Painel - edição 235 - nov.2014
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AEAARP funda, com outras entidades, fórumpara defender os interesses do município
Em defesa deRibeirão Pretopainel
Ano XVIII nº 236 novembro/ 2014
A E A A R P
ARQUITETURA
Veja como proteger a propriedade intelectual
AGRONOMIA
Palestra mostra experiência com rotação de cultura da cana
ENGENHARIA
A aplicação da NBR 15.575:2013 é analisada em artigo
2014 se aproxima do final. Foi um ano a~pico.
Iniciou com poucas perspec�vas posi�vas de desenvolvimento econômico, que se concre�-
zaram ao longo do tempo e pelas incertezas decorrentes das expecta�vas pela realização da
Copa do Mundo e posteriormente pela realização das eleições majoritárias do país, entre outras.
O resultado não foi posi�vo.
Na Copa, em que pese o cumprimento incompleto da programação de execução das obras
previstas para a viabilização do mundial, o evento foi realizado, mas em condições de infraes-
trutura aquém do esperado.
Na área espor�va, entretanto, foi o pior resultado de nossa seleção, que experimentou um
vexame diante de sua torcida, o que, de certa forma, reabilitou os integrantes da copa de 1950.
Na área polí�ca, após uma campanha extremamente ríspida e agressiva, na qual ocorreram
desdobramentos impensáveis no início, mas concre�zados após a morte de um dos candidatos
a presidente da república, o resultado não foi melhor.
A eleição foi realizada, o resultado foi proclamado, a atual presidente do país foi reeleita,
mas, o país saiu dividido do pleito.
A diferença de votos entre os candidatos foi muito pequena.
Se acrescentarmos aos votos do candidato que foi vencido, os votos nulos e os votos em
branco, ou seja, os votos dos que não optaram pela candidata vencedora, chegaremos à con-
clusão de que ela não tem o apoio da maioria dos eleitores brasileiros.
Com isso, o que temos observado é uma constante demonstração de insa�sfação por parte
da população, que tem se posicionado contrariamente a esse resultado de diversas formas,
através de manifestações públicas, da mídia e das redes sociais, entre outras.
Aliadas a essas questões, estão vindo à tona novas denúncias de malversação do dinheiro
público por cidadãos ligados às empresas públicas e a integrantes do governo.
Some-se a isso, o fato de que mesmo após o resultado das eleições, ainda não há um defini-
ção de qual o rumo que se pretende imprimir à economia brasileira nos próximos anos, tendo
em vista que o atual ministro da fazenda já foi publicamente descartado, sem que houvesse
qualquer indicação do perfil do futuro integrante da pasta .
Esses fatos influenciaram e certamente con�nuarão a influenciar nega�vamente o desem-
penho de nossa economia por muito tempo. E se a economia não vai bem, a área tecnológica
também não vai.
Neste ano, assis�mos a uma retração enorme na área do agronegócio, da indústria e da
construção civil em nossa região.
No final do ano passado, fizemos neste espaço algumas considerações sobre a expecta�va
conservadora que se desenhava para o ano atual e sobre os cuidados que deveríamos ter ao
planejarmos nossas ações de futuro, principalmente em nossa área de atuação, que é extre-
mamente dependente de fomento público.
Hoje, infelizmente nos deparamos com situação equivalente, que nos leva a concluir que
devemos ter o mesmo cuidado que no ano passado em relação às ações que pretendemos
desenvolver.
Resta aguardarmos com cautela os próximos movimentos governamentais para que possamos
nos posicionar e encarar a dura realidade que se avizinha.
Eng. civil João Paulo de Souza Campos FigueiredoPresidente
Eng.º Civil João PauloS. C. Figueiredo
Editorial
Expediente
A S S O C I A Ç Ã ODE ENGENHARIAARQUITETURA EAGRONOMIA DERIBEIRÃO PRETO
Horário de funcionamentoAEAARP CREADas 8h às 12h e das 13h às 17h Das 8h30 às 16h30Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.
ÍndiceESPECIAL 05AEAARP de olho no futuroCidades mais verdes, mais sustentáveis e mais humanas
ANÁLISE 10A reutilização da água para desenvolvimento do país
BIBLIOTECA 11Livro sobre arquiteto João Batista Vilanova Artigas
ARQUITETURA 12Propriedade intelectual
AGRONOMIA 16Rotação de cultura em canaviais
OPINIÃO 18Empecilhos ao crescimento sustentado das cidades
ARTIGO 20Norma de desempenho: realidade inconteste
INDICADOR VERDE 21
CREA-SP 23Comentários à Lei Federal Nº 5.194/66
TECNOLOGIA 24Concreto autoadensável
NOTAS E CURSOS 26
Errata
No segundo parágrafo da matéria da página 20 da edição 234 da Painel,
o número correto da NBR é 15.575/2013
Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / [email protected]
Eng. civil João Paulo de Souza Campos FigueiredoPresidente
Arq. e urb. Ercília Pamplona Fernandes Santos1º Vice-presidente
Eng. civil Ivo Colichio Júnior2º Vice-presidente
DIRETORIA OPERACIONALDiretor Administrativo: eng. civil Hirilandes AlvesDiretor Financeiro: eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio BagatinDiretor Financeiro Adjunto: eng. civil Elpidio Faria JúniorDiretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: eng. eletr. Tapyr Sandroni JorgeDiretor Ouvidoria: eng. civil Milton Vieira de Souza Leite
DIRETORIA FUNCIONALDiretor de Esportes e Lazer: eng. civil Edes JunqueiraDiretor de Comunicação e Cultura: eng. civil José Aníbal LagunaDiretor Social: arq. e urb. Marta Benedini VecchiDiretor Universitário: arq. e urb. José Antonio Lanchoti
DIRETORIA TÉCNICAAgronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Gilberto Marques SoaresArquitetura, Urbanismo e afins: arq. e urb. Carlos Alberto Palladini FilhoEngenharia e afins: eng. civil José Roberto Hortencio Romero
CONSELHO DELIBERATIVOPresidente: eng. civil Wilson Luiz Laguna
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Editores: Blanche Amancio – MTb 20907 e Daniela Antunes – MTb 25679
Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044
Publicidade: Departamento de eventos da AEAARP - 16 2102.1719Angela Soares - [email protected]
Foto da capa: Daniela AntunesTiragem: 3.000 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça NaderImpressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.
Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também nãoexpressam, necessariamente, a opinião da revista.
5
AEAARP
ESPECIAL
olho no futuroA Associação é uma das fundadoras do FERP, que reúne enddades de
classe e empresariais para defender interesses comuns
AEAARP de
A AEAARP somou forças com as mais
importantes en�dades de classe e em-
presariais de Ribeirão Preto e colabora,
desde o início deste ano, com o Fórum
de En�dades de Ribeirão Preto (FERP).
O obje�vo é provocar debates qualifica-
dos sobre questões que influenciam na
qualidade de vida da população e nas
a�vidades econômicas, realizando estu-
dos e pesquisas, subsidiando propostas
e planos para os poderes execu�vo, le-
gisla�vo e judiciário.
O engenheiro civil João Paulo Figuei-
redo, presidente da AEAARP, avalia que
a ação conjunta fortalece os debates
que, antes, eram feitos isoladamente.
“A ar�culação dessas en�dades de-
monstra o alinhamento dos propósitos
e, mesmo quando existem divergências,
as discussões evoluem para conclusões
que preservam a questão central: a
qualidade de vida”, observa.
Nesses primeiros meses de a�vidade,
os candidatos a deputado com domicílio
eleitoral em Ribeirão Preto foram saba�-
nados pelas en�dades do FERP, que man-
terá uma agenda de cobrança dos com-
promissos apresentados pelos eleitos.
A AEAARP colaborou tecnicamente
nos debates sobre a implantação do
terminal de ônibus na Praça das Bandei-
ras, em razão do impacto que a circula-
ção de veículos provocará na Catedral
Metropolitana. O documento com os
argumentos da AEAARP foi publicado na
íntegra na edição 235 da revista Painel.João Paulo Figueiredo
6
Revista Painel
ESPECIAL
O inícioGuilherme Feitosa, diretor regional
do Ciesp/Fiesp , preside o FERP. A AE-
AARP está entre as 22 en�dades funda-
doras do Fórum que, segundo ele, origi-
nou-se da necessidade de somar forças
e justamente no setor empresarial . A
maior parte das demandas abordadas
até este momento refere-se às ações ou
providências do setor público.
