Palestra SME - Prof. Doutor José Carlos Miguel
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA DE JOVENS E
ADULTOS:
NEGOCIAÇÃO DE SIGNIFICADOS E PRODUÇÃO
DE SENTIDOS DE APRENDIZAGEM
A - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Educando jovem ou adulto: universo cultural amplo e
repleto de relações simbólicas.
Dificuldades na aprendizagem matemática, embora
os educandos da EJA demonstrem habilidades no
cálculo mental e na estimativa.
A aprendizagem significativa de idéias matemáticas
se dá quando o aluno se defronta com situações
desafiadoras que exijam empenho e reflexão.
O uso social do conhecimento matemático.
A sensação de incapacidade e fracasso.
A perspectiva de superação e autonomia.
O mental e o simbólico.
O oral e o escrito.
Proposta: do empírico, do mental e do oral
para o simbólico, o abstrato e o formal.
O problema da transferência.
A crença na capacidade de aprendizagem
dos jovens e adultos.
B- SOBRE A NECESSIDADE DE CONSTITUIÇÃO DE
AMBIENTES FAVORÁVEIS À APRENDIZAGEM
MATEMÁTICA NA EJA
O papel da Matemática nos processos de EJA:
respaldo aos processos de leitura e de escrita com
vistas à tomada de decisão acerca dos fatos da
realidade sociocultural.
Estabelecimento de uma relação dialógica entre
educadores e educandos: compartilhamento de
idéias e saberes é o pressuposto da produção e
negociação de significados.
Do concreto para o abstrato: um problema mal
colocado.
Concreto e abstrato não são instâncias
dissociadas. São mediações do real que se
complementam dialeticamente.
Toda ação física supõe uma ação intelectual:
concreto não é sinônimo de manipulável.
Aprender é construir significados e atribuir
sentidos (os conhecimentos apresentam
diversos níveis de concretizações).
C – PRÁTICA DE ENSINO: IMPLICAÇÕES TEÓRICO-
METODOLÓGICAS.
- Numa perspectiva histórico-cultural, analisar as
heurísticas desenvolvidas por educandos jovens e
adultos para apropriação do fato matemático é
condição essencial para a produção de significados
de aprendizagem.
Conceber a Matemática como disciplina de
investigação, na qual o progresso dos alunos em
relação ao conhecimento matemático se dá como
conseqüência de um processo de resolução de
problemas.
A ação didático-pedagógica deve configurar-se
como pesquisa-ação na qual se analisa as
dificuldades de professores e alunos para o
tratamento do tema resolução de problemas,
compreendida como tese central de um processo de
formação de conceitos em Matemática,
encaminhando propostas de solução.
Dialogicidade e problematização.
Estratégias: diagnóstico da realidade, análise
documental, análise do discurso, observação de
aulas (ação-reflexão-ação).
D- IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
A aprendizagem matemática envolve aspectos figurativos,
operativos e conotativos.
Aprender resolvendo problemas.
Analisar as perspectivas de redefinição da forma de tratamento
dos conteúdos, da organização curricular e de procedimentos
pedagógicos.
A produção de textos desempenha papel importante pela
ampliação do universo vocabular estabelecendo ligações entre
a língua materna e a construção do vocabulário específico da
linguagem matemática.
Jogos e brincadeiras no ensino de Matemática: por fazerem
parte do cotidiano e favorecerem o desenvolvimento da
autonomia moral, o jogo e as atividades lúdicas desempenham
papel fundamental na formação de conceitos matemáticos.
a) Dupla função: lúdica e educativa.
b) Tomada de decisões, representações mentais e simbólicas,
escolha de estratégias, observação e respeito a regras.
c) Incentivam o desenvolvimento de estratégias para a
resolução de problemas.
Contextualizar: considerar as vivências do sujeito.
Historicizar: evolução das idéias matemáticas (sequenciação
lógica X sequenciação histórico - lógica).
Por conseqüência dessa forma de compreender o
papel da Matemática no currículo de EJA há de se
questionar um ensino fundamentado na
memorização e na aplicação de esquemas imitativo-
repetitivos.
Impõe-se pensar: por quê? (objetivos); para quê?
(finalidades); como? (metodologia) e onde?
(realidade objetiva).
Enredar: relações entre as idéias matemáticas e
destas com as demais áreas do conhecimento.
Quando ensinar? - consideração e intervenção no
desenvolvimento cognitivo do aluno.
O que ensinar? Por que ensinar? -estabelecer relações entre os conteúdos aserem ensinados e o objetivo fundamentalde se promover o desenvolvimentointelectual e a autonomia do aluno.
Como ensinar? - definir os procedimentosadequados para a mediação do processo.
Cognição operativa X cognição figurativa.
Considerar a questão da transposiçãodidática: para ser ensinado, o conhecimentomatemático deve ser transformado.
E- CONCLUSÃO
O ensino de Matemática voltado para a formação
dos conceitos exige o envolvimento do educando
num processo de participação ativa que permite a
geração de idéias, a elaboração gradativa de
significados, o estabelecimento de conexões entre
os fatos matemáticos e os registros simbólicos para
alcançar a sistematização formal (o fato matemático
é uma ação interiorizada em pensamento; é,
portanto, lógico, simbólico, abstrato e formal).
Estabelece perspectivas de inserção dos agentes
culturais da escola no processo de reorganização
curricular.
Uma ação pedagógica voltada para a
formação de conceitos em Matemática é
viável e sua incorporação na prática
pedagógica cotidiana das escolas exige
investimentos num processo contínuo de
formação de professores reflexivos: a
resistência é maior naquilo que exige
reflexão e reformulação conceitual do que
vem a ser o processo pedagógico.
Conclusão: pensar a formação de um
professor epistemologicamente curioso.