PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio,...

35
Responsabilidade Social Empresarial Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais 37 PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL 1. O conceito de tripple bottom line, a gestão estratégica e a participação dos stakeholders Elkington (2001), salientando a responsabilidade das empresas para com as condições de vida no planeta e cria o conceito de tripple bottom line, imprescindível para entendermos como a gestão da responsabilidade social está sendo implementada. Elkington afirma que as empresas devem superar uma ênfase explícita e estrita com relação à sustentabilidade financeira de suas ações e intervenções, com foco exclusivo no interesse econômico dos proprietários ou acionistas – a lógica do single bottom line. Ao contrário, as empresas devem adotar uma lógica múltipla de atenção para com a sustentabilidade e ousar o desafio da postura complexa e multidimensional de uma sustentabilidade econômica, social e ambiental – a lógica do tripple bottom line – em que uma rede de interlocutores – acionistas, funcionários, meio ambiente, sociedade, clientes, concorrentes – têm suas necessidades e valores levados em consideração. Este pensamento mostra que a perspectiva convencional de avaliação contábil das organizações considera o lucro como a medida de desempenho, numa perspectiva reducionista unilateral do desempenho econômico, obtido pela dedução dos custos e depreciação do capital. Salienta, no entanto, que os desafios para avaliação do desempenho econômico são maiores e mais complexos do que o cálculo financeiro. Para o autor, mesmo quando se consideram apenas os interlocutores Atenção John Elkington - 1949 Sociólogo e economista inglês, um dos criadores da SustainAbility, em 1987, empresa de consultoria especializada em estratégia, desenvolvimento sustentável, equidade social e desenvolvimento econômico. Elkington desenvolveu uma acurada percepção dos desafios para a sobrevivência da civilização contemporânea, e, na procura de um termo que incorporasse as dimensões econômicas e sociais da agenda deflagrada pelo Relatório Brundtland, caso se procurasse efetivamente uma via para o progresso ambiental, criou a expressão tripple bottom line, em 1994. Utiliza-a para sintetizar e tornar as várias dimensões conceituais da idéia de desenvolvimento sustentável propícia para veiculação no ambiente empresarial. Bottom line é a maneira como é conhecida a última linha de um balanço financeiro, expressando os resultados empresariais. Sobre o conceito do tripple bottom line elaborado por John Elkington, consulte http://www.sustainability.com (consultado em julho de 2007).

Transcript of PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio,...

Page 1: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

37

PARTE III

IMPLEMENTAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

1. O conceito de tripple bottom line, a gestão estratégica e a participação

dos stakeholders

Elkington (2001), salientando a responsabilidade das empresas para com as condições de vida no

planeta e cria o conceito de tripple bottom line, imprescindível para entendermos como a gestão da

responsabilidade social está sendo implementada. Elkington afirma que as empresas devem superar

uma ênfase explícita e estrita com relação à sustentabilidade financeira de suas ações e intervenções,

com foco exclusivo no interesse econômico dos proprietários ou acionistas – a lógica do single bottom

line. Ao contrário, as empresas devem adotar uma lógica múltipla de atenção para com a

sustentabilidade e ousar o desafio da postura complexa e multidimensional de uma sustentabilidade

econômica, social e ambiental – a lógica do tripple bottom line – em que uma rede de interlocutores –

acionistas, funcionários, meio ambiente, sociedade, clientes, concorrentes – têm suas necessidades e

valores levados em consideração.

Este pensamento mostra que a perspectiva convencional de avaliação contábil das organizações

considera o lucro como a medida de desempenho, numa perspectiva reducionista unilateral do

desempenho econômico, obtido pela dedução dos custos e depreciação do capital. Salienta, no

entanto, que os desafios para avaliação do desempenho econômico são maiores e mais complexos do

que o cálculo financeiro. Para o autor, mesmo quando se consideram apenas os interlocutores

Atenção

John Elkington - 1949

Sociólogo e economista inglês, um dos criadores da SustainAbility, em 1987, empresa de consultoria

especializada em estratégia, desenvolvimento sustentável, equidade social e desenvolvimento

econômico. Elkington desenvolveu uma acurada percepção dos desafios para a sobrevivência da

civilização contemporânea, e, na procura de um termo que incorporasse as dimensões econômicas e

sociais da agenda deflagrada pelo Relatório Brundtland, caso se procurasse efetivamente uma via

para o progresso ambiental, criou a expressão tripple bottom line, em 1994. Utiliza-a para sintetizar e

tornar as várias dimensões conceituais da idéia de desenvolvimento sustentável propícia para

veiculação no ambiente empresarial. Bottom line é a maneira como é conhecida a última linha de um

balanço financeiro, expressando os resultados empresariais.

Sobre o conceito do tripple bottom line elaborado por John Elkington, consulte

http://www.sustainability.com (consultado em julho de 2007).

Page 2: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

38

identificados como investidores, há uma diferença de percepção entre os valores publicados no

balanço contábil e o valor da empresa.

Para Elkington, os valores disponíveis no balanço tradicional refletem o passado da instituição, os

custos e as depreciações. Já o valor de capital para os investidores está associado ao valor futuro

esperado para os lucros e sua determinação se associa a perguntas relativas às condições de

manutenção da instituição, como, por exemplo, se haverá manutenção da demanda por produtos e

serviços da empresa.

O modelo do tripple bottom line é um desafio para o meio empresarial. Nele consideram-se as

dimensões social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto,

que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia empresarial.

Para Borger (2001), a determinação do desempenho econômico se vincula à competitividade, que se

efetiva quando a empresa obtém sucesso com relação às suas concorrentes numa estratégia

planejada e bem sucedida.

Nessa situação, a empresa deve propiciar aos seus investidores um retorno acima do custo de

oportunidade de outros investimentos. Para encarar o modelo de tripple bottom line na análise e

gestão de negócios nas organizações, deve-se levar em consideração outras questões, além da

produtividade. Deve-se considerar na sustentabilidade dos negócios, os riscos envolvidos e os

impactos das ações e atividades da empresa sobre a sociedade e o meio ambiente. Para haver

condições de manutenção da vantagem competitiva, a organização deve se preocupar não apenas

com a abordagem econômica, mas também com os contextos culturais onde suas ações se inserem. É

fundamental considerar tudo numa complexa rede de inter-relações envolvendo fornecedores, agentes

governamentais, consumidores, e parceiros estratégicos. E isso implica a necessidade de inserir em

sua estratégia as dimensões social e ambiental, além da econômico-financeira.

Reflexão

Custo de oportunidade

É o nome que se dá ao custo em que incide um produtor quando produz um bem e é expresso pelos

outros bens que ele deixa de produzir. Igualmente, se refere ao custo em que um consumidor incide

quando deixa de consumir um bem para consumir outro.

Ainda que os recursos fossem ilimitados, produtor ou consumidor incidiriam no custo de oportunidade

porque o tempo para produzir ou para consumir, é limitado. Daí o custo de oportunidade ser chamado

também de custo do tempo.

Custo de oportunidade associado à vantagem competitiva

Uma empresa estabelece a sua vantagem competitiva quando produz com menor custo de

oportunidade do que os seus concorrentes.

Page 3: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

39

Os conceitos de eficiência e eficácia estão associados ao conceito de custo de oportunidade. A

eficiência refere-se ao uso ótimo dos fatores de produção, isto é, ao menor custo de oportunidade em

que incide uma empresa para produzir um bem.

“Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!”

Estas estrofes da poesia “Mar Portuguez” de Fernando Pessoa (GALHOZ, 1977:82) sugerem uma

troca eficiente de noivos por marinheiros com o objetivo de conquistar o mar. Fernando Pessoa, nas

estrofes seguintes da mesma poesia, sugere que o interesse coletivo da nação, na conquista do mar,

amplia o conceito de eficiência para o de eficácia.

“Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador

Tem que passar além da dor”.

O entendimento de custo de oportunidade permite compreender a responsabilidade social como

prática de eficácia produtiva, na medida em que propõe a produção por meio de processos lucrativos,

limpos e não excludentes e a relação ética e transparente com as partes interessadas.

Dois fatores são relevantes nas discussões da relação das empresas com seus stakeholders:

1. o tipo de responsabilidade social que irá se configurar como ponto forte da empresa e este em

função da sinergia existente entre a cultura da empresa e as demandas da comunidade onde ela

está inserida e;

2. o reconhecimento ou identificação de seus stakeholders efetivos e potenciais.

No que respeita ao primeiro fator – o tipo de responsabilidade social – a empresa deve focar as ações

sociais que pretende desenvolver no exercício da responsabilidade social. Este foco na ação deve ser

direcionado para as principais demandas sociais colocadas frente à organização em sinergia com a

sua cultura; isto é, a ação ou ações a serem desenvolvidas devem estar diretamente relacionadas ao

trabalho da empresa. Sem essa sinergia entre as demandas da comunidade e a cultura organizacional

e sem a perfeita identificação de seus grupos de interesse, ela poderá sucumbir. Essa sinergia

possibilitará a empresa uma melhor identificação de seus públicos-alvo efetivos e potenciais, que é o

segundo fator a ser observado pelas corporações.

A importância de considerar como elementos constitutivos de estratégia das empresas as variáveis

sociais, ambientais e econômicas tem implicação direta para a responsabilidade social empresarial por

que as empresas por si só não crescem nem se desenvolvem. Para tanto, elas dependem de outros

grupos com os quais desenvolvem uma forte rede de relações para se instalarem e atuarem no

mercado. Esses grupos, chamados de “grupos de interesses” ou stakeholders, são todos aqueles que

afetam as corporações ou são por elas afetados.

Page 4: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

40

É necessário, portanto, que as empresas – de qualquer porte – saibam identificar seus diferentes

públicos-alvo para desenvolvimento e crescimento de seus negócios. As empresas têm obrigações

para os demais grupos que compõem a sociedade além dos seus empregados e acionistas. A

compreensão da responsabilidade social empresarial depende, portanto, das ações e interações entre

os vários stakeholders, condicionadas pelo foco da ação de cada um deles:

a. os acionistas:

O foco dos acionistas é o faturamento. A resposta é relativa ao lucro que as empresas obtêm. A

rentabilidade, a produtividade, as vendas e a questão fiscal são aspectos inerentes à prática desse

ator social.

b. os empregados:

O trabalho/emprego significa uma resposta do trabalhador à empresa ou instituição que o emprega,

além de representar um papel social. A criatividade desses atores é valorizada pelas empresas como

um fermento para o aumento dos lucros.

c. os consumidores

A percepção dos consumidores sobre uma empresa ou produto é, junto da criatividade dos

trabalhadores (empregados), o segundo pilar que transforma os tradicionais padrões de atuação das

empresas no mercado. Valores ligados à marca de um produto são os mais evidentes para retratar o

posicionamento desse ator social. Quando relacionada a questões sociais essa marca tem um

compromisso com a verdade que irá traduzir-se numa cultura. Ela está igualmente associada ao

“design”, que projeta o produto para um público consumidor.

d. os fornecedores

O posicionamento desses atores é delicado uma vez que o processo de reestruturação produtiva, a

terceirização, a sub-contratação, dissimula, de certa forma, o escopo de ação dos mesmos. O caso da

Nike pode ser citado como exemplo nesse sentido. As denúncias de trabalho infantil na fabricação de

bolas de futebol na Indonésia levaram a empresa a uma reformulação de sua relação com os

fornecedores. Isso foi possível em função de uma pressão social que denunciou as condições

impostas pela Nike para adquirir esse produto (FOLHA DE SÃO PAULO, 2004: 22).

e. As comunidades

As diferentes comunidades onde as empresas estão instaladas e aquelas que estão sujeitas à ação da

empresa, são atores sociais que integram a gestão da responsabilidade social empresarial. Até o

momento podemos observar uma ação muito mais das empresas para a comunidade do que o inverso.

