Paper de dimas veras e

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Artimanhas letradas: memória, resistência e educação popular nos anos de ditadura no Brasil. Dimas Brasileiro Veras Mestrando do Programa de Pós-graduação em História da UFPE A democracia não é uma experiência consolidada de longas datas nos países da América Latina. Dos caudilhos do século XIX aos ditadores do século XX, apenas algumas décadas separam o cerceamento inerente a experiência política autoritária. A recente redemocratização do final dos anos 1970 nos mostra que a busca pela cidadania plena apenas começou a ser construída nos frágeis Estados latinos. Os projetos políticos “liberais” que adentraram o século XX não resistiram aos sucessivos abalos causados pelo imperialismo capitalista, pelas grandes guerras e pela crise de 1930. As democracias terminaram cedendo diante da necessidade de um Estado forte e alguns casos fascistas. O grande medo dos últimos anos do século XIX havia ganhado potência na Rússia e o outrora, apenas espectro do comunismo, tornava-se contingencial na trama histórica. Nas recém organizadas repúblicas latinas, o receio tendeu a se transformar em histeria das sociabilidades dominantes, conduzindo cada vez mais as práticas políticas para os antípodas do liberalismo. Acreditavam, em sua maioria, que parte das causas da pobreza dos países latinos estava justamente na fragilidade dos governos democráticos e liberais. Esta era uma tendência política que ganhava eco em quase todo mundo ocidental, e terminou por conduzir aos governos nacionais a regimes autoritários de tendências fascistas. Planejar, organizar e dirigir era o tríptico característico dos Estados de Exceção que se espalhavam pelos países ocidentais dos anos 1930 e sua ressonância se fez sentir em todos os elementos estruturais da sociedade: planejamento econômico, cerceamento dos direitos políticos e sociais, dirigismo cultural e mediação dos conflitos sociais. A esta experiência política em alguns países da América Latina, os sociólogos e cientistas políticos conceituaram como populismo. Mesmo com todas suas peculiaridades o varguismo, o cardenismo e o peronismo foram tomados como referencial sociológico para estudo do fenômeno. Recentes investidas oriunda da historiografia tem problematizado o conceito em sua amplitude fenomenológica e realizado novas investidas questionadoras de certas certezas em relação a primeira metade do século XX na América Latina. 1 1 Todo esse debate em torno do populismo na América Latina foi retirado do livro “O populismo e sua história”. Jorge Ferreira (org.); Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2001. Principalmente os artigos de Maria

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Artimanhas letradas: memória, resistência e educação popular

nos anos de ditadura no Brasil.

Dimas Brasileiro Veras

Mestrando do Programa de Pós-graduação em História da UFPE

A democracia não é uma experiência consolidada de longas datas nos países da América

Latina. Dos caudilhos do século XIX aos ditadores do século XX, apenas algumas décadas

separam o cerceamento inerente a experiência política autoritária. A recente redemocratização

do final dos anos 1970 nos mostra que a busca pela cidadania plena apenas começou a ser

construída nos frágeis Estados latinos.

Os projetos políticos “liberais” que adentraram o século XX não resistiram aos sucessivos

abalos causados pelo imperialismo capitalista, pelas grandes guerras e pela crise de 1930. As

democracias terminaram cedendo diante da necessidade de um Estado forte e alguns casos

fascistas. O grande medo dos últimos anos do século XIX havia ganhado potência na Rússia e

o outrora, apenas espectro do comunismo, tornava-se contingencial na trama histórica. Nas

recém organizadas repúblicas latinas, o receio tendeu a se transformar em histeria das

sociabilidades dominantes, conduzindo cada vez mais as práticas políticas para os antípodas

do liberalismo. Acreditavam, em sua maioria, que parte das causas da pobreza dos países

latinos estava justamente na fragilidade dos governos democráticos e liberais. Esta era uma

tendência política que ganhava eco em quase todo mundo ocidental, e terminou por conduzir

aos governos nacionais a regimes autoritários de tendências fascistas.

Planejar, organizar e dirigir era o tríptico característico dos Estados de Exceção que se

espalhavam pelos países ocidentais dos anos 1930 e sua ressonância se fez sentir em todos os

elementos estruturais da sociedade: planejamento econômico, cerceamento dos direitos

políticos e sociais, dirigismo cultural e mediação dos conflitos sociais. A esta experiência

política em alguns países da América Latina, os sociólogos e cientistas políticos conceituaram

como populismo. Mesmo com todas suas peculiaridades o varguismo, o cardenismo e o

peronismo foram tomados como referencial sociológico para estudo do fenômeno. Recentes

investidas oriunda da historiografia tem problematizado o conceito em sua amplitude

fenomenológica e realizado novas investidas questionadoras de certas certezas em relação a

primeira metade do século XX na América Latina.1

1 Todo esse debate em torno do populismo na América Latina foi retirado do livro “O populismo e sua história”.

Jorge Ferreira (org.); Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2001. Principalmente os artigos de Maria

