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Área de Integração Outras Atividades 1- Lê e comenta o conteúdo deste texto. “Um segundo fator que transformou a nossa relação com a Terra é a revolução científica e tecnológica. Novos avanços na ciência e tecnologia trouxeram-nos enormes progressos em áreas como a medicina e as comunicações, por exemplo. Apesar de todas as vantagens, testemunhámos também efeitos colaterais imprevistos. Ao conjugarmos velhos procedimentos com novas tecnologias, podemos ter consequências drásticas. Toda a atividade humana é hoje executada com instrumentos muito mais poderosos com efeitos devastadores. A irrigação tem feito, desde sempre, maravilhas pela humanidade, mas, hoje, temos a capacidade de desviar rios gigantescos segundo os nossos desígnios e não os da Natureza. A tecnologia deu-nos poder mas não sensatez.” Al Gore, Uma Verdade Inconveniente 2- O Pensamento Ecologizado Ainda não há muito, todas as ciências recortavam, arbitrariamente, o seu objecto no tecido complexo dos fenómenos. A Ecologia é a primeira ciência que trata do sistema global, formado por constituintes físicos, botânicos, sociológicos, microbianos, os quais se inscrevem cada qual numa disciplina especializada. O conhecimento ecológico requer uma policompetência nestes diferentes domínios e, sobretudo, uma apreensão das interacções e da sua natureza sistémica. Os êxitos da ciência ecológica mostram-nos que, contrariamente ao dogma da hiperespecialização, há um conhecimento organizacional global que é o único capaz de articular as competências especializadas para compreender as realidades complexas. Vejamos o problema planetário. O aspecto metanacional e planetário do problema ecológico surgiu por volta de 1969-1972. A ameaça ecológica ignora as fronteiras nacionais. A poluição química do Reno afecta a Suiça, a França, a Alemanha, os Países Baixos, os países ribeirinhos do Mar do Norte. Verificámos a extrema insolência da nuvem de Chernobyl: não só não respeitou os Estados nacionais, as fronteiras francesas, a Europa do Oeste, como ainda extravasou o nosso continente. O problema Chernobyl, na sua feição planetária, vem juntar-se ao problema do aumento do anidrido carbónico na atmosfera, do buraco do ozono sobre a Antárctida.

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Área de Integração

Outras Atividades

1- Lê e comenta o conteúdo deste texto.

“Um segundo fator que transformou a nossa relação com a Terra é a revolução científica e

tecnológica. Novos avanços na ciência e tecnologia trouxeram-nos enormes progressos em

áreas como a medicina e as comunicações, por exemplo. Apesar de todas as vantagens,

testemunhámos também efeitos colaterais imprevistos. Ao conjugarmos velhos

procedimentos com novas tecnologias, podemos ter consequências drásticas. Toda a

atividade humana é hoje executada com instrumentos muito mais poderosos com efeitos

devastadores. A irrigação tem feito, desde sempre, maravilhas pela humanidade, mas, hoje,

temos a capacidade de desviar rios gigantescos segundo os nossos desígnios e não os da

Natureza. A tecnologia deu-nos poder mas não sensatez.”

Al Gore, Uma Verdade Inconveniente

2-

O Pensamento Ecologizado

Ainda não há muito, todas as ciências recortavam, arbitrariamente, o seu objecto no tecido

complexo dos fenómenos. A Ecologia é a primeira ciência que trata do sistema global,

formado por constituintes físicos, botânicos, sociológicos, microbianos, os quais se

inscrevem cada qual numa disciplina especializada. O conhecimento ecológico requer uma

policompetência nestes diferentes domínios e, sobretudo, uma apreensão das interacções e

da sua natureza sistémica. Os êxitos da ciência ecológica mostram-nos que, contrariamente

ao dogma da hiperespecialização, há um conhecimento organizacional global que é o único

capaz de articular as competências especializadas para compreender as realidades

complexas.

Vejamos o problema planetário. O aspecto metanacional e planetário do problema

ecológico surgiu por volta de 1969-1972. A ameaça ecológica ignora as fronteiras nacionais.

A poluição química do Reno afecta a Suiça, a França, a Alemanha, os Países Baixos, os países

ribeirinhos do Mar do Norte. Verificámos a extrema insolência da nuvem de Chernobyl: não

só não respeitou os Estados nacionais, as fronteiras francesas, a Europa do Oeste, como

ainda extravasou o nosso continente. O problema Chernobyl, na sua feição planetária, vem

juntar-se ao problema do aumento do anidrido carbónico na atmosfera, do buraco do ozono

sobre a Antárctida.

