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04 - Editorial Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião LOC/MTC22 - Semana de... Henrique Matos24 - Dossier Advento 2017

50 - Entrevista Catarina Dias, voluntária68 - Multimédia70 - Estante72 - Agenda74 - Vaticano II76 - Programação Religiosa77 - Minuto Positivo78 - Liturgia80 - Fundação AIS82 - LusoFonias

Foto de capa: LusaFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração:Quinta do Bom PastorEstrada da Buraca, 8-121549-025 LISBOATel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Santarém recebeuD. José Traquina[ver+]

Papa Francisco deregresso à Ásia[ver+]

Preparar o Natal àluz da fé[ver+] LOC/MTC |Henrique Matos | OctávioCarmo | Fernando Cassola Marques| Manuel Barbosa | Tony Neves |Paulo Aido

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Quem é o Papa?

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

O regresso do Papa Francisco à Ásia colocavárias questões de texto e contexto, face àtradicional dificuldade de entender o papeldesempenhado pelo líder da Igreja Católica comoreferência espiritual e não apenas como agentepolítico. A preguiça não é boa conselheira elimitar uma viagem desta dimensão à utilizaçãoou não de uma palavra, por mais importante queseja, é bastante reveladora.Ver Aung San Suu Kyi recordar a sua educaçãocatólica e pedir uma bênção especial ao Papa ouver o presidente do Bangladesh, Abdul Hamid,agradecer emocionado pela atenção queFrancisco tem dedicado à crise dos Rohingyaparece entrar em choque com algumas dascoisas que são ditas com o nosso filtro“ocidentalizado”. Há qualquer coisa que não batecerto e, na dúvida, prefiro ouvir quem está noterreno.Francisco decidiu visitar dois países em que oscatólicos são minoria. Pequena. Muito pequena.Milhares de quilómetros e muitas horas de voopara um destino mais humano do que geográfico,com atenção aos direitos e à dignidade de todos.Esperança, diálogo e paz são as “armas” doPapa, numa viagem escolhida a dedo, com o seucunho pessoal, e muito desafiante. Procurandotrazer para o mesmo lado os responsáveisreligiosos e políticos, e também, por força da suaenorme presença mediática, histórias de vidaque têm ficado esquecidas ao longo dos últimosmeses e que muitos só conseguem descobriragora.

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Mianmar e Bangladesh sublinhamainda a ligação da presençaportuguesa no Oriente, nos iníciosda evangelização destes territórios.Cinco séculos de uma história quetambém

muitas vezes é desconhecida, alheiaa nós mesmos, enquanto outros, aolonge, cultivam ciosamente umamemória que por cá estranhamentese renega.

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“Primeiras chuvas. Poucas…”© iStock

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"Pior é sempre não decidir ou decidir adesoras.”Belmiro de Azevedo “Posso estar momentaneamente cansado,mas isso em nada diminui as minhas ganas”(António Costa – Comício dos dois anos dogoverno) “Estando em causa a vida, em si, como bemabsolutamente protegido pela ordem jurídica,ela deve ser uniformente valorada em igualcorrespondência com a igual dignidade detodas as pessoas. (…) Entende ainda esteConselho que a operacionalização destecritério terá necessariamente de levar emconta, como valor referencial, um montantenão inferior a 70 mil euros”(Relatório do Conselho para fixação docálculo das indeminizações às vítimas dosincêndios de junho e de outubro de 2017) "O mais importante, que o senhor primeiro-ministro já sublinhou, é ser rápida - e há todaa disponibilidade da senhora provedora deJustiça para ser rápida - a definição daindemnização definitiva, antes do fim do anoe, se possível, antes do Natal" (Presidente daRepública aos jornalistas, sobre a definiçãodas indeminizações definitivas às vítimas dosincêndios) Quando chegar o Mundial, Portugal vai estarbem preparado e o que mais espero é quePortugal consiga fazer um bom Campeonatodo Mundo" (Cristiano Ronaldo, no portal daFIFA, sobre o Mundial 2018)

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Novo bispo apresentadona Diocese de Santarém

A Diocese de Santarém celebroueste domingo a entrada solene deD. José Traquina, que na homilia daMissa a que presidiu falou de umarealidade social “desafiante”,projetando o futuro com os verbos“testemunhar” e “propor”.“A Pastoral Social não é um anexoou um apêndice na vida da Igreja,faz parte da sua identidade emissão evangélica”, afirmou.D. José Traquina foi nomeado peloPapa Francisco bispo de Santarém

e, depois de tomar posse estesábado, na Catedral, foiapresentado à diocese na Missacelebrada na igreja de Santa Clara.Para o bispo de Santarém, tambémpresidente da Comissão Episcopalde Pastoral Social e MobilidadeHumana, na Conferência EpiscopalPortuguesa, “o pobre não é umtrampolim para o benfeitor chegar aDeus, antes um provocador dopróprio encontro com Deus”.Na homilia da Missa, D. JoséTraquina

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lembrou que “o que mobiliza aIgreja não é uma ideia que seimpõe, mas um Amor que se propõee se traduz em corações renovadosem tantas concretizações do bemcomum na edificação da sociedade”.O bispo de Santarém disse tambémque é necessário “propor oEvangelho”. “Não podemos esperarque a transmissão da Fé aconteçaem ambiente familiar com a mesmafacilidade de outros tempos. Sãonecessárias propostas do encontrocom Cristo, propostas de encontrocom o Evangelho”, sublinhou.D. José Traquina admitiu que nuncaimaginou que seria o terceiro bispodiocesano e recordou os anos deserviço militar na cidade deSantarém, onde está “para servir”.“Venho para servir, sinto alegria,mas não vaidade. Não me sintosuperior a ninguém pela experiênciafeliz da vida vivida à luz da fé”,referiu.O prelado recordou os anos em queesteve em Santarém para cumprir oserviço militar, em 1975 e 76, oscontactos com sacerdotes locais eum convite para ser padre daDiocese de Santarém quandodecidiu entrar no seminário, em1976.O bispo agradeceu à diocese o

acolhimento e disse que quer fazerdas “fragilidades” “oportunidadepara crescer e amadurecer”, nacerteza de que “pôr em prática aspáginas do Evangelho é realmenteconstruir a casa sobre rocha firme”.Na saudação ao novo bispo, ovigário-geral da Diocese deSantarém manifestou “a estima e adisponibilidade” dos sacerdotes ediáconos para cooperarem “noserviço à comunidade a que foichamado a presidir, como mestre dadoutrina, sacerdote do cultosagrado e ministro do governo”.D. José Augusto Traquina Maria, de63 anos, nasceu a 21 de janeiro de1954 em Évora de Alcobaça,(Distrito de Leiria, Patriarcado deLisboa), e foi ordenado padre a 30de junho de 1985; a 17 de abril de2014 foi nomeado bispo auxiliar deLisboa, pelo Papa Francisco, eordenado bispo a 1 de junho dessemesmo ano, numa celebraçãopresidida pelo cardeal-patriarca, D.Manuel Clemente.

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Abrir as portas para acolherO cardeal-patriarca de Lisboaafirmou este sábado, na conferênciaanual da Comissão Nacional Justiçae Paz (CNJP), que Portugal faz bemem acolher turistas mas tem deacolher cada pessoa. "A ideia deque gostamos tanto e bem, até paraa economia, de acolher turistas,mas também temos de nos acolhercomo pessoas, em cada país e naEuropa e no mundo em geral",afirmou D. Manuel Clemente aosjornalistas durante a conferênciasobre o tema «Muros e Pontes:Europa, Migrações e Diálogo deCulturas».A CNJP, da Igreja Católica,promoveu em Lisboa a suaconferência anual, que permitiufazer uma radiografia aoacolhimento aos refugiados emPortugal. O presidente doorganismo lembrou que os quevisitam o nosso país como turistas"não são os que nos procuramcomo migrantes".Em entrevista à Agência ECCLESIA,Pedro Vaz Patto deu conta do seuagrado pela forma como o país,apesar das “dificuldades”, tem dadoo seu contributo para esta causa.“Mesmo o facto de por vezes estesrefugiados deixarem o nosso paísnão nos faz esmorecer”, sublinhou.Joana Rigato foi uma das pessoasque

apresentou o seu testemunhoacerca da forma como oacolhimento aos refugiados tem sidofeito, através de uma experiênciapessoal que envolveu também a suafamília. “Tivemos muita sorte com afamília que acolhemos porque sãopessoas maravilhosas. Mesmo aparte das diferenças culturais nãotem sido de todo um problema, sóuma riqueza”.A conferência contou comapresentação do coordenador daPlataforma de Apoio aosRefugiados, Rui Marques,proporcionando também umaavaliação ao papel que as religiõestêm tido em todo este esforço, e napromoção da paz.Do lado da comunidade muçulmana,o xeque David Munir afirmou um‘não’ firme “aos muros”, que implicatrabalhar no diálogo e na aberturaaos outros, sempre na perspetivatambém de “prevenir” desencontros.

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Os desafios da Escola CatólicaO Papa Francisco pediu às escolascatólicas que ajudem a restabelecero pacto educativo, lançando pontesentre as diferentes instituições, eque marquem a diferença naproposta educativa pela "qualidadeda presença". "Recorde-se que adiferença se faz, não pela qualidadedos recursos disponíveis, mas pelaqualidade da presença", defendeu,numa mensagem dirigida aosparticipantes na I Jornada dasEscolas Católicas, que decorreueste sábado em Lisboa.Nos trabalhos, D. Nuno Brás, vogalda Comissão Episcopal daEducação Cristã e Doutrina da Fé,disse que a presença da IgrejaCatólica no meio educativo “nãopode ser um gueto” mas umaproposta “aberta a todos”. O bispoauxiliar de Lisboa considerou que oensino católico terá futuro enquantoproposta “acessível a todos” enesse sentido “o Estado devegarantir a liberdade do ensino. Nãolimitá-la impondo a toda a nação ouso de manuais escolhidos ou depedagogias nunca neutras”.O presidente da Associação dasEscolas Católicas (APEC) disse queé urgente acabar com o impasse àvolta da questão dos contratos deassociação com o Estado, pois

em causa estão muitas escolas quecorrem o risco de fechar. “Estamosabertos ao diálogo, e aquilo quemais nos preocupa é encontrarmosuma parede, um muro de betãociclópico e a nega permanente aodiálogo”, realça o padre QuerubimSilva, em declarações à AgênciaECCLESIA.De acordo com Jorge Cotovio,secretário-geral da APEC, já váriasescolas deste setor tiveram defechar e mais seguirão se não forpossível chegar a um entendimentocom o Estado.“Com as restrições às escolas comcontrato de associação, as poucasque tinham ensino gratuito cerca de27 escolas, estão a sercondicionadas. Já fecharam nosdois últimos anos quatro instituições,algumas de grandes dimensões”,admitiu aquele responsável.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Novo embaixador de Portugal na Santa Sé pronto para acompanharesforços pela paz do Papa

Exposição junta artistas a utentes no combate ao estigma da saúde mental

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Papa encerra viagem a Mianmar emdefesa dos direitos humanos

O Papa Francisco encerrou estaquinta-feira a sua visita de quatrodias ao Mianmar com novo apelo aorespeito pelos direitos humanos,numa Missa com cerca de 1500jovens, na Catedral de Rangum. Opontífice desafiou as novasgerações de católicos a levar aopaís a “paixão pelos direitoshumanos e a justiça”.O Papa chegou ao Mianmar nasegunda-feira, após uma viagem

de quase 11 horas desde Roma, eencontrou-se nesse dia, em privado,com o Min Aung Hlaing, chefe doExército de Mianmar, umapontamento que foi antecipado apedido do responsável militar.No dia seguinte, Francisco pediurespeito pelos direitos e aidentidade de todos os gruposétnicos do Mianmar, no seu primeirodiscurso oficial no país asiático,perante líderes

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políticos e diplomáticos. “O futurodo Mianmar deve ser a paz, umapaz fundada no respeito peladignidade e os direitos de cadamembro da sociedade, no respeitopor todos os grupos étnicos e dasua identidade”, declarou, no centrode convenções de Nay Pyi Taw,capital administrativa da nação.A Conselheira de Estado e chefe deGoverno de Mianmar, Aung San SuuKyi, agradeceu, por sua vez, a visitado Papa Francisco e disse que oexecutivo trabalha para areconciliação nacional, com atençãoàs minorias.Francisco tinha antes concedidouma audiência a 17 representantesde religiões presentes no paísasiático, a quem pediu respeitopelas diferenças e rejeição de“colonizações culturais”. Na quarta-feira, o Papa presidiu Rangum àprimeira Missa pública da suaviagem ao Mianmar, que reuniucerca de 150 mil pessoas, segundoas autoridades locais, para rezarpela paz e reconciliação.“Pensamos que a cura pode vir daraiva e da vingança. Contudo, ocaminho da vingança não é ocaminho de Jesus, a estrada deJesus é radicalmente diferente:quando o ódio e a rejeição olevaram à sua paixão e morte, Elerespondeu com perdão ecompaixão”, afirmou.

A viagem prosseguiu perante oConselho Superior Sangha dosmonges budistas, o órgão quereúne representantes dacomunidade religiosa que émaioritária no país asiático, comuma mensagem contra aintolerância religiosa. “Se temos deestar unidos, como é nossopropósito, é preciso superar todasas formas de incompreensão,intolerância, preconceito e ódio”,disse o Papa, que ensinamentos deBuda e de São Francisco de Assissobre a necessidade de superar oódio com amor e perdão.Francisco encerrou o terceiro deviagem ao Mianmar com umencontro no paço arquiepiscopal deRangum, que reuniu os 22 bisposcatólicos do país asiático, elogiandoo seu “compromisso em favor dospobres”, “sem olhar a religião nemetnia”.