Isso deve-se sobretudo à região geográfica, tamanho, nível de renda, concentração industrial e

padrões étnicos e migratórios que determinam, em parte, a postura desses atores e suas condutas nos

programas de responsabilidade social empresarial.

Page 5: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

41

f. O meio ambiente

Apesar de não ter um interlocutor pré-definido, o impacto que a atuação das empresas provoca no

meio ambiente deve ser considerado, sobretudo quanto às externalidades. O grande desenvolvimento

tecnocientífico, se por um lado melhorou a qualidade de vida de algumas populações, por outro

sobrecarregou os sistemas naturais: reservas florestais, bacias hidrográficas, depósitos minerais etc.

Estes são apropriados de forma progressiva e destrutiva. As empresas devem responder ao meio

ambiente por meio de seus programas de responsabilidade socioambiental.

Relativamente indefinidas quanto à origem, propriedade e a quem aufere rendimentos ou remunera

custos, as externalidades ou economias externas trazem à reflexão aspectos fundamentais da

responsabilidade social, como a interação com as partes interessadas. Ou a reflexão sobre o aspecto

representado pelo conceito de “licença para operar”, concedida para uma empresa realizar todos os

seus subprocessos, inclusive os mais nocivos, como os poluentes ou os que contribuem para o

aquecimento global.

Em resumo, quem confere a uma empresa o “mandato” que permite a ela lançar um efluente em um

curso d’água (externalidade negativa) ou investir em um projeto comunitário de educação

(externalidade positiva)?

As empresas, produzindo através de processos rentáveis, mais limpos e não-excludentes,

sustentáveis, portanto, deslocam a abordagem tradicional das externalidades dos bens para os

processos, revelando o potencial transformador da responsabilidade social. Além da reflexão sobre a

interação com as partes interessadas, concedentes da licença para operar, o “mandato”, o

entendimento mais profundo deste potencial não pode prescindir de uma reflexão sobre o significado

ético da produção, senão persistiria o risco de absolver, sem o necessário debate, empresas

produtoras de qualquer tipo de bem, como tabaco, armas de guerra, drogas ou outros, análogos.

A percepção do que é responsabilidade social, para esses diferentes atores e interlocutores, tem um

caráter dinâmico que corresponde à relação que a empresa tem com a sociedade.

Para Borger (2001) os grupos de interesse provêm às informações, a energia e os recursos

necessários para as empresas. Por meio dessas relações as empresas criam o capital social,

Glossário

Externalidades

Subprodutos de processos produtivos cujos benefícios (quando positivos), ou malefícios (quando

negativos), são apropriados também por quem não consumiu ou produziu os bens ou os serviços. Isto

significa que há bens com a propriedade de permitir que os benefícios por eles proporcionados sejam

desfrutados também por quem não os consumiu.

Caso, por exemplo, de externalidade positiva, é uma vacina contra uma doença transmissível, tomada

por uma criança, que beneficia também a outra criança que não a tomou. Ou, como exemplo de

externalidade negativa, o caso de uma empresa que lança em um rio os efluentes não tratados,

resultantes do seu processo produtivo, poluindo o curso d’água.

Page 6: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

42

intelectual, ambiental e financeiro essencial para a sustentabilidade e o crescimento organizacional

(BORGER, 2001:54-56).

Na maioria das vezes existe divergência entre os grupos de interesses e as relações de dependência

entre estes e as organizações são desiguais e assimétricas. Quanto mais significativa for a

participação de um ou mais grupos na empresa, maior a sua dependência e maior o poder de

influência desses grupos sobre a organização.

As decisões estratégicas tomadas pela empresa são diferenciadas para esses diversos grupos de

interesse, porque ...os acionistas querem maximizar seus retornos, preservar e aumentar sua riqueza;

os consumidores querem qualidade e confiabilidade dos serviços e produtos sem aumento de preços;

os fornecedores querem aumentar o preço e reduzir os custos; a comunidade quer que as empresas

sejam empregadores de longo prazo, paguem mais impostos e não demandem serviços de

infraestrutura; e finalmente os trabalhadores da organização esperam que a firma forneça um ambiente

de trabalho dinâmico, estimulante e compensador (BORGER, 2001:61).

Uma forma que uma organização pode adotar para praticar a responsabilidade social é definir a sua

visão, o que compreende um foco de atuação (meio ambiente, cidadania, recursos humanos), a sua

estratégia de ação e o seu papel principal. O papel está ligado aos valores da empresa, assim como o

foco e a estratégia estão ligados à ação e a relação desta com o seu entorno.

Na gestão do empreendimento, o direcionamento estratégico dá a orientação fundamental para o

conjunto de planos operacionais da empresa, ele desdobra-se em diretrizes para o planejamento das

suas áreas funcionais, em direção da visão de longo prazo e no cumprimento da missão. É no âmbito

da governança corporativa, em que se formula o conjunto das estratégias que constituem o

direcionamento, que também se define o sistema de gestão pelo qual estas estratégias serão

implantadas.

Tanto a definição de quem são os stakeholders, como as abordagens pra estabelecer relações com as

partes interessadas provoca, segundo Pinto e Leitão (2006:37-47), calorosos debates. Apresentamos,

em seguida, uma compilação dos principais aspectos relacionados à teoria dos stakeholders, na visão

de vários autores, respondendo a duas perguntas:

Glossário

Governança Corporativa

Sucintamente, governança é a instância da gestão que deve articular todos os públicos interessados e

envolvê-los na resolução de suas expectativas diversas, por vezes, conflitantes, inerentes, porém, à

direção de um empreendimento. Transparência, eqüidade entre as partes interessadas, prestação de

contas e responsabilidade são princípios para a boa prática da governança corporativa, que visa não

somente um melhor desempenho, como também aumentar o valor da empresa para a sociedade,

facilitar seu acesso ao capital e contribuir para sua perenidade.

Para saber mais sobre governança corporativa, consulte o site:

http://www.ibgc.org.br (IBGC, 2007).

Page 7: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

43

1. Quem são os stakeholders?

Friedman

1970

Os que têm um relacionamento econômico com a organização.

Freeman e

Reed 1983

Senso amplo – qualquer grupo ou indivíduo que possa afetar os objetivos de uma organização. Senso estrito – qualquer grupo ou indivíduo do qual a organização dependa para viver.

Carrol 1991

Grupos ou indivíduos com os quais a organização interage ou que com ela têm interdependência. Eles afetam ou são afetados por ações, decisões, políticas, práticas e objetivos da organização.

Clarkson 1995 Os que têm exposição ou aceitação a propensão ao risco diante das atividades da empresa. Sem risco não há interesse.

Longsdon e

Yuthas 1997

Indivíduos ou grupos que afetam ou são afetados pela organização.

Hummels 1998 Indivíduos ou grupos com alguma reivindicação legítima na organização, visando participar da tomada de decisão, porque são afetados pelas práticas, políticas e ações das empresas.

Preston 1999 Aqueles indivíduos que são afetados, favorável ou adversamente, pela operação de uma organização.

Waddock 2000 Os atores que influenciam o desempenho da empresa. Stoney e

Winstanley

2001

Grupos dos quais as empresas dependem para sobreviver.

Post e

colaboradores 2002

Os grupos cujo relacionamento com a empresa faz aumentar a riqueza.

Phillips e

colaboradores 2003

Normativos – aqueles com os quais a organização tem obrigações morais diretas. Derivados – os que tanto podem prejudicar, quanto beneficiar a organização.

2. Quais as principais críticas a teoria dos stakeholders?

Friedman 1970 A responsabilidade do gestor é com o dono da empresa.

Stenberg 1996 O número de stakeholders e infinito, sendo inviável atendê-los.

Handy 1998 É difícil ou impossível definir com clareza quem é um stakeholder.

Key 1999 Não é uma teoria científica.

Jensen 2001 O bem estar é maximizado quando uma empresa maximiza seu valor de mercado.

Stoney e

Winstanley 2001

O termo é usado de forma retórica e política, sem preocupação teórica.

Barry 2002 O acionista não terá interesse em colocar seus recursos na empresa, pois terá de dividir decisões com outros atores.

Smith 2003 A teoria é mal interpretada, pois não impede atos imorais de gestores mal intencionados.

Page 8: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

44

Como se pode observar não há unanimidade na identificação do stakeholder, nem tampouco a teoria é

aceita sem críticas. A despeito das críticas, empresas vão definindo seus interlocutores a partir de uma

visão abrangente da realidade, considerações de ordem social e ambiental integradas à econômica e a

incorporação destas relações no direcionamento estratégico e na definição dos fatores que

determinam a criação de valor.

Uma ferramenta útil pra implementar diálogo com partes interessadas é a norma AA 1000

(ACCOUNTABILITY 1000, 1999) . É um guia de melhores práticas para prestação de contas das

empresas com as partes interessadas desenvolvido pelo ISEA (Institute of Social and Ethical

Accountability) e base para outras ferramentas. Ela pode contribuir para a melhoria contínua dos

processos, assegurando a qualidade e confiabilidade de relatórios, contabilidade e auditoria e o

gerenciamento e comunicação da responsabilidade social empresarial e do desempenho social e ético

da organização.

A aplicabilidade da norma se dá, sobretudo, na definição do ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Act), para

sua implementação, como a seguir:

O fluxograma está compreendido em um conjunto de relações entre as etapas sugeridas do processo

de interação com as partes interessadas e suas interseções. Cada etapa é apresentada de forma

alinhada com o ciclo PDCA e com suas atividades principais e, como corolário, cada giro do ciclo

PDCA projeta o processo de engajamento com as partes interessadas para um estágio superior, no

que se convencionou chamar de princípio de melhoria contínua.

Fonte: AccountAbility (1999).

Page 9: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

45

O resumo de procedimentos da norma AA 1000, com base no ciclo PDCA, sugere também a influência

que a teoria da qualidade, mais difundida a partir dos anos 1980, na concepção de sistema de garantia

com adequação ao uso exerce sobre as práticas de gestão da responsabilidade social, interferindo

sobre a síntese das dimensões objetivas da qualidade – a conformidade – e sobre a síntese das

dimensões subjetivas da qualidade – a reputação.

2. Gestão estratégica da responsabilidade social das empresas

Para fazer a gestão da responsabilidade social, como visto anteriormente, as empresas adotam alguns

procedimentos, como por exemplo, implantação de práticas de governança corporativa, identificação

dos stakeholders pela proximidade com o trabalho das empresas e/ou pelo risco ou impacto que

possam causar a estes e assumem o diálogo com os stakeholders para determinar os múltiplos

interesses.

Na última década, muitas ferramentas surgiram para ajudar as organizações a gerenciar seu

desempenho econômico, ambiental e social. Estas ferramentas e instrumentos se apresentam de

várias formas: demonstrativos de processos ou desempenho, sistemas de gestão, métodos de

avaliação, protocolos, normas, etc. É importante frisar que a adoção de uma ferramenta/ instrumento

não exclui a possibilidade de adoção de outras. Estas adoções podem ser, ao contrário,

complementares.