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Os problemas fundamentais são planetários e paira doravante sobre a humanidade uma

ameaça de ordem planetária. Devemos pensar em termos planetários, não só relativamente

aos males que nos ameaçam , mas também no tocante aos tesouros ecológicos, biológicos e

culturais que se têm de salvaguardar: a floresta amazónica é um tesouro biológico da

humanidade que se deve preservar; noutro plano, as diversidades animais e vegetais, e bem

assim as diversidades culturais, fruto de experiências multimilenárias, que sabemos hoje

serem inseparáveis das diversidades ecológicas. Do mesmo modo, somos levados a

recolocar o problema do desenvolvimento rejeitando a noção tão grosseira e tão bárbara

que reinou durante muito tempo, quando se julgava que a taxa de crescimento industrial

significava o desenvolvimento económico e que o desenvolvimento económico significava

desenvolvimento humano, moral, mental, cultural, etc ( quando a verdade é que, nas nossas

civilizações ditas desenvolvidas, há um atroz subdesenvolvimento cultural, mental, moral e

humano ). Quis dar-se este modelo aos países do terceiro Mundo. A palavra

“desenvolvimento” deve ser inteiramente repensada e complexificada. Eis chegado o

momento do problema ecológico se juntar ao problema do desenvolvimento das sociedades

e da humanidade no seu todo.

Edgar Morin, Os Problemas do Fim do Século. Ed. Notícias, 1991 (excerto)

Depois de analisares o texto em conjunto com os teus colegas, responde às seguintes

questões:

2.1. Explica por que razão o autor afirma que o conhecimento ecológico não deve ser

especializado mas abrangente e integrado.

2.2. Dá um exemplo de um problema planetário cuja solução deva também ela ser

planetária.

2.4. Edgar Morim afirma que o desenvolvimento é hoje um problema a repensar de uma

forma ecológica. Justifica a sua afirmação.

2.5. Apresenta a ideia-chave do texto.

3- Vê o vídeo “The story of stuff“, de Annie Leonard e comenta-o tendo em conta a

relação entre o sistema produtivo linear e o planeta com recursos finitos.

http://sununga.com.br/HDC/ (versão brasileira) = 20 minutos

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4- Vê o vídeo “A história da garrafa de água”, com Annie Leonard = 8 m.

5- Vê o vídeo sobre o desastre de Chernobyl - http://www.youtube.com/watch?v=EwS9-

dC-dKg (versão brasileira).

6- Desastres ecológicos (o planeta como deveria ser e como está) = 6 m.

http://www.youtube.com/watch?v=5M5ZdPHlTig

7- O que pode cada um de nós fazer?

http://www.youtube.com/watch?v=FxlxLlGk7IY&feature=related

(pequenos comportamentos individuais)

Os objectivos do milénio para 2015: http://www.youtube.com/watch?v=v3p2VLTowAA

8- Consequências para os países menos desenvolvidos.

http://www.youtube.com/watch?v=lnVGzlXmgko

9- Consulta e analisa os documentos abaixo referidos e apresenta as tuas conclusões.

- Lista de maiores poluidores por total de emissão de CO² / PIB per capita:

Rank País PIB Emissão CO² PIB X CO²

1 Suíça 384,642 40,854 9.415

2 Suécia 383,816 51,901 7.395

3 Islândia 15,388 2,215 6.947

4 França 2,216,273 378,267 5.859

5 Dinamarca 265,934 47,620 5.585

6 Bélgica 387,840 70,592 5.494

7 Noruega 285,604 55,461 5.150

8 Austria 318,343 63,701 4.997

9 Hong Kong 172,932 35,438 4.880

10 Irlanda 206,467 43,187 4.781

11 Camarões 15,742 3,464 4.544

34 Brasil 732,07 313,757 2.333

39 EUA 12,438,873 5,872,278 2.118

55 Argentina 172,123 133,324 1.291

81 África do Sul 226,486 345,382 0.656

90 China 1,843,117 3,513,103 0.525

http://www.benderblog.com/realidade/o-maiores-poluidores-do-mundo/

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- Os 10 maiores emissores de CO2.

http://static.publico.pt/homepage/infografia/ambiente/co2/

- Acompanhe as emissões de CO2 de cada país:

http://carbonosustentavelbrasil.wordpress.com/2010/04/27/acompanhe-as-emissoes-de-

co2-de-cada-pais/

10- Lê as seguintes propostas para a redução da pegada humana e elabora um desdobrável para

distribuição na escola.

