ovas da Gali a boqU et é futebolista da...

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fotoeduca galiza desenvolve obradoiros para criar conhecimento e fortalecer as pessoas através das próprias experiências. / PÁG.22 número 123 15 de fevereiro a 15 de março de 2013 1,20 € periódico galego de informaçom crítica N ovas da G ali a “Nos EUA e na Suécia buscam a igualdade na prática. Espanha continua marcada polo machismo” verónica boqUete é futebolista da seleçom galega / p.25 Petiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom de um indulto para o seu filho David, quem tem que afrontar umha pena de prisom por intercámbio de umha papela quan- do na atualidade está rehabilitado. moeda social 11 Trás o estourido da crise económica estám a agromar iniciativas para o emprego de moedas sociais, locais ou complementárias que ajudem a criar um sistema de intercámbios pensado na gente de a pé e nom nos benefícios. oPiniom o naUfrágio da pesca galega por isabel g. couso / 3 qUe voltem para casa por ana vilarelho / 28 a lógica dos tempos por arturo de nieves / 3 suPlemento central a revista de inverno a dança dos volantes O volante é a personagem mais significativa do Entroido Ribei- rao, tradiçom que apenas pervive em duas paróquias. Umha britónia na galiza nordestina A diáspora celto-britónica fijo que se estabeleceram na Terra Chá e a Marinha habitantes da ilha de Álbion. Empresas do jogo afiançam-se na Galiza lei de aPostas desPortivas A Junta decide em fevereiro so- bre as adjudicaçons da lei de Apostas Desportivas, às que concorrem seis empresas que se repartirám cerca de 3.000 máquinas a instalar na Galiza. Umha dessas companhias é Co- mar, presidida por José Collazo Mato, umha das grandes em- presas do jogo na Galiza com interesses urbanísticos na sua trajetória. Por outra banda, o passado verao o Executivo de Sam Caetáneo aprovava umha Lei do Jogo que permitiu o des- embarco de umha das grandes empresas espanholas do setor, a Codere, cujo presidente atual, Antonio Martínez, ligado à ex- trema direita. / PÁG. 18 Galiza consome cinco vezes o que produz PeGada ecolóGica Raras vezes umha pessoa se para a pensar de onde vem to- do o que consome desde que se ergue polas manhás até que se deita às noites. O leite do al- morço, o combustível do carro, a roupa de vestir ou a própria vivenda. Todos estes bens pre- cissam duns recursos natu- rais, e o meio tem umha capa- cidade produtiva por riba da qual a produçom é insustentá- vel.Os países occidentais, inclu- ída a Galiza, superam por mui- to este límite da sustentabilida- de. O deficit ecológico paga-no os países do sul e as geraçons vindouras. / PÁG. 4, 14, e 15 as corPoraçons a roer na sanidade A perspetiva feminista na imagem o desmantelamento silente do serGas: a saúde à venda Nom sabemos ainda de que jeito se está a converter o Sergas num sistema cruel com os débeis, racista e desigual. Quase nom somos cientes de como o PP es- tá a botar diretamente nas maos das macroempresas um dos melhores sistemas de saúde pública do mun- do. Que está a acontecer com o nosso direito à assis- tência sanitária? A cousa é simples: estamos a viver em primeira pessoa o desmantelamento dos serviços públicos, unido ao desprestígio dos seus trabalhado- res. Notamos o neoliberalismo a roer-nos a saúde, mas ainda nom sabemos como. Nesta reportagem tentá-mos dar as chaves do que estám a significar os cortes na saúde para trabalhadoras, pacientes, mi- grantes ou pessoas com discapacidade. / PÁG. 16 e 17

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Page 1: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

fotoeduca galiza desenvolve obradoiros para criar conhecimentoe fortalecer as pessoas através das próprias experiências. / PÁG.22

número 123 15 de fevereiro a 15 de março de 2013 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

Novas da Gali a

“Nos EUA e na

Suécia buscam a

igualdade na

prática. Espanha

continua marcada

polo machismo”

verónica boqUeteé futebolista da seleçom galega / p.25

Petiçom de indulto 6Edmundo Reboredo expom os motivospolos quais luita pola concesom de umindulto para o seu filho David, quemtem que afrontar umha pena de prisompor intercámbio de umha papela quan-do na atualidade está rehabilitado.

moeda social 11Trás o estourido da crise económicaestám a agromar iniciativas para oemprego de moedas sociais, locais oucomplementárias que ajudem a criarum sistema de intercámbios pensadona gente de a pé e nom nos benefícios.

oPiniom

o naUfrágio da pesca galegapor isabel g. couso / 3

qUe voltem para casa por ana vilarelho / 28

a lógica dos tempos por arturo de nieves / 3

suPlemento central a revista de inverno

a dança dos volantesO volante é a personagem mais significativa do Entroido Ribei-rao, tradiçom que apenas pervive em duas paróquias.

Umha britónia na galiza nordestinaA diáspora celto-britónica fijo que se estabeleceram na TerraChá e a Marinha habitantes da ilha de Álbion.

Empresas do jogoafiançam-se na Galiza

lei de aPostas desPortivas

A Junta decide em fevereiro so-bre as adjudicaçons da lei deApostas Desportivas, às queconcorrem seis empresas quese repartirám cerca de 3.000máquinas a instalar na Galiza.Umha dessas companhias é Co-mar, presidida por José CollazoMato, umha das grandes em-presas do jogo na Galiza com

interesses urbanísticos na suatrajetória. Por outra banda, opassado verao o Executivo deSam Caetáneo aprovava umhaLei do Jogo que permitiu o des-embarco de umha das grandesempresas espanholas do setor,a Codere, cujo presidente atual,Antonio Martínez, ligado à ex-trema direita. / PÁG. 18

Galiza consome cincovezes o que produz

PeGada ecolóGica

Raras vezes umha pessoa separa a pensar de onde vem to-do o que consome desde quese ergue polas manhás até quese deita às noites. O leite do al-morço, o combustível do carro,a roupa de vestir ou a própriavivenda. Todos estes bens pre-cissam duns recursos natu-

rais, e o meio tem umha capa-cidade produtiva por riba daqual a produçom é insustentá-vel.Os países occidentais, inclu-ída a Galiza, superam por mui-to este límite da sustentabilida-de. O deficit ecológico paga-noos países do sul e as geraçonsvindouras. / PÁG. 4, 14, e 15

as corPoraçons a roer na sanidade

A perspetiva feminista na imagem

o desmantelamento silente do serGas: a saúde à venda

Nom sabemos ainda de que jeito se está a converter oSergas num sistema cruel com os débeis, racista edesigual. Quase nom somos cientes de como o PP es-tá a botar diretamente nas maos das macroempresasum dos melhores sistemas de saúde pública do mun-do. Que está a acontecer com o nosso direito à assis-tência sanitária? A cousa é simples: estamos a viver

em primeira pessoa o desmantelamento dos serviçospúblicos, unido ao desprestígio dos seus trabalhado-res. Notamos o neoliberalismo a roer-nos a saúde,mas ainda nom sabemos como. Nesta reportagemtentá-mos dar as chaves do que estám a significar oscortes na saúde para trabalhadoras, pacientes, mi-grantes ou pessoas com discapacidade. / PÁG. 16 e 17

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Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 201302 oPiniom

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GAliZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

cianeto e minaria: meiasverdades interessadas

Natal 2012. Numha de tantas so-bremesas com a família, alguém co-menta “a ver que se passa com o damina de ouro”. Som de Cereo, vivoem Madrid e era a primeira vez queouvia falar do tema. Nom me sa-biam dar muitos dados, mas digé-rom-me a palavra chave: cianeto.

Som química. Às vezes trabalhocom miligramas de cianeto sódicobaixo altas medidas de segurida-de; há laboratórios em que inclusohá que comunicar-lhe o médicoquando o vás manipular. Por issoquando me diziam “toneladas”, re-batia-lhes “impossível”, desgraça-damente, mas sim que eram tone-ladas… e diárias.

De volta em Madri, pugem-me aprocurar informaçom sobre o usodo cianeto na minaria. Achei argu-mentos “justificativos” por parte dasempresas mineiras como “Nom étam fero o leom como o pintam. Ocianeto produz-no muitas plantas,bactérias, fungos e incluso o corpohumano. Fabricam-se umhas 3 mi-lhares de toneladas ao ano para aindústria (plásticos, pegamentos,etc.) das que só um 18% se utilizana minaria”. Bom, também deixa-vam cair que “é um dos venenos

mais potentes que se conhecem”.Pois sim, todo isso é certo (me-

nos o do leom), mas tem letra pe-quena. Na indústria emprega-se aquantidade estritamente necessá-ria para o processo, é dizer, todo ocianeto que entra, consume-se.Nom há milhares de toneladas deresíduos de cianeto como se passanas minas de ouro. Nestas, o cia-neto é usado para dissolver o ou-ro, depois separam-no do metal efica todo como resíduo.

E aqui vem “o timo da estampi-ta”. “Nom vos preocupedes, o cia-neto descompom-se de forma na-tural, com os raios do sol. Aindaassim, e para que fiquedes total-mente tranquilos, nós vamos-lodestruir com SO2 para converti-loem cianeto que já nom é tóxico”.Isto tem tantos “peros” que já nomsei nem por onde começar. Primei-ro, para que o cianeto se descom-ponha de forma natural tenhem-seque dar umha série de fatores quenom se cumprem nas balsas de re-síduos. Ademais, alguém se imagi-na que se chega a se descomporespontaneamente, gastariam umcêntimo em destrui-lo? A realidadeé que no processo de lixiviaçom,formam-se vários tipos de compos-tos de cianeto. Recebem este nomeporque a maioria deles nom te-nhem o cianeto livre senom que o

tenhem complexado, unido a dis-tintos metais. No processo de tra-tamento com o SO2 só se des-troem, e de forma parcial, dous ti-pos de compostos de cianeto: o cia-neto livre (CN- e HCN) e o cianetoWAD (CNWAD, compostos de ciane-to que se dissociam em presençade um ácido débil) todos os demaiscompostos com cianeto nom seimutam (CNSAD, complexos insolú-veiss). Assim que aqui fam-nos o“truco do almendruco” porque sómedem a quantidade de CNWAD queresta e nom o total. O total fica emherdança para o resto das nossas

vidas e das dos nossos filhos. Co-mo anedota, cumpre comentar queo SO2 é um gás lacrimogéneo e ir-ritante, causante da chuiva ácida;porque se converte em ácido sulfú-rico. Eles, no seu “processo INCO”,acrescentam-lhe cal para neutrali-zar este ácido, o que se traduz emmais e mais resíduos. Como vedes,o coquetel é completo. E ainda fi-caria decorá-lo com o Arsénico,sosa cáustica, ácido clorídrico e umlargo etc. Um grolinho?

Carmen Varela, Doutora em Química Orgânica

deixou-nos um dosbons e Generosos

Manolo Soto foi umha dessas pes-soas que generosamente dedicá-rom os seus esforços a construirumha Galiza livre e justa a partirdiversos ámbitos; do político aosindical passando polo cultural. Foium dos impulsionadores da Socie-dade Cultural e Desportiva do Con-dado e do Festival da Poesia, refe-rentes da autoorganizaçom popu-lar galega desde a década de 70.Ele próprio participou no projetode criar umha Federaçom de Asso-ciaçons Culturais a nível nacional,projeto que Amig@s da Culturaimpulsionou na década de 1980.

Deixou-nos, pois, um compa-nheiro, um galego dos que me-recem o título de bom e genero-so, um exemplo da Galiza rebel-de que nom claudicou nem se in-tegrou no podre regime que pa-decemos. Graças a pessoascomo ele, o facho acesso da na-çom continua a arder e a guiar-nos cara a liberdade.

Enviamos à sua família, amiza-des e companheiros/as todo o nos-so carinho e apoio.

Associaçom Cultural Amigosda Cultura de Pontevedra

Os serviços de ginecologia naCorunha estám colapsa-dos, mas a Junta nom vai

cobrir a vaga que deixou o ginecó-logo do Ventorrilho ao se jubilarporque, contam do Sergas, com de-rivar as pessoas ao centro de Orilla-mar, arranjam. Duas ginecólogaspara mais de 100.000 pessoas. Istoé apenas na Corunha, porque naárea sanitária de Vigo há umhas19.000 pessoas em lista de espera, ena Marinha tenhem de percorrermais de 100 quilómetros para acu-

dir a sessons de radioterapia à Co-runha pagando, ademais, polotransporte sanitário: 5 euros ida, e 5euros volta. Há tempo que o des-mantelamento dos serviços públi-cos é palpável. A venda dos hospi-tais; a crueldade com as desempre-gadas, com as pessoas migrantes; ocolapso das urgências; o futuro en-cerramento de PAC's e outros servi-ços; a venda da gestom informática,do material, da compra de equipa-mento que produz sobre-custes im-portantes e dá um espaço à arbitra-

riedade e à corrupçom... A listagemé tam longa que nom dam os pou-cos caracteres deste espaço peque-no no jornal. E isto sem querer es-quecer a violenta agressom aos pro-fissionais sanitários: aumentam-lhes as horas, minguam os salários,cancelam os contratos... E a impren-sa empresarial reage com violênciacontra as trabalhadoras do Sergas,enquanto publica entrevistas a pági-nas inteiras com cargos de confian-ça que, sem a menor vergonha, assi-nalam que os serviços estám garan-

tidos. Mas nom o estám. Nada estágarantido enquanto governe o ultra-liberalismo, com a sua máxima dedesviar cara o setor privado aquelasparcelas que tenhem capacidade deproduzir ganhos. Falam da insus-tentabilidade dum dos mais eficien-tes sistemas de saúde do mundo; dautilidade de separar financiamentoe prestaçom dos serviços; e da cren-ça, nom demonstrada, de que a ges-tom da saúde privada é melhor emais eficiente do que a pública. Mas,cumpre dizê-lo e escrevê-lo centos

de vezes, os serviços públicos fica-rám esbandalhados. Parece que acidadania ainda nom é ciente deque o mais relevante elemento dejustiça e coesom social nom tem, jánom um futuro, mas um presentegarantido. Nom é questom de se pôrcatastrófica, senom de reagir. Dedefender o público na rua e no Cen-tro de Saúde. De nom voltar aos sé-culos da beneficência, porque, co-mo dijo Olof Palme, “um serviço depobres será sempre um pobre servi-ço”. E nom garantir o acesso daspessoas à saúde pública é tambémum facto de imensa crueldade, per-petrado por um sistema assassino.

A crueldade dum sistema assassinoeditorial

humor beto

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

editoraa.c. minho media

conselho de redaçomiván g. riobó, aarón lópez rivas, rubénmelide, Xavier miquel, antia rodríguez gar-cía, raul rios, olga romasanta, alonso vi-dal, paulo vilasenin, Xoán r. sampedro

secçonscronologia: iván cuevas / economia:aarón lópez rivas / agro: paulo vilasenine Jéssica rei / mar: afonso dieste / media:Xoán r. sampedro e gustavo luca / a terra treme: daniel r. cao / além mi-nho: eduardo s. maragoto / povos: José

antom ‘muros’ / dito e feito: olga roma-santa / a denúncia: iván garcía / cultura:antia rodríguez / desportos: anjo rua nova, isaac lourido e Xermán viluba /consumir menos, viver melhor: Xan duro /a criança natural: maria álvares rei /agenda: irene cancelas / a revista: rubénmelide / a galiza natural: João aveledo /gastronomia: luzia rgues., sino seco /língua nacional: valentim r. fagim / criaçom: patricia Janeiro / cinema:francesco traficante, Xurxo chirro

desenho gráfico e maqUetaçomhilda carvalho, Joám fernandes, manuel pintor, helena irímia

fotografiaarquivo ngz, sole rei, galiza independente(gzi-foto), zélia garcia, borja toja

administraçomJosé viana e carlos barros gonçales

logÍstica e pUblicidadeJosé viana e daniel r. cao

aUdiovisUal: galiza contrainfo

hUmor gráficosuso sanmartin, pestinho, Xosé lois hermo,gonzalo, ruth caramés, pepe carreiro, mincinho, beto

correçom lingÜÍsticaXiam naia, fernando corredoira, vanessa vilaverde, mário herrero, Javier garcia, iván velho

imagem corporativamiguel garcia

colaboram neste nÚmeroisabel g. couso, arturo de nieves, agrupaçom de montanha Àguas limpas,Xan duro, pepe arias, Xavier viana, borxa toxa, Xurxo chirro, ana vilarelho

fecho de ediçom: 17/02/2013

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Conta meu pai que houveum tempo em que o polvose pescava com cacharros

da chica (nem euros nem pesetashavia) e o peixe media-se por cai-xons; a compra fazia-se no mar,sem porto nem mercado, e os pu-xadores raleavam as sardinhas.Conta o meu pai que os rapazessaiam ao mar por um quinhom depeixe e as mulheres levavam pa-telas na cabeça por intermináveiscaminhos.

A cousa nom mudou muito.Hoje, o peixe conta-se por quilos;a puxa fai-se no mercado com umhumilhante sistema à baixa, demodo que o comprador ou com-pradora que menos paga é o queleva a caixa; e as mulheres se-guem vendendo nas aldeias, issosim, levando amercadoria

numha moderna C-15 dotada doseu regulamentário sistema iso-térmico. Os marinheiros nom te-nhem mais representaçom queumha arcaica e anacrónica orga-nizaçom patronal que recebe onome de Confraria e os sindica-tos som absolutamente minoritá-rios, por nom dizer inexistentesno setor.

Vem isto a conto do estéril de-bate que nestes dias anda a deci-dir a Política Pesqueira Comumda Europa. O acordo pom maisumha vez de manifesto que Bru-xelas sugestiona de costas à pes-ca artesanal. Eis o mais grande

dano que se lhe

pode fazer ao sector pesqueirogalego.

Sem ânimo de fazer um infor-me exaustivo que exceda os limi-tes que lhe correspondem a esteartigo de opiniom, aqui deixo unsdados que acho fundamentais pa-ra compreendermos a sentençade morte que pesa sobre a nossapesca. O 6% da frota da UniomEuropeia é galega. Na Galiza háregistadas mais de 5.200 embar-caçons (para fazer-nos unhaideia do que esta cifra supomchega dizer que no Estado Espa-nhol há pouco mais de 11.200barcos registados). Ainda mais: o87% de todas estas embarcaçons

galegas dedicam-seexclusivamente à pes-ca tradicional, querdizer, à pesca artesa-

nal. E que há das sub-

vençons europeias?Entre 2000 e 2006 o

Estado Espanholrecebeu perto do44% dos subsí-dios e, entre2007 e 2013, o26%. Nestes úl-timos seis anos,

o Estado Espanhol recebeu maisde 1.000 milhons de Euros, maisdo que nenhum outro estado eu-ropeu. Porém, a prática totalida-de destas ajudas fôrom parar aembarcaçons de alta tonelagem,quer dizer, as que se dedicam àpesca de altura nos caladoiros daUniom Europeia (do Grande Solaté o Atlântico Nordeste) e a degrande altura (nas aguas interna-cionais dos oceanos Atlântico, In-

dico e Pacífico). Como é possível que o 87% das

embarcaçons galegas ficassemfora do reparto? Como é possívelque umha política que diz apos-tar pola sustentabilidade dos re-cursos financie precisamente afrota mais destrutiva? Mas, alémdas ajudas europeias, o triste dahistória é que é um proceder co-mum ao Estado Espanhol e, maisainda, ao governo da Junta daGaliza.

Mas, ainda há umha questomque me preocupa mais: o absolu-to silêncio dos meios galegos arespeito do tema; a ausência decrónica, debate ou reportagemque afunde nas conseqüênciasque para Galiza e para um dosseus, por agora, setores estraté-gicos terá a nova Política Pes-queira Comum. E que há dos in-telectuais, dos políticos (com aexcepçom da euro-parlamentarAna Miranda), da vanguarda cul-tural e ideológica do país, se éque existe tal cousa?

Em conclusom, a nossa pescaafunde-se sem que ninguém lhebote unha mao ou mire por ela.Passárom os tempos dos cachar-ros da chica e da venta no mar,mas caso continuar polo mesmocaminho, nom só nom tiraremoso setor pesqueiro dum sistemadecimonônico, senom que o guia-remos cara o seu naufrágio final.

[email protected]

03oPiniomNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

oPiniom

Estamos a viver a pós-guer-ra fria. Este facto, que éumha obviedade, resulta

sistematicamente, propositada-mente, ignorado pola massa de re-criadores de opinião pública alie-natória de Ocidente e, é claro, istoocorre dum jeito ainda mais ab-surdo e esperpéntico nas leiras in-teletuais galegas, que adoecem deidêntico problema que as leiras fí-sicas do país; é dizer, estão selva-gens e, incultas, ardem. E o poderinstitucional galego, que se ocupade as manter nesse estado lamen-tável, a olhar hipnoticamente paraoutro lado, que é a EspaÑa, na suaversão ultraliberal, ou liberal comremorsos, e etnocida, que a outra–aviso para incautos- foi sempreum mito e, ademais, o mito mor-reu há setenta anos. Fuzilado.

O que seguiu à guerra fria, oque vivemos hoje, foi um passeio

triunfal do Capitalismo que, exci-tado pola sua vitória, mijou portudo quanto mecanismo corretorideara a ciência económica refor-mista dando passo à fase propa-gandisticamente chamada “Glo-balización”, descrita e denuncia-da já por Karl Marx há século emeio, como consequência lógicado desenvolvimento capitalista.Que, numa sociedade com acessolivre à literatura crítica com o sis-tema de produção capitalista,uma maré de pessoas integran-tes, com os seus títulos universi-tários, dessa contradictio in ter-minis que é o conceito ‘capital hu-mano’, desconheçam a mais bási-ca teoria social não cúmplice como sistema de dominação que pa-decemos, com certeza fala muitodos nossos tempos. Assim é queobservamos incrédulos milharesde jornalistas, sociólogos, politó-logos, governantes, etc. a dizeremparvoíces sobre o potencial sub-

versivo da combinação ‘TICs+lu-ta por direitos só individuais+lou-cura coletiva’ quando procuramoferecer-nos as claves explicati-vas das ‘revoltas árabes’, ou domovimento ‘geração à rasca’, oudos distúrbios provocados polas

capas populares inglesas, ou dosucesso de Obama –e muito signi-ficativamente não quando expli-cam o aumento de apoios ao TeaParty, ou seja, ao fascismo; seicaesses crescem com ideias de ver-dade e não como resultado denão-sei-que tangaranho virtual-.

Já nada de ‘conflito de classes’ou, ainda pior, de ‘direitos nacio-nais’, shhhh, a calar caladinhos,que tudo isso é cousa do passado;hoje o que explica as cousas é fa-lar de internet, homem, isso émuito moderno. E os Direitos In-dividuais, entendes? Como se omercado capitalista não existisse.Vaia, já disse “capitalista”. Silên-cio, shhh, hoje há que falar dosprivilégios da classe política –que,descontrolada, acaba gerando di-tadores como Gadafi-, dos carrosoficiais e do bem que vivem osfuncionários, que trabalham pou-co e há que trabalhar mais, parasermos produtivos, que assim se

queixam os alemães e com razão;e falar do Twitter e do Facebook eessas cousas. São-vos revolucio-nárias, bom... é um falar, já sabe-mos que isso da ‘revolução’, en-fim, também é cousa doutra épo-ca; de há cem anos ou assim. Ho-je as revoluções marcam-nas oslançamentos comerciais. Assimque, ala, já está decidido. É me-lhor falar de cousas modernas: re-des sociais, bilinguismo cordial,essas cousas, já sabes. Por isso vaiser melhor calar por hoje, que jáse encheu de caducas palavras omeu moderno ecrã de computa-dor e alguns dos vossos iPads esmartphones e outros aparelhosanglofonamente revolucionários.Vou-me aplicar o que dizíamos naminha infância da Crunha... Cru-nha? Boh, eso es de los libros dehistoria o, bueno, de gallego, quie-ro decir. Ya me voy sintiendo másactual. ¿Qué estaba diciendo? Ah,sí, como decíamos en La Coruña,de pequeños, en español cordial:silencio en la sala, que el burro vaa hablar. El primero que hable,burro será. Ya.