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Dentre as muitas problemáticas em relação ao populismo começaremos citando a de ordem

cronológica e da heterogeneidade do fenômeno. O termo tem sido arbitrariamente utilizado

como modelo explicativo de experiências diversas na América Latina, não havendo nem

mesmo um consenso em relação a um período propriamente populista nos países em questão

(imagine para toda América Latina). De maneira geral este ficaria situado entre os anos de

1930-1960, sendo para alguns, conseqüência de um momento de transição da produção

capitalista tradicional para a moderna. Esta abordagem estrutural perde sua consistência

quando levada em consideração a partir das histórias nacionais e regionais. Estudos mais

específicos vêm mostrando as nuanças da suposta homogeneidade populista, ressaltando a

necessidade de se pensar os limites do uso do termo e os perigos de uma visão determinista

que coloca o fenômeno como uma conseqüência, ou seja, uma etapa de uma evolução

histórica linear em direção a utopia.

O que nos interessa das constantes que permitiram a criação de um modelo explicativo como

este, é que neste período da história da América Latina (supostamente populista) é onde

também localizamos um relativo fortalecimento das sociabilidades populares como elemento

participante da sociedade. São nestes anos também que temos a consolidação política de uma

ideologia trabalhista, e neste caso poderíamos citar o México de Cárdenas, a Argentina de

Perón e o Brasil de Vargas. Há um ranço nas análises, que tendem ver a entrada do povo na

disputa política, a partir de uma ótica maniqueísta e simplificadora do problema. Para os

teóricos clássicos do populismo as massas anônimas, mergulhadas na inconsciência de sua

origem de classe, eram facilmente manipuladas pelos interesses das classes dominantes

(capitalistas modernos: industriais), representadas na figura demagógica do populista. Para

estes pensadores, se houve conquistas, estas não brotaram da atuação popular como atores

sociais integrados e participantes das relações sociais e políticas de sua época, mas da

subordinação dos mesmos aos interesses maiores do líder populista. Ignoram-se as razões que

os levaram a apoiarem aquele político e os limites do pacto que instituíram. Como também

são renegadas as artimanhas que redefinem o exercício da cidadania em anos tão tumultuados

de nossa história.

A história se torna mais confusa ainda quando nos aprofundamos no caso do populismo no

Brasil, a começar pela confusão das datas e da associação do fenômeno com a figura de

Getulio Vargas. Teria o populismo sobrevivido a relativa abertura que se dá com o fim da

segunda guerra? Caso sim, como explicar o mesmo a partir do matiz que é a história regional

Capelato “Populismo latino-americano em discussão” e Daniel Aarão em “O colapso do colapso do populismo

ou a propósito de uma herança maldita”.

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brasileira? Estariam todas as experiências vividas pela nascente sociedade civil sedenta de

participação subordinadas aos interesses subreptícios de um líder carismático e demagogo?

Abordaremos a atuação dos educadores popular como uma atividade produtiva do campo

cultural sem, no entanto, a considerar num horizonte superestrutural das atividades políticas e

econômicas. O campo cultural (no que se articula com o campo intelectual e educacional)

aparece em plena relação dialógica com o campo político e econômico. Voltemos a nossa

narrativa.

Com a derrota do fascismo europeu, se amplia a crítica aos regimes autoritários em todo

mundo. À medida que os Estados de exceção vão perdendo o fôlego, a democracia começa

ocupar novamente um espaço na política latinoamericana. O processo de redemocratização é

lento e gradual, e se dar lado a lado a uma continuidade, ainda que “democratizada”, das

práticas ditas populistas. Carente dos instrumentos coercitivos do regime ditatorial, as

sociabilidades populares e os movimentos sociais vão ganhando uma intensidade nunca antes

vista na história. Paulatinamente, o conflito social vai deixando de ser um caso de policia,

para institucionalmente assumir o espaço público. Os movimentos sociais que emergem do

setor rural, aparentavam ter a força para efetivar mudanças que redefiniriam a tradição

colonial latifundiária e consequentemente o status quo da época. No Brasil as Ligas

Camponesas, surgidas no Nordeste sob a liderança do advogado Francisco Julião, foram o

símbolo de uma marcante mobilização política que pôs fim a pax rural. As sociabilidades

urbanas voltavam a se encher do grande medo à medida que as Ligas ganhavam cada vez

mais o imaginário político da época. O medo de que o Nordeste brasileiro se tornasse uma

nova Cuba está presente em ampla documentação produzida nesses anos de tensão.

