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OMNIA SAÚDE, V. I NÚMERO II, JANEIRO/JUNHO 2005

I Edição - 2004

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2005

OMNIA SAÚDE - FAI - Faculdades Adamantinenses Integradas. Adamantina:Edições Omnia, v. 1 (número II), p 93, Janeiro/junho 2005.

Tiragem: 500 exemplaresISSN: 1806-6763

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Diretor da FAI: Prof. Dr. Gilson João ParisotoVice-diretor da FAI: Prof. Dr. Marcos MartinelliEditor: Prof. Dr. Bruno SoerensenEditor Assistente: Prof. Dr. Rubens Galdino da SilvaJornalista: Sérgio Barbosa – MTb No. 16.772/SPPlanejamento e Projeto Gráfico: Anderson Flávio PiovesanAssessoria Editorial: Profª. Ms. Cássia Regina de Avelar GomesCapa: Agência Experimental de Publicidade e Propaganda da FAI - AgeppDiagramação: Anderson Flávio Piovesan

CONSELHO EDITORIAL

Presidente: Prof. Dr. Bruno SoerensenSecretária: Profª. Ms. Cássia Regina de Avelar Gomes

MEMBROS

Prof. Dr. Gilson João Parisoto - FAIProf. Dr. Neoclair Molina - FAIProf. Dr. Gildo Matheus - FAIProf. Dr. Gilson Machado D’Antonio - FAIProf. Dr. Paulo Edson Bombonatti - FAIProfa. Dra. Maria Tereza Giroto Mateus - FAIProfa. Dra. Rogéria P. Saez Duarte - FAIProfa. Dra. Zuleice Viana da Silveira - FAIProf. Dr. Ariovaldo Antônio Martins - FAIProf. Dr. Olympio Correa de Mendonça - FAIProf. Dr. Francisco Carlos de Francisco - FAI

CONSELHO CONSULTIVO

Prof. Dr. Luis Rachid Trabulsi - Prof. Titular aposentado da Escola Paulista de Medicina deSão Paulo e da Universidade de São PauloProf. Dr. Eduardo de Bastos Santos - Prof. Titular da Faculdade de Medicina Veterinária daUniversidade Federal do Rio Grande do SulProf. Dr. João Palermo Neto - Prof. Titular da Faculdade de Medicina Veterinária daUniversidade de São PauloProf. Dr. Arary da Cruz Tiriba - Prof. Titular aposentado da Escola Paulista de MedicinaProf. Dr. Rubens Augusto Brazil Silvado - Prof. Titular da Faculdade de Medicina de MaríliaProf. Dr. Valdeir Fagundes Queiroz - Prof. Titular da Faculdade de Medicina de MaríliaProf. Dr. Vicente Borelli - Prof. Titular aposentado da Faculdade de Medicina Veterinária deSão Paulo

REVISÃOProf. Márcio Castro

II Edição - 2005

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Apresentação_______________________________________________________________ 06

Homenagem Póstuma ________________________________________________________07

TRABALHOS ORIGINAIS

Gestão de Recursos Hídricos e SustentabilidadeWater Resources Management And Sustainability__________________________________ 08Omar Jorge Sabbag - Engenheiro Agrônomo e Docente do curso de Engª Ambiental da FAI

Alterações do potencial vcn na esquizofrenia e doença de alzheimer: Uma revisãoPotencial vcn alterations in the schizophrenia and alzheimer disease: A revision _____________13 E. Z. Lopes-Machado

Análise de acidentes do trabalho registrados no atendimento emergencial de uma unidadehospitalarOccupational accident analysis accomplished at a hospital emergency department ________ 26Cassiano Ricardo Rumin - Mestre em Ciências Médicas/FMRPUSP e professor na FAI; Lídia Merino Rodolfo - Aluna do Curso dePsicologia da FAI; Mary Alves dos Santos Serafim - Aluna do Curso de Psicologia na FAI; Nereide Luzia Romanini Branco Peres - Alunado Curso de Psicologia na FAI

Aspectos anátomo-fisiológicos e cinesiológicos do Salto Vertical no Exercício e Esportes.Anatomical-physiological and kinesthetical aspects of Vertical Jump in to physical exercises and Sports __33Carlos Alberto Gomes Barbosa - Professor Mestrando das Faculdades Adamantinenses Integradas - FAI, Professor Mestrando dasFaculdades Integradas de Bauru - FIB, Membro pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas da Atividade Física – CEPAF - FIB,Mestrando do curso de Fisiologia do Esforço da Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE

Henrique Luis Monteiro - Professor Doutor do Curso de Educação Física da Universidade Estadual Paulista - UNESP

Jair Rodrigues Garcia Jr. - Professor Doutor Coordenador do Curso de Mestrado em Fisiologia do Esforço da UNOESTE

Jefferson Olivatto da Silva - Professor Mestre das Faculdades Adamantinenses Integradas - FAI, Professor Mestre da Faculdade JoãoPaulo II – FAJOPA, Professor Mestre da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ibitinga – FAIBI

Tatiana Adamov Semeghini - Professa Doutora do Curso de Mestrado em Fisiologia do Esforço da UNOESTE

A relação do perfil antropométrico dos pais frente aos hábitos de vida.Parents antopometric profile realtion front to the life habits. ____________________________43Sueli Sartori - Aluna do Curso de Educação Física da FAI; Gerson Adriano Carvalho dos Santos - Aluno do Curso de Educação Física daFAI; Solange Aparecida Forato Araújo - Nutricionista da FAI; Mara Silva F. Marconato-Paglioni - Mestre em Bioquímica da Nutrição/UNIMAR e professora da FAI; Manoel Osmar Seabra Jr. - Mestre em Educação Física /UNICAMP e professor da FAI

Críticas aos procedimentos preventivos e de erradicação da Febre Aftosa no mundo.Critics to the preventive and eradication procedures of the aftosa fever in the world __________52Bruno Soerensen - Coordenador do Curso de Medicina Veterinária da FAI; Maiza Possari - Aluna do 7º termo do Curso de CiênciasBiológicas da FAI

Caracterização macro- e microscópica dos ovários das carapebas e caratingasMacro and microscopic ovaries characterization during the reprodutive cycle _____________________55Jodir Pereira da Silva - Faculdades Adamantinenses Integradas Departamento de Engenharia Ambiental; Norair Salviano dos Reis &Rogério Menezes de Mello - Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências da Vida, Faculdade de CiênciasBiológicas Departamento de Ciências Morfológicas

Sumário

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Características fisionômico-estruturais e sucessão secundária na vegetação remanescentedo município de Presidente Prudente (SP)Physiognomic-structural Characteristics and secondary succession on Presidente Prudente CountyReminiscent Vegetation ______________________________________________________ 68Francisco Carlos de Francisco - Professor Doutor do Depto. de Geografia, FCT/ UNESP/P.P. e professor na FAI

Estudo de Tripanosomatídeos Inferiores em Insetos Fitófagos da Região de Adamantina,São Paulo, Brasil.Lower Trypanosomatids Study in Phytophagous Insects of Brazil , São Paulo, Adamantina Region. __ 72Daniele de Oliveira - Mestre em Microbiologia/UEL e professora na FAI; Érica Tiemi Hashimoto - Aluna do Curso de CiênciasBiológicas da FAI; Vinícius Santana Nunes - Aluno do Curso de Ciências Biológica da FAI; Silmara Camponez - Aluna do Curso deCiências Biológicas da FAI; Heitor Arakawa - Aluno do Curso de Ciências Biológicas da FAI; Marcel Kasai - Aluno do Curso de CiênciasBiológicas da FAI

Dengue e educação ambiental na cidade de Presidente Prudente (SP)Dengue and environmental education in the city of Presidente Prudente, São Paulo State.___78Francisco Carlos de Francisco - Professor Doutor do Depto. de Geografia, FCT/UNESP/P.P. e professor na FAI; Thiago Hernandes deLima - Aluno do Curso de Graduação em Geografia da FCT/UNES/P.P.; Franciane Cristiane da Silva - Aluna do Curso de Graduação emGeografia da FCT/UNESP/P.P.

Estudo epidemiológico das condições de saúde bucal em crianças e jovens do município deAdamantina - SP – Brasil / 2003Epidemiologic study about the oral health condition of children’s and yong’s from the municipaldistrict of Adamantina-sp-Brazil in 2003 _________________________________________ 81Parisoto, Giancarlo Baggio; Garbin, Artênio José Isper; Moimaz, Suzelly Adas Saliba; Saliba, Nemre Adas; Saliba, Tânia Adas

História, evolução e importância da área estérilHistory, evolution and importance of the sterile area _______________________________ 87Dr. Bruno Soerensen - Coordenador do curso de Medicina Veterinária na FAI; Daniele de OliveiraMestre em Microbiologia e docente na FAI; Maiza Possari - Aluna do 7º. Termo Ciências Biológicas FAI

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A OMNIA SAÚDE é uma Revista Científica que estimula a publicação de trabalhos. A Revista, entre-

tanto, deverá ser indexada internacionalmente para que seja dado conhecimento amplo às novas con-

tribuições. Os projetos científicos sempre deverão ter por objetivo uma contribuição científica, por

menor que seja. A revisão internacional dos trabalhos científicos é uma condição fundamental, para

evitar a repetição de conceitos já publicados.

O Corpo Docente da Instituição deve publicar trabalhos para se atualizar, para se realizar cientifica-

mente, e projetar no cenário internacional a Instituição onde exerce suas funções.

As primeiras publicações deverão anteceder os trabalhos de mestrado e doutorado, e estes também

deverão ser publicados obrigatoriamente.

Acreditamos que a OMNIA SAÚDE irá contribuir futuramente com os conceitos citados, e com o

desenvolvimento científico dos docentes da FAI.

Bruno Soerensen

Editor

Apresentação

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Homenagem Póstuma

Filho de imigrantes italianos, João e Anna Veronesi. Ricardo Veronesi nasceu em 24 de outubro de1919, na Capital Paulista, mas precisamente no Brás. Era conhecido como o italianinho do Brás, oupor “pinta” nos tempos da Mac-Med, pois tinha uma pinta enorme no antebraço. O seu amor aoatletismo, tornou-o exímio atleta, tendo sido tri-campeão Sul Americano de pólo aquático. Orgulhava-se de ter feito a travessia a nado do Rio Tietê nos tempos das competições promovidas pelo seu clube,o Corinthians. Casou-se em 1947 com Raplaella Aliberti, com quem teve três filhos: Eliane, Thaís eTânia, que lhe deram três netos: Marcelo, Ricardo e Caio. Ficou viúvo em 1992, falecendo, vítima decâncer na próstata, em 08 de maio de 2004.

Ricardo Veronesi viveu intensamente o mundo acadêmico, deixando uma vasta bibliografia. Isso, semdúvida, tornou-o um dos maiores expoentes da produção científica. Foi professor emérito da Facul-dade de Medicina da Universidade de São Paulo; chefe do Centro de Investigação Médica da Univer-sidade de Mogi das Cruzes; professor titular da disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias dasFaculdades de Medicina da Universidade de São Paulo, Santos e Jundiaí; professor honorário daUniversidade Nacional do Nordeste da Argentina; fellow em Pós-Graduação da RocckefellerFoundation (Virologia); presidente e fundador da Sociedade Brasileira de Infectologia e da SociedadeInternacional de Tétano (Lyon, França); consultor da Academia de Ciências dos EUA; membro doComitê Editorial Internacional do “Journal of Infectious Diseases” e do “Journal of Public Health”“(EUA); membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Medicina” e da “Ver. Bras. Clin. eTerap”; membro do Conselho Consultivo da Associação da Criança Defeituosa (SP); autor-colabora-dor dos seguintes tratados de doenças infecciosas: infeccions diseases and medical parasitology”, deBraude AL (EUA), tropical medicine and parasitology de Goldsmith B. e Heyneman D (EUA), “currentediagnosis” de Conn and Conn (EUA), “Temas de infectologia” de Cecchini e Ayala (Argentina), “Tra-tado de Pediatria de Meneghello J (Chile); editor dos livros “Tetanus” de Veronesi e Furste (Colômbia)e “Tetanus Important New Concepts”, em Colaboração Internacional de Países (Amsterdam); editordo livro “Enfermidades Infecciosas y Parasitarias” (Argentina); doutor em Humanidades pela PanAmerican Medical Association (EUA); oficial da Ordem do Mérito Médico do Brasil; e secretário deHigiene e Saúde do município de São Paulo.

Sem dúvida, a humanidade perdeu uma das mais brilhantes inteligências do mundo científico. Seulegado, por muito tempo, será referência àqueles que se dedicam à pesquisa de saúde, principalmenteno campo da infectologia.

As Faculdades Adamantinenses Integradas não poderiam deixar de registrar, ainda que de formapálida, nesta edição, sua gratidão ao grande mestre da medicina, Ricardo Veronesi.

Rubens Galdino

Tributo ao mestre Ricardo Veronesi

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ResumoO atual padrão de utilização de recursos é orientadopara a maximização do lucro em curto prazo. O cres-cimento populacional, vem impulsionando o desen-volvimento urbano e algumas conseqüências decor-rentes deste fato são observadas no âmbito dos re-cursos hídricos. As soluções para os problemas re-lacionados, apontam para a necessidade de umgerenciamento participativo e integrado, tendo comoprincipal objetivo, a garantia de oferta de água den-tro dos padrões de qualidade compatível com a saúdepública e com a proteção ambiental, que traduz emsi um bem natural e essencial à qualidade de vida, aodesenvolvimento econômico e ao bem-estar social,inserindo num contexto de sustentabilidade.

Palavras-chave: recursos hídricos, gestão, de-senvolvimento sustentável.

AbstractThe resources utilization current standard is guidedfor power of the profit in short term. The growthpopulation comes impelling the urban developmentand some current consequences of this fact areobserved in the scope of the water resources. Thesolutions for the problems related point to the needto a management participation and integrated, havingas main goal water offer warranty inside thestandards of compatible quality with the public healthand with the environmental protection, whichtranslates in himself one very natural and essentialto life quality, to the economic development and tothe social welfare, inserting in a sustainability context.

Key-words: water resources, management,sustainable development.

IntroduçãoO atual padrão de utilização de recursos é orien-

Gestão de Recursos Hídricos e SustentabilidadeWater Resources Management And Sustainability

tado para a maximização do lucro em curto pra-zo. Recursos considerados sob a óptica de dispo-nibilidade e preços, onde os desequilíbrios são per-cebidos, somente no momento em que proporcio-nem condições negativas ao processo produtivo.O relatório recém publicado do PNUMA – Pro-grama das Nações Unidas para o Meio Ambiente– conhecido como GEO-3 (Panorama AmbientalGlobal), foi preparado para facilitar o balanço dasaúde ambiental do planeta e estimular os deba-tes sobre os rumos da política ambiental nos pró-ximos anos, visando evitar desastres ambientais eseus severos impactos sobre as populações inde-fesas. A crescente escassez de água potável, comuma demanda crescente em conseqüência do au-mento da população, o desenvolvimento industri-al e a expansão da agricultura irrigada, verifica-seuma oferta limitada de água potável distribuída deforma muito desigual.Uma política visando ao desenvolvimento susten-tável deve considerar a multiplicidade dosecossistemas e os conflitos, sejam eles existentesou potenciais, entre os interesses dos vários seto-res (econômico, social, cultural, científico,conservacionista, dentre outros).O enfoque holístico deverá ser priorizado, inclu-sive nos casos do aproveitamento das águas dabacia com fins de geração de energia e de irriga-ção, pelo fato desta ser um uso conjuntivo de for-te demanda d’água. A título de comparação doconsumo de água, com 15.000 m³ de água se pro-duz em 1 hectare, uma safra de arroz.O crescimento populacional, vem impulsionandoo desenvolvimento urbano e algumas conseqüên-cias decorrentes deste fato, são observadas noâmbito dos recursos hídricos. A concentração dapopulação nos grandes centros e a conseqüenteconcentração das atividades que potencialmentese apropriam do meio ambiente, agravam os con-

Omar Jorge SabbagEngenheiro Agrônomo e Docente do curso de Engª Ambiental da FAI

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flitos pelo uso de recursos cada vez mais escas-sos, seja pelo crescimento da demanda, seja peladegradação de sua qualidade.Uma conseqüência imediata da degradaçãoambiental, é o encarecimento dos custos de supri-mento das demandas de água nas grandes cidades.Este crescente custo de abastecimento, aliado a ummelhor entendimento técnico das águas subterrâne-as, faz com que essas tenham sua importância au-mentada significantemente, como reserva estratégi-ca para o suprimento de grandes centros.Ainda estamos longe de se cumprir efetivamenteos compromissos assumidos por nosso país naRio-92. Todos os autores responsáveis pelo pro-cesso da sustentabilidade (Estados, Poder Judi-ciário, empresários, outros segmentos) devemtrabalhar em conjunto harmonicamente, para cum-prirem o anseio planetário de preservar a quali-dade de vida para nós aqui, agora e para as gera-ções futuras, como dita nossa Constituição Fede-ral, em seu artigo 225.A gestão dos recursos hídricos como parte daquestão ambiental, exige esforços de coordena-ção multidisciplinar e intersetorial, como conse-qüência dos atributos e das peculiaridades do re-curso que se pretende gerir. Ignorar esse fato édesconhecer a realidade, com sérios riscos deconflitos para o futuro.

Gestão de recursos hídricosA degradação ambiental vista como conseqüên-cia inevitável do desenvolvimento econômico ecomo o preço a ser pago para obtenção do pro-gresso econômico, já era percebida desde o sé-culo XIX. As primeiras publicações que trataramsobre a degradação da qualidade da água datamdas décadas de 60 e 70, principalmente em 1972,pela Conferência das Nações Unidas sobre oMeio Ambiente em Estocolmo, quando introdu-ziu a discussão crítica sobre os modelos de de-senvolvimento e seus aspectos ambientais e quan-do foi realizado o primeiro diagnóstico sombrio,sobre as possibilidades futuras de realização ple-na da vida humana.O conceito de desenvolvimento sustentável, abor-da os problemas ambientais de maneira global,

rejeita definitivamente a tese dos limites físicos ereconhece a importância das inter-relações entreprocessos de desenvolvimento, pobreza e meioambiente.Com relação à água, o Relatório Brundtland, ela-borado pela Comissão Mundial Sobre Meio Am-biente e Desenvolvimento (CMMAD) em 1988,aborda um conceito que modificou completamentea concepção milenar de que a água, é um bemlivre de uso comum, ou seja, a concepção de re-curso renovável deu lugar à concepção de que aágua é um recurso finito e criou-se, em conseqü-ência do conceito de escassez, a justificativa paravalorar economicamente este bem.A ECO 92, realizada no Rio de Janeiro, eviden-ciou que o final do século XX estava marcado peloesgotamento de um modelo de crescimento eco-nômico ecologicamente predatório, socialmenteperverso e politicamente injusto. No Capítulo 18da Agenda, é abordada a proteção da qualidade edo abastecimento dos recursos hídricos e enfatizadaa aplicação de critérios integrados no desenvolvi-mento, manejo e uso dos recursos hídricos.A Agenda 21 aborda também que a gestão cen-tralizada dos recursos hídricos, falha no atendi-mento às necessidades do todo e devem ser subs-tituídas por sistemas que respondam localmenteno nível da bacia hidrográfica. Atualmente, há umconsenso comum de que a bacia hidrográfica é aunidade de gestão mais apropriada e que o ma-nejo integrado é fundamental para assegurar asustentabilidade desse recurso.Então, observa-se que o tema ambiental, vem seconsolidando nas agendas políticas de todo o mun-do e a visão da água como recurso ilimitado, modi-ficado em razão de seu esgotamento quantitativo equalitativo. Essa evolução resultou na necessidadede criação de um complexo sistema de gestão dosrecursos hídricos superficiais e subterrâneos, nanecessidade de considerar o binômio qualidade equantidade e da adoção de elementos técnicos esociais nos projetos de aproveitamento.

Modelo sistêmico de integração participativaEste modelo fundamentado na gestão dos recur-sos hídricos possui uma integração sistêmica de

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quatro tipos de negociação setorial (econômica,política direta, político-representativa e jurídica)e prevê a adoção de três instrumentos de traba-lho (PAULA, 2002):

1. Planejamento estratégico por baciahidrográfica – considera unificadamente o cres-cimento econômico, a equidade social e asustentabilidade ecológica;

2. Tomada de decisão através de deliberaçõesmultilaterais e descentralizadas – imple-mentação de plano de negociação política direta,através da constituição de um colegiado do qualparticipa representantes de instituições públicas,privadas, usuários, comunidade e de classes polí-ticas e empresariais atuantes na bacia. Visa a for-mação de um fórum, onde os interessados po-dem expor seus interesses e discutí-los de formatransparente, propondo, analisando e aprovandoplanos e programas de investimentos vinculadosao desenvolvimento da bacia;

3. Estabelecimento de instrumentos legais e fi-nanceiros – Implementação de instrumentos legais,outorgas do uso da água, cobrança de tarifas pelouso da água e rateio de custos de obras de interesse.

Este modelo busca estabelecer no plano gerencial,uma visão de unicidade e universalidade do ciclohidrológico.

A bacia hidrográfica como unidade de gestãoNo Brasil, a legislação estabelece a bacia hidro-gráfica como unidade físico-territorial para o pla-nejamento e o gerenciamento de recursos hídricos.GALLO (1995) descreve que “As bacias de-vem ser consideradas como um todoindivisível, cujo aproveitamento deve dar-sede forma mais otimizada possível, com o ob-jetivo de buscar um melhor desenvolvimentoeconômico e social para as respectivas regi-ões, partindo do conhecimento das caracte-rísticas das necessidades locais”.Ainda segundo o autor, a adoção de baciashidrográficas como unidade de gestão no Brasil deu-se em 1976, através de um acordo do Ministériodas Minas e Energia e o Governo do Estado de

São Paulo, quando instalaram um Comitê Especialpresidido pelo Secretário de Obras e do MeioAmbiente do Estado de São Paulo e dirigentes daELETROBRÁS, DNAEE, DAEE, CETESB,SABESP, ELETROPAULO, CESP E EM -PLASA; e um Comitê executivo, presidido peloSuperintendente do DAEE. Elaboraram estudossobre o aproveitamento, controle e proteção daságuas das Bacias do Alto Tietê e Baixada Santista.Os Comitês de Bacias Hidrográficas sãocolegiados deliberativos, integrados por represen-tantes do Governo estadual, municipal e membrosde entidades e organizações da sociedade civil.Sua estrutura organizacional é composta por ple-nária, presidência, vice-presidência e secretariaexecutiva, podendo ser constituídas câmaras téc-nicas e grupos de estudos, de caráter consultivo,para tratamento de questões de interesse para ogerenciamento de recursos hídricos. Dentre asatribuições determinadas legalmente, compete aosComitês aprovar a proposta da bacia hidrográfica,para integrar ao Plano Estadual de RecursosHídricos e suas atualizações.

As reuniões dos CBH’s são públicas e as deci-sões são tomadas em plenário durante assembléi-as gerais, nas quais os representantes titulares esuplentes dos setores participantes têm direito àvoz. A constituição dos Comitês, pode ser consi-derada como um avanço de um longo processode luta dos direitos civis no Brasil e reflexo dainadequação histórica dos modelos centralizadorese monopolistas, que ampliavam os conflitos e da-vam margem ao exercício de pressões ilegítimas,através de manobras de bastidores, com prejuí-zos sociais e ambientais (PAULA, 2002).

Instrumentos de gestãoCom a ampliação da demanda e diminuição dosrecursos hídricos em qualidade e quantidade, tor-nou-se necessária a promoção de instrumentospara uma gestão mais racional. A gestão de re-cursos hídricos compreende um amplo conjuntode atividades, que vai desde o planejamento eadministração do aproveitamento múltiplo, o con-trole e proteção das águas, até a articulação dosinteresses das várias partes interessadas, que po-dem ser os órgãos públicos, as empresas priva-

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das, a comunidade, dentre outras.

A gestão divide-se em dois grupos: a gestão deoferta da água e a gestão de demanda da água. Aprimeira consiste num conjunto de procedimen-tos técnicos e obras de engenharia, voltados a ga-rantir suprimento de água e a segunda, consisteno disciplinamento do uso da água ofertada, coma utilização de instrumentos econômicos eregulatórios e de procedimentos administrativos.Os instrumentos regulatórios e econômicos, sãoutilizados para induzir os usuários de água a mo-dificarem um comportamento inadequado em rela-ção aos recursos hídricos. Os primeiros determinampadrões a serem observados por usuários epoluidores, sendo estabelecidos e regulamentados apartir de dispositivos legais e administrativos especí-ficos. Os não cumpridores dos padrões estabeleci-dos ficam sujeitos a multas, interrupção de atividadeou processos criminais. Dentre os IR destacam-se opadrão de emissão (incidem diretamente nas emis-sões das atividades poluentes).

Já os instrumentos econômicos são ações nãoimpositivas que estabelecem incentivos financeiros eque tem por objetivo estimular mudança de com-portamento dos usuários e poluidores para utiliza-ção mais racional dos recursos hídricos e um melhorcontrole ambiental. Assim, o capital pode exercerlimites nas ações humanas. Dentre os instrumentoseconômicos destacam-se a cobrança sobre o usuá-rio (feita sobre o usuário da água, associada ao vo-lume de água captado e à forma pela qual se pro-cessa o aproveitamento).

Normalmente os dois instrumentos são aplicados demaneira combinada, mas os instrumentos econômi-cos, estão sendo mais utilizados que os regulatórios.Mas deve ser considerado que o simples fato depagar para poluir, não resolve o problema da polui-ção/degradação da qualidade dos recursos hídricos.O uso da água no atendimento de necessidades bá-sicas, é uma questão de direitos humanos.

Os princípios poluidor-pagador eusuário-pagadorA intensa degradação ambiental provocada pelo

crescimento industrial, sem que houvesse acontabilização dessa perda coletiva nos preços, fezcom que o Conselho da Organização da Coopera-ção e Desenvolvimento Econômicos (OECD) insti-tuísse, em 1972, o Princípio Poluidor Pagador (PPP).O PPP é o princípio do “sujou, limpou”, que estáfundamentado mais pelo ponto de vista da éticaque o da eficiência econômica, pois o juízo devalor subjacente é o direito a um meio ambientelimpo. O objetivo deste princípio não é o de puniro poluidor, mas sim, introduzir no sistema econô-mico, um elemento apropriado para integrar oscustos ambientais no processo de decisão e al-cançar um desenvolvimento ambiental durável. Éa chamada internalização dos custos ambientaisque foram impostos à coletividade.

O Princípio do Usuário-Pagador (PUP) é uma exten-são do PPP, adicionando ao seu campo de aplicação,a utilização de recursos naturais, estabelece que osusuários de recursos naturais devem estar sujeitos àaplicação de instrumentos econômicos para que o usoe o aproveitamento desses recursos se processem embenefício da coletividade. Sendo os recursos naturaisbens de propriedade coletiva, sua apropriação porparte de um ou mais entes privados dá o direito àcoletividade a uma compensação financeira.

A tarifação dos recursos naturais, não reflete comple-tamente os custos sociais de sua exploração, pois ne-gligencia os custos relacionados à diminuição e deteri-oração dos recursos hídricos. O preço dos recursosnaturais deve ser fixado de forma a considerar o custode extração e as externalidades ligadas à extração eaos custos de utilização.

Fundamentado nos dois princípios já citados, ouseja, o PPP e o PUP, a cobrança pelo uso eaproveitamento de recursos hídricos pode ser con-siderada um instrumento econômico de planejamen-to, para a otimização da gestão dos recursoshídricos. Esse instrumento busca induzir os usuári-os a atingir o nível ótimo social de utilização da água,internalizando as externalidades, ou seja, os custossociais. Conforme THAME (2000), dentre os di-versos possíveis efeitos, a cobrança poderá servircomo instrumento de redistribuição dos custos soci-

ais, na medida que impõe preços diferenciados paraagentes usuários diferentes entre si.

Sob a óptica da sustentabilidade o valor da águadeverá estar diretamente relacionado com os pre-juízos causados ao meio ambiente, das externa-lidades econômico-ambientais na avaliação dovalor final da água. A atribuição de um valor eco-nômico para água, pode contribuir para uma mai-or responsabilidade coletiva para reverter situa-ções de desperdício e conscientização acerca darealidade relativa a esse recurso, além do com-prometimento com a conservação de água paraas atuais e futuras gerações.

