Osho - observa a respiração

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1 Observa a pausa entre duas respirações. Shiva responde: OH, criatura radiante, esta experiência pode surgir entre duas respirações. depois de que a respiração entra e justo antes de que comece a sair: a beneficência. Essa é a técnica: OH, criatura radiante, esta experiência pode surgir entre duas respirações. depois de que a respiração entra -quer dizer, baixa- e justo antes de que comece a sair -quer dizer, a subir-, a beneficência. Sei consciente entre estes dois momentos..., e acontece. Quando sua respiração entra, observa. Durante um só momento, ou uma milésima de momento, não há respiração: antes de começar a subir, antes de começar a sair. Entra uma respiração; então há um certo ponto em que a respiração se para. Logo a respiração sai. Quando a respiração sai, então, de novo por um só momento, ou uma fração de momento, a respiração se para. Logo a respiração entra. antes de que a respiração comece a entrar ou comece a sair, há um momento em que não está respirando. Nesse momento pode acontecer, porque quando não está respirando, não está no mundo. Compreende isto: quando não está respirando, está morto; ainda está, mas morto. Mas o momento é de uma duração tão breve que nunca o observa. Para o tantra, cada expiração é uma morte e cada nova respiração é um renascimento. A respiração que entra é renascimento; a respiração que sai é morte. Expiração é sinônimo de morte; inspiração é sinônimo de vida. De modo que com cada respiração está morrendo e voltando a nascer. O intervalo entre ambas é de muito breve duração, mas a observação e atenção aguda, sincera, permitirá-te advertir a pausa. Se pode advertir a pausa, diz Shiva, a beneficência. Então não se necessita nada mais. É bem-aventurado, soubeste; aconteceu-te. Não tem que adestrar a respiração. Deixa-a tal como é. por que uma técnica tão simples? Parece tão simples. Uma técnica tão simples para conhecer a verdade? Conhecer a verdade significa conhecer o que nem nasce nem morre, conhecer esse elemento eterno que sempre é. Pode conhecer a expiração, pode conhecer a inspiração, mas nunca conhece a pausa entre as duas. 50 Prova-o. de repente, compreenderá-o; e o pode compreender; já está aí. Não terá que acrescentar nada nem a ti nem a sua estrutura; já está aí. Já está tudo aí, exceto uma

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Trecho do livro dos segredos do Osho - tecnica de observação da respiração

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1 Observa a pausa entre duas respirações.

Shiva responde: OH, criatura radiante, esta experiência pode surgir entre duas respirações. depois de que a respiração entra e justo antes de que comece a sair: a beneficência. Essa é a técnica: OH, criatura radiante, esta experiência pode surgir entre duas respirações. depois de que a respiração entra -quer dizer, baixa- e justo antes de que comece a sair -quer dizer, a subir-, a beneficência. Sei consciente entre estes dois momentos..., e acontece. Quando sua respiração entra, observa. Durante um só momento, ou uma milésima de momento, não há respiração: antes de começar a subir, antes de começar a sair. Entra uma respiração; então há um certo ponto em que a respiração se para. Logo a respiração sai. Quando a respiração sai, então, de novo por um só momento, ou uma fração de momento, a respiração se para. Logo a respiração entra.antes de que a respiração comece a entrar ou comece a sair, há um momento em que não está respirando. Nesse momento pode acontecer, porque quando não está respirando, não está no mundo. Compreende isto: quando não está respirando, estámorto; ainda está, mas morto. Mas o momento é de uma duração tão breve que nunca oobserva.Para o tantra, cada expiração é uma morte e cada nova respiração é umrenascimento. A respiração que entra é renascimento; a respiração que sai é morte.Expiração é sinônimo de morte; inspiração é sinônimo de vida. De modo que com cadarespiração está morrendo e voltando a nascer. O intervalo entre ambas é de muito breveduração, mas a observação e atenção aguda, sincera, permitirá-te advertir a pausa. Sepode advertir a pausa, diz Shiva, a beneficência. Então não se necessita nada