Responsabilidade Social Empresarial
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PARTE III
IMPLEMENTAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
1. O conceito de tripple bottom line, a gestão estratégica e a participação
dos stakeholders
Elkington (2001), salientando a responsabilidade das empresas para com as condições de vida no
planeta e cria o conceito de tripple bottom line, imprescindível para entendermos como a gestão da
responsabilidade social está sendo implementada. Elkington afirma que as empresas devem superar
uma ênfase explícita e estrita com relação à sustentabilidade financeira de suas ações e intervenções,
com foco exclusivo no interesse econômico dos proprietários ou acionistas – a lógica do single bottom
line. Ao contrário, as empresas devem adotar uma lógica múltipla de atenção para com a
sustentabilidade e ousar o desafio da postura complexa e multidimensional de uma sustentabilidade
econômica, social e ambiental – a lógica do tripple bottom line – em que uma rede de interlocutores –
acionistas, funcionários, meio ambiente, sociedade, clientes, concorrentes – têm suas necessidades e
valores levados em consideração.
Este pensamento mostra que a perspectiva convencional de avaliação contábil das organizações
considera o lucro como a medida de desempenho, numa perspectiva reducionista unilateral do
desempenho econômico, obtido pela dedução dos custos e depreciação do capital. Salienta, no
entanto, que os desafios para avaliação do desempenho econômico são maiores e mais complexos do
que o cálculo financeiro. Para o autor, mesmo quando se consideram apenas os interlocutores
Atenção
John Elkington - 1949
Sociólogo e economista inglês, um dos criadores da SustainAbility, em 1987, empresa de consultoria
especializada em estratégia, desenvolvimento sustentável, equidade social e desenvolvimento
econômico. Elkington desenvolveu uma acurada percepção dos desafios para a sobrevivência da
civilização contemporânea, e, na procura de um termo que incorporasse as dimensões econômicas e
sociais da agenda deflagrada pelo Relatório Brundtland, caso se procurasse efetivamente uma via
para o progresso ambiental, criou a expressão tripple bottom line, em 1994. Utiliza-a para sintetizar e
tornar as várias dimensões conceituais da idéia de desenvolvimento sustentável propícia para
veiculação no ambiente empresarial. Bottom line é a maneira como é conhecida a última linha de um
balanço financeiro, expressando os resultados empresariais.
Sobre o conceito do tripple bottom line elaborado por John Elkington, consulte
http://www.sustainability.com (consultado em julho de 2007).
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identificados como investidores, há uma diferença de percepção entre os valores publicados no
balanço contábil e o valor da empresa.
Para Elkington, os valores disponíveis no balanço tradicional refletem o passado da instituição, os
custos e as depreciações. Já o valor de capital para os investidores está associado ao valor futuro
esperado para os lucros e sua determinação se associa a perguntas relativas às condições de
manutenção da instituição, como, por exemplo, se haverá manutenção da demanda por produtos e
serviços da empresa.
O modelo do tripple bottom line é um desafio para o meio empresarial. Nele consideram-se as
dimensões social, econômica e ambiental como resultado do negócio, sendo necessário, no entanto,
que esta nova racionalidade esteja presente na estratégia empresarial.
Para Borger (2001), a determinação do desempenho econômico se vincula à competitividade, que se
efetiva quando a empresa obtém sucesso com relação às suas concorrentes numa estratégia
planejada e bem sucedida.
Nessa situação, a empresa deve propiciar aos seus investidores um retorno acima do custo de
oportunidade de outros investimentos. Para encarar o modelo de tripple bottom line na análise e
gestão de negócios nas organizações, deve-se levar em consideração outras questões, além da
produtividade. Deve-se considerar na sustentabilidade dos negócios, os riscos envolvidos e os
impactos das ações e atividades da empresa sobre a sociedade e o meio ambiente. Para haver
condições de manutenção da vantagem competitiva, a organização deve se preocupar não apenas
com a abordagem econômica, mas também com os contextos culturais onde suas ações se inserem. É
fundamental considerar tudo numa complexa rede de inter-relações envolvendo fornecedores, agentes
governamentais, consumidores, e parceiros estratégicos. E isso implica a necessidade de inserir em
sua estratégia as dimensões social e ambiental, além da econômico-financeira.
Reflexão
Custo de oportunidade
É o nome que se dá ao custo em que incide um produtor quando produz um bem e é expresso pelos
outros bens que ele deixa de produzir. Igualmente, se refere ao custo em que um consumidor incide
quando deixa de consumir um bem para consumir outro.
Ainda que os recursos fossem ilimitados, produtor ou consumidor incidiriam no custo de oportunidade
porque o tempo para produzir ou para consumir, é limitado. Daí o custo de oportunidade ser chamado
também de custo do tempo.
Custo de oportunidade associado à vantagem competitiva
Uma empresa estabelece a sua vantagem competitiva quando produz com menor custo de
oportunidade do que os seus concorrentes.
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Os conceitos de eficiência e eficácia estão associados ao conceito de custo de oportunidade. A
eficiência refere-se ao uso ótimo dos fatores de produção, isto é, ao menor custo de oportunidade em
que incide uma empresa para produzir um bem.
“Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!”
Estas estrofes da poesia “Mar Portuguez” de Fernando Pessoa (GALHOZ, 1977:82) sugerem uma
troca eficiente de noivos por marinheiros com o objetivo de conquistar o mar. Fernando Pessoa, nas
estrofes seguintes da mesma poesia, sugere que o interesse coletivo da nação, na conquista do mar,
amplia o conceito de eficiência para o de eficácia.
“Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor”.
O entendimento de custo de oportunidade permite compreender a responsabilidade social como
prática de eficácia produtiva, na medida em que propõe a produção por meio de processos lucrativos,
limpos e não excludentes e a relação ética e transparente com as partes interessadas.
Dois fatores são relevantes nas discussões da relação das empresas com seus stakeholders:
1. o tipo de responsabilidade social que irá se configurar como ponto forte da empresa e este em
função da sinergia existente entre a cultura da empresa e as demandas da comunidade onde ela
está inserida e;
2. o reconhecimento ou identificação de seus stakeholders efetivos e potenciais.
No que respeita ao primeiro fator – o tipo de responsabilidade social – a empresa deve focar as ações
sociais que pretende desenvolver no exercício da responsabilidade social. Este foco na ação deve ser
direcionado para as principais demandas sociais colocadas frente à organização em sinergia com a
sua cultura; isto é, a ação ou ações a serem desenvolvidas devem estar diretamente relacionadas ao
trabalho da empresa. Sem essa sinergia entre as demandas da comunidade e a cultura organizacional
e sem a perfeita identificação de seus grupos de interesse, ela poderá sucumbir. Essa sinergia
possibilitará a empresa uma melhor identificação de seus públicos-alvo efetivos e potenciais, que é o
segundo fator a ser observado pelas corporações.
A importância de considerar como elementos constitutivos de estratégia das empresas as variáveis
sociais, ambientais e econômicas tem implicação direta para a responsabilidade social empresarial por
que as empresas por si só não crescem nem se desenvolvem. Para tanto, elas dependem de outros
grupos com os quais desenvolvem uma forte rede de relações para se instalarem e atuarem no
mercado. Esses grupos, chamados de “grupos de interesses” ou stakeholders, são todos aqueles que
afetam as corporações ou são por elas afetados.
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É necessário, portanto, que as empresas – de qualquer porte – saibam identificar seus diferentes
públicos-alvo para desenvolvimento e crescimento de seus negócios. As empresas têm obrigações
para os demais grupos que compõem a sociedade além dos seus empregados e acionistas. A
compreensão da responsabilidade social empresarial depende, portanto, das ações e interações entre
os vários stakeholders, condicionadas pelo foco da ação de cada um deles:
a. os acionistas:
O foco dos acionistas é o faturamento. A resposta é relativa ao lucro que as empresas obtêm. A
rentabilidade, a produtividade, as vendas e a questão fiscal são aspectos inerentes à prática desse
ator social.
b. os empregados:
O trabalho/emprego significa uma resposta do trabalhador à empresa ou instituição que o emprega,
além de representar um papel social. A criatividade desses atores é valorizada pelas empresas como
um fermento para o aumento dos lucros.
c. os consumidores
A percepção dos consumidores sobre uma empresa ou produto é, junto da criatividade dos
trabalhadores (empregados), o segundo pilar que transforma os tradicionais padrões de atuação das
empresas no mercado. Valores ligados à marca de um produto são os mais evidentes para retratar o
posicionamento desse ator social. Quando relacionada a questões sociais essa marca tem um
compromisso com a verdade que irá traduzir-se numa cultura. Ela está igualmente associada ao
“design”, que projeta o produto para um público consumidor.
d. os fornecedores
O posicionamento desses atores é delicado uma vez que o processo de reestruturação produtiva, a
terceirização, a sub-contratação, dissimula, de certa forma, o escopo de ação dos mesmos. O caso da
Nike pode ser citado como exemplo nesse sentido. As denúncias de trabalho infantil na fabricação de
bolas de futebol na Indonésia levaram a empresa a uma reformulação de sua relação com os
fornecedores. Isso foi possível em função de uma pressão social que denunciou as condições
impostas pela Nike para adquirir esse produto (FOLHA DE SÃO PAULO, 2004: 22).
e. As comunidades
As diferentes comunidades onde as empresas estão instaladas e aquelas que estão sujeitas à ação da
empresa, são atores sociais que integram a gestão da responsabilidade social empresarial. Até o
momento podemos observar uma ação muito mais das empresas para a comunidade do que o inverso.
