Oxe! - Novembro de 2012

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Este mês mostramos um pouco do que é o Franco Mostra Teatro e do que está lhe aguardando na edição deste ano. Além de diversos espetáculos teatrais gratuitos, você confere também a entrevista com o Sr. José Roberto, proprietário do Sebo's Bar onde funcionam também um sebo e área para leitura, confere a carta aberta da comunidade Pyelito Kue/Mbarakay da etnia Guarani-Kaiowá, texto de Danilo Góes sobre o dia da Consciência Negra, Eduardo Nunes avalia o “crescimento verde” em nossa região, três super poesias de Messias Silva, Remisson Anicetoe Roxinho, mais a belíssima charge de Beto Souza, campanha de castração do Instituto Vida Viva, Dia Nacional do Doador, pílulas de sabedoria cultural, Na Faixa, Registro e varias interpretações!

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Realização:Be Linux, Be Free!Na confecção destematerial

gráfico foramutilizados

apenas softwares que atendem

a licençaGNU/GPL.

ANO IV − Numero 425.000 ExemplaresFrancisco Morato - São Paulo

Brasil

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Novembro / 201 2 DDiissttrriibbuuiiççããoo GGrraattuuii ttaa -- VVeennddaa pprrooiibbiiddaa

ilustração:RogerNeves//imagens:divulgação

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ProgramasUbuntu 10.10 (ubuntu.com)BrOffice.org 3.2.1 (broffice.org)Gimp 2.6.10 (gimp.org)Scribus 1.3.3.13 (scribus.net)InkScape 0.48 (inkscape.org)Mozilla Firefox 3.6.13 (br.mozdev.org)Banshee 1.8.0 (banshee-project.org)

::. O que a gente usou nessa edição

::. Colaboraram nesta edição:

Betto Souza(subjetividadeematividade.blogspot.com.br)Danilo Góes([email protected])Eduardo Nunes([email protected])Messias Silva([email protected])Remisson Aniceto(www.nossomundo.bligoo.com.br)Roxinho([email protected])

O informativo Ôxe! é uma iniciativada Ôxe! Produtora Comunitária quevisa propiciar à população de FranciscoMorato e região, um veículo de jornalis-mo cidadão e produção, difusão e divul-gação de ideias e informações na áreacultural. Todas as informações, ilustra-ções e imagens são de responsabilidadede seus respectivos autores e obedecema licença Creative Commons 2.5 Bra-sil Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Li-cença (acesse o blog para maioresdetalhes), salvo indicações do(a) au-tor(a) em contrário. Para ver uma cópiadesta licença, visite http://creativecom-mons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/ ouenvie uma carta para Creative Com-mons, 171 Second Street, Suite 300,San Francisco, California 94105, USA.

AEquipe Ôxe! é: Fabia Pierangeli,Gilberto Araújo, Mari Moura eRoger Neves ([email protected])

::. DIGA, ÔXE! José Roberto, proprietário do Sebo's BarEm toda a capital paulista, em especial nas periferias, onde a

esmagadora maioria dos estabelecimentos existentes são ou igrejasou bares, temos uma enorme carência de aparelhos culturais.Desse modo é fácil entender porque a maioria dos eventos e/ouiniciativas culturais começam e se mantêm acontecendo nos baresespalhados pela periferia paulista.

Sarau da Cooperifa, Sarau do Binho, Sarau na Brasa, Elo daCorrente, isso para ficar apenas em alguns exemplos de iniciativasque encontraram nos bares um abrigo e uma morada para seusdesejos de se expressar e que, em contrapartida, dão outrosignificado para estes espaços, re-significando não só sua função,mas também sua natureza. Aqui em nossa região, temos um bomexemplo também e este mês fomos atrás desta inusitada iniciativa

cultural que surgiu em Franco da Rocha recentemente.

Quem passa pela frente do número 11 da Angelo Sestini emFranco da Rocha, não imagina que nesse bar você pode entrar,trocar livros e gibis ou ainda sentar e relaxar um pouco, enquantocurte uma boa leitura ao lado da sua bebida preferida e algunsquitutes. O reservado e simpático Sr. José Roberto desde criançajá gostava de gibis e de passá-los adiante, mas só recentementeteve a ideia de unir a fome com a vontade de comer e juntou ogosto pelos livros e gibis com o comércio que mantêm no Centrode Franco da Rocha. Conversamos com ele e você confere aíembaixo como é se virar para manter o “seboteco” ou“barblioteca”que, para variar, é um espaço com finalidade culturalsem apoio nenhum da municipalidade. Confere aí!