A lógica dos temposarturo de nieves

O naufrágio da pesca galegaisabel g. couso

milhares de jornalistas,sociólogos, politólogos,governantes, etc.dizem parvoíces sobre o potencialsubversivo da combinação de‘tics + luta por direitos só individuais + loucura coletiva’

como é possível que umha políticaque diz apostar polasustentabilidade financie a frota mais destrutiva?

a prática totalidadedas ajudas europeiasfôrom parar a embarcaçons de alta tonelagem

ANTIA RODRÍGUEZ

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Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 201304 acontece

aconteceO centro social “Xuntas” e o “Distrito 09”som as duas novas realidades nascidade re-centemente em Vigo. Distrito 09 nasce coma finalidade de dar-lhe um impulso às ativi-dades culturais e Xuntas, okupado, come-çou cumha ampla agenda de atividades.

dous novos centros sociais nascem em viGo

O CSO Liceu de Estribadela foi fecha-do o passado 31 de Janeiro. Agentesmunicipais de Ponte Vedra procedêromao despejo do centro, situado no limitedeste Concelho com o de Marim, porsupostas sançons administrativas.

desPejo do cso liceu de estribela

10.01.2013 / UGT-Galiza propomum ErE para 36 empregadoscom 22 dias por ano trabalhado.

11.01.2013 / Concelhos de Oça eCesuras aprovam a sua fusomcom os únicos votos do PP.

12.01.2013 / Uns 3.500 trabalha-dores e trabalhadoras de NGBanco manifestam-se em Com-postela contra a reestruturaçom.

13.01.2013 / Mais de mil pessoasmanifestam-se em Monte-ros-

so para exigir que o serviço deemergências fique na vila e nomseja trasladado a Palas de rei.

14.01.2013 / Vizinho de Viana doBolo morre ao ceder o chao on-de estava a recolher ferralha.

15.01.2013 / Mais de meio centode pessoas evita a demoliçomdumha vivenda em Bezerreá.

16.01.2013 / Detida na CorunhaBeatriz María Arenaza, ex mem-bro da CNU argentina, força de

choque da direita peronista, eprocurada por mais de 50 as-sassinatos.

17.01.2013 / Alunado da USC fe-cha-se em História contra oscortes no ensino e por um es-paço de estudo aberto 24 horas.

18.01.2013 / Deputaçom de Ou-rense rejeita com os votos doPP criar umha comissom de in-vestigaçom política para acla-rar as contrataçons das últimasduas décadas.

19.01.2013 / Quinhentas pes-soas manifestam-se em VilaMartim de Val d’Eorras contra amoçom de censura do PP eAPG. Dous dias depois, a mo-çom trunfa e María Jesús Can-dal é a nova alcaldesa.

20.01.2013 / Alberto Núñez-Fei-joo assegura no congresso doPPdG que este é “o partidomais honesto de Espanha”.

21.01.2013 / J.H.r., de 25 anos,desaparecido trás emborcar a

sua embarcaçom frente à ilhade Vionta, na ria da Arouça.

22.01.2013 / Julgado de Com-postela imputa ao alcaide Án-gel Currás e ao seu predeces-sor, Gerardo Conde roa, porsupostos delitos de prevarica-çom e acosso moral.

23.01.2013 / Morre eletrocutadoBrais Domínguez Pérez en-quanto instalava o alumiadodas festas de Sam Brais emBudinho (Porrinho).

cronoloGia

DANiEl r. CAO / Nas últimas se-manas, diversas movilizaçons eassembleias massivas tenhemescenificado o descontento davizinhança do bairro corunhêsde Monte-Alto com a atitude quecara ele está a tomar o PartidoPopular local, que atualmenteocupa a alcaldia. Em palavras deAlberte Fernández, presidenteda Associaçom de Vizinhos e Vi-zinhas de Monte-Alto, este pro-cesso começou há já mais dumano e com a finalidade de “eli-minar todo tipo de oposiçom àssuas políticas”. Segundo relataFernández Marinho, a começosdo 2012, produzírom-se umhavez se achegavam as datas daseleiçons para a nova directiva,umha grande quantidade de al-tas de sócios que desde a asso-ciaçom “sempre se virom comoestranas”. Declarados militantesdo Partido Popular afiliavam-seà associaçom com o objetivo decriar umha corrente crítica quearrebatara o carácter naciona-lista e popular da histórica enti-dade corunhesa, fundada em1977. O intento de desembarcorematou, seguindo com o voca-bulário naval, em afundamento,dado que a corrente crítica ape-nas apanhou o 12% dos votos.Em consequência, a saída dosmilitantes populares foi imedia-ta, constituindo-se a posteriori a

Asociación de Vecinos y Comer-ciantes de Monte Alto.

Logo disto, entre os meses demaio e Agosto de 2012, produz-se o grande confronto entre aentidade vizinhal e o Concelhoao debater-se o PXOM, já que aassociaçom denunciou “o evi-dente “pelotazo” urbanístico quese escondia detrás do plano”. Adenúncia, acompanhada de pro-

testos no próprio pleno, rematounumha ruptura total com o Par-tido Popular que, trás o fracassoda tentativa de entrismo, deri-vou já em formas mais agressi-vas. Assim, após o verao, e à ho-ra de negociar a prorroga doconvénio polo que o local vizi-nhal possuir umha biblioteca eumha empregada a cárrego doConcelho, este mente comuni-

cando que o convénio vai serprorrogado quando, tempo maistarde, a associaçom descobrepola imprensa que este nomaparece nos orçamentos para opresente ano. A causa oficial daretirada da subvençom é que“nom há quartos”, porém desco-bre-se que a outra entidade con-formada trás a ruptura, com me-nos dum ano de trajetória e sem

atividade conhecida, recebemais de 4.000 euros.

Na atualidade, estám-se a ce-lebrar assembleias vizinhaisque o presidente da entidadedefine como “massivas, ao igualque as manifestaçons”, em quese exige a prorroga do convé-nio das bibliotecas e nas que,afirma, “o sentimento do bairroé unânime perante umha genteque o que quer é fechar um lu-gar que serviu de ponto de en-contro para todo tipo de coleti-vos, palestras e assembleias, epara isso é-lhe igual se tem quedeixar mais umha pessoa no de-semprego”. O sucesso das mo-vilizaçons é justificado por Fer-nández Marinho porque o quese está a defender “nom é só abiblioteca, senom a trajetóriade luita da entidade” e, ademaisacha que umha das intençons étambém “assustar a populaçom,porque, quando fecha o lugarem que vás ler a imprensa ouestudar, és consciente de que osrecortes que muitos denun-ciam, som reais”.

Por último, no pleno do 5 deFevereiro, o vozeiro do BNG noConcelho, Xosé Manuel Carril,agasalhou o alcalde Carlos Ne-greira com um lote de livros, pa-ra que este os doasse à bibliote-ca de Monte-Alto, convite queeste último ignorou.

Partido Popular entra em conflito com a vizinhança de Monte Alto

a Polémica Polo Plano Geral de ordenaçom municiPal encendeu a faísca dos Protestos

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

A Plataforma Galega contra a Incineraçom apresentou opassado 4 de Fevereiro umha ILP (Iniciativa LegislativaPopular) que estabelece medidas para a aplicaçom dosprincípios de reduçom, reutilizaçom e reciclagem, excluin-do a incineraçom como opçom principal para a gestom deresíduos. Está avalada por mais de 21.000 assinaturas.

mais de 21 mil assinaturas contra a incineraçom

Mariña Patrimonio e Adega tenhem apresentado dúziasde denúncias contra a destruçom de património arqueo-lógico da Marinha de Lugo, às que agora se acrescen-tam outras 6 perante a Direçom Geral de PatrimónioCultural contra agressons a castros inventariados e pro-tegidos da comarca, executadas com o apoio da Junta.

Património da marinha, em risco Polo eucaliPto

24.01.2013 / Profissionais sani-tários e de Fazenda concen-tram-se frente ao centro desaúde de ribeira contra os cor-tes nos serviços públicos.

25.01.2013 / Presidenta do Parla-mento galego anuncia a inten-çom de proibir aos grupos con-vidar à cidadania aos plenos.

26.01.2013 / Morre o condutordum camiom betoneira ao sairda via na N-525 à altura de Co-les. / Em Dacca (Bangladesh)

sete trabalhadoras morrem noincêndio dumha fábrica queproduzia para a inditex.

27.01.2013 / Milhares de pes-soas manifestam-se em Com-postela contra o decreto doplurilingüismo e a lei Wert.

28.01.2013 / Trabalhadores do na-val encerram em Navantia às au-toridades trás o veto ao dique.

30.01.2013 / Pleno da câmara deVigo é suspendido temporal-

mente polos protestos dos tra-balhadores e trabalhadoras dedistintas contratas do concelho.

31.01.2013 / Morre em Madri umtrabalhador da Cogenasa quefora vítima dum acidente labo-ral na reny Picot de Návia nodia 23 de Janeiro.

01.02.2013 / Queimam a base deambulâncias do Hospital Onco-lógico da Corunha no quadrodo conflito dos trabalhadores etrabalhadoras das ambulâncias.

02.02.2013 / Afetadas polas prefe-rentes manifestam-se frente a re-sidência de Feijoo assegurandoque só pararám os protestos ca-so recuperarem todos os aforros.

03.02.2013 / Umhas setenta pro-fissionais das artes cénicasocupam o Salom Teatro de Com-postela para realizarem umhaassembleia reivindicativa.

04.02.2013 / Presa independen-tista Maria Osório fica em liber-dade sem fiança e com cargos.

06.02.2013 / Milhares de estu-dantes manifestam-se contra alei Wert em Compostela, Coru-nha, Vigo, Ferrol e lugo.

08.02.2013 / Plataforma polaDefesa de Corcoesto apresentarecurso contra a declaraçomde impato ambiental da Junta.

09.02.2013 / AMPA do ColégioVales Villamarín de Betanços re-clamam a construçom do novocentro, licitado há cinco anos,com umha solta de balons.

cronoloGia

NGZ / Nas últimas semanas vá-rios casos pugérom em entre-dito de novo, o financiamentodos partidos políticos, especial-mente do PP. O último em es-tourar foi o caso Bárcenas queademais têm os seus inícios naGaliza. Os papeis de Bárcenasincluem um ingresso de 21 mi-lhons de pesetas procedentesdo PP galego, que supostamen-te foi realizado por Pablo Cres-po (número 2 da trama Gürtel)em maio de 1999. De feito, estaanotaçom nos papeis de Bárce-nas coincide com vários infor-mes analisados no caso Gürtel.Crespo foi secretario de orga-nizaçom do PP galego e ocupouvários postos na administra-çom como o de vogal na empre-sa pública Portos da Galiza. Se-gundo se redime do sumário docaso Gürtel, a polícia especifi-ca que um 52% dos gastos ematos do partido durante essaépoca, pagou-se em efetivo”.No tempo, os dous máximos di-rigentes do PP eram ManuelFraga e Xosé Cuinha. Ademaisde Crespo os “papeis de Bárce-nas” amossam duas vezes o no-me de Fraga, assim houve dospagos em 2004, de 3000 Eurose mais 6000 Euros em fevereirode 2008, cum apartado onde in-dica o soldo de 503.698 Euros.Nestes mesmos papeis, tam-bém hai quase 19 milhons de

pesetas que vam dirigidos aoconceito de Galiza, algum de-les junto as iniciais O.C., entreos anos 1997 e 1998. Finalmen-

te entre as várias empresas queaparecem no libreto sai o nomede Luis del Rivero, dono de Au-dasa, a concessionaria da AP-9,

que doou 180.000 Euros ao PPentre os anos 2004 e 2006. Ade-mais a policia anticorrupçomtambém esta a investigar a LuisFraga, sobrinho do ministrofranquista, que foi senador po-lo PP. Segundo as investiga-çons, Luis Fraga teria umhaconta no mesmo banco em queBárcenas ocultava os 22 mi-lhons de Euros e ademais se-riam amigos, depois de montarum negócio conjunto num por-tal digital de saúde de Madri.

Oubiña financiou a FragaAs declaraçons do narco presoLaureano Oubiña, quem assi-nalara numha entrevista à re-vista Vanity Fair que ajudou afinanciar a Alianza Popularcom o dinheiro do contrabandovolvérom estar de atualidade.Oubiña reconheceu que a finaisdos anos 70 e quando começa-vam a preparar-se as primeiraseleiçons na Galiza, o narcotra-ficante e outros empresários re-lacionados com o contrabandodo tabaco dêrom “importantesquantidades de dinheiro” a APe UCD para financiar-se. As de-claraçons de Oubiña ratifica-vam informaçons publicadaspolo NOVAS, como tinha sidotratado no número 98. Desde aoperaçom Nécora, saírom à luzmuitos contatos de conhecidosnarcotraficantes com o PP.

Os casos de financiamentoirregular assaltam o PP de Fraga

declaraçons de laureano oubiña ratificam informaçons Publicadas Polo novas da Galiza

NGZ / A Secretaria Geral de Mé-dios adjudicou à empresa GrupoBap Conde um contrato de 1,3milhons de Euros, polo processode negociados sem publicidade,depois de declarar o concursodeserto onde se apresentou amesma empresa junto com ou-tras. A Junta sacou a concursoum contrato para o “desenvolvi-mento de campanhas publicita-rias sobre a promoçom das ini-ciativas da Junta” e depois de re-jeitar todas as empresas que seapresentárom declarárom o con-curso deserto. Meses depois ne-gociam o novo contrato sem pu-blicidade com a empresa GrupoBap Conde, que já se apresentouno anterior concurso e outor-gam-lho sem possibilidade a queas outras empresas podam dis-putá-lo de novo. Esta adjudica-çom poderia vulnerar o direitode livre concorrência da lei decontrataçom no setor público.

A SecretariaGeral de Meioscontrata a dedo

AlfONsO CAbAlEIRO é o secretário geral de Meios

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

A Adega denuncia que o PGOM de Lugo, prevê “a cons-truçom de estradas" e mesmo de "um colégio" por acimado rio Rato, no seu trecho meio-alto, que vai da Ponte Pa-radai até o polígono industrial do Ceao. Segundo os eco-logistas, este facto "aumentaria os riscos para as pessoase os bens" ante "possíveis fenómenos de inundaçons".

atuaçons sobre o rio rato no PGom de luGo

Ceivar convocou para o sábado 16 de Fevereiro um rece-bimento popular a Maria Osório, ativista social que foiposta em liberdade o passado dia 4. O ato celebrará-seem Lugo no centro social Mádia Leva!, do que Osório fazparte desde há tempo. A homenagem à independentistacontinuará com umha ceia no mesmo centro social.

convocam recebimento PoPular a maria osório

Como recebestes a notícia de

que David tinha que entrar em

prisom e como reagistes?

Umha vez que fôrom cobertostodos os trâmites jurídicos nomhavia mais por onde ir e acudi-mos ao indulto, com a ideia deque David nom entrasse emprisom. Mas lamentavelmente,depois de sete ou oito mesesvem denegado. O problema éque os motivos polos que seconcedem os indultos nom somrazoáveis. Automaticamente,nom quedava mais remédio queo ingresso na cadeia. Vimosclaramente que isto era umhainjustiça e, como se podem pe-dir quantos indultos se queirasempre que nom haja nenhumà expectativa de resoluçom, aospoucos dias de entrar n'A Lamajá solicitamos mais um.

A primeira remissom apresen-tei-na eu, como pai, o segundofoi o coordenador do GrupoImán, no qual estamos a atuardesde há anos, incluído o pró-prio David. Enviárom-se de no-vo os papeis no dia 12 de De-zembro. Nesta altura, já haviaum movimento de apoio que seformou em todo o Estado. Comoconseqüência, observamos quenesta ocasiom o Ministério deJustiça tomou-no com um poucomais de interesse porque numtempo realmente breve chegá-rom já os papeis de justiça ao tri-bunal que o sentenciou. Juridi-camente é assim, recebido o in-dulto, o Ministério envia os do-cumentos necessários ao tribu-nal que o enviou a prisom parasolicitar-lhe umha série de trá-mites e informes. Estamos aaguardar polo resultado, porquetodo isto é de novo enviado aMadri. O tempo vai passando etemos que pressionar. Como di-

go muitas vezes, o cárcere aindaque seja de ouro, nom deixa deser umha prisom.

Quais som os argumentos para

pedir o indulto?

David tem informes de muitas or-ganizaçons desta cidade que fa-lam da sua conduta, de que estáreabilitado. Caiu no poço da dro-ga na década dos 80 e esteve lui-tando para sair. Os indultos háque apoiá-los com os certificadosconforme está restituído, e nestecaso temos outra série de infor-mes de Cáritas, Imán, Érguete,Emaús, a paróquia do Cristo deVictória, o pleno do Concelho deVigo... todos eles certificárom queDavid estava em completa reabi-litaçom e que portanto era mere-cedor da reduçom de cargos. Umhomem que saiu dessa enfermi-

dade, que estivo trabalhando du-rante muitos anos para que ou-tros companheiros nom caíssemno mesmo poço merece como mí-nimo umha consideraçom paraque lhe concedam o indulto. Seestá bem, e gastou muito dinhei-ro para isso, agora nom tem sen-tido nenhum que esteja na cadeiagastando mais dinheiro.

Qual é a atividade do seu filho?

David é membro da comissompermanente do Grupo Imán. Es-te coletivo está constituído porgente que está no mundo da dro-ga e recebe ajuda pola nossaparte. Por outra parte, ele é por-ta-voz do grupo, o que fala coma imprensa e com outras organi-zaçons. Depois faz umha laborde obradoiros para ensinar aosque caem no mundo da drogacomo viver isto sem que se fa-gam dano. Na rua, acompanhaas pessoas que começam a cair,que tenhem dúvidas de se ir aum sítio para reabilitar-se.

Recentemente falava-se nos

meios da possibilidade de que

lhe déram o terceiro grau...

No cárcere propugérom dar-lheo terceiro grau mas semelha

que nom houve unanimidade,entom isso terám que decidi-loem Madri. O caso é que nós de-pois poderíamos apresentar umrecurso perante o juiz de vigi-lância penitenciária. Temosaberto esse caminho porque se-ria outro modo de que saísse jáà rua, com certos impedimen-tos que seria estar num Centrode Integraçom Social e as finsde semana viria à casa. Teria avantagem de tê-lo mais perto denós. Mas nom deixámos nuncafora da vista o indulto.

Tendes esperança em que

concedam o indulto?

Temos esperança porque é dejustiça. Se por umha ‘papela’,que neste caso em concretonom chega nem a meio gramo,se merece umha pena de seteanos, e depois vem um narco-traficante com várias tonela-das e lhe imponhem umha con-dena de quatro anos... isto éum dislate! O problema é um-ha lei estabelecida na décadade 80, quando a realidade eradiferente. Porque aqui nom setrata de gente que vende uminvólucro para fazer-se rico. Éumha lei atrasada, há que cor-rigi-la. Enquanto nom se refor-me, terá que ser o próprio in-dulto o que corrija isto.

“os motivos polos quais se concedem os indultos nom som razoáveis”

edmundo reboredo é Pai do Preso david reboredo

A.l. / A crise social permanente própria dum sistema baseado nas diretrizes capi-talistas também está presente nestes tempos tam revoltosos. Um exemplo de co-mo a suposta Justiça está a castigar às classes mais desfavorecidas enquantoos grandes delitos económicos ficam impunes temo-lo na Galiza, concretamentena cidade de Vigo. No mês de Dezembro entrava na prisom d'A lama David re-boredo para cumprir umha pena de 7 anos, o motivo era o troco dumha ‘papela’

em 2009. Antes da sua entrada em prisom, David estava completamente reabilita-do e ajudava às pessoas que caiam no poço da droga. O seu pai, Edmundo, soli-citou o indulto mas o Ministério de Justiça, o mesmo que perdoa a banqueiros,polícias torturadores e condutores bêbedos, denegou-no. Agora está a intentá-lode novo com um apoio social mui grande. Edmundo, que ficou cego há vinteanos, conta que David era os seus olhos desde que ele perdeu a vista.

“o tempo vai passando e temos

que pressionar”

“nom tem sentido nenhum que david

esteja na cadeia”

“temos esperança,por justiça, em que

concedam o indulto”

“o problema é umhalei estabelecida

na década de 80”

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07aconteceNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

O 'Primeiro encontro galego sobre o impacto da mi-neraçom', será no dia 16 de fevereiro em Compostela.Haverá colóquios sobre aspetos legais, socioeconó-micos e ambientais da mineraçom, umha dinâmicade grupo e proporá-se a criaçom dumha rede de cole-tivos com sensibilidade na problemática extrativista.

i encontro da mineraçom em comPostela

Ante as duas detençons relacionadas com a greve do14N em Compostela, CNT e CUT decidírom unir forçaspara “articularem umha resposta coletiva ao que consti-tui um ataque às mais básicas liberdades conquistadasnos últimos anos: de expressom, de reuniom, de mani-festaçom, de liberdade sindical e de greve”.

cnt e cut unem-se contra as detençons aPós a Greve

NGZ / Nos dias 5 e 6 de fevereirodesenvolveu-se no Julgado doPenal nº 1 de Vigo o juízo contraos sindicalistas Telmo Varela eMiguel Nicolás, para os que aFiscalia pede um total de quinceanos de prisom. Na vista, a defe-sa exigiu a absolviçom para am-bos e salientou a falta de provascontra os acusados. O Ministériopúblico pede cinco anos de pri-som a Miguel Nicolás e acusa-ode atacar um escritório do INEMem dezembro de 2010, e pedeumha pena de dez anos para Tel-mo Varela acusado dos mesmosfeitos e de presunta tenência desubstáncias incendiárias.

Ambos os acusados aproveitá-rom as suas declaraçons para re-velar o carácter político deste jul-

gamento e de todo o processocontra eles, denunciado que o ob-jetivo foi golpear o trabalho sin-dical que em 2010 estava a reali-zar-se na cidade de Vigo. MiguelNicolás fora detido no mês de de-zembro de 2010 e permaneceu 16meses dispersado em cárceresespanhóis, até que saiu baixofiança. Pola sua banda, Telmo Va-rela leva quase dous anos pade-cendo a prisom preventiva, tam-bém dispersado em centros peni-tenciários do Estado.

Nos dous dias do julgamentosconcentrárom-se nas portas dosjulgados arredor dum cento depessoas, mostrando a sua soli-dariedade com os dous sindica-listas retaliados, denunciandoque todo este processo é “umha

farsa” e reclamando a absolvi-çom para ambos e a liberdadeimediata de Telmo Varela. Osberros das pessoas concentra-das puidérom ouvir-se na salade vistas onde se estava a reali-zar o julgamento. Nestas duasjornadas um forte dispostivo po-licial impediu o livre acesso aoedifício e restringiu a entrada àsala, ficando fóra vários fami-liares e achegados dos acusadosque mostrárom a sua indigna-çom ante estes feitos.

Durante o juízo, a defesa pujode relevo as faltas de garantiasdas que está cheio o processo,como podem ser as intervençonstelefónicas ou o registo dum ga-ragem sem as autorizaçons judi-ciais pertinentes.

Julgamento contra TelmoVarela e Miguel Nicolásrevela falta de provas

telmo e miGuel: a fiscalia Pede um total de 15 anos de cadeia

NGZ / A corunhesa Noelia Cote-lo entrou na cadeia com 20anos por roubar um carro como que, supostamente, pretendiaachegar-se ao povoado de PenaMoa para mercar droga. Foi-lheimposta umha pena dum ano.Porém, as respostas às agres-sons dos funcionários por parteda jovem trougérom consigo aampliaçom da sua permanên-cia em prisom até os cinco anosque já leva cumpridos. Nessetempo, a moça passou por cár-ceres como os de Valência, Gra-nada ou Soto del Real, até che-

gar à cadeia de Ávila, em quese encontra atualmente subme-tida ao regime FIES. Ali, Coteloteria sofrido vexaçons e maustratos por parte do funcionaria-do, chegando a padecer umhatentativa de violaçom, sendo al-gemada à cama e sofrendo a ro-tura dum pulso. Aliás, Cotelosofre umha grave infeçom deboca. As duras condiçons emque vive levárom a jovem a um-ha greve de fome que está a co-locar em risco a sua vida, en-contrando-se agora mesmo àbeira do coma.

