Parasito Vetores

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Biomedicina Ludmila Alem Resumo Parasito – Vetores Biológicos Insetos de Importância Médica Classe: INSECTA Ordem Hemiptera : Triatomíneos (barbeiro) Patologia Associada: Doença de Chagas Parasita: Trypanossoma cruzi Ordem Hemiptera: Cimícideos (percevejos de cama) Ordem Diptera: Flebotomíneos Patologia Associada: Leishmanioses Parasita: Leishmania sp. Ordem Diptera: Culicídeos Patologia Associada: Malária, Dengue, Chinkugunya, Febre Amarela Parasita: Plasmodium sp., Vírus flavivírus (4 sorotipos), Vírus flavirírus Ordem Siphonaptera: Sifonápteros (pulga) Patologia Associada: Peste bubônica Parasita: Vetores Definição: seres vivos que veiculam o agente patogênico desde o reservatório até hospedeiro em potencial. Tipos: Biológico – O ser vivo é veículo que transporta a forma infectante do parasita entre o reservatório e o hospedeiro e também permite o desenvolvimento do ciclo parasitário. Mecânico – Apenas transporta o parasita em seu corpo (Aparelho locomotor, probóscide, gastro intestinal) sem qualquer modificação do mesmo. Ex: mosca, formiga, barata. Requisitos: Ser hematófago e permitir a evolução e multiplicação do agente etiológico (parasita) além de realizar Parasitologia/2015

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Ludmila AlemResumo Parasito – Vetores Biológicos

Insetos de Importância Médica Classe: INSECTAOrdem Hemiptera : Triatomíneos (barbeiro)

Patologia Associada: Doença de ChagasParasita: Trypanossoma cruzi

Ordem Hemiptera: Cimícideos (percevejos de cama)

Ordem Diptera: Flebotomíneos Patologia Associada: LeishmaniosesParasita: Leishmania sp.

Ordem Diptera: Culicídeos Patologia Associada: Malária, Dengue, Chinkugunya, Febre AmarelaParasita: Plasmodium sp., Vírus flavivírus (4 sorotipos), Vírus flavirírus

Ordem Siphonaptera: Sifonápteros (pulga)Patologia Associada: Peste bubônicaParasita:

Vetores Definição: seres vivos que veiculam o agente patogênico desde o reservatório até hospedeiro em potencial.Tipos: Biológico – O ser vivo é veículo que transporta a forma infectante do parasita entre o reservatório e o hospedeiro e também permite o desenvolvimento do ciclo parasitário.

Mecânico – Apenas transporta o parasita em seu corpo (Aparelho locomotor, probóscide, gastro intestinal) sem qualquer modificação do mesmo. Ex: mosca, formiga, barata.Requisitos: Ser hematófago e permitir a evolução e multiplicação do agente

etiológico (parasita) além de realizar eficiente comunicação entre reservatório x hospedeiro x parasita sendo assim bem adaptado ao ambiente comum dos envolvidos no processo da parasitose.

Competência Vetorial – Fatores envolvidos:Adaptações morfológicas dos insetos: Aparelho bucal picador com bombas

localizadas na cabeça que bombeiam o sangue para dentro do intestino do inseto.Adaptação comportamental: desenvolvimento do hematofagismo (fêmeas) –

O local da picada é também o sítio de entrada do parasita através do fluxo salivar (vetor transmite através da saliva o parasita), excreção das fezes (vetor defeca na proximidade do

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Adaptação fisiológica: secreção de substâncias pela glândula salivar – salivação (anestésicos, vasodilatadores, anticoagulantes). São substâncias que vão interromper o processo hemostático de defesa do hospedeiro (processo de agregação de plaquetas) em resposta àquela agressão ao bloquearem etapas desses processos.

Adaptação fisiológica: Compartimentação do sistema digestivo: criação de sítios bioquimicamente favoráveis a reprodução do parasita e sua evolução de formas.

Adaptação sensorial: antenas equipadas com sensilas (quimio, termo, mecanoreceptora e gustativa). Permitem a localização e percepção do hospedeiro.

Ordem HEMIPTERA

Distinção do hábito alimentar pela observação morfológica da prosbócide. a) Fitófagos: prosbócide longab) Predadores: prosbócide curta e curva. c) Hematófagos: prosbócide curta e retilínea ao eixo da cabeça.