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Bangladesh, 500 anos deevangelização começada pormissionários portugueses

O Papa Francisco começou umavisita de quatro dias ao Bangladesh,país que em 2018 assinala 500anos de evangelização começadapor missionários portugueses. Oavião que transportou a comitivapapal desde Mianmar aterrou estaquinta-feira, em Daca, pelas 15h00locais.Antes de começar esta viagem àÁsia, que já passou pelo Mianmar, opontífice enviou uma mensagem de“reconciliação, perdão e paz” aoBangladesh, nação onde oscatólicos são 0,24% da população.João Paulo II fez a primeira viagemapostólica de um Papa aoBangladesh, em 1986; Paulo VIesteve no aeroporto de Daca,durante cerca de uma hora, emnovembro de 1970.

O Cristianismo chegou aoBangladesh em 1518 pela mão decomerciantes portugueses que seinstalaram em Chittagong, tendoeste território ficado confiado àDiocese de Cochim e Goa. Em 1598chegaram ao país os dois primeirosmissionários jesuítas, FranciescoFernandes e Domingos de Sousa; oprimeiro foi torturado e morto a 14de novembro de 1602.Em 2001, o então patriarca deLisboa, D. José Policarpo, esteveem Daca para a cerimónia dereabertura da igreja do SantoRosário, construída pelosmissionários agostinhos em 1677.A primeira catedral instituída noBangladesh acolhe as lápides dosmissionários portugueses.

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Papa denuncia crisedos refugiados rohingyaO Papa Francisco denunciou no seuprimeiro discurso no Bangladesh a“grave crise” dos refugiados vindosde Mianmar, em particular do Estadode Rakhine, numa referência àminoria ‘rohingya’. “É necessárioque a comunidade internacionalimplemente medidas resolutivasface a esta grave crise, não sótrabalhando por resolver asquestões políticas que levaram àmassiva deslocação de pessoas,mas também prestando imediataassistência material aoBangladesh”, disse, no PalácioPresidencial de Daca.Após uma audiência privada com opresidente Abdul Hamid, Franciscoelogiou a ajuda humanitária que oBangladesh tem prestado àpopulação que chega “em massa”do Mianmar e pediu maior ação dacomunidade internacional. “Nenhumde nós pode deixar de estarconsciente da gravidade dasituação, do custo imenso exigidode sofrimentos humanos e dasprecárias condições de vida detantos dos nossos irmãos e irmãs, amaioria dos quais são mulheres ecrianças amontoados nos camposde refugiados”, denunciou.Francisco é o terceiro Papa apassar pelo Bangladesh, ondeestiveram Paulo VI (1970) e JoãoPaulo II (1986).

“O Bangladesh é um Estado joveme, todavia, ocupou sempre um lugarespecial no coração dos Papas”,realçou.A intervenção saudou o clima derespeito pelas diferentes tradições ecomunidades religiosas, no territóriobengali, apresentando como“momento privilegiado” da viagem oencontro de sexta-feira que vaireunir em Ramna responsáveisecuménicos e inter-religiosos.Francisco desejou que sejapreservada a atmosfera de “respeitomútuo” e o clima crescente de“diálogo inter-religioso”. “Nummundo onde muitas vezes a religiãoé – escandalosamente – usada parafomentar a divisão, revela-se aindamais necessário um tal género detestemunho do seu poder dereconciliação e união”, prosseguiu.

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às vítimas de graves inundações

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Multidão de católicos saiu à rua em Rangum

Respeito por todos no Mianmar

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Universidade Católica,Um serviço aos mais pobres?

LOC/MTC Movimento de trabalhadoresCristãos

Durante os anos de maior crise no nosso paísmuitos cristãos se interrogaram sobre o queandavam a fazer os economistas formados naUniversidade Católica pois a maior parte remeteu-seao silêncio ou apoiou as medidas que se tornarammais prejudiciais aos trabalhadores e aos maisdesfavorecidos.A Universidade Católica e a sua Faculdade deTeologia estão a celebrar 50 anos de vida. Por estaocasião uma representação deslocou-se aoVaticano e foi recebida pelo papa Francisco. Depoisda saudação do Cardeal patriarca de Lisboa, quepresidiu à delegação, o Papa respondeu com umainterpelação forte e um apelo que nascem de umainterrogação que deve obrigar, professores ealunos, a um exame sério acerca da orientação queestão a seguir. E a questão é esta: Para que serveuma universidade, mais concretamente umaUniversidade Católica? Para abrir caminho àpromoção pessoal dos alunos e professores ou pararesponsabilizar numa maior capacidade de servir osmais pobres?"É justo que nos interroguemos: Como ajudamos osnossos alunos a não olhar um grau universitáriocomo sinónimo de maior posição, sinónimo de maisdinheiro ou maior prestígio social? Não sãosinónimos. Ajudamos a ver esta preparação comosinal de maior responsabilidade perante osproblemas de hoje, perante o cuidado do maispobre, perante o cuidado do meio ambiente? Nãobasta realizar análises, descrições da realidade; énecessário gerar espaços de verdadeira pesquisa,debates que gerem alternativas para

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os problemas de hoje. Como énecessário descer ao concreto!""Queria aqui lembrar o princípio daencarnação na pele do nosso povo.As suas perguntas ajudam-nos aquestionar-nos; as suas batalhas,sonhos e preocupações possuemum valor hermenêutico que nãopodemos ignorar, se quisermosdeveras levar a cabo o princípio daencarnação. O nosso Deusescolheu este caminho: encarnou-Se neste mundo, atravessado porconflitos, injustiças e violências,atravessado por esperanças esonhos. Por conseguinte não temosoutro lugar onde O procurar a nãoser no nosso mundo concreto, novosso Portugal concreto, nas vossascidades e aldeias, no vosso povo. Éaí que Ele está a salvar” [1].

E o concreto é a vida real daspessoas, dos trabalhadoressazonais na Comporta e no Alentejo,dos jovens sem oportunidade deconstruir uma família, dos idososimpotentes perante as catástrofes eos oportunistas, das vítimas deviolência doméstica e tráficohumano,… o concreto é a aldeia emque nascemos, os bairrosabandonados, a violência crescente,os suicídios fruto do desespero. Étoda esta realidade que muitasvezes “os canudos” nomeadamentena área da economia, esquecem. Equantos padres fizeram a suaformação nesta Universidade nafaculdade de Teologia? Distinguem-se pela sua opção pelos pobres?Mais uma vez, obrigado papaFrancisco por este desafio.

[1] Discurso do Papa Francisco à comunidade da Universidade Católica Portuguesapor ocasião do 50º aniversário da sua instituição, 26.10.2017

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Sim existo…

Henrique Matos Agência ECCLESIA

A afirmação não tem correspondência comnenhum acontecimento mediático da atualidade,mas marcou definitivamente a semana deste queescreve.O trabalho que me leva todos os dias em buscade notícias e na missão de traduzir em linguagemtelevisiva ou escrita formas de ser Igreja,mostrou-me desta vez uma estratégia, tãosimples como eficaz, para restaurar vidashumanas e concertar a dignidade que se julgavaperdida.Em Setúbal, o Centro Social S. Francisco Xaviertem em curso um programa que desafia sem-abrigo e pessoas que enfrentam formas deexclusão, a aderir a atelieres improváveis.Expressão artística, música e fotografia são osdesafios para resgatar vidas da pobreza e daexclusão social.Quando chegam ao salão do Centro Socialpercebo, pelos abraços e cumprimentos, que nãohá desconhecidos. Os estranhos, sou apenas eue o meu operador de imagem que ali nosapresentamos de câmara e microfone.Paulo Prezado, técnico de animação cultural esocial, começa a sugerir alguns exercícios… mãos que se tocam, abraços que se dão, umaproximidade que não é comum, muito menospara quem ainda habita a rua e está habituado aque todos passem ao largo e desviem o olhar.Mas aqui não… sentem o calor do outro,percebem o olhar que os fita de frente e issoacelera o coração. Ana Lúcia lembra que aestratégia é devolver os afetos, reavivar a autoestima. Esta técnica social da

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Cáritas de Setúbal recorda como noinício tudo era mais difícil mas, aospoucos, são eles que sentem anecessidade destes momentos. Regressámos a Setúbal e voltámosà mesma sala. O espaço acolheagora um piano elétrico que CarlosXavier está a montar. É professor demúsica no Instituto Politécnico deSetúbal. A sua escola tem umprotocolo com a Cáritas Diocesana,mas ele está ali porque acredita quepode ser fator de mudança na vidadestas pessoas. Aos primeirosacordes, Luís Miguel toma o centroda sala para interpretar um temaromântico. A vida na rua e hábitoserrados, consumiram-lhe osmelhores anos mas, como diz,“quando canto fico aliviado, équalquer coisa que sai cá de dentroe me deixa mais leve”. Ana Gaspar,psicóloga na Cáritas de Setúbal, éuma das responsáveis por estasdinâmicas, reconhece que têm sidoum sucesso na forma como gerammudanças

significativas nestas vidas quemuitos considerariam perdidas.Mas há ainda a fotografia, um atelierem que Fernando Pinho ensina quea máquina fotográfica pode ajudarestes homens e mulheres areencontrar a beleza do mundo.Henrique Silva, que na música estáà vontade, e é nestes atelieres, umfacilitador nas interpretaçõesmusicais, lembra o comentário deum utente que os acompanhou a umespetáculo que deram num hotel deSetúbal. A proximidade com oEstabelecimento Prisional libertou aafirmação: “Tantas vezes preso,escutava a música das festas nestehotel e pensava se algum diapoderia participar em algoparecido… hoje estou neste hotel acantar e cheguei aqui comoconvidado”. Nestes dias de Advento, são vidasem transformação que podeconhecer melhor no programa 70X7deste domingo, na RTP2.

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Já começa a cheirar a Natal um pouco por todo o lado, e nas comunidades

católicas não é diferente. Muitas são as propostas de caminhadas deAdvento e Campanhas de Natal, que apresentamos neste dossier do

Semanário ECCLESIA.No final deste trabalho, surge uma entrevista sobre o Dia do Voluntariado,

numa viagem à experiência de Catarina Dias em Angola e junto dosrefugiados na Grécia.

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Propostas de fé para preparar oNatalA Igreja Católica assinala estedomingo o início de um novo ano noseu calendário litúrgico, que começacom o chamado tempo do Advento,compreendendo os quatrodomingos anteriores ao Natal. Astrês primeiras semanas, querecordam especialmente a segundae última vinda de Cristo à Terra,esperada pelos cristãos para o fimdos tempos, tornam o Advento numtempo penitencial marcado peloconvite à vigilância, arrependimentoe reconciliação com Deus.A partir de 17 de dezembro a liturgiaadventícia, pautada pela cor roxa,acentua a festa do nascimento deJesus, o Natal, que os católicosassinalam a 25 de dezembro.As leituras bíblicas proclamadas nasmissas evidenciam as figurasbíblicas do profeta Isaías, de JoãoBatista, precursor de Cristo, e deMaria, mãe de Jesus.As manifestações do Advento,palavra de origem latina quesignifica “vinda” ou “chegada”,expressam-se na coroa de ramosverdes com quatro velas, que seacendem aos domingos, bem comona armação do presépio, entreoutras práticas.

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AngraAs crianças da catequese naDiocese de Angra vão serconvidadas a fazer um “pé-de-meia”durante a preparação do Natal, paraajudar as Obras MissionáriaPontifícias. “A ideia dos mealheirosde Natal na catequese não é novamas este ano ganha um novoentusiasmo porque as crianças sãoconvidadas a pouparem paraajudarem outras crianças”, refere osítio ‘Igreja Açores, que apresenta ainiciativa em conversa com oresponsável diocesano pelaEvangelização e Catequese, padreJacob Vasconcelos.“Distribuímos os tradicionais portodas as paróquias açorianas; ascrianças agora vão montar os seusmealheiros, pintá-los e decorá-los eno dia 7 de janeiro, em que secelebra a Epifania do Senhor,devolvem-nos às catequistas e oproduto dessa renúncia do Adventoserá enviado

para Roma”, disse o sacerdote. Oobjetivo da atividade é colocarcrianças a ajudar outras crianças,criando “uma noção desolidariedade” adianta ainda opadre Jacob Vasconcelos.A iniciativa vai ser concretizada coma ajuda de cada pároco e a suaequipa de catequistas, nas quatrosemanas que antecedem acelebração do Natal. O Serviço daCatequese, Evangelização e Missãoda Diocese de Angra lançou umacampanha de Advento compropostas de oração em família.Depois de vários pedidos nasceu aCampanha para “facilitar o encontro,sobretudo através da oração emfamília. Complementarmente,sugerimos uma iniciativa simplespara fomentar a relação dacatequese com a comunidadecristã”; explicou o padre JacobVasconcelos ao sítio ‘Igreja Açores'.

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BragaO Departamento para MinistrosExtraordinários da Comunhão eMinistérios Litúrgicos daArquidiocese de Braga elaborou acaminhada de Advento e Natal quetem como tema «Da Espera aoEncontro». O Advento, que preparaos cristãos para a celebração doNatal, é um tempo que “ensina eeduca para a espera” e doprograma pastoral diocesano“sobressaem duas palavras-chave:esperança e encontro”.Assim se “tecerá a dinâmica doAdvento e Natal” para este ano queparte da espera e caminha até aoencontro, frisa a nota. No Advento,como provocação, faz-se uma

pergunta: “Quem esperas?” e noNatal, como “compromisso evivência”, passa-se ao encontro: “irao encontro do Homem, nas suasmais sensíveis presenças”.Para significar a espera odepartamento colocou a “imagemsimbólica” do banco que traduz olugar onde as pessoas se sentam,“não só para descansar, mastambém para esperar”.O Advento há de ser também “vividoem família” e para o efeito, o guiãosugere que se “crie o cantinho deoração, colocando nesse espaço umbanco”. “Não esquecer a Bíbliaaberta e uma vela, esterepresentará a espera e ao mesmotempo o lugar de sentar, de rezar,de esperar”, sublinha o guião destacaminhada de Advento e Natal.O documento propõe também que“se prepare e se faça uma boacatequese sobre o Advento/Natal,tendo como base a dinâmica dacomunidade”. Como sugestão,salienta-se as dinâmicas desolidariedade, a “campanha daInfância Missionária e a construçãopaulatina do presépio...”

