Paineis de Portugal de Eugénio de Sá

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Painéis de Portugal Autoria de Eugénio de Sá I / 16 “Se fores ao Minho, risonho e franco... de verão verdinho, de inverno é branco” Os tons do Minho Eugénio de Sá Terras do norte, minhotas Viras do povo em Agosto Em Setembro cheira a mosto Em todas as aldeotas É verde o vinho e a vida No Minho de Portugal Romarias e arraial Deixam mágoas da partida De Braga a Ponte do Lima de Viana a Valdevez tudo é cambraia mais fina bordada pelo Gerês De quem vai saudade fica Dos que ficam com a tristeza Mas vizinhos da beleza Desta região bendita Há flores marginando estradas Água correndo dos montes Para as cristalina fontes Ou p’ras regas nas levadas O gado pasta nos campos E carroças carregadas Com parelhas atreladas Transbordam feno e encantos E as cores do sol no poente Pintam de oiro o sorriso Naquela gente de siso Que trabalha alegremente Das telas dos paraísos Nos verões da nossa saudade O Minho é por ser verdade A terra dos tons precisos

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Painéis de Portugal Autoria de Eugénio de Sá

I / 16

“Se fores ao Minho, risonho e franco... de verão verdinho, de inverno é branco” Os tons do Minho Eugénio de Sá Terras do norte, minhotas Viras do povo em Agosto Em Setembro cheira a mosto Em todas as aldeotas É verde o vinho e a vida No Minho de Portugal Romarias e arraial Deixam mágoas da partida De Braga a Ponte do Lima de Viana a Valdevez tudo é cambraia mais fina bordada pelo Gerês De quem vai saudade fica Dos que ficam com a tristeza Mas vizinhos da beleza Desta região bendita Há flores marginando estradas Água correndo dos montes Para as cristalina fontes Ou p’ras regas nas levadas O gado pasta nos campos E carroças carregadas Com parelhas atreladas Transbordam feno e encantos E as cores do sol no poente Pintam de oiro o sorriso Naquela gente de siso Que trabalha alegremente Das telas dos paraísos Nos verões da nossa saudade O Minho é por ser verdade A terra dos tons precisos

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2/16 Terras transmontanas Eugénio de Sá Rochoso, o solo agreste lusitano Rocha se chama o seu maior poeta Austero, cada templo transmontano De pedra é a paisagem dominante Em penedias descendo pelos montes Infundindo respeito ao visitante Sem recuar perante adversidade Cada um dos seus filhos é genuíno Desconhece-se nele a falsidade Cavam-lhe a face as rugas do trabalho Que o granito esculpiu e o sol tostou Nos frios, lembra memórias ao borralho Belas alheiras e a posta mirandesa Sábio presunto e mágica vitela São faustos desejados sempre à mesa Simples são as comidas desta gente Sóbria no paladar como na vida E no infortúnio, sempre está presente Dentre o melhor do povo português Outros não há mais nobres e honrados Pois se lhes lê na fronte a honradez Brasil, 2008

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Terras Beirãs Eugénio de Sá Bordam-te mil castelos o relevo Painel beirão do amado Portugal És do teu povo o gáudio e o enlevo E da pátria penhor primordial E os Hermínios montes que abrigaram As destemidas tribos lusitanas Depois de Viriato já contaram Outras vitórias, guerras e façanhas Nos frios invernos as tuas lareiras são consolos de vida e de amizade Mesas de queijos, broas e alheiras E de velhas memórias sem idade E os fumos que teus vales acariciam Lembram ternuras gostos e odores Quando Natais distantes se viviam Juntando os corações e os amores Brasil, 2008

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4/16 Inspirado em “Romance Sonâmbulo” de Frederico Garcia Lorca, também direi do meu bem amado Ribatejo: “ Verde, que te quero verde. Verde vento, verdes ramas ”...

Ribatejo (Eugénio de Sá) Aos choupos e aos Salgueiros que bordam de verde as margens do meu Tejo, pedirei murmúrios! Às águas deste rio que nos percorre as terras e os sonhos pedirei caprichos! Aos poldros buliçosos que correm em família na vizinhança da água, pedirei galopes! Aos toiros e aos novilhos Que salpicam de negro O verde da lezíria, Pedirei bravuras! Às orgulhosas vinhas que marcam a tons de ouro as encostas dos outonos, pedirei generosidades! Aos frondosos pinheiros que nos guardam os ventos e sombreiam os campos, pedirei que permaneçam vivos! Aos homens desta terra abençoada pedirei que saibam merecê-la! Portugal, 2005