Ôxe!: Qual o nome do bar e há quantotempo ele existe?José Roberto: O nome antigamente

era Deprec, mas agora vai chamar Sebo’sBar, o bar existe há oito anos e a ideia doSebo surgiu há uns seis meses.

Ôxe!: Como surgiu essa ideia?José Roberto: Franco da Rocha é uma

cidade carente de leitura, vi que não tinhanenhum concorrente nesse tipo de novoempreendimento, então resolvi fazer, temdado certo e o bar ficou bem melhordepois dessa mudança. Quando eu eramoleque, sempre gostei de trocar gibi enessa de trocar eu pensei, porque nãotrocar livros, eu tenho uma coleção demais de 18 mil gibis que comprei baratopra vender barato.

Ôxe!: Você recebe bastante doação delivros ou são mais trocas mesmo?José Roberto: Bem pouco, geralmente

os livros doados não chegam em boascondições, por isso funciona mais a troca,a pessoa traz dois e leva um, então atendência é que a quantidade de livros nobar aumente cada vez mais. Os livros emboas condições vendo a preço popular.

Ôxe!: O espaço é aberto pra quemquiser vir aqui e ler? Como se fosseuma biblioteca...José Roberto: Pode sim, tem um

espaço de leitura aqui, as pessoas podemvir e ficar a vontade.

Ôxe!: Teve uma mudançasignificativa de

antes para

agora, de pessoas que começaram afrequentar o bar?José Roberto: Aumentou bastante o

número de pessoas novas frequentando obar, o nível das pessoas mudou muito,vem mais estudantes e professores.

Ôxe!: O senhor tem o costume de ler?José Roberto: Eu leio cerca de 10

páginas por dia, até porque estoutrabalhando e não tenho muito tempoaqui, às vezes leio quando chego em casa,mas não muito.

Ôxe!: Qual o horário de funcionamentodo bar?José Roberto: De segunda a sexta, das

9h às 21h.

Ôxe!: Qual a quantidade de títulosdisponíveis no Sebo?José Roberto: Não sei o número certo,

só vou saber depois que catalogarmostudo, mas que tem mais de 10.000 livrosé certeza e tem livros para todas asidades.

Ôxe!: Existem voluntários para teajudar a organizar os livros?José Roberto: Duas alunas da ETEC

estão me ajudando a catalogar os livros eorganizar melhor a forma de encontrá-lospara venda/troca.

Ôxe!: Como o senhor pretende fazer adivulgação do Sebo’s Bar?José Roberto: Então, tem alguns

jornais que estão me procurando edivulgando esse novo espaço, nafrente do bar tem várias placas de:compro, vendo e troco livrosusados e isso já chama atenção de

quem está passando por aqui, afinal decontas qualquer divulgação ajuda.Também vou fazer um novo toldo comgrafite pra chamar mais a atenção dapopulação.

Ôxe!: Tem algo importante que o Sr.queira deixar registrado aqui?José Roberto: Ah, só dizer que pra

mim tudo isso tem sido muitogratificante, conheci outras pessoas, fizmais amizades depois dessa mudança nobar, fiquei mais conhecido na cidade, atésai no jornal (risos). . .

Se você quer conhecer e ajudar oSebo’s Bar, não perca tempo, vá fazeruma visitinha e aproveite pra comprar ou

trocar livros. O bar fica na RuaCavalheiro Angelo Sestini, nº11, no centro de Franco daRocha. .::

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Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

Nas prateleiras nomes como Jorge Amado e PauloCoelho, dividem espaço com quadrinhos de super-heróis

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O criador e sua obra: espaço dobar pode ser usado para leituras esebo funciona na forma de escambo,em que você doa dois livros e leva umpra casa. Tudo de forma gratuita

imagem:MariM

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::. Girandolá Recebe... na Franco Mostra Teatro 201 2O Projeto Girandolá Recebe. . . é uma realização do Tea-

tro Girandolá e acontece desde 2009, oferecendo mensal-mente apresentações artísticas para os moradores deFrancisco Morato, Franco da Rocha e região. Desde o come-ço desse ano, o projeto tem sido realizado no Centro CulturalNewton Gomes de Sá, em Franco da Rocha e pra fechar oano, de 20 de novembro a 7 de dezembro acontecerá o Gi-randolá Recebe. . . na Franco Mostra Teatro 2012. Serão 14espetáculos teatrais gratuitos para todos os públicos e gostos.A programação completa pode ser conferida na contracapa.

