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    Universidade de Aveiro2010

    Departamento de Comunicao e Arte

    CLARISSA GOMESFOLETTO

    PADRES DE DEDOS: UMA CONTRIBUIO TCNICA VIOLINSTICA APLICADA A ALUNOS DOENSINO SUPERIOR

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    Universidade de Aveiro2010

    Departamento de Comunicao e Arte

    CLARISSA GOMESFOLETTO

    PADRES DE DEDOS: UMA CONTRIBUIO TCNICA VIOLINSTICA APLICADA A ALUNOS DOENSINO SUPERIOR

    Dissertao apresentada Universidade de Aveiro para cumprimento dos

    requisitos necessrios obteno do grau de Mestre em Msica, realizada soba orientao cientfica da Professora Doutora Sara Carvalho, Professor Auxiliardo Departamento de Comunicao e Arte da Universidade de Aveiro e co-orientao do Especialista Zltan Santa, membro da Orquestra Clssica doPorto.

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    Dedico este trabalho a todos os violinistas. Que este, de uma forma ou outracontribua para o desenvolvimento de suas carreiras

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    o jriPresidente Doutora Filipa Martins Baptista L,

    professora Auxiliar Convidada da Universidade de Aveiro, por delegao de competncias daDirectora do Curso de Mestrado em Msica

    Doutora Sara Carvalho Aires Pereira,Professora Auxiliar da Universidade de Aveiro (Orientadora)

    Doutor Radu Benone Ungureanu,professor Adjunto da Escola Superior de Msica e das Artes do Espectculo do Instituto

    Politcnico do Porto

    Especialista Zltan Santa,Membro da Orquestra Clssica do Porto (Co-orientador)

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    agradecimentos Gostaria de agradecer as pessoas que de uma forma ou outra contriburammuito no decorrer do curso de mestrado e consequentemente nesse perodoem Portugal.

    A minha sincera gratido aos meus pais Saleti e Joselito e a minha irmCamille, por todo estmulo e ajuda mesmo distantes fisicamente. Ao Gilvanopor ter me apresentado a possibilidade de cursar um mestrado, acreditando naminha capacidade e incentivando-me sempre em todos os momentos.

    Agradeo o acolhimento da Universidade de Aveiro. A professora SaraCarvalho, minha orientadora no perodo do mestrado, pela dedicao econfiana no meu trabalho, ao professor Zltan Santa pelo conhecimentotransmitido nas aulas de instrumento e pela colaborao com esta pesquisa eaos alunos da classe de violino pela participao neste projecto. ngela Leite pela ajuda contnua, a Barbara Barber pelo treinamento Suzukie ao primeiro contacto com os padres de dedos.

    A todos o meu muito obrigado.

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    palavras-chave Tcnica violinstica Padres de dedos Optimizao do estudo

    resumo Este trabalho tem como objectivo estudar trs autores: William Primrose,Robert Gerle e Barbara Barber que, nos seus livros voltados prtica

    violinstica, apresentam o sistema de Padres de dedos como um recursotcnico da mo esquerda, visando a optimizao do estudo. Aps analisadacada abordagem extraram-se as principais caractersticas que,posteriormente, foram aplicadas em alunos do ensino superior da Universidadede Aveiro, pelo professor da classe. Esta investigao pretendeu testar afuncionalidade, aproveitamento e utilidade dos principais elementosestabelecidos, a fim de seleccionar aqueles que mais se destacaram.

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    keywords Violin Technique - Fingers Patterns - Study Optimization

    abstract This work aims to present three authors: William Primrose, Robert Gerle andBarbara Barber, whom on their books focused on violin practice. These authorsdealt with the Finger Pattern system, as a technical resource for the left hand,in order to optimize study. After each approach was analyzed, the mainfeatures of each system were selected, and applied by their classroom teacher,to higher education students. This research intended to test the functionality,utilization and usefulness of the main elements of each system, in order toselect those that stood out.

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    NDICE

    INTRODUO .......................................................................................................... 1

    CAPTULO IA TCNICA VIOLINSTICA........................................................... 4

    CAPTULO IIPADRO DE DEDOS................................................................... 11

    1. DEFINIO E DIFERENTES ABORDAGENS.............................................................. 112. AS ABORDAGENS DE PRIMROSE,GERLE E BARBER............................................... 16

    2.1. William Primrose (1904-1982)........................................................................ 16

    2.2. Robert Gerle (1924-2005)................................................................................ 20

    2.3. Barbara Barber (1954 - )................................................................................. 27

    3. COMPARAO BREVE ENTRE AS TRS ABORDAGENS............................................. 35CAPTULO III PROCESSO DE INVESTIGAO............................................. 37

    1. RECOLHA DE DADOS............................................................................................... 372. ANLISE DO CONTEDO ......................................................................................... 39

    2.1. Categorias para a Anlise dos Vdeos........................................................... 39

    2.2. Anlise dos vdeos segundo a aplicao de cada abordagem..................... 42

    2.2.1. William Primrose ........................................................................................ 422.2.2. Robert Gerle............................................................................................... 482.2.3. Barbara Barber........................................................................................... 54

    3. APRESENTAO DOS RESULTADOS OBTIDOS NA APLICAO DAS ABORDAGENS... 603.1. Em relao a aplicao do professor............................................................ 60

    3.2. Em relao a classificao dos alunos.......................................................... 61

    3.3. Em relao as abordagens............................................................................. 62

    4. ANLISE DAS ENTREVISTAS .................................................................................... 654.1. Entrevista dos alunos..................................................................................... 65

    4.2. Entrevista com o Professor da classe........................................................... 73

    5. DISCUSSO DOS RESULTADOS ................................................................................. 74

    CONCLUSO ........................................................................................................... 78

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS....................................................................... 80

    ANEXO IMaterial Compilado Entregue ao Professor........................................... 82

    ANEXO IITabela sumria da observao feita na aplicao das abordagens em salade aula ....................................................................................................................... 87

    ANEXO IIIRoteiro das Entrevistas....................................................................... 91

    ANEXO IVTranscries das Entrevistas............................................................... 96

    ANEXO VEntrevista informal feita a Barbara Barber ........................................... 144

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    NDICE DE FIGURAS

    Captulo 2

    Figura1: Robert Gerle (1983) ..................................................................................................... 12

    Figura 2: Barbara Barber (2008) ................................................................................................. 12

    Figura 3: Cinco padres desenvolvidos por Bornoff ............................................................ 13

    Figura 4: Exerccio para a prtica dos Padres de dedos por Simon Fischer .................... 14

    Figura 5: Diagrama do fingerboard do violino - Maia Bang ............................................ 15

    Figura 6: Exerccio na corda mi por Maia Bang ...................................................................... 15

    Figura 7: Tonalidade de Sol maiorTom Gilland ................................................................. 15

    Figura 8: Sinais e cores utilizados por Primrose ..................................................................... 19Figura 9 Exerccio Preparatrio I na escala de D maior ...................................................... 19

    Figura 10: Exerccio preparatrio II na escala de D maior ................................................. 20

    Figura 11: Frmula para memorizar os Padres de dedos segundo Primrose ................... 20

    Figura 12: A grade do fingerboard ............................................................................................ 22

    Figura 13: Padro de dedos n 1-Robert Gerle ....................................................................... 22

    Figura 14: Padro de dedos n2Robert Gerle ..................................................................... 23

    Figura 15: Exerccio 1 para o padro 1, Gerle ......................................................................... 24

    Figura 16: Exerccio 2 para o padro 1, Gerle ......................................................................... 24

    Figura 17: Exerccio 3 para o padro 1, Gerle ......................................................................... 24

    Figura 18: Exerccio 4 para o padro 1, Gerle ......................................................................... 25

    Figura 19: Exerccio 5 para o padro 1, Gerle ......................................................................... 25

    Figura 20: Exerccio 6 para o padro 1, Gerle ......................................................................... 25

    Figura 21: Exerccio 7 para o padro 1, Gerle ......................................................................... 25

    Figura 22: Exerccio 8 para o padro 1, Gerle ......................................................................... 25

    Figura 23: Exerccio 9 para o padro 1, Gerle ......................................................................... 25

    Figura 24: Exemplo da literatura, padro 1, Gerle .................................................................. 26

    Figura 25: Os doze padres de dedos por Barber................................................................... 29

    Figura 26: Exerccios para praticar os Padres de dedos, padro vermelho ....................... 31

    Figura 27: 1, 2, 3 e 4 Marcha dos dedos .............................................................................. 32

    Figura 28: Mistura da Marcha dos dedos.................................................................................. 32

    Figura 29: Tabela da Geografia do fingerboard ...................................................................... 33

    Figura 30: Exerccio com Harmnicos ..................................................................................... 33

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    Figura 31: Exerccio de mudana de posio ........................................................................... 34

    Figura 32: Aplicao no repertrio ............................................................................................ 34

    Figura 33: Smbolos utilizados por Barber ............................................................................... 35

    Captulo 3

    Figura 1: Legenda da classificao da aplicao do professor ............................................... 60

    Figura 2: Legenda do aproveitamento dos alunos .................................................................. 61

    Figura 3: Legenda da classificao das abordagens ................................................................. 63

    Figura 4: Legenda da pontuao agregada a cada classificao ............................................. 63

    Figura 5: Triangulao dos resultados ....................................................................................... 74

    NDICE DE TABELAS

    Captulo 1

    Tabela 1: Lista de publicaes pedaggicas a partir do sc. XX ............................................. 6

    Tabela 2: Aspectos tcnicos violinstico .................................................................................... 7

    Captulo 2

    Tabela 1: Principais diferenas entre as abordagens do Primrose, Gerle e Barber ............ 36

    Captulo 3

    Tabela 1: Tabela com os elementos caractersticos de cada abordagem .............................. 37

    Tabela 2: Distribuio das aplicaes das abordagens entre os alunos ................................ 38

    Tabela 3: Tabela das siglas das classificaes dos elementos de cada abordagem ............. 41

    Tabela 4: Resumo das classificaes do aluno 1 na abordagem do Primrose ..................... 43

    Tabela 5: Resumo das classificaes do Aluno 2 na abordagem do Primrose ................... 44

    Tabela 6: Resumo das classificaes do Aluno 3 na abordagem do Primrose ................... 45

