Padrões oceânicos e atmosféricos do último mêsº65_Mai2012[1... · FIGURA 2: Precipitação...

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|| Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || página - 1 - O uso das informações contidas neste boletim é de completa responsabilidade do usuário. O projeto RPCH foi financiado pela MCT, através do convênio 3641/06. REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ - RPCH UFPA Faculdade de Meteorologia 2º Distrito de Meteorologia Diretoria de Recursos Hídricos SIPAM - CR-BE Divisão de Meteorologia Divisão de Análise Ambiental ANO VI Nº 65 MAIO 2012 Boletim disponível online em: www.sema.pa.gov.br Padrões oceânicos e atmosféricos do último mês: A FIGURA 1 é representativa da distribuição das anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os Oceanos Pacífico e Atlântico observada no mês de abril de 2012. O Oceano Pacífico já mostra predomínio de anomalias positivas de TSM no litoral próximo à costa oeste da América do Sul. O monitoramento das águas subsuperficiais realizado com boias oceanográficas na região equatorial do Pacífico indica a redução da massa de água com anomalias negativas de temperatura (1ºC), em torno de 150 metros de profundidade, assim como a presença de duas massas de águas com temperaturas positivas (-2ºC) dominando a região equatorial do Pacífico, uma a oeste entre 100 e 200 metros de profundidade e a outra aproximadamente entre 20 e 50 metros no leste do Pacifico. No oceano Atlântico predominaram áreas com anomalias negativas de TSM na faixa tropical (com destaque para os desvios de até 3ºC negativos na costa da África, entre 10ºN e 15ºW) em conjunto a isso, anomalias positivas na região extratopical. Essas configurações apresentadas em relação às temperaturas no mar, como a presença de anomalias de TSM positiva no leste do oceano Pacifico e anomalias negativas no oceano Atlântico tropical são desfavoráveis às chuvas, em especial na faixa norte, no leste da Amazônia, pois inibem a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) em grandes áreas sobre o continente diminuindo assim a precipitação na região, o que certamente contribui para o mês de abril ter apresentado chuvas abaixo do normal em parte do Pará. A FIGURA 2 mostra a circulação atmosférica média observada nos altos níveis da troposfera, em torno de 12 km de altura, e a precipitação ocorrida no mês de abril. A Alta da Bolívia (AB), anticiclone em altos níveis, esteve configurado em sua posição climatológica, entretanto mais intenso que o normal, o que manteve o cavado com eixo bem alongado do nordeste do Brasil até a faixa norte da América do Sul e desfavoreceu a difluência dos ventos em altos níveis da atmosfera, típico nesse período do ano. Padrões climáticos persistentes no último trimestre: A FIGURA 3 é representativa dos valores médios de TSM compreendendo o período entre fevereiro e abril de 2012, observa-se na região equatorial do oceano Pacífico águas mais quentes (frias) que o normal na faixa leste (oeste), o que é indicativo de termino do fenômeno La-Niña, que já perdurava desde junho de 2010. Já no oceano Atlântico grandes áreas com anomalias negativas de TSM em toda a faixa tropical. FIGURA 1: Anomalia mensal de Temperatura da Superfície do Mar em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico em abril/2012. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP 1 . FIGURA 2: Precipitação mensal CPC/NCEP e vento (linhas de corrente em preto) em altitude (200 hPa) observados em abril/2012. A escala de cores ao lado da figura indica a intensidade da precipitação em mm. A letra “A” representa o centro do anticiclone (AB). Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP. FIGURA 3: Anomalia trimestral de TSM em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no período de fevereiro a abril/2012. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP. 1 National Centers for Environmental Prediction

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REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ - RPCH

UFPA

Faculdade de Meteorologia

2º Distrito de Meteorologia

Diretoria de Recursos Hídricos

SIPAM - CR-BE

Divisão de Meteorologia Divisão de Análise Ambiental

ANO VI Nº 65 MAIO 2012 Boletim disponível online em: www.sema.pa.gov.br

►Padrões oceânicos e atmosféricos do último mês:

A FIGURA 1 é representativa da distribuição das anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os Oceanos Pacífico e Atlântico observada no mês de abril de 2012. O Oceano Pacífico já mostra predomínio de anomalias positivas de TSM no litoral próximo à costa oeste da América do Sul. O monitoramento das águas subsuperficiais realizado com boias oceanográficas na região equatorial do Pacífico indica a redução da massa de água com anomalias negativas de temperatura (–1ºC), em torno de 150 metros de profundidade, assim como a presença de duas massas de águas com temperaturas positivas (-2ºC) dominando a região equatorial do Pacífico, uma a oeste entre 100 e 200 metros de profundidade e a outra aproximadamente entre 20 e 50 metros no leste do Pacifico.

