PÓ DA CASCA DA BANANA VERDE E ÓLEO DE CAPIM-LIMÃO NA ... · (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2018; POTTER...

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POLYANA GONÇALVES VIEIRA PÓ DA CASCA DA BANANA VERDE E ÓLEO DE CAPIM-LIMÃO NA CICATRIZAÇÃO DE ÚLCERAS CRÔNICAS POUSO ALEGRE - MG 2019

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POLYANA GONÇALVES VIEIRA

PÓ DA CASCA DA BANANA VERDE E

ÓLEO DE CAPIM-LIMÃO NA

CICATRIZAÇÃO DE ÚLCERAS

CRÔNICAS

POUSO ALEGRE - MG

2019

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POLYANA GONÇALVES VIEIRA

PÓ DA CASCA DA BANANA VERDE E

ÓLEO DE CAPIM-LIMÃO NA

CICATRIZAÇÃO DE ÚLCERAS

CRÔNICAS

Trabalho Final do Mestrado Profissional,

apresentado à Universidade do Vale do

Sapucaí, para obtenção do título de Mestre

em Ciências Aplicadas à Saúde.

Orientadora: Drª. Adriana Rodrigues dos Anjos Mendonça

Coorientadoras: Profª. Drª. Dênia Amélia Novato Castelli von Atzingen

Profa Dr

a. Diba Maria Sebba Tosta de Souza

POUSO ALEGRE – MG

2019

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Vieira, Polyana Gonçalves.

Pó da casca da banana verde e óleo de capim-limão na cicatrização

de úlceras crônicas / Polyana Gonçalves Vieira. – Pouso Alegre: Univás, 2018.

xiv, 48f. : il. : tab.

Trabalho Final do Mestrado Profissional em Ciências da Saúde, Universida-

de do Vale do Sapucaí, 2018.

Título em inglês: Powder of green banana peel and lemon-grass oil on

healing of chronic ulcers.

Orientadora: Profa. Dra. Adriana Rodrigues dos Anjos Mendonça

Coorientadoras: Profa. Dra. Dênia Amélia Novato Castelli von Atzingen

Profa. Dra. Diba Maria Sebba Tosta de Souza

1. Cicatrização. 2. Úlceras crônicas. 3. Musa sapientum. 4. Capim-limão. I. Título.

CDD – 617.14

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UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ

MESTRADO PROFISSIONAL EM

CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE

COORDENADORA: Prof. Drª. Adriana Rodrigues dos Anjos Mendonça

Linha de Atuação Científico / Tecnológica: Fitoterapia e Plantas Medicinais em

Lesões Teciduais

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho

A minha mãe, LUCILENE MARQUES, por todo amor, dedicação, confiança, por

me transformar na pessoa que sou hoje, por me desafiar a ser melhor, minha admiração e meu

amor por você só crescem a cada dia.

A minha grande amiga FERNANDA EMANUELA FURTADO, por toda paciência,

incentivo, por acreditar a todo momento que conseguiria passar por esta luta tão árdua. Você

me inspira a ser uma pessoa melhor, a lutar pelos meus sonhos, a ser uma profissional

apaixonada e dedicada pela enfermagem.

A todas as pessoas que direta e indiretamente me ajudaram a chegar ao fim vitorioso,

foi um período árduo demais, mas vencido com a ajuda de cada um que acreditou em mim.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS e a NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, por

terem me dado o privilégio de chegar até aqui, por toda a força concedida na concretização

deste sonho. Além disto, agradeço a Eles por todas as pessoas que cruzaram meu caminho ao

longo dessa trajetória.

AOS COORDENADORES DO METRADO PROFISSIONAL EM

CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE, PROFESSOR DOUTOR JOSÉ DIAS DA SILVA

NETO e PROFESSORA DOUTORA DANIELA FRANCESCATO VEIGA, quanta

honra em poder me tornar pesquisadora através de seus ensinamentos.

A minha querida orientadora, PROFESSORA DOUTORA ADRIANA

RODRIGUES DOS ANJOS MENDONÇA, PROFESSORA DOCENTE DO MESTRADO

PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE DA UNIVERSIDADE DO

VALE DO SAPUCAÍ, você foi o alicerce para que eu tenha chegado aqui e conquistado mais

esta vitória, com toda confiança e paciência demonstrada dia após dia.

As minhas coorientadoras, DÊNIA AMÉLIA NOVATO CASTELLI VON

ATZINGEN e DIBA MARIA SEBBA TOSTA DE SOUZA, que direta e indiretamente

contribuíram para enriquecer este trabalho, à vocês minha gratidão e reconhecimento.

Aos alunos da Iniciação Científica LEONARDO FARIA MACHADO

COUTINHO, FABIO ROBERTO GUIDO JÚNIOR, GIOVANA FREITAS

MONFERRARI E PATRÍCIA DE CÁSSIA NERI BERALDO SILVA, sem a dedicação e

o comprometimento de vocês, este trabalho não seria concretizado.

Aos colaboradores do Laboratório de Fitoterapia e Laboratório de Botânica da

Universidade Vale do Sapucaí, que contribuíram para realização dessa pesquisa.

Aos colaboradores NAEENF, e da Unidade Básica de Saúde do São João que

contribuíram para realização dessa pesquisa.

AOS DEMAIS PROFESSORES do Mestrado Profissional, obrigada por todos

os ensinamentos e agradável convivência.

A todas as minhas amadas amigas que me levantavam e me ajudavam a não

perder o foco, principalmente neste último ano. RAFAELA CRISTINA FIGUEIREDO

EMYGDIO, GRAZIELLA DA SILVA PRADO, RUBIA MOURA LEITEN BOCZAR,

VIVIANE APARECIDA DE SOUZA, CLARIANA SILVA GONÇALVES e

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especialmente MARIA GABRIELA ALEXANDRINO DE SOUZA, essa vitória só foi

possível com a ajuda de vocês.

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“A mente que se abre a uma nova ideia jamais

voltara ao seu tamanho original”.

(Albert Einstein)

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

A

AGE

CNS

COPASA

D

DCNT

DM

DP

EAV

GC

GE

IVC

NAEENF

NO

OE

TCLE

UNIVÁS

UV

%

±

ºC

®

Área

Ácidos Graxos Essenciais

Conselho Nacional de Saúde

Companhia de Saneamento de Minas Gerais

Delta de Contração

Doenças Crônicas Não Transmissíveis

Diabetes Mellitus

Desvio padrão

Extração por Arraste à Vapor

Grupo Controle

Grupo Estudo

Insuficiência Venosa Crônica

Núcleo de Assistência e Ensino de Enfermagem

Óxido Nítrico

Óleos Essenciais

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade do Vale do Sapucaí

Úlcera Venosa

Percentagem

Mais ou Menos

Grau Celsius

Marca Registrada

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Pintura da Lesão.....................................................................................

Figura 2 – Aspecto do Produto ...............................................................................

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Divisão dos participantes por grupo de estudo ......................................

Tabela 2 - Número de participantes por sexo ....................................................

Tabela 3 - Frequência absoluta de comorbidades dos participantes .....................

Tabela 4 - Frequência absoluta das características das úlceras ..............................

Tabela 5 - Análise descritiva da idade e tempo de úlcera ......................................

Tabela 6 - Análise descritiva das áreas das úlceras ................................................

Tabela 7 - Análise descritiva do delta de contração das úlceras ............................

Tabela 8 - Análise descritiva dos deltas de contração entre os grupos ..................

