Pai – amor, afeto e cuidado - gleg.com.brgleg.com.br/arqs/noticias/pdf/2481.pdf · bucólico...

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Não julgues! “Ajude ao que erra; seus pés pisam o mesmo chão, e, se você tem possibilidade de corrigir, não tem o direito de censurar” (Allan Kardec, educador, autor e tradutor francês) OPINIÃO PÚBLICA Diário da Manhã www.dm.com.br Editado por Unigraf Unidas Gráfica e Editora Ltda. Fundado em 12 de março de 1980 Av. Anhanguera, 2.833, Setor Leste Universitário. OpiniãoPública Editora: Meyrithania Michelly Diagramador: Denis Silva Oliveira Contatos: 3267-1147 ([email protected]) FUNDADOR: Fábio Nasser Custódio dos Santos / PRESIDENTE: Júlio Nasser EDITOR-GERAL: BATISTA CUSTÓDIO / EDITORA-EXECUTIVA: Sabrina Ritiely DIRETOR DE REDAÇÃO: Arthur da Paz 2 GOIÂNIA, DOMINGO, 12 DE AGOSTO DE 2018 DM.COM.BR Diário da Manhã Este Segundo Domingo do mês de agosto é destinado às comemo- rações da Vocação Familiar, por is- so comemora-se o Dia dos Pais. Ce- lebra-se a vocação da família na pessoa do pai. Em tempos de vio- lência e perda de valores, a valoriza- ção da família é essencial para a so- ciedade como um todo. A família é chamada por Deus a ser testemu- nha do amor e da fraternidade, co- laboradora da obra da Criação. O Pai, na família, é fundamental! Seu papel de educador, em colabo- ração com a mãe, é um dos pilares da unidade e bem-estar familiar, cujos frutos são filhos bem forma- dos e conscientes do que significa ser cristão e cidadão. O pai é repre- sentante legítimo de Deus perante os filhos e é sua missão conduzi-los nos caminhos de Cristo, da verda- de, da justiça e da paz. Cabe aos pa- is orientar os filhos de tal forma, que o seu lar seja permeado pelo amor, segurança e harmonia. O pai, como patriarca da família hoje, tem uma conotação diferenci- ada do que se estabeleceu de patri- arcado do Brasil Colônia, quando a sociedade no período do açúcar era marcada pela grande diferenciação social. No topo da sociedade, com poderes políticos e econômicos, es- tavam os senhores de engenho; abaixo, aparecia uma camada mé- dia formada por trabalhadores li- vres e funcionários públicos. E na base da sociedade estavam os es- cravos de origem africana. Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exercia um grande po- der social. As mulheres tinham poucos poderes e nenhuma partici- pação política, deviam apenas cui- dar do lar e dos filhos. Já na Bíblia, antes de Cristo, a ideia de patriarcado tinha o pai co- mo o líder da família (Gênesis 22:10; 28:24), o chefe militar, sacerdote da família, o profeta da família. Dessa forma, hoje nossa sociedade, ainda preserva o legado patriarcal no senti- do cristão, embora, lamentavelmen- te, alguns desvarios de nossa socie- dade ainda estão presentes na famí- lia, em relação às mulheres e aos fi- lhos. A ideia de patriarcado com re- ferência na Bíblia Sagrada, não se confunde com o patriarcado viven- ciado no Brasil Colonial. No entanto, modernamente, o pai vive todas as situações de conjunto, em que os membros que formam o lar são pro- tagonistas de uma mesma história. Ali partilham com igual intensidade todas as alegrias, todas as tarefas e todos os problemas em conjunto, formando o grupo mais importante de uma sociedade – a família. Ser pai é assim, cuidar como se fosse mãe e como se fosse filho. É sentir, é ter compromisso, é amar, é doar-se. É ter a alegria de poder di- zer que tem uma família e de ser correspondido, em todos os dias, no aconchego do lar. Ser pai é ser dócil para dizer sim e ser pai para dizer não, sobretudo, quando a mãe se sente enfraquecida. É olhar cada dia da vida como uma dádiva. É cumprir o significado de patriar- ca, no sentido mais democrático possível! Tendo como base o diálo- go. É essencial para os filhos, que eles compreendam que os mais ve- lhos têm a soberania da experiên- cia, respaldos na cultura do bem e da harmonia. Ser pai é correr no parque com seu filho, rolar no chão, estar atento aos gestos mais singelos da criança ou do jovem. A família está carente de pai, tendo em vista que o pai, mais que a mãe, está sempre fora, mas os momen- tos são eternos se bem aproveita- dos e os filhos jamais esquecerão aquele gesto de amor. Ser pai é vi- venciar todas as alegrias da paterni- dade, sem descuidar da autoridade de pai, que educa com base valores da família, para a boa convivência na