O Centro Cultural Newton Gomes de Sá fica na Av. Setede Setebro, s/nº, Centro, Franco da Rocha, SP. Outras infor-mações: (11) 4488-8524, www.teatrogirandola.com.brou conpoema.blogspot.com.br

::. Sarau CONPOEMANo último dia 20 de outubro, nasceu em Franco do Rocha

o Sarau CONPOEMA, um encontro que comemorou o nas-cimento daAssociação Cultural Confraria PoéticaMargi-nal, da qual o Informativo Ôxe! também faz parte. O Saraufoi tão bacana e teve tanta coisa legal que repetiremos maisduas doses até o final do ano, no dia 17 de novembro e nodia 15 de dezembro. As duas próximas edições acontecerãoa partir das 19h na Casa de Cultura de Franco da Rocha(antiga Biblioteca), bem em frente a estação de trens daCPTM de Franco da Rocha. Leve uma poesia, um desenho,umamúsica, uma cena, uma coreografia, seu protesto, sua his-tória e o que mais estiver a fim de compartilhar e participe.

Confira como foi o último Sarau acessando: blogduo-xe.blogspot.com.br/2012/10/nossa-festa-conpoema.html.Outras informações: conpoema.blogspot.com.br

::. Sarau D'QuiloAcontece quinzenalmente, sempre de sexta-feira, a par-

tir das 20h, na Comunidade Cultural Quilombaque ereúne poetas, músicos, atores, palhaços, bailarinos e artis-tas cidadãos, que juntos compartilham ideias, sonhos, pala-vras e muita arte. O próximo Sarau D'Quilo está marcadapara acontecer no dia 16 de novembro.

A Comunidade Cultural Quilombaque fica na TravessaCambaratiba, portão 5, Beco da Cultura, ao lado da estaçãode trens da CPTM de Perus. Outras atividades acontecemna comunidade e podem ser conferidas em: comunidade-quilombaque.blogspot.com.br

::. Mostra de repertório do Teatro GirandoláO Teatro Girandolá atua em Francisco Morato, Franco

da Rocha e região desde 2007, produzindo espetáculos te-atrais e desenvolvendo uma série de ações voltadas à for-mação de público para as Artes. Nesses 5 anos detrabalho, criou 3 espetáculos que vem sendo apresentadostanto em nossa região como em outros municípios do es-tado de SP. Durante os meses de novembro e dezembro ogrupo fará sua primeira mostra de repertório, apresentan-do seus 3 espetáculos na Franco Mostra Teatro 2012.

O primeiro espetáculo criado pelo grupo foi o “Con-to de todas as cores”, direcionado ao público infantil einspirado na poesia de Mário Quintana, estreou em

2008 e será apresentado no dia 30/11 às 20h.

O segundo espetáculo estreou em 2010, se chama“Aruê!” e traz à cena questões relacionadas à violênciacontra a mulher, numa celebração ao feminino selvagem,inspirado no culto as Pombagiras, figuras cativas do ima-ginário popular brasileiro. “Aruê!” será apresentado nodia 20/11 às 20h.

E o terceiro e mais recente espetáculo é o “Ara Pyau– Liturgia para o povo invisível” que celebra o encon-tro do Teatro Girandolá com a cultura milenar do povoGuarani e será apresentado no dia 25/11 às 20h.

Todas as apresentações da Franco Mostra Teatro2012 são gratuitas e acontecerão no Centro CulturalNewton Gomes de Sá que fica na Av. Sete de Setebro,s/nº, Centro, Franco da Rocha, SP. Outras informa-ções: (11 ) 4488-8524, www.teatrogirandola.com.brou conpoema.blogspot.com.br

::. A dança das notas no CEU PerusO grupo All Strings, formado por jovens estudantes

de música clássica que além da música integram em su-as apresentações outras linguagens artísticas como adança e a performance, farão apresentação de seu espe-táculo “Dança das notas” no CEU Perus no dia 30 denovembro às 19h30. A apresentação é gratuita e acon-tece no Teatro Paschoal Carlos Magno.

O CEU Perus fica na Rua Bernardo José de Lorena, s/nº,Perus (próximo da estação de trens da CPTM Perus). Ou-tras informações: (11) 3915-8745 ou 3915-8752 .::

Mês de intensas e variadas atividades e iniciativas de nossa região. Tivemos o GirandoláRecebe... com a Infinita Companhia e o Sarau da CONPOEMA em Franco da Rocha, olançamento da Casa do Hip Hop em Francisco Morato e o Teatro Girandolá se apresentando emSanto André. Confere que esse mês tem mais!

