Pasteurização Appertização - pfigueiredo.org · morte térmica é um processo de 1ª ordem a...

42
24/02/2013 1 MicrobiologiadaConservaçãodeAlimentos Pasteurização Appertização

Transcript of Pasteurização Appertização - pfigueiredo.org · morte térmica é um processo de 1ª ordem a...

24/02/2013

1

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Pasteurização

Appertização

24/02/2013

2

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Pasteurização

T 60-80 ºC; alguns min

1) eliminação de patogénios específicos ou patogénios associados a um produto

2) eliminar grande parte dos possíveis m.o causadores de alteração

24/02/2013

3

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Pasteurização

m.o. termodúricos sobrevivem

bactérias formadoras de esporos, Enterococcus, Microbacterium, Arthrobacter

necessidade de refrigeração

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Appertização

só sobrevivem não patogénicos e m.o. incapazes de se desenvolverem

tempo de prateleira mais longo

24/02/2013

4

Microbiologia da Conservação de Alimentos

morte térmica é um processo de 1ª ordem

a uma dada T letal, taxa de morte depende do nº de células

N – nº células viáveis

c – constante de proporcionalidade

dNcN

dt

Microbiologia da Conservação de Alimentos

integrando entre tempos 0 e t

N, N0 – nº células viáveis a tempos t e 0

k = c/2.303

dNcN

dt

0

ctN N e

0

logN

ktN

24/02/2013

5

Microbiologia da Conservação de Alimentos

k é declive

declive aumenta com T

0

logN

ktN

Microbiologia da Conservação de Alimentos

D – letalidade

mede termorresistência

D – tempo necessário para reduzir sobreviventes 90% (1 ciclo log), a uma dada T

D dado por 1/k

2 1

1 2

Dlog log

t t

N N

N1, N2 – sobreviventes aos tempos t1 e t2

24/02/2013

6

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Exemplo

D72 de Salmonella Senftenberg 775 W em leite é 1.5 s

Pasteurização (15 s a 72 ºC) produz uma redução de 10D

Se contaminação inicial 104 CFU L-1, tratamento deixa 1 sobrevivente por 106 L

Microbiologia da Conservação de Alimentos

z – variação de T que resulta numa variação de D de 1 ciclo log (10 vezes)

2 1

1 2log D log D

T Tz

24/02/2013

7

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Microbiologia da Conservação de Alimentos

esporos mais termorresistentes

capacidade de manter baixo teor de água no protoplasto central, contendo ADN

esporos com maior teor de humidade são menos termorresistentes

24/02/2013

8

Microbiologia da Conservação de Alimentos

D pode variar com outros factores

desvios do comportamento linear

propriedades especiais dos m.o.

Microbiologia da Conservação de Alimentos

F permite comparar efeito letal em diferentes processos

processos térmicos não são uniformes nem instantâneos

F expressa efeito letal integrado

minutos a uma dada T

24/02/2013

9

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Exemplo

F121 = 4

combinações de tempo/T equivalentes a aquecimento instantâneo a 121 ºC, manutenção a essa T durante 4 min e arrefecimento instantâneo

Microbiologia da Conservação de Alimentos

F depende de z do m.o.

z = 10 ºC

1 min a 111 ºC F121 = 0.1

z = 5 ºC F121 = 0.01

24/02/2013

10

Microbiologia da Conservação de Alimentos

F0 – F121 para esporos

z = 10 ºC

para esporos

121 121 0F D log logN N

Microbiologia da Conservação de Alimentos

letalidade mínima para conservas

12 reduções decimais do nº de esporos de C. botulinum

12D

se D = 0.21 min

F0 = 12 x 0.21 = 2.52 min

24/02/2013

11

Microbiologia da Conservação de Alimentos

F0 medido no ponto que aquece mais lentamente

habitualmente o centro geométrico

pode variar durante processamento

Microbiologia da Conservação de Alimentos

LR – taxa de letalidade

quociente entre a taxa de morte a uma dada T e a taxa de morte à T de referência

se T de referência 121 ºC

121R

T

D

DL

24/02/2013

12

Microbiologia da Conservação de Alimentos

sendo

T2 = 121 ºC; T1 = T

D1 = DT; D2 = D121

LR tabelados

121R

T

D

DL

2 1

1 2log D log D

T Tz

R 121 /

1

10T z

L

Microbiologia da Conservação de Alimentos

área sob a curva dá letalidade total do processo

0 RF dL t

24/02/2013

13

Microbiologia da Conservação de Alimentos

3 zonas do espectro electromagnético

micro-ondas

UV

raios g

Microbiologia da Conservação de Alimentos

micro-ondas

2450 MHz e 915 MHz

domésticos – 2450 MHz

menos penetrantes

acção indirecta em m.o. – produção de calor

aquecimento não uniforme

24/02/2013

14

Microbiologia da Conservação de Alimentos

micro-ondas

usado em pasteurização

produtos de panificação e pastas

destrói leveduras e bolores

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação UV

e- excitados do estado fundamental para o estado excitado

moléculas mais reactivas

reacções induzidas em m.o. provocam falhas em processos metabólicos – deficiência ou morte

