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INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS - GEOQUÍMICA
FERNANDA PESSANHA ALVARENGA COSTA
Paleo-oxigenação do Atlântico Equatorial utilizando análise de
poros em foraminíferos bentônicos nos últimos 30 mil anos
NITERÓI
2018
FERNANDA PESSANHA ALVARENGA COSTA
Paleo-oxigenação do Atlântico Equatorial utilizando análise de
poros em foraminíferos bentônicos nos últimos 30 mil anos
Orientadora:
Prof.ª Drª Cátia Fernandes Barbosa
Niterói
2018
Dissertação apresentada ao curso de
Pós- Graduação em Geociências da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para obtenção de grau
de Mestre. Área de Concentração:
Geoquímica Ambiental.
AGRADECIMENTO
Primeiramente, agradeço à Inteligência Suprema do Universo, a qual atende por Deus, pelas
oportunidades de melhoramento moral, espiritual e intelectual e também por se fazer presente
em todos os momentos de minha vida.
À minha orientadora Cátia Fernandes Barbosa pela disponibilidade, apoio, dedicação e
incentivo ao longo de todo o trabalho.
Aos membros da banca pelo empenho em ajudar na melhoria desta dissertação.
Ao José Carlos Seoane, Cainho, pela grande ajuda na metodologia do trabalho.
À Ana Paula Cruz pela disponibilidade e ajuda na discussão deste trabalho.
Aos alunos de Iniciação Científica, Luiz Gustavo, Murilo, Daniel e Joice por toda ajuda,
dedicação e comprometimento.
A todos os funcionários do Departamento de Geoquímica pelo apoio ao longo do curso.
Aos professores deste Departamento de Geoquímica pelos conhecimentos compartilhados.
Aos amigos que fiz durante estes dois anos de Mestrado pelo companheirismo e momentos de
descontração, em especial ao Ângelo de Carvalho.
Ao CNPq pelo apoio à pesquisa e fornecimento da bolsa de mestrado.
Aos meus pais Sergio e Terezinha e a minha irmã Aline, por todo o amor e suporte ao longo
de toda a minha vida.
A todos os meus amigos e familiares por me darem tantos motivos para sorrir, em especial a
minha tia Dayse, por sempre acompanhar a minha vida acadêmica.
E por último, porém não menos importante, ao meu noivo Diego, por ser um grande
incentivador e companheiro e por compreender as minhas ausências por conta do mestrado.
Obrigada!
RESUMO
O Atlantico Equatorial Oeste (AEO) compreende parte da AMOC (Atlantic
Meridional Overturning Circulation), que é um dos componentes mais importantes na
distribuição de calor dos oceanos e que desempenha importante papel na regulação e
manutenção do clima no planeta. Durante os Eventos Heinrich (EH) ocorreu enfraquecimento
na formação da APAN (Água Profunda do Atlântico Norte) e, consequentemente, perturbação
no sistema de circulação oceânico AMOC. Sabe-se que enfraquecimento na circulação
oceânica acarreta em diminuição no teor de O2 nas águas do fundo, ocasionando transtornos
aos organismos bentônicos. A distribuição de forminíferos é influenciada por diversos fatores,
em especial, pelo teor de O2. Estudos apontam que, em ambientes onde este teor é baixo, as
testas dos foraminíferos tendem a ter poros maiores e vice-versa. Diante deste contexto, o
presente trabalho tem como finalidade avaliar a oxigenação no AEO ao longo dos últimos 30
mil anos, sobretudo durante o evento H1 quando a AMOC é freada, por meio de análise da
assembleia de foraminíferos e análise dos poros da espécie Cibicides pseudoungeriana
oriundos do testemunho sedimentar MD09-3243CQ. Este foi coletado durante o projeto
RETRO no talude da margem continental do nordeste do Brasil a bordo do Cruzeiro Marion
Dufresne I73/ Retro III, em outubro de 2009. Como resultado, obteve-se que durante o
período interglacial houve aumento nas taxas fotossintéticas, ocasionando maior concentração
de O2 e, consequentemente, menor área média dos poros das testas. Além de uma assembleia
mais abundante em epifaunais. Durante o H1 (Heinrich 1) observaram-se duas fases, na
primeira, o enfraquecimento da AMOC implicou em menores taxas de O2 e como resposta, a
área média dos poros aumentaram. Em relação à assembleia, a mesma exibiu a maior
abundância de infaunais em relação aos epifaunais. Já durante a 2ª fase, entendeu-se que, com
a retomada da AMOC a oxigenação de fundo tenha aumentado e, com isso, os poros das
testas diminuíram. Nesta fase, a assembleia apresentou abundância de infaunais menor do que
a primeira. Durante o glacial, encontraram-se taxas fotossintéticas menores, em consequência,
a área média dos poros aumentou relativamente e assembleia apresentou predomínio de
epifaunais, revelando que as concentrações de O2 não foram tão baixas quanto no H1. Com
isso, entendeu-se a variação no tamanho do poro como uma característica ecofenotípica que
ocorre primeiro, como forma de defesa ou adaptação dos foraminíferos frente às mudanças na
oxigenação do meio e somente em casos mais extremos a configuração da fauna é realmente
afetada. Além disso, os dados de porosidade foram correlacionados aos dados de 231Pa / 230Th
a fim de se verificar a correspondência entre baixa intesidade da AMOC e aumento na
porosidade nas testas dos Cibicides pseudoungeriana, com isso, tal relação foi comprvada e
se mostrou evidente em torno de 16.000 anos AP.
Palavras-chave: Foraminíferos. Poros. Oxigenação. AMOC. Atlântico Equatorial Oeste.
ABSTRACT
The West Equatorial Atlantic (WEA) comprises part of the AMOC (Atlantic
Meridional Overturning Circulation), which is one of the most important components in
ocean heat distribution and plays an important role in the regulation and maintenance of the
climate on the planet. During the Heinrich Events the formation of NADW (North Atlantic
Deep Water) was weakened and, consequently, the AMOC was disturbed. It is known that
weakening in the ocean circulation leads to a decrease in the O2 content in the bottom waters,
causing a trouble to benthic organisms. The distribution of foraminifera is influenced by a lot
of factors, in particular, by the content of O2. Studies show that, in environments where this
content is low, the tests of the foraminifera tend to have larger pores and vice versa. In this
context, the present work aims to evaluate the oxygenation in the WEA over the last 30
thousand years, especially during the H1 event when the AMOC is weakened, through
analysis of the foraminifera assemblage and pore analysis of the species Cibicides
pseudoungeriana originating from the sedimentary core MD09-3243CQ. This was collected
during the RETRO project on the slope of the continental margin of northeastern Brazil on
board the Cruise Marion Dufresne I73 / Retro III, in October 2009. As a result, it was
obtained that during the interglacial period there was an increase in the photosynthetic rates,
causing a higher concentration of O2 and, consequently, a lower mean area of the pores of the
tests. Besides, an assemblage more abundant in epifaunals. During the H1 (Heinrich 1) two
phases were observed, in the first one, the weakening of the AMOC implied in lower rates of
O2 and in response, the average area of the pores increased. In relation to the assembly, it
exhibited the greatest abundance of infaunals in relation to the epifaunals. Already during the
second phase, it was understood that with the resumption of the AMOC the oxygenation of
deep water increased and, with this, the pores of the tests decreased. At this stage, the
assemblage had fewer infaunals than the first. During the glacial, smaller photosynthetic rates
were found, as a consequence, the average area of the pores increased relatively. And the
assemblage showed predominance of epifaunals, showing that O2 concentrations were not as
low as in H1. Thus, the variation in pore size was understood as an ecofenotypic characteristic
that occurs first, as a form of defense or adaptation of the foraminifera in the face of changes
in the oxygenation of the environment, and only in more extreme cases does the configuration
of the fauna really affected. In addition, the porosity data were correlated to the 231Pa / 230Th
data in order to verify the correspondence between the low AMOC intensity and the increase
in the porosity in the Cibicides pseudoungerian tests, with that, this relationship was
established and it was evident around of 16.000 years BP.
Keywords: Foraminifera. Pores. Oxygenation. AMOC. West Equatorial Atlantic.
LISTA DE FIGURAS E IMAGENS
Figura 1: Morfologia básica de foraminíferos......................................................................... 15
Figura 2: Localização geográfica da área de estudo e da estação de coleta do testemunho
sedimentar MD09-3243CQ ...................................................................................................... 23
Figura 3: Representação esquemática das principais correntes e giros que compõem a
Circulação Oceânica Superficial e Profunda do Atlântico Equatorial Oeste ........................... 25
Figura 4: Circulação oceânica global ...................................................................................... 26
Figura 5: : Esquema mostrando a relação entre o evento milenar Heinrich e a circulação
oceânica de fundo. .................................................................................................................... 27
Figura 6: Visualização da montagem do amostrador CASQ durante o cruzeiro RETRO 3 ... 28
Figura 7: Sub-amostra de Testemunho (quadrado em destaque vermelho) retirado a partir do
testemunho CASQ MD09 3243. ............................................................................................... 29
Figura 8: Modelo cronológico do testemunho MD09-3243CQ .............................................. 35
Figura 9: Dendrograma da análise de Cluster envolvendo as faunas de foraminíferos
bentônicos e suas respectivas idades do testemunho MD09-3243CQ. .................................... 36
Figura 10: Representação gráfica dos dados de número de poros, área média do poro e
porosidade por idades em anos A.P. ......................................................................................... 42
Figura 11: Resultados em formato box-plot do valor D do teste Kolmogorov–Smirnov (KS)
para o espécime 3 ..................................................................................................................... 45
Figura 12: Representação gráfica dos dados de matéria orgânica como clorofila, COT, δ13C
(MAIA, 2016) e dos dados de área média do poro e porosidade por idades. ........................... 52
Figura 13: Representação gráfica do dados de 231Pa / 230Th, Idade do Reservatório e
Porosidade por idades em anos AP........................................................................................... 54
Imagem 1: Cibicides pseudoungeriana ................................................................................... 32
Imagem 2: Exemplo de posicionamento do quadro no interior na penúltima câmara ............ 41
Imagem 3: Comparação entre a distribuição dos poros no quadro 2à esquerda e no quadro 5 à
direita. ....................................................................................................................................... 43
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Resultado das datações do testemunho MD09-3243CQ ......................................... 34
Tabela 2: Composição da Biofácies f ...................................................................................... 37
Tabela 3: Composição da Biofácies m .................................................................................... 37
Tabela 4: Composição da Biofácies c ..................................................................................... 37
Tabela 5: Composição da Biofácies j ...................................................................................... 38
Tabela 6: Composição da Biofácies e ..................................................................................... 38
Tabela 7: Composição da Biofácies b ..................................................................................... 39
Tabela 8: Composição da Biofácies g ..................................................................................... 49
Tabela 9: Composição da Biofácies h ..................................................................................... 49
Tabela 10: Abundância do gênero Cibicides nas Biofácies .................................................... 40
Tabela 11: Dados referentes ao espécime 3 ............................................................................ 41
Tabela 12: Exemplo de uma tabela “Síntese” ......................................................................... 44
Tabela 13: Exemplo de uma tabela “Resultados” ................................................................... 44
Tabela 14: Resumo dos dados da análise de Cluster acoplada à análise de SIMPER............. 46
LISTA DE ABREVIATURAS
AEO – Atlântico Equatorial Oeste
AMOC - Atlantic Meridional Overturning Circulation
AP – Antes do Presente
APAN – Água Profunda do Atlântico Norte
CASQ – Calypso Square Cores
CB – Corrente do Brasil
CCD - Carbonate Compensation Depth
CCNE – Contra Corrente Norte Equatorial
CNB – Corrente Norte do Brasil
COT – Carbono Orgânico Total
CPCO – Corrente Profunda de Contorno Oeste
CSE – Corrente Sul Equatorial
EH – Eventos Heinrich
H 1 – Heinrich 1
I/E – Razão infaunal/epifaunal
IRD - Ice Rafted Debris
OMZ – Oxygen Minimum Zone
RETRO - Response in the tropical Atlantic Meridional Overturning Circulation
ZCIT – Zona de Convergência Intertropical
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
2.OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 14
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 15
3.1 FORAMINÍFEROS ............................................................................................................ 15
3.1.1 Aplicação de assembleia de foraminíferos bentônicos como proxies ........................ 16
3.1.2 Relação entre foraminíferos bentônicos, oxigenação de águas de fundo e fluxos de
matéria orgânica ..................................................................................................................... 17
3.1.3 Relação entre padrão de porosidade em testas de foraminíferos e oxigenação de
águas de fundo ....................................................................................................................... 19
3.2 RELAÇÃO ENTRE O EVENTO MINELAR HEINRICH E A CIRCULAÇÃO
OCEÂNICA DE FUNDO ....................................................................................................... 21
4. ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................... 23
4.1 CONTEXTO GEOLÓGICO .............................................................................................. 23
4.2 CONTEXTO OCEANOGRÁFICO DO ATLÂNTICO EQUATORIAL OESTE............. 24
5. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 28
5.1 CRONOLOGIA .................................................................................................................. 29
5.2 ANÁLISE DE ASSEMBLEIA DE FORAMINÍFEROS ................................................... 30
5.2.1 Preparo de amostras ...................................................................................................... 30
5.2.2 Triagem e identificação de foraminíferos para assembleia ...................................... 30
5.2.3 Tratamento estatístico relativo à assembleia de foraminíferos ................................. 31
5.3 ANÁLISE DE PORO EM TESTAS DE FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS................. 31
5.3.1 Tratamento estatístico relativo à análise de poros .................................................... 33
6. RESULTADOS ................................................................................................................... 34
6.1 CRONOLOGIA .................................................................................................................. 34
6.2 ANÁLISE DE ASSEMBLEIA DE FORAMINÍFEROS ................................................... 35
6.2.1 Análise de cluster acoplada à análise de simper ......................................................... 35
6.3 ANÁLISE DE POROS ....................................................................................................... 40
6.3.1 Escolha do quadro ideal ................................................................................................ 40
6.3.2 Dados da análise de poros ............................................................................................. 43
7. DISCUSSÃO ...................................................................................................................... 46
7.1 ANÁLISE DE ASSEMBLEIA DE FORAMINÍFEROS .................................................. 46
7.1.1 Análise de cluster acoplada à análise de simper.......................................................... 46
7.2 ANÁLISE DE POROS ....................................................................................................... 47
7.2.1 Correlação entre os dados de foraminíferos de os de matéria orgânica................... 47
7.2.2 Correlação entre os dados de porosidade e proxies utilizados para avaliação da
intensidade da AMOC ............................................................................................................. 53
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 55
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 57
ANEXO .................................................................................................................................... 67
12
1.INTRODUÇÃO
O Atlântico Equatorial consiste em um ponto de conexão entre as altas e baixas
latitudes, sendo assim, mudanças nos padrões de circulação oceânica ocorridas nesta região
podem provocar alterações na distribuição de temperatura, salinidade e umidade em uma
ampla região do planeta (ARZ, 1999).
