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Introdução – Base desta apresentação

• Prática reflexiva (Schön) com base em:

– Projectos de intervenção cívica entre 1965 e 1975

– Projecto “Reinventar Portugal”, Diário Económico e Portugalnet (1996)

– Experiência Profissional de 20 anos como Systems Engineer da IBM e 10 anos como CEO de uma empresa de consultoria, com vários projectos e estadias prolongadas em muitos países, de vários continentes

• Leituras e investigação sobre culturas nacionais e organizacionais e sobre processos de mudança e aprendizagem transformacional a vários níveis (individual, organizacional, de comunidades e social)

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Geert Hofstede: Culturas Nacionais

• Principais dimensões das culturas nacionais (em princípio, de 0 a 100):

– Acesso ou Distância ao poder (distância hierárquica)

– Medo da Incerteza (“Uncertainty avoidance”)

– Grau de Individualismo (versus colectivismo)

– Grau de Masculinidade (versus feminilidade)

– Orientação a curto ou longo prazo

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Geert Hofstede

• Acesso ou Distância ao Poder – EUA - 91

– GB - 89

– Espanha - 51

– Brasil - 38

– Portugal - 27

– Venezuela - 12

– Guatemala - 6

• Medo da Incerteza – Grécia - 112

– Portugal - 104

– Uruguai - 100

– França - 86

– Brasil - 76

– Suécia - 58

– EUA - 46

– Singapura - 8

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Geert Hofstede

• Grau de Individualismo

– EUA - 91

– Suécia - 71

– Espanha - 51

– Brasil - 38

– Portugal - 27

– Guatemala - 6

• Grau de Masculinidade

– Japão - 95

– EUA - 62

– Países Árabes - 53

– Portugal - 31

– Finlândia - 26

– Suécia - 5

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Geert Hofstede • Orientação a curto ou Longo Prazo

– China - 118

– Brasil - 65

– Países Baixos - 44

– Portugal - 30

– EUA - 29

– Nigéria - 16

– Paquistão - 0

Ver também: http://geert-hofstede.com/portugal.html

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Coimbra de Matos, Entrevista in Pública, Jornal Público, 4/03/2012

• “Somos inseguros, imaturos, praticantes da transgressão na sombra, além de desorganizados, individualistas, garbosos, disponíveis. Nós, os portugueses, o que esperamos do chefe, do pai, do protector, é que decida por nós, que assuma a responsabilidade por nós, que saiba sempre a resposta.”

• Influência de “não termos feito a revolução industrial”, “não termos feito a reforma protestante”, e termos, portanto, os “vícios do catolicismo” AFS - (R)Evolucionar Portugal - Consciência

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Falta generalizada de Participação Cívica e de Civismo em Portugal? Sim!

• Falta de sentido cívico nas relações interpessoais

– Exemplo típico: a condução automóvel…

• Uso e abuso de sinais de “status”

– Exemplo típico: o parque automóvel…

• Poucas actividades/organizações/projectos cívicos e pouca participação nos mesmos, bem como pouca articulação entre os que existem

• Falta de Responsabilidade e de Autoconfiança

– Medo do correr riscos e de errar

– Pouca inovação

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Falta generalizada de Participação Cívica em Portugal

• O abuso das qualificações académicas, em vez do que as pessoas fizeram e das competência que têm, ou não, para o fim em vista, em praticamente todos os tipos de debate – Exemplo: Debates políticos nos jornais e nas entrevistas:

• Dr. Mário Soares, Arqª Helena Roseta, Eng. Sócrates, Prof. Cavaco Silva • Versus Monsieur Sarkosy, Madame Martine Aubry; Mister Blair; Herr

Kohl, Frau Merkel, etc. – Um grau de advocacia, engenharia ou economia, um doutoramento em

química quântica (Merkel) ou um posto académico são irrelevantes em política e não provam que uma pessoa seja um bom governante, um bom gestor ou um bom lider

• A confiança crédula nos “especialistas” e “dirigentes” na procura de soluções para problemas complexos, em vez de envolver nelas todos os cidadãos interessados

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Falta generalizada de Participação Cívica em Portugal

• Falta generalizada de ética – Abusos de poder, cunhas, mordomias, etc., por quem quer

que tenha um “bocadinho de poder“

– A normalidade com que toda a gente aceita as mordomias, cunhas e mesmo a corrupção, sem grandes protestos e “se encolhe” perante as injustiças, por vezes indignas, a que são obrigados

– Dificuldade dos líderes ou facilitadores de movimentos que podiam ser transformacionais em “perderem o controlo” e se “apagarem” para permitirem a auto-organização dos liderados ou “facilitados”

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Falta generalizada de Participação Cívica em Portugal

• A constante preocupação com o “sistema de ensino” muito mais do que com a aprendizagem e com “aprender a aprender” e a adaptar-se às mudanças exteriores, em permanência, aos níveis individual, das comunidades e do país

