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1. INTRODUÇÃO

Para relatar a importância das doenças na cultura da cana-de-açúcar, deve-se salientar que, quando da sua

introdução no ocidente, a cultura se assentou principalmente em alguns cultivares da espécie Saccharum officinarum,

fazendo com que os problemas fitossanitários fossem gradativamente se agravando e até mesmo chegando a um

colapso total em determinadas épocas.

No estado de São Paulo, entre os anos de 1922 e 1930, uma severa epidemia de “Mosaico” reduziu a

produção de açúcar em 93% e a de álcool em 90%, só se recuperando com a introdução dos cultivares POJ, produzidos

no programa de melhoramento da ilha de Java, que possuíam alguma resistência.

Surtos epifitóticos periódicos são característicos da cana-de-açúcar devido à importância dada a uma

variedade apenas para as características de produção, subestimando as características de resistência a pragas e

doenças ou negligenciando a qualidade fitossanitaria do material utilizado. O aumento excessivo de áreas com

variedades que apresentam problemas fitossanitários graves, podem representar sérios prejuízos no futuro.

Os casos mais recentes desta prática que podemos citar são, a epidemia de “Carvão” na década de 1980,

sobre a variedade NA56-79, que chegou a ocupar mais de 60% da área com cana no estado de São Paulo e a

ocorrência do vírus do amarelecimento (Amarelinho), sobre a variedade SP71-6163, na década de 1990.

Nos programas de expansão da lavora canavieira, um grande número de variedades são introduzidas em

novas áreas ou novos locais, sem um adequado sistema de avaliação da qualidade fitossanitária, que pode cooperar

para que algumas doenças sejam disseminadas.

Os resultados desse procedimento unilateral, na tentativa de solucionar problemas referentes à rápida produção,

acarretarão um problema maior pela introdução de uma doença, que futuramente poderá ser limitante para esta

produção.

O ponto de vista do técnico em cana-de-açúcar, deverá considerar conjuntamente os problemas das

variedades, dos locais onde serão plantadas e as possíveis doenças que poderão ocorrer, evitando que os problemas

venham acontecer.

2. IMPORTÂNCIA DAS DOENÇAS

Na cultura da cana-de-açúcar, a importância das doenças é de difícil quantificação, pela diversidade das

cultivares e das condições ambientais em que são exploradas. Como uma doença é produto da interação patógeno-

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hospedeiro-ambiente, seus efeitos podem variar de um local para outro, e somente com estudos e pesquisas para

cada condição, é que se pode chegar ao estabelecimento da sua importância e dos meios mais eficientes de controle.

O conhecimento das reações das espécies e híbridos do gênero Saccharum para as principais doenças é de

primordial importância para os programas de melhoramento de variedades onde a resistência às doenças é parte

importante do processo. Como é praticamente impossível se obter um híbrido que seja resistente a todas as doenças e

ainda possua características agroindustriais desejáveis, o controle das doenças pelo uso de variedades resistentes

torna-se um problema complexo, uma vez que, sempre surgirá em cultivo variedades que são suscetíveis a uma ou

algumas doenças. Poderemos, no entanto, estabelecer prioridades de acordo com a importância econômica de cada

doença em determinadas condições, de forma que as variedades melhoradas tenham como um dos seus predicados a

resistência para as doenças mais importantes de cada região e também as necessárias orientações para que se

mantenham estas variedades em perfeito estado fitossanitário.

Como as mais importantes doenças da cana são de caráter sistêmico, portanto facilmente disseminadas pelas

canas usadas nos plantios, deveremos dar especial atenção para a qualidade das mudas quando vamos expandir os

canaviais em um novo local ou região, pois poderá significar a introdução de uma doença em um ambiente

extremamente favorável ao seu desenvolvimento e provocar sérios problemas.

3. PRINCIPAIS DOENÇAS DA CANA E SUA IMPORTANCIA PARA A CULTURA

3.1 MOSAICO

O mosaico é uma doença de importância oscilante, variando com a estirpe do vírus predominante,

suscetibilidade das variedades e da proximidade dos canaviais de plantas hospedeiras, dos pulgões transmissores e

dos vírus.

Como já descrevemos anteriormente, a doença assumiu forma epifitótica desastrosa quando se cultivavam as

canas nobres (Saccharum officinarum), decrescendo em sua importância, quando estas foram substituídas pelas

variedades POJ, que também não eram resistentes, mas, eram tolerantes à doença e produziam satisfatoriamente.

Em nossos dias, é preocupação dos melhoristas, que uma variedade seja resistente à infecção das estirpes do vírus

predominante e não apenas tolerante a doença, pois, variedades tolerantes aumentam a fonte de inoculo e facilitam

a variabilidade dos vírus que poderá provocar futuras epidemias.