sociedade. Que neste Dia dos Pais, todos os pais, desde os iniciantes desta mis- são, aos que já estão colhendo os frutos de anos de dedicação aos seus filhos pelos anos idos, sejam notados dentro da família e sejam referenciados pela doçura de fazer perpetuar a família de Deus. ( Secretária Munici- pal de Políticas para as Mulheres, Cantora e Bacharel em Direito) Célia Valadão Pai – amor, afeto e cuidado Especial para OPINIÃOPÚBLICA Era perto das 17 horas, isso de fim de tarde, e a única coisa a fazer até o pôr do sol era matar tempo. E matar tempo, quando se está nas ruas, sugere-nos os primórdios da humanidade. Ou seja, em lugar do bucólico banco de jardim, escolha prosaica de poucas décadas passa- das, busquei a luminosa e colorida caverna das lojas sofisticadas – um xópin na Rua 9, no setor Oeste. To- mei café (caro demais para o tama- nho da xícara), apreciei capas de li- vros, ouvi dos vendedores a lingua- gem das feiras-livres (vendedores de livros não entendem de livros – muito menos da linguagem espera- da num ambiente de livraria). Andei à toa, porque tinha de es- perar o fim da tarde. Ocorreu-me comprar pães, que naquele empó- rio são de ótima qualidade. Cha- mou-me a atenção uma linda me- nina em seus dez anos, devidamen- te assistida pela avó, que determi- nava à mãe da pequena (e filha de- la, a avó): – Dê-lhe cinco reais, ela quer sor- vete. Afastei-me – o assunto não era da minha conta, e não é de bom- tom ouvir conversas alheias. Po- rém, nos minutos seguintes passá- vamos pela caixa – atrás de mim, a mãe contestava: -– Não vai tomar sorvete, isso não é bom. E a avó: – Ora, ela quer! E se ela quer, que mal há nisso? Você, nessa idade, to- mava vários por dia. E comia dois big-mac de uma vez! – Mas eu sofri muito, não lem- bra? Sofri muito para emagrecer – justificava a mãe da menina. – Mas venceu, – tentava finalizar a avó, em defesa da neta – pois está aí muito bonita e magra! Como se vê, não pude evitar... E não me limitei a ouvir. Dei logo um palpite, dirigindo-me à filha-mãe: – Muito bem, você é mãe e lhe compete educar. Mas a avó, não, avó e avô existem para deseducar. A vovó ficou feliz: – Isso mesmo! Eu quero que mi- nha neta não passe vontade, vamos lhe dar o sorvete! A mãe, a essa altura, quase se da- va por vencida, mas não ocultava o desagrado. Foi então que me senti intrometido e inconveniente, mas o riso era incontido e, parece-me, isso deixou a mãe mais aborrecida. Já não lhe bastava sentir-se mortadela de sanduíche, entre a própria mãe a e menina filha, aparecia este velho a se meter na questão. Quando consegui dominar a ri- sada, tentei me justificar: – A senhora me perdoe dar pita- cos e rir assim. Sinto que a pequeni- na vai ganhar a causa, pois tem a avó por advogada. Paguei minha conta e me afastei impune. No íntimo, cuidava de fa- zer uma autoanálise e, obviamente, perdoava-me por entrar no que nem era da minha alçada – ou com- petência. Mas, principalmente, ves- tia a carapuça de avô – esse parente que tanto se faz feliz pelos netos. E temos de continuar assim, sem dúvida! Afinal, em pouquíssimos anos, tantos os netos quanto os pais deles nos terão esquecido. ( é jornalista e escritor, membro da Acade- mia Goiana de Letras) Luiz de Aquino Avós são pais sem broncas Especial para OPINIÃOPÚBLICA “O pai do justo exultará de júbilo; quem tem filho sábio nele se alegra”. Provérbios 23,24 Mais uma vez chegamos ao se- gundo domingo de agosto e come- moramos o Dia dos Pais. Data des- tinada a reverenciarmos os guer- reiros que assumem com distinção a tarefa de encarar os maiores de- safios e defender, até com sua pró- pria vida se preciso for, sua família, seus filhos e esposa e quem mais estiver sob seu manto. O dia que rendemos homenagens aos pais deve ser também um momento de reflexão sobre a missão dada aos homens que são brindados com a paternidade e, principalmente, so- bre a alegria de compartilhar a edi- ficação das vidas de nossos filhos. Um pai é essencialmente um indivíduo a quem foi dado um prê- mio especial de preparar uma no- va existência, provendo, acalen- tando, protegendo e educando. Ser pai é isso tudo e mais alguma coisa. Um homem a quem foi con- fiada a missão da paternidade pre- cisa estar ciente de que isso não é pra qualquer um e que somente quem é digno de servir de modelo para seus filhos pode desejar ser chamado de pai na grandiosidade que o termo encerra. A