Parte 2: Metodologia da Prova de Vinhos · Prova de Vinhos José Miguel Meneses de Almeida...

41
1 Parte 2: Metodologia da Prova de Vinhos José Miguel Meneses de Almeida Comissão Vitivinícola da Bairrada Anadia, 15 de Novembro de 2016 www.cvbairrada.pt www.drapc.min-agricultura.pt

Transcript of Parte 2: Metodologia da Prova de Vinhos · Prova de Vinhos José Miguel Meneses de Almeida...

1

Parte 2:Metodologia da

Prova de Vinhos

José Miguel Meneses de

AlmeidaComissão Vitivinícola da Bairrada

Anadia, 15 de Novembro de 2016

www.cvbairrada.pt

www.drapc.min-agricultura.pt

2

Abertura

Perfume: The Story of

a Murderer

3

O que é a Prova?

“A prova é mais

do que só

análise sensorial :do que decompor o que é complexo nos

elementos que o compõem”

(Adaptado por José Miguel Meneses de Almeida a partir de Ribereau-Gayon)

Provar

“Provar é tentar colocar sobre uma cara conhecida

o nomeque temos debaixo da língua”

(adapt. de Emile Peynaud; Jacques Blouin)

4

5

Metodologia da Análise Sensorial (introdução)

Factor diferenciador da Qualidade de um vinho, pode depender de alguns miligramas ou microgramas; nanogramas…

Utilidade de treinar a prova de vinhos:

- maior precisão, exactidão e menor l.d.

(justiça, rigor e sensibilidade)

- apreciação e

- avaliação.

6

Tipos de Aromas

Aromas primários: das uvas (p.ex. os terpenos, dos quais o linalol, TN e Moscatel, portanto não sintetizados pela Saccharomyces Cerevisae, mas libertados na vinificação pelas suas enzimas)

Aromas secundários: de fermentação (e pré-fermentação)

Aromas terciários (bouquet): aromas de evolução (p.ex. etanal; óxidos de terpenos=cheiro a cera do soalho)

7

Metodologia da Análise Sensorial

ou Metodologia de Prova (técnicas de prova):

I Aspecto visual

II Avaliação olfactiva (vinho no copo)

III Avaliação do vinho na boca

IV) Final

V) Reavaliação do vinho (se necessário)

8

Metodologia de Prova (técnicas de prova)

… e…

finalmente:

Avaliação Global do Vinho:

Gostei?

Perfil?

Longevidade?

9

Condições ideais de prova

hora (10-11horas ou ...3h depois almoço);

número não exagerado de produtos a provar (e tipo de produtos-esforço);

fadiga do nariz e da mucosa bucal (saturação/ habituação);

em boas condições de saúde;

sentado, de preferência;

Preocupações (não), perfumes (não), pontualidade, silêncio, etc, etc,

10

Condições de Provas (NP4258:1993)

Humidade e temperatura controladas e adequadas, p.ex., c. 70%, 20oC ±2oC

Local isolado de ruídos exteriores;

bem ventilado e livre de odores

paredes cor branca, branca-suja ou cinzenta-clara, mate

luz: p.ex. temp. de cor de 6500 K (luz natural); uniforme.

cabinas (evitar comunicação entre provadores durante a prova)

Sala de Provas

11

Sala de Provas(adaptado a partir de ISO 8589:2007)

A sala de provas deve ser concebida, por forma a:

Providenciar provas sob condições determinadas e controladas, minimizando a distracção dos

provadores;

Reduzir os factores psicológicos e físicospossam ter influência [ilícita] na prova.

12

Sala de Provas

Instalações de prova devem compreender:

Sala de provas para prova individual ou colectiva – (obrigatório);

Área de preparação de amostras (obrigatório);

Gabinete; sala de estar; WC; armazém de amostras e equipamentos; outros.

13

14

O copo de provas

forma,

Transparente e incolor,

sem lapidados ou desenhos,

vinho servido até altura da maior largura do copo (c. de 50 mL)

O copo de provas

15

16

As amostras a provar

Incógnitas (somente copos servidos)

Ordem de prova:

Branco, Rosado, Tinto;

Seco, Doce;

1º Colheita recente 2º Colheita menos

recente (sobretudo nos tintos)

Temperatura que não é, geralmente, a temperatura de consumo

Tipos de Testes de Análise Sensorial

Teste

Triangular:3 amostrassão apresentadas

(sendo 2 delas iguais).

O provador deve indicar a que entende ser

diferente (!)

17

Outros testes

Duo-trio:o padrão deve ser apresentado, seguido por 2 amostras, uma das quais deve ser igual ao padrão. Ao provador é solicitado indicar a amostra que é igual ao padrão. 2 em 5:método para teste de diferença envolvendo 5 amostras, duas das quais são de um tipo e 3 de outro. O provador deve reunir as amostras em 2 grupos.

18

Outros testes

Ordenação: uma série de amostras deve ser apresentada para que seja ordenada)

Testes de sensibilidade: medem limiares de detecção de estímulos

Diluição: séries crescentes ou decrescentes de concentrações do material-teste adicionado ao padrão devem ser testadas contra o padrão

Subjectivos: expressam a opinião pessoal do provador

Escala hedónica: expressa o grau do gostar ou desgostar

...etc.