Agente causal - Um vírus de RNA, da família Potyviridae, de forma filamentosa, com 750nm, estando descritos

pelo menos 14 estirpes nomeados de A a N com algumas sub-estirpes dentro de cada uma delas. A estirpe B parece

ser a predominante na América do Sul e também no Brasil.

Para detecções ou mesmo classificações destas estirpes são usadas, testes de PCR, sorologia e também

variedades diferenciais, onde pela sintomatologia pode-se separar as estirpes.

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Sintomas – O principal sintoma para o reconhecimento do mosaico, aparece nas folhas. A presença de uma

alternância, entre o verde normal da folha e um verde mais claro ou amarelado, formando manchas por todo o limbo

foliar, principalmente nas folhas mais novas, caracterizam a doença. A intensidade deste quadro sintomatológico é

bastante variável, pois, esta manifestação, depende da estirpe do vírus envolvido, da variedade de cana-de-açúcar e

das condições ambientais. Os sintomas são mais facilmente percebidos olhando-se as folhas contra a luz.

Figura 1. Sintomas do Mosaico

Em variedades com alta suscetibilidade, as folhas tomam uma coloração amarelada, as plantas não

desenvolvem, chegando em alguns casos à morte por inanição, não sendo difícil nesses casos o aparecimento de

sintomas no próprio colmo, os quais apresentam alternâncias de cores como nas folhas.

Disseminação – Devido ao seu caráter sistêmico a disseminação do mosaico se dá principalmente por

intermédio das mudas de cana contaminadas e de insetos vetores, os aphideos (pulgões), entre os quais, o

Melanaphys sacchari e o Rhopalosiphum maidis. A transmissão se dá rapidamente, através da picada de prova (não

persistente), onde o inseto, testa com seu estilete sugador, se este é seu hospedeiro ideal.

Outras culturas, como o milho o sorgo e gramíneas naturais funcionam como hospedeiras do vírus e dos

pulgões e facilitam a disseminação da doença.

Controle – A maioria das medidas de controle para o mosaico baseia-se na utilização de variedades

resistentes. Sendo uma doença sistêmica e de transmissão por insetos vetores, ela deve ser combatida no campo pela

erradicação das touceiras doentes. Esta medida é normalmente executada durante a formação dos viveiros de mudas

e recebe o nome de “roguing”, que significa eliminação de plantas que estão fora do padrão. Esta eliminação poderá

ser feita com enchadão ou herbicida, eliminando-se a touceira toda.

No caso da eliminação por herbicida usa-se uma solução de glifosato a 3% com 0,02% de um inseticida

sistêmico em água, pulverizando uma pequena quantidade desta solução na região do “cartucho” das plantas que

devem ser eliminadas.

Na eliminação por enxadão, deve-se posteriormente retirar as plantas eliminadas do interior do canavial para

evitar sua rebrota ou que os pulgões que nela estiverem saiam para sugar outras plantas.

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Outra medida de controle é também evitar o plantio dos viveiros de mudas próximos de áreas plantadas com

milho ou sorgo, pois como dissemos anteriormente estas plantas são hospedeiras do vírus e dos pulgões, servindo

como fontes disseminadoras da doença.

Importância Econômica - O mosaico, devido ao seu poder de disseminação e a variabilidade do vírus, torna-se

uma das mais importantes doenças da cana-de-açúcar, pois torna proibitivo o uso de variedades suscetíveis pela

impossibilidade de recuperação das plantas infectadas e também pelas perdas causadas nas produções agrícolas

nessas variedades.

3.2 CARVÃO

É uma das doenças da cana considerada de grande capacidade de disseminação e com enormes tendências de

assumir um estado epifitótico quando abusamos da utilização de variedades com resistência intermediária ou

variedades suscetíveis. A distribuição e multiplicação de uma variedade, sem o prévio conhecimento da sua reação

para o carvão, ou mesmo a negligência no plantio e no uso de materiais sabidamente suscetíveis ou com qualidade

fitossanitaria duvidosa, poderá acarretar sérias conseqüências.

Agente causal – O fungo Sporisorium scitamineum (sin. Ustilago scitaminea) é um parasito muito específico da

cana-de-açúcar. Penetrando pelas regiões meristemáticas da planta, pode-se tornar sistêmico. Seu ciclo no interior da

planta até sua esporulação (chicote) pode durar de 50 a 100 dias, dependendo das condições ambientais.

Sintoma e Sinal – Uma touceira de cana afetada pelo carvão, toma o aspecto de uma touceira de capim com

colmos curtos e finos. O sinal característico e que identifica a doença é um apêndice de coloração preta que cresce

através das modificações causadas na gema apical, que possui entre 20 e 80cm de comprimento e 0,5 e 1cm de

diâmetro e é conhecido popularmente com o nome de “chicote”.

