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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA~ Vinculada ao Ministério da Agricultura

V Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido - CPATUBelém. PA

10 Simpósiodo Trópico Úmido

1st Symposiumon the Humid Tropics

1er Simp6siodei Tr6pico Húmedo

ANAISPROCEEDINGS

ANALES

Belém I PA, 12 a 17 de novembro de 1984

Volume V

Pastagem e Produção Animal

Pasture and Animal Production

Pasturas y Producción Animal

Departamento de Difusão de TecnologiaBrasília, DF

1986

ISSN 0101-2835

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Copyright © EMBRAP A - 1986

EMBRAPA-CPATU. Documentos, 36

Exemplares desta publicação podem ser solicitados àEMBRAPA-CPATUTrav. Dr. Enéas Pinheiro s/nTelefone: 226-6622Telex (091) 1210Caixa Postal 4866000 Belém, PA - Brasil

Tiragem: 1.000 exemplares

Observação

Os trabalhos publicados nestes anais não foram revisados pelo Comitê de Publi-cações do CPATU, como normalmente se procede para as publicações regulares.Assim sendo, todos os conceitos e opiniões emitidos são de inteira responsabilidadedos autores.

Simpósio do Trópico Úmido, 1., Belérn, 1984.Anais. Belém, EMBRAPA-CPÁTU, 1986.6v. (EMBRAPA-CPATU. Documentos, 36)

1. Agricultura - Congresso - Trópico. I. Empre-sa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro de Pes-quisa Agropecuária do Trópico Úmido, Belérn, PA.11.Título. III. Série.

CDD 630.601

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19 SIMPÓSIO DO TRÓPICO ÚMIDOCOMISSÃO DE HONRAEliseu Roberto de Andrade Alves - Presidente da EMBRAP ALynaldo Cavalcante de Albuquerque - Presidente do CNPq

Raymundo Fonsêca Souza - Diretor da EMBRAPA

COMISSÃO EXECUTIVA

Mário Dantas - CoordenadorUbaldino Dantas MachadoJosé de Brito Lourenço JúniorPerácio Gama da Silva

Francisco José C. FigueirêdoJonas Bastos da VeigaRosa Edite PedreiraJosé Carlos Nascimento

COMISSÃO TÉCNICA

Emanuel Adilson S. Serrão- CoordenadorPaulo Choji KitamuraMaria Elisabeth van den BergMário DantasRamendra Singh

José Furlan JúniorDietrich Michael BurgerMaria de Lourdes R. DuarteGuido RanzaniPaulo Souza Martins

COMISSÃO DE ANAIS

Emmanuel de Souza Cruz- CoordenadorMário DantasEmanuel Adilson S. Serrão

Francisco José C. FigueirêdoNazira Leite NassarIsanira Coutinho Vaz Pereira

COMISSÃO DE ADMINISTRAÇÃO

Francisco José C. Figueirêdo- CoordenadorLuciano Carlos Tavares MarquesNoemi Vianna Martins LeãoMaria de Lourdes R. DuarteRaimunda Fátima Ribeiro de NazaréMarluce Pereira CostaJosé Francisco de ~ssis F. da SilvaEniel David Cruz

Sérgio de Mello AlvesAntonio de Brito SilvaRosemary Moraes F. ViégasIrenice Alves RodriguesSônia Helena M. dos SantosEloisa Maria R. CardosoHugo Didonet LáuJorge Gazel Yared

COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO

Raimundo José de Faria Pinto- CoordenadorGustavo Tapioca Silva

Cristina TimponeRuth Rendeiro Palheta

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COMISSÃO DE EXPOSIÇÃO

Cleómenes Barbosa de Castro- CoordenadorJosé de Brito Lourenço JúniorLuiz Octávio D. de Moura Carvalho

Nazira Leite NassarCélia Maria Lopes Pereira

COMISSÃO DE FINANÇAS

José de Brito Lourenço Júnior- CoordenadorJosé Senna GonsalezMário Dantas

Cristo Nazaré Barbosa do NascimentoUbaldino Dantas Machado

CAPAAlguns recursos naturais do trópico úmido

COVERSome natural resources of the humid tropics

CAPAAlgunos recursos naturales de los trópicos húmedos

1. Guaranazeiro *Guarana treePlanta de Guaraná

2. Castanheira*Brazil nut treeCastafiera de Brasil

3. Pastagem nativa + búfalo *Native pasture + water buffaloPastura nativa + bufalo aquático

4. Floresta tropical úmida*Tropical rainforestBosque tropical húmedo

5. Cacaueiro**Cocoa treePlanta de cacao

6. Dendezeiro *African oil palmPalma aceitera africana

7. Seringueira***Rubber treePlanta de caucho

Fonte - Source - Fuente

* Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)** Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC)

*** Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP)

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PATROCINADORES

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPAFinanciadora de Estudos e Projetos - FINEPInstituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura - I1CASociedade Alemã de Cooperação Técnica - GTZInstituto GoetheSuperintendência do Desenvolvimento da Amazônia - SUDAMBanco da Amazônia S.A. -' BASABanco do Brasil S.A.

AGRADECIMENTOS

A Comissão Organizadora do I'? Simpósio do Trópico Úmido agradece acolaboração prestada para a realização deste Simpósio aos Coordenadores deSubcomissões Técnicas: Tatiana Deane de Abreu Sá Diniz (clima), Lúcio Salga-do Vieira (solos), Pedro Lisboa (flora), Jorge Alberto Gazel Yared (floresta), Wil-liam L. Overall (fauna), Solange F.F. de Aquino (culturas temporárias), Mariade Lourdes Reis Duarte (culturas perenes), Jonas Bastos da Veiga (pastagens),Luiz Octávio Danin de Moura Carvalho (produção animal) e Emanuel AdilsonSouza Serrão (temas multidisciplinares); aos revisores: Francisco das Chagas Oli-veira Freire, Milton Guilherme da Costa Mota, José Furlan Júnior, José EdmarUrano de Carvalho, Robert J. Buschbacher, Anthony B. Anderson, Ruth Rendei-ro Palheta, Miguel Simão Neto e José de Brito Lourenço Júnior; aos bibliotecá-rios: Silvio Leopoldo Lima Costa e Anna de Souza Ayres Lopes; aos datilógrafos:Bartira Franco Aires Ewerton e Francisco José F. Pereira; e aos desenhistas: Ed uar-do Rodrigues da Silva e João dos Santos Carvalho.

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APRESENTAÇÃO

Com satisfação apresentamos os Anais do I? Simpósio do Trópico Úmido,realizado em Belém, Estado do Pará, de 12 a 17 de novembro de 1984, o qualteve como objetivo maior reunir e sistematizar a maior quantidade de informa-ções disponíveis, sobre os recursos naturais e socioeconômicos do Trópico Úmi-do, bem como sobre o acervo de tecnologias geradas pela comunidade científica,visando à mobilização racional desses recursos, tanto para o uso agrícola comopara fins de preservação.

Participaram do evento mais de 700 pesquisadores de 23 países, os quaisapresentaram e debateram cerca de 300 trabalhos, cobrindo diferentes áreasdo conhecimento. O Simpósio abrigou também vários eventos especiais, des-tacando-se o I? Seminário Internacional sobre a Agricultura da Amazônia -reunindo delegações dos países do Pacto Amazônico - além do Encontro Re-gional de Pecuária de Corte da Região Norte e as mesas redondas sobre As Pers-pectivas de Utilização dos Recursos Naturais na Agricultura da Amazônia, Re-cursos Genéticos, Ciência e Tecnologia e Sistemas de Documentação e Infor-mação em Pesquisa.

O sucesso do Simpósio deveu-se sobretudo ao empenho da Empresa Brasi-leira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, através do Centro de Pesquisa Agro-pecuária do Trópico Úmido - CPATU, a quem coube a organização e a coor-denação, tendo contado com o apoio do CNPq, FINEP, SUDAM, BASA, GTZ,Instituto Goethe, IICA e de empresas privadas.

Os anais que ora editamos em seis volumes - o primeiro versando sobre Cli-ma e Solo, o segundo sobre Flora e Floresta, o terceiro sobre Culturas Tempo-rárias, o quarto sobre Culturas Perenes, o quinto sobre Pastagens e Produção Ani-mal e o sexto sobre Temas Multidisciplinares - reúnem a quase totalidade dostrabalhos apresentados no Simpósio. Ressalvamos que o conteúdo técnico e asopiniões emitidas são de inteira responsabilidade dos autores.

Esperamos que os ~s contribuam de forma decisiva para que grande par-te do acervo de informações sobre os recursos naturais e socioeconômicos doTrópico Úmido, orientados ao uso agrícola, seja realmente difundido no meioda comunidade científica e a todos que estudam e se interessam pelos proble-mas das regiões Tropicais Úmidas.

EMELEOCÍPIO BOTELHO DE ANDRADEChefe do CPATU

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floresta, bem como dos fatores bío-sócío-econômícos relacionados com a utiliza-ção dessas informações.

A Comissão Organizadora do Simpósio, através de suas Comissões Técnicae de Anais, tem a satisfação de apresentar os Anais do 1<? Simpósio do TrópicoÚmido que constam de seis volumes: I - Clima e Solo; 11 - Flora e Floresta;III - Culturas Temporárias; IV - Culturas Perenes; V - Pastagem e ProduçãoAnimal, e VI - Temas Multidisciplinares.

Os trabalhos aqui apresentados passaram por uma breve apreciação técni-ca feita por especialistas dentro de cada assunto. No entanto, a responsabilida-de final dos conceitos e opiniões emitidos é inteiramente dos respectivos autores.

A Comissão Organizadora do I? Simpósio do Trópico Úmido agracede atodos que colaboraram, de qualquer forma, para a concretização desse Simpó-sio e, ao mesmo tempo, espera que este documento seja de grande utilidade paratodos que trabalham no trópico úmido.

A Comissão Organizadora

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INTRODUCTION

In 1982, the "Committee on Selected Biological Problems in the Humid Tro-pies" defined the humid tropics as "those areas of the earth's land surface wherethe mean annual biotemperature in the lowlands is greater than 240C and whereannual rainfall equals or exceeds potential evaporative_ retum of water to theatmosphere" _

The humid tropies, by the geographic and climatological concepts, are theregions of the Earth between the Tropics of Cancer and Capricom, with hightemperature and air humidity, with large amount of solar radiation and, in ge-neral, covered by broad-Ieaf evergreen forests,

Generally, the humid tropies have soils with low natural fertility where themain agricultural activity is based on shifting cultivation, even though techno-logicalagriculture is practiced in some countries, rnainly using perennial cropssuch as cocoa, oil palm, rubber and pasture or annual crops such as rice. Thelargest forested areas of the world are found in the humid tropics, the forest beingthe most important renewable resource.

The humid tropical areas are of the world spread over four continents: Afri-ca, Asia, South-Central America .and Oceania, including 63 countries and smallislands. In spite of the high biological productivity which generally occurs in 9htthe humid tropical areas, most of the underdeveloped countries are included inthose areas.

The 1st Symposium on the Humid Tropies emerged from the necessity tocollect the maximum possible amount of information - presently available ina scattered manner - on natural resources of the ecological region of the hu-mid tropies and technologies on available for rational utilization of the resour-ces for agricultural production which is necessary for the well-being of the com-munities of the region and for exporting.

The organization of this event materialized with the efforts of the EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, through its Centro de Pesqui-sa Agropecuária do Trópico Úmido - CPATU, with the help of Financiadorade Estudos e Projetos - FINEP, Deutsche Gesellschaft für Technische Zusam-menarbeit - GTZ, Instituto Goethe, Instituto Interamericano de Cooperaciónpara Ia Agricultura - I1CA, Banco do Brasil, Superintendência do Desenvolvi-mento da Amazônia - SUDAM, Banco da Amazônia SoA. - BASA and other privateorganizations. A very significant response from the scientific and technical com-munity to this effort can be observed from the fact that 312 papers were submittedto the Symposium with the participation of 700 researchers from several states ofBrazil and from 23 other countries.

In general, those papers, whether invited or voluntary, give valuable tech-nícal and scientific information on resources such as soil, vegetation, climateand fauna, on agricultural technology, especially with reference to annual, semi-

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perennial and perennial crops, pasture and animal production and forestry, andon bio-socio-economic factors related to the use of these resources.

The Symposium Organizing Committee along with the Technical and Pro-ceeding Committees are pleased to present the Proceedings of the 1st Sympo-sium on the Humid Tropics which consist of six volumes as folIows: I - Climateand Soil; 11 - Flora and Forestry; III - Temporary Crops; IV - Perennial Crops;V - Pasture and Animal Production and VI - Mulúdisciplinary Themes.

The papers included in the Proceedings were briefly reviewed by specialistson the different subjects. However, the authors are fully responsible for the conceptsand opinions expressed in their respective papers.

The Organizing Committee of the Symposium is grateful to alI those whocollaborated in any way for this great achievement and hopes that this documentwiIl be of great usefulness for those who deal with agricultural development inthe humid tropics.

The Organizing Committee

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INTRODUCCIÚN

Durante el ano 1982, el "Committee on Selected Biological Problems in theHumid Tropics" definió el trópico húmedo como "Aquellas áreas de Ia superfi-cie terrestre, donde Ia biotemperatura media anual en Ias tierras bajas es supe-rior a 240C, y Ia precipitación anual se iguala o excede al potencial de retomode agua para Ia atmosfera por Ia evaporación".

EI trópico húmedo, según los conceptos geográficos y climatológicos, esuna región de Ia Tierra entre los trópicos de Cancer y de Capricomio, con altosíndices de temperatura y humedad dei aire, gran cantidad de radiación solar y capazde ser cubierta por selvas perennifolas de hojas largas.

En general, en el trópico húmedo ocurren áreas de sueios con baja fertili-dad natural, en Ias cuales Ia principal actividad agrícola está representada poruna agricultura migratória aunque tambien se observa una 'agricultura con ele-vada tecnología practicada en algunos países, principalmente usando cultivosperennes rales como Ia palma africana, el cacao y el caucho, pasturas, o cultivosanuales tales como el arroz. Las mayores selvas dei mundo se encuentran en estaregión y constituyen el mas importante recurso natural renovable.

EI trópico húmedo incluye regiones de Africa, America Central, Americade Sur y Oceanía, incluyendo áreas de 63 países y diversas islas. Apesar de Ia altaproductividad biológica que generalmente ocurre en Ias áreas dei trópico húmedo,Ia mayoría de los países subdesarrollados se encuentran localizados en esta área.

EI ler Simposio dei Trópico Húmedo surgió de Ia necesidad de reunir el máxi-mo posible de Ias informaciones existentes, actualmente dispersas sobre los recursosnaturales de Ia región ecológica dei trópico húrnedo y sobre Ias tecnologías dispo-nibles para Ia utilización recional de esos recursos, con miras a Ia producción agro-pecuária necesaria para el bienestar de Ias comunidades de esa región y con mirasa Ia producción de excedentes para exportación.

La realización de este acontecimiento se concretó gracias ai interés de IaEmpresa Brasileira de Investigación Agropecuária - EMBRAPA a través dei Cen-tro de Investigación Agropecuária dei Trópico Húmedo - CPATU, promoviéndocon el apoyo de Ia Financiadora de Estudios y Projectos - FINEP, Deutsche Ge-sellschaft für Technische Zusammenarbeit - GTZ, Instituto Goethe, Instituto In-teramericano de Cooperación para Ia Agricultura - I1CA,Banco do Brasil, Superin-tendencia de Desarrollo de Ia Amazônia - SUDAM, Banco de Ia Amazônia S.A. -BASA y empresas privadas. A este empeno se unió el interés dei medio técnico--científico en Ia región como es demonstrado por Ia inscripción de 312 trabajosy por Ia participación de 700 personas de diferentes localidades de Brasil i de 23países.

En general, estos trabajos ya sean de estado actual de conocimientos ó iné-ditos, presentan informaciones técnico-científicas valiosas sobre los recursos deisuelo, vegetación, clima, fauna, y tecnologías agropecuárias, principalmente en10 que se refiere a Ias cultivos temporales, semiperennes, perennes, pecuária y

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montes, asi como tambien a los factores bio-socio-económicos relacionados conIa utilización de esos recursos.

La Comisión Organizadora del Simpósio, a través de sus Comisiones Tecni-ca y de los Anales, tiene la gran satisfacción de presentar los anales deI PrimerSimposio del Trópico Húmedo. Los anales constan de seis volumenes asi: I - Climay Suelo; 11 - Flora y Floresta; III - Cultivos Temporales; IV - Cultivos Perennes;V - Pasturas y Producción Animal; VI - Temas Multidisciplinarias.

Los trabajos aquí presentados pasaron por una breve apreciación técnicahecha por especialistas dentro de cada campo científico. No obstante, Ia respon-sabilidad final de los conceptos y opiniones emitidos, es enteramente de los respec-tivos autores.

La Comisión Organizadora deI Primer Simposio del Trópico Húmedo, agra-dece a todos los que colaboraron de alguna forma para la realización, al mismotiempo, espera que este documento sea de gran utilidad para todos aquellas perso-nas que trabajan en el trópico húmedo.

La Comisión Organizadora

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SUMÁRIO

PASTAGEM E PRODUÇÃO ANIMAL

Pasturas en trópico húmedo: perspectiva global. J .M. Toledo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19O papel da fauna nativa no desenvolvimento da agropecuária na Amazônia. W.E.Magnusson e J .S. Mariano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37Avaliação da adaptação de legurninosas forrageiras tropicais na Amazônia Oriental bra-sileira. M.B. Dias Filho e E.A.S. Serrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43Variabilidade genética em forrageiras para a Amazônia brasileira. L. Coradin e J.F .M.Valls 55Introdução e avaliação de cultivares de capim-elefante no Estado do Acre. J .A. Pagani,J.F. Valentim e A.L. da Costa. . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65Introdução e avaliação de forrageiras no norte de Goiás. A. Drudi, A.F. Braga e J.F.Teixeira Neto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71Caracterização e avaliação de Stylosanthes guianensis, (Aubl.) Sw. "Tardio", na regiãode Belém, Pará. E.D. Cruz, M. do P.H. das Neves e E.A.S. Serrão . . . . . . . . . . . . . . . 77Capim-elefante-anão: nova opção forrageira paraAmazônia. J.B. da Veiga 83Resposta do capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum) a nitrogênio, fósforo epotássio em Tracuateua e Benevides, Estado do Pará. J.B. da Veiga, M. Simão Neto,E.A.S. Serrão e l-Ling Tjon-Pian-Gi 87Adubação de capim-elefante (pennisetum purpureum Schum) puro e consorciado comKudzu tropical (Pueraria phaseoloides). D.M. Pimentel, M. Simão Neto, E.A.S. Serrãoe J .B. da Veiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93Rendimento forrageiro e composição química do capim quicuio-da-amazônia (Brachia-ria humidicola) em diferentes estádios de crescimento. E.C. Italiano e J.R. da Silva. . . 101Valor nutritivo do capim quicuio-da-amazõnia (Brachiaria humidicola). H.A.M. Batis-ta, A.P. Camarão, E. Braga e J. de B. Lourenço Júnior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109Efeito do nível de oferta de forragem no consumo e digestibilidade do capim quicuio--da-amazõnía (Brachiaria humidicola). A.P. Camarão, E. Braga, H.A.M. Batista e J. deB. Lourenço Júnior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117

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Produção e valor nutritivo de rama e raiz de cultivares de mandioca (Manihot esculen-ta Crantz) para alimentação de ruminantes. H.A.M. Batista, A.P. Camarão, S. Hühn,J. de B. Lourenço Júnior e M.C.M. Freitas 123Produção e valor nutritivo do capimcanarana-erecta-lisa (Echinochloa pyramidalis).H.A.M. Batista, A.P. Camarão, J. de B. Lourenço Júnior, M.E.S. da Silva e S. Dutra .. 131Pasture development in the humid tropical coast of Australia. J .K. Teitzel . . . . . . . . . 139Pastagem em área de floresta no Trópico Úmido brasileiro: conhecimentos atuais. E.A.S. Serrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147Associação de culturas de subsistência com forrageiras na renovação de pastagens de-gradadas em áreas de floresta. J .B. da Veiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175Pastagens nativas do Trópico Úmido brasileiro: conhecimentos atuais. E.A.S. Serrão . . 183Insectos asociados con Ias pasturas en Ia América Tropical. M.A.C. Corral . . . . . . . . . 207Cigarrinhas-das-pastagens no Trópico Úmido brasileiro. A. de B. Silva . . . . . . . . . . . . 223Influência do uso do fogo sobre a população da cigarrinha-das-pastagens Deois [lavo-picta (Stal 1854) em pastagens de Brachiaria decumbens na região de Rio Branco, AC.M. Fazolin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233Tecnologia de criação de búfalos no Trópico Úmido brasileiro. L.O.D. de Moura Carva-lho e C.N.B. do Nascimento .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239Effect of dry and humid hot seasons on the reproduction and milk production ofwater buffalo (Bubalus bubalis). S.s. Gill 251Estado atual de conhecimento sobre as enfermidades dos bubalinos na amazônia. H.D.Láu e N.P. Singh '. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259Aproveitamento do leite de búfala em produtos derivados. S. Hühn, J. de B. LourençoJúnior, L.O.D. de Moura Carvalho, C.N.B. do Nascimento e L.C. Vieira 265Produção de leite na faixa equatorial úmida. M. Simão Neto . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271Alguns fatores que interferem na fertilidade de rebanhos bovinos na região Amazônica.W.G. Vale, O.M. Ohashi, H.F.L. Ribeiro e J.S. Souza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279Biologia reprodutiva do carrapato dos bovinos no Acre. A.L. da Costa 291Incidência mensal do carrapato dos bovinos no Estado do Acre. A.L. da Costa. . . . . . 297Pneumoenteritis due to corona virus: a cause of mortality in neonatal calves. N.P.Singh . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303Helmintoses gastrintestinais em bovinos de leite no Acre: considerações preliminares.A.L. Costa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 307Ocorrência de parasitos gastrintestinais nos rebanhos bovino e bubalino no Arnapá.M. das G. de S. Paiva, D.M. Pimentel, A.J.D. Montenegro e H.C. Moutinho 315Levantamento e controle de verminose subc1ínica em vacas leiteiras no Estado doAcre. A.L. da Costa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 319Aquatic productivity in the central amazon "várzea" in the context of the fisheryyield. P.B. Bayley . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 325Peixe de piscicultura com baixo custo nas águas do Trópico Úmido. J. Bard e E.P.Imbiriba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335Estudo preliminar sobre densidade de estoque do Tamoatá Hoplosternum littorale(Hancock, 1828) Eig & Eig., 1888 (Pisces, Callichthidae). D. dos S. de Jesus, R.A.L.de Souza e C.A.C. Costa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 339Avaliação do crescimento e da produção de jaraquís (Semaprochilodus spp.), emaçude de igarapé de terra firme nos arredores de Manaus, Amazonas. E.K. de Resende,E.W. Graef, E. Zaniboni Filho, A.M. Paixão e A. Storti Filho 343Composição química de farinhas de algumas espécies de peixes do baixo Rio Xingu,PA. J.R. de A. Moreira, P.G.S. Sá e A. Garcia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353

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Uso potencial da fauna silvestre através de seu manejo. CJ.R. Alho 359Programa y avances de investigación en pastos en Ia selva Peruana. K. Reátegui . . . . . . 371A situação da fauna das florestas tropicais: causas, conseqüências e correções. EJ.Fittkau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 383Potencial, limitações e alternativas para o desenvolvimento da pesca interior no Trópi-co Úmido brasileiro. W.J. Junk . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 389A problemática de comercialização da pecuária de corte do Estado do Pará. F.A.Nunes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411Aspectos sanitários do rebanho bovino no Estado do Pará. J. Alfinito . . . . . . . . . . . . 421

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PASTURAS EN TRÚPICO HÚMEDO:PERSPECTIVA GLOBAL

José M. Toledo1

RESUMEN - EI vasto recurso de tierras en bosques tropicales húrnedos está siendo modifica-do y utilizado por Ia humanidad con múltiples explotaciones. La expansión de pasturas enbosques tropicales es grande. Esta expansión está influenciada por presiones demográficas,socioeconómicas y geopolíticas de los países, tanto como por el tamafio y crecimiento de loshatos nacionales. En Ia Amazonía contrastan pasturas en grandes áreas en Brazil, como resul-tado de incentivos fiscales y subsidios a Ia inversión pecuaria, con Ias explotaciones pecuariasde tipo familiar mixto en países amazónicos con influencia andina, como resultado de pre-siones demográficas y socioeconómicas de otras regiones deprimidas. En Africa con una te-nencia de tierra de origen tribal y con el grave problema de Tripanosomiasis dei ganado, Iaganadería sobre pasturas en Ia región central boscosa de Africa es restringida. En sudeste deAsia, los hatos de vacunos y bubalinos son pequenos y normalmente en asocíación con cul-tivos de arroz, o plantaciones industriales produciendo carne, leche y trabajo. EI problemacrítico de Ias pasturas establecidas luego de Ia tala y quema dei bosque, es el de degradación,ya sea por falta de adaptación de Ias especies al estado de equilíbrio de fertilidad dei suelo,mal manejo y/o ataque de plagas o enfermedades, resultando en Ia invasión de malezas y re-generación parcial dei bosque ("Capoeira" o "Purma") o el domínio dei área por gramíneasnativas (lmperata cilindrica, Imperata brasitiensu, Paspalum conjugatum, Paspalum notatum,Axonopus compresus, etc.) de baja productividad. Esto ha hecho que Ias pasturas sean con-sideradas como Ia mayor amenaza para el ecosistema. Sin embargo, pasturas de gramíneascon menores requerimientos de fertilidad dei suelo y tolerantes a plagas y enferrnedadescomo Andropogon gayanus, Brachiaria brizantha, Brachiaria dictyoneura en asocíacíôn conleguminosas como Centrosema macrocarpum, Stylosanthes guianensis, Zomia latifolia, etc.pueden mantener un nivel de reciclaje de nutrientes tal que permita una productividad sos-tenida alta. A pesar dei potencial que ofrece esta nueva generación de especies forrajeras pa-ra Ia recuperación de pasturas degradadas, se reconoce que el éxito de Ias explotaciones pe-cuarias grandes al pastoreo extensivo resulta difícil, principalmente por los reqüerirnientosaltos de manejo de una pastura fuera dei clímax dei ecosistema (control de malezas, manejodei pastoreo, fertilización, plagas etc.). Explotaciones pastoriles en pequenas áreas con ma-nejo más intensivo de los recursos hombre, capital, tierra y ganado tendrán mayores proba-bilidades de éxito social y económico disminuyéndose Ia presión de tala sobre el bosque. De-be considerarse no sôlo Ia opción de pasturas abiertas, típicas de áreas de sabanas; debe alter-nativamente desarrollarse Ia tecnología que permita explotaciones integradas silvopastoriles,seleccionándose germoplasma tolerante a Ia sombra, Ia competencia de nutrientes y los fac-tores alelopáticos que son definidos por diferentes tipos de plantaciones. Las institucionesde investigación en trópico húrnedo tienen el reto de dar solución a los problemas de degra-daciôn de pasturas ; el éxito dependerá no sólo de Ia capacidad técnica profesional y recursosde operación con que cuenten, sino también de Ia flexibilidad y inventiva con que enfoquenel desarrollo de Ia nueva tecnología para sistemas de producción animal compatibles con Iasnecesidades humanas y el eco sistema.Termos para indexación: Ecosistema, degradacíón, adaptación, manejo, gramíneas y legumi-nosas, ganado, sistemas integrados de producción, sistemas silvopastoriles.

PASTURES IN THE HUMID TROPICS: GLOBAL OVERVIEW

ABSTRACT - The vast land resource represented by the humid tropical forests is being modi-fied and utilized by mankind for multiple exploitation. The expansion of pastures into tro-pical forests is of large scale. This expansion is being influenced by demographic, socioeco-nomic and geopolytic pressures existing in each of the countries, as well as by the size and

Eng.-Agr., Ph.D. CIAT. Apartado aéreo 67-13. Cali - Color.lbia.

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rate of growth of the national herds. In the Amazon region, in Brazil pastures are found inlarge areas, as a result of government incentives and subsidies to agricultural investment,contrast with the familv-size crop and cattle exploitations found in the Amazon countriesunder Andean influence, as a result of demographic and socioeconomic pressures of otherless-developed regions. In Africa, where land tenure under the tribe structure and where Try-panosomiasis in cattle is a serious problem, cattle raising on pastures is restricted in the cen-tral forest region of Africa. In Southeast Asia, cattle and buffalo herds are small and normal-IV associated with rice fields, or industrial plantations where thev are emploved as animalforce or to produce beef and milk, the critica I problem faced bv pastures established aftercutting and burning of the forest, is degradation, due to either the failure of certain speciesto adapt to the state of soil fertility equilibrium, to miss management and/or to the attackof pests and diseases. The result is the invasion of weeds and the partial regeneration of theforest ("Capoeira" or "Purma") or the prevalence of native low-Vielding grasses (Imperatacilindrice, Impera ta brssitiensis, Paspalum conjugatum, Paspalum notetum, Axonopus com-pressus, etc.), this fact has made pastures appear as the major threat to the ecosystem.However, grass pastures sueh as Andropogon gayanus, 8rachiaria brizenthe, 8rachiaria dic·tyoneura with minimum soil-fertility requirements and tolerant to pest and diseases, in asso-ciation with legumes such as Centrosemamacrocarpum, Stylosanthes guianensis, Zornia la-tifolia, etc. ean maintain a levei of nutrient reeveling to allow a sustained high productivity.In spite of the potencial offered bV this new generation of forage species for the recovervof degraded pastures, it is recognized that the success of large animal husbandry exploita-tions under extensive grazing is difficult, primarilv because of the increased management re-quirements of a pasture outside the climax of its ecosvstem (weed control, grazing ma-nagement, fertilization, pests, etc.), Grazing exploitations in small areas with a more intensi-ve use of human, capital, land, and herd resources will have greater possibilities of social andeconomic sueccess, reducing the need to eut down more forest. Not onlv must lhe option ofopen pastures, typieal of savanna areas, be considered; other alternative teehnologies mustbe developed to allow integrated silvopastoral exploitations, selecting shade-tolerant germ-plasm, considering eompetition for nutrients and alelopathic factors defined bv the differenttypes of plantations. Research institutions in the humid tropics are challenged bv the searchfor a solution to the problems of pasture degradation; success depends not onlv on thetechnical/professional eapacity and on the operational 'resources available, but also on theflexibility and creativeness ernploved to foeus the development of the new technoloçv foranimal production svstems compatible with human and ecosvstem needs.

Index terms: Ecosystem, degradation, adaptation, pasture management, grasses and legumes,livestock, integrated production svstems, silvo-pastoral svstems.

INTRODUCCIÓN

10s bosques húmedos tropicales se ex-tienden sobre 1.897 rnillones de hectáreas,constituyendo el 46% de Ias tierras tropicalesdel mundo. De este total, 914 millones cor-responden a América tropical, 571 al Africay 412 al sudeste asiático (F AO 1970).

Este vasto recurso de tierras es conside-rado por unos como Ia frontera agrícola másimportante para el futuro de Ia humanidad,y por otros como el último bastión para Iavida silvestre y el eje de equilibrio climáticoambiental deI planeta. Estas dos pO,sicionesson relativas en tiempo y espacio. En Ia Ta-bla 1 se resumen Ias áreas de bosque total,virgen y en explotación, 10 mismo que po-blación humana actual y al aão 2000, el Pro-dueto Nacional Bruto (PNB) de los 10 paísesdel mundo con mayor área en Bosques Tro-picales Húmedos.

Resulta inocente y irreal hablar de con-servación de bosques húmedos tropicales en

Ia India, con 73% ya utilizados sobre 46 mil-lones de hectáreas, y una población humanapasando de 684 a 961 millones de 1982 alano 2000 y un PNB de solo 210 US dólares/afio/habitante. En el otro extremo, es unaexigencia ejecutar Ia conservación en paísescomo Venezuela con una población de solo14 millones de habitantes con un alto PNBpor habitante (3440 US$); y donde ya se hahecho una explotación del 36% de su área debosques. Más aún, conociendo que existenen este país, amplias fronteras de sabanastropicales aún por desarrollar a menor costoecológico y económico.

En América tropical, países como Brasil,Colombia y Perú, con extensiones grandes desu territorio en Bosques Tropicales Húme-dos, han hecho hasta Ia fecha sólo un usomenor de este recurso de tierras. Sin embar-go, debido a diferencias en recursos naturalesen otras regiones ecológicas y presiones de-mográficas de cada país, Perú es el país quehoy hace una mayor explotación (9%) de sus

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TABLA 1. Los Palses dei mundo con mayor área en Bosques Húmedos Tropicales.

Areas en bosque Poblaci6nPais Area

total Total Virgen/ Proporci6n Actual Afio 2000Improductivo en explot. *

(km2x103) (ha x 106) (%) (X 106)

Brasil 8.512 356 344.0 3 123 187Indonesia 1.904 114 79.4 30 152 199Zaire 2.345 106 105.7 1 28 50Peru 1.285 69 63.0 9 18 31Colombia 1.139 46 45.1 2 27 38India 3.167 46 12.6 73 684 961Bolívia 1.099 44 31.9 27 6 10Papua-Nueva Guinea 475 34 33.8 1 3 5Venezuela 912 32 20.4 36 14 27Burma 678 31 22.0 29 36 55

Utilizadas psraexptotectôn forestal y baJo manejo agropecuario.Fuentes: FAO (1981).

The Statesman's Yearbook (1983).lnternatíonel Financial Statistics Yearbook (1982).World Bank (1980).

PNB (GNP) x habito

(US$/aiio)

1.770370210850

1.060210550760

3.440150

N-

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áreas de bosques. Brasil y Colombia sólo uti-lizan un 2 a 3% de este recurso, respectiva-mente.

En este escrito, se analizan los patronesy causas de Ia apertura de bosques tropicaleshúmedos en los diferentes continentes, eva-luando el sol e importancia de pasturas y ga-nadería en los sistemas de producción preva-lentes. Igualmente, se lIama Ia atención sobreel problema de degradación de pasturas y sediscuten avances y estrategias para, medianteinvestigación, desarrollar opciones tecnológi-cas de pasturas cornpatibles con el ecosiste-ma.

APERTURA DE BOSQUES YUTILlZACIÓN DE TIERRAS

La tasa de apertura de bosque en elmundo tropical var ía según los países y con-tinentes; y esta se hace para diferentes pro-pósitos.

Sudeste de Asia

En países de esta región, Ia tasa de aper-tura de bosques tropicales húmedos es muyalta, siendo Ias plantaciones como jebe , pal-ma aceitera y cocoteros Ias que principal-mente reemplazan el bosque en países comoMalasia (Mohd. Taninb et a!. 1982). Porotro lado, Ia agricultura intensiva y migrato-ria es Ia causa de grandes áreas de nuevasaperturas en Indonesia, Filipinas y Tailandia.Sólo en Tailandia entre 1961 y 1978 (17afíos) hubo una apertura de 14 millones dehectáreas, (Myers 1980). La ganadería sobrepasturas en estos países dei sudeste de Asiano constituye un factor de incremento de Iaapertura deI bosque, pues los sistemas deproducción predominantes son agrícolas(principalmente arroz), y el ganado es un ele-mento secundario, constituyendo Ia fuerzaprincipal de trabajo. Estos animales vacunosy búfalos son también utilizados para produ-cir carne y leche. Dentro de estos sistemas deproducción, el forraje 10 constituyen los resi-duos de cosecha ("rastrojos") en Ia época se-ca y Ia vegetación herbácea que crece duran-te Ias lluvias en los diques en pozas de arroz,lados de los caminos, y en áreas marginalesde pastoreo comuna!.

La carne también se produce hace bajodiferentes sistemas de producción. En un ca-so, Ia producción de carne se basa en pastu-

ras de Cyrtococcum patens (L.), gramíneaque crece bajo sombra de Hevea brasiliensis(Jebe) en Ia isla de Hainan, República Popu-lar China (ver Fig. 1). Otro caso, es el de ali-mentación forzada (en confinamiento) denovillos en Ia región de Batangas, Filipinas,donde el recurso forrajero es colectado de Iasáreas no utilizadas y lados de los caminos(Imperata cilindrica con leguminosas nativas)y suplementado con hojas de Leucaena leu-cocephala producidas conjuntamente concultivos en huertos (" Backyard") detrás deIa casa.

Debe, por otro lado, mencionarse queexisten en países como Filipinas e Indonesia,vastas extensiones de tierras originalmentede bosque, que en forma creciente vienenconvirtiéndose en sabanas derivadas de Impe-rata cilindrica debido a Ia actividad de agri-cultura migratoria sobre suelos ácidos y po-bres. Según Sajise (1984) en Filipinas en loslímites dei área de bosques vive una pobla-ción humana de más de 5 millones haciendoagricultura migratoria, y ejerciendo una con-tinua presión de tala sobre el bosque, que rã-pidamente por efecto de quem~s frecuentesva que dando en Imperata cilíndrica. Estamisma situación y dinámica es documentadapor Dove (1980) para Indonesia.

Africa

Los bosques tropicales húmedos de Afri-ca ocurren en Ia región ecuatorial central yoeste de Africa. Las poblacíones de Ia regióntalan y hacen aperturas de bosque principal-mente dentro de sistemas de agricultura mi-gratoria. En Nigeria, grandes extensiones debosque vienen siendo taladas cada afio. Per-son (1975/77) estimó que en los afies 70, deaproximadamente 200.000 km2 de bosqueoriginal éste había sido reducido a 45.000km". En Ghana, con un área de bosque ori-ginal de aproximadamente 100.000 km2 Iamayor causa de Ia apertura deI bosque ha si-do Ia agricultura migratoria, que ha venidoreduciendo sus períodos de "barbecho"("Fallow") de 20 aãos en los afíos 40, a 10aãos en los afíos 70 y, mas recientemente,llcgando a ser solo de 3 aííos en algunas áreasde mayor población, Persson (1975, 77) esti-ma que para Ia agricultura migra to ria enGhana, abren cada afio unas 500.000 ha debosque.

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FIG. 1. Pastoreo de Cvrtococcum pstens (L.) gramínea predominante de cobertura bajo una planta-ci6n de Hevea brasiliensis en Ia Isla de Hainan, República Popular China.

Más O menos Ia misma situación ocurreen Costa de Marfil, donde Ia agricultura mi-gratoria, plantaciones industriales y Ia ex-tracción maderera, son responsables de Ia re-ducción dei bosque original de 150.000 krn 2

a 30.000 km2 (Persson 1975, 77 y Bernhard-Reversat et aI. 1978).

EI ganado en Africa ecuatorial es demuy poca importancia, debido a Ia enferme-dad Tripanosomiasis transmitida por Ia mos-ca tse-tse. "Esta enfermedad cubre cerca de10 millones de km2 o aproximadamente 1/3dei Africa. La enfermedad ocurre en casi to-dos los países comprendidos entre los desier-tos dei sur de Africa y el Sahara" (Trial et aI.1984). Los ovinos enanos ("Dwarf sheep") ycabras tolerantes a tripanosomiasis son Iaspredominantes en Ia zona húmeda de Africaecuatorial. Estos rumiantes menores son

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International Livestock Center of Africa.International Institute for Tropical Aqriculture.

mantenidos alrededor de Ia casa de los agri-cultores, frecuentemente en forma no inte-grada y compitiendo con los cultivos (Sum-berg 1984).

De los 11 millones de cabezas en Ia zonahúmeda de Africa, 8 millones se encuentramen Nigeria (International Livestock Centre ofAfrica 1979). Dentro de un proyecto en tró-pico húmedo, ILCA 2 e IIT A3 vienen traba-jando en Ia utilización de legumínosas arbus-tivas como Leucaena leucocepha/a y Glirici-dia sepium, tanto como forraje de alta calidadpara cabras y ovinos, como material de co-bertura muerta ("mulch") de alto contenidode N para cultivos.América tropical

La tala de bosques tropicales en Améri-ca es causada principalmente por Ia extrac-ción maderera y el establecimiento de pastu-ras y ganadería (Myers 1980). Contrastandocon 10 que sucede en el sudeste de Asia y

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Afríca, Ia agricultura migratoria y plantacio-nes, si bien importantes en algunas áreas es-pecíficas, no 10 son en términos globales.

La importancia mayor de Ia ganaderíapuede explicarse por varios factores como:1) El poco potencial de los suelos para soste-nida productividad agrícola; 2) Densidadesbajas de población humana; 3) falta de infra-estructura de transporte para movilizar altosinsumos y productos agricolas; 4) Alto nivelde demanda regional e internacional por car-ne. Por otro lado, el ganado es relativamentede facil mercado bajo condiciones de fronte-ra y requiere poca mano de obra.

En Ia Amazonía Brasileãa y en CentroAmérica, Ia ganadería sin lugar a dudas esresponsable de Ia mayoría de Ia apertura delbosque. En Centro América entre 1950 y1975, el área de pasturas a partir de bos-que primario, 10 mismo que el ganado,se duplicaron. Sin embargo el consumoregional de carne por habitante declinó,siendo los excedentes exportados a Norte--américa y Europa. En Ia Amazonía bra-silefía entre 1966 y 1978, ocho millones dehectáreas de bosque fueron convertidos en336 grandes ranchos ganaderos, sosteniendo6 millones de cabezas de vacunos, como pro-dueto de um .programa vigoroso y agresivode subsidios y incentivos a Ia ocupación ter-ritorial en Ia Amazonfa establecido por elGobierno a través de SUDAM (Superinten-dendia para el Desarrollo de Ia Amazonía(Myers 1980).

Contrastando con Brasil y Centroaméri-ca, en los países andinos como Colombia,Ecuador y Perú, Ia activa colonización tam-bién se moviliza hacia Ias áreas de bosqueamazónico, principalmente en forma espon-tánea y en algunos casos con financiamientooficial restringido. Los sistemas de produc-ción en Ia Amazonía peruana luego de Iaapertura de bosque son predominantementesobre áreas pequenas (menores de 100 ha), enuna combinación de agricultura migratoria,plantaciones y ganadería de doble propósito(Riesco 1982).

En general, Ias explotaciones ya sean engrandes extensiones como en Brasil o en pe-quenas áreas en Perú, se van haciendo anti-económicas debido a Ia disminución de Iaproductividad y capacidad de carga de Iaspasturas sembradas. Esto, ligado al crecimi-ento dei hato a nível de Ia finca, obliga ai fin-

quero a seguir abriendo más bosque produ-ciendo algo así como una "ganadería migra-toria" en amplia escala, pero donde el danoecológico puede ser mayor.

DEGRADACION DE PASTURAS

Este es el factor común a Ias explotacio-nes pecuarias en áreas originalmente en bos-ques tropicales húmedos. Toledo (1977), Al-vim (1978) y Serrão et al. (1979) y recono-cen el fenómeno, y hacen una descripcióndei processo de degradación explicando quepara especies de mayores necesidades de nu-trientes, entre ellos Axonopus scoparius, Di-gitaria decumbens, Hyparrhenia rufa, Pani-cum maximum, Ia baja fertilidad dei suelo yespecíficamente el fósforo, son responsablesde Ia pérdida de productividad de Ias pastu-raso Durante los últimos 15 afíos, Ia gramíneaBrachiaria decumbens adaptada a Ia baja fer-tilidad de los suelos son adoptadas rápida-mente reemplazando Ias gramíneas tradicio-nales arriba mencionadas. Sin embargo, dadasu alta susceptibilidad a Ia "Cigarrinha" o"Mion" (Aneolamia spp., Deois spp., Zuliaspp., Mahanaroa spp.), Ia estabilidad de estaspasturas es fuertemente afectada cayendo fá-cilmente eI! el proceso de degradación (Cal-deron 1981). Más recientemente (6 últimosanos) el Brachiaria humidico/a, un materialaún más tolerante a condiciones de baja fer-tilidad, vino vigorosa mente siendo adoptadoen Ia Amazonía de Brasil por su aparentemayor tolerancia ai problema de "Cigarri-nha" (Silva 1982) sin embargo, a nivel deproductores, no sólo ha mostrado susceptibi-lidad al insecto sino también problemas debaja productividad debidos a su menor cali-dad nutritiva y bajo nivel de consumo (Sali-nas & Gualdrón 1982, Lascano et al. 1982Tergas et al. 1982).

Adernás de Ia falta de adaptación al sue-10 de algunas especies y Ia baja resistencia aplagas y enfermedades de otras, el ganaderoenfrenta el problema grave de invasión dernalezas, considerado por muchos como unade Ias causas de Ia degradación; cuando real-mente es el efecto secundario de Ia pérdidade capacidad competitiva y productividad deIas especies forrajeras sem bradas.

El modelo de Ia Fig. 2 muestra una se-cuencia de eventos en cambios de Ia vegeta-ción y cantidades de biomasa, que ocurren

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Móximo

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TBOSQUE SECUNDARIO

BOSQUE ORIG INAL

BIOMASA

Q

CullivosCorlos

Posluro esloble

"Purmo"11 O. 11

Cup o eirc

+S +B +M

PosluroSembrodo

-S -B-M

PASTURA NATIVA DEG RADADA

M(nimo

T = Tolo ó Conlrol de molezosj Q = Quemoj G = Germoplasma Iorruiero ; P = Pasloreo;S = Condición dei suelo ; B = Factores bióticosj M = Manejoi + = Favorablej - = Desfavorable.

FIG. 2. Modelo de Ia dinâmica de Ia vegetación después de Ia apertura dei Bosque Húmedo Tropical.

luego de Ia apertura del bosque. Partiendodel bosque original, luego de Ia tala (T) yquema (Q) del bosque, el productor siembranormalmente cultivos (1 ó 2 cosechas) comoarroz de secano o maíz, Ia invasión de male-zas rápidamente incrementa en un sistema decultivos anuales. Si no se hace nada el áreavuelve, aumentando su biomasa, a un bosquesecundario, que eventualmente regenera elbosque primario, a menos que luego de 10 ó15 anos sea nuevamente abierto para cultivosen el sistema de agricultura migratoria.

Cuando el destino de Ia apertura delbosque es el establecimiento de pasturas, yasea con Ias cosechas o después de ellas, elárea es sembrada con especies forrajeras dis-ponibles (G). Normalmente, el establecimi-ento es exitoso; se inicia el pastoreo (P) y de-pendiendo de Ias condiciones de fertilidaddel suelo (S), tolerancia de Ia pastúra a facto-res bióticos (B) y Ia calidad del manejo (M),Ia pastura puede efectivamente ir aumentan-do su productividad y estabilizarse a un nivelque económicamente sea rentable y ecológi-

camente justificable; contrariamente puederápidamente, iniciar el proceso de degrada-ción tan común con Ia tecnología hoy dis-ponible. Este proceso de degradación incluyeIa invasión de malezas y eventualmente Iaformación de áreas de "Purma" o "Capoei-ra", Ias que lentamente vuelven al bosque se-cundario. Si Ia presión de pastoreo continúay el productor ejecuta efectivos controles demaleza (T) y quemas (Q), Ia pastura se degra-da aún más en términos de biomasa, llegandoa 10que llamamos en este modelo "pastura na-tiva degradada". Este nivel de degradaciónpuede ocurrir también directamente, sin pa-sar por Ia siembra de pasturas, cuando luegode cultivos el productor inicia el pastoreoacompafíado de un efectivo control de male-zas y quemas.

La Tabla 2, en base a observaciones pre-liminares de Ias comunidades de vegetaciónen pasturas nativas degradadas, en diferentescondiciones climáticas, muestra que en áreascon menor precipitación y principalmenteperíodos más largos de época seca, Ia comu-

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TABLA 2. Comunidades de vegetación nativas en pasturas degradadas en relación a factores precipitación.

Localidad Precipitaci6n ComunidadDuraci6nsequía

Paragominas, Pará, BrasilItabela, Bahía, BrasilTarapoto, San Martln, Perú

Leticia, Amazonas, ColombiaYurimaguas, Loreto, PerúPucallpa, Ucavali. Perú

(rnrn)1.7741.5001.158

2.8002.3761.770

(meses)6.56.06.01.02.03.5

Imperara sppImperara sppImperara spp

Homolepis aturensisHomolepis eturensisHomolepis arurensis

Fuente: Hancock et aI. (1978).

CONDICIONES SUBHUM EDAS Bosque CONDICIONES HUMEDAS

I *I "Copoeira" Ó "Purma" IAlio

PASTU RA SEMBR A DA <l- I--

Cj/p-, ....:-

T'Ca muni dad: -,~ Comunidad:Axonoplls compresas Aronopus comoresesPaspotum conjugo/um Ponicum /orumPospo/um n%/um Pospo/um conjugo/um

~

rQ c I--ppI--'" I'-'"t> R- P'':'"

Comunidad: Comunidad:/mperolo spp. Homo/epis o/urensis !<J t--

P/eridium spp. Pleridium spp. Boj

Época seco largo (> 4.5 meses) Época seco corto « 3.5 meses)

> 3UA/hoCAPACIDAD

DE

CARGA

0< 0.5 UA/ho

P : Postoreo; pp: Sobrepostoreo; T: Tolo; y/o Control de molezas; Q: Quemo; R: Rodioción solar.

FIG. 3. Modelo de Ia dinámica de comunidades de plantas en el proceso de degradación de pasturas ensuelos pobres bajo dos ambientes climáticos en Ia Amazonía.

nidad vegetal en el último estado de degrada-ción es dominada por Ia gramínea Imperataspp. Cuando el clima tiene períodos secosmás cortos « 3.5 meses), Ia comunidad degramíneas es dominada por Homolepsis atu-rensis.

La Fig. 3 expande eí modelo (Fig. 2) en10 referente a Ia degradación de Ias pasturassembradas. EI proceso de degradación se ini-cia con el pastoreo del área sembrada con es-

pecies comerciales que no tienen Ia adapta-bilidad y agresividad suficientes. La invasiónde malezas se inicia y si no es controlada, do-mina el área convirtiéndola en "Purrna o Ca-poeira". Si el control de malezas (T) es efec-tivo y el pastoreo continua, con el tiempo, elárea es invadida por Ia comunidad de gramí-neas nativas dominada por Axonopus com-presus x Paspalum conjugatum. En los climascon sequías más larga, el Paspalum notatum

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es también dominante, y en climas con pe-ríodos secos cortos y drenaje menor, el Pani-cum laxum se constituye en una especie im-portante en Ia comunidad.

En climas con períodos largos de sequía,si el área bajo pastoreo, mediante quemas(Q) periódicas es mantenida libre de malezas,Ia comunidad vegetal es dominada por Impe-rata spp. y Pteridium spp. Si el clima es deperíodos secos cortos y mayor humedad, elsobrepastoreo y control de malezas resultanen dominancia de Homolepsis aturensis yPteridium spp. Debe mencionarse tambiénque Ias especies dominantes en el últimoestado de degradación de Ia pastura (Impera-ta spp., Homolepsis aturensis y. Pteridiumspp.) son de muy baja palatabilidad y prefie-ren áreas abiertas (sin cobertura) con mayorradiación solar que Ia comunidad intermediade 'Axonopus spp. y Paspalum spp.

El entendimiento completo de este pro-ceso de degradación aún requiere de muchainvestigación sobre Ia ecología de pasturas ensu relación con el bosque. Sin embargo, estosmodelos tentatiyos basados en observacionespreliminares pueden servir como .referencíapara identificación de limitantes que afectanIa estabilidad de Ias pasturas en el ecosiste-ma y definir estrategias de investigación parasu solución.

ESTRATEGIAS DE INVESTIGACIÓN

Ante el panorama generalizado de degra-dación de pasturas en áreas de bosques tropi-cales húmedos, necesitamos pasturas no sólocapaces de mantener una productividad esta-ble, sino también capaces de establecerse enáreas ya degradadas. Igualmente, hacen faltapasturas para explotación integradas conplan taci ones.

Adaptación

En Ia Fig. 2 Ia fertilidad natural dei sue-10, Ia incidencia de plagas y enfermedades yel manejo, son reconocidas como los 3 facto-res claves y definitivos de Ia estabilidad ó de-gradación de Ia pastura.

Sabemos que los suel os dominantes deIa Amazonía son Oxisoles y Ultisoles (FAO1971 Y 1972) extremadamente ácidos y debaja fertilidad. Por 10 que Ia tolerancia asuelos ácidos y con altos porcentajes de satu-

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ración de alumínio es caracter esencial parael germoplasma de pasturas en esa zona. EIaluminio afecta negativamente el desarrolloradicular en plantas no adaptadas, impidien-do Ia eficiente utilización de los escasos nu-trimentos en estos suelos; siendo el desarrol-10 de un sistema radicular extenso y eficientefundamental para una actividad de recicJajerazonable. Luego de Ia tala y quema de bos-que, el suelo está temporalmente modificadodebido a Ia incorporación de los nutrientes ycenizas de Ia biomasa del bosque no volati-lizados por Ia quema, bajo estas condícíónesaún el germoplasma no adaptado a Ia alta sa-turación de Al y acidez es capaz de estable-cerse exitosamente. EI problema ocurre des-pués, cuando el nivel de Nitrogeno (N) yFósforo (P) decrecen y el área comienza aquedar descubierta y expuesta a Ia erosión yIa lixiviación que agraba los problemas deacidez e incrementa los niveles de saturaciónde Aluminio (Al).

Por suerte, obtener materiales con tole-rancia a Ia acidez y altos niveles de satura-ción de Al, es relativamente fácil. Es más, es-pecies como Hyparrhenia rufa, Panicum ma-ximum tienen tolerancia a estos factores li-rnitantes, sin embargo sus mayores requeri-mientos por nutrimentos los hacen pocoadaptados.

EI otro factor de adaptación a Ia fertilí-dad dei suei o es el requerimiento de nutri-mentos como P, Potasio (K), Calcio (Ca),Magnesio (Mg), Azufre (S). La Tabla 3 rnues-tra diferencias en requerimientos nutriciona-les en el tejido de varias gramíneas y legumi-nosas forrajeras tropicales. Las especies del.género Brachiaria spp. tienen en general re-querimientos de P, K y Ca menores que P.maximum e R rufa. Entre Ias gramíneaserectas, el A. gayanus es similar en requeri-miemos de P que los Brachiaria spp., tenien-do requerimientos de Ca y Mg inclusive me-nores que éstos. Entre Ias leguminosas S. hu-milis requiere 2 veces los niveles de P y Caque los otros Stylos considerados; por otrolado, Zornia latifolta y Desmodium ovalifo-/ium ~laramente requieren menos P que losmatenales de Centrosema spp. y Puerariaphaseoloides considerados.

Menores requerimientos de nutrientes esuna característica esencial para pasturas ensuelos pobres,pues Ia industria ganadera es-pecialmente en áreas de fronteras, dificilmen-

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28TABLA 3. Re9uerimientos nutricionales de P, K. Ca. Mg. y S.en el tejido de algunas gramrneas y legumino·

sas forrajeras tropicales.

Especies SP K Ca Mg

Gramrneas

ErectasPanicum maximumHyparrhenia rufaAndropogon gayanus

Decumbentes8rachiaria brizantha8rachiaria dictyoneura8rachiaria decumbens8rachiaria humidicola

Leguminosas

Stylos:Stylosanthes humilisStvlosenthes guianensisStylosanthes capitataStylosanthes macrocephala

De cobertura:PuerariaphaseoloidesCentrosemapubescensCentrosemamecrocerpumZornia latifoliaDesmodium ovalifolium

0.17 1.15 0.60 0.20 0.150.16 1.06 0.34 0.22 0.140.10 0.95 0.23 0.13 0.13

0.09 0.82 0.37 0.24 0.120.13 0.98 0.25 0.22 0.120.08 0.83 0.37 0.21 0.120.08 0.74 0.22 0.16 0.11

0.27 0.60 2.00 0.25 0.140.16 0.82 0.85 0.30 0.140.12 1.13 0.97 0.22 0.120.10 0.93 0.78 0.20 0.14

0.22 1.22 1.04 0.20 0.170.18 1.40 0.98 0.24 0.160.16 1.24 0.72 0.22 0.160.12 1.16 0.82 0.20 0.140.10 1.03 0.74 0.21 0.12

Fuente: Programa Pastos Tropicales (1980-83).Salinas & Gualdrón (1984).

te pagará niveles de fertilización altos para elmantenimiento de pasturas. Es probable quebajo condiciones específicas en tiempo, de-bido a situaciones del mercado o decisionesestatales de subsidio, Ia fertilización podríaser económica; sin embargo, estas condicio-nes son fluctuantes y ai trabajar con pastu-ras, tenemos que visualizar los requerirnien-tos de fertilización no como 10 haríamos pa-ra cultivos cortos, sino con una concepciónmás permanente y de largo plazo. ias plan-tas ideales para nuestro problema deben sercapaces de sostener una productividad acep-table sin fertilización, ai mismo tiempo sien-do eficiente en aprovechar Ia mayor fertili-dad temporal del suelo, ya sea debida a Ia ta-la y quema de biomasa previa o fertilización.

Los mecanismos de adaptación de plan-tas a suelos de baja fertilidad pueden sermúltiples: (1) menores requerirnientos inter-nos; (2) sistemas radiculares profusos y ex-tensos; (3) mecanismos de aprovecharnientode nutrientes del suelo propios a nivel de

membrana en Ias células de Ia raíz; (4) asso-ciaciones simbióticas con microorganismosdei suelo como Micorrizae, Rhyzobium, etc.;(5) mecanismos de conservación de nutrien-tes en el suelo y el sistema en general; (6) dis-rninución de productividad de Materia Seca(MS) y calidad. En Ia misma forma que elsorgo puede crecer con una disponibilidad deagua que sería de extrema limitación (defi-cit) para un cultivo como arroz o maíz, nosinteresan, plantas que sean capaces de pro-ducir más y ser competitivas en un suelo debaja fertilidad.

ia adaptación o tolerancia a factoresbióticos, hasta ahora resulta ser el problemamás dificil de solucionar, especialmente enel caso de Brachiaria decumbens o Brachia-ria humidicola, materiales de gran adapta-ción a Ias condiciones limitantes de acidez,AI y fertilidad dei suelo; sin embargo, sus-ceptibles a Ia "Cigarrinha" o "Mion". No·tenemos aún solución a este problema aun-que debemos reconocer que hasta Ia fecha

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Produción media,o 12 semanas(kg MS/ha)

2.0 • S.g.136

1.8 .A.h.9690

1.6 .S.g.184

.c 1.4 • Z.1.728-õ S.c. 1097.o~ 1.2 a,:õ S. c. 1405. Rendimientoo- I I I I o 12 semanasQ. 1.5 Io I

(kg MS/ha)-a 1000 2000 I 3000oQI

0.8 O.g. 3001.,0.0. 350-aQI<..> I-a

0.6 0.h.349 P.p.9900 Ic:I, . •C.m. com~ • I0.4 C.p. 438 II• I0.2 C.p. común iI

0.0 II

a : Intercepto y b: pendiente de regresión lineal en~re rendimiento de 10entrado en estudio y el indice ambiental en cada localldad.

FIG. 4. Grado de adaptabilidad "b" y potencial de productividad "a" de leguminosas evaluadas por Ia RedInternacional de Evaluación de Pastos Tropicales en Trópico húmedo. Fuente: Toledo. et aI. (1983).

sólo hemos explorado en América tropicalun rango muy reducido de variabilidad engermoplasma. Será clave hacer los esfuerzosde colección para aumentar esta variabilidaden Ia base genética de este género tan impor-tante. Más, conociendo 10 económicamenteimpráctico deI control químico deI insecto yIas hasta hoy frustrantes experiencias concontrol biológico.

Pero no todo en cuanto a sanidad vege-tal es desfavorable el trópico húmedo. Exis-ten claras evidencias de que Ia antracnosis enStylosanthes spp. es de menor importanciaen Ias regiones de bosques tropicales húme-dos que en Ias regiones de sabanas tropicales.Las razas de Colletotrichum gloesporioides

aisladas son igualmente virulentas; sin embar-go, Ia diseminación de antracnosis es limita-da en los bosques por bacterias antagónicasque crecen en Ia superficie de Ias hojas, pro-pician infecciones latentes; ademas Ias pe-quenas fluctuaciones de temperatura diurnay nocturna, que no llegan a hacer suscepti-ble a Ias plantas (Programa de Pastos Tropi-cales 1982-83).

La Red Internacional de Evaluación dePastos Tropicales (RIEPT), un esfuerzocooperativo interinstitucional a nivel de cadapaís y entre países de América tropical, vie-ne desde 1979 evaluando nuevo gerrnoplas-ma por su adaptación a estos suelos (Oxíso-les y Ultisoles) y a factores bióticos de plagas

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y enfermedades. l..a Fig. 4 muestra los resul-tados del análisis multilocacional de los da-tos obtenidos del comportarniento de legu-minosas en 17 localidades de bosques enAmérica tropical (Toledo et al. 1983). En es-ta lista sólo se incluyeron materiales de Iaprimera generación de ensayos dentro de IaRIEPT, los Stylosanthes guianensis CIAT136, CIAT 184; Ia Zornia latifolia CIAT 728y el Aeschynomene histrix CIAT 9690, mos-traron una' productividad superior al prome-dio (a) y una buena capacidad de respuesta amejoras en el ambiente (b > 1). De esta pri-mera ronda de ensayos resultan también pro-misorios Desmodium ovalifolium con unaproductividad promedio (a) y una mayor es-tabilidad de producción (b < 1) a través delos diferentes ambientes de cada localidad.El Stylosanthes capitata CIAT 1097, duranteIa época seca fue superior al promedio (a),mostrando tanto en época lluviosa como se-ca una buena capacidad de respuesta a condi-ciones mejores del ambiente (b > 1). Estocontrasta con el pobre desempeno de otrosmateriales como Centrosema pubescens, az-lopogonium mucunoides y Pueraria phaseo-loides de uso tradicional en Ia región. Esto esdebido, principalmente a deficiencias nutri-cionales de estos materiales bajo Ias condi-ciones de suelos degradados donde se condu-jeron estos ensayos.

Además de esta información, nuevo ger-moplasma promisorio viene siendo evaluadopor Ia RIEPT en trópicos húmedos, entre Iaslegurninosas destacan accesiones de Centro-sema macrocarpum, Zornia glabra, Desmo-dium ovalifolium, Centrosema sp. y entre Iasgramíneas Andropogon gayanus, Brachiariabrizantha, Brachiaria dyctioneura. l..a mayo-da de estos materíales se estan movilizándo aevaluaciones bajo pastoreo en 10 que consti-tuye una nueva generación de gerrnoplasmaadaptado a condiciones deI suelo y bióticospara pasturas eu trópico húmedo.

Recuperación de pasturas degradadas

Considerando Ias grandes áreas de pastu-ras degradadas existentes en los trópicos hú-medos de América tropical, estratégicamenteIa prioridad debe ser puesta en el desarrollode técnicas de recuperación de Ia productivi-dad de estas áreas degradadas o en procesode degradación.

Contando con germoplasma adaptado,capaz de establecerse, producir y competiren suelos pobres y ácidos propios de Ias áreasdegradadas, Ias posibilidades de desarrollaruna tecnología de recuperación de pasturasdegradadas son mejores.

Debe reconocerse (Fig. 2 y 3) que Ia ac-ción de .recuperación de pasturas, puede ini-ciarse bajo en una muy amplia gama de con-diciones de Ia biomasa del área. Desde unapastura en proceso de degradación con pocasmalezas hasta áreas completamente degrada-das en pasturas nativa de poca palatabilidad,o en "Purma" o "Capoeira". En general, de-be mencionarse que cuanto mayor sea Ia bio-masa a destruir en el punto de partida delproceso de recuperación, Ias probabilidadesde éxito del establecimiento con pocos insu-mos, son mayores, pues Ia quema de una bio-masa mayor ("Purma" o "Capoeira") condu-cirá a una fertilidad inicial y condiciones fí-sicas del suelo muy buenas para el crecirnien-to de Ias pasturas. Sin embargo, cuando elpunto de partida es Homolepis aturensis oImperata spp., Ia biomasa a quemar es muypequena, requiriéndose de fertilización parafavorecer el establecimiento de Ias especiesintroducidas. En ambos casos, será clave eluso de cultivos cortos que paguen por Ia fer-tilización necesaria para garantizar el buenestablecimiento de pasturas.

Manejo de pasturas

Como se muestra en Ias Fig. 2 Y 3, elmanejo también es de terminante del destinoestable o degradación de Ia pastura sembra-da. Debe, sin embargo, reconocerse que elmanejo de Ia pastura será más complejo oirnposible cuando Ia pastura fue sembradacon materiales no adaptados. Por el contra-rio, si los componentes de Ia pastura son bá-sicamente adaptados a Ias condiciones delsuelo y tolerantes a plagas y enfermedades,Ia tendencia a Ia estabilidad de Ia pastura se-rã mayor, facilitándose el manejo de esta.Bajo esta última condición, el manejo tienecomo función optirnizar Ia utilización de Iapastura y no "salvar" Ia pastura como es elcaso con materiales no adaptados. El mane-jo debe estar dirigido a compatibilizar estabi-lidad de Ia pastura con rendimiento en tér-minos de producción animal y dinero en de-terminado momento.

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Las herramientas principales de manejoson: fertilización y manejo del pastoreo. De-be reconocerse que el nivel de extración denutrientes en producto animal por hectáreaes mínimo. Según Spain & Salinas (1984)una producción de carne de 400 kg de pesovivo/ha/ano extrae de Ia pastura menos de10 kg de N, menos de 6 kg de Ca, 3 kg de Py menos de 1 kg de K, Mg Y S/ha. La fertili-zación de mantenimiento dependerán prin-cipalmente de Ia capacidad de reciclaje denutrientes en Ia pastura y Ia cobertura conque Ia pastura es manejada. Los mismos au-tores, expressan que "parece paradógico, pe-ro Ias pérdidas de nutrientes de Ias pasturasalcanzan su rango mínimo cuando Ia produc-tividad está llegando a su máximo", ésto de-bido a que plantas vigorosas con sistemas ra-diculares extenso y con mejor y mayor co-bertura, reducen Ia erosión y mejoran Ia es-tructura del suelo aumentando Ia infiltraciónde agua y absorbiendo en forma eficienteelementos móviles como N y K susceptiblesde lixiviación.

El N es uno de los elementos claves en elreciclaje de pasturas; sin embargo, pasturascon fertilización nitrogenada resultan sóloeconómicamente rentables en sistemas deproducción de alta intensidad con animalesespecializados de leche. Dentro de los siste-mas de producción semi-intensivos y extensi-vos de carne y doble propósito predominan-tes en los trópicos húmedos, Ia opción defertilización con N resulta irreal y de pocasposibilidades de adopción por el productor.Consecuentemente, debe ser estrategia básicael uso en pasturas de leguminosas en simbio-sis con Rhyzobium, de tal forma que se ga-rantice Ia fijación de N en el sistema.

El balance de gramíneas y leguminosasen Ia pastura tiene efectos sobre Ia estabili-dad global de producción de Ia pastura, puesel N incorporado en el sistema a través de Ialeguminosa controla fuertemente el vigor deIa gramínea tanto en su parte aérea como ra-dicular. Igualmente el N de Ia leguminosaafecta Ia calidad de Ia gramínea y su directacontribución a Ia dieta del animal. Este ba-lance puede ser alterado por determinado ré-gimen de fertilización; pero también es muyfuertemente afectado por el sistema de pas-toreo, Ia otra herramienta de manejo clave.

El manejo del pastoreo sobre Ia base decambios en intensidad (carga o presión), y

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frecuencia y duración del pastoreo, puededefinir Ia proporción de gramínea vs. legumi-nosa. Dada Ia tendencia a mayor palatabili-dad de Ias gramíneas en relación a Ias legumi-nosas en epocas lluviosas, y Ias más elevadastasas de crecimiento de Ias gramíneas tropica-les (C4) vs. Ias leguminosas tropicales (C3);

los pastoreos con cargas altas y en formacontinua tenderían a favorecer a Ias legumi-nosas siempre que toleren el pisoteo y, porel contrario, cargas bajas rotacionales tiendea favorecer a Ias gramíneas.

Entre el rango de posibilidades de mane-jo de carga y sistema de pastoreo, debe en-contrarse para diferentes asociaciones el sis-tema que mantenga un buen balance gramí-nea/leguminosa y, optimice el reciclaje denutrientes. Spain & Salinas (l984) postulanque Ia superficie del suel o protegido es el si-tio donde Ias condiciones de humedad, tem-peratura, aireación y concentración de nu-trientes son más favorables para Ia mayoractividad macro-micro de Ia flora y fauna, in-cluyendo raíces de Ia pastura, lombrices, co-leópteros, termites, hormigas, micorrhizae,etc. En estos suelos pobres' con un subsuelomineral de alta capacidad de fijación de P ybaja capacidad de intercambio catiónico, elnivel de residuos (litter) en Ia pastura debeser mantenido a un nivel que asegure el reei-claje efectivo de nutrientes. El manejo delpastoreo, tanto carga como sistema de pasto-reo, afectan este depósito activo de nutrien-tes, produciendo diferentes situaciones en elbalance C/N que afectan Ia mineralización yactividad microbial en Ia superficie del suelo.

Pasturas en sistemas silvopastoriles

Las pasturas abiertas, bien manejadas yestables son capaces de reciclar nutrientesefectivamente, inclusive mejorando Ias con-diciones físicas y químicas del suelo (Bruce1965, Davidson 1978, Programa de PastosTropicales 1982). Con una tecnología basadaen germoplasma adaptado y buen manejopodrían recuperarse grandes áreas de pastu-ras degradadas, disminuyéndose Ia presión detala sobre el bosque primario y establecién-dose sistemas de producción pecuaria econó-mica y ecológicamente justificables. Debe sínembargo, tenerse en cuenta que otra impor-tante opción, es Ia de pasturas en integracióncon árboles. Para este fin, hace falta desarrol-

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Cobertura%

100

8fochiodo tleCtlmlJefls (.6.)

Azo/lopus compresus (o) 200

80

60

PO/licum mozilll/lm (.)

40

20

100 60 34 19

Parcentaje de luz total (%)

Rendimientorelativo(%)

o (100% luz)' 3,344 kg/ha/ano.• (100% luz)' 22,872 kg/h%no• (100% luz)' 21,262 kg/ho/ano

Azol/opus compresus (o)

100~L--- __ ~~-----------------

PomClN1lmozi/lltlm ( • )8fomado tlecumHl/s ( .• )

10e 60 34 19

Porcentoje de luz total (%)

FIG. 5. Efecto de diferentes niveles de sombra sobre el rendimento anual relativo y capacidad competitiva(cobertura) de 2 gramíneas cortadas con una frecuencia de 6 semanas.

lar pasturas capaces de tolerar Ia cornpeten-cia (luz, nutrientes y agua) de los árboles enplantaciones y producir forraje y carne o/yleche en forma complementaria y no compe-titiva con Ia producción de los árboles.

Estos sistemas silvopastoriles (árboles/pasturas), en los trópicos son utilizados enalgunas areas en el Sudeste de Asia y Sur deChina (Fig. 1). Estos ocurren predominante-mente en forma espontánea, como una adap-tación del productor para hacer un mejoruso de los recursos de tierra, disminuir Iasnecesidades de control de maleza bajo Iaplantación y satisfacer necesidades por carney leche de Ia comunidad. La mayoría de es-tas explotaciories silvopastoriles, utilizan Iavegetación nativa que crece bajo Ia planta-ción.

La investigación para el desarrollo detecnología de pasturas integradas con planta-ciones en el trópico es aún incipiente, sinembargo, existe información como para per-mitirnos visualizar parcialmente Ia problemá-tica del ensamblaje de pasturas con árboles(Guzmán 1975, Wong et aI. 1980, Wong etalo 1982, Wilson & Wong 1982, Peng & Ibra-him 1983, Chanchai Manidool 1984).

Existen diferencias amplias en cuanto atolerancia a sombreamiento como se muestraen Ia Fig. 5. Mientras Axonopus compresusun material propio de Ia comunidad vegetal

de especies nativas de los primeros estadosde Ia sucesión ecológica de bosques tropica-les, efectivamente requiere menos luminosi-dad para su máxima productividad; Brachia-ria decumbens y Panicum maximum sola-mente toleran niveles bajos de sornbreamíen-to. Debe notarse que Ia productividad delprimeiro a 100% de luminosad es 6.5 vecesmenor que Ia del B. decumbens y P. maxi-mum: Sin embargo, a 19% de luminosidadestas gramíneas solo producen entre 40 y50% más que el Axonopus compresus. Porotro lado, si aceptamos que Ia cobertura esun parámetro indicador de capacidad decompetencia y probabilidad de estabilidadde Ia pastura, en Ia misma Figura se muestraque mientras el Axonopus compresus incre-mente su agresividad y competencia con elaumento de Ia sombra, el B. decumbens y elPanicum maximum disminuyen drãstícamen-te su capacidad competitiva.

En un experimento de frecuencias decorte de gramíneas bajo sombreamiento depalma aceitera ("Dendê") Peng e Ibrahim(1983) encontraron que Ia defoliación fre-cuente favorecía al Axonopus compresus;cuando desfavorecía Ia productividad de B.decumbens y P. maximum. Con defoliacio-nes cada 8 semanas, Ia producción anual deA compresus fue similar (1201 kg MS/ha/

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afio) a Ia de B. decumbens (1197 kg MS/ha/afio) y superior a Ia de P. maximum 650 kgMS/ha/afio). Esto sugiere, que si bien espe-cies como A compresus tolerantes a Ia som-bra tienen una aparente productividad me-nor, efectivamente son capaces de producirigual o más, especialmente cuando son inten-sivamente utilizadas.

Otro fator a considerar es el efecto de Iapastura y el pastoreo sobre Ia productividadde los árboles en Ia plantación. Guzmán(1975) informa sobre trabajos en Ceylan ba-jo plantaciones de cocoteros. E uno de ellosse evaluó el efecto sobre Ia producción anualde cocos/ha de Ia siembra de Brachiaria bri-zantha sin pastoreo y con pastoreo a cargasaltas y bajas vs. un control de malezas sin pas-toreo. La gramínea sin pastoreo y fertiliza-ción baja (50-20- 75) redujo Ia producción decocos en 49%, con carga baja, y fertilizaciónbaja redujo Ia producción de cocos sólo enun 10% Y con carga alta y fertilizaciónrnayor (100-40-150) Ia producción de cocosfue elevada en un 20%.

Entrar en el tema de pastura bajo plan-taciones implica drásticos cambios de menta-lidad en cuanto a nuestro prototipo de pas-tura abierta. La selección de germoplasmabajo plantaciones será necesaria, pues el con-junto de germoplasma adaptado para pastu-ras abiertas, no necesariamente será exitosobajo sombra. Debemos preguntarnos: exis-te variabilidad en especies como el Axono-pus compresus? qué otras gramíneas y legu-rninosas tienen potencial para pasturas sil-vopastoriles? cuán importantes son los efec-tos competitivos de Ia pastura con los árbo-les en Ia plantación? en qué medida esta-mos dispuestos a aceptar productividadesmenores de carne o leche por hectárea en es-te tipo de pasturas? Este es un tema relativa-mente nuevo que necesita de investigaciónbien enfocada.

Sistemas de producción

En todo programa de desarrollo de tec-nología Ias evaluaciones deI marco de refe-rencia en cuanto a sistemas de producción,10 mismo que Ia exposición de Ia tecnologíaque se venga generando en campos de pro-ductores, deben ser partes integrales de losplanes de investigación, transferencia y pro-moción. Muchos autores tratan este tema y

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Ia intención de tocarIo ahora, es llamar Iaatención de que en América tropical Ia ex-plotacíón de los bosques tropicales húmedos,ocurre solo en menos de un 5% deI ecosiste-ma y que los sistemas específicamente de ga-nadería sobre pasturas, están en constantedesequilibrio y fallando en su cometidosocial, ecológico y econórnico. Bajo estascircunstancias será no sólo importantereconocer los problemas (muchos) deiproductor y tratar de solucionarIos dentrode su área y nivel de intensidad actual deI sis-tema, además, muy importante será el uso deIa inventiva y alta ciencia para mediante ín-vestigación abocarse al díseão e implementa-ción de sistemas de producción innovadores,que en el media sean de mayor beneficio conpoco riesgo econórnico, social y ecológico.Con Ia tecnologia hoy disponible ai produc-tor, dada Ia problemática de degradación co-mún a Ias pasturas sobre suelos ácidos y po-bres de los trópicos húmedos, parece no ha-ber lugar para sistemas de producción queutilicen pasturas extensivamente. EI futurode pasturas en el ecosistema está en Ia inten-sificación deI uso de Ia tierra y recursoscomo animales y mano de obra, sobre Ia basede una tecnología basada en componentesadaptados.

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o PAPEL DA FAUNA NATIVA NO DESENVOLVIMENTODA AGROPECUARIA NA AMAZONIA

WilliamE. Magnusson! e Jorge S. Marianoê

RESUMO - O manejo de vida selvagem pode ser efetuado em vários níveis: O primeiro, acaça direta, custa pouco para implantar e traz benefícios para os pobres do interior e paraconservação. O segundo nível, manejo extensivo, em fazendas já existentes, custa mais paraimplantar e pode trazer benefícios para empresas de médio e grande porte, em alguns casospoderia ajudar na conservação de outras espécies não comerciais da fauna e na conservaçãodo solo. O terceiro nível, domesticação total, traz benefícios principalmente para as grandesempresas particulares que podem investir em projetos com retomo a longo prazo. Esse últi-mo nível é quase irrelevante para conservação. O maior impedimento para implantação deprojetos racionais e, sustentáveis de exploração da fauna no Brasil é a falta de profissionaisformados em manejo de vida selvagem. Cursos de Biologia, Ecologia, Zootecnia e Veteriná-ria não ensinam as técnicas necessárias. O treinamento de brasileiros em institutos especiali-zados no exterior e a implantação de cursos de manejo selvagem em universidades brasileirasseriam dois valiosos investimentos para o futuro.Termos para indexação: Região amazônica, fauna, desenvolvimento agropecuário.

THE ROLE OF NATIVE FAUNA IN DEVELOPMENTOF RANCHING IN AMAZONIA

ABSTRACT - Wildlife management can be carried out on various levels. The first involvesdirect hunting, which costs little to implant, benefits rural poor and can contribute toconservation. The second levei involves extensive management in already existing ranches, ismore expensive to implant, can benefit medium to large companies, and in some casescancontribute to conservation of other non-commercial animal speciesaswell as to sail conser-vation. The third levei, total domestication, especially benefits large companies that caninvest in long-term projects. This last levei is practically irrelevant as far as conservation isconcerned. The major obstacle to implantation of rational, sustainable projects directedtoward wildlife use in Brazil is the lack of professionals trained in Wildlife Management.University progralns in biology, ecology, and veterinary medicine do not teach the neces-sary techniques. Training of Brazilians at specialized institutions abroad and establishmentof wildlife programs at national universities would constitute two worth-while investmentsin the future.

Index terms: Amazon region, fauna, ranching development.

INTRODUÇÃO condições climáticas. Os conservacionistasacham que a produção de animais em cativei-ro poderia tirar a pressão exercida nas popu-lações silvestres e os cientistas sociais e polí-ticos vêem a fauna como uma fonte de rendapara as pessoas de baixa renda no interior.Infelizmente, não é reconhecido Que um

Nos últimos anos surgiu muito interessesobre a utilização da fauna amazônica. Ospesquisadores ligados à agropecuária conside-ram que a fauna, por ter evoluído na regiãotropical, pode ser a melhor já adaptada às

Eng. _ Agr., Ph.D., Instituto Nacional de Pesquisasda AmazOnia, Caixa Postal 478, CEP 69000 Manaus,

AM.2 Eng.. Agr., M.Sc., Instituto Nacional de Pesquisasda Amazônia.

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mesmo tipo de manejo não alcançará osobjetivos esperados pelos agropecuaristas econservacionistas. Procurou-se aqui descre-ver os tipos de manejo e os segmentos sociaispor eles beneficiados.

As vantagens de animais silvestres para aagropecuária são:

1. Os animais são auto-suficientes. Mui-tas vezes não é necessário um investimentogrande de capital (Ojasti, 1972). Se os preçosno mercado diminuem, o produtor não teráprejuízo se não vender. Essa vantagem dimi-nui em proporção o grau de domesticação deanimais.

2. As espécies silvestres muitas vezesusam recursos não explorados pelas espéciesdomésticas e por isto, permitem uma maiorprodução por hectare (Ex: Lemer & Donald1964-69).

3. A exploração de espécies nativas dáincentivo para o agricultor deixar áreas comvegetação nativa, ajudando na conservaçãode outras espécies selvagens e, em algunscasos, favorecendo a conservação do solo.

Os problemas com a utilização da faunasão:

1. Os métodos de manejo e manuseiodos animais e tratamentos de produtos sãobastante diferentes dos métodos empregadospara animais domésticos. Os cursos de ciên-cias agrárias e veterinárias não têm nos seusprogramas disciplinas especializadas nessesassuntos.

2. É difícil controlar a qualidade dosprodutos e por isso os preços flutuarão.Também muitos produtos atualmente po-dem ter preços altos por serem escassos ouporque a venda é proibida. Uma extração deprodutos num sistema legal de exploraçãodiminuirá os preços.

3. Um mercado legal de produtos deespécies nativas poderia servir de coberturapara a venda de animais tirados de áreasprotegidas.

Atualmente, a exploração da fauna sil-vestre está sendo feita com muitas espéciesem países da Eurásia, América do Norte,África e Austrália, mas a exploração da vidaselvagem de maneira racional e sustentável épouco desenvolvida na América do Sul. Umaexceção notável é a capivara na Venezuela(Ojasti, 1973 a, b).

O manejo de espécies silvestres pode serfeito em três níveis:

1. Caça direta em áreas selvagens.2. Manejo extensivo em áreas seminatu-

rais, como por exemplo, fazendas de gado decorte.

3. Manejo intensivo em ambientes arti-ficiais.

Cada nível difere nos segmentos sociaisque serão beneficiados e também em valorconservacionista. O primeiro nível, caça dire-ta, tem a vantagem de requerer nada deinvestimento para a manutenção dos animais;o custo total está na captura, processamentoe transporte dos produtos. No momento, éesse o sistema comum na Amazônia, porémé ilegal e difere muito dos meios legais decaça de outros países, principalmente pelaausência do Governo no controle de merca-do.

O primeiro requerimento para um siste-ma de caça controlada é ter uma maneira deavaliação dos estoques. Não é necessáriosaber os números totais de animais que ocor-rem numa área, mas sim, ter um índice quemostrará qualquer diminuição ou aumentonas populações devido à caça ou outros fato-res. A contagem pode ser direta (cangurus,por Caughley & Grigg, 1981) ou de marcasdeixadas pelos animais (ninhos de crocodi-lianos, por Magnusson et alo 1978; rastros decarnívoros, por Roughton & Sweeney, 1979;fezes de veados, por Bailey & Putman, 1981).É possível também usar índices fornecidospela indústria e comércio, como por exem-plo o número de capturas por unidade deesforço, mas as estimativas de estoques quenão dependem de dados da própria caçadevem ser preferencialmente aplicados.

O segundo requerimento é um sistemade controle de mercado. Este controle podeser através de licenças, limitando o númerode animais caçados em cada área (cangurus,Sinclair 1977); a venda e exportação de peles(crocodilianos em Papua Nova Guiné, porBolton & Laufa 1981); ou uma combinaçãodos dois (crocodilianos nos E.U.A., porPalmisano et alo 1983).

A caça direta, controlada oficialmente,tem as seguintes vantagens:

1. Não permitir a superexploração dasespécies.

2. Prevenir a exportação de espéciesameaçadas junto com espécies comuns.

3. Direcionar lucro para o pequeno pro-dutor (caçador) e não para traficantes ou

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grandes empresas.4. A indústria e o comércio dariam in-

centivos para a manutenção de áreas naturais,em vez de destruí-Ias, para a agricultura.

Isso também ajudaria na conservação deoutras espécies silvestres não comerciais.

A maior desvantagem da caça direta éque exige pessoal treinado em manejo devida selvagem. A caça direta, sem controle,seria um desastre. Parece não existir profis-sionais graduados em técnicas de manejo devida selvagem em nenhum órgão brasileiroresponsável pela conservação ou exploraçãoda fauna. Segundo o Programa Setorial deRecursos Naturais e Meio Ambiente daSEPLAN/CNPq há uma "grande lacuna exis-tente na área de manejo em ambiente natu-ral . .. faz-se necessário melhor conhecer osrecursos da fauna continental existentes, afim de que se possa subsidiar a proteção eutilização racional deste recurso natural"(Conselho ... 1983).

O segundo nível de manejo, extensivoem áreas seminaturais, permite controle maiscircunscrito, fazenda por fazenda. A avalia-ção de estoques é importante mas, em geral,a contagem é mais fácil e muitas vezes podeser feita com ajuda do próprio fazendeiro.O papel do especialista em manejo de vidaselvagem seria o de definir os recursos neces-sários para a manutenção das populações deanimais nas fazendas e calcular os níveis deexploração através de análises da dinâmicadas populações (Caughley, 1977). Porém,a proximidade entre animais domésticos eselvagens não controlados, poderia levar aproblemas de doenças. A avaliação da saúdedos animais silvestres por médicos veteriná-rios é essencial para o controle de eventuaiszoonoses. A proporção da fazenda a ser utili-zada para a exploração da vida selvagem équestão para os economistas, sendo precisouma avaliação cuidadosa do mercado atual epotencial. Até agora, essa avaliação não foifeita para nenhuma espécie brasileira.

As vantagens do manejo extensivo emáreas seminaturais são:

1. O próprio fazendeiro teria incentivopara manter os estoques das espécies queestariam sendo exploradas.

2. O habitat mantido em condição semi-natural seria usado por espécies da vida selva-gem não comerciais e também ajudaria a evi-tar a erosão do solo.

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3. Os lucros das empresas agropecuáriasde médio e grande porte seriam aumentados.

As desvantagens do manejo extensivosão:

1. A possibilidade de eventuais zoonosesentre as espécies selvagens e domésticas.

2. A possibilidade do mercado de ani-mais dessas fazendas vir a servir de coberturapara a venda de animais tirados de parques ereservas.

3. O fato de que a implantação de mane-jo extensivo exige cooperação entre biólogosde vida selvagem, médicos veterinários, zo-otecnistas e economistas, os quais, normal-mente, pertencem a diferentes órgãos nãointegrados.

O terceiro nível de manejo, intensivo emambientes artificiais, corresponde à domesti-cação total da espécie: Esse sistema exige uminvestimento alto e normalmente só é apro-priado para animais de alto valor comercial,como por exemplo, criações de mata (Muste-Ia vison) e chinchila (Chinchillula sahamae).Análises econômicas indicam que a criaçãoem cativeiro de crocodilianos tem poucopotencial para melhorar a situação econômi-ca de países em desenvolvimen to (Magnusson1984). Outro aspecto interessante é que em1979 os preços da carne de animais selvagensem Manaus eram bastante menores que ospreços da carne bovina (Ayres & Best 1979).

É pouco provável que, a curto prazo, omelhoramento de espécies selvagens permitaa competição no mercado, com as espéciesjá domesticadas há centenas de anos. Porisso, o investimento nesse sentido é arriscadoe só deveria ser feito por empresas de grandeporte, que visem lucros a longo prazo.

A determinação do nível de manejo aser adotado deve depender dos objetivos edos especialistas disponíveis den tro da orga-nização (Tabela 1). Atualmente nenhumaorganização brasileira tem à disposição pes-soal treinado para a avaliação de estoques deanimais silvestres e, por isso, a caça diretaprovavelmente não é uma opção no momen-to. O manejo extensivo requer especialistasde diferentes áreas, indicando a necessidadede cooperação entre os vários órgãos gover-namentais. A domesticação envolve altoscustos e benefícios para um segmento restri-to da comunidade. Entretanto, pode contarcom a exístêncía de profissionais, no Brasil,ligados à criação intensiva de animais. No

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~o

TABELA 1. c.recter(ltlcas dOi n (veil de manejo de fa,"a.

N(vel de manejo Custo deimplantação

Especialistasrequeridos

Beneficiados Orgâ'osenvolvidos naimplantação do manejo

Caça direta baixo Bi61ogode vida selvagemEconomista

Pessoas de baixa rendado interior (caçadores)Natureza (conservação)

Empresas agropecuãriasde médio e grande porteNatureza (conservação)

Intensivo(domesticação)

alto ZootecnistaEconomistaMédico Veterinário

Empresas de grande porte

Govemos EstaduaisIBDFt

Cacex2

Governos EstaduaisIBDFEMBRAPA3

S.I.Fo4

Cacex

Govemos EstaduaisEMBRAPAs.r.r.Cacex

Extensivo(fazendas)

médio-alto Bi61ogode vida selvagemEconomistaZootecnistaMédico Veterinário

t

2

3

4

Instituto Brasileiro de Desenvolvimento FlorestalCarteira de Comércio ExteriorEmpresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaServiço de Inspeçllo Federal

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momento, esse nível é o que está sendoincentivado por alguns setores e é provávelque, a longo prazo, resulte em novas espéciesdomesticadas.

São vários os animais silvestres que po-dem ser explorados, mas pouco se conhecesobre seus potenciais na Amazônia. Das trezeespécies da Amazônia relatadas por Carvalho(1967) como sendo importantes para a pro-dução de couros, algumas como o jacaré-açu(Melanosuchus niger) e a ariranha (Pteronurabrasiliensis) estão muito reduzidas e, hoje emdia, formam uma pequena parte do tráficoclandestino (G. Rebêlo, com. pess.). Destaforma, são poucas as possibilidades de queessas espécies venham a ser exploradas a cur-to prazo. Outras, como o peixe- boi (Triche-chus sp.) são difíceis de serem observadasdevido aos seus hábitos crípticos, mas noúnico lago em que uma avaliação foi tentada,uma população de 500 até 1.000 indivíduosfoi encontrada (Best 1983). É importanteque métodos de levantamentos sejam desen-volvidos para as espécies crípticas.

As espécies com maiores potenciais paraexploração num futuro próximo são: jacare-tinga (Caiman crocodilus), veados (Mazanasp.), capivara (Hydrochoerus hydrochaeris),Caititu (Tayassu tajacu) e queixada (Tayassupecari). As -três últimas têm potencial paramanejo intensivo, mas é provável que a caçadireta ou manejo extensivo sejam as manei-ras mais racionais para a exploração dessasespécies. Na Amazônia, o manejo intensivodo caititu está sendo pesquisado por A.L.Francisco (IBDF) e o manejo extensivo dacapivara por J.S. Mariano (INPA) no Amazo-nas e por R.K.A. Souza e colaboradores(Faculdade de Ciências Agrárias do Pará).Outros órgãos estão experimentando a cria-ção de outros animais silvestres em pequenaescala, como por exemplo, quelônios. Faltauma boa definição da política de exploraçãoda vida selvagem e suas conseqüências, porórgãos do Governo. Cooperação entre mui-tos órgãos governamentais e treinamento depesquisadores no manejo de vida selvagem(atualmente, não existe no Brasil qualquercurso deste tipo) serão indispensáveis parauma exploração racional da vida selvagem.O manejo de vida selvagem é uma profissão

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antiga, que data da Idade Média, quando osreis da Europa matinham áreas especialmen-te para caça. No entanto, profissões ligadasao manejo de vida selvagem (wild manager,wildlife biologist) são praticamente desco-nhecidas no Brasil.

No momento, estão surgindo muitascontrovérsias nos E.U.A. sobre os prejuízoscausados pelas pessoas não especializadas,zoólogos, ecólogos, zootecnistas e médicosveterinários, que tentaram implantar manejode vida selvagem. Agora, a maioria dosórgãos governamentais dos E.U.A. exigecredenciamento de seu pessoal responsávelpara o manejo de vida selvagem. O credencia-mento normalmente envolve apresentação deevidências de terem sido feitos cursos espe-cializados e um certo número de anos deexperiência no manejo da fauna. A falta depesquisadores com experiência em ambientenatural não é um problema somente no Bra-sil, como destaca Mares (1982) para a Argen-tina e Lenke (1981) para a Colômbia.

Finalmente, se os setores brasileiros res-ponsáveis pela fauna tomarem-se sériossobre o manejo da fauna no futuro, é prová-vel que seja necessário contratar especialistasno exterior para implantar esses programas.O treinamento de pessoal brasileiro em insti-tuições especializadas em estudos de manejode vida selvagem que existem em muitasuniversidades do Canadá, E.U.A., Inglaterra,Europa e África do Sul, seria um valiosoinvestimento para o futuro.

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AVALIAÇÃO DA ADAPTAÇÃO DE LEGUMINOSASFORRAGEIRAS TROPICAIS NA AMAZONIA

ORIENTAL BRASILEIRA

Moacyr Bernardino Dias Filhol e Emanuel Adilson Souza Serrã02

RESUMO - A utilização de forrageiras adaptadas às condições ambientes do ecossistema defloresta tropical úmida é hoje a alternativa economicamente mais viável para a melhoria daprodutividade das pastagens cultivadas nestas áreas. Sessenta e cinco ecótipos de leguminosasforrageiras foram testadas e avaliadas na região de Paragominas, na Amazônia Oriental Brasi-leira, no período de 1981-1983, visando determinar a adaptação às condições locais de climae solo. Foram medidos a germinação inicial, o grau de adaptação ao ambiente, os danos cau-sados por pragas e doenças e a produção de matéria seca para os períodos de máxima e mí-nima pluviosidade. O gênero Centrosema mostrou o maior número de ecótipos promissores,tendo se destacado o C. macrocarpum CIAT 5065. Nos outros gêneros, os ecótipos de maiorpotencial foram Desmodium ovalifoliu;!J CIAT 350, D. canu,,! CIAT 3522, Sty/osanthesguianensis CIAT 184 e CIAT 136, Pueraria phaseoloides CIAT 9900 e Ca/opogonium mucu-noides comum. Ataques de antracnose não foram limitantes para S. spp. Em continuidadeaos resultados alcançados neste ensaio, é necessário que sejam obtidos dados de qualidadenutricional e comportamento sob pastejo dos ecótipos considerados promissores para torná-los aptos à utilização pelos produtores.Termos para indexação: Região amazônica, floresta tropical úmida, período seco, Centrose-ma spp., Stylosanthes spp., Desmodium spp., germinação, doenças, pragas, matéria seca.

EVALUATION OF THE ADAPTATION OF FORAGE LEGUMESTO THE EASTERN BRAZILIAN AMAZON

ABSTRACT - The use of forage plants adapted to the disturbed humid tropical forest eco-system is presently the most economically feasible alternative for the improvement of culti-vated pasture productivity in these areas. Sixty five ecotypes of forage legumes were testedand evaluated in the Paragominas region, in the eastern Brazilian Amazon, trom 1981 to1983, to determine their adaptation to the local conditions of soil and clirnate. The initial

germination, degree of envlronrnental adaptation, damage due to pests and diseases as well asary rnatter production for the maximal and minimal rainfall period were measured. Thegenus Centrosema showed the greatest number of viable ecotypes, C. macrocarpum CIAT5065 being the most promising one. For the other genera, the ecotypes with the greatest po-tential were Desmodium ova/ifo/ium CIAT 350, D. canum CIAT 3522, Stvlossntbes guia-nensís CIAT 184 and CIAT 136, Pueraria pheseoloides CIAT 9900 and common Ca/opo-gonium mucunoides. Antrhacnose attacks were not limiting to S. spp. Additional data of fo-rage quality and adaptation to grazing is needed to make the promising ecotypes feasible tobe used by the farmers.

No trópico úmido brasileiro, de um mo-do geral, as pastagens de gramíneas cultiva-das em terra firme apresentam baixa produti-

Index terms: Amazon region, humid tropical forest, dry season, Centrosema spp, Sty/osan-thes spp, Desmodium spp, germination, diseases, pests, dry matter yield.

INTRODUÇÃO vidade e baixo valor nutritivo, decorrentesem grande parte, da inadequada fertilidadedo solo, períodos de seca, além de proble-mas relacionados com pragas e doenças (DiasFilho 1983).

1 Eng. - Agr., EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém, PA.2 Eng. - Agr., Ph.D., EMBRAPA-CPATU.

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Fatores ambientais adversos, sejam bió-ticos (doenças e pragas), edáficos (baixa fer-tilidade, toxidez) ou climáticos (baixa preci-pitação pluviométrica) podem teoricamenteser controlados através de práticas de manejocomo uso de defensivos, fertilizantes, corre-tivos e irrigação. Entretanto, na prática, estasmedidas quando aplicadas à produção de for-ragem nos trópicos requerem custos que,com excessão do uso de baixa quantidade defertilizantes, são quase sempre economica-mente inviáveis (Spain 1982).

Em decorrência da situação econômicaatual, parece que a curto e médio prazo, amelhoria da produtividade das pastagensnestas áreas depende da identificação e usoem grande escala de gêneros, espécies e ecó-tipos de forragens, oriundos de ecossistemassemelhantes, que mostrem adaptação às con-dições locais de clima e solo, com tolerânciaou resistência às pragas e enfermidades pre-dominantes na área.

O município de Paragominas, no Estadodo Pará, é um importante centro da pecuáriade corte baseada em pastagens cultivadas emárea de floresta na Amazônia Oriental Brasi-leira. As limitações para um melhor desem-penho da pecuária local concentram-se prin-cipalmente no número insuficiente de espé-cies forrageiras que mostrem potencial deutilização para a área, apresentando tolerân-cia ao baixo nível de fósforo do solo e a pe-ríodos prolongados de seca (Dias Filho1982).

É indiscutível que a utilização de legu-minosas forrageiras adaptadas a estas condi-ções poderá se constituir em um importanteimpulso para a melhoria da qualidade e pro-dutividade destas pastagens (Serrão & Falesi1977; Dias Filho & Serrão 1982).

Neste estudo são apresentados resulta-dos obtidos em ensaio de avaliação da adap-tação de 65 ecótipos de leguminosas forra-geiras ao meio ambiente da região de Parago-minas, desenvolvido pelo Centro de PesquisaAgropecuária do Trópico Úmido - CPATUda EMBRAP A em colaboração com o Cen-tro Internacional de Agricultura Tropical -CIAT, no período de 1981 a 1983.

MATERIAL E MÉTODOSO ensaio foi conduzido no Campo Expe-

rimental do CPATU, próximo à cidade deParagorninas (47027'0, 2058'S), nordeste doestado do Pará, em um Latossolo (Oxissolo)

álico, textura muito argilosa, apresentandocaracterísticas físicas e químicas conforme aTabela 1. O clima é de transição de Arni paraAwi, da classificação de Kõppen, com umapluviosidade anual média de 1.774 mm, con-centrada em uma época definida do ano. Atemperatura média anual é de 26.90C, médiadas máximas 33,60C e média das mínimas21,90C, sendo 85% a umidade relativa mé-dia. A Fig. 1 mostra as variações mensais detemperatura e precipitação pluviométrica,características da região de Paragominas.

Os 65 ecótipos de leguminosas forrageí-ras testados estão relacionados nas Tabelas 2a 7.

Utilizou-se subparcelas de 1,8 m x 1,2m,em parcelas divididas, arranjadas em blocosao acaso com três repetições, sendo os gêne-ros as parcelas e os ecótipos as subparcelas.

Na semeadura, e um ano após, cada par-cela recebeu 50 kg de P20s/ha na forma desuperfosfato triplo.

A metodologia de avaliação dos ecótiposfoi adaptada de Toledo & Schultze-Kraft(1982).

Primeiramente foi avaliada a percenta-gem de germinação apresentada por ecótipo.Os valores foram obtidos tomando-se a per-centagem média das três repetições, 20 diasapós a semeadura. I

Iniciando-se com o estabelecimento damaioria dos ecótipos, foi dado um corte ge-ral de uniformização, o qual se repetia a cadaoito ou nove semanas durante o período ex-perimental.

O grau de adaptação de cada ecótipo emcomparação com os demais ecótipos do mes-mo gênero foi avaliado periodicamente (dozeou 16 semanas), atribuindo-se os seguintesconceitos: Excelente (E), Bom (B), Regular

400

LeQendo

-- Prectpitação0---0 Temperotura

300EE

~ 200.0uo

350~o

~~ 100.•.. 25::'E....

FIG. 1. Características climáticas da região de Pa-ragominas· PA.Fonte: Dias Filho & Serrão.

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TABE LA 1. Caracterlsticas flsicas e qu lmicas do solo da área experimental.

Basestrocáveis (meq/1oog solo)

Profundidade Areia Limo Argila pH M.a. P(em) --- -- (%)- - ---- (%) (ppm) Ca Mg K AI

0-20 3 34 63 5,9 2,69 1 4,40 0,96 0,11 0,0

20-40 4 13 83 5,3 1,49 0,6 2,00 0,50 0,12 0,2

TABELA 2. Avaliação da percentagem de germinação e da adaptação de ecótipos do gênero Centrosema.

Adaptação

Espécies/CI AT n~ Germinação 1981 1982 1983(%)

Set Jan Mai Set Dez Fev Abr Jun Set

C.mecrocerpum 5065 100 E E E E E E E E EC.pubescens 5189 100 E E E B E E B B RC. brasilianum 491 100 E E B B B B B B RC.pubescens 438 100 E E B B E B B E BC. brasilianum 494 100 E E B B B R R R RC.sp.5118 100 E E B R B R B B BC. brasilianum 5180 100 E E E E E B R M BC. brasilianum 5234 90 B E B B E B B E EC.pascuorum 5230 75 B E B M M E B M MC. sp. Ltaguaí Sinto 80 75 B E B B E E E B EC.pubescens 5112 100 E B B E B E E E EC. pubescens 5126 100 B B B B E B B B BC. schiedeanum 5066 100 B B B B B B B B BC.pascuorum 5171 60 R B B M M B B E RC. virginatum 474 100 B B R R R B R M M

1 Avaliada 20 dias ap6s a semeadura.E - Excelente; B - Bom; R - Regular; M - Mal.T ABE LA 3 Avaliação da percentagem de germinação e da adaptação de ecótipos do gênero Desmodium.

Adaptação

Espécies/CIAT n~ Germinação 1 1981 1982 1983(%)

Set Jan Mai Set Dez Fev Abr Jun Set

D. ovalifolium 350 25 E E E B B E E E BD. sp. 3490 60 E E E B B B B B RD. canum 3522 75 B E E E B B B B BD. beterophvltum 349 100 B E E R M B B B MD. cayanifolium 3306 40 E E R R M RD. ovalifolium 3673 20 B B E B B E E E RD. heterocsrpum 365 20 B B B R B E R R MD. heterophy/lum 3791 20 R B B R R B R B MD. heterophy/lum 3782 20 R B R R M B B R M1 Avaliada 20 dias ap6s a semeadura.E - Excelente; B - Bom; R - Regular; M -Mal.• Plantas mortas.(R), e Mal (M). Nesta avaliação, foram leva- ças).dos em conta critérios integrados de porte, Foram feitos também levantamentos pe-capacidade de rebrota, cobertura, vigor e riódicos de doenças e. danos por insetos parasaúde da planta (ataque de insetos e doen- cada ecótipo testado, de acordo com meto-

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46TABELA 4 Avaliação da percentagem de germinação e da adaptação de ecótipos do gênero Sty/osanthes.

Adaptação

Espécies/CIAT n? Germinação! 1981 1982 1983(%)

Set Jan Mai Set Dez Fev Abr Jun Set

S. guianensis 136 60 E E E B B B E E BS. guianensis 184 50 E E E B E E E E BS. guianensis 1175 50 B E E B E B E E RS. capitata 1097 20 B B E B B B B B BS. guianensis 1280 O B B E B E E E B RS. guianensis tardio 1283 O B B E B E B E B BS. hamata 147 50 B E B R R E B B BS. capitata 1078 O B B B R R B B B BS. macrocepha/a 1281 10 B B B R B B E B BS. capitata 1315 30 B B B R R B B B RS. capitata 1405 O B B B R R B B R RS. capitata 1019 O R B B R R B B B BS. capitata 2310 10 R B ·R R M B B R BS. scabra 1009 10 E R R R B R R M MS. scabra 1773 25 R R R R R R R M MS. viscosa 1790 O R R R R B B B B BS. /eiocarpa 1087 O M R B R R B B M R

I Avaliada 20 dias após a semeadura.E - Excelente; B - Bom; R - Reg!Jlar; M-Mal.

TABELA 5. Avaliaçio da percentagem de germinaçio e da adaptação de ecótipos do gênero Zornis.

Adaptação

Espécies/CIAT nl? Germinação! 1981 1982 1983(%)

Set Jan Mai Set Dez Fev Abr Jun Set

Z brasiliensis 94 72 O E E B R B B E R MZ brasiliensis 7485 O B B E R R B R B MZ /atifolia 728 O B B B B M E R B R

Z. sp. 935 O B B B B R B B R MZ /atifo/ia 9199 O B B B R M B E E R

Z sp. 9648 10 B B B R M R RZ. sp. 7041 O B B R R R R R M MZ sp. 7474 10 B B R R M B B R MZ. /atifolia 91 79 O R B B R R B R M MZ. sp. 9616 O R R R M M B R R MZ. sp. 7373 10 R B M R M R R R M

Z sp. 9616 10 M B M M M B R R MZ. sp. 9647 25 M B M M M B R M M

! Avaliada 20 dias após a semeadura.E - Excelente; B - Bom; R - Regular; M-Mal.• Plantas mortas.

dologia descrita por Lenné (1982) e Calde- trica foi medida antes dos cortes de unifor-rón (1982). mização respectivos, cortando-se e pesando-

A produção de matéria seca (MS) no pe- se 1 rn2 de cada parcela. Os dados de produ-ríodo de máxima (março de 1982) e mínima ção de MS dos ecótipos nos períodos chuvo-(novembro de 1982) precipitação pluviomé- sos e secos foram avaliados conforme mode-

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TABELA 6. Avaliação da percentagem de germinação e da adaptação de ecótipos do gênero Aeschynomene.

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Adaptação

Espécies/CIAT n~ Germinação! 1981 1982 1983(%)

Set Jan Mai Set Dez Fev Abr Jun Set.

A. histrix 9690 60 E E E B M R B R RA. histrix 9666 50 B E E R M M M M MA. paniculata 9665 70 B E B B B B M M MA. brasiliana 9681 60 B B B R M M RA. americana 9291 75 B B B R M R B B RA. molliculata 9291 25 R B B B B B R R M

! Avaliada 20 dias após a semeadura.E - Excelente; B - Bom; R - Regular; M-Mal.* Plantas mortas.

TABE LA 7. Avaliação da percentagem de germ inação eda adaptação de ecótipos do gênero Pueraria, Macrop·titium, Vigna e Calopogonium.

Adaptação

Espécies/CIAT n~ Germinação!(%)

1981

Set

1982 1983

Jan Mai Set Dez Fev Abr Jun Set

PuerariaPhaseoloides 9900 100 R B B B E E E E BMacroptiliumetropurpureum 4048 80 E E B B E E B B RVigna adenantha 4016 100 B R R R R M R M MCalopogoniummucunoides Comum 100 E E E M M B E E M

C. muconoides 9161 80 R B B R R B R B M

! Avaliada 20 dias após a semeadura.E - Excelente; B - Bom; R - Regular; M - Mal.

los apresentados por Peres & Saldiva (1982)e Johnson & Leone (1964), por meio de ummodelo hierárquico, no qual o fator princi-pal foi gênero e o subfator foram os ecótiposdentro de cada gênero, usando:

Yijk = X + Ai + Bj(i) + eijk, onde,A = gênero, B = ecótipo e Y = g MS/m2.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Germinação

A precocidade de germinação, isto é, aausência de dormência pode ser encarada deduas maneiras distintas no ambiente de pas-tagens cultivadas do trópico úmido brasilei-

ro. É um fator essencial para que a plantapossa o mais rápido possível apresentar con-dições para competir satisfatoriamente, porluz e nutrientes, com as outras forrageiras ouplantas invasoras em estabelecimento ou jáestabelecidas no sistema. Entretanto, umadormência relativa pode ser fator favorável,evitando a germinação de toda a populaçãode sementes no início da estação chuvosa,quando condições de seca (veranico) podemretomar, após as primeiras chuvas, com sé-rios prejuízos às plântulas em estabelecimen-to.

Levando-se em conta as possibilidadespostas anteriormente, considera-se que umapercentagem inicial de germinação, variandoentre 30% e 60%, seria considerada como

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ideal, desde que, com o decorrer ou reiníciodas condições favoráveis para germinaçãofosse efetivada a germinação do restante dapopulação de sementes.

Nas Tabelas 2 a 7 são apresentadas aspercentagens de germinação dos vários ecó-tjpos testados, 20 dias após a semeadura.Observa-se que a condição ideal proposta de30% a 60% de germinação inicial foi maisevidente em alguns ecótipos dos gêneros Sty-losanthes e Aeschynomene e, em menor es-cala, pelos do gênero Desmodium. O gêneroZornia e alguns ecótipos de Stylosanthesmostraram os mais baixos valores de germi-nação inicial (0% a 25%), ao contrário dosgêneros Centrosema e Calopogonium e osecótipos Pueraria phaseoloides CIAT 9900,Vigna adenantha CIAT 4016 e Macroptiliumatropurpureum CIAT 4048, com os mais al-tos valores de germinação inicial (70% a100%).

Nas condições em que foi instalado oensaio, os valores iniciais de germinação nãotiveram grande influência no estabelecimen-to dos ecótipos, já que a competição entreplantas era apenas intra-específica e nãoocorreram condições de veranico no períodode estabelecimento. Entre 30 e 40 dias apósa semeadura, todos os ecótipos já estavam sa-tisfatoriamente estabelecidos.

Pragas e doenças

Observou-se que os danos causados porinsetos limitaram o desempenho somente deum reduzido número de ecótipos. Centrose-ma virginatum CIAT 474, C pascuorumCIAT 5230 e C brasilianum CIAT 491 sofre-ram danos severos e graves por insetos da fa-mília Homoptera, caracterizados por desco-loração da lâmina foliar, com provável com-prometimento da eficácia fotossintética dafolha atacada. Alguns ecótipos de Zornia,Stylosanthes, além de Vigna adenanthaCIAT 4016, também sofreram danos que va-riaram de moderados a severos, com caracte-rísticas semelhantes às descritas para Centro-sema spp.

Os danos por insetos comedores de fo-lhagem (das famílias Coleoptera, Orthopterae Lepidoptera), embora bastante intensos,como no gênero Centrosema, não se consti-tuiram em grande limitação, já que foramfreqüentes somente em curtos períodos de

tempo. Em alguns gêneros, como Desmo-dium e Stylosanthes, este tipo de dano foipouco comum. Danos por trips e ácaros nãoforam relevantes nos gêneros estudados.

Com relação às doenças, os gêneros Des-modium e Calopogonium, assim como o ecó-tipo de Pueraria, apresentaram os menoresíndices de danos.

Em Centrosema spp. a incidência deRhizoctonia solani foi generalizada em qua-se todos os ecótipos, não tendo sido detecta-da em C pubescens CIAT 5189, C pascuo-rum CIAT 5230 e somente em níveis muitopequenos em C macrocarpum CIAT 3056 eC sp. Itaguaí Sinto 80. Esta característica éde extrema importância para o potencial des-tes ecótipos, visto ser esta enfermidade limí-tante para Centrosema spp. na área estudada(Dias Filho & Serrão 1982, 1983).

Em Zornia, a ocorrência de danos causa-dos por Sphaceloma zomiae nos ecótiposCIAT 9179, CIAT 7475, CIAT 7041 e CIAT935 condicionam o baixo potencial de adap-tação dos mesmos.

A morte descendente causada por Cylin-droc/adium sp. foi limitante para o gêneroAeschynomene, tendo inclusive causado amorte do ecótipo CIAr 9681. Ataques deantracnose (Colletotrichum sp.) também in-fluenciaram negativamente no desempenhodeste gênero.

A influência de antracnose, embora sejareconhecidamente limitante para Stylosan-thes spp. (Lenné et aI. 1983), nas condiçõesambientes de Paragominas não assume asmesmas proporções de dano (Dias Filho &Serrão 1982). Foi observado que somente S.scraba CIAT 1009 mostrou maior suscetibili-dade a esta doença. Segundo Lenné (1983),em ensaios desenvolvidos em vários locais deecossistema de floresta, a antracnose nãotem se mostrado um problema importanteem Stylosanthes spp., principalmente quan-do em comparação com os ecossistemas desavana bem drenada.

Outras doenças apresentadas por Stylo-santhes, como as causadas por R. solani eSclerotium rolfsii foram de importância ape-nas secundária.

Adaptação e produção de matéria seca

Centrosema spp.

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TABELA 8. Produção de forrageml (matéria seca) de ecótipos do gênero Centroseme.

EspéciesMatéria seca (g/m2)

Máxima precipitação Mínima precipitação

C. macrocarpum 5065C. pascuorum 5230C. pubescens 5189C. pubescens 5112C. brasilianum 5180C. sp, Itaguaf Sinto 80C. sp, 5118C. pubescens 438C. brasilianum 5234C. pascuorum 5171C. brasilianum 491C. schiedeanum 5066C. pubescens 5126C. brasilianum 494C. virginatum 474

372,Oa222,Oab208,Oab.1.94,3ab109,3ab186,3ab181,Oab152,3ab150,3ab143,3ab135,7ab134,7ab133,Oab114,7b73,Ob

98,Oa

52,7ab68,3ab

101,3a83,Oab35,5ab47,7ab

101,3a

80,Oab44,7ab53,Oab95,Oab20,5b

Produção de uma avaliação no período de máxima precipitação (marÇo/82) e no de mínima precipitação(novembro/82).Valores seguidos verticalmente por letras diferentes têm diferença significativa (P .;;;0,05) segundo Tukey.

TABELA 9. Produção de forrageml (matéria seca) de ecótipos do gênero Desmodium.

Espécies/CIAT nl?Matéria seca (gIm 2)

Mínima precipitaçãoMáxima precipitação

D. cayanifolium 3306D. sp, 3490D. ovalifolium 350D. canum 3522D. ovalifolium 3673D. heterophy/lum 349D. heterocarpum 365D. heteropbvltum 3782D. heterophy/lum 3791

260,Oa243,3ab205,Oab173,3ab104,Oab99,Oab82,3ab59,3ab44,Ob

25,5a45,Oa44,7a75,Oa

22,Oa

Produção de uma avaliação no período de máxima precipitação (marÇo/82) e no de mínima precipitação(novembro/82) .Valores seguidos verticalmente por letras diferentes têm diferença significativa (P .;;;0,05) segundo Tukey.

Em sua grande maioria, os ecótipos ava-liados apresentaram adaptação satisfatória(Tabela 2). C macrocarpum CIAT 5065 des-tacou-se com adaptação considerada exce-len te durante todo o período experimental.Os rendimentos de forragem seca (Tabela 8),nos períodos de máxima e mínima pluviosi-dade, foram os mais altos dentro do gênero.Porém, este ecótipo apresentou baixa produ-ção de sementes.

Outros ecótipos com alto potencial paraa área foram C. pubescens CIAT 5112, C sp.Itaguaí Sinto 80, C brasilianum CIAT 5234 eC pubescens CIAT 438, todos com rendi-mentos de forragem seca semelhantes. Osecótipos CIAT 5189, CIAT 5126 e CIAT5066 também mostram algum potencial deadaptação.

Desmodium spp.

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TABELA 10. Produção de forrageml (matéria seca) de ecótipos do gênero Sty/osanthes.

Espácies/CIAT n<?Matéria seca (gIm 2)

Máxima precipitação Mínima precipitação

S. guianensis 1175S. scabra 1009S. guianensis 1280S. guianensis 136S. guianensis tardio 1283S. guianensis 184S. hamata 147S. capitata 1315S. capitata 1097S. macrocepha/a 1281S. capitata 1078S. capitata 1019S. viscosa 1790S. capitata 2310S. /eiocarpa 1087S. capitata 1405S. scabra 1773

515,Oa491,Oab470,3abc466,Oabc449,Oabc350,Oabc296,7abcde278,5abcdef271,7abcdef239,Obcdef168,Odef127,Odef126,Odef117,Oef116,7ef113,3ef36,7f

62,Oab48,Oab

138,Oa56,3ab

103,7ab115,7ab

70,5ab

64,Oab

56,Oab

33,Ob

Produção de uma avaliação, no período de máxima .precipitação (março/82) e no de mínima precipitação(novembro/82) .Valores seguidos verticalmente por letras diferentes têm diferença significativa (P .;; 0,05) segundo Tukey.

A Tabela 3 mostra que D. ovalifoliumCIAT 350 e D. canum CIAT 3522 destaca-ram-se entre os demais, com os melhores emais uniformes padrões de adaptação, alémde elevada produção de forragem seca (Tabe-la 9). Outro ecótípo promissor foi o CIAT3763, embora com queda de desempenho noperíodo seco de 1983. Observaram-se carac-terísticas semelhantes ao anterior em D. sp.CIAT 3490, porém com produção de forra-gem' seca superior, embora não significante(P ,;;;;0,05), durante o período de máximapluviosidade. Uma desvantagem deste ecó-tipo é sua baixa capacidade de rebrota.

Stylosanthes spp.

Para o gênero Sty/osanthes, os melhoresdesempenhos foram observados em S. guia-nensis CIAT 184 e CIAT 135 (Tabela 4),com características bastante favoráveis decobertura do solo, vigor, agressividade e pro-dução de matéria seca (Tabela 10).

Embora apresentando queda de desem-penho no período seco de 1983, S. guianen-sis CIAT 1280 e CIAT 1125 mostraram po-tencial de adaptação muito bom, além de ex-

celente produção de forragem. Outros ecóti-pos, como S. capitata CIAT 1097 e CIAT1078 e S. guianensis tardio CIAT 1283, tam-bém mostraram potencial satisfatório.

Zornia spp.

Todos os ecótipos testados apresenta-ram a característica de total queda de de-sempenho durante o período seco, não po-dendo assim serem considerados como opçãoviável para a alimentação animal nesta época.No entanto, demonstram ter um mecanismode sobrevivência ecologicamente adequado jáque tão logo iniciaram as primeiras chuvasmostraram recuperação satisfatória.

Os ecótipos de Zomia que apresentaramos melhores desempenhos foram CIAT 728,CIAT 9199, e em segundo plano Z. sp. CIA T935 e Z. brasiliensis CIAT 9472 e CIAT 7485(Tabela 5), todos com muito boa produçãode matéria seca no período de máxima preci-pitação (Tabela 11).

Aeschynomene spp.Embora- este gênero tenha mostrado ca-

racterísticas de adaptação satisfatória até o

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TABELA 11. Produção de forragem} (matéria seca) de ecótipos do gênero Zornia.

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Espécies/CIAT n'?Matéria seca (g/m2)

Mrnima precipitaçã02Máxima precipitação

Z. brasiliensis 9472Z. /atifolia 9199Z. /atifo/ia 9179Z. sp. 7475Z. /atifo/ia 728Z. brasiliensis 7485Z. sp. 9616Z. sp. 935Z. sp. 9648Z. sp. 9647Z. sp. 7373Z. sp. 7041Z. sp, 9644

289,3a272,3ab217,7ab200,Oab184,Oab177,Oab130,Oab124,7ab92,3ab88,7ab70,Oab49,Oab37,Ob

} Produção de uma avaliação, no período de máxima precipitação (março/82) e no de mínima precipitação(novembro/82) .

2 Não houve produção.Valores seguidos verticalmente por letras diferentes têm diferença significativa (P .;; 0,05) segundo Tukey.

TABELA 12. Produção de forragem} (matéria seca) de ecótipos do gênero Aeschynomene.

Espécies/CIAT n'?Matéria seca (gIm 2 )

Máxima precipitação Mínima precipitação

A. americana 9291A. panicu/ata 9665A. histrix 9690A. molicu/ata 3179A. histrix 9666A. brasi/iana 9681

824,3a662,3a657,Oab320,7bc308,7c117,Oc

42,Oa

39,7a

i Produção de uma avaliação, pen'odo de máxima precipitação (março/82) e no período de mínima precipi-tação Inovembro/êzl.Valores seguidos verticalmente por letras diferentes têm diferença significativa (P .;; 0,05) segundo Tukey.

primeiro ano, a partir do segundo ano deavaliação houve urna total mudança desta si-tuação, principalmente devido a incidênciade doenças. (Tabela 6). Os ecótipos de me-lhor potencial foram CIAT 9690 e 'CIA T929l.

O gênero Aeschynomene, assim como oZornia, mostrou baixo desempenho no pe-ríodo seco, condição refletida na produçãode forragem seca nesta época (Tabela 12).

Calopogonium sp., Pueraria sp., Macropti-lium sp. e Vigna sp.

C. mucunoides comum mostrou-se alta-mente superior a C. mucunoides CIA T 9161(Tabela 7) em vigor, agressividade e produ-ção de forragem (Tabela 13). Ambos os ecó-tipos apresentam total diminuição de rendi-mento forrageiro durante o período seco,mas com a chegada das primeiras chuvas, C.mucunoides comum se recupera rapidamen-te, ao contrário de CIAT 9161 que apresentaurna lenta recuperação.

P. phaseoloides CIAT 9900, pelo vigor,agressividade e cobertura do solo, além deprodução satisfatória de forragem, mostrou-

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TABELA 13. Produção de forragem! (matéria secal de ecótipos dos gêneros Pueraria, Macroptilium, I(igna eCalopogonium.

