PARQUE ESTADUAL DO BACANGA: ASPECTOS RELEVANTES …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS PARQUE ESTADUAL DO BACANGA: ASPECTOS RELEVANTES PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA ÁREA NO CONTEXTO URBANO DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS MA. Nytia Nanda Silva Costa Dissertação de Mestrado SÃO LUÍS 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS

PARQUE ESTADUAL DO BACANGA:

ASPECTOS RELEVANTES PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA

ÁREA NO CONTEXTO URBANO DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS – MA.

Nytia Nanda Silva Costa

Dissertação de Mestrado

SÃO LUÍS

2010

10

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS

PARQUE ESTADUAL DO BACANGA:

ASPECTOS RELEVANTES PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA

ÁREA NO CONTEXTO URBANO DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS – MA.

Nytia Nanda Silva Costa

Orientador: Prof. Dr. Antônio Carlos Leal de Castro

Agência Financiadora: CAPES

SÃO LUÍS

2010

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Sustentabilidade de

Ecossistemas da Universidade Federal do

Maranhão como parte dos requisitos para

obtenção do Título de Mestre.

11

NYTIA NANDA SILVA COSTA

NYTIA NANDA SILVA COSTA

Costa, Nytia Nanda Silva.

Parque Estadual do Bacanga: aspectos relevantes para a

sustentabilidade ambiental da área no contexto urbano do município

de São Luís-MA / Nytia Nanda Silva Costa. São Luís, 2010.

90f.

Dissertação (Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistemas)

– Universidade Federal do Maranhão, 2010.

1. Sustentabilidade. 2. Parque Estadual do Bacanga. I.

Título.

CDU 504.064

12

PARQUE ESTADUAL DO BACANGA:

ASPECTOS RELEVANTES PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA

ÁREA NO CONTEXTO URBANO DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS – MA.

Aprovada em ___/___/______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Prof. Dr. Antônio Carlos Leal de Castro (Orientador)

Universidade Federal do Maranhão

_____________________________________________

Prof. Dr. Antônio José de Araújo Ferreira

Universidade Federal do Maranhão

_____________________________________________

Prof. Dr. Cláudio Urbano Bittencourt Pinheiro

Universidade Federal do Maranhão

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Sustentabilidade de

Ecossistemas da Universidade Federal do

Maranhão como parte dos requisitos para

obtenção do Título de Mestre.

13

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 9

2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................... 11

2.1 Unidades de Conservação............................................................................... 11

2.2 Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)............................. 15

2.3 Sustentabilidade urbana................................................................................. 17

3. OBJETIVOS.................................................................................................... 19

4. METODOLOGIA............................................................................................ 20

4.1 Área de estudo................................................................................................ 20

4.1.1 Localização geográfica............................................................................................ 20

4.1.2 Caracterização física................................................................................................ 20

4.1.3 Histórico do Parque Estadual do Bacanga.................................................. 21

4.2 Métodos........................................................................................................... 23

4.2.1 Levantamento bibliográfico....................................................................... 23

4.2.2 Pesquisa de campo...................................................................................... 23

4.2.3 Caracterização do uso e ocupação do solo da Bacia do Bacanga........... 24

4.2.4 Caracterização do uso e ocupação do solo no entorno do Parque Estadual do

Bacanga............................................................................................

24

4.2.5 Avaliação do manejo do Parque Estadual do Bacanga........................... 24

4.2.6 Análise dos dados........................................................................................ 25

4.2.6.1 Pressões e ameaças................................................................................... 26

4.2.6.2 Importância biológica, sócio-econômica e vulnerabilidade.................... 26

4.2.6.3 Efetividade de manejo............................................................................... 26

4.2.6.4 Pontuação para as questões 2-15............................................................. 26

4.2.6.5 Atribuição de conceitos para os critérios................................................. 27

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................

29

5.1 AVALIAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DO PARQUE................................ 29

5.1.1 Pressões e ameaças à integridade ambiental da UC................................ 29

5.1.2 Perda da cobertura vegetal no Parque e inter-relações com seu

entorno...................................................................................................................

31

5.1.3 Contexto....................................................................................................... 36

5.1.3.1 Importância biológica............................................................................... 36

5.1.3.2 Importância sócio-econômica................................................................... 37

5.1.3.3 Vulnerabilidade......................................................................................... 37

5.1.4 Evolução da ocupação humana.................................................................. 40

5.1.5 Qualidade de vida e implicações ambientais............................................ 44

5.1.6 Percepção ambiental................................................................................... 51

5.2 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO DO PARQUE....... 57

5.2.1 Desenho e planejamento da área................................................................ 57

5.2.2 Insumos e processos.................................................................................... 61

5.2.3 Resultados do manejo................................................................................. 66

5.3 RECATEGORIZAÇÃO DA UC.................................................................. 68

6. CONCLUSÃO.................................................................................................. 70

7. RECOMENDAÇÕES...................................................................................... 71

14

7.1 Uso de indicadores para monitoramento do Parque................................... 71

7.2 Programas de Educação Ambiental ...................................................................... 71

7.3 Manutenção de uma presença visível do órgão gestor na área.................. 72

7.4 Manutenção dos atuais limites............................................................................. 72

7.5 Impedir novas ocupações............................................................................... 72

7.6 Garantir a sustentabilidade financeira do Parque...................................... 72

REFERÊNCIAS.............................................................................................

73

APÊNDICES................................................................................................... 80

15

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Número das diferentes categorias de Unidades de Conservação estaduais e federais

no Brasil (adaptado de RYLANDS & BRANDON, 2005) .....................................................11

Tabela 2. Unidades de Conservação Públicas do

Maranhão..................................................................................................................................12

Tabela 3. Elementos utilizados para avaliação do manejo do Parque Estadual do Bacanga...23

Tabela 4. Conceitos atribuídos na avaliação do manejo e contexto da UC.............................25

Tabela 5. Síntese das pressões e ameaças sobre os recursos naturais do Parque Estadual do

Bacanga ...................................................................................................................................30

Tabela 6. Proporção do desmatamento em relação à área de floresta original do Parque

Estadual do Bacanga no período compreendido entre 1997 e 2008....................................... 30

Tabela 7. Distribuição absoluta e relativa das diferentes categorias de uso e ocupação do solo

no entorno (raio de 5km) do Parque Estadual do Bacanga em 1984, 2001 e 2007................ 30

Tabela 8. Pontuação obtida pelo Parque nos critérios referentes ao contexto........................36

Tabela 9. População do entorno do Parque Estadual do Bacanga (1991).............................. 37

Tabela 10. Estimativa da população da área de entorno do Parque Estadual do Bacanga

(2001)....................................................................................................................................... 38

Tabela 11. Estimativa da população residente do Parque Estadual do Bacanga (2001)......... 39

Tabela 12. Abastecimento de água nos bairros do entorno do Parque Estadual do Bacanga..42

Tabela 13. Esgotamento sanitário nos bairros do entorno do Parque Estadual do Bacanga....

...................................................................................................................................................45

Tabela 14. Destino do lixo nos bairros do entorno do Parque Estadual do Bacanga

...................................................................................................................................................47

Tabela 15. Pontuação obtida pelo Parque nos critérios referentes ao

planejamento.............................................................................................................................55

Tabela 16. Pontuação obtida pelo Parque nos critérios referentes aos insumos..................... 61

Tabela 17. Pontuação obtida pelo Parque nos critérios referentes aos processos ...................63

Tabela 18. Pontuação obtida pelo Parque nos critérios referentes aos resultados do

manejo.......................................................................................................................................65

16

RESUMO

Essenciais para a manutenção dos mecanismos de sustentação da vida, através do equilíbrio

ecológico que proporcionam, as Unidades de Conservação (UCs) são estabelecidas no âmbito

das políticas públicas de gestão ambiental e constituem o mais eficiente processo de proteção

da biodiversidade. O Parque Estadual do Bacanga, criado em 7 de março de 1980 pelo

Decreto nº 7.545, é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral considerada uma das

mais importantes zonas de recarga de aquíferos do município de São Luís. Esta UC vem

sofrendo, ao longo dos anos, substanciais alterações decorrentes da expansão e ocupação

urbanas desordenadas. Considerando-se que o efetivo manejo de áreas legalmente protegidas

é imprescindível para a preservação dos ecossistemas e que há necessidade de se avaliar a

situação do Parque Estadual do Bacanga, este trabalho visou diagnosticar a situação desta UC,

caracterizando a efetividade da proteção e gerando subsídios para orientar políticas públicas

voltadas para sua gestão. O objetivo geral deste trabalho foi avaliar o estado de conservação

do Parque Estadual do Bacanga no contexto urbano do município de São Luís, caracterizando

os usos conflitantes e impactos ambientais nos seus limites e entorno. A metodologia utilizada

consistiu em levantamentos bibliográficos, pesquisa de campo, identificação do uso e

ocupação do solo no entorno da UC com auxílio do Sistema de Informação Geográfica

SPRING ver. 4.3 e avaliação do manejo da UC por meio de questionário aplicado ao órgão

gestor. A principal pressão sobre o Parque consiste na ocupação desordenada da área,

contribuindo para isto a sua fácil acessibilidade. Um total de 33,77% da área do Parque

Estadual do Bacanga (2.634 ha) encontra-se sem cobertura vegetal. O nível de integridade

atual da UC em estudo (66,23%) é muito preocupante e a coloca em prova enquanto área

protegida viável. A avaliação do manejo da área indicou que o nível de implementação da UC

é inadequado. A despeito da ausência de sistemas rigorosos de monitoramento ecológico, da

tendência de redução do tamanho do Parque por parte do Poder Público e das atividades

conflitantes praticadas no mesmo e no seu entorno, é bastante provável que populações

viáveis de muitas espécies não consigam persistir se as ameaças não forem neutralizadas por

meio de um efetivo manejo da área. Há, portanto, a necessidade de se implementar o Parque,

provendo-o com o mínimo necessário para que possa cumprir eficientemente as funções para

as quais foi criado. Entendendo-se que o maior problema do Parque é a ausência de manejo,

descarta-se a necessidade de recategorização da UC.

Palavras-chave: Manejo. Sustentabilidade. Parque Estadual do Bacanga.

17

ABSTRACT

Essential for the retention of the life support, through the ecological balance that provides, the

Protected Areas are established in scope of the public policies of environmental management

and are the most efficient process of protecting biodiversity. The Bacanga State Park, created

in March 7, 1980 by Decree nº. 7545, is a Units of Conservation to Integral Protection is

considered one of the most important areas of aquifer recharge in the city of São Luís. This

UC has been suffering, over the years, substantial changes resulting from urban expansion and

disorderly occupation. Considering that the effective management of legally protected areas is

essential for the conservation of ecosystems and there is a need to assess the situation of the

Bacanga State Park, this work aims to analyze the state of this UC, characterizing the

effectiveness of protection and providing grants to guide public policies for its management.

The general purpose of this study was to assess the conservation status of the Bacanga State

Park in the context of the city of São Luís, featuring the conflicting uses and environmental

impacts within its boundaries and environment. The methodology consisted of literature

surveys, field research, identification of the use and occupation of land surrounding the

conservation area, with the aid of Geographic Information System SPRING see. 4.3 and

evaluating the management of the UC through a questionnaire applied to the managing

agency. The main pressure on the Park is the disorderly occupation of the area, contributing to

this an easy accessibility to area. A total of 33.77% of the area of the Bacanga State Park

(2,634 ha) is without vegetation. The current level of integrity of the UC in study (66.23%) is

very worrying and put it in evidence as protected area viable. The evaluation of the

management of the area indicated that the level of implementation of the UC is inadequate.

Despite the absence of rigorous systems of ecological monitoring, the tendency to reduce the

size of the Park by the Government and of the conflicting activities practiced in it and its

surroundings, it is quite likely that viable populations of many species can not persist if the

threats are not neutralized by an effective management of the area. There is, therefore, a need

to implement the Park, providing it with the minimum necessary to allow it to perform

efficiently the functions for which it was created. Understanding that the Park's biggest

problem is the absence of management, dismisses the need for recategorization of the UC.

Key words: Management. Sustainability. Bacanga State Park.

18

1. INTRODUÇÃO

A proteção das espécies de fauna e flora nativas de um país ou região só poderá ser

feita, de forma efetiva, com a preservação de parcelas significativas de seus ambientes

naturais. Em razão disso, no Brasil, a exemplo de muitos outros países, são criadas diversas

Unidades de Conservação (UCs). Essas áreas protegidas possuem regras próprias de uso e de

manejo, com a finalidade própria de preservação e proteção de espécies vegetais e animais, de

tradições culturais, de belezas paisagísticas, ou de fontes científicas, dependendo da categoria

em que se enquadram (SCHENINI et al., 2004).

Todavia, a despeito do reconhecimento de sua importância e valor, as UCs sofrem

uma variedade de problemas. Dentre os principais, encontram-se as ameaças provenientes de

atividades desenvolvidas no seu entorno, sobretudo, a pressão do crescimento urbano, dos

complexos industriais e da agropecuária extensiva e intensiva. Aos poucos, essas atividades

cercam e castigam as Unidades de Conservação e levam-nas ao isolamento ecológico. Em

conseqüência, surgem problemas de perda de biodiversidade associados à fragmentação de

habitats, aos efeitos de borda, à disponibilidade de recursos, à capacidade suporte da área, às

flutuações das populações silvestres, ao definhamento das comunidades naturais, entre outros

(HOROWITZ & BURSZTYN, 2004). Outro fator preocupante diz respeito à falta de

efetividade do manejo e de proteção ambiental das Unidades de Conservação no país (LIMA

et al., 2005).

Sabe-se que várias UCs foram criadas sem critérios técnico-científicos, sendo

muito pequenas e pouco representativas em relação às diferentes regiões biogeográficas

(DOUROJEANNI & PÁDUA, 2001), colocando-as em “prova” quanto à sua efetividade.

Segundo Terborgh et al. (2002), uma grande fração das Unidades de Conservação no mundo

representa os chamados “parques de papel”. Esse termo se refere às Unidades de Conservação

que não foram realmente implantadas e têm apenas uma existência virtual, como linhas

desenhadas em mapas oficiais (LIMA et al., 2005).

Bruner et al. (2001) apud Neto & Silva (2002) avaliaram a integridade e o grau de

implementação de 93 UCs em 22 países tropicais ao redor do mundo. Eles avaliaram a

integridade das UCs comparando a situação dos ecossistemas naturais dentro das UCs com os

seus respectivos entornos (áreas dentro de um raio de 10 km). Eles concluíram que mesmo

apesar de muitas UCs não estarem minimamente implementadas, ou seja, serem “parques de

papel”, a simples decretação de uma área como UC já auxilia na contenção do desmatamento

e alteração dos ecossistemas naturais dentro de uma região.

19

Visando eliminar os riscos da criação desses “parques de papel” foi aprovado, pelo

Congresso Nacional, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000)

depois de mais de dez anos de discussões (LIMA et al., 2005). O que regulamentava a gestão

de áreas protegidas no território brasileiro antes do SNUC era um conjunto de leis, decretos e

resoluções que associadas confusamente a outras tantas legislações estaduais e municipais,

deliberavam sobre vários assuntos concernentes à conservação de áreas protegidas. Coube ao

SNUC fornecer toda a integração e articulação necessária ao funcionamento de uma estratégia

nacional para a criação de áreas protegidas.

As Unidades de Conservação quanto à sua utilização podem ser divididas em dois

grupos, Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável de acordo com o SNUC

(BRASIL, 2000).

Em São Luís, existem cinco Unidades de Conservação, todas sob administração

estadual: Estação Ecológica do Rangedor, Parque Estadual do Bacanga, Parque Ecológico da

Lagoa da Jansen, Área de Proteção Ambiental do Maracanã e Área de Proteção Ambiental do

Itapiracó.

O Parque Estadual do Bacanga foi criado em 7 de março de 1980 pelo Decreto nº

7.545 e abrangia uma área de 3.075 ha, passados quatro anos sua área foi reduzida para o

valor atual de 2.634,06 ha (CAVALCANTE, 2005).

Em 1992 foi elaborado o Plano de Manejo do Parque Estadual do Bacanga,

documento técnico que estabelece as normas de uso e manejo dos recursos naturais da região,

fornecendo desta maneira subsídios para a gestão da unidade. Devido às constantes agressões

aos recursos ambientais daquela área, muitas das recomendações contidas neste plano de

manejo tiveram de ser reformuladas. Foi elaborado, então, o documento de atualização do

Plano de Manejo do Parque Estadual do Bacanga, visando o efetivo cumprimento dos

objetivos do Plano de Manejo de 92 (ELETRONORTE, 2002).

Esta UC, considerada uma das mais importantes zonas de recarga de aqüíferos do

município de São Luís, vem sofrendo, ao longo dos anos, substanciais alterações decorrentes

da expansão e ocupação urbanas desordenadas (CAVALCANTE, 2005).

