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Outubro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 1Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
SUMÁRIO
4 CURIOSIDADE
O QUE SÃO TORNADOS?Como são formados os tornados e a visãoespírita sobre a destruição provocada poresses fenômenos da natureza
10 APRENDIZADO
IMOBILIÁRIA ESPIRITUAL
O propósito d reunião de vibraçõesespirituais
14 CAPABRUXAS: AS MULHERES EM CHAMASBruxaria e Inquisição - visão espírita
22 REFLEXÃO
INTUIÇÃO OU INSPIRAÇÃO
Definição de intuição e inspiração
24 MENSAGEM
UMA LIÇÃO
O esclarecimento do espírito desencarnadoacerca do sofrimento e da tragédia terrena.
27 COM TODAS AS LETRAS
SOM IGUAL LEVA A ERROS GRAVES
Importantes dicas da nossa língua portuguesa
Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112
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FidelidadESPÍRITA | Outubro 2005
CURIOSIDADE
O que são Tornados?
Atualmente o alerta de um tornado
é de 13 minutos em média
�
O tornado é uma colu-na de ar giratória quese estende desde as
nuvens cúmulos-nimbos e desce
até o chão. A dinâmica de um tor-
nado ainda não é bem compreen-
dida pela ciência. Dados de radar,
balões atmosféricos e sondas forne-
cem apenas parte das informações
para compreender sua dinâmica,
ele continua sendo o buraco negro
da meterologia, mas há certos in-
gredientes essenciais, conhecidos:
uma coluna de ar ascendente de
ar quente e úmido próximo ao solo,
ar mais frio numa altitude mais ele-
vada e as chamadas tesouras de
vento, ou seja, ventos de diferen-
tes velocidades que se cruzam em
várias direções e altitudes. Essas
condições produzem um
mesotornado, uma maciça coluna
de ar em rotação que gera a maio-
ria dos tornados. O mesotornado faz
parte de uma tempestade
convectiva ainda maior – com uma
base de nuvens em baixa altitude e
poderosas correntes de ar em as-
censão. Uma convectiva pode ter
de 15 a 30 quilômetros de exten-
são e 18 mil metros de altura – o
dobro do monte Everest. É uma
escala que faz o tornado em si pa-
recer não mais do que uma cau-
da carregada de energia.
Apenas uma tempestade em
cada mil se torna uma convectiva,
e só uma em cada cinco ou seis
convectivas gera um tornado.
Atualmente o alerta de um tor-
nado, ou seja, o tempo que uma
família dispõe para escapar da ca-
tástrofe, juntando pertences es-
senciais e se refugiando no porão
ou num abrigo é de 13 minutos
em média. A maioria dos alertas
depende das 121 estações de ra-
dar do Serviço Nacional de
Meterologia, mas um radar atmos-
férico pode perder o nascimento
de um tornado nos cinco a seis
minutos que demora para o único
raio de um radar varrer todo o
território a seu alcance.
Como eles se formam?
Como já afirmado o tornado é
um buraco negro da meterologia.
Uma forma de tentar compreen-
der tais fenômenos é estuda-los
bem de perto, assim, com desta-
que para o hemisfério norte, há
Cúmulo-nimbo: nuvem
núncia de trovoadas, de
aspecto fibroso (por causa da
presença de cristais de gelo),
constituída de um ou vários
elementos que lembram
grandes torreões cujas bases
se emendam umas às outras, e
que pode estender-se
verticalmente de 1000 a
6000m acima do solo.
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CURIOSIDADE
Os tornados sobem alto no céu, mas
os ventos próximos ao solo são vitais
para o seu surgimento
�
uma simbiose entre os
meterologistas especializados e os
caçadores de tornados amadores,
mas que se dedicam seriamente ao
novo esporte.
Caminhonetes equipadas com
super radares são capazes de inter-
ceptar as tempestades e estudar
bem de perto sua estrutura oculta.
Há também sondas metálicas de 20
quilos, apelidadas de tartarugas,
que parecem discos voadores, e que
com sensores embutidos medem a
velocidade e direção de um torna-
do, além de pressão atmosférica,
umidade e temperatura. Também
há sondas em forma de pirâmide
que abrigam câmera de vídeo e três
câmeras fotográficas de 35 mm.
Há algumas conclusões a ciên-
cia já conseguiu chegar sobre este
assunto.
O tornados sobem alto no céu,
mas os ventos próximos ao solo são
vitais para o seu surgimento.
Uma simulação em computador
feita por Steve e David Lewellen,
da Universidade de Virgínia Oci-
dental, demonstra o corte de um
mesotornado que suga o ar quente
e úmido da região em torno e o im-
pulsiona para cima com uma forte
corrente ascendente. Enquanto os
ventos de superfície que alimentam
a corrente ascendente supram livre-
mente, não se forma o funil. Mas,
se esses ventos forem cortados por
uma corrente descendente fria, por
exemplo, a massa de ar em rotação
ao redor se contrai e ganha veloci-
dade, gerando um tornado.
Quanto mais cai e se estreita o
vórtice, mais rápido gira o tornado.
Mas a pressão baixa na superfície
pode reverter o fluxo do ar no cen-
tro. A corrente ascendente vira des-
cendente e isso dissipa o tornado.
O vórtice (boca do cone mais
próxima ao solo) é a área de maior
velocidade. Em certa condições, os
ventos próximos à superfície podem
exceder a velocidade do som (331
metros por segundo).
É muito difícil medir os ventos e
a potencia de um tornado, assim os
cientistas os classificam segundo os
estragos que causam. Há, desta for-
ma, a Escala Fujita, criada por Ted
Fujita, da Universidade de Chicago:
Escala Fujita Km/h
F5 Incrível ...................... 420-512
F4 Devastador ................. 333-419
F3 Grave ......................... 254-332
F2 Considerável .............. 182-253
F1 Moderado ................. 117-181
F0 Ventania .................... 64-116
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A ONU estimou que as perdas com o
Katrina podem chegar a 25 bilhões de
dólares
CURIOSIDADE
Regiões mais atingidas
Os Estados unidos sofrem mais
ataques de tornados do que qual-
quer outro país. Todos os anos cer-
ca mil twisters atingem a região
quando as correntes de ar quente
e úmido, vindas do golfo do Méxi-
co, se chocam com o ar frio e seco
que sopra para leste, partindo das
Montanhas Rochosas. Mas os
meterologistas alertam que os tor-
nados ameaçam todo o planeta,
onde houver ventos quentes e úmi-
dos soprando sobre uma massa con-
tinental.
No final de outubro deste ano,
mas uma vez os Estados Unidos, foi
o furacão Katrina, que atingiu a
região de Lousiana, Nova Orleans,
Mississipi e Alabama. O Katrina
deverá entrar para o registro ofici-
al como um furacão categoria F4,
porque seus ventos diminuíram um
pouco abaixo do limite de 248 Km/h.
O Katrina não pode ser compa-
rado por exemplo ao tsunami de
dezembro de 2004, no que diz res-
peito aos custos humanos, todavia
economicamente, tal tempestade,
que devastou Nova Orleans e ou-
tras partes dos EUA pode facilmen-
te ultrapassar o estrago de desas-
tres naturais mais recentes.
A ONU estimou os custos do
tsunami em 10 bilhões de dólares,
enquanto as perdas com o Katrina
podem chegar a 25 bilhões de dó-
lares. Dezenas de milhares de ca-
sas e lojas foram destruídas, mas de
78 mil pessoas foram levadas para
abrigos de emergência e o número
de mortos já chegou a pelo menos
200.
Em 24 de junho de 2003, todo o
vilarejo de Manchester, estado ame-
ricano de Dakota do Sul, sacode.
Naqueles dia, quase 70 tornados
sugiram de uma onda de tempesta-
des no estado de Dakota do Sul.
Na escala Fujita, o furacão que ar-
rasou Manchester foi classificado
como Devastador, a coluna negra
de 800 metros de largura e os ven-
tos chegam a 320 Km/h.
Só nos EUA os tornados causam
danos de cerca de 400 milhões de
dólares por ano. É impossível evitar
que surjam, mas com a ajuda de
cientistas e caçadores, os
meterologistas já compreendem
melhor a dinâmica dos tornados,
podendo alertar a população com
antecedência.