Considerações finaisDevemos ter em mente que os recursos naturaisexistentes, de uma forma geral, não se enquadramnuma sustentabilidade, descumprindo muitos ob-jetivos e metas não somente da Agenda 21, mastambém de outros programas e leis pertinentes; oque de certa maneira regridem para uma formade insustentabilidade do desenvolvimento.

O uso adequado da água é talvez o maior desafio dahumanidade neste milênio, por constituir-se em ame-aça ao desenvolvimento das nações. No Brasil, em-bora a legislação esteja bastante avançada, a gestãodos recursos hídricos é ainda bastante recente e tam-bém muito complexa, por exigir interfaces com osdiferentes setores produtivos, além de uma integraçãomultidisciplinar na avaliação de seus problemas, porimplicar em mudança de hábitos e costumes e tam-bém por necessitar de grandes somas de investimento.As soluções para os problemas relacionados aosrecursos hídricos, sejam eles quantitativos ou quali-tativos, apontam para a necessidade de umgerenciamento participativo e integrado, que envol-va os diversos atores existentes, quais sejam: os usu-ários, gestores e governos (local, estadual e federal).O gerenciamento dos recursos hídricos deve tercomo principal objetivo a garantia de oferta de água,dentro dos padrões de qualidade compatível com asaúde pública e com a proteção ambiental.

Em nosso país, as discussões relativas à atribuiçãode um valor econômico para a água e a cobrança

pelo seu consumo, enquanto instrumentos de gestãoambiental, são ainda muito recentes. É um tema com-plexo, que merece grande atenção, pois tem conse-qüências sobre toda a sociedade. Para que uma ges-tão de recursos hídricos obtenha sucesso, o meca-nismo de cobrança não pode ser visto isoladamente,deve ser integrado a medidas de políticas públicascomo o combate ao desperdício, a ampliação dosserviços de coleta e tratamento de esgotos, além demelhorias nas redes de distribuição, tendo em vista oprincípio da sustentabilidade; que é o de preservar orecurso água para as atuais e futuras gerações.

Em síntese, os diversos setores de produção não de-vem concentrar somente seus esforços na tentativa depagar pelo direito de uso e continuarem a gerar grandeslucros em suas atividades; devem conscientizar-se epreocupar-se com a importância e valoração deste re-curso tão precioso que traduz em si um bem natural eessencial à qualidade de vida, ao desenvolvimento eco-nômico e ao bem-estar social, podendo assim estarinserida num contexto de sustentabilidade– a água.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASA importância da água para o Brasil e para omundo . Disponível na internet: http://www.guiamercadodeaguas .com.br /revista_06.htm#AImport. Acesso em: 31/Out/2002.

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AM-BIENTE E DESENVOLVIMENTO (CMMAD).Nosso Futuro Comum. Rio de Janeiro: Editorada Fundação Getúlio Vargas, 1ª ed. 1988. 430p.

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ResumoO presente trabalho refere-se a um revisão sobreas alterações do potencial vcn (variação contin-gente negativa) que é registrado noeletroencefalograma (EEG). Busca-se a analisedas alterações do potencial da variação contin-gente negativa nos casos de pacientesesquisofrênicos e portadores da doença deAlzheimer.

AbstractThe present work refers to a revision about thealterations of the cnv potencial (negative contingentvariation), registred in the medical exams (EEG).It is analyzed the alterations of the contingentnegative variation in the cases of schizophrenia andAlzheimer disease.

Palavras-chave: variação contingente negativa;componente precoce, componente tardio

Key words:contingent negative variation; early component, latecomponent

1. Introdução.A variação contingente negativa ou VCN (CNVou “contingent negative variation”), descoberta porWALTER e col. (1964), é um potencial negativolento registrado no eletroencefalograma (EEG) quetem sido correlacionado à atividade cerebral noslobos frontais na situação específica da expectati-va da chegada de um estímulo e da preparaçãocortical para recebê-lo. Tradicionalmente, temsido observada em paradigmas tipo “tempo dereação” com respostas motoras, frente a estímu-

Alterações do potencial vcn na esquizofrenia edoença de alzheimer: Uma revisãoPotencial vcn alterations in the schizophrenia andalzheimer disease: A revision

E. Z. Lopes-Machado

los condicionados (“warned reaction timeparadigms”). A VCN desenvolve-se no tempoentre dois sinais: o primeiro, “conditional orwarning” e o segundo, considerado como“unconditional or indicative” (seg. a denominaçãousada por WALTER e col., 1964, p. 380). Oprimeiro sinal é usualmente representado como“S1” e o segundo como “S2”. O segundo sinaltambém costuma ser designado como “imperative”ou “commanding signal”, entre os autores. AVCN contém dois componentes principais, rela-cionados às respectivas funções cerebrais: 1)Componente “precoce” (“early component”), re-lacionado à resposta de orientação frente ao pri-meiro estímulo (S1), sendo chamado também por“onda de orientação” (“orientation wave”), segun-do KOCHANOWSKI e col. (1999); e 2) Com-ponente “tardio” (“late component”), relacionadocom a preparação para o movimento (“expectationwave” ou “preparatory wave”, seg. os autoresacima citados) ou à “antecipação do estímulo im-perativo”, no dizer de PRITCHARD (1986).

Os potenciais lentos (“slow potentials” ou SPs)são variáveis de voltagem (médias) registradas aoEEG ao longo de segundos, cuja correlação psi-cológica é a antecipação de eventos que ocorremnuma previsível janela de tempo - as VCNs cons-tituem uma classe particular de SPs (BASILE ecol., 2002).

Assim, as VCNs, como já referido, são classica-mente provocadas quando um dado estímulo pre-vine o sujeito experimental sobre a vinda de umsubseqüente estímulo que requerirá uma respostamotora (McCALLUM, 1988). Entretanto, é bom

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frisar que respostas motoras não são necessáriaspara provocar SPs. Estes podem ocorrer em ta-refas cujo movimento precede o estímulo de“feedback” (RUCHKIN e col., 1986; BRUNIA,1988).

Desde a década de 60, acredita-se que os SPs seoriginam no córtex frontal (WALTER e CROW,1964). Uma primeira tentativa de análise de ge-radores de SPs correspondentes à antecipaçãopré-feedback, modelados com “equivalent currentdipoles” (ECDs), resultou em centros de ativida-de na região frontal (BOCKER e col., 1994). Emconcordância com este último estudo, camposmagnéticos “correspondentes a VCNs não-motoras” (“concurrent with non-motor CNVs”),obtidos durante diferentes tipos de tarefas, tinhamseus geradores, também modelados com ECDs,localizados em córtices pré-frontais (BASILE ecol., 1994; BASILE e col., 1996; BASILE e col.,1997a). Também é bom salientar que resultadosa partir de estudos invasivos intra-cranianos deVCNs motoras convencionais em humanos, sãocompatíveis com geradores pré-frontais (IKEDAe col., 1996; HAMANO e col., 1997). Tambémestudos utilizando ablação unilateral ou pacientes le-sados apontam para uma maior contribuição docórtex pré-frontal na geração de VCNs (ROSAHLe KNIGHT, 1995; ZAPPOLI e col., 1995a).

Entretanto, nenhum estudo na literatura é conclu-sivo quanto à participação exclusiva do córtex pré-frontal na geração de SPs, ou seja, nenhum tra-balho, que se saiba, afastou a possibilidade daparticipação de outros córtices, situados maisposteriormente em relação à área pré-frontal, nageração destes potenciais. A favor disto está ofato de que foram obtidos registros de VCNs emprimatas não humanos, utilizando eletródios intra-cranianos tipo “surface-to-deepth”, que demons-traram que os geradores de SPs são distribuídos,no espaço cortical, de forma extensa (SASAKI ecol., 1990). Por isso, foi considerado dentro daexpectativa o resultado obtido pelo grupo de pes-quisadores do Laboratório de Neurociências da

Universidade de São Paulo (BASILE e col.,2002): trabalhando com voluntários normais eEEG de alta resolução (123 canais com referên-cia média comum), foram analisados os gerado-res intra-cranianos de SPs, através da técnica dereconstrução de densidade de corrente. Acha-ram evidência a favor de uma geração multifocalde SPs, incluindo as áreas pré-frontais em todosos casos, além de um número de córtices de asso-ciação posteriores, variando através dos sujeitos.

A partir dos anos 70, a VCN tem sido propostacomo “um índice para vários processos” relacio-nados com a função mental de “prontidão”, vi-sando uma resposta subseqüente a ser seleciona-da (seg. PRITCHARD, 1986, p. 45) ou “opera-ções cognitivas ‘disparadas’ (‘triggered’) peloestímulo imperativo” (DONCHIN e col., 1978;NÄÄTÄNEN e MICHIE, 1979). Assim, a VCNseria um índice para “arousal”, além de processosenvolvidos com os mecanismos cerebrais de focara atenção, estabelecer o “set” preparatório paraa ação ou para a tomada de decisão.

Nos últimos anos, a VCN tem sido freqüentementeusada para avaliar a correlação entre as altera-ções do potencial com as alterações nas funçõescognitivas que ocorrem em várias doenças(KOCHANOWSKI e col., 1999), entre elas, aesquizofrenia e a doença de Alzheimer.

2. Alterações da VCN na esquizofrenia.A maior parte das publicações, nos últimos 30anos, no que se refere à atividadeeletroencefalográfica (ou eletrocortical) naesquizofrenia, concentrou-se, especialmente, nospotenciais P300, N100 e VCN; e, mais recente-mente, também nos potenciais P50. Houve tam-bém trabalhos que estudaram o P300 e “ondaslentas” - “slow waves” ou SW - com a denomi-nação geral de LPC ou “late positive complex”.

No que se refere ao potencial endógeno P300,também relacionado à atenção (VERLEGER,1988) e possivelmente originado em córtices sen-

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soriais (“sensory plus polimodal cortices”, seg.BASILE e col., 1997b), duas alterações apare-cem amplamente replicadas na literatura: redu-ção da amplitude e aumento da latência “de pico”(“peak latencies”), frente a estímulos auditivos,visuais ou sômato-sensoriais (LOUZÃ eMAURER, 1989; BLACKWOOD e col., 1987e 1994; PFEFFERBAUM e col., 1989; NIWA ecol., 1992; IWANAMI e col., 1996;MATHALON e col., 2000; YAMAMOTO e col.,2001). Já em relação ao componente N1 (ouN100) do potencial evocado auditivo, observou-se que o aumento da latência deste potencial pre-via uma pobre resposta a neurolépticos por partede pacientes esquizofrênicos (ADLER e col.,1994), enquanto que a redução de sua amplitudetem sido considerada como específica daesquizofrenia (FORD e col., 2001). Quanto aopotencial evocado P50, o achado mais consis-tente é o déficit de supressão deste potencial frenteao paradigma de dois “clicks” (CLEMENTZ ecol., 1998; CADENHEAD e col., 2000). Quantoao LPC, a esquizofrenia foi associada a uma ate-nuação deste complexo, que pareceu ser maisdevida a uma eliminação do P300 do que da SW(para uma revisão, ver PRITCHARD, 1986, p.52). Escolheu-se estudar, nesta revisão, o poten-cial VCN.

Até meados dos anos 80, estabeleceu-se a idéia,entre os autores, de que a VCN estava reduzidana esquizofrenia, no intervalo entre os estímuloscondicionado e “imperativo”, em paradigmas detempo de reação (SMALL e SMALL, 1971;TECCE e col., 1979; RIZZO e col., 1983 e 1984;van den BOSCH, 1983 e 1984; TIMSIT-BERTHIER e col., 1985); e que esta reduçãopoderia ser considerada como um “state marker”da psicose no que se referia a quadros agudos e“trait marker” no que se referia a quadros crôni-cos; já a PINV (“postimperative negativevariation” - uma continuação da VCN após aapresentação do estímulo imperativo) seria maisum “state marker” tanto para casos agudos comocrônicos da doença (PRITCHARD, 1986). Tam-

bém já havia, na época, uma tendência a se con-siderar tal anormalidade da VCN como não-es-pecífica da esquizofrenia (FUKUI e col., 1978),embora alguns autores a considerassem suficien-temente freqüente nesta psicose para apontá-lacomo de grande valor diagnóstico (TIMSIT-BERTHIER e col., 1985). Também foi ressaltadopor HEIMANN (1986) a falta de especificidadepara a esquizofrenia de uma reduzida VCN (comotambém de uma reduzida resposta de condutânciada pele), dado que também em pacientesdepressivos tais reduções ocorriam. Este últimoautor citado enfatiza, além disso, que, tantoesquizofrênicos como depressivos mostravam aoEEG uma grande PINV (além de uma reduzidaVCN) quando eles perdiam o controle sobre umestímulo imperativo aversivo.

Em 1988, BORENSTEIN e col. observaram que27 esquizofrênicos e 13 pacientes esquizo-afetivosexibiam fases “pré-” e “pós-imperativas” (em re-lação ao estímulo imperativo) da VCN conside-radas de caráter heterogêneo, sugerindo a possi-bilidade de distúrbios múltiplos. Ao contrário, oscontroles normais (em número de 27) mostravamfases pré- e pós-imperativas de VCN dentro deum padrão homogêneo. Quando presente nosregistros dos pacientes, a negatividade “pré-im-perativa” era de baixa amplitude e tinha um lentoretorno à linha-de-base com uma larga dispersão.Nos pacientes que apresentavam uma negatividadepré-imperativa seguida de PINV, havia uma rela-ção linear entre as amplitudes das duas ondas.

Em 1993, LEMBREGHTS e TIMSIT-BERTHIER compararam os registros, ao EEG,da VCN (entre outros potenciais promediados)de 20 esquizofrênicos e de 20 voluntários saudá-veis. Os pacientes, seg. o DSM-III-R, eram dosubtipo paranóide em fase aguda. Observaramuma baixa amplitude de VCN nos pacientes emrelação aos controles (além de uma baixa ampli-tude e maior latência do P300, entre outras anor-malidades em componentes de potenciais evoca-dos auditivos). Com estes resultados, sugeriram

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que havia uma disfunção no processamento dainformação na esquizofrenia, envolvendo estágiosprecoces de processos cognitivos relacionados àatenção (para atos voluntários ou automáticos).

Neste mesmo ano de 1993, JERVIS e col., noReino Unido, demonstraram ser possível discri-minar, com registros de VCN, esquizofrênicos depacientes com doença de Parkinson e doença deHuntington. As variáveis discriminatórios eramgeradas aplicando análise espectral às secçõespré- e pós-estímulo das respostas de VCN. As-sim, foi possível para estes autores diferenciar entreregistros de pacientes destas três doenças e depessoas normais, usadas como controles. Nesteestudo, foram usados 20 esquizofrênicos, 16 pa-cientes com doença de Parkinson e 11 com do-ença de Huntington, além de 43 controles nor-mais. Estudos recentes têm demonstrado a apli-cação clínica da VCN para a avaliação da corre-lação entre alterações de potencial e alteraçõesdas funções cognitivas que ocorrem naesquizofrenia e em outras doenças, como demên-cias, doença de Parkinson, epilepsia, estados an-siosos e dores crônicas, incluindo “migraine”(KOCHANOWSKI e col., 1999).

KOCKSTROH e seus colegas (1994a) exami-naram a hipótese de que desvios de padrões depotenciais corticais lentos em esquizofrênicos po-deriam revelar regulação atípica da excitabilidadecortical. Num grupo de 12 esquizofrênicos crô-nicos, pareados com controles, usando paradigmade tempo de reação, a VCN foi evocada duranteum estímulo visual de 3 segundos (S1), enquantohavia uma apresentação paralela de “clicks”, avários intervalos de tempo, como “sondagem” doestado cerebral durante a VCN. Foi observadauma predominância frontal de VCNs nos pacien-tes, comparativamente a um máximo centro-parietal nos controles, sugerindo uma atípicaregulação têmporo-espacial de potenciais corticaislentos nos pacientes. Em outro estudo, com 17pacientes esquizofrênicos, foi feita uma associa-ção, por estes mesmos autores, entre um estímulo

visual (S1) e um estímulo tátil lateralizado (S2) quepermitia uma resposta rápida com a mão respec-tiva. Esta associação era formada através de umasérie de ensaios, enquanto, em outra série, o ladoda estimulação tátil era imprevisível. Um“feedback” indicando a adequação da respostaocorria 1,5 segundos após o estímulo S2. Os gru-pos de sujeitos (pacientes x controles) não diferi-ram quanto à amplitude média da VCN oulateralização da VCN. Por outro lado, os paci-entes esquizofrênicos mostraram uma ampla e pro-nunciada negatividade pré-feedback (FPN -“feedback-preceding negativity”) em todos os trei-nos, enquanto os controles exibiam somente umaFPN ao nível do hemisfério direito, quando o ladodo S2 era imprevisível e o feedback tornava-sesaliente. Um outro trabalho deste mesmo labora-tório (KOCKSTROH e col., 1994b), utilizando12 pacientes com esquizofrenia crônica e 12 con-troles, usou um “paradigma de sondagem” (“probeparadigm”): uma VCN era evocada numparadigma tipo tempo de reação com estímulo “deadvertência” (“a forewarned reaction timeparadigm”). Os “clicks” eram apresentados an-tes, durante e após ser eliciada uma VCN. Asrespostas evocadas por “click” permitiam uma“sondagem” do estado das correntes cerebrais,particularmente da excitabilidade neuronal que étambém representada pelos SPs. Durante as me-didas, os sujeitos pressionavam um botão em res-posta ao “off set” do estímulo visual condiciona-do e um botão diferente em resposta aos estímu-los acústicos (“clicks”) de “sondagem”, sendo oúltimo pressionamento de botão um indicadorcomportamental da excitabilidade cerebral. Natarefa de tempo de reação “sinalizada”(“forewarned reaction time task”) os pacientesdesenvolveram uma VCN com uma amplitudemáxima frontal, enquanto os controles mostraramuma VCN predominantemente centro-parietal(como já havia sido referido em experimento an-terior pelo mesmo grupo de pesquisadores). Osautores, como da outra vez, sugeriram que estepadrão atípico topográfico da VCN poderia indi-car uma diferente regulação têmporo-espacial dos

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processos preparatórios corticais emesquizofrênicos. As respostas motoras eram ace-leradas durante as variações do potencial negati-vo tanto em pacientes como em controles, comrespostas mais lentas, de um modo global, nospacientes.

Em 1996, GUTERMAN e col. estudaram os efei-tos da inibição latente, refletida em potenciais ce-rebrais promediados, em esquizofrênicos e con-troles saudáveis. Examinaram, assim, os efeitosde um estímulo irrelevante auditivo pré-expostosobre o tempo de reação e a VCN nos dois gru-pos de sujeitos. Na fase I do experimento, ossujeitos tanto podiam ser pré-expostos, ou não, auma apresentação repetida de um ruído branco(“estímulo-sonda” auditivo ou “auditory probestimulus”), enquanto desempenhavam uma tarefade enumerar sílabas sem sentido que eram ouvi-das. Na fase II, todos os sujeitos eram solicita-dos a produzir uma rápida resposta motora a umestímulo imperativo visual, precedido pelo estímuloauditivo irrelevante. Os sujeitos do grupo contro-le, na fase II, tanto os expostos como os não-expostos ao estímulo auditivo, apresentavam umaVCN retardada através dos ensaios. Nosesquizofrênicos, entretanto, não havia diferençasquanto à VCN, seja nos expostso, seja nos não-expostos ao referido estímulo. Concluíram osautores que este achado indicava que os potenci-ais promediados poderiam ser úteis na explica-ção do efeito da inibição latente normal (pobreassociação aprendida de um estímulo, após eleter sido passivamente pré-exposto) e sua altera-ção na esquizofrenia. Outro trabalho(KATHMANN e col., 2000) observou que aamplitude da VCN não era afetada pela pré-ex-posição a um estímulo condicionado que havia sidousado como estímulo irrelevante (“irrelevantdistractor”) em tarefa discriminativa anterior.

Um outro estudo (KLEIN e col., 1996), compa-rando PINVs de esquizofrênicos crônicospareados quanto ao sexo, idade e escolaridadecom controles normais, em registros de EEG a

partir das regiões frontal, central, temporal eparietal, observou que as amplitudes de PINVseram geralmente maiores nos pacientes (19esquizofrênicos x 19 controles). Porém, utilizan-do dois tipos de tarefas, o estudo chegou a resul-tados diferentes: a) Se a tarefa consistisse em fa-zer os sujeitos compararem aspectos físicos dosdois estímulos (o condicionado e o imperativo),de modo que a comparação fosse mais ambígüaque clara, um aumento de amplitude de PINVaparecia em ambos os grupos; b) Por outro lado,se a comparação exigisse maior envolvimento defunções relativas à memória executiva (“workingmemory”), as amplitudes de PINV eram aumen-tadas somente no grupo esquizofrênico. Em facedestes resultados, os autores sugeriram que am-bigüidade durante a comparação de aspectos fí-sicos dos estímulos apresentados sucessivamentepoderia representar um fator geral da PINV emesquizofrênicos e controles saudáveis. Aumen-tando o envolvimento das funções de memóriaexecutiva, presumivelmente realizadas pelo córtexpré-frontal, isto especificamente alteraria a PINV,predominantemente fronto-central, em pacientesesquizofrênicos. Este resultado, concluíram osautores, seria comparável com a hipótese dadisfunção cortical pré-frontal na esquizofrenia. Emestudo posterior, o mesmo grupo de pesquisado-res (KOCKSTROH e col., 1997) estudou o es-tado neurofisiológico durante a VCN e PINV,apresentando um “estímulo-sonda-auditivo” (umruído branco por ensaio em 50% dos ensaios),durante a linha-de-base, intervalo VCN ou inter-valo PINV. Assim, os potenciais promediadoslentos e evocados por “estímulo-sonda” foramregistrados em 13 pacientes com esquizofreniacrônica (DSM-III-R) e em 13 controles saudá-veis a partir de 15 localizações de eletrodos, in-cluindo a linha média e duas seqüências sagitais,uma em cada hemisfério. Diferenças entre os gru-pos e efeitos de ambigüidade sobre as amplitudesda PINV foram encontradas para ambas as mo-dalidades de estímulo: visual ou auditivo. O estí-mulo auditivo produziu uma distribuição fronto-central da PINV em ambos os grupos. O poten-

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cial evocado pelo estímulo-sonda ao nível dovértex foi menor nos pacientes comparativamenteaos controles, mas exibiu uma “modulação com-parável com a maior amplitude durante a VCN”em ambos os grupos de sujeitos. Assim, a moda-lidade de estímulo afetou a distribuição, no “scalp”,da PINV. Ou seja, as respostas evocadas pelo“estímulo-sonda” apontavam para diferentes sig-nificados funcionais das “negatividades” pré-estí-mulo imperativo (VCN) ou pós-estímulo impera-tivo (PINV).

Em 1999, D.R. HEIMBERG e seus colegas daClínica Universitária Psiquiátrica de Basel, Suiça,observaram que alterações da VCN não eramespecíficas da esquizofrenia, podendo tambémocorrer em pacientes depressivos. Assim, oparadigma da VCN aplicado pelos autores foicapaz de discriminar o grupo de pacientes (43esquizofrênicos e 34 pacientes com depressãomaior) do grupo de controles saudáveis (49 su-jeitos), mas apenas “diferenças sutís” foram en-contradas entre os grupos de pacientes. Oparadigma consistia, basicamente, numa tarefa tipo“go/no-go” que requeria, frente um complexo detrês estímulos, que fosse apertado um botão des-de que as três figuras apresentadas fossem idênti-cas. Assim, a VCN era medida: 1) Após a pri-meira figura que aguardava uma segunda (condi-ção de linha-de-base); 2) Após duas idênticas fi-guras, aguardando uma terceira (condição “res-posta-relevante”); e 3) Após duas diferentes figu-ras, aguardando pela terceira (condição “respos-ta-irrelevante”). No grupo de controles saudá-veis, a condição “resposta-relevante” produziauma VCN INTENSIFICADA em relação à li-nha-de-base; também nos pacientes depressivos,em menor extensão, mas não nos esquizofrênicos.Nos controles normais, mas não nos dois gruposde pacientes, havia uma VCN significativamentereduzida na condição “resposta-irrelevante”, com-parativamente à “resposta-relevante”. Neste pon-to, como já referido, é que ocorria uma falta deespecificidade das alterações de VCN para aesquizofrenia: esta clara discriminação, em termos

de VCN, que ocorria nos controles normais (en-tre as condições de “resposta-relevante”/”respos-ta-irrelevante”) não era observada em nenhum dosdois grupos de pacientes.

Partindo da assertiva de que uma reduzida VCN(por déficits em processos de atenção) e uma re-duzida PINV (como incerteza acerca do acertoou não da própria resposta em S2) têm sido re-petidamente encontradas em pacientesesquizofrênicos; e que também têm sido encon-tradas evidências a favor de uma VCN reduzidaespecificamente em localizações centrais mas nãoem posições frontais, VERLEGER e col. (1999)investigaram se tais alterações destes potenciaisnegativos lentos dependeriam do estado atual dossintomas e se havia influência da medicaçãoneuroléptica. Foram utilizados no estudo pacien-tes esquizofrênicos agudos e fora da fase aguda,em duas tarefas S1-S2, sendo grupos-controlessujeitos saudáveis e pacientes com doença deParkinson. Observaram que havia uma reduçãoda VCN central que permanecia estável ao longodas tarefas tanto em pacientes esquizofrênicosagudos como em não-agudos. A VCN frontalapresentava-se reduzida nos pacientes agudos enos pacientes que estavam fora da fase aguda dapsicose (“outpatients”), só que, nestes últimos,somente numa das duas tarefas usadas. Um acha-do interessante foi que os pacientesesquizofrênicos apresentavam uma PINV aumen-tada mais contralateral do que ipsilateralmente, emrelação à mão que respondia, havendo uma cor-relação com a medicação, sendo que isso ocorriade forma similar com os pacientes com doençade Parkinson. Desta forma, concluíram os auto-res que o aumento da PINV poderia refletir o efei-to colateral Parkinsoniano da medicação anti-psicótica. Assim, a VCN reduzida central seriaum marcador estável da esquizofrenia (“trait-marker”), enquanto a redução da VCN frontal seriamais um efeito “estado-dependente” (“state-marker”). VERLEGER e seus colegas sugeri-ram, então, que a redução da VCN central pode-ria refletir um déficit nos processos que produzem

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associações estáveis estímulo-resposta, sendo orelativo aumento da VCN frontal em “outpatients”considerado, provavelmente, como uma tentativade compensação àquele déficit.

Embora se saiba que a VCN possa ser observa-da tanto antes de respostas motoras manuais,como de respostas motoras oculares, sendo mui-to reproduzido o achado de que pacientesesquizofrênicos exibem uma reduzida VCN emtarefas que requerem respostas manuais motoras,pouco existe na literatura sobre VCN e movimen-tos sacádicos na esquizofrenia. Um estudo re-cente (KLEIN e col., 2000) examinou a VCN depacientes esquizofrênicos e controles saudáveisdurante tarefas pró- e anti-sacádicas. Dezesseteesquizofrênicos em uso de medicação forampareados quanto à sexo, idade e escolaridade com18 controles saudáveis. O critério diagnósticousado foi da CID-10. Tarefas pró- e anti-sacádi-cas horizontais foram eliciadas em quatro blocos,contendo, cada um, 80 ensaios. O registro de EEGfoi feito a partir de 32 canais com um amplificadorDC. Durante a tarefa anti-sacádica, os pacientesesquizofrênicos exibiram uma mais demorada res-posta correta, comparativamente aos controles. Ospacientes também mostraram uma VCN sacádica,predominantemente no vértex, geralmente menorque os controles. Enquanto que nos controles sau-dáveis, a VCN sacádica no vértex era maior du-rante a tarefa anti-sacádica que na pró-sacádica,este aumento de amplitude da VCN relacionadoao tipo de tarefa não ocorria nos pacientes. Osautores concluíram que, de acordo com a presu-mida disfunção pré-frontal, os resultados sugeremuma deficiente preparação e execução de tarefasanti-sacádicas na esquizofrenia.

3. Alterações da VCN na doença de Alzheimer.Apenas oito trabalhos foram encontrados na lite-ratura, associando diretamente a “CNV” à “do-ença de Alzheimer” (“Alzheimer’s disease”), usa-das como “palavras-chave” no MEDLINE.