Triatomíneos (barbeiro)a) Inseto hematófago;b) 142 espécies conhecidas;c) Ver ciclo reprodutivo e transmissão da doença de Chagasd) Desenvolvimento do vetor é ametábolo (Inseto que eclode do ovo possue forma

semelhante ao inseto adulto sem que ocorra o processo de metamorfose)e) Porção anterior do intestino (formas encontradas tripomastigota e epimastigota),

porção média do intestino (formas epimastigota e amastigota), porção inferior (formas epimastigota e tripomastigota)

f) Controle da disseminação da doença através do controle vetorial nas habitações humanas.

Cimicídeos (percevejo)a) Inseto hematófago;b) 40 espécies das quais 2 vivem em domicílio humano;c) Não apresenta risco epidemiológico;d) Desenvolvimento do vetor é hemimetábolo (Inseto apresenta processo de

metamorfose incompleto, do ovo eclode uma forma que ainda vai maturar, a ninfa)e) Picadas causam irritação, inflamção e infecção.

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Ordem DIPTERA Flebotomíneos (Mosquito Palha)

a) Inseto hematófago;b) Vetor do parasita Leishmania sp.; c) Patologia associada: Leishmaniose;d) Nem todo vetor vai transmitir toda espécie de parasita, existem combinações

naturais que regem essa associação;e) Desenvolvimento do vetor é holometábolo (Inseto passa por um processo de

metamorfose completa, ovo-larva-pupa-inseto adulto) f) Parasita muda de forma evolutiva ao passar pelas diferentes regiões dentro do vetor

(Ver ciclo do agente etiológico Leishmania sp)g) Parasita se aloja no intestino anterior do vetor – por afinidade ele se liga na

superfície do intestino (ligação parasita/vetor específica) h) Vetor com alta carga de parasitária na porção anterior do intestino -> dificuldade

para se alimentar de forma satisfatória e há a produção de uma substância gelatinosa PSG pela leishmania em sua forma promastigota que protege o parasita durante a alimentação do vetor e também colgalabora na infecção do hospedeiro visto que esse gel é eliminado junto com a forma infectante do parasita durante a picada do inseto vetor.

i) Parasita destrói a válvula cibarial do vetor – válvula que impede o refluxo do sangue ingerido.

j) Com a válvula cibarial corrompida e com a oclusão causada pelo gel PSG, o vetor é levado a regurgitar e nesse processo os parasitas entram fazem a infecção do hospedeiro.

Culicídeos (Anopheles, Aedes e Culex)

a) Insetos hematófagos;b) Duas asas e antenas longas;

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Ludmila Alemc) Desenvolvimento holometábolo (Metamorfose completa);d) Gêneros: Aedes e Culex // Anopheles;

1. Diferença no sifão respiratório no estágio larval (longo, curto, rudimentar ‘ausente’) – respectivamente.

2. Diferença na angulação morfológica da probócide e corpo3. Diferenças morfológicas entre machos e fêmeas culicídeos

3.1 Macho: Antenas plumosas, palpos longos e prosbócide mais curta.3.2Fêmea: Antenas pilosas, palpos curtos e prosbócide mais longa que os palpos.

o Mosquitos Anofelinos (Anopheles) – Mosquito Prego- Vetores do parasita (Plasmodium sp) que causa Malária;-Principal vetor brasileiro: Anopheles darlingi;-Mosquitos pequenos e de hábito noturno;

-Morfologia: palpos tão longos quanto probóscide e descansam com o abdômen em ângulo para cima (angulação morfológica probóscide e corpo é a mesma)

-Ver ciclo do parasita e quadro clínico da Malária;-Alta especificidade do parasita com as fêmeas dos anofelinos.

-Controle do vetor: controle químico de vetores adultos, borrifação intradomiciliar, controle larvário com biolarvicidas, drenagem de possíveis focos, interrupção do ciclo parasitário dentro do vetor através da microbiota.