Isso deve-se sobretudo à região geográfica, tamanho, nível de renda, concentração industrial e
padrões étnicos e migratórios que determinam, em parte, a postura desses atores e suas condutas nos
programas de responsabilidade social empresarial.
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f. O meio ambiente
Apesar de não ter um interlocutor pré-definido, o impacto que a atuação das empresas provoca no
meio ambiente deve ser considerado, sobretudo quanto às externalidades. O grande desenvolvimento
tecnocientífico, se por um lado melhorou a qualidade de vida de algumas populações, por outro
sobrecarregou os sistemas naturais: reservas florestais, bacias hidrográficas, depósitos minerais etc.
Estes são apropriados de forma progressiva e destrutiva. As empresas devem responder ao meio
ambiente por meio de seus programas de responsabilidade socioambiental.
Relativamente indefinidas quanto à origem, propriedade e a quem aufere rendimentos ou remunera
custos, as externalidades ou economias externas trazem à reflexão aspectos fundamentais da
responsabilidade social, como a interação com as partes interessadas. Ou a reflexão sobre o aspecto
representado pelo conceito de “licença para operar”, concedida para uma empresa realizar todos os
seus subprocessos, inclusive os mais nocivos, como os poluentes ou os que contribuem para o
aquecimento global.
Em resumo, quem confere a uma empresa o “mandato” que permite a ela lançar um efluente em um
curso d’água (externalidade negativa) ou investir em um projeto comunitário de educação
(externalidade positiva)?
As empresas, produzindo através de processos rentáveis, mais limpos e não-excludentes,
sustentáveis, portanto, deslocam a abordagem tradicional das externalidades dos bens para os
processos, revelando o potencial transformador da responsabilidade social. Além da reflexão sobre a
interação com as partes interessadas, concedentes da licença para operar, o “mandato”, o
entendimento mais profundo deste potencial não pode prescindir de uma reflexão sobre o significado
ético da produção, senão persistiria o risco de absolver, sem o necessário debate, empresas
produtoras de qualquer tipo de bem, como tabaco, armas de guerra, drogas ou outros, análogos.
A percepção do que é responsabilidade social, para esses diferentes atores e interlocutores, tem um
caráter dinâmico que corresponde à relação que a empresa tem com a sociedade.
Para Borger (2001) os grupos de interesse provêm às informações, a energia e os recursos
necessários para as empresas. Por meio dessas relações as empresas criam o capital social,
Glossário
Externalidades
Subprodutos de processos produtivos cujos benefícios (quando positivos), ou malefícios (quando
negativos), são apropriados também por quem não consumiu ou produziu os bens ou os serviços. Isto
significa que há bens com a propriedade de permitir que os benefícios por eles proporcionados sejam
desfrutados também por quem não os consumiu.
Caso, por exemplo, de externalidade positiva, é uma vacina contra uma doença transmissível, tomada
por uma criança, que beneficia também a outra criança que não a tomou. Ou, como exemplo de
externalidade negativa, o caso de uma empresa que lança em um rio os efluentes não tratados,
resultantes do seu processo produtivo, poluindo o curso d’água.
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intelectual, ambiental e financeiro essencial para a sustentabilidade e o crescimento organizacional
(BORGER, 2001:54-56).
Na maioria das vezes existe divergência entre os grupos de interesses e as relações de dependência
entre estes e as organizações são desiguais e assimétricas. Quanto mais significativa for a
participação de um ou mais grupos na empresa, maior a sua dependência e maior o poder de
influência desses grupos sobre a organização.
As decisões estratégicas tomadas pela empresa são diferenciadas para esses diversos grupos de
interesse, porque ...os acionistas querem maximizar seus retornos, preservar e aumentar sua riqueza;
os consumidores querem qualidade e confiabilidade dos serviços e produtos sem aumento de preços;
os fornecedores querem aumentar o preço e reduzir os custos; a comunidade quer que as empresas
sejam empregadores de longo prazo, paguem mais impostos e não demandem serviços de
infraestrutura; e finalmente os trabalhadores da organização esperam que a firma forneça um ambiente
de trabalho dinâmico, estimulante e compensador (BORGER, 2001:61).
Uma forma que uma organização pode adotar para praticar a responsabilidade social é definir a sua
visão, o que compreende um foco de atuação (meio ambiente, cidadania, recursos humanos), a sua
estratégia de ação e o seu papel principal. O papel está ligado aos valores da empresa, assim como o
foco e a estratégia estão ligados à ação e a relação desta com o seu entorno.
Na gestão do empreendimento, o direcionamento estratégico dá a orientação fundamental para o
conjunto de planos operacionais da empresa, ele desdobra-se em diretrizes para o planejamento das
suas áreas funcionais, em direção da visão de longo prazo e no cumprimento da missão. É no âmbito
da governança corporativa, em que se formula o conjunto das estratégias que constituem o
direcionamento, que também se define o sistema de gestão pelo qual estas estratégias serão
implantadas.
Tanto a definição de quem são os stakeholders, como as abordagens pra estabelecer relações com as
partes interessadas provoca, segundo Pinto e Leitão (2006:37-47), calorosos debates. Apresentamos,
em seguida, uma compilação dos principais aspectos relacionados à teoria dos stakeholders, na visão
de vários autores, respondendo a duas perguntas:
Glossário
Governança Corporativa
Sucintamente, governança é a instância da gestão que deve articular todos os públicos interessados e
envolvê-los na resolução de suas expectativas diversas, por vezes, conflitantes, inerentes, porém, à
direção de um empreendimento. Transparência, eqüidade entre as partes interessadas, prestação de
contas e responsabilidade são princípios para a boa prática da governança corporativa, que visa não
somente um melhor desempenho, como também aumentar o valor da empresa para a sociedade,
facilitar seu acesso ao capital e contribuir para sua perenidade.
Para saber mais sobre governança corporativa, consulte o site:
http://www.ibgc.org.br (IBGC, 2007).
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1. Quem são os stakeholders?
Friedman
1970
Os que têm um relacionamento econômico com a organização.
Freeman e
Reed 1983
Senso amplo – qualquer grupo ou indivíduo que possa afetar os objetivos de uma organização. Senso estrito – qualquer grupo ou indivíduo do qual a organização dependa para viver.
Carrol 1991
Grupos ou indivíduos com os quais a organização interage ou que com ela têm interdependência. Eles afetam ou são afetados por ações, decisões, políticas, práticas e objetivos da organização.
Clarkson 1995 Os que têm exposição ou aceitação a propensão ao risco diante das atividades da empresa. Sem risco não há interesse.
Longsdon e
Yuthas 1997
Indivíduos ou grupos que afetam ou são afetados pela organização.
Hummels 1998 Indivíduos ou grupos com alguma reivindicação legítima na organização, visando participar da tomada de decisão, porque são afetados pelas práticas, políticas e ações das empresas.
Preston 1999 Aqueles indivíduos que são afetados, favorável ou adversamente, pela operação de uma organização.
Waddock 2000 Os atores que influenciam o desempenho da empresa. Stoney e
Winstanley
2001
Grupos dos quais as empresas dependem para sobreviver.
Post e
colaboradores 2002
Os grupos cujo relacionamento com a empresa faz aumentar a riqueza.
Phillips e
colaboradores 2003
Normativos – aqueles com os quais a organização tem obrigações morais diretas. Derivados – os que tanto podem prejudicar, quanto beneficiar a organização.
2. Quais as principais críticas a teoria dos stakeholders?
Friedman 1970 A responsabilidade do gestor é com o dono da empresa.
Stenberg 1996 O número de stakeholders e infinito, sendo inviável atendê-los.
Handy 1998 É difícil ou impossível definir com clareza quem é um stakeholder.
Key 1999 Não é uma teoria científica.
Jensen 2001 O bem estar é maximizado quando uma empresa maximiza seu valor de mercado.
Stoney e
Winstanley 2001
O termo é usado de forma retórica e política, sem preocupação teórica.
Barry 2002 O acionista não terá interesse em colocar seus recursos na empresa, pois terá de dividir decisões com outros atores.
Smith 2003 A teoria é mal interpretada, pois não impede atos imorais de gestores mal intencionados.
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Como se pode observar não há unanimidade na identificação do stakeholder, nem tampouco a teoria é
aceita sem críticas. A despeito das críticas, empresas vão definindo seus interlocutores a partir de uma
visão abrangente da realidade, considerações de ordem social e ambiental integradas à econômica e a
incorporação destas relações no direcionamento estratégico e na definição dos fatores que
determinam a criação de valor.
Uma ferramenta útil pra implementar diálogo com partes interessadas é a norma AA 1000
(ACCOUNTABILITY 1000, 1999) . É um guia de melhores práticas para prestação de contas das
empresas com as partes interessadas desenvolvido pelo ISEA (Institute of Social and Ethical
Accountability) e base para outras ferramentas. Ela pode contribuir para a melhoria contínua dos
processos, assegurando a qualidade e confiabilidade de relatórios, contabilidade e auditoria e o
gerenciamento e comunicação da responsabilidade social empresarial e do desempenho social e ético
da organização.
A aplicabilidade da norma se dá, sobretudo, na definição do ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Act), para
sua implementação, como a seguir:
O fluxograma está compreendido em um conjunto de relações entre as etapas sugeridas do processo
de interação com as partes interessadas e suas interseções. Cada etapa é apresentada de forma
alinhada com o ciclo PDCA e com suas atividades principais e, como corolário, cada giro do ciclo
PDCA projeta o processo de engajamento com as partes interessadas para um estágio superior, no
que se convencionou chamar de princípio de melhoria contínua.