    Tabela 7: Resumo das classificaes do Aluno 4 na abordagem do Primrose ................... 46

    Tabela 8: Resumo das classificaes do Aluno 5 na abordagem do Primrose ................... 47

    Tabela 9: Resumo das classificaes do Aluno 6 na abordagem do Primrose ................... 48

    Tabela 10: Resumo das classificaes do Aluno1 na abordagem do Gerle ......................... 49

    Tabela 11: Resumo das classificaes do Aluno 2 na abordagem do Gerle ....................... 50

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    Tabela 12: Resumo das classificaes do Aluno 3 na abordagem do Gerle ....................... 51

    Tabela 13: Resumo das classificaes do Aluno 4 na abordagem do Gerle ....................... 52

    Tabela 14: Resumo das classificaes do Aluno 5 na abordagem do Gerle ....................... 53

    Tabela 15: Resumo das classificaes do Aluno 6 na abordagem do Gerle ....................... 54

    Tabela 16: Resumo das classificaes do Aluno 1 na abordagem da Barber ...................... 55

    Tabela 17: Resumo das classificaes do Aluno 2 na abordagem da Barber ...................... 56

    Tabela 18: Resumo das classificaes do Aluno 3 na abordagem da Barber ...................... 57

    Tabela 19: Resumo das classificaes do Aluno 4 na abordagem da Barber ...................... 58

    Tabela 20: Resumo das classificaes do Aluno 5 na abordagem da Barber ...................... 59

    Tabela 21: Resumo das classificaes do Aluno 6 na abordagem da Barber ...................... 59

    Tabela 22: Classificaes dos elementos da abordagem do Primrose .................................. 62Tabela 23: Classificaes dos elementos da abordagem do Gerle ........................................ 62

    Tabela 24: Classificaes dos elementos da abordagem da Barbara Barber ....................... 62

    Tabela 25: Caractersticas positivas e negativas das abordagens segundo os alunos ......... 72

    NDICE DE GRFICOS

    Captulo 3

    Grfico 1: Resultado da aplicao das trs abordagens pelo professor ............................... 60

    Grfico 2: Resultado da classificao dos alunos nas trs abordagens ................................ 61

    Grfico 3: Resultado da pontuao agregada a cada elemento caracterstico das

    abordagens .................................................................................................................................... 64

    Grfico 4: Aproveitamento dos alunos resultante da aplicao das trs abordagens ........ 75

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    INTRODUO

    Diferentemente dos instrumentos de teclas, os instrumentos de cordas friccionadas

    no possuem notas pr-demarcadas visualmente no instrumento. Com isso, percebe-se a

    necessidade de cada instrumentista criar sua referncia cinestsica, auditiva e/ou visual para

    cada nota ou grupo de notas, logo justifica-se a utilizao de uma padronizao dos dedos

    no fingerboard1. O sistema no qual proporciona essa padronizao chama-se Padres de

    Dedos (Finger Patterns) que segundo Robert Gerle uma organizao e classificao

    sistemtica de um nmero infinito de combinaes de notas para um nmero limitado e

    identificado de padres recorrentes2(Gerle, 1983: 25, traduo nossa). Este sistema est

    direccionado para a tcnica violinstica da mo esquerda.

    Esta pesquisa tem o objectivo de ressaltar a importncia da utilizao dos Padres

    de Dedos verificando na bibliografia violinstica autores que abordem em seus estudos o

    referido tema, e aplicar propostas seleccionadas de acordo com critrios especficos3 em

    alunos do ensino superior da Universidade de Aveiro com o intuito de testar os elementos

    caractersticos de cada uma. Esta aplicao pretende encontrar alternativas para o

    aperfeioamento da tcnica violinstica, compostas dos componentes mais eficazes que

    formam as abordagens testadas at sugestes que podem suprir as necessidadesencontradas.

    Aps um levantamento inicial das abordagens existentes que utilizam este sistema,

    pode-se chegar a um nmero reduzido de autores que abordam o assunto em seus livros ou

    mtodos de violino. Pode-se tambm verificar que alm da pouca bibliografia de referncia,

    tambm h escassas abordagens que possuem uma sistematizao objectiva e eficaz na

    aplicabilidade deste sistema. Em um representativo frum de violino4 levantada a questo

    da dificuldade de acesso ao conhecimento de todos os padres bem como sua

    memorizao a partir de uma nomenclatura prtica e objectiva.

    Segundo Robert Gerle, na abordagem dos Padres de Dedos, muitas so as

    vantagens da utilizao na prtica diria do estudo ou at mesmo nas aulas. A principal

    1No foi encontrado uma traduo que melhor se adapte, o termo significa: escala, ou brao. Regio

    dos instrumentos de cordas onde os dedos se posicionam para a produo de notas.2Comprehensive organization and classification of the infinite number of note-combinations into a

    limited number of readily identifiable, recurring patterns 3

    Que sero explicados no captulo II4http://www.violinist.com , considerado pela revista The Strad"The best discussion board around, it

    covers many issues not addressed elsewhere."

    http://www.violinist.com/http://www.violinist.com/
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    seria a optimizao do estudo, melhorando na memorizao, afinao e at interpretao.

    Mas a essencial questo levantada de que maneira este sistema pode contribuir para o

    desenvolvimento da tcnica da mo esquerda e consequentemente na performance do

    violinista?

    Com base nesta questo foi possvel levantar algumas outras indagaes que

    caracterizam a problemtica do referido tema: Ser que todas as abordagens, que

    descrevem este sistema, so claras e eficazes na resoluo de problemas tcnicos da mo

    esquerda? Quais so os benefcios da utilizao dos padres de dedos? Ser que esta

    aplicao resulta em alunos em nvel superior? necessrio decorar todos os padres para

    uma maior eficcia de sua aplicabilidade? Qual a melhor nomenclatura para memorizar e

    fixar esses padres?

    Para esta pesquisa foram adoptados diferentes procedimentos metodolgicos. Apsa pesquisa bibliogrfica5, partiu-se para uma anlise documental dos dados, averiguando de

    forma concisa a viabilidade e funcionalidade de aplicao das abordagens, a forma como

    so elaborados os exerccios tcnicos de mo esquerda, isso para proporcionar a seleco

    das abordagens, de forma a test-las em aplicaes.

    Aps a escolha das abordagens a serem estudadas, passou-se para a pesquisa

    experimental6, feito a partir de um estudo de caso, durante o qual se introduziram variveis

    num universo de seis alunos, sem grupo de controlo; esta pesquisa experimental visoutestar a aplicao das trs abordagens seleccionadas e os tipos de resultados obtidos com o

    uso dos Padres de dedos, quais elementos caractersticos em cada abordagem geraram

    melhores resultados e finalmente como decorreu a adaptao do professor em diferentes

    abordagens. A colecta de dados foi dividida em duas partes: a primeira consiste na

    observao da aplicao feita pelo professor com apoio de filmagens, e a segunda consiste

    na realizao de entrevistas aos alunos e ao professor.

    Este trabalho est dividido em trs captulos. O primeiro captulo tem o objectivo

    de situar os principais aspectos tratados na tcnica violinstica bem como os mtodos e

    estudos escritos a partir do sculo XX. O segundo vem esclarecer ao leitor o conceito e

    origem do sistema de Padres de Dedos, ressaltando as diferentes abordagens existentes, e

    5Que incluiu no mbito da pedagogia do instrumento os principais mtodos e abordagens para violino,

    discusses em Fruns sobre violino, em recentes teses de mestrado ou doutoramento que referem-se

    aos instrumentos de cordas ou mais especificamente ao violino e sites especializados em venda de

    materiais didcticos para o instrumento6Quando se determina um objecto de estudo, seleccionam-se as variveis que seriam capazes de

    influenci-lo, definem-se as formas de controlo e de observao dos efeitos que a varivel produz noobjecto (Gil apud Silva e Menezes, 2001:21)

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    apresentando os trs autores seleccionados. Finalmente, o terceiro captulo consiste na

    apresentao dos dados relativos a aplicao das trs abordagens em seis alunos do ensino

    superior de violino da Universidade de Aveiro, bem como a anlise dos dados colectados

    para verificao de utilidade e funcionalidade dos elementos caractersticos de cada

    abordagem. O efeito ser discutido atravs da triangulao dos resultados obtidos entre a

    entrevista ao professor, entrevista aos alunos e a observao, apoiada nos vdeos. Por fim, a

    concluso apresenta algumas sugestes, formadas a partir dos resultados desta pesquisa,

    para futuras investigaes na qual visa contribuir para a construo de uma nova

    abordagem.

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    CAPTULO IA TCNICA VIOLINSTICA

    Para aprofundar o conceito e funo dos Padres de dedos, ser apresentada uma

    smula dos princpios formadores da tcnica violinstica e consequentemente dos principais

    autores da pedagogia do violino. No processo de ensino e aprendizagem de um

    instrumento, podem-se procurar e utilizar como ferramenta muitas abordagens e mtodos

    com objectivos diferenciados. Segundo Kolneder, existem trs grupos de materiais

    pedaggicos na literatura violinstica a partir de 1900:

    Primeiro so materiais de estudo que seguem os mtodos tradicionais [], osegundo grupo consiste de trabalhos baseados em uma anlise de mecanismos paratocar, com vrios exerccios especializados fornecidos. [] Finalmente hmateriais destinados para aqueles, maioritariamente amadores.7 (Kolneder, 1972:504, traduo nossa)

    Segundo o autor, em essncia, todos os grupos possuem alguns princpios iguais,

    como os aspectos tcnicos, que so indispensveis para o aprendizado do instrumento e

    consequentemente o fazer musical. Abaixo segue uma lista dos mais representativos 8

    materiais pedaggicos publicados a partir do sculo XX. Esta listagem um compilado

    entre a seleco apresentada por Kolneder (2001) em The Amadeus book of the violin e no

    artigo Violin Pedagogy: How Did they Learn? por Robin Kay Deverich (2006), com

    acrscimos de publicaes actuais.

    1901 Sevcik. Preliminary Trill Studies, op. 7, LeipzigSevcik. Preliminary Double-Stop Studies, op. 9, Leipzig

    1902/03 Sauret, Vingt-quatre etudes capricesop. 64, Berlin

    1902/05 Joachim and Moser. Violinschule. (3 vols.) Berlin.