A ro�na do FERP será a de receber e
discu�r as necessidades expressas pe-
las en�dades par�cipantes. Uma vez
acatadas, todas as integrantes somarão
forças em sua defesa. O conceito geral
é o de que sozinho ninguém é tão for-
te. Unidos, poderão obter importantes
conquistas.
“Apesar dos avanços que observa-
mos em relação a algumas áreas, im-
pressiona ver
que alguns
problemas da
cidade persis-
tem e que as
autor idades
insistem em
não interferir.
O nosso papel é alertar, sempre”, ava-
lia João Paulo, presidente da AEAARP.
• ABAGRP - Associação Brasileira de Agronegócio da Região de Ribeirão Preto;
• ABIGRAF - Associação Brasileira da Indústria Gráfica, Seccional Ribeirão Preto e Região;
• ACIRP - Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto;
• AEAARP - Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto;
• AESCON RP - Associação das Empresas de Serviços Contábeis de Ribeirão Preto e Região;
• Associação Rural de Ribeirão Preto e Região;
• ASSOVALE - Associação Rural do Vale do Rio Pardo;
• CANAOESTE - Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo
• CIESP de Ribeirão Preto - Diretoria Regional de Ribeirão Preto do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo;
• COPERCANA - Coopera�va dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo;
• COOPERCITRUS - Coopera�va de Produtores Rurais;
• FIESP de Ribeirão Preto – Departamento de Ação Regional de Ribeirão Preto da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo;
• PISO - Polo Industrial de Sotware de Ribeirão Preto;
• SESCON SP - Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis, e das Empresas de Assessoramento, Perícias,
Informações e Pesquisas do Estado de São Paulo - Regional de Ribeirão Preto;
• SICORP - Sindicato dos Contabilistas de Ribeirão Preto e Região;
• SINCOVARP - Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto;
• SINDHORP/SINDRIBEIRÃO – Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de Ribeirão Preto e Região;
• Sindicato Rural de Ribeirão Preto;
• SINDIPÃO - Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Ribeirão Preto;
• SINDIVERP - Sindicato das Indústrias do Vestuário de Ribeirão Preto e Região;
• SINDTUR - Sindicato de Turismo, Hospitalidade, Serviços, Mercado Imobiliário e Condomínios de Ribeirão Preto
e Região;
• SINDUSCON - Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo - Regional de Ribeirão Preto.
En�dades fundadoras do FERP
Guilherme Feitosa
7
AEAARP
As pautas da AEAARPA Associação defende posições que
fortaleçam as a�vidades de engenhei-
ros, arquitetos e agrônomos. Uma delas
é conscien�zar a sociedade sobre a im-
portância de inves�r na segurança das
construções. Uma a�tude que deve ser
tomada por proprietários e profissio-
nais do setor, mas que também deve ser
observada pelos usuários.
“Existem circunstâncias que, quando
acontecem, provocam uma tremenda
comoção e mobilização. Entretanto, é
preciso estar atento antes e observar,
principalmente, a legislação e as nor-
mas vigentes”, acrescenta João Paulo
que lembra que as normas vigentes são
negligenciadas, em algumas situações,
em nome da esté�ca ou da pressa.
A AEAARP pretende também intensi-
ficar a discussão acerca da preservação
do patrimônio histórico e arquitetônico.
O primeiro grande embate do Fórum so-
bre o tema envolve a Catedral Metropo-
litana de Ribeirão Preto, ameaçada pela
instalação de um terminal de ônibus.
O centro da cidade, entretanto, tem
construções que sobrevivem às intem-
péries climá�cas e ações de vândalos.
“E, sobretudo, ao descaso”, opina João
Paulo. Ele lembra que a revista Painel
tratou do tema diversas vezes nos úl�-
mos anos. “A memória deve ser preser-
vada com responsabilidade. O prédio
precisa ter uma finalidade nobre. O uso
e a reforma não podem ser inviabiliza-
dos por regras que encarecem uma in-
tervenção”, opina.
João Paulo pretende pautar também
o inves�mento em infraestrutura. A cri-
se hídrica, por exemplo, exige ações em
médio prazo. “A Agência Nacional de
Águas – ANA – já revelou que a cidade
terá de captar água do Rio Pardo, e não
podemos admi�r que cheguemos nem
perto da situação vivida por São Paulo”,
acrescenta o presidente da AEAARP. Ele
lembra que a gestão dos recursos em
Ribeirão Preto é de responsabilidade do
município, por meio do Departamento
de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (DA-
ERP). Também no escopo da pauta de
infraestrutura, a AEAARP pretende en-
cabeçar debates sobre trânsito, trans-
porte e Plano Diretor.
Guilherme cita a internacionalização
Benedito Abbud
É formado em arquitetura
pela Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade
de São Paulo (FAU-USP), onde
também cursou sua pós-gra-
duação e mestrado. Em 1977
ingressou na área acadêmica
como professor da Faculda-
de de Arquitetura da Pon�x-
cia Universidade Católica de
Campinas, em que ministrou
aulas até 1981. Também foi
professor de paisagismo na
FAU-USP entre 1980 e 1985.
Abbud ocupou o cargo de
presidente da Associação Bra-
sileira de Arquitetos Paisagis-
tas (Abap) durante os biênios
de 1987-1988 e 1999-2000.
É autor do livro Criando pai-
sagens: guia de trabalho em
arquitetura paisagís�ca, pu-
blicado em 2006 pela editora
Senac São Paulo.
Reunião do FERP: entidades devem apresentar temas a serem debatidos
do aeroporto Leite Lopes como uma das
pautas do FERP, um tema amplamente
deba�do na AEAARP. “Com o FERP, am-
plificamos os resultados das discussões
promovidas por meio do Fórum de De-
bates Ribeirão Preto do Futuro, que re-
aliza palestras regulares na Associação e
promove as semanas técnicas”, explica
João Paulo.
Veja nas páginas seguintes a exposi-
ção do arquiteto Benedito Abbud na
AEAARP sobre o inves�mento em qua-
lidade de vida nas cidades por meio de
projetos que valorizam a introdução de
áreas verdes.
8
Revista Painel
ESPECIAL
Arquiteto Benedito Abbud, autor de projetos da Copa do Mundo e na
Vila Olímpica, apresenta ideias e projetos que tornam as cidades mais
sustentáveis e com mais áreas verdes
Cidades mais verdes,mais sustentáveis e mais humanas
Como melhorar a qualidade de vida
nas cidades através da implantação de
mais áreas verdes foi o foco da palestra
do arquiteto Benedito Abbud, na
AEAARP. “O carro passou a ser o grande
ator do desenvolvimento das cidades.
Tá na hora de pensar nas cidades para
as pessoas e para o convívio social”.
A sugestão do arquiteto foi: parar de
reclamar dos municípios e descobrir
o que pode ser melhorado. Uma das
soluções apresentadas é a adoção de
mais áreas verdes e espaços públicos
para convivência social.
“Faltam áreas verdes nas cidades”, a
afirmação tem como parâmetro a reco-
mendação da Organização das Nações
Unidas (ONU), que é 12 m² de área ver-
de por habitante. Na região urbanizada
da cidade de São Paulo, por exemplo,
a média é de 2,8 m² por habitante. O
arquiteto ressalta que, mesmo em es-
paços públicos que não foram planeja-
dos para receber arborização, existem
soluções para amenizar a falta de ve-
getação. Por exemplo, aproveitamento
das calçadas e muros, criando praças de
esquina, miniparques e parklets.
“O verde ameniza a temperatura, reduz
a amplitude térmica, diminui os efeitos
da poluição, melhora a umidade rela�va
do ar, promove sombreamento, equilibra
e harmoniza a paisagem, dá frutos, atrai
pássaros e dignifica a paisagem deixando
o espaço mais belo”, afirma o arquiteto.