A porção oeste do Atlântico Equatorial compreende parte da AMOC (Atlantic
Meridional Overturning Circulation), que é um dos componentes mais importantes na
distribuição de calor dos oceanos, a qual está relacionada a mudanças climáticas abruptas
durante o último glacial e deglaciação (SANTOS et. al., 2014). Desta maneira, apesar de o
Atlântico Equatorial ser considerado uma região-chave no controle do clima, há uma carência
de estudos sobre o mesmo, estando a maioria deles restrita ao hemisfério norte (MAIA, 2016).
Existe um consenso de que durante os Eventos Heinrich (EH), (sobretudo durante o
H1, considerado o mais intenso) a injeção de água doce vinda do colapso de geleiras acarretou
em impedimento à formação da Água Profunda do Atlântico Norte (APAN) e
consequentemente, em uma perturbação no sistema de circulação oceânico da AMOC
(BROECKER, 1994; VIDAL et. al., 1997; HEMMING, 2004; Zhang, 2016). Além disso,
sabe-se que quando a circulação oceânica se enfraquece, ocorre diminuição no teor de
oxigênio nas águas do fundo e também na água intesticial do sedimento, o que ocasiona
transtornos significativos às formas de vida bentônicas (GOODAY, 2003; JORISSEN et. al.,
2007).
Os foraminíferos, em especial, têm sua distribuição no ambiente marinho
influenciada por variações em fatores como: temperatura, salinidade, disponibilidade de
alimento e oxigênio, tipo de sedimento e ação de corrente e ondas (MURRAY, 1991). Em se
tratando da relação entre estes organismos e o oxigênio, estudos apontam que os poros de
foraminíferos bentônicos são responsáveis pelas trocas gasosas entre o indivíduo e o meio,
especialmente gás oxigênio (LEUTENEGGER E HANSEN, 1979; BERNHARD et al.,
2010). Ademais, a partir de trabalhos acerca da estrutura interna de foraminíferos,
estabeleceu-se uma relação entre o padrão de porosidade encontrada nas testas destes
organismos e o teor de oxigênio do meio onde habitam. De maneira que, ocorre aumento da
porosidade e do tamanho dos poros em organismos submetidos aos ambientes de baixa
13
oxigenação (GARY et. al. 1989; PEREZ-CRUZ E MACHAIN-CASTILLO 1990; SEN
GUPTA E MACHAIN-CASTILLO, 1993; PETERSEN et. al, 2016).
Atualmente, a baixa oxigenação de águas de fundo está associada ao aumento da
eutrofização, assim como ao aquecimento global. As consequências ecológicas disto são
aumento da duração, extensão e intensidade da hypoxia, causando severo estresse às faunas
bentônicas. Com isso, análises acerca da relação entre padrão de poros de foraminíferos e
condições redox tornam-se essenciais, a fim de averiguar o potencial dos poros como proxy
paleoceanográfico (PETERSEN et. al., 2016). Sendo assim, metodologias têm sido
desenvolvidas com o objetivo de caracterizar o padrão de poros em testas de foraminíferos e
relacioná-los às taxas de oxigenação do ambiente. Um exemplo é a metodologia
semiautomática proposta por PETERSEN et. al., 2016, a qual foi utilizada neste trabalho
buscando se estabelecer uma relação entre a porosidade das testas da espécie bentônica
Cibicides pseudoungeriana (CUSHMAN, 1922) e a oxigenação das águas de fundo do
Atlântico Equatorial Oeste (AEO).
Tendo em vista a relação entre porosidade e oxigenação anteriormente apresentada,
espera-se que os intervalos mais oxigenados do testemunho compreendam foraminíferos com
menor densidade de poros e poros menores, já em intervalos menos oxigenados, o oposto.
Especialmente, espera-se que as testas dos foraminíferos provenientes do intervalo referente
ao evento H1 apresentem poros maiores, devido aos efeitos do enfraquecimento da AMOC
sobre a oxigenação de fundo.
14
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Avaliar a variação da paleo-oxigenação de sedimentos marinhos pelágicos do
Atlântico Equatorial Oeste (AEO) ao longo dos últimos 30 mil anos, sobretudo durante o
Heinrich 1 (H1), por meio da análise do padrão de poros de foraminíferos bentônicos.
Com isso, contribuir para o melhor entendimento da paleoceanografia da região, bem
como do uso e eficácia dos poros como proxy paleoceanográfico.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
(a) Identificar variações na assembleia de foraminíferos bentônicos que possam ser
associadas à oxigenação das massas d’água de fundo;
(b) Identificar variações no padrão de porosidade das carapaças dos foraminíferos
supracitados e associá-las à oxigenação das massas d’água de fundo;
(c) Elaborar modelo de idades a partir de datações feitas por Radiocarbono;
(d) Verificar a relação entre os resultados das análises acima mencionadas e os
resultados obtidos em trabalhos prévios.
15
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1. FORAMINÍFEROS
Foraminíferos são seres protistas, eucariontes, caracterizados por um protoplasma
interno e externo, este último, conhecido com pseudópodos, o qual consiste em projeções
flexíveis, responsáveis pela comunicação do organismo com o meio (BOLTOVSKOY, 1965)
e por ciclos de vida complexos que, geralmente, envolvem geração sexuada e assexuada
(GOLDSTEIN, 1999). Embora haja táxons desprovidos de carapaças, usualmente, eles são
protegidos por uma carapaça (ou testa) única ou multi-camerada, rígida, de composição
calcária, orgânica ou aglutinada. As calcárias são compostas, geralmente, por calcita secretada
pela própria célula. Já as orgânicas e aglutinadas são formadas, respectivamente, por
partículas orgânicas e sedimentares aglutinadas provindas do meio. No caso das aglutinantes
são exemplos de partículas, sedimentos silicosos ou fragmentos de conchas de outros
organismos (BOLTOVSKOY; WRIGHT, 1976; GOODAY, 2003). A carapaça possui
texturas variadas e suas câmaras são interligadas por aberturas denominadas forâmen (Figura
1) (do latim = orifício) (BOLTOVSKOY, 1965).
Figura 1: Morfologia básica de foraminíferos. A: vista espiral em seção longitudinal parcial, mostrando a
estrutura interna e morfologia externa. B. Vista lateral mostrando a abertura (forâmen).
Fonte: ZERFASS; ANDRADE, 2008.
As principais subdivisões dos foraminíferos baseiam-se, quase inteiramente, em
características das testas, em particular, na composição e estrutura da parede das mesmas
(LOEBLICH; TAPPAN, 1987, 1989; SEN GUPTA, 1999; PAWLOWSKI et. al., 2013).
Segundo GOODAY (2003), estas são as principais ordens de foraminíferos presentes nos
16
oceanos modernos: Allogromiida, Astrorhizida, Textulariida, Lituolida, Trochamminida,
Miliolida, Lagenida, Robertinida, Buliminida e Rotaliida.
Os foraminíferos habitam o planeta Terra desde o Neoproterozóico até o presente
(PAWLOWSKI et. al., 2003), sobretudo no ambiente marinho, onde são o principal
componente da fração meiofauna do fundo. Devido à composição, na maioria das vezes,
carbonática estão presentes até limite superior da profundidade de compensação de carbonato
– do inglês CCD (Carbonate Compensation Depth ou Calcite Compensation Depth).
Os foraminíferos são divididos em dois grupos de acordo com seu hábito de vida,
bentônicos e planctônicos. Estes últimos vivem ao longo da coluna d’água. Já os bentônicos
podem viver livres (vágeis) ou fixos (sésseis) na superfície do substrato (epifaunais) ou
finalmente enterrados no mesmo (infaunais) (BOLTOVSKOY, 1965; GOODAY;
RATHBURN, 1999). Em relação aos bentônicos, alguns termos são definidos para
caracterizar seus micro-hábitats no sedimento como, por exemplo: epifaunal (0-1 cm), rasos
(0–2 cm), infaunal intermediário (1–4 cm), transicional (0–4 cm) e infaunal profundo (>4 cm)
(CORLISS, 1991; RATHBURN E CORLISS, 1994; RATHBURN et. al., 1996). No entanto,
alguns estudos envolvendo observação direta de foraminíferos de mar profundo em aquário e
análises de isótopo de carbono em testas carbonáticas indicam que estes micro-hábitats não
são necessariamente estáticos. De maneira que, os foraminíferos podem migrar verticalmente
no sedimento em resposta às variações na concentração da oxigenação das águas de fundo,
bem como das águas intersticiais e também em resposta aos fluxos de nutrientes que chegam
ao fundo (KITAZATO, 1994; RATHBURN; CORLISS, 1994; MACKENSEN et. al., 2000;
GOODAY, 2003; JORISSEN et. al., 2007).
3.1.1. Aplicação de assembleia de foraminíferos bentônicos como proxies
A aplicação prática de foraminíferos bentônicos teve início nos anos 20 quando
Joseph Cushman e colaboradores desenvolveram seu uso como marcadores bioestratigráficos,
fornecendo controle de idades e levando ao seu amplo emprego na indústria de petróleo
(JORISSEN et. al., 2007).
Apesar de sua ecologia complexa, os foraminíferos bentônicos exibem grande
potencial para serem bons proxies, uma vez que, apresentam ampla distribuição no ambinte
marinho e alta sensibilidade ao refletirem as características físico-químicas do ambiente.
Nesse sentido, são muito úteis em reconstituições paleoambientais, assim como em
17
bioestratigrafia e paleoceanografia (BÉ, 1977; BOLTOVSKOY, 1965; HEMLEBEM, 1989;
GOODAY, 2003; JORISSEN et. al., 2007).
3.1.2. Relação entre foraminíferos bentônicos, oxigenação de águas de fundo e fluxos de
matéria orgânica
A distribuição de espécies de foraminíferos é influenciada por variações em fatores
ambientais tais como: temperatura, salinidade, disponibilidade de alimento e oxigênio, tipo de
sedimento e ação de corrente e ondas (MURRAY, 1991). A influência de tais parâmetros fica
mais evidente em ambiente de mar profundo, por este apresentar, geralmente, condições
físico-químicas mais uniformes (MURRAY, 2001).
Quando fluxos orgânicos em direção ao oceano são elevados, ou a circulação
oceânica se torna fraca, ocorre redução do teor de oxigênio nas águas do fundo, devido ao
maior consumo por bactérias, e também na água intesticial do sedimento, fazendo com que o
oxigêncio se torne um fator ecológico significativo (GOODAY, 2003; JORISSEN et. al.,
2007). No entanto, estudos apontam que existe um nível mínimo de concentração de oxigênio
abaixo do qual as comunidades de foraminíferos e de outros organismos bentônicos passam a
ser afetadas em sua estrutura, e este valor é de, aproximadamente, um ml / 1 (JORISSEN et.
al., 1995; BERNHARD et. al., 1997; LEVIN et. al., 2001). Sendo assim, MURRAY (2001)
sugeriu que a relação entre assembleia de foraminíferos e níveis de oxigenação deve ser
levada em consideração apenas para concentrações de oxigênio abaixo de um ou talvez dois
ml / l.
O grau de tolerância a condições de baixa oxigenação varia substancialmente entre as
espécies. Autores como, por exemplo, BERNHARD (1986); SEN GUPTA;
MACHAINCASTILLO (1993) e BERNHARD; SEN GUPTA (1999) concordam que faunas
de ambientes pouco oxigenados possuem traços morfológicos e composição taxonômica
características. Geralmente, são dominadas por organismos alongados, bisseriados ou
trisseriados, característicos do micro-hábitat infaunal, como bolivinídeos, buliminideos,
globobuliminídeos entre outros (GOODAY, 2003).