maçonaria universal impõe aos integrantes de nossa fraterni- dade o compromisso inquebran- tável com valores morais e huma- nistas que transcendem gerações. Para ser aceito em nosso meio o homem precisa acreditar em Deus e na imortalidade da alma e isso nos leva à reflexão que os sentidos do maçom precisam estar sempre em sintonia com o que nos dita os ordenamentos do Grande Arquite- to Do Universo que estão muito claros na Bíblia, que chamamos Li- vro da Lei. Neles estão os indicado- res de como um homem precisa se pautar para ser considerado pai, não apenas aquele que fornece o material genético. Amor. Esse é o primeiro manda- mento. Amar incondicionalmente como pai é uma missão que so- mente homens em sua plenitude podem se orgulhar de fazer. Amar envolve todas essas outras mani- festações de apreço, porque o pai que mostra amoroso e exerce isso todos os dias se entrega de corpo e alma para que seus filhos tenham o melhor em suas vidas. Esse é o fun- damento maior por garantir que o filho e protegido se sinta amado e que é importante para quem lhe dedica esse sentimento. Proteção é outro valor que em nossos ensinamentos maçônicos exortamos nossos irmãos a prati- carem. Um pai precisa ser um guerreiro destemido e não permi- tir que nenhuma ameaça leve me- do e receio ao núcleo de sua famí- lia. Junto de seus filhos está a ama- da a quem ele devota respeito e partilha a vida. Portanto, a um pai não é permitido fraquejar, vacilar ou faltar com o compromisso de se postar à frente de sua família e im- pedir que nada seja desagregador ou negativo. Um pai precisa ser também a fonte de ensinamentos engrande- cedores para seus filhos porque quem ama e protege educa de igual forma e não pode ficar sepa- rado disso. Educar é uma ação que envolve instruir com lições de vida e de sabedoria para que seus filhos se orientem no caminho do bem, da virtude e da verdade e sejam melhores em todos os sentidos. Mas, é também ensinar com o exemplo de vida de retidão e de respeito à dignidade humana. Um homem que assume a tarefa de ser pai precisa ensinar a seus filhos por exemplo a respeitarem sua esposa, que é a mãe desses filhos, para que os meninos aprendam a respeitar igualmente as mulheres porque uma dessas poderá ser sua esposa e a mãe dos seus filhos. Também para que suas filhas aprendam a grandeza que reside em um ho- mem que ama e respeita, dando- lhe honra e dignidade como mu- lher, esposa e mãe. Mas, um pai precisa também saber relevar fa- lhas e limitações e perdoar sempre os deslizes de seus filhos. Precisa chamar para si a responsabilidade de corrigir os rumos com candura e extrema cautela para que nada se perca. Porque ser pai é também não desistir nunca, sob nenhum aspecto, sob nenhuma condição e repetir sempre a mesma lição para que o efeito seja salutar. Um homem que recebe o galar- dão de ser pai tem por recompen- sa a ventura de ver o produto de sua dedicação se mostrar melhora- da e brilhante para a vida. Os filhos precisam ser então melhores que seus pais para que o sentido da evolução seja plenamente visto e conhecido. A ventura maior de pai e ver que seus filhos se tornaram melhores do que ele foi, realizaram mais obras admiráveis do que ele fez em sua vida e sejam obreiros na construção de um mundo melhor, mais justo e fraterno com mais in- tensidade do que esses pais foram. O Grande Arquiteto Do Univer- so, em sua infinita bondade e sabe- doria, delega funções a seus obrei- ros para que repartam entre a hu- manidade o bem, a paz, a harmo- nia e promovam a concórdia onde vivam. Ser pai é praticar à exaustão tudo isso e mais alguma coisa para que nada falte. Ser pai é elevar seu pensamento todos os dias e rogar ao Altíssimo para que ele cubra de bênçãos sua descendência e lhe se- ja luz e proteção. É pedir muito pe- los seus e renunciar a tudo em pro- veito de sua família. É saber que to- da força que Deus lhe dá será em vão se ele não souber transformar isso em ações efetivas para ser pai à máxima potência e ser a materiali- dade de homem pleno que dá a vi- da pelos seus. Que os maçons sejam exemplos de homens e de pais para que a humanidade veja em nós os dig- nos cumpridores do mandamento maior de amar e de distribuir mi- sericórdia. Que assim seja. ( é Grão- Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás (GLEG)) Adolfo Ribeiro Valadares Ser pai: missão coragem Especial para OPINIÃOPÚBLICA