::. Na Faixa Por: Fabia Pierangeli

"O que é cultura? Éaquilo que pode dar atoda pessoa razõespara viver e teresperanças. É o quepode darmeios de agira fim de aumentar abeleza e a sabedoriado mundo."

Philippe Quéau

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"A cultura é aquiloque permanece nohomem quando elejá esqueceu tudo oresto."

Émile Henriot

“Ser romântico é achar que tudo são flores, ser poético éplantá-las” (Marina Mara)

Na história recente, jovens do mundo inteiro se juntam e semobilizam em ações que pretendem fazer desse mundo, umlugar melhor de se viver, seja na Espanha, na Grécia, no Mar-rocos, nos EUA ou no Brasil, em Francisco Morato ou Fran-co da Rocha, seja organizando uma manifestação política, ummutirão de limpeza, uma banda de garagem ou um festival dearte. O fato é que, como disse Eduardo Galeano, “esse mundoescroto está grávido de um outro mundo”, e esse outro mun-do, pretende ser bem melhor, bem mais humano e justo doque esse que até hoje se apresentou a nós. Não dá pra saberonde isso tudo vai dar, mas o simples fato de ver ecoando nomundo inteiro uma onda de insatisfação e de desejo de mu-dança, já é um bom motivo pra levantar todos os dias da ca-ma e seguir em frente, lutando.

Até bem pouco tempo atrás, porexemplo, era bastante comum ouvir aspessoas (principalmente nossos gover-nantes) dizendo que em nossa regiãonão havia espaço para a arte, para a po-esia, para o teatro, para a música clássi-ca, pois não era disso que a populaçãogostava, que o povão queria mesmo erater acesso aos produtos da famigeradaindústria cultural. Mas aí, o povão foi se indignando com es-sas afirmações e resolveu dar uma resposta: foi se juntando ecriando um grupo de teatro aqui, uma noite da poesia ali,uma orquestra acolá e o resultado é que hoje, podemos afir-mar que o cenário cultural de Francisco Morato, Franco daRocha e região está mudando. Alguns grupos de teatro e dedança atuantes, uma Orquestra e uma fanfarra reconhecidasnacionalmente, grupos de rap, movimentos de Hip Hop, Sa-raus, Concurso de Poesias, bandas musicais dos mais variadosestilos, exposições de artes visuais, diversos artistas indepen-dentes se destacando, mostras de teatro, festivais de artes e es-se próprio informativo que vem se tornando um importanteinstrumento de participação popular e os dias na “cidade dor-mitório” e na “cidade dos loucos” ficando cada vez mais colo-ridos e poéticos.

Nesse mês de novembro decidimos contar um pouco da his-tória da Franco Mostra Teatro, mostra de teatro que acontecedesde 2003 no município de Franco da Rocha, fruto do sim-ples desejo de fazer de nossa região um lugar mais bacana pa-ra viver, de reinventar a própria realidade. Na verdade, aFranco Mostra Teatro nasceu um pouco antes, com o nomede FEMUTES – Festival Municipal de Teatro Estudantil. Lápelos idos de 2001, inconformados com o marasmo cultural

pelo qual passava Franco, um grupo de fazedores de teatro, re-solveu realizar um festival de teatro na cidade e a desculpa foicomemorar o aniversário da cidade. O festival tinha como ob-jetivo maior incentivar a criação de novos grupos e por isso ofoco foram as escolas. Porém, embora a intenção fosse boa, arealização da ideia não foi das melhores, pois as edições de2001 e 2002 do FEMUTES foram competitivas e isso gerouuma série de equívocos entre os participantes, que levaram asério demais esse lance de competição... resultado: troca de so-cos e pontapés na frente do antigo Centro Comunitário apósas premiações do festival.

Percebendo o equívoco do FEMUTES, seus idealizadoresdecidiram repensá-lo e em 2003 nasceu a Franco Mostra Tea-tro, uma mostra teatral não competitiva, que tinha como prin-cipal objetivo abrir espaço para o teatro em nossa região, onde

artistas pudessem trocar experiências eapresentar seus trabalhos e onde o públicopudesse ter contato como teatro, principal-mente o teatro produzido aqui. A FrancoMostra Teatro nasceu assim mesmo, meiosem casa, meio no improviso, raquítico efrágil, mas com muita esperança e ânimona caminhada; como também nascemmuitos filhos dessa nossa região. E lá foiele, passando pelos anos e de tombo emtombo foi se fortalecendo e criando raiz

no calendário da cidade. E desde então já viu em seus palcosmuita coisa boa, muita coisa engraçada, triste, revoltante, intri-gante e que faz pensar; já viu a casa cheia e gente que ficoupra fora, já viu público de duas pessoas e que na verdade eraum casal que aproveitou toda a duração do espetáculo pra na-morar.