As exigências da sociedade civil alcançara um limite: ou o Estado era submetido a uma ampla

reforma ou num mecanismo de desterritorialização negativa (op. Cit, 1997.) se recalcava

aqueles desejos coletivos e bania as novas exigências da época, silenciado a transitividade

(FREIRE, 2007) de toda uma geração.

As forças conservadoras que assumiram a rédea da América Latina aproveitaram todo tempo

que permaneceram governando na produção de silêncio e afasia das experiências políticas e

sociais populares que haviam sido construídas ao longo de todo inicio do século XX. Diversos

setores da sociedade, alguns armados, outros caminhando e cantando, tiveram papel

fundamental na resistência a ditadura. Nos anos 1970, até a Igreja Católica, antigo bastião dos

militares, já não dedicava suas orações aos Generais ditadores. O fim do Estado de Exceção

viria à contra gosto dos militares. No Brasil o atentado a bomba no Rio-Centro seria o ultimo

suspiro de quase duas décadas de terrorismo estatal. À sociedade civil restava a longa tarefa

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de reconstruir suas histórias, esbarrando através da memória a produção de esquecimento

operada pelos militares. Até hoje os arquivos da Ditadura militar no Brasil encontram-se

fechados e quase 90% de sua população ativa nunca ouviu falar no Ato Institucional número

5, principal símbolo da ditadura militar no país2. A abertura e o exercício democrático não

deixa esconder as heranças deletérias do autoritarismo no fazer político das sociedades latinas,

fantasma que ainda assombra estes países.

Nossa abordagem se torna mais fecunda quando passamos a analisar a história dos

intelectuais no Brasil de 1960, véspera do golpe militar. Havia um amplo movimento nacional

de educação popular que contava não só com a colaboração das instituições de ensino do país

e do Partido Comunista, mas também da Igreja Católica através do Movimento de Educação

de Base (MEB). O MEB era fruto da atuação da Ação Católica, movimento organizado por

católicos leigos, que também disputavam espaço no movimento estudantil, através da

Juventude Universitária Católica e da Juventude Estudantil Católica (JUC e JEC). Nestes anos

as bases dos setores progressistas do movimento estudantil estavam divididas entre a

militância comunista e católica (estes divididos entre católicos radicais e reacionários - DE

KADT, 1970).

Havia nesta geração de intelectuais e estudantes dos anos 1960 uma forte preocupação com

uma educação que formasse e conscientizasse para as necessidades nacionais. Buscando no

povo a identidade brasileira, estes intelectuais terminaram arregimentando no âmbito cultural

e educacional uma cultura-política do nacional-popular. Os esquemas do nacional-popular

forneceram a prática política do momento uma coesão social “(...) dando origem a uma

vigorosa produção cultural, ficando subjacente ao conjunto dos debates da esquerda,

incorporando os estudantes ao movimento dos intelectuais de maior envergadura.”

(PÉCAUT, 1990: 185). Estes estudos sobre os intelectuais brasileiros na véspera do golpe têm

privilegiado análises estruturais e macroanalíticas, onde os vários movimentos são abordados

a partir de suas similitudes. São estes, o já citado Movimento de Educação de Base, O Centro

Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes e o Movimento de Cultura

Popular (cf.: idem).

O Movimento de Cultura Popular surgiu no inicio dos anos 1960 no Recife sob os auspícios

do Prefeito da época Miguel Arraes. O MCP possuía uma larga agenda de atividade culturais,

2 Instaurado em dezembro de 1968 após um ano de intensos protestos da sociedade, tendo uma delas ficado

mundialmente conhecida como “a passeata dos cem mil”, o AI-5 autorizava o governo a fechar o congresso, a

cassar, demitir e aposentar funcionários, censurar a produção cultural e aplicar sumariamente a pena de morte.

Folha de São Paulo 13/12/2008 - Especial A1

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do teatro militante aos folguedos populares, mas as frentes de alfabetização foram a principal

atividade desempenhada pelo grupo. Tal como o movimento estudantil da época o grupo

estava dividido entre sociabilidades católicas e comunistas. O coordenar do MCP era um

jovem professor da Universidade do Recife, Germano Coelho. O MCP fora idealizado por

Germano Coelho após conhecer na França o movimento Peuple et Culture, de Joffre

Dumazedier, no qual orientou as diretrizes da organização cultural, ou, usando os termos de

Raymond Williams, da formação3. (Williams, 1992). Esta influência francesa na construção

dos grupos de educação e cultura popular recebeu na América Latina os impulsos libertários

do pensamento freireano. Desenvolvido por Freire e sua equipe da Universidade do Recife, o

método ganhou substância e consagração com as experiência desenvolvidas no Serviço de

Extensão Cultural desta mesma escola. A revista produzida pelo SEC/UR, a Estudos

Universitários, foi um importante veículo de divulgação e sistematização do Sistema Paulo

Freire no Brasil.