Tendo-se em vista que o efetivo manejo de áreas legalmente protegidas é

imprescindível para a preservação dos ecossistemas e que há necessidade de se avaliar a

situação do Parque Estadual do Bacanga, este trabalho visou diagnosticar a situação desta UC,

de forma a caracterizar a efetividade da proteção e gerar subsídios para orientar políticas

públicas voltadas para sua gestão.

20

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Unidades de Conservação

De acordo com o IBAMA, "as áreas protegidas existem desde o ano 250 a.C.,

quando na Índia já se protegiam certos animais, peixes e áreas florestadas". Porém, foi

somente no século XIX, que surgiram as primeiras pretensões na criação de áreas legalmente

protegidas para resguardar os ecossistemas e as paisagens naturais. O marco histórico deste

tipo de iniciativa é o Parque Nacional de Yellowstone, criado em 1872, nos Estados Unidos

(SCHENINI et al., 2004).

No Brasil, foi somente no ano de 1937 que foi criado o primeiro Parque Nacional,

o Parque Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro. Este Parque foi criado com base no Código

Florestal de 1934 (SCHENINI et al., 2004).

A iniciativa de criação de Parques Nacionais se espalhou por vários países,

diversificando-se com o passar do tempo, passando desse modo a receber a denominação

genérica de unidades de conservação. No entanto, segundo Pádua "as primeiras unidades de

conservação foram criadas sem nenhum tipo de critério técnico e científico, ou seja, foram

estabelecidas meramente em razão de suas belezas cênicas, como foi o caso do Parque 1

Nacional de Itaguaçu, ou por algum fenômeno geológico espetacular, como o Parque

Nacional de Ubajara, ou ainda, por puro oportunismo político como o Parque Nacional da

Amazônia". Resultando desse modo, a uma inevitável ineficiência no processo de criação e

gestão das unidades, seja quanto à consecução de suas finalidades, confusão de regimes, como

ainda a uma sobreposição de unidades (RYLANDS & BRANDON, 2005).

Entendem-se como Unidades de Conservação (UCs), todas as áreas protegidas

que possuem regras próprias de uso e de manejo, com a finalidade própria de preservação e

proteção de espécies vegetais ou animais, tradições culturais, belezas paisagísticas, ou de

fontes científicas, dependendo da categoria em que se enquadra.

Segundo o IBAMA, as UCs são definidas como "porções do território nacional,

incluindo as águas territoriais, com características naturais de relevante valor, de domínio

público ou propriedade privada, legalmente instituídas pelo poder público, com objetivos e

limites definidos, e sob regimes especiais de administração, às quais se aplicam garantias

adequadas de proteção" (SCHENINI et al., 2004).

As UCs são organizadas em categorias, definidas como categorias de manejo,

cada qual atendendo prioritariamente a determinados objetivos, que poderão ter maior ou

menor significado para a preservação dos ecossistemas naturais (SCHENINI et al., 2004).

21

Até 1981 existiam no país apenas três categorias de manejo legalmente instituídas

e com unidades implantadas no território nacional, caracterizadas como Parque Nacional,

Reserva Biológica e Floresta Nacional. A partir dessa data, também foram instituídas

legalmente e passaram a ser criadas as categorias: Estação Ecológica, Área de Proteção

Ambiental e Área de Relevante Interesse Ecológico. As categorias Reserva Biológica e

Estação Ecológica possuem profunda semelhança em termos de objetivos de manejo

(RYLANDS & BRANDON, 2005).

Além das categorias de Unidade de Conservação já citadas, existem as vinculadas

a instituições de pesquisa e/ou ensino, como a empresas estatais ou privadas, podendo ser

citadas as áreas de preservação mantidas por empresas estatais da área de eletricidade, como

Tucuruí (Eletronorte/Pará), as áreas de preservação de instituições de pesquisa, como a

Reserva Ecológica do IBGE no Distrito Federal e, as áreas de preservação para pesquisa, de

propriedades de Universidades, como a Reserva da Boracéia (USP) (SCHENINI et al., 2004).

Todos estes tipos de áreas precisam de definição conceitual adequada e de

garantias legais para sua existência e administração, de maneira que possam integrar o sistema

de Unidades de Conservação do país.

Até fevereiro de 2005, o Brasil nos âmbitos federal e estadual contava com 478

Unidades de Proteção Integral, totalizando 37.019.697 ha e 436 Unidades de Uso Sustentável

em 74.592.691 ha (Tabela 1).

22

Tabela 1. Número das diferentes categorias de Unidades de Conservação estaduais e federais

no Brasil (adaptado de RYLANDS & BRANDON, 2005).

Unidades de Conservação Nº Unidades de Conservação Nº

Federais Estaduais

Proteção Integral Proteção Integral

Parque Nacional 54 Parque Nacional 180

Reserva Biológica 26 Reserva Biológica 46

Estação Ecológica 30 Estação Ecológica 136

Refúgio de Vida Silvestre 1 Refúgio de Vida Silvestre 3

Monumento Natural 0 Monumento Natural 2

Subtotal 111 367

Uso Sustentável Uso Sustentável

Floresta Nacional 58 Floresta Nacional 58

RDSa

0 RDS a

9

Reserva Extrativista 36 Reserva Extrativista 28

APAb

29 APA b

181

ARIEc

18 ARIEc 19

Subtotal 141 295

Total 252 662

a Reserva de Desenvolvimento Sustentável

b Área de Proteção Ambiental

c Área de Relevante Interesse Ecológico

Ainda que o Brasil tenha criado um grande número de áreas protegidas, a

conservação da biodiversidade encontra-se ameaçada devido a inúmeros fatores

(DOUROJEANNI, 1997). Muitas UCs foram criadas sem critérios técnico-científicos, sendo

muito pequenas e pouco representativas em relação às diferentes regiões biogeográficas

(DOUROJEANNI & PÁDUA, 2001), colocando-as em prova quanto a sua efetividade. Além

disso, a maioria delas não atingiu os objetivos que motivaram a sua criação, outras se

encontram ameaçadas pelo avanço da urbanização e pela ocupação humana de seus entornos e

existem, ainda, aquelas que carecem de regulamentação e recursos para manutenção e

gerenciamento (FERREIRA et al., 2004). O Maranhão não foge a essa realidade, de acordo

com Ribeiro (2003), a grande maioria das Unidades de Conservação do Estado apenas foram

criadas no papel.

O Estado do Maranhão possui em seu território 34 Unidades de Conservação,

incluindo as federais, as estaduais e as privadas. Não há dados disponíveis sobre as

municipais. Na esfera federal, sob a administração do IBAMA, existem dez UCs, quatro de

23

Proteção Integral e seis de Uso Sustentável. Na estadual são treze, cinco de Proteção Integral,

sete de Uso Sustentável e uma UC de Manejo Provisório (Tabela 2). As onze Reservas

Particulares do Patrimônio Natural existentes no estado foram criadas na década de 1990 e

não há um trabalho de acompanhamento das mesmas (IBAMA, com. pess.).

Tabela 2. Unidades de Conservação Públicas do Maranhão.

UC Criação Área (ha) Gestão

Proteção Integral

Estação Ecológica do Rangedor 2005 - SEMA

Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses 1988 1555.000 IBAMA

Reserva Biológica do Gurupi 1988 341.650 IBAMA

Parque Estadual do Mirador 1980 500.000 SEMA

Parque Estadual do Bacanga 1980 3.075 SEMA

PEMa do Parcel de Manuel Luís 1991 45.237,9 SEMA

Parque Ecológico da Lagoa da Jansen 1988 150 IBAMA

Parque Nacional da Chapada das Mesas 2005 160.000 IBAMA

Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba 2002 - IBAMA

Manejo Provisório

RRNb das Nascentes do Rio Balsas 1996 58.649 SEMA

Uso Sustentável

APAc

Maracanã 1991 1.831 SEMA

APA Preguiças/Pequenos Lençóis/ 1991 269.684,3 SEMA

Região Lagunar Adjacente

APA Baixada Maranhense 1991 1.755.035,9 SEMA

APA Reentrâncias Maranhenses 1991 2.680.911,2 SEMA

APA Upaon-Açu/Miritiba/Alto Preguiça 1992 1.535,31 SEMA

APA Itapiracó 1997 322 SEMA

APA Tabatinga 1990 61.000 IBAMA

APA do Delta do Rio Parnaíba 1996 313.800 IBAMA

RESEXe do Quilombo do Frexal 1992 - IBAMA

RESEX do Cururupu 2004 185.046,592 IBAMA

RESEX do Ciriaco 1992 7.05 IBAMA

RESEX Mata Grande 1992 10.450 IBAMA

REMd do Delta do Rio Parnaíba 1996 - SEMA

a Parque Estadual Marinho

b Reserva dos Recursos Naturais

c Área de Proteção Ambiental

d Reserva Extrativista Marinha

e Reserva Extrativista

24

2.2 Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC

Após mais de 8 anos de estudos e propostas e conseqüente tramitação no

Congresso Nacional, temos hoje a Lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000 que instituiu o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SCHENINI et al., 2004). A Lei vem a

auxiliar o ordenamento das inúmeras leis dispostas sobre as diversas categorias de manejo,

como também vem a definir critérios e normas para o estabelecimento e gestão das áreas

protegidas, sejam estas federais, estaduais ou municipais.

De acordo com o artigo 4º disposto nesta mesma Lei, o SNUC tem os seguintes

objetivos (BRASIL, 2000):

I. contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território

nacional e nas águas jurisdicionais;

II. proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III. contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;

IV. promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

V. promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de

denvolvimento;

VI. proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

VII. proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica,

espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII. proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

IX. recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X. proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e

monitoramento ambiental;

XI. valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

XII. favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em

contato com a natureza e o turismo ecológico;

XIII. proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais,

respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura, promovendo-as social e

economicamente.

As unidades integrantes do SNUC são divididas em dois grupos: Unidades de

Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. As Unidades de Proteção Integral tem como

objetivo básico a preservação da natureza, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos

naturais. Já as de Uso Sustentável, caracterizam-se pelo uso direto de uma parcela dos seus

25

recursos naturais, visando compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável

(BRASIL, 2000).

De acordo com o art. 8º da Lei 9.985, o grupo das Unidades de Proteção Integral é

composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação: Estação Ecológica (ESEC),

Reserva Biológica (REBIO), Parque Nacional (PARNA), Monumento Natural e Refúgio de

Vida Silvestre, enquanto as unidades como Área de Proteção Ambiental (APA), Área de

Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Floresta Nacional (FLONA), Reserva Extrativista

(RESEX), Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular

do Patrimônio Natural (RPPN), constituem o grupo das Unidades de Uso Sustentável,

conforme exposto no artigo 14 da referida Lei (BRASIL, 2000).

As categorias possuem características específicas, sendo que existem assimilações

quanto a alguns critérios. Nas Estações Ecológicas e nas Reservas Biológicas, por exemplo, é

proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo com

regulamento específico. Estas duas unidades, juntamente com o Parque Nacional, Floresta

Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna e Reserva de Desenvolvimento Sustentável

são de posse e domínio público. Já o Monumento Natural e o Refúgio de Vida Silvestre,

podem ser constituídos por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os

objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos

proprietários e, as Áreas de Proteção Ambiental e de Relevante Interesse Ecológico podem ser

criadas em terras públicas ou privadas. A única unidade de conservação que deve

obrigatoriamente ser caracterizada como área privada é, como o próprio nome define, a

Reserva Particular do Patrimônio Natural (BRASIL, 2000).

As categorias que compõem as Unidades de Conservação podem ser classificadas

como típicas, ou seja, as que integram o SNUC e, como atípicas, as quais mesmo abrigadas

pelo ordenamento brasileiro, não fazem parte do sistema da Lei 9.985/00. Dentre as atípicas,

cabe citar a Área de Preservação Permanente (APP), a Reserva Legal, Áreas de Servidão

Florestal, as Reservas Indígenas, entre outras (SCHENINI et al., 2004).

Tais Unidades de Conservação, não obstante em conformidade com o art. 225, §

1º, III, da Constituição Federal, foram excluídas do "Sistema", caracterizadas desse modo

como extra-sistema, devido a razões estritamente pragmáticas, ou seja, enorme dispersão

territorial e diversidade, dificultando a gestão no âmbito do SNUC (SCHENINI et al., 2004).

Quanto ao grau de preservação das UCs, esta varia de acordo com o tipo de

proteção legal específico a cada área e a classificação jurídica que tenha sido estabelecida a

26

cada uma. A proteção pode variar desde a intocabilidade, até o uso diário e relativamente

intenso.

2.3 Sustentabilidade urbana

A preocupação com os problemas ambientais foi desencadeada principalmente

devido à deterioração da qualidade ambiental nas cidades e sua interferência na qualidade de

vida da população urbana. As cidades são também o maior desafio para a formação de uma

sociedade sustentável e à implementação de um desenvolvimento sustentável, já que os

centros urbanos concentram não só adensamentos populacionais, como também grandes

problemas ambientais que convivem e se inter-relacionam com os problemas sociais.

A discussão sobre desenvolvimento sustentável e sustentabilidade urbana

representa um novo paradigma no planejamento urbano. A base desse paradigma é

exemplificada pela afirmação de Garcias (2001): “o planejamento ambiental urbano, além da

estruturação da cidade para suas atividades normais, de atendimento às questões relativas a

habitação, trabalho, transporte, lazer, deve considerar a capacidade de sustentação

ambiental do ambiente natural sobre o qual a cidade se desenvolve” . Assim, a cidade é vista

como uma organização espacial que a caracteriza como um sistema ambiental complexo, o

qual, assim como outros sistemas ambientais, resulta da interação entre os subsistemas

socioeconômico e físico-natural.

Logicamente que na cidade essa relação entre os subsistemas é distinta daquela

que ocorre em ambientes rurais ou naturais, haja vista que a organização da cidade ocorre em

função principalmente daquilo que é imposto pelo subsistema sócio-econômico. No entanto,

essa imposição não pode (ou, pelo menos, não deveria) ignorar os limites e potencialidades

dados pelo subsistema físico-natural (MATTOS & PEREZ-FILHO, 2005).

Essa tentativa de integração entre os subsistemas é que deve guiar o planejamento

urbano visando à sustentabilidade. Segundo a Comissão de Políticas de Desenvolvimento

Sustentável e da Agenda 21 Nacional, a gestão das cidades brasileiras deve buscar políticas

que enfrentem o quadro de exclusão social e de deterioração ambiental (NOVAES et al.,

2000).

A Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável ainda destaca a

importância de se utilizar metodologias baseadas em indicadores para auxiliar os processos de

tomadas de decisão. Segundo a Comissão: “Enquanto aumenta a legitimidade do paradigma

da sustentabilidade e sua pertinência para lidar com a especificidade do urbano, cresce a

27

necessidade de selecionar critérios, estratégias e indicadores para ancorar a formulação,

monitorar a implementação e avaliar os resultados das políticas urbanas em bases

sustentáveis.” (NOVAES et al., 2000).

No entanto, ao analisar as propostas para a sustentabilidade urbana, percebe-se o

quão distante se está da construção de cidades sustentáveis, o que leva à reflexão sobre a

própria possibilidade de se atingir tal estágio. Segundo Marcondes (1999), essa dificuldade se

torna ainda mais marcante nas cidades globais (denominação da autora para as cidades mais

diretamente ligadas ao processo de globalização), nas quais impera uma urbanização

periférica e excludente, ditada por interesses privados e no qual o poder público tem

possibilidades restritas de intervenção na gestão do espaço. De fato, a superação deste quadro

representa o maior desafio para um desenvolvimento urbano sustentável.

Além da reflexão sobre a possibilidade de se conseguir a sustentabilidade urbana,

discute-se também a própria pertinência desse discurso como modelo de planejamento. Uma

das principais críticas ao paradigma da sustentabilidade no planejamento urbano é a de que o

enfoque estritamente ecológico que é dado por algumas correntes teóricas desse paradigma

causa um esvaziamento na discussão da questão social nas cidades ao não levar muito em

consideração a preocupação com a satisfação das necessidades humanas (VITTE, 2002). Mas,

ainda segundo essa autora, a idéia de sustentabilidade tem aspectos positivos quando incentiva

a cidadania e se torna referência para políticas públicas inter setoriais.

Nesse sentido, a sustentabilidade do Parque Estadual do Bacanga está vinculada

às questões sócio-ambientais da cidade de São Luís como um todo. O uso e ocupação

inapropriados do solo decorrentes do processo de urbanização sem planejamento contribuem

predominantemente para a descaracterização e aumento da vulnerabilidade dos ecossistemas

da UC, com reflexos na qualidade de vida da população, especialmente no que diz respeito ao

suprimento de água.