O domínio de infaunais neste contexto se explica pelo fato de que os
epifaunais/infaunais rasos por estarem sob efeito direto da oxigenação das águas de fundo
tendem a apresentar maior dificuldade de adaptação, quando as condições normais de
oxigenação são alteradas, podendo desaparecer quando o teor de oxigênio chega a níveis
críticos (LUTZE; THIEL, 1989; SCHÖNFELD, 2002a, 2002b). Por outro lado, os infaunais
18
profundos, já adaptados a condições pouco oxigenadas, nas camadas mais profundas do
sedimento, sentem menos os efeitos da diminuição nas concentrações de oxigênio das águas
de fundo (MURRAY, 2001; FONTANIER et. al., 2002). Desta forma, os infaunais
aproveitam-se da redução das espécies epifaunais/infaunais rasas, anteriormente dominantes,
bem como da atenuação da predação macrofaunal e, com isso, migram em direção à
superfície do sedimento e desenvolvem populações densas e de baixa diversidade próximas à
interface sedimento-água. Então, à medida que as concentrações de oxigênio diminuem, a
abundância e a dominância aumentam e riqueza de espécies diminui (JORISSEN, 1999;
GOODAY, 2003; JORISSEN et. al., 2007).
De maneira resumida, duas categorias de organismos com estratégias de vida muito
diferentes, podem tirar proveito do desaparecimento de indivíduos menos resistentes a baixas
concentrações de oxigênio na superfície do sedimento: a primeira delas é composta pelos
infaunais profundos, que no início da hipoxia das águas de fundo migram das camadas mais
profundas em direção à superfície do sedimento (JORISSEN, 1999). A segunda categoria é
constituida pelos epifaunais/infaunais rasos que são capazes de desenvolver adaptações ou
tolerância às condições de baixo teor de oxigênio. No entanto, ao contrário da primeira
categoria, a segunda é geralmente rara, principalmente, quando se trata de ambientes com
águas de fundo bem oxigenadas em condições normais (GOODAY, 2003; JORISSEN et. al.,
2007).
Portanto, uma vez que, a proporção relativa de infaunais aumenta à medida que a
oxigenação da água de fundo diminui, torna-se possível utilizar a composição de faunas
fósseis para reconstruir antigas concentrações de oxigênio nas águas de fundo (GOODAY,
2003; JORISSEN et. al., 2007). No entanto, é importante ressaltar que nenhuma espécie de
foraminífero ocorre exclusivamente em ambientes pobres em oxigênio (SEN GUPTA;
MACHAIN-CASTILLO, 1993) e que grande parte dos táxons indicativos de condições
fortemente hipóxicas também podem ser encontrados em ambiente onde a oxigenação da água
de fundo tem valores altos (GOODAY, 2003; JORISSEN et. al., 2007).
As baixas concentrações de oxigênio nas águas de fundo estão bastante vinculadas
aos fluxos de matéria orgânica, dificultando a separação entre os efeitos dessas duas variáveis
nas comunidades bentônicas (LEVIN; GAGE, 1998). JORISSEN et. al. (1995) sugeriram que
os organismos infaunais profundos, frequentemente considerados indicativos de condições
hipóxicas, somente ocorrem quando o fluxo orgânico é suficientemente alto para que haja
detritos orgânicos a serem usados metabolicamente no interior do sedimento. Já em áreas com
baixas taxas de fluxo orgânico, a maior parte da matéria orgânica é consumida na interface
19
sedimento-água e, consequentemente, camadas mais profundas do sedimento são privadas de
alimento, portanto são fracamente ou não habitadas. Isso significa que uma ocorrência súbita,
ou um aumento de frequência relativa, de táxons infaunais profundos no registro fóssil pode
ser o resultado de um aumento no fluxo orgânico e não, necessariamente, de baixa oxigenação
das águas de fundo. Isto fica evidente, uma vez que, espécies infaunais profundas que vivem
em camadas subóxicas muitas vezes desenvolvem grandes populações. Portanto, para essas
espécies, o alimento em vez da disponibilidade de oxigênio parece ser o principal agente
controlador da abundância. (FONTANIER et. al., 2002).
Abaixo de 800 m de profundidade, é possível estabelecer uma relação entre o teor de
carbono orgânico dos sedimentos superficiais e a presença de organismos infaunais, de forma
que, altos valores de carbono orgânico são associados à dominância dos morfotipos infaunais,
enquanto que valores baixos de carbono a morfotipos epifaunais (ROSCOFF; CORLISS,
1991). Assim, tanto fluxos de matéria orgânica quanto a oxigenação das águas de fundo
exercem influência importante sobre as comunidades de foraminíferos bentônicos. De
maneira geral, atuam concomitantemente, sendo a oxigenação mais influente quando sua
concentração está abaixo de, aproximadamente, um ml / L. Já em condições de oxigenação
consideradas normais, nas quais a concentração de oxigênio é incapaz de afetar
significativamente a população, a intensidade dos fluxos de matéria orgânica irá responder
mais expressivamente às características da fauna.
3.1.3. Relação entre padrão de porosidade em testas de foraminíferos e oxigenação de
águas de fundo
Segundo BANNER E WILLIAMS (1973), poros são orifícios que penetram toda a
espessura da parede da testa do foraminífero, distintos das aberturas como forâmens e canais.
Além disso, sua formação se dá nos estágios iniciais da formação da testa.
Estudos ultraestruturais acerca das testas de foraminíferos mostraram que os poros
não servem como pontos de saída para pseudópodes, como antes se acreditava. Foi
demonstrado morfologicamente que apenas partículas coloidais ou de tamanho menor podem
atravessar estes orifícios (HEMLEBEN et. al., 1977; LEUTENEGGER; HANSEN, 1979).
LEUTENEGGER; HANSEN (1979) em seu estudo acerca da função dos poros em
foraminíferos encontraram aglomerados de mitocôndrias e ectobiontes posicionados próximos
à abertura dos poros. Eles observaram que em organismos expostos a baixas condições de
oxigenação a densidade de mitocôndrias era baixa e sua distribuição no citoplasma desigual.
20
Neste caso, eram mais abundantes nas paredes perfuradas, formando aglomerados nas
terminações internas dos poros. Já em espécies oriundas de ambientes com maior teor de
oxigenação, a densidade de mitocôndrias era maior e sua distribuição no citoplasma mais
uniforme. Neste contexto, agrupamentos de mitocôndrias nos terminais internos dos poros
ocorreram apenas ocasionalmente.
O posicionamento das mitocôndrias abaixo das entradas internas dos poros leva a
crer que a função destes últimos esteja relacionada à respiração. Dado que o ciclo do ácido
tricarboxílico (ou ciclo de Krebs) e a cadeia respiratória estão localizados nas mitocôndrias, as
concentrações delas abaixo dos poros levam a uma deficiência local de oxigênio, criando um
gradiente de difusão através dos poros. Sendo assim, a concentração de mitrocôndrias
próximas aos poros sugere uma adaptação às condições de muito baixa oxigenação
(LEUTENEGGER; HANSEN, 1979; BERNHARD; SEN GUPTA, 1999).
Uma vez estabelecida a relação entre poros e a respiração, estudos subsequentes
investigaram a existência de associação entre o padrão de porosidade encontrado nas testas de
foraminíferos e o grau de oxigenação do ambiente. Um exemplo é o trabalho de GARY
(1989) que observou um aumento na densidade de poros em espécimes expostos a baixas
concentrações de oxigênio e o oposto em condições de maior oxigenação. PEREZ-CRUZ;
MACHAIN-CASTILLO (1990) também obtiveram resultados comprovando a relação
supracitada. Neste caso, espécimes oriundos da Zona Mínima de Oxigênio (OMZ)
apresentaram poros maiores e mais numerosos do que aqueles de ambientes com oxigenação
superior. Além de MOODLEY E HESS (1992), os quais concluíram que o aumento da
porosidade em espécimes expostas a condições de baixa oxigenação se deve ao aumento no
tamanho do poro e não na densidade dos mesmos. Sendo assim, há uma relação significativa
entre padrão de porosidade em testas de foraminíferos e oxigenação de águas de fundo
(GLOCK et. al., 2011; KUHNT et. al., 2013; PETERSEN et. al., 2016). Esta relação tem
motivado a busca pelo desenvolvimento de metologias que tornem a mensuração da
densidade e tamanho dos poros mais fundamentada. Por exemplo, o trabalho de PETERSEN
et. al., (2016), o qual propõe uma metodologia semiautomática, envolvendo testes estatísticos,
para avaliação do padrão de poros em testas de foraminíferos, que pode ser aplicada em
organismos plano e trocoespirais. Esta metodologia será mais bem apresentada no capítulo 5
deste trabalho.
21
3.2. RELAÇÃO ENTRE O EVENTO MILENAR HEINRICH E A CIRCULAÇÃO
OCEÂNICA DE FUNDO
Os Eventos Heinrich (EH) foram nomeados por Hartmut Heinrich em seu artigo
publicado em 1988. No trabalho o autor correlaciona estes eventos a ocorrências anômalas de
camadas de IRD (Ice Rafted Debris), em português, Detritos Transportados pelo Gelo. Tais
camadas foram descritas, sobretudo acerca da alta porcentagem de fragmentos líticos
encontrados em faixas granulométricas que variam entre 3 e 180 mm. Além do alto teor de
fragmentos líticos grandes, a elevada contribuição de matéria orgânica de origem continental
também foi utilizada como evidência da proveniência terrestre do material das camadas de
IRD (HUON et. al., 2002; HEMMING, 2004). Ao total, seis camadas são consideradas como
breves intervalos de tempo durante o último período glacial e as mesmas são rotuladas como
“H1” a “H6” da mais recente a mais antiga (HEINRINCH, 1988; BOND et. al., 1992;
BROECKER et. al., 1994; HEMMING, 2004).
Acredita-se que os EH sejam de frio extremo e que as camadas de IRD estejam
relacionadas ao colapso de geleiras muito grandes, que ao se fragmentarem tiveram seus
pedaços (icebergs) levados ao oceano (BROECKER, 1994; HEMMING, 2004). Segundo
HEINRICH (1988), as fases em que ocorre o transporte destes icebergs pelo oceano
combinam perfeitamente com a influência precessional no hemisfério norte. Existindo duas
oportunidades de haver a fragmentação das geleiras durante um ciclo de precessão da Terra,
uma durante o verão e outra durante mínimos de insolação no inverno. Sendo assim, o
período de ocorrência dos Eventos Heinrich é de, aproximadamente, 10.000 anos.
Durante os EH, a injeção de água doce vinda do derretimento de geleiras provocou
uma grande diminuição da salinidade nas águas superficiais do Atlântico Norte.
Consequentemente, a densidade destas águas também sofreu redução, uma vez que ela é
dependente da temperatura e salinidade. Assim, o sistema de circulação oceânica da AMOC
(Atlantic Meridional Overturning Circulation), foi perturbado, pois é impulsionado pela
densidade das massas d’água. Este sistema é responsável pela distribuição de fluxos de calor e
salinidade entre os hemisférios sul e norte na região do Atlântico e, consequentemente, tem
papel fundamental na regulação do clima (BROECKER, 1994; VIDAL et. al., 1997;
HEMMING, 2004; Zhang, 2016). A dinâmica da AMOC consiste, resumidamente, na saída
de águas quentes do Atlântico Equatorial em direção ao Atlântico Norte, as quais perdem
calor latente para a atmosfera fria do Hemisfério Norte, transformando-se em vapor d’água
amenizando o clima europeu. Ao atingir as altas latitudes, a massa d’água, torna-se, mais
22
densa, mais fria e mais salina e, com isso, afunda (BONING et. al., 1996; HEMMING, 2004).
Este processo de submersão da massa d’água ocasiona a formação da Água Profunda do
Atlântico Norte (APAN), a qual retorna às baixas latitudes como água de fundo (VIDAL et.
al., 1997; HEMMING, 2004; SANTOS, 2013). Logo, a incursão anômala de água doce das
geleiras durante o H1 levou a uma atenuação na formação da APAN, portanto, ao
enfraquecimento no sistema AMOC. O evento H1 é conhecido como o mais intenso dentre os
eventos climáticos Heinrich (RAHMSTORF et. al., 2015). Esta condição foi admitida por
GOELZER (2006), uma vez que seus dados de modelagem apontaram para o
enfraquecimento da AMOC a partir de entrada anômala de água doce no Atlântico.
Em se tratando de condições climáticas, observa-se que durante os EH existe uma
tendência para clima mais úmido ao longo da margem leste do Atlântico Sul em comparação à
margem leste do Atlântico Norte, na qual prevalecem condições glacias extremas, ou seja,
clima muito frio e seco (ARZ et. al., 1999; HEMMING, 2004; DUPONT et. al., 2010;
STRIKIS et. al., 2015). Sobre esta temática, WANG (2004) observou em seus dados oriundos
de espeleotemas do norte da Bahia que períodos com altas taxas pluviométricas, representados
pelas fases de crescimento dos espeleotemas, correlacionaram-se com os EH. Esse autor
concluiu que como as chuvas atuais no norte são amplamente associadas à Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT), os períodos com altas taxas pluviométricas encontradas
em seus dados, provavelmente, remetem a momentos em que a ZCIT localizava-se mais a sul,
alcançando o nordeste brasileiro, ou seja, a centenas de quilômetros a sul da sua localização
atual.
A migração da ZCIT para sul durante os EH está associada à perturbação na
dinâmica de circulação oceânica da região a partir da entrada de água doce no oceano exposta
acima. Posto que, em condições normais a AMOC garante a chegada de calor às altas
latitudes, com o enfraquecimento deste sistema o hemisfério norte torna-se mais frio e seco,
enquanto que a sul o clima se torna mais quente e úmido promovendo o deslocamento da
ZCIT para este setor (BROECKER et. al., 1985; VIDAL et. al., 1997; HEMMING, 2004).
23
4. ÁREA DE ESTUDO
A área investigada está localizada na margem continental brasileira, próxima à divisa
entre os estados do Ceará e Rio Grande do Norte, os quais se situam na região nordeste do
Brasil (Figura 2).
