OS POVOS TSONGAS
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7/15/2019 OS POVOS TSONGAS
http://slidepdf.com/reader/full/os-povos-tsongas 1/4
Fichamento de: JUNOD, Henri A. Usos e costumes dos Bantu, Tomo II
Henri Alexander Junod nasceu na Suíça em 1863, era antropólogo e missionário protestante. Escreveu seus textossobre as populações de Moçambique durante o período colonial.
Capítulo Terceiro – Magia
A intenção do autor no 3º capítulo é explicar suas distinções entre religião, ciência e magia: “tais como seapresentam entre as tribos do sul de África”. p. 387
A princípio Junod parece reconhecer que há religião entre os povos que pesquisou. O autor também define o queconsidera magia, dividindo as práticas em magia negra x magia branca.
Junod considera científicos “certos tratamentos médicos, certas ideias relativas à botânica, à zoologia, etc.”
O autor então conclui que os elementos religião, magia e ciência “acham-se misturados a tal ponto que a Religião éfortemente tingida de Magia...”. Como era característico de sua época, Junod só consegue imaginar a cultura dosBantu através dos seus conceitos religiosos, da sua ótica europeia de colonizador e missionário.
“Estou convencido de que estes três domínios são essencialmente distintos e que o Tsonga percebe, ele próprio,vagamente, essa distinção” p. 388.
A – Arte médica
A ideia defendida aqui por Junod é a de que as práticas médicas dos Bantu do sul da África são interessantes apenas
do ponto de vista etnográfico, mas seu estudo teria importância prática. Qual seria essa importância?N‟anga = médico indígena
Junod afirma que pode haver elementos “verdadeiramente científicos” nas práticas médicas dos Tsonga. O autor acredita que o conhecimento, passado de pai para filho, de certas plantas com propriedades curativas semelhantes aosgrãos de rícino por exemplo. Aqui Junod relativiza as práticas médicas dos Tsonga: eles podem ter descoberto plantasmedicinais, mas não produziram “verdadeiros médicos”. P. 392.
Junod se convenceu que a maior parte dos n‟anga acreditava realmente no “valor de suas drogas”, o que para ele nãoos impedia de se servirem de “truques” para impressionar os clientes.
II – Práticas médicas
Aqui o autor descreve diversas práticas de feitura de remédios para diversas doenças. A varíola é um pontomportante desse texto, pois aqui se percebe nitidamente o conhecimento dos Tsonga sobre uma vacina (inoculação
do vírus).
“Podemos, pois, afirmar que, até certo ponto, os Tsongas possuem uma arte médica. (...) tenho que descrever aindaalgumas práticas curiosas dos doutores Tsongas que relembram espantosamente aquelas a que os nossos médicosrecorrem algumas vezes”. P. 401-2.
III – Concepções da doença
7/15/2019 OS POVOS TSONGAS
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”O seu saber é, simultaneamente, superficial e supersticioso. Tentarei fornecer a prova disto pelo estudo dos nomesque dão às doenças, das causas a que as atribuem, da sua noção de contágio e das ideias bases dos ritos que marcam ofim da doença”. P. 406.
“Com respeito à causa das doenças os tsonga estão mergulhados na mais profunda superstição”.
B – Possessões
Junod caracteriza as possessões como um curioso fenômeno, dentro do domínio médico. Esse fenômenoexiste “na maior parte das raças não-civilizadas e até em povos mais avançados”. Pg. 411.
O autor considera as possessões como uma doença mental, loucura.
I – Os espíritos que causam a doença
Espíritos dos Zulus e dos Ndrawus, não dos antepassados do povo.
II – Começo e diagnóstico da doença
Tremores, delírios, etc...III – O tratamento das possessões ou exorcismo
1º O toque dos tambores
“Este extraordinário rito acorda a lembrança dos sabbats de bruxas da Idade Média (...) Todavia esta semelhança nãopassa de exterior, pois nada tem que ver com a bruxaria propriamente dita e, aos olhos dos Tsongas, é uma „práticamédica‟”. P. 414.
O autor descreve detalhadamente práticas de cura, mas pouco lhe interessam os seus resultados. Suas ideias estão
presas à noção de raça inferior, de exotismo e charlatanismo. Junod percebe que para os Bantu rituais de curas depossessões são atividades médicas, mas discorda disso pelos motivos relacionados acima.
Saber o nome do espírito.
2º - O rito da bacia “govo”
purificação.