28

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar o estado de conservação do Parque Estadual do Bacanga no contexto urbano

do município de São Luís, caracterizando os usos conflitantes e impactos ambientais nos seus

limites e entorno.

3.2 Objetivos específicos

Analisar as ameaças e pressões à área, identificando o nível geral de integridade e de

degradação da UC;

Avaliar o grau de implementação do Parque Estadual do Bacanga;

Avaliar a realidade do Parque, usando como parâmetro o marco regulatório das

Unidades de Conservação.

Avaliar a percepção ambiental da população residente e do entorno da UC;

Contribuir com a formação de um banco de dados científicos sobre UCs que possa ser

utilizado pelos formuladores de políticas públicas voltadas para o Parque e pelos seus

gestores.

29

4. METODOLOGIA

4.1 Área de estudo

4.1.1 Localização Geográfica

O Parque Estadual do Bacanga ocupa parte da área ao sul do núcleo central da

sede do Município de São Luís (Figura 1), sendo delimitado pelas coordenadas geográficas 2º

32’30’’- 2º 37’30’’ S e 44º 13’35’’- 44º 18’45’’ W (RIBEIRO, 2003).

Figura 1. Mapa da localização do Parque Estadual do Bacanga, São Luís, MA.

4.1.2 Caracterização Física

Geologicamente, a bacia do rio Bacanga ocupa o topo de pequena extensão da

bacia sedimentar de São Luís, na região noroeste da ilha (CERQUEIRA, 1985). No conjunto,

a geologia da área do Parque apresenta-se em um estado de equilíbrio muito vulnerável

devido a constituir-se de rochas estratificadas e de baixa compactação (TEIXEIRA, 2009).

Na área ocupada pelo Parque Estadual do Bacanga, os processos morfogenéticos

ocorreram de modo semelhante aos de grandes extensões da ilha, pelo menos naquelas que

ainda possuem alguma cobertura vegetal. Nessas condições, os processos naturais

predominaram até que a ocupação da ilha pelos europeus desencadeasse transformações mais

rápidas. Sob ponto de vista geográfico, as bacias dos rios Anil e Bacanga podem ser

consideradas como totalmente centrais. Esta centralidade permitiu que estes rios sofressem,

30

desde o período de colonização e até a atualidade grandes transformações ambientais

(TEIXEIRA, 2009).

Conforme Ribeiro (2003), Fonseca (2003) e Teixeira (2005), a Bacia do Rio

Bacanga é constituída de várias sub-bacias, dentre as quais se destacam:

Sub-bacia do Rio das Bicas: localizada na porção norte do Parque, é a mais

exposta à degradação ambiental e consequentemente a mais poluída.

Sub-bacia do Igarapé Coelho: situada ao nordeste, sendo formada pela

drenagem que sulca parte do Parque Timbira e do bairro do Coroado, além do Sítio do Físico.

Encontra-se em um estágio avançado de degradação ambiental, gerada pelas ocupações

adjacentes e esgotos domésticos.

Sub-bacia da Represa do Batatã: localizada a leste do Parque e apresentando

drenagem da Vila Itamar, Recanto Verde e parte da Vila Esperança. Sob o ponto de vista da

cobertura vegetal é a melhor em estado de conservação.

Sub-bacia do Alto Bacanga: situada ao sul do Parque, registrando elevado

impacto ambiental, pois possui uma concentração populacional bastante significativa.

O Parque Estadual do Bacanga quanto à pedologia caracteriza-se por apresentar

um solo pobre, essencialmente laterítico, originário da meterorização do material sedimentar

existente na área e encontra-se altamente comprometido palas queimadas, desmatamentos e

erosões. Atualmente, grande parte da área do Parque apresenta-se com solos nus e muito

lixiviados (TEIXEIRA, 2009).

O Parque, por estar situado na Província Amazônica nos limites com a Província

Atlântica apresenta como vegetação predominante a Mata Pluvial Tropical Hileiana,

denominada localmente de Pré-Amazônica (TEIXEIRA, 2009).

4.1.3 Histórico do Parque Estadual do Bacanga

Em 26 de agosto de 1944, pelo Decreto n.º 6.833, o presidente da República

Getúlio Vargas declarou como Floresta Protetora, de acordo com o artigo 11 do Decreto n.º

23.793 de 23 de janeiro de 1934, toda a área de matas que interessavam como mananciais

abastecedores da cidade de São Luís (MARANHÃO, 1992).

O Decreto criador da Reserva também determinou que a área nela delimitada

ficaria sujeita ao regime especial do Código Florestal então vigente (MARANHÃO, 1992).

Através do Decreto Estadual nº 7.545, criou-se o Parque Estadual do Bacanga

(PEB) em 07 de março de 1980, com uma área de 3.075 hectares, tendo como objetivos a

31

preservação dos ecossistemas nativos, bem como a fauna e a flora primitivas da área e a

conservação de ambientes naturais favoráveis ao desenvolvimento de atividades humanas de

caráter científico, educativo e recreativo e a atividade turística na cidade. Nesse mesmo

decreto, ficaram como responsáveis pela administração do Parque, a hoje Secretaria Estadual

de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA) e a Companhia de Águas e Esgotos do

Maranhão (CAEMA) cujas responsabilidades são respectivamente: a conservação dos

recursos naturais, acréscimo ou exclusão de áreas vizinhas ao Parque, e a captação de água da

região para o abastecimento da cidade (MARANHÃO, 1992).

Em 1984, o Decreto nº 9.550 de 10 de abril, do então governador Luiz Rocha, deu

nova delimitação à área do Parque, tendo em vista a existência de diversas áreas que já

estavam de forma definitiva ou irreversível, ocupadas ou utilizadas (MARANHÃO, 1992).

No ano de 1992, entretanto, por meio do Decreto Estadual nº 12.448 foi excluída

uma área de 18 mil metros quadrados da UC destinada a compor o chamado Projeto Minha

Gente do Governo Federal (MARANHÃO, 1992). É importante ressaltar que a parte norte do

Parque está localizada em uma área considerada urbana pelo Plano Diretor de 1992 do

município de São Luís, sendo caracterizada nesta como Reserva Floresta do Sacavém

(JÚNIOR et al., 2007).

Novamente em 2001, por meio da Lei nº 7.712 de 14 de dezembro, foram

excluídas da área do Parque levas de terra já ocupadas e consolidadas. Assim, ficaram

excluídas dos limites do Parque: o Parque Pindorama; o Parque Timbira; o Parque dos

Nobres; o Bom Jesus; o Primavera; a Vila dos Frades e o bairro do Coroadinho; ficando

também excluídas daquela Unidade de Conservação algumas edificações e as áreas da Vila

Itamar; da Vila Esperança e parte da Vila Sarney (ELETRONORTE, 2002).

Com a expansão demográfica e a falta de planejamento urbano, o Parque vem

sofrendo uma grande pressão dos bairros e comunidades do entorno, gerando sérios

problemas fundiários.

Em 1992 foi elaborado o Plano de Manejo, no qual estão contidos dados físicos e

bióticos, análise da paisagem ambiental, de fatores sócio-econômicos e da qualidade

ambiental, dentre outras informações relacionadas ao Parque. Em 2002, o mesmo foi revisado

(atualizado), acrescentando-se informações sobre programas de controle do meio ambiente, de

uso público e de operações.

32

4.2 Métodos

4.2.1 Levantamento Bibliográfico

Durante o período de desenvolvimento deste trabalho foram visitadas bibliotecas

de universidades e instituições públicas (SEMA e IBAMA) para levantamento de informações

sobre o Parque Estadual do Bacanga e demais dados relacionados ao tema de estudo. No

tocante à adequação da UC quanto à sua criação, implantação e manutenção foram

consultados os seguintes documentos:

Lei 9.985/00 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação;

Decreto Estadual nº 7.545 de 1980 – cria o Parque Estadual do Bacanga;

Lei Estadual nº 7.712 de 2001 – exclui alguns bairros do entorno da área do Parque;

Plano de Manejo de 1992;

Atualização do Plano de Manejo de 2002;

Decreto nº 84.017 de 21 de setembro de 1979 - aprova o Regulamento dos Parques

Nacionais Brasileiros;

Resolução CONAMA nº 13 de 6 de dezembro de 1990 - dispõe sobre normas

referentes às atividades desenvolvidas no entorno das Unidades de Conservação.

4.2.2 Pesquisa de campo

Essa etapa consistiu em visitas à área de estudo entre os meses de janeiro a março

de 2009 que serviram para o reconhecimento da UC, dos moradores, dos fatores de pressão

antrópica e das atividades que contrariam o previsto para uma Unidade de Conservação de

Proteção Integral segundo o SNUC.

No sentido de colher informações sobre a população residente e do entorno do

Parque foram realizadas entrevistas envolvendo questões com o propósito de caracterizar o

perfil sócio-econômico do entrevistado e, sobretudo, suas concepções sobre os problemas

ambientais da UC e suas formas de resolução.

Para o presente o estudo foram aplicados 100 questionários (APÊNDICE A) com a

população residente e do entorno (Parque Timbira e Parque Pindorama) do Parque Estadual

do Bacanga. As entrevistas permitiram a caracterização do entrevistado em termos sócio-

econômicos e também buscaram verificar a sua percepção sobre os problemas ambientais da

área em estudo.

33

4.2.3 Caracterização do uso e ocupação do solo da Bacia do Bacanga

O mapa de uso e ocupação do solo da Bacia Hidrográfica do Bacanga foi retirado

do trabalho de Castro (2008). A autora utilizou imagem de satélite CBERS2B, órbita-ponto

157/103 de 01/07/08 com resolução espacial de 20 metros.

4.2.4 Caracterização do uso e ocupação do solo no entorno do Parque Estadual do

Bacanga

O trabalho foi realizado com o auxilio do Sistema de Informação Geográfica

SPRING ver. 4.3, onde foi estruturado um banco de dados intitulado “São Luís” e adotado o

sistema de coordenadas planas, projeção UTM, Datum SAD69, na escala 1:50.000.

A vetorização das classes foi baseada em imagens CBERS para os anos de 1984,

2001 e 2007, com resolução espacial de 20m, na escala de 1:50.000. As classes temáticas

foram definidas a partir da interpretação visual e representatividade na escala de mapeamento

adotada. Após a vetorização dos polígonos iniciou-se o processo de topologia e associação

das classes aos mesmos. As classes temáticas adotadas foram: mangue, floresta mista,

capoeira, área urbanizada, área industrial e água.

Foi gerado um buffer eqüidistante 5 km do limite do Parque Estadual do Bacanga

que foi denominado de zona de amortecimento. Este limite foi estabelecido com base na

Resolução CONAMA nº 13 de 6 de dezembro de 1990 que determina um raio de 10 km em

torno das UCs como zona-tampão. Em virtude da localização do Parque e dos problemas

associados à urbanização desorganizada e acelerada na região, optou-se por considerar como

zona de pressão urbana sobre o Parque a metade do preconizado por tal Resolução (Figura 1).

4.2.5 Avaliação do Manejo do Parque Estadual do Bacanga

A metodologia utilizada neste estudo foi construída a partir de uma adaptação das

metodologias preconizadas para avaliação de Unidades de Conservação de Faria (1997) e do

World Wildlife Fund for Nature (WWF, 2003). Foi elaborado um questionário para aplicação

ao gerente da UC visando identificar sua situação de manejo (APÊNDICE B). Foi delegada a

uma funcionária do setor de Unidades de Conservação da Secretaria Estadual de Meio

Ambiente a responsabilidade em prestar as informações solicitadas por meio do questionário.

O referencial metodológico deste trabalho fundamenta-se no ciclo de manejo,

tendo seis elementos principais de avaliação: o contexto, o planejamento, os insumos, os

34

processos, os produtos e os resultados. O questionário para a avaliação abrange todos esses

elementos e está organizado de acordo com a Tabela 3.

Tabela 3. Elementos utilizados para avaliação do manejo do Parque Estadual do Bacanga.

Contexto Planejamento

da UC Insumos Processos do

manejo Produtos do

manejo

Resultados

Ameaças Objetivos Recursos

humanos

Planejamento

do manejo

Prevenção de

ameaças

Pressões

Importância

biológica

Amparo legal Comunicação

e informação

Práticas de

manejo

Restauração da

UC

Importância

sócio-

econômica

Planejamento Infra-estrutura Pesquisa,

monitoramento

e avaliação

Manejo da vida

silvestre

Vulnerabilidade Finanças Divulgação na

comunidade

Controle de

visitantes

Infra-estrutura

Produtos do

manejo

Monitoramento

Pesquisa

Treinamento

4.2.6 Análise dos dados

Os dados do módulo do questionário foram analisados a fim de auxiliarem no

diagnóstico da UC e na elaboração de recomendações.

A validação das respostas do questionário no que diz respeito ao contexto e

planejamento da UC foi obtida principalmente com base nos seguintes documentos: Plano de

Manejo, listas de fauna e flora ameaçadas do IBAMA e trabalho de Drummond & Malheiros

(2009). Para os outros elementos (insumos, processos do manejo, produtos do manejo e

resultados), foram consideradas as informações prestadas pelo órgão gestor como suficientes

35

a fim de justificar as respostas do questionário.

4.2.6.1 Pressões e ameaças

As pressões abrangem as ações legais e ilegais e resultam dos impactos diretos ou

indiretos de tais ações. As ameaças são pressões possíveis ou iminentes pelas quais um

impacto pode ocorrer no presente ou continuar ocorrendo no futuro.

Esta análise possibilitou informações sobre todas as pressões e as ameaças

avaliadas na questão 2 do questionário.

4.2.6.2 Importância biológica, sócio-econômica e vulnerabilidade

Correspondem às questões 3-5 do questionário, abrangendo a importância

biológica, sócio-econômica e vulnerabilidade.

4.2.6.3 Efetividade de manejo

Esta análise abrange quatro aspectos da efetividade de manejo da UC:

planejamento, insumos, processos e resultados. O planejamento abrange os objetivos da UC, o

amparo legal e o desenho e planejamento da área (questões 6-8). Os insumos referem-se aos

recursos humanos, comunicação, infra-estrutura e recursos financeiros (questões 9-12). Os

processos incluem o planejamento, o processo de tomada de decisão e pesquisa, avaliação e

monitoramento (questões 13-15). Os produtos são os resultados da questão 16.

4.2.6.4 Pontuação para as questões 3-16

A pontuação para as questões 3-16 segue abaixo:

Sim = 6; predominante sim = 4; predominantemente não =2; não = 0.

O questionário tem quatro opções de resposta: “sim”, “predominantemente sim”,

“predominantemente não” ou “não”. Esse formato serve para detectar tendências gerais ao

invés de identificar o nível exato do alcance de metas. Uma resposta “sim” indica que todas

ou quase todas as exigências para uma dada variável foram cumpridas. Uma resposta

“predominantemente sim” indica que a maioria das exigências foi cumprida, provavelmente

serão cumpridas no futuro próximo, ou foram todas cumpridas, mas há reservas por parte do

informante em relação a um “sim” absoluto. Uma resposta “predominantemente não” indica

36

que poucas exigências foram cumpridas ou, a maioria das exigências foi cumprida, mas os

resultados são insatisfatórios. Uma resposta “não” indica que nenhuma ou quase nenhuma das

exigências foi cumprida.

4.2.6.5 Atribuição de conceitos para os critérios, graus de implementação e de

vulnerabilidade

Para cada critério somou-se as pontuações dos seus elementos e tirou-se uma

média simples. De posse das médias, os conceitos foram atribuídos de acordo com a Tabela 4.

Os elementos da efetividade de manejo compreendem planejamento, insumos e processos e

resultados do manejo da UC. Os elementos do contexto analisados foram: importância

biológica, importância sócio-econômica e vulnerabilidade.

Tabela 4: Conceitos atribuídos na avaliação do manejo e contexto da UC.

Média Conceito para os elementos da

efetividade de manejo

Conceito para os elementos do

contexto

1- 2,5 Inadequado Baixa

2,6 – 3,5 Regular Regular

3,6 – 4,5 Bom Boa

4,6 – 6,0 Adequado Elevada

O grau de implementação é representado pelos resultados do manejo. Os aspectos

analisados foram: prevenção, detecção de ameaças e aplicação da lei; restauração do local e

ações mitigatórias; manejo da vida silvestre ou de habitat; divulgação e ações educacionais na

comunidade; controle de visitantes e turistas; desenvolvimento da infra-estrutura;

planejamento de manejo e elaboração de inventários; monitoramento, supervisão e avaliação

de funcionários; capacitação e desenvolvimento de recursos humanos e; pesquisa e

monitoramento de resultados.

O grau de vulnerabilidade foi medido através de quatro variáveis: dificuldade no

monitoramento de atividades ilegais, aplicação da lei, usos conflitantes e acessibilidade da

UC.