CalçadasEle compara a largura das calçadas de
hoje com as da época medieval, quando
eram u�lizadas carroças como principal
meio de transporte. “Nas cidades temos
grandes prédios, muitos carros e calça-
das estreitas. As pessoas andam nos
resquícios de espaço que sobram”. Para
ele, o planejamento urbano tem se pre-
ocupadomuito com os veículos e pouco
com as pessoas e a natureza. O Plano
Diretor da cidade de São Paulo tem bus-
cado alterna�vas para esse problema e
aprovou recentemente a instalação de
miniparques e parklets.
Mesmo em calçadas mais estreitas é
possível usar vegetação. O arquiteto ex-
plica que 10 cen�metros de canteiro são
suficientes para plantar uma trepadeira
que resultará em ummuro-verde. “O sol
em ummuro pintado bate e reflete o ca-
lor. Quando tem uma vegetação, a área
verde absorve o calor, deixando o espaço
menos quente”. E o verde valoriza: dos
10 bairrosmais valorizados de São Paulo,
oito são densamente arborizados.
Outro ponto destacado pelo arquite-
to é a segurança. “Criar condições para
que as pessoas usem todos os cantos
da cidade minimiza o problema da falta
de segurança. Quando tem muitas pes-
soas em determinado local, diminui a
ação dos bandidos”. Áreas com grande
metragem linear de muros e pouca pas-
sagem de pedestres podem ser usadas
como pista de corrida, academia ao ar
livre e área de lazer para crianças.
Para a falta de áreas permeáveis, a
Benedito Abbud
A palestra atraiu profissionais e estudantes
9
AEAARP
solução é adotar os pisos drenantes, ca-
pazes de absorver até 95% da água que
está em sua superxcie. “A cidade de São
Paulo possui 60 mil quilômetros de cal-
çada. Se �véssemos absorção da água
que cai nessas vias, teríamos redução
significa�va das enchentes”. Ele afirma
que essa medida isolada não resolverá o
problema, mas vai ajudar a minimizá-lo.
Praças de esquina, parkletse miniparques
Os cinco metros de distância da es-
quina que os carros não podem usar
como estacionamento são também
considerados por Abbud como espaços
mal aproveitados nas cidades. Já que
não podem ser u�lizados pelos veícu-
los, ele propõe que sejam usados por
pessoas. “Em uma esquina você pode
ter até três árvores plantadas. Em um
único quarteirão serão seis. Imagina em
uma rua inteira, a quan�dade de novas
árvores que teremos”.
A cidade de São Paulo aprovou neste
ano a implantação de parklets e dispo-
nibilizou na internet o manual de im-
plantação, assunto publicado na edição
n°232 da revista PAINEL (de julho de
2014). O arquiteto explica que este es-
paço é provisório, podendo ficar instala-
do por até três anos, e que qualquer ci-
dadão poderá solicitar à prefeitura, que
pode autorizar ou não. Pode ter árvores
em vasos, em razão de sua caracterís�ca
provisória.
Os miniparques podem ser implan-
tados em pequenos terrenos. “Esses
espaços funcionam como um ‘respiro’
para a cidade e para os pedestres. Além
disso, valorizam a região e os imóveis
ao seu redor”. Terrenos sem uso são os
principais des�nos para a implantação
de miniparques, conceito esse que ficou
conhecido como acupuntura urbana,
um conjunto de ações pontuais e de
revitalização que pode mudar progres-
sivamente o visual da cidade. Abbud fi-
nalizou a palestra afirmando que ideias
simples podem ajudar a resolver proble-
mas complexos das cidades brasileiras.
10
Revista Painel
desenvolvimento do paísA reutilização da água para
Renato Rossato
ANÁLISE
Engenheiro químico,
especialista em saneamento
Em meio à crise hídrica no estado de
São Paulo, a eficiência da gestão das
águas no nosso país nunca foi tão ques-
�onada. As chuvas deste ano foram es-
cassas, porém isto apenas evidenciou a
fragilidade e falhas do nosso sistema de
tratamento e distribuição de águas.
Já passamos do momento de criação
de um plano de con�ngência e a situ-
ação é emergencial, porém diversas
ações podem ser tomadas para evitar
que isso se repita em longo prazo. Em
2011, por exemplo, o nível de chuvas
foi muito elevado e não pode ser arma-
zenado pelas represas, que a�ngiram
100% da capacidade. Como os siste-
mas não prevêem as alternâncias mais
extremas de chuvas e secas, essa água
acabou sendo desperdiçada.
De acordo com um estudo divulgado
pela Ins�tuição Trata Brasil, cerca de
metade da água que escorre pelos ra-
los ainda chega na forma de esgoto sem
tratamento aos rios, córregos e repre-
sas de São Paulo. Com apenas 38,7% do
volume tratado, a capital paulista está
ignorando um estoque de água equiva-
lente a dois sistemas Cantareira. Com o
devido tratamento desse volume, a cri-
se atual poderia ser amenizada.
A reu�lização da água não é um con-
ceito novo e tem sido pra�cado em
todo o mundo há muitos anos. No Bra-
sil, as estações tratam o esgoto em nível
inicial, por isso a água é u�lizada ape-
nas para limpeza de calçadas, irrigação
de jardins e na produção industrial. Adi-
cionando mais etapas para completar o
tratamento, a água se tornaria potável,
como é feito em países como EUA, Aus-
trália e Bélgica.
A eficiência dos sistemas de tratamen-
to de efluentes também é um fator a ser
levado em consideração. Atualmente,
emprega-se sistema de aeração por ar
difuso no tratamento de efluentes sani-
tários e efluentes industriais, composto
por soprador de ar, tubulações e válvu-
las para alimentação de ar e difusores
de membranas em EPDM. Porém, já é
possível encontrar no mercado novas
tecnologias mais eficientes produzidas
com diferentes �pos de polímeros. Essa
opção, apesar de ter o custo mais alto
de instalação, possui vida ú�l cerca de
200% mais longa, o que reduz conside-
ravelmente os custos com manutenção.
Em longo prazo, o inves�mento é com-
pensado, já que não há a necessidade
de instalar um novo sistema nos próxi-
mos 10 ou 12 anos.
Nesse cenário, o Brasil ainda tem um
longo caminho a percorrer, já que dos
62,8 milhões de domicílios, quase 27 mi-
lhões de residências não possuemaome-
nos rede coletora de esgoto. Para rever-
ter essa situação, segundo um relatório
divulgado em março pelo IBGE, o Brasil
precisa inves�r pouco mais que R$ 313
bilhões até 2033 para que o saneamento
básico alcance 100% da população.
Outro estudo realizado pela Ins�-
tuição Trata Brasil, revelou que alunos
sem acesso à coleta de esgoto e água
tratada sofrem um atraso escolar maior
em comparação aos estudantes com as
mesmas condições socioeconômicas,
mas que moram em locais onde há sa-
neamento. Além da redução em 6,8%
do atraso escolar, de acordo com a pes-
quisa, a universalização do saneamento
refle�ria no ganho de produ�vidade do
trabalho e aumento na remuneração fu-
tura. O turismo também pode se bene-
ficiar e o país arrecadaria anualmente
R$ 7,2 bilhões com a�vidades turís�cas
em áreas onde atualmente não há ser-
viços de coleta de esgoto.
É um inves�mento alto, porém extre-
mamente importante para a u�lização
dos recursos hídricos. O tratamento de
efluentes acaba representando um po-
tencial emergente que visa não somente
a racionalização do uso de umbemfinito,
mas também auxilia indiretamente no
desenvolvimento da sociedade ao redor.
BIBLIOTECA
João Batista Vilanova ArtigasElementos para a compreensão de um caminho
da arquitetura brasileira, 1938-1967
Livro sobre arquiteto
Miguel Antonio Buzzar apresenta
em ‘João Ba�sta Vilanova Ar�gas: ele-
mentos para a compreensão de um ca-
minho da arquitetura brasileira, 1938-
1967’ (Editora Unesp, 455 páginas) um
panorama detalhado do Modernismo
no Brasil, ao mesmo tempo em que o
ar�cula com os caminhos da produção
de João Ba�sta Vilanova Ar�gas (1915-
1985), associada ao movimento arqui-
tetônico conhecido como Escola Paulis-
ta. Com o estudo, o autor empreende
uma tenta�va de preencher as lacunas
existentes na historiografia sobre a
obra do arquiteto e sobre a arquitetura
brasileira em geral.