Espécies/CIAT n<?Matéria seca (gIm 21

Máxima preciplteção Mínima precipitaÇão

Pueraria phaseoloides 9900Macroptilium atropurpureum 4048Vigna adenantha 4016Calopogonium mucunoides (Comum)C. mucunoides 9161

204,373,345,3

206,7a85,Ob

57,556,0

Produção de uma avaliação, período de máxima precipitação (março/82) e no período de mínima precipi-tação (novembro/821.Valores seguidos verticalmente por letras diferentes têm diferença significativa (P .;; 0,051 segundo Tukey.

se promissora para as condições testadas.M. atropurpureum CIAT 4048, mostrou

desempenho satisfatório, porém foi muitoatacado por doença e insetos.

O único ecótipo de Vigna testado, CIAT4016, não mostrou viabilidade para a área(Tabela 7).

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇOES

Os ecótipos do gênero Centrosema apre-sentaram melhor desempenho durante a épo-ca seca, além de boas características gerais deadaptação. Entre outros, o ecótipo C. marco-carpum CIAT 5065 mostrou-se bastante viá-vel para as condições testadas, por seu vigor,boa capacidade de rebrota e produção deforragem, mesmo no período seco. No en-tanto, apresenta como limitação a baixa pro-dução de sementes.

Em vista disso, seria de grande interessea avaliação de outros ecótípos de C. macro-carpum com características semelhantes àsdo CIAT 5065, porém com superior produ-ção de sementes.

Em Desmodium foram viáveisD. ovali-folium CIAT 350 e D. canum CIAT 3522,tendo o primeiro menor tolerância a perío-dos prolongados de seca.

Uma desvantagem do gênero Stylosan-thes foi a sua capacidade de rebrota, umpouco lenta durante o período seco. Dentreos ecótipos testados destacaram-se S. guia-nensis CIAT 184 e CIAT 136. A ocorrênciade antracnose não foi limitante para este gê-nero.

A característica de anualidade apresenta-da pelos ecótipos promissores de Calopogo-

nium sp. e Zornia spp., embora seja um fatorde limitação para a alimentação animal, podeser extremamente favorável para a gramíneaassociada devido a liberação de nitrogênioapós a senescência, mediante a decomposi-ção das raízes e folhas mortas. O problemada alimentação animal neste período podede certa forma ser contornado associando-sea .estas leguminosas uma outra com caracte-rísticas de perenialidade.

Aeschynomene spp., embora com algunsecótipos promissores na fase inicial, foi bas-tante prejudicado por doenças, com o de-correr do tempo.

Pueraria phaseoloides CIAT 9900 mos-trou características semelhantes à P. phaseo-loides já utilizada em grande escala na área,uma espécie considerada como naturalizadano trópico úmido do Brasil.Não vemos, por-tanto, necessidade de continuar estudos noecótipo testado. Situação idêntica observou-se em C. mucunoides comum, que mostrouser semelhante à espécie nativa encontradana área.

A grande quantidade de informações ob-tidas através deste estudo terá pouco ou ne-nhum valor prático se, em seqüência aos re-sultados alcançados, não forem efetuadasavaliações posteriores. São necessárias infor-mações adicionais a respeito da qualidadenutricional e adaptação e pastejo dos ecóti-pos considerados promissores nesta primeirafase de avaliação. Após estas avaliaçõescom-plementares, seria imprescindível a articula-ção de um programa para tornar os ecótipospromissores, a curto prazo, disponíveis para

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utilização em grande escala a nível de produ-tor rural.

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VARIABILIDADE GENÉTICA EM FORRAGEIRASPARA A AMAZÔNIA BRASILEIRA

Lidio Coradin ' e José Francisco M. Valls2

RESUMO - A expansão da pecuária na Amazônia sobre áreas originalmente de floresta, in-centivada como solução alternativa para a baixa produção forrageira da região, trouxe à luz,após apenas duas décadas, a existência de fatores limitantes nessas áreas semelhantes àquelesque restringem a produtividade das pastagens naturais, ou seja, baixa fertilidade dos solos,manejo inadequado das pastagens e pobreza de opções forrageiras para cultivo ou introduçãoem pastagens já formadas. Quanto às opções disponíveis a nível de agricultor, constata-se autilização repetitiva de um número muito restrito de espécies, destacando-se algumas gramí-neas de origem africana (Panicum maximum, Hyparrhenia rufa, Pennisetum purpureum, Bra-chiaria humidicola, B. decumbens, B. ruziziensis, B. mutica e Echinochloa pyramidalis), to-das com baixa variabilidade genética no Brasil e, por isto, muito vulneráveis aos riscos depragas e moléstias. Nas leguminosas, cultivadas em áreas significativamente menores, asopções são ainda mais restritas (Pueraria phaseoloides, Centrosema pubescens, Stylosanthesguianensis e Calopogonium mucunoides). Entretanto, a nível de instituições de pesquisas re-gionais, vêm sendo continuamente introduzidas e testadas novas opções, principalmenteentre as leguminosas. Introduções do exterior têm fornecido algumas perspectivas, tais comonovas linhagens de Panicum maximum, Brachiaria brizantha, Setaria sphacelata, Andropo-gon gayanus (gramíneas) e Desmodium ovalifolium (leguminosa), mas o maior enriqueci-mento de variabilidade genética vem sendo obtido através de um agressivo programa de cole-tas no Brasil. Desde 1975, foram realizadas oito expedições a cargo da EMBRAP A, atingindoáreas no Pará, Roraima, Mato Grosso. Goiás e Maranhão, além de outra série conduzida pelaFaculdade de Ciências Agrárias do Pará, que cobriu áreas menores mas dispersas por toda aregião Norte. As expedições permitiram a coleta de 2.350 acessos de germoplasma de legu-minosas e 280 de gramíneas, cuia avaliação preliminar tem realçado o bom potencial de di-versas espécies de Centrosema, Stylosanthes, Zornia, Desmodium, Chamaecrista -(legumino-sas) e Paspalum (gramíneas). A busca de novas opções não pode ter por alvo apenas suaeventual utilização em áreas originalmente de floresta e, com vistas ao melhoramento daspastagens naturais da Amazônia, é importante destacar adicionalmente o potencial de gêne-ros como Axonopus, Panicum (grupo Laxa) e Mesosetum (gram íneas), além de Arachis, Dia-clea e Vigna (leguminosas).

Termos para indexação: Amazônia, forrageiras, gram íneas, leguminosas, variabilidade genéti-ca.

GENETIC VARIABILlTY OF FORAGESFOR THE BRAZI LlAN AMAZON

ABSTRACT - The establishment of pastures on areas that were previously forested in theAmazon, incentivated as an alternative to the low forage production of the region, hasshown, after only two decades, that there are Iimiting factors similar to those that restrictproductivity of natural pastures in the region, such as low soil fertility, limited number offorage options and inadequate management. In terms of forage options presently available,it can be seen that a few species are repeatedly used, with high emphasis on some Africangrasses (Panicum rneximum, Hyparrhenia rufa, Pennisetumpurpureum, Brachiaria humidico-Ia, B. decumbens, B. ruziziensis, B. mutica and Echinochloa pyramidalisl, ali with lowgenetic variability in Brazil, and therefore highly vulnerable to pests and diseases. Within thelegumes, which cover much smaller areas, options are even more restricted (Puerariaphe-

1 Eng. _ Agr., M.Sc., EMBRAPA-CENARGEN. Caixa Postal 10-2372, CEP 70000 Brasília, DF.2 Eng. _ Aqr., Ph.D., EMBRAPA-CENARGEN.

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seoloides, Centrosema pubescens, Stylosanthes guianensis and Calopogonium mucunoidesl.However, an increasing number of options are constantly being introduced and tested at thelevei of regional research institutions, especially legumes. Exotic introductions have furnishednew possibilities, including new lines of Panicum maximum, 8rachiaria brizantha, Setariasphacelata, Andropogon gayanus (Gramineae) and Desmodium ovalifolium (Leguminosae).However, enrichment of genetic variability has largely been done through an agressivecollecting program in Brazil. Since 1975, eight expeditions were carried out by EMBRAPA,covering areas in Pará, Roraima, Mato Grosso, Goiás and Maranhão, while the Faculdade deCiências Agrárias do Pará ran a series of expeditions that covered many smaller areasthroughout ali of the north of Brazil. During thesa expeditions, 2,350 legumes and 280grasse~ were accessed. Preliminary evaluation has shown the high potential of several speciesof Centrosema, Stylosanthes, Zornia, Desmodium, Chamaecrista (Leguminosae) and Pespe-lum (Gramineael. The search for new options cannot be wholly directed to eventual use inareas that were previously forested. In terms of improving natural pastures in the Amazon,the potential of genera such as Axonopus, Panicum (Laxa group) and Mesosetum [Grarni-nseel, besides Arachis, Dioclea and Vigna (Leguminosae), must be kept in mind.Index terms: Amazon, forages, grasses,legumes, genetic variability.

INTRODUÇÃO

Ao descrever de forma sumária a vidaeconômica da região Norte, em 1970, DirceuLino de Matos caracterizou a atividade pas-toril como "realizada nos campos alagáveisda ilha de Marajó, nas várzeas inundáveis doBaixo Amazonas e nos campos do Territóriode Roraima. É uma criação superextensiva,de valor econômico medíocre, realizada comrebanhos não selecionados. Nos campos doRio Branco (Roraima), a precaridade daspastagens naturais não comporta nem o au-mento nem a melhoria dos seus atuais reba-nhos. Nas várzeas e campos alagáveis, as en-chentes acarretam anualmente sérias dificul-dades aos criadores, perturbando o livredesenvolvimento da criação. A má adaptabi-lidade do gado bovino às condições ecológi-cas regionais tem estimulado a introdução denovas espécies de gado, como a do búfalo,que se adapta bem ao clima quente e superú-mido aí prevalecente".

Fornecendo maiores detalhes, Serrão &Simão Neto (1971) estimaram a capacidadede suporte das pastagens naturais dos centrospecuários tradicionais do Estado do Pará(Marajó e Baixo Amazonas) em 3 a 3,5 hecta-res para cada animal por ano e destacaramque, como decorrência de tão baixa produti-vidade e lia necessidade de incremento daprodução de carne e leite na região, estavamsurgindo novos centros pecuários, principal-mente através de incentivos do Governo Fe-deral. Os novos empreendimentos foram lo-calizados ao longo da rodovia Belém-Brasí-lia, no norte do Estado do Mato Grosso enas regiões Sul e Sudeste do Pará. Para essasáreas, os autores previam um tipo de criação

mais racional, onde a formação de pastagensteria papel fundamental. Além disto, indica-vam a necessidade de um programa racionalde formação e utilização de pastagens naregião bragantina e guajarina, onde vinha seimplantando a bacia leiteira para abasteci-mento de Belérn.

A partir do surgimento dessas primeirasiniciativas de transformação da atividadepastoril baseadas na inclusão de áreas origi-nalmente de floresta entre aquelas destinadasà produção de forragem, houve um aumentomuito rápido da área de pastagens formadas.Serrão & Simão Neto (1975) relataram quecerca de um milhão de hectares haviam sidoformados principalmente com o capim co-lonião (Panicum maximum Jacq.) seguidopelos capins jaraguá (Hyparrhenia rufa (Nees)Stapf), elefante (Pennisetum purpureumSchumach.), braquiaria (Brachiaria spp.) ecanarana ereta lisa (Echinoch/oa pyramidalis(Lam.) Hitchc. & Chase).

Nos anos seguintes, continuou e aumen-tou a pressão da atividade pecuária sobre aregião Norte, devido principalmente à ocupa-ção de novas áreas por agricultores migrantesdos Estados do Sul. Mesmo os campos deRoraima, que conforme Matos (1970) nãocomportariam aumento dos rebanhos, tive-ram sua lotação ampliada, passando o núrne-ro de cabeças em todo o Território de cercade 167.000 em 1960 a mais de 350.000 em1978 (Coradim 1980). Em parte, o aumentodo rebanho de Roraima foi possibilitado pelaexpansão da pecuária sobre áreas antes me-nos exploradas de pastagens naturais de me-lhor qualidade (campos do Alto Surumu),mas também pelo avanço das pastagens culti-vadas sobre áreas originalmente de floresta.

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Muito cedo, começaram a surgir proble-mas relacionados com o aumento rápido dosrebanhos na região Norte. Nas áreas de pasta-gens naturais, surgiram indícios de influên-cias do superpastejo na composição florística(Coradin 1980), enquanto nas pastagens for-madas em áreas originalmente de floresta,apareceram os primeiros sinais de declínio daprodutividade, especialmente nas pastagensde capins colonião, como é noticiado porSerrão (1984). No mesmo trabalho, Serrãomenciona já terem sido implantados 3,5 mi-lhões de hectares de pastagens em áreas origi-nalmente de floresta, dos quais, porém, 500mil hectares já estão em degradação avan-çada.

O declínio da produtividade das pasta-gens formadas em áreas originalmente defloresta mostra paralelismo com o declínioda produtividade das lavouras nas mesmasáreas e suas etapas e causas são discutidaspor Goodland & Irwin (1975). A produtivi-dade das espécies forrageiras mais exigentesem fertilidade do solo tende a declinar empoucos anos em função da rápida perda denutrientes em áreas desmatadas, o que é evi-denciado nas pastagens de capim colonião.Por outro lado, a produtividade de espéciesmenos exigentes pode declinar diante do rá-pido crescimento das populações de pragas,capazes de passar em pouco tempo de um ní-vel tolerável a níveis prejudiciais, como vemacontecendo com a cigarrinha em pastagensformadas com o capim quicuio-da-amazõnia(Brachiaria humidicola (Rendle) Schwei-ckerdt), fato noticiado por Dias Filho(1982).

A continuar a situação atual, considera--se que a seqüência de avanço das pastagensformadas no trópico úmido será sempre ca-racterizada por uma faixa pioneira de pasta-gens novas e produtivas em deslocamento so-bre áreas de floresta, deixando atrás de sifaixas crescentes de pastagens em declínio.A cada nova pastagem em formação no sis-tema atual corresponderá sempre uma áreasemelhante avançando para o declínio.

Deste modo, à exceção daquelas pasta-gens recém-formadas e em fase produtiva,volta-se na Amazônia à condição da ativida-de pastoril descrita por Matos (1970), agora,no entanto, acrescida de novos centros pe-cuários com baixa produtividade.

Com vistas à solução deste problema,

57

Serrão (1984) indica medidas técnicas, tantopara a recuperação das pastagens formadasquanto para o aumento da produtividade daspastagens naturais, aspecto que foi -tratadocom menos interesse na década de 70, diantedo entusiasmo e incentivos despertados pelaidéia da incorporação das áreas de floresta àprodução de pastagens. Em síntese, as medi-das indica das referem-se ao uso de manejoapropriado, adubação fosfatada e plantio (ouincorporação às pastagens nativas) de gramí-neas e leguminosas adaptadas às condiçõeslocais.

Não cabe neste trabalho discutir aspec-tos referentes à adubação, muitas vezes con-dicionada por flutuações nos preços de mer-cado dos insumos a serem adquiridos e doproduto a ser vendido pelo pecuarista, nem oespaço permite uma discussão, que seria ne-cessariamente muito ampla, sobre o manejode pastagens naturais e cultivadas na Amazô-nia.

O objetivo desta contribuição é a análisedas possibilidades de implantação da terceiramedida indicada por Serrão (1984), isto é, autilização de gramíneas e leguminosas adap-tadas às condições locais do trópico úmido.

A POBREZA DE OPÇÕES E HOMOGENEI-DADES DAS PASTAGENS CULTIVADAS

As pastagens cultivadas na Amazôniasão extremamente homogêneas. Em suagrande maioria, são monoespecíficas e tradi-cionalmente formadas com uma das espéciesde uma lista restrita de gramíneas de origemafricana, geralmente o capim colonião, jara-guá, elefante, Brachiaria humidicola, B. de-cumbens Stapf, B. mutica (Forsk.) Stapf oua canarana ereta lisa. Todas as espécies acimaapresentam baixa variabilidade no Brasil,sendo, por isto, muito vulneráveis aos riscosde pragas e moléstias. Além da homogenei-dade em cada pastagem, é notável a constân-cia na escolha das espécies de fazenda parafazenda, o que amplia a homogeneidadesobre a área e, conseqüentemente, a vulnera-bilidade. Em tais condições, a vulnerabili-dade não se restringe à susceptibilidade dacultivar utilizada a algum fator que a afetade forma drástica, mas, diante da ubiqüidadeda mesma cultivar, favorece a extensão dasusceptibilidade ao próprio ambiente naturaldas fazendas, municípios e áreas ainda maio-

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res. Na medida em que uma única cultivar,provavelmente apomítica, como o capimquicuío-da-amazõnía, se espalha sobre áreascontíguas cada vez mais extensas, não só acultivar tem sua vulnerabilidade aumentada,mas todo o ecossistema se torna extrema-mente frágil.

Levando-se em conta que os cerca de3,5 milhões de hectares de pastagens forma-das até agora na Amazônia estão à mercê dacapacidade de resistência de menos de dezgramíneas aos fatores adversos, tem-se umavisão bastante clara dos riscos a que o trópi-co úmido está submetido. É urgente a diver-sificação das opções, tanto em termos denovas cultivares das espécies já utilizadas,quanto em termos da ampliação do númerode espécies à disposição dos pecuaristas.Além disto, é necessário popularizar a con-sorciação de gramíneas e leguminosas, sem-pre recomendada, mas raramente posta emprática nas pastagens da Amazônia.

A BUSCA DE NOVAS OPÇÕES

Na pesquisa de novas opções forrageiras,Dias Filho (1982) estudou a adaptabilidadede uma série de acessos de gramíneas às con-dições de uma área anteriormente da florestaem Paragominas, Pará. De 40 cultivares degramíneas forrageiras previamente selecio-nadas pelo Banco Ativo de Germoplasmade Forrageiras (BAG) da Centro de Pes-quisa Agropecuária do Trópico Úmido(EMBRAPA-CPATU), apenas cinco foramconsideradas altamente promissoras e quatropromissoras, enquanto 21 foram considera~das inviáveis e dez com médio potencial. Einteressante destacar que, das nove cultivaresmelhor classificadas, sete são de origem afri-cana e apenas duas da América do Sul, o quefavorece a idéia popularizada de que as gra-míneas africanas são mais adequadas para aformação de pastagens nos trópicos. No en-tanto há treze cultivares africanas entre as21 consideradas inviáveis, alertando para afalta de fundamentação científica da tendên-cia favorável às gramíneas daquele continen-te.

Como resultado de trabalho paralelo,desenvolvido pela Faculdade de CiênciasAgrárias do Pará, Lima & Gondim (1982)recomendam a utilização de quatro cultiva-res de Paspalum, toda- de origem americana

(três do Pará), considerando-as altamentepromissoras para terras firmes de Amazônia.Cabe destacar que uma das cultivares de Pas-palum, recomendadas por Lima (FCAP-43,identificada como P. plicatulum Michaux velaff.), é em realidade P. guenoarum Arech. eprovém do BAG-forrageiras do CPATU(CPATU 144), tratando-se de uma das culti-vares consideradas por Dias Filho (1982)como apenas de médio potencial. Este aces-so de P. guenoarum foi introduzido no BAG--forrageiras do CPATU a partir do BAG-for-rageiras do Centro Nacional de Pesquisas deGado de Corte (CNPGCjEMBRAP A) e per-tence a uma espécie já bastante cultivadano sul do país.

A aparente discrepância entre os resulta-dos e recomendações de Dias Filho e Lima &Gondim, normal diante dos distintos modosde avaliação, apenas evidencia a existência,até 1982, de duas linhas de pesquisa emandamento na área, uma baseada em intro-dução do exterior e outra fundamentada nautilização de espécies autóctones. Tal sepa-ração já não é hoje tão notável, uma vez queo próprio BAG-forrageiras do CPATU incor-porou desde 1982 cerca de 300 acessos degramíneas e leguminosas obtidas por coletana Amazônia e já incluiu em sua avaliação29 acessos oriundos da FCAP (Neves & Cruz1983).

A INTRODUÇÃO DE ESPÉCIESFORRAGEI RAS EXTRA-AMAZÔNICAS

A pesquisa sobre opções forrageiras naAmazônia teve início com a formação de co-leções iniciais de plantas introduzidas daárea extra-amazônica do Brasil ou mesmo deoutros países e continentes, no antigoIPEAN. É necessário salientar que algumascoleções locais feitas por técnicos do IPEANtambém enriqueceram as coleções iniciaisque, em torno de 1977, incluíram cerca de150 gramíneas e 100 leguminosas introduzi-das.

Mais recentemente, as coleções, já sobresponsabilidade do BAG-forrageiras doatual CPATU, foram enriquecidas por 258introduções oriundas do Centro Internacio-nal de Agricultura Tropical (CIAT-Colôm-bia), além de 58 acessos obtidos em coletasrealizadas pelo Centro Nacional de RecursosGenéticos (EMBRAPA-CENARGEN) em ou-

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TABELA 1. Acessos: de plantas torrageins obtidos através de introduçio em processo de caracterizaçio e avaliaçio no trópico úmido e sua instituições fomeoedoru.

Fonte. Leguminosas Gram(ne •• Total

CIAT 258 (América do Sul, exceto Amazônia 24 (África) 282brasileira)CENARGEN (coletas NE do Brasil! 58 58IRI 1016 SE Brasil e 4 África) 48 (África) 58IPEACS e IPEACO 22 (21 América do Sul e Central e 1 Africa) 34 (África) 56CNPC. CPATSA 16 (12 NE Brasil e 3 México) 23 (África) 38IPEAN/CPATU (introduçêSes antigas) 18 (11 México e Am. Central. 3 Europa,

10 (África) 282 África. 2 Brasil)CNPGC 5 IMato Grosso do Sul! 23 (20 MS e 3 NE do Brasil) 28USOA. Unjy. FI6rida eU. P. Rico 4 (Mato Grossol 20 (18 África e 2 Am. do SUO 24BraziaJl e Agroceres 14 17 Brasil. 5 Am. Central li Mbico. 2 Africal 5 (4 Am. do Sul • 1 Africa) 19IAAlllndial 13 (12 África, 1 América Central) 13Inst. Zootecnia SP (N. Odessa) 6 (SE BrasiU 3 (África) 9Costa do Marfim (lNRA e IMVT) 7 (África) 7CSIRO 3 (Al'TMfrica Centrall 3e. Exp. FOIT8g. de São Gabriel. AS. 3 12 S Brasil e 1 Âfrlca) 3

Total 426 200 626

tras áreas do país. A partir do início do in-tercâmbio com o CIAT, a grande maioria dasintroduções passou a ser de leguminosas.

Vale a pena destacar que alguns mate-riais introduzidos de outras instituições eramoriundas do próprio trópico úmido, mas nãohaviam despertado maior atenção dos técni-cos locais para sua avaliação no passado. Umexemplo pitoresco ocorreu com um acessode Centrosema pubescens Bentham, coletadono Pará por João Murça Pires, então pesqui-sador do antigo IPEAN. Em 1965, sementesdeste acesso foram enviadas ao IRI (IRI1976) de onde o acesso foi enviado à Univer-sidade da Flórida (IRFL-0979) e de lá aoCIAT (CIAT 5262 e 5389). Sob o númeroCIAT 5389, o acesso foi reintroduzido em1981 no atual CPATU, onde se encontra emavaliação no BAG-forrageiras (CPATU 667).

O espectro dos materiais obtidos pormeio de introdução é mostrado na Tabela 1.Por razões práticas, a tabela não inclui os ra-ros acessos incorporados à coleção da FCAPpor introdução. Também por razões práticas,reuniram-se fontes que geralmente comparti-lharam os mesmos acessos introduzidos.

É evidente a predominância das gramí-neas africanas entre os materiais introduzi-dos daquela família enquanto, nas legumino-sas, a maior parte dos acessos provém daAmérica do Sul. Entre as introduções oriun-das do CIAT, destacam-se pelo número deacessos os gêneros Centrosema, Sty/osanthes,Desmodium, Zornia e Andropogon. As intro-duções a partir do IPEACS e IPEACO deramorigem à importante coleção atual de acessosdo capim elefante ou capim-de-corte.

O IBEC Research Institute (IRI-Matão,São Paulo) forneceu a maioria das introdu-ções de Panicum e Selaria, enquanto o

CNPGC proporcionou o enriquecimento dacoleção de acessos de Paspalum: Em algunscasos, as introduções foram de pouca impor-tância para a Amazônia como ocorreu com18 acessos de Cenchrus ci/iaris L. obtidos noCentro de Pesquisa Agropecuária do TrópicoSemi-árido (EMBRAP A-CPATSA). Essesacessos, de grande importância para o Nor-deste, se mostraram pouco interessantespara o trópico úmido.

Algumas das introduções mais recentestêm mostrado bom potencial (Dias Filho1982) e o processo de enriquecimento poresta via deve continuar.

Entre as gramíneas, por exemplo, alémde se evidenciarem novas opções em Pani-cum maximum (CPATU 130 - K 187B;CPATU 132 - T58), surgiram acessos promis-sores em pelo menos duas espécies pouco di-fundidas na área, Setaria sphacelata (Schu-mach.) Moss (CPATU 185,186 e 187 - cvs.Congo 1, 2 e 3) e Brachiaria brizantha(Hochst. ex A. Rich.) Stapf (CPATU 20 - cv.Marandu).

A COLETA DE FORRAGEIRASAUTÓCTONES

Com vistas a ampliar a base genética dasleguminosas forrageiras nativas, principal-mente das espécies que apresentam maiorpotencial, . foram conduzidas várias expedi-ções para coleta de germoplasma na Amazô-nia brasileira.

Os trabalhos de coleta, de forma siste-mática, foram iniciados a partir de 1975,através de esforços conjuntos entre aEMBRAP A e o CIAT.

As primeiras expedições, realizadas em1975, foram coordenadas pelo CPAC e co-

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60briram o Distrito Federal, Goiás, Mato Gros-so Rondõnia. Maranhão e Piauí. Inicialmen-te' os trabalh~s de coleta foram liderados porVictor Manuel Patino, que cobriu os Estadosde Goiás, Mato Grosso e Rondônia. Em se-guida, realizaram-se duas novas coletas, destavez em cooperação entre a EMBRAP A, Em-presa Goiana de Pesquisa Agropecuária(EMGOPA) e CIAT, atingindo o Estado deGoiás (norte de Brasília) e finalmente a ter-ceira expedição foi realizada em colaboraçãopelo CIAT e Secretaria de Agricultura doMaranhão (SEGRIMA).

Já a partir de 1977, as atividades de co-leta de germoplasma na área passaram a sercoordenadas pelo CENARGEN, e a primeiraexpedição atingiu as regiões Centro-Oeste eNorte, Estados de Mato Grosso do Sul, MatoGrosso e Pará. Esta expedição contou com aparticipação de técnicos da EMBRAP A(CPAC e CNPGC), CIAT e CSIRO(Common-wealth Scientific International ResearchOrganization).

A partir de 1977, o CENARGEN coor-denou e liderou as atividades de campo emmais seis expedições de coleta que atingiramprioritariamente a Amazônia; (Tabela 2). Aexpedição realizada em 1980, e que co-briu o trajeto Brasília - Belém, foi conduzi-da em colaboração entre a EMBRAPA(CENARGEN), CIAT e CSIRO. enquantoque a mais recente coleta realizada em agos-to/setembro de 1984, cobrindo áreas deGoiás, Mato Grosso e Pará juntou esforçosda EMBRAPA (CENARGEN e CPAC) eCIAT, com apoio do IBPGR. As outras qua-tro expedições foram conduzidas basicamen-te através de esforços isolados da EMBRAPA,envolvendo o CENARGEN e o CPATU.

Além desse trabalho de coleta sistemáti-co coordenado pela EMBRAP A, é importan-te mencionar as coletas realizadas pela Fa-culdade de Ciências Agrárias do Pará, lidera-das por Rubens Lima, em que foi obtidauma parcela considerável de acessos atual-mente em processo de caracterização e ava-liação na Amazônia. Ao mesmo tempo deve--se citar também o germoplasma obtido peloantigo IPEAN e posteriormente peloCPATU,através de coletas locais nas proximidades deBelém e outras áreas da Amazônia atingidascom objetivos diversos.

Ao todo, foram obtidos 2701 acessosde germoplasma de plantas forrageiras, repre-

sentando as áreas mais prioritárias na Ama-zônia. Os trabalhos de coleta lograram plenoêxito, tendo-se alcançado uma representativi-dade bastante significativa daqueles gênerosde maior importância para utilização naformação de pastagens. Dentre estes, desta-cam-se Stylosanthes, Centrosema, Desmo-dium, Zornia, Chamaecrista, Calopogoniume Macroptilium.

Apesar das grandes dimensões da áreaem estudo, existe apenas um Banco Ativo deGermoplasma-BAG para a multiplicação, ca-racterização e avaliação da variabilidade ge-nética coletada. Tal fato tem trazido umatraso significativo na avaliação inicial dosacessos coletados. Como pode ser visto naTabela 4, dos 2701 acessos de leguminosasobtidos na Amazônia brasileira, apenas 502acessos (ou seja 18%) já passaram ou estãoem processo de estudo na área. Consideran-do-se ainda que dos 502 acessos em estudo,359 representam o material oriundo da cole-ta na ilha de Marajó e coletas locais doIPEANjCPATU, chega-se à conclusão de quea situação é ainda muito mais grave, vistoque do germoplasma oriundo das outras expe-dições (total de 2342 acessos), praticamentenada foi estudado.

Estes dados mostram claramente a ne-cessidade de que seja dada uma maior priori-dade para o trabalho realizado pelo BancoAtivo, de modo que haja um fluxo maior dematerial, permitindo assim que inúmeras po-pulações de diferentes espécies muito pro-missoras a campo tenham chance de ser ava-liada fora de seu habitat natural. Além disso,deve ser dado apoio a iniciativas de outrasinstituições, como a coleção de trabalho daFCAP.

VARIABILIDADE DISPONfvELEM LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS

A Tabela 3 discrimina por gêneros, ogermoplasma de leguminosas coletado ou in-troduzido no trópico úmido, englobando osacervos do BAG-forrageiras do CPATU e dacoleção de trabalho da FCAP. Tanto por in-trodução quanto por coleta, foi muito des-tacado o número de acessos incorporadosdos gêneros Stylosanthes, Centrosema, Des-modium e Zornia, enquanto Aeschynomenee mais oito gêneros se destacam apenas pelonúmero de acessos obtidos por coleta.

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TABELA 2. Expedições de coleta realizadas, germoplasma coletado e acessosem estudo no trópico úmido.

Material coletado Acessosem estudoAno Área atingida

Gram.lego Gram. lego

1975 GO/MT/RO/MA/PI 285 71977 MS/MT/PA 593 171979 Pará/Maranhão 136 30 74 111980 Recife/Belém * 59 1 11980 Brasilia/Belém 370 21981 Roraima 127 81982 Marajó 233 77 233 771984 GO/MT/PA 524 11

1962·1978 Amazônia (IR!) 208 18 41978-1982 Amazônia (FCAP) 40 165 40 165

Amazônia (lPEAN-CPATU) 126 48 126 48

Total 2.701 360 502 302

* Na expedição Recife-Belém foram considerados apenas os acessoscoletados no Maranhão e Pará.

TABELA 3. Germoplasma de leguminosas coletadas ou introduzidas e disponlvel para utilização no trópicoúmido.

Gêneros Acessos Acessos Totalcoletados introduzidos

Stylosanthes 740 87 827Centrosema 294 160 454Desmodium 361 29 390Zornia 249 36 285Aeschynomene 163 3 166Chamaecrista 98 8 106Calopogonium 96 6 102Macroptilium 84 16 100Galactia 77 11 88Vigna 75 4 79Dioclea 57 1 58Canavalia 49 2 51Periandra 32 1 33Outros (28 gêneros) 326 62 388

Total 2.701 426 3.127

Entretanto, mesmo considerando a im-portância dos gêneros acima, é importantechamar a atenção para o fato de que, en-quanto apenas 18% do germoplasma coleta-do na Amazônia encontra-se em processo deestudo na área, o germoplasma introduzidorepresenta 40% desse mesmo material, evi-denciando a atenção desproporcional dadaao processo de enriquecimento por introdu-ção, muitas vezes até mal direcionado, emdetrimento do material nativo adaptado àscondições naturais da área.

VARIABILIDADE DISPONfvELEM GRAMfNEAS FORRAGEIRAS

À semelhança da apresentação anteriorreferente às leguminosas, a Tabela 4 discri-mina, por gêneros, o germoplasma de gramí-neas coletado ou introduzido no trópicoúmido, englobando também os acervos doBAG-forrageiras do CPATU e da coleção detrabalho da FCAP. É nítida a predominânciado gênero Paspalum entre o material cole-tado. Isto apenas referente à abundância, va-

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62TABELA 4. Germoplasma de gramlneas coletadas ou introduzidas e disponlvel para utilização no trópico

úmido.

Acessos Acessos TotalGêneros coletados introduzidos

Paspalum 211 31 242

Panicum 28 31 59

Axonopus 45 1 46

Pennisetum 3 33 36

Cenchrus 2 34 36

Andropogon 6 20 26

Setaria 4 14 18

8rachiaria 3 15 18

Cynodon 7 7 14

Digitaria 2 6 8

Mesosetum 6 6

Outros (27 gêneros) 43 8 51

Total 360 200 560

riabilidade e geralmente boa qualidade deforrageira mostrada por espécies de Paspa-lum na região Norte, como aliás ocorre emoutras regiões do país. O gênero Axonopustambém despertou o interesse dos coletores,principalmente na expedição à ilha de Mara-jó e na formação da coleção da FCAP, en-quanto os acessos de Panicum provêm equi-libradamente de introdução e coleta. Penni-setum e Cenchrus mostram números de aces-sos introduzidos similares, mas a tendênciafutura é pelo crescimento dos' acessos doprimeiro, em função do bom desempenho docapim elefante, enquanto o número deacessos de Cenchrus não deverá se expandirde modo significante.

Os cinco gêneros acima perfazem cercade 80% do germoplasma de grandes áreasatualmente disponíveis para a Amazônia, en-quanto 33 outros gêneros englobam os 20%restantes. Se bem que a tendência mais níti-da seja pelo aumento rápido dos acessos dePaspalum, o que parece muito acertado, énecessário destacar que alguns gêneros im-portantes no trópico úmido estão mal repre-sentados nos campos locais de avaliação, ape-sar da razoável disponibilidade de gerrnoplas-ma em outras instituições nacionais e estran-geiras. Seria de grande importância testar naregião as coleções de Hemarthria e Digitariadisponíveis na Universidade da Flórida, osnovos acessos de Brachiaria disponíveis noCIAT e CNPGC e os acessos mais promisso-res entre as centenas de acessos de Panicummaximum recentemente incorporados ao

acervo do BAG-forrageiras do CNPGC a partirdo ORSTOM, Costa do Marfim. Paralelamen-te, deverá ser dada atenção a algumas espé-cies muito freqüentes em campos inundáveisdo trópico úmido, que não estão representa-dos nas coleções atualmente existentes. Estapreocupação deriva do novo interesse des-pertado pelas possibilidades de melhoramen-to das pastagens naturais através de aduba-ção, melhor manejo e introdução de espéciesmais nobres.

É possível que entre as muitas popula-ções locais de espécies amazônicas de gêne-ros como Acroceras, Eriochloa, Hymenachne,Leersia, Luziola, Echinochloa e Oryza hajagenótipos promissores, como já têm sidoobservados em espécies de Paspalum e Pani-cum de áreas inundáveis (Paspalum fascicula-tum Willd. ex Fluegge, P. repens Bergius ePanicum elephantipes Nees, P. laxum Swartz).O mesmo poderá ser verdadeiro para popula-ções de espécies de Mesosetum, conhecidas,em certas áreas dos campos mais pobres deRoraima pelo nome popular de "engorda--gado". Como norma geral, será importanteexplorar a ampla gama de variabilidade apre-sentada pelo grupo Plicatula do gênero Pas-palum que ocorre em todo o Brasil e nosmais distintos ecossistemas, 'com inúmerasespécies boas produtoras de forragem.

BUSCA DE VARIABILIDADEADICIONAL

Assim como a introdução de novosacessos de fora da área amazônica, a coletade germoplasma na área deve ser continuada.

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TABELA 5. Áreas a sarem atingidas em futuras expedições decoleta para enriquecimento da variabilidade em for·regeiras para a Amazônia.

1. Médio e Baixo Amazonas (Santarllm - Belém)2. TerritÓrio Federal do Amapá (área de savanas)3. Cuiabá - Porto Valho (ao longo da rodovia BR-364)4. Região Bragantina5. Campos de Roraima (repasse)6. Ilha de Maraj6 (repasse)7. Noroeste de Mato Grossoa Pantanal Matogrossensa (gerrnoplasma par. áreas inundáveis).

Mesmo que a avaliação dos acessos coletadosnão seja possível de imediato, a velocidadede alteração dos ecossistemas na Amazôniarecomenda intensificação das coletas comvistas ao resgate daquilo que, se não forcaptado logo, não estará disponível em futu-ro próximo. A evidência de erosão genéticaem leguminosas tropicais, devido à rápidaincorporação de áreas novas à agricultura, jáfoi destacada por Schultze-Kraft & Giaco-metti (1979).

Assim sendo, a prioridade para novascoletas na Amazônia deve ser dada paraáreas sob grande tensão pelo aumento dafronteira agrícola e para aquelas que apre-sentam algum potencial e ainda não foramatingidas em expedições anteriores. Destaforma, foram definidas, por ordem de prio-ridade, as áreas a serem atingidas nas próxi-mas expedições que constam da Tabela 5.Entre as áreas incluídas estão novamente oTerritório Federal de Roraima e a ilha deMarajó, visto que as coletas ali realizadas nãoatingiram todas as áreas de importância.

RECOMENDAÇÕES FINAISSegundo Schultze-Kraft & Giacometti

(l979), é interessante ainda dar ênfase à ne-cessidade de coleta de recursos genéticos deRhizobium em toda coleta de leguminosasforrageiras na Amazônia brasileira. Além dis-to, parece oportuno insistir-se que, na buscade maior variabilidade genética de plantasforrageiras, procure-se compatibilizar coletasde leguminosas com coletas de gramíneas.De modo geral, as pesquisas com forrageirasinduzem quase sempre à recomendação deformação de pastagens mistas e na busca demelhores opções para a seleção de seus com-ponentes. Não há razão para que qualquerdos grupos possa ser considerado de impor-tância secundária.

Finalmente, cabe destacar que o enri-quecimento da variabilidade genética, possí-

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vel e em plena realização com vistas à Ama-zônia brasileira, perde grande parte de seu in-teresse se as etapas subseqüentes de multipli-cação para conservação a longo prazo, carac-terização e avaliação não são realizadas como mesmo entusiasmo. Portanto, além de unire compatibilizar os esforços voltados ao en-riquecimento de variabilidade para a Amazô-nia brasileira, torna-se necessário dar anda-mento ao enriquecimento em regime de totalcolaboração com os pesquisadores e institui-ções que se ocupam das etapas anteriores esubseqüentes do trabalho com recursos gené-ticos de plantas forrageiras.

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INTRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DECAPIM-ELEFANTE NO ESTADO DO ACRE

José Aristides Pagani", judson Ferreira Yalentimfe Arlindo Luiz da Costa?

RESUMO - No Estado do Acre, a pecuária de leite tem sua produção bastante afetada noperíodo seco, quando as pastagens utilizadas pelo Sistema de Produção diminuem sua pro-dução e seu valor nutritivo. A ausência de um volumoso adequado para suplementar os ani-mais, principalmente em lactação, constitui o principal entrave da produção durante esseperíodo crítico. Procurando-se soluções para a alimentação do rebanho leiteiro no períodoseco,' foi estudado, na região de Rio Branco, Estado do Acre, um total de 31 cultivares decapim elefante (Pennisetum purpureum) a saber: África, African A-241, African Vruckwona,Carncron, Cameron Africa, Cubano, Duro de Volta Grande, Elefante finda, Gigante, Marajó,Merckeron Comum, Merckeron México, Merckeron Pinda, Merckeron SEA, Mineiro, Molede Volta Grande, Orukwarni, Porto Rico 534, Pusa Gigante Napíer, Pusa Napier I, PusaNapier 2, Taiwan A-25, Taiwan A-143, Taiwan A-144, Taiwan A-146, Taiwan A-148, Tere-sópolis, Três Rios e Turrialba. O delineamento experimental foi de blocos casualizados comtrês repetições, em parcelas de 3,2 m x 4,0 m. A área experimental foi arada, gradeada eadubada com 100 l<g/ha de P2 Os' sendo realizado o plantio com estacas de três gemas porcova. Foram avaliadas as produções de matéria seca, taxa de crescimento e teor de prote ínabruta, através de cortes sistemáticos a intervalos de 90 e 150 dias no período chuvoso e seco,respectivamente. Baseando-se nos dados obtidos durante dois anos experimentais, conclui-seque as cultivares que apresentaram melhor comportamento produtivo foram: África, Came-ron África, Taiwan A-146, Mineiro, Porto Rico, Merckeron México e Cameron, quejá estãosendo multiplicadas e repassadas aos peq ucnos produtores.Termos para indexação: Gramíneas, Pennisetum purpureum, forrageiras de corte, gado deleite, produção leiteira, suporte alimentar.

INTROOUCTION ANO EVALUATION OF ELEPHANT GRASSCULTIVARS IN THE STATE OF ACRE

ABSTRACT - In the State of Acre, dairy cattle production is greatly affected in the dryperiods when pasturage used in the production system has diminished or lost its nutritionalvalue. The absence of adequate volume to supplement the feedlot of those animaIs, especiallyduring lactation, constitutes the main impediment to production within the critical period.While looking for solutions for the feeding of dairy cattle in the dry periods, a total of 31elephant grass (Pennisetum purpureum) cultivars were studied within the area of Rio Bran-co, State of Acre. The cultivars studied were: África, African A-241, African Vruckwona,Cameron, Cameron África, Cubano, Duro de Volta Grande, Elefante Pinda, Gigante, Maraj6,Merckeron México, Merckeron Pinda, Merckeron SEA, Mineiro, Mole de Volta Grande,Orykwani, Porto Rico 534, Pusa Gigante Napier, Pusa Napier 1, Pusa Napier 2, Taiwan A-25,Taiwan A-143, Taiwan A-144, Taiwan A-146, Taiwan A-148, Teres6polis, Três Rios eTurrialba. The experimental design was one of randomized blocks, with three replications inplots of 3.2 m x 4.0 m. The experimental area was plowed, harrowed and fertilized with100 kg/ha of P205 and planting was carried out with three budded cuttings per hole. Drymatter production, growth rate and crude protein were evaluated by means of systematiccuttings at 90 and 150 days inte rval in the rainy and dry period respectively. Based on thedata obtained during the two years of the experiments, it was found that the cultivars with

1 Zootecnista. EMBRAPA-UEPAE de Rio Branco. Caixa Postal 392. CEP 69900 Rio Branco, AC.2 Eng. _Agr., EMBRAPA-UEPAE de Rio Branco.3 Méd. _Vet., EMBRAPA-UEPAE de Rio Branco.

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the best productive behavior were: África, Cameron África, Taiwan A-146, Mineiro, PortoRico, Merckeron México e Cameron. These are now being passed on to producers.Index terms: Grasses, elephant grass, Pennisetum purpureum, dairy cattle, milk production,feed supplementation.

INTRODUÇÃO

A exploração da pecuária leiteira doAcre tomou impulso a partir de 1976, quan-do da implantação da bacia leiteira de RioBranco. Atualmente tem papel preponderan-te no aspecto socioeconômico, não só comofornecedora de alimentos, mas também porser explorada através dos pequenos e médiosprodutores, o que tem garantido uma distri-buição mais equalitária de renda e a ocupa-ção mais produtiva da terra (Leite ... 1980).° rebanho bovino acreano é"estimadoem 352.755 cabeças, possuindo 50.733 vacasordenhadas, destacando-se os municípios deRio Branco, Senador Guiomard e Xapuricomo maiores produtores de leite (Produçãoanimal ... 1983).

Um grande entrave ao maior desenvolvi-mento dessa atividade tem sido o suporte ali-mentar do rebanho, constituído predomi-nantemente de pastagens de Coloníão (Pani-cum maximum Jacq) e Braquiária (Brachia-rio. decumbensy. A quantidade e qualidade daforragem produzida nestas pastagens têmsido acentuadamente afetadas pelos ataquesde cigarrinhas-das-pastagens (Deois incom-pleta e Deois flavopicta) e pela estação seca(maio a setembro), que vem causando sériosproblemas ao criador, acarretando prejuízosem decorrência da quebra na produção leitei-ra, perda de peso do gado, diminuição da fer-tilidade, enfraquecimento geral do rebanhoe até mesmo morte de animais.

Medidas como o uso de capineiras, sila-gem, feno, reservas de pasto e concentradospoderão ser adotadas para se evitar prejuí-zos, sendo a capineira de corte um processoseguro e de baixo custo, capaz de minimizaros problemas da seca (Carvalho 1981). En-tretanto, são raros os produtores acre anosque possuem capineiras de corte para a su-plementação volumosa do rebanho duranteo período seco, e entre estes, o capim elefan-te (Pennisetum purpureum Schum), na quasetotalidade dos casos, tem sido a forrageirautilizada na formação de capineiras, que re-conhecidamente possui elevado potencial pa-ra a produção de massa verde, sendo de fácilcultivo.

Por ser a espécie P. purpureum detento-ra de elevado número de cultivares, ecótipose híbridos, tornam-se indispensáveis estudoscomparativos entre os mesmos para que sepossa determinar, a nível local, os mais pro-missores. Trabalhos nesse sentido foram efe-tuados por vários estudiosos.

Zuãíga et aI. (1965) comparando onzevariedades de gramíneas forrageiras de corte,verificaram que a produção de matéria seca,variou de 2.962 kg/ha para o capim imperial(Axonopus scoparius, (Flugge) Hitch) até12.447 kg/ha para o capim elefante Mineiro(Pennisetum purpureum Schum). Pereiraet aI. (1966) em estudos de comparação decinco variedades Taiwan A-I44 obtiveram amáxima produção de matéria verde, comuma média por corte de 30 t/ha.

Mozzer et aI. (1971) num estudo decompetição de variedades e híbridos de ca-pim elefante, em Sete Lagoas-MG, destaca-ram a variedade Mineiro, com produções de16,7 t/ha de matéria seca e 1.261 kg/ha deproteína bruta, em dois cortes no primeiroano.

Souza Filho (1982), em estudos de in-trodução e avaliação de cultivares de capimelefante no cerrado do Amapá, utilizando-sedois tipos de adubação, uma química (NPK)e outra orgânica, esterco de curral, destaca-ram para o primeiro ano experimental as cul-tivares: Orukwami, Cameron África, Turrial-ba e Três Rios. Mendonça & Gonçalves(1982), também em um trabalho de introdu-ção e avaliação de gramíneas forrageiras decorte com e sem adubação fosfatada (P20S)e orgânica, em Porto Velho, RO, destacaramas cultivares do capim elefante: Pusa NapierI, Taiwan A-25, African A-241, Marajó, Mi-neiro, Venezuela, African Vruckwona, Áfri-ca Merckeron Comum, Taiwan A-143,Merckeron México e Cameron, como os demelhores comportamentos produtivo, tantono período chuvoso como na estiagem. Osmesmos autores num trabalho utilizandoquatro níveis fosfatada (0,40, 80 e 120 kg/hade P20S), destacaram a cultivar Cameroncomo a gramínea mais promissora para for-mação de capine iras em Porto Velho, emdecorrência de sua excelente produtividade

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de matéria seca e teores satisfatórios deproteína bruta, cálcio, fósforo e magnésio.

A realização deste trabalho, teve comoobjetivo selecionar cultivares de capim ele-fante, visando a formação de capineiras nascondições edafoclimáticas de Rio Branco,AC, assim como a sua utilização na pecuária.

MATERIAL E MÉTODOS

° experimento foi instalado na áreaexperimental da Unidade de Execução dePesquisa de Âmbito Estadual de Rio Branco,AC, localizada no Km 6 da Rodovia AC 40,município de Rio Branco, AC.° solo da Unidade é do tipo Latossolo--verrnelho-amarelo, textura média a pesada efertilidade natural variada.

A cidade de Rio Branco apresenta as se-guintes coordenadas geográficas: latitude90 58'22"S, longitude 670 48'40"W, e estásituada a 160 metros acima do nível do mar.° clima é do tipo Aw, segundo a classifica-ção de Koppen (clima com elevado total plu-viométrico anual e ocorrência de período deestiagem), com uma temperatura média de24,60C e precipitação pluviométrica anualde 1980, 8 mm, sendo que a distribuiçãode chuvas se concentra no período outubroa maio, correspondendo a 89% da precipita-ção anual. ° período de junho a setembroé caracterizado como seco, apresentando umdéficit hídrico de 107 mm (Localiza-ção ... 1982).

As cultivares de capim elefante, estuda-das no experimento, foram distribuídas emblocos completamente casualizados com trêsrepetições, em parcelas de 3,2 m x 4,0 mcom uma área útil de 7,2 m", As cultivaresde capim elefante foram: África, AfricanA-241 , African Vruckwona, Cameron, Ca-meron África, Cubano, Elefante Pinda, Gi-gante Pinda, Duro de Volta Grande, Mara-jó, Merckeron Sea, Merckeron Comum,Merckeron México, Merckeron Pinda, Mi-neiro, Mole de Volta Grande, Teresópolis,Porto Rico 534, Pusa Giant Napier, PusaNapier 1, Pusa Napier 2, Taiwan A-25,Taiwan A-26, Taiwan A-143, Taiwan A-I44,Taiwan A-148, Taiwan A-25, Turrialba, Mi-neiro, Três Rios e Orukwami.° plantio foi efetuado em fevereiro de1981, utilizando-se o espaçamento de

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0,80 m entre linhas e 0,50 m entre covas,usando-se estacas de três gemas por cova.Por ocasião do plantio, as parcelas foramadubadas com 100 kg/ha de P20s (50% naforma de superfosfato simples e 50% naforma de hiperfosfato). Após cada corte,fazia-se uma adubação orgânica com ester-co de curral na base de 10 t/ha, sendo queno último ano de avaliação foi efetuadouma adubação química com 150, 100 e150 kg/ha de NPK. A cultivar Teresópolisnão se estabeleceu.

Foram avaliadas as produções de ma-téria seca, taxa de crescimento e teor deproteína bruta durante o período seco echuvoso.

As plantas foram cortadas manualmen-te com auxílio de foices serrilhadas, a umaaltura aproximada.de 15 em do solo. Foramrealizados seis cortes durante o experimen-to totalizando 770 dias, com intervalos decortes de 128 dias em média. Os cortes fo-ram realizados em julho/81; dezembro/81;julho/82; agosto/82; novembro/82 e marçode 1983. Após cada corte pesavam-se as pro-duções, tirando-se uma amostra de cada, queforam submetidas a pré-secagem em estufaa 650C e nessa fase foi determinado o peso"ASA". Em seguida, as amostras foram redu-zidas a pó através de moagem e enviadas parao laboratório da UEP AE de Manaus, ondeforam feitas as secagens definitivas a 1050Cpara determinação da matéria seca e proteí-na bruta, pelo método de microkjedahl.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Comparando-se as produções acumula-das de matéria seca, Tabela 1, verifica-se quetodas as forrageiras estudadas apresentaramboa produtividade, de~tacando-se as cultiva-res Africa, Cameron Africa, Taiwan A-146,Mineiro e Porto Rico, com produções acimade 70.000 kg/ha. A produção acumulada dematéria seca variou entre 35.586 kg/ha e82.564 kg/ha para as cultivares Gigante eÁfrica, respectivamente.

Esses resultados foram superiores àque-les encontrados por Mendonça et al. (1979),na avaliação de 30 variedades de gramíneasforrageiras de corte com e sem adubação fos-fatada (100 kg/ha de P20S) e orgânica (es-terco de curral), no município de Porto Ve-lho-RO. Esses autores obtiveram produção

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TABELA 1. Produção acumulada de matéria seca (kg/hal de 30 cultivares de capim elefante em seis cortes·Rio Branco, AC, 1981-1983.

Cultivar Matéria seca Cultivar Matéria seca

Africa 82.564 Orukwami 58.369Cameron Africa 80.151 Taiwan A-26 57.978Taiwan A-146 79.524 Duro de Volta Grande 57.628Mineiro 75.088 Mercker Sea 57.156Porto Rico 70.809Merckeron México 69.458 Pusa Giant Napier 53.544Cameron 68.945 Merckeron Pinda 51.721Taiwan A-148 67.799 Turrialba 49.971Pusa Napier 2 67.167 Taiwan A-241 48.844Marajó 66.447 Cubano 48.365Merckeron Comum 55.176 Porto Rico - 534 44.633Mole de Volta Grande 63.04i:. Taiwan A-143 44.096Elefante Pinda 61.725 Três Rios 43.380África Vruckwona 59.539 Pusa Napier 38.035Taiwan A-25 59.374 C;(1~nte Pinda 35.586African A-241 59.371

de matéria seca variando de 22.917 kg/ha(Pusa Giant Napier) a 50.208 kg/ha (pusaNapier 1) e de 4.373 kg/ha (Teresópolis) e23.391 kg/ha para as cultivares Venezuelacom e sem adubação, respectivamente.

Essa superioridade pode ser explica dapela ocorrência de longos intervalos entrecortes, verificado duante a fase experimen-tal, que possibilitou a maturação das plantas,favorecendo-se assim, a sua produção de ma-téria seca.

Pode-se distinguir neste ensaio dois gru-pos de forrageiras. Um grupo de alta produ-ção, constituído pelas cultivares com produ-ções acima de 60.000 kg/ha e outro de mé-dia produção com produções acima de35.000 kg/ha.

Na faixa superior estão incluídas as cul-tivares, África, Cameron África, TaiwanA-146, Mineiro, Porto Rico, Merckeron Co-mum, Mole de Volta Grande e Elefante Pin-da.Taxa de crescimento

Pelo quociente entre a produção de ma-téria seca (MS) e o total de intervalos de cor-te, determinou-se a taxa de crescimento(MS em kgjhajdia) que são apresentados naTabela 2.

Comparando-se a produção acumuladade matéria seca e a taxa de crescimento, veri-fica-se que a produção de matéria seca foi di-retamente proporcional li taxa de crescírnen-

",to, ou seja, um- aumento da taxa de cresci-mento corresponde li. ~m aumento na produ-ção de matéria seca. ,

As melhores taxas de crescimento foramalcançadas pelos capins M~ioa" CameronÁfrica, Taiwan A-146, Mineiro e P01:tORico,com produções acima de 90 kgjha,'~ia dematéria seca. A maior e a menor taxa decrescimento foram de 107,23 e 46,22 kgjüajdia de matéria seca para as cultivares Ãfríce,e Gigante, respectivamente. '

Esses resultados diferem dos encontra-dos por Mendonça et a!. (1979), que obtive-ram taxa de cr9scimento em presença deadubação entre 103,09 e 39,04 kg/hajdia dematéria seca, apresentada pelos capins PusaNapier 1 e Pusa Giant Napier, respectivamen-te.

Tais diferenças podem ser explicadaspelo longo intervalo entre cortes verificadono experimento, que teve em média 128 dias,o que favoreceu conseqüentemente a taxade crescimento.

Proteína bruta

A Tabela 3 contém os percentuais mé-dios de proteína bruta em relação a matériaseca acumulada.

Os teores médios de proteína bruta va-riaram de 5,58% (Pusa Giant Napier) a 8,86%(Taiwan A-26). A grande maioria das forra-geiras avaliadas, tiveram o seu teor médio de

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TABELA 2. Taxa de crescimento de 30 cultivares de capim elefante, em seis cortes. Rio Branco-AC, 1981-1983.

Cultivar MS kg/ha/dia Cultivar MS kglha/dia

Africa 197,23 African A-241 77,10Cameron Afriep 104,10 Orukwami 75,80Taiwan A-146 103,28 Taiwan A-26 75,30Mineiro 97,52 Duro de Volta Grande 74,84Porto Rico 91,96 MerckerSea 74,23Merckeron México 90,20 Pusa Giant Napier 69,54Cameron 89,53 Mercker Pinda 67,17Taiwan A-148 88,05 Turrialba 64,90Pusa Napier 2 87,23 Taiwan A-144 63,43MaraJó 86,30 Cubano 62,81Merckeron comum 84,64 Po,\o Rico 534 57,96Mole de Volta Grande 81,88 Taiwan A-148 57,27Elefante Pinda 80,16 Três Rios 56,34

• Africa Vruckwona 77,33 Pusa Napier 1 49,40Taiwan A-25 77,11 Gigante Pinda 46,22

TABELA 3. Percentagem de protelna bruta {PBI na matéria seca de cultivares de capim elefante, em seis cor-tes 1. Rio Branco- AC, 1981-1983.

Cultivares PB Cultivares PB

Taiwan A-26 8,86 Giant 7,44

Porto Rico 8,53 Porto Rico 534 7,40

Taiwan A-25 8,37 Merckeron Comum 7,37

Elefante Pinda 8,24 Africa 7,31

Merckeron México 8,19 Taiwan A-146 7,19

Mineiro 8,09 Cubano 7,14Merckeron Pinda 7,89 Africa Vruckwona 7,09African A-241 7,73 Marajó 7,06

Mole de Volta Grande 7,64 Pusa Napier 1 7,85

Turrialba 7,58 Orukwami 7,78Três Rios 7,56 Pusa Napier 2 6,67

Mole de Volta Grande 7,49 Taiwan A-144 7,29

Cameron 7,47 Taiwan A-143 6,91

Mercker Sea 7,38 Pusa giant Napier 5,58Cameron Africa 7,32 Taiwan A-148 7,63

1 Média 128 dias.

proteína bruta entre 7,00 e 8,86%; sendoque as cultivares Taiwan A-143 e Pusa qiantNapier obtiveram teores médios de 6,91 e5,58%, respectivamente.

Esses resultados foram bem inferioresaos apresentados por Alcântara et aI. (1980),em trabalho realizado na Estação Experi-mental Central do Instituto de Zootecnia,em Nova Odessa, SP, com 25 variedades decapim elefante sob dois manejos, sendo ummanejo baixo, com cortes predeterminados,

com altura de corte de 5 em a 10 em do so-lo e manejo alto, onde cada parcela foi cor-tada sempre que atingisse a altura de 0,80 m.Obtiveram nos dois manejos teores médiosde proteína bruta acima de 12%, destacan-do-se a cultivar Elefante Mineirão - CE com16,19% de proteína bruta.

Os percentuais médios apresentadospelos capins Elefante Pinda (8,24), Mineiro(8,09), Três Rios (7,56), Porto Rico 634(7,40) e Taiwan A-I44 (7,29) diferem dos

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encontrados por Mendonça et aI. (1979),que utilizando essas cultivares, em Porto Ve-lho, RO, obtiveram teores médios de pro-teína bruta de 8,92; 9,03; 8,55; 8,37 e 8,26,respectivamente.

Essas diferenças verificadas entre osexperimentos podem ser atribuídas ao está-gio de crescimento apresentado pelas forra-geiras por ocasião do corte.

Intervalo de corte

o longo intervalo entre cortes verifica-dos durante o experimento, favoreceu aprodução de matéria seca e a taxa de cresci-mento, mas afetou a percentagem de proteí-na bruta das forrageiras de corte, que apre-sentaram teores médios abaixo de 9,00%.Resultados semelhantes foram encontradospor Canto & Teixeira (1972), em um experi-mento para avaliar os efeitos de intervalosentre cortes na produção do capim elefante"Porto Rico-534", os quais observaram queo teor de matéria seca aumentou progressi-vamente com a idade da planta, ehquantoque o valor nutritivo diminuiu à medida queos intervalos de cortes aumentaram.

CONCLUSÃO

No Estado do Acre, as cultivares de ca-pim elefante (Pennisetumpurpureum Schum)que apresentaram melhor comportamentoprodutivo foram: África, Cameron África,Taiwan A-146, Mineiro, Porto Rico, Mercke-ron México e Cameron. Estas cultivares jáestão sendo multiplicadas e repassadas paraos pequenos produtores.

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INTRODUÇAO E AVALlAÇAO DE FORRAGEIRASNO NORTE DE GOlAS

Ary Drudi1 , Adalherto Francisco Braga 1 e José Ferreira Teixeira Neto?

RESUMO - Espécies com maior potencial forrageiro que as existentes na região de Xambioá,Goiás a 6052' Latitude Sul foram introduzidas e estudadas na fazenda Porã, em Areias Quar-tzosas. Foram testadas 16 gramíneas e doze leguminosas, com ~ sem adubação fosfatada,quanto à produção de matéria secafhafano. O clima da região de acordo com a classificaçãode Kõppen, é do tipo Aw-Tropical chuvoso, com nítida estação seca. Após um período dedois anos chegou-se à conclusão que os capins Brachiaria decumbens cv. Australiana, Pani-cum maximum cv, Gongiloides, Brachiaria ruziziensis, Paspalum plicatulum e as leguminosasStylosanthes guianensis cv. Cook e Pueraria phaseoloides foram as espécies mais produtivas.Observou-se que B. decumbens cv. Australiana e B. ruziziensis apresentaram uma maior res-posta à adubação fosfatada, enquanto que B. humidicola, P. maximum cv. Gongiloides eP. plicatulum apresentaram pequena resposta a este tipo de adubação, mesmo alcançandoprodução satisfatória de matéria seca.Termos para indexação: Forrageiras, avaliação, região amazônica, savana tropical, braquiáriaaustraliana, quícuio-da-amazônia, sempre verde, braquiária ruziziensis, pasto negro, Stylo-santhes guianensis, Pueraria phaseoloides, solos.

INTRODUCTION ANO EVALUATION OF FORAGESIN THE NORTH OF THE STATE OF GOlAS

ABSTRACT - This paper reports a study in which 16 grasses and 12 legumes were plantedwith and without phosphorus fertilization at Fazenda Porã, district of Xambioá, state ofGoiqs (6052' Lat. S and 480 11' Long. WGI. The soil of the site was classified as QuartzSand. After a two-vear period of evaluation, it was found that the grasses BrachisrÍB decum-bens cv. Australiana, Panicum maximum cv. Gongiloides, 8rachiaria ruziziensis, Paspalumplicatulum and the legumes Stylosanthes guianensis cv. Cook and Pueraria phaseoloidesproduced the highest dry matter yields. It was also found that 8. decumbens CV. Australianaand 8. ruziziensis had a tendency for greater response to phosphorus fertil ization while8rachia-ria humidicola, P. maximum cv. Gongiloides and P. plicatulum presented the smallestresponses to phosphorus fertilization.Index terms: forages, evaluation, Amazon Region tropical savannah, 8rachiaria decumbenscv. Australiana, 8. humidicola, P. maximum cv. Gongiloides, 8rachiaria ruziziensis, Pasps-lum plicatulum, Stytosenthes guianensis, Pueraria pheseoloides, soils.

INTRODUÇÃO

A pecuária bovina constitui-se numa dasprincipais explorações agropecuárias na re-gião amazônica. Na região norte de Goiás,em latitudes inferiores a 100S, a bovinocul-tura vem se desenvolvendo rapidamente, es-timando-se, em 1982, uma população de1.360.000 cabeças.

Os sistemas atuais de exploração ba-seiam-se em pastagens cultivadas e/ou nati-vas, localizadas em solos arenosos de baixafertilidade natural.

O processo atual de implantação de pas-tagens nos solos mais férteis, geralmente con-siste na derrubada e queima da vegetação,com a semeadura de uma gramínea.

1 Eng. Agr., EMGOPA. Estação Experimental de Araguaína. BR 226. Km 1112. CEP 77800. Araguaína, GO.2 Eng. Agr., M.Sc., EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48, CEP 66000. Belém, PA.

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Conforme Serrão (1979), as pastagensde colonião e jaraguá apresentam uma pro-dutividade bastante elevada logo após o seuestabelecimento. Com o passar dos anos,observa-se uma queda drástica na produtivi-dade, em conseqüência, principalmente, dadiminuição da fertilidade do solo, do aumen-to da população de invasoras, do ataque dacigarrinha-das-pastagens e da baixa qualidadedas sementes.

Azevedo et a!. (1982) relatam que aBrachiaria decumbens apresenta elevada pro-dução de matéria seca, porém seu cultivodeve ser evitado, visto ser esta gramínea alta-mente susceptível ao ataque da cigarrinha--das-pastagens.

De acordo com Simão Neto et a!.(1973), o capim quicuio-da-amazônia (Bra-chiaria humidicola) apresenta um aumentode produtividade, do primeiro para o tercei-ro ano, enquanto que o capim marmelada(Paspalum maritimum) mostra uma produ-ção estável durante sua existência. Por ou-tro lado, os capins braquiária (Brachiariadecumbens), (Brachiaria ruziziensis) e sem-pre verde (Panicum maximum) apresenta-ram redução da produtividade e do "stand",do primeiro para o terceiro ano, resultandofinalmente no aumento das plantas invaso-ras.

O capim quicuio-da-amazônia é conside-rado uma forrageira rústica, resistente ao pi-soteio e aparentemente tolerante à cigarri-nha-das-pastagens. Embora apresente aceita-bilidade pelos bovinos, inferior a outras gra-míneas, com intervalos de corte de 75 dias,produziu 7,70% de proteína bruta e umaprodução de 18.246 kg de MS/ha/ano (Si-mão Neto & Serrão 1974).

Teixeira Neto et aI. (1980), trabalhan-do em Laterita Hidromórfica da ilha do Ma-rajó, verificaram que o quicuio-da-amazô-nia não respondeu de maneira acentuada àaplicação de fósforo, alcançando uma pro-dução de apenas 4.993 kg/MS/ha/6 mesesquando se utilizou 75 kg/ha de P2 Os + le-guminosas. No entanto, Souza Filho et a!.(1980) verificaram que as produções de ma-téria seca do quicuio não diferiram signifi-cativamente entre os diversos níveis de adu-bação fosfatada, porém, diferenças signifi-cativas ocorreram entre os tratamentos adu-bados e a testemunha. Concluíram os auto-res que o fósforo é importante para o esta-

belecimento e produtividade desta gramínea.Gonçalves et aI. (1982) estudaram o

comportamento de diversas forrageiras emRondônia e verificaram que o capim qui-cuio-da-amazônia revelou-se uma gramíneapromissora, principalmente em estabilidadede produção, competitividade e tolerânciaao ataque da cigarrinha-das-pastagens. Damesma forma, as leguminosas que mais sedestacaram foram a puerária, a centrosemaIRI 1282 e Stylosanthes hamata.

Em Areias Quartzosas, o fenômeno dadegradação das pastagens se agrava, uma vezque são solos de baixa fertilidade natural.

Visando a encontrar novas técnicas parasolucionar este problema, a EMGOPA e aEMBRAPA-CPATU, através do Projeto deMelhoramento de Pastagens da AmazôniaLegal (PROPASTO), desenvolveram o pre-sente trabalho com a finalidade de introduzire avaliar forrageiras - gramíneas e legumino-sas - no município de Xambioá, na regiãonorte do Estado de Goiás.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi conduzido nafazenda Porã, município de Xambioá, GO,em área utilizada como campo experimentalda Estação Experimental de Araguaína(6052' Lat. Se 48011' Long. WG). O climada região, de acordo com a classificação deKõppen, é do tipo Aw - Tropical chuvoso,com nítida estação seca que, na região, nor-malmente, vai de maio a setembro.

O campo de introdução constou de 28parcelas cultivadas com 16 gramíneas e dozeleguminosas. A vegetação anterior era umapastagem degradada de capim colonião (Pa-nicum maximum Jacq.) que se apresentavacom grande quantidade de plantas invasoras(juquira), O solo do local classifica-se comoAreias Quartzosas, (Comissão... 1978). Aanálise química do solo apresentou os se-guintes resultados: matéria orgânica 1,0%;pH 5,20; P disponível 1 ppm; K trocável24 ppm; Ca + Mg trocável 1,60 meq/l 00 rnle AI trocável 0,40 meq/l 00 ml.

As parcelas experimentais onde foramimplantadas as forrageiras, com dimensõesde 10m x 3 m, foram divididas em três sub-parcelas, sendo que somente duas foramsubmetidas a avaliações quantitativas sem e

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com adubação fosfatada na base de 50 kg/hade P20s (50% de superfosfato simples e50% de hiperfosfato), a terceira subparcelafoi usada para se fazerem observações feno-lógicas.° trabalho foi instalado em novembrode 1978, sendo a limpeza da área realizadaatravés da roçagem manual da "juquira",complementada com uma capina.

As espécies estudadas foram:

GRAMÍNEAS (16):

Quícuio-da-amazõnia (Brachiaria hu-midico/a)Braquiária IPEAN (Brachiaria decum-bens)Braquiária australiana (Brachiaria de-cumbens)Braquiária ruziziensis (Brachiaria ru-ziziensis)Braquiária flórida (Brachiaria sp)Braquiária french guiana (Brachiariasp)Sempre verde (Panicum maximumJacq. cv. Gongiloides)Colonião (Panicum maximum Jacq.)Marmelada (Paspa/um maritimum)Pasto Negro (Paspa/um plicatu/um)Estrela africana (Cinoâon nlenfuensis]Setaria kazungula (Setaria ancepescv. Kazungula)Hemarthria (Hemarthria a/tissima)Jaraguá (Hyparrhenia rufa)Elefante (Pennisetum purpureum)Gramalote (Axonopus sp.)

LEGUMINOSAS (12):

- Stylosanthes Cook (Sty/osanthesguianensis - cv. Cook)Kudzu tropical (Pueraria phaseoloi-des]Stylosanthes hamata (Sty/osantheshamata)Galactia (Ga/actia stria ta)Centrosema IRI-1282 (Centrosemapubescens - IRI-1282)Centrosema comum (Centrosemapubescens)Calopogônio (Ca/opogonium mucu-noides)Siratro (Macropitilium atropurpu-reum)

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Stylosanthes schofield (Sty/osanthesschofie/d)Stylosanthes endeavour (Stylosan-thes guianensis)Stylosanthes IRI-I022 (Sty/osanthesguianensis cv. IRI-I022)

- Leucena (Leucaena /eucocepha/a)

As forrageiras foram semeadas em sul-cos, com 50 em de espaçamento, utilizando--se 120 kg/ha de sementes de gramíneas e23 kg/ha de leguminosas. As gramíneas plan-tadas através de mudas seguiram o mesmoespaçamento mencionado.

Durante dois anos (1979 e 1980) foramrealizados sete cortes para avaliação da pro-dução de matéria seca, sempre que a forra-geira atingia altura de pastejo. A altura docorte variou conforme o hábito de cresci-mento da planta.

Os dados de produção de massa verdede cada subparcela foram obtidos de áreacorrespondente a 0,5 m". ° corte foi feitousando-se um aro de ferro e uma tesoura depoda. Posteriormente ao corte e pesagem daforragem verde no campo, uma amostra de300 g do material de cada tratamento foipesada e colocada em estufa, com circula-ção forçada de ar à temperatura de 600C -650C por 48 horas, para determinação damatéria seca parcial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados médios de produção da maté-ria seca/há/ano, relativos as gramíneas, obti-dos durante dois anos, são apresentados naTabela 1.

De acordo com estes resultados, pode-seobservar que os capins produtivos e promis-sores foram a braquiária australiana, o qui-cuio-da-amazõnía, o sempre verde, a braquiá-ria ruziziensis e o pasto negro. Verifica-setambém que as braquiárias australiana e ru-ziziensis foram as que apresentaram uma ten-dência de maior resposta à adubação fosfata-da.

Os capins estrela africana, setaria kazun-gula, hemarthria, jaraguá, gramalote e elefan-te não resistiram, após o quarto corte, sendoque este último apresentou grandes produ-ções nos primeiros cortes.

Evidência de maior produtividade dematéria seca dos capins braquiária australia-

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TABELA 1. Efeito da adubação fosfatada na produção de matéria seca, em kg/ha/ano de MS a 650C, relati-vos a dez gramineas mais promissoras, em Xambioá, GO, 1979/1980. EMGOPA, 1984.

Adubação fosfatada

Com Sem

kg/ha % kg/ha %

9.985 100 7.525 1006.707 67 6.775 906.427 64 6.833 916.089 61 2.874 385.560 56 6.311 845.460 55 5:741 764.946 50 2.811 374.787 48 3.254 434.715 47 4.776 634.578 46 3.475 46

Gramíneas

Braquiária AustralianaOuicuio-da-amazôniaSempre VerdeBraquiária RuziziensisPasto NegroBraquiária IPEANBraquiária F. GuyanaBraquiária FlóridaMarmeladaColonião

TABELA 2. Produção de matéria seca, em kg/ha/ano de MS a 650C, das leguminosas mais promissoras, emXambioá, 1979 e 1980. EMGOPA, 1984.

Adubação fosfatada

Com Sem

kg/ha % kg/ha %

8.600 100 5.154 1005.762 67 4.465 873.555 41 2.525 493.545 41 2.014 393.235 37 1.649 322.964 34 538 102.128 25 1.075 21

Leguminosas

Stylosanthes CookKudzu tropicalStylosanthes hamataGalactiaCentrosema (I R 1-1282)Centrosema comumCalopogônio

na e quicuio-da-amazõnia foi também mos-trada por Azevedo et al. (I 982) na região deMarabá, enquanto que Teixeira Neto et aI.(1980) não encontraram resposta à adubaçãofosfatada para o quicuio. Por outro lado,Souza Filho et aI. (1980) afirmam que o fós-foro é um elemento limitante para a produ-ção desta forrageira. Todavia, de acordo comSerrão & Falesi (I 977), esta gramínea é me-nos exigente que outras espécies difundidasna região amazônica.

Com relação às leguminosas, os dadosmédios de produção de matéria seca/há/ano,obtidos durante o período de dois anos, sãoapresentados na Tabela 2.

De acordo com esses dados, podemosobservar que as leguminosas que mais se des-

tacaram foram o Sty/osanthes guianensis cv.Cook e o kudzu tropical.

O Stylosanthes hamata, a Galactia, aCentrosema IRI-1282, a Centrosema comume o Calopogônio, embora tenham persistido,apresentaram produções de matéria seca re-duzidas.

O Siratro, o Stylosanthes guianensis cv.Schofield, o S. guianensis cv. IRI-I022 e oS. guianensis cv. Endeavour não persistiramapós o quarto corte, enquanto que a Leuce-na não se estabeleceu.

Maiores produções de matéria seca, doS. guianensis cv. Cook e kudzu tropical, fo-ram também observadas em Rondônia porGonçalves et aI. (I 982) e, na região de Mara-bá, por Azevedo et al. (982).

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Baseados nos resultados apresentados,pode-se tirar as seguintes conclusões:

- Os capins braquiária australiana, qui-cuío-da-amazõnía, sempre verde, Brachiariaruziziensis, pasto negro, e as leguminosasStylosanthes guianensis cv. Cook e kudzutropical apresentaram maior produtividadede matéria seca por hectare.

- Entre as gramíneas, braquiária austra-liana e B. ruziziensis apresentaram tendênciaa maior resposta à ad.ibação fosfatada. Oquicuio-da-amazõnia, sempre verde e pastonegro pouco ou nada responderam à aduba-ção fosfatada.

- Entre as leguminosas, o Stylosanthesguianensis cv. Cook mostrou maiores produ-tividades nos primeiros cortes, e tendênciade resposta à adubação fosfatada.

CONCLUSÕES

1. Os capins braquiária australiana, qui-cuio-da-amazõnía, sempre verde, braquiáriaruziziensis, pasto negro e as leguminosasStylosanthes guianensis cv. Cook e kudzutropical apresentaram uma tendência demaior produção de matéria seca.

2. O Stylosanthes guianensis cv. Cookapresentou uma tendência de resposta à adu-bação fosfatada e mostrou maiores produ-ções nos primeiros cortes.

3. As gramíneas braquiária australiana eruziziensis apresentaram uma tendência demaior resposta à adubação fosfatada.

4. Os capins quicuio-da-arnazõnia, sem-pre verde e pasto negro pouco responderamà adubação fosfatada.

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CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE Sty/osanthesguianensis, (AUBL) SW. "TARDIO"

NA REGIÃO DE BELÉM, PARÃ

Eniel David Cruz! , Maria do Pilar H. das Neves!e Emanuel Adilson Souza Serrão/

RESUMO - Visando selecionar leguminosas com maior potencial forrageiro que as cornu-mente utilizadas na Amazônia, foram introduzidos e avaliados preliminarmente, durante 17meses, 16 acessos de Stylosanthes guianensis, "Tardio", (Aubl) Sw. O experimento foi insta-lado em Belérn, Estado do Pará, latitude 1056'S e longitude 56046' W Gr. O clima é do tipoAfi, segundo Kdppen, e o solo Latossolo Amarelo (Oxissolo) textura leve. O delineamentoexperimental utilizado foi de blocos ao acaso com duas repetições, medindo as parcelas2,0 m x 6,5 m, com seis plantas, sendo cinco espaçadas 0,5 m uma da outra e uma a 2,0 mdas demais. De modo geral, as características agronômicas apresentadas pelas diferentes in-troduções foram consideradas boas. Os acessos mostraram boa produção de massa verde;no entanto a floração e produção de sementes não foram consideradas satisfatórias. As in-troduções CPATU 832 e 836 apresentaram melhor produção de sementes, enquanto CPATU833 não florou durante todo o período das avaliações. As introduções avaliadas apresenta-ram baixa infestação de pragas e doenças, apresentando bom vigor durante o período dasobservações, embora tenham sido observados, em pequena intensidade, sintomas de defi-ciências nutricionais, de potássio e magnésio.Termos para indexação: Amazônia, leguminosas, Stylosanthes guianensis, caracterização,avaliação, comportamento agronômico.

CHARACTERIZATION AND EVALUATION OF Sty/osanthesguíanensís, (AUBL) SW. "TARDIO"IN THE REGION OF BELÉM, PARÁ

ABSTRACT - In order to select legumes with greater forage potencial than those commonlyused in Amazônia, 16 cultivars of Stvlossntnes guianensis, "Tardio", (Aubtl Sw. wereintroduced and evaluated for 17 months. The experiment was performed in Belém, State ofPará, latitude 1056'S and longitude 56046'W. The climate is Afi in the Kõppen system, andthe soil is light texture yellow Latosol (Oxisot). The experimental design was random blockwith two replications. Plots were 2.0 x 6.5 m, with 6 plants, 5 spaced at 0.5 m intervals andone spaced at an additional 2 meters. In general, the agronomic characteristics of the variouscultivars were considered favorable. Biomass production was good, but flowering and seedproduction were unsatisfactory. The cultivars CPATU 832 and 836 had the greatest seedproduction, while CPATU 833 did not flower at ali during the study. The cultivars had lowinfestation rates by pests and diseases, but did show low intensity of potassium andmagnesium deficiencies.Index terms: AmazÔnia, forage, legumes, Stvlosenthes guianensis, agronomic characteristics.

INTRODUÇÃO de potencial no melhoramento de pastagens(Burt et aI. 1983).

Espécies deste gênero, principalmente aS. guianensis, apresentam polimorfismo emdiversos caracteres, tais como: porte, hábito

o gênero Stylosanthes, de larga adapta-ção em regiões tropicais e subtropicais, to-lerante a solos de baixa fertilidade, tem gran-

! Eng. - Agr., EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48. CEP 66000. Belém, PA.2 Eng. _Agr., Ph.D., EMBRAPA-CPATU.

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de crescimento, forma e tamanho dos folío-los e número de flores por inflorescência,tornando possível detectar ampla variabili-dade genética na espécie (Leitão Filho & Lo-vadini 1974).

Forrageiras tropicais c.onvivem com umsubstrato dotado de extensa quantidade deorganismos patogênicos, tais como: fungos,vírus, bactérias, insetos e nematóides que sãovariáveis no ambiente, flutuando bastanteem densidade e apresentando rapidez na per-muta de gens, de acordo com o hospedeiroexístente na pastagem, fatores climáticosperiódicos e intervenção no manejo (Humph-reys 1981).

A antracnose, causada pelo fungoColletotrichum gloeosporioides (Penz) Secc.é uma doença limitante da produtividade deStylosanthes spp. Em pesquisas realizadas noCentro Internacional de Agricultura Tropi-cal - CIAT, concluiu-se ser necessário obtergenótipos resistentes a este patógeno, pelofato desse fungo se propagar através da se-mente (Programa... 1977) e catt.sar danos àspastagens com essa leguminosa na Africa,América do Sul, Austrália e E.V.A. (Pro-grama ... 1977, Sono da et aI. 1974, Irwin &Cameron 1978, Lenné & Sono da 1978 eSouto et aI. 1978).

Tem sido observado que várias pragasatacam plantas do gênero Stylosanthes. Osmaiores danos são causados pelo coleópteroEutinobothrus sp. e pelo lepdóptero Calopti-lia sp., sendo este último o mais importante(Calderón 1982 e Calderón et aI. 1982).

A avaliação de danos causados por estesinsetos é muito difícil, porque eles se locali-zam no interior do caule (Calderón 1982),destruindo os sistemas vasculares da planta,diminuindo ou até impedindo o fluxo de nu-trientes e, conseqüentemente, reduzindo ovigor e produtividade (Calderón et aI. 1982).As observações realizadas mostraram queesse inseto prefere plantas que apresentam ocaule principal rijo e lenhoso (Programa ...1981 ).

O objetivo deste trabalho é apresentar ascaracterísticas agronômicas e de resistência apraga e doenças de 16 acessos de S. guianen-sis "Tardio" na região de Belém, Estado doPará, com finalidade de selecionar germo-plasma para outras etapas de pesquisa.

MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi instalado na região

de Belém, Estado do Pará, latitude 1056'Se longitude de 56045' W Gr.

O clima é do tipo Afi, segundo a classi-ficação de Kõppen, caracterizando-se porapresentar uma pluviosidade anual elevada,com temperatura média anual de 260C,média das máximas 320c e média das míni-mas 23oC, sendo 82% e 2.600 mm os respec-tivos valores para umidade relativa e a pre-cipitação pluviométrica anual.

A Fig. 1 mostra a precipitação pluvio-métrica mensal em Belém no período deagosto/1982 a janeiro/1984, período no qualforam realizadas as avaliações (Boletim ...1982, 1983, 1984).

O solo foi classificado como LatossoloAmarelo (Oxíssolo) textura leve, apresentan-do as seguintes características: pH 4,4,11 ppm de P e 20 ppm de K. Os teores deAl"?" e Ca'" + Mg++ são 4,4 meq% e0,2 meq%, respectivamente.

Foi estudado o comportamento agronô-mico e tolerância a pragas e doenças de 16acessos de S. guianensis "Tardio", mostradosna Tabela 1.

O delineamento experimental utilizadofoi de blocos ao acaso com duas repetições,medindo as parcelas de cada acesso 2,0 m x6,5 m. Foram locadas seis plantas em cadaparcelar em uma única linha, sendo cincoespalhadas de 0,5 m entre si e uma distantedois metros da última planta na linha.

O plantio foi realizado em junho de1982.

Foram realizadas avaliações mensais deagosto/1982 a janeiro/1984. Durante esteperíodo foi observado a performance dosacessos através dos seguintes parâmetros:vigor, folhosidade (produção de massa verde),alastramento (capacidade de propagação ve-getativa), floração, frutificação, produção desementes, germinação de sementes caídas nosolo, grau de ataque de pragas e doenças, co-bertura e estado nutricionaI.

Durante as avaliações foram dados con-ceitos aos parâmetros avaliados, chamadosdescritores, que foram: 1 - péssimo, 2 - regu-lar, 3 - moderado, 4 - bom e 5 - excelente.

Diagramas de performance das introdu-ções foram confeccionados para os meses demarço e novembro de 1983, meses de maiore menor precipitação pluviométrica, respecti-vamente.

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500

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-1982 1983-----

* --Precipitacõo---TemperGtura----o-Ao-Umidade relativo

FIG. 1. Características climáticas da região deBelém, Pará, Brasil.

TABELA 1. Acessos de S. guianensis estudadosno experimento.

CPATU1 BRA2 CPATU1 BRA2

821 006491 829 012106822 031801 830 012181823 012017 831 014699824 012041 832 009091825 012050 833 008591826 012076 834 008630827 005720 835 012246828 012092 836 014931

Código de acesso no Centro de Pesquisa Agrope-2 cuária do Trópico Úmido-CPATU.

Código de acessono Sistema Cooperativo de Pes-quisa Agropecuária - SCPA.

RESULTADOS E DISCUSSÃOVigor

As introduções mostraram bom vigordurante as avaliações (Fig. 2).

Em março, mês de maior precipitaçãopluviométrica, e quando geralmente ocorremaior índice de doenças, os conceitos dadosa este descrito r foram ligeiramente superio-res ao mês de novembro, quando ocorremmenor intensidade de chuvas. Destacaram-seas introduções CPATU 823, 826,828 e 829que tiveram conceitos excelentes durante osperíodos amostrados. Por outro lado, osacessos CPATU 822 e 823 apresentaram vi-

79

---03/83===11/83

V I G o R

~ 4

u 3

o

Acesso

FIG. 2. Comportamento do vigor dos acessos.

5

-03/83=11/83

FOLHOSIOAOE

o 4

o 2u

or-Nf'f'lVU"lCDr--m<nO-N,..,.If')CDNNNNNNNNC'\Jrt')f'I")f"")"""",..,""coco coco COCOCDCOCIDCOCOClOCOCDCIOCO

Acesso

FIG. 3. Comportamento da folhosidade dos aces-sos.

gor inferior aos outros acessos, embora con-siderado bom.

Folhosidade

Os acessos avaliados mostraram boa pro-dução de folhas (Fig. 3). Em março algumasintroduções apresentaram ótima folhosidade,entretanto, a mesma diminuiu em novembro.Também' observou-se o inverso em outrasintroduções que aumentaram a produção defolhas no mês de menor precipitação pluvio-métrica. Isto ocorreu provavelmente devidoa melhor adaptação de alguns acessos à épo-ca de menor intensidade de chuvas.

As introduções CPATU 826, 827, 828e 829 apresentaram melhor folhosidade, en-quanto CPATU 832, que teve conceito mo-derado, foi considerado o acesso de menorprodução,

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80

-:::::: 03/83c: 11/83AL ASTRAMENTO

o 4., 3

o 2'-'

o-N"""V.nWf'-CO<nO-Nrt')V.nc..oNNNC"JC'\JNNNN"""""""'''''''''''''''''''''COCOCDCOCOCOCOCOCOCO<Ocococococo

Acesso

FIG.4. Comportamento do alastramento dosacessos.

Alastramento

Durante as avaliações foi observadaemissão de raízes através de gemas existentesno caule (Fig. 4). Essas raízes, embora emnúmero regular, se fixavam no solo, servindocomo ponte de absorção, aumentando aárea de contato da planta com o solo.

Floração, frutificação e produção de semen-tes

Estes descritores variaram bastante entreos acessos. As introduções CPATU 832 e836 começaram a florar logo após o iníciodas avaliações, sendo também os primeirosa produzirem sementes, porém, em pequenaquantidade. Por outro lado, verificou-se queo acesso CPATU 833 não florou durante asavaliações. Nos meses de março e novembro,estes descritores não foram manifestados nasintroduções, por isso, não são apresentadosos diagramas.Germinação de sementes caídas no solo

A percentagem de germinação dessas se-mentes foi baixa, provavelmente devido àbaixa produção e à colheita semanal dos fru-tos.

Doença - grau de ataque

A ocorrência de doenças nas introdu-ções avaliadas foi observada com mais fre-qüência durante o período de maior preci-pitação pluviométrica, embora tenha sidoregistrada essa ocorrência em outros meses(Fig. 5). Os fungos observados foram Colle-

-03/83

5DOENÇA / GRAU DE ATAQUE

o 4., 3

o 2'-'

O_Nrt')VIOCOr-COo\O-N""""U")U)NNNNNNNNN""""""""'''''''''''''COCOClOcocococococococoCOCOCOCOCO

Acesso

FIG. 5. Comportamento do grau de ataque de do-enças nos acessos.

03/8311/83

INSETO/GRAU DE ATAQUE

u 3

'-'

N~~~!C~~~~~;;:;~~;:!;U')~COCOCDOOCOCOCl)COCOCOCOCl)COco~co

AcessoFIG. 6. Cornportamento doqreu de ataque de inse-

tos nos acessos.

totrichum gloeosporioides e Rhizoctoniasolani que causaram leves danos, sendo oprimeiro com maior freqüência. No ecos-sistema estudado, os acessos de S. guianen-sis avaliados não mostraram suscetibilidadea C gloeosporioides, um dos maiores inimi-gos dessa leguminosa nos trópicos.

No mês de novembro não foi registradaa ocorrência de doença no experimento.

Praga - grau de ataque

O coleóptero Eutinobothrus sp. e olepdóptero Caloptilia sp., que são os insetosmais prejudiciais ao gênero Stylosanthes, nãoforam observados (Fig. 6). Notou-se a ocor-rência de insetos que se alimentavam das fo-lhas, que causaram apenas leves danos nasplantas.

Cobertura

Os acessos avaliados apresentaram boacapacidade de cobertura, dificultando assim

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-=:::::: 03/83~ 11/83

c O BERTURA

o 4•• 3

o 2'-'

o

Acesso

FIG. 7. Comportamento da cobertura nos acessos.

-03/83=11/83

E 5 T A O O NUTR1CIONAL5

4

•• 3

o 2'-'

r-N,..,-.:t'V'lCDt-ClJ(nOr-Nrt')V.nc.oNNNNNNNNN,.,.,,.,.,,.,.,""""'''''''''""Q)CI) Cl)COCDCI) co CIO coco ao 00 coco CIO

Acesso

FIG. 8. Comportamento do estado nutricional dosacessos.

o aparecimento de invasoras nas parcelas(Fig. 7). Conforme os diagramas apresenta-dos observa-se que as chuvas pouco influen-ciaram no comportamento das introduçõesquanto a este descritor, sendo a performancebastante semelhante nos dois períodos amos-trados, tendo os acessos CPATU 823, 824,825, 826, 827, 829, 830, 833 e 834 mostra-do excelente cobertura.

Estado Nutricional

Freqüentemente foram observados sin-tomas de deficiências nutricionais, provavel-mente de potássio e magnésio (Fig. 8).

Estes sintomas foram ligeiramente maisacentuados no mês de novembro, época demenor precipitação pluviométrica.

CONCLUSÃO

Os acessos avaliados apresentaram bompotencial forrageiro. Entretanto, na maioria

81

das introduções, observou-se baixa percenta-gem de floração e produção de sementes.

Das 16 introduções avaliadas, apenas oacesso CPATU 833 não foi selecionado paraa próxima etapa da pesquisa, uma vez que omesmo não florou durante o período dasavaliações.

É necessário avaliar esse germoplasmaem outros ecossistemas, podendo-se, assim,selecionar recursos genéticos para as diferen-tes microrregiões existentes na Amazônia.

Deve-se dar continuidade aos trabalhosde introdução de novos germoplasmas, com oobjetivo de selecionar leguminosas forrageí-ras que reúnam o maior número possível decaracterísticas desejáveis.

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82SONODA, R.M.; KRETSCHMER JUNIOR, A.E.

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CAPIM-ELEFANTE-ANÃO:NOVA OpçÃO FORRAGEIRA PARA AMAZONIA

Jonas Bastos da Veiga 1

RESUMO - São discutidas algumas características forrageiras do capim-elefante-anão (Penni-setum purpureum), oriundo da Flórida (USA) e recentemente introduzido na região. Por seuporte baixo (entre-nós curtos), essa variedade pode ser utilizada em pastejo direto, manejodifícil de ser adotado nas variedades altas comumente plantadas nas fazendas regionais, face àgrande quantidade de resíduo refugado pelo gado (restos de colmos) que são deixados nospastos após a utilização. Num estudo comparativo com a variedade alta cameron, constatou--se que o capim-elefante-anão possui menor potencial produtivo, porém apresenta maior pro-porção de folhas em relação a colmos, o que confere maior valor nutritivo à forragem produ-zida. Ademais, o teor de proteína bruta, tanto das folhas como dos colmos, tendeu a sermaior na variedade de porte baixo, nas três idades de corte estudadas. Portanto, por seu há-bito de crescimento e qualidade forrageira, pode-se considerar o capim-elefante-anão comouma nova opção forrageira para ser utilizada na suplementação alimentar do rebanho regio-nal.

Termos para indexação: Forrageiras, capim-elefante-anão, produção e qualidade, região ama-zônica.

DWARF ELEPHANTGRASS:A NEW FORAGE ALTERNATIVE FOR THE AMAZON REGION

ABSTRACT - Forage potential of dwarf elephantgrass (Pennisetum purpureumt broughtfrorn Florida (USA) and recently introduced in the region is discussed. I ts short-heightgrowth habit due to short inter-nodes allows this grass to be used under grazing conditionswhich is difficult for the tall varieties because of the high amount of ungrazed residuII(mainly srems). In acomparative study with a tall variety (cameronl, the dwarf elephantgrassshowed lower yield potential but higher proportion of leaf in relation to stem tissue in theproduced forage, which is indicative of better nutritive value. Also, the crude proteincontent of both leavesand stems tended to be higher in the dwarf variety at ali studied ages.Due to its growth habit and forage quality the dwarf elephantgrass can be considered as anew alternative for forage supplementation in the Amazon region.

Index terms: forages, dwarf elephantgrass, yield and forage quality, Amazon region.

INTRODUÇÃO

o gênero Pennisetum é rico em espéciesde valor forrageiro. Pode-se citar comoexemplo o capim elefante (P. purpureum),rnilfet (P. americanum) e quicuio (P. clandes-tinum). O capim elefante, difundido entreos fazendeiros regionais por sua alta produ-ção forrageira, desempenha um papel muitoimportante, na alimentação do gado leiteiroda região.

De modo geral, as variedades de capimelefante atualmente em uso, como a came-ron, napier, mineiro e outras, são utilizadasno cocho como suplementação alimentar,na forma de material picado, sistema que,além de exigir a reposição de nutrientes aosolo através da adubação, resulta em eleva-dos gastos com mão-de-obra e maquinário.O emprego desse capim para pastejo diretotem sido dificultado pelo rápido alongamen-to do colmo, que chega a atingir mais de três

1 Eng. Agr. Ph.D.. EMBRAPA·CPATU. Caixa Postal 48. CEP 66000. Belém, PA.

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metros de altura. Por outro lado, os tecidosfibrosos do colmo são de baixo valor nutriti-vo, razão pela qual são rejeitados pelo gado.Nessas condições, para estimular a rebrotade material forrageiro de melhor qualidade,torna-se necessária a roçagem mecânica oumanual do resíduo, dificultando o manejo.

Em setembro de 1983, a EMBRAPA-CPATU introduziu no seu Banco Ativo deGermoplasma de Forrageiras, em Belém, avariedade P. purpureum de porte baixo, cha-mada "Capim-Elefante-Anão"· cujos primei-ros estudos foram desenvolvidos na Flórida,USA (Veiga 1983, Veiga et aI. 1983, Rodri-gues et aI. 1983 e Montalvo et aI. 1983).Essa variedade anã mostrou-se bastante pro-missora, para pastejo direto, devido ao seuporte baixo o qual não ultrapassa um metrode altura sob utilização normal. Apesar doporte relativamente baixo, o seu potencialprodutivo não é comprometido, enquantoo seu valor nutritivo supera as variedades al-tas, face principalmente a produção maiorde folhas que colmos.

Na EMBRAPA-CPATU, Belém-Paránum solo do tipo Latossolo Amarelo texturamédia, um ensaio foi conduzido para se estu-dar o comportamento do capim-elefante va-riedade anã em comparação com a variedadecameron, sob três idades de corte (28, 56,84 dias). O delineamento foi inteiramentecasualizado com 4 repetições.

A presente nota relata os dados de pro-dução forrageira e valor nutritivo das varie-dades estudadas, no primeiro período.

PRODUÇÃO FORRAGEIRA

Na Tabela 1 são apresentados os dadosde produção de forragem e fracionamento daprodução para o capim-elefante variedadesanã e cameron.

Nota-se que o potencial produtivo davariedade cameron é maior que o da varieda-de anã, sendo que esta diferença é mais evi-dente com a extensão do intervalo de corte(idades). Em ambas as variedades houve umacréscimo na produção total com o aumentoda idade de corte.

No entanto, o potencial de uma forra-geira não pode ser avaliado somente levandoem consideração dados quantitativos (deprodução de forragem). A produção de fo-lhas fazendo parte da produção é uma indi-

TABELA 1. Produção de forragem e fracionamen-to da produção do capim-elefante, va-riedades anã e cameron, em três ida-des de corte.

Variedades

Idade de corte(dias)

28a 56b 84c

Produção de forragem -kg de MS1 /ha-

Anã 847 2955 6090Cameron 958 3305 10493

Fracionamento da produção %_--

Anã Folha 89 79 67Colmo 11 21 23Material morto 10

Cameron Folha 71 66 43Colmo 29 34 44Material morto 13

a Média de 4 cortesb Média de 2 cortesc Média de 1 corte1 MS = matéria seca.

cação da qualidade forrageira, tendo em vis-ta o maior valor nutritivo da folha em rela-ção ao do colmo e do material morto. Nesteaspecto, pode-se deduzir da Tabela 1 que avariedade anã apresenta uma produção forra-geira de melhor qualidade, uma vez que aproporção de folha desta variedade suplan-tou a da variedade cameron. Em ambas va-riedades, a proporção de folhas diminuiucom a idade, o que é plenamente justificá-vel.

VALOR NUTRITIVO

Na Tabela 2 são encontrados os dadosde prote ína bruta das duas variedades de ca-pim-elefante estudadas. A julgar por esseparârnetro apenas a variedade anã tende a termelhor valor nutritivo que a variedade carné-ron por apresentar maiores teores de prole í-na bruta, tanto na folha como no colmo.Como era de se esperar, o teor de proteínabruta foi afetado negativamente pela idadenas duas frações, folha e colmo.

Considerando-se ser o nível crítico deproteína de 7% na dieta, as forragens produzi-das por ambas as variedades em todas as ida-des podem ser consideradas como satisfató-rias. Apenas ô colmo da variedade cameron,

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TABELA 2. Teores de protelna bruta (PB) do ca-pim-elefante, variedades anã e earne-ron em três idades de corte - Dadosapenas do 1? corte.

Variedade/parteda planta

Idade da planta (dias)

28 56 84

Anã %PBnaMS1

14,710,3

11,59,3

FolhaColmo

23,9

Cameron

FolhaColmo

21,816,7

11,09,1

9,85,5

MS = Matéria seca

na idade de 84 dias, apresentou um conteú-do de proteína considerado muito baixo(5,5%).

PRODUÇÃOFORRAGEIRA X VALOR NUTRITIVO

De modo geral, em forrageiras tropicais,a otimização simultânea dos parâmetrosquantitativos e qualitativos é muito difícilse não impossível. A medida que se aumentaa produção através do alongamento dos in-tervalos de corte ou pastejo, a qualidade ficareduzida (ver Tabela I e 2). Por esse motivo,no manejo de forrageiras, deve-se procurarum ponto intermediário entre produção equalidade que permita se obter uma produ-ção boa, e com aceitável valor nutritivo.

Os dados mostrados nas Tabelas 1 e 2permitem concluir que a variedade anã nãotem o seu valor nutritivo reduzido a níveisconsiderados baixos, mesmo na idade de 84dias onde a produção foi maior. O mesmonão ocorreu com a variedade cameron onde

85

à idade de 84 dias, a qualidade ficou com-prometida por causa da alta proporção decolmo na produção total de matéria seca.

Em suma, tendo em vista a relação fo-lha/colmo e a diferenciação nutritiva entrefolha e colmo, a forragem produzida aos 84dias pela variedade anã (6_090 kg de MS/ha)pode ser considerada de melhor qualidade doque àquela da variedade cameron aos 56 dias(3.305 kg de MS/ha).

Esses dados, entretanto, necessitam serconfirmados num período experimental maislongo para poderem ser considerados como re-sultados consolidados e, dessa maneira, di-vulgados entre os produtores.

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RESPOSTA DO CAPIM-ELEFANTE (Pennisetum purpureum,SCHUM) A NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÃSSIO EM

TRACUATEUA E BENEVIDES, ESTADO DO PARÃ

Jona~ Bastos da Veiga", Miguel Simão Neto";Emanuel Adilson Souza Serrão ' e.I-Ling Tjon-Pian-Gi''

RESUMO - Seis experimentos foram conduzidos em Latossolo AIDarelo de textura leve amédia de Tracuateua e Benevides para se estudar o efeito de níveis crescentes de nitrogênio(N), fósforo (P) e potássio (K), separadamente, na produção forrageira do capim-elefante(Pennisetum purpureum, Schum). Os níveis de N foram: 0, 50, 100, 150, 200 e 250 kg deN/ha/ano para Benevides e 0,75, 150,225, 300 e 375 kg de N/ha/ano para Tracuateua. Osde P foram, O, 50, 100, 1;;0,200 e 250 kg de P20s/ha/ano e de K foram 0,50,100,150,200 e 250 kg de K2 Olha/ano para ambos os locais. Uma adubação básica foi usada para su-prir N, P e/ou K conforme o experimento, na base de 150 kg de N, 200 kg de P20s e 220 kgde K20/ha/ano. A adubação foi aplicada parceladamente logo após os cortes. °delineamen-to experimental foi o de blocos ao acaso com quatro repetições. Cada parcela media 2 m x5 m e as estacas do capim foram plantadas no espaçamento de 0,5 m x 0,5 m. A resposta emprodução forrageira do capim-elefante a N e P foi maior em Benevides que em Tracuateua,enquanto que a resposta a K foi semelhante nos dois locais. Para cada kg de N, P20s e K20aplicado houve um acréscimo na produção de matéria seca de 5,6, 11,3 e 35,5 kg/ha em Tra-cuateua e 42,8, 43,9 e 39,1 kg/ha em Benevides, respectivamente. Não houve efeito de N, Pe K nos teores de proteína bruta, P e K da forragem.Termos para indexação: Capineira, adubação, produção de forragem.

RESPONSE OF ELEPHANTGRASS (Pennisetum purpureum,SCHUM) TO NITROGEN, PHOSPHORUS ANO POTASSIUM IN

TRACUATEUA ANO BENEVIOES, STATE OF PARÁ

ABSTRACT - Six experiments were carried out on light-to-medium texture yellow latosol(Oxisol l in Tracuateua and Benevides, eastern State of Pará, to determine the effect of in-creasing rates of nitrogen (N), phosphorus (P) and potassium (K), separately, on the forageproduction of elephant grass (Pennisewm purpureum Schum). The levels of N applied wereO,50, 100, 150,200 and 250 kg N/ha/year in Benevides and O,75, 150, 225, 300 and 375 kgN/ha/year in Tracuateua. Those for P were 0, 50, 100, 150,200 and 250 kg P20S/ha/ysar,and for K 0, 50, 100, 150,200 and 250 kg K20/ha/year for both places. A basal fertilizerapplication of NP, NK or PK using 150 kg N, 200 kg P20S and 220 kg K20 was given accor-ding to the experimento The fertilizer was given in fractions immediately after the cuttings.Each experiment was set up in a randomized block design with four replications. The size ofthe plots was 2 m x 5 m and the grass cuttings were planted in spacings of 0,5 m x 0,5 m.The responses of elephant grass to N and P were higher in Benevides compared to those inTracuateua, while those do K were similar in both places. For every kg of N, P20S and K20applied, per hectare, the increase in drv matter production was 5.6, 11.3 and 33.5 kg perhectare in Tracuateua and 42:8, 43.9 and 39.1 kg per hectare in Benevides, respectively. Noeffect of N, P and K was found respectively on the contents of crude protein, P and K in theforage.

Index terms: Forage fertilization, forage production.

2Eng. Agr. Ph.D. EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48. CEP 66000. Belém, PA.Eng. Agr. Ph.D. EMBRAPA-CNPGL. Caixa Postal 151. CEP 36155. Coronel Pacheco,MG.Eng~ Agr~ Estagiária EMBRAPA-CPATU.3

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88

INTRODUÇÃO

° capim-elefante (Pennisetum purpu-reum Schum) por seu potencial forrageiro éuma gramínea muito utilizada na formaçãode capineiras de corte na zona bragantina,onde se localiza grande parte das granjas lei-teiras que abastecem a cidade de Belém, PA.° Latossolo Amarelo de textura leve amédia é o solo predominante nessas áreas. Acobertura vegetal original era de floresta den-sa, que foi derrubada e queimada há algunsanos. De modo geral, essas áreas foram utili-zadas, desde o início de sua exploração, naprodução de cultura de subsistência atravésdo sistema de agricultura itinerante. Esse ti-po de exploração desordenada por dezenasde anos diminuiu consideravelmente o po-tencial de fertilidade do solo, o qual necessi-ta de um manejo racional para que sua pro-dutividade seja mantida ou aumentada.

No sistema de capineiras, a forrageira écolhida, triturada e forneci da no cocho paraos animais. Isto requer que nutrientes retira-dos do solo pelas colheitas sejam repostas naforma de adubação.

Vários autores enfatizam a necessidadede adubação do capim elefante. Numa áreade Ultisol de Porto Rico, Vicente-Chandleret alo (1974) reportam maior resposta do ca-pim elefante a níveis crescentes de até 900 kgde N ou K por ha que outras forrageiras tro-picais.

Na Costa Rica, em solo aluvial, Guerreroet alo (1970 a e b) obtiveram uma respostacrescente e linear para N, enquanto a respos-ta para P foi quase nula.

Por outro lado, em Latossolo Amarelotextura média de Belém , Serrão et alo(1971)mostraram que quando o N, P e K foram re-tirados, um de cada vez, de uma adubação bá-sica constituída de 160 kg de N, 250 kg deP20s e 200 kg de K20 por ha, a produçãodecresceu .em 34%, 62% e 67%, respectiva-mente.

As informações básicas com respeito àresposta do capim elefante a nutrientes dosolo na região bragantina e arredores são bas-tante escassas. Este trabalho teve por objeti-vo estudar a resposta desse capim de corte aníveis crescentes de N, P e K num Latossolorepresentativo de Benevides e TracuateuaEstado do Pará. '

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos emBenevides e Tracuateua (este no municípiode Bragança), Estado do Pará, no período defevereiro de 1970 a novembro de 1973.

A precipitação anual é de 3.272 mm e2.629 mm para Benevides e Tracuateua res-pectivamente, sendo que as chuvas são maisfreqüentes nos meses de janeiro a julho. Atemperatura média anual dos dois locais é de260C, com mínima de 220C e máxima de31,50C, e a umidade relativa anual média éde 85%.

Os experimentos foram instalados emáreas utilizadas por longo tempo para produ-ção de culturas de subsistência. ° solo eraum Latossolo Amarelo de textura leve a mé-dia, possuindo boas propriedades físicas, po-rém de baixa fertilidade (Tabela 1).

T ABE LA 1. Características qu ímicas do solo dasáreasexperimentais.

Características Benevides Tracuateua

pH 4~Passimilável (ppm) 3K trocável (pprn} 18Ca++,Mg++ (meq/100 g) 0',8AI+++ (meq/100 g) 0,9M.a. (%)N(%)

Argila (%)Limo (%)

Areia grossa(%)Areia fina (%)

4,88

161,50,121,400,076

47218

Os nutrientes estudados em experimen-tos separados foram N, P e K. Os níveis deN foram O, 50, 100, 150,200 e 250 kg deNjhajano para Benevides e 0,75, 150,225,300 e 375 kg de P20s/ha/ano para Tracua-teua. Os níveis de P foram O 50 100 150200 e 250 kg/ha/ano e de K à, 50, 100', 150:200 e 250 kg de K2 O/ha/ ano para ambos oslocais. Uma adubação básica foi aplicada pa-ra suprir o solo com N~ P**e K **~ conformeo experimento, na base de 150 kg de N,

(quando variaram P e K)(quando variaram N e K)(quando variaram N e P)

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200 kg de P20S e 220 kg de K20jhajano.Os fertilizantes usados foram sulfato de arnô-nio, superfosfato triplo e c1oreto de potássio.As adubações experimentais (níveis) e as bá-sicas foram feitas parceladamente após oscortes.

O delineamento experimental usado foibloco ao acaso com quatro repetições. Cadaparcela media 2 m x 5 m e as estacas de ca-pim elefante foram plantadas em covas noespaçamento de 0,5 m x 0,5 m. Os cortes fo-ram efetuados a intervalos irregulares que va-riaram de 42 a 161 dias, à altura de 10 emdo solo.

Os dados analisados constituem produ-ções de seis cortes em Benevides (501 dias) ecinco cortes em Tracuateua (536 dias). Omodelo de regressão linear y = a + bx foi usa-do para ajustar a variável resposta, onde y= produção de matéria seca (kgjha no perío-do experimental) e x = kg de cada nutriente(N, P2 05, K2 O) por hajano.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resposta a nitrogênio (N)

A resposta do capim elefante à aduba-ção nitrogenada, tanto para Benevides comopara Tracuateua, está representada na Fig. 1.

As equações ajustadas para produção dematéria seca foram y =30098 + 42,8x emBenevides e y = 28573 + 5,6x em Tracua-teua, onde y = kg de matéria seca por ha ex = kg de N por ha por ano. Para Benevides,observou-se que a regressão foi significativa e

...•o.= 40

Benevides o

'"u.ao..'"~~c; 30E **Y: 30098 + 42,8 X

R2:0,56

89

o coeficiente de determinação (0,56) foimaior que no caso de Tracuateua (0,06), on-de praticamente, nenhum efeito do fator Nocorreu na produção de matéria seca.

Como se pode notar, a produção ajusta-da na ausência de N(x = O) foi aproximada-mente igual nos dois locais (30098 e28573 kg de matéria seca por ha), mostran-do semelhança no potencial de produção for-rageira às custas apenas do N do solo, mesmohavendo uma pequena diferença no períodoexperimen tal.

Em Benevides, o acréscimo na produçãode matéria seca por kg de N aplicado (42,8)foi bem maior que em Tracuateua (5,6), in-dicando um menor retomo à aplicação doadubo, neste local.

A razão do efeito reduzido da adubaçãonitrogenada em Tracuateua não é claro. Oli-veira et alo (1984) também observaram quenão houve efeito na adubação nitrogenadana produção de arroz (certas variedades) emestudos num Latossolo Amarelo de texturapesada, na região de Manaus. Segundo aque-les autores, nesses solos as perdas por lixivia-ção de nutrientes, após pesadas chuvas ocor-rendo logo depois do período seco, podemser consideráveis. Infelizmente, não se dis-põem de dados de distribuição de chuvas noano de 1972, em Tracuateua. Entretanto,1973 foi um ano relativamente seco com1682 mm (Anuário Agromete orológico1973) e isto pode ter afetado a disponibilida-de do adubo nitrogenado para as plantas docapim-elefante.

Também os intervalos entre as aplica-

40

n. s.Y: 28573 + 5,6 X

R2: 0,06

Trocuoteuo

30o. ~ __--o---~o---------col- o o

20

i i i i i i i i i i • i I

O 50 100 150 200 250· O 50 100· 150 200 250 300 350 400

kg de N/h%no

FIG. 1. Resposta do capim-elefante à adubação nitrogenada (seis cortes em Benevides e cinco cortes emTracuateua).

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i i i i i i i i i

50 100 150 200 250 O 50 100 150 200 250

kg de P205 /ha/ano

90

ções do adubo foram longos, e de acordocom Kass et al. (1975), a ocasião da aplica-ção tem grande influência na produção dasculturas.

Uma outra razão para a falta de respostaà aplicação de N em Tracuateua pode ser obaixo conteúdo de matéria orgânica do solo,o que facilita sobremaneira a lixiviação dosnutrientes solúveis aplicados. Pimentel et al.(1984) obtiveram menor resposta à fertiliza-ção nitrogenada em relação à aplicação de es-terco de curral num experimento realizadoem Belém, em solo semelhante.

Vicente-Chandler et al. (1974) obtive-ram aumentos de 27 kg, 54 kg e 65 kg dematéria seca por kg de N (até 450 kgJha) emcortes feitos a cada 40,60 e 90 dias, respec-tivamente, em Ultisol de Porto Rico. Estastaxas são compatíveis com os dados de Bene-vides (Fig. 1). Por outro lado, a taxa de res-posta ao adubo ni trogenado em Tracuateua écomparável aos dados obtidos por Guerreroet al. (1970a), em torno de 7,5 kg de matériaseca por cada kg de N aplicado por hafano.

Os teores de proteína bruta das amos-tras de capim-elefante do experimento deTracuateua foram determinados e nenhumefeito do N foi observado, apesar de Guer-rero et al. (1970a) e Ogwang & Mugerwa(1976) terem encontrado acréscimos no teorde proteína bruta ao se aumentar o nível donitrogênio aplicado.

o.c""-ao....,~o 40•..•

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20ea..

i

O

Benevides o

• **Y: 30107 + 43,9 XR2: 0,45

Resposta a fósforo (P)

O efeito da adubação fosfatada na pro-dução forrageira do capim em Benevides eTracuateua é mostrado na Fig. 2.

As equações ajustadas para produção dematéria seca foram y = 30107 + 43,9x paraBenevides e y = 26169 + 11 ,3x para Tracua-teua, sendo y = kg de matéria seca por ha ex = kg de P2 Os por hafano.

Observa-se que somente em Benevides aregressão linear foi significativa e o coeficien-te de determinação (0,45) foi maior do queno caso de Tracuateua (0,11), principalmen-te devido à pouca resposta ao fator experi-mental (P).

De novo em Benevides o aumento naprodução de matéria seca por kg de P2 Osaplicado (43,9) foi consideravelmente maiorque em Tracuateua (11,3), o que está coe-rente com a análise do solo, no que diz res-peito ao conteúdo de P, (Tabela 1). Tambémo mais severo período seco em Tracuateuapode ter contribuído para a baixa respostado adubo fosfatado.

Vicente-Chandler et al. (1974) obtive-ram maiores respostas à aplicação deste ele-mento (72,9 kg de matéria seca por kg deP20S por hafano em Ultisol de Porto Rico),

enquanto Guerrero et ai. (1970b), praticamen-te não obtiveram resposta a P (1,05 kg dematéria seca por kg de P20S por ano).

40

Tracuateua

30 o

~o

20

• n.s.Y:26169 + 11,3 X

R2: 0,11

FIG. 2. Resposta do capim-elefante à adubação fosfatada (seis cortes em Benevides e cinco cortes em Tra-cuateua).

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Outros estudos (Serrão et alo 1982) têmmostrado que o P é o elemento mais limitan-te no estabelecimento e produção das pasta-gens cultivadas dos principais solos da Ama-zônia e que pequenas adições deste elemento(50 kg de P20s/ha) são suficientes para tor-nar produtivas pastagens abandonadas.

Amostras de Tracuateua foram analisa-das para P, porém nenhuma correlação foiobtida entre a adubação e o teor de P na forra-gem, ao contrário dos achados de Vicente-Chandleret al. (1974).

Resposta a potássio (K)

A representação gráfica ajustada da res-posta do capim a níveis crescentes do adubopotássico é mostrada na Fig. 3.

As equações ajustadas para produção dematéria seca foram: y = 24879 + 39,1x paraBenevides e y = 19990 + 35,5x para Tracua-teua, sendo y = kg de matéria seca por ha ex = kg de K20 por ha/ano.

Para ambos os lugares, observa-se que asequações de regressão linear foram signi fi-cantes e que o coeficiente de determinaçãoobtido em Tracuateua para este elemen to(0,60) foi maior que no caso de N e P.

Os acréscimos na produção de matériaseca kg de K2 O por há/ano aplicado foram

o..::••.......CJo...,..,5?o 40U

(CI'

'"o~'",Õ 30E

'".."o o

10•.•.'" 20.."~a..

,O

8enevides

ooo

• *Y: 24879 + 39,1 XR2: 0,47

91

semelhan tes nos dois locais (39,1 e 35,5),porém foram menores quando comparadosaos valores obtidos por Vicente-Chandler et .al. (1974) em solo Ultisol de Porto Rico. Poroutro lado, em Latossolo Amarelo de Belém,Pimentel et al. (1984) obtiveram signíficanteresposta à adubação potâssica, enquanto quea resposta às adubações ni trogenada e fosfa-tada foi pequena, exatamente como ocorreuem Tracuateua.

Também neste caso, não foi observadoqualquer efei to do nível de K no teor' desteelemento na forragem produzida, ao contrá-rio dos achados de Vicen te-Chandleret al.(1974):

CONSI DE RAÇÕES F INAJS

Os resultados deste experimento explo-ram o efeito dos elementos N, Pe K na pro-dução de matéria seca do capim elefante emTracuateua e Benevides. Devido ao enfoqueisolado dos nutrientes, as importantes inte-rações entre os três elementos deixaram deser analisadas. É bem provável que as respos-tas de um elemen to aqui obtidas possam serafetadas ao se variar' os níveis dos outrosdois. Dessa maneira, é aconselhávelaexecu-ção de um estudo conjunto envolvendo ní-veis de N, P e K num mesmo experimento.

40

i

Oi i i i i

50 100 150 200 250

Trocuoteuo

30o

20• *Y: 19990 + 35,6 X

R2: 0,60

kg de K20/h%no

FIG. 3. Resposta do capim-elefante à adubação potássica (seis cortes em Benevides e cinco cortes em Tra-cuateua).

CONCLUSÕES

Os resultados deste experimento permi-tem concluir o seguinte:

1. O efei to de N e P na produção de ma-téria seca do capim-elefante foi maior em Be-nevides que em Tracuateua.

2. A resposta em produção forrageira a

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K foi semelhante nos dois locais.3. Em Tracuateua, para cada kg de N,

PlOs e KlO aplicado por hafano houve umacréscimo na produção de matéria seca de5,6,11,3 e 35,5 kg/ha, respectivamente.

4. Em Benevides para cada kg de N,Pz Os e KlO aplicado por hafano a produçãode matéria seca aumentou de 42,8,43,9 e39,1 kg/ha respectivamente.

5. Não foi detectado nenhum efeito deN, P e K aplicado no teor de proteína bruta,P e K da forragem de capim-elefante.

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ADUBAÇÃO DE CAPIM-ELEFANTE (Pennisetumpurpureum SCHUM.) PURO E CONSORCIADOCOM KUDZU TROPICAL (Pueraria phaseoloides)

Dorival Monteiro Pirnentel ", Miguel Simão Neto ", Emanuel AdilsonSouza Serrão ' e jonas Bastos da Veiga"

RESUMO - Um experimento de adubação de capim elefante (Pennisetum purpureum Schum)cv. Porto Rico 534 foi conduzido em Latossolo Amarelo textura média de baixa fertili-dade natural, na área experimental do Instituto de Pesquisa Agropecuária do Norte (IPEAN),atualmente Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido (CPATU) em Belérn do Pa-rá. Foram feitas adubações mineral (nitrogênio, fósforo e potássio), orgânica (esterco decurral) e mineral-orgânica 'em "stands" puros e consorciados com a leguminosa forrageirakudzu tropical (Pueraria phaseoloides) resultando em nove tratamentos. O delineamentoexperimental foi o de blocos ao acaso com quatro repetições. A produção de matéria seca dotratamento consorciado que recebeu urna adubação mineral-orgânica de 24 toneladas de es-terco + 93 kg de P20S + 135 kg de K2 O por ha/ano foi significativamente superior às de-mais, as quais não diferiram entre si. Evidenciaram-se efeitos do esterco de curral, do potás-sio e do fósforo + esterco no estabelecimento e produção dos "stands" consorciados. A ava-liação econômica dos dados mostra diferença no custo de produção de forragem produzida.Termos para indexação : Capim elefante, cv. Porto Rico 534, adubação mineral, esterco decurral, composição qu irnica.

FERTILlZATION OF ELEPHANTGRASS (Pennisetum purpureumSCHUM.) ALONE ANO MEXEO WITH TROPICAL KUOZU

(Pueraria phaseoloides)

ABSTRACT - A fertilization experiment with elephantgrass (Pennisetum purpureum Schum.lcv. Porto Rico 534, was carried out in a medium-texture Yellow Latosol [Oxisoll with lownatural fertility at the Instituto de PesquisaAgropecuária do Norte (lPEANI, in the regionof Belém, Pará. Applications of mineral fertilizer (ammonia sulphate, triple superphoaphateand potassium chloridel, organic fertilizer (cow manurel lIOdmineral-organic fertilizerweremade on pure grassand on mixtures of the grasswith tropical Kuclzu (Pueraria pheseoloides),resulting in nine treatments. Dry matter production from the treatment where the grass--legume rnixture received a mineral-organic fertilization of 24 t of cow manure + 93 kg ofP20s + 135 kg of K20 per ha per year was significantly higher than ali other treatmentswhich did not differ significantly. The effects of cow manure, potassium and phoaphorusplus cow manure were very marked on the establishment and production of the elephant-grass-tropical Kudzu mixture. Economic analysis showed treatment differences in thetotalcost of the forage produced.

Index terms: Elephantgrass, cv. Porto Rico 534, mineral fertilization, cow manure fertiliza-tion.

1 Eng. _Agr., EMBRAPA-UEPAT Macapá. Caixa Postal 10, CEP 68900 Macapá, AP.2 Eng. _Agr., EMBRAPA-CNPGL. Caixa Postal 151, CEP 36150 Coronel Pacheco, MG.3 Eng. _Agr., Ph.D., EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém, PA.

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INTRODUÇÃO

o capim-elefante (Pennisetum purpu-reum Schum.) é uma gramínea forrageirabastante difundida nos meios criatórios doBrasil. Comumente, é cultivada em capinei-ras para corte e utilizada como verde picadoou silagem na suplementação alimentar degado leiteiro, constituindo-se, também, umbom recurso forrageiro para o gado de cortedurante o período de escassez de forragem.