Umha presa galegaem risco de coma nocárcere de Ávila

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NGZ / Trabalhadoras do Ate-neu Ferrolám entrárom nopleno ordinário do passado 31de Janeiro no Concelho deFerrol para pedirem a demis-som do alcaide, José ManuelRey Varela. Na protesta du-rante a sessom também parti-cipárom trabalhadoras do FI-MO -feira da que o Concelhopossui 45%, e que denuncia-vam que levam cinco mesessem cobrar-, e pessoas contrá-rias ao traçado do trem aoporto exterior de Canelinhas.

No pleno, as pessoas repre-sentantes do Ateneu salientá-

rom o esquecimento, por partedo Concelho, do labor que rea-liza historicamente a institui-çom, e protestárom pola possi-bilidade de terem que partilharlocal com a associaçom de vizi-nhos da zona centro, a SAF, e aFilarmónica de Ferrol. Paraalém, também reclamárom adevoluçom dos fundos docu-mentais da entidade, de grandevalor histórico, que permane-cem num guarda-móveis desdehá dous anos, quando começa-rom as obras de rehabilitaçomdo antigo hospício, sede históri-ca da entidade cultural ferrolá.

Mobilizaçons contra o“roubo do Ateneu”ferrolám polo Concelho

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Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 201308 acontece

NGZ / As trabalhadoras e traba-lhadores da empresa afincada naPóvoa do Caraminhal apresentá-rom umha reclamaçom por nomcobrarem e por acosso laboral.Representantes da CIG comuni-cárom em conferência de im-prensa que as pessoas emprega-das levam entre 7 e 8 meses semcobrar, motivo polo qual levamfazendo greve todas as sextasdesde o passado Outubro. Desdeessa data começárom tambémos episódios de acosso laboral,com umha média de duas ou trêssançons por semana para as pes-soas que secundam a greve.Dous trabalhadores fôrom de-

mandados pola via penal por di-fundir nas redes sociais que aempresa lhe devia os salários.Segundo denuncia a central sin-dical, este trabalho baixo pres-som supom um grave perigo pa-ra as empregadas, já que operamcom máquinas de risco.

A pesar de muitos provedoresterem deixado de trazer merca-doria pola falta de pagos, a em-presa segue a ter pedidos. Da di-reçom levam afirmando durantemeses que estám à procura duminversor, enquanto as pessoasafectadas estám tendo que re-correr já à caridade das famíliaspara suportar a situaçom.

Denunciam dívidas eacosso por parte delumar Seafood Sl

NGZ / A patronal estatal de gran-des superfícies, ANGED, assi-nou o 30 de janeiro, com os doussindicatos maioritários no setorFASGA e FETICO o novo con-vénio que regulara as trabalha-doras destes comércios. As li-nhas principais do novo acordosom a congelaçom salarial até2016 e o aumento de 30 horasanuais de trabalho (passandodas 1770 a 1800 horas). Poloque fai ao soldo há umha dispo-siçom onde aclara que haveráaumento salarial se “há benefí-cios superiores aos atingidosem 2010”, mas que se o índicede ventas é inferior a 5 ou maispontos respeito a 2005 as tabe-las salariais, reduziram-se num5%, enquanto se está entre 5 e 2pontos, reduziria-se num 2%.Ademais para os contratos for-mativos (que agora poderám

chegar até os 8 anos de dura-çom) o soldo será o equivalenteao Salário Mínimo Interprofis-sional que é de 645 Euros. Ou-tra das novas medidas, pedidadesde há tempo polas grandesempresas do setor, era a flexibi-lidade laboral e assim apareceno novo convénio. Assim, asempresas poderám chamar àstrabalhadoras em domingos efestivos sem que por isso hajaum maior salário e com a obrigade trabalhar o 55% destes festi-vos. Isto, conjuntamente com asnovas leis de abertura comer-cial, que permitem abrir muitosdomingos e feriados do ano, vaifazer difícil a conciliaçom fami-liar e laboral das trabalhadorasdo setor. Segundo CIG-Serviçosque ja se têm mobilizado contrao novo convénio “o acordo vaina linha do que o grande capital

e a reforma laboral do PP pre-tendem para o conjunto da clas-se trabalhadora: devaluaçom sa-larial e regressom dos níveis devida”. Nas concentraçons a CIGqualificou o convénio de “direitode pernada” e “barbaridade”.

200 milhons em lucros Anged é a patronal do setor queagrupa a 17 empresas de tama-nho tam considerável como ElCorte Inglés, Carrefour, Ikea ouAlcampo, e que no estado espa-nhol têm mais de 230.000 tra-balhadoras que vam-se ver afe-tadas polo novo convénio. Ade-mais el Corte Ingles, umha dasgrandes empresas do setor noestado, tivera uns benefícios ne-tos em 2011 de mais de 200 mi-lhons de Euros e aplicou umERE encoberto que botou a 200trabalhadoras.

O novo convénio de grandessuperfícies encende o setor

exPloraçom laboral nos centros comerciais

NGZ / Quando um meio de co-municaçom quer noticiar um-ha informaçom referente aoscortes em sanidade, umha dasfontes recorrentes som os pró-prios trabalhadores do setor.Médicos, enfermeiros ou cela-dores contam com informaçomde primeira mao sobre comoos cortes da Junta ou do Gover-no minguam a qualidade doserviço sanitário.

O gerente do Serviço Gale-go de Saúde (Sergas) em Ou-rense vem de redigir umha or-dem de regime interna na quese lhes proíbe aos trabalhado-

res e trabalhadoras sanitáriosatender as demandas informa-tivas por parte dos meios decomunicaçom sem autoriza-çom da Direçom, quando se-jam em horário laboral, e tam-bém fora do horário de traba-lho quando a informaçom di-fundida seja sobre o Sergas.

Desde o Colégio de Jornalis-tas da Galiza denunciárom estamedida ao entenderem que vaicontra o direito à liberdade deexpressom “para pronunciar-sesobre toda questom que consi-derar”, polo que solicita a reti-rada da ordem.

O Sergas impom acensura prévia parasanitários em Ourense

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

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assinatUra

NGZ / A Frouxeira está entre os am-bientes mais ameaçados pola dre-nagem, a contaminaçom e a sobre-exploraçom dos seus recursos.

A associaçom ecologista Adegaqualificou de cínica a atitude daJunta que, após designar comohumidal sensível a zona da Frou-xeira (Valdovinho), "esvazia-acom escavadoras". Numha suanota, da Adega lembram que,com motivo do Dia Mundial dosHumedáis, que se celebrou o pas-sado 2 de Fevereiro, a Junta de-clarou nove lagoas como “zonassensíveis” dentro do Plano Hidro-lógico Galiza-Costa, incidindo emque estes humedáis, entre os que

se encontra A Frouxeira, estám"entre os ambientes mais amea-çados pola drenagem, a contami-naçom e a sobreexploraçom dosseus recursos". Porém, segundoesta associaçom ecologista, naFrouxeira a Direçom-Geral deConservaçom da Natureza “abriurecentemente um canal de de-sembarque de aguas com bulldo-zers e pás”. Estas aberturas, “per-petradas à margem da lei”, con-tam da Adega, “levárom à práticaseca da lagoa em plena tempora-da de chuvas”, assinalam.

Para além, as ecologistas lem-bram que da Direçom Geral deConservaçom da Natureza assi-

nalaram que a lagoa estava sen-do aberta seguindo as indica-çons dum suposto “Plano deConservaçom do Humidal”, umdocumento que, porém, nom foifeito público nem publicado noDOG. Neste senso, da Adegaacham que, de existir este pla-no, estaria-se a aplicar “à mar-gem da lei”. Assim mesmo, a as-sociaçom ecologista salientaque, por causa destas irregulari-dades manifestas e polo nomcumprimento da lei de acesso àinformaçom ambiental, o Vale-dor, ao que acudírom em deman-da de amparo, admitiu a trâmiteumha queixa contra a Junta.

Alertam do esvaziamento dum humidal protegido

NGZ / A Comissom Vizinhal deafetados pola Depuradora doLagares, a Associaçom Ecolo-gista Verdegaia e a rede de cole-tivos A Ria Non se Vende de-nunciárom a destruiçom doAmial da Carrasqueira, um Ha-bitat de Interesse Comunitárioconsiderado Prioritário. Segun-do contam numha nota de im-prensa, até o passado dia 7 deFevereiro, a junqueira “aindaconservava o último reduto dossuas florestas de ribeira panta-nosas: o amial do lugar da Car-

rasqueira, umha floresta aluvialcatalogada como Habitat de In-teresse Prioritário da UE” é aderradeira floresta de ribeiracosteira do Concelho de Vigo,após a décadas de “brutal de-senvolvimento urbanístico vi-guês” e das obras de constru-çom da actual EDAR (Estaçomde tratamento de Águas Resi-duais). Porém, estes coletivosdenunciam que as obras deconstruçom da nova EDAR es-tám “talando na sua totalidadeeste valioso espaço natural”.

Obras na depuradorado lagares destroemum “habitat prioritário”

escavadoras na frouxeira

NGZ / Da CIG Administraçom de-nunciam a assinatura dum “cu-rioso convénio de colaboraçom”entre a Conselharia de Cultura,Educaçom e Ordenaçom Univer-sitária, a Conselharia de Traba-lho e Bem-estar e a entidade Her-manos Misioneros de los Enfer-mos Pobres para o desenvolvi-mento das diferentes actuaçonsnecessárias para a aquisiçom doCastelo de Pambre.

Já tínhamos informado noNOVAS DA GALIzA em diversasocasions das tentativas da ad-quisiçom deste castelo daUlhoa, mas, segundo destacamagora deste sindicato, a opera-çom conjunta das duas conse-lharias atinge os 3,1 milhons,dos que Trabalho e Bem-estarachega 2 milhons. Da CIG assi-nalam como suspeito o facto deque Trabalho e Bem-estar po-nha dinheiro para a recupera-çom do património cultural, esalientam que se trata de maisumha operaçom para “conti-nuar na sua teima de prestar os

serviços sociais nom rendíveisatravés da beneficência”, querdizer, através de entidades rela-cionadas com a Igreja Católica.

Para o sindicato nacionalistaresulta contraditório que, “en-quanto a conselharia de Traba-lho e Bem-estar recorta em ma-terial de primeira necessidadenos centros de Bem-estar taiscomo cueiros ou roupa da ca-ma, assim como no descanso doseu pessoal; logo tire de chequepara ajudar-lhe a Cultura e Edu-caçom a comprar-lhe um caste-lo a uma entidade religiosa”. Po-rém, recalcam, trata-se de um-ha “mudança no modelo depréstimos dos serviços sociais:os que sejam rendíveis vam-sevendendo a empresas privadase os que nom, farám-se convé-nios com entidades benéficas”.Finalmente, numha nota de im-prensa, o sindicato salienta quedefende o labor de recupera-çom do património, mas que-rendo salientar os “pontos es-curos” que há nesta operaçom.

Denunciam o desviode orçamento culturala entidades religiosas

NGZ / No passado 18 de Janeiroo Tribunal Superior de Justiçade Galiza publicou umha sen-tença condenando o Concelhode Ginzo e a Deputaçom de Ou-rense por irregularidades nassuas relaçons laborais. O docu-mento obriga ao concelho areincorporar o trabalhador de-

mandante ao seu quadro de pes-soal de maneira indefinida. ACIG já denunciara a vulneraçomde direitos do empregado, quefora também reconhecida poloJulgado Social de Ourense.

Segundo a central sindical,esta sentença vem destaparumha “prática quotidiana” da

entidade provincial, já que sedetetárom noutras ocasionscessons de trabalhadores a fa-vor de determinados concelhosda mesma cor política, semconcurso público e sem preser-var o direito dos demais conce-lhos a participar em pé deigualdade nessas adjudicaçons.

O Concelho de Ginzo e a Deputaçomde Ourense, condenados porcessom ilegal de trabalhadores

conselharias comPrometem 3,1 milhons

tala da floresta aluvial

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

aGro

J.r. / Alimentos Lácteos (AALL,em diante) entra em preconcur-so segundo aconselha o planode viabilidade, desenhado porJosé Manuel Muriel, antigo Di-retor Geral de Operaçons deCorporaçom Empresarial Pas-cual, e no presente gestor destasociedade leiteira.

Com a entrada em precon-curso pretendesse atopar umsócio industrial que comparti-lhe a capacidade de produçomda fábrica, e um sócio capita-lista que achegue liquidez. Nasúltimas informaçons aponta-sea que Pascual pode ser esse só-cio industrial, e a Junta, atra-vés de Xesgalicia comprome-teu-se a participar em AALL,em forma de préstimo.

Até o de agora o cento porcem do capital pertence às coo-perativas ganadeiras (onze emtotal), às que a industria de Ou-teiro de Rei e deve-lhe mais detrês milhons de euros em entre-gas de leite dos últimos meses.A incorporaçom dum sócio in-dustrial, suporá umha reestruc-turaçom societária, em que a re-presentatividade das cooperati-vas pequenas sai perdendo.

No plano de viabilidade con-templasse o uso de toda a capa-cidade de AALL, mas só a meta-de será das marcas próprias(Muu e Deleite), o resto previsseque o utilizem as MDD (marcasde distribuiçom ou marcas bran-cas). Na atualidade AlimentosLácteos tem praticamente para-da a sua produçom (por baixodo 4% da sua capacidade) devi-do à escassez de leite.

A intervençom da Junta emAALL tem umha cifra: mais decinco milhons de euros. Aindacom umha boa cota de mercadodo 4% na Galiza, o problema deliquidez foi constante. Apesarde todo AALL é otimista descar-tando o feche, e esperando “fe-char acordos” com as partes.

Alimentos lácteos entra empreconcurso de credores

mar

Bruxelas pom datade caducidade à frotaartesanal galegaA. DiESTE / A UE vem de apro-var umha Politica PesqueiraComúm (PPC) que deixa forada consideraçom de artesanalàs embarcaçons que superemos 12 metros, desestimando ademanda do setor galego deelevar a dimensom aos barcosde 15 metros, marés de 36 ho-ras e redes seletivas.

A Política Pesqueira Comúnque marcará a folha de ruta dosetor do mar europeu nos vin-deiros anos vem de ser aprova-da em Bruxelas. Umha PPCcom claros e escuros para Ga-liza e o conjunto do continen-te. Se bem desde os meios si-nalou-se que esta PPC aposta-va por um modelo de pescasustentável (o que lhe valeuaplausos de partidos e coleti-vos ambientalistas), esta sus-tentabilidade vai-se fazer mui-tas vezes a costa das comuni-dades marinheiras.

Entre três dos grandes eidosque suponhem prejuiço para osetor do mar galego está, emprimeiro lugar, que nom se temem conta a dimensom real dafrota pesqueira que, no caso dagalega, é a mais importante deEuropa; nom se toca o 'statusquo' em vigor a respeito das co-tas e o setor galego seguirásem ter umha adaptada ao ta-manho da sua frota.

Em segundo lugar, impom-se um calendário de descartes“inasumível para o setor gale-go” que deve entrar em vigorem menos de um ano para pes-querias tam importantes comoa sardinha, xurel, lírio ou xar-da. Nos três primeiros anos deaplicaçom da PPC os descartestenhem que ser zero ou se des-contarám da cota de pesca,“sem que se concrete nengum-ha medida efetiva de compen-saçom para a frota”.

Finalmente, o documentoadopta umha definiçom “abso-lutamente restritiva” da frotaartesanal, que deixa fora a to-das aquelas embarcaçons quesuperem os 12 metros, “deses-timando a demanda do BNGde elevar a dimensom aos bar-cos de 15 metros, marés de 36horas e redes seletivas”.

Nos aspetos positivos daPPC, que os tem, destacampontos como os plans pluria-nuais para a gestom das pes-querias, a distinçom entreaqüicultura extensiva e indus-trial, e a inclusom do maris-queio na definiçom de ativida-de pesqueira. Igualmente, con-sidera positivo o protagonismoda pesca artesanal e que sepriorice o acceso aos caladoi-ros da frota com artes respe-tuosas com o meio marinho.

Junta confirma novas intervençons pararesolver o financiamento da empresa

Pretendem conseGuir sócios industrais e caPitalistas

as cooperativas pequenas perdem

com a entrada dumsócio industrial

DElEITE E MUU som as duas marcas próprias de Alimentos lácteos

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11aconteceNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

nascem propostas para o desenvolvimento dum sistema económico pensado na genteeconomia

A.l.r. / Arredor de todo o mundoestám a surgir iniciativas que pro-curam dotar de valor social a um-ha das ferramentas através daqual o capitalismo mantém a suadominaçom: a moeda. Perante agrande bolha de fume especulati-vo que criam Bancos Centrais, en-tidades financeiras, Estados...abre-se a possibilidade de cons-truir umha moeda que esteja rela-cionada com as necessidades daspessoas que habitam um territó-rio, que ajude a reativar as vias docomércio local e a vida das pes-soas desempregadas. O conceitode moedas sociais ou complemen-tares nom é novo, se bem trás oestourido da crise económica es-tám a nascer em diferentes luga-res propostas para o desenvolvi-mento dum sistema económicopensado na gente de a pé e nomnos benefícios multimilionários.

O debate sobre as moedas livres,sociais ou locais está a colher for-ça, tanto no nosso pais coma noresto do Estado, ou mesmo domundo. Som diversas as varieda-des e modelos de moedas sociaisque existem, mas há um denomi-nador comum: a necessidade derealizar transaçons económicasafastados do dinheiro fiduciárioconvencional, longe dos juros e daespeculaçom. Recentemente, a ini-ciativa da Cooperativa Integral Ca-talana (CIC) fijo que projetos destetipo no Estado saíssem à luz paraprocurar modelos de transiçomque afastem à populaçom das di-nâmicas capitalistas. Até nosmeios de comunicaçom conven-cionais se recolhêrom experiên-

cias em pequenas localidades oubairros que contavam com umhamoeda alternativa para algumhastransaçons económicas.

Desde a Mancomunidade Inte-gral Galega (Miga) está-se a estu-dar a criaçom dumha moeda socialgalega, um projeto que se acha ain-da numha fase mui inicial. Umhadas pessoas que participam nestainiciativa explica quais som os mo-tivos para a criaçom de umha moe-da social e diz que “em geral, creioque se trata de umha vontade desecessom da economia e do Esta-do. Disputar o monopólio da moe-da ao inimigo é abrir um campo debatalha importante na luita social”.Esta mesma pessoa, expom quenom se trata apenas de umha ques-tom de princípios, senom que temumha importante utilidade parasetores que estám a padecer a cri-se: “Poderíamos dizer que, numhacrise como esta, a escassez de di-nheiro está a provocar simultanea-mente escassez de bens e impossi-bilidade de produzir; isso tem fácilarranjo se a gente começa a com-prar e vender entre si sem a me-diaçom do Banco Central Europeu.Quer dizer, esta medida seria útilpara muita gente desempregada,mas também para muitos vende-dores cujos compradores estám aficar sem recursos. No entanto, amoeda social seria algo mais quemilitância: seria um bom recursopara a sobrevivência.”.

Diversos de modelos e sistemasExistem diferentes modelos demoedas sociais e é difícil topardous projetos que sejam exacta-

mente iguais. Assim, algumhasdestas moedas tenhem um supor-te físico enquanto outras som umregisto informático na rede; hádebate sobre se deve haver um or-ganismo emissor ou se o dinheirose cria nas próprias transaçons;se o valor da moeda tem que vin-cular-se com algumha moeda es-tatal, se nom, se talvez procurarum sistema misto... Um dos mo-delos mais utilizados e que come-çou a se empregar em Canadá ar-redor dos anos 80 é o Local Ex-change Trading System (LETS).Este sistema define as pautas pa-ra a consolidaçom de redes detroco local sem juros. Deste mo-do, a moeda geraria-se quando seproduz umha transaçom. A pes-soa que oferta um produto ou ser-viço suma um saldo positivo equi-valente ao valor acordado datransaçom e a pessoa demandan-te resta um saldo negativo. Naopiniom do ativista Manuel CasalLodeiro, “os LETS som umha so-luçom à falta de liquidez que pa-decem muitas pequenas empre-sas e autónomos, estes tenhen ca-

pacidade para trabalhar mas nomo podem fazer porque a bancaprivada e o Estado lhes fecham abilha, os asfixiam. Há numerososcasos de sucesso por todo o mun-do que demonstram que graçasaos LETS a economia local podevolver a se reactivar”.

Nas propostas das iniciativaspróximas à CIC, um modelo demoeda social passaria por combi-nar o sistema LETS com a mu-dança de moeda estatal à moedasocial, mas nunca ao revés. Napublicaçom Rebelaos!, onde seexponhem os projetos do coope-rativismo integral, sinaliza-setambém a transparência que pre-cisa “esta nova forma de enten-dermos a economia baseada naconfiança”, e aposta polos siste-mas informáticos para o registodos trocos. Mostram-se tambémcríticos com os sistemas basea-dos no papel-moeda: “Os siste-mas que tenhem como único su-porte o troco do papel-moedasom fracos em essência, já quepara além dos perigos das falsifi-caçons e o custo de impressomdos bilhetes, nom permitem sa-ber as flutuaçons que se dam nosistema devido a que nom sabe-mos a quantidade de dinheirocom o que conta cada pessoa”.Assim, existem ferramentas on-line que permitem levar o registodas transaçons nestes espaços detrocos locais. O mais estendido éo Community Exchange System(https://www.community-exchan-

ge.org), um sistema gestor demoeda social com mais de 10anos de história, que conta com

milhares de usuários e usuárias emais de 350 redes de troco repar-tidas por todo o mundo.

Um exemplo mui diferente demoedas sociais aconteceu no Bra-sil, onde atualmente existem maisde 80 moedas sociais geridas porumha rede de bancos comunitá-rios. Estas som reconhecidas po-lo Banco Central como comple-mentares ao real e usam-se porparte dos bancos comunitáriospara estimular a economia localatravés da concessom de micro-créditos. Além destas moedas al-ternativas reconhecidas, existemoutras muitas que funcionam semo reconhecimento estatal.

Experiências na GalizaNo nosso país as experiências demoedas sociais fôrom modestas,estando inseridas nalgumhas oca-sions dentro das dinâmicas dal-guns centros sociais ou dalgum-has iniciativas tais como os ban-cos de tempo. Um exemplo galegoé o dos galeuros, umha moeda so-cial que nasceu ligada à rede Fi-lhos de Galiza e cujos dinamiza-dores aprovárom em 2009 um pla-no de socializaçom desta moeda,este projeto topa-se atualmenteparado. Assim, é de aguardar queem breves apareçam novas inicia-tivas para desenvolver um sistemaeconómico mais próximo ao povo.“O dinheiro do futuro está surdin-do ao nosso redor, de momentoquase imperceptível, mas como ospequenos mamíferos quando seextinguírom os dinossauros, o fu-turo nascerá destas modestas ex-periências”, opina Casal Lodeiro.

Moedas sociais para mudar a economiaestá-se a estudar a

criaçom dumhamoeda social galega

“disputarmos o monopólio da

moeda é abrir umcampo de batalha”

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DANiEl r. CAO / “Eu levanto a mi-rada e só vejo à minha gente cho-rar, a causa há que perguntar-lhaaos mestres da colonizaçom”.Com esta frase o nigeriano FemiKuti, no mais conhecido dos seusdiscos, criava sem sabé-lo um es-quema de análise válido paraqualquer cojuntura que a dia dehoje se dea na África, também emMali.

Umha vez a Síria deixou de serútil mediaticamente, o seu papelde “guerra do mês” foi ocupadopolo conflito de Azawad, territó-rio que se estende entre Mali eMauritânia em que, ao produzir-se um levantamento, está-se a vi-ver a ultima intervençom militarda Uniom Europeia.

Só existe umha razom e umhacausa deste conflito que prova-velmente causará umha enormequantidade de vítimas civis e, ain-da que seja muito útil como ele-mento assustadiço, nom é preci-samente o fundamentalismo islâ-mico, cada vez mais sanguinário.Para que nom se entenda que es-te texto simpatiza nem o mais mí-nimo com nenhuma das partesem conflito, vai-se realizar umanálise do contexto, por umhabanda, e os agentes implicadospor outra.

MaliMali é um desses países que emqualquer mapa se pode observarcomo as suas fronteiras nom es-tám marcadas por acidentes geo-gráficos, como ocorre na maiorparte de Estados do mundo, se-nom por linhas retas. Isto temumha explicaçom simples, os re-partos entre as elites autóctones ecoloniais do território conquista-do derivou na criaçom de Estadosdebulhados a mão em que se in-cluiu a todo tipo de etnias, inde-pendentemente de que estas fos-sem incompatíveis entre si.