De posse dos graus de vulnerabilidade e de implementação obteve-se o grau de

risco da UC, representado por uma matriz de risco. O grau de risco é o resultado do grau de

37

implementação combinado com a vulnerabilidade da área. Quanto maior a vulnerabilidade e

menor a implementação, maior o risco que a unidade está submetida.

No primeiro bloco da matriz de risco, denominado “risco extremo”, podem ser

colocadas as unidades com piores índices de implementação e maior vulnerabilidade. No

segundo bloco, chamado “risco alto” situam-se àquelas unidades minimamente

implementadas, mas com vulnerabilidade alta ou média. No terceiro bloco, nomeado “risco

mediano” estão as unidades não implementadas e de baixa vulnerabilidade. Finalmente, no

quarto bloco, denominado “risco normal”, encontram-se as unidades minimamente ou

razoavelmente implementadas, que estão em situação pouco vulnerável.

38

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 AVALIAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO BACANGA

5.1.1 Pressões e ameaças à integridade ambiental da UC

As informações prestadas pelo representante da Secretaria Estadual de Meio

Ambiente sugerem que a principal pressão sobre o Parque consiste na ocupação desordenada

da área. A falta de controle no acesso ao Parque e a existência de comunidades nos seus

limites são responsáveis em grande parte pelas demais pressões e ameaças relatadas:

queimadas, retirada de areia dos rios da UC, desmatamento, deposição de resíduos sólidos

(lixo), lançamento de esgotos e caça (Tabela 5).

A grande pressão que as atividades humanas exercem sobre os habitats na região

representa uma grave ameaça à preservação e conservação das espécies. As perturbações

humanas em série têm sido responsáveis pela destruição de diversos biomas, levando à

destruição da paisagem e, com isso, acarretando o desequilíbrio biológico (BEALE &

MONAGHAN, 2004).

O Batalhão da Polícia Ambiental realiza trabalho de educação e conscientização

ambiental com os moradores do entorno do Parque e com os pequenos lavradores existentes

na área. Através deste trabalho, segundo os policiais, tem havido uma grande diminuição do

desmatamento da vegetação local e atualmente o pequeno lavrador não realiza mais

queimadas e derrubadas de árvores na região para realização de suas roças (DRUMMOND &

MALHEIROS, 2009).

Alguns igarapés estão sendo poluídos por esgotos que procedem da área da

rodoviária e Bairro Santo Antônio. O Rio Batatã tem suas nascentes ameaçadas pelo

desmatamento descontrolado e pela retirada clandestina de piçarra; o igarapé que divide a

Vila Itamar do Recanto Verde está seco e só serve de canal para dejetos e esgotos doméstico e

industrial (DRUMMOND & MALHEIROS, 2009).

O sul do Parque concentra a maioria das nascentes do Rio Bacanga, sendo o lugar

onde cresce o número de sítios e área de lazer. As nascentes e igarapés são utilizados como

piscinas naturais e suas águas desviadas para várias finalidades, inclusive piscicultura. Os

habitantes internos do Parque se aglomeram na Rua do Fio e nas margens da represa do Rio

da Prata e dos igarapés do Jacú e do Ferventa (DRUMMOND & MALHEIROS, 2009).

O acesso à área do Parque pode ser feita a partir do núcleo central de São Luís e

demais bairros situados a nordeste e norte por via rodoviária, com penetração pela Avenida

dos Franceses (acesso principal pelas instalações da Companhia de Águas e Esgotos do

39

Maranhão). Com tráfego precário pode-se acessar o Parque através dos bairros Coroadinho,

Tirirical e Maracanã (MARANHÃO, 1992). A exposição do Parque a inúmeras atividades

impactantes está intimamente relacionada às estradas mantidas pela CAEMA na área que dão

acesso aos nove poços artesianos instalados por essa companhia e à represa do Batatã e ao

Sistema do Rio da Prata. O estudo de Ferreira (2009) demonstrou que a proporção do

desmatamento como uma função da distância que separa as áreas protegidas das estradas

apresenta padrões exponenciais, ou seja, uma grande proporção de desmatamento verificada

próximo às estradas e que cai rapidamente com a distãncia. A ELETRONORTE também

mantém áreas desmatadas (linhas de servidão) ao longo da linha de transmissão

(MARANHÃO, 2002).

Tabela 5. Síntese das pressões e ameaças sobre os recursos naturais do Parque Estadual do

Bacanga.

Recurso Pressões / ameaças

Recursos hídricos Lançamento de efluentes líquidos e sólidos

Recreação

Assoreamento

Flora Desmatamento

Queimadas

Fauna Caça

Perda de habitats pelo desmatamento

Soltura de espécies sem monitoramento

Animais domésticos

Solos Erosão

A existência dessas estradas facilita a interiorização das degradações, tornando as

porções centrais da UC mais acessíveis às atividades clandestinas como as citadas acima.

Como conseqüência dessas atividades, tem-se o empobrecimento biológico e a fragmentação

dos remanescentes da mata. As trilhas, normalmente desenvolvidas pela população do entorno

do Parque, servem como “atalho” às áreas de interesse.

A soltura de espécies sem monitoramento também constitui fator de ameaça à

fauna local em decorrência da possibilidade de substituição. Existem relatos de solturas de

40

preguiças (Bradypus variegatus) e primatas (Cebus sp.) sem planejamento e estudo de

monitoramento na área (DRUMMOND & MALHEIROS, 2009).

A existência de espécies exóticas não silvestres como bois, cachorros, cavalos e

jumentos associados ao uso da UC por moradores internos ou do entorno do Parque também é

um fator importante no que diz respeito à manutenção do equilíbrio natural da área. Os

animais domésticos que são abandonados podem quebrar o equilíbrio natural do ecossistema

ao competirem com os animais silvestres por território e alimento, podendo agir como

predadores ou caça (ARROMBA, 2009).

5.1.2 Perda da cobertura vegetal no Parque e inter-relações com seu entorno

De acordo com dados do Projeto de Desflorestamento das Unidades de

Conservação da Amazônia Legal (INPE, 2009), um total de 33,77% da área do Parque

Estadual do Bacanga (2.634 ha) encontra-se sem cobertura vegetal. O período que apresentou

um maior percentual de desmatamento foi o de 1998 – 2001 (20,88) (Tabela 6). No entorno,

constatou-se que no período compreendido entre 1984 e 2007, a taxa de desmatamento foi de

quase 51% (Tabela 7 e Figuras 2, 3 e 4).

O índice de perda da cobertura florestal no Parque é inferior ao observado no seu

entorno. Esse fato condiz com os resultados encontrados no trabalho de Bruner et al. (2001), o

qual concluiu que mesmo apesar de muitas UCs não estarem minimamente implementadas, ou

seja, serem “parques de papel”, a simples decretação de uma área como UC já auxilia na

contenção do desmatamento e alteração dos ecossistemas de uma região.

Segundo Ferreira (2009), áreas legamente protegidas, como Unidades de

Conservação e terras indígenas estão sendo uma ferramenta eficaz para conter o

desmatamento. Em estudo sobre a importância de áreas protegidas para a redução do

desmatamento na Amazônia Brasileira, demonstraram que a proporção total da área

desmatada fora das áreas protegidas sempre foram significativamentes mais elevadas do que

no interior destas. Essa diferença pode variar de 4,6 a 13,6 vezes dependendo do estado

analisado.

No entanto, o nível de integridade atual da UC em estudo (66,23%) é muito

preocupante e a coloca em prova enquanto área protegida viável. Aliado à fragmentação

soma-se o tamanho do Parque (2.634 ha), esta última característica por si só o leva a ser

classificado como uma Unidade Pequena de acordo com Pires et al. (2002). O perigo de uma

UC de área reduzida foi evidenciado através de exercícos de modelagem realizados por

41

Belovsky (1987). Seus modelos matemáticos de extinção tratam da incapacidade das áreas

protegidas de suportar espécies animais por um longo período de tempo. Outra preocupação

relacionada ao tamanho de áreas protegidas é a manutenção da diversidade genética das

espécies.

Tabela 6. Proporção do desmatamento em relação à área de floresta original do Parque

Estadual do Bacanga no período compreendido entre 1997 e 2008.

Período

Desmatamento

ha %

Até 1997 50 1,89

1998 - 2001 550 20,88

2002 - 2004 130 4,93

2005 - 2008 160 6,07

Total 890 33,77

Fonte: INPE (2009)

Tabela 7. Distribuição absoluta e relativa das diferentes categorias de uso e ocupação do solo

no entorno (raio de 5km) do Parque Estadual do Bacanga em 1984, 2001 e 2007.

Classes 1984 2001 2007

ha % ha % ha %

Mangue 1.705,3 8,71 1.487,4 7,6 1.354,7 6,93

Urbano 4.216,9 21,56 8.636,6 44,16 10.825,3 55,35

Floresta 12.454,2 63,69 8.162,9 41,74 6.345,2 32,44

Água 462,5 2,36 412,3 2,1 329,2 1,68

Área industrial 718,5 3,6 858,2 4,49 703,0 3,6

Total 19.557,4 100 19.557,4 100 19.557,4 100

42

As pequenas populações mantidas em pequenas UCs contêm menos diversidade

genética e estaõ mais sujeitas aos efeitos negativos associados a viabilidade populacional.

Estas pequenas populações são mais sujeitas a sofrer perda de heterozigose devido à deriva

genética, à consaguinidade e estão mais propensas à extinção por influências demográficas

aleatórias (LANDE, 1988).

A fragmentação da cobertura vegetal no Parque é um aspecto importante a ser

levado em conta para a conservação da comunidade de mamíferos. Dependendo da distância

entre florestas, as áreas abertas entre fragmentos freqüentemente constituem barreiras à

dispersão e colonização, impedindo o fluxo gênico entre populações (FERRARI &

LAURANCE, 1997) e aumentando o efeito de borda (MURCIA, 1995). Espécies de pequena

dispersão, como o tamanduaí (Cyclopes didactylus), apesar de ocorrerem em ilhas próximas,

como a de Curupu (município de Raposa, MA), estão possivelmente extintos da área do

Parque (DRUMMOND & MALHEIROS, 2009).

Os fragmentos de florestas mais conservados da UC estão bastante

comprometidos em função do isolamento parcial ou total provocado pela construção, no seu

entorno, de estradas internas, linhas de transmissão, residências e até plantações. Destaca-se

também a existência de áreas abertas enormes com granja e campos de futebol de uso

particular e utilizados também para aluguel.

A supressão da vegetação age também sobre a pressão da caça, pois esta tende a

tornar-se maior devido à facilidade de acesso às áreas anteriormente difíceis de chegar

(ROBINSON et al., 1992) e ao confinamento da fauna em uma área de difícil dispersão. A

facilidade de acesso ao interior do Parque e aos remanescentes florestais e o isolamento,

parcial ou total de populações nesses fragmentos aumentou a pressão de caça ocasionando a

extinção local de determinadas espécies como a de Mazama sp. (veado) ou reduzindo as

populações como a de Agouti paca (paca), Dasyprocta primnolopha (cutia) e as de Dasypus

novemcinctus; Cabassous unicinctus (tatus) (DRUMMOND & MALHEIROS, 2009).

Infelizmente, desde a criação do Parque pelo Decreto Estadual 7.545/80, grandes

áreas de terra foram excluídas da Unidade de Conservação. Espaços que hoje correspondem a

bairros inteiros, sobretudo do chamado Eixo Itaqui-Bacanga, antes faziam parte do que um dia

já foi a completa floresta protetora dos mananciais abastecedores da cidade de São Luís

(DRUMMOND & MALHEIROS, 2009). Entre 1984 e 2007 a área urbanizada no entorno do

Parque apresentou um incremento em torno de 61% (Tabela 7 e Figuras 2, 3 e 4).

Atualmente, sobre o Parque incidem vetores de pressão de diversos bairros da

região. De acordo com Miller (1997), as áreas naturais protegidas mundiais tendem a formar

43

ilhas de diversidade biológica em meio a um mar de assentamentos humanos. Este ressalta,

porém, que se pode reverter este quadro por meio da expansão das escalas geográficas dos

programas de conservação, de modo a incorporar ecossistemas inteiros de forma integrada,

inclusive com as pessoas que lá vivem e trabalham. Enfatiza ainda, que o planejamento para a

conservação deve privilegiar abordagens que levem em consideração a dinâmica da paisagem

e as inter-relações entre várias áreas naturais protegidas. Neste sentido, qualquer programa

que vise à proteção da UC em estudo deve contemplar também o seu entorno.

Figura 2. Ocupação do solo no entorno (raio de 5km) do Parque (1984).

44

Figura 3. Ocupação do solo no entorno (raio de 5km) do Parque (2001).

Figura 4. Ocupação do solo no entorno (raio de 5km) do Parque (2007).

45

5.1.3 Contexto

5.1.3.1 Importância biológica

Para três das variáveis selecionadas neste estudo, o Parque Estadual do Bacanga

obteve a pontuação máxima por exercer uma função crítica de paisagem, ser uma área

representativa no sistema local de UCs e englobar ecossistemas em diminuição (Tabela 8).

A função crítica de paisagem que uma área como o Parque do Bacanga possui é

inquestionável, o equilíbrio ambiental do município de São Luís depende das funções

ambientais exercidas pelas áreas protegidas principalmente, e, também, pelas demais áreas

verdes que constituem a arborização urbana. Essas funções compreendem a manutenção da

qualidade dos sistemas hídricos, a proteção de solos em encostas, além da qualidade

atmosférica, do controle de ruídos e outros (FARIA, 2009).

O município de São Luís possui uma área de 827, 141 km2, sendo que 3,79%

desse total estão representados por Unidades de Proteção Integral. A área da UC em estudo

corresponde a 84,71% desse percentual. De acordo com informações do Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais (INPE, 2009), sobre o desflorestamento nas Unidades de Conservação da

Amazônia Legal, as demais UCs de Proteção Integral presentes na capital (Estação Ecológica

do Rangedor e Parque Ecológico da Lagoa da Jansen) encontram-se completamente

descaracterizadas, o que reforça a importância do Parque no sistema local de áreas protegidas.

Além disso, a UC contém uma considerável malha hídrica que forma a Bacia do rio Bacanga,

que é uma das maiores da cidade de São Luís e a barragem do Batatã, que representa uma das

principais fontes de abastecimento de água para a população do município de São Luís.

A pontuação “4” referente à presença de espécies ameaçadas, raras ou sob ameaça

no local deveu-se ao fato de que a grande maioria das espécies presentes no Parque Estadual

do Bacanga possui distribuição geográfica ampla e bem representativa da fauna do leste

Amazônico. Entretanto, tal como ocorre em outras florestas tropicais, a fragmentação é um

dos principais impactos que afetam a biodiversidade do Parque (DRUMMOND &

MALHEIROS, 2009).

Para a flora, cinco espécies ocorrentes na área não podem ser enquadradas com

segurança na condição de ameaçadas em virtude de suas informações ainda serem deficientes

no que diz respeito à distribuição geográfica, ameaças/impactos e usos (Protium heptaphyllum

spp., Leandra sp., Marlierea sp., Ouratea sp. e Byrsonima sp.) (IBAMA, 2009). Segundo os

dados existentes de fauna na região, uma espécie está na lista oficial do IBAMA (2009),

Leopardus wiedii que aparece na categoria vulnerável.

46

O plano de manejo do Parque de 1992 destacou a importância de se criarem

programas especiais de monitoramento visando a proteção da espécie citada acima e também

das seguintes em virtude da sua raridade (MARANHÃO, 1992): Cyclopes didactilus,

Bradypus tridactylus, Felis yagouarondi, Samiri sciurus, Cebus apella e Tamadua

tetradactyla.

5.1.3.2 Importância sócio-econômica

Nas variáveis “valor recreativo”, “benefícios dos ecossistemas para as

comunidades” e “valor educacional e/ou científico”, o Parque atingiu a maior pontuação

(Tabela 8). O Parque Estadual do Bacanga constitui uma área propícia ao desenvolvimento de

pesquisas científicas, de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em

contato com a natureza e de turismo ecológico. É importante ressaltar que essas atividades

devem ser controladas pelo órgão gestor.

Na área do Parque, encontra-se o Sítio do Físico que ocupa uma área total de

1.600 m2. Sua importância está relacionada ao fato do local ter abrigado a primeira indústria

de São Luís, com o beneficiamento do couro, arroz e ainda a fabricação de cera e cal. As

ruínas do Sítio do Físico figuram entre os mais preciosos sítios arqueológicos do país

(RODRIGUES, 2008).

No que concerne à subsistência de comunidades locais, considerou-se o elevado

número de ocupações na área, cerca de 380 (DRUMMOND & MALHEIROS, 2009) e a

importância da atividade pesqueira para a subsistência de muitas famílias residentes na bacia

do Bacanga (MARTINS, 2008), atribuindo-se a pontuação “6” a esta variável.