Figura 2: Localização geográfica da área de estudo e da estação de coleta do testemunho sedimentar MD09-
3243CQ (em destaque).
Fonte: COSTA, 2018.
4.1. CONTEXTO GEOLÓGICO
A área de estudo está inserida no contexto tectono-estratigráfico da Bacia Potiguar.
A bacia se estende pelos estados do Rio Grande do Norte e Ceará, entre os meridianos 35 e 38
oeste, abrangendo uma área de, aproximadamente, 48.000 km2, dos quais 21.500 km2 (45%)
encontram-se emersos e 26.500 km2 (55%) submersos (DINO, 1992; ARARIPE; FEIJÓ,
1994; LIMA, 2006; PESSOA NETO et. al., 2007).
A Bacia Potiguar está inserida na Província Borborema e seu registro estratigráfico
inclui três supersequências: uma Supersequência Rifte, depositada no Cretáceo Inferior; uma
24
Supersequência Pós-rifte, depositada durante o Andar Alagoas; e uma Supersequência Drifte,
depositada entre o Albiano e o Recente (PESSOA NETO et. al., 2007).
O preenchimento sedimentar da Bacia Potiguar está diretamente relacionado às
diferentes fases de sua evolução tectônica: duas fases iniciais de rifteamento, cujo registro
estratigráfico apresenta um conjunto de sequências flúvio-deltáicas que compõem a
Supersequência Rifte, uma fase denominada pós-Rifte, que corresponde a Supersequência de
mesmo nome, também composta por sequências flúvio-deltáicas, com os primeiros registros
de ingressão marinha e a fase Termal constituída pelos conjuntos de sequências marinhas
transgressivas e regressivas, que compõem a Supersequência Drifte (CALDAS, 2002;
PESSOA NETO et. al., 2007).
4.2. CONTEXTO OCEANOGRÁFICO DO ATLÂNTICO EQUATORIAL OESTE
A margem oceânica nordeste brasileira é caracterizada por águas de fundo bem
oxigenadas, onde fluxos de matéria orgânica são geralmente baixos, com produtividade
similar a de oceanos abertos oligotróficos (TISSERAND et. al., 2013). Ela está sob influência
de três principais correntes superficiais: CSE (Corrente Sul Equatorial), CNB (Corrente Norte
do Brasil) e CCNE (Contra Corrente Norte Equatorial) (RODRIGUES et. al., 2007; CRUZ,
2016). Ao atingir o continente sul-americano, a CSE bifurca-se em um membro com direção
norte, a CNB, e outro com direção sul, a CB (Corrente do Brasil) (Figura 3). A CNB é o
principal meio de exportação de calor e salinidade do Oceano Atlântico Sul em direção ao
hemisfério norte (RODRIGUES et. al., 2007; SANTOS et. al., 2013).
A circulação superficial no Atlântico Equatorial Oeste está sob a forçante dos ventos
alísios, os quais possuem dois padrões de direção: sudeste durante o verão e nordeste durante
o inverno (RUHLEMANN et. al., 1996; CALDAS, 2002). Portanto, durante o inverno os
ventos alísios de sudeste estão enfraquecidos refletindo na baixa velocidade da CSE. Já
durante o verão os mesmos ventos são fortalecidos e influem no aumento de velocidade da
CSE, que por sua vez força a CNB a fluir em direção leste ao alcançar 5ºS da costa. Esta
retroflexão da CNB dirige a formação da CCNE (Figura 3) (BRUCE et. al., 1985;
RUHLEMANN et. al., 1996; SANTOS et. al., 2013; CRUZ, 2016).
25
Figura 3: Representação esquemática das principais correntes e giros que compõem a Circulação Oceânica
Superficial e Profunda do Atlântico Equatorial Oeste. A circulação superficial (em vermelho) é composta pela
Corrente Sul Equatorial (CSE), Corrente Norte do Brasil (CNB) e a Contra Corrente Norte do Brasil (CCNE). Já
a circulação profunda, compreende a Água Profunda do Atlântico Norte (APAN) (em azul) é transportada pela
Corrente Profunda do Contorno Oeste (CPCO), que tem seu fluxo quebrado próximo à latitude 8ºS e o
transporte, então, se dá pela migração de vórtices.
Fonte: DENGLER et. al., 2004 (Adaptada).
Como resultado da tectônica do Cenozóico, fechando o Istmo do Panamá,
estabeleceu-se uma conexão única entre o Atlântico Norte e Sul (HAUG; TIEDEMANN,
1998). O Atlântico Equatorial Oeste (AEO) tornou-se, então, responsável por transportar calor
e salinidade ao Atlântico Norte fato que ocorre por meio da CNB (JOHNS, 1998;
STRAMMA et. al. 1995). Devido a isso, o AEO é considerado uma região chave no controle
do clima do planeta, uma vez que, mudanças no padrão de circulação nesta região acarretam
em alterações na distribuição de calor e salinidade entre os hemisférios sul e norte, o que
automaticamente, repercurte em mudanças climáticas globais (ARZ et. al., 1999; BEHLING
et. al., 2000; DUPONT et. al., 2010; JENNERJAHN et. al., 2004; JAESCHKE et. al., 2007;
MAIA, 2016; SANTOS et. al., 2014).
As águas quentes saídas do Atlântico Equatorial em direção ao Atlântico Norte, ao
atingirem as altas latitudes passam a perder calor para a atmosfera por meio de evaporação
tornando-se, assim, mais densas, frias e salinas e, com isso, afundam (BONING et. al., 1996).
26
Este processo acarreta na formação da Água Profunda do Atlântico Norte (APAN), a qual
retorna às baixas latitudes como água de fundo transportada pela Corrente Profunda do
Contorno Oeste (CPCO) (SANTOS, 2013; SILVA, 2011). Este sistema de circulação
oceânica é conhecido como Atlantic Meridional Overturning Circulation (AMOC) e sua
intensidade pode variar ao longo do tempo geológico (SANTOS, 2013) (Figura 4).
Figura 4: Circulação oceânica global. De maneira geral, as correntes superficiais equatoriais, mais quentes e
salinas, avançam em direção as altas latitudes, onde perdem calor para a atmosfera, tornando-se mais frias,
salinas e densas, e, com isso, afundam. Em um segundo momento, retornam às baixas latitudes como água de
fundo.
Fonte: RAHMSTORF, 2002.
Goelzer et. al. (2006) demonstrou por modelos numéricos que a entrada de águas de
baixa densidade vindas do degelo de calota continentais no sistema oceânico reduz a
formação da APAN e, consequentemente, provocam enfraquecimento da AMOC. Uma das
mais importantes consequências do enfraquecimento da AMOC é o deslocamento da Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT) para sul. Tal processo ocorre, uma vez que, com a AMOC
enfraquecida o transporte de calor para o Norte é prejudicado fazendo com que este
hemisfério se torne mais frio e, consequentemente, o sul mais quente, e esta dinâmica é
conhecida como “Thermal Bipolar Seesaw” (BROECKER et. al., 1985).
27
Figura 5: Esquema mostrando a relação entre o evento milenar Heinrich e a circulação oceânica de fundo.
Fonte: COSTA, 2018.
28
5. MATERIAL E MÉTODOS
O testemunho MD09-3243CQ, objeto de estudo deste trabalho, foi coletado a 656 m
de profundidade no talude da margem continental brasileira, pertencente à bacia sedimentar
Potiguar, estado do Ceará, NE-Brasil. A coleta ocorreu durante o cruzeiro Marion Dufresne
I73/ Retro III (REsponse of TROpical Atlantic surface and intermediate waters to changes in
the Atlantic meridional overturning circulation), em 18 de outubro de 2009 e possui as
seguintes coordenadas geográficas: 04°15.97 S; 37°08.69 W (Figura 2). Utilizou-se o
equipamento CAlypso SQuare cores (CASQ) para amostragem do testemunho (Figuras 6 e
7), o qual apresenta 10 m de comprimento total, no entanto, apenas seus 206 cm superiores
foram utilizados neste estudo. Em se tratando da análise de poros utilizou-se a resolução de 2
cm para o testemunho, totalizando 103 subamostras, já para a análise de assembleia de
foraminíferos bentônicos, a resolução adotada foi de 6cm, totalizando 34 amostras. Tais
amostras foram armazenadas em sacos ziplock e refrigeradas à 4oC.
Figura 6: Visualização da montagem do amostrador CASQ durante o cruzeiro RETRO 3.
Fonte: PEETERS et. al., 2009.
29
Figura 7: Sub-amostra de Testemunho (quadrado em destaque vermelho) retirado a partir do testemunho CASQ
MD09 3243.
Fonte: PEETERS et. al., 2009.
Em relação à litologia, o testemunho apresentou intercalações de níveis de lama
carbonática e níveis de areia, além de um grande número de fósseis, tais como foraminíferos e
fragmentos de conchas, em alguns intervalos formando vasas (PEETERS et. al., 2009;
OLIVEIRA, 2014).
5.1. CRONOLOGIA
As datações foram realizadas pelo método de radiocarbono tanto em sedimento
carbonático quanto em foraminíferos planctônicos. Neste caso, os planctônicos foram
utilizados por serem mais abundantes ao longo do testemunho.
Para a análise em foraminíferos foram triados 500 indivíduos da espécie
Globigerinoides ruber (branco) provenientes da profundidade 141 cm do testemunho. Já a
amostra de sedimento, oriunda da profundidade 50 cm, foi peneirada obtendo-se partículas
com diâmetro inferior a 180 µm.
A análise foi realizada no Laboratoires Mixtes Internationaux (LMI) / Institut de
Recherche pour le Développement (IRD) com auxílio do Espectrômetro de Massa com
Aceleradores (AMS). As idades obtidas foram convertidas para calendário de anos (Antes do
Presente – A.P.) utilizando o Calib 7.1 de acordo com a Curva Marine 13 (REIMER et. al.,
2013), com efeito reservatório global igual a 400 anos. E, em seguida, utilizadas para a
construção do modelo cronológico, para o qual se empregou o pacote Bacon do software R.
30
Para tal modelo utilizaram-se também outras idades de 14C apresentadas por Maia (2016), as
quais foram obtidas no laboratório Beta Analytic.
5.2. ANÁLISE DE ASSEMBLEIA DE FORAMINÍFEROS
5.2.1. Preparo de amostras
Primeiramente, foram pesados em balança, aproximadamente, 2 g de sedimento de
cada subamostra e os mesmos lavados com água corrente em peneira metálica com abertura
de 63 µm. O objetivo desta etapa consistiu em eliminar partículas muito pequenas, que devido
ao seu tamanho, ou não podem ser carapaças de foraminíferos ou são exemplares muito
jovens dos mesmos, difícieis de serem classificados (BOLTOVSKOY, 1965).
Após lavagem e peneiramento, as amostras foram encaminhadas à estufa onde
secaram à 50o C por 24 a 48 horas (BOLTOVSKOY, 1965).
5.2.2. Triagem e identificação de foraminíferos para assembleia
Uma vez secas, as amostras foram triadas. Anteriormente à triagem, todas as
amostras foram quarteadas, isto é, divididas em partes iguais a fim de tornar a triagem mais
adequada e eficiente utilizando-se um microquarteador. Na triagem deu-se a separação e
contagem das testas de foraminíferos bentônicos com o auxílio de uma lupa binocular. Tal
processo foi realizado até que se obtivesse, no mínimo, 300 espécimes de cada amostra,
número considerado pela literatura, representativo em relação à amostra total
(BOLTOVSKOY, 1965).
A sistemática dos foraminíferos adotada nesta dissertação segue a proposta
supraordinal de PAWLOWSKI et. al. (2013). A sistemática de LOEBLICH; TAPPAN (1987)
com as modificações sugeridas por LOEBLICH; TAPPAN (1989; 1992) e SEN GUPTA
(1999) foram adotadas para os níveis subordinais e designações genéricas, também baseadas
em CUSHMAN (1929), BOLTOVSKOY et. al. (1980), LOEBLICH; TAPPAN (1988),
HOTTINGER et. al. (1993) e JONES (1994).
Após a identificação, todos os gêneros presentes foram imageados utilizando-se o
MEV (Microscópio Eletrônico de Varredura).
A resolução utilizada na análise da assembleia faunística foi de 6 cm, ou seja,
totalizando 34 amostras.
31
A extrapolação da abundância absoluta de foraminíferos nas frações trabalhadas foi
feita levando-se em consideração o peso inicial da amostra úmida e a quantidade de frações de
quarteamentos realizados. Gerando um valor de densidade, ou seja, quantidade de indivíduos
por grama.
5.2.3. Tratamento estatístico relativo à assembleia de foraminíferos
A integração dos dados de densidade foi realizada a partir da Análise de Cluster
acoplada à análise de Porcentagem de Similiaridade (SIMPER) com o auxílio do software
PRIMER 6 – version 6.1.13, determinando associação faunística dos organismos.
Os dados foram importados como biomassa, a medida de semelhança de Bray-Curtis
foi usada para executar a Análise de Cluster, que se baseia na densidade dos foraminíferos,
aplicando uma transformação de raiz quadrada para os dados. O corte para esta análise foi de
3%, ou seja, foram considerados aqueles gêneros com contribuição, de pelo menos, 3% em,
pelo menos, uma amostra. O resultado da Análise de Cluster foi expresso em biofácies
organizadas em dendrogramas.