�
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A destruição é uma necessidade para
a regeneração moral dos Espíritos
�
CURIOSIDADE
737. Com que fim fere Deus a
Humanidade por meio de flagelos
destruidores?
Para fazê-la progredir mais de-
pressa. Já não dissemos ser a des-
truição uma necessidade para a re-
generação moral dos Espíritos, que,
em cada nova existência, sobem
um degrau na escala do aperfeiço-
amento? Preciso é que se veja o
objetivo, para que os resultados
possam ser apreciados.
Somente do vosso ponto de vista
pessoal os apreciais; daí vem que os
qualificais de flagelos, por efeito do
prejuízo que vos causam. Essas sub-
versões, porém, são freqüentemente
necessárias para que mais pronto se
dê o advento de uma melhor ordem
de coisas e para que se realize em al-
guns anos o que teria exigido muitos
séculos.
738. Para conseguir a melhora
da Humanidade, não podia Deus
empregar outros meios que não os
flagelos destruidores?
Pode e os emprega todos os dias,
pois que deu a cada um os meios
de progredir pelo conhecimento do
bem e do mal. O homem, porém não
se aproveita desses meios.
Necessário, portanto, se torna que
seja castigado no seu orgulho e que
se lhe faça sentir a sua fraqueza.
a) — Mas, nesses flagelos, tan-
to sucumbe o homem de bem como
o perverso. Será justo isso?
Durante a vida, o homem tudo
refere ao seu corpo; entretanto, de
maneira diversa pensa depois da
morte. Ora, conforme temos dito,
a vida do corpo bem pouca coisa é.
Um século no vosso mundo não
passa de um relâmpago na eterni-
dade. Logo, nada são os sofrimen-
tos de alguns dias ou de alguns
meses, de que tanto vos queixais.
Representam um ensino que se vos
dá e que vos servirá no futuro.
Os Espíritos, que preexistem e
sobrevivem a tudo, formam o mun-
do real. Esses os filhos de Deus e o
objeto de toda a sua solicitude. Os
corpos são meros disfarces com que
eles aparecem no mundo. Por oca-
sião das grandes calamidades que
dizimam os homens, o espetáculo é
semelhante ao de um exército cujos
soldados, durante a guerra, ficas-
sem com seus uniformes estragados,
rotos, ou perdidos.
O general se preocupa mais com
seus soldados do que com os uni-
formes deles.
b) — Mas, nem por isso as víti-
mas desses flagelos deixam de o ser.
Se considerásseis a vida qual ela
é e quão pouca coisa representa com
relação ao infinito, menos impor-
tância lhe daríeis. Em outra vida,
essas vítimas acharão ampla com-
Vejamos o que diz o Espiritismo acerca desses
FLAGELOS DESTRUIDORES:
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Entre os males que afligem a
Humanidade, alguns há, que estão nos
decretos da Providência
CURIOSIDADE
pensação aos seus sofrimentos, se
souberem suportá-los sem murmurar.
Venha por um flagelo a morte,
ou por uma causa comum, ninguém
deixa por isso de morrer, desde que
haja soado a hora da partida. A
única diferença, em caso de flagelo,
é que maior número parte ao mes-
mo tempo.
Se, pelo pensamento, pudésse-
mos elevar-nos de maneira a domi-
nar a Humanidade e a abrangê-la
em seu conjunto, esses tão terríveis
flagelos não nos pareceriam mais do
que passageiras tempestades no
destino do mundo.
739. Têm os flagelos destruido-
res utilidade, do ponto de vista fí-
sico, não obstante os males que oca-
sionam?
Têm. Muitas vezes mudam as
condições de uma região. Mas, o
bem que deles resulta só as gera-
ções vindouras o experimentam.
740. Não serão os flagelos, igual-
mente, provas morais para o ho-
mem, por porem-no a braços com
as mais aflitivas necessidades?
Os flagelos são provas que dão
ao homem ocasião de exercitar a
sua inteligência, de demonstrar sua
paciência e resignação ante a von-
tade de Deus e que lhe oferecem
ensejo de manifestar seus sentimen-
tos de abnegação, de desinteresse
e de amor ao próximo, se o não do-
mina o egoísmo.
741. Dado é ao homem conju-
rar os flagelos que o afligem?
Em parte, é; não, porém, como
geralmente o entendem. Muitos
flagelos resultam da imprevidência
do homem.
À medida que adquire conhe-
cimentos e experiência, ele os vai
podendo conjurar, isto é, prevenir,
se lhes sabe pesquisar as causas.
Contudo, entre os males que afli-
gem a Humanidade, alguns há de
caráter geral, que estão nos decre-
tos da Providência e dos quais cada
indivíduo recebe, mais ou menos,
o contragolpe. A esses nada pode o
homem opor, a não ser sua submis-
são à vontade de Deus. Esses mes-
mos males, entretanto, ele muitas
vezes os agrava pela sua negligência.
Na primeira linha dos flagelos
destruidores, naturais e indepen-
dentes do homem, devem ser colo-
cados a peste, a fome, as inunda-
ções, as intempéries fatais às pro-
duções da terra. Não tem, porém,
o homem encontrado na Ciência,
nas obras de arte, no aperfeiçoa-
mento da agricultura, nos
afolhamentos e nas irrigações, no
estudo das condições higiênicas,
meios de impedir, ou, quando me-
nos, de atenuar muitos desastres?
Certas regiões, outrora assoladas por
terríveis flagelos, não estão hoje
preservadas deles? Que não fará,
portanto, o homem pelo seu bem-
estar material, quando souber apro-
veitar-se de todos os recursos da sua
inteligência e quando, aos cuida-
dos da sua conservação pessoal, sou-
ber aliar o sentimento de verdadei-
ra caridade para com os seus
semelhantes? �
Outubro 2005 | FidelidadESPÍRITA
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CURIOSIDADE
As tormentas recebem um nome quando seus ventos atingem 63 km/h. Quando a velocidade chega a 119 km/h a lesteda Linha Internacional da Data, as tormentas são consideradas “furacões”; a oeste da linha, “tufões”; e,geralmente, “ciclones” no hemisfério sul.
Fonte:
Revista National Geographic Brasil, abril
2004, págs. 29 a 59. Outubro 2005, pág. 18
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Itens
737 – 741. Feb. Rio de Janeiro/ RJ.
O Batismo das tormentas
por Whitney Dangerfield
A velocidade dos ventos é variável, a temperatura do oceano pode
subir e a rota das tormentas pode alterar-se, mas no mundo caótico
dos ciclones tropicais há uma variável com que os meteorologistas
não têm de se preocupar: o nomede cada tormenta.
A partir de 1950, os Estados Unidos passaram a basear-se em um
sistema alfabético. Desde 1953, os nomes eram femininos, mas, em
1979, após protestos de grupos feministas, também adotaram nomes
de homens. Os meteorologistas hoje dispõem de um arsenal de
nomes - três masculinos e três femininos para cada letra do alfabeto,
com exceção de Q, U, X, Y e Z - suficiente para seis anos. Apos esse
período, a mesma lista é reiniciada.
A conveniência do uso de nomes curtos para serviços de alerta foi
reconhecida por centros meteorológicos de todo o mundo que
adotaram sistemas similares. Enquanto algumas listas iniciam cada
temporada na letra A, outras seguem ao longo de anos. E, a menos
que o nome de uma tempestade particularmente devastadora seja
“aposentado” (caso das tempestades de 2004 Charley, Frances, Ivan
e Jeanne, e certamente do Katrina, que em agosto deste ano destruiu
Nova Orleans), os mesmos nomes são usados inúmeras vezes.
Todos os anos registra-se a média de 80 ciclones tropicais no
mundo. Mas, desde 1995, houve um salto no Atlântico - de des para
até 19. Faltarão nomes em breve? “Se tivermos mais de 21
tormentas”, diz Frank Lepore, do Centro Nacional de Furacões, em
Miami, “o menor dos problemas será o de saber como chamá-las”.
Os mais temidos
visitantes do Atlântico
2005 2006
Katrina Alberto
Lee Beryl
Maria Chris
Nate Debby
Ophelia Ernesto
Philippe Florence
Rita Gordon
Stan Helene
Tammy Isaac
Vince Joyce
Wilma Kirk
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FidelidadESPÍRITA | Outubro 2005
APRENDIZADO
Imobiliária Espiritualpor Teddy M. Nilson
Era uma senhora de meiaidade, bonita, educada eelegantemente vestida.