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Fonte: Agenda Europa 2010-2011

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11- Lê o seguinte texto e procura informação sobre a posição de Portugal na produção e

utilização de energias renováveis.

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12- A perda de biodiversidade é outra das ameaças a que estamos sujeitos.

12.1. Retira do texto algumas das causas para a perda de biodiversidade.

12.2. Qual a causa para esse tipo de atuação nefasta ?

12.3. Procura informação sobre ações que podem ser empreendidas no sentido de

preservar a biodiversidade.

13- Organiza uma sessão de debate na tua escola sobre os temas ambientais e a forma

como cada um de nós poderá contribuir para tal objetivo.

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14- Lê os seguintes textos.

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Fonte: Agenda Europa 2010-2011

14.1. Procura informação sobre esta questão e divulga na tua escola um modelo de

alimentação saudável e sustentável de alimentação.

15- Lê os objetivos do Milénio definidos para 2015.

15.1. Indica os objetivos que se relacionam diretamente com as questões ambientais.

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15.2. Tira conclusões sobre a importância do ambiente nas questões de desenvolvimento e bem-

estar das populações.

15.3. Procura informação adicional em:

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- Pegada de carbono:

http://www.pegadadecarbono.com/

- Pegada de água:

http://www.waterfootprint.org

- Pegada ecológica:

http://conservacao.quercusancn.pt/content/view/46/70/

- Calcular a pegada ecológica:

http://www.quercustv.org/spip.php?article109

http://www.gesamb.pt/upload/gesamb/img/Pegada_Ecologica.pdf

http://thejpl.blog.com/2009/02/18/pegada-humana-national-geographic/

http://www.cdcc.sc.usp.br/CESCAR/Conteudos/30-06-07/Pegada_ecologica.pdf

http://www.youtube.com/watch?v=VKwIKyJpsI4 (vídeo)

http://blog.ccbi.com.pt/blog/folhassoltas.php?itemid=1296

- Ações individuais:

http://www.planetazul.pt/edicoes1/planetazul/desenvArtigo.aspx?c=2249&a=19633&r=37

- Coleta de lixo em Barcelona e produção de energia:

http://www.cidadespossiveis.com/post/606689809/a-ideia-de-um-sistema-subterraneo-de-coleta-de

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- Componentes da pegada ecológica:

Fonte: Relatório 2010 WWF

16- Lê e tira conclusões sobre o conteúdo do Relatório de Avaliação da Agência Europeia do

Ambiente 2010.

Quais as conclusões do relatório SOER (European Environment State and Outlook Report 2010) 2010?

O aumento da procura global ameaça os sistemas naturais que nos sustentam

Esta é uma das mensagens-chave do relatório de avaliação de referência da Agência Europeia do Ambiente (AEA), O ambiente na Europa — situação atual e perspetivas 2010

(SOER 2010). Na globalidade, o SOER 2010 confirma que a política ambiental na União Europeia (UE) e nos países vizinhos, bem como outras ações em áreas relacionadas, conduziu a uma melhoria substancial do ambiente. Contudo, os principais desafios permanecem. É cada vez mais evidente que o capital natural dos ecossistemas é essencial para a nossa saúde,

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bem-estar e prosperidade. Fornece serviços que estimulam as nossas economias e cria as condições necessárias à própria vida: purificação da água, polinização das colheitas, decomposição de resíduos e regulação do clima, para mencionar apenas alguns. O relatório SOER 2010 revela que a procura prolongada de recursos naturais para alimentar, vestir, alojar e transportar a população está a aumentar devido a pressões globais. O nosso capital natural está também sujeito a novos tipos de procura, tais como a procura de produtos químicos à base de plantas ou de biomassa em substituição dos combustíveis fósseis. No seu conjunto, esta procura crescente de capital natural aponta para maiores ameaças à economia europeia a à coesão social. O relatório SOER 2010 mostra que o nosso conhecimento sobre a relação entre alterações climáticas, biodiversidade, utilização de recursos e saúde pública aumentou – e como tudo isto aponta para uma pressão crescente sobre o território, os rios e os mares. Estas interligações complexas, quer no seio da Europa quer a nível global, aumentam a incerteza e os riscos ambientais. Os desafios são grandes, mas a Europa dispõe de oportunidades para manter o seu capital natural. A Europa precisa urgentemente de aumentar a eficiência dos recursos e de melhorar a implementação dos princípios do Tratado de Lisboa em matéria de proteção ambiental. É necessário um maior esforço para valorizar o ambiente em termos monetários e para fazer refletir esses valores em preços de mercado, por exemplo, através da aplicação de taxas ambientais. Devemos ainda reforçar o nosso conhecimento sobre a situação e perspetivas do ambiente. É também necessário envolver diferentes grupos na construção de uma base de conhecimento e nos processos de política ambiental, de uma forma geral. Tudo isto faz parte de uma transição fundamental: passar de uma economia de baixo carbono para uma economia verdadeiramente verde na Europa.