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Não julgues!“Ajude ao que erra; seus pés pisam

o mesmo chão, e, se você tem possibilidade decorrigir, não tem o direito de censurar”

(Allan Kardec, educador, autor e tradutor francês)

OPINIÃOPÚBLICA

Diário da Manhãwww.dm.com.br

Editado por Unigraf Unidas Gráfica e Editora Ltda.Fundado em 12 de março de 1980

Av. Anhanguera, 2.833, Setor Leste Universitário.

OpiniãoPúblicaEditora: Meyrithania Michelly

Diagramador: Denis Silva OliveiraContatos: 3267-1147 ([email protected])

FUNDADOR: Fábio Nasser Custódio dos Santos / PRESIDENTE: Júlio NasserEDITOR-GERAL: BATISTA CUSTÓDIO / EDITORA-EXECUTIVA: Sabrina Ritiely

DIRETOR DE REDAÇÃO: Arthur da Paz

2 GOIÂNIA, DOMINGO, 12 DE AGOSTO DE 2018 DM.COM.BR Diário da Manhã

Este Segundo Domingo do mêsde agosto é destinado às comemo-rações da Vocação Familiar, por is-so comemora-se o Dia dos Pais. Ce-lebra-se a vocação da família napessoa do pai. Em tempos de vio-lência e perda de valores, a valoriza-ção da família é essencial para a so-ciedade como um todo. A família échamada por Deus a ser testemu-nha do amor e da fraternidade, co-laboradora da obra da Criação.

O Pai, na família, é fundamental!Seu papel de educador, em colabo-ração com a mãe, é um dos pilaresda unidade e bem-estar familiar,cujos frutos são filhos bem forma-dos e conscientes do que significaser cristão e cidadão. O pai é repre-sentante legítimo de Deus peranteos filhos e é sua missão conduzi-losnos caminhos de Cristo, da verda-de, da justiça e da paz. Cabe aos pa-is orientar os filhos de tal forma,que o seu lar seja permeado peloamor, segurança e harmonia.