Figura 2. “CHICOTE” DO CARVÃO

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É deste chicote que são liberados os esporos que servirão de inoculo para as novas infecções. Se o

aparecimento destes chicotes for precoce nos brotos da touceira, estes poderão matar vários brotos e até mesmo a

touceira toda.

Disseminação – Cada “chicote” do carvão pode produzir de 3 a 5 bilhões de esporos, que são disseminados

principalmente pelo vento, água de chuva ou irrigação, veículos, implementos, animais, etc.

A infecção ocorre geralmente através das gemas ou brotos jovens onde o fungo infectará a região

meristemática. As gemas mais jovens são mais vulneráveis. A gemas infectadas podem produzir chicotes na mesma

estação, ou então, o fungo permanece dormente e os chicotes aparecem somente quando estas gemas são usadas

para novos plantios. Os esporos depositados no solo podem infectar as soqueiras subseqüentes ou as gemas de um

novo plantio.

Em condições favoráveis de umidade e temperatura, a maioria dos esporos do fungo germinam e caso não

tenham contacto com o hospedeiro, não sobrevivem. Em condições de secas prolongadas, os esporos podem

permanecer viáveis por até dois anos. As estações secas favorecem um grande acumulo de esporos sobre o solo e

quando da volta das condições de umidade, as infecções são mais eficientes e em maior número.

Controle – As medidas de controle para o carvão estão resumidas ao cultivo de variedades resistentes e a

utilização de mudas produzidas através do tratamento térmico e conduzidas no campo com inspeções de “roguing”.

Importância Econômica – A importância da doença está ligada diretamente aos prejuízos causados na lavoura

pela diminuição da produção e pela impossibilidade de se cultivar variedades produtivas, mas suscetíveis. Este fato

torna mais difícil a obtenção de novas variedades mais produtivas, onerando ainda mais os programas de

melhoramentos.

3.3 RAQUITISMO DA SOQUEIRA

É a doença da cana mais disseminada pelos canaviais do mundo e por não possuir uma sintomatologia típica,

ela é muitas vezes negligenciada e pode provocar grandes perdas na produção.

Agente causal – A bactéria Leifsonia xyli sbsp xyli, que coloniza o xilema das plantas provocando obstrução

vascular e conseqüentemente dificultando a translocação de água e nutrientes nestas plantas, que é manifestada num

decréscimo no desenvolvimento.

Sintomas – Os sintomas da presença do raquitismo da soqueira em um canavial, não podem ser avaliados por

processos visuais por poder ser confundido com sintomas de outras doenças, tais como, a Escaldadura, Fusarium,

Nematóides ou deficiências minerais. Estes sintomas que se caracterizam pelo aparecimento de “virgulas” de

coloração avermelhada na região nodal do colmo de canas adultas, podem não aparecer em algumas variedades. O

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crescimento irregular, colmos finos, entrenós curtos e baixa produção que são agravados por condições de seca,

sozinhos, não servem para avaliar a doença.

O método mais rápido e eficiente de se avaliar a doença é aquele que alem dos sintomas acima, avalia a

presença da bactéria na seiva do xilema, usando técnicas de PCR ou sorologia.

Disseminação – Para esta doença, o homem é o principal agente disseminador, pois a doença se propaga

através dos facões de corte, maquinas de cultivo e de colheita e por meio do uso de canas contaminadas para o

plantio.

Figura 3. Raquitismo da soqueira

Controle – O tratamento térmico em água a 52°C por 30 minutos ou 50,5°C por 120 minutos são os meios

mais eficientes de controle da doença, uma vez que, não se conhece até o momento, uma fonte de resistência

genética que possa ser usada na obtenção de variedades tolerância à bactéria, ou seja, não apresentam diferenças

significativas na produção, quando se comparam variedades tratadas termicamente e variedades inoculadas com a

bactéria. A utilização da amônia quaternária na desinfecção de facões e máquinas agrícolas é hoje o

método mais eficiente de se evitar a disseminação da doença dentro dos canaviais. Uma solução de amônia

quaternária a 0,2% em água, partindo de uma amônia quaternária a 30%, apresenta os resultados esperados.

Importância Econômica – Como é praticamente impossível se obter um controle absoluto da doença e da sua

disseminação, é recomendável o uso de todas as medidas viáveis para se evitar a doença em novas áreas ou canaviais,

pois como sabemos, as doenças podem variar em seus efeitos de acordo com o ambiente onde elas ocorrem.