Novamente, como na parte conceitual desta disciplina, o risco é se perder na amplitude de

possibilidades e não aprofundar conhecimento em nenhuma delas. Desta forma, elegemos 3

ferramentas para as quais daremos destaque:

� GRI – Global Reporting Initiative;

� Balanço Social modelo IBASE e

� Metas do Milênio.

A escolha destas ferramentas se deu pelas suas diferentes ênfases, o que torna o nosso estudo mais

amplo. Assim, a GRI foi escolhida por representar a gestão da RSE com ênfase no tripple bottom line;

o Balanço Social modelo IBASE foi escolhido pela ênfase nos interlocutores e as Metas do Milênio por

sua ênfase na comunidade. Ao final da apresentação de cada uma delas, no entanto, listamos com

pequenos resumos, muitas outras que poderão ser adotadas com a mesma ênfase, indicando links na

internet para pesquisa mais aprofundada.

Page 10: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

46

2. a. Gestão estratégica da responsabilidade social das empresas com ênfase em

sustentabilidade

Na gestão estratégica da responsabilidade social, muitos caminhos podem ser tomados. A GRI

representa um caminho para a organização que deseja demonstrar e melhorar seu desempenho nas

áreas econômica, social e ambiental.

A GRI - Global Reporting Initiative - surgiu em 1997 e, desde a sua criação, ajuda a orientar as

organizações que estejam elaborando relatórios a descrever e a articular melhor suas contribuições

em direção ao desenvolvimento sustentável. A tendência atual é que cada vez mais empresas, no

mundo todo, adotem os indicadores de relatório sugeridos pela GRI, permitindo uma padronização que

facilite a análise e a comparabilidade do desempenho das empresas.

A GRI é uma iniciativa de uma organização não-governamental internacional, cuja missão é

desenvolver e disseminar globalmente diretrizes aplicáveis para o desenvolvimento de relatórios de

sustentabilidade utilizados voluntariamente por empresas que relatam as dimensões econômicas,

ambientais e sociais de suas atividades, produtos e serviços. Sua principal proposta é desenvolver

diretrizes de relato (Sustainability Reporting Guidelines) que possam ser utilizadas e comparadas por

organizações em todo o mundo.

A GRI faz uso de uma rede internacional que conta com a participação de diversas partes

interessadas. É uma iniciativa da CERES (Coalition for Environmentally Responsible Economies) -

organização não-governamental norte-americana, composta por organizações ambientais,

profissionais de investimentos socialmente responsáveis, investidores institucionais e organizações de

trabalhadores e religiosas, em parceria com o UNEP (United Nations Environment Programme). Dentro

da própria iniciativa foram incorporados, através de um comitê representativo, alguns de seus

stakeholders, representados por diferentes empresas, organizações não-governamentais, consultorias,

empresa contábeis, associações de empresas, universidades e outros.

Está em sua terceira versão, GRI G3, cuja construção teve a participação efetiva de várias instituições

e empresas brasileiras, tais como: Petrobras, Natura, Instituto Ethos, Instituto Brasileiro de Governança

Corporativa, Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável; Instituto Observatório Social,

entre outros. Como se pode observar, as diretrizes servem não apenas a empresas privadas, é

aplicável em organizações de todos os tamanhos e tipos e localizadas em qualquer parte do mundo. O

que se destaca na utilização da GRI é a disposição da empresa para demonstrar seu desempenho nas

três dimensões, social, ambiental e econômica, o que permite avaliar a consistência entre a política de

sustentabilidade corporativa e sua efetiva realização, uma vez que oferece diretrizes de métodos para

preparação, monitoramento e verificação de desempenho de relatórios.

Dica

Sugerimos que você consulte alguns relatórios empresariais que usam a GRI:

Petrobrás (2006)

http://www2.petrobras.com.br/ri/port/ConhecaPetrobras/RelatorioAnual/pdf/RelatorioAnual_2006.pdf

Natura (2006)

http://natura.infoinvest.com.br/static/ptb/arquivos/608488_RA_PORTUGUES.pdf

Page 11: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

47

Seus principais objetivos são prestar contas aos stakeholders do desempenho das empresas; servir de

comparação para uma empresa ao longo do tempo; e servir de comparação entre empresas. Em uma

frase, o GRI oferece diretrizes mundialmente aceitas para o preparo de relatórios tripple bottom line.

Assim, sua estrutura e forma se assemelham ao relatório contábil, no entanto seu conteúdo

compreende também as dimensões social e ambiental e seu relato pressupõe um prévio e estruturado

engajamento com as partes interessadas (que pode ser oferecido com base na AA 1000), conferindo-

lhe a transparência, a inclusividade e a relevância sugeridas por seus princípios norteadores.

O conteúdo sugerido pela GRI tem nos princípios de transparência e inclusividade o seu principal

norte, sendo recomendado que o processo de escolha de indicadores a relatar esteja intrinsecamente

relacionado às percepções e necessidades das partes interessadas de cada empresa. Desta forma, o

conteúdo da GRI funcionaria como um cardápio cuja escolha é direcionada pelos stakeholders em

processo estruturado e relatado de engajamento.

A GRI é, portanto, uma estrutura externa de relato que tanto incorpora quanto complementa outras

iniciativas e que permite comunicar: (1) ações tomadas para melhorar desempenho econômico,

ambiental e social, (2) os resultados de tais ações, (3) estratégias futuras para melhoria.

Atenção

Os 11 Princípios da GRI, segundo o Business Meets Social Development (2007): Transparência – a completa publicação de processos, procedimentos e suposições na preparação do relatório é essencial para sua credibilidade; Inclusividade – a organização deve, sistematicamente, engajar suas partes interessadas para ajudar a focar e melhorar continuamente a qualidade de seus relatórios; Auditabilidade – dados e informações relatados devem ser registrados, compilados, analisados e revelados, de modo a permitir que auditores internos ou provedores de garantia externos, possam atestar sua veracidade; Completude – todas as informações materiais aos usuários para avaliar o desempenho econômico, social e ambiental devem aparecer no relatório de maneira consistente com os limites, escopo e período de tempo declarados; Relevância – a relevância é o grau de importância dado a um particular aspecto, indicador, ou pedaço de informação e representa o ponto no qual a informação se torna significante o suficiente para ser relatada; Contexto de sustentabilidade – a organização deve procurar colocar seu desempenho no contexto mais amplo do ecológico, social, ou outros limites ou restrições, onde tal contexto adicione significado importante à informação relatada; Exatidão – se refere a alcançar o grau de exatidão e baixa margem de erro na informação relatada necessária para que os usuários tomem decisões com alto grau de segurança; Neutralidade – os relatórios devem evitar indução na seleção e apresentação da informação e devem esforçar-se para dar uma conta balanceada do desempenho da organização; Comparabilidade – a organização deve manter a consistência no limite e escopo de seus relatórios, publicando qualquer mudança e reafirmando previamente a informação relatada;

Page 12: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

48

A confecção do relatório se baseia em 11 princípios que estabelecem condutas calcadas em critérios

de transparência, prestação de contas, exatidão, bem como na sua organização a partir das

dimensões econômica, ambiental e social da sustentabilidade.

O conteúdo da GRI aborda aspectos que englobam visão, estratégia e perfil organizacional; passando

pelo perfil do próprio relatório e seu escopo, bem como os critérios de definição de conteúdo do

relatório; estrutura de governança e sistema de gestão; engajamento com partes interessadas; até os

indicadores de sustentabilidade propriamente ditos, que incorporam os três aspectos já citados.

As principais contribuições da GRI para com os vários atores sociais são:

Empresas

intensificar o diálogo com stakeholders e identificar áreas de melhoria,

permitindo a visão antecipada de possíveis problemas e oportunidades;

fortalecer parcerias e construir confiança; possibilitar um diálogo estratégico

entre as várias funções dentro da empresa.

ONG´s e sindicatos facilitar o diálogo com empresas; ter acesso a informações consistentes;

possibilitar uma visão crítica da gestão empresarial.

Comunidade possibilitar uma visão crítica da gestão da empresa.

Investidores avaliação padronizada similar à contabilidade financeira.

Governos complementar a regulamentação.

Dica

Sugerimos que você acesse a GRI, em língua portuguesa no site:

http://www.globalreporting.org/Home/LanguageBar/Portuguese.htm

Sua versão 3, conhecida como G3, em língua inglesa, está disponível online em:

http://www.globalreporting.org/ReportingFramework/G3Online/

O endereço institucional da GRI é:

http://www.globalreporting.org

Atenção

Clareza – a organização deve permanecer consciente das diversas necessidades e background de todos os grupos de partes interessadas e deve deixar a informação disponível de maneira proativa ao máximo número de usuários enquanto ainda mantenha um adequado nível de detalhes; Conveniência – os relatórios devem providenciar informação em um calendário regular que preencha

as necessidades dos usuários e comporte com a natureza da própria informação.

Page 13: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

49

Outras possibilidades de instrumentos, ferramentas e protocolos para a gestão da

responsabilidade social com ênfase na sustentabilidade:

� Agenda 21

Foi consolidada na Rio 92 e representa um compromisso de 179 países para a implementação do

desenvolvimento sustentável. É um processo e instrumento de planejamento participativo para o

desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a sustentabilidade, compatibilizando a

conservação ambiental, a justiça social e o crescimento econômico. Pode e deve ser adotado global,

nacional e localmente, existindo casos de agenda para bairros ou mesmo escolas. A brasileira é

resultado de uma consulta à população, sendo construída a partir das diretrizes da Agenda 21 global.

Os temas que compõem a agenda brasileira são: agricultura sustentável, cidades sustentáveis, infra-

estrutura e integração regional, gestão de recursos naturais, redução das desigualdades sociais e

ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável.

Site: http://www.mma.gov.br (consultado em junho de 2007)

� Diretrizes da OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico

Instituída em 1961, a OCDE é integrada por 30 países membros, entre eles França, EUA, Canadá e

México. Brasil, Argentina e Chile têm o status de observadores e pleiteiam, desde 1997, o status de

membros. O Brasil é signatário das diretrizes que já sofreram cinco revisões. As diretrizes oferecem

princípios e normas voluntários para a conduta responsável das empresas multinacionais, voltadas

para potencializar suas contribuições para o desenvolvimento sustentável. Sua mais recente revisão

abre a possibilidade de negociações na pauta sindical sobre a manutenção de padrões de conduta

nas filiais das empresas multinacionais, semelhantes aos padrões da matriz. É dividida em capítulos

temáticos sobre meio ambiente, emprego e relações trabalhistas, luta contra corrupção, interesses dos

consumidores, ciência e tecnologia e concorrência, entre outros.

Site: http://www.fazenda.gov.br/sain/pcnmulti/diretrizes.asp#divulgacao (consultado em junho de 2007)

� Global Compact ou Pacto Global

É uma iniciativa do então secretário-geral da ONU – Organização das Nações Unidas - Kofi-Annan

que, durante o Fórum Econômico Mundial de 1999, propôs que as empresas pactuassem o

comprometimento com princípios globais relacionados aos direitos humanos, trabalho e meio

ambiente. O Pacto Global tem como base o cumprimento da Declaração Universal dos Direitos

Humanos da ONU, de 1948; a Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, de 1992; e a

Declaração de Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho da OIT – Organização Internacional do

Trabalho, de 1998.

