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Cultura Um milkshake de factores como a crise económica, gosto em viajar,curiosidade por novas culturas e espírito de aventura levam milhares de jovens a procurar novas modalidades de turismo. O JUP decidiu falar com estudantes que deixaram o turismo convencional, praticando-o de forma mais aventureira e arriscada. InterRail:de combóio pela Europa O interrail é um tipo de viagem que faz parte do imaginário da maior parte dos jovens. Criado em 1972, o interrail apareceu como sendo uma forma mais barata e mais livre dos jovens visitarem vários países da Europa. Alexandre Santos, estudante de Nutrição na FCNAUP, fez um interrail no Verão passado com mais cinco amigos, “a minha maior paixão sempre foi viajar” aponta Alexandre como motivo para ter feito um interrail. Já Inês Pedroso, estudante de Ciências de Comunicação, diz que no inicio foi a “curiosidade e a vontade de ultrapassar fronteiras” que a levou a fazer um interrail, coisa que já fazia parte do seu imaginário há muito tempo. Alexandre Santos percorreu 18 cidades de 11 países numa jornada de 25 dias pela Europa e afirma que todos os sítios pelos quais passou “têm o seu encanto”: Praga “ por ser das cidades mais bonitas que vi até hoje”, “Berlim pelas pessoas, pela cerveja, pela despreocupação, pela história, pela arte urbana…”, “Amesterdão pela diferença, pela liberdade”… diz, acrescentando sempre mais uma cidade e mais um motivo pelo qual o interrail que fez em Agosto deste ano se tornou inesquecível. Para Inês Pedroso todas as 11 cidades por onde passou com mais seis amigos nesta viagem, a marcaram de uma forma ou de outra. “As cidades de Itália marcaram-me, muito aliás: são mais do que bonitas e com uma história incrível. Outra das cidades que mais me cativou foi, sem sombra de dúvida Berlim: Uma cidade marcada por uma história recente e conservada, com uma cultura imensa, com pessoas de personalidade muito própria e com um movimento nocturno espectacular; Liubliana foi a cidade que me surpreendeu: Mais escondida e mais recatada, talvez aquela na qual pusemos expectativas mais baixas…revelou-se uma cidade interessante”, afirma, dizendo que lhe custa não referir todas as outras cidades. Para Alexandre a melhor parte do Interrail foram as viagens entre as várias cidades em que aproveitaram para se divertirem e se conhecerem melhor,“nem uma viagem de 13 horas entre Viena e Brasov nos abrandou e impediu de ser a melhor viagem entre todas as que fizemos”, diz. Inês diz que todos os momentos vividos deixaram uma marca que jamais será apagada: “mesmo os momentos menos agradáveis deixaram lições para o futuro: ao nível de adaptação a novas circunstâncias é de um valor inabalável. Aprendi a lidar com sítios sem condições de limpeza, aprendi a lidar com culturas completamente distintas. Aprendi a ser mais autónoma e mais capaz. Aprendi a desenrascar ea fazer contas à vida … O Interrail pode ser ainda mais caro se não preparamos bem as coisas. Quanto à experiência de convívio é um desafio enorme estar com as mesmas pessoas durante 24horas, 25 dias seguidos”. Quanto aos custos ambos estudantes disseram ter gasto uma média de 1200€ incluindo gastos com as viagens, o alojamento e alimentação. Para Alexandre a maior vantagem deste tipo de viagem é o dinheiro: “gastamos muito menos por cidade do que se visitássemos cada cidade isoladamente. Viajar de comboio pela Europa é muito fácil e permite- nos chegar aos centros das cidades sem passar por check-in e temos a oportunidade de ver paisagens fantásticas enquanto estamos nos comboios”. Se voltavam a repetir a experiência? Ambos dizem que sim. “Com outro percurso”, diz Inês, “adorava fazer algo assim noutro local como a América do Norte ou a Ásia”, acrescenta Alexandre. Turismo de polegar levantado e cartaz na mão A conhecida cena de uma pessoa, na berma da estrada com o polegar estendido e na outra mão mostra um cartaz com um destino escrito, é-nos apenas familiar dos filmes. Em Portugal, o costume de andar à boleia não é muito frequente, estando intimamente conotado com um acto de rebeldia de jovens com um espírito aventureiro. Nos quatro cantos do mundo, são várias as pessoas que, por vários motivos, pedem boleia a estranhos. Em alguns casos, fazem-no numa curta distância, mas quem o faça por centenas de quilómetros. Em alguns países, a modalidade revela- se fácil, segura e eficaz. Para alguns, “apanhar boleia” não é apenas uma forma de economizar na deslocação, significa bastante mais. Pedro Oliveira, antigo estudante da Turismo Jovem afasta-se do Convencional Por Daniela Teixeira Diana Ferreira Mariana Catarino Catarina Medeiros "Nem uma viagem de 13 horas entre Viena e Brasov nos abrandou e impediu de ser a melhor viagem entre todas as que fizemos" "Aprendi a lidar com sítios sem condições de limpeza, aprendi a lidar com culturas completamente distintas. Aprendi a ser mais autónoma e mais capaz. Aprendi a desenrascar ea fazer contas à vida" 10

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Um milkshake de factores como a crise económica, gosto em viajar,curiosidade por novas culturas e espírito de aventura levam milhares de jovens a procurar novas modalidades de turismo. O JUP decidiu falar com estudantes que deixaram o turismo convencional, praticando-o de forma mais aventureira e arriscada. Por Daniela Teixeira Diana Ferreira Mariana Catarino Catarina Medeiros Turismo de polegar levantado e cartaz na mão InterRail : de combóio pela Europa

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Cultura

Um milkshake de factores como a crise económica, gosto em v i a j a r , c u r i o s i d a d e por novas culturas e espírito de aventura levam milhares de jovens a procurar novas modalidades de turismo. O JUP decidiu falar comestudantes que deixaram o turismo convencional, praticando-o de formamais aventureira e arriscada.