Em 1983, TECCE e col., utilizando um grupo de

pacientes com Alzheimer (entre 57 e 89 anos),comparativamente com três grupos controles (um“jovem normal”, entre 18 e 32 anos; um “maisvelho”, entre 55 e 69 anos; e um “idoso”, entre70 e 85 anos de idade), observaram que os paci-entes com doença de Alzheimer não apresenta-vam o “rechaço” de VCN, além de, com avalia-ção neuropsicológica, apresentarem um déficit deatenção, além de uma significativa menor facilita-ção na velocidade de resposta frente a um estí-mulo “preparatório” (“preparatory signal”). Osautores sugeriram uma possível descontinuidadeentre idosos normais e doença de Alzheimer. Poroutro lado, uma comparação entre os grupos “jo-vem”, “idoso normal” e “Alzheimer” indicou umpadrão de um sistemático decréscimo no“rechaço” de VCN, redução no desempenhousando memória a curto prazo e maior lentidãono tempo de reação durante procedimento que“dividia a atenção”. Os autores também obser-varam que os pacientes com doença de Alzheimerapresentavam distúrbios autonômicos (uma ele-vada taxa basal de freqüência cardíaca), além deum elevado número de “piscadelas” (“eyeblink”)e de uma aumentada responsividade motor-ocu-lar nas condições de desempenho com a atençãodividida. Sugeriram os autores que o déficit deatenção nos pacientes com Alzheimer devia serinterpretado como uma alteração tipo “distração-arousal” (“a distraction-arousal interpretation”).Paradoxalmente, TECCE e seus colegas referi-ram que também havia, nos pacientes, uma ativi-dade miogênica basal reduzida e níveis baixos defreqüência cardíaca durante as tarefas que dividi-am a atenção, indicando uma depressão seletivano funcionamento psicofisiológico. Finalmente,destacaram os autores que a droga “Hydergine”(“mesilato de codergocrina”) parecia diminuir osefeitos dos “processos de distração-arousal” nosdoentes.

Outro trabalho (TORRES e HUTTON, 1986)estudou o papel do EEG como método de auxíliono diagnóstico diferencial das demências. Espe-cificamente com relação à VCN e a doença de

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Alzheimer, apenas referiram os autores que, naausência de um teste fisiológico corrente que des-se uma evidência positiva desta doença, longaslatências de potenciais promediados e de VCN(mais que amplitudes, consideradas pelos autoresmenos confiáveis e mais variáveis utilizando VEPs- “visual evocated potentials”) poderiam ser úteiscomo precoces anormalidades da doença.

A partir de 1987, ZAPPOLI e col. reportaramuma série de trabalhos, observando a VCN empacientes com doença de Alzheimer (DA). As-sim, observaram: a) Que 2 de 5 pacientes comDA tipo demência pré-senil (com menos de 60anos, em média) melhoraram quanto à atividadeda VCN, tempos de reação mais encurtados equanto ao padrão clínico, com um tratamento de6 meses, tomando, de forma aberta quanto aodelineamento experimental, 30 mg de nicergolina,um ativador do metabolismo cerebral, via oral,duas vezes por dia (ZAPPOLI e col., 1987); b)Que houve diferenças significativas nas medidasde alguns componentes da VCN, particularmenteno componente pré-S2 tardio, entre 10 controlessadios, pareados quanto à idade, e 8 pacientescom demência pré-senil tipo Alzheimer. Os paci-entes com DA, em sua maioria, não mostraramnenhuma atividade significante quanto à VCN,apresentaram tempos de reação muito prolonga-dos em resposta ao sinal imperativo e, às vezes,mostravam uma característica PINV (ZAPPOLIe col., 1990); c) Que este último achado citadofoi reproduzido com 12 pacientes com demênciapré-senil tipo Alzheimer (ZAPPOLI e col., 1991a);os autores sugeriram, então, que alterações simi-lares, quanto ao complexo VCN e nos tempos dereação, àquelas observadas em seus pacientes,poderiam constituir uma pista valiosa no estudoda fisiopatologia cerebral nos estágios precocesda deterioração mental idiopática pré-senil; d) Uti-lizando tomografia computadorizada e ressonân-cia magnética, além de análise espectral ao EEGe uma bateria de testes psicométricos, observa-ram que 24 pacientes pré-senís com sintomas ini-ciais (entre “muito suaves” e “moderadamente

severos”) de deterioração mental sem depressão,comparativamente a 10 controles saudáveispareados quanto à idade, apresentaram diferen-ças significativas obtidas nas medidas de algunscomponentes “post-S1 ERP” e da VCN, parti-cularmente os pós-S1 N1b, P300 e os compo-nentes precoces e tardios “pré-S2” da VCN. Amaioria dos pacientes com provável demência pré-senil tipo Alzheimer mostraram aumento de latênciados P300, atividade de VCN não significativa,tempos-de-reação (RTs) muito prolongados,lentificação do traçado do EEG e difusa atrofiacerebral; novamente, os autores sugeriram que taisalterações VCN/RT e na atividadeeletroencefalográfica poderiam constituir valiosapista para o estudo da disfunção cerebral nas fa-ses precoces do déficit cognitivo idiopático pré-senil (ZAPPOLI e col., 1991b).

Em 1995, ZAPPOLI e seus colegas fizeram umaespécie de “revisão-tipo-inventário” de seus pró-prios achados, já referidos no último trabalho ci-tado (ZAPPOLI e col., 1991b), visando, especi-ficamente, o valor diagnóstico de suas medidas,usando testes estatísticos tipo ANOVA e análisede correlação e discriminação. Dos 24 pacientesusados (15 homens e 9 mulheres, média de ida-de=59,6 anos), com critérios diagnósticos inclu-indo DSM-III-R e CID-10, 12 apresentaram umdeclínio cognitivo idiopático pré-senil, mas nãoapresentavam suficientes critérios clínicos eneuropsicológicos para demência primária ou parao diagnóstico de provável DA; já os outros 12pacientes mostraram sinais e sintomas clínicoscaracterísticos de um provável estágio inicial deuma demência pré-senil tipo Alzheimer. Após asvárias análises estatísticas, obtiveram dois gruposde fatores altamente “ranqueados” (p<0.01) paraservirem como fatores de discriminação inter-gru-pos: a) 13 fatores resultantes da análise de discri-minação oriunda dos escores dos testespsicométricos e dos dados da análise específicado complexo VCN (“bit-mapped CNVcomplex”) e dos tempos de reação ao sinal S2; eb) 15 fatores considerados como os melhores in-

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dicadores no grupo dos achados de VCN/RT.Ambos os grupos de fatores atingiram um nívelde exatidão, quanto à capacidade de discrimina-ção inter-grupos, de 97% (33 dos 34 sujeitosexaminados: 24 pacientes e 10 sujeitos saudáveispareados quanto à idade). Usando estes dois“sets” de discriminadores altamente “ranqueados”,todos os sujeitos com demência pré-senil tipoAlzheimer e todos os sujeitos normais foram cor-retamente classificados. Somente dois pacientescom declínio cognitivo idiopático pré-senil foramclassificados fora de seu grupo: um, utilizando-seo primeiro grupo de 13 fatores, foi classificado como“normal” e o outro, utilizando-se o segundo grupode 15 fatores, foi classificado como portador deDA. Os autores sugerem que estas técnicas não-invasivas por eles usadas possam servir como im-portante instrumento para identificar estágiosincipientes da demência pré-senil tipo Alzheimer.

Finalmente, em 1998, OISHI e MOCHIZUKI,estudando 6 casos de DA (média de idade de 69,5anos) não conseguiram observar redução na am-plitude da VCN. Porém, observaram reduçãoda VCN precoce em pacientes de outro grupo(demência vascular por múltiplos infartos cere-brais, 17 casos, com média de idade de 67,0 anos),comparativamente a controles saudáveis (8 sujei-tos, média de idade de 62,5 anos). Utilizando ométodo de tomografia computadorizada comxenônio estável para investigar o fluxo de sangueregional cerebral, observaram que o fluxo de san-gue no córtex parietal e tálamo era significativa-mente menor no grupo de pacientes com demên-cia vascular que no grupo controle saudável.Houve uma correlação positiva significativa entrea amplitude da VCN precoce e o fluxo sangüíneono córtex frontal. Nenhuma significativa correla-ção foi encontrada, mesmo nos voluntários sau-dáveis, entre VCN e fluxo sangÜíneo nos córticestemporal, parietal e occipital, nem na substânciabranca frontal, temporal e occipital, nem notálamo, putamen e núcleo caudado. Os autoresconcluíram afirmando que a amplitude da VCNtem sido reportada como estando reduzida na

demência e que, a partir do presente estudo, aamplitude da VCN precoce (“early CNV”) foiconsiderada com sendo influenciada pelo fluxosangüíneo no córtex frontal.

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ResumoEsta pesquisa verificou a freqüência e a distribui-ção dos acidentes do trabalho registrados numaunidade hospitalar do município de Adamantina(SP). Analisamos as informações contidas nas Co-municações de Acidente do Trabalho (CAT) apartir das variáveis: procedência do trabalhador,empresa empregadora, profissão, idade, sexo,parte do corpo atingida e agente causador. Em2003 foram registradas 86 CATs pela unidadehospitalar analisada. Aproximadamente 83% dasnotificações envolviam residentes do município. Asindústrias de cana-de-açúcar acumularam 39,5%dos acidentes. Os serviços de saúde ocasiona-ram 10,5% dos registros, tendo freqüência maiorque a construção civil (8%). As profissões queacumularam o maior número de registros foram:trabalhador rural (35%), ajudante geral (24%) eprofissionais de saúde (10,5%). Entre os traba-lhadores até os 30 anos ocorreram 57% dos aci-dentes. Os trabalhadores masculinos acumularam79% dos registros. As partes do corpo mais atin-gidas foram o membro superior esquerdo (29%)e membro inferior esquerdo (17,4%). O facãocanavieiro ocasionou 23,2% das lesões. Conclu-

Análise de acidentes do trabalho registrados noatendimento emergencial de uma unidade hospitalarOccupational accident analysis accomplished at ahospital emergency department

Cassiano Ricardo RuminMestre em Ciências Médicas/FMRPUSP

e professor na FAI

Lídia Merino RodolfoAluna do Curso de Psicologia da FAI

Mary Alves dos Santos SerafimAluna do Curso de Psicologia da FAI

Nereide Luzia Romanini Branco PeresAluna do Curso de Psicologia da FAI

ímos pela necessidade permanente de análise des-tas informações epidemiológicas e pelaestruturação de ações públicas em saúde do tra-balhador.

Palavras-chave: saúde do trabalhador; aciden-tes do trabalho; epidemiologia

AbstractThis research verified the frequency and distributionof work accidents registered at a hospital inAdamantina (SP). All the information presentedat the Work Accident Communication (WAC) wasexamined according to these following variants:worker’s provenance, employing company,occupation, age, sex, part of the body injured andcausing agent. There were 86 WACs registeredat the hospital in 2003; approximately 83% of theminvolved city residents. Sugar cane industriesrepresented 39.5% of the accidents. Healthservice was 10.5% of the registration, indicatinghigher frequency in civil construction ( 8%). Theoccupations which showed the greatest numberof accidents registered were: rural workers ( 35%),general helpers (24%) and the professions in the

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health field (10.5%). It was verified that 57% ofthe accidents occurred among workers up untiltheir thirties. Male workers were 79% of theregistrations. The parts of the body most affectedwere: left arms (29%) and left legs (17.4%). Heavyknives were the instruments which provoked23.2% of the lesions. We conclude that there is apermanent need of epidemiological informationanalysis as well as the need of structuring publicactions towards the worker’s health.

Key words: worker’s health; work accidents;epidemiology.

IntroduçãoO estudo das condições de trabalho no Brasilenvolve diversos aspectos relacionados ao modode produção nas organizações de trabalho e aossetores de atividade econômica atuantes na eco-nomia nacional. Nas organizações de trabalhoencontramos desde linhas de montagemautomatizadas presentes nas montadoras de veí-culos, até a ocupação de mão-de-obra em traba-lhos braçais, como é o caso das agroindústrias.Esta situação determina que os prejuízos à saúdeque atingem os trabalhadores brasileiros, tenhamum amplo perfil epidemiológico, compreendendoacidentes na manipulação de instrumentos de tra-balho, agravos relacionados à exposição aos agen-tes químicos e biológicos, prejuízos ocasionadospor exigências ergonômicas inadequadas, doen-ças ocasionadas pela realização de tarefas em rit-mo intenso e extenuante, entre outros.

O conceito de acidente do trabalho envolve pre-juízos à saúde, desde o deslocamento do traba-lhador para a execução da jornada produtiva ouseu retorno ao lar até os agravos relacionados àexecução da atividade produtiva. Nesta últimacategoria faz-se presente também as ocorrênciascrônicas denominadas doenças do trabalho.

No ano de 2003 ocorreram no município deAdamantina 323 acidentes do trabalho. Deste to-tal 287 foram acidentes típicos, outros 31 aciden-

tes de trajeto e 5 registros de doenças ocupacionais(MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSIS-TÊNCIA SOCIAL, 2005). Neste mesmo ano ostrabalhadores formais ocupavam 6223 postos detrabalho no município (SEADE, 2005). Assim, acada grupo de mil trabalhadores, 52 destes so-freram algum prejuízo à saúde em decorrência daexecução de atividades produtivas.

O registro de acidentes de trabalho em unidadesde atenção emergencial à saúde, tem como fun-ção permitir a caracterização de perfis epidemio-lógicos da população economicamente ativa e serutilizado como elemento para a organização de pro-posta para a promoção da saúde, nos ambientesde trabalho. Vale destacar que estes registros, cos-tumam contemplar majoritariamente os trabalhado-res formais e ainda devemos contar com asubnotificação de acidentes do trabalho. Mesmoassim, a análise dos registros de acidentes do tra-balho, permite visualizar características inerentes aorisco de exposição ocupacional e a degradação dasaúde dos trabalhadores.

Para caracterizar os prejuízos à saúde que aco-metem à parcela da população que desenvolveatividades produtivas nas imediações do municí-pio de Adamantina (SP), realizamos esta pesqui-sa com o objetivo de verificar a freqüência deocorrência de acidentes do trabalho, atendidos eregistrados na Santa Casa de Misericórdia deAdamantina (SP) e analisar a distribuição dos aci-dentes do trabalho entre as variáveis contidas nasComunicações de Acidentes do Trabalho. A pro-dução destas informações epidemiológicas podeembasar ações de extensão às unidades produti-vas e à classe trabalhadora. Deste modo, pude-mos encontrar indicativos de atividades produti-vas onde poderemos concentrar ações proativasde promoção da saúde.

MetodologiaA execução desta pesquisa envolveu a análise dasComunicações de Acidente do Trabalho emitidase registradas no ano de 2003, pela Santa Casa de

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Misericórdia de Adamantina (SP). Nesta ativida-de analisamos a freqüência de acidentes do tra-balho e outras variáveis contidas nas CATs: pro-cedência do trabalhador, empresa empregadora,profissão, idade, sexo, parte do corpo atingida eagente causador.

ResultadosNo ano de 2003 foram registradas 86 CATs naunidade hospitalar de atenção emergencial à saú-de analisada. A apresentação da tabela 1 permitevisualizarmos a distribuição dos acidentes do tra-balho em razão do município de residência do tra-balhador:

Tabela 1 – Distribuição dos acidentes do trabalhoregistrados na Santa de Misericórdia deAdamantina (SP), segundo o município de resi-dência do trabalhador, no ano de 2003.Mun. N. de reg. Freq.(%) Freq. Acum. (%)Adamantina 72 83,7 83,7Flórida Paulista 07 8,1 91,8Lucélia 03 3,4 95,2Mariápolis 01 1,2 96,4Irapuru 01 1,2 97,6Parapuã 01 1,2 98,8São Paulo 01 1,2 100,0TOTAL 86 100,0100,0

Aproximadamente 84% das notificações envolvi-am trabalhadores adamantinenses. Em razão dodeslocamento de trabalhadores volantes, 15% dasnotificações envolveram trabalhadores de municí-pios limítrofes. Vale destacar, a notificação de umacidente envolvendo um residente do município deSão Paulo. Deslocado para prestar atividades nointerior paulista, o trabalhador feriu o maxilar, a facee a boca em conseqüência de uma queda.

Ao analisarmos o tipo de empresa que contribuipara os registros de acidentes do trabalho, verifi-camos a seguinte distribuição dos acidentes:

Tabela 2 – Tipo de empresa envolvida na ocor-rência de acidentes do trabalho, registrado na

Santa de Misericórdia de Adamantina (SP), noano de 2003.

Tipo de Emp. N. de registros Freq. (%)Usinas e Destilarias 34 39,5Indústrias 13 15,3Micro Empresas 10 11,6Setor Saúde09 10,4Construção Civil 07 8,1Comércio 05 5,8Outras 08 9,3TOTAL 86 100,0

As indústrias de cana-de-açúcar acumularam39,5% das notificações. Estas notificações apre-sentaram perfil epidemiológico que envolve des-de acidentes típicos da área rural, como cortesdecorrentes do contato com a lâmina do facão,aos acidentes característicos do processamentoindustrial. Neste último caso, o trabalhador so-freu queimaduras no pescoço e na região lombarao movimentar uma válvula de equipamento decentrifugação recebendo uma descarga de vapore massa de açúcar.

As indústrias de estruturas metálicas, serralheria ede confecções acumularam juntas 15,3% dos aci-dentes e micro empresas 11,6%. Os serviços desaúde ocasionaram 10,4% dos registros, tendofreqüência maior que a construção civil, setor queacumulou 8,1% das ocorrências de acidentes dotrabalho.

Deve contribuir para um maior número de regis-tro de acidentes no setor de saúde, a mobilizaçãode um grande contingente de trabalhadores emvirtude do município de Adamantina (SP) servircomo referência, em serviços de saúde, para suamicrorregião. O município concentra serviços emsaúde que contam, inclusive, com unidade de aten-ção à saúde mental. Estes acidentes se caracteri-zam pelo risco biológico de contaminação porhemoderivados nos casos de acidentes com ins-trumentos perfurocortantes. Além dos profissio-nais de saúde, os encarregados pela limpeza dos

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estabelecimentos de saúde podem se sujeitar aeste tipo de acidente, ao manipular os dejetoshospitalares para o descarte (MARZIALE;NISHIMURA & FERREIRA, 2004).

Para analisarmos o impacto dos acidentes de tra-balho sobre as categorias profissionais construí-mos a tabela 3 apresentada abaixo:

Tabela 3 – Distribuição dos acidentes do trabalho,segundo categoria profissional, registrados na Santade Misericórdia de Adamantina (SP), no ano de 2003.Profissão N. de registros Freqüência (%)Trabalhador rural 30 34,8Ajudante geral 21 24,5Profis. de saúde 09 10,6Mecânico 04 4,6Office-boy 02 2,3Menor aprendiz 02 2,3Torneiro mecânico02 2,3Outros 16 18,6TOTAL 86 100,0Entre as profissões que sofreram maisfreqüentemente acidentes do trabalho, verificamosque os trabalhadores rurais acumularam 34,8%dos registros. Nesta situação, deve-se considerara estruturação das atividades econômicas na re-gião abrangida, pelo estudo onde predomina aatividade agrícola. Por isso, encontramos aciden-tes envolvendo proprietários e moradores de pro-priedades rurais. Também encontramos o regis-tro de acidentes associados às práticas dacanavicultura. Os acidentes de trabalho nacanavicultura são ocasionados pelas condiçõesextenuantes de execução do trabalho (GOMES,FISCHER & BEDRIKOW, 2001; ALESSI &NAVARRO, 1997 a; ALESSI & NAVARRO1997 b; ALESSI & SCOPINHO, 1994) e pelasprecárias condições de vida dos trabalhadores(SILVA, 1999; ANDRADE, 1994).Entre 1997 e 2003 a área de cultivo da cana-de-açúcar aumentou 44,5% possibilitando um aumen-to de 51,8% na quantidade de cana-de-açúcarproduzida perfazendo um incremento superior a7,4 milhões de toneladas (INSTITUTO DE ECO-

NOMIA AGRÍCOLA, 2003). Para o plantio, ostratos culturais e a colheita deste incremento pro-dutivo houve maior absorção de trabalhadores nasatividades da canavicultura. Na realização da co-lheita manual de cana-de-açúcar, se destacam oscortes com o instrumento de trabalho, as perfura-ções ocasionadas pelos colmos de cana-de-açú-car e as quedas determinadas pelo solo escorre-gadio ou irregular. Surgem também os acidentesrelacionados não diretamente à colheita manualde cana-de-açúcar, mas ao plantio de novos ca-naviais e aos tratos culturais exigidos paralongevidade do canavial. Assim, foram registradasquedas de maquinário agrícola, ferimentos ocasi-onados pela manutenção de colhedeiras e trato-res e lesões à coluna vertebral, em razão da mo-vimentação de bombas para irrigação de canavi-ais com vinhaça.

O ajudante geral, é uma caracterização profissio-nal abrangida em diversos setores de atividadesprodutivas. Por isso, esta atividade profissional sedestaca nos registros de acidentes (24,5%) e re-gistra um perfil epidemiológico amplo: sofreramagravos ocasionados por quedas, movimentaçãode cargas e volumes, atropelamentos no trajetoao trabalho, cortes ocasionados pelo contato comserras, esmagamento de dedos em equipamentosde preensão, entre outras ocorrências.

Os profissionais de saúde e os encarregados pelalimpeza dos ambientes hospitalares, sofreram per-furações ocasionadas por instrumentos pontiagu-dos e cortantes e ferimentos ocasionados por que-das em piso escorregadio. A movimentação depacientes convalescentes, em razão das exigênci-as ergonômicas, ocasionou danos a coluna verte-bral e acumulou a freqüência de 33,3% entre osacidentes registrados em estabelecimentos de saú-de. Indicamos, ainda, ferimentos ocorridos a umauxiliar de enfermagem em razão de agressão físi-ca (socos e mordidas) executada por um clientede serviços em saúde mental.

Os acidentes ocorridos entre office-boys e me-

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nores aprendizes, decorrem da circulação duran-te parte significativa da jornada de trabalho, pelaárea urbana central da cidade e envolvem quedase atropelamentos.

A ocorrência de acidentes do trabalho envolven-do os distintos grupos etários, apontou para a con-centração de acidentes do trabalho entre os tra-balhadores jovens e em início de suas atividadesprodutivas. Até a terceira década de vida estãoconcentrados 57% dos acidentes registrados con-forme exposto pela tabela 4.

Tabela 4 – Distribuição dos acidentes do traba-lho, segundo idade, registrados na Santa de Mi-sericórdia de Adamantina (SP), no ano de 2003.

F. etária N. de reg Freq. (%) Freq. Acum. (%)20 anos 15 17,5 17,520 ¬ 30 anos 34 39,5 57,030 ¬ 40 anos 21 24,4 81,440 ¬ 50 anos 13 15,1 96,550 anos 03 3,5 100,0

A concentração elevada dos acidentes entre tra-balhadores jovens costuma ser explicada em ra-zão da negligência, do despreparo e do não cum-primento das ordenações de segurança à saúdenas organizações de trabalho. Estas situações re-presentadas nas denominações de ato insegurodo trabalhador (DELLA COLETA, 1989) oufator humano (DEJOURS, 1999) para odesencadeamento de acidentes encobrem carac-terísticas da ocupação da mão-de-obra jovem:concentrar atividades laborais de exigênciaergonômica elevada em razão da rigidez física eocupar os postos de trabalho que exigem menorqualificação e, conseqüentemente maior exposi-ção a agentes ocupacionais, em virtude da poucaexperiência profissional. Deste modo, os riscos àsaúde associados à atividade produtiva podemincidir de forma mais intensa sobre este grupo detrabalhadores.

A experiência profissional aumentada com o trans-correr dos anos e a ascensão na hierarquia

organizacional podem contribuir para melhorescondições de trabalho: a partir dos 40 anos seconcentram apenas 18,6% dos acidentesregistrados. Outro fator que contribui para essadiminuição na freqüência dos acidentes do trabalhoe a menor ocupação de indivíduos mais velhos nasatividades mais penosas e de exposição mais intensaas cargas de trabalho (LAURREL & NORIEGA,1985) como o corte de cana-de-açúcar.

Os trabalhadores do sexo masculino acumularam79% dos registros. Às mulheres couberam con-seqüentemente 21% dos registros. Esta situaçãonão se deve atribuir unicamente a possibilidadede menor participação de mulheres em atividadesprodutivas. O que poderia explicar a menor fre-qüência de registros de acidentes do trabalho en-tre mulheres, seria a informalidade do trabalhofeminino especialmente no préstimo de serviçosdomésticos. A subnotificação de acidentes entretrabalhadores informais é elevada.

As partes do corpo mais afetadas na ocorrência deacidentes guardam relação direta com as caracte-rísticas de ocupação da mão-de-obra. Em virtudedo destaque da mobilização de trabalhadores pelosetor canavieiro, os acidentes do trabalho caracte-rísticos desta atividade, ou seja, ferimentos nos mem-bros superiores e inferiores (TEIXEIRA &FREITAS, 2003) foram as partes do corpo ondehouve maior concentração de lesões.

Tabela 5 –Partes do corpo atingidas pela ocorrên-cia de acidente do trabalho registrados na Santa deMisericórdia de Adamantina (SP), no ano de 2003.

Parte atingida N. de registros Freq. (%) Freq. Acu. (%)Membro superior esq. 25 29,0 29,0Membro inferior esq. 15 17,4 46,4Membro superior dir. 09 10,5 56,9Membro inferior dir 04 4,6 61,5Cabeça 10 11,6 73,1Lombar 09 10,5 83,6Tórax 02 2,4 86,0Quadril 01 1,2 87,2Outras partes 11 12,8 100,0

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TOTAL 86 100,0100,0O movimento egocípeto (RUMIN, 2000) rea-lizado pelo deslocamento do facão até os colmosde cana-de-açúcar é auto-agressivo por terminarsua trajetória junto ao corpo do trabalhador. Alâmina afiada pode danificar e transpor os equi-pamentos de proteção individual (EPI) ou mesmoatingir partes do corpo não protegidas pelo EPI.Somadas as lesões no membro superior e inferioresquerdo atingem o total de 46,4% dos registros.Comparativamente, membros superior e inferiordireito foram lesionados apenas 15%. Esta con-centração das lesões nos membros do lado es-querdo do corpo ocorre em virtude da manipula-ção do facão canavieiro proporcionalmente mai-or por trabalhadores destros. De todos os agen-tes causadores de acidentes do trabalho o facãocanavieiro se destaca ocasionando 23,2% das lesões.

Considerações finaisConcluímos pela necessidade permanente de aná-lise destes registros e a produção de informaçõesepidemiológicas, que seriam utilizadas comoindicativo das condições de ocupação da mão-de-obra entre os setores de atividade econômica.O estabelecimento e a estruturação de práticasem saúde do trabalhador, baseadas nas informa-ções epidemiológicas elaboradas pelos serviçospúblicos de saúde, poderiam envolver omonitoramento das condições produtivas nosambientes de trabalho e os riscos residuais dossistemas de produção, que resultariam em impac-tos ao meio ambiente e à saúde coletiva. A im-plantação de Serviços de Referência em Saúdedo Trabalhador ofertaria serviços especializadospara o restabelecimento das aptidões ocupacionaise na recuperação do quadro geral de saúde. Po-deria também orientar a habilitação e oremanejamento de trabalhadores, que sofreramprejuízos parciais permanentes das capacidadesprodutivas, para outras funções profissionais.Referências

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ResumoO Salto Vertical tem grande importância nas ativi-dades esportivas. Caracteriza-se pela superaçãorápida da resistência, mediante aplicação de for-ça e velocidade voluntárias. A altura máxima éconseguida pelo tempo de reação e coordena-ção, que são componentes treináveis de funda-mental importância para os desempenhos espor-tivos. As pesquisas utilizam o Squat Jump, oCounter Moviment Jump e o Drop Jump paraanálises. Os resultados revelam que a velocidadede impulso é causada pela extensão do joelho,flexão plantar, extensão do tronco, balanço dosbraços e balanço da cabeça.