Naquela época já não era novo o Nordeste do Brasi aparecer na mídia como espaço de aridez

e miséria. A polarização do mundo com a guerra fria havia tornado a região um lugar terrível

para além da seca e da pobreza que passou a ser exibido como ninho de comunistas4.

Diferente do MCP e do CPC, o Partido Comunista não possuía nenhuma influência no SEC,

tinha mesmo era ligeira desconfiança deste. Mesmo com toda desconfiança, não hesitou o PC,

após o 1º Encontro Nacional de cultura Popular, em adotar o Método Freire (BRAYNER in

RESENDE, org. 1987: 209).

O que estamos tentando mostrar é que a atuação intelectual e cultural do SEC nos anos 1960

significaram uma redefinição das formas de fazer e pensar a educação no Brasil, mesmo tendo

sido este um coletivo com recursos escassos, de curtíssima existência (apenas 2 anos) e sem

radicalizações políticas. Existia sim uma radicalização nos significados e nas novas

orientações que deram a prática e as pesquisas no campo educacional. Não escapariam ilesos

ao golpe:

“O educador Paulo Freire e toda sua equipe, mesmo sem terem nenhuma

filiação politico-partidaria, foram presos, interrogados e encarcerados.

Processos abertos e não concluídos, jovens intelectuais precocemente

„aposentados‟.” (BRITTO, 1992: 63).

3 Raymond Williams. Cultura; Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

4 Alguns estudos vêm sendo produzido, desde o final dos anos 1970 levando em consideração o Nordeste a partir

de sua construção ideológica, sociológica e discursiva. Todas elas enfatizam o projeto de dominação

escamoteado nos mitos regionais: MARTINS in MARANHÃO, 1984: 103-115; BERNARDES, 1996;

ALBUQUERQUE JUNIOR, 1999.

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É justamente a repercussão causada pelo golpe nos membros do SEC/UR que procuraremos

compreender neste trabalho. Nossa linha metodológica histórico-antropológica tentará

compreender as redes de signos significantes produzidos por estas sociabilidades cerceadas

pelo estado de exceção, apreendendo os fios e rastros que mostrem como teciam a realidade

em que viviam, de que forma percebiam, apreendiam e se inscreviam na realidade. Nossa

análise busca colocar a disposição dos interessados as repostas dadas pelas pessoas as

conjunturas especificas e traumáticas do regime militar.

O SEC/UR foi criado em 1962 por iniciativa do Reitor João Alfredo e Paulo Freire visando

dar continuidade a uma série de reformas modernizadoras do ensino superior. A extensão

aparece justamente como o braço da Universidade na sociedade civil, contrapartida cultural da

Universidade à comunidade que a mantêm (SEC prolongamento da Universidade. João

Alfredo in Boletim do Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife. n° 1, Março-

abril de 1962). Em seu documento de criação são explicitados seus objetivos; promover a

difusão cultural, contribuir no desenvolvimento da cultura regional, realizar cursos e eventos

para a comunidade extra universitária e promover a divulgação da produção da Universidade.

Devemos frisar que atuação do SEC terminou excedendo seus objetivos, suas práticas os

conduziu para além da portaria que os instituía.

A atuação de Paulo Freire a frente do SEC se deu em quatro direções: uma frente ficou

encarregada da pesquisa, divulgação e capacitação no Sistema Paulo Freire de educação

(viajando por todo Brasil divulgando e experimentando o método). O segundo eixo

programático congregou jovens professores da Universidade, jovens cinéfilos e alguns

remanescentes do coletivo de impressores diletantes conhecidos como Gráfico Amador. O

grupo ficou responsável pela revista de cultura da Universidade, a Estudos Universitários. Foi

na Estudos Universitários que foram publicados os primeiros ensaios sobre o método Freire.

A revista possuía artigos que iam do filme À bout de souffle de Godard a poesia de

Sousândrade, bem como dos temas políticos nacionais à revolução angolana. Também cabia

aos jovens colaboradores da revista de cultura a atuação do SEC na sociedade, organizado

eventos e cursos voltados para a comunidade extrauniversitária. Uma ultima orientação da

extensão, a cargo do escritor José Laurênio, criou e colocou no ar a Rádio Universitária. A

rádio funcionava no horário noturno e sua programação era extremamente diversificada:

recitais de piano, cursos de língua (inglês e francês), campanha de alfabetização, música e

cultura popular, noticiários, programas do movimento estudantil, concertos e debates

interdisciplinares.