5.1.3.3 Vulnerabilidade

De acordo com o órgão gestor, as atividades ilegais na UC são consideradas

difíceis para monitorar, sendo predominantemente baixa a aplicação das leis na região. Ainda,

existem usos conflitantes da área em relação aos objetivos de uma Unidade de Proteção

Integral de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. O Parque possui

uma elevada vulnerabilidade (Tabela 8), fato diretamente relacionado a sua fácil

acessibilidade e fiscalização ineficiente.

Em Unidades de Conservação de Proteção Integral, como o Parque do Bacanga, o

objetivo principal é a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por

47

interferência humana, admitido-se apenas o uso indireto dos seus atributos naturais. Por uso

indireto entende-se aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos

naturais (SNUC, 2000). Os usos da UC não se enquadram nesses requisitos. São registradas

na área: propriedades privadas, extração de madeira, caça, coleta de material para construção

civil, psicultura, poluição dos recursos hídricos por efluentes liquídos e sólidos, recreação

desordenada e soltura de espécies sem monitoramento.

Segundo o SNUC, os Parques têm como objetivo básico a preservação de

ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a

realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e

interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. A

visitação pública deve estar sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo

da Unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas

previstas em regulamento.

Em algumas Unidades de Conservação é possível a permanência de particulares

quando os objetivos daquelas se compatibilizarem com a propriedade privada. Contudo, no

caso dos Parques Estaduais isso não é possível. Sua característica especial impede, em suas

dependências, a permanência de propriedade privada. Assim, as áreas particulares incluídas

em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o SNUC.

48

Tabela 8. Pontuação obtida pelo Parque nos critérios referentes ao contexto.

Contexto Pontuação

Importância biológica

Número relativamente alto de espécies ameaçadas/sob ameaça 4

Função crítica de paisagem 6

Representatividade do sistema de UCs 6

Ecossistemas em diminuição 6

Média 5,5

Conceito Elevada

Importância sócio-econômica

Dependência de comunidades locais para subsistência 6

Valor recreativo 6

Serviços ambientais 6

Valor educacional e/ou científico 6

Média 6,0

Conceito Elevada

Vulnerabilidade

Dificuldade no monitoramento de atividades ilegais 6

Aplicação da lei 4

Usos conflitantes 6

Acessibilidade da UC 6

Média 5,5

Conceito Elevada

49

5.1.4 Evolução da ocupação humana no Parque Estadual do Bacanga e na sua área de

entorno

De acordo com uma pesquisa amostral realizada em setembro de 1991 em 10%

dos domicílios de quatro bairros, a população do entorno do Parque Estadual do Bacanga foi

estimada em 18.240 habitantes (Tabela 9). O bairro do Coroadinho apresentou o maior

contingente populacional (52,63%) e o da Vila Esperança, o menor (7,89%) (MARANHÃO,

1992).

Tabela 9. População do entorno do Parque Estadual do Bacanga (1991).

Bairros Nº de domicílios População estimada %

Coheb 500 2400 13,16

Coroadinho 2000 9600 52,63

Vila Esperança 300 1440 7,89

Vila Itamar 1000 4800 26,32

Total 3800 18240 100

Em 2001, foram realizadas novas estimativas populacionais na região com o

intuito de identificar novas comunidades e atualizar o número de residentes. Diante desta

pesquisa, excluindo-se parte do Maracanã, localidade onde não foram encontrados dados

quanto à estimativa populacional, na área de entorno do Parque existem 14 bairros com um

número total de moradores estimado em 6.4821 (Tabela 10). No interior da UC são

encontradas 14 comunidades com 1.926 moradores, sendo o Recanto Verde o mais populoso

(Tabela 11).

No interior do Parque, a maioria dos residentes se concentra ao sul, onde se localizam

os bairros do Maracanã, Vilas Esperança e Itamar ao longo da BR 136. Ao norte e a leste, a

presença da CAEMA criou uma barreira à expansão urbana sobre a UC. É importante lembrar, no

entanto, que a maior área excluída do Parque localiza-se ao norte. Ao sul as ruas dos bairros

continuam se expandindo em direção ao interior do Parque (DRUMMOND & MALHEIROS,

2009).

50

Tabela 10. Estimativa da população da área de entorno do Parque Estadual do Bacanga

(2001).

Bom Jesus 6466

Conjunto Dom Sebastião 3547

Coheb 3860

Coroadinho 16257

Coroado 4943

Parque Pindorama 922

Parque Timbira 996

Parque dos Nobres 1352

Residencial Primavera 849

Vila dos Frades 4412

Vila Itamar 6474

Vila Esperança 5604

Vila Sarney 6598

Vila Conceição 1794

Total 64821

Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001) apud Bittencourt (2008).

Bairros População estimada

51

Tabela 11. Estimativa da população residente do Parque Estadual do Bacanga (2001).

Comunidades População estimada

Alegre 57

Batatã 18

Chácara Santo Antônio 37

Ferventa 196

Granja 10

Lapa 7

Mamão 17

Mangalho 57

Pedreira 68

Piranhenga 44

Porto Grande 68

Sítio do Físico 74

Sítio Rio do Prata 94

Recanto Verde* 1291

Total 1926

Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001) apud Bittencourt (2008).

*Comunidade localizada na zona limítrofe do Parque

Tomando-se apenas a população estimada em quatro dos 15 bairros do entorno do

Parque (Coheb, Coroadindo, Vila Esperança e Vila Itamar) durante o período compreendido

entre 1991 e 2001 verificou-se um incremento populacional de 43,34%. O número de

moradores passou de 18.240 para 32.195, projetando uma taxa de crescimento semelhante, em

2011, a população da área contará com um número superior a 45000 pessoas (Gráfico 1). A

população do município de São Luís cresceu entre 1991 e 2000 um total de 153703

indivíduos, correspondendo a um crescimento total de 23,06% no período (MMT, 2007).

Entre 2000 e 2004, a taxa geométrica anual de crescimento do município

correspondeu a 2,5%. É provável que boa parte do crescimento populacional verificado na

capital esteja associada à implantação de grandes projetos industriais e ao surgimento de

inúmeras indústrias de menor porte na área do Distrito Industrial, o que, por toda a década de

52

1980, teria estimulado o ingresso de populações do interior do estado (principalmente das

regiões da Baixada e do Litoral Ocidental Maranhense) e de outros Estados da federação

(MMT, 2007).

Gráfico 1. Estimativa do número de moradores em quatro bairros do entorno do Parque

Estadual do Bacanga (1991 – 2011).

Verifica-se que na área de entorno do Parque o crescimento populacional deu-se

de forma bem mais acentuada quando comparado ao do município na sua totalidade,

indicando uma séria pressão a esse ecossistema. A instalação de invasões ao longo do tempo

levou à redução da área da UC através dos decretos de 1984 e de 2001, sendo este um aspecto

crítico para o cumprimento dos objetivos para os quais o Parque foi criado.

De acordo com Horowitz e Bursztyn (2004), as interferências dos usos e

ocupações no entorno e interior de uma área protegida provocam impactos em cadeia.

Geralmente, eles iniciam-se com alterações de vegetação e, em seguida, por meio de

processos interdependentes, seqüenciais e/ou cumulativos atuam nos fatores fauna, flora, solo

e água. Assim, observam-se diversas situações: repulsão, eliminação ou isolamento da fauna

por destruição de habitats; atração da fauna para áreas onde são estabelecidas culturas de

subsistência, criação de pequenos animais domésticos, tornando-os vulneráveis à caça e à

intoxicação por biocidas; dispersão de espécies exóticas para o interior do Parque a partir de

outras áreas alteradas ou perturbadas. Outro impacto observado freqüentemente é a retirada da

N0 de

moradores

53

cobertura vegetal limítrofe, provocando processos erosivos que levam à perda da fertilidade

do solo local e assoreamento dos cursos d’água, danificando toda a comunidade biótica e

prejudicando a paisagem na área de influência.

5.1.5 Qualidade de vida e implicações ambientais

Em todo o Brasil, 54 milhões de pessoas, o equivalente a 34,5% da população

urbana, ainda vivem em condições de moradia inadequadas (sem infra-estrutura básica). Esses

dados fazem parte de um estudo feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios (PNAD, 2007), segundo ele praticamente um em cada três brasileiros que vivem

nas cidades não tem condições dignas de moradia. Nas cidades, onde a expansão urbana não é

acompanhada de um planejamento adequado, o resultado é a ampliação desse tipo de moradia.

A área da bacia hidrográfica do Bacanga sofre com ocupações dos mais diversos

tipos e estima-se que existam no local, cerca de 64.000 domicílios com aproximadamente

256.000 moradores (OLIVEIRA, 2008). A população dessa bacia, quase um quarto da

população de São Luís, encontra-se distribuída em 57 bairros (14 destes no entorno do Parque

Estadual do Bacanga). Grande parte destas áreas foi ocupada de maneira irregular, o que

provocou, ao longo dos anos, o surgimento de bairros sem infra-estrutura e pessoas vivendo

sem condições de higiene (RHAMA, 2008). Esse quadro merece atenção à medida que os

problemas sociais estão fortemente vinculados à problemática da degradação ambiental e a

área da bacia em questão abriga duas Unidades de Conservação, a Área de Proteção

Ambiental do Maracanã e o Parque Estadual do Bacanga.

De acordo com dados do Instituto da Cidade da Prefeitura de São Luís (IBGE,

2000), 71% dos bairros do entorno do Parque Estadual do Bacanga contam com

abastecimento de água proveniente da rede geral; 12% fazem uso de poços/nascentes e 17%

de outras formas . Não obstante ser o mais abrangente dentre os serviços de saneamento

básico do País, a rede de distribuição de água atinge, segundo a Pesquisa Nacional de

Saneamento Básico (PNSB, 2002), 63,9% do número total de domicílios. Tais serviços

caracterizam-se, também, por um desequilíbrio regional, visto que, enquanto na Região

Sudeste é de 70,5% a proporção de domicílios atendidos, nas Regiões Norte e Nordeste o

serviço alcança, respectivamente, apenas 44,3% e 52,9% dos domicílios. Na região em

estudo, a cobertura está acima da média nordestina, entretanto, em alguns bairros chama

atenção a não cobertura pela rede geral de abastecimento em mais da metade dos domicílios

(Tabela 12). Na Vila dos Frades, somente 31% das residências são abastecidas pela rede geral,

54

sendo elevado o abastecimento através de poços/nascentes (39%). Na Vila Esperança, 45,64%

dos domicílios estão supridos pela rede geral; 15,38% por poços/nascentes e 38,98% por

outras formas. Na Vila Conceição, os percentuais são respectivamente: 30,91%; 10,91% e

58,18%.

Tabela 12. Abastecimento de água nos bairros do entorno do Parque Estadual do Bacanga.

Bom Jesus 410 37 50 497

Conjunto Dom Sebastião 723 25 104 852

Coheb 521 1 7 529

Coroadinho 3065 699 776 4540

Coroado 1298 6 8 1312

Parque Pindorama 88 4 0 92

Parque Timbira 176 9 14 199

Parque dos Nobres 547 16 90 653

Residencial Primavera 928 107 224 1259

Vila dos Frades 456 575 429 1460

Vila Itamar 1168 5 11 1184

Vila Esperança 178 60 152 390

Vila Conceição 204 72 384 660

Total 9762 1616 2249 13627

Fonte: IBGE (2000)

De acordo com a PNSB (2002), o abastecimento de água é uma questão essencial

para as populações e fundamental a ser resolvida pelos riscos que sua ausência ou seu

fornecimento inadequado podem causar à saúde pública. A universalização deste serviço é a

grande meta para os países em desenvolvimento. Onde a rede distribuidora de água não está

presente, foram encontrados como principais alternativas para o abastecimento das

populações a utilização de chafarizes e fontes, poços particulares e abastecimento por

caminhões pipas bem como utilização direta de cursos de água. Algumas dessas alternativas

são utilizadas pela população dos bairros do entorno do Parque, sendo importante alertar que

em locais como a Vila dos Frades onde é significativo o suprimento de água através de poços,

Bairros Rede geral Poço/nascente Outra forma Total

55

pode ocorrer um excessivo consumo de águas subterrâneas, interferindo nos reservatórios de

aqüíferos existentes. De acordo com Coelho & Damázio (2006), o potencial hídrico da bacia

do Bacanga é muito grande e capaz de suprir as necessidades da própria bacia e de outras

bacias de forma sustentável. Segundo estes autores o que é disponibilizado anualmente pela

bacia (18% do total para a Ilha de São Luís) representa apenas 8,5% do potencial hídrico.

Entretanto, a maior parcela desta água disponibilizada (11,5 hm³/ano) provém dos recursos

subterrâneos e apenas 5,7 hm³/ano provêm da superfície. Dessa forma, a maior parcela do que

é disponibilizado provém da menor parcela do potencial hídrico, o escoamento subterrâneo

com 26,1 hm³/ano e a menor parcela do que é disponibilizado provém da maior parcela do

potencial, o escoamento superficial, com 175,5 hm³/ano.

Segundo o PNSB, o expressivo aproveitamento de mananciais subterrâneos,

notadamente no abastecimento das comunidades de menor porte e nas áreas marginais dos

aglomerados urbanos de maior porte deve-se à relativa facilidade de obtenção de água no

subsolo para atender a pequenas demandas e à possibilidade de captação nas imediações das

áreas de consumo. A utilização de água subterrânea ocorre com mais freqüência com o

aproveitamento do lençol artesiano, o que se verifica em 53% dos distritos abastecidos no

País.

Quanto ao esgotamento sanitário (Tabela 13), verifica-se nos bairros do entorno

do Parque um baixo índice de cobertura pela rede geral (18,23%). A maioria dos domicílios

faz uso de fossas rudimentares (41,30%), as fossas sépticas estão presentes em apenas 5,15%

das residências. A presença de fossas rudimentares como principal forma de esgotamento

sanitário nessas localidades é um fator preocupante, pois ao contrário das sépticas, são

construídas sem qualquer cuidado quanto à contenção dos agentes contaminantes presentes

nos esgotos. Os principais impactos são o alto risco de contaminação do lençol de água, o que

representa riscos de doenças de veiculação hídrica, principalmente quando são instaladas

próximas a poços (GUIA, 2010).

Em nível nacional, o principal problema de qualidade de água é o lançamento de

esgotos domésticos, pois apenas 47% dos municípios possuem rede coletora de esgoto, e

somente 18% dos esgotos recebem algum tipo de tratamento (ANA, 2005). A disponibilidade

de rede geral de esgotamento sanitário é um serviço público que deveria ser prestado de forma

universal e integral, com qualidade, a preços acessíveis a toda a população, com um mínimo

de impacto sobre a saúde pública e o meio ambiente, especialmente sobre os recursos hídricos

(GUIA, 2010).

O município de São Luís apresenta diversas carências de saneamento básico, haja

56

vista que apenas 41% da cidade têm sistema de coleta de esgotos, mesmo assim, em muitos

casos, lançados de forma bruta nos mananciais locais, principalmente nos rios Anil e

Bacanga. É freqüente a existência de canais de efluentes a céu aberto ou o lançamento na rede

de drenagem (MMT, 2007). Estudos realizados na ilha de São Luís são unânimes em concluir

que os lançamentos sem tratamento (mais de 200 pontos) constituem-se nos principais

responsáveis pela degradação ambiental da ilha (CAEMA, 2003). Na região metropolitana de

São Luís, a contaminação das águas pelo lançamento de esgotos em tratamento causa perdas e

restringe usos. Estima-se que a carga orgânica doméstica na região hidrográfica seja de 150t

DBO5,20/dia, cerca de 4% do total do país (ANA, 2005).

O esgotamento sanitário de São Luís é realizado pelo Governo Estadual, por meio

da Companhia de Água e Esgotos do Maranhão (CAEMA). Segundo MMT (2007), observa-

se que a margem esquerda da bacia do Bacanga é uma região de ocupações naturais na forma

de invasões. As ruas em sua maioria não possuem canal revestido, nem redes coletoras de

esgoto e águas pluviais. O esgotamento é feito na forma de fossas individuais, ou com o

lançamento diretamente nas ruas de terra batida, nos talvegues ou nos cursos d’água. Na

margem direita, existe uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) com capacidade para 300

L/s, porém, o sistema não funciona, necessitando que seja feita a implantação do projeto de

interceptação e elevação.