A Franco Mostra Teatro já teve mui-tos momentos bons, mas passou mausbocados também e não foram poucasas vezes em que teve que se equilibrarao sabor das sucessivas administraçõesque passaram pela cidade. Os nomesvão, o feito fica. E já está aí na sua dé-cima edição, sem nenhuma interrup-ção. E talvez esse seja um dos seusgrandes méritos, a permanência. Ela teima em sobreviver,ano após ano, mesmo sem nunca ter tido qualquer tipo de in-vestimento financeiro. Os artistas que nela se apresentam,desde 2003, fazem-no porque querem manter esse espaçode diálogo com a comunidade e com os outros artistas, por-que acreditam que, compartilhar seus espetáculos é uma for-ma de contribuir com a melhoria desse mundo no qualvivemos. Os idealizadores da Franco Mostra Teatro continu-

am lutando para que a participação dos artistas na mostrapossa ser remunerada, pra que haja um investimento públi-co na divulgação, mas essa ainda não é uma realidade. AFranco Mostra Teatro acontece única e exclusivamente pelavontade das pessoas que nela se envolvem, seja na organiza-ção, na divulgação ou nas apresentações.

Este ano, o Teatro Girandolá decidiu encarar o desafio deencabeçar a realização da mostra, unindo sua realização aoprojeto de formação de público e democratização de acessoao teatro que já mantêm há quase quatro anos: o “GirandoláRecebe...” (que também é realizado de maneira independente,única e exclusivamente pela vontade de seus idealizadores).Na programação, grupos e artistas de Franco da Rocha, Fran-cisco Morato, São Paulo, Suzano, Jundiaí e Poá, totalizando12 diferentes grupos, 9 dos quais são de nossa região, queapresentarão 14 espetáculos totalmente gratuitos à população.

Outra grande novidade desse ano é que a Confraria Poéti-ca Marginal, em especial o Teatro Girandolá, buscarão cola-borar com a comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito KueMbarakay que vem sendo vitimada no conflito com fazen-deiros no Mato Grosso do Sul. Pra quem não sabe, esta co-munidade indígena de aproximadamente 170 pessoas está háum ano acampada às margens do Rio Hovy e decidiram re-sistir, até a morte se preciso for, e permanecer em sua terraancestral, mesmo perante a ordem (agora revogada) de deso-cupação das terras, emitida pela Justiça Federal. Uma cartaaberta circulou pela internet (confira texto ao lado) e diantedela, pessoas do Brasil inteiro vem se sensibilizando, se posi-cionando e se mobilizando para exigir do Governo Federaluma posição frente ao genocídio que os povos indígenas bra-sileiros sofrem desde que o Brasil foi invadido, há 512 anos.Cientes da situação vivida pelas comunidades indígenas noBrasil, em especial os Guaranis, o Girandolá e a Confrariabuscam agora meios de efetivamente colaborarem com a re-sistência da comunidade Pyelito Kue Mbarakay e irá arreca-dar a doação de alimentos durante o Franco Mostra Teatro eo Sarau CONPOEMA. Para saber mais acesse:http://migre.me/bGwFw.

Muito dos frutos desses anos todos de Franco Mostra Tea-tro podemos sentir agora em seus mínimos e máximos efei-tos. Pode parecer pouco, mas é um enorme feito de umaimportância brutal a população saber que teatro é para todos,saber e comparecer nas apresentações, saber se comportar eapreciar o espetáculo e se interessar em assistir um espetáculoteatral ao invés da televisão e sair de casa exclusivamente pa-

ra ter essa experiência artística. Para atin-gir este tipo de mudança significativa, énecessário muitos anos de trabalho duro epersistência; hoje podemos ver estas mu-danças acontecendo em Franco e tudo is-so se deve a continuidade dessa (dentreoutras) ação que certamente despertoumuitas pessoas para as artes cênicas.

Então se você já conhece teatro ounão faz a menor ideia do que é isso, quer

saber o que acontece na área cultural em nossa região, querver o que outros grupos de outros lugares estão fazendo ouquer dar uma força para nossos irmãos Guarani-Kaiowa doMS, basta aparecer no Centro Cultural Newton Gomes deSá em Franco da Rocha a partir do dia 20 de Novembro efaça parte você também dessa bonita história da militânciacultural da região. .::

Franco Mostra Teatro também é espaço paratrocas estéticas e experimentações nas artes cênicas

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Inicialmente uma mostra de alunos do curso deteatro é ainda hoje estágio final do curso

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JJuunnttooss ppoorr uummmmuunnddoo mmeellhhoorr.... ..SSeerráá ppoossssíívveell??