Palavras-chave: Salto Vertical – salto agachado– movimento de contra-salto – salto de gota

AbstractThe vertical jump has great importance to sportive

Aspectos anátomo-fisiológicos e cinesiológicos doSalto Vertical no Exercício e Esportes.Anatomical-physiological and kinesthetical aspectsof Vertical Jump in to physical exercises and Sports

Carlos Alberto Gomes BarbosaProfessor Mestrando das Faculdades Adamantinenses Integradas - FAI

Professor Mestrando das Faculdades Integradas de Bauru - FIBMembro pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas da Atividade Física – CEPAF - FIB

Mestrando do curso de Fisiologia do Esforço da Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE

Henrique Luis MonteiroProfessor Doutor do Curso de Educação Física da Universidade Estadual Paulista - UNESP

Jair Rodrigues Garcia Jr.Professor Doutor Coordenador do Curso de Mestrado em Fisiologia do Esforço da UNOESTE

Jefferson Olivatto da SilvaProfessor Mestre das Faculdades Adamantinenses Integradas - FAI

Professor Mestre da Faculdade João Paulo II – FAJOPAProfessor Mestre da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ibitinga – FAIBI

Tatiana Adamov SemeghiniProfessora Doutora do Curso de Mestrado em Fisiologia do Esforço da UNOESTE

activities. It is characterized for the fast overcomingof resistance, by means of application of voluntaryforce and speed. The maximum height is obtainedby reaction time and coordination, which aretrainable components of basic importance tosportive performances. Squad Jump, CounterMovement Jump and Drop Jump are analyticaltools for researches. The outcomes reveal thatknee extension, plantar flexion, trunk extension,arms rocking and head rocking cause jump speed.

Key words: Vertical Jump – Squat Jump – CounterMoviment Jump – Drop Jump

O Salto Vertical nos eventos EsportivosAs práticas de atividades esportivas amadoras eprofissionais tornaram-se elementos da cultura emanifestações de valores morais e éticos, poden-do ser afirmada pelo número de espectadores quese mobilizam para assisti-los e pelo enorme inte-

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resse por parte das emissoras de televisão, rádio,jornais e revistas (BARBANTI, 2002).Concomitantemente, as pesquisas buscam enten-dimento e desenvolvimento do esporte, demons-trando elementos comuns e primordiais para de-sempenho das atividades esportivas(DINTIMAN, WARD E TELLEZ, 1999).

Dentre as diversas qualidades correlacionadas nosestudos, encontramos o Salto Vertical (SV) comoelemento decisivo para os resultados expressivos,sejam eles no Futebol, Basquetebol, Voleibol,Handebol, Atletismo (SCHMOLINSKY, 1982).

Os Saltos para alguns esportes são ações inte-grantes, tendo valores importantes em suas execu-ções, possibilitando êxitos tanto em intensidadesbaixas, médias, quanto altas (Voleibol, Basquete,Handebol). Enquanto que em outros eventos, comono Salto em altura, Salto em distância e Salto Tri-plo, as ações com máximas intensidades expres-sam os resultados finais desejados (BOBBERT etal., 1996; HOLCOMB et al., 1996).

Assim, os Saltos se encontram como resultadosdas aplicações de forças dinâmicas, contra a açãoda gravidade (BOMPA, 2002). A força de impulsãoé caracterizada pelo empenho em movimentar demaneira mais explosiva o possível (HOLLMANNE HETTINGER, 1989). Esta força explosiva, sem-pre realiza sua máxima no momento inicial, e temna resistência externa a determinação da acelera-ção (VERKHOSHANSKI, 2001).

Pesquisas recentes têm utilizado a avaliação dedesempenho do Salto Vertical (SV), como forne-cedor de indicativos de potência para o esporte(ENOKA, 2000). Assim, mesmo a corrida que écaracterizada pelo passo duplo, ao completar seuciclo, demonstra um momento de perda de apoio,caracterizando-a como sucessões de saltos(SCHMOLINSKY, 1982).

O ato motor do salto vertical é realizado median-te as capacidades de força e velocidade, caracte-

rizadas pela necessidade de superação rápida daresistência (ZAKHAROV, 2003). Contudo, suacomplexidade não permite uma análise simples-mente por fórmulas físicas, pois existe grande eestreito entrelaçamento em algumas qualidades fí-sicas, podendo considerá-las como “caminhos”para o aperfeiçoamento do treinamento esportivo(BARBANTI, 1990).

Devido a avançadas tecnologias, os conhecimen-tos científicos estão mais objetivos, (ARAGÓNet al., 1997) possibilitando identificar e analisarvariáveis específicas que afetam ou favorecem orendimento do salto (WEISS et al., 1997). Sejamem laboratórios ou em campo, as análises permi-tem verificar ações de forças nas articulações doquadril, joelho e tornozelo (HATZE, 1998); bemcomo potência e coordenação (FATOUROS et al.,2000). São fatores determinantes do salto vertical:força absoluta, força relativa, tamanho dos braçosde alavancas, potência muscular, energia elásticaacumulada, peso corporal, coordenação motora,quantidade de fibras de contração rápida e recru-tamento de fibras musculares (BOMPA, 2002;HATZE, 1998; WILMORE E COSTILL, 2001).

Dentre diversas análises do SV encontra-se oSquat Jump (SJ), salto iniciado em posição está-tica com os joelhos flexionados a 90º, sem quetenha novo abaixamento do centro de gravidade(GOUBEL, 1997); o Counter Moviment Jump(CMJ) com forte e rápida flexão e extensão dosmembros inferiores (WEINECK, 2003) e o DropJump (DJ), salto iniciado após queda em diferen-tes alturas (ZAKHAROV, 2003).

Pesquisas sobre o Salto VerticalAs análises biomecânicas do Salto Vertical (SV),mediante técnicas cinematográficas e Platafor-ma de Força (PF), realizadas por Luthanen eKomi em 1978, revelaram que a velocidade deimpulso é causada pela extensão do joelho(56%), flexão plantar (22%), extensão do tron-co (10%), balanço dos braços (10%) e balançoda cabeça (2%).

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Nos DJ a 40 cm de altura e CMJ, ambos sem autilização dos braços, analisados por PF eEletromiograma (EMG), são de 38% para o qua-dril, 32% para o joelho e 30% para o tornozelo(BOBBERT et al., 1986). Contudo, no DJ a 20 cmde altura e CMJ, ambos com a utilização dos bra-ços, os maiores registros de potência ocorrem nosjoelhos e tornozelos no DJ (BOBBERT et al., 1987).

Para o SJ e CMJ, e SJ e CMJ sem utilização dosbraços realizados em PF, evidenciaram que ospicos de potência são similares para todo o salto.Porém, com o CMJ a altura do SV, o pico de rea-ção do solo e o pico de potência são maiores. Asutilizações dos braços contribuem com 10% emmédia para SJ e CMJ nos aumentos pico de forçade reação do solo, o que pode estar relacionado àvelocidade-força de contração para os músculosquadríceps e glúteos (HARMAN et al., 1990).

Comparando o SJ e CMJ com as mãos na cintu-ra em PF, os resultados mecânicos são significati-vos para ambos com relação ao centro de gravi-dade do corpo, mas, favorecendo para o CMJ;com 41,6 ± 6,1 cm e 35,9 ± 4,7 cm, respectiva-mente (BOSCO E KOMI, 1979).

Pode-se dizer que braços e pernas contribuemfundamentalmente na geração de velocidade dosSV. A contribuição do membro para a velocidadevertical é determinada pelo aumento no valor domomento relativo entre o início e fim da ação. Parao CMJ os resultados de tais análises verificaramque os braços produzem um momento relativo de30,9 N, o qual correspondeu a 12,7% do momen-to vertical do corpo (LESS E BARTON, 1996).

Fukashiro e Komi (1987), mediante PF nos SJ,CMJ máximo e CMJ submáximo múltiplo eviden-ciaram respostas de momentos de picos e traba-lho mecânico dos extensores do quadril superio-res para CMJ máximo. Entretanto, com iguaisordens de valores para joelhos e tornozelos, re-velando que, a performance está relacionada maiscom a diferença de utilização dos extensores do

quadril do que com a energia elástica acumulada.Diferentemente do CMJ submáximo que possuigrande momento e trabalho mecânico presente notornozelo, mostrando que a elasticidade musculartem mais importância em saltos consecutivos.

Nos DJ com 20 a 100cm de altura e cargas adici-onais de 15 a 20 % do peso corporal na PF eEMG, indicam que devido o aumento da ativida-de mioelétrica no trabalho excêntrico, a força di-minui com o aumento da velocidade. E que, naação muscular concêntrica as curvas de força-velocidade são melhores por causa da restituiçãoda energia elástica (BOSCO et al., 1982b). A res-posta da maior energia elástica para o SJ e CMJtem dependência direta para os menores ângulosarticulares nos joelhos, bem como, as relaçõesmelhores nos desempenhos dos SV para os su-jeitos com maiores percentuais de fibras rápidas(BOSCO et al., 1982a).

Portanto, o potencial elástico muscular deve serconsiderado nos estudos dos SV (OLIVEIRA etal., 1993); após a produção de trabalho negativo,o qual tem concentrações de energia mecânica ab-sorvida e armazenada nos elementos elásticos emsérie (FARLEY, 1997).

Holcomb et al. (1996), verificaram a biomecânicana pliometria durante as fases de queda e de im-pulso. Para tanto, foram realizadas análises dotornozelo no DJ, em que na queda o sujeito per-maneceu o mais ereto possível e com pequenaflexão do joelho. Para análise do joelho no DJ, naqueda o joelho flexionou a 90° graus, mantendo otronco ereto. E para o quadril no DJ, antes desaltar novamente, flexionou o tronco até ficar pa-ralelo ao solo e com pequena flexão do joelho.Ao se comparar as variáveis dos DJ com os CMJ,tanto a potência como o trabalho realizado foi sig-nificativamente maior no DJ.

A variação das angulações articulares na práticaesportiva é permanente, fazendo com que a pos-tura corporal durante a aplicação do SV seja ex-

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tremamente complexa. Selbie e Caldwell (1996),verificam a relação da máxima altura com a pos-tura inicial. Mediante sistema computacional, amáxima altura no salto foi encontrada para cadadas 125 diferentes posturas. O modelo resultanterevelou que a máxima altura de salto é relativa-mente insensível à postura inicial, mas que o pa-drão de torque na articulação necessário para re-alizar esta altura ótima varia consideravelmente.Os resultados sugerem que alturas similares nosalto vertical podem ser obtidas usando vários ti-pos de posturas iniciais.

Além da necessidade de saltar alto nasperformances atléticas de nível elevado é neces-sário ter grande resistência. Galdi (1999), medi-ante Plataforma de Salto estudou SV consecuti-vos de um minuto. As análises mostraram que aantropometria e a composição corporal não deter-minam o desempenho e que, o maior número desaltos conseguidos são menos potentes em relaçãoà altura do salto, sugerindo estar relacionada à efi-ciência de se ativar o ciclo de estiramento e encur-tamento para a utilização da energia elástica.

A influência das propriedades rígidas nas estrutu-ras tendinosas durante a performance do DJ eCMJ, tem um efeito favorável no ciclo de encur-tamento e estiramento, possivelmente devido aoadequado armazenamento e impulso da energiaelástica (KUBO, KAWAKAMI E FUKUNAGA,1999; KUROKAWA, FUKUNAGA EFUKASHIRO, 2001).

É importante compreender que no SV, o elemen-to chave no controle da velocidade de conversãode energia bioquímica para mecânica, ocorre me-diante a cinética do cálcio acumulado com os ci-clos das pontes cruzadas nos sarcômeros, deno-tando a função linear da velocidade de desloca-mento dos filamentos. Desta forma, o feedbackmecânico regula a potência gerada, mantém a re-lação linear entre energia liberada pelaactomiosina-ATPase, gera energia mecânica edetermina a eficiência da conversão de energia

bioquímica para mecânica (LANDESBERG ESIDEMAM, 2000)

Estrutura e função do músculo esquelético noSalto VerticalAtravés das propriedades mecânicas do músculoesquelético, pode-se determinar o desempenhode força, comprimento, velocidade, trabalho epotência no SV, pois, as articulações humanas sãocruzadas por inúmeros músculos que coordenamos movimentos na interação força-tempo, forçavelocidade e força resistência, em razão da geo-metria do sistema músculo-esquelético e do mo-mento-tempo músculo-articular. Tal coordenaçãoé de extrema importância para maximização domovimento, característica que é de significânciaprimária para o desempenho ótimo nos esportesque necessitam de Saltos (ZATSIORSKY, 2004).

O músculo esquelético é formado por feixes decélulas cilíndricas muito longas e multinucleadas,que apresentam contrações vigorosas e voluntá-rias (JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2000). É di-vidido em fibras lentas, rápidas oxidativas e fibrasrápidas não oxidativas, cuja função está relacio-nada diretamente aos eventos de potência mus-cular ocorridas na execução do SV (TUBINO,1987). São inervados pelo nervo motor, o qual éconstituído de um grande número de fibras ner-vosas, originárias isoladamente de células nervo-sas da medula espinhal (GREEN, 1987), que sedividem em ramificações nervosas, que penetramno sarcolema de apenas uma fibra muscular(HENNEMAN et al., 1981).

Quando ocorre atividade no nervo motor, aacetilcolina das terminações nervosas difunde-sepela fenda entre o nervo e a membrana muscularna placa motora, ligando-se a uma proteínareceptora. O resultado desse processo consisteem variação especial do potencial na membranamuscular, que gera um potencial de ação propa-gado na fibra muscular e a contração muscularconseqüente necessária para o SV (GREEN,1987).

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A contração pode ser mais forte ou mais fraca, nadependência de um mecanismo de graduação demaior ou menor número de unidades motoras domúsculo, a que se dá o nome de recrutamento(GANDEVIA, 1992; BELANGER et al., 1981) Estemecanismo é regulado pelo córtex cerebral, coor-denado pelo cerebelo, que mantém conexões comreceptores localizados nos músculos, nos tendões enas articulações (CLAMANN, 1987; CAIOZZOet al., 1981; WICKIEWICZ et al., 1984).

O grau de força ou potência é determinado pelasadaptações agudas e crônicas dos mecanismoscontráteis (MORINATI et al., 1979), sobre a in-fluência da excitação e subseqüente desinibiçãoou facilitação neural para gerar força supra máxi-ma em estados emergenciais (MORINATI, 1992;MACDONAGH et al., 1993) ou ainda, pormelhoras ocorridas em treinamentos, sem umahipertrofia proporcional do músculo (ASTRANDE RODAHL, 1980).

Em atividades de potência, como o que acontecenos Saltos, o fuso muscular detecta alterações docomprimento do músculo, provocadas peloestiramento ou pela contração muscular, bem comoa intensidade e a velocidade com que essas alte-rações se realizam. O aparelho de Golgi detecta atensão aplicada aos tendões durante a contraçãomuscular. Esses receptores contribuem para amanutenção do equilíbrio e da postura correta oumais adequada na realização dos movimentos(PINI, 1983).

Respostas musculares ao exercícioA força muscular pode ser definida como a for-ça ou tensão que o músculo ou, grupo muscularé capaz de exercer contra uma resistência (FOXet al., 2000), convertendo energia química emtrabalho mecânico (TUBINO, 1987), gerandocerca de 3 a 10 Kg de força por cm2 de secçãotransversa, de acordo com variações das ala-vancas ósseas e tamanho das fibras muscula-res, independentemente do sexo (RASCH EBURKE, 1987).

Pelo fato dos SV requererem contrações repenti-nas e movimentos rápidos, as unidades motorasde alto limiar, compostas de fibras de contraçãorápida são primeiramente recrutadas. (ASTRANDE RODAHL, 1980). No limite da tensão muscu-lar máxima, aproximadamente 85% das fibrasapresentam-se tensas. Neste caso, a pessoa al-tamente treinada em força é capaz de mobilizarum número maior de unidades motoras no limitede suas possibilidades máximas (HOLLMANNE HENTTINGER, 1989). Como regra geral, ummúsculo trabalhado perto de sua capacidade má-xima de força aumenta sua Potência (MCARDLEet al., 1998).

As pesquisas em treinamento de força revolucio-naram as modalidades esportivas da era moder-na, dando valiosa adição aos programas para apri-morar os eventos de Saltos, corridas e arremes-sos, proporcionando resultados mais eficazes erelativamente mais rápidos. (MELBY, et al., 1993;LAYNE E NELSON, 1999).

Comportamentos adaptativos da força mus-cular ao treinamento crônicoO treinamento com pesos utilizados regularmenteconstituem o estímulo básico para maiores níveisde força, além de gerar alterações na secção trans-versa da fibra muscular (STARON et al., 1994;MACDOUGALL et al., 1979; VOLEK et al.,1999; EVANS, 1999; HURLEY et al., 1995), au-mento da circunferência do membro (MORINATIet al., 1979), transformação de um subtipo de fi-bra em outro (STARON et al., 1991; ADANS etal., 1993), também contribui para adaptaçõesdentro do sistema nervoso, incluindo modificaçõesno padrão de recrutamento e na sincronização dasunidades motoras (MCDONAGH et al., 1983),que são limitadas pela influência inibidora dosproprioceptores (CAIOZZO et al., 1981;WICKIEWICZ et al., 1984).

Os aumentos no tamanho dos músculosesqueléticos ocorridos com o treinamento de for-ça podem ser encarados como adaptações bio-

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lógicas fundamentais a maiores cargas de traba-lho (STARON et al., 1994). Porém, o músculoreage diferentemente ao treinamento, estando nadependência do tipo de fibra e do padrão de re-crutamento (KRAEMER et al., 1995). Este ajus-tamento compensatório acaba resultando numaumento da capacidade em gerar tensão muscu-lar. Tais adaptações variam conforme trabalhosrealizados anteriormente e respostas ao novo trei-namento (NEWTON E KRAEMER, 1994).

No músculo não treinado, as fibras muscularesvariam de diâmetro (FOX et al., 2000). A sobre-carga tensional aumenta o volume das fibras mus-culares, estimula a proliferação de tecido conjun-tivo e células satélites (MCCORMICK ETHOMAS, 1992), fortalece o arcabouço do te-cido conjuntivo do músculo e aperfeiçoa a inte-gridade estrutural e funcional dos tendões, liga-mentos e ossos (FAHEY et al., 1975; CONROYet al., 1992), protegendo e reabilitando os mús-culos e articulações (TIPTON et al., 1975).

Ploutz et al. (1994) e Gaya (1979), dissertam queas adaptações benéficas de desenvolvimento hu-mano ocorrem, em resposta às tensões aplicadasa níveis superiores de tolerância, com variabilida-de de cargas e estímulos adequados de treina-mentos que causem rupturas de tecidos oudesequilíbrio bioquímico, nos quais, durante osperíodos de descanso ocorram reparações acom-panhadas de hipercompensações, que elevem acapacidade do indivíduo.

Diretrizes para o treinamentoA força muscular pode ser subdividida em ForçaMáxima Isométrica ou Dinâmica, Resistência deForça e Força Rápida (Potência), sendo esta últi-ma necessária para realizar corridas de velocida-de, saltos e arremesso, com o propósito de supe-rar uma resistência externa com elevada rapidezde contração (BARBANTI, 2001).

A avaliação da força muscular é feita de formadinâmica ou isométrica (POLLOCK E

WILMORE, 1993), devendo ser realizado umasérie de tentativas para determinar a maior cargasuportada (MCARDLE et al., 1998).

Atualmente, os multi-saltos, saltos com sobrecar-ga e pliometria são os métodos de treinamentoadequados para aumentar a capacidade de salto(UGRINOWITSCH E BARBANTI, 1998). Apliometria e o método mais utilizado no atletismo,futebol, basquete, vôlei, beisebol e em outros es-portes coletivos e individuais (DINTIMAN,WARD, E TELLEZ, 1999).

O estímulo adequado para o treinamento possibilita umaa seis repetições para ganhos de força máxima, seis atédoze para favorecer potência e hipertrofia muscular e,acima destes números as melhoras ocorrem na resis-tência de força (RASCH E BURKE, 1987).

Deve assegurar execuções sem redução da veloci-dade, com tempo de duração que não ultrapasse 6a 8 segundos e cargas que variem de 25 a 50% de1RM (carga máxima capaz de realizar uma repeti-ção), alterando-se até 70 a 80%, se for para influen-ciar o componente força ou baixando-se entre 5 a10% de 1RM com o objetivo de estimular o desen-volvimento da velocidade (ZAKHAROV, 2003).

Para garantir o restabelecimento do sistema ner-voso e metabólico, os intervalos e pausas devemser de dois a cinco minutos (ASTRAND ERODAHL, 1980), pois, a concentração de ATP-CP cai até 40% do valor inicial (6 mmol/g), possi-bilitando de uma a três contrações musculares in-tensas de 1 a 2 segundos de duração(HOLLMANN E HENTTINGER, 1989).Devido a grande solicitação ósteo-mio-articular,durante a realização de um exercício de força, énecessário o aquecimento prévio, para uma mai-or validação do trabalho, além de reduzir o riscode lesões. (FARINATTI E MONTEIRO, 1992).

O aquecimento deve respeitar princípios de volu-me/intensidade, individualidade, princípio deadaptação, sobrecarga e continuidade, conter o

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Aquecimento Geral que visa os grandes gruposmusculares e o Aquecimento Específico que temrelação direta com o movimento a ser executado(PINI, 1983). Desta forma, o organismo tende aalterar-se, e adaptar-se a sobrecarga de maneirasegura (FOX et al., 2000).

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Resumo: A prevalência de sobrepeso e obesida-de na população brasileira teve um aumento sig-nificativo nas ultimas décadas.Os fatores que con-tribuem para este panorama incluem: crescimen-to na oferta de refeições rápida (fast foods), bai-xo gasto energético (sedentarismo). Este traba-lho objetivou identificar o estado nutricional atra-vés de parâmetros antropométri-cos e de con-sumo alimentar, e a prática de atividade físicade algumas famílias inscritas no programa de ati-vidade física da Faculdades Adamantinenses In-tegradas. Participaram do estudo, 12 crianças nafaixa etária entre 6 e 12 anos de ambos os sexose seus respectivos pais com idades compreendi-das entre 30 e 50 anos. Foram investigadas asseguintes variáveis: consumo alimentar, impor-tância atribuída à atividade física e a freqüênciacom que a mesma é praticada. Nos adultos, osdados antropométricos coletados foram: circun-ferência da cintura, circunferência do quadril, peso,estatura. Através destes parâmetros foram ava-

A relação do perfil antropométrico dos paisfrente aos hábitos de vida.Parents antopometric profile realtion front to the life habits

Sueli SartoriAluna do Curso de Educação Física da FAI

Gerson Adriano Carvalho dos SantosAluno do Curso de Educação Física da FAI

Solange Aparecida Forato AraújoNutricionista da FAI

Mara Silva F. Marconato-PaglioniMestre em Bioquímica da Nutrição /UNIMAR

e professora da FAI

Manoel Osmar Seabra Jr.Mestre em Educação Física /UNICAMP

e professor da FAI

liados a Relação Cintura Quadril (RCQ) e o Ín-dice de Massa Corporal (IMC). Nas crianças osparâmetros antropométricos foram peso e esta-tura e posteriormente obtidos os valores de IMC.Os resultados mostraram que a prevalência desobrepeso e obesidade foi de 25% para cadagrupo. Nos pais com sobrepeso e obesidade, asua adiposidade correlaciona com a freqüênciade atividade física.O sedentarismo não predomi-nou na maioria dos pais e nas crianças. A fre-qüência de sobre-peso e obesidade nos pais dascrianças com sobrepeso e obesidade foi igual aodos pais das crianças eutróficas. Sobre o RCQse manteve com índices elevados em 67% doscasos. Os pais praticantes de atividade física per-ceberam melhorar na suas condições físicas e men-tais . Pode-se verificar também que grande partedos sujeitos se alimentam fora de casa com fre-qüência, o que se observa um aumento de alimen-tação em fast foods. Podemos evidenciar anecessidade da inclusão do sobrepeso e obesi-

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dade na infância como um grave problema de saú-de pública. A importância que os pais dão a ativi-dade física são fatores que podem contribuir paramenores graus de obesidade infantil.

Palavras chaves : Sobrepeso, obesidade, ativi-dade física, sedentarismo

Abstract: The prevalence of overweight andobesity in the Brazilian population demonstrate asignificant increase in them finish decade. Os factorsthat contribute for this panorama include: growthin offers of meals fast (fast foods), low energyexpense (sedentary). This work objectified toidentify to the nutritional state throughanthropometrics parameters and of alimentaryconsumption and the practical one of physicalactivity of some enrolled families in the programof physical activity of the IntegratedAdamantinenses college. They had participatedof the study, 12 children in the age band between6 and 12 years of both the sex and its respectiveparents with ages understood between 30 and 50years. The following 0 variable had beeninvestigated: alimentary consumption; attributedimportance the physical activity and the frequencywith that the same one is practiced. In the adults,the collected anthropometrics data had been:circumference of the waist, circumference of thehip, weight, and stature. Through these parameterswaist/hip relation (RCQ) and the Index of Cor-poral Mass had been evaluated (IMC). In thechildren the anthropometrics parameters had beenweight and stature and later gotten the values ofIMC. The results had shown that the prevalenceof overweight and obesity was of 25% for eachgroup. In the parents with overweight and obesity,its adiposity sedentary correlates with the activityfrequency physical O did not predominate in themajority of the parents and the children. Thefrequency of overweight and obesity in the parentsof the children with overweight and obesity wasequal to the one of the parents of the lean weightchildren. On the RCQ if it kept with indices raisedin 67% of the cases. The practicing parents of

physical activity had perceived better in its physicaland mental conditions. He can yourself also beverified that great part of the citizens if feeds outsideof house with frequency, what an increase offeeding in fast is observed foods. We can evidencethe necessity of the inclusion of the overweight andobesity in infancy as a serious problem of publichealth. The importance that the parents give thephysical activity is factors that can contribute forlesser degrees of infantile obesity.

Key Words: overweight, physical activity, obesity, sedentary

IntroduçãoA incidência da obesidade em países desenvolvi-dos como Suécia e Estados Unidos tem aumen-tado nas ultimas décadas. No Brasil a proporçãode pessoas com excesso de peso aumentou de21% para 32% no período entre 1.974 e 1.989.A evolução da ocorrência de obesidade nesteperíodo em relação ao sexo dobrou entre ho-mens e mulheres, tendo as mulheres valores maissignificantes, com determinantes.

A urbanização e a industrialização que é acompa-nhada de maior disponibilidade de alimentos emenor atividade física, contribui para hábitos ali-mentares irregulares e para uma crescenteprevalência de obesidade nas populações, asso-ciando à uma série de doenças cardiovasculares.

Os benefícios da atividade física têm sido com-provados em ambos os sexos, na mulher estaabordagem adquire características próprias, comodiferenças do perfil hormonal pela incidência dedeterminadas patologias a até respostas de adap-tações ao exercício.

O estilo de vida dos pais pode estar associadoaos hábitos alimentares e de atividade física dosseus filhos. Em crianças um maior nível de ativi-dade física contribui para melhorar o perfil lipídicoe metabólico e reduzir a prevalência de obesidade

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É provável que uma criança fisicamente ativa setorne um adulto também ativo. Promover ativida-de física na infância significa poder estabeleceruma base para redução do sedentarismo na idadeadulta, contribuindo desta forma para uma me-lhor qualidade de vida. A obesidade em criançasera antes considerada sinônimo de saúde, talvezporque se preocuparam muito com a desnutrição,e por representar o oposto de desnutrida. Mas aobesidade deixou de ser vista como uma condi-ção desejável, diante das evidências de doençasem indivíduos obesos.

Pesquisas afirmam que crianças obesas se torna-ram adultos obesos. Deste modo, se os pais cri-arem hábitos de vida ativa no convívio familiarpoderá reduzir esses riscos de obesidade. Tam-bém o comportamento tendendo à inatividade einadequação na dieta é um fator que pode levarà obesidade precoce

Atividade física também exerce outros efeitosbenéficos a longo prazo, relacionados a coorde-nação motora a atividade física intensa envolven-do impacto favorece um aumento da massa ósseae poderá reduzir o risco de aparecimento deosteoporose em idades avançadas principalmen-te em mulheres.

Na idade escolar a criança passa a ter um gastoenergético maior devido às suas atividades mas oseu interesse por alimentos calóricos aumenta,como salgadinhos, molhos gordurosos e frituras.Por isso, processos de obesidade começam nes-ta faixa etária e nem sempre o gasto com ativida-des supre o ingerido .

Whitaker et al e Price, relatam a necessidade daidentificação precoce do excesso de peso em cri-anças para diminuir o risco de se tornarem futurosobesos na idade adulta.