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SUMÁRIO

1 CONTEXTO ........................................................................................................

2 OBJETIVO ...........................................................................................................

3 MÉTODO .............................................................................................................

3.1 Delineamento do estudo ....................................................................................

3.2 Local do estudo .................................................................................................

3.3 Participantes do estudo ......................................................................................

3.3.1 Critérios de inclusão .......................................................................................

3.3.2 Critérios de exclusão ......................................................................................

3.4 Coleta do material vegetal .................................................................................

3.5 Preparação do gel a base do pó da banana verde e do óleo de Cymbopogon

citratus .............................................................................................................

3.6 Ética ...................................................................................................................

3.7 Procedimentos para coleta de dados ..................................................................

3.8 Análise macroscópica ........................................................................................

3.9 Análise estatística ..............................................................................................

4 RESULTADOS/PRODUTO ...............................................................................

4.1 Produto ..............................................................................................................

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................

5.1 Aplicabilidade....................................................................................................

5.2 Impacto para a sociedade...................................................................................

6 CONCLUSÃO ....................................................................................................

7 REFERÊNCIAS .................................................................................................

APÊNDICES ..................................................................……..............................

ANEXO ................................................................................................................

NORMAS ADOTADAS ......................................................................................

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RESUMO

Contexto: As úlceras crônicas são altamente recidivantes, gerando altos custos no tratamento

e perda de produtividade do enfermo. A fitoterapia na terapêutica de úlceras crônicas tem

apresentado ampla aceitação devido às suas comprovadas capacidades antimicrobianas,

antioxidantes e antifúngicas. Objetivo: Avaliar a ação do gel composto por 10% do pó da

casca da banana verde da espécie Musa sapientum junto ao óleo de capim-limão

(Cymbopogon citratus) à concentração de 0,1% em pacientes portadores de úlceras crônicas.

Método: Estudo clínico, individual, analítico, interventivo, longitudinal, prospectivo,

controlado com amostragem por conveniência. Foram 3 grupos divididos em grupo controle

1 (GC1) com 7 participantes tratados com colagenase; grupo controle (GC2) com 7 pacientes

tratados com gel com 10% do pó da casca da banana verde e grupo estudo (GE) com 11

pacientes tratados com gel de 10% do pó da casca da banana verde e óleo de Cymbopogon

citratus à 0,1%. As úlceras foram medidas a cada 7 dias, durante 4 semanas. Ao final foram

calculadas as áreas das lesões e realizada a análise estatística. Resultados: Na análise dos

deltas de contração das áreas entre os grupos, foi encontado p 0,019 e p 0,050, o que

evidenciam o potencial de cicatrização do produto estudado superior nas primeiras 3 semanas

de tratamento e apartir do vigésimo primeiro dia de tratamento, todos os produtos

cicatrizaram de maneira semelhante. Conclusão: O gel composto pela banana e o

Cymbopogon citratus apresentou uma ação cicatrizante superior aos dois produtos estudados.

Palavras-chave: Cicatrização. Úlceras crônicas. Musa sapientum. Capim-limão.

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ABSTRACT

Context: The chronic ulcers are highly recurrent, causing high prices on treatment and loss of

productivity of the patient. Phytotherapy in the treatment of chronic ulcers has been full

accepted because of their proven antimicrobial, antioxidant and antifungal abilities.

Objective: To evaluate the action of the gel composed by 10% of the powder of the peel of

the green banana of Musa sapientum (Cymbopogon citratus) species associated with the oil of

lemon-grass at a concentration of 0.1% in patients with chronic ulcers. Method: Clinical,

individual, analytical, interventional, longitudinal, prospective, controlled study with

convenience sampling. There were 3 groups divided into control group 1 (GC1) with 7

participants treated with collagenase; control group 2 (CG2) with 7 participants treated with

the gel with 10% by the powder of the peel of the green banana and state group (GE) with 11

patients treated with gel with 10% of the powder of the peel of the green banana and

Cymbopongon citratus oil at a concentration of 0.1%; The ulcers areas were analyzed once a

week for 4 weeks. In the end, lesion areas were calculated and realized a statistical analysis.

Results: The deltas analyses of contraction of the areas between the groups was found p

0,019 and p 0,050 which evidenced the higher healing potential of the studied product in the

first 3 weeks of treatment and after the 21st day of treatment, all the products healed in a

similar way. Conclusion: The gel composed by the banana and Cymbopogon citratus

presented a healing action superior to the two products studied.

Keywords: Healing. Chronic Ulcers. Musa sapientum. Lemon-grass.

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1. CONTEXTO

O sistema tegumentar humano é a principal estrutura corpórea que atua na

proteção do organismo contra o atrito e a perda de água. A pele tem duas camadas: a

epiderme e a derme, atuando na captação de estímulos sensoriais, na termorregulação, na

produção de vitaminas e na proteção aos raios ultravioleta. Desta forma, o tratamento de

feridas, em especial as crônicas, se mostra indispensável à homeostase de um sistema que atua

como barreira contra micro-organismos e outros patógenos do meio extracorpóreo

(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2018; POTTER et al., 2018).

A cicatrização de feridas é um processo biológico complexo, que consiste em uma

cadeia sincronizada de eventos moleculares destinados ao reparo do tecido danificado e na

restauração da função de barreira protetora (GURTNER et al., 2008).

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são alterações adquiridas que

requerem longo tempo de recuperação. Segundo o Ministério da Saúde, as DCNT são

responsáveis por 72,6% das mortes, mostrando-se um grave revez de saúde pública (PORTAL

DA SAÚDE, 2017). Dentro dos quadros das DCNTs, a Insuficiência Venosa Crônica (IVC) é

a enfermidade que mais acomete o homem, sendo uma de suas principais características a

Úlcera Venosa (UV) em membros inferiores que, apesar de possuir taxa de mortalidade quase

nula, a UV é responsável pela alta taxa de morbidade (COSTA et al., 2011).

O curso natural das doenças crônicas, em especial o das doenças vasculares, é

uma deficiência cicatricial generalizada, responsável por criar ambientes de cultura para

bactérias e outros micro-organismos. Desta forma, tendo em vista estudos que apontam que

30% da população adulta mundial são portadoras de diabetes e que, deste grupo, cerca de

15% desenvolvem úlceras crônicas em membros inferiores, é provável que aumente o número

de úlceras crônicas em todo o mundo. Isso se deve ao aumento de portadores de patologias

relacionadas à idade, como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares (BUDOVSKY et

al., 2015). Nesse sentido, fica evidente a necessidade de pesquisas e investimento no

desenvolvimento de curativos e tratamentos mais acessíveis e eficazes (HARRIS, 2003;

MENDONÇA e COUTINHO-NETTO, 2013).

A UV de membros inferiores é mais comum no terço distal, surgindo de forma

espontânea ou traumática, sendo superficial ou profunda. Estas lesões são altamente

recidivantes, causando sofrimento físico e social ao paciente. Este, por sua vez, torna-se

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dependente do sistema de saúde, o que repercute em altos custos de tratamento e em perda de

produtividade do enfermo (COSTA et al., 2011).

Junto à insuficiência venosa crônica (IVC), o Diabetes Mellitus (DM) é fator

importante na manutenção da cronicidade dos quadros de Úlcera Venosa, visto que a alta

concentração de glicose no sangue, bem como as alterações no mecanismo da insulina

causadas pelo DM auxiliam no aumento da produção de espécies reativas de oxigênio e na

diminuição da concentração sérica de um importante vasodilatador, o óxido nítrico (NO).