19

20

Teste triangular:

Serve para: detectar pequenas diferenças entre amostras; seleccionar e treinar provadores. Vantagens: tem menor probabilidade de se acertar ao acaso do que

no teste aos pares; Desvantagens: torna-se menos prático que o de pares, com um

número elevado de amostras, porque requer mais comparações

Obs: Habitualmente é pedido que a pessoa indique a amostra que é diferente.

21

Ficha de prova OIV - espumantes

22

I Aspecto Visual

I Aspecto visual

observar o vinho, inclinando o copo (ângulo

aprox. de 30 a 45 o), contra uma superfície iluminada de cor branca

registar:

- limpidez;

- tonalidade e intensidade de cor

- viscosidade

- efervescência (vinhos frisantes e espumantes)

23

24

O Aspecto: comentários

grau de limpidez/turvação (contaminações

microbiológicas?)

desprendimento gasoso persistência e finura da bolha;

viscosidade (lágrima: é álcool + glicerina mas não é

forçosamente critério de qualidade!)

NB: etanol e glicerina embora mais “leves” (densidade) são + viscosos (sensação táctil) do que a H2O -> aumentam o “corpo” do vinho.

Aspecto Visual - Cor

Brancos:

-citrino esverdeado

-citrino

-palha

-amarelo canário

-dourado

-âmbar (adapt. de Bento Amaral)

Aspecto Visual - Cor

Rosados (Rosés):

- Pálido com laivos rosa

- Rosa pálido

- Rosa profundo

- Olho de perdiz

- Casca de cebola(adapt. de Bento Amaral)

Aspecto Visual - Cor

Tintos [evolução com o tempo]:

- Púrpura

- Vermelho-violeta

- Vermelho-cereja

- Vermelho-granada

- Vermelho acastanhado

- Tijolo

- Alourado (adapt. de Bento Amaral)

28

II Avaliação olfactiva (vinho no copo)

Cheirar o vinho sem agitar o copo

Registar: natureza, intensidade e qualidade dos aromas

fazer o vinho girar dentro do copo, - libertação de + (outros) aromas

Cheirar novamente o vinho: 1) nariz no exterior próximo da abertura 2) nariz mais dentro do copo

Registar: natureza, intensidade e qualidade dos aromas

29

Os Aromas

30

A Roda dos Aromas(Famílias, descritores)

Como inspirar

Somente c. de 20% do ar inspirado atinge a zona superior das fossas nasais;

Cheirar de forma curta e rápida serve para evitar o efeito de adaptação (mais do que para aumentar a percepção dos aromas).

III Avaliação do vinho na bocaa) sabor e sensações

1) tomar na boca uma pequena porção de vinho (c. de 10 mL)

2) molhar toda a mucosa bucal com o vinho (língua, bochechas e céu da boca ou “palato”)

3) registar relativamente aos sabores:

onde são detectados;

quais são detectados primeiro,

tempo relativo em que persistem;

como se modificam em percepção e intensidade

32

III Avaliação do vinho na bocaa) sabor e sensações

4) registar também as sensações de adstringência, ardor, viscosidade, temperatura, intensidade do pico de gás (sendo

o caso)

5) registar estes sabores e sensações e percepcionar como se combinam uns com os outros (como se compensam ou como se acentuam).

33

III Avaliação do vinho na bocab) aroma retronasal

1) percepcionar os aromas do vinho, agora à

temperatura da boca;

2) (?) aspirar de modo a promover uma corrente de ar sobre o vinho na boca, de modo libertar os aromas com mais eficácia)

3) concentrar a sua atenção em aspectos como a natureza, intensidade e qualidade do aroma do vinho

34

III Avaliação do vinho na bocac) fim de boca

1) aspire o ar sobre o vinho na boca, por alguns segundos

2) cuspa (ou engula) a porção de vinho que tem na boca

3) feche a boca e expire o vapor aromático da sua boca, através do seu nariz

4) a qualquer aroma detectado desta forma chama-se fim-de-boca;

35

IV) Final

1) Atente nas sensações olfactivas e gustativas que permanecem na boca

2) Compare estas com as anteriormente detectadas

3) registe a sua natureza e duração (persistência)

36

V) Reavaliação do vinho (se necessário)

1) reavalie o vinho começando agora na fase de avaliação olfactiva com a agitação do copo (II.3)

2) registe a duração e alteração de características do vinho (intensidade e qualidade).

37

Finalmente:

1) Faça [a indispensável] avaliação global do vinho, sob o ponto de vista de

●aceitação ou aversão, ●complexidade, ●elegância ou potência, ●equilíbrio, e ●prazer proporcionados.

2) Tente perceber nele eventuais características de boa longevidade.

Adaptado por José Miguel Meneses de Almeida a partir de Wine Tasting – a Professional Handbook; JACKSON, Ronald S., Elsevier, 2002

38

39

O Sabor do Vinho

intensidade, qualidade e equilíbrio.

O pH e a temperatura da nossa boca, podem relevar aromas encobertos no vinho (virtudes ou defeitos).

40

as impressões finais do vinho

persistência do vinho (medida em seg.)

Apreciação global

41

******** Final *********

Obrigado pelo interesse!

Anadia, 15 de Novembro de 2016

José Miguel Meneses de Almeida