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3.4 ESCALDADURA

A escaldadura é uma das doenças mais perigosas da cana-de-açúcar, ela interfere como vigor dos colmos e a

sobrevivência das touceiras. Por sua sintomatologia não estar sempre presente e sendo alterada de acordo com as

condições ambientais, torna impossível sua avaliação pela simples inspeção dos canaviais.

Agente causal - A bactéria que coloniza o xilema da planta (sistêmica), Xanthomonas albilineans (Ashby)

Dowson.

Sintomas - A bactéria estando presente na cana-de-açúcar pode manifestar-se de três formas: forma latente,

forma crônica e forma aguda, dependendo da variedade, das condições ambientais, e do estágio da cultura.

A forma latente é a mais perigosa, sendo praticamente impossível de avaliar sua presença a olho nu, devido à

falta de qualquer sintoma externo na planta. Nesta forma e que na maioria das vezes a bactéria é disseminada para

outras áreas ou regiões e posteriormente evoluir para as formas crônicas e agudas.

A forma crônica manifesta-se pelo aparecimento nas folhas de estrias brancas bem definidas, geralmente

paralelas à nervura central que podem descer pela bainha foliar.Estas estrias podem evoluir para grandes áreas

brancas no limbo foliar. Normalmente, este sintoma desaparece com o desenvolvimento da planta, mas, sem que a

planta se recupere da bactéria, podendo conduzir a conclusões errôneas sobre o estado sanitário de um canavial. Caso

o desenvolvimento da planta seja prejudicado, este sintoma poderá evoluir para a fase aguda da doença.

Na forma aguda, as plantas apresentam folhas anormais, com grandes áreas esbranquiçadas, as gemas do

colmo sofrem intensa brotação partindo da base do colmo para a ponta (quebra da dominância apical) com as folhas

destes brotos já apresentando lista ou áreas brancas. Cortando-se longitudinalmente os colmos atacados nota-se um

escurecimento dos vasos na região nodal, que muitas vezes passa pelos entrenós. Seu efeito maior é no murchamento

e morte dos colmos afetados e provocando grandes falhas de brotação nas soqueiras.

Figura 4. Escaldadura das folhas

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Disseminação – O principal agente de disseminação da Escaldadura assim como do Raquitismo da Soqueira é

o próprio homem, uma vez que, a doença se propaga principalmente através dos facões de corte, maquinas agrícolas,

colhedoras e pelo uso de canas contaminadas nos plantios.

Controle – O controle se baseia na utilização de variedades com maior resistência, desinfecções de facões

maquinas e implementos com amônia quaternária e utilização de mudas de qualidade nos plantios. A desinfecção de

facões e maquinas deve ser feita antes de passar o trabalho de uma área para outra, e mesmo dentro das áreas, o

mais freqüente possível.

Importância Econômica - Nas condições brasileiras, a escaldadura é a bacteriose mais importante e seus

prejuízos manifestam-se principalmente na má brotação dos toletes nos plantios, morte de canas ou touceiras que

provocam as falhas no canavial. Estes danos são negligenciados ou atribuídos a outras causas. As condições climáticas

adversas são grandes aliadas da escaldadura, por facilitarem a colonização do hospedeiro, e consequente

multiplicação da bactéria.

A infecção sistêmica da bactéria provoca uma maior suscetibilidade da variedade de cana ao fungo do carvão,

podendo portanto, alterar o grau de resistência de uma planta.

3.5 FERRUGEM MARROM

A ferrugem marrom da cana-de-açúcar é uma doença de rápida disseminação. Relatada pela primeira vez

sobre canaviais comerciais em 1940, na África do Sul, sobre a variedade Co301. Dispersou-se rapidamente por todo o

continente Africano.

No continente Americano, a ferrugem marrom foi relatada em 1978 na Republica Dominicana, sobre a

variedade B4362. Em 1980, todos os países que cultivavam a variedade B4362 nas Américas Central, do Norte e do Sul,

apresentavam problemas com a ferrugem, onde a doença causou sérios prejuízos.

Em 1986 a ferrugem foi encontrada no Brasil sobre a variedade SP71-799 no município de Capivari do estado

de São Paulo e em poucos meses, já era descrita em vários outros estados.

Agente Causal - O fungo Puccinia melanocephala, um parasito obrigatório das espécies de Saccharum, com

grande capacidade de esporulação e esporos facilmente dispersos pelos ventos por longas distâncias.