Entre esses territórios envoltosnas novas fronteiras achava-se o

Azawad, regiom que se estendedas fronteiras da atual Mauritâ-nia às do atual Níger, englobandoportanto o norte de Mali.

Ainda que hoje se escuite naimprensa o presidente de Mali e ofrancês dizer que a guerrilha islâ-mica que se apropriou do nomeque recebe a etnia que habita oAzawad, os tuaregues, o certo éque isto é só umha conjuntura,porque as aspiraçons territoriaisdestes habitantes, ainda que ago-ra esse separatismo esteja mono-polizado polos islâmicos, som his-tóricas. E nom só, senom que aoser um território tam artificial, emque umha parte da populaçom es-tá obrigada a viver baixo esse Es-tado manu militari, o dia em quea França derrote definitivamenteà guerrilha tuaregue será o diaprimeiro na espera a que o confli-to volte estourar, porque isto vaiocorrer por umha questom de ló-gica. De lógica porque nas apira-çons europeias está a vencer ostuaregues, mas nom procurarumha soluçom ao problema.

Os tuareguesOs tuaregues, como bem se co-mentava previamente, som um-ha tribo nómada do Saara. Co-

nhecidos internacionalmente po-la sua estética e o seu nomadis-mo peregrinavam sem fim por to-do o deserto e os territórios deperto, baseando a sua economiano comércio. Produto dessa pe-regrinaçom constante, a sua in-terpretaçom do Islám era umhasorte de híbrido entre as distintascorrentes vigentes. A fim da co-lonizaçom deixou à maior partedos tuaregues cercados em Mali,sem possibilidade de entraremna sua terra original, o Saaramarroquino e mauritano, e baixoum Estado que nunca reconhecé-rom e que, além disto, fijo queumha das cidades da terra emque se acham cercados, Tombuc-tú, fosse um dos centros neurál-gicos do país, com o fim de asse-

gurar assim a integridade territo-rial. Após os levantamentos doano passado, os tuaregues cons-tituirom no Azawad um Estadoque nom foi reconhecido por ne-nhum país do mundo, mas que noprocesso de independência dei-xou entrever que por trás desselevantamento achavam-se ele-mentos estranhos. Nomeada-mente dous, e os dous abrindo apossibilidade da perspicácia. Oprimeiro é evidente, Mali é umdos países mais pobres do mun-do, e dentro dele existe o Azawadcomo território marginado, mar-ginalizado e machucado por umprocesso repressivo histórico,mas dentro dele umha guerrilhatem a capacidade de conquistartodo o território, expulsar o exér-cito, trespassar as suas própriasfronteiras e mesmo plantar caraao maior exército europeu, ofrancês. Esta primeira premissajá mostra como tem de haver ar-mamento de fora. A segunda,quiçá a que mais dados achega.Nas informaçons às que se temacesso as guerrilhas que tomáromo controlo da zona som islâmicas ede corte wahabita. Porém a reivin-dicaçom histórica dos tuaregues éque a sua interpretaçom do Islám,

contrário ao salafismo, fosse reco-nhecida. Como é possível logo queo wahabismo, que nom tivo nuncaapoio além do aliado tradicional deocidente, Arábia Saudita, seja ago-ra religiom maioritária?

FrançaEste conflito tampouco seria ex-plicável sem o papel de França eas mudanças que recentementese estám a dar nela e na sua con-torna. A França nom lhe importase os malienses atacam-se entreeles ou se um hipotético Estadotuaregue coloca o wahabismo àsportas da Europa.

Após o descalabro de Sarkozychegou François Hollande, se ca-lhar o ocidental perfeito. Progres-sista, patriota, euro-cêntrico e,com certeza, sionista. O que Hol-lande vê ameaçado em Mali somvárias cousas, além do ouro ma-liense e o urânio nigeriano. So-bre todo umha, que é que umhaparte dentro dum Estado que umdia foi francês poderia fazer queas suas ex-colónias (o prefijo éum formalismo) perderam a con-fiança em cadeia, polo que deveassegurar o seu poder, e reforçaro papel de irmao maior que os-tenta na zona. Mas a maiores háoutra causa, a situaçom da UE.Tanto Sarkozy como Hollandemostrárom publicamente emmultidom de ocasions a frustra-çom que lhes provocava viver àsombra de Ángela Merkel e afir-mavam estar no caminho de re-cuperar a liderança e a influênciaperdida em favor da Alemanha.Já que no político ou no econó-mico nom o conseguirom, a in-tervençom militar poderia serumha sorte de plebiscito em quese pretende visualizar com queapoios conta, sabendo que tem omaior exército do continente evai ser umha “guerra fácil”. Polomomento no campo de batalhaque supom a opiniom pública, se-gue perdendo.

Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 201312 internacional

o fim da colonizaçom deixou à maior parte dos tuaregues cercado

negócio, paz e política no mali

a terra tremefrança Procura recuPerar heGemonia no território

azawad é um territórioque se estende entre

mali e mauritánia

alternáncia entreconflito e paz é

constante africana

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E. MArAGOTO / Márcio-André se-ria um artista multifacetado senom tivessem surgido já al-guns termos para englobar osintérpretes que as pessoasnom conseguem comparti-mentar. O mais comum é artis-ta performativo, mas ele apre-senta-se na sua página web co-mo poeta sonoro, cinético e ra-dioativo. Explicado às pessoascomuns, fai poesia em que apalavra nom é o único instru-mento comunicativo implica-do: a imagem ou os sons te-nhem tanta importáncia comoela. O Márcio é brasileiro, ondeparticipou na fundaçom da edi-tora Confraria do Vento, umprojeto concebido para novosescritores e escritoras que temmui em conta as novas lingua-gens. Depois de ter passadouns anos em lisboa, a sua di-gressom europeia trouxo-o àGaliza, onde participa em diver-sos projetos artísticos ao mes-mo tempo que organiza ciclosde cinema brasileiro na Casadas Crechas.

Define-te como artista...

Isso é umha pergunta realmente di-fícil. Eu nom saberia respondê-lasem algumha culpa. Até uns anosatrás, eu dizia que era poeta, por-

que tinha lançado livros de poesia eporque freqüentava festivais dessetipo de cousa. Depois, com o estu-do da performance e com a explo-raçom dos métodos multimídia detrabalhar a palavra, o corpo e osom, pensei: sou um poeta multi-mídia que trabalha com perfor-mance. Agora, estou experimen-tando fazer filmes e todo já começaa ficar confuso novamente. Seráque umha definiçom é realmentenecessária? A minha arte nom sur-ge dos meios que utilizo. Essa cou-sa de definiçom é muito complica-da. As definiçons mudam de acor-do com o lugar e com o tempo, asobras, nom. Talvez eu pudesse di-zer que sou um artista da palavra.

Do Brasil vinheste para Lisboa e

acabaste em Compostela...

achas que continuas na Lusofo-

nia? O que te trouxo, primeiro a

Portugal e depois à Galiza?

Bem, meus movimentos migrató-rios sempre tenhem a ver com asminhas paixons. Vim do Rio deJaneiro para Lisboa fugindo doamor por umha mulher. No casoda Galiza, a vinda tem a ver comminha esposa, Ana Gesto, que éumha artista compostelana. Mas,claro, as nossas escolhas, pormais desconexas, de algumhamaneira cumprem um caminhoque, depois de percorrido, pareceter sido o verdadeiro. É o que cha-mamos de “destino”. Entom, te-

nho pensado sim nessa ideia deque estou, nom propriamente naLusofonia (que é um conceito erepresenta apenas umha das mui-tas formas de encarar a uniomdas variantes do português), masperseguindo, de maneira inversa,a expansom da minha língua atéas origens. E isso é muito signifi-cativo por eu trabalhar com a pa-lavra. É interessante, nesta traje-tória, estar na convergência de to-dos os idiomas que componhemo meu idioma.

Nom és o único artista brasileiro

que entra em contacto em Com-

postela com a cultura galega. O

que te chama a atençom dela?

Na verdade, eu conheço muitopouco ainda. Vivo aqui há somen-te seis meses. Mas, a princípio,fascinam-me as tradiçons folcló-ricas. Elas remontam muito àsraízes brasileiras, sobretudo nasemelhança que a música tradi-cional galega tem com a músicado nordeste do Brasil.

Dá a sensaçom que muitos artis-

tas brasileiros passam uns anos

na Europa para completar a sua

carreira artística. Voltam mais

reconhecidos para o Brasil?

Isso era algo muito comum no pe-ríodo do modernismo brasileiro.

Foi algo que deve ter durado atéos anos trinta, porque toda refe-rência brasileira até entom estavana Europa, sobretudo na França.A moda voltou nos anos 60 e 70,mas aí era por exílio forçado poladitadura militar. Hoje isso é maisraro. Nesse aspecto, o Brasil dasegunda metade do Sec. XX sem-pre foi muito autocentrado, inte-ressando-se mais em exportar doque em trocar (Veja o Concretis-mo, a Bossa Nova, etc). A Tropi-cália, apesar de seu “antropofa-gismo”, trazia bem pouco de fora,agregando o que popularmentevinha enquanto cultura de massa.No meu caso, eu represento outrotipo que nada tem a ver com isso.O meu interesse nom é carreiraou formaçom, mas deformaçom.Eu sou o tipo nômade, sem casa,sem referência e, provavelmente,sem retorno. O meu país está aon-de eu vou. Ainda que eu nuncadeixe de estar em contato (atra-vés de projetos realizados à dis-táncia, performances remotas,viagens periódicas) e de me sen-tir brasileiro, nom pretendo vol-tar a viver no Brasil por enquanto– nom naquele que deixei atrás demim. Pretendo voltar àquele queencontrarei adiante, de forma quequando retornar isso também se-rá um seguir adiante.

JOSÉ ANTOM ‘MUrOS’ / Este povoque mora no estado conhecido in-ternacionalmente como Nova ze-lándia e as Ilhas Coock tem umhapopulaçom de 850.000 pessoas(15% dos habitantes do estado neo-zelandes). Além deles, as comuni-dades migrantes do resto da Poli-nésia (7% samoanos, tonganos...)tendem a se assimilar a eles.

Os Maoris fôrom os primeirosseres humanos nestas ilhas, segu-ramente provindes de Taiti; aquiestes convertérom-se num povocaçador e agricultor, até a chegadados europeus a princípios do XIX.

Os invasores instalam-se nomsem antes ter de fazer frente a um-

ha feroz resistência por parte doPovo Maori. Como conclusom des-ta resistência os maoris assinamcom o Império Britânico o Tratadode Watangi (1840), tratado enga-noso com umha versom em inglêse outra em maori divergentes, quetenhem a virtualidade de mostrarao mundo a existência dum povo eser garante dos seus direitos.

Estes direitos vírom-se violenta-dos e negados a um povo que pas-sou traumaticamente pola moder-nidade imperial britânica; alcoolis-mo, aculturizaçom, participaçomnas guerras mundiais como “carnede canhom” e um labirinto legal eautista ante os bem intencionados

membros deste povo que tratavamde defender os seus direitos.

A situaçom muda depois dasguerras mundiais, muitos maorismigrados ou nados nas áreas urba-nas começam a reclamarem direi-tos e a luitar contra a aculturizaçom:autorganizárom os bairros maorisdas cidades e assentárom políticaspróprias, canalizárom as demandasdumha populaçom com um cresci-mento demográfico enorme e um-has necessidades imperiosas.

Velhas instituiçons herdadas doImpério Britânico como o Tribunalde Terra indígena (posteriormentemaori) convertem-se em órgaos efi-cazes e representativos das comu-

nidades maoris que vam recuperan-do novas terras rurais e urbanas, etambém incorporando as reclama-çons com posteriores concessonsdos direitos do subsolo e litoral.

O povo maori fijo dumha situa-çom de minorizaçom total da lín-gua e de diglossia um grande esfor-ço de recuperaçom graças às esco-las Konanga Rao que desde a edu-caçom prescolar até umha ramauniversitária específica em maoriescolarizam, com imersom incluí-da, as crianças e jovens. Isto atingi-rá o seu fruito legal no ano 1987com a lei da língua maori em queesta, a par do inglês, será a segun-da língua oficial do Estado. Há ou-tro fruito, o da plena socializaçomda língua na populaçom nova e oseu uso por parte do Estado e as co-munidades e instituçons maoris.

Três canles de televisom, meiosde comunicaçom locais e rádios es-tám integramente em maori dedica-dos por e para eles. Um número de-terminado dos deputados da câma-ra parlamentária estám reservadosa eles, e incrementam-se ante a rea-lidade demográfica nova. A verte-braçom abarca partidos, associa-çons e sindicatos próprios ou se-çons específicas nos neozelande-ses nom especificamente maoris.

O povo Maori é um Povo autor-ganizado com instituiçons criadasou regeneradas por eles. O povoestá vertebrando Aeretoa, o seu es-tado e pátria vivendo com os seusvizinhos pakanas (de origem britâ-nica), solucionando aos poucos osconflitos históricos que o imperia-lismo deixou entre os dous povos,superando os traumas.

13internacionalNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

depois das guerras mundiais muitos maoris migrados ou nados nas cidades começam a reclamarem direitosPovos

Aotearoa, o povo maori

“tenho pensado que estou perseguindo aexpansom da minha língua até as origens”

mÁrcio-andré é um artista Performativo Procedente do brasil

“É interessante estar na convergência de todos os idiomas que componhem o meu idioma”além minho

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Page 14: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

14 dito e feito Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

dito e feito os temas da decoraçom sempre som reivindicativos e tenhem relaçom com a atualidade local

O protagonista do Entruido da

vossa zona é o Choqueiro. Fala-

de-nos um pouco desta figura e

de como se desenvolve a festa.

O Choqueiro representa os víciosdo ano que remata; é por isso que,umha semana antes do sábado deEntruido sai polos bares da vila se-mentando o caos. No fim da sema-na, juntam-se no Campo da Feirao Choqueiro, o alcalde e a políciapara justiçá-lo. Lê-se o pregom,onde o alcalde arremete contra to-da essa desordem que foi provo-cando a passagem do choqueiro, elogo o testamento, onde se vai pa-róquia por paróquia fazendo refe-rência às cousas mais destacadasque se passárom ao longo do ano.Por último, o Choqueiro é queima-do: a festa que fazemos, com co-mida, bebida, música tradicional ebaile é dalgum jeito a grande des-pedida dessa figura. Trata-se dumpersonagem com muito arraigo nazona; a gente ainda recorda as ma-nadas de choqueiros que inunda-vam a vila há anos, metiam medo!Iam com roupa velha, com caja-tos, e se nom os convidavam nascasas botavam o gado fora, leva-vam-lhes as cebolas,... Também sevestiam com gabardinas e meiasna cabeça e corriam entre o milhoassustando a gente.

Quando e porque decide Lucer-

na tomar as rédeas da organiza-

çom do Entruido popular?

Foi há uns cinco anos. Antes sem-pre se juntava algumha gente davila para escrever o testamento eorganizar a festa; é importante re-cordar que nunca foi umha festainstitucional, foi sempre um En-truido entre a vizinhança. Quandoesses vizinhos fôrom fazendo

anos, a Lucerna tomou a direçomdumha maneira natural, mas to-dos eles e elas continuárom cola-borando. Hoje somos nós quempide as licenças e coordena os re-cursos, mas continua sendo, igualque sempre, um Entruido ondecolabora todo o mundo. O quesempre tivemos claro é que que-ríamos escapar do típico desfilede disfarces e reivindicar a figurado Choqueiro.

Como vos coordenades para or-

ganizar umha festa em que cola-

bora e participa tanta gente?

Convocamos reunions abertasonde distribuímos o trabalho emdous grupos: o dos recursos e oda decoraçom. O primeiro grupoencarrega-se de ir polos comér-cios da vila para que cada um dêumha doaçom com os produtosque poida para a festa: comida,bebida, pinhatas, etc. Sabem quenom se lhes vai fazer publicida-de, mas também que se queremque haja Entruido tenhem queajudar. Quanto ao grupo de deco-raçom, juntamo-nos para fazer

um decorado para a carpa comcartom que nos dá um dos co-merciantes. Cada ano decide-seumha temática com base no quese passou nesses meses, tratandode resumir as cousas importan-tes do ano, sempre com um fun-do reivindicativo. O ano passado,por exemplo, a decoraçom do ce-nário girou arredor do hórreo dasde Amor, umha construçom commuito valor para a gente da vilaque o concelho tirou para fazertrês lugares de estacionamento.Outro ano dedicou-se ao trem, jáque com a alta velocidade supri-mírom-se quase todas as paradasque havia na zona. E este ano to-cou-lhe à crise, partindo do no-vo-rico anónimo que há na vilagraças a um premio da Primitiva.

É o mundo às avessas, e logo nes-se dia todos seremos ricos e ri-cas. Estarám presentes motivosdo Monopoly, do capitalismo ouo boom construtivo. Ademais,neste ano participará a primeirachoqueira mulher, umha novida-de, e haverá um photocall tam-bém relacionado com a crise.

Como é a relaçom da associa-

çom com o Concelho?

Até este ano, o Concelho colabo-rava com o Entruido simplesmen-te deixando a rua, a tomada deágua e corrente, e a carpa. Mas ocerto é que sempre ponhem mui-tos entraves; este ano especial-mente, que houvo que insistirmuito para que alugassem polomenos a carpa. Como nom levameles o mérito da organizaçom,vem-no como concorrência; às ve-zes mesmo chegam a contrapro-gramar. Isso sim, sem terem êxito;o Entruido da gente é este.

Este ano o Entruido de Cerzeda

saltou aos meios estatais com

motivo dos chascos. Que pensa-

des da investigaçom policial e

de toda esta atençom mediática?

A graça dos chascos é que sefam a nível individual: nunca sa-bes quem foi, e a associaçomnom pode responder por isso.Mas o bom de toda esta polémi-ca é que um entruido vizinhal etradicional como o nosso, compoucas possibilidades de sair emmeios que nom sejam locais, ti-vo umha publicidade enormecom que nom contávamos. Hávários anos que se recuperáromos chascos, mas nunca houveratanto rebúmbio. Havemos-lheter que agradecer à polícia judi-cia a sua suposta investigaçom!Agora os chascos som feitos iso-lados, mas antes, desde o dia daCandelária tinhas que estar comos olhos abertos todo o dia, por-que a brincadeira podia estar on-de menos o aguardavas.

Mas a atividade de Lucerna nom

acaba no ao Entruido: tendes di-

rectiva renovada, muitas incor-

poraçons entre as pessoas só-

cias, e umha lista enorme de

projetos em mente…

Sim, depois duns anos de ativida-de mais baixa, a Lucerna ressurgecom força! Aparte do Entruido, es-tamos avaliando a possibilidadede voltar a realizar o Festival deMúsica, assim como o Magusto eo Sam Joam. Mas também pensa-mos em atividades regulares quevam mais alá das datas concretas,como atividades desportivas nanatureza ou um Banco de Sabe-res, que consistirá em cursos eobradoiros que nos daremos en-tre nós, para aproveitarmos o queentre toda a gente sabemos e po-demos oferecer.

entrevista à associaçom cultural lucerna de cerzeda

“Nada de desfiles, é um Entruido popular”

O.r. / Os membros da Associaçom Cultural lucerna apartam-se por uns mo-mentos das tarefas de preparaçom do Entruido que os tenhem ocupados nosúltimos dias. Mila a taberneira prepara-nos filhoas recheias para a entrevista.Ainda bem nom começamos quando alguém avisa: “ei, que saímos!”. Corre-mos ao televisor, e vemos em la Primera vários dos vizinhos da vila falandodo ‘chasco’ deste ano, tam efetivo que mesmo provocou a abertura dumha in-vestigaçom por parte da polícia judiciária. Trata-se dum bando municipal a

avisar da presença do Príncipe no próximo campeonato de hóquei, advertin-do de que se fariam buscas nas moradas e de que ficava proibido sair à ruacom vultos suspeitosos. Conseguiu-se: o engano, o caos, e a diversom volta atomar a vila, como o figérom em tantos recunchos galegos durante séculos.Falamos com a gente da lucerna, “coordenadora” –como preferem que se lhechame- dum dos poucos entruidos de choqueiros que continuam como sem-pre: envolvendo a vila inteira e com muitas ganas de festa.

a polémica dos chascosserviu para que se

falasse dum entruidopopular nos meios

centros sociaiscs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarO Forno · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

cso a Kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

distrito 09Coia · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

o fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

cso liceo Estribela · Marim

cs lume!Rouxinol nº16 · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

cso PalaveaPalaveia · Corunha

cs en PéZona velha · Ponte Vedra

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

cso xuntasRua do Carme · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

MEMbROs DA A.C. lUCERNAdurante a entrevista

Page 15: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

XAVi MiQUEl / Nos últimos anose por força da crise económi-ca que sacode o sul da Euro-pa, numerosas empresas ga-legas tenhem fixado os olhosno mercado exterior comooportunidade de expansom.As empresas maiores há játempos que estám a integrar-se assim na globalizaçom ca-pitalista, mas também outrasempresas menos graúdas jácomeçárom a aproveitar osrecursos, as baixas rendaslaborais e a pouca legisla-çom que existe em vários Es-tados. Segundo o relatórioanual da Fundaçom NovaCai-xa Galicia sobre o estado daeconomia galega, 30% dosinvestimentos no exteriorsom destinados à América doSul. Destes dados resulta,porém, que a principal desti-natária é a Bélgica, umha dis-torçom que se explica pologrande investimento que nosúltimos anos tem feito o gru-po inditex nos Países Baixose as suas empresas, comgrandes descontos fiscais.

As empresas que mais estám aexternalizar os seus serviçossom as construtoras, devidoprincipalmente ao declínio dosetor na Galiza e na Espanha.Entre estas, temos duas dasmaiores construtoras galegas, aCopasa e o Grupo Puentes. ACopasa saiu nos últimos meses àpalestra com o Trem de Alta Ve-locidade que vai construir naArábia Saudita, conhecido comoo “AVE da Meca”. Importa notarque esta empresa obtivo a con-cessom graças às boas relaçonsque o rei espanhol mantém coma ditadura monárquica saudita.

A Copasa está a desenvolver

grandes projetos no Brasil, comgrossos investimentos e enor-mes ganhos. Um desses grandesprojetos é a Ronda Norte de SãoPaulo é. Mas o seu traçado estáa trazer graves conflitos sociaise ambientais, já que até 4000 fa-mílias vam ser despejadas dassuas moradas, num dos poucospulmons verdes da povoada me-trópole brasileira.

No relativo ao Grupo Puentes,acaba de ser-lhe atribuída aconstruçom de duas grandespontes no Equador, nos vales àvolta da cidade de Quito. Estasduas pontes serám construídasnumha zona de alto valor ecoló-gico e com importante atividadevulcánica.

O nome de Manuel Jove (um-ha das pessoas mais ricas domundo) está associado a umha

das grandes empresas galegasda construçom, que depois daqueda da Martinsa Fadesa, mu-dou para a sociedade de investi-mento Inveravante. No Brasil,onde estám aterrando muitasempresas construtoras queameaçam com provocar umaburbulha imobiliária, segundoalertou o próprio FMI, e maisexatamente em Paracuru, bercedos surfistas brasileiros, ManuelJove irá construir um complexohoteleiro, um grande projeto.Como o parque eólico que irá le-vantar (através da Ventos BrasilComércio e Representações)numha zona de dunas que foraclassificada como protegida po-lo governo estadual do Ceará.

O Grupo San José, de JacintoRey, é outra das construtoras que

sabe aproveitar-se da desregula-mentaçom em matéria urbanísti-ca: em Cabo Verde está a montarum complexo turístico numha zo-na verde de alto valor ambiental.

O negócio da alimentaçomNo setor agro-alimentar, grandesempresas estám a fazer pinguesnegócios com vários projetos. Ojá dito Grupo San José foi acusa-do reiteradamente nos últimosmeses da destruiçom sistemáticadumha zona do Paraguai onde vi-ve o povo aioreo, o derradeiro po-vo indígena nom amazónico quevive isolado voluntariamente naAmérica. A filial Carlos Casado,dedicada sobretodo à pecuária,foi objeto de várias denúncias porcausar a desflorestaçom dessagrande zona selvática. As foto-grafias mostram o abate de mi-lheiros de árvores, a construçomdumha represa de água e os pre-parativos para construir umhaestrada que irá separar o país dosAioreos no Paraguai. O Estadoestava a negociar para comprar oterritório e devolvê-lo ao povoaioreo, mas o golpe de estadocontra o presidente Fernando Lu-go em junho do ano passado aca-bou com as negociaçons.