Essa gramínea adaptou-se muito bemna região amazônica, sendo cultivada, prin-cipalmente, como capineiras para corte.Tem-se verificado, no entanto, que o níveltecnológico empregado pela maioria doscriadores regionais não tem permitido umaproveitamento satisfatório de sua potencia-lidade forrageira.

Diversos trabalhos de pesquisa têm de-monstrado que a produtividade de capineirasde capim elefante pode ser bastante íncre-mentada, quando adubadas adequadamente.Segundo Dusi et aI. (1972), a adubação decapine iras é uma prática necessária à manu-tenção de uma produtividade satisfatória.Carvalho et aI. (1971) e Andrade et aI.(1971) verificaram marcantes respostas destaforrageira à adubação orgânica, enquantoque Guerrero et aI. (1970a, 1970b), em Cos-ta Rica, e Fernandes et aI. (1974), em Per-nambuco, observaram efeitos positivos daadubação mineral. No Estado do Pará, Ser-rão et aI. (1971) constataram a importânciada aplicação de diversos nutrientes no solona produção forrageira desse capim. Deve-seressaltar que embora a aplicação sistemáticade fertilizantes proporcione altas produçõesde forragem, nem sempre o aumento produ-zido compensa o investimento, principal-mente quando se utiliza adubos minerais, emvirtude de elevado preço destes produtos emcertas regiões do país.

Tendo em vista esses problemas, pesqui-sadores têm desenvolvido estudos visando adeterminação de métodos que resultem emmaiores e mais econômicas produções destaforrageira. Segundo Vilela & Barbosa (1970)a inclusão de leguminosas, além de contri-buir para a renovação da fertilidade do solo,pode melhorar a produtividade de pastos decapim elefante. Lira et aI. (1970) obtiverammaior ganho de peso em bovinos em pasta-gens de capim elefante quando consorciadas

com kudzu tropical. Stobbs & Joblin (1970)e Hogg (1965) observaram aumentos signifi-cativos e econômicos na produtividade depastagens quando consorciadas com legumi-nosas forrageiras.

Este trabalho foi desenvolvido com oobjetivo de comparar a produtividade do ca-pim elefante cv. Porto Rico 534, um dos cul-tivares mais promissores para a região ama-zônica, sob tratamentos de fertilização comadubos químicos e orgânicos, em "stands"puros e consorciados com a leguminosa for-rageira kudzu tropical (Pueraria phaseoloi-des).

MATERIAL E MÉTODOS

o estudo foi conduzido na sede do Ins-tituto de Pesquisa Agropecuária do Norte(IPEAN), atualmente Centro de PesquisaAgropecuária do Trópico Úmido (CPATU)Belém, Pará, em uma área situada a uma al-titude aproximada de 13 m. As médiasanuais de temperatura, umidade relativa doar, insolação e precipitação pluviométricaoscilam em torno de 260C, 85%, 2.393 ho-ras e 2.800 mm, respectivamente; havendouma distribuição satisfatória de chuvas du-rante todo o ano.

A área experimental apresentava topo-grafia plana e o solo, um Latossolo Amarelotextura média, era de baixa fertilidade natu-ral. A cobertura vegetal, uma capoeira rala,foi removida mecanicamente sem queima dabiomassa. As características de solo são mos-tradas na Tabela 1.

TABELA 1. Caracterlsticas qulmicas e flsicas dosolo da área experimental! .

pHAI+++ (rneq %)

Matéria orgânica (%)Carbono (%)

Nitrogênio (%)

Potássio trocável (pprn)Fósforo assimilável (pprn)Ca++ + Mg++ (rneq %)

Areia grossa(%)Areia fina (%)Limo (%)Argila (%)

4,701,401,500,900,18

18,002,000,70

77,006,007,00

10,00

! Amostras colhidas a 0- 20 em.

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Utilizou-se um delineamento experi-mental do tipo blocos ao acaso com quatrorepetições. Cada parcela tinha dimensões de2 m x 5 m, separadas por avenidas de 1,5 m.Os tratamentos, em número de nove, sãomostrados na Tabela 2.

O plantio do capim elefante cv. PortoRico 534 foi efetuado em 11/06/70, utili-zando-se duas hastes com três nós por covano espaçamento aproximado de 0,65 m x0,55 m e o do kudzu tropical (Puerariaphaseoloides) foi realizado no dia seguinte,usando-se, cerca de cinco a seis sementes porcova. As sementes da leguminosa foram pre-viamente imersas em água corrente durante24 horas, segundo técnica usada por lira etalo (1970).

As adubações foram efetuadas em co-bertura e parceladamente, sendo a primeiraaplicação feita por ocasião do plantio e asseguintes logo após os cortes. O esterco decurral e o sulfato de amônio foram aplicadosapós cada corte, o cloreto de potássio apóscada dois cortes e o superfosfato triplo emduas aplicações por ano.

Os cortes foram efetuados manualmen-te, com facão a uma altura de 10 em acimado solo, sempre que o "stand" de capim-ele-fante se apresentava, em média, em início defloração, sem fixação de intervalos. Por oca-sião dos cortes, além da pesagem da produ-ção de forragem da área útil de cada parcela,foram anotadas as alturas médias dos

95

"stands" (Tabela 3) e coletadas amostraspara determinações de matéria seca e compo-sição química da forragem. A matéria secafoi determinada após a secagem do material,até peso constante, em estufa a 600C. Asanálises bromatológicas foram efetuadas noLaboratório de Química e Tecnologia doIPEAN.

TABELA 3. Intervalos entre cortes e alturas mé·dias dos "stands" por corte.

Corte/dataIntervalos entre

cortes (dias)

Altura médiados "stands"

(eml

967270757981

12110292

10385

106

a1201491329798

149233153b

158158

1? /15.09.702? /26.11.703? /03.02.714? /20.04.715? /08.07.716? /28.09.717? /27.01.728? /09.05.729? /09.08.72

10? /20.11.7211? /13.02.7312? /30.05.73

a Dados não anotadosb Corte não computado.

TABELA 2. Tratamentos de adubação do capim elefante comparados no experimento.

TratamentoAdubação anual por hectare

leguminosasbEsterco Na P20s

kg24

Kudzu Tropical 24Kudzu Tropical 24 93Kudzu Tropical 24 93

24 93149

50 149100 149

Kudzu Tropical 149

123456789

135

135135135135

Fontes de nutrientes:a Sulfato de amônio.b Superfosfato triplo.c Cloreto de potássio.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 4 estão sumariados os dadosde produção de matéria seca obtidos nos pe-ríodos mais chuvoso e menos chuvoso doano e a produção total dos três anos do es-tudo. A produção de matéria seca no perío-do mais chuvoso do ano, independentementedas adubações, foi superior à obtida no pe-ríodo menos chuvoso, correspondendo auma diferença de 84%. Estes resultados jáeram esperados e concordam com os obtidospor Canto & Teixeira (1972), Dusi et ai.(1972), Vieira & Gomide (1968) e Carvalhoet ai. (1971) em outras áreas do pa ís.

A análise da variância da produção totalde matéria seca acusou diferenças significati-vas entre os tratamentos verificando-se, peloteste de Duncan, que o tratamento consor-ciado que recebeu uma adubação mineral--orgânica de 24 t de esterco de curral + 93 kgde P20s + 135 kg de K20 por hectare/ano,foi superior aos demais que, de um modo ge-ral, não diferiram entre si (Tabela 4). Verifi-cou-se também que a menór produçãoocorreu no tratamento gramínea pura aduba-da somente com fósforo e potássio.

Dentre as adubações empregadas, oesterco de curral tendeu a elevar a produção

da matéria seca, confirmando os resultadosobservados por Carvalho et al. (1971) e An-drade et al. (1971), que compararam os efei-tos da adubação mineral com a orgânica so-bre a produção de .capim elefante. Neste ex-perimento, somente a adubação orgânica docapim puro elevou a produção de matériaseca em cerca de 14% em relação à adubaçãomineral NPK, embora não tenha havido dife-renças significatívas entre estes tratamentos.Possivelmente este efeito está relacionadocom o baixo teor da matéria orgânica dosolo da área experimental (Tabela 1) e, se-gundo Gomide & Machado (1969), ao altopotencial de resposta deste capim ao estercode curral.

Observa-se pela Tabela 4 que os trata-mentos consorciados de maior rendimentoforam aqueles adubados com fósforo e po-tássio. A resposta ao fósforo coincide comas observações delira et ai. (1970) que con-sideram a adubação fosfatada uma práticaimprescindível à formação de pastos consor-ciados com kudzu tropical. Também Serrãoet al. (1971), em trabalho com capim elefan-te no mesmo tipo de solo, verificaram redu-ções significativas de produção quando o fós-foro não fazia parte de 'uma mistura comple-ta de fertilizantes. Por outro lado, em obser-

TABELA 4. Produçio de matéria seca do capim elefante. nos períodos mais chuvoso e menos chuvoso doano e total obtida durante o período experimental. Médias de quatro repetições.

Tratamento

Período do ano

Maischuvos01

Menoschuvoso2

Total

4 (KT. esterco + 93 kg de P20s + 135 kg de K20/ha/ano)5 (esterco + 93 kg de P20s/ha/ano)9 (KT, 149 kg de P20S + 135 kg de K20/ha/ano)1 (esterco)2 (KT. esterco)3 (KT. esterco + 93 kg de P20s/ha)8 (100 kg de N + 149 kg de P20s + 135 kg de K20/ha/ano)7 (50 kg de N + 149 kg de P20s + 135 kg de K20/ha/ano)6 (149 kg de P20s + 135 kg de K20/ha/ano)

35.78827.07427.50225.32124.48822.82425.34424.60222.311

kg de MS/ha

18.91915.89113.29314.62914.73416.29711.28910.29011.491

54.707 a42.965 b40.795 bc39.950 bc39.222 bc39.121 bc36.633 bc34.892 bc33.802 c

1 Período de 01.01 a 30.062 Perfodode01.07a31.123 Valores seguidos da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%KT: Kudzu tropicalMS '" Matéria seca.

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vações de campo, constataram-se sintomasaparentes de deficiências de potássio nostratamentos não adubados com este elemen-to, principalmente na leguminosa. De fato,os dados da Tabela 1 mostram que o teordeste elemento na área experimental foi bas-tante baixo.

A adição de nitrogênio mineral na adu-bação contendo fósforo e potássio não resul-tou em acréscimo significativo na produçãode matéria seca (Tabela 4). Resultados seme-lhantes foram verificados por Serrão et alo(1971) trabalhando com capim elefante nomesmo tipo de solo. Também foram identi-ficados aparentes sintomas de deficiência denitrogênio nos tratamentos sem adubaçãomineral deste elemento. A ausência de res-posta à aplicação de nitrogênio deve-se,possivelmente, aos baixos níveis deste ele-mento utilizado no experimento (50 e100 kgJhaJano), uma vez que, é bem conhe-cida a resposta desta forrageira à adubaçãonitrogenada. Conforme relatos de Guerreroet aI. (1970a), a aplicação de níveis crescen-tes de nitrogênio (200, 400 e 600 kgJhaJano)resultou em incrementos na produção de ma-téria seca e proteína bruta de capim elefan-te. Em outro trabalho, Guerrero et alo(1970b) ao estudarem diversas combinaçõesde fósforo com nitrogênio, concluíram queos aumentos de produção de matéria seca fo-ram causados principalmente pelo nitrogê-nio.

Os resultados das análises bromatológi-cas da forragem seca estão contidos na Tabe-la 5. Foram determinados resíduo mineral fi-xo (RMF), extrato etéreo (EE), proteínabruta (PB), fibra bruta (FB), extrato não ni-

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trogenado (ENN), cálcio (Ca) e fósforo (p~.A análise da variância não acusou dife-

renças significativas para os teores de PB,tanto entre tratamentos como entre os pe-ríodos mais.e menos.chuvoso do ano. Houve,no entanto, uma tendência de superioridadepara o período menos chuvoso do ano, quan-do se verificaram as menores produções dematéria seca, coincidindo com as observa-ções de Vieira & Gomide (1968), em MinasGerais. Foi observado também a mesma ten-dência nos tratamentos consorciados comleguminosa.

Os teores de FB não variaram com o pe-ríodo do ano, contrariando os resultadosesperados, uma vez que, na época da estia-gem os cortes foram efetuados em intervalosde tempo mais longos, quando as plantas,obviamente, apresentavam um estádio dematuração mais avançado que nos períodosde maior precipitação pluviométrica. Entretratamentos, as variações foram pouco acen-tuadas, observando-se, entretanto, uma ten-dência dos tratamentos adubados com po-tássio apresentaram os mais altos teores deFB (Tabela 5). Este resultado encontra su-porte na literatura consultada, uma vez queEvans & Sorger (1966) concluíram, apósuma revisão bibliográfica que a deficiênciade potássio resulta em um declínio de polis-sacarídios de algumas plantas forrageiras.

Em relação ao conteúdo de RMF e P,não se verificaram quaisquer variações signi-ficativas. Quanto aos teores de EE, constata-ram-se que os teores mais altos corresponde-ram aos tratamentos de maior produção dematéria seca. E, finalmente, quanto aos teo-

TABELA 5. Resultados da análise bromatológica do capim elefante por tratamento. Médias de onze análisespor tratamento.

RMF EE PB FB ENN Ca PTratamento

%na MS

1 4,30 1,71 8,38 33,73 61,07 0,25 0,152 4,57 1,67 9,88 34,70 58,24 0,32 0,163 4,20 1,41 8,42 35,67 59,46 0,29 0,144 4,44 1,98 8,42 39,89 54,52 0,25 0,125 4,43 1,91 8,09 34,18 60,47 0,29 0,186 4,45 1,15 7,70 35,85 60,19 0,23 0,107 4,49 1,64 8,25 37,95 56,93 0,26 0,118 4,36 1,67 7,48 39,41 56,38 0,27 0,099 4,42 1,62 9,88 37,87 55,46 0,27 0,11

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res de Ca, verificaram-se diferenças em favordo período mais chuvoso do ano.

AVALIAÇÃO ECONÔMICADA ADUBAÇÃO

Com base na produção de matéria seca enos gastos apenas com fertilizantes e mão-de--obra usada na adubação, efetuou-se umaavaliação econômica dos custos de produçãopor tratamento, considerando os preços vi-gentes em outubro de 1984. Os resultadosestão sumariados na Tabela 6.

De maneira geral, os dados evidencia-ram maiores investimentos nos tratamentoscontendo adubação orgânica (tratamentos 1,2, 3, 4 e 5) em face do alto custo do estercode curra1. Entretanto, estes investimentospodem ser consideravelmente reduzidos atra-vés do aproveitamento do esterco de curraldisponível na própria fazenda.

Por outro lado, considerando o customédio da tonelada de matéria seca, a melhoradubação foi aquela que continha basica-mente 149 kg de P20s + 135 kg de K20/ha/ano, com ou sem leguminosa (tratamentos9 e 6, respectivamente) ou acrescida de50 kg de N/ha/ano (tratamento 7).

TABELA 6. Produção de matéria seca, custos de fertilizantes, mão-de-obra e da forragem produzida por tra-atamento .

Produção Adubosb Mão-de-obrac Custo total Custo médio daTratamento de MS Cr$ 1.000 Cr$ 1.000 Cr$ 1.000 tonelada de MS

(kg/ha) Cr$ 1.000

1 39.950 600 214 814 202 39.222 600 214 814 213 39.121 778 257 1.035 264 54.707 932 267 1.199 225 42.965 778 257 1.035 246 33.802 439 53 492 157 34.892 574 53 627 188 36.633 708 53 761 219 40.795 439 53 492 12

a Preçosvigentes em outubro de 1984.b Esterco de curral curtido Cr$ 25.000/t, sulfato de amônio Cr$ 537.800/t, superfosfato triplo

Cr$ 862.1oo/t, cloreto de potássio Cr$ 683.8oo/t.c Mão-de.obra Cr$ 4.860/homem/dia.

CONCLUSÕES

1. As produções de matéria do períodochuvoso do ano foram superiores aquelasobtidas no período menos chuvoso.

2. A produção de matéria seca foi maxi-mizada quando o capim elefante foi consor-ciado com o kudzu tropical e recebeu umaadubação mineral fósforo-potássíca e estercode curral.

3. °valor nutritivo da forragem, a julgarpelos teores de proteína bruta e fibra bruta,não foi seriamente modificado pela aduba-ção nem pelo período do ano. No entanto,no período menos chuvoso e quando o ca-pim foi consorciado com o kudzu tropical,

houve uma tendência de aumento no teorprotéico da forragem.

4. A adubação mineral na base de149 kg de P20s + 135 kg de K20/ha/ano,com ou sem kudzu, ou acrescida de 50 kg deN/ha/ano foi considerada a mais econômica.

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RENDIMENTO FORRAGEIRO E COMPOSiÇÃO QUIMICADO CAPIM QUICUIO-DA-AMAZÕNIA

(Brachiaria humidicola)EM DI FERENTES ESTÃDIOS DE CRESCIMENTO

Edson Câmara Italiano 1 e J.R. da Silva2

RESUMO - No Campo Experimental de Zootecnia da UEPAE de Manaus (km 54 da BR 174)foi conduzido um experimento para estudar o rendimento forrageiro e a composição quími-ca do capim quicuío-da-amazônia (Brachiaria humidicolai nos seguintes estádios de cresci-mento: quatorze, 21, 28, 35, 42, 49 e 56 dias de rebrota da gramínea. A pastagem de qui-cuio foi formada em 1978 após o preparo convencional da área (broca, derruba e queima).A gramínea foi plantada por mudas no espaçamento de 1 m x 1 m, em Latossolo Amarelotextura argilosa e o delineamento experimental utilizado foi o de blocos completos casuali-zados, com três repetições. Quando do início do experimento (14.03.81), procedeu-se ocorte de uniformização da gramínea, sendo os cortes subseqüentes feitos sempre que sealcan~ava a idade de rebrota pré-estabelecida. A forragem proveniente de cada parcela(4 m ) foi levada ao laboratório para as devidas análises químicas. O rendimento forrageiroaumentou consistentemente eom o estádio de crescimento da gramínea, desde os quatorzedias (171 kg/ha) até os 56 dias (2.754 kg/ha). Também os teores de matéria seca (13,9 a26,3%) e os de fibra bruta (28,0 a 33,4%) cresceram com o avanço em idade da planta. Poroutro lado, os teores de proteína bruta (8,10 a 6,29%) e os de fósforo (0,12 a 0,07%) de-cresceram com os estádios de crescimento da gramínea. Quanto aos conteúdos de cálcio(0,07 a 0,06%) e de magnésio (0,05 a 0,07%) não foi verificada uma tendência definida,mantendo-se praticamente no mesmo nível em relação aos estádios de crescimento da forra-geira.Termos para indexação: Rendimento forrageiro, composição química, quicuio-da-amazônia,Brachiaria humidicola, estádios de crescimento.

FORAGE VIELO ANO CHEMICAL COMPOSITIONOF QUICUIO-OA-AMAZONIA GRASS

(Brachiaria humidicola) AT OIFFERENT STAGES OF GROWTH

ABSTRACT - An experiment was conducted at the UEPAE-Manaus zootechnical experírnentstation (krn 540n BR-174) with the objective of evaluating the forage yield and chemicalcomposition of quicuio da Amazônia grass (Brachiaria humidicola) at 14,21,28,35,42,49and 56 days of regrowth. The quicuio pasture was established in 1978 foliowing conventio-nal land preparation (slash and burnl. The grass was planted with vegetative material in holesspaced in a clayish yeliow-Latosol (oxisoll, a randomized complete block design with 3replicates was used. At the beginning of the experiment (14.03.81) an uniformization cuttingwas made. Subsequent cuttings were performed at the epropriate dates of regrowth. Theforage from each plot (4 m2) was taken to the laboratory for subsequent analyses. Forageyield increased consistently with growth stage from 14 days (171 kg/ha) to 56 days(2,754 kg/haL The dry matter content (13.9 to 26.3%) and crude fiber (28.0 to 33.4%) alsoincreased with increasing plant age. However, the levels of crude protein (8.10 to 6.29%)

2Eng. Agr., M.Sc., EMBRAPA-UEPAE de Manaus. Caixa Postal 455. CEP 69000 Manaus, AM.Eng. Agr., EMATER-Manaus, Av. André Araújo 701. CEP 69000 Amazonas, AM.

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and phosphorus (0.12 to 0.07%) decreased with increasing age of the grass. Definite trendin the calcium (0.07 to 0.06%) and magnesium (0.05 to 0.07%1 levels was not observed.These nutrients were maintained at pratically the same levels throughout the different stagesof forage growth.Index terms: Forage yield, chemical composition, quicuio-da-amazônia grass,8rachiaria hu-midicola, growth stage.

INTRODUÇÃOAs grandes enchentes verificadas nas

áreas de várzeas do Estado do Amazonas,dificultando sobremaneira a exploração bo-vina nessas áreas, fizeram com que os produ-tores procurassem as terras firmes como úni-ca solução para o período crítico das cheias.Todavia, as pastagens existentes nas áreas deterra firme eram constituídas basicamente degramíneas nativas de baixo potencial produ-tivo e nutricional o que seguramente contri-buía para o baixo potencial produtivo e re-produtivo do rebanho bovino do Estado.

Na busca de soluções alternativas para oproblema, partiu-se para o cultivo de gramí-neas forrageiras exóticas dentre as quais sedestacaram o capim colonião (Panicum ma-ximum) e a Brachiaria decumbens. Tendoem vista o sucesso alcançado pela Brachiariadecumbens, sua área de ocupação passou arepresentar mais de 70% das áreas de pasta-gens cultivadas no Estado, seguido do capimcolonião.

As grandes áreas de pastagens de Bra-chiaria decumbens e as condições climáticasfavoráveis concorreram acentuadamente parao surgimento da cigarrinha (Deois incomple-ta) que em curto espaço de tempo pratica-mente dizimou essas pastagens. Por outrolado, as pastagens de capim colonião degra-dam-se após três ou quatro anos de utiliza-ção, em decorrência, principalmente, do ma-nejo inadequado e da baixa fertilidade dossolos da região.

A necessidade de se buscarem novasalternativas no que diz respeito às outras es-pécies forrageiras se fez presente. Assim, sur-giu o capim quicuio-da-amazônia (Brachiariahumidico/a) como principal alternativa paraa formação de pastagens.

Segundo Simão Neto & Serrão (1974),a Brachiaria humidico/a é originária de Zu-luland na África. Foi introduzida no Brasilem 1965, sendo que sua introdução no Es-tado do Amazonas ocorreu na década de70, por iniciativa de particulares, nos muni-cípios de Itacoatiara e Manaus.

Durante muito tempo esta gramínea foirelacionada na literatura do Brasil como Bra-

chiaria sp. (lRI - 409), denominação poucousada. Conforme Nehring (1976), a identifi-cação como Brachiaria humidicola deveu-sea Hermogenes F. Leitão Filho. Contudo, notrabalho de Sendulsky (1977) sobre identifi-cação morfológica de Brachiaria, encontra--se classificada como Brachiaria humidico/a(Rendle) Schweikerdt.

O capim quicuio-da-amazônia propaga--se facilmente tanto por sementes como ve-getativamente (mudas e estolões). Galvão &Lima (1977) confirmaram o sucesso da pro-pagação por sementes no Estado de Goiás,mesmo porque, nessa região, produzem-sesementes viáveis. Todavia, na região amazô-nica, a propagação vegetativa tem sido a maiscomumente utilizada, em virtude das semen-tes produzidas serem pouco viáveis, e só re-centemente haver, na região, maior disponi-bilidade de sementes comerciais.

Esta forrageira apresenta característicasaltamente desejáveis, tais como: elevada pro-dutividade, rusticidade, agressividade eadaptabilidade às condições de solos ácidose de baixa fertilidade. Ademais fornece exce-lente cobertura ao solo, protegendo-o contraa erosão, além do que a população de ervasdaninhas é bastante diminuta em pastagemde Brachiaria humidico/a. Outra importantecaracterística e razão principal da sua grandeexpansão na região amazônica é a sua apa-rente tolerância ao ataque da cigarrinha.

Simão Neto & Serrão (1974) estudaramno Estado do Pará, num período de trêsanos, quatro gramíneas forrageiras, obtendoas seguintes produções de matéria seca emkg/ha: Brachiaria humidicola, 54.738; Pani-cum maximum, 53.141; Brachiaria decum-bens, 52.081; e Brachiaria ruziziensis,50.967. Os autores destacaram a maior per-sistência da primeira, tendo em vista que acada ano sua produção aumentava enquantoque nas demais observaram o decréscimo deprodução com o decorrer dos anos.

Em ensaios de adubação fosfatada italia-no et al. (1979), no Estado do Amazonas,obtiveram maiores produções para o capimquicuio-da-amazônia do que para os capinscolonião e setária. Além disso, estas últimas

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revelaram-se acentuadamente mais exigentesem fósforo que o quicuio-da-amazônia.

É de amplo conhecimento que as espé-cies forrageiras sofrem mudanças em sua pro-dução, composição química e, conseqüente-mente, no seu valor nutritivo, com o avançoem idade das plantas (Brockington 1958;Jones & Hogue 1963; Andrade & Gomide1971). Assim, associar o valor nutritivo àprodução de forragem, atendendo às exigên-cias animais e garantindo, simultaneamente,a perenidade do pasto é o objetivo do mane-jo da pastagem (Spedding 1965).

Diversos trabalhos feitos com gramíneasforrageiras tropicais têm mostrado a elevaçãoda produção de matéria seca e dos teores decálcio, magnésio e fibra bruta e a diminuiçãodos teores de fósforo, potássio e proteínabruta com o avanço em idade da planta(plut & Melhoti 1965/66; Nascimento Junioret alo 1976; Pedreira & Silveira 1972), entreoutros.

Embora o capim quicuio-da-amazôniase encontre bastante difundido na região, averdade é que muito pouco se conhece sobresuas possibilidades nutricionais, uma vez quepraticamente não existem trabalhos abordan-do o assunto.

Em Belém, Simão Neto & Serrão (1974)verificaram teores de proteína bruta, extratoetéreo, extrato não nitrogenado e fibra brutade 7,77; 2,22; 44,68; e 31,10"A>, respectiva-mente, em quicuio com 75 dias de idade.

Este trabalho teve por objetivo deter-minar a produtividade e a composição quí-mica do capim quicuio-da-amazônia em di-ferentes estádios de crescimento no períodomais chuvoso do ano.

103

MATERIAL E METODOS

o trabalho foi conduzido no CampoExperimental de Zootecnia da Unidade deExecução de Pesquisa de Âmbito Estadual(UEPAE de Manaus), localizado no km 54da BR-174. O clima apresenta uma estaçãomuito chuvosa que vai de novembro a maioe outra com pouca chuva, de junho a outu-bro. A precipitação pluviométrica médiaanual é de 2.400 mm, enquanto que a umi-dade relativa do ar atinge 84%. As médiasanuais de temperaturas máxima e mínimasão respectivamente, 31,60C e 21,90C.

Os dados climáticos apresentados na Ta-bela 1 referem-se ao período experimentale foram coletados nas estações meteoroló-gicas da UEP AE de Manaus.

A pastagem de capim quicuio-da-arna-zônia (Brachiaria humidicola) onde se con-duziu o experimento foi formada no primei-

.ro semestre de 1978, após o preparo conven-cional da área (broca: derruba e queima).O plantio foi feito por mudas (estolões) noespaçamento de 1 m x 1 m. O solo da áreacaracteriza-se por ser um Latossolo Amare-lo, textura muito argilosa e de baixa fertili-dade natural. Os resultados da análise quí-mica, efetuada no Laboratório de Solo daUEPAE de Manaus, acham-se na Tabela 2.

Utilizou-se o delineamento experimentalde blocos completos casualizados, com trêsrepetições, em parcelas de 4m2, para estudaros tratamentos constituídos pelos estádiosde crescimento da gramínea, a saber: quator-ze, 21, 28, 35, 42, 49 e 56 dias.

O experimento foi iniciado no dia

TABELA 1. Precipitação pluviométrica, médias das temperaturas máxima e mfnima e umidade relativa doar, durante o período experimental.

Temperatura 2Precipitação Umidade

Mês pluviométrica''Mínima

relativa ao arMáxima (%)[mml (Oe) (oe)

Jan. 407.4 30.0 25.3 87Fev. 188.3 29.8 22.7 89Mar. 171.7 31.8 23.4 85Abr. 265.6 31.8 22.8 85MaL 265.9 31.2 23.1 85

I Dados coletados na estação meteorológica do km 54 (BR-174l.2 Dados coletados na estação meteorológica do km 30 (BR-AM010).

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TABELA 2. Resultados da análise qulmica dosolo.

Caracterfstica qufmica Resultado!

pH em água (1 :2,5)AI trocável [rneq %)Fósforo Ipprn) 2Potássio (ppm)2Ca + Mg (rneq %)3

4,90,24,0

70,03,3

!2 Amostras de solo coletadas após a queima.Extrator: Mehlich.

3 Extrator: KCI 1N

14.03.81 com o corte de uniformização dagramínea, a uma altura aproximada de15 em acima do solo, a fim de se obter oponto inicial de crescimento. Os cortes sub-seqüentes foram feitos manualmente comauxílio de uma tesoura de ferro, sempre quese alcançava o estádio de crescimento pré--estabelecido.

A forragem oriunda de cada parcela foitransportada ao laboratório onde se proce-deu a pesagem, após o que forarri retiradas

,amostras para as determinações químicas.O teor de matéria seca foi obtido sub-

metendo-se as amostras a secagem em estufacom ventilação forçada a 650C durante 48horas. Após a secagem, as amostras foramtrituradas em moinho tipo "wiley" equipa-do com peneira de 16 mesh e, em seguida,acondicionadas em sacos plásticos. O nitro-gênio foi dosado pelo método convencionalde Kjeldahl (semi-micro Kjeldahl), segundo aAssociation of Official Analytical Chemists(1970), cujo valor multiplicado pelo fator6,25 forneceu o teor de prote ína bruta daforragem.

O fósforo foi determinado por calorime-tria, usando-se a vitamina C como redutor docomplexo fosfomolibdato de amônio, en-quanto que o potássio, cálcio e magnésio fo-ram determinados em espectrofotômetro deabsorção atômica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Rendimento forrageiro e teor de matéria seca

O rendimento forrageiro do capim qui-cuio-da-amazõnia, expresso em kgjMSjha,

cresceu (P < 0,05) com os estádios de cres-cimento da planta, sendo, porém, bastantebaixo nos três primeiros crescimentos (Tabe-la 3). A produção de matéria seca variou de171 kg/ha aos quatorze dias até 2.754 kg/haaos 56 dias e mostrou tendência a aumentaralém desse período, visto que a planta aos56 dias não havia ainda atingido o seu cres-cimento máximo. Pelos dados da Tabela 3nota-se que a maior diferença de produçãoentre dois estádios sucessivos de crescimen-to foi entre os 28 e 35 dias, uma vez que osvalores observados nos demais intervalos nãodiferiram (P > 0,05) entre si.

Estes resultados estão em consonânciacom os de Lavezzo et aI. (1980) no que con-cerne ao aumento da produção forrageiracom o avanço em idade da gramínea. Toda-via, os valores encontrados pelos referidosautores em Brachiaria decumbens foramextremamente mais baixos que os encontra-dos neste trabalho com a Brachiaria humidi-cola. Possivelmente as condições de elevadaumidade e luminosidade da região amazôni-ca expliquem o fato, pois sabe-se que essesdois fatores são bastante efetivos na produ-tividade forrageira.

O teor de matéria seca do quicuio-da--arnazônia também aumentou (P < 0,05)com os estádios de crescimento da gramínea(Tabela 3). No entanto, este aumento só foisignificativo (P < 0,05) até os 42 dias, per-manecendo, daí em diante, estatisticamenteinalterado.

Na Tabela 3 estão relacionados os teo-res de matéria seca do capim quicuio, ondese observa que os mesmos aumentaram de13,9% aos quatorze dias a 26,3% aos 56 dias.O aumento da produção e do teor de matériaseca com o avanço em idade de gramíneasforrageiras é fato comumente relatado na li-teratura (Andrade & Gomide 1971, Pedreira& Silveira 1972, Lavezzo et aI. 1980), alémde outros.

Proteína bruta e fibra bruta

No que concerne à proteína bruta,observa-se pelos dados da Tabela 4 queseu conteúdo na matéria seca decresceu(P < 0,05) com os estádios de crescimentoda gramínea, sendo que os teores registradosnos quatro primeiros crescimentos foram ni-tidamente superiores (P < 0,05) aos dos de-

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TABELA 3. Variação da produtividade de MS eteor de matéria seca do capim qui-cuio-da-amazônia em funçio dos está-dios de crescimento da planta (Ma-naus 19811.

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TABELA 4. Variação dos teores de prote(na bruta(PB) e fibra bruta (FB) na matéria se-ca do capim quicuio-da-amazônia emfunção dos estádios de crescimentoda planta (Manaus 19811.

Estádio de Matéria secaEstádio de MS1 MS1

crescimentocrescimento (kg/ha) (%) (dias) PB PB(dias) (%) (%)

14 171 a 13,9 a 14 8,1 a 28,0 a

21 390ab 17,3b 21 8,1 a 29,1 ab

28 830b 19,4 bc 28 7,9 a 30',2 abc35 7,1 ab 31,7 bcd

35 1.831 c 20,4 c 42 6,7 b 31,0 bcd42 2.086 cd 24,3d 49 6,3 b 32,4 cd49 2.597 de 24,3d 56 6,3 b 33,4d56 2.754 e 26,3d

Média de três repetições.

Obs.: As médias de uma mesma coluna, seguida damesma letra, não diferem entre si pelo testede Duncan a 5% de probabilidade.

mais crescimentos que, por sua vez, não dife-riram (P > 0,05) entre si. Tampouco se evi-denciou diferença estatística nos teores deproteína da gramínea dos quatorze aos35 dias de crescimento.

Esses resultados reforçam conclusões deBredon & Horrel (1962) e Grieve & Osbourn(1965) quanto ao decréscimo dos teores deproteína com o avanço em idade de planta.Embora os primeiros autores citados tenhamobservado, no período de dez meses, varia-ção dos teores de prote ína bruta da Brachia-ria decumbens de 3,7 a 7,5%, os dois últimosregistraram, para a mesma gramínea, varia-ção de 9,1 a 13,1 %, à medida que a forragei-ra passou do estádio imaturo para o floresci-mento. Trabalhando com quicuio-da-arnazô-nia em Belérn, Simão Neto & Serrão (1974)e Serrão & Falesi (1977) encontraram teoresde prote ína bru ta de 7,77 e 7,71 % respecti-vamente para os estádios de maturação de75 dias e in ício da floração.

O teor de fibra bruta aumentou(P < 0,05) com o estádio de crescimento,variando de 28% aos quatorze dias até 33,4%aos 56 dias. Na Tabela 4 observa-se que osteores de fibra da forrageira, provenientesdos três primeiros estádios de crescimento,não diferiram estatisticamente, o mesmoocorrendo com os oriundos dos quatro cres-cimentos restantes. Na verdade, os valoresencontrados neste trabalho são considerados

Obs.: Médias de uma mesma coluna, seguidas damesma letra não diferem entre si pelo deDuncan a 5% de probabilidade.

elevados, principalmente se for levado emconta os valores dos primeiros estádios decrescimento. Assim é que Lavezzo et aI.(1980) constataram variação nos teores de fi-bra bruta de 22,60% aos 28 dias a 33,53%aos 168 dias de crescimento em Brachiariadecumbens. Também Pedreira & Silveira(1972) encontraram em capim colonião va-riação dos teores de fibra bruta de 19,4% aos26 diasa 35,8% aos 55 dias de crescimento.

Simão Neto et al. (1973), em Belém,encontraram teores de proteína bruta e fibrabruta de 8,64 e 31,09%, respectivamente, emquicuio-da-amazônia no primeiro ano de cul-tivo, enquanto que Italiano et al. (1979) en-contraram teor de proteína bruta de 6,7 aos90 dias de idade da planta.

Composição química

Embora não se tenha feito a análise esta-tística 'dos teores de minerais, observa-se pelaTabela 5 que os teores de fósforo e de potás-sio na matéria seca do capim quicuio-da--amazônia dimin urram com os estádios decrescimento da gramínea, enquanto que osde cálcio e de magnésio não apresentaramuma tendência definida.

Conquanto os teores de fósforo tenhamvariado de 0,12% aos quatorze dias a 0,07%aos 56 dias, os de potássio, cálcio e magnésiovariaram, respectivamente, de 2,10% a1,13%; 0,07% a 0,06% e 0,05% a 0,07% nomesmo período. Estes resultados estão em

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TABELA 5. Variação dos teores de fósforo, potás-sio, c6lcio e magnltsio na rnatéria secado capim quicuio-da-amazônia emfunção dos estádios de crescimentoda planta (Manaus 19811.

Estádio de Matéria seca

crescimento Mg(dias)p K Ca

(%) (%) (%) (%)

14 0,12 2,10 0,07 0,0521 0,13 2,27 0,07 0,0728 0,10 2,21 0,05 0,0835 0,08 1,71 0,08 0,0742 0,07 1,53 0,05 0,0749 0,07 1,38 0,05 0,0756 0,07 1,13 0,06 0,07

concordância com os de Pedreira & Silveira(1972) e Arruda (1977) quanto às tendên-cias apresentadas por esses minerais. Contu-do, os teores de cálcio e de magnésio e os defósforo, nas idades mais avançadas verifica-dos neste estudo, estão bem abaixo do espe-rado, tendo em vista que Simão Neto et al.(1973) observaram no quicuío-da-amazõníateores de cálcio e fósforo de 0,16 e 0,11 % noprimeiro ano de cultivo, enquanto queSerrão & Falesi (1977) encontraram valoresde 0,23 e 0,12% de cálcio e fósforo para essagramínea no início da floração.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste estudo per-mitiram as seguintes conclusões:

1. A produção de matéria seca do capimquicuio-da-amazõnia aumentou consistente-mente com o avanço em idade da planta,passando de 171 kg/ha aos quatorze diaspara 2.754 kg/ha aos 56 dias de crescimento,sendo que a maior diferença de produção foiaquela verificada entre os 28 e 35 dias. Tam-bém o teor de matéria seca da gramínea au-mentou com os estádios de crescimento, re-gistrando-se valores de 13,9% aos quatorzedias e 26,3% aos 56 dias.

2. Os teores de proteína bruta decresce-ram significativamente de 8,1 a 6,3% com osestádios de crescimento de forrageira. Poroutro lado, o teor de fibra bruta cresceu,passando de 28,0% a 33,4% no intervalo dequatorze a 56 dias.

3. Segundo os estádios de crescimentoda gramínea observou-se declínio dos teoresde fósforo (0,12 a 0,07%) e de potássio(2,10 a 1,13%), enquanto que os teores decálcio e de magnésio mantiveram-se pratica-mente no mesmo nível. As variações dos teo-res de cálcio e de magnésio, no intervalo dequatorze a 56 dias de crescimento foram,respectivamente, 0,07 a 0,06% e 0,05 a0,07%, variação esta agronomicamente inex-pressiva.

4. Diante dos resultados expostos suge-re-se que o quicuío-da-amazõnía seja cortadoou pastejado, na época das águas, a interva-los de 35 a 42 dias, quando parece havermaior equilíbrio entre a produtividade e ovalor nutritivo da gramínea.

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VALOR NUTRITIVO DO CAPIM QUICUI0-DA-AMAZONIA(Brachiaria humidicola)

Heriberto Antonio Marques Batista! ,Ari Pinheiro Camarão! ,Ermino Braga' e José de Brito Lourenço j únior '

RESUMO - Este trabalho foi realizado no Laboratório de Nutrição Animal do Centro de Pes-quisa Agropecuária do Trópico Úmido (EMBRAPA-CPATU), em Belém, Pará, Brasil, com oobjetivo de determinar o valor nutritivo do capim quicuio-da-amazônia (Brachiaria humidi-cola), em trés idades de corte, utilizando-se doze cameiros castrados e caudectomizados, emgaiolas metabólicas. Dados de composição química da gramínea mostraram que os teoresPB, EE e RMF decresceram e a MO e FB aumentaram da menor para a maior idade de corte.Os coeficientes de digestibilidade aparente de MS, MO, PB, FB decresceram significativamen-te (p < 0,05) com o aumeto da idade de corte.Tendência semelhante foi observada com oNDT, revelando valores de 60,29%, 54,38% e 50,15% aos 35,65 e 95 dias de idade de corte,respectivamen te. As equações de regressão para estimar a digestibilidade, em função dos diasde corte de gramínea, mostram que o maior decréscimo corresponde à digestibilidade de PB(0,34%fdia). Os coeficientes de correlação revelam que a PB do capim interferiu significati-vamente (p < 0,01) na digestibilidade da MS, MO e PB e (P < 0,05) na digestibilidade da FBe NDT. Nas condições do experimento a forragem do capim quicuio-da-amazônia, com in-tervalo de corte de até 50 dias'; pode ser considerada de boa qualidade.Termos para indexação: Região Amazônica, quicuio-da-amazônia, Brachiaria humidicola,composição química, consumo voluntário, digestibilidade aparente, nutrientes digestíveis to-tais, energia digestível.

NUTRITIVE VALUE OF QUICUIO-DA-AMAZÓNIA GRASS(Brachiaria humidicola)

ABSTRACT - An experiment was conducted in Centro de Pesquisa Agropecuãria do TrópicoÚmido (EMBRAPA-CPATU), in Belém. State of Pará, Brazil to study the effect of differentages, namely, 35, 65 and 95 days on the nutri tive value of quicuio-da-arnazônia grass (Bra-chiaria humidicola). In the digestion trial it, castrated sheep were used and fed in metabolicpenso The percentage of crude protein (CP), ether ex tract (EE) and ash decreased and the or-ganic matter (OM) and crude fiber (CF) increased with the age of the plant. The apparent di-gestibjlity of dry matter (DM), OM, CP, CF decreased significantly (P < 0,05) with age.Si-milar tendency was observed for total digestible nu trients (TDN), wich were 60.29%,54.38%and 50.15% for 35, 65 and 95 days of age, respectively. Regression equations to estimate di-gestibility in relation to age, showed that the highest reduction was for digestibility of CP(Q.34%/day). The coefficient of correlation showed that percentage of CP affected signifi-canty the digestibility of DM, OM, (P < 0,01) and on the dige~tibility of TDN (P < 0,05)and CF. For the conditions of this experiment quicuio-da-amazônia grass, at 50 days, is con-sidered of good quality.

Index terms: Amazon region, quicuio-da-amazõnia grass, Brachiaria humidicola, chemical.composition, voluntary intake, apparent digestibility, total digestible nutrients, digestibleenergy .

Eng. Agr.. M.Sc.. EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48. CEP 66000 Belém, PA.Eng. Agr...M.Sc.. FCAP. Caixa Postal 917. CEP 66000 Belém, PA.

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INTRODUÇÃO

O capim quicuio-da-amazônia tBrachia-ria humidicola (Rendle) Schweickerdt), co-nhecido em outras regiões do país como agu-lha, brachiaria sp. e espetudinha, é uma gra-mínea de origem africana, proveniente deZululand, África do Sul (White 1959). Foiintroduzido no Brasil pelo Instituto de Pes-quisa IRI, Matão, SP, com o número IRI-409,vindo em 1962 para o Instituto de PesquisaAgropecuária do Norte - IPEAN, em Belém,Pará.

Nas condições tropicais úmidas daAmazônia, esta gramínea de crescimento de-cumbente, agressivo e vigoroso, capaz de so-brepujar outras gramíneas e invasoras daspastagens, vem sendo grandemente expandi-da na região, tanto na formação de novospastos, como em substituição a outras grami-neas.

Devido ao aspecto [mo e ponteagudo desuas folhas, quando em adiantado estádio dematuridade, o quicuio foi, por algum tempo,considerado como capim de baixa qualidade.Entretanto, Batista (1968), em Matão, SãoPaulo, observou que os pastos de B. humidi-cola suportaram maior número de animais eproduziram maior quantidade de came porhectare que os B. decumbens. Moura Carva-lho et alo (1982), em engorda de búfalos,com quicuio-da-amaônia, observaram ganhosmédios diários de 0,575 kg a 0,686 kg/aní-maljdia. Batista (1981) encontrou ganho me-dio de 0,524 kgJanimaljdia em bubalinos deoito a treze meses de idade, utilizando a mes-ma gramínea. No CIAT (1981), em observa-ções sobre a aceitabilidade de gramíneasdo gênero Brachiaria a B. humidicola reve-lou-se superior às B. decumbens, B. brizantae B. ruziziensis.

Com relação à composição química docapim quicuio-da-amazônia alguns estudostêm mostrado que a proteína bruta decrescecom o aumento da idade de corte (Lascanoet alo 1982) e Sotomayor-Rios et alo 1981.Idêntica tendência de decréscimo foi obser-vada no coeficiente de digestibilidade da ma-téria seca que, segundo Reid et alo (1973),reduz de aproximadamente 20% com o au-mento de 35 para 98 dias de intervalo decorte, com a mesma gramínea, confirmadacom os resultados de Camarão et alo(1983),para digestibilidade de matérias seca e orgâ-

nica. Por outro lado, Lascano et alo (1982)concluíram que a digestibilidade da matériaseca desta gramínea durante a fase inicial derebrota é alta, quando comparada com algu-mas grarníneas tropicais.

Assim, foi delineado o presente trabalhocom o objetivo de determinar o valor nutriti-vo do capim quicuio-da-amazônia.nas condi-ções do trópico úmido brasileiro, através dacomposição química, do consumo voluntárioe dos coeficientes de digestibilidade in vivode seus constituintes químicos.

MATERIAL E MÉTODOS

o experimento foi conduzido no Labo-ratório de Nutrição Animal do Centro dePesquisa Agropecuária do Trópico Úmido(EMBRAPA-CPATU), em Belém-Parã-Brasil,em pastagem de quicuio-da-amazônia, commais de sete anos de plantada, utilizada emregime de cortes periódicos há mais de trêsanos, sem qualquer tipo de adubação.

O solo é do tipo Latossolo Amarelo,cujas análises físicas e químicas revelaram osseguintes teores: areia grossa 31 %, areia fina37%, limo 18%, argila total 14%, pH 5,0,Ar3 0,8 (meq%), Ca+2 + Mg2 0,6 (meq%),fósforo 12 (ppm) e potássio 38 (ppm).

O clima da região é do .tipo Afi, segundoa classificação de Koppen , caracterizado porapresentar precipitação pluviométrica anualde 2.800 mm, com chuvas mais ou menosbem distribuídas durante o ano, temperaturamédia de 260C, umidade relativa do ar de85% e insolação média de 2.390 horas porano (Anuário ... 1971).

Na pastagem foram delimitadas trêsáreas, com cortes de uniformização, efetua-dos a 15 em do solo, em datas diferentes, detal maneira que de 5 a 14.05.82 as três áreasestivessem, respectivamente,em média de 35,65 e 95 dias de crescimento.

A forragem era colhida diariamente pelamanhã e à tarde, sendo em seguida triturada,pesada e fomecida aos animais.

No ensaio utilizaram-se doze ovinos des-lanados, castrados e caudectomizados, osquais foram mantidos em gaiolas metáboli-cas, dispondo de água a vontade, obedecen-do-se a metodologia preconizada por Harris(1970). Os animais recebiam 30 gjdiajanimalde mistura mineral. Os períodos de adapta-ção dos animais à gaiola e à dieta foi de sete

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dias. Após este período, foram coletados da-dos para o cálculo de consumo voluntário,durante nove dias. Em seguida, foram efetua-das coletas de dados de alimento e fezes, pa-ra determinação da digestibilidade, durantesete dias.

As fezes excretadas diariamente forampesadas e homogeneizadas, retirando-se alí-quotas correspondentes a 10"Á>do peso total,por animal, para análise.

As análises químicas consistiram nas de-terminações de proteína bruta (PB), extratoetéreo (EE), extrato não nitrogenado (ENN)e resíduo mineral fixo (RMF), segundo mé-todos da Association Official Analytica Che-mists (1965a e 1965b) e fibra bruta (FB),pelo método descrito por Sawazaki (1978).A energia digestivel (ED) foi calculada con-siderando 1 g de NDT = 4,04 g Kcal de ED.

O delineamento experimehtal utilizadofoi inteiramente casualizado, sendo que ostratamentos referem-se às idades de corte.

A digestibilidade foi calculada a partirdas quantidades dos componentes químicosconsumidos e eliminados nas fezes de cadaanimal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dados sobre a composição química docapim quícuío-da-amazõnia (Tabela 1) mos-tram que os teores de proteína bruta (PB),extrato etéreo (EE) e resíduo mineral fixo(RMF) decrescem, enquanto os conteúdosde matéria orgânica (MO), fibra bruta (FB)e extrativos não nitrogenados (ENN) aumen-tam, do menor para o maior in tervalo de cor-

111

te, resultados estes concordantes com OS ob-tidos por Lascano et al. (1982) e Arroyo-Aguilu et al. (1973), quando utilizaram gra-míneas do gênero Brachiaria.

Os teores de proteína bruta do capimquicuio-da-amazônia de 7,56% e 6,82%, ob-servados quando a gramínea foi cortada comperíodos de descanso de 35 e 65 dias, forammais ou menos semelhan tes aos apontadospor Lascano et al. (1982), que encontraram8,7% e 6,9% de PB, respectivamente, paradescanso de 35 e 56 dias. Entretanto, estãomuito abaixo dos encontrados por Soto-mayor-Rios et al. (1981), de 12,78% e9,91 %, em cortes efetuados aos 30 e 60 dias,respectivamente.

O conteúdo de PB menor que 6%, consi-derado por Milford & Minson (1966) comonível crítico de proteína bruta nas gramíneaspara alimentação animal, uma vez que afetao consumo de matéria seca, somente foi ob-servado quando o quicuio foi cortado com95 dias.

Em Goiás, durante a época chuvosa, fo-ram encontrados para B. humidicola teoresmédios de PB de, 9,67%, 5,66% e 2,79%, res-pectivamente, aos 35, 63 e 91 dias de cresci-mento (Empresa Goiânia de Pesquisa Agro-pecuária 1981), portanto bastante diferentesdos resultados obtidos neste trabalho.

Os teores de FB foram 34,32%,35,82%e 36,34% para as idades de 35,65 e 95 dias.Resultados semelhantes foram obtidos porCoward-Lord et al. (1974), em dez gramí-neas tropicais, com teores de 31,3%,36,0%e 36,4%, respectivamente, aos 30, 60 e 90dias de crescimento, enquanto que Serrão &

.'

TABELA 1. Composição qulmica do capim quicuio-da-amazônia em três idades de corteI,

Componente

Matéria seca (MS)Matéria orgânica (MO)Proteína bruta (PB)Fibra bruta (FB)Extrato etéreo (EE)Extrato não nitrogenado (ENN)Resíduo mineral fixo (RMF)

Idade (dias)

35 65 95

%

20,09b 20,39b 24,10a94,60b 94,86b 95,83a

7,56a 6,82b 4,50b34,32b 35,82ab 36,34a

1,38a 1,16ab 1,20b51,34b 51,06b 54,05a

5,40a 5,14a 4,17b

As médias seguidas da mesma letra na horizontal não diferem estatisticamente, de acordocom o teste de Duncan a 5%.

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Simão Neto (1971), em Belêm, Pará, encon-traram teores de FB de 34,55% 35,44% e35,89%, aos 30, 60 e 90 dias, em B. decum-bens.

Os teores de EE, ENN e RMF encontra-dos neste trabalho estão de acordo com osobservados por Serrão & Simão Neto (1971),em Brachiaria decumbens, Brachiaria ruzi-ziensis e Brachiaria brizantha.

Os consumos de matéria seca foram res-pectivamente de 44,3,44,3 e 53,7 g/kgO,75 /dia para as idades de 35, 65 e 95 dias. O con-sumo observado aos 95 dias foi significativa-mente maior (P < 0,05) que aos 35 e 65dias, sendo estes semelhantes entre si. Estesresultados podem ser atribuídos à sele tivida-de dos animais no cocho, uma vez que a for-ragem aos 95 dias apresentou menores teoresde PB e maiores teores de FB.

O consumo médio de matéria seca obti-do neste trabalho, está de acordo com a revi-são feita por Moore & Mott (1973), quemostram uma variação do consumo de 39 a98 g de MS/kg°,75/dia, de gramíneas forra-geiras tropicais. Consumo médio superior aosencontrados neste trabalho foram observa-dos por Lascano et alo (1982) e Camarão etalo (1984) de 54,9 e 60,21 g de MS/kgO, 75 ,respectivamente, para descansos de 28 e 95dias. Entretanto, esta diferença deve-se aofato de ambos terem fornecido a forragemde quicuio em níveis diferentes de oferta, oque permite que os animais selecionem aspartes mais nutritivas da planta, aproximan-do da seletividade que o animal efetua napastagem.

O consumo médio de MS digestível ob-servado de 25,4 g/kgo,7 S/dia, satisfaz as exi-gências para manutenção de ovinos.

Os coeficientes de digestibilidade apa-rente dos componentes do capim quicuio-da--amazônia, MS, MO, PB, FB, EE, ENN eNDT (Tabela 2) diminuíram significativa-mente (P < 0,05), com o aumento da idadede corte.

Os coeficientes de digestibilidade apa-rente de MS de 57,45%,54,21% e 46,71%,respectivamente, para as idades de corte de35, 65 e 95 dias, são mais baixos que os ob-servados por Lascano et alo (1982) - 63,1%na idade de corte de 28 dias, e por Camarãoet alo (1984) - 55,42%, na de 95 dias. En-tretanto, ambos utilizaram a técnica de ní-

veis diferentes de oferta, o que permitemaior seletividade pelo animal.

Trabalhando com outras gramíneas dogênero Brachiaria, Rosa (1982) obteve coefi-cientes médios de digestibilidade de MS de51,88% e 52,01%, respectivamente, aos 60 e90 dias, para feno de Brachiaria decumbense Brachiaria ruziziensis. Nestas duas gramí-neas, Butterworth (1967) encontrou níveismais altos para os coeficientes dê digestibilí-dade da MS e PB, respectivamente, de 71,3%e 69,4% e 69,4% e 69,8%, na idade de cortede 35 dias.

Nutrientes digestíveis totais (NDT) bemmais altos que os apresentados neste traba-lho foram encontrados por Butterworth(1967) em Brachiaria brizantha (65,3% e63,9% respectivamente, nas idades de 50 e80 dias). Em Brachiaria ruziziensis, Arroyo-Aguilu et al. (1973) obtiveram o NDT médiode 63,0%, na; cortes efetuados com idade de40 a 74 dias.

Os coeficientes médios de digestibilida-de aparente de EE e ENN, respectivamente,de 34,3% e 55,37%, encontrados neste tra-balho, são inferiores aos obtidos por Arroyo-Aguilu et al. (1973) em Brachiaria ruzizien-sis, respectivamente, de 58,5% e 66,1 %, emidade de corte variando de 40 a 74 dias.

Não houve diferenças significativas(P > 0,05) entre ED nas três idades. A médiade 1.575 Kcal de ED está abaixo dos valorescitados por Butterworth (1964) e Rosa(1982). Estes pesquisadores obtiveram valo-res de 2.725 e 2.240 Kcal de Ed, respecti-vamente, para 24 gramíneas forrageiras tro-picais e Brachiaria (B. decumbens e B. ruzi-ziensis).

Na Tabela 3 são apresentadas as equa-ções de regressão para estimar a digestibilida-de dos nutrientes (Y), em função da idadeem dias (X). Verifica-se que a maior taxa dedecréscimo (%/dia) corresponde à digesti-bilidade da PB (0,34). As taxas de reduçãode 0,18% e 0,17%/dia de digestibilidade daMS e MO estão den tro dos valores (0,1% e0,2%/dia) citados por Minson (1971) paragramíneas tropicais.

As taxas de decréscimo da digestibilida-de de PB, FB e NDT foram, respectivamente,de 0,34%, 0,18% e 0,17%/dia.

Os coeficientes de correlação simples (r)entre o teor de PB e os coeficien tes de diges-tibilidade da MS, MO, PB, FB e NDT 0,81

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(P < 0,01),0,87 (P < 0,01),0,88 (P < 0,01),0,79 (P < 0,05) e 0,80 (P < 0,05) mostramque a PB é um dos nutrientes mais importan-tes na nutrição de ruminantes, interferindosignificativamente na digestibilidade dos ou-tros nutrientes.

Segundo Noller (1964), citado por Zago& Gomide (1982), os volumosos são classifi-cados em excelentes, muito bons, bons, mé-dios e pobres, conforme apresentam valoresde NDT da ordem de 75%,65%,60%,55% e50%, consumos voluntários de MS de 3,5%,

113

3,0%, 2,5%, 2,0% e 1,5% de peso vivo, res-pectivamente. De acordo com a equação deregressão (Tabela 3) e da classificação deNoller com base no NDT, e n,as condições doexperime.nto, o quicuio-da-amazônia podeser considerado bom capim, quando utilizadoaté 50 dias; médio, de 50 e 75 dias e pobrese for utilizado com mais de 75 dias de des-canso. Considerando a média das três idadesda gramínea, 57,3% para NDT e 1,9% dopeso' vivo para consumo de MS, o capimquicuio-da-amazônia é uma forrageira dequalidade média.

TABELA 2. Digestibilidade aparente dos componentes quimicos de capim quicuio-da-amazõ-.1ma .

Componente

Matéria seca (MS)Matéria orgânica (MO)Proteína bruta (PB)Fibra bruta (FB)Extrato etéreo (EE)Extrato não nitrogenado (ENN)Nutrientes digestíveis totáls (NDT)Energia digestível (ED) 2

Idade de corte (dias)

35 65 95

%57,45a 54,21b 46,71c57,67a 54,68b 47,32c53,12a 45,69b 32,44c59,45a 54,85b 48,6Oc41,29a 29,96b 32,63b59,86a 54,91b 51,35c60,29a 54,38b 50,15c1.592a 1.602a 1.534a

2

As médias seguidas da mesma letra na horizontal não diferem estatisticamente, de acordocom o teste de Duncan a 5%.

Em Kcal.

TABELA 3. Equação de regressãopara estimar a digestibilidade dos nutrientes (V) do capim quicuio-da-ama-zônia em função da idade em dias (X).

Componente ES DP R2

2,73 0,752,26 0,803,99 0,843,50 0,652,36 0,78

Equação de regressão

Digestibilidade Matéria SecaDigestibilidade Matéria OrgânicaDig~stibilidade Proteína BrutaDigestibil idade Fibra BrutaNDT1

Y = 64,44 - 0,18 X **'( = 64,43 - 0,1 7 X **Y = 66,1 5 - 0,34 X **'( = 66,05 - 0,18 X **Y = 65,88 - 0,17 X **

0,030,020,040,040,02

NDT - Nutrientes digestíveis totaisES - Desvio padrão do coeficiente de regressãoDP - Desvio padrão da estimativaR2 - Coeficiente de determinação

- Significativo ao nível de erro de 0,01.

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CONCLUSÕES

Os conteúdos de proteína bruta, extratoetéreo e resíduo mineral fixo diminuem naforragem de capim quicuio-da-amazôniaquando é aumentada a idade de corte daplanta, enquanto os teores de matéria orgâ-nica, fibra bruta e extrativos não nitrogena-dos aumentam.

Com o aumento da idade do quicuio-da--amazônia, o coeficiente de digestibilidadeaparente dos constituintes químicos do ca-pim diminuem significativamente, deprecian-do a qualidade da forragem.

A digestibilidade aparente da matéria se-ca diminue em 5,4%, ã da proteína bruta em10,2%, e a dos nutrientes digestíveis totais em5,1 %, a cada 30 dias de aumento da idade daplanta.

A forragem do capim quicuio pode serconsiderada como de boa qualidade quandoutilizada até 50 dias, de média qualidade de50 a 75 e de pobre qualidade se utilizada emidade acima de 75 .dias.

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EFEITO DO NlvEL DE OFERTA DE FORRAGEM NO CONSUMOE DIGESTIBILlDADE DO CAPIM QUICUIO-DA-AMAZONIA

(Brachiaria humidicola)

Ari Pinheiro Camarão", Ermino Braga2, Heriberto Antonio Marques Batista!e José de Brito Lourenço júnior!

RESUMO - O experímento foi conduzido no laboratório de nutrição animal do Centro dePesquisa Agropecuária do Trópico Úmido (EMBRAPA-CPATU), em Belérn-Pará-Brasil, como objetivo de verificar a influência da quantidade de forragem ofertada de capim quicuio-da--amazônia tBrachiaria humidicola), no consumo e digestibilidade da matéria seca (MS). Fo-ram utilt?àdos três níveis de oferta de forragem: Nl = 51,8, N2 = 81,8 e N3 = 111,3 g deMS/kg°' I s/dia, e oferecida a doze carneiros castrados, deslanados, em gaiolas metabólicas,em delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições. O ';6nsumo deMS foi de 4S,7b; 61,7a e 73,2a g/kg0,7s/dia e o de ~ dígestível de 22,3 ; 37,lb e41,Sa g/kg0' 7S/dia e a digestibilidade de MS foi de 48,8% ; 60,3%a e 57,1 %a (P < 0,05),respectivamente, para os níveis de Nj , N2 e N3. Isto indica que quanto maior for a quanti-dade de forragem disponível, maior será a possibilidade da seletividade animal e conseqüen-temente melhor a qualidade da forragem. ~ possível estimar satisfatoriamente os consumosde MS e de MS digestível através da quantidade de forragem ofertada.

Termos para indexação: Região amazônica, Brachiaria humidicola, digestibilidade, consumo,composição química, nível de oferta de forragem.

EFFECT OF THE LEVEL OF FORAGE ON OFFER ON INTAKEANO DIGESTIBILlTY OF QUICUIO-DA-AMAZÓNIA GRASS

(8rachiaria humidicola)

ABSTRACT - An experiment was conducted at the Centro de Pesquisa Agropecuária doTr6pico Úmido - EMBRAPA/CPATU in Belém, State of Pará, Brazil. The objective was toevaluate the effect of levei of forage on offer of 8rachiaria humidico/a on its dry matterintake and digestibility. The forage on offer level8 were: Nl = 51.8, N = 81.8 andN3 = 111.3 9 per day per metabolic weight (g/day/g .75). Twelve castrated3vooless sh~were used in metabolism pens, Dry matter intake was 45.7, 61.~ and 73.2 g/day/kgO.7 ;dry matter digestible intake was 22.3, 37.1 and 41.5 g/day /kg .7 S; and percentage drymatter digestibility was of 48.8,60.3 and 57.1 for levels Nl, Nz and N3 respectively. Thisindicates that when the quantity of forage on offer gets high, it increases the animalselectivity and, consequently, the forage quality gets better. It was possible to estimate thedry matter and digestible dry matter intake though the levei of feeding of 8rachiaria humi-dico/a.

Index terms: Amazon region, 8. humidicole, digestibility, intake, chemical composition,forage on offer.

INTRODUÇÃO que por sua vez é condicionada pelo consu-mo voluntário e pela digestibilidade. ParaMilford & Minson (1966), o consumo volun-tário determina o valor nutritivo das pasta-gens tropicais e é mais importante do que a

o principal fator determinante do nívelde produção animal em pastejo é a quanti-dade de nutrientes digestíveis consumida,

12 Eng. Agr., M.Sc. EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48. CEP 66000. Belém, PA.Prof. FCAP. Caixa Postal 917. CEP 66000. Belém, PA.

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digestibilidade.Existem vários fatores que afetam o

consumo de forrageiras de baixa qualidade,entre os quais se inclui a quantidade de for-ragem ofertada. Leaver et aI. (1969) e Ro-bertson & Soest (1975) mostram que o au-mento do consumo de dietas mistas (con-centrados e volumosos) e de forrageiras declima temperado causam um declínio na di-gestibilidade, especialmente quando o ali-mento é finamente triturado ou peletizado,pelo movimento mais rápido das partículasatravés do trato digestivo dos animais e con-seqüentemente incompleta digestão (Alwash& Thomas 1971, Riewe & Lippke 1970).

A relação entre o consumo e a dígesti-bilidade da matéria seca de forrageiras tro-picais não está bem definida, quando se uti-lizam vários níveis de oferta de forragem.Em experimento levado a efeito no Texas(USA), Riewe & Lippke (1970) relatam queo aumento do consumo do capim "coastalbermuda", de 0,86 a 2,65% do peso vivo,provocou um declínio na digestibilidade damatéria orgânica de 62,9% para 53,~%.Grant et al. (1974), avaliando o capim-ele-fante (Pennisetum purpureum), utilizandobovinos e bubalinos, verificaram que o au-mento no consumo de MS de 1% do pesovivo provocou um declínio na dígestibili-dade de MS.

Zemmelink et aI. (1972) obtiveram au-mentos no consumo quando forneceram abovinos 69, 93 e 116 g de MS/kgO,H /diado capim Andropogon gayanus, Os animaisconsumiram, respectivamente, 43,9, 55,8 e63,5 g de MS/kgO,75 /dia, sendo estas dife-renças significativas. Posteriormente, estesresultados foram confirmados no CIAT, comníveis de ofertas de 50, 100 e 150 g deMS/kgo,7 s/dia. O consumo aumentou deforma linear com o aumento do nível deoferta (Centro Internacional de AgriculturaTropical 1980): Por outro lado, em outroexperimento, quando foi utilizado o mesmocapim em forma de feno, a relação apresen-tada entre o consumo e a digestibilidade foide forma quadrática, com quatro níveis deoferta de forragem (50, 100, 150 e 200 gde MS/kg°'7S /dia) (Centro Internacionalde Agricultura Tropical 1978).

Lascano et al. (1982), usando três níveisde oferta (44,63 e 83 g de MS/kgO,7s/dia)do capim Brachiaria humidicola e Brachiaria

dictyoneura, mostraram que houve aumentosignificativo no consumo de MS mas nãohouve efeitos na digestibilidade de MS.

A gramínea quícuio-da-amazônía (Bra-chiaria humidicola) é atualmente uma dasespécies mais importantes para a formaçãode pastagens de terra firme na Amazônia. OsÍndices de valor nutritivo como a composi-ção química, digestibilidade in vitro diges-tibilidade in vivo dos componentes proxi-mais e dos constituintes da parede celular fo-ram relatados por Camarão et aI. (1983a,1983b), Camarão et aI. (1984) e Batista etaI. (I984) mas, existem poucos dados rela-cionados ao consumo voluntário de matériaseca.

O objetivo deste trabalho foi verificar ainfluência da quantidade de forragem oferta-da do capim quicuío-da-amazõnia no consu-mo e digestibilidade da matéria seca.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nas de-pendências do laboratório de nutrição ani-mal do Centro de Pesquisa Agropecuária doTrópico Úmido (CPATU-EMBRAPA), emBelém, Pará, Brasil, utilizando-se uma pasta-gem de capim-quicuio-da-arnazõnía (Brachia-ria humidicola), estabelecida há mais decinco anos.

A forragem, com 95 dias de crescimen-to, foi colhida mecanicamente a 15 em dosolo, pela manhã. Em seguida, foi colocadaem sacos e levada ao laboratório. A forra-gem foi fornecida pela manhã (8:30 h) e àtarde (I 5 :30 h).

Os tratamentos constaram de três níveisde oferta de forragem: N 1 = 51,8, N, = 81,8 eN3 = 111,3 g de matéria seca (MS), por quilode peso metabólico (kgO, 75), por dia. Essesníveis foram baseados em ensaios anteriores(Batista et al, 1984).

A forragem foi oferecida a carneiros des-lanados, em gaiolas metabólicas, em delinea-mento experimental, em blocos ao acaso,com quatro repetições. O período de adapta-ção dos animais foi de sete dias. O consumoe a digestibilidade foram determinados con-juntamente no período de 01 a 11/11/83. Asmédias do peso metabólico dos animais fo-ram 12,0, 12,2e 11,3, respectivamente, paraos níveis N1, N2 e N3. O fracionamento em

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folha, caule e material morto da forragemfornecida e da sobra diária foi efetuada.

Antes do experimento, os animais fo-ram vermifugados e receberam durante todoo período experimental 30 g/anímal/dia desal mineral.

As fezes excretadas diariamente forampesadas e homogeneizadas, retirando-sealíquotas correspondendo a 10% do peso to-tal, por animal, para análise.

As análises consistiram nas determina-ções de fibra detergente neutro' (FDN)(Goering & Soest 1970, modificado porWaldreen 1971), proteína bruta (PB)(Association of Official Agricultural Chemists1970) e digestibilidade "in vitro" da matériaseca (DIVMS), segundo Tilley & Terry(1963), modificado pela Michigan StateUniversity (Tinnimit & Thomas 1976), utili-zando-se líquido ruminal de um bubalinofistulado da raça Mediterrâneo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta as característicasdo capim quicuio-da-amazônia. Verifica-seque apesar da gramínea estar com 95 dias decrescimento, a percentagem de folhas é bas-tante superior em relação ao material mortoe caule.

TABELA 1. Caracterlstica do capim quieuio-da--amazônia.

Parâmetro

Idade (dias)Altura (em)Produção de matéria seea (kg/ha)Caule! (%)Folha! (%)

Material morto (%)

9535

1.07522,167,010,9

Na Tabela 2 são apresentados os teoresde proteína bruta (PB), fibra detergente neu-tro (FDN) e os coeficientes de digestibili-dade "in vitro" da matéria seca (DIVMS) daforragem fornecida aos animais. Observa-seque os teores de PB ficaram abaixo do nívelcrítico (6 a 7%) que afeta o consumo de ma-téria seca. Os teores de FDN foram altos.Resultados semelhantes foram obtidos porCamarão et a!. (1983), que obtiveram, aos

119

95 dias, teores de 4,86% de PB, 76,44% deFDN e 51,11 % de DIVMS, para a plantainteira, com a mesma gramínea.

TABELA 2. Teores de protelna bruta (PB), fibradetergente neutro (FDN) e digestibili-dade "in vitro" da matéria seca(DIVMS) da forragem ofertada aosanimais.

Material PB FDN DIVMS

%

Planta inteira 4,9 77,5 51,1Caule 3,6 80,2 49,7Folha 5,5 75,8 52,7

A Tabela 3 apresenta o consumo volun-tário de MS, a digestibilidade aparente deMS e o consumo de MS digestível sob ostrês níveis de oferta. Observa-se que o con-sumo voluntário tendeu a aumentar com oaumento do nível de oferta. O nível N3 eN2 foram estatisticamente superiores(P < 0,05) ao nível mais baixo (N!).

O consumo observado no presente expe-rimento, 45,7 a 73,2 g de MSjkgO, 75 jdia,está de acordo com a revisão feita por Mott(I983), que mostra uma variação do consu-mo de 49 a 98 g de MSjkgO,7 Sjdia para gra-míneas forrageiras do gênero Brachiaria.

O consumo médio de 60,2 g de MSjkgO,7Sjdia é superior quando comparado aosvalores médios de 54,6 e 38,7 g de MSjkgo,7 5 jdia para o capim quicuio-da-amazô-,nia com 28 e 90 dias de crescimento, obtidopor Lascano et aI. (I982) e Braga (I 980)respectivamente. Por outro lado, dados daEstação Experimental de Quilichao na Co-lômbia (Centro Internacional de Agricultu-ra Tropical 1981) mostram consumo de67,4 g de MSjkg°,7Sjdia, estando o qui-cuio-da-amazônia com 90 dias de crescimen-to.

Zemmelink et aI. (1972) reportam da-dos de consumo de dietas com 3,5% de pro-te ína bruta que variaram de 30 a 65 g deMSikgO ,73jdia. Neste experimento se obteveconsumo médio de 64,7 g de MSjkgO,73jdia,portanto, semelhante ao maior consumoobservado por aqueles pesquisadores, e comteores de proteína bruta da forragem forne-cida de 4,95%.

O consumo médio de MS digestível

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TABELA 3. Consumo de MS, consumo da MS digestlvel e digestibilidade da MS do capim quicuio·da·amazô-nia, sob três nlveis de oferta de forrageml.

Forragem

Ofertada Consumida

Nl 51,8 ± 1,9N2 81,8 ± 0,9N3 111,3±4,8

g de MS/kgO,7 S/dia

45,7b ±3,O61 7a ±4 77Úa ±7:9

Consumo da MSdigestível

D igestib iIidadedaMS

22,3b ± 3,337,1a ± 1,741,5a ± 5,3

%

488b±5960'3a ±3157:1a ± Ú

1 As médias seguidas da mesma letra na vertical não diferem estatisticamente, de acordo com o teste de Tu-key, ao nível de erro de 0,05.

(33,66 gjkg0,7 Sjdia) está acima dos requeri-mentos de mantença (25 gjkgO,7S jdia) paraovinos.

O consumo de MS, consumo de MS di-gestível e digestibilidade de ~:S foram supe-riores aos encontrados por Braga (1980) parao capim quicuio-da-amazônia aos 90 dias decrescimento.

Os coeficientes de digestibilidade da MSda forragem, sob o nível mais baixo (N 1), fo-ram jnferiores estatisticamente (P < 0,05)aos níveis N2 e N3, os quais foram semelhan-tes entre si.

Resultados obtidos com Andropogongayanus nó CIAT (Centro Internacional deAgricultura Tropical 1978) mostraram que adigestibilidade máxima de 60% foi alcança daquando o consumo foi de 60 g de MSjkgO,7Sjdia, portanto, semelhantes aos resultadosobtidos neste trabalho com o nível de ofertaN2•

Um fato que pode ter influenciado nega-tivamente os resultados obtidos com a diges-tibilidade é que a forragem fornecida foi par-cialmente triturada, dificultando a seletivida-de dos animais para as partes verdes e maisnutritivas da gramínea, notadamente quandose comparam os níveis N2 e N3• Quando agramínea é fornecida inteira, permite que oanimal exerça uma seleção mais efetiva entrefolhas e caules, o que se aproxima da seletivi-dade animal em pastejo.

A Tabela 4 apresenta a percentagem dematerial verde, material morto e teores deproteína bruta (PB) da sobra da forragemconsumida, sob os três níveis de oferta.

TABELA 4. Percentagem de material verde, mate.rial morto e protelna bruta (PBI dasobra de forragem 1•

MaterialNível de oferta PS3

Verde2 Morto

%

N1 45,7b 53,7a 35b

N2 71,1 ab 28,9ab 4'5b

N3 75,9a 27,4b 5,1a

As médias seguidas das mesmas letras na verticalnão diferem estatisticamente, de acordo com oteste de Tu key, ao nível de erro de 0,05.

2 Folha + cáule + bainha.3 Na matéria seca.

Como era esperado, os animais sob o nívelde oferta mais baixo (N 1) deixaram maiorpercentagem de material morto em relaçãoao material verde, especialmente quando secompara ao nível mais alto (N3). Os teoresde PB do nível N3 foram superiores aos dosníveis N 1 e N2. Estes resultados indicam queos animais sob o nível N3 tiveram maioroportunidade de selecionar as partes maisnutritivas da forragem, em relação aos níveismais baixos (N1 e N2).

Na Tabela 5 apresentam-se as equaçõesde regressão linear entre o consumo voluntá-rio e o nível de oferta e entre o consumo deMS digestível e o nível de oferta. O aumentode uma unidade (uma grama) no nível deoferta de forragem, proporciona um acrésci-mo de 0,47 e 0,32%, respectivamente, noconsumo de MS e consumo de MS digestível.

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TABELA 5. Equação de regressão entre o consumo de MS (V 1) e o consumo de MS digestlvellV 2) em fun-ção do nlvel de oferta (X).

Componente Equação de regressão DPES

Consumo de MSConsumo de MS digestivel

VI = 21,80 + 0,47 X **Y2= 7,22 + 0,32 X **

** significativo ao n(vel de erro de 0,01.R2 = coeficiente de determinação.ES= desvio padrão do coeficiente de regressão.DP= desvio padrão.

CONCLUSÕES

De acordo com os resultados obtidospode-se concluir que:

O aumento do nível de oferta de forra-gem do quicuío-da-amazõnía causou acrésci-mos significativos no consumo de MS, diges-tibilidade de MS e consumo de MS digestívelno N1 para N2 e N3, entretanto, não houvesignificância entre N2e N3•

É possível estimar satisfatoriamente oconsumo de MS e consumo de MS digestível,utilizando-se a quantidade de forragem ofer-tada.

Há necessidade de realizar mais experi-mentos com outras espécies de gramíneas,em diversos estádios de crescimento, para ve-rificar o efeito do nível de oferta, com rela-ção à influência no consumo e digestíbilí-dade da MS.

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0,0650,055

0,840,77

5,584,66

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PRODUÇÃO E VALOR NUTRITIVO DE RAMA E RAIZDE CULTIVARES DE MANDIOCA (ManihotesculentaCRANTZ) PARA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES

Heriberto Antonio Marques Batista' ,Ari Pinheiro Camarão! ,Sebastião Hühn1, José de Brito Lourenço júnior ' e Marise C.M. Freitasê

RESUMO - Este experimento foi conduzido no laboratório de nutrição animal do Centro dePesquisa Agropecuária do Trópico Úmido - CPATU, em Belérn , Pará, Brasil, com a finalida-de de avaliar a produção e valor nutritivo de rama e raiz em três idades de corte de sete culti-vares de mandioca: Taína, Mameluca Branca, Rainha do Sol, Tataruaia, Acreana, Jaboti eIAN-I1 para a alimentação de ruminantes. Os resultados, mostraram que as produções de ra-ma e raízes das cultivares estudadas foram diferentes (P < 0,05). As cultivares Rainha do Sole Jaboti apresentaram as mais elevadas produções de rama (t/ha), enquanto a MamelucaBranca se destacou na produção de raízes. As produções de rama por hectare, nos cortes dequatro a seis meses, foram maiores (P < 0,05) que nos de doze meses, enquanto as produ-ções de raízes mais elevadas nos cortes de doze meses. A composição química da rama foi di-ferente (P < 0,05) tanto entre cultivares como nas três idades de corte. Os níveis médiosde PB, nos cortes de quatro e seis meses, 20,14% e 19,62%, respectivamente, foram maiores(P < 0,05) que nos doze meses, 17,5%. Os teores de EE e RMF diminuíram com o aumentoda idade de corte. A cultivar Rainha do Sol apresentou a maior quantidade de amido na raiz,32,5%. A rama tem nível de HCN muito mais alto do que a raiz, parecendo, entretanto, nãoexistir nenhuma relação entre o conteúdo de HCN na rama e na raiz, quando ambas são co-lhidas aos doze meses. Os coeficientes de digestibilidade in vitro da matéria seca e da matériaorgânica da rama foram diferentes nas cultivares estudadas, nas três idades de corte. A ramada cultivar Rainha do Sol apresentou as mais altas DlVMS e DlVMO, 61,4% e 57,2%; 55,7%e 59,8%; 56,0% e 54,1 %, respectivamente, aos quatro, seis e doze meses de idade de corte.A DIVMS e a DIVMO das ramas diminuíram com o aumento da idade de corte. Os da-dos de produção da rama e de raiz, a composição química e os coeficientes de digestibilidadeda rama indicam as cultivares Rainha do Sol e Mameluca Branca como as melhores para a ali-mentação de ruminantes.Termos para indexação: Mandioca, Manihot esculenta, cultivar de mandioca, rama, produçãode rama e raiz, composição química da rama e raiz, digestibilidade in vitro da rama e raiz,amido na raiz, HCN na raiz e rama, farelo de rama, raspa integrada da raiz.

YIELO ANO NUTRITIVE VALUE THE TOPS ANO ROOTS OF CASSAVAVARIETIES FOR RUMINANT FEEOING

ABSTRACT - An experiment was conducted in the Animal Nutrition for the Laboratory ofthe Agricultural Research Centre for the Humid Tropics, EMBRAPA-CPATU, in Belém, Bra-zil, to identify the best quality and yeilding cultivars of cassava (Manihot esculenta) for ru-mínant feeding out of the seven high tops and root producing varieties, at three differentsharvest times. The cultivars "Rainha do Sol" and "Jaboti" showed the highest production oftops while "Mameluca Branca" had the highest root production The production of tops perhectare, for cuts at tour and six months, were higher (P < 0.05) than at twelve months,while root production was higher when at twelve months. The chemical composition of thetops was different for the three harvesting ages. The crude protein (CP) average at four and

1 Eng. Agr., M.Sc., EMBRAPA/CPATU, Caixa Postal 48. CEP 66000 Belém PA2 En9. Agr., Bolsista CNPq/PIEP. EMBRAPA-CPATU. ' .

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six months were 20.14% and 19.62%, respectivelly, greater than at twelve months (17.5%).Ether-extract (EE) and ash decreasedwith increasing age. The cultivar "Rainha do Sol" pre-sented the highest quantity (32.5%) of starch in the roots. The tops were higher in HCNthan the roots, However it does not seem to exist a relation between the contents of HCN inthe tops and the roots, when both are collected at twelve months. The coefficients of in vi-tro dry matter digestibility (lVOMO) and organic matter digestibility (lVOMO) of the topswere different in the cultivars studied at ali three ages.The tops of the cultivar "Rainha doSol" showed the highest values of IVOMO and IVOMO, 61.4% and 57.2%; 55.7% and 59.8%;56.0% and 54.10% respectively, at four, six, and twelve rnonths of age. The IVOMO andIVOMO of the tops decreased with increasing age. The averageyield of tops and roots, che-mical composition and coefficient of digestibility of the tops indicate that "Rainha do Sol"and "Mameluca Branca" are the best cultivars for ruminant feeding.

Index terms: Cassava,Manihot esculente, cultivars, root and top, yield, chemical composi-tion, in vitro, digestibility, root starch, HCN, root meal.

INTRODUÇÃO

A rama de mandioca contém um eleva-do teor de proteína, calcário, fósforo e ferro(Bangham 1950). Foi considerada por Atha-nasof (1942) como um importante recursoforrageiro para a pecuária brasileira. O fare-10 de rama de mandioca apresenta em suacomposição química 17,6% de proteína,22,2% de fibra e 280.000 VI de vitamina Apor libra, teor este considerado o dobro doencontrado no farelo integrál de alfafa (De-vendra 1977). Gramacho (1973) relata que arama de mandioca seca e triturada apresentamaiores teores de gordura, proteínas e car-boidratos e menores teores de fibra. Concei-ção et al. (1973) encontrou teores de proteí-na bruta de 17,0% - 22,4% na rama de seisvariedades de mandioca colhidas aos quatromeses de idade.

A folha de mandioca representa 12% daparte aérea da rama aos doze meses (Deven-dra 1977) e apresenta teores de proteínabruta de 23,5% - 28,8% (Barrios & Bressani1967; Reed et al. 1982; lrizarry & Rivera1983).

As cultivares de mandioca apresentamprodução de ramas e raízes diferentes, omesmo ocorre em relação ao valor nutritivode suas ramas. Conceição et al. (1973) obser-varam em seis cultivares, produção de ramaverde em intervalo de corte de quatro mesesde 24,7 - 50,9 t/ha e de raízes aos doze me-ses de 12,8 - 27,4 t/ha. Batista et al. (1983a)encontraram, em 30 cultivares colhidas, aosdoze meses de idade, a produção da rama(terço superior da planta) variou de 10,7 -54,0 t/ha, percentagem de proteína bruta de12,0 - 22,8, coeficientes de digestibilidade invitro da matéria seca e da matéria orgânicade 40,0% - 60,1 % e 38,4% - 58,9%, respecti-

vamente, e percentagem de amido na raiz de19,6% - 32,8%.

O objetivo deste trabalho foi avaliar aprodução e valor nutritivo de sete cultivaresde mandioca em três idades de corte para ali-mentação de ruminantes; nas condições daAmazônia.

MATERIAL E METODOS

Este trabalho foi desenvolvido em áreado laboratório de nutrição animal do Centrode Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido(EMBRAPA-CPATU), no município de Be-lém, Pará, Brasil. As cultivares de mandiocautilizadas foram selecionadas entre as queapresentaram as maiores produções de ramae raiz: "Taína", "Mameluca Branca","Rainha do Sol", "Tataruaia", "Acreana","Jaboti" e "IAN-I1".

O clima da região, segundo Bastos(1971), é do tipo Afi, caracterizado porapresentar precipitação p1uviométrica anualmédia de 2.800 mm, sendo que o períodomais chuvoso vai de janeiro a junho, tempe-ratura média de 260C, umidade relativa doar 85% e insolação média de 2.390 horas porano. O solo é do tipo Latossolo Amarelocom a seguinte composição química: pH 3,9,A1+3 1,1 meq%, Ca+2 + Mg+2 0,5 meq%,fósforo 2 ppm e potássio 32 ppm.

O plantio das cultivares (23.mUS2) foifeito em canteiros de 5 m x 5 m, em delinea-mento experimental inteiramente casualiza-do, com duas repetições. Os cortes foram aosquatro meses (2312.81, 23.04.83 e 23.08.83),seis meses (23.02.83) e aos doze meses(23.12.82).

A produção de rama em todas as idadesfoi medida, utilizando-se somente a parteverde da rama, identificada pela mudança de

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cor marrom para verde na haste da planta,correspondendo à altura de 10-15 em, para ocorte de quatro meses,'a altura de 70-90 em,para o de seis meses e altura de 80-125 emno de doze meses e equivalendo mais ou me-nos ao terço superior da planta, dependendoda cultivar. No terceiro corte de quatro me-ses, retirou-se também as raizes para medir aprodução. Nos cortes de seis e doze meses,no mesmo dia, foram computadas as produ-ções de rama e raiz.

As amostras de rama e raízes foram se-cadas em estufa a 500C e, posteriormente,trituradas e catalogadas para que fossem pro-cessadas as análises.

Foram efetuadas determinações de ma-téria seca (MS), matéria orgânica (MO), fibrabruta (FB), extrato etéreo (EE), extrativonão nitrogenado (ENN) e resíduo mineral fi-xo (RMF), de acordo com métodos da Asso-ciation ... (1970) e as determinações dos coe-ficientes de digestibilidade in vitro da maté-ria seca (DNMS) e da matéria orgânica(DIVMO), pelo de Tilley & Terry (1963),modificado por Tinnimit & Thomas (1976),utilizando-se fluído ruminal de um búfalofistulado da raça Mediterrâneo.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAs produções de rama de mandioca ver-

de, em toneladas por hectare (Tabela 1),mostram que as cultivares "Rainha do Sol" e"Jaboti" foram as que mais produziram,com médias de l3,9 e 11,7; 12,0 e 11,2 t/ha,respectivamente, na idade de corte de quatroe seis meses. A cultivar "Mameluca Branca"foi a que mais produziu no corte de dozemeses (7,5 t/ha). A produção de rama, emcortes de quatro em quatro meses, foi bemmenor que as observadas por Conceição etalo (1973), em idênticos procedimentos decolheita realizados neste trabalho, mas uti-lizando a planta toda, cortada a 10 em do so-lo, enquanto que a produção média nos cor-tes de doze meses foram semelhantes àsapontadas por Batista et al. (1983a).

A cultivar "Mameluca Branca" apresen-tou a maior produção de raiz (Tabela 2) nasidades de corte aos quatro e seis meses', res-pectivamente, com 4 6,0 e 32,0 tlha, en-quanto no tratamento de doze meses, quasetodas tiveram elevadas produções, exceto a"Taina" e "IAN-I1". A produção média deraiz das cultivares, aos doze meses, foi signifi-cativamente maior que as obtidas aos seis

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meses e aos quatro meses. O teor médio dematéria seca da raiz, colhida aos doze meses,foi de 32,8 ± 5,5%.

Segundo Müller (1977), o desenvolvi-mento das raízes é seriamente afetado quan-do a parte aérea é cortada após quatro a cin-co meses do plantio. Entretanto, observaçõesfeitas anteriormente nas condições de Belém,mostraram que esse procedimento, seguidode adubação com esterco de curral e colheitaantes da época chuvosa, não afeta a produ-ção. Neste trabalho, observou-se, por ocasiãoda colheita, grande quantidade de raiz ape-drecida, principalmente as mais desenvolvi-das, devido à colheita ter sido efetuada nofim do período chuvoso.

As cultivares de "Mameluca Branca" e"Rainha do Sol" apresentaram as maioresproduções de farelo de rama e raspa integralde raiz nas três idades de corte (Tabela 3).As produções médias em t/ha de farelo de ra-mas secas foram maiores significativamentenas idades de cortes de quatro e seis meses,enquan to que as produções de raspa in tegralsecas foram significativamente maiores no dedoze meses. Observou-se que as cultivares"Rainha do Sol" e "Mameluca Branca" po-dem produzir, quando colhidas as ramas aosquatro meses e as raizes aos doze meses, 10,7e 17,6 t/ha de forragens secas, respectiva-mente, sendo 3,4 e 2,5 t de farelo de rama e7,3 e 15,1 t de raspa integral de raiz de man-dioca.

A Tabela 4 apresenta os teores de amidona raiz aos seis e doze meses. Não houve di-ferenças significativas entre cultivares nosteores de amido aos seis meses. A Rainha doSol aos doze meses apresentou 32,5% deamido sendo superior (P < 0,05) aos teoresapresentados pelas outras cultivares. Os teo-res médios de amido das cultivares aos dozemeses (28,6%) foram maiores (P < 0,05) doque aos nove meses (17,2%). Sobre este fato,Conceição (1979) relata que os teores deamido serão tanto menores quanto maior fora antecipação da colheita. Em Belém, Pará,Albuquerque et al. (1974) mostraram quehouve correlação positiva entre a idade daplanta e o teor de amido mas não houve cor-relação com a época da colheita, permane-cendo o teor de amido quase que o mesmoem qualquer mês de plantio.

Os teores de ácido cianídrico (HCN) en-contrados em ppm/kg na rama e raiz fresca

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TABELA 1. Produção de rama verde em tr's idades de corteI.

CultivarIdade de corte (meses)

42 63 123

t/ha13,9a 11,7a 3,9bc10,3ab 7,8bc 7,Sa6,4c 7,1bc 2,4c4,7c S,3c 3,Obc

12,Oa 11,2a 3,9bc9,1bc 10,Sab 4,Sb

11,3ab 9,2b 2,1c9,7A 8,9A 3,9B

24,7±2.4 2S,3±2,7 23,9±2,7

Rainha do SolMameluca BrancaTetaruaiaAcreanaJabotiTamaIAN-IIMédia

% M5 da rama

As médias na vertical seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si (P < O,OS).As médias na ho-rizontal seguidas da mesma letra maiúscula não diferem entre si (P < O,OS).

2 Produção de três cortes.3 Produção de um corte.

TABELA 2. Produção de raiz de cultivares de mandioca em tr's idades de corteI.

CultivarIdade de corte (meses)

4 6 12

t/ha22,3b 22,1b 4S,1a46,Oa 32,Oa 47,9a19,5bc 16,3bc 41,2ab23,7b 23,2b S1,6a1S,3bc 19,3b SO,4a9,1c 11,Sc 32,9b7,2c 9,Oc 20,Sc

20,4B 18,9B 41.4A

Rainha do SolMameluca BrancaTataruaiaAcreanaJabotiTamaIAN-II

Média

As médias na vertical seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si (P < O,OS).As médias na ho-rizontal seguidas da mesma letra maiúscula não diferem entre si (P < O,OS).

(Tabela 5) foram, respectivamente, na culti-var "Rainha do Sol" 1025 e 232, na "Mame-luca Branca" 709 e 206, na "Tataruaia"1167 e 116, na "Acreana" 542 e 213, na"Jaboti" 619 e 187, na ''Taina'' 880 e 103, ena "IAN-I1" 890 e 284. Resultados seme-lhantes foram observados por Kass et alo(1981), estudando a concentração de HCNna folha da mandioca. Observou-se, também,de acordo com as classificações de Cousey(1973) e de Creswell (1978), que todas assete cultivares são consideradas mandiocas

bravas. Os teores de HCN na rama são muitomais elevados do que os da raiz, parecendo,entretanto, não existir nenhuma relação naconcentração de HCN entre a rama e a raizda mandioca.

Gondwe (1974) encontrou concentra-ções de HCN mais altos nas folhas do que naraiz, atribuiu este fato a sintetização doHCN nas folhas e subseqüentes translocaçõespara o caule e raiz.

Dados sobre a composição química darama das sete cultivares (Tabela 6) mostram

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TABELA 3. Produção de far,lo de rama seca e r.p8 integral seca da raiz de mandioca h/ha), em três idades de conel,

Parte da planta e Rainha Mameluca Tataruaia Acreana Jaboti Talna IAN-II Médiaidade da colheita doscl Branca

t/haFarelo de rama (4 meses)l 3,44 2,55 1,58 1,16 2,97 2,25 2,79 2,39Raspa integral (4 meses)3 7,31 15,07 6,39 7,77 5,01 2,98 2,34 6,70Total 10,75b 17,62a 7,97bc 8,93bc 7,98bc 5,230 5,13c 9,09Farelo de rama (6 meses)3 2,96 1,97 1,80 1,34 2,83 2,66 2,34 2,27Raspa integral (6 meses)3 6,91 10,49 5,34 7,64 6,32 3,77 2,95 6,20Total 9,87b 12,46a 7,1400 8,98bc 9,15bc 6,43d 5,29d 8,47

Félrelo de rama (12 meses)3 0,93 1.80 0,57 0,72 0,93 1,10 0,50 0,94

Raspa integral (12 meses)3 14,78 15,70 13,50 16,91 16,52 10,80 6,72 13,56Total 15,71A 17,50A 14,07AB 17,63A 17,45A 1,88B 7,22C 14,50

Média 12,11 15,86 9,73 11,85 11,53 7,85 5,88 10,69

As médias na vertical seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si (P < 0,051. As mádias na horizontal seguidas da mesma letramaiúscula não diferem entre si (P < 0,05).

Produção de três cortes.Produção de um corte.

TABELA 4. Teores de amido na raiz de setecultivares de mandioca em duasidades!.

Idade de corte (meses)Cultivar

6 12

%

Rainha do Sol 16,3a 32,5aMameluca Branca 16,3a 28,ObcTataruaia 19,3a 26,4cAcreana 16,6a 29,3bJaboti 18,4a 28,5bcTaína 17,6a 28,8bIAN-II 16,3a 26,4cMédia 17,2B 18,4A

As médias na vertical seguidas da mesma le-tra minúscula não diferem entre si (P < 0,05)_As médias na horizontal seguidas da mes-ma letra maiúscula não diferem entre si(P < 0,05).

que os mais elevados teores de proteína bru-ta foram observados nas cultivares "Acrea-na", "Rainha do Sol", "Mameluca Branca" e"Tataruaia", com 21,2%; 20,9%, 20,7% e20,5%, enquanto que a "Taina" e "IAN-I1",os menores teores com 16,4% e 16,4%, res-pectívamente, Os teores médios de PB, de19,2%, foram maiores e FB, de 21,8%, me-nores que os encontrados por Barbosa(1973), respectivamente 16,6% e 21,4%,12,6% e 24,6% e 11,7% e 29,5% para PB eFB da rama de mandioca cortada aos quatro,sete e dez meses de idade, Esta diferença po-

TABELA 5. Concentração de ácido clanrdríeo(HCN) na rama verde e raiz frescada cultivares de mandioca! .

HCNCultivar

Ramaverde Raiz fresca

TataruaiaRainha do SolIAN-I/TaínaMameluca BrancaJabotiAcreanaMédia

1_167appm/kg 116c

1,025b 232ab890b 284a880b l03c709b 206b619c 187b542c 213b833A 1.916,6B

As médias na vertical seguidas da mesma le-tra minúscula não diferem entre si (P<0,05).

de ser atribuída à utilização da planta inte-gral.

Bangham (1950), Gramacho (1973), De-vendra (1977) e Batista et al. (I983 a b)encontraram resultados semelhantes ao da-dos de composição química da rama de man-dioca observados neste trabalho,

A composição química da rama, nas trêsdiferen tes idades de corte (Tabela 7), indicaque os teores de PB, EE e RMF foram maio-res quando a rama foi cortada a cada quatromeses, enquanto os teores de FB não foramdiferentes nas três idades de corte, Os níveisde MO e ENN foram mais altos nos cortes deseis e doze meses,

Os coeficientes de DIVMS e de DIVMOda rama da mandioca (Tabela 8) foram dífe-

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TABELA 6. Composição qufmica média da rama em três idades de corte (Matéria seca = 100%)1.

Resíduo ExtratoMatéria Proteína Fibra Extrato mineral nãoCultivar orgânica bruta bruta etéreo fixo nitrogenado

%

Rainha do Sol 95,2c 20,9a 22,6ab 5,1ab 4,8a 46,7bMameluca Branca 95,3bc 20,7a 20,9bc 5,7a 4,7ab 48,1bTataruaia 95,1a 20,5ab 22,2ab 5,Ob 4,9a 47,4bAcreana 95,3bc 21,2a 20,4bc 5,4a 4,7ab 48,4bJaboti 95,6a 18,3bc 24,1a 5,1ab 4,4b 48,2bTafna 95,7a 16,4c 19,9c 4,8b 4,3b 54,5aIAN-II 95,4b 16,4c 22,5ab 4,8b 4,6b 51,8ab

Média 95,4 19,2 21,8 5,1 5,1 49,3

1 As médias na vertical seguidas da mesma letra não diferem entre si IP < 0,05).

TABELA 7. Composição qufmica média da rama de cultivares de mandioca em três idades de corte (Matériaseca = 100%)1.

Matéria Proteína Fibra ExtratoResíduo Extrato

Idade de corte mineral nãoorgânica bruta bruta etéreo fixo nitrogenado

- más- %4 94,7b 20,1a 20,8a 6,6a 5,3a 47,2b6 95,6a 19,6ab 22,7a 4,3b 4,4b 48,9ab

12 95,7a 17,5b 21,9a 4,lb 4,1b 52,2a

1 As médias na vertical seguidas da mesma letra não diferem entre si (P < 0,05).

TABELA 8. Coeficiente de digestibilidade in '(irra da matéria seca (DIVMS) e matéria orgânica (DIVMO) darama de sete cultivares de mandioca em três idades de corteI.

Idade (mês) Idade (mês)Cultivar

4 6 12 4 6 12

DIVM5 (%) DIVMO (%)

Rainha do Sol 61,4a 57,2a 55,7a 59,8a 56,Oa 54,1aMameluca Branca 58,7b 56,2ab 51,1b 57,6ab 54,6ab 49,5bcTataruaia 58,2b 53,9bc 52,7b 57,3ab 52,7bc 51,1cAcreana 52,1c 54,2bc 50,6c 50,7bc 52,8bc 48,9bcJaboti 57,1b 53,3cd 46,9d 56,1b 51,7c 44,4dTaína 49,6c 50,9d 50,6c 47,6d 42,9d 48,7bcIAN-II 45,3d 52,Ocd 48,Od 44,ge 50,3c 46,2dMédia 54,6A 53,OAB 50,8B 53,4A 52,5AB 49,OB

As médias na vertical seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si (P < 0,05). As médias na ho-rizontal seguidas da mesma letra maiúscula não diferem entre si (P < 0,05).

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rentes (P < 0,05) entre as cultivares. Os maiselevados coeficientes de DNMS e de DlVMOnas três idades de corte foram observados narama de "Rainha do Sol". Os coeficien tes deDNMS e de DNMO da rama aos quatro eseis meses foram semelhantes e superioresaos encontrados aos doze meses. Resultadossemelhantes foram encontrados por Batistaet al. (1983 a b) que observaram diferen-ças significativas entre cultivares de mandio-ca.

A composição química média da raiz in-tegral das sete cultivares de mandioca apre-sentaram, em 100% da MS, os seguintes níveis:97,5% ± 1,6% de MO, 2,9% ± 0,6% de PB,1,1% ± 0,2% de EE, 5,5% ± 1,6% de FB,2,5% ± 1,1% de RMF e 88,1% ± 1,8% deENN. Os coeficientes de DNMS e de DlVMOmédios da raiz integral foram, respectiva-mente, de 93,4% ± 1,8% e 92,6% ± 1,8%. Re-sultados mais baixos de PB e FB, de 1,7% e3,2%, e mais altos de ENN, de 92,1 %, foramobservados por Devendra (1977).

CONCLUSÕES

Pelos resultados apresentados em produ-ção de rama e raiz, o teor de amido na raiz,composição química e coeficientes de diges-tibilidade da rama, conc1ui-se que as cultiva-res "Mameluca Branca" e "Rainha do Sol"apresentam melhores comportamentos pro-dutivos como forragem para ruminantes. En-tretanto, pelo que contém de ácido cianfdrí-co em suas ramas e raizes são consideradasmandiocas bravas, por apresentarem toxidezacima dos níveis críticos. Deste modo, paraevitar possíveis intoxicações em animais, re-comenda-se fornecer as raízes e ramas secas,na forma de feno ou farelo, com aproxima-damente 10% de umidade.

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PRODUÇÃO E VALOR NUTRITIVO DO CAPIMCANARANA-E RECTA-LISA(Echinochloa pyramidalis)

Heriberto Antonio Marques Batista! ,Ari Pinheiro Camarão! ,José de Brito Lourenço Júnior1 ,Mário Elias S. da Silva2 e Saturnino Dutra!

RESUMO· Este experimento foi realizado no laboratório de nutrição animal do Centro dePesquisa Agropecuária do Trópico Úmido (EMBRAPA-CPATU), em Belém, Pará, Brasil,com o objetivo de determinar a produção e o valor nutritivo do capim canarana-erecta-lisa(Echinochloa pyramidalis). Estudou-se a composição química, o consumo e os coeficientesde digestibilidade de nutrientes, nas idades de corte de 35, 65 e 95 dias. Foram utilizadosovinos deslanados, castrados, em gaiolas metabólicas. O aumento da idade de corte dagrarnínea proporcionou acréscimos na produção de MS, na altura da planta, e na percenta-gem de caule, enquanto a percentagem de folhas diminuiu. Os teores de PB e RMF de-cresceram (P < 0,01), respectivamente, de 0,05 e 0,05%/dia, enquanto que a MS na plantaaumentou (0,10%/dia). O consumo de MS digestível (g/kg0' S/dia), aos 35 dias, foi de 28,3sendo superior ao de 95 dias (25,3). As taxas de decréscimos da digestibilidade da MS, daMO, da PB, da FB e do NDT foram, respectivamente, 0,11, 0,17,_0,45,,0,11 e 0,16%/dia. Osteores de PB se correlacionaram com a digestibilidade da MO (0,82*) e da PB (0,91 **).Houve correlação entre o NDT e os coeficientes de digestibilidade da MS (0,94 **), da MO(0,93 **) e de FB (0,94 **). Concluiu-se que a canarana-erecta-lisa é considerada até 60 diasde crescimento, uma gramínea de boa qualidade.Termos para indexação: Região amazônica, capim canarana-erecta-lisa, Echinochloa pyrami-dalis, consumo voluntário, digestibilidade "in vivo", composição química, terra inundável.

PROOUCTION ANO NUTRITIVE VALUE OFCANARANA-ERECTA-LISA GRASS (Echinochloa pyramidalis)

ABSTRACT - This experiment was carried out at the Centro de Pesquisa Agropecuária doTrópico Úmido (EMBRAPA-CPATU), in Belém, State of Pará, Brazil. The objective was tostudy the effect of the ages 35, 65 and 95 days on the production and nutritive value ofcanarana-erecta-Iisa grass. In a digestion trial castraed were used 12 sheep in metabolismpensoDM production and percentage of stem increased and percentage of leaves decreasedwith the agesof the plant. Both CP percentage and ash decreased (P < 0.01) both at the rateof 0.05%/day and DM increased at the rate of 0.1O%/day. Digestible DM intake (g/kgo.7 51day) at 35 days (28.3) was higher (P < 0.05) than at 95 days (25.3). The rates of reductionof digestibility of DM, OM, CP, CF and TDN were 0.11, 0.17, 0.45, 0.11 and 0.16%/dayrespectively. The coefficients of correlation of percentage CP with digestibility of OM andCP was 0.82 (P < 0.05) and 0.91 (P < 0.01) respectively. Correlation was high betweenTDN and digestibility of DM (0.94), OM (0.93) and CF (0.94) (P < 0.01). In the conditionsof this experiment canarana-erecta-lisa grassat 60 days, is considerated of goOOquality.

1 ndex terms: Amazon region, canarana-erecta-Iisa grass, Echinochloa pyramidalis, voluntaryintake, in vivo digestibility, chemical composition, floOOable land.

1 Eng. - Agr., M.Sc., EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém. PA.2 Prof., FCAP. Caixa Postal 917, CEP 66000 Belém, PA.

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INTRODUÇÃO

A canarana-erecta-lisa (Echinochloa py-ramidalis) é uma gramínea perene, de colmoerecto, folhas finas e glabras. É encontradavegetando naturalmente na zona equatorialda África Tropical, fazendo parte da vegeta-ção de áreas inundáveis (Whyte et aI. 1959).Na região amazônica, a ocorrência deste ca-pim foi observada, em 1959, nas margens dorio Oiapoque, vegetando de maneira exube-rante, sendo então introduzida no Institutode Pesquisa Agropecuária do Norte (lPEAN),em Belém (Lima et aI. 1960).

A canarana-erecta-lisa, com seu extensosistema radicular e robustos rizomas, queemitem brotações originando perfilhos, po-derá se tornar em uma das mais importantesforrageiras para a região amazônica, onde émuito difundida e já representa 70% das pas-tagens cultivadas em solos de várzea, sujeitosà inundações periódicas. É uma gramíneaque pode produzir até 40 toneladas de for-ragem seca por hectare/ano, bastante apete-cida, tanto por bubalinos como bovinos, atémesmo em estádio de desenvolvimento avan-çado (Serrão et aI. 1970).

No Centro de Pesquisa Agropecuária doTrópico Úmido (CPATU), em Belém, a ca-narana-erecta-lisa vem sendo há muito tempoutilizada e indicada como a gramínea idealpara a formação de pastagem nas áreas devárzea da Amazônia. Entretanto, existempoucos conhecimentos sobre sua potencialí-dade nutritiva e melhor maneira de utiliza-ção como forrageira.

Alguns dados disponíveis revelam quesua capacidade de suporte em sistema de pas-tejo rotacionado foi de 3,38 anímal/ha/anocom bovinos e 1,88 com bubalinos, apresen-tando ganhos médios de 353 e 545 g/dia,respectivamente (Nascimento et aI. 1978).Entretanto, Lourenço Junior et aI. (1980)evidenciam que a melhor carga para utiliza-ção da canarana-erecta-lisa com bubalinos éde 1,5 cabeças/ha, com um ganho médio de774 g/dia.

A composição química da Echinochloapyramidalis, no estádio inicial de floração,apresenta na matéria seca 7,2% de proteínabruta, 33,5% de fibra bruta, 2,1 % de extratoetéreo, 47,1 % de extrativo não nitrogenadoe 11,5% de cinzas (Serrão et aI. 1970). Teo-res médios de proteína bruta de 6,2% e pro-

dução de matéria seca de 18,5 ton./ha foramobservados, em várzea alta, em vários cortes,durante 20 meses, por Nascimento et aI.(1979), enquanto que McIlroy (1976)encontrou para as idades de corte de 4, 8 e12 semanas, níveis de 8,1 %, ·5,4%,é 4,1 % deproteína bruta e de 37,7%, 40,2% e 39,7%de fibra bruta, respectivamente.

Os coeficientes de digestibilidade "invitro" da matéria seca (DlVMS), ajustadospela equação de regressão, foram de 67,3%,63,4% e 59,5%, respectivamente, para 35,65 e 95 dias de crescimento (Reid et aI.1973). Entretanto, Batista et aI. (1982) en-contraram para as mesmas idades de corte,coeficientes de DlVMS de 58,9%, 54,7% e51,6%, respectivamente, portanto, bem maisbaixos que os anteriormente citados.

O objetivo deste trabalho foi determinara produção e o valor nutritivo da canarana--erecta-lisa, através do consumo voluntário edos coeficientes de digestibilidade "in vivo"de seus constituintes químicos, a fim de seestabelecer a melhor maneira de utilizaçãoda gramínea na nutrição de ruminantes.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nas de-pendências do laboratório de nutrição ani-mal do Centro de Pesquisa Agropecuária doTrópico Úmido (EMBRAP A-CPATU), emBelém, Pará, Brasil, em uma pastagem decanarana-erecta-lisa (Echinochloa pyramida-/is), utilizada há mais de dez anos por bubali-nos.

A área está localizada em solo de várzeaalta, do tipo gley pouco húmico, cujas análi-ses física e química revelaram os seguintesteores: limo 69%; argila total 31 %; pH 4,8;Al" 3 2,3 meq%; Ca" 2 + Mg+2 2,8 meq%;fósforo 3 ppm e potássio 47 ppm.

O clima da região é, segundo a classifica-ção de Kõppen, do tipo Af, caracterizadopor apresentar precipitação pluviométricaanual de 2.800 mm, com períodos mais chu-

vosos de dezembro a maio, e menos chuvososde junho a novembro; temperatura média de260C; umidade relativa do ar 85% e insola-ção média de 2.390 horas por ano (Bastos &Sá 1971).

A pastagem foi dividida em três áreas,onde efetuaram-se cortes de uniformização,

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a 15 em do solo, em datas diferentes, de mo-do a proporcionar crescimento médio de35, 65 e 95 dias no período de 19/06/82 a25/06/82. Neste período, a forragem foi co-lhida, diariamente, pela manhã e à tarde, eem seguida, triturada, pesada e fornecida aosanimais, proporcionando desta forma duasrefeições diárias.

Os animais utilizados foram ovinos des-lanados (machos castrados), os quais forammantidos em gaiolas metabólicas, dispondode água a vontade de 30 g/animal/dia de su-plemento mineral. O período de adaptaçãodos animais à gaiola e à dieta foi de sete dias.As coletas de dados para determinação doconsumo e digestibilidade foram efetuadas,respectivamente, em nove e sete dias. As fe-zes excretadas diariamente foram pesadas ehomogenizadas, retirando-se alíquotas cor-respondentes a 10% do peso total, por ani-mal, para análise.

As análises químicas consistiram nas de-terminações de proteína bruta (PB), extratoetéreo (EE), extrativo não nitrogenado(ENN) e resíduo mineral fixo (RMF), segun-do método da Association of Official Analy-tical Chemists (1965a e 1965b) e fibra bruta(FB), pelo método descrito por Sawazaki(1978). Para o cálculo da energia digestível(ED) foi considerado que 1 g de NDT equi-vale a 4,04 g Kcal de ED. A digestibilidadefoi calculada a partir das quantidades consu-midas e eliminadas de cada componente quí-mico nas fezes dos animais.

O delineamento experimental utilizadofoi inteiramente casualizado, sendo que ostratamentos referem-se às idades de corte.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As produções médias de matéria seca,altura da planta, percentagem de folha, caulee material morto da canarana-erecta-lisa emfunção da idade da planta (Tabela 1) mos-tram que houve acréscimo de 36% e 117%na altura da planta e na produção de matériaseca dos 35 para os 65 dias respectivamentee de 53% e 83% dos 65 para 95 dias. O au-mento de 0,53; 0,79 e 1,12 para as idadesde 35, 65 e 95 respectivamente na relaçãocaule folha evidenciam que há um alonga-mento das hastes em detrimento da folha-gem com o aumento da idade da planta.

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Os resultados mostram que o maior au-mento na produção de forragem seca dacanarana-erecta-lisa se observa no intervalode 35 para 65 dias, e que a relação caule/folha dobrou no intervalo de 35 para 95dias, o que conseqüentemente acarreta adiminuição da qualidade da forragem. Pro-dução de forragem bem maior, encontradapor Serrão et aI. (1970), provavelmentedeve-se ao fato dos mesmos terem utiliza-do a gramínea em estádio mais avançado dematuração e em área recém-desmatada.

A composição química da canarana--erecta-lisa, nas três idades de corte (Tabe-la 2), mostra um significativo decréscimo(P < 0,05) da menor para maior idade nosteores de PB e RMF e aumento de MS eENN. Os conteúdos de FB e EE foram se-melhantes nas três idades de corte.

O teor de 6% a 7% de PB, consideradopor Milford & Minson (1966) como sendocrítico, porque afeta o consumo de matériaseca, somente foi observado no corte de 95dias.

Teores mais baixos de RMF são citadospara gramíneas de terra firme por SimãoNeto et al. (1973), enquanto Camarão et aI.(1984) encontraram conteúdos de 11,72%de RMF em silagem de canarana-erecta-lisa,mostrando, entretanto, que 61 % correspon-de à sílica.

A Tabela 3 apresenta as equações de re-gressão para estimar os teores de MS, PB eRMF, em função da idade (dias). Observa-seque há um dec1ínio de 0,05% e 0,05% e au-mento de 0,10%/dia, respectivamente, paraPB, RMFe MS.

Os consumos de MS foram respectiva-mente 49,6, 54,2 e 50,7 g/kg0,75/dia paraas idades de 35, 65 e 95 dias. O consumoobservado aos 65 dias foi significativamentemaior (P < 0,05), que aos 35 e 95 dias. Esteresultado pode ser atribuído à seletividadeanimal no cocho, haja vista que a forrageiraapresentou aos 35 dias maiores teores de PBe menores teores de FB.

Os consumos de MS obtidos neste tra-balho, estão de acordo com os dados deMoore & Moot (1973), que mostram uma va-riação de consumo de MS para gramíneastropicais de 39 a 98 g/kgO, 75/dia, entretan-to, foram mais baixos que o observado porCombellas & Gonzalez (1973), na gramíneade terra inundável Echinochloa polystachia,

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TABELA 1. Altura, produção de matéria seca (MS) e proporções de folha, caule e material morto do capimeanarana-ereeta-Iisa, em três idades de corte.

Idade de Altura Produçãocorte deMS

dia cm kg/ha

35 55 1.08065 75 2.34595 115 4.303

1 Somente o limbo2 Caule + bainha

Material morto

61,345,341,7

%

32,535,346,7

7,218,811,6

TABELA 2. Composição qulmica do capim canarana-erecta-llsa, em diferentes idades de corte.

ComponenteIdade de corte (dia)

35 65 95

%

8,74a 7,17b 5,OOc43,54a 43,60a 41,72a

1,35a 1 18a 1,33a

35,25c 37:87b 43,OOa12,12a 10,18b 8,86c

19,16c 22,10b 25,35a

Protef'na bruta (PB)Fibra bruta (FB)Extrato etéreo (EE)Extrativo não nitrogenado (ENN)Res(duo mineral fixo (RMF)Matéria seca (MS) na planta

As médias seguidas da mesma letra na horizontal não diferem estatisticamente de acordo com o teste de Tu-key (P < 0,05l.

TABELA 3. Equações de regressão para estimar os teores de MS, PB e RMF em função da idade em dias (X).

Componente Equação de regressão ES DPE 2r

MS da planta ?; 15,5 + 0,10X** 0,011 1,02 0,87PB ? ; 10,0 . 0,05X** 0,004 0,40 0,93RMF Y; 13,92· 0,05X** 0,003 0,35 0,94

ES . Desvio padrão do coeficiente de regressãoDPE • Desvio padrão da estimativar2 • Coeficiente de determinação** • Significativo (P < 0,01 )

de 68,25 g/kg0,7 s/dia. Este fato pode seratribuído à seletividade pelos animais, hajavista que os autores encontraram sobras de29% a 42% da forragem fornecida.

Os consumos de MS digestível foram de,respectivamente, 28,3, 26,6 e 25,3 para asidades de 30, 65 e 95 dias. O consumo deMS digestível observado aos 35 dias foi signi-ficativamente maior (P < 0,05) que aos 95dias.

O consumo médio das três idades de MSdigestível (26,7 g/kgO,7 s/dia) está acima dosrequerimentos de mantença (25 g/kg0,75/dia) para ovinos.

Os coeficientes de digestibilidade da MS,MO, FB, ENN (Tabela 4) foram mais eleva-dos (P < 0,05) quando a forragem estavacom 35 dias. A digestibilidade da PB dimi-nuiu significativamente (P < 0,05) com o au-mento da idade de corte, enquanto que a di-

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gestibilidade do EE foi menor (P < 0,05), namenor idade de corte. ° NDT da forragemaos 35 dias foi superior (P < 0,05) aos

observados nos cortes de 65 e 95 dias. Aquantidade de ED foi semelhante nas trêsidades de corte.

Combellas & Gonzalez (1973) encontra-ram na Echinochloa polystachia coeficientesde digestibilidade da MS e da MO, de 63,0%e 68,4%; e de 60,5% e 66,0%, respeotivamen-te, nas idades de corte de 41 e 62 dias, supe-riores aos encontrados neste trabalho.

Butterworth (1963 e 1967) encontrouNDT médio de 57,58%, em 27 gramíneasforrageiras tropicais de terra firme, e 53,5% e

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51,7% nas gramíneas de terra inundávelandrequicé (Leersia hexandra) e rabo de rato(Hymenachne amplexicaulisi, respectivamen-te. Estes valores são inferiores à média de59,1% encontrada neste trabalho.

As equações de regressão da digestibili-dade dos componentes químicos da canara-na-erecta-lisa, em função da idade de corteem dias, são apresentadas na Tabela 5. Ataxa de decréscimo mais acentuada corres-ponde a digestibilidade da PB (0,45%fdia),enquanto que para MS, MO, FB e NDT astaxas foram, respectivamente, 0,11, 0,17,0,11 e 0,16%j'dia.

Reíd et aI. (1973), em Uganda, mostram

TABELA 4. Digestibilidade dos componentes qulmicos de capim canarana-erecta·lisa.

ComponenteIdade (dia)

35 65 95

%

57,09a 5100b 50,13b

63,56· 5Ú2b 52,90b

61,30a 52,48b 3410c

58,82a 52,44b 5Ú2b

46,23b 51,82a 52,57a

70,96a 61,20b 59,89c

64,96a 57,38b 55.07b

1607,5a 1578,6a 1521,9a

Matéria seca (MS)Matéria orgânica (MO)Proteína bruta (PB)Fibra bruta (FB)Extrato etéreo (EE)Extrativo não nitrogenado (ENN)Nutrientes digestíveis totais (NDT)Energia digestível (ED)d

abc As médias seguidas da mesma letra na horizontal não diferem estatisticamente de acordo com o teste deTukey ao nível de erro de 0,05.

d Kcal,

TABELA 5. Regressãopara estimar a digestibilidade de componente qulmico (Y) do capim cenarana-erecta-lisa, em função da idade em dias (X).

Componente Equação de regressão ES DPE 2r

Dig. MS Y=6029- 011X** 0,021 4,08 0,33" ' ,Dig. MO y = 69,27 - O,17X** 0,023 4,36 0,51Dig. PB " 5,60 0,80Y = 78,76 - 0,45X ** 0,029

" 0,023 4,46 0,30Dig. FB ~ = 62,02 - O,11X**NDT Y = 69,88 - O,16X** 0,020 2,41 0,76

Dig. MS = digestibilidade da MS, Dig. MO = digestibilidade da MO, Dig. PB = digestibilidade da PB, Dig. FB == digestibilidade do FB, NDT = nutrientes digestíveis totais.

ES . Desvio padrão do coeficiente de regressão.DPE - Desvio padrão da estimativa.r~ - Coeficiente de determinação** . Significativo (P < 0,01).

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para Echinochloa pyramidalis, taxa de de-créscimo de O,13%jdia na digestibilidade"in vitro" da matéria seca. A taxa de redu-ção de digestibilidade da MS e MO de 0,11e 0, 17%jdia, respectivamente, estão de acor-do com os valores de 0,1 a 0,2%jdia, citadospor Minson (I 971), para gramíneas tropicais.

Batista et al. (I984) encontraram naBrachiaria humidico/a taxas de redução noscoeficientes de digestibilidade da MS, MO,PB, FB e NDT, respectivamente, de 0,18,0,17, 0,34, 0,18 e 0,17%jdia, de onde pode--se admitir que o capim-quicuío-da-amazõníadiminui mais rapidamente o seu valor nutri-tivo que a canarana-erecta-lisa, com o au-mento da idade.

A Tabela 6 apresenta as equações de re-gressão para estimar a digestibilidade de PBem função dos seus teores na MS, e de nu-trientes digestíveis totais (NDT) em funçãodos coeficientes de digestibilidade da MS eMO. Minson et al. (1976) encontraram asseguintes equações de regressão, Y = 0,96 ++ 0,96 X, e Y = 1,49 + 0,95 X2, para esti-

mar o NDT (Y), em função da digestibilí-dade da MS (Xj ) e digestibilidade da MO(X2).

Os coeficientes de correlação simples(R), entre os teores de PB e os coeficientesde digestibilidade da MO e PB foram, respec-tivamente, 0,82* e 0,91 **. Os coeficientesde correlação simples (R), entre o NDT e oscoeficientes de digestibilidade da MS, MOe FB foram, respectivamente, de 0,94**,0,93** e 0,94**, mostrando que o teor dePB e NDT estão estreitamente relacionadoscom a digestibilidade destes nutrientes.

Nas condições deste experimento, consi-derando-se a equação de regressão para NDT,e de acordo com a classificação do Noller ci-tado por Zago & Gomide (1982), a canara-na-erecta-lisa, apresenta uma forragem debom valor nutritivo à idade de 35 a 60 dias ede médio valor nutritivo à idade de 60 a 95dias. Considerando-se a média de NDT dastrês idades estudadas (59,13%) a canarana--erecta-lisa pode ser considerada como umagramínea de boa qualidade.