Page 14: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

50

Site: http://www.unglobalcompact.org (consultado em junho de 2007).

� ISO NBR 9000:2000 - International Standardization Organization

Norma que certifica os sistemas de gestão de garantia da qualidade, através da conformidade de

processos e da adequação ao uso. Tem como principais objetos desenvolver o planejamento e os

objetivos e processos, a sua implementação, monitoramento e mensuração dos resultados em

consonância com os requisitos do cliente, com a política da qualidade da organização e com o

compromisso de melhoria contínua dos processos da organização.

Site: http://www.iso.ch (consultado em junho de 2007).

� ISO NBR 14000:2004 - International Standardization Organization

Norma certificável que regulamenta a questão da proteção ambiental, no intuito de minimizar os efeitos

nocivos ao meio-ambiente e aos trabalhadores, causados pelas atividades produtivas das empresas.

Tem como principal objetivo criar uma política ambiental que possa ser monitorada e avaliada para a

correção de problemas e para melhorar o desempenho ambiental das empresas.

Site: http://www.iso.ch (consultado em junho de 2007).

� ISO 26000 - International Standardization Organization

É um guia (isoguide) de responsabilidade social empresarial, que está sendo elaborada e terá como

objetivo estabelecer um padrão internacional para implementação de um sistema de gestão e

conformidade de empresas quanto aos aspectos da responsabilidade social. Ganha importância em

nosso cenário por ser a primeira vez que um comitê de elaboração de norma internacional é presidido

Reflexão

A edição do Pacto Global, apesar dos seus termos altruístas, gerou controvérsias junto a algumas

lideranças da chamada sociedade civil, em decorrência de dúvidas quanto à pertinência e

oportunidade de uma adesão por parte de empresas privadas a uma iniciativa relacionada à ONU, em

um momento em que o próprio secretário-geral anunciava severas dificuldades financeiras da

instituição. Algumas das críticas referem-se à impertinência de uma adesão que não seja através de

Estados e também ao risco de uma privatização dos interesses da organização.

...Que me desculpem, companheiros e companheiras no governo, mas não dá para calar: os

contornos dessa agenda internacional começam a ficar perigosos demais. Lula foi a Nova York para a

reunião do Global Compact. Infelizmente, nosso presidente deu brilho a essa nefasta iniciativa do

secretário-geral da ONU, Kofi-Annan. Na visão dos movimentos de cidadania mundial o Global

Compact é um perigoso passo no sentido de comprometer as Nações Unidas com a agenda dos

maiores conglomerados econômico-financeiros, cuja folha corrida na violação de direitos humanos

pelo mundo não cessa de crescer. Não faça isso presidente Lula! Ainda há tempo de mudar

(GRZYBOWSK, 2004).

Page 15: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

51

por um brasileiro – o baiano Jorge Cajazeira, gerente de excelência empresarial da Suzano Bahia Sul

– em parceria com a Suécia. Sua eleição para presidir o comitê deveu-se, em grande parte, a sua forte

participação na formulação da norma brasileira de responsabilidade social, a ABNT NBR 16001:2004.

Site: http://www.iso.ch (consultado em junho de 2007).

� Primeiros passos em RSE - Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social

É um manual e tem como objetivo apresentar diretrizes e iniciativas que poderão ser úteis inclusive a

empresas com recursos limitados. Oferece uma extensa linha de programas, políticas e idéias sobre o

processo de formação de uma empresa estruturada e respeitada por seus valores sociais, além de

demonstrar ações que têm por objetivo criar e proporcionar um ambiente de trabalho produtivo e

participativo. Contém sugestões para a empresa que procura formas de integrar à responsabilidade

social à cultura de suas atividades.

Site: http://www.ethos.org.br (consultado me junho de 2007).

� Princípios do Equador

É um protocolo do sistema financeiro internacional para financiamentos favorecidos – com taxas mais

baixas de juros - de projetos que observem os aspectos da sustentabilidade. De adesão voluntária

pelas instituições financeiras, os Princípios do Equador estabelecem regras para os financiamentos de

projetos superiores a dez milhões de dólares. Foi firmado em 2002. As regras para avaliação de riscos

sócio-ambientais para financiamento de projetos compreendem 13 áreas ligadas à políticas sócio-

ambientais: direitos humanos, direitos trabalhistas, povos indígenas, clima e energia, biodiversidade,

florestas, pesca, indústrias extrativistas, agricultura sustentável, química, transparência e reporte pelos

clientes e sistemas de gestão ambientais e sociais (WWF & BANKTRACK, 2006).

Atenção

As carteiras de projetos de 39 bancos que aderiram aos princípios, foram avaliadas e apresentadas

em 2006, no Fórum Econômico Mundial. Os 39 bancos representavam 75% do volume de projetos

financiados pelo setor no mundo. As melhores médias foram obtidas pelos bancos HSBC e ABN,

ficando, ambos, em 1,31 de pontuação.

A pontuação do método de avaliação corresponde a:

0 = Nenhuma política,

1 = Políticas vagas ou aspiracionais,

2 = Alguns compromissos assumidos,

3 = Apenas parte das políticas aderem a padrões internacionais, e

4 = Todas ou quase todas as políticas aderentes a padrões internacionais.

Ainda nesta escala, a média geral do setor (mundial) ficou em 0,46.

Para entender melhor os Princípios do Equador, sugerimos a leitura de MARQUES (2006).

Page 16: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

52

2.b. Gestão estratégica da responsabilidade social das empresas com ênfase em interlocutores

Uma boa escolha de ferramenta com ênfase nos interlocutores foi criada pelo IBASE – Instituto

Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas: o balanço social modelo IBASE.

A história dos balanços sociais no mundo, e mesmo no Brasil é, no entanto, mais antiga que o modelo

sugerido pelo IBASE. É na década de sessenta, nos Estados Unidos, que a idéia da responsabilidade

social corporativa surge como uma preocupação por parte das empresas em prestar informações ao

público sobre suas atividades no campo social. O repúdio da população à guerra do Vietnã deu início a

um movimento de boicote à aquisição de produtos e ações de empresas que de alguma forma

estavam ligadas a esse conflito armado.

Várias instituições como a Igreja, fundações, universidades, dentre outras organizações da sociedade

civil, passaram a denunciar a utilização de armamentos sofisticados (gases paralisantes, napalm), na

morte de civis inocentes, afetando negativamente o meio ambiente e colocando em risco a própria

sobrevivência do homem no planeta. A guerra do Vietnã provocou sério desgaste na imagem das

empresas. Visando reagir às pressões da sociedade, que exigia nova postura ética, as empresas

norte-americanas passaram a prestar contas de suas ações justificando seu objetivo social, com o

intuito de melhorar a imagem junto a consumidores e acionistas.

A responsabilidade das empresas de prestar contas de atividades de cunho social e ambiental aos

seus públicos interessados começou a tomar a forma de relatórios específicos para este fim nos anos

1970, na Europa. Em 1971, a alemã STEAG apresentou-se como pioneira, assim como a SINGER,

francesa, em 1972.

Em 12 de julho de 1977, apresentou-se o marco legal francês, a Lei 77.769, tornando obrigatória a

realização de balanços sociais por empresas com 700 ou mais empregados, número reduzido para

300, a partir de 1984.

Depois da iniciativa francesa, diversos países da Europa seguiram seus passos e passaram a exigir de

suas empresas, a elaboração do balanço social, destacando-se entre eles Bélgica, Espanha e

Portugal.

Glossário

O IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - foi fundado no ano de 1981, por

Herbert de Souza, o Betinho. É uma organização não-governamental comprometida com a defesa dos

direitos humanos, a justiça, o bem-estar social e a participação de todos os brasileiros na construção

da democracia.

No site do IBASE, você poderá saber mais sobre a instituição, sua atuação e seu fundador.

http://www.ibase.org.br (consultado em junho de 2007).

Page 17: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

53

Nos anos 80, diversas organizações começaram a trabalhar sistematicamente com o tema da

responsabilidade social das empresas e a ter efetiva preocupação com o meio ambiente, tanto nos

E.U.A. quanto na Europa. Destaca-se o Business for Social Responsibility (BSR) nos E.U.A. e o

Council on Economic Priorities Accreditation Agency (CEPAA, SAI atualmente), que atua tanto num

continente quanto no outro; e a organização Accountabilility, na Inglaterra. (AYRES, SOARES &

BARTHOLO, 2002).

Embora, no Brasil, os primeiros Balanços Sociais tenham sido publicados em 1984 (Nitrofértil); 1985

(Sistema Telebrás) e 1992 (BANESPA), a importância que tem hoje o balanço social ganhou força aqui

em meados de 1997, quando o sociólogo Herbert de Souza, fundador e dirigente do IBASE, enfatizou

a necessidade da realização do balanço social a partir de um modelo único e simples (SILVA &

FREIRE 2001:125).

O aprendizado derivado de modelos complexos ou burocráticos demais, como o do balanço social

francês, ou de empresas que exageram na policromia dos seus relatórios de cunho social, inspiraram

Betinho na pedagogia da responsabilidade da prestação de contas. O modelo IBASE é simples e

objetivo e é atualizado por meio da colaboração de parceiros, com modelos próprios para micro e

pequenas empresas, cooperativas, instituições de ensino e organizações sociais.

O balanço é uma publicação reunindo um conjunto de informações sobre as atividades desenvolvidas

por uma empresa em promoção humana, social e ambiental, dirigida a seus empregados e à

comunidade onde está inserida. Inspirado no formato de balanço financeiro, é um documento

publicado anualmente (SILVA E FREIRE, 2001:124).

O balanço social modelo IBASE está fazendo 10 anos em 2007 e trouxe como grande colaboração

para a temática da responsabilidade social brasileira um padrão de mensuração para a transparência

das empresas, a construção democrática de indicadores e a facilidade de sua proposta. Este balanço

institucionalizou, em novembro de 1998, o Selo Balanço Social IBASE/Betinho, cuja proposta estimula

a publicação do balanço e, por último, em 2006, a consulta pública dos balanços que concorrem ao

selo.

O Selo Balanço Social IBASE/Betinho foi criado como forma de estímulo à publicação do balanço e é

conferido todos os anos às empresas que publicam o balanço no modelo IBASE, segundo os critérios

estabelecidos pela instituição.

Estes critérios de elegibilidade para o selo estabelecem, entre outros, que: podem concorrer médias e

grandes empresas; o modelo deve ser adotado na íntegra; não são aceitas respostas como “não

Atenção

Simplicidade no modelo IBASE

A simplicidade é a garantia do envolvimento do maior número de empresas. Quanto mais simples for o

modelo, menos resistências surgem em relação ao levantamento das informações e à produção do

documento. A simplicidade também é fundamental para que uma empresa não se sinta desestimulada

pelo custo de fazer o balanço. A elaboração do balanço social num modelo simples e objetivo não

deve gerar novos encargos, até porque a maioria dos dados a serem utilizados já figuram nos

relatórios da empresa (SUCUPIRA, 2005).