Fonte: AccountAbility (1999).
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O resumo de procedimentos da norma AA 1000, com base no ciclo PDCA, sugere também a influência
que a teoria da qualidade, mais difundida a partir dos anos 1980, na concepção de sistema de garantia
com adequação ao uso exerce sobre as práticas de gestão da responsabilidade social, interferindo
sobre a síntese das dimensões objetivas da qualidade – a conformidade – e sobre a síntese das
dimensões subjetivas da qualidade – a reputação.
2. Gestão estratégica da responsabilidade social das empresas
Para fazer a gestão da responsabilidade social, como visto anteriormente, as empresas adotam alguns
procedimentos, como por exemplo, implantação de práticas de governança corporativa, identificação
dos stakeholders pela proximidade com o trabalho das empresas e/ou pelo risco ou impacto que
possam causar a estes e assumem o diálogo com os stakeholders para determinar os múltiplos
interesses.
Na última década, muitas ferramentas surgiram para ajudar as organizações a gerenciar seu
desempenho econômico, ambiental e social. Estas ferramentas e instrumentos se apresentam de
várias formas: demonstrativos de processos ou desempenho, sistemas de gestão, métodos de
avaliação, protocolos, normas, etc. É importante frisar que a adoção de uma ferramenta/ instrumento
não exclui a possibilidade de adoção de outras. Estas adoções podem ser, ao contrário,
complementares.
Novamente, como na parte conceitual desta disciplina, o risco é se perder na amplitude de
possibilidades e não aprofundar conhecimento em nenhuma delas. Desta forma, elegemos 3
ferramentas para as quais daremos destaque:
� GRI – Global Reporting Initiative;
� Balanço Social modelo IBASE e
� Metas do Milênio.
A escolha destas ferramentas se deu pelas suas diferentes ênfases, o que torna o nosso estudo mais
amplo. Assim, a GRI foi escolhida por representar a gestão da RSE com ênfase no tripple bottom line;
o Balanço Social modelo IBASE foi escolhido pela ênfase nos interlocutores e as Metas do Milênio por
sua ênfase na comunidade. Ao final da apresentação de cada uma delas, no entanto, listamos com
pequenos resumos, muitas outras que poderão ser adotadas com a mesma ênfase, indicando links na
internet para pesquisa mais aprofundada.
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2. a. Gestão estratégica da responsabilidade social das empresas com ênfase em
sustentabilidade
Na gestão estratégica da responsabilidade social, muitos caminhos podem ser tomados. A GRI
representa um caminho para a organização que deseja demonstrar e melhorar seu desempenho nas
áreas econômica, social e ambiental.
A GRI - Global Reporting Initiative - surgiu em 1997 e, desde a sua criação, ajuda a orientar as
organizações que estejam elaborando relatórios a descrever e a articular melhor suas contribuições
em direção ao desenvolvimento sustentável. A tendência atual é que cada vez mais empresas, no
mundo todo, adotem os indicadores de relatório sugeridos pela GRI, permitindo uma padronização que
facilite a análise e a comparabilidade do desempenho das empresas.
A GRI é uma iniciativa de uma organização não-governamental internacional, cuja missão é
desenvolver e disseminar globalmente diretrizes aplicáveis para o desenvolvimento de relatórios de
sustentabilidade utilizados voluntariamente por empresas que relatam as dimensões econômicas,
ambientais e sociais de suas atividades, produtos e serviços. Sua principal proposta é desenvolver
diretrizes de relato (Sustainability Reporting Guidelines) que possam ser utilizadas e comparadas por
organizações em todo o mundo.
A GRI faz uso de uma rede internacional que conta com a participação de diversas partes
interessadas. É uma iniciativa da CERES (Coalition for Environmentally Responsible Economies) -
organização não-governamental norte-americana, composta por organizações ambientais,
profissionais de investimentos socialmente responsáveis, investidores institucionais e organizações de
trabalhadores e religiosas, em parceria com o UNEP (United Nations Environment Programme). Dentro
da própria iniciativa foram incorporados, através de um comitê representativo, alguns de seus
stakeholders, representados por diferentes empresas, organizações não-governamentais, consultorias,
empresa contábeis, associações de empresas, universidades e outros.
Está em sua terceira versão, GRI G3, cuja construção teve a participação efetiva de várias instituições
e empresas brasileiras, tais como: Petrobras, Natura, Instituto Ethos, Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa, Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável; Instituto Observatório Social,
entre outros. Como se pode observar, as diretrizes servem não apenas a empresas privadas, é
aplicável em organizações de todos os tamanhos e tipos e localizadas em qualquer parte do mundo. O
que se destaca na utilização da GRI é a disposição da empresa para demonstrar seu desempenho nas
três dimensões, social, ambiental e econômica, o que permite avaliar a consistência entre a política de
sustentabilidade corporativa e sua efetiva realização, uma vez que oferece diretrizes de métodos para
preparação, monitoramento e verificação de desempenho de relatórios.
Dica
Sugerimos que você consulte alguns relatórios empresariais que usam a GRI:
Petrobrás (2006)
http://www2.petrobras.com.br/ri/port/ConhecaPetrobras/RelatorioAnual/pdf/RelatorioAnual_2006.pdf
Natura (2006)
http://natura.infoinvest.com.br/static/ptb/arquivos/608488_RA_PORTUGUES.pdf
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Seus principais objetivos são prestar contas aos stakeholders do desempenho das empresas; servir de
comparação para uma empresa ao longo do tempo; e servir de comparação entre empresas. Em uma
frase, o GRI oferece diretrizes mundialmente aceitas para o preparo de relatórios tripple bottom line.
Assim, sua estrutura e forma se assemelham ao relatório contábil, no entanto seu conteúdo
compreende também as dimensões social e ambiental e seu relato pressupõe um prévio e estruturado
engajamento com as partes interessadas (que pode ser oferecido com base na AA 1000), conferindo-
lhe a transparência, a inclusividade e a relevância sugeridas por seus princípios norteadores.
O conteúdo sugerido pela GRI tem nos princípios de transparência e inclusividade o seu principal
norte, sendo recomendado que o processo de escolha de indicadores a relatar esteja intrinsecamente
relacionado às percepções e necessidades das partes interessadas de cada empresa. Desta forma, o
conteúdo da GRI funcionaria como um cardápio cuja escolha é direcionada pelos stakeholders em
processo estruturado e relatado de engajamento.
A GRI é, portanto, uma estrutura externa de relato que tanto incorpora quanto complementa outras
iniciativas e que permite comunicar: (1) ações tomadas para melhorar desempenho econômico,
ambiental e social, (2) os resultados de tais ações, (3) estratégias futuras para melhoria.
Atenção
Os 11 Princípios da GRI, segundo o Business Meets Social Development (2007): Transparência – a completa publicação de processos, procedimentos e suposições na preparação do relatório é essencial para sua credibilidade; Inclusividade – a organização deve, sistematicamente, engajar suas partes interessadas para ajudar a focar e melhorar continuamente a qualidade de seus relatórios; Auditabilidade – dados e informações relatados devem ser registrados, compilados, analisados e revelados, de modo a permitir que auditores internos ou provedores de garantia externos, possam atestar sua veracidade; Completude – todas as informações materiais aos usuários para avaliar o desempenho econômico, social e ambiental devem aparecer no relatório de maneira consistente com os limites, escopo e período de tempo declarados; Relevância – a relevância é o grau de importância dado a um particular aspecto, indicador, ou pedaço de informação e representa o ponto no qual a informação se torna significante o suficiente para ser relatada; Contexto de sustentabilidade – a organização deve procurar colocar seu desempenho no contexto mais amplo do ecológico, social, ou outros limites ou restrições, onde tal contexto adicione significado importante à informação relatada; Exatidão – se refere a alcançar o grau de exatidão e baixa margem de erro na informação relatada necessária para que os usuários tomem decisões com alto grau de segurança; Neutralidade – os relatórios devem evitar indução na seleção e apresentação da informação e devem esforçar-se para dar uma conta balanceada do desempenho da organização; Comparabilidade – a organização deve manter a consistência no limite e escopo de seus relatórios, publicando qualquer mudança e reafirmando previamente a informação relatada;
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A confecção do relatório se baseia em 11 princípios que estabelecem condutas calcadas em critérios
de transparência, prestação de contas, exatidão, bem como na sua organização a partir das
dimensões econômica, ambiental e social da sustentabilidade.
O conteúdo da GRI aborda aspectos que englobam visão, estratégia e perfil organizacional; passando
pelo perfil do próprio relatório e seu escopo, bem como os critérios de definição de conteúdo do
relatório; estrutura de governança e sistema de gestão; engajamento com partes interessadas; até os
indicadores de sustentabilidade propriamente ditos, que incorporam os três aspectos já citados.
As principais contribuições da GRI para com os vários atores sociais são:
Empresas
intensificar o diálogo com stakeholders e identificar áreas de melhoria,
permitindo a visão antecipada de possíveis problemas e oportunidades;
fortalecer parcerias e construir confiança; possibilitar um diálogo estratégico
entre as várias funções dentro da empresa.
ONG´s e sindicatos facilitar o diálogo com empresas; ter acesso a informações consistentes;
possibilitar uma visão crítica da gestão empresarial.
Comunidade possibilitar uma visão crítica da gestão da empresa.
Investidores avaliação padronizada similar à contabilidade financeira.
