Os povos de oyó2011 uniabeu

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A Tradição da criação do mundo na mitologia nagô e a Escravidão Atlântica Profª Ana Paula Carvalho

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A Tradição da criação do mundo na mitologia nagô e a Escravidão AtlânticaProfª Ana Paula Carvalho

G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis (RJ)Composição : Neguinho da Beija-flor, Mazinho, Gilson Bailou no arO ecoar de um canto de alegriaTrês princesas africanasNa sagrada BahiaIyá Kalá, Iyá Detá, Iyá NassôCantaram assim a tradição Nagô (Olurun)

Olurun! Senhor do infinito!Ordena que ObataláFaça a criação do mundoEle partiu, desprezando BaráE no caminho, adormecido, se perdeuOduduaA divina senhora chegouE ornada de grande oferendaEla transfigurou

Reino de Oyo

O Reino de Oyo ou Império de Oyo (c. 1400 - 1835) foi um império da África Ocidental

onde é hoje a Nigéria ocidental.

Mapa da Região do Império de Oyó

O tráfico exigia uma organização comercial complexa para a venda e o transporte dos escravos. Essa organização encontrava-se baseada nos três continentes do Atlântico. Na África ela concentrava-se nas mãos dos próprios africanos, que determinavam quem embarcava ou não para o Novo Mundo.

Os africanos escravizavam-se uns aos outros por uma questão de identidade cultural. Ao contrário dos europeus, no princípio do tráfico negreiro, e ainda bem depois disso, os africanos não se reconheciam como africanos. Eles se identificavam de diversas maneiras, como pela sua família, clã, tribo, etnia, língua, religião, país ou Estado. Essa diversidade sugere uma sociedade bem mais complexa do que aquela a que estamos acostumados e designamos por “africana.”

Desde a antiguidade clássica, escravos negros eram vendidos para os mercados da Europa e da Ásia através do Deserto do Saara, do Mar Vermelho e do Oceano Índico. Eles eram vendidos entre os egípcios, os romanos e os muçulmanos, mas há notícias de escravos negros vendidos em mercados ainda mais distantes, como a Pérsia e a China, onde eram recebidos como mercadorias exóticas.

Modernos países africanos e áreas de procedência do tráfico para a Afro-América.

Fonte: Theresa Singleton, The Archaeology of the African Diaspora in the Americas (Glassboro, New Jersey: Society for Historical Archaeology, 1995).

A escravidão na África serviu de base para o desenvolvimento do tráfico transatlântico de escravos. Inicialmente, os europeus organizaram expedições marítimas para capturar e transportar escravos pelo Atlântico. Contudo, os riscos e os custos dessas expedições eram muito altos em comparação aos ganhos.

A abertura do comércio transatlântico com os europeus proporcionou aos africanos acesso a objetos que eles consideravam como de luxo, e não quinquilharias como geralmente se anuncia. Os africanos rarissimamente venderam escravos por bens de primeira necessidade. A maioria dos objetos importados pelos africanos consistia em bens supérfluos como panos asiáticos e europeus, bebidas alcoólicas, tabaco, armas de fogo, e pólvora.

Diáspora africana.

Fonte: Paul Finkelman and Joseph Miller, eds., Macmillan Encyclopedia of World Slavery (New York, 1998), vol. 1, p. xlvii.

O tráfico negreiro atuou diferentemente em várias partes da costa africana. Por isso, torna-se difícil de calcular o impacto dessa atividade no continente. Na Baía de Benin e na costa do Congo e Angola, onde o tráfico foi especialmente ativo, o seu impacto é geralmente associado à violência comercializada, a crises demográficas, e à expansão da escravidão na própria África. Em outras partes do continente, as consequências devem ter sido menos severas, apesar da economia externa africana viver hoje profundamente voltada para fora do continente. De toda maneira, o tráfico transatlântico de escravos foi uma atividade na qual os africanos atuaram tanto como vítimas quanto agentes.

Dimensões e destinos do tráfico atlântico entre os séculos XVI e XIX.

Fonte: Philip D. Curtin, The Atlantic Slave Trade (Madison, 1969).

O Atlântico Sul português.

África Centro-Ocidental, Brasil e Cuba no século XIX.

Fonte: Linda M. Heywood (Ed.). Central Africans and cultural transformations in the american diaspora. Cambridge, Cambridge university Press, 2002, p. 29.