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As repercussões na cidade não poderiam ter sido melhores, agradando aos amantes da

educação e da cultura e despertando a inveja e a desconfiança dos tradicionais mandarins da

produção intelectual local. A Estudos Universitários, que contou inicialmente com a

contribuição de Gilberto Freyre, logo se tornou motivo das disputas letradas em torno de

quem e o que seria publicado na revista. O editor do periódico, Luiz Costa Lima, também

despertou a fúria dos literatos locais em seus constantes diálogos com os concretistas

paulistas. Os debates tomaram clima de histeria alguns meses antes do golpe, quando em

artigos publicados nos principais jornais locais Costa Lima e Gilberto Freyre discutiram

publicamente sobre a linha editorial da Estudos Universitários. Os debates nos jornais,

gerados pelas críticas feitas por Gilberto Freyre à Estudos Universitários, em artigo intitulado

“Em Torno de uma Revista de Cultura” (JC – 1 de novembro de 1963, p. 02.), precipitaram a

saída de Costa Lima da editoração da revista ainda mesmo antes do golpe5.

A afronta ao mandarim do pensamento lusotropical não passaria em branco. Com o golpe

militar, o nome do jovem secretário da revista aparece em meio à relação dos primeiros

punidos em Pernambuco pelos militares. Anos mais tarde, já consagrado escritor e professor

de história e literatura, lembraria com humor as palavras de reprovação do interrogador em

relação a sua preocupação com a transcrição de suas resposta: “Não tem nada de ficar

corrigindo o que está sendo escrito porque o seu caso já está resolvido: você foi denunciado

como marxista por Gilberto Freyre e será aposentado.” (COSTA LIMA in ZAIDAN e

MAZHADO, Org., 2007: 42). Os interrogatórios ao qual foram submetidos a maioria dos

membros do SEC serviram como instrumento fulcral das cassações, aposentadorias

compulsórias e perseguição política.

O apoio vindo dos frades franciscanos, da editora Vozes, se mostrou decisivo na reconstrução

da vida no Rio. Costa Lima voltaria a ser preso por algumas semanas em 1972. Apesar de não

ter sido torturado, a nova prisão mostraria que, naqueles anos, as regras do jogo haviam

mudado:

“Entrei encapuzado em um aposento de proporções relativamente grandes,

dotadas de luz fria, com que não podia distinguir o dia da noite, cercado de

5 O caso aparece nos jornais como a “crise da revista da Universidade”. Uma nota do DCE (Diretório Central dos

Estudantes) em solidariedade com Costa Lima é publicada no dia 13 de dezembro de 1963: “O Diretório Central

dos Estudantes da Universidade do Recife, face aos acontecimentos da última semana que culminaram com o

pedido de demissão do professor Luiz Costa Lima do cargo de diretor da revista „Estudo Universitários‟, torna

público a expressão de sua mais irrestrita solidariedade à diretoria daquele periódico, particularmente à pessoa

do professor Luiz Costa Lima, figura incansável do Serviço de Extensão Cultural da U.R., tão bem identificado

com os anseios de cultura de nosso povo.” (JC – 13 de dezembro de 1963).

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instrumentos, todos com títulos em inglês, que indicavam suas finalidades

para a tortura;” (Idem: 43)

A ajuda mútua se mostrou um dos maiores valores de resistência aos militares. A

“cumplicidade” solidária de alguns cidadãos pareceu ser uma das principais práticas de

enfrentamento silencioso ao regime. O caso de Costa Lima também mostra que algumas

inimizades nos anos de ditadura se tornavam extremamente perigosas, ninguém escapava ao

perigo de ser denunciado como subversivo e marxista. Se houve no SEC um amplo espaço

para se debater Marx, parece que por influência do próprio Paulo Freire, estavam todos

atentos aos perigos de qualquer modalidade de proselitismo:

“Outra afirmação a ser colocada é a de que ninguém politiza ninguém. O

conceito de politização tem uma conotação fortemente optativa. (...) à

medida porém em que um método ativo ajude o homem a se conscientizar

em torno de sua problemática, se instrumentalizará para suas opções. Aí

então ele mesmo se politizará.” (FREIRE in Revista Estudos Universitários,

1963, nº 4, v. 1, p.18)

As poucas simpatias nutridas pelo PC em relação ao SEC e as constantes críticas, publicadas

na Estudos Universitários e em jornais da época, ao dirigismo cultural de movimentos de

orientação marxista como MCP e o CPC da UNE, ilustram a autonomia de pensamento que

norteava aqueles6. Seria um grande erro epistemológico e histórico filiar o método Paulo

Freire e sua gestação ao pensamento marxista. A pesquisa da documentação tem mostrado

que se houve um resgate crítico do pensamento de Marx e Engels, este se deu na medida em

que permitia a abertura de um diálogo e de uma crítica a aos defensores da arte engajada e do

dirigismo cultural (as leituras de Trotsky, também fundamentaram estas críticas). Por outro

lado estavam descobrindo e conhecendo a crítica literária sociológica de Lucien Goldmann,

Walter Benjamin e Lukács.