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CoimbraO Secretariado Diocesano deEvangelização e Catequese deCoimbra propõe que no Advento2017 se entregue na “casa defamiliares, amigos e vizinhos” umavela e um marcador de porta quetem “um sentido novo”. “A ideia éque, em família se faça uma coroade Advento, que pode consistirapenas em colocar a vela numataça com água, se medite,diariamente, um texto bíblico e sereze a breve oração que vai nomarcador”, explicaPara que a vela e o marcadorchegarem aos lares da diocese, osecretariado de Evangelização eCatequese de Coimbra desafia oscatequizandos, catequistas e outraspessoas a ir à casa de familiares,amigos e vizinhos após a missadominical. ‘Deixa Deus entrar’ é o tema dacaminhada de Advento 2017, porisso, o marcador de porta que,normalmente, se coloca para“proibir alguém de entrar em casa”tem “um sentido novo” de dizer queDeus uma “Pessoa especial querentrar” em casa, no coração e noquarto.Já a nível comunitário nas igrejas, oSecretariado Diocesano deEvangelização e Catequese deCoimbra sugere que se coloque ocartaz da

campanha de Advento “em localvisível” e no início da celebração seacendam, progressivamente, asvelas da coroa e após a Comunhãorezem a oração proposta nomarcador.O guião incentiva também a umarecolha de donativos “a favor dasvítimas dos incêndios”, paraentregar à Caritas Diocesana deCoimbra. Como objetivos para alémde compreender-se “o verdadeirosignificado do Natal”, a caminhadaquer, por exemplo, o compromissoem levar “a verdade” a quemcelebra o Natal “com outrasmotivações” e que exista comunhãocom os objetivos do Plano PastoralDiocesano ‘Evangelização eespiritualidade’.

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Leiria-Fátima

O Serviço Diocesano de Catequese(SDC) de Leiria-Fátima propõe àscrianças e os adolescentes dascomunidades locais a “construçãoprogressiva” do presépiocomunitário, na sala do centro decatequese ou na igreja e no espaçofamiliar, durante o Advento 2017. “Opresépio será, não apenas o lugarda memória agradecida pela vindade Jesus Cristo que, para nós epela nossa salvação, Se fez homeme habitou no meio de nós, mastambém de todos aqueles que foramtestemunhas da fé e nostransmitiram a alegria de acreditar”,explica o SDC no seu sítio online.O Serviço Diocesano deCatequese de Leiria-Fátima informaque a iniciativa pretende“aprofundar” a “consciência de serDiocese”, que está a celebrar ocentenário da sua restauração, umavez que as 75 paróquias vão fazero” mesmo caminho rumo ao Natal doSenhor”. Em ‘A alegria de recordare agradecer, em Igreja, onascimento de Jesus’ é propostoque as crianças e os adolescentesconstruam progressivamente opresépio

comunitário - “na sala, centro decatequese, ou igreja, e no espaçofamiliar” – com um “breve momentode reflexão e oração”.O SDC de Leiria-Fátima propõe naigreja, com a participação dacomunidade, a bênção das imagenscentrais do presépio: “NossaSenhora, São José e Menino Jesus”.

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PortoA proposta de caminhada para oAdvento e Natal deste ano, daDiocese do Porto, incentiva ascomunidades a fazerem da IgrejaCatólica uma “verdadeira casa defamília” e lembra a solidariedadeque deve marcar esta quadra.Num programa ainda com a marcade D. António Francisco dos Santos,bispo do Porto falecido emsetembro, é dada especial atençãoaos mais necessitados, com asugestão da criação de “um pé-de-meia, em cada ou na Igreja, ondesemana a semana, em família e emcomunidade, se partilhem os bensnecessários”. Esses bens serãodepois repartidos,

sobretudo pelas “famílias maispobres da comunidade”, numa“semana mais próxima do Natal”.A Diocese do Porto recorda arelação que deve existir “entreEucaristia e Caridade” e nessesentido considera que “seriainteressante manter à entrada daIgreja algum recipiente paradepósito dos bens partilhados”.“Desde o princípio, com o pão e ovinho para a Eucaristia, os cristãostrazem as suas ofertas para apartilha com os necessitados. Estecostume, sempre atual, da coletainspira-se no exemplo de Cristo, queSe fez pobre para nos enriquecer”,pode ler-se.

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PortoA proposta de caminhada para o Advento e Natal deste ano, da Diocese do Porto,incentiva as comunidades a fazerem da Igreja Católica uma “verdadeira casa de família”e lembra a solidariedade que deve marcar esta quadra.Num programa ainda com a marca de D. António Francisco dos Santos, bispo do Portofalecido em setembro, é dada especial atenção aos mais necessitados, com a sugestãoda criação de “um pé-de-meia, em cada ou na Igreja, onde semana a semana, emfamília e em comunidade, se partilhem os bens necessários”. Esses bens serão depoisrepartidos, sobretudo pelas “famílias mais pobres da comunidade”, numa “semana maispróxima do Natal”.A Diocese do Porto recorda a relação que deve existir “entre Eucaristia e Caridade” enesse sentido considera que “seria interessante manter à entrada da Igreja algumrecipiente para depósito dos bens partilhados”. “Desde o princípio, com o pão e o vinhopara a Eucaristia, os cristãos trazem as suas ofertas para a partilha com osnecessitados. Este costume, sempre atual, da coleta inspira-se no exemplo de Cristo,que Se fez pobre para nos enriquecer”, pode ler-se.

Viana

A Diocese de Viana do Castelopropõe uma dinâmica para o tempodo Advento e do Natal, ‘Agradece,somos Igreja’, com a perspetiva deenvolver os diocesanos na“valorização da sua identidadecomum” e na construção dopresépio. “Se uma Diocese é aporção do povo de Deus,constituída por um conjunto decristãos,

confiada ao bispo, também adinâmica para o Advento e Natalversará a consciencialização decada cristão sobre esta realidade aque pertence”, explica uma nota daDiocese de Viana do Castelo, queestá a comemorar os 40 anos decriação.O roteiro do Advento e Natalmobiliza os diocesanos desde oprimeiro

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Domingo do Advento, a 3 dedezembro, até ao Batismo doSenhor, no dia 8 de janeiro de 2018.Este ano a proposta é a construçãode uma cabana do presépio, emcinco passos, onde em cada passosurge um elemento novo para a suaconstrução: Domingos do Advento aconstrução das paredes e no Dia deNatal a construção dotelhado/cobertura/parte superior.A dinâmica construtiva éacompanhada de uma frase doEvangelho e um hashtag (marcador)como “elemento cativador” e vãosurgir as expressões: 1.º#SouPedraViva; 2.º#SouIgrejaDoméstica; 3.º#SouIgrejaParoquial; 4.º#SouIgrejaDiocesana (Advento) e5.º #SouCristão (Natal).A diocese para as principaiscelebrações propõe também umareflexão, que “poderá ser lida noAto

Penitencial”, uma Oração, adaptadapara a Ação de Graças ou paraintegrar na Oração Universal. Éapresentado também uma “atitudeconcreta” para desafiar acomunidade e uma proposta para serealizar em família e, em algumascelebrações, existem orientaçõespara os grupos de jovens,catequese e da disciplina deEducação Moral e Religiosa Católica- EMRC.A diocese com a proposta intitulada‘Agradece, somos Igreja’ tem comoobjetivo “ajudar” a preparar asdinâmicas de Advento e Natal decada comunidade; valorizar aPalavra no dia-a-dia das pessoas.“Fortalecer a consciência diocesanaa partir da valorização da suaidentidade” e envolver ascomunidades paroquiais numadinâmica diocesana comum, sãooutros objetivos do guião publicadono sítio online da Igreja Católica noAlto Minho.

A Fundação Mata do Buçaco avançou para a construção de um presépiocom o contributo de reclusos do Estabelecimento Prisional de Coimbra, emadeira resultante de catástrofes naturais registadas naquela região. Deacordo com uma nota informativa enviada à Agência ECCLESIA, o presépiojá inaugurado junto ao Convento de Santa Cruz, na Mata Nacional doBuçaco, no Luso, pretende fomentar a visita a “esta floresta pública,candidata a Património Mundial da UNESCO”.

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Apostolado de Oração

O Apostolado de Oração vai lançarno dia 03 de dezembro umacampanha de Advento, traduzidanuma proposta diária de oração quepode ser recebida através decorreio eletrónico.Em declarações à AgênciaECCLESIA, o secretário nacional doApostolado de Oração em Portugalreferiu que esta iniciativa, que vaidecorrer até 25 de dezembro, “vemao encontro de uma das missõescentrais do Apostolado da Oração -Rede Mundial de Oração do Papa -que é a promoção da oraçãopessoal dos cristãos”.As orações que serão postas àdisposição das pessoas“consiste numa proposta diária deoração a partir da Antífona de cadadia”, com as meditações a estarema cargo do padre jesuíta ManuelLosa. “Esta campanha, ao ter comoponto

de partida a antífona da Eucaristia,ajuda também a sintonizar com oespírito litúrgico do Advento vividoem Igreja “, realça o padre AntónioValério.Enquanto “porta de entrada” para acelebração litúrgica, cada antífonaassume-se também como desafiopara uma jornada pessoal eespiritual que cada pessoa éconvidada “a fazer até ao Natal”,acrescenta aquele responsável.Quem estiver interessado emreceber as propostas diárias deoração, que o Apostolado deOração vai disponibilizar durante oAdvento, pode inscrever-se numformulário já disponibilizado online.Todos os conteúdos estarãotambém disponíveis no site doApostolado de Oração e na suapágina na rede social facebook.

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«Pax Christi»A Pax Christi Portugal publicou asua proposta de caminhada para oAdvento 2017, alertando para umaviolência “intrínseca” ao modo como“a sociedade moderna se organiza ese desenvolve”. “A violência pode-se expressar de maneiras diferentese a variados níveis: marginalizaçãoe opressão, conflitos militares eterrorismo, alterações climáticas edegradação ambiental,desigualdade e pobreza, agressãointerpessoal”, alerta o movimentocatólico.Na caminhada enviada à AgênciaECCLESIA, a Pax Christi Portugalinforma que os contributos para acelebração do Advento 2017 têmcomo ideia central a temática da paze podem ser vividos na paróquia,em família ou em grupo.Para cada uma das quatro semanasdo Advento, em ‘Percorramos ocaminho

da não-violência…’, o movimento propõe que o encontro comece comuma passagem da mensagem doPapa Francisco para o Dia Mundialda Paz 2017 e continua com umareflexão, um gesto pela paz, umaoração e a bênção final.O comunicado realça que aocontrário do que “o mundo pretendefazer crer”, a violência gera sempremais violência, “como a história otem demonstrado” e cita o pontíficeargentino: “A violência não é oremédio para o nosso mundodilacerado”. “É utópico pensar que orecurso à violência possa ajudar aresolver os problemas que ahumanidade enfrenta atualmente anível global. […] É, pois, prementeenveredar por um caminhodiferente, o da não-violência ativa ecriativa”, desenvolve o movimentocatólico.

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Por um Natal solidário

A Cáritas Portuguesa lança pelo 15ºano consecutivo a campanha deNatal “10 Milhões de Estrelas – UmGesto pela Paz”, focada no apoio apessoas fragilizadas e, este ano, àsvítimas dos incêndios florestais. Aoperação arrancou publicamente,em 2017, por ocasião do I DiaMundial dos Pobres, que foiassinalado em Lisboa por váriasorganizações católicas epersonalidades públicas.“Num momento único em que váriaspersonalidades, como oselecionador nacional FernandoSantos, a deputada Maria da LuzRosinha e o cantor

Carlos Alberto Moniz, se juntaram adezenas de outros participantespara assinalar o Dia Mundial dosPobres, a Cáritas Portuguesareforça a mensagem ao lançar a suacampanha mais icónica deangariação de fundos para auxíliodos mais necessitados”, refere umcomunicado da instituição.Durantes os meses de novembro,dezembro e início de janeiro vai serpossível adquirir uma vela, pelovalor simbólico de 1 euro, ou de umpack de 4 velas por 4 euros, nasCáritas Diocesanas, escolas eparóquias aderentes e na cadeiade

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supermercados Pingo Doce, que semantém como parceiro da CáritasPortuguesa. “Quisemos assinalarcondignamente o Dia Mundial dosPobres para chamar a atenção paraa necessidade de encararmos oflagelo social causado pela pobreza”explica Eugénio Fonseca,presidente da Cáritas Portuguesa.“Não havia momento melhor paralançarmos a nossa campanha deNatal ‘10 Milhões de Estrelas – UmGesto pela Paz’, que procura ser umcontributo para que a Paz esteja nocentro das nossas vidas e sejapromotora de uma sociedade maisjusta”, acrescenta, em declaraçõesenviadas à Agência ECCLESIA.65% do total de verbas recolhidascom a venda das velas vai reverterpara cada Cáritas Diocesana e paraos seus projetos nacionais; 35% iráapoiar as vítimas dos fogos dosúltimos meses na região centro dopaís.Em 2017, a CáritasPortuguesa associa-se ao CorpoNacional de

Escutas - Escutismo CatólicoPortuguês na vivência da iniciativa“Luz da Paz de Belém”. “Escuteirosde diferentes países da Europa e deoutros continentes distribuem a Luzda Paz, acesa todos os anos naGruta da Natividade de Jesus, emBelém. E depois a fazem chegar aosseus respetivos países, partilhandocom as suas comunidades umamensagem de Paz, Amor eEsperança”, explica a notainformativa.Em parceria e esforço conjunto dasJuntas Regionais do CNE e dasCáritas Diocesanas, a Luz“continuará o seu percurso departilha e chegará às instituições,casas, famílias e a cada um”.“Gostava de deixar o apelo paraque, na Noite de 24 de dezembro,acendêssemos todo uma destasvelas e a colocássemos junto a umajanela, como símbolo do desejo ecompromisso efetivo de construir aPaz no Mundo”, conclui EugénioFonseca.