mais. Ébem-aventurado, soubeste; aconteceu-te.Não tem que adestrar a respiração. Deixa-a tal como é. por que uma técnica tãosimples? Parece tão simples. Uma técnica tão simples para conhecer a verdade?Conhecer a verdade significa conhecer o que nem nasce nem morre, conhecer esseelemento eterno que sempre é. Pode conhecer a expiração, pode conhecer a inspiração,mas nunca conhece a pausa entre as duas.50Prova-o. de repente, compreenderá-o; e o pode compreender; já está aí. Não teráque acrescentar nada nem a ti nem a sua estrutura; já está aí. Já está tudo aí, exceto umacerta consciência. Assim, como fazê-lo? Em primeiro lugar, toma consciência dainspiração. Observa-a. te esqueça de tudo; simplesmente observa a respiração que entra;o passo mesmo.Quando a respiração te toque as janelas do nariz, sente-a aí. E deixa que entre.Vete com ela com completa consciencia. Quando baixar mais e mais e mais com arespiração, não a perca. Não te adiante e não fique atrás; te mova com ela. Recorda isto:não te adiante, não a siga como uma sombra; sei simultâneo com ela.A respiração e a consciencia deveriam voltar uma só coisa. A respiração entra;você entra. Só então será possível cair na conta do que há entre duas respirações. Nãoserá fácil. Entra com a respiração, logo sal com a respiração: dentro-fora, dentro-fora.Buda tentou usar especialmente este método, de maneira que se tornou um métodobudista. Na terminologia budista se conhece como Anapanasati ioga. E a iluminação daBuda se apoiou nesta técnica; só esta.Todas as religiões do mundo, todos os visionários do mundo, chegaram por meiode alguma técnica ou outra, e todas essas técnicas estarão entre estas cento e dozetécnicas. Esta primeira é uma técnica budista. No mundo a conhece como técnicabudista porque Buda alcançou sua iluminação por meio dela.Buda disse: «Sei consciente de sua respiração quando entra, quando sai: entrando,saindo.» Nunca menciona a pausa porque não faz falta. Buda pensou e sentiu que secomeçar a preocupar-se pela pausa, a pausa entre duas respirações, essa preocupaçãopode alterar sua consciência. De modo que disse simplesmente: «Sei consciente.Quando a respiração entre, entra com ela, e quando a respiração saia, sal com ela. Fazsimplesmente isto: entrar, sair, com a respiração.» Nunca diz nada sobre a parte últimada técnica.A razão disso é que Buda estava falando com homens muito comuns, e inclusive

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isso poderia criar o desejo de alcançar o intervalo. Esse desejo de alcançar o intervalo seconverteria em uma barreira para a consciência, porque se está desejando alcançar ointervalo, adiantará-te. A respiração estará entrando, e você te adiantará porque estáinteressado na pausa que vai haver no futuro. Buda nunca a menciona, assim que atécnica da Buda é só a metade.Mas a outra metade subsigue automaticamente. Se segue praticando a conscienciada respiração, a consciência da respiração, de repente, um dia, sem sabê-lo, chegará aointervalo. Porque segundo sua consciência vá agudizándose e aprofundando-se eintensificando-se, segundo sua consciência vá precisando-se -o mundo inteiro éexcluído; só sua respiração entrando e saindo é seu mundo, a área inteira de seuconsciencia -, estará mais perto de advertir o intervalo em que não há respiração.Quando te estiver movendo pausadamente com a respiração, quando não houverrespiração, como não vai dar conta? de repente tomará consciência de que não hárespiração, e chegará um momento em que advirta que a respiração não está saindo nementrando. A respiração se deteve completamente. Nessa detenção, a beneficência.Esta técnica é suficiente para milhões de pessoas. Toda a Ásia a provou e viveucom ela durante séculos. O Tíbet, China, Japão, Birmania, Tailândia, Sri Lanka: toda aÁsia, exceto a Índia, provou esta técnica. Só uma técnica, e milhares e milhares depessoas alcançaram a iluminação através dela. E é só a primeira técnica.Mas, por desgraça, como esta técnica se associou no nome da Buda, os hindusestiveram tratando de evitá-la. devido a que chegou a conhecer-se mais e mais como ummétodo budista, os hindus a esqueceram completamente. E não só isso;51tentaram também evitá-la por outra razão. Como esta técnica é a primeira técnicamencionada