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5/16 Alentejo ( Outrora o celeiro de Portugal ) Eugénio de Sá Espigas desta terra Vocação de pão Searas de vento Ventos de paixão Juntam-te fermento Do meu coração Espigas desta terra Celeiros de amor És calma de estio Amas o calor Mãos em desvario Ceifadas na dor Espigas desta terra Rude gente a tua Que sofre e não cai Nas pedras da rua Mas em ti se esvai Ruas d'amargura Espigas desta terra Mulheres vos serviram Feitas fundas mágoas Não sei se elas riram Seus olhos mares d’águas Flores que não floriram Nota do autor: Alentejo, a maior província de Portugal, foi em tempos o seu orgulhoso celeiro mas o pão era feito de sangue, suor e lágrimas. Agora é umas das áreas européias mais despovoadas, onde vagueiam velhos e animais nas profundezas do esqueci-mento humano. Alemães e ingleses vão-lhe comprando as entranhas, que mais ninguém quer. Sei o que foi aquilo; o inferno ao calor do sul, a fome ao frio da indiferença. Hoje; é o abandono, ao estigma do despovoamento. E.S.

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6 /16 Algarve Eugénio de Sá Com cheiros amendoados, com gaivotas Com chaminés rendadas e branquinhas Com lendas encantadas, com poetas Com céus d’oiro, chilreios de andorinhas Com praias de beleza estonteante Com doce ondulação beijando areias Com branduras de brisa acariciante Com transparências d’água, marés cheias Com os bailes mandados, corridinhos Com lingueirão, conquilhas, marafados Com dom rodrigos como os mais docinhos Com os gostos do mar nos cozinhados De tudo isto é feito o belo Algarve Onde o cultor de Alah deixou raízes Só não ama este sul quem dele não sabe Ver-lhe nos tons os mais lindos matizes Portugal - Janeiro de 2007

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7/16 " O Mar com fim será grego ou romano, o Mar sem fim é português! " in: Mar Português, de Fernando Pessoa ( sextilhas ) Mar de Portugal Eugénio de Sá Ah, este mar do meu país natal Que há nove séculos ouve Portugal Nos marulhados ecos de uma gesta E desses ecos lhes conhece a glória Que se extasia de partilhar a história E até ignora Eolo que o molesta. Ah, este mar que me fez português Que chorou com as lágrimas de Inês E exultou liberto de grilhões Que das conquistas soube do direito E aos mártires e heróis lhes presta preito Quando se lança à costa em vagalhões. Ah, este mar enorme, ocidental Que banha todo o nosso Portugal Com respeito pelo povo que conhece Que d’Isabel aprendeu a piedade E sabe que é um velho sem idade Amado ao sol da pátria que o merece! A Portugal

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8/16 Porto, o especial perfume de uma bela cidade Qual punho afundado na rocha espargindo casario monte acima, esta é a primeira visão que tem do Porto quem o demanda vindo sul por qualquer das pontes que o ligam a Gaia. Lá em baixo, o Douro vigoroso e triunfante, corre para a Foz, que o cinge num apertado abraço antes de o deixar cumprir, finalmente, a sua missão, numa gloriosa união doce e salgada com o oceano. Já nas ruas da invicta cidade, o forasteiro entontece-se com o afã das gentes que se movimentam a pé e motorizadas, cruzando, numa difícil fluidez, as artérias por onde corre o bulício de um povo laborioso e nobre. Diz-se da grande urbe nortenha que ela é a capital do trabalho desta nação portuguesa espreguiçada ao sol e tendencialmente “a banhos”, pela força do seu clima e da sua vasta orla costeira beijada pelo sempre majestoso Atlântico. Na realidade, a grande concentração industrial da região e a proverbial vitalidade das suas populações, parecem justificar-lhe o atributo. Uma vez mais a visitei e uma vez mais me encantei com a simpatia e afabilidade de quem serve o público, a alegria, a palavra espotânea-mente brejeira e o sorriso gaiato do povo, a dinâmica da iniciativa autárquica e privada. De novo me deliciei com o apuro da gastrono-mia, o requinte das unidades da restauração e da hotelaria e o bom gosto e adequado dimensionamento dos novos centros comerciais e hipermercados da cidade. Tudo ali parecia querer (teimosamente) contrariar, com brilhantes policromias natalícias, os tons cinza da crise que se arrasta no país, que vai deixando fundas rugas de preocupação às maiorias, cada vez mais despojadas, da outrora (justamente) classificada classe média, uma qualificação que hoje parece excessiva, pela míngua das suas poupanças. Vale a pena ir (ou voltar) ao Porto; pela sua espectacular e bem conservada monumentalidade, pela sua exuberante actividade cultural, pela beleza da sua marginal ribeirinha, pelo Douro que por ela serpeia e nos deslumbra, pelo convívio com a sua população, pela profusão dos seus eventos culturais, e por tudo o mais que atrás referi. Eugénio de Sá Dezembro de 2007