O padrão de distribuição da gordura corporal foicriado por Vangue, em 1956. Hoje sabe-se que agordura localizada na região abdominal (andróide)

está associada a distúrbios metabólicos e riscocardiovascular, as mulheres tendem a ter maiorconcentração de gordura no quadril, represen-tando o padrão feminino (genóide). Esse cálculoda circunferência da cintura e quadril (RCQ) écapaz de fornecer estimativa de gordura abdomi-nal, que por sua vez está correlacionada à predis-posição a infartos e a resistência à insulina Diabe-tes Mellitus.

Este trabalho objetivou identificar o estadonutricional através de parâmetros antropométricos,e de consumo alimentar e a prática de atividadefísica de algumas famílias inscritas no programa deatividade física das Faculdades AdamantinensesIntegras – FAI.

Revisão da LiteraturaPara este trabalho utilizou-se publicações de pes-quisas sobre o mesmo tema , e os diversos resul-tados de pesquisas anteriores foram de grandeimportância para fundamentar este trabalho.

As causas da atual epidemia de obesidade infantilsão claras, de acordo com:

Conceitualmente há três causas possíveis: mu-tações genéticas, aumento da ingestão calóricae redução do gasto energético. A hipótese ge-nética pode ser rejeitada porque é improvávelque mutações consigam se expressar em perío-do de tempo tão curto. Entretanto não se podeexcluir a possibilidade de uma interação entregenes e meio ambiente, nas quais mudanças naatividade física ou no consumo alimentar se-jam afetadas pela disposição genética de umapessoa. (Bar-Or , 1.997, p.02)

Este trabalho esta baseado em um pesquisa reali-zada nos Estados Unidos e no Canadá na décadade 70 e 90 com a faixa etária entre 2 e 19 anos.Conclui que o gasto energético e a quantidade dealimentos calóricos, seja a causa geral no au-mento da obesidade neste pais , desacreditandoser o fator genético responsável por isso.

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No que se refere a situação socioeconômica, osresultados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nu-trição (PNSN-1996), para o país como um todo,mostraram que a prevalência de excesso de pesoaumenta de acordo com o poder aquisitivo, afetaespecialmente entre homens de classes sociaismais altas.( GIGANTE et al., 1997).

Os dados referentes à RCQ em recente pesquisarealizada no município do Rio de Janeiro revela-ram um excesso de mulheres em condições deriso, principalmente entre o grupo acima de 45anos de idade. Neste, a freqüência relativa de in-divíduos com RCQ desfavorável ou seja com 0,80representava mais de 70% das entrevistadas. Jáentre os homens , a proporção de indivíduos comRCQ acima de 1,00 era pouco maior que 10%.(PEREIRA, SIQUIERI E MARTINS,1999).

Relatos de Machado e Siquieri, (2.001) que es-tudaram 2.441 pessoas com idade entre 20 e 60anos, mostraram através de um inquérito de basedomiciliar como foi investigada a dieta usual e oshábitos familiares. A RCQ inadequada associou-se fortemente à idade, tabagismo, índice de mas-sa corporal, escolaridade, renda e atividade físicade lazer para ambos os sexos. Foram associadasao RCQ elevado, o consumo de lipídios,carboidratos e fibras totais.

A proporção de indivíduos com excesso de pesoaumentou com a idade, sendo maior entre os ho-mens, em todas as faixas etárias. Os homens de40 anos ou mais apresentaram freqüência 2,1 ve-zes maior de sobrepeso/obesidade do que os dafaixa de 20 a 24 anos. Nas mulheres, a propor-ção de obesas na faixa etária de 40 anos e maisfoi duas vezes maior do que nas mulheres comidade abaixo de 34 anos. Os casados mostraramfreqüência mais elevada de sobrepeso compara-dos aos solteiros. As variáveis que melhor expli-cam a variação do IMC foram sexo, idade, esco-laridade. (ELL, CAMACHO E CHOR,1999)

Neste trabalho acima o IMC elevado foi maior

em homens casados, o que leva a acreditar quenão somente as mulheres podem apresentar umexcesso de peso.

Junior e Rocha (2.000) fizeram uma revisão dosaspectos do comportamento familiar e os estudosapontam para a interferência da família, em espe-cial dos pais, nas atividades diárias dos filhos.Observou-se efeito positivo do comportamentopaterno e materno no nível de atividade física decrianças com maior interferência em idades me-nores, pois a medida que os filhos ficaram maisvelhos suas atitudes e decisões pessoais prevale-ceram a dos pais. A decisão materna está relacio-nada a fatores ambientais principalmente à per-missão dos filhos de fazerem atividade física. Arelação dos hábitos nutricionais da família tam-bém apresentou uma relação positiva com as ati-tudes dos filhos. Pode-se concluir com a pesqui-sa que as decisões dos filhos tem estreita relaçãocom o comportamento familiar.

No relato da pesquisa com base domiciliar deSalazar( 1996), encontra-se a porcentagem dainfluência na alimentação da criança entre 1 e 7anos, quando cerca de 77,6% dos cuidados eramfeita pelas mães. Encontra-se também, certoscomportamento ligados ao consumo alimentar e àatividade física de tipo sedentária nas crianças, in-fluenciada fundamentalmente pela televisão, pa-drão de inatividade física e estímulo para o con-sumo alimentar inadequado. A presença de obe-sidade entre os pais que relataram doença crôni-ca foi ao redor de 95% do total de pais entrevis-tados.

A forma como a criança lida com suas frustraçõese ansiedades pode levá-la a desenvolver impul-sos para alimentar-se em excesso, como um me-canismo de compensação ou de defesa, comoexemplo, em situações de problemas familiares,como brigas entre os pais, com irmãos ou cole-gas. È comum também as crianças comerem maisem período que antecedem as provas . Isso éconsiderado um fator externo pois fazem parte do

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ambiente onde a criança vive. Entretanto fatoresexternos podem ser mudados e é por eles quese inicia o tratamento da obesidade, quando sãoidentificados como responsáveie pelo excesso depeso na criança.

De acordo com Giugliano e Carneiro, 2004, aescolaridade materna e a ocorrência de sobrepesoe obesidade nos pais estão associados com osobrepeso e obesidade dos filhos. A sua pesquisafoi realizada com 452 escolares na faixa etária de6 a 10 anos no ano de 2000. Foi calculado o IMCdas crianças, medidas duas dobras cutâneas eassim foram classificadoas como: normais,sobrepeso ou obesidade. Foram escolhidas 50 cri-anças para fazerem parte do grupo de controle,devido à extensão das perguntas da entrevista. Aocorrência de obesidade e sobrepeso em con-junto foi semelhante nos dois sexos, atingindo21,1% dos meninos e 22,9% das meninas. Foramentrevistados novamente para comprovar os dadosda primeira fase, e indicou-se na segunda fase97,3% para os meninos 95,2% para as meninas, deíndices de obesidade . Os esportes habitualmentepraticados pelos meninos foram natação e futebolde salão, e pelas meninas natação e o tênis .

Neste grupo de controle, foram avaliados os seuspais e também houve freqüência de sobrepeso eobesidade. Entre os pais das outras crianças, aporcentagem foi de 48,19% e a do grupo de con-trole foi de 77,33%. Pode-se verificar tambémque quando um dos pais era obeso houve umaforte correlação positiva, entre o sobrepeso e aobesidade dos pais e o sobrepeso e a obesidadedas crianças. O padrão diário de atividade físicados pais tendeu ao sedentarismo, principalmentedas mães. Não foram contatadas a associação sig-nificativa e a prática de atividade física pelos paise a ocorrência de sobrepeso e obesidade nas cri-anças. A importância da educação, principalmentematerna, é demonstrada pela maior ocorrência desobrepeso e obesidade nos escolares cujas mãestinham um menor grau educacional, sugerindo quea educação materna é um fator de risco para a

obesidade dos filhos.

Esta ultima pesquisa é a que mais se relaciona como objetivo deste trabalho, pois ela mostra a re-lação dos pais e filhos e suas atividades. Todasestas pesquisas citam algo sobre a grau de ins-trução dos pais na educação dos filhos, a impor-tância de atividades físicas e o alto consumo dealimentos muito calóricos. O fator genético que émuito lembrado pela população, parece não terfundamento estatístico relevante, no índice de obe-sidade hoje encontrado no país.

MétodoNesta pesquisa foi utilizada como grupo amostraos pais de alunos participantes das atividades fí-sicas no Campus III da FAI – FaculdadesAdamantinenses Integradas .

Foram selecionadas 12 crianças da faixa etáriaentre 6 e 12 anos, de ambos os sexos e todosfreqüentando a escola. Foi utilizada uma pesquisasemi-estruturada a qual foi submetido à apreci-ação de dois juízes , um professor de EducaçãoFísica da mesma instituição e duas nutricionistasque desempenham atividades da FAI.

Foi solicitado ao participante que assinasse umtermo de consentimento dos dados fornecidosdurante a realização da entrevista. Na aborda-gem do entrevistado, foi informado a finalidadeda pesquisa, a que se destina e a sua importânciapara identificar possíveis casos da relação de obe-sidade entre os dois grupos.

Para fazer a avaliação antropométrica dos pais eseus respectivos filhos como IMC e RCQ, (osfilhos não fizeram a avaliação de RCQ) forammedidos o peso, a estatura e o circunferência decintura e quadril. Foi utilizada uma balança digitalda marca Plenna com capacidade de até 0 a150Kg/100 gramas para a medida de peso, umestadiômetro da marca Altarexata altura máximade 2,13, para medida de altura e uma fita métricada marca TBW ,

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Os dados foram colhidos no Campus III da FAI atra-vés de um pesquisador no período de 20 de maio atéo dia 12 de Junho do ano de 2.004. Na primeira fasedeste estudo, foi calculado o IMC dos pais e das cri-anças, dividindo-se o peso (Kg) pela altura (m) ao qua-drado, para classificar a partir do IMC por idade,segundo os limites propostos Cole et al. (tabela 1)

Para a segunda fase do estudo, foram colhidos osdados dos pais, para possível calculo e diagnósti-co de acordo com tabela 2 em normal, sobrepesoe obesidade e obesidade tipo II.

Tabela 2. - A obesidade é geralmente diagnos-ticada através do índice de massa corpórea . Da-dos da Organização Mundial da Saúde 1995

IMC = )()(

2 malturakgpeso

CLASSIFICAÇÃO IMC RISCO DE CO-MORBIDADENORMAL 18,5 - 24,9 BAIXOSOBREPESO 25,0 – 29,9 POUCO AUMENTADOOBESO 30,0 – 34,9 MODERADOOBESIDADECLASSE II35,0- 39,9 GRAVE

Tanto para os pais como para as crianças foi uti-lizada a pesquisa em forma de entrevista, comperguntas diferentes para ambos. Foram excluí-das praticas esportivas em escolas, clubes e ati-vidades nas horas de lazer. Somente foi aceitaatividade desempenhada semanalmente e que ti-vesse uma duração de no mínimo 0,50Horas/ mi-nutos . Todos os questionários foram previamen-te testados para verificar possíveis dificuldades naobtenção da coleta de dados.

Para verificar os dados de RCQ – Relação de

Cintura e Quadril foi usada a tabela de Callawayet al. (1988), onde pode-se verificar o coeficien-te de sexo e idade. O autor recomenda medir acircunferência da cintura no ponto mais estreitodo tronco e circunferência do quadril no nível daextensão máxima dos glúteos, tabela 3.

Tabela 3. Normas para a proporção entre Cir-cunferência da cintura e do Quadril (RCQ) parahomens e Mulheres. Adaptado de Bray and Gray( 1988, p. 432).

RISCOID BAIXOMODERADO ALTO MUITO ALTO HOMENS20-29 <0,83 0,83-0,88 0,89-0,94 >0,9430-39 <0,84 0,84-0,91 0,92-0,96 >0,9640-49 <0,88 0,88-0,95 0,96-1,00 >1,0050-59 <0,90 0,90-0,96 0,97-1,02 >1,0260-69 <0,91 0,91-0,98 0,99-1,03 >1,03

MULHERES20-29 <0,71 0,71-0,77 0,78-0,82 >0,8230-39 <0,72 0,72-0,78 0,79-0,84 >0,8440-49 <0,73 0,73-0,79 0,80-0,87 >0,8750-59 <0,74 0,74-0,81 0,82-0,88 >0,8860-69 <0,76 0,76-0,83 0,84-0,90 >0,90

Resultados e discussãoPode ser observado o consumo alimentar forado ambiente familiar. Para as crianças, foi questi-onado sobre quantas vezes por semana levava olanche de casa para ser consumido na escola.Observou-seque os dois grupos ( pais e filhos),tinham costume de se alimentarem com freqüên-cia fora de casa.

Gráfico 1 - Consumo alimentar semanal forado ambiente familiar

Foi questionado qual a freqüência em que faziamesta alimentação fora de casa, ou seja, alimenta-ções em fast foods o que não é considerada um

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refeição saudável. Para a criança foi questio-nado se ela consumia o lanche escolar ou leva-va o lanche de casa. Responderam que nãocostumam se alimentar na escola, e o lanche quelevavam era a maioria frituras, salgadinhos enão consumiam frutas nesta refeição . Este éum hábito que é vindo do ambiente familiar esabemos hoje que as refeições oferecidas nasescolas são mais saudáveis, mas como são ins-truídas a levarem esse tipo de alimento, elasestão logo cedo criando um hábito indesejávelpara sua vida futura.

Gráfico 2 – Freqüência alimentar semanalfora de casa

Gráfico 3 – Tipos de Alimentos consumidospela família.

No ítem sobre o tipo de alimento mais consu-mido pela família, as crianças comentaram nãohaver consumo de leite e seus derivados e omesmo foi demonstrado pelos pais. Estandoas crianças em período de crescimento o con-sumo deficiente de cálcio pode prejudicar aformação do seu tecido ósseo. Nos pais, vaiocasionar problemas ligados a osteoporose.Esse quadro reforça a tese sobre a influênciada alimentação dos pais na alimentação dosseus filhos.

Gráfico 4 – Opinião dos entrevistados quan-to a importância da atividade física

Este gráfico mostra um aspecto positivo no quese refere ao comportamento relacionados à ativi-dade física. Quando questionados sobre a impor-tância atribuída à atividade física, todos respon-deram ter alguma importância. Essa questão foiaplicada somente ao grupo dos pais. Podemosobservar que esta importância dos pais pode sertransferida para seus filhos como incentivo a nãoserem sedentários. Um dado verificado é o fatode que a maioria das crianças é levada pelos seuspais para as atividades no Campus III da FAI.

Somente 25% dos pais responderam não esta-rem praticando nenhuma atividade física no mo-mento. Nestes casos não houve associação entreo seu peso corporal estar classificado em so-brepeso ou obesidade. Todas as crianças entre-vistadas praticam atividade física regularmente.

Tabela 1 – Índice de Massa Corporal e freqüên-cia de sobrepeso e obesidadeEntre pais e filhos. (%)Pai normal/Filho normal 33,4Pai normal/Filho sobrepeso 8,3Pai normal/Filho obeso 8,3

Pai sobrepeso/Filho normal 8,3Pai sobrepeso/Filho sobrepeso 16,7Pai sobrepeso/Filho obeso 0Pai obeso/Filho normal 8,3Pai obeso/Filho sobrepeso 0Pai obeso/Filho obeso 16,7A freqüência de sobrepeso e obesidade nas cri-

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anças foi de 49,8%. Destes, 33,4% dos pais seencontravam na mesma situação. A semelhançade obesidade e sobrepeso em conjunto nos gru-pos, foi semelhante, atingindo o total de 66,4%de casos iguais.

Gráfico 6 – Determinação do risco de doen-ças cardiovasculares através do RCQ, de acor-do com as faixas etárias.

Sabemos que a distribuição de gordura corporaltem forte determinação genética, mas fatorescomo sexo, idade, e o comportamentos, comotabagismo e atividade física, podem serdeterminantes.O RCQ foi aplicado para os paise pode-se verificar índices altos no grupo dos30-39 anos e 39-49 anos. Para cada grupo foicalculado a média segundo sua faixa etária. Estemaior acúmulo de gordura pode estar ligado aperda de massa magra que ocorre a partir dafaixa etária dos 30 anos.

ConclusõesA prevalência de sobrepeso e obesidade nas cri-anças encontrada nesta pesquisa vai de encontrocom os dados estatísticos de outras pesquisas,evidenciando a gravidade do problema.

Não houve tendência ao sedentarismo, demons-trada neste estudo, devido à prática de atividadefísicas regularmente. Assim o alto índice desobrepeso e obesidade esta advindo de outrosfatores como a alimentação e ainda a prática dehábitos saudáveis. È importante salientar as cor-relações de casos iguais de sobrepeso e obesida-

de nos dois grupos.

Podemos evidenciar a importância que os pais dãoà atividade física e ao consumo alimentar. Estesfatores podem contribuir para mudanças de hábi-tos em seus filhos e assim influenciar a melhora daqualidade de vida no meio familiar.

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ResumoO controle e a erradicação da Febre Aftosa sãoestudados de maneira inadequada.

Utilização da mesma agulha na inoculação, a va-cina descontrolada quanto ao conteúdo nas dife-rentes cepas e variantes atuais. As informaçõesnegativas dos donos das fazendas e a simples com-provação da vacinação pela nota de aquisição davacina. Os levantamentos epidemiológicos nega-tivos. Na realidade, o Ministério da Agriculturanão sabe quantos somos e como somos. Reco-menda-se a vacinação com “Ped-o-Jet” em 0,5mlao invés de 5ml na prega caudal externa com pelemuito delicada.

Palavra chave: Febre Aftosa.

AbstractThe control and the eradication of the Aftosa Feverhave been studied in an inadequate manner.The reuse of the needles in the inoculation, thevaccine out of control as for the content in thedifferent kinds and current variant. The negativeinformation of the farms and the simple proof ofthe vaccination by the receipt of the vaccine. Thenegative epidemiological survey. In fact, theMinistry of Agriculture doesn’t know how manywe are and what we are like. The vaccination isrecommended to be done with the use of a “Ped-

Críticas aos procedimentos preventivos e deerradicação da Febre Aftosa no mundo.Critics to the preventive and eradication proceduresof the aftosa fever in the world

Bruno SoerensenCoordenador do Curso de Medicina Veterinária da FAI

Maiza PossariAluna do 7º termo do Curso de Ciências Biológicas da FAI

o-Jet” in 0,5ml instead of 5ml on the external pleatof the tail where the skin is softer.

Key words: Aftosa Fever.

O mundo luta contra a febre aftosa com estratégi-as totalmente erradas.

Países com o EEUU erradicam as doenças pelosacrifício dos animais doentes e incineração,acompanhados de indenização dos animais sacri-ficados.

Os levantamentos epidemiológicos da FebreAftosa no Brasil são executados por pessoal lei-go, como fazendeiros que não comunicam a ve-racidade dos fatos.

Perguntamos: algum fazendeiro iria afirmar que nasua fazenda existem casos da Febre Aftosa, limi-tando a comercialização de seus animais e proi-bindo a exportação da carne?

Numerosos são os países que pretendem erradicara Febre Aftosa, como o Brasil, com a doença nosEstados do Norte, na Bolívia (Ministério de Agri-cultura y Ganederia y Desarrollo Rural yOrganizacion Mundial de la Salud 1998); Sotteiee Colbo 1993; Panaftosa, Astudillo e Colbs 1993;no Uruguay Dias L. e Colabs 1995; Astudillo e

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Colabs 1995; Moraes e Colbs 1996 – 1997;Maderena e Colbs 1992; na Bolívia, Ministériode Agricultura, Ganadeira y Desarollo Rural 1998;Dora Jose e Colbs 1984; Alonso e Colbs, no Bra-sil 1985; Astudilo e Colbs 1986; no Brasil; Vaci-nas vivas, Obando 1987.

A luta contra a febre aftosa não tem fundo cientí-fico e é como conseqüência disto que se mantémdurante séculos e continuará desta forma por muitotempo. Os erros iniciam-se nos levantamentos,onde se pergunta ao proprietário se o gado temAftosa ou não e se foram vacinados. Isto deveriaser feito através da imunologia comunitária, avali-ando, por levantamento representativo do núme-ro de animais, uma amostragem para desta colhersangue e verificar se os animais possuemanticorpos circulantes, indicadores de que os mes-mos foram vacinados, e não perguntar ao propri-etário se adquiriu a vacina ou se a mesma foi jo-gada fora. O resultado sempre será positivo e édesta maneira que os Ministérios da Agriculturaavaliam o número de animais vacinados. Infeliz-mente, estes Ministérios controlam os médicosveterinários por influência política e não pela ca-pacidade.

Outro detalhe importante é a qualidade da vacinapara verificar se contêm todos os tipos e varian-tes do vírus da febre aftosa, para se evitar, comoatualmente no Brasil, a cepa responsável pelo surtoda Aftosa, na Inglaterra que não está incluída. OMinistério da Agricultura não controla este pro-blema e, menos ainda, a antigenicidade das ce-pas. Shutz e Freitas, 2003.

Se na vacina não foram incluídas todas as cepasde vírus da Aftosa, a vacina não levará a forma-ção de anticorpos para todas elas. Durini, 1983.Todos estes fatos são desconhecidos pelas auto-ridades de agricultura.

Outro erro primário e comprometedor é a utiliza-ção da mesma agulha para vacinação de todos osanimais. Desta maneira, a mesma agulha transmi-

tirá outras doenças existentes no rebanho. Por quenão utilizar “ped-o-jet” na vacinação sob pressãosem agulha? Por que não diminuir o volume ino-culado de 5ml para 0,5ml? Será que o animal ne-cessita de mais 4,5ml de água?

Com a vacinação por “ped-o-jet”, a inoculaçãode 0,5ml é perfeita: não contamina os animais epode ser feita de maneira rápida e prática, na pregacaudal externa, levantando apenas a cauda doanimal. O epitélio desta região é delicado permi-tindo a introdução total de 0,5ml.

A vacina poderá conter qualquer adjuvante coma finalidade de verificar, depois de transcorridos30 dias, se a mesma, contendo antígenos paraoutras doenças, sempre que todos sejam mortos,funcionou.

A febre aftosa, doença sócio-econômica, leva opaís à proibição da exportação de carne paraaqueles onde não existe a doença.

Será que o nosso Brasil não teria escondido a“doença da vaca louca”, uma vez que no passadoforam importados muitos animais da Inglaterra?Será que um fazendeiro afirmaria que em sua pro-priedade foram constatados casos da doença da“vaca louca?”?

A triste realidade da Febre Aftosa é justamenteesta. A nosso critério, a estratégia nacional de va-cinação é equivocada, pois, em virtude da conta-minação das agulhas, existe a possibilidade desurgimento e proliferação de outras doenças.O controle da doença será laborioso, pois o pro-cedimento correto é o sacrifício do animal com-prometido, a indenização pelo governo e a trans-formação do animal morto em cinzas.

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ResumoEste estudo baseou-se na análise da anatomiamacroscópica e da estrutura histológica dos ová-rios de fêmeas, sendo 343 ovários de Eugerresbrasilianus, 162 de Diapterus rhombeus e 39de Diapterus olisthostomus, capturadas no com-plexo estuarino-lagunar de Cananéia-Iguape(24°59’S 47°54’W) nas proximidades da BaseSul do IOUSP com cerco fixo entre dezembro de1997 e fevereiro de 2000. Foram consideradasseis fases de desenvolvimento ovocitário, com basenas características citológicas das célulasgerminativas durante o processo de maturação, eoito estádios de maturação ovarianos, definidospela estrutura histológica dos ovários e pela ocor-rência e freqüência relativa das seis fasesovocitárias: “A” (imaturo); “Bi” (em maturaçãoinicial); “Bf” (em maturação final); “Ci” (maduroinicial); “Cf” (maduro final); “Di” (parcialmenteesvaziado); “Df” (totalmente esvaziado); e “R” (emrecuperação). ovogônia, ovócito em estádiocromatina-nucleolar, ovócito perinucleolar, ovócitocortical-alveolar, ovócito vitelogênico e ovócitomaduro. A estrutura dos ovários e as característi-cas das diferentes fases de desenvolvimento dostipos celulares germinativos, bem como de outrasestruturas, como folículos pós-ovulatórios e nó-

Caracterização macro- e microscópica dos ováriosdas carapebas e caratingas, durante o cicloreprodutivoMacro and microscopic ovaries characterization during thereprodutive cycle

Jodir Pereira da SilvaFaculdades Adamantinenses Integradas Departamento de Engenharia Ambiental

Norair Salviano dos Reis & Rogério Menezes de MelloPontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências da Vida, Faculdade de Ciências Biológicas

Departamento de Ciências Morfológicas

dulos fibrosos permitem classificar os ovários deEugerres brasilianus, Diapterus rhombeus eDiapterus olisthostomus como sendo do tipocistovariano com mecanismo de desenvolvimento‘sincrônico em mais de dois grupos’, apresentan-do desova múltipla ou parcelada.

AbstractThis study based on the anatomy macroscopicanalysis and the structure of the ovaries: Eugerresbrasilianus, Diapterus rhomberes and Diapteruolisthostomus, allowing to classify the ovaries asbeing as “systovarium” type, with developmentmechanism “synchronous” in more than two groups,presenting spawres multiple or parceled out.

Palavras-chave:Estrutura biológica de ovários; processo dematuração, ciclo reprodutivo

Key Words:Biological ovaries structures; maturation process;reproductive cycle

I - IntroduçãoO estudo da biologia reprodutiva de teleósteos,sobretudo os que envolvem maturação gonadal,

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têm sido direcionados principalmente para espé-cies que ocorrem em regiões temperadas do mun-do, e têm havido poucos estudos detalhados so-bre espécies estuarinas, sendo tais estudos fun-damentais para entender o papel e a importânciados estuários no ciclo de vida de teleósteos mari-nhos de regiões subtropicais e tropicais (CYRUS& BLABER, 1984).

Estudos sobre a biologia reprodutiva e a caracte-rização da estratégia reprodutiva de peixes cons-tituem a base para o desenvolvimento de pesqui-sas sobre análises da atividade hormonal no pro-cesso reprodutivo, administração pesqueira e pis-cicultura, assegurando a preservação das espéci-es (ALEXANDRINO et al., 1987; LIMA et al.,1991 e PERES-RIOS, 1995).

DIAS (1989) descreve três atributos básicos dasespécies: alimentação, crescimento e reprodução.A energia obtida na alimentação, exceto a desti-nada à manutenção do organismo, é transdutada,armazenada e consumida ora para o crescimento,ora para a reprodução e ora para que se obtenhaalimento. Tanto a reprodução como o crescimen-to são processos de produção que competem poruma quantidade limitada de recursos.

Os membros da família Gerreidae, à qual perten-cem as espécies cujo ciclo de desenvolvimentoovariano é descrito neste trabalho, são abundan-tes em lagoas costeiras tropicais e subtropicais,com algumas propriamente marinhas, que pene-tram nos estuários durante seu ciclo de vida, en-quanto outros são restritos à água doce (ARAÚ-JO & SANTOS, 1999; DECKERT &GREENFIELD, 1987). Além de comuns emhabitats estuarinos, os gerreídeos têm sido encon-trados em afluentes dulcícolas, praias arenosas,formações rasas de corais e águas abertas neríticas(RANDALL, 1967; GILMORE, 1977;KERSCHNER et al., 1985; GIANNINI, 1994).Peixes, aves e homens estão entre os principaispredadores dos integrantes desta família, que ca-racterizam-se, entre outros, pela presença de uma

boca altamente protusível, podendo ser estendi-da para capturar presas no substrato (AUSTIN,1971; CYRUS & BLABER, 1984).

A sistemática dos Gerreidae é complexa e, porcausa da sobreposição das característicasinterespecíficas e até intergenéricas, as espéciessão erroneamente identificadas, particularmentequando lidando com espécies jovens (RANDALL& VERGARA, 1977).

Entre os gerreídeos, as espécies Eugerresbrasilianus, Diapterus rhombeus e Diapterusolisthostomus são habitantes de regiões costei-ras, predominantemente estuarinas (FI-GUEIREDO & MENEZES, 1980).

A caratinga, como é conhecida popularmente aespécie Eugerres brasilianus (Figura 1) é a in-tegrante da família Gerreidae que alcança o maiortamanho, podendo medir até 40 cm, com tamanhomédio de 25 cm (FIGUEIREDO & MENEZES,1980). Eugerres brasilianus é muito comum emtodo o litoral brasileiro, sobretudo em lagunasestuarinas, sendo aparentemente mais abundantena região sudeste (FIGUEIREDO & MENEZES,1980; GASPAR & CERVIGÓN, 1987).