Chegava, impreterivelmente, às
13h45 para a reunião de vibrações
espirituais, com início às 14h00.
Nessa reunião, tínhamos a tarefa de
anotar nomes e endereços de pes-
soas necessitadas ou enfermas, para
receberem a assistência espiritual.
De vez em quando, alguns
freqüentadores vinham alegremen-
te nos contar sobre a melhora ou
mesmo a cura de algum familiar ou
amigo. Aquela senhora fazia dife-
rente: chegava discretamente com
sua folha de papel, colocava-a so-
bre a mesa e sentava-se para aguar-
dar o momento das vibrações. Ao
terminar a reunião, recolhia o papel,
dobrava-o e guardando na bolsa.
Isso já estava acontecendo há
vários meses sem que pudéssemos
observar em seu semblante qual-
quer indício de satisfação pelo pe-
dido atendido. Certa tarde, ela veio
em nossa direção solicitando: Por
favor, ajude-me a rogar por estes
pedidos. E foi abrindo, lentamen-
te, a folha de papel.
Ao verificar que ali só havia
endereços, sem nomes, perguntei-
lhe se os moradores estavam enfer-
mos ou passavam por problemas de
difícil solução. Ela respondeu: Não,
não! Nesses endereços não existem
moradores; e, é, justamente, por isso
que estou preocupada. Será que os
espíritos não têm tempo para arran-
jar inquilinos para os meus aparta-
mentos? Será que já avaliaram o
prejuízo que estou tendo?
Sem que pudesse lhe explicar o
propósito da reunião de vibrações
espirituais, dobrou novamente o
Será que os espíritos não tem tempo
para arranjar inquilinos para os meus
apartamentos?
Outubro 2005 | FidelidadESPÍRITA
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APRENDIZADO
papel, guardou-o na bolsa e afas-
tou-se deixando uma onda de per-
fume caro atrás de si.
E, afinal, o que é a vibração es-
piritual?
Partindo do princípio que a ma-
téria é energia condensada em
constante movimento, tudo o que
existe vibra; a começar pelos ele-
mentos que compõem os reinos da
natureza, mineral, vegetal e animal,
que emanam energia de forma na-
tural e inconsciente. Assim, o ho-
mem, portador de inteligência e
sentimento, também o faz; todavia,
emana-as ainda de forma conscien-
te, quando deseja beneficiar ou pre-
judicar alguém.
Felizmente, existem pessoas boas
ou bem intencionadas que costu-
mam se reunir para orar emanando
energias saudáveis em benefício dos
que sofrem. Devemos convir que
todas as radiações feitas com amor
e boa vontade, em casa ou emqualquer outra agremiação religi-
osa, sempre produzem algum bene-
fício. Por esse motivo disse Jesus:
“Onde houver duas ou mais pesso-
as reunidas em meu nome, ali esta-
rei”. Quando o número de pessoas
é grande e todos dotados de since-
ro amor ao próximo, as radiações
são mais fortes, porque representa
a soma das energias de todos os
participantes; por isso, quando ora-
mos em grupos nossas preces são
mais poderosas.
É desse modo que se realiza uma
reunião de vibrações ou irradiações
na Casa Espírita, onde há uma es-
merada preparação para que essa
atividade seja bem sucedida. Al-
guém bastante idôneo, e com co-
nhecimento evangélico e doutriná-
rio, preside a reunião. Inicia-se com
“Onde houver duas ou mais pessoas
reunidas em meu nome, ali estarei”
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FidelidadESPÍRITA | Outubro 2005
APRENDIZADO
Devemos pedir apenas aquilo que
tenha relação com nossa necessidade
de evolução
�
uma prece rogando as bênçãos do
Pai Criador e a presença dos Bons
Espíritos. A seguir, faz-se um co-
mentário evangélico para o apren-
dizado e a elevação do pensamen-
to e sentimento, possibilitando a li-
gação com o mundo espiritual, que
assistirá aos necessitados, aprovei-
tando, desta forma, a doação
energética de todos os presentes.
Para esta reunião, também são
anotados os nomes e endereços dos
necessitados ausentes, a fim de fa-
cilitar sua localização pelos espíri-
tos socorristas.
Todavia, muitas pessoas que pro-
curam a assistência espiritual para
seus problemas esperam verdadei-
ros “milagres”. É oportuno repetir-
mos a expressão de Kardec: “Mila-
gre é um ato da Potência Divina
contra as leis comuns da Nature-
za”. Conclusão: as leis naturais não
podem ser derrogadas por quem as
criou, visando a harmonia Univer-
sal; assim, “milagre”, na acepção da
palavra, não existe.
Para sermos atendidos em nos-
sas rogativas, ou termos nossas afli-
ções aliviadas, é preciso que nosso
pedido seja justo, que exista real
necessidade e merecimento. Isto
porque, grande parte daquilo que
sofremos é o resultado da nossa má
semeadura, que forçosamente te-
remos que colher um dia. Afirmam
os instrutores espirituais que: “A
semeadura é livre, mas a colheita é
obrigatória”, esta é a lei de Ação e
Reação.
Assim, devemos pedir apenas
aquilo que não podemos alcançar
ou solucionar por nós mesmos, e
que tenha relação com nossa ne-
cessidade de evolução; jamais para
a satisfação do nosso orgulho, vai-
dade e bem-estar. Em O Livro dosMédiuns, Capítulo XXVI,
intitulado: “Perguntas Que se Po-
dem Fazer”, encontramos inúmeras
questões impróprias, por absoluta
ignorância dos interessados. Ana-
lisando-as bem, compreendemos
que os espíritos não sabem e não
podem tudo; que suas opiniões
estão sempre de acordo com seu
caráter, grau de conhecimento e
permissão de ordem superior.
Aos bons espíritos é agradável
que roguemos auxílio para abolir-
mos vícios, imperfeições e tudo o
que nos distancie da evolução.
Aos espíritos presunçosos e me-
nos esclarecidos, os pedidos de or-
dem material ou frívolo, agradam,
e por vezes até são concedidos como
uma forma de nos dominar.
Mas, como nenhum deles, bons
e maus espíritos, gostam de ser ex-
plorados, é importante redobrarmos
os cuidados com tais pedidos. Nes-
se livro encontramos orientações
seguras e observações precisas,
principalmente sobre este assunto.
Afirma Kardec: “O conheci-
mento mais preciso do Espiritismo
acalmou a febre das descobertas
que, no princípio, muitos se van-
gloriavam de fazer por seu intermé-
dio. Chegaram mesmo a pedir aos
espíritos receitas para tingir e fazer
nascer cabelos, para curar calos,
etc. (...)”. Estes pedidos, naquela
época tão balda de conhecimentos
das leis que regem tais questões, já
eram inconvenientes. Como classi-
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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 13Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
... é necessária uma modificação em
atitudes... Cultivar a boa leitura,
passeios em contato com a natureza...
APRENDIZADO
ficar o pedido acima citado, para
que os espíritos deixem atividades
tão importantes e sérias a fim de
conseguir inquilinos para aparta-
mentos vagos? É certo que lhe fal-
tou conhecimento doutrinário.
Já nos pedidos de curas para cer-
tas enfermidades, devemos lembrar
a orientação de André Luiz no li-
vro Conduta Espírita, quando adver-
te: “O trabalho de recuperação do
corpo físico fundamenta-se na rea-
bilitação do espírito.” Esta senten-
ça estabelece harmonia com o prin-
cípio evangélico: “Ajuda a ti mes-
mo que o Céu te ajudará”.
Todavia, observamos que as re-
ações dos necessitados variam mui-
to, porém, quando é perguntado
onde se encontram os ausentes ne-
cessitados, é comum ouvirmos: fo-
ram ao cinema ou a algum passeio,
para aliviar a tensão. Será isso o
recomendável? Não seria melhor
participarem da reunião, já que
podem se locomover? Assim, estan-
do presentes, poderiam se benefi-
ciar, além das vibrações, também do
recurso do passe espiritual, que eli-
mina fluidos perniciosos que neles
estão impregnados agravando a si-
tuação.