Também no setor pesqueiro asempresas galegas estám a inter-nacionalizar-se, com consequên-cias ambientais e sociais para vá-

rios países. Umha das maioresempresas do País é a Pescanova,dirigida polos irmaos Fernandezde Sousa-Faro, e dona dumhaampla rede de empresas proces-sadoras de peixe, de aquiculturae de numerosas frotas pesqueirasdistribuídas polo mundo inteiro(especialmente na América doSul e na África).

Esta empresa foi denunciadana Nicarágua. A Pescanova en-trou no mercado nicaraguenseem 2004 e hoje produz 70% docamarom desse país, na maiorinstalaçom de processamento daAmérica do Sul, em regime fis-cal de zona franca. A constru-çom desta fábrica de camaronsde mais de 5.000 hectares levouà destruiçom de mangueirais eao deslocamento de várias coo-perativas de pesca de camaronsartesanais e locais. E no aspectolaboral, também houvo denún-cias na fábrica de processamen-to por jornadas de trabalho de12 horas, que nem davam tempopara ir ao banho.

Hidralia e a perseguiçomNoutro campo, também está o te-ma da Hidralia, a empresa com se-de na Corunha, que foi denuncia-da por campesinos de Guatemala,que responsabilizam  polo assas-sinato dum companheiro e o esta-do de sítio que sofreu a comuni-dade durante mais de duas sema-nas, depois dos protestos contra oprojeto dumha estaçom hidroelé-trica que destruiria a comunida-de. Atualmente oito pessoas con-tinuam presas polos protestos e ojulgamento está em curso.

Também no Magrebe andamnos últimos meses a instalar-seempresas galegas. Salientemosa zona franca de Tânger, emMarrocos, onde firmas têxteis(principalmente a Inditex) e deautomoçon (derivadas da Ci-tröen) estám a instalar-se comgrandes vantagens fiscais e comdenúncias contínuas de explo-raçom laboral.

15a exameNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

a exame o grupo san José é acusado de destruir o habitat dumha das últimas comunidades isoladas do mundo

MANUEL SOTO MARTINS ‘RATA’

Faleceu a 5 de fevereiro de 2013 aos 60 anos de idade

O NOVAS DA GALIzA quer reconhecer a generosidade e o traba-lho deste militante histórico do independentismo, sindicalistaexemplar e membro fundador da Sociedade Cultural e Des-portiva do Condado, assim como sócio da A.C. Minho Media

Empresas galegas no exterior denunciadaspor exploraçom e destruiçom ambiental 

as emPresas que mais estÁm a externalizar os seus serviços som as construtoras

construtoras somacusadas de causar

graves prejuízos ambientais

pescanova foi denunciada em

reiteradas ocasionsna nicarágua

CONCENTRAçOM NA CORUNhA denunciando a violência de hidralia contra

as mulheres guatemaltecas

o brasil está a ver-seameaçado neste

momento por umhabolha imobiliária

Page 16: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 201316 em anÁlise

o desmantelamento silente do sergasem anÁlise

A. r. G. / A ideologia neoliberal as-sinala que é necessário emagre-cer o Estado, e fazer que sejam aspessoas as que, elas sozinhas, as-sumam os riscos da sua vida. Omercado arranja todo, e coloca acada quem no seu lugar. Mas naatual sanidade “pública”, o lugarde case toda a gente é a exclusom.É o lugar em que ficam, após me-ses de cortes nos orçamentos, fe-ches de serviços, despedimentos eprecariedade, as pessoas idosas eas desempregados; as pessoas mi-grantes; as pessoas com doençascrónicas e também as pessoascom discapacidade.

Ainda nom somos cientes deque no atual sistema, com as mu-danças promulgadas pola Lei16/2012, as necessidades sanitá-rias ficam subordinadas ao capi-tal privado. Agora só ganham asempresas adjudicatárias dos gran-des hospitais e dos serviços demanutençom e gestom. O setorpúblico, as suas trabalhadoras ose as utentes saem perdendo.

Nesta reportagem tentámos es-clarecer quais som estas mudan-ças, porque semelha que aindanom sabemos como estám as cou-sas. Estamos “em estado deshock”, em palavras de ManuelMartín Garcia, médico em Ponte-Vedra, e Presidente da Federaçomde Associaçons para a Defesa daSanidade Pública, quem faloucom o NGz.

Quem vai ficar sem assistência?Quem isto escreve, ademais de terquerido toda a vida pôr “quem is-to escreve”, em plam arcaico, dei-xa de ter direito a umha assistên-cia sanitária no Sergas em abrildeste ano. Som umha das jovensde mais de 26 anos que nom coti-za, polo que teria que inscrever-me como Pessoa sem Recursos -PSR-, para ser atendida no Centrode Saúde que me corresponde. Is-to é o que di a Lei 16/2012, mas,como assinala Manuel Martín, ogoverno estatal meteu um mendopara evitar a rebeliom popular. Anom ser que se ganhem 100 mileuros por ano, as jovens que nomcotizam podem seguir no cartomsanitário dos pais e maes. Mas é

apenas um arranjo momentáneo.Também tirou do nada a Junta umarranjo para manter as pessoasmigrantes em situaçom nom re-gular cobertas; e as mulheres ehomens separados que nunca tra-balhárom podem voltar, circuns-tancialmente, ao cartom dalgumfamiliar. “O Sergas mandou umhacircular onde explicam como re-solver estes 'problemas burocráti-cos', mas a informaçom é mui po-bre, mesmo nos pontos de aten-çom. Também é certo que nalgunscentros, de má-fé, estám a ser vul-nerados direitos básicos, negandoa assistência a algumhas pessoas,baseando-se nesta estratégia dadesinformaçom”.

Porém, os mais prejudicadoscom os cortes som, sem dúvida,as pessoas idosas jubiladas, asdoentes crónicas e as pessoas comdiscapacidade. Agora terám quepagar polos medicamentos, polotransporte sanitário e polas próte-ses. “O Ministério da Saúde espa-nhol suprimiu o pagamento de400 medicamentos mui comuns,para o tratamento de doenças cró-nicas, e alguns deles subírom depreço 100%. Há gente que vem àsnossas consultas, que nom está re-tirando o que lhe prescrevemos,porque simplesmente nom po-dem”, sublinhou Manuel Martín,enquanto também se referia ao

facto de que muita gente terá quepagar polas próteses, adiantando,muitas vezes, até o total do seucuste, que pode atingir seis mil eu-ros, nalguns casos.

Mas, para além disso, está ocusto do transporte. Sirva comoexemplo a situaçom de 600 pes-soas, de Lugo à Marinha, que pornom terem assistência nos centrosmais próximos, tenhem que viajarate a Corunha para receber radio-terapia. O trajeto, de mais de 60minutos para algumhas pessoas,vai custar dez euros, cinco na idae cinco na volta.

O que está a acontecer com oshospitais? Vam fechar PAC's?Em linhas gerais, os cortes no or-çamento, traduzírom-se numhasérie de perigosas medidas. “O or-çamento desceu em mil milhonsde euros na Galiza, se temos emconta os cortes totais das partidasdestinadas ao Sergas desde o ano2009”, salientou Martín. Isto tra-duz-se na baixa do número de ca-

mas nos hospitais, e na paralisa-çom das atividades das tardes, co-mo as intervençons cirúrgicas ouas provas diagnósticas. “Deste jei-to, aumentam as listas de espera,cujos dados reais som maquilha-dos e ocultados pola Junta”, co-mentou o porta-voz de SOS-Sani-dade Pública, enquanto punha co-mo exemplo as 19 mil pessoas queestám em espera na área de Vigo.“As listas aumentárom por voltade 10-15%”, dixo.

E a atençom primária, a peçafundamental para que um dosmais eficientes sistemas de saúdedo mundo funcione, também so-freu um severo recorte de 9-10%do orçamento total, enquanto fi-cou paralisado o plano de melho-ra, que previa a criaçom de 60 no-vos Centros de Saúde. “Quasenom se vam abrir novos centros, edentre os poucos que se vam abrirestá o de Marim, que exemplificacomo vai ser a cousa à perfeiçom:com um corte de 30% na sua su-perfície, em equipamento e mate-rial. O que se está a fazer é perpe-tuar a deterioraçom e as dificulda-des dos pacientes para aceder aosrecursos”, diz Martín García.

Sobre a possível eliminaçomde PAC's no rural, o porta-voz deSOS-Sanidade Pública di nom terclaro o que realmente vai ocor-rer. Depois do escándalo de se-

rem fechados vários Centros deSaúde em Castilla-La Mancha, apopulaçom galega está preocu-pada, e com razom, já que, se-gundo Martín García, “a Juntatem um plano para eliminar asurgências, mas ainda nom foiposto em andamento devido aosúltimos escándalos políticos quetocam o partido no governo”.

Porque se culpabilizou as trabalhadoras sanitárias?Enquanto a saúde era vendida, afunçom pública aparecia nosmeios de comunicaçom empresa-riais como umha carga, e nom co-mo umha garantia do Estado doBem-estar. O médico Pablo Vaa-monde -entrevistado no NGzNº117- afirmava no livro A saúde

como negócio que “a intoxicaçominformativa nom só pretendeofender as funcionárias, comotambém desprestigiar os serviçospúblicos. Nada é casual, há umhaestratégia ultraliberal que procu-ra degradar o público e gerar es-paços de negócio para os mesmosde sempre”. Como exemplo, to-mamos as primeiras planas do jor-nal La Voz de Galicia de há ape-nas uns meses: junto às notíciassobre os “esforços” que estavam afazer os diretivos das ex-caixaspara levar adiante a sua fusom, esalvar os aforros galegos, publica-vam informaçons sobre o supostouso nom profissional dos telefo-nes do Sergas por parte dos seustrabalhadores.

Para Manuel Martín, no Sergasestá a haver, ademais, um “ERE en-coberto”, enquanto se congela a en-

analisamos o Gorentoso neGócio da saúde na Galiza

Sanidade esbandalhada, ou comoas empresas nos roem na saúde

o efeitos do mercadona saúde conduzemmilhares de pessoas

para a exclusom

há centros em que sevulneram direitos

básicos ao negar a assistência a pacientes

pacientes da provínciade lugo som obrigadasa deslocar-se à corunha

para a radioterapia

Nom sabemos ainda de que jeito se está a converter o Sergas num sistemacruel com os débeis, racista e desigual. Quase nom somos cientes de co-mo o PP está a botar diretamente nas maos das macroempresas um dosmelhores sistemas de saúde pública do mundo. Que está a acontecer com

o nosso direito à assistência sanitária? A cousa é simples: estamos a viverem primeira pessoa o desmantelamento dos serviços públicos, unido aodesprestígio dos seus trabalhadores. Notamos o neoliberalismo a roer-nosa saúde, mas ainda nom sabemos como.

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17em anÁliseNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

trada de novo pessoal, nom se co-brem as vagas das jubilaçons e hádespedimentos de trabalhadoresinterinos e contratados. “Nos pró-ximos cinco anos, calculamos quevai haver umha reduçom de 10-15% no pessoal, o que levará a ter-mos as consultas massificadas, en-quanto mingua a qualidade daatençom”. Para além, o quadro depessoal do Sergas desceu em 20%em só dous anos, e eliminárom pa-gas extras e licenças. Todo istotendo em conta que os soldos dastrabalhadoras sanitárias na Galizasom dos mais baixos do Estado.

Quando vam mudar as cousas? “Ainda nom o sabemos”, diz-nos oporta-voz da SOS-Sanidade Pú-blica, “mas o facto de que os polí-ticos que mandam foram apanha-dos em flagrante delito, com asmaos no envelope, ganhando car-tos à custa da corrupçom, fai queesperem antes de tomar estas me-didas tam brutais”. Mas ManuelMartín está certo de que há de ha-ver novos cortes, na carteira deserviços e nas pensons, se o cená-rio político nom mudar a curtoprazo. Porque, afinal, “detrás dasaúde pública há umha enormequantidade de dinheiro, 40% doorçamento total da Junta”, o que éum mui gorentoso doce para asmacroempresas, agora que o se-tor da construçom foi a pique.

Porém, ainda que os mediaempresariais estejam a dar umhavisom totalmente catastrofistados cenários da crise, e ocultemde propósito os efeitos dos cortesna Saúde Pública, a gente come-ça a estar queimada. Para os me-ses de fevereiro e março progra-márom-se vários encerramentosem hospitais e centros de saúde,assim como várias mobilizaçons,na defesa do público. “Há mal-es-tar, mas, devido à falta de infor-maçom, a gente ainda nom sabeda missa a metade”, assinalaMartín García, para concluir que,até agora a resposta cidadá foipouca, mas havemos saber o querealmente estám a fazer com osistema de saúde quando tiver-mos que passar as tardes numhasala de espera na privada.

o sergas acapara 40%do orçamento da Junta,

um doce gorentosopara as empresas

Quais som os efeitos que estám

a ter os cortes na Saúde nas

pessoas com discapacidade?

Para falar disto, penso que deve-ríamos estabelecer dous ámbitosdiferentes: um estritamente cin-gido às pessoas com discapacida-de como possuidoras de um cer-tificado e, outro, a como lhes afec-ta como cidadaos que, pola suadiscapacidade, podem ter maisrelaçom com a Sanidade. Comopossuidores de um certificado dediscapacidade, mantenhem todosos seus direitos de acesso a umhasaúde universal e gratuita. Comocidadaos afecta-lhes como ao res-to de galegos e galegas, já que setenhem rendimentos e/ou estámprotegidos por algum regime -porexemplo, dados de alta na Segu-rança social-, aplicasse-lhe omesmo tratamento económicoque aos demais. Deixando bemclaro que discapacidade nom é si-nónimo de doença, é evidenteque as pessoas com discapacida-de estamos muito mais expostasa sobrecustos, que se acrescen-tam ao maior gasto que temos nonosso dia-a-dia, por nom viver-mos num ambiente nom normali-zado (transporte, vestido, viven-da, serviços, etc.).

Mas, ademais de aspetos muivisíveis como pode ser o copaga-mento, existem outros elementosmui importantes, como deixar ainvestigaçom em temas relacio-nados com as doenças raras, quesom altamente discapacitantes,ou o abandono de tratamentosexperimentais ou mui custosos.Nesses casos estámos falandonom de qualidade de vida, masda própria vida.

Quais som as vossas principais

reclamaçons como coletivo?

Que está a acontecer com o te-

cido asociativo no que diz res-

peito à persistencia dos cortes?

A nível tecido associativo na Gali-za -noutras zonas do Estado nomse pode dizer o mesmo-, aindanom se tem notado de modo muisignificativo os cortes das Admi-nistraçons. O que se notou muitofoi o desaparecimento das ObrasSociais das entidades financeiras.Que nom nos tenha afetado demodo importante nom quer dizerque nom estejamos mal. A crisechegou num momento em queainda estávamos mui longe de terum tecido associativo capaz desuprir a obrigaçom pública demanter uns serviços e prestaçonsque permitissem às pessoas comdiscapacidade levarem umha vi-da normalizada e autónoma. Ain-da começávamos a assomar. Por-tanto, a nossa reclamaçom, a nos-sa luita do dia-a-dia, aqui e hoje, énom desandarmos o longo, labo-rioso e difícil caminho empreen-dido. Ante a crise temos que nosmanter firmes e nom dar nem umpasso atrás.

Que papel devem tomar as as-

sociaçons e coletivos como a

Cogami neste momento?

O papel é o mesmo que vínhamos

desempenhando. Alguém dixoque a discapacidade sempre esti-vo navegando em crises, e defen-der e reivindicar os direitos deum grupo social endemicamenteafetado pola discriminaçom e operigo de exclusom. Temos queprosseguir na primeira linha, co-mo sempre figemos, para quenom esqueçam que estamosaqui. Por outro lado, temos queser altamente proativos, temosque desenhar propostas novas,modos diferentes de trabalharnesta novo ambiente, e sermosmui escrupulosos na utilizaçomdos recursos. Slogans como 'YesWe Can', ‘Fazer Mais com Me-nos’, a nós soa-nos a velho, já queo vimos fazendo toda a vida.

O que se conseguiu em décadas

de trabalho e luita pola inclu-

som e o bem-estar das pessoas

com discapacidade e das suas

famílias, está em risco?

Se o País vai a pior, nós fazemosparte do País e vai-nos afetar.Existe o perigo de que nos vol-tem a enviar para o limbo, para aperiferia da sociedade. Quandoos recursos som mui escassos,quando surgem novos grupos oucoletivos sociais com grandes ne-

cessidades sem cobrir como pes-soas desempregadas ou gentesem recursos, o conceito de soli-dariedade perde-se bem logo. Osalve-se quem puder está naolhada de muita gente. Se temosem conta que todas as situaçonsnegativas que estám a ocorrer,nas pessoas com discapacidadetenhem um efeito multiplicador,mais que irmos a pique, pode-mo-nos encontrar no fundo domar. Mas temos luitado toda a vi-da, temos caminhado muito sós enom nos vamos render.

Qual é o papel do Governo no

que diz respeito à atençom do

coletivo de pessoas com disca-

pacidade? E com as pessoas em

situaçom de dependência?

O seu papel tem que ser o mes-mo que no que diz respeito àatençom de qualquer outro cole-tivo. O Governo tem a obrigaçomde melhorar a qualidade de vidados cidadaos. Mas se o enlaça-mos com o tema da dependência,o que tem acontecido é que a Leide promoçom da autonomia pes-soal e atençom às pessoas em si-tuaçom de dependência nasceusem orçamentos e, portanto,atuou como umha gigantescasanguessuga, que deixou semfluido orçamental os serviços eprestaçons para a discapacidade.Se umha Lei tam importante quenasce sem orçamentos, compressas e sem planeamento nomfunciona em época de bonançaeconómica (2007), em situaçonsde recessom económica, com de-ficit na Segurança Social, comum enorme aumento da deman-da das pessoas em exclusom so-cial, já podemos imaginar. Milha-res de pessoas esperando que sefagam efetivos os direitos reco-nhecidos na Lei. Umha desfeita.

anxo queiruGa, Presidente da confederaçom GaleGa de Pessoas com discaPacidade

“O sobrecusto dos cuidados dasaúde une-se ao gasto de nomviver num ambiente normalizado”

A. r. G. / Um dos coletivos que mais está a sentir os cortes naSaúde Pública, para além dos cortes nos serviços sociais em ge-ral, som as pessoas com discapacidade. Do NGZ falamos com

Anxo Queiruga, presidente da Cogami, quem nos contou qual éa situaçom das pessoas com discapacidade que fam parte dasassociaçons que conformam esta entidade, e das suas famílias.

Page 18: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

18 a exame Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

a exame seis empresas concorrem para se repartir cerca de 3000 máquinas que serám instaladas no país

no mes de junho aProvou-se o decreto que reGula as aPostas na Galiza

As grandes empresas do jogo afiançam-se naGaliza com a nova lei de apostas desportivas

XAVi MiQUEl / O volume de negó-cios das apostas desportivas nompára de crescer nos últimos anos.Segundo o relatório de 2011 da Co-misson de Mercado de Telecomu-nicaçons, as apostas representa-vam cerca de 4 % do total do co-mércio eletrónico no Estado espa-nhol. Em 2011, as apostas dérom370 milhons de euros de rendimen-tos, que em 2014 poderám chegara 800. Estas empresas suportamumha fiscalidade dentre 15 e 25%,dependendo do tipo aposta, masquase todas as empresas de apos-tas através da Internet operam apartir de paraísos fiscais, o quelhes permite se subtraírem aos im-postos e assim multiplicar os ga-nhos. As relaçons entre o setor dojogo e a lavagem de capitais sombem conhecidas. Agora, com o jo-go online, esta atividade criminaltornou-se mais simples, comoconstatam relatórios de especialis-tas na matéria. Mediante os car-tons de pré-pagamento impessoais(cujo rasto é impossível de seguir),podem-se branquear quantidadesenormes de dinheiro através dasapostas e dos prémios online. E alei estatal nom obriga a que umhaempresa do jogo online esteja radi-cada fisicamente em território es-panhol, de modo que as empresaspodem continuar a agir a partir deparaísos fiscais sem que o delitoconsiga ser rastejado. Ademais, asapostas online facilitam a conver-som em dinheiro líquido do dinhei-ro negro que se injeta nas platafor-mas do jogo, facilitando assim obranqueamento.   

O grande empório galego: ComarEntre as empresas que concôrremestá a Comar, presidida por JoseCollazo Mato. A Comar é umha dasmaiores empresas de jogo da Gali-za e da Espanha e José Collazo éum homem que tem influência epoder nas altas esferas. Começouna Costa da Morte, com um peque-no negócio de máquinas automáti-cas de prémio, as populares traga-perras, e foi tecendo um empórioempresarial, baseado no negóciodo jogo, mas também com interes-ses em parques de estacionamentoe imobiliárias. Umha dessas empre-sas é a Invest Co, a principal pro-

motora da Marineda City, em par-ceria com as firmas de Manuel Jovee José Souto. A participaçom da In-vest Co nom é de estranhar, poisCollazo Mato tem muita influênciana Corunha, onde prosperou nosnegócios em paralelo à ascensomdo antigo alcalde Pachi Vázquez(PSOE), com casos polémicos co-mo o da requalificaçom de 100 hec-tares pouco antes da aprovaçom doPlano Geral, ou também um hotelem construçom em Oleiros.

Entre o PP e a extrema-direitaE, na seqüência da aprovaçom daLei de Jogo no verão, desembar-cou entre nós umha das grandesempresas espanholas, a Codere,fundada em 1980 em Madrid polafamília Martinez Sampedro e osirmaos Franco (netos do ditador).O presidente atual do grupo, JoséAntonio Martínez Sampedro, foiconcelheiro (PP) numa localidademadrilena e a sua antiga militân-cia no partido de extrema-direitaFuerza Nueva nom é um segredopara ninguém. Por outro lado, osirmaos Franco abandonárom a

empresa há alguns anos, depoisde um deles ser detido nos Esta-dos Unidos, acusado de suborno afuncionário público em relaçom aapostas na Internet. Nom é o úni-co caso. A Recreativos Franco temvários processos abertos em dife-rentes Estados. Assim, na Itália,uma acusaçom da Fiscalia Anti-Máfia, que investiga a introduçomdas máquinas de premio no Brasil,conclui que a empresa dos irmaosFranco foi “utilizada para lavar odinheiro dos cartéis da droga co-lombianos” e assegura que a Re-

creativos Franco “é umha empre-sa utilizada e infiltrada pola Má-fia”. Nas últimas semanas, a Code-re foi objeto de polémica, já quevárias empresas internacionaisacusárom o ministério espanholda Fazenda de beneficiar a Coderecobrando-lhe umhas dívidas ante-riores, coincidindo como por aca-so com a tramitaçom da Lei do Jo-go estatal. E denunciavam, ainda,um possível tráfico de influências,já que o irmao de Montoro foi atéo ano passado sócio do lobby Equi-po Económico (lobby empresarial

onde também está a Codere) e oirmao do presidente do lobby é ochefe de gabinete do dito ministé-rio. Para desembarcar na Galiza,parece que a Codere quer unir for-ças com a Comar, para o negóciodas apostas desportivas.

empresas de apostasna internet operam apartir de paraísos fiscais

Outras duas empresas queconcorrem às licençassom a grande empresa

do jogo catalá, a CIRSA (median-te a sua filial a Sportium) e a Ega-sa, presidida por Jose GonzalezFuentes e que nos últimos tem-pos tem medrado de forma es-pectacular, passando a ser a pri-meira empresa galega no setordo jogo. Da CIRSA, o NOVAS DA

GALIzA já tem informado em re-ferência à investigaçom judiciá-ria por lavagem de dinheiro dotráfico de drogas (inquérito queafinal foi arquivado) e à deten-

çom do seu presidente, ManuelLao, na Argentina, ao tentar in-troduzir 500.000 euros sem de-clarar. Na Galiza, a CIRSA, alémde arrepanhar a maioria das li-cenças de máquinas automáticasde prémio nos primeiros anos dofraguismo, foi também proprie-tária do Casino da Toja. As reite-radas tentativas desta empresapara abrir um novo casino em Vi-go ou transferir para aí o já exis-tente contrariavam a legislaçomgalega do jogo, que nom permiteabrir dous casinos na mesmaprovíncia. Assim, em março do

ano passado, o Tribunal Consti-tucional espanhol confirmou me-diante sentença que não era per-mitido transferir o referido casi-no. Mas, eis que, com o debate so-bre o projeto da Eurovegas, osproprietários do Casino da Tojapedírom a alteraçom da regula-mentaçom a nível estatal e asmesmas vantagens que terá o ma-croprojeto do magnate SheldonAdelson. Em 2010, a EGASAcomprou metade do Casino daToja, e assim o proprietário daempresa, José González Fuentes,passava a ser o novo presidentedo Casino, numha operaçom queera conseqüência da relaçom en-tre ambas as companhias do jogo. 

cirsa, eGasa e o casino da toja

Em finais de fevereiro, a Junta decidirá sobre as adjudicaçons da lei de Apos-tas Desportivas. De momento, seis empresas concorrem para se repartir cer-ca de 3000 máquinas que serám instaladas no País. Em 7 de junho aprovou-se o decreto que regula as apostas da Galiza, que incorpora toda as normas

referentes às apostas online, um negócio a crescer em vários Estados euro-peus, entre os quais o espanhol, nomeadamente em Madrid e em Euskádi. Alei permitirá instalar 2000 máquinas de apostas em tempo real, no setor dahotelaria e outras 700 em casinos, bingos ou estabelecimentos específicos.

comar é umha dasmaiores empresas de

jogo do estado

Page 19: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

S.P. / Comecemos com umha fórmulacomercial: deixaria de ter umha televi-som e umha rádio próprias, pagandoapenas três euros por mês?