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Presentes solidáriosA Fundação Fé e Cooperação(FEC) iniciou a campanha“Presentes Solidários 2017” paradar resposta a “necessidadesprioritárias” em 10 países, atravésda oferta de 13 bens de primeiranecessidade. “No Catálogo de 2017é possível oferecer livros parabiblioteca no Brasil, lençóis etoalhas para São Tomé e Príncipe,cimento e tijolos para o Iraque, entretantos outros”, refere a FEC emcomunicado enviado à AgênciaECCLESIA, acrescentando que os13 presentes têm um custo entre os7€ os 340€.De acordo com a FEC, “esta é uma

oportunidade de contribuir de formaefetiva para a melhoria dascondições de vida de muitas famíliasvulneráveis que vivem nos paíseslusófonos e no Iraque”. “Acampanha Presentes Solidáriosapela às responsabilidades,individuais e coletivas, naconstrução de um mundo maisjusto”, acrescenta a organização daConferência Episcopal Portuguesa.A campanha “Presentes Solidários”iniciou em 2006 e contribuiu commais de 30 mil presentes solidáriosdestinados a comunidades deAngola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,

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Moçambique, Portugal, São Tomé ePríncipe, Timor-Leste, Sudão do Sule Iraque, dando resposta “às maisdiversas necessidades nas áreas daeducação, saúde, alimentação einfraestruturas”.Com o slogan “dar a duplicar!”, acampanha consiste na aquisição deum dos 13 presentes disponíveis nocatálogo deste ano e fazer a suaencomenda em nome de um amigoou familiar, que “receberá um postalilustrado com a indicação dopresente oferecido” ao mesmotempo que o presente éencaminhado para a comunidade aque se destina.

“Deste modo, estará a dar aduplicar: contribui com o seudinheiro para que uma família oucomunidade desfavorecida recebaalgo que lhe é verdadeiramentenecessário e, simultaneamente, estáainda a surpreender o seu amigo,colega ou familiar com um postalilustrado com a indicação dopresente oferecido em seu nome, ecom uma mensagem personalizada”,concluiu a FEC.Todas as informações sobre acampanha estão disponíveis emwww.presentessolidarios.pte www.facebook.com/presentessolidarios.

Prenda solidáriaUm projeto de Natal que envolve várias entidades públicas, como a RádioTelevisão Portuguesa (RTP) e a Energias de Portugal (EDP), vai permitir aosportugueses oferecer uma “prenda solidária” a 30 instituições desolidariedade. De acordo com um comunicado enviado à Agência ECCLESIA,esta quadra natalícia “os portugueses vão poder oferecer uma prenda quepermite à pessoa que a recebe doar o seu valor monetário a uma instituiçãode solidariedade à sua escolha, de entre um leque de 30 entidades das maisvariadas áreas de intervenção social”.Entre as instituições de solidariedade social abrangidas por esta iniciativaestão organismos como a Liga Portuguesa contra a Sida, a Cruz VermelhaPortuguesa, a Liga Portuguesa Contra o Cancro, a Comunidade Vida e Paz,a Alzheimer Portugal, a Associação CAIS, a Ajuda de Berço e as Aldeias deCrianças SOS.

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Fundação AISO secretariado português daFundação Ajuda à Igreja que Sofre(AIS) vai dedicar a sua campanhade Natal 2017 à reconstrução dascasas de comunidades cristãsvítimas do autoproclamado EstadoIslâmico no Iraque. Catarina Martins,diretora deste secretariadonacional, fala numa “campanha desensibilização” da opinião públicapara evitar “o fim da comunidadecristã” no Iraque.“Podemos estar a assistir hoje amomentos tragicamente históricos”,adverte a responsável.Calcula-se que aproximadamente 12mil famílias – cerca de 95 milpessoas – foram forçadas a fugir, noverão de 2014, abandonando tudoo que tinham, por causa daconquista da região pelos jihadistas.“É agora o momento de ajudar estasfamílias a voltar”, defende CatarinaMartins, evitando que as suas casassejam ocupadas por outraspessoas.A fundação pontifícia AIS promove anível internacional uma “grandeação” de solidariedade com aminoria cristã, após a libertação daPlanície de Nínive,

intitulada ‘Iraque, o regresso àsraízes. Uma comunidade que fugiumaioritariamente para o Curdistão,onde a Igreja Católica não apoiaapenas os que são cristãos, mas“continua aberta a ajudar todas aspessoas”.Catarina Martins sublinha estamensagem de “perdão e de amor aopróximo”, considerando que oscerca de 200 a 300 mil cristãosatualmente no Iraque representamuma “comunidade extremamentepequena mas com um papelextraordinário neste trabalho dereconciliação”.O projeto vista a reconstrução de 13mil casas total ou parcialmentedestruídas, num esforço de cerca de250 milhões de dólares.

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RFMA rádio RFM, do grupo Renascença,quer apoiar a Comunidade Vida ePaz através da campanha de Natalque lança este ano «Natal a meias»,em parceria com a marca italiana delegwear Calzedonia. Com umaprodução de 120 mil pares de meias"exclusivas para o projeto", queestarão disponíveis em quatroversões, as duas organizadoraspretendem atingir 300 mil euros quese destinam a financiar três projetosda instituição particular desolidariedade social do Patriarcadode Lisboa.A marca produziu quatro produtos:um para mulher, um para homem,um para menina e outro paramenino,

sendo que o valor unitário é de 5euros por cada par de meias emetade desse valor será entregue àComunidade Vida e Paz, destaca umcomunicado enviado à AgênciaECCLESIA.As entidades promotorasapresentam como objetivo 300 mileuros que serão destinados a"financiar três grandes projetos dainstituição" solidária, nomeadamentea comunidade terapêutica do Centrode Tomada, possibilitar condiçõesde empregabilidade na Quinta doEspírito Santo e assegurar umprojeto de agricultura biológica comum modelo " de negócioautossustentável para consumopróprio e externo".

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Renascença, MEGA HITSe Rádio Sim juntas pela Acreditar

A Campanha de Natal daRenascença, da MEGA HITS e daRádio Sim visa ajudar a casa doPorto da Acreditar – Associação deCrianças com Cancro. Mais do queum simples edifício,

esta Casa é uma família. Um “portode abrigo” para crianças e jovenscom cancro e respetivos familiaresque, no decorrer dos tratamentos,fazem deste local a sua residênciatemporária.

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De forma a dar o seu contributo, as3 rádios do Grupo RenascençaMultimédia pretendem ajudar emconcreto a casa do Porto daAcreditar, uma habitação com 16quartos que, anualmente, tem defazer face a muitos custos demanutenção, uma vez que asfamílias não pagam a estadia nestascasas.A completar um ano de existência(foi inaugurada a 15 de fevereirodeste ano), a Casa Acreditar doPorto depende apenas do apoio eboa vontade de mecenas e de todosquanto colaboram e contribuempara ações e campanhas.Neste Natal, a Renascença a MEGAHITS e a Rádio Sim contam com aajuda e a participação de todos os

portugueses, através de donativos,que podem ser feitos através daconta Acreditar, cujo número deconta é o 0035 0259 0021 5913,através do IBAN – PT50 0035 025900002159 130 03, ou ainda peloMultibanco, inserindo a Entidade 21808 e a referência 808 808 808.Para o padre Américo Aguiar,presidente do Conselho deGerência do Grupo RenascençaMultimédia, “poder ajudar quemajuda os outros é para nós, motivode orgulho e de esperança”. “Contarcom a ajuda de quem nos ouve édeterminante para o sucesso dasnossas campanhas! Muito obrigadoa todos os nossos ouvintes que jáparticiparam ou irão participar nascampanhas deste Natal!”.

O Conselho Presbiteral da Diocese do Funchal decidiu destinar a renúnciade Advento deste ano para o Fundo Social Diocesano, tendo em conta as“múltiplas necessidades sentidas atualmente” na região. A ideia é dotar ofundo “de capacidade para continuar a atender a um maior número desituações de maior necessidade, conforme os casos apresentados pelospárocos”, pode ler-se.

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A, B, C… Alfabeto do AdventoAssim começa o alfabeto queaprendemos na Escola mas tambémdaqui nasceu a ideia da novadinâmica dos programas de rádioECCLESIA, na Antena 1 da rádiopública.De segunda a sexta-feira, pelas22h45, o programa é preenchidopor uma conversa que vaipercorrendo as várias letras, sendoestas iniciais de palavrasrelacionadas com o tempo depreparação para o Natal.A dinâmica recorre às letras, pontode partida de todas as palavras comque os jornalistas preenchem asnotícias de cada dia, e tudo o quese escreve. Se o alfabeto é o pontode partida para a escrita, também oadvento é o ponto de partida para avida do cristão.Nos 15 dias úteis do advento asletras vão dando o mote para aconversa com um sacerdote, umaconsagrada e duas leigas queaceitaram o convite de, aomicrofone da Ecclesia, darem aconhecer experiências, vivências,opiniões e até troca de receitas denatal.Palavras como Belém, consoada,iluminações, José, noite, ovelhas ourabanadas são explicadas ecomentadas pelos convidados, em

conversa intimista, onde se insereum momento de música, temasescolhidos pelos convidados.“Ficava encantado com as luzes denatal e depois as luzes atécomeçaram a ter músicaassociada… “ Hoje a luz que iluminaa vida do sacerdote convidado éoutra mas os olhos de criançacontinuam a deixar ver asimplicidade deste tempo.“As filhoses são um doce em óleomuito quente, massa feita comfarinha, deixa-se aquecer muito bema forma, agarra bem a massa, vai aoazeite a fritar e depois desprende-se, põe-se açúcar e canela”, é umareceita deixada no ar pelaconsagrada, uma memória deinfância partilhada.Estas histórias e vivências trazem àAntena 1 o tempo de advento, tendocomo nascente o alfabeto e adesaguar no nascimento de Jesus.Conversas que trazem a fé para oquotidiano e os dias para aespiritualidade deste tempo.Neste texto não divulgamos ainda osnomes dos convidados, sempre umasurpresa a cada semana, uma formade ir entusiasmando quem nos ouvee dar a oportunidade de nos irseguindo no facebook da Ecclesia.

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Como viver o tempo da esperaO primeiro domingo do Adventoabre o novo ano litúrgico. No ritoromano são quatro os domingos doAdvento, que no rito ambrosiano,em Milão, já começou a 12 denovembro.«Um dos temas mais sugestivos dotempo do Advento» é a «visita doSenhor à humanidade», explicou oano passado o papa Francisco noseu primeiro Ângelus do Advento,na Praça de S. Pedro. E convidou à«sobriedade, a não ser dominadopelas coisas deste mundo, pelasrealidades materiais». E numa dashomilias durante a missa matutinana casa de Santa Marta, Franciscoindicou que «a graça que nósqueremos no Advento»: «caminhare andar ao encontro do Senhor», ouseja, «um tempo para não se estarparado». A liturgiaA cor dos paramentos litúrgicos doclero é o roxo. No terceiro domingodo Advento, o denominado domingo“Gaudete”, pode usar-se,facultativamente o rosa,representando a alegria pela vindade Cristo. Nas celebraçõeseucarísticas não é recitado o Glória,de maneira que este hinoantiquíssimo ressoe mais vivamentena missa da noite

da solenidade do nascimento deJesus.Fogem a estes preceitos assolenidades agendadas para otempo do Advento. Em Portugal, porexemplo, no dia 8 de dezembrocelebra-se a Imaculada Conceiçãoda Virgem Santa Maria, padroeiraprincipal do país e das dioceses deÉvora, Santarém, Setúbal e VilaReal. Os paramentos são brancos erecita-se o Glória.Os nomes tradicionais dos domingosdo Advento são extraídos dasprimeiras palavras da antífona deentrada na missa (que, muitasvezes, não são proferidas,especialmente quando ascelebrações são cantadas). Oprimeiro domingo é dito do “Ad televavi” (“A ti elevo” [a minha alma],Salmo 25; o segundo domingo échamado de “Populus Sion” (“Povode Sião”, Isaías 30, 19.30); oterceiro domingo é o do “Gaudete”(“Alegrai-vos”, Filipenses 4, 4.5); oquarto domingo é o do “Rorate”(“Infundi” [a vossa graça em nossasalmas], Isaías 45, 8). A origem do AdventoO termo Advento deriva da palavra“vinda”, em latim “adventus”. O

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vocábulo pode traduzir-se por“presença”, “chegada”, “vinda”. Nalinguagem do mundo antigo era umtermo técnico utilizado para indicar achegada de um funcionário, a visitado rei ou do imperador a umaprovíncia. Mas podia indicar tambéma vinda da divindade, que desce doseu escondimento para manifestar-se com poder, ou que é celebradapresente no culto.Os cristãos adotaram a palavraAdvento para exprimir a sua relaçãocom Cristo: Jesus é o Rei, entradonesta pobre “província” denominadade “Terra” para todos visitar; nafesta do seu advento faz participar

todos os que creem nele. Com apalavra “adventus” queria-se substancialmente dizer: Deusestá aqui, não se retirou do mundo,não nos deixou sós. Mesmo que nãoo possamos ver e tocar comoacontece com as realidadessensíveis, Ele está aqui e vemvisitar-nos de múltiplos modos. O tempo da espera e asleiturasO Advento é o tempo da espera,celebrando a vinda de Deus nosseus dois momentos: a primeiraparte do Advento convida adespertar a espera

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do regresso glorioso de Cristo;depois, aproximando-se o Natal, asegunda parte remete para omistério da Incarnação (Jesus quese faz carne) e apela a acolher oVerbo feito homem para a salvaçãode todos. Isto é explicado noprimeiro prefácio do Advento, ouseja, a oração que “abre” a liturgiaeucarística dentro da missa, após oOfertório. Nela sublinha-se que oSenhor «veio a primeira vez, nahumildade da natureza humana,realizar o eterno desígnio do vossoamor e abrir-nos o caminho dasalvação; de novo há de vir, no

esplendor da sua glória, para nosdar em plenitude os bensprometidos que, entretanto,vigilantes na fé, ousamos esperar».As leituras bíblicas das missas – em2017 são seguidas as do anolitúrgico B – testemunham estadivisão do Advento. Até ao terceirodomingo a liturgia focaliza-se naespera do regresso do Senhor.Depois marca de maneira maisespecífica a espera e o nascimentode Jesus. No primeiro domingo oEvangelho (Marcos 13, 33-37) temno centro a palavra de Cristo:«Vigiai, não sabeis quandoregressará