Aqueles que estão impedidos de
comparecer, por uma causa justa,
deverão informar-se do horário da
reunião, em seu favor, para que es-
tejam com o pensamento elevado e
em prece, para serem mais facil-
mente localizados e abençoados
pelos bons espíritos.
Emmanuel esclarece: “Assim
como a transfusão de sangue repre-
senta uma renovação das forças fí-
sicas, o passe é uma transfusão de
energias psíquicas.” (“O
Consolador” – questão 98).
No entanto, a cooperação do
enfermo não se restringe à assistên-
cia espiritual dentro da Casa Espí-
rita; é necessária uma modificação
em suas atitudes diárias, a come-
çar pela higiene mental, procurar
sentir Deus na Criação, valorizan-
do Sua bondade. Ouvir músicas
suaves; cultivar a boa leitura, bus-
cando sempre livros com assuntos
que trazem conforto, estímulo e
coragem; passeios em contato com
a natureza, etc. Buscar a terapia do
trabalho, procurando alguma ocu-
pação diferente além das obrigações
normais. Enfim, trabalho e ocupa-
ção para o cérebro e para as mãos
ajudam a restaurar as energias físi-
cas e espirituais, promovendo o
renascimento da esperança, da ale-
gria, da autoconfiança e da Paz.
Diante de trabalho de tão alta im-
portância, devemos agradecer a
Deus por ter colocado a Doutrina
Espírita em nosso caminho, como
verdadeira luz a guiar nossos pas-
sos rumo à perfeição. �
ASSINE: (19) 3233-559614| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005
| 15Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA
�
por Cadu Ladeira e Beth Leite
Durante mais de 300 anos, a
mesma Europa que viu nascer a
Idade Moderna e presenciou feitos
como a conquista do Novo Mun-
do, a ascensão da burguesia comer-
cial e o fim do domínio feudal, fez
das fogueiras um instrumento de
repressão e morte para milhares de
mulheres condenadas por bruxaria.
As pilhas de lenhas e gravetos
já estavam acesas e a multidão in-
quieta, aguardava o início do ritu-
al que conhecia tão bem. Afinal,
execuções eram espetáculos
imperdíveis, que atraiam a atenção
de pessoas vindas de vários cantos.
Em meio ao ruído abafado dos co-
mentários sobre os horrores que
havia cometido, surgiu enfim a con-
denada. A turba, que já estava agi-
tada, aproveitou para liberar a ten-
são reprimida: objetos, palavras de
ódio, risos e piadas partiam de to-
das as direções contra a terrível
criatura. Não houve muitas delon-
gas. A sentença foi lida rapidamen-
te, o carrasco, num gesto piedoso,
estrangulou a condenada para que
não enfrentasse as chamas viva e,
em poucos minutos, seu corpo ar-
dia, diante da aclamação selvagem
da assistência.
Bruxas:
As Mulheres em Chamas
Durante mais de 300 anos, ce-
nas como essa se tornaram corri-
queiras nas praças públicas de boa
parte da Europa e o caminho da
fogueira se transformou no destino
de milhares de mulheres.
Nuas, montadas em vassouras,
aterrorizando cidades, aldeias e
castelos, no imaginário popular e
religioso da época, as bruxas esta-
vam por toda parte, semeando o
pavor. A perversidade feminina
campeava solta, a serviço dos man-
dos do demônio e precisava ser con-
tida qualquer custo. De 1450 a
1750, poucas pessoas ousariam con-
tradizer essa doutrina, repetida em
tom de ameaça nos púlpitos dos pre-
gadores católicos, assim como nos
sermões protestantes depois da Re-
forma religiosa de Martinho Lutero
no século XVI.
Bruxaria era uma calamidade
tão real quanto tempestades ou
pestes, e intimamente ligada à na-
tureza feminina. Com exceção de
Portugal e Espanha, onde os prin-
cipais perseguidos eram cristãos
novos e judeus, em quase toda a
Europa a porcentagem de mulhe-
ASSINE: (19) 3233-559616| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005
Estima-se que 60.000 vidas se
perderam em meio às chamas
�
res excedeu 75% dos casos. Em al-
gumas localidades, como o conda-
do de Namur (atual Bélgica), elas
responderam por 90% das acusa-
ções. Estima-se que 100.000 proces-
sos foram instalados pelo continen-
te afora e pelo menos 60.000 vidas
se perderam em meio às chamas.
Foi em plena Idade Moderna - a
mesma que presenciou a descober-
ta de um novo mundo com as gran-
des navegações, a ascensão da bur-
guesia comercial, o fim do domínio
feudal e a formação dos primeiros
Estados nacionais europeus - que o
temor às forças do mal deixou o
campo da crendice popular para se
tornar alvo de uma perseguição sis-
temática de tribunais leigos, reli-
giosos e da Inquisição - sob controle
papal. Não que as fogueiras tenham
sido estranhas à sociedade medieval.
A Idade Média também presen-
ciou exibições do poder purificador
das chamas, a mais notável delas,
sem dúvida, aquela que consumiu
a vida da jovem Joana d´Arc em
30 de maio de 1431, na cidade de
Rouen, então sob domínio inglês.
Heroína nacional, Joana ficou
famosa depois que conduziu o exér-
cito francês à vitória sobre os in-
gleses em Orléans e deu início à
revanche de seu país na Guerra dos
Cem Anos (1337-1453), até aque-
le momento vencida fragorosamen-
te pelos britânicos.Em 1430, quan-
do caiu prisioneira nas mãos do
duque de Borgonha, aliado ao rei
inglês Henrique V, seus inimigos
aproveitaram a fama das visões que
ela costumava ter desde pequena
para levá-la à fogueira, mesmo sa-
bendo de sua extrema devoção re-
ligiosa.
Nesse caso, porém, o cunho po-
lítico da condenação era tão óbvio,
que antes do final daquele século
ela seria reabilitada e em 1920 fi-
nalmente transformada em santa.
Para bruxas menos famosas, no
entanto, a chegada da Idade Mo-
derna trouxe uma mudança radi-
cal na atitude da igreja e dos tri-
bunais em relação ao universo da
superstição, do paganismo e do
mito com o qual, havia mais de
1500 anos, a Europa convivia.
Na mitologia romana, Diana,
deusa dos bosques e dos animais,
já costumava guiar amazonas no-
turnas em cavalgadas celestes. En-
tre as crenças imemoriais
germânicas, acreditava-se que fi-
| 17Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA
�
guras ameaçadoras, conhecidas
como streghe, se reuniam na flo-
resta em torno de caldeirões para
realizar seus rituais. Depois se
volatilizavam e invadiam as casas
para chupar a vitalidade das crian-
ças.
Mas, em meio à insegurança da
aurora da modernidade, um tempo
marcado por mudanças e desgraças
contentes como fomes, pestes, guer-
ras e conflitos religiosos, boa parte
dessa tradição fantasiosa do passa-
do acabou associada à certeza de
que o demônio e suas seguidoras
estavam determinados a dominar o
mundo.
Feitiços e mulheres voadoras tor-
naram-se, da noite para o dia parte
te de uma grande conspiração de-
moníaca. Encantos e ungüentos -
chamados na época de maleficia -
que antes serviam para ajudar as
pessoas se transformavam em pas-
saporte certo para a morte.Não era
preciso muito para provar que a
ação infernal estava em andamen-
to. Além das tradicionais acusações
de possessões diabólicas, crises po-
líticas e sociais, calamidades natu-
rais ou qualquer outro aconteci-
mento anormal eram capazes de
detonar a mortandade.