• A convicção de que a baixa produtividade do país se deve à baixa qualificação dos trabalhadores, ou à sua preguiça, sem perceber que ela se deve principalmente aos dirigentes e gestores incompetentes e que os mesmos trabalhadores quando vão para o estrangeiro e são bem geridos têm logo muito maior produtividade

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Falta generalizada de Participação Cívica em Portugal

• A existência esporádica de Conferências ou outros Eventos interessantes que, independentemente da sua qualidade e interesse, constituem frequentemente “fogachos”, por não terem continuidade regular, não gerando, por isso, movimentos transformacionais

• O uso predominante de formatos de eventos e de facilitação hierarquizados e controlados, por receio de métodos baseados na auto-organização, mais adequados à sociedade do conhecimento

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Esta situação é inevitável ou podemos mudar a cultura nacional a este respeito?

• É sempre possível mudar a cultura! E é mesmo indispensável fazê-lo!

• Mas não é um processo fácil… Está na fronteira do caos e não há garantias de sucesso…

• Para ser possível exige – Uma multiplicidade de iniciativas profundamente

transformacionais – a sua articulação num “estado nascente” que

produza uma radical “mudança de paradigma” civilizacional da nação

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Pistas para a transformação: Alberoni

• Em “Génese”, Alberoni estudou o “estado nascente” de múltiplos movimentos de transformação civilizacional

• Caracteriza desenvolvidamente tais "estados nascentes" civilizacionais enquanto “processos de metanóia colectiva”

• Esses movimentos podem levar a uma profunda mudança dos paradigmas culturais dominantes e à interiorização de novos paradigmas e “modelos mentais” ou, caso o não consigam, conduzem à estagnação dos movimentos.

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Pistas para a transformação: Alexander

• Alexander concebeu um conjunto de padrões para planear e construir regiões, cidades, ou edifícios que sejam “vivos” (“alive”) e possam suportar comunidades identicamente “vivas”

• Os padrões de Alexander são aliás reconhecidos noutras áreas e aceites como inspiradores pelos movimentos de permacultura, de sustentabilidade e de transição, bem como pelos movimentos “Occupy” em vários países

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Pistas para a transformação: Alexander

• Muitos outros padrões de Alexander também podiam ser úteis, como por exemplo: – 12 – Community of 7000

– 18 – Network of Learning

– 43 – University as Marketplace

– 67 – Common Land

– 80 – Self-governing Workshops and Offices

– Etc.

– Etc.

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Pistas para a transformação: Naisbitt

• “Estamos a viver uma das raras épocas da História em que se encontram presentes dois elementos cruciais para a transformação social - novos valores e necessidade económica. “ (Naisbitt, 1985)

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Pistas para a transformação: Ciclos de Desenvolvimento – Curvas em S

“It’s one of the paradoxes of success that the things and the ways which got you where you are, are seldom the things that keep you there.” Charles Handy

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Fontes: Mendes, 2012, Handy, 1997, Pallete et al, 1988

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Pistas para a transformação: Para uma mudança de Paradigma da Ética e Cidadania em Portugal

• Criação/Dinamização de múltiplos projectos transformacionais e de movimentos de entreajuda ou protesto de carácter cívico

• Articulação (e sinergias) entre projectos criando movimentos transformacionais metanóicos

• Utilização preferencial de metodologias de reunião/facilitação assentes na auto-organização de grupos/projectos/comunidades e em lideres que “se apagam” - Exemplo: Open Space Technology (OST)

• Uso de plataformas colaborativas, segundo o modelo da Web 2.0, mas articuladas, e não completamente separadas entre si.

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Pistas para a transformação: Para uma mudança de Paradigma de Ética e Cidadania em Portugal

A Crise pode ajudar! • Vai impor um novo modo de viver e de pensar, atento

aos processos de transição, sustentabilidade e resiliência

• Vai impor um questionamento da democracia (dita) “representativa” em favor de modelos participativos

• Não se pode fazer face à crise com modelos antigos, hierarquizados, de “comando e controlo”, mas com a compreensão dos sistemas complexos, emergentes e auto-organizados

• Pode assentar nas características positivas da cultura nacional (baixo individualismo e alta feminilidade)

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Pistas para a transformação: Para uma mudança de Paradigma de Ética e Cidadania em Portugal

• Que valores éticos, de convivencialidade e de criatividade estão já estão presentes nas empresas, comunidades e organizações de hoje que passarão para o futuro?

• Que valores éticos, estéticos e científicos estão hoje presentes em milhões de pessoas em todo o mundo e, através dos “padrões das sua práticas” (e através dos amigos, colegas, alunos, filhos,…) passarão para o futuro e que "contra-valores" ou “anti-padrões” (que não passarão para o futuro) habitam noutros?