Buzzar adota o conceito de trama, no
qual os eventos estão repletos de leitu-
ras e com i�nerários precisos, para criar
imagens da historiografia da arquitetura
brasileira, inserindo a obra de Ar�gas.
Ao adotar essa proposição, ele inter-
preta Ar�gas como um caso específico
da genealogia: ideologicamente o ar-
quiteto fez parte cons�tu�va da própria
trama, à medida que procurou criar e
a trama pretendeu confirmar uma ex-
pressão arquitetônica nacional própria.
Já em termos formais ou da forma ar-
quitetônica elaborada e sua densidade
cultural, Ar�gas ques�onava a cons�-
tuição da trama. Para Buzzar, Ar�gas
não “obedeceu” às linhas e, em termos
genéricos, as caracterís�cas arquitetô-
nicas da vertente moldada como hege-
mônica, transferindo para a edificação
e sua construção o que problema�zava
na modernização do país e es�mulando
um conflito em termos culturais.
O livro mostra que as ideias de Ar�gas
procuravam relatar a história comum e
também guardavam autonomia, o que
denotava dupla inscrição – enquanto in-
tegravam também ques�onavam. Com
isso, a produção do arquiteto, sempre
reconhecida inclusive como formadora
de uma vertente da arquitetura brasilei-
ra, não deixa de surgir, na historiografia,
como um não declarado “desvio”, o que
adquiriu uma dimensão de desconforto.
Tudo em Ar�gas seria visto como exces-
sivo, de acordo com Buzzar, mas as sim-
plificações não explicariam porquê sua
produção e seu pensamento, antes de
serem esmaecidos, con�nuaram, e ain-
da con�nuam, a gerar significados.
Buzzar é mestre e doutor em estrutu-
ras ambientais urbanas pela FAU-USP e
livre-docente pela Escola de Engenharia
de São Carlos da Universidade de São
Paulo (EESC USP). Leciona na USP des-
de 1989, inicialmente na EESC, e, atu-
almente, no Ins�tuto de Arquitetura e
Urbanismo. Dono de extensa produção
acadêmica, é pesquisador de arquitetu-
ra e urbanismo contemporâneos e tam-
bém de programas e polí�cas públicas
de habitação de interesse social.
Fonte: Agência Unesp
Miguel Antonio Buzzar aprese
Contamos com suacolaboração!
Destine16% dovalorda ARTpara aAEAARP
(Associação deEngenharia, Arquitetura
e Agronomia deRibeirão Preto)
Agora você escreve o nome
da entidade e destina parte do
valor arrecadado pelo CREA-SP
diretamente para a sua entidade
12
Revista Painel
ARQUITETURA
intelectualQuem protege os direitos de propriedade
intelectual de uma obra arquitetônica?
Propriedade
Quando uma obra de arquitetura
é objeto de propriedade intelectual?
Quem são os �tulares dos direitos au-
torais sobre a obra? Em que consistem,
exatamente, esses direitos? Essas ques-
tões vêm acompanhadas de dilemas. O
Conselho de Arquitetura e Urbanismo
do Brasil (CAU/BR) publicou a Resolu-
ção n° 67, de 5 de dezembro de 2013,
que regulamenta os direitos autorais
na Arquitetura e Urbanismo. A norma,
que está disponível no atalho hyp://
migre.me/mEREc, considera que proje-
tos, obras e demais trabalhos técnicos
de criação no âmbito da Arquitetura e
do Urbanismo podem ser protegidos de
acordo com os direitos de propriedade
intelectual.
“Na elaboração dessa resolução abri-
mos vários canais para a par�cipação
da categoria, contando com a ajuda de
especialistas, consultas à legislação na-
13
AEAARP
cional e internacional, além das contri-
buições encaminhadas pelos CAU/UF e
pelos arquitetos em geral”, diz Antônio
Francisco de Oliveira, coordenador da
Comissão de Exercício Profissional. Para
Haroldo Pinheiro, presidente do CAU/
BR, a norma recupera a noção de ar-
quitetura como produto cultural, o que,
segundo ele, acaba valorizando não só a
obra, mas também o trabalho do arqui-
teto de criar soluções inovadoras.
A resolução especifica dois �pos de
direitos autorais: os morais, rela�vos à
paternidade da obra intelectual; e os
patrimoniais, que são os direitos de u�-
lização da obra. Assim, projetos e outros
trabalhos técnicos de criação somente
podem ser repe�dos com a concordân-
cia do detentor do direito patrimonial
– que pode ser transferido pelo autor a
outra pessoa. Já, os direitos morais não
podem ser repassados para outro pro-
fissional. Assim, toda peça publicitária
ou placa produzida por arquiteto ou por
outra pessoa xsica ou jurídica, referente
a um projeto ou obra, deve especificar
o nome do autor original, protegendo
O registro das obras inte-
lectuais deverá ser requisi-
tado junto aos CAU/UF, que
farão a análise dos pedidos.
O extrato dos registros efe-
tuados ficará disponível no
portal do CAU/BR.
seus direitos morais.
O registro de projeto ou outro traba-
lho técnico de criação de um arquiteto
urbanista não será feito, caso a a�vida-
de tenha sido realizada no período em
que o profissional não possuía registro
a�vo no CAU. Em casos de violação de
direitos autorais, a resolução também
recomenda indenizações a serem re-
queridas na jus�ça. Por exemplo, caso
um arquiteto queira processar uma
construtora por plágio de obra intelec-
tual protegida, o CAU/BR recomenda
uma indenização de no mínimo quatro
vezes o valor dos honorários profissio-
nais, a ~tulo de violação de direitos au-
14
Revista Painel
ARQUITETURA
O que é Propriedade Intelectual?
É a área do Direito que garante a inventores ou responsáveis por
qualquer produção do intelecto - nos domínios industrial, cien~fico,
literário ou ar~s�co - o direito de obter, por um determinado perío-
do de tempo, recompensa pela própria criação. Segundo definição da
Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), a Proprieda-
de Intelectual está dividida em duas categorias:
• Propriedade Industrial, que inclui as patentes (invenções), marcas,
desenho industrial, indicação geográfica e proteção de cul�vares.
• Direitos Autorais abrangendo trabalhos literário e ar~s�cos, e cul-
tura imaterial como romances, poemas, peças, filmes, música, de-
senhos, símbolos, imagens, esculturas, programas de computador,
internet, entre outros.
Fonte: Associação Paulista de Propriedade Intelectual
torais morais, e mais duas vezes o valor
dos honorários por violação do direito
autoral patrimonial.
SICCAUTércia Oliveira, gerente regional do
CAU de Ribeirão Preto, explica que o
Sistema de Informação e Comunicação
do CAU (SICCAU) disponibiliza a ferra-
menta Registro de Direito Autoral (RDA)
para efetuar o registro de propriedade
intelectual de uma obra arquitetônica.
“É muito simples, funciona da mesma
forma como se emite um Registro de
Responsabilidade Técnica ou uma cer-
�dão”. O passo-a-passo de como pre-
encher o RDA está disponível no atalho
hyp://migre.me/mEUlD. Após o cadas-
tro, o arquiteto urbanista deverá emi�r
o boleto para pagamento da taxa de
expediente, conforme determinado no
ar�go 10, da Resolução n° 67.
Apesar de ainda não ter u�lizado a
ferramenta, a arquiteta Ercília Pamplo-
na, vice-presidente da AEAARP, consi-
dera que o RDA valoriza a profissão do
Tércia Oliveira
arquiteto urbanista. “O trabalho do ar-
quiteto deve ser reconhecido além do
momento de finalização de um projeto
arquitetônico. Ele deve ser reconhecido
por muito tempo”. Ercília explica que
quando o profissional finaliza um pro-
jeto, especifica os materiais a serem
u�lizados e registra esse trabalho, isso
é o que comprova todo o trabalho feito
até aquele momento e as responsabili-
dades que cabem ao arquiteto.