Em Trier, na França, uma feroz
epidemia de processos contra as
bruxas ocorreu entre 1580 e 1599,
quando duas grandes colheitas fo-
ram dizimadas por alterações climá-
ticas. No principado alemão de
Ellwagen, em 1611, em Genebra em
1530,1545,1571 e 1615 e em Milão
em 1630, para citar uns poucos
exemplos, centenas foram conde-
nadas à morte após um surto de
peste. No século XVII, em
Cambrai, também na Franca a ins-
talação de novas indústrias no cam-
po gerou uma onda de ansiedade
entre os camponeses que logo de-
sembocou numa grande caça. Al-
gumas alegações contra a bruxaria
eram tão descabidas, que só mes-
mo o clima de paranóia coletiva
explicava a relação: em 1590, de-
pois que uma tormenta no Mar do
Norte destruiu um dos navios da
comitiva de Jaime VI da Escócia e
de sua noiva, Ana da Dinamarca,
os dois países iniciaram uma cruel
perseguição a feiticeiras. As gran-
des caçadas vinham assim: como
tempestades de verão, chegavam
avassaladoras e de surpresa, mas
tinham curta duração. Quase sem-
pre, após um período de frenética
perseguição, as comunidades se
aquietavam durante os anos seguin-
tes. Era como se tivessem se livra-
do de um cancro.Escritos da época
registram o quase inacreditável. Na
diocese italiana de Como, 1000
execuções em um ano. Em
Toulouse, na França, 400 crema-
ções são contadas em um único dia.
No arcebispado francês de Trier, em
1585, 306 bruxas delataram cerca
de 1500 cúmplices. Embora a mai-
or parte das acusadas tenha esca-
pado à morte, isso não impediu que
duas aldeias da região ficassem à
beira do extermínio: sobraram ape-
nas duas mulheres em cada uma
delas. O mais impressionante é que
a maior parte dessas mulheres, e
mesmo dos homens, condenadas
chegaram às fogueiras por confis-
são própria, graças à tortura.
Durante esses quase três sécu-
los de morte, conseguir uma con-
fissão era apenas questão de tem-
po. Quando acontecia de o acusa-
do resistir muito ,durante uma ses-
são de maus tratos, isso só aumen-
tava a convicção de culpa dos
interrogadores: afinal, tamanha re-
sistência só podia ter por trás o au-
xílio de forças que não eram ape-
nas naturais. Hoje, sabe-se que o
uso indiscriminado desse instru-
mento macabro se confunde com o
Na Alemanha acreditava-se que figuras
ameaçadoras se reuniam em torno de
caldeirões para realizar seus rituais
ASSINE: (19) 3233-559618| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005
Cada possível bruxa incriminava mais
uma lista de acusadas que eram
levadas diante dos juízes
�
próprio mapeamento da caça às bru-
xas pela Europa. O predomínio do
temido Tribunal de lnquisição, por
exemplo, serviu para atenuar os
casos de condenação à morte de
bruxas nos países da Península Ibé-
rica e na Itália. Embora tenha fica-
do famoso na Idade Média pela prá-
tica da tortura, na época em que
começou a grande repressão euro-
péia, a partir do século XV, os
inquisidores já haviam elaborado
uma extensa reforma jurídica que
garantia não só assistência legal aos
acusados como restringia a ação dos
torturados a casos muito especiais.
Na Inglaterra, onde suspeitos
de bruxaria só podiam ser submeti-
dos à tortura com autorização dos
conselhos superiores de Justiça, a
caça às bruxas também teve pouca
expressão. Já na Alemanha, dividi-
da em dezenas de ducados e prin-
cipados independentes política e
judicialmente, a caça às bruxas
ganhou proporções assustadoras.
Nada menos de 50% dos processos
contra elas aconteceram em terras
germânicas, e a maior parte resul-
tou em morte. Às vezes, a desco-
berta de uma fraude conseguia evi-
tar que a perseguição chegasse a
um final dramático. Em 1633, o jo-
vem inglês Edmund Robinson de-
nunciou uma mulher que o teria
levado a um sabá de bruxas, onde
estavam reunidas cerca de sessen-
ta feiticeiras. O menino deu o nome
de dezessete delas, todas imedia-
tamente presas e condenadas. Al-
gumas dúvidas sobre o depoimen-
to, no entanto, levaram o bispo de
Chester a interrogar Edmund e ele
acabou admitindo ter forjado a his-
tória por sugestão do pai, que ha-
via indicado todos os nomes “por
inveja, vingança e desejo de tirar
vantagem”, descobriram os juízes.
Na Escócia, o ensaio de uma
grande repressão nacional em 1661
entrou em colapso quando os
eméritos caçadores de bruxas John
Kincaid e John Dick foram
flagrados dando picadas em mulhe-
res acusadas de bruxaria: nos tri-
bunais, essas pequenas marcas eram
a prova de que elas haviam feito
pacto com o diabo.Foram poucas,
porém, as caças detidas por evidên-
cia de fraudes.
Normalmente, quando uma per-
seguição se instalava, nada conse-
guia detê-la e o pânico tomava con-
ta da população. A princípio, todos
estavam sob suspeita e a melhor
defesa era o ataque. Uma vez ini-
ciada a caça, delações não paravam
mais. Assustadas com a persegui-
ção, multas pessoas logo se punham
a entregar as vizinhas na tentativa
de livrar a própria pele de potenci-
ais acusações. Cada possível bruxa
levada a julgamento, por sua vez,
não tardava a incriminar mais uma
lista de acusadas num efeito domi-
nó que levava grandes levas de pes-
soas diante dos juízes. Cenas e re-
latos como esses não só foram reali-
dade como contavam com uma ro-
busta fundamentação teórica de
| 19Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA
A aversão à mulher, mais propensa a
sucumbir à tentação diabólica era
moeda corrente em toda a Europa
�
uma obra sinistra. Publi-
cado em 1486, o livro
Malleus Maleficarum,
escrito pelos inquisidores
papais alemães Heinrich
Kramer e James Sprenger,
foi um eficaz instrumen-
to nos tribunais para con-
solidar a crença de que
uma grande conspiração
arquitetada por Satã e
suas seguidoras, as bru-
xas, tomava conta do
mundo. Até o final do
século XV, o manual já
era um best seller, recor-
dista absoluto entre qualquer livro
anterior ou posterior sobre demo-
nologia, com mais de uma dúzia de
edições.Na detalhada obra, que
explicava desde os feitiços mais
comumente praticados até como
localizar a presença das malignas
criaturas no seio da sociedade, Kra-
mer e Sprenger não pouparam es-
forços para mostrar que a mesma
mulher que provocou a expulsão do
homem do paraíso ainda era uma
ameaça presente. O velho temor
católico de monges e padres celi-
batários estava mais forte do que
nunca. “A perfídia é mais encon-
trada nas pessoas do sexo frágil do
que nos homens” garantiam os dois.
Bruxas eram o mal total: renuncia-
vam ao batismo, dedicavam seus
corpos e almas ao demônio e, su-
prema lascívia, costumavam man-
ter relações sexuais com ele. Prin-
cipalmente durante os sabás, reu-
niões em que as forças do mal se
reuniam para banquetear-se com
criancinhas não batizadas e que sem-
pre terminavam em fabulosas orgias.
Testemunhos da época davam
notícia de sabás reunindo até 1000
bruxas.Para provar a propensão na-
tural da mulher à maldade não fal-
tavam argumentos aos autores do
Malleus. A começar por “uma fa-
lha na formação da primeira mu-
lher, por ser ela criada a partir de
uma costela recurva, ou seja, uma
costela no peito, cuja curvatura é,
por assim dizer contrária à retidão
do homem. A própria etimologia da
palavra feminina confirmava essa
fraqueza original: segundo eles,
femina, em latim, reunia em sua
formação as palavras fide e minus,
o que quer dizer menos fé.Defender
idéias assim não era exclusividade
dos dois inquisidores alemães.
A aversão à mulher como ser
mais fraco e, portanto, mais propenso
a sucumbir à tentação diabólica era
moeda corrente em todas as regi-
ões da Europa - dos pequenos
vilarejos camponeses aos grandes
centros urbanos. Nos sermões de
padres por toda a Europa, prolife-
rava a concepção de que a bruxa-
ria estava ligada à cobiça carnal
insaciável do “sexo frágil”, que não
conhece limites para satisfazer seus
prazeres. Com seu “furor uterino”,
para o homem a mulher era uma
armadilha fatal, que podia levá-lo
à destruição, impedindo-o de se-
guir sua vida tranqüilamente e de
estar em paz com sua
espiritualidade.
O clima de desconfiança em re-
lação às mulheres teve também pre-
dileções profissionais. Quando não
era o caso de grandes perseguições
orquestradas para expurgar males
como a peste, certos ofícios tipica-
mente femininos tinham precedên-
O P
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8-15
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ASSINE: (19) 3233-559620| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005
�
cia na lista de denúncias.