3º - O apaziguamento pelo sangue
sacrifícios.4º - A purificação final do “hondlola” e o revestimento dos amuletos “timfisa”
IV – A condição nova do exorcismo
Conclusões sobre as possessões
Junod vê semelhanças entre a possessão nos Tsonga com os endemoniados do Novo Testamento e
especula: “serão os avanços do alcoolismo, por um lado, e a desintegração da antiga ordem social sob anfluência da civilização europeia, por outro lado, a causa da propagação rápida desta doença entre os
Tsongas, no decurso do último meio século?”
C – Feitiçaria
7/15/2019 OS POVOS TSONGAS
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O autor faz distinções entre magia branca e magia negra, os povos que ele pesquisou não o faziam. “Magianegra” = vuloyi / “magia branca” = vungoma.
O mungoma é inimigo declarado do noyi (adivinho)
“Roubar, matar, reduzir à escravidão – tais são os crimes destes seres malfeitores” p. 442
II – A magia branca e os curandeiros
Os curandeiros, segundo Junod, diferem-se dos deitadores de sorte em quatro pontos principais: atuamabertamente; passam por uma preparação; curandeiros usam ervas medicinais; os curandeiros representavama ordem social.
“Imenso domínio da magia” -> complexidade das sociedades estudadas.
Sacerdotes eram os Va Kuhuahla: “recorrem não à magia, mas sim à religião” -> Mesmo considerando areligião dos povos estudados como inferior e animista, o autor parece concordar que há religião entre osBantu.
IV – Conclusões sobre feitiçaria
Junod considera a feitiçaria um flagelo da vida “indígena”.
“Lembremo-nos, de resto, que as superstições da feitiçaria estavam muito espalhadas no tempo dos nossospróprios antepassados (...) a diferença mais nítida consiste em que, nos Tsongas, estamos ainda na idade pré-dualista”. P. 458
D. Adivinhação
Esta prática está espalhada entre os Tsongas, possuindo pouco ou nenhum conhecimento científico.I - Os presságios
2 Categorias de presságio: SINGITA ou HLOLELA. Predizem felicidade ou infelicidade.
II Meios de adivinhação de menor importância
Junod considera alguns métodos de adivinhação sem importância, tais como:
O mpshapsha – “tirar a sorte”: é considerado um jogo.
O mhondro – filtro encantado: utilizado nos tribunais para descobrir os culpados.
A adivinhação pelo êxtase: descobre os valoyi por meio do cheiro do ar.
III O “hakati”
“é o nome dado ao caroço de certo fruto do deserto,” o qual foi transformado em uma espécie de jogo deadivinhação. P. 462
IV Os ossículos divinatórios
“constituem um sistema admirável de adivinhação e o papel que desempenha na vida da tribo é enorme”. P.463
Os objetos que formam a coleção de ossículos divinatórios são divididos em duas classes:
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Os ossículos propriamente ditos: ossos de animais domésticos, cabras e ovelhas.
Os que não são ossos: concheados marinhos.
Para Junod “ conclui-se facilmente que a arte dos deitadores de ossículos está longe de ser um jogo decrianças e que não é, também, negócio de charlatões intrujando o semelhante demasiado crédulo. É umaverdadeira arte, exercida com toda a sinceridade por adivinhos que creem receber revelações especiais”. P.488
Capítulo quarto
Tabu e moralidade
Junod acredita em estágios do desenvolvimento humano, estando os Tsonga no estágio primitivo doevolucionismo social.
A – O tabu
Tabus simpáticos: observados instintivamente pelo homem, a fim de conservar a vida ou evitar um
sofrimento.
Classificados em: Tabus fisiológicos, cósmicos, de previsão, sociais, religiosos, de linguagem.
“há relação directa entre os tabus de linguagem e os tabus sociais; o emprego de expressões obscenas tendeà destruição da ordem social”. P. 496
B – Restrições morais
Junod apresenta três domínios que o indígena reconhece que deve submeter-se à restrições – a lei ou
costume; o respeito e o dever. Acrescentando o fator alimento como o quarto.“0s rudimentos da moral estão certamente presentes na alma dos Tsongas: sentimento do dever, sentido do
bem e do mal, que existem independentemente da ideia egocêntrica de ta bu”. P. 502
C – Relações entre o tabu, o sagrado e a moralidade
A ideia de tabu está ligado a origem das noções de sagrado e moralidade.
Em alguns casos a noção de moral precede a de tabu.