Com isso cria-se um microambiente isquêmico favorecido pela IVC que lentifica o processo

de cicatrização (LIMA e ARAÚJO, 2013).

O pé diabético é normalmente causado pelo stress repetivio sobre uma área sujeita

a tensão vertical ou cisalhamento em pacientes com neuropatia periférica. A doença arterial

periférica, quando presente também contribui para o aparecimento do pé diabético

(MONTEIRO-SOARES et al., 2012).

Nos Estados Unidos, cerca de U$ 176 bilhões são gastos, anualmente, no

tratamento direto do diabetes, e 1/3 deste valor é para o tratamento de lesões de extremidades,

constituindo um grande custo para sociedade (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION,

2013).

Alguns estudos estimam que nos Estados Unidos, o custo anual com o tratamento

com úlceras crônicas situa-se em torno de 1,5 a 3,5 bilhões de dólares e, no Reino Unido

outro estudo levantou que o custo estimado para tratamento de úlceras venosas é de £1.500 a

£1.800 por paciente (HANKIN et al., 2012; CHUANG et al., 2011). O valor se mostra ainda

mais exorbitante ao se analisar a recidiva das lesões e a necessidade de tratamentos auxiliares,

uma vez que as úlceras crônicas se apresentam contaminadas em 10% dos casos (NEWRICK,

2000). Neste sentido, o uso de fitoterápicos na terapêutica de úlceras crônicas tem

apresentado ampla aceitação devido às suas comprovadas capacidades antimicrobianas,

antioxidantes e antifúngicas (GAGAN et al., 2011).

Hum e Boccaccini (2012) descreveram que os componentes bioativos das plantas

medicinais possuem atividades imunomodulatorias e controlam a resposta inflamatória e,

portanto, desempenham um papel crucial na cicatrização de feridas e no tratamento de outras

doenças teciduais. O uso de óleos essenciais (OE) no tratamento de úlceras crônicas, como o

proveniente do Cymbopogon citratus, conhecido popularmente como Capim-Cidrão, tem sido

endossado em razão de sua atividade antibactericida, antifúngica e antioxidante. Essas

capacidades têm sido atribuídas a compostos presentes nos OE como o citral, o geraniol, o

citrolenol e o mirceno (CRAVEIRO et al., 1981; TESKE e TRENTINI, 1995). O óleo de

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Cymbopogon citratus demonstrou especial eficácia contra as bactérias Staphylococcus aureus

e Escherichia coli, bem como contra fungos do gênero Candida, em especial a espécie

Candida albicans (SCHUCK et al., 2001). Já em outro estudo, demonstrou-se a eficácia do

óleo de Cymbopogon citratus contra o fungo Malassezia spp (CARMO et al., 2012).

Em outro estudo, demonstrou-se a eficácia do óleo de Cymbopogon citratus

contra o fungo Malassezia spp (CARMO et al., 2012).

Outro fitoterápico que tem se mostrado eficaz no processo de cicatrização de

úlceras crônicas é a banana, mais especificamente a casca da Musa sapientum verde,

conhecida popularmente como banana prata. Estudos com a casca da banana em diferentes

concentrações e formas de aplicação realizados em ratos comprovaram a superioridade da

casca da Musa sapientum verde frente aos fármacos, habitualmente, usados no tratamento de

feridas crônicas (ATZINGEN et al., 2011; ATZINGEN et al., 2013).

As ações cicatrizante e anti-inflamatória da casca da banana verde devem-se à

presença de tanino em sua composição (LINO et al., 2011). O composto químico derivado

dos fenois com caráter adstringente é altamente reativo, realizando ligações de hidrogênio

intra e extra moleculares, o que leva à precipitação de proteínas. O precipitado forma um

complexo proteína-tanino que se dispõe em camada, protegendo a pele e a mucosa subjacente,

permitindo a cicatrização (MONTEIRO et al., 2005). O tanino, ainda, se liga à parede celular

de bactérias e fungos, precipitando-as e garantindo um ambiente mais séptico e propício ao

processo de cicatrização (MONTEIRO et al., 2005; FRANCO, 2014).

Tendo em vista a prevalência de feridas crônicas, em mais 3% da população

brasileira, cerca de quatro milhões de pessoas e os custos dos atuais tratamentos, fica evidente

a necessidade da busca por outros métodos curativos capazes de acelerar o processo

cicatrização por valores mais acessíveis (MANDELBAUM et al., 2003). O Brasil possui uma

extensa e inexplorada farmacopeia nas formas de plantas e ervas com propriedades

medicinais, proporcionando caminhos para o desenvolvimento de novas drogas fitoterápicas

que podem agregar ao arsenal já existente. Cabe reforçar que os produtos fitoterápicos são

utilizados em diversos países como uma alternativa aos tratamentos sintéticos devido ao baixo

custo (ATZINGEN et al., 2011).

Em 2006, é publicada no Brasil, a Política Nacional de Práticas Integrativas e

Complementares, no Sistema Único de Saúde, e a fitoterapia é incluída como parte integrante

dessas práticas (LEMOS et al.,2018) e é lançado também o Programa Nacional de Plantas

Medicinais e Fitoterápicos que garante o acesso seguro e o uso racional desses recursos

(BRASIL. Ministério da Saúde, 2016). Desta forma a fitoterapia vem se tornando com o

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passar dos anos, uma ferramenta de grande valia para o tratamento de feridas crônicas, mas

ainda encontramos poucos estudos científicos que embasam o uso dos recursos naturais.

Considerando a extensa flora brasileira e o clima tropical propício ao

desenvolvimento de uma grande variedade de espécies vegetais, o estudo de fitoterápicos,

especialmente, aqueles com desenvolvimento de ampla difusão em boa parte do país, mostra-

se uma importante ferramenta na redução do custo e na diminuição do tempo de tratamento de

doenças crônicas como as úlceras. Além dos benefícios práticos como, por exemplo, o baixo

custo de produção, o presente trabalho visa fomentar embasamento científico sobre o efeito de

fitoterápicos e óleos essencias sobre o processo de cicatrização de feridas.

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2. OBJETIVO

Avaliar a ação do gel composto por 10% do pó da casca da banana verde da

espécie Musa sapientum junto ao óleo de capim-limão (Cymbopogon citratus) à concentração

de 0,1% em pacientes portadores de úlceras crônicas.

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3. MÉTODO

3.1 Delineamento do estudo:

Estudo clínico, individual, analítico, interventivo, longitudinal, prospectivo,

controlado com amostragem por conveniência, realizado no período de fevereiro de 2018 a

novembro de 2018.

3.2 Local do estudo:

Os dados da presente pesquisa foram coletados no Núcleo de Assistência e Ensino

de Enfermagem (NAEENF) do Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), localizado no

Centro de Pouso Alegre, Minas Gerais. Outra fonte importante foi a Unidade Básica de Saúde

do bairro São João, também em Pouso Alegre, pertencente à Fundação do Ensino Superior do

Vale do Sapucaí (FUVS).

3.3 Participantes do estudo

Foram selecionados para o estudo participantes sem distinção de sexo e todos

devidamente registrados no NAEENF ou na Unidade Básica de Saúde do bairro São João,

portadores de úlceras crônicas.

3.3.1 Critérios de inclusão:

Pacientes com úlceras crônicas.

Pacientes com diagnóstico pré-estabelecido por um médico da unidade ou particular.

Pacientes com idade superior ou igual a 18 anos.

Pacientes que concordaram em participar do estudo.