Governos complementar a regulamentação.
Dica
Sugerimos que você acesse a GRI, em língua portuguesa no site:
http://www.globalreporting.org/Home/LanguageBar/Portuguese.htm
Sua versão 3, conhecida como G3, em língua inglesa, está disponível online em:
http://www.globalreporting.org/ReportingFramework/G3Online/
O endereço institucional da GRI é:
http://www.globalreporting.org
Atenção
Clareza – a organização deve permanecer consciente das diversas necessidades e background de todos os grupos de partes interessadas e deve deixar a informação disponível de maneira proativa ao máximo número de usuários enquanto ainda mantenha um adequado nível de detalhes; Conveniência – os relatórios devem providenciar informação em um calendário regular que preencha
as necessidades dos usuários e comporte com a natureza da própria informação.
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Outras possibilidades de instrumentos, ferramentas e protocolos para a gestão da
responsabilidade social com ênfase na sustentabilidade:
� Agenda 21
Foi consolidada na Rio 92 e representa um compromisso de 179 países para a implementação do
desenvolvimento sustentável. É um processo e instrumento de planejamento participativo para o
desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a sustentabilidade, compatibilizando a
conservação ambiental, a justiça social e o crescimento econômico. Pode e deve ser adotado global,
nacional e localmente, existindo casos de agenda para bairros ou mesmo escolas. A brasileira é
resultado de uma consulta à população, sendo construída a partir das diretrizes da Agenda 21 global.
Os temas que compõem a agenda brasileira são: agricultura sustentável, cidades sustentáveis, infra-
estrutura e integração regional, gestão de recursos naturais, redução das desigualdades sociais e
ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável.
Site: http://www.mma.gov.br (consultado em junho de 2007)
� Diretrizes da OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
Instituída em 1961, a OCDE é integrada por 30 países membros, entre eles França, EUA, Canadá e
México. Brasil, Argentina e Chile têm o status de observadores e pleiteiam, desde 1997, o status de
membros. O Brasil é signatário das diretrizes que já sofreram cinco revisões. As diretrizes oferecem
princípios e normas voluntários para a conduta responsável das empresas multinacionais, voltadas
para potencializar suas contribuições para o desenvolvimento sustentável. Sua mais recente revisão
abre a possibilidade de negociações na pauta sindical sobre a manutenção de padrões de conduta
nas filiais das empresas multinacionais, semelhantes aos padrões da matriz. É dividida em capítulos
temáticos sobre meio ambiente, emprego e relações trabalhistas, luta contra corrupção, interesses dos
consumidores, ciência e tecnologia e concorrência, entre outros.
Site: http://www.fazenda.gov.br/sain/pcnmulti/diretrizes.asp#divulgacao (consultado em junho de 2007)
� Global Compact ou Pacto Global
É uma iniciativa do então secretário-geral da ONU – Organização das Nações Unidas - Kofi-Annan
que, durante o Fórum Econômico Mundial de 1999, propôs que as empresas pactuassem o
comprometimento com princípios globais relacionados aos direitos humanos, trabalho e meio
ambiente. O Pacto Global tem como base o cumprimento da Declaração Universal dos Direitos
Humanos da ONU, de 1948; a Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, de 1992; e a
Declaração de Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho da OIT – Organização Internacional do
Trabalho, de 1998.
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50
Site: http://www.unglobalcompact.org (consultado em junho de 2007).
� ISO NBR 9000:2000 - International Standardization Organization
Norma que certifica os sistemas de gestão de garantia da qualidade, através da conformidade de
processos e da adequação ao uso. Tem como principais objetos desenvolver o planejamento e os
objetivos e processos, a sua implementação, monitoramento e mensuração dos resultados em
consonância com os requisitos do cliente, com a política da qualidade da organização e com o
compromisso de melhoria contínua dos processos da organização.
Site: http://www.iso.ch (consultado em junho de 2007).
� ISO NBR 14000:2004 - International Standardization Organization
Norma certificável que regulamenta a questão da proteção ambiental, no intuito de minimizar os efeitos
nocivos ao meio-ambiente e aos trabalhadores, causados pelas atividades produtivas das empresas.
Tem como principal objetivo criar uma política ambiental que possa ser monitorada e avaliada para a
correção de problemas e para melhorar o desempenho ambiental das empresas.
Site: http://www.iso.ch (consultado em junho de 2007).
� ISO 26000 - International Standardization Organization
É um guia (isoguide) de responsabilidade social empresarial, que está sendo elaborada e terá como
objetivo estabelecer um padrão internacional para implementação de um sistema de gestão e
conformidade de empresas quanto aos aspectos da responsabilidade social. Ganha importância em
nosso cenário por ser a primeira vez que um comitê de elaboração de norma internacional é presidido
Reflexão
A edição do Pacto Global, apesar dos seus termos altruístas, gerou controvérsias junto a algumas
lideranças da chamada sociedade civil, em decorrência de dúvidas quanto à pertinência e
oportunidade de uma adesão por parte de empresas privadas a uma iniciativa relacionada à ONU, em
um momento em que o próprio secretário-geral anunciava severas dificuldades financeiras da
instituição. Algumas das críticas referem-se à impertinência de uma adesão que não seja através de
Estados e também ao risco de uma privatização dos interesses da organização.
...Que me desculpem, companheiros e companheiras no governo, mas não dá para calar: os
contornos dessa agenda internacional começam a ficar perigosos demais. Lula foi a Nova York para a
reunião do Global Compact. Infelizmente, nosso presidente deu brilho a essa nefasta iniciativa do
secretário-geral da ONU, Kofi-Annan. Na visão dos movimentos de cidadania mundial o Global
Compact é um perigoso passo no sentido de comprometer as Nações Unidas com a agenda dos
maiores conglomerados econômico-financeiros, cuja folha corrida na violação de direitos humanos
pelo mundo não cessa de crescer. Não faça isso presidente Lula! Ainda há tempo de mudar
(GRZYBOWSK, 2004).
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51
por um brasileiro – o baiano Jorge Cajazeira, gerente de excelência empresarial da Suzano Bahia Sul
– em parceria com a Suécia. Sua eleição para presidir o comitê deveu-se, em grande parte, a sua forte
participação na formulação da norma brasileira de responsabilidade social, a ABNT NBR 16001:2004.
Site: http://www.iso.ch (consultado em junho de 2007).
� Primeiros passos em RSE - Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
É um manual e tem como objetivo apresentar diretrizes e iniciativas que poderão ser úteis inclusive a
empresas com recursos limitados. Oferece uma extensa linha de programas, políticas e idéias sobre o
processo de formação de uma empresa estruturada e respeitada por seus valores sociais, além de
demonstrar ações que têm por objetivo criar e proporcionar um ambiente de trabalho produtivo e
participativo. Contém sugestões para a empresa que procura formas de integrar à responsabilidade
social à cultura de suas atividades.
Site: http://www.ethos.org.br (consultado me junho de 2007).
� Princípios do Equador
É um protocolo do sistema financeiro internacional para financiamentos favorecidos – com taxas mais
baixas de juros - de projetos que observem os aspectos da sustentabilidade. De adesão voluntária
pelas instituições financeiras, os Princípios do Equador estabelecem regras para os financiamentos de
projetos superiores a dez milhões de dólares. Foi firmado em 2002. As regras para avaliação de riscos
sócio-ambientais para financiamento de projetos compreendem 13 áreas ligadas à políticas sócio-
ambientais: direitos humanos, direitos trabalhistas, povos indígenas, clima e energia, biodiversidade,
florestas, pesca, indústrias extrativistas, agricultura sustentável, química, transparência e reporte pelos
clientes e sistemas de gestão ambientais e sociais (WWF & BANKTRACK, 2006).
Atenção
As carteiras de projetos de 39 bancos que aderiram aos princípios, foram avaliadas e apresentadas
em 2006, no Fórum Econômico Mundial. Os 39 bancos representavam 75% do volume de projetos
financiados pelo setor no mundo. As melhores médias foram obtidas pelos bancos HSBC e ABN,
ficando, ambos, em 1,31 de pontuação.
A pontuação do método de avaliação corresponde a:
0 = Nenhuma política,
1 = Políticas vagas ou aspiracionais,
2 = Alguns compromissos assumidos,
3 = Apenas parte das políticas aderem a padrões internacionais, e
4 = Todas ou quase todas as políticas aderentes a padrões internacionais.
Ainda nesta escala, a média geral do setor (mundial) ficou em 0,46.
Para entender melhor os Princípios do Equador, sugerimos a leitura de MARQUES (2006).
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52
2.b. Gestão estratégica da responsabilidade social das empresas com ênfase em interlocutores
Uma boa escolha de ferramenta com ênfase nos interlocutores foi criada pelo IBASE – Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas: o balanço social modelo IBASE.
A história dos balanços sociais no mundo, e mesmo no Brasil é, no entanto, mais antiga que o modelo
sugerido pelo IBASE. É na década de sessenta, nos Estados Unidos, que a idéia da responsabilidade
social corporativa surge como uma preocupação por parte das empresas em prestar informações ao
público sobre suas atividades no campo social. O repúdio da população à guerra do Vietnã deu início a
um movimento de boicote à aquisição de produtos e ações de empresas que de alguma forma
estavam ligadas a esse conflito armado.