InterRail:de combóio pela Europa

O interrail é um tipo de viagem que faz parte do imaginário da maior parte dos jovens. Criado em 1972, o interrail apareceu como sendo uma forma mais barata e mais livre dos jovens visitarem vários países da Europa.Alexandre Santos, estudante de Nutrição na FCNAUP, fez um interrail no Verão passado com mais cinco amigos, “a minha maior paixão sempre foi viajar” aponta Alexandre como motivo para ter feito um interrail. Já Inês Pedroso,estudante de Ciências de Comunicação, diz que no inicio foi a “curiosidade e a vontade de ultrapassar fronteiras” que a levou a fazer um interrail, coisa que já fazia parte do seu imaginário há muito tempo.Alexandre Santos percorreu 18 cidades de 11 países numa jornada de 25 dias pela Europa e afirma que todos os sítios pelos quais passou “têm o seu encanto”: Praga “ por ser das cidades mais bonitas que vi até hoje”, “Berlimpelas pessoas, pela cerveja, pela despreocupação, pela história, pela arte urbana…”, “Amesterdão pela diferença, pela liberdade”… diz, acrescentando sempre mais uma cidade e mais um motivo pelo qual o interrail que fez em Agosto deste ano se tornou inesquecível.Para Inês Pedroso todas as 11 cidades por onde passou com mais seis amigos nesta viagem, a marcaram de uma forma ou de outra. “As cidades de Itália

marcaram-me, muito aliás: são mais do que bonitas e com uma história incrível. Outra das cidades que mais me cativou foi, sem sombra de dúvida Berlim: Uma cidade marcada por umahistória recente e conservada, com uma cultura imensa, com pessoas de personalidade muito própria e com um movimento nocturno espectacular; Liubliana foi a cidade que me surpreendeu: Mais escondida e mais recatada, talvez aquela na qual pusemos expectativas mais baixas…revelou-se umacidade interessante”, afirma, dizendo que lhe custa não referir todas as outrascidades. Para Alexandre a melhor parte do Interrail foram as viagens entre as váriascidades em que aproveitaram

para se divertirem e se conhecerem melhor,“nem uma viagem de 13 horas entre Viena e Brasov nos abrandou e impediu de ser a melhor viagem entre todas as que fizemos”, diz. Inês diz que todos os momentos vividos deixaram uma marca que jamais será apagada: “mesmo osmomentos menos agradáveis deixaram lições para o futuro: ao nível de adaptação a novas circunstâncias é de um valor inabalável. Aprendi a lidar com sítios sem condições de limpeza, aprendi a lidar com culturas completamentedistintas. Aprendi a ser mais autónoma e mais capaz. Aprendi a desenrascar ea fazer contas à vida … O Interrail pode ser ainda mais caro se não preparamos bem as coisas. Quanto à experiência de convívio é um desafio enorme estar com as mesmas pessoas durante 24horas, 25 dias seguidos”. Quanto aos custos ambos estudantes disseram ter gasto uma média de 1200€incluindo gastos com as viagens, o alojamento e

alimentação. Para Alexandre a maior vantagem deste tipo de viagem é o dinheiro: “gastamosmuito menos por cidade do que se visitássemos cada cidade isoladamente. Viajar de comboio pela Europa é muito fácil e permite-nos chegar aos centrosdas cidades sem passar por check-in e temos a oportunidade de ver paisagens fantásticas enquanto estamos nos comboios”. Se voltavam a repetir a experiência? Ambos dizem que sim. “Com outropercurso”, diz Inês, “adorava fazer algo assim noutro local como a América do Norte ou a Ásia”, acrescenta Alexandre.

Turismo de polegar levantado e cartaz na mão

A conhecida cena de uma pessoa, na berma da estrada com o polegar estendido e na outra mão mostra um cartaz com um destino escrito, é-nos apenas familiar dos filmes. Em Portugal, o costume de andar à boleia não é muito frequente, estando

intimamente conotado com um acto de rebeldia de jovens com um espírito aventureiro. Nos quatro cantos do mundo, são várias as pessoas que, por vários motivos, pedem boleia a estranhos. Em alguns casos, fazem-no numa curta distância, mas há quem o faça por centenas dequilómetros. Em alguns países, a modalidade revela-se fácil, segura e eficaz. Para alguns, “apanhar boleia” não é apenas uma forma de economizar na deslocação, significa bastante mais. Pedro Oliveira, antigo estudante da

Turismo Jovem afasta-se do ConvencionalPor Daniela TeixeiraDiana FerreiraMariana CatarinoCatarina Medeiros

"Nem uma viagem de 13 horas entre Viena e Brasov nos abrandou e impediu de ser a melhor viagem entre todas as que fizemos"

"Aprendi a lidar com sítios sem condições de

limpeza, aprendi a lidar com culturas

completamentedistintas. Aprendi

a ser mais autónoma e mais capaz. Aprendi a desenrascar ea

fazer contas à vida"

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