Isso é o que cada um/a de nós pagacada mês pola nossa televisom pública.Agora só falta sermos conscientes dissoe reivindicar o nosso.

Até 1992 nom houvo concurso com ga-rantias para se aceder aos postos de tra-balho e mesmo nesse processo de sele-çom ocorrêrom eivas, como as qualifica-çons na prova de galego, eliminatória pa-ra várias categorias, que fôrom pontua-das nos tribunais da TVG por todos osseus membros, enquanto na Radio Gale-ga, se impujo a tese de que todo o tribunalacatava a pontuaçom que os especialistasem galego, professores de Filoloxía Gale-ga da USC, outorgavam aos aspirantes.

No processo extraordinário de conso-lidaçom de emprego que a CRTVG le-vou adiante em 2011 nom houvo provade galego, e os examinandos eram dis-pensados de demonstrar os conheci-mentos de língua galega e os específi-cos para a vaga a que se candidatavam.

Futuros cámaras, redatores, produto-res, locutores, técnicos de som …, reali-zárom um exame tipo-teste cujas per-guntas conheciam previamente. Os de-

zes fôrom quase unánimes, e para se re-solverem os empates tinha-se em contao tempo trabalhado na CRTVG ou nassuas sociedades.

A dia de hoje cerca de mil pessoas tra-balham na CRTVG e nas suas socieda-des, segundo explicou em sede parla-mentar o diretor-geral da companhia,Alfonso Sánchez Izquierdo, os gastosde pessoal achegam-se a 36% do orça-mento, fixado em 2013 em 103 milhonsde euros, e som, segundo as suas pró-prias declaraçons, “insustentáveis”.

As contas reais som outras. Cerca demil trabalhadores custam 20% do orça-

mento e pouco mais de 40 altos cargos,entre eles os 12 membros do conselho deadministraçom, levam 15’6% desse mes-mo orçamento. Um dado importante, queo diretor-geral da Compañía esqueceu es-clarecer no Parlamento da Galiza.

O decreto dos meios públicosO orçamento da CRTVG para o 2013,estes 103 milhons de euros, som real-mente um bocado apetecível para asempresas privadas de comunicaçom, asquais, nom obstante, já recebem 26 mi-lhons de euros, segundo explicou namesma comparecência o diretor-geral.

Som fundamentalmente três produ-toras: CTV, Faro (propriedade do jornalviguês) e Vídeo Voz (propriedade de La

Voz de Galicia), as que comem a maio-ria deste orçamento. Sem negar a ne-cessidade de contratos externos para arealizaçom de séries de ficçom, a nin-guém se lhe escapa que há programasque poderiam ser realizados por pes-soal fixo da TVG com menores custos eigual ou maior qualidade.

De tempos para acá, com a quebradas receitas publicitárias nos meios decomunicaçom, a agressividade contraos meios públicos galegos tem vindo atornar-se mais intensa da parte dou-tros meios propriedade das mesmasprodutoras às quais o botim de cento etrês milhons de euros lhes é realmentegorentoso. A privatizaçom dos meiospúblicos galegos é umha ameaça real,e mais depois de o Conselho da Junta

aprovar a transformaçom em corpora-çom mercantil da, até agora, empresapública CRTVG e as suas sociedades.

Manipulaçom da informaçomEfetivamente, a Rádio e a Televisom pú-blicas manipulam a informaçom e nomsegue critérios profissionais mas os in-teresses do governo do momento.

Os chefes de cada área elegem cuida-dosamente os seus redactores-chefes,editores de informativos e responsáveisde tal maneira que nom é preciso da-rem nengumha instruçom. Às vezes asprecauçons sobre o que gosta ou nomgosta som de tal calibre que nom se emi-tem informaçons de partidos da oposi-çom mas sim a contestaçom do Gover-no a essas informaçons.

Cidades como Santiago e a Corunhacom governos do PP seguem todos odias a informaçom gerada polo governolocal, e deixam sem cobertura a oposi-çom, enquanto noutros concelhos comoVigo e Lugo, a situaçom é exatamente acontrária. Nestes casos é de interesse oque tenha a dizer a oposiçom face às de-claraçons dos governos locais.

Estamos num momento crucial. Seforem cumpridos os prazos, antes defindar o primeiro semestre do ano, aCRTVG e as suas sociedades passaráma ser umha corporaçom mercantil.

Estes meses servirám para que um“comité de peritos” sem nomes nemapelidos, decida como irám ser os meiospúblicos galegos. Umha decisom muigrave que se está a construir de costasviradas aos cidadaos e, evidentemente,aos trabalhadores do ente público.

É o momento de intervirmos, de fa-zermos constar que os contribuintessentimos os meios públicos como nos-sos, e de pedir um espaço de opiniom.

Como o fazermos, parece complicadode mais para ser tratado nestas linhas.

19mediaNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

media a crtvg é um bocado apetecível paras as empresas privadas de comunicaçom

Meios públicos, maisnecessários que nunca

notas de rodaPé

Tramposos, trapaceiros, enfestadores e viga-ristas fam-se mais visíveis nos noticiários as-

sim que chega a bancarrota.

Ojornalismo está no centro da imagem e o pú-blico espera novas, investigaçom, dados.

Mas onde está a informaçom?

Vemos regressar a moda funesta de maldizer apolítica. Há quem apresse a conclusom de

que seria preferível abdicar da política, algo com-parável a generalizar a amputaçom para todas asferidas. É como reclamar o regresso da Ditadura.

Mas se a política é funesta, como dim os mediados proprietários e dos seus agentes, a liberda-

de de informaçom será perniciosa. Afinal, como é?

Invadem-nos as novas inzadas de desculpas nompedidas. O presidente da Junta produz cada três

horas um epigrama exculpatório. O seu oportunis-mo recebe espaço de honra nos telejornais.

feijoo nega conhecer Pablo Crespo. Nom foraCrespo da equipa de Feijoo em Política Territo-

rial? Nom falara nunca com quem no seu tempode vice-presidente de Fraga era secretário de orga-nizaçom do PPdeG? Nom existem hemerotecas?

Rajoy lança umha guindola ou salva-vidas aBárcenas é a Junta exalta a biografia de sa-

crifício e seriedade do contável do verde gabám.Da Suíça revelam um segundo depósito milioná-rio e Feijoo assegura que o assunto é privado.

Os trabalhadores da TVG protestam contra ainvasom dos Telejornais por parte da Junta.

Nom podia a queixa ser mais oportuna nem a ma-nipulaçom mais infame: obrigárom-nos a contarque as listas eram falsas, filtradas por Trías ou, secalhar, inventadas por Pujol para se vingar.

AJunta comenta as revelaçons da lista de Bárce-nas em diferido: antes acomoda a sua imagem

às reaçons de cada bando do PP em Madrid. Masos titulares duram menos que a passagem dum rea-tor em rasante. O resultado é que os atuais repre-sentantes da Autonomia aparecem como amanuen-ses delegados, sem critério nem autoridade.

fam um poderoso favor à instituiçom. A deser-çom obriga os diários da sua corda a procura-

rem informaçons doutras fontes com todo o po-der simbólico que esta imagem de recadeirosalheios transmite ao povo.

Comprovem-no no original juízo político queacaba de projetar o presidente da Junta: “o

que nós poidamos opinar sobre este assunto, pou-co adianta porque, depois de todo, há ser a Justi-ça a que diga a derradeira palavra”.

informaçomsubsidiária,oportunismo e mentiras

nos processos de consolidaçom de

emprego nom houvoprova de galego

Page 20: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

rAUl riOS / Este dado globaloculta os fortes desequilíbriosterritoriais que se dam entre ospaíses do norte e do sul. En-quanto as naçons do TerceiroMundo costumam consumirmenos recursos dos que dispo-nhem, nos países ocidentais oconsumo é tal que, se estivessegeneralizado mundialmente,seria preciso muito mais dumplaneta e meio para ser susten-tável. Por exemplo, se todo omundo consumisse ao ritmodos Estados Unidos, fariam fal-ta até cinco planetas Terra. AGaliza acha-se neste últimogrupo: se a populaçom mundialtivesse os hábitos de consumoque tenhem as galegas, fariafalta até três vezes a superfícieda Terra para que fosse susten-tável a longo prazo.

Quantificar o ambienteO indicador mais popular empre-gado pola economia ecológica pa-ra quantificar esta realidade é tal-vez a “pegada ecológica”. A pega-da ecológica é a área de territórioecologicamente produtivo neces-sária para produzir os recursosutilizados e para assimilar os resí-duos gerados por umha popula-çom definida. Isto é, o número dehectares produtivos de que neces-sita umha sociedade para mantero seu ritmo de consumo médio in-definidamente.

Este conceito complementa-secom o de biocapacidade, a produ-çom biológica dum território. É acapacidade produtiva da soma deculturas, pastos, florestas, maresprodutivos e também a superfícieartificializada ou degradada.

O deficit ecológico é a diferençaentre a pegada ecológica, aquiloque umha sociedade consome, e abiocapacidade do seu território,aquilo que poderia produzir a lon-go prazo sem danar o meio. Queum país tenha deficit ecológico,como acontece na Galiza, quer di-zer que se estám a consumir maisrecursos dos que se disponhem.

O fenómeno do deficit ecológi-co tem duas consequências salien-táveis: por umha banda, estám-sea consumir os recursos necessá-rios para as geraçons futuras e,por outra, estám-se a consumir re-

cursos procedentes doutros paí-ses que tenhem superavit ecológi-co, nomeadamente países pobres.

A pegada galegaNom é fácil conhecer a pegadaecológica da Galiza devido à au-sência de informes relativos aoterritório. Os últimos dados cominformaçons referidas ao nossopaís partem dum estudo do Mi-nistério de Meio Ambiente espa-nhol: “La huella ecológica comoelemento de valoración integra-da de la sostenibilidad del desar-rollo”, datado em 2005, que se li-mita a informar da pegada ecoló-gica global do País: 6,64 hectarespor pessoa, com umha biocapa-cidade de 4,4 ha/cap. Assim, odeficit ecológico da Galiza situa-ria-se em 2,24 ha/cap: consumi-mos 50% mais do que o nosso

Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 201320 em anÁlise

só há 1,25 hectares produtivos por galega enquanto cada galega emprega 6,26 hectares para o seu consumoem anÁlise

Galiza consome cinco vezes mais recursos dos que Pode Produzir ecoloGicamente

Viver por riba das possibilidades“O desenvolvimento sustentável é aquele que satisfai as necessidades da gera-çom presente sem comprometer a capacidade das geraçons vindoiras para sa-tisfazerem as suas próprias necessidades”. Esta é a definiçom de desenvolvi-mento sustentável recolhida em 1987 polo relatório das Naçons Unidas “O nos-

so futuro comum”. Mas a realidade é que hoje estamos ainda muito longe dessaideia de sustentabilidade; de facto, imo-nos afastando cada dia. Segundo a Glo-bal Footprint Network, a humanidade já chegou a um ponto em que precisariade mais outro meio planeta para que o seu consumo fosse sustentável.

precisaria-se maismeio planeta para

soster o consumo atual

o défice ecológico afetaas geraçons futuras

e os países do sul

a PeGada em números

COMPONENTEPegada ecológica

(hag/cap)Capacidade de carga

(hag/cap)Deficit ecológico

(hag/cap)

Cultivos 0,25 0,14 0,11

Pastos 1,94 0,16 1,78

Bosque 0,39 0,35 0,04

Terreo ocupado 0,07 0,07 0

área de absorçom de CO2 2,18 0 2,18

Mar 1,43 0,39 1,04

Biodiversidade (-12%) 0,75 0,13 0,62

Total (sem biodiversidade) 6,26 1,11 5,15

Total (com biodiversidade) 7,01 1,25 5,76

FONTE dE AMBAS GRáFiCAS: elaboraçom própria a partir de"Desarrollo sostenible y huella ecológica. Una aplicación a la economía gallega". Federico Martín Palmero (editor)

8

7

6

5

4

3

2

1

Pegada ecológica (hag/cap)

Capacidade de carga(hag/cap)

Deficit ecológico(hag/cap)

biodiversidade (-12%)

Mar

área de absorçom CO2

Terreo ocupado

bosque

Pastos

Cultivos

comPosiçom da PeGadaecolóGica na Galiza

Àsemelhança doutros indicadoresambientais, a pegada ecológica me-de a realidade económica em termos

físicos, nom monetários. Deste modo, a eco-nomia ecológica procura quantificar reali-dades económicas que, por ficarem à mar-gem do mercado, nom aparecem consigna-das na contabilidade convencional. Assim,a pegada ecológica permite medir aqueleespaço físico produtivo de que precisa de-terminada sociedade para se abastecer dos

recursos que consome e para assimilar osrefugos que gera, independentemente dalocalizaçom real desta área.

A preocupaçom com a existência de li-mites físicos ao consumo de recursos na-turais nasce já no século XIX, mas é só nasegunda metade do século XX que come-ça a adquirir um sentido global. O cumede Estocolmo (1972) confere um reconhe-cimento oficial às análises dos economis-tas que vinham estudando este problema.

Dessa reuniom nasce o relatório “Os limi-tes do crescimento”, sob a direçom deDennis L. Meadows.

Novos cumes teriam lugar nos anos se-guintes, mas é em finais da década de 80 eprincípios da de 90 que começa a desenvol-ver-se toda umha série de indicadores como objectivo de medir com umha metodolo-gia científica o impacto real do ser humanosobre o ambiente. É neste contexto que, em1995, William Rees e Mathis Wackernagelideiam o indicador da pegada ecológica.Desde 2003, a Global Footprint Network é aorganizaçom sem fins lucrativos que se en-carrega de investigar e divulgar todo o rela-tivo à pegada ecológica.

A pegada ecológica

a maioria da pegadaecológica galega estáno consumo alimentar

*Hag/cap: Hectares globais por habitante

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território nos pode oferecer sus-tentavelmente.

Mas o referido estudo nommostra nengum dado desagre-gado sobre a pegada galega. Aúltima informaçom publicadaque especifica os componentesda pegada ecológica galega é oestudo “Desarrollo sostenible yhuella ecológica. Una aplicacióna la economía gallega”, do pro-fessor da Universidade da Co-runha Federico Martín Palmero,com dados de entre 2000 e 2002.

Este estudo, menos recentemas muito mais completo, esti-ma a pegada ecológica galegaem 6,26 ha/cap (ou 7,07 tendoem conta o conservaçom da bio-diversidade). Mentres, a capaci-dade de carga do território esta-ria, sempre seguindo o estudode Palmero, em 1,25 ha/cap (amundial é de 2,15). Assim, o de-ficit ecológico galego, aquiloque se consome contra as ne-cessidades das geraçons futurase doutras naçons, representa5,76 hectares por pessoa. Se-gundo este estudo, o deficit eco-lógico aumenta até representarcinco vezes a biocapacidade doterritório galego.

A pegada ecológica é com-posta por três matrizes: alimen-taçom, uso florestal e energia.A parte que tem mais peso napegada ecológica média de ca-da galego é a da alimentaçom:3,62 ha/cap do total de 6,26(58%). Segue-lhe a pegadaenergética, quantificada em2,17 ha/cap (35% do total).Grande parte do peso destacomponente explica-se polaárea de absorçom de CO2 ne-cessária polas centrais térmicasde Meirama e das Pontes. O usoflorestal é o que menos pesotem: 0,39 hectares por pessoa.

Sem vontade política A Junta anunciara em 2011 queestava interessada em realizarum estudo sobre a pegada eco-lógica no País, com motivo dapresença em Compostela dumdos criadores do indicador,Mathis Wackernagel, que sereuniu com Agustín Hernán-dez, conselheiro do Meio Am-biente. Passado um ano doanúncio do Governo galego, equase dez anos depois da pu-blicaçom do último estudo de-sagregado realizado, nom hánengumha notícia sobre novosrelatórios científicos sobre apegada ecológica galega.

21crónica GrÁficaNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

crónica GrÁficaa Junta incumpriu apromessa de estudar

a pegada da galiza

o deficit ecológico quintuplica a

biocapacidade galega

O EsTUDANTADO GAlEGO estivo em greve contra a 'lei Wert' / NGZ

MIlhAREs DE PEssOAs enchérom a praça de Quintana em protesta contra

a política lingüística da Junta / GalizaContrainfo

UMhA hOMENAGEM COlETIVA lembrou em salvaterra ao independentista recém falecido Manolo soto / GalizaContrainfo

A XIII MARChA CONTRA As PRIsONs denunciou a situaçom das pessoas presas

/ GalizaContrainfo

A INDEPENDENTIsTA MARIA OsóRIO voltou à Terra depois de sofrir 13 meses

de prisom sem julgamento

sINDICAlIsMO AlTERNATIVO e coletivos sociais de Vigo iniciam

concentraçons semanais / GalizaContrainfo

Page 22: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

22 cultura Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

cultura falamos deste projeto de educaçom visual que terá novos obradoiros na corunha até o verao

entrevista a mariola mourelo, de fotoeduca Galiza

Como surgiu a ideia de começar

com o projeto Fotoeduca? Pode-

rias explicar brevemente em que

consiste o mesmo?

A ideia surgiu há anos, quando co-nhecim o trabalho da fotógrafa JoSpence, que foi quem começoucom a fotografia documentária,mas logo decidiu que nom era asua história a que tinha de ser con-tada, mas sim a das pessoas do co-mum. Jo organizou obradoiroscom o titulo “O que pode fazerumha mulher com umha cáma-ra?” com mulheres de bairros deLondres, onde aprendiam a ler eescrever com a fotografia. Eramais um modo de empoderar asmulheres e de lhes dar ferramen-tas para se entenderem a si pró-prias e serem conscientes dassuas possibilidades, isso era o queimportava, que as mulheresaprendessem técnicas fotográfi-cas era secundário. Como tinhaformaçom fotográfica, e tenho es-tado ativa nos feminismos da Ga-liza nos últimos anos, achei quepodia ser também um modo decriar espaços de aprendizagem eempoderamento entre mulheres.Comecei há um par de anos num-has jornadas de autoformaçom fe-minista, depois em Sada e nesteano já fizemos duas na Guarda.Os obradoiros que começárom odia 16 na Corunha som os primei-ros que tenhem umha frequênciamensal, até Junho, e consistemem aprender individual e coletiva-mente a olhar a imagem, sentir erefletir sobre a sua mensagem ecomo esta é transmitida estetica-mente, para depois tomar açom esermos nós quem contemos a nos-sa própria história.

Onde é que estám as mulheres

na fotografia?

As mulheres temos estado em pri-meiro e segundo plano, outra cou-sa é como isto tem sido represen-tado na história e qual tenha sidoa perspetiva em que isto foi trata-do. Continua, por exemplo, a ha-ver um certo mito de que há pou-cas ou nengumha mulher fotógra-fa nos primeiros anos da históriada fotografia, ou que nom partici-

párom em determinadas práticas,como a fotoreportagem. Certo quehouvo mais homens a fazer foto-grafia do que mulheres, mas tal-vez fosse na fotografia onde asmulheres contribuírom desde osinícios e com umha participaçomque nom se tinha dado noutrasdisciplinas. A questom é que hásuficientes mulheres fotógrafasde qualidade como para que hou-vesse um maior equilíbrio entremulheres e homens fotógrafas, eque isto se fosse visibilizado.Quanto às mulheres em geral,pois mais do mesmo.

E falando em publicidade, senti-

mo-nos, em geral, identificadas

com a nossa representaçom no

dia a dia?

Nom nos sentimos identificadascom a representaçom visual quenos bombardeia através dosmeios de comunicaçom maciços.É mui triste, porque todas senti-

mos essa pressom de ser a mulherperfeita de bem pequeninhas, po-la família, na escola, na adoles-cência, no trabalho...é pois umhaluita sem fim por encaixar em es-tereótipos impossíveis o que nosfam sentir umha continua frustra-çom com o nosso corpo e com anossa vida. Construímos a nossaimagem para os demais e precisa-mos da aceitaçom dos outros pa-ra podermos aceitar a nossa vida.Sem importar os estudos, níveleconómico, qualidades pessoas esociais que tenhamos. No entan-to, este sentimento de raiva pode-se tornar nalgo construtivo, num-ha motivaçom de luita e autocons-ciência sobre o próprio corpo. Osimples fato de exprimir o quesentimos enquanto olhamos paraalguns exemplos de publicidadesexista já é um ato transformador.Muitas de nós nunca tínhamos fa-lado antes do mal que nos senti-mos com estas imagens, porquecusta reconhecer a dependênciaque temos da aceitaçom dos ou-tros, e que o fato de nos arranjar ede procurar estar lindas é respon-de à necessidade de fazer partede umha sociedade que nos sub-mete ao rol de mulher objeto.Aqui falamos sobre o tema duran-te um dia inteiro e tentamos ges-tionar essa frustraçom para trans-formá-la em açom através da con-trapublicidade ou da construçomvisual da nossa perspetiva de ser-mos mulheres. O corpo é o pri-

meiro campo de batalha a que nosenfrentamos. O feminismo comu-nitário que di que “...o corpo é ojeito de existir de cada ser huma-na/o, o corpo que cada umha temsitua-nos no mundo e nas rela-çons sociais que o mundo temconstruído antes de chegarmos aele”. Temos pois de começar pordescolonizar o corpo das mulhe-res de estereótipos físicos e socio-culturais, para depois expandir adescolonizaçom aos outros ámbi-tos da vida.

Nos obradoiros som oferecidas

respostas às imagens das mulhe-

res na publicidade. Que cousas

costumam sair daqui?

É mui interessante, porque amaior parte das mulheres recons-troem as imagens sexistas dummodo muito construtivo. Som muirápidas em reagir contra a men-sagem publicitária sexista ondeas mulheres som representadascomo santas ou putas, sem qual-quer autonomia na suas vidas esempre ligadas a um homem ou àsociedade patriarcal. Nom é habi-tual que se tentem trocar os roles,nem castigar os roles de homens.Acho que se compreende muibem que o feminismo, a alternati-va a umha situaçom de opressom,nom é a de usurpar o rol mascu-lino de poder, mas criar algocompletamente novo e baseadonuns valores mais ajeitados paraque a sociedade respeite a diver-

sidade ao mesmo tempo que ga-ranta a igualdade social e que to-das as pessoas sejamos mais feli-zes. Afinal, isso é que é o femi-nismo, nom é?

E nos média? Para além do vi-

sual, como achas que estám re-

presentadas as mulheres?