O espírito crítico em relação à tradição intelectual local, representada por Freyre e seus

acólitos, bem como para com as supostas forças revolucionarias dos grupos de cultura

popular como o CPC e o MCP, é um vetor importante para entende a posição ocupada por

Freire e todos aqueles que faziam o SEC. A atuação no campo cultural e intelectual,

normalmente amalgamada pela historiografia, foi extremamente crítica em relação a postura

chauvinista das esquerdas e tradicionalistas da direita:

6 Ver os ensaios, estudos e resenhas publicados por Luiz Costa Lima na Revista Estudos Universitários, 1962-

63, nº 2,3,4 e 5, v. 1.

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“Para o MCP, assim como para o CPC da UNE, o intelectual era tido como

guia das massas. Embora essa concepção seja entre nós tão velha quanto o

positivismo do século XIX, sem dúvida sua base era a política cultural

stalinista. (...) Como eu tinha aprendido, por meus anos na Espanha

franquista, o que significava o dirigismo cultural e como pouco se distinguia

do fascismo, participei de uma linha de resistência ao dirigismo oba-oba

tanto do MCP, quanto do CPC da UNE . ” (op. Cit.: 44).

Afirmando no mesmo depoimento: “O que fazíamos era apenas uma tentativa contra a

retórica burocrática ou o tom lírico-conservador perpetuado por Gilberto Freyre.” Neste

ponto talvez concordassem com os colegas do MCP. Mas havia um segundo ponto de

convergência das duas formações. Este vetor se chamava método Paulo Freire.

Ao criar o SEC Paulo Freire deu unidade a três principais sociabilidades letradas que

percorriam o campo intelectual da cidade: um grupo que circulava em torno do Gráfico

Amador, outro ligado aos cineclubes da cidade e um terceiro de educadores ligados ao

catolicismo radical. Não podemos negar que havia alguns pequeninos fatores que os

aproximava anteriormente a criação do SEC como os traços de um nacionalismo democrático,

a paixão pela Bossa Nova, o interesse pela produção cultural como elemento dinamizador da

sociedade, além de serem quase todos eles membros do pequeno corpo progressista da

comunidade acadêmica da Universidade do Recife.

Os educadores que compunham o SEC já vinham colaborando com Freire desde o final dos

anos 1950, inclusive tendo participado da criação do MCP. Como esta sociedade civil possuía

um direcionamento muito mais voltado para atuação política militante do que para pesquisa

cultural e educacional a atuação dos educadores ficou ligeiramente comprometida. Outro

grande problema estava na estrutura interna do MCP que não favorecia a atuação dos futuros

membros do SEC, o sequitarismo herdado da militância político-partidária, criava um clima

de disputa interna onde o circulo católico de Freire era visto como adversário em potencial

aos interesses do PC. (cf.: BRAYNER in RESENDE, 1987: 207). Apenas após a criação do

SEC, e por orientações do comitê central do Partido, o MCP passaria a adotar o método Paulo

Freire, ainda que sem abdicar da cartilha, ponto de inflexão do método incorporado.

A criação dos círculos de cultura na década de 1960 oferece uma breve oportunidade de

conhecer o pensamento freireano. As publicações abordando a experiência apenas seriam

publicadas por Freire nos anos de exílio, e durante muito tempo, sem direito a edições

brasileiras.

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A idéia do círculo era educar e conscientizar quebrando a imobilidade das estruturas escolares

da época. Na tarefa de alfabetizar o coordenador de debates devia inverter a lógica

educacional onde o educador deposita o conhecimento no aluno. A aula discursiva, onde o

professor ensi(g)na, era substituída pelo debate e pelo diálogo. A expectativa era que do

antigo “aluno” emergisse o participante de grupo, plenamente ativo para discutir uma

programação compactada e “reduzida em unidades de aprendizado” (FREIRE, 2007:111).

Essas discussões eram baseadas num tema-problema ou temas dobradiças (LIMA, 1984)

visando introduzir os alunos em questões gerais da sociedade brasileira. Com a prática

passou-se a utilizar como tema-problema inicial dos círculos o conceito antropológico de

cultura. O conceito antropológico de cultura retomava o lugar criador do homem no e com o

mundo, situando o adulto em sua realidade local e seus problemas específicos. Era justamente

através destes primeiros debates que o educador deveria entrar em contato com as palavras-

geradoras para iniciar a alfabetização. As palavras-geradoras garantiam o contato com os

conhecimentos prévios do participante de grupo “vocábulos ligados à experiência existencial

do grupo (...) revelava anseios, frustrações, descrenças, como também certos momentos

estéticos do seu falar.” (CORTEZ, 2007: 20). Era a dimensão política da palavra em toda sua

variação dialetal que estava em questão. A cartilha já não era necessária. Através da prática

educativa, Freire operava uma crítica as concepções tradicionais da lingüística e do

estruturalismo mostrando que os elementos semânticos, sintáticos e fonéticos (o sistema

estruturado e estruturante sofria um deslocamento de seu centro de acordo com a experiência

vivida por cada comunidade participante) não faziam sentido fora da pragmática e da política

da vida dos participantes de grupo.

