Painel3 - Ambiente em Marguerite Yourcenar – António Dias (CIDAADS)

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Sustentabilidade: Políticas, Investigação e Práticas

1, 2 e 3 de Outubro de 2010 - Pavilhão do Conhecimento

A natureza escrita:

o ser sustentável em Marguerite Yourcenar

António Dias

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António Dias

Traços cronológicos1903

8 de Junho: nascimento de Marguerite Cleenewerck de Crayencour em Bruxelas

“O ser a que chamo eu veio ao mundo numa certa segunda-feira, 8 de Junho de 1903, pelas oito horas da manhã, em Bruxelas...” Souvenirs Pieux

© Fonds Gallimard

19 de Junho: morte da mãe em consequência do parto. Algumas semanas mais tarde, o pai instala-se com a filha no Mont-Noir (França), na propriedade da sua mãe. Os Verões são passados no campo e os Invernos em Lille

1921-1924

Publicação em edição de autor do Le Jardin des Chiméres que será imediatamente seguido, em 1922, por uma recolha de poemas redigidos entre os catorze e os dezasseis anos, Les Dieux ne sont pas Morts, de inspiração tão grega como antiga. Com o pai, ela cria um pseudónimo por anagrama do seu patronímico: Yourcenar

Em 1924, Marguerite Yourcenar descobre a Vila Adriana onde nasce o projecto de um livro sobre o imperador Adriano que não se realizará senão vinte e sete anos mais tarde

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Traços cronológicos

1929-1931

Edita Alexis ou Le Traité du vain Combat

Órfã, Marguerite Yourcenar põe em dia o seu modo de vida e divide a sua existência

entre Paris, a Bélgica, a Holanda, a Itália e os países da Europa central

1932-1934

Visita à Itália e redacção de Denier du Rêve que será rescrito vinte e cinco anos mais tarde. Frequentes estadias em Viena, descida e subida do Danúbio, de Viena a Belgrado. Encontros com pensadores e escritores

1934-1938

Descoberta da Grécia que se tornará o seu porto de abrigo, com as suas habituais etapas em Itália e na Europa central ainda que passe os Invernos em Paris onde reside num hotel

Photographie extraite d’une carte de presse “les nouvelles littéraires“, 1937 Houghton Library,Université de Harvard, Boston (U.S.A.) libre de droits

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Traços cronológicos1937

Vai para Londres para se encontrar com Virgínia Woolf, de quem traduziu The Waves (Les vagues). Encontro, em Fevereiro, em Paris, com Grace Frick, uma Americana, que a acompanha imediatamente numa longa viagem na Europa e a leva em seguida aos estados Unidos por vários meses, e que se tornará, em seguida, por longos anos uma companheira de vida e uma admirável tradutora

1939

Embarca em Bordeaux para Nova Iorque a convite de Grace Frick

1940

Instalação, com Grace Frick, em Hartford

1942-1948

Descoberta de l’île des Monts –Déserts (Maine)

1947

Pedido e obtenção da nacionalidade americana adquirindo como nome oficial de Yourcenar

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Traços cronológicos

1950

Aquisição, com Grace Frick, da casa “Petite Plaisance”, em Northeast Harbor onde termina Mémoires d’Hadrien

1951

Primeira viagem à Europa desde 1939. Revê Paris, na saída do novo romance, a Suiça, a Itália e a Espanha. Sucesso inesperado de Mémoires d’Hadrien (prémio Vacaresco-Fémina) e reconhecimento de Yourcenar no mundo das letras

1958

Viagem a Itália. Sensibilizada pelos problemas contemporâneos, adere tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, a diversos organismos de defesa dos cidadãos, de luta a favor da paz, contra o nuclear, contra a poluição, pela protecção dos animais, do ar, da água e do meio natural. Compromisso, que existe, no mesmo sentido, nos seus escritos

1962

Prémio Combat por Sous bénéfice d’inventaire

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Traços cronológicos1968

Em Paris, para a saída de L’Oeuvre au Noir durante os famosos acontecimentos de Maio de 68.Livro largamente bem acolhido.

Em Junho: doutoramento honoris causa no Bowdoin College de Brunswick (Maine).

Regresso a Paris em Novembro para o Prémio Fémina

1970

Eleição na Académie Royale de Langue et de Littérature Françaises de Belgique como estrangeira (americana).

1971-1979

Os títulos sucedem-se: Honoris causa no Colby College (Maine), prémio literário do Mónaco, grande prémio nacional de cultura, grande prémio de L’Académie Française

1979

Grace morre a 18 de Novembro em Petite Plaisance

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1981

Recepção na L’Académie Française no dia 22 de Janeiro

enquanto primeira mulher “imortal”

1987

Québec, para a conferência sobre o ambiente

17 de Dezembro – Marguerite Yourcenar parte definitivamente pouco depois das 20 horas...

“Je commence a apercevoir le profil de ma mort." Mémoires d’Hadrien

Traços cronológicos

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António Dias

Conferência “O direito á qualidade do ambiente: um direito em devir, um direito a definir”sob a direcção de Nicole DUPLÉQuébec – Canadá

Nós queremos ainda tentar salvar a Terra

Marguerite Yourcenar – 30 de Setembro de 1987

(medo) o da destruição da própria Terra, explorada e poluída por nós; a da água, da superfície marinha mais ou menos, três vezes maior que a superfície terrestre que poluímos cada dia mais, as dos lençóis de água que se entranham no solo e se esgotam ou, por causa de uma exploração deplorável, a da água caindo sob a forma de chuva e trazendo com ela ácidos devastadores produzidos pelas civilizações industriais...