3.3.2 Critérios de exclusão

Pacientes que desistiram, por algum motivo, de continuar o tratamento.

Pacientes que apresentaram qualquer tipo de reação alérgica ao produto, durante o

tratamento.

3.4 Coleta do material vegetal

Os cachos de banana verde da espécie Musa sapientum e as folhas do capim-

limão (Cymbopogon citratus) foram coletados em uma fazenda particular no município de

Pouso Alegre, Minas Gerais, durante todo o período do estudo. Os materiais obtidos foram

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acondicionados em sacos plásticos e transportados para o Laboratório de Fitoterapia e

Laboratório de Botânica da Universidade Vale do Sapucaí (UNIVÁS).

3.5 Preparação do gel a base do pó da banana verde e do óleo de Cymbopogon citratus

Para a produção do gel contendo o pó da Musa sapientum, foram selecionados os

frutos na coloração verde, de acordo com a escala de maturação de Von Loeseck (1950), que

padronizou as cores da casca da banana de acordo com seu estágio de maturação. Neste

padrão, a casca da banana apresenta-se dividida em sete colorações distintas: totalmente

verde, verde com traços amarelos, mais verde do que amarelo, mais amarela do que verde,

amarela com rajas verdes, totalmente amarela e amarela com áreas marrons. Nesta pesquisa as

bananas selecionadas como matéria prima foram as classificadas como totalmente verde.

A preparação do pós da casca da banana verde seguiu os procedimentos citados

em estudo anterior (ATZINGEN et al., 2015).

Em seguida, os frutos selecionados foram cortados dos cachos, pelas bordas e

lavados em água corrente com bucha dupla face, utlizando a face macia para retirada de todas

as sujidades. Posteriormente, foi realizada a secagem do fruto com papel toalha.

A casca foi separada da polpa e colocada numa estufa a 45ºC para a desidratação.

Durante este processo, a casca normalmente altera sua coloração e se torna escura e sua

permanência na estufa ocorre até que se consiga um peso constante das cascas, sinalizando

que toda a água possível já evaporou.

Esse material obtido foi então triturado, usando um moinho próprio ou um

liquidificador doméstico. O pó foi peneirado para se extrair as menores partículas possíveis,

desprezando-se os grânulos maiores. O material então foi acondicionado em frascos de vidro

transparentes fechados e identificados com seu conteúdo e após encaminhado para a farmácia

de manipulação para fabricação do gel, sob a responsabilidade da farmacêutica JMOM.

Utilizou-se um solvente aquoso (gel de carbopol) juntamente com 10% do pó da

casca, obtendo-se o produto final para uso terapêutico. O gel foi acondicionado em bisnagas

de 270g cada.

Para obtenção do óleo natural da planta Cymbopogon citratus foram utilizadas as

folhas, descartando-se, portanto, o caule e os talos. O procedimento para extração do óleo

natural se fez, primeiramente, pela lavagem das folhas através da água corrente da Companhia

de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e o uso de sabão neutro.

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Após a lavagem, as folhas passaram por um processo intitulado “Extração por

Arraste à Vapor” (EAV) onde foram pesados 100 g das folhas de Cymbopogon citratus que

ficaram em contato direto com 1 litro de água em ebulição, flutuando ou imersas no líquido,

dependendo da densidade ou da quantidade de material colocado no recipiente de destilação.

A água entrou em ebulição por aquecimento direto, conduzindo o vapor d'água. O

óleo, em contato com o vapor, foi arrastado para a parte superior do vaso extrator até o

condensador. Do local de saída do condensador, água e óleo essencial em emulsão (o

condensado) foram conduzidos por gravidade ao vaso de decantação/separação, chamado de

vaso Florentino, onde ocorreu a separação das fases e a extração do óleo propriamente dito.

(CASSEL et al., 2008; CASSEL et al., 2009 ; KOKETSU et al., 1991)

A determinação das concentrações utilizadas para a composição do gel da banana,

que foi a de 10%, baseou-se em estudo prévio, onde a banana promoveu a epitelização de

feridas cicatrizadas por segunda intenção (ATZINGEN et al., 2017).

O gel da banana à 10%, juntamente, com o óleo natural do Cymbopogon citratus à

0,1%, foram mixados em doses proporcionais e acondicionados em bisnaga estéril até a sua

utilização no trabalho.

3.6 Ética

Com relação à viabilidade ética deste estudo, foram seguidas as normas da

resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) para pesquisas com seres humanos,

garantindo a total segurança do paciente e não gerando nenhum fator de risco para a sua

saúde, aspectos descritos e garantidos com a assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A). Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVAS), telefone de contato (35) 3449-

9270, com o parecer Nº 2.480.602 (ANEXO 1).

3.7 Procedimentos para coleta de dados

Os pacientes foram divididos em 3 grupos (Grupo Controle 1, Grupo Controle 2 e

Grupo Estudo). O Grupo Controle 1 (GC1) foi formado por sete participantes que receberam

apenas o tratamento padronizado nos serviços. O tratamento de escolha foi a pomada

colagenase; o Grupo Controle 2 (GC2) foi formado por sete participantes que utilizaram o gel

com 10% do pó da casca da banana Musa sapientum verde e o Grupo Estudo (GE) foi

formado por onze participantes que utilizaram o gel com 10% do pó da casca da banana Musa

sapientum verde e óleo de Cymbopogon citratus à concentração de 0,1%.

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Os pacientes de todos os grupos passaram pelo processo de cuidado da lesão,

conforme Dealey (2008), realizando a lavagem com água comum de torneira e remoção de

tecidos necróticos da ferida.

Os pacientes compareceram ao NAEENF ou a Unidade Básica de Saúde para a

realização do curativo correspondente ao seu grupo. Na primeira visita, o paciente foi

convidado a participar da pesquisa, sendo devidamente orientado sobre o objetivo do estudo,

período em que foram realizadas as avaliações da lesão, sobre os produtos a serem utilizados

e após a concordância, o mesmo recebeu duas vias do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, sendo que a primeira via ficou com a pesquisadora e a segunda via com o

participante. Logo após a assinatura, foi aplicada a ficha de avaliação do paciente portador de

ferida (APÊNDICE B). Como a amostragem foi realizada por conveniência, cada paciente foi

convidado a participar de cada grupo do estudo. Foi orientado a cada um que a troca do

curativo seria feita diariamente. Porém as demarcações das áreas e as fotografias seriam

realizadas a cada 7 dias por um período de 4 semanas. A metodologia de escolha da

quantidade e periodiciadade das coletas foi descrita por Atzingen e colaboradores (2017).

Para todos os participantes dos três grupos, foi seguido o mesmo padrão de

limpeza, desbridamento e mensuração da área das úlceras. A limpeza foi feita utilizando-se

água corrente morna e uso de sabonete antisséptico, limpando-se o interior da lesão com gaze

ou esponja macia (movimentos circulares) e o desbridamento do tecido desvitalizado foi feito

com uso de lâmina de bisturi. Após a limpeza, foi aplicado uma folha plástica (dupla) em

cima da lesão e utilizado um marcador para retroprojetor (tinta permanente) de cor azul ou

preta para delimitar toda a extensão da lesão. Após o desenho ser feito, a folha plástica que

ficou em contato com a lesão foi descartada. Na folha plástica com o desenho, foi colocada a

identificação do participante, que continha as iniciais do nome, a data da coleta, qual coleta se

tratava e a que grupo pertencia. Todos os desenhos foram pintados no interior da lesão. Ao

final, realizaram-se registros fotográficos de todas as lesões.