pela Shiva, muitos budistas afirmaram que este livro, o Vigyan BhairavTantra, é um livro budista, não hindu.Não é nem hindu nem budista; uma técnica é simplesmente uma técnica. Buda ausou, mas já existia para poder ser usada. Buda se converteu em um buda, umiluminado, devido a esta técnica. A técnica era anterior a Buda; a técnica já existia.Prova-a. É uma das técnicas mais simples: simples comparada com outras técnicas; nãoestou dizendo que seja simples para ti. Outras técnicas serão mais difíceis. Por isso émencionada como a primeira técnica.2 Observa o ponto de mudança entre duas respirações.Segunda técnica -todas estas nove técnicas se ocupam da respiração-:Quando a respiração troca de direção de entrar em sair, e de novo quando arespiração passa de sair a entrar, nessas duas mudanças, date conta.É a mesma, mas com uma ligeira diferença. A ênfase não está agora na pausa, anão ser no momento de mudança. A expiração e a inspiração fazem um círculo.Recorda, não são duas linhas paralelas. Sempre pensamos nelas como em duas linhasparalelas: a respiração entrando e a respiração saindo. Pensa que são duas linhasparalelas? Não o são. A inspiração é a metade do círculo; a expiração é a outra metadedo círculo.Assim compreende isto: em primeiro lugar, inspirar e exaltar cria um círculo. Nãosão linhas paralelas, porque as linhas paralelas não se juntam em nenhuma parte. Emsegundo lugar, a inspiração e a expiração não são duas respirações, a não ser umarespiração. A mesma respiração que entra, sai, assim deve haver um giro dentro. Devegirar em alguma parte. Deve haver um ponto no que a inspiração se converte naexpiração.por que tal ênfase no giro? Porque, diz Shiva,Quando a respiração troca de direção de entrar em sair, e de novo quando arespiração passa de sair a entrar, nessas duas mudanças, date conta.Muito simples, mas diz: date conta destes giros e te dará conta de ti mesmo,realizará-te.por que o giro? Se sabe conduzir, estará familiarizado com as marchas. Cada vezque troca de marcha, tem que passar pela marcha neutra, o ponto morto, que não é uma

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marcha absolutamente. Da primeira marcha passa a segunda, ou de segunda a terceira,mas sempre tem que acontecer o ponto morto. Esse ponto morto é um ponto demudança. Nesse ponto de mudança, a primeira marcha se volta a segunda, e a segundase volta a terceira. Quando sua respiração entra e excursão para sair, passa pelo pontomorto; de outra forma não pode girar para sair. Passa pelo território neutro.Nesse território neutro não é nem um corpo nem uma alma, nem físico nemmental, porque o físico é uma marcha de seu ser e o mental é outra marcha de seu ser.Vai passando de parte a marcha; entretanto, tem que ter uma marcha neutra, um pontomorto, no que não é nem corpo nem mente. Nesse ponto morto, simplesmente é: ésimplesmente uma existência: puro, simples, sem corpo, sem mente.Por isso fica a ênfase no giro. O homem é uma máquina; uma máquina grande ecomplicada. Tem muitas marchas em seu corpo, muitas marchas em sua mente. Não éconsciente de seu grande mecanismo, mas é uma grande máquina. E é bom que não sejaconsciente; de outra forma te voltaria louco. O corpo é uma máquina tão grandiosa queos cientistas dizem que se tivéssemos que criar uma fábrica semelhante ao corpohumano, necessitariam-se seis e meio quilômetros quadrados de terreno, e faria tantoruído que incomodaria em cento e sessenta quilômetros quadrados à redonda.52O corpo é um grandioso dispositivo mecânico; o mais grandioso. Tem milhões emilhões de células, e cada uma delas está viva. De modo que é uma grande cidade deuns sessenta trillones de células; há aproximadamente sessenta trillones de cidadãosdentro de ti, e a cidade inteira funciona muito silenciosamente, sem problemas. Omecanismo está funcionando a cada momento. É muito complicado. Estas técnicas serelacionarão com muitos pontos do mecanismo de seu corpo e o mecanismo de suamente. Mas a ênfase recairá sempre nesses pontos nos que de repente não forma partedo mecanismo; recorda isto. de repente não forma parte do mecanismo. Há momentosnos que troca de marcha.Por exemplo, de noite, quando dorme, troca de marcha, porque durante o dianecessita um mecanismo diferente