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Pistas para a transformação: Reinventar o Sistema de Ensino/Aprendizagem • Vale a pena recordar princípios já afirmados há muito

(Unesco, "A Educação do Futuro", 1975) e perceber que, independentemente das reformas curriculares e de gestão escolar, ou da introdução das TIC no ensino, o mais importante é criar uma nova ética de ensino/aprendizagem, reciclar os pais e professores que o puderem ser e criar sistemas de aprendizagem assentes no respeito pelos sujeitos aprendentes e na criação de contextos facilitadores da aprendizagem e de docentes e lideres que os dinamizem e que não sejam apenas, nem principalmente, “transmissores de conhecimentos” para receptores passivos. Viver é aprender em permanência!

(Fontes: Silva, 1991; IFF, 2009)

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Lao Tse, Tao Te King, XVII

O Mestre eminente é ignorado pelo povo.

Em seguida vem aquele que o povo ama e louva.

Depois aquele que teme.

Por fim, aquele que despreza.

Se o mestre não tem senão confiança limitada no seu povo

também este suspeitará dele.

O mestre eminente evita falar

E quando a sua obra está pronta e o seu esforço acabado

o povo diz: “Isto foi feito pelas nossas próprias mãos.”

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Bibliografia Alberoni, Francesco. 1990. Génese. Venda Nova: Bertrand Editora. Alexander, Chris. 1979. The Timeless Way of Building. New York: Oxford University Press. Alexander, Chris , Sara Ishikawa, Murray Siverstein, et. al. 1977. A Pattern Language – Towns, Buildings,

Constructions. New York: Oxford University Press. Brangwyn, Ben e Rob Hopkins. 2008. Manual das Iniciativas de Transição.

http://gaiabrasil.net/TransitionInitiativePrimer-Portuguese.pdf (Março 2012). Coimbra de Matos, António. 2012. “Paciente: Portugal. Diagnóstico: depressão desamparada”. In Pública,

Jornal O Público, 4/03/2012. Handy, Charles. The Empty Raincoat – Making Sense of the Future. London: Random House Business Books. Hofstede, Geert. 1997. Cultura e Organizações – Compreender a nossa Programação Mental. Lisboa: Edições

Sílabo. International Futures Forum. 2003. “Ten Things to Do in a Conceptual Emergence”. IFF. International Futures Forum. 2009. “Transformative Innovation in Education: a Playbook for Pragmatic

Visionaries”. IFF Khun, Thomas. 1962. The Structure of Scientific Revolutions. Chicago: University of Chicago Press. Pallete, Felipe G., Rafael Calvo, Artur Silva e Henrique Marcelino. 1988. “Una Oportunidad para las Empresas

Ibéricas”. Actas do 5º Congresso Português de Informática, 528-550. Lisboa: Bloco Editorial da API. Mendes, Carlos. 2012. “Innovation 2.0”. Apresentação nos 9º Seminários do IST-Taguspark, Porto Salvo, Março

1. Naisbitt, John e Patricia Aburdene. 1987. Reinventar a Empresa. Lisboa: Editorial Presença, Lda. Owen, Harrison, 1997. Open Space Technology – a User’s Guide. San Francisco: Berrett-Koelher Publishers, Inc. Rogers, Carl R. 1984. Tornar-se Pessoa. Lisboa: Moraes Editores. Schön, Donald . 1983. The Reflective Practitioner – How Professionals Think in Action. USA: Basic Books. Silva, Artur. 2002. “Metodologia de Reunião em Espaço Aberto”. In Cadernos INA, nº 2. Oeiras: INA. Silva, Artur. 1996. “Reinventar Portugal”. Disponível na Way Back Machine ( http://www.archive.org/ ),

pesquisando por www.portugalnet.pt/portugal, nas entradas de 1998 e 1999 (Março 2012). Silva, Artur. 1991. “Para uma Ética da Sociedade da Informação”. Comunicação apresentada ao 2º Congresso

da Associação Portuguesa para a Qualidade, Lisboa, Maio. Unesco, 1975. ABC - A Educação do Futuro. Venda Nova: Livraria Bertrand. AFS - (R)Evolucionar Portugal - Consciência

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Anexo - A experiência do “Reinventar Portugal”

(Ver http://www.archive.org/ Pesquisar por www.portugalnet.pt/portugal e escolher 1998 ou 1999)

Pode concluir-se sobre essa experiência e outras similares subsequentes que:

• Questionar a Reinvenção de um país, sendo indispensável, é insuficiente, num mundo cada vez mais global, em que as mudanças de paradigma, para serem sustentáveis, e terem potencial para criar um mundo melhor, têm de ser vistas como fractais em várias escalas - local, regional, nacional e global;

• Usar como base artigos de pessoas convidadas ou autopropostas, ocupando uma fracção maioritária do espaço ou do tempo, é limitativo,

• A correcta selecção dos media a usar e do tipo de plataforma é essencial

• Existem hoje múltiplas plataformas colaborativas que podem ser usadas antes, depois e durante eventos presenciais, para preparar, alargar ou continuar diálogos e processos de convergência, a nível local, regional, nacional e transnacional.

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