A análise de SIMPER, na qual também foi utilizada a medida de semelhança de
Bray-Curtis, foi realizada com base na densidade dos foraminíferos. Esta análise gerou o
agrupamento dos gêneros em ordem de abundância relativa para cada uma das biofácies. Foi
expresso também o grau de similaridade de todas as biofácies, o qual diz respeito à
abundância relativa de ocorrência dos gêneros nas amostras de compõem determinada
biofácies. A partir destes resultados, foram considerados aqueles gêneros que contribuiram
com abundância relativa maior ou igual a 5%, foi realizada a identificação do micro-hábitat de
cada um deles, então, calculada a razão infaunal/epifunal para todas as biofácies.
5.3. ANÁLISE DE PORO EM TESTAS DE FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS
Esta análise baseou-se na metodologia semiautomática proposta por PETERSEN et.
al., (2016).
A resolução utilizada foi de 2 cm, isto é, totalizando 103 subamostras. Foram triados,
em média, três indivíduos da espécie Cibicides pseudoungeriana CUSHMAN, 1922 (Imagem
1), maiores do que 125 µm, provenientes de cada uma das subamostras do testemunho. A
restrição do tamanho dos espécimes foi feita com o objetivo de se analisar indivíduos
32
inerentes ao mesmo estágio de desenvolvimento ontogenético e com isso evitar erros relativos
aos diferentes padrões de porosidade encontrados em testas com diferentes idades.
Imagem 1: Cibicides pseudoungeriana, oriundo da profundidade 167 cm do testemunho MD09-3243CQ.
Fonte: COSTA, 2018.
Ao total, 348 espécimes foram levados ao MEV e tiveram sua penúltima câmara
imageadas do lado dorsal com aumento de 1000 vezes. Porém, nem todos os espécimes
apresentaram condições de serem analisados posteriormente, restando, então, 276. O autor
supracitado sugere a utilização da penúltima câmara, uma vez que, a última, encontra-se,
geralmente, quebrada ou ausente. No entanto, a penúltima irá de modo igual refletir o padrão
de porosidade referente ao momento de deposição dos foraminíferos.
Em seguida, tais imagens foram tratadas no software ImageJ. De acordo com a
metodologia adotada, um quadro de dimensões apropriadas deve ser posicionado na imagem
oriunda do MEV com a finalidade de padronizar o resultado de porosidade encontrado em
toda a superfície da penúltima câmara. Contudo, as dimensões deste quadro não foram
definidas arbitrariamente, para isto realizaram-se dois testes estatísticos, os quais serão mais
bem descritos no item a seguir.
Uma vez estabelecido, estatisticamente, o quadro ideal, o mesmo foi posicionado em
cada uma das imagens sendo possível mensurar dados como número de poros, área total de
poros, área média de poros, porosidade, perímetro e circularidade. Tais medições foram feitas
a partir da utilização de uma macro fornecida por PETERSEN et. al. (2016). Com esta macro
33
é possível diferenciar poro e superfície por escala de cinza, sendo poros mais escuros e a
superfície mais clara. Tornando-se, então, possível a determinação dos parâmetros
anteriormente citados e sendo esta a parte automatizada da metodologia.
A parte manual, por sua vez, compete à etapa de correção de erros. Nela, cada
imagem foi analisada idividualmente a fim de se identificar poros cortados nas paredes do
quadro, poros duplos ou triplos e poros muito pequenos. Em relação aos poros cortados, o
procedimento de correção consistiu em dividir a quantidade dos mesmos por dois ao somá-los
à contagem do número total de poros. Já com relação aos poros duplos e triplos, aos mesmos
foram somados um e dois, respectivamente, para a contagem total dos poros. E no tocante aos
poros muito pequenos, aqueles com perímetro menor do que 2 µm, e que representassem
menos de 10% do número total de poros, foram excluídos. Desta maneira, ao fim das
correções, o número total de poros, bem como os demais parâmetros associados a ele, foram
corrigidos. Além disso, a metodologia foi baseada em retirada de outliers.
Por fim, as médias dos resultados de Porosidade, Área média do poro e Número de
poros foram organizados graficamente utilizando-se do software Origin Pro 8.
5.3.1. Tratamento estatístico relativo à análise de poros
A escolha do quadro ideal para a análise de poros envolveu o teste estatístico
Kolmogorov-Smirnov (KS), realizado nos softwares R a partir dos dados de área do poro. O
valor p do teste não paramétrico KS determina a probabilidade de se obter a distribuição
observada no caso de uma distribuição normal da população, de maneira que, quanto mais
próximo de 1 o valor p, maior esta probabilidade. Em suma, o teste KS produz uma série de
distribuições normais aleatórias simuladas, todas com a mesma média e desvio padrão que a
amostra, e dá uma estimativa da distância máxima (D) entre a distribuição observada da área
de poros e a distribuição normal simulada. Assim, um valor para D próximo a zero indica que
a área de poros é normalmente distribuída. Para avaliar a variabilidade de D e p nas
simulações, o teste foi repetido dez vezes para cada indivíduo.
Para a realização dos testes, fez-se uso de três indivíduos da espécie Cibicides
pseudoungeriana oriundos das profundidades 15 cm, 89 cm e 185 cm, representando topo,
meio e base do testemunho, respectivamente. Aos mesmos foi aplicada a metodologia, com
cinco quadros de diferentes áreas, sendo elas: 43 µm2; 62 µm2; 99 µm2; 168 µm2 e 249 µm2.
Os testes estatísticos foram realizados para avaliar a normalidade dos dados de área
dos poros e avaliar o tamanho ótimo do quadro.
34
6. RESULTADOS
A partir dos resultados das análises realizadas foi possível se dividir o testemunho
em quatro momentos: Período Glacial; 1ª fase do H1; 2ª fase do H1 e Período Interglacial e os
dados a seguir serão apresentados em relação aos mesmos.
6.1. CRONOLOGIA
A partir do resultado das seis datações do testemunho MD09-3243CQ foi
possível recuperar, aproximadamente, os últimos 34.000 anos cal A.P. (Tabela 1).
Tabela 1: Resultado das datações do testemunho MD09-3243CQ e as respectivas idades de
radiocarbono calibradas, mínimas e máximas, a partir da curva Marine13. Min = mínima;
Máx = Máxima.
Profundidade Amostra Idade 14C Idade Calibrada
(Anos A.P.) /Mín.
Idade Calibrada
(Anos A.P.)
/Máx.
Referência
10 MD09-3243/10 9.290 ± 30 10266,3 10627,8 Maia, 2016
50 MD09-3243/50 10530 ± 50 11392,4 12030,3 Costa, 2018
100 MD09-3243/100 13.410 ± 50 15546 16263 Maia, 2016
141 MD09-3243/141 16.070 ±70 18327,4 19142,4 Costa, 2018
181 MD09-3243/181 28.350 ± 150 28131,5 32328,7 Maia, 2016
205 MD09-3243/205 29.900 ± 160 33255,5 34529,6 Maia, 2016
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Com as idades calibradas expostas na Tabela 1 foi possível construir o modelo
cronológico apresentado a seguir na Figura 8.
35
Figura 8: Modelo cronológico do testemunho MD09-3243CQ construído a partir da calibração e interpolação
linear de dados com a curva Marine 13. A linha amarela representa os valores mínimos das idades, a rosa os
máximos e a cinza os valores médios.
Fonte: COSTA, 2018.
6.2. ANÁLISE DE ASSEMBLEIA DE FORAMINÍFEROS
6.2.1. Análise de cluster acoplada à análise de simper
Como colocado no capítulo 5, foram executadas as etapas de triagem e identificação
dos foraminíferos bentônicos, sendo identificados 156 gêneros distintos, cujas imagens
encontram-se nas estampas em anexo.
A partir disto, a assembleia foi submetida à análise estatística de Cluster acoplada à
análise de SIMPER.
Esta última estabeleceu 13 biofácies cujos graus de semelhança variaram entre
77,47% e 87,31% (Figura 9). O agrupamento foi ralizado levando-se em consideração as
faunas encontradas nas amostras ao longo do testemunho, cujas idades estão ali expressas.
A partir disto foi possível notar que, cinco biofácies se destacaram e não foram
agrupadas às demais, sendo elas k, l, i, d e a, referentes às idades 10.727 (profundidade 19
cm), 11.306 (profundidade 37 cm), 14645 (profundidade 85 cm), 26839 (profundidade 169
cm) e 34018 (205 cm), respectivamente.
Em relação às demais biofácies, percebe-se que, os agrupamentos estabeleceram-se
em faunas de idades próximas.
36
Figura 9: Dendrograma da análise de Cluster envolvendo as faunas de foraminíferos bentônicos e suas
respectivas idades do testemunho MD09-3243CQ.
Fonte: COSTA, 2018.
Com a análise de SIMPER foi possível saber não somente o grau de similaridade
entre as faunas, mas também quais os gêneros mais abundantes nas mesmas. Sendo assim,
levaram-se em consideração aqueles gêneros com contribuição relativa maior ou igual a 5%
(arredondamento acima de 4,8%).
A seguir, serão expostos os resultados de cada uma das oito biofácies.
Além da identificação dos gêneros mais abundates em todas as biofácies, são
mostrados também os dados ecológicos acerca do micro-hábitat (infaunal ou epifaunal) de
cada um deles, bem como a razão infaunal/epifaual encontrada em cada uma das biofácies. As
informações a respeito dos micro-hábitats foram retiradas de MURRAY, 1991.
As biofácies f, m e c abrangeram idades de 10.000 a 14.000 anos A.P., referentes ao
Período Interglacial e apresentaram gêneros, em sua maioria, com hábito epifunal, sendo a
razão infunal/epifaunal igual a 0,33; 0,5 e 1,00, respectivamente. Estes foram os menores
resultados de razão infaual/epifaunal encontrados entre as biofácies do testemunho (Tabelas 2,
3 e 4).
37
Tabela 2: Composição da Biofácies f, com os gêneros que apresentaram contribuição maior
ou igual a 5%, além do micro-hábitat de cada um deles e a razão infaunal/epifaunal.
Biofácies f
Gênero Contrib.% Cum.% Micro-hábitat Razão infaunal/epifaunal
Bolivina 11,94 11,94 infaunal 0,33
Rosalina 9,82 21,76 epifaunal
Miliolinella 8,27 30,03 epifaunal
Quinqueloculina 8,22 38,25 epifaunal
Globocassidulina 6,79 45,04 infaunal
Gavelinopsis 5,32 50,35 epifaunal
Anomalinoides 5,21 55,56 epifaunal
Spiroloculina 5,03 60,59 epifaunal
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Tabela 3: Composição da Biofácies m, com os gêneros que apresentaram contribuição maior
ou igual a 5%, além do micro-hábitat de cada um deles e a razão infaunal/epifaunal.
Biofácies m
Gênero Contrib% Cum.% Micro-hábitat Razão infaunal/epifaunal
Rosalina 10,16 10,16 epifaunal 0,5
Quinqueloculina 9,86 20,02 epifaunal
Bolivina 9,73 29,74 infaunal
Globocassidulina 6,09 35,83 infaunal
Anomalinoides 5,89 41,72 epifaunal
Cibicides 4,76 46,48 epifaunal
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Tabela 4: Composição da Biofácies c, com os gêneros que apresentaram contribuição maior
ou igual a 5%, além do micro-hábitat de cada um deles e a razão infaunal/epifaunal.
Biofácies c
Gênero Contrib% Cum.% Micro-hábitat Razão infaunal/epifaunal
Bolivina 10,9 10,9 infaunal 0,5
Rosalina 9,31 20,2 epifaunal
Quinqueloculina 7,21 27,41 epifaunal
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
A Biofácies j compreendeu idades entre 15.000 e 16.000 anos A.P., pertencentes à 2ª
fase do evento H1. E o valor da razão infaunal/epifaunal neste intervalo foi igual a 1,00
(Tabela 5).
38
Tabela 5: Composição da Biofácies j, com os gêneros que apresentaram contribuição maior
ou igual a 5%, além do micro-hábitat de cada um deles e a razão infaunal/epifaunal.
As Biofácies e e b, por sua vez, compreenderam idades entre 16.000 e 18.000 anos
A.P., pertencentes à 1ª fase do evento H1, além de três amostras com idades fora deste
intervalo (19.135; 20.737 e 33.492 anos A.P.). Com relação à razão infaunal/epifaunal, neste
momento encontraram-se os seus maiores valores, iguais a 2,00 e 3,00, respectivamente
(Tabelas 6 e 7).
Tabela 6: Composição da Biofácies e, com os gêneros que apresentaram contribuição maior
ou igual a 5%, além do micro-hábitat de cada um deles e a razão infaunal/epifaunal.
Biofácies e
Gênero Contrib% Cum.% Micro-hábitat Razão infaunal/epifaunal
Bolivina 8,41 8,41 infaunal 2,00
Globocassidulina 6,81 15,23 infaunal
Quinqueloculina 6,69 21,91 epifaunal
Rosalina 6,09 28 epifaunal
Bulimina 5,04 33,04 infaunal
Cassudulina 4,84 37,88 infaunal
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Biofácies j
Gênero Contrib% Cum.% Micro-hábitat Razão
infaunal/epifaunal
Quinqueloculina 11,93 11,93 epifaunal 1,00
Rosalina 10,68 22,61 epifaunal
Bolivina 9,43 32,04 infaunal
Globocassidulina 6,63 38,67 infaunal
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
39
Tabela 7: Composição da Biofácies b, com os gêneros que apresentaram contribuição maior
ou igual a 5%, além do micro-hábitat de cada um deles e a razão infaunal/epifaunal.