Várias instituições como a Igreja, fundações, universidades, dentre outras organizações da sociedade
civil, passaram a denunciar a utilização de armamentos sofisticados (gases paralisantes, napalm), na
morte de civis inocentes, afetando negativamente o meio ambiente e colocando em risco a própria
sobrevivência do homem no planeta. A guerra do Vietnã provocou sério desgaste na imagem das
empresas. Visando reagir às pressões da sociedade, que exigia nova postura ética, as empresas
norte-americanas passaram a prestar contas de suas ações justificando seu objetivo social, com o
intuito de melhorar a imagem junto a consumidores e acionistas.
A responsabilidade das empresas de prestar contas de atividades de cunho social e ambiental aos
seus públicos interessados começou a tomar a forma de relatórios específicos para este fim nos anos
1970, na Europa. Em 1971, a alemã STEAG apresentou-se como pioneira, assim como a SINGER,
francesa, em 1972.
Em 12 de julho de 1977, apresentou-se o marco legal francês, a Lei 77.769, tornando obrigatória a
realização de balanços sociais por empresas com 700 ou mais empregados, número reduzido para
300, a partir de 1984.
Depois da iniciativa francesa, diversos países da Europa seguiram seus passos e passaram a exigir de
suas empresas, a elaboração do balanço social, destacando-se entre eles Bélgica, Espanha e
Portugal.
Glossário
O IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - foi fundado no ano de 1981, por
Herbert de Souza, o Betinho. É uma organização não-governamental comprometida com a defesa dos
direitos humanos, a justiça, o bem-estar social e a participação de todos os brasileiros na construção
da democracia.
No site do IBASE, você poderá saber mais sobre a instituição, sua atuação e seu fundador.
http://www.ibase.org.br (consultado em junho de 2007).
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53
Nos anos 80, diversas organizações começaram a trabalhar sistematicamente com o tema da
responsabilidade social das empresas e a ter efetiva preocupação com o meio ambiente, tanto nos
E.U.A. quanto na Europa. Destaca-se o Business for Social Responsibility (BSR) nos E.U.A. e o
Council on Economic Priorities Accreditation Agency (CEPAA, SAI atualmente), que atua tanto num
continente quanto no outro; e a organização Accountabilility, na Inglaterra. (AYRES, SOARES &
BARTHOLO, 2002).
Embora, no Brasil, os primeiros Balanços Sociais tenham sido publicados em 1984 (Nitrofértil); 1985
(Sistema Telebrás) e 1992 (BANESPA), a importância que tem hoje o balanço social ganhou força aqui
em meados de 1997, quando o sociólogo Herbert de Souza, fundador e dirigente do IBASE, enfatizou
a necessidade da realização do balanço social a partir de um modelo único e simples (SILVA &
FREIRE 2001:125).
O aprendizado derivado de modelos complexos ou burocráticos demais, como o do balanço social
francês, ou de empresas que exageram na policromia dos seus relatórios de cunho social, inspiraram
Betinho na pedagogia da responsabilidade da prestação de contas. O modelo IBASE é simples e
objetivo e é atualizado por meio da colaboração de parceiros, com modelos próprios para micro e
pequenas empresas, cooperativas, instituições de ensino e organizações sociais.
O balanço é uma publicação reunindo um conjunto de informações sobre as atividades desenvolvidas
por uma empresa em promoção humana, social e ambiental, dirigida a seus empregados e à
comunidade onde está inserida. Inspirado no formato de balanço financeiro, é um documento
publicado anualmente (SILVA E FREIRE, 2001:124).
O balanço social modelo IBASE está fazendo 10 anos em 2007 e trouxe como grande colaboração
para a temática da responsabilidade social brasileira um padrão de mensuração para a transparência
das empresas, a construção democrática de indicadores e a facilidade de sua proposta. Este balanço
institucionalizou, em novembro de 1998, o Selo Balanço Social IBASE/Betinho, cuja proposta estimula
a publicação do balanço e, por último, em 2006, a consulta pública dos balanços que concorrem ao
selo.
O Selo Balanço Social IBASE/Betinho foi criado como forma de estímulo à publicação do balanço e é
conferido todos os anos às empresas que publicam o balanço no modelo IBASE, segundo os critérios
estabelecidos pela instituição.
Estes critérios de elegibilidade para o selo estabelecem, entre outros, que: podem concorrer médias e
grandes empresas; o modelo deve ser adotado na íntegra; não são aceitas respostas como “não
Atenção
Simplicidade no modelo IBASE
A simplicidade é a garantia do envolvimento do maior número de empresas. Quanto mais simples for o
modelo, menos resistências surgem em relação ao levantamento das informações e à produção do
documento. A simplicidade também é fundamental para que uma empresa não se sinta desestimulada
pelo custo de fazer o balanço. A elaboração do balanço social num modelo simples e objetivo não
deve gerar novos encargos, até porque a maioria dos dados a serem utilizados já figuram nos
relatórios da empresa (SUCUPIRA, 2005).
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54
disponível” ou “não se aplica”; o balanço deve ser publicado no site da empresa, bem como em
revistas e/ou jornais de grande circulação, nacionais ou regionais, conforme atuação e abrangência da
empresa e que estes devem ser informados previamente ao IBASE; cada funcionário deve receber, no
formato do modelo, uma via em material impresso, com cópia para o IBASE do modelo distribuído,
bem como do comprovante da distribuição; ao modelo entregue ao funcionário deve ser anexada uma
carta do(a) presidente ou diretor(a) da empresa, relatando a relevância deste para a sociedade e para
a empresa; a empresa deverá apresentar melhoria contínua nas informações proporcionalmente à
seus resultados de desempenho.
Os principais critérios obrigam a empresa, sobretudo, a divulgar o balanço, dando transparência às
informações que presta e a espelhar em suas ações de responsabilidade social os seus resultados.
A consulta pública foi instituída no ano de 2006. Ela permite que, durante 2 meses, qualquer cidadão
possa opinar pelo endereço do site (http://www.balancosocial.org.br) sobre as empresas que solicitam
o Selo. A consulta pressupõe que, articuladas com o IBASE, organizações da sociedade civil (meio
ambiente, consumidores, direitos fundamentais do trabalho e igualdade de gênero e raça) sejam
consultadas, bem como obriga empresas a informar formalmente, indicando o site da consulta, às
representações sindicais de categorias profissionais que trabalhem na empresa, sobre o procedimento.
No ano de 2007, sessenta empresas candidataram-se ao selo. Os critérios de outorga, no entanto,
permitiram que apenas treze chegassem ao último estágio do processo, que é a consulta pública. O
critério mais excludente, responsável pela eliminação de 65% delas, foi à exigência de observância ao
Decreto 3.298/99, que estabelece a obrigatoriedade da empresa com cem ou mais empregados a
preencher de dois a cinco por cento de seus cargos com beneficiários da Previdência Social
reabilitados ou com pessoa portadora de deficiência habilitada, nas seguintes proporções: até
duzentos empregados, mínimo de dois por cento; de duzentos e um a quinhentos empregados, mínimo
de três por cento; de quinhentos e um a mil empregados, mínimo de quatro por cento; e mais de mil
empregados, mínimo de cinco por cento.
Para Torres (1998), a publicação do Balanço Social é parte de um processo que mostra com
transparência, não só para a sociedade como também para funcionários e acionistas, o que e como a
empresa está investindo na área social, criando uma oportunidade única de melhor inserir os
acionistas minoritários no contexto gerencial da empresa, criando-lhes novos canais de participação no
negócio.
Embora tenha sua origem na contabilidade, não deve ser visto como um demonstrativo meramente
contábil, mas como uma forma de explicitar a preocupação empresarial com o cumprimento de sua
responsabilidade social. Ou seja, sua função principal é tornar pública a responsabilidade social
empresarial (IBASE, 2004).
Para que o balanço social exerça seu papel de instrumento de gestão empresarial, é preciso que
através dele seja possível medir e julgar os fatos sociais vinculados à empresa, tanto no seu interior
(empresa /funcionários), como à sua volta (empresa /comunidade).
Responsabilidade Social Empresarial
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55
Dica
Para conhecer os modelos de balanço social IBASE para empresas, para cooperativas, micro e
pequenas empresas, organizações sociais e instituições de ensino, pesquise no site do Balanço social
no endereço http://www.balancosocial.org.br(IBASE, 2007).
Dica
Estrutura do balanço social modelo IBASE
A estrutura do balanço social é constituída por sete campos:
1-Base de cálculo – constituída de três elementos: receita líquida, folha de pagamentos bruta e
resultado operacional.
2-Indicadores sociais internos – correspondem aos dispêndios da organização em encargos sociais
compulsórios e benefícios para os colaboradores em educação, saúde, participação nos resultados e
outros em que a empresa tenha investido.
3-Indicadores sociais externos – referem-se aos dispêndios da organização em tributos e
contribuições para a sociedade ou investimentos na cidadania, realizados em educação, cultura,
saúde e outros em que a empresa tenha investido.
4-Indicadores ambientais – registro dos dispêndios da organização em meio ambiente, tanto os
relativos à operação da empresa, quanto os externos.
5-Indicadores do corpo funcional – informações sobre a caracterização dos colaboradores da
empresa, incluindo o número de empregados por gênero, raça e idade, o número de admissões etc.
6-Informações sobre o exercício da cidadania empresarial – correspondem às informações sobre
a relação entre a maior e menor remuneração da empresa e um conjunto de outras informações
relativas às instâncias em que são tomadas as decisões da organização.
7-Outras informações – à critério da empresa, é o campo que permite a descrição dos projetos por
ela empreendidos.