O pai, como patriarca da famíliahoje, tem uma conotação diferenci-ada do que se estabeleceu de patri-arcado do Brasil Colônia, quando asociedade no período do açúcar eramarcada pela grande diferenciaçãosocial. No topo da sociedade, compoderes políticos e econômicos, es-tavam os senhores de engenho;abaixo, aparecia uma camada mé-dia formada por trabalhadores li-vres e funcionários públicos. E nabase da sociedade estavam os es-cravos de origem africana. Era umasociedade patriarcal, pois o senhorde engenho exercia um grande po-der social. As mulheres tinhampoucos poderes e nenhuma partici-pação política, deviam apenas cui-

dar do lar e dos filhos.Já na Bíblia, antes de Cristo, a

ideia de patriarcado tinha o pai co-mo o líder da família (Gênesis 22:10;28:24), o chefe militar, sacerdote dafamília, o profeta da família. Dessaforma, hoje nossa sociedade, aindapreserva o legado patriarcal no senti-do cristão, embora, lamentavelmen-te, alguns desvarios de nossa socie-dade ainda estão presentes na famí-lia, em relação às mulheres e aos fi-lhos. A ideia de patriarcado com re-ferência na Bíblia Sagrada, não seconfunde com o patriarcado viven-ciado no Brasil Colonial. No entanto,modernamente, o pai vive todas assituações de conjunto, em que osmembros que formam o lar são pro-tagonistas de uma mesma história.Ali partilham com igual intensidadetodas as alegrias, todas as tarefas etodos os problemas em conjunto,formando o grupo mais importantede uma sociedade – a família.

Ser pai é assim, cuidar como sefosse mãe e como se fosse filho. Ésentir, é ter compromisso, é amar, édoar-se. É ter a alegria de poder di-zer que tem uma família e de sercorrespondido, em todos os dias,no aconchego do lar. Ser pai é serdócil para dizer sim e ser pai paradizer não, sobretudo, quando amãe se sente enfraquecida. É olhar

cada dia da vida como uma dádiva.É cumprir o significado de patriar-ca, no sentido mais democráticopossível! Tendo como base o diálo-go. É essencial para os filhos, queeles compreendam que os mais ve-lhos têm a soberania da experiên-cia, respaldos na cultura do bem eda harmonia. Ser pai é correr noparque com seu filho, rolar nochão, estar atento aos gestos maissingelos da criança ou do jovem. Afamília está carente de pai, tendoem vista que o pai, mais que a mãe,está sempre fora, mas os momen-tos são eternos se bem aproveita-dos e os filhos jamais esquecerãoaquele gesto de amor. Ser pai é vi-venciar todas as alegrias da paterni-dade, sem descuidar da autoridadede pai, que educa com base valoresda família, para a boa convivênciana sociedade.

Que neste Dia dos Pais, todos ospais, desde os iniciantes desta mis-são, aos que já estão colhendo osfrutos de anos de dedicação aosseus filhos pelos anos idos, sejamnotados dentro da família e sejamreferenciados pela doçura de fazerperpetuar a família de Deus.

(Célia Valadão Secretária Munici-pal de Políticas para as Mulheres,

Cantora e Bacharel em Direito)

CéliaValadão

Pai – amor, afeto e cuidado

Especial para

OPINIÃOPÚBLICA

Era perto das 17 horas, isso defim de tarde, e a única coisa a fazeraté o pôr do sol era matar tempo. Ematar tempo, quando se está nasruas, sugere-nos os primórdios dahumanidade. Ou seja, em lugar dobucólico banco de jardim, escolhaprosaica de poucas décadas passa-das, busquei a luminosa e coloridacaverna das lojas sofisticadas – umxópin na Rua 9, no setor Oeste. To-mei café (caro demais para o tama-nho da xícara), apreciei capas de li-vros, ouvi dos vendedores a lingua-gem das feiras-livres (vendedoresde livros não entendem de livros –muito menos da linguagem espera-da num ambiente de livraria).

Andei à toa, porque tinha de es-perar o fim da tarde. Ocorreu-mecomprar pães, que naquele empó-rio são de ótima qualidade. Cha-mou-me a atenção uma linda me-nina em seus dez anos, devidamen-te assistida pela avó, que determi-nava à mãe da pequena (e filha de-la, a avó):

– Dê-lhe cinco reais, ela quer sor-vete.