Fonte: Arch Daily, CAU/BR
Ercília Pamplona
15
AEAARP
Na Espanha
O arquiteto espanhol Vicente Cas�llo Guillén publicou um ar�go relacionado aos direitos de proprie-
dade intelectual sobre as obras arquitetônicas, esmiuçando as informações de um parecer publicado
pelo Conselho Superior dos Colégios de Arquitetura da Espanha (CSCAE). Chamado de “Los derechos
de propiedad intelectual sobre las obras arquitectónicas”, a análise traz tópicos relacionados aos direi-
tos morais sobre as obras arquitetônicas e os contratos de trabalho e de obra.
Segundo Cas�lho, o direito de propriedade intelectual sobre as obras arquitetônicas “apresenta gran-
des desequilíbrios internos e não dispõe de estruturas claras para ar�cular com certeza econômica e
segurança legal tal inovação, compensando economicamente o mérito”. Cas�lho também argumenta
que “a falta de compreensão da natureza técnica especial do arquiteto deveria mudar para proteger o
arquiteto da possível vulnerabilidade frente a órgãos públicos e privados que u�lizam concursos como
fontes de ideias a muito baixo custo”.
O ar�go de Cas�lho” Una Ley de Propiedad Intelectual para el impulso y defensa de La arquitectura
española” está disponível no atalho hzp://migre.me/mEPlw.
Fonte: ArchDaily
16
Revista Painel
AGRONOMIA
Rotação de culturaEngenheiro agrônomo Nazareno Gonçalves conta as experiências da
Usina Alta Mogiana com a udlização da soja na rotação de cultura
em canaviais
Com início das a�vidades em 1983,
a Usina Alta Mogiana fez sua primeira
moagem em 1985. Localizada em uma
região que anteriormente era produ-
tora de grãos e pastagens, as primeiras
plantações de cana foram 100% realiza-
das no sistema convencional de manejo
do solo. Em uma palestra realizada na
AEAARP, o engenheiro agrônomo Naza-
reno Hilário Gonçalves, diretor agrícola
da Alta Mogiana, apresentou as experi-
ências da usina no que diz respeito ao
plan�o direto e reduzido e falou sobre a
rotação de cultura u�lizando a soja.
“Iniciamos o plan�o de soja em 1986,
emaproximadamente 500 hectares, com
o obje�vo de auxiliar no controle de erva
daninha. Até 1994, man�vemos omane-
jo convencional do solo e, neste mesmo
agrônomos”. A soja também foi implan-
tada em decorrência da necessidade de
faturamento na entressafra. “A empresa
estava começando, �nha pouco recurso
e precisava pagar a folha depagamento”.
Além disso, o agrônomo ressalta que a
rotação de cultura é uma ferramenta im-
portante para a renovação do canavial.
“O casamento da cana com grãos preci-
sa ser feito para diminuir a ideia de que
produzir cana é monocultura”.
Em 2005, a empresa iniciou o plan�o
mecanizado de cana e no ano seguinte,
adotou o sistema de plan�o direto em
85% da produção e o de plan�o reduzido
em 15%. No ano de 2013, a usina iniciou
testes com plan�o de mudas pré-brota-
das, mais conhecidas como MPB. Esse
sistema prevê a padronização dasmudas
ano, começamos a implantar a colheita
mecanizada”, contou o agrônomo. Foi
no ano de 1996 que a usina realizou um
teste com o sistema de plan�o direto de
soja e cana sob a palha, em uma área
aproximada de 350 hectares. Essa deci-
são veio de uma polí�ca de redução de
operações e custos criada pela empresa.
Além disso, também exis�a uma preocu-
pação com a conservação do solo, prin-
cipalmente, em períodos de es�agens
prolongadas e de chuvas intensas.
A escolha da soja como plantação ro-
ta�va deu-se em razão da disponibilida-
de de tecnologias do grão na região de
São Joaquim da Barra-SP. “Essa região
tem grandes plantadores de soja, além
de contar com infraestrutura disponível
como, por exemplo, armazéns e bons
17
AEAARPrevistapainel
ANUNCIENA
PAINEL
16 | [email protected]
e a redução de até 90% do material u�-
lizado e foi desenvolvido por pesquisa-
dores do Ins�tuto Agronômico de Cam-
pinas (IAC), segundo o portal Agricultura
Rural BR. “Na safra 2014/15, a usina ado-
tou o plan�o de 1.600 hectares deMPB”.
De 1997 a 2007, a soja foi plantada
u�lizando-se do sistema convencional
de manejo de solos. E a par�r de 2008,
o cul�vo passou a ser realizado através
do plan�o direto, em aproximadamente
3.500 hectares. Nazareno explicou que
o período ideal para a plantação da soja
é de 20 de outubro a 25 de novembro.
“Nós fizemos um teste, plantando a soja
mais cedo e foi a que mais produziu. Às
vezes, a loucura pode dar um retorno fi-
nanceiro”. Ele garante que a experiência
não resultou em muita produ�vidade,
porém “dá para pagar, pelo menos, o
preparo do solo para o plan�o da cana”.
Quanto ao compara�vo de custos,
o agrônomo explicou que o sistema
de plan�o reduzido e direto, respec-
�vamente, foi 8% e 13% menor que o
convencional, segundo dados da usina
(veja a tabela apresentada pelo pales-
trante, com as operações adotadas em
cada um desses sistemas). Nazareno
destacou algumas vantagens do pre-
paro reduzido e plan�o direto da cana
e da soja: redução do número de equi-
pamentos por hectare, da potência dos
tratores, do número de operações e do
custo, além de garan�r melhor conser-
vação do solo, maior agilidade no plan-
�o de soja e cana, ampliação do contro-
le de erosão hídrica e eólica e aumento
do faturamento no período de entressa-
fra. Já os pontos nega�vos são risco de
incêndios e diycil controle de algumas
pragas subterrâneas.
18
Revista Painel
crescimento sustentadoEmpecilhos ao
Luiz Augusto Pereira
de Almeida
OPINIÃO
Diretor da Fiabci/Brasil e
diretor deMarkedng da
Sobloco Construtora
Nos úl�mos 20 anos, o Brasil tem
experimentado avanços na questão da
sustentabilidade. De um lado, os em-
presários estão mais conscientes e as
empresas, além do lucro, fortalecem
sua imagem com ações mais é�cas e
transparentes, conforme evidencia a
crescente divulgação dos balanços so-
cioambientais, relatando a sua atuação
poli�camente correta.
Na área ambiental, evoluímos com
nossa Cons�tuição de 1988 e inúmeras
legislações posteriores sobre o tema.
Na área social, milhares de empregos
foram criados. Na economia, apesar das
intermitências no crescimento, presen-
ciamos, nas duas úl�mas décadas, um
aumento de sete vezes o nosso PIB,
passando de 700 bilhões para cerca de
cinco trilhões de reais. Desde o Plano
Real, o planejamento macroeconômico,
orientado pela responsabilidade fiscal
e regime de metas de inflação, criou as
condições necessárias para inves�men-
tos de longo prazo.
No tocante à construção, o conceito
do “ambientalmente correto” impulsio-
nou os selos verdes, como o LEED, AC-
QUA e ISO, que atestam o caráter sus-
tentável de um empreendimento. Eles,
proliferaram, tornando-se uma indús-
tria milionária. Exemplo que comprova
esta tendência foi a Copa do Mundo.
Dos 12 estádios construídos ou refor-
mados, seis foram cer�ficados, o que
coloca o Brasil em segundo lugar no
ranking dos países com maior número
de arenas sustentáveis.
No Plano de Gestão da Sustentabili-
dade, a Olimpíada de 2016, impôs um
plano ambicioso, com inves�mentos
previstos de R$ 36,7 bilhões, incluindo
recursos federais, estaduais, munici-
pais, parcerias público-privadas e ca-
pital par�cular. O exemplo do grande
evento espor�vo a ser realizado no Rio
de Janeiro, que, por sua importância e
visibilidade, atrai inves�mentos especí-
ficos, demonstra o quanto é elevado o
custo da sustentabilidade.
O mercado imobiliário e setor da
construção também têm papel funda-
mental na sustentabilidade, não so-
mente em prédios ou shoppings cer�-
ficados, que chegam a custar até 5% a
mais, mas em novos bairros e cidades.
Nunca foi tão importante o planejamen-
to urbano para a garan�a da qualidade
de vida. Tal conceito, contudo, nem
sempre encontra o merecido respaldo
das cidades
19
AEAARP
nas polí�cas públicas de desenvolvi-
mento dos municípios.