Sintomas – Inicialmente a doença se manifesta sob a forma de pequenas manchas cloróticas nas folhas,

alongadas, de coloração amarela pálida, visíveis em ambas às faces da folha. Estas lesões medem de 1 a 10 mm de

comprimento por 1 a 3mm de largura, evoluem rapidamente adquirindo uma coloração marrom, rodeadas por um

halo amarelo pálido. Os sintomas são mais severos em canaviais com 4 a 6 meses de idade no final do outono ou inicio

da primavera, plantados em locais onde a umidade relativa permanece superiores a 90%, por mais tempo. Esta

característica permite que variedades de resistência intermediária sejam manejadas para que nestas épocas os

canaviais estejam com idade superior a 6 meses e não sofram um intenso ataque da ferrugem marrom. As variedades

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atacadas pela ferrugem reduzem seu crescimento e afinam seus colmos. A avaliação da resistência de uma variedade

é feita pela intensidade do ataque da ferrugem no terço superior da folha +1.

Figura 5. FERRUGEM MARROM

Disseminação - A disseminação do fungo se dá pelo vento, água, restos de cultura e objetos levados pelo

homem. A dispersão dos esporos é relativamente rápida em temperaturas entre 28° e 30°C. A infecção ocorre quando

a umidade é superior a 90% e a temperatura está entre 20° e 25°C.

Os esporos podem permanecer viáveis por até cinco semanas em temperaturas entre 18° e 28°C, perdendo

rapidamente sua viabilidade em temperaturas superiores a 30°C.

Controle – Devido ao seu poder de disseminação, é praticamente impossível deter o avanço da ferrugem após

constatados os primeiros focos. O uso de fungicidas só é economicamente viável sobre variedades de resistência

intermediaria e em época de intenso crescimento da cultura, podendo envolver mais de 3 aplicações.

O uso de variedades resistentes é sem dúvida o método mais eficiente e viável de se controlar a doença.

Quase todos os programas de melhoramentos de variedades possuem como preocupação que suas variedades

melhoradas sejam resistentes à ferrugem.

Importância Econômica – A importância econômica da ferrugem marrom está ligada principalmente ao

percentual de plantio comercial que representa a variedade suscetível, na região afetada e pelas alterações

provocadas, principalmente nos programas de melhoramento varietal, visando obter variedades resistentes.

Estima-se que em variedades suscetíveis, quando as condições são favoráveis, as perdas na produção podem

atingir de 20% a 50%. Em 1980, em Cuba, onde a variedade B4362 representava aproximadamente 40% da área dos

canaviais, o prejuizo foi de um milhão de toneladas de açúcar.

3.6 FERRUGEM ALARANJADA

A ferrugem alaranjada, descrita pela primeira vez no Brasil, no final do ano de 2009, na região de Araraquara-

SP, se espalhou rapidamente para quase todas as regiões canavieiras do pais, sendo hoje uma das principais doenças

foliares dos canaviais brasileiros, principalmente pelo uso de variedades de resistência intermediaria.

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Agente Causal – O fungo Puccinia kuehnni que possui grande capacidade de disseminação pelos ventos.

Sintomas – Assim como a ferrugem marrom a doença se manifesta inicialmente sob a forma de pequenas

manchas cloróticas nas folhas, visíveis em ambas as faces da folha. Estas manchas evoluem formando pústulas de

coloração amarronzada e liberando grande número esporos de coloração alaranjada. Muitas vezes, uma grande

concentração de esporos é depositada numa região da superfície foliar e podem causar áreas necrosadas. Os sintomas

da ferrugem alaranjada são mais severos e prejudiciais na estação úmida, em canaviais plantados com variedades de

reação intermediaria ou suscetíveis para a doença e em locais onde a umidade relativa permanece superior a 90% por

tempo superior a 6 horas. Nunca devemos avaliar a incidência da doença ou seus prejuízos em períodos de pequeno

ou nenhum desenvolvimento (frio ou seco). A ferrugem alaranjada pode ser severa em qualquer idade da planta e isto

difere da ferrugem marrom cuja maior severidade estará entre o 4 e 6 meses de idade. Fora da época de esporulação

abundante será muito difícil distinguir no campo qual seria o tipo de ferrugem que esta ocorrendo sobre uma

variedade, necessitando que materiais sejam enviados para um laboratório para um exame microscópico.

Figura 6. Ferrugem Alaranjada

Disseminação- Os meios de disseminação do fungo são dados pelos ventos, água, restos de cultura e

maquinas e equipamentos utilizados em canaviais contaminados. Como na ferrugem marrom a dispersão dos esporos

é maior em temperaturas entre 28 e 30oC. Como já ressaltamos a infecção ocorre em condições de umidade superior a

90% e temperaturas entre 24oC e 28oC. Condições de infecção também ocorrem em períodos desfavoráveis para o

crescimento das plantas e provocam situações alarmistas porque sem a renovação foliar as infecções ocorrem sempre

nas mesmas folhas, dando a impressão de grande prejuízo.

Controle – A ferrugem alaranjada pode atacar a cana-de-açúcar em qualquer idade e grande capacidade de

esporulação e dispersão tornam difícil o seu controle. O uso de fungicida só e economicamente viável sobre

variedades de resistência intermediária e nas épocas de intenso crescimento do canavial, mesmo assim podem

envolver até três aplicações.