Biofácies b
Gênero Contrib% Cum.% Micro-hábitat Razão infaunal/epifaunal
Bolivina 8,03 8,03 infaunal 3,00
Globocassidulina 6,25 14,28 infaunal
Bulimina 6,16 20,44 infaunal
Paracassidulina 6,03 26,47 infaunal
Cassudulina 5,64 32,11 infaunal
Bolivinitta 5,27 37,37 infaunal
Rosalina 5,14 42,52 epifaunal
Quinqueloculina 4,93 47,44 epifaunal
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
As Biofácies g e h abrangeram os intervalos de idades de 22.000 a 25.000 anos A.P.
e 28.000 a 33.000 anos A.P., respectivamente. E seus valores relativos à razão
infaunal/epifaunal foram 0,75 e 0,66, respectivamente (Tabelas 8 e 9).
Tabela 8: Composição da Biofácies g, com os gêneros que apresentaram contribuição maior
ou igual a 5%, além do micro-hábitat de cada um deles e a razão infaunal/epifaunal.
Biofácies g
Gênero Contrib% Cum.% Micro-hábitat Razão infaunal/epifaunal
Quinqueloculina 9,78 9,78 epifaunal 0,75
Globocassidulina 8,89 18,67 infaunal
Cassudulina 8,16 26,83 infaunal
Bolivina 7,49 34,32 infaunal
Cibicides 5,4 39,72 epifaunal
Epistominella 5 44,71 epifaunal
Rosalina 4,78 49,49 epifaunal
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Tabela 9: Composição da Biofácies h, com os gêneros que apresentaram contribuição maior
ou igual a 5%, além do micro-hábitat de cada um deles e a razão infaunal/epifaunal.
Biofácies h
Gênero Contrib% Cum.% Micro-hábitat Razão
infaunal/epifaunal
Quinqueloculina 11,93 11,93 epifaunal 0,66
Bolivina 10,25 22,19 infaunal
Globocassidulina 9,76 31,94 infaunal
Rosalina 6,16 38,11 epifaunal
Cibicides 5,77 43,88 epifaunal
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
40
Na tabela 10 estão expostas as abundâncias do gênero Cibicides em cada uma das
Biofácies determinadas pela análise, gênero este que será utilizado na análise seguinte.
Tabela 10: Abundância do gênero Cibicides nas Biofácies.
Gênero Biofácies Contrib%
Cibicides f 4,68
Cibicides m 4,76
Cibicides c 3,87
Cibicides j 4,58
Cibicides e 4,74
Cibicides b 3,92
Cibicides g 5,4
Cibicides h 5,77
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
6.3. ANÁLISE DE POROS
6.3.1 Escolha do quadro ideal
Inicialmente, foi realizado o teste estatístico Kolmogorov-Smirnov partir dos dados
de área do poro gerados, segundo a metodologia de PETERSEN et. al., 2016, para três
espécimes provenientes do testemunho. Esta etapa teve como objetivo escolher o quadro ideal
a ser posicionado em todas as imagens de Cibicides pseudoungeriana na sequência das
análises. Lembrando que foram testados quadros de cinco tamanhos distintos.
Como recomendado pela metodologia, os quadros foram posicionados na parte
interior da câmara, a fim de se evitar erros sistemáticos causados pela curvatura encontrada na
extremidade da mesma (Imagem 2).
41
Imagem 2: Exemplo de posicionamento do quadro no interior na penúltima câmara. Na imagem, encontra-se o
quadro 5 (de maior tamanho) posicionado no interior da penúltima câmara do Espécime 3 (185 cm).
Fonte: COSTA, 2018.
A tabela 11 expressa os resultados obtidos para o espécime 3, oriundo da
profundidade 185 cm. Os resultados dos demais espécimes estão em anexo.
Para o espécime 3, o número de poros aumentou com o aumento do tamanho do
quadro. A densidade de poros aumentou do quadro 1 ao 3, diminuiu no quadro 4 e aumentou
novamente no quadro 5. O valor p do teste KS apresentou seus maiores valores nos quadros 1
e 5. Já o valor D aumentou discretamente do quadro 1 ao 2, e em seguida, diminuiu com o
aumento do quadro.
Tabela 11: Dados referentes ao espécime 3, oriundo da profundidade 185 cm.
Espécime 3 (185 cm)
Tamanho do quadro
(px x px)
Quadro 1
(96 x 36)
Quadro 2
(104 x 48)
Quadro 3
(124 x 64)
Quadro 4
(150 x 90)
Quadro 5
(200 x 100)
Tamanho do quadro
(µm x µm)
10,73 x 4,02 11,62 x 5,36 13,85 x 7,15 16,76 x
10,05
22,35 x
11,17
Área do quadro
(µm2)
43 62 99 168 250
Número de poros 2,0 3,0 5,5 8,0 12,5
Densidade de poros
(Np/µm2)
0,046 0,048 0,056 0,047 0,050
Área do poro (média
+ DP) (µm2)
2,58±0,49 2,50±0,42 2,09±0,80 2,09±0,46 1,72±0,63
Porosidade (%) 11,9 12,0 11,6 9,9 8,6
Ks valor p (média) 0,996 0,895 0,798 0,774 0,976
Ks D (média) 0,270 0,296 0,243 0,218 0,138
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
42
O valor p do teste KS indicou que todos os quadros apresentaram distribuição normal
para os valores de área do poro. Os box-plots na figura 10 representam os valores de D do
teste KS, provenientes das dez repetições feitas para cada quadro. Este resultado também
mostra uma distribuição normal para todos os quadros, no entanto, observa-se que o valor de
D tendeu a aumentar com a diminuição do tamanho do quadro. Ou seja, o maior quadro,
número 5, apresentou uma distribuição normal mais próxima da ideal.
Figura 10: Resultados em formato box-plot do valor D do teste Kolmogorov–Smirnov (KS) para o espécime 3
(dez rodadas de teste KS para cada tamanho de quadro).
Fonte: COSTA, 2018.
Sob outra perspectiva, em se tratando dos valores de densidade de poros, este
parâmetro fala a respeito da porção da superfície do quadro que é ocupada por poros e o ideal
é que este valor represente com fidelidade a área total da câmara do foraminífero. No entanto,
observa-se que em quadros muito pequenos, os poros isolados terão maior relevância em
relação à área total do que em quadros maiores (Imagem 3).
Quadros
Val
or
D
43
Imagem 3: Comparação entre a distribuição dos poros no quadro 5 (maior) à esquerda e no quadro 2 (menor) à
direita.
Fonte: COSTA, 2018.
Sendo assim, entende-se que quadros de tamanhos maiores, que consequentemente
abrangem maior número de poros, tendem a representar de maneira mais fiel o padrão de
porosidade da câmara inteira.
Embora todos os quadros, segundo os parâmetros do teste KS, apresentaram
distribuição normal, foi necessário escolher o mais apropriado. Então, levando-se em
consideração o que foi dito acima e também os valores p e D, optou-se pelo quadro 5.
6.3.2. Dados da análise de poros
Após a escolha do quadro de tamanho ideal, a análise de poros foi realizada. No total
eram 103 amostras, no entanto, nem todas apresentaram a espécie selecionada (Cibicides
pseudoungeriana), além disso, alguns dos espécimes imageados mostraram-se inaptos a
serem analisados por estarem quebrados ou com superfície deformada impedindo a
identificação dos poros com clareza pelo software. Sendo assim, 276 espécimes foram
utilizados nesta análise.
A macro utilizada no software ImageJ foi capaz de gerar dados como Número de
poros, Área total de poros, Tamanho médio de poros, Porosidade, Perímetro, Circularidade,
Solidez, Área do poro, Proporção de tela e Arredondamento (Tabelas 12 e 13). Neste trabalho
empregaram-se, exclusivamente, os dados de Número de poros, Área do poro e Porosidade.
Os valores de número de poros referem-se à quantidade de poros encontrada no interior do
quadro, os de área do poro à média das áreas dos poros encontrados no quadro, já os valores
de pororsidade dizem respeito à razão entre área total de poros e área total do quadro.
44
Tabela 12: Exemplo de uma tabela “Síntese”. Estes valores são referentes ao espécime
oriundo da profundidade 185 cm. Este é o resultado final para o indivíduo, já após as
correções. (Tam. = Tamanho; Perim. = Perímetro; Circ. = Circularidade).
Identificação Número Área total Tam. médio Porosidade Perim. Circ. Solidez
MD093243_185 12,5 21,53 1,72 8,625 4,64 0,89 0,92
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Tabela 13: Exemplo de uma tabela “Resultados”. Estes valores são referentes ao espécime
oriundo da profundidade 185 cm. (Perim. = Perímetro; Circ. = Circularidade; AR= Aspect
Ratio – Proporção de tela; Arred. = Arredondamento).
Poro Área do poro Perim. Circ. AR Arred. Solidez
1 0,537 3,275 0,629 2,996 0,334 0,925
2 1,798 4,79 0,985 1,119 0,893 0,935
3 1,66 4,883 0,875 1,228 0,815 0,905
4 2,335 5,961 0,825 1,232 0,812 0,912
5 2,085 5,302 0,932 1,238 0,808 0,933
6 3,071 7,04 0,779 1,566 0,639 0,93
7 2,01 5,264 0,912 1,181 0,846 0,912
8 1,348 4,185 0,967 1,124 0,889 0,923
9 2,135 5,368 0,931 1,389 0,72 0,95
10 1,311 4,092 0,984 1,082 0,924 0,925
11 2,072 5,357 0,908 1,135 0,881 0,912
12 1,099 3,776 0,968 1,151 0,869 0,926
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Os resultados que serão apresentados a seguir referem-se aos valores médios dos
parâmetros supracitados calculados para cada amostra, já corrigidos (Figura 11).
A figura 10 apresenta os dados de número de poros, área média do poro e
porosidade. A barra lilás limita o intervalo da 1ª fase do H1 (de 18.000 a 16.000 anos A.P.,
aproximadamente) e a em amarelo marca o intervalo da 2ª fase do H1 (de 16.000 a 15.000
anos A.P., aproximadamente).
Os dados de porosidade e de área média do poro mostraram-se mais altos durante o
Glacial (de, aproximadamente, 18.000 anos A.P. a 34.000 anos A.P.) do que durante o
Interglacial (de, aproximadamente, 15.000 anos A.P. a 10.000 anos A.P.). Durante a primeira
fase do H1, estes dois parâmetros mostraram uma tendência de aumento, já na segunda fase
do evento a tendência foi de diminuição dos valores. O número de poros não mostrou uma
tendência clara na variação de seus valores, os mesmos mostraram-se ruidosos e irregulares.
45
Figura 11: Representação gráfica dos dados de número de poros, área média do poro e porosidade por idades em
anos A.P. A barra lilás limita a primeira fase do evento H1 e amarela a segunda fase. As datações estão indicadas
nos quadrados pretos com suas respectivas barras de erro.
Fonte: COSTA, 2018.
46
7. DISCUSSÃO
7.1. ANÁLISE DE ASSEMBLEIA DE FORAMINÍFEROS
7.1.1. Análise de cluster acoplada à análise de simper
A análise destes dados se dará pela avaliação da razão entre gêneros de hábito
infaunal e epifaunal. Uma vez que, segundo GOODAY (2003) e JORISSEN et. al. (2007), à
medida que a oxigenação de águas de fundo diminui, aumenta-se a proporção relativa de
indivíduos de hábito infaunal.
A tabela 14 abaixo exibe um resumo dos dados, no qual cada biofácies está associada
à sua razão infaunal/epifaunal e ao seu contexto temporal.
Tabela 14: Resumo dos dados da análise de Cluster acoplada à análise de SIMPER. Relação
entre Biofácies, razão infaunal/epifaunal e contexto temporal.
Biofácies Razão infaunal/epifaunal Contexto temporal
f 0,33 Interglacial
m 0,50 Interglacial
c 0,50 Interglacial
j 1,00 Segunda fase H1
e 2,00 Primeira fase H1
b 3,00 Primeira fase H1
g 0,75 Glacial
h 0,66 Glacial
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
As Biofácies g e h estão inseridas no período Glacial e suas razões infaunal/epifaunal
menores do que 1 sugerem predominância de indivíduos epifaunais. Ou seja, acredita-se que
neste momento as condições de oxigenação de fundo não estavam tão baixas a ponto de haver
predominância e infaunais.
Em relação às Biofácies j, e e b, todas estão inseridas no evento H1. Mais
especificamente, as Biofácies b e e, estão no contexto da 1ª fase do H1, enquanto a Biofácies j
no contexto da 2ª fase do H1. No entanto, três amostras pertencentes à Biofácies e, devido às
suas idades, estão inseridas no contexto Glacial.
Durante o H1 foram observados os maiores valores da razão infaunal/epifaunal. Isto
evidencia que, ao longo de todo o testemunho, este foi o momento com condições mais
desfavoráveis à vida na superfície do sedimento, ou seja, com menor taxa de oxigenação. É
47
possível observar uma diminuição nos valores desta razão da 1ª fase do H1 em direção a 2ª
fase. Isto leva a crer que a fase inicial do evento foi mais crítica para as formas de vida da
superfície do sedimento no que diz respeito à oxigenação. Já durante a segunda fase observou-
se um aumento relativo dos organismos epifaunais mostrando que as condições de oxigenação
de fundo melhoraram.
Vale ressaltar que, embora mais alto do que o da Biofácies j, o valor da razão
infaunal/epifaunal da Biofácies e diminuiu quando comparado ao da Biofácies b. Esta
diminuição pode estar associada às três amostras enquadradas no contexto Glacial que foram
agrupadas na Biofácies e, de maneira que, elas podem ter influenciado na diminuição deste
valor.