Mostra começa em grandeestilo no dia 20 deNovembro com a re-estreiado impactante "Aruê!" doTeatro Girandolá emhomenagem ao Dia daConsciência Negra ii mm

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Por: Fabia Pierangeli e Roger Neves

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Nós (50 homens, 50 mulheres, 70 crianças)comunidades Guarani-Kaiowá originárias detekoha Pyelito kue/Mbrakay, vimos atravésdesta carta apresentar a nossa situação históri-ca e decisão definitiva diante de despacho/or-dem de nossa expulsão/despejo expressadopela Justiça Federal de Navirai-MS, conformeo processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006,em 29/09/2012.

Recebemos esta informação de que nós co-munidades, logo seremos atacada, violentadae expulsa da margem do rio pela própria Justi-ça Federal de Navirai-MS. Assim, fica eviden-te para nós, que a própria ação da JustiçaFederal gera e aumenta as violências contra asnossas vidas, ignorando os nossos direitos desobreviver na margem de um rio e próximode nosso território tradicional PyelitoKue/Mbarakay.

Assim, entendemos claramente que esta de-cisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parteda ação de genocídio/extermínio histórico depovo indígena/nativo/autóctone do MS/Brasil,isto é, a própria ação da Justiça Federal estáviolentando e exterminado e as nossas vidas.Queremos deixar evidente ao Governo e Justi-ça Federal que por fim, já perdemos a esperan-ça de sobreviver dignamente e sem violênciaem nosso território antigo, não acreditamosmais na Justiça Brasileira.

A quem vamos denunciar as violências pra-ticadas contra nossas vidas?? Para qual Justiçado Brasil?? Se a própria Justiça Federal estágerando e alimentando violências contra nós.Nós já avaliamos a nossa situação atual e con-cluímos que vamos morrer todos mesmo empouco tempo, não temos e nem teremos pers-pectiva de vida digna e justa tanto aqui namar-gem do rio quanto longe daqui. Estamos aquiacampados 50 metros de rio Hovy onde jáocorreram 4 mortos, sendo 2 morreram pormeio de suicídio, 2 morte em decorrência de

espancamento e tortura de pistoleiros das fa-zendas. Moramos na margem deste rio Hovyhá mais de um (01) ano, estamos sem assis-tência nenhuma, isolada, cercado de pistolei-ros e resistimos até hoje. Comemos comidauma vez por dia. Tudo isso passamos dia a diapara recuperar o nosso território antigo Pylei-to Kue/Mbarakay.

De fato, sabemos muito bem que no centrodesse nosso território antigo estão enterradosvários os nossos avôs e avós, bisavôs e bisa-vós, ali estão os cemitérios de todos nossosantepassados. Cientes desse fato histórico, nósjá vamos e queremos ser morto e enterradojunto aos nossos antepassados aqui mesmoonde estamos hoje, por isso, pedimos ao Go-verno e Justiça Federal para não decretar a or-dem de despejo/expulsão, mas solicitamospara decretar a nossa morte coletiva e para en-terrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vezpor todas, para decretar a nossa dizimação/ex-tinção total, além de enviar vários tratores pa-ra cavar um grande buraco para jogar eenterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedi-do aos juízes federais.

Já aguardamos esta decisão da Justiça Fe-deral, Assim, é para decretar a nossa mortecoletiva Guarani e Kaiowá de PyelitoKue/Mbarakay e para enterrar-nos todos aqui.Visto que decidimos integralmente a não sair-mos daqui com vida e nem morto e sabemosque não temos mais chance em sobreviverdignamente aqui em nosso território antigo, jásofremos muito e estamos todos massacradose morrendo de modo acelerado. Sabemos queseremos expulsos daqui da margem do rio pe-la justiça, porém não vamos sair da margemdo rio. Como um povo nativo/indígena histó-rico, decidimos meramente em ser morto co-letivamente aqui. Não temos outra opção, estaé a nossa última decisão unânime diante dodespacho da Justiça Federal de Navirai-MS. .::

É feriado, fazendo contraponto à his-tória oficial, que diz que a benevolência deuma princesa havia concedido a liberdadeaos negros do Brasil.

Sem perceber milhões de brasileirospagam por essa falsa libertação. Entre es-ses está Jorge, adulto negro, morador daextremidade da Grande São Paulo. Comsua calça e sapato social, Jorge levantatodo dia cedo, pega o trem negreiro pa-ra trabalhar, o muro imaginário doapartheid Paulista tem duração de 45minutos, seu passaporte está em territó-rio embranquecido/elitizado é sua Bolsade Aluno Presente.