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o dono da casa». No segundodomingo o Evangelho (Marcos 1, 1-8) detém-se sobre o Batismo esobre as palavras de João Batistano rio Jordão: «Depois de mim vemaquele que é mais forte do que eu:eu não sou digno de me inclinarpara desatar as suas sandálias». Noterceiro domingo o Evangelho (João1, 6-8. 19-28) tem ainda no centroJoão Batista, que «vem comotestemunha para dar testemunho daluz» e que, interrogado pelosjudeus, diz: «No meio de vós estáalguém que não conheceis». OEvangelho do último domingo(Lucas 1, 26-38) é o da Anunciaçãoe tem como eixo a figura de Maria. Maria, ícone do AdventoO tempo do Advento tem comoícone a Virgem. O papa Franciscorealçou que «Maria é o “caminho”que o próprio Deus se preparoupara vir ao mundo» e é «ela quetornou possível a incarnação doFilho de Deus, “a revelação domistério, envolvido no silênciodurante séculos eternos” (Romanos16, 25)» graças «ao seu “sim”humilde e corajoso». A presença dasolenidade da Imaculada

Conceição faz parte do mistério queo Advento celebra: Maria é protótipoda humanidade redimida, o frutomais excelso da vinda redentora deCristo. Giacomo Gambassi, “Avvenire"Tradução: Secretariado Nacional daPastoral da Culturahttp://www.snpcultura.org/o_advento_vai_comecar.html

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Voluntariado é para ser levado muito a sérioA frase é de Catarina Dias que agora gere o programa de voluntariado noGabinete de Desenvolvimento do Aluno, da Faculdade de Economia eGestão, da Universidade Nova de Lisboa. Antes e depois foi para o terrenoem experiências de voluntario e doação aos outros em Benguela, Angola,entre 2010 e 2012. Já este ano fez uma pausa na vida profissional e estevedois meses em Atenas ao serviço dos requerentes de asilo, migrantesforçados. A servir os refugiados porque “um voluntário é alguém que estáatento aquilo que se passa à sua volta”.Uma entrevista realizada no âmbito do Dia Internacional do Voluntariado quese assinala no próximo dia 5 de dezembro.

Entrevista conduzida por Lígia Silveira Agência ECCLESIA (AE) – Vamoscomeçar pelo seu início, quandopercebeu a primeira vontade defazer voluntariado. Consegueidentificar?Catarina Dias (CD) – Sou voluntáriadesde muito cedo porque comeceicomo animadora dos grupos dejovens do Campo Grande (Lisboa),fazia parte dos grupos desde os 14anos, e fui animadora voluntáriadurante 10 anos. Desde entãosempre tive um prazer enorme emtrabalhar de graça, digamos assim.Para mim ser voluntário não bastater um coração muito grande oumuito boa-vontade é precisoformação, investir competências,levar tão a sério como se fosse umtrabalho.

Porque as responsabilidades e oque se pretende fazer também serámuito sério. Na minha opinião épreciso ser algo que se leva muito asério, que se investe. AE – O voluntário não é só umvoluntarista?CD – Não. Um voluntário é alguémque está atento aquilo que se passaà sua volta, que deixassesensibilizar, deixasse tocar por essarealidade e que se recusa a nãofazer nada, a ser indiferente. Fá-lode graça, tem muitas outrasrecompensas mas não tem arecompensa monetária.

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AE – Um trabalho gratuito, comoreferiu, que coloca no centro apessoa?CD – Sim, também há pessoas quefazem voluntariado na área doambiente e dos animais… AE – Ou em tarefas burocráticas…CD – Exatamente. AE – Mas no seu caso especificotinha de ser com pessoas?CD – Eu gosto de estar no meio daspessoas, com as pessoas etrabalhar para as pessoas queapresentam alguma vulnerabilidadeou vivem uma situação muitocomplicada e muito difícil da suavida e onde acho que faz sentidoque possa ser útil. Onde me sintamais útil também. O meuvoluntariado tem sido todo compessoas. Sou assistente social. AE – Sempre com esta componentecristã?CD – Sim, eu venho de uma famíliaque é metade agnóstica e metadeateia… AE – O que é um grande desafio?CD – Sim, digo sempre que a minhafamília é das que mais me ajudam

a ser cristãs e católica. Como sãopessoas, os meus irmãos e os meuspais, não ligam muito a estas coisas,têm uma ideia um bocadinho durada Igreja Católica e já que meassumo como Cristã Católica, queseja coerente. AE – Tem de estar muito certa dasrazões da sua fé.CD – Praticar, acima de tudo. Paraeles não basta só a pessoa ter umpalavreado muito bonito, é maisimportante praticar do que falarmuito. AE – Isso tem-na desafiado aolongo da sua vida cristã, procurarmotivos para a sua fé e açõesconcretas?CD – Sou cristã, sou católicatambém porque cresci nafraternidade Missionária Verbum Deique me apresentou Deus e deuoportunidade de crescer na relaçãocom Deus. Sou Cristã Católica pelaexperiência de viver, de me sentiracompanhada. Nunca me sentisozinha, por muito que tenha muitasrelações à minha volta, por ter aexperiência que há alguém que meconduz e desafia também. Por isso,com muitas ou poucas razões o maisimportante

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é a experiência afetiva. Da fé afetivae também de ter, ao mesmo tempo,na minha vida, sentido que valia apena acreditar num Deus como opai de Jesus. AE – Sente que o voluntariado decariz católico é diferente dovoluntariado, por exemplo, dovoluntariado no Gabinete deDesenvolvimento do Aluno ondetrabalha agora na Faculdade deEconomia e Gestão, daUniversidade Nova de Lisboa?CD – O programa do voluntariado -primeiro não tem nenhumaconotação nem religiosa, nempolítica. Depois tem outracaracterística muito interessante, aspessoas quando se candidatam évoluntariamente, não há nenhumaobrigatoriedade e cada um vai coma sua motivação pessoal, que não émelhor, nem pior do que outras. Issoé importante. Nunca sabemos comoexperiência o que é que marca apessoa e por muito que às vezes osalunos procurem o programa que ébonito ter no CV que se fezvoluntariado e, agora, as empresassupostamente valorizam imenso, averdade é que se disponibilizam.Nunca se sabe o que da experiênciafica e o que vai marcar aquele alunoou aluna, e nunca se sabe se mais

tarde dá uma volta na vida, se abrea outras realidades e orienta a suacarreira profissional não para o topodos topos, mas para colocar-se aoserviço dos outros através degestão, de economia... AE – E mais sensível à necessidadedos outros?CD – Sim, por isso não há umasmotivações mais certas ou erradas.Cada um tem a sua e o que sinto, seolhar para a minha vida, faz toda adiferença fazer voluntariado tendouma componente espiritual ecatólica e cristã. Nas situações emque estive, faz toda a diferençasentir-me enviada não só por umaorganização, mas por outro, porDeus. Nas horas difíceis a quem apessoa se agarra é à fé. Nunca fuisozinha, mas a verdade é que faztoda a diferença na forma de olharos outros, ter tido clareza paraperceber qual era o meu papelnestas situações. Haver um outroque envia, não vou só por mim epelas minhas forças e pelo que achointeressante. Há uma companhiaque é muito importante.

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AE – Estava a trabalhar quando sedespediu para partir em missão comos Leigos para o Desenvolvimento,uma organização católica não-governamental para odesenvolvimento. O que a motivou amudar de vida?CD – Quando estava a fazer aformação com os Leigos, desensivelmente 9 meses, e estava atrabalhar na Misericórdia de Lisboa,pedi uma licença sem vencimento epercebi que não iam dar, econfirmou-se. Foi em 2009/10 erauma altura de crise e a política eraessa mas, na altura, na fiquei muitochateada,

como queria tanto ir. E ter aconfirmação que os Leigos metinham selecionado para ir, não mecustou de todo despedir-me. Sentique o caminho era por ali. Tambémé verdade que arrisquei nestamissão porque não estava satisfeitacom a forma de ser Assistente Socialnaquele sítio específico, não era aminha pele, ser assistente social eraoutra coisa diferente, não eradaqueles moldes. Não foi assim tãodifícil.

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Da formação em Portugalà missão no terreno emAngolaAE – Esteve durante dois anoscomo voluntária em Benguela comos Leigos para o Desenvolvimento.A formação de nove meses éfundamental para que o voluntáriopossa partir mais consciente do quevai encontrar e da transformaçãoque vai sentir?CD – Sim, a formação é longa, masé um caminho para que cada umpossa discernir se a missão é parasi, qual é a sua motivação, se épara África que querem ir, se é coma organização que querem estar,porque tem uma forma de estarmuito própria, como qualquer uma,e se de facto Deus o chama a ir porali. A missão pode não ser fora decasa, fora do país. Este tempo éfundamental para as pessoasperceberem isso. Também é muitorico em que as pessoas seconhecem a si próprios. Alguns têmmais experiência outros menos mastodos abrem-se à relação com Deuse à construção de quem é Deus ealimentar esta relação. Osvoluntários ganham muitasferramentas a nível dodiscernimento espiritual,comunitário, da tomada dedecisões. Aprofundam uma parte derelação com os outros, conhecem-se a si e aos outros, e deconstrução da comunidade.

Há uma parte final que são osprojetos dos Leigos - organização,princípios, valores – e depois háuma outra dos projetos, o que é quefazem exatamente. O maisimportante não é que a pessoatenha aprendido muitas técnicas ouque saibam gerir projetos oucoordenar. O mais importante é queconsiga discernir concretamente seé com esta organização e se a suamissão é por aqui que quer fazeresta missão que é um ano em Áfricano meio das pessoas, com aspessoas, a trabalhar para aspessoas e com elas e emcomunidade. Um ano a viver compessoas que não são da nossafamília… Só no fim é que se sabecom quem vamos e muitas vezesnem partilhamos o caminho ao longodo ano, porque existem três núcleosdos Leigos a nível nacional. Épreciso muito preparação edisponibilidade. Não só paraperceber os caminhos internos mastambém para abrir-me, acolher,aceitar o outro como é e aprender avivermos bem nas nossasdiferenças e naquilo que nos une. AE – Em 2010 sentiu que era omomento de partir em missão.Inicialmente ia por um ano e decidiuficar dois…CD – Estava disponível e na alturasentia que fazia todo o sentido,

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sentia-me chamada a fazer e viveristo. Era um salto completamente noescuro. Mas como não saltavasozinha, fazia sentido fazê-lo earriscar. Não fui com tempo limitadoe fiquei dois anos, porque noprimeiro ano os voluntários noterreno também fazem umdiscernimento se é para continuarou não. Também fazemos exercíciosespirituais para decidir se é paracontinuar, se faz sentido continuar eporquê. Na altura percebi que Deusme chamava a continuar e que amissão em Benguela não estavaterminada. AE – O que fez em Benguela?CD – Os Leigos estão no Bairro daGraça, que é um dos bairrosperiféricos da cidade de Benguela.Cada voluntário tem um projeto quese entrecruzam e o meu eracoordenar um centro juvenil que temvárias valências – biblioteca deleitura e de estudo, formaçãoinformática, formação em Inglês.Também é um espaço em queoutros grupos do bairro reúnem, porexemplo, grupo comunitário que erao projeto de outro companheiro demissão. Algumas aulas dealfabetização aconteciam emalgumas salas do centro, tambémera um espaço onde

um grupo de mobilização juvenil emque convidam vários grupos dobairro para fazer atuações, teatro,poesia, dança. Tínhamos umaatividade de cinema e, no fundo,tinha de capacitar a equipa acontinuar como sempre sozinhos,sem a presença dos Leigos. Oobjetivo dos projetos dos Leigos é,no fundo, a capacitação depessoas, a partir do que dizem quepara eles é importante. Por isso, faz-se um diagnóstico antes. AE – Nunca impor mas propor apartir da realidade que encontram?CD – É propor a partir do que aspessoas nos dizem e,nomeadamente, dos gruposcomunitários. Uma das apostas dosLeigos é a criação de gruposcomunitários, pessoas de diferentesáreas que vivem no bairro, seja dasvárias Igrejas, diretores de escolas.Grupos de mamãs que vendem naapraças, quem têm negócio no bairro.Ou seja, é juntar os líderes e asforças de influência no bairroconversar com eles sobre o queacham que é importante, quais sãoas prioridades porque, infelizmente,os bairros em Angola têm muitasnecessidades. Como qualquerbairro social, mas ali são todasurgentes, prioritárias. É preciso criareste

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espírito nas pessoas, dizerem o quequerem, quais são as suasprioridades e que é possível fazerqualquer coisa com os recursos quetêm. AE – Ao mesmo tempo já se está acapacitar as pessoas? Dá-lhes essaconfiança que elas são capazes.CD – Exatamente, no fundo têm aexperiência que alguém as ouve, émuito importante, que se interessapelo que dizem e que digam que éverdadeiramente importante e não oque acham que os estrangeiros dasorganizações querem ouvir. Acabampor ter a experiência que é possívelfazer alguma coisa sem milhões dedólares e sem recursosmegalómanos

e é possível transformarem obairro, terem um papel positivo efazer alguma coisa.Esta falta de valorização e deexperiência que as pessoas têmpoder de transformar é muitoimportante ou tem sido um dosaspetos mais marcantes da missão.As pessoas vivem numa realidadeem que têm uma privação de umasérie de bens materiais básicos mastambém de sonhar, perceber quepodem fazer alguma coisa, que têmrecursos. Não é preciso ter imensodinheiro para investir e têm de serelas só agentes de mudança, nãotêm de ser os de fora. Muitas vezesestão habituadas a que os de fora éque saibam tudo e esta experiênciafaz toda a diferença.