Sabe-se que a área urbanizada da bacia do Bacanga contribui com 14 lançamentos

de esgotos industriais, o que corresponde a uma vazão de 28,3 mil m³/mês de despejos. Além

disso, a ausência de sistemas de esgotamento sanitário favorece também o lançamento de

esgotos domésticos no leito do rio. Estudo realizado pela SEMATUR (1991), que apresenta o

diagnóstico dos principais problemas do estado do Maranhão, constatou alta concentração

microbiana de origem fecal nos cursos d’água dessa bacia. O rio das Bicas, principal afluente

do Bacanga (antes, fonte de renda para as populações ribeirinhas) constitui um receptor de

esgotos de diversos bairros, sofrendo enorme impacto de poluição. Hoje a navegabilidade no

local é restrita, em alguns trechos, a pequenas canoas, sendo que a pesca, assim como a

captura de caranguejo, praticamente desapareceu. Segundo os moradores próximos, esse rio

virou “depósito de lixo”. Pela margem esquerda do Bacanga também ocorre o lançamento de

esgotos, principalmente nas proximidades da barragem do Bacanga, oriundos do Campus

Universitário da UFMA, dos bairros de invasão Sá Viana I e II e Vila Embratel (MMT, 2007).

57

Tabela 13. Esgotamento sanitário nos bairros do entorno do Parque Estadual do Bacanga.

Bairros Rede Fossa Fossa Vala Rio/mar Outro Sem

geral séptica rudimentar lago escoadouro banheiro

Bom Jesus 95 125 162 2 0 0 113

Conjunto Dom Sebastião 190 5 361 13 0 10 273

Coheb 386 3 106 0 0 11 23

Coroadinho 661 191 2240 307 51 6 1084

Coroado 722 146 13 374 0 13 44

Parque Pindorama 5 8 65 2 0 0 12

Parque Timbira 99 1 59 0 0 0 40

Parque dos Nobres 91 4 302 13 0 10 233

Residencial Primavera 32 94 376 2 1 8 746

Vila dos Frades 146 8 451 19 0 16 820

Vila Itamar 6 21 812 76 0 14 255

Vila Esperança 0 1 229 53 0 0 99

Vila Conceição 50 93 450 13 0 9 45

Total 2483 700 5626 874 52 97 3787

Fonte: IBGE (2000)

De acordo com análise apresentada no relatório “Caracterização da Qualidade

da Água do Bacanga” (MMT, 2007), o corpo d’água em questão já se apresentava poluído a

um nível que desaconselhava o contato primário com suas águas ou sua utilização como local

destinado à produção de alimentos, especialmente devido às elevadas concentrações de

cádmio e de coliformes fecais. Apoiando-se nos limites estabelecidos pela Resolução

CONAMA n° 357/05, os resultados apontavam que as águas do rio Bacanga são consideradas

impróprias para: abastecimento doméstico, proteção das comunidades aquáticas, recreação de

contato primário, irrigação de quaisquer culturas, criação de espécies destinadas à alimentação

humana e dessedentação de animais. Esses dados reforçam a necessidade do equacionamento

da coleta e tratamento dos efluentes urbanos, principalmente dos esgotos sanitários e do lixo

doméstico, para permitir o uso sustentável dos recursos naturais oferecidos pelo local.

58

O lançamento in natura de efluentes domésticos e industriais nos cursos d’água a

partir de seus cursos superiores (MARANHÃO, 1998; DIAS, 2004) provoca acumulação de

poluentes na sua região estuarina. Nestes ambientes estão presentes os manguezais,

ecossistemas de elevada fragilidade ambiental, pois além de serem verdadeiros “berçários” de

várias espécies marinhas, constituem também fonte de abrigo e de alimentação de inúmeros

organismos. Sua desestabilização pode levar à redução da produtividade da zona costeira da

Ilha do Maranhão. Convém ressaltar que há uma grande inter-relação entre as mencionadas

problemáticas socioambientais materializadas no espaço insular em destaque e a falta de

planejamento que vise melhor enquadrar as atividades tanto urbanas, quanto industriais e

rurais, segundo as características inerentes a cada local.

Ferreira (2004) lembra várias carências passíveis de resolução na Região

Metropolitana da Grande São Luís, tais como as deficiências nas redes de coleta de esgotos e

coleta de lixos, responsáveis imediatos pelo incremento da poluição de recursos hídricos,

solos e comprometimento da qualidade de vida da população. Tucci (2001) enfatiza que a

tendência urbana atual é de redução do crescimento das metrópoles e aumento das cidades

médias. Nesse sentido, os impactos do lançamento de cargas poluidoras tenderiam a se

disseminar para esse tipo de cidade, onde o estágio de degradação que ocorre nas metrópoles

ainda não teria sido atingido, havendo espaço para prevenção. Apesar de os impactos nesses

municípios começarem a ser preocupantes, medidas mitigadoras e de prevenção podem ser

adotadas para garantir a sustentabilidade ambiental dessas cidades médias, caso do município

de São Luís.

No que diz respeito ao destino do lixo doméstico dos bairros do entorno do Parque

(Tabela 14), 72,23% são coletados; 17,48% são jogados em terrenos baldios e 7,93% são

queimados. As outras destinações são: cursos d’água (1,1%); enterrado (0,83%) e outro

(0,43%). Segundo a MMT (2007), a coleta de lixo atende a aproximadamente 70% da cidade,

mas é deficiente principalmente nos bairros de baixa renda, onde se verificam aterros

clandestinos e lixões, comumente localizados sobre áreas de mangue. Na área da bacia do

Bacanga, por se tratar de território ocupado, em muitos casos, por comunidades de renda mais

baixa e por invasões consolidadas ou em expansão, o atendimento se torna de difícil acesso,

não permitindo, dessa forma, a coleta parcial ou total em alguns trechos. Esse aspecto

favorece a disposição do lixo diretamente na rua ou em terrenos desocupados, provocando a

proliferação de moscas, ratos e baratas, que são vetores de doenças (GUIA, 2010).

A responsabilidade pela proteção do meio ambiente, pelo combate à poluição e

pela oferta de saneamento básico a todos os cidadãos brasileiros está prevista na Constituição

59

Federal, que deixa ainda, a cargo dos municípios, legislar sobre assuntos de interesse local e

de organização dos serviços públicos. Por isto, e por tradição, a gestão da limpeza urbana e

dos resíduos sólidos gerados em seu território, inclusive os provenientes dos estabelecimentos

de serviços de saúde, é de responsabilidade dos municípios (PNSB, 2002).

Nas cidades, a ineficiência na coleta, no tratamento e na disposição final dos

resíduos sólidos vem causando a poluição dos corpos d’água superficiais e subterrâneos,

comprometendo o aproveitamento dos mananciais e causando problemas de saúde pública. A

questão da poluição difusa em áreas urbanas também representa uma carga poluente

significativa e tem relação com os problemas de macro-drenagem das grandes cidades (PNSB,

2002).

Tabela 14. Destino do lixo nos bairros do entorno do Parque Estadual do Bacanga.

Bairros Coletado Queimado Enterrado Terreno Rio/mar Outro

baldio lago

Bom Jesus 437 34 2 18 0 6

Conjunto Dom Sebastião 609 63 0 173 2 5

Coheb 456 1 0 72 0 0

Coroadinho 3230 333 53 830 82 12

Coroado 1205 4 0 94 3 6

Parque Pindorama 77 11 0 4 0 0

Parque Timbira 191 6 0 0 0 2

Parque dos Nobres 418 57 0 173 2 3

Residencial Primavera 941 153 12 138 0 15

Vila dos Frades 773 199 14 461 10 3

Vila Itamar 931 67 2 181 2 1

Vila Esperança 34 121 26 160 46 3

Vila Conceição 542 31 4 78 2 3

Total 9844 1080 113 2382 149 59

Fonte: IBGE (2000)

Bons resultados na limpeza urbana estão vinculados à participação ativa da

população com práticas adequadas ao serviço, tais como acondicionar adequadamente o lixo,

colocá-lo à disposição para a coleta nos dias e horários pré-estabelecidos, e não lançar

60

resíduos nos logradouros, rios, canais e praias. Também é importante o conhecimento da

estrutura organizacional e operacional necessária à execução dos serviços, os custos

correspondentes e a diversidade de serviços que compõem um sistema de limpeza urbana, tais

como o acondicionamento, a coleta, a varrição e a limpeza de logradouros, a transferência e a

destinação final. Para que isto ocorra, entretanto, é necessário que haja um relacionamento

estreito entre o órgão responsável pelos serviços e a população, o que pode ser conseguido

através de canais de comunicação permanentemente abertos, como os conhecidos serviços de

atendimento ao público por telefone, correio comum e eletrônico e ouvidorias.

Complementarmente, são também importantes as campanhas de sensibilização da sociedade

para estas questões, seja através da mídia, seja diretamente nas ruas, com apelos para as

interfaces com a saúde e com o meio ambiente.

5.1.6 Percepção ambiental

O avanço para uma sociedade sustentável é permeado de obstáculos à medida que

existe uma restrita consciência na sociedade a respeito das implicações do modelo de

desenvolvimento em curso. Pode-se afirmar que as causas básicas que provocam atividades

ecologicamente predatórias são atribuídas às instituições sociais, aos sistemas de informação e

comunicação e aos valores adotados pela sociedade. Isso implica principalmente a

necessidade de estimular uma participação mais ativa da sociedade no debate dos seus

destinos, como uma forma de estabelecer um conjunto socialmente identificado de problemas,

objetivos e soluções (JACOBI, 2003).

Nesse sentido, a percepção é um processo mental de interação do indivíduo com o

meio ambiente que se dá através de mecanismos perceptivos propriamente ditos e,

principalmente cognitivos. Os primeiros são dirigidos pelos estímulos externos e captados

através dos cinco sentidos. Os segundos são aqueles que compreendem a contribuição da

inteligência, admitindo-se que a mente não funciona apenas a partir dos sentidos e nem recebe

essas sensações passivamente (DEL RIO, 1996). Através da percepção ambiental são

estabelecidas as relações de afetividade do indivíduo para com o ambiente. Leff (2002) situa a

percepção ambiental a partir do contexto vivido, segundo este autor, na história humana todo

saber e todo conhecimento sobre o mundo e sobre as coisas tem estado condicionado pelo

contexto geográfico, ecológico e cultural em que produz e se reproduz determinada formação

social.

61

Com relação aos questionários aplicados, a maioria (62%) dos entrevistados

afirmou não saber que o Bacanga é um Parque Estadual (Figura 5A). Quando questionados

sobre o significado do termo “Parque Ambiental”, a maioria (36%) disse ter idéia do que

significa, enquanto somente 7% admitiram conhecer bem a expressão (Figura 5B). De acordo

com Miranda e Souza (2000), as Unidades de Conservação têm conhecimento público ainda

bastante limitado. Na maioria das vezes, os indivíduos somente sabem da existência dessas

áreas, sem um maior entendimento com relação aos seus objetivos.

Segundo Drummond & Malheiros (2009), o Parque Estadual do Bacanga é invisível

para a cidade. Embora seja a maior e mais antiga Unidade de Conservação ambiental existente na

Ilha e a primeira a contar com um Plano de Manejo, o Parque não existe como referência nem

para os residentes e muito menos para as populações que foram se instalando no seu entorno.

Os problemas ambientais mais citados foram poluição dos rios (32%), queimadas

(26%) e desmatamentos (22%) (Figura 5C). No que se refere à utilização de recursos naturais

da UC, 92% afirmaram não fazer qualquer tipo de uso (Figura 5D). Entre os que fazem uso de

recursos, a maioria (52%) mencionou a retirada de frutos e a menor parcela (2%) de madeira

(Figura 5E).

É importante ressaltar que muitas áreas do Parque foram transformadas em

pedreiras ou barreiros (MARANHÃO, 1992). De acordo com Dias (2004), a extração de

argila (ou na denominação coloquial, “barro”), concreções ferruginosas e madeiras no Parque

do Bacanga favoreceram o crescimento da cidade em vários aspectos estruturais e

paisagísticos durante as décadas de 1960 e 1970. Essa área passou a ser “fornecedora” de

material tanto para a construção de conjuntos habitacionais (como os conjuntos Filipinho e

Sacavém), quanto para as áreas de ocupação (Coroado, Cerâmica, João Paulo, Jordoa,

Coroadinho, dentre outras). Os bens minerais (areia, argila e brita) de emprego direto na

construção civil, por sua importância pra os setores de habitação, saneamento e transporte, são

considerados bens minerais de uso social. Fatores mercadológicos impõem a produção desses

minerais perto dos centros consumidores, caracterizando-se como uma atividade típica das

regiões metropolitanas e urbanas. O índice de clandestinidade dessa atividade é significativo e

preocupante. Os impactos ambientais provocados são grandes e descontrolados, tais como a

alteração dos canais naturais de rios. Em geral, as cavas são utilizadas como bota-fora da

construção civil e até mesmo como lixões (CPRM, 2002).

Dentre as sugestões dadas para a melhoria da qualidade ambiental da área, os

entrevistados citaram as seguintes medidas: saneamento (34%), melhor gestão/ medidas

punitivas/ proteção (18%), conscientização/ educação ambiental (15%), não poluir os rios

62

(12%) e investimento (3%) (Figura 5F).

Como melhor forma de receber informações sobre Educação Ambiental foi

apontada a realização de palestras nas comunidades (40%), sendo que apenas 7% acreditam

que a distribuição de cartilhas informativas seria o método mais eficiente para tal finalidade

(Figura 5G). Para Pádua e Tabanez (1998), a Educação Ambiental propicia o aumento de

conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições básicas para

estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente. A relação entre

meio ambiente e educação para a cidadania assume um papel cada vez mais desafiador,

demandando a emergência de novos saberes para apreender processos sociais que se

complexificam e riscos ambientais que se intensificam. A educação ambiental, uma vez

praticada, vem justamente resgatar a cidadania dos habitantes através da tomada de

consciência para a conservação do meio ambiente, que influirá diretamente na manutenção e

melhora da qualidade de vida.

A maior parte dos moradores desconhece a existência de instituições que

trabalham com o meio ambiente na região (81%) (Figura 5H). Entre os que conhecem foram

citadas a Universidade Federal do Maranhão, a Alumar, o Centro Educacional e

Profissionalizante do Maranhão e a Vale.

Os entrevistados em grande parte (64%) acreditam nos benefícios decorrentes da

existência de áreas verdes (Figura 5I). Os benefícios citados foram melhora na qualidade de

vida (42%), lazer (33%) e interferência positiva no clima (25%) (Figura 5J). A manutenção do

verde urbano é melhor justificada pelo seu potencial em realçar aspectos associados à

qualidade ambiental e enquanto provedora de benefícios ao homem, ou seja, interferir

positivamente na qualidade de vida pela manutenção das funções ambientais, sociais e

estéticas que venham a mitigar ou amenizar a gama de propriedades negativas da urbanização.

Diversos autores têm dado ênfase aos benefícios da vegetação urbana, segundo Oliveira

(2009), a sua importância está relacionada ao controle climático, da poluição do ar e acústica,

melhoria da qualidade estética, efeitos sobre a saúde mental e física da população, aumento do

conforto ambiental, valorização de áreas para o convívio social, valorização econômica das

propriedades e formação de uma memória e do patrimônio cultural.

63

Figura 5. Percepção ambiental da população do entorno do Parque Estadual do Bacanga (A-

J).

A

C

64

Figura 5. Continuação...

D E

F

G H

I

65

Figura 5. Continuação...

J

66

5.2 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DO

BACANGA

5.2.1 Desenho e planejamento do Parque

Nesse âmbito, os objetivos da UC por incluírem a conservação e proteção da

biodiversidade, obtiveram a pontuação máxima. Os objetivos específicos relativos à

biodiversidade foram considerados claramente expressos no plano de manejo. O amparo legal

da área foi considerado satisfatório a longo prazo. Existem problemas com relação à posse e

direitos de uso da terra no local e a demarcação de fronteiras não é adequada para que os

objetivos da UC sejam alcançados. O uso no entorno não favorece o manejo efetivo do

Parque, pois o mesmo não dispõe de zona de amortecimento, o que é obrigatório para uma

UC de Proteção Integral (Tabela 15).

De acordo com dados levantados junto aos cartórios de registro de imóveis de São

Luís e de informações topográficas da área, existem cerca de 157 unidades fundiárias na UC.

No entanto, essas unidades são apenas aquelas registradas em cartório, especialmente no

cartório de imóveis da 2ª Zona da Capital, com matrícula própria e passíveis de

individualização legal. Deste modo, o número de unidades reais, núcleos de habitação ou

ocupação pode ser maior do que o número acima mencionado, pois uma unidade matriculada

pode corresponder na realidade a duas ou mais ocupações (DRUMMOND & MALHEIROS,

2008).