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56
Outras possibilidades de instrumentos, ferramentas e protocolos para a gestão da
responsabilidade social com ênfase nos interlocutores:
� ABNT NBR 16001:2004 – Norma brasileira de responsabilidade social da Associação Brasileira
de Normas Técnicas
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT - criou a norma NBR16001, que visa estabelecer
requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da responsabilidade social.
A empresa pode ser certificada pela NBR 16001 e os organismos certificadores são acreditados pelo
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. A NBR 16001 está
estabelecida sobre o princípio da melhoria contínua, resultante da aplicação do método conhecido
como do ciclo PDCA: Planejar (plan); “Fazer (do); Verificar (check) e Atuar (act) (ABNT, 2004:VI).
A essência da ABNT NBR 16001 está no seu capítulo 3, Requisitos do sistema de gestão da
responsabilidade social (ABNT, 2004:3-9). Nele, inicialmente, em requisitos gerais, fica instituído que a
organização deve estabelecer, implementar, manter e continuamente aprimorar um sistema de gestão
da responsabilidade social, de acordo com os requisitos da norma e que a exclusão de requisitos
impede a reivindicação de conformidade com ela. O objetivo da norma pode ser descrito como o de
prover as organizações dos elementos de um sistema eficaz de gestão da responsabilidade social,
passível de integração com outros requisitos de gestão.
Glossário
Certificação
A certificação com base na norma ABNT NBR 16001 é resultado de um processo de auditoria em que
um organismo certificador verifica se o sistema de gestão da responsabilidade social da empresa está
de acordo com os aspectos da norma brasileira.
Acreditação
A acreditação do organismo certificador - OC - é o resultado em de um processo realizado pelo
INMETRO em que a capacidade do OC de atribuir a certificação é verificada e atestada.
Atenção
A primeira certificação da NBR 16001 aconteceu em outubro de 2006 para a empresa SERASA, uma
das maiores empresas do mundo em análises e informações para decisões de crédito e apoio a
negócios. A certificação foi conferida pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini. Sugerimos uma
pesquisa no site da empresa para conhecer a história da primeira certificação desta norma:
http://www.serasa.com.br/empresa/noticias/2006/noticia_0379.htm (consultado em junho de 2007).
Todas as normas têm seus direitos reservados, ou seja, não devem ser reproduzidas ou utilizadas
integralmente ou em parte.
Para conhecer as alternativas de aquisição do texto da norma, sugerimos que você consulte a ABNT
no site: http://www.abnt.org.br.
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Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais
57
� BS 8800 - British Standards 8800
Norma que propõe a estruturação do sistema de gestão da Segurança e da Saúde no Trabalho (SST)
da empresa. Tem como principal objetivo fornecer diretrizes baseadas nos princípios gerais da boa
administração para desenvolver uma política eficiente de Segurança e da Saúde no Trabalho.
Site: http://www.osha-bs8800-ohsas-18001-health-and-safety.com (consultado em junho de 2007).
� Declaração de Durban
É resultado da III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e
Intolerância Correlata, realizada em setembro de 2001, e leva o nome da cidade da África do Sul onde
a conferência foi realizada. Faz referências objetivas a possibilidades de atuação das empresas.
Incentiva o setor empresarial, em particular a indústria do turismo e os provedores de serviços da
Internet, a desenvolverem códigos de conduta, visando impedir o tráfico de seres humanos e a
proteger as suas vítimas. Menciona a necessidade de organização e funcionamento de empresas
cujos proprietários sejam vítimas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata,
com a correspondente promoção da igualdade de condições de acesso ao crédito e a programas de
treinamento. Menciona o apoio à criação de locais de trabalho livres de discriminação, através de
estratégias multifacetadas, que incluam o cumprimento dos direitos civis e a proteção dos direitos dos
trabalhadores sujeitos ao racismo e à intolerância racial. Insta os estados a adotarem medidas para
assegurar que as corporações transnacionais operem nos territórios nacionais, respeitando preceitos e
práticas de não-racismo e de não discriminação, entre outros. Ganha importância no Brasil para
corrigir números como os extraídos da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio / IBGE,
2001), em que o rendimento médio familiar per capita é de 2,64 salários mínimos para os brancos e de
1,15 para os negros, uma diferença reveladora de 130%, entre os dois Brasis.
Site: http://www.comitepaz.org.br/Durban_1.htm (consultado em junho de 2007)
� Governança Corporativa
A expressão governança corporativa é designada para abranger os assuntos relativos ao poder de
controle e direção de uma empresa, bem como as diferentes formas e esferas de seu exercício e os
diversos interesses que, de alguma forma, estão ligados à vida das sociedades comerciais. Refere-se
ao conjunto de relações entre a administração de uma empresa, seu conselho de administração, seus
acionistas e outras partes interessadas. Os objetivos de um sistema de governança corporativa são
basicamente: (a) promover uma estrutura eficiente de incentivo para a administração da empresa,
visando a maximização de valor; e (b) estabelecer responsabilidades e outros tipos de salva-guardas
para evitar que os gestores promovam qualquer tipo de expropriação de valor em detrimento aos
acionistas (shareholders) e demais partes interessadas (stakeholders). As práticas de Governança
Corporativa foram implementadas no Brasil a partir de 1999 com a criação do Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa – IBGC – e do primeiro Código Brasileiro das Melhores Práticas de
Governança Corporativa. Em 2001, com a reforma da Lei das Sociedades Anônimas houve um
considerável avanço no uso de tais práticas.
Responsabilidade Social Empresarial
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58
A responsabilidade social é uma estratégia de governança corporativa na medida em que coloca em
interação a assembléia, o conselho de administração, os planos executivo e gerencial da organização,
na definição de responsabilidades quanto a perpetuidade do negócio, os investimentos e o retorno a
longo prazo.
� Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial
Os indicadores são uma ferramenta criada pelo Instituto Ethos Empresas e Responsabilidade Social,
em 2000 e revisada anualmente. O instituto foi fundado no ano de 1998, por empresários e executivos
do setor privado, liderados por Oded Grajew e Ricardo Young e se propõe a organizar o conhecimento
e desenvolver ferramentas que ajudem as empresas a trilhar o caminho da responsabilidade social,
além de promover constantemente a troca de experiências entre elas.
Os indicadores Ethos de responsabilidade social são uma ferramenta de auto-avaliação e auto-
diagnóstico, cujo objetivo principal é de auxiliar no processo de incorporação da responsabilidade
social na gestão empresarial e no comprometimento com o desenvolvimento sustentável (ETHOS,
2006).
A estrutura da ferramenta é organizada em 7 temas, alinhados às partes interessadas, ou
stakeholders, a saber: (1) Valores, transparência e governança; (2) Público interno; (3) Meio Ambiente;
(4) Fornecedores; (5) Consumidores e Clientes; (6) Comunidade; e (7) Governo e Sociedade. Cada um
destes temas é formado por indicadores de profundidade, questões binárias e questões quantitativas.
Cada um dos temas é correlacionado aos Princípios do Pacto Global de maneira a evidenciar a
sinergia existente entre o movimento de responsabilidade social empresarial no Brasil e as normas
estabelecidas pelo então secretário geral da Organização das Nações Unidas – ONU – Kofi-Annan.
Dica
Para saber mais sobre Governança Corporativa, consulte o site do IBGC – Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa – http://www.ibgc.org.br. No mesmo site você pode dar download no arquivo
Código das melhores práticas de governança corporativa do IBGC, que está em sua terceira edição
(consultado em maio de 2007).
Atenção
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização não-governamental
criada com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma
socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa.
Seus 1.198 associados – empresas de diferentes setores e portes – têm faturamento anual
correspondente a aproximadamente 35% do PIB brasileiro e empregam cerca de 2 milhões de
pessoas, tendo como característica principal o interesse em estabelecer padrões éticos de
relacionamento com funcionários, clientes, fornecedores, comunidade, acionistas, poder público e com
o meio ambiente.
Para saber mais sobre o Instituto, consulte seu site no endereço http://www.institutoethos.org.br
(consultado em junho de 2007).
Responsabilidade Social Empresarial
Curso de Extensão em Gestão de Iniciativas Sociais
59
Cada um dos temas dos Indicadores Ethos é enfocado por três tipos de indicadores: o primeiro é
representado por um quadro contíguo, dividido em 4 estágios (onde o quarto corresponde ao melhor
desempenho), e pretende avaliar o estágio atual em que a empresa se encontra na incorporação das
práticas de responsabilidade social. São cumulativos, ou seja, cada estágio corresponde à soma das
ações dos estágios anteriores. Estes são os 40 indicadores propriamente ditos (versão 2006).
O segundo tipo de indicadores é composto de questões binárias (com respostas sim ou não). São ao
todo 296 questões que pretendem validar e aprofundar o estágio encontrado, contribuindo para a
compreensão do que deve ser incorporado à gestão.
O terceiro tipo são indicadores quantitativos, incluídos a partir de 2004 e, apesar de não serem levados
em consideração na composição do Relatório de Diagnóstico do Ethos, têm como objetivo adequar
esta ferramenta à inúmeras outras; correlacionando-as, por exemplo, à AA 1000 (Accountability 1000),
à SA 8000 (Social accountability 8000) e à GRI (Global Reporter Initiative). Somam, no total, 169
indicadores quantitativos.
A empresa que tenha interesse em adotar esta prática e seja associada ao Instituto, pode aplicar a
ferramenta e enviá-la ao Instituto Ethos, que irá processá-la. Após o processamento, o Ethos atribui
uma pontuação - Relatório de Diagnóstico - à empresa e remete à mesma o seu próprio resultado, em
comparação com os dez melhores resultados obtidos pela ferramenta, de maneira confidencial, ou
seja, nenhuma das empresas (a avaliada no momento, que entra para o banco de dados do Ethos, ou
as dez “mais” )são identificadas.