    1903 Sevcik, School of Bowing technique,op. 2 (6 vols.), LeipzigSteinhausen, Die Physiologie der Bogenfhrung (The physiology of bowing),Leipzig

    1904/05 Hoya, Die Grundlagen der technik des violinspiels, Leipzig

    1904/08 Sevcik, Violin School for Beginners, opp. 6-9, Leipzig1910 Marteau, Bogenstudien,op. 14 Berlin

    1911 Flesch, Urstudien,BerlinKchler, Praktische Violinschuleop. 2, Zurich

    1914 Stoeving, The elements of Violin Playin and a Key to Sevciks Works, London

    1916 Capet. La Technique superieure de l'archet. Paris.

    1919 Bang, Maia BangViolin Method, Part 1 byLeopold Auer

    1920 Moser,Methodik des Violinspiels, Leipzig

    7First are study materials that follow traditional teaching methods [...] The second group consists of

    works based on an analysis of the mechanisms of playing, with various specialized exercises provided [...]Finally there are materials intended for those, mostly amateurs. 8The titles that follow therefore represent only the most significant contributions (Kolneder, 1972: 451)

    http://www.gettextbooks.com/author/Leopold_Auerhttp://www.gettextbooks.com/author/Leopold_Auerhttp://www.gettextbooks.com/author/Leopold_Auer
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    1921 Auer. Violin Playing as I Teach It. New YorkDounis, The Artists Technique of Violin Playing op. 1, New YorkF. Gerlier, 30 tudes manuscrites, Paris

    1922 Sevcik, The School of Intonation(14 vols.), New York

    1923/28 Flesch. Die Kunst des Violin-Spiels. Berlin. (Engl. Trans. as The Art of violinplaying, New York 1924, 1930; 2d rev. ed. 1939)

    1924 Dounis, The Absolute independence of the Fingers, op. 15, London

    1925 Auer, Violin Masterworks and Their Interpretation, New York1926 Auer and Saenger, Graded Course of violin playing(8 vols.), New York

    Flesch, Das Skalensystem (Scale Studies), BerlimHindemith, Studies for Violinists, Mainz and New York

    1931 Flesch, Das Klangproblem im Geigenspiel, Leipzig (Engl. Trans. as Problems of toneproduction, New York 1934)

    1932 Martinu, Rhythmische etden, Mainz

    Erich and Elma Doflein, Das Geigen-Schulwerk, Mainz1937 Norden, Harmony and its application in violin playing, Boston1941 Dounis.New aids to Technical Development, op. 27. London.1944 Heimann,Modern Violin Studies, Copenhagen1948 Bornoff, Finger Patterns for violin, New York1953 Gingold, ed. Orchestral Excerpts(3 vols.) New York1960 Primrose, Technique is memory: A method for violin and viola players based on finger

    patterns, London1961 Havas,A New approach to violin playing, London

    1962 Galamian. Principles of Violin Playing and Teaching. Englewood Cliffs, NJ.

    1963 Galamian and Neumann. Contemporary Violin Technique. New York.Hutton, Improving the School String Section, Boston

    1964 Green, Twelve Modern etudes for the advanced violinist or violist, PhiladelphiaSzigeti,A violinists Notebook, LondonHavas, Kato. The Twelve Lesson Course in a New approach to Violin Playing.London.

    1966 Flesch, Violin Fingering: Its Theory and Practice, London1967 Yampolsky, The Principles of Violin Fingering, London1969 Suzuki, Nurtured by Love: Talent education for young children, New York.1970 Suzuki, Suzuki violin school. Princeton, New Jersey.1971 Menuhin. Six Lessons with Yehudi Menuhin.London.

    Rolland, Paul. Prelude to String Playing. New York.1972/73 Applebaum, The Way they Play (interviews)Neptune City~1973 Suzuki and Mills, The Suzuki concept: an introduction to a successful method for early

    music education.Berkely1974 Rolland, Paul. The Teaching of Action in String Playing. New York1977 Zukofsky,All-interval Scale Book, including a chart of harmonics, New York1981 Havas, Kato and Jerome Landsman. Freedom to play: A string class teaching

    method. New York.1982 Ben-Haim, Three studies for violin solo, Tel Aviv1983 Suzuki,Ability development from Age Zero, Athens

    Gerle, The Art of practising the violin, London1985 Jacoby, Violin Technique: A practical analysis for Performers, London

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    Galamian, Principals of violin playing and teaching, London1986 Menuhin. The Compleat Violinist: Thoughts, Exercises, Reflections of an Itinerant

    Violinist.New York.Igor Ozim, ed. Pro Musica Nova: Studies for playing contemporary music for violin,

    Wiesbaden

    1987 Rolland, Young Strings in Action: A string method for class or individual instruction, New York1988 Ricci, Left-Hand Violin Technique, New York1989 Rolland, The teaching of action in string playing (with fourteen films on nine

    videocassettes), Urbana1991 Gerle, The Art of Bowing practice, London

    1993 Kaufman, Warming-up Scales and Arpeggios for violin, New York1996 Adler,Meadowmount Etudes: Four Studies of Twentieth- Century techniques for solo

    violin, Bryn Mawr1997 Fischer, Basics: 300 Exercises and Practice Routines for the violin, New York

    2001 Gilland, Finger positions for the violin. USA2003 Kempter, How muscles learnTeaching the violin with the body in mind.USA2008 Barber, Fingerboard Geography for Violin, Volume 1, Colorado

    Tabela 1: Lista de publicaes pedaggicas a partir do sc. XX

    Em grande parte dos mtodos existentes para violino, os autores dedicam-se pelo

    menos um captulo para o funcionamento da postura violinstica. Segundo Auer segurar o

    instrumento deve ser um pr-requisito para todo o desenvolvimento posterior, esta fase do

    ensino do violino deve-se dar crdito9

    (Auer, 1921: 10, traduo nossa)A maioria desses autores possuem um ou mais livros dedicados aspectos tcnicos

    e interpretativos. H os que abordem em apenas uma publicao o essencial da tcnica

    violinstica, como Leopold Auer em Violing Playing-As I teach It(1921). Ou autores como

    Otakar Sevcik que possui uma srie de opusdistribudos em diferentes aspectos como por

    exemplo: School of Bowing Technique, op. 2 (1903); The School of intonation (1922); Preliminary

    Double-Stop Studies, op. 9 (1901) e Preliminary Trill Studies, op. 7 (1901). A publicao dos

    estudos de Sevcik teve grandes consequncias. Todo o violinista que us-lo correctamente

    pode melhorar a sua tcnica e resolver os problemas tcnicos difceis. At esse data poucos

    violinistas poderiam fazer isso10. (Flesch apudKolneder, 1972: 459, traduo nossa)

    De uma forma geral os aspectos tcnicos desenvolvidos e estudados por violinistas

    e que esto na maior parte da bibliografia existente, baseiam-se na diviso das dificuldades

    9Since holding the instrument as it should be held is prerequisite to all further development, this phaseof violin teaching shall claim our first consideration

    10

    The publication of Sevicks studies had far reaching consequences. All violinists who use them properlycan improve their technique and solve difficult techinical problems. Up to that time few violinists couldaccomplish this.

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    existentes na mo direita (mo do arco) e na mo esquerda (mo do violino). Alguns dos

    principais temas discutidos so:

    Mo Direita Mo Esquerda- Posio do polegar

    - Diviso do arco

    - Diferentes arcadas (Legato, Detach, Martel,

    Staccato, Staccato Volant, Spiccato Sautill,

    Ricochet-Staccato, Tremolo e Arpegio)

    - Flexibilidade

    - Mudanas de cordas

    -Rotao do antebrao

    - Peso do arco

    - Produo do som

    - Afinao

    - Mudana de posio

    - Posio e aco dos dedos sob a corda

    (presso e velocidade)

    - Escalas

    - Dedilhado

    - Cordas duplas

    - Acordes

    - Oitavas

    - Padres de Dedos

    - Ornamentos (trilos, pizzicato)

    - Harmnicos

    - Independncia dos dedos

    - Vibrato

    Tabela 2: Aspectos tcnicos violinstico

    Esses temas so amplamente discutidos na bibliografia violinstica, havendo

    diferenas e semelhanas em seus princpios. Por exemplo, h muitas maneiras descritas

    por diferentes autores, para assegurar o arco e saber a posio exacta do polegar.

    Courvoisier11, em seu livro que apresenta os ensinamentos do seu professor Joachim, diz

    que os dois dedos de fora tm uma funo especfica a cumprir, enquanto o dedo do meio

    e o anelar ajudam o polegar a segurar o arco12(Courvoisier, 2006: 25, traduo nossa). J

    Kat Havas fala mais especificamente da posio exacta do polegar:

    O lado direito da ponta do polegar colocado contra a borda do talo. A segundaarticulao deve ser dobrada para fora, de modo que a rea ao redor da unha fique

    11The author, Herr Karl Courvoisier, of Frankfort-on-the-Main, himself a teacher of wide experience, is a

    pupil of Herr Joachim, from whom he received a public testimonial for the fidelity and skill with which his

    teachings had been grasped and utilized. In 1873 Herr Courvoisier published a brochure of 43 pages

    which he called Die Grundlage der Violin-Technik. Its manuscript had previously been submitted to Herr

    Joachim, who honored it and its author with a letter. (Krehbiel apud Courvoisier, 2006: s/p)12The two outside fingers have a particular function to fulfill, while the inside middle and ring fingers aidthe thumb in holding the bow.