No oceano Atlântico predominaram áreas com anomalias negativas de TSM na faixa tropical (com destaque para os desvios de até 3ºC negativos na costa da África, entre 10ºN e 15ºW) em conjunto a isso, anomalias positivas na região extratopical.

Essas configurações apresentadas em relação às temperaturas no mar, como a presença de anomalias de TSM positiva no leste do oceano Pacifico e anomalias negativas no oceano Atlântico tropical são desfavoráveis às chuvas, em especial na faixa norte, no leste da Amazônia, pois inibem a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) em grandes áreas sobre o continente diminuindo assim a precipitação na região, o que certamente contribui para o mês de abril ter apresentado chuvas abaixo do normal em parte do Pará.

A FIGURA 2 mostra a circulação atmosférica média observada nos altos níveis da troposfera, em torno de 12 km de altura, e a precipitação ocorrida no mês de abril. A Alta da Bolívia (AB), anticiclone em altos níveis, esteve configurado em sua posição climatológica, entretanto mais intenso que o normal, o que manteve o cavado com eixo bem alongado do nordeste do Brasil até a faixa norte da América do Sul e desfavoreceu a difluência dos ventos em altos níveis da atmosfera, típico nesse período do ano. ►Padrões climáticos persistentes no último trimestre:

A FIGURA 3 é representativa dos valores médios de TSM compreendendo o período entre fevereiro e abril de 2012, observa-se na região equatorial do oceano Pacífico águas mais quentes (frias) que o normal na faixa leste (oeste), o que é indicativo de termino do fenômeno La-Niña, que já perdurava desde junho de 2010. Já no oceano Atlântico grandes áreas com anomalias negativas de TSM em toda a faixa tropical.

FIGURA 1: Anomalia mensal de Temperatura da Superfície do Mar em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico em abril/2012. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP1.

FIGURA 2: Precipitação mensal CPC/NCEP e vento (linhas de corrente em preto) em altitude (200 hPa) observados em abril/2012. A escala de cores ao lado da figura indica a intensidade da precipitação em mm. A letra “A” representa o centro do anticiclone (AB). Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP.

FIGURA 3: Anomalia trimestral de TSM em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no período de fevereiro a abril/2012. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP.

1 National Centers for Environmental Prediction

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►Características Regionais da Chuva observada em Abril de 2012:

A FIGURA 4A mostra os acumulados mensais de chuva, em milímetros (mm), observados nas estações meteorológicas de superfície. Os maiores acumulados mensais de precipitação registrados no estado do Pará no mês de abril ocorreram entre a Calha Norte e parte do Nordeste do Pará, com destaque para as estações localizadas nos municípios de Porto de Moz, Tailândia e Soure, com 474 mm, 444 mm e 433 mm respectivamente. A distribuição espacial da precipitação pode ser melhor visualizada na FIGURA 4B, onde percebe-se a faixa que vai da porção Norte da Calha Norte até parte do Nordeste com totais pluviométricos mensais acima 300 mm. Por outro lado algumas áreas na região Sudeste do Estado apresentaram totais mensais de chuva abaixo de 75 mm. A categorização das anomalias de precipitação é observada na FIGURA 4C, nota-se o predomínio das categorias abaixo do normal e muito abaixo do normal nas regiões Sudeste, Baixo Amazonas e partes do Sudoeste e Nordeste do Pará. As categorias acima e muito acima do normal foram predominantes apenas na Calha Norte e parte da região do Marajó.

FIGURA 4A: Precipitação mensal observada nas estações pluviométricas do INMET, ANA/CPRM e SEMA. Os valores indicam o total mensal em mm.

FIGURA 4B: Precipitação interpolada espacialmente sobre o Estado do Pará. A escala de cores indica o volume de chuva acumulado em mm.

FIGURA 4C: Anomalia categorizada da precipitação pelo método dos percentis para as categorias MUITO

ACIMA, ACIMA, NORMAL, ABAIXO e MUITO ABAIXO.

►Características Persistentes da Chuva no Último Trimestre: A FIGURA 5 é representativa da anomalia de precipitação

categorizada para o trimestre: fevereiro, março e abril de 2012. Nesse trimestre observou-se que a distribuição das chuvas no Estado teve um padrão irregular na maioria das regiões do Pará. O mês de abril apresentou os maiores desvios de chuva nas categorias abaixo e muito abaixo do normal. Na soma do trimestre em questão, as regiões Nordeste e Sudeste apresentaram chuvas na categoria abaixo do normal (mostrando que o leste do Pará de forma geral teve situação desfavorável a ocorrência de chuvas). As regiões do Marajó, Calha Norte e a porção central do Estado tiveram chuvas acima do normal, o restante do Pará apresentou precipitação dentro do normal.

FIGURA 5: Anomalia categorizada da precipitação no trimestre Fev-Mar-Abr/2012.