Caso a empresa se coloque entre as mais bem avaliadas, recebe um convite para relatar suas
experiências no instituto, numa espécie de audiência, onde são chamados a questionar a empresa,
alguns nomes associados ao tema; uma vez aprovada, entra para o Banco de Práticas da instituição.
Com esta comparação, o Ethos objetiva que a empresa possa melhorar, através deste espelho com o
mercado, em processo denominado benchmarking.
Indicadores Ethos de Responsabilidade Social - Estágios
Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4
Representa um estágio básico de ações da
empresa, no qual ela ainda se encontra num nível
reativo às exigências legais.
Representa um estágio intermediário das ações, no qual a empresa mantém
uma postura defensiva sobre os temas, mas já começa a encaminhar mudanças e avanços em relação à conformidade de suas
práticas.
Representa um estágio avançado de ações, no qual
já são reconhecidos os benefícios de ir além da conformidade legal,
preparando-se para novas pressões regulamentadoras do mercado, da sociedade, etc. A responsabilidade
social e o desenvolvimento sustentável são tidos como estratégicos para o negócio.
Representa um estágio proativo, no qual a empresa
atingiu padrões considerados de excelência
em suas práticas, envolvendo fornecedores, consumidores, clientes, a comunidade e também influenciando políticas públicas de interesse da
sociedade.
( ) não vemos aplicação disso em nossa empresa. Justifique. ( ) Não havíamos tratado antes desse assunto.
Fonte: Ethos (2006:8).
Responsabilidade Social Empresarial
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60
Esta ferramenta avalia e encaminha diretrizes para uma melhoria contínua e é recomendado pelo
Ethos, que o preenchimento seja realizado da forma mais democrática possível, por meio da formação
de comitês internos e de facilitadores do processo.
Além de indicadores específicos para micro e pequenas empresas, elaborados pelo instituto em
parceria com o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - esta
ferramenta possui ainda, desde 1999, versões setoriais específicas: Financeiro, Mineração, Papel e
Celulose, Construção Civil, Distribuição de Energia Elétrica, Transporte de Passageiros Terrestres,
Petróleo e Gás, Siderurgia, Álcool e Açúcar, Panificação e Restaurante e Bar. Estes indicadores
setoriais são desenvolvidos pelo Ethos em parceria com as entidades que representam nacionalmente
os setores e procuram abranger dilemas e peculiaridades de cada área de atuação.
Site: http://www.uniethos.org.br/_Uniethos/Documents/indic_ethos2006_web.pdf (consultado em junho
de 2007).
� SA 8000 - Social Accountability 8000
Norma certificável que estabelece requisitos de Responsabilidade Social Empresarial, com foco no
trabalho ético e na gestão de pessoas. Tem como principal objetivo garantir o cumprimento de critérios
relacionados com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, acordos de Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente, as resoluções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), além de se
basear na legislação do país onde a empresa esteja estabelecida.
Site: http://www.cepaa.org (consultado em junho de 2007)
� OHSAS 18001 - Occupational Health and Safety Assessment Series 18001
Norma certificável que regulamenta o sistema de gestão da Segurança e da Saúde no Trabalho (SST)
da empresa. Tem como principal objetivo garantir o compromisso da empresa com a redução dos
riscos ambientais e com a melhora contínua de seu desempenho em saúde ocupacional e segurança
de seus funcionários.
Site: http://www.osha-bs8800-ohsas-18001-health-and-safety.com (consultado em junho de 2007).
Dica
Banco de práticas – O banco de práticas do Instituo Ethos é uma catalogação de casos de
responsabilidade social de seus associados. Dividido em três categorias Benchmarking, Caso
concreto e Atitude, divulga as experiências de empresas cujas práticas se destacaram nos
indicadores.
Site: http://www.ethos.org.br/docs/conceitos_praticas/banco_praticas/default.htm (consultado em junho
de 2007)
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2.c. Gestão estratégica da responsabilidade social das empresas com ênfase em comunidade
Para a compreensão da gestão estratégica com ênfase em comunidade, escolhemos o protocolo
Declaração do Milênio, firmado no ano de 2000 pelos países membros da ONU – Organização das
Nações Unidas (então 189 países), na Cúpula do Milênio, que ocorreu em Nova York. A Declaração do
Milênio é um documento-síntese dos avanços alcançados na construção de valores e objetivos
comuns entre os povos e estabeleceu um compromisso compartilhado para enfrentar os desafios
globais mais urgentes nos campos econômico, social e ambiental. A Cúpula do Milênio buscou
construir estratégias para um mundo mais pacífico, mais justo e mais próspero (VEIGA, 2003:13).
A Declaração do Milênio é composta por oito ODMs – Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio – expressos num grupo de alvos a serem atingidos até o ano de 2015, por meio de ações
concretas dos governos e da sociedade.
No Brasil este grupo de oito macro-objetivos de desenvolvimento propostos para o milênio ficou
conhecido como Metas do Milênio e tem sido utilizado por empresas para parametrizar seus
compromissos de responsabilidade social. Abaixo, os objetivos com suas metas, bem como os ícones
representando os objetivos, criados no Brasil pela campanha “ 8 jeitos de mudar o mundo”:
As Metas do Milênio surgiram da consciência de que problemas como fome, miséria, doenças e
degradação ambiental são problemas mundiais e como tal, exigem abordagens articuladas e
compartilhadas pelos diversos países que fazem parte dos blocos econômicos não podendo ser
olhadas apenas sob a lógica das políticas locais(VEIGA, 2004:11).
As empresas e o movimento de responsabilidade social encontram na iniciativa da ONU uma
oportunidade de engajamento que contribui para a melhoria do desempenho social por meio de metas
articuladas em todo o mundo.
Dica
No ano de 2004 foi criado o Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade com o objetivo de
conscientizar e mobilizar a sociedade brasileira e o governo para o alcance das Metas do Milênio até
2015 (NÓS PODEMOS, 2007). Trata-se de uma “iniciativa da sociedade civil, apartidária e ecumênica,
representada por um conjunto de empresas, governos e organizações sociais. Para envolver a
sociedade e os governos no cumprimento dos ODMs, o Movimento busca mobilizar as diversas redes,
fóruns de debate, Conselhos e demais movimentos temáticos.
Integram o movimento, entre outros: COEP- Comitê de Entidades no Combate à Fome e Pela Vida;
Banco do Brasil; Caixa Econômica Federal; FIESP – Federação das Indústrias de São Paulo; ONG
Faça Parte; WWI-Worldwatch Institute; e Instituto Ethos.
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Ícones Objetivos Metas
1- Erradicar a extrema pobreza e a fome
-Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a um dólar PCC por dia (PPC — paridade do poder de compra - que elimina a diferença de preços entre os países). -Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população que sofre de fome.
2- Atingir o ensino básico universal
-Garantir que, até 2015, todas as crianças, de ambos os sexos, terminem um ciclo completo de ensino básico.
3 – Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
-Eliminar a disparidade entre os sexos no ensino primário e secundário, se possível até 2005, e em todos os níveis de ensino, a mais tardar até 2015.
4 – Reduzir a mortalidade infantil
-Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a mortalidade de crianças menores de 5 anos.
5 – Melhorar a saúde materna
-Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna.
6 – Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças
-Até 2015, ter detido a propagação do HIV/Aids e começado a inverter a tendência atual. -Até 2015, ter detido a incidência da malária e de outras doenças importantes e começado a inverter a tendência atual.
7 – Garantir a sustentabilidade ambiental
-Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais. -Reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável a água potável segura. -Até 2020, ter alcançado uma melhora significativa nas vidas de pelo menos 100 milhões de habitantes de bairros degradados.
8 – Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento
-Avançar no desenvolvimento de um sistema comercial e financeiro aberto, baseado em regras, previsível e não discriminatório. -Atender as necessidades especiais dos países menos desenvolvidos. -Atender às necessidades especiais dos países sem acesso ao mar e dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento. -Tratar globalmente o problema da dívida dos países em desenvolvimento, mediante medidas nacionais e internacionais de modo a tornar a sua dívida sustentável a longo prazo. -Em cooperação com os países em desenvolvimento, formular e executar estratégias que permitam que os jovens obtenham um trabalho digno e produtivo. -Em cooperação com as empresas farmacêuticas, proporcionar o acesso a medicamentos essenciais a preços acessíveis, nos países em vias de desenvolvimento; em cooperação com o setor privado, tornar acessíveis os benefícios das novas tecnologias, em especial das tecnologias de informação e de comunicações.
Fonte: PNUD (2007).
A campanha “8 jeitos de mudar o mundo” criada pelo Movimento Nacional pela Cidadania e
Solidariedade foi considerada pelo Departamento de Parcerias Estratégicas e Recursos do Pnud –
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - como uma das melhores do mundo
(HERCULANO, 2005), sendo altamente criativa e enraizada na cultura brasileira. O destaque seria a
adaptação dos objetivos estabelecidos pela ONU às especificidades do país, conciliando a campanha
com as demandas nacionais, criando slogans e logotipos em linguagem mais coloquial e utilizando
elementos que fazem parte do dia-a-dia da população.
Para acompanhar o desempenho do governo brasileiro na busca e alcance dos objetivos e metas do
milênio, formaram-se alguns grupos, compostos basicamente por instituições da sociedade civil,
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governo e universidades. Estes grupos têm cumprido o papel de acompanhamento das ações
governamentais nas ações de cumprimento destas metas.
