Página CNA derruba mitos no Fórum Mundial da Água · a CNA elaborou uma cartilha que confronta...

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Página 13 Realizado pela primeira vez na América Latina - no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF), entre os dias 18 e 23 de março -, o Fórum Mundial da Água teve forte participação de repre- sentantes dos produtores rurais brasileiros. Decidido a derrubar o mito de que a agricultura é “vilã hídrica”, o Sistema CNA esteve presente com estande próprio, elaborou cartilhas, participou de debates técnicos, apresentou estudo inédito em parceria com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e lan- çou o Programa Nacional de Irrigação do Senar e a Comissão de Irrigação da CNA. O Fórum é organizado a cada três anos pelo Conselho Mundial da Água, entidade formada por mais de 300 ins- tituições de mais de 50 paí- ses. A expectativa inicial era receber 45 mil pessoas, entre pesquisadores, autoridades, re- presentantes de entidades de classe, empresários e outros, para discutir pontos como o uso racional e sustentável da água pela sociedade. Em outras palavras, a oitava edição foi uma boa oportunidade de mostrar ao mundo que o Brasil produz alimentos de forma sustentável. “Aproveitamos o momento para desmistificar algumas questões e mostrar que o produtor rural, mais do que ninguém, cuida da água e da terra. Se ele destruir os mananciais, estará destruin- do seu próprio patrimônio”, afirmou o presidente da CNA, João Martins. Especialmente para o evento, a CNA elaborou uma cartilha que confronta mitos envolven- do a atividade agropecuária. Entre eles, os de que 70% da água no Brasil é usada para a irrigação, pivô central usa muita água e irrigação causa falta de água nas cidades. “Se a questão é escassez, o produtor rural tem mais soluções do que problemas”, destaca o coorde- nador de sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias Filho. Além de a própria legislação brasileira deixar claro que a prioridade do uso é garantir o abastecimento humano e sanar CNA derruba mitos no Fórum Mundial da Água a sede dos animais (somente o excedente hídrico pode ser uti- lizado pela agricultura) e o fato de a irrigação oferecer às plantas quantidade ajustada e reduzir desperdícios, os produtores rurais ainda contribuem para a recarga de aquíferos e na formação de estoques de água, que acabam alimentando os cursos d’água, lembrou a entidade. Além disso, CNA e FAO mostraram, por meio de estudo inédito, que o Brasil tem po- tencial para duplicar as áreas irrigadas: são quase 6 milhões de hectares com condições naturais para produção. Os dados estão no livro “Agricultura Irrigada Sustentável no Brasil: Identificação de Áreas Prioritárias”, lançado dia 20 de março, no espaço do Sistema CNA. A ideia é dispo- nibilizar informações relevantes, obtidas sob critérios técnicos, ambientais, de infraestrutura e disponibilidade hídrica, para entidades públicas, privadas, pesquisadores, estudantes e sociedade em geral. Está dis- ponível no site da CNA. O estímulo ao uso da água para obter melhores produtivi- dades na agricultura brasilei- ra também deve ganhar força com o lançamento do Programa Nacional de Irrigação do Senar. De acordo com o diretor-geral do Senar, Daniel Carrara, a ação pretende dar as condições ne- cessárias aos produtores para gerir sistemas de forma correta e ser mais eficiente no uso do recurso em sua propriedade. O programa tem 116 horas/aula e material didático exclusivo, e cada curso pode ser feito se- paradamente, de acordo com o interesse do produtor e com certificação. A meta capacitar mil produtores em 2018, entre os cursos de manejo da irriga- ção, sistemas de irrigação por afirmou o primeiro. A comissão é composta por CNA, federa- ções estaduais de agricultura e pecuária e associações de irri- gantes e agora atua como ponto focal de discussões das ações, políticas e posicionamentos do setor sobre o uso da água para a agropecuária. O trabalho será feito diretamente nas discus- sões no Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no Executivo e no Legislativo. O lançamento contou com dezenas de produ- tores rurais, autoridades, par- lamentares e representantes do setor produtivo. O espaço do Sistema CNA ainda envolveu experiências gastronômicas e palestras temáticas de várias cadeias produtivas como café, horti- cultura, cana-de-açúcar, frutas, cereais, pecuária, piscicultu- ra, aves e suínos. Até mesmo o vice-ministro de Recursos Hídricos da China, Zhou Xuewen, visitou o local. Houve ainda participação em debates téc- nicos como o “Painel de alto nível: água para alimentação e agricultura”, que reuniu líderes como Blairo Maggi (Mapa), Maurício Lopes (Embrapa), Isabel García Tejerina (ministra da Agricultura da Espanha) e Claudia Sadoff (International Water Management Institute). aspersão, irrigação localizada, irrigação por superfície, fer- tirrigação e gestão de energia elétrica na irrigação. Da mesma forma, a atuação política também saiu fortalecida do 8º Fórum Mundial da Água com a criação da Comissão Nacional de Irrigação da CNA. Martins e o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Odilson Silva, assinaram a portaria du- rante o evento. “A CNA vai fazer tudo que for necessário para que a irrigação no Brasil, que significa menos de 7 mi- lhões de hectares, possa a médio prazo dobrar a área irrigada”, Martins ressaltou a preocupação do produtor brasileiro em preservar os recursos naturais Espaço da entidade no Itamaraty teve palestras sobre diversas culturas agropecuárias

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Realizado pela primeira vez na América Latina - no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF), entre os dias 18 e 23 de março -, o Fórum Mundial da Água teve forte participação de repre-sentantes dos produtores rurais brasileiros. Decidido a derrubar o mito de que a agricultura é “vilã hídrica”, o Sistema CNA esteve presente com estande próprio, elaborou cartilhas, participou de debates técnicos, apresentou estudo inédito em parceria com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e lan-çou o Programa Nacional de Irrigação do Senar e a Comissão de Irrigação da CNA.