Do total de unidades, de domínio pleno ou útil, 25 são de titularidade do Poder

Público e 132 estão sob a titularidade de particulares. Estas últimas, contudo, apesar de serem

em maior quantidade, somam apenas 653 hectares. Esse dado é de extrema importância, uma

vez que indica uma maior possibilidade de regularização fundiária da Unidade de

Conservação, sob a ótica da vontade institucional do Poder Público, uma vez que este é

detentor da maior parte do Parque. Contudo, estes dados não explicam toda a complexidade

da situação fundiária da UC, ou seja, suas formas de ocupação. Considerando os contratos de

gaveta, os recibos e outras formas de transação, nem todas as propriedades existentes no

Parque foram ou são registradas em cartório. O tamanho das propriedades foi calculado com

base em documentos cartoriais e não com base em estudos topográficos. Por outro lado, é

ainda significativo o número de propriedades registradas em nome de órgãos públicos

municipais, estaduais e federais (DRUMMOND & MALHEIROS, 2008).

67

O perímetro do Parque está bem claro nos documentos, porém, não visível e

conhecido por todos. Não existe nenhum marco de concreto que determine a legitimidade do

espaço físico do Parque (DRUMMOND & MALHEIROS, 2008).

Tabela 15. Pontuação obtida pelo Parque nos critérios referentes ao planejamento.

Planejamento Pontuação

Objetivos

Objetivos incluem a proteção e conservação da biodiversidade 6

Objetivos relativos à biodiversidade são claros 6

Média 6

Conceito Adequado, Ideal

Amparo legal

A UC possui amparo legal obrigatório a longo prazo 6

Não há disputas relativas à posse da terra 4

Demarcação de fronteiras é adequada 0

Média 3,33

Conceito Regular

Desenho e planejamento da área

Zoneamento é adequado 2

Uso da terra no entorno propicia o manejo efetivo 0

A UC é ligada a outra área protegida 2

Média 1,33

Conceito Inadequado

O Plano de Manejo de 1992 dividiu a área do Parque em 6 zonas: zona primitiva,

zona de recuperação, zona de uso extensivo, zona de uso intensivo, zona histórico-cultural e

zona de uso especial. De acordo com o Decreto federal nº 8.401/79 que regulamenta os

Parques, os objetivos estabelecidos para cada uma dessas zonas são compatíveis com a

proteção da área. Entretanto, na zona de uso especial, foram incluídas além das áreas

68

necessárias à administração do Parque a estação de tratamento de água da CAEMA, a

elevatória da Represa do Batatã, a estação do Sistema Rio da Prata, a área da Escola

Agrotécnica e a linha de transmissão da ELETRONORTE.

Esses empreendimentos, apesar de serem de utilidade pública, não poderiam estar

incluídos na área da UC. Segundo o Decreto nº 8.401 /79, não são permitidas dentro das áreas

dos Parques, quaisquer obras de barragens, hidrelétricas, de controle de enchentes, de

retificação de leitos, de alterações de margens e outras atividades que possam alterar suas

condições hídricas naturais. Ainda, veda a execução de obras que visem à construção de

teleféricos, ferrovias, rodovias, barragens, aquedutos, oleodutos, linhas de transmissão ou

outras que não sejam compatíveis aos interesses do Parque.

O documento de atualização do Plano de Manejo da UC de 2002 manteve as

mesmas zonas, mas os limites das mesmas foram redefinidos. Os limites da zona de

recuperação avançaram sobre os limites da zona primitiva e os limites da zona de uso

extensivo avançaram sobre os da zona de recuperação, ficando a represa do Batatã dentro da

zona de uso extensivo pelo zoneamento de 2002 (SANTOS, 2002). Esse aspecto é bastante

preocupante, pois indica um aumento de áreas consideravelmente alteradas pelas atividades

antrópicas.

O SNUC determina que todas as Unidades de Conservação de Proteção Integral

de vem dispor de uma zona de amortecimento. Esta área consiste no entorno da UC, onde as

atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de

minimizar os impactos negativos sobre a unidade. É importante ressaltar que a área de uma

Unidade de Conservação do Grupo de Proteção Integral é considerada zona rural, para os

efeitos legais e sua zona de amortecimento uma vez definida formalmente, não pode ser

transformada em zona urbana.

O Parque Estadual do Bacanga foi instituído sem a preocupação com a definição

desta zona e isso contribuiu significativamente para a intensificação da degradação da área

haja vista que seu entorno apresenta um alto grau de urbanização. Segundo Castro (2008), o

processo mais intenso de urbanização da Bacia do Bacanga corresponde à margem direita da

bacia, ao norte e no sentido leste-sul, margeando a UC.

As conclusões da pesquisa realizada por Oliva (2003), que propôs e testou um

roteiro metodológico, visando à delimitação da zona de amortecimento de Unidades de

Conservação de Proteção Integral, bem como a estruturação de um programa de manejo

especifico, denominado “Fronteiras”, destaca que as atividades propostas nos programas de

manejo em vigor no Brasil são desenvolvidas no interior das Unidades de Conservação e não

69

tratam especificamente das interfaces dessas Unidades com seu entorno. Os elaboradores

destes planos parecem esquecer que muitas atividades desenvolvidas nas áreas envoltórias das

Unidades influenciam direta ou indiretamente seu manejo e a proteção dos atributos que

motivaram a criação e implantação das mesmas.

De acordo com Mazza (1994), a zona de amortecimento é área que deve rodear

uma área protegida, com a finalidade de mitigar os impactos que produzem as atividades

humanas sobre essas áreas, de modo a frear as atividades incompatíveis com o manejo da área

silvestre. Vio (2001) afirma que as zonas de amortecimento devem auxiliar na:

• Formação de uma área no entorno da Unidade de Conservação que segure as

pressões de borda promovidas por atividades antrópicas, como práticas rurais anti-ambientais,

principalmente o uso de agrotóxicos e do fogo;

• Contenção da urbanização contínua e desordenada;

• Proteção dos mananciais, resguardando a qualidade e quantidade da água;

• Promoção e manutenção da paisagem geral e do desenvolvimento do turismo

ecológico, com a participação da iniciativa privada;

• Ampliação das oportunidades de lazer e recreação para a população do entorno

das unidades de conservação;

• Educação ambiental servindo como base para consolidar a atitude de respeito às

atividades e necessidades ligadas à conservação ambiental e à qualidade de vida e;

• Consolidação de usos adequados e de atividades complementares à proposta do

plano de manejo da UC.

Para Oliva (2003) o estabelecimento de zonas de amortecimento para Unidades de

Conservação limítrofes a áreas urbanizadas ou em processo de expansão urbana é complexo e

deve ser agilizado em virtude da dinâmica e da velocidade de ocupação do território. Observa-

se que no caso do Parque do Bacanga, a delimitação de uma zona de amortecimento já não é

mais possível em virtude da urbanização irreversível do seu entorno.

A Ecologia da Paisagem tenta entender as modificações estruturais e funcionais

realizadas pelo homem nos ambientes naturais (METZEGER, 2001). Maning et al. (2004),

argumentam que a paisagem deva ser vista como um mosaico de usos da terra diferenciados,

ao invés de “ilhas”, considerando-se sempre a escala espacial. Neste sentido, a conectividade

das Unidades de conservação entre si assume vital importância na proteção dos ecossistemas e

das espécies neles inseridas. O Parque Estadual do Bacanga na sua porção sul é contínuo à

Área de Preservação Ambiental do Maracanã, entretanto 62,5% da área original desta última

já foi desmatada (INPE, 2010).

70

A APA do Maracanã tem sua área predominantemente caracterizada como semi-

urbana (Figura 6), o que ressalta ainda mais o uso inadequado do solo no entorno do Parque e

a tendência de descaracterização da área em virtude do processo de urbanização no qual o

mesmo encontra-se irremediavelmente inserido.

Figura 6: Mapa de uso e ocupação do solo na bacia do Bacanga. Fonte: Castro (2008)

61

5.2.2 Insumos e processos

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA) é,

juntamente com a CAEMA, gestora do PEB, sendo responsável pela administração do

mesmo. A SEMA possui, dentre outras, a Superintendência de Desenvolvimento e Educação

Ambiental (SDEA), onde se encontra o departamento responsável pela gestão das Unidades

de Conservação do Estado. A Secretaria administra as atividades realizadas na área do Parque,

porém não possui recursos financeiros a serem destinados para sua manutenção. Quanto aos

recursos humanos, só há um funcionário da SEMA que trabalha em horário parcial no Parque,

as outras pessoas que atuam no mesmo são provenientes do Batalhão Ambiental e da

CAEMA. A SDEA não possui registros documentais dos recursos financeiros, humanos e

materiais do Parque e são poucos os registros das pesquisas realizadas na área que constam

em seus arquivos (DRUMMOND & MALHEIROS, 2008).

A ausência de recursos humanos específicos para o Parque é uma das provas do

abandono da UC. Kaniak (1990) enfatizou que a ausência de recursos humanos constitui um

dos mais sérios problemas para a gestão das UC’s do país, superando aquele da quantidade de

recursos financeiros disponíveis. IBAMA (1997) afirmou que a escassez de recursos humanos

é o principal problema enfrentado pelas áreas protegidas brasileiras.

À gestão cabe o monitoramento e o equacionamento dos conflitos presentes na

UC. Dessa forma, sem a presença clara e decidida da SEMA na área através de uma sede

administrativa com um número adequado de funcionários torna-se bastante difícil o

cumprimento dos objetivos de proteção do Parque. No mínimo, os recursos humanos de uma

UC devem propiciar a realização pontual de todas as ações críticas de manejo em um tempo

apropriado, isso não condiz com o observado para o Parque do Bacanga (Tabela 16).

Mendonça et al. (2000) num estudo sobre as áreas protegidas no estado de São

Paulo citaram a carência de infra-estrutura como uma das grandes dificuldades para a

conservação dos recursos naturais. Ferreira et al. (2004) também encontraram este problema

nas UC’s que constituem o mosaico de Santa Catarina.

Os únicos documentos referentes ao Parque encontrados na Secretaria são os

decretos de criação da UC e de seus limites, a lei de exclusão de bairros do entorno da área do

Parque e seu Plano de Manejo. Araújo e Coelho (2002) avaliaram a gestão de sete parques

estaduais de Minas Gerais e concluíram que nestes não existiam evidências de um processo de

planejamento estratégico. Também observaram a inexistência de indicadores de desempenho.

62

Tal como foi verificado para o Parque, esses autores constataram que a gestão dos Parques

não é baseada na informação (Tabela 16).

O SNUC visa à auto-sustentabilidade econômica das Unidades de Conservação,

seja pelo pagamento da exploração comercial de qualquer produto oriundo da Unidade

(inclusive os cênicos), como também através da compensação ambiental e contribuição

financeira de pessoas jurídicas usuárias de recursos hídricos ou responsáveis pela geração e

distribuição elétrica.

A ELETRONORTE possui duas linhas de transmissão que passam dentro da área

do Parque. A empresa não possui valor específico destinado para a manutenção da UC.

Anualmente, ELETRONORTE financia projetos de pesquisa e desenvolvimento que sejam de

interesse para a empresa. Como exemplo, financiou em 2006, trabalho sobre as comunidades

que vivem nas áreas do entorno das linhas de transmissão. Contudo não possui orçamento

anual destinado a projetos ambientais e também não possui um programa regular de

atividades ambientais. Todos os apoios concedidos são extra-orçamentários e só são

concedidos se houver condições de serem doados (DRUMMOND & MALHEIROS, 2008).

A funcionária da SEMA responsável pelas informações obtidas por meio do

questionário aplicado nesse estudo informou que os recursos humanos não são suficientes

para o manejo efetivo da UC; que as oportunidades de capacitação e desenvolvimento não são

predominantemente adequadas às necessidades dos funcionários assim como a revisão do

desempenho e progresso dos funcionários no tocante às metas (Tabela 16).

A infra-estrutura de transporte, a infra-estrutura para os funcionários e o

equipamento de campo foram considerados predominantemente adequados para a realização

das ações de manejo críticas segundo o órgão gestor. Os recursos financeiros dos últimos 5

anos assim como a alocação de recursos para o Parque de acordo com suas prioridades e

objetivos foram considerados predominantemente insuficientes. A previsão financeira para a

UC a longo prazo foi avaliada como predominantemente instável.

63

Tabela 16. Pontuação obtida pelo Parque nos critérios referentes aos insumos.

INSUMOS Pontuação

Recursos humanos

Quantidade 0

Capacitação 2

Desempenho 2

Média 1,3

Conceito Inadequado

Comunicação e informação

Campo/escritório 2

Dados ecológicos e sócio-econômicos 2

Coleta de novos dados 2

Comunidades locais 2

Média 2,0

Conceito Inadequado

Infra-estrutura

Transporte 4

Equipamento de campo 4

Funcionários 4

Visitantes 2

Média 3,5

Conceito Regular

Recursos financeiros

Ações de manejo nos últimos 5 anos 2

Alocação adequada 2

Previsão estável 2

Média 2,0

Conceito Inadequado

64

As Unidades de Conservação por apresentarem importantes funções ecológicas,

científicas, econômicas, sociais e políticas precisam ser gerenciadas de acordo com um

planejamento específico, abrangente e dinâmico denominado plano de manejo. Este é um

instrumento de organização de processos futuros, através do qual se torna possível a

otimização das ações que concretizarão os objetivos propostos. Nesse aspecto, o Parque em

estudo obteve um conceito bom, entretanto é importante ressaltar que não foram constatadas

evidências da existência de informações atualizadas sistematicamente a fim de mensurar as

metas propostas para o manejo da área (Tabela 17).

Outros pontos negativos relevantes no que diz respeito aos processos envolvidos

na área são a colaboração dos funcionários com os parceiros, comunidades locais e outras

organizações, a participação das comunidades locais nas decisões pelas quais estão afetadas, o

monitoramento e registro do impacto de usos legais e ilegais e o acesso regular dos

funcionários à pesquisa e às orientações científicas recentes (Tabela 17).

O manejo de uma Unidade de Conservação exige uma variedade de capacidades

(gerenciamento dos recursos humanos, planejamento de manejo, elaboração de inventários e

monitoramento da vida silvestre assim como habilidades de comunicação). Possuir a

capacidade adequada significa que os funcionários detêm o treinamento, a experiência e a

capacitação necessários para realizar todas as ações críticas de manejo (WWF, 2003).

Os envolvidos direta e indiretamente com uma área protegida devem participar da

gestão. Estes formam o conjunto de pessoas que se utilizam de uma série de recursos, ou estão

em uma determinada área geográfica sob estado de proteção. Em especial, são os residentes

das proximidades da UC, os quais utilizam ou obtêm rendimentos a partir dos recursos

naturais. Porém, além dos residentes e dos usuários, outros segmentos da sociedade podem ter

interesse no local (BORRINI-FEYERABEND, 1997), como os seguintes grupos:

Aqueles que vêem na UC um valor cultural, espiritual, religioso, científico ou

recreativo;

Organizações ambientais não-governamentais responsáveis pelo manejo de

recursos, como florestas, água, caça etc., além de outras autoridades administrativas;

Comerciantes e industriais que podem ser afetados pela proteção do local;

Instituições de pesquisa e universidades para as quais esses locais constituem

centros de interesse profissional e;

Funcionários do governo responsáveis pelo manejo da UC e das instituições

ambientais que dão apoio a estas.

65

Tabela 17. Pontuação obtida pelo Parque nos critérios referentes aos processos.

PROCESSOS Pontuação

Planejamento

Plano de manejo 6

Inventário de recursos naturais e culturais 4

Estratégias de ação 2

Atualizações rotineiras 2

Média 3,5

Conceito Regular

Processo de tomada de decisão

Organização interna nítida 4

Transparência nas decisões de manejo 4

Colaboração dos funcionários da UC 2

Participação das comunidades locais 2

Média 3,0

Conceito Regular

Pesquisa, avaliação e monitoramento

Usos legais e ilegais monitorados 2

Questões ecológicas 4

Questões sociais 4

Acesso dos funcionários à pesquisa recente 2

Média 3,0

Conceito Regular

66

5.2.3 Resultados do manejo

A Tabela 18 representa uma síntese do grau de implementação do Parque Estadual

do Bacanga, analisando a tabela observa-se que a pontuação da grande maioria dos critérios

referentes às ações necessárias à proteção efetiva da área é baixa, indicando que o nível de

implementação é inadequado.

Tabela 18. Pontuação obtida pelo Parque nos critérios referentes aos resultados do manejo.

Ações coerentes com as ameaças e pressões, objetivos da UC Pontuação

e o plano de trabalho anual nos últimos 2 anos

Prevenção, detecção de ameaças e aplicação da lei 2

Restauração do local e ações mitigatórias 2

Manejo da vida silvestre ou de hábitat 2

Divulgação e ações educacionais na comunidade 2

Controle de visitantes e turistas 2

Desenvolvimento da infra-estrutura 2

Planejamento de manejo e elaboração de inventários 4

Monitoramento, supervisão e avaliação de funcionários 2

Capacitação e desenvolvimento de recursos humanos 2

Pesquisa e monitoramento de resultados 2

Média 2,5

Conceito Inadequado

67

Combinando-se o grau de implementação (2,5) com o grau de vulnerabilidade da

UC (5,5), foi obtida a seguinte matriz de risco (Figura 7):

6

1,5

0 1,5 3 4,5 6

Figura 7. Matriz de risco do Parque Estadual do Bacanga.