para a consciencia de estar acordado; funciona umaparte diferente da mente. Logo dorme, e essa parte deixa de funcionar. Outra parte damente começa a funcionar, e há uma pausa, um intervalo, um giro. Há uma mudança demarcha. Pela manhã, quando te está levantando de novo, troca-se de marcha. Estásentado em silêncio, e de repente alguém diz algo e te zanga; entra em uma marchadiferente. É por isso que tudo troca.Se te zangar, sua respiração trocará de repente. Sua respiração se voltará irritada,caótica. Haverá um tremor em sua respiração; sentirá-se sufocado. Todo seu corpoquereria fazer algo, romper algo em pedaços; só assim pode desaparecer o sufoco. Suarespiração trocará; seu sangue adotará um ritmo diferente, um movimento diferente.Substâncias químicas diferentes terão que ser segregadas em seu corpo; todo o sistemaglandular terá que trocar. Volta-te um homem diferente quando está zangado.Há um carro parado... Você o arranca. Não ponha nenhuma marcha; deixa-o emponto morto. Dará puxões, vibrará, tremerá, mas não se pode mover; esquentará-se. Porisso, quando está zangado e não pode fazer nada, esquenta-te. O mecanismo estápreparado para correr e fazer algo, e você não o está fazendo: esquentará-te. É ummecanismo, mas, é obvio, não só um mecanismo. É mais, mas o «mais» terá queencontrá-lo. Quando entra em alguma marcha, tudo troca em seu interior. Quando trocade marcha, há um giro.Shiva diz:Quando a respiração troca de direção de entrar em sair, e de novo quando arespiração passa de sair a entrar, nessas duas mudanças, date conta.Sei consciente do momento da mudança. Mas é um momento muito curto; seránecessária uma observação muito minuciosa. E não temos nenhuma capacidade deobservação; não podemos observar nada. Se te disser: «Observa esta flor; observa estaflor que te dou», não poderá observá-la. Verá-a por um só momento, e logo começará apensar em outra coisa. Pode que seja sobre a flor, mas não será a flor. Pode que pense a

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respeito da flor, sobre o bela que é: então te moveste. Já não está observando a flor; seucampo de observação trocou. Pode que diga que é vermelha, que é azul, que é branca...;então te moveste. Observação significa permanecer sem nenhuma palavra, semnenhuma verbalización, sem que nada bulha por dentro; simplesmente permanecer como observado. Se pode permanecer com a flor durante três minutos, completamente, semnenhum movimento na mente, acontecerá: a beneficência. Realizará-te.Mas não somos observadores absolutamente. Não somos conscientes, não estamosalerta; não podemos emprestar atenção a nada. Simplesmente vamos saltando. Istoforma parte de nossa herança, de nossa herança de bonitos. Nossa mente é simplesmenteo desenvolvimento da mente do macaco, de modo que o macaco segue adiante. Seguesaltando daqui para lá. O macaco não pode ficar quieto. Por isso Buda insistiu tanto emsimplesmente sentar-se sem nenhum movimento, porque então à mente de macaco nãolhe está permitido fazer o que quer.53No Japão têm um tipo particular de meditação que chamam Zazen. No Japão, apalavra «zazen» significa, simplesmente, sentar-se sem fazer nada. Não se permitenenhum movimento. Alguém se sinta como uma estátua: morto, sem mover-se emmodo algum. Mas não há necessidade de sentar-se como uma estátua durante anosseguidos. Se pode observar o giro de sua respiração sem nenhum movimento da mente,entrará. Entrará em ti mesmo ou no mais à frente interno.por que são tão importantes estes giros? São importantes porque, ao girar, arespiração deixa que vá em uma direção diferente. Estava contigo quando entrava;estará de novo contigo quando sair. Mas no momento do giro não está contigo e vocênão está com ela. Nesse momento, a respiração é diferente a ti, e você é diferente a ela:se a respiração for vida, então está morto; se respirar é seu corpo, então é não-corpo *;se respirar é sua mente, então está sem mente... nesse momento.Pergunto-me se o observaste ou não: se parar sua respiração, a mente se derepente. Se parar sua respiração agora mesmo, sua mente se parará de repente; a mentenão pode funcionar. Uma interrupção repentina da respiração, e a mente se para. porque? Porque estão separadas. Só a respiração em movimento está unida à mente, aocorpo; uma respiração imóvel está separada. Então está em ponto morto. O carro estáfuncionando, está arrancado, o carro está fazendo ruído -está preparado para avançar-,mas não tem colocada nenhuma marcha, de modo que a carroceria do carro e omecanismo do carro não estão unidos. O carro está dividido em dois. Está preparadopara mover-se, mas o mecanismo do movimento não está unido a ele.