Curandeiras, vitais para uma soci-
edade onde a medicina ainda era
uma ciência incipiente, tornavam-
se herejes e apóstatas da noite para
o dia Cozinheiras também viviam
sob constante desconfiança, assim
como as parteiras. Acusadas
freqüentemente de batizar os re-
cém-nascidos em nome do diabo ou
de matá-los para usar seus corpos
em rituais, elas foram vítimas de
anos de suspeita acumulada, numa
época em que a taxa de mortalida-
de infantil era altíssima.
Em 1587, a parteira alemã
Walpurga Hausmannin, foi proces-
sada por ter causado a morte de
quarenta crianças, algumas com até
12 anos. Entre os métodos que ela
empregava, estavam o estrangula-
mento, esmagamento de cérebro da
criança no parto e aplicação de “um
ungüento do diabo sobre a placen-
ta”, de modo que a mãe e a criança
morressem juntas. Seu destino foi
a fogueira. O mesmo de uma par-
teira húngara, que em 1728 conse-
guiu uma marca duvidosa, mas per-
feitamente factível para seus con-
temporâneos: ela morreu queima-
da por ter batizado nada menos do
que 2000 crianças em nome do
demônio.Para quem se acostumou
a relacionar a figura das bruxas a
personagens pitorescas de contos
da carochinha - como a madrasta
de Branca de Neve ou a fada mal-
vada de Cinderela, às vezes fica
difícil acreditar em histórias assim.
Mas elas existiram e deixaram em
seu rastro uma cruel realidade da
morte de milhares de mulheres ino-
centes em fogueiras piamente ace-
sas para limpar o mundo.
Boxes da reportagem
Elas por elesA identidade com o pecado original, principalmente na história do
cristianismo, foi um fardo pesado para a mulher até o século XVII.
Desde os primeiros eremitas cristãos, nos desertos da Síria é do Egito,
a busca da austeridade religiosa pelo isolamento ascético tornou-se não só
uma regra obrigatória para o aprimoramento espiritual, mas também con-
sagrou o papel da mulher como a principal tentação mundana, capaz de
afastar o homem do caminho da purificação. Uma norma que, na Europa,
começaria a se consagrar a partir do século VI, quando São Bento de Nursia
fundou o mosteiro de Monte Cassino, na Itália, e deu início ao movimen-
to monástico beneditino, que marcaria profundamente a atitude religiosa
do continente.
“Toda malícia é leve, comparada com a malícia de uma mulher.” (Ecle-
siástico 25:26)”Tu deverias usar sempre o luto, estar coberta de andrajos e
mergulhada na penitência, a fim de compensar a culpa de ter trazido a
perdição ao gênero humano... Mulher, tu és a porta do Diabo.” (Quinto
Tertuliano, escritor cristão, século III)”Dentre as incontáveis armadilhas
que o nosso inimigo ardiloso armou através de todas as colinas e planícies
do mundo, a pior é aquela que quase ninguém pode evitar: é a mulher,
funesta cepa de desgraça, muda de todos os vícios, que engendrou no mun-
do inteiro os mais numerosos escândalos.” (Marborde, monge de Angers,
século Xl)”Toda mulher se regozija de pensar no pecado e de vivê-
lo.”(Bernard de Morlas, monge da Abadia de Cluny, século XII)”A mulher
é um verdadeiro diabo, uma inimiga da paz uma fonte de impaciência, uma
ocasião de disputa das quais o homem deve manter-se afastado se quer
gozar a tranqüilidade” (Francisco Petrarca, poeta italiano, século XIV)”
Que se leiam os livros de todos aqueles que escreveram sobre feiticeiros e
encontrar-se-ão cinqüenta mulheres feiticeiras, ou então demoníacas,
para um homem.” (Jean Bodin, jurista, sociólogo e historiador, século XVI)
“Pois a Natureza pretende fazer sempre sua obra perfeita e acabada: mas se
a matéria não é própria para isso, ela faz o mais próximo do perfeito que
pode. Então, se a matéria para isso não é bastante própria e conveniente
para formar o filho, faz com ela uma fêmea, que é um macho mutilado e
imperfeito.” (Laurent Joubert, conselheiro e médico inglês, século XVII)
| 21Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA
Fonte:
OLIVEIRA, Therezinha. Na Luz do
Espiritismo. Págs. 28-43. CEAK.
Campinas/S.P. 2005
ASSINE: (19) 3233-559622| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Outubro 2005
Intuição ou Inspiraçãopor Francisco Aranha Galiban
O meu filho está no Exército. O
batalhão dele parte amanhã para
guerra!
�
REFLEXÃO
Determinadas matériastratadas na exposiçãoda Doutrina Espírita
muitas vezes parecem sem impor-tância, mas nunca será demais sa-ber o exato sentido e praticar a cor-reta aplicação dos termos.
É o que com a aplicação das ex-pressões INTUIÇÃO e INSPIRA-ÇÃO: há alguns companheiros daexposição doutrinária, seja na áreado ensino, seja na da divulgação,que acham (e, o que pior, passamadiante) não haver nenhuma dife-rença entre ambas.
INSPIRAÇÃO: Uma definição
leiga: “Inspiração – sugestão, insi-
nuação, conselho”, ou “ Inspirar –
incutir, infundir, insuflar, introdu-
zir” (Dicionário Brasileiro da Lín-
gua Portuguesa, Vol. 2. Ed. Enci-
clopédia Britânica). Atente-se para
a etimologia (origem) dessa pala-
vra, que vem de inspirare, ou “in-
troduzir ar”, quase o mesmo que
assoprar. Agora, a doutrina: “A ins-
piração é a equipe dos pensamentosalheios que aceitamos ou procura-
mos” (Seara dos Médiuns, “Faixas”,
Emmanuel. F.C. Xavier, FEB – 4ª
edição, pg. 125, discorrendo sobre
o capítulo “Evocações” do O Livre
dos Médiuns). Leon Denis (O Pro-
blema do Ser, do Destino e da Dor,
FEB, 1993, cap. 21, pg. 334), sobre
a inspiração: “uma das formas em-
pregadas pelos habitantes do mun-
do invisível para nos transmitirem
seus avisos, suas instruções (...).
Pela mediunidade o Espírito infun-
de suas idéias no entendimento do
transmissor”. “É o recebimentoespontâneo de idéias, pensamen-tos, concepções, provindo de Es-píritos ...” (Dicionário Enciclopé-dico de Espiritismo, Metapsíquicae Parapsicologia, Ed. Bels. 1976,3ª ed., João Teixeira de Paula).Ressalte-se: é espontâneo, logo,não precisa evocação, nem pedi-do de auxílio; é um socorro ime-diato e de bom grado.
Outubro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 23Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Ao defrontar-se comigo, o comandante
entreparou e ordenou-me: Você não
embarca, volte para o quartel”
REFLEXÃO
Fonte:
Dirigente Espírita. Setembro e Outubro de
2005
Em conclusão claríssima: Inspi-ração é a transmissão dos pensa-mentos e mensagens de uma men-te para outra, “um assopro” dodesencarnado para que o encar-nado possa livremente dispor deuma determinada figura, de umaidéia, de um quadro mental.
INTUIÇÃO: Consulte-se
Platão, que fundamenta a intuição
na preexistência (reencarnações
anteriores), segundo a síntese
trazida por Adolfo Bezerra de
Menezes, em A Loucura Sob Novo
Prisma = Estudo Psíquico-fisioló-
gico, FEB, 8ª Ed. – 1993, cap. 1, pg.
19: “Antes de virmos a esta vida, já
tivemos outras, e no tempo inter-
mediário, que passamos no mundo
dos Espíritos, adquirimos o conhe-
cimento das grandezas a que somos
destinados; donde essa reminiscên-cia, a que chamamos intuição de
um futuro, que mal entrevemos,
envoltos no véu da carne”. Segun-
do Ney Lobo, em Filosofia da Edu-
cação e Suas Conseqüências Peda-
gógicas (Ed. FEB, 1993, pg. 92), “A
intuição é o instrumento de
prospecção do fundo anímico do
educando, das camadas
sedimentares de perfeições e imper-
feições acumuladas nas existênci-
as anteriores”.