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    encostada ao ponto onde as cerdas se unem vareta. Se isso for feito, serencontrado que pela natureza do polegar curvado em direco ao dedo mdio, se aponta do polegar tocar o dedo mdio, () criar um crculo solto e natural.(Havas, 1961: 23, traduo nossa)13

    Segundo Auer, at mesmo os grandes violinistas14 tem sua prpria maneira de

    segurar o arco, pois na verdade, cada um adapta-se de acordo com o seu corpo, por

    exemplo, Joachim, segurava o arco com seu segundo, terceiro e quarto dedo, com seu

    primeiro dedo frequentemente no ar. Ysaye, contrariamente, segura o arco com os

    primeiros trs dedos, com seu mindinho levantado no ar15 (Auer, 1921: 13, traduo

    nossa). Carl Flesch refere-se as maneiras de segurar o arco de acordo com trs mtodos:

    A maneira antiga (alem), o dedo indicador pressiona a vareta com sua superfcieinferior, a um nvel aproximado entre a primeira e segunda articulao, []todos

    os dedos so pressionados juntos, e a crina do arco moderadamente tensa. Amais recente forma (Franco-Belga), o dedo indicador entra em contacto com a

    vareta no final da extremidade da segunda articulao, [], h um espaointermedirio entre os dedos indicador e mdio, com o polegar oposto ao dedomdio. A mais recente forma (Russa), o dedo indicador toca na vareta na linha quesepara a segunda da terceira articulao.16(Flesch 1924: 51, traduo nossa)

    Em relao a mo esquerda, a posio do polegar tambm um tema muito

    contraditrio. Simon Fischer apresenta as diferentes opinies sobre essa colocao:

    Leopold Auer: coloque o polegar directamente em frente ao segundo dedo na nota

    F bequadro na corda R. Galamian: entre o primeiro e segundo dedo, ou emfrente ao primeiro. Flesch, Sevcik: de frente para o primeiro dedo com a nota Mina corda R. Suzuki: com o primeiro dedo na nota Mi na corda R 17 (Fischer,1997: 89, traduo nossa)

    13The right side of the thumb-tip is to be placed against the edge of the nut. The second joint is to be

    bent outward, so that the area around the nail rests against the point where the hair joins the stick. If

    this is tried, it will be found that by nature the thumb curver towards the middle finger, if the tip of the

    thumb were to touch the middle finger, ()creating a loose and natural circle

    14Every great violinist of the close of the last certury had each his own individual manner of holding thebow(Auer, 1921: 13)15

    Joachim held His bow with His second, third and fourth fingers, with His first finger often in the air.

    Ysaye, on the contrary, holds the bow with his first three fingers, with his little finger raised in the air16

    The older (German) manner, the index finger presses upon the stick with its lower surface, on an

    approximate level with the knuckle between the first and second joints, all the fingers are pressed closely

    together, and the bow-hair is moderately tensed. The newer (Franco-Belgian) manner, the index finger

    comes into contact with the stick at the extreme end of its second joint, () there is an intervening space

    between index and middle fingers, with the thumb opposite to the middle finger (). The newest

    (Russian) manner, the index finger touches the stick at the line separating the second from the third

    joint.

    17Leopold Auer: place the thumb directly opposite the second finger playing F

    on the D string. Galamian:

    between the first and second fingers, or opposite the first. Flesch, Sevcik: opposite the first finger playing

    E on the D string. Suzuki: between the first finger playing E on the D string.

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    Segundo o prprio Fischer, a posio do polegar na primeira posio deve ser

    natural, oriunda de um brao relaxado.

    Para encontrar uma posio natural para o polegar na primeira posio, solte a mopara o lado e relaxe completamente. Primeiro sem o violino e depois com o

    violino, levante rapidamente a mo em posio de tocar. Se a mo e o brao estocompletamente relaxados, qualquer que seja a posio do polegar, naturalmente,chegar na posio correcta desta particularidade da mo. Esta a posio que opolegar se afasta de, e retorna para, como move-se no brao do violino. 18(Fischer,1997: 89, traduo nossa)

    Para Kat Havas a posio difere-se de caso em caso, pois somos todos diferentes e

    cada um tem uma configurao, sendo assim para ela impossvel localizar um lugar

    definido para o polegar19(Havas, 1961: 19, traduo nossa). A partir deste exemplo pde-

    se ter uma pequena ideia de como so tratados alguns dos aspectos da tcnica violinstica.

    Esta pesquisa no ir detalhar todos os elementos citados anteriormente, e sim concentrar-

    se no sistema de padres de dedos.

    Para o bom funcionamento dos padres de dedos necessrio que o mnimo deste

    conjunto esteja inserido na prtica. Por exemplo, a posio do polegar20na mo esquerda

    falada anteriormente, deve estar estvel e sem tenso, pois um mal funcionamento da

    posio da mo pode influenciar no aproveitamento do sistema, uma vez que o polegar

    determina se a mo, pulso, cotovelo e ombro estaro permitidos para operar como um

    sistema integrado de alavancas, adaptando-se sem esforo as exigncias da msica21(Havas, 1978: 24, traduo nossa).

    Dentre os livros voltados a tcnica violinstica alguns tratam do sistema de Padres

    de dedos, assunto este vinculado directamente a afinao no instrumento. Muitos so os

    pedagogos que escrevem sobre afinao, mas so poucos os que objectivaram-se a escrever

    18To find a natural position for the thumb in 1st position, drop the hand to the side and relax it com It

    completely. First without the violin, and then with the violin, quickly raise the hand into playing position.

    If the hand and arm are completely relaxed, whatever position the thumb naturally arrives at is the

    correct position for that particular hand. This is the position that the thumb departs from, and returns to,as it moves around on the violin neck.19

    It is impossible to allocate a definite place to it.20

    Yet the importance of a flexible, mobile thumb, and its role in musical communication, cannot be

    emphasized strongly enough. For example, according to scientific experiments, it seems that the thumb

    with the lips and tongue is directly connected to a special part of the brain where the motor sensory

    areas are located. () With the elimination of the violin hold and bow ho ld as we understand them, with

    all their vertical implications, the next important step is to eliminate the vertical action on the

    fingerboard. The best way to achieve this is to allow not force, the left wrist to fall into its natural

    position with the palm facing upwards. This in turn will eliminate the last vestige of vertical threat to the

    left thumb (Havas, 1978: 24)21What the thumb does also determines whether the hand, wrist, elbow and shoulder will be allowed to

    operate as one magnificent integrated system of levers, adjusting without strain to the demands of themusic

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    sobre este tema. O prximo captulo trata especificamente dos Padres de dedos, trazendo

    definio, origem e abordagens nas quais se dedicaram mais profundamente a este tema.

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    CAPTULO IIPADRO DE DEDOS

    1. Definio e diferentes abordagens

    Padro de dedos um sistema que estabelece na mo esquerda as relaes entre asdistncias dos dedos em todo o fingerboard, fornecendo a identificao exacta de cada nota

    visualmente, mentalmente e fisicamente, antes de o som ser produzido. A implantao

    deste sistema teve origem a partir da Tablatura22do sistema de notao Europeu, surgida

    primeiramente com os instrumentos de teclado (sc. XIV) e logo aps com o alade

    (segunda metade do sc. XV).

    Sistemas de tablatura tem sido utilizado na msica da Europa Ocidental pelomenos desde o incio do sc. XIV, a maior parte deles decorrentes da tcnica deum instrumento especfico. [...], Sistemas de tablatura em geral utilizam um

    smbolo para mostrar de que forma produzir um som de uma tonalidade exigida apartir do instrumento em questo []e outra para mostrar a sua durao.23(Dartet al., 2001: 905, traduo nossa)

    Paralelo a estas datas (sc. XIV), h os primeiros vestgios de informao que

    relatam a origem da famlia do violino, mas essas evidncias em grande parte da bibliografia

    so dadas como obscura, sendo apenas conjecturas, analogias, e inferncias (Schlesinger

    apud Kolneder, 2001: 65, traduo nossa). Em relao a tablatura, so encontrados no

    princpio da origem do violino o uso da tablatura italiana24 (Alade) e em menor uso no

    sc. XVI da tablatura alem (Alade).

    A aplicao desta tablatura para o instrumento moderno chamada por Robert

    Gerle de A nova tablatura, que diferente da tablatura italiana mostra somente a

    22The term tablature is used to describe many European and Asian systems of notation which tell the

    reader directly where to place each finger on a string fingerboard or keyboard.(Gerle, 1983: 25)23

    Systems of tablature have been in use in western European music since at least the early 14th century,

    most of them deriving from the playing technique of a particular instrument. (), tablature systems in

    general use one symbol to show how to produce a sound of the required pitch from the instrument in

    question () and another to show its duration.24

    The Italian system was more logical than German lute tablature since it was a visual representation of

    the fingerboard. Its clarity and ease of application remained, however many courses or frets the

    instrument possessed. Each course was represented by a horizontal line, the bottom course

    corresponding to the top line The staff formed in this way normally had six lines (i.e. as many a s there

    were courses). The open course was represented by a figure 0 on the appropriate line, the first fret by 1,

    the second by 2 and so on, the 10th, 11th and 12th frets being represented by the special single symbols

    x, x and x, since a double symbol like 10 might be confused with the two separate symbols 1 and 0.

    Rhythm signs were shown above the notes; at first they were repeated for each note or chord, but from

    about 1530 onwards a more economical system prevailed whereby each rhythm sign remained valid

    until it was replaced by another. In later sources, both printed and manuscript, the normal staff notation

    rhythm signs tended to replace the traditional lute ones. Diapasons were shown as numbers (from 7 to

    14) set between the staff and the rhythm signs. Italian tablature was used for some books printed inKrakw, Lyons and Strasbourg in the second half of the 16th century, and a few English and Austrian

    manuscripts are known; but it was mainly confined to Italy. (Dart et al., 2001: 910)

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    12

    indicao directamente da altura da nota e designada especificamente para ajudar a

    prtica (Gerle, 1983: 25, traduo nossa). Esta Nova tablatura composta de dois

    factores, o da representao visual das notas no fingerboarde do factor de uma organizao

    sistemtica de praticamente todas as possveis combinaes de notas no fingerboard.

    importante ressaltar que trata-se de um recurso voltado a parte tcnica do instrumento, no

    remetendo directamente a aspectos interpretativos. Exemplos retirados da bibliografia

    ilustram esta definio:

    Figura1: Robert Gerle (Fonte: in Gerle, 1983: 28) Figura 2: Barbara Barber (Fonte: in Barber, 2008: s/p)

    Ao mesmo tempo que este conceito remete-nos a elementos do sc. XIV e XV, trs

    uma grande lacuna na sua dissipao. Por se tratar de um instrumento com muitos anos de

    histria, h uma variedade de abordagens prticas e tericas que visam o aperfeioamento

    da tcnica violinstica, mas a partir do levantamento bibliogrfico feito para esta pesquisa,

    encontrou-se um nmero reduzido de autores que abordam este assunto em seus livros oumtodos de violino sendo uma prova de que esta diversidade na maioria dos casos no

    possibilita o conhecimento de tudo o que j foi publicado.