Jorge é reflexo da desigualdade ra-cial/social. Mora com sua esposa eseus 3 filhos em um habitat inabitá-vel: chão de cimento cru, paredescompletadas com resto de folhasde zinco, telhado que é uma goteirasó. Herança de uma pós-abolição,mas para ele, era culpa de suamãe que cultuava deuses pa-gãos/demoníacos, se referiaaos orixás. Jorge era um Neo-pentecostal, há mais de doisanos vem sendo dizimista fiel e asua situação financeira, tão prometidanos cultos, não havia se modificado.

É feriado, mas para playboy/empre-sário não é facultativo, que lucra e es-cravos modernos trabalhando. EJorge vai trabalhar, não reclama,diz que adora a empresa. Ele nãovê sentido nesse feriado, aliena-do/educado pelas novelas das oito acredi-ta que no Brasil não tem diferenças deraças, que existe uma só raça - a humana.Pela biologia ele tem razão, mas para omercado a "carne" mais barata é negra,mas para os programas de auditório os

Consciência Negra, semconsciência Por: Danilo Góes

Carta da comunidade Guarani-Kaiowá dePyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS para o

Governo e Justiça do BrasilPor: Comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay

"A cultura, sob todasas formas de arte, deamor e depensamento, durantemilênios, capacitou ohomem a sermenosescravizado."

André Malraux

participantes que são expostos ao vexamesão afro-descendentes, a estética do malnão é branca.

O cotidiano é cansativo, um truco aqui,um baseado ali, uma troca de ideia para queo trajeto dê a percepção de mais rápido. Écorriqueiro, enquadro dos PF (Policia Fer-roviária), Jorge não estava no vagão de cos-tume. Ele e mais cinco elementos com a

mão para trás na plataforma. Um delesé adolescente com fone no ouvido -um tapa na orelha, "tira o fone quan-do eu falar com você". Um PF negro

começa a pressionar um rapaz ne-gro robusto, acusando de portede maconha, ocorre um debateentre eles, o PF sem argumen-tos, conclusão: "vou enfiar umasbuchas no seu bolso, vai assinarum 12", "folgadinho hein, vou tequebrar no quartinho". Jorge nainocência, e aflito pelo atraso per-gunta: "senhor posso ir, vou che-gar. . .", uma voz estérica ecoa: "cala

boca macaco".

Depois de um chá de canseira são li-berados. "Tinha que ser preto e favela-do mesmo" o gerente fala irritadíssimoquando observa Jorge chegando.

É feriado, 20 de novembro, Jorge tra-balha (banco de horas), sem consciên-cia de classe/raça, sem consciência doracismo que o assola, acreditando que

as mazelas da sua vida são culpada maldição que Deus deu aCaim (filho de Noé). Sem

consciência que o Brasil é racista e cruel,através de suas maracutaias faz um pretoxingar outro preto de macaco. Sem cons-ciência que o empresário é a encarnaçãodo senhor do engenho. Sem consciênciaque ele é herdeiro de Zumbi de Palmares.Consciência Negra, sem consciência. .::

Fonte: Frente de Ação Pro-Xingu

Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

imagem: Agência Brasil - EBR

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5 Novembro / 201 2

JJaarrddíínnPPoorr:: MMeessssiiaass SSiillvvaa

PPoorr:: RReemmiissssoonn AAnniicceettooOO LLÍÍQQUUIIDDOO MMAAIISS PPRREECCIIOOSSOOBanhos prolongados,evitemos o desperdíciolavar quintais e calçadas,é bom víciomas com água usada;Água tratadaépara beber,louças e roupas lavarpode ser;Também para a comidapreparar,a água énossa vidavamos regrar;Há previsões por água a guerraa água nossa de cada dia,para as previsões caírem por terraeconomizemos dia a dia;Habituemos à economia com frequênciasem água não podemos ficara ela a nossa sobrevivêncianela a nossa necessidade de a sede saciar;Já em vários lugares do mundoconota-se sua escassez,na realidade contudoeconomizemos por nossa vez;O investimento em decantaçãono mundo inteiro,da impureza à purificaçãosem água não vale o dinheiro;Próspera a bolsa não inibemesmo que pouco fossecomo nas ilhas do Caribedecantam a água do mar em água doce;Às lideranças das nações o interessenuma aliança conscientepara que o mundo não pereçana falta do bem precioso para a gente;Às gerações futuras, boa herançaa água por nós preservadaa educação às nossas criançasdo nosso esforço,por esse colosso,a história será contada. . ::