No livro Allan Kardec, ZêusWantuil (ex-presidente da FEB),cuidando da mediunidade atribu-
ída ao Codificador, afirma que “aintuição é a fonte de todos os nos-sos conhecimentos (...)”, referin-do-se aos conhecimentos que oSer angaria ao largo de todas assuas experiências anteriores (cap.3, pg. 41). Dentre as várias abor-
dagens do Livro dos Espíritos sobre
a intuição, colhemos apenas a con-
tida na questão nr. 415, quando
Kardec pergunta aos Espíritos qual
a utilidade das visitas feitas duran-
te o sono, se não nos lembramos
sempre delas: “De ordinário, ao
despertardes, guardais a intuiçãodesse fato, do qual se originam cer-
tas idéias que vos vêm espontanea-
mente, sem que possais explicar
como vos acudiram. São idéias que
adquiristes nessas confabulações”.
(46ª edição, FEB, tradução de
Guillon Ribeiro).
E, afinal, o próprio Kardec, em
A Gênese, Cap.XI, Doutrina dos
Anjos Decaídos, item 43 (20ª ed.
FEB, idem) falando das emigrações
e imigrações dos seres espirituais ao
largo dos tempos, afirma que alguns
“são excluídos da humanidade a
que até então pertenceram e tan-
gidos para mundos menos adianta-
dos, onde aplicarão a inteligênciae a intuição dos conhecimentos que
adquiriram (...)”. E, pouquinho
mais adiante, no mesmo item,
Kardec é categórico: “A vaga lem-brança intuitiva que guardam é como
uma longínqua miragem a lhes re-
cordar o que perderam por culpa
própria”. Com o mesmo sentido di-
zem os espíritos, na questão 393,
sobre a “lembrança” (pela intuição)
que os Espíritos têm de suas faltas
passadas ao reencarnar.
Nada mais claro resta: a intui-ção é o conjunto de conhecimen-
tos próprios adquiridos ao largodas múltiplas experiências do Ser,que lhe aflora à mente esponta-neamente, sem necessidade deninguém lhe transmitir nada, poisque tais conhecimentos perten-cem ao seu universo peculiar esubjetivo de conhecimentos.
Portanto amigos, quando formos
pedir “ajuda” aos Espíritos, peçamos
que eles nos inspirem bons pensa-
mentos, não que nos “intuam”;
quanto à intuição, é melhor pedir-
mos a Deus (e até aos Espíritos, por
que não?!) que nos ajude a organi-
zar nossos próprios conhecimentos
para usarmos no momento preciso
e, sobretudo, em favor do esclare-
cimento do próximo. Ou melhor,
ainda, ouvir a sábia orientação de
Emmanuel, no livro O Consolador,
questão 122, quando lhe foi per-
guntado “que se deve fazer para o
desenvolvimento da intuição”, res-
pondendo: “O campo do estudo
perseverante, com o esforço since-
ro e a meditação sadia, é o grande
veículo de amplitude da intuição,
em todos os seus aspectos”. �
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FidelidadESPÍRITA | Outubro 2005
Uma Liçãopor Chico Xavier / Joaquim
Joaquim esclareceu-nos porque sofrera
a pena de talião em toda a sua dureza
MENSAGEM
Na reunião da noite de2 de setembro de 1954,no momento habitual
das instruções, fomos surpreendidoscom a visita de Joaquim, um irmãocuja identidade não nos é possívelfornecer.
Apreciando-lhe o comunicado,
será interessante recordar que, al-
gum tempo antes, fora socorrido em
nossa agremiação.
Surgira revoltado e infeliz. Di-
zia-se molestado por fortes jatos de
água fria e alegava estar sendo dis-
secado vivo numa aula de medici-
na anatômica. Afirmava sentir pa-
voroso sofrimento e lembramo-nos
perfeitamente de que repetia, a
cada passo, entre lágrimas: - “Como
é possível aplicar semelhante pro-
cedimento a um homem vivo? Não
há justiça na Terra?”
Regressando ao nosso Grupo
na noite referida, Joaquim esclare-
ceu-nos porque sofrera a pena de
talião em toda a sua dureza de
“olho por olho e dente por dente”,
fazendo-nos sentir que nos
reencarnamos para crescer em vir-
tude e entendimento, cabendo-nos
a obrigação de praticar o bem, den-
tro de todas as possibilidades ao
nosso alcance, para renovarmos as
causas que preponderam em nosso
destino, segundo a Lei de Causa e
Efeito.
Realmente, a palestra de Joa-
quim é uma preciosa lição para nós
todos, convidando-nos a aproveitar,
com o máximo de nossa boa-vonta-
de e de nossas forças, a presente
romagem que desfrutamos na Ter-
ra.�
Outubro 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 25Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Não posso enumerar as horas de
aflição que me pareceram
intermináveis
MENSAGEM
�
Há meses, abrigastes meu Es-
pírito em vossa estação de pron-
to-socorro espiritual.
E volto para trazer-vos notíci-
as. Simples é o meu caso.
Entretanto, é uma lição e to-
das as lições que falam de perto
aos vivos acordados depois da mor-
te certamente interessam aos que
jazem, por enquanto, adormecidos
na carne.
Minha derradeira máscara físi-
ca era a de um pobre homem, que
tombou na via pública, num insul-
to cataléptico.
Tão pobre que ninguém lhe re-
clamou o suposto cadáver.
Conduzido à laje úmida, não
consegui falar e nem ver, contudo,
não obstante a inércia, meus sen-
tidos da audição e do olfato, tanto
quanto a noção de mim mesmo,
estavam vigilantes.
Impossível para mim descrever-
vos o que significa o pavor de um
morto-vivo.
Depois de muitas horas de
expectação e agonia moral, carre-
garam-me seminu para a câmara
fria.
Suportei o ar gelado, gritando
intimamente sem que a minha
boca hirta obedecesse.
Não posso enumerar as horas
de aflição que me pareceram in-
termináveis.
Após algum tempo, fui trans-
portado para certo recinto, em
que grande turma de jovens me
cercou, em animada conversação
que primava pela indiferença à mi-
nha dor.
Inutilmente procurei reagir.
Achava-me cego, mudo e pa-
ralítico...
Assinalava, porém, as frases
irreverentes em torno e conseguia
ajuizar, quanto à posição dos gru-
pos a se dispersarem junto de
mim...
Mais alguns minutos de espera
ansiosa e senti que lâmina afiada
me rasgava o abdômen.
Protestei, com mais força, no
imo de minhalma, no entanto, mi-
nha língua jazia imóvel.
Tolerando padecimentos
inenarráveis, observei que me abri-
am o tórax e me arrebatavam o
coração para estudo.
Em seguida, um choque no crâ-
nio para a trepanação fez-me per-
der a noção de mim mesmo e des-
prendi-me, enfim, daquele fardo
de carne viva e inerte, fugindo hor-
rorizado qual se fora um cão
hidrófobo, sem rumo...
Não tenho palavras para expres-
sar a perturbação a que me redu-
zira.
E, até agora, não sou capaz de
imaginar, com exatidão, as horas
que despendi na correria
martirizante.
Trazido, porém, à vossa casa,
suave calor me regenerou o corpo
frio.
Escutei as vossas advertências
e orações...
E braços piedosos de enfermei-
ros abnegados conduziram-me de
maca a um hospital que funciona
como santa retaguarda, além do
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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
Compreendi que se houvesse amado,
outros recursos teriam interferido
em minha grande tragédia
MENSAGEM
campo em que sustentais abenço-
ada luta.
Banhado em águas balsâmicas,
aliviaram-se-me as dores.
Transcorridos alguns dias, im-
plorei o favor de vir ao vosso nú-
cleo de prece, solicitando-vos co-
operação para que todos os cadá-
veres, constrangidos aos tormen-
tos da autópsia, recebessem, por
misericórdia, o socorro de injeções
anestésicas, antes das intervenções
cirúrgicas, para que as almas, ain-
da não desligadas, conseguissem
superar o “pavor cadavérico” que,
depois da morte, é muito mais
aflitivo que a própria morte em si.
Em resposta, porém, à minha
alegação, um de vossos amigos -
que considero agora também por
meus amigos e benfeitores -, numa
simples operação magnética, mer-
gulhou-me no conhecimento da
realidade e vi-me, em tempo re-
cuado, envergando o chapéu de
um mandarim principal...