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AE – Há quem diga que o voluntárioprecisa de perceber que não vaimudar África mas África é que o vaimudar. A Catarina revê-se nestafrase?CD – Por um lado é verdade quetodos voluntários fazem estasmissões com vontade de mudaralguma coisa porque sentem, comotambém senti, as injustiças, asdificuldades. É verdade que mexemmuito por dentro. Dá-se muito, masrecebe-se muito mais. Das duaspartes há uma transformação, eusinto que da minha é muito grande. AE –Essa consciência de umamudança, naturalmente, acontece?CD – Tive maior consciência daminha transformação quandocheguei. O regresso também levatempo. Vim com 32 anos: pensei vivi30 anos em Portugal, não estou avoltar para uma coisa estranha. Épreciso um reajuste porque é muitodiferente viver com eletricidade ouágua permanente. No sítio ondevivemos, que é muito bom, é umacasa que a Diocese de Bengueladisponibiliza, é uma casa senhorial,de dois andares, sólida, muito boapara o contexto. Vivemos de umaforma muito simples, despojada edesprendida.

AE – No regresso há um embatecom a realidade que já não estavahabituada?CD – Quando cheguei lembro-meque não era automático tirar águada torneira, vivi dois anos a ferverágua porque não erasuficientemente tratada para beberà vontade. 2017: Voluntariado emAtenas, na GréciaAE – É em Portugal que perspetivavoltar a sair como fez rumo àGrécia?CD – Voltei em 2012 e estive doismeses em Atenas com a Plataformade Apoio aos Refugiados este ano,de julho a setembro. Por um lado,candidatei-me a este voluntariadoporque me toca muito a realidadedos requerentes de asilo, dasmigrações forçadas, dos refugiados.O voluntário, como dizia, nãoconsegue ser indiferente e temexperiência que fazer alguma coisaé importante por muito que às vezespossa ser pequena, pode ser sódivulgar a realidade e notíciasverdadeiras. Pode alertar outraspessoas para a consciência do quese passa. E isso é muito importante,às vezes vivemos adormecidosdemais. Senti

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necessidade de fazer alguma coisae de sair em missão, deslocar-me, eestar na realidade que as pessoasvivem. Antes juntei-me ao Graal emPortugal (movimento internacionalde mulheres) e organizamo-nospara receber uma família do Iraque,senti o desejo e a intuição quepodia ser útil na Grécia. Estive emAtenas com a Plataforma de Apoioaos Refugiados não só a coordenaros voluntários mas também no quefosse preciso. Também tive a sortede trabalhar para um patrão que mepermitiu fazer isto, pedi uma licençasem vencimento porque achava queir três semanas, gastar as minhasférias não fazia muito sentido. Erachegar quase, não me aperceber denada e vir embora. Como giro umprograma de voluntariado, tambémfazia sentido. Foi duro, mas foi muitobom. Cinco anos entre ovoluntariado em Angola ea GréciaAE –. Nestes cincos anos o que foisentindo na sua vida, queressonâncias teve da experiênciaem Benguela?CD – A mudança que ocorre éimpossível apagar e ninguém vemigual, porque viver numa realidadeque não se pode comprar ganha a

consciência clara que quando semuda de continente muda-semesmo de continente. Quando sevive numa situação de miséria,muitas delas, e de pobreza extremaé impossível voltar e fazer uma vidaigual á que se tinha antes. AE – Em que é que sentiu issoconcretamente?CD – Para já é impensável ter umacarreira profissional e esquecer quesou voluntária. É impensável.Depois é impensável gastar dinheironum iPhone, por exemplo, nãoporque não goste, acho espetacular,mas investir tanto dinheiro numtelefone custa-me… AE – A medida do dinheiro tem outramedida?CD – Sim, tenho uma capacidade dedesenrascar e viver com pouco quenão tinha. Agora, de repente, nãovou viver como vivi com os meuscompanheiros angolanos, nempensar, porque gostava quesaíssem dessas situações. Há umahistória de um voluntário dos Leigosé mesmo gráfica; ele foi em missãopara Timor e quando chegou viaque as pessoas andavam descalçase ele começou a andar descalço,mas e eles disseram “Não faças issoporque me ofendes. Não

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ando descalço porque quero. Andodescalço porque não tenhocapacidade para ter sapatos, masquem me dera ter um par desapatos”.Isto é tão gráfico. Claro que gastoconforme o que me parece razoávelpara satisfazer as minhasnecessidades básicas, mas custa-me muito gastar naquilo que aosmeus olhos não é necessário parasatisfazer uma necessidade. Nãopreciso ter um iPhone para estarligada com as pessoas, existemmuitos telemóveis no mercado.

AE – A adequação decomportamento vem de Benguela edepois quis concretizar, por umaquestão de coerência, em Portugal?CD – Sim, é verdade, é dar muitomais valor aquilo que para nós fazparte do nosso dia-a-dia e é tãoautomático que nem nosapercebemos. Por exemplo, valorizeia máquina de lavar roupa comonunca na vida, era das coisas quemais sentia falta em Benguela. Tereletricidade permanente, ter comidano frigorifico conservada. Não terque estar a

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alterar a vida toda porque é precisoir ao mercado e só se pode fazerrefeições para aquele dia, paraaquela hora, porque quando não setem eletricidade não dápara conservar. Dar valor à água,ter na torneira e beber sem filtrar.Uma série de coisas que sãoautomáticas. Ter transportespúblicos diversos. Depois a pessoaacaba por relativizar uma série decoisas, o autocarro, o metro estaratrasado cinco minutos… AE – Quando regressou deBenguela o que fez concretamente.A nível profissional tinha algumacoordenada a seguir?CD – Na altura percebi que a áreada cooperação e dodesenvolvimento podiam ser umcasamento que me agradaria muitopelo serviço social. Comecei a servoluntária e depois fui contratadapara um projeto, também emAngola. Continuei a ir a Angola,ainda que a base fosse em Lisboa.Ia por temporadas e estive emBenguela e no Luena (Moxico) etrabalhei durante dois anos numprojeto de formação de agentes dedesenvolvimento comunitário,também muito interessante. Não éfácil ter fundos para estes projetos enão estávamos à espera de terfundos, éramos uma equipapequenina

e tivemos de organizar a nossa vida.A seguir fui para Inglaterra tentar aminha sorte e sentir que precisa deinvestir muito mais, estudar, econhecer na prática. No terrenoparticipamos bastante naconstrução e e nas candidaturasque os leigos mandam parafinanciadores externos. Trabalhar para o Graal deu-me aconsciência do trabalho que se tema procurar financiamento, a fazer candidaturas. A perceber que otrabalho que queremos fazer não éa justificar o financiamento mas ofinanciamento justifica o trabalho. AE – Esteve dois anos ligada aoGraal. Como surge o projeto de irdois meses para a Grécia, comoaparece na sua vida?CD – O meu despertar para asmigrações forçadas, para osrequerentes de asilo e refugiadosaté surge em Londres. Estive 18meses (entre 2015-2017) faziavoluntariado para ganharexperiência na área das ONGD efazia voluntariado à noite, é umacidade extremamente cara. Umamigo falou-me do Serviços Jesuítaaos Refugiados (JRS) em Londres.Achei interessante e candidatei-meporque queria continuar a fazervoluntariado e fui conhecer. Elesacharam muito interessante o factode ter sido

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assistente social porque o meupapel, ainda que fosse uma vez porsemana o dia inteiro, era fazer asentrevistas iniciais a quem recorria àJRS e também ter estado noutroscontextos e contactos com culturasdiferentes. E o facto de ter estadoem Benguela com os Leigos (para oDesenvolvimento) no sentido de tertido uma abertura muito maior. AE – Visualizando Atenas,visualizando o que viveu lá durantedois meses. Que história, situaçãomexeu mais consigo ou ao ponto depensar ainda bem que estou aqui?CD – Todas as pessoas quem estivee tive o privilégio de conhecer etambém conversar e estar são todashistórias impressionantes. Ouvi umade uma mulher paquistanesa quefugiu com uma filha porque o maridofoi morto à frente dela pela Al-Qaeda. São pessoas perseguidas ehavia sempre este cuidado da PARe JRS de não pronunciar o nomedestas pessoas sem ser quandoestamos com eles, quando estamosentre voluntários e não sabemosquem está a ouvir mesmo naEuropa.Esta mulher impressionava-mesempre, porque vivia num prédio daJRS. Ela estava há dois anos àespera

de resposta do pedido de asilo.Tinha um alto cargo na Vodafone,estava a desenvolver orelacionamento entre VodafoneGrécia e Vodafone Paquistão e viviano abrigo, porque tinha medo deviver sozinha, é uma pessoa commuita noção dos perigos e vivepermanentemente em alerta. Apesarde tudo era muito alegre, simpática,super disponível, sempre bem-disposta e a filha era uma criançamuito alegre, dinâmica. Istoimpressionava-me bastante. Ela porum lado estava muito agradecidapor estar na Grécia, não tinhanenhum ponto, não era chegar àAlemanha, ou à França ou Noruega.Já estava feliz por estar na Grécia.Sobretudo, quem era claramenteperseguido se os pedidos viessemnegados, e não eram sírios. Elestêm três vezes para recorrer dopedido negado, algumas daspessoas entram em desespero total.Muitas diziam “prefiro morrer naGrécia, mato-me a mim e aos meusfilhos, do que voltar”. É a pessoatomar consciência em que realidadeas pessoas viviam e só o fantasmade terem de voltar preferem morrernum sítio estrangeiro. Voltar é quenão, é ter consciência do que viviama partir da consciência da vida daspessoas.É preciso ganhar confiança.

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É verdade que vimos de culturasmuito diferentes e a troca cultural, apartilha cultural é extraordinária. Éver que se calhar não somos tãodiferentes e há muitos pontos emcomum e que humanidade podeviver muito bem uma com a outravindo de culturas e religiõesdiferentes. A maior parte daspessoas com quem estive eramuçulmanas e muito abertas,

muito pacíficas. Havia o cuidado de não tentar catequisar ouevangelizar, de ambas as partes.Quando chegamos somos“briefados” pela JRS parapercebermos onde estamos e com éque estamos, que cuidadosdevemos ter. E também perceber onosso papel enquanto voluntáriosno abrigo e na vida do dia a dia.Ouve-se muita coisa que éimpressionante.

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AE – O Papa coloca a tónica centralda mensagem para o Dia Mundialda Paz 2018 nos refugiados:«Migrantes e Refugiados - Homense mulheres em busca da paz».Esteve no terreno, consegueperceber que se proponha maisuma vez olhar para este drama dosrefugiados?CD – Penso que faz todo o sentido.É verdade que há muitos mitos àvolta dos refugiados e migraçãoforçada na Europa que é muitoimportante desmistificar porque osrequerentes

de asilo que estão a entrar naEuropa são uma porção mínima dosque estão a fugir opara a Jordânia,para o Líbano. Metade dapopulação libanesa são refugiadose não um país assim tão pequenino,é um território considerável e vivemem condições muito pior do que asnossas. O Papa ligar a questão dasmigrações forçadas à paz é muitoimportante não só para chamar aatenção aos conflitos armados naSíria, naquela zona, na Palestinatambém e olhar para outros

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que são conflitos antiquíssimospara os quais olhamos pouco, porexemplo na República Centro-Africana existe há décadas. NaGrécia encontrei muitos refugiadosda República Centro-Africana,Congo.Fazemos esforço por encontrar apaz na Síria, No Iraque, na Palestinamas também há muitos outrosconflitos que matam milhares depessoas, fazem outros milharesemigrar e fugirem e para os quaistemos pouca atenção. Por outrolado, a paz não se constrói só pordecisões governativas. Podemosfazer alguma coisa, pressionar osgovernos, e às vezes as pessoasacham que ir para a rua não vale denada mas não é verdade.

É verdade que no meio doposicionamento europeu em relaçãoaos refugiados, os únicos quesalvam a dama é a sociedade civil.Os governos europeus tirando oportuguês, o sueco e o espanholfazem asneirada atrás de asneiradaporque têm medo. Têm uma atitudemuito protecionista. A Grécia queresolva o problema sozinha. A únicaparte que faz alguma são as Igrejase a sociedade civil. O papel docidadão é fundamental.Os cristãos, os católicos nãopodemos deixar de nospreocuparmos com o nosso irmão,seja de que religião for, venha deque país vier: precisa de ser ouvido,protegido, que as pessoasacreditem nele, que nosimportemos.

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AE – Um cristão quando entende onascimento de Jesus Cristo amudança tem de acontecernaturalmente. A Catarina quando seencontra fisicamente,humanamente, com realidades tãodiferentes como Benguela, Atenasnão consegue ficar indiferente. Éuma espécie de Advento, denascimento, é uma apresentaçãotão radical da pessoa humana quenão se pode ser indiferente a isso?CD – Ser indiferente a isso serianão ser eu própria. É abrir-me ànovidade que para nós já não énovo, o Natal ou o Advento, todosos anos acontece mas pode servivido como novidade.