O golpe militar significou definitivamente um fim para as experiências do SEC, “o golpe foi a

morte súbita: você atropelado por um tanque que te colhe em cima da calçada.” (CORTEZ,

2008: 37). Ainda em 1° de abril, popularmente conhecido como dia da mentira no Brasil, os

militares tomaram as ruas do Recife ocupando espaços estratégicos e invadido as casernas da

revolução. A sede do SEC foi saqueada e parte da documentação encontrada confiscada e

destruída. Não pouparam nada, nem mesmo as obras de arte como os 12 quadros, pintados por

Francisco Brennand, ilustrando as situações existenciais fundamentais na apreensão do

conceito antropológico de cultura (COELHO, 2004: 222). Produzia-se esquecimento e

dispersão como relata um pesquisador americano presente no Nordeste nas vésperas do golpe:

Uma das primeiras iniciativas do Exercito foi invadir a sede do Serviço de

Extensão Cultural (SEC), dirigido por Paulo Freire, na Universidade do

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Recife, e confiscar todo material utilizado no programa de alfabetização.”

(PAGE, 1972 apud LIMA, 1984)

Ou como denuncia um dos integrantes do SEC:

“Documentos, filmes, retratos ou outros registros desse tempo são exíguos

porque logo após o golpe de 64, o prédio do SEC foi ocupado por forças

militares que sumiram com tudo que havia ali. Arquivos e fichários inteiros

desapareceram. (Minha irmã viu na televisão parte desse material enquanto

um locutor em off, ensandecido, dizia que aquilo era altamente subversivo).”

(CORTEZ, 2008:13).

A repressão aos grupos de esquerda, intelectuais, movimento estudantil, prisão de

sindicalistas e religiosos marcam o início de uma verdadeira perseguição e cerceamento das

práticas ditas subversivas pelo governo militar. A repressão na Universidade arrastou no

primeiro Ato institucional o Reitor João Alfredo e toda geração do SEC. O Inquérito Policial

Militar das atividades do Serviço resultou em prisões e processos, derrubadas no Supremo

Tribunal Militar apenas dois depois graças a um Habeas-corpus impetrado por Arthur de

Carvalho que também fora do SEC. O documento na medida em que aliviava a barra para

alguns, já não teria muita utilidade para aqueles dispersados pelo exílio (COELHO, 2004:

221-222). Para Cortez duas coisas o marcaram produfundamente em 1964: o esvaziamento do

Recife sitiado e a necessidade de fugir da cidade. Segundo Cortez as partidas aconteceram em

seqüência:

“Para Luiz Costa Lima surgira uma oportunidade na Editora Vozes, e ele

fora morar em Petrópolis (...) já Orlando da Costa Ferreira, figura que

desempenhou um papel decisivo para me convencer a também deixar o

Recife, conseguira sua transferência para o Banco do Brasil no Rio de

Janeiro. Sebastião com a cara e a coragem, arribara para a „Cidade

Maravilhosa‟. Gastão de Holanda e José Laurênio de Melo, idem. Jorge

Carneiro Cunha mudou-se para São Paulo. Jorge Wanderley, ultimava seus

preparativo para ir embora, faltava definir se Rio ou Sampa. João Alexandre

Barbosa aceitara o convite para ensinar literatura brasileira na Universidade

de Brasília, depois veio para São Paulo. (João foi meu amigo paulista de

todas as horas, até seus últimos dias). Eu, após exame Oral, passei no teste

de transferência e me matriculei no segundo ano do curso de Ciências

Sociais na USP, da rua Maria Antônia.” (op. Cit: 50)

Quando foi submetido ao seu primeiro Inquérito Policial Militar, Cortez tinha apenas 17 anos,

era o integrante mais novo do SEC. Exilados no sudeste do Brasil, tentariam reconstruir suas

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vidas em meio a novas prisões e a solidão do desterrado. A beleza das metrópoles cediam a

angustia do exílio, como narra com refinado humor Almeri Bezerra:

“Uma manhã de outono, o nosso exilado mineiro abre a janela do quarto,

sobre os telhados parisienses. Respira fundo a brisa suave e ligeiramente

nevoenta que redesenha a paisagem. Não se contém e exclama: „Paris!

Paris!‟ Mas, dá-se conta imediatamente do insidioso encantamento, e

conclui aos gritos: „Paris é uma merda‟.” (MELO, 2006:13).