Afastei-me – o assunto não erada minha conta, e não é de bom-

tom ouvir conversas alheias. Po-rém, nos minutos seguintes passá-vamos pela caixa – atrás de mim, amãe contestava:

-– Não vai tomar sorvete, issonão é bom.

E a avó:– Ora, ela quer! E se ela quer, que

mal há nisso? Você, nessa idade, to-mava vários por dia. E comia doisbig-mac de uma vez!

– Mas eu sofri muito, não lem-bra? Sofri muito para emagrecer –justificava a mãe da menina.

– Mas venceu, – tentava finalizara avó, em defesa da neta – pois estáaí muito bonita e magra!

Como se vê, não pude evitar... Enão me limitei a ouvir. Dei logo umpalpite, dirigindo-me à filha-mãe:

– Muito bem, você é mãe e lhecompete educar. Mas a avó, não,avó e avô existem para deseducar.

A vovó ficou feliz:– Isso mesmo! Eu quero que mi-

nha neta não passe vontade, vamoslhe dar o sorvete!

A mãe, a essa altura, quase se da-va por vencida, mas não ocultava odesagrado. Foi então que me sentiintrometido e inconveniente, mas oriso era incontido e, parece-me, issodeixou a mãe mais aborrecida. Jánão lhe bastava sentir-se mortadelade sanduíche, entre a própria mãe ae menina filha, aparecia este velho ase meter na questão.

Quando consegui dominar a ri-sada, tentei me justificar:

– A senhora me perdoe dar pita-cos e rir assim. Sinto que a pequeni-na vai ganhar a causa, pois tem aavó por advogada.

Paguei minha conta e me afasteiimpune. No íntimo, cuidava de fa-zer uma autoanálise e, obviamente,perdoava-me por entrar no quenem era da minha alçada – ou com-petência. Mas, principalmente, ves-tia a carapuça de avô – esse parenteque tanto se faz feliz pelos netos.

E temos de continuar assim, semdúvida! Afinal, em pouquíssimosanos, tantos os netos quanto os paisdeles nos terão esquecido.

(Luiz de Aquino é jornalista eescritor, membro da Acade-

mia Goiana de Letras)

Luiz deAquino

Avós são pais sem broncas

Especial para

OPINIÃOPÚBLICA

“O pai do justo exultará dejúbilo; quem tem filho

sábio nele se alegra”.Provérbios 23,24

Mais uma vez chegamos ao se-gundo domingo de agosto e come-moramos o Dia dos Pais. Data des-tinada a reverenciarmos os guer-reiros que assumem com distinçãoa tarefa de encarar os maiores de-safios e defender, até com sua pró-pria vida se preciso for, sua família,seus filhos e esposa e quem maisestiver sob seu manto. O dia querendemos homenagens aos paisdeve ser também um momento dereflexão sobre a missão dada aoshomens que são brindados com apaternidade e, principalmente, so-bre a alegria de compartilhar a edi-ficação das vidas de nossos filhos.

Um pai é essencialmente umindivíduo a quem foi dado um prê-mio especial de preparar uma no-va existência, provendo, acalen-tando, protegendo e educando.Ser pai é isso tudo e mais algumacoisa. Um homem a quem foi con-fiada a missão da paternidade pre-cisa estar ciente de que isso não épra qualquer um e que somentequem é digno de servir de modelopara seus filhos pode desejar serchamado de pai na grandiosidadeque o termo encerra.

A maçonaria universal impõeaos integrantes de nossa fraterni-dade o compromisso inquebran-tável com valores morais e huma-nistas que transcendem gerações.Para ser aceito em nosso meio ohomem precisa acreditar em Deuse na imortalidade da alma e issonos leva à reflexão que os sentidosdo maçom precisam estar sempreem sintonia com o que nos dita osordenamentos do Grande Arquite-to Do Universo que estão muitoclaros na Bíblia, que chamamos Li-vro da Lei. Neles estão os indicado-res de como um homem precisa sepautar para ser considerado pai,não apenas aquele que fornece omaterial genético.