TABELA 6. Equações de regressão para estimar os coeficientes de digestibilidade da PB em função de seusteores e NDT em função dos coeficientes da MS e MO.

y X Equação de regressão ES DPE 2r

Dig. PB Teor de PB y= 2,21 + 7,26X** 1,05 5,38 0,83"NDT Dig. MS Y = -1,1 + l,14X** 0,13 1,76 0,88"-NDT Dig. MO Y = 10,46 + O,84X ** 0,10 1,82 0,87

Dig. PB = Digestibilidade da PB, NDT = nutrientes digest(veis totais, Dig. MS = digestibilidade da MS, Dig.MO = digestibilidade da MO.

ES = Desvio padrão do coeficiente de regressão.DPE = Desvio padrão da estimativa.r2 = Coeficiente de determinação.

= Significativo (P < 0,01).

CONCLUSOES

O aumento da idade de corte da canara-na-erecta-lisa proporciona acréscimos na pro-dução de MS, na altura da planta e na rela-ção caulejfolha.

Os teores de PB, RMF decrescem signi-ficativamente, enquanto os de MS aumentamcom a idade da planta.

O consumo de MS digestível aos 35 diasfoi superior aos de 95 dias.

Os coeficientes de digestibilidade da MS,MO, PB, FB e do NDT decrescem significati-vamente, com a idade da planta.

Os teores de PB e os NDT correlaciona-ram-se com a digestibilidade da MO, PB, MSe da FB.

A canarana-erecta-lísa pode apresentaruma forragem de boa e de média qualidade,quando cortada com as idades de 35-60 diase 6()'95 dias, respectivamente.

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PASTURE DEVELOPMENTIN THE HUMID TROPICAL COAST OF AUSTRALlA

J.K. Teitzel1

ABSTRACT - Research into the cattle fattening industry based on the acid infertile soils ofthe humid tropical coast of Australia led to the development of a technology which wasconsidered suitable for general extension to the regional industry. It became possible tooutline the use of a range of introduced grasses and legumes which gave acceptable productionand to describe the cultural practices and fertilizers required to estabüsh the introducedspecies on the range of land classes capable of being worked with ground machinery. Thisled to the successful commercial development of large areas of sclerophyll forest lands(previously considered useless) and to the turnoff of quality fat cattle. Many of the pasturesare now almost twenty years old and still in a highly productive condition with a goodbalance of the desirable pasture species. Unfortunately, much of the information was of anad hoc remedial nature and technology adoption by smaller farmers, in particular, has beenpoor. There was little guidance on the likely consequences of structuring the technologyinto whole farm management systems. This, together with a shortage of information on theproduction potential and stability of alterna tive management systems has led to a managementsystems research program.

Index terms: Pasture species, fertilizers, establishment, management.

DESENVOLVIMENTO DE PASTAGEMNA COSTA TROPICAL ÚMIDA DA AUSTRÁLIA

RESUMO - Pesquisa na indústria da engorda de gado em solos de baixa fertilidade da costatropical úmida da Austrália, levou ao desenvolvimento de uma tecnologia que foi conside-rada adequada para a indústria pecuária regional. Foi possfvel delinear o uso de uma gama degram(neas e leguminosas introduzidas que proporcionaram produções aceitáveis e descreveras práticas culturais e fertil izantes necessários para estabelecê-las nas diversas classes de terrapass(veis de serem trabalhadas mecanicamente. Isso levou a um bem sucedido desenvolvi-mento comercial de grandes áreas de floresta escler6fila (antes consideradas inúteis) e à pro-dução de gado gordo de alta qualidade. Muitas das pastagens tem hoje mais de 20 anos deuso e ainda altamente produtivas, com um bom equilfbrio entre as espécies forrageiras dese-jáveis. Infelizmente, grande parte da informação teve pouca difusão e a tecnologia foi poucoadotada, principalmente pelos pequenos criadores. Houve pouca orientação das prováveisconseqüências da incorporação da tecnologia nos sistemas integrados de manejo das fazen-das. Isto, aliado à deficiência de informação sobre o potencial produtivo e estabilidade dossistemas alternativos de manejo, levou a um programa de pesquisa em sistemas de manejoque ora se desenvolve na região.Termos para indexação: Espécies forrageiras, fertilizantes, estabelecimento, manejo.

INTRODUCTION 5000 mm with a short, but pronounced, dryseason « 100 mm/rnonth) of 3 monthsduring late winter and early spring. Tempera-tures are also high: the mean maximum andminimum at South Johnstone ResearchStation (approximately the centre of theregion) being 280C and 190C respectively.

The humid tropical coastal region ofAustralia is lirnited to a fairly narrow strip ofland on the east coast stretching fromapproximately 150 to 190 S latitude.Rainfall is high, ranging from 1500 to

1 Oueensland Dept. of Primary Industries. Research Station. South Johnstone. Queensland 4859. Australia.

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While frosts are rare, low temperatures(mean monthly minimum 13-15°C) occurin the winter dry season.

Crops, mainly sugar and bananas, areproduced on the more fertile land. Most ofthe improved pasture development, providingforage for beef cattle, is located on eitherthe poorer soils or sloping land from whichpotential erosion excludes crops. Themajority are acid infertile residual graniticand metamorphic soils which in the past(see, for example, Sloan, Owens andJohnstone 1962) were considered to beuseless.

This paper describes the research anddevelopment programs associated with anexpanding beef industry in the region.

THE INDUSTRV

The first improved pasture developmentprojects took place towards the end of the19th century on the more fertile rainforestlands. No suitable legumes were available atthe time and the sown pastures weredominated by grasses such as para grass(Brachiaria mutica), guinea grass (Panicummaximum) and molasses grass (Melinis minu-tiflora).

Unfortunately there was a gradual butmarked decline in the productivity of thesegrass dominant pastures. The rate of declinevaried from a leveI of unproductivity beingreached in about three years on some'bastard scrub' (sclerophyll/mesophyll forest)lands to about forty years on some of themost fertile rainforest (complex mesophyllvine forest) lands. Research into this declinefocused attention on a range of legumeswhich had the potential to survive grazingin the environment. Schofield (1941, 1944)found that legumes such as centro (Centrose-ma pubescens), puero (Pueraria phaseoloi-des), stylo (Stylosanthes guianensis) andcalopo (Calopogonium mucunoides) wouldgrow and survive competition locally.However, little was known of their ability toform a stable association with pasture grassesunder heavy grazing pressure and to fixsufficient nitrogen to maintain high pastureproduction. The subsequent evaluationstudies (Graham 1951) demonstrated thatpastures based on these legumes grown in

association with elephant (Pennisetum pur-pureum), guinea, para and molasses grasseswere not only initially productive but werealso capable of maintaining long termproduction under careful management. Thenitrogen fixing ability of the legume wassuch that Bruce (1967) was able to measurea decline in soil nitrogen status under astraight grass pasture but not under a grass--legume pasture.

There was a steady expansion of thepasture are as, mainly on the rainforest areasin the late 1950s. Walsh (1959) outlined asuccessful scheme for development. On thesecleared rainforest soils, the establishment ofa grass/legume pasture was not very difficultand animal performance was consideredsatisfactory. Eighteen-month old steers fromthe hinterland could be fattened in under 12months at a stocking rate of one beast to1.2 ha (Walsh 1959). There was also somedevelopment of poor quality rainforest andbetter classes of open sclerophylI forest, butmost initial attempts at developing the largeareas of open sclerophyll forest, grassysclerophyll woodland and Melaleuca swampare as failed dismally. In their report to theMinister for Public Lands and Irrigation,Sloan et aI. (1962) made the followingstatements.

"No evidence was placed before theCommittee to show that forest grasslandcould be developed economically withimproved pastures for intensive cattlefattening ... The present economic use ofundeveloped sections of this type of countryis limited to the supply of sleepers, fencingtimbers, fuel for sugar mill operations andlow density grazing of 5 to 10 beasts persquare rnile".

Despite this rather gloomy assessment,the demand for any land during the 1950sand 1960s was high. Beef prices werebuoyant and an expanding sugar industrywas forcing cattle off the more fertile soilsdose to existing cane fields. Because ofindustry pressure, large tracts of CrownLand were released for improved pasturedevelopment during the 1960s. At thesame time, the South Johnstone ResearchStation re-equipped to research the problemsfacing such an industry expansion. Thefollowing research and development programwas then undertaken.

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PLANT INTRODUCTION

Except for a few areas of naturalplainland supporting some species of Theme-da, Heteropogon, Aristida and Imperata,there were no useful pastures in the area.Introduced improved pasture species weretherefore required. In the early 1940s, theonly introduced plants available commerciallywere the grasses Panicum maximum(common guinea), Brachiaria mutica (paragrass) and Melinis minutiflora (molassesgrass) alI of which had been introduced intoAustralia prior to 1900.

It was soon realized that there was aneed for legumes to prevent fertility declinein the pure grass pastures. Since no usefulnative legumes were available, a search forintroduced legumes began in the late 1930s.Harding (1972) gives a detailed outline ofthe plant introduction program which wassubsequently conducted.

The earliest introductions included awide range of temperate, sub-tropical andtropical grasses and legumes. Temperatespecies were soon found to be of no value.However, several tropical legumes which hadpreviously been used as cover crops (Centro-sema pubescens (centro), Pueraria phaseoloi-des (puero), Stylosanthes guianensis (stylo)and Calapogonium mucunoides (calopo))showed promise (Schofield 1941). Thisearly promise was later confirmed (Graham1951) and indeed today the original centroand puero cultivars are still widely used.

Also during this early period of investi-gation (up to 1950) other plants to show

141

promise in addition to the grasses guinea,para and molasses included Brachiaria de-cumbens (signal grass) (Schofield 1944),Pennisetum purpureum (elephant grass) andHamil and Coloniao guinea grasses. Otherpromísing legumes included Vigna hosei,Desmodium canum, D. heterophyllum(hetero) and D. scorpiurus (Graham 1951).Of these introductions, signal grass, Harnilguinea and hetero remain very useful plants.

In the late 1950s pangola grass wasplanted widely and used mainly in associationwith nitrogen fertilizer. By the mid 1960sit was clear (see late r) that an understandingof soil nutrient deficiencies would allowpasture development on the less fertile soils.This, together with a need for plants withbetter growth distribution throughout theyear (Harding 1972) led to a major programof introduction and evaluation in the 1960s.As a result of this a number of new plantswith better cool season growth have beenreleased (Cook and Endeavour stylo, Belaltocentro, Makueni guinea).

The most popular grass-legume mixturesare shown in Table 1 but there are still someproblem areas for which new plants areneeded.Teitzel &Middleton (1977) suggestedthat the most important are:

a) legumes capable of associating withstoloniferous grasses;

b) legumes capable of growing in poorlydrained soils;

c) superior stoloniferous grasses for usein nitrogen fertilized buffer pastures;

d) plants capable of giving reasonablebeef production and persisting atlower fertilizer levels.

Situation

TABLE 1. Grau·legume combinations often used in various situations.

Grass-Iegumecombination

Well-drained fertile soilsWell-drained soils of moderate fertilityWell-drained soils of low fertilityModerately·drained soilsPoorly-drained soils

Guinea-centro-pueroGuinea-centro-puero-sty 10Guinea-puero-stylo, or signal grass-puero-styloHamll-centro-puero-stvloPara-centro-puero-stv 10

Guinea = Panicum maximum cv. RiversdaleHamil = Panicum maximum cv. HamilPara = 8rachiaria muticeCentro = Centrosema pubescens cv. Belalto or CommonPuero = Pueraria phaseoloidesStvlo = Stylosanthes guianensis cv. CookSource: Teitzel & Middleton (1977)

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REGIONAL ASSESSMENTOF SOIL FERTILlTV

Extreme phosphorus deficiency wasrecorded in early experiments (Sweeney1961, Grof 1965) which followed therelease of large tracts of sclerophyll forestcountry by the Government. These earlyexperiments were followed by a systematicprogram, outlined by Teitzel (1979), designedto determine the mineral nutritionalproblems likely to be encountered in allpasture soils of the region. A resume of thisoutline follows.

The first step was to survey and classifythe environment (clima te , geology, soils,vegetation etc). See Teitzel & Bruce (1971 a).This was followed by procedures aimed atdetecting soil fertility problems. Soil andplant chemical analyses, together withgeneral nutritional screening experiments onsites representative of particular land units,or pot trials using soil samples to 15 emfrom many random positions within theboundaries of a land unit, were used toscreen soils for particular mineral deficien-cies. Nutritionally sensitive legumes wereused as indicator species. See Teitzel & Bru-ce (1971a).

Elements screened out in these testswere studied in field trials where differentrates of the elements were applied tocommercial pasture mixtures. The aim wasto confirm the deficiency and to determineoptimum fertilizer applícatíon rates (seeTeitzel & Bruce 1971b, 1972a, 1972b,1973a, 1973b).

Very early in the study it becameobvious that different soils had very differentfertilizer requirements. Many approaches(e.g. the soil c1assification systems ofStephens (1962) & Northcote (1965» weretried to put some sense into the mountingmass of data. What finally worked was atwo-way c1assification, based on naturalvegetation (a good indication of the generalleveI of a fertility) and soil parent rock (areliable guide to the specific elementsneeded). Teitzel & Bruce (1971a) describea framework of 48 soil-vegetation provinceswith different mineral nutritional charac-teristics. Elements which were found to beimportant on the various parent materialswere: basalt - P, Mo (Teitzel & Bruce

1972a); metamorphic - P, K, Ca, S, Mo'(Teitzel & Bruce 1972b), granite - P, K,Ca, S, Cu, Zn (Teitzel & Bruce 1971b);mixed alluvials - P, K, Ca, S, Cu (Teitzel &Bruce 1973a); marine sands - P, K, Ca, Cu,Zn, Mo, B (Teitzel & Bruce 1973b). Thesoil-vegetation framework enables rapidon-site assessment of experimental results asdescribed by Teitzel & Bruce (1972c).Their recommendations are seen as theminimum quantity of fertilizer required tosuccessfully establish productive pastures ofcommercially used cultivars on a given landunit.

Results from the research program weresufficiently c1ear for recommendations to bemade towards the end of 1969. Some fífteenyears of commercial experience havedemonstrated that unIess the major mineraldeficiencies were corrected, productivepasture development was impossible.

PASTURE ESTABLlSHMENT

Research staff limited their involvementto observations of the various techniquesused commercially. Reasons for their sucessor failure and their relative efficiencies wereassessed. Successful methods of timbertreatment, land preparation and plantingwere outlined by Teitzel et al. (l974). Themain features were.

1. Attempt in each planting season onIythe area that finances and resources willallow to be done thoroughly.

2. Avoid indiscriminate c1earing. Treevegetation is an asset in terms of shelter,shade and soil erosion control etc.

3. Consider all possible hazards such asweeds, tímbet regrowth, competition fromnative grasses, dry spells, fire and pests, andprepare for them as soon as possible.

4. Treat each type of country as aseparate area for establishment.

5. Aim at a fine, firm weed-free seedbed.6. Apply adequate fertilizer.7. Inoculate legume seed.8. Sow sufficient good, fresh seed of the

recommended species for that c1ass ofcountry.

9. Sowaccurately.10. Sow into a moist seedbed when

follow-up rains are reasonably assured.

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11. Try, as far as possible, to cover theseed.

12. Graze carefully during the first year.

MANAGEMENT ANO PROOUCTIVITY

The Problem of Uneven Feed Supply

Pasture production in the area is highlyseasonal. Growth is vigorous during the wetseason (» 150 kg D.M. ha" day'" ) butgradually declines to very low levels« 50 kg D.M. ha-1 day") during the winterdry season.

Normal practice on most properties is tobase property stocking rates on the pastures'ability to carry animals through the cool,dry season. This, however, results in íneffi-cient utilization of summer produced feed.To help overcome this imbalance, Teitzelet al. (1971) recommended that eachproperty should combine the winter produc-tivity and carrying capacity of pasturesconsisting of a less ternperature sensitive,prostrate grass fertilized with nitrogen(grass/bag N buffer pasture) with theeconomy of grass/legume pastures. Asuggested ratio is 25% of the area with grass/bag N and 75% with grass/legume. The grass/bag N pasture should be located on theheavier, deeper soils which will be bettersupplied with moisture during the cool dryseason. The use of plants with better coolseason growth (Belalto centro, Makueniguinea, Cook stylo) and a stocking strategywhich involves 50% to 100% higher stockingrates in summer than winter, are also meansof reducing the problem.

On properties composed mainly ofpoorly drained soils, the problem is differentin that heavy grazing during the wet seasoncan ruin the pastures for the remainder ofthe year. Means of overcorning this problemare less well tested, but it is considered(Teitzel & Middleton 1977) that there willagain be a role of grass/bag N buffer pastures.However, in this instance, they should belocated on available higher ground andplanted to a wet season productive stoloni-ferous grass such as Brachiaria humidicolawhich can withstand trampling better thanmost other species.

143

Animal Production levels

In the commercial situation, the cattlebrought in from breeding areas to fatten aremostly Brahman cross but cover a widerange of ages, condition and weights, thelatter being in the range of250-350 kg L. Wt.While the liveweight gains are slightly higherfor the heavier animals, Mellor & Round(1974) measured a better profit margin foryearlings and weaners.

A summary of some animal productionlevels from experiments conducted fromSouth Johnstone Research Station over thelast 40 years is shown in Table 2. Theseresults cover a range of different pasturetypes, soils, stocking rates and systems etc.

The stocking rates are the yearly average,although many of the experiments used asystem in which the summer stocking ratewas 50 to 100% higher than that in thewinter months.

It is clear from these results that mostof the improvement in animal productionper unit area has been due to increasedstocking rate.

WEEO CONTROl

Where proper attention is given topasture establishement and subsequentmanagement, including soil fertility mainte-nance, weeds are rarely a major problem.Where, for any reason, weeds have becomea problem then mechanical and/or chernicalcontrol measures may be necessary. Themethod chosen will depend largely on thetype and severity of weeds, pasture type,accessibility (e.g. terrain) and availabilityand cost of equipment and chernicals.

Chernical weed control with hormonetype weedicides is widely practised oncommercial properties. One of the problemsassociated with chernical results from thesusceptibility of some legumes to them.From local experiments Bailey (1969) givescontrol recommendations showing thechernicals to use, rates of application, thesusceptibility of pasture legumes at differentgrowth stages and the principal weedscontrolled. As an example, young centro(from 5-leaf stage to 12 weeks) can tolerateup to 850 g acid equivalent ha" of 2, 4-D.

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TABLE 2. Selected animal performance data.

Pasture type

Stocking rate(beasts/ha/yr)

Liveweight gains

Per animal(kg/day)

Per ha(kg/year)

1.12.0

200305-415

Grassalone(para, molasses+ guinea)

Grass + bag NGuinea + 165 kg N/haSignal + 196 kg N/haSignal + 196 kg N/haPangola + 225 kg N/ha

4.24.53.55.0

Grass + legumeGuinea + CentroGuinea + CentroGuinea + Centro + GlycinePangola + Hetero

2.2-2.92.53.34.1

0.520.42-0.58

0.430.54-0.660.57-0.62

0.46

655870-1030690-740

880

0.57-0.610.52-0.65

0.630.52

450-640475-595

760785

Source: Teitzel & Middleton (1980).

A moderate check to growth and someseedling loss can be expected. On establishedcentro, 2, 4-D can be used at 1.7 kg a.e. ha"during winter when it is not actively growing.Diquat at 280 g ion ha" can also be used oncentro after 5 weeks of age.

Withholding of stock from grazing for8-12 weeks is useful in allowing a pasture(particularly if trailing/twiníng legumes arepresent) to smother any weeds. One or moremechanical slashings can be used to checkweed growth and aUow the pasture todominate. Slashingstoo low (less than 15 em)can damage legumes. RoUerchoppers (heavycy1indricalroUerwith cutting blades attachedto surface) have been used with considerablesucess in controlling the more robust weeds.

MAINTENANCE FERTILlZER

The basic objective of the maintenancefertilizer program (Teitzel 1979) is to applythe rninimum amount of fertilizer necessaryto maintain the pasture at a particularstock:ing rate. The critical factor in thissystem is adequate N fixation by legumes,which then boosts associated grassgrowth togive a competitive advantage over weeds andregrowth. Research has concentrated onfínding the minimum mineral requirementsfor optimum legume growth and N fixation

on the range of soil types. Fortunately, thisalso seems to satisfy the requirements of thegrass; there has been no cause to modifyfertilizer applications in order to alter grass--legume balance. Any tendency to grassdominance brought about by heavy Papplication has been overcome by grazingmanagement. The work is continuing butavailable results indicate that fertilizerprograms satisfying the legumesrequirementsalso give peak animal production. Surpri-singly, therefore, no conflict in objectiveshas been found for this region.

Research has progressed to a stagewhere ít is now possible to give broadmaintenance fertilizer recommendations(Teitzel et al. 1978), for the major soilgroups. When foUowed, these have preventedpasture deterioration at commerciallyacceptable stocking rates. Basic recornmen-dations involve reapplication of 300 kg ha"superphosphate every 2 years and reapplica-tion of the trace elements listed on page 10every 4 years. Recent developments (Teitzel,unpublished) have been the recording ofresponses to Mo on granitic soils after theyhave been cleared for pasture for about 5years, and the apparent requirements formore frequent topdressing of Mo on basalticsoils. Surprisingly, a requirement for Ktopdressing has not been measured once theinitial deficiency has been corrected. On the

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other hand, responses to S have becomemore frequent as the pastures age.

SYNTHESIS ANO EVALUATIONOF WHOLE FARM MANAGEMENT

SYSTEMS

The above research led to the devel-opment of a technology for successfullyestablishing pastures with growth ratessuperior to those of existing commercialpasture systems on fertile soils. The newtechnology, assembled by staff at theSouth Johnstone Research Station, waslargely derived from small plot experiments.

The importance of certain researchfindings (e.g. an extreme phosphorusdeficiency on certain granitic soils) waseasy to demonstrate and corrective methodswere readily adopted by a rapidly expandingindustry. However, many have been reluctantto adopt the South Johnstone forageproduction recommendations in theirentirety, despite experimental evidence thatthey were the most appropriate. One reasonfor this was considered to be the lack ofobjective guidance given to individualfarrners regarding selections, within therange of viable options, of the most efficientand stable production system for theirparticular set of physica1, environmental andeconomic circumstances. The farmer isconfronted with a fairly large array ofmanagement options and the options basedon the South Johnstone forage technologyrequire high inputs. There have also beenconflicting opinions on the relevance ofsome of the technology. When extending thetechnology, it was difficult to answerquestions such as: (a) how much beef willbe produced; (b) what ís the profitability;(c) what is the influence on ecologicalstability of a particular system in comparisonto the range of altemative pasture types andmanagement systems available?

In an attempt to overcome some ofthese problems and knowledge gaps, variouspieces of the technology were synthesisedinto a range of management systems andtested under field grazing trial conditions ontwo markedly different land classes. Theseprojects, associated with a commercialmonitoring program have supplied quantita-tive data on many of the component

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processes and on the productivity andstability of a range of management systemson a range of land classes. Results (Teitzelet al. unpublished) have indicated that somemanagement systems combined ecologicalstability with production levels several timeshigher than the commercial norm. Althoughthe grazing trials are still incomplete, theyhave served (for several years now) as thebasis of a Queensland Department ofPrimary Industries extension programo

Quantitative data collected from thephysical experiments and real productionsystems can be seen as very site specific inapplication. Although the data seemed toquite clearly indicate superior performancelevels from certain management strategies,farmers seemed to have difficulty in visua-lizing the deployment of a managementsystem on their individual farms. Each farmunit has different areas of different soilswith different drainage characteristics in adifferent rainfall zone with different frnancialconsiderations.

These problems led to the developmentof a numerical model, based on a system ofland class, pasture growth and animal growthspecifications, which allowed a descriptionof any cattle fattening farm in the region.The specifications were arrayed into a linearprogramming formulation which derived, forgiven prices of inputs and outputs and agiven desired management intensity, a grossmargin maximizing solution which indicatesthe type and area of pasture to be plantedon each land class, the number and class ofcattle to be purchased and sold each monthand the stocking rates and grazing programsfor each animal group. In this way it waspossible to integrate plant and animaltechnica1 data and combine them withpractical aspects of farm management andlocal knowledge of the production potentialof different pasture types on different landclasses.

As an initial step, a sequential series ofexperimental manipulations of the modelwas undertaken. Production and marketingvariables and managerial preferencesconsidered most likely to influence theproductivity and profitability of à cattlefattening enterprise were studied for sixrepresentative property types. Some furthertesting and development was then necessary

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to formulate recommended managementsystems for each of the six property types.Additionally this work has highlightedmanagement factors most sensitive tomanipulation and indicated some highpriority knowledge gaps (e.g. N decay ratesunder different stocking rates, the role of'robust' pastures for predominantly poorlydrained farm, development of grazingsystems for weaner steers, etc.). Publicationof thís work is now in an advanced stage ofpreparation by this author.

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PASTAGEM EM AREA DE FLORESTANO TRÓPICO ÚMIDO BRASILEIRO:

CONHECIMENTOS ATUAIS

Emanuel Adilson Souza Serrão 1

RESUMO - A pecuária de corte, via de regra, tem sido uma atividade pioneira na ocupaçãode áreas de fronteira e, nos últimos 20 anos, vem sendo incrementada na região do trópicoúmido brasileiro, ocupando segmentos de floresta, em conseqüência da abertura de novas es-tradas e a conseqüente invasão humana à região, motivada por pressões socioeconômicas egeopoIíticas de outras regiões do Brasil. Este tipo de ocupação tem ensejado a implantaçãode projetos pecuários que envolvem grandes extensões de pastagens cultivadas em áreas flo-restais. Estima-se que mais de seis milhões de hectares de pastagem foram implantadosapós a derrubada e queima de segméntos de floresta de diversos gradientes de densidade, dosquais uma considerável proporção atinge anualmente avançados estágios de degradação, oque, além de outros fatores de ordem econômica e social, tem propiciado opiniões divergen-tes sobre sua viabilidade biosocioeconômica. O presente trabalho revisa o estado atual deconhecimento sobre pastagem nas áreas de floresta no trópico úmido brasileiro à luz da evo-lução do processo e dos resultados de pesquisa acumulados principalmente nos últimos dezanos. Enfatiza a importância da reciclagem de nutrientes no sistema solo-pastagem-animal,as causas da degradação das pastagens, as possíveis alterações ecológicas, indica alternativastecnolôgicas para o aumento da longevidade produtiva das pastagens ainda em produção,assim como para a recuperação de pastagens degradadas e os possíveis benefícios bioeconô-micos delas advindos. Finalmente, o trabalho sugere problemas e áreas prioritárias para se-rem enfatizadas pela pesquisa.Termos para indexação: Trópico úmido, Amazônia, floresta, pastagens formadas, produtivi-dade, fatores limitantes, alterações ecológicas, manejo de pastagem, recuperação de pasta-gem, pesquisas necessárias.

PASTURES FORMED IN FOREST AREAS IN THE BRAZILlAN HUMIDTROPICS: PRESENT STATE OF KNOWLEDGE

ABSTRACT - Beef cattle raising has been a pioneer activity for the occupation of frontierlanels and, in the past twenty years, has been incremented in the Brazilian humid tropics,replacing forest segments, as a consequence of the construction of new highways and theaccompanying human invasion in the region caused by socioeconomic and geopoliticalpressures from other regions of Brazil. This type of occupation has incentivated theimplementation of cattle raising projects which involve large areas of sown pastures inforested areas. It is estimated that more than six million hectares of pasture have beenformed after the clearing and burning of forest segments of different density gradients.Annually, a considerable proportion of those pastures reach advanced stages of degradationwhich, besides its economical and social importance, has led to diverse opinions about thebiosocioéconomic viability of forming pasture for cattle production in the humid tropics.This paper reviews the state of knowledge on pastures in forested areas of the humid tropicsbased on the evolution of the cattle raising industry and on research results accumulatedmainly in the past decade. It emphasizes the importance of nutrient recycling in the soil--pasture-animal system, the causes of pasture degradation, the-potential and actual ecologicalimplications, suggests alternative technologies for maintenance of still productive pastures aswell as for reclamation of degraded pastures, and their biosocioeconomic benefits. Researchpriorities are also suggested.

lnelex terms: Humid tropics, Amazon, forest, formed pastures, productivity, limiting factors,ecological changes, pasture management, pasture reclamation, research needs.

1 Eng. Agr., Ph.D., EMBRAPA-CPATU.Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém, PA.

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INTRODUÇÃO

A pecuária, principalmente a de corte,tem sido uma atividade pioneira na ocupaçãode áreas de fronteira e, nos últimos 20 anos,vem sendo incrementada na região do trópi-co úmido brasileiro, ocupando segmentosde floresta, em conseqüência da abertura denovas estradas que propiciam ~ invasãohumana na região, como resultado das pres-sões geopolíticas e socioeconômica de outrasregiões do Brasil. Este tipo de ocupação temensejado a implantação de projetos pecuáriosque envolvem grandes extensões de pasta-gens cultivadas em área de floresta na Ama-zônia.

Esta atividade, se por um lado, trouxealguns benefícios - como a ampliação dosistema viário na região, devido à abertura degrande quantidade de estradas vicinais, e au-mento do nível tecnológico na exploração dapecuária bovina de corte, com conseqüenteaumento da produtividade - por outro lado,tem suscitado muitas preocupações por re-presentantes dos diversos segmentos da so-ciedade sobre sua viabilidade biosocioeconõ-mica.

Este trabalho revisa o estado atual deconhecimento sobre pastagem em área defloresta no trópico úmido brasileiro, à luz daevolução do processo e dos resultados depesquisas acumulados principalmente na úl-tima década.

Para efeito deste trabalho, a região dotrópico úmido brasileiro e a chamada Ama-zônia Legal serão referidas indistintamente,uma vez que, sob o ponto de vista ecológico,as duas regiões pouco diferem.

QUANTIDADE E DISTRIBUiÇÃOESPACIAL DAS PASTAGENS FORMADAS

A quantidade de área de floresta utiliza-da para formação de pastagens desde o iníciodo processo, em meados da década de 60,tem sido difícil de ser estimada. Uma das ra-zões dessa dificuldade é o fato de que a flo-resta não tem sido utilizada somente paraformação de pastagem, embora seja esta aprincipal utilidade. Áreas utilizadas paraoutras atividades, como extração de madeira,cultivos de culturas temporárias e permanen-tes (via programas oficiais e não oficiais de

colonização e projetos incentivados - pelogoverno federal, através dos órgãos de desen-volvimento. regional - e não incentivados)têm sido geralmente incluídas nas estatísti-cas apresentadas sem, contudo, serem discri-minadas. Por outro lado, pouco se sabe sobrea quantidade de projetos pecuários não in-centivados quanto ao seu tamanho e locali-zação.

Com base nos mais recentes levantamen-tos de satélite, nos projetos de pecuária in-centivados pelo governo federal (Brasil 1983)e em observações pessoais na região, parecerazoável estimar que, durante as duas últi-mas duas décadas, foram bem ou mal forma-dos entre seis e oito milhões de hectares depastagens em áreas de floresta em diversosgradientes de densidade de vegetação.

Com base nas mesmas fontes acima re-feridas, pode-se dizer que, em maior con-centração, as atividades pecuárias em áreasflorestadas se desenvolvem nas partes nor-deste (noroeste do Maranhão, leste do Paráe norte de Goiás) e sul (norte de MatoGrosso e Sul do Pará) da região e, em menorconcentração, nas outras unidades federati-vas da região, embora com áreas bastantesignificativas como é o caso dos Estados doAmazonas, Rondônia e Acre (Fig. 1).

Cerca de 50% das pastagens formadasestão no Estado de Mato Grosso (principal-mente nos municípios de Barra do Garça,Diamantino, Luciara, Mato Grosso e Chapa-da dos Guimarães), 30% no Pará (principal-mente nos municípios de Santana do Ara-guaia, Conceição do Araguaia, Paragominas,São Domingos do Capim e São Félix doXingu), 10% em Goiás (principalmente nosmunicípios de Araguaína, Xambioá, Paraísodo Norte, Gurupi), 5% no Estado do Amazo-nas (principalmente nos municípios de Ma-naus, Itacoatiara e Manacapurus) e o restan-te nos demais Estados e Territórios.

CLIMA, SOLO E VEGETAÇÃO DASAREAS DE PASTAGENS FORMADAS

As principais concentrações de pasta-gens cultivadas se localizam em grandes áreasde diferentes combinações dos recursos declima, solo e vegetação.

Na região que abrange o norte do MatoGrosso e o sul do Pará, predomina o clima

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62"

12"-, L E G E N DA ,-

- LIMITE DA AMAZÔNIA LEGAL_.- LIMITE DO TRÓPICO ÚMIDO DENTRO DA AMAZÔNIALEGALili PASTAGEM RlRIIADA EII ÁREA DE FLORESTA

16"

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66 6 54 50 46FIG. 1. A Amazônia Legal. o Trópico Úmido Brasileiro e a distribuição das áreas de pastagem formadas em

áreas de floresta.

Awi da classificação de Kdppen, com tempe-ratura média de 2SoC (amplitude de 180C a32°C), umidade relativa 78%, e precipitaçãoem geral inferior a 2_000 mm (Bastos 1972,Bastos 1982, Nascimento & Homma 1984).

Nessa região as pastagens têm sido for-madas principalmente em áreas de florestaaberta (ou mata fina) (Nascimento & Homma1984) onde predominam solos distróficos,principalmente solos oxissolos (com preva-lência de latossolo amarelo, vermelho-amare-10 e vermelho escuro), secundados, em pro-porção consideravelmente menor, por ultis-solos (principalmente podzólico vermelho--amarelo). Em bem menor escala, ocorremsolos lateríticos concrecionários (fase pétri-ca de oxissolos e ultissolos) e areias quartizo-sas (entissolos) (Falesi 1972, Serrão et aI.1979, Empresa Brasileira de Pesquisa ...1980). De um modo geral, nessa região os so-los apresentam textura média (I 0% a 30% deargila no horizonte B).

A região que abrange o extremo noroes-te do Maranhão, leste do Pará e norte deGoiás, está submetida aos climas tipos Ami e

Awi (a não ser em áreas reduzidas no nordes-te do Pará, onde ocorre o clima tipo Afi)com temperatura média entre 2SoC e 280C(amplitude de 200C a 32°C), umidade rela-tiva de 82% a 86%, precipitação de 1900 a2400 mm (Bastos 1972, Bastos 1982, Nas-cimento & Homma 1984). As pastagensestão formadas - em proporções mais oumenos iguais - em áreas de mata densa e matafina e, em sua quase totalidade, em solos dis-tróficos, principalmente oxissolos (predomi-nantemente latossolo amarelo e, em menorescala, vermelho-amarelo), secundado, emproporção consideravelmente menor, porultissolos (podzólico vermelho-amarelo), en-tissolos e solos oxissolos e ultissolos lateriza-dos (Falesi 1972, Falesi 1976, Serrão et aI.1979, Empresa Brasileira ... 1980). Em cer-tas áreas nessa região, principalmente osoxissolos apresentam textura muito argilo-sa (até 70% de argila no horizonte B). Entre-tanto, a textura média predomina nos solosda região.

As demais áreas de pecuária em áreasflorestadas estão distribuídas principalmente

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na parte ocidental da região, geralmente sub-metidas ao clima tipo Ami ou transição Ami/Awi. Os solos dessas áreas são via de regra,distróficos principalmente oxissolos e ultis-solos. Todavia, em algumas áreas dos Estadosde Rondônia e Acre são encontradas áreascom solos eutróficos, principalmente ultisso-los (Falesi 1972, Empresa Brasileira de Pes-quisa... 1980). Floresta densa é a vegetaçãonatural predominante, mas também comocorrência de floresta aberta (Empresa Bra-sileira de Pesquisa... 1980, Nascimento &Homma 1984).

o PROCESSO DE FORMAÇÃODE PASTAGEM

A derrubada da floresta, seguida da seca-gem e queima da biomassa, tem constituídoo processo usual de preparo de área para for-mação de pastagem na região.

A derrubada tem sido feita manual oumecanicamente. Para os diversos gradientesde densidade da floresta, a derrubada ma-nual - com o uso de machado e moto-serra- tem sido o processo mais comum.

Nas áreas de mata fina ou serní-densa, aderrubada da floresta pode ser feita mecani-camente através de correntões de 70 a 80 mde comprimento, puxadas por tratores deesteira de grande potência (ex. CatterpilarD-8 ou similar). Este processo não tem sidoeficiente nas áreas de floresta densa e deporte alto, características das regiões nordes-te, central e ocidental da amazônia brasileira.

Após a derrubada, que geralmente é feiota pelo menos quatro meses antes do iníciodo período chuvoso, a biomassa é deixada asecar até ser efetuada a queima, aproximada-mente um mês antes do início previsto daschuvas. Via de regra, dependendo da densi-dade da biomassa, após a queima ainda ficasobre o solo uma quantidade variável de ma-deira não ou parcialmente queimada, quepode ser utilizada para diversos fins, princi-palmente para construção de cerca, currais,bebedouros e, mais recentemente, para fabri-cação de carvão vegetal para fins energéticoscaseiros e industriais (fábricas de cimento,etc.).

Na região, não existem resultados depesquisa para comparar a eficiência (ou de-ficiência) dos métodos tradicionais (derruba

e queima) com outros que envolvem a meca-nização no preparo da área para plantio depastagem em área de floresta. Entretanto,Bandy & Benitez (1977, Seubert et alo(1977), Silva (1978) e Toledo & Morales(1979), relatando estudos conduzidos emoutras regiões de trópico úmido, indicamque os métodos tradicionais que envolvema derrubada e queima manual são superioresaos métodos mecânicos de preparo de área,devido ao valor fertilizante das cinzas incor-poradas ao solo nos métodos tradicionais, eos problemas de compactação do solo e daeliminação do solo superficial comuns nosmétodos mecânicos. A experiência pessoaldo autor nas condições do trópico úmidobrasileiro está de acordo com os resultadosrelatados pelos autores acima mencionados.As poucas tentativas de preparo mecânicode área sem queima da biomassa para im-plantação de pastagem na região têm de-monstrado a ineficiência bioeconômica dessemétodo. Este tem sido um assunto aindapouco explorado pela pesquisa que necessitaser enfatizado.

O processo tradicional para o semeio deforrageiras de propagação gâmica satisfatóriatem sido o manual, sendo as sementes joga-das a lanço sobre o solo. Nestes casos, vezpor outra, o semeio tem sido feito com a uti-lização de pequenos aviões (tipo Ipanema,por exemplo) devidamente equipados, oumesmo com o auxílio de semeadeiras ma-nuais, principalmente na formação inicial daspastagens. Em muitos casos, o plantio de al-gumas forrageiras tem sido feito por via ve-getativa. Como será visto mais adiante nestetrabalho, na última década tem havido umincremento na mecanização do semeio deforrageiras na região. A utilização deste oudaquele método depende de fatores climáti-cos, infraestruturais, bióticos e econômicos.Sob o ponto de vista de estabelecimento depastagem, todos os métodos tem proporcio-nado bons e maus resultados.

FORRAGEI RAS UTI LlZADASPARA FORMAÇÃO DE PASTAGEM

As gramíneas dos gêneros Panicum, Bra-chiaria, Hyparrhenia e Pennisetum têm sidoas mais importantes para formar pastagensem áreas florestadas do trópico úmido bra-

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sileiro (Serrão & Simão Neto 1975, Serrão& Falesi 1977)

O capim-Coloníão (Panicum maximum)tem sido a mais difundida forrageira e deverácontinuar tendo um papel muito importantena região. A variedade Morumbu (ou comer-cial comum), assim como em outras regiõesdo Brasil, tem sido a mais tradicionalmenteutilizada, principalmente l?or falta de varie-dades mais produtivas. Outras variedadescomo Guiné e Sempre Verde têm sido utili-zadas em escala bastante reduzida e de for-ma esporádica. Em virtude do aumento deinteresse por outras grarníneas forrageirase por falta de melhores variedades, a taxade expansão do capim Colonião tem sidoreduzida em relação a outras gramíneas. Hámenos de dez anos atrás (Serrão & SimãoNeto 1975, Serrão & Falesi 1977, Serrãoet aI. 1979), P. maximum era plantado emcerca de 85% das pastagens da região.Atualmente, estima-se que essa percentagemesteja entre 70 e 75%. Devido a importânciada espécie, algumas variedades serni-comer-ciais e novos germoplasmas têm sido introdu-zidos em diversas partes da região (EmpresaBrasileira de Pesquisa. _. 1980). Entretanto,somente nos últimos anos têm se mostradopromissoras as cultivares Makueni, Tobiatã eT-58 (Veiga et aI. 1985), estas últimas duasselecionadas na Costa do Marfim, ÁfricaOcidental.

A grande ênfase que a pesquisa temdado às gramíneas do gênero Brachiaria(Serrão & Gondim 1968, Serrão & SimãoNeto 1971, Serrão et aI. 1971, Simão Netoet aI. 1973, Simão Neto & Serrão 1974, Em- .presa Brasileira de Pesquisa... 1980, Gonçal-ves et al. 1982, Dias Filho 1982, Camarãoet aI. 1983a, Camarão et aI. 1983b) refletemsua importância para a região. Atualmenteestima-se que as espécies deste gênero ocu-pam entre 20 e 25% da área de pastagem cul-tivada em área de floresta. B. humidicola é,indubitavelmente, a mais difundida por suasboas caracter ísticas forrageiras para a região(Dias Filho 1982). Em virtude da relevânciadeste gênero para o trópico úmido, e de pro-blemas que serão vistos mais adiante, tem ha-vido introduções isoladas e em grupo de dife-rentes germoplasmas, principalmente de B.decumbens, B. brizantha, B.· dictyoneura, B.humidicola, B. ruziziensis, B. mutica e B. ra-dicans. Atualmente a variedade Marandu de

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B. brizantha (Nunes et aI. 1984) se apresentacomo bastante promissora para as condiçõesregionais.

O capim-jaraguá (Hyparrhenia rufa) tevepapel relevante no início da expansão da pe-cuária de corte nas áreas de floresta do tró-pico úmido, chegando a ser a segunda gramí-nea mais plantada e contribuir com mais de10% da área de pastagem formada. Na últi-ma década, houve uma considerável reduçãono interesse dos pecuaristas e pesquisadorespor esta espécie, devido a problemas relati-vos a persistência e qualidade. Serrão & Fa-lesi 1977 indicam que, na região, esta gra-mínea produz e persiste melhor em ecossis-temas onde a palmeira babaçu (Orbigniamartiana) e a castanha-do-brasil (Bertholletiaexcelsa) tomam parte importante na vegeta-ção nativa da região. Realmente, a região doscocais no Estado do Maranhão (influência debabaçu) e a região de Marabá no Estado doPará (influência de castanheiras) são exem-plos típicos de boa produtividade e persis-tência de R rufa. A pouca persistência, seuhábito ereto, a qualidade efêmera e a faltade diversidade genética são os principais fa-tores limitantes à sua expansão nas regiõesde floresta.

Embora em alguns casos - como na re-gião do baixo/médio Amazonas - o capimelefante (Pennisetum purpureum) seja utili-zado em pastejo, sua maior importância estácomo forrageira de corte. E é este tipo deutilização que a pesquisa tem enfatizado,principalmente no que diz respeito à seleçãode variedades (Canto et alo 1974, Mendonçaet aI. 1982), adubação e manejo (Serrão etalo 1971, Simão Neto et aI. 1974). As varie-dades Merckeron Comum (a mais tradicionale mais persistente) e Cameron (a mais produ-tiva) são, atualmente, as variedades mais di-fundidas. Outras variedades tem sido reco-mendadas pela pesquisa (Canto et aI. 1974,Mendonça et aI. 1982) porém têm sido me-nos difundidas na região. A introdução re-cente de uma variedade de porte baixo (anã)de P. purpureum na região (Veiga & Cama-rão 1984) visa a utilização dessa espécie empastejo.

Em 1979, o capim Andropogon (Andro-pogon gayanus var. bisquamulatus) foi intro-duzido na região do trópico úmido brasilei-ro, estando já plantado, embora ainda em pe-quena escala, em muitas fazendas situadas

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em áreas de florestas. Ao que tudo indica,esta gramínea forrageira deverá desempenharpapel relevante como mais uma opção para adiversificação de pastagem na região, pois éresistente ao fogo, tem pouca exigênciaquanto às características químicas do solo,produz boa quantidade de sementes viáveis,tem boa resistência ao período seco e boaaceitabilidade pelos bovinos (RelatórioTécnico... 1982, 1983, Dias Filho 1983).Sua diversidade genética pressupõe grandespossibilidades de melhoramento genéticocom vistas a melhor adaptabilidade às condi-ções regionais.

Nas áreas de floresta, são relativamentefreqüentes áreas com solos de drenagem in-suficiente que' podem ser utilizadas para for-mação de pastagem para alimentação do re-banho, principalmente no período seco. Pa-ra essas condições, com base nos resultadosde pesquisa (Serrão et aI. 1970, Simão Netoet aI. 1974, Serrão et aI. 1972, Empresa Bra-sileira... 1982, Empresa Brasileira... 1983)e nas experiências dos pecuaristas regionais,as gramíneas Echinochloa pyramidalis, E.polystachia, Brachiaria mutica e B. radicanstêm sido as mais adequadas.. Atualmente, os gêneros Panicum; Bra-chiaria e Andropogon devem ser considera-das as principais fontes de diversidade gené-tica para seleção de gramíneas forrageiraspara formação de pastagem em áreas de flo-resta na região.

Ao contrário das gramíneas, as legumi-nosas forrageiras não têm desempenhado oimportante papel que podem desempenharnas pastagens cultivadas em áreas de floresta.

Por um lado, existe a falta de tradição eexperiência dos pecuaristas da região emplantar e manejar pastagens consorciadas degramíneas e leguminosas. Por outro lado, asopções de leguminosas forrageiras têm sidoem número muito reduzido e a produção desementes comerciais insuficiente e instável.

Os gêneros Pueraria e Centrosema têmsido os mais importantes e P. phaseoloides eC pubescens as espécies mais difundidas(Serrão & Homma 1982). Algumas varieda-des de Stylosanthes spp tem sido introduzi-do comercial ou semi-comercialmente naregião mas sua persistência deixa muito adesejar (Empresa Brasileira... 1980). Esti-ma-se que, atualmente, menos de 5% das pas-tagens cultivadas em área de floresta na re-

gião estão consorciadas com leguminosas.Não obstante, parece haver na região umalenta mas progressiva conscientização douso de leguminosas nas pastagens. A pesqui-sa tem reconhecido a importância das legu-minosas e por isso, tem procurado selecionarnovas opções (Empresa Brasileira... 1980,Relatório Técnico, 1982, 1983, Dias Filho& Serrão 1982, Azevedo et alo 1982a, Ca-marão et aI. 1983, Azevedo et aI. 1982b,Gonçalves et alo 1982) e buscado soluçõespara problemas das opções existentes.

Infelizmente, a contribuição da pesqui-sa com vistas à seleção de leguminosas forra-geiras tem sido incipiente quando compara-da à seleção de gramíneas. Não obstante,os gêneros Centrosema, Pueraria, Leucena,Desmodium e Stylosanthes são, sem dúvida,a principal base genética para a seleção de le-guminosas forrageiras para a região.

A ESTABILIDADE PRODUTIVADE PASTAGENS FORMADAS

A estabilidade produtiva de um ecossis-tema agropecuário, seja nativo ou formadocom a intervenção do homem, depende, emgrande escala, da quantidade e da ciclagemde nutrientes no mesmo.

De um modo geral, deve-se considerar apastagem formada pelo homem em áreas flo-restadas como um ecossistema relativamentefrágil quando comparado, por exemplo, comos ecossistemas de pastagens nativas da re-gião.

Após fazerem algumas comparações teó-ricas entre o ecossistema da floresta nativa eo ecossistema de pastagem formada após aremoção da floresta, Toledo & Serrão(1982), Serrão & Homma (1982) e Toledo &Serrão (1984) sugerem que pastagens con-sorciadas (gramíneas e leguminosas) bemformadas e devidamente manejadas podem,guardadas as devidas proporções, cumprirpapel um tanto semelhante ao da floresta,quanto à manutenção e ciclagem de nutrien-tes no ecossistema, pois extraem relativa-mente pouca quantidade de nutrientes dosolo e podem manter eficiente reciclagem denutrientes no sistema solo-pastagem-animal.Silva (1978), Serrão et aI. (1979), Falesiet al. (1980), Sanchez & Salinas (1981), eNavas (1982), relatam resultados que mos-

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tram que uma boa cobertura de pastagemformada pode ser consideravelmente maiseficiente, em termos de manutenção dascaracterísticas físico-químicas do solo, quemuitas culturas de ciclo curto, especialmen-te em áreas de topografia acidentada. Tole-do & Serrão (1982) advertem, no entanto,que, para os processos naturais de recicla-gem de nutrientes se manterem em equilí-brio, o homem deve devolver ao sistema- diretamente à pastagem (adubação) eatravés dos animais em pastejo (mineraliza-ção) - os elementos que ele retira do mesmona forma de minerais e proteínas, principal-mente. Ademais, ele deve executar práticasde manejo compatíveis com a reciclagemde nutrientes e a estabilidade produtiva dosistema. Caso contrário, os recursos existen-tes se deteriorarão e o ecossistema entraráem degradação.

. São muito poucos os exemplos encon-trados no trópico úmido brasileiro que real-mente podem se enquadrar nessa situaçãoum tanto teórica e otimista.

A quase totalidade das pastagens forma-das em áreas florestadas da região seguem,em maior ou menor escala, os padrões deprodutividade descritos por Serrão et al.(1979), Serrão & Homma (1982), Dias Filho& Serrão (1982), e Toledo & Serrão (1984).Esses padrões são resumidos na Fig. 2 e seaplicam principalmente às pastagens de ca-pim colonião (gramínea mais plantada noprocesso inicial de formação de pastagem) ede outras gramíneas cespitosas, como Hy-parrhenia rufa, Andropogon gayanus e Seta-ria anceps. Após a derrubada da mata, quei-ma da biomassa, plantio da gramínea forra-geira, via de regra, se conduz à formaçãode pastagens de muito boa produtividade,principalmente nos primeiros três a cincoanos. Com o decorrer dos anos, entretanto,se verifica um decréscimo gradual da produ-tividade e conseqüente incremento paulatinoda comunidade de plantas invasoras, devidoà incapacidade da gramínea forrageira parasustentar a produtividade em níveis baixosde fertilidade do solo.

Para esse processo de perda de produti-vidade das pastagens contribuem tambémdoenças, pragas e mal manejo, podendo-sechegar rapidamente a condições de degrada-ção irreversível.

A Fig. 2 mostra diferentes faixas de pro-

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dutividade em pastagens bem formadas emanejadas na "forma tradicional". Na fasede alta produtividade há uma quantidademínima de plantas invasoras, e uma capaci-dade de suporte potencial não superior a 1,5unidades animais (DA) por hectare. Esta fasegeralmente dura de três a cinco anos, atéatingir o nível crítico de produtividade eco-lógica (ponto A), ou seja, o ponto onde onível de fertilidade de solo e a comunidadede plantas invasoras começam a desequilibrara estabilidade ecológica da pastagem, aquidefinida como a fase de produtividade dapastagem onde a gramínea plantada mantémsob controle as plantas invasoras. Estima-seque, anualmente, 13 a 17% das pastagensformadas em área de floresta amazônica atin-gem o nível de produtividade ecológica(Serrão & Homma 1982, Toledo & Serrão1984).

Na fase de produtividade aceitável - ouprodutividade média -, a comunidade deplantas invasoras representa de 10 a 20% dabiomassa vegetal total da pastagem. A capa-cidade de suporte potencial não é superior a1,0 DA por ha. Esta fase, geralmente, ocorrenas pastagens com quatro a sete anos após oestabelecimento e dura até atingir o nívelcrítico de produtividade bioeconômica (pon-to B), isto é, o ponto até o qual ainda é bio-economicamente viável interferir para recu-peração da produtividade da pastagem,como será visto mais adiante. SegundoSerrão & Homma (l982) e Toledo & Serrão(1984), anualmente, entre 8 e 12% das pas-tagens da região atingem o nível crítico deprodutividade bioeconômica.

Na fase de baixa produtividade, a bio-massa de invasoras já atinge altas propor-ções (entre 30 e 50% da biomassa total)e a capacidade de suporte fica reduzidapara não mais que 0,5 UA. Em geral, estafase ocorre entre sete e dez anos após o es-tabelecimento e dura até atingir o nível crí-tico de produtividade biológica (ponto C)que pode ser definido como o ponto a partirdo qual a produtividade da(s) gramínea(s)plantada(s) é insignificante em relação àprodutividade da comunidade de plantasinvasoras. Serrão & Homma (1982) e Tole-do & Serrão (1984) estimam que de 6 a 10%das pastagens da região atingem o nível crí-tico de produtividade biológica anualmente.

Finalmente, na fase de degradação a pre-

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------Anos de utilização da pastagem t>FIG. 2. Modelo padrão de produtividade de pastagens de Panicum maximum e de outras gramíneas cespitosas, formadas e utilizadas no processo tradi-

cional em área de floresta tropical úmida. (Adaptado de Serrão et aI. 1979, Dias Filho & Serrão 1982, Serrão & Homma 1982 e Toledo & Serrão1984).

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sença da gramfnea plantada é praticamenteinexistente (O a 20%) e a capacidade de su-porte dificilmente atinge 0,3 UA. O extremoé a dominância total da área pela comuni-dade de plantas invasoras. Esta fase tende aocorrer entre sete e quinze anos após o esta-belecimento e estima-se que, anualmente,entre 5 e 7% das pastagens atingem a fase dedegradação (Serrão & Homma 1982, Serrão& Toledo 1984).

Mais uma vez, é preciso que fique claroque esse quadro típico está mais relacionadoàs pastagens formadas com gramíneas forra-geiras de hábito cespitoso, geralmente compouca competitividade com as plantas inva-soras e mais exigentes quanto às condiçõesfísico-químicas do solo e de manejo (siste-ma de pastejo, pressão de pastejo, etc.). Asexperiências do autor na região permitemindicar que pastagens formadas com gramí-neas forrageiras de hábito decumbente (co-mo Brachiaria humidicola, B. decumbens,etc.), desde que não sofram ataques inten-sos de pragas (ex. cigarrinha-das-pastagens) esejam manejadas adequadamente, apresen-tam padrões de longevidade produtiva dis-tintos , geralmente tendendo a permanecerpor muito mais tempo nas fases de alta emédia produtividade.

Existem, entretanto, casos em quemesmo pastagens de coloníão atingem o pon-to B depois de dez a quinze anos de sua for-mação, aparentemente devido somente a prá-ticas de manejo que permitam eficiente re-ciclagem de nutrientes sem adição de insu-mos.

FATORES DE INSTABILIDADEDA PRODUTIVIDADE

A estabilidade do ecossistema de pasta-gens cultivadas em áreas de floresta é influen-ciada basicamente pelo clima, (e sua influên-cia direta e indireta), a flora (a florestaadjacente, as forrageiras plantadas, a comuni-dade de plantas invasoras, a flora mícrobio-lógica), o animal (retirando nutrientes doecossistema, ajudando na reciclagem, promo-vendo compactação do solo, fazendo pastejoseletivo), o solo (o suporte do sistema plan-ta-animal, com suas características físico--químicas na maioria das vezes inadequada),a fauna (pouco aparente mas bastante ativa)e o homem (planejamento, implantação da

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pastagem, manejo do sistema solo-pastagem--animal, imediatismo econõmíco-fínanceiro,etc.). Os fatores de instabilidade mais impor-tantes (ou mais conhecidos) são:

O homem

O homem tem contribuído sobremanei-ra para a baixa longevidade produtiva daspastagens, como planejador aos níveis ma-ero (por exemplo, o programa de expansãoda pecuária na região, através dos incentivosfiscais que, desde seu início, carece de emba-samento técnico-científico) e micro (elabo-ração de projetos pecuários sem compatíbili-zação adequada dos cronogramas físico-fi-nanceiros com os cronogramas biológicos),e como produtor (na inadequada implanta-ção dos projetos pecuários e, após, no mane-jo do sistema solo-pastagem-animal) (Serrão& Falesi 1977, Serrão et aI. 1979, Serrão &Homma 1982, Hecht 1982b, Hecht 1983,Toledo & Serrão 1984). De um modo geral,os fazendeiros (ou "pecuaristas") regionaisque desenvolvem atividades de pecuária emregiões florestadas do trópico úmido brasi-leiro ou são oriundos de outras regiões bra-sileiras, ou são da região sem, entretantonunca terem sido pecuaristas.

Pode-se dizer que o homem, por seupouco domínio do conhecimento dos fato-res ambientais e seus cronogramas muitomais físico-financeiros do que bíoeconõmi-cos (imediatismo) tem tornado mais frágilo já, em princípio, frágil ecossistema pasta-gem por ele implantado e utilizado emsegmentos de floresta da região.

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Com raras excessões, os solos das áreasflorestadas da região onde está formada aquase totalidade das pastagens são - em seuestado natural - de baixa fertilidade (Falesi1972, 1976, Serrão & Falesi 1977, Serrãoet aI. 1979). Em virtude do processo de pre-paro de área para formação ele pastagem(derrubada e queima da biomassa da flores-ta) o solo passa por grandes transformaçõesem sua composição química. Como mostraa Tabela 1, de um modo geral, com a queimada biomassa da floresta, há um aumento con-siderável na disponibilidade de potássio, cál-cio, magnésio e, até certo ponto, de fósforo,

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em relação aos níveis observados no solo soba floresta virgem. Os índices de pH aumen-tam de, pelo menos, uma unidade e o alumí-nio é praticamente neutralizado (Falesi1976, Serrão & Falesi 1977, Serrão et aI.1979, Falesi et alo 1980).

A Tabela 1 mostra também que após aformação da pastagem e durante sua utiliza-ção através dos anos, naquelas razoavelmen-te manejadas (Tabela 1, até pastagens deonze anos), os valores de pH, Ca'" + Mg++,AI+++, K, e saturação de AI se mantêm emníveis mais ou menos satisfatórios e, geral-mente, superiores àqueles encontrados nosolo sob a floresta virgem adjacente.

A mesma tendência, entretanto, nãoocorre com o P, que tem valores satísfató-rios durante os primeiros anos da formaçãoda pastagem, após o que declina até níveisiguais ou inferiores àqueles encontrados nosolo da floresta virgem.

Serrão et al 1971, Empresa Brasileira ...1980, Rolim et aI. 1979, Serrão et aI. 1979,Rolim et aI. 1980, Gonçalves 1981 e Italianoet alo 1982 mostram que o fósforo é, incon-testavelmente, o nutriente do solo mais li-mitante para a manutenção da longevidadeprodutiva de pastagem cultivada em área defloresta amazônica. Os demais nutrientes pa-recem ser consideravelmente menos limitantesque o fósforo para essa finalidade como temmostrado Serrão et aI. 1971, Serrão et aI.1979 e Empresa Brasileira de Pesquisa ...1980.

Modelos têm sido propostos para repre-sentar a relação entre a fertilidade do soloapós a derrubada e queima da floresta paraformação de pastagem e a produtividade destano decorrer dos anos (Toledo & Ara 1977,Sertão et al. 1979, Toledo & Morales 1979,Toledo & Serrão 1982). Entretanto, para ascondições do trópico úmido brasileiro, omodelo apresentado na Fig. 3 parece estarmais em consonância com o que tem sidoverificado através de pesquisa e à luz da evo-lução da pecuária em pastagens formadas emáreas de floresta. Nesse modelo observa-se quea produtividade da pastagem declina à medidaque também declina a fertilidade do solo aténíveis muito baixos. Neste caso, a fertilidadedo solo está nivelada principalmente pela dis-ponibilidade de fósforo no solo, pois comovisto, esse elemento tem sido o principal fatorde fertilidade do solo a limitar a produtivida-

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de das pastagens. Verifica-se também que nomodelo, o nível crítico de fertilidade do solopara pastagens bem manejadas deve estar aci-ma do nível crítico de produtividade bioeco-nômica da pastagem, provavelmente em tornodo nível crítico da produtividade ecológica(ponto A), isto é, ponto acima do qual não háincremento significativo como resultado deadubação, o que deve ocorrer durante os pri-meiros três ou quatro anos após o plantio eestabelecimento da pastagem.

O modelo mostra também que se nãohouver uma correção na fertilidade do solo(adubação fosfatada provavelmente), seu níveldecresce com o tempo até atingir os níveisencontrados na floresta original.

Segundo Serrão et al. 1979, as caracterís-ticas físicas do solo podem também ser fatorde instabilidade de produtividade. Segundoesses autores, as pastagens tendem a diminuirsua produtividade mais rapidamente em solosmais argilosos (por exemplo, > 40% de argilano horizonte B), principalmente as pastagensde capim-colonião. O mesmo tende a ocorrerem solos com menos de 10% de argila no ho-rizonte B. '

Plantas forrageiras em uso

A falta de forrageiras que preencham osrequisitos de exigência edafo-climáticos ne-cessários para aumentar a longevidade produ-tiva das pastagens formadas em áreas de flo-resta do trópico úmido brasileiro tem sidoevidente. O capim- colonião comercial co-mum (Morumbu) é a variedade de P. maxi-mum mais difundida na região, porém estálonge de ser a gramínea ideal para tal. Suaintrodução e adoção na região não obede-ceu critérios técnico-científicos. Foi umaimposição do comércio de sementes de ou-tras regiões do país, que foi aceita e difun-dida por falta de melhores opções. A exi-gência quanto às características químicase físicas de solo, a suscetibilidade a doençascausadas por fungos de sementes, a poucaagressividade para competir com a comuni-dade de plantas invasoras de pastagem, entreoutras, são características da variedade quecontribuem para a instabilidade produtivadas pastagens na região (Serrão et al. 1979).

Outras gramíneas forrageiras tradicio-nais, como as do gênero Brachiaria, apesarde apresentarem algumas vantagens sobre o

157

capim-colonião usado na região, têm proble-mas específicos (que serão vistos mais adian-te) que também podem contribuir decisiva-mente para a instabilidade da pastagem.

As leguminosas, apesar de sua ainda in-significante participação como componentesdo ecossistema das pastagens formadas na re-gião, podem, em alguns casos, ser fatores li-mitantes de produtividade das pastagens. Emalguns poucos casos, por exemplo, Puerariaphaseoloides, quando em associação com co-lonião, tem contribuído para o declínio maisacentuado da persistência da gramínea,devido a seu hábito alastrador, sua agressivida-de e sua menor aceitabilidade pelos bovinosna estação chuvosa. Há necessidade de quehaja compatibilidade entre a gramínea e legu-minosas associantes e manejo para persistên-cia da associação.

Há necessidade de se buscar germoplas-ma de gramíneas e leguminosas forrageirasque sejam adaptadas às condições físico-quí-micas dos solos ácidos e de baixa fertilidadeda região, que sejam tolerantes ou resistentesàs pragas e doenças prevalentes, que sejamcompetitivas com as plantas invasoras de pas-tagem e que sejam qualitativamente seme-lhantes ou superiores às atualmente em uso.

A agressividade da comunidade das plantasinvasoras

Como mostra a Fig. 2, o declínio deprodutividade das plantas forrageiras na pas-tagem é diretamente proporcional ao incre-mento da presença da comunidade de plan-tas invasoras na mesma, principalmente apartir do nível crítico de produtividade eco-lógica (ponto A).

A presença e, em muitos casos, o domí-nio total pelas invasoras, advém do fato deserem as mesmas, em sua quase totalidade,nativas e, conseqüentemente, mais adaptadasàs condições ambientais das pastagens que aspróprias gramíneas e leguminosas plantadasque, por sua vez, são exóticas (Hecht 1979,Serrão et al. 1979).

A comunidade de plantas invasoras depastagens formadas em áreas de florestas notrópico úmido brasileiro é composta de umgrande número de famílias, de gêneros e deespécies, de formas de crescimento diversos.Gonçalves et al. (1974) e Dantas & Rodri-gues (1980) fizeram levantamentos em pas-

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zação de pastagem em área de floresta tropical úmida. (Adaptado de Serrão et aI. 1979. Toledo & Morales 1979. Dias Filho & Serrão 1982. Ser-rão & Homma 1982 e Toledo & Serrão 1984).

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tagens formadas em área de floresta em dife-rentes regiões da Amazônia e encontraramplantas invasoras incluídas em 54 famílias,com maior representatividade das famíliasSolonaceae, Compositae, Malvaceae, Legumi-nosae, Gramineae, Ciperaceae, Convolvu-laceae e Rubíaceae. Nesses levantamentos,mais de 300 espécies foram identificadasentre plantas trepadeiras, herbáceas, ar-bustivas e arbóreas. Dependendo da região,há um maior ou menor predomínio dedeterminadas famílias, gêneros e espé-cies e, entre elas, existem algumas que sãoconsideradas tóxicas para os animais pasteja-dores, como Asclepia curassavica (Asclepida-ceae), Alibertia edulis, Palicourea crocea(Rubiaceae), Ipomoea asarifolia (Convolvu-laceae), Euphorbia thymifolia (Euphorbia-ceae) , Datura astromonium (Solanaceae),entre outras.

Naturalmente, na comunidade das plan-tas invasoras de pastagem existem aquelasque podem ser úteis na alimentação animal.Das mais de 300 espécies encontradas porDantas & Rodrigues (I 980), excluindo aque-las potencialmente tóxicas, cerca de quinzeespécies eram consumidas pelos bovinos empastejo.

Segundo Hecht (I979), as leguminosas,em suas diferentes formas de crescimento,são um componente importante na flora in-vasora das pastagens na região. Pelo menos50 espécies de leguminosas podem ser en-contradas na comunidade de plantas invaso-ras de pastagens formadas em área de flores-ta (Hecht 1979, Dantas & Rodrigues 1980).Segundo Hect (I979), as folhas da parte su-perior das leguminosas arbustivas consumi-das pelos animais são superiores às do ca-pim colonião no que diz respeito a prote í-na bruta, P, Ca, Mg, Mn, Cu, Fe e Zn.

A falta de maior conhecimento da co-munidade das plantas invasoras de pastagemquanto ao seu valor alimentício, efeitos tó-xicos e seu manejo, tem feito com que sejaconsiderada indesejável como um todo pelosfazendeiros, uma vez que, em última análise,compete agressivamente com as forrageirasplantadas por luz, umidade e nutrientes dosolo. Sob estes aspectos, são geralmente maiseficientes que as forrageiras plantadas, com-prometendo seriamente a longevidade pro-dutiva da pastagem e, por isso, tendo que sercontrolada por métodos manuais, mecânicos,

159

físicos e químicos que, geralmente, são pou-co eficientes. Por essa razão, o controle deinvasoras na região pode representar até maisde 20% dos custos operacionais das fazendas(Hecht 1979).

Efeitos climáticos

Os fatores climáticos afetam a estabili-dade produtiva das pastagens em áreas defloresta direta e indiretamente (Serrão &Simão Neto 1975, Serrão & Fale si 1977,Serrão et al. 1979).

De maneira direta, a estacionalidade daprecipitação. pluviométrica regional impõeuma estacionalidade produtiva nas forragei-ras plantadas, reduzindo sua taxa de cres-cimento no período de menor precipitaçãopluviométrica, o que pode comprometer sualongevidade produtiva pela redução de com-petição, nesse período, com a comunidadede plantas invasoras, geralmente compostade plantas de raizes mais profundas, portan-to mais tolerantes a estresses hídricos. Poroutro lado, o excesso de umidade na esta-ção chuvosa dificulta a produção de semen-tes viáveis que são importantes para o resse-meio natural em pastagens de gramíneascomo colonião, para manter sua longevidadeprodutiva (Serrão et al. 1979).

As mesmas condições de alta temperatu-ra e umidade que propiciam altas taxas decrescimento das forrageiras plantadas, propi-ciam também condições bastante favoráveispara doenças e pragas que se constituem fa-tores muito importantes para a redução dalongevidade produtiva das pastagens. Porexemplo, a viabilidade das sementes de pra-ticamente todas as variedades de P. maxi-mum, até hoje introduzidas na região, é bas-tante afetada pelos fungos Fusarium roseum,que causa a "mela" das sementes, e Tilletiaayresii, que causa a doença da semente cha-mada "cárie do sino" (Freire et al. 1979).Estas doenças são fatores limitantes muitoimportantes no ressemeio natural de P.maximum na região, característica impor-tante para manutenção da sua produtividade.Dias Filho & Serrão (I983) relatam doençastípicas de leguminosas, como antracnose,causada pelo fungo Colletotrichum spp,atacando Centrosema spp, Stylosanthes spp,Pueraria phaseoloides, entre outras, e a "me-Ia" (ou podridão e secamento) causada pelo

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fungo Rhizoctonia solani, que provoca danosmuito sérios em leguminosas do gênero Cen-trosema, um gênero muito importante comobase genética para obtenção de gerrnoplas-mas adaptados para formação de pastagensconsorciadas no trópico úmido brasileiro.

As condições climáticas da região propi-ciam a proliferação de pragas que, em maiorou menor escala, constituem .séria limitaçãopara a instabilidade produtiva das pastagensregionais. Silva & Magalhães (1980) relacio-nam as pragas das pastagens cultivadas noEstado do Pará. Destacam-se a cochonilhaAntonina graminis (Homoptera), a cigarri-nha-das-pastagens Deois incompleta (Ho-moptera), o cupim Comitermes ovatus(Isoptera), a lagarta dos capinzais Mocislatipes (Lepidoptera), a lagarta militarSpodoptera frugiperda (Lepidoptera), asaúva Atta sexdens rubropilosa (Hyrnenop-tera), entre outras.

Indubitavelmente, a cigarrínha-das-pas-tagens (Deois incompleta - a espécie maisprevalente -, D. flavopicta, D. schach, Ma-narva tristis, Sphenorrhina rubra ,e S. mela-noptera) é a principal praga das pastagenscultivadas em áreas de floresta, tendo causa-do, nas últimas duas décadas, sérios prejuí-zos bioeconômicos à pecuária regional. É,sem dúvida um dos mais importantes fato-res de instabilidade produtiva das pasta-gens, principalmente as do gênero Brachia-ria. Os esforços da pesquisa com vistas aocontrole da cigarrinha-das-pastagens na re-gião, têm sido pouco frutíferos e carecem demaior agressividade. A experiência na regiãosugere que a busca de resistência genética degramíneas e a diversificação de forrageirasparecem ser o caminho mais promissor paraminimizar o problema. A cigarrinha-das-pas-tagens é assunto específico de outro trabalhoincluído neste volume.

CONSIDERAÇÕES ECOLÓGICAS

Muito tem sido escrito e falado sobre aexploração da pecuária em área de florestana Amazônia - porque envolve grandes ex-tensões de desmatamentos para formação depastagem - e suas possíveis conseqüênciasecológicas.

Parece não haver dúvida que as princi-pais e inquestionáveis conseqüências indese-jáveis do desmatamento para formação de

pastagens em larga escala são: modificaçãoda fauna e da flora, com risco de desapareci-mento de espécies; degradação do solo porerosão e Iixíviação; assoreamento dos rios elagos; e mudança no fluxo das águas. Essessão os riscos óbvios que deverão ocorrercomo conseqüência de desmatamentos. Suamagnitude será, obviamente, função daextensão do desrnatamento.

Alvim (1980) cita também os "riscosespeculativos" que são alterações ambientaiscujas relações com o desmatamento aindanão foram comprovadas defínitivamente e"podem ocorrer", dependendo da extensãodo desmatamento. Aqui se englobam princi-palmente as mudanças macroclimáticas oumicroclimáticas e o aumento da concentra-ção do CO2 na atmosfera. Segundo a litera-tura especializada esses efeitos já se fazemsentir em certas regiões do globo. Todavia,pouco é conhecido sobre a influência dodesmatamento no trópico úmido brasileirona (e fora da) região.

Salati (1983) também tece considera-ções sobre as conseqüências do desmatamen-to na região, enfatizando a importância dafloresta na manutenção do clima atual(prevendo alterações que deverão sobrevircom a substituição ou simples destruição dacobertura vegetal da região) e no ciclo docarbono e do nitrogênio.

Shubart (1983) enquadra as conseqüên-cias ecológicas dos grandes desmatamentospara formação de pastagem, ou outros pro-jetos agroindustriais, em quatro categorias, asaber: (l) destruições dos estoques genéticos,tanto de plantas como de animais; (2) modi-ficações no solo com a ruptura do mecanis-mo de reciclagem de nutrientes; (3) altera-ções do ciclo hidrológico, através das modi-ficações no balanço de energia e evapotrans-piração da água e de modificações na estru-tura física do solo, principalmente a compac-tação; e (4) aparecimento de pragas e doen-ças em função de vulnerabilidade de mono-cultivos ao ataque de insetos, fungos, bacté-rias, etc.

No caso das pastagens, é provável que oaparecimento e proliferação do fungo Tille-tia ayresii, que causa prejuízos às pastagensde Panicum maximum, e da cigarrinha-das--pastagens (Deois incompleta), a mais temí-vel praga das pastagens de Brachiaria spp naregião, sejam uma conseqüência das grandes

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áreas desmatadas. De qualquer maneira, apreocupação com a ecologia de pragas edoenças é mais de natureza econômica doque ambiental. Mesmo assim, deve-se levarem conta, que grandes monoculturas podemcausar grandes prejuízos, sejam sociais,econômicos ou ecológicos.

Sioli (1986) em trabalho apresentadoneste Simpósio alerta para conseqüências"definitivamente destrutivas", segundo ele jáplenamente previsíveis para a região, quaissejam: a quebra do ciclo e perda dos poucosnutrientes do ecossistema da floresta; in-terrupção da reciclagem da água da chuvaregional; "areníficação" progressiva da super-fície do solo pela erosão seletiva; formaçãode vegetação de savana de subarbustos e ouárvores baixas, além de outras conseqüênciasque ultrapassam os limites da Amazônia. Elecita o aniquilamento do estoque genéticocomo a pior conseqüência do desmatamentoda Amazônia.

A verdade é que, na região, a despeitoda grande importância do assunto, a pesquisatem sido incipiente (ou quase inexistente)para comprovar e quantificar as previsõesacima mencionadas.

Segundo Dantas (1980), sob o ponto devista ecológico, o ecossistema das pastagensformadas em área de floresta amazônica ca-racteriza-se por ser "simplificado, floristica-mente pobre, altamente instável e incapaz dese auto-sustentar, dependendo, sobremanei-ra, da interferência do homem para se man-ter" .

A pouca literatura sobre a ecologia depastagem formada em área de floresta ama-zônica se restringe, principalmente, ao estu-do das alterações químicas, físicas e bioló-gicas do solo da pastagem, via de regra com-parando com o solo da floresta adjacente.

Alterações químlcas

Este aspecto tem sido tratado por al-I guns pesquisadores (Falesi 1976, Serrão &Falesi 1977, Serrão et al. 1979, Falesi et al.1980, Toledo & Morales 1979, Fernside1979, Fernside 1980, Toledo & Serrão1982, entre outros) com base em resultadosobtidos na região, e foi resumidamente tra-tado sob o tópico "Fatores de Instabilidadeda Produtividade" neste trabalho. Esteassunto necessita da intensificação de pesqui-

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sa visando a compreensão da dinâmica doscomponentes químicos do solo após a for-mação da pastagem e sua utilização pelosanimais em pastejo no decorrer do tempo.Do conhecimento da ciclagem de nutrientesno sistema solo-pastagem-animal, devem de-pender, em larga escala, as decisões de mane-jo para o aumento da produtividade susten-tável do sistema.

Alterações fisicas

As alterações físicas no solo quandouma floresta virgem ou mata secundária étransformada em pastagem podem ser con-sideráveis.

Segundo Bandeira (1978) e Shubart(I 978), a infiltração é consideravelmentemenor em pastagem do que na floresta ou nacapoeira, o que subentende maior compacta-ção e erosão de superfície (runoff) no solosob pastagem.

Embora não existam dados locais, pare-ce lógico que a erosão por infiltração e lami-nar deverá ser maior no ecossistema da pasta-gem que no da floresta, principalmente emsolos mais arenosos para o primeiro caso e

em áreas acidentadas para o segundo.Bandeira (I978) e Dantas (1979) mos-

tram que a umidade do solo sob pastagem ébem menor que no solo da floresta. Poroutro lado, a umidade do solo na pastagemapresenta flutuações significativas durante oano e na floresta é quase constante. A tem-peratura do solo na pastagem tende a atingirvalores bem mais elevados' que na floresta de-vido à alta taxa de calorias recebidas atravésda radiação solar e à cobertura menos efi-ciente que proporciona ao solo comparadacom a da floresta.

Pouco se conhece sobre alterações natextura e estrutura do solo sob pastagem.Entretanto, parece existir uma tendência dediminuição da percentagem de argila e tam-bém aumento da percentagem de areia finada floresta para as pastagens formadas (Fa-lesi 1976).

Alterações biológicas

Os organismos vivos dos ecossistemas dafloresta ou da pastagem estão em função dosfatores físicos e químicos que interagem nosmesmos. Como enfatizado anteriormente, a

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reciclagem de nutrientes é a base da susten-tabilidade do ecossistema e os organismosque vivem no solo e sobre ele tem um papelpreponderante nessa reciclagem (Nye 1961).

No que diz respeito a comunidade ma-crobiológica do ecossistema, com transfor-mação de floresta primária para pastagem, asalterações são marcantes. Segundo Dantas(I 980) (citando Rodrigues 1967), Pranceet al. 1976 e Dantas & Müller (1978), a co-munidade superior da flora sofre uma redu-ção drástica de cerca de 200 espécies porhectare para umas pouquíssimas espécies.Entretanto, com o tempo e dependendo dafase de produtividade de pastagem - que éfunção do manejo imposto à mesma - (verFig. 2), a sucessão vegetal nativa, que vema se constituir a comunidade de plantas inva-soras das pastagens, pode se tomar uma asso-ciação vegetativa bastante complexa comdiferentes estruturas e composição daque-la da floresta, mas que inclui espécies nelacontida.

No que respeita à microorganismos, ospoucos estudos que têm sidq realizados tra-tam das alterações na microfauna. SegundoDantas 1979, o solo da pastagem é mais po-bre em número de espécies, porém mais ri-ca em número de indivíduos do que o soloda floresta adjacente, devido ao aumento desua população em função da diminuição dacompetição entre espécies pelos espaços(nichos) vazios.

Indubitavelmente, apesar de ser o dia-a--dia de muitos cientistas brasileiros e estran-·geiros (principalmente ecólogos e agrônomosconservacionistas ou não), a "ecologicidade"das pastagens em regiões florestadas da Ama-zônia, tem sido pouco compreendida poistem havido muito mais discussão de plená-rio do que pesquisa de campo.

A pastagem não pode ser sempre consi-derada uma "coisa" indesejável, como seouve com freqüência. Ela sendo produtiva,estará produzindo proteína animal para ali-mentar o homem. O que falta é saber mane-já-Ia para aumentar sua longevidade produti-va e sua "ecologicidade", e determinar se,quando a pastagem se degrada, esse ecossis-tema "degradado" pode ser aproveitado pelohomem ou voltar a ser um ecossistema nati-vo produtivo e ecologicamente estável seme-lhante à floresta original. Resultados prelimi-

nares de estudos em desenvolvimento emParagominas, Estado do Pará (Buschbacheret al. 1986), apresentados neste Simpósio,indicam que á derrubada da floresta para for-mação de pastagem não exclui necessaria-mente a possibilidade de regeneração da flo-resta. A taxa de regeneração, entretanto, seráinversamente proporcional à intensidade douso da pastagem e será tanto menor quantomais mecanizada for a área.

O fogo tem sido usado como um fatorimportante de manejo de pastagem, princi-palmente pelo fato de ser um meio baratode controle de plantas invasoras. O efeito dofogo tem sido avaliado mais em relação àqueima da biomassa inicial da floresta eseus efeitos "benéficos" imediatos no solo(Falesi 1976, Silva 1978) do que quanto aosbenefícios e/ou prejuízos das queimadasperiódicas para o ecossistema das pastagense, principalmente, seus efeitos na comuni-dade das plantas invasoras, nos processosfísicos, químicos, biológicos e suas intera-ções no sistema solo-planta-animal (exem-plo: na reciclagem de nutrientes), nas pragase doenças das pastagens e do rebanho, e naprópria persistência das forrageiras planta-das (estímulo ou inibição da germinação desementes, estímulo ou inibição da rebrota,liberação de nutrientes, etc.).

MANUTENÇÃO E RECUPERAÇÃODA PRODUTIVIDADE DE PASTAGENSFORMADAS EM ÁREA DE FLORESTA

Os programas de pesquisa desenvolvidosna região visando a recuperação e melhora-mento de pastagens (Empresa Brasileira deAssistência. . . 1979, Rolim et al. 1979, Ro-lim et al. 1980) e as experiências dos pró-prios fazendeiros regionais, têm possibilitadoalguns avanços tecnológicos que permitem,atualmente, a indicação de intervenções noprocesso que propiciam o aumento da longe-vidade produtiva das pastagens formadas emáreas de floresta na região (Serrão et al.1979, Serrão & Homma 1982, Dias Filho &Serrão 1982).

Para o processo inicial de formação depastagem, . Falesi (1976) e Serrão et al.(I979) enfatizam o preparo da área (derru-bada e queima da biomassa) e o plantio da(s)forrageira(s) como fatores decisivos para o

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estabelecimento e, após, utilização das pasta-gens. A inadequação do preparo de área e doplantio enseja a formação de pastagens ini-cialmente de baixa produtividade e curtalongevidade produtiva, não chegando mes-mo a se enquadrar nos padrões vistos naFig.2.

Na última década, no processo de for-mação de novas pastagens, a utilização degrande parte da biomassa não queimada parao preparo de carvão vegetal, em muitasfazendas, tem propiciado um melhor estabe-lecimento e manejo inicial das pastagens.

O que fazer para minimizar a taxa dedeclínio de produtividade ou para recupe-rá-Ia quando for necessário?

Partindo-se do pressuposto que a pasta-gem teve um estabelecimento satisfatório, aFig. 4 mostra as diversas alternativas deinterferência nas diversas fases de produtivi-dade da pastagem desde seu estabelecimento.

No ponto O, a pastagem deve ser mane-jada (com sistema e pressão de pastejo, dis-tribuição de aguada e mineralização, contro-le de invasoras) visando a manutenção deuma constante e adequada cobertura do solopela pastagem, para propiciar uma eficienterecic1agem de nutrientes para manutençãodo equilíbrio do sistema solo-pastagem-ani-mal na fase de produtividade alta por ummaior espaço de tempo possível. Nessa fase,parece lógico esperar que gramíneas decum-bentes e agressivas sejam mais eficientes queas gramíneas cespitosas quanto à rapidez decobertura do solo e maior competitividadecom as plantas invasoras, evitando sua proli-feração. Pastagens consorciadas de gramí-neas e leguminosas compatíveis entre sipodem tornar o sistema ainda mais eficiente(Toledo & Serrão 1982, Serrão & Homma1982, Toledo & Serrão 1984) devido o au-mento da eficiência das relações do nitro-gênio no sistema.

Principalmente em se tratando de pas-tagens formadas com capim-colonião, mes-mo com manejo satisfatório, eventualmentea produtividade atingirá o ponto A. Geral-mente esse ponto se evidencia pelo inícioda perda de vigor da gramínea que - seoutros fatores tais como manejo, pragas,doenças etc. não forem limitantes - estáassociado com problemas de fertilidade desolo, sendo o fósforo o nutriente mais lirni-tante (Rolim et al. 1979, Serrão et al.

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1979, Empresa Brasileira de Pesquisa ...1980, Rolim et aI. 1980, Gonçalves 1981,Italiano 1982).

Se o atingimento do ponto A estiverrealmente relacionado com fertilidade desolo, a adubação deverá ser bioeconomica-mente mais eficiente nesse ponto (sugeridocomo nível crítico de fertilidade para apastagem), pois a biomassa da pastagemainda é, em sua quase totalidade, provenien-te das forrageiras plantadas. Resultados bas-tante satisfatórios têm sido obtidos com aaplicação de 30 a 5'0 kg de P2 O5 por hecta-re, principalmente através de adubos fosfata-dos medianamente solúveis (Serrão et aI.1979, Rolim et al. 1979, Empresa Brasilei-ra ... 1980, Rolim et al. 1980, Gonçalves1981, Italiano 1982). Após a adubação, omanejo da pastagem deve ser compatívelcom manutenção das condições propícias àeficiente recic1agem de nutrientes.

Somente nos últimos cinco a seis anosa necessidade de adubação fosfatada paramanter a produtividade das pastagens vemsendo reconhecida por fazendeiros regionais,sendo sua adoção ainda restrita. De ummodo geral, nos casos em que esta práticatem sido adotada, a interferência tem sidofeita principalmente no ponto B (Fig. 4),quando os sintomas da deficiência nutricio-nal já são mais aparentes e a presença dacomunidade de plantas invasoras mais notó-ria. Nesse ponto, se a principal causa dodeclínio de produtividade da pastagem esti-ver ligada à fertilidade do solo, o conteúdode fósforo (P) disponível no solo deveráestar situado entre 2 a 3 ppm, cerca de3 ppm abaixo do nível crítico (5 ppm) suge-rido para as pastagens formadas em áreasde floresta na região (Serrão et al. 1979).Nestes casos, a adubação fosfatada é prece-dida de uma limpeza manual ou química dasplantas invasoras para que a pastagem seja aprincipal beneficiária da adubação e, conse-qüentemente, volte a ter a cobertura do soloadequada e necessária para uma eficienterecic1agem de nutrientes no sistema.

Em virtude do aparecimento de algumaspequenas áreas de solo descoberto nessa fasede produtividade, e a fim de estimular as re-lações de nitrogenase e a recic1agem de nu-trientes, bem como melhorar a qualidade nu-tricional da pastagem, tem sido sugerido(junto com a adubação) o semeio em baixa

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0\~

Derruba+Queima+tobelecinenfo

a pastagem

rPousio ou renovOfõoIV de ~aoem ouplantio

I I ~~d~------ Anos de uti I izaçõo da pastagem t>

IIII

O

iManejo visando reciclagemeficiente de nutrientes

ALTA PRODUTIVIDADEAdubaçõo + manejo visando reciclagem

Aeficiente de nutrientesI "',

PRODU,TlVIDADEMEDIA

Adubaçõo + (Ieguminosa)t (gramínea)+ manejovisondó reciclagem eficiente de nutrientes

I ~

~oc(o~....;:)o~a..

PRODUTIVIDADEBAIXA Manejo para utilização da biomassa

I forrageira existente e recuperação doI J1~ecossistema nativo

DEGRADAÇÃO

FIG. 4. Práticas de manejo de pastagens formadas em áreas de floresta amazônica, visando a manutenção da produtividade nas fases produtivas e arecuperação nas fases de degradação (Adaptado de Serrão et aI. 1979, Serrão & Homma 1982 e Dias Filho & Serrão 1982).

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densidade de leguminosas compatíveis coma gramínea plantada. Centrosema spp e Pue-raria phaseoloides por exemplo, podemcumprir esse importante papel, semeadas emquantidades não superiores 2 kg por hectare.

Observações em fazendas regionaisacompanhadas pelo autor, indicam que, paramanter a produtividade entre os pontos O eB, a adubação entre os pontos A e B temsido repetida após um período de três a qua-tro anos, e seu efeito tem sido mais eficienteem solos de textura média (solos com 20 a30% de argila total no horizonte B) e comaparentemente satisfatória reciclagem de nu-trientes (boa cobertura de solo, boa quanti-dade de humus na camada superficial dosolo).

A partir do ponto B, a interferência paraa recuperação da produtividade das pasta-gens através de insumos, tais como adubos,leguminosas, herbícidas, não tem sido efi-ciente, pois a quantidade de biomassa da pas-tagem devida às forrageiras plantadas já nãoé suficiente para uma resposta bioeconomi-camente viável. O desequilíbrio ecológico jáfavorece mais a comunidade de plantas inva-soras nativas que as forrageiras plantadas.

Resultados mais positivos, sob o pontode vista econômico, têm sido obtidos entreos pontos B e C através da queima periódicada pastagem, que elimina temporariamentegrande parte das plantas indesejáveis e podeproporcionar um retorno da produtividadeda pastagem até em torno do ponto B. Estebenefício, entretanto, tem sido efêmero poisa já reduzida reciclagem de nutrientes no sis-tema é ainda mais reduzida pelas queimasfreqüentes, fazendo com que a produtivida-de da pastagem adquira níveis cada vez maisbaixos, predominando no ecossistema asplantas invasoras herbáceas e arbustivas debaixa produtividade biológica.

As observações indicam que, em virtudedas prováveis conseqüências negativas de or-dem biológica que devem ocorrer devido àsqueimadas periódicas após a pastagem ultra-passar o nível crítico de produtividade bio-lógica (Fig. 2), parece mais concebível o ma-nejo do sistema com vistas à utilização dorestante da biomassa forrageira até o atingi-mento do ponto D, com um mínimo deagressão - principalmente pela mecaniza-ção - à comunidade vegetal em formação,que poderá ainda vir a se constituir um

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ecossistema produtivo (Buschbacher et alo1986). Isto pode ser obtido com pressõesde pastejo compatíveis com a baixa disponi-bilidade da forragem proveniente das forra-geiras inicialmente plantadas e de algumasplantas da comunidade das plantas invasorasnativas (Hecht 1979).

Atingido o ponto D, um ecossistemacuja produtividade biológica depende domanejo nas fases de baixa produtividade edegradação da pastagem, a Fig. 4 mostraque o fazendeiro pode abandonar a área porperíodo indeterminado (pousio), renová-Iacom formação de novas pastagens, ou utili-zar a área para plantar outros cultivos, prin-cipalmente culturas permanentes.

Pousio

O pousio consiste no descanso portempo indeterminado da área de pastagemdegradada com vistas à recuperação da co-munidade de plantas nativas (principalmen-te), visando um ecossistema biologicamentemais produtivo e vegetativamente mais pró-ximo possível da floresta original. Infeliz-mente este assunto tem sido pouco explora-do pela pesquisa.

Resultados preliminares (Buschbacheret alo 1986) indicam que, no nordeste doEstado do Pará, em área originalmente demata densa e solo argiloso, o acúmulo totalde biomassa em pousios de oito anos foi in-versamente proporcional à intensidade deuso da pastagem. Pastagens que, antes dopousio, tiveram estabelecimento deficientee foram manejadas com baixa intensidade deuso (poucas limpezas, baixas pressões de pas-tejo e poucas queimadas) acumularam81 t/ha de matéria seca de biomassa, emcomparação a 42 t/ha naquelas maneja-das com intensidade média e 7 t/ha naquelasmanejadas com alta intensidade de uso.

O pousio para recuperação natural doecossistema de pastagem degradada, tem sidoobservado, embora com pouca freqüência,principalmente nas fazendas "que dispõemde grandes áreas que, até certo ponto, pra-ticam uma pecuária itinerante, nos moldesda agricultura itinerante.

Renovação de pastagem

De um modo geral, quando a pastagem

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original atinge o ponto D, a renovação temsido a prática mais comum (Serrão et alo1979, Serrão & Homma 1982, Dias Filho& Sertão 1982, Veiga et alo 1985), envolven-do mecanização, práticas culturais e insumosque caracterizam um uso mais intensivo dosolo.

Neste ponto, o preparo de área pararenovação da pastagem envolve o uso de tra-tores de esteira acoplados com lâmina para oenleiramento da biomassa, precedido ou nãoda queima da vegetação da comunidade deplantas invasoras e da biomassa residual davegetação original existentes na pastagem de-gradada. Embora não seja regra geral, pareceestar havendo uma conscientização cada vezmaior entre os fazendeiros regionais sobre afertilidade do solo das pastagens e a necessi-dade de adubação, principalmente fosfatada.Bmchiaria humidicola, por suas característi-cas agronômicas (Simão Neto & Sertão 1974,Dias Filho 1983) e pela grande aceitaçãoentre os fazendeiros, tem sido a gramineaforrageira mais usada para renovação de pas-tagens, secundada por P. maximum cv. Colo-nião comercial comum (Morumbü). Outrasgramíneas forrageiras selecíonadas mais re-centemente como Andropogon gayanus cv.Planaltina (Relatório Técnico ... 1982, 1983,Dias Filho 1983), Brachiaria brizantha cv.Marandu (Nunes et al. 1984) e P. maximumcv. Tobiatã (Veiga et al. 1985), entre outras,têm se mostrado promissoras e já começama ser usadas no processo de renovação depastagem.

Indubitavelmente, o alto custo da reno-vação de 'pastagem (cerca de US$ 250/ha),principalmente devido à mecanização e apli-cação de adubos, têm sido o principal entra-ve face às geralmente grandes áreas a seremrenovadas. A associação de culturas alimen-tares com forrageiras na renovação de pasta-gens degradadas tem sido recomendada pelapesquisa para minirnizar os custos de implan-tação da pastagem (Veiga et alo 1985). Ex-tensas áreas de pastagens degradadas têmsido renovadas através desse processo, espe-cialmente na região nordeste do Estado doPará (principalmente com milho) e nordestedo Estado de Mato Grosso (principalmentecom arroz). As operações de semeio da gra-mínea forrageira e da cultura de subsistên-cia, assim como a aplicação do adubo, sãofeitas de uma só vez com uso de semeadei-

ras/adubadeiras combinadas puxadas por tra-tor de roda.

Via de regra, a renovação de pastagemcom P. maximum, A gayanus, B. humidi-cola não podem prescindir de, pelo menos,adubação fosfatada (Serrão et alo 1979,Dias Filho & Serrão 1982, Veiga et al. 1985).

Em alguns casos, o plantio da gramínea(nestes casos principalmente B. humidicola)tem sido feito sem adubação e sem cultivoassociado, precedido do preparo mecanizadoda área ou simplesmente da queima da bio-massa da pastagem degradada. Nestes casos,o estabelecimento tem sido consideravelmen-te menos eficiente.

Atualmente, reconhecendo a necessida-de de recuperação de áreas de pastagem de-gradadas através de sistemas de produçãobiologicamente mais estáveis que pastagenspuras, a pesquisa vem procurando desenvol-ver sistemas agro-pastoris, silvo-pastoris ouagro-silvo-pastoris com combinações de cul-tivos, pastagem e essências florestais bioeco-nomicamente compatíveis. Nestes casos, oscultivos anuais são plantados para minimizaros custos durante os dois ou três primeirosanos até o atingimento de alturas das essên-cias florestais ou dos cultivos perenes quesejam compatíveis com o pastejo dos ani-mais. A pastagem é plantada no segundo outerceiro ano após o plantio da espécie flores-tal ou do cultivo perene, podendo ser efetua-do em associação com um cultivo anual,como milho, arroz ou feijão.

A associação de Pinus caribea com P.maximum; B. humidicola e outras forragei-ras na Companhia Jari Agroflorestal (na divi-sa do Estado do Pará com o Território Fede-ral do Amapá) de Hevea spp (seringueira)com Pueraria phaseoloides na CompanhiaAgroindustrial Pirelli, de Eleais guianensis(palma africana) com P. phaseoloides naCompanhia Dendê do Pará SA, estes doisúltimos projetos no Estado do Pará, e de B.humidicola com Bertholletia excelsa (cas-tanha-do-brasil) na Agropecuária AruanãS.A no Estado do Amazonas, são os princi-pais exemplos de sistemas agro-pastoris ousilvo-pastoris em área originalmente flores-tadas no trópico úmido brasileiro. Nesses ca-sos, a forrageira tem como principal fínali-dade o controle de invasoras e a coberturae melhoramento do solo.

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Hecht (l982a) cita Cordia alliodora, Ce-drela odorata, Schizolobium amazonicum;Tabebuia spp, Acacia mangioa, Parida spp.,entre outras, como espécies florestais que seprestam pata associações agro-sílvo-pastorís.Entretanto, as espécies florestais podemdesempenhar um papel bioeconomicamentemais importante na associação, principal-mente quando associa qualidades como plan-tas fixadoras de nitrogênio, bom valor co-mercial, produção de frutos e sombra(Peck 1982).

Os sistemas agro-silvo-pastoris estão emseus primórdios nas áreas de floresta do tró-pico úmido brasileiro. Não obstante, pode-rão desempenhar um papel muito importan-te no desenvolvimento da agropecuária re-gional, e mais especificamente, no processode recuperação de áreas de pastagens degra-dadas.

Embora com muito pouco respaldo dapesquisa técnico-científica, até o presente,alguns cultivos agroindustriais nativos e in-troduzidos como pimenta-do-reino (Pipernigrum), seringueira, palma africana, casta-nha-do-brasil, entre outras, estão aos poucossendo utilizadas em cultivo puro ou associa-das com pastagem no processo de recupera-ção de pastagens degradadas (Serrão et aI.1979, Müller"),

Maiores detalhes sobre os aspectos prá-ticos da manutenção, melhoramento, recupe-ração e renovação de pastagens em áreas defloresta podem ser encontrados em diversaspublicações geradas na região (Empresa Bra-sileira de Assistência... 1979, Dias Filho &Serrão 1982, Gonçalves & Oliveira 1982,Serrão & Homma 1982, Veiga et aI. 1985).

VIABILIDADE BIOSOCIOECONÔMICADA PECUÁRIA EM PASTAGENS

FORMADAS EM ÁREAS DE FLORESTA

De um modo geral, as análises da viabili-dade da pecuária em área de floresta no tró-pico úmido brasileiro e em outros ecossiste-mas similares (parsons 1976, Fernside 1979,Fernside 1980, Shane 1980, Hecht 1983, e,provavelmente, outros trabalhos apresenta-dos neste Simpósio) tendem a indicar que a

2 Comunicação pessoal do pesquisador daEMBRAPA-CPATU Carlos Hans Müller.

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"experiência" tem sido mais negativa do quepositiva.

Os argumentos em favor da baixa viabili-dade são, em geral, baseados em considera-ções de ordem 'ecológica (as conseqüênciasa nível local, regional e global, via de regra,sem suporte de resultados de pesquisa), bio-econômica (produtividade efêmera, altoscustos de investimento com insumos paramanter produtividade sustentável, ataquesde pragas e doenças, etc.) social (baixo índi-ce de geração de empregos, concentração derenda, especulação de terra, problemas fun-diários, etc.).

O que tem se verificado, em realidade,é que o homem, através de seus planos dedesenvolvimento para a região, ou de seuscronogramas mais econômico-financeirosdo que biológico, ou da falta de conheci-mentos básicos das peculiaridades regionaisdo sistema clima-solo-pastagem-animal, ouda falta de tradição em pecuária e, em mui-tos casos, de seu imediatismo, tem sido aprincipal causa dos insucessos observados emmuitos empreendimentos agropecuários emárea de floresta do trópico úmido brasileiro(Serrão & Homma 1982).

Isto não significa, todavia, que a produ-ção de carne ou leite não seja viável atravésda criação de bovinos em pastagens forma-das em áreas de floresta.

Embora ainda insuficientes, os resulta-dos de pesquisa acumulados nos últimosquinze anos sintetizados neste trabalho, e aprópria experiência dos pecuaristas da re-gião, indicam que a produtividade da pecuá-ria em pastagens formadas em áreas de flo-resta pode ser satisfatória e sem altos riscosecológicos locais, desde que seja observadoum mínimo de tecnificação compatível coma manutenção do equilíbrio entre o clima,o solo, a pastagem, o animal e o homem.

O importante é o reconhecimento danecessidade de intensificação do uso dasáreas de pastagens cultivadas a fim de redu-zir a expansão em novas áreas florestadas, evi-tando a "pecuária itinerante" que, indubita-velmente, trará, além das conseqüências 'ne-gativas já aparentes, outras previsíveis e im-previsíveis.

Parece apropriado indicar que a intensi-ficação do uso das pastagens formadas emárea de floresta pode propiciar alguns bene-

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fícios de ordem ecológica, econômica e so-cial.

Beneficios ecológicos

Em termos gerais, em seus moldes tra-dicionais, a exploração pecuária em pasta-gens formadas em área de floresta na Ama-zônia tende a ser vista como um fator dedesequilíbrio ecológico.

Independente da magnitude desses dese-quilíbrios ecológicos na região, o maior be-nefício de intensificação da produção daspastagens já formadas reside, sem dúvida,em evitar a derrubada e queima desnecessá-ria de milhares (ou milhões) de hectares adi-cionais de floresta.

Serrão & Homma (I982) relatam que,em conseqüência da degradação das pasta-gens, os fazendeiros precisam formar novaspastagens em novos segmentos de florestapara manter o processo produtivo. Conside-rando como quinze anos, nas condições tra-dicionais, a vida útil de uma pastagem desdea formação até à degradação; os referidosautores estimam que é necessário formaranualmente entre 5 e 7% da área total depastagem formada a fim de cobrir a "depre-ciação" (degradação) da capacidade desuporte das pastagens. Se esses índices fos-sem aplicados aos cerca de oito milhões dehectares de pastagens cultivadas já formadasna região, implicaria na abertura de 400_000a 600.000 hectares de novas derrubadas paraformação de novas pastagens, o que seriaextremamente indesejável do ponto de vistaecológico.

Felizmente, parece estar havendo umatendência para a intensificação do uso daspastagens já formadas, com o apoio da ciên-cia e tecnologia, e das instituições de crédi-to, assistência técnica e de desenvolvimento,e pela própria conscientízação e experiên-cia dos fazendeiros regionais.

No mínimo, a redução da taxa deexpansão da pecuária em áreas florestadassignifica, em última análise, um benefíciopara a ecologia regional.

Benefícios bioeconômicos

Pode-se dizer que as pastagens formadase utilizadas no sistema tradicional - quepouco leva em consideração os fatores bióti-

cos e abióticos que controlam a manutençãode produtividade sustentada - são de baixaeficiência bioeconômica. O rápido declíniode produtividade da pastagem, acompanha-da de redução, via de regra acentuada, da ca-pacidade de suporte e do correspondente in-cremento da biomassa da vegetação indese-jável (a comunidade de plantas invasoras),têm feito com que os fazendeiros passem aexplorar outros segmentos de floresta nassuas propriedades, deixando para trás umapastagem degradada de muita baixa capaci-dade de suporte (pontos C e D, Fig. 2).

As experiências regionais (Kitamuraet aI. 1982, Serrão & Homma 1982) e, prin-cipalmente, a experiência prática em algu-mas fazendas da região, permitem sugerirque os sistemas de manejo das pastagens cul-tivadas com introdução de tecnologias demelhoramento, recuperação e renovação(Fig. 4), podem ser economicamente compe-titivos quando comparados aos sistemas tra-dicionais de manejo.

Embora a implantação dessas tecnolo-gias impliquem em aumentos significativosde custos totais de produção, os quaispodem variar de 40% a 210%, dependendoem que fase da produtividade a interferênciaé feita, as taxas de retomo podem ser maio-res quando da utilização de práticas que,além de manejo de pastejo, envolvem aduba-ção fosfatada, plantio de B. humidicola e se-meio de leguminosas forrageiras (Kitamuraet aI. 1982). Ademais, Serrão & Homma(1982) sugerem que, a curto prazo, a forma-ção de novas pastagens para cobrir o deficitda capacidade de suporte é mais onerosaque o melhoramento, recuperação ou reno-vação de pastagens já existentes, quandocomputadas as obras de infraestrutura neces-sárias para as novas áreas de pastagem, comocercas, cochos para minerais, aguadas, estra-das internas ou compra de novas terras,quando for o caso. Os fazendeiros, com otempo, tendem a manter as mesmas pasta-gens por facilidades administrativas e infra-estruturais, limitação de áreas virgens, etc.

Do ponto de vista macroeconômico,Serrão & Homma (I982), baseados em re-sultados de pesquisa (Kitamura et aI. 1982)e informações obtidas em fazendas da re-gião, estimam que a incorporação de cada100.000 ha de pastagens degradadas ao pro-cesso produtivo poderá proporcionar um

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acréscimo de 10.000 t/ano de carne bovinaque, se tivesse que ser importada para a re-gião amazônica, implicaria numa evasão dedivisas da ordem US$ 20.000.000/ano.

Existem ainda dúvidas quanto a longevi-dade produtiva das pastagens melhoradas, re-cuperadas ou renovadas com as tecnologiasinovadoras revisadas neste trabalho. Suasustentabilidade depende, em larga escala,do manejo (pressão e sistema de pastejo) aque são submetidas, das forrageiras envol-vidas, das condições físicas e químicas dosolo, de pragas e doenças, entre outros fato-res. Não obstante, as experiências recentesde alguns usuários dessas tecnologias pare-cem indicar resultados bastante satisfató-rios.

Apesar de necessárias e viáveis bioeco-nomicamente, as inovações tecnológicas aquirevistas, devido aos aumentos significativosnos custos totais de produção, têm tido suaimplementação um tanto lenta, por falta delinhas de crédito rural específicas para que aintrodução das novas técnicas ocorra semprejuízo na renda presente dos produtores.

Por outro lado, Kitamura et al. (1982)e Serrão & Homma (1982) indicam quequanto mais degradada estiver a pastagemmais onerosa será a intervenção para melho-ramento ou renovação (Figs. 2 e 4). A reno-vação de pastagens degradadas com sistemasagro-silvo-pastoris deverá envolver inova-ções biologicamente mais complexas e pro-vavelmente mais onerosas, porém de grandealcance bioeconômico.

Beneflcios sociais

A intensificação do uso das pastagensformadas em áreas de floresta pode trazerbenefícios de ordem social. No sistema tradi-cional, a oferta de mão-de-obra é muito re-duzida e se restringe a serviços periódicos dederrubadas da vegetação original, plantio dapastagem e controle das plantas invasoras,caracterizando uma oferta de mão-de-obratemporária e incerta. A intensificação permi-tiria não só maior oferta de mão-de-obrafixa, como também o melhoramento de seunível (manejo mais especializado de pasta-gem e animais, aplicação de adubo, plantiosmecanizados etc.).

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A diversificação agropecuana atravésdos sistemas agro-pastoris ou agro-silvo-pas-toris implicam na diversificação de produ-ção, incluindo culturas alimentares e outrasque poderiam elevar o bem-estar da mão-de--obra fixa e temporária das fazendas e au-mentar a oferta à nível regional.

Por outro lado, a intensificação do usoda terra por certo diminuiria os problemasfundiários através do aumento da produti-vidade e conseqüente redução da necessida-de de grandes áreas para manter e mesmoexpandir a produção.

PESQUISAS NECESSÁRIAS

A pesquisa, indubitavelmente, deve ser osustentáculo para apoiar o desenvolvimentoda pecuária em pastagens formadas no trópi-co úmido brasileiro.

Entretanto, se se considerar a importân-cia biosocioeconômica que tem representadoo programa de expansão da pecuária emáreas florestadas da região, chega-se à conclu-são que as pesquisas em pastagem têm sidomuito aquém da demanda por tecnologiapara apoio ao programa. As poucas pesquisasrealizadas até princípio da década de 70 ti-nham pouco a ver com os reais problemasdas pastagens de uma atividade pecuária pio-neira de rápida expansão. Nos primeiros dezanos do programa a pesquisa pouco contri-buiu, pois a maioria das pesquisas em pasta-gem eram desenvolvidas em estações experi-mentais via de regra distantes dos problemasreais a serem pesquisados.

A partir de 1970, a pesquisa começou ase interiorizar em função da demanda cadavez maior do setor (Falesi 1976) e teve entre1975 e 1980 sua fase mais prolífera com odesenvolvimento do Projeto de Melhora-mento de Pastagens da Amazônia Legal -PROP ASTO (Empresa Brasileira de Assistên-cia... 1979) e de outros programas menosagressivos de pesquisa a nível regional (Rolimet aI. 1979, Rolim et aI. 1980), com o apoiode órgãos de desenvolvimento regionais,como a Superintendência do Desenvolvimen-to da Amazônia (SUDAM), Banco da Ama-zônia S.A (BASA) e programas especiais deapoio ao desenvolvimento da região, como oPOLAMAZONIA. Essa fase da pesquisa compastagem, que se caracterizou pela busca de

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tecnologia para solucionar ou minimizar pro-blemas de pastagem vigentes, ou seja, pesqui-sa essencialmente aplicada, permitiu a obten-ção de razoável acervo de conhecimento quetem possibilitado algum apoio tecnológico àpecuária desenvolvida em área de floresta.

Avaliando a importância agroecológicae as limitações dos principais ecossistemas depastagem da Amazônia, a REDINAA-Red deInvestigación Agroecologica para Ia Amazo-nia - (Toledo & Serrão 1984) indica quedeve ser dada maior ênfase às pesquisas compastagens em área de floresta (60%) do quecom pastagens nativas de solos aluviais devárzea (18%), de savanas mal drenadas (12%)e de savanas bem drenadas (10%).

No momento, além da pesquisa de resul-tados de aplicação imediata (tecnologia), ve-rifica-se a necessidade de pesquisa básica quepossibilite a melhor compreensão científicados fatores químicos, físicos e bióticos queinfluenciam a estabilidade produtiva do sis-tema solo-pastagem-animal formado pelo ho-mem.

Toledo & Serrão (1984) enfatízam as se-guintes classes e linhas de pesquisa:

Pesquisa básica

1) Caracterização dos componentes (re-cursos) das pastagens

Solo, (tipo propriedades físicas e quí-micas, dinâmica dos nutrientes)Vegetação (composição florística,flutuação anual de produtividade equalidade)Clima (dinâmica de radiação e preci-pitação)

2) Estudos de efeitos fisiológicosefeito do fogo nas plantas e no soloefeito do estresse da seca nas plantase no soloefeito de agentes químicos (principal-mente herbicidas) nas plantas e nosolo

3) Estudos biológicos- no solo (Rhizobium, Micorrhizae,

Spirilum)nas plantas (monitoramento de pra-gas e doenças; taxa de recuperaçãodas plantas nativas das pastagens eseu valor forrageiro)

4) Estudos de ciclagem de nutrientes dosistema solo-pastagem-animal.

Pesquisa aplicada

1) Seleção de germoplasma de forragei-raso

2) Agronomia de pastagem (produtivida-de estacional de matéria seca, potencial deprodução de sementes, compatibilidade emconsórcios).

3) Relação solo-planta-animal (necessi-dades mínimas de nutrientes, interação plan-ta/microbiologia do solo, composição quími-ca de plantas, digestibilidade, preferência re-lativa e tolerância ao pastejo).

4) Estabelecimento, manutenção e reno-vação de pastagem (métodos de estabeleci-mento, requerimentos nutricionais, controlede invasoras, adubação de pastagem, sistemasde manejo, métodos de renovação).

5) Manejo de pragas (principalmente acigarrinha-das-pastagens) e doenças.

6) Pacotes tecnológicos (simulação desistemas bioeconômicos de produção, avalia-ção de sistemas físicos integrados).

Validação tecnológica

Esta fase deve envolver o diagnósticodos sistemas de produção prevalentes e a va-lidação de pacotes tecnológicos melhoradosa nível de fazenda.

Estrutura organizacional

A estrutura organizacional das pesquisascom pastagem no trópico úmido brasileiro édeficiente, o que tem resultado em multipli-cidade de esforços paralelos - e, conseqüen-temente, de recursos financeiros - quecomprometem a eficácia da atividade. Nosúltimos anos, tem sido notada na região umafalta de interação e, em conseqüência, faltade integração entre as instituições que desen-volvem pesquisas com pastagem, embora amaioria esteja sob condições ambientais simi-lares e com problemas comuns. Desse quadrofica a impressão de que houve um retrocessona eficiência das pesquisas com pastagemnesse período. É necessário redirecionar aspesquisas com pastagem na região, para queos esforços sejam complementares e visem -seja através da pesquisa básica ou através da

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pesquisa aplicada - solucionar problemascomuns reais que comprometem a longe vi-dade agroecológica das pastagens cultivadasem áreas de floresta da região. Por exemplo,é necessário organizar uma rede de avaliaçãode novos germoplasmas de forrageiras commetodologia padronizada e sob a liderançade uma instituição regional com infra-estru-tura e liderança para tal. Nessa rede haveriauma sub-rede para pesquisa de pastagem emáreas de floresta.

Em síntese, e com base no que foi revi-sado neste trabalho, pode-se inferir que;

1) As pastagens formadas em área defloresta no trópico úmido podem ser consi-deradas como um ecossistema frágil ou, nomínimo, pouco estável.

2) Formar pastagens em área de florestano trópico úmido requer cuidados especiaisnas operações que vão desde a derrubada equeima da biomassa da floresta, escolha eplantio das forrageiras, até o manejo para suaconsolidação. Falhas em qualquer dessasoperações poderão propiciar prejuízos bio-econômicos de grande monta.

3) O sistema solo-pastagem-animal re-quer um cuidadoso manejo que garanta umaeficiente reciclagem de nutrientes, a condi-ção básica para mantê-l o produtivo e estável.

4) Os principais fatores que têm contri-buído para a instabilidade da produtividadedas pastagens formadas em áreas de florestasão as pragas (principalmente) e doenças, aagressividade das comunidades de plantasnativas, fatores edáficos, principalmente defertilidade e textura do solo, a falta de me-lhores opções de forrageiras adaptadas e ma-nejo compatível com a estabilidade das pas-tagens.

5) As alterações físicas, químicas e bio-lógicas do solo, devidas à formação e ao ma-nejo de pastagem em área de floresta, nãoforam ainda devidamente avaliadas quantoaos seus efeitos na manutenção da produti-vidade das mesmas.

6) O aumento da longevidade produtivadas pastagens ainda produtivas é bioecono-micamente viável com a utilização de práti-cas de manejo compatíveis com eficienterecic1agem de nutrientes (sistemas e pressõesde pastejo apropriadas) em combinação como uso de insumos mínimos (adubação e le-guminosas forrageiras principalmente).

7) A renovação de pastagens degradadas

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é biosocioeconomicamente viável e recomen-dável através de sistemas agro-pastoris ouagro-silvo-pastori·s que possibilitem o usomais eficiente da terra.

8) Há necessidade de intensificar tecno-logicamente o uso das pastagens formadasjá existentes, visando o aumento de sua lon-gevidade produtiva e a redução da pressãodo expansionismo em áreas florestadas.

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ASSOCIAÇAO DE CULTURAS DE SUBSISTENCIACOM FORRAGEIRAS NA RENOVAÇAO DE PASTAGENS

DEGRADADAS EM ÃREAS DE FLORESTA

Jonas Bastos da Veiga 1

RESUMO - As extensas áreas de pastagens degradadas estabelecidas na floresta amazônicaprecisam ter sua capacidade produtiva recuperada. A renovação de pastagem é uma alternati-va valiosa no aproveitamento dessas áreas diminuindo a pressão de desmatamento para for-mação de novas pastagens. A associação de forrageiras com culturas de ciclo curto podecompensar os custos de mecanização e aplicação de adubos. Um estudo foi desenvolvidonum Latossolo Amarelo textura pesada (Oxisol), em pasto degradado de Paragorninas, como objetivo de testar as culturas de milho e arroz em associação com as forrageiras coloniãotPanicum maximum), quicuio-da-arnazônia (Brachiaria humidicola) e andropógon (Andro-pogon gayanus), utilizando-se três métodos de plantio, na renovação de pastagem. Os méto-dos de plantio foram: A - semeadura da cultura e forrageira mais adubação no mesmo sulcono espaçamento de I m; B - semeadura da cultura mais adubação em sulcos afastados deI m e, intercaladamente, semeadura da forrageira em sulcos sem adubação e C - semeadurada cultura mais adubação em sulcos afastados de 2 m e, intercaladarnente, semeadura daforrageira mais adubação em sulcos. O delineamento experimental foi inteiramente casuali-zado em arranjo fatorial com duas repetições. O milho foi superior ao arroz como culturaprecursora e os métodos ~de plantio A e B proporcionaram maior produção de grãos. Colo-nião e andropógon foram bem mais eficazes no estabelecimento da pastagem que o quicuío--da-arnazônia. A análise econômica mostrou que a associação de milho com colonião ouandropógon, plantados com os métodos A ou B é economicamente viável na renovação depastagens degradadas.Termos para indexação: Renovação de pastagem, pastagem degradada, associação forrageirax cultura, milho, arroz, colonião, quicuio-da-amazônia, andropógon.

ASSOCIATION OF FOOO CROPS ANO FORAGESPECIES IN RENOVATION OF OEGRAOAOEO PASTURES IN

FOREST AREAS

ABSTRACT - Large areas of degraded pastures in amazon forest need to have their pro-ductivity capacity recuperated. The renovation of pasture is a valuable alternative in theimprovement of these areas, reducing the deforestation pressu re for establishment of riewpastures. The association of pasture with food crops may alleviate the mechanization andfertilizer costs. A study was conducted in a Oxisol under degraded pastures of Paragominas,State of Pará, Brazil, with the objective of testing corn and rice crops associated withguineagrass (Panicum meximurrú, 8rachiaria humidicola and andropogon (Andropogongayanus) pastures planted with three different methods. The methods of planting were: A -Seeding of the crop and pasture plus fertilizer in same row 1 m apart, B - Seeding of thecrop plus fertilizer in rows 1m apart and, in the interspacing, seeding of pasture in rowswithout fertilization and C - Seeding of the crop plus fertilizer in rows 2m apart and, in theinterspacing, seeding of pasture plus fertilizer in rows. The experiment was set in a completelyrandom design in a factorial arrangement with two replications. Grain production was higherin corn than in rica associations, and msthods A and B yielded higher amount of grain thanmethod C. Guineagrass and andropogon pastures showed much better establishment than8rachiaria humidicola pasture. The association based on corn and guineagrass or andropogon,planted with methods A or B,was economically feasible for renovation of degraded pastures.Index terms: Pasture reclamation, degraded pastura, forage and crop association, corn, rice,guineagrass, quicuio-da-arnazõnía, andropogon.

Eng. - Agr., Ph.D., EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém, PA.

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INTRODUÇÃO

As extensas áreas de pastagens degrada-das da zona de floresta amazônica, estimadasem tomo de 1 milhão de hectares, precisamser racionalmente exploradas pelos fazendei-ros. A alternativa de uso dessas áreas paraplantio de capim, culturas de subsistência ouculturas industriais requer gastos com o pre-paro de solo e adubação, o que inviabiliza oempreendimento, mesmo considerando o re-duzido porte da vegetação.

Por outro lado, a exploração contínuada área com cultivos outros que não o deforrageiras é conflitante com a vocação pe-cuária da grande maioria dos produtores. Poresta razão, parece ser mais viável a renovaçãoda pastagem de modo a aliviar o "déficit"forrageiro e diminuir a pressão do desmata-mento de florestas virgens para estabeleci-mento de novas pastagens.

O plantio de culturas precursoras de ci-clo curto para compensar os custos de esta-belecimento de pastagens é tradicionalmentepraticado em áreas de cerrado ou savana. Oefeito residual da adubação de plantio, apósa colheita da cultura, poderá acelerar o esta-belecimento e produção da pastagem.Poulthey (1963) observou que a produçãode milho não foi afetada quando o capim--gordura e outras forrageiras foram plantadosintercaladamente após a última capina, nãohavendo também redução na produção forra-geira em relação ao plantio solteiro. O feijão(Phaseolus vulgaris) manteve sua produti-vidade quando foi plantado em combinaçãocom estilosantes e/ou braquiaria, e a pasta-gem teve um estabelecimento garantido apósa colheita da cultura, embora tenha apresen-tado um crescimento retardado (InformeAnual CIAT 1979).

Nos cerrados de Brasília (RelatórioTécnico Anual do Centro de Pesquisa Agro-pecuária dos Cerrados 1976/77) também oarroz não teve a produção afetada quandoplantado juntamente com uma mistura debraquiaria, centrosema, estilosantes e soja.As melhores respostas das forrageiras foramem plantios efetuados em sulcos ou entreli-nhas, com o arroz. Em Mato Grosso (Relató-rio Técnico Anual do Centro de PesquisaAgropecuária dos Cerrados 1977/78), ao setestar proporções entre as sementes de arroze braquiaria, houve uma diminuição do nú-

mero de plantas de braquiaria quando a pro-porção de semente desta forrageira eramenor que 5%.

Em Macapá (Relatório Técnico Anualdo Núcleo de Pesquisa Agropecuária doAmapá 1981), o consórcio de arroz comquicuio-da-arnazônia (Brachiaria humidicola)não foi bem sucedido devido à competiçãoexercida pelo arroz, revelando-se o fósforocomo o elemento mais limitante na produ-ção da cultura.

Em áreas da floresta amazônica, o plan-tio de culturas precursoras de ciclo curto noestabelecimento de pastagem tem sido espo-radicamente utilizado por alguns fazendei-ros. A economicidade do processo é difícilde se estimar em face da inexistência dos ín-dices de produtividade alcançados. No muni-cípio de Paragominas, Estado do Pará, regiãocom extensas áreas de pastagens degradadasde capim-colonião (Panicum maximum), oplantio de milho tem sido feito na ocasiãodo replantio da forrageira com o objetivode compensar os custos de mecanização .daárea e a aplicação de fertilizantes. Geralmen-te, a produção é baixa devido principalmen-te ao método de plantio usado e ao baixonível de fertilizantes aplicados. Por esse mo-tivo, o pastejo da mistura de colonião com omilho muitas vezes é efetuado, visto que aprodução de grãos não compensa os custoscom a colheita manual.