3.8 Análise macroscópica:

Macroscopicamente, as feridas foram avaliadas mediante fotografias (tiradas de

forma padronizada) e desenhos feitos pelo próprio pesquisador no decorrer da pesquisa. O

desenho foi realizado utilizando folhas de plástico transparente devidamente limpas e

colocadas sobre lesão; após a aderência do plástico sobre a pele, foi realizada uma cópia do

contorno da ferida, respeitando os limites da pele íntegra com a região lesionada. Utilizou-se,

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para isso, uma caneta permanente que manteve o desenho em perfeito estado durante todo o

estudo. A avalição da lesão foi descrita em ficha montada pelo pesquisador (APÊNDICE B).

Ao término das coletas, em todas as demarcações foram devidamente pintadas,

conforme figura abaixo:

Figura 1: Pintura da Lesão

Todas as medidas coletadas foram escaneadas e salvas em formato de JPEG e

calculadas as áreas utilizando o programa Image J® (CHUANG et al., 2011).

Para o cálculo da área no Imaje J, primeiramente o programa foi configurado para

mensaração da área em centímetros, com valor de pixels em 118.67, criando um valor fixo e

com isso não permitindo vies no cálculo das áreas. As áreas foram calculadas individualmente

no programa e os valores salvos em planilha do Excel.

3.9 Análise estatística:

Ao término da coleta, os dados foram agrupados e tabulados no programa de

computador Excel da Microsoft Office versão 2010. Os dados tabulados foram: sexo, idade,

portador de Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial Sistêmica, Doença Vascular, mobilidade,

dor e as características das lesões: tempo, tipo e número de lesões.

Para a análise das áreas calculadas pelo Imaje J®, primeiramente, foram tabuladas

as áreas de todos os participantes em colunas de A1 a A4, sendo A1, a área da primeira coleta,

A2, área da segunda coleta, A3, a área da terceira coleta e, finalizando, A4, a última coleta.

Em seguida foi calculado o Delta de Contração, conforme fórmula abaixo.

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(área inicial da ferida – área final da ferida)

Delta de contração = X 100

Área inicial da ferida

O delta de contração foi classificado como D1, D2 e D3, sendo que o D1 tratava-

se da diferença entre as áreas da segunda coleta com a primeira coleta, o D2 corresponde a

diferença entre as áreas da terceira coleta com a primeira e por fim, o D3, correspondente a

diferença entre as áreas da quarta coleta com a primeira.

Após o cálculo dos deltas, foi realizada a análise comparativa entre os deltas de

contração dentro de cada grupo, classificando como D11, D12, D13, D21, D22, D23, D31,

D32 e D33. Os valores de D11, D12 e D13 correspondem à comparação do primeiro delta

(diferença entre as áreas da segunda coleta com a primeira) entre os três grupos estudados, os

valores encontrados nos D21, D22 e D23 correspondem à comparação do segundo delta

(diferença entre as áreas da terceira coleta com a primeira) entre os três grupos estudados e os

valores dos D31, D32 e D33 correspondem à comparação do terceiro delta (diferença entre as

áreas da quarta coleta com a primeira) entre os três grupos estudados.

A análise estatística se deu através do programa IBM SPSS 17.0 e foram

calculadas medidas de tendencia central (média e mediana), o desvio padrão (medida de

dispersão). Para a análise não paramétrica, foram utilizados o Teste de Kruskal-Wallis para

amostras independentes e o Teste de Friedmam para a correlação das amostras. Os valores

considerados significantes foram menores ou igual a 0,05.

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4. RESULTADOS

O estudo contou com vinte e cinco participantes no total, sendo sete no grupo

controle (CG1), sete no grupo controle da banana (CG2) e onze participantes no grupo de

estudo, banana e capim (GE) (Tabela 1). Em relação ao sexo, houve uma predominância do

sexo feminino (15 / 68%) (Tabela 2).

Tabela 1 – Divisão dos Participantes por Grupo de Estudo

Grupos de Estudo N / %

GC1 (controle) 7 / 28%

GC2 (Banana) 7 / 28%

GE (Banana e Capim) 11 / 44%

Total 25 / 100%

Tabela 2 – Número de Participantes por Sexo

Sexo N / %

Feminino 15 / 68%

Masculino 8 / 32%

Total 25 / 100%

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De acordo com a história pregressa de cada participante, 40% eram portadores de

Diabetes mellitus, 68% portadores de hipertensão arterial sistêmica e 76% portadores de

doenças vasculares (insuficência venosa ou doença arterial periférica) (Tabela 3).

Tabela 3 – Frequência Absoluta de Comorbidades dos Participantes

Diabetes mellitus N / %

Sim 10 / 40%

Não 15 / 60%

Total 25 / 100%

Hipertensão Arterial Sistêmica N / %

Sim 17 / 68%

Não 8 / 32%

Total 25 / 100%

Doença Vascular N / %

Sim 19 / 76%

Não 6 / 24%

Total 25 / 100%

Outro dado analisado foi o fator mobilidade dos participantes, sendo que 84%

foram classificados como não-dependentes, ou seja, aqueles que não necessitam de auxílio de

uma pessoa para sua locomoção.

Quanto à dor, os participantes foram abordados quanto a queixa de dor ou sua

ausência durante todo o tratamento, não especificando em que momento o mesmo sentiu a dor

e não foi aplicada nenhuma escala validada de mensuração da dor, sendo assim encontrou-se

que, 36,4% dos participantes do grupo estudo (GE) relataram dor durante o período do

tratamento, enquanto nenhum participante no grupo controle 1 (GC1) relatou dor e no grupo

controle 2 (GC2), 28,6% queixaram de dor no período.

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Em relação às características das úlceras, 72% possuiam diagnóstico prévio de

úlceras venosas, 8% de origem arterial e 20% pé diabético. Outro determinador foi o número

de úlceras que cada participante apresentou, sendo que 80% mostravam apenas uma úlcera,

16% duas úlceras e apenas 4% mais de duas úlceras (Tabela 4).

Tabela 4 – Frequência Absoluta das Características das Úlceras

Tipo de Úlcera N / %

Venosa 18 / 72%

Arterial 2 / 8%

Pé-diabético 5 / 20%

Total 25 / 100%

Número de Úlceras N / %

1 lesão 20 / 80%

2 Lesões 4 / 16%

Acima de 2 lesões 1 / 4%

Total 25 / 100%

Os resultados encontrados na análise descritiva, a idade média entre todos os

participantes do estudo foi de 69 anos (DP ±11,63), já a média do tempo das lesões foi de 61

meses (DP ± 111,27) (Tabela 5).

Tabela 5 – Análise Descritiva da Idade e Tempo de Úlcera

Idade Tempo de Úlcera*

Média 69,20 61,40

Desvio Padrão ±11,63 ±111,27

Mediana 70,00 18,00

* Tempo de Lesão medido em meses

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Analisando todos os participantes, a média das áreas da primeira medida do

estudo (A1) foi de 19,85cm2; já a média das áreas da segunda coleta (A2) foi de 21,48 cm

2; na

análise da terceira medida (A3), a média encontrada foi de 22,35 cm2. Por fim, na última

medida (A4) a média foi de 19,30 cm2 (Tabela 6).

Tabela 6 – Análise Descritiva das Áreas das Úlceras

A1* A2** A3*** A4****

Média 19,85 21,48 22,35 19,30

Desvio Padrão ±35,98 ±48,48 ±47,37 ±44,29

Mediana 10,80 8,54 9,09 8,05

* A1: Área primeira coleta; ** A2: Área da segunda coleta; *** A3: Área da terceira coleta; **** A4: Área da

quarta coleta.