É conhecer um Deus em realidadesque não se encontraria de caras, nomeio do encontro de religiões, depessoas que com resiliência eesperança arriscam a vida porquedão valor à sua vida, dos seus filhose da sua família.Os gregos sofrem imenso com acrise económica, nunca pensei quea pobreza, a miséria humanatambém se vê num país europeuque está numa crise brutal é difícilsair e apesar de tudo são os únicosque se abrem a acolher o muitomais desgraçados do que eles.Podiam fechar fronteiras masabriram-nas, e os italianos também,

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mas é engraçado que são muitosensíveis às pessoas que vêm. Aomesmo tempo, são pessoas com umar que parece que não queremsaber, mas os gregos com quemfalei havia sempre alguém que tinhaum irmão nas ilhas a defender osrefugiados, ou que trabalhava e quetinha recebido imensos refugiados.Mesmo em condições económicas esociais optaram por abrir-se.Também é verdade que como, aopção da União Europeia era dardinheiro, também é uma forma dogoverno grego ter dinheiro e usarcomo quiser. Mas a verdade é queabrem as portas e organizar estaspessoas dentro do

seu território. É uma opçãocomplicada e clara de abertura. AE – É nessas circunstâncias queencontra o melhor de si?CD – Tudo o que me desafia mais,que não é controlável, é um salto noescuro de confiança e de fé, é ondeme conheço melhor. Tanto melhorde mim como, às vezes, o que nãome agrada tanto. Acho que sim, éonde salta o melhor de mim e sãoexperiências que ajudam a abrir acabeça, o coração, aprender aperder para ganhar mais tarde. E tero privilégio de conhecer pessoasque não conheceria, se não tivesseo desejo de ser útil e pôr os talentosa render.

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Apostolado da oração onlinehttp://www.apostoladodaoracao.pt/Às portas de entrarmos em mais umAdvento a proposta que estasemana apresento irá, certamente,ajudar-nos a preparar melhor avinda daquele que foi “revelado peloPai, e que se converte napersonagem central da história dasalvação”.Esta semana o convite passa poruma visita ao sítio do Apostolado daOração (AO). Da responsabilidadeda companhia de Jesus, esta obra“tem como missão principal aformação de cristãos atentos ecomprometidos com asnecessidades da Igreja e doMundo”. Como “rede mundial deoração e ação para responder aosdesafios da humanidade dentro damissão da Igreja” naturalmente quea presença na internet não poderiaser descurada.Ao digitarmos o endereçowww.apostoladodaoracao.ptentramos num sítio magistralmenteorganizado e graficamente bemenquadrado, onde os conteúdosinformativos estão claramente emdestaque, bem como a presençanas principais redes sociais.Na opção “quem somos”, ficamos aconhecer um pouco mais sobre estarede mundial de oração, que em

Portugal “está presente em quasetodas as paróquias do nosso país,em grupos que promovem a oração,a animação das liturgias, a visita adoentes, catequese, etc.”. É aindapossível saber um pouco mais sobrea sua história, nomeadamente que oAO teve a sua “origem numa casade estudo da Companhia de Jesus,em França, na festa de S. FranciscoXavier do ano de 1844”.Em “oração” temos a possibilidadede, com Jesus, iniciarmos a nossajornada diária, de lhe rezarmosdurante o dia e ao cair do pano danoite também lhe dedicarmos umpouco da nossa atenção.Certamente saberá que o SantoPadre mensalmente tem umaintensão muito concreta ondeatravés de um vídeo excelentementebem produzido nos apresenta o seuintuito. É então no item “intençõesdo Papa” que podemos obter amensagem para o mês corrente edepois consultar todas as reflexõesque ele nos vem presenteando.Na opção “grupos AO” dispomos deum conjunto de recursosperfeitamente adequados paragrupos de oração. Sãodisponibilizadas propostas decaminhadas, trabalhos

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de grupo, reflexões e oraçõessempre com a qualidade que osJesuítas já nos habituaram. Aípoderemos ainda consultar todas asnovidades que vão sendopublicadas neste espaço e que seadequem aos objetivos presentesneste projeto.Caso pretenda aceder àspublicações editadas pelo AO, bastaque clicar em “livraria online”.Facilmente consulta todos os títulosnos mais diversos temas, ler umaresenha de cada livro eposteriormente, caso interesse,adquirir online de uma forma fácil esegura.

Se clicar em “blogue” acredite quenão se irá arrepender. Com umacadência semanal somosconvidados a ler excelentes artigosque nos ajudam a refletir sobrevários temas da atualidade.Fica lançado o repto paraacederemos e beberemos do muitoe bom do que aqui se publica,redescobrindo, através da oração, acentralidade de Cristo na história dasalvação.

Fernando Cassola [email protected]

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Ao encontro do Presépio

Neste ano de 2017, o Adventoinicia-se a 3 de dezembro.«Advento» significa «Vinda»,«Chegada». É, na Liturgia da Igreja,o período de preparação para asolenidade do nascimento de Jesusem Belém.Como ajuda para viver com maisintensidade e fervor este começo donovo Ano Litúrgico (Ano B),apresentamos breves reflexões, daautoria de Manuel Losa, sj, quepoderão auxiliar o leitor a avançarcom mais atenção e piedade nestasquatro semanas preparatórias rumoà grande festa do dia de anos deDeus na terra.

O ponto de partida e a sugestãopara as breves considerações quese seguem são as Antífonas deEntrada das Eucaristias diáriasdeste tempo litúrgico. Teremos emconta as leituras da eucaristia diária.Elas vão introduzindo e fazendopenetrar no que devem ser ossentimentos destas semanas quedesembocam no presépio.Acompanhar-nos-ão, indicando ocaminho, personagens bíblicas bemconhecidas. As mais em destaque:– o profeta Isaías com as suasvisões otimistas de um mundo novo,pacífico e de júbilo, graças àintervenção

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de Deus por meio do MessiasSalvador;– João Batista, o precursor, que vemrecordar que é necessário aplanarcaminhos e abater os obstáculos doorgulho e do egoísmo, a fim de nosdeixarmos imbuir pela novidaded’Aquele que nos vem libertar dopecado; exorta à seriedade, aocumprimento rigoroso dos deveresde justiça e partilha e de atençãopermanente Àquele que, nascidoMenino, é o maior que deve crescer,enquanto nós diminuímos;– Temos ainda, mais importantesque todos, José e Maria, que nossurgem envoltos no silêncio serenodo mistério incompreensível masrepousante.

Rumando em direção à Luz deBelém, celebramos Maria na suaImaculada Conceição, toda ela um«sim» a Deus, o sim que vamosprocurar dizer a Jesus e quequeremos confirmar na alegria doseu Natal.Por último, Rei da festa, oaniversariante Jesus: indefeso,disponível, dependente do amor queLhe queiram dar, sujeito aoscaprichos humanos. Nasceu paranós, foi-nos dado, graça sobregraça.As Antífonas são constituídas porbreves versículos, sobretudo dosSalmos, mas também de algunsprofetas e uma ou outra citação dasCartas de S. Paulo.

Apostolado da Oração

“Batem à porta. Vamos abrir! Para rezar o Natal em família”. Esta é umacaixa diferente. Uma caixa com nove puxadores de porta, novepersonagens, nove orações e nove desafios. Uma forma de preparar oNatal em família, procurando o verdadeiro sentido para palavras tãosimples como “descoberta”, “amizade”, “felicidade”, “libertação”, “paz”,“confiança”, “solidariedade”, “silêncio” e “alegria”.Uma proposta do Apostolado da Oração – Rede Mundial de Oração doPapa e da Fundação AIS – Ajuda à Igreja que Sofre, que é também umaforma de ajudar os cristãos perseguidos. Para utilizar, em família, entre osdias 17 e 25 de dezembro. Para guardar, no coração de cada um, durantetodo o ano.

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Dezembro 201702 de dezembro. Évora - Viana do Alentejo -Santuário de Nossa Senhora d’Aires(Viana do Alentejo) entra em obrasde conservação, modernizaçãoe valorização. . Fátima - Centro Pastoral Paulo VI,15h00 - O Santuário de Fátimainaugura o novo ano pastoral no dia2 de dezembro, com uma jornada deabertura, entre as 15h00 e as17h00, que se realiza no centroPastoral de Paulo VI, na Cova daIria. . Fátima - Museu de Arte Sacra eEtnologia dos Missionários daConsolata, 16h00 - O Museu de ArteSacra e Etnologia dos Missionáriosda Consolata, em Fátima, recebeuma tarde de poesia natalícia com apresença de crianças do 1º ciclodaquela localidade. . Lisboa – Sé, 17h30 - CáritasDiocesana de Lisboa promove «luzque brilha sobre a cidade» . Lisboa - Estoril (Salesianos),18h00 - Apresentação do CD«Senhora da Boa Esperança.Cânticos Marianos ao

ritmo jovem» do Coro Vozes do Mar,orientado pelo maestro António daSilva Ferreira. . Coimbra - Sé Nova, 21h00 - Vigíliade oração pela VidaNascente promovida peloSecretariado da Pastoral Familiar daDiocese de Coimbra 03 de dezembro. Porto - Na caminhada do Advento aDiocese do Porto propõe a criaçãode «um pé-de-meia» para os maisnecessitados . Açores - Campanha de Adventocoloca famílias a rezar na Diocesede Angra . Campanha de Advento da PaxChristi com o tema «Percorramos ocaminho da não-violência…» . Leiria - Catequese de Leiria-Fátima propõe «construçãoprogressiva» do presépiocomunitário . Açores - Ilha de São Miguel (PontaDelgada) - Campanha deangariação de «prendas de natalpara as crianças e jovensbeneficiárias» integrada no ProjetoSão Lucas.

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. Viana do Castelo - Campanha doAdvento e do Natal da Diocese deViana do Castelo com o tema «Agradece, somos Igreja» . Braga - O Departamento paraMinistros Extraordinários daComunhão e Ministérios Litúrgicosda Arquidiocese de Braga elaboroua caminhada de Advento e Natalque tem como tema «Da Espera aoEncontro». . Coimbra - O Secretariado deEvangelização e Catequese daDiocese de Coimbra convida, nesteAdvento, a entregar velas emarcadores de porta aos familiares,amigos e vizinhos. . Aveiro – Esgueira - Conclusão davisita pastoral de D. AntónioMoiteiro, bispo de Aveiro, a Esgueira . Bragança - A Diocese deBragança-Miranda vai celebrar, dia03 de dezembro, o Dia Internacionalda Pessoa com Deficiência quepretende “promover e defender” adignidade destas pessoas. . Santarém - Ourém (Casa Velha) - Retiro de Advento na «Casa Velha»orientado pelo padre ArmindoJaneiro, da Diocese de Leiria-Fátima

. Campanha de Advento promovidapelo Apostolado da Oração . Lisboa - Alfragide (Seminário deNossa Senhora de Fátima), 09h30 - Dia de reflexão sobre o Adventoorientado pelo padre Paulo Coelho . Setúbal - Barreiro (salão da igrejade Santo António da Charneca),10h30 - A Paróquia de Palhais/SantoAntónio (Barreiro) promove ainiciativa «um corte de cabelo solidário» . Braga - Centro Pastoral, 15h00 - ODepartamento da Pastoral Familiar daArquidiocese de Braga promove, das15h00 às 17h00, um encontro deagentes deste setor. . Braga - Santuário do Sameiro,15h00 - Concerto de Advento peloCoro da Escola de Música de SãoFrutuoso de Real no Santuário doSameiro.. Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos,15h30 - O cardeal-patriarca deLisboa, D. Manuel Clemente, vaipresidir à celebração das ordenaçõesde seis diáconos e de um presbítero,dia 3 de dezembro, às 15h30, naIgreja de Santa Maria de Belém, noMosteiro dos Jerónimos.

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II Concílio do Vaticano: A devoçãoao Rosário do Papa João XXIII

Nos quatro anos e meio do seu pontificado, o Papaque convocou o II Concílio do Vaticano, João XXIII,publicou sobre a devoção do Rosário uma encíclica,quatro cartas apostólicas e duas séries de reflexõespara a meditação dos mistérios do Rosário.A Agência ECCLESIA recorda esta devoção especialde João XXIII e também uma nota de D. João PereiraVenâncio, bispo de Leiria (1958-1972) que anunciouaos seus diocesanos que, por concessão da SantaSé, Nossa Senhora de Fátima tinha sido constituídapadroeira principal da diocese.Na encíclica «Grata Recordatio», 26 de setembro de1959, João XXIII define o Rosário como “um excelentemomento de oração meditada, composta à maneira decoroa mística, na qual se entrelaçam, com aconsideração dos mais profundos mistérios da nossafé, as orações do Pai-Nosso, da Ave-Maria e do Glóriaao Pai Nosso, apresentando à mente, como em outrostantos quadros, o drama da Encarnação e daRedenção de Nosso Senhor”.O Papa que iniciou o II Concílio do Vaticano (1962-65)começa por recordar as cartas encíclicas – onze aotodo – que o seu predecessor Leão XIII dirigiu aomundo durante o mês de outubro. No ano seguinte,pela mesma altura (26 de setembro de 1960), dirigiuao cardeal Micara, vigário de Roma, uma carta aexortar os fiéis da «cidade eterna» a rezarem o terçoe aponta como intenções especiais mais uma vez apaz no mundo, na altura muito ameaçada, e apreparação do concílio ecuménico.

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Com data de 25 de abril de 1963 eao aproximar-se mais um mês demaio, João XXIII endereça ao mesmocardeal uma carta a convidar osfiéis de Roma e de todo o mundo arezar a Nossa Senhora peloconcílio.Nesse mesmo ano, a 26 de abril, oprelado de Leiria anuncia aoscristãos daquela diocese que NossaSenhora de Fátima foi constituídapadroeira principal daquele territórioeclesial. “É justo que vos tornecomparticipantes das minhasalegrias como o sois daspreocupações e trabalhos, quenunca faltam”, escreveu D. JoãoPereira Venâncio (Cf. Boletim deInformação Pastoral, nº 24-25,junho, julho, agosto de 1963, pág.57).“Rendamos o preito da nossagratidão ao Vigário de Cristo, oPapa, tão profundamente mariano,João XXIII, que atendeu os nossosrogos. E é-me grato envolver nestepreito de sentido reconhecimento ofilho ilustre dos Missionários doCoração de Maria, o eminentíssimocardeal Arcádio Larraona, prefeitoda Sagrada Congregação dos Ritos,providencial instrumento de Deus naconcessão desta graça”, lê-se nacarta.A peregrinação internacionalaniversária de maio de 1963 foi

presidida pelo cardeal Larraona.Nessa ocasião, o bispo de Leiria-Fátima, D. João Pereira Venâncio,prestou-lhe “particular homenagem”.Depois do documento (BreveApostólico «Miris Modis») quecoloca Nossa Senhora de Fátimacomo padroeira principal dadiocese, D. João Pereira Venânciopede aos diocesanos para seprepararem para “esta datahistórica” com “uma missão religiosaem todas as suas freguesias”.

