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Música
Concerto 30 seconds to Mars16/12/10 no Pavilhão Atlântico
Bailado: Quebra Nozes Moscow Tcaikovski Ballet20/12/10 no Teatro Tivoli
Bailado: La SylphideAté 18/12/10 no Teatro São Carlos
InterNacional
O Quarto de Brinquedos18/12/10 Teatro Sá da Bandeira
Cinema
Paisagens, onde o Negro é cor16-18/12/10 Teatro Nacional S.João
1974Até 21/1/11 Teatro Nacional S.João
EntrelaçadosEstreia dia 16/12/10Cinemas Lusomundo
Stone, ninguém é InocenteEstreia dia 16/12/10Cinemas Lusomundo
O amor é melhor a doisEstreia dia 16/12/10Cinemas Lusomundo
Chove. São 6.30 mas o Sol ainda não dá sinais de querer nascer. Pela rua ouço apenas o toc toc dos meus sapatos e, uma ou outra vez, o barulho de um carro que passa.Chego à paragem onde já se aglomeram guarda-chuvas ansiosos que esperam pelo autocarro. Ao badalar do sino da igreja, que a esta hora parece mais perto, o autocarro chega. Entro. Já não há lugares sentados e resta-me passar os 50 minutos da viagem em pé, tal como muitos outros. A água que escorre dos guarda-chuvas faz um pequeno regato no autocarro. Entram as últimas pessoas: uma mulher com uma criança de colo e outra pela mão, um senhor de meia idade está com dificuldade em fechar o guarda-chuva: preto, velho e ferrugento.Andar de autocarro às 6.30 da manhã faz-me sempre
ficar a pensar na vida, no sentido da existência, sei lá, em coisas mais profundas do que a altura do dia poderia prometer. O autocarro das 6.30 é especial. Talvez porque estar frio, por chover e por ainda ser noite. Ou talvez não seja por nenhum destes motivos. Andar de autocarro tão cedo desperta-me a consciência para o ócio dos dias comuns quando considero que acordar às 9 devia ser proibido. É como se o acordar cedo dos outros me aborrecesse a mim própria, ou, pela primeira vez na vida, a minha preguiça me incomodasse. É um choque de vida real. Acordar ainda durante a noite, o sono, de tão pequeno, não deixa que os sonhos germinem. Fazer pela vida, cada dia mais um passo na independência, mais uma conquista de liberdade. De a noite ser tão curta, aprende-se a sonhar acordado. É pelos olhares sonhadores (ou sonolentos?) das pessoas que viajam no autocarro das 6.30 que desenvolvi a ideia de que a adversidade é um ancoradouro de sonhos. Porque as adversidades parecem não ter fim, e os sonhos, esses, não têm limites: reproduzem-se até ao infinito.
CróniCa: Seis e Meia
Daniela Teixeira
Teatro
Agenda Cultural