    O material encontrado aborda a teoria da execuo instrumental, alguns de cunho

    mais prtico contendo breves explicaes e exerccios. Em The art of practising the violin

    (1983) de Robert Gerle, aparece este conceito desenvolvido. Trata-se de um guia

    didctico de 110 pginas explicativas de cada tema relevante para a tcnica e performance

    violinstica (inclusive os Padres de dedos), contendo alguns exemplos direccionado ao

    repertrio standart25do violino. Neste livro, o autor divide o tema a prtica dos padres de

    dedos em trs grandes seces: 1) A nova tablatura, 2) Boa afinao e 3) Exerccios de

    afinao. Gerle que introduz o termo A nova tablatura, considerando como uma nova

    maneira de pensar sobre a tcnica da mo esquerda, que segundo ele est apoiado em uma

    dupla fundamentao: A grade dofingerboard e o sistema dePadres de dedos.(Este autor

    ser visto mais aprofundadamente no subcaptulo 2.)

    25Examples from the standard repertory show how these exercises translate into passages for

    performance. (Gerle, 1983: 39)

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    Ao contrrio do livro do Gerle, o livro Technique is memory: a method for violin and viola

    players based on finger patterns (1960)de William Primrose, foi de difcil acesso, isso por se

    tratar de uma bibliografia antiga e que est praticamente esgotada para venda, mas existindo

    alguns exemplares em bibliotecas nos Estados Unidos e em Inglaterra. Aps ter acedido a

    este material pela British Library, atravs de um emprstimo entre bibliotecas, foi possvel

    verificar que se tratava de um livro muito prtico, contendo uma breve explicao do

    funcionamento do material. Basicamente est fundamentado na explorao dos Padres de

    dedos em escalas distribudas por diferentes tonalidades. (No subcaptulo 2.1 este autor

    ser visto mais detalhadamente)

    Outra bibliografia de grande importncia para este assunto da violinista e

    violetista Barbara Barber, que recentemente publicou Fingerboard Geography for Violin

    (2008). A grande diferena do Gerle para esta abordagem o facto de ser uma abordagemtotalmente prtica e direccionada ao repertrio do Mtodo Suzuki (volume I ao IV). A

    autora desenvolveu este sistema de afinao na qual instrumentistas de cordas aprendem a

    distribuio das notas no fingerboard e consequentemente adquirem uma melhor afinao.

    (Esta autora tambm ser vista mais detalhadamente no subcaptulo 2.)

    Aps entrevista feita com Barbara Barber, chegou-se ao conhecimento da

    abordagem de George Bornoff Bornoff's Finger Patterns For Violin - A Basic Method For

    Strings (1948), na qual desenvolve um sistema baseado nos Padres de dedos para a classede cordas, desenvolvidos em dois volumes. Esta abordagem est fundamentada na

    utilizao de cinco padres de dedos (ver figura 3), associado as quatro cordas e a

    diferentes golpes de arco, na qual so introduzidos em simultneo. Bornoff em 1978

    formou uma organizao de apoio a professores chamada the Foundation for the Advancement

    of String Education, Inc. (FASE, Inc.)26, com o objectivo de aplicar os princpios e o material

    que havia desenvolvido ao longo de cinquenta anos.

    Figura 3: Cinco padres desenvolvidos por Bornoff

    (Fonte in:http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bornoff_finger_patterns.png)

    26http://www.fase.org/

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bornoff_finger_patterns.pnghttp://www.fase.org/http://www.fase.org/http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bornoff_finger_patterns.png
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    14

    Simon Fischer em seu livro Basics: 300 Exercises and Practice Routines for the Violin

    (1997), que descreve e aponta exerccios para os principais aspectos tcnicos da prtica

    violinstica, tambm aponta um tpico sobre Padres de dedos. Inserido no Captulo

    designado Afinao, mais especificamente na parte intitulada Afinao uniforme, na

    qual possu exerccios que so uma maneira rpida e efectiva para formar uma consistente

    afinao, que a mesma nota, tocada com qualquer dedo em qualquer oitava, seja a

    mesma27(Fisher, 1997: 191, traduo nossa)

    O sistema de padres de dedos adoptado por Fischer consiste em um modelo

    prtico que deve ser aplicado directamente no repertrio estudado. Trata-se da construo

    dos padres podendo estar entre duas cordas, sempre produzindo as mesmas notas em

    diferentes posies, criando assim um referencial de afinao. Como se pode observar na

    Figura 4, a aplicao no repertrio se d atravs da prtica do exerccio modelo, queencontra-se em d maior, executado directamente na tonalidade da obra e tambm em

    tonalidades relativas.

    Figura 4: Exerccio para a prtica dos Padres de dedos por Simon Fischer (Fonte: in Fischer,

    1997: 193)

    H ainda na literatura violinstica autores que em suas abordagens, alm dos

    elementos tcnicos mais comuns28, tambm descrevem sistematicamente a colocao dos

    dedos no fingerboard. Essas no entanto no se referem exactamente ao termo Padres de

    dedos, mesmo possuindo caractersticas estruturais e forma de visualizao que remetem a

    elementos dos sistemas visto anteriormente. Um exemplo abordagem prtica de Maia

    Bang, Violin Method(1919), na qual introduz o diagrama do fingerboard do violino

    (Figura 5), apresentando um desenho do fingerboard com as quatro cordas, as distncias

    entre um tom e um semitom, o nome das notas e o nmero dos dedos na qual as notas

    sero tocadas.

    27

    Are a quick and effective way to make intonation consistent, so that the sa me notes, played with anyfinger in any octave, are the same pitch28

    Ver Captulo IA Tcnica violinstica

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    15

    Figura 5: Diagrama dofingerboarddo violino - Maia Bang (Fonte: in Bang, 1919: 27)

    No decorrer dos exerccios elaborados por Bang, introduzido progressivamente

    os dedos no fingerboard, resultando no diagrama com todos os dedos na corda (Figura 6).

    Toda explicao que o autor faz refere-se a tons e semitons, e sempre dirigindo-se a uma

    corda de cada vez.

    Figura 6: Exerccio na corda mi por Maia Bang (Fonte: in Bang, 1919: 35)

    A abordagem feita por Tom Gilland Finger positions for the violin assemelha-se com

    a de Maia Bang na forma de elaborao do diagrama do fingerboard, mas diferencia-se no

    fato de Gilland classificar o diagrama por tonalidades. Ele demonstra os intervalos e os

    nomes das notas nas quatro cordas e em cada tonalidade diferente.

    Figura 7: Tonalidade de Sol maiorTom Gilland (Fonte: in Gilland, 2001: 6)

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    16

    2. As abordagens de Primrose, Gerle e Barber

    Foram escolhidas trs abordagens baseadas em alguns pr-requisitos,

    respectivamente: haver sistematizaes29e utilizar a terminologia Padres de dedos (Finger

    patterns). A partir disto, foram escolhidos os seguintes autores: William Primrose, Robert

    Gerle e Barbara Barber como referenciais de abordagens para a base deste estudo. Mesmo

    apresentando esses pr-requisitos, a abordagem do George Bornoff no foi seleccionada

    para esta fase do estudo pelo facto de ter sido encontrada no decorrer da pesquisa e aps j

    terem decorrido as aplicaes nos alunos das abordagens citadas anteriormente, no entanto,

    futuros estudos podero analis-la e aplic-la.

    2.1. William Primrose (1904-1982)

    Primrose nasceu emGlasgow e com quatro anos de idade iniciou seus estudos ao

    Violino. Em 1919 mudou-se com a famlia para Londres onde recebeu uma bolsa de

    estudos para estudar violino na Guildhall School of Musiccom Max Mossel. Graduou-se em

    1924 e em 1926 foi para a Blgica estudar com Eugene Ysae com quem redescobriu a

    Viola. Primrose assumiu a funo de violetista noLondon String Quartet em 1930 no qual

    teve durao de cinco anos. Em 1937 ingressou naNBC Symphony Orchestraonde trabalhou

    com Arturo Toscanini.Foi solista na primeira gravao de Haroldo na Itlia de Berlioz e

    em 1949 na estreia mundial doConcerto para Viola de Bla Bartk dedicado a ele.

    Alm de sua longa carreira como solista, tornou-se um pedagogo escrevendo muitas

    transcries e arranjos para viola. Seu percurso pedaggico passou por vrias partes do

    mundo, como Japo e Estados Unidos. Algumas das escolas e universidades que percorreu

    foram: Curtis Institute of Music, The Juilliard School, Indiana Universidade Jacobs School of Music, e

    daEastman School of Music.

    Primrose contribuiu escrevendo quatro obras pedaggicas: Art and Practice of Scale

    Playing(Mills, 1954), Technique Is Memory (Oxford University Press, 1960), Violin and Viola

    (com Yehudi Menuhin and Denis Stevens; Schirmer, 1976), and Playing the Viola(Oxford

    University Press, 1988). Em 1982 faleceu vtima de um cncro.30

    29

    Entende-se por sistematizao o aprofundamento terico, o desenvolvimento de nomenclaturasespecficas e exerccios prticos30

    Dados obtidos atravs do site http://music.lib.byu.edu/piva/WPbio.html

    http://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&sl=en&u=http://en.wikipedia.org/wiki/Glasgow&prev=/search%3Fq%3Dwilliam%2Bprimrose%26hl%3Dpt-BR&rurl=translate.google.com.br&twu=1&usg=ALkJrhgxeIAbli2-wYCfS25QVXVuvjFxCwhttp://en.wikipedia.org/wiki/Viola_Concerto_(Bart%C3%B3k)http://en.wikipedia.org/wiki/Viola_Concerto_(Bart%C3%B3k)http://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&sl=en&u=http://en.wikipedia.org/wiki/Glasgow&prev=/search%3Fq%3Dwilliam%2Bprimrose%26hl%3Dpt-BR&rurl=translate.google.com.br&twu=1&usg=ALkJrhgxeIAbli2-wYCfS25QVXVuvjFxCw
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    traduo nossa), ou seja, sua proposta vem ao encontro com aquilo que j est escrito na

    literatura violinstica relacionado a mecanizao da mo esquerda.