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Com data de 25 de abril de 1963 e ao aproximar-se mais um mês de maio, João XXIIIendereça ao mesmo cardeal uma carta a convidar os fiéis de Roma e de todo o mundo arezar a Nossa Senhora pelo concílio.Nesse mesmo ano, a 26 de abril, o prelado de Leiria anuncia aos cristãos daqueladiocese que Nossa Senhora de Fátima foi constituída padroeira principal daqueleterritório eclesial. “É justo que vos torne comparticipantes das minhas alegrias como osois das preocupações e trabalhos, que nunca faltam”, escreveu D. João PereiraVenâncio (Cf. Boletim de Informação Pastoral, nº 24-25, junho, julho, agosto de 1963,pág. 57).“Rendamos o preito da nossa gratidão ao Vigário de Cristo, o Papa, tão profundamentemariano, João XXIII, que atendeu os nossos rogos. E é-me grato envolver neste preito desentido reconhecimento o filho ilustre dos Missionários do Coração de Maria, oeminentíssimo cardeal Arcádio Larraona, prefeito da Sagrada Congregação dos Ritos,providencial instrumento de Deus na concessão desta graça”, lê-se na carta.A peregrinação internacional aniversária de maio de 1963 foi presidida pelo cardealLarraona. Nessa ocasião, o bispo de Leiria-Fátima, D. João Pereira Venâncio, prestou-lhe “particular homenagem”.Depois do documento (Breve Apostólico «Miris Modis») que coloca Nossa Senhora deFátima como padroeira principal da diocese, D. João Pereira Venâncio pede aosdiocesanos para se prepararem para “esta data histórica” com “uma missão religiosa emtodas as suas freguesias”.

- O convite é para ouvir o recital de piano com MárioLaginha e Pedro Burmester. Será na igreja daSagrada Família, em Viana do Castelo, na noite de 1de dezembro. Em causa as comemorações dos 50anos de criação da paróquia de Nossa Senhora deFátima. - Uma tarde de poesia natalícia com a presença decrianças do 1º ciclo é a proposta do Museu de ArteSacra e Etnologia dos Missionários da Consolata, parao dia 2 de dezembro. As crianças declamam poemasde sua autoria inspirados nas coleções de presépios eMeninos Jesus que o museu conserva. A escritoraCarmen Zita Ferreira junta-se à conversa com ospequenos autores, declamando também algunspoemas natalícios. - Na tarde do dia 7 as luzes da árvore de Natal naPraça de São Pedro vão ser acendidas. Provenienteda Polónia, o abeto vermelho com 28 metros de alturavai ser decorado com esferas em barro, criadas porcrianças tratadas em unidades oncológicas de várioshospitais italianos. O tradicional presépio é oferecido pela abadiaterritorial de Montevergine, sul da Itália, seguindo a“mais antiga tradição napolitana”. As 20 figuras vãoocupar um espaço de 80 metros quadrados, numquadro inspirado nas “obras de misericórdia”.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia; Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 03 dedezembro - Endireitarcaminhos: Atelieres improváveispara os sem-abrigo Segunda-feira, dia 04 dedezembro 15h00 - Entrevistasobre o Dia Internaiconal doVoluntariado a JoséRodrigues, Olga Cunha eRaquel Gonçalves. Terça-feira, dia 05 de dezembro, 15h00 -Informação e entrevista a Catarina Dias Quarta-feira, dia 06 de dezembro, 15h00 -Informação e entrevista a Isabel Vale e Carmo Diniz Quinta-feira, dia 07 de dezembro, 15h00 -Informação e comentário à atualidade Sexta-feira, dia 08 de dezembro, 15h00 - Entrevista. Comentário à liturgia do domingo com D.Francisco Senra. Antena 1Domingo, 03 de dezembro 06h00 - Dia Internacionaldo Voluntariado com Catarina Dias Segunda a sexta, 04 a 08 de dezembro - Alfabetodo Advento

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Ano B – 1.º Domingo do Advento Como viver oAdvento?

No início de um novo ciclo litúrgico, o Ano B, vivemoshoje o primeiro Domingo do Advento.Vinda e Vigília: estas duas palavras são muito usadasna liturgia do Advento, em particular neste domingo, aexigir atitudes novas.O tempo do Advento quer sensibilizar-nos para estavinda. A dimensão escatológica, da nossa vidailuminada pelo sentido da comunhão plena com Deus,marca toda a vida cristã.O apelo que Cristo nos lança à vigilância é para sertomado bem a sério, na celebração e na vidaquotidiana, para que o Senhor não nos encontre adormir ou adormecidos.Como podemos acolher da liturgia da Palavra nassuas indicações concretas para a nossa vida acercada forma como devemos viver esse tempo de espera?A primeira leitura apresenta a essência de Deus comoamor e misericórdia. Convida-nos a reconhecer que sóDeus é fonte de salvação e de redenção. Por nóspróprios, somos incapazes de superar essa rotina deindiferença, de egoísmo, de violência, de mentira, deinjustiça que tantas vezes caracteriza a nossacaminhada pela vida. Resta-nos acolher o dom deDeus com humildade e com um coração agradecido.A segunda leitura mostra como Deus Se tornapresente na história e na vida de uma comunidadecrente, através dos dons e carismas quegratuitamente derrama sobre o seu Povo. Sugere quenos mantenhamos atentos e vigilantes, a fim deacolhermos os dons de Deus.O Evangelho convida-nos a enfrentar a história comcoragem, determinação e esperança, animados pela

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certeza da vinda do Senhor. Ensina-nos ainda que esse tempo deespera deve ser um tempo devigilância, um tempo decompromisso ativo e efetivo com aconstrução do Reino. Estar vigilanteé estar sempre ativo, empenhado,comprometido na construção de ummundo de vida, de amor e de paz. Élutar de forma decidida e corajosacontra a mentira, o egoísmo, ainjustiça, tudo aquilo que rouba avida e a felicidade a qualquer irmãoque caminhe ao nosso lado.As indicações concretas da Palavrade Deus deste domingo sãooportunidade para um novocomeço. Devido às nossasnumerosas atividades, inclusive naIgreja,

a nossa vigilância está muitas vezesameaçada: falta-nos o tempo paraparar, discernir, fazer novasescolhas em ordem a despertar anossa adesão a Cristo.O tempo do Advento oferece-nosesta oportunidade de um novocomeço e de um renovado e intensoolhar para com aqueles que são ospróximos da nossa vida, em tantassituações humanas que são debradar aos céus e de gritar na terra.Não percamos a oportunidade deviver o Advento como autênticotempo de graça para todos nós.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

Prenda de Natal dos benfeitores portuguesespara os cristãos iraquianos

Migalhas de amorO que podemos fazer por cadacristão que foi vítima daviolência jihadista no Iraque?Quanto vale, mesmo, a nossasolidariedade para com asfamílias dos cristãos que foramassassinados? E para asmulheres e crianças violadas?Neste Natal, vamos fingir quenão vimos, que não ouvimos,que não sabemos o queaconteceu? “O Regresso às Raízes” é umacampanha que a Fundação Ajuda àIgreja que Sofre (AIS) está apromover a nível internacional e temcomo objectivo principal criar ascondições suficientes para que oscerca de 120 mil cristãos que foramforçados a fugir, no Verão de 2014,perante a invasão das suas aldeiase vilas pelos jihadistas do auto-proclamado Estado Islâmico,possam regressar a casa. É umadas maiores iniciativas desolidariedade alguma vez promovidapela Fundação AIS nos seus 70anos de história. Para que esteregresso a casa possa acontecer énecessário reconstruir muitasdessas habitações e recuperarinfra-estruturas básicas deabastecimento de electricidade e

de água. Esta campanha é tãoambiciosa como urgente. Se não serealizar, poderá significar o fim dapresença cristã nas terras bíblicasda Planície de Nínive. Leu bem:podemos estar perante o fim dapresença cristã na Planície deNínive. Já apelidada de segundo“Plano Marshall”, pelas semelhançasa reconstrução que ocorreu naEuropa após a II Guerra Mundial, acampanha “Regresso às Raízes” sópoderá ter sucesso, no entanto, sehouver uma expressivagenerosidade dos benfeitores daFundação AIS. Em causa está ofuturo imediato destes 120 milcristãos. Estes cristãos, estasfamílias, foram vítimas de um dosataques mais brutais com motivaçãoreligiosa de que há memória naHistória da Humanidade. Sinais de violênciaHá três anos, quando foramforçados a fugir de suas casas,numa debandada caótica, deixaramtudo para trás. Muitos, nem osdocumentos conseguiram salvar.Não havia tempo. Os jihadistastinham um plano metódico deataque, procuraram

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materializar um verdadeirogenocídio. Nesse Verão de 2014,quando tudo se precipitou naPlanície de Nínive, em lugares ealdeias onde ainda se falava alíngua do tempo de Jesus, ninguémdefendeu estas famílias cristãs.Nenhum exército, nenhuma milícia,nenhum país. Ninguém. Hoje, trêsanos depois, quando o sonho doregresso a casa ganha corpo, seráque estes cristãos, estas famílias,vão ser outra vez abandonados? AFundação AIS lança, neste Natal,por isso, um apelo enorme àgenerosidade dos seus benfeitorese amigos. Estes cristãos, no Iraque,precisam da nossa ajuda, precisamde voltar a suas casas. O PapaFrancisco está profundamenteempenhado em ajudar a FundaçãoAIS nesta missão. Aindarecentemente foi-lhe oferecido umautomóvel desportivo excepcional,um Lamborghini Huracan, e o SantoPadre decidiu logo que a viatura iriaser leiloada para fins caritativos eque uma parte das receitas seriadestinada à Fundação AIS,precisamente para a campanha“Regresso às Raízes”. Calcula-seque são necessários apenas

cerca de 2 mil euros, em média,para a reconstrução de cada umadas casas dos cristãos. Esta verbainclui a substituição de telhados,portas, janelas e instalaçõessanitárias. A violência que foiexercida sobre a comunidade cristãultrapassa tudo o que se possaimaginar. As aldeias onde viviam sãohoje apenas um amontoado deruínas, de casas destruídas, deigrejas profanadas. O regresso acasa de todos e de cada um destescristãos depende agora apenas decada um de nós. Depende de si.Depende de todos. A Fundação AISlança, por isso, um veemente apeloà generosidade dos portuguesespara que, neste Natal, venha aacontecer mais um milagre de amor.Ajudar é muito fácil. Todas asmigalhas contam nesta Campanhaque não nos pode deixarindiferentes. Sabia, por exemplo,que, com apenas 30 euros, podeoferecer um cabaz para alimentaruma família durante 1 mês? Toda ainformação sobre esta Campanha“Regresso às Raízes” estádisponível em: http://portugal-iraq.acninternational.org/

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Paz pelo cuidado dos mais pobres

Tony Neves Espiritano

O Papa Francisco acaba de escrever mais umacorajosa Mensagem para o Dia Mundial da Paz.Começa por recordar estatísticas que marcam ofim de 2017: ‘mais de 250 milhões de migrantesno mundo, dos quais 22 milhões e meio sãorefugiados’. Estamos a falar de pessoas queapenas procuram um lugar onde possam viverem paz. Arriscam tudo por este objectivo quequase nunca alcançam.O Papa defende atitudes de misericórdia:‘abraçamos todos aqueles que fogem da guerrae da fome ou se vêem constrangidos a deixar aprópria terra por causa de discriminações,perseguições, pobreza e degradação ambiental’.Pede que acolhamos quem nos bate à porta. Amaioria dos imigrantes e refugiados chega-nospor portas travessas e a atitude de quem deviaacolher é de recusa por medo, muitas vezesamplificado pelos políticos: ‘Quem fomenta omedo contra os migrantes, talvez com finspolíticos, em vez de construir a paz, semeiaviolência, discriminação racial e xenofobia, quesão fonte de grande preocupação para quantostêm a peito a tutela de todos os seres humanos’.Há quem olhe para estas deslocações humanascomo um risco e um perigo, mas o Papaconsidera-as uma oportunidade para aconstrução de um futuro de paz.Os imigrantes e refugiados trazem riqueza: ‘umabagagem feita de coragem, capacidades,energias e aspirações, para além dos tesourosdas suas culturas nativas, e deste modoenriquecem a vida das nações que os acolhem’.

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O Papa sugere que se combinemquatro ações: ‘acolher, proteger,promover e integrar’.‘Acolher’ faz apelo à exigência deampliar as possibilidades de entradalegal’; ‘Proteger’ lembra o dever dereconhecer e tutelar a dignidadeinviolável daqueles que fogem dumperigo real em busca de asilo esegurança, de impedir a suaexploração’; ‘Promover’ alude aoapoio para o desenvolvimentohumano integral de migrantes erefugiados. Dentre os numerososinstrumentos que podem ajudarnesta tarefa, desejo sublinhar aimportância de assegurar àscrianças e aos jovens o acesso atodos os níveis de instrução’;‘integrar’ significa permitir querefugiados e migrantes participemplenamente na vida da sociedadeque os acolhe, numa dinâmica demútuo enriquecimento e fecunda

colaboração na promoção dodesenvolvimento humano integraldas comunidades locais’.O Papa Francisco pede inspiraçãonas palavras de João Paulo II: ‘Se o‘sonho’ de um mundo em paz épartilhado por tantas pessoas, se sevaloriza o contributo dos migrantes edos refugiados, a humanidade podetornar-se sempre mais família detodos e a nossa terra uma real ‘casacomum’. Ao longo da história, muitosacreditaram neste ‘sonho’ e as suasrealizações testemunham que nãose trata duma utopia irrealizável’.O Dia Mundial da Paz de 2018 émais um excelente pretexto para aconstrução de um mundo assentena proposta do papa Francisco queexige uma ecologia integral que ameos pobres e respeite a natureza.

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