Não é sustentável, por exemplo, fazer
um prédio na periferia da cidade e exigir
que seus moradores gastem horas para
ir e voltar do trabalho. Não é sustentá-
vel espalhar a cidade, com baixa den-
sidade demográfica, forçando o poder
público a levar cada vez mais longe a
infraestrutura (água, esgoto, energia,
escolas, internet, segurança, transporte
e hospitais). Ademais, o espalhamento
consome mais terra, impermeabiliza
mais o solo e subtrai áreas rurais.
Não é sustentável todo mundo querer
legislar sobre o meio ambiente, criando
um emaranhado de normas subje�vas,
com interpretações divergentes, acarre-
tando insegurança para os inves�men-
tos necessários à qualidade da vida no
meio urbano e o crescimento econômi-
co. Não é sustentável falarmos sobre
meio ambiente planetário, se as pes-
soas, no dia a dia de seu espaço mais
próximo, ainda são subme�das a provas
de resistência com um transporte públi-
co precário, falta de moradias, escolas,
postos de saúde, segurança e insuficiên-
cia sanitária.
Além disso, empreendimentos resi-
denciais e de infraestrutura importan-
tes para as cidades têm sua aprovação
subme�da a uma via crucis desanima-
dora até para o mais destemido inves-
�dor. O custo e os sustos jurídico-buro-
crá�cos do Brasil estão impedindo que
cheguemos lá. As amarras são muitas e
não podemos contar com a bondade e
carinho dos estrangeiros com o nosso
desenvolvimento. Pelo contrário, cada
um está tentando prover a sua suficiên-
cia econômica, social e ambiental.
Como o próprio nome diz, países de-
senvolvidos são aqueles que já fizeram
a sua lição de casa. Ou seja, já possuem
o necessário em termos de infraestru-
tura para balizar a qualidade de vida. O
Brasil ainda está muito distante dessa
realidade. A maior prova disso é ter-
mos um ministério dedicado ao com-
bate à fome.
20
Revista Painel
ARTIGO
realidade incontesteNorma de desempenho:
Fausto Carraro
Engenheiro civil da
Central de Desempenho
A grande no�cia é que a sociedade
possui agora uma aliada capaz de pôr
fim a esses problemas. Está em vigor
desde 19 de julho de 2013 a norma
ABNT NBR 15.575:2013 – Edificações
habitacionais - Desempenho, ba�zada
como ‘Norma de Desempenho’.
Todos os projetos habitacionais pro-
tocolados a par�r dessa data e a execu-
ção de suas respec�vas obras deverão
atender aos níveis mínimos de desem-
penho estabelecidos nessa norma. Esta
novidade vem provocando uma verda-
deira revolução nomodo como os agen-
tes atuantes neste setor se relacionam.
Confiamos que a construção civil brasi-
leira será dividida em duas eras: antes e
depois da norma de desempenho.
Do que se trata e por que é tão im-
portante?
Basicamente, a norma de desempe-
nho traduz as necessidades dos usuá-
rios em requisitos e critérios mensurá-
veis, quan�ficando o comportamento
esperado de uma edificação durante
sua vida ú�l e definindo a forma como
ela pode ser avaliada.
Como funciona?
A norma possui uma estrutura que:
• Define quem são e aponta as res-
ponsabilidades/incumbências dos
agentes intervenientes no ciclo de
vida das obras: proje�stas, forne-
No dia 21 de outubro de 2014,
a AEAARP, com o apoio da Neomix
Concreto, realizou evento em que �ve
o prazer de ministrar treinamento
introdutório sobre a Norma de
Desempenho para um seleto grupo de
profissionais, dentre os quais arquitetos
e engenheiros de Ribeirão Preto e região.
O número de inscrições superou a lo-
tação do auditório principal da AEAARP,
resultando na necessidade de disponi-
bilizar mais uma sala para que o trei-
namento pudesse ser transmi�do em
tempo real.
Mas por que esse interesse? O que
levou centenas de profissionais a dei-
xar de lado seus afazeres numa tarde
de terça-feira para receber informações
sobre uma norma técnica? Acredito que
o texto a seguir possa responder esta
questão.
É raro conversar com alguém que
nunca teve dissabores com sua resi-
dência ou prédio onde mora. Rachadu-
ras, infiltrações, vazamentos, pisos que
se soltam, água que não corre para o
ralo, pas�lhas que caem das fachadas,
acús�ca ruim, quartos “calorentos”, es-
corregões no box do banheiro... a lista
é grande. Tais problemas provocam de
desconfortos visuais a acidentes fatais,
empobrecendo a experiência dos mora-
dores com o bem material mais carre-
gado de significados da humanidade: a
casa própria, o lar, a moradia.
O engenheiro que palestrou na AEAARP sobre a ABNT 15.575:2013
escreveu com exclusividade à Painel sobre o tema
21
AEAARP
500.113
É o n ú m e ro d e re g i s t ro s d e
propriedades e posses rurais do país
no Cadastro Ambiental Rural (CAR),
até o mês de outubro de 2014. O
número representa cerca de 10%
da meta total, que é de 5,2 milhões
de cadastros até maio de 2015. A
região norte lidera a quantidade
de cadastramentos, com 174.093
registros, seguida pelas regiões centro-
oeste (166.954), sudeste (71.756), sul
(48.850) e nordeste (38.460). Criado
pela Lei 12.651/12, o CAR é um registro
eletrônico, obrigatório para todos os
imóveis rurais. A par�r dele, é formada
uma base de dados estratégica para o
controle,omonitoramentoeocombate
ao desmatamento das florestas e
demais formas de vegetação na�va do
Brasil, bem como para planejamento
ambiental e econômico dos imóveis
rurais. No momento do cadastro, o
produtor identifica a localidade, as
delimitações da propriedade e deve
fornecer imagens por satélite. Os
agricultores que ainda não �verem as
informações necessárias para realizar
o cadastro, devem procurar a ajuda de
um técnico. O cadastro está disponível
no link hyp://www.car.gov.br/#/.
Fonte: Ministério da Agricultura
INDICADORVERDE
cedores, construtores, incorpora-
dores e usuários;
• Materializa as necessidades dos
usuários em 13 (treze) requisitos
de desempenho (ver ao final),
aplicáveis aos cinco principais sis-
temas que compõem uma edifica-
ção: estrutura, vedações ver�cais
internas e externas, pisos, cober-
turas e hidrossanitários;
• Estabelece critérios obje�vos de
vida ú�l e desempenho para os
sistemas;
• Indica os métodos que permitem
avaliar o cumprimento a esses cri-
térios e;
• Ins�tui o caráter evolu�vo da nor-
ma, prevendo revisões para acres-
centar novos sistemas ou atualizar
os existentes.
A Norma de Desempenho introduziu
um novo paradigma no que se refere
a normas para a construção civil. Seu
ponto de par�da é a experiência do
usuário e não a tecnologia constru�-
va disponível ou consagrada pelo uso
(cujos requisitos são estabelecidos em
normas prescri�vas). Ela define o re-
sultado esperado pela perspec�va do
consumidor e não pela ó�ca do método
u�lizado. Usando um exemplo hipoté�-
co e exagerado, não importa se uma pa-
rede é construída com �jolos de �tânio
ou com folhas de papel;o que interessa
é o seu comportamento em uso, com
base nos critérios estabelecidos. Fazen-
do uma analogia com o futebol, se o
obje�vo do seu �me é ganhar o campe-
onato, não importa se ele está recheado
de craques ou de jogadores medianos,
desde que ganhem os jogos necessários
para ficar à frente do segundo colocado
ao final do certame. O futebol pode não
ser vistoso, desde que o desempenho
seja a�ngido. Agora, é fac~vel aceitar
a hipótese de que um �me de craques
pode vir a ter mais chances de alcan-
çar este obje�vo, mesmo que a história
nos mostre sistema�camente casos em
que isto não ocorreu (exemplos: sele-
ção brasileira de 1982, “dreamteam” do
centenário flamenguista etc.).