Page 18: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

54

disponível” ou “não se aplica”; o balanço deve ser publicado no site da empresa, bem como em

revistas e/ou jornais de grande circulação, nacionais ou regionais, conforme atuação e abrangência da

empresa e que estes devem ser informados previamente ao IBASE; cada funcionário deve receber, no

formato do modelo, uma via em material impresso, com cópia para o IBASE do modelo distribuído,

bem como do comprovante da distribuição; ao modelo entregue ao funcionário deve ser anexada uma

carta do(a) presidente ou diretor(a) da empresa, relatando a relevância deste para a sociedade e para

a empresa; a empresa deverá apresentar melhoria contínua nas informações proporcionalmente à

seus resultados de desempenho.

Os principais critérios obrigam a empresa, sobretudo, a divulgar o balanço, dando transparência às

informações que presta e a espelhar em suas ações de responsabilidade social os seus resultados.

A consulta pública foi instituída no ano de 2006. Ela permite que, durante 2 meses, qualquer cidadão

possa opinar pelo endereço do site (http://www.balancosocial.org.br) sobre as empresas que solicitam

o Selo. A consulta pressupõe que, articuladas com o IBASE, organizações da sociedade civil (meio

ambiente, consumidores, direitos fundamentais do trabalho e igualdade de gênero e raça) sejam

consultadas, bem como obriga empresas a informar formalmente, indicando o site da consulta, às

representações sindicais de categorias profissionais que trabalhem na empresa, sobre o procedimento.

No ano de 2007, sessenta empresas candidataram-se ao selo. Os critérios de outorga, no entanto,

permitiram que apenas treze chegassem ao último estágio do processo, que é a consulta pública. O

critério mais excludente, responsável pela eliminação de 65% delas, foi à exigência de observância ao

Decreto 3.298/99, que estabelece a obrigatoriedade da empresa com cem ou mais empregados a

preencher de dois a cinco por cento de seus cargos com beneficiários da Previdência Social

reabilitados ou com pessoa portadora de deficiência habilitada, nas seguintes proporções: até

duzentos empregados, mínimo de dois por cento; de duzentos e um a quinhentos empregados, mínimo

de três por cento; de quinhentos e um a mil empregados, mínimo de quatro por cento; e mais de mil

empregados, mínimo de cinco por cento.

Para Torres (1998), a publicação do Balanço Social é parte de um processo que mostra com

transparência, não só para a sociedade como também para funcionários e acionistas, o que e como a

empresa está investindo na área social, criando uma oportunidade única de melhor inserir os

acionistas minoritários no contexto gerencial da empresa, criando-lhes novos canais de participação no

negócio.

Embora tenha sua origem na contabilidade, não deve ser visto como um demonstrativo meramente

contábil, mas como uma forma de explicitar a preocupação empresarial com o cumprimento de sua

responsabilidade social. Ou seja, sua função principal é tornar pública a responsabilidade social

empresarial (IBASE, 2004).

Para que o balanço social exerça seu papel de instrumento de gestão empresarial, é preciso que

através dele seja possível medir e julgar os fatos sociais vinculados à empresa, tanto no seu interior

(empresa /funcionários), como à sua volta (empresa /comunidade).

Page 19: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

55

Dica

Para conhecer os modelos de balanço social IBASE para empresas, para cooperativas, micro e

pequenas empresas, organizações sociais e instituições de ensino, pesquise no site do Balanço social

no endereço http://www.balancosocial.org.br(IBASE, 2007).

Dica

Estrutura do balanço social modelo IBASE

A estrutura do balanço social é constituída por sete campos:

1-Base de cálculo – constituída de três elementos: receita líquida, folha de pagamentos bruta e

resultado operacional.

2-Indicadores sociais internos – correspondem aos dispêndios da organização em encargos sociais

compulsórios e benefícios para os colaboradores em educação, saúde, participação nos resultados e

outros em que a empresa tenha investido.

3-Indicadores sociais externos – referem-se aos dispêndios da organização em tributos e

contribuições para a sociedade ou investimentos na cidadania, realizados em educação, cultura,

saúde e outros em que a empresa tenha investido.

4-Indicadores ambientais – registro dos dispêndios da organização em meio ambiente, tanto os

relativos à operação da empresa, quanto os externos.

5-Indicadores do corpo funcional – informações sobre a caracterização dos colaboradores da

empresa, incluindo o número de empregados por gênero, raça e idade, o número de admissões etc.

6-Informações sobre o exercício da cidadania empresarial – correspondem às informações sobre

a relação entre a maior e menor remuneração da empresa e um conjunto de outras informações

relativas às instâncias em que são tomadas as decisões da organização.

7-Outras informações – à critério da empresa, é o campo que permite a descrição dos projetos por

ela empreendidos.

Page 20: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

56

Outras possibilidades de instrumentos, ferramentas e protocolos para a gestão da

responsabilidade social com ênfase nos interlocutores:

� ABNT NBR 16001:2004 – Norma brasileira de responsabilidade social da Associação Brasileira

de Normas Técnicas

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT - criou a norma NBR16001, que visa estabelecer

requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da responsabilidade social.

A empresa pode ser certificada pela NBR 16001 e os organismos certificadores são acreditados pelo

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. A NBR 16001 está

estabelecida sobre o princípio da melhoria contínua, resultante da aplicação do método conhecido

como do ciclo PDCA: Planejar (plan); “Fazer (do); Verificar (check) e Atuar (act) (ABNT, 2004:VI).

A essência da ABNT NBR 16001 está no seu capítulo 3, Requisitos do sistema de gestão da

responsabilidade social (ABNT, 2004:3-9). Nele, inicialmente, em requisitos gerais, fica instituído que a

organização deve estabelecer, implementar, manter e continuamente aprimorar um sistema de gestão

da responsabilidade social, de acordo com os requisitos da norma e que a exclusão de requisitos

impede a reivindicação de conformidade com ela. O objetivo da norma pode ser descrito como o de

prover as organizações dos elementos de um sistema eficaz de gestão da responsabilidade social,

passível de integração com outros requisitos de gestão.

Glossário

Certificação

A certificação com base na norma ABNT NBR 16001 é resultado de um processo de auditoria em que

um organismo certificador verifica se o sistema de gestão da responsabilidade social da empresa está

de acordo com os aspectos da norma brasileira.

Acreditação

A acreditação do organismo certificador - OC - é o resultado em de um processo realizado pelo

INMETRO em que a capacidade do OC de atribuir a certificação é verificada e atestada.

Atenção

A primeira certificação da NBR 16001 aconteceu em outubro de 2006 para a empresa SERASA, uma

das maiores empresas do mundo em análises e informações para decisões de crédito e apoio a

negócios. A certificação foi conferida pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini. Sugerimos uma

pesquisa no site da empresa para conhecer a história da primeira certificação desta norma:

http://www.serasa.com.br/empresa/noticias/2006/noticia_0379.htm (consultado em junho de 2007).

Todas as normas têm seus direitos reservados, ou seja, não devem ser reproduzidas ou utilizadas

integralmente ou em parte.

Para conhecer as alternativas de aquisição do texto da norma, sugerimos que você consulte a ABNT

no site: http://www.abnt.org.br.

Page 21: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

57

� BS 8800 - British Standards 8800

Norma que propõe a estruturação do sistema de gestão da Segurança e da Saúde no Trabalho (SST)

da empresa. Tem como principal objetivo fornecer diretrizes baseadas nos princípios gerais da boa

administração para desenvolver uma política eficiente de Segurança e da Saúde no Trabalho.

Site: http://www.osha-bs8800-ohsas-18001-health-and-safety.com (consultado em junho de 2007).

� Declaração de Durban

É resultado da III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e

Intolerância Correlata, realizada em setembro de 2001, e leva o nome da cidade da África do Sul onde

a conferência foi realizada. Faz referências objetivas a possibilidades de atuação das empresas.

Incentiva o setor empresarial, em particular a indústria do turismo e os provedores de serviços da

Internet, a desenvolverem códigos de conduta, visando impedir o tráfico de seres humanos e a

proteger as suas vítimas. Menciona a necessidade de organização e funcionamento de empresas

cujos proprietários sejam vítimas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata,

com a correspondente promoção da igualdade de condições de acesso ao crédito e a programas de

treinamento. Menciona o apoio à criação de locais de trabalho livres de discriminação, através de

estratégias multifacetadas, que incluam o cumprimento dos direitos civis e a proteção dos direitos dos

trabalhadores sujeitos ao racismo e à intolerância racial. Insta os estados a adotarem medidas para

assegurar que as corporações transnacionais operem nos territórios nacionais, respeitando preceitos e

práticas de não-racismo e de não discriminação, entre outros. Ganha importância no Brasil para

corrigir números como os extraídos da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio / IBGE,

2001), em que o rendimento médio familiar per capita é de 2,64 salários mínimos para os brancos e de

1,15 para os negros, uma diferença reveladora de 130%, entre os dois Brasis.

Site: http://www.comitepaz.org.br/Durban_1.htm (consultado em junho de 2007)

� Governança Corporativa

A expressão governança corporativa é designada para abranger os assuntos relativos ao poder de

controle e direção de uma empresa, bem como as diferentes formas e esferas de seu exercício e os

diversos interesses que, de alguma forma, estão ligados à vida das sociedades comerciais. Refere-se

ao conjunto de relações entre a administração de uma empresa, seu conselho de administração, seus

acionistas e outras partes interessadas. Os objetivos de um sistema de governança corporativa são

basicamente: (a) promover uma estrutura eficiente de incentivo para a administração da empresa,

visando a maximização de valor; e (b) estabelecer responsabilidades e outros tipos de salva-guardas

para evitar que os gestores promovam qualquer tipo de expropriação de valor em detrimento aos

acionistas (shareholders) e demais partes interessadas (stakeholders). As práticas de Governança

Corporativa foram implementadas no Brasil a partir de 1999 com a criação do Instituto Brasileiro de

Governança Corporativa – IBGC – e do primeiro Código Brasileiro das Melhores Práticas de

Governança Corporativa. Em 2001, com a reforma da Lei das Sociedades Anônimas houve um

considerável avanço no uso de tais práticas.

Page 22: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

58

A responsabilidade social é uma estratégia de governança corporativa na medida em que coloca em

interação a assembléia, o conselho de administração, os planos executivo e gerencial da organização,

na definição de responsabilidades quanto a perpetuidade do negócio, os investimentos e o retorno a

longo prazo.

� Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial

Os indicadores são uma ferramenta criada pelo Instituto Ethos Empresas e Responsabilidade Social,

em 2000 e revisada anualmente. O instituto foi fundado no ano de 1998, por empresários e executivos

do setor privado, liderados por Oded Grajew e Ricardo Young e se propõe a organizar o conhecimento

e desenvolver ferramentas que ajudem as empresas a trilhar o caminho da responsabilidade social,

além de promover constantemente a troca de experiências entre elas.

Os indicadores Ethos de responsabilidade social são uma ferramenta de auto-avaliação e auto-

diagnóstico, cujo objetivo principal é de auxiliar no processo de incorporação da responsabilidade

social na gestão empresarial e no comprometimento com o desenvolvimento sustentável (ETHOS,

2006).

A estrutura da ferramenta é organizada em 7 temas, alinhados às partes interessadas, ou

stakeholders, a saber: (1) Valores, transparência e governança; (2) Público interno; (3) Meio Ambiente;

(4) Fornecedores; (5) Consumidores e Clientes; (6) Comunidade; e (7) Governo e Sociedade. Cada um

destes temas é formado por indicadores de profundidade, questões binárias e questões quantitativas.