    Um dos pr-requisitos para praticar sua abordagem o instrumentista ser capaz de

    nomear todos os intervalos que formam as escalas maiores e menores. Perante isto ele

    introduz e ressalta o termo Topografia do fingerboard, como sendo a utilizao dos

    padres feita a partir da memorizao da relao intervalar dos dedos por tonalidades no

    fingerborad. Sua abordagem est fundamentada na explorao dos padres de dedos nas

    escalas maiores e menores em todas as tonalidades nas primeiras sete posies do violino e

    da viola. Essa fundamentao est baseada na seguinte afirmao: Se tcnica a memria,

    a viso desempenha um papel importante em tal prtica. O percurso : viso para o

    crebro, o crebro para o dedo, o dedo (ou o som produzido por ele) a audio, ao

    crebro 35(Primrose, 1960: 1, traduo nossa)O sistema funciona na prtica das escalas descritas atravs da concentrao nos

    grupos de dedos que esto numerados e ligados por um sinal tracejado. Estes sinais esto

    tracejados para o preenchimento a cores pelo aluno, pois segundo o autor as cores atraem

    o olhar mais facilmente do que o preto e branco e so lembradas com muito mais

    facilidade36 (Primrose, 1960: 1, traduo nossa), assim, tornado a prtica mais benfica.

    Sua influncia para utilizao das cores surgiu com Paul Emerich em Nova York, que

    sempre utilizava a cor vermelha para indicar o meio-tom.

    As cores utilizadas nessaabordagem so: o vermelho para meio-tom na mesma corda, verde para uma srie de tons

    inteiros em uma corda e o azul quando h uma distncia de meio-tom com o mesmo dedo

    entre duas cordas.

    35

    If technique is memory it follows that the eye plays na important role in such practice. The route is: eyeto brain, brain to finger, finger (or the sound produced by it) to ear, ear to brain36

    The colours attract the eye more readily than black on white and are remembered much more easily

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    Figura 8: Sinais e cores utilizados por Primrose

    As escalas esto distribudas em todas as tonalidades iniciando com a Super tnica,

    seguindo respectivamente pela mediante, sub-dominante, dominante, sub-mediante,

    sensvel e tnica incluindo em cada uma suas relativas menores harmnicas e meldicas.Cada escala est ainda dividida em duas partes, em exerccios Preparatrio I e II. O

    Preparatrio I consiste na combinao em cada corda, das notas utilizadas na escala em

    questo com o acrscimo da utilizao das cores e formas geomtricas para determinar os

    intervalos (ver figura 9). Primrose destaca que sua prtica deve ser primeiramente lenta,

    aumentada gradativamente sua velocidade para que o estudante consiga memorizar as

    posies e os dedos, de modo que a longo prazo sua preciso se aproxime da perfeio.

    Figura 9: Exerccio Preparatrio I na escala de D maior (Fonte: in Primrose, 1960: 2)

    No preparatrio II feita a identificao somente dos meios-tons em cada corda na

    tonalidade em questo. um exerccio para ser praticado sem arco e numa velocidade

    37Verso original apresentada no livro

    38Verso escrita no livro

    39Verso escrita no livro ou

    Vermelho: Meio-tom na mesma corda. 37

    Verde: Uma srie de tons inteiros em uma corda. 38

    Azul: Quando h uma distncia de meio-tom com o mesmo

    dedo entre duas cordas 39

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    rpida, em que os dedos atinjam ofingerboardno mesmo momento, de forma que o padro

    seja considerado um bloco slido. Aqui, a viso desempenha um papel muito importante

    para a memorizao, pois os exerccios tambm devem ser praticados se possvel de

    memria, aconselhado ainda que o aluno pense no nmero dos dedos envolvidos em cada

    combinao, para o autor preciso e memria so essenciais40 (Primrose, 1960: 1,

    traduo nossa).

    Figura 10: Exerccio preparatrio II na escala de D maior (Fonte: in Primrose, 1960: 2)

    Primrose ainda acrescenta uma frmula para memorizar os Padres de dedos nas

    escalas e em todas as tonalidades nas primeiras sete posies no violino ou na viola.

    Podemos considerar essa frmula como um resumo de todas as escalas pertencentes no

    livro.

    Figura 11: Frmula para memorizar os Padres de dedos segundo Primrose (Fonte: in Primrose, 1960: 1)

    2.2. Robert Gerle (1924-2005)

    Iniciou seus estudos em violino na Liszt Academyem Budapeste na classe de Geza de

    Kresz. Logo depois da Segunda Guerra Mundial iniciou a primeira srie de muitos concertos

    na Europa, incluindo participaes com a Berlim Philharmonice a Royal Philharmonic Orchestra.

    Em 1950 foi convidado por Paul Rolland para integrar-se a University of Illinois, onde pode

    trabalhar com George Enescu. Gerle associou-se a Rolland e participou de uma parte da

    ltima srie de filmes referentes a tcnica do violino. Possui muitas gravaes incluindo

    40Accuracy and memory are essential

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    concertos de Barber, Berg, Delius, Hindemith and Weill, as Sonatas de Beethoven e o

    segundo Concerto para Violino de Vieuxtemps.

    Desenvolveu trabalho tambm como condutor e professor, associando-se a

    conservatrios Americanos, incluindoManhattan, Peabody and Mannes, e Universidades como

    Southern California, Oklahoma e Ohio. Deu aulas duas dcadas na University of Maryland,

    Baltimore e na Catholic University e conduziu a Friday Morning Music Club Orchestra em

    Washington, servindo como director musical da Washington Sinfonia. Escreveu dois livros

    The Art of Practising the Violine The Art of Bowing Practicefruto de dedicao de uma vida de

    realizao e ensino.41

    The Art of practising the Violin(1983)

    Um livro de cunho terico-prtico, onde so abordados especficos assuntos datcnica eperformance do violino, tais como: Padro de dedos, leitura a primeira vista, prtica

    da mo esquerda e direita e prtica de memria. Gerle divide em seu livro a prtica dos

    padres de dedos em trs seces: 1) A nova tablatura, 2) Boa afinao e 3)

    Exerccios de afinao.

    Ao falar da primeira seco, Gerle est a introduzir um novo termo A nova

    tablatura, que apoiado em uma dupla fundamentao: A grade do fingerboard e o

    sistema dePadres de dedos.A grade est relacionada com a distribuio das notas no fingerboard, ou seja, a extenso completa do violino de 4 oitavas ou 54 semitons (Ver

    figura 12). Para o autor, saber essas informaes pode servir como um quadro mental,

    fazendo com que tenhamos um pensamento em grandes unidades ou grupos de notas,

    proporcionando ao violinista um sistema de orientao mental em que no apenas

    objectiva os dedos, mas as distncias relativas e a relao entre os dedos podendo ser

    instantaneamente e positivamente identificadas e visualizadas42(Gerle, 1983: 26, traduo

    nossa)

    41Informaes obtidas a partir do livro de Gerle: The art of practising the violin(1983)

    42

    The player a mental guidance system in which not only the target of the fingers, but the relativedistances and the relationships between the fingers can be instantly and positively identified and

    visualized.

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    Figura 12: A grade dofingerboard (Fonte: in Gerle, 1983: 27)

    O segundo item levantado por Gerle na primeira seco o sistema dos Padres de

    dedos, que segundo ele trata-se da sistematizao das diferentes combinaes e

    permutaes de notas e dedos existentes no violino ou em outros instrumentos de cordas43.

    A sistematizao acontece a partir da combinao de tons e semitons distribudos

    limitadamente por intervalos diatnicos e cromticos da msica ocidental e pela natural

    extenso do primeiro e quarto dedo em uma corda.

    Nesta abordagem foram estabelecidos vinte e um padres, sendo eles nomeados de

    forma numrica. O primeiro padro obtido a partir das quatro primeiras notas da escala

    maior, baseado na distribuio dos tons e semitons.

    Figura 13: Padro de dedos n 1-Robert Gerle

    Continuando com a mesma escala maior, mas agora comeando com a segunda,

    terceira ou quarta nota teremos respectivamente os padres 2, 3 e 4, classificados de acordo

    com o local onde o meio-tom se apresenta. A figura 14 exemplifica o padro n 2:

    43Neste caso entraremos nas questes relacionadas somente com o violino

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    Figura 14: Padro de dedos n2Robert Gerle

    Para seguir este sistema o autor recomenda o aluno reconhecer alguns pontos

    importantes:

    O padro mantm-se o mesmo em diferentes posies

    Um padro continua o mesmo se todos os dedos esto ou no na mesma

    corda

    Um padro permanece o mesmo se as notas so tocadas consecutivamente

    ou simultaneamente como nos acordes ou nas cordas duplas.

    Um padro permutvel independente da sequncia dos dedos

    Um padro ainda reconhecido, mesmo incompleto, mesmo se somente

    trs dedos esto envolvidos.

    Um padro pode ser formado de muitas combinaes dos dedos e cordas

    Um padro pode ser seguido por vrios diferentes padres para formar uma

    passagem longa

    Um padro pode conter acordes divididos em arpejos, ou cordas duplas

    reduzidas para notas sozinhas consecutivas

    Um padro facilmente reconhecido se todos os dedos estiverem na

    mesma corda

    Um padro em que os dedos esto em mais que uma corda, podem ser

    transferidos para uma corda por adio de uma conexo de quinta justa

    acima ou abaixo

    Qualquer padro, para o bem da boa afinao, ao colocar os dedos maiores

    nas cordas agudas, pode formar uma posio mais natural da mo e osdedos maiores nas cordas graves forma uma rotao interna da palma da

    mo, ocasionando uma posio mais extenuante.

    A segunda seco que engloba o tema aqui estudado, reporta-se a boa afinao que

    para Gerle objectivar a afinao perfeita impossvel para um instrumentista de cordas,

    justificando-se com a teoria de Pythagoras44. Para ele a afinao perfeita no uma

    44Pythagoras demonstrated that 12 theoretically or mathematically perfect fifths, placed on top of each

    other, do not equal 7 perfect octaves as they should, but result in a difference of pitch (the Pythagoreancomma). The same is true of three major thirds or four minor thirds which, put on top of each other,

    should but do not equal a perfect octave.