A Figura 6 representa a climatologia mensal da precipitação, que foi

obtida com base no método dos percentis aplicado aos dados das estações pluviométricas contendo séries temporais com no mínimo 30 anos de registros de chuva. Esta metodologia estatística indica os valores mais frequentes de chuva da categoria normal em um intervalo entre o mínimo climatológico (painel inferior da Fig. 6) e o máximo climatológico (painel superior da Fig. 6) esperado para cada mês.

Observa-se que os máximos de precipitação nesse trimestre ocorrem na faixa norte do Estado, em especial nos meses de junho e julho, com valores em média acima de 150 mm, com o mês de agosto apresentando redução significativa das chuvas nessas áreas, devido o inicio do período mais seco. As regiões Sudeste, Sudoeste e Baixo Amazonas, apresentam chuvas abaixo de 100 mm já em junho, com os meses de julho e agosto mostrando apresentando totais mensais abaixo de 30 mm na maioria das áreas.

FIGURA 6: Climatologia mensal da precipitação sobre o estado do Pará referente aos meses de maio, junho e julho.

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CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES: Este boletim é resultado da LXV Reunião de Análise e Previsão Climática organizada pela RPCH no dia 24/05/2012 na Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Belém-PA. As informações e previsões climáticas consensuais são baseadas na análise de campos atmosféricos e oceânicos observados nos últimos meses, bem como dos resultados dos modelos globais de previsão climática.

INSTITUIÇÕES PARCEIRAS E DE APOIO TÉCNICO-CIENTÍFICO:

DEFESA CIVIL

PARÁ

►Prognóstico Climático Mensal: Na FIGURA 7, apresentam-se as previsões de consenso da precipitação em cada mês do próximo trimestre para o Estado do Pará,

sendo que no painel superior tem-se o mapa da previsão da precipitação em anomalias categorizadas e no painel inferior, o volume de chuva correspondente à categoria prevista. Devido às condições apresentadas de temperaturas na superfície do mar, nos oceanos Pacifico e Atlântico esperam-se reduções nos totais mensais de chuvas em relação à climatologia para o trimestre, principalmente nas regiões localizadas na porção norte do Pará. Os modelos numéricos de previsão da TSM indicam, para o próximo trimestre, a permanência das áreas com águas mais quentes que o normal na região do Pacífico equatorial (Niños 1+2 e 3), assim como a manutenção da região com anomalias negativas na faixa tropical do Atlântico. Essas condições, se mantidas, especialmente no oceano Atlântico, desfavorecem a atuação de alguns sistemas meteorológicos importantes nessa época do ano, em especial nas regiões Nordeste, Marajó e Calha Norte, como os Distúrbios Ondulatórios nos Alísios ou Perturbações no campo dos Alísios e as Linhas de Instabilidade, o que impacta na redução das chuvas, logo, nessas áreas deveremos ter predomínio de chuvas nas categorias normal a abaixo do normal.

Junho/2012: Precipitação na categoria abaixo do normal em parte da Calha Norte, nordeste, Marajó e parte do sudeste. Nas demais regiões chuvas na categoria normal. Todas as áreas estão sujeitas a pontos isolados na categoria acima do normal.

FIGURA 7A: Prognóstico mensal para junho/2012.

Julho/2012: Predomínio de chuvas na categoria normal em grande parte do Estado, exceção para a região Nordeste, partes do Marajó e sudeste. O sul do Pará fica sujeito a pontos isolados na categoria acima do normal.

FIGURA 7B: Prognóstico mensal para julho/2012.

Agosto/2012: Chuvas na categoria normal em grande parte do estado do Pará, sujeito a pontos isolados acima e abaixo do normal, a exceção novamente fica no Nordeste do Estado, com previsão de chuvas abaixo do normal.

FIGURA 7C: Prognóstico mensal para agosto/2012.

►Prognóstico Climático Sazonal da Precipitação: A previsão para o trimestre junho-julho-agosto de 2012 é representada pela

FIGURA 8, onde, o mapa acima corresponde à anomalia categorizada de chuvas e a figura abaixo, os totais de chuva em milímetros. Baseado nos campos meteorológicos e condições oceânicas descritas anteriormente no boletim, a previsão é de chuvas na categoria normal em grande parte do estado do Pará para o próximo trimestre. Precipitação na categoria abaixo do normal ficará evidente apenas na região Nordeste e parte do Marajó.

►Prognóstico de Temperatura: As temperaturas no trimestre Jun-Jul-Ago de 2012 tem a maior

probabilidade de ficaram acima do normal apenas nas regiões nordeste e Marajó. No restante do Estado temperaturas dentro da média, com variações em torno de 1ºC a 2ºC acima ou abaixo do normal deverão ocorrer apenas em pontos isolados no Pará.

FIGURA 8: Prognóstico sazonal para Jun-Jul-Ago/2012.