24/02/2013

15

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação UV

maior letalidade a 260 nm

maior absorção por bases dos ács. nucleicos

pirimidinas

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação UV

bases timinas adjacentes formam dímeros

impedem transcrição e replicação de ADN

resistência a UV:

Gram- < Gram+ ≈ leveduras < esporos bacterianos < esporos de bolores << vírus

24/02/2013

16

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação UV

cinética linear semelhante a morte térmica

determinação de valores de D

dose necessária para uma redução de 10 vezes nos sobreviventes

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação UV

D – produto da intensidade da radiação pelo tempo de aplicação

valores de D publicados

24/02/2013

17

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação UV

baixa penetração

radiação incidente absorvida por outros componentes

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação UV

desinfecção do ar e superfícies

desinfecção da água

24/02/2013

18

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação ionizante

energia suficiente para ejectar e-

partículas b – menos penetrante

raios X

raios g (60Co) – mais penetrantes

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação ionizante

efeito directo – interacção com moléculas microbianas

efeito indirecto – produção de radicais livres a partir da hidrólise da água

indirecto mais importante

24/02/2013

19

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação ionizante

doses 2-3 vezes maiores para obter mesma letalidade na ausência de água

resistência 2-4 vezes superior na ausência de O2

indirecto mais importante

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação ionizante

cromossoma é principal alvo de actuação

•OH provoca cortes no ADN

abstracção de H da desoxiribose, seguida de eliminação b do fosfato

24/02/2013

20

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação ionizante

cinética de inactivação geralmente logarítmica

pode sofrer distorções sigmoidais

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação ionizante

D tirado da parte linear

referência – 6D

produz redução de 106 vezes

resistência:

Gram- < Gram+ ≈ bolores < esporos ≈ leveduras < vírus

24/02/2013

21

Microbiologia da Conservação de Alimentos

radiação ionizante

maioria dos contaminantes de alimentos pouco resistentes

esporos de C. botulinum mais resistentes

Deinococcus radiodurans – bactéria resistente isolada da carne, mas pouco relevante

Microbiologia da Conservação de Alimentos

processo mais controlado que aquecimento

penetração profunda, instantânea e uniforme

doses habituais não produzem alterações sensoriais

24/02/2013

22

Microbiologia da Conservação de Alimentos

aplicada a níveis mais e menos intensos

Radappertização – mais intensa, para armazenamento estável

Radicidação – menos intensa, para eliminação de patogénios

Radurização – menos intensa, para prolongar tempo de prateleira

Microbiologia da Conservação de Alimentos

24/02/2013

23

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Pascalização

pressão hidrostática elevada (HPP) ~650 MPa

reduz carga microbiana

favorecida por pH baixo ou T altas ou baixas

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Exemplos

680 Mpa, 10 min, T ambiente

redução de ~105 CFU mL-1 em leite

410 Mpa, 30 min

pêssegos e peras mantêm condições durante 5 anos

24/02/2013

24

Microbiologia da Conservação de Alimentos

HPP age sobre ligações não covalentes

ligações iónicas, pontes de H, interacções hidrofóbicas

efeito sobre as proteínas

estrutura e função proteicas

Microbiologia da Conservação de Alimentos

HPP também actua sobre macromoléculas não proteicas

pressão altera permeabilidade da bicamada lipídica das membranas

esporos mais resistentes que células vegetativas

esporos mais susceptíveis por aumento de T

24/02/2013

25

Microbiologia da Conservação de Alimentos

HPP age instantânea e uniformemente

efeitos nutricionais e sensoriais reduzidos

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Refrigeração

Congelação

24/02/2013

26

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Refrigeração

0-5 ºC

impede crescimento de mesófilos

flora dominante de psicrotrofos

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Refrigeração

alterações fisiológicas nos m.o.