Cada um dos temas é correlacionado aos Princípios do Pacto Global de maneira a evidenciar a

sinergia existente entre o movimento de responsabilidade social empresarial no Brasil e as normas

estabelecidas pelo então secretário geral da Organização das Nações Unidas – ONU – Kofi-Annan.

Dica

Para saber mais sobre Governança Corporativa, consulte o site do IBGC – Instituto Brasileiro de

Governança Corporativa – http://www.ibgc.org.br. No mesmo site você pode dar download no arquivo

Código das melhores práticas de governança corporativa do IBGC, que está em sua terceira edição

(consultado em maio de 2007).

Atenção

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização não-governamental

criada com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma

socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa.

Seus 1.198 associados – empresas de diferentes setores e portes – têm faturamento anual

correspondente a aproximadamente 35% do PIB brasileiro e empregam cerca de 2 milhões de

pessoas, tendo como característica principal o interesse em estabelecer padrões éticos de

relacionamento com funcionários, clientes, fornecedores, comunidade, acionistas, poder público e com

o meio ambiente.

Para saber mais sobre o Instituto, consulte seu site no endereço http://www.institutoethos.org.br

(consultado em junho de 2007).

Page 23: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

59

Cada um dos temas dos Indicadores Ethos é enfocado por três tipos de indicadores: o primeiro é

representado por um quadro contíguo, dividido em 4 estágios (onde o quarto corresponde ao melhor

desempenho), e pretende avaliar o estágio atual em que a empresa se encontra na incorporação das

práticas de responsabilidade social. São cumulativos, ou seja, cada estágio corresponde à soma das

ações dos estágios anteriores. Estes são os 40 indicadores propriamente ditos (versão 2006).

O segundo tipo de indicadores é composto de questões binárias (com respostas sim ou não). São ao

todo 296 questões que pretendem validar e aprofundar o estágio encontrado, contribuindo para a

compreensão do que deve ser incorporado à gestão.

O terceiro tipo são indicadores quantitativos, incluídos a partir de 2004 e, apesar de não serem levados

em consideração na composição do Relatório de Diagnóstico do Ethos, têm como objetivo adequar

esta ferramenta à inúmeras outras; correlacionando-as, por exemplo, à AA 1000 (Accountability 1000),

à SA 8000 (Social accountability 8000) e à GRI (Global Reporter Initiative). Somam, no total, 169

indicadores quantitativos.

A empresa que tenha interesse em adotar esta prática e seja associada ao Instituto, pode aplicar a

ferramenta e enviá-la ao Instituto Ethos, que irá processá-la. Após o processamento, o Ethos atribui

uma pontuação - Relatório de Diagnóstico - à empresa e remete à mesma o seu próprio resultado, em

comparação com os dez melhores resultados obtidos pela ferramenta, de maneira confidencial, ou

seja, nenhuma das empresas (a avaliada no momento, que entra para o banco de dados do Ethos, ou

as dez “mais” )são identificadas.

Caso a empresa se coloque entre as mais bem avaliadas, recebe um convite para relatar suas

experiências no instituto, numa espécie de audiência, onde são chamados a questionar a empresa,

alguns nomes associados ao tema; uma vez aprovada, entra para o Banco de Práticas da instituição.

Com esta comparação, o Ethos objetiva que a empresa possa melhorar, através deste espelho com o

mercado, em processo denominado benchmarking.

Indicadores Ethos de Responsabilidade Social - Estágios

Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4

Representa um estágio básico de ações da

empresa, no qual ela ainda se encontra num nível

reativo às exigências legais.

Representa um estágio intermediário das ações, no qual a empresa mantém

uma postura defensiva sobre os temas, mas já começa a encaminhar mudanças e avanços em relação à conformidade de suas

práticas.

Representa um estágio avançado de ações, no qual

já são reconhecidos os benefícios de ir além da conformidade legal,

preparando-se para novas pressões regulamentadoras do mercado, da sociedade, etc. A responsabilidade

social e o desenvolvimento sustentável são tidos como estratégicos para o negócio.

Representa um estágio proativo, no qual a empresa

atingiu padrões considerados de excelência

em suas práticas, envolvendo fornecedores, consumidores, clientes, a comunidade e também influenciando políticas públicas de interesse da

sociedade.

( ) não vemos aplicação disso em nossa empresa. Justifique. ( ) Não havíamos tratado antes desse assunto.

Fonte: Ethos (2006:8).

Page 24: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

60

Esta ferramenta avalia e encaminha diretrizes para uma melhoria contínua e é recomendado pelo

Ethos, que o preenchimento seja realizado da forma mais democrática possível, por meio da formação

de comitês internos e de facilitadores do processo.

Além de indicadores específicos para micro e pequenas empresas, elaborados pelo instituto em

parceria com o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - esta

ferramenta possui ainda, desde 1999, versões setoriais específicas: Financeiro, Mineração, Papel e

Celulose, Construção Civil, Distribuição de Energia Elétrica, Transporte de Passageiros Terrestres,

Petróleo e Gás, Siderurgia, Álcool e Açúcar, Panificação e Restaurante e Bar. Estes indicadores

setoriais são desenvolvidos pelo Ethos em parceria com as entidades que representam nacionalmente

os setores e procuram abranger dilemas e peculiaridades de cada área de atuação.

Site: http://www.uniethos.org.br/_Uniethos/Documents/indic_ethos2006_web.pdf (consultado em junho

de 2007).

� SA 8000 - Social Accountability 8000

Norma certificável que estabelece requisitos de Responsabilidade Social Empresarial, com foco no

trabalho ético e na gestão de pessoas. Tem como principal objetivo garantir o cumprimento de critérios

relacionados com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, acordos de Defesa dos Direitos da

Criança e do Adolescente, as resoluções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), além de se

basear na legislação do país onde a empresa esteja estabelecida.

Site: http://www.cepaa.org (consultado em junho de 2007)

� OHSAS 18001 - Occupational Health and Safety Assessment Series 18001

Norma certificável que regulamenta o sistema de gestão da Segurança e da Saúde no Trabalho (SST)

da empresa. Tem como principal objetivo garantir o compromisso da empresa com a redução dos

riscos ambientais e com a melhora contínua de seu desempenho em saúde ocupacional e segurança

de seus funcionários.

Site: http://www.osha-bs8800-ohsas-18001-health-and-safety.com (consultado em junho de 2007).

Dica

Banco de práticas – O banco de práticas do Instituo Ethos é uma catalogação de casos de

responsabilidade social de seus associados. Dividido em três categorias Benchmarking, Caso

concreto e Atitude, divulga as experiências de empresas cujas práticas se destacaram nos

indicadores.

Site: http://www.ethos.org.br/docs/conceitos_praticas/banco_praticas/default.htm (consultado em junho

de 2007)

Page 25: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

61

2.c. Gestão estratégica da responsabilidade social das empresas com ênfase em comunidade

Para a compreensão da gestão estratégica com ênfase em comunidade, escolhemos o protocolo

Declaração do Milênio, firmado no ano de 2000 pelos países membros da ONU – Organização das

Nações Unidas (então 189 países), na Cúpula do Milênio, que ocorreu em Nova York. A Declaração do

Milênio é um documento-síntese dos avanços alcançados na construção de valores e objetivos

comuns entre os povos e estabeleceu um compromisso compartilhado para enfrentar os desafios

globais mais urgentes nos campos econômico, social e ambiental. A Cúpula do Milênio buscou

construir estratégias para um mundo mais pacífico, mais justo e mais próspero (VEIGA, 2003:13).

A Declaração do Milênio é composta por oito ODMs – Objetivos de Desenvolvimento do

Milênio – expressos num grupo de alvos a serem atingidos até o ano de 2015, por meio de ações

concretas dos governos e da sociedade.

No Brasil este grupo de oito macro-objetivos de desenvolvimento propostos para o milênio ficou

conhecido como Metas do Milênio e tem sido utilizado por empresas para parametrizar seus

compromissos de responsabilidade social. Abaixo, os objetivos com suas metas, bem como os ícones

representando os objetivos, criados no Brasil pela campanha “ 8 jeitos de mudar o mundo”:

As Metas do Milênio surgiram da consciência de que problemas como fome, miséria, doenças e

degradação ambiental são problemas mundiais e como tal, exigem abordagens articuladas e

compartilhadas pelos diversos países que fazem parte dos blocos econômicos não podendo ser

olhadas apenas sob a lógica das políticas locais(VEIGA, 2004:11).

As empresas e o movimento de responsabilidade social encontram na iniciativa da ONU uma

oportunidade de engajamento que contribui para a melhoria do desempenho social por meio de metas

articuladas em todo o mundo.

Dica

No ano de 2004 foi criado o Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade com o objetivo de

conscientizar e mobilizar a sociedade brasileira e o governo para o alcance das Metas do Milênio até

2015 (NÓS PODEMOS, 2007). Trata-se de uma “iniciativa da sociedade civil, apartidária e ecumênica,

representada por um conjunto de empresas, governos e organizações sociais. Para envolver a

sociedade e os governos no cumprimento dos ODMs, o Movimento busca mobilizar as diversas redes,

fóruns de debate, Conselhos e demais movimentos temáticos.

Integram o movimento, entre outros: COEP- Comitê de Entidades no Combate à Fome e Pela Vida;

Banco do Brasil; Caixa Econômica Federal; FIESP – Federação das Indústrias de São Paulo; ONG

Faça Parte; WWI-Worldwatch Institute; e Instituto Ethos.

Page 26: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

62

Ícones Objetivos Metas

1- Erradicar a extrema pobreza e a fome

-Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a um dólar PCC por dia (PPC — paridade do poder de compra - que elimina a diferença de preços entre os países). -Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população que sofre de fome.

2- Atingir o ensino básico universal

-Garantir que, até 2015, todas as crianças, de ambos os sexos, terminem um ciclo completo de ensino básico.

3 – Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres

-Eliminar a disparidade entre os sexos no ensino primário e secundário, se possível até 2005, e em todos os níveis de ensino, a mais tardar até 2015.

4 – Reduzir a mortalidade infantil

-Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a mortalidade de crianças menores de 5 anos.

5 – Melhorar a saúde materna

-Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna.

6 – Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças

-Até 2015, ter detido a propagação do HIV/Aids e começado a inverter a tendência atual. -Até 2015, ter detido a incidência da malária e de outras doenças importantes e começado a inverter a tendência atual.

7 – Garantir a sustentabilidade ambiental

-Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais. -Reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável a água potável segura. -Até 2020, ter alcançado uma melhora significativa nas vidas de pelo menos 100 milhões de habitantes de bairros degradados.

8 – Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento

-Avançar no desenvolvimento de um sistema comercial e financeiro aberto, baseado em regras, previsível e não discriminatório. -Atender as necessidades especiais dos países menos desenvolvidos. -Atender às necessidades especiais dos países sem acesso ao mar e dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento. -Tratar globalmente o problema da dívida dos países em desenvolvimento, mediante medidas nacionais e internacionais de modo a tornar a sua dívida sustentável a longo prazo. -Em cooperação com os países em desenvolvimento, formular e executar estratégias que permitam que os jovens obtenham um trabalho digno e produtivo. -Em cooperação com as empresas farmacêuticas, proporcionar o acesso a medicamentos essenciais a preços acessíveis, nos países em vias de desenvolvimento; em cooperação com o setor privado, tornar acessíveis os benefícios das novas tecnologias, em especial das tecnologias de informação e de comunicações.