Voltando à construção civil, a norma
descreve dezenas de itens que toda
obra deverá atender. Exemplos: garan�r
atenuação sonora que evite situações
desagradáveis como ouvir o vizinho
conversando (em níveis normais, obvia-
mente), ser estanque de modo que não
ocorram infiltrações, resis�r ao peso de
uma TV pendurada sobre um suporte
na parede, garan�r a segurança no uso
evitando ferimentos, permi�r a acessi-
bilidade aos portadores de necessida-José Roberto Romero,
diretor de engenharia da AEAARP
22
Revista Painel
des especiais e pessoas com mobilida-
de reduzida e assim por diante.
A norma também estabelece uma
maneira nova de entender como os
elementos que compõem a edificação
são apresentados. O que vale é o com-
portamento do sistema como um todo,
não de suas partes individualmente.
Com isto, não importa se o construtor
instalou janelas acús�cas nas paredes,
pois sozinhas elas não garantem o de-
sempenho acús�co, visto que o ‘sis-
tema parede’ é composto de outros
elementos como, por exemplo, gesso
acartonado ou alvenaria, portas, por-
tais, além de frestas e a interface entre
esses elementos.
Níveis de desempenho
Outro diferencial introduzido pela
norma são os níveis de desempenho.
Os critérios quan�ta�vos foram clas-
sificados em 03 níveis: mínimo, inter-
mediário e superior. O nível mínimo é
obrigatório para qualquer edificação
habitacional. É válido, portanto, de mo-
radias de interesse social (ex.: Minha
Casa Minha Vida) a imóveis de alto pa-
drão. Já os níveis intermediário e supe-
rior, presentes em alguns critérios, di-
ferenciam o status de um determinado
sistema. Quem procura um imóvel com
caracterís�cas melhores de conforto
acús�co, térmico, lumínico, durabilida-
de etc. deverá adquirir unidades que
atendam aos níveis intermediário ou
superior. Voltando à analogia futebolís-
�ca, se além de ganhar o campeonato
você fizer questão de bons espetáculos,
provavelmente o �me de craques ser-
virá melhor a este �po de desempenho
esperado. O construtor deve informar
ao consumidor para qual nível de de-
sempenho os sistemas da edificação
foram projetados.
Com estas regras, claras por sinal,
espera-se diminuir os li~gios entre
construtoras e clientes, especialmente
quando o cliente acredita não ter rece-
bido o que comprou, em função de pro-
pagandas genéricas que alguns constru-
tores e incorporadores pra�cam. Por
sua vez, estes poderão se resguardar de
clientes que exigem mais do que o que
foi adquirido e devidamente anunciado.
É justo para todos.
Tais mudanças só serão sen�das na
prá�ca daqui a alguns anos (estamos
em 2014), quando as primeiras obras
oriundas de projetos protocolados a
par�r de 19/07/2013 começarem a ser
entregues. Até lá, é crucial que a socie-
dade dissemine esta novidade e exija a
sua aplicação. Por sua vez, os usuários
deverão se acostumar a usar e manter
seus imóveis conforme orientações do
construtor, responsável por entregar o
manual do proprietário (e do síndico,
em caso de prédios) quando da entrega
da obra, atendendo à norma ABNT NBR
14.037. Mas esta é outra história...
Requisitos de desempenhodas edificaçõeshabitacionais conforme aABNT NBR 15575:2013:
1- Segurança estrutural
2- Segurança contra incêndio
3- Segurança no uso e na operação
4- Estanqueidade
5- Desempenho térmico
6- Desempenho acús�co
7- Desempenho lumínico
8- Durabilidade
9- Manutenibilidade
10- Saúde, higiene e qualidade do ar
11- Funcionalidade e acessibilidade
12- Conforto tá�l e antropodinâmico
13- Adequação ambiental
Público formado por profissionais e estudantes interessados na norma
23
AEAARP
CREA-SP
Lei Federal Nº 5.194/66Comentários à
CAPÍTULO I“Seção III - Do exercício ilegal daProfissãoArt. 6º - Exerce ilegalmente a profis-
são de engenheiro, arquiteto ou enge-
nheiro-agrônomo:
a) a pessoa ysica ou jurídica que re-
alizar atos ou prestar serviços, pú-
blicos ou privados, reservados aos
profissionais de que trata esta Lei e
que não possua registro nos Con-
selhos Regionais;
b) o profissional que se incumbir de
a�vidades estranhas às atribuições
discriminadas em seu registro;
c) o profissional que emprestar seu
nome a pessoas, firmas, organiza-
ções ou empresas executoras de
obras e serviços sem sua real par�-
cipação nos trabalhos delas;
d) o profissional que, suspenso de
seu exercício, con�nue em a�vida-
de;
e) a firma, organização ou sociedade
que, na qualidade de pessoa jurídi-
ca, exercer atribuições reservadas
aos profissionais da Engenharia, da
Arquitetura e da Agronomia, com
infringência do disposto no pará-
grafo único do Art. 8º desta Lei.”
Comentários:
O ar�go, em sua alínea “a”, estabele-
ce penalidades para as pessoas ysicas
e jurídicas leigas e/ou sem o respec�vo
registro neste Conselho, que exercem
a�vidade ou função técnica das áreas
de engenharia, agronomia e geologia.
Entende-se por leigo, “pessoas que não
genheiro-agrônomo: desempenho de
cargos, funções e comissões em en�da-
des estatais, paraestatais, autárquicas
e de economia mista e privada; plane-
jamento ou projeto, em geral, de regi-
ões, zonas, cidades, obras, estruturas,
transportes, explorações de recursos
naturais e desenvolvimento da produ-
ção industrial e agropecuária; estudos,
projetos, análises, avaliações, vistorias,
perícias, pareceres e divulgação técnica;
ensino, pesquisa, experimentação e en-
saios; fiscalização e/ou direção de obras
e serviços técnicos).
“Seção IV - Atribuiçõesprofissionais e coordenação desuas a�vidadesArt. 13º - Os estudos, plantas, proje-
tos, laudos e qualquer outro tra-
balho de Engenharia, de Arquite-
tura e de Agronomia, quer público,
quer par�cular, somente poderão
ser subme�dos ao julgamento das
autoridades competentes e só te-
rão valor jurídico quando seus au-
tores forem profissionais habilita-
dos de acordo com esta Lei”.
Comentários:
De acordo com este ar�go, somen-
te terão validade jurídica os contratos
firmados com pessoas ysicas e/ou ju-
rídicas devidamente registradas neste
Conselho, e que estejam atendendo a
todas as exigências desta Lei, inclusive
quanto à adimplência e efe�va par�ci-
pação profissional.
Fonte: CREA-SP
possuem conhecimento aprofundado
sobre determinada área”, ou não com-
provem formação para aquela a�vidade
técnica específica.
A alínea “b” trata dos profissionais
das áreas mencionadas que, apesar de
formados e registrados neste Conselho
para exercer a�vidade(s) em área(s)
específica(s), exerce a�vidade em ou-
tra área que não a de seu registro e/ou
formação, exorbitando, assim, as suas
funções.
A alínea “c” trata dos profissionais
que, apesar de contratados para execu-
ção e/ou acompanhamento de certa(s)
a�vidade(s) técnica(s), efe�vamente
não o faz, transferindo, assim, a outrém,
a responsabilidade por aquele serviço.
Entende-se, assim, que esse profis-
sional, regular perante este Conselho,
“emprestou” seu nome para que outro
realizasse aquela a�vidade técnica, sem
a sua real par�cipação.
A alínea “d” trata dos profissionais
que, por algummo�vo (seja por inadim-
plência ou penalidades em processos
é�cos), estejam suspensos de executa-
rem as a�vidades técnicas per�nentes
a este Conselho, porém, permaneçam
exercendo-as.