* O duplo sentido da expressão se perde em castelhano. Osho diz «then you arenão-body», o que, além de significar «então é não-corpo», sonha também como «thenyou are nobody» («então não é ninguém»). (N. do T.)O mesmo acontece quando a respiração dá um giro. Não está unido a ela. Nessemomento, pode tomar consciência facilmente de quem é. O que é este ser? O que é ser?Quem está dentro desta casa do corpo? Quem é o amo da casa? Sou só a casa, ou hátambém um amo? Sou só o mecanismo, ou alguma outra costure permea também estemecanismo? Nesse intervalo de giro, diz Shiva: date conta. Diz que simplesmente sejaconsciente do momento de giro, e te converte em uma alma realizada.3 Observa o ponto de fusão de duas respirações.Terceira técnica de respiração:Ou quando a inspiração e a expiração se fundem, nesse instante toca o centrosem energia, o centro cheio de energia.Estamos divididos no centro e a periferia. O corpo é a periferia; conhecemos ocorpo, conhecemos a periferia. Conhecemos a circunferência, mas não sabemos ondeestá o centro. Quando a inspiração se funde com a expiração, quando se fazem uma,quando não pode dizer se se trata da inspiração ou da expiração..., quando é difícildeterminar e definir se a respiração está saindo ou entrando, quando a respiração entroue começa a sair, há um momento de fusão. Não está nem saindo nem entrando. Arespiração se acha estática. Quando está saindo é dinâmica; quando está entrando é

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estática. Quando não está fazendo nenhuma das duas coisas, quando está silenciosa,imóvel, está perto do centro. O ponto de fusão da inspiração e a expiração é seu centro.Considera o desta maneira: quando a respiração entra, aonde vai? Vai a seucentro, toca seu centro. Quando sai, de onde sai? Sai de seu centro. Seu centro foi meiodoido. Por isso os místicos54taoístas e os místicos Zen dizem que a cabeça não é o centro; o umbigo é seu centro. Arespiração vai ao umbigo, e logo sai. Vai ao centro.Como pinjente, há uma ponte entre você e seu corpo. Conhece o corpo, mas nãosabe onde está seu centro. A respiração está indo constantemente ao centro e saindo,mas não está tomando suficiente fôlego. Por isso normalmente não vai realmente aocentro; agora, ao menos, não está indo ao centro. É por isso pelo que todo mundo sesente «desfocado». Em todo mundo moderno, os que podem pensar notam que nãoestão dando em seu centro.Observa a um menino dormindo, observa sua respiração. A respiração entra; oabdômen se torcedor. A respiração não afeta ao peito. Por isso é que os meninos nãotêm peito, só abdômen; um abdômen muito dinâmico. A respiração entra e o abdômense torcedor; a respiração sai e o abdômen se desincha; o abdômen se move. Os meninosestão em seu centro. Por isso são tão felizes, tão cheios de gozo, tão cheios de energia,jamais cansados; transbordantes, e sempre no momento presente, sem passado nemfuturo.Um menino se pode zangar. Quando está zangado, encontra-se totalmentezangado; converte-se na ira. Então sua ira também é bela. Quando a gente estátotalmente zangado, a ira tem uma beleza própria, porque a totalidade sempre tembeleza.Você não pode estar zangado e ser belo; volta-te feio, porque a parcialidadesempre é feia e não só com a ira. Quando ama é feio porque, de novo, é parcial,fragmentário; não é total. Observa sua cara quando estiver amando a alguém, fazendo oamor. Faz o amor ante um espelho e observa sua cara: será feia, como de animal. Noamor sua cara também se volta feia. por que? O amor também é um conflito, estárefreando algo. Está dando muito avaramente. Nem sequer no amor é total; não dácompletamente, totalmente.Um menino é total inclusive na ira e a violência. Sua cara se volta radiante e bela;está aqui e agora. Sua ira não é algo que se preocupa com o passado ou algo que sepreocupa com o futuro; não