Ao análisar o delta de contração através do teste não paramétrico de Kruskal-

Wallis das áreas das lesões de todos os participantes da pesquisa, observou-se cicatrização

semelhante entre os três grupos (Tabela 7).

Tabela 7 – Análise Descritiva do Delta de Contração das Úlceras

D1* D2* D3*

Média 12,36 19,57 24,69

Desvio Padrão ±32,53 ±39,62 ±37,83

Mediana 8,97 7,39 18,16

P 0,39 0,26 0,43

* D: delta de contração entre as áreas encontradas de todos os grupos

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Na comparação dos deltas de contração entre os grupos estudados (Tabela 8),

aplicou-se o Teste de Friedman e, como resultado entre os três grupos no primeiro delta, que

se referia à diferença entre a medida coletada na segunda semana do tratamento e a primeira

medida, no início do tratamento (D11, D12 e D13), o valor de p encontrado foi de 0,019. No

segundo delta, que se referia à diferença entre a medida coletada na terceira semana do

tratamento e a primeira medida, no início do tratamento (D21, D22 e D23), o valor de p

encontrado foi de 0,050. Deste modo, observou-se uma redução significativa das áreas,

indicando que o produto estudado apresentou um perfil de cicatrização superior aos demais

produtos utilizados. Já na análise do terceiro delta (D31, D32 e D33), que diferença entre a

medida coletada na quarta semana do tratamento e a primeira medida, no início do

tratamento, não houve significância estatística entre os produtos.

Tabela 8 – Análise Descritiva da Comparação dos Deltas de Contração Entre os Grupos

D11* D12* D13* D21* D22* D23* D31* D32* D33*

Média 27,18 5,00 7,61 36,56 1,71 18,31 40,90 12,26 19,41

Desvio Padrão ±35,18 ±19,00 ±36,93 ±40,87 ±7,70 ±46,50 ±42,02 ±4,36 ±42,46

Mediana 14,09 0,33 8,97 17,04 5,04 18,99 29,39 11,28 22,58

P 0,019 0,050 0,165

* Delta de contração das áreas de cada grupo comparado entre sí

Esses resultados apontam que o produto em estudo (gel com 10% do pó da casca

da banana Musa sapientum verde e óleo de Cymbopogon citratus à concentração de 0,1%)

apresenta ação cicatrizante superior ao gel contendo apenas 10% do pó da casca da banana

Musa sapientum verde e da colagenase, nas primeiras três semanas de tratamento.

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4.1 Produto

O produto estudado trata-se do gel composto por 10% do pó da casca da banana

da espécie Musa sapientum, conhecida como banana prata e 0,1% do óleo de do Cymbopogon

citratus, conhecido como capim cidrão.

Figura 2 - Aspecto do produto

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5. DISCUSSÃO

Estima-se que no Brasil, cerca de 4 milhões de brasileiros possuem algum tipo de

úlcera crônica ou complicações no processo cicatricial (ATZINGEN et al., 2011). Além disso,

estudos mostram que existam aproximadamente 5 milhões de pacientes com diabetes

(OLIVEIRA et al., 2018).

O tratamento das feridas depende da evolução do processo de reparação tecidual,

incluindo métodos clínicos e cirúrgicos. O curativo é o método clínico mais utilizado

(AGUIAR et al., 2015).

A colagenase é um produto de baixo custo e com isso torna-se, altamente,

difundido entre os serviços públicos de saúde. É um produto classificado como debridante

enzimático, pois utiliza de enzimas que removem o tecido necrótico das lesões e é

considerado o tratamento padrão dos debridantes enzimáticos (SCALISE et al., 2017), além

de possuir em sua composição o cloranfenicol. Neste estudo, utilizou-se da colagenase por ser

um produto padronizado nos serviços de saúde selecionados para o estudo.

No estudo realizado por Oliveira e colaboradores (2012a), ao caracterizar os

pacientes portadores de úlceras crônicas que faziam seu tratamento no ambulatório de reparo

de feridas de um hospital na cidade do Rio de Janeiro, 31,3% utilizavam a colagenase como

tratamento de escolha e apenas os produtos a base de ácidos graxos essenciais (AGE) foram

mais utilizados (32,8%).

A posição sócio-econômica do Brasil e sua biodiversidade levam o país a realizar

intensas pesquisas para encontrar soluções confiáveis e com menor custo para o tratamento

das doenças mais prevalentes e as úlceras crônicas afetam uma grande parte da população,

principalmente, as de baixa renda (ATZINGEN et al., 2015).

Atualmente, na literatura científica existem inúmeras evidências de que as plantas

medicinais possuem grande influência em diversos estadios no processo de cicatrização de

feridas (DAS et al., 2016). Recentemente, foi evidenciado que os polifenois derivados da

Tylosema esculetum (feijão Morama), encontrado na África do Sul, inibem infecções

bacterianas e promovem a cicatrização de feridas, já alguns compostos ativos da Centella

asiatica têm mostrado efeitos benéficos no processo cicatricial de pequenas feridas, cicatrizes

hipertróficas e lesões por queimaduras (CHINGWARU et al., 2015; BYLKA et al., 2014).

Alguns estudos clínicos demonstraram os efeitos benéficos do gel da Aloe vera

como cobertura nas incisões de cesareanas e que o uso da mesma planta junto a pomada de

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calêndula diminuem o tempo de cicatrização de episiotomias (MOLAZEM et al., 2015;

EQHDAMPOUR et al., 2013).

No Brasil a bananeira possui um importante papel no tratamento de anemia, o

fruto é considerado um alimento saudável para crianças na introdução alimentar. Como uso

tópico, o suco é usado para úlceras gástricas e tratamento de aftas em crianças; já a banana

verde é usada como tratamento tópico na cicatrização de feridas e câncer (PEREIRA e

MARASCHIN, 2014).

O estudo de Loyola e colaboradores (2018) demonstra o potencial antimicrobiano

e o efeito no processo de cicatrização do extrato da casca da banana em pacientes portadores

de úlceras venosas e feridas causadas pelo diabetes.

Em relação ao Cymbopogon citratus, a literatura apresenta seu potencial

antimicrobiano e antifúngico (ONAWUNMI et al., 1984; ALMEIDA et al., 2008; CARMO

et al., 2012).

A maioria dos participantes desta pesquisa, 68%, eram mulheres, e a média de

idade encontrada de 69,2 anos (DP: ±11,63 anos) corroborando com os achados em um estudo

realizado com pacientes portadores de úlceras crônicas no interior de Goiás.

(EVANGELISTA et al., 2012).

A alta prevalência de úlceras crônicas em mulheres pode ser atribuída a fatores

hormonais, gestação, uso prolongado de anticonceptivos orais e à existência de menor massa

muscular (PRAZERES e SILVA, 2009).

Aguiar e colaboradores (2015) encontram em sua pesquisa que a etiologia

predominante das úlceras crônicas estudadas são de origem vascular (69,2%). Tal dado é

semelhante ao econtrado neste estudo, onde 76% dos participantes mostraram diagnóstico de

doenças vasculares. Ainda de acordo com Aguiar e colaboradores (2015), a maior incidência

foi de úlceras venosas (67,7%), assim como neste trabalho, em que a frequência observada de

úlceras venosas entre os participantes foi de 72%.