A alínea “e” trata das pessoas jurídi-
cas (firmas, organizações ou socieda-
des, devidamente registradas no CREA)
que exerçam a�vidade(s) técnica(s),
sem o efe�vo registro e par�cipação
de profissional legalmente habilitado
para aquela função, de acordo com o
Art.8º desta lei (a�vidades e atribuições
profissionais do engenheiro e do en-
24
Revista Painel
TECNOLOGIA
autoadensávelIPT desenvolve concreto ideal para o preenchimento completo
das fôrmas, sem a ocorrência de segregação, e favorável ao bom
acabamento superficial do produto
Concreto
Pesquisadores do Centro de Tecno-
logia de Obras e Infraestrutura do Ins-
�tuto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
desenvolveram um traço de referência
para o concreto autoadensável u�lizado
em paredes moldadas no local. O proje-
to elaborado por Alessandra Lorenzew
de Castro e Rafael Francisco Cardoso
Santos, do Laboratório de Materiais de
Construção Civil do ins�tuto, tem como
obje�vo atender aos requisitos na NBR
15823:2010, que especifica sobre o con-
creto autoadensável em estado fresco e
contempla propriedades essenciais ao
material como fluidez e resistência à se-
gregação.
Segundo os pesquisadores, a necessi-
dade de aprimoramento do traço surgiu
a par�r da elaboração de um projeto de
iniciação cien~fica, financiado pela Fun-
dação de Apoio ao Ins�tuto de Pesqui-
sas Tecnológicas (FIPT). “Como o pro-
jeto desenvolvido u�lizou amostras de
concreto coletadas durante a execução
de obras u�lizando paredes de concre-
to moldadas no local, verificou-se uma
discordância entre a aplicação prevista
e as caracterís�cas dos materiais que
estavam sendo u�lizados no mercado
da construção, reafirmando o perfil
problemá�co do cenário da execução
do sistema constru�vo de paredes de
concreto, principalmente envolvendo
o concreto autoadensável”, explicam os
pesquisadores.
O concreto aplicado na produção de
paredes moldadas no local deve apre-
sentar uma boa trabalhabilidade, ade-
quada para o preenchimento completo
das fôrmas, sem a ocorrência de segre-
gação e favorável ao bom acabamento
superficial do elemento. Em relação
aos outros três �pos de concreto reco-
mendados para o preenchimento das
fôrmas das paredes moldadas no local
(concreto celular, concreto com eleva-
do teor de ar incorporado e concreto
leve), o autoadensável se diferencia
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principalmente pela maior quan�dade
de adi�vos químicos, como os super-
plas�ficantes e de materiais finos que
são adicionados à mistura. Assim, tem
maior capacidade de escoar sob a influ-
ência apenas do seu próprio peso, o que
elimina o processo de adensamento por
vibração e da mão de obra necessária
para esta etapa.
“A capacidade de autoadensabilidade
é ob�da com o equilíbrio entre a alta
fluidez e a moderada viscosidade do
material. A alta fluidez é alcançada com
a u�lização de adi�vos superplas�fican-
tes, enquanto a moderada viscosidade
e a coesão são conseguidas com o incre-
mento de um percentual adequado de
material com granulometria muito fina
e/ou adi�vos modificadores de visco-
sidade. Além disso, em relação às mis-
turas de concreto convencional, aden-
sadas por vibração para o adequado
preenchimento das fôrmas, as misturas
de concreto autoadensável são cons�-
tuídas por um maior volume de pasta
e, consequentemente, por um menor
volume de agregados”, dizem os pes-
quisadores. Este traço referencial ainda
tem vantagens ambientais, já que reu-
�liza materiais que geralmente seriam
descartados, como resíduos oriundos
da britagem de rochas.
Atualmente, o IPT trabalha no de-
senvolvimento de misturas de con-
creto autoadensável com alto teor de
ar incorporado, também para uso no
sistema de paredes moldadas no lo-
cal. U�lizando mais esse adi�vo, será
possível diminuir o peso da estrutura
e construir paredes com melhor de-
sempenho térmico e acús�co. Segun-
do os pesquisadores “o concreto au-
toadensável deve ser u�lizado quando
da necessidade de se obter estruturas
mais duráveis, com economia e menor
tempo de execução, tendo em vista a
proporção o�mizada dos componentes
da mistura e a ausência da necessidade
do adensamento mecânico do concre-
to, mesmo na presença de alta densi-
dade de armaduras e em estruturas de
formas complexas”.
Fonte: Téchne.pini
26
Revista Painel
NOTAS E CURSOS
Apresentados no Architecture and Design Film
Fes�val 2014, em Nova York, conheça os 25 novos
documentários e longas de ficção que apresentam
peculiaridades, desafios e perspec�vas das áreas
de arquitetura e urbanismo. A lista traz ~tulos
sobre obras famosas como o Centre Pompidou
de Paris (França) e de arquitetos consagrados
como o italiano Michele De Lucchi. Neon, um dos
destaques, explora o surgimento e a relevância
do design de uma peça de neon feito em Varsóvia,
Polônia, nas décadas de 1960 e 1970. Os trailers
de 10 filmes estão disponíveis no link hyp://arco
web.com.br/noticias/noticias/25-novos-filmes-
-arquitetura-urbanismo-designFonte: ARCOweb
25 novos filmes sobre arquitetura e urbanismo
A reurbanização de um trecho da margem do
Rio Amazonas, em Manaus, foi um dos projetos
vencedores do Prêmio HolcimAwards 2014
para a América La�na. Elaborado por estudan-
tes de arquitetura e urbanismo da Universidad
Nacional de Córdoba (Argen�na), o projeto
propõe a transferência das a�vidades comer-
ciais, atualmente realizadas na faixa de areia do
rio, para uma plataforma flutuante.A proposta
resolverá uma situação climá�ca desafiadora
da região: os níveis do rio Amazonas variam até
15 m, entre as estações seca e chuvosa, com
inundações frequentes. Os estudantes proje-
taram uma estrutura que avança o perímetro
navegável, sendo ligada à terra firme por meio
de passarelas. A estrutura tem 40 m x 500 m,
podendo ser u�lizada tanto como porto – na
atracação de pequenos barcos – quanto para
comércio. A cobertura, em formato de guarda-
-chuva inver�do, facilita a captura da água de
chuva, para armazenamento e posterior reuso
na manutenção dos serviços.
Fonte: Infraestrutura Urbana
Projeto argenHno cria
mercado flutuante no
Rio Amazonas
O Manual de Construção em Aço - Estruturas compostas por
perfis formados a frio, recentemente lançado pelo Centro Brasileiro
da Construção em Aço (CBCA), reúne conceitos relacionados ao
emprego do aço na construção civil. A publicação apresenta os
fundamentos teóricos do dimensionamento de perfis a frio, tendo
como base as normas NBR 14762:2010 e NBR 6355:2012 da ABNT.
O obje�vo do manual é proporcionar melhores condições de
avaliação da viabilidade econômica de uma edificação, conside-
rando o uso dos sistemas metálicos. O livro também traz aspectos
relacionados à torção, efeito de forças aplicadas em direções não paralelas aos eixos principais
da seção transversal e perfis padronizados pela NBR 6355:2012. O material também disponibiliza
um sorware para calcular os esforços resistentes em barras isoladas, bem como as propriedades
geométricas da seção bruta e efe�va que serão usadas no cálculo de deslocamentos. No link hyp://
www.cbca-acobrasil.org.br/site/publicacoes-manuais.php é possível fazer o download do livro.
Fonte: Construção Mercado
Manual de Construção em Aço para download
Uma empresa de engenharia de projetos publicou o relatório “Future of Rail 2050”, que traz
previsões do setor ferroviário para as próximas décadas. Seus especialistas basearam a análise
em tendências mundiais como crescimento da população urbana, alterações climá�cas, novas
tecnologias etc. O relatório prevê trens de alta velocidade e sem
condutor, cargas enviadas automa�camente ao seu des�no, manu-
tenção preven�va das linhas ferroviárias feitas por robôs-drones e
tecnologia inteligente que permite viagens sem bilhetes. Os avanços
tecnológicos também fornecerão informações precisas do trajeto,
em tempo real, e permi�rão acesso ininterrupto a internet. Com o
aumento da frequência de eventos climá�cos extremos, o relatório
faz uma projeção das futuras técnicas de construção e manutenção.
O estudo também analisa novas formas de transporte de cargas,
a ser realizado por meio de plataformas elevadas acima do solo,
em túneis no subsolo, ou mesmo através de uma nova geração
de dirigíveis. No atalho hyp://migre.me/mAO9G está disponível o
relatório, em inglês.Fonte: Sindicato da Arquitetura e da Engenharia
Como serão as ferrovias do futuro
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