Este experimento foi delineado com oobjetivo de se estudar duas culturas (milho earroz), três forrageiras (colonião, quicuio-da--amazõnia e andropógon), e três métodos deplantio na renovação de pastagens degra-dadas de Paragominas.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado em 1984 naFazenda Poderosa, município de Paragorni-nas, PA, em área de pastagem degradada,num l..atossolo Amarelo (Oxisol) texturamuito pesada. O clima é de transição entreos tipos Arni e Awi da classificação deKõppen, apresentando uma estação relativa-mente seca nos meses de setembro, outubroe novembro, com temperatura média anualde 26,90C, média das máximas 32,60C edas mínimas 21,90C, umidade relativa de85% e precipitação anual de 1.770 mm.

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A floresta original tinha sido derrubadaem 1964, sendo à área plantada com capimcolonião (Panicum maximum). A pastagemresultante foi utilizada até 1974, quando acobertura vegetal constituía-se principalmen-te de plantas invasoras ("Juquira"). Em1976, a capoeira fina resultante foi roçadae queimada. Após nova semeadura com ca-pim-colonião, a pastagem resultante foi utili-zada' durante três anos como parte de umaparcela de um experimento de pastejo, emque se usou a lotação de 0,5 novilho porhectare. Em 1982, a área foi adubada com30 kg de P20s + 25 kg de N por hectare,durante uma tentativa frustrada de estabele-cimento da consorcíação andropógon maisestilosantes.

Para o plantio deste ensaio, a vegetaçãosemí-herbácea foi roça da, queimada e enlei-rada, e o solo preparado mecanicamente. Aanálise do solo mostrou os seguintes dados:1 ppm de P, 140 ppm de K, 5,9 meq% de Ca,6,8 meq% de Ca + Mg, 0,0 meq% de AI tro-cável e pH de 5,2.

Os fatores estudados foram: 1) cultura:milho BR-5102 e arroz IAC-47; 2) gramíneaforrageira: colonião (Panicum maximum),quicuío-da-amazõnia (Brachiaria humidicola)e andropógon (Andropogon gayanus); e 3)método de plantio: A (semeadura da culturae gramínea forrageira mais adubação nomesmo sulco, no espaçamento de 1 m);B (semeadura da cultura mais adubação emsulcos afastados de 1 m e semeadura da gra-mínea forrageira em sulcos intercaladamen-te sem adubação); e C (semeadura da culturamais adubação em sulcos afastados de 2 me semeadura da gramínea forrageira interca-ladamente, mais adubação em sulcos)(Fig. 1). A leguminosa forrageira centrosema(Centrosema pubescens) foi plantada em to-

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TABELA 1. Quantidades de sementes usadas pormétodo de plantio.

Método de plantioSemente

A B C

kg/ha

Milho 20 20 10Arroz 40 40 20Colonião 10 10 5Androp6gon 10 10 5Quicuio-da-amazônia 8 8 4Centrosema 4 4 2

das as parcelas, no mesmo sulco da gramíneaforrageira nos métodos A e B e no mesmosulco da cultura no método C.

As quantidades de sementes usadas noplantio estão mostradas na Tabela 1. A adu-bação foi uma mistura de sulfato de amônio,superfosfato triplo, c1oreto de potássio esulfato de zinco na base de 45 kg de N,60 kg de P20s, 60 kg de K20 e 2 kg de Znpor hectare, respectivamente. °N e K foramaplicados parceladamente, metade no plantioe metade após 45 dias.

° delineamento experimental foi intei-ramente casualizado em arranjo fatorial, comduas repetições. ° tamanho da parcela erade 3 m x 5 m e o plantio foi efetuado no dia26.01.84. Carvin foi pulverizado na área porduas vezes no controle de lagartas que ataca-ram principalmente o milho. A colheita doarroz se deu em 24 de maio e do milho e for-ragem em 6 de junho. A quantidade de palhade arroz, centrosema é "juquira" foi avaliadaindiretamente pelo método visual.

Método A Método B Método C

:=J:l,omC+GtL+A [O,50m C+A ] 1,Om C +L +A

G+LC+G+L+A C+A G+A

G+LC+G+L+A C+A C+L+A

G+LC+G+L+A C+A G+A

C : C ullura, G: Gramínea forrageira, L: Leguminosa forrageira, A: Adubação

FIG. 1. Métodos de plantio.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Produção de grãos

A produção de grãos foi afetada pelacultura, método de plantio e ínteração cultu-ra x método de plantio (P < 0,01). Na Tabe-la 2 se encontra a produção das culturas pormétodo de plantio.

TABELA 2. Produção de grilos das culturas deacordo com o mlltodo de plantio.

Método de plantioCultura Média*

A B C

kg/ha

Milho 2972 3586 1837 2798a

Arroz 230 383 149 254b

Média* 1601a 1984a 993b

* Médias seguidas das mesmas letras não diferemestatisticamente entre si pelo teste de Tukey(P < 0,05).

A produção média de milho (2798 kg/ha)foi bem maior que a média da região(1200 kg/ha), enquanto a produção do arrozfoi muito pequena (Tabela 2). Provavelmen-te, a baixa produção do arroz foi devida àsua baixa capacidade de competição com asforrageiras utilizadas e com a "juquira"como decorrência de seu crescimento inicialmuito lento. Um mês após o plantio, o milhojá tinha alcançado a altura de 90 em, en-quanto que o arroz media apenas 35 em. Poroutro lado, 27% dos grãos de arroz estavamchochos, com sinais de ataque de insetossugadores.

Não houve diferença significativa entreos métodos A e B, porém ambos proporcio-naram maiores produções de grãos que o mé-todo C (Tabela 2). No método C, a quanti-dade de sementes usada no plantio foi a me-tade daquela usada nos métodos A e B. Ajustificativa da inclusão do método C no en-saio foi uma tentativa de diminuir a com-petição entre a cultura e a forrageira, parabenefício de ambas. No entanto, o efeito ne-gativo da conseqüente redução na densidadede semente por área foi um fator decisivo naprodução.

A interação cultura x método de plantioexplica o maior efeito do fator método nomilho que no arroz (Tabela 2). Apesar daausência de efeito significativo para gramí-nea forrageira na produção de grãos, houveuma tendência do andropógon e do quicuio--da-amazônia permitirem maiores produçõesde grãos.

Produção das gramineas forrageiras

A produção das gramíneas forrageirasfoi afetada pela espécie forrageira (P < 0,01),cultura e método de plantio (P < 0,05) e pe-las interações cultura x gramínea forrageirae gramínea forrageira x método de plantio(P < 0,01).

A Tabela 3 mostra a produção das gra-míneas forrageiras por cultura. Esses dadosmostram que o capim quicuio-da-amazônianão deve ser usado em associação com cul-turas de milho ou arroz na renovação de pas-tagens, por seu lento estabelecimento, em-bora a germinação tenha sido baixa. Istoconfirma os relatos de Simão Neto & Ser-rão (1974) de que esse capim exige algumtempo após o plantio para mostrar o seupotencial. O colonião e, principalmente, oandropógon apresentaram uma produçãobastante satisfatória para um plantio misto.

TABELA 3. Produção das gramlneas forrageiraspor cultura.

Grarnrneaforrageira

CulturaMédia*

Milho Arroz

ColoniãoOuicuio-da-amazôniaAndrop6gon

kg de MS/ha

2143 1446a

160 322b

1854 1766a

748485

1677

Média*

* Médias seguidas das mesmas letras não diferemestatisticamente entre si pelo teste de Tukey(P.< 0,05).

MS= Matéria seca.

Por outro lado, apesar de não ter havidoefeito significativo da espécie de gramíneaforrageira na produção de grãos, houve uma

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tendência do andropógon em permitir maio-res produções do milho e do arroz, reforçan-do a hipótese de ser este capim menos com-petidor por nutrientes que o colonião.

Não houve efeito significativo da culturana produção das gramíneas forrageiras (Ta-bela 3). No entanto, pode-se notar que oarroz, por sua baixa capacidade de compe-tição, tende a permitir maior produção daforrageira associada.

A Tabela 4 mostra a produção das forra-geiras por método de plantio. De uma manei-ra geral, para esta resposta, os métodos A eC foram os mais eficientes métodos de plan-tio (P < 0,05), enquanto que os métodos B eC foram semelhantes. Contudo, no métodoB, a ausência de adubação nas fileiras dasgramíneas e a maior competição, com as fi-leiras das culturas afastadas 50 em, afetaramsensivelmente apenas a produção do colo-nião, evidenciando o efeito da interação gra-mínea forrageira x método de plantio. Tam-bém, nota-se que o andropógon não pareceuser afetado pelo método de plantio.

TABELA 4. Produção das gramlneas forrageiraspor método de plantio.

Gramíneaforrageira

Método de plantioMédia*

A B C

kg de MS/ha

Colonião 2342 531 1464 1446a

Ouicuio-da- 224 332 411 322b-arnazôniaAndropógon 1747 1809 1741 1766a

Média* 1438a 891b 1205ab

* Médias seguidas das mesmas letras não diferemestatisticamente entre si pelo teste de Tukey(P < O,05!.

MS = Matéria seca.

Disponibilidade de leguminosas

Dentro do componente leguminosa,além da centrosema plantada, foi tambémincluído o calopogônio nativo que surgiuespontaneamente na área e em grande quan-tidade.

179

A disponibilidade de leguminosas só foiafetada pela gramínea forrageira e métodode plantio (P < 0,01). A Tabela 5 mostra adisponibilidade de leguminosas por gramí-nea forrageira e por método de plantio. Acontribuição da leguminosa na composiçãobotânica da associação foi maior com andro-pógon que com o quicuio-da-amazônia,(P < 0,05) não havendo diferença entre an-dropógon e colonião. O porte erecto destescapins pareceu ter ajudado ao crescimentodas leguminosas trepadeiras,

TABELA 5. Disponibilidade de leguminosas porgramlnea forrageira e por mlltodo deplantio.

Grarnrneaforrageira

Método de plantioMédia*

A B c

kg de MS/ha

Colonião 348 202 642 398ab

Ouicuio-da- 209 131 329 223b-amazôniaAndropógon 794 309 792 632a

Média * 450sb 214b 588a

* Médias seguidas das mesmas letras não diferemestatisticamente entre si pelo teste de Tukey(P < 0,05).

MS = Matéria seca.

O método de plantio B foi o que pro-porcionou menores condições para o cresci-mento das leguminosas, provavelmente devi-do à maior competição por luz, água e nu-trientes, ocorrida neste método. Era de seesperar, portanto, que leguminosas, do gru-po fisiológico C3, fossem mais afetadas numplantio competitivo com gramíneas tropi-cais, do grupo C4, considerado de maior po-tencial de crescimento.

Presença de ervas invasoras ("juquira")

Constatou-se que a associação contendoquicuio-da-amazônia, por seu lento desenvol-vimento inicial, tendeu a ceder mais espaçosà "juquira", o que pode resultar em gastosadicionais com limpeza de pasto. Tambémpareceu haver algum efeito da competiçãoentre plantas na percentagem de "juquira",

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TABELA 6. Custo total do processo de renovação de pastagem usando a associação da cultura de milho comcolonião e androp6gon e métodos de plantio A e B.

Itens Custo total" emCr$ 1.0OO/ha

Preparo da área (enleiramento e gradagemlSementes de milhoSementes de forrageiras (gram(neas e leguminosalFertilizantes (45 kg de N + 60 kg de P20s + 60 kg de K20 + 2 kg de ZnlPlantio (milho + forrageirasl e colheita do milho

3001050

25035

Total 645

" Preços vigentes em junho de 1984.

TABELA 7. Retornos em milho e custo final da pastagem usando a associação da cultura de milho com colo-nião e andropógon e métodos de plentio A e B.

Produção Valor da produção Custo final daGramínea/método de milho de milho* pastagem**

(kg/hal (Cr$ 1.000/hal (Cr$ 1.000/hal

Colonião/método A 2350 402.857 +242.143Colonião/rnétodo B 3313 567.943 + 77.057Androp6gon/método A 3474 595.543 + 49.457Andropógon/método B 4144 710.400 - 65.400***

* Preços vigentes em junho de 1984.** Custo total menos valor da produção de milho.

* * * Ganho de 65.400 por hectare.

uma vez que o método C proporcionoumaior ocorrência de plantas indesejáveisdevido à menor densidade de plantio.

Custo da renovação de pastagem

o custo total do processo de renovaçãode pastagem, considerando os preços vigen-tes em junho de 1984 (Tabela 6), foi calcu-lado apenas para a cultura do milho com asgramíneas forrageiras colonião e andropó-gon e métodos de plantio A e B. Os respecti-vos retornos em milho e custo final da pas-tagem são mostrados na Tabela 7.

Para o colonião, o método A propor-cionou o custo final da pastagem mais alto(Cr$ 242.143fha) (Tabela 7), porém o esta-belecimento da gramínea foi mais eficiente(885 kg de MSfha). Com o método de plantioB, o custo final foi menor (Cr$ 77.057fha),mas o estabelecimento foi mais lento (478 kgde MSfha).

Usando-se o andropógon, o método Bfoi o mais econômico, pois a produção domilho foi suficiente para cobrir o custofinal da pastagem e ainda proporcionarCrs 65.400fha de retomo adicional (Tabe-la 7). Em contraste, o custo final da pasta-gem ao se usar o método de plantio A foi deCr$ 49.457, não havendo muita diferençano que diz respeito à eficiência do estabele-cimento (1608 e 1705 kg de MSfha para osmétodos de plantio A e B, respectivamente).

Considerando que o custo de implanta-ção de 1 ha de pasto em área de mata, giraem tomo de Cr$ 100.000, a renovação depastagens degradadas, através da associaçãode milho com colonião ou andropógon eusando-se o método de plantio A ou B, éeconomicamente justificável, tendo em vistaos gastos adicionais na construção de estra-das e cercas necessárias para a utilização daspastagens estabelecídas em áreas virgens.Ademais, ao se renovarem pastagens de-

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gradadas, estar-se-a aliviando a pressão dederrubada das florestas para suprir alimentopara os rebanhos existentes.

Na prática da agricultura tradicional,os riscos devidos às condições climáticas sãomuito. altos. Como no processo de renovaçãode pastagens degradadas, através da associa-ção de culturas de subsistência com forragei-ra, são necessárias aplicações de relativamen-te altos investimentos, a decisão do uso dessatecnologia requer muita cautela. De acordocom Sanchez & Salinas (1981), o cultivomisto de culturas com pastagens é bastantedependente do local e do clima. De fato, umexperimento semelhante plantado no mesmolocal não foi concluído no ano anterior porfalta de chuvas.

Dessa maneira, recomenda-se que a tec-nologia gerada por este experimento e osíndices obtidos devem ser testados antes quepossam ser largamente utilizados em ambien-tes diferentes do local estudado.

CONCLUSÕES

o experimento permite concluir o se-guinte, com respeito à associação de culturasde subsistência com forrageiras na renovaçãode pastagens degradadas.

1. O milho é mais indicado que o arrozcomo cultura precursora.

2. Os métodos de plantio A e B são maisindicados para a produção de grãos.

181

3. O capim colonião e, principalmente,o andropógon proporcionaram um bom esta-belecimento da pastagem com menor fre-qüência de "juquira". O quicuio-da-arnazô-nia não deve ser recomendado.

4. A associação contendo andropógontendeu a aumentar a disponibilidade de legu-minosas na pastagem resultante.

5. A associação de milho com coloníãoou andropógon plantados com os métodosA ou B é economicamente viável.

REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PASTAGENS NATIVAS DO TRÚPICO ÚMIDO BRASILEIRO:CONHECIMENTOS ATUAIS

Emanuel Adilson Souza Serrão!

RESUMO - As pastagens nativas representam um papel extremamente importante na regiãotropical úmida do Brasil. Até princípios da década de 60, antes do advento das rodovias deintegração da Amazônia, a pecuária de corte era baseada quase que totalmente na explora-ção extensiva das pastagens nativas. No início da década de 60, as rodovias de integração daAmazônia propiciaram a expansão da pecuária em áreas de floresta, reduzindo um pouco apressão sobre as pastagens nativas. Atualmente, em função das experiências - mais negati-vas que positivas - dessa expansão, se inicia uma tendência no sentido de intensificar a ati-vidade pecuária nos ecossistemas de pastagens nativas, ecologicamente mais estáveis que osecossistemas formados pela influência direta do homem nas áreas florestadas. Estima-se queexistem entre 50 e 75 milhões de hectares de pastagens nativas na região, em diversos gra-dientes de utilização, que se incluem em três principais ecossistemas: a) savanas bem drena-das, que compreendem os campos cerrados em seus diversos gradientes de extrato herbáceoe extrato arbóreo, b) savanas mal drenadas, cujo protótipo são os campos nativos da ilha deMarajó, com seus gradientes de inundação, e c) as pastagens nativas de solos aluvíais, cujoprotótipo são os campos de várzeas do baixo e médio Amazonas. O presente trabalho revisao conhecimento atual dos ecossistemas de pastagens nativas do trópico úmido brasileiro,principalmente sob o ponto de vista de sua caracterização florística, edáfíca e hidrológica ede seu potencial e suas limitações para a pecuária, seja em função de sua produtividade, valornutritivo e limitações ecológicas nos sistemas de produção atuais, seja em função de seu me-lhoramento através do uso de novas tecnologias geradas pela pesquisa na última década. Otrabalho indica também os principais fatores limitantes da produtividade das pastagens nati-vas que devem ser enfatizados nos programas regionais de pesquisa.Termos para indexação: Trópico úmido brasileiro, ecossistemas de pastagens nativas, poten-cial, limitações, tecnologia, manejo, produtividade, valor nutritivo.

THE NATURAL GRASSLANDS OF THE BRAZILlAN HUMID TROPICS:PRESENT STATE OF KNOWLEDGE

ABSTRACT - The natural grasslands play a very important role in the humid tropics ofBrazil. Until the beginning of the 60's, before the construction of the highways to theinterland of the region, beef cattle raising was based almost exclusively on extensiveexploitation of native grasslands. Highway constructions propitiated cattle raising expansionin forested areas, reducing the pressure on natural grasslands. Presently, as result of theexperience - more negative tha" positive - of that expansion, a tendency is underwaytowards the intensification of cattle raising on native grassland ecosystems, which areecologically more stable than that formed by direct influence of man in forested areas. Itis estimated that there are between 50 and 75 million hectares of natural grasslands in thehumid tropics of Brazil with various grazeable gradients which include three main types:a) well drained savannas which include the cerrado - type of savanna with their variousgradients of herbaceous and arboreal extracts, bl poorly drained savannas whose prototypeis the natural grassland of Maraj6 Island with various hydrological gradients, and c) alluvialsoil grasslands, which are typically represented by floodplain grasslands ofthe mid Amazonriver region. This paper reviews the state of knowledge on the natural grassland ecoSvstemsof the Brazilian humid troplcs, with regard to their floristic, edaphic and hydrologicalcharacteristics and their potential and limitations for animal production in view of theirproductivity, nutritive value and ecological limitations in the present production systems.

Eng. - Agr., Ph.D., EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém, PA.

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Research results on technology for pasture improvement and management are reported.Research priorities are also suggested.

Index terms: Brazilian humid tropics, native grassland ecosystems, potential, limitations,technology, management, productivity, nutritive value.

INTRODUÇÃO

As pastagens nativas têm representado erepresentam um papel extremamente impor-tante na região do trópico úmido brasileiro.Até princípios da década de 60, antes doadvento das rodovias de integração da Ama-zônia, a pecuária de corte na região era ba-seada quase que totalmente na exploraçãoextensiva das pastagens nativas.

A partir do início da década de 60, asrodovias de íntegração da Amazônia propi-ciaram a expansão da pecuária em áreas defloresta, reduzindo um pouco as pressõessobre as pastagens nativas. Atualmente, emfunção-das experiências - mais negativas quepositivas - dessa expansão, verifica-se umatendência no sentido de melhor utilizar opotencial dos ecossistemas de pastagens nati-vas, que são ecologicamente mais estáveisque os ecossistemas de pastagem formadospelo homem em segmentos de floresta,assunto este tratado em artigo específiconeste mesmo volume.

A utilização mais intensiva dos ecossis-temas de pastagens nativas deverá contribuirpara a diminuição da pressão da pecuária nasáreas florestadas da região.

O presente trabalho objetiva revisar oconhecimento atual sobre os principaisecossistemas de pastagens nativas do trópicoúmido brasileiro, principalmente do pontode vista de sua caracterização florística, edá-fica e hidrológica e de seu potencial e limita-ções para a pecuária, seja em função de suaprodutividade, valor nutritivo e limitaçõesecológicas nos sistemas de produção atuais,seja em função de seu melhoramento atravésdo uso de novas tecnologias geradas pela pes-quisa na última década.

ECOSSISTEMAS DE PASTAGENSNATIVAS DO TRÓPICO ÚMIDO

BRASILEIRO

As pastagens nativas da Amazônia Legal(regiões da Amazônia Legal e do TrópicoÚmido Brasileiro - Fig. 1 -, devido sua si-

rnilaridade do ponto de vista ecológico, sãotratadas indistintamente neste trabalho)estão incluídas nos 88 milhões de hectaresde vegetação de cerrado e 35 milhões dehectares de campos naturais estimados porNascimento & Homma (1984).

Entretanto, pelo que se conhece da re-gião, estima-se que existem entre 50 e 75milhões de hectares de áreas cobertas por ti-pos de vegetação considerados "pastejáveis",que apresentam diversos gradientes de den-sidade do extrato herbáceo, o extrato demaior interesse do ponto de vista de alimen-tação animal.

Levando em consideração somente oaspecto hidrológico, as pastagens nativas daregião do trópico úmido brasileiro foramclassificadas por Serrão & Simão Neto (1975)e Serrão & Falesi (1977) como pastagens na-tivas de áreas inundáveis - que incluem asáreas de pastagens sujeitas a inundações per-manentes ou periódicas, como as áreas depastagens das várzeas do baixo e médio rioAmazonas, e dos campos da Ilha de Marajóe similares - e as pastagens nativas de terrafirme, que incluem as áreas de pastagensnativas de vegetação de savana tipo cerrado.

Uma classificação que leve em conside-ração as caracter ísticas hidrológicas, edáficase florísticas ao mesmo tempo parece ser maisadequada. Considerando esses aspectos, epara efeito deste trabalho, as pastagens nati-vas da região do trópico úmido brasileiro sãoconsideradas como três importantes ecossis-temas, a saber: pastagens nativas de savanasbem drenadas, pastagens nativas de savanasmal drenadas e pastagens nativas de solosaluviais de várzea (Toledo & Serrão 1984). AFig. 1 mostra a distribuição aproximadadesses três ecossistemas de pastagens nativasna região da Amazônia Legal.

PASTAGENS NATIVASDE SAVANAS BEM DRENADAS

As savanas bem drenadas (SBD) corres-pondem às áreas de vegetação de savana tipocerrado que, com variações edáficas e florís-

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70°

12°-LEGE}oIOA-

-- WtlTE DA AMAlONIA LEGAL_.- LIMITE DOTRÓPICO ÚMIDO DENTRO DA AMAlOHIA LEGALw/W/ PASTAGENSNATIVASDESOlOS ALUVIAIS DE VARlEAS

16° ~ ~ ::~~~~~~ ~~~II~~~ : ~~~:N~S ~~~ D:RE/:::S

70° 66° 62" 58" 54°

185

../'~o

FIG. 1. A Amazônia Legal, o Trópico Úmido Brasileiro e a distribuição esquemática das pastagens nativas.Adaptado de: Serrão & Falesi (1977).

ticas pOUCOacentuadas, são encontradas nasregiões orientais dos Territórios Federais doAmapá e Roraima, na região nordeste do Es-tado de Mato Grosso, norte do Estado deGoiás, sul do Estado do Pará, oeste do Esta-do de Rondônia e em outras áreas menosextensas onde a floresta é interrompida(Fig. 1).

A origem do ecossistema das savanastipo cerrado da região, não é bem conhecida,com diferentes autores propondo causas di-versas. Eden (1964), discutindo os fatoresque podem ter contribuído para a formaçãodas áreas de SBD comuns à Guiana Inglesa,Venezuela, e norte do Brasil, sugere que fa-tores diversos como flutuações climáticas du-rante muitos anos, associados a fatores edáfi-cos (principalmente baixa fertilidade dosolo), a presença do homem com sua ativida-de destrutiva, além das correlações que têmsido observadas entre antigas superfíciespaisagísticas e as savanas, podem explicar apresença atual desse tipo de ecossistema.

Lanjown (1954) especulando sobre a

origem desse mesmo tipo de savana propõetrês interpretações diferentes para a sua ori-gem: 1) a floresta foi eliminada e o fogo foiconstantemente usado daí por diante (ori-gem antropogênica); 2) as savanas que co-brem terrenos impermeáveis tiveram origemedáfica, independente da presença do fogo;3) as savanas que cobrem solos lateríticostambém tiveram origem edáfica. Coradin(1978), entretanto, sugere que, uma vez queo solo é dependente do clima, a causa princi-pal foi climática e não edáfica.

De acordo com o estudo do projetoRADAM (1975), o avanço da savana sobre afloresta e vice-versa têm dependido da ori-gem do solo das áreas modificadas e das flu-tuações climáticas no passado.

A verdade é que não existe uma explica-ção conclusiva sobre a origem das pastagensnativas de savanas tipo cerrado da região. Oque parece claro é que fatores climáticos,edáficos, e antropogênicos se complementamnão só para explicar a formação mas tambémpara a manutenção da estabilidade relativa

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'TABELA 1. Composição qufmica média de solos de pastagens nativas de SBO (O· 20 em). (Adaptado de:Empresa Brasileira de Pesquisa... 1980, Falesi 19761.

Localidade PSolo M.O. Argila Ca+ Mg AI K

Município de Macapá, APMunicípio de Amapá, APMunicípio de Boa Vista, RRMunicípio de Caracaraí, RRMunicípio do Barra do Garça, MT

LCI

LA2LVA3

LA2LVE4

%--

2,0 281,6 261,5 251,8 291,4 25

__ meq% ___ ppm __

4,5 0,35 1,2 15 1,04,5 0,35 1,3 20 < 1,05,0 0,75 1,2 22 1,04,5 0,35 1,5 20 1,04,7 0,48 1,4 35 1,6

I Latossolo Concrecionário (Oxissolo, fase pétrical2 Latossolo Amarelo (Oxissolol3 Latossolo Vermelho-Amarelo (Oxissolol4 Latossolo Vermelho [Oxissolo)

350

300

250

200

-E~

150

ã.

]100

50

P R E C I PI TAÇÃO "".'-'-'- NACAPÃ-rOTAL/AHO t.314 ••

--- BOAVISTA-TOTAl/IJoIO l.n911111111

30 ---- CUIA8Á -TOTAL/AMO 1.)15 •••

á> TEM P( RATURA -c~--~IoI"'C"'PÁ

--'-BOAVlSTAo ,

25:; - CUtA8A

20

FIG. 2. Precipitação pluviométrica e temperatura médias em três áreas distintas de ocorrência de pasta-gens de SBD. Fonte: Bastos (1972).

M M

desse tipo de ecossistema. Coradin (1978)revisa e discute a importância do fogo sob oponto de vista da dinâmica do ecossistemade pastagem de SBD, enfatizando as condi-ções de Roraima.

Solo

Os solos predominantes nas pastagensnativas de SBD são ácidos e, via de regra, demuito baixa fertilidade. A Tabela 1 mostra

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a composição química média de solos em di-ferentes áreas de SBD na Amazônia.

De modo geral, há predominância de so-los latossólicos (oxissolos) com muito baixosteores de Ca, Mg, K e altos teores de AI ealta acidez.

A baixa fertilidade (principalmente) e aalta acidez dos solos, constituem o fatormais limitante da. produtividade biológicadas pastagens nativas de SBD, como será vis-to mais adiante.

Clima

o clima predominante nas áreas ondeocorrem as pastagens nativas de SBD variacom a região geral onde ocorrem, impondomaior ou menor rigor climático, principal-mente estresse hídrico, ao ecossistema, o queresulta em estacionalidades produtivas mar-cantes, principalmente nas mais altas latitu-des tanto ao norte como ao sul da região.

A Fig. 2 mostra as diferenças de precipi-tação pluviométrica em três áreas de ocor-rência de SBD.

Com base em fatores climáticos, mais es-pecificamente, na evapotranspiração poten-cial total durante a estação chuvosa (TWPE)e a temperatura durante a estação chuvosa,que proporciona uma base quantitativa ra-cional para explicar os padrões de coberturavegetal segundo a energia disponível para ocrescimento e comportamento das pastagens,as SBD da região são classificadas em savanasiso-hipertérrnicas (TWPE 901-1060 mm;tem-peratura média durante a estação chuvo-sa > 23,5°C) e isotérmicas (TWPE 901 -1060 mm, e temperatura média durante aestação chuvosa < 23,5°C) (Centro Inter-nacional. .. 1981). As áreas de pastagens deSBD de Roraima e Amapá (Fig. 1) são consi-deradas iso-hipertérmicas. As que ocorrem nosul da região são consideradas isotérmicas.

Vegetação

A vegetação das pastagens nativas deSBD é caracterizada por uma cobertura cons-pícua, contendo principalmente gramínea,mas também leguminosas herbáceas e plantaslenhosas em densidades variáveis.

Sob o ponto de vista de sua coberturavegetal, a classificação proposta por Eden(1964), usando terminologia brasileira, pare-

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ce ser ainda a mais apropriada. Ele classificaas savanas em dois tipos: arbóreas abertas(que incluem o campo cerrado, o. campoaberto e o campo sujo) e herbáceas (que in-cluem o campo limpo dominado por gramí-neas e o campo limpo dominado por ciperá-ceas). A Tabela 2 mostra as principais ca-racterísticas de cada subtipo.

Do ponto de vista de alimentação ani-mal, o extrato herbáceo é o segmento maisimportante do ·ecossistema, e, por essa razão,é enfatizado, a partir de agora, neste traba-lho.

O extrato herbáceo das pastagens nati-vas de SBD inclui, além de outros menos im-portantes, os gêneros de gramíneas Axonb-pus, Andropogon, Eragrostis, Trachypogon,Paspalum, Panicum, Aristida, Mesosetum ede leguminosas Centrosema, Stylosanthes,Desmodium, Zornia, Macroptilium; Oitotia,Rhyncosia, Canavalia (Eden 1964, Serrão &Simão Neto 1975, Serrão & Falesi 1977,Coradín 1978).

O número de espécies em cada gêneronão é bem conhecido e, naturalmente, devevariar com as diferentes regiões ecológicasonde ocorrem as pastagens de SBD. Serrão &Simão Neto (1975) indicam que são conheci-das 120 espécies de Axonopus, 80 de Paspa-lum, 80 de Panicum, 25 de Eragrostis, 10 deTrachypogon, 23 de Andropogon. Nas SBDde Roraima, Coradin (1978) encontrou seisespécies do gênero Aristida e, provavelmen-te, este gênero ocorre em outras SBD da re-gião. Serrão & Simão Neto (1975) relatamque são conhecidas 15 espécies de Centro-sema, 6 de Stylosanthes, 14 de Desmodium,5 de Zomia entre outras.

Essas gramíneas e leguminosas sãoadaptadas às condições adversas de baixa fer-tilidade e alta acidez dos solos onde vegetam,além de suportarem queimadas periódicasmuito freqüentes nas pastagens de SBD.

Importância para a pecuária

Em algumas regiões onde ocorrem, prin-cipalmente em Roraima, Amapá, Mato Gros-so e Goiás, as pastagens nativas de SBD de-sempenham um papel muito importante napecuária, principalmente na bovinoculturade corte. De um modo geral, a utilização dasSBD na pecuária de corte se restringe princi-palmente às fases de cria e, até certo ponto,

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TABELA 2. Principais tipos e subtipos de pastagens de SBD. segundo Eden (19641.

Tipo/subtipo Extrato herbáceo Extrato arb6reo

Savana aberta

Campo cerrado Predomrnio de gram(neas comsubstrato de ciperáceas e algunsarbustos

Denso mas não contínuo; árvoresdistantes 5 a 10m uma da outra

Campo aberto Idem

Campo sujo Idem

Savana herbácea

Campo limpo dominadopor gramíneas

Campo limpo dominadopor ciperáceas

Idem

Predomínio de ciperáceas Praticamente isento

recria, em condições de exploração extensi-va, com baixo nível de tecnologia de manejode pastagem. Via de regra, as fases de recriae engorda são desenvolvidas em pastagensmelhoradas de mais alto potencial de produ-tividade. Entretanto, como se verifica noAmapá e em Roraima, em alguns casos, todoo processo de cria, recria e engorda é desen-volvido em pastagens de SBD, com índicesmuito baixos de produtividade.

Limitações para a pecuária

A primeira, mas não necessariamente amaior, limitação das pastagens nativas deSBD é a baixa produtividade. As informa-ções disponíveis (Empresa Brasileira de Pes-quisa... 1980) indicam, que a produtividadeprimária das pastagens de SBD raramenteexcede 5 t de matéria seca (MS) por hectarepor ano. Por outro lado, o potencial de res-posta do extrato herbáceo à adubação é mui-to baixo, o que torna bioeconomicamenteinviável o aumento da produtividade atravésdessa alternativa tecnológica. A capacidadede suporte é função da proporção do extratoherbáceo em relação ao extrato arbóreo, po-dendo variar de 4 a 10 hectares por unidadeanimal (DA).

Indubitavelmente, o baixo valor nutriti-vo das grarníneas do extrato herbáceo dasSBD é a sua maior limitação. Em seu mais

Menos denso; crescimento maisreduzido; árvores distantes maisde 10 m

Bastante esparso; árvores e arbus-tos geralmente com menos de3 m de altura

Praticamente isento

favorável estágio de maturidade para consu-mo pelos animais durante a estação chuvosa,a forragem disponível nas SBD raramenteultrapassa 7% de proteína bruta (PB) (nívelcrítico convencional 7%), 0,20% de cálcio(Ca) (nível crítico convencional 0,1'8%) e0,10% de fósforo (P) (nível crítico conven-cional 0,18%), tendo em geral, mais de 30%de fibra bruta (FB) (National ResearchCouncil1976, Serrão & Falesi (1977), Empre-sa Brasileira de Pesquisa ... 1980). SegundoSerrão & Falesi (1977), a baixa qualidadedas SBD está intimamente associada com obaixo nível de fertilidade e com alta taxa erapidez de lignificação das gramíneas do ex-trato herbáceo. Esse problema se agrava noperíodo de estiagem quando os animais pas-sam a perder peso. Em Roraima, por exem-plo, num espaço de 140 dias (entre início denovembro e fim de março), na estação secafoi observado uma perda média de peso poranimal de 30 kg (Relatório Técnico Anual ...1983). Essa perda de peso tende a se prolon-gar por mais cerca de 30 dias até o início daestação chuvosa, em princípios de maio. Obaixo consumo voluntário da forragem dis-ponível e seu baixo valor nutritivo são asprincipais causas da performance negativado rebanho no período seco.

Aparentemente, as leguminosas nativas,devido sua muito reduzida participação nacomunidade de plantas que compõem o

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extrato herbáceo das pastagens de SBD,contribuem muito pouco para a dieta dorebanho.

O uso do fogo no fim do período secotende a atenuar o problema de baixa qualida-de e baixo consumo das pastagens, principal-mente nos primeiros meses da estação chuvo-sa. Este é um aspecto do manejo de pasta-gens de SBD que tem sido inexplorado pelapesquisa na região do trópico úmido, não sódo ponto de vista ecológico como tambémdo ponto de vista de produção animal.

Potencial para produção pecuária

A produtividade pecuária nas pastagensno ecossistema de SBD do trópico úmidopode ser aumentada através da utilizaçãomais intensiva do ecossistema natural per see com suplementação alimentar através depastagens cultivadas de maior potencial deprodução e qualidade, a fim de, por um lado,elevar a capacidade de suporte do sistema e,por outro, reduzir o problema do baixo va-lor nutritivo das pastagens (Serrão & Falesi1977).

A partir dos meados da década de 70,principalmente com o advento do Projeto deMelhoramento de Pastagem da Amazônia Le-gal - PROPASTO (Empresa Brasileira dePesquisa... 1980), a pesquisa tem buscadoalternativas tecnológicas visando o aumentoda produtividade das pastagens de SBD, prin-cipalmente nos Territórios Federais de Ro-raima e Amapá, regiões mais carentes detecnologia,

Ênfase tem sido dada a: 1) seleção degermoplasma de gramíneas e leguminosasforrageiras para formação de pastagens maisprodutivas; 2) fertilização de pastagem e 3)melhoramento e manejo de pastagens nativase cultivadas.

1) Seleção de forrageiras

As pesquisas desenvolvidas nos últimosanos (Empresa Brasileira de Pesquisa ...1980, Relatório Técnico... 1983, 1984a, b,1985) mostram que os gêneros Brachiaria eAndropogon são atualmente a principalfonte de diversidade genética para seleção degramíneas forrageiras para formação de pas-tagem em SBD. B. humidicola, B. decum-bens, B. dyctioneura, B. brizantha e A. gaya-

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nus são as espécies mais promissoras, sendoque B. humidicota, B. decumbens e A. gaya-nus têm sido as mais difundidas na região.Outros gêneros como Hyparrhenia, Pennise-tum e Melinis também podem ser considera-dos potencialmente 'promissores e precisamser melhor avaliados. O gênero Paspa/umtem despertado o interesse dos pesquisadoresregionais (Lima & Gondim 1982) e a avalia-ção preliminar de algumas espécies dessegênero indicam que P. secans, P. guenoarume P. notatum, potencialmente, podem tam-bém se constituir em alternativas promisso-ras para formar pastagens nas condições deSBD, principalmente porque as duas primei-ras espécies são nativas da região.

As dificuldades maiores têm sido paraselecionar leguminosas forrageiras produtivase persistentes para as condições de SBD. To-das as tentativas têm sido muito pouco fru-tíferas (Empresa Brasileira de Pesquisa .1980, Dutra et aI. 1980, Relatório Técnico .1983, 1984a, b, 1985).

Têm sido in troduzidas leguminosas co-merciais e semi-comerciais e, em algunscasos, novos germoplasmas, principalmentedos gêneros Centrosema, Sty/osanthes, Pue-raria, Macroptilium, Cajanus, Zornia, Des-modium, Galactia, Cajanus, Aeschynomene,Dioclea. Desses gêneros, Sty/osanthes, Cen-trosema, Zornia, Cajanus, Desmodium eDioc/ea têm se mostrado os mais promisso-res. O principal problema das leguminosastestadas nas SBD é a falta de persistência,que está relacionada com fatores edáficos(principalmente alta acidez e baixa fertili-dade do solo), climáticos (estação seca longae bem definida), doenças (como "antrac-nose" - causada pelo fungo Colletrichumsp -, "meia" - causada por fungo do gêneroRhizoctonia - e "mancha das folhas" - cau-sada por Cercospora sp, - entre outras) epragas (como Diabrotica sp).

Os gêneros de leguminosas mais promis-soras estão representados por espécies quevegetam nas SBD. Este fato é de grande im-portância para a coleta de germoplasmavisando um programa de seleção e melhora-mento de leguminosas forrageiras produti-vas e persistentes nas condições de SBD.

A pesquisa deve enfatizar a seleção degermoplasma de gramíneas e leguminosaspara aumentar a produtividade das pastagensnas áreas de SBD.

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2) Adubação de pastagem

Devido à muito baixa fertilidade dos so-los das SBD, o uso de fertilização tem sidoenfatizado pela pesquisa (Empresa Brasileirade Pesquisa... 1980, Dutra et al. 1980,Relatório Técnico '" 1983, 1984a, b, 1985),visando aumentar a produtividade das pasta-gens cultivadas uma vez que, como foi men-cionado anteriormente, a adubação do extra-to herbáceo nativo é inviável bioeconomica-mente.

De um modo geral, têm sido observa-das respostas significativas, em termos de au-mento de produção de forragem, para prati-camente todos os macro-nutrientes, sendoque o fósforo (P) tem sido reportado siste-maticamente como o elemento mais limitan-te. P > N> K> S= Ca tem sido a ordem deimportância de resposta mais observada. Atéo momento, ainda não está bem esclarecidoo papel dos micronutrientes na produtivi-dade das pastagens em SBD.

Na prática, a formação de pastagem nasSBD não pode prescindir de-um aporte defertilização, o que tende a torná-Ia inviáveleconomicamente nas condições da região,devido aos altos custos dos fertilizantes.

Uma alternativa para reduzir os custosde implantação de pastagem seria o plantiode gramíneas forrageiras em cultivo mistocom arroz onde a pastagem se beneficiariado preparo de solo para seu plantio e onde aadubação residual do arroz seria suficientepara propiciar um bom estabelecimento dapastagem como tem sido feito nas SBD iso-térmicas do Brasil Central. Este processo temsido investigado em SBD de Roraima e Ama-pá e os resultados obtidos têm sido bastantepromissores (Relatório Técnico... 1983,1984a, b, 1985). Têm sido possível obterentre 1.000 e 2.000 kg de arroz por hectarecom adubações N-P-K média de 50-80-60 kgpor hectare com adição de cerca de 15 kgde S04Zn. As experiências de Roraima eAmapã indicam que é bioeconomicamenteviável a implantação de pastagens de Andro-pogon gayanus com Cajanus cajan ou Stylo-santhes spp e de Brachiaria humidicola comC cajan ou Desmodium ovalifolium atravésdo plantio associado com arroz, com estecultivo sendo o responsável pela maiorparte dos custos envolvidos no processo.

O alto custo atual de implantação de

pastagem nas SBD, utilizando as poucasforrageiras disponíveis, torna ainda maisimportante a necessidade de seleção de ger-moplasmas mais adaptados visando a utiliza-ção de um mínimo possível de insumos defertilizantes no processo de formação depastagem.

3) Melhoramento e manejo de pastagem

Além da seleção de germoplasmas maisprodutivos e métodos de formação de pasta-gens mais adequados bioeconomicamente, hánecessidade de práticas de manejo de pasta-gem e animais compatíveis com as peculiari-dades e com o potencial das pastagens nati-vas de SBD.

Práticas de manejo, tais como uso estra-tégico do fogo ou de roçagens mecânicaspara estimular o crescimento de forragemde melhor valor nutritivo, controle de pres-são de pastejo através do uso de cercas, su-plementação energético-protéica, mineraliza-ção do rebanho, são medidas que poderãoduplicar ou triplicar a produtividade das pas-tagens nativas de SBD per se. São insuficien-tes as informações sobre manejo de pastagempara produção animal e sobre suplementa-ção alimentar nas SBD hipertérmicas do tró-pico úmido brasileiro. As poucas informa-ções sobre a intensificação do manejo dasSBD (Relatório Técnico... 1983, 1984a, b)parecem indicar sua viabilidade, o que sugerea necessidade de mais pesquisas.

A substituição da vegetação nativa emsegmentos de SBD por pastagens cultivadasusando forrageiras adaptadas, pode resultarem capacidade de suporte até cinco vezesmaior que a pastagem nativa per se. Pelomenos é o que sugerem as pesquisas desen-volvidas principalmente em Roraima e Ama-pá (Empresa Brasileira... 1980, RelatórioTécnico... 1983, 1984a, b, 1985).

A utilização das pastagens nativas com-plementadas por pastagens cultivadas pareceser o melhor sistema de produção para me-lhor utilização das SBD na região. A propor-ção depende de fatores tais como: a quanti-dade de área de SBD disponível, os custosdos insumos, o sistema de criação, entre ou-tros. As pastagens cultivadas, além de au-mentarem a capacidade de suporte da pro-priedade, complementam a pastagem nativasob o ponto de vista qualitativo como mos-

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.. TABELA 3. Percentagem média de protelna bruta, cálcio e fósforo em forrageiras nativas e cultivadas emSBO do trópico úmido brasileirol.

Forragem2 Proteína Cálcio Fósforobruta (Ca) (P)

%

5,5 0,30 0,067,5 0,35 0,12

13,0 1,2 0,25

De gramínea(s) nativals) de SBDDe qrarnfneats] cultivada(s) em área de SBDDe leguminosa(s) cultlvadalsl em área de SBD

Fonte: Serrão & Falesi 1977, Empresa Brasileira ... 1980, Dutra et aI. 1980.2 Colhida de plantas em início de floração.

IGAPÓMATACILlAR

NíVEL MÁxIMO DA ENCHENTE

--- NíVEL MíNIMO DA VASANTE

MARGEM DOBARRANCO

FIG. 3. Corte transversal típico de um ecossistema de várzea, como ocorre nas regiões do baixo e médioAmazonas. mostrando as pastagens de SAV Que correspondem aos campos e partes dos igapós naFigura. Fonte: Sioli (1951c).

tra a Tabela 3. Nesse contexto, as legumino-sas forrageiras deverão ter papel de granderelevância.

Entretanto, atualmente, a falta de legu-minosas forrageiras adaptadas às condiçõesde SBD é fator limitante para a maior efi-ciência bioeconômica desse sistema integra-do de pastagem nativa - pastagem cultivada.

Com a intensificação do uso das SBDregionais, e conseqüente aumento de suaprodutividade, será possível a introdução derebanhos de maior potencial produtivo e re-produtivo e, provavelmente, desenvolvernessas áreas as fases mais lucrativas do pro-cesso produtivo, isto é, as fases de recria eengorda de bovinos de corte. Paralelamente,grandes áreas de floresta amazônica deixarãode ser derrubadas e queimadas, evitando,assim, possíveis perturbações ecológicas.

PASTAGENS NATIVASDE SOLOS ALUVIAIS

o ecossistema das pastagens nativas de

solos aluviais é formado principalmente nasáreas de várzea que ocorrem, via de regra, emassociação com as águas barrentas e turvasdo rio Amazonas e de tributários seus quecarregam partículas orgânicas e minerais emsuspensão que são depositadas anualmentepor ocasião da vazante dos rios (processoesse chamado de "colmatagem"), fazendocom que os solos sejam considerados de altafertilidade quando comparados aos solos deterra firme em geral.

A origem e formação das várzeas amazô-nicas são relatadas por Sioli 1950, 1951 a,1951 b, 1951 c. Um curto resumo do fenôme-no de formação das várzeas foi feito porSioli (l951c): "Depois do esvaziamento dolago amazônico do terciário, os rios que for-maram começaram a cavar, no fundo dos se-dimentos relativamente moles daquele lago,os seus largos vales. Mas, no caso dos rios de"água branca", isto é, turva, barrenta, carre-gada de muitas partículas anorgânicas e or-gânicas em suspensão, eles colmataram de

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TABELA 4. Composição quimica (O· 20 em) média de solos aluviais de várzea ou similar em diversos locaisdo trópico úmido brasileiro.

Local cs" + Mg++ AI+++ pH K P(H2O)

meq% --- ppm __

Monte Alegre, PA 6,0 0,2 5,4 230 51Maraj6, PA (estuário) 7,4 4,9 168 18Amapá, AP (estuário) 8,2 0,8 5,7 147 68Barreirinha, AM1 6,1 0,8 5,1 75 42

I Fonte: Correa & Bastos (19821.

novo grandes extensões dos largos vales comos seus próprios sedimentos, formando destamaneira um terreno baixo, largo e alagável,dentro do qual se estende o verdadeiro leitodo rio, instável e que quase constantementese modifica. Este terreno alagável, de aluviãorecente, é chamado Várzea ou Vargem".

Os protótipos das várzeas amazônicas(Fig. 3) ocorrem principalmente nas regiõesdo baixo e médio rio Amazonas. Não obstan-te, áreas consideráveis existem também naregião do estuário do rio Amazonas, na ilhade Marajó e no Território Federal do Ama-pá (Fig. 1) e, em menor escala e maior desca-racterização, em outras regiões do trópicoúmido brasileiro.Solos

Os solos predominantes nas pastagens deáreas de solos aluviais de várzea (SA V) típi-cas são solos hidromórficos, principalmenteInceptissolos - predominando os solos gleiúmico e glei pouco úmico - resultantes doacúmulo de sedimentos muito recentes queforam e continuam a ser carreados e deposi-tados nas áreas de ocorrência através dasinundações periódicas dos rios de água bar-renta (Falesi 1972).

Essa deposição anual (como ocorre naregião do baixo e médio Amazonas) oudiária (como se verifica na região do estuáriodo Amazonas) faz com que os solos doecossistema das várzeas típicas sejam geral-mente de alta fertilidade, como mostra a Ta-bela 4.

Essas características de alta fertilidadefazem com que a forragem do extrato herbá-ceo das pastagens de SAV atinja altos níveisde produtividade e qualidade, como será vis-to mais adiante.

Água

A água que concorre para a formação doecossistema da várzea tem um papel muitoimportante quanto à produtividade do extra-to herbáceo desse ecossistema, pois as gramí-neas que nele predominam são, em sua maio-ria, "anfíbias" (Black 1950) e dependemtambém dos sedimentos organo-mineraispara sua nutrição.

Segundo Sioli (19 51a), os rios de águaturva barrenta (ex. rio Amazonas) são consi-deravelmente mais férteis que os rios de águalimpa, transparente (ex. Rio Tapajós) ou deágua preta (ex. Rio Negro). Segundo o referi-do autor, o quimismo das águas é dinâmico ese modifica com as mudanças de estação du-rante o ano. Na época chuvosa a água temum menor teor de sais do que durante a esta-ção seca em virtude da diluição pelas águaspluviais. Entretanto, as águas pluviais ex-traem e arrastam das camadas mais super-ficiais do solo das áreas não inundadas certassubstâncias orgânicas que são carreadas paraos rios. Por isso, na época chuvosa, as águasdos rios são mais ricas em substâncias orgâni-cas oxidáveis e em nitratos de origem orgâni-ca e mais ácidas e mais pobres em bicarbona-tos, cálcio, sulfatos etc. (substâncias prove-nientes das camadas mais profundas) que naépoca seca.

De um modo geral, a produtividade pri-mária do extrato herbáceo tende a ser menorà medida que a água vai se tornando maisclara em virtude da redução no tamanho dasfolhas e do vigor das gramíneas componentesda associação.Vegetação

Do ponto de vista de alimentação ani-

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mal, o extrato herbáceo é o segmento maisimportante da vegetação do ecossistema dasvárzeas. Por sua vez, as gramíneas são o prin-cipal componente do extrato herbáceo.

Das gramíneas descritas por Black(I950), Serrão & Simão Neto (1975) e Ser-rão & Falesi (l977) citam as espécies Echi-nochloa polystachia, Hymenachne amplexi-caulis, Leersia hexandra, Luziola spruceana,Paspalum fasciculatum; Oriza alta, Orizagrandiglumis, Oriza perennis, Paspalum re-pens, Panicum zizaniodes, Panicum elephan-tipes e Eriochloa punctata, Parathreria pros-trata como as mais importantes 'do pontode vista de alimentação animal.

Black (I950) considera essas gramíneascomo "anfíbias" pelo fato de poderem so-breviver flutuando ou submersas durante asenchentes' dos rios ou vegetando em terrenorelativamente seco durante a baixada daságuas.

Na realidade, pouco se conhece sobre afisiologia dessas importantes plantas. Segun-do Arias (1980) espécies como Leersia he-xandra e Hymenachne amplexicaulis pos-suem mecanismo fotossintético semelhanteao das grarníneas C3 típicas de climas sub-tropicais e principalmente temperados e,por isso, são consideradas gramíneas C3•

Também Hattersley & Watson (1975) consi-deram essas duas gramíneas como pertencen-tes ao grupo das plantas C3. É possível que,além de L. hexandra e H amplexicaulis, exis-tam outras gramíneas C3 no grupo acimarelacionado.

Outras gramíneas são citadas por Black(1950). Entretanto, atualmente, elas têmpouca representatividade no ecossistema daspastagens nativas de SAV e, por isso, deixamde ser enfatizadas neste trabalho.

Albuquerque (1981) e Junk (I 979) des-crevem uma série de plantas aquáticas e ana-lizam suas possibilidades como plantas for-necedoras de forragem a bovinos e bubali-nos. Entre elas estão os murerus (Eichorniacrassipes, Ceratopteris pteridoides, Salviniaauriculata, Pontederia rotundifolia, Pistiastratiotes e Azolla microphylla], a erva-de--sapo (Limnobium stoloniferum), camarão--pichaua (Utricularia foliosa), Ceratophyllumdemersum e Phyllanthus fluitans (Albuquer-que 1981).

De um modo geral, os ecossistemas depastagens nativas de SAV são pobres de legu-

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minosas herbáceas ou arbustivas de interesse,do ponto de vista de alimentação animal.Teramnus volubilis, Mimosa spp, Cassia spp,Rhinchosia minima, Galactia sp, Vigna ade-nantha, Vigna vexillata, Aeschynomenesensitiva, A. rudis, Ciitoria amazonum, Ses-bania exaspera ta são as leguminosas que po-dem ser encontradas com certa freqüência.

I mportância para a pecuária

As pastagens nativas de SAV, principal-mente nas regiões do baixo e médio rio Ama-zonas, têm desempenhado um papel de gran-de relevância no contexto da pecuária decorte (principalmente) no' trópico úmidobrasileiro. Até o início da década de 60 essaspastagens, juntamente com campos nativosdo arquipélago do Marajó, eram praticamen-te o único suporte da pecuária regional.

Atualmente, além de continuarem sendoa principal fonte de alimentação da pecuáriabovina nas referidas regiões pastoris, sua im-portância aumenta à medida que aumenta ademanda por mais proteína animal e quecresce o interesse pela bubalinocultura que,por suas peculiaridades, pode, mais eficiente-mente, explorar seu potencial como será vis-to mais adiante.

Limitações para a pecuária

A principal limitação das pastagens nati-vas de SAV para a bovinocultura tem sido asdificuldades do manejo do rebanho durantea estação das águas, quando as áreas de pas-tagem são inundadas e os animais são retira-dos para áreas de terra firme adjacentesonde, por falta de pastagens nativas ou culti-vadas de maior potencial produtivo, sãomantidos em pastagens como característicasdas SBD (baixa produtividade e baixa qua-lidade) ou, em outros casos, são mantidosconfinados em currais elevados chamados"marombas" construídos nas próprias áreasde várzea, ou nos chamados "tesos", que sãoáreas mais elevadas da várzea, em precáriascondições de higiene e alimentação. Emambos os casos, durante o período dascheias (cerca de cinco a seis meses), os bovi-nos tendem a perder peso ou, no máximo,mantê-lo. Em muitos casos, pode haver per-das consideráveis por desnutrição e proble-mas sanitários, principalmente nos anos

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TABE LA 5. Composição qu imica da forragem de gramíneas nativas de pastagem de SAV e nativas e cultiva-das de terra firme do trópico úmido brasileiro antes da floração e colhida em seus respectivosecossistemas 1.

Gramínea Fósforo(P)

Proteínabruta

Fibrabruta

Cálcio(Ca)

De pastagens nativas de SAV2

Echinochloa polystachiaHymenachne amplexicaulisLeersia hexandraLuziola spruceanaOryza sppPaspalum fasciculatumPaspalum repens

Média

De pastagem nativa de SBD2

Axonopus afinis

Axonopus sppPaspalum sppTrachypogon spp

Média

De pastagens cultivadas em terra firme3

Panicum maximum8rachiaria humidicolaHyparrhenia rufa

Média

% na MS

9,810,813,511,08,5

12,512,5

12,2

37,5 0,36 0,2633,6 0,17 0,2034,4 0,26 0,1731,7 0,2538,9 0,19 0,1334,9 0,53 0,1235,5 0,30 0,22

35,2 0,29 0,18

31,7 0,16 0,0636,3 0,14 0,0735,0 0,15 0,0847,0 0,18 0,06

37,5 0,16 0,07

0,26 0,120,23 0,120,28 0,16

0,26 0,13

5,88,06,07,8

6,9

8,87,7

7,1

7,9

1 Fonte: Serrão & Falesi 1977, Camarão et aI. 1986.2 Forragem colhida pouco antes da floração.3 Forragem colhida no Inrcío da floração.

quando a cheia é maior ou mais prolongada(Serrão & Falesi 1977).

Essas limitações são consideravelmentereduzidas para os bubalinos devido suas van-tagens como animais adaptados às condiçõesde áreas inundáveis. Não obstante, sua per-formance é também bastante reduzida du-rante a estação das cheias.

Potencial para a pecuária

1) Alto potencial de produção de forragemEmbora não existam dados sobre a pro-

dutividade das pastagens nativas de SAV, es-tima-se que, dependendo do gradiente ondecrescem (Fig. 3), podem produzir mais de20 tlha de matéria seca de forragem por ano,principalmente no período seco do ano,quantidade essa superior à produção de for-ragem nas pastagens cultivadas de terra fir-me.

Por outro lado, essa produtividade podeser considerada estável e sustentável, devidoàs condições edáficas e hidrológicas favorá-veis do ecossistema da várzea para manuten-ção da produtividade.

Um outro aspecto importante e positivoé que o maior potencial de produtividade daspastagens de SAV ocorre durante a estaçãoseca, quando as pastagens nativas ou cultiva-das de terra firme apresentam baixos níveisde disponibilidade e qualidade de forragem.

2) Alto valor nutritivo da forragem disponí-vel

As gramíneas "anfíbias" típicas das pas-tagens nativas de SAV são, qualitativamente,muito superiores às gramíneas das pastagensnativas de SBD e semelhantes ou superioresàs gramíneas cultivadas em terra firme (Ta-bela 5).

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TABELA 6. Características químicas e físicas da água do rio Amazonas (água barrenta) e do rio Tapajós(água clara) durante a estação chuvosa",

EspecificaçãoÁgua do rio

Tapajós2 Amazonas3

pHCO2 livre (mg/Q)COr Bicarbonatos (mg/Q)Dureza em DHG (graus alemães)Correspondente a Ca (mg/Q)Ferro total (mg/Q)Aíumrnio (mg/Q)Manganês (mg/Q)Sulfatos (mg/Q)Nitratos (mg/Q)Fosfatos (mg/Q)Transparência lm)

6,650,805,200,402,90,00,00,00,0

Traços0,04,3

6,907,15

17,321,279,10,380,00,00,00,280,00,20-0,25

1 Fonte: Sioli (1951a)2 Próximo a Belterra, PA3 Próximo a Santarém, PA

Dirven (1983) observou tendências simi-lares em ecossistema semelhante no Surinam.Serrão & Simão Neto (I 975) e Sertão & Fa-lesi (1977) sugerem que a qualidade elevadadas pastagens nativas de SAV de várzea estárelacionada com a alta fertilidade do solo eda água do ecossistema da várzea (ver Tabe-las 4 e 6). Por outro lado, sua alta qualidadepode estar relacionada com característicasfisiológicas que, em certos casos, são seme-lhantes às das gramíneas C3, como foi obser-vado por Hattersley (1975) e Árias (1980)uma vez que, via de regra, as gramíneas C3

são qualitativamente superiores às gramíneasC4·

A literatura especializada não contémdados sobre a performance animal nas pas-tagens nativas de SAV. Entretanto, pesqui-sas em andamento desenvolvidas pelo autorsugerem que durante o período favorávelpara utilização dessas pastagens na estaçãoseca (setembro até fevereiro) são viáveisganhos diários por bovinos de corte entre400 e 600 g, sem qualquer suplementaçãomineral. Esses ganhos podem ser ainda maio-res para os bubalinos de corte.

3) Utilização em sistema integrado com pas-tagens cultivadas

Com o que foi visto acima. parece lógico

que um sistema integrado de pastagens nati-vas de SAV - para utilização na estação se-ca - e de pastagens cultivadas de terra firme(por exemplo, de Brachiaria spp, Panicummaximum, Andropogon gayanus, entre ou-tras) - para utilização na estação das águas- deverá ser o sistema de produção idealpara as regiões onde as pastagens de SAV ousimilares são prevalentes. Pesquisas em an-damento em região do médio rio Amazonas,com bovinos de corte, utilizando o sistemaintegrado acima referido, indicam que épossível obter ganhos por animal de até200 kg por ano, comparados com menos de100 kg no sistema tradicional, ou seja, utili-zação das pastagens de SAV na estação secae das pastagens nativas de terra firme de mui-to baixa produtividade e qualidade (chama-das "campos cobertos" ou "campos altos")na estação das águas, quando os campos deSAV são inundados. Os ganhos podem serainda maiores com bubalinos.

4) Utilização das "ilhas" de gramíneas flu-tuantes na estação das águas

As "pastagens flutuantes" de SAV tam-bém são utilizadas durante a estação daságuas como principal componente da dietados animais confinados nas "marombas", oucomo suplementação das pastagens nativasde terra firme. "Ilhas" (ou parte delas) flu-

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tuantes da associaçao de gramíneas comoHymenachene amplexicaulis, Oriza spp, Pas-palum repens, Echinochloa polystachia, eoutras, são rebocadas para as "marornbas",no primeiro caso, ou para as margens dasáreas de terra firme, no segundo caso, sendoa forragem consumida pelos animais. Am-bos os métodos são pouco eficientes sob oponto de vista bioeconômico, principalmen-te devido aos altos custos envolvidos. Entre-tanto, é um método muito útil, principal-mente nas grandes enchentes do rio Amazo-nas e de seus tributários de água barrenta.

O grande potencial de produtividade daspastagens nativas de SAV tem sido poucoexplorado. Por um lado, os sistemas integra-dos requerem maiores áreas de terra firmepara formação de pastagens do que aquelasatualmente disponíveis nas propriedades dospequenos e médios fazendeiros que utilizamas pastagens de SAV que, de modo geral, sãode uso comum. Por outro lado, a intensifi-cação da produção requer maiores investi-mentos (preparo de área, formação de pasta-gens, 'construção de cercas, abastecimento deágua, mineralização, melhoramento do reba-nho, etc.) que, geralmente, não estão ao al-cance desses produtores a não ser que sejamsubsidiados.

O controle de água poderia ser talvez oprocesso tecnicamente mais apropriado paramelhor utilização do potencial das pastagensnativas de SAV em algumas regiões de ocor-rência: Entretanto, este processo requer ní-veis tecnológicos muito altos o que o inviabi-liza sob o ponto de vista econômico, pelomenos no presente.

A pesquisa, através do Centro de Pesqui-sa Agropecuária do Trópico Úmido daEMBRAP A, só mais recentemente vem pro-curando melhor conhecer as pastagens nati-vas de SAV sob o ponto de vista de produ-ção animal, principalmente de bovinos ebubalinos.

Indubitavelmente, os bubalinos são osanimais que, independentemente da intensi-ficação do uso das pastagens nativas de SAVe similares, melhor poderão explorar seu po-tencial.

PASTAGENS NATIVASDE SAVANAS MAL DRENADAS

Um ecossistema com características de

produtividade intermediárias entre os ecos-sistemas de pastagens de SBD e de SAV, sãoas pastagens nativas de drenagem deficiente,cujo protótipo são os campos que ocorremna região oriental da Ilha de Marajó, no Es-tado do Pará e, com certa similaridade, na re-gião do complexo do Pantanal, no Estado doMato Grosso, na Baixada Maranhense, Es-tado do Maranhão e na Ilha do Bananal.Estado de Goiás (Serrão & Falesi 1977), (verFig.l).

Devido ao fato que as demais áreas deocorrência se situam, em sua grande parte,fora da região ecológica do trópico úmidobrasileiro, e devido ao pouco conhecimentodo autor sobre elas, esta revisão dará ênfaseàs pastagens nativas da Ilha de Marajó e simi-lares.

Se se levar em consideração os fatoresflorísticos, climáticos, edáficos e hidrológi-cos parece apropriado considerar os camposda Ilha de Marajó e de outras áreas similaresdo trópico úmido brasileiro como ecossiste-ma de savanas mal drenadas (SMD) (CentroInternacíonal ., 1981).

O ecossistema de pastagens nativas deSMD propriamente dito está, via de regra,associado com um ecossisterna semelhante àspastagens de SAV na sua parte mais baixacomo mostra a Fig. 4. A Fig. 4 mostra a con-dição típica das SMD como ocorrem na Ilhade Marajó. Os gradientes 1 e 2 correspon-dem à SMD propriamente dita e o gradiente3 à vegetação herbácea semelhante a-das pas-tagens de SAV.

Sob o ponto de vista de alimentação ani-mal, todos os três gradientes são utilizados,principalmente por bovinos e bubalinos decorte, sua intensidade e eficiência de utiliza-ção variando com a época do ano, em funçãodas flutuações hidrológicas sazonais. O gra-diente 1 geralmente não é alagado ou é ala-gado por pouco tempo. O gradiente 2 é inun-dado por três a seis meses e o gradiente 3 éalagado quase todo o ano.

Na estação das águas (fevereiro a junho/julho) o gradiente 1 (mata ciliar + teso) é omais importante para a alimentação do reba-nho bovino. Na estação seca (agosto a de-zembro/janeiro) os gradientes 2 (faixa detransição) e 3 (campos baixos + lago) tam-bém são pastejados por bovinos. Os bubali-nos e outros médios animais (ex.: capivara)podem utilizar praticamente todo o ecossis-tema durante todo o ano.

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TABELA 7. Composiçlo flsica. qulmiCII (profundidade 0·20 em) dos principais solos que ocorrem no ecossistema de past8g8m de SMD d. Ilha de M,njó1.

SoloArgila

MO NpH ea++ + Mg++ Na· AI'" K

total (H,OI

---_% ---meq% _ppm __

OxissoloLatossolo Amarelo (textura m6dial 14 2,24 0,09 4,7 0,32 0,03 2,03 16 2,0

EntissoloAreia Quaruose Distr6fica 8 1,96 0,07 4,9 0,20 0,03 1,42 23 1,4

I nceptiuoloLetertte Hidromórfica 10 1,72 0,07 4,3 0,12 0,04 2,OS 23 1,6laterita Hidrom6rfica (fase arenosa) ° 1,46 0,06 4,8 0,16 0,02 1,00 12 2,3Laterita Hidrom6rfica (fase baixa) 4 2,25 0,11 4,3 0,32 0,04 1,82 19 5,7Laterita Hidrom6rfica (fase húmical 30 6,12 0,29 4,9 0,30 0,05 3,09 19 1,6utlrita Hidrom6rfica limperf. drenada) 8 1,36 O,OS 4,5 0,13 0,05 1,41 8 2,3Glei Pouco Hámlco 67 2,33 0,13 4,2 10,32 1,OS 10,19 59 1,1Aluvial 19 1,62 0,12 4,9 13,40 0,52 0,62 70 47,0

Fonte: Organizeçio dos Estados Americanos (19141 .

LEtfCOL FREÁTICO- EST"'Ç.i.O~

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LAGOFAI XA DE TRANSiÇÃO CAMPOSBAIXOS

11

CAMPOS ALTOS

FIG. 4. Corte transversal de um ecossistema de SMD típica, como ocorre na parte oriental da Ilha de Mara-jó, Estado do Pará. Adaptado de: Organização dos Estados Americanos (1974) e Instituto do Desen-volvimento Econômico-Social do Pará (1974).

Solos

Os estudos de solos e outros estudos(Day & Santos 1963, Falesi & Santos 1964,Organização.. . 1974) indicam que no ecos-sistema de pastagens de SMD típico da Ilhade Marajó predominam em escala decres-cente de importância os solos Inceptissolos(principalmente laterita hidromórfica e soloshidromórficos gleisados), Entissolos (solospodzólicos hidromórficos e areias quartzo-sas) e Oxissolos (latossolo).

No gradiente 1 ocorrem, em ordem deimportância, latossolo > podzólicos hidro-mórficos e areias quartzosas > laterita hidro-

mórfica e solos gleisados; no gradiente 2 pre-domina laterita hidromórfica secundada porsolos gleisados; e no gradiente 3 há umpredomínio de solos gleisados secundadospor laterita hidromórfica. Ocorrem também,em bem menor escala, solos de aluvião quepodem ser encontrados principalmente nasmargens dos rios.

Com exceção dos solos de aluvião, osdemais solos que ocorrem no ecossistema daspastagens nativas de SMD são ácidos e debaixa fertilidade como mostra a Tabela 7.

Segundo a Organização dos EstadosAmericanos (1974), quase 90% das terrasque correspondem às savanas mal drenadas

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da Ilha de Marajó têm aptidão para pastoreioextensivo.

Hidrologia

Apesar da importância dos aspectos hi-drológicos no contexto da formação, manu-tenção e utilização pela pecuária das pasta-gens de SMD, a discussão do assunto estáfora do escopo deste trabalho.

É importante, entretanto, enfatizar queos recursos hídricos da Ilha de Marajó sãoderivados principalmente da precipitação e,em menor grau, da maré das águas que cer-cam a ilha e que incluem o Oceano Atlânti-co, o rio Amazonas e a Baía de Marajó (Or-ganização... 1974).

Detalhes sobre os aspectos climáticos(precipitação, etc.) influência da maré, águassubterrâneas e uso da água na região doscampos do Marajó, são encontrados emIDESP (1974) e Organização dos EstadosAmericanos (1974).

Vegetação

Assim como para os outros ecossistemasjá relatados, o extrato herbáceo é o mais im-portante segmento da vegetação do ecossiste-ma de SMD, do ponto de vista de alimenta-ção animal.

As SMD da ilha de Marajó têm sidopalco de diversos levantamentos botânicos(Huber 1898; Miranda 1907; Dantas et aI.1983) que têm contribuído para o conheci-mento bastante satisfatório dos componen-tes do extrato herbáceo desse tipo de ecossis-tema.

As gramíneas constituem o principalcomponente do extrato herbáceo. A Tabela8 mostra os principais gêneros e espécies degramíneas predominantes nos diversos gra-dientes do ecossistema. A Tabela 8 mostratambém as leguminosas nativas que, emboracom pouca prevalência, podem ser encon-tradas, principalmente no gradiente 1.

Outro componente que aparece comfreqüência, principalmente no extrato herbá-ceo dos gradientes 1 e 2 são as ciperáceas,com prevalência dos gêneros Rhynchospora,Cyperus, Fimbristy/is e Heleocharis (Organi-zação... 1974, Empresa Brasileira de Pesqui-sa ... 1980).

Em recente levantamento nas pastagens

nativas de SMD da Ilha de Marajó, Neves &Cruz (1983) encontraram na ordem de maiorfreqüência, diversos germoplasmas dos gêne-ros Aeschynomene, Centrosema, Desmo-dium, Macroptilium, Stylosanthes, Zomia,Calopogonium, Phaseolus, Diochlea, Cassia,Clitoria, Eriosema, Galactia, Mimosa, entreoutros, ocorrendo principalmente no gra-diente 1.

Importância para a pecuária

As pastagens nativas de SMD da Ilha deMarajó, juntamente com as pastagens nativasde SAV das regiões do baixo e médio Ama-zonas, têm sido o principal suporte da pecuá-ria na região norte do Brasil.

A pecuária é a atividade econômica maisimportante da Ilha durante os últimos 300anos (Teixeira 1953), e nos cerca de 23 mi-lhões de hectares (Organização ... 1974) decampos que ocupam a parte oriental da Ilhade Marajó, existe um rebanho de cerca de800.000 bovinos e 400.000 bubalinos.

A atividade de criação de gado nas pas-tagens de SMD da Ilha terri se restringidoprincipalmente à cria e à recria, e mais recen-temente (nos últimos 15 a 20 anos) princi-palmente à cria, sendo que as demais fasesdo processo (recria e engorda) têm sido de-senvolvidas nas pastagens formadas em áreasde floresta ao longo da rodovia Belém-Brasí-lia e seus ramais.

Com as experiências mais negativas doque positivas da expansão da pecuária emáreas de floresta, com as pressões da socie-dade sobre esse expansionismo potencial-mente perigoso sob o ponto de vista ecológi-co, e com a demanda cada vez maior porproteína animal e outros produtos pecuários,há necessidade de melhor utilizar ecossiste-mas ecologicamente mais estáveis. Indubita-velmente, as pastagens nativas de SMD de-vem representar papel relevante nesse con-texto, através da intensificação de sua utili-zação para fins de produção pecuária.

limitações para a pecuária

Via de regra, os índices de produtivi-dade do rebanho bovino criado nas SMD daIlha de Marajó são baixos (Organização ...1974), sendo que melhores índices podemser obtidos com bubalinos. Entretanto, do

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TABELA a Principais gêneros e espécies de gramíneas e leguminosas predominantes no ecossistema de pasta-gens nativas de SMO da Ilha de Marajó1

Gradiente 1 Gradiente 3Gradiente 2

GramíneasAxonopus affinisAxonopus compressusAndropogon teucostechyusTrachypogon plumosusTrachypogon vestitusEragrostis reptansEleusine indica

LeguminosasCassiadiphy/laDesmodium barbatumCentrosema brasilianumPhaseolus cf. linearisZornia diphy/laByrsonima sppStvlosenthes sppMacroptilium spAeschynomene sppNeptunia oleraceae

GramíneasAxonopus affinisAxonopus purpusiiAxonopus compressusPaspalum vaginatumPaspalum conjugatumPaspalum densumPaspalum fasciculatum

PaspalumplicatulumPanicum laxumPanicum aquaticumPanicum nervosumSetaria geniculata

LeguminosasRaras: pouca importância

GrarnrneasEriochloa punctataEchinochloa polystachiaHymenachne amplexicaulisHymenachne donacifoliaLeersia hexandraLuziola spruceanaOriza alta

Oriza perennlsPanicum zizanioidesPanicum elephantipesPanicum martensiiPaspalum repensPaspalum fasciculatum

LeguminosasRaras; pouca importância

1 Fonte: Organização dos Estados Americanos 1974, Empresa Brasileira de Pesquisa ...1983.

ponto de vista de alimentação animal, estetipo de ecossistema é mais produtivo que osecossistemas de SBD.

Os principais fatores limitantes das SMDpara a alimentação animal podem ser vistosdo ponto de vista florístico, edáfico, climáti-cojhidrológico.

Do ponto de vista florístico, as gramí-neas, que são o mais importante componentedo extrato herbáceo no sistema extensivotradicional, são, em sua maioria, típicas dosecossistemas de vegetação tipo savana e,conseqüentemente, são, intrinsecamente, debaixo potencial de produtividade e de baixovalor nutritivo. Sua produtividade primáriano gradiente 1 (que geralmente é mais pro-dutivo que o gradiente 2) dificilmente ultra-passa 6 t de matéria seca por hectare por ano(Empresa Brasileira de Pesquisa... 1980,Teixeira Neto & Serrão 1984), sendo que acapacidade de suporte dos gradientes 1 e 2(Fig. 4), varia de 3 a 5 ha por unidade animal(UA) (Organização... 1974, Empresa Brasi-leira de Pesquisa... 1980). Como visto ante-riormente (Tabelas 3 e 5), as gramíneas dosgêneros predominantes nos gradientes 1 e 2são intrinsecamente de baixo valor nutritivoe as leguminosas nativas, assim como nas

1980, Dantas et aI.

SBD, parecem dar muito pouca contribuiçãoà dieta dos animais em pastejo.

A baixa produtividade e o baixo valornutritivo do extrato herbáceo dos gradientes1 e 2 devem estar também relacionados coma baixa fertilidade do solo (ver Tabela 7),como ocorre nas pastagens nativas de SBD,embora, devido à maior umidade do solo emgrande parte do ano nos gradientes 1 e 2, aprodutividade e a qualidade nas pastagens deSMD tendem a ser mais elevadas que nasSBD. Também como nas SBD, o potencialde resposta do extrato herbáceo gramináceoà adubação é muito baixo (Empresa Brasilei-ra de Pesquisa ... 1980).

Por outro lado, os extremos de cheias esecas periódicas são também fatores que li-mitam a produtividade das SMD. No primei-ro caso, e principalmente na parte central daIlha, imensas áreas de pastagens ficam sub-mersas, forçando os rebanhos a se concentra-rem nas áreas mais altas ou "tesos" (gradien-te 1), reduzindo consideravelmente a dispo-nibilidade de forragem. No segundo caso,dependendo da extensão e intensidade doperíodo seco, o crescimento forrageiro émuito reduzido e o valor nutritivo cai a ní-veis muito baixos, ficando disponível ao re-

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banho, as pastagens do gradiente 3, nemsempre acessíveis aos bovinos.

Esses fatores intrínsecos do ecossistema,associados a outros irnpóstos pelo homem -como uso indiscriminado de fogo, pressãode pastejo inadequada, não-mineralização dorebanho, animais de reduzido potencial ge-nético, entre outros - fazem com que a pro-dutividade das SMD seja ainda reduzida, em-bora o conhecimento atual indique que háespaço para melhoramentos consideráveis.

Potencial para a pecuária

Apesar das limitações florísticas, edáfi-cas e hidrológicas e de manejo acima referi-das, as pastagens nativas de SMD apresentamum bom potencial para a produção da pecuá-ria extensiva (Organização... 1974).

Por outro lado, alguns resultados de pes-quisas obtidos na última década =principal-mente através do programa PROP ASTO(Empresa Brasileira de Pesquisa... 1980) járeferido - indicam que é viável o aumentoda produtividade pecuária nas SMD atravésda intensificação do uso das pastagens nati-vas per se, complementado pelo melhora-mento e formação de pastagens, principal-mente no gradiente 1.

As pesquisas desenvolvidas até o presen-te visando selecionar forrageiras adaptadas àscondições dos gradientes 1 e 2 das SMD têmalcançado pouco sucesso (Empresa Brasileirade Pesquisa... 1980, Marques et al. 1980,Marques & Teixeira Neto 1980a, 1980b,1981a, 1981b). Para as condições do gra-diente 1, entre todas as gramíneas testadasaté o presente, Brachiaria humidicola é, in-contestavelmente, a gramínea forrageira exó-tica que tem apresentado melhor adaptabili-dade, sendo que Andropogon gayanus temse mostrado promissor, principalmente paraas partes mais altas, substituindo segmentosda mata ciliar. Para as condições do gradien-te 2, somente B. humidicola tem mostradoalguma adaptabilidade. B. humidicola já estásendo cultivada em escala comercial em áreasde SMD em algumas fazendas da Ilha de Ma-rajó. Pennisetum purpureum e Brachiariaradicans (tannergrass) são também gramíneasde grande potencial, a primeira para o gra-diente 1 e a segunda principalmente para osgradientes 2 e 3.

Das leguminosas comerciais ou serni--comerciais testadas nos gradientes 1 e 2,somente Pueraria phaseolides, Centrosemapubescens e Sty/osanthes guianensis têmmostrado algum grau de adaptabilidade nascondições do gradiente 1, carecendo, entre-tanto, de maior persistência, principalmentedevido aos rigores da estação seca.

No momento, os gêneros Brachiaria(principalmente), Andropogon - este gêneroé nativo na região e presente nas SMD -, ePennisetum são os mais importantes comofontes de germoplasmas adaptados e produti-vos. Quanto às leguminosas, os gêneros Cen-trosema, Desmodium, Cassia, Aeschynome-ne, Sty/osanthes, Zornia, principalmente, pa-recem ser a principal base genética para a se-leção de leguminosas para as SMD, devendoa seleção ser feita na própria região dos cam-pos de Marajó, onde vegetam espontanea-mente (Huber 1896; Miranda 1907, Neves &Cruz 1983, Dantas et al. 1984, Ducke 1949,1958).

Embora em escala consideravelmentemenor que nas SBD, de um modo geral, aformação de pastagens produtivas e susten-táveis nos gradientes I e 2 das SMD deveincluir um aporte de fertilização (EmpresaBrasileira de Pesquisa... 1980, Marques etal. 1980) sendo que, para as gramíneas atéagora estudadas nesses gradientes, os nutrien-tes mais limitantes em ordem decrescente deimportância têm sido P > N > K > Ca > S,a mesma tendência (excluindo N) sendoobservada para as leguminosas testadas.

Ao contrário das áreas de SBD, entre-tanto, em algumas situações, tem sido possí-vel formar pastagens produtivas de B. humi-dicola nos gradientes I e 2 sem a necessidade(ou com um mínimo) de fertilização. Apa-rentemente, as condições edáficas mais favo-rável no que diz respeito à -umidade do solocontribuem para reduzir a limitação da baixafertilidade. Este aspecto ainda não foi devi-damente esclarecido.

Um aspecto positivo da formação de-pastagens com gramíneas do gênero Brachia-ria nos gradientes 1 e 2 das SMD, em relaçãoàs formadas em áreas de SBD ou de floresta,está relacionado com o convívio das pasta-gens com a cigarrinha-das-pastagens (Deoisincompleta). O lençol freático superficialdos solos predominantes e sua drenagemdeficiente fazem com que haja um aflora-·

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TABELA 9. Ganhos de peso de novilhos nelorados e por área em pastagens nativas de SMD (gradientes 1 e 21no municlpio de Ponta de Pedras, Ilha de Marajól.

Período I (09/79 a 09/801 Período 11(08/81 a 11/821Pastagem

Carga animal Ganho médio de peso Carga animal Ganho médio de peso

novilho/ha g/novilho/dia kg/ha/ano novilho/ha g/novilho/dia kg/ha/ano

Nativa (Pnl 0,5 300 55 0,5 310 571,0 315 115 1,0 233 85

8rachiaria humidicola [Bh}1,4 384 196 1,66 343 2082,6 359 340 2,66 312 303

Bh + Pn +2leguminosas + 1,0 290 106 1,33 345 168adubação 1,9 323 224 2,66 338 328

1 Fonte: Teixeira Neto & Serrão (19841-28. humidicola e leguminosas plantadas em faixas alternadas na pastagem nativa; adubação das faixas de 8. humidicola e de leguminosas na base de 50 kg/ha de P20s.

NO•....•

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mento da água à superfície do solo, forman-do uma mais ou menos fina lâmina de águaem certas ocasiões durante a estação chuvo-sa. As ninfas resultantes da eclosão de ovosde cigarrinha-das-pastagens que porventuraestejam no solo, provavelmente morrem porfalta de oxigênio. Pastagens de B. humidico-Ia, que em outros ecossistemas, podem serbastante afetadas pelos ataques do inseto,não têm sofrido danos aparentes quando for-madas nos gradientes I e 2 das SMD.

Resultados de pesquisa visando avaliar oefeito de melhoramento e manejo da pasta-gem nos gradientes I e 2 das SMD na Ilha deMarajó (Empresa Brasileira de Pesquisa ...1980, Marques et al. 1980, Teixeira Neto &Serrão 1984) mostram que é viável o aumen-to da produtividade pecuária nesse ecossis-tema. A Tabela 9 resume os resultados obti-dos em experimento na região de Ponta dePedras.

Os resultados da Tabela 9 mostram, porum lado, que a capacidade de suporte poten-cial das pastagens nativas de SMD do Marajóé bem mais elevada do que tem sido publica-do (Organização ... 1974, Empresa Brasileirade Pesquisa... 1980). Por outro lado, commanejo adequado das pastagens nativas (usode cercas, controle de pressão de pastejo,mineralização etc.) é possível aumentar con-sideravelmente a produtividade por unidadede área, se se levar em consideração que aprodução média de bovinos de corte do Ma-rajó é estimada em 25 a 30 kg de peso vivopor hectare por ano (Teixeira Neto & Serrão1984). Existem evidências de pesquisa indi-cando que a intensificação do uso das pasta-gens nativas de SMD per se pode estimular oaumento da participação de leguminosasnativas no sistema. Ademais, a substituiçãode segmentos pouco produtivos da pastagemnativa por pastagens cultivadas de altaprodutividade, formadas com forrageirasadaptadas (como B. humidicolas certamenteaumentará ainda mais a produtividade dorebanho por unidade de área.

Indubitavelmente, os bubalinos represen-tam um grande potencial para a utilizaçãomais eficiente das SMD, principalmente emrelação ao gradiente 3, que se assemelha àscondições de pastagens de SAV e que, pelomenos no período das águas, é de difícil uti-lização por bovinos.

PESQUISAS NECESSÁRIAS

Os ecossistemas de pastagens nativas dis-cutidos neste trabalho são ainda muito pou-co conhecidos do ponto de vista de seu po-tencial e suas limitações para produção pe-cuária.

Além dos estudos já realizados e aquirevisados, outros são necessários visando nãosomente a compreensão científica da estabi-lidade (ou instabilidade) ecológica dessesecossistemas, bem como visando o seu me-lhor aproveitamento pelo homem para pro-dução de produtos pecuários e outros.

A REDINAA-Red de InvestigaciônAgroecologica para Ia Amazonia (Toledo &Serrão 1984), avaliando a importânciaagroecológica, o potencial e as limitações dosprincipais ecossistemas de pastagens da Ama-zônia, atribui 18% de prioridade de pesquisaem pastagens nativas de solos aluviais de vár-zea (SA V), 12% em pastagens nativas de sa-vanas mal drenadas (SMD) e 10% em pasta-gens nativas de savanas bem drenadas (SBD),comparadas a 60% em pastagens cultivadasem área de floresta (CAF).

Apesar de, indubitavelmente, os proble-mas das pastagens CAF justificarem uma altaprioridade de pesquisa (ver trabalho do autorsobre o assunto neste mesmo volume), umaavaliação mais realista sugere que deverá serdada igual prioridade à pesquisa em pasta-gens nativas do trópico úmido brasileiro. Omelhor aproveitamento destas, sem dúvidadiminuirá a pressãe da expansão da pecuáriasobre as áreas ainda florestadas, o que, doponto de vista ecológico e econômico é mui-to mais desejável. Por outro lado, a explora-ção do potencial e a minimização das limita-ções dos ecossistemas de pastagens nativas,justificam os investimentos na pesquisa.

Para os ecossistemas de pastagens nati-vas da Amazônia, Toledo & Senão (1984)enfatizam as seguintes classes e linhas de pes-quisa.

Pesquisa básica

1) Caracterização dos recursos das pas-tagens

Solo (propriedade físicas e quími-cas, dinâmica dos nutrientes).SBD, SAV, SMD.Vegetação (composição flor ística,

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flutuação anual de produtividadee qualidade). SBD, SAV, SMD.Clima (dinâmica de radiação e pre-cipitação). SBD, SAV, SMD.

2) Estudos de efeitos fisiológicosEfeito do fogo nas plantas e no so-lo em SBD e SMD.efeito de estresse da seca nas plan-tas e no solo. SBD, SAV, SMD.efeito de inundação. SAV, SMD.

3) Estudos biológicosNo solo (Rhizobium, Micorrhizae,Spirilum). SBD, SAV, SMD.Nas plantas (monitoramento depragas e doenças, taxa de recupe-ração das pastagens e seu valorforrageiro). SBD, SAV, SMD.Nos animais (monitoramento depragas e doenças). SBD, SAV eSMD.

4) Estudos de ciclagem de nutrientes nosistema solo-pastagem-animal. SBD,SAV, SMD.

Pesquisa aplicada

1) Seleção de germoplasma de forragei-raso Principalmente para SBD e SMD.

2) Agronomia de- pastagem (produtivi-dade estacional de forragem, compa-tibilidade em consórcios). Principal-mente SBD e SMD.

3) Relação solo-planta (necessidades mí-nimas de nutrientes, interação plan-ta/rnicrobiologia do solo, composiçãoquímica de plantas, preferência rela-tiva e tolerância ao pastejo). SBD,SAV, SMD.

4) Estabelecimento e manutenção depastagem (métodos de estabelecimen-to, requerimentos nutricionais, con-trole de invasora, adubação de pasta-gem, sistema de manejo). Principal-mente em SBD e SMD.

5) Suplementação alimentar (com pas-tagens melhoradas, com suplementa-ção concentrada, mineralização).SBD, SAV e SMD.

6) Pacotes tecnológicos (simulação desistemas bioeconômicos de produção,avaliação de sistemas físicos integra-dos). SBD, SAV, SMD.

203

Validação tecnológica

Deve envolver o diagnóstico dos siste-mas de produção em uso e a avaliação depacotes tecnológicos melhorados a nível defazenda. SBD, SAV, SMD.

Estrutura organizacional

Para que os esforços de pesquisa sejamcomplementares e visem - seja através dapesquisa básica ou através da pesquisa aplica-da - solucionar problemas reais que compro-metem a produtividade agroecológica dosecossistemas de pastagens nativas do trópi-co úmido brasileiro, é necessário reestruturara pesquisa em pastagem na região. A organi-zação de uma rede de pesquisa a nível regio-nal, sob a liderança de uma instituição regio-nal ou nacional com infra-estrutura e lideran-ça para tal, deve ser o caminho a percorrer.Nessa rede haveriam sub-redes por ecossiste-mas (exemplo sub-rede ecossistema de pasta-gens nativas de SMD, etc.).

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INSECTOS ASOCIADOS CON LAS PASTURASEN LA AMÉRICA TROPICAL

Mário Anlonio Calderon Corral!

RESUMEN - Este trabajo presenta los resultados de seis anos de evaluaeiones de los ensayosregionales dei CIAT localizados en varios ecosistemas de Ia América Tropical. Se presentauna lista de los grupos de insectos asociados con Ias leguminosas forrajeras y gramíneas, sehace énfasis en su importancia económica, tipo de dano, abundancia de especies, e ínvestiga-ción específica realizada sobre Ias "plagas claves".

Termos para indexación: Salivazo - cigarrinha das pastagens, gramíneas y leguminosas forra-jeras, marandu, pasturas, control biológico, control cultural, control integrado, Metarhiziumanisopliae, fluctuación de población, Deois spp., Zulia spp., Mahanarva sp, resistencia,control químico e manejo de plagas.

INSECT PESTS ASSOCIATED WITH PASTURESIN TROPICAL AMERICA

ABSTRACT - Six-year data collected from the entomological evaluations of CIAT regionaltrials is presented, to show the different insect groups in association with the forage legumesand grasses studied in various ecosystems of Tropical America. The economic importance,type of damage and insect abundance is also presented, as well as the specific researchcarried out on those pests considered as a "key pests".

Index terms: Forage grass and spittlebuq, legumes, marandu, pasture, biological, cultural,integrated and chemical control, pest management, population dynamics, Metarhiziumanisopliae, Deois spp., Zulia spp., Mahanarva so, and resistance.

INTRODUCCION

La información en relación a los proble-mas causados por los insectos plagas sobreIas gramineas y leguminosas forrajeras enIa América Tropical, se puede catalogar hoydia como deficiente, ya que no existenprogramas nacionales específicos que estenrealizando investigaciones en este campo aexcepción de Brasil, que cuenta con unprograma nacional para el control de Ia"cígarrinha das pastagens" y de Colombiaque es Ia sede del Centro Internacional deAgricultura Tropical, (CIAT). Teniendocomo base esta situación, se decidió llevara cabo Ia presente investigación Ia cual fueiniciada en 1978. Durante un periódo deseis aãos se estudiaron Ias poblaciones deinsectos asociados con ocho leguminosasforrajeras y cinco gramíneas, utilizando los

ensayos regionales del PPT del CIAT, loscuales fueron establecidos en los ecosistemasde sábana bien drenada isohipertermica,bosque tropical lluvioso, y bosque tropicalserni-siempre verde estacional localizados enpaises de Centro y Sur América (Belize, Bra-sil, Bolivia, Colombia, Ecuador, Panamá,Perú y Venezuela).

La información colectada incluye Iaidentificación de los grupos de insectos masimportantes que han presentado algunarelación con los forrajes tropicales, caracte-rizando dentro de cada tipo de forrajeafectado el grupo, orden, familia, género yespecies de insectos calificados como plaga.Finalmente se hace énfasis en Ia investi-gación que se ha llevado a cabo, en cadaplaga considerada, de importancia económi-ca.

1 Eng. Agr., Ph.D., EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48. CEP 66000 Belém, PA.

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MATERIALES Y M~TODOS

Para Ia realización de esta investigación,se utilizaron los ensayos regionales "A" delPrograma de Pastos Tropicales dei CIATioscuales fueron establecidos en los siguientespaises: Belize, Brasil, Bolivia, Colombia,Ecuador, Panamá, Perú, y Venezuela. Lasevaluaciones fueron hechas a traves deitiempo, incluyendo épocas de lluvia yépocas secas (máxima y mínima precipita-ción), de acuerdo al ecosistema en dondeestaba localizado el ensayo.

EI dano causado por los insectos fuecalificado mediante Ia siguiente escala: 10.sin dano; 20. dano leve; 30. dano moderado;40. dano grave; 50. planta muerta. (Calde-ron 1982a).

Las colecciones de insectos se hicieron,utilizando una red entomológica de 40 cms.de diámetro sobre parcelas de 2 x 5 metros.Cada género de leguminosa o gramínea, fuemuestrada independientemente, con el fin dehacer observaciones preliminares de prefe-rencia de los grupos de insectos colectados.Una vez obtenidas Ias muestras, los insectosfueron colocados en frascos de vidrio conalcohol de 70% y llevados ai laboratorio, afin de ser preparados, montadosy clasífí-cados. Aquellos especímenes no identifica-dos fueron enviados a diferentes entomólo-gos especialistas, con el fin de obtener suposición -taxonômica correcta.

RESULTADOS

10s forrajes tropicales son afectados pordiferentes grupos de insectos; algunos deellos ampliamente distribuidos en los ecosis-temas considerados en este estudio (Tabla 1).La importancia de cada especie plaga, estaintimamente relacionada con su abundanciay con Ia época de ocurrencia. Las plagasregistradas causando dafío aios forrajes tro-picales, se agruparon así:

1. Insectos chupadores de follaje (Ho-moptera, herniptera)

2. Insectos comedores de follaje (Lepi-doptera, Coleoptera)

3. Insectos barrenadores dei tallo (Lepi-doptera, Coleoptera Homoptera).

4. Afectan Ia raiz (Coleoptera, Lepi-doptera, Isoptera).

10s insectos chupadores y comedores defollaje, son considerados los grupos de

mayor importancia, debido a que presentanuna gran variabilidad de especies, estan am-pliamente distribuidos en los ecosistemasestudiados y se han detectado causandodano indiscriminadamente sobre legumíno-sas y gramíneas (Calderon 1982b).

Leguminosas (Stylosanthes spp)

Esta leguminosa es considerada altamen-te prornisoria para Ia alimentación dei ga-nado, debido a que presenta un alto valornutritivo, adaptación a suelos ácidos einfértiles y aceptable compatibilidad paraasociarse con gramíneas de porte erecto,como el Andropogon gayanus. EI Stylosan-thes se ve afectado principalmente porinsectos de hábito chupador (Hornoptera--Herníptera). Estos insectos causan danoal succinar los jugos vegetales, principalmen-te dei follaje, causando un disturbio sistémi-co que afecta Ia translocacíón de los nutrien-tes, Ia capacidad fotosintética y el valornutritivo como forraje. Cuando se trata depasturas ya establecidas, los danos causadospor este grupo de insectos son mucho masseveros en Ia época seca o de menorprecipitación, pues afecta Ia legurninosacuando está bajo Ia presión de Ia sequía,reduciendo aún mas su capacidad deproducción. , . ,

. El género Stylosanthes es tambiénafectado por insectos comedores de follaje,llamados comunmente defoliadores; el danocausa reducción de Ia capacidad fotosintética,afecta el desarrollo normal de Ia planta yreduce Ia disponibilidad de forraje. Estegrupo esta representado por los ordenes,Coleoptera, família Crisomelidae (variasespecies) Hymenoptera farnilia Forrnicidae(varias especies) Orthoptera, familia Acridi-dae e Gryllidae, Lepidoptera, familia Noctui-dae (Tabla 2, 3, 4) ademas, los defoliadorespueden llegar a ser de importancia econórnicacuando atacan Ias praderas en Ia época deestablecimiento, pues afectan Ias plántulasque por estar en una fase de desarrollo inicial"dificilmente pueden recuperarse de Iadefoliación causada por Ia plaga. (Calderon1982c).

Barrenador dei tallo dei Stvlossnthes Ca/op-ti/ia spp. (Lepidoptera-Gracilariidae).

Este insecto comunmente llamado

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TABLA 1. Grado de importancia de Ias grupos de insectos que causan dano alas forrajes en varias ecosistemas de Ia América Tropical.

Ecosistema Sty/osanthes Zornia Centrosema Desmodium Pueraria Andropogon 8rachiariaspp. spp. spp. spp. spp, spp, spp,

Brasil, CPAC ICH+++ ICH+ ICH+ ICH+++

Sabana isotermica bien IC+++ IC++ IC+++ IC++ IC++

dreneda- Cerrado BT+(SBDT) PB+ PB+

Colombia, Carimagua ICH+++ ICH+++ ICH+++ ICH+++

Sabana Isohipertermica IC+ IC+ IC+ IC++ IC+++ IC++ p++

bien drenada- lIanos BT+++ MH+ AF++

(SBDH) PB+ PB+

Perú, Pucallpa I,CH+++ ICH+++ ICH+++ ICH+++

Bosque tropical semi-siernpre IC++ IC+++ IC++ IC+++ p+verde estacional(BTSSVE) PB++ MH+++

Venezuela, EI Tigre ICH+++ ICH+++ ICH+++

Sabana Isohipertermica IC++ IC++ IC++

bien drenada- lIanos BT+ A+++

(SBDH) PB+

PerO,' Yurimaguas ICH+++' ICH+++ ICH++ ICH+++

Bosque tropical lIuvioso IC++ IC++ IC+++ IC+ IC+ p++

(BTL) PB++ PB+

Brasil· Paragominas ICH+++ ICH+++ ICH+++ ICH+ ICH+++

Bosque tropical· Semi IC++ IC+ IC++ IC+ IC+ IC++

siempre verde - estacional PB+ PB+(BTSSVE)

+++: Importante ICH = Insectos chupadores PB = Perforador de botones AF = Afidos++ : Medianamente importante IC = I nsectos comedores P = Pulguilla A = Aranita+' No importante BT = Barrenador dei tallo MH = Minador de hojas

No\O

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IV....O

TABLA 2. Numero de ordenes, familias y especies de insectos, registrados en varias leguminosas forrajeras en América Tropical, ecosistema de sabena bien drenada isohipertermica(SBDH) CIAT, Colombia 1978-1983.

Stylosanthes Centrosema Zornia Desmodium Puararia Macroptilum Galactia LeucaanaOrden

NO. F N? E N? F N? E N? F N? E N? F N? E N? F N? E N? F N? E N? F N? E N? F N? E

Hemiptera 7 15 2 2 3 3 - - - - 2 2Homoptera 3 23 2 10 1 3 1 2 2 5 - - - - 1 1

Coleoptera 9 32 3 8 4 9 1 9 2 6 1 2 1 1 3 4

Lepidoptera 3 5 3 4 3 4 - - 1 1Hymenoptera 7 11 1 3 3 4 1 2 2 2 3 5---

N? F = Numero de familiasN? E = Numero de especies

TABLA 3. Numero de ordenes, familias y especies de insectos, registrados en varias leguminosas forrajeras en América Tropical. Ecosistema de bosque tropicallluvioso (BTL). CIAT,Colombia 1978 . 1983.

Stylossntbes Centrosema Zornia Desmodium Puararia Macroptilum Galactia LeucaenaOrden

N~ F N? E N? F N? E N? F N? E N? F N? E N? F N? E N? F N? E N? F N? E N? F N? E

Hemiptera 3 4 2 2 1 1 - - - - 2 2Homoptera 2 8 2 8 1 4Coleoptera 2 14 2 6 1 2 1 4 1 3Lepidoptera 1 1 - - 1 1Hymenoptera 1 1 2 4 1 2 1 2 - - 1 2---

N? F = Numero de familiasN? E = Numero de especies

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211

"Barrenador del Tallo Stylosanthes" es con-siderado Ia plaga mas importante de Iasespecies de este género de leguminosas. Enlos tallos atacados se produce un engrosa-rniento y deformaciones en forma de agallas.Esta deformación de los tallos, es el sintomatípico que indica en Ia mayoría de los casos,Ia presencia de larva en el interior. La larvaconsume Ia parte interna del tallo, destruyen-do los haces vasculares de Ia planta cons-truyendo túneles o galerías, que impiden orestringen el flujo normal de los nutrimen-tos, con Ia consiguiente disminución delvigor, productividad y persistencia' de Iapradera. Las plantas atacadas, por este insectose tornan quebradizas y susceptibles alpisoteo de los animales durante el pastoreo,con Ia consecuente pérdida de Ia persistenciade Ia pastura (Informe... 1978).

Despues de una serie de evaluacionesrealizadas en los campos experimentales delCIAT-Colombia, se ha establecido que Iamayor infestación ocurre preferencialmenteen Ia parte basàl del tallo (Tabla 5) y quesólo cuando Ia población del insecto llega aser demasiada alta, se puede encontrar dafíoen Ia parte media y superior (ramas) de Iaplanta. En relación a Ia preferencia deoviposición dei dz/optilia, se observo quetiene una marcada preferencia para guianen-sis; en contraste, S. capitata es muy pocopreferida (Tabla 6). Caracteristicas talescomo presencia de trichomas glandulares,secrecciones y jugosidad del tallo, parecenser estimulantes de oviposición ya que S.capitata carece de esas caracteristicas. Elbarrenador Caloptilia sp. ha sido detectadoen Colombia, Venezuela, Bolivia, Brasil,causando daão de importancia sobre Iasespecies S. guianensis y S. scabra principal-mente. La ínvestigación hacia el control deesta plaga ha sido encaminada básicamentehacia Ia busqueda de "Resistencia Varietal".Como producto de este trabajo se hanseleccionado mediante evaluaciones sucesivas,algunas especies que han mostrado resísten-cia al ataque del insecto en condiciones decampo (Informe... 1980).

Las especies S: capitata, S. macrocepha-Ia, y los llamados S. guianensis "tardios"(Fig. 1) han mostrado resistencia ai ataquedei insecto. Investigaciones especificas sobreS_ capitata; han mostrado que caracteristicasfísicas como Ia dureza del tallo, carencia de

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TABLA 5. Distribución dei barrenador dei tallo Csloptilie sp. en 105 tallos de Ia leguminosa dei Sty/osanthesspp.

Distribuci6n No. de plantas No. de Infestaciónexaminadas Lesiones %

Parte superior (rama) 57 8 5%Parte media 57 64 38%Parte basal 57 94 57%

TABLA 6. Preferencia de Oviposición de hembras de Ca/opti/ia sp, comparando S. guianensis y S. capitata.

No. total de No. total de No. total de Reducción dehuevos ovipo- huevos ovipo- huevos ovipo-

Oviposiciónsitados sobre sitados sobresitados (%)S. guianensis S. capitata

1430 1295 135 90.5

trichomas glandulares, ademas deI contenidode lignina, son entre otros factores, losresponsables de Ia resistencia de esta especieaI ataque deI barrenador (Informe... 1981)(Fig.2).

Por otra parte estudios de antibiosismostraron que Ia especie capitata tiene unefecto directo sobre Ia biología deI insecto,(Tabla 7) y que ese efecto es mayor sobre Iahembra afectándola sobre su fertilidad ylongevidad. (Anónimo 1981) (Tabla 8). Te-niendo como base Ias caracteristicas deadaptabilidad a sueIos ácidos e infértiles,compatibilidad con algunas gramíneas paraasociaciones, productividad aceptable, resis-tencia a Ia enfermedad antracnosis y altaresistencia al ataque barrenador deI ta110Caloptilia, varios cultivares de S. capitatahan sido lanzados como una opción para Iasganaderos de Ias sabanas de Colombia bajoel nombre de "CAPICA".

Una especie de picudo-Coleoptera-Cur-culionidae, ha sido registrada, causando danoa Ia planta Stylosanthes guianensis vulgarisy S. scabra en Brasil - Estado de Minas Ge-rais (Gouveia) y en Venezuela (EI Tigre);Ia larva causa un engrosamiento del ta110afectando Ia planta en su normal desarro11o:hasta Ia fecha, no se han 11evado a caboestudios específicos sobre esta plaga paracaracterizar su dano.

Perforador de los botones Stegasta bosquellaChambers, Lepidoptera - Gelechiidae.

Este insecto ataca los botones floralesde Ias leguminosas Zornia spp. y Stylosan-thes spp, su dano puede llegar a ser deimportancia, especialmente sobre S. guianen-sis, debido a que puede ocasionar graves pér-didas en Ia producción de semilla. Lasmayores poblaciones se presentan duranteIa estación seca y coinciden con Ia época defloración de Ias especies atacadas.

Se ha observado que ecotipos de Zornialatifolia y Stylosanthes capitata de floracióntemprana, pueden escapar ai dano de insecto.S. guianensis debido a su poca producciónde semilla, es Ia especie mas susceptible aIdano causado por este insecto, mientras queS. capitata y Zornia spp, mejores producto-res de semilla, presentan un grado de tole-rancia al ataque de esta plaga (Informe ...1982) (Fig. 3, 4, 5).

En general los insectos comedores defollaje causan dano de importancia en elgénero Centrosema spp, por otra parte Iasleguminosas Zornia spp, y Pueraria spp,presentan dano "moderado" de chupadoresy comedores (Tabla 9), mientras que Desmo-dium spp, presenta ataque leves de insectosen todos los ecosiste mas (Informe ... 1982).

Estudios preliminares sobre Ia estima-ción de Ia pérdida de forraje ocasionada porel ataque de insectos comedores de fo llaje ,Coleoptera (Crisomelidae), sobre S. capitataZornia Iatifo lia, Centrosema pubescens, Des-modium ovalifolium y Pueraria phaseoloides,mostraron que Ias pérdidas estimadas para

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• Eco1ipos Susceptibles

o Ecotipos Resistentes

r2 : O 87I

~

• 1078

o 1315

1298 o 1019 00 1342 2ô131

1062 o

01325

o 1356

18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57 60 63 66 69 72 75 78 81 84 87 90Porcentoje de durezo de tollos

FIG.. 1. Relación entre el porcentaje de dureza de los tallos y el porcentaje de infestación de barrenador dei tallo en Sty/osanthes spp.N>-w

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214

18

17

~I Stylosonthes guionensis

lIff] Stylosonthes copi1oto

16

15

o 14c:c:

'=".-J

•• 13-,:t

o-: 12-u•..oQ,.

11

10

CI) 10r- No If')

Susceptible Resistente

~----------~I,~ ~

FIG. 2. Contenido de lignina registrado en varios ecotipos de Stylosanthes susceptibles y resistentes aiataque dei barrenador dei tallo, Coloptilia sp.

cada nivel de dano fueron variables entre Iasespecies (Informe ... 1981). Por otra parte,se considera importante tener en cuenta Iarelación hoja-tallo y Ia época en que seefectúa estimación de perdida de follajeindependientemente para cada especie de le-guminosa (Tabla 10).

Es importante tener en cuenta que todasIas evaluaciones que se efectuaron en esteestudio, fueron hechas sobre pequenas par-celas en jardines de introducción y que losgrados de dano registrados pueden presentarcambios significativos, cuando se presenteuna condición de monocultura dei mismo

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TABLA 7. Efecto dei sustrato alimenticio sobre Ia biologia dei barrenador dei tallo dei Stytosentbes, Csloptilie sp.

Hembras Machosde de Sustrato

Accesiones Accesiones

S. guianensis S. capitata S. guianensisCIAT 136 CIAT 1019 CIAT 136

S. capitata S. guianensis S. guianensisCIAT 1019 CIAT 136 CIAT 136

No. Huevos No. Larvas No. Pupas No. AdultosLongevidad(Promedio(de dias)

41 29 28 26 6.3

25 18 17 16 5.0

TABLA 8. Efecto dei sustrato alimenticio sobre Ia biologia dei barrenador dei tallo, Caloptilia sp.

Hembras Machosde de Sustrato

Accesiones Accesiones

S. guianensis S. guianensis S. guianensisCIAT 136 CIAT 136 CIAT 136

.s: capitata S. capitata S. capitataCIAT 1019 CIAT 1019 CIAT 1019

No. Huevos No. Larvas No. Pupas No. AdultosLongevidad(Promediode dias)

53 52 49 48 6.9

16 8 7 2 4.3

N•....Ul

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216

kg/ha.300

280

260

240

220

180

160

140

120

100

80./\

60

40

20

No lorvos/ho.Producción de semillo lotol/ho.Pérdido de semillo/ho.

No. lorvos/ho.3 x 106

2,8

2,6

2,4

2,2

_ 2,0

1,8

1,6

1,4

1,2

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

Abril Moyo Junio Julio Agosl0 SeptiembreFIG. 3. Producción de semilla de S. capitata 1019 y pérdidas causadas por infestaciones dei perforador de

botones Stegasta bosquella Ch. Quilichao, 1982.

material vegetal en áreas extensas dentrode un sistema de producción.

Gramlneas "Salivazo" "Cigarrinha das Pasta-gens" Homoptera Cercopidae (Zu[ia spp.Aeneolamia spp. Mahanarva spp.)

Es Ia plaga mas importante de Ias gramí-neas en Ia América Tropical. Presenta variosgéneros y especies, los cuales se encuentranampliamente distribuidos (Tabla 11).

El ataque dei salivazo afecta drástica-mente Ia gramínea, disminuye Ia palatabili-dad, ocasiona pérdida de vigor y causa retra-zo en el crecimiento a consecuencia de Iaextración permanente de Ia savia, causadapor ninfas y adultos. En ocasiones Ias pér-didas causadas por el salivazo pueden llegara ser dei 100%, observandose una quemazontotal de Ia pastura. EI incremento de Iaspoblaciones ocurre con el inicio de Ia esta-ción lluviosa, período durante el cual elsalivazo alcanza sus máximas poblaciones.El objetivo principal de Ia investigación, que

se esta realizando, es Ia regulación de Iapoblación dei insecto, mediante Ia utiliza-ción de un manejo integrado de Ia plaga.En relación aios productos químicos ensaya-dos hasta ahora, han resultado inefectivos enalgunos casos; en otros, han dado resultadopero se ha tenido que ernplear volúmenesdemasiado elevados de productos extrema-damente tóxicos que pueden, en un momen-to determinado, afectar el equilibrio naturalbiológico y causar Ia insecto-resistencia. Elcontrol biológico, aunque es efectivo en cul-tivos, en el caso de Ias pasturas, aunque setiene registros de parásitos de salivazo, sueficiencia y abundancia en condiciones decampo es muy baja, 10 que limita en Iaactualidad su utilización práctica, quedandocondicionada a Ia confirmación de Ia "efi-ciencia" y frecuencia de 10s componentesespecíficos de contro1 biológico en 10secosistemas afectados.

Por otra parte, 10s hongos entomógenoscomo e1 Metarhizium antsopliae, que hamostrado ser efectivo en pruebas de labora-

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kg/ho

300

280

260

240

220

200

180

160

140

120

100

80

60

40

20

Abril

No. lorvos/ho.Producción de semillo totol/ho.Pérdido de semillo/ho.

217

No. lorvos/ho.

3 x 106

2,8

2,6

2,4

2,2

2,0

1,8

1,5

1,4

1,2

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

Moyo Junio AgostoJulio Sept i embre

FIG. 4. Producción de semilla de S. capitata 1315 y pérdidas causadas por infestaciones dei perforador debotones Stegasta bosquella Ch.

torio (Tabla 12), no ha mostrado Ia mismaeficiencia y persistencia en condiciones decampo, posiblemente por restricciones detemperatura y humedad relativa, u otrosfactores aún desconocidos y que requierenmucho mas investigación, situación que limi-ta su utilización dentro de un sistema deproducción (Informe. " 1981).

EI conocimiento de ecosistema en pro-fundidad, identificando sus componentesbióticos y abióticos y sus interaciones, po-dría garantizar una ayuda efectiva, paralograr reducir Ia plaga a niveles por debajodeI umbral económico, minimizando losdanos causados por el insecto. En consecuen-cia, Ia investigación básicamente se ha orien-tado hacia Ia búsqueda de gramíneas resis-tentes aI ataque deI insecto. Los resultadoshan mostrado que Andropogon gayanus yB. humidicola y algunos ecotipos de Pani-cum maximun han mostrado cierta resis-tencia aI dano causado por el salivazo(Calderon 1982b).

Características como pilosidad y durezadei tallo, hábito de crescimiento erecto for-mando macollas compactas y presencia decompuestos químicos, que afectan el normaldesarrollo dei insecto, son los componentesde Ia resistencia al ataque de salivazo, quese han identificado en el Andropogon gaya-nus.

Por otra parte, Ia tolerancia que presen-tan el B. humidicola y el B. dictyoneura, seha atribuido a Ia capacidad de producciónde rebrotes de estas especies, Ia cual esmucho mayor que Ia observada en B. decum-bens (Informe ... 1983).

Debido a Ia importancia deI género Bra-chiaria como forraje de alto valor nutritivoy de excelente palatabilidad, se ha incrernen-tado el número de entradas para intensificarlos esfuerzos en Ia búsqueda de resistencia,procurando posibles diferencias que puedanexistir e identificar' alguna variabilidad géne-tica dentro deI género Brachiaria (Informe ...1983).

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218

kg/ho.

200

180

160

140

120

100

80

60

40

20<, -, -,Abril Moyo

No. lorvos/ho.

Producción de semillo lolol/ho.Perdido de semi Ilo/ho.

No. lorvosl ho 63 x 10

2,8

2,6

2,4

2,2

2,0

1,8

',6

',4

1,2

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

Junio Julio Agoslo Sepl iembre

FIG. 5. Producción de semilla de S. guianensis 136 ypérdidas causadas por infestaciones dei perforador debotones Stegasta basquella Ou ilichao, 1982.

TABLA 9. Grado de dano causado por insectos chupadores y comedores de follaje, sobre varias leguminosasforrajeras. (Ecosistema de sabana bien drenada isohipertermical.

LeguminosasChupadores

Grado de danoPromedio

ComedoresGrado de dano

Promedio

C. brasi/ianumZ. brasi/iensisZ. brasi/iensisC. macrocarpumC. macrocarpumS. capitataS. capitataS. capitataZ. letitotls

523474858025506550621315144120449199

4.03.03.02.52.52.52.52.02.0

1.01.01.01.01.01.01.01.01.5

a. infestación mensual promedia • Homoptera 280Crisomelidae 72

b. 1.0 = no dano; 5.0 = Planta muerta.

Se ha estudiado Ia preferencia de ali-mentación de adultos; los resultados mues-tran una variación respecto aI dano causado

por los adultos de salivazo en Ias diferentesaccesiones de Brachiaria evaluadas (Tabla13). Estos resultados son considerados pro-

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TABLA 10. Categorias usadas en Ia evaluación dei dano de insectos comedores de follaje y estimación de Ia reducción en el rendimiento de cinco leguminosas forrajeras.

Grado de dano 1. dano 2. leve 3. moderado 4. grave% dei área foliar reducción 0.0 > 0-10 > 10-20 > 20final en producción Kg MS/ha % Kg MS/ha % Kg MS/ha % Kg MS/ha %

S. capitata 0.0 0.0 > O- 85.4 > 0-3.3 > 85.4-170.9 > 3.3· 6.6 > 170.9 > 6.6Z /atifo/ia 0.0 0.0 > O- 51.1 > 0-3.1 > 51.1-102.2 > 3.1- 6.2 > 102.2 > 6.2D. ovalifolium 0.0 0.0 > 0-159.8 > 0-5.3 > 159.8-319.7 > 5.3·10.6 > 319.7 > 10.6C. pubescens 0.0 0.0 > 0-135.4 > 0-6.4 > 135.4·270.9 > 6.4-12.8 > 270.9 > 12.8P.pheseotoides 0.0 0.0 > 0-199.8 > 0-7.9 > 199.8-399.7 > 7.9·15.8 > 399.7 > 15.8

TABLA 11. Distribucióngeografica de los principales gêneros de Cercopidae en América Latina.

Pais Aeneolamia Deois Zulia Mahanarva Guarania Sphenorrhina Prosapia Philaenus Aphrophora Lepironia Clastoptera

Argentina x x xBolivia x xBrasil x x x x x x xColombia x x x xCosta Rica xCuba x xGranada xGuyana xHonduras Britanicas xJamaica xMexico x xPanama x xPeru x x xSurinam xTrinidad y Tobago x xU.S.A. x x x x xVenezuela Nx --o

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220

TABLA 12. Patogenicidad de diferentes cepas de Metarhizium anisopliae sobre ninfas y adultos de Zulia co-

lombiana.

PatogenicidadCepa Origen Hospedante

Ninfas Adultos

B 1 Belize Aeneolamia spp . adulto 50** 100**E 59 Brasil Oeois spp . adulto 50*** 83***CAR 1 Colombia Aeneolamia reducta . adulto 100CAR 2 Colombia Soil . Carimagua 16CAR 3 Colombia Aeneolamia reducta . ninfa 33 83CAR 4 Colombia Aeneolamia reducta . ninfa 83**** 33CAR 5 Colombia Aeneolamia reducts - ninfa 33 50CAR 7 Colombia Mocis latipes . larva 100* 100*Quil 8 Colombia Zulia cotombiene- adulto 33 16

misorios ya que pueden ser una indicaciónde una variabilidad genética dentro de iasaccesiones de Brachiaria evaluadas (Infor-me ... 1983).

Uno de los aspectos mas importantes deuna gramínea, ademas de Ia resistencia a Iaplaga, es Ia capacidad de recuperación me-dida en base a Ia producción de forrajeverde - (biomassa), una vez ha pasado elataque dei insecto. Los resultados indicanque Ias accesiones seleccionadas, muestranuna recuperación "buena" a excepción deiB. humidicola CIAT 6709, que mostró unarecuperación "regular", similar ai testigoB. decumbens (Tabla 13).

En relacion aios estudios de preferenciade oviposición, los resultados indican queexiste una considerable variación respecto aIa preferencia de Ias hembras para ovipositar(Tabla 14). B. brizdntha CIAT 6686 ha mos-trado ser Ia menos preferida, mientras queB. brizantha CIAT 6294 (marandu), resultoser Ia mas preferida (Informe... 1983). Seha evaluado el posible efecto dei sistema y Iacarga sobre Ia incidencia dei salivazo; los ana-lisis mostraron efectos simples significativosde sistema de pastoreo y carga sobre elnúmero de ninfas y adultos. Por otra parteen este estudio se encontro una interacciónde sistema por carga, que solo resulto signi-ficativa en términos de altura de Ia gramínea(Tabla 15). Estos resultados sugieren, quetanto el sistema de manejo como Ia cargautilizados, pueden contribuir de algunaforma en Ia regulación de Ia población deisalivazo (Informe ... 1984).

Por otro lado, es importante resaltar quese requiere orientar Ia investigación hacia lossistemas de producción trabajando a nivelde finca, con un grupo de técnicos formadopor Agrónomos, Especialistas en ManejoAnimal, Fisiólogos, Bioquímicos, Ecólogos yEntomólogos, que analicen en conjunto elcomplejo de Ias interaciones animal-planta--insecto-ecosistema.

Las gramíneas son afectadas por hormi-gas, Hymenoptera, Formícidae, A cromyr-mex spp, Atta spp, tanto en el período de es-tablecimiento, como en praderas ya estable-cidas. Los danos causados a Ias plántulasdurante el establecimiento son mucho masdrásticos pues Ias plantas en su fase de de-sarrollo inicial, difícilmente logran recupe-rarse de Ia defoliación causada por esta pla-ga. Aparentemente Ia utilización estratégicade algunas prácticas culturales, ai momentode establecer Ia pastura, parecen reducir elataque de Ia plaga (Informe... 1984).

Falso medidor, Mocis latipes, Lepi-doptera-Noctuidae. EI falso medidor es unaplaga esporádica de Ias grarruneas. Las larvasaparecen en grandes números, despues deque ha ocurrido un verano intenso y cuandoen el inicio de Ia estación lluviosa, ocurrenprecipitaciones bajas y escalonadas suficien-tes para ofrecer un microclima apropiadopara el desarrollo de Ia prirnera generaciónde Ia plaga. Las larvas consumen el follajedejando solo Ia nervadura central. Sin em-bargo, a medida que se incrementan Iaslluvias, Ias poblaciones de Mocis latipes,son drásticamente reducidas por Ia acción devarios agentes de control biológico natural

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221

TABLA 13. Preferencia de alimentación de adultos de salivazo y capacidad de recuperación de accesiones de8rachiaria spp., en condiciones controladas de invernadero, CIAT·Palmira, 1983.

Accessi6n CIAT No. Dano/Adulto! Capacidad deRecuperaci6n2

6707 1.3 2.76424 1.6 2.36688 1.7 1.76297 2.0 2.06686 2.0 2.36687 2.0 2.36709 2.0 3.36369 2.0 2.36294 2.0 2.7679 3.0 2.7606 3.7 3.5

8. humidicola8. brizantha8. brizantha8. brizantha8. brizantha8. brizantha8. humidicola8. dictyoneura8. brizantha8. humidicola3

8. decumbens3

Escala evaluaci6n de dano: 1 sin dano; 2 : dano leve; 3 : dano moderado; 4 : dano severo; 5 : plantamuerta.

2 Escala capacidad recuperación de Ias plantas, respecto ai dano causado por salivazo: 1 : excelente; 2 : bue-no; 3 : regular; 4 : mala; 5 : planta muerta.

3 Testigo.

(Informe ... 1982). EI falso medidor, ha sidodetectado causando dano en Andropogongayanus, Digitaria decumbens, Melinis minu-tiflora, Panicum maximun, Hyparrheniarufa, Paspalum spp (Calderon & Varela1982).

Afido Amarillo, Sipha fiava Forbes.EI afido amarillo, fue observado por pri-

mera vez en Carimagua Colombia, ai inicio

TABLA 14. Preferencia de oviposición de adúltosde salivazo, registrado en accesionesde 8rachiaria spp., en condicionescontroladas de invernadero (CIAT,Palmiral.

Accesiones CIAT No. Pref. OviposiciónN~ de insectos

8. brizantha8. humidicola8. dictyoneura8. brizantha8. brizantha8. decumbens'8. brizantha8. humidicola8. humidicola 1

8. brizantha8. brizantha

66866709636964246687606

62976707679

66886294

1.72.72.73.03.06.39.7

10.310.314.720.0

1 Testiqo

de Ia estación lluviosa de 1979, afectando Iagramínea Andropogon gayanus. EI dano secaracteriza por el cambio de coloración deifollaje de verde a rojo por causa dei ataquedei insecto. Aunque el dano ocasionado porafido amarillo se ha observado que no afectaIa persistencia de Ia pradera, durante Ia épo-ca de mayor población, puede reducir Iaproducción y Ia calidad de Ia pastura.