...multiplicam-se os efeitos de uma sociedade de consumo que é, de facto, uma sociedade do desperdício...

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Conferência “O direito á qualidade do ambiente: um direito em devir, um direito a definir”sob a direcção de Nicole DUPLÉQuébec – Canadá

Nós queremos ainda tentar salvar a Terra

Marguerite Yourcenar – 30 de Setembro de 1987

...Parece esquecermos...

Bhopal...

A poluição do Reno...

Tchernobyl...

Atenas...

O Nilo...

A terra pertence a todos os seres vivos e nós seremos arruinados com eles e com ela

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“drama da terra, do ar, da água” e do homem

preocupação constante na obra e na vida da escritora

“sensibilidade naturalista”, uma “inteligência da natureza”, uma “compreensão do conjunto dos

mecanismos da natureza” (prof. Géhu – Fundação Marguerite Yourcenar)

Preocupação global e que inclui naturalmente o homem

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“Se alguns consideram que a crueldade do homem face às outras espécies – e este plural dirige-se muitas vezes à espécie animal – encontra a sua explicação e a sua motivação na crueldade que o homem exerce sobre o homem, a própria Marguerite Yourcenar considerava o movimento inversamente: se, diz ela, não se tivesse habituado o homem à crueldade em relação aos animais (pensava na maneira como, nos anos 30, tinha visto o gado levado rudemente para o matadouro na Grécia), não se teria talvez amontoado seres humanos nos wagons em 40-45...”

Michèle Goslar, Introduction, Marguerite Yourcenar et L’Ècologie, CIDMY, Bulletin nº2, 1990

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“Torre de marfim...O quanto isso me desgosta, marfim, esses grandes animais massacrados”

Rendre a Cesar

“Uma companhia de arqueiros saía para atirar aos tordos: eram bons burgueses reunidos que conversavam e davam palmadas no ombro: cada um transportava a tiracolo uma sacola que continha muitas parcelas de vida que ainda há instantes cantava em pleno céu.”

A Obra ao Negro

“O marfim provem de um elefante morto na floresta congolesa, cujas presas são vendidas a baixo preso por um indígena a qualquer traficante belga. Essa grande massa de vida inteligente, resultante de uma dinastia que remonta pelo menos até ao início do Pleistocénio, acabou assim. Esta insignificância fez parte de um animal que comeu erva e bebeu a água dos rios, que se banhou na boa lama morna, que se serviu deste marfim para combater um rival ou tentar resistir aos ataques do homem, que afagou com a sua tromba a fêmea com a qual copulava. O artista que deu forma a esta matéria só conseguiu fazer dela uma beatice de luxo..”

Souvenirs Pieux

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“...os animais eternamente molestados nos campos e nos bosques...”

A Benefício de Inventário

“A mesma força que pensa no homem, rasteja no verme da terra, voa no pássaro ou vegeta na planta.”

Peregrino e Estrangeiro

“É a partir desta época e por uma ascese que ainda se persegue, que o prestígio das paisagens traz o traço do passado humano, uma vez que é tão intensamente amado, vem pouco a pouco, a substituir-se, para mim, pelo dos lugares, cada vez mais raros, pouco marcados ainda pela atroz aventura humana.”

La Petite Siréne, Préface

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“Este mundo animal e vegetal de que nós aceleramos a perda...”

Peregrino e Estrangeiro

“Irrita-me que o homem desperdice assim a sua própria energia em construções quase sempre nefastas.”

A Obra ao Negro

“Um belo dia vi num jornal a fotografia duma fábrica que vomitava torrentes de fumo negro: colei-a no meu pequeno caderno de acções; nunca mais comprar aquele produto.”

Les Yeux Ouverts

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Marie-Claire, Abril 1979

A arte de viver de Marguerite Yourcenar.

Uma lição de sabedoria sob um telhado de madeira

Entrevista de Pierrette Pompom-Bailhace in MY, Portrait d’une Voix, Vingt-Trois entretiens (1952-1987), Textes réunis, présentés et annotés para Maurice Delcroix, Gallimard

Sustentabilidade

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“Há lugares da Terra tão bonitos que gostaríamos de os apertar ao coração.”

Uma volta pela Prisão

“Assim, o Mont-Noir, a grande qualidade do Mont-Noir, para mim, é a vida no campo, o conhecimento da natureza. É muito importante para uma criança ter crescido num meio natural, ter vivido com os animais...”

Les Yeux Ouvertes

“...aqui, (Ilha de Monts Déserts) (...) encontrei o silêncio natural, e por vezes os gritos das aves nocturnas, o ruído da sirene de um barco que aporta no nevoeiro. Eu disse, no prefácio de La Petite Siréne, que esta curta peça marca o momento em que a geologia, para mim, toma o passo da história. E isto é algo de muito profundo. Foi aqui que comecei a interessar-me, cada vez mais, pelo meio natural, pelas árvores, pelos animais.”

Les Yeux Ouverts

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Excerto de

Reportage sur Marguerite Yourcenar dans samaison du Maine

1-1-1978

Produtores: Annonceur, Paris: Antenne 2

Jornalista: Jacques Segui

INA, Fr

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