Outra ressalva é que, apesar do valor da razão infaunal/epifaunal ter diminuído na 2ª
fase do H1 quando comparado à 1ª fase, ele ainda assim, foi maior do que os valores
encontrados nos períodos Glacial e Interglacial. O que mostra que, mesmo com condições
melhores de oxigenação ao final do evento H1, a fauna ainda estava sujeita a efeitos
perturbadores.
As biofácies f, m e c, inseridas no contexto Interglacial, apresentaram os menores
valores de razão infaunal/epifaunal, o que sugere, segundo os autores supracitados, que as
condições de oxigenação de fundo neste momento foram as maiores ao longo do testemunho.
7.2. ANÁLISE DE POROS
7.2.1. Correlação entre os dados de foraminíferos e os de matéria orgânica
Os dados de poros foram correlacionados com os dados da assembleia de
foraminíferos bentônicos, bem com dados de matéria orgância (clorofila, δC13 e COT)
gerados por MAIA (2016) para o testemunho MD09-3243CQ (Figura 12).
A correlação entre os mesmos será apresentada a seguir separada pelos períodos do
testemunho.
PERÍODO GLACIAL (34.000 – 18.000 anos AP)
Segundo BORRMANN (2009) a clorofila está diretamente relacionada à conversão
de energia química e formação de biomassa durante a fotossíntese. No ambiente marinho,
algas, dinoflagelados, diatomáceas e algumas bactérias possuem clorofila e uma fração dos
pigmentos produzidos por estes organismos é incorporada aos sedimentos (BROWN, 1969;
48
SANGER; GORHAM, 1970; SCHWARTZ; LORENZO, 1990). Logo, o aumento da
produtividade primária marinha está relacionado ao crescimento da população fitoplanctônica
e, consequentemente, à maior quantidade de clorofila (LALLI; PARSONS, 1993). Desta
maneira, os baixos valores de clorofila exibidos para o testemunho durante o Glacial (Figura
12) apontam para um momento de baixa produtividade marinha e também de baixas taxas
fotossintéticas.
O COT é responsável por revelar a abundância de matéria orgânica sedimentar, pois
representa a fração do material orgânico não remineralizado durante o processo de
sedimentação e diagênese (MEYERS, 1994; MEYERS; TERANES, 2001). No ambiente
marinho, o carbono orgânico dissolvido (CID) acha-se sob forma de CO2 (Dióxido de
carbono) dissolvido e HCO3 (Bicarbonato), e é fonte primária de carbono para a fotossíntese
(LEVAS et. al., 2015). Sendo assim, os valores reduzidos de COT durante o Glacial indicam
que a quantidade de matéria orgânica sedimentar estava pouco abundante, além de
expressarem redução da fonte de carbono necessário à fotossíntese (Figura 12).
Em relação ao δ13C, sabe-se que estes dados são utilizados como traçadores
fundamentais em estudos acerca da origem de material orgânico (MEYERS; ISHIWATARI,
1993). O fitoplâncton utiliza preferencialmente o isótopo mais leve (12C) para produzir
matéria orgânica (WOLFE et. al., 2011), o que ocasiona um enriquecimento da água do mar
no isótopo mais pesado (13C). Sendo assim, alta produtividade primária resulta em valores de
δ13C menos negativos (em torno de -20‰) (MEYERS, 2003). Já no ambiente continental,
ocorre que plantas distintas utilizam diferentes vias para fixação do carbono, via C3 e C4, as
quais discriminam o isótopo pesado (13CO2) em relação ao leve (12CO2). A via C4
compreende maior capacidade de absorver CO2 do que a via C3, e com isso, as plantas C4
apresentam um sinal isotópico menos negativo (variando de -8 a -13‰), enquanto que as
plantas C3 possuem valores mais negativos (entre -23 e -36‰) (MEYERS, 1997). Tendo isto
em vista, os valores menos negativos encontrados no testemunho durante o Glacial para δ13C,
variando de -22‰ a -20‰, indicam que a matéria orgânica presente no sedimento neste
momento tem origem marinha (Figura 12).
Com relação à interpretação dada pelos dados de matéria orgânica, tem-se que
ocorreram taxas fotossintéticas mais baixas durante o Glacial ocasionando diminuição nas
concentrações de oxigênio. A porosidade e a área média dos poros, por sua vez, responderam
a esta situação com aumento em seus valores. Isto, corroborando com a relação inversa entre
oxigenação de água de fundo e porosidade/área média de poros de foraminíferos proposta por
autores como GARY (1989); MOODLEY; HESS (1992); PEREZ-CRUZ; MACHIAN-
49
CASTILLO (1990); GLOCK (2011); KUHNT (2013); PETERSEN (2016). Os dados de
número de poros não foram utilizados para esta correlação por não terem apresentado
tendências claras de aumento ou diminuição nos períodos estabelecidos. Desta forma,
considera-se que o aumento ou diminuição da porosidade nas testas em questão ocorrem em
função da variação da área média dos poros e não da quantidade de mesmos. Esta mesma
conclusão foi alcançada por MOODLEY; HESS, 1992 e PETERSEN (2016).
Com relação à análise da assembléia, a razão média entre infaunais/epifaunais neste
momento foi de 0,7 (Figura 12), ou seja, os infaunais não foram predominantes neste
momento como seria esperado para baixas concentrações de oxigênio. Sendo assim, julga-se
que, na realidade, a oxigenação estava baixa, mas não ao ponto de perturbar
significativamente a vida na superfície do sedimento. O que vai ao encontro do que é proposto
por MURRAY (2001) em relação a uma concentração limite de O2 (1-2 ml / L), abaixo da
qual a fauna é afetada. Desta maneira, o teor de oxigênio foi suportável e adaptável para a
maioria dos gêneros daquela fauna. Ademais, este fato leva a crer que em se tratando de
pequenas variações nos níveis de oxigênio, o padrão de poros das testas de foraminíferos é um
indicador mais sensível do que a razão infaunal/epifaunal.
PRIMEIRA FASE DO HEINRICH 1 (18.000 – 16.000 anos AP)
A primeira fase do H1 foi caracterizada por alta entrada de matéria orgânica de
origem terrestre fatos justificados pelos valores mais altos de COT e inflexão negativa nos
valores de δ13C, abaixo de -23‰ (Figura 12). Neste momento, ambos os dados relativos aos
poros apresentaram tendência de crescimento, sobretudo ao final da primeira fase (16.000
anos AP) (Figura 12). Além disso, neste momento a razão infaunal/epifaunal apresentou seu
maior valor médio (2,5) (Figura 12), evidenciando diminuição significativa nas taxas de O2
capaz de alterar a distribuição da fauna, favorecendo a dominância de infaunais mais
adaptados a estas condições.
Este cenário é justificado por mecanismos expostos no capítulo 1, nos quais, o input
de água doce vinda do degelo de geleiras, dificulta a formação da APAN e, com isso, atenua a
AMOC. O enfraquecimento da AMOC resultou no descolamento da ZCIT para sul
acarretando aumento do regime de chuvas e, consequentemente, aumento da hidrodinâmica
costeira fazendo com que fosse ampliado o transporte de terrígenos em direção ao oceano.
Como consequência da desaceleração da circulação ocorreu menor oxigenação das águas de
fundo.
50
Vale ressaltar que, a primeira fase do H1 abrangeu um número baixo de amostras
devido à escassez de Cibicides pseudoungeriana durante o evento, o que sugere que os efeitos
do mesmo foram determinantes para a sobrevivência desta espécie. Desta forma, o baixo
número no conjunto amostral poderia garantir inconfiabilidade ao resultado, por isso optou-se
pela repetição das análises nestas amostras para confirmar seus valores, em alguns casos, com
reposicionamento do quadro na câmara. A correspondência entre os valores ficou em torno de
90% para os dados de porosidade, bem como de área média do poro, ou seja, atestando a
tendência encontrada.
SEGUNDA FASE DO HEINRICH 1 (16.000 – 15.000 anos AP)
Na segunda fase do H1, ocorreu diminuição do transporte de matéria orgânica
terrestre em direção ao oceano, marcada pela diminuição do COT e pela inflexão positiva do
d13C, acima de -22‰ (Figura 12). Em se tratando dos poros, os mesmos apresentaram sutil
tendência a diminuírem, o que ficou mais evidente nos dados de área média do poro, que
apresentaram inflexão negativa (Figura 12). E a razão infaunal/epifaunal diminuiu em relação
à 1ª fase do H1 (Figura 12), indicando uma melhora na oxigenação, a qual favoreceu o
aumento relativo dos epifaunais.
Acredita-se que neste momento estivesse se reestabelecendo a recirculação da
AMOC, levando águas quentes para o Norte e, com isso, a oxigenação das águas de fundo foi
favorecida. Desta maneira, a ZCIT iniciou seu retorno à sua posição normal a norte e como
resultado houve diminuição no regime de chuvas, bem no transporte de terrígenos em direção
ao oceano.
PERÍODO INTERGLACIAL (15.000 – 11.000 anos AP)
Os dados de clorofila apresentaram aumento durante o período Interglacial, o que se
julga ser devido ao aumento na produção primária e também nas taxas fotossintéticas (Figura
12). Com relação aos valores de COT, seu aumento implicou no aumento na abundância de
matéria orgânica sedimentar e também do incremento na fonte de carbono disponível para
realização da fotossíntese (Figura 12). Quanto aos valores de δ13C, neste momento, eles foram
menos negativos denotando origem marinha para a matéria orgânica (Figura 12). Então, com
aumento nas taxas fotossintéticas sugerido pelos dados de matéria orgânica, acredita-se tenha
havido aumento na concentração de oxigênio do ambiente, como reação, os foraminíferos
apresentaram menor porosidade, bem como poros de área média menor. A razão
51
infaunal/epifaunal apresentou neste momento seu menor valor, evidenciando que nele
ocorreram as condições de oxigenação mais favoráveis à vida dos epifaunais.
52
Figura 12: Representação gráfica dos dados de matéria orgânica como clorofila, COT, δ13C (MAIA, 2016) e dos
dados de área média do poro e porosidade por idades. A barra lilás limita a primeira fase do evento H1 e amarela
a segunda fase. As datações estão indicadas nos quadrados pretos com suas respectivas barras de erro. Os valores
médios da razão infaunal/epifaunal para cada intervalo do testemunho estão no quadro cinza na parte superior do
gráfico.
Fonte: COSTA, 2018.
53
7.2.2. Correlação entre os dados de porosidade e proxies utilizados para avaliação da
intensidade da AMOC
Como forma de comprovar a influência da intensidade da AMOC sobre a oxigênação
das águas de fundo, bem como sobre a porosidade das testas de foraminíferos betônicos,
realizou-se a correlação entre os dados de porosidade e variáveis indepentes comumente
utilizadas para avaliação da intensidade da AMOC. Foram utilizados os dados de 231Pa / 230Th
de GHERARDI (2005), os quais foram gerados a partir de testemunhos distribuidos no
Atlântico. Esta correlação teve foco no evento H1, cuja relação com a intesidade da AMOC
está prevista na hipótese deste trabalho.
O radionuclídeos 231Pa e o 230Th são produzidos na coluna d’água a taxas constantes
do decaimento radioativo de 235U e 234U dissolvidos, sendo homogeneamente distribuídos no
oceano. Ambos são rapidamente removidos da água do mar por adsorção em partículas de
decantação, resultando em um tempo relativamente curto de residência na coluna d’ água. O
230Th, por ser altamente reativo, é rapidamente removido da coluna d’água por adsorção em
partículas sedimentares e apresenta meia vida de 30 a 40 anos. Já o 231Pa apresenta um tempo
de residência mais longo, de 100 a 200 anos, por isso, é eliminado na coluna d’água com
menos eficácia, podendo ser levado por correntes marinhas por distâncias maiores do que
230Th antes de ser depositado no sedimento. No Atlântico Oeste o tempo de residência do
231Pa se aproxima do tempo de trânsito da APAN, o que permite o uso da razão 231Pa / 230Th
como proxy de intensidade da AMOC (YU et. al., 1996; MCMANUS et. al., 2004). Sendo
assim, em momentos de enfraquecimento da AMOC menos 231Pa é exportado pela APAN e
maior se torna a razão 231Pa / 230Th nos sedimentos do Atlântico. Ou seja, a renovação das
águas profundas do Atlântico resulta em baixa razão 231Pa / 230Th, no entanto, esta proporção
aumenta com a diminuição de produção da APAN (MCMANUS et. al., 2004; GHERARDI
et. al., 2005).
Como se pode observar na Figura 13, a razão 231Pa / 230Th apresentou um aumento
pronunciado em torno de 16.000 anos AP, evidenciando que neste momento a adsorção destes
radionuclídeos em partículas sedimentares superou significativamente a exportação dos
mesmos pela APAN, uma vez que, a formação desta foi diminuída devido ao enfraquecimento
da AMOC. Ao final do evento H1, na sua 2ª fase, os valores de 231Pa / 230Th tenderam a
diminuir o que vem a corroborar com a proposta já mencionada de início da recirculação da
AMOC ao final do evento.
54
Figura 13: Representação gráfica dos dados de 231Pa / 230Th (em verde) (GHERARDI et. al., 2005) e Porosidade
(em laranja) por idades em anos AP (COSTA, 2018). A barra lilás limita a primeira fase do evento H1 e amarela
a segunda fase. As datações estão indicadas nos quadrados pretos com suas respectivas barras de erro.
Fonte: COSTA, 2018.