Precisamos de intensificar os nossos esforços em todas as áreas

A análise de cada uma das áreas ambientais prioritárias e estratégicas da União Europeia permite concluir que a situação é recorrente. Estamos a fazer progressos, mas iremos prejudicar o bem-estar das gerações atuais e futuras se não intensificarmos os nossos esforços. No domínio das alterações climáticas, reduzimos as emissões de gases com efeito de estufa e estamos a trabalhar para cumprir os compromissos internacionais que assumimos no Protocolo de Quioto. Prevê-se que a União Europeia atinja a sua meta de redução das emissões em 20 % até ao ano 2020, se a legislação existente for implementada. Estamos também a aumentar a utilização de energias renováveis e preparamo-nos para atingir o objetivo de consumir 20 % de energia a partir de fontes renováveis em 2020. No entanto, talvez seja mais importante o facto de os esforços internacionais para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa serem claramente insuficientes para manter o aumento médio da temperatura mundial abaixo dos 2₀ C. Isto é essencial, porque acima deste valor a incerteza e os riscos associados à Natureza e dimensão das alterações ambientais, bem como a nossa capacidade de adaptação, agravam-se significativamente.

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No domínio da Natureza e biodiversidade, a Europa alargou a sua rede de áreas protegidas, a Natura 2000, abrangendo atualmente cerca de 18 % do território da UE. Têm sido feitos progressos para travar a perda de biodiversidade: as espécies de aves comuns, por exemplo, já não estão em declínio. A qualidade da água doce melhorou em termos gerais e a legislação relativa às emissões para o ar e para a água reduziu a pressão sobre a biodiversidade. Contudo, a União Europeia não conseguirá cumprir o objetivo de travar a perda de biodiversidade em 2010. O ambiente marinho é gravemente afetado pela poluição e pela sobrepesca. Em resultado da pressão da atividade piscatória, 30 % das populações de peixes na Europa (para as quais se dispõe de informação) são atualmente capturadas acima dos seus limites biológicos de segurança, apesar de desde 1985 ter havido uma diminuição generalizada das capturas. Em muitos países, os ecossistemas terrestres e de água doce continuam sob pressão, apesar da redução das cargas de poluição. As florestas, que são cruciais para a biodiversidade e para os serviços dos ecossistemas, sofrem uma exploração intensa. E a intensificação da agricultura teve consequências muito importantes na biodiversidade. No domínio dos recursos naturais e gestão de resíduos, a Europa sofreu uma mudança radical, passando da utilização de aterros para a reciclagem e prevenção. Apesar disso, em 2006, metade dos três mil milhões de toneladas de resíduos totais gerados nos 27 países da União Europeia (UE-27) foi depositada em aterros. A utilização de recursos está a aumentar, embora a uma taxa inferior ao rendimento económico. Esta dissociação parcial é encorajadora, mas a Europa continua a utilizar cada vez mais recursos. Nos 12 Estados-Membros da UE (UE-12), por exemplo, a utilização de recursos aumentou 34 % entre 2000 e 2007. Além disso, consumimos mais do que produzimos e a Europa importa atualmente mais de 20 % dos recursos que utiliza (nomeadamente combustíveis e produtos minerais). Assim, o consumo europeu tem um impacto significativo ao nível do ambiente nos países e nas regiões exportadores. Entretanto, a utilização de água na Europa estabilizou ou está a diminuir, mas os recursos são sobreexplorados em alguns países e bacias hidrográficas (o que aumenta também o risco). No domínio do ambiente, saúde e qualidade de vida, a poluição da água e a poluição atmosférica diminuiram. Foram feitos progressos notáveis na redução dos níveis de dióxido de enxofre (SO2) e monóxido de carbono (CO) no ar ambiente, bem como reduções significativas nos óxidos de nitrogénio (NOX). As concentrações de chumbo também diminuíram consideravelmente com a introdução da gasolina sem chumbo. Contudo, a qualidade do ar ambiente e da água continua a ser insuficiente e os impactos sobre a saúde generalizaram-se. Nas cidades, muitos habitantes estão expostos a níveis de poluição excessivos. A exposição a partículas atmosféricas (PM) e ao ozono (O3) continua a ser um dos problemas de saúde mais graves, associado à diminuição da esperança média de vida, a consequências respiratórias e cardiovasculares graves e crónicas e ao nascimento de crianças com desenvolvimento insuficiente dos pulmões e peso reduzido à nascença. A exposição prolongada a inúmeros poluentes e químicos e a preocupação com as

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consequências para a saúde humana a longo prazo exigem a necessidade de se adoptarem programas de prevenção da poluição em larga escala.