Durante 1980 se iniciaron estudios dedinárnica de poblaciones dei afido amarillo.Como resultado de estos estudios se deter-rninaron tres diferentes fases en el movirnien-to de Ias poblaciones de afidos, todos rela-cionados con Ia época de lluvia.

Fase de sobrevíveneía

Esta fase se inicia aproximadamente amediados de Ia época seca, hacia Ia inicia-ción de Ia época de lluvia. (Enero-Abril). Du-rante este período, se observa un alto por-centaje de macollas afectadas con muy pocapoblación de afidos, observándose ai finalmuy pocas macollas afectadas por muy bajaspoblaciones de afidos.

Fase de multiplicación

Durante este período se observa un rápi-

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222

TABLA 15. Incidencia de "Salivazo" en B. decumbens + D. ovalifolium bajo diferentes manejos (Carimagua,1984).

Sistema de PastoreoCarga Animal

Alta Media Baja

No. Ninfas/m 2

2.09 2.67 3.812.70 3.28 4.822.70 3.83 5.151.66a 1.88b 2.14c

No. Adultos/m 2

1.52 1.60 2.091.87 2.08 2.221.60 1.97 2.121.66 a 1.88 b 2.14c

Promedio

ContinuoAlternoRotacionalX

ContinuoAlternoRotacionalX

2.86 a3.60b3.89b

1.74 a2.06b1.90 c

a, b, c Medias con letras diferentes son distintas significativamente (P

do y progresivo aumento en Ia población deafidos en aquellas macollas que permanecie-ron infectadas en Ia fase anterior. Esta fasecomienza, al iniciarse Ia époéa de lluvias,(Abril) y está caracterizada porque Ia infes-tación está localizada en parches, Ias cualesse pueden observar fácilmente debido a Iapresencia de Ia coloración rojo-púrpura deIas hojas, Ias cuales contrastan con el colorverde natural de Ia gramínea en el potrero.

Fasede dispersión [invasiôn dei potrero)

Esto ocurre durante el período de másalta precipitación (Mayo-J ulio). La pobla-ción de afidos se incrementa progresivamen-te y es muy fácil observar un alto porcenta-je de rnacollas afectadas, soportando altaspoblaciones de afidos. Es importante men-cionar que Ia iniciación de Ias fases puedencambiar de un ano a otro, debido a los cam-bios ambientales que puedan ocurrir (Vare-Ia & Calderon 1983).

0.05).

REFERENCIAS BIBUOGRAFICAS

CALDERON, C.M. Evaluación dei dano causadopor insectos. In: TOLEDO, J.M., ed. Manualpara Ia evaluación agronórnica. Cali, Red.Internacional de ensayos regionales, 1982a.p.57-72.

CALDERON, C.M. Insect pests of tropical forageplants in South America. In: INTERNA TIO-NAL GRASSLAND CONGRESS, 14. Lexing-ton, 1981. Proceedíngsv.. Lexington, Uni-versity of Kentucky, 1982b. p.778-8!.

CALDERON, CM. Uso de Ia resistenciá varietalcomo método de control de barrenador deitallo de Stylosanthes sp., Caloptilia sp, Cali,CIAT, 1982c. 2p. (CIAT. Seminarios Inter-nos, SE-I4- 82).

CALDERON, CM. & VARELA, F.A. Resistenciade Stylosanthes spp., ai' barrenador dei tallo.Cali, CIAT, 1982. 3p. (CIAT. Boletim Infor-mativo, 6).

INFORME ANUAL CIAT, Cali, 1978.INFORME ANUAL CIAT, Cali, 1980.INFORME ANUAL CIAT, Cali, 1981.INFORME ANUAL CIAT, Cali, 1982.INFORME ANUAL CIAT, Cali, 1983.INFORME ANUAL CIAT, Cali, 1984.

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CI GAR R IN HAS-DAS-PAST AG ENSNO TRÚPICO ÚMIDO BRASILEIRO

Antonio de Brito Silva 1

RESUMO - São conhecidas doze espécies de cercopídeos que se alimentam em gramíneas naAmazônia. As espécies já determinadas são: Deois incompleta, Deois [lavopicta, Deoisschach, Mahanarva tristis, Sphenorhina ,melanoptera e Sphenorhina rubra. A D. incompletaé predominante em toda a região, havendo em Rio Branco, AC e Rondônia, também, grandeocorrência de D. flavopicta e D. schach. A D. incompleta é no momento o fator mais limi-tante da expansão das capineiras do gênero Brachiaria, causando, nestes capins, grandesperdas em capacidade de suporte e até a destruição total de alguns. Os dados biológicosdesta espécie são apresentados neste trabalho. O ciclo de vida dura em torno de 71 dias e acapacidade de aumento é de 1,14 vezes a cada geração. A flutuação populacional tem sidoestudada no Pará, Amazonas, Acre e Rondônia. Ocorre no período chuvoso, variando aspopulações, no decorrer do ano, em função dos fatores climáticos e da gramínea hospedeira.Foram selecionadas gramíneas mais resistentes, destacando-se: Paspalum secans (FCAP 12),Paspalum plicatulum (CPATU 144 e Pasto Negro), Andropogon gayanus (CPATU 530) ePanicum maximum (Colonião, Búfalo e Tobiatã). Para controle químico, o melhor produtofoi o lsoproearb. O uso do fogo no final da época seca eliminou a primeira geração da praga.O melhor manejo da pastagem consiste em deixar o pasto de 25 em a 30 em de altura. Aadubação fosfatada, em Altamira, PA, reduziu os danos às pastagens. O fungo Metarrhiziumanisopliae não apresentou eficácia de controle e o inimigo natural mais evidente tem sido aSalpingogaster nigra.Termos para indexação: Região amazônica, trópico úmido, cigarrinha, cigarrinha-das-pasta-gens, capins, brachiaria: quicuio-da-amazônia, Paspalum, Panicum, Brachiaria, Andropogongayanus, Setaria, Hyparrhenia, Digitaria, AxonoDus. resistência, controle Químico, controlebiológico, controle cultural, Isoprocarb, Metarrhizium anisopliae, Salpingogaster nigra, flu-tuação populacional, biologia, Deois incompleta, Deois =schach, Deois [lavopicta, Mahanarvatristis, Sphenorhina melanoptera.

PASTURE SPITTLEBUGS IN THE BRAZILlAN HUMID TROPICS

ABSTRACT - Eleven species of Cercopidae are known in the brasilian Amazon attackingforage grasses. The speeies already identified are: Deois incompleta, Deois flavopicta, Deoisscbech, Mahanarva tristis e Sphenorhina melanoptera. D. incompleta is the predominantspecies. In the states of Rio Branco and Rondônia there is a grejlt occurrence of D. ttsvoptc-ta and D. schach. Presently, the species D. incompleta is the most important facto r limitingthe expansion of the genusBrachiaria for pasture. It causes great lesses, affecting the carryingcapaeity, and causinq, in many cases, a total destruction of the paddock. Data on biology ofthis insect species is presented. The life cycle is 71 days and the inerease capacity is1.14times for each generation. The population fluctuation has been studied in the states of Pará,Amazonas, Acre and Rondônia. It occurs during the rainy season, and its abundancedepends on climatic factors and host grasses. Resistant germoplasm have been selected fromseveral grassgenera, such as: Paspalumsecens (FCAP 12), Paspalumplicatulum (CPATU 144and Pasto Negro), Andropogon gayanus (CPATU 530) and Panicum maximum (Colonião,Bufalo and Tobiatal. For chemical control, the best insecticide was Isoprocarb. Fire, as ateehnical management tool, when set by the end of the dry season, may eliminate the firstgeneration of the pest. Pastures grazed down to a height of 25 cm or taller produce goodresults. In Altamira state of Pará, in some phosphorus fertilization was effective in reducingpastures damage. The fungusMetarrhizium enisoplise did not present good control efficiency.

1 Eng. - Agr., Ph.D., EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém, PA.

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The Syrphidae fly Salpingogaster nigra has been a natural enemy of spittlebug found in theregion.

Index terms: Amazon region, humid tropics, spittlebug, grasses,Brachiaria, Paspalum, Pani·cum, Andropogon gayanus, Hyparrhenia, Digitaria, Axonopus, resistance,chemical control,biological control, pasture management control, biology, population fluctuation, Deoisincompleta, Deois schach, Deois f/avopicta, Mahanarva tristis, Sphenorhina rnelenoptere.

INTRODUÇÃO

Nas gramíneas da Amazônia foram en-contradas até o momento doze espécies decercopidae, vivendo em diferentes nichosecológicos. As espécies já determinadas são:Deois incompleta, Deois flavopicta, Deoisschach, Mahanarva tristis, Sphenorhina me-lanoptera e Sphenorhina rubra.

A D. incompleta é predominante naAmazônia, com exceção do Estado do Acreonde a D. flavopicta predomina (comunica-ção pessoal do Dr. Murilo Fazolin). No Es-tado de Rondônia também se encontragrande proporção de D. flavopicta e D.schach.

A espécie D. incompleta constitui hojea praga mais importante das pastagens culti-vadas, principalmente das gramíneas dos gê-neros Brachiaria e Digitaria (Silva & Maga-lhães 1980). Apesar de ser uma espécie au-tóctone, a primeira citação, na Amazônia,foi feita por Simão Neto & Serrão (1974).

O incremento populacional desta pragadeu-se no final da década de 60, devido àexpansão das pastagens de Brachiaria decum-bens e Brachiaria humidicola.

Cinco unidades de pesquisa no trópicoúmido brasileiro têm desenvolvido progra-mas que visam o estudo e o controle das ci-garrinhas-das-pastagens: CPATU (Centro dePesquisa Agropecuária do Trópico Úmido),UEPAE-Manaus (Unidade de Pesquisa deÂmbito Estadual - Manaus), UEPAE-PortoVelho (Unidade de Pesquisa de Âmbito Es-tadual-Porto Velho), UEPAE-Rio Branco(Unidade de Pesquisa de Âmbito Estadual-Rio Branco) e FCAP (Faculdade de CiênciasAgrárias do Pará).

BIOLOGIA

O estudo de biologia da D. incompletateve início em 1979 no CPATU, em casa-de--vegetação e a metodologia empregada estádiscriminada nos trabalhos de Silva & Maga-lhães (1980) e Magalhães (1982). A gramí-

nea utilizada na criação da praga foi s Bra-chiaria humidicola.

Os ovos medem em média 1,05 mm decomprimento por 0,32 mm de largura, sãofusiformes e amarelados. O período de incu-bação é de doze a treze dias. Após a eclosão,as ninfas apresentam-se com coloração laran-ja, sem tecas alares e bastante ativas, medin-do cerca de 1,07 mm de comprimento. Ini-cia a alimentação em raízes secundárias ecoletos ainda tenros. O primeiro ínstar durasete dias e é o mais vulnerável, apresentandouma taxa de mortandade de 73%. Os demaisínstares, em número de quatro, apresentamtecas alares e coloração amarelada, escure-cendo à medida que se aproximam do quintoínstar. A duração média do ciclo ninfal é de49 dias e a viabilidade está em torno de20%.

Os adultos apresentam coloração mar-rom clara ou escura, dependendo da idade.As asas anteriores possuem duas faixas ama-reladas, uma delas corta o clavo no sentidolongitudinal e a outra localiza-se próximoà margem costal nos 2/3 basais. A fêmea éligeiramente maior e mais escura que o ma-cho, medindo 7 mm de comprimento por3 mm de largura.

Após dois dias, a fêmea inicia o acasala-mento que dura duas horas, podendo acasa-lar-se até quatro vezes com diferentes ma-chos. O período de pré-oviposição vai dedois a sete dias. Cada fêmea põe cerca de 18ovos distribuídos em três posturas, sendorealizada uma por dia. Após a última posturaa fêmea perece.

A longevidade dos adultos quando vir-gens é de dez dias e quando acasalados osmachos vivem cerca de quatro dias e as fê-meas seis dias.

A razão sexual está em torno de 0,5, ouseja, o número de machos é igual ao númerode fêmeas. O ciclo total do inseto está emtorno de 70 dias. Esta espécie apresenta umataxa líquida de reprodução de 1,14 e uma ra-zão finita de aumento da população de1,002 fêmeas/fêmea/dia.

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INIMIGOS NATURAIS

A D. incompleta possui poucos inimigosnaturais que por sua vez são pouco abundan-tes. Até o momento foram constatados osseguintes:

1.Metarrhizium anisopliae2. Ácaro (Trombidiidae)3. Aranha (não identificada)4. Phlugis sp.5. Asilidae (não identificado)6. Salpingogaster nigra7. Mermis sp.8.Paecilomices li/acinus9. Quatro fungos não identificados.Parece que os inimigos naturais, de uma

maneira geral, não exercem controle muitoefetivo na população desta praga. Vale res-saltar, porém, que em Belém, no ano de1980, as populações de Salpingogaster nigraforam muito expressivas.

HOSPEDEI ROS

As cigarrinhas do trópico úmido brasi-leiro foram observadas nos seguintes hospe-deiros:

I. D. incompleta1. Brachiaria spp.2. Digitaria spp.3. Panicum spp.4. Paspalum spp.5. Setaria spp.6. Andropogon spp.7. Chloris gayana8. Echinochloa polystachia9. Axonopus sp.

10. Hyparrhenia rufa11. Homolepis aturensis12. Melinis minutiflora13. Zea mays14. Oryza sativa15. Pennisetum purpureum16. Commelina virginica17. Saccharum officinarum

11. D. flavopicta1. Brachiaria spp.2. Digitaria spp.

Guagliumi (1973) cita ainda:

3. Oryza sativa4. Cynodon dactilon

225

5. Panicum maximum6. Pennisetum purpureum7. Melinis minutiflora8. Hyparrhenia rufa9. Stenotaphrum glabrum

11I. D. Schach1. Brachiaria spp.2. Digitaria spp.

Guagliumi (1973) cita a seguinte:

3. Saccharum officinarum

IV. Mahanarva tristis1. Saccharum officinarum2. Pennisetum purpureum3. Brachiaria humidico/a

V. Sphenorhina me/anoptera

Foi coletado um exemplar em armadilhaluminosa em Manaus, AM. Menezes (1982)cita os seguintes hospedeiros no Estado daBahia:

1. Cecropia adenopus2. Helianthus annus3. Pennisetum purpureum4. Theobroma cacao

VI. Sphenorhina rubra1. Oryza sativa2. Corchorus capsu/aris

Silva et al. (1968) e Menezes (1982) ci-tam:

3. Coniza bonariensis4. Cynodon dactilon5. Eupathorium sp.6. Philodendron sp.7. Saccharum officinarum8. Zea mays9. Panicum maximum10. Theobroma cacao

VII. Cercopidae n? 1122 coleçãoCPATU1. Brachiaria decumbens2. Brachiaria humidico/a

VIII. Cercopidae n? 1148 coleçãoCPATU1. Paspalum virgatum

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FIG. 1. Flutuação populacional da Deois incom-pleta, Belém 1976-1982.

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FIG. 2. Hutuação populacional de Deois incom-pleta, Bragança 1979-1982.

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100

F M A M

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A s o N o

FIG. 3. Flutuação populacional da Deois incompleta, Manaus-AM, 1982.Fonte: Jocicler da Silva Carneiro - UEPAE Manaus.

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FIG. 4. Flutuação populacional da Oeois incompleta, Porto Velho, RO, 1977.Fonte: UEPAE Porto Velho.

IX Cercopidae nO 1150 coleçãoCPATU

1. Saccharum officinarum

X. Cercopidae n? 1229 coleçãoCPATU1. Brachiaria humidicola

XI. Cercopidae n? 1257 coleçãoCPATU1. Pennisetum purpureum

FLUTUAÇÃO POPULACIONAL

Os levantamentos efetuados desde 1976têm mostrado que as cigarrinhas ocorremcom maior intensidade na época mais chuvo-sa. No município de Belém, PA, de tipo cli-mático Afi (Kôppen), as cigarrinhas são en-contradas o ano todo, o mesmo acontece emManaus, AM, onde ocorre o tipo climáticoAmi com regime de chuvas ainda suficientepara manter uma população baixa de cigarri-

nhas na época menos chuvosa. Em áreas declima com períodos sécos mais drásticos,como ocorre nos munícípios de Porto Velho,RO e Bragança, PA (Ami) e em Paragorninas,PA (Awi) onde há um déficit hídrico bemmais acentuado, as cigarrinhas só são obser-vadas nos meses chuvosos, de janeiro a julhoem Bragança e Paragominas, e de outubro ajunho em Porto Velho (Figs. 1 aS).

NrVEIS DE DANO

Com o objetivo de se quantificar os da-nos ocasionados pela D. incompleta em pas-tos de B. humidicola e B. decumbens, foramrealizados alguns testes no CPATU, em1982. Silva (I982) concluiu que o estádionínfal é menos prejudicial que o adulto. Asninfas, em B. decumbens, causam prejuízosem torno de 30% a partir de infestações bai-xas (501m2) e em B. humidicola somente

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50

Unidades - Ninfos/m2

Adultos/IO redodosObs: rede de 40 em de diâmetro

40L e g e n do:

-Adultos

----Hinfos

.; 30

10

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1983

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FIG. 5. Flutuaçllo populacional de Oeois incom-pleta, Paragominas, 1983.

com infestações altas, a partir de 250jm2•Os adultos, em B. humidicola, causam danosmais significativos a partir de 120jm2 e emB. decumbens causam prejuízos acima de25% a partir de infestações baixas (40jm2).

Um gráfico mostrando as regressões paraavaliação de danos nas duas gramíneas podeser observado na Fig. 6.

RESIST~NCIA DE GRAMINEAS

Até o momento foram avaliadas cercade 50 gramíneas de origem regional e exóti-cas para se determinar o grau de resistênciaà D. incompleta. Em Rio Branco, AC foraminiciados trabalhos para avaliar resistênciade gramíneas à D. flavopicta, pela UEP AE-Rio Branco.

Nas avaliações é levado em consideraçãoa população de ninfas e o grau de dano sofri-do por gramínea, este último mensuradocom o auxílio de uma escala de notas varian-do de O a 5 (sem dano até a morte da gramí-nea).

As gramíneas selecionadas como maisresistentes são: Andropogon gayanus (CIAT6054, CIAT 6211, CPATU 227 e Planaltina),Paspalum secans (FCAP 12), Panicum maxi-mum (colonião, Búfalo, CPATU 225, Híbri-do T 58 e K 187B), Panicum sp. (CPATU1153), Paspalum plicatulum (Pasto Neg~o eCPATU 144), Eragrostis curvula (So Afri-ca 1) e o Paspalum notatum (Pensacola Ba-hia).

o A. gayanus e os Paspalum spp. têmmostrado efeito de antibiose e não prefe-rência enquanto o P. maximum e a E. cur-vula somente não preferência.

Os resultados de avaliação de 1984 estãocontidos nas Tabelas 1 e 2.

A gramínea que tem apresentado asmaiores infestações é a Brachiaria humidico-Ia, entretanto possui alto grau de tolerânciaà cigarrinha.

Os capins dos gêneros Brachiaria e Digi-taria são os mais susceptíveis ao efeito toxi-cogênico da éigarrinha, e em geral apresen-tam as mais altas infestações.

O Dr. Mario Calderon, do CIAT, intro-duziu algumas cultivares de Brachiaria spp eAndropogon gayanus, as quais estão em fasede avaliação no CPATU.

CONTROLE BIOLÓGICO

Alguns pesquisadores têm verificadogrande eficácia do fungo Metarrhizium ani-sopliae no controle das cigarrinhas: Gua-gliumi (1973), Matiole (1976), Oliveira eCuri (1979) e Naves (1980).

As pesquisas realizadas no CPATU mos-traram graus de infecção altas a nível de la-boratório, porém a nível de campo os resul-tados foram desanimadores, variando de0% a 10%, usando-se concentrações de 1013

esporos viáveis por hectare. As cepas testa-das foram: E9, E6, CPATU 80, IPA 148,CM 154, e CEPLAC.

Um bioensaio em casa-de-vegetação foirealizado em 1981 no qual se destacaram ascepas locais C1, C3, C5 e a cepa de Londrina(IAPAR) Cm 23. A Fig. 7 mostra o compor-tamento das cepas testadas.

Provavelmente a causa da ineficácia dofungo deve-se ao fato da espuma da cigarri:nha inibir e matar os esporos. Quando foiadicionada espuma integral ou diluída emcolônias do M anisopliae, estas vinham amorrer.

A mosca Sirf ídca Salpingogaster nigra,por ser um inimigo natural mais ativo, apre-senta grande potencial para ser usada no con-trole biológico das cigarrinhas.

CONTROLE QUrMICO

Com a finalidade de se controlar cominseticidas a D. incompleta, foram testados

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TABELA 1. Número médio de ninfas de Oeois incompleta, por m2, em gramlneas autóctones e exóticas. Be-lêm,1984.

Gramfneas

Panicum maximum (50 África 4) CPATU 119Panicum maximum (50 África 3) CPATU 118Setaria anceps (50 África 4) CPATU 192Setaria anceps (Congo 1) CPATU 185Panicummaximum (50 África 1) CPATU 116Panicummaximum CPATU 126Melinis minutiflora (Gordura do Maranhão) CPATU 250Setariaanceps (Congo 3) CPATU 187Panicum maximum (Green Panic) CPATU 115Setaria enceps (50 África 5) CPATU 193Panicum maximum (Gatton Panic) CPATU 120Panicum aquaticum (lRI 729) CPATU 421Setaria anceps (Congo 2) CPATU 186Panicum maximum (50 África 2) CPATU 117Setaria sp. CPATU 1998rachiaria sp. CPATU 20Axonopus leptostilchyus CPATU 3Paspalumpilosum (FCAP 20) CPATU 778Axonopus sp. CPATU 5Panicum maximum (CIAT 697) CPATU 760Axonopus sp. CPATU 8Andropogon gayanus (CI AT 6053) CPATU 529Panicum sp. CPATU 1153Panicum maximum (K 187·B) CPATU 130Panicum maximum (Híbrido T 58) CPATU 132Paspalumplicatulum CPATU 144Andropogon gayanus (CIAT 6211) CPATU 541Panicum maximum CPATU 285Andropogon gayanus (CIA T 6054) CPATU 530Paspalumsecans(FCAP 12) CPATU 780

81,572,566,456,755,8545451,249,547,947,74643,431,420,418,916,51513,312,912,411,99,77,53,3310,90,5O

Contrastes(Tukey 5%)

Valores ligados pela linha vertical não diferem entre si ao nrvel de 5% de probabilidade.

no decorrer dos últimos cinco anos 31 pro-dutos: Methomyl, Phosphamidon, Pirimi-carb, Deltamethrine, Dimethoate, Isopro-carb, Fenitrothion, Parathion etilico, Mono-crotophos, Endrin, Carbaryl PM, CarbarylFW, Mephospholan, Fenvalerato, Carbofu-ran, Bromophos, Chlorpirifos, Phorate,Triaziphos, CME 13406, Avermectin, Tri-chlorfon, Permethrina, Cipermethrina, Dia-zinon, Disulfoton G, Disulfoton CE, Endo-sulfan, Ethion, Acephate e Omethoate.

O produto mais eficaz é o Isoprocarbpó 5% empregado à razão de 20 kgfha, se-guido por Monocrotofos e Acephate nasdosagens recomendadas pelos fabricantes.(Silva, 1981,1983).

MANEJO DE PASTAGENS

As pastagens adequadamente manejadaspromovem grandes reduções na população

da D. incompleta. É sabido e citado poralguns pesquisadores que quando o capim fi-ca mais alto, a população das cigarrinhastende a diminuir, provavelmente devido aomenor número de rebrotes novos emitidosem pastagens mais fechadas. É sabido que ascigarrinhas na fase ninfal alimentam-se daspartes mais tenras da planta, como rebrotesnovos e raízes.

A altura do capim após pastejo foi pes-quisada no CPATU no corrente ano, verifi-cando-se que a altura ideal está em tomode 30 em. Cosenza & Naves (1979) sugeremuma altura de 25 em ou maior e Menezes etal. (1983) refere uma altura mínima de20cm.

A queima, apesar de ser uma prática co-mumente usada para livrar as pastagens daservas daninhas, provou ser eficiente na elimi-nação dos ovos da cigarrinha D. incompleta

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TABELA 2. Notas médias de dano em capins autóctones e exóticos devido à infestação de Oeois incompleta.Belém, 1984.

Gramíneas Notas Contrastes(Tukey 5%)

Panicum maximum (Green Panic) CPATU 115Setaria sp. CPATU 199Panicum maximum CPATU 126Panicum maximum (So África 1) CPATU 116Panicum maximum (Gatton Panic) CPATU 120Panicum maximum (So Africa 4) CPATU 119Panicum aquaticum (I RI 729) CPATU 421Panicum maximum (So Áfrlca 3) CPATU 118Setaria anceps (So África 5) CPATU 193Paspalumplicatulum CPATU 144Melinis minutiflora (Gordura do Maranhão) CPATU 250Setaria anceps (Só Africa 4) CPATU 192Setaria anceps (Congo 3) CPATU 197Setaria anceps (Congo 1) CPATU 185Andropogon gayanus (CIAT 6053) CPATU 529Setariaanceps (Congo 2) CPATU 186Axonopus sp. CPATU 88rachiaria sp. CPATU 2.0Panicum maximum (CIAT 697) CPATU 760Panicum sp. CPATU 1153Andropogongayanus (CIAT6211) CPATU 541Panicum maximum (So África 2) CPATU 117'Penicum maximum (Híbrido T·58) CPATU 132Axonopus lep tostschvus CPATU 3Paspalum secensCPATU 780Paspalumpilosum CPATU 778Panicum maximum (K·187·B) CPATU 130Axonopus sp. CPATU 5Panicum maximum CPATU 225Andropogon gayanus (CIAT 6054) CPATU 530

4,754,54,253,753,753,132,632,502,251,381,381,13110,750,50,50,380,380,380,380,250,130,130,130,13OOOO

O • Sem danos; 1 - folhas com sintomas leves;2 - folhas com áreasamareladas;3 - folhas com necroses;4 - plan-tas muito necrosadas; 5 - plantas mortas. Valores ligados por linha vertical não diferem entre si ao nível de5% de probabilidade.

e na redução da população da Antonina gra-minis.

Experimentos levados a efeito em Bra-gança, PA eliminaram a primeira geração dapraga nas áreas tratadas com fogo, as quaisapresentavam uma infestação de 368ovos/m2 (Silva & Serrão 1983).

A fertilização da pastagem ainda éassunto pouco estudado com relação aospossíveis efeitos sobre a população das ci-garrinhas. Experimentos realizados em Bra-gança mostraram que pastos de B. humidico-Ia adubados com 50, 100 e 150 kg deP2Os lha apresentaram infestações semelhan-tes às de pastos não adubados. Por outrolado, em Altamira, nos experimentos de ava-

liação de gramíneas forrageiras, as subparce-Ias adubadas com fósforo, apesar de possuí-rem grandes infestações, apresentaram índi-ces de dano significativamente mais baixo doque as subparcelas não tratadas.

Uma das práticas que não se deve deixarde recomendar é a diversificação ~das pasta-gens, procurando-se implantar em sistemasolteiro o maior número de gramíneas resis-tentes, ou seguir a recomendação de Lima &Gondi.n (I 982) que obtiveram excelentes re-sultados com a consorciação de quatro espé-cies de Paspalum de aceitabilidade pelo gadomuito semelhante. Foram consorciados P.plicatulum (FCAP 6 e CPATU 144), P. se-cans e P. coryphaeum.

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FIG. 6. Modelos de regressão para avaliação de danos da Deois incompleta em8rachiariade-cumbens e 8rachiaria humidicola após 48 dias de infestação, Belém, 1981.

231

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232Legendo

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FIG. 7. Bioanálise-avafiação do Metarhizium enisopliee Sorokin sobre ninfas de Deois incompleta Walker.Belém. 16/09/81.

REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INFLUt:NCIA DO USO DO FOGO SOBRE A POPULAÇÃODA CIGARRINHA-DAS-PASTAGENS Deois flavopicta

(STAL 1854) EM PASTAGENS DE Brachiaria decumbensNA REGIÃO DE RIO BRANCO, AC

Murilo Faeolín!

RESUMO - A utilização da queima dos pastos para eliminar a macega e/ou ervas daninhas éuma prática bastante utilizada no Estado do Acre. As pastagens formadas com Brachiariadecumbens vêm sofrendo ataques intensos da cigarrinha Deois flavopicta. Com este trabalhotiveram início os estudos da relação entre a utilização desta prática com o comportamentoda população destes cercopídeos. Utilizaram-se duas áreas de B. decumbens de I ha cada,sendo que uma sofreu a ação do fogo no final da época seca. Foram retiradas amostras de so-lo para o estudo da viabilidade dos ovos das cigarrinhas em laboratório, bem como foramcolocadas na área cinco gaiolas de tela de nylon para avaliar a eclosão dos ovos a nível decampo. As avaliações foram realizadas semanalmente dentro e fora das gaiolas contando-seo número de ninfas e adultos, conforme os métodos convencionais. Houve uma redução napopulação inicial das cigarrinhas na área de tratamento de fogo, sendo que nesta área o pri-meiro pico populacional de ninfas ocorreu com atraso de um mês em relação à testemunha.Após a altura das pastagens se igualar nas duas áreas, as populações de ninfas e adultos naárea de fogo foram sempre superiores às da área testemunha, devido à migração de adultosprovenientes de áreas adjacentes que não sofreram queima. Por outro lado, a presença damacega em períodos com índices de pluviosidade elevados, torna o ambiente ao nível dosolo desfavorável para o desenvolvimento das ninfas, sendo notória nesta época uma açãoeficiente do fungo Metarrhizium anisoptiae. A queima dos pastos com finalidade de limpe-za ou mesmo controle das cigarrinhas deve ser feita observando-se as condições particularesde cada região, uma vez que os efeitos da aplicação desta prática podem ser indesejáveis,concorrendo para um incremento da população das cigarrinhas nestas áreas através do deslo-camento dos indivíduos a partir de áreas não queimadas.Termos para indexação: Pastagem, cigarrinhas-das-pastagens, Deois flavopicta, Brachiariadecumbens.

INFLUENCE OF THE USE OF FIRE ON THE POPULATIONOF THE SPITTLEBUG õeois tlevopicte(STAL 1854) ON Brechierie decumbens

IN RIO 'BRANCO, ACRE

ABSTRACT - The use of fire in pastures to eliminate weeds is a common practice in theState of Acre, Brazil. Pastures formed with Brachiaria decumbens have suffered from attacksof spittlebug (Oeois flavopicta). A field trial was set up to study the relation between theuse of fire on pasture and spittlebug population. Two areas of Brachiaria decumbens, onehectare each, were used. One suffered the action of fire at the end of the dry period. Soi!samples were taken to study the viability of the eggs in laboratory condition. Five nylontraps were placed in the area in order to evaluate the hatching of the eggs in the field. Theevaluations were carried out weekly inside and outside the traps counting the number oflarvae and adults, according to the conventional mathods. There was an initial reduction ofthe spittlebug population in the burned area and in this area the first peak of the larvapopulation occurred one month later in relation to the control. However, when the heightof the pastures became equal in both areas, the larvae and adult populations in the burnedarea were always superior to those in the control area because of the migration of adults

Eng. Agr. M.Sc. EMBRAPA-UEPAE de Rio Branco. Caixa Postal 392. CEP 69900. Rio Branco, AC.

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from adjacent areas which had not suffered burning. On the other hand, the presenceofconsiderable grass biomass during periods of high rainfall high presents an unfavorableenvironment in the soil for the development of larvae. It is well known that the fungusMetarrhizium anisopliae acts efficiently during this period. The burning of pastures eitherfor weed killing or to control spittlebug should be done observing the peculiar conditions ofeach region, becausethe effects of this practice can be undesirable, increasing the spittlebugpopulation through migration from areasthat have not been burned.

Index terms: Pasture, spittlebuq, Deois ttevopicte, 8rachiaria decumbens.

INTRODUÇÃO

o uso do fogo para eliminar restos vege-tais é uma prática bastante utilizada na re-gião amazônica. Este método é aplicado apósa derrubada da mata ou capoeira, consti-tuindo-se numa forma econômica de limpe-za de áreas destinadas à produção agropecuá-ria. Posteriormente, as áreas que são destina-das para formação de pastagens, em especialas de Brachiaria decumbens, continuam vo-luntária ou involuntariamente sendo queima-das nos anos subseqüentes à implantação,sendo que no primeiro caso a finalidade é deeliminar a macega e ervas invasoras, ou am-bas. A B. decumbens é uma gramínea dereconhecida susceptibilidade ao ataque dascigarrinhas-das-pastagens; no Estado doAcre, em especial, a Deois flavopicta temcausado sérios prejuízos a esta gramínea.Sendo assim, o estudo da influência do fogosobre o comportamento da população deninfas e adultos, bem como do possível efei-to letal sobre os ovos deste cercopídeo, temuma importância fundamental para que sepossa, no futuro, recomendar ou não a suautilização como forma estratégica de contro-le da praga.

No sul da Bahia, em pastagens de B. de-cumbens que sofreram a ação do fogo, atemperatura registrada ao nível do solo foide 3700C, sendo que a queimada foi rápidae a temperatura caiu nos dois minutos se-guintes para 840C e 700C, respectivamente,voltando à temperatura normal entre 30 e 60minutos (Menezes & Pereira 1983). Nas sava-nas africanas, as temperaturas, também aonível do solo, chegaram a ultrapassar 7200C(Daubenmire 1968).

Ensaios visando avaliar a eficácia daqueima de pastagens de capim pangola foramrealizados no México e os resultados mostra-ram que as infestações de ninfas e de adultossempre foram significativamente maiores nasáreas não queimadas, até dois anos após aqueima (Velasco Pascual 1975). Em Belém,

..

PA, testes efetuados em canteiros mostraramque o fogo rápido e brando pode inviabilizartodos os ovos da cigarrinha expostos ao níveldo solo. Quanto às ninfas de Deois incomple-ta, estas apresentaram populações extrema-mente baixas nos pastos onde foi aplicado otratamento fogo, quando a altura de Brachia-ria humidicola permanecia, aproximadamen-te, a 20 em e apresentava-se muito fenada(Silva & Serrão 1983).

MATERIAL E MÉTODOSO ensaio foi instalado na fazenda Nite-

róy, no município de Senador Guiomard,AC. Foram demarcadas duas áreas de umha cada formadas com Brachiaria decum-bens. De cada uma destas foram retiradascinco amostras simples da parte superficialdo solo para o estudo da viabilidade dosovos de cigarrinhas contidos no mesmo. Pos-teriormente foi ateado fogo a uma destasáreas permanecendo a outra como testemu-nha. Após este tratamento, foram retiradasmais cinco amostras de .solo para avaliaçãodo provável efeito letal sobre os ovos dascigarrinhas presentes. Para aferir os resulta-dos de viabilidade de ovos em laboratórioforam instaladas, em cada área, cinco gaiolasde tela de nylon de 1,5 m x 1,5 m x 2,0 mde tal forma que não permitissem a entradaou saída de qualquer inseto. Semanalmenterealizaram-se os levantamentos das popula-ções de ninfas e adultos, dentro e fora dasgaiolas nas duas áreas. No primeiro caso,contou-se o número total de ninfas, espumase adultos dentro das gaiolas. No segundocaso contou-se o número de ninfas e espu-mas em 40 pontos, utilizando-se quadro me-tálico de 25 em de lado, atirado aleatoria-mente na área, e o número de adultos captu-rados com rede entomológica de 40 em dediâmetro na base de 100 golpes por área. Emtodas as avaliações foram medidas as alturasda pastagem, e dentro das gaiolas a altura dagramínea foi mantida igual à externa, consu-mida normalmente pelo gado sem nenhumcontrole rígido de lotação.

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TABELA 1. Resultados da análise de fertilidadedos ovos de Deois flavopicta contidosem 5 amostras simples de 5010 superoficial das áreas testemunha e de trata-mento de fogo.

Amostra Número Número de ovosde ovos férteis

Testemunha 45 22Antes do fogo 24 perdida no

processamentoApós o fogo 67 O

RESULTADOSAtravés da Tabela 1, referente ao resul-

tado da análise de laboratório para averiguara viabilidade dos ovos das cigarrinhas-das--pastagens, pode-se observar que na amos-tragem da área que sofreu a ação do fogo to-dos os ovos foram inférteis.

A fertilidade natural estava ao redor de48,9% comparado com o resultado obtido daamostragem da área testemunha.

A Fig. 1 apresenta a flutuação popula-cional de ninfas e adultos de D. flavopictadentro das gaiolas de nylon, acompanhadade medição da altura da pastagem, e mostraque o primeiro pico das ninfas ocorreu naárea testemunha no início de novembro,enquanto que na área de tratamento de fogoeste pico ocorreu na segunda quinzena dedezembro. Para os adultos, na área testemu-nha, houve a ocorrência do primeiro pico po-pulacional em meados de novembro, seguin-do-se um outro em meados de janeiro. Naárea de tratamento de fogo, o primeiro picode adultos ocorreu no final de novembro eum outro em meados de janeiro. O períodode levantamento estendeu-se até quando seiniciou a sobre posição de gerações.

A Fig. 2 mostra a flutuação populacio-nal de ninfas e adultos na área testemunha eárea que sofreu o tratamento de fogo, acom-panhada dos valores da altura da pastagem.Foram observados para as ninfas da área tes-temunha, quatro picos populacionais: no iní-cio de novembro, final de dezembro, meadosde fevereiro e meados de abril; para os adul-tos na mesma área foram observados três pi-cos: no início de novembro, meados de ja-neiro e final de fevereiro. Para a área de tra-tamento de fogo, os três picos populacionais

235

de ninfas ocorreram em meados de dezem-bro, meados de fevereiro e final de março,sendo que para os adultos os quatro picosocorreram em meados de novembro, iníciode janeiro, final de fevereiro e meados deabril. A altura da pastagem da área testemu-nha e área de tratamento de fogo se iguala-ram em meados de janeiro.

DISCUSSÃOA presença de ninfas das cigarrinhas-das-

-pastagens em todas as gaiolas da área de fo-go, comprova que a ação letal do mesmosobre os ovos não é tão eficiente como mos-traram os resultados de laboratório, eviden-ciando, desta maneira, que se faz necessárioajustar a amostragem dos ovos no campo noque se refere ao número de amostras coleta-das na área. Pode-se observar, também, queas populações de adultos e ninfas das gaiolasda área testemunha foram sempre superioresàs populações das gaiolas da área de trata-mento de fogo, a começar pela populaçãoinicial, sugerindo desta forma que houve umcontrole desta população através dos ovos.Foi observado, também um retardamento deaproximadamente um mês na ocorrência doprimeiro pico populacional de ninfas na áreade fogo, sendo que deve ser levado em con-sideração, para fins de aplicação prática, quea disponibilidade da forragem para o gado,nesta área e neste período, também era me-nor que na área testemunha.

Nas observações realizadas fora das gaio-las houve um retardamento de aproximada-mente 27 dias no aparecimento do primeiropico populacional de ninfas na área de trata-mento de fogo. No entanto, quando a alturada pastagem das áreas se igualaram, as popu-lações de adultos e ninfas passaram a ser su-periores na área de tratamento de fogo. Estefato foi devido à grande quantidade de ma-terial vegetal (macega) acumulada sobre osolo da área testemunha, e aos altos índicesde pluviosidade, permitindo que ali se for-masse um ambiente extremamente úmido epouco favorável ao desenvolvimento de nin-fas devido, principalmente à maior ação pa-rasitária do fungo Metarrhizium anisopliae,observado com freqüência nestas áreas. Esteaumento da população de adultos na área detratamento de fogo pode ser devido também

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FIG. 1. Hutuação populacional de ninfas e adultos de Oeois flavopicta (Stal, 1854) no inte-rior das gaiolas de nylon.

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FIG. 2. Altura média da pastagem e flutuação populacional de ninfas e adultos de Deois flavopicta (5tal,1854) em áreas de B. decumbens queimadas e não queimadas.

ao deslocamento destes indivíduos de áreasque não foram queimadas, uma vez que ocapim apresentava-se com ótimo aspecto ve-getativo, após a queima.

Pelo que se pode verificar com os resul-tados obtidos até o momento, a viabilidadeda utilização do fogo deve ser muito bemestudada para cada local, em particularquando for aplicada como medida de con-trole das cigarrinhas-das-pastagens, uma vezque as mudanças ambientais decorrentes douso inadequado deste processo podem resul-tar em efeitos indesejáveis, como acréscimoda população da praga proveniente da movi-mentação de adultos de áreas adjacentes quenão foram queimadas para as áreas queforam queimadas.

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TECNOLOGIA DE CRIAÇÃO DE BÚFALOSNO TRÓPICO ÚMIDO BRASILEIRO

Luiz Octávio Danin de Moura Carvalho I eCristo Nazaré Barbosa do Nascimento/

RESUMO - Com a introdução do búfalo (Bubalus bubalis), em 1895, na ilha de Marajó, Es-tado do Pará, Brasil, apresentou-se uma nova alternativa para a pecuária do trópico úmidobrasileiro, tendo em vista a grande adaptabilidade e produtividade desse animal, principal-mente nas condições de pastagens nativas de terras inundáveis. A região do trópicd úmidobrasileiro ocupa uma área de aproximadamente 60 por cento do território nacional e detémo maior rebanho bubalino do Brasil com 65 por cento do efetivo nacional. Os índices deprodutividade da bubalinocultura no setor de produção são inferiores aos obtidos no setorde pesquisa. Por outro lado, os resultados de pesquisa obtidos pelo Centro de Pesquisa Agro-pecuária do Trópico Úmido - CPATU-EMBRAPAmostram que os índices de produtividadedos bubalinos são bastante superiores aos dos bovinos. As investigações da EMBRAPA-CPATU revelam que, em condições de pastagem nativa de terra inundável da região do BaixoAmazonas, é possível obter bubalinos machos da raça Mediterrâneo com mais de 400 kg depeso vivo aos dois anos de idade. Também, em pastagem cultivada de canarana erecta lisa(Echinochloa pyramidalis), em área inundável de várzea, machos bubalinos da raça Murrahpodem atingir, com apenas um ano e meio de idade, pesos vivos superiores a 450 kg. Quantoà produção de leite os'resultados no setor de pesquisa apresentam médias para búfalas sele-cionadas do CPATU superiores a 2_600 kg por vaca por lactação. As ótimas característicasde produção de carne, leite e trabalho dos bubalinos indicam que a criação desse animal éuma nova perspectiva para a valorização socioeconômica da região e representa uma excelen-te alternativa para a pecuária do trópico úmido brasileiro.Termos para indexação: Trópico úmido brasileiro, bubalinos, produção de carne, produçãode leite, produção de trabalho.

TECHNOLOGY OF WATER BUFFALOPRODUCTION IN THE BRAZILlAN HUMID TR(i)PICS

ABSTRACT - The introduction of water buffalo (8ubalus bubetis), in 1895, in the Island ofMarajó, State of Pará, Brazil, representeda new alternative for livestock production in thebrazilian humid tropics, due to the great adaptability and productivity of these animais,principally in the adverse conditions of floodable areasof native pasture. The brazilianhumid tropics occupv an area around 60 percent of the whole country and comprises 65percent of the total number of water buffaloes in Brazil. The productivity of waterbuffaloes in the production sectoris inferior to those obtained in researchworks. On theother hand, the research results obtained by the Agricultural Research Center for theHumid Tropics - EMBRAPA-CPATU - show productivity levels for water buffaloessuperior to those for bovines. EMBRAPA-CPATU results show that it is possible to obtainMediterranean water buffalo malesweighing more than 400~g of live weight at two years ofage raised on native pasture of the flood plain areaslocated in the lower Amazon valley.Also, on cultivated pasture of Echinochloa pyramidalis, in floodable areasof high fertilitysoil, Murrah water buffalo males may reach, at the age of only 18 months, live weightssuperior to 450 kg. As far as milk production, research results show means for selectedwater buffalo females, at "EMBRAPA-CPATU", over 2,600 kg per lactation. The excellentcharacteristics of meat, milk and draft production for water buffalo indicate that the raising

2Eng. Agr. EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal48. CEP66000. Belém, PA.

Eng. Agr. M.Sc. EMBRAPA-CPATU.

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of this animal is a new perspective for socio-econornic valorization of the region andrepresentsan excellent alternative for livestock production in the brazilian humid tropic,

Index terrns: Brazilian humid tropics, water buffaloes, meat production, milk production,draft.

INTRODUÇÃO

A região do trópico úmido brasileiroocupa aproximadamente 60 por cento doterritório nacional e se confunde praticamen-te com a Amazônia Legal, sendo formada pe-los Estados do Acre, Amazonas, Pará, MatoGrosso e Rondônia, e Territórios Federais doAmapã e Roraima, e ainda, partes dos Esta-dos de Goiás e Maranhão.

Segundo a classificação de Kõppen, essaregião apresenta três tipos climáticos: o tipoAfi (clima tropical chuvoso sem estação secadefinida, ocorrendo em cerca de 17 por cen-to da área total), o tipo Ami (clima tropicalchuvoso com pequena estação seca, ocupan-do aproximadamente 41 por cento) e o tipoAwi (clima tropical chuvoso com nítida esta-ção de estiagem, envolvendo cerca de 42 porcento). A temperatura média regional estáem torno de 260C, a média de umidade rela-tiva do ar é de cerca de 81 % e a pluviosidadeapresenta média de 2.300 mm/ano, variandode valor ligeiramente- superior a 1.000 mmaté 3.700 mm.

A Amazônia Legal apresenta duas situa-ções distintas de solos, os de terra firme (lo-calizados fora do alcance das inundações) eos de terra inundável. Os solos de terra firmesão profundos, bem drenados, geralmenteácidos e de baixa fertilidade, enquanto queos solos de terra inundável são em grandeparte de alta fertilidade.

O búfalo doméstico - Bubalus buba-tis -, excelente produtor de carne, leite etrabalho, é considerado um animal altamenteecológico, pois consegue produzir e se repro-duzir nas áreas adversas e ociosas de pasta-gens nativas de terra inundável, onde o bovi-no mal consegue sobreviver, não havendo ne-cessidade de derrubadas florestais para for-mação de pastagem cultivada em terra firme.

A primeira introdução documentada debúfalos no Brasil foi feita por Vicente Cher-mont de Miranda, para ilha de Marajó, em1895, provenientes da Itália.

Na Amazônia existem três variedades debúfalos que englobam quatro raças e umtipo:

Bubalus bubalis, var. bubalis. Agrupamanimais de origens indiana e italiana, de pe-lagem preta, das raças Jafarabadi, Murrah eMediterrâneo, com aptidões leiteira e decarne.

Bubalus bubalis, var. kerebau. Represen-tada pela raça Carabao, de pelagem cinzaescura, apresentando boa capacidade paraprodução de carne e trabalho.

Bubalus bubalis, var. fulvus.Englobaanimais do tipo Baio, de coloração baia,mostrando boas características leiteiras e decarne, porém apresentando com certa fre-qüência o aparecimento, nesse rebanho, deanimais albinóides.

De acordo com a estimativa do CPATUpara 1983, a população bubalina brasileiraestá estimada em cerca de um milhão de ca-beças. Desse total, aproximadamente 600mil estão localizadas na Amazônia Legal,reunidas principalmente no arquipélago deMarajó, no Estado do Pará.

SETOR DE PRODUÇÃO

A finalidade principal da criação de bú-falos na Amazônia é para produção de carne,em condições de criação extensiva nas pasta-gens nativas de terra ínundável. Recentemen-te, criações mais racionais estão se expandin-do, em pastagens cultivadas de terras firme einundável, com a finalidade de produzir re-produtores selecionados e/ou leite para fabri-cação de queijo e manteiga. Por outro lado,nas áreas de pastagem nativa a ordenha só severifica quando as vacas estão de crias novase há abundância de pastagem, sendo o leitetambém destinado ao fabrico de queijo emanteiga.

A criação extensiva de bubalinos naAmazônia caracteriza-se por não apresentarcercas para rotação das pastagens, poucostratos sanitários e apenas um curral paramanejo do rebanho. A suplementação mine-ral é pouco utilizada e feita em cochos ina-dequadamente cobertos.

As principais doenças que afetam o re-banho bubalino são a verminose nos bezer-

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TABELA 1. índices de produtividade de bubalinos e bovinos na Amazônia.

241

Ind icadores Bubalinos Bovinos

Capacidade de suporte das pastagensnativa e cultivadaNatalidadeMortalidade até 1 anoMortalidade 1 - 2 anosMortalidade de adultosDescarteIdade de abatePeso de abateProdução de leite por lactação(incluindo pastagem cultivadal

1 U.A. (450-500 kgl/3,54,0 ha/ano

60 - 70%5-6%3-4%1 - 2%

6%2 - 3 anos

300 - 400 kg

1.000 - 1.400 kg

1 U.A. (300-350 kgl/2,5-3,0 ha/ano

40 - 50%10 - 11%

6-7%2-3%

9%3,5 - 5,0 anos300 - 350 kg

800 - 1.200 kg

Fonte: Organizado pela EMBRAPA·CPATU, com base em diversos trabalhos.

ros, a aftosa, a brucelose e a raiva só nasáreas onde ocorrem morcegos hematófagos.Além disso, nas criações que exploram oleite, pode haver incidência nos bezerros depneumoenterite. A sarna e o piolho apresen-tam-se com maior intensidade nas criaçõeslocalizadas em pastagens de terra firme, ondenão ha cursos d'água para banho e chafurda-mento dos animais na lama.

Os bubalinos apresentam índices de pro-dutividade superiores aos dos bovinos emcondições favoráveis e muito superiores emambientes desfavoráveis como é mostrado naTabela 1 (Nascimento et aI. 1979) e no itemreferente ao Setor de Pesquisa.

E interessante mencionar que já existemna região muitas propriedades que usando atecnologia gerada principalmente pelo Cen-tro de Pesquisa Agropecuária do TrópicoÚmido - CPATU-EMBRAPA, apresentamíndices de produtividade bem superiores aosapresentados na Tabela 1.

SETOR DE PESQUISA

Plano Geral

A característica peculiar dos búfalos defreqüentemente romperem cercas tem sidoum dos mais sérios problemas com que sedefronta o criador dessa espécie animal.Moura Carvalho et aI. (1979) desenvolveramum tipo de cerca de suspensão para conten-ção de bubalinos, a qual apresenta-se eficien-te e econômica. Mais recentemente. algumasmodificações efetuadas nesse tipo de cercatêm melhorado ainda mais a contenção dosbubalinos.

Visando minimizar o problema de rom-pimento de cercas (Nascimento & Guima-rães 1970) foi conseguido descornamentoeficiente através do descorne a ferro canden-te em animais de três a oito dias de idade.Também, o descornamento com serra cirúr-gica ou alicate de descorne tem apresentadobons resultados, quando os animais são des-cornados com a idade de dois a três meses(Nascimento & Moura Carvalho 1974).

Outro grande problema da bubalinocul-tura é a identificação dos animais. A marca-ção a ferro candente tem revelado resultadospouco satisfatórios, em virtude do desapare-cimento relativamente rápido das marcas, oque faz com que o criador tenha que remar-car periodicamente os bubalinos. O uso damarcação criogênica para identificação debubalinos mostrou que o tempo de contato,a fim de se conseguir 100 por cento de mar-cas legíveis, na coxa, foi de. 60 segundos, uti-lizando-se marca de cobre e mistura de geloseco e álcool et ilico absoluto (Nascimento1973). Resultados de pesquisa em métodosde identificação de animais bubalinos pretosrevelaram que o uso adequado de tatuadorcomum, com tinta preta "Pelikan", na parteventral da orelha, tem apresentado I00 porcento de marcas legíveis (Moura Carvalhoet aI. 1980).

Dados coletados sobre fertilidade em re-banho bubalino da raça Mediterrâneo doCPATU, em pastagem de canarana-erecta-lisa(Echinochloa pyramidalis), mostraram que apercentagem de nascimento foi 85,6 porcento, a idade à primeira cria, três anos etrês meses e o intervalo entre parições

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242

TABELA 2. Comportamento reprodutivo de bubalinos do rebanho do CPATU em pastagem nativa de terrainundável.

Tipo ou raça Natalidade Idade à Intervalo(%) primeira cria (dias) entre partos (dias)

Baioa 82 1048 (33)c 410 (143)Murraha 79 1096 (10) 357 (18)Murrahb 82 1195 395Mediterrâneoa 87 1119 (15) 389 (71)Carabaoa 72 1285 (21) 453 (58)Jafarabadia 63 1226 (5) 431 (24)

Fonte: EMBRAPA·CPATU.

a Pastagemnativa de terra inundável do Médio Amazonas Paraense.b Pastagemnativa de terra inundável da ilha de Marajó.c Número de observações.

410 ± 10 dias, o que realmente representaum extraordinário desempenho reprodutivo,bem superior à média regional (Nascimento& Moura Carvalho 1978).

Resultados obtidos confirmam a obser-vação de que a búfala é um animal poliéstri-co sazonal, ou seja, tende a apresentar oestro em certa época do ano, concentrandoas parições em um período do ano. Porexemplo, 89,3 por cento das parições em Be-lém ocorrem de abril a agosto (Nascimento &Moura Carvalho 1978).

Resultados obtidos sobre comportamen-to reprodutivo de bubalinos em rebanhos doCPATU do tipo Baio e das raças Murrah, Me-diterrâneo, Carabao e Jafarabadi, em pasta-gens nativas de terra inundável do MédioAmazonas Paraense e da ilha de Marajó, sãoapresentados na Tabela 2.

Esses valores mostrados na Tabela 2 sãobastante superiores à média regional e evi-denciam a grande adaptabilidade dos bubali-nos em condições adversas de pastagens nati-va de terra inundável da Amazônia.

A doença mais comum nos bubalinos é averrninose em bezerros, na faixa etária donascimento até 180 dias de vida, destacando--se os vermes Strongyloides papillosus e Neo-ascaris vitulorom: A investigação tem evi-denciado que verrnifugações sistemáticas,usando-se vermífugo de largo espectro, aos15, 30, 60 e 180 dias de vida do bezerro, re-duzem a mortalidade de 20 para zero porcento.

Através de cruzamento absorvente, ini-ciado em 1966, utilizando fêmeas seleciona-

das da raça Mediterrâneo e touros puros deorigem da raça Murrah, a EMBRAP A, em1979, obteve os primeiros animais Murrahpuros por cruza, surgindo, portanto, oMurrah do CPATU, que atualmente se en-contra em estágio de multiplicação. Esse fatoreveste-se de grande importância devido aoreduzidíssimo número, no Brasil, de animaisda raça Murrah, considerada a raça de maiorpotencial leiteiro do mundo entre as buba-linas e, também, devido ao dispositivo go-vername~tal que proíbe a importação de ani-mais da India e do Paquistão, detentores dosmaiores rebanhos de búfalos Murrah domundo.

PRODUÇÃO DE CARNE

Pastagem cultivada de terra firme

Resultados de pesquisa realizada porMoura Carvalho et al. (I982), com machosbubalinos da raça Mediterrâneo, não castra-dos, engordados durante 364 dias, na terrafirme, em pastagem cultivada de quicuio--da-amazõnia (Brachiaria humidicolai, comsuplementação mineral à vontade, em paste-jo contínuo, na sede do CPATU, em Belém,Pará, localizada no tipo climático Afi, sãomostrados na Tabela 3.

O ganho de peso diário não revelouqualquer diferença significativa entre as car-gas, bem como entre "com" e "sem banho",apesar de todos os tratamentos "com ba-nho" apresentarem-se biologicamente supe-riores ao melhor tratamento "sem banho".

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243

TABELA·3. Produção de carne de machos bubalinos da raça Mediterrâneo em pastagem de quicuio-da-arna-zônia, em Belém, Pará.

Carga alta(2,0 cab./ha/ano)

Carga média(1,5 cab./ha/ano)

Carga baixa(1,0 cab.lha/ano)

CaracterísticaCom

banhoSem

banhoSem

banhoCom

banhoCom

banhoSem

banhQ

kg

Peso inicial 207,670 224,400 211,000 216,250 219,170 212,400Pesofinal 438,330 436,400 428,000 427,250 429,330 411,000Ganho de peso diário 0,686 0,586 0,669 0,585 0,594 0,575Ganho de peso diário/ha 1,372 1,172 1,003 0,877 0,594 0,575Ganho de peso/animal/ano 250,390 213,963 244,185 213,525 216,688 209,948Ganho de peso/h a/ano 500,780 427,926 366,277 320,287 216,688 209,948

Fonte: Moura Carvalho et aí (1982).

Convém ressaltar que este estudo foi condu-zido num tipo climático onde não há perío-do seco. E, nessas condições, foram observa-das poças de lama feitas pelos búfalos parachafurdamento. É possível que em outrascondições climáticas, onde ocorrem perío-dos expressivos de estiagem, a diferençaentre "com" e "sem banho" seja estatistica-mente significativa a favor do primeiro caso.

o menor ganho de peso por cabeça mos-trou ser superior ao maior ganho de pesocom bovinos anelorados, nas mesmas condi-ções experimentais em pesquisa realizada emperíodo anterior, de acordo com dados deLourenço Junior et al. (1980a), que revela-ram ganhos de peso diários por cabeça de0,495, 0,390 e 0,461 kg, respectivamente,para as cargas 1,0, 1,5 e 2,0 cabeças/ha/ano.Conseqüentemente, os ganhos de pesos diá-rios/ha obtidos com bovinos apresentaramvalores bem inferiores aos obtidos neste tra-balho.

o cálculo econômico efetuado indicoucomo melhores tratamentos neste trabalho acarga animal de 2,0 cabeças bubalínas/ha/ano, com e sem local para banho, para aengorda com pesos vivos iniciais de aproxi-madamente 200 kg. Pelos resultados obtidos,conclui-se que animais bubalinos da raça Me-diterrâneo, engordados em pastagem cultiva-da de terra firme, podem atingir mais de435 kg de peso vivo com aproximadamentedois anos de idade.

Pastagem cultivada de terra inundável

Na Tabela 4 estão contidos resultadosde recria e engorda, obtidos por LourençoJ unior et al. (I 980b), em estudo desenvolvi-do com machos bubalinos leiteiros das raçasMurrah e Mediterrâneo, durante 359 dias,em área de terra inundável (solos de alta fer-tilidade em v<4zea alta do rio Guamá), emBelém, Pará, em pastagem cultivada de cana-rana-erecta-lisa, em pastejo contínuo e suple-mentação mineral à vontade.

A análise dos dados de ganho de pesodiário, na carga animal de 1,5 cab/ha, para araça Murrah, permite concluir que esses ani-mais podem atingir 450 kg de peso vivo comapenas 1,5 ano de idade e apresentam me-lhor desempenho que os da raça Mediterrâ-neo, sendo também observada a superiorida-de da raça Murrah nos resultados de avalia-ção de carcaça.

Pastagem nativa de terra inundável

Nascimento et al. (1978) coletaram da-dos de pesos natais e aos dois anos de idadepara animais bubalinos das raças Mediterrâ-neo, Carabao e J afarabadi e bovinos Can-chim e Nelore, criados em pastagem nativade baixo valor nutritivo da ilha de Marajó,com suplementação mineral à vontade. Osresultados estão contidos na Tabela 5.

Na Tabela 5 observa-se que os maiorespesos aos 24 meses pertenceram aos bubali-nos Mediterrâneo, seguidos dos Carabao quese mostraram superiores aos Jafarabadi, que

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TABELA 4. Características de produção de carne de machos bubalinos das raças Murrah e Mediterrâneo en-gordados em pastagem de canarana erecta lisa, em Belêm, Pará.

Murrah Mediterrâneo

CaracterísticaCarga alta

(2,5 cab.ZhalCarga baixa(1,5 cab./ha)

Carga baixa(1,5 cab./ha)

Carga alta(2,5 cab./ha)

Peso inicial (kg)Pesofinal (kg)Ganho de peso diário [kq]Ganho de peso/animal/ano (kg)Ganho de peso/ha/ano (kg)Consumo de minerais/cabeça/dia (g)

164,420334,830

0,496180,900452,300

7,380

160,170437,250

0,819299,100448,500

7,711

158,500323,300

0,498181,600454,100

7,540

168,250394,750

0,707257,900386,900

7,540

Fonte: Lourenço Junior et aI. (1980b).

TABELA 5. Médias de pesos natais e aos 24 mesesde bubalinos e bovinos em pastagem nativa de baixo valornutritivo da ilha de Marajó, Salvaterra, Pará.

Raça N? de Peso natal N? de Pesoaos 24 mesesobservações (kg) observações (kg)

Mediterrâneo 71 36,80 19 368,95Carabao 32 e- 36,75 10 322,70Jafarabadi 26 36,15, 8 308,30Canchim 13 30,90 16 281,80Nelore 28 24,45 22 264,65

Fonte: Nascimento et aI. (1979).

por sua vez foram melhores do que os Can-chim, vindo por último os Nelore. Esses da-dos revelam a notável superioridade dos bu-balinos sobre os zebuínos e mestiços euro--zebu em pastagem nativa de baixo valor nu-tritivo.

Dados coletados de pesos natais e desen-volvimento ponderal de bubalinos, em reba-nhos do CPATU, do tipo Baio e das raçasMurrah, Mediterrâneo, Carabao e Jafarabadi,em pastagens nativas de terra inundável doMédio Amazonas Paraense e da ilha de Ma-rajó, são mostrados na Tabela 6.

Na Tabela 6, observa-se que os bubali-nos apresentam um bom desenvolvimentoponderal, mesmo nas condições adversas depastagens nativas de terra inundável. O menordesenvolvimento ponderal do tipo Baio foiem decorrência desses animais estarem sub-metidos a uma ordenha diária.

PRODUÇÃO DE LEITE

Uma das funções mais importantes dosbubalinos é, sem dúvida, a produção de lei-

te. Este é, quase sempre, o objetivo visado,sobretudo, em alguns países asiáticos onde areligião não permite o consumo de carne.

Como exemplo, na Índia, embora o re-banho bubalino seja somente cerca de 24 porcento do rebanho total de bovinos e bubali-nos, 50 a 70 por cento do leite produzidonesse país é de búfala. Convém destacar quena Índia o consumo de leite "per capita" éduas vezes maior do que o do Brasil e a po-pulação mais de cinco vezes superior.

Quantidade

Nascimento & Moura Carvalho (1974)evidenciam que a exploração leiteira em va-cas bubalinas mantidas exclusivamente empastagem de canarana-erecta-lisa ainda é maiseconômica do que aquela com suplementa-ção de concentrados, embora esta última re-vele aumentos de até onze por cento em pro-dução de leite. Também, Nascimento &Moura Carvalho (1973) condu íram que bú-falas da raça Mediterrâneo ordenhadas duasvezes ao dia mostraram um aumento de 24,1

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por cento em produção de leite em relaçãoàquelas ordenhadas uma vez.

Dados de produção leiteira de búfalasselecionadas do CPATU, em duas ordenhasdiárias, mantidas basicamente em pastagemcultivada de canarana-erecta-lisa, em pastejorotacionado, em Belérn, são apresentados naTabela}.

Esses resultados apresentados na Tabe-la 7 são bastante superiores à média regionale indicam que a infusão de sangue Murrah norebanho da raça Mediterrâneo, numerica-mente predominante no Brasil, tende a au-mentar consideravelmente a produção leitei-ra.

Dados acumulados até 1982 de produ-ção de leite de búfalas do tipo Baio, na re-

245

gião do Médio Amazonas Paraense, em pasta-gem nativa de terra inundável, estão sumaria-dos na Tabela 8.

Os resultados apresentados na Tabela 8foram conseguidos em uma ordenha diária,com os bezerros permanecendo juntos comas vacas-mães, após a ordenha matinal até atardinha, quando são separados das fêmeasem lactação.

Qualidade

A elevada qualidade do leite bubalinotem sido reconhecida na comercializaçãodesse produto em alguns países. Na índia,por exemplo, o seu preço atinge no mercado

TABELA 6. Médias de pesos natais e aos doze e 24 mesesde bubalinos em pastagem nativa de terra inundá-vel.

Peso natal Pesoe ganho de peso aos Pesoe ganho de peso aos

Tipo ou raça 12 meses 24 meses

Macho FêmeaMacho Fêmea Macho Fêmea

kg

Baioa 32,5 33,0 186,0 (0,420) 165,6 (0,363) 336,0 (0,416) 319,5 (0,393)Murraha 35,0 33,0 263,0 (0,626) 225,0 (0,526)Murrahb 36,7 34,7 198,Oc (0,540) 196,Oc (0,540)Mediterrâneo a 34,0 34,5 226,0 (0,536) 233,0 (0,544) 402,0 (0,504) 372,5 (0,463)Carabaoa 36,5 36,5 202,0 (0,454) 195,0 (0,434) 337,5 (0,412) 326,0 (0,390)Jafarabad ia 37,5 37,5 282,0 (0,670) 213,0 (0,481) 328,0 (0,398) 326,0 (0,395)

Fonte: EMBRAPA·CPATU.a Pastagem nativa de terra inundável do Médio Amazonas Paraense.b Pastagem nativa de terra inundável da ilha de Marajó.c Pesoe ganho de peso aos 360 dias.

TABE LA 7. Produção de leite de búfalas selecionadas do rebanho do CPATU, em Belém.

Raça ou grau de sangue

Mediterrâneo 3/4 Murrah -1/4 Mediterrâneo

Item1/2 Murrah -

1/2 Mediterrâneo

NO de observaçõesExtensão de lactação (dias)Quantidade diária de leite (kg)Média de gordura por lactação (%)Quantidade de gordura por lactação (kg)Quantidade de leite por lactação (kg)Quantidade de leite corrigida para6a lactação (kg)

15316

6,5147,71

155,9582.055,063

2.328,421

38338

6,7217,32

166,6832.261,701

2.673,561

7340

5,7906,38

123,9541.957,878

2.459,406

Fonte: Nascimento et ai. 11979),

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TABE LA 8. Produção de leite de búfalas -do tipoBa.io do rebanho do CPATU, em pas-tagem nativa de terra inundâvel, Mon-te Alegre, ~arâ.

. Item Média

Quantidade de leite por lactação (kg)Quantidade diária de leite (kg)Percentagem de gordura por lactaçãoExtensão de lactação (dias)

9934,18,7

251

Fonte: EMBRAPA·CPATU.

valor de 40-50 por cento superior ao do leitebovino (Singh 1979).

Hühn et aI. (1978) efetuaram determi-nações da composição do leite de fêmeas bu-balinas da raça Mediterrâneo e zebuínas daraça Sindi, em Belérn, conforme mostra a Ta-bela 9.

Como pode ser observado na Tabela 9,o leite de bubalinos em relação ao leite ze-buíno apresenta maiores teores de matériaseca, gordura, sólidos não gordurosos, caseí-na, resíduo mineral fixo, cálcio e fósforo,sendo praticamente igual em lactose. Por ou-tro lado, é ligeiramente mais denso e sua me-nor acidez Dornic pode significar menorquantidade de microorganismos.

Tecnologia de leite

A tecnologia gerada pelo CPATU, espe-cialmente para o aproveitamento do leite debúfalas, vem possibilitando aos criadores debubalinos melhores ganhos pelo uso maiseconômico do leite de seu plantei, principal-mente aqueles que deixam de comercializarseu produto "in natura" nos grandes centrosurbanos. Dentre os produtos desenvolvidos,destacam-se os processos para fabricação dequeijos "CPATU Branco Macio", cujo rendi-mento é de 4,7 litros de leite de búfala paraum quilograma de queijo fabricado; queijoMozarela, que necessita 5,5 litros de leite debúfala para um quilograma do produto; quei-jo Provolone, que tem apresentado um resul-tado de 6,5 a 7,0 litros de leite/kg de queijo.Esses rendimentos salientam elevada impor-tância econômica, pois são gastos oito adoze litros de leite de vaca bovina para pre-parar um quilograma dos queijos menciona-dos. O CPATU também gerou excelentetecnologia para fabricação de iogurtes natu-

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rais com sabores de frutas regionais. O iogur-te de leite bovino normalmente requer aadição de substâncias de ação espessante, afim de se conseguir melhor viscosidade,textura, aparência e um produto final mais·cremoso. O iogurte de leite bubalino nãonecessita a adição de substâncias espessan-teso

ANIMAL DE TRABALHO

Levantamento efetuado pelo CPATU,na região do trópico úmido brasileiro, sobreos métodos de aproveitamento do búfalopara trabalho revelou que esse animal é uti-lizado para montaria, preparo de área, traçãode carroça e transporte de toras de madeira.

247

implementos tracionados por búfalos, estãocontidos na Tabela 10.

Na Tabela 11 são mostrados os rendi-mentos obtidos na operação de preparo decanteiros para hortaliças.

Comparando-se o rendimento em cincohoras de um mesmo homem no trabalho depreparo de canteiros, exclusivamente comenxada manual e com o uso de enxada ma-nual e arado de aiveca tracionado por búfalo,elevou-se o desempenho de dois para novecanteiros.

Resultados obtidos pelo CPATU emoperação de colheita de batata-doce, comauxílio do arado de aiveca tracionado porbúfalo, foi diminuído de seis para cinco onúmero de homens e aumentada de três para

TABE LA 10. Rendimento por hectare nas operações básicasde horticultura empregando implementos tra-cionados por búfalos.

QuantidadeEquipamento

Tempo gasto(h)Operação

Animal Homem

AraçãoGradagemSulcos (abertura)Sulcos (fechamento)

01010101

01010101

Arado de aiveca fixaGrade de 10 discosArado de aiveca fixa ou sulcadorArado de aiveca fixa

40,025,015,010,0

Fonte: EMBRAPA·CPATU.

TABELA 11. Rendimento no preparo de nove canteiros para hortaliças utilizando arado de aiveca tracionadopor búfalo.

Canteiro Quantidade Tempo gastoIrn) Equipamento (h)

Animal Homem

1,4 x 50,0 Arado de aiveca fixa 01 01 5,0

Fonte: EMBRAPA-CPATU.

Com a finalidade de melhorar os méto-dos de aproveitamento do búfalo para traba-lho de tração o CPATU desenvolveu dois ti-pos de arreios - o colar e a cinta -, ambosconfeccionados em couro, que substituemcom grande vantagem a canga tradicional demadeira, aumentando a eficiência da forçade tração em 2S por cento e proporcionandomaior comodidade de trabalho aos animais.

Resultados obtidos pelo CPATU nasoperações básicas de horticultura, usando

quatro a quantidade de canteiros colhidos.Dados comparativos de rendimento de

capina obtidos por Martinez et aI. (1983), nasede do CPATU, em Belém, Pará, utilizandocultivadormanual, tendo como fonte de tra-ção um búfalo da raça Mediterrâneo, compeso aproximado de 480 kg, manejado ape-nas por um homem, para executar serviço delimpeza em uma capineira plantada em li-nhas distanciadas de 0,80 metros, são apre-sentados na Tabela 12.

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248

Na Tabela 12 os valores indicam que atração animal é mais eficiente e econômicado que a capina manual com enxada.

Na Tabela 13 estão contidos resultadosde rendimentos por hectare nas diversas tare-fas de preparo do solo e cultivo de feijãoIPEAN V-69, em Latossolo Amarelo de tex-tura leve, com cobertura de capim gengibre(Paspalum maritimum), na sede do CPATU,Belém, Pará, usando como força de traçãoanimais bubalinos.

Os resultados da Tabela 13 mostram aviabilidade da tração animal com bubalinos,

no preparo de área e cultivo de feijão, mes-mo na terra firme.

TABELA 12. Rendimento comparativo da opera-ção de capina.

Tipos de capina N? dehomens

Horastrabalhadas/ha

Tração animal *Manual com enxada

115

168

* O búfalo trabalha, em média, cinco horas diáriascom pequenos intervalos para descanso.

Fonte: Martinez et aI. (19831.

TABELA 13. Rendimento por hectare nas tarefas de preparo do solo e cultivo de feijão.

QuantidadeEquipamento Tempo gasto

(h)OperaçãoAnimal Homem

AraçãoGradagemNivelamentoPlantioCapina

0101010101

0101010202

Arado de aiveca fixaGrade de 10 discosGrade de pontasSemeadeira/adubadeiraCultivador de enxadas

40,025,0

5,010,511,0

Fonte: EMBRAPA·CPATU.

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EFFECT OF ORY ANO HUMIO HOT SEASONSON THE REPROOUCTION ANO MI LK PROOUCTION

OF WATER BUFFALO (Bubalus bubalis)

,Sukhdev Singh Gilll

-

ABSTRACT - Water buffaloes significantly contribute in raising the socio-economic statusof the farming community of Asian and Latin American countries, especially in poorer 'areas. It is only during the last decade that the tremendous potentiality of this animal for-the production of milk, meat and draft has been recognized by various international- andnational organizations. The benefits of science and technology have hardly impinged on thehusbandry of buffalo. The greatest handicap to its development lies in very large gaps inour knowledge about the physiological behaviour, especially that of reproduction, of thisimportant animal, Buffaloes are generally criticized for seasonal calving and long calvingintervals. To study the effect of season on reproductive behaviour and on milk production,an experiment was conducted for two consecutive years at the Punjab Agriculture Univer-sity, Ludhiana, lndia. Thirty five high-producing buffaloes were selected which calvedduring different seasons, such as SI (Hot-Dry), S2 (Hot Humid), S3 (Autum), S4 (Winter),and S5 (Spring). Each group cornprised seven buffaloes. The selected animais were keptunder a semi-loose housing systern and were fed individually with 50 -'60 kg of seasonallegume and non-Iegume forage mixture and a concentrate mixture of 16% C.P. at a rate of1 to O kg for every 3 liters of milk produced. It was observed that under good management,the dry and humid hot seasons did not affect the regularity of oestrus, duration of oestrus,service periods and conception rates of water buffaloes. However, a significant difference(P < 0:05) in number of days to first post-partum oestrus was observed. Milk production,lactation period , peak yield , and fat percentage were also unaffected by the dry and humidhot season.

lndex terms: Lactation, peak yield, post-partum oestrus, service period, conception rates,hot and humid season, water buffalo (Bubalus bubalis).

EFEITO DAS ESTAÇÕES SECAS E QUENTES-ÚMIDAS NA REPRODUÇÃOE PRODUÇÃO DE LEITE EM BÚFALOS (Bubalu,s bubalis)

RESUMO - Os búfalos contribuem significativamente para elevar o nível socioeconômico dascomunidades rurais de países asiáticos e latino-americanos, especialmente em áreas pobres,Apenas durante a última década, o imenso potencial deste animal para a produção de leite,carne e para tração foi reconhecido por várias organizações nacionais e internacionais. Osbenefícios da ciência e da tecnologia quase não alcançaram ainda o criatório de búfalos. Ogrande problema ao seu desenvolvimento diz respeito às consideráveis lacunas de nosso co-nhecimento sobre o comportamento fisiológico, especialmente o da reprodução, deste im-portante animal. Búfalos são em geral criticados por apresentarem parições estacionais eseparadas por longos intervalos. Para estudar o efeito estacional no comportamento reprodu-tivo e na produção de leite, um experimento foi conduzido por. dois anos consecutivos naPunjab Agriculture University, Ludhiana, rndia. Trinta e cinco búfalas de elevada produçãoforam selecionadas para parições em diferentes estações, desta forma: SI (quente-seca),S2 (quente-úmida), S3 (outono), S4 (inverno) e S5 (prirnavera). Cada grupo compreendiasete búfalas. Os animais selecionados foram mantidos em sistema semi-livre e foram ali-mentados individualmente, com 50 - 60 kg de mistura de forragem leguminosa e nãoleguminosa, da. estação, e uma mistura concentrada de 16% P.B. correspondendo a 1 a O kgpor cada três litros de leite produzido. Foi observado que, sob manejo adequado, as estações

1 Eng. _ Agr., Ph.D., Convênio IICA/EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém, PA.

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quente-seca e quente-úmida não afetaram a regularidade e duração do cio, períodos de servi-ço e taxas de concepção em búfalas. Entretanto, diferenças significantes (P < 0,05) no nú-mero de dias para o primeiro cio após o parto foram observados. A produção de leite, o pe-rrodo de lactação, o pique da produção, e a percentagem de gordura não foram também afe-tadas pelas estações seca-quente e úmida-quente.Termos para indexação: Lactação, produção máxima, cio-pós-parto, período de serviço,taxas de concepção, estação quente e úmida, búfalo aquático (Bubalus bubalisl.

INTROOUCTION

The buffalo (Bubalus bubalis) has beenthe backbone of Asian Agriculture. It hasbeen and wilI remain man's most usefulmilk, meat and draft animal. There are 150million buffaloes in the world, most1y foundin Asian and Latin American countries. Indiahas 60 million buffaloes. They contributemore than 60% of total annual milk pro-duction of 34 million ton in India. Underthe "AlI India Coordinated Project onBuffalo Production", a herd of 300 buffaloeswith an average 305 days lactation yield of2300 kg has been established at the PunjabAgricultural University, Ludhiana. Thelactation yield of bulI mothers variedbetween 3500-4200 kg. Fifteen bufTaloesof this herd have reached a peak yield ofbetween 20-23 kg. The benefits of scienceand technology have hardly impinged onbuffalo husbandry, especially its reproductivebehaviour. In India and Brazil, buffaloes aregenerally criticized as seasonal calvers. Theseasonal calving pattern of buffalos causesflush and lean milk supply periods whichaffect the Indian dairy industry adversely.

METHOOS ANO MATERIALS

To study the effect of season of calving,milk production and reproductive behaviourof water buffaloes, an experiment wasconducted for two consecutive years at thePunjab Agricultural University, LudhianaIndia. Thirty five high-yielding buffaloeswere selected which calved during thedifferent seasons such as SI (Summer hot-dry, May to June), S2 (Summer hot-humid,July to Mid Sept.), S3 (Autumn Mid Sept. toMid Nov.) , S4 (Winter Mid Nov. to MidFeb.), and S5 (Spring Mid Feb. to April).Each group comprised 7 buffaloes. Theselected animaIs were kept under a serni--loose housing system and were fed indi-vidually with 50 - 60 kg of seasonal legume

and non-Iegume dodder mixtures and aconcentrate mixture (16% C.P.) at the rateof 1 to O kg for every 3 liters of milkproduced.

RESUL TS ANO OISCUSSIONS

Climatic Variation

1. The maximum temperature (Fig. 1)was highest in season SI, i.e., 39.07 ± .16 and40.71 ± .l90C, and lowest in season S4'being 2 0.9 ± .31 and 21.60 ± .240C, during1977-78 and 1978-79, respectively.

2. The highest relative humidity wasrecorded in S2 season, being 77.96 ± .75 and76.80 ± .97 during both the years. Thelowest corresponding figures were recordedin SI, being 42.28 ± 1.05 and 46.11 ± 1.06during both years.

3. The wind velocity, light intensity,and sunshine duration were maximum inseason SI during both the years.

Effect on Milk Production

a) Lactation Yield

The average lactation yield throughout305 days (Fig. 2) of the buffaloes were2679 ± 128.35, 2293 ± 118.13, 2677 ±216.87, 2829 ± 168.34 and 2777 ± 98.80 kg,in the case of SI' S2' S3, S4, and S5 groups,respectively. The differences were, however,non-significant. The lowest milk yield wasobserved in hot humid and highest in springseason. There was a large variation of milkyield among buffaloes of the same group.

Alim (1957, 1978); Tomar & Tomar(1960), Bhatnagar et aI. (1961), Aroraetal.(1962) and Venkatrarnn & Venkaya (1964)also reported that when the Murrah buffaloeswere well-fed and managed properly, themonth and season of calving did not affectmilk production. However, these results arecontrary to those reported by Singh (1966),Roy et aI. (1971), Narayan Khedkar et aI.(1977).

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504540

P 35..,11: 30;:)•.. 25c11: 201&1Do 15~1&1•.. 10

5

253

00 MAXIMUM TEMP

~---O MINIMUM TEM P.

0-------<) R. H.

0------0 -o...

------- -. -o-- --- --_------0

100908070

6 O ai!:z:

50 li40302010

May Jun. Jul. Aug. S.p. Oct. Nov. o.c. Jan. F,b. Mar. Apr.

FIG. 1. Seasonal variations in maximum and minimum temperatura and relative humidity (R.H.).

TABLE 1. Effect of season of calving on per day milk yield (305days) lactation.

Season/groupAnimal

SI S2 S3 S4 S5

1 8.9 7.1 8.1 8.4 8.02 7.1 8.8 7.8 6.2 9.03 11.0 8.0 5.6 10.8 8.54 9.1 5.7 11.8 9.4 9.95 8.1 7.5 9.1 9.8 8.96 8.2 8.8 10.8 9.5 8.67 9.2 6.8 8.3 10.7 10.8

Mean ± 8.80 7.53 8.80 9.30 9.10S.E.m. 0.46 0.42 0.77 0.59 0.36C.V. (%) 13.79 14.86 23.28 16.95 10.42

SI = Hot-drv; S2 = Hot-humid; S3 = Autumn; S4 = Winter & S5 = Spring.

From these observations, it can beconcluded that with better feeding andefficient management, the adverse effect ofhot and humid seasons can be reduced.

b) Daily Milk Yield

The average daily milk yield (Table 1)of a buffalo was noted to be 8.8, 7.5, 8.8,9.3 and 9.1 kg in. SI, S2, S3, S4 and S5groups, respectively, and the differenceswere not significant. Agarwalla (1964) alsoreported similar results.

c) Peak Yield

The average peak yield of. a buffalo wasrecorded (Table 2) to be 13.46 ± 0.4,11.57 ± 0.5, 13.47 ± 0.8, 15.93 ± 1.1 and15.93 ± 0.9 kz in SI' S2' S~, S4 and S5groups, respectively. The difterences werefound to be significant. The maximum rnilkyield (20.6 kg and 20.1 kg) was obtained ina buffalo of S4 and S5 groups.

d) Lactation Length

The average lactation length of thebuffaloes calving in seasons SI to S5 was390.2, 347.6, 305.4, 308.9 and 314.7 days,respectively. The differences being nono

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254

3000

2900

2800

2700

2600

2500o..J 24001LI

> 2300

2200

2100

2000

2679

2829

26772777

S!S

Sl =Hot-drYiS2=Hot-humidiS3 = Autumn

S4=Winter a S!S=Sprlng

li' III ''i I

IIII I

I1II. II

III li'1I

i I!

SEASON OF CALVING

20

FIG. 2. EHect of season of calving on lactation yield (305 days).

17.8 18.5 18.2 18.3 18.1

10.8 10.9 10.8 10.9 10.4r- r- r- -7.0 7.6 7.4 7.4 7.7

[lll

ii I,!'11'

III li'

" I!

~~

'II~1 : i

,11 i!1 ,'I li' : i

III il L--

18

16

141&1

~ 12~z 101&1

o 811:

~ 64

2

o51 52 53 54

5EA50N OF CALVING

lIlllll FAT

D 5NF

~ 50LID5

51 = H ot-d r1 j 52 = Ho t-hu mid i 53= A ut umn ; 54 = W I nt. r a55 = 5pr Ing

FIG. 3. Effect of season of calving on fato SNF (solids not fat) and total solidspercen-tage.

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120

11 Ofi)~ 100a::•...

9 Ofi)LLI 79

80:11

~!I!

~ 70•...a::-C 6 OCLI•... !5 Ofi)

oCL 4 OO•... 3 Ofi)

2 O>--Co 1 O ~HH?·}

O ~nHnt8 1

48 47

8EA80N OF CALVING

255

104

81 = Hot-drYi 82= Hot-humidj S3= Autumn',84=Wlnter a 8s=8pring

FIG.4. Effect of season of calving on first post-partum estrus.

-significant, because the individual animalshowed a wide variation in the lactationlength. Similar results were reported by Gill& Tiwana (I 977-1984), whereas Gurnamiet al. (I976) reported significant effect ofseason of calving on the lactation length.

e) Fat PercentageThe average fat content in milk was

found to be 7.0, 7.6, 7.4, 7.5 and 7.7 perccnt in case of SI' S2, S3' S4 and S5 groups,rcspectively, and the differences were non--significant (Fíg. 3). Similar results werefound in the case of solid not-fat and solidcontents. These results, however, differfrom those reported by Choudhary et aI.(I 968) and Khan et aI. (1970).

Effect on Reproductiona) Post-Partum Oestrus

The number of days taken to the firstpostpartum oestrus (Fig. 4) were 79.7 ±

13.8, 48.3 ± 11.8,31.1 ± 4.6, 47.3 ± 9.6and 104.0 ± 27.2, respectively, in thebuffaloes calving in seasons SI to S5 and thedifferences were significant (P < 0.05). Inthe case of S3' a decrease in the environ-mental temperature was observed followingcalving, while in Groups S5' which tookmaximum time to exhibit first oestrus,experienced a high increase in temperaturefollowing calving. Basu (1962), Rao et aI.(I 973), Singh et aI. (1979) and El-Fouly etalo(1967) also reported similar results.

b) Occurence of OestrusThe buffaloes exhibited oestrus

throughout the 24 hours of the day (Table3). Thirty buffaloes evidenced oestrus at14:00 hrs., twenty six at 06:00 hrs andtwenty one at 18:00 hrs.c) Duration of Oestrus

Duration of oestrus was recorded by themounting reflex of a "Teaser" buli introduced

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TABLE 2. Effect of saason of calving on peak yield (kgl.

SeasonsAnimal

SI S2 S3 S4 S5

1 12.5 12.6 14.8 16.7 13.32 13.4 12.3 11.2 10.8 20.13 15.0 10.9 12.0 18.7 14.54 12.5 8.8 17.0 14.1 18.55 14.6 12.2 11.7 15.7 14.46 12.6 12.0 15.2 14.9 14.07 13.6 12.5 12.4 20.6 16.7

Mean ± 13.4 11.6 13.5 15.9 15.9S.E.m. 0.36 0.47 0.76 1.11 0.90C.V. (%) 7.04 10.81 15.06 18.50 14.93

SI = Hot-drv: S2 = Hot-humid; S3 = Autumn; S4 = Winter & S5 = Spring.

TABLE 3. Effect of saalOn of calving on hours ofthe day on occurrence of oestrus,

SeasonsTime

SI S2 S3 S4 S5 Total

(No. of buffaloes showing oestrusl

2a.m. 2 2 1 4 O 96a.m. 2 8 O 7 9 2610a.m. 4 5 3 3 3 182p.m. 3 4 7 12 4 306p.m. 10 5 1 1 4 2110p.m. 1 2 3 3 5 14

SI = Hot-drv: S2 = Hot-humid; S3 = Autumn;S4 = Winter & S5 = Spring.

TABLE 4. Effect of saason of calving on durationof oestrus (hoers).

Duration Seasons

(hourslSI S2 S3 S4 S5 Total

(No. of buffaloesl

0-6 O 1 1 O O 27 - 12 1 5 1 3 4 14

13 -18 8 2 3 9 3 2519- 24 10 7 6 12 10 4525 - 30 2 4 1 3 5 1531 - 36 1 1 2 2 2 837 - 4243-48 4

SI = Hot-drv: S2 Hot-humid; S3 Autumn;S4 = Winter & S5 = Spring.

in the herd at four-hour intervals. 62% ofbuffaloes remained in oestrous for 12-24 hrs

.. (Table 4). Two buffaloes had 6 hours andfour had 48 hours duration of oestrus. Gill'(1972) and Luktake & Ahuja (1961)observed similar sexual behaviour ofbuffaloes.

d) Conception Rate

The conception rate (Table 5) of85.7, 71.1, 100.0, 42.9 and 85.7 per centwas recorded for buffaloes calving in seasonsSI to S5, respectively. The lowest conceptionrate in S4 group was due to the fact that 4buffaloes did not conceive even in spite of3 and 4 inseminations. The insemination perconception (Table 5) was lowest in S3 (1.43)and highest in SI (2.86).

e) Service Period

When the number of days taken forconception is considered, S3 took theminimum number of days. The average forthe five buffaloes being 59 days, only.Including the other two late setters 'theaverage number of days was 87 for S3, ascompared to 170 for SI group, respectively.The average service period in groups S2, S4and S5 was 83.20 ± 8.75, 60.66 ± 7.13and150.83 ± 41.27, respectively.

The service period as observed in S2, S3and S4 groups was shorter as compared tothose reported by Rao et aI. (1973) andSing et aI. (1979).

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TABLE 5. Effect of season of calving on services per conception and conception rate.

SeasonsAnimal No.

SI S2 S3 S4 Ss

(No of services/conception)

1 4(NC) 3(NC) 1 4(NC) 4(NC)2 1 4(NC) 1 3(NC) 13 2 1 1 4(NC) 14 2 1 1 3(NC) 15 3 1 2 1 26 4 2 2 1 47 4 4 2 2 4

Services per 2.86 2.28 1.43 2.57 2.43conceptionOverall 86.71 71.42 100.0 42.85 85.71conception rate (%)

NC = Not conceivedSI = Hot-drv: S2 = Hot·humid; S3 = Autumn; S4 = Winter & Ss = Spring.

Effect on Body Weight

The body weight was less at the end oflactation than at the start and the differenceswere significant (P < 0.05). However, in S3group an increase in body weight wasobserved. This may be due to the growingfoetus.

CONCLUSIONS

Under good management, the hot-dryand hot-humid seasons did not affect theregularity of oestrus, duration of oestrus,service period and conception rates of waterbuffaloes. However.. significant difference(P < 0.05) in the number of days to firstpost-partum oestrus was observed.

Milk production, lactation length, peakyield, and fat percentage were not affectedby hot and hurnid seasons.

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ESTADO ATUAL DE CONHECIMENTOSOBRE AS ENFERMIDADES DOS BUBALlNOS NA AMAZONIA

Rugo Didonet Láu 1 e Nagendra Pratap Singh 2

RESUMO - Neste trabalho são descritas as principais enfermidades que incidem nos bubali-nos tBubalus bubalis) na região amazônica. As enfermidades dos bezerros são parasitoses gas-trintestinais, pediculose, enterite, pneumoenterite, onfaloflebite e dermatornicoses. As as-caríases e enterites são as mais problemáticas, porém facilmente controladas com tratamen-tos sistemáticos e medidas sanitárias adequadas. Nos adultos, as enfermidades são: brucelose,tuberculose, mastite, febre aftosa, papilomatose, varíola, infestações ecto-endoparasitárias,deficiência mineral e toxicidade por plantas. A positividade de animais brucélicos varia de0,2% a 11,5%. Testes de tuberculina realizados em 360 animais revelam negatividade em to-dos os casos. As mastites subclínicas são consideradas as mais comuns. A febre aftosa temsido controlada através de vacinações, sendo que animais não vacinados adquirem a doença.Deficiências de cálcio, fósforo, cobre e zinco produzem retardo no crescimento e na produ-ção, que se pode corrigir através de suplementação mineral. Ingestão de plantas tóxicasapresenta vários sintomas incluindo fotossensibilização podendo levar o animal à morte. Hánecessidade porém, de mais pesquisa sobre a sanidade animal na região amazônica.Termos para indexação: Doenças parasitárias, doenças infectocontagiosas, bubalinos, manejosanitário, trópico úmido.

PRESENT STATUS OF DISEASESOF BUFFALOES IN AMAZÔNIA

ABSTRACT - The principie diseases of buffaloes (Bubalus bubalis) observed in the Amazonregion are reported. The diseases of calves were gastro-intestinal parasites, buftalo liceinfestation, enteritis, pneumoenteritis, omphalophlebitis and fungus infestation. Ascariasisand enteritis have been important problems and have been controlled with regular treatmentand sanitary measures. In adults the diseases included brucellosis, tuberculosis, mastitis,afthus fever, pappilomatosis, pseudopox, parasitic infestation, mineral deficiency andtoxicity of plants. On examination of serum samples, 0.2 - 11.5% animais, varying betweenfarms, were found to be positive for brucellosis. Tuberculin test produced negative resultsfor ali the 360 animais tested. Subclinical type of mastitis was the common form observed.Afthus fever has been controlíed through vaccination. However nonvaccínated herds showmild form of diseases. Calcium, phosphorus, copper and zinc deficiency result in retardedgrowth, development and production and have been corrected with supplementation.Ingestion of toxic plants result in variable body changes including photosensitization andleading to death. The observations support the need of an intensive systematic work in theAmazon region.

Index terms: Parasitic diseases, infectious-contaqiouses dlsease, buffaloes, health manage-ment, humid tropics.

INTRODUÇÃO nicidade, sendo que algumas delas são menosprevalentes e nocivas e outras mais prevalen-tes e mais nocivas (Mohan 1968).

Segundo Cockrill (1974), o grau de re-sistência dos bubalinos frente às enfermída-

As enfermidades dos bubalinos na gran-de maioria são as mesmas dos bovinos. Exis-te, porém, diferença na prevalência e patoge-

1 Méd. _Vet., M.Sc., EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém, PA.2 Méd.. Vet., Ph.D., Consultor IICA/EMBRAPA. Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém, PA.

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des depende da virulência do agente patogê-nico, resistência orgânica individual, estadonutricional e adaptação ambiental do ani-mal, além de outros fatores. A idéia de queos búfalos são mais resistentes ou mesmoimunes a diversas doenças dos bovinos ba-seia-se no ótimo estado sanitário de popula-ções isoladas, livres de agentes patogênicos.Caso uma doença exótica venha a ser intro-duzida nessa população, os animais poderão

'. se apresentar altamente susceptíveis.Não se deve confundir, portanto, rusti-

cidade com resistência. Os bubalinos sãomais rústicos que os bovinos, porém de se-melhante resistência frente às enfermidades.Por serem mais rústicos, quando doentes,tendem a apresentar os sintomas clínicosmais tardiamente, já com a doença em está-dio avançado, ou simplesmente nada de-monstram, exigindo, desse modo, um conhe-cimento médico-veterinário profundo e espe-cializado, além de vigilância sanitária rigoro-sa e contínua.

Na Amazônia, a pesquisa na área de sa-nidade animal encontra-se ainda extrema-mente carente, tanto em número, qualifica-ção de profissionais, quanto em facilidadeslaboratoriais, e conseqüentemente, restritasinformações sobre o assunto têm sido gera-das.

O objetivo deste trabalho é descrever asprincipais doenças dos bubalinos, diagnosti-cadas atualmente nesta vasta região do trópi-co úmido.

ENFERMIDADES DOS ANIMAIS JOVENS

Verminose gastrintestinal

O primeiro contato dos bubalinos comos vermes gastrintestinais ocorre ainda nointerior do útero das vacas gestantes e sedeve à infestação pré-natal pelo Neoascarisvitu/orum e Strongy/oides papillosus(Griffiths 1922).

Segundo Silva (1969) e Láu (1980),ovos de S. papillosus são os primeiros a se-rem detectados nas fezes dos bezerros re-cém-nascidos. Animais com nove a dez diasde vida já apresentam O.P.G. (ovos por gra-ma de fezes) positivo. Este tipo de infestaçãopossui seu nível máximo na faixa dos 30 a60 dias de vida do animal, baixando, logoapós, para anular-se aos 180 dias, aproxima-

damente. O N vitu/orum é o segundo para-sito a ser detectado nas fezes dos bezerros.Seus ovos aparecem no animal com idadeem torno de quatorze a 21 dias de nascido,sendo que o máximo de infestação tambémocorre dos 30 aos 60 dias de vida do bezer-ro. Logo em seguida a infestação diminui,para findar em torno dos 120 dias após onascimento.

Este helminto é considerado o maispatogênico para os bezerros bubalinos. Emrebanhos não controlados, os índices demorbilidade e mortalidade causados por esteparasito chegam em torno de 100% a 30%,respectivamente.

Os principais sintomas apresentadospelos animais parasitados são: ventre flácidoe abaulado, pêlos ásperos e sem brilho, ano-rexia, enfraquecimento progressivo, diarréiafétida e escura ou constipação, anemia, desi-dratação e morte repentina (Láu 1984).

O controle da verminose nos bezerrosdeve ser feito com anti-helmínticos de largoespectro (Parbendazole, Mebendazole, Fe-bendazole e Albendazole), por via oral, aosquinze, 30, 60 e 180 dias de vida do animal(Láu 1980).

Pediculose

A infestação por piolhos nos bubalinosé causada por uma única espécie, o Haemato-pinus tuberculatus. Este ectoparasito é suga-dor e de tamanho considerável (cerca de3,5 mm). Pode ser facilmente visto a olhonu, no corpo do animal.

Seus ovos (lêndeas) são de coloraçãoclara com mais ou menos 1,2 mm de ta-manho, sempre aderidos aos pêlos do animal.

O ciclo biológico do H tuberculatustem duração, aproximada, de 21 a 27 dias edesenvolve-se na superfície externa do ani-mal, não havendo forma de vida livre no soloou hospedeiro intermediário. As infestaçõesocorrem por contato direto de animal paraanimal (Chaudhuri & Kumar 1961).

Os búfalos são altamente susceptíveis aeste tipo de parasitismo, principalmentequando em más condições sanitárias e ali-mentares, ou quando não possuem condi-ções de enlamear totalmente o corpo. So-mente banhos em lagoas não controlam ainfestação pelo H tuberculatus. Os animaisprecisam de lama para chafurdarem seus cor-pos (Láu et aI. 1980).

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o H. tuberculatus é considerado muitopatogênico para os animais jovens, pois o"stress" causado pela irrigação, prurido eespoliação sanguínea debilita fisicamente oanimal, a ponto de levá-Io à morte, ou causarseqüelas de difícil recuperação.

O controle pode ser realizado através depulverizações sistemáticas, com solução a1% de Neguvon + Asuntol, intercaladas de18 dias. Atualmente está sendo testado, combons resultados, o controle deste ectoparasi-to, através de um produto injetável a base de"ivermectin" (lVOMEC-MSD).

Enterite

Segundo Singh & Singh (1971), esta en-fermidade é muito comum aos animais re-cém-nascidos e quando submetidos a precá-rias condições sanitárias, sendo causada pordiversos agentes etiológicos, dentre os quais,a Escherichia coZi, salmonelas, clostrídios evários tipos de vírus.

Dor abdominal, diarréia fétida commuco e às vezes sanguinolenta, emaciação,fraqueza, apatia, desidratação, complicaçõesbronco-pulmonares e morte são os principaissintomas.

A prevenção é feita unicamente atravésda higienização dos bezerreiros e permitindoque o recém-nascido mame o colostro.

Pneumoenterite

Enfermidade causada, principalmente,por vírus, muito comum em rebanhos cujosbezerros ficam expostos à umidade constan-te. Esta doença tende a agravar-se com faci-lidade devido a invasão de bactérias secundá-rias no pulmão (Singh & Singh 1971).

Esta enfermidade é considerada enzoóti-ca em algumas fazendas, com morbilidade emortalidade distintas em relação ao manejosanitário dos animais. Tende a ser mais pro-blemática nos períodos de trocas climáticas.

Os sintomas iniciam-se com reações fe-bris, sobrevindo logo após, anorexia, depres-são, secreção nasal intensa, dificuldades narespiração, diarréia e morte.

Onfaloflebite

Doença causada por vanos tipos debactérias que se instalam no animal, usando

261

a cicatriz umbilical como porta de entrada.Os fatores predisponentes para o mal resu-mem-se na falta de cuidados com o cordãoumbilical do recém-nascido.

A sintomatologia consiste em tumefa-ção dolorosa do umbigo e área circundante,temperatura elevada, depressão, artrites loca-lizadas e morte.

Em rebanhos manejados inadequada-mente, este tipo de enfermidade é responsá-vel pelo aparecimento de outros males, alémde causar elevado número de mortes entre osrecém-nascidos.

Dermatomicose

São micoses causadas pela invasão dediversos tipos de fungos dermatófitos, prin-cipalmente microsporídeos que localizam-senos pêlos e células epiteliais queratinizadasdos animais.

O tipo de clima da Amazônia é um dosfatores que mais favorece o desenvolvimentode fungos na pele dos animais.

Os sintomas consistem em lesões depele, que podem ser localizadas e de aspectoúmido, olopecias, descamações e exudação.As lesões tendem a se alastrar por todo ocorpo do animal.

O controle consiste na higienização dosbezerreiros e dos animais.

Hérnias

Ocorrem com relativa freqüência as hér-nias umbilicais em bezerros bubalinos e pa-recem estar relacionadas com o mau manejodos recém-nascidos. Sabe-se de um caso rarode hérnia inguinal em uma bezerra búfala(Lãu 1983) ocorrido na ilha de Marajó.

ENFERMIDADES DOS ANIMAISADULTOS

Brucelose

A brucelose nos bubalinos ocorre demaneira similar nos bovinos, sendo causadatambém pela Brucella abortus.

A incidência desta doença nos búfalossofre variações em diferentes áreas do Estadodo Pará. Na região do Baixo Amazonas estáem torno de 6,0%; ilha de Marajó 11,5% eBelém 0,2%.

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Os sintomas apresentados por animaisbrucélicos são: aborto no sétimo ou oitavomês de gestação, retenção da placenta, orqui-tes nos machos e higromas articulares. Osbezerros nascidos de vacas doentes são pre-disponentes a onfaloflebites, infecções pul-monares, higromas articulares e opacidadecórnea.

O contágio pode ser indireto de bovinose bubalinos e vice-versa, através de fetosabortados e restos placentários na pastagem.

Tuberculose

Causado pelo Mycobacterium bovis, estaenfermidade nos bubalinos possui as seguin-tes características: os animais, nos testes in-tradérmicos com tuberculina, reagem de ma-neira mais acentuada e por um período detempo mais longo, além de serem muito pro-pensos a apresentarem reações inespecíficas,devido, talvez, a seus hábitos aquáticos atra-vés dos quais mantêm contato com bactériassemelhantes ao M bovis.

Os testes intradérmicos não devem serrealizados em vacas após o sétimo mês degestação, bezerros com menos de seis mesesde vida, e nem em animais com endoparasi-toses ou qualquer outra enfermidade.

Para os bubalinos, a interpretação dasreações alérgicas do teste duplo comparadoé diferente dos bovinos (Tabela 1) (Singh1984).

TABELA 1. Chave de interpretação das reaçõesalérgicas do teste duplo comparadopara o diagnóstico da tuberculose embubalinos.

Reação Diferença(rnml

Resultado

TB menor TATB maior TATB maior TATB maior TA

NegativoNegativoSuspeitoPositivo

0.1 a 2.02.1 a 4.04.1 ou mais

TB = Tuberculina bovinaTA = Tuberculina aviária

Na realização de testes com tuberculina"a campo", deve-se usar o mono teste anu-

-causal, efetuando-se nos animais que apre-sentarem reações alérgicas o teste duplocomparado, dois meses depois.

Em 360 testes realizados com esta me-todologia não se detectou qualquer caso dereação considerada positiva.

Os sintomas da tuberculose nos bubali-nos iniciam-se com anorexia, perda de peso,caquexia, e em estado mais avançado, tume-fação ganglionar.

Mastite

Causada principalmente por Estafiloco-cus sp. (± 50%), Estreptococus sp. (± 30%),Escherichia coli (± 10%) e Corynebacteriumsp. (± 10%).

As mastites, nos bubalinos, são geral-mente subc1ínicas, sendo as causas principaisos traumatismos e sugicidades no canal doteto.

O manejo sanitário adequado dos ani-mais em lactação e a higienização dos estábu-los reduzem consideravelmente os casos.

Febre Aftosa

Esta enfermidade ocorre nos búfaloscom as mesmas características usualmenteobservadas nos bovinos, ou seja, os sintomassão semelhantes. Os animais apresentamaftas na mucosa oral, lesões nos cascos, sia-lorréia, febre e procuram permanecer dentrod'água.

A vacinação anti-aftosa oferece boa pro-teção aos animais.

Deficiência Mineral

Em determinadas regiões do Estado doPará ocorrem casos de deficiências minerais,principalmente de cálcio, fósforo, cobre ezinco (Costa & Moreira 1983).

Os animais doentes apresentam-se comemagrecimento progressivo, desenvolvimentoretardado, alotriofagia, dificuldade de loco-moção, relutância em se levantar, e, emalguns casos, permanecem descansando sobreas articulações carpianas.

As deficiências ocorrem com mais fre-qüência em fêmeas adultas, especialmentequando em lactação.

O tratamento é feito através da minera-lização do rebanho com mistura mineral ade-quada.

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FIG. 1. Esquema de dosificação dos bubalinos adultos.

Intoxicação por plantas

Os búfalos são susceptíveis à intoxica-ção por vários tipos de plantas e os sintomasvariam conforme a espécie da planta e inten-sidade da intoxicação.

Os sintomas principais são: edema depálpebras, avermelhamento das mucosas,lacrimejamento, urina avermelhada, sialor-réia, despigmentação da pele, alopecia,anorexia, constipação e cheiro amoniacalna boca, emagrecimento progressivo, ulcera-ções e lesões de pele e morte.

Papilomatose

Causada por um vírus específico, asberrugas cutâneas podem se apresentar loca-lizadas ou generalizadas, porém os locais depreferência são ao redor dos olhos, boca,nariz e orelhas.

Varíola (Buffalo pseudopoxl

Causada por vírus específico que produzlesões localizadas na pele do úbere e entre-pernas ou generalizadas por todo o corpo.

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Pode haver contágio de animal para animal,inclusive para o homem. A recuperação dosanimais ocorre espontânea e rapidamente.

Parasitoses

Das endoparasitoses, as principais são ashelmintoses gastrintestinais que constituemproblemas nos animais com idade até doisanos (Láu 1984).

Existem várias espécies de helmintosgastrintestinais parasitando os bubalinos,com prevalências distintas (Tabela 2).

TABELA 2. Principais espécies de helmintos para-sitos dos bu~Jlnos e suas prevalên-cias.

Espécies Prevalência%

Haemonchus contortusCooperia puntactaTrichostrongy/us axeiStrongy/oides papi/losusOesophagastomum radiatumMoniezia benedeni

42,6426,5618,097,583,491,70

o controle anti-helmfntico dos animais,após a desmama, deve ser feito através demedicamentos injetáveis três vezes por ano,até o animal completar dois anos de idade(Fig. 1).

Quanto as ectoparasitoses deve-se levarem consideração o ataque por piolhos (Htubercu/atus) e sarnas (Psoroptes equi). Estasocorrem especialmente em animais estabula-dos (Láu & Costa 1979).

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APROVEITAMENTO DO LEITE DE BÚFALAEM PRODUTOS DERIVADOS

Sebastião Hühn 1, José de Brito Lourenço J úníor'' , Luiz Octávio Daninde Moura Carvalho", Cristo Nazaré Barbosa do Nascimentof

e Luiz Carlos Vieira4

RESUMO - O emprego de tecnologia adequada no aproveitamento do leite bubalino permi-tiu a obtenção de produtos de elevado rendimento e alta qualidade. Os queijos CPATU bran-co macio, mozarela, provolone e requeijão marajoara apresentaram uma economia de maté-ria-prima de 35%, 39%, 20% e 41 %, respectivamente em relação ao leite bovino. Foram pre-parados iogurtes com sabores de frutas encontradas em Belém, resultando em 40% menosmatéria-prima do que para o leite bovino. O doce de leite revelou uma economia de 29% so-bre o leite bovino.Termos para indexação: Leite de búfala, tecnologia do leite de búfala, queijo CPATU brancomacio-rendimento, queijo mozarela-rendimento, queijo provolone-rendimento, requeijãomarajoara-rendimento, iogurte-rendimento e doce de leite-rendimento.

THE UTILlZATION OF BUFFALO MILK FOR DAIRY PRODUCTS

ABSTRACT - An adequate technology to process bufallo milk allowed to produce cheeses"CPATU Branco Macio", "Mozarela", "Provolone" and "Requeijão Marajoara", respectively,with 35%, 39%, 20% and 41% less milk than bovine cow milk. Also, yoghurts with Ama-zonian fruits and milksweet showed re~ctively, the need of 40% and 29% lessbufalo milkthan bovine cow milk.

Index terms: Buffalo milk, buffalo milk technology, yield of different cheeses.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o interesse pela fabri-cação de produtos derivados do leite de bú-fala vem aumentando devido ao seu elevadoteor de extrato seco total (EST) e notada-mente de gordura.

Na índia, vários derivados são obtidosdo leite de búfala, tais como leite em pó, lei-tes fermentados, manteiga, ghee (manteigalíquida clarificada) e queijos de vários tiposjá tradicionais -e de grande popularidade na-quele país (Ganguli 1979). Na Itália, são fa-bricados queijos mozarelas e consumidosainda frescal, no período de 48 horas.

No Brasil, existem poucos trabalhospublicados sobre a utilização do leite de bú-

fala na fabricação de queijos e outros deriva-dos, os mais recentes foram publicados porFernandes et al. 1980 e Furtado 1980.

Na Amazônia, nos últimos anos, o Go-verno Federal tem investido elevadas somasem projetos agropecuários, na área de buba-linos, tendo em vista a elevada importânciaeconômica desses animais.

A EMBRAPA-CPATU,desde 1978, vemdesenvolvendo tecnologia para o aproveita-mento do leite de búfala produzido em fa-zendas que, pela distância dos grandes cen-tros consumidores, como é o caso do Arqui-pélago do Marajó, entregam leite com acidezelevada, apresentando perda de matéria-pri-ma e baixa qualidade dos produtos derivados(Hühn et al. 1983a; Hühn et alo 1983b;

1 Quím., Ind., M.Sc., EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém, PA.2 Eng. Agr., M.Sc., EMBRAPA-CPATU.3 Eng. Agr., EMBRAPA-CPATU.4 Técnico em laticínios. EMBRAPA-CPATU.

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Hühn et aI. 1983c e Hühn et al. 1983d).Com o objetivo de fornecer alternativas

para o aproveitamento do leite de búfala dorebanho regional, a EMBRAPA-CPATU de-senvolveu pesquisas voltadas, inicialmente,para o estudo da composição química doleite e posteriormente gerou tecnologia apro-priada para os seguintes produtos derivados:Queijos CPATU branco macio, mozarela eprovolone; requeijão marajoara; doce de leitepastoso; iogurtes com sabores de frutas daAmazônia e licor de soro de leite (Hühn etal 1981 ; Hühn et aI. 1982).

A elaboração dos produtos obedeceuinicialmente às técnicas recomendadas para oleite bovino. Entretanto, em virtude das ca-racterísticas e peculiaridades do leite de bú-fala, foram feitas adaptações nas técnicas, vi-sando a obtenção de produtos de boa quali-dade, uniformes e melhor rendimento.

Foram corrigidas as texturas dos queijosCPATU branco macio, mozarela e provolo-ne, que se apresentaram, inicialmente, exces-sivamente duros e quebradiços, pela adiçãode cloreto de sódio, nas concentrações de0,3% a 1,0%, logo após a pasteurização doleite. A adição do cloreto reduziu o tempode mexe dura em torno de 20 minutos, au-mento de retenção de umidade, tornando--se mais macios, e proporcionando maiorrendimento dos produtos derivados.

Foram feitas as seguintes determinaçõesquímicas na matéria-prima e nos produtosderivados: Umidade e Extrato seco total pe-lo método da Association of Official Agricul-tural Chemistry (1975); Extrato seco total,pela fórmula de Pruthi & Bhalerao 1973,citado por Furtado 1979; Gordura, pelosmétodos butirométricos de Gerber e deVangulik (British Standards Institution1969); Proteína bruta, pelo método deKjedahl modificado (British StandardsInstitution 1966), usando-se o fator decorreção 6,38; e Cloretos, pela técnica reco-mendada por Atherton & Newlander (1976).

Caractedsticas do leite de Búfala

o leite de búfala apresenta coloraçãobranca opaca, provocada pela ausência depigmentos carotenóides, e sabor adocicado.Quando fresco apresenta pH entre 6,43 a6,80.

As micelas da caseína do leite de búfala

são maiores do que as encontradas no leitede vaca bovina, fazendo com que a coalhadaelaborada com leite de búfala retenha menoságua que as do leite de vaca durante a açãodo coalho (Ganguli 1979).

A gordura do leite de búfala apresentaglóbulos maiores que os do leite de vaca bo-vina, e sua cor branca proporciona a obten-ção de manteiga também branca cristalinae nitidamente mais consistente que a doleite de vaca bovina. Por outro lado, a gor-dura do leite de búfala apresenta maior den-sidade, temperatura de fusão mais elevada32 - 43,50C e índice de iodo igual a 29,43,valor este inferior ao da gordura do leite devaca bovina (Ganguli 1979).

O leite de búfala coagula muito maisrápido do que o leite de vaca e seus produtosderivados tendem a ter um corpo mais duro,seco e textura quebradiça.

A hidrólise durante a maturação nosprodutos derivados do leite de búfala é maislenta tanto no que se refere à atividade lipo-lítica quanto à proteolítica, principais res-ponsáveis pelo sabor e aroma característicosdos produtos acabados.

Os ácidos capróico, caprílico e cápricoencontram-se em menor quantidade no leitede búfala que no leite de vaca bovina. Estesácidos, quando liberados nos queijos ououtros produtos lácteos, contribuem para osabor e aroma típico dos produtos derivados.A formação do sabor e aroma é menos pro-nunciado nos produtos feitos com leite debúfala do que os provenientes do leite devaca bovina (Ganguli 1~79). O leite de búfa-Ia é rico em cálcio e fósforo, e é uma exce-lente fonte de vitamina A.

Resultados encontrados por Hühn et alo(1982) sobre a composição química do leitede bubalinos em relação ao leite de zebuínosmostraram o seguinte: 43,81 % mais sólidostotais; 43,60% mais gordura; 17,10% maisextrato seco desengordurado; 41,54% maisproteína (caseína); 2,41 % mais lactose;15,30% mais resíduo mineral fixo; 42,10%mais cálcio e 42,86% mais fósforo.

A composição química do leite afetagrande mente as características dos produtos.Maior percentagem de extrato seco total pro-porciona maior rendimento nos produtosacabados, bem como também reforça o valornutritivo da matéria-prima como alimento.

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Características e rendimento dos produtosderivados do leite de búfala

o queijo CPATU branco macio é fabri-cado com leite de búfala integral ou padroni-zado para 4% de gordura e pasterurizado.Formato cilíndrico de 4 em a 6 em de alturapor 14 em a 15 em de diâmetro, peso varian-do de 600 a 800 gramas. Classificado comoqueijo de massa crua, não maturado e nãoprensado. Este queijo apresenta textura ma-cia, cor branca, sabor e aroma agradável, nãopicante, levemente salgado. Semelhante aoMinas Frescal.

O queijo mozarela é de origem italiana,fabricado com leite integral ou padronizado,não pasteurizado, adicionado de fermentolático e coalho. Elaborado em três etapas:obtenção da massa, fermentação e molda-gemo Formatos cilíndrico e retangular, pesovariando de 500 a 5.000 gramas.

A mozarela autêntica é do tipo massa fi-lada, semidura, estrutura em camadas finas,superpostas, tendendo a decomporem-se naparte mais central, internamente. Texturamacia, branco-porcelana, massa compacta,sabor e aroma agradáveis, não picante e leve-mente salgado. Ao ser cortado deverá fluirum pouco de soro esbranquiçado muito gor-do e de cheiro característico de fermenta-ção lática.

O queijo provolone é um produto deorigem italiana fabricado com leite de búfa-Ia integral ou padronizado, pasteurizado ounão, adicionado de fermento lático e coalho.Elaborado em quatro etapas: obtenção damassa, fermentação, moldagem e defumação.Formato tubular e ovalado, peso variando de500 a 5.000 gramas.

Este queijo apresenta massa compactaem camadas finas, superpostas, tendendo adecomporem-se na parte mais interna. Tex-tura macia, coloração externa. de carameló amarrom e internamente coloração branca aamarelo-pálida, ligeiramente picante e leve-mente salgado. Ao ser cortado deverá fluirum pouco de gordura e cheiro característi-co de bacon ou toucinho defumado.

O requeijão de corte, ou marajoara, éum produto obtido da coagulação espontâ-nea do leite de búfala desnatado, não pas-teurizado e classificado como queijo demassa cozida, não maturado e não prensado.Adquire a forma do recipiente em que é en-

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vasado, possui massa compacta e peso va-riando de l.000 a 10.000 gramas. Texturamacia, superfície externa com coloraçãoarnarelo-esverdeada, enquanto que na parteinterna mostra cor branca, sabor e aromaagradáveis, sendo levemente ácido e salgado.

Iogurte de leite de búfala pode ser defi-nido como um produto resultante da fer-menta8ão que ocorre no leite à temperaturade 42 C a 450C, causada. por duas espéciesde bactérias termofílicas, que se multiplicamem simbiose, o Lactobacillus bulgaricus eStreptococcus thermophylus. Textura cre-mosa, sabor e aroma agradáveis, sendo leve-mente doce e ácido.

Doce de leite é um produto elaboradocom leite integral ou padronizado para 2,1%de gordura, adicionado de redutor de acideze sacarose. Não tem forma definida, peso de80 a 500 gramas. Textura pastosa, coloraçãoâmbar e castanho e sabor adocicado.

Como pode ser observado na Tabela 1,os rendimentos obtidos para os derivados doleite de búfala foram superiores aos encon-trados para os fabricados com leite bovino.Estes rendimentos, em termos percentuais,apresentaram uma economia de matéria-pri-ma de 40% no iogurte, 35% no queijoCPATU branco macio, 39% na mozarela,20% no provolone, 41 % no requeijão mara-joara e 29% no doce de leite.

Do ponto de vista econômico, são degrande importância esses resultados nos cus-tos de produção, pelo menor emprego dematéria-prima na elaboração dos produtosderivados.

Na fabricação de todos os produtos fo-ram encontrados algumas dificuldades, devi-do, principalmente, às características e pecu-liaridades do leite de búfala .. Estas dificul-dades foram solucionadas pelas alteraçõesintroduzidas nas técnicas de fabricação dosderivados do leite de búfala.

CONCLUSÃOOs resultados demonstraram a viabili-

dade técnica e econômica de produzir iogur-te, doc-e de leite, queijos CPATU branco ma-cio, rnozarela, provolone e requeijão rnara-joara, utilizando-se leite de búfala.

Para o produtor marajoara, a grandevantagem está no fato de obter, a nível de

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TABELA 1. Composição qulmica e rendimentos dos produtos derivados do leite de vaca bubalina e de vaca bovina e a quantidade de matéria-prima empregada.

ProdutoUmidade

%E.S.T.

%Gordura

%Prote(na

%NaCI

%

(Rendimento 1/kg)

Bubalino Bovino

Economiade matérla-,prima %

Iogurte com sabor de frutasQueijo CPATU branco macioQueijo mozarelaQueijo provoloneRequeijão marajoaraDoce de leite cremoso

57,66 ± 1,8650,4 ± 6,4855,97 ± 13,4554,52 ± 9,75

42,31 ± 1,8749,6 ± 6,4644,03 ± 13,4545,48 ± 9,45

22,77 ±4,1424,12±3,224,0 ± 1,015,0 ± 3,80

28,8 ±6,9527,9 ±8,7023,19 ± 3,5920,73 ± 2,64

1,8 ± 0,222,14 ± 0,262,10 ±0,231,87 ±0,07

1,24,56 ±0,265,50 ±0,307,43 ± 0,486,0 ±0,52,56 ±0,05

2,06,0- 8,08,0 - 10,08,0 - 10,0

10,0 -12,03,5

403539204129

1/kg = litro de leite/kg de lacticmioEST = Extrato seco totalNaCI = Cloreto de s6dio

N0\00

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fazenda, queijos CPATU branco macio, mo-zarela, provolone e requeijão marajoara, comuma economia de matéria-prima de 35%,39%,20% e 41 %, respectivamente.

Para se obter bons produtos e padroni-zados, há necessidade de se introduzir modi-ficações nas técnicas, a fim de evitar o resse-camento dos queijos, provocado pela baixacapacidade de retenção de água da caseínado leite de búfala.

Com relação ao iogurte foram emprega-das polpas de frutas encontradas em Belém,em virtude das mesmas apresentarem saborese aromas característicos e muito apreciadosnão só pelos nativos da região como pelosturistas.

Tal produto revelou uma economia dematéria-prima de 40% superior ao leite bovi-no. Observou-se ainda que o mesmo não ne-cessita de adição de substâncias de açãoespessante, rotina comumente usada na ela-boração de iogurte com leite bovino, com afinalidade de promover maior viscosidade etextura.

O doce de leite bubalino apresentou umrendimento de 2,5 litros de leite/quilogramado produto, correspondendo a uma econo-mia de matéria-prima de 29% em relação aodo doce de leite de bovino.

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PRODUÇÃO DE LEITE NA FAIXA EQUATORIAL ÚMIDA

Miguel Simão Neto 1

RESUMO - A produção de leite na faixa equatorial úmida é ainda inexpressiva. No Brasil, oleite produzido nessa região contribui com menos de 1,5% do total nacional. A produção,tanto por animal como por unidade de área, está muito abaixo das médias obtidas em outrasregiões tropicais. O leite é um subproduto da pecuária de corte, sendo praticamente inexis-tentes as propriedades que exploram rebanhos especializados. A baixa produtividade dosatuais sistemas de produção de leite nessa região se deve às suas características desfavoráveisde ambiente, socioeconômicas e culturais, as quais conferem um uso inadequado dos recur-sos naturais e de tecnologias de produção. São praticamente inexistentes resultados de pes-quisa sobre componentes dos sistemas de produção de leite nos trópicos úmidos. Sugere-se aimplantação de modelos físicos de sistemas de produção nas principais bacias leiteiras daAmazônia brasileira. Nesses sistemas seriam avaliadas, bioeconomicamente tecnologias gera-das em outras regiões tropicais afins e adaptadas às condições de cada uma das bacias leitei-ras.Termos para indexação: gado de leite, sistema de produção de leite, trópico úmido, regiãoamazônica.