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9/16 vinho novo Eugénio de Sá Dezembro é quase chegado e com ele, o vinho novo traz novos prazeres ao povo, os do corpo, que os da alma ficaram pelas encostas onde os estios e a calma a tons de oiro bordaram as cepas que nas vindimas os cestos glorificaram. Prodígios de gestação da terra voltada aos sois e foi nesses arrebóis que a terra fez doação do seu ventre, o mais que tem, com o carinho de uma mãe; vinho do seu coração! De Braga a Ponte do Lima de Fózcoa a Valdevez correm os tintos e os brancos uns e outros dos mais francos que este Portugal já fez. Crescem na mesa os presuntos, os enchidos defumados, o bom queijo amanteigado... E alapados os grelhados na alvura das travessas, não há quem lhes peça meças regados com vinho e fado. Casqueiros a fumegar, As carnes de vinho e alho... E aquecido ao borralho, já tonto de paladares, o povo corre às tasquinhas p'ro vinho novo provar! 2007

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10/16 IN MEMORIAM (Em homenagem a Luis Vaz de Camões) Eugénio de Sá Estive onde está Camões e lá repousa O Poeta Maior que à pátria deu O sonho a um país que já não ousa Pensar na gesta que o génio escreveu. E na pedra fria e tumular deixei Promessa de render todo o meu preito À lusa gente que eu sempre amei; Os mártires, os heróis, de cruz ao peito. Ganhava luz a nascente manhã Na nave príncipal daquele Mosteiro De secular reverência anfitriã; Mil vitrais reflectiam, qual luzeiro No mármore ancestral da laje chã Um doirado caudal alvissareiro. Lisboa, Portugal Abril/2009

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11/16 ( décimas com glosa ) Terra minha (Eugénio de Sá) Lisboa me viu nascer e no seu seio dormir se um dia dela partir lá voltarei pra morrer Glosa: D' Ajuda sou filho inteiro Desse bairro onde se vê Mais lindo em cada maré Correr o Tejo ligeiro Reconheço lisonjeiro Desse amor tudo colher Porque é fonte do meu crer Mesmo de longe eu almejo Voltar de novo ao meu Tejo Lisboa me viu nascer E de Lisboa meu Deus É dela a minha saudade Dessa urbe sem idade E os meus ais são todos seus São dela os meus apogeus Se um dia dela partir Terá de ser como a aurir Pois sei que vou ter saudade De sentir minha cidade E no seu seio dormir Visito regularmente os bairros mais populares respirando aqueles ares Vendo de lá o poente E ao Castelo alegremente Sempre lá vou pra remir Remorsos de lá não ir Rever a minha Lisboa Só de pensar me atordoa Se um dia dela partir Hoje está tudo mais novo Mas Lisboa é mesmo assim É sempre mulher pra mim Muda a vida, muda o povo E dela a visão renovo E lá a faço entender Que mesmo sem eu o querer A vida pode mudar Mas se eu um dia a deixar Lá voltarei pra morrer

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12/16 A lusa prostração Eugénio de Sá Esta moínha que vai empapando A terra quente mesmo à minha frente E aos poucos, de constante, se instalando Como uma hipnose amolecendo a gente; Esse hídrico despojo lá do céu Traz consigo memórias, nostalgias E assim eu dou comigo sem ser eu, Carpindo mágoas tristes e sombrias; Este sentir tão nosso e tão sofrido Que inopinadamente nos assalta Vive latente, esperando algum sentido; Só quer mesmo o pretexto que lhe falta Pra nos expor ao tom que é mais dorido Na voz fadista de um qualquer peralta.

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13/16 Lisboa conta de si Eugénio de Sá Muito antes de Cristo andar p’lo mundo Mil e duzentos anos, talvez mais, Já meu estuário e muitos dos meus cais Serviam quem sulcava o mar profundo; Fenícios e judeus, depois os celtas E também os iberos, cá montaram Comércio dos produtos que exportavam No meu calmo remanso d’águas quietas Nomes, tive diversos pr’à cidade que as suas colinas sempre amou e “Alis Ubbo” o pagão me batizou (Porto Seguro), em tempos sem idade Depois dos gregos, chegaram os romanos E “Alis Ubbo” passou a “Olissipo” Mas não estava, por isso, tudo dito; Pois chegariam unos e germanos Os vandalos, também por cá andaram Como suevos, godos e outros mais Até que os mouros montaram arrais E deram novo nome ao que fundaram; Foi a vez de "Al-Ushbuna" me chamar A mim, esta Lisboa que hoje vemos E se com mouros já não convivemos Foi porque Afonso, o rei, me quis tomar; C'o a ajuda dos templários que passavam Numa grande cruzada à Terra Santa Afonso Henriques com eles alevanta Um ror de lanças que os mouros derrubaram De mim, e do meu Tejo vi partir As naus que ao mundo deram novos mundos; E da passagem desses mares profundos Guardo da gesta glórias, a sorrir Um dia, estremeceram-me as entranhas E vi, horrizada, a mortandade Deixaram-me em ruínas a cidade As forças libertadas, por tamanhas Volvido tempo, fiz-me em prantos mil P’lo abandono da real familia Que levou honras, livros e mobília De mim se indo, com rumo ao Brasil Mas Lisboa fiquei, e capital Vendo, orgulhosa, as frotas pesqueiras Sulcarem oceanos, marinheiras Levando nas bandeiras; Portugal Hoje, embalo-me nesta calmaria De um Tejo ao sol da nova liberdade, Resta-me o fado, e nele sua saudade Resta-me um povo triste, e sem estesia.