está calculando, está simplesmente zangado. O menino estáem seu centro. Quando está em seu centro, sempre é total. Faça o que faça, será um atototal; bom ou mau, será total. Quando é fragmentário, quando está fora de seu centro,cada um de seus atos está exposto a ser um fragmento de ti mesmo. Sua totalidade nãoestá respondendo; só uma parte, e a parte está indo em contra de tudo: isso cria fealdade.Todos fomos meninos. por que quando crescemos nossa respiração sei voltasuperficial? Nunca vai ao abdômen; nunca toca o umbigo. Se pudesse baixar mais emais, voltaria-se menos e menos superficial, mas touca só o peito e sai. Nunca vai aocentro. Tem medo do centro, porque se for ao centro te voltará total. Se quer serfragmentário, este é o mecanismo para ser fragmentário.Amas; se respirar do centro, fluirá totalmente no amor. Tem medo. Tem medo aser tão vulnerável, tão aberto a alguém, a quem é. Pode que o chame seu amante, podeque a chame sua amada, mas tem medo. A outra pessoa está aí. Se for totalmentevulnerável, aberto, não sabe o que vai passar. Então é completamente, em outro sentido.Tem medo a te dar tão completamente a alguém. Não pode respirar; não pode respirarfundo. Não pode relaxar sua respiração para que vá ao centro; porque assim que arespiração vai ao centro, seus atos se voltam totais.Como te assusta ser total, respira levianamente. Respira de modo mínimo, não demodo máximo. Por isso a vida parece tão sem vida. Se está respirando de modomínimo, a vida se voltará sem vida; está vivendo em grau mínimo, não máximo. Podeviver ao máximo: então a vida é transbordante. Mas então haverá dificuldades. Não

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pode ser um marido, não pode ser uma esposa, se a vida for transbordante. Tudo sevoltará difícil.55Se a vida for transbordante, o amor será transbordante. Então não te pode atar aum. Então estará fluindo por toda parte; encherá todas as dimensões. E então a menteadverte perigo, de modo que é melhor não estar vivo. quanto mais morto está, maisseguro está. quanto mais morto está, mais está tudo sob controle. Pode controlar; entãosegue sendo o amo. Sente-se o amo porque pode controlar. Pode controlar sua ira, podecontrolar seu amor, pode controlá-lo tudo. Mas este controle só é possível no graumínimo de sua energia.Todo mundo deve haver sentido alguma vez que há momentos nos que, derepente, troca-se do grau mínimo ao máximo. Vai a uma paragem de montanha. derepente está fora da cidade e de sua prisão. Sente-se livre. O céu é imenso, e o bosque éverde, e a cúpula toca as nuvens. De repente respira profundamente. Pode que não otenha observado.Se for a uma paragem de montanha, observa. Em realidade, não é a paragem demontanha o que produz a mudança. É sua respiração. Aspira profundamente. Diz: «Ah!Ah!» Toucas o centro, volta-te total por um momento, e tudo é sorte. Essa sorte nãoprovém da paragem de montanha, essa sorte provém de seu centro: há-o meio doido derepente.Na cidade tinha medo. Ali por toda parte estavam pressentem outros, e te estavacontrolando. Não podia gritar, não podia rir. Que pena! Não podia cantar e dançar narua. Tinha medo: havia algum policial perto, à volta da esquina, ou o sacerdote ou o juizou o político ou o moralista. Havia alguém à volta da esquina, assim não podia dançarna rua.Bertrand Russell há dito em alguma parte: «Amo a civilização, mas obtivemos acivilização a um preço muito alto.» Não pode dançar na rua, mas pode ir a uma paragemde montanha e, de repente, dançar. Está só com o céu, e o céu não é uma prisão. É sóabertura, abertura e abertura: imenso, infinito. de repente, respira profundamente, arespiração toca seu centro e a sorte. Mas não dura muito. Em uma hora ou dois, aparagem de montanha desaparecerá. Pode que esteja ali, mas a paragem de montanhadesaparecerá.Voltarão suas preocupações. Começará a pensar em chamar à cidade, em escreveruma carta a sua esposa, ou começará a pensar que, como vais voltar dentro de três dias,deveria fazer preparativos. Acaba de chegar e já está fazendo preparativos. tornaste.Em realidade, sua respiração não tinha que ver contigo; aconteceu de repente.Devido à mudança de situação, a marcha trocou. Estava em uma nova situação, nãopodia respirar como