pag 11

1
Faculdade de Economia praticou a modalidade várias vezes. Durante o ano lectivo de 2008/2009, esteve a estudar na Finlândia pelo programa Erasmus. Em conversa com um grande amigo e devido a alguma curiosidade pelo Hitchhiking (termo utilizado na língua britânica), Pedro decidiu viver esta experiência que, segundo o próprio “vai muito mais além do que poupar dinheiro”. Enquanto esteve de Erasmus, o antigo aluno da FEP visitou Helsínquia,Rovaniemi e Inari na Lapónia e também a Noruega. Depois do seu regresso a Portugal, Pedro sentiu saudade de andar boleia e decidiu fazer “uma viagem por Espanha”, em que passou por Zaragoza, Valencia, Alicante e Madrid. Pedro estima que percorreu cerca de 3mil km em viagens à boleia. Na sua primeira viagem, os familiares de Pedro não tinham conhecimento da sua aventura. Depois, explica que “como correu tudo bem, acharam piada, ainda chegaram a perguntar se o dinheiro que me davam não chegava, mas consegui explicar que não é uma questão de dinheiro. "Hoje em dia, os meus pais já estão habituados ao meu tipo de viagem e já confiam na minha análise das diferentes situações e pessoas”, diz. À conversa com Gonçalo Cadilhe, um dos maiores especialistas de turismo do país e cronista regular do jornal Expresso, confessa que para si andar à boleia “não é um último caso. Se puder gosto imenso”. O cronista fala da imprevisibilidade de viajar à boleia, em que “se vai à boleia sem datas marcadas e, sobretudo, com uma liberdade bestial “ e que é algo a que recorreu principalmente no início da sua carreira de viajante, quando não tinha que se fazer acompanhar de equipamentos de filmagem, como hoje acontece. Andar à boleia implica um certo perigo, Gonçalo Cadilhe concorda dizendo que “o medo também se aprende a controlar” e explica que o medo é menor quando vamos com amigos. Pedro Oliveira nunca foi sozinho nas suas viagens de Hitchhiking, “fui sempre com um ou dois amigos. Na minha opinião, dois é o número perfeito porque nem estás sozinho, o que muita gente pode achar estranho e nem estás com gente a mais”. Em Portugal, a modalidade não é muito comum, mas o especialista em viagens conhece países “onde é fácil andar à boleia porque há pouca gente com carro não serás o único. É muito comum na América Central as pessoas andarem à boleia nas carrinhas pikup”. Gonçalo Cadilhe aconselha os mais inexperientes a começar por se aventurarem à boleia em regiões tranquilas,usando como exemplo a sua experiência nas ilhas que, segundo ele, são geralmente muito tranquilas - “Aconselho a uma pessoa inexperiente se a boleia é nos Açores ou na Nova Zelândia. Não aconselho se a boleia é nos Estados Unidos ou na Europa.” Com o avançar dos anos, o número de pessoas que andam à boleia tem vindo a diminuir, afirma o posto de turismo do Porto. A razão que apontam para a diminuição desta prática deve-se à crescente acessibilidade dos transportes nos dias que correm que se tornam cada vez mais económicos, frequentes e eficazes. Pedro Oliveira, afirma que Hichhiking “é mais que um meio de deslocação, é um meio de conhecer pessoas novas e interessantes e é uma forma de viagem muito divertida. Numa das suas viagens na Lapónia, Pedro conta que conheceu uma jovem finlandesa num cenário altamente improvável. “Uma das boleias que mais me impressionou foi a de uma jovem, com 18 anos e que tinha a carta de condução há menos de um mês. Ia visitar a família e era linda de morrer. E, o mais engraçado da situação foi ela ter dado boleia a três rapazes que tinham passado dez dias a caminhar num parque nacional na Lapónia com barbas gigantes e com um aspecto nada interessante. Nesse dia parecia que o improvável nunca iria acontecer, mas aconteceu e tivemos uma viagem incrível com uma pessoa muito interessante”. Couchsurfing: mais que uma forma alternativa de viajar O couchsurfing é uma comunidade internacional de viajantes que procuram e disponibilizam um sofá, onde os “surfers” possam ficar