MILK PRODUCTION IN THE EQUATORIAL HUMID TROPICS

ABSTRACT· Milk production in the humid equatorial zone is unexpressive. In Brazil, themilk produced in the Amazon Region is less than 1.5% of the country's total production.Production per animal and per area is well bellow the average obtained in other tropicalareas. Milk is a beef cattle by product, and is rarely obtained from specialized dairy herds.The low productivity of the present milk production systems in the humid equatorial zoneis a consequence of their unfavourable environment, social, economical and culturalcharacteristics, which result in an irnproper use of the natural resources and of the productiontechnology available. Studies on physical models of milk production svsterns are suggestedfor the potential production areas. Technology generated in other tropical regions andadapted to local conditions should be tested, and the viability of these systems evaluated.Index terms: Dairy cattle, rnilk production svsterns, humid tropics, Amazon region.

INTRODUÇÃO

o leite proporciona à humanidade umaexcelente fonte de proteínas de alta qualida-de, de minerais e de açúcar. Os componentesquímicos do leite, além de complementaremem sua digestão e assimilação pelo corpo hu-mano, suplementam outros alimentos, espe-cialmente os cereais. O leite e seus derivadosfornecem à população mundial cerca de 35%de toda a energia e de toda a prote ína pro-venientes de produtos de origem animal(McDowell 1977).

Atualmente existe uma grande carênciade leite no mundo, principalmente nos paí-ses em desenvolvimento. A quantidade mí-nima diária recomendada para uma nutriçãoadequada é de 500 g de leite por habitante(Faria 1981). A disponibilidade de leite porhabitante nos países desenvolvidos é de870 g.día' , enquanto que nos países em de-senvolvimento, muitos deles inteira ou par-cialmente localizados na faixa equatorialúmida, é de apenas 60 g.dia", correspon-dendo a 12% das necessidades diárias (núme-ros calculados com dados da FAO 1981).

1 Eng.. Agr., M.Sc., Ph.D., EMBRAPA-CNPGL. Caixa Postal 151, CEP 36155 Coronel Pacheco, MG.

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Nesta revisão são apresentadas informa-ções sobre o estado atual de conhecimentossobre a produção de leite nos trópicos úmi-dos, particularmente na Amazônia brasileira,e se discute a validade da implantação e con-dução de modelos físicos de sistemas de pro-dução de leite, para se avaliar a viabilidadetécnico-econômica dos mesmos, antes deuma ação de desenvolvimento do setor.

o LEITE NA FAIXA EQUATORIAL

A distribuição da produção de Ieite nomundo mostra que as regiões em desenvolvi-mento produzem apenas 23% do total mun-dial, sendo que cerca de 2/3 desta produçãoé oriunda de bovinos, na maior parte de ze-buínos e de seus cruzamentos com europeuse 1/3 de outros animais (búfalos: 75%, e ove-lhas e cabras: 25%). A produção mundial deleite está estreitamente correlacionada com onível da tecnologia desenvolvida e utilizada,e parece não depender apenas de clima e deregião geográfica (Faria 1981). O preço pa-go ao produtor (McDowell 1977), por exem-plo, pode ser também um fator determinan-te da produtividade.

Países que têm remunerado melhor aoprodutor de leite tendem a apresentar me-lhor produtividade que aqueles que têm re-munerado menos, conforme cálculos elabo-rados com dados de Producer milk ... (1980)e FAO (1981). De acordo com a EMBRAP A(1981a), a produção de leite no Brasil temapresentado, ao longo dos anos, respostaspositivas e imediatas à medida que o preçodo litro de leite aumenta. Os acréscimos nana produção, entretanto, têm sido resultan-tes principalmente do aumento do forneci-mento de concentrados ao rebanho e no nú-mero de rebanhos fornecedores de leite, emuito pouco através de introdução de tecno-logias.

Existem vários estudos mostrando que ocontrole de preços de leite estabelecidos porgovernantes tem sido defasado da realidade(McDowell 1977). Por outro lado, com-preende-se que as populações pobres dos tró-picos úmidos e das regiões subdesenvolvidasnão poderiam absorver aumentos substan-ciais no preço do leite, decorrente de um au-mento de produção através do uso intensivode tecnologias de alto nível.

Provavelmente a exploração leiteira mais

avançada nos trópicos úmidos está na áreado Caribe e da América Latina (FAO 1979).Devido a uma ênfase socioeconômica e reli-giosa na Índia, a melhoria de produtividadede bovinos tem tido pouco sucesso. Nas de-mais áreas da Ásia, o bovino tem sido utili-zado mais como um animal de trabalho,sendo o leite um subproduto obtido combaixíssimos índices de produtividade (Hall &De Boer 1977). No Ceilão, os problemas deprodução relatados por Whyte (1967) sãomuito semelhantes aos encontrados na Ama-zônia brasileira. Na África, a produção deleite nos trópicos úmidos é mínima (F AO1979), e os fazendeiros ainda não estãomotivados para investir na atividade. Lá, ofuturo da pecuária depende basicamente deum programa de produção de forragem demodo eficiente.

O LEITE NA FAIXA EQUATORIALDO BRASIL

O Brasil produziu em 1981 cerca de2,4% do leite total mundial. A produtividadedo rebanho nacional (687 kg.vaca") é consi-derada muito baixa, quando comparada coma de alguns países grandes produtores deleite (média de Austrália e Nova Zelândia:2770 kg; média de Holanda, Dinamarca,Suíça, E.U.A. e Japão: 5131 kg), segundodados da FAO (1981).

As regiões fisiográficas brasileiras apre-sentam diferenças significantes com relação aotamanho do rebanho leiteiro e de produçãode leite, conforme pode ser observado naTabela 1. A grande região Norte, onde se si-tua o trópico úmido do Brasil, contribuiu,em 1981, com apenas 1,3% do total do leitenacional, com uma produtividade estimadaem 343 kg.vaca? .ano"! (cerca da metadeda produtividade média nacional). Nesseano, a disponibilidade de leite na região foide 64 g.habitante'" .día", quantidade estaque representa apenas 13% das necessidadesdiárias. Entende-se aqui que, devido à varia-ções do poder aquisitivo da população, a dis-tribuição desse leite produzido foi irregular,podendo ter havido pessoas que praticamen-te não consumiram leite.

De 1960 a 1980 a produção de leite naregião cresceu na média de 45% ao ano (emrelação a 1960), conforme mostra a Tabe-

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TABELA 1. Número de bovinos (B), vacas ordenhadas (V) e produção de leite (L) nas grandes regiões brasi·leiras, em 1981.

Regiões B (1.000) % V (1.000) % LltI %

Norte 4.167 3,4 429 2,6 147.376 1,3Nordeste 22.136 18,2 3.206 19,4 1.513.058 13,4Sudeste 35.045 28,8 7.430 45,0 5.903.755 52,1Sul 24.838 20,4 2.604 15,8 2.594.822 22,9Centro-Oeste 35.598 29,2 2.821 17,1 1.164.956 10,3

Brasil 121.785 16.492 11.323.967

Fonte: Fundação IBGE (1984).

Ia 2, porém exclusivamente às custas deaumentos do número de animais. Nesse pe-ríodo houve algumas importantes variaçõesentre as Unidades da Federação situadas naAmazônia quanto à produção diária. Em re-lação ao total produzido em 1960, as unida-des mais importantes foram Amazonas, Paráe Acre (92% do total anual); em 1970 foramAmazonas e Pará (78% do total anual); e em1980 foram Pará e Rondônia (77% do totalanual). O crescimento da produção em Ron-dônia de 1960 a 1980 foi expressivo, pertode 200 vezes a produção de 1970. Esse au-mento, porém, se deveu em parte ao cresci-mento do rebanho, como conseqüência daintensa colonização que tem se verificadonaquele Estado.

Por outro lado, a produção do Estadodo Amazonas caiu drasticamente, cerca de65%, de 1970 a 1980. É possível que estaqueda esteja associada com a importação deleite em pó de outros países, a preços razoá-

veis, e com as dificuldades que o setor en-frentou, no que diz respeito a determinadosfatores de produção, como alimentação esanidade do rebanho, e transporte do leitepara os centros consumidores.

A região amazônica tem possibilidadesde crescimento horizontal e vertical de pro-dução de leite. Até o presente, entretanto,os sistemas de produção existentes aindanão absorveram totalmente os conhecimen-tos técnicos da exploração de gado leiteiro.O leite é um subproduto da pecuária decorte, sendo raros os sistemas exclusivos deprodução de leite, porque as condições deambiente, socioeconômicas e culturais daregião não têm comportado este último tipode exploração especializada. Esta exploraçãoexigiria um rebanho de maior aptidão leiteirae um alto nível de tecnologia, que sem dúvi-da elevaria demasiadamente os custos da pro-dução a valores proibitivos ao consumidor.Os rebanhos mestiços Holandês x Zebu, na

TABELA2. Evolução da produção de leite na região Norte do Brasil no perlodo 1960-1980 (em litros pordia).

AnoEstado ou Território

1960 % 1970 % 1980 %

Acre 9.419 24,0 15.540 16,4 51.523 12,9Amapá 1.342 3,4 4.173 4,4 1.315 0,3Amazonas 9.389 23,9 45.219 47,8 16.169 4,1Pará 17.329 44,3 28.583 30,3 215.531 54,2Rondônia 493 1,2 460 0,5 91.400 23,0Roraima 1.249 3,2 548 0,6 21.723 5,5

••Total 39.221 94.523 397.661

Fonte: Fundàção IBGE (1963, 1973, 19841.

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ausência de tecnologias ajustadas ao meio,não têm expressado seu potencial leiteiro de-vido às precárias condições de manejo e dealimentação, e aos efeitos de clima sobre osanimais. Os animais azebuados são atualmen-te de baixa seleção leiteira (Empresa Brasilei-ra ... 1981a).

Pelas características gerais de solos, cli-ma e de cobertura vegetal, a qualidade e aprodução de pastagens são insuficientes. Ossolos são de baixa fertilidade, em sua maio-ria, marcados pela elevada acidez e reduzidadisponibilidade de fósforo (Empresa Brasi-leira... 1981a). Trabalhos realizados na re-gião de Belém, Estado do Pará, mostraramque as produções de matéria seca de Brachia-ria decumbens, B. ruziziensis e de Penise-tum purpureum foram de 87%, 70% e 62%respectivamente, quando o fósforo estavaausente da adubação completa (Serrão et ai.1971).

As bacias leiteiras da Amazônia se for-maram ao redor das capitais de Estados eTerritórios, em geral às margens das princi-pais rodovias, e em alguns casos às margensdos rios navegáveis, como as bacias de Auta-zes e do Careiro, no Estado do Amazonas.

A pecuária de leite na Amazônia tem en-frentado sérias limitações. As medidas profi-láticas são escassas e descontínuas, as instala-ções são precárias, e a alimentação do reba-nho é feita quase que exclusivamente à basede pastagens naturais e cultivadas, de baixaqualidade. A infra-estrutura de transportepara escoamento da produção é deficiente. Acomercialização, tanto de insumos como doproduto, é afetada de forma negativa pelagrande participação de intermediários. Amão-de-obra não é especializada e o capitalé um fator limitante (Empresa Brasileira ...1981a).

A falta de (a) informações sobre os siste-mas de produção adequados à região, (b) de-finição de uma tecnologia rentável, (c) insu-mos, (d) uma tradição na exploração e (e)uma estrutura de transporte e de comerciali-zação, limita seriamente o desenvolvimentoda atividade leiteira (Empresa Brasileira ...1977).

Quando se discute a produção de leitenos trópicos úmidos não seria convenientedeixar de se considerar o búfalo como ani-mal leiteiro. O búfalo leiteiro tem mostradomaior adaptabilidade e economicidade de

produção do que os bovinos, além de apre-sentar marcante potencial leiteiro, quandocriado adequadamente (Empresa Brasi-leira. . . 1977). Médias diárias de até6:4 kg.vaca", com teor de gordura de até7,6%, já foram registradas na região de Be-lém. A exploração de leite de búfalas, entre-tanto, está ainda limitada a determinadasáreas, não sendo o leite in natura comerciali-zado fora das áreas de produção, como é ocaso do leite produzido na ilha de Marajó.

Os búfalos, por outro lado, possuemainda algumas deficiências de produção emuito pouco tem sido feito na área de me-lhoramento genético. A infertilidade sazonal(que é em grande parte função do manejoreprodutivo e alimentar empregado) é umdos principais fatores que contribuem paraum longo intervalo entre partos (FAO 1979).O búfalo deve ser considerado não como umcompetidor, mas sim como um complemen-to ou um utilizador de locais impróprios àexploração bovina (Do mingues 1974).

CARACTERfsTICAS DA FAIXATROPICAL ÚMIDA LlMITANTES

DO DESENVOLVIMENTO DAPECUÁRIA LEITEI RA

A baixa produtividade de leite nos trópi-cos úmidos tem sido atribuída a vários fato-res, como o uso ineficiente dos recursos dis-poníveis (McDowell 1977) e o "stress" cau-sado pelo calor e por doenças (Barret & Lar-kin 1974). Muitos cientistas da área animal,contudo, acham que a alimentação inadequa-da é um fator mais importante do que aque-les de ambiente e de sanidade (McDowell1971, White 1967). Muitos dos fatores limi-tantes à produção de forragem são relaciona-dos às propriedades do solo, particularmentedeficiências de fósforo (Serrão & SimãoNeto 1975, Sanchez 1976). Mahadevan(1966) inclui entre as limitações os aspectosculturais e socioeconômicos da criação debovinos.

Clima

O termo clima tropical é dado generica-mente às áreas do globo terrestre situadasentre os trópicos de Câncer e de Capricórnio.Entretanto, há uma grande desuniformidade

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no clima e na vegetação das mesmas, emboraem algumas delas se encontrem característi-cas comuns. Nas regiões próximas ao Equa-dor, como é o caso dos trópicos úmidos, porexemplo, a variabilidade do ambiente é mí-nima, onde a temperatura média de 270C ea precipitação pluviométrica entre 2000 e3000 mm anuais são os fatores mais impor-tantes. Essa região ocupa aproximadamente1/4 dos trópicos, sendo a Amazônia suamaior área.

Segundo Domingues (1974), o clima éum fator limitante "por excelência" da pro-dução de leite. As altas temperatura e pluvio-sidade criam um ambiente desfavorável paraa produção de bovinos leiteiros, especialmen-te para aqueles de origem européia (Hogson& Reed 1963, McDowell 1972, Soikes et aI.1973, Williamson & Payne 1978). Nesseambiente, a proliferação de parasitos inter-nos e externos, e a rápida deterioração deprodutos de origem animal, são altamentefavorecidos (Williamson & Payne 1978).

O clima afeta os ruminantes de formadireta e indireta. Os efeitos.indiretos se pro-cessam através do solo e da vegetação, sendoas chuvas e a temperatura os elementos maisimportantes, uma vez que regulam a distri-buição de espécies forrageiras e a quantidadee a qualidade da forragem produzida. Comose sabe, as gramíneas adaptadas aos climastropicais têm valor nutritivo inferior ao dasgramíneas temperadas (Minson & McLeod1970), embora possam ser mais produtivas.Os outros efeitos indiretos são as condiçõespropícias criadas para o desenvolvimento dedoenças.

Os efeitos diretos são causados princi-palmente pela temperatura do ar, radiaçãosolar e, em menor escala, porém em associa-ção com a temperatura, a umidade relativado ar. Esses efeitos estão relacionados prin-cipalmente com as funções orgânicas envol-vidas na manutenção da temperatura normaldo corpo.

Segundo Hogson & Reed (1963), a pro-dução de leite nos trópicos deveria ocorrerem regiões altas, onde a temperatura é maisamena. Quando a temperatura do ar excede320C, a temperatura da vaca de origem euro-péia sobe superaquecendo o organismo.Para dissipar esse excesso de calor, a respira-ção do animal passa a ser mais rápida, curtae irregular. O metabolismo é diminuído, afe-

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tando a ingestão de alimentos e, conseqüen-temente, resultando em menor crescimentoe produção. Isto, no entanto, não acontececom o zebu, que aparentemente aproveitamelhor os alimentos em climas inóspitos, enão usam, como os taurinos, elevadas pro-porções da energia ingerida no aumento, àsvezes dramático, de suas funções fisiológicas(ritmo respiratório principalmente) em detri-mento da produtividade. De um modo geral,em temperaturas acima de 240C, a ingestãode alimentos é diminuída em todos os ani-mais. A ingestão de água cresce até 300C,reduzindo após esta temperatura. A alta umi-dade, associada com a alta temperatura con-tribui para o decréscimo na ingestão de água.

A temperatura ótima para a produçãode leite parece ser de 100C (Williamson &Payne 1978). Entre 210C e 270C a produçãodeclina rapidamente nas raças européias. Asraças zebuínas toleram até 29 a 320C, por-que elas possuem um maior volume de glân-dulas sudoríparas que as européias, além deuma combinação pêlo-cor da pele e pele-su-perfície do corpo próprias ao meio.

Barret & Larkin (1974) sugerem que astécnicas de manejo de rebanhos leiteiros nostrópicos fiquem restritas à maneira de se re-duzir o "stress" causado pelos efeitos diretose indiretos do clima, e de se suprir alimentosde forma adequada. Ansell (1981), porexemplo, conseguiu obter uma melhoria nosíndices de produtividade de um rebanho Ho-landês puro, quando manteve os animais emuma sala cujas paredes foram removidas e oteto elevado em um metro a mais, e quandodava banhos por aspersão nos animais, du-rante o período quente do ano. Além disso,melhorou as condições de sombreamento dapastagem com plantio de árvores.

Vaccaro et aI. (1983) reportam um casoem que animais holandeses puros, trazidosdos E.V.A. para o trópico úmido da Vene-zuela, tiveram um desempenho baixíssirnoem relação a seu local de origem. Mais de80% dos bezerros nascidos morreram dentrode um ano (principalmente por doenças);8% das fêmeas morreram no primeiro ano;40% das fêmeas tiveram problemas de lesõesnas patas e pernas; 20% perderam pelo me-nos um quarto do úbere por mastite. A pro-dução de leite foi comparável a de rebanhosmestiços (europeu-zebu) da região. Fracassossemelhantes, com animais puros importados

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para a Bolívia, foram reportados por Wilkinset al. (1979).

Nos trópicos úmidos da Colômbia, a ex-periência tem mostrado que devido a limita-ções de ordem climática, vacas de grande ca-pacidade produtora não podem expressartoda sua "herança leiteira" porque os con-centrados são muito caros. Essas vacas so-frem, então, uma competição das vacas dedupla aptidão, as quais em regime de pasto,e apenas com um pouco de uma ração ricaem prote ína, podem render produção muitopouco inferior à da vaca especializada (Ou-ran Castro 1974). Em resumo, a capacidadede bovinos europeus para produzir leite deforma econômica nos trópicos nunca foibem demonstrada (Hall & De Boer 1977).Na Ásia, por exemplo, cientistas têm se vol-tado para as espécies tropicais nativas, Bosindicus, os quais toleram bem os efeitos doambiente.

Caracteristicas Socioeconômicas

Além dos aspectos climáticos, outros fa-tores que contribuem sensivelmentepara au-mentar as dificuldades da exploração leiteiranos trópicos úmidos são as grandes áreas,pequenas populações, grandes distâncias a se-rem percorridas, falta de uma infra-estrutu-ra de transporte, armazenamento e comercia-lização, baixo nível de educação e sanidade,investigação e crédito incipientes e a falta deprogramas de governo (Soikes et al, 1973,Mahadevan 1966, Hall & Boer 1977).

O custo para se recolher o leite produzi-do para os centros consumidores é muitoalto. Mesmo antes do aumento dos preçosdos combustíveis, o custo para se transportarum latão de leite do produtor para a usina debeneficiamento foi de três a cinco vezesmaior nos países em desenvolvimento queno Estado de Nova York, por exemplo(McDowellI976).

A literatura mostra que, ainda que se te-nham realizados numerosos esforços na pes-quisa, alguns de notável valor (Soikes et al.1973), no presente não existem suficientesinformações básicas e aplicadas que perrni-tam desenvolver sistemas de produção efi-cientes adaptados às condições dos trópicosúmidos e que sejam econômicos.

PESQUISA SOBRE MODELOSFrSICOS E PRODUÇÃO DE LEITE

Antes de se propor e executar políticasde desenvolvimento apropriadas que condu-zam a uma melhoria da produtividade bío-econômica dos sistemas de produção de leitenos trópicos úmidos, é necessário conhecerqual é a situação que os produtores enfren-tam. No caso da Amazônia, devido ao fatode os sistemas de produção não poderem serbem caracterizados, torna-se mais difícil oequacionamento dos problemas encontra-dos pelos produtores. Quase não existem in-formações acerca da viabilidade técnico-eco-nômica de sistemas de produção de leite naAmazônia (Empresa Brasileira... 1977).

É essencial, portanto, que os centros depesquisa desenvolvam sistemas de produçãocompletos e realizem testes no campo (Vílle-gas 1982). Como se ignora a tecnologia a serutilizada, os primeiros sistemas serviriampara avaliar tecnologias teóricamente válidaspara os trópicos úmidos. Em função doandamento do sistema e de seus resultados,essas tecnologias seriam ajustadas. Esses sis-temas poderiam ajudar também no treina-mento de pessoal que possivelmente seriaenvolvidono desenvolvimento de projetos.

A primeira indagação que surgirá, quan-do da implantação de um modelo físico, serásobre o tipo de animal para compor o reba-nho leiteiro. Mason (1981) sugere a criaçãode mestiços Holandês-Zebu, e Empresa Brasi-leira de Pesquisa Agropecuária (1981b)informa que a adaptação dessesmestiços temsido boa. Porém, os resultados de um mode-lo físico de sistema de produção de leite deManaus, conduzido pela EMBRAPA/UEPAE- Manaus (AM), mostram que o desempenhodesses animais está muito aquém daquelesobservados na região de origem dos mesmos(Minas Gerais) e é comparável ao de algunsrebanhos zebuínos puros. Algunsdos resulta-dos obtidos foram: taxa de natalidade: 70%,produção por vaca por dia: 3.7 kg; intervaloentre partos: 450 dias. Em contrapartida, re-banhos Zebu criados em regiões tambéminóspitas do Nordeste têm-se mostrado ca-pazes de produções leiteiras superiores a essamédia de produção. No ano em curso (janei-ro a setembro), o rebanho Gir de Umbuzeiro(Paraíba) vem apresentando médias mensaisem torno de 7,6 kg com 39 vacas (número

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médio mensal), e o rebanho Guzerá com pro-duções ligeiramente inferiores (J.A.D.C.Aroeira, comunicação pessoal).

Neste sistema de Manaus adotou-se ocruzamento alternado das vacas com umtouro Holandês e outro Guzerá. O touroHolandês foi seriamente afetado pelo calore pela umidade, e provavelmente pela ali-mentação deficiente na pastagem, tendouma vida relativamente curta e improdu-tiva. As vacas, mesmo com uma "herançagenética" aparentemente boa, não foramcapazes de responder a uma suplementaçãocom farelo de trigo em uma quantidade diá-ria maior que 2 kg, de forma econômica(Moraes et aI. 1983).

Os rebanhos Zebu especializados paraleite mostram produções superiores a reba-nhos taurinos e seus mestiços, tanto na Índiacomo no Brasil, em condições tropicais(Katpatal 1983; Villares 1979).

Nos trópicos úmidos da América Cen-tral predominam as fazendas de duplo pro-pósito, fonte principal de carne e de leite naárea. Isso se justifica pela minimização dosriscos e pela flexibilidade na orientação daênfase na produção animal, em face dos pre-ços variáveis de mercado (Ruiz 1982). Ani-mais rústicos e bem adaptados ao meio am-biente requerem menos te cnificação , semmaiores problemas. Além disso, a mão-de--obra ficaria mais livre para outras atividadesagrícolas da fazenda, como plantios, colhei-tas, cultivos, etc. Pode-se prever que no casode uma superprodução, ou de preços de leitemuito baixos, ou de insumos muito altos, asfazendas de gado especializadas serão maisafetadas que as de duplo propósito, porqueestas últimas têm capacidade de se adaptarà produção de carne, com a cria e recria dosbezerros para corte.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A produção de leite na faixa tropicalúmida a partir de rebanhos especializados,inclusive de mestiços europeu-zebu, não temse apresentado como uma alternativa viável.O principal incentivo à produção de carnee de leite nessa região parece ser a explora-ção de rebanhos de dupla aptidão, de formaeconômica, isto é, com base em pastagens.Em solos de baixa fertilidade, o aumento deprodução conjunta de leite e de carne por

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hectare parece ser uma alternativa marsadequada. No entanto, há uma grande ne-cessidade do desenvolvimento de pesquisaspara confirmar isso. Algumas condições na-turais dos trópicos úmidos não podem seralteradas, mas os produtores podem perfeita-mente utilizar animais adaptados, dar umtratamento eficiente aos animais o ano intei-ro e evitar, em grande parte, o efeito dasdoenças e dos parasitos.

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ALGUNS FATORES QUE INTERFEREM NA FERTILIDADEDE REBANHOS BOVINOS NA REGIAO AMAZONICA

William G. Vale I , Otávio M. Ohashi ", Haroldo F.L. Ribeiro 'e José S. Souza 2

RESUMO· Produzir um bezerro vivo ao desmame é primeiro requisito para que uma vacaboa produtora de carne retribua o investimento global da fazenda, propiciando dessa forma,uma maximização dos lucros. Nas condições do trópico úmido brasileiro, é possível obter-seaté 90% de nascimentos em rebanhos bem manejados. Entretanto, devido a falhas existentesna maioria das fazendas regionais, estes índices caem para 65% e/ou as vezes menos. Foramcolhidos dados visando identificar os fatores que interferem na fertilidade de bovinos regio-nais, utilizando-se para isto de fêmeas bovinas abatidas em dois matadouros da cidade de Be-Iérn, do controle da fertilidade de matrizes e reprodutores de uma fazenda de gado de corte,localizada à margem da rodovia Belérn-Brasflia. Foram observados vários fatores que estãorelacionados com a presença de vacas e touros portadores de distúrbios reprodutivos que va-riam de sub-fertilidade a esterilidade e que afetam diretamente a eficiência produtiva do re-banho, com perdas econômicas significativas.Termos para indexação: Reprodução bovina no trópico úmido, fertilidade, infertilidade, es-terilidade, eficiência reprodutiva, Região Amazônica.

SOME FACTORS AFFECTING THE FERTILlTVOF CATTLE HERDS IN THE AMAZON REGION

ABSTRACT . To wean a live calf is the main purpose of a beef cow with good reproductiveperformance, whichmeans a high economic returns and also its rnain objective in a profitablefarm. On the brazilian humid tropics activitv can achieve 90% calf crop in herds with properrnanagement conditions. However, due to mismanagement, the average calf crop drops downto 65% or less. Female genital systems collected from two slaughterhouses in Belém, Pará,Brazil, and fertility control in one regional ranch along side the Belém-Brasília highway wereanalized. Different factors affecting cow's and bull's reproductive performances wereobserved causing sub-fertility or even sterllitv, leading to a low reproductive efficiency withsignificant economical losses.Index terms: Bovine reproduction in the humid tropic, fertility, infertility, sterility,reproductive efficiency, Amazon Region.

INTRODUÇÃO modernas técnicas nos' sistemas de produçãoanimal, a sub-fertilidade, infertilidade e este-rilidade continuam contribuindo para insu-cessos econômicos.

Em países da Comunidade Européia,tais como a Alemanha Ocidental e Inglaterra,os quais exercem um rigoroso controle vete-rinário sobre os rebanhos, os problemas re-produtivos obrigam a um descarte anual de

Os problemas que interferem na perfor-mance reprodutiva dos bovinos são os prin-cipais fatores da perda econômica na ativi-dade pecuária.

Mesmo nos países desenvolvidos, ondea incidência de distúrbios reprodutivos temsido minimizada através da introdução de

I Prof. Titul. da FCAP/UFPA. Caixa Postal 917. CEP 66000 Belém, PA.2 Prof. Assist. da UFPA. Campus Universitário do Guamá, CEP 66000 Belém, PA.3 Prof. Assist. da FCAP. Caixa Postal 917, CEP 66000 Belém, PA.

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cerca de 30% do total de matrizes (Grunert& Berchtold 1982).

Numa recente publicação da AmericanVeterinary Medical Association (1981), fi-cou constatado que os prejuízos anuais nosrebanhos leiteiros dos. Estados Unidos sãosuperiores a um bilhão de dólares, não levan-do-se em conta o rebanho de- corte, um dosmais expressivos do mundo e onde as perdassão desconhecidas.

Esses fatos evidenciam que, apesar daintrodução de técnicas modernas, os distúr-bios da esfera reprodutiva continuam preju-dicando o rendimento econômico dos siste-mas de produção animal.

Por outro lado, nos países em desenvol-vimento e numa região sub-desenvolvidacomo é o caso da Amazônia brasileira, essesdistúrbios não são observados por falta deuma infra-estrutura técnica adequada, ondetais ocorrências não são devidamente identi-ficadas e controladas, sendo portanto, ascifras econômicas relacionadas a este parâ-metro desconhecidas.

As principais causas responsáveis porcomportamento reprodutivo inadequado,tanto nos reprodutores como nas matrizes,têm sido reportadas por diferentes autoresem vários _países (Zschokke 1900; Fincher& Williams 1926; Richter 1926; Lagerloef1934; Goetze 1938; Lagerloef & Settergren1953; Perkins et al. 1954; Settergren &Galloway 1965; Galloway 1966; Tanabe &Almquist 1967; RAO 1971; Blom 1972).

No Brasil, as causas que interferem nafertilidade do touro e da vaca foram descri-tas por (Couto & Megale 1963; Basile 1971 ;Garcia 1971; Lazzeri & Carneiro 1971;Santiago & Barros 1972; Basile et al. 1975;Costa 1975 e Vale Filho 1976).

No Estado do Pará, por sua localizaçãopróxima à linha do Equador, apresentandoum tipo de c1irna tropical, caracterizado poraltas temperaturas e umidade, foram obser-vados fatores que predispõem ao apareci-mento de distúrbios reprodutivos em touros,principalmente nos oriundos de outras re-giões (Casady et al. 1953; Kelly & Hurst1963; Roberts 1971; Hafez 1980; Morrow1980).

O objetivo do presente estudo foi deter-minar a causa e incidência de distúrbios re-produtivos no rebanho regional, que são res-ponsáveis diretamente por baixa eficiência

reprodutiva e, conseqüentemente, tornandoa atividade pecuária menos lucrativa.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho é composto de trêsetapas:

1. Um total de 9.517 vacas azebuadasforam estudadas em dois diferentes mata-douros da cidade de Belém, Pará. Após oabate e evísceração, o sistema genital foi re-movido da carcaça e examinado macroscopi-camente, quando alguns parâmetros comoidade do feto, corno gestante, assim comodiferentes alterações, eram anotadas em fi-chas especiais para posterior análise. Proce-deu-se a colheita de espécimes para estudohistopatológico e a documentação fotográ-fica dos casos de interesse.

2. Com o objetivo de avaliar o índice defertilidade de um rebanho pertencente a umafazenda o longo da rodovia Belém-Brasília,cuja a formação do meio físico, rebanho emanejo é similar ao da grande maioria das re-cém-formadas fazendas da região, realizou-seexame de brucelose, com descarte sistemáti-co dos animais reagentes e modificações nosistema de manejo. Entre 1980 e 1984 foramrealizados 8.890 exames ginecológicos, se-guindo-se a metodologia descrita por Gru-nert (1977).

3. Foram utilizados 83 touros da raçaNelore, com idades variando de 31 a 144meses, que estavam sendo utilizados comoreprodutores na mesma fazenda. Estes ani-mais, na maioria, foram importados do Esta-do de São Paulo, na fase pré-puberal, de fa-zendas que objetivam a venda de animaispara uso como reprodutores. As colheitas desêmen foram efetuadas pelos métodos daeletroejaculação ou pela massagem das am-polas dos duetos diferentes. O sêmen foiobtido através do funil de vidro e tubo gra-duado, tendo sido aferido o volume do eja-culado.

A sistemática utilizada para o exame clí-nico e do sêmen foi a descrita por Lagerloef(1934) e Blom (1972). Todos os animais fo-ram submetidos a teste sorológico, para odiagnóstico de brucelose, pelo método dasoro-aglutinação rápida. Os animais que apre-

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sentavam qualquer tipo de alteração no tratoreprodutivo foram submetidos a novos exa-mes, 60 dias após o primeiro, pelo métodolento, assim como pelo Card-test, utilizandoconcomitantemente soro sanguíneo e plasmaseminal.

Cinco dos animais examinados, que aoexame clínico-andrológico apresentaram al-teração do trato reprodutivo (com exceçãodo animal n'? 010), foram descartados e aba-tidos pelos seguintes motivos:

- Touro n'? 010: hipoplasia testicularbilateral e inflamação das glândulas vesiculo-sas.

- Touro n'? 748: inflamação das glân-dulas vesiculosas e fibrose da cabeça do epi-dídimo.

- Touro n'? 750: azoospermia.- Touro n'? 1.790: inflamação das glân-

dulas vesiculosas.

281

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados dos diferentes achados en-contram-se sumariados nas Tabelas 1 a l l .

Dentre 9.517 sistemas genitais examina-dos, 7.368 (77,42%) encontravam-se nor-mais, incluindo dentro deste número 3.774(39,66%) gestantes e 3.594 (37,76%) nãogestantes, a maioria delas ciclando normal-mente (Tabela 1). Entre 1.881 vacas gestan-tes observou-se que o corno direito encon-trava-se gestante em 1.179 (62,68%) e ocorno esquerdo 702 (37,32%) casos, haven-do desta forma uma diferença altamentesignificativa (Tabela 2). Estes resultados es-tão de acordo com as publicações de La-gerloef & Settergren (1953), Perkins et al.(1954), Couto & Megale (1963), Settergren& Galloway (1965) e Lazzeri & Carneiro

TABELA 1. Sistemas genitais examinados de vacas azebuadas abatidas em dois matadouros, de acordo com oestádio reprodutivo, em Belém, Pará.

Estádio reprodutivo Normal % Anormal % Total %

Gestante 3.774 39,66 505 5.31 4.279 44,96Não-gestante 3.594 37,76 1.644 17,27 5.238 55,04

Total 7.368 77.42 2.149 22,58 9.517 100,00

TABELA 2. Idade fetal e corno gestante nos diferentes estádios de gestaçio de vacas azebuadas abatidas emdois matadouros, em Belém, Pará.

Tempo de gestação em dias Corno %direito

30a 60 230 12,2361 a 90 150 7,9791 a 120 186 9,89

121 a 180 316 16,80181 a 270 297 15,79

Total 1.179 62,68

Corno % Total %esquerdo

157 8,35 387 20,5791 4,84 241 12,81

100 5,31 286 15,21197 10,47 513 27,27157 8,35 454 24,14

702 37,32 1.881 100,00

- Touro n'? 010: animal abatido porapresentar sequela de fratura na perna direi-ta, impossibilitando-o de efetuar a cópula,apesar da sua espermatogênese ser normal -Impotência coeundii.

Após o abate, foram coletadas amostraspara exames histopatológicos dos testículos,epidídimos e glândulas sexuais acessórias.

(1971), que reportaram ser o ovário direitomais ativo que o esquerdo.

Entre 2.149 (22,58%) sistemas genitaisapresentaram um ou mais tipos de anormali-dades. Baseado na freqüência geral e na se-veridade destas anormalidades, é possívelafirmar que cerca de 4,5% destas anormalida-des levaram as fêmeas portadoras a apresen-

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tar um quadro típico de esterilidade. Por ou-tro lado, 12,5% dos casos estudados os ani-mais apresentaram anormalidades que, em-bora não levassem à esterilidade, estão niti-damente relacionados com uma baixa fertili-dade.

inferiores aos obtidos por Lagerloef &Sttergren (I 953) Settergren & Galloway(1965) e Tanabe & Almquist (1967), que, noentanto, utilizaram material proveniente derebanhos previamente conhecidos como por-tadores de problemas reprodutivos.

TABELA 3. Alterações ovarianas em vacas azebuadas abatidas em dois matadouros, de acordo com a locali-zação, estádio de reprodução e freqüência de ocorrência em BalAm,Pará.

Ovário Estádio reprodutivo FreqüênciaDiagnóstico

Direito Esquerdo Bilateral Gestante Não-gestante N~ %

Abcesso 15 9 3 11 16 27 0,29Agenesia 1 1 1 0,01Atrofia 48 34 32 27 87 114 1,20Cisto do corpo lúteo 118 56 12 11 175 186 1,96Cisto folicular 51 35 18 18 86 104 1,09Cisto luteinizado 28 16 2 2 44 46 0,48Cisto paraovárico 37 41 11 23 66 89 0,94Fibrose 24 32 62 11 107 118 1,24Hipoplasia parcial 3 3 14 6 14 20 0,21transicionalHipoplasia total 4 11 10 4 21 25 0,26Tumor de células da 4 3 6 7 0,07granulosaHemorragia intrafoliar 4 3 6 7 0,07e tromboseTeratoma 16 15 7 15 23 38 0,40Cisto tuboovárico 2 3 1 4 5 0,50

Total 354 262 171 131 656 787 8,27

TABELA 4. Alterações no oviducto em vacas azebuadas abatidas em dois matadouros, de acordo com a toca-lização, estádio de reprodução e freqüência de ocorrência, em BalAm, Pará.

Oviducto Apresentação FreqüênciaDiagnóstico

Direito Esquerdo Bilateral Gestante Não1j8stante N~ %

Cisto no mesosalpinge 24 23 4 11 40 51 0,54Aderência difusa 28 16 2 13 33 46 0,48Aderência focal 43 41 19 8 95 103 1,08Hidrossalpinge 12 11 5 6 22 28 0,29Salpingite 10 21 8 8 31 39 0,41Aplasia segmentar 5 2 3 1 9 10 0,11

Total 122 114 41 47 230 277 2,91

A freqüência total de anormalidades no A percentagem de anormalidades do ovi-ovário 787 (8,27%) (Tabela 3), são superio- dueto 277 (2,91 %) (Tabela 4) foi pequenares aos resultados apresentados por Perkins quando comparada com outras alterações en-et al. (I954), Couto & Megale (1963) e Cos- contradas nos diferentes segmentos dos siste-ta (I975), os quais reportaram freqüências mas genitais, sendo semelhante aos resulta-entre 2,5 a 7,9%, respectivamente, porém dos dos trabalhos dePerkins et al. (1954) e

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TABELA 5. Alterações uterinas de vacas azebuadas nio gestantes abatidas em dois matadouros e freqüênciade ocorrência, em Belém, Pará.

Diagn6sticoFreqüência

%

Cistos de inclusão gernimalEndornetrite do 1? grauEndometrite do 2? grauEndometrite do 3? grauPiometraPerimetriteHermafrodita verdadeiroPseudo hermafroditaFree·martinHidrometraMucometraHiperplasia cfstica do endométrioAplasia segmentar unilateral parcialAplasia segmentar bilateral parcialÚtero duplexÚtero unicornoÚtero subdesenvolvido

238464584328

129

1240

221126

0,240,880,670,610,450,300,010,020,100,130,420,020,020,010,010,020,06

Total 3,97378

TABELA 6. Alterações uterinas de vacas azebuadas gestantes abatidas em dois matadouros e freqüência deocorrência, em Belém, Pará.

Diagn6sticoFreqüência

%

Placenta adventíciaEndomotrite do 1? grauMorte embrionáriaCistos de inclusão germinalFeto maceradoFeto munificado

28474131512

0,020,880,780,140,160,12

Total 200 2,10

Couto & Megale (l965), porém inferioresaos obtidos por Cembrowicz (l950), Lorn-bard et a!. (1951), Morberg (1954) e Tanabe& Almquist (1967).

As anormalidades envolvendo o úteroforam observadas em 578 (6,07%) casos,sendo 2,10% em animais gestantes (Tabe-la 6). A maioria das lesões encontradas eramde origem inflamatória, tais como endorne-trites, piometra e perimetrite (Tabelas 5 e 6).Os resultados do presente estudo são supe-riores aos reportados por Perkins et alo(1954), Couto & Megale (1963), Santiago &

Barros (1972) e Pires (1981).As infecções uterinas estão em geral re-

lacionadas com o parto; retenção de placen-ta e uma involução uterina retardada, poden-do, também, ocorrer após o coito, estando,portanto, ligadas à baixa sanidade do reba-nho e manejo inadequado, devido à infec-ções específicas e inespecíficas, ocasionadaspor bactérias, vírus e fungos, as quais têmsido reportadas como a principal causa deprocessos inflamatórios no útero, (Roberts1971).

As anormalidades encontradas na cérvi-

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ce, vagina, vestíbulo e vulva ocorreram em507 (5,33%) casos (Tabela 7). A cervicitecrônica e a vulvo-vaginite foram observadasem 391 (4,11 %) casos, que eram caracteriza-dos, na maioria, por uma profunda descargapurulenta de cor branca-amarelada, muitasdas quais sem odor característico, que fluíamfacilmente pela vulva. Estes casos muitas dasvezes estavam associados à inflamações uteri-nas, podendo-se afirmar serem oriundos deinfecções ascendentes do útero. Os resulta-dos observados no presente estudo mostra-ram uma alta preponderância de distúrbiosfisiológicos ou funcionais, 1997 (20,98%)casos, sobre as anomalias de ordem anatõmi-cas ou de origem congênitas 152 (1,59%).

No tocante ao controle da fertilidade dorebanho, (Tabela 8), observa-se que em 1980a fertilidade do mesmo, ou seja o número deventres cheios, foi de 649 animais (54,09%),de um total de 1.200 matrizes examinadas,que representam mais da metade do total devacas existentes. Através de um descarte su-mário, face à presença de brucelose, vacascom diferentes formas de patologia no siste-ma genita1, onde a grande prevalência foi deprocessos inflamatórios uterinos, descarte devacas velhas ou depauperadas organicamente,bem como introdução de melhorar condi-ções de manejo, tais como, relação adequadatouro/matriz e modificação da suplementa-ção mineral, foi possível, em três anos au-

TABELA 7. Alterações na cêrvice. vestíbulo vaginal e vulva de vacas azebuadas abatidas em dois matadouros.de acordo com o estádio reprodutivo e freqüência de ocorrência. em Belém. Pará.

DiagnósticoEstádio reprodutlvo Freqüência

N~ %

2 0.024 0.044 0.048 0.09

58 0.61391 4.11

14 0.156 0.06

4 0.04

14 0.152 0.02

507 5.33

Gestante Não-gestante

Abcesso na parede da vaginaHipoplasia cervicalDuplicação parcial da cérviceCistos cervicaisTortuosidade da cérviceCervicite e vulvo vaginiteCistos dos duetos de GartnerCistos das glândulas de 8artholinPersistência medial dos duetos mesonéfricosna parede da vaginaDilatações cervicaisPersistência do hrrnen

18100

52

2448

40291

94

3

141

Total 127 380

No tocante aos distúrbios funcíonais,Roberts (1971) e Grunert & Berchtold(1982) chamam à atenção de que estes pro-blemas advêm do produto final de fatoresinfecciosos e não infecciosos, que se manifes-tam na sua forma final em um determina-do grau de sub-fertilidade, infertilidade e, emalguns casos, podendo levar mesmo à esterili-dade. Por outro lado, os defeitos congênitosou fatores genéticos, na maioria dos casos,levam a uma completa esterilidade, estandomais associados a rebanhos leiteiros de altaseleção e produção, (Fincher & Williams1926; Lagerloef & Boyd 1953; Lagerloef &Settergren 1953; Settergren & Galloway1965; McEntee 1975).

mentar a fertilidade para 75,34%, numa po-pulação de 2.003 matrizes.

O restante das matrizes não gestantes fo-ram enquadradas dentro das falhas de mane-jo ligadas à nutrição, com o atraso na idadedo aparecimento do primeiro cio nas novi-lhas, aumento do intervalo entre partos e di-minuição do número de vacas que enxertamlogo no primeiro serviço (Wiltbank 1969).

Por outro lado, devido o oferecimentoanual de pasto de boa qualidade ser irregular,é possível se esperar que cerca de 20% dasmatrizes venham a sofrer problemas de dé-ficit protéico, com os requerimentos dietéti-cos alterados, levando estes animais a umasituação de anestro, ou, mesmo no caso de

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TABELA 8. Distribuição e freqüência do controle reprodutivo realizado em um rebanho de corte, no perro'do de seis anos, no Estado do Pará.

Estádio reprodutivo e freqüênciaAno

Gestante % Não gestante % Total

1980 649 54,08 551 45.91 1.2001981 1.129 59,11 781 40,89 1.9101982 1.425 70,41 599 29.59 2.0241983 1.509 75,34 494 24,66 2.0031984 1.279 72;96 474 27,04 1.753

virem a ser cobertas por um touro fértil, derepetição de cios e de distúrbios na ovulação,fecundação ou abortos (Vale et alo 1979;Zemjanis 1980; Ayalon 1984; Bostadt 1984).

Dos 83 touros examinados, 71 (85,54%)apresentaram-se normais e doze (14,46%)com distúrbios funcionais no sistema genital,assim distribuídos:

a) hipoplasia testicular - touro(1,33%);

b) degeneração testicular - 4 touros(4,82%);

c) maturidade sexual retaráada - 3 tou-ros (3,61 %);

tículos dos animais normais, com idade de31 a 48 meses, está abaixo da média de ani-mais da raça Nelore, com idade de 17 a 30meses, examinados por Basile et al. (1981).Entretanto, com relação à largura, a médiadestes foi inferior. Nos animais com idadeacima de 48 meses, o comprimento médiodos testículos está abaixo dos resultadosobtidos por Vale et al. (1978) e Vale Filhoet al. (1978). Este menor comprimento tes-ticular deve estar relacionado com algunsfatores, tais como deficiência nutricionaldurante o crescimento que, segundo Vande-mark et al. (1964); Moustgaard (1969);

TABELA 9. Tamanhos médios dos testlculos de touros do grupo A e B, de um rebanho Nelore, no Estado doPará.

Grupo Comprimento Largura Circunferência(cml (em) tem)

A Direito 9.6 6.2 32.95(n -25) Esquerdo 9.4 6.1B Direito 11.06 7.11 35.37

(n -19) Esquerdo 11.27 7.27

d) espermatocistite - 4 touros (4,82%)e

e) inflamação da mucosa do óstio pre-pucial - 1 touro (1,33%).

Em dois desses animais foi observadamais de uma alteração do trato reprodutivo.Os resultados encontram-se sumariados nasTabelas 9 alI.

As Tabelas 9 e 10 apresentam dadosrelativos à biometria testicular de animaisnormais, dos grupos A (touro com 31 a 48meses de idade) e B (touro com mais de 48meses de idade), além de espermogramas deanimais com distúrbios funcionais.

De acordo com os resultados, (Tabe-la 9), verifica-se que o comprimento dos tes-

Smith et alo (1970); Derivaux (1976);Hafez (1980) e Morrow (1980), leva a ummenor desenvolvimento corporal e testicu-lar. Esta deficiência nutricional foi verifica-da nestes touros examinados, os quais eramsubmetidos ao tipo de manejo extensivo,com esporádica suplementação mineral emuitas vezes de qualidade duvidosa. Villareset al. (1978) verificaram que a circunferên-cia escrotal parece ser mais reduzida em ze-buínos criados em condições do trópicoúmido, em relação aos animais da zona tem-perada. Entretanto, outro fator a ser consi-derado na biometria testicular é a dificul-dade na delimitação do bordo superior dotestículo, devido a presença da cabeça do

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TABELA 10. Espermogramas de animais com distúrbios funcionais nos órgãos genitais: Grupo I - degenera-ção testicular; grupo II - maturidade sexual retardada; grupo III - espermatocistite e degenera-ção; e grupo IV - animal com espermograma normal apesar do espermatocistite, em rebanhoNelore. no Estado do Pará.

Caracterl'stica Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV

Volume (mil 9.11 5.3 9.14 4,87Concentração/mm3 433,471 584.861 391.666 320.000Turbilhonamento 2.77 1.63 2.66 OMotilidade 53.88 51.66 63.33 22.5Vigor 2.88 3.61 2.83 0.75Espermatoz6ides vivos (%) 76.5 82.0Anomalia de-cabeça 8.83 8.28 8.5 3.5Anomania de acrossoma 1.25 0.25Anomalia de peça de intermediária 3.5 2.13 3.5 1.25Anomalia de cauda 20.0 15.02 15.0 14.75Gota citoplástica proximal 6.26 7.33 6.55 0,5Gota citoplástica distal 1.0 1.36 1.5 7.25Defeitos maiores (%) 16.76 19.60 14,4 4.5Defeitos menores (%) 21.58 16.23 20.0 22.5Defeitos totais (%) 38.34 35.83 34,4 27.0

epidídimo, fazendo com que ocorra varia-ções na tornada de medida do comprimentodo mesmo, o que não aconteée com a largu-ra, onde se tem a presença apenas da pele es-crotal. De acordo com Willet & Ohms (1957);Amman & Almquist (1962); Hahn et aI.(1969) e Couther & Foote (1979), o tama-nho testicular está relacionado diretamentecom a produção espermática.

Foram encontrados três touros (3,61 %),com idade de 31, 44 e 48 meses, que se apre-sentaram com os testículos de tamanhosreduzidos para a idade cronológica. Nestes,foram realizados três colheitas de sêmen, ÍQ:

tervaladas em dois meses, sendo que umdeles, com 31 meses de idade, apresentou,posteriormente, quadro espermático normalao completar 37 meses. A Tabela 11 de-monstra que nos outros animais, com 44 e48 meses de idade, não houve melhoria noquadro espermático, mesmo seis meses apóso primeiro exame. Garcia (1971) encontrouanimais da raça Nelore, com até 36 meses,apresentando este problema. Segundo Van-demark (1964); Garcia (1971); Roberts(1971) e Hafez (1980), esta anomalia é cau-sada por deficiência nutricional durante afase de desenvolvimento, levando a atraso napuberdade.

Ainda na Tabela 11, encontram-se suma-riados os achados de quatro animais (4,82%)que apresentavam degeneração testicular em

variados graus, estando um animal comazoospermia. A incidência desta enfermidadefoi inferior as reportadas por Vale Filho etalo (1978) e Nascimento et aI. (1981), paraos quais esta afecção é a principal responsá-vel pela baixa fertilidade dos reprodutoresdo Estado de Minas Gerais.

Em um animal foi diagnosticado hipo-plasia bilateral total, com os testículos me-dindo 7,0 x 6,5 em de comprimento por5,0 x 5,0 em de largura, com uma circunfe-rência mediana em conjunto de 28 em. Esteanimal apresentou processo inflamatório naglândula vesicular direita e ampolas dosduetos diferentes, estando estas aderidas. Noexame histológico dos testículos, constataram--se túbulos serniníferos diminuídos de diâ-metro, constituídos apenas por células deSertoli, com o seu cito plasma projetando-separa a luz dos túbulos, resultados estes queassemelham-se aos encontrado por Maia etalo (1981) porém abaixo dos resultados re-portados por Garcia (1971) e Vale Filho &Basrur (1981).

Vale Filho et alo (1981), estudandocomparativamente os problemas reprodu ti-vos entre raças Bos indicus e Bos taurus, veri-ficaram que a degeneração testicular ocorrecom menos freqüência na ra,ça Nelore(6,22%), do que na raça Gir (12,93%) e naIndu-Brasil (17,19%), sendo, entretanto, su-perior à raça Guzerá (1,69%).

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TABELA 11. Espermograma de um animal Nelore com maturidade sexual retardada, que foi submetido atrês colheitas de sêmem, no perrodo de seis meses, no Estado do Pará.

Caracterrstica 1? colheita 2? colheita 3? colheita

Volume (mil 6,0 4,5 3,0Concentreção/mmf 655,000 485,000 515,000Turbilhonamento 1 5 2Motilidade 50 60 60Vigor 3 5 2Espermatoz6ides vivos (%) 73 85Anomalia de cabeça 6,0 11,5 1,5Anomalia de acrossoma 1,5Anomalia de peça intermediária 0,5 7,5 2,0Anomalia de cauda 10,0 4,5 5,0Gota citoplasmática proximal 10,0 5,0 2,0Gota citoplasmática distal 2,0 0,5Defeitos maiores (%) 15,0 14,25 7,0Defeitos menores (%) 13,5 16,0 3,5Defeitos totais (%) 28,5 30,25 10,5

Nos casos de inflamação das glândulasvesiculosas, quatro casos (4,81 %) foram su-periores aos resultados obtidos por Vale Fi-lho et al. (1978), Garcia (1971) e Vale Fi-lho et al. (1981), porém infer[ores aos resul-tados de Nascimento et al. (1981). Neste ca-so, deve-se levar em consideração a falta decontrole reprodutivo do rebanho examina-do, visto que a cronicidade do processo in-flamatório envolvendo estes órgãos poderiaindicar um provável acometimento dos mes-mos na fase jovem. McEntee (1975) chamaatenção para que em áreas onde a bruceloseé endêrnica, constitui-se uma das principaiscausas da vesiculite.

Somente um caso (1,33%) de inflama-ção prepucial foi encontrado, sem haver,entretanto, comprometimento da capacidadereprodutiva do animal, em virtude da peque-na extensão da lesão. Segundo Roberts(1971) e Morrow (1980) a lesão de prepúcioé comum em animais Bos indicus que apre-sentam a bainha prepucial pendulosa.Esta lesão pode posteriormente dificultar acópula por aparecimento de fimose, provo-cada pela constrição do óstio prepuciaI.

RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES

Pela natureza dos dados apresentadosconclui-se que:

1) A baixa fertilidade dos rebanhos nascondições do trópico úmido brasileiro temuma grande importância econômica, em fun-

ção dos prejuízos que acarretam. Em virtudeda natureza complexa de suas possíveis cau-sas, é possível que fatores ligados ao meioambiente possam associar-se a aspectos pato-lógicos e, juntamente, interferirem na fertili-dade do rebanho.

2) Devem ser observadas as condições demanejo intensivamente, identificando-se aspossíveis incompatibilidades com os parâme-tros fisiológicos do animal, responsáveis namaioria dos casos pela baixa performancereprodutiva.

3) Há necessidade do oferecimentoanual de alimentos, tanto quantitativamentecomo qualitativamente, evitando-se, destaforma, fases de desnutrição sub-clínica, gran-des responsáveis por baixa fertilidade.

4) É essencial a realização anual deexames ginecológicos de todas as matrizes dorebanho, de preferência nos três meses pós--parto.

5) Devem ser procedidos exames andro-lógicos anuais nos touros, em especial nostrazidos de outros estados brasileiros, mini-rnizando, desta forma, a introdução de ani-mais problemáticos, relacionados à baixaeficiência reprodutiva, principalmente de ori-gem genética, em especial por serem estesanimais considerados freqüentemente "me-lhoradores raciais".

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DO CARRAPATODOS BOVINOS NO ACRE

Arlindo Luiz da Costa 1

RESUMO - No Estado do Acre, a incidência do carrapato Boophilus microplus sobre bovi-nos, principalmente os leiteiros, é acentuada e um dos fatores que contribuem para as medi-das falhas de controle até aqui empregadas é a falta de informações a respeito da bioecologiadeste ectoparasito. Foram conduzidos estudos sobre oviposição e períodos de fase de vidalivre do carrapato dos bovinos em condições naturais de campo, em propriedade componen-"te da bacia leiteira na região de Senador Guiomard-AC. Uma pastagem composta pela gra-mínea Quicuio-da-Amazônía (Brachiariahumidicola) em uso pelos animais da propriedadedurante todo o ano foi utilizada para condução do experimento. Um total de 60 fêmeasingurgitadas, obtidas diretamente de bovinos hospedeiros isentos de residual de acaricidasforam colocadas no campo em frascos de 4,5 em x 2,0 em de dimensões com tampa cortadae substituída por organza de nylon, para realizarem ovopostura. Observações diárias permi-tiram que se anotasse com rigor os diferentes parâmetros estudados. A população observa-da revelou os seguintes valores: peso das fêmeas de 190 a 320 mg, com média de 250,66 mg;período de preovíposíção de 3 a 5 dias, com média de 3,93 dias; período de oviposição de6 a 11 dias, com média de 8,86 dias; peso das massas de ovos variou de 72 a 166 mg, compeso médio de cada ovo em 0,048 mg; Iongevidade das fêmeas foi de 17 a 23 dias, commédia de 19,05 dias; número médio de ovos depositados foi de 2.696, oscilando de1.144 a 3.850; período de incubação de 24 a 27 dias, com média de 25,63 dias; estimativade eclosão de 60 a 100%, com média de 90%; longevidade das larvas variou de 76 a 142dias, o Índice de Eficiência Reprodutiva, lER (n~ de ovos/g de fêmea) variou de 6.021,05 a12.031,25, com média de 10.443,30 e o Índice de Eficiência de Conservação, IEC(g.ovos/g. fêmea) foi de 0,379 a 0,518, com média de 0,436. Estes dados vêm confirmar asboas condições de evolução do carrapato dos bovinos sob o clima quente e úmido da região.Termos para indexação: Boophilus microplus, biologia reprodutiva, oviposição em campo.

REPRODUCTIVE BIOLOGY OF TICKS IN BOVINESIN THE STATE OF ACRE

ABSTRACT - In the State of Acre, Brazil, the incidence of tick (Boophi/us microp/us) inbovinas, -particularly in milking animais, is high and there is lack of information on thebioecology of this parasite and on its control. Studies were conducted on oviposition andlife cycle in milk-producing bovines under natural field conditions on the county of SenadorGuiomard, in the State of Acre. A pasture of Quicuio-da-Amazônia grass (Brachiaria humi-dico/a) was grazed by the experimental animais. A total of 60 engorged female ticks weredirectly obtained from the host bovines withouth residues of acricide and placed in the fieldin 4.5 cm x 2.0 cm vials with their plu!ls replaced by nylon organza to obtain oviposition.Rigorous observations were made every day of the parameters studied. The following resultswere obtained: female weight 190 to 320 mg (average250 ms): preoviposition period 3 to 5days (average 3.9 davs}: oviposition period 6 to 11 days (average8.7 davsl: egg massweight72 to 166 mg (averageeggweight 0.048 mg); longevity of females 17 to 23 days (average 19davs}: eggs laid 1,444 to 3,050 (average 2,696); incubation period 24 to 27 days (average25.6 days); maturation of eggs60% to 100% (average90%); larvae longevity 76 to 142 days;reproductive efficiency index (REli 6,021 to 12,031/g of female (average 10,443); conser-vation efficiency index (CEI) 0.379 to 0.518 9 of eggs/g of female (average0.4361. Theseobservations indicate that the hot and humid climate of the region provide good environ-mental conditions for development of ticks in bovines.

Ind.ex terms: Boophi/us microplus, ticks, reproductive biology, field oviposition.

Méd. - Vet., M.Sc., EMBRAPA-UEPAE de Rio Branco. Caixa Postal 39, CEP 69900, Rio Branco, AC.

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INTRODUÇÃO

A pecuária de leite no Estado do Acreencontra-se em fase de crescimento, apresen-tando como conseqüência natural um au-mento na incidência de doenças parasitáriasque encontram facilidade de evolução noclima quente e úmido da região, bem como àmedida que os animais são submetidos a ma-nejo e alimentação deficiente (Costa 1983).

Por força de desconhecimento de maio-res informações a respeito, não existe aindaum manejo padrão de controle das diversasparasitoses existentes resultando com istoum sistema sanitário de rebanho consideradocomo precário (Bovinocultura de corte1981).

O conhecimento da biologia de qualquerparasito é um fator de grande importânciapara se adotar contra ele qualquer medidade controle, principalmente com relação aocarrapato dos bovinos Boophilus microplus(Canestrini 1887) um dos artrópodes quemais causam prejuízo para os sistemas deprodução de bovinos de diferentes áreas(Beck 1979).

A biologia reprodutiva do B. mieroplustem sido estudada por alguns autores, emcondições de campo.

Oliveira et al. (1974) em Itaguaí, Rio deJaneiro, estudaram a fase não-parasítica doB. microplus ao nível de campo. Fêmeasingurgitadas, recolhidas após cairem dos hos-pedeiros e colocadas em gaiolas individuaisna superfície e profundidade do solo, mos-traram os seguintes valores: período de preo-viposição variou de 2.3 a 6.6 dias; períodode oviposição teve uma variação de 16.9 a36.5 dias; o número médio de ovos por pos-tura variou de 813 a 2.990 e o período entrea queda da fêmea e a eclosão total dos ovosfoi de 30.5 a 60.2 dias.

Gonzales et al. (1975) estudaram no RioGrande do Sul a biologia reprodutiva do B.mieroplus em condições de campo, gruposde cinco gramas de teleogina em placas dePetri foram colocados no solo, obtendo osseguintes valores: período de preoviposiçãovariou de três a 29 dias; período de oviposi-ção teve uma variação de onze a 67 dias; pe-ríodo de incubação variou de dez a 81 dias ea durabilidade das larvas oscilou de 45 a 163dias.

Oliveira (1979) estudou, em Itaguaí, RJ,

a relação entre o peso da postura e o peso dafêmea de B. mieroplus ingurgitada. O pesodos exemplares estudados variou de 237,2 a440 mg e o peso das massas de ovos teveuma variação de 105,6 a 242 mg, concluin-do que o coeficiente de correlação foi posi-tivo e significativo ao nível de 5%, indicandoque o peso da fêmea influencia no peso daoviposição.

Costa (1982) estudou a biologia repro-dutiva de uma população de carrapatosoriunda da Baixada Fluminense, Rio de Ja-neiro e encontrou os seguintes valores: pesoda fêmea variou entre 120 e 370 mg; perío-do de preoviposição variou entre quatro ecinco dias; período de ovíposição teve umavariação entre cinco e nove dias; o peso damassa de ovos teve um mínimo de 44 e ummáximo de 169 mg; a longevidade das fê-meas variou entre onze e 18 dias; o númerode ovos por fêmea foi de 968 a 3.718 comuma média 2.215; a estimativa de eclosãodos ovos variou de 25 a 100% com média de80,90%; o período de incubação oscilouentre 23 e 27 dias; longevidade das larvasoscilou entre 65 e 122 dias; o lER (n? deovos/g. de fêmea) oscilou de 4.587,6 a13.369,2 e o IEC (g.ovos/g, fêmea) teveuma variação de 0.164 a 0.607.

O presente trabalho descreve os estudossobre a biologia reprodutiva em condiçõesde campo, de uma população de B. miero-plus presente nos rebanhos bovinos da mi-crorregião Alto Purus-Acre. O período derealização do experimento foi de março ajulho de 1983.

MATERIAL E M!:TODOS

Os estudos foram realizados na FazendaSanto Antônio, no Km 18 da rodovia AC-40,município de Senador Guiomard, proprieda-de representativa da bacia leiteira de RioBranco, e no laboratório de Sanidade Ani-mal da UEP AE de Rio Branco, Km 14 daBR-364, Rio Branco/Porto Velho. Fêmeasingurgitadas de B. microplus, num total de60, foram coletadas de bovinos infestadosisentos de residual de carrapaticidas pesadasem balança de precisão Merke, colocadas emfrascos de 4,5 em x 2,0 em com a face datampa cortada e substituída por organza denylon e conduzidas ao pasto composto pelagramínea quicuio-da-amazônia (Brachiaria

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humidicola) utilizado pelos animais da pro-priedade para efetuarem ovopostura.

Observações diárias foram realizadasconsiderando-se os seguintes parâmetros:a) primeiro dia de ovíposíção; b) último diade ovíposição; c) data da morte da fêmea;d) peso da fêmea morta; e) primeiro dia deeclosão dos ovos; f) estimativa percentual deeclosão em 0,25%, 50%, 75% e 100%; g)peso dos ovos aos 8 dias de oviposíção;h) número de ovos depositados por fêmea;e i) último dia de larvas vivas.

Aos 8 dias do início da oviposição, o to-tal de ovos de cada fêmea foi pesado em ba-lança de precisão separadamente para efeitode avaliação quantitativa. O número de ovosproduzidos por fêmea foi calculado de acor- "do com a fórmula utilizada por Drummondet aI. (1973), segundo a qual 1 g de ovos.corresponde a 22.000 ovos.

Os dados obtidos foram analisados paraas seguintes correlações: a) peso dos ovosproduzidos e peso da fêmea; b) número deovos produzidos e peso da fêmea, seguindo--se os preceitos de Gomes (19~6).

RESULTADOS

Os valores obtidos no estudo da oviposi-ção de 60 exemplares de B. microplus emnível de campo estão contidos na Tabela 1.

Na Fig. 1 encontra-se a correlação entre

293

o número de ovos produzidos e o peso dasfêmeas ingurgitadas, que foi positiva e signi-ficativa (P < 0,01).

Na Fig. 2 encontra-se a correlação entreo peso dos ovos produzidos e o peso das fê-meas ingurgitadas, que também foi positivae significativa (P < 0,01).

DISCUSSÃOComparando-se os dados obtidos neste

trabalho com aqueles oriundos de popula-ções de carrapatos do Estado do Rio de Ja-neiro (Oliveira et alo 1974, Oliveira 1979 eCosta 1982) e do Rio Grande do Sul (Gon-zales et alo 1975) em condições semelhantesas nossas, podem ser notadas diferenças emalguns parâmetros: o peso das fêmeas ingur-gitadas da população usada neste estudo foisuperior àquele registrado na população estu-dada por Costa (1982) e inferior ao peso dapopulação estudada por Oliveira (1979); operíodo de preovíposíção teve valores meno-res que os encontrados por Oliveira et aI.(1974) e Gonzales et alo (1975) e ligeiramen-te semelhante ao observado por Costa(1982); o período de oviposíção apresentouvalores maiores que os observados por Costa(1982) e menor~s que os encontrados porOliveira et aI. (1974) e Gonzales et alo(1975); o peso das massas de ovos varioudentro de uma faixa composta por valores

TABELA 1. Valores observados no estudo de oviposiçio de 60 exemplares de B. microplus a nlvel de c.-npo.População oriunda da região de Senador Guiomard-AC, 1984.

Mensu rações MédiaLimites de variação

Mâximo "Mínimo

Peso da fêmeaPerlodo de preoviposição (dias)Período de oviposição (dias)Peso das m8SS8Sde ovos (mg)Peso de cada ovo (mg)Longevidade das fêmeas (dias)Número de ovos por fêmeaEstimativa de eclosão dos ovos (%)Período de incubação (dias)Longevidade das larvas (dias)lER (n? ovos/g. fêmea)IEC (g.ovos/g. fêmea)

3205

11166

19036

72

250.663.938.86

103.30·0.048

19.052.696·

9025,63

233.850

10027

14212.031,25

0,518

171.144

602476

6.021,050,379

10.443,300,436

• Significativo (p < 0,01).

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294

4 Y=970,1 + 6.08 Xr = 0,6644

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o 80

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pêso dos fêmeas (x 100)

FIG. 1. Relação entre o pêso das fêmeas e o número de ovos produzidos de Boophilus microplus. SenadorGuiornard - Acre, 1984.

maiores que os relatados por Costa (1982) emenores que os encontrados por Oliveira(1979); a massa de cada ovo por nós calcula-da em 0,048 mg não diferiu muito daquelaobtida por Costa (1982), que foi de0,047 mg; a linearidade entre o peso inicialdas fêmeas ingurgitadas e o número e o pesodos ovos depositados, demonstrada por Oli-veira (1979) e Costa (1982), se repetiu nasobservações do presente trabalho (Fig. I e 2)em que a correlação entre estes valores foipositiva e significativa (P < 0,01); o númerode ovos depositados foi superior aos encon-trados por Oliveira et ai. (1974) e Costa(1982); a longevidade das fêmeas, ou seja,

o período que se estende desde a colheitasobre o chão até a data de suas mortes varioudentro de uma faixa maior que a observadapor Costa (1982); a percentagem de eclosãodos ovos foi superior à registrada por Olivei-ra et ai. (1974) e Costa (1982); o período deincubação neste estudo correspondeu aos va-lores encontrados por Costa (1982), sendo,todavia, inferior aos registrados por Oliveiraet ai. (I974) e Gonzalez et ai. (1975), en-quanto que a longevidade das larvas revelouum período máximo de sobrevivência, maiorque o observado por Costa (I 982) e menorque o registrado por Gonzales et aI. (J 975).

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50

295

Y=73.7091 + 0,1514 Xr = 0,5374

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pêso das fêmeas (x 100)

FIG. 2. Relação entre o pêso das fêmeas e o pêso dos ovos produzidos de Boophilus microplus. SenadorGuiomard . Acre, 1984.

CONCLUSOES

o estudo da oviposição, ao nível decampo, da população de B. microplus da re-gião de Senador Guiornard, Acre, revelou osseguintes valores: peso das fêmeas de 190 a320 mg, em média de 250,66 mg ; período depreoviposição de três a cinco dias, com mé-dia de 3.98 dias: período de oviposição deseis a onze dias, com média de 8.86 dias;peso das massas de ovos de 72 a 166 mg commédia de 103,30 mg ; peso de cada ovo em0,048 mg: longevidade das fêmeas de 17 a23 dias, com média de 19.05 dias; númerode ovos depositados de 1.144 a 3.850, commédia de 2.696; período de incubação de24 a 27 dias, com média de 25.63 dias;ec1osão dos ovos de 60 a 100% com médiade 90%; longevidade das larvas de 76 aJ 42 dias: rndice de Eficiência Reprodutiva

(lER) de 6.021,05 a 12.031,25 com médiade 10.443,30; e Índice de Eficiência de Con-versão (IEC) de 0,379 a 0,518, com médiade 0,436.

Estes valores indicam que o carrapatodos bovinos encontra boas condições de evo-lução natural sob o clima quente e úmido daregião.

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INCIDENCIA MENSAL DO CARRAPATO DOS BOVINOSNO ESTADO DO ACRE

Arlindo Luiz da Costa 1

RESUMO - Um dos principais problemas que limitam a evolução e ~odução dos rebanhosacreanos, principalmente o leiteiro, é o parasitismo pelo carrapato dos bovinos. A falta demaiores informações relativas à distribuição mensal e variação sazonal do ectoparasito vemfazendo com que a aplicação de acaricidas para o seu controle seja realizada de modo em-pírico e indiscriminado. Buscando-se definir a distribuição sazonal do carrapato dos bovinosBoophilus microplus (Canestrini 1887) para permitir uma futura aplicação estratégica deacaricidas, foram realizados na região de Senador Guiomard, AC, estudos de dois anos sobrea incidência mensal deste ectoparasito. Contagens quinzenais foram conduzidas para defini-ção de piques de incidência das fases parasitária e não parasitária. A fase parasitária foi ava-liada através de contagens quinzenais de fêmeas do carrapato a partir de 4,5 mm de tamanhofeitas diretamente sobre as regiões da cabeça, pescoço, barbeia, axila, flanco, períneo e per-nas de 10 bovinos mestiços holando x gir, o gado leiteiro mais representativo da região. Afase não parasitária foi dimensionada através da contagem de larvas do carrapato nas pasta-gens por meio de flanelas de 2,00 m x 1,00 m arrastadas em zig-zag pelo pasto utilizado pe-los animais. Os dados globais do estudo sugerem que, na microrregião do Alto Purus, Acre,o parasitismo por B. microplus se manifesta através de uma distribuição tetramodal, compiques crescentes de incidência nos meses de março, maio, agosto e novembro, correspon-dendo a quatro gerações por ano.Termos para indexação: Carrapato, Boophilus microplus, variação sazonal.

MONTHL Y INCIDENCE OF TICKSIN CATTLE IN THE STATE OF ACRE

ABSTRACT - Dne of the principal problems which limit the evolution and production ofherds in Acre, principally dairy cattle, is the tick parasite. The lack of lnforrnation related tothe monthly distribution and seasonal variation of the ectoparasite makes the applicationfor the parasite control to be done in an empirical and non-<lescriminatory way. With a viewof defining the seasonal distribution of cattle tick Boophilus microptus (Canestrini 1887)to allow a future strategic application of acaricides studies were carried out in the region ofSenador Guiomard, State of Acre, Brazil, on the monthly incidence of this ectcperaslte.Fortnightly counts were conducted to define the peaks of the incidence of parasitic andnon-parasitic phases. The parasitic phase was evaluated by means of fortnightly counts offemale ticks 4.5 mm in size and upwards. These evaluations were run directly on the head,neck, dewlap, axilla, flank, and feet of ten dairy cattle, a cross between Gir and Dutchbreeds, the most representative in the region. The non-parasitic phase was dimensionedthrough the collection and counting of larvae of ticks in the pastures, by means of 2 m x1 m flannels dragged in zig-zag through the pastures used by animais. Global data from thisstudy indicate that, in the microregion of Alto Purus, Acre, the Boophilus microptus mani-fests itself by means of a tetrarnodal distribution, with increasing peaks of incidence in themonths of March, May, August and November, which corresponds to four generations paryear.

Index terms: Tick, Boophilus microplus, seasonal variation.

1 Méd. _Vet., EMBRAPA-UEPAE de Rio Branco. Caixa Postal 392, CEP 69900, Rio Branco, AC.

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298

INTRODUÇÃO

o carrapato dos bovinos (Boophilus mi-croplus) é reconhecidamente um dos atró-podes que mais causam prejuízo à pecuária,dentro dos seus amplos limites de distribui-ção geográfica (Costa 1983).

Este ectoparasito, além de sugar sangue,interferindo no ganho de peso, lesa o courodos animais, predispondo-os a sérias miíasese, sobretudo, é incrirninado por transmitir oprotozoário Babesia sp e a ricketsia Ana-plasma sp, responsáveis pela doença comu-mente chamada de "Tristeza Parasitária"que, em algumas regiões, se caracteriza comouma séria fonte de prejuízos à criação bovina(Beck 1979).

A pecuária leiteira acreana vem sendoseriamente afetada pela ação do carrapatodos bovinos, obrigando os pecuaristas a fre-qüentes gastos com produtos químicos parao seu combate, que, no entanto, vem sendoexecutado de modo empírico pelo desconhe-cimento prévio dos principais piques de inci-dência do ectoparasito no decorrer do ano(Costa 1982b). e

De um modo geral, o uso de carrapatici-das, conjugado ou não com outros métodosde natureza não químicas (rotação de pasta-gens, uso de raças resistentes, etc.), ainda éo que mais se utiliza em nosso meio tropical.A eficiência destes métodos, entretanto, estádiretamente relacionada com o conhecimen-to de alguns aspectos da bioecologia docarrapato dos bovinos, com destaque parasua atividade sazonal.

A incidência mensal de B. microplus so-bre bovinos tem sido estudada em diversasregiões da Terra, o que caracteriza sua largadistribuição geográfica. Em Queensland,Austrália, a infestação se manifestou atravésde um modelo trimodal, com piques de fê-meas adultas em setembro-outubro, dezem-bro e fevereiro, e três gerações por ano(Wilkinson 1955), observações estas poste-riormente confirmadas por Sutherst &Moorhouse (I972). Na Índia, a flutuação sa-zonal também segue um modelo trimodal,com um pique em agosto-setembro e outromenor em novembro-dezembro (Nagar et al.1977). Na Jarnaica, a incidência destes carra-patos nos bovinos, provenientes das pasta-gens, foi mais elevada nos meses de março,julho e novembro (Rawlins 1979). No Para-

guai houve uma distribuição bimodal, commaiores infestações nos meses de agosto eoutubro (Quinlan et al. 1980).

No Brasil, em Santa Catarina, fêmeasadultas dó parasito, contadas sobre bovinosa campo, em intervalos de quinze dias, reve-laram maiores incidências no período demarço a julho e infestações baixas nos mesesde outubro e janeiro (Souza et al. 1980). NoRio Grande do Sul, as percentagens de ocor-rência do carrapato dos bovinos foram maio-res nos seis primeiros meses do ano, com umpique de incidência em maio (Arteche & La-ranja 1979), enquanto que no Rio de J anei-ro, Costa (l982a) encontrou três piquescrescentes de incidência nos meses de março,maio e setembro-outubro, sugerindo comisto a existência de três gerações por ano.

Este trabalho descreve os estudos reali-zados pela Unidade de Execução de Pes-quisa de Âmbito Estadual de Rio Branco -UEPAE-EMBRAPA, Acre, com o objetivo dedefinir a dinâmica sazonal do carrapato dosbovinos na região, tanto na fase parasíticanos animais como na não parasítica nas pas-tagens.

MATERIAL E M~TODOS

Os estudos foram realizados na fazendaSanto Antônio, km 18 da rodovia AC-40,município de Senador Guiomard, AC. O cli-ma da região é do tipo Awi de Kõppen, comíndice pluviométrico relativamente elevado enítido período seco (Bastos 1982), sendo aépoca chuvosa de outubro a abril e a épocaseca de maio a setembro, com os menoresíndices pluviométricos nos meses de junho,julho e agosto. A umidade relativa do ar temuma média de 84% e a temperatura média éde 260C. O período de realização do experi-mento foi de maio de 1982 a abril de 1984.Os dados meteorológicos registrados duranteo experimento foram fornecidos pela Esta-ção Climatológica de Rio Branco, distante18 km do local experimental.

Para o dimensionamento da fase paras í-

tica foram contadas, a cada quinze dias, to-das as fêmeas presentes sobre as regiões dacabeça, pescoço, barbela, axila, flanco, per í-

neo e pernas, de dez bovinos mestiços ho-lando x gir, gado leiteiro representativo daregião, susceptível às infestações pelo para-

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TABELA 1.

299

Incidência mensal do carrapato dosbovinos Boophilus microplus na faseparasitica. Senador Guiomard, AC.Maio de 1982 a abril de 1984.

TABELA 2. Incidência mensal de larvas de B. miocroplus em pastagem de quicuio-dao°amazôniao Senador Guiomard, AC.Maio de 1982 a abril de 19840

Mês Número de carrapatos Mês Número de larvas

JaneiroFevereiroMarçoAbrilMaioJunhoJulhoAgostoSetembroOutubroNovembroDezembro

1.370103162.7731.1683.6692.0111.8703.8121.1301.8654.1901.221

JaneiroFevereiroMarçoAbrilMaioJunhoJulhoAgostoSetembroOutubroNovembroDezembro

1.0331.5833.011

9036.1482.1161.4434.0071.6921.5615.630

977

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FIG. 1. Incidência mensal de fêmeas ( - ) e larvas ( 000) de B. microplus. Senador Guiomard oAcre.1982084.

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Leqenda' A - Umidade relati.a (%).B - Temperaturas (móximos,médios e mínimas)C - Precipitação pluviométrico

fonte: Estação meteorolóqico de Rio Branco - AC.

FIG. 2. Dados climáticos da região.

sito. Para contagem foram consideradas asfêmeas com tamanho a partir de 4,5 mm, deacordo com o medidor padrão de carrapatosde Wharton & Utech (1970).

Para se estabelecer a incidência da fasenão parasítica foram realizadas contagensquinzenais de larvas, presentes em pastagenscompostas pela gramínea quicuio-da-amazô-nia (Brachiaria humidicola), utilizada empastejo pelos animais da propriedade. Utili-zou-se seis pedaços de pano branco de1,5 m x 1,0 m que foram arrastados emzíg-zag por todo o pasto e considerou-se aslarvas presentes em cada pano uma conta-gem, de acordo com fórmula adaptada deRaw1ins (1979).

RESULTADOS

Os valores mensais de fêmeas adultas deB. microplus coletadas em bovinos, durantedois anos, estão contidos na Tabela 1.

Na Tabela 2 encontram-se a incidênciamensal de larvas coletadas nas pastagens de

quícuio-da-amazônia usadas pelos animaisdurante dois anos.

Na Fig. 1 observa-se as incidências men-sais conjuntas de fêmeas adultas parasitandobovinos e larvas presentes nas pastagens du-rante dois anos.

DISCUSSÃO

A análise dos dados conti'dos nas Tabe-las 1 e 2 e na Fig. 1 sugere uma possível in-fluência da precipitação pluviométrica(Fig. 2) no ciclo biológico do carrapato dosbovinos na região estudada. Os baixos índi-ces de infestação observados em dezembro,janeiro e fevereiro poderiam estar relacio-nados com a maior intensidade de chuvascaracterísticas deste período. Em certasregiões da Austrália, as chuvas pesadas exer-cem uma ação negativa do ciclo desta espé-cie (Wilkinson 1955). Por outro lado, fê-meas recém-caídas dos hospedeiros tem suaprodução de ovos e viabilidade reduzida após24 horas de imersão em água (Bennett 1974),e massas de ovos mantidas submersas, tam-bém por 24 horas, tiveram reduzidas suastaxas de eclosão (Oliveira 1976).

O modelo tetramodal registrado no pre-sente estudo difere do modelo observado noextremo Sul do País (Arteche & Laranja1979), no qual dois piques foram constata-dos, e do comportamento da população decarrapatos do Planalto Catarinense, em que opique de infestação ocorreu durante o perío-do de março a julho (Souza et a!. 1980),assim como da atividade sazonal de carrapa-tos do Rio de Janeiro que apresentaram trêspiques crescentes de incidência nos meses demarço, maio e setembro-outubro, com a pos-sível existência de três gerações por ano(Costa 1982a).

CONCLUSÕES

.No Estado do Acre, o carrapato dos bo-vinos B. microplus apresenta quatro piquescrescentes de incidência, em março, maio,agosto e novembro.

Estes piques de incidência sugerem aexistência, na região, de quatro gerações decarrapatos dos bovinos por ano.

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PNEUMOENTERITIS DUE TO CORONA VIRUS.A CAUSE OF MORTALlTV IN NEONATAL CALVES1

Nagendra P. Singh 2

ABSTRACT - Pneumoenteritis was recognized as one of the major diseases responsible formortality in newbom calves in the humid tropical Tarai region of India, the incidence beingas high as 60% among the various diseases. From a dead one-week old bovine calf withclinical symptoms and pathoanatomical lesions of characteristic pneumoenteric affections,a corona virus (pna-17) was isolated and characterized. The presence of the virus was de-monstrated electronmicroscopically in the lung extract and faecal matier of the dead caldand in the intestinal contents, lung and brain by indirect immunofluorescent techniquesusing antisera raised against British Bovine Corona virus. The virus strain (pan-17) could begrown on chorioallantoic membrane (CAM) of developing chicken embryo and calf kidneycell culture and produced cytopathic effects including the formation of inclusion bodies.The virus given orally to healthy normal non-immunised calves, reared in isolation, experi-mentally produced the clinical syrnptoms of the disease, a state of viremia and resulted inhundred percent mortality. The presence of the virus in various parts of the body in the ex-perimentally infected claves and its isolation from faecal and lung samples was demonstrated.The virus was considered antigenically similar to the British Bovine Corona virus (p 213 andK 155).Index terms: Pneumoenteritis, calves, corona virus, neonatal mortality, neonatal diseases,pathogenesis.

PNEUMOENTERITE DEVIDO AO VrRUS CORONA:UMA CAUSA DE MORTALIDADE EM BEZERROS REC~M-NASCIDOS

RESUMO - A pneumoenterite "foi reconhecida como uma das principais doenças responsá-veis pela mortalidade de bezerros recém-nascidos na região tropical úmida de Tarai, na rndia,com uma incidência de 60% entre outras doenças. Um vfrus corona (Pan-17) foi isolado deum bezerro morto com uma semana de vida que mostrava sintomas e lesões patoanatõmicastrpicas de pneumoenterite. A presença do vrrus foi demonstrada eletromicroscopicamenteno extrato do pulmão e na matéria fecal do bezerro morto e no conteúdo intestinal, pulmãoe cérebro por técnicas indiretas imunofluorescentes usando antfgenos contra o BritishBovine Corona Virus. A cepa do vírus (Pan-17) pôde ser criada em membrana clorioalan-tóica (CAM) de embrião de galinha em desenvolvimento e cultura de célula de rim de bezer-ro, e produz efeitos citopáticos incluindo a formação de corpos de inclusão. Quando admi-nistrado oralmente em bezerros sãos não imunizados, criados em isolamento, produziu expe-rimentalmente sintomas clínicos da doença:um estado de viremia, e resultou em 100% demortalidade. A presença do vírus em várias partes do corpo nos bezerros infectados experi-mentalmente e seu isolamento de amostras fecais e de pulmões foram demonstrados. O vírusfoi considerado antigenicamente semelhante ao British Bovine Corona Virus (P 203 e K 1551.Termos para indexação: Pneumoenterite, bezerros, vfrus corona, mortalidade, doença debezerros recém-nascidos, patogênese.

Part of the work conducted under Research Scheme of Indian Council of Agricultural Research (lCAR)with author as its Principie Investigator.

2 Specialist in Animal Pathology. IICA/EMBRAPA. Caixa Postal 48, CEP 66000, Belém, PA.

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INTROOUCTION

The pneumoenteritis of neonates, asynchronous disease entity of respiratory aswell as enteric affections, is one of theimportant diseases which directly affects theherd health and economy (Singh & Singh1971, 1972). The importance of respiratoryand enteric diseases as cause of death inyoung calves has been long recognized(Singh & Singh 1971). It has been observedthat a large number of calves die beforeattaining the age of 6 months because ofrespiratory and digestive maladies. Ap-parently, intensive cattle developmentschemes would be meaningless if themortality due to these diseases remainsunchecked.

At G.B. Pant University of Agriculture& Technology located in the Tarai area ofU'P, State in India, having an annual rainfallof about 1800 mm and hurnidity from50 - 90%, pneumoenteritis was recognized tobe a single major killer of neonatal calves,mortality ranging from 45 - 60% of the totallosses. The disease is not on1y importantfrom view point of mortality alone whichmay vary from O - 100%, but also due to itseconornic effects and the disruption ofproper farm management. Affected calvesconsequently show poor development andgrowth and take more time to attain the ageof normal productivity.

Roberts, as early as 1938, emphasisedthe importance and prevalence of pneumo-enteritis in tropical and sub-tropical coun-tries. Since then it has been reported fromall over the world. In recent years viruseshave been more frequently associated withthe condition of pneumoenteritis in calves.Stair et al. (1972) and Mebus et al. (1972)isolated a corona virus-like agent from caIveswhich was Iater characterized by Sharpeeet al. (1976). Since then the virus has beenisoIated from many countries (Acres et al.1975; Bridger et alo 1978). The presentpaper is the fírst report of íts involvementwith pneumoenteritis in calves in India.

MATERIALS ANO METHOOS

A calf brought from the LivestockResearch Centre of the University fornecropsy and showing pneumoenteric lesionswas the source of the material for the isola-

tion of vírus. The faeces and lung pieces ofthe calf were separateIy triturated in Hank'sbalanced salt solution in 1: 5 dilution andcentrifuged at 4000 rpm for 30 minutes inrefrigerated centrifuge. Penicillin andstreptomycin were added at the rate of100 LU. and 200 pg per ml, respectively.Supernatent was freezed, thawed passedthrough E.K. grade Seitz filter and storedat -100C.

Electron microscopy

Faecal and lung filtrates were examinedunder electron rnicroscope (SEM-3~2) bynegative staining using the copper formoevergrids.

Animal inoculation

20 ml of the filtrates were separatelyfed orally to 2 coIostrum deprived, normaland healthy caIves aged 15 days, to testthe pathogenic nature of the filtrates.

Chicken embryo inoculation

Filtrates were inoculated on chorioallan-toic membrane (CAM) of 12 day-old chickenembryos, for 5 passages. CAM were exarninedafter 72 hours of inocuIation.

Calf kidney cell culture

Primary caIf kidney cell cultures wereprepared as per the procedure described byHancock et al. (1959). BHK-21 with 10%(VjV) caIf serum was used as growthmedi um. In maintenance medium, caIfserum was repIaced by yeast extract (2%).

Lung and faecaI filtrates in first passageand Iater cell cuIture fluids were inocuIatedin rnilk dilution bottles and culture tubes.Infected culture was incubated for 6-7 daysat 370C for each passage and exarnineddaily for CPE.

Characterization of isolates

Staining: After 5 days of incubationcoverslip cultures from 3rd and furtherpassages were fixed in 5% neutral formalinfor 1 hour and stained with H & E. (Lillie,1965).

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The method described by Mayer andDiwan (I 961) for acridine orange stainingwas followed. The procedure described byMerchant et al. (1960) was used for May-Grunwald staining.Indirect immunofluorescent staining

Faecal samples from experimental calvesat first day of life, infected kidney coverslipcell culture at 5th passage incubated for 50hours, smears prepared from 4th passage cellculture filtrate, intestinal content, and brainand lung extracts from experimentally killedcalves were fixed in acetone, stained by theindirect method with antisera to the Britishcoronavirus strains (P 213 and K 155) andraised hyper immune sera and FITC-conju-gated rabbit antibovine antiserum (suppliedthrough courtsey of Dr. J.C. Bridger).

RESULTS

The etiological agent was successfullygrown and adapted on CAM of chickenembryo and calf kidriey cell cultures.Thickening and oedema were observed onCAM in all the infected embryos from 2ndto onward passages. Small raised oedematousareas were seen on CAM. In calf kidncy cellculture on 2nd passage, rounding of fewculture cell were seen. In 3rd passage whenthe culture coverslip were stained withMay-Grunwald, abundance of intracyto-plasrnic inclusion bodies, more or less roundin shape, were seen. These were main1yeosinophilic in nature when stained withH. & E. A distinct c1ear zone was visiblearound the nuc1eus of the affected cells aswell as the inc1usion bodies. At places severalcells fused together to form cell cyncytiaand cytopathic effects. On acridine orangestaining, red fluorescing bodies. denotingsingle stranded (RNA) genome, were seen incytoplasm of infected culture cells. In 4thand 5th passages degenerative changes andcytopathic effecis were very prominant.

Electron microscopic examination

On electron rnicroscopic exarnination offaecal and lung extracts, partic1es of about120 SIm (I 10-130 SIm) in diameter withapproximately 20 SIm projections and

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typical radiating corona (fringe) wereidentified. Such partic1es were present infaeces of experimentely infected calves ascompared to preinoculated faeces. Someother small negatively stained partic1es werealso seen but could not be differentiatedfrom those of artifacts. In some of the viruspartic1es outer projections were hazy andappeared lost.Indirect immunofluorescence

Smears from 4th passage culture fluid,and 50 hour-infected culture cells exhibitedcytoplasrnic fluorescence with British bovinecoronavirus antisera (P 213 and K 155). Thefluorescence was +++ with P 213 but on1y++ with K 155 strain. The fluorescence waslimited to cell cytoplasm on1y. Lung,intestinal and brain extracts also showedpositive reaction.

DISCUSSION

The partic1e size and radiating corona(projections) of approximately 20 SIm inlength suggested the aetiological agent to bea coronavirus. Stair et aI. (I972), Mebus etalo (I972) and Bridger et al. (1978a) havebased the diagnosis of coronavirus to aprojection of approximately 20 SIm besidesthe size (IOO - 200 SIm). Coronaviruses areconsidered difficult to be isolated in cellculture but can be partially adapted on calfkidney, foetal trecheal and intestinal organcultures (Stott et aI. 1976; Bridger et aI.1978a; Bridger et al. 1978b). The presenceof inc1usion bodies seen even in earlypassages in calf kidney cell culture with thepresent isolate (PAN-17) has not beenreported by earlier workers. The faeces ofthe experimental calves inoculated withculture fluid showed only coronavírus-líkepartic1es, suggesting the same to be theprobable cause of the inc1usion bodies. Thepresent isolate being obtained from cases ofpneumoenteric syndrome might be the otherreason to differ from American and Britishstrains isolated from intestinal contento Theacridine-orange staining evidenced onlysingle stranded (RNA) genome partic1esgrowing in the cytoplasm.

Antigenically the isolate was related toBritish bovine coronaviruses (P 213 & K 155)as shown by positive immunofluorescent

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testo Woode & Bridger (1978) suggested thatat least two sensitive methods should befollowed for confírrnatíon of coronaviruses.In the present study electron rnicroscopyand indirect immunofluorescent bothconfirrned the presence of a coronavirus.These immunofluorescent granules andinclusions were probably accumulations ofvirions within cytoplasrnic vesicles as reportedby other workers (Sharpee et al. 1976;Bridger et aI. 197 8b).

The presence of the viral antigen (PAN-17) in lung, brain and intestinal extracts ofexperimental calves, as shown by indirectimmunofluorescence, suggests that the virusis probably disseminated through the bloodand reaches various body parts. The presenceof a state of viraemia may also be supportedby general changes observed in variousvisceral organs and on serous membranes. Aviraernic state or presence of viral antigen inbrain has not been reported with any isolateof bovine coronaviruses which appropriatelywould need further investigation.

ACKNOWLEDGMENT

The author is thankful to Dr. Janice C.Bridger, Agricultural Research Council,Institute for Research on Animal Diseases,Crompton, Berkshire for providing theantisera.

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HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS EM BOVINOSDE LEITE NO ACRE: CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES,

Arlindo Luiz Costa 1

RESUMO - As condições climáticas, quente e úmida, do Estado do Acre são bastante favo-ráveis ao desenvolvimento de ciclos evolutivos de parasitos diversos. O parasitismo por ne-matódeos gastrintestinais tem se constituído como um problema sério e seus efeitos se tra-duzem pelo baixo índice de crescimento dos animais e pelo aumento da taxa de mortalida-de do rebanho. Na região de Senador Guiomard, AC, foram conduzidos estudos, de formapreliminar, sobre helmintoses gastrintestinais em bovinos mestiços de aptidão 'leiteira. Du-rante dois anos (1982 e 1983) foram examinadas fezes de 20 bezerros de um a doze mesesde idade, através da contagem de ovos por grama de fezes - O.P.G. e coproculturas, pro-venientes de uma fazenda representativa da bacia leiteira do Rio Branco. Através da iden-tificação de larvas infectantes, os gêneros nematódeos prevalentes em ordem decrescenteforam: Cooperia, Haemonchus, Strongyloides, Trichostrongylus, Oesophagostomum e Bu-nostomum. O número médio de O.P.G. dos animais estudados foi elevado, de um total de1.148 ovos, 194 foram de Strongyloides e 954 foram de Strongit ideos e a sua distribuiçãomensal demonstra que, apesar do parasitismo por nematódeos ocorrer o ano todo, existempiques definidos e crescentes nos meses de fevereiro, maio e setembro-outubro. Das ne-crópsias realizadas em três animais com cinco meses de idade, foram obtidas e identificadasas seguintes espécies: Cooperia punctata, C. pectinata, Haemonchus similis, H. contortus,Trichostrongylus axei, Strongyloides papillosus, Oesophagostomum radiatum, Toxocaravitulorum, Bunostomum phlebotomum e Trichuris discolor.

Termos para indexação: Helmintos gastrintestinais, verminose, gado de leite, levantamen-to, incidência mensal, prevalência de espécies.

GASTROINTESTINAL HELMINTHS IN MILK CATTLEIN THE STATE OF ACRE: PRELlMINARY CONSIDERATIONS

ABSTRACT - The hot, humid climate of Acre state is favorable for the life cycles of variousparasites. Parasitism by gastrointestinal nematodes is a serious problem resulting in lowgrowth rates and high mortality. Preliminary studies of gastrointestinal helminths in crossbredmilk cattle were conducted near Senador Guiomard, Acre. Feces of 20 calves frorn 1 to 12months of age were studied during 1982 and 198301) a representative ranch in the milkproducing region of Rio Branco-AC. Eggs in feces were counted and coprocultures wereperformed. The foliowing nematode genera, in decreasing importance, were identified:Cooperia, Haemonchus, Strongy/oides, Trichostrongy/us, Oesophagostomum and Bunosto-mum. Egg numbers were high. Of a total of 1,148 eggs, 194 were of Strongy/oides and 954were of Strongilideos. Nematode parasitism occurs throughout the year, with definite peaksin February, May, and September-Qctober. Necropsies were performed on three five-monthold animais, and 10 species of nematodes were identified.

Index terms: gastrointestinal helminths, verminosis, milk cattle, survey, monthly incidence,species prevalence.

INTRODUÇÃO úmido, fatores estes favoráveis ao desenvol-vimento dos ciclos evolutivos de parasitoses.

As infecções parasitárias, dentre elas ascausadas por helmintos gastrintestinais, têm

A pecuária no Estado do Acre desenvol-ve-se sob condições de um clima quente e

1 Méd. - Vet., M.Sc., EMBRAPA-UEPAE Rio Branco. Caixa Postal 392. CEP 69900 Rio Branco, AC.

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se constituído em sério entrave ao aumentoda produtividade e ao sucesso econômico naexploração bovina, mesmo naquela condu-zida sob adequada tecnologia zootécnica.

O estudo da variação estacional do ín-dice de infestação por nematódeos parasitosde bovinos é importante para o conhecimen-to da epidemiologia destas heImintoses, ser-vindo de subsídios para a execução de futu-ras medidas de controle.

No Brasil, diferentes autores têm reali-zado estudos sobre helmintoses em bovinos,em diversas regiões. Pinheiro (1970), no RioGrande do Sul; Guimarães (1971) e Costaet aI. (1974), em Minas Gerais; Carneiro &Pereira (1982), em Goiás; MeIo & Bianchin(1977), em Mato Grosso; Pimentel Neto(1976) e Lima (1981), no Rio de Janeiro;Nogueira et aI. (1976) e Costa et aI. (1978),em São Paulo; Santana et aI. (1983), na Ba-hia; Busetti et aI. (1983), no Maranhão;Kessler & Gonzales (1973) e Maciel (1979),em Rondônia; e Costa (1982), no Estadodo Acre.

Guimarães (1971) estudou a variação es-tacional de larvas infectantes de nematódeosparasitos de bovinos em Minas Gerais e con-cluiu que a estação chuvosa, principalmenteno início e no final, foi a época do ano maisfavorável às infecções.

Costa et aI. (1973) realizaram necrópsiasem 59 bezerros mestiços Holandês x Zebu,procedentes de Calciolândia, Minas Gerais eidentificaram os seguintes helmintos, com asrespectivas prevalências e número médio porhospedeiro: Cooperia spp l00~' e 7383;Haemonchus spp 88,13% e 3905; Oesopha-gostomum radicatum 79,66% e 188; Bunos-tomum phlebotomum 79,66% e 50; Trichu-ris discolor 83,05% e 130; Strongyloides pa-pillosus 44,07% e 296; Trichostrongylusaxei 61,02% e 662; Agriostomum vriburgi6,7% e 0,59; Cetaria cervi 3,39% e 0,03;Moniezia benedeni 32,20% e 1,32; e Dictyo-caulus viviparus 30,51 %.

Costa et aI. (1974), trabalhando nova-mente com bezerros leiteiros em Minas Ge-rais, concluíram que o número de helmintosadultos é maior durante o período chuvosoe decresce à medida que o período secoavança. Os autores destacaram também a im-portância da precipitação pluviométricacomo fator condicionante de evolução de

larvas infectantes nas pastagens e como fon-te de infecção para os animais.

MeIo & Bianchin (1977) estudaram noMato Grosso a epidemiologia das helminto-ses gastrintestinais em bezerros de corte eobservaram que a incidência dos vermesadultos nos animais é alta durante a estaçãoseca.

Costa et aI. (1978) realizaram OPG ecoproculturas de 298 bezerros mestiços deaptidão leiteira, com idade entre um e dozemeses, na região de Jaboticabal, SP e con-cluíram que os gêneros mais prevalentesforam: Cooperia, Haemonchus, Strongyloi-des, Oesophagostomum, Bunostomum eTrichostrongylus, sendo que os dois primei-ros foram predominantes nas culturas e nasnecrópsias.

Carneiro & Pereira (1982) estudaram aepidemiologia de nematódeos gastrintestinaisem bezerros azebuados na região de Goiânia,Goiás. Ovos por grama de fezes (OPG) e co-proculturas foram os métodos utilizados e osanimais tinham de um a doze meses de ida-de, e observaram que a maior incidênciaocorreu no período chuvoso de dezembro amarço. O parasitismo por Strongyloides teveseus maiores piques do primeiro ao quintomês de vida, desaparecendo no sétimo mês,e os gêneros de nematódeos identificados,em larvas, por ordem decrescente, foramCooperia, Haemonchus, Oesophagostomum,Trichostrongylus e Bunostomum.

Na região amazônica, Kessler & Gonza-les (1973) identificaram as seguintes espéciesde helmintos parasitos de bovinos em Ron-dônia, através dos achados em uma necróp-sia: Haemonchus similis, Trichostrongylusaxei, Cooperia puctata, Bunostomumphlebotomum, Capilaria bovis, Oesophagos-tomum radiatum, Trichuris sp. e Dictyocau-lus viviparus.

Maciel (1979), em Rondõnía, estudou aepidemiologia de helmintos gastrintestinaisem bovinos <te corte e verificou os gênerosmais comuns de nematódeos parasitos na re-gião: Cooperia, Haemonchus, Trichostrongy-lus, Oesophapostomum, Bunostomum, Tri-chiuris e Agriostomum, e que as infecçõespor vermes adultos nos animais são intensas,assumindo caráter mais grave no períodoseco do ano.

Costa (1982), em Senador Guiomard,Acre, realizou necrópsias em 06 bezerros

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azebuados e criados para corte e encontrouos seguintes nematódeos parasitos: Cooperiapunctata 100% e 9.560; Haemonchus simi-lis 100% e 4.870'; Haemonchus contortus100% e 2.510; Trichostrongylus colubrifor-mis 100% e 2.470; Oesophagostomum radia-tum 100% e 720; Trichuris discolor 33% e22; e Capillaria bovis 33% e 8.

Busetti et al. (1983) observaram a inci-dência parasitária de bovinos de aptidão mis-ta da região de Açaílândía-Itinga, Imperatriz,pré-amazõnia maranhense e concluíram queas infestações mais significativas foram porOesophagostomum sp; Bunostomum sp;Nematodirus sp e Strongyloides sp, sendoque as infestações por Ostertagia sp; Hae-monchus sp; Cooperia sp; Trichostrongylussp e Dictyocaulus sp, quando existentes, fo-ram pouco significativas.

O presente trabalho tem como objetivodescrever os estudos realizados, em condi-ções preliminares, sobre as helmintoses gas-trintestinais em bovinos de leite no Acre,através de exames coprológicos (ovos porgrama de fezes e coprocultura) e de necróp-sias para observação da prevalência das espé-cies de helmintos.

MATERIAL E M~TODOS

O trabalho foi conduzido na FazendaSanto Antônio, localizada no km 18 darodovia AC-40, município de Senador Guio-mard e no Laboratório de Sanidade Animalda Unidade de Execução de Pesquisa deÂmbito Estadual de Rio Branco - UEPAEde Rio BrancojEMBRAP A, km 14 daBR-364.

O clima da região é do tipo Awi deKoppen, com índice pluvíómétrico relativa-mente elevado e nítido período seco (Bas-tos 1982), sendo a época chuvosa de outu-bro a abril e a época seca de maio a setem-bro, com os menores índices pluviométricosnos meses de junho, julho e agosto. A umi-dade relativa do ar é de cerca de 84% e atemperatura média anual de 260C. O perío-do de realização do experimento foi de 24meses (novembro de 1982 a outubro de1984).

Os dados meteorológicos registrados du-rante o experimento foram fornecidos pelaEstação Climatológica de Rio Branco, dis-

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tante 18 km do local do estudo. Utilizou-se20 bezerros holando-gir de um a doze mesesde idade, isentos de tratamento anti-helm ínti-cos e criados de maneira semí-intensiva empastagem de Brachiaria humidicola (quicuio--da-amazõnía), junto aos demais bezerros dapropriedade, os animais experimentais foramidentificados com brinco plástico preso naorelha.

Mensalmente, foram realizadas coletasde fezes nos animais em estudo, diretamenteda ampola retal. Estas amostras, em labora-tório, foram analisadas para contagem deovos por grama de fezes (OPG) , através dacâmara de McMaster, segundo Gordon &Whitlock (1939); coprocultura para obten-ção de larvas de terceiro estágio, pela técnicade Roberts & O'Sullivan (1950) e identifica-ção de larvas infectantes pela chave de Keith(1953) e contagem de 100 larvas de cadaamostra, para defíníção das percentagens dosgêneros de helmintos.

A fim de se verificar as espécies de hel-mintos prevalentes, foram necropsiados trêsbezerros com cinco meses de idade, de acor-do com a técnica descrita por Costa et aI.(1970).

RESULTADOS

Os dados referentes às contagens deovos por grama de fezes de nematódeos, rea-lizadas mensalmente, do primeiro ao décimo--segundo mês de idade dos animais experi-mentais estão contidos na Tabela 1 e Fig. 1.

Na Tabela 2 encontra-se a distribuiçãomensal das médias de ovos por grama de fe-zes, com a participação percentual de cadagênero de nematódeo dos animais estudados.

Nas necrópsias de três bezerros comcinco meses de idade foram encontradas asespécies de helmintos constantes da Tabe-la 3.

DISCUSSÃO

Observando-se os dados contidos na Ta-bela I e Fig. 1 nota-se que os resultados dascontagens mensais de OPG é relativamentealto com relação aos strongilídeos. Estes da-dos estão de acordo com os estudos de Costaet aI. (I978) e Maciel (I979) e contrastam

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TABELA 1. Médias mensais de ovos por grama de fezes 10161 de S. papillosus e de nemat6deos da ordemStrongylidea de 20 bezerros mestiços Gir x Holandês com um a doze mesesde idade. SenadorGuiomard, AC, novembro de 1982 - outubro de 1984.

Mês OPG de OPG de OPGS. papillosus Strongylidea* Total

Novembro 580 214 794Dezembro 820 32 852Janeiro 640 295 935Fevereiro 210 980 1.190Março 30 691 721Abril 40 674 714Maio O 1.650 1.650Junho O 967 967Julho O 907 907Agosto O 818 818Setembro O 1.985 1.985Outubro O 2.238 2.238

* Gêneros: Haemonchus, Cooperia, TrichostrongyJus, Oesophagostomum e Bunostomum.

2500

2000

1500C>a...o•••-.:.e••• 1000E.",:z

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FIG. 1. Distribuição mensal de ovos por grama de fezes IOPGI de bezerros mestiços Holandês x Gir comum e doze meses de idade. Guiomard - Acre 1982-84

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311

TABELA 3. Espécies. ovos por grama de fezes(OPG) e participação percentual dehelmintos encontrados na necr6psiade três bezerros mestiços Gir x Holan-dês. com cinco meses de idade. Sena-dor Guiomard. AC. 1982-1984.

Espécie de helmintos OPG Incidência %

Cooperia punctete 6.300 30.50C. pectinete 5.400 26.15Haemonchus simitis 3.680 17.82H. contortus 2.420 11.71Tricbostronçytus axei 1.680 8.13Srrongy/oides papillosus 880 4.26Oesopheqostomum radia- 170 0.82rumToxocara vitutorum 12 0.05Bunostomum pblebotomum 44 0.21Trichuris discotor 64 0.35

Total 20.650 100

com os de Guimarães (1971), Carneiro &Pereira (1982) e Santana et aI. (1983) .

A infecção por Strongyloides papillosus,apesar de ter sido relativamente baixa, apre-sentou um pique máximo no segundo mês,reduzindo, em seguida, até o sexto mês,quando desapareceu completamente, confir-mando as observações anteriores de Costaet alo(1978) e Carneiro & Pereira (1982).

Na distribuição mensal de OPG (Tabe-la 1 e Fig. 1) observa-se três piques crescen-tes de incidência em fevereiro, maio, setem-bro e outubro. A maior incidência em setem-bro e outubro, final do período seco(Fig. 2),durante dois anos de observação, sugere queo efeito somatório da escassez de nutriçãodos animais, pelo período crítico das pasta-gens, e da verminose contraída naturalmen-te, observados por Melo & Bianchini (1977)e confirmadas posteriormente por Maciel(1979), tenha também ocorrido no presentetrabalho. Como reforço a estas observações,Maciel (1979), em Rondônia, encontroumaiores piques de ocorrência de larvas naspastagens nos meses de setembro e outubro.

Observando-se a Tabela 2, nota-se queos principais piques de OPG ocorreram aosonze e doze meses e praticamente durantetodo o período experimental houve predo-minância de larvas do gênero Cooperia sobreo gênero Haemonchus, a exemplo do queobservaram Costa et alo (1978) e Costa

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FIG. 2. Dados climáticos da região. Fonte: Estaçãometeorológica de Rio Branco-ACA) Umidade relativa (%).

B)Temperaturas (máximas, médias e míni-mas).

C) Precipitação Pluviométrica.(1982). Larvas de Oesophagostomum estive-ram presentes mesmo em baixa quantidade,a partir do segundo mês de idade dos animaise por todo o período, a exemplo do queobservaram Costa et al. (1978), Maciel(1979) e Carneiro & Pereira (1982). Por ou-tro lado, a presença reduzida, mas freqüentede larvas de Trichostrongy/us parece ser umacaracterística da região, de acordo com oque foi encontrado por Costa (1982), en-quanto que Bunostomum manteve-se comincidência baixa e ausente em certas épocas,como observou Maciel (1979).

Quanto à prevalência de helrnintos adul-tos (Tabela 3), observou-se igualmente a pre-dominância daquelas pertencentes aos gêne-ros Cooperia e Haemonchus, concordandocom os resultados anteriormente encontra-dos em diversas regiões (Guimarães 1971,Costa et aI. 1973, Costa et al. 1978, Maciel1979, e Costa 1982), contrastando com re-sultados de larvas e adultos encontrados porBusetti et aI. (1983).

CONCLUSÕES

8

o levantamento preliminar realizadocom bezerros de aptidão leiteira, durantedois anos, indica que:

1) As maiores incidências de ovos porgrama de fezes (OPG) ocorreram de formacrescente nos meses de fevereiro, maio, se-tembro e outubro;

2) As larvas de Cooperia predominaramsobre as larvas de Haemonchus, em animaisde até doze meses de idade;

3) Strongy/oides papilosus, através deOPG e larvas nas culturas alcançou um piquemáximo aos dois meses de idade dos animais,reduzindo, em seguida, para desaparecer nosexto mês;

4) As espécies de nematódeos encontra-das na necrópsia foram, Cooperia punctata,C pectinata, Haemonchus similis, H. contor-tus, Trichostrongy/us axei, Strongyloidespapillosus, Oesophagostomum radiatum;Toxocara vitulorum, Bunostomum phleboto-mum e Trichuris discolor.

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OCORRÊNCIA DE PARASITOS GASTRINTESTINAISNOS REBANHOS BOVINO E BUBALlNO DO AMAPÃ

Maria das Graças de Souza Paiva! , Dorival Monteiro Pimentel2 ,

Antonio Júlio Delgado Montenegro'' e Hermógenes Campbell Moutinho3

RESUMO - Visando reunir informações sobre a ocorrência de parasitos gastrintestinais nosrebanhos bovinos e bubalinos do Território Federal do Amapá foram considerados os resul-tados das análises de fezes procedentes de 67 propriedades de diversas áreas de criação, co-letadas durante os anos de 1982/83, num total de 1.312 amostras, sendo 798 de bubalinose 514 de bovinos de diferentes faixas etárias. Para a pesquisa laboratorial desse material utili-zaram-se as técnicas de Faust, de Willis, de Baerrnan, além do método direto. O.; resultadosrevelaram a ocorrência de nematódeos pertencentes às seguintes famílias: Trichostrongyli-dae, Strongylidae, Strongyloididae e Ascarididae;e ainda protozoários da famílía Eimeriidae.Essa ocorrência foi verificada em maiores índices, para a farmlia Trichostrongylidae semidentificação de gêneros, e para a farnflia Strongyloididae, com o gênero Strongyloides, paraas duas espécies animais, sendo que para bubalinos foi 86,84% e 86,71 % e para bovinos75,68% e 80,15%, respectivamente. Foi detectado em uma das propriedades visitadas, a pre-sença de cistos de Balantidium coli e, em uma outra, larvas de Dictyocaulus, sendo que emambas a prevalência foi rara.Termos para indexação: V~rminose, parasitos gastrintestinais, nematódeos, protozoários.

THE OCCURRENCE OF GASTRO-INTESTINAL PARASITESIN CATTLE AND WATER BUFFALO HERDS OF AMAPÃ

ABSTRACT - Fecal analvses, available from the Animal Research Laboratory of the officeof Agriculture of the Territory of Amapá, were evaluated to berter understand theoccurrence of gastro-intestinal parasites in cattle and buffalo herds of the Territory. Thefeces were collected from 67 properties representing different areas of animal production,during 1982/83. A total of 1,312 samples were analyzed including 798 of water buffalo and514 cattle of different ages. The methods of Faust, Willis and Baerman were employed toanalyze the teces in addition to the direct method. Nematodes belonging to the followingfamilies were found: Trichostrongylidae, Strongylidae, Strongyloididae and Ascarididae;protozoa of the family Eimeriidae were also found. The parasites most commonly foundbelong to Trichostrongylidae and Strongyloididae (specially the genus Strongyloides)occurring in 87 and 87% of cattle feces and 76 and 80% of buffalo fecal sarnples, respecti-vely. Cysts of 8alantidium coli were found at one properrv and larvae of Dictyocaulus atanother, but at both locations these parasites were rare.

Index terms: Gastro-intestinal parasites, bovines, water buffalo, nematodes, protozoa.

atender a demanda regional. Acredita-se queeste problema esteja associado, em grandeparte, aos sistemas de criação em uso, quena' maioria das propriedades é ultra-extensi-vo, baseado exclusivamente no aproveita-mento de pastagens nativas, sem cercas e pra-ticamente sem nenhum controle sanitáriodos rebanhos.

1 Méd.-Vet., CNPq/EMBRAPA-UEPAT Macapá. Caixa Postal 10, CEP 68900, Macapá, AP.2 Eng. _Agr., M.5c., EMBRAPA-UEPAT Macapá.3 M4ki._Vet., SEAG-AP. Centro Cfvlco, Av. FAB s/n. CEP 68900, Macapá, AP.

INTRODUÇÃO

Apesar da reconhecida vocação natu-ral do Território Federal do Amapá para apecuária, e do crescente desenvolvimentodesta atividade, seus níveis de produção eprodutividade ainda são insuficientes para

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TABELA 1. Distribuição da prevalência de parasitos gastrintestinais em 67 propriedades do Território Fede-ral do Amapâ.

Famllia/GêneroClassedeprevalência Trichostrongylidae * Strongylidae * Strongyloididae Ascarididae Eimeriidae

Strongy/oides Neoascaris Eimeria

Bubalinos (38 propried.) Número e % de propriedades

Rara 12 (31,58) 23 (60,52) 17 (44,73) 37 (97,37) 25 (65,79)Freqüente 24 (63,16) 14 (36,85) 18 (47,37) 00 ( 0,00) 10 (26,32)Abundante 02 ( 5,26) 01 ( 2,63) 03 ( 7,89) 01 ( 2,63) 03 ( 7,89)

Bovinos (29 propried.)

Rara 14 (48,28) 18 (62,07) 22 (75,86) 28 (96,55) 16 (55,17)Freqüente 15 (51,72) 11 (37,93) 06 (20,69) 01 ( 3,45) 08 (27,59)Abundante O ( 0,00) O ( 0,00) 01 ( 3,45) O ( 0,00) 05 (17,24)

Rara= Oa 4 ovos ou oocistos por campoFreqüente = 4 a 8 ovos ou oocistos por campoAbundante = acima de 8 ovos ou oocistos por campo* Não foram identificados gêneros dessasfamrlias.

Sabe-se que essas condições são alta-mente favoráveis à ocorr.ência de doenças pa-rasitárias, especialmente verminoses. Embo-ra as perdas econômicas ocasionadas por estetipo de parasitose sejam de difícil quantifi-cação, a mesma é considerada como uma dasprincipais causas do baixo desempenho ani-mal, provocando mortalidade elevada, afe-tando, assim, o índice de crescimento e, con-seqüentemente, retardando a idade de abatedos animais.

Nascimento et aI. (1979), discorrendosobre a bubalinocultura brasileira, citam averminose como uma das doenças mais co-muns nesses animais, sendo os bezerros osmais atingidos. Láu (1982), pesquisando aocorrência de coccidiose em bubalinos emBelém, observou oocistos de Eimeria zurni,E subspherica, E. auburnensis e E. e/lipsoi-dalis, em animais com idade entre dois e qua-tro meses de nascidos.

Estudos realizados no Estado do Pará eTerritório Federal do Amapá sobre epizootio-logia de nematódeos infectando bubalinosrevelaram a ocorrência das espécies Neoas-caris vitulorum, Strongyloides papillosus,Ostertagia trifurcata, Cooperia sp, Oesopha-gostomum radiatum e Dictyocaulus viviparus(Silva 1969).

Este trabalho tem por objetivo reunirinformações sobre a ocorrência de parasitosgastrintestinais em bovinos e bubalinos no

Território Federal do Amapá, visando con-tribuir para um melhor conhecimento doproblema e gerar subsídios para futuras pes-quisas e projetos que venham a ser desenvol-vidos no Amapá, na área de saúde animal.

MATERIAL E ME:TODOS

Para a condução deste trabalho foramconsiderados os resultados das análises de fe-zes de bovinos e bubalinos, dispon íveis noLaboratório de Pesquisa Animal da Secreta-ria de Agricultura do Território Federal doAmapá. Utilizou-se 1.31 2 pesquisas micros-cópicas em fezes de animais, entre jovens eadultos, coletadas em 67 propriedades loca-lizadas em diferentes áreas de criação do Ter-ritório Federal do Amapá, no período dejan./82 a dez./83. Desse total de proprieda-des visitadas, em 29 foram coletadas amos-tras de fezes bovinas e em 38, amostras defezes bubalinas. Nessas fazendas, o sistemade criação predominantemente utilizado é oextensivo, onde os rebanhos são mantidosem pastagens nativas, geralmente sem for-mação de piquetes e sem controle sanitário.Em geral, os animais permanecem o períodochuvoso em áreas de terra firme e o seco, emáreas de campos inundáveis, onde as pasta-gens são de melhor qualidade.

Após a coleta desse material, através da

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retirada do conteúdo fecal diretamente doreto dos animais, o mesmo foi acondiciona-do em recipientes previamente esterilizados.As análises foram efetuadas utilizando-se osmétodos de Faust, de Willis, de Baerman e odireto .

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Foi detectada a ocorrência de nemató-deos das seguintes famílias, parasitando osanimais: Trichostrongylidae, Strongylidae,Strongyloididae, com gênero Strongyloidese Ascarididae, com o gênero Neoascaris.Também foi observada a presença de larvasda família Protostrongylidae, com o gêneroDictyocaulus (raras) em bovinos de uma daspropriedades visitadas. Além destes, foramencontrados protozoários do gênero Eime-ria e, em apenas uma propriedade, cistos deBalantidium coli.

Do total de propriedades onde foramcoletadas amostras de fezes bubalinas, em63,16% foi constatada a presença de tri-chostrongylideos, com uma prevalência con-siderada freqüente (Tabela 1). O gêneroNeoascaris, único para o qual não houve pre-valência freqüente, apresentou uma preva-lência rara, equivalente a 97,37% sobre ototal dessas propriedades (Tabela 1).

Para as propriedades onde se coletaramfezes de bovinos, os trichostrongylideosapresentaram uma prevalência consideradafreqüente, equivalendo a 51,72% em relaçãoa essas propriedades (Tabela 1) .

Das 67 propriedades visitadas, a maioriaapresentou prevalência rara para o gêneroNeoascaris conforme mostra a Tabela 1.

A nível de amostras examinadas, osmaiores índices de ocorrência foram obser-vados para os trichostrongylideos e para osstrongyloidideos, com o gênero Strongyloi-des nas duas espécies animais, sendo que,para bubalinos foi de 86,84% e 86,71 %,respectivamente e para bovinos, esses índi-ces foram de 75,68% e 80,15%, respectiva-mente (Tabela 2).

Este levantamento sobre a ocorrênciade verminoses bovina e bubalina no Amapámostrou, através de observações a nível defazendas, que as mesmas ocorrem durante oano todo, sendo mais evidenciadas, de ummodo geral, durante o período chuvoso e

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nas regiões de lagos, no final do período se-co. É provável que a umidade, pelo seu eleva-do percentual na região, variando de 89 a9S%, bem como a temperatura, a qual apre-senta média de 26,S a 27,SoC,'associadas aoregime de criação extensivo, sejam algunsdos fatores predisponentes ao aparecimentofreqüente da doença.

Sabe-se que os helmintos são rapidamen-te adaptados aos hospedeiros e ao meio am-biente, sendo necessário, portanto, para umcontrole eficiente, econômico e sobretudoestratégico, observar minuciosamente seus ci-clos evolutivos, a dinâmica populacional napastagem e no animal, hipobiose, empregode anti-helmínticos e manejo (Bianchin &MeIo 1984). Em vista da carência deste tipode informações, a nível de Território, torna--se de fundamental importância a execuçãode projetos de pesquisas, visando principal-

mente o registro de ocorrências desta nature-za, em busca de soluções para esses proble-mas.