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Ciclo do Plasmodium sp dentro do vetor Anopheles : Ao picar um hospedeiro infectado, o mosquito anófeles contrái o parasita. Esse faz reprodução sexuada, gametas fecundam dentro do intestino do vetor, com formação de zigoto. O parasita então se aloja na membrana basal do epitélio intestinal em sua forma ookinete, esse parasita inicia um processo de invasão dessa membrana. Ocorre a formação de cistos seguido de sucessivas mitoses. O Plasmodium sp agora em alta carga parasitária migra do intestino em direção a glândula salivar e ali inicia o processo de invasão do epitélio dessa glândula salivar em sua forma esporozoíto. Ao invadir a glândula, um pequeno número de esporozoítos entra no ducto secretor e serão liberados durante a picada do vetor.

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Anopheles: Descansam com o abdômen para cima, cabeça e corpo estão na mesma angulação.

o Mosquitos Aedes e Culex – MORFOLOGIA a) Larvas com sifão

respiratóriob) Fêmeas: palpos curtos menores que a probóscida e antenas pilosas - Machos:

palpos longos e antenas plumosasc) Descansa o corpo em paralelo a superfícied) Cabeça e corpo estão em ângulos diferentes

Gênero Aedes-Patologia associada: Dengue, Febre Amarela e Febre Chikungunya (agente etiológico: vírus)-Principal espécie vetor: Aedes aegypti

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Anopheles: Observar diferença morfológica entre macho e fêmea quanto antenas e probóscide.

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Ludmila Alem-Ovos: postos acima do limite da água e duram até um ano sem contato com esta-Após ser infectado o vetor transmite o vírus após 5 a 6 dias-Mecanismo do vírus dentro do vetor: Ao picar um hospedeiro infectado, o vetor adquire o vírus que passa através de seu tubo digestivo e posteriormente infecta sua glândula salivar. (Processo de incubação extrínseca) Dentro de 5 a 7 dias o vetor já é capaz de através da picada infectar outros hospedeiros. (Processo de incubação intrínseca – dentro de um novo hospedeiro)

-O vetor (mosquito fêmea) faz hematofagia porque precisa de sangue para maturar seus ovos e quando infectada, o vírus pode colonizar seus ovários assim o vírus pode ser transmitido de mãe para filho logo a prole já nasce infectada com o vírus da dengue.

-O mecanismo de ação do vírus dentro do vetor é o mesmo para a Febre Chikungunya e para a Febre Amarela.

-Controle do vetor: químico dos adultos através da borrifação intradomiciliar, controle larvário através do uso de biolarvicidas e interrupção do ciclo do parasita dentro do vetor através da manipulação da microbiota (ex: wolbachia)

Gênero Culex-Patologia Associada: Filariose linfática (agente etiológico: Wuchereria bancrofiti) -Vetor de hábito noturno e bem adaptado ao ambiente doméstico => são antropofílicos (maior preferência/tropismo pelo homem) -Mecanismo de ação do parasita dentro do vetor: Mosquito Culex adquire o parasita na forma microfilária ao picar um hospedeiro infectado. A microfilária se aloja no intestino ganhando acesso a hemolinfa e posteriormente migra para os músculos torácicos -> se desevolve e no terceiro estágio larval migra para a cabeça e probóscide. O vetor ao se alimentar novamente já é capaz de infectar um novo hospedeiro.

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Ordem

Siphonaptera Sifonápteros (Pulgas)a) Desenvolvimento holometábolo (metamorfose completa – ovo, larva, pupa e adulto)b) Aparelho bucal picador/sugadorc) Inseto hematófagod) Áptero (sem asas)e) Coxas do terceiro par de patas adaptadas para pularf) Quando apenas ectoparasitas: causam dermatitesg) Quando vetores -> Patologia associada: Tifo e Peste Bubônica (Parasita na peste:

bactéria Yersinia pestis)h) Há 3 tipos de peste (bubônica, septicêmica e pneumônica)i) Mecanismo de ação da bactéria dentro do vetor sifonáptero: Vetor (pulga) pica rato

(reservatório do parasita) e adquire a bactéria Yersinia pestis. Dentro da pulga a bactéria coloniza o intestino posterior, migra e no intestino anterior forma um biofilme protetor. A presença da bactéria acaba bloqueando a passagem de sangue para o estômago. O sangue ingerido pela pulga fica no esôfago e acaba se misturando com a população de bactérias. A cada nova picada, a pulga acaba regurgitando sangue misturado com bactéria no local da picada e assim infecta novos hospedeiros.

j) Controle: eliminar vetores através da dedetização, tratar tocas de roedores, evitar o contato com estes, catação manual em animais domésticos.

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