O Fórum é organizado a cada três anos pelo Conselho Mundial da Água, entidade formada por mais de 300 ins-tituições de mais de 50 paí-ses. A expectativa inicial era receber 45 mil pessoas, entre pesquisadores, autoridades, re-presentantes de entidades de classe, empresários e outros, para discutir pontos como o uso racional e sustentável da água pela sociedade. Em outras palavras, a oitava edição foi uma boa oportunidade de mostrar ao mundo que o Brasil produz alimentos de forma sustentável. “Aproveitamos o momento para desmistificar algumas questões e mostrar que o produtor rural, mais do que ninguém, cuida da água e da terra. Se ele destruir os mananciais, estará destruin-do seu próprio patrimônio”, afirmou o presidente da CNA, João Martins.

Especialmente para o evento, a CNA elaborou uma cartilha que confronta mitos envolven-do a atividade agropecuária. Entre eles, os de que 70% da água no Brasil é usada para a irrigação, pivô central usa muita água e irrigação causa falta de água nas cidades. “Se a questão é escassez, o produtor rural tem mais soluções do que problemas”, destaca o coorde-nador de sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias Filho. Além de a própria legislação brasileira deixar claro que a prioridade do uso é garantir o abastecimento humano e sanar

CNA derruba mitos no Fórum Mundial da Água

a sede dos animais (somente o excedente hídrico pode ser uti-lizado pela agricultura) e o fato de a irrigação oferecer às plantas quantidade ajustada e reduzir desperdícios, os produtores rurais ainda contribuem para a recarga de aquíferos e na formação de estoques de água, que acabam alimentando os cursos d’água, lembrou a entidade.

Além disso, CNA e FAO mostraram, por meio de estudo inédito, que o Brasil tem po-tencial para duplicar as áreas irrigadas: são quase 6 milhões de hectares com condições naturais para produção. Os dados estão no livro “Agricultura Irrigada Sustentável no Brasil: Identificação de Áreas Prioritárias”, lançado dia 20 de março, no espaço do Sistema CNA. A ideia é dispo-nibilizar informações relevantes, obtidas sob critérios técnicos, ambientais, de infraestrutura e disponibilidade hídrica, para entidades públicas, privadas, pesquisadores, estudantes e sociedade em geral. Está dis-ponível no site da CNA.

O estímulo ao uso da água para obter melhores produtivi-dades na agricultura brasilei-ra também deve ganhar força com o lançamento do Programa Nacional de Irrigação do Senar. De acordo com o diretor-geral do Senar, Daniel Carrara, a ação pretende dar as condições ne-cessárias aos produtores para gerir sistemas de forma correta e ser mais eficiente no uso do recurso em sua propriedade. O

programa tem 116 horas/aula e material didático exclusivo, e cada curso pode ser feito se-paradamente, de acordo com o interesse do produtor e com certificação. A meta capacitar mil produtores em 2018, entre os cursos de manejo da irriga-ção, sistemas de irrigação por

afirmou o primeiro. A comissão é composta por CNA, federa-ções estaduais de agricultura e pecuária e associações de irri-gantes e agora atua como ponto focal de discussões das ações, políticas e posicionamentos do setor sobre o uso da água para a agropecuária. O trabalho será

feito diretamente nas discus-sões no Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no Executivo e no Legislativo. O lançamento contou com dezenas de produ-tores rurais, autoridades, par-lamentares e representantes do setor produtivo.

O espaço do Sistema CNA ainda envolveu experiências gastronômicas e palestras temáticas de várias cadeias produtivas como café, horti-cultura, cana-de-açúcar, frutas, cereais, pecuária, piscicultu-ra, aves e suínos. Até mesmo o vice-ministro de Recursos Hídricos da China, Zhou Xuewen, visitou o local. Houve ainda participação em debates téc-nicos como o “Painel de alto nível: água para alimentação e agricultura”, que reuniu líderes como Blairo Maggi (Mapa), Maurício Lopes (Embrapa), Isabel García Tejerina (ministra da Agricultura da Espanha) e Claudia Sadoff (International Water Management Institute).

aspersão, irrigação localizada, irrigação por superfície, fer-tirrigação e gestão de energia elétrica na irrigação.

Da mesma forma, a atuação política também saiu fortalecida do 8º Fórum Mundial da Água com a criação da Comissão Nacional de Irrigação da CNA. Martins e o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Odilson Silva, assinaram a portaria du-rante o evento. “A CNA vai fazer tudo que for necessário para que a irrigação no Brasil, que significa menos de 7 mi-lhões de hectares, possa a médio prazo dobrar a área irrigada”,

Martins ressaltou a preocupação do produtor brasileiro em preservar os recursos naturais

Espaço da entidade no Itamaraty teve palestras sobre diversas culturas agropecuárias