antes, assim, por um momento, houve uma nova respiração. Tocouo centro, e sentiu a sorte.Shiva diz que está tocando o centro a cada momento, ou que se não o estátocando, pode tocá-lo. Respira profunda, lentamente. Touca o centro; não respire dopeito: esse é um dos truques. A civilização, a educação, a moralidade, criaram arespiração superficial. Será bom se aprofundar no centro, porque se não, não poderespirar profundamente.A não ser que a humanidade deixe de ser repressiva com respeito ao sexo, ohomem não poderá respirar realmente. Se a respiração baixa profundamente até oabdômen, dá energia ao centro sexual. Touca o centro sexual; massageia o centro sexualde dentro. O centro sexual se volta mais ativo, mais vivo. A civilização tem medo aosexo. Não permitimos que nossos meninos se toquem seus centros sexuais, seus órgãossexuais. Dizemos: «Basta! Não te toque!»Observa a um menino quando se toca o centro sexual pela primeira vez, e lhe diz«Não! Não te toque o centro sexual!»: a respiração se voltará superficial imediatamente;porque não é só seu emano a que está tocando o centro sexual: a respiração o estátocando por dentro. E se a respiração segue tocando-o, é difícil para a mão. Se a mão separa, então basicamente é necessário, é preciso, que

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56a respiração não toque, não vá tão profundo. Deve permanecer superficial.Temos medo ao sexo. A parte inferior do corpo não é só inferior fisicamente;tornou-se inferior em valor. É condenada como «inferior». Assim não aprofunde,permanece superficial. É uma pena que só possamos respirar para baixo. Se lhesdeixassem, alguns pregadores trocariam todo o mecanismo. Só lhe permitiriam respirarpara cima, na cabeça. Então não sentiria a sexualidade absolutamente.Se queremos criar uma humanidade sem sexualidade, teremos que trocar o sistemarespiratório. A respiração deve ir à cabeça, ao sahasrar -o sétimo centro, na cabeça-, elogo voltar para a boca. Este deveria ser o trajeto: da boca a sahasrar. Não deve ir muitoabaixo, porque abaixo é perigoso. quanto mais aprofunda, mais te aproxima dos estratosmais profundos da biologia. Chega ao centro, e esse centro está perto do centro sexual;muito perto. Tem que ser assim, porque o sexo é vida.Considera o desta maneira: a respiração é vida de acima para baixo; o sexo é vidano outro sentido: de abaixo para cima. A energia sexual flui e a energia da respiraçãoflui. O passo da respiração está na parte superior do corpo, e o passado do sexo está naparte inferior de corpo. Quando se juntam, criam a vida; quando se juntam, criam abiologia, a bioenergía. De modo que se tiver medo ao sexo, cria uma distância entre osdois, não deixe que se juntem. Assim, em realidade, o homem civilizado é um homemcastrado; por isso não conhecemos a respiração, e este sutra será difícil de compreender.Shiva diz:Quando a inspiração e a expiração se fundem, nesse instante toca o centro semenergia, o centro cheio de energia.Usa términos muito contraditórios: «sem energia, cheio de energia». É semenergia porque seus corpos, suas mentes, não lhe podem dar nenhuma energia. Suaenergia corporal não está aí, de modo que é sem energia o melhor que pode conhecersua identidade. Mas está cheio de energia porque tem a fonte cósmica de energia, nãodevido a sua energia corporal.Sua energia corporal é tão somente energia combustível. Não é mais que gasolina.Come algo, bebe algo: isso cria energia. É simplesmente dar combustível ao corpo.Deixa de comer e de beber, e seu corpo cairá morto. Não agora mesmo; demorará trêsmeses pelo menos, porque tem reservas de gasolina. acumulaste muita energia; podefuncionar pelo menos três meses sem ir a nenhum posto de gasolina. Pode funcionar;tem uma reserva. Para uma emergência, qualquer emergência, pode-a necessitar.É energia «combustível». O centro não recebe energia combustível. Por isso Shivadiz que é um centro sem energia. Não depende de que você coma e bebês. Estáconectado com a fonte cósmica; é energia cósmica. Por isso diz que é um centro semenergia, cheio de energia. No momento em que possa sentir o centro do que arespiração sai ou entra, o momento mesmo em que as respirações se fundem -essecentro-, se tomadas consciência dele, produz-se a iluminação.