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    concepo absoluta ou imvel. Boa afinao deve ser necessariamente o resultado de um

    compromisso dentro de limites muito estreitos, de acordo com a estrutura da tonalidade

    prevalente e harmnica da pea45 (Gerle, 1983: 36, traduo nossa).

    Por isso quando estamos a falar, segundo Gerle da boa afinao, depende tambm

    de ser capaz de ouvir a nota antes de executar, como uma pr-concepo da real sensao

    fsica dessa nota, da sua localizao, distncia e direco. Sendo assim, o sistema de

    tablatura desenvolvido por Gerle fornece um quadro preciso para uma boa afinao,

    atravs da atribuio de um espao especfico para cada nota no fingerboarde visualizando

    isto, ento, organizando as relaes dos espaos em um nmero limitado de padres 46

    (Gerle, 1983: 37, traduo nossa).

    A terceira seco, Exerccios de afinao, refere-se a parte prtica de toda a

    apresentao terica feita anteriormente. Trata-se de exerccios baseados em cada um dosquatro padres bsicos, adicionado de exemplos retirados do repertrio violinstico. Cada

    padro possui nove exerccios contendo aspectos tcnicos diferentes.

    Dedos maiores nas cordas mais agudas,

    Figura 15: Exerccio 1 para o padro 1, Gerle (Fonte: in Gerle, 1983: 39)

    Dedos maiores nas cordas mais graves,

    Figura 16: Exerccio 2 para o padro 1, Gerle (Fonte: in Gerle, 1983: 40)

    Vrias combinaes adicionais,

    Figura 17: Exerccio 3 para o padro 1, Gerle (Fonte: in Gerle, 1983: 40)

    45 Perfect intonation is therefore not an absolute or immobile conception. Good intonation must

    necessarily be the result of compromise within very narrow limits, according to the prevalent key and

    harmonic structure of the piece.46

    By assigning a specific slot to each note on the fingerboard and visualizing it, then by organizing therelationships the slots into a limited number of patterns

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    Para independncia dos dedos,

    Figura 18: Exerccio 4 para o padro 1, Gerle (Fonte: in Gerle, 1983: 40)

    Cordas duplas e tremulos,

    Figura 19: Exerccio 5 para o padro 1, Gerle (Fonte: in Gerle, 1983: 40)

    Quartas e sextas,

    Figura 20: Exerccio 6 para o padro 1, Gerle (Fonte: in Gerle, 1983: 40)

    Em trs cordas,

    Figura 21: Exerccio 7 para o padro 1, Gerle (Fonte: in Gerle, 1983: 41)

    Em quatro cordas

    Figura 22: Exerccio 8 para o padro 1, Gerle(Fonte: in Gerle, 1983: 41)

    Arpejos

    Figura 23: Exerccio 9 para o padro 1, Gerle (Fonte: in Gerle, 1983: 41)

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    Aplicao prtica no repertrio

    Figura 24: Exemplo da literatura, padro 1, Gerle (Fonte: in Gerle, 1983: 41)

    Gerle recomenda sete passos para o estudante praticar os exerccios, so eles:

    1. Praticar o exerccio primeiramente muito lento

    2. Quando percorre uma escala cromtica ascendente, comece nas notas mais

    graves das cordas Sol e R, at alcanar a quarta ou a quinta posio, depois

    comece novamente da mesma maneira na corda R e L e finalmente na Le na Mi, depois mude a rotina e misture os padres.

    3. Tenha certeza que a posio da mo est natural e confortvel

    4. Quando necessitar corrigir a afinao, mover o dedo, no apenas torcer o

    dedo ou mudar o ngulo e a direco. Correces devem ser feitas sem

    mudana de arco, na qual deveriam ser delineadas lentamente e firmemente.

    Quando estiver satisfeito com a afinao, memorize a sensao da

    localizao exacta e posio da mo, brao e dedos para uma lembrana

    futura.

    5. Invente sua prpria combinao e exerccios baseados nestes exemplos,

    primeiro com o mesmo padro depois misturando-os. Um dos principais

    aspectos desses exerccios o que voc pode fazer com suas necessidades

    individuais.

    6. Seleccione as passagens difceis do repertrio, reduza ela para um padro e

    adicione a combinao resultante desses exerccios.

    7.

    Pratique os exerccios no incio sem vibrato, mas mantendo a mo relaxada

    e preparada para o vibrato a qualquer momento

    Para esses padres se tornarem familiares, Gerle recomenda uma dedicao de uns

    15 a 20 minutos dirios na prtica, podendo ser reduzido para 5 a 10 minutos,

    escolhendo dois padres de cada vez para praticar os exerccios de cada padro. Para

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    facilitar o entendimento Gerle criou uma tabela sistemtica dos Padres de dedos onde

    divide os 21 padres em trs categorias47:

    Categoria 1: At a 4 aumentada (Padres 1 ao 7)

    Categoria 2: 5 justa para uma sexta maior (Padres 8 ao 14)

    Categoria 3: categoria rara, grande extenso (Padres 15 ao 21)

    Para finalizar, o autor enfatiza as vantagens do uso deste sistema. Com a grade o

    estudante poder reconhecer e identificar qualquer nota instantaneamente, com isso

    reduzindo o tempo necessrio para reconhecer e tocar uma obra. Paralelo a isso, o sistema

    de padres ir permitir que o crebro direccione os dedos mais precisamente ao fingerboard,

    reduzindo as passagens para um padro, permitindo que o tempo da prtica diminua e

    ajudando fisicamente e psicologicamente a tcnica. Segundo Gerle pensar em grupos de

    notas como uma larga unidade e conecta-los, reduz o nmero de diferentes comandosmentais e do movimento fsico, aumenta a velocidade e preciso, reduz a tenso muscular e

    cria um quadro menos agitado da mente48(Gerle, 1982: 94, traduo nossa).

    Outro benefcio ser a afinao que tornar-se- mais acurada, porque o trabalho

    no feito com notas isoladas mas com a relao das outras notas. Alm de ajudar na

    memria, que ir tornar-se mais segura, aumentar a percepo de um modo geral para a

    interpretao de uma obra. A leitura a primeira vista ir melhorar com o pensamento em

    unidades largas, reconhecendo uma passagem com um determinado padro em certaposio e tocar isto imediatamente.

    Com o pensamento livre dos problemas tcnicos da mo esquerda ser mais fcil

    concentrar-se na prtica em conjunto como um todo, beneficiando assim a prtica na

    msica de cmara. Para finalizar a utilizao desse sistema ajudar no combate ao medo do

    palco, uma vez que a tcnica da mo esquerda estar mais consolidada e precisa,

    removendo com isso a insegurana e o imprevisvel que repentinamente pode produzir

    pnico naperformance.

    2.3. Barbara Barber (1954 - )

    Violetista e violinista internacionalmente conhecida por suas gravaes e como

    pedagoga, editora e autora. Tem actuado como professora e proferido muitas conferncias,

    47Se encontra nos anexos deste trabalho uma verso feita pela autora e apresentada ao professor da

    classe48

    Thinking of groups of notes as larger units, and connecting these groups as units, reduces the number

    of separate mental commands and physical motion, increases speed and accuracy, reduces musculartension and creates a less hectic frame of mind

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    seminrios e workshops em toda Amrica do Norte, Central e do Sul, Europa, sia,

    Austrlia e Nova Zelndia. Membro activo na The American String Teachers Association(

    ASTA) e na The Suzuki Association of the Americas(SAA), Barbara foi reconhecida por muitos

    de seus artigos, apresentaes e seu desempenho em conselhos consultivo e editorial. Ela

    actuou como editor doAmerican String Teacher "Private Teachers Forum",presidente da ASTA

    2003 Syllabus Violin(Reviso e Comisso) e uma Teacher Trainerdo Mtodo Suzuki.

    Sua carreira como pedagoga inclui alm de publicaes constantes no American

    Suzuki Journal,uma srie de livros escritos: Solos For Young Violinists, Solos For Young Violists,

    Scales For Advanced Violinists, Scales for Advanced Violists, Twinkle Variations Festival Arrangement

    e Fingerboard Geography que so publicados pela sua empresa Preludio Music Inc. e

    distribudos por Alfred Music. Tambm lanou um CD com Brian Lewis e Michael

    McLean entitulado Care To Tango? (Oak Cliff Publishing). Obteve o ttulo de Bacherol e

    Master Music degreeem Performance violinstica no Texas Tech Universitye lecciona pedagogia

    do Violino e violeta no Texas Christian University, Texas Tech University, e na University of

    Colorado em Boulder. Actualmente mantm um estdio particular em Estes Park e

    Longmont.49

    Fingerboard Geography, an intonation, note-reading, theory, shifting

    system. Volume 1(2008)Fingerboard Geography uma srie de livros para violino, viola e grupo de cordas

    direccionado ao professor e ao aluno, na qual introduz um sistema de afinao por

    visualizao dofingerboardutilizando quatro padres bsicos codificados com cores. O livro

    direccionado ao violino possui um total de doze padres, sendo a aplicao voltada para o

    mtodo Suzuki, mas podendo ser aplicada em qualquer mtodo de violino e em qualquer

    nvel tcnico. Para a autora os alunos desenvolvem-se rapidamente com uma ateno

    precisa e ainda sem precisar de fitas no fingerboard50. Este sistema ensina nomes das notas,

    distncias e intervalos em todas as notas da primeira posio. Seu livro tem em anexo

    quatro cartilhas contendo todos os doze padres com suas respectivas cores.