Os média realmente invisibilizammui bem as mulheres e a nossarealidade, precisamente “visibili-zando-nos”. Que é o quero dizer?Pois que falar de mulheres, semfalar da perspetiva das mulherese, portanto, da perspetiva do femi-nismo, é a melhor forma de fazerdesaparecer qualquer oportuni-dade de participaçom ativa dasmesmas. Fala-se de nós, mas semnós. Podemos ter os nossos espa-ços, os nossos programas, as nos-sas revistas, livros... mas só se per-mitem e potenciam aqueles quesom construídos a partir de umhavissom patriarcal da mulher e dosinteresses das mesmas. É um jeitomui efetivo de nos controlar. Asmulheres temos que ser conscien-tes disso e rejeitar essas gaiolasde ouro que nos oferecem. Simo-ne de Beauvoir explicava isto cla-ramente numha entrevista que lhefigérom aos 25 anos de ter escritoO Segundo Sexo. As mulheres te-mos que ter confiança nas nossaspossibilidades para mudar as cou-sas, e temos que nos apoiar entrenós para conseguir que a nossavoz, a voz de todas, seja escuita-da. Nom temos de pedir licençapara ser parte desta sociedade.Nom temos de aceitar o que se nosé oferecido. Nós somos esta socie-dade e, portanto, também nósconstruímos esta sociedade.

A.R.G. / Fotoeduca Galiza baseia-se no uso da fotografia e da imagem como ferra-mentas de aprendizagem da perspetiva feminista, com o fim de criar conheci-mento e fortalecer as pessoas através das próprias experiências. Mariola Moure-lo, responsável do projeto, realiza obradoiros em que se fai um percurso polanossa memória visual, pola nossa história ou polas imagens que som dadas de

nós através dos meios. Também fai parte do grupo Mulheres e Fotografia, comque está a desenvolver um projeto sobre como participavam as mulheres da Co-runha na primeira metade do século XX, para derrubar “a falsa imagem que denos é oferecida sobre a pouca cultura empreendedora das galegas”, quando,conta, “enchiam as ruas, praças, porto, mercados... de umha cor e vida única”.

“tentamos gerir afrustraçom e

transformá-la emaçom através da

contrapublicidade oua construçom visualda nossa perspetiva

de sermos mulheres”

“temos de descolonizar o corpo das mulheres dosestereótipos, para continuar nos outros ámbitos”

“falar de mulheressem falar da sua

perspetiva é o melhor modo de fazerdesaparecer qualquer

oportunidade de participaçom ativa”

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23Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013 cultura

reivindicaçom do liceo mutanteREDAÇOM / O Liceo Mutante, aassociaçom que leva desde o ano2011 promovendo a cultura au-togestionada em Ponte Vedra,organiza para este sábado 16 defevereiro umha jornada de rei-vindicaçom do seu trabalho pe-rante os impedimentos que, se-gundo contam, lhes está a pôr oConcelho de Ponte Vedra paradesenvolver livremente algum-has das atividades programadas.

Umha ordenança do Concelhode Ponte Vedra impede que a as-

sociaçom poda celebrar concer-tos no seu local, antigo Club Cul-tural Salcedo, no qual há déca-das que se desenvolvem ativida-des musicais de todo tipo. Po-rém, segundo contam no seu si-te, o passado 14 de dezembro de2012, a polícia local da cidadeapareceu no local social “com afirme intençom de parar o even-to musical que se estava a des-envolver”. É por isto que a asso-ciaçom reunida em Assembleiade sócias decidiu suspender a

atividade musical programada,até ter solucionado o “problemacom as autoridades”. Naquela al-tura, a cidade foi empapeladacom cartazes que diziam “O Li-ceo Mutante nom é um crime”,como o da imagem. Os concer-tos do espaço sito na Rua Rosa-lia de Castro continuam a estarsuspensos, à espera de que o al-caide de Ponte Vedra, FernándezLores, receba as pessoas respon-sáveis pola associaçom para re-gularizar a situaçom.

nasce associaçom de meios paradefender a presença do galegoREDAÇOM / O coletivo, presididopor Henrique Sanfiz, de Radiofu-sión, e do que fai parte o NGz,pretende consolidar um espaçode comunicaçom na nossa lín-gua, representando os seus asso-ciados ante a administraçom eexplorando vias para garantir aviabilidade dos mesmos.

Fortalecer os meios em galego,consolidar um espaço de comu-nicaçom na língua própria oucontribuir para a profissionaliza-çom do setor dos meios em gale-go som parte dos objetivos da As-sociaçom de Médios em Galegoque acaba de ser constituída.

A entidade conta polo momen-to com Tempos Novos, Novas da

Galiza, Galicia Confidencial, Que

Pasa na Costa, Xornal Certo, Ra-

diofusión, de Luns a Venres, Pra-

za Pública, O Compás e Valmi-

nor.info. Segundo afirmam, cabe-çalhos como Sermos Galiza tam-bém mostrárom o seu interesseem participarem no projeto.

Aliás, esta iniciativa está aberta atodos os meios editados em gale-go e tem a sua origem na expe-riência Vitaminas para o Galego,

umha iniciativa impulsionada opassado ano que desenvolveu vá-rios eventos jornalísticos e cultu-rais em defesa do nosso idioma.

Os principais objetivos da no-va Associaçom vam ser defenderos interesses dos seus associa-dos, contribuir ao processo de as-sentamento do setor dos meiosde comunicaçom geral na línguaprópria da Galiza, e a consolida-çom de um espaço de comunica-çom em galego fomentando apresença pública, tanto indivi-dual como conjunta, dos meiosde comunicaçom neste idioma.Para além disto, o coletivo trabal-hará, segundo contam, pola pro-fissionalizaçom do setor, de mo-do que as empresas se dotem deestruturas sólidas que garantama projeçom de cada meio conse-guindo a independência econó-

mica, para além de representar osetor perante as diferentes admi-nistraçons.

Também debaterá coletiva-mente os temas de interesse pa-ra o sector, assessorará as enti-dades produtoras de meios inte-gradas, para fazer frente aos pro-blemas profissionais comuns, epromoverá iniciativas legislati-vas e administrativas que benefi-ciem o setor. Também vai desen-volver açons, eventos e campan-has de sensibilizaçom tendentesa visibilizar na sociedade a exis-tência dos meios de comunica-çom em galego; trocará conheci-mentos e informaçom entre osmembros da Associação; promo-verá projetos comuns; e contri-buirá ao processo de normaliza-çom linguística.

Os meios interessados em fa-zerem parte desta associaçompodem informar-se enviando ummail para contacto@mediosen-

galego.org

a fábrica de sargadelosserá declarada bicREDAÇOM / A Fábrica de Cerámi-ca de Sargadelos, ligada ao Labo-ratório de Formas, o centro de fa-bricaçom de cerámica posto emandamento por Isaac Díaz Pardoe Luís Seoane, será declaradoBem de Interesse Cultural, BIC.

No passado 13 de fevereiro o ODiário Oficial da Galiza, DOG, pu-blicava a incoçom de expedientepolo que a Junta pretende outor-gar a este conjunto fabril a máxi-ma proteçom prevista no ordena-mento jurídico sobre patrimóniocom a categoria de monumento.

O expediente contempla o con-junto arquitectónico da fábrica,construído entre 1968 e os anos70 do passado século, desenhadopor Andrés Fernández-AlbalatLois, assim como vários prédiosanexos como a vivenda de Díaz

Pardo, a Escola de Tecnologia elaboratórios ou o Auditório e bi-blioteca. Assim mesmo, tem tam-bém em conta elementos móveisde desenho ligados ao mesmo

Segundo argumenta a Junta, afábrica de Sargadelos é "umexemplo singular e único de in-dústria, na qual o processo indus-trial era parte de um projeto cul-tural muito mais ambicioso de re-generaçom cultural e social daGaliza, e no qual o Laboratório deFormas e as atividades culturais ede investigaçom derivadas dele eda fábrica conformárom umha re-alidade sobranceira de vanguar-da diferencialista galega".

Ficam fora da declaraçom osedifícios mais modernos que hojealbergam a maior parte do pro-cesso de fabricaçom da cerámica.

o Xabarín club receberá o prémio de honra da academia do audiovisualREDAÇOM / A falta de sabermosquais vam ser os finalistas dosprémios Mestre Mateo deste ano,já que vam ser conhecidos ao fe-cho desta ediçom, já podemos in-formar de que o prémio de honraserá para o programa de televi-som Xabarín Club.

A Academia Galega do Audiovi-sual decidiu dar-lhe o seu prémiode honra Fernando Rei ao Xaba-rín Club, porque se trata “dum es-paço pioneiro no conceito, imita-do posteriormente pola maioriade canais”, que “conseguiu espal-har a língua galega polos lares,dando nome a toda umha gera-çom: A geraçom do Xabarín”,

Assim mesmo, a Academia ar-gumenta que o Xabarín foi tam-bém “plataforma de base paraatores, atores de dobragem emesmo músicos”. O programa,

que chegou a ter cem mil sócios,“sobrevive mantendo a sua es-sência”, segundo esta entidade.O galardom será entregue nomarco da Gala dos prémios doAudiovisual Galego que terá lu-gar o 6 de abril no Paço da Óperada Corunha baixo a realizaçomde Dani de La Torre.

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Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 201324 desPortos

d desP

orto

sÊxito GaleGo no euroPeu de taeKwondo

Manuel Varela e Álvaro Abuín som osmentores deste digital, que aposta porumha visom global e diversa do nossodesporto. Fugindo do “jornalismo detrincheiras” e dando espaço a discipli-nas minoritárias, aspiram a encher umoco gritante no panorama galego.

nasce taboas.orG, novo web do desPorto GaleGo

No primeiro Campeonato de Europa deClubes o Natural Sport Videlgi de Ribei-ra conseguiu o segundo posto geral, comdoze medalhas nas categorias sénior, jú-nior e cadete. Também participárom,destacando, desportistas do Natural Sa-da e do Mace Sport de Ponte Vedra.

um ecoloGismo incomPatível com o caPitalismo

Racha o DNI espanhol...#faitedaLNB!!

Agrupaçom Augas Limpas:montanhismo e defesa da Terra

XERMÁN VILUBA /Com um impac-tante desenho obra da magia dogrande baterista e palanador deExTension Bilharda, Nacho Eiros,chega a nova e aguardadíssimaediçom do Almanaque-LNB. Des-ta vez, aliás, com o selo dos ir-maos de Indigenismo Gz, que fô-rom quem o impulsionárom e nosvacinárom com a força siux ne-cessária -dos prados da reservaem que habitam, arrodeados porestrados com espinhos eletrifica-dos- para que tu podas desfrutar eguindar este almanaque na tua ca-sa, e assim afastar todos os mei-galhos. Mas agora, o Almanaquenom vem só, senom que vemacompanhado dumha carteira depalanador e palanadora oficial,que aspira a se converter nesseautêntico e tam desejado bilhetede identidade galego que sirva pa-ra substituir em todos os requeri-mentos de identidade o antinatu-ral DNI com selo do estado. Refre-ga os olhos e fai caso ao teu bolsoe carteira, que che pedem a berrosque introduzas neles a CARTEI-RA BILHARDEIR@ OFICIAL,com a qual também poderás orga-nizar a tua presença em todos osAbertos da LNB. Som já muitos ospalanadores e palanadoras queestám a preparar viagens contan-do com mostrar como única iden-tificaçom possível a Carteira LNB.Dentre eles, um comando bilhar-deiro parte para Belfast, dirigidopolo palanador de Carabullo, Ti-

no, que vai exercer de lançadeirapara tentar, nas próximas datas,realizar a primeira grande açomda Autêntica no Úlster.

“Um país, seis conferências!!!”,este é o berro de guerra que sela acarteira da LNB. Mas, atençom,porque talvez ficasse em poucacousa, pois a começos de ano aLNB estabeleceu conversas comumha muito ativa comunidade depalanadores e palanadoras nas te-rras de Al-Andalus, com epicen-tro na cidade de Cádiz, que se-guem ativamente o decorrer daLiga Nacional de Bilharda, e já re-alizam os seus primeiros Abertossob normativa LNB. A nossa ligaestá a estudar a sua imediata in-cursom para a disputa do próxi-mo Play Off Nacional em Com-postela (em Marroços), baixo adenominaçom de ConferênciaAndaluzia. Será este um fito ab-solutamente histórico no despor-to galaico, já que seria a primeiraconferência sueva ou externa quecompetiria em igualdade de con-diçons com as 6 conferências na-turais do país. Emergirá pois, dosul do Estado, a Conferência An-daluzia como ponta de lança dogrande projeto global da LNB queacelera o processo para que mes-mo mais territórios ibéricos e daEuropa se podam unir à melhorliga de bilharda do mundo... Bil-harda sempre, #faitedaLNB!!![pedido carteira da LNB: ova-

[email protected]]

AMAL / Na atualidade, quase trêsquartas partes do nosso país somzonas de monte. Décadas de des-leixo político, “desenvolvimentis-mo”, “desenvolvimento sustentá-vel”, espólio energético e deserti-ficaçom tenhem convertido estanossa grande riqueza económicae cultural num ermo que aprovei-tam livremente muitas empresasdepredadoras. Quando um mon-te se salva das urbanizaçons paraacaudalados ou dos parques eóli-cos, periga por grandes infraes-truturas rodoviárias ou explora-çons mineiras.

AMAL, Agrupaçom de Mon-tanha Augas Limpas é criadanum dos momentos mais gravespara a sobrevivência do meio am-biente, do património e dos valo-res coletivos dos galegos e gale-gas. Umha ameaça de cimento eexpólio percorre a terra, de Orte-gal ao Minho. É ideada polos gru-pos empresariais mais poderosos(espanhóis e interestatais) e con-tam com o apoio dos partidos po-líticos institucionalistas espan-hóis e neoliberais, cúmplices dadesfeita e beneficiários das finan-ças da banca e das transnacio-nais. De nom evitarmo-lo, a Gali-za será um vertedoiro de urbani-zaçons, asfalto, portos desporti-vos, AVE, campos de golfe, mini-centrais em todos os rios,moinhos eólicos e canteiras. Ouso agropecuário do monte decaipola perda de populaçom; o uso

florestal empobrecedor e pensa-do em curto prazo tem cedido aosinteresses da indústria madeirei-ra promotora do monocultivo doeucalipto. Sem umha planifica-çom séria e respeitosa com o pa-trimónio coletivo, os usos domonte esmorecem em benefícioda rapina capitalista, entorpecen-do assim umha sólida base para asoberania galega e para um outrorelacionamento com o meio sus-tentável baseado na variedade deaproveitamentos da Terra.

Augas Limpas quer ser maisumha areia que obstaculize a des-truiçom. Sabemos que a sobrevi-vência do nosso território, dosnossos valores e da nossa cultura,apenas se dará quando umhaquantidade importante de gale-gas e galegos voltemos à Terra.Quer dizer, quando os planosagressivos dos capitalistas se ten-ham que enfrentar à vontademaioritária de gente que vive dummodo sustentável no território, enom a um rural abandonado e de-cadente. Isso precisa de umhagrande estratégia que terá que serconstruída coletivamente.

A proposta de montanhismode Augas limpasPara amar a Galiza há que con-hecê-la. Degrada-se a identidadenacional quando o povo esquecea sua língua, desconhece a suageografia, ignora o seu meio na-tural, e vive no sedentarismo e a

toxicodependência tecnológica etelevisiva. Os nacionalistas dosanos 20 já sabiam que as saídasao monte organizadas de forma-çom eram chave para o ressurgi-mento coletivo.

O nosso ecologismo nom éumha dedicaçom de fim de se-mana. Acreditamos num ecolo-gismo incompatível com o capi-talismo. Enfrentado, portantoaos padrons de vida do produti-vismo, do esbanjamento, e do“desenvolvimento sustentável”próprio do ambientalismo. Onosso ecologismo é defensor deumha oposiçom radical e diáriaà dependência do consumo equeremos o desmantelamentode toda a engrenagem da desfei-ta criado polas instituiçons e par-tidos políticos espanhóis.

Aproveitamos as nossas saídasao monte para denunciar ativa-mente as agressons, pular na prá-tica por um lazer diferente eemancipado do dinheiro, e for-mar-nos no conhecimento do pa-ís. Os valores que promove a nos-sa forma de ver o montanhismosom solidariedade, nom competi-tividade, esforço e o contato coma natureza. Esta é a nossa visomcoletiva e associativa. Mas sem-pre ligada a que medre umha co-munidade de resistência nacionalque freie a voracidade dos desempre. Nisso estamos embarca-dos as montanheiras e montan-heiros de Augas Limpas.

Page 25: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

25desPortosNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

seleçom de cabo verde só fala PortuGuÊs

A seleçom de futebol Cabo Verde foi a equipa revelaçomna Taça das Naçons Africanas. No torneio, os TubarõesAzuis só dêrom entrevistas em português, para incentivarseu uso. Declarárom “uma das razões que levam a que oportuguês não seja tão conhecido internacionalmente é ofacto de sermos tão gentis com os estrangeiros e falarmoscom eles outras línguas”.

Pódio Para a seleçom GaleGa de rÁGuebi feminino

Numha competiçom com muito nível, a seleçom galega deráguebi feminino impujo-se a Euskadi (38-10) no campeona-to estatal de seleçons jogado em Torrevelha (Alacant). Asgalegas atingírom o terceiro posto, após Madrid e Catalun-ha. É o segundo melhor resultado da sua história. Por outrolado, a equipa mais forte da Liga Feminina estatal segue aser o CRAT Coruña, líder da División de Honra.

No ano 2012 tinhas contrato

com Philadelphia Independen-

ce, mas foi cancelada a Liga es-

tadunidense de futebol femini-

no, que implicou para ti a nível

individual e para para o futebol

feminino?

Em seu momento foi um golpe,tinha toda a ilusom de voltar paraUSA e desta vez sim, conseguir otítulo. A minha temporada estavaorganizada para ir jogar lá, mas acancelaçom apanhou-me no mel-hor sítio possível, na Liga Sueca,numha das equipas mais ambicio-sas do mundo. Nom me foi mal epudem triunfar na melhor liga eu-ropeia. Mas isto nom quer dizerque para o futebol feminino mun-dial, a cancelaçom dessa liga, amelhor e mais potente de todas,implicasse um grande golpe aonosso avanço.

Após a cancelaçom da liga ame-

ricana fichas polo Tyresö da

Suécia, e logras o teu primeiro

título de Liga, como vives a ex-

periência?

Foi umha temporada fantástica,cheguei a umha grande equipaonde compartilhei vestiário comgrandes jogadoras, desfrutamosdo futebol e conseguimos o objeti-vo principal, essa liga tam dispu-tada e que nos premiava comomelhor equipa com direito a ir àChampions.

Jogaste na Liga americana, rusa,

sueca e espanhola. Que campeo-

nato preferes?

A liga americana era a melhorquanto a jogadoras internacio-nais, organizaçom, aforo de pú-blico… Era umha liga com umnível muito alto. Da russa ape-nas podo falar porque só fôrom4 meses, o que sim podo dizer eque também era umha liga pro-fissional onde o físico e a agres-sividade destacava. E na Suéciaacho que tenhem todo: umha li-ga profissional, com grandes jo-gadoras, bom nível físico e mel-hor técnica e tática. Acho que éa liga mais completa, portantofico com ela.

Existe nestes países mais apoio

institucional, social e económico

ao desporto feminino do que no

Estado e na Galiza?

Evidentemente sim. Mas todo par-te da sociedade, da sua mentali-dade e também da cultura despor-tiva. Tanto em USA como na Sué-cia procuram a igualdade nom sóna teoria, também na prática. Es-panha continua a estar marcadapolo machismo e isso freia qual-quer avanço. Para além disso,nom temos o respeito da socieda-de e tampouco da gente que maispoderia fazer por nós: federativos,instituiçons, clubes...

Está a crise económica a

afetando mais negativamente

o desporto feminino que o

masculino?

Nom só o desporto feminino, tam-bém todo os desportos minoritá-rios. No Estado, todo o que nom éfutebol masculino está a passarum mal momento. E claro que asituaçom nom é a melhor nem pa-ra avançar nem polo menos paramanter-se, mas há que ser positi-vos e pensar que os melhores re-sultados estám a chegar agora;crescer na adversidade é um bomsintoma.

Nos EUA ganhaste o MVP a mel-

hor jogadora da liga. Este 2012

recebeste o prémio à melhor

meiocampista de Suécia. Que

significam para ti estes reconhe-

cimentos? Chegará algum dia a

Bola de Ouro?

Ser reconhecida como a melhorjogadora na melhor liga (USA) foiincrível! E este ano melhor meio-campista na Suécia... Som cousaspolas que pelejas de umha formaindireta, já que o único que real-mente importa som os objetivoscoletivos. Mas quando estes pré-mios chegam, sentes umha gran-de satisfaçom e servem de moti-vaçom para o futuro. Quanto à Bo-la de Ouro.. há sonhos que nom sepodem nem sonhar. Eu aspiro aser melhor cada dia, trabalho pa-ra isso e nom sei onde está o meuteto, o que sim tenho claro e quetentarei superá-lo cada dia e che-garei até onde poida chegar, sejaou nom receber essa bola.

Cada Natal, e vam duas ediçons,

organizas o CampusVero Boque-

te, que valores crês que devem

ser transmitidos às crianças

através do desporto?

O desporto é vida, em todos osseus contextos. Na sua prática en-contras princípios e valores comoo companheirismo, o trabalho emequipa, a solidariedade, o valor do

esforço, o sacrifício, o afám de su-peraçom, a luita e entrega.. Nodesporto sentes e vives experiên-cias que te preparam para a vida:a frustraçom, o fracasso, a organi-zaçom, a responsabilidade.. Anossa intençom é que as criançasaprendam divertindo-se, median-te o jogo, e mediante o futebol che-gar a formar valores e princípiossólidos.

Consideras que o machismo está

a ser atalhado a nível social e

desportivo?

A situaçom melhora, mas nom aoritmo que deveria. A base de todoé a educaçom e este caso nom éumha excepçom; devemos come-çar desde abaixo, com os mais pe-quenos, pois eles dentro de unsanos serám adultos. Nós seremosmaes e pais, e a educaçom dosnossos filhos deve ser outra. Te-mos que trabalhar para que umdia nom tenhamos que falar deigualdade, quer dizer, para seja al-go normal e habitual.

Que significa para ti vestir a ca-

misola da Seleçom Galega?

Sempre é um orgulho represen-tar a nossa terra. Desde que mar-chei da Galiza tento difundir onosso nome e a nossa cultura portodo o mundo; e assim voltar epoder defender essa camisola éumha honra. Além disso, somconsciente de que representa-mos muitas meninas e mulheresgalegas e por elas temos ainda

mais respeito. Estar numha sele-çom quer dizer que do teu és domelhor e isso sempre implicaumha demonstraçom constante.

Que valorizaçom podes fazer do

futebol feminino galego?

Poderíamos dizer que, na Galiza,o futebol feminino quase acaba denascer. Se o Estado vai com atra-so a respeito doutros países, a Ga-liza é o mesmo se for comparadacom outras comunidades. Poucoa pouco vamos avançando e ago-ra há cada vez mais equipas femi-ninas e mais nenas, moças e mul-heres que jogam futebol. Na quan-tidade quase sempre se encontraa qualidade, e o nosso nível cadavez é maior. Ainda que seguimossem despertar a atençom dos pa-trocinadores (que nom encontramforma de receber algo em troca),dos clubes (que a maioria conti-nua sem dar o trato que merecemàs equipas femininas) e o carinhodos torcedores (muitos continuama desconhecerem que as mulhe-res também jogam futebol). Comtodo isto a situaçom nom é a mel-hor, mas a margem de melhora re-sulta esperançadora. É ilusionan-te ver os avanços e com um poucomais por toda a parte..

Que mensagem gostarias de lan-

çar a todas aquelas crianças e

mulheres que sonham com ser

futebolistas profissionais?

Que se querem, podem, há futuro,há opçons. Nom é fácil e supomsacrifício e muitas renúncias, maso mero fato de saber que é possí-vel deveria ser umha grande moti-vaçom.

Que novos reptos gostarias

de alcançar?

Os importantes som os reptos co-letivos e este ano é mui ilusionan-te, com muitos títulos em jogoaqui na Suécia com o TyresöFF(Supertaça sueca, Taça, Liga eparticipaçom na Champions Lea-gue) e também este verao teremosa Eurotaça; fazer um bom papelnela seria importantíssimo paratodo o futebol feminino.