T mais baixa e controlada possível

24/02/2013

27

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Refrigeração

membrana plasmática passa de líquido cristalino a gel rígido

redução de transporte de solutos

depende de teor de ács. gordos insaturados de cadeia curta nos lípidos das membranas

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Refrigeração

mesófilos não são destruídos

Gram- mais susceptíveis que Gram+

células em fase exponencial mais susceptíveis que na fase estacionária

células em meios mais complexos são mais resistentes

24/02/2013

28

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Refrigeração

poros criados na membrana permite saída de conteúdo do citoplasma

quebras em cadeias simples de ADN

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Congelação

em geral < -18 ºC baixa aw

não há crescimento microbiano

actividade enzimática pode persistir

24/02/2013

29

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Congelação

T > -10 ºC

bolores e leveduras psicrotróficos e resistentes a baixa aw

Cladosporium herbarum, Sporotrichum carnis, Thamnidium elegans na carne

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Congelação

alterações na força iónica e pH

alteração da estrutura e função de componentes celulares e macromoléculas

24/02/2013

30

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Congelação

letalidade microbiana limitada

toxinas resistem

esporos bacterianos pouco afectados

maioria das Gram+ resistem

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Congelação

alguns componentes dos alimentos aumentam resistência

24/02/2013

31

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Congelação

congelação lenta mais letal

maior tempo de exposição a concentração elevada de solutos

congelação lenta danifica mais alimento

congelação rápida usada comercialmente

Microbiologia da Conservação de Alimentos

substâncias capazes de inibir, retardar ou travar crescimento de m.o. ou deterioração resultante da sua presença

podem matar os m.o. ou impedir crescimento

acção depende da dose

geralmente só são autorizadas baixas concentrações

24/02/2013

32

Microbiologia da Conservação de Alimentos

ács.orgânicos e ésteres

Microbiologia da Conservação de Alimentos

ács. orgânicos e ésteres

ács. acético e láctico

adicionados ou produzidos por fermentação

efeito no flavour e pH

24/02/2013

33

Microbiologia da Conservação de Alimentos

ács. orgânicos e ésteres

ác. benzóico pKa 4.19

sintético

inibe crescimento de leveduras e bolores

Microbiologia da Conservação de Alimentos

ács. orgânicos e ésteres

ác. benzóico interfere com funções e transporte de energia através da membrana

afecta actividade enzimática no interior da célula

24/02/2013

34

Microbiologia da Conservação de Alimentos

ács. orgânicos e ésteres

parabenos pKa 8.5

actividade antimicrobiana aumenta com tamanho da cadeia

afectam transporte de substratos e energia através da membrana

Microbiologia da Conservação de Alimentos

ács. orgânicos e ésteres

ác. sórbico pKa 4.8

actua contra leveduras, bolores e bactérias catalase positivas

afecta membrana e inibe várias enzimas

inibe germinação e crescimento de esporos de C. botulinum

24/02/2013

35

Microbiologia da Conservação de Alimentos

ács. orgânicos e ésteres

ác. propiónico pKa 4.9

inibe bolores em queijos e produtos de padaria

inibe bacilos produtores de viscosidade

Microbiologia da Conservação de Alimentos

nitrito

adicionado como sal de Na ou K

inibe diversas bactérias (Escherichia, Flavobacterium, Micrococcus, Pseudomonas, …)

inibe C. botulinum

24/02/2013

36

Microbiologia da Conservação de Alimentos

nitrito

inibição aumenta a pH mais ácido

HNO2 é composto activo (pKa 3.4)

nitrito inibe germinação de esporos a T elevada

Microbiologia da Conservação de Alimentos

SO2

gás que se dissolve em água estabelecendo um equilíbrio dependente do pH

H2SO3 tem pKa de 1.86 e 6.91

24/02/2013

37

Microbiologia da Conservação de Alimentos

formas não dissociadas têm maior actividade antimicrobiana

penetram mais facilmente as células

Microbiologia da Conservação de Alimentos

SO2 reactivo – perturba metabolismo microbiano

agente redutor – quebra ligações S-S em proteínas e interfere em processos redox

liga-se a bases de ács. nucleicos, açúcares e outros metabolitos

activo contra bactérias, leveduras e bolores

24/02/2013

38

Microbiologia da Conservação de Alimentos

natamicina

antibiótico produzido pela bactéria Streptomyces natalensis

antifúngico

Microbiologia da Conservação de Alimentos

natamicina

liga-se irreversivelmente ao ergosterol

perturba membrana celular

perca de solutos do citoplasma e lise das células

24/02/2013

39

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Bacteriocinas

produzidas por bactérias lácticas e outros m.o.

nisina, …

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Vácuo

Embalagens sob atmosfera modificada

Atmosfera controlada

24/02/2013

40

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Vácuo

impede crescimento de aeróbios

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Embalagens sob atmosfera modificada

combinações de CO2, O2, N2

composição varia durante armazenamento

24/02/2013

41

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Embalagens sob atmosfera modificada

CO2 é inibidor

N2 dá rigidez mecânica

O2 permite manter cor das carnes

24/02/2013

42

Microbiologia da Conservação de Alimentos

Atmosfera controlada

composição gasosa permanece constante

CO2 inibe bolores e é antagonista do etileno

Microbiologia da Conservação de Alimentos

não há crescimento microbiano com aw < 0.6

secagem ou solutos

secagem mata ou altera parte dos m.o.

m.o. pré-existentes ou introduzidos durante processamento podem sobreviver durante longos períodos