Almeida e colaboradores (2008) evidenciaram em sua pesquisa que grande parte

dos participantes (66,04%) possuiam apenas 1 lesão crônica, e apresentavam a lesão por mais

de 5 anos. Tais dados são semelhantes aos achados nesta pesquisa, onde 80% possuem apenas

1 lesão e a média de tempo de lesão é de 61, 40 meses (aproximadamente 5 a 6 anos).

O processo de cicatrização de uma úlcera é uma complexa sequência que envolve

processos celulares e moleculares, como as fases inflamatória, a formação tecidual

(angiogênese, fibrogênese e re-epitelização) e a fase de remodelação tecidual. As co-

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morbidades como Diabetes mellitus, insuficiência venosa crônica e hipertensão arterial

sistêmica levam a um atraso no processo cicatricial (MINATEL et al., 2009).

A dor é um sintoma bem frequênte em portadores de úlceras venosas e como essas

úlceras são crônicas, elas estão, intimamente, relacionadas à diminuição da capacidade

funcional de trabalho, disturbios de sono e aumento no tempo de cicatrização (BUDÓ et al.,

2015). Nas feridas, a dor pode advir de intervenções cirúrgicas, como o desbridamento,

retirada do curativo, ressecamento, deslizar da cobertura, no processo de limpeza, pela própria

etiologia da ferida, fatores psicossociais e ambientais (OLIVEIRA et al., 2012b).

Dos participantes do grupo de estudo, 36,4% relataram dor durante o período de

tratamento e não foi encontrado nenhum relato em literatura que indique a relação desta dor

com o uso do Cymbopogon citratus. Sobre a banana, em estudo que comparou o uso de folhas

de bananeira na cicatrização de queimaduras de espessura parcial em relação à gaze com

vaselina, mostrou-se que o tratamento com a banana foi menos doloroso do que no grupo que

utilizou a vaselina; além disso, a cicatrização aconteceu em um tempo menor (GORE e

AKOLEKAR, 2003).

Em relação ao potencial de cicatrização, o grupo estudo apresentou uma ação

cicatricial superior aos grupos controle, principalmente nos primeiros 14 dias de tratamento,

enquanto no vigésimo primeiro dia de tratamento, todos os produtos mostraram um potencial

de cicatrização semelhante.

Um estudo uni-cego e randomizado, comparou a colagenase com o hidrogel no

desbridamento inicial em 27 pacientes hospitalizados portadores de úlceras por pressão,

evidenciou-se que 11 de 13 pacientes que foram tratados com colagenase tiveram o

desbridamento completo em até 42 dias de tratamento, enquanto o grupo que usou hidrogel

apenas 4 de 14 pacientes tiveram o desbridamento completo, observou-se também que no

grupo da colagenase com a redução do tecido inviável, houve uma redução considerável no

tamanho da lesão (MILNE et al., 2010).

O tratamento com a banana em estudo realizado em lesões cirúrgicas criadas em

ratos, mostrou que o gel contendo 10% da casca da banana verde reduz de maneira

significativa a resposta inflamatória após o décimo quarto dia da lesão comparado com o

grupo controle (ATZINGEN et al., 2015).

Outro estudo também com ratos usando o mesmo gel contendo 10% da casca da

banana verde, comprovou que a re-epitelização foi significante entre o grupo que usou a

banana versus o grupo controle, principalmente nas coletas dos dias 21, 28 e 35 após o início

do tratamento (ATZINGEN et al., 2017).

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Os estudos citados acima identificaram que o gel contendo 10% da casca da

banana verde, atua de maneira significante na resposta inflamatória das lesões, principalmente

após o décimo quarto dia de tratamento, enquanto que nesta pesquisa encontramos que a

associação do capim com a banana mostrou-se mais eficaz que os demais produtos nos

primeiros quatorze dias de tratamento.

Loyola e colaboradores (2018) em seu estudo clínico com 5 pacientes portadores

de úlceras venosas e diabéticas, mostraram a ação antimicrobiana do gel contendo 10% da

casca da banana verde com uma redução de 80% da atividade microbiana.

5.1 Aplicabilidade

Os produtos fitoterápicos possuem inúmeras vantagens, principalmente, sua

eficácia e baixo custo. O uso destes produtos proporciona o uso de recursos naturais,

proporciona o incentivo ao meio produtivo, ao meio científico e cultural do país. No caso

específico da banana, a fruta pode ser utilizada em úlceras traumáticas e não traumáticas,

feridas oncológicas, em pediatria, feridas limpas e contaminadas, úlceras venosas, arteriais,

mistas e diabéticas.

O Cymbopogon citratus entra como coadjuvante na cicatrização das úlceras

crônicas com sua ação antimicrobiana e antifúgica já comprovada.

Na prática clínica dos cuidados com as úlceras crônicas, observam-se os pacientes

cansados e desanimados com o longo período de tratamento e as inúmeras recidivas das

lesões. A escolha do tratamento muitas vezes fica condicionada apenas ao uso de produtos

disponíveis na rede básica de saúde e o acesso a novas tecnologias fica limitado pelo alto

custo.

O desenvolvimento de novos produtos, principalmente, os fitoterápicos vem com

uma proposta de menor custo para produção e com características semelhantes aos

disponíveis, quando se fala em cicatrização de úlceras crônicas.

Os produtos fitoterápicos que já possuem estudos clínicos para comprovar sua

eficácia são norteados pela política de plantas medicinais e fitoterápicos. Esta política

representa o reconhecimento do avanço na comprovação científica da eficácia e da segurança

das plantas medicinais e dos medicamentos fitoterápicos, e constata que o uso da terapêutica

centrada no uso de medicamentos sintéticos não cumpriu a promessa implícita e explícita de

dar conta do tratamento das doenças, pelos altos custos, pelos significativos efeitos adversos

que têm os medicamentos sintéticos, pelos resultados nem sempre satisfatórios, o que tem

Page 36: PÓ DA CASCA DA BANANA VERDE E ÓLEO DE CAPIM-LIMÃO NA ... · (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2018; POTTER et al., 2018). A cicatrização de feridas é um processo biológico complexo, que

22

levado grande número de pessoas a buscar formas alternativas de tratamento menos

agressivas (BRUNING et al., 2012).

5.2 Impacto Social

As úlceras crônicas podem levar meses ou até anos para cicatrizarem. Como

afirma Oliveira (2012a), este longo período de tratamento onera o sistema público de saúde.

Diante disso, a fitoterapia é uma prática de tratamento que possibilita a participação ativa da

comunidade, utiliza de conhecimento tradicional e popular, e vem crescendo sua utilização

entre a população, devido ao fácil acesso as plantas e ao custo barato de sua produção.

A banana está presente em todo território brasileiro, assim com o capim cidrão. O

gel produzido com a casca da banana e o óleo de capim pode ser uma alternativa mais barata e

de fácil acesso aos pacientes portadores de úlceras crônicas, tanto para uso particular ou como

uma alternativa, para ser distribuida pelo sistema público de saúde.

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23

6. CONCLUSÃO

O gel composto por 10% do pó da banana verde da espécie Musa sapientum

associado ao óleo de capim-limão (Cymbopogon citratus) à concentração de 0,1% apresentou

uma ação cicatrizante superior à produtos como a colagenase e ao gel de 10% do pó da

banana verde da espécie Musa sapientum e pode ser uma alternativa de produto para o

tratamento de úlceras crônicas.