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O uso de variedades resistentes é sem duvida o método mais eficiente e viável para controlar a doença.

Importância Econômica – A importância da ferrugem alaranjada esta ligada ao grande percentual de

variedades intermediarias plantadas comercialmente em ambientes favoráveis para a ocorrência da doença. Nestas

condições as perdas provocadas pela doença podem atingir de 20 a 30%, caso não se adotem medidas de controle.

3.7 SINDROME DO AMARELECIMENTO FOLIAR (AMARELINHO)

Reportada pela primeira vez no Brasil no inicio da década de 1990, sobre a variedade SP71-6163, que

representava quase 30% dos canaviais do Estado de São Paulo, provocou grandes prejuízos pela necessidade da rápida

substituição desta variedade, como também pela rápida queda de produção destes canaviais.

Agente causal – Um vírus do grupo Polerovirus que é transmitido por insetos.

Sintomas – Os sintomas estão associados à condições de estresse hídrico por excesso ou falta. Em variedades

muito suscetíveis os sintomas são bastante evidentes nas folhas +1 e +2, onde se observa um amarelecimento da

parte inferior da nervura central da folha e um avermelhamento da parte superior. Com o passar do tempo o

amarelecimento atinge o limbo foliar dando o aspecto amarelo ao canavial.

Figura 7. ( SAFCA) – AMARELINHO

A obstrução vascular provocada pelo vírus determina que haja uma grande concentração de sacarose na

nervura da folha. O sistema radicular das plantas afetadas é bastante reduzido no seu desenvolvimento e diâmetro.

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Disseminação - A disseminação da doença se dá através de mudas contaminadas e através de insetos vetores,

como os pulgões Melanaphis sacchari e Rhopalosiphum maidis. Não foi comprovada a transmissão por instrumentos

de corte.

Controle – O uso de variedades resistentes e mudas com qualidade parecem ser o melhor método. O

tratamento térmico para o controle do raquitismo da soqueira não tem ação sobre o vírus do Amarelinho.

Importância Econômica – Existem variedades suscetíveis que podem apresentar de 30% a 50% de perdas na

produção, enquanto em outras variedades sintomáticas, a doença não apresenta nenhum efeito.

3.8 PODRIDÃO VERMELHA

É uma das doenças mais conhecidas da cana-de-açúcar por estar associada à broca da cana e pelos transtornos

provocados na industria para a extração do açúcar.

Agente causal - O fungo Colletotrichum falcatum (Went).

Sintomas – A Podridão Vermelha se manifesta de duas formas na cana-deaçúcar, sobre as folhas e no interior

dos colmos. Sobre as folhas, as lesões estão restritas à nervura central , sob a forma de manchas alongadas de

coloração vermelha intenso inicialmente, tornando-se mais claras no centro em estágios mais avançados. Sobre estas

lesões, é que o fungo esporula, dando origem ao inoculo que irá infectar os colmos. Nos colmos é onde a doença

provoca os maiores prejuízos, causando uma podridão vermelha opaca, que somente é visível, cortando-se os colmos

longitudinalmente. Sobre o tecido avermelhado, aparecem manchas claras dispostas transversalmente, sendo este o

quadro sintomatológico típico da Podridão Vermelha.

Figura 8. Podridão vermelha nas folhas e nos colmos

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Freqüentemente, existe uma intima associação desta doença com a Podridão de Fusarium, o que tornam as

colorações dos tecidos mais escurecidas e comumente os prejuízos são atribuídos ao conjunto das podridões.

Disseminação – Os agentes naturais, chuva e ventos, são os principais disseminadores da doença, pois, a

esporulação em acérvulos do C. falcatum, necessita da ação da água ou orvalho para liberar os seus conídios da

mucilagem que os prende, e carrega-los até a região das gemas no colmo, onde se dá a penetração. O vento é o

agente disseminador para longas distâncias.

O fungo penetra no colmo principalmente pelas perfurações provocadas pela broca da cana Diatraea

saccharalis, fazendo com que a importância da doença esteja intimamente ligada a infestação deste inseto.

Aparentemente, as infecções nos colmos, não são responsáveis pela disseminação da doença, quando estes colmos

são usados como mudas.

Controle - A utilização de variedades resistentes e principalmente o controle da broca da cana, são os meios

mais eficientes para minimizar os prejuízos causados.

Importância Econômica – Como já foi citada, a doença é intimamente ligada ao ataque da broca da cana-de-

açúcar e sua maior importância está na inversão da sacarose dos colmos, que em casos extremos, pode chegar a 50%

de perdas de sacarose. Quando o ataque se dá em variedades suscetíveis e as condições ambientais são favoráveis ao

desenvolvimento da doença, A Podridão Vermelha pode matar as canas afetadas.