Os desafios ambientais na Europa são complexos e não podem ser entendidos

isoladamente

Vivemos num mundo fortemente interligado, do qual dependemos, e que compreende vários sistemas relacionados: ambiental, social, económico, etc. Esta interligação significa que os danos provocados num elemento podem ter impactos inesperados noutros, danificando todo um sistema ou mesmo desencadeando o seu colapso. Por exemplo, o aumento da temperatura provoca também o aumento do risco de se atingirem «pontos de não-retorno» capazes de desencadear alterações em larga escala, tais como o derretimento acelerado das massas de gelo da Gronelândia, seguido de um aumento do nível do mar. O recente choque financeiro global e o caos na aviação provocado por um vulcão na Islândia mostram igualmente como é que um colapso súbito numa área pode afectar sistemas inteiros. Os decisores políticos europeus não enfrentam apenas interações sistémicas complexas relativas ao seu continente. Estão também a revelar-se fatores globais de mudança que, no futuro, podem vir a afetar o ambiente na Europa – muitos dos quais para além do controlo europeu. Espera-se, por exemplo, que a população mundial exceda os nove mil milhões em 2050, prevendo-se que um número cada vez maior de pessoas possa sair da pobreza e aceder a níveis superiores de consumo. Estas tendências têm enormes implicações na procura global de recursos. As cidades estão a crescer. O consumo sobe em flecha. O mundo espera um crescimento económico contínuo. O poder económico das novas economias emergentes irá aumentar. Os agentes não-governamentais poderão assumir um papel mais relevante nos processos políticos globais. E a aceleração do ritmo das mudanças tecnológicas foi antecipada. A «corrida para o desconhecido» oferece oportunidades, mas também traz novos riscos.

A inação teria consequências sérias, mas existem oportunidades para preservar o capital

natural e os serviços dos ecossistemas

Os stocks mundiais de recursos também estão a diminuir. Nos próximos anos, o aumento da procura e a diminuição da oferta podem intensificar a concorrência global pelos recursos. Em última instância, este cenário irá aumentar ainda mais a pressão sobre os ecossistemas em termos globais, testando a sua capacidade de fornecer fluxos sustentados de alimentos, energia e água. Apesar de não apresentar qualquer aviso de colapso ambiental iminente, o relatório SOER 2010 faz notar que alguns limiares estão a ser ultrapassados. Tendências ambientais negativas podem, em última análise, produzir danos dramáticos e irreversíveis em alguns dos ecossistemas e serviços que assumimos como garantidos. É altura de agir de acordo com muitos «avisos precoces» cujos indícios são bem visíveis. As políticas ambientais europeias produziram muitos benefícios económicos e sociais em vários países: por exemplo, a saúde humana melhorou e estima-se que um quarto de todos os

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empregos europeus esteja ligado à área do ambiente. Garantir a total implementação das políticas ambientais na Europa continua, pois, a ser essencial, uma vez que muitas metas ainda não foram atingidas. Ao mostrar as várias ligações entre os diferentes desafios, ambientais e outros, o relatório SOER 2010 incita-nos a uma melhor integração das diferentes áreas políticas para maximizar os benefícios produzidos pelos nossos investimentos. Por exemplo, algumas medidas que visam reduzir a poluição atmosférica também ajudam a combater as alterações climáticas, enquanto outras as agravam. Temos de nos concentrar claramente em maximizar os ganhos mútuos e em evitar políticas com efeitos secundários negativos. É também necessário melhorar o equilíbrio entre a necessidade de preservar o capital natural e a sua utilização para estimular a economia. Neste domínio, aumentar a eficiência da utilização dos nossos recursos é uma «resposta integrada» essencial. Reconhecendo que os nossos níveis atuais de consumo são insustentáveis, precisamos apenas de fazer mais com menos. Um aspeto positivo é que esta é uma área onde os interesses dos setores ambiental e comercial podem confluir: os negócios prosperam ou declinam em função da sua capacidade de retirar o máximo proveito dos investimentos, tal como a preservação do mundo natural e do bem-estar humano depende da nossa capacidade de fazer mais com um fluxo limitado de recursos.