durante um ou mais dias. No entanto, esta actividade não se limita a ser uma forma alternativa de viajar e poupar dinheiro no alojamento. Tem um quadro de princípios e objectivos próprios, que nada têm a ver com dinheiro. No couchsurfing pretende-se que os viajantes participem na vida das cidades que visitam, que conheçam e se adaptem à rotina de quem os recebe (ou de quem recebem), que interajam com pessoas que não conhecem e de diferentes culturas. Daniela Cerqueira, estudante da Universidade do Porto, aventurou-se recentemente no couchsurfing e revela que o objectivo “é receber alguém e ensinar-lhe um pouco da nossa cultura, a nível da gastronomia por exemplo, levar a conhecer a cidade” e os seus principais pontos de interesse. Daniela diz-nos que começou a fazer couchsurfing pelos “motivos errados”, ou seja, para “poupar dinheiro no alojamento”. Mas a verdadeira missão desta actividade “é conviver com o dia-a-dia de outras pessoas, de outros países, quando as pessoas vêm para tua casa tu ficas a conhecer a rotina delas (a que horas acordam, o que comem, o que gostam de fazer, como se vestem) ”.A exigência para ser “surfer” é apenas a da criação de um perfil no site (www.couchsurfing.org). Esse perfil terá informações sobre a casa (quantas pessoas se aceitam por noite, durante quantos dias, por exemplo, e informações pessoais (quais os gostos da pessoa, experiências de couchsurfing, formação académica, entre outras). Quando se quer ir para casa de alguém, tem que se fazer um request, onde se explica os motivos pelos quais se quer fazer couchsurfing, pedido que pode ou não ser aceite. Até agora, a Daniela só praticou a modalidade em Londres. Uma das situações “estranhas” com que se deparou foi ter que comer brócolos crus, algo que não costuma fazer, mas que faz parte dos hábitos ingleses. O que é verdadeiramente importante nesta actividade, e é comum a todos os “surfers”, é “a inter-ajuda e a vontade de aprender e de ensinar”. Numa cidade por um dia Os voos Low-cost são cada vez mais procurados por todos aqueles que apreciam uma boa viagem e gostam de uma boa pechincha numa viagem de avião. As companhias aéreas Low-cost são capazes de efectuar vários voos por dia a horários compatíveis com uma chegada a um novo país e um retorno a casa no mesmo dia. A vantagem, consiste na visita à cidade por apenas um dia sem gastos relativos à estadia. O número de turistas por um dia na cidade do Porto tem vindo a crescer, constata o posto de turismo do Porto. Normalmente, são espanhóis oriundos das zonas fronteiriças que visitam o Porto por um dia e pedem informações de locais a visitar no posto de turismo. O posto de turismo do Porto não dispõe ainda de iniciativas e programas especiais para este recente tipo de turismo, mas é uma possibilidade para o futuro. Para Gonçalo Cadilhe o turismo por um dia parece-lhe pouco inteligente devido ao impacto negativo que o uso do avião tem para a o ambiente, afirmando que “é necessário ter uma relação sensata com a ecologia”. Para o profissional de viagens é necessário que as pessoas saibam gerir o seu tempo, “organizando a sua vida de maneira a, com pouco dinheiro, conseguir tempo para que todos os custos sejam repartidos por vários dias”. Pedro Oliveira, antigo estudante de Economia, já pensou várias vezes em ser turista por um dia, porém explica que prefere permanecer mais do que um dia numa cidade pois nos dias de hoje já nos são disponibilizadas muitas formas de contornar grandes despesas numa viagem. in JUP (adaptado) "A verdadeira missão do couchsurfing é receber alguém e ensinar-lhe um pouco da nossa cultura." Interrail é um tipo de viagem cada vez mais popular Quem o diz é a CP. As vendas de bilhetes aumentaram muito significativamente nos últimos anos: em 2009 venderam-se mais 1076 passes que em 2005. Ano 2005 : 2058 passes vendidos Ano 2006: 2291 Ano 2007 :2838 Ano 2008 : 3103 Ano 2009 : 3134 dados da CP 11 InterNacional, 14 de Dezembro 2010