A palavra escrita seria a principal arma e escudo dos letrados expatriados. Para aqueles

exilados pelo mundo afora, a continuidade das atividades culturais e educacionais voltadas

para o desenvolvimento social e humano funcionariam como a reescritura das experiências

que foram abortadas no Recife. Como a verdadeira odisséia de Almeri Bezerra divulgando o

método Freire e colaborando na reconstrução de uma África independente e mergulhada em

guerras (cf.: idem, 2006). Freire também daria continuidade às tarefas de educador na

América Latina e no mundo. Pesquisador incansável publicaria vários livros no exílio, tendo

como ponto de inflexão de sua obra a publicação do “Pedagogia do oprimido” em 1970. Nada

disso seria possível sem ajuda mútua que compartilhavam entre si. Se por um lado a dispersão

intelectual causada pelos regimes autoritários americanos, causaram uma perda significativa

no campo intelectual e cientifico destes países, por outro lado contribuiu com uma

convergência letrada nos arredores do mundo, legando-nos uma produção cultural única.

Estudos futuros sobre as sociabilidades letradas exiladas poderão revelar aspectos mais

nítidos da contribuição desses expatriados na construção dos países africanos, como a Argélia,

e em revoltas pelo mundo como maio de 1968 na França. O movimento desordenado desses

intelectuais pelo globo foi fundamental na construção de uma nova cultura política de

orientação libertária e internacionalista como o movimento negro, feminista, ambiental,

educacional, gay, dentre outros. O caso de Argel ilustra bem os aspectos desse

cosmopolitismo letrado:

“Naquela época Alger era a Meca de tudo quanto fosse refugiados políticos

e Movimento de Libertação. Desde Dr. Arraes até Carl Michael, líder dos

Black Panters, desde a Frelimo até o Movimento de Libertação da

Suíça.”(idem: 39).

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Silviano Santiago mostra como de certa forma podemos aprender com as experiências do

cosmopolitismo intelectual em nossa luta contra a dominação cultural e o etnocentrismo na

construção de uma cidadania global (SANTIAGO, 2004: 61).

Se for verdade que alguns arriscaram com jogos de palavras nas tortuosas veredas da

ditadura, para outros a palavra não bastaria como instrumento de luta e superação do regime.

Era preciso superar os traumas do regime e os moralismos da sociedade. À sobriedade das

palavras oporia a força dionisíaca da música e do cinema. O fim do trabalho nos limites da

institucionalidade7 reorientou a atuação de Jomard Muniz no campo cultural. A participação

em movimentos culturais de vanguarda como o tropicalismo e o cinema marginal destoariam

da antiga atuação como professor e escritor. Não podemos negar, no entanto, que sua

produção cultural ficaria decisivamente marcada pelas hastes da experiência freireana. JMB,

como é conhecido, talvez tenha a trajetória mais peculiar de todos aqueles que participaram da

experiência da esperança8. Desde seus diálogos com Glauber Rocha, antes da Terra em

Transe anos da geração Mapa, à sua atuação no SEC e no Ministério de Educação como

presidente da Comissão Regional de Cultura Popular, Jomard Muniz seguiu uma linha de

produção intelectual claramente influenciada pelas vivências do SEC. Eram anos de seus

primeiros livros como “Contradições do Homem Brasileiro” e “Do modernismo a Bossa

Nova”, publicados nos primeiros anos do regime militar. O corte epistemológico apenas viria

com a publicação dos manifestos Tropicalistas seguindo com a produção cinematográfica dos

anos 1970.

Ao que parece todos aqueles jovens intelectuais haviam aprendido com Freire a potência da

ação cultural para a liberdade. Se alguns resistiram pelo riso e não pelo desespero, outros

redescobriram a força da ciranda9, que de mãos dadas se dançava. A verdade é que se houve

um lastro que os uniu na luta contra ditadura, este lastro passava pela produção cultural. Fosse

a dança, o cinema, a educação ou os atentado poético de JMB, todos guardaram do Serviço de

Extensão as lições de Paulo Freire sobre a ação cultural. Era esta a sua marca, sua artimanha,

sua arte e manha, jogo de cintura que enfrenta o trauma causado pelo golpe: “Como escritores

7

8 Vide o artigo “A experiência da esperança: um “Golpe na Alma” da intelectualidade brasileira pós 1964”

publicado pelo autor e Francisco Aristides nos Anais do XXV Simpósio Nacional de História, Brasil.

9 Dança popular pernambucana.

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que somos, temos o dom de tornar as idéias verdadeiras em algo permanentemente vivo,

nenhum ato institucional, nenhum período de fechamento é capaz de nos arrebatar esse

trunfo.” (CORTEZ, 2008: 51)

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