    49Informaes obtidas no livro de Barber: Fingerboard Geography (2008)

    50No caso de alunos em iniciao ao instrumento

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    Figura 25: Os doze padres de dedos por Barber (Fonte: in Barber, 2008: s/p)

    Por se tratar da nica autora viva pesquisada neste trabalho, foi possvel contact-la

    e esclarecer os princpios e origem de sua abordagem. Atravs de uma breve entrevista com

    a autora51, via correio electrnico e que encontra-se em anexo a este trabalho, foi possvel

    verificar que Fingerboard Geography, trata-se dos resultados obtidos atravs de uma pesquisa

    pessoal, na qual absorveu ideias do trabalho do Gerle, Bornoff e posteriormente do

    Primrose.Os padres so os mesmos que os desses pedagogos, mas em uma ordemdiferente. Os meus so na ordem em que so introduzidos na escola de violinoSuzuki, Vols. 1, 2, 3. O cdigo das cores, no entanto, a minha prpria"inveno". Eu criei os 4 padres bsicos de cores primrias - vermelho, azul,amarelo, em seguida, adicionei o verde. O "hot pink 3", tambm minha ideia, querealmente ajuda os alunos a preparar o dedo 3 sustenido.52(Barber, traduo nossa)

    Sua ideia surgiu atravs da necessidade verificada no volume 1 para violino do

    mtodo Suzuki, de apresentar qualquer tipo de representao visual, como diagramas, fotos

    ou grficos. Fingerboard Geographysurgiu para mostrar aos pais e aos alunos onde os dedos

    deveriam estar no fingerboardassim, orientando com a afinao. Barber tambm aplicou os

    quatro padres bsicos em alunos de graduao, principalmente em cordas duplas,

    resultando na necessidade de elaborao de mais oito padres, nos quais as cores

    escolhidas foram pelos alunos.

    51Realizada no ms de Junho de 2010

    52The patterns are the same as these pedagogues' but in a different order. Mine are in the order in

    which they are introduces in the Suzuki Violin School, Vols. 1, 2, 3. The color coding, however, is my own"invention." I created the 4 basic patterns in primary colors - red, blue, yellow, then added green. The

    "hot pink 3" is also my idea. It really helps students prepare the sharp 3rd finger.

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    A autora prepara o segundo volume de FingerboardGeography, na qual elabora oito

    padres mais avanados, juntamente com exerccios de mudana de posio, cordas duplas

    e exerccios para os volumes 5 ao 10 do Mtodo Suzuki para violino. Barber diz que utiliza

    os padres na sua prpria prtica e no ensino, e tem encontrado utilidade sobretudo nas

    Sonatas e Partitas de Bach.53

    Na apresentao de seu livro, Barber destaca que as seces e os exerccios no

    sejam estudados do incio at o fim, e recomenda para o professor que um novo padro

    deve ser sempre antecipado no repertrio do aluno, bem como os exerccios para a

    preparao de novas habilidades. Como auxlio a isso, mostrado uma tabela que descreve

    em relao ao repertrio do Mtodo Suzuki, qual padro e qual exerccio o aluno deve

    comear a aprender enquanto estuda determinada msica.

    Barbara Barber estabelece alguns princpios para executar e praticar a Geografia dofingerboard, so eles:

    Padro de dedos, ou relao intervalar, consiste em vrias combinaes

    verticais de um tom e meio-tom nofingerboard

    A partir da colocao de dois ou mais dedos no fingerboard, j temos um

    padro estabelecido

    Em todos os exerccios recomendado o uso dos dedos em blocos,

    ancorando todos os dedos se possvel, para poder ouvir, ver e sentir osPadres de dedos

    A cor marcada em cada padro reflecte a tonalidade do mesmo

    Cada mudana de corda entre dois dedos originar uma corda dupla

    Um padro de dedo pode ser tocado em uma corda ou combinando duas,

    trs ou quatro cordas, produzindo assim cordas duplas e acordes

    Cada corda dupla e acorde formam um Padro de dedo

    Quando tocar uma corda dupla e um acorde, sentir ligeiramente mais

    afastada a distancia horizontal entre os dedos, especialmente em meio-tom

    Um padro pode ser tocado em qualquer posio dofingerboard

    As distncias entre os dedos de um padro tornam-se proporcionalmente

    menores quando esto em posies mais agudas e maiores em posies

    mais graves. Na mudana de posio a forma da mo constantemente,

    expandida e contrada

    53I use these patterns in my own playing and teaching every day and have found them to be especially

    helpful in the unaccompanied sonatas and partitas of Bach.

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    O padro de dedo o mesmo independente do tamanho do violino, o que

    muda a proporo

    Barber subdivide os exerccios apresentados em seu livro em cinco partes. A

    primeira chama-se Doze Padres de dedos. Trata-se da apresentao destes padres de

    dedos em mini-escalas (Ver figura 26), com a execuo no meio do arco, sendo as

    colcheias tocadas claras e em staccatoe as semicolcheias em detach.Tambm sugere que os

    alunos aprendam primeiramente na corda L, depois Mi, R e Sol, utilizando os dedos em

    blocos e dedos ncoras. J na aplicao do repertrio os dedos em blocos no so sempre

    necessrios, mas aconselha-se o uso dos dedos ncoras para o aluno poder ver, ouvir e

    sentir os padres. Depois que os alunos estiverem familiarizados com dois ou mais

    padres, Barber sugere uma mescla, por exemplo, mudar o padro em escalas ascendentes

    e descendente e tocar um padro com os dedos distribudos em cordas diferentes,

    introduzindo cordas duplas e acordes.

    Figura 26: Exerccios para praticar os Padres de dedos, padro vermelho (Fonte: in Barber,

    2008: 7)

    A segunda parte consiste na Marcha dos dedos na qual estabelece a posio detodos os dedos em relao a corda solta do violino, objectivando a independncia dos

    dedos. O termo home base, utilizado por Barber no princpio desta segunda parte, refere-se

    ao primeiro dedo (no qual todos os padres so construdos), considerando assim, um

    reforo para estabelecer a localizao da mo esquerda na primeira posio e ensinar a mo

    a mover-se atravs do fingerboardem todas as cordas. A primeira marcha tambm muito

    recomendada para estudantes que esto a trocar para um instrumento de tamanho maior.

    Este exerccio pode ser tocado entre qualquer corda solta e o 2, 3 ou 4 dedo, entre dois

    dedos e tambm em qualquer posio.

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    Figura 27: 1, 2, 3 e 4 Marcha dos dedos (Fonte: in Barber, 2008: 15)

    Ainda na segunda parte, h a Mistura da Marcha dos dedos que consiste na

    alternncia entre os dedos altos e baixos nas quatro cordas, construindo com um dedo

    apenas um movimento diagonal entre as cordas.

    Figura 28: Mistura da Marcha dos dedos (Fonte: in Barber, 2008: 19)

    A terceira parte, intitulada a Geografia do fingerboard, consiste na introduo de

    todas as notas na primeira posio do violino. Para ajudar na visualizao, Barber elaborou

    uma tabela explicativa com os nomes das notas e sua localizao, a distncia nofingerboarde

    no nome do intervalo (Ver figura 29). Segundo a autora os alunos devem sempre ver e

    dizer cada um desses itens antes de tocar, aps essa prtica, o aluno j est pronto para

    refaze-lo mas sem o auxlio da tabela. O tempo desta aplicao pode variar de aluno para

    aluno.

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    Figura 29: Tabela da Geografia dofingerboard (Fonte: in Barber, 2008: 23)

    Sem medo damudana de posio com a Geografia dofingerboard a quarta parte

    do seu livro. Segundo a autora para poder introduzir ao aluno mudana de posio,

    primeiramente ele deve ter a mo esquerda solta e relaxada, para isso criou os exerccios

    que mesclam harmnicos e os padres de dedos, no qual aliviam qualquer tenso causada

    na mo esquerda.

    Figura 30: Exerccio com Harmnicos (Fonte: in Barber, 2008: 28)

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    Logo, repetida a Geografia dofingerboard acrescentado as mudanas de posies.

    Por se tratar de um exerccio que o aluno j conhece auditivamente, facilmente conseguir

    executar as mudanas at a oitava posio.

    Figura 31: Exerccio de mudana de posio (Fonte: in Barber, 2008: 29)

    A ltima parte, a Geografia dofingerboardpara a escola Suzuki de violino, volumes

    1-4, consiste em exerccios prvios e sugestes prticas para a maioria das peas da parte

    de violino, acrescida com as cores de cada padro descritas em cada um dos exerccios (Ver

    figura 32). Os exerccios devem ser utilizados sempre antes do aluno estudar a nova pea.

    Eles possuem uma srie de smbolos que se seguido, podem gerar melhores resultados.

    (Ver figura 33).

    Figura 32: Aplicao no repertrio (Fonte: in Barber, 2008: 32)

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    Figura 33: Smbolos utilizados por Barber (Fonte: in Barber, 2008: 31)

    3. Comparao breve entre as trs abordagens

    Por se tratar de abordagens referentes ao mesmo tema, pressuposto que a maioria

    das caractersticas descritas em cada uma seja comum com as outras. Constatou-se que os

    doze padres publicados na abordagem mais recente (Barber), no seguem a mesma ordem

    de publicao da abordagem que antecede (Gerle), por exemplo, o padro nmero 1 de

    Gerle corresponde na abordagem de Barber ao padro amarelo, terceiro a ser apresentado.

    A ordem estabelecida dos padres da Barber direccionada para o desenvolvimento dos

    mesmos no repertrio Suzuki, sendo que dos doze padres, quatro no esto na lista dos

    vinte e um padres do Gerle: o padro castanho, cinza, roxo e turquesa.

    Uma evidncia encontrada, que ambas so abordagens sem referncias

    bibliogrficas, ou seja, no apresentam os autores nas quais se basearam. Sabe-se que

    Barber se utilizou das abordagens de Gerle e Primrose por declarao feita em entrevista a

    autora. Pode-se destacar tambm algumas diferenas que fazem com que cada abordagem

    tenha sua prpria particularidade. Primeiramente destaca-se a metodologia de aplicao,onde cada uma introduz um conceito bsico54, bem como os exerccios para a prtica deste

    novo termo, na qual uma das principais diferenas apontadas a nomenclatura utilizada

    por cada abordagem para memorizar os padres. As principais disparidades esto

    apresentadas na tabela que segue:

    54Primrose introduz a Topography of the fingerboard, Gerle utilize-se do termo The New tablature

    e Barber Fingerboard geography

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    Primrose Gerle Barber

    Topografiadofingerboard Autilizao dos padres feita a

    partir da memorizao darelao intervalar dos dedos

    por tonalidades noFingerboard.