A carapeba, Diapterus rhombeus, (Figura 2)ocorre do Golfo do México ao Brasil, sendo muitocomum em estuários e mesmo rio acima, aparen-temente desovando nas áreas mais fundas da re-gião de distribuição da espécie, com os jovens sedesenvolvendo em águas mais rasas, próximo depraias e canais do mangue. Os maiores exempla-res alcançam 40 cm de comprimento padrão, ten-do o maior exemplar examinado porFIGUEIREDO & MENEZES (1980) apresen-tado comprimento de 22,5 cm.

A espécie Diapterus olisthostomus (Figura 3)também é conhecida popularmente comocarapeba, sendo também muito comum em regi-ões estuarinas. Além de habitar estuários, oDiapterus olisthostomus, assim como o

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Diapterus rhombeus, pode ocorrer em ambi-entes dulcícolas, subindo rio acima. Menor que oEugerres brasilianus, o Diapterus olisthos-tomus cresce até cerca de 35 cm, tendo compri-mento médio de 20 cm (FIGUEIREDO &MENEZES, 1980).

Os Gerreídeos dos gêneros citados possuem im-portância na pesca comercial, artesanal e esporti-va, para alimentação, sendo utilizadas, sobretu-do na região nordeste, em sistemas de policultivocom tainhas e robalos (ANGELL, 1976;TEIXEIRA & HELMER, 1997; NOMURA, H.,1977, 1982, 1985; CAVALCANTI et al.,1980;OKADA, Y. et al., 1980; BÁEZ et al., 1983a e1983b; CYRUS & BLABER, 1984; GASPAR& CERVIGÓN, 1987; ARAÚJO & SANTOS,1999; AGUIRRE-LEÓN & DIAZ-RUIZ, 2000).Aparentemente inexistem até o momento traba-lhos conclusivos sobre o desenvolvimento ovari-ano das três espécies, já que o único estudo dealguns aspectos da biologia reprodutiva deEugerres brasilianus, sendo que a maioria dosdemais trabalhos que referem reprodução deEugerres brasilianus relacionam-se com a re-produção induzida e cultivo em cativeiro(NOMURA, 1977, 1982; GASPAR & CER-VIGÓN, 1987; EIRAS-STOFELLA & FANTA,1991; ÁLVAREZ-LAJONCHERE et al., 1996).Aspectos da biologia reprodutiva de Diapterusrhombeus e Diapterus olisthostomus são aindamais escassos, geralmente com enfoque ecológi-co ou visando o policultivo (NOMURA, 1977,1982; CYRUS & BLABER, 1984; GASPAR &CERVIGÓN, 1987; ARAÚJO & SANTOS, 1999).

Este trabalho tem por objetivos a caracterizaçãoda estrutura e dos ciclos ovarianos das espéciesEugerres brasilianus, Diapterus rhombeus eDiapterus olisthostomus.

II - Material e métodos

2.1. Metodologia de Coleta

As coletas dos exemplares utilizados neste traba-lho foram efetuadas semanalmente num períodode 27 meses, em locais situados no complexoestuarino-lagunar de Cananéia-Iguape (24°59’S47°54’W) nas proximidades da Base Sul doIOUSP, com: cerco fixo, de aproximadamente 3mde altura, 13,6m de diâmetro e malha de 50mm erede de tarrafa, com 3m de altura, 18m de diâ-metro e malha de 50mm entrenós entre dezembrode 1997 e fevereiro de 2000.

Os peixes coletados foram identificados com o au-xílio da chave de identificação de FIGUEIREDO& MENEZES (1980), após o que foramsubamostrados ao acaso das coletas mensais ses-senta indivíduos de cada espécie, quando a quanti-dade total amostrada superou esse número.

Após a obtenção das dimensões e do peso dosovários dos exemplares capturados, foram retira-dos fragmentos das porções média, do quartoanterior e do quarto posterior com espessuramáxima de 5mm, sendo fixadas em solução deBouin por 24 horas, sendo posteriormente lava-dos em água corrente por 18 horas e transferidospara solução de álcool a 70%. Posteriormente, omaterial fixado foi submetido aos seguintes pro-cedimentos:

1- Desidratação com a seqüência de álcoois 70%,80%, 95%, absoluto I, absoluto II permanecen-do 30 minutos em cada e absoluto III, durante 15minutos;

2- Diafanização com a seqüência de álcool abso-luto e xilol (1:1) por 15 minutos, xilol I por 30minutos, xilol histosec (1:1) por 30 minutos;

3- Impregnação de parafina (Histosec) de 1,5 a 3horas;

4- Inclusão em parafina (Histosec) e confecçãodos blocos;

5- Microtomia para obtenção de cortes

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histológicos de 7 µm de espessura;

6- Colorações rotineiras em Hematoxilina-Eosinae Tricrômico de Masson;

7- Preservação das lâminas em Permount.

8- Fotomicrografias a partir do fotomicroscópioCarl-Zeiss, modelo Axiophot II, com utilização doprograma Axioplan II, versão 1.10, com a finali-dade de registrar os diferentes tipos e estruturascelulares presentes nos ovários.

Para a classificação macroscópica do estádio dematuridade dos ovários foi utilizada a escala de 5estádios: (A) imaturo; (B) em maturação; (C)maduro; (D) esvaziado; e (R) em repouso, deacordo com o tamanho, forma, coloração evascularização destas, enquanto que para a clas-sificação microscópica do estádio de maturidadeovariana foi utilizada a escala de VAZZOLER(1996) modificada: (A) imaturo; (Bi) emmaturação inicial; (Bf) em maturação final; (Ci)maduro inicial; (Cf) maduro final; (Di) parcialmenteesvaziado; (Df) totalmente esvaziado; e (R) emrecuperação, de acordo com a presença e quan-tidade relativa dos diferentes tipos celulares.

Os tipos celulares foram classificados segundo aterminologia proposta por WEST (1990) emovogônias e ovócitos nos estádios: cromatina-nucleolar, perinucleolar, cortical-alveolar,vitelogênico e maduro.

III – Resultados

3.1. Descrição dos ovários de Eugerresbrasilianus, Diapterus rhombeus e Diapterusolisthostomus:

Foram obtidos no total 544 ovários, sendo 343ovários de Eugerres brasilianus , 162 deDiapterus rhombeu, 39 de Diapterusolisthostomus, os quais foram submetidos àsanálises da anatomia microscópica e estrutura

histológica descritos a seguir. Os ovários das trêsespécies estudadas não apresentaram diferençascitológicas notáveis entre os diferentes estágios dedesenvolvimento das linhagens germinativas, as-sim como não se constataram diferençashistológicas ou de anatomia macroscópica dosovários entre as espécies, desde que no mesmoestágio de desenvolvimento gonadal. Portanto, adescrição a seguir refere-se indistintamente aEugerres brasilianus, Diapterus rhombeus eDiapterus olisthostomus.

Os ovários apresentaram variações na anatomiamacroscópica, bem como variações histológicasde acordo com a fase de desenvolvimento em quese encontravam. Os ovários imaturos tendem àforma mais alongada, variando na coloração deamarelo claro a um aspecto translúcido, ocupan-do menos de um terço da cavidade abdominal. Àmedida que o ovário se desenvolve, aproximan-do-se da maturação, torna-se mais grosso, comaspecto semelhante a uma bota, de secção trans-versal circular, ocupando a maior parte da cavi-dade abdominal.

Histologicamente, a parede ovariana é compostapor três camadas denominadas túnicas (Figura 4).A camada mais periférica é a serosa, contínuaexternamente com o epitélio do mesovário, bas-tante pigmentado, e internamente com a túnicaalbugínea. A túnica albugínea é a mais desenvolvi-da, com muitas fibras musculares lisas, alternan-do-se nos planos longitudinal e transversal, imersasem tecido conjuntivo frouxo escasso, com dife-rentes graus de vascularização, conforme o está-dio de desenvolvimento ovariano. Em contato como lúmen ovariano, a terceira camada é compostapor tecido epitelial pavimentoso apoiado sobre atúnica albugínea.

Da parede ovariana as lamelas ovarianas (Figura5) projetam-se em direção ao lúmen. No interiordessas lamelas encontram-se os tipos celularesgerminativos em diferentes estádios de desenvol-vimento.

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Os principais estágios de desenvolvimento dos ti-pos germinativos ovarianos de Eugerresbrasilianus, Diapterus rhombeus e Diapterusolisthostomus são:

Estágio I: Ovogônia. As ovogônias estão presen-tes em todas as fases de desenvolvimento ovaria-no, embora sejam mais comuns nas fêmeas ima-turas. Evidenciam-se como as menores células dalinhagem germinativa ovariana, com citoplasmaescasso, pouco corado ou moderadamentebasófilo, núcleo volumoso e central, comcromatina dispersa e nucléolo central. Asovogônias podem ocorrer isoladamente ou emgrupos associados ao epitélio de revestimento dolúmen ovariano (Figura 5).

Estágio II: Ovócito cromatina-nucleolar. Osovócitos nesse estágio de desenvolvimento são maiscomuns em ovários imaturos e apresentam tama-nho aproximadamente igual ao das ovogônias, lo-calizando-se junto a essas. Nessa fase, o ovócito,com citoplasma escasso e ligeiramente basófilocomeça a ser envolvido por células folicularespavimentosas (Figura 6 e 7). O núcleo apresentaum nucléolo evidente associado a feixes de materi-al cromatínico em disposição radial.

Estágio III: Ovócito perinucleolar. Os ovócitosperinucleolares ocorrem em ovários em todos osestádios de maturidade e apresentam formaspoliédricas, volume aumentado quando em com-paração com os estágios anteriores, comcitoplasma fortemente basófilo, núcleo volumosocentral, contendo numerosos nucléolos esféricosem posição periférica, próximos da carioteca (Fi-gura 6 e 7). Nessa fase de desenvolvimento, oovócito é envolvido por uma camada de célulasfoliculares pavimentosas evidente.

Estágio IV: Ovócito cortical-alveolar. Os ovócitosem estágio cortical-alveolar são caracterizadospela presença de alvéolos no citoplasma, geral-mente mais próximo da membrana nuclear, osquais não foram corados pelas técnicas de colo-

ração utilizadas, e que representam a deposiçãolipídica, característica do início do processo devitelogênese (vitelogênese lipídica). O citoplasmaé menos basófilo do que o estágio anterior e nãoacompanha o crescimento do núcleo, proporcio-nalmente maior em relação ao estágio anterior.Nessa fase ainda se verifica a presença dosnucléolos esféricos em posição periférica no nú-cleo (Figura 8).

Estágio V: Ovócito vitelogênico. Os ovócitosvitelogênicos propriamente são caracterizados peloaumento acentuado em volume do citoplasma, devi-do à intensificação do processo de vitelogênese desseperíodo. Os ovócitos vitelogênicos apresentam pro-dução de vitelo de constituição proteica, formandogrânulos acidófilos, inicialmente a partir da região maisperiférica do citoplasma e posteriormente deslocan-do os vacúolos em direção ao núcleo. Durante o avan-ço do desenvolvimento nesse estágio, inicia-se a for-mação de uma camada acelular eosinófila limitandoexternamente o ovócito, sobre a qual evidenciam-seas células foliculares, agora menos achatadas e comnúcleo aproximadamente ovóide (Figura 9).Osovócitos com vitelogênese completa, no final do está-gio V, aumentam rapidamente de tamanho, devido aoacúmulo acentuado de grânulos de vitelo, não sendomais evidentes as vesículas lipídicas. O núcleo aindaapresenta os nucléolos periféricos e, envolvendo oovócito, a zona radiata torna-se bastante evidente comnumerosas estriações transversais (Figuras 10 e 11).

Estágio VI: Ovócito maduro: Nos ovócitos madu-ros evidenciam-se a coalescência dos grânulos devitelo, com migração do núcleo, agora de contornoirregular e migrando para a periferia da célula. Du-rante hidratação, nota-se aumento de volume e,devido a um artefato de técnica na qual ocorre de-sidratação tecidual, o ovócito fica deformado epassa a apresentar aspecto gelatinoso (Figura 12).

Além das variações observadas nos diferentes es-tágios de desenvolvimento das células da linhagemgerminativa, algumas estruturas ovarianas tambémauxiliam no estadiamento dos ovários. São elas:

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i. Folículos pós-ovulatórios: Após a expulsão dosovócitos maduros, as células foliculares originam ofolículo pós-ovulatório (Figura 13), no qual há a infil-tração de sangue, que é posteriormente absorvido poratividade fagocitária das células da camada granulosae por macrófagos. Após a absorção dos elementosdo sangue, o folículo pós-ovulatório é preenchido porum tecido cicatricial, originando nódulos fibrosos.

II. Folículos atrésicos: Os folículos atrésicos apre-sentam alterações morfológicas que evidenciam aintensa desorganização celular, tais comoenrugamento e distorção do folículo ovariano,dobra e ruptura da zona radiata, com desintegra-ção do núcleo. Os ovócitos atrésicos em desinte-gração são gradualmente absorvidos por ativida-de fagocitária de macrófagos e leucócitos. Osfolículos atrésicos são mais comuns em estágiosmais avançados de desenvolvimento ovocitário nasreferidas espécies (Figura 14).

De acordo com a presença e freqüência dos dife-rentes estágios de desenvolvimento ovocitário edas estruturas ovarianas mencionadas, evidencia-das por análise microscópica, os ovários foramclassificados nos estádios de maturidade a seguir:

Estádio A (imaturo): Os ovários nesse estádio ocu-pam menos de um terço da cavidade abdominal,apresentam coloração tendendo ao amarelo e pos-suem secção transversal circular. A análise micros-cópica revela a presença de muitas ovogônias, ge-ralmente agrupadas em “ninhos”, junto às quais tam-bém encontram-se ovócitos cromatina-nucleolarespouco freqüentes e ovócitos perinucleolares muitofreqüentes. Os estágios de desenvolvimentoovocitário mencionado revestem internamente aslamelas ovarianas, que são mais evidentes e orga-nizadas neste estádio (Figura 15).

Estádio B (em maturação): Os ovários em iníciode maturação são maiores do que os imaturos,ocupando entre 1/3 e 2/3 da cavidade abdomi-nal, com vascularização evidente, sendo possível

a observação de ovócitos em desenvolvimento aolho desarmado. No início desse estádio (Bi) osovários são microscopicamente caracterizados,além da presença de ovogônias e ovócitoscromatina-nucleolares raros, e de ovócitosperinucleolares muito freqüentes, pela presença decélulas no início do processo de vitelogêneselipídica, os ovócitos cortical-alveolares. À medi-da que os ovários desse estádio se desenvolvem(Bf), verifica-se que aumenta a presença deovócitos vitelogênicos, nos quais constata-se aocorrência de vitelogênese lipídica e proteica (maisintensa) (Figuras 16.17 e 22).

Estádio C (maduro): Os ovários em início dematuração são os maiores em volume, ocupandode 2/3 a praticamente todo o espaço da cavidadeabdominal, com intensa vascularização, sendopossível a observação a olho desarmado de mui-tos ovócitos em desenvolvimento, opacos outranslúcidos. No início desse estádio (Ci) os ová-rios são microscopicamente caracterizados, pelapresença de ovócitos vitelogênicos em grandenúmero, enquanto na fase tardia (Cf) desse está-dio evidenciam-se os ovócitos maduros, nos quaishouve coalescência dos grânulos de vitelo,hidratação pré-ovulatória e o núcleo já migroupara a periferia (Figuras 18 e 19).

Estádio D (esvaziado): Os ovários apresentam-seflácidos, reduzidos em volume, embora ainda man-tenham-se alongados, com coloração amarela ten-dendo à rósea, de aspecto hemorrágico. Esse es-tádio é caracterizado microscopicamente pela pre-sença de folículos vazios, formação de folículos pós-ovulatórios, poucos ovócitos maduros em absor-ção, início da proliferação de ovogônias e ovócitosperinucleolares, regiões hemorrágicas em reorga-nização tecidual graças à intensa atividade fagocitáriade macrófagos e leucócitos. Nos indivíduos parci-almente esvaziados as regiões da gônada em quese encontram as referidas evidências de desova sãolimitadas a pontos isolados, aumentando em fre-qüência, à medida que o processo de desova pro-

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gride (Df). Todos os indivíduos com parcela dedesova realizada foram, portanto, incluídos nesseestádio de desenvolvimento, considerados comoem início de desova (Di) (Figuras 20 e 23).

Estádio R (repouso): Os ovários apresentam com-primento entre 1/3 e ½ da cavidade abdominal, pos-suem coloração amarela com regiões róseas, sendomenos flácidas, sem evidências da presença deovócitos a olho nú. A microscopia revela a presençade pontos isolados de absorção de ovócitos atrésicos,presença de nódulos fibrosos, formação de novaslamelas ovarianas, mais longas. A estrutura dos ová-rios nesse estádio lembra a dos imaturos, com pre-sença de ovogônias e ovócitos cromatina-nucleolare de numerosos ovócitos perinucleolares, entretantoapresentam secção transversal maior do que a dosimaturos, lamelas menos organizadas e lúmen aumen-tado (Figura 21 e 22).

Figura 1 – Eugerres brasilianus.

Figura 2 – Diapterus rhombeus.

Figura 3 – Diapterus olisthostomus.

Figura 4 – Parede do ovário de Eugerresbrasilianus, evidenciando a túnica albugíneae a serosa, bastante pigmentada. 860X. HE.

Figura 5 – A esquerda, ovário imaturo deEugerres brasilianus, evidenciando a presen-ça de lamelas (setas). 65X. HE. À direita, ová-rio de Diapterus rhombeus, destacando (seta)a presença de ovogônia. 770X. HE.

Figura 6 – À esquerda, ovário de Eugerresbrasilianus, indicando a presença de ninhosde ovogônias (N) e ovócitos perinucleolares.240X. HE. A direita, ovário de Eugerresbrasilianus indicando (seta) ovócito em está-gio cromatina-nucleolar. 850X. HE.

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Figura 7 – Ovário de Diapterus rhombeus in-dicando (seta) a presença de um ovócitocromatina-nucleolar, rodeado por muitosovócitos perinucleolares (OP). 340X. HE.

Figura 8 – Ovário de Eugerres brasilianus des-tacando a presença de ovócito cortical-alveolar(OCA) e de células foliculares evidentes (se-tas). 540X. HE.

Figura 9 – Ovário de Eugerres brasilianuscom ovócitos perinucleolares (OP), ovócitosno início do estágio vitelogênico (OVi) eovócitos no final do estágio vitelogênico(OVf). 500X. HE.

Figura 10 – Ovário de Eugerres brasilianuscom ovócitos perinucleolares (OP) eovócitos no final do estágio vitelogênico(OVf). 250X. HE.

Figura 11 – Ovário de Eugerres brasilianus,detalhe da zona radiata (ZR) contendoestriações transversais marcantes. 1560X. HE.

Figura 12 - Ovário de Eugerres brasilianus,contendo ovócitos em estágio vitelogênico fi-nal (OVf) e ovócito maduro (OM). 190X. HE.

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Figura 13 - Ovário esvaziado (D) de Eugerresbrasilianus com folículo pós-ovulatório (FPO)indicado pela seta. 610X. HE.

Figura 14 – Ovário de Eugerres brasilianuscom folículo atrésico (FA). 230X. HE.

Figura 15 – Ovários de Diapterus rhombeusimaturos (A). Escala em milímetros.

Figura 16 – Ovários de Eugerres brasilianusem maturação (B). Escala em milímetros.

Figura 17 – Ovários de Eugerres brasilianus emmaturação (B). Detalhe do aspecto granuloso dosovários, devido à presença de ovócitos em for-mação, visíveis a olho desarmado.

Figura 18 – Ovários de Eugerres brasilianusmaduros (C). Notar a intensa vascularização.Escala em milímetros.

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Figura 19 – Ovários de Eugerres brasilianusmaduros (C). Notar a presença de áreas opa-cas e translúcidas, com ovócitos mais eviden-tes. Escala em milímetros.

Figura 20 – Ovários de Eugerres brasilianusesvaziados (D). Notar o aspecto flácido ehemorrágico. Escala em milímetros.

Figura 21– Ovários de Eugerres brasilianusem repouso (R). Notar diminuição de flacideze a coloração. Escala em milímetros.

Figura 22 – À esquerda, aspecto de ovário emmaturação (B) de Diapterus rhombeus. À di-reita, aspecto de ovário em repouso (R) comnódulos fibrosos e pontos hemorrágicos deEugerres brasilianus. 60X. HE.

Figura 23 - Ovário de Eugerres brasilianusparcialmente desovado, com folículos vazios(FV), pontos hemorrágicos (setas). 260X. HE.

IV - DISCUSSÃOOs estudos sobre a biologia reprodutiva de pei-xes fundamentam-se na classificação do estadoreprodutivo, através de escalas de maturidadegonadal. Para tanto utilizam-se técnicas deestadiamento por análise macro- e microscópicasdas gônadas, incluindo estudos histológicos e so-

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bre o diâmetro de ovócitos, além de obtenção deindicadores, tais como índices gonadais, entre elesos mais comumente utilizados são a relaçãogonado-somática e o fator de condição gonadal,e a quantificação de hormônios, por análiseseletroforéticas e espectrofotométricas.

O desenvolvimento de métodos e aparelhos queacelerem a obtenção de diagnósticos mais preci-sos e rápidos parece ser a maior tendência atualnos estudos sobre a biologia reprodutiva, sobre-tudo em trabalhos dirigidos para o gerenciamentocosteiro, que requer o monitoramento contínuo dareprodução das espécies de peixes, principalmenteas de interesse comercial.

A análise microscópica das gônadas, apesar decara e demorada, conjuga a obtenção de dadosconfiáveis a detalhes que raramente poderiam serverificados com outras técnicas. O presente estu-do apresenta detalhes do desenvolvimento dascélulas da linhagem germinativa das gônadas, bemcomo da formação das mesmas que não havia sidorelatado em nenhum outro trabalho sobre as trêsespécies referidas. Alguns trabalhos foram reali-zados sobre a reprodução de integrantes dos gê-neros Eugerres e Diapterus, mas geralmenteutilizam métodos de observação macroscópica dasgônadas, não havendo, portanto, a mesma rique-za de detalhes exposta neste trabalho. O únicotrabalho de Gerreídeos com descrição histológicamais detelhada das gônadas, realizado porCYRUS & BLABER (1984) não descreve osovócitos maduros e também não relaciona os ti-pos celulares de maneira clara aos estádios dedesenvolvimento dos ovários. Cabe ressaltar quea deformação apresentada pelos ovócitos madu-ros é provavelmente devida a maior quantidadede água presente em tais ovócitos, devido ao pro-cesso de hidratação pré-ovulatória, típica de es-pécies marinhas portadoras de ovos pelágicos.

Durante a análise das gônadas, notamos que, ape-sar da sugestão de WEST (1990), da utilizaçãode termos padrão para cada tipo celular ovaria-

no, visando estabelecer comparações entre dife-rentes espécies, publicações mais recentes aindaapresentam novas denominações, regionalizadas,que dificultam o estabelecimento de relações en-tre diferentes peixes teleósteos. É o caso, porexemplo, dos ovócitos perinucleolares, que sãoreferidos por VAZZOLER (1996) como ovócitosdo estoque de reserva. Apesar das dificuldadesreferidas, constatamos que as espécies alvo dopresente estudo apresentam o desenvolvimentoovocitário típico dos peixes teleósteos.

A estrutura dos ovários descrita para as três es-pécies como estruturas saculiformes, limitadas pelaparede ovariana e que possuem uma cavidade naqual ocorrem lamelas projetadas em direção aocentro, bem como a conexão destes com o porourogenital por meio de ovidutos é denominadacomo cistovariana por HIBYIA (1982).

As evidências histológicas apresentadas em fême-as e descritas em detalhes, como o desenvolvi-mento de múltiplos lotes de ovócitos em ováriosque apresentavam-se parcialmente desovados (iní-cio do estádio D) são descritas por VAZZOLER(1996) como típicas de espécies com mecanismode desenvolvimento ‘sincrônico em mais de doisgrupos’, nas quais ocorrem desovas periódicasao longo da vida, onde em cada período um nú-mero n, igual ou maior que 2, de lotes de ovócitosmaduros são eliminados, o que caracteriza as es-pécies como portadores de desova múltipla ouparcelada. Também notamos que os folículos pós-ovulatórios apresentaram-se em número reduzi-do, quando comparados à ocorrência de nódulosfibrosos, que também caracterizam o ovário emestágios pós-desova. Aparentemente, o temponecessário para processos regenerativos naslamelas ovarianas das espécies referidas é relati-vamente curto. A análise da ocorrência e freqüên-cia relativa de estruturas e das fases de desenvol-vimento das células germinativas ovarianas leva acrer que tais estádios sigam a escala descrita nociclo de desenvolvimento do estado reprodutivoa seguir:

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Visando reduzir custos e aumentar a velocidadede obtenção de dados confiáveis para futuros es-tudos de biologia reprodutiva de peixes, propo-mos a realização de trabalhos mais completos, quepossibilitem relacionar com maior segurança osestádios de maturidade diagnosticados por análi-se microscópica das gônadas a escalas de matu-ridade determinadas por aspecto macroscópicodas gônadas, o que possibilitaria avaliar e minimizarerros de diagnóstico no monitoramento da repro-dução de peixes, permitindo combinar a explora-ção comercial da pesca a limites de controle e depreservação, evitando impactar os ecossistemascosteiros.

V – ConclusõesAs variações das características citológicas ob-servadas nos diferentes tipos celulares germinativosovarianos em crescimento de Eugerresbrasilianus, Diapterus rhombeus e Diapterusolisthostomus permitiram a obtenção de seis di-ferentes fases de desenvolvimento ovocitário:ovogônia, ovócito em estádio cromatina-nucleolar,ovócito perinucleolar, ovócito cortical-alveolar,ovócito vitelogênico e ovócito maduro.

A estrutura dos ovários e as características dasdiferentes fases de desenvolvimento dos tipos ce-lulares germinativos, bem como de outras estru-turas, como folículos pós-ovulatórios e nódulosfibrosos permitem classificar os ovários deEugerres brasilianus, Diapterus rhombeus eDiapterus olisthostomus como sendo do tipocistovariano com mecanismo de desenvolvimento‘sincrônico em mais de dois grupos’, apresentan-do desova múltipla ou parcelada, com uma escalade maturidade ovariana composta por oito está-dios: imaturo (A), em maturação inicial (Bi), emmaturação final (Bf), parcialmente maduro (Ci),completamente maduro (Cf), em processo inicialde desova (Di), completamente desovado (Df) eem recuperação (R).

VI – Referências bibliográficasAGUIRRE-LEÓN, A. & DIAZ-RUIZ, S. 2000.Estrutura poblacional, madurez gonádica yalimentación de Eugerres plumieri (Gerreidae)en el sistema fluvio-deltaico Pom-Atasta, Méxi-co. Ciencias Marinas. 26(2): 253-273.

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ResumoA vegetação remanescente do município de Pre-sidente Prudente foi caracterizada através de umaanálise fisionômico-estrutural. Através do traba-lho de campo, foram identificadas as principaiscaracterísticas fisionômicas como as espécies maisabundantes, e estruturais como quantidade e com-posição dos estratos e a sucessão secundária.

Palavras-chave: Vegetação remanescente – ca-racterísticas fisionômico-estruturais – sucessão se-cundária.

AbstractThe reminiscent vegetation of Presidente Pruden-te city was characterized in this work by aphysiognomic-structural analysis. Through a fieldwork, the main physiognomic characteristics wereidentified as the most abundant and structuralspecies as quantity as much as the composition ofthe stratums and the secondary sucession.

Key words: Reminiscent vegetation; physiog-nomic-structural characteristics; secondarysuccession

IntroduçãoNo Estado de São Paulo, a instalação de siste-mas agrícolas imediatistas voltados para o atendi-mento do mercado internacional provocou a re-

Características fisionômico-estruturais e sucessãosecundária na vegetação remanescente domunicípio de Presidente Prudente (SP)Physiognomic-structural Characteristics andsecondary succession on Presidente PrudenteCounty Reminiscent Vegetation

Francisco Carlos de FranciscoProfessor Doutor do Depto. de Geografia, FCT/ UNESP/P.P.

e professor na FAI

dução drástica das áreas florestais, além de altera-ções significativas em sua constituição vegetacional.Neste contexto, as áreas de matas remanescentes,se constituem no último reservatório de sementespara o povoamento com espécies nativas do muni-cípio, além de abrigo de espécies faunísticas. Por-tanto, elas são fundamentais na manutenção dabiodiversidade regional e para o entendimento dainteração dos fatores abióticos e bióticos, isto é,da visão integrativa do meio ambiente.

