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A prospecção utilizando-se de minerais pesados representa uma importante ferramenta exploratória. Torna-se imperioso, entretanto, desenvolver uma nova forma de abordagem no estudo dos minerais pesados que ultrapasse a mera descrição mineralógica dos concentrados ou a simples análise química das amostras. Busca-se aqui chamar a atenção para alguns minerais que, por comporem o fabric ou ganga de rochas e minérios, permitem rastrear e localizar depósitos minerais. Esse novo paradigma prospectivo corresponde à determinação de minerais- guia que, mesmo não representando os principais minerais minérios pesquisados, podem levar a descoberta dos prospectos. Como características comuns todos são minerais densos, quimicamente estáveis no ambiente exógeno, resistentes aos processos abrasivos de transportes, mormente, o fluvial e, por isso, são facilmente prospectáveis por meio dos concentrados de bateia (CB). Em virtude de alguns deles representarem tipos mineralógicos comuns, é necessário determinar suas composições químicas e, em certos casos, as principais inclusões sólidas contidas. O Nb quando presente no rutilo (ilmenorutilo) indica carbonatitos (Nb 2 O 5 ~ 7,0 %) ou depósitos de metais raros do tipo greisens e filões greisenizados. O tântalo (strüverita) aponta para pegmatitos graníticos mineralizados em metais raros, já o Sn e W, quando presentes, relacionam-se a granitos estaníferos. A scheelita é um dos minerais de ganga dos depósitos de ouro mesotermais encaixados nas rochas de fácies xisto-verde e que são tipificados por um sistema de veios de quartzo- sulfetos e minerais carbonáticos. No Greenstone Belt Rio das Velhas (minas de Morro Velho, Galo, Bicalho) e no Greenstone Belt do Rio Itapicuru (minas de Fazenda Brasileiro e Maria Preta) ela funciona, respectivamente, como um traçador estratégico (determina a ZC aurífera) ou tático (indica os corpos mineralizados). gahnita depegmatito a metais raros Metamórfica Ígnea (Fe+Mg) / Al (Zn+Mn) / Al 0.1 0.0 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.4 0.3 0.2 0.1 - - - - - - - - A gahnita está relacionada a ambientes vulcânicos exalativos contendo depósitos de metais base (Pb, Zn) do tipo Broken Hill ou a pegmatitos tântalo-litiníferos. Utiliza-se o zircão rico em háfnio (> 10,0 % - ? 35,0 % de HfO 2 ) na prospecção de pegmatitos e granitos dos tipos -S, -I e -A enriquecidos em metais raros. Com a química da cassiterita e a determinação das inclusões sólidas nelas hospedadas consegue-se indicar o tipo de depósito ao qual o mineral se relaciona. Inclusões de niobo- tantalatos diversos (columbita-tantalita, chumbo tantalita, microlita, pirocloro, etc.) e Ta 2 O 5 > 1,0 % apontam para uma origem pegmatítica. Nos depósitos de greisen ou de filões greisenizados (W- Sn) as inclusões são de columbita-tantalita, ilmenita, ilmenorutilo, wolframita e minerais de bismuto. A cassiterita relacionada a granitos do tipo-A com metais raros apresenta inclusões de Y- columbita, zircão hafnífero, wolframita e ilmenorutilo. A turmalina associa-se a depósitos de: cobre porfirítico, sulfetos vulcanogênicos, estratiformes de Pb-Zn-Ag e Sn-W, de ouro e de estanho. A turmalina proveniente de sedimentos/depósitos exalativos cai no campo da dravita enquanto a de sistemas graníticos, no campo composicional da schörl-elbaíta. Na O 2 MgO FeO Schorl Dravita Diagrama MgO-FeO-Na O de turmalinitos 2 Greisens Biotita granitos Veios turmaliníticos Turmalinitos acamadados V V V V V V V V V V V MM 1 M 2 E E E E 6m 18m Zona de alteração hidrotermal V V V V V V VV V V VV V VVV VV V VV V V V V V V oxidação MM Zona de dispersão do ouro Zona de cisalhamento Au W CaWO4 Sulfetos + + + + - - - - M - minério E- estéril MM - minério 5m 20m 0 1 2 teor maior teor marginal rocha sã grafita preservada (20) pintas de ouro Grãos de scheelita n de grãos /ou 1,0 mm 50 e n de grãos ~2 /ou 0,5 mm 0e O O LB () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () 120 29 28 35 31 35 () 230 () 109 24 34 17 () 174 () 100 () 170 () 55 () 15 30 8 49 12 15 23 12 19 21 22 36 7 7 51 47 18 38 30 47 7 17 () 96 () 336 117 400 162 60 54 85 58 18 33 147 41 () 415 51 () () () 26 59 8 29 102 () () 25 () 80 X Veio de Pb-Zn (tipo Thackaringa) Sulfeto estratiforme Pb-Zn (tipo Broken Hill) * Zn sedimentar # Au (tipo Oeste da Austrália) Pelitos polimetálicos + Sn em pegmatitos Sn em granitos F Ca 0.2 0.2 0.2 0.8 0.6 0.4 0.4 0.4 0.6 0.6 0.8 1.0 0.0 0.0 1.0 1.0 0.8 Ti + + + + + + + + + + + + + + + + + ++ + X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X XX X X X X X X XX X X X X X X X X * * * * ** # # # # # # # # # # razão atômica MgO wt% 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 2 4 6 8 10 12 Fe - - - - - - - - - Fe = Feo (Feo+MgO) Depósitos de sulfetos maciço Apalachianos Rochas metamórficas Depósito de Sullivan Depósitos hidrotermais de Sn-W (Nova Zelândia) Microlita Zircão Hafnífero Cassiterita Ilmenita Bi metálico Russelita? Cassiterita ilmenorutilo óxido FeAs cassiterita wolframita hubnerita qtzo qtzo cassiterita rutilo 1%WO3 OTIMIZAÇÃO DA TÉCNICA DE AMOSTRAGEM POR CONCENTRADOS DE BATEIA: MINERAIS- GUIA NAS CAMPANHAS EXPLORATÓRIAS Ronaldo Mello Pereira - [email protected] Departamento de Geologia Aplicada DGAp-FGEL-Uer [email protected]