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14/16 O fado na madrugada Eugénio de Sá Joguei meu fado na espuma da maré de lua cheia mas o mar envolto em bruma, trouxe-o de volta pr'areia... Fui beijar a madrugada levei o fado comigo e o sol vendo-a enfeitada confessou-se seu amigo Quando palpita a emoção ante a beleza do fado, faz-se a vida uma canção e o viver abençoado! De emoção vive a saudade e no fado a dor sentida é mais forte e mais sofrida se é cantada com verdade Quando uma guitarra chora por qualquer fado vadio, o tempo já não tem hora, acalma-se o mar bravio... Guitarra chora o meu fado Que só tu sabes chorar A mágoas desse pecado Que por cá ando a penar Acaba-se a desgarrada Louvando o fado afinal Que é a forma mais amada De cantarmos Portugal. De cantarmos Portugal

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15/16 A noite de Lisboa Eugénio de Sá Fosforejam na noite os olhos de Lisboa. Do seu ventre fadista nascem os primeiros acordes das guitarras. Nas suas artérias nobres, que outrora conheceram o passeio alegre de tantos e tão grandes poetas e escritores, hoje manda o silêncio ou o som do passo cadenciado de alguma filha da lua, em busca de cliente. Não se ouvem há muito os ecos da tertúlia da Brasileira, da sonora gargalhada de mestre Almada Negreiros, dos passos tímidos de Fernando Pessoa, da algazarra de Cardoso Pires e dos seus amigos marialvas, a saltitar de bar em bar. De alguns dos teus mais profundos e típicos recantos; Bairro Alto, Alfama... ainda emergem, tímidos, alguns acordes de fado amador, para useiro deleite da envelhecida frequência de sempre, os que recordam nas "iscas com elas", melancólicos, os encantos ribeirinhos da rua do Arsenal e da travessa do Cotovelo. Alcântara, Cais do Sodré... ali ainda cheira a Tejo, a cacilheiros, a maresia, a saudade. Ali, as memórias ainda vogam sobre as águas do teu amado rio, que já conheceu tempos melhores; de varinas, de peixe, da Ribeira... de gente mais feliz, gente que gostava de acabar a noite a saborear-lhe o cacau! Ah; Lisboa alvissareira, bem disposta, cruzada pelos pregões das sardinhas, das favas, das castanhas, dos jornais, que foi que te fizeram? - Quem te silenciou o encanto da vida? - Quem te prometeu um Parque Mayer novinho, onde a "revista à portuguesa" pudesse voltar a animar a triste vida de um povo sacrificado, que bem poucos folguedos conhece? Mas de que povo falamos, se ele hoje te esvazia as ruas e se vai, à noitinha, às tuas cidades-satélite, onde se fecha a sete chaves, apavorado pela insegurança que o rodeia? - Quem te baixou, Lisboa, à condição única de comerciante, que até o fado só vendes a quem o pode pagar... muito caro? - Quem te mandou cumprir o único papel que decoraste; o turístico, atenta e veneradora, a cobrar meia dúzia de euros pela visita ao castelo? Não que de condenável nada tenha essa atitude... Mas só essa? - Bem, para ser completamente franco, és "obrigada" a ter outra; a que mais requer toda a tua paciência quando tens de aturar os desmandos e as bebedeiras dos jovens desocupados que te profanam as entranhas e que, infelizmente, nada auguram de bom para o teu futuro, nem para o deles.

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16/16 Orgulho português Eugénio de Sá Estes versos que buscam Portugal Não procuram sequer por uma rima Nem volteios de saias de varina Mas de algo que lhes seja venial; Como nos lábios o sabor do sal, No olhar, as brumas das manhãs E os gritos das gaivotas nos afãs De alimento no mar essêncial Desse mar que nos ganhou respeito Que sabe que é nossa, por direito A gesta que Camões soube cantar E mesmo hoje, na nossa pequenez É grande a nossa alma e a altivez De um povo que a todos sabe amar

Arte de Formatar – Pinhal Dias - 2010

Eugénio de Sá