O rubi simbólico investia-me na
posse de larga autoridade.
Revi-me, numa noite de festa,
determinando que um de meus
companheiros, por mero capricho
de meu orgulho, fosse lançado em
plena nudez num pátio gelado...
Ao amanhecer, recomendei lhe
furtassem os olhos.
Mandei algemá-lo qual se fora
um potro selvagem, embora cla-
masse compaixão...
Impassível, ordenei fosse ele
esfolado vivo...
Depois, quanto o infeliz se de-
batia nas vascas da morte, decidi fosse
o seu crânio aberto, antes de entre-
gue aos abutres, em pleno campo...
Exigi, ainda, lhe abrissem o ab-
dômen e o tórax...
Reclamei-lhe o coração numa
bandeja de prata...
O toque magnético impusera-
me o reconhecimento de minha
dívida.
As reminiscências de sucessos
tão tristes confortavam-me e hu-
milhavam-me ao mesmo tempo.
Em pranto, nas fibras mais ínti-
mas, indaguei dos mentores que
me cercavam:
- Será, então, a justiça assim tão
implacável? Onde o amor nos fun-
damentos da vida?
Alguém que para vós aqui se
movimenta, à feição de generosa
mãe de todos1 , explicou-me com
bondade:
- Amigo, viveste na indiferença
e a ociosidade atrai sobre nós, com
mais pressa, as conseqüências de
nossas faltas. È por essa razão que
a justiça funciona matematicamen-
te para contigo, já que não cha-
maste a luz do amor ao campo de
teu destino.
Fonte:
XAVIER, Francisco Cândido.Instruções
Psicofônicas. Págs. 123 – 127. Feb. Rio de
Janeiro/R.J.2005
1 O comunicante refere-se a Meimei - Nota do organizador.
Compreendi, então, que se
houvesse amado, cultivando a ár-
vore da fraternidade, decerto que
outras sementes, outras energias
e outros recursos teriam interferi-
do em minha grande tragédia, ate-
nuando-me o sofrimento
indescritível.
É por isso que, como lembran-
ça, trago-vos a lição do meu pas-
sado-presente, com a afirmação
de que tudo farei para aproveitar
os favores que estou recolhendo,
recordando a vós outros - e talvez
seja este o único ponto valioso de
minha humilde visitação - a pala-
vra do Evangelho, quando nos dei-
xa entrever que só o amor é capaz
de cobrir a multidão de nossos pe-
cados.
Que a humildade e o serviço, a
boa vontade e as boas obras nos
orientem o caminho, porque, com
semelhante material, edificaremos
o elevado destino, que nos aguar-
da no grande porvir, para exaltar a
justiça consoladora - a justiça que
é também misericórdia de Nosso
Pai. �
Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 27Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Fonte:
MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras.
Pág. 119. Editora Moderna. São Paulo/SP,
1999.
COM TODAS AS LETRAS
X / CHEla poderá evitar equívocos
cada dia mais comuns nos jornais e
revistas com palavras do mesmo som
(homófonas ou homônimas), como
x e ch. Então, atente sempre para o
sentido: xeque é a situação, no jogo
de xadrez, em que o rei fica sob
ameaça. Por analogia, diz-se que
alguém ficou em xeque, está em xe-
que ou foi posto em xeque (e nunca
“em cheque”, uma vez que cheque
é o documento bancário).
A imprensa recorre muito ainda
à dupla tachar/taxar. Mas é preci-
so distinguir: tachar significa acu-
sar, pôr defeito em, e taxar, impor
tributo a. Portanto: Músico é tacha-
do (e não “taxado”) de conservador./ O deputado tachou (e não “taxou”)
o adversário de ladrão. / O governotaxou ainda mais os contribuintes.
HORA / ORAA presença ou não do h inicial
também dá origem a confusão em
pelo menos três situações. Assim,
como equivalente a por enquanto,
a locução correta é por ora (ora,no caso, é a redução de agora).
Assim: Por ora (e nunca “porhora”), o técnico vai acumular os doiscargos. / Por ora (e nunca “porhora”), vamos esperar: Por hora sig-
nifica por 60 minutos e aparece ape-
nas em frases como: Ele estava a 60quilômetros por hora.
HAJA / AJAOs outros dois casos do uso do h
ocorrem com duas flexões do mes-
mo verbo. Então, lembre-se: se ha-ver tem h, é natural que todas as
suas pessoas mantenham essa letra
inicial. E como saber se se trata do
verbo haver? Basta substituí-lo por
existir. Portanto: É provável que anovela saia do ar sem que haja (e não
“aja”, como saiu num jornal) nenhu-ma tentativa de conclusão da trama./ O fundamental é o dinheiro. E haja
(e não “aja”) disposição. A flexão aja(de agir) pode ser substituída por
atue: É preciso que ele aja (atue) comrapidez. / Não aja (atue) antes dahora.
Som igual leva a erros graves
Na hora de escrever, você já teve dúvidas a respeito de pares
como xeque/cheque, taxar/tachar; hora/ora, houve/ouve, haja/aja
e trás/traz, por exemplo? Se teve, saiba que essas são algumas
das principais armadilhas que ameaçam um bom texto.
Por isso, não hesite (jamais escreva “exite”, que é erro grave).
A consulta aos livros de referência, mesmo que seja um dos
vários minidicionários existentes no mercado, é sempre indis-
pensável nesta hora.
HOUVE / OUVEHouve, igualmente de haver, é
mais uma forma com h que já figu-
rou muitas vezes nos textos no lu-
gar da sua homônima, ouve, de
ouvir. No caso, é só aplicar os equi-
valentes existir (haver) e escutar
(ouvir): Fale alto porque ele ouve (e
não “houve” – sentido é o de audi-
ção) mal. / Não houve (existiu)
demora.
TRAZ / TRÁSFinalmente, diferencie mais
este par: traz (e nunca “trás”) é a
flexão de trazer: Sempre traz pre-
sentes para os pais. Trás é o mesmo
que atrás: Chegue para trás. / Veio
de trás. Por isso, também, atrasar,
atrasado, atrás, detrás, traseira, etc.
Clóvis Tavares
Amor e Sabedoria de Emmanuel
O Olhar de Jesus
Recordemos o olhar compreensivo e amorosode Jesus, a fim de esquecermos a viciosa preocupaçãocom o argueiro que, por vezes, aparece no campovisual dos nossos irmãos de luta.
O Mestre Divino, jamais se deteve na faixa escurados companheiros de caminhada humana.
Em Bartimeu, o cego de Jericó, não encontra ohomem inutilizado pelas trevas, mas sim o amigo quepoderia tornar a ver, restituindo-lhe, deste modo, avisão que passa, de novo, a enriquecer-lhe a existência.
Em Maria de Magdala, não enxerga a mulherpossuída pelos gênios da sombra, mas sim a irmãsofredora e, por esse motivo, restaura-lhe a dignidadeprópria, nela plasmando a beleza espirutual renovadaque lhe transmitiria, mais tarde, a mensagem divina daressurreição eterna.
Em Zaqueu, não identifica o expoente da usuraou da apropriação indébita, e sim o missionário doprogresso enganado pelos desvarios da posse e, poressa razão, devolve-lhe o trabalho e o raciocício àadministração sábia e justa.
Em Pedro, no dia da negação, não repara otrabalhador enfrequecido, mais sim o aprendizinvigilante, a exigir-lhe compreensão e carinho, e porisso trnsforma-o, com o tempo, no baluarte segurodo Evangelho nascente, operoso e fiel até o martírio ea crucificação.
Em judas, não supreende o discipulo engrato,mais sim o colaborador traído pela prórpia ilusão e,embora sabend-se fascinado pela honraria terrestre,sacrifica-se, até o fim, aceitando a flagelação e a mortepara doar-lhe o amor e o perd ão que estenderiampelos séculos, sorguendo os vencidos e amparando ajustiça das nações.
Busquemos algo do olhar de Jesus para nossosolhos e a crítica será definitivamente banida do mundode nossas consciências, porque, então, teremosatingido o grande entendimento que nos fará discernirem cada ser do caminho, ainda mesmo quando nosfará mais inquietantes espinheiros do mal, um irmãonosso, necessitado, antes de tudo, de nosso auxílio ede nossa compaixão.