo expressão de uma época e de um indivíduo,

obra pessoal e coletiva. A obra histórica resulta da formação do historiador

ou historiadora, de seus objetivos, de sua vivência no sentido mais amplo da

palavra, de seu posicionamento diante do presente e do passado, de sua

filosofia da história. Depende ainda do público que ele ou ela pretende

alcançar. É também produto da documentação utilizada, o que, por sua vez,

decorre do nível de organização dos arquivos da própria conceituação de

documento, a qual tem variado ao longo do tempo, assim como tem mudado

o método crítico. Uma obra de história só pode ser avaliada por essas várias

determinações. Isso é o que pretendemos fazer nessa fala” (DA COSTA, 2015,

p.142)

Para Féres Júnior, o próprio conceito de intelectual mais difundido recentemente e

formulado no contexto da hegemonia estadunidense de atuação sobre a sociedade ocidental

contemporânea no pós-guerra, precisa de avaliação. Com alguma proximidade aos argumentos

de Perry Anderson em seu livro mais recente sobre o tema, Feres Júnior vê uma interlocução

entre a montagem de uma intelectualidade ligada ao Estado e o intelectual “acadêmico”,

considerando que a própria expansão de Estado, nos EUA, fundamentou a ação intelectual

como aparelho de governo, como estratégias de consolidação/ ampliação do seu escopo

ideológico. Escrito em 2004, um de seus artigos indica uma série de agências conectadas como

mecanismos capilarizados com o vértice imperialista, em diversas regiões, com o tema da

modernização e do desenvolvimento. Dado que nos Estados Unidos, após os anos 1980, passou-

se a utilizar o termo “public intelectual”, Féres Júnior indaga os primórdios de sua concepção:

o que os diferencia dos demais? Assim, neste sentido problematiza a ação intelectual junto a

instituições.

Portanto, após o término da Segunda Guerra, o desenvolvimento das ciências sociais

também se tornou uma estratégia de consolidação da Paz Americana. Os próprios intelectuais

buscaram sua inserção no campo público e político da sua atuação, com o reforço de pesquisas

e olhares que fornecessem suporte para as reflexões sobre a democracia no pós-guerra. É o que

podemos encontrar, por exemplo, no conhecido programa de desenvolvimento de pesquisas

científicas da Fundação Rockefeller.

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Ganharam corpo as instituições e estudiosos que fornecessem as reflexões necessárias

aos interesses de discussão sobre as áreas em desenvolvimento e com possibilidades amplas de

atuação norte-americanas, como ocorreu também com o Brasil. Pouco mencionados nos

arquivos da fundação, ao lado de Ásia, Índia e Àfrica, pois o território brasileiro não estava em

disputa política direta, mas sua recente democracia passava por análises mais globais pela

instituição privada de fomento. Oferecendo condições mínimas para estudo dos pesquisadores

no Brasil, a agência foi substância de acordos entre o Brasil e os Estados Unidos em diferentes

passagens, pois, quando o governo brasileiro não dispôs de instrumentos suficientes para

“bancar” as investigações em solo, a agência esteve presente. Chamada de Revolução Verde,

por exemplo, uma das grandes atuações da Rockefeller ocorreu nos anos 1960 e 1970 quando

investiu pesadamente na criação de variações de sementes, produção de rações, melhoramentos

que indicavam a inserção dos padrões capitalizados de cultivo e criação, em toda a América

Latina. A fundação agiu por vias que filtravam seus interesses em difusão de técnicas, de

saberes e de conhecimento sobre áreas em potencial crescimento econômico, para gozo de seus

investidores privados.

De acordo com Feres Júnior, os setores se dividiram em grandes linhas de estudo sobre

a “teoria da modernização”, no Center for International Studies (CIS), no Massachussetts

Institute of Technology, erguidos em grande parte pelo suporte da Fundação Rockefeller. Esta

foi uma forma, segundo o autor, de entrada de vários grupos de pesquisadores na “cena”

intelectual pública, quando forneceram um conjunto de reflexões apropriadas à política da

diplomacia americana no pós-Guerra.

Encontramos, entre estes e, após a assinatura da Aliança para o Progresso, o pesquisador

J. J. Johnson, no campo do que Feres localizou como “teoria da estabilização política”, um

campo que muito influenciou Poppino, orientado por Johnson, especialmente quando o mesmo

ocupou lugar no debate dentro do Departamento de Estado. Portanto, buscamos concluir que as

agencias intelectuais que ofereceram suporte ideológico para as interpretações do Brasil tiveram

relevância política ao oferecer substancia argumentativa para as ideologias em favor das

estabilidades dos regimes na América Latina, concebidas ao sabor das diretrizes das instituições

de governo americanas.

Page 12: Os pesquisadores do Brasil e o imperialismo no pós-guerra ... · Os pesquisadores, que fizeram a exposição na mesa, tiveram como tarefa estabelecer comparações entre os processos

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Published by: Oxford University Press on behalf of the American Historical Association 3 The American Historical Review, Vol. 63, No. 3 (Apr., 1958), pp. 805-860, Published by: Oxford University

Press on behalf of the American Historical Association, Stable URL: http://www.jstor.org/stable/1848940

Accessed: 29-03-2016 19:10 UTC 4“ Poppino emphasized rapid shift in the economic balance of power, emergence of new social forces, growing

population, and phenomenal expansion os cities as influences that the old political systems was not equipped to

handle” Idem, p.11 5 “The old political elite, pushed aside in 1930, had seemed to want to return to public life under the new

constitutional regime, but had refrained from or adjust to the changes in the Brazilian social landscape, or na

aversion to rampante demagoguery and electoral corruption” idem, p.310 6 As informações foram extraídas no livro, em paratextos da capa, contracapa, apresentações e prefácio. BELLO,

José Maria. A History of Modern Brazil (1889-1964). Tradução de TAYLOR, James L. Stanford University

Press, 1966 7 POPPINO, Rollie. Brazil: The Land and People, Second Edition. NEW YORK: Oxford University Press, 1973