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APÊNDICES

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Sou aluno do curso de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVÁS,

Pouso Alegre, MG, e estou realizando esta pesquisa para o programa de iniciação científica e

como parte da Dissertação de Mestrado da aluna Polyana Gonçalves Vieira

O título do trabalho é “Pó da casca da banana verde e óleo de Cymbopogon

citratus na cicatrização de úlceras crônicas”. Seu objetivo é avaliar a ação do gel mesclado

com 10% do pó à base da casca da banana da espécie Musa sapientum verde e óleo de

Cymbopongon citratus à concentração de 0,1%, por meio de seu uso em pacientes portadores

de feridas epiteliais crônicas.

O (A) Senhor (a) será incluido (a) por sorteio, em um dos 3 grupos de pesquisa,

fazendo parte ou do grupo que receberá tratamento convencional, ou do grupo que utilizará o

gel composto pelo pó da casca verde da banana ou ainda do grupo que receberá tratamento

utilizando o gel composto pelo pó da casca da banana e do óleo do capim-cidrão

(Cymbopogon citratus).

Se o (a) Senhor (a) fizer parte dos grupos que utilizam a banana ou banana mais

óleo do capim-cidrão, poderá apresentar coceira (prurido) ou vermelhidão na região da úlcera.

O gel pode agir de forma melhor ou igual a um medicamento comum próprio para úlceras, ou

não surtir efeito algum, porém, todos esses efeitos fazem parte do estudo e contribuirão para o

desenvolvimento de medicamentos melhores para a população. O tratamento com o gel será

realizado por 30 dias, período em que cada troca de curativo será acompanhada pelo

pesquisador, que demarcará a área da ferida e tirará fotografias da mesma. Para garantir a

qualidade dos curativos, as trocas serão feitas no intervalo indicado pelos profissionais de

saúde que trabalham no NAEENF ou na Unidade Básica de Saúde.

Solicito sua autorização para a realização da pesquisa, que será orientada pela

Profª. Drª. Adriana Rodrigues dos Anjos Mendonça

Seu nome não será divulgado na pesquisa, preservando sua imagem. O conteúdo

da entrevista feita com o paciente e os dados obtidos do mesmo serão utilizados somente para

fins científicos nas publicações do trabalho.

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O (A) Senhor (a) não é obrigado (a) a participar da pesquisa. Caso concorde em

participar, poderá sair desta no momento em que desejar. Sua participação é voluntária. Não

ocorrerão, em momento algum, prejuízos, de qualquer natureza, à sua pessoa, às suas

atividades ou aos seus tratamentos que estiverem em andamento. Em caso de dúvidas, estas

serão esclarecidas o mais rápido possível e será garantido o direito de acesso aos resultados

desta pesquisa a qualquer momento.

Desde já, agradeço a sua participação que será de grande auxílio nesta pesquisa,

visto que esta irá ajudar no desenvolvimento de novos meios curativos, cuja cicatrização

ocorra em um menor intervalo de tempo, usados, principalmente, para auxiliar portadores de

úlcera crônica. Além do mais, aproveito também para reafirmar a garantia de todos os seus

direitos acima mencionados e caso sejam necessários maiores esclarecimentos, entre em

contato com a secretaria da Universidade do Vale do Sapucaí (35) 3449-9271.

Atenciosamente,

_____________________________________________

Acadêmico de Medicina Fábio Roberto Guido Júnior

______________________________________________

Mestranda Polyana Gonçalves Vieira

______________________________________________

Profª. Drª. Adriana Rodrigues dos Anjos Mendonça

_____________________________________________

Profª. Drª. Dênia Amélia Novato Castelli von Atzingen

Acredito ter sido suficientemente informado (a) a respeito das informações que li

ou que foram lidas para mim, descrevendo o trabalho: “Pó da casca da banana verde e óleo de

Cymbopogon citratus na cicatrização de úlceras crônicas”. Os propósitos do estudo ficaram

claros para mim e estou ciente de que a aplicação do gel contendo o pó da casca da Musa

Sapientum verde (banana prata) e óleo de Cymbopogon citratus (Capim-Cidrão) não oferece

nenhum desconforto, exposição ou risco à minha saúde física e/ou psicológica, apenas aqueles

inerentes à ação tópica de qualquer medicamento. Ficou claro também que a minha

participação é isenta de despesas e que tenho garantia de acesso aos resultados e de esclarecer

minhas dúvidas a qualquer momento. Concordo voluntariamente em participar desta pesquisa

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e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante da mesma, sem

penalidade, prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.

Nome do pesquisado: _________________________________________________________

Data:____/____/_____

________________________________________________

Assinatura do pesquisado

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APÊNDICE B:

FICHA DE AVALIAÇÃO DO PACIENTE PORTADOR DE FERIDA

Iniciais do Paciente:___________________________________________________________

Data de Nasc.:____/____/______

Sexo: F( )/M( )

Cidade:_____________________________________________________________

Prontuário:__________________________________________________________

Assinatura do

paciente:____________________________________________________________

Fatores de risco:

( )DM ( )Neoplasias ( )Doenças vasculares ( ) Outras:__________________

( )Tabagista – Quantidade/dia:______( )Etilista – Quantidade/dia:________________

Mobilidade:

( )Dependência ( )Dependência parcial ( )Independente ( )Acamado

( ) Cadeira de rodas

Outras:___________________________________________________________

( )Alergias Qual(is):_________________________________________________________

Medicação:( ) Citotóxicos ( ) Anti-HAS ( ) Hipoglicemiantes orais ( ) Imunossupressores

( ) Outras:_____________________________

Avaliação Física:

Peso:______ Altura:_______ IMC:_________

Outros dados:______________________________________________________________

Tempo de ferida:_____________________ ( ) Aguda ( ) Crônica

Tipo de ferida:

( ) Cirúrgica ( ) Deiscência ( ) Traumática ( ) Venosa ( ) Arterial ( ) Mista ( )Pé

diabético ( )UP ( )Superficial ( )Profunda ( )Neoplásica ( ) Outra:____________.

Número de lesões:

( )1 ( )2 ( )3 ( )>3

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Localização da lesão:__________________________________________________

Características gerais Avaliações

1ª 2ª 3ª 4ª

Largura (cm)

Comprimento (cm)

Profundidade (cm)

Descolamento: (1)sim (2)não

Tipo exsudato: (Se) Seroso; (Sa) Sanguinolento;

(Pu)Purulento; (Ss) Serossanguinolento

Quantidade exsudato: (A)Ausente (P)Pouco

(M)Moderado (G)Grande (B)Abundante

Aspecto necrose: (Au)Ausente (Am)Amarela

(V)Verde (C)Cinza (M) Marrom (N)Negra

Necrose: (Ad) Aderida (Am)Amolecida (S)Seca

(R)Retirável

Odor: (A)Ausente (N)Presente e fisiológico

normal (P)Presente e fétido

Exposição: (T)Tendão (O)Óssea (F)Fáscia

Dor: (A)Ausente (1 a 10)Escala

Tecido de granulação:(A)Ausente (RC)Rosa

Claro (VV)Vermelho vivo

Bordas: (P)Preservada (H)Hiperemiada

(A)Aderida (E)Edemaciada (M)Macerada

Coloração da lesão: (Am)Amarelada

(Av)Avermelhada (Es)Esverdeada

(Ama)Amarronzada

Produto utilizado:___________________________________

Obs.:_______________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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ANEXO

ANEXO 1

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DeCS - Descritores em Ciências da Saúde. Disponível em: http://www.decs.bvs.br

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MPCAS – Elaboração e formatação do Trabalho de Conclusão de Curso - Univás