description

Couchsurfing: mais que uma forma alternativa de viajar Numa cidade por um dia InterNacional, 14 de Dezembro 2010 in JUP (adaptado) Os voos Low-cost são cada vez mais procurados por todos aqueles que apreciam uma boa viagem e gostam de uma boa pechincha numa viagem de avião. As companhias aéreas Low-cost são capazes de efectuar vários voos por dia a horários compatíveis com uma chegada a um novo país e um retorno a casa no mesmo dia. A vantagem, consiste na visita à cidade dados da CP

Transcript of pag 11

Page 1: pag 11

Faculdade de Economia já praticou a modalidade várias vezes. Durante o ano lectivo de 2008/2009, esteve a estudar na Finlândia pelo programa Erasmus. Em conversa com um grande amigo e devido a alguma curiosidade pelo Hitchhiking (termo utilizado na língua britânica), Pedro decidiu viver esta experiência que, segundo o próprio “vai muito mais além do que poupar dinheiro”.Enquanto esteve de Erasmus, o antigo aluno da FEP visitou Helsínquia,Rovaniemi e Inari na Lapónia e também a Noruega. Depois do seu regresso a Portugal, Pedro sentiu saudade de andar boleia e decidiu fazer “uma viagem por Espanha”, em que passou por Zaragoza, Valencia, Alicante e Madrid. Pedro estima que percorreu cerca de 3mil km em viagens à boleia. Na sua primeira viagem, os familiares de Pedro não tinham conhecimento da sua aventura. Depois, explica que “como correu tudo bem, acharam piada, ainda chegaram a perguntar se o dinheiro que me davam não chegava, mas consegui explicar que não é uma questão de dinheiro. "Hoje em dia, os meus pais já estão habituados ao meu tipo de viagem e já confiam na minha análise das diferentes situações e pessoas”, diz. À conversa com Gonçalo Cadilhe, um dos maiores especialistas de turismo do país e cronista regular do jornal Expresso, confessa que para siandar à boleia “não é um último caso. Se puder gosto imenso”.O cronista fala da imprevisibilidade de viajar à boleia, em que “se vai à boleia sem datas marcadas e, sobretudo, com uma liberdade bestial “ e que é algo a que recorreu principalmente no início da sua carreira de viajante, quando não tinha que se fazer acompanhar de equipamentos de filmagem,

como hoje acontece. Andar à boleia implica um certo perigo, Gonçalo Cadilhe concorda dizendo que “o medo também se aprende a controlar” e explica que o medo é menor quando vamos com amigos. Pedro Oliveira nunca foi sozinho nas suas viagens de Hitchhiking, “fui sempre com um ou dois amigos. Na minha opinião, dois é o número perfeito porque nem estás sozinho, o que muita gente pode achar estranho e nem estás com gente a mais”. Em Portugal, a modalidade não é muito comum, mas o especialista em viagens conhece países “onde é fácil andar à boleia porque há pouca gente com carro não serás o único. É muito comum na América Central as pessoas andarem à boleia nas carrinhas pikup”. Gonçalo Cadilhe aconselha os mais inexperientes a começar por se aventurarem à boleia em regiões tranquilas,usando como exemplo a sua experiência nas ilhas que, segundo ele, são geralmente muito tranquilas - “Aconselho a uma pessoa inexperiente se a boleia é nos Açores ou na Nova Zelândia. Não aconselho se a boleia énos Estados Unidos ou na Europa.”Com o avançar dos anos, o número de pessoas que andam à boleia tem vindo a diminuir, afirma o posto de turismo do Porto. A razão que apontam para a diminuição desta prática deve-se à crescente acessibilidade dos transportes nos dias que correm que se tornam cada vez mais económicos, frequentes e eficazes. Pedro Oliveira, afirma que Hichhiking “é mais que um meio de deslocação, é um meio de conhecer pessoas novas e interessantes e é uma forma de viagem muito divertida. Numa das suas viagens na Lapónia, Pedro conta que conheceu uma jovem finlandesa num cenário altamente improvável.

“Uma das boleias que mais me impressionou foi a de uma jovem, com 18 anos e que tinha a carta de condução há menos de um mês. Ia visitar a família e era linda de morrer. E, o mais engraçado da situação foi ela ter dado boleia a três rapazes que tinham passado dez dias a caminhar num parque nacional na Lapónia com barbas gigantes e com um aspecto nada interessante. Nesse dia parecia que o improvável nunca iria acontecer, mas aconteceu e tivemos uma viagem incrível com uma pessoa muito interessante”.