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LEVANTAMENTO E CONTROLE DE VERMINOSE SUBCUNICAEM VACAS LEITEIRAS NO ESTADO DO ACRE

Arlindo Luiz da Costa 1

RESUMO - Com a fínalidade de identificar e estabelecer medidas de controle da venninosesubclínica em vacas em lactação, estudou-se a prevalência de helmintos gastrintestinais emanimais clinicamente sadios na região de Rio Branco-Afl, bem como foi avaliada a influênciade diferentes esquemas de tratamento anti-helmíntico sobre a produção de leite. Amostrasde fezes foram coletadas diretamente da ampola retal de 40 vacas, em uma propriedade re-presentativa da bacia leiteira de Rio Branco-AC, as quais foram examinadas em laboratóriopela técnica de Centrífugo - Flutuação em Açúcar (CFA) modificada, para contagem deovos, fazendo-se coproculturas para identificação dos gêneros de nematódeos gastrintesti-nais, através de suas larvas de terceiro estágio. A prevalência do parasitismo por nematódeosgastrintestinais, baseada na presença e contagem de ovos, foi de 100%; o número de ovos/5 g de fezes variou entre 35 e 870. Foram identificados, em ordem decrescente, os gêneros:Cooperia, Haemonchus, Trichostrongylus, Oesophagostomum e Bunostomum, A ação dotratamento antí-helmíntico foi observada em quatro grupos de cinco animais uniformesquanto a produção de leite (4 kg leite/dia), todas em início de lactação, através dos seguin-tes tratamentos durante seis meses: 1) Testemunha, sem vermifugação; 2) Vermifugaçãomensal com cloridrato de levamisole na dose de 1 ml/20 kg peso vivo; 3) Aplicação mensalde cloridrato de levamisole + 10 cmâ de ADE; 4) Aplicação mensal de cloridrato de levami-sole + duas aplicações semanais de 20 em3 de cobalzan (mistura mineralizante) injetável. Asvacas leiteiras clinicamente sadias responderam bem aos tratamentos, com maior produçãono tratamento vermífugo + mineralízante, sugerindo a importância da associação da vermi-nose subclínica à deficiência mineral presente nos animais da região, sobretudo naqueles emlactação.

Termos para indexação: Helmintoses, venninose subclínica, vacas leiteiras, levantamento,controle.

SURVEY ANO CONTROl OF SUBCLlNICAl VERMINOSISIN MllK COWS IN THE STATE OF ACRE

ABSTRACT . The prevalence of gastrointestinal helminths in clinically healthy milk cattlewas studied near Rio Branco, Acre in order to identify subclinical verminosis. In addition,the effect of various helminth control measures on milk production was evaluated. Fecalsamples were collected directly from the rectums of 40 cows on a ranch representativa ofthe milk producing area of Rio Branco. Samples were examined by a modified Centrifuge -Flocculation in Sugar technique in order to count eggs. Copracultures were prepared toidentify gastrointestinal nematode genera by their 3rd stage larvae. Ali samples containedgastrointestinal nematodes, with 35 to 870 eggs per 5 gm of feces. The following genera wereidentified, in decreasing order of irnportance: Cooperia, Heemonchus, Trichostronçvtus,Oesophagostomum and Bunostomum. The following anti-helminth treatments were testedfor 6 months in 4 group:; of 5 animais having equal milk production (4 kg/dayl, and aliin the initial period of lactation: 1) Control; 2) Monthly vermicide application (Jevamisolechlorhydrate at 1 ml/20 kg live weight); 3) Monthly vermicide application plus 10 cm3 ofADE; and 4) Monthly application of levamisole chlorhydrate plus 2 applications weekly of20 cm3 of injectable cobalzan (mineralizing mixturel. The clinically healthy milk cowsresponded well to the treatments, having greatest production with treatment 4. This suggeststhat subclinical verminosis and mineral deficiency is an important association in lactatinganimais of the region.Index terms: Helminths, subclinical verminosis, milk cattle, survey, control.

Méd. - Vet., M.Sc., EMBRAPA-UEPAE de Rio Branco. Caixa Postal 392. CEP 69900. Rio Branco, AC.

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INTRODUÇÃO

A ação patogênica dos nematódeos gas-trintestinais sobre bovinos de qualquer ida-de, determinando prejuízos aos produtorespor perda de peso e atraso na idade de abatese constitui em informação comprovada.

O papel desempenhado por bovinosadultos na transmissão e manutenção deinfecções helmínticas foi estudado por Gui-marães et aI. (l980), em Minas Gerais, queconcluíram serem as vacas importante fontede contaminação das pastagens e infecçãodos bezerros antes da desmama. Por outrolado, nas infecções subclínicas por helmintosgastrintestinais os sintomas são inaparentes,tornando-se difícil determiná-los e conse-qüentemente prescrever um tratamento ade-quado (Duarte & Gomes 1982).

Nas vacas em lactação, a presença destesparasitos, mesmo ocorrendo de forma subclí-nica, tem se constituído em importante fatorna redução da produção de leite (Lima1981 ).

Estudos para determinar a 'ocorrência eo controle de verminose subclínica nas vacasem lactação têm sido realizados por algunsautores.

Todd et aI. (1975), em Wisconsin, Esta-dos Unidos, estudaram a verminose em1.028 vacas clinicamente sadias de fazendasleiteiras da região, encontrando um OPG(ovos por grama de fezes) médio de 5,2 eobservaram que houve, em média, um au-mento de 0,8 kg de leite por vaca tratadanum período de 60 dias.

Bliss & Todd (l976), também em Wis-consin, observaram que vacas em lactação,portadoras de parasitismo subclínico, res-pondem ao tratamento anti-helmíntico comum aumento na produção de leite, principal-mente quando tratadas no início da lactação.

Todd et aI. (I 978), em estudos realiza-dos em 1.105 vacas em lactação em fazendasleiteiras dos Estados de Pensilvânia e Caroli-na do Norte, encontraram um OPG médiode 2,3 e concluíram que houve um aumentomédio de 318,2 kg de leite por lactação de305 dias nas vacas tratadas.

Grisi & Todd (1978) estudaram a preva-lência de helmintos gastrintestinais em vacasem lactação nos Estados de Wisconsin, Pen-silvânia e Carolina do Norte. Com base naidentificação de ovos determinaram a preva-

lência de nematódeos e cestódeos, obtendo,respectivamente, 80,1 % e 5% na Pensilvânia,60% e 5,1 % em Carolina do Norte e 47,8% e4,0% em Wisconsin.

Lima (1978) estudou a incidência dehelmintos em vacas leiteiras clinicamente sa-dias e o efeito do tratamento anti-helmínticoem vacas em lactação, encontrando uma pre-valência de nematódeos de 72,7% e de cestó-deos de 3,3%, o número de ovos/5 g de fezesoscilou entre O e 1.079, com média de 83,5.As vacas em lactação apresentaram os seguin-tes gêneros de helmintos: Cooperia haemon-chus, Oesophagostomum, Trichostrongy/us-trichuris e Moniezia. O tratamento anti-hel-míntico gerou um aumento médio de produ-ção de 557 g de leite/vaca/dia, num períodode 90 dias.

A vermifugação sistemática de vacas,com vistas ao combate direto à verminosesubclínica e ao aumento da produção de lei-te, tem se constituído em prática pouco co-mum junto aos produtores do Estado doAcre, fator este que também contribui paraa manutenção de uma baixa média de produ-ção (Costa 1983).

O presente trabalho tem como objetivodescrever os estudos realizados sobre o levan-tamento e controle da verminose subclínicaem vacas em lactação clinicamente sadias.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido na FazendaFranvasme, de exploração leiteira, localizadano km 12 da rodovia AC-GlO, município deRio Branco e no laboratório de sanidade ani-mal da Unidade de Execução de Pesquisa deÂmbito Estadual de Rio Branco - UEP AEde Rio Branco, km 14 da BR-364. O períodode realização do experimento foi de seis me-ses, de maio a outubro de 1983.

Para determinação da prevalência de hel-mintos, foram colhidas amostras de fezes di-retamente da ampola retal de 40 vacas clini-camente sadias e conduzidas ao laboratório,onde foram examinadas pela técnica de Cen-trífugo-Flutuação em Açúcar (CFA), modi-ficada segundo Cox & Todd (1962), citadaspor Lima (1981), para contagem de ovos porcinco gramas de fezes.

A coprocultura foi efetuada em amos-tras individuais reunidas, identificando-se os

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gêneros de nematódeos da propriedade e nãode cada animal, identificados por larvas deterceiro estádio, utilizando-se a técnica deRoberts& O'Sullivan (1950). A identifica-ção de °latvas infectantes foi executada se-gundo a chave de Keith (1953), contando100 larvas para cada amostra, visando a de-terminação das porcentagens dos gêneros dehelmintos.

Para o estudo do efeito do tratamentoanti-helrnfntico em vacas em lactação, utili-zaram-se quatro grupos de cinco animais damesma propriedade, uniformes quanto à pro-dução de leite (4 kg leite/dia), todos em iní-cio de lactação, alimentando-se em pastagemde Brachiaria decumbens e recebendo suple-mentação com capim cameron, (Pennisetumpurpureum) picado na hora da ordenha, atra-vés dos seguintes tratamentos durante seismeses: 1) Testemunha, sem verrnifugação; 2)Verrnifugação mensal com cloridrato de leva-misole, na dose de I ml/20 kg peso vivo; 3)Aplicação mensal de cloridrato de levamiso-le + 10 em" de ADE; e 4) Aplicação mensalde cloridrato de levamisole + duas aplicaçõessemanais de 20 em" de cobalzan (misturamineralizante) injetáveI. As observações fo-ram dirigi das para a produção de leite emcada tratamento.

RESULTADOS

Os dados relativos à contagem de ovospor cinco gramas de fezes estão contidos naTabela I. Na Tabela 2 estão os valores departicipação percentual de cada gênero denematódeo. A Tabela 3 mostra os dadosreferentes à produção média de leite nosquatro tratamentos. A análise econômica dosdiferentes ganhos na produção de leite nosesquemas de verrnifugação estudados é apre-sentada na Tabela 4.

DISCUSSÃO

Os dados contidos na Tabela I revelamque todos os animais encontram-se positivospara nematódeos, com um número o médiobem mais elevado que o encontrado por U-ma (1981), que também encontrou em suacontagem animais isentos deste tipo de in-fecção helmíntica.

321

Na contagem não foram registrados ovos.de cestódeos, sugerindo -que, pelo menosneste trabalho, ainda não se encontrou para-sitismo por estes helmintos em bovinos noAcre, o que não ocorreu em trabalhos desen-volvidos em outras regiões, onde as 'incidên-cias de cestódeos têm sido variadas (Grisi &Todd 1978 e Uma 1981).

-Os gêneros de helmintos observados emculturas de larvas (Tabela 2) não difere mui-to daqueles encontrados por Uma (1981),inclusive com maiores incidências de Coope-ria e Haemonchus, com excessão da menorpresença do nematódeo Trichuris e do cestó-deo Moniezia e a presença do gênero Bunos-tomum, mesmo em reduzidaquantidade.

No presente trabalho, o tratamento anti--helmíntico mensal com o uso do vermífugo(tratamento dois) produziu um ganho médiode I kg leite/vaca/dia, durante 180 dias, le-vemente superior ao encontrado por Todd etal. (1975), que foi de 0,8 kg leite/vaca/dia,bastante superior ao registrado por Lima(1981), de 0,57 kg leite/vaca/dia, sendo, to-davia, um pouco inferior aos resultados deTodd et aI. (1978), que observaram um ga-nho de 1,04 kg leite/vaca/dia.

Os tratamentos três e quatro (Tabela 3),onde além dos vermífugos foram incluídosestimulantes orgânicos, corresponderam àsespectativas, resultando boas produções,com destaque para o tratamento quatro,onde parece o ter sido positiva a ação da solu-ção mineralizante utilizada, tendo em vistaa deficiência mineral comum o nos animais daregião.

Na Tabela 4 observam-se as condiçõesde custo-benefício dos diferentes esquemasde tratamento da verminose subclínica econclui-se que qualquer gasto a mais efetua-do neste sentido resultará num retorno certopara o produtor.

CONCLUSÕESo "

Nas condições de manejo do Estado doAcre, o as o vacas em lactação clinicamentesadias apresentam verminose subclínica, ten-do sido diagnosticados os gêneros: Cooperia,Haemonchus, Trichostrongy/us, Oesophagos-tomum e Bunostomum. ,

Vacas em início de lactação clinicamen-te sadias respondem ao tratamento, anti-hel-

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TABELA 1. Helmintos gastrintestinais em vacas leiteiras clinicamente sadias no Estado do Acre. Ovos porcinco gramas de fezes. Rio Branco-AC, 1983.

N~ de Prevalência (%) Contagem ovos/5 g fezesLocal de coleta animais

Nematódeos Cest6deos Máximo Médio Mínimo

Fazenda Franvasme 40 100 0,0 870 120 65

TABELA 2. Gêneros de helmintos identificadosem culturas de larvas de fezes de va-cas leiteiras. Rio Branco·AC, 1983.

Gênero Prevalência'(%)

CooperiaHaemonchusTrichostrongy/us

Oesophagostomum

Bunostomum

5633452

TABELA 3. Produção média de leite (kg/vacaldia) nos tratamentos: 1·{testemu·nha); 2·(vermrfugo mensal); 3·(ver·mrfugo + vitamina); e 4· (vermrfugo +solução mineralizante). Rio Branco··AC, 1983.

TratamentoRepetição

2 3 4

1 4,2 5,2 6,2 7,12 4,2 5,1 6,0 7,03 4,0 5,0 6,0 7,04 3,9 4,9 5,9 7,05 3,8 4,8 5,8 6,9

Total 20,1 d 25,0 c 29,9 b 35,0 a

C.V. ; 2,44%DMS; 0,31Médias seguidas da mesma letra não diferem peloteste de Tukey ao nível de 1% de probabilidade.

TABELA 4. Diferença média de ganho por animal nos tratamentos: l-(testemunha); 2-{vermífugo mensal);3-{vermrfugo + vitamina); e 4-(vermrfugo + solução mineralizantel. Rio Branco-AC, 1983.

Custo por Ganho de leite GanhoTratamento animal' em 180 dias adicional

(Cr$ 1,00) kg (Cr$ 1,00'"

1 O O O2 4.000 30 12.0003 6.000 60 24.0004 6.000 90 36.000

* Preço Ripercol L 100 ml = Cr$ 14.000,00* Preço ADE 100 ml = Cr$ 10.000,00* Preço Cobalzan 100 ml = Cr$ 5.000,00

** Preço do leite em out./84 = Cr$ 400,00

míntico mensal com aumento significativona produção de leite.

Os tratamentos, vermífugo + estimulan-tes orgânicos, resultam em maior retornopara o produtor.

REFERt:NCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AQUATIC PRODUCTIVITY IN THE CENTRAL AMAZON"VÁRZEA" IN THE CONTEXT OF THE FISHERV VIELD

Peter B. Bayley!

ABSTRACT - This study was designed to better understand the biological basis of thevárzea related fishery of the Central Amazon. The approach was to assess biological pro-ductivity of fish and decapods using frequent samples from a calirrated seine net throughoutthe annual cycle. From a to!al fish production of 280 gm-2yr- ,only that of fish between15 and 60 mm long (45 grn" yr" ) could be supported by a phytoplankton productivity of290 gcm-2yr-1 if a single zooplankton link were assumed. Since larger and smaller zooplank-nvores were excluded from this conservatíve comparison, and considerable evidence existsfor the direct and indirect influence of aquatic and terrestrial vegetation in fish diets,phytoplankton appears to play a minor role as a trophic base for overall fish production.The total fish and decapod productivity based on a 'productive area' of várzea fluctuatingannualy between 700 km2 and 2,100 km2 was estimated as 366,000 t(yrr1. The annualfishery yield of 9900 t from that study area was only 2.7% of this productivity. The totalyield of 1.9 gm-2yr-1 is low by comparison with other fisheries. This is partly attributed tounderutilizatíon of many species. It is evident that potential for expansion exists in thevárzea related fishery, providing that the environmental factors such as hydrology andvegetation cover do not deteriorate, and that a reduced contribution from larger species canbe tolerated.Index terms: Amazon, floodplain, fish, production, biomass, fishery, yield.

PRODUTIVIDADE AQUÁTICA DAS VÁRZEAS DA AMAZONIACENTRAL NO CONTEXTO DE PRODUÇÃO DE PESCADO

RESUMO - Este estudo foi delineado para se compreender melhor a base biológica da várzeapara a produção de pescado na Amazônia Central. O "approach" foi avaliar a produtividadebiológica de peixes e decápodes usando amostras freqüentes de uma rede malhadeira cali-brada, durante o ciclo anual. De uma produção total de peixe de 280 g/m'2/ano, somente aprodução de peixe entre 15 e 60 mm de ~omprimento (45 g/m2/anol seria possrvel com aprodutividade de fitoplancto de 290 g/cm lano se se assumir uma cadeia única de zooplanc-to. Uma vez que os maiores e os menores 300 planctrvoros foram exclurdos desta compara-ção conservadora, e que existe provas consideráveis da influência direta e indireta da vegeta-ção aquática e terrestre nas dietas dos peixes, o fitoplancto parece desempenhar um pequenopapel como base trófica para a produção de peixe em geral. A produtividade total de peixesdecápodes, baseada numa "área produtiva" de várzea flutuando anualmente entre 700 km2

e 2.100 km2, foi estimada em 366.000 t/ano. O rendimento anual de pescado de 9.~00 t

desse estudo, foi somente 2,7% dessa produtividade. O rendimento total de 1,9 gim lanoé baixó quando comparado com outras áreas pesqueiras. Em parte, isto é atribu(do à subu-tilizaç'ão de muitas espécies. É evidente que existe potencial para expansão para o pescadode várzea, desde que os fatores ambientais como hidrologia e cobertura vegetativa não de-teriorem, e que uma contribuição reduzida das espécies maiores possa ser tolerada.Termos para indexação: Amazônia, várzeas, peixe, produção, biomassa, pescado, rendimen-to.

1 lllinois Natural History Survey. 607 E. Peabody Or. Champaign,lL 61820. USA.

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INTROOUCTION

A general review of the central andupper Amazon fishery has been attemptedbased on comparative yield data (Bayley1981) which predicted:

1) The 1irnitations of a managementstrategy for increasing total yield areeconomic, cultural and technological morethan biological, providing that the hydrologyand water quality are not altered.

2) The main biological consequence ofincreasing the total yield, say to the levelstypical of Africa, would diversify the yieldbut depress the larger, more valuable species.

3) The limitations of a strategy ofoptimizing the yield of a few large speciesare biological and econornic.

Large species in general have a highvulnerability to capture, in particular withrespect to gillnets. This coupled with theenormous cost of effective managementwould offset the benefits of (3) if appliedgenera1ly. At best, a few expensive fishwould supply an exclusive market, whileother people will be deprived in an regionwhere 74% of animal protein consumptionis from fish.

This paper presents biological evidencewith respect to (1) from the Central Amazonvárzea in a more quantified ecologicalframework than intercontinental yieldcomparisons. It draws on results from a pre-liminary analysis in Bayley (1983).

METHOOS ANO MATERIALS

A 25 m x 6 m deep seine of 5 mmstretched mesh which caught fish from9 mm to 1 m longo Its efficiency has beencalibrated with respect to modes of use,lengths, and species groups of fish anddecapods (Bayley 1983). Therefore, biomassestimates are based on size distributions andquantities corrected for the appropriatecatchabilities. .

Samples were obtained from February1977 to June 1979 in three regions (Fig. 1):Marchantaria (region 1), Janauacã (region 2),and Janauari (region 3). Water from the R.Solimões-Amazonas affected sampled areasby varying degrees. Samples were taken fromthe shoreline and up to 4.5 m deep, between50 m and 300 m offshore.

Fish distribution is limited duringinterrnediate and high water levels due to adeoxygenated hypolirnnion below 3-6 mwhich contains H2 S (Schrnidt 1973). Inmore sheltered areas the deoxygenated zonecan begin at 1-2 m depth, and rnid daysurface values of only .5 mg/l were oftenrecorded during intermediate to high waterlevels (Junk et al. 1983).

Offshore areas contain a pelagicassemblage with few of the species typifyingthe more intensively sampled inshore areas.Samples at the edge and within clearings ofthe flooded forest could be obtained, butnot within the forest itself. Floodable forestas a percentage of maximum flooded areawas about 34% in regions 1 and 3 and about14% in region 2, after discounting permanen-tly-inundated areas (Bayley 1983, Chapter2).

Annual water leveI amplitudes reached8.5 m (Fig. 2). Therefore, the geographiclocations of samples varied with each periodin concert with the displacement of habitats.During the rising water season, these habitatsconsisted of varying quantities of aquaticand terrestrial macrophytes, logs, andbranches which could be removed afterenclosure. During the short drawdownperiod, macrophytes remain stranded andmore open-water habitats with softersubstrates predominate.

A total of 5 x lO5 fish and 6 x lO4prawns (Macrobrachium spp.) weighing1,040 kg were caught, of which 9.4 x 104

individuals were measured and 1.6 x 104

were weighed. Weight/length relationshipswere derived from fresh measurements oflarger specimens, supplemented by lengthsand weights from smaller, preserved fishwhich had been corrected for changes dueto the time spent in formalin and alcohol(Bayley 1983).

Biomass and production estimates fromthe sample catches corrected for netefficiency were made for the period March1, 1977 to May 12, 1978 when regularsampling at two week intervals wasmaintained in alI three regions. Samplesreplicated between years were averaged forthe annual estimates. Nineteen out of 588samples were excluded because of localfactors affecting the predictability ofcatchabilities.

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oI

10!

20kmI

FIG. 1. Central Amazon showing 3 sampling regions within the downstream part of the study area. Hatched areaindicates maximum area flooded.

Fourteen common species, comprising6.2 X 104 individual fish, which indicatedc1ear modal size progressions with time wereselected for deriving a general growthfunction for the overall productivity estima-tes (Bayley 1983). Cohorts of most species,indicated by peaks in length distributions,

were well-separated due to the existence ofa single brood per year. Other species wereselected for analysis when cohorts couldeasily be traced from successive spawningperiods within a region and year (Bayley1983: Figs. 4.1, 4.2). Cohorts consisted ofthe pooled distributions corrected for selec-

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I WIV00

I

3 O I

I2 9

2 8

21j/ IIII

j/I

\2 6

I I-I I

I

AI

E

2 5

II

II

: 24~I I

\rV II

Q) 23

IVIIIIII

I I

2 2Q)

II I

2 1o

I I I

~2 O

I I

J

II

197 9

1 9 -iI

1 8 .

FIG. 2. Daily water levels (solid line) and times of sampling excursions (vertical lines).

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tivity from an average of 19 ± 1 SE seinesamples.

Production estimates were based onbiomass multiplied by relative growthincrernents, taking into account size, speciesand season, and summed for two-weekintervals over the year. The energy equivalentof biomass and production was expressedin grams wet weight because of itsapproximate equivalence to K calories(Winberg 1960) and the equivalence ofgrarns per square meter (gm?') and tons persquare kilometer (t. km'? ).

RESULTS

The study area and the 'productive area'

Because of the heterogeneity of theenvironment with very different indices ofprimary productivity, it was necessary to beselective and conserva tive in comparisons ofproductivity and yield. The study area isthat enclosed by a 190 km stretch of the R.Solimões and its floodplain between theconfluence of the R. Negro near Manausupriver to a point just below the mouth ofthe R. Purus. This was the subject of aLANDSAT resource evaluation by Bayley& Moreira (1980), and good estimates of thefishery yield of this area during 1977,including the subsistence fishery, are available(Bayley 1981). The areas sampled for fishin this study are among the most productivein the system (Bayley 1983) so thatextrapolation to the whole inundated areawould overestimate productivity. Instead,conserva tive estimates have been made.

The maximum and minimum areascovered by water are 5330 and 1200 km2

respectively, of which the main river channelarea is 680 km2

The samples in this study did not includeall the productive habitats. There is indirectevidence from these samples and fromGoulding (1980 and pers. comm.) that manyif not all of the species common in thiscollection are found in the flooded forest,feed there, and contribute to the diets ofnumerous piscivores. Also, most of theflooded forest in the study area is influencedby the richer R. Solimões water. Therefore,

329

flooded forest is included in the 'productivearea'.

Conversely, the main channel ís not veryproductive, except at the piscivore levei inthe form of dolphins and catfish whichconsume large commercial species (Goulding1981, and pers. comm.). Although manycommercial fish spawn in or near the mainriver, their progeny quickly reach thepostlarval stage when they are abundant ininshore areas. Many species use the mainriver as a 'freeway' for longitudinal migra-tions, without feeding in the channel itself.

The evidence for low productivity in'black' waters is also strong from the limno-logical (Fittkau et al. 1975) and fishery(petrere Junior 1982) points ofview. There-fore, my conservative 'productive area'excludes the black and very turbid 'white'waters.

Much of the area occupied by aquaticmacrophytes in well drained areas is veryproductive from the fish (Bayley 1983) andlimnological (Junk 1973, Fittkau et al. 1975)aspects. Consequently, the 'productive area'used for extrapolating the biomass andproductivity estimates includes areas ofrnixed or decanted water, aquatic macrophy-tes and flooded forest.

My definition of 'productive area' doesinclude biases which are present difficult toestimate. Some of the primary productionoutside the area benefits fish to some extent.Conversely, seasonal and local effects whichdeoxygenate zones within the area affect thedistribution and productivity of fish nega-tively, but a significant proportion of thesamples were taken under such circurnstan-ces.

I have estimated areas at high andfairly low water, assurning a linear rela-tionship between flooded area and waterleveI. This would not be realistic for levelsof below 19 m because much of the water isconfined to channels, but during this study,the levei did not fall below 20.5 m. The'productive area' was estimated to varybetween 700 km2 at low water and2100 km2 at high water for the periodMarch 1, 1977 to May 12, 1978. Measure-ment errors are unIikely to be morethan ± 10%.

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Primary prodtictivity andfish production

The relative roles of phytoplankton andhigher plant production in relation to fishproduction in river-floodplain .systems areunknown, Studies ín :the Amazon so farcanoot clarify the situation because of thelack of reliable estimates of macrophyteproduction and of the relative efficiencies ofthe processes leading to fish production.

It is well known that the nutri tive valueof most phytoplankton species is higher thanvascular plants per unit carbon or energycontento Also the careful C14 measurementsof Schmidt (1973) producíng a seasonallyweighted mean of 290 gcmêyr" for L. doCastanho in Janauacá suggests a dominantrole for the phytoplankton

Fisher (1979) obtained similar resultsfor the risíng water period in the same waterbody and also reported high zooplanktondensities of 13 - 15 gm-3 oHe suggested thatphytoplankton is a major source of organicmaterial in areas influenced by white water,and is sufficient to provide a trophic basefor the fishery o He also acknowledged thatvascular plants do contribute via a detrital--heterotrophic pathway.

The productivity of aquatic macrophytesfrom Marlier's (1967) work is approximately1050 gcrrr+yr". There are also unknownquantities of synthesized carbon trom theflooded forest and true terrestrial vegetation.The hypothesis that the estimated phyto-plankton production can support the fishproductivity can be tested.

The most efficient route for most of thephytoplankton is via one intermediatezooplankton step. Direct grazing of phyto-plankton (e.g. by some Engraulids) is mini-mal. For a very conservative estimate Iconfine the comparison to fish between15 and 60 mm longo The annual productivity(total flesh added during one year) of thisgroup is estirnated at 45 gmêyr? which isapproximately equivalent to 4.5 gcm-2yr-1or 1.6% of the phytoplankton pnmaryproduction.

The latter could support this group iftwo links with 13% transfer efficiencies wereassumed. However, larger Engraulidae,Hypophthalmidae, Anodus spp. and Colosso-ma macropomum and many other specieswhich feed to some extent on zooplankton

when they are more than 60 mm long havenot been included. Also the detritivoresundoubtedly consume phytoplankton andtheir detrital products which settle out. ofthe watercolurnn. Carvalho (1979) reportsmany phytoplankton species in the guts ofPotamorhina pristigaster. Fish less than15 mm long are not included, yet the highquality nutrition of plankton is probablyvital during early life history. My prelirninaryestimate of total fish production of280 gm-2yr-1 (Table 1), of which a highproportion is from piscivores (Table 2), is10% of phytoplankton primary production.Since phytoplankton feeders are scarce,extraordinary ecological efficiencies wouldbe required for phytoplankton to supportthis productivity. '

Evidence is now accumulating insupport of a high dependency of fish dietson macrophytes or large detrital matterderived therefrom (Santos 1981, Almeida1980, Paixão 1980, Goulding 1980). Inaddition these authors also document fruitsfrom trees, grass seeds, filamentous algae anda variety of terrestrial insects in guts ofabundant genera. Very high counts ofinvertebrates associated with aquaticmacrophytes have been recorded (Junk1973). The detritivores undoubtedly obtaina large amount of energy from the macro-phyte detritus and associated heterotrophicmicroorganisms. The relative importance ofaquatic macrophytes and so-called allochtho-nous material in fish production is unknown.

In conclusion, I hypothesize thatphytoplankton plays a minor role in thetrophic base for overall fish production, butmay be important for larval and post-larvalstages.

Productivity and the Fishery

The mean annual productivity of280 gm-2yr-1 from a mean biomass of160 gm'? is higher than estimates from otherproductive systems. Only 1% of this 'fish'productivity is from decapods. Mathews(1971) and Mano et al. (1972) estirnated200 gm-2yr-1 for R. Thames fish productivityfrom a biomass of 125 gm'", which is highby temperate standards because of theenriched environment. The lower, revisedestimate of 122 gm-2yr-1 by Mahon & Balon

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TABLE 1. Mean production, biomassand annual P/B ratios by sizegroup.

Group no.Length range

Irnrn) 1 2 3 4 5 6 Totais15·29 30·59 60·119 120-239 240-479 480-96,0

Production 15 30 52 78 79 27 280(gm-2yr-1)

Siomass 1.8 6.1 14 39 65 30 157(gm-2)

P/S (yr-1) 8.0 4.9 3.7 2.0 1.2 0.9 1.8

Meanweight .16 1.0 9.0 80 340 940(g)

TABLE 2. Total annual production [in 1000 t] for ali speciesand piscivores for the study area.

Group. no.

4 5 6 Totais120c239 240:479 480-960

98 98 36 36617.7 52 17 92

Length range(rnrnl 1 2 3

15-29 '30-59 60-119

Ali species 16.1 38.7 80Piscivoresonly .7 1.9 2.7

(I977) for L. Kariba was associated with abiomass of 83 gm", derived from chemo-fished samples assuming 100% of fish wererecovered.

Mean annual biomass and annualproduction estimates per unit area by sizeclass are shown for alI species and detritivoresonly in Fig. 3 and 4 respectively. Table 1summarizes the production, biomass andP/B ratio data by logarithmic size class andmean individual weight.

The estimated fish productivity basedon the 'productive are a' for the study area,which takes into account-seasonal variationin growth rate and water area, totaIs366,000 t(yr)"l (Table 2), of which theannual fishery yield of 9900 t from the totalstudy area is a mere 2.7%. I have assurriedthat immigration of fish into the study areaequals ernigration. The fishery is dominatedby fish over 25 em longo The productivity offish exceeding this length is estimated at134,000 t(yr)"l of which the fishery yieldcomprises only 7.4%.

Three major species comprising 31 % ofthe yield are the detritivores Prochilodusnigricans, Semaprochilodus insignis and S.

insignis. Their combined yield of 3040 t wasmostly of fish aged 1+ and 2 + years, andthe total production was estimated at46,000 t/year, of which about 6,600 t wasfrom the exploited age groups. The latter isan underestimate because there are seasonalrnigrations of these age groups beyond thesampling area. Therefore the proportion ofproductivity of recruited fish of these speciestaken by the fishery, 46%, is an overestimate.

DISCUSSION

Future refinements in the fish pro-ductíon estimates when more growth dataare incóorporated are unlikely to change thegeneral conclusions from this analysis.Refinements wiIl probably increase the

.,production estiÍnates of small fish, whichwould strengthen the above evidence thatphytoplankton production. plays a minorpart energetically in supporting fish pro-duction. There is strong circumstantialevidence (e.g. Junk 1980), that the regimeof annual flooding and partial dessication,with the associated high turnover ofmacrophytes is responsible for high pro-

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100

N 60E-C7'

'"'" 40oEoCD

20

80

o15 30 60 120 240 480 960

FIG.3. Mean biomass density by length group, species [hatchede area is for detritivores only, verticallines arestandard errors indicating seasonalvariability after pooling the data im 26 fortnightly periodsl.

80N

E-•... 60>--C7'

Co 40..,::J"Ooe, 20

100

o15 30 60 120

Length240

(m m 1480 960

FIG.4. Total fish and decapod production by length group [hatched area is for detritivares only, vertical linesare standard errors indicating seasonalvariability after pooling the data in 26 fortnightly periodsl.

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duction of fish food. It is reemphasized herethat such high productivities would bedamaged if the present hydrology andvegetative cover in the várzea were altered.

The very low proportion of total fishproduction which is realized as yield to thefishery is partly due to the underutilizationof the available físh resources due to lack ofmarket for many species (Bayley 1981).

There is other evidence that the resourceas a whole is not being heavily exploited.Moderately exploited floodplain fisheries inAfrica and Asia typically yield 4 to6 t(kmr2yr-1 of maximum flooded area(Welcomme 1979:221), compared to the1.9 t(kmr2yr-1 of this area which is itselfhigher than for the basin as a whole. Usingthe 'productive area' ando adjusting forseasonal variation, Welcomme's norm wouldbe about 7.7 t(kmr2yr-1• Establishedtemperate marine fisheries in the 1960'sranged from 2.9 to 3.3 t(kmr2yr-1 (Dickie1972).

Ao intensive study in five areas in theCentral Amazon by Barthem (1981) usinga fleet of gillets ranging from 4 to 12 emstretched mesh fishing a total of 493 hoursproduced an average catch rate .of 64 kg/100 m of net/day. He compared this to therange of 6.2 to 24 reported by Welcomme(1979: 185) for a variety of floodplainfisheries in Africa, Asia and Colombia.

In spite of the evidence that the fisheryas a whole is not exploited to its potential,there is good evidence that the large speciesArapaima gigas and Colossoma macropo-mum have decIined markedly due to fishingeffort. In this area of study, which isrelatively more exploited, these specieson1y totalled 2.3% of the 1977 yield. Yetthey used to dominate the yield in this areaas they still do to a diminishing extent in theAmazon as a whole (petrere Junior 1978,Bayley 1981, Hanek 1982). This emphasizesthe need for more administrators tounderstand that increasing total yield doesnot, in the long term, result in increasedyield of the larger species which dominatedthe earlier, lower yields.

Although further increases in the fisheryare lirnited by econornic and technologicalfactors, there are other biological lirnits tothe species composition in the catch if these

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constraints were to be mitigated in thefuture.

High predation efficiencies indicated forpiscivores (Bayley 1983), and the short foodchains indicated by the fine detritus - fishand rnacrophyte - fish links suggest that thisfloodplaín system is very efficient once theplant material has been assimilated. But thehigh efficiency does not mean that thefishery ought to be more productive. Tightcoupling between trophic levels suggeststhatmuch of the surplus production is consumedby predators, a scenario considered by Mayet aI. (1979) and Pauly (1979). Theysuggested that one leveImay exploit anothernear its 'maximum sustainable yield' (MSY)which would profoundly affect the jointyield to a top predator such as man,

In conclusion, it is evident that potentialfor some expansion exists in the várzearelated fisheries, providing that the envíron-mental factors mentioned above do notdeteriorate. However, an increase in totalyield cannot be reliably predicted by thepopulation dynarnics of additional species,since this would imply that interactions areminor and populations can be managedindependently. Alternatively, the cost ofeven attempting to obtain information for amultispecies model in which species interac-tions are quantified is prohibitive. Assumingno technical or socío-economíc constraints,the extent to which yields can be predicteddepends on a critical evaluation ofconstantly-monitored yieldsplus conservativecomparisons with other floodplain fisheries.

ACKNOWLEDG.EMENTS

Support was provided through BrazilianFederal grants through the Instituto Nacio-nal de Pesquisas da Amazônia, CNPq, Ma-naus, through the efforts of Drs. W.E. Kerr,W.J. Junk, and E. Salati. Field advice andassistance was provided by A. Guedes dosSantos. Additíonal assistance from R. Soteroand J: Pena was also appreciated.

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PEIXE DE PISCICULTURA COM BAIXO CUSTONAS AGUAS DO TRÚPICO ÚMIDO

Jacques Bard1 e Emir Palmeira Imbiriha2

RESUMO - No ambiente tropical úmido é possível obter uma boa renda em piscicultura commétodos simples, desde que haja uma assistência técnica da extensão rural. O processo maisindicado é a criação consorciada de suínos, aves ou patos com a tilápia (Tilapia nilotica e hí-brido desta com a Tilapia homorum), com outros peixes de cultivo. A polpa de cervejaria,quando não utilizada para outros fins, como ocorre em alguns países do continente africano,é uma boa alternativa como fonte de alimentos na piscicultura. Há necessidade de serem efe-tuados ensaios utilizando subprodutos agroindustriais, tais como os provenientes da indús-tria de açúcar e de óleo de dendê, a fim de determinar seus efeitos na produção de peixes emcultivo.Termos para indexação: Desenvolvimento, peixe, piscicultura, subprodutos agroindustriais,bovino, suíno, aves.

..

LOW-INPUT PISCICULTURE IN THE WATERS OF THE HUMID TROPICS

ABSTRACT - It is poSsible to obtain good profits from rearing and breeding fish undercontrolled conditions in the humid tropics. However, it needs advice from the agriculturalextension service. One of the most feasible processes is the rearing of pigs, poultry orducks associated with tilapia (Tilapia nilotica or T. ni/otica x T. hornorum hybridsl or otherfish. Brewer's yeast, when not used for other purposes, as it happens in some Africancountries, is a 900d alternative for feeding the fish. Research is needed to evaluate de effectof agro-industrial byproducts such as oil palm and sugar cane residues, on fish production.Index terms: Development, fish, pisciculture, agro-industrial byproducts, cattle, pigs,poultry.

INTRODUÇÃO

Em muitos países em fase de desenvol-vimento, não é suficiente apenas melhorarou ter uma produção piscícola. É precisoenvolver o maior número possível de produ-tores visando elevar o nível de vida da popu-lação rural.· Em alguns países, a pisciculturapode representar uma fonte alternativa derenda, onde o produtor trabalha, inclusive,em tempo parcial.

Por outro lado, alguns subprodutos daagroindústria com alto valor alimentar paraos peixes, não são aproveitados, sobretudopor desconhecimento da tecnologia sobre oassunto.

Como não há uma tecnologia universalque possa ser aplicada de maneira homogê-

nea em piscicultura tropical, .este trabalhobaseia-se em experiências da Africa e Amé-rica Tropical.

INFORMAÇÕES BAslCAS

Em geral, as águas tropicais são pobresem nutrientes, embora sejam excelentes am-bientes que possibilitam a transformação dealimentos ou fertilizantes em peixes, e quesão fatores limitantes à piscicultura, e nemsempre visto desta forma. Esses fatores sãoresponsáveis pelo insucesso de alguns pro-gramas de desenvolvimento da piscicultura,como forma de melhorar a qualidade de ali-mentação das comunidades rurais.

A piscicultura independe de altos inves-timentos, podendo, inclusive, fazer uso da

~ ~~~:: ~::: ~~r;~~~~_~~~;'~~RAPA-CPATU. Caixa Postal 48, CEP66000 Belém, PA.

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mão-de-obra familiar, necessitando apenasde uma assistência técnica adequada, já quepode ser considerada uma tecnologia de fácilassimilação pelo produtor, como é o caso docultivo de tilápias.

ESCOLHA DA ESPÉCIE

Os peixes que apresentam resultados jácomprovados em sistema de produção são oProchilodus marggavi (originário do rio SãoFrancisco) e a Tilapia nilotica (espécie exó-tica, originária da África e introduzida noBrasil em 1971) e seu híbrido coma Tilapiahornorum. Essas espécies são onívoras, po-dendo ser consorciadas e apresentam umataxa de crescimento similar. A diferença bá-sica está em que o Prochilodus marggavi éum peixe de piracema, não desovando emáguas lênticas e seus alevinos são obtidosatravés de hipofisação. Já a Ti/ápia niloticadesova facilmente em viveiros e o machoapresenta um crescimento superior ao dafêmea, evitando-se assim, a superpopula-ção,

Embora a tilápia seja mais difundida noBrasil, tanto em piscicultura intensiva comoextensiva, o Prochilodus tem uma importân-cia bem mais representativa anível de produ-ção, atingindo cerca de 25.000 t, no lagoartificial de Sobradinho, na Bahia. A tilápia,embora não tenha produção nacional expres-siva, tem apresentado excelentes resultadosna piscicultura de fazenda, desde 1974.Outros métodos de criação com essas duasespécies devem ser testados, visando, sobre-tudo, à economicidade da produção.

Os peixes do gênero Colossoma, comoo tambaqui e pirapitinga, embora em faseexperimental, já apresentam bons resultadoscomo opção para piscicultura tropical.

USO DE SUBPRODUTOSAGROINDUSTRIAIS

A utilização dos subprodutos agroindus-triais na piscicultura baseia-se no fato de queeles sejam considerados resíduos sem valorcomercial, o que, conseqüentemente, excluias tortas de soja e de algodão, por exemplo.

A valorização desses subprodutos variade região para região e dentre os mais indi-cados estão:

Polpa de cervejaria

Utilizada comumente no trópico úmidoamericano na alimentação do gado, a polpade cerveja é desperdiçada no trópico úmidoafricano por não haver pecuária bovina, oque a torna um produto poluente e sem uti-lização,mesmo com uma produção de53.000 t, apenas na cidade de Duala, na Re-pública do Camerum. Essa produção poderiaser absorvida pela piscicultura já que, com12 kg de polpa fresca, se obtém 1 kg de tilá-pia. Extrapolando essa relação, se obteria4.400 t de peixe, o que, em 1982, represen-tava 12 milhões de dólares. Para tanto, bas-taria a construção de aproximadamente1.000 ha de viveiros, em um raio de 50 kmao redor. de Duala. Esta situação é semelhan-te em todas as cidades do trópico úmidoafricano que possuem cervejarias, comexceção de Bangui (República Centraficana)e Kinshasa (Zaire) que já utilizam esse pro-duto na piscicultura.

Subprodutos da indústria do açúcar

A indústria açucareira produz três sub-produtos:

- Bagaço: constituído pela celulose elignina da cana, sendo geralmente aproveita-do na produção de energia. Sua utilização nacriação de peixes está em fase experimental.

- Melaço: no Continente americano éaproveitado para fabricação de álcool e naalimentação de animais. Na África, o melaçoé pouco utilizado e também poderia seraproveitado na piscicultura.

- Torta ou lodo de filtração do caldo decana: é constituída pelos elementos sólidos,em suspensão no caldo da cana, que são eli-minados através de filtros rotativos ou depressão. A torta com características de umlodo preto é indicada como fertilizante paraa própria cultura, já que concentra 85% dofósforo contido na cana, sendo por issoaconselhável a sua utilização, pois o fósforoé fator limitante ria piscicultura tropical. Atorta de filtração da cana-de-açúcar, porapresentar o mesmo coeficiente de transfor-mação da polpa de cervejaria, também é indi-cada na criação de peixes, como fonte dealimentação. A diferença básica está em queas usinas de açúcar funcionam apenas duran-te seis meses do ano. Mas, com uma produ-

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ção de 50 tjdia de torta, ou seja, 9.000 t emseis meses é possível produzir aproximada-mente 700 t de peixe em 150 a 200 ha deviveiros.

Subprodutos da indústria da mandioca:Existem experiências na África tropicalúmida, mostrando resultados positivos naprodução de peixes com a imersão de man-dioca amarga nos viveiros de pisciculturapara eliminação dos componentes tóxicos.No Brasil, mais especificamente no Sergipe,experiências a nível de produtor, utilizandoos resíduos da indústria da mandioca asso-ciados aos da usina de concentrado de toma-te, revelaram incremento na produção.

Subprodutos da indústria de concentra-do de tomates: Os resíduos são os pevi-des e a pele acrescidos de água. A experiên-cia mais conhecida é a de um piscicultor deSergipe que utilizou os resíduos da indústriade concentrados de tomate, juntamente comos da mandioca, estes em menor quantidade,obtendo uma produção de 19 t de curimatãpacu, Prochilodus marggavi e tilápia, Ti/apianilotica, em 8 ha.

Resíduos comerciais: São utilizadosna criação de peixes alguns tipos de resíduoscomerciais, sobretudo frutas deterioradas,como por exemplo em Sergipe e na Repúbli-ca do Congo. Como a maioria das cidadesbrasileiras possui um sistema de comerciali-zação de produtos hortifrutigranjeiros,através das Centrais de Abastecimento -CEASAS, esses resíduos poderiam ser apro-veitados na alimentação de peixes.

CRIAÇÕES CONSORCIADAS

A piscicultura com o aproveitamento desubprodutos agroindustriais ou comerciaisgeralmente é desenvolvida próxima aos cen-tros industriais ou comerciais, enquanto quea piscicultura consorciada tem uma aplicaçãomuito mais ampla em termos geográficos eeconômicos, já que a exigência básica é queexista às proximidades dos viveiros uma cria-ção animal. Através da consorciação é possí-vel o aproveitamento direto dos resíduos dapecuária-dejeções líquidas e sólidas "innatura" - como fertilizantes para aumentara produção de peixes.

É importante ressaltar que a criaçãoconsorciada não significa adubação orgânica,já que neste último caso uma parte dos deje-

337

tos se perde, podendo ainda haver fermenta-ções prejudiciais ao peixe - chegando mesmoa causar sua morte - e, conseqüentemente,reduzindo o valor do subproduto e aumen-tando as despesas.

No Brasil, devido à diversificação dasatividades existentes nas propriedades rurais,a criação consorciada de animais domésticoscom peixes é favorecida. Entretanto, esse sis-tema ainda encontra-se em fase de desenvol-vimento, necessitando, dessa forma, demaior incentivo por parte do governo, atra-vés de programas especiais.

A criação consorciada pode ser aplicadatanto na piscicultura extensiva como na pis-cicultura intensiva. Na primeira, faz-se umuso paralelo de açudes (utilizados na irriga-ção, como bebedouros etc.), na segunda, énecessário a construção de viveiros para usoexclusivo dos peixes. Em síntese, se houvercriação intensiva de animais, a pisciculturaconsorciada será intensiva, se a criação forextensiva a piscicultura também será exten-siva.

Seja qual for o tipo de piscicultura a serdesenvolvida, é imprescindível que haja umcontrole da produção de peixes, do contrá-rio haverá um peixamento que poderá serutilizado com objetivos diversos, principal-mente recreativos.

CRIAÇÃO DE ANIMAIS CONSORCIADACOM PISCICULTURA EXTENSIVA

Uma das experiências que obtiveram re-sultados mais significativos provém da Ama-zônia peruana, através do aproveitamentodas áreas de vale (talveques) da estação vete-rinária de Pucallpa, transformando-os em pe-quenos açudes, com sistema de escoamento.Esses açudes recebiam fertilização orgânicáoriunda do gado e fertilização mineral, apli-cada às pastagens, na qual uma parte eracarreada pelas chuvas. O peixamento foi fei-to com espécies nativas como: curimatã,piau, tambaqui e pirarucu. Os alevinos utili-zados foram adquiridos de pescadores do rioUcayali, representando baixo custo pela pro-ximidade dos locais de captura.

A despesca e o esvaziamento total dosaçudes foram feitos uma vez por ano, naépoca chuvosa. O resultado mais significa-tivo foi obtido com o pirarucu, alimentado

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com peixes nativos de baixo valor comercial,apresentando um crescimento individual mé-dio de 10 kg/ano (Guevara"). Essa experiên-cia pode ser aplicada no Brasil, desde quehaja um controle da população piscícola dosaçudes.

CRIAÇÃO DE ANIMAIS CONSORCIADACOM A PISCICULTURA INTENSIVA

Neste tipo de piscicultura todos os ani-mais domésticos podem ser consorciados,desde que sua criação seja também intensiva.Os animais que têm uma alimentação sem oucom um mínimo de fibras (suínos, aves, pa-tos) apresentam melhores resultados que osherbívoros (bovinos, bubalinos, ovinos), oque, entretanto, não descarta a sua utiliza-ção.

Entre os animais domésticos, o suíno éo que apresenta melhores resultados, comum menor investimento. Embora esta con-sorciação seja bastante difundida, não seconhece com exatidão a produção máximade peixe. Em termos estimativos cerca de20 a 25% da produção de suíno, obtém-seem peixes.

No Brasil, a consorciação com peixesmais bem sucedida foi a experiência de umfazendeiro mineiro, que aproveitou a águados bebedouros de aviários, contendo restos

de ração. A produção de tilápia híbrida atin-giu 22 tlha, em oito meses, um resultado quesupera significativamente a média que estáem tomo de 10 t/ha, sobretudo, levando-seem consideração que a criação teve início noperíodo invemoso com os alevinos mostran-do excelente resistência ao frio.

CONCLUSÃO

Qualquer que seja o método de cultivo,é imprescindível:

- um rigoroso controle da populaçãode peixe, através do esvaziamento total doviveiro ou do açude;

- a existência de centros de distribui-ção de alevinos com produção suficientepara atender a demanda dos piscicultores; e

- o acompanhamento e assistência téc-nica, por parte da extensão rural.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, AJ.L. & BARD, J. A criação de ani-mais domésticos consorciada com a criação detilápia híbrida. Paris, CTFT, 1982. (CTFT.Notes et Documents sur Ia Pêche et Ia Pisei-culture, 22).

BARD, J. & PAIVA, M.P. Aproveitamento da vi-nhaça em piscicultura. Rio de Janeiro, Saccha-rum,1981.

TAN HONG TONG. A review of palm oil mildefluent utilization. Kual Lumpur, KonperensiBudidaya Karet & Kelapa Sawit, 1981.p.137-51.

3 Comunicação pessoal de experiências no Ivita, Pucallpa, Peru em 1975.

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ESTUDO PRELIMINAR SOBRE DENSIDADE DE ESTOQUEDO TAMOA TA Hoplosternum littorale(HANCOCK, 1828) EIG & EIG., 1888

(PISCES, CALLlCHTHIDAE)

Oionisio dos Santos de jesus! , Raimundo Aderson Lohão de Souza!e Carlos Augusto Cordeiro Costa 1

RESUMO - Objetivando determinar a melhor densidade de estocagem de tamoatá iHoplos-ternum littorale) para sua criação em cativeiro realizou-se um experimento, no "Campus"da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, nos arredores de Belém , em oito tanques de fi-brocimento, com área de 1,25 m2 por 0,8 m de profundidade. A fertilização dos tanques,foi realizada com esterco de gado curtido, a base de 200 kg/m 2 /semana. Como complemen-tação alimentar ministrou-se ração para engorda de aves, a base de 3% da biomassa dos pei-xes estocados. Nos resultados preliminares, foi verificado-que a melhor densidade é de trêspeixes/rn 2, que atingem uma evolução de comportamento e peso médio ao final de sete me-ses em torno de 124 mm e 75 g, respectivamente.Termos para indexação: Tamoatá, Hoplosternum littorale, piscicultura, taxa de estocagem.

PRELlMINARV STUDV OF TAMOATÁ Hoplosternum littorale(HANCOCK, 1828) EIG & EIG., 1888 (PISCES,CALLlCHTHIDAE)

STOCKING DENSITV

ABSTRACT . An experiment was conducted to determine the optimal stocking density of"tarnoatá" (Hoplosternum littorale) cultivation in captivity. The experiment was carriedout on the Campus of the Faculty of Agricultural Science in Belém, Pará, in eight fiberglasstanks 1.25 m2 in area and 0.8 m deep. Tanks were fertilized with 200 kg/m2/week of cowmanure. Chicken fattening ration was added at the rate of ~% of fish stocking biomass.Preliminary results indicate that the best density is 3 fish/m , which grew to an averagesize and weight of 124 mm e 75 gm, respectively, after 7 months.

Index terms: Tamoatá, Hoplosternum littorste, fish culture, stocking rate.

INTRODUÇÃO

A procura de informações sobre a den-sidade de estocagem do tamoatá, Hoplos-ternum littorale (Hancock, 1828), para asua criação em cativeiro no Estado do Pará écada vez mais crescente, sem, no entanto,essa demanda ser satisfeita, visto que há umacarência de pesquisa relacionada ao assunto.

Tuma (1978), em estudos de biologiaafirma que "o tamoatá desova em cativeiroe, ainda, em ambiente restrito como o deum pequeno tanque de fibrocimento".

Para uma boa colheita de peixes de bompeso e tamanho, boa conversão alimentar e

1 FCAP. Caixa Postal 917, CEP 66000 Belém, PA.

maior viabilidade econômica de produção, énecessária uma densidade perfeitamenteequilibrada.

Albuquerque Filho (1977), cita que aestocagem de peixes varia em função daidade das espécies piscícolas, da qualidade evelocidade de renovação dos tanques.

MATERIAL E Ma:TODOS

o experimento realizou-se no "campus"da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará -FCAP, constando de oito tanques de fibro-cimento encravado em paralelo, com área de

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1,25 m2 por 0,8 m de profundidade, abaste-cidos com água de consumo, através de tu-bos PVC de 3/4", controlada por válvulas. Aqueda ocorreu a uma altura de 40 em pormeio de tubulações perfuradas para facilitara oxigenação. Sua renovação foi controladapor meio de válvula, localizada no fundo dostanques com saídas teladas, mantendo umavazão média constante de 0,0182 I/seg. Abateria de tanques foi submetida a modifi-cações no sentido de dar maior semelhançaàs condições naturais dos seres aquáticos. Opiso foi composto por camadas de areiagrossa, argila e esterco de bovinos.

Durante todo o experimento foi manti-da como vegetação aquática o mururé,Eichornia crassipes, ocupando um terço daárea de cada tanque. Os exemplares destina-dos à estocagem para observações totaliza-ram 56 alevinos de tamoatá, com um pesomédio de 20,5 g e comprimento total médiode 75 mm, procedente de Cachoeira do Arari(Ilha do Marajó-PA). Para o procedimento daestocagem dos alevinos em diferentes densi-dades, admitiu-se o critério de sorteio con-forme o quadro abaixo:

Tan3ue NT L W -Bn. (mm) (g)

1 10 80,0 19,0 190,05 10 80,0 30,6 306,02 8 80,0 19,0 152,08 8 80,0 19,0 152-,03 6 80,0 30,0 180,06 6 80,0 20,0 120,04 4 80,2 30,0 120,07 4 80,2 30,0 120,0

Os efeitos da densidade de estocagem dotamoatá foram estudados mediante amostra-gens biométricas mensais, durante sete mesesem cada tanque independentemente. Os pa-râmetros observados foram: peso, compri-mento, alimentação e duração do experi-mento. As avaliações de peso e comprimen-to médio foram efetuados segundo as expres-sões:

_ LTL: NT

B

NTe W:

onde:

L comprimento médioLT: comprimento totalNT: número de indivíduos estocadosW peso médioB : biomassa total

A alimentação complementar foi busca-da nas seguintes expressões:

3R:Bx--

100

B: WxNT

onde:

R : raçãoB : biomassa

Para a determinação do tempo em rela-ção a evolução do peso e comprimento, re-gistrou-se o início e o comprimento nasamostras mensais, até notar-se uma acentua-da redução na velocidade de crescimento.

A fertilização dos tanques, foi realizadacom esterco de gado curtido, à base de200 g/m2/semana. Como complementaçãoalimentar ministrou-se ração para engordade aves, acrescida com resíduo de alimen-tação caseira de fácil decomposição, à 3%de biomassa dos peixes estocados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante as observações, os viveiros denúmeros 1 e 5 (com 10 alevinos) e 2 e 8(com 8 alevinos), 3 e 6 (com 6 alevinos),não atingiram evoluções significativas, aocontrário dos tanques 4 e 7, com 4 peixesestocados, que apresentaram um crescimen-to de 205 mm e 205 mm, respectivamente,com uma evolução ao final de sete meses de124,8 mm com um percentual em torno de155% (Tabelas 1 e 2).

O período de maior velocidade de cres-cimento ocorreu quando O~ peixes atingi-ram 113 de seu peso máximo, confirmandoa teoria de Csirke (1980).

CONCLUSÕES PRELIMINARES

Como resultados preliminares, é possí-vel concluir que:

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TABELA 1. Comprimento médio inicial e final com respectiva evolução ao final de 7 meses nos viveiros comdiferentes densidades.

L Imm) L(mm) Evolução

NT/1,25 m2 inicial finalmm %

10 80,0 99,8 19,8 24,758 80,0 146,0 66,0 82,506 80,0 157,0 77,0 96,254 80,2 205,0 124,8 155,6

10 82,0 148,0 66,0 80,486 80,0 156,0 76,0 95,004 80,2 206,0 125,8 156,868 80,0 99,8 19,8 24,75

Viveiroon.

12345678

TABELA 2. Peso médio inicial e final com respectiva evolução ao final de 7 meses nos viveiros com diferen-tes densidades.

Viveiro W (g) W (g) Evoluçãoo NT/1,25 m2 inicial finaln.

9 %

1 10 19,0 20,9 1,9 102 8 19,0 25,0 16,0 84,213 6 30,0 39,5 9,5 31,664 4 30,0 105,6 75,6 252,005 10 30,6 47,0 16,4 53,596 6 20,0 49,0 29,0 145,007 4 30,0 106,0 76,0 253,338 8 19,0 21,6 2,6 13,68

I) A melhor densidade de estocagem dotamoatá em pequenos tanques de fibroci-mento, é de três peixes por metro quadrado.

2) Nessa densidade o tamoatá atinge umcomprimento e peso médio ao final de setemeses, em torno de 124 mm e 75 g, respecti-vamente.

3) O tamoatá aceita em sua dieta resí-duos de alimentação caseira de fácil decom-posição, adicionadas à sua alimentação nor-mal.

REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICASALBUQUERQUE FILHO, G.C. de. Piscicultura

continental. Belo Horizonte, Ed. Vega, 148.1977.

CSIRKE. J. Introdução a Ia dinâmica de poblacio-nes de peces. FAO. DOC Tec. Pesca. (192):82p. J 980.

HUET, M. Tratado de Piscicultura. Madrid, MundiPrensa, 1973.

TUMA, Y.S. Contribuição para o conhecimentoda biologia do tamoatá - Hoplosternumlittorale (Hancock, 1828) Eig. & Eig. 1888(Pisces, Callichthyidae) da Ilha do Marajó,Pará, Brasil. B. FCAP., Belérn, (10):56-76,dez. 1978.

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AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E DA PRODUÇÃODE JARAQUIS (Semaprochilodus SPP), EM AÇUDE

DE IGARAPE DE TERRA FIRME NOS ARREDORESDE MANAUS, AMAZONAS!

Emiko Kawakami de Resende", Ernst W. Graef2 , Evoy Zaniboni Filho2 ,Ana Maria Paixão? e Atílio Storti Filho2

RESUMO - Foi testado o potencial de crescimento e de produção de jaraquis (Semaprochi-lodus spp) em açudes de igarapé de terra firme, de águas quimicamente pobres, utilizandoresíduos de lavagem de dejetos de criação de suínos como fonte de alimento e de adubaçãoorgânica. Num período experimental de 383 dias, numa taxa de estocagem de 1 peixe/m2

,a produção foi de 1267 kg/ha, com crescimento análogo daquele obtido em ambiente na-tural. As condições físico-químicas da água do açude foram acompanhadas mensalmente.Os jaraquis mostraram um bom potencial para cultivo na Amazônia.Termos para indexação: Jaraqui (Semaprochilodus spp), crescimento, produção, fertiliza-ção orgânica.

EVALUATION OF GROWTH ANO PRODUCTION OF "JARAQUI"(Semaprochilodus SPP) IN "TERRA FIRME"

STREAM IMPOUNDAGE N'EAR MANAUS, AMAZONA:>

ABSTRACT - The potential growth and production of jaraquis lSernaprochilodus spp) in"terra firme" stream impoundment with chemically poor waters was evaluated. The wastewater from pig sties was used as a source of food and organic manure. During theexperimental period of 383 days and with a stocking density of 1 fish/m2, the productionwas 1,267 kg/ha. The fishes in the impoundment presented similar growth to those fromlakesand rivers. The jaraquis are promising candidates for fish culturing in the Arnazon.

Index terms: Jaraqui (Semaprochilodus spp), growth, productlon, organic fertilization.

INTRODUÇÃOA distribuição do gênero Semaprochilo-

dus é bem ampla na América do Sul e incluia bacia do Orinoco, do Amazonas e a regiãodas Guianas. Na bacia amazônica o jaraqui(Semaprochilodus spp) é encontrado emgrande abundância e constitui uma das es-pécies favoritas e amplamente aceitas paraconsumo pela população humana. No merca-do Adolfo Lisboa de Manaus foram desem-barcados jaraquis, respectivamente, na or-dem de 4969, 6507 e 6284 toneladas nosanos de 1976, 1977 e 1978, constituindo-sena segunda espécie mais abundante em ter-mos de peso (Petrere Junior 1982).

Os jaraquis na bacia Solimões-Amazo-nas e seus tributários estão representados porduas espécies bem definidas, conhecidascomo jaraqui de escama grossa, S. insignis ede escama fina, S. taeniurus, são de hábitosalimentares iliófagos e se alimentam de peri-fiton, bem como de material orgânico (detri-tos) encontrados nos sedimentos dos lagos erios (Mago Lécia 1972, Ribeiro 1983). Apre-sentam um estômago químico e outro mecâ-nico, de parede muscular espessa, semelhan-te à moela das aves, que tem função muitoimportante na trituração e aproveitamentodo alimento ingerido (Chaves & Vazzoler,no prelo).

1 Trebalho financiado pelo POLAMAZÓNIA.2 INPA. Divisão de Aquacultura. Estrada do Aleixo, km 4. CEP69000 Manaus,AM.

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344

Embora os jaraquis, como a maioria doscaracóides, tenham muitos ossos intramus-culares, são altamente apreciados pela popu-lação local, pois o hábito do povo amazo-nense de "ticar" o peixe, elimina esse inco-veniente, e em muitas ocasiões, chegam a serpreferidos às demais espécies de peixes.

As águas de igarapés de terra firme ca-racterizam-se por serem ácidas e pobres emnutrientes, com pH geralmente de 4,5, alca-linidade de 0,009 m vai e condutividade de8,52 uS (20°C) (Fittkau 1967). Os nutrien-tes, principalmente os nitrogenados, apresen-tam concentrações, em média, da ordem de550 IJ.g/1 de nitrogênio total e fosfatos de8,0 p.g/l de fósforo total (Ribeiro et al.1978). Ao se penetrar nas áreas de terra fir-me, depara-se assim com um quadro degrande escassez de fontes protéicas para apopulação humana, principalmente no quese refere aos peixes nos igarapés.

Este estudo tem por objetivo avaliar opotencial de crescimento e de produção dejaraquis nessas águas pobres de igarapés deterra firme, utilizando o resíduo da lavagemdos dejetos de criação de suínos como fontede alimento e de adubação orgânica.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em umaçude formado pela construção de barragemem um igarapé de terra firme, nas cercaniasde Manaus, localizado às margens da Estradado Tarumã (Fig. I). O açude possui uma áreaestimada de 6000 m? de espelho de água, e éabastecido por um pequeno igarapé perma-nente, com fluxo variável de água, dependen-do da época do ano. O escoamento é efetua-do por um monge de ferro. A profundidadedo açude variou de 0,5 m na cabeceira a2,5 m nas proximidades do monge.

As instalações utilizadas para a criaçãode suínos localizam-se no plano superior,cerca de 15 m acima do açude. A água de la-vagem das pocilgas, após a retirada da maiorparte dos dejetos e que serviram como fontede alimento e de adubação orgânica do açu-de, atingiram o mesmo pela sua margem es-querda através de uma canaleta rasa escava-da na própria encosta.

Os 6.000 jaraquis, de escama fina e gros-sa, utilizados no experimento foram captu-rados na natureza, na forma de alevinos e

estocados no açude em 16.06.83, na densi-dade de 1 peixe/rn", com peso médio de8,0 g e comprimento furcal médio de 9,1 em.O experimento teve duração de 383 dias.

Mensalmente, cerca de 40 jaraquis eramcapturados com rede de cerco, anestesiados eobtidas as medidas de peso total e compri-mento furcal e de dois a três exemplares,retirado o trato digestivo para determinaçãodo regime alimentar.

as dados físico-químicos da água foramobtidos em quatro pontos pré-determinados,conforme assinalado no mapa esquemáticoda Fig. I. Foram medidos os seguintes parâ-metros físico-químicos da água, entre dez edoze horas: temperatura, pH, oxigênio dis-solvido, condutividade e transparência.

Nas estações 1 e 2, os dados de oxigêniodissolvido foram tomados em três profundi-dades: camada superficial, a um metro deprofundidade e na camada de água próximaao fundo. Os dados de temperatura foramcoletados na camada superficial e a um me-tro de profundidade. Nas demais estações,apenas na camada superficial.

Os parâmetros físico-químicos foramanalisados considerando-se as médias emcada período, nas diferentes profundidades.

Para uma compreensão da variação diu-turna do teor de oxigênio dissolvido e datemperatura da água, foram medidos os va-lores desses parâmetros de hora em hora naestação I, no dia 26-27.09.83.

Para avaliação do crescimento dos ja·raquis de cada período amostrado foramcalculadas as médias e intervalos de con-fiança da média, a biomassa, o incrementodiário e o incremento mensal.

A relação peso total x comprimento fur-cal foi obtida ajustando-se aos pontos equa-ção de reta pelo método dos mínimos qua-drados, após transformação logarítmica.

O fator de condição relativa, Kn, quereflete o estado fisiológico do peixe (bemestar), condicionado pela interação de fato-res bióticos e abióticos, foi calculado atra-vés de fórmula usualmente utilizada

WtK - -- (Le Creen 1952).

n - aLfb

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345

Aeroporto "Eduardo Gomes"

Estrada do Torumõ

,Area estimada

6000 mZ

~Est.2

BARRAGEM

- Entrada da óguade lavagem daspocilgas

FIG. 1. Diagrama do açude de criação dos jaraquis em igarapé de terra firme.

onde:

Wt = peso total4 = comprimento furcala e b = constantes da equação peso x

comprimento furcalPara avaliação da produção dos jaraquis

foram coletados os dados de peso médio ebiomassa iniciais e finais, produtividade,crescimento diário e sobrevivência.

RESULTADOSCondições físico-químicas do açude

As temperaturas mais elevadas (Fig. 2)ocorreram nos meses de setembro a novem-bro, com valores superiores a 300C na cama-

da superficial de água. Nos demais per íodos,foram sempre inferiores a 30oC, variandoprincipalmente de 27 a 30oC. Tais tempera-turas caracterizam realmente corpos d'águalocalizados em áreas tropicais.

Os teores de oxigênio dissolvido, emmédia, na camada superficial (Fig. 2) va-riaram de 2,9 a 13,3 mg/l, sendo que asconcentrações mais elevadas ocorreram nosmeses de agosto a janeiro. A um metro deprofundidade, as concentrações médias deoxigênio dissolvido foram sempre superioresa 5 mg/l . Na camada de água próxima aofundo a concentração mais baixa foi obser-vada em julho (2,9 mg/L). Os valores médiosde pH variaram de 4,9 a 8,8, sendo que essevalor máximo foi registrado em dezembro(Fig. 2).

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346

(oC)

33,0

31,0

29,0<,

,--27,0

L-.

o"O'>õ••••••'6o'c~';:Co

13,0

11,0

9,0

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16

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1 metro_._.- fundo

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FIG. 2. Valores médios de temperatura, oxigênio dissolvido, pH e condutividade, emaçude de igarapé de terra firme, durante o período estudado.

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A condutividade média mais elevada(Fig. 2) foi observada em dezembro (17,7 uS)e as mais baixas em março e julho/84 (8,9 e9,2 uS).

A transparência média observada esteveao redor de 0,5 m. Na estação 4, localizadana cabeceira do açude e pouco profundo, namaioria das vezes a penetração de luz alcan-çava até o fundo.

Variações diutumas de temperaturas(Fig. 3) ocorreram apenas na camada de águasuperficial, com valores mais elevados entreonze e 19 horas, e mais baixos entre cinco esete horas da manhã. A um metro de profun-didade, as variações foram mínimas.

Com relação ao teor de oxigênio dissol-vido (Fig. 3), na camada superficial, ocorreuuma diminuição gradativa a partir das 18 ho-ras, com mínimo às sete horas da manhã(7 mg/l = 91 % de saturação); a partir doqual, houve um aumento rápido nas primeirashoras, entre sete e dez horas da manhã, eposteriormente, um aumento mais lento atéas 17 horas (11,6 mg/l = 156,8% de satura-ção). A um metro de profundidade e na. ca-mada próxima ao fundo, as variações diutur-nas não foram tão evidentes. Nessa última, osteores de oxigênio dissolvido foram baixos,quase sempre inferiores a 2 mg/l.

Em termos de oxigênio, as águas doaçude apresentaram durante o ano condiçõesconsideradas boas para o desenvolvimentodos peixes.

Crescimento e produção de peixes

Os jaraquis, em 383 dias de cultivo, cres-ceram de um comprimento furcal médio epeso total médio, respectivamente, de9,1 em e 8,0 g para 18,1 em e 127,7 g (Ta-bela 1 e Fig. 4). Os ganhos em peso e com-primento foram mais elevados nos doisprimeiros meses de cultivo. Em termos depeso, ganharam diariamente 0,66 e 0,91 g,correspondentes a incrementos percentuaismensais da ordem de 348 e 201 % e em ter-mos de comprimentos, 0,09 e 0,08 em,correspondentes a 141,2 e 125,7%. Duran-te o período analisado houve, em média,um incremento percentual em peso de1403,3% e em comprimento, de 226,2%.

Os pesos mínimos e máximos ao fundos 383 dias foram, respectivamente, de 100a 183 g, correspondendo a comprimentosfurcais de 16,7 e 19,7 em. Entre novembro e

347

dezembro, o crescimento foi bastante baixo,o qual foi recuperado em janeiro, a partir doqual o incremento processou-se regularmen-te em taxas mais baixas.'

Na Fig. 5 está representada graficamentea relação peso total (g) x comprimento fur-cal (em). A equação que descreve essa rela-

-ção é: Wt = 0,01058 Lf3,245.O fator de condição que reflete as con-

dições fisiológicas do peixe, variou de 0,95 a1,13 (Fig. 6). Os valores mais elevados ocor-reram em julho e agosto. Uma queda bruscafoi observada de agosto para setembro. Nos

..demais meses, observaram-se variações me-nos acentuadas, .

A densidade de estocagem estimada paraeste experimento foi de 1 peíxe/m? (Tabe-la 2). A biomassa inicial foi de 54,6 kg e afinal de 766,2 kg, equivalente a uma produ-ção de 1267 kg/ha/ano. O incremento diárioem peso, estimado para todo o período, foide 0,31 g. Estimou-se que a sobrevivência te-nha sido de 100%, visto não ter sido obser-vadó nenhum peixe morto, em nenhuma

. ocasião. Durante as medições mensais efe-tuadas, macroscopicamente,· não foramobservados peixes com sintomas de qual-quer tipo de doença.

Alimentação

Os resultados da análise do conteúdoestomacal (Tabela 3) revelaram que no açude,

32]

Í'"E 28~ +- - Superfície---- 'm._.- Fundo

/-._--,.-._. __ ._-_/ .•...•_.-._.-_._./._--I I I I I I I I I I I I I I

16 18 20 22 24 2 4 6 8 10 12 14 16 18

h o r a I

FIG. 3. Perfis de temperatura (OC) e de oxigêniodissolvido (mg/1) na água do açude duran-te 24 h. em três níveis de profundidade.

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w~00

TABELA 1. Dados de crescimento em peso e comprimento furcal de jaraquis em açude de igarapéde terra firme.

Comprimento furcal Peso total Biomassa Incremento Incremento mensalIcm) (g) (9) diário (%)

Data N?Amplitude x ±t Sx

Amplitude x ± t s x 6000 Comprimento Peso Dias Comprimento Pesovariação variação x (em] (g)-

16.06.83 183 5,4 . 11,4 9,1 ± 0,4 2,6 - 23,8 8,0 ± 0,1 54,60020.07.83 41 9,6 -12,2 11,3 ±0,2 14,0· 44,0 31,7 ±2,2 190.200 0,09 0,66 34 141,2 348,324.08.83 40 12,0 - 15,5 14,2 ±0,2 34,0 - 81,0 63,6 ±3,0 381.600 0,08 0,91 35 125,7 200,628.09.83 41 13,0 - 16,5 15,3 ±0,3 41,0 - 91,6 72,0 ±3,9 432.000 0,03 0,24 35 107,7 113,203.11.83 43 13,9 - 17,0 15,8 ±0,2 57,0·121,0 86,4 ±4,0 518.400 0,02 0,40 36 103,3 120,007.12.83 41 14,8 - 17,9 16,2 ±0,3 61,0-109,0 88,6 ±4,2 531.600 0,06 0,06 34 114,08 102,511.01.84 41 15,2-19,2 17,1 ±0,3 73,2 -151,0 106,2 ± 5,8 637.200 0,03 0,50 35 105,5 119,915.02.84 55 15,8 - 20,2 17,4 ± 0,2 92,0 -167,0 109,1 ±3,6 654.600 0,01 0,08 35 101,7 102,722.03.84 42 16,3 - 19,2 17,6 ±0,2 90,7 - 153,0 144,4 ± 5,0 686.400 0,01 0,15 35 101,1 104,925.04.84 45 16,5 - 19,9 17,9 ± 0,2 93,7 - 168,7 120,7 ±4,3 724.200 0,01 0,18 34 101,1 105,530.05.84 40 16,0 - 19,7 17,8 ± 0,2 97,0 - 175,0 126,7 ± 5,0 760.200 -0,003 0,17 35 - 0,6 105,004.07.84 45 16,7 - 19,7 18,1 ±0,2 100,0 - 173,0 127,7 ±4,2 766.200 0,01 0,03 35 101,7 100,8

Total 383 226,2 1.403,3

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180

160

140

120

~IOO

c:>c:> 80-'"'"...a..

60

40

20

349

19,0

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17,0

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11,0 s<:...E

9,0 .;::Q.

E'"u

7,0

5,0

o 34 69 104 140 174 209 244 279 313 348 38316/6 20/7 24/8 28/9 3/11 7/12 11/1 15/2 22/3 25/4 30/5 4/7

lem po/ dolo do medido

FIG. 4. Curva de crescimento em peso e comprimento furcal de jaraquis Semaprochilodus spp criados emaçude de igarapé de terra firme.

os jaraquis estavam se alimentando predomi-nantemente de detritos orgânicos, perfazen-do sempre valores superiores a 70% do con-teúdo encontrado. Outros itens observadosforam algas e, às vezes, rotíferos e briozoá-rios. Misturados aos alimentos, sempre fo-ram observados grãos de areia.

DISCUSSÃO

As condições do açude no que tange àqualidade da água para criação de peixes,apresentaram-se boas durante o período es-tudado. Os teores de oxigênio estiveram den-tro dos limites de tolerância para o cresci-mento adequado dos peixes (Wheaton 1977).

A condutividade observada nas águas doaçude já reflete um certo grau de enrique-cimento, devido à introdução da adubaçãoorgânica, proveniente da água de lavagem daspocilgas, muito embora, comparativamente aoutras regiões, ainda sejam consideradaságuas pobres.

O crescimento dos jaraquis neste açude,tanto em peso como em comprimento foi

similar ao encontrado para aqueles criadosem ambiente natural, conforme dados obti-dos por Vazzoler (com. pessoal). Pode-sedizer que as condições de criação em cativei-ro foram boas, uma vez que o crescimentoobtido foi semelhante àquele do ambientenatural.

À primeira vista, não há uma relação en-tre as variações do fator de condição relativoe os parâmetros ambientais analisados. Entre24/8 e 28/9, quando houve uma diminuiçãoacentuada no fator de condição, as condi-ções de temperatura, oxigênio dissolvido econdutividade eram propícias ao desenvolvi-mento.

A produtividade encontrada de 1267 kg/ha/ano, em termos de peixe i1iófago, podeser considerada elevada em relação aos obti-dos por outros autores, ao trabalharem comoutras espécies de hábitos alimentares seme-lhantes. Lovshim et aI. (1980), ao trabalha-rem com curimatã comum (Prochilodus cea-rensis), no Ceará, na densidade de 1 pei-xe/m2

, obtiveram produção de 337 kg/ha,em seis meses. Em período semelhante, o

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350

180

,5 16 18 20

i i I

8 10 12 14Comprimento furcol (cm)

160

140r = 0,99

120

o~ 80oli)

cf60

40

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~":"" ...'

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.".e. _._.:-

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" "-.

FIG. 5. Representação gráfica da relação peso total x comprimento furcal de Sema-prochilodus spp criado em açude de igarapé de terra firme.

jaraqui mostrou produção de 886 kg/ha,valor 2,5 vezes superior ao do curimatã co-mum. Os mesmos autores, trabalhando comcurimatã pacu, Prochilodus argenteus, obti-veram produção de 958 kg/ha/ano. Igual-mente, em período semelhante, a produçãodo jaraqui foi de 1267 kg/ha/ano, mostrandooutra vez, produção mais elevada.

Dados obtidos com cultivos de "boca--chico", Prochilodus reticulatus, na Colom-bia (FAO 1975), mostraram produção esti-mada máxima de 322 kg/ha/ano, em densi-dade de estocagem de 1 peixe/I O m2

.

A produção obtida para o jaraqui apro-xima-se bastante daquela da carpa espelho,de 1531 kg/ha/ano, em poli cultivo com tilá-pia híbrida no Nordeste (Brasil 1983).

Comparando-se com a criação de gadoem terra firme, cuja produção é estimada em300 kg/ha/ano (Lourenço Junior et aI. 1979),a produção dos jaraquis, de 1267 kg/ha/ano,pode ser considerada excelente.

Com relação aos conteúdos estomacaisdos jaraquis é de se supor que a matéria orgâ-nica da lavagem dos dejetos dos suínos estásendo aproveitada diretamente pelos peixese, também, indiretamente, sob a forma de al-gas e outros organismos em menor escala.Em geral, os detritos orgânicos compõemmais de 70% do conteúdo estomacal, salien--tando-se a importância do aproveitamentodireto da matéria orgânica proveniente dosdejetos, que pela via indireta.

Experimentos preliminares, utilizando-

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1,2

i 1,1fi..j

16/6 20/7 24/8 W9 3/11 1/12 11/1 ~ 22/3 25/4 W~ 4/7

Período de omoslrogem (meses)

FIG. 6. Fator de condição relativo dos jaraqui.sd\Jrante o perfodo amostrado.

TABELA 2. Dados relativos ao experimento demonocultivo de jaraqui, Semsprochi·lodus spp..

Parâmetros Densidade

Area do viveiroDensidade inicial/viveiroPesomédio inicial (glPesomédio final (g)Biomassa inicial (kg)Biomassa final (kg)Produtividade (kg/ha/anolCrescimento (g/dialSobrevivênciaDias de experimento

1000m2

1 peixe/m2

8,0127,754,6

766,21267

0,31(100%1383

351

possibilidade da utilização direta dos dejetoscomo fonte de alimento para os jaraquis.

Nos 'experimentos de criação de curima-tã comum e pacu, Lovshim et alo (1980),além de fornecerem alimentos aos peixes(resíduos de agricultura, como tortade baba-çu e farelo de trigo), efetuaram também adu-bação orgânica com 56 kg/ha de superfosfa-to, 42 kg/ha de sulfato de amônia e 280 kg/hade fezes de galinha e, mesmo nessas condi-ções, a produção obtida foi bastante inferiora dos jaraquis criados em nosso experimen-to com adubação orgânica. Segundo os auto-res, observações feitas em aquário mostramque os curimatãs não ingerem alimento massugam-no, sendo que as partículas maioressão rejeitadas. Nessas condições, apenas umapequena parte do alimento que foi oferecidochega a ser aproveitado, levando aos altos va-lores de taxa de conversão encontrados (5,8a 8,7). Os comentários tecidos pelos autoresde que os peixes que não aceitam ração temuso limitado em piscicultura intensiva, por-que nunca alcançarão alta produtividade,merecem destaque particular. Em observa-ções efetuadas na nossa Estação Experimen-tal de Piscicultura, os jaraquis, de hábitos ali-mentares análogos aos dos curimatãs, aceita-ram e consumiram bem uma ração para aves,moída, quando a mesma era oferecida sus-pensa, embrulhada em rede de filá (tecidocomumente utilizado para mosquiteiro), ouquando em cochos suspensos à meia-água.

.'

TABELA 3. Resultados da análise do conteúdo estomacal dos jaraquis criados em açude de igarap6 de terrafirme.

() Item alimentarn.Data exemplar Grau de repleção

Predominante Outros

24/08/83 03 cheio detrito orgânico algas03/11/83 03 1/2 cheio07/12/83 03 1/2 cheio11/01/84 04 3/4 cheio15/02/84 02 1/2 cheio22/03/84 02 1/2 cheio25/04/84 02 1/2 cheio30/05/84 02 1/2 cheio

-se os resíduos provenientes das rações e deexcrementos de peixes, mantidos em sistemade circuito fechado de água como fonte dealimento para jaraquis, mostraram resultadosaltamente satisfatórios, corroborando a

Fica assim registrada a possibilidade de au-mentar a produção dos jaraquis, alimentan-do-se com ração artificial.

Segundo resultados de cultivo de "boca--chico", Prochilodus reticulatus, também de

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hábitos iliófagos, o ganho de peso dessespeixes foi muito mais elevado naqueles vi-veiros onde houve introdução acidental detilápias, indicando que esses peixes herb ívo-ros aumentaram o crescimento de "boca-chí-co", provavelmente pela fertilização dos vi-veiros com suas fezes (FAO 1975).

Eventualmente, há a possibilidade de seaumentar a produção dos jaraquis através docultivo com outras espécies, com adubaçãoorgânica e com a adição de ração para osmesmos. A primeira alternativa encontra-seatualmente em teste, em cultivo com o ma-trinchã, Brycon sp.

CONCLUSÕES

Considerando-se as condições de cultivodos jaraquis utilizadas neste trabalho (apenascom adubação orgânica), o tipo de água qui-micamente pobre, encontrada nas áreas deterra firme, e a sua boa aceitação popular,pode-se concluir que os jaraquis apresentamum bom potencial para cultivo na Amazônia.

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COMPOSIÇAO QUfMICA DE FARINHAS DE ALGUMASESPECIES DE PEIXES DO BAIXO RIO XIN9U, PA

José Roberto de A. Moreira ", P.G.S. Sá2 e A. Garcia '

RESUMO - Foram estudadas as composições químicas proximais de cinco farinhas de peixesde três espécies de baixo valor comercial para consumo humano na região, capturadas nobaixo rio Xingu, PA. O processo de produção utilizado foi de evisceração, secagem em estufasolar, moagem e segunda secagem. As amostras estudadas foram: 1: Pescada sem cabeça eespinhaço; 2. Pescada sem cabeça e espinhaço e sem ser submetida à segunda secagem; 3. Ca-chorra sem cabeça e espinhaço; 4. Cachorra sem cabeça, espinhaço e pele; e 5. Erana somen-te eviscerada. Os resultados de matéria seca (MS), e de resíduo mineral fixo (RMF), extratoetéreo (EE), proteína bruta (PB), cálcio (Ca), fósforo (P), potássio (K20), magnésio (Mg),sódio (Na) e c\oreto de sódio (NaCl) das amostras em percentagem da MS. foram: 1. (pesca-da) - 94,97,21,23,7,75,70,84,1,97,1,65,0,90,0,02,0,93 e 2,36; 2. (pescada) - 86,72,26,16,3,82,71,74,0,95,1,06,1,10,0,58,1,05 e 2,67; 3. (Cachorra) - 84,86, 22,17, 16,51,58,84, 0,97, 1,52, 1,04, 0,02, 0,91 e 2,32; 4. (Cachorra) - 84,78, 16,55, 20,28,59,96,0,48, 1,13, 1,00, 0,24,0,70 e 1,76; e 5. (Erana) - 90,75, 28,02, 5,73, 64,33,3,07,2,40,0,95, 0,36, 0,84 e 2,14. O excesso de EE das amostras 3 e 4 prejudicaram a secagem do pro-duto, e podem comprometer a qualidade do mesmo, caso ocorra rancificação. O teor de MSdas amostras 1 e 5 demonstram a eficiência do processo de secagem, desde que realizadointegralmente em amostras sem excesso-de EE. Todas as amostras apresentaram alta PB, oque mostra seu potencial como concentrados protéicos na alimentação animal. Sugere-se anão adição de sal, e a não retirada da cabeça e espinhaço para aumento do teor de Ca e P.Termos para indexação: Farinha-de-peixe, pescada, cachorra, erana.

COMPOSITION OF SOME FISH MEALS FROM SPECIESOF THE LOW XINGU RIVER - PA

ABSTRACT - Fish meal composition of three different low commercial value specias fromthe Low Xingu River, region in the State of Pará, Brazil were studied. The fishes wereeviscerated, dried in a solar stove, ground and dried again. The analised samples were: 1 -Pescada (Plagioscion spp) without head and spine; 2 - Pescada without head, spine andwithout the second drying; 3 - Cachorra (Rhaphiodon vulpinus) without head and spine;4 - Cachorra without head, spine and skin, and 5 - Erana (Hemiodus unimaculatus) onlyeviscerated. Dry matter percentage (DM), and minerais (M), ether extract (EE), crudeprotein (CP), calcium (Cal, phosphorus (P), potassium (K20), magnesium (Mg), Sodium(Na) and sodium chloride (NaCO in percentage of dry matter were, respectively: 1. (Pescada)- 94.97,21.23,7.75,70.84,1.97,1.65,0.90,0.02,0.93 and 2.36; 2. (Pescada) - 86.72,26.16,3.82,71.74,0.95,1.06, 1.10,0.58,1.05 and 2.67; 3. (Cachorra) - 84.86, 22.17,16.51, 58.84,0.97,1.52,1.04,0.02,0.91 and 2.32; 4. (Cachorra) - 84.78,16.55,20.28,59.96, 0.48, 1.13, 1.00, 0.24, 0.70 and 1.76; and 5. (Erana) - 90.75, 28.02, 5.73, 64.33,3.07,2.40,0.95,0.36, 0.84 and 2.14. The high EE percentage in samples 3 and 4 makedifficult the drying of the meals, and may reduce the product quality if rancidity occurs.Samples 1 and 5 DM shows the efficiency of the drying process used/if it is done in 101ÍvEE samples. The high CP levei of ali samples shows high potential as a concentrate foranimal feeding. It is suggested to avoid the use of salt, and the removal of head and spine,to improve Ca and P levels.Index terms: Fish meal, pescada, cachorra, erana.

1 Eng. _Agr., EMBRAPA·CPATU. Caixa Postal 48, CEP 66000 Belém, PA.2 Méd.' Vet., Museu Paraense Emílio Goeldi. Caixa Postal 399, Belém, PA.3 Eng. - Ftal., Bolsista do MPEG.

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354

INTRqDUÇÃO

o Estado do Pará, possuindo 20.512 km 2

de águas interiores e um vasto litoral, dispõede um enorme potencial para produção depescado e seus subprodutos (Comissão Esta-dual de Planejamento Agrícola 1978). Atual-mente, apesar da baixa tecnologia emprega-da neste setor, encontra-se como quintoEstado do Brasil em quantidade de pescadocapturado (Fundação IBGE 1981).

Apesar de seu enorme potencial paraprodução de subprodutos da indústria dopescado, a produção de farinha de peixeno Estado do Pará praticamente inexiste,e o seu consumo de farinha importada émuito baixo (42 t em 1970), ainda quepossua um grande potencial de uso (MelloJúnior et al. 1972).

Não obstante o seu caráter de atividadeprimária, tipicamente de subsistência, a pes-ca artesanal de água doce da Amazônia re-presentava, em 1976, 56,8% da produçãototal da área em volume de çaptura, apesarda baixa tecnologia empregada (ComissãoEstadual de Planejamento Agrícola 1978).

As farinhas de peixe, devido ao seu ele-vado teor de proteína bruta (Mc Dowellet al. 1974, Colnago et al. 1979, Fran-queira et al. 1979, Lanna et al. 1979, Natio-nal Academy of Sciences 1979, Resende etal. 1980, Albino et al. 1981 e Castro et al.1983), são concentrados protéicos de altopotencial para uso na alimentação animal.As farinhas de peixe nacionais, via de regra,possuem um alto índice de contaminação ede impurezas, o que resulta no seu baixouso na alimentação animal no Brasil (Resen-de et al. 1980).

Com o objetivo de dar suporte à pesqui-sa de desenvolvimento de quelônios doMPEG, foi desenvolvida tecnologia de fácilassimilação e baixo custo para produção defarinha de peixes de baixo valor comercialna região, procurando atender ao pequenoprodutor de pescado da Amazônia. Este tra-balho visa a estudar as composições quími-cas proximais de farinhas de algumas espé-cies de peixes de baixo valor de comerciali-zação para consumo humano no baixo rioXingu, e compará-Ias com os resultados apre-sentados na literatura nacional e estrangeira.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram capturadas três espécies de pei-xes, cuja ocorrência na área é relativamenteabundante e apresentam baixo valor de co-mercialização para consumo humano. As es-pécies capturadas foram: pescada (Plagias-cion spp.); cachorra (Rhaphiodon vulpinus)e erana (Hemiodus unimaculatus).

As capturas foram realizadas através derede de espera com diferentes tamanhos e ti-pos de malha, nas proximidades da Base Fí-sica do Museu Paraense Emílio Goeldi, loca-lizada na ilha do Piteruçu, no baixo rioXingu, PA

Os métodos de preparo dos materiaispara secagem foram diferenciados a fim deavaliar sua eficiência, bem como o efeitosobre a qualidade do produto final.

As amostras de pescada (amostras 1 e 2)foram evisceradas, retiradas a cabeça e o es-pinhaço, salgadas e submetidas a uma primei-ra secagem em estufa solar. A amostra 1 foitriturada e submetida a uma segunda seca-gem na estufa solar. Com relação a amostra2, não foi realizada a segunda secagem, e omaterial foi triturado em triturador CAF22S.

Também foram retiradas as vísceras, ca-beça e espinhaço das amostras de cachorra(amostras 3 e 4), sendo que da amostra 4também foram retiradas as peles. Este mate-rial foi submetido à secagem, trituração e se-gunda secagem. A amostra de erana (amostra5) foi apenas eviscerada e submetida à seca-gem, trituração e segunda secagem.

Para a secagem destas-amostras foi utili-zada estufa solar, construída com estruturade madeira leve nas medidas 1,5 m x 1,5 mna base e 1,0 m de altura, em forma de cu-nha. O revestimento nas laterais era de plás-tico transparente de 0,6 rnrn, e na base deplástico preto de 0,4 rnrn (Fig. 1). Possuíapequenas aberturas nas laterais e no topopara ventilação e eliminação da umidade doproduto. A temperatura média diária no in-terior da estufa foi de aproximadamente700C, e o tempo despendido para secagemdo material foi em média de oito horas.

A análise das amostras foi realizada nolaboratório de bioquímica do Centro de Pes-quisa Agropecuária do Trópico Úmido(CPATU) da EMBRAPA. As determinações

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..

.'

FIG. 1. Estufa solar.

TABELA 1. Compos;içio qulmiCIIdas f •. inha. de peixes expressas em % na b••• d. matéria seca. da matiri. natural.

Matéria Aes{duo Extrato Proterna Potássio CloretoN? Farinha .... mineral etérec bruta Cálcio F6sforo IK20l ~agn'sio Sódio de s6diofixo

1 Pescada sem cabeça lDÓ.OO 21,23 7.75 70.84 1,97 1,65 0,90 0,02 0,93 2,36• espinhaço 94.97 20,16 7,36 67,28 1,87 1,57 0,85 0,02 0,88 2,25

2 Pescada sem cabeça, 100,00 26,16 3,82 71.74 0,95 1,06 1,10 0.58 1.05 2,67.spinhaço e 28. secagem 86,72 22,69 3,31 62,21 0,82 0,92 0,95 0.50 0,91 2,31

3 Cachorra sem cabeça 100,00 22,11 16.51 58,84 0,97 1,52 1,04 0,02 0.91 2,32e espinhaço 84,86 18,81 14.01 49.93 0,82 1.29 0,88 0,02 0.77 1,97

4 Cachorra sem cabeça, 100,00 16,55 20,28 59,96 0,48 1,13 1,00 0,24 0,70 1,76espinhaço e pete 84,78 14,03 11,19 50,83 0,41 0,96 0,85 0,20 0,59 1,49

5 êrene somente 100.00 28,02 5,73 64,33 3,07 2,40 0,95 0,36 0,84 2,14eviscerada 90,75 25.43 5,20 58,38 2,79 2.18 0.86 0,33 0,76 1.94

de matéria seca (MS), resíduo mineral fixo(RMF), extrato etéreo (EE), proteína bruta(PB), cálcio (Ca), fósforo (P) e magnésio(Mg) foram feitas de acordo com Associationof Official Agricultural Chemists (1970).A leitura do P foi feita por colorimetria, en-quanto de potássio (K) e sódio (Na) foramfeitas por fotometria por chama direta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A composição química proxirnal e deminerais das farinhas de peixes estudadas sãoapresentadas na Tabela 1.

Houve grande diferença nos resultadosobservados em relação à literatura nacional(Colnago et aI. 1979, Franqueira et aI. 1979,Lanna et aI. 1979, Resende et alo 1980,Albino et aI. 1981 e Castro et aI. 1983), bemcomo em relação à estrangeira (McDowell etalo 1974 e National Academy of Sciences1979). As principais diferenças possivelmen-te devem-se à retirada da cabeça e do espi-nhaço de quase todas as amostras estudadas,ao alto teor de umidade e à não retirada doexcesso de gordura de algumas amostras, àadição de sal, e à inexistência de impurezas,fato comum observado nas farinhas de peixeproduzidas no Brasil.

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Os teores de umidade das amostras 2, 3e 4 foram superiores aos encontrados na li-teratura citada. A amostra 2 foi secada insu-ficientemente, mas a amostra 1, que é de es-pécie de peixe semelhante, apresentou teorde umidade inferior ao encontrado na litera-tura, porque sofreu um processo de secagemmais intenso. As amostras 3 e 4 possivelmen-te tiveram a sua perda de umidade dificulta-da pelo alto teor de EE presente nas mesmas.A amostra 5 apresentou teor de umidadesemelhante ao da literatura.

As amostras 3 e 4 apresentaram teoresde PB ligeiramente inferiores aos encontra-dos na literatura consultada. Possivelmentedeve-se ao fato de não haver sido retirado oexcesso de gordura, e à adição de sal paraconservação do produto. As amostras 1 e 2apresentaram um teor de PB ligeiramentesuperior ao encontrado na literatura, en-quanto o teor da amostra 5 foi semelhante.

O EE observado nas amostras 3 e 4 foimuito superior ao encontrado na literaturaanteriormente citada. A amostra 1 tambémapresentou um teor de EE superior à litera-tura brasileira, mas semelhante ao encontra-do na literatura estrangeira. Possivelmente,deve-se a não ter sido utilizado um processode retirada do excesso de gordura existentenas amostras, principalmente nas amostrasde farinha de cachorra. A amostra 2 apresen-tou um teor semelhante ao encontrado na li-teratura nacional e inferior ao observado naliteratura estrangeira, enquanto a amostra5 foi semelhante a ambas.

O RMF das amostras 1, 2 e 3 é seme-lhante ao encontrado na literatura consulta-da, possivelmente porque apesar de ter sidoretirada a cabeça e espinhaço, foi adicionadosal para conservação. A amostra 4 apresen-tou um RMF inferior ao da literatura, possi-velmente porque a adição de sal não tenhasido grande, como pode ser observado no seuteor de Na. A amostra 5 apresentou um resí-duo mineral fixei superior ao encontrado naliteratura, possivelmente por ter sido a únicaamostra em que não foi retirada a cabeça e oespinhaço, e que também foi adicionado osal.

Os teores de Ca e P apresentados portodas as amostras foram inferiores aos en-contrados na literatura, possivelmente devi-do à retirada da cabeça e espinhaço, e pela

adição de sal. Já os teores de K2 O e Mg fo-ram semelhantes aos observados na literatu-ra.

Devido à adição de sal, os teores de Naencontrados foram muito superiores aosobservados na literatura. Supondo-se quetodo o Na existente nas amostras encontra-va-se na forma de NaCI, são apresentados naTabela 1, os teores de sal das mesmas.

CONCLusões

Todas as amostras estudadas apresenta-ram um alto teor de proteína, o que demons-tra o seu potencial como concentrados pro-téicos na alimentação animal.

O teor de MS das amostras de pescada eerana demonstra a eficiência do processo desecagem, desde que realizado integralmente(secagem, moagem e segunda secagem).

Quando o teor de EE do material é ele-vado, há dificuldade de secagem, e poderáocorrer posterior rancificação do produtodepreciando-o qualitativamente. No casoda farinha de cachorra, é aconselhável queseja desenvolvido algum método simples deextração de óleo, que possa ser facilmenteaplicado pelo pequeno produtor. O uso de"Tipiti" com papéis absorventes ou de umaprensa, talvez sejam opções.

Através da literatura verifica-se que aadição de sal não é necessária para a conser-vação do produto, desde que o teor de umi-dade seja realmente baixo. O sal de nadaauxilia na proteção contra rancificação, anão ser pelo seu teor de iodo, e pode dimi-nuir o consumo alimentar dos animais, se emexcesso.

A retirada de cabeça e do espinhaçotambém pode ser desprezada, pois além deaumentar a mão-de-obra, poderá ser umafonte de Ca e P para os animais, diminuindoou até evitando a necessidade de adição decalcário ou farinha de ossos na ração.

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USO POTENCIAL DA FAUNA SILVESTREATRAVÉS DE SEU MANEJO

Cleber J.R. Alho 1

RESUMO - A fauna brasileira é uma das mais diversificadas do mundo, com muitas espécies,porém muito pouco conhecida. Para ter importância econômica, entretanto, precisa ser bemmanejada. O manejo da vida silvestre é a ciência que procura mudar as características e inte-rações de "habitats" e as populações de animais silvestres, visando cumprir metas humanasespecíficas. Para a finalidade deste trabalho é dado ênfase às técnicas de manejo da vida sil-vestre de três espécies: a tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa), a capivara tHydro-choerus hydrochaeris) e o jacaré (Caiman crocodilus) do Pantanal. A tartaruga da Amazôniatem um alto potencial reprodutivo, mas uma grande percentagem das ninhadas são consumi-das por predadores (principalmente peixes) se não houver manejo adequado. Uma propor-ção dos filhotes devem ser coletados nas praias de postura e criados em condições serninatu-rais. Dez por cento desses filhotes são soltos em lagos ("habltats" de alimentação) em inter-valos regulares. Os animais restantes podem ser comercialmente pescados após oito anos. Talestratégia proporcionaria um incentivo econômico para proteger e manter populações silves-tres como fontes de mais filhotes. Os "habitats", densidades, reprodução, estrutura social,predação e taxas de mortalidade, dinâmica social e estabilidade de grupos em populações decapivara do Pantanal, foram pesquisados para desenvolver um programa de manejo para essaespécie. As pastagens nativas de áreas inundáveis nas partes mais baixas do Pantanal, que sãocortados por diversos braços de rios de tamanhos variáveis, e de ilhas ou faixas de mata, são"habitats" preferidos para as capivaras e suportam altas densidade desses animais. Durante aestação das águas, as populações se confinam nas áreas não inundáveis e se alimentam de gra-míneas e outras plantas flutuantes. A reprodução ocorre durante todo o ano, com maior in-tensidade durante os meses de julho/agosto. Durante esse período a população recebe omaior incremento de filhotes. O objetivo deste estudo foi aumentar a compreensão sobre aecologia e estrutura social de populações de capivara em sistema de criação livre no Pantanal,a fim de desenvolver um programa de preservação e manejo para a espécie. A biologia doCaiman crocodilus também foi estudada no Pantanal, com o objetivo de desenvolver um pro-grama experimental similar de manejo econômico.

Termos para indexação: Capivara, ecologia, fauna, habitat, jacaré, manejo, população, tarta-ruga.

POTENTIAL USE OF THE WILD FAUNATHROUGH ITS MANAGEMENT

ABSTRACT - The Brazilian fauna is one the most diverse in the world with many species,but it is still poorly known. If this fauna is to have economic importance, however, mana-gement must be undertaken. Wildlife management is the science of changing the characteris-tics and interactions of habitats and wild animal populations in order to achieve specifichuman goals. For the purpose of this paper emphasis is given to the techniques of wildlifemanagement of three species: the Amazon turtle Podocnemis expansa, the capybara Hydro-choerus hydrochaeris and the caiman Caiman crocodilus of the Pantanal. The Amazon turtlehas a high reproductive potential but a large percentage of the hatchlings are consumed bypredators (mainly fish) if left without proper management. A proportion of the hatchlingsshould be collected on the nesting beaches and subsequently raised in semi-naturalconditions. Ten percent of these hatchlings will be released into lakes (feeding habitatsl atregular intervals. The remaining animais can be commercially harvested after 8 years. Such

Pesquisador e Professor. Ph.D., Universidade de Brasnia. laboratório de Zoologia e Ecologia Animal.CEP 70910 Brasília, DF.

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a strategy would provide an economic incentive to protect and maintain wild populationsas sources of hatchlings. The habitats, densities, reproductive patterns, social structure,predation and mortality rates, social dynamics and group stability in capybara populationsof the Pantanal were investigated in orderto develop a managementprogram for this species.The seasonally flooded grasslands in the lower levels of the Pantanal, consisting of naturalpastures cut by numerous streams of varying sizes, scrub and spots or bands of forest, arethe preferred habitats for capybaras and support high densities of these animais. During therainy season, populations are confined to the non-flooded forest areasand feed on floatingplants. Reproduction occurs ali year-round with increased activity during the season,speciallyin the months of July-August. During this time the population receives the principalrecruitment of young. The purpose of this investigation was to increase the understanding ofthe ecology and social structure of free-ranging capybara populations in the Pantanal, inorder to develop a conservation and management program for the species. The biology ofCaiman crocodilus was also investigated in the Pantanal to develop a similar experimentaleconomic management programo

Index terms: Capybara, ecology, fauna, habitat, caiman, management, population, turtle.

INTRODUÇÃO

A fauna brasileira, com sua diversidadeespetacular de espécies, ao mesmo tempo quemostra ser extremamente susceptível à per-turbação, mostra também ser viável de utili-zação econômica, se um plano de manejo ba-seado em pesquisa e no real conhecimentoecológico é posto em prática.

Os animais, em seus habitats naturais, vi-vem em perfeita sincronia !com uma série defatores vivos da comunidade ecológica, eainda dependem de componentes não-vivosdo ambiente, que compõem o ecossistema.Esse sistema complexo e interdependentetem sido modificado ou destruído pela açãodo homem, o que vem acrescentando, a cadadia, maior número de espécies ao processode extinção.

O manejo biológico é a interferência in-teligente do homem nesse sistema natural,no sentido de ajudar o sistema a compatibili-zar seu funcionamento com a presença dohomem, mantendo seu fluxo normal de ativi-dade. No caso do manejo da fauna silvestre,o pesquisador envolvido estará comprometi-do na manipulação do trinômio homem-ha-bitat-animal. O sucesso da interferência nessesistema vai depender fundamentalmente emse conhecerem de antemão os requisitos devida da espécie animal em questão, ou seja,de sua ecologia.

A proposta para o manejo da faunapode ter objetivos, os mais variados, como:(1) econômicos (exploração comercial depele ou carne); (2) ecológicos ou conserva-cionistas (proteção de espécies ameaçadas,expansão das populações existentes, progra-mas de reintrodução ou recolonização) e; (3)esportivos (controle de caça amador ístíca).

Portanto, a especificação dos objetivos deveser feita com clareza, para a elaboração pre-cisa de um plano de manejo.

O manejo da fauna silvestre deve ser ba-_ seado no método científico, e, para tanto, as

seguintes etapas devem ser cumpridas: coletade dados, hipótese, teste de hipótese e exe-cução do plano experimental. Em sintese,o manejo biológico da fauna silvestre é umainterferência planejada e criteriosa do ho-mem no sistema ecológico, para produzir umbenefício para a espécie favorecendo a suasobrevivência, com sobras para o uso do ho-mem.

Aqui, a título de ilustração, exploraram--se em detalhes os planos de manejo para trêsanimais distintos: a tartaruga da Amazônia, ojacaré e a capivara do Pantanal.

MANEJO DA TART ARUGANAAMAZONIA

Na Amazônia, comer tartaruga é muitomais do que uma simples maneira de se obtercarne ou proteína, é também um estilo de vi-da, um costume arraigado no complexo cul-tural do povo. Em Manaus ou Belém, uma"tartarugada" é um banquete da classe mé-dia-alta, para comemorar um evento impor-tante, como um casamento ou um aniversá-rio. No passado, o caboclo adquiriu do índioo costume de consumir tartaruga e seus ovoscomo uma necessidade de vida, na região.Hoje, devido à caça e apanha de ovos, a tar-taruga está rara e seus produtos mudaram deuso.

O consumo humano mudou do nível deproduto básico, como uma fonte de proteí-na do homem da Amazônia, para umaiguaria rara da classe média-alta. Assim, a ca-

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ça, o comércio ilegal e o consumo da tartaru-ga da Amazônia são socialmente importantespara a classe alta e economicamente impor-tantes para a classe baixa. O caboclo obtéma tartaruga da natureza para seu proveitoeconômico, para suprir a demanda da classealta. Em Manaus, uma tartaruga grande podevaler até 40% do salário mínimo.

Dois gêneros de tartaruga, Podacnemis eKinostemon, são os mais procurados. Ou-tros gêneros são coletados ocasionalmentepara remédios, mas dificilmente sãoconsumi-dos. O gênero Podocnemis tem cinco espé-cies, todas exploradas em graus variados,conforme a preferência. P. expansa (tartaru-ga verdadeira), P. unifilts (tracajá), P. sextu-bercu/ata (pitiú), P. dumeriliana (cabeçudo)e P. erythrocepha/a (irapuca). Kinosternonscorpioides, o muçuã, é coletado principal-mente na região de Marajó, e consumido emBelém, nos melhores restaurantes da cidade.A tartaruga e o tracajá são, portanto, os maisprocurados para o preparo de diferentesiguarias, inclusive seus ovos, que são igual-mente consumidos!"

Nos últimos anos, a ecologia das tartaru-gas da Amazônia; particularmente Podocne-mis expansa e P. unifilis tem sido intensa-mente estudada (Alho 1984; Alho .& .Pãdua1982a, 1982b, Alho et aI. 1979, Alho et aI.1981, Alho et aI. in press;, Foot 1978; Me-dem 1958, 1960, 1964, 1969, 1971, Mos-queira-Manso 1945, Neill 1965, Ojasti1967, 1971, Pádua & Alho 1982, Ramirez1956, Roze 1964, Smith 1974, 1979, Valleet aI. 1972, Vanzoloni 1967).

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Proteção e programa de criação

Enquanto as populações de tartarugasda Amazônia continuam a declinar, um pro-grama de criação' de tartaruguinhas, combi-nado com um programa de proteção daspraias de nidificação das tartarugas e seusliabitats de alimentação, particularmentepara P. expansa e P. unifilis, precisam serpostos em prática, para manter e restauraros níveis das populações de tartarugas eainda satisfazer a demanda de carne paraconsumo;

A legislação brasileira (Lei n? 5.197, de3 de janeiro de 1967) protege as tartarugasem condições naturais, proibindo sua caça eseu uso. O Departamento de Parques Nacio-nais e Reservas Equivalentes do IBDF temprotegido algumas praias ou tabuleiros, depostura da tartaruga na Amazônia. A popu-lação de tartarugas nas áreas protegidas temaumentado ultimamente (Alfínito 1980,Alho & Pádua 1982a, Alho et aI. 1~79).Como resultado, a produção de tartarugui-nhas nessas praias protegidas é abundante(Tabela 1).

O manejo proposto com o objetivo deutilização da tartaruga da Amazônia é basea-do no conhecimento acumulado pela pesqui-sa sobre sua ecologia. A média de postura dePodocnemis expansa é de 91,5 ovos, varian-do de 63 a 134 ovos por postura, com umamédia de 85,9 tartaruguinhas por ninho, va-riando de 53 a 128 tartaruguinhas por ninho(Alho & Pádua 1982a). No entanto, menosde 20% das tartaruguinhas que nascem retor-

TABELA 1. Rios amazõnic.os com as mais importantes praias de nidificação de POdocnemls expansa protegi·das pelo IBDF e .avaliação da média de fêmeas em postura por ano. baseada no número deninhos e o número ';'édio da produção de filhotes por ano. de 1978 a 1982 ..

Estado/territóriobrasileiro

Rio N~ de tartaruguinhasprodiJzidas

N~ de fêmeas empostura por ano

AmazonasAmazonasRondôniaRoraimaParáParáPará

PurusJuruáGuaporéBrancoTapajósXinguTrombetas

1.117291226

1.935353

1.8595,184

104.30021.40011.470

180.75618.566

, 98.450·393.345

Fonte: (Alho 1984).

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nam às praias de posturas, quando adultas.Há uma grande perda de tartaruguinhas porpredação, sendo que os predadores atacamna praia e na água. Os animais recém-eclodi-dos, quando deixam as covas de incubação ecorrem para o rio, são predados quase sem-pre por lagartos e aves (gaivotas, gaviões,urubus). Já dentro d'água, os peixes (pira-nhas, tucunarés, aruanãs) consomem a maio-ria das tartaruguinhas. Essa grande perdaecológica e econômica constitui um desafioaos programas de manejo da tartaruga, e umaspecto dos mais importantes, sem dúvida,para embasar o plano de manejo.

Manejo das tartaruguinhas nas praias de pos-tura

Em outubro chegam às praias ou tabu-leiros do rio Trombetas, tributário do rioAmazonas, no Pará, centenas de tartarugasque migram dos lagos para o rio, à procurade um tabuleiro ou praias de desova. É aépoca da vazante, quando esses tabuleiros deareia estão descobertos.

Esse comportamento reprodutivo foi re-. centemente estudado (Alho & Pádua 1982a).

As tartarugas cavam uma cova na areia e fa-zem suas posturas. Ao eclodirem, 48 dias de-pois, as tartaruguinhas cavam e caminhampara um nível próximo à superfície daareia. Esse movimento cria uma espécie defunil na areia, o que é fácil de ser reconhe-cido por uma pessoa familiarizada com oprocesso. Nesse tempo, os ninhos na praiadevem ser cercados com tela de galinheiro,para que as tartaruguinhas sejam capturadasa cada manhã, logo quando emergem de seusninhos de incubação. Em seguida, essas tar-taruguinhas devem ser levadas para tanquesprotegidos. Então, 20% da produção de tar-taruguinhas daquele ano, naquele tabuleiroprotegido, poderão ser imediatamente soltosnos lagos e rios, ou poderão ser mantidos nostanques por algumas semanas, até tornarem--semais ágeispara escaparem do predador.

Finalmente, os restantes 80% das tarta-ruguinhas deverão ser distribuídos em COOf-

tes de 5.000 indivíduos cada, para várioscentros de criação, planejados especifica-mente para isso, para que seja iniciada a cria-ção em confínamento, em regime semi-arti-ficial, onde uma dieta suplementar é forneci-da, com ampla proteção contra os predado-

res naturais. Quanto a estes, não há proble-mas ao ficarem desprovidos desse item emsuas dietas, uma vez que a natureza lhes ofe-rece muitas outras opções.

Programa de criação e soltura de tartaru-guinhas

Na floresta amazoruca, um grande nú-mero de lagos pode ser aproveitado para re-ceber as tartaruguinhas para o programa decriação. Para cada coorte de tartaruguinha,isto é, para cada parte determinada do totalde tartaruguinhas nascidas, de anos diferen-tes, haverá um lago semi-artificialou tanque,para recebê-Ias. Para reduzir a mortalidade eacelerar o crescimento, é preferível receberas tartaruguinhas primeiro em pequenos tan-ques e depois transferi-Ias para comparti-mentos maiores, enquanto vão crescendo,ano após ano, até alcançarem os lagos semi-artificiais, quando adultas. É importante,no entanto, para completo controle, quecada coorte do ano de tartaruguinhas sejacriada separadamente, até a idade de oitoanos, quando o programa se completa (Ta-bela 2).

Essa estratégia beneficia o programa deconservação por soltar, no meio ambientenatural, além dos 20% de tartaruguinhas re-cém-nascidas, mais de 10%daquelas que per-manecem em cada programa de criação, porano, conforme mostra a Tabela 2. Em se re-duzindo drasticamente a alta mortalidadeprecoce, devido à predação natural, a popu-lação de tartaruguinhas poderá ser aproveita-da comercialmente, em boa parcela, nesseprograma de criação.

As tartarugas da Amazônia podem serfacilmente criadas em tanques, com umexcelente incremento de crescimento epeso (Alho & Pádua 1982c). Robin Best vemcriando tartaruguinhas que recebeu do rioTrombetas com muito sucesso: Em tanquesque tem no INPA, em Manaus, mantêm-setartaruguinhas em regimes diferentes de die-ta, com excelentes taxas de crescimento ebaixíssimas taxas de mortalidade (menos de3%ao ano).

Tartarugas criadas em semicativeiropodem alcançar a maturidade sexual em cer-ca de oito anos, consideravelmente maiscedo que na natureza, se uma dieta própriaé mantida. O cuidado com as tartarugas em

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TABELA 2. ·Programa cte criação de tartarugas baseado numa coorte de 5.000 fartaruguinhas. As·tartarugascriad!,s em tanques e em condições seminaturais deide a idade de O até oito anos, onde umequota de 10% dos animais é liberada anualmente no a"!biente natural para beneficiar a· conserv.çio da espécie através da melhoria do recrutamento nas populações naturais, terminando com

.um saldo de tartarugas adultaS a serem usadas pa~afins comerciais.

Duraçâo (em anos)do programa

de criação

Saldo de tartarugasem cada programa.

de criação

N? estimedo de perdaspor morte(5%) no ano

corrente

N? de tartarugas soltasem lagos e rios a cada

ano para finsconservacionista (10%)

o linfcio)123456'78 (final)

5.0004.7504.0383.4342.9202.4822.1101.7941.526*

2502372011711461241058976

475403343292248211179152

* Produção comercialFonte: (Alho 19841.

cativeiro é relativamente fácil e barato, quan-do as preocupações estão voltadas especifica-mente para os requisitos de vida das tartaru-guínhas (Campbell & Busack 1979, Klima &McVey 1982, Reichart 1982).

Programa de utilização econômica

Ao fim de cada ciclo de oito anos, oscentros selecionados de criação poderão terem cada programa de criação mais de 1.500tartarugas adultas para colocá-Ias comercial-mente no mercado, em cada coorte de 5.000tartaruguinhas (Tabela 2). Ao preço do mer-cado, hoje, isso poderia produzir um rendi-mento de mais de' US$ 22.500 por ciclo. Co-mo o custo é relativamente pequeno, o cria-dor poderia ter um lucro líquido de mais deUS$ 10.aOO em cada ciclo do programa decriação. .

Considerações finais sobre o manejo de tar-tarugas

Essa proposta de manejo foi sugeridapelo autor em recente trabalho científico,aceito para publicação no periódico científi-co internacional "Bíologícal Conservation",(Alho 1984). Espera-se que o IBbF se inte-resse em põ-lo em prática. .:

Para reduzir a captúraintericional detartarugas da Amazônia, quando essa prática

é ilegal no Brasil, é necessário aplicar-se oestudo da ecologia da espécie, acumulado emestudos recentes (Alho 1984). Qualquerpessoa interessada em capturar ou comprartartaruga ou 'seus ovos, na Amazônia, poderáfazê-lo facilmente. A proibição legal temsido mero exercício de frustração. O comér-cio não pode ser contido com' eficiência porresoluções punitivas, considerando-se a vasti-dão territorial que é a Amazônia e, por outrolado, as populações de tartaruga não podemser mantidas em níveis desejáveis, a dependerdo cumprimento da lei por burocratas.

As espécies de Podocnemis mais comu-mente exploradas, como P. expansa e P. uni-filis, têm um alto potencial reprodutivo. Sealguma tentativa for feita para controlar apredação natural e outras' perdas de ovos ejovens, uma alta taxa de sobrevivência podeser obtida. Se forem criadas em regime desernicativeiro, em pequenos lagos, terão gran-de chance de sobreviverem na natureza,quando soltas. Ao soltar as tartarugas criadasem regime seminatural nos habitats alimenta-res, isto é, nos lagos, elas estarão aptas a se-guir a rota espécie-específicas para nidificarnos rios.

Como agressividade não é padrão decomportamento importante nessa espécie, aspopulações silvestres recrutam naturalmenteessa quota liberada todo ano de cada progra-ma de criação. Conclui-se, então, que os

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10% de tartaruguinhas que permanecem noprograma de criação, nos lagos semí-artífi-ciais, num período em que elas, protegidas,podem facilmente crescer para atingir condi-ção reprodutiva, aceleram o recrutamentodas populações naturais e melhoram, nos ta-buleiros de postura, a taxa de natalidade,taxa essa que poderá aumentar, porque maistartarugas são soltas no meio ambiente e adi-cionadas às populações naturais.

Igualmente, poderá haver maior númerode tartarugas adultas que chegam ao fim dociclo de criação, satisfazendo o mercado con-sumidor e estimulando recursos fmanceirospara apoio ao projeto conservacionistas. Acada ano, um novo programa com um ciclode oito anos é iniciado, com coortes variadase em diversos locais.

Assim, o programa de criação, com umacoorte anual de tartaruguinhas, poderáprover o incentivo econômico para protegeras populações silvestres ou naturais que cons-tituem a fonte de produção das tartarugui-nhas para o programa de criação.

Esse programa de criação deverá contarcom o controle absoluto das autoridades en-carregadas dapolíticaconservacionista, a fimde evitar abusos. Gradualmente, criadoresparticulares podem ser credenciados paraparticiparem do programa de criação, consi-derando-se que há empresas capazes e pes-soal idealista e com recursos, interessadosem aquicultura de tartaruga, na Amazônia.Parte do rendimento das vendas dos ani-mais adultos desenvolvidos no programade criação poderia ser investido no custeiodo programa conservacionista, como fiscali-zação e pesquisa.

Apesar de estar havendo declínio drásti-co nas populações de tartarugas da Amazô-nia, particularmente Podocnemis, por causada exploração incontrolada de séculos, astartarugas ainda são relativamente abundan-tes nas áreas protegidas pelo IBDF (Tabe-la 1). Em muitos lugares, no entanto, as tar-tarugas são raras ou completamente ausen-tes.

Assim, as populações naturais ou silves-tres requerem proteção completa e devemser isentas de interferência em suas ativida-des de reprodução nos tabuleiros de nídífíca-ção, como também não devem ser persegui-das em seus habitats alimentares nos lagos.Igualmente importante, as rotas migratórias

dos lagos para os rios devem ser protegidas.~ comum, em planos de manejo de tar-

taruga, coletarem-se os ovos para íncubá-losem incubadeiras centrais. Tal prática tem de-monstrado ser inadequada, porquanto esseprocedimento pode alterar a proporção entremachos e fêmeas nas tartaruguinhas produzi-das em incubadeiras artificiais. ~ que as tar-tarugas, em geral, não têm cromossomasheteromórficos sexuais, e a determinação dosexo depende da temperatura de incubação.Isso está bem demonstrado para Podocnemisexpansa em trabalho recente (Alho 1984).Temperaturas de incubação mais baixas pro-duzem maior número de machos.

Desde que haja um sincronismo compro-vado entre o regime de vazante e o compor-tamento de nídíficação (Alho & Pádua1982a, 1982b), deve-se evitar a todo custo aconstrução de barragens e usinas hidrelétri-cas que afetam o regime de vazante e en-chente dos rios em áreas protegidas, comoparques nacionais e reservas biológicas.

Antes que benefícios e riscos do progra-ma de criação sejam avaliados em profundi-dade, as seguintes medidas se fazem necessá-rias: (a) determinar os tamanhos mínimos emáximos dos criadouros comercialmente viá-veis; (b) promover a continuidade da pesqui-sa, para fornecer informações detalhadas so-bre ecologia de populações e comportamen-to; e (c) melhorar a educação ambiental, or-ganizando ações políticas e campanhas edu-cativas, visando ao esclarecimento públíco,em todas as camadas sociais.

MANEJO DA CAPIVARA NO PANTANAL

É sabido que há enorme pressão de caçasobre animais silvestres do Pantanal, princi-palmente pelo valor das peles. Se, por umlado, isso indica a necessidade urgente demelhor atenção quanto à conservação dafauna do Pantanal e a preservação de suas es-pécies, por outro lado indica, ainda, que afauna é um recurso econômico em potencial,que tem gerado somente benefícios ilegais.

Com a preocupação de pesquisa e levan-tamento dos potenciais de aproveitamento,criou-se um consórcio de pesquisa entreCNPq/FINEP/EMBRAPA e instituições lo-cais.

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Manejo da capivara em condições naturais

As capivaras são mamíferos sociais, cujaestrutura familiar é a base desse grupo social(Azcarata 1978, Maclxmald 1981, Ojasti1973). Estudos recentes de populações decapivaras no Pantanal (Alho 1984, Alho &Rondon, em preparação) mostram umamaior densidade ecológica em março-abril,com uma média de 14,81 capivaras por km?(N = número de grupos = 89; 1,37 erro pa-