O presente trabalho teve como objetivo caracte-rizar a vegetação remanescente do município dePresidente Prudente, através de uma análisefisionômico-estrutural, bem como examinar a su-cessão secundária nesta mata.

Material e métodosDeste modo, através de trabalho de campo fo-ram identificadas as principais característicasfisionômicas e estruturais das áreas de mata re-manescentes sendo que, para esta última empre-gou-se a classificação das formas de vida deRaunkiaer (1905) aprimorada por Cabrera(1973). Também através de trabalho de campo,foi verificado o atual estágio de sucessão secun-dária da vegetação remanescente.

Resultados e discussãoAssim, as áreas de floresta do município de Pre-

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sidente Prudente apresentam-se, no geral, exu-berantes com média densidade, caracterizadaspela abundância da peroba rosa(Aspidospermapolyneuron) e do guaritá(Astronium graveolens).Observa-se um número elevado de lianasentrelaçadas e entre árvores e arbustos, conjun-tamente com uma quantidade razoável de epífitas.A presença da luz em alguns pontos de seu interi-or propicia um maior desenvolvimento de seusestratos inferiores, no caso, do arbustivo. Em al-gumas áreas, como a situada na Fazenda SantaGenoveva(área norte do município), a mata apre-senta-se em alguns pontos fechada com mínimapenetração de raios solares em seu interior.

Sobre o solo, verifica-se uma quantidade elevadade folhas em estado de decomposição, e a es-pessura da camada de húmus após medição emvários pontos das matas observadas apresenta-se entre 0,20 cm a 0,50 cm. Verifica-se grandeheterogeneidade de espécies com a altura médiadas árvores em cerca de 18 a 25 metros. O diâ-metro do tronco é variável, muito embora se te-nha observado que algumas perobas, figueiras,ipês, paus-d’ alho e guaritá principalmente, apre-sentam diâmetro de até mais de um metro. O nú-mero de indivíduos da palmeira Arecastrumromanzoffianum, mais conhecida por “coquei-ro” ou “jerivá”, é bastante elevado.

Em relação aos estratos dessa vegetação rema-nescente, utilizando-se a classificação das formasde vida de Raunkiaer (1905) aprimorada porCabrera (1973) e que se fundamenta na adapta-ção fisiológica e morfológica das plantas duranteperíodo climático desfavorável que, neste caso,corresponde ao período prolongado de estiageme ao rápido período de frio, tem-se para asfanerófitas:

1. o das Mesofanerófitas - dividido em:a) Mesofanerófitas Superiores - composto porárvores que alcançam a altura de 18 a 25 metros;b) Mesofanerófitas Inferiores - Constituído porárvores com altura entre 10 e 18 metros;

2. o das Microfanerófitas - Formada por árvorescom altura de 3 a 10 metros;

3. o das Nanofanerófitas - Composto por arbus-tos com altura entre 2 e 3 metros.

Observa-se ainda, nesta vegetação remanescen-te, a presença do estrato das ervas, tambémconnhecido como herbáceo.

a) Mesofanerófitas SuperioresConstituem o andar mais elevado dessas áreas flo-restais onde se destacam a perobarosa(Aspidosperma polyneuron) e oguaritá(Astronium graveolens). Aparecem emgrande abundância nas áreas de vegetação rema-nescente, sendo o número de perobas superiorao de guaritá.

b) Mesofanerófitas InferioresCompõem-se de árvores de altura mediana ondeaparecem em maior número o pau-d’alho(Gallesia gorazema) e a figueirabranca(Ficus insipida). Neste estrato podem-seobservar ainda árvores como: O canelão(Ocoteasp), ipê-amarelo(Tabebuia eximia), aguaiuvira(Patagonula americana), acanafístula(Cassia ferruginea), o jaracatiá(Jaracatia spinosa), a guarucaia(Peltophorumvogelianum), o cedro (Cedrela fissilis), oaraticum (Rollinea sp), o jequitibá branco(Cariniana estrellensis), o ipê-roxo (Tabebuiaavellanedae), o jatobá (Hymenaea courbarie),o pau-marfim(Balfourodendron riedelianum), acabriúva(Myrocarpus frondosus), o amendoin(Pterogyne nitens), o jerivá(Arecastrumromanzoffianum), o sobrasil(Colubrina rufa), acanjerana(Cabralea canjerana), o tamboril(Enterolobium tumbouva) e a canela preta(Nectandra mollis).

2. MicrofanerófitasApresentam-se relativamente densas, sobressa-indo a canelinha (Ocotea dispersa), o capinxigui(Croton sp) e o carrapateiro (Metreodorea

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nigra).

3. Nanofanerófitas Constituem-se no estrato arbustivo, sendo den-so, com um número representativo de plantas.

Por fim, o estrato herbáceo apresenta-se poucodenso, onde se observam elementos geófitos,hemicriptófitos e caméfitos. Entre as ervas anuaisdispostas sobre o solo, vêem-se indivíduospteridófitos, além de gramíneas.

Dentro do contexto ecológico, a destruição de umafloresta natural para a prática da agriculturaintinerante pode levar á instalação na área, após oseu abandono, de uma floresta secundária. Antesde atingir este estágio, a área passa por váriosestágios, designados de sucessão secundária, quevão desde a instalação de ervas e gramíneas até odesenvolvimento de uma mata considerada secun-dária (BRITO,1980).

Nesta, área, como em grandes espaços brasilei-ros, essa sucessão inicia-se com o estágio de ins-talação de ervas na área abandonada, passandopara a “capoeirinha” com a presença de peque-nos ou médios arbustos. Posteriormente, tem-seo estágio da “capoeira”, representado, além dosarbustos, pelas árvores e, por fim, a instalação do“capoeirão” com uma fisionomia semelhante à damata primária (KLEIN, 1978).

Rizzini (1979) destaca que após a derrubada emuma floresta tropical, com a área abandonada, asucessão secundária demora aproximadamente de15 a 20 anos para atingir o estágio capoeira, e odobro, ou seja, de 30 a 40 anos, para o capoeirão.Mas, para ocorrer a regeneração, é necessárionão haver interferência humana, representada pelouso do fogo ou do machado.

No município de Presidente Prudente, a instala-ção das paisagens agrícolas para o atendimentodas necessidades dos mercados internacionais,proporcionou a ocupação parcial do município por

lavouras de café, algodão, amendoim e outrasculturas. Por fatores sociais e econômicos que le-varam à decadência ambiental, no caso, o esgo-tamento do solo, as lavouras foram substituídaspelas pastagens representadas por gramíneas afri-canas agressivas, em específico, pelo capimcolonião(Panicum maximum) e pelopangola(Digitaria decumbens). Assim, a partirda década de 1950, estas duas gramíneas passa-ram a predominar sobre a paisagem ruralPrudentina, fato que se verifica até hoje.

O caráter agressivo dessas gramíneas, formandouma camada altamente compacta sobre o solo erepresentado pelo seu elevado poder de dissemi-nação, impede a instalação de espécies lenhosasna área, além da ação antrópica. Mais ainda, acaracterística da evolução agrícola do municípioonde ocorreu a atividade agropastoril não possi-bilitou a permanência de áreas desnudadas porlongos períodos de tempo. Por fim, a prática dasqueimadas por parte de um número representati-vo de sitiantes, durante o período de estiagem paraa renovação da pastagem ou para destruição daservas daninhas, tem dificultado a instalação e odesenvolvimento da regeneração natural da área.

O fato também destas áreas de vegetação rema-nescente se encontrarem delimitadas por pasta-gens em forma de ilhas isoladas, dificulta o seuprocesso de expansão germinativa.

Por outro lado, através da verificação de campo,observou-se a presença da embaúba(Cecropiasp), indicando o desenvolvimento de uma suces-são secundária nestas áreas.

De outra forma, verificou-se que, em muitas áre-as de pasto, o solo se apresenta em manchas des-nudas. Principalmente nas áreas de capim coloniãoé provável a ocorrência da regeneração atravésda embaúba.

ConclusãoObservou-se desta maneira, que a rápida evolu-

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ção agrícola no município de Presidente Prudente ena maior parte da Alta Sorocabana sem um planeja-mento racional do uso do solo levou a variados im-pactos ambientais no ecossistema Sorocabano ePrudentino e, a perda da sua total capacidade pro-dutiva como sistema econômico. Assim, faz-se ne-cessário a preservação das áreas de mata remanes-centes do município com o objetivo de possibilitar asua reconstituição e expansão dentro quadroambiental Prudentino visando a busca de um novoequilíbrio entre atividade humana e meio ambiente.

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ResumoTripanosomatídeos são protozoários parasitas deinsetos, humanos, animais e plantas. Devido aofato desses protozoários infectarem organismospertencentes a diferentes Reinos, são de interessede várias áreas da Ciência. Encontram-se na lite-ratura citações de mais de cem espécies de plan-tas infectadas por tripanosomatídeos. Além deparasitar plantas, tripanosomatídeos entomofílicosestão normalmente presentes no trato digestivo, esua associação com os insetos pode variar de umsimples comensalismo, até uma alta patogenici-dade. Insetos adultos, assim como as ninfas,infectados por tripanosomatídeos sugam as se-mentes ou frutos, e podem causar descoloração,podridão e queda do fruto, gerando prejuízos eco-nômicos. Tripanosomatídeos comensais intraespe-cíficos, podem ser patogênicos em populaçõesinterespecíficas de insetos, o que possibilita uma

Estudo de Tripanosomatídeos Inferiores em InsetosFitófagos da Região de Adamantina, São Paulo, Brasil.Lower Trypanosomatids Study in PhytophagousInsects of Adamantina area, São Paulo State, Brazil

Daniele de OliveiraMestre em Microbiologia/UEL

e professora na FAI

Érica Tiemi HashimotoAluna do Curso de Ciências Biológicas da FAI

Vinícius Santana NunesAluno do Curso de Ciências Biológica da FAI

Silmara CamponezAluna do Curso de Ciências Biológicas da FAI

Heitor ArakawaAluno do Curso de Ciências Biológicas da FAI

Marcel KasaiAluno do Curso de Ciências Biológicas da FAI

nova perspectiva no biocontrole de pragas agrí-colas, uma vez que minimiza o uso de agrotóxicose seus efeitos nocivos à saúde e ao meio ambien-te. O presente trabalho tem como objetivos o es-tudo da incidência da infecção por tripanoso-matídeos em insetos fitófagos da região, isolamentodos tripanosomatídeos a partir da dissecação dosinsetos, realização de testes de susceptibilidadede diferentes insetos aos diferentes tripanosomatí-deos isolados, e o estabelecimento do ciclo de vidado Leptoglossus zonata (Hemiptera Coreidae),inseto considerado praga por agricultores da região.

Palavras-chave: tripanosomatídeos, Leptoglossuszonata, insetos fitófagos, controle biológico.

AbstratTrypanosomatids are protozoan parasites ofinsects, animals and plants. Because of fact these

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trypanosomatids to infect different organismsbelonging different kingdom, they are consideredinterestingly on most various science areas. Inliterature, more than 100 species of plants aredescribed infected for trypanosomatids. On theother side, trypanosomatids entomophilies arenormally associated with digestive tract and hisassociation with insects can vary of simplecommensalisms so hight pathogenicity. Adultinsects, and nymphs infected by trypanosomatids,suck the seeds or fruits, and they can causediscoloration, rottenness and fall of the fruit,generating economical damages. Commensalsintra-specifics trypanosomatids, can be pathogenicin inter-specifics insects populations, whichpossibility a new perspective in the biologicalcontrol of insects, once it minimizes the use ofpesticides and their noxious effects to the healthand environment. The present work has asobjectives the study of the incidence of the infectionfor trypanosomatíds in phytophagous insects onAdamantina region, isolation of the tripano-somatídeos starting from the dissection of theinsects, accomplishment of tests of susceptibilitiesof different insects to the different isolatedtrypanosomatids, and the establishment of the lifecycle of the Leptoglossus zonata (HemipteraCoreidae), insect considered plague for farmersof the area.

Word-key: trypanosomatids, Leptoglossuszonata, phytophagous insects, biological control.

IntroduçãoA Família Tripanosomatidae está alocada no ReinoProtista, Subreino Protozoa, Classe Sarcomas-tigophora e Ordem Kinetoplastidae. Algumas espéci-es de tripanosomatídeos são agentes etiológicos dedoenças que acometem humanos, insetos e animais,como por exemplo, Doença de Chagas, Leishmaniose,Doença do Sono. Encontram-se na literatura, cita-ções de mais de 100 espécies de plantas infectadas.No Brasil as detecções, o isolamento e cultivo axênicode tripanosomatídeos foram obtidos de Mandioca(Vainsten et al 1984), Tomate (Jankevicius et al 1987),

Laranja (Fiorini 1990), Romã (Catarino et al 1991)Milho (Itow Jankevicius et al 1993), Pitanga(Cavazzana et al 1996) entre outras, sendo impor-tante considerar que muitas outras espécies vegetaispodem estar parasitadas, porém ainda não foram de-tectadas devido às pesquisas preferenciais de plantaspertencentes à famílias sabidamente parasitadas, quesão de interesse econômico (Jankevicius, 1992).

Em insetos, os tripanosomatídeos estão normalmentepresentes no trato digestivo, e sua associação comos insetos pode variar de um simples comensalismo,até uma alta patogenicidade. Os adultos, assim comoas ninfas, infectados por tripanosomatídeos, sugamas sementes ou frutos em desenvolvimento, e po-dem causar descoloração, podridão e queda do fruto(Kubo e Batista 1992). Os cultivos são intensamen-te afetados, onde as manchas circulares provocadaspela picada destes insetos chegam a inviabilizar acomercialização destes frutos.

O conhecimento da biologia de tripanosomatídeose insetos é importante por serem responsáveis porprejuízos econômicos na agricultura. Recente tra-balho propõe a utilização de tripanosomatídeosinferiores no controle de Leptoglossus zonata(Oliveira, D, 2004) um inseto fitófago considera-do praga na região e de ampla distribuição.

O Leptoglossus zonata é um inseto pertencentea Família Coreidae e importante vetor detripanosomatídeos. Estes insetos se alimentam demilho, soja, feijão, tomate, guandú e frutas em geral(King & Saunders, 1984), causando uma sériede prejuízos na agricultura. O controle biológicoutilizando-se de tripanosomatídeos, abre novasperspectivas para o controle de pragas, conquis-ta importante face a conscientização dos impac-tos ambientais e efeitos nocivos à saúde decor-rentes do uso de agrotóxicos.

Material e métodosa)Coleta e Dissecação dos InsetosOs insetos fitófagos foram coletados nas proprie-dades rurais de Adamantina e região, em cultivos

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de milho, romã, feijão guandú e pitanga e imedia-tamente transportados em caixas com tela para olaboratório.

Para dissecação foram utilizados os seguintesmateriais: tesoura cirúrgica, pinça, vidro de reló-gio, borel, pistilo, lâminas, lamínulas, algodão, éter,solução de cloreto de sódio à 0,9% esterilizada,pipetas Pasteur esterilizadas e água destilada.

O trato digestivo foi retirado e macerado comsolução de NaCl 0,9%, e o material obtido anali-sado a fresco em microscópio óptico (objetiva40x) para diagnóstico da infecção portripanosomatídeos.

b)Ciclo Biológico do Leptoglossus zonataMachos e fêmeas foram separados em casais eestes acondicionados separadamente em caixascom tela.

Os insetos foram mantidos à temperatura ambien-te, com fotoperíodo 12 horas luz/12 escuro, e ali-mentados com milho e algodão embebido em águadestilada. Os dias decorridos desde a postura,eclosão dos ovos, e estágios necessários para queo inseto atinja a fase adulta, foram determinados.

RESULTADOSa) Insetos coletados e dissecados :Fonte das imagens: Galo, D (in memorian ),Nakamo, O. et al., Entomologia agrícola 2002

Leptoglossus zonata

Leptoglossus gonagra

Aetaliom riticulatum

Ninfa de Piezodorus guildinii

Piezodorus guildinii

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Percevejo verde

DISCUSSÃO

Milho infectado com Tripanosomatídeo Fon-te: Laboratório de Protozoologia, UEL, 2000

Insetos Leptoglossus zonata (HemípteraCoreidae), foram os únicos a apresentarem infec-ção por tripanosomatídeos. De um total de 54Insetos dissecados, 27 (50%) apresentaramtripanosomatídeos associados ao trato digestivo,demonstrando portanto alto índice de infecção.Embora a amostra utilizada no experimento sejapequena, revela que os insetos Leptoglossuszonata da região de Adamantina sãofreqüentemente parasitados por estes protozoáriosentomofílicos, o que pode estar relacionado àperda de parte da produção agrícola.

Em Leptoglossus gonagra, assim como,Aetalion reticulatum, Piezodorus guildinii ePercevejo verde, não foram encontradostripanosomatídeos associados ao trato digestivo.Entretanto, não podemos afirmar que o índice deinfecção seja baixo, uma vez que poucos exem-plares foram coletados e dissecados.

O ciclo de vida do Leptoglossus zonata foi reali-zado em condições laboratoriais. A média detemperatura durante o experimento foi de 25ºC.

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O número de dias decorridos desde a postura àeclosão dos ovos, assim como o tempo necessá-rio para que o inseto atinja a idade adulta, foramexpressos em valores médios.

Cada fêmea durante a ovoposição, coloca 40ovos enfileirados, que a princípio apresentam co-loração marrom-esverdeada, tornando-se poste-riormente marrom-café. Após a postura, 9 diassão necessários para que ocorra a eclosão dosovos. A passagem das ninfas de primeiro estágiopara o segundo é observada decorridos 3 diasapós a eclosão. As ninfas de segundo estágio so-frem a muda 8 dias após a primeira ecdise. Umasemana mais tarde ocorre a passagem das ninfasde terceiro estágio para o quarto, sendo que 19dias após tornam-se adultos. Quatro ecdises sãonecessárias para que o inseto atinja a fase adulta,transcorrendo para isso, um total de 37 dias apósa eclosão dos ovos. O trabalho sobre a estimativa dotempo de vida do inseto ainda está em andamento.

É importante ressaltar que muitas variáveis influ-enciam no ciclo Biológico do inseto, tais como,estresse do cultivo in vitro, temperatura, alimen-tação e microparasitas (fungos). O mesmo ciclode vida deverá ser repetido em casas de vegeta-ção, simulando o máximo possível as condiçõesnaturais do inseto, e os resultados obtidos serãoutilizados com fins comparativos.

Conclusão-Os insetos Leptoglossus zonata da região deAdamantina apresentam alto índice de infecçãopor tripanosomatídeos: 50% dos insetos coletadose dissecados apresentaram-se positivos

- Leptoglossus gonagra, Aetalion reticulatum,Piezodorus guildinii e Percevejo verde coletadose dissecados não apresentaram infecção

-Cada fêmea de Leptoglossus zonata coloca emmédia 40 ovos por ovoposição. O tempo necessáriopara que o inseto atinja o estágio adulto, é de 37 diasapós a eclosão dos ovos (em condições laboratoriais).

Referencias bibliográficasCatarino, L. M. G. M.; Cacazzana Jr, M.; San-tos, M. A.; Ueno, C. T.; Itow Jankevicius, S.;Attias & De Souza, W. 1991. Axenic cultivationand ultrastructure of Phytomonas sp frompomegranate (Punica sp) and from phytophagoushemipteran Leptoglossus sp. Mem. Inst.Oswaldo Cruz 86 (Suppl I): 271.

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Jankevicius J. V.; Itow Jankevicius S.; Carmo, J.B.;Conchon, I.; Maeda, L. A.; Campaner, M.; Camargo,E. P. Roitman, I. 1987. “ In vitro” culture of Phytomonasof Solanaceae. IN: Dollet, M & Wallace, F. G. 1987.Compte rendu du Premier Phytomonas Workshop-Cayene, mars 1987. Oleagineux 42:461-8.

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Vainsten, M. H.; Roitman, I. 1986. Cultura dePhytomonas sp isolada de mandioca com sintomasde chochamento das raízes. Fitopatol. Brasil 9: 428.

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ResumoEste trabalho procurou contribuir praticamente nocombate da dengue e no seu controle na cidadede Presidente Prudente(SP), através do desen-volvimento de atividades de educação e meioambiente sobre a dengue, junto às escolas do en-sino fundamental. Através de atividades didáticascom aulas expositivas, palestras, peças teatrais eexibição de filmes sobre o mosquito, a doença esuas formas de propagação, buscou-se junto aosalunos o desenvolvimento de atitudes práticas emsuas casas, para diminuição do número decriadouros existentes.

Palavras-chave: Dengue – educação ambiental– ensino fundamental.

AbstractThe aim of this work was to contribute in the Den-gue combating practice and its control over thecity of Presidente Prudente, through an educationaland environmental activities development aboutdengue in local elementary schools. Didacticactivities, exposure classes, lectures, theater playsand films exhibition about the dengue mosquito,the disease itself and the ways it can be spreadout were accomplished, leading the students to

Dengue e educação ambiental na cidade dePresidente Prudente (SP)Dengue and environmental education in thePresidente Prudente city, São Paulo State.

Francisco Carlos de FranciscoProfessor Doutor do Depto. de Geografia, FCT/UNESP/P.P.

e professor da FAI

Thiago Hernandes de LimaAluno do Curso de Graduação em Geografia da FCT/UNES/P.P.

Franciane Cristiane da SilvaAluna do Curso de Graduação em Geografia da FCT/UNESP/P.P.

have an attitude in their homes in order to decreasethe number of existing reproduction nidi.

Key words: Dengue - environmental education -elementary school.

IntroduçãoA disseminação da dengue está crescendo no Brasile principalmente no estado de São Paulo. A falta deinfra-estrutura urbana e a ocupação desordenada dascidades, mais a ineficácia da administração públicamunicipal em termos de política ambiental municipale de gestão de endemias, têm contribuído para suaexpansão no país. Assim, a dengue tem infectadomilhares de pessoas todo o ano, o que a torna umadoença importante em termos de saúde pública.

Deste modo, a dengue é uma doença infecciosacausada por um arbovírus pertencente à famíliaFlaviviridae. Apresenta elevada taxa de morbi-mortalidade em todo o planeta. Assim, o arbovírustem como vetor principal o mosquito do gêneroAedes, sendo a dengue transmitida pelo Aedesaegypti e Aedes albopictus, este último, trans-mite também a febre amarela. Os principais sinto-mas da doença são febre, náuseas, vômitos, erup-ção cutânea, cefaléia, mialgias e artralgias.

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A disseminação do Aedes aegypti nos municípi-os brasileiros é elevada, sendo que, 3600 municí-pios apresentam o mosquito e mais de 70% doscasos notificados da dengue encontram-se emmunicípios com mais de 50.000habitantes(MORAES et al., 2004).

Este trabalho teve como objetivo contribuir prati-camente no combate da dengue e no seu controlena cidade de Presidente Prudente(SP) através deatividades de educação e meio ambiente, junto àsescolas de ensino fundamental.

Material e MétodosForam desenvolvidas atividades didáticas que en-volveram aulas expositivas, palestras, difusão decartazes, teatro com fantoches e exibição de filmessobre o mosquito, a doença, formas de propaga-ção e formas de prevenção. O trabalho foi desen-volvido no ano de 2003 junto as Escolas de 1o GrauMaria Luiza Formozinho Ribeiro, Charlotte, Colé-gio Anglo e Instituto Fernando Costa. Nestas duasúltimas escolas, o público atingido foi alunos doensino fundamental e médio. Também foram de-senvolvidos trabalhos de campo através de traba-lhos práticos junto ao Centro Social “ São José “ –Casa da Criança e a comunidade do bairro WatalHishibachi. O trabalho foi desenvolvido em parce-ria com a Superintendência de Controle deEndemias (SUCEN) de Presidente Prudente.

Resultados e discussãoNas palestras e aulas realizadas foram trabalha-dos textos do: Manual de Vigilância Entomológicade Aedes aegypti e Manual de Atividades paraControle dos Vetores da Superintendência deControle de Endemias. Foi empregado o traba-lho de Viotto (2001), além do livro de AVILA-PIRES(1985). Estes materiais didáticos envolvi-am o que era a doença, sua origem, primeirasepidemias, formas de contagio, características dapatologia e formas de prevenção.

A respeito de filme, foi feito um levantamento dasfitas disponíveis na SUCEN sobre a qualidade do

material, assunto e abrangência em termos de pú-blico alvo a ser atingido. Após a seleção foi reali-zada uma montagem com duração aproximada de50 minutos. Depois de cada palestra ou aulaexpositiva era apresentada a fita, havendo poste-riormente uma discussão sobre a doença e asmedidas de prevenção necessárias. Nesse mo-mento os cartazes eram distribuídos entre os alu-nos para uma melhor fixação da prevenção. Eramafixados finalmente nos pátios das Escolas em lu-gares previamente escolhidos pelas Professoras eInspetores de Alunos, onde o trânsito de alunosera maior.

Também era realizado alternadamente com aspalestras e aulas expositivas, um teatro de fanto-che que reconstituía através de bonecos de panosuma história sobre a dengue onde enfatizava-se aprevenção da doença em termos de seu controleatravés da diminuição dos criadouros nas casasdos alunos. Esta atividade representava o pontode maior destaque do trabalho desenvolvido coma fita e cartazes, sendo praticado freqüentementena maioria das Escolas.

Já no Centro Social “ São José”, na Casa daCriança, além do teatro de fantoche, da fita e doscartazes distribuídos no Centro que atende 250crianças, foram realizados atividades de campoatravés de trabalhos práticos com a comunidadedo bairro, que envolveu um mutirão de preven-ção da dengue. Assim, os moradores do bairroWatal Hishibachi foram convidados a assistir afita e ao teatro de fantoches, além das palestras.Posteriormente, alunos foram de casa em casadistribuindo folhetos, cartazes que instruíam so-bre como evitar o aparecimento de criadouros nasresidências. Visitavam a casa e conversavam comos moradores sobre a necessidade da prevenção.Este trabalho foi realizado durante dois meses.

No total, aproximadamente 2.000 alunos partici-param do trabalho além de 250 crianças do Cen-tro Social “São José “e da comunidade do bairroWatal Hishibachi.

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ConclusãoVerificou-se que, as atividades e ações desenvol-vidas em sala de aula e nos trabalhos de campo,contribuíram para o controle da dengue, atravésdas atitudes práticas para diminuição do númerode criadouros existentes nas casas dos alunos. Asatividades de educação e meio ambiente, mais es-pecificamente a educação ambiental, se constitu-íram em importante ferramenta em termos deconscientização dos alunos do ensino fundamen-tal sobre o mosquito, a doença, formas de propa-gação e formas de prevenção.

ReferênciasAVILA-PIRES, F. D. de. Princípios de ecolo-gia humana. Porto Alegre: UFRGS, 1983.

MORAIS, N.B. et al. Dengue: um desafio a ven-

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Resumo:A Organização Mundial de Saúde recomenda arealização de estudos epidemiológicos periódicospor permitirem visualização da situação de saúdebucal e necessidades de tratamento em uma po-pulação, para cárie dentária e outras enfermida-des bucais. Adamantina é uma localidade a oestedo estado de São Paulo, com temperaturas mé-dias de 24,6ºC e água de abastecimento fluoretadacobrindo aproximadamente 10.000 domicílios fi-xos. Apresenta população total de 33497 habi-tantes distribuídos na zona urbana e rural. Dada acarência de dados epidemiológicos a respeito dasituação de saúde bucal de escolares matricula-dos em escolas públicas e particulares foi realiza-do estudo epidemiológico referente à prevalênciade cárie, necessidades de tratamento, fluorose eCPO-D nas idades de 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 anose na faixa etária de 13 a 15 anos. A equipes detrabalho (n=6) examinaram 892 crianças, sendo53,4% do gênero feminino e 46,6% do masculi-no. Para o CPO-D (n=892) foram encontradosem seus componentes: perdidos 1,31%; obtura-dos: 59.74%; obturados/cariados: 3,93%;

Estudo epidemiológico das condições de saúdebucal em crianças e jovens do município deAdamantina - SP – Brasil / 2003Epidemiologic study about the oral health conditionof children’s and yong’s from the municipal districtof Adamantina-sp-Brazil in 2003

Parisoto, Giancarlo Baggio;

Garbin, Artênio José Isper;

Moimaz, Suzelly Adas Saliba;

Saliba, Nemre Adas;

Saliba, Tânia Adas

cariados: 35,02%. ceo na faixa etária de 6 anosfoi de 0.05 e aos 12 anos 3.03. Os resultadosreferentes a fluorose: Grau 0: 72,2%; grau 1:13,1%; grau 2: 10,2%; grau 3: 2,1% e grau 4:0,3%, com 2,1% sem informações. Diante dosresultados observados e de acordo com a classi-ficação da OMS, o CPOD aos 12 anos é consi-derado baixo e a prevalência de fluorose é baixa.