Acerquémonos, pues, querida,en medio del camino,soñando nuevos y viejos sueños,que todavía ellos - los sueños -no tienen edad . . .Seamos niños en un jardín de rosasporque quiero quedarme contigo en la tierray dar gloria a las otras floresmás pequeñas que tú, querida,y menos bellas del jardín,flores que te saludanpor tu inmensa belleza.Gloria a ti, Rosa!Quiero sentir tu perfume,acariciar sus ramasy poco a poco llenarde besos tus hermosos pétalos,tus ojos, tu pelo,tu cuerpo,mi refugio. . .Tú y yo,un jardín de sueñosdonde me alimentocon tu aroma de sol y de lunaen el rocío de la mañana. . .Y contigo, gloria mía,son dulces mis días y mis noches,dulce es mi vida.Sueño?Y por qué, Dios mío, este sueño,como muchos otrosy para mi mayor gloriano puede convertirse en realidad?

Não se deixe levar pela aparência,às vezes a embalagem é bela,mas o produto não é bom,

Não é bom, cuidado com a enrolação

Preste atenção nos homens no televisorque diz que faz até chover

só pra se eleger.E quando ganham não aparecem maisnos esquecem e nos chamam de Mané

veja só como é que é

Alguns vem com a embalagem à vácuosó pra esconder o seu odorque podridão preste atenção

Na hora de votar.

Trabalho filantrópico eles não fazemo salário deles é um horrorQue absurdo de valorainda temos que aturare pagar para nos lesar.e pagar para nos lesar. . .

Por: RoxinhoPOLÍTICO À VÁCUO

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Page 7: Oxe! - Novembro de 2012

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::. BETTO SOUZA

Finalizadas as contas eleitorais on-de demonstramos, não só, nossaspreferências, mas também nossas ex-pectativas o Partido Verde aparececomo o grande vencedor desse plei-to. Em Franco da Rocha, obteve amaioria dos votos com 17,36; Mairi-porã com 15,65 foi a segunda legen-da mais votada e em FranciscoMorato na terceira posição com12,18; porém nas duas últimas cida-des elegeu o chefe do executivo.

Com representatividade por todoo globo o PV tem demonstrado anoapós ano, eleição após eleição, matu-ridade na condução das questõesideológicas que o cercam. Restrin-giu as discussões filosóficas que en-volvem o meio ambiente,movimentos sociais e aspirações hu-manas para alguns círculos, amplian-do o discurso de preservação,sustentabilidade e reciclagem (aquicabe alguma ressalva), de maneirasimples e direta, conquistando gran-de penetração em várias camadasda população.

Diminuir o discurso distópico, ca-racterística de militantes históricosdo PV, não pode ser apontado co-mo único e simples motivo dessa as-censão. Destaco a maiorpreocupação com a questão ambien-tal discutida em escolas, rodas deconversa, agremiações e a exposi-ção midiática do tema bem como oaumento dos engajamentos. Outrofator que beneficiou o crescimento

do PV é ter origem e propostas cla-ras. Vivemos tempos de proativida-de de “quem sabe faz a hora e nãoespera acontecer”. A geração Y (denascimento digital) tem demonstra-do aversão a grupos com princípiosextremamente capitalistas bem co-mo àqueles que se escondem sobum manto socialista retrógrado cas-trista. Essa geração, que detém a in-formação em seus smartphones outabblets, é intolerante às recorrentesações tentaculares e obscuras à quesomos impactados. Para eles, o es-pírito de corpo que permeia gover-nos e suas instituições não tem maislugar na sociedade moderna que,agora, se esforça para entender osconceitos do consumo consciente.Políticas que pregam o crescimentodesmedido subsidiando a obsoles-cência de bens de consumo mos-tram-se tão frágeis, rápidas esuperficiais quanto seus produtos. Éaí que reside a essência do cresci-mento Verde. Na produção deENERGIA POLÍTICA LIMPA. NaREDUÇÃO do corporativismo. NaREUTILIZAÇÃO das ideias. NaRECICLAGEM de antigas práticas.Enfim na SUSTENTABILIDADEda vida.

Um sentimento VERDE vem to-mando conta de corações e, princi-palmente, de mentes. .::

Eduardo Nunes (professor,músico, ambientalista atento às

alterações e interações humanas)

CCrreesscciimmeennttoo VVeerrddeePPoorr:: EEdduuaarrddoo NNuunneess

imagem: stock. xchng - www. sxc.hu

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