Fonte: PNUD (2007).

A campanha “8 jeitos de mudar o mundo” criada pelo Movimento Nacional pela Cidadania e

Solidariedade foi considerada pelo Departamento de Parcerias Estratégicas e Recursos do Pnud –

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - como uma das melhores do mundo

(HERCULANO, 2005), sendo altamente criativa e enraizada na cultura brasileira. O destaque seria a

adaptação dos objetivos estabelecidos pela ONU às especificidades do país, conciliando a campanha

com as demandas nacionais, criando slogans e logotipos em linguagem mais coloquial e utilizando

elementos que fazem parte do dia-a-dia da população.

Para acompanhar o desempenho do governo brasileiro na busca e alcance dos objetivos e metas do

milênio, formaram-se alguns grupos, compostos basicamente por instituições da sociedade civil,

Page 27: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

63

governo e universidades. Estes grupos têm cumprido o papel de acompanhamento das ações

governamentais nas ações de cumprimento destas metas.

As metas vêm sofrendo críticas em muitos aspectos. Uma crítica recorrente e explicitada pela Rede

Brasil (2007), aponta para o reducionismo de metas que muitas vezes estão aquém das legislações

nacionais. A instituição cita como exemplo o objetivo número 2 - atingir o ensino básico universal - cuja

meta estabelecida é garantir que, até 2015, todas as crianças, de ambos os sexos, terminem um ciclo

completo de ensino básico. A instituição critica que a meta busque assegurar apenas o primeiro ciclo

do ensino fundamental, já que a constituição brasileira garante o ensino fundamental completo – e não

somente seu primeiro ciclo – como uma obrigação do Estado e um direito do cidadão.

Uma outra crítica apontada pela mesma instituição diz que um grande problema da Declaração do

Milênio é que ela anuncia metas de desenvolvimento, mas não indica quais os “meios” a serem

adotados para o cumprimento das metas anunciadas( REDE BRASIL( 2005).

Atenção

A Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais foi fundada no ano de 1995 como

decorrência dos debates e conseqüentes avaliações críticas entre diversas organizações e

movimentos sociais sobre a atuação das instituições financeiras multilaterais (IFMs) no Brasil. Objetiva

entender o tratamento de políticas e projetos financiados por IFMs no país como uma questão de

interesse nacional, com ênfase nas responsabilidades das várias partes direta e indiretamente

envolvidas, no Governo e nas IFMs.

Para conhecer mais, sugerimos uma visita ao site: http://www.rbrasil.org.br

Dica

Os ODMs – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - são pouco conhecidos quando se considera a

população total dos países. Em pesquisa realizada a cada 5 anos, desde 1995 pela World Values

Survey, uma rede que envolve cientistas sociais em 80 países, as ODMs foram pesquisadas pela

primeira vez em 2005. A pesquisa, realizada no Brasil pela UNB – Universidade de Brasília - mostra

que 20,08% da população brasileira sabe o que são ODMs. Outros países têm números menores,

como Japão, 8,2% e E.U.A. , onde 4,8% das pessoas já ouviram falar em ODMs.

fonte:PNUD.Site:

http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=2700&lay=pde

(consultado em junho de 2007).

Page 28: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

64

Outro problema ressaltado pela Rede Brasil é que, de um modo geral, as metas pressupõem

investimentos financeiros, que dependem do crescimento da economia mundial e das Instituições

Financeiras Multilaterais. Estas últimas, através de suas condicionalidades, receitam políticas que

objetivam o pagamento da dívida de países com economias já deficitárias e beneficiar o capital, e não

para que se desenvolvam de forma sustentável e justa (REDE BRASIL, 2005). Ao mesmo tempo, as

políticas apoiadas pelas IFMs aumentariam a dívida já amplamente questionada diminuindo, também,

a soberania dos países.

O Relatório Um Brasil para as crianças – a sociedade brasileira e os objetivos do milênio para a

infância e a adolescência (Oliveto, 2006), realizado pela Rede de Monitoramento Amiga da Criança,

integrada por 38 entidades, corrobora com as informações da Rede de IFMs. O relatório revela que o

país está longe de conseguir reduzir amplamente a mortalidade materna e infantil, eliminar as

disparidades entre os sexos no ensino, promover uma educação de qualidade e aumentar em 50% o

índice de alfabetização de adultos, principalmente das mulheres. A Rede afirma no relatório que é na

educação onde há mais metas que não serão cumpridas pelo Brasil (REDE AMIGA, 2007). No mesmo

relatório afirma que se não forem implantadas políticas específicas e se não aumentarem os

investimentos, a tendência dos indicadores mostra que o Brasil só alcançará três das oito metas

passíveis de mensuração.

Segundo Relatório de Monitoramento Global (BANCO MUNDIAL, 2007), o número de pobres até 2015

em relação a 1990, será menos que a metade, cumprindo a meta número 1 das ODMs. Em 1990, 29%

da população mundial vivia com menos de US$ 1 por dia (em dólares por paridade de poder de

compra - PCC - que elimina diferenças nos custos de vida). Essa proporção diminuiu em 2004 para

18% e deverá chegar a 12% nos próximos nove anos, de acordo com o estudo do Banco Mundial. Se

a estimativa se confirmar, o número de pessoas na miséria vai diminuir mais do que o estabelecido

pelo primeiro Objetivo do Milênio — reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população

com renda diária inferior a US$ 1 PCC.

Reflexão

Rede de Monitoramento Amiga da Criança – foi fundada em 2004 com o propósito de acompanhar e monitorar as ações brasileiras para o cumprimento das Metas do Milênio relacionadas com a infância e adolescência; compromisso firmado entre a Fundação Abrinq e o então candidato a presidência da República, Luis Inácio Lula da Silva, em 2002, por meio do Termo de Compromisso Presidente Amigo da Criança, onde se comprometia a dar prioridade às questões relacionadas à infância e a adolescência em sua gestão. Dela fazem parte importantes instituições como Fundação Abrinq; Viva Rio; Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids – ABIA; Agência de Notícias dos Direitos da Infância – ANDI; Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação - Cepia; Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil; Organização Internacional do Trabalho – OIT; Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD; Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF, entre outros. Para conhecer mais sobre suas ações, consulte o site: http://www.redeamiga.org.br Uma versão reduzida do segundo relatório que avalia o cumprimento do governo federal dos compromissos firmados para o triênio 2004/2007 está em: http://sistemas.fundabrinq.org.br/biblioteca/acervo/2010_Mundomelhor.pdf

Page 29: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

65

Este êxito, no entanto, será desigual, privilegiando alguns países no mundo. Segundo o mesmo

relatório, na América Latina 10,20% da população vivia com renda diária inferior a US$ 1 PCC em

1990. Em 2004, caiu para 8,6% e, em 2015, deve chegar a 6% — número superior ao determinado

pela meta da ONU. No Haiti, 53,9% das pessoas vivem com menos de US$ 1 PCC por dia. O indicador

também é ruim em países como Nicarágua (45,1%), Bolívia (23,2%) e El Salvador (19%). Na outra

ponta estão Uruguai (com menos de 2% na extrema pobreza), Argentina (6,6%) e Brasil (7,5%).

Estudo realizado pelo economista belga Jan Vandemoortele, coordenador das Nações Unidas no

Paquistão e vice-presidente do grupo interagencial da ONU, no entanto, afirma que as metas dos

Objetivos do Milênio foram definidas com base nos progressos mundiais verificados nos 25 anos que

precederam 1990 (ano base usado no cálculo das metas). Desta forma, portanto, os ODMs buscam,

essencialmente, que o mundo mantenha até 2015 o ritmo dos avanços das décadas de 1970 e 1980.

O estudo (PNUD, 2007a), afirma ser um equívoco verificar resultados regionais, quando as metas são

globais.

Reflexão

Segundo o relatório Por um Mundo Melhor para as crianças Brasileiras até 2015, realizado pela Rede

de Monitoramento Amiga da Criança, (ABRINQ, 2007) analisando as realizações do Governo Federal

de 2004 a 2006 em três eixos – Promovendo vidas saudáveis; Acesso à educação de qualidade; e

Proteção contra os maus tratos, a exploração e a violência:

- se os gastos públicos continuarem na mesma tendência histórica na década 2000/2010, serão

dispendidos somente 56% dos gastos necessários para alcançar as metas propostas;

- a atuação do governo federal foi insuficiente para alcançar as metas de redução da mortalidade

infantil e na infância,

- a qualidade do ensino, bem como o acesso às vagas é insuficiente para o alcance das metas, sendo

necessário reduzir a iniqüidade por meio de políticas públicas;

- o avanço relacionado às informações governamentais sobre o combate a violência, maus tratos e

exploração das crianças foi mínimo, dificultando o trabalho de monitoramento deste eixo de ação;

- o combate ao HIV/AIDS no Brasil avançou, entretanto, precisa se expandir para a infância e

adolescência, tanto em iniciativas de prevenção e educação, quanto na atenção a crianças,

adolescentes e jovens portadores do vírus.

Diante destes resultados, você acha que o Brasil cumprirá sua parte no alcance dos objetivos das

Metas do Milênio? Você acha que o mundo cumprirá?

Page 30: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

66

Síntese

Na parte três da disciplina de responsabilidade social empresarial Implementação da RSE, abordamos

a mudança de paradigma do single bottom line – desempenho econômico-financeiro, para o tripple

bottom line, desempenho econômico, social e ambiental, na gestão estratégica das empresas. Para

implementar esta mudança de paradigma, o diálogo com os stakeholders, ou partes interessadas,

mostrou-se definitivo. No entanto, vimos também que normalmente há enorme diversidade de

interesses entre os stakeholders e entre estes e as empresas, como há ainda divergências na

identificação dos stakeholders e críticas à teoria. Entretanto, as empresas vêm adotando ferramentas

para engajar as partes interessadas, sendo a norma AA 1000 uma das ferramentas mais importantes

neste processo.

Também nesta parte da disciplina, apresentamos três ferramentas que correspondem às ênfases mais

comumente associadas à gestão da responsabilidade social: GRI – Global Reporting Initiative, com

ênfase em sustentabilidade; Balanço social modelo IBASE, com ênfase em interlocutores e Metas do

Milênio, com ênfase em comunidade.

Apresentamos ainda um compêndio de outras possibilidades de ferramentas, instrumentos e

protocolos para implementação da responsabilidade social empresarial.

Page 31: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBAGNANO, N. (1998). Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

ABNT (2004) Associação Brasileira de Normas Técnicas . Responsabilidade social – Sistema de

gestão – Requisitos. Rio de Janeiro: 2004.p.3.

ABNT (2004) Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16001. p 3-9.

ABRINQ (2007) Ver: www.abrinq.org.br consultado em junho de 2007.

ABRINQ (2007). Por um Mundo Melhor para as crianças Brasileiras até 2015. Rede de monitoramento

amiga da criança. Brasil, 2007. disponível em

http://sistemas.fundabrinq.org.br/biblioteca/acervo/2010_Mundomelhor.pdf

ACCOUNTABILITY -1000, 1999 disponível em www.accountability.org.uk Consultado em junho de

2007.

ASHLEY, P. A. (2002). Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo:Saraiva.

AYRES, A. R.; SOARES, F. P.; BARTHOLO Jr, R. S. (Org.) (2002). Ética e responsabilidade social.