Palavras-chave: cárie dentária; epidemiologia

Abstract: Who recommends epidemic studiesperiodically in oral health for knowledge of thediseases distribution, to establish health goals asactions. Adamantina locates at west of São PauloState, with worm climate and average of 24,6 C.It has 33.497 inhabitants, 13 public water wellsand 10.000 homes receiving fluoride water with0,7 ppm in natura. The purpose of this study wasto analyze and to verify the decay and fluorideoccurrence in all children of public and privateschools in the age group of 5 to 16 years old. 892childrens were examined by specialists teams. Theresults shows that 53,4% are feminine gender and

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46,6% are masculine gender. According to theetnia, 62,6% are white, 31,1% brown, 5,4% blackand 1,9% are yellows. The percentages of foundflouride were 72,2% - degree 0; 13,1% - degree1; 10,2% - degree 2; 2,1% - degree 3; 0,3% -degree 4 and 2,1% without information. ObservedDMT-F average was 2,7. To the 6 years oldchildren it was 0,05 and 3,03 to the 12 years old.The ceo average was 1,48 in the 6 years oldchildren and 0,26 to the 12 years old. 96,27%don’t need treatment. The ones that needs are3,76% and those whose needs are just preventive(10,85%). Most of the occurrences was in the twofaces restorations.It is ended that CPO – Daverage is low to the 12 years old children.According to OMS, the fluoride controlled at theplace needs constant accompaniment; newsstudies; planning health actions and considering thecollective oral health as decisive factor in theimprovement of life conditions.

Key Words: dental daries; epidemiology

Introdução - A Organização Mundial de Saúderecomenda que os levantamentos epidemiológicosem saúde bucal sejam realizados, pois eles possi-bilitam o conhecimento da situação atual e as fu-turas necessidades de cuidados em saúde bucalda população estudada. Pinto (1993) afirma quea base qualitativa de um bom programa em saúdeestá na vigilância epidemiológica, na análise peri-ódica e regular das condições de saúde da popu-lação objetivando conhecimento das tendênciasde comportamento das principais doenças a queestá sujeita. Cury (1992) sugere a realização deestudos epidemiológicos referentes à cárie dentáriaem cidades com e sem água fluoretada, divulgan-do os dados, comprometendo a sociedade bene-ficiada dando continuidade e subsídios para a co-munidade não beneficiada pelo método a exigir omesmo direito. Murray (1992) diz que avaliaçõesde programas referentes ao controle da cárie po-derão ser desenvolvidas em qualquer fase da vi-gência do mesmo. Em levantamento realizado peloMinistério da Saúde (1986) em 16 capitais, re-

presentativo das cinco regiões brasileiras, em es-colares da zona urbana de 6 a 12 anos observou-se CPO-D de 6,65 (Ferreira, 1996). Decorridosdez anos, novo estudo foi realizado em parceriacom a Associação Brasileira de Odontologia, asSecretarias Estaduais de Saúde, Conselho Fede-ral de Odontologia e Fundação Nacional de Saú-de apontando um CPO-D em torno de 3,06. Afluoretação de água de uso público tem se revela-do um dos métodos de grande importância para aredução da cárie dentária (Saliba et al., 1981),sendo o primeiro sistema público de fluoretaçãoimplantado no Brasil pela Fundação Serviço Es-pecial de Saúde Pública (FSESP), do Ministérioda Saúde, em 1953, no estado de Espírito Santo,na cidade de Baixo Guandu (Pinto, 1993). Sendoassim, a fluoretação das águas é uma das medi-das mais práticas, eficazes, seguras e econômicasde prevenção de cárie dentária em saúde pública(Chaves, 1986), que aliada aos estudosepidemiológicos proporcionam correto panoramadas condições de saúde bucal em um município.Adamantina é um município paulista à oeste doestado de São Paulo, 501 km da capital, com cli-ma quente e temperaturas em torno de 24,6º C.Possui abastecimento de água com infra-estrutu-ra adequada, com 13 poços de captação, pro-fundos e/ou superficiais e duas estações de trata-mento. A fluoretação artificial é realizada e con-trolada pela SABESP (saneamento básico, águae esgoto, cobrindo 10.000 domicílios fixos apro-ximadamente). Para obtenção de água adequadaao consumo humano na concentração mínima de0,7 ppm de flúor adiciona-se o ácido fluorsilísico.Segundo o IBGE (1996) a população municipal éde 33497 habitantes, 3129 rurais e 30342 urba-nos, sendo o componente infantil distribuído se-gundo a faixa etária:

Tabela 1: Distribuição de indivíduos por faixa etária.População Infantil(total de 8249 indivíduos)0 a 4anos 2323

5 a 9 anos 287010 a 14 anos 3056

Fonte: IBGE, 2000

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Objetivo geral – Obter dados referentes às con-dições de saúde bucal (cárie dentária e fluorose)em crianças da zona urbana de 5 a 15 anos, ma-triculadas em instituições de ensino públicas e par-ticulares no município de Adamantina/SP em2004, dada a carência de dados a respeito dotema no município.

Objetivos específicos – Determinar o índiceCPO-D nas idades de 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 e nafaixa etária de 13 a 15 anos. Identificar o percentualde crianças livres de cárie nas idades de 6 e 12anos. Verificar as necessidades de tratamento nascrianças e jovens analisados. Detectar a presençaou ausência de fluorose dentária nas crianças ejovens examinados.

Metodologia – Foi obtida previamente listagemde alunos por classe das escolas com idades eperíodos letivos. Os requisitos referentes ao Co-mitê de Ética em Pesquisa com seres humanos daFOA/UNESP foram satisfeitos. Foi utilizadametodologia proposta pela OMS (1999) paraanálise de cárie dentária e fluorose. A calibraçãofoi realizada com as equipes e calculada a con-cordância inter-examinador (89%). A concordân-cia intra-examinador (com base nos exames emduplicata) e de acordo com o recomendado pelaOMS (1999) foi de 91%. Foram preparados eesterilizados materiais para os exames clínicos,distribuídos materiais necessários aos anotadorese examinadores (EPIs), sendo efetivadas seis equi-pes de exames distribuídas entre as 6 instituiçõesparticipantes. O transporte das equipes foi reali-zado pela Secretaria Municipal de Educação domunicípio e os exames realizados simultaneamen-te, entre as instituições, com o a coleta de dadossendo finalizada ao final do dia eleito para a reali-zação do trabalho de campo.

Resultados:Características da população - As equipes deexame (examinador, anotador e monitor) exami-naram 892 crianças, sendo 46,60%, do gêneromasculino e 53,40% do gênero feminino. Segun-

do as características étnicas foram encontrados:62,6% de indivíduos brancos, 30,1% de indivídu-os pardos, 5,4% da raça negra e 1,9% de amare-los, de 5 a 15 anos, respectivamente (gráfico 1).

Gráfico 1: Distribuição percentual quanto aogrupo étnico, Adamantina, 2003.

O CPO-D médio por idade encontra-se descritona tabela abaixo:

Tabela 2: número de indivíduos por faixa etária erespectivo CPO-D médio.FAIXA ETÁRIA n COP-D5/6 anos 228 0.057 anos 72 0.428 anos 107 1.239 anos 65 1.5910 anos 35 1.7811 anos 120 3.4612 anos 195 3.0313 a 15 anos 70 3.40

Fonte: Levantamento Epidemiológico, Adamantina, 2003

Cárie Dentária: A composição percentual do ín-dice CPO-D (n=892) é apresentada no gráfico 2.

Gráfico 2: Distribuição percentual dos com-ponentes do CPO-D nos examinados.Adamantina, 2003.

A composição percentual do índice ceo (n=892)segundo seus componentes:

Gráfico 3: Distribuição percentual dos den-tes decíduos examinados de acordo com acondição da coroa. Adamantina, 2003.

Isto indica que a doença cárie age nas diferentesfaixas etárias analisadas, estando 59,74% dosdentes obturados e 35,02% cariados (n=892). Emcontrapartida, para os dentes examinados livre decáries, (nas faixas etárias de 6 e 12 anos) foramencontradas as percentagens:

Tabela 3: Distribuição de indivíduos por faixa etáriaem relação a cárie dentária.FAIXA ETÁRIA n C/ CÁRIE S/ CÁRIE6 ANOS 80 52,4% 47,6%12 ANOS 187 78,6% 21,4%

Fonte: Adamantina, 2003.

Apontando as necessidades de tratamento(n=892), são maioria as reabilitadoras, sendo41,43% restaurações de duas faces e 32,21%restaurações de uma face e, como terceira maiornecessidade tem-se o selamento oclusal com8,57% dos casos. Por último as próteses dentaiscom 1,74% dos casos, conforme o gráfico 4.

sentados conforme o gráfico 5.

Gráfico 4: Distribuição das necessidades detratamento encontradas. Adamantina, 2003.

Fluorose dental - Os dados mostram que a mai-oria das crianças estão livres de fluorose, 72,2%apresentam grau 0 (Dean) sendo os demais apre-

Gráfico 5: Distribuição percentual dos grausde fluorose. Adamantina, 2003.

Conforme o gênero, as três maiores grandezas:Grau 0: 45,72% (masc) e 54,26% (fem); grau 1:45,30% (masc) e 54,70% (fem); grau 2: 45,10%(masc) e 54,70% (fem); grau 3: 57,90% (masc) e42,10% (fem) conforme o gráfico 6.

Gráfico 6: Distribuição dos graus de fluoroseencontrados segundo o gênero. Adamantina,2003.

Discussão - A OMS (1999) define como metapara o ano 2010 o índice CPO-D deve ser me-nor que 1 aos 12 anos (ABOPREV, 1993) e pre-coniza a idade de 5/6 anos de interesse nos le-vantamentos epidemiológicos devido ao fato deque as alterações referentes à cárie dentária seapresentem em intervalo de tempo mais curto fren-te à dentição permanente, sendo possível seumonitoramento nas populações. Coloca tambéma idade de 12anos como fundamental nos levan-tamentos sobre saúde bucal porque é neste perí-odo que a criança se encontra em transição naescola, na maioria dos países, finalizando a escolaprimária apresentando riscos ao ataque de cáriedentária diferentes, pois todos os dentes (menosos terceiros molares) estão irrompidos. Em levan-tamento epidemiológico realizado pelo Ministérioda Saúde (Projeto SB Brasil 2003) foi encontra-

da percentagem do índice CPO-D (por grupoetário de 12 anos) de 68,92% no Brasil, e 62,42%na região Sudeste, referentes à prevalência decáries dentárias. Aos 5 anos, as mesmas foram de59,37% e 55,08%. O mesmo estudo apresenta acomposição percentual do índice CPO-D, segun-do a macrorregião, sendo para a região Sudeste:42,17% para os cariados; 3,04% para os obt/cariados; 52,17% obturados; 3,04% para os den-tes perdidos, aos 12 anos de idade. Moimaz et al.(1994) realizaram levantamento epidemiológicoem 2018 escolares de 7 a 12 anos de idade, nas-cidos e sempre residentes na cidade de Araçatuba,com o objetivo de avaliar a prevalência da cáriedentária, 21 anos após o início da fluoretação da

água de abastecimento público. Foram calcula-das as médias realizando cruzamentos com os da-dos obtidos em 1972 e verificaram que houve re-dução no índice CPOD médio em todas as idades,de 55%. Os mesmos autores em (1995) examina-ram 1151 crianças, pertencentes a escolas estadu-ais da cidade de Birigui, após 10 anos de fluoretaçãoda água de abastecimento público. Concluíram queo método de fluoretação da água de abastecimen-to público é eficaz, com redução significativa de47,64% no índice CPO-D. Podemos então, mon-tar uma tabela (segundo as percentagens encontra-das), onde podem ser inseridos os dados encon-trados no município de Adamantina em compara-ção aos já existentes, sendo:

Os dados obtidos mostram que o município ana-lisado apresenta uma maior prevalência de cáriesdentárias ao ser comparado à região Sudeste. Osresultados para cárie dentária apontam CPO-D,aos 5/6 anos chegando a 0.05 e aos 12 anos 3.03,porém isto não descarta em hipótese alguma anecessidade periódica de controle da situação desaúde bucal destes escolares. Com relação afluorose dentária não foram analisados os gruposdentais mais atingidos, sendo relatados apenas aosgraus encontrados, mas segundo a OMS (1999)os dentes mais atingidos são os pré-molares, se-gundos molares e incisivos devido à cronologiade erupção.

Conclusão - Podemos concluir:

1) existe no município a necessidade periódica devigilância, em se falando de cárie dentária (nas ins-tituições de ensino analisadas) pois esta ainda éum problema de saúde pública proeminente, apre-sentando CPO-D e necessidades de tratamentodiferentes.

TABELA 3: Dados comparativos, para cáries dentárias aos 12 anos de idade, 2003.

n Cariados Obturados Obt/cariados Perdidos Prevalência de CáriesAdamantina 892 35,02% 59,74% 3,93% 1,31% 78,6%Região Sudeste 8.052 42,17% 52,17% 3,04% 3,04% 62,42%Brasil 34550 58,27% 32,73% 2,52% 6,47% 68,92%

2) A fluorose dentária é encontrada, porém a gran-de maioria das crianças apresenta grau 0 (Dean),o que pode embasar a afirmativa de que a pre-sença do íon pode estar alterando seu horizonteepidemiológico no município à longo prazo devi-do a presença de dentes hígidos.

3) São necessárias atualizações periódicas dos da-dos, visando o controle da cárie bem como aproservação dos casos de fluorose, o que podeser de grande valia para a saúde pública municipal.

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ResumoTão logo o homem adquiriu inteligência o sufici-ente para distinguir as diferenças entre os seresvivos, e, observar a natureza ao redor, passou aenveredar-se mais e mais no desconhecido embusca de respostas para seus enigmas. Muitasespeculações, teorias, tentavam explicar a origemdas doenças, correlacionando-as até mesmo cominfluências astrais. Graças à invenção damicroscopia, hoje, sabemos da existência dosmicrorganismos e temos a consciência da ubiqüi-dade e dos efeitos da presença destes seres mi-croscópicos. Hieronymus, Plenciz, Semmelweis,Lister, Louis Pasteur e Robert Koch representamestudiosos que contribuíram para a elucidação domundo invisível aos olhos humanos. Desvenda-ram o “enigma” das doenças infecciosas e im-plantaram técnicas desinfetantes e antissépticas emcirurgias. Os conhecimentos gerados sob os ali-cerces fundamentados por tais cientistas, permiti-ram ascensão de várias áreas da ciência. Atecnologia aliada ao conhecimento, permite-nosobter áreas completamente livre de microrganis-mos, apesar da ubiqüidade desses seres. Este tra-balho tem como objetivo revisar a história, evoluçãoe importância dos conhecimentos microbiológicos,entre eles o desenvolvimento da tecnologia da áreaestéril, fundamental para ciência moderna.

Palavras Chaves: microrganismos, area estéril,fluxo laminar, evolução da ciência.

História, evolução e importância da área estéril

Dr. Bruno SoerensenCoordenador do curso de Medicina Veterinária na FAI

Daniele de OliveiraMestre em Microbiologia e docente na FAI

Maiza PossariAluna do 7º. Termo Ciências Biológicas FAI

History, evolution and importance of the sterile area

AbstractAs soon the man acquired intelligence enough todistinguish the differences among the alive beings,and, to observe the nature around, it started tolead more and more in the stranger in search ofanswers for their enigmas. A lot of speculations,theories, tried to explain the origin of the diseases,correlating them even with astral influences. Thanksto the microscopic invention, today, we knowabout the existence of the microorganisms and wehave the aware of the ubiquity and of the effectsof these microscopic beings’ presence.Hieronymus, Plenciz, Semmelweis, Lister, LouisPasteur and Robert Koch act studious thatcontributed for the elucidation of the invisible worldto the human eyes. They unmasked the “enigma”of the infectious diseases and they implanteddisinfecting and antiseptic techniques in surgeries.The knowledge generated under the foundationsbased by such scientists, allowed ascension ofseveral areas of the science. The allied technologyto the knowledge, allows to obtain us completelyareas free from microorganisms, in spite of thosebeings’ ubiquity. This work has as objective revi-ses the history, evolution and importance of themicrobiologic knowledge, among them thedevelopment of the technology of the sterile area,fundamental for modern science.

Key Words: microorganisms, sterile area,laminate flow, science evolution.

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Existem muitos, muitos microrganismos a nossavolta - em todos os lugares. Apesar de serem im-perceptíveis a olho nú, são criaturas de maior su-cesso na Terra, se sucesso for medido em núme-ro de indivíduos.

São encontrados em todos os habitas concebí-veis do planeta, do mais frio ao mais quente, domais ácido ao mais alcalino e ao mais salgado.Alguns vivem onde o oxigênio é abundante, e ou-tros onde não há oxigênio. Eles se estabeleceramno fundo dos oceanos, em rochas a mais de 2Km de profundidade da superfície da Terra e atémesmo dentro de outros organismos, grandes oupequenos. Seus efeitos em nosso ambiente, sãodiversos e profundos.

A descoberta do mundo microscópico só foi pos-sível após a invenção do microscópio, Acredita-se que o microscópio tenha sido inventado em1591 por dois holandeses fabricantes de óculos:Hans Janssen e seu filho Zacharias. Tudo indica,porém, que foi o holandês Antonie VanLeeuwenhoek (1632-1723) o primeiro a fazerobservações microscópicas de materiais biológi-cos: observou detalhadamente embriões de plan-tas, glóbulos vermelhos do sangue, esperma-tozóides presente no sêmen de animais e a exis-tência dos “micróbios”.

A medicina anterior a descoberta do microscópioe dos micróbios, fundamentava-se sobre a teoriados humores (legado Hipocrático e Galênico), ouseja o corpo humano teria quatro humores: san-gue, fleuma, bílis amarela e bílis negra. O sangueprocedia do coração, a fleuma do cérebro, a bílisamarela do fígado e a bílis negra do baço.Hipócrates, Galeno e Avicena basearam-se noselementos da natureza (ar, água, fogo e terra), re-presentando-a no corpo humano, o qual passavaa ser visto como um microcosmo natural: o san-gue era quente e úmido, como o ar; a fleuma erafria e úmida, como a água; a bílis amarela era quen-te e seca, como o fogo; a bílis negra era fria eseca como a terra.

Quando os humores corporais da pessoa esta-vam em equilíbrio, a pessoa gozava de boa saúdee este estado era designado por Eukrasia. Quan-do os humores estavam em desiquilibrio, a pes-soa enfermava e a este estado, dava-se o nome deDyscrasia. O trabalho do médico era encontrar omeio de recuperar o equilíbrio humoral perdido.

A medicina medieval estava estritamente ligada àastrologia. Por exemplo, os médicos da Universi-dade de Paris, afirmavam que a 20 de março de1345, à uma hora da tarde, uma conjunção detrês planetas superiores - Saturno, Júpiter e Mar-te - no signo de Aquário, causou uma corrupçãodo ar circundante. Esta indicação astral, significa-va, juntamente com a teoria humoral, prenúnciosde grandes fomes, pestilência e alta taxa de mor-talidade. Os efeitos da Morte Negra nas diversaszonas geográficas deviam-se às variações regio-nais da intensidade dos raios dos planetas. Gentilede Foligno, catedrático de medicina da Universi-dade de Pádua, afirmou que a conjunção dos pla-netas produz material contaminante no ar que sefixa ao redor do coração e dos pulmões produ-zindo doenças. Assim, a teoria ambientalconectada com os fenômenos naturais, erupçõesvulcânicas explicava coerentemente a questão dapestilência. Outros teorizantes, baseados sobre-tudo em Galeno, explicavam que a causa de pes-tilência, sendo ambiental ou astral, propagava-sepor Contagium e miasmas.

Contagium era uma substância derivada do cor-po do doente e que, passando de um indíviduopara outro, transmitia a moléstia. Miasma era umasubstância gerada fora do corpo e que, espalhan-do-se por intermédio do ar, produzia a doença.Hieronymus Fracastorius, no seu livro “Decontagionibus et contagiosis morbis et corumcuratione” (1546), foi o primeiro a postular a idéiade que o contagium fosse devido agentes vivos,criando assim a doutrina do Contagium vivum.Durante cerca de dois séculos foi esta doutrina,porém, discutida apenas sobre a base de especu-lações teóricas, até que em 1762, o médico

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Vienense Plenciz, reconhecendo a descoberta dosmicróbios por Leeuwenhoek (1675), não só atri-buiu aos animalunculus a causa das doenças, comotambém a cada doença seu micróbio específico.

Em 1847, Semmelweis, em Viena, no decurso deestudos sobre a infecção puerperal, observou quea mortalidade nas enfermarias em que trabalha-vam estudantes era muito mais elevada que nasenfermarias assistidas por parteiras.

A morte de um colega, vitimado por infecção con-traída através de ferimento durante uma autópsia, levou Semmelweis à convicção de que a dife-rença acima referida se devia ao fato de que osestudantes vinham diretamente da sala de disse-cações para a enfermaria, trazendo nas mãos mi-cróbios infectantes.

Orientado por essa idéia, Semmelweis, exigiu dosestudantes a desinfecção das mãos em solução dehipoclorito e, com esta simples medida, fez baixara mortalidade por infecção puerperal de 12 a 1,2%.

Louis Pasteur (1861), através do clássico experi-mento com frascos de “pescoço de cisne” de-monstrou que não existia geração espontânea demicrorganismos, mas sim, contaminação à partirde uma fonte pré-existente.

Henle, na mesma época, estabeleceu as condi-ções para que um agente particular pudesse serconsiderado causador de uma doença infecciosa:a)Devia ser encontrado com constância no corpodo doente;

b)Devia ser possível isolá-lo e, com tal agente iso-lado, reproduzir experimentalmente a doença.

Tais postulados foram impostos aos bacterio-logistas pelo prestígio de Robert Koch.O cirurgião inglês Lister (1867), impressionado comos trabalhos de Pasteur, inicia a cirurgia antisséptica,usando como desinfetante a pulverização de ácidofênico sobre o campo pós operatório (Figura 1)

Figura 1- Cirurgia asséptica ao tempo deLister. Notar a pulverização de ácido fênicosobre o campo pós operatório.

Fonte: Bier, O. 1976. Bacteriologia e Imunologia, emsuas aplicações à medicina e à Higiene. 17 ed. Melho-ramentos p 6

A era bacteriológica se inicia em torno de 1880, comos trabalhos de Louis Pasteur e Robert Koch.Semmelweis e Lister foram, portanto, os primeiroscirurgiões que desinfetaram as mãos, o instrumentalcirúrgico, etc., de modo a evitar a infecção da feridaoperatória. Hoje, a cirurgia antisséptica de Listercedeu lugar a cirurgia asséptica em salas estéreis.

Os métodos empregados através dos tempos paraevitar as contaminações ambientais variaram desde aflambagem de instrumentais em chama direta com Bicode Bunsen, o uso de vapores de formol, a filtração dear para eliminação de partículas de ar grosseiras, aslâmpadas de arco voltaico e posteriormente as lâm-padas de luz ultravioleta de baixa intensidade.

Para a esterilização de ambientes, com o trans-correr dos anos, foram desenvolvidos sistemas delâmpadas ultravioleta de alta intensidade combi-nadas a filtração grosseira. No entanto, os pro-blemas da eliminação de partículas geradas no ar,as zonas de turbulência e baixa pressão produzidaspela injeção do ar filtrado, revelaram problemas.

Uma grande quantidade de microrganismos, nor-malmente, é encontrada em suspensão no ar,

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podendo o número variar de 100 a 100.000 ger-mes/m3 . Os mais encontrados são os cocos,bacilos Gram positivos, os difteróides e fungos.

Um número elevado destes microrganismos, têm asua origem no próprio homem, que os emite direta-mente. A contaminação originada das exalações hu-manas e da pele depende do tipo de atividade queestejam realizando, do período transcorrido do ba-nho e do tipo e material da roupa usada. Nos maisvariados graus de atividade, uma pessoa pode emitir3.000 a 50.000 partículas superiores a 0.3 mícrons.O ambiente no qual encontra-se trabalhando podechegar a conter até 10.000.000 destas partículas. Afigura 2 revela o número de partículas, maiores que 3mícrons, emitidas segundo a atividade das pessoas.

As partículas ficam em suspensão no ar e, depen-dendo da velocidade, podem ser transportadas porcentenas de metros antes de se depositarem sobrealguma superfície, como paredes, pisos, pessoasou materiais que se encontram na proximidade.

Figura 2- Emissão de partículas maiores de0,3 mícrons segundo a atividade das pessoas.Fonte: Soerensen, B. 1995. Vacinas. 1 ed, Livraria Santos, p 59.

Em 1955, nos Estados Unidos, foi desenvolvidoum sistema chamado “fluxo laminar”. (Figura 3).Tal sistema consiste na movimentação unidirecionalde uma massa de ar ultrafiltrada, que se movi-menta a baixa velocidade, rodeando qualquerobjeto ou pessoa de uma atmosfera absolutamenteestéril. Essa tecnologia de ultrafiltração retém cercade 99,97% das partículas superiores a 0.3 micras,sendo eficaz até mesmo contra os vírus, os quaisgeralmente encontram-se associados a partículasmaiores que o valor acima citado.

Figura 3- Cabine de fluxo laminar horizontalFonte: Soerensen, B. 1995. Vacinas. 1 ed, Livraria San-tos, p 61.

O avanço tecnológico do sistema de ultrafiltraçãodo ar com garantia da esterilização, mudou o cri-tério de áreas físicas dos laboratóriosmicrobiológicos, biotérios e zonas críticas de hos-pitais, de modo que, antigas salas assépticas fo-ram substituídas por áreas estéreis.

Para a obtenção da esterilidade, um conjunto decuidados devem ser tomados:

I- A sala deve apresentar condições que favore-çam a limpeza: evitar o acúmulo de poeiras noscantos, assim como revestimento impermeável daparede, piso e teto (os quais não devem apresen-tar irregularidades e devem ser pintados comepoxi).

II- O material que tem acesso a área estéril, de-verá estar isento de microrganismos. Tal propó-

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sito pode ser conseguido através do uso deautoclaves, fornos de dupla porta, ou caixas depassagem também com dupla porta, dotadas delâmpadas germicidas.

III-O acesso de pessoas a sala, ocorre imediata-mente após a passagem por chuveiros assépticosde 3 compartimentos: no primeiro o individuo des-pe-se; no segundo toma banho e no terceiro ves-te-se com uniforme especial e esterilizado. Emseguida, o operador, recebe um fluxo de ar estérilpara livrar a superfície da vestimenta (constituídapor fibras especiais) de qualquer partícula.

Quando microrganismos patogênicos forem mani-pulados, o ar do ambiente deverá ser novamentesubmetido a ultrafiltração, ou à passagem porincineradores de ar, antes de ser eliminado para oexterior. A eficiência dos filtros pode ser testada pe-riodicamente através de equipamento eletrônico decontagem de partículas, assim como pela contagemde colônias através de testes bacteriológicos.

A tecnologia para obtenção de áreas estéreis per-mitiu a evolução da ciência. Nos laboratórios deimunologia, esse avanço tecnológico permitiu apreparação segura de vacinas atenuadas, que exi-gem elaboração em condições de esterilidadeabsoluta, tais como a BCG, a polimiolítica (tipoSabin), contra o sarampo, encefalite etc. As áreasestéreis também revolucionaram a obtenção deanimais laboratoriais livres de germes (Germ Free)e ou livre de germes patogênicos específicos (Specific Patogenic Free), os quais podem ser uti-

lizados com segurança nos mais variados traba-lhos das areas de Imuno e Microbiologia.

As áreas estéreis, também beneficiaram indústriaquímica farmacêutica, uma vez que o preparo des-ses produtos exigem elevado controle de esterili-dade; e os centros cirúrgicos, especialmente ospacientes submetidos a intervenções extensas eou tratados com imunossupressores.

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