Couchsurfing: mais que uma forma alternativa de viajar

O couchsurfing é uma comunidade internacional de viajantes que procuram e disponibilizam um sofá, onde os “surfers” possam ficar duranteum ou mais dias. No entanto, esta actividade não se limita a ser uma forma alternativa de viajar e poupar dinheiro no alojamento. Tem um quadro de princípios eobjectivos próprios, que nada têm a ver com dinheiro. No couchsurfing pretende-se que os viajantes participem na vida das cidades que visitam, queconheçam e se adaptem à rotina de quem os recebe (ou de quem recebem), que interajam com pessoas que não conhecem e de diferentes culturas.Daniela Cerqueira, estudante da Universidade do Porto, aventurou-se recentemente no couchsurfing e revela que o objectivo “é receber alguém e ensinar-lhe um pouco da nossa cultura, a nível da gastronomia por exemplo, levar a conhecer a cidade” e os seus principais pontos de interesse.Daniela diz-nos que começou a fazer couchsurfing pelos “motivos errados”, ou seja,

para “poupar dinheiro no alojamento”. Mas a verdadeira missão desta actividade “é conviver com o dia-a-dia de outras pessoas, de outros países, quando as pessoas vêm para tua casa tu ficas a conhecer arotina delas (a que horas acordam, o que comem, o que gostam de fazer, como se vestem) ”.A exigência para ser “surfer” é apenas a da criação de um perfil no site (www.couchsurfing.org). Esse perfil terá informações sobre a casa (quantas pessoas se aceitam por noite, durante quantos dias, por exemplo, e informações pessoais (quais os gostos da pessoa, experiências de couchsurfing, formação académica, entre outras). Quando se quer ir para casa de alguém, tem que se fazer um request, onde se explica os motivos pelos quais se quer fazer couchsurfing, pedido que pode ou não ser aceite.Até agora, a Daniela só praticou a modalidade em Londres. Uma das situações “estranhas” com que se deparou foi ter que comerbrócolos crus, algo que não costuma fazer, mas que faz parte dos hábitos ingleses.O que é verdadeiramente importante nesta actividade, e é comum a todos os “surfers”, é “a inter-ajuda e a vontade de aprender e de ensinar”.

Numa cidade por um dia

Os voos Low-cost são cada vez mais procurados por todos aqueles queapreciam uma boa viagem e gostam de uma boa pechincha numa viagem de avião. As companhias aéreas Low-cost são capazes de efectuar vários voospor dia a horários compatíveis com uma chegada a um novo país e um retorno a casa no mesmo dia. A vantagem, consiste na visita à cidade

por apenas um dia sem gastos relativos à estadia.O número de turistas por um dia na cidade do Porto tem vindo a crescer,constata o posto de turismo do Porto. Normalmente, são espanhóis oriundos das zonas fronteiriças que visitam o Porto por um dia e pedem informações de locais a visitar no posto de turismo. O posto de turismo do Porto não dispõe ainda de iniciativas e programas especiais para este recente tipo de turismo, mas é uma possibilidade para o futuro.Para Gonçalo Cadilhe o turismo por um dia parece-lhe pouco inteligente devido ao impacto negativo que o uso do avião tem para a o ambiente,afirmando que “é necessário ter uma relação sensata com a ecologia”. Para o profissional de viagens énecessário que as pessoas saibam gerir o seu tempo, “organizando a sua vida de maneira a, com pouco dinheiro, conseguir tempo para que todos os custossejam repartidos por vários dias”. Pedro Oliveira, antigo estudante deEconomia, já pensou várias vezes em ser turista por um só dia, porém explicaque prefere permanecer mais do que um dia numa cidade pois nos dias de hoje já nos são disponibilizadas muitas formas de contornargrandes despesas numa viagem.

in JUP (adaptado)

"A verdadeira missão do

couchsurfing é receber alguém

e ensinar-lhe um pouco da nossa

cultura."

Interrail é um tipo de viagem cada vez mais popular

Quem o diz é a CP. As vendas de bilhetes aumentaram muito significativamente nos últimos anos: em 2009 venderam-se mais 1076 passes que em 2005.

Ano 2005 : 2058 passes vendidosAno 2006: 2291Ano 2007 :2838Ano 2008 : 3103Ano 2009 : 3134

dados da CP

11InterNacional, 14 de Dezembro 2010