A UC foi considerada inadequadamente implementada, sendo incapaz de garantir

plenamente a integridade dos ecossistemas que deveria proteger. O grau de vulnerabilidade

medido foi elevado e, dentro deste cenário, o Parque foi classificado na faixa de risco

extremo.

O Parque encontra-se num cenário de ausência de mecanismos que viabilizariam

sua existência como área protegida na prática. Inexistem ações de manejo de habitats e de

espécies na área e a fiscalização, aspecto crucial para deter agressões à área, não é efetiva.

A situação precária de manejo do Parque assemelha-se ao verificado em outras

UCs no país. Brito (2000) analisou as Unidades de Conservação do Estado do Mato Grosso

(14 de Proteção Integral e 5 de Uso Sustentável), entre federais e estaduais. Essa autora,

analisando o nível de implementação das Unidades, concluiu que 63% possuíam nível

inadequado de implementação e 37%, nível regular, e nenhuma unidade dispunha de nível

médio ou satisfatório de implementação. Neto & Silva (2002), em estudo sobre a Integridade

e grau de implementação das Unidades de Conservação de Proteção Integral em Pernambuco

verificaram que a grande maioria encontra-se em situação precária de implementação. Peres

Risco

mediano

Risco

extremo Risco alto

Risco

normal

Implementação

Vulnerabilidade

4,5

3

68

& Terborgh (1995) ao analisarem as reservas de florestas da Amazônia brasileira verificaram

que muitas UCs encontravam-se desastrosamente atendidas e que existiam apenas nos papéis.

Ferreira et al. (1999) verificaram que de 86 UCs federais no Brasil, 46, 5% encontravam-se

pouco implementadas.

68

5.3 RECATEGORIZAÇÃO DA UC

De acordo com o SNUC, somente é considerado Parque Estadual as áreas que

apresentam as seguintes características:

Ecossistemas predominantemente sem alteração;

Tipologia vegetal predominantemente original;

Atributos naturais de beleza cênica e;

Propiciam visitação pública com fins educativos e recreativos.

Os Parques Estaduais são áreas destinadas para fins de conservação, pesquisas

científicas, desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de

recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (PIRES et al., 2004). A UC

estudada apresenta uma significativa descaracterização dos seus ecossistemas conforme já

visto, entretanto, entende-se que uma mudança de categoria seria a solução menos indicada

diante desse quadro visto que o problema é a falta de manejo.

Segundo Terborgh et al. (2002), é essencial entender que existe mais vontade

política para estabelecer Parques do que para manejá-los. Criar um Parque é uma ação

altamente visível, que chama a atenção sobre os criadores políticos. Votar fundos para o

manejo, no entanto, não chama a atenção e traz poucos votos. Como resultado, o problema

dos Parques nos países em desenvolvimento é muito mais de manejo que de criação e

considera-se neste estudo uma recategorização da área um caso semelhante.

A vontade política para os propósitos desta discussão pode ser definida como uma

decisão pública de “pagar o custo” de criar e manejar um Parque. A mera aprovação de uma

legislação criando ou recategorizando um Parque é um indicativo fraco de “vontade política”.

Esta é demonstrada na legislação e/ou no orçamento público pela adoção de medidas para

financiar as ações requeridas ao longo do tempo (TERBORGH et al., 2002).

Considerando-se que o Parque possui uma posição ímpar no quadro de áreas

protegidas local e que novas reduções em seu perímetro ameaçariam a viabilidade das

populações animais, compreende-se que um novo enquadramento seria inadequado porque

poderia contribuir ainda mais para a degradação da UC. Supondo-se uma mudança a uma

categoria de Uso Sustentável e a ausência de condições adequadas de manejo, depreende-se

que a tendência em alguns poucos anos seria a insustentabilidade da área enquanto Unidade

de Conservação.

Terborgh et al. (2002) afirmam que é muito mais fácil estabelecer áreas protegidas

“brandas” onde é permitida a utilização dos recusos naturais, do que criar as “estritamente”

69

protegidas. Para os elaboradores de políticas, áreas protegidas brandas são ideais porque não

envolvem custos econômicos e políticos. Esses autores chamam atenção para o declínio da

proporção de Parques na América Latina e Caribe. Até o fim da década de 1970, cerca de

80% das áreas protegidas eram de proteção restrita. Hoje, mais de 43% das áreas sob proteção

na região correspondem às categorias que permitem alguma forma de exploração de recursos

naturais.

70

6. CONCLUSÃO

Áreas protegidas são pilares essenciais para a proteção da biodiversidade. As

análises da sua efetividade providenciam uma indicação do estado geral da situação das

mesmas. O Parque Estadual do Bacanga encontra-se numa situação de manejo inadequado,

tendo-se verificado que não está implementado enquanto Unidade de Conservação.

O Parque possui elevada importância biológica e sócio-econômica, sendo a área

mais conservada dentro do sistema local de UCs. Seu grau de vulnerabilidade é elevado,

contribuindo para isto sua localização urbana e o não estabelecimento no momento de sua

criação de uma zona de amortecimento. A viabilidade do Parque como área protegida está

comprometida pela expansão urbana desordenada do seu entorno.

A despeito da ausência de sistemas rigorosos de monitoramento ecológico, da

tendência de redução do tamanho do Parque por parte do Poder Público e das atividades

conflitantes praticadas no mesmo e no seu entorno, é bastante provável que populações

viáveis de muitas espécies não consigam persistir se as ameaças não forem neutralizadas por

meio de um efetivo manejo da área. Neste sentido, devem ser priorizadas ações no sentido de

reduzir o grau de vulnerabilidade existente na área

O Parque enfrenta problemas de manejo similares aos enfrentados em outras

regiões do país: falta de pessoal treinado, de planos de manejo funcionais, de informação

biológica, sócio-econômica sistematizadas e de recursos financeiros suficientes.

A simples criação de uma UC não implica necessariamente que os objetivos de

criação foram atingidos. Há, portanto, a necessidade de se implementar o Parque, provendo-o

com o mínimo necessário para que possa cumprir eficientemente as funções para as quais foi

criado. Entendendo-se que o maior problema do Parque é a ausência de manejo, descarta-se a

necessidade de recategorização da UC.

71

7. RECOMENDAÇÕES

7.1 Uso de indicadores para monitoramento do Parque

Existe a necessidade do uso de indicadores para monitorar cada uma das zonas

estabelecidas no Plano de Manejo visto que faltam dados quantitativos sobre aspectos-chave

para o manejo da área. Essa medida faz-se necessária pois torna possível a avaliação das

ações propostas e praticadas na UC.

Como exemplos de indicadores que podem possibilitar um bom monitoramento

do Parque sugere-se:

Visitação: número de visitantes por ano;

Animais domésticos abandonados: número de animais domésticos abandonados por

ano;

Contaminação por esgoto: percentual de pontos de lançamento de esgoto;

Infrações: número de ocorrências de atividades ilegais como retirada de madeira;

Ocupação humana: número de residentes legais e ilegais.

Cobertura vegetal: percentual da cobertura vegetal em cada zona em relação a sua área

total;

Qualidade de água para proteção da vida aquática: índice de qualidade de água para

proteção da vida aquática (IVA);

Áreas degradadas: quantidade de áreas degradadas.

7.2 Programas de Educação Ambiental

A importância do Parque deve ser mostrada aos diferentes estratos da população,

da cidade, ressaltando a necessidade urgente de proteção do mesmo. Nem mesmo a

população do entorno da área está plenamente ciente do significado de um Parque, deste

modo é imprescindível tal ação.

Além disso, devem ser firmados compromissos de colaboração e termos de

ajustamento de cada comunidade situada no entorno da UC sobre seus limites.

72

7.3 Manutenção de uma presença visível do órgão gestor na área

Isso é possível através do estabelecimento de uma sede na área e da presença de

funcionários exclusivos para o Parque. As porções limítrofes da UC deverm receber especial

vigilância.

7.4 Manutenção dos atuais limites

Deve-se evitar novas reduções no tamanho da UC, sob o risco de inviabilizá-la

enquanto área protegida. Também é necessária uma sinalização clara sobre os limites do

Parque.

7.5 Impedir novas ocupações

O problema de pessoas nos Parques não admite a longo prazo outra solução

satisfatória do que reduzir a pressão demográfica (TERBORGH et al., 2002). Não se pode

ignorar a presença humana na área, o que tem sido feito até hoje. É necessária a imposição

de restrições que desencorajem a continuidade da residência no caso dos moradores legais e

a oferta de incentivos para sua relocação.

7.6 Garantir a sustentabilidade financeira do Parque

Isso é possível com a aplicabilidade do que determina o SNUC sobre a

compensação ambiental. Como a ELETRONORTE e a CAEMA utilizam a área devem

obrigatoriamente destinar recursos estáveis para sua manutenção.

73

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experiências e metodologias. São Paulo: Annablume, 2002. p. 39-52.

WWF. Metodologia para Avaliação Rápida e a Priorização do Manejo de Unidades de

Conservação (RAPPAM). Disponível em:

assets.panda.org/downloads/rappammethodologyportuguese.pdf. Acesso em 10 de out. 2008.

80

APÊNDICES

81

APÊNDICE A. Questionário para diagnóstico sócio-econômico e percepção ambiental.

1. Idade:

( ) 15-25 anos

( ) 25-35 anos

( ) 35-45 anos

( ) 45-55 anos

( ) mais de 55 anos

2. Sexo:

( ) Feminino

( ) Masculino

3. Qual sua escolaridade?

( ) Não estudou

( ) 1º grau incompleto

( ) 1º grau completo

( ) 2º grau incompleto

( ) 2º grau completo

( ) 3º grau incompleto

( ) 3º grau completo

4. Profissão?

5. Qual a renda mensal média?

( ) Abaixo de 1 salário mínimo

( ) Entre 1 e 2 salários mínimos ( ) Entre 2 e 3 salários mínimos

( ) Acima de 3 salários mínimos

6. Quanto tempo mora no local?

( ) Menos de 5 anos

( ) Entre 5 e 10 anos

( ) Mais de 10 anos

7. É de outro município/cidade/estado?

Sim ( ) Qual?

Não ( )

6. Destino do lixo deste domicílio:

( ) Céu aberto

( ) Coleta de lixo ( ) Queimado

( ) Enterrado

( ) Outro

8. Você tem conhecimento de que o Bacanga é um Parque Estadual?

Sim ( )

Não ( )

82

9.Você sabe o que é um Parque Estadual?

Sim ( )

Não ( )

10. Utiliza recursos naturais do Parque? Quais?

______________________________________________________________________

11. Quais os problemas ambientais do Parque?

______________________________________________________________________

12. Qual a melhor forma de receber informações sobre Educação Ambiental?

______________________________________________________________________

13. Conhece instituição que trabalha com a conservação do Meio Ambiente na região? Qual?

_______________________________________________________________________

14. Vê benefícios na existência de áreas verdes? Quais?

_______________________________________________________________________

15. Como melhorar a qualidade ambiental na área?

_______________________________________________________________________

83

APÊNDICE B. Questionário para avaliação do Parque Estadual do Bacanga.

INFORMAÇÕES GERAIS DA UC

1. PERFIL

Área da UC: __________________

Nome do responsável pela informação: ________________________________

Objetivos específicos de manejo: ______________________________________

Atividades críticas da UC:

___________________________________________________________________

PRESSÕES E AMEÇAS À INTEGRIDADE AMBIENTAL DA UC

2. PRESSÕES E AMEAÇAS

Pressões : _________________________

CONTEXTO

3. IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA

a) A UC contém um número relativamente alto de espécies ameaçadas ou sob ameaça.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) A UC exerce uma função crítica de paisagem.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) A UC contribui significativamente à representatividade do sistema de UCs.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

d) A UC inclui os ecossistemas cuja abrangência tem diminuído bastante.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

4. IMPORTÂNCIA SÓCIO-ECONÔMICA

a) As comunidades locais dependem de recursos da UC para a sua subsistência.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) A UC possui um alto valor recreativo.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) A UC contribui com serviços e benefícios significativos do ecossistema às comunidades.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

84

d) A UC possui um alto valor educacional e/ou científico.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

5. VULNERABILIDADE

a) As atividades ilegais na UC são difíceis para monitorar.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) A aplicação da lei é baixa na região.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) Existem usos conflitantes com os objetivos da UC.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

d) A UC é de fácil acesso para atividades ilegais.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

PLANEJAMENTO

6. OBJETIVOS

a) Os objetivos da UC incluem a proteção e a conservação da biodiversidade.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) Os objetivos específicos relacionados à biodiversidade são claramente expressos no plano

de manejo.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) As políticas e os planos de manejo são coerentes com os objetivos da UC.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

7. AMPARO LEGAL

a) A UC possui o amparo legal obrigatório a longo prazo.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) Não há disputas no tocante à posse ou direitos de uso da terra.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) A demarcação de fronteiras é adequada para alcançar os objetivos da UC.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

85

8. DESENHO E PLANEJAMENTO DA ÁREA

a) O sistema de zoneamento da UC é adequado para alcançar os objetivos da UC.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) O uso da terra no entorno propicia o manejo efetivo da UC.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) A UC é ligada a outra unidade de conservação ou a outra área protegida.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

INSUMOS

9. RECURSOS HUMANOS

a) O nível de recursos humanos é suficiente para o manejo efetivo da UC.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) Oportunidades de capacitação e desenvolvimento apropriadas às necessidades dos

funcionários.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) Há revisão periódica do desempenho e do progresso dos funcionários no tocante às metas.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

10. COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO

a) Há meios de comunicação adequados entre o campo e o escritório.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) Os dados ecológicos e sócio-econômicos existentes são adequados para o planejamento de

manejo.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) Há meios adequados para coleta de novos dados.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

d) Existe a comunicação efetiva com as comunidades locais.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

11. INFRA-ESTRUTURA

a) A infra-estrutura de transporte é adequada para realizar as ações de manejo críticas.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) O equipamento de campo é adequado para realizar ações de manejo críticas.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

86

c) A infra-estrutura para os funcionários é adequada para a realização de ações de manejo

críticas.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

e) A infra-estrutura para visitantes é apropriada para o nível de uso pelo visitante.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

12. RECURSOS FINANCEIROS

a) Os recursos financeiros dos últimos 5 anos foram adequados para realizar as ações de

manejo críticas.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) Os recursos para os próximos 5 anos serão adequados para realização de ações de manejo

críticas.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) A alocação de recursos está de acordo com as prioridades e objetivos da UC.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

d) A previsão financeira para a UC a longo prazo é estável.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

PROCESSOS

13. PLANEJAMENTO

a) Existe um plano de manejo escrito, abrangente e relativamente recente.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) Existe um inventário abrangente dos recursos naturais e culturais.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) Existe uma análise e também uma estratégia para enfrentar as ameaças e as pressões da UC.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

d) Os resultados da pesquisa e de monitoramento são incluídos rotineiramente no

planejamento.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

14. PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO

a) Existe uma organização interna nítida.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) A tomada de decisões no manejo é transparente.

87

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) Os funcionários da UC colaboram regularmente com os parceiros, as comunidades locais e

outras organizações.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

d) As comunidades locais participam nas decisões pelas quais estão afetadas.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

15. PESQUISA, AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO

a) O impacto de usos legais e ilegais da UC é monitorado e registrado de forma precisa.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) A pesquisa sobre questões ecológicas-chave é coerente com as necessidades da UC.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) A pesquisa sobre questões sociais-chave é coerente com as necessidades da UC.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

d) Os funcionários da UC têm acesso regular à pesquisa e às orientações científicas recentes.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

16. RESULTADOS

Nos últimos dois anos, as seguintes ações foram coerentes com as ameaças e as pressões,

os objetivos da UC e o plano de trabalho anual:

a) Prevenção, detecção de ameaças e aplicação da lei.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

b) Restauração do local e ações mitigatórias.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

c) Manejo da vida silvestre ou de hábitat.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

d) Divulgação e ações educacionais na comunidade.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

e) Controle de visitantes e turistas.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

f) Desenvolvimento da infra-estrutura.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

g) Planejamento de manejo e elaboração de inventários.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

88

h) Monitoramento, supervisão e avaliação de funcionários.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

i) Capacitação e desenvolvimento de recursos humanos.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não

j) Pesquisa e monitoramento de resultados.

( ) Sim ( ) Predominantemente sim ( )Predominantemente não ( )Não