Amor. Esse é o primeiro manda-mento. Amar incondicionalmentecomo pai é uma missão que so-mente homens em sua plenitudepodem se orgulhar de fazer. Amarenvolve todas essas outras mani-festações de apreço, porque o paique mostra amoroso e exerce issotodos os dias se entrega de corpo ealma para que seus filhos tenham omelhor em suas vidas. Esse é o fun-damento maior por garantir que ofilho e protegido se sinta amado eque é importante para quem lhededica esse sentimento.

Proteção é outro valor que emnossos ensinamentos maçônicosexortamos nossos irmãos a prati-carem. Um pai precisa ser umguerreiro destemido e não permi-tir que nenhuma ameaça leve me-do e receio ao núcleo de sua famí-lia. Junto de seus filhos está a ama-da a quem ele devota respeito epartilha a vida. Portanto, a um painão é permitido fraquejar, vacilar

ou faltar com o compromisso de sepostar à frente de sua família e im-pedir que nada seja desagregadorou negativo.

Um pai precisa ser também afonte de ensinamentos engrande-cedores para seus filhos porquequem ama e protege educa deigual forma e não pode ficar sepa-rado disso. Educar é uma ação queenvolve instruir com lições de vidae de sabedoria para que seus filhosse orientem no caminho do bem,da virtude e da verdade e sejammelhores em todos os sentidos.Mas, é também ensinar com oexemplo de vida de retidão e derespeito à dignidade humana. Umhomem que assume a tarefa de serpai precisa ensinar a seus filhos porexemplo a respeitarem sua esposa,que é a mãe desses filhos, para queos meninos aprendam a respeitarigualmente as mulheres porqueuma dessas poderá ser sua esposae a mãe dos seus filhos. Tambémpara que suas filhas aprendam agrandeza que reside em um ho-mem que ama e respeita, dando-lhe honra e dignidade como mu-lher, esposa e mãe. Mas, um paiprecisa também saber relevar fa-lhas e limitações e perdoar sempreos deslizes de seus filhos. Precisachamar para si a responsabilidadede corrigir os rumos com candura eextrema cautela para que nada seperca. Porque ser pai é tambémnão desistir nunca, sob nenhumaspecto, sob nenhuma condição erepetir sempre a mesma lição paraque o efeito seja salutar.

Um homem que recebe o galar-dão de ser pai tem por recompen-sa a ventura de ver o produto desua dedicação se mostrar melhora-da e brilhante para a vida. Os filhosprecisam ser então melhores queseus pais para que o sentido daevolução seja plenamente visto econhecido. A ventura maior de paie ver que seus filhos se tornarammelhores do que ele foi, realizarammais obras admiráveis do que elefez em sua vida e sejam obreiros naconstrução de um mundo melhor,mais justo e fraterno com mais in-tensidade do que esses pais foram.

O Grande Arquiteto Do Univer-so, em sua infinita bondade e sabe-doria, delega funções a seus obrei-ros para que repartam entre a hu-manidade o bem, a paz, a harmo-nia e promovam a concórdia ondevivam. Ser pai é praticar à exaustãotudo isso e mais alguma coisa paraque nada falte. Ser pai é elevar seupensamento todos os dias e rogarao Altíssimo para que ele cubra debênçãos sua descendência e lhe se-ja luz e proteção. É pedir muito pe-los seus e renunciar a tudo em pro-veito de sua família. É saber que to-da força que Deus lhe dá será emvão se ele não souber transformarisso em ações efetivas para ser pai àmáxima potência e ser a materiali-dade de homem pleno que dá a vi-da pelos seus.

Que os maçons sejam exemplosde homens e de pais para que ahumanidade veja em nós os dig-nos cumpridores do mandamentomaior de amar e de distribuir mi-sericórdia. Que assim seja.

(Adolfo Ribeiro Valadares é Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do

Estado de Goiás (GLEG))

AdolfoRibeiroValadares

Ser pai: missãocoragem

Especial para

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