Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

10
Helena Marques

Transcript of Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

Page 1: Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

Helena Marques

Page 2: Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

Título:O Último CaisAutor: Helena MarquesEditora: D. QuixoteData de edição:Maio de 2009Ano de Publicação: 1992

Page 3: Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

Helena Marques nasceu em Carcavelos, em1935, mas foi na ilha da Madeira que viveu até1971. Jornalista durante 36 anos, iniciou a suacarreira no Diário de Notícias do Funchal eterminou-a no Diário de Notícias de Lisboa.Entretanto, foi redactora de vários outrosdiários, nomeadamente A Capital, República e ALuta. Publicou o seu primeiro livro, O ÚltimoCais, em 1992. Muito aclamado, recebeu o GrandePrémio de Romance e Novela da AssociaçãoPortuguesa de Escritores, o Prémio RevistaLER/Círculo de Leitores, o Prémio Máxima deRevelação, o Prémio Procópio de Literatura e oPrémio Bordallo de Literatura da Casa daImprensa.Considerando-se uma “ feminista racional”, pelacontestação da injustiça a que as mulheres foramsujeitas ao longo da História, Helena Marquesjunta a esse sentimento a sua tendência naturalpara “se feliz” na construção de personagensfemininas carismáticas, com um grande equilíbriode força e delicadeza. De entre elas, salienta-se apersonagem de Raquel Villa, a personagemtelúrica e mítica de O Último Cais.

Page 4: Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

As mulheres são as personagens centrais.

• Raquel : é a protagonista; defensora dos direitos das mulheres; feliz nocasamento apesar da ausência do marido. Morre no nascimento da sua filhaClara.

• Constança: a tia de Marcos, é uma senhora infeliz que foi enganada por umhomem com quem se tinha casado.

• Catarina Isabel : é a mulher profissional daquela época, era médica.• Benedita : é a filha conservadora de Raquel que tenta parecer-se o mais

possível com a mãe.• Charlotte: é a estrangeira, que tenta convencer as mulheres a votar;• Clara :é a outra filha de Raquel;• Luciana: é a mulher pela qual Marcos se apaixona algum tempo depois da

morte de Raquel.• Marta e Maria: são as duas irmãs que sofrem ao ver a mãe gritar parto após

parto, revoltadas contra a sociedade que impunha às mulheres como únicodestino válido, “parir entre lágrimas e sangue”;

Page 5: Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

O Último Cais é um romance que se inicia em 1879, no

Funchal com o Diário de Bordo de Marcos Vaz de Lacerda.

A mulher tem um papel fundamental: tem o dever de

cuidar da casa, dos filhos e de ser uma boa esposa.

Adquire, assim, o papel principal.

Marcos era um médico-cirurgião que prestava serviço em

navios motivo pelo qual deixava muitas vezes a sua mulher

Raquel e os seus filhos, André e Benedita, sozinhos no

Funchal durante grandes períodos de tempo.

Page 6: Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

Raquel é feliz na ilha com os seus dois filhos, André eBenedita, apesar da ausência de Marcos, o seu marido, edo isolamento que se fazia sentir.O seu regresso é sempre muito ansiado e nesse dia a casa élimpa e é preparado um jantar especial de boas vindas.Finalmente Marcos chega a casa, mas estavam todos adormir, deixa um recado aos filhos a dizer que tinhachegado de madrugada. Depois disso dirige-se ao quartoonde está Raquel deitada na cama, aproxima-se e toca-lhecuidadosamente para não a acordar, despe-se, deita-se nacama e beija Raquel. Esta acaba por acordar e Marcos“ sente os braços de Raquel fecharem-se nas suas costas, oslábios responderem aos seus lábios, o corpo colar-se ao seucorpo”. Os dois envolvem-se tendo a melhor noite das suasvidas, “(…) ficando com a felicidade escrita em cadamilímetro da pele (…)”.

Page 7: Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

Algum tempo depois Marcos é destacado para mais uma viagem até àGuiana Britânica, mas desta vez é-lhe proposto que se faça acompanharpela sua mulher. Raquel decide ir, ficando a Tia Constança responsável porAndré e Benedita. E assim partem.Passados alguns dias Marcos dá pela ausência da menstruação de Raquel,percebe assim que ia ser pai novamente, ficando receoso pela vida deRaquel. Mas ela tranquiliza-o, dizendo “(…)não vale falar em medos, amor,um filho seria lindo, também já pensei nisso, mas um filho não, uma filha,de uma noite assim tem de nascer uma rapariga, e, se ela vier, chamar-lhe-ei Clara, porque ela começou na mais bela e luminosa madrugada dasnossas vidas(…)”.

Page 8: Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

Raquel passou dois dias em trabalho de parto, as contracçõesprocessavam-se a bom ritmo mas a bebé não descia. Após o esforço doparto Raquel acaba por morrer.“ Conseguiu ainda forças para um pequeno, curto riso, continuou a afagá-lo, pediu que encostasse a cabeça à sua, Marcos abraçou-lhe osombros, beijou-lhe de novo os olhos, encostou o rosto ao dela sobre aalmofada e ficou a sentir a sua respiração cada vez mais fraca, cada vezmais fraca, até ao fim.”Marcos regressa ao Funchal com Clara, Peregrina, a ama de Clara, e umcaixão, mas devido a uma doença decidiram ficar alojados num hotelpara se afastarem do foco da doença, ficando lá durante longos anos.

Page 9: Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

Marcos volta a apaixonar-se, desta vez por Luciana, mas nunca esqueceraRaquel.“ Raquel estaria sempre presente, fazia parte dele(…)”.Os anos passaram, Benedita casou-se, teve filhos, mas a saúde de Marcoscomeça a piorar, chegando a ter um acidente cardiovascular que o tornasedentário.As dores pioram, começa a enfraquecer cada vez mais até que chega aofim das suas forças e acaba por morrer.

Page 10: Oultimocais joana-111212113756-phpapp01

“(…) aqui estamos nós, Raquel e eu, temos a felicidade escrita em cadamilímetro da pele, em cada fibra da voz (…)” pág.53

“(…) estou feliz, meu amor, tão feliz, não lamentamosnada, Marcos, tivemos tudo, encontrámos tudo, fomos absolutamentefelizes.” pág. 98

“ Deixou de ser participante para tornar-se espectador, só perdura umaterna mas já desencarnada piedade pelos que ficam, regressa à sonolênciae ao sol e pensa ainda, num último assomo de humor e interesse, queencontrará Beethoven no Paraíso.” pág. 189