Brasília, DF: SESI, 2002.

BANCO MUNDIAL (2007). Relatório de Monitoramento Global 2007. Disponível online em

http://web.worldbank.org. Consultado em junho de 2007.

BARTHOLO JR, R. S. (2002). Breves Notas sobre Ética e Modernidade. In: Roberto dos Santos

Bartholo Junior; Heloisa Helena de Almeida Ribeiro; José N Bittencourt. (Org.). Ética e

Sustentabilidade. 1 ed. Rio de Janeiro: E-papers, 2002, v. 1.

BARTHOLO, R. S.(2001) Você e eu: Martin Buber, presença palavra. Rio de Janeiro: Ed. Garamond, 2001,

p. 9.

BLOOMBERG LP, (2007) Nova York. Disponível online em www. bloomberg.com. Consultado em julho

de 2007.

Page 32: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

68

BORGER, F. G. (2001). Responsabilidade social: efeitos da atuação social na dinâmica empresarial.

São Paulo: USP, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. Tese de Doutorado, 2001.

BRASIL CULTURA (2007). Disponível online em :

http://www.brasilcultura.com.br/conteudo.php?menu=95&id=452&sub=490 Consultado em junho de

2007.

BUBER, M. (1982) Do diálogo e do dialógico. São Paulo: Editora Perspectiva, 1982, p.56.

BUBER, M.(2001) Eu e tu. São Paulo: Centauro, 2001.p.8.

BUSINESS MEETS SOCIAL DEVELOPMENT (2007). GRI: Diretrizes para padronização de relatórios

de sustentabilidade. São Paulo, s/d. p.6-7. Disponível em: www.bsd-net.com/bsd_brasil, consultado em

junho de 2007.

CARROL, A. B.(1979) A Three Dimensional Conceptual Model of Corporate Performance. Academy of

Manegement Review. V. 4, 1979 , p. 457-505.

CLUB OF ROME (2007). Site com informações atualizadas sobre o Clube de Roma .Consultado em

junho de 2007.

CZINKOTA, M. R., DICKSON, (2001) P. R. et al. Marketing: As Melhores Práticas. Porto Alegre:

Bookman Companhia Editora, 2001.

DICIONÁRIO DE CIÊNCIAS SOCIAIS (1987) Instituto de Documentação; Benedicto Silva,

coordenação geral; Antônio Garcia Miranda Netto...et al./ 2º ed. – Rio de Janeiro: Editora da Fundação

Getúlio Vargas, 1987.

DOW JONES (2007). Disponível online em www.dj.com Consultado em junho de 2007.

ELKINGTON, J(2001). Canibais de garfo e faca. Rio de Janeiro: Makron, 2001.

ETHOS (2003). Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Responsabilidade Social

Empresarial para Micro e Pequenas Empresas: Passo a Passo. São Paulo. 2003.

ETHOS (2006) Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Indicadores Ethos de

Responsabilidade Social Empresarial. São Paulo, 2006.

ETHOS (2007) Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade. Social Site: www.ethos.org.br .

Consultado em junho de 2007.

FERREIRA, A B. de H. (1999). Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de

Janeiro: Nova Fronteira,p.1754.

FERREL, L.; FRAEDRICH, J.; FERREL, O.C. (2001) Ética Empresarial: dilemas, tomadas de decisão e

casos Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Ed.p.65-90.

Page 33: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

69

FDC (2007) Fundação Dom Cabral. Ver site http://www.fdc.org.br/pt/default.asp Consultado em junho

de 2007.

FOLHA DE SÃO PAULO (2004), São Paulo: 4 de abril de 2004, p. A22.

FREUD (2006) Apud BRUNO, Mario. Duas faces do theatrum philosophicum de Kant. p. 33. In

BARCELLOS, José Carlos; DAVID, Sérgio Nazar (org.) A Renúncia. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2006.

GALHOZ, M. A. (1977). Fernando Pessoa - obra poética. Editora Nova Aguilar: Rio de Janeiro, 1977.p.

82.

GARCIA, B. G. (2002) et allii. Responsabilidade social das empresas: a contribuição das

universidades. São Paulo: Fundação Peirópolis, Instituto Ethos/Jornal Valor Econômico, 2002. p. 78-

79.

GEORGESCU-ROEGEN, N.(1971) The Entropy Law and the Economic Process, Cambridge (Mass.):

Ed. Harvard University Press, 1971.

GRZYBOWSKI, C.(2004) Desculpem, não dá para calar. Rio de Janeiro: Jornal O Globo. Editorial. 8 de

julho de 2004.

HEIM, K. (1930) Ontologie und Theologie. Zeitschrift für Theologie und Kirche, Neue Folge XI, 1930, p.

333. Citado por: BUBER, M. Que es el hombre? México: Fondo de Cultura Económica, 1985, p. 58.

HERCULANO, M.(2005) Campanha brasileira é considerada uma das cinco mais bem sucedidas do

mundo GIFE – Grupo de Instituições Fundações e Empresas. Boletim de notícias - 08/08/05.

Disponível em :

http://www.gife.org.br/redegifeonline_noticias.php?codigo=6756&tamanhodetela=2&tipo=ie, Consultado

em junho de 2007.

HOBSBAWM, E. (2002) J. Tempos interessantes: uma vida no século XX. Tradução S. Duarte. São

Paulo: Companhia das Letras.

http://natura.infoinvest.com.br/static/ptb/arquivos/608488_RA_PORTUGUES.pdf Consultado em junho

de 2007.

IBASE (2007) Ver site www.IBASE.org.br. Consultado em novembro de 2007.

IBASE (2004), disponível online em www.balancosocial.org.br. Consultado em novembro de 2004.

IBGC (2007) Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Consultado em julho de 2007.

INSTITUTO AKATU (2007). Ver site: www.akatu.org.br Consultado em junho de 2007.

IPEA (2000) A Iniciativa Privada e o Espírito Público: um retrato da ação social das empresas no

Brasil. IPEA: Brasília. Para conhecer a pesquisa IPEA, acesse o documento online:

http://www.balancosocial.org.br/media/pesquisa_acao_social.pdf Consultado em junho de 2007.

Page 34: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

70

IPEA (2005) – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. A Iniciativa Privada e o Espírito Público. A

evolução da ação social das empresas privadas nas regiões sudeste e nordeste. Brasília. Junho de

2005. Disponível online em http://www.balancosocial.org.br/media/pesquisa_acao_social.pdf

(consultado em junho de 2007).

JONAS, H. (1985) The imperative os responsability: In search of an ethics for the tecnological age.

Chicago: University of Chicago Press, 1985.

JULIANE, D. (2002) Pesquisa avalia atuação responsável. Gazeta Mercantil, 19/09/2002, p. C-4.

KOTLER, P. & ARMSTRONG, A. (1998) Princípios de Marketing. 7ª ed. Rio de Janeiro: LTC Editora,

1998. cap 22.

KOTLER, P. (1994) Administração de Marketing – análise, planejamento, implementação e controle.

São Paulo: Atlas.

KUHN, T. (2003) A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva.

MARQUES (2006). Vânia de Lourdes. O Sistema Financeiro e os Princípios do Equador: ferramenta

para a gestão socioambiental no Brasil? Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em

Ciência Ambiental. Universidade Federal Fluminense. Defendida em agosto de 2006.

MELLO, P. M. Jornal Monitor Mercantil, Coluna Empresa Cidadã, Rio de Janeiro, 11 de janeiro de

2006.

MELO NETO, F. P. & BRENNAND, J. M. (2004) Empresas socialmente sustentáveis – o novo desafio

da gestão moderna. Rio de Janeiro:Qualitymark, 2004, p.61.

MELO NETO, F. P. & FRÓES, C. Gestão da Responsabilidade Social: o caso brasileiro. Rio de

Janeiro: Qualitymark, 2001, p.39.

MONTANA, P. J. e CHARNOV, B. H. (1998) Administração. São Paulo: Saraiva, 1998.

NATURA (2006) http://natura.infoinvest.com.br/static/ptb/arquivos/608488_RA_PORTUGUES.pdf

Consultado em junho de 2007.

NÓS PODEMOS (2007). Site: http://www.nospodemos.org.br . Consultado em junho de 2007.

NOSSO FUTURO COMUM (1988) – em busca do desenvolvimento sustentável. Comissão Mundial

Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1988.

p.430: 47/71.

OLIVETO, P. (2006) Um Brasil para as crianças - a sociedade brasileira e os objetivos do milênio para

a infância e a adolescência) Correio Braziliense – DF, 31/01/2006. Consultado online em junho de

2007 em:

http://www.observatoriosocial.org.br/portal/index.php?option=content&task=view&id=604&Itemid=124.

Page 35: PARTE III IMPLEMENTAÇÃO DA …µes social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto, que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia

Responsabilidade Social Empresarial

Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais

71

PETROBRÁS (2006)

http://www2.petrobras.com.br/ri/port/ConhecaPetrobras/RelatorioAnual/pdf/RelatorioAnual_2006.pdf

Consultado em junho de 2007.

PINTO, M C S &; LEITÂO, S. P.(2006) Economia de comunhão. Empresas para um capitalismo

transformado. Rio de Janeiro – Editora FGV, 2006.p. 37-47.

PNBE (2007) Ver: www.pnbe.org.br Consultado em junho de 2007.

PNUD (2007). Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, em

http://www.pnud.org.br/odm/index.php, Consultado em junho de 2007.

PNUD (2007a). Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas ODM: Metas Equivocadas?

Disponível em http://www.undp-povertycentre.org/pub/IPCOnePager28.pdf, Consultado em junho de

2007.

REDE AMIGA(2007) Para conhecer o relatório na íntegra:

http://www.redeamiga.org.br/indicadores/doc/pdf/06_Orcamento.pdf

REDE BRASIL (2005) Rede Brasil Sobre Instituições Financeiras Multilaterais. O Papel das IFMs na

Implementação das Metas de Desenvolvimento do Milênio. Brasília, setembro de 2005. Disponível

online em: http://www.rbrasil.org.br/content,0,0,47,0,0.html, Consultado em junho de 2007.

REDE BRASIL (2007) Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterias Site : www.rbrasil.org.br

Consultado em junho de 2007.

SILVA, C. e FREIRE, F. (2001) Balanço Social – Teoria e Prática. São Paulo:Atlas, 2001. p.125.

SUCUPIRA, J. A (1998) Responsabilidade Social das Empresas. Boletim do IBASE, ano 5, junho/98, p.

3-5.

SUCUPIRA, J. (2005). Ética Empresarial e o Balanço Social das Empresas. Rio de Janeiro, 2005. p.

10.

TORRES, C. (1998). Responsabilidade Social e Transparência. In: Boletim do IBASE. Ano 5, n. 10,

out. 1998, p. 6-7.

VEIGA, J.P.C. (2004). O Compromisso das Empresas com as Metas do Milênio. São Paulo. Instituto

Ethos, 2004.p.11.

WEBER, M.(1996) A Ética protestante e o espírito do capitalismo. 11º ed. São Paulo: Pioneira.

WWF & BankTrack (2006). Shaping the Future of Sustainable Finance – Moving from promises to

performance. Davos, Suiça. Apresentado no Fórum Econômico Mundial em janeiro de 2006.

ZAOUAL, H.(2003) Globalização e Diversidade Cultural. São Paulo: Cortez, 2003.