As metas vêm sofrendo críticas em muitos aspectos. Uma crítica recorrente e explicitada pela Rede
Brasil (2007), aponta para o reducionismo de metas que muitas vezes estão aquém das legislações
nacionais. A instituição cita como exemplo o objetivo número 2 - atingir o ensino básico universal - cuja
meta estabelecida é garantir que, até 2015, todas as crianças, de ambos os sexos, terminem um ciclo
completo de ensino básico. A instituição critica que a meta busque assegurar apenas o primeiro ciclo
do ensino fundamental, já que a constituição brasileira garante o ensino fundamental completo – e não
somente seu primeiro ciclo – como uma obrigação do Estado e um direito do cidadão.
Uma outra crítica apontada pela mesma instituição diz que um grande problema da Declaração do
Milênio é que ela anuncia metas de desenvolvimento, mas não indica quais os “meios” a serem
adotados para o cumprimento das metas anunciadas( REDE BRASIL( 2005).
Atenção
A Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais foi fundada no ano de 1995 como
decorrência dos debates e conseqüentes avaliações críticas entre diversas organizações e
movimentos sociais sobre a atuação das instituições financeiras multilaterais (IFMs) no Brasil. Objetiva
entender o tratamento de políticas e projetos financiados por IFMs no país como uma questão de
interesse nacional, com ênfase nas responsabilidades das várias partes direta e indiretamente
envolvidas, no Governo e nas IFMs.
Para conhecer mais, sugerimos uma visita ao site: http://www.rbrasil.org.br
Dica
Os ODMs – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - são pouco conhecidos quando se considera a
população total dos países. Em pesquisa realizada a cada 5 anos, desde 1995 pela World Values
Survey, uma rede que envolve cientistas sociais em 80 países, as ODMs foram pesquisadas pela
primeira vez em 2005. A pesquisa, realizada no Brasil pela UNB – Universidade de Brasília - mostra
que 20,08% da população brasileira sabe o que são ODMs. Outros países têm números menores,
como Japão, 8,2% e E.U.A. , onde 4,8% das pessoas já ouviram falar em ODMs.
fonte:PNUD.Site:
http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=2700&lay=pde
(consultado em junho de 2007).
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Outro problema ressaltado pela Rede Brasil é que, de um modo geral, as metas pressupõem
investimentos financeiros, que dependem do crescimento da economia mundial e das Instituições
Financeiras Multilaterais. Estas últimas, através de suas condicionalidades, receitam políticas que
objetivam o pagamento da dívida de países com economias já deficitárias e beneficiar o capital, e não
para que se desenvolvam de forma sustentável e justa (REDE BRASIL, 2005). Ao mesmo tempo, as
políticas apoiadas pelas IFMs aumentariam a dívida já amplamente questionada diminuindo, também,
a soberania dos países.
O Relatório Um Brasil para as crianças – a sociedade brasileira e os objetivos do milênio para a
infância e a adolescência (Oliveto, 2006), realizado pela Rede de Monitoramento Amiga da Criança,
integrada por 38 entidades, corrobora com as informações da Rede de IFMs. O relatório revela que o
país está longe de conseguir reduzir amplamente a mortalidade materna e infantil, eliminar as
disparidades entre os sexos no ensino, promover uma educação de qualidade e aumentar em 50% o
índice de alfabetização de adultos, principalmente das mulheres. A Rede afirma no relatório que é na
educação onde há mais metas que não serão cumpridas pelo Brasil (REDE AMIGA, 2007). No mesmo
relatório afirma que se não forem implantadas políticas específicas e se não aumentarem os
investimentos, a tendência dos indicadores mostra que o Brasil só alcançará três das oito metas
passíveis de mensuração.
Segundo Relatório de Monitoramento Global (BANCO MUNDIAL, 2007), o número de pobres até 2015
em relação a 1990, será menos que a metade, cumprindo a meta número 1 das ODMs. Em 1990, 29%
da população mundial vivia com menos de US$ 1 por dia (em dólares por paridade de poder de
compra - PCC - que elimina diferenças nos custos de vida). Essa proporção diminuiu em 2004 para
18% e deverá chegar a 12% nos próximos nove anos, de acordo com o estudo do Banco Mundial. Se
a estimativa se confirmar, o número de pessoas na miséria vai diminuir mais do que o estabelecido
pelo primeiro Objetivo do Milênio — reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população
com renda diária inferior a US$ 1 PCC.
Reflexão
Rede de Monitoramento Amiga da Criança – foi fundada em 2004 com o propósito de acompanhar e monitorar as ações brasileiras para o cumprimento das Metas do Milênio relacionadas com a infância e adolescência; compromisso firmado entre a Fundação Abrinq e o então candidato a presidência da República, Luis Inácio Lula da Silva, em 2002, por meio do Termo de Compromisso Presidente Amigo da Criança, onde se comprometia a dar prioridade às questões relacionadas à infância e a adolescência em sua gestão. Dela fazem parte importantes instituições como Fundação Abrinq; Viva Rio; Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids – ABIA; Agência de Notícias dos Direitos da Infância – ANDI; Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação - Cepia; Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil; Organização Internacional do Trabalho – OIT; Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD; Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF, entre outros. Para conhecer mais sobre suas ações, consulte o site: http://www.redeamiga.org.br Uma versão reduzida do segundo relatório que avalia o cumprimento do governo federal dos compromissos firmados para o triênio 2004/2007 está em: http://sistemas.fundabrinq.org.br/biblioteca/acervo/2010_Mundomelhor.pdf
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Este êxito, no entanto, será desigual, privilegiando alguns países no mundo. Segundo o mesmo
relatório, na América Latina 10,20% da população vivia com renda diária inferior a US$ 1 PCC em
1990. Em 2004, caiu para 8,6% e, em 2015, deve chegar a 6% — número superior ao determinado
pela meta da ONU. No Haiti, 53,9% das pessoas vivem com menos de US$ 1 PCC por dia. O indicador
também é ruim em países como Nicarágua (45,1%), Bolívia (23,2%) e El Salvador (19%). Na outra
ponta estão Uruguai (com menos de 2% na extrema pobreza), Argentina (6,6%) e Brasil (7,5%).
Estudo realizado pelo economista belga Jan Vandemoortele, coordenador das Nações Unidas no
Paquistão e vice-presidente do grupo interagencial da ONU, no entanto, afirma que as metas dos
Objetivos do Milênio foram definidas com base nos progressos mundiais verificados nos 25 anos que
precederam 1990 (ano base usado no cálculo das metas). Desta forma, portanto, os ODMs buscam,
essencialmente, que o mundo mantenha até 2015 o ritmo dos avanços das décadas de 1970 e 1980.
O estudo (PNUD, 2007a), afirma ser um equívoco verificar resultados regionais, quando as metas são
globais.
Reflexão
Segundo o relatório Por um Mundo Melhor para as crianças Brasileiras até 2015, realizado pela Rede
de Monitoramento Amiga da Criança, (ABRINQ, 2007) analisando as realizações do Governo Federal
de 2004 a 2006 em três eixos – Promovendo vidas saudáveis; Acesso à educação de qualidade; e
Proteção contra os maus tratos, a exploração e a violência:
- se os gastos públicos continuarem na mesma tendência histórica na década 2000/2010, serão
dispendidos somente 56% dos gastos necessários para alcançar as metas propostas;
- a atuação do governo federal foi insuficiente para alcançar as metas de redução da mortalidade
infantil e na infância,
- a qualidade do ensino, bem como o acesso às vagas é insuficiente para o alcance das metas, sendo
necessário reduzir a iniqüidade por meio de políticas públicas;
- o avanço relacionado às informações governamentais sobre o combate a violência, maus tratos e
exploração das crianças foi mínimo, dificultando o trabalho de monitoramento deste eixo de ação;
- o combate ao HIV/AIDS no Brasil avançou, entretanto, precisa se expandir para a infância e
adolescência, tanto em iniciativas de prevenção e educação, quanto na atenção a crianças,
adolescentes e jovens portadores do vírus.
Diante destes resultados, você acha que o Brasil cumprirá sua parte no alcance dos objetivos das
Metas do Milênio? Você acha que o mundo cumprirá?
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Síntese
Na parte três da disciplina de responsabilidade social empresarial Implementação da RSE, abordamos
a mudança de paradigma do single bottom line – desempenho econômico-financeiro, para o tripple
bottom line, desempenho econômico, social e ambiental, na gestão estratégica das empresas. Para
implementar esta mudança de paradigma, o diálogo com os stakeholders, ou partes interessadas,
mostrou-se definitivo. No entanto, vimos também que normalmente há enorme diversidade de
interesses entre os stakeholders e entre estes e as empresas, como há ainda divergências na
identificação dos stakeholders e críticas à teoria. Entretanto, as empresas vêm adotando ferramentas
para engajar as partes interessadas, sendo a norma AA 1000 uma das ferramentas mais importantes
neste processo.
Também nesta parte da disciplina, apresentamos três ferramentas que correspondem às ênfases mais
comumente associadas à gestão da responsabilidade social: GRI – Global Reporting Initiative, com
ênfase em sustentabilidade; Balanço social modelo IBASE, com ênfase em interlocutores e Metas do
Milênio, com ênfase em comunidade.
Apresentamos ainda um compêndio de outras possibilidades de ferramentas, instrumentos e
protocolos para implementação da responsabilidade social empresarial.
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