Em alguns países, a infecção no colmo, pode provocar falhas na brotação, em novos plantios. Este fato, não

representa até o momento, problema nos plantios em nossas condições.

3.9 ESTRIAS VERMELHAS

As estrias vermelhas são uma doença bacteriana, que atualmente possui importância secundária, mas, com a

expansão dos canaviais para locais mais quentes e com épocas de alta umidade relativa, associada a uma melhoria da

fertilidade do solo, podem causar sérios prejuízos, pois algumas variedades atualmente em uso não possuem

resistência satisfatória.

Agente causal – A bactéria Acidovorax avanae subsp avenae, (sin: Pseudomonas rubrilineans)

Sintomas – A doença se manifesta primeiramente no limbo foliar, provocando o aparecimento de estrias

longas, de coloração vermelha escura, paralelas à nervura central. Quando as estrias aparecem em grande número,

podem se unir, formando uma faixa de tecido afetado. Na face inferior da folha afetada, podem aparecer sobre as

estrias, escamas brancas, provenientes das exsudações bacterianas, através das aberturas naturais da folha.

Quando as condições são favoráveis ao desenvolvimento da doença, a bactéria pode atacar o “cartucho”

foliar, apodrecendo o meristema apical do colmo e muitas vezes descendo pelo interior do colmo, apodrecendo

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totalmente. Este apodrecimento desprende um cheiro forte e desagradável, que em severos ataques de uma

variedade, podem ser sentidos nos bordos dos canaviais.

Figura 9. Estrias Vermelhas

Disseminação – A bactéria é facilmente disseminada pelo vento, água de chuva ou orvalho, não existindo

evidencias da sua transmissão por instrumentos de corte, colmos usados como mudas, ou através de insetos.

Dias nublados com temperas superiores a 25°C, com umidade relativa superior a 80%, são condições extremamente

favoráveis para a evolução da doença.

Controle – A utilização de variedades resistentes e evitar o plantio de variedades suscetíveis, em locais de solo

fértil ou muito fertilizado, em baixadas úmidas, são os meios de controle para esta doença.

Importância Econômica – Como já dissemos, a estria vermelha é hoje uma doença de importância secundária

estando restrita a alguns locais de solo fértil, ou áreas de fertirrigação, onde foram plantadas variedades suscetíveis.

3.10 PODRIDÃO ABACAXI

A Podridão Abacaxi é atualmente uma doença bastante associada ao plantio mecanizado, quando este é

realizado em condições desfavoráveis para a brotação das gemas no solo, provocando grandes falhas nos canaviais

plantados.

Agente causal – O fungo Ceratocystis paradoxa, que é um habitante natural dos nossos solos.

Sintomas – Nos toletes plantados, o fungo penetra pelas extremidades cortadas ou rachaduras da superfície

do tolete. Os toletes colonizados, quando rachados longitudinalmente, exalam um cheiro característico de abacaxi

maduro, devido à produção de etil acetato, toxina que é responsável pela inibição da brotação das gemas. No estagio

mais avançado da doença os tecidos parenquimatosos são destruídos, restando somente os feixes fibrovasculares,

cobertos pelos esporos escuros do fungo.

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Figura 10. Podridão Abacaxi

Disseminação – O fungo C. paradoxa é um habitante natural dos solos, onde persiste como saprofita em

matéria orgânica ou atacando outros hospedeiros, entre os quais, a bananeira, o abacaxizeiro, o cafeeiro , os

coqueiros, etc. Portanto, a doença não necessita de meios especiais para disseminação.

Controle - O plantio em época favorável para uma boa brotação, onde a temperatura e a umidade do solo

favorecem a brotação da gema, evitam que medidas como a utilização de fungicidas, sejam a única capaz de combater

o ataque do fungo. Fungicidas como o benomil e o triadimenol quando usados na concentração de 0,6g por litro de

água, na imersão dos toletes por 10 a 15 minutos oferecem proteção aos toletes. Pulverizações destes fungicidas nos

sulcos de plantio não apresentaram o efeito desejado.

Importância Econômica – No sudeste, quando as canas são plantadas no inverno seco e com baixas

temperaturas no solo, a podridão abacaxi pode causar até 70% de falha na brotação das gemas.

3.11 POKKAH BOENG

Uma doença bastante comum em nossos canaviais no período em que as plantas estão em intensa vegetação.

Pode provocar a morte de colmos em variedades suscetíveis ou deformações no colmo.