55
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados gerados a partir da análise de poros mostraram que a variação no
padrão de porosidade das testas da espécie Cibicides pseudoungeriana ocorreu em função da
alteração na área média dos poros e não em função da quantidade deles.
Os dados de porosidade, bem como de área média dos poros correlacionaram-se de
maneira direta com os dados de matéria orgânica e também com os agrupamentos da
assembleia de foraminíferos bentônicos, respondendo como esperado na hipótese do trabalho,
às fases do testemunho, sobretudo ao evento Heinrich 1.
Durante o período glacial foram sugeridas baixas taxas fotossintéticas pelos dados de
matéria orgânica e consequentemente menores concentrações de oxigênio. De fato a
porosidade e a área média do poro apresentaram valores relativamente mais altos, no entanto,
a assembleia de foraminíferos não respondeu de forma direta. Neste período, a razão de
infaunais/epifaunais teve valores menores do que um, revelando o predomínio de epifaunais o
que não seria esperado em momentos de baixa oxigenação. Sendo assim, entendeu-se que as
taxas de oxigenação no período Glacial foram mais baixas do que no Interglacial, porém não
tão baixas como durante o evento H1, não chegando ao ponto de desequilibrar
significativamente a vida na superfície do sedimento.
Em se tratando do evento H1, o mesmo apresentou duas fases. Na primeira delas
(início do evento), acredita-se que o enfraquecimento da AMOC tenha acarretado uma
diminuição nas taxas de oxigenação e em resposta a isso, os dados de porosidade e área média
do poro aumentaram. A assembleia de foraminíferos, por sua vez, exibiu as maiores razões
infaunal/epifaunal, exprimindo as taxas mais baixas de oxigênio no fundo, ao longo do
testemunho, as quais implicaram em diminuição de espécies na superfície do sedimento. Na
segunda fase do H1 supõe-se que tenha se iniciado a recirculação da AMOC e com isso as
taxas de oxigênio tenderam a aumentar e, como consequência, os poros das testas diminuíram.
Nesta fase, a razão infaunal/epifaunal diminuiu relativamente em relação á 1ª fase, ou seja,
evidenciando que a oxigenação do fundo foi melhorada favorecendo os epifaunais.
Já durante o Interglacial, foi sugerido pelos dados de matéria orgânica aumento nas
taxas fotossintéticas, ocasionando maiores concentrações de oxigênio, que por sua vez,
fomentaram a diminuição na área média dos poros e na porosidade das testas. Neste mesmo
período, a assembleia de foraminíferos bentônicos apresentou as menores razões
infaunal/epifaunal, demonstrando as condições mais favoráveis de oxigenação para a vida na
superfície do sedimento ao longo do testemunho.
56
Concluiu-se que em se tratando de variações sutis de oxigenação, a porosidade das
testas é um indicador mais sensível do que a razão infaunal/epifaunal. Podendo a alteração no
tamanho do poro ser uma variação ecofenotípica inicial de defesa e/ou adaptação dos
foraminíferos que se dá anteriormente às mudanças na estrutura da comunidade. Ou seja,
somente em casos mais severos de baixa oxigenação a conformação da fauna é, de fato,
alterada.
Os dados de porosidade encontrados para os foraminíferos bentônicos oriundos do
testemunho correlacionaram-se diretamente com os valores de razão 231Pa / 230Th,
provenientes de testemunhos do Atlântico, fomentando a proposta de que a AMOC
apresentou maior enfraquecimento durante a 1ª fase do H1, em torno de 16.000 anos AP, e
voltou a recircular ao final da 2ª fase, em torno de 15.000 anos AP.
Além disso, a metodologia da análise de poros foi atestada para a espécie Cibicides
pseudoungeriana, sobreturo em um ambiente de mar profundo, conhecidamente oligotrófico.
Visto que os trabalhos ateriores acerca deste assunto concentraram-se em ambientes costeiros
e restritos e/ou zonas de oxigênio mínimo (OMZ – Oxygen Minimum Zone), onde as
variações de oxgenação são, normalmente, mais evidentes.
57
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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68
ANEXO
Dados referentes ao espécime 1, oriundo da profundidade 15 cm.
Espécime 1 (15 cm)
Tamanho do quadro (px x px)
Quadro 1 (96 x 36)
Quadro 2 (104 x 48)
Quadro 3 (124 x 64)
Quadro 4 (150 x 90)
Quadro 5 (200 x 100)
Tamanho do quadro (µm x µm)
10,73 x 4,02 11,62 x 5,36 13,85 x 7,15 16,76 x 10,05 22,35 x 11,17
Área do quadro (µm2)
43 62 99 168 250
Número de poros 3 3 4 7 12
Densidade de poros (Np/µm2)
0,070 0,048 0,040 0,042 0,048
Área do poro (média + DP) (µm2)
1,32±0,18 1,14±0,32 1,64±0,44 1,48±0,43 1,35±0,39
Porosidade (%) 9,2 5,5 6,6 6,2 6,5
Ks valor p (média) 0,999 0,994 0,937 0,984 0,992
Ks D (média) 0,194 0,214 0,238 0,156 0,123 Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Dados referentes ao espécime 2, oriundo da profundidade 89 cm.
Espécime 2 (89 cm)
Tamanho do quadro (px x px)
Quadro 1 (96 x 36)
Quadro 2 (104 x 48)
Quadro 3 (124 x 64)
Quadro 4 (150 x 90)
Quadro 5 (200 x 100)
Tamanho do quadro (µm x µm)
10,73 x 4,02 11,62 x 5,36 13,85 x 7,15 16,76 x 10,05 22,35 x 11,17
Área do quadro (µm2)
43 62 99 16 250
Número de poros 3 4 6 11 12
Densidade de poros (Np/µm2)
0,069 0,064 0,060 0,065 0,048
Área do poro (média + DP) (µm2)
1,44±0,22 1,62±0,15 1,33±0,17 1,37±0,16 1,34±0,32
Porosidade (%) 10,0 10,4 8,0 8,2 6,5
Ks valor p (média) 0,876 0,859 0,976 0,999 0,950
Ks D (média) 0,304 0,246 0,174 0,116 0,150
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
69
Resultados em formato box-plot do valor D do teste Kolmogorov–Smirnov (KS) para o espécime 1 (dez rodadas
de teste KS para cada tamanho de quadro).
Resultados em formato box-plot do valor D do teste Kolmogorov–Smirnov (KS) para o espécime 2 (dez rodadas
de teste KS para cada tamanho de quadro).
Quadros
Val
or
D
Val
or
D
Quadros
70
Estampa 1: 1- Textularia cônica; 2- Textularia; 3- Textularia; 4- Siphotextularia; 5- Siphotextularia
heterostoma; 6- Eggerella; 7- Martiotiella; ; 8- Dorothya bradyana; 9- Siphonaperta; 10- Sigmoilopsis lateral;
11- Sigmoilopsis abertura; 12- Saccamina; 13-Miliolinella; 14- Miliolinella; 15- Miliolídeo indeterminado; 16-
Edentostomina; 17- Pyrgo; 18- Pyrgo; 19- Spiroloculina; 20- Spiroloculina; 21- Spiroloculina; 22-
Spiroloculina; 23- Spiroglutina; 24- Pseudomassilina.
13 14 15 16
17 18 19 20
21 22 23 24
1
12
2 3 4
5 6 7 8
9 10 11
71
Estampa 2: 25- Spirosigmoilina; 26- Quinqueloculina; 27- Quinqueloculina; 28- Quinqueloculina; 29-
Quinqueloculina; 30- Quinqueloculina; 31- Quinqueloculina; 32- Quinqueloculina; 33- Triloculina; 34-
Mesosigmoilina; 35- Varidentella; 36- Wiesnerella; 37- Anchihauerina; 38- Ammomassilina; 39- Articularia;
40- Articulina; 41- Dolosella; 42- Nodobaculariella; 43- Nummoloculina; 44- Cornuloculina; 45- Cornuspira;
46- Cornuspira; 47- Adelosina; 48- Angulogerina.
25 26 27 28
29 30 31 32
33 34 35 36
37 38 39 40
41 42 435
44
45 46 47 48
72
Estampa 3: 49- Eouvigerina 50- Uvigerina jacksonensis; 51- Uvigerina peregrina; 52- Uvigerina; 53-
Neouvigerina; 54- Trifarina; 55- Siphonina; 56- Siphogenerina; 57- Bolivina albatrossi; 58- Bolivina variabilis;
59- Bolivina; 60- Bolivina; 61- Loxostomina; 62- Loxostomina; 63- Loxostomum; 64- Loxostomum truncatum;
65- Bolivinellina; 66- Bolivinitta; 67- Bolivinitta abertura; 68- Brizalina; 69- Brizalina; 70- Brizalina; 71-
Brizalina; 72- Bulimina aculeata.
49 50 51 52
53 54 55 56
57 58 59 60
61
50
62
50
63
50
64
50
65
66
50
67
68
50
69
50
70
60
71
50
72
50
73
Estampa 4: 73- Bulimina marginat; 74- Bulimina; 75- Bulimina; 76- Buliminella; 77- Buliminoides; 78-
Globobulimina; 79- Praeglobobulimina; 80- Virgulopsis; 81- Sigmavirgulina; 82- Sagrina; 83- Sagrinopsis; 84-
Fursenkoina lateral; 85- Fursenkoina abertura; 86- Robertinoides brady; 87- Rutherfordoides; 88-
Rutherfordoides abertura; 89- Orthoplecta; 90- Floresina; 91- Nodosaria; 92- Glandulonodosaria; 93-
Entopolymorphyna; 94- Dentalina; 95- Globulotuba; 96- Marginulina.
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74
Estampa 5: 97- Seabrookia; 98- Laevidentalina; 99- Saracenaria; 100- Sigmomorphina; 101-
Siphomarginulina; 102- Vaginulina; 103- Pleurostomella; 104- Lenticulina; 105- Neolenticulina; 106-
Cristelaria; 107- Chilostomella; 108- Chilostomella; 109- Ehrenbergina; 110- Reussella; 111- Reussella
abertura; 112- Lagena; 113- Lagena aspera; 114- Lagena; 115- Lagena; 116- Lagena; 117- Lagena; 118-
Procerolagena; 119- Lagenosolina; 120- Solenina tenuistratiformis.
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75
Estampa 6: 121- Fissurina; 122- Fissurina; 123- Fissurina; 124- Parafissurina falsinea; 125- Parafissurina;
126- Paliolatella; 127- Vasicostella; 128- Pyrulina; 129- Oolina; 130- Oolina melo; 131- Cushmanina; 132-
Caudammina; 133- Amobaculites; 134- Nonion: 135- Nonion; 136- Nonion; 137- Nonionoides; 138- Nonionella;
139- Pseudononion; 140- Pseudononion; 141- Pseudononion; 142- Astrononion; 143- Aliatinella; 144- Pullenia.
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76
Estampa 7: 145- Peneroplis; 146- Pseudogaudryna; 147- Cassidulina dorsal; 148- Cassidulina ventral; 149-
Paracassidulina dorsal; 150- Paracassidulina ventral; 151- Globocassidulina; 152- Globocassidulina abertura:
153- Cassidulinoides; 154- Islandiella; 155- Amphystegina dorsal; 156- Amphystegina ventral; 157-
Epistominella dorsal; 158- Epistominella ventral; 159- Alabaminella dorsal; 160- Alabaminella ventral; 161-
Oridorsallis dorsal; 162- Oridorsallis ventral; 163- Lernella; 164- Elphidium; 165- Hoeglundina dorsal; 166-
Hoeglundina ventral; 167- Nuttalides dorsal; 168- Nuttalides ventral.
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77
Estampa 8: 169- Anomalinoides; 170- Anomalinulla dorsal; 171- Anomalinulla ventral; 172- Cibicides; 173-
Cibicides; 174- Cibicides; 175- Cibicides; 176- Cibicides pseudoungeriana; 177- Cibicidoides; 178-
Dyocibicides dorsal; 179- Dyocibicides ventral; 180- Eponides; 181- Eoeponidella dorsal; 182- Eoeponidella
ventral; 183- Neoeponides; 184- Disconorbis; 185- Discorbinella dorsal; 186- Discorbinella ventral; 187-
Neoconorbina dorsal; 188- Neoconorbina ventral; 189- Glabratella dorsal; 190- Glabratella ventral; 191-
Gavelinopsis dorsal; 192- Gavelinopsis ventral.
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78
Estampa 9: 193- Orbitina dorsal; 194- Orbitina ventral; 195- Pattelina dorsal; 196- Pattelina ventral; 197-
Pararotalia; 198- Rotalia dorsal; 199- Rotalia ventral; 200- Strebloides; 201- Stetsonia minuta; 202- Svraktina
dorsal; 203- Svraktina ventral: 204- Carpenteria; 205- Cymbaloporetta dorsal; 206- Cymbaloporetta ventral;
207- Rosalina dorsal; 208- Rosalina ventral; 209- Laticarinina pauperatta; 210- Hanzawaia dorsal; 211-
Hanzawaia ventral; 212- Haynesina; 213- Hansenisca dorsal; 214- Hansenisca ventral; 215- Heronallenia
dorsal; 216- Heronallenia ventral.
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79
Estampa 10: 217- Heterolepa dorsal; 218- Heterolepa ventral; 219- Gyroidina soldanii ventral; 220- Gyroidina
soldanii ventral; 221- Gyroidinoides dorsal; 222- Gyroidinoides ventral; 223- Melonis; 224- Palmerinella; 225-
Valvulineria dorsal; 226- Valvulineria ventral; 227- Valvulineria dorsal; 228- Valvulineria ventral.
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