“Temos que trabalhar para que um dia nom tenhamos quefalar de igualdade, quer dizer, para que seja algo normal”

A. RUA NOVA / De nova sonhava ser futebolista. Com sacrifício, e muita vontadeluitou contra os estereótipos e o machismo imperante no desporto rei, e logroufazer realidade o seu desejo. Por méritos próprios, hoje Vero Boquete (Compos-

tela, 1987) é umha estrela do futebol feminino mundial, mas nom esquece osseus duros inícios no balompé e continua comprometida ativamente pola igual-dade das mulheres e polo reconhecimento do desporto feminino.

entrevista a verónica boquete, futebolista

sempre é um orgulhorepresentar a nossa

terra: defende a camisola galega é

umha honra

Page 26: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

temPos livres

XAN DURO / No ámbito do consu-mo crítico e consciente temos defazer frente a decisons de com-pra complexas e sobre as que éparticularmente difícil adoptarumha escolha 100% coerentecom o ideário de consumo emque cremos.

Que é melhor, consumir umhafruta de temporada, de produçomlocal ainda que nom seja ecológi-ca ou consumir fruta fora de tem-porada, importada, mas ecológi-ca? Nom há umhas “tabelas dalei” que ofereçam a respostaapropriada. A nossa sensibilida-de pessoal e a perceçom que ten-hamos dos diferentes fatores queconfiguram o processo que per-mite ter essa fruta à nossa dispo-siçom vam definir em grande me-dida a decisom que tomemos. Asua adequaçom aos princípiosque comentamos anteriormentevai depender do peso que outor-guemos a cada um dos fatoresdentro da nossa configuraçom darealidade. Para que nom pareçaque estou por riba do bem e domal vou dar a minha opiniom, épreferível umha fruta de tempo-rada e de produçom local porduas razons: custos ambientaisda conservaçom e o transporte e

a potenciaçom da economia locale das redes de comercializaçomde proximidade.

Evidentemente, esta reflexomestá feita de forma mui ampla eacolheria multidom de matizes,mas o seu objetivo e introduzirdous conceitos que afetam muidiretamente o nosso posiciona-mento como consumidores críti-cos: a mochila ecológica e as ex-ternalidades.

Como mochila ecológica defini-mos todos aqueles fatores que en-volvem o processo de produçom econsumo de um produto determi-nado: em que condiçons foi feita aproduçom, de onde vem, com quemateriais, gera resíduos trás oconsumo, como vamos dispor delecando nom sirva etc...

As externalidades som a valori-zaçom económica dos impactosque um determinado produto temsobre o meioambiente e a socie-dade e que nom estám recolhidosno seu preço. A modo de exem-plo, no passado mês de outubro, aUniversidade de Dresden publi-cou o relatório O verdadeiro cus-

to da automobilidade1. Recolhen-do dados dos 27 países da UE,avalia os custos que o uso do au-tomóvel tem para o conjunto da

sociedade e que nom recolhem ospreços de venda do produto. O re-latório está centrado nos parâme-tros de acidentes, poliçom atmos-férica, contaminaçom acústica,mudança climática, os derivadosda fabricaçom, infraestruturas eeliminaçom do carro e os impac-tos sobre o território e a biodiver-sidade. No estado soman 31.000milhons de € anuais. Saímos a

700 € por habitante. No conjuntoda UE implicam 373 bilions de €.E isto é pago por todas, tenhamoscarro ou nom.

Dous conceitos centrais numprocesso de consumo crítico econsciente e que é preciso termosem conta na medida das nossaspossibilidades nas tomadas dasdecisons de consumo, mas semamargar-nos a vida. Temos que

partir da base e assumir que vive-mos na sociedade que nos tocouviver e muitas vezes nom temos apossibilidade de fazer um consu-mo ótimo ao cento por cento.

1.The True Costs of Automobility: Ex-

ternal Costs of Cars: Overview on

existing estimates in EU-27. Tesnis-che. Universitat Dresdeb. 2012.http://goo.gl/QB99z

PEPE ARIAS / Um período poucoanalisado na historiografia galegatem a ver com a análise dos últi-mos anos do franquismo e o in-ício do que se entende normal-mente como “transiçom democrá-tica” no Estado espanhol. O pro-fessor Carlos F. Velasco Soutoacaba de lançar esta interpreta-

çom politicamente incorreta do

nosso passado recente que hojecomentamos. Umha leitura incisi-va sobre um período desconheci-do da nossa história mais recente.

A primeira parte do livro des-mitifica a conceiçom popular des-tes factos, onde o avanço social ea concreçom de determinadosavanços políticos – sempre nega-dores da naçom galega – provin-ham de umha auto-imolaçom doregime e dum acordo dos abertu-ristas do PCE. Se vem esse pactoexistiu, o certo é que durante es-ses anos fôrom desenvolvidos

neste país umha série de confli-tos e de luitas concretas sem asquais é impossível compreendero atual soberanismo galego con-temporâneo. Nestes anos seráquando o sindicalismo naciona-lista se assente como um projetode masas, e que por primeira vezexista umha síntese que equiparaa emancipaçom social ou o com-ponente de classe com a constru-çom nacional.

A II Restauraçom bourbónicaimplicou a homologaçom do Es-tado espanhol dentro do Ocidentecapitalista, e que posteriormente

com Felipe González seria inte-grado dentro do Mercado Comume da OTAN. Durante esse proces-so histórico as elites trunfantes dogolpe de estado fascista de 1936permanecem imutáveis, e elas se-rám as que construam um precá-rio Estatuto de Autonomia no qualnom acreditavam em absoluto.

Veremos passear nas suas pági-nas a pluralidade de umha es-querda roturista que perderá oseu particular pulso contra a bar-bárie, e que administrará este no-vo momento histórico a partir dalaboriosidade e da constáncia,quando nom da marginalidade.

O autor fai o esforço de procu-

rar as contradiçons deste proces-so, evidenciando a importánciado associacionismo de base naconsecuçom de direitos, e mos-trando a existência de umha ou-tra história de rebeldia e de res-posta dentro da própria transi-çom que conhecemos. Umha fa-lácia histórica construída após aapariçom do herói Juan Carlos Idurante a jornada do 23F, e quenestes momentos rachou depoisdo 15M, os casos de corruçom eas cacerias de elefantes. O pre-sente livro servirá para compre-ender a raiz dos problemas quepadecemos. E no plano da inves-tigaçom historiográfica abre umcampo de investigaçom impor-tante para todos aqueles quequeiram ampliá-lo.

VELASCO SOUTO, C.F. (2012). Fran-

quismo serôdio e transiçom na Galiza

(1960-1981) Brióm, Edicións Laiovento.

entrelinhas franquismo serôdio e transiçom democrÁtica na Galiza (1960-1981)

consumir menos, viver melhor

Umha leitura incisivasobre um período

desconhecido da nossahistória mais recente

externalidades

Page 27: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

27temPos livresNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2013

que fazer

16.02.2013 / rOTEirO DO JA-BriNHA / 09:30 no l.S. Faís-ca (rua Toledo, 9). ViGOPolo vale do rio e os montes deCovelo. Recomendam levarroupa para mudar-se porquepode haver partes da sendaanegadas.

16.02.2013 / APrESENTA-ÇOM DE ViAGEM AO CUr-DiSTÁM, DE SÉCHU SENDE /20:00 na Fundaçom Artábria(Travessa de Batalhons, 7).FErrOlCom a presença do autor.

16.02.2013 / PAlESTrA ‘rEi-NO SUEVO DA GAllAECiA’ /21:00 no C.S. O Fresco (Bai-rro da Ponte). PONTEArEiASPor Jhonathan zúñiga.

17.02.2013 / rOTEirO POlATErrA DO ÍNCiO / 09:00frente à Faculdade de Magis-tério (Avenida de ramón Fe-rreiro). lUGOOrganiza Adega.

18.02.2013 / FAlADOirO SO-BrE A COlEÇOM iNFANTil‘A iGUAlDADE CONTA’ /19:00 na Biblioteca PublicaCentral (rua Joaquín Yáñez,6, 2º). ViGOParticipam as autoras dos últi-mos livros editados na cole-çom, que tem como objetivo asuperaçom dos estereótipos degénero.

19.02.2013 / MErCADO ‘EN-TrE lUSCO E FUSCO’ /19:00 no Parque de Belvis.COMPOSTElATodas as terças-feiras. Inclui‘Espaço de Troca’ de diferentesobjetos, roupa, etc.

20.02.2013 / ViDAl BOlAN-HO rECUPErADO. CiTASAUDiOViSUAiS / 19:00 no Sa-lóm Teatro (rua Nova, 34).COMPOSTElAA obra de Bolanho comentadapor Inma López Silva e XoséManuel Fernández Castro. So-bre Anxeliños!

20.02.2013 / PrOJEÇOM DEAlGO DE AlÍCiA, DE JANŠVANKMAJEr / 21:30 noC.S. O Pichel (rua Santa Cla-ra, 21). COMPOSTElAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG. Sessom apre-sentada por Paula Carballeira.

21.02.2013 / ViDAl BOlANHOrECUPErADO. CiTAS AU-DiOViSUAiS / 19:00 no SalómTeatro (rua Nova, 34). COMPOSTElAA obra de Bolanho comentadapor Inma López Silva e XoséManuel Fernández Castro. So-bre Animaliños.

21.02.2013 / FESTA ‘790 MA-rEAS NA illA’ / 21:00 norestaurante rúa (rua SamPedro, 24). COMPOSTElA

Apresentaçom da produtoraIlla Bufarda, projeçons, debatee concerto.

22.02.2013 / GrUPO DE ES-TUDOS / 21:30 no C.S. Mádialeva (rua Serra de Ancares,18). lUGOSobre ‘A crise do dinheiro’.Ceia e debate.

22.02.2013 / CONCENTrA-ÇOM POlA liBErDADE DOSPrESOS iNDEPENDENTiS-TAS / 20:00. lUGO, OUrEN-SE, ViGO E COMPOSTElAAs últimas sextas-feiras demês. Convoca Ceivar. Informa-çomem http://www.ceivar.org/.

22 e 23.02.2013 / iV SEMiNÁ-riO-OBrADOirO DE AVA-

liAÇOM DE MATEriAiS ‘OPrOJETO ABAlAr, CArAONDE?’ / 16:00 na Faculdadede Cc. da Educaçom (Cam-pus Sul). COMPOSTElAOrganiza Nova Escola Galega,como objetivo de analisar osmateriais didáticos com outroscoletivos. Mais informaçom emhttp://www.nova-escola-gale-ga.org/.

22 e 23.02.2013 / JOrNADASDE ANÁliSE PArA O ENSi-NO POPUlAr / 19:00 no C.S.O Pichel (rua Santa Clara,21). COMPOSTElACom o título ‘Um mergulho naimersom’. No sábado começamàs 10h00. Mais informaçom noblogue http://agal-gz.org/blo-gues/index.php/gent/.

23.02.2013 / CUrSO MONO-GrÁFiCO SOBrE ‘O TrATA-MENTO DA VOZ NA MÚSiCATrADiCiONAl’ / 11:00 noCentro Sócio-Cultural O Pi-couto. rAMirÁSImparte Xiana Lastra; organizaa associaçom Rebulir. Mais in-formaçom no sitehttp://www.rebulir.com/.

23.02.2013 / OBrADOirO‘DESCUBriNDO A MATErNi-DADE’ / 17:00 no C.S. Mádialeva (rua Serra de Ancares,18). lUGOOrganiza ‘O parto é noso’.Destinado para crianças maio-res de três anos.

23.02.2013 / OBrADOirO DECOMPOSTAGEM CASEirA /

17:00 no Centro Sócio-Cultu-ral (Santo André de Boimen-te). ViVEirOOrganiza Adega. Mais infor-maçom em http://adega.info.

23.02.2013 / ii CONCUrSODE CUArTETOS TrADiCiO-NAiS / 20:30 na sede do realCoro ‘Toxos e Froles’ (ruaMadalena, 220). FErrOlMais informaçom sobre a ins-criçom na páginahttp://www.toxosefroles.com/.

23.02.2013 / FOliADA / À tar-dinha no C.S. Gomes Gaioso(rua Marconi, 9 - Monte Al-to). COrUNHACom petiscos de graça. Todosos últimos sábados de cadamês.

27.02.2013 / PrOJEÇOM DEASFAlTO EN DOBrE SENTi-DO, DE MONTE HEllMAN /21:30 no C.S. O Pichel (ruaSanta Clara, 21). COMPOSTElAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

01.03.2013 / VENrESPirAr /22:30 na Cervexería Grândo-la (Praça de Sam Marcial).OUrENSEFesta tradicional itinerante.Organiza A.C. Algaravia.

01.03.2013 / i FESTiVAl ‘Or-GUllO JAMUSiNO’ / À noitena Sala Discotasca (rua PaiCrespo, 17). rEDONDElAAtuam Ruxe-Ruxe, Prau eSkandalo Gz.

02 e 03.03.2013 / i JOrNA-DAS DE MÚSiCA TrADiCiO-NAl ‘CONTODOrXO’ / Toda ajornada na Casa da CulturaManuel lueiro rei (Monte daVila, 11). OGrOBEInclui aulas, workshops e o ‘IConcurso de Xoves GaiteirosSolistas Concello do Grove’.Mais informaçom emhttp://www.concellodogrove.com.

08 e 09.03.2013 / FArYFESTii / 20:30 na Sala A Farándula(Praça de Portugal) e no To-rreiro da Festa (rua rogelioAbalde, 16). ViGOAtuam várias bandas galegas,británicas e portuguesas.

10.03.2013 / FESTiVAl DEMÚSiCA TrADiCiONAl FiA-DEirA / 18:00 no Centro So-cial de Cabo de Cruz. BOirOAtuam vários grupos de gaitase de pandeiretas.

15.03.2013 / CONCErTO DESÉS / 23:00 no Centro SocialA rebusca. MACEDA

Jornadas para aprofundar no conhecimento eobservaçom da fauna no seu habitat naturalo grupo de estudo dos animaissalvagens (g.e.a.s.) organiza umcurso de etologia que vai ser des-envolvido em compostela do 1 ao3 de março. o curso pretende serumha aproximaçom a esta disci-plina, que estuda o comportamen-to dos animais, especialmente noseu ámbito selvagem.vai ser realizado na faculdade de

biologia da Universidade de san-tiago de compostela, em três jor-nadas das 9h00 às 20h00.a inscriçom pode ser realizadaatravés do correio eletrónico geas-

[email protected], e o programacompleto pode ser consultado emhttp://geasblog.blogspot.com/.pola sua parte, adega convoca pa-ra a jornada do dia 16 de fevereiro

umha saída ornitológica polo altoUlha, no entorno do seu local eirada Xoana. o encontro é nesse cen-tro, em ramil (golada), às 10h00.acabará com um jantar de conví-vio. guia a saída com o ornitólogoXosé m. penas patiño; e recomen-dam levar prismáticos. há trans-porte desde compostela. informa-çom no site http://adega.info.

manifestaçom pola vivendastop despejos e a plataforma deafetados/as pola hipoteca convo-cam duas manifestaçons polo di-reito à vivenda no 16 de fevereiro. com o lema ‘contra o genocídiodo sistema, assinalemos os cul-páveis’, as manifestaçons sairámàs 18:00 da praça roxa, em

compostela, e do museu marco,em vigo. esta convocatória pre-tende ser um ato de apoio à ini-ciativa legislativa popular apre-sentada em madrid, que reclamaa entrega das casas em pagamen-to, o aluguer social e a paralisa-çom dos despejos.

o ‘festival alternativo milloverde’, de redondela, organizaum concurso de maquetas quetem como prémio atuar na pró-xima ediçom do certame. con-vocam grupos galegos e portu-gueses de qualquer estilo esem discos publicados a remi-tirem os seus trabalhos em for-mato mp3 para concursode-

[email protected]. a datalimite de envio é o 1 de março. há mais informaçom emhttp://milloverde.blogaliza.org.

concurso demaquetas emredondela

até 1 de março

de adeGa e Geas

em comPostela e viGo

ENViA CONVOCATÓriAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GAliZA.

Page 28: ovas da Gali a boqU et é futebolista da seleçomnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz123.pdfPetiçom de indulto 6 Edmundo Reboredo expom os motivos polos quais luita pola concesom

Novas da Gali a apartado 39 (15701) compostela tel. 692 060 607 [email protected]

desde há uns meses, perdimduas das pessoas mais im-portantes da minha vida.

nom sofrêrom um acidente de trán-sito, nem se despedírom destemundo induzidos polo roubo da suacasa a maos dum banco, nom. osmeus amigos nom estám mortos,ainda que nom ouçam pássaros po-las manhás nem podam agatunharpola serra do barbança ou polo pin-do, ou ir tomar café à casa dalgum-ha pessoa querida.

a vida já nom é como era antes, etenho a sensaçom de que nuncamais voltará ser como foi. faga oque figer, levo a tristura atravessadana gorja. mesmo estando de festa

(assim em itálico, porque desde oque aconteceu, som incapaz de es-crever festa em letras normais), nar-cotizada polo efeito de três ou qua-tro chupinhos batizados com o no-me de um dos meus colegas presose que servem para arrecadar dinhei-ro para viagens, levo esse chumbopenitenciário diluído no meu sanguede mulher galega.

ergo-me confusa numha manháde entrudo, ponho o pote do café nolume e disponho-me a escrever duascartas. relato-lhes um pouco o ladomais banal da vida que conhecêromaqui: amores e desamores, festa eexcentricidades várias da gente quenos rodeia. trato de cultivar a tele-patia. escrevo os seus nomes nosenvelopes com letras ao estilo cas-telao, o mais bonitas que me damsaído. Umha escreve por solidarie-dade, mas seria covarde fugir da re-alidade e nom admitir esse ponto deegoísmo que tem esta relaçom epis-tolar com a minha gente: umha car-ta a um amigo é, antes de mais, um-ha sessom de terapia. nom lhes es-crevo apenas para eles estarembem, mas para estarmos bem.

a cabeça enche-se de pensamen-tos, que som como carros no tránsi-to do cairo ou de casablanca: circu-lam vertiginosamente, por milhares,chocam uns com os outros e provo-cam algumha morte anónima. son-ho com os dias em que sairám comsaúde e alegria. nesses dias, ou nossucessivos, iremos comer polvo ebeber barrantes desse que manchaas cuncas e as deixa de cor-de-rosa,a tonalidade que agora mesmo re-presenta as antípodes da vida nonosso país.em acabando estas lin-has, mando-me a mim mesma achorar a cangas. fora da casa háumha terra, e um mundo inteiro aoque informar do que nos estám a fa-zer e no que espalhar a solidarieda-de. venceremos nós.

ana vilarelho

que voltem Para casa!

Como xurdiu este relaciona-

mento especial que tés com o

povo curdo?

Haverá uns dez anos umha tar-de acheguei-me a Vigo a umhapalestra sobre o Curdistám e oque ouvim deixou-me tam im-pressionado que já fiquei liga-do a aquela realidade. Depois,há três anos um curdo, IrfanGuler, entrou numha livraria edescobriu no meu livro Made

in Galiza um relato que fala so-bre umha aldeia fantástica doCurdistám que resultou ser me-nos fantástica e mais real doque eu pensara. Irfan levou-lheo livro a um editor curdo e alidescobrírom que o livro, segun-do me contárom, fora escritopara o povo curdo.

Nas tuas viagens polo Curdis-

tám, quando observavas o que

ali acontecia estavas também a

observar as problemáticas do

nosso País?

A mim interessou-me sempreobservar como som gestionadosem diferentes partes do planetaos conflitos linguísticos, comoas línguas dos povos oprimidosdesenvolvem fortalezas ou debi-lidades segundo os diferentesprocessos sociais. No Curdistámnorte está-se a desenvolver, diaa dia, a luita entre um processode criatividade social, política,cultural, sociolinguística em fa-vor do desenvolvimento do povocurdo e um processo de assimi-liaçom programada polo gover-

no turco. Como em muitos pro-cessos coloniais, na Galiza e noCurdistám som construídas ba-rragens que destroem o patri-mónio cultural e natural, ex-traem-se minerais destruindo omeio ambiente e as formas devida social, legisla-se contra alíngua própria, o sistema esco-lar é a melhor ferramenta do Es-tado para privar as crianças dalíngua própria, aqui e ali os mé-dia som focos de irradiaçomcontinua de preconceitos e é de-monizado e criminalizado o ati-vismo em favor das línguas mi-norizadas e tanto no Curdistámcomo na Galiza há presas e pre-sos políticos. Por outro lado, tan-to ali como aqui, encontrei mui-ta gente que trabalha com criati-vidade e incansavelmente pormudar a situaçom.

A gente com que te relacio-

naste nestas viagens tinha

conhecimento da situaçom

da Galiza?

A gente mais próxima, sim. Otradutor Irfan Gulle, que morouaqui cinco aos, ou o editor Ab-dullah Keskin, que estivo quasepara vir, ou o alcaide de Amed,que promoveu junto com a Cá-mara municipal de Compostela,quando co-governava o BNG,um irmanaçom entre os dousconcelhos. Mas o resto da genteantes de ler Made in Galiza, quefoi traduzido como Nem em

sonhos vou perder a minha lín-

gua, nom conheciam o nosso

país. De todos modos, agora hámuitos milheiros de pessoasque o conhecem porque nos pri-meiros meses sei que fôrom edi-tadas três ediçons e mais de6.000 exemplares e no prólogoapresentei o nosso país, comdesenhos incluídos e citas histó-ricas como a de Castelao, “Mi-jam por nós e dizemos que cho-ve”, e a de Leo, “Mijam por nóse nós cagamos por eles”. Conto-do, a Galiza é mui fácil de com-preender para o povo curdo por-que nós somos um pouco as cur-das e curdos do Atlántico e elesas galegas e galegos de Anató-lia. Umha menina curda quemora em Compostela, de unscatorze anos, dizia-me há unsdias: “O castelhano é como oturco, o galego como o curdo”.A identificaçom é plena.

Tanto este livro como os ante-

riores, Animais e O caçador de

bruxas, fôrom publicados na

normativa AGAL. Por que este

giro na tua obra?

No lançamento na livraria Ci-randa falamos mais de três ho-ras das cousas do NH e do Ñ,com Víctor Freixanes, diretor deGalaxia, e Miguel Penas, presi-dente de AGAL. E ficou mui cla-ro algo que devemos tornar maisvisível: que o reintegracionismopassou a ser um movimentochave no processo de revitaliza-çom da nossa língua. Cada veztorna-se mais evidente que mar-ginar parte da irmandade do

movimento normalizador sóporque escreve com letras dife-rentes é algo que nom nos pode-mos permitir. Eu, depois de daraquele passo aos 16 anos e por-me a falar galego desde o castel-hano por razons de justiça so-cial e por participar dum proces-so de desenvolvimento para omeu país a partir da nossa lín-gua, alguns anos depois volteidar um passo no mesmo sentidoe passei para o lado da gente quedefende a justiça social e os di-reitos civis e, também umhamelhora social, cultural e econó-mica para o nosso país a partirda nossa língua, desta vez escri-ta com NH, com todas as possi-bilidades do galego patrimoniale todas as oportunidades do ga-lego internacional.

Através da tua experiência,

pensas que num mundo como

o atual a literatura continua a

ser útil para a criaçom de cons-

ciência social?

Claro. Qualquer forma de co-municaçom, de um grafite rei-vindicativo num muro até umlivro de viagens ou umha açomde guerrilha comunicativa po-de ser transformadora. E aminha experiência fijo-me pre-senciar, viver, experimentarprocessos onde, a pesar de se-rem mui difíceis de avaliar,houve mudanças sociais frutodo trabalho do ativismo. Temosmuitíssimo mais poder do quecostumamos pensar.

“A questom galega é mui fácil de

compreender para o povo curdo”AARÓN L. RIVAS / Séchu Sende acaba de apresentar um novolivro, 'Viagem ao Curdistám para apanhar estrelas', em queconta as suas experiências nas suas jornadas polo Curdis-tám norte. Este trabalho foi autoeditado e já há vários lança-mentos programados em diversos centros sociais e livrarias

do nosso país, aliás, já está à vista umha segunda ediçom.Um dos motivos que promove a colaboraçom da gente na di-fusom deste livro é que as suas vendas vam ajudar a finan-ciar um intercámbio entre as crianças da escola de ensinogalego Semente, em Compostela, e as de umha escola curda.

entrevista a séchu sende

séChU sENDE, à direita, com o tradutor Irfan Guller

na feira do livro de Istambul