Agente causal – O fungo Fusarium moniliforme

Sintomas – Em geral, o sintoma característico do “pokkah boeng” é o desenvolvimento de regiões cloróticas

na base das folhas novas, acompanhadas com uma distorção e encurtamento da folha. As plantas apresentam o

“cartucho” foliar distorcido, com folhas cloróticas curtas, apresentando nestas regiões cloróticas, pequenas estrias

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avermelhadas. Os sintomas da doença são bastante confundidos com a deficiência de boro e podem na maioria das

vezes, estarem ligados a este fator.

Disseminação – Nos tecidos afetados e mortos o fungo esporula abundantemente, sendo os conídios

transportados pelo vento e outros agentes naturais.

Figura 11. Pokkah Boeng

Controle – Normalmente não se adotam medidas de controle para esta doença, pois as variedades atualmente

em uso, apesar de apresentarem os sintomas, possuem uma recuperação satisfatória dos sintomas.

3.12 MANCHA OCULAR

A mancha ocular é uma doença que já provocou grandes prejuízos no passado, principalmente em locais de

solos férteis e com temperaturas amenas no inverno.

Agente causal - O fungo Bipolaris sacchari

Sintomas – Inicialmente aparecem no limbo foliar, manchas aquosas, de crescimento rápido, que apresentam

um centro necrótico rodeado por um halo amarelo, tomando o aspecto de olho e que dá o nome a doença. Em

variedades suscetíveis, plantadas em condições favoráveis para a doença, as manchas aparecem em grande número e

a partir delas

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Figura 12. Mancha Ocular

surgem estrias que, inicialmente são cloróticas, mas, evoluem rapidamente para uma coloração parda avermelhada.

As estrias são alongadas, podendo atingir todo o comprimento da folha e são provocadas por uma toxina produzida

pelo fungo nas manchas. O canavial afetado fica com aspecto de folhas queimadas.

Quando a infestação é alta, o fungo pode atacar a região do cartucho foliar e matar o meristema apical do

colmo.

Controle – A utilização de variedades resistentes e evitar o plantio de variedades mais sensíveis em locais

férteis, úmidos e com temperaturas amenas, parecem ser as principais medidas de controle.

3.13 MANCHA PARDA

Doença bastante freqüente em nossos canaviais, muitas vezes confundida à distancia com a ferrugem, mas,

sem relatos de perdas econômicas.

Agente causal – O fungo Cercospora longipes

Sintomas – Pequenas manchas de forma ovalada, vermelhas escuras, rodeadas por halos amarelados.

Aparecem em grande quantidade quando os canaviais que estão em bom desenvolvimento. Estas manchas podem ser

percebidas mesmo em folhas secas.

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Figura 13. Mancha Parda

Disseminação – O fungo esporula nas manchas e seus esporos são disseminados pelos ventos , respingos de

chuva e orvalho.

Controle – Devido a falta de relatos de prejuízos econômicos, não se recomenda nenhuma medida de controle

para esta doença.

3.14- MANCHA DE CURVULARIA

Doença foliar que pode destruir completamente os canaviais de variedades suscetíveis, como aconteceu com a

variedade CTC10 em 2010.

Agente Causal – Fungo Curvularia inaequalis

Sintomas- Manchas foliares alongadas de coloração amarronzada, áreas necróticas por todo o limbo foliar,

provocando a seca prematura das folhas. Em variedades suscetíveis as lesões podem atingir a casca dos colmos e

provocar o seu apodrecimento total.

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Figura 14. Manchas de curvulária

Disseminação- Os esporos do fungo são dispersos pelo vento e respingos de chuva, podendo permanecer viáveis nos

restos de cultura deixados na colheita.

Controle – Variedades resistentes. Não se conhece até o momento nenhum produto fungicida que possa ser usado

eficientemente.

3.15- Podridão de Colletotrichum (antracnose)

Doença que tem provocado grandes prejuízos em algumas variedades e regiões pela presença de grande número de

colmos mortos ou apodrecidos. Esta doença tem causado confusões com os sintomas provocados pela cigarrinha das

raízes.

Agente causal- Fungo Colletotrichum falcatum, o mesmo fungo da Podridão vermelha.

Sintomas- O fungo penetra no colmo pelos primórdios radiculares da região dos nós, onde a alta umidade e a

proteção das bainhas propiciam o ambiente necessário para a infecção. O fungo apodrece a casca do colmo, invade o

interior do colmo apodrecendo totalmente. As condições ideais para sua ocorrência são de verões úmidos e quentes.

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Figura 15. Sintomas de ataque de Colletotrichum

Disseminação- O fungo e disseminado pelo vento e respingos de chuva, persistem de um ano para outro nos restos de

cultura e nas soqueiras por infecção sistêmica.

Controle- Variedades resistentes, redução das palhadas e eventualmente o uso de fungicidas.

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