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A prospecção utilizando-se de minerais pesados representa uma importante ferramenta

exploratória. Torna-se imperioso, entretanto, desenvolver uma nova forma de abordagem no

estudo dos minerais pesados que ultrapasse a mera descrição mineralógica dos concentrados ou

a simples análise química das amostras. Busca-se aqui chamar a atenção para alguns minerais

que, por comporem o fabric ou ganga de rochas e minérios, permitem rastrear e localizar

depósitos minerais. Esse novo paradigma prospectivo corresponde à determinação de minerais-

guia que, mesmo não representando os principais minerais minérios pesquisados, podem levar a

descoberta dos prospectos.

Como características comuns todos são minerais densos, quimicamente estáveis no

ambiente exógeno, resistentes aos processos abrasivos de transportes, mormente, o fluvial e, por

isso, são facilmente prospectáveis por meio dos concentrados de bateia (CB). Em virtude de

alguns deles representarem tipos mineralógicos comuns, é necessário determinar suas

composições químicas e, em certos casos, as principais inclusões sólidas contidas.

O Nb quando presente no rutilo (ilmenorutilo) indica carbonatitos (Nb2O5 ~ 7,0 %) ou

depósitos de metais raros do tipo greisens e filões greisenizados. O tântalo (strüverita) aponta

para pegmatitos graníticos mineralizados em metais raros, já o Sn e W, quando presentes,

relacionam-se a granitos estaníferos.

A scheelita é um dos minerais de ganga dos depósitos de ouro mesotermais encaixados

nas rochas de fácies xisto-verde e que são tipificados por um sistema de veios de quartzo-

sulfetos e minerais carbonáticos. No Greenstone Belt Rio das Velhas (minas de Morro Velho,

Galo, Bicalho) e no Greenstone Belt do Rio Itapicuru (minas de Fazenda Brasileiro e Maria Preta)

ela funciona, respectivamente, como um traçador estratégico (determina a ZC aurífera) ou tático

(indica os corpos mineralizados).

gahnita depegmatitoa metais raros

Metamórfica

Ígnea

(Fe+Mg) / Al

(Zn

+M

n)

/Al

0.1

0.0

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.40.30.20.1

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A gahnita está relacionada a ambientes vulcânicos exalativos contendo depósitos de

metais base (Pb, Zn) do tipo Broken Hill ou a pegmatitos tântalo-litiníferos.

Utiliza-se o zircão rico em háfnio (> 10,0 % - ? 35,0 % de HfO2) na prospecção de

pegmatitos e granitos dos tipos -S, -I e -A enriquecidos em metais raros.

Com a química da cassiterita e a determinação das inclusões sólidas nelas hospedadas

consegue-se indicar o tipo de depósito ao qual o mineral se relaciona. Inclusões de niobo-

tantalatos diversos (columbita-tantalita, chumbo tantalita, microlita, pirocloro, etc.) e Ta2O5 > 1,0 %

apontam para uma origem pegmatítica. Nos depósitos de greisen ou de filões greisenizados (W-

Sn) as inclusões são de columbita-tantalita, ilmenita, ilmenorutilo, wolframita e minerais de

bismuto. A cassiterita relacionada a granitos do tipo-A com metais raros apresenta inclusões de Y-

columbita, zircão hafnífero, wolframita e ilmenorutilo.

A turmalina associa-se a depósitos de: cobre porfirítico, sulfetos vulcanogênicos,

estratiformes de Pb-Zn-Ag e Sn-W, de ouro e de estanho. A turmalina proveniente de

sedimentos/depósitos exalativos cai no campo da dravita enquanto a de sistemas graníticos, no

campo composicional da schörl-elbaíta.

Na O2

MgO FeO

Schorl

Dravita

Diagrama MgO-FeO-Na O de turmalinitos2

Greisens

Biotita granitos

Veios turmaliníticos

Turmalinitos acamadados

V

V

V

V

V

V

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V

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V

MM1

M

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E

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E6m

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Zona de alteração hidrotermal

V

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oxid

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MM

Zona de dispersão do ouroZona de cisalhamento

AuW CaWO4

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(20)pintas de ouro

Grãos de scheelita

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X Veio de Pb-Zn (tipo Thackaringa)

Sulfeto estratiforme Pb-Zn(tipo Broken Hill)

* Zn sedimentar

# Au (tipo Oeste da Austrália)

Pelitos polimetálicos

+ Sn em pegmatitos

Sn em granitos

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0.2

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0.2 0.8

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razão atômica

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Fe

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Fe = Feo (Feo+MgO)

Depósitos de sulfetos maciço Apalachianos

Rochas metamórficas

Depósito de Sullivan

Depósitos hidrotermais de Sn-W (Nova Zelândia)

Microlita

Zircão Hafnífero

Cassiterita

Ilmenita

Bi metálico

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Cassiterita

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óxido FeAscassiterita

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rutilo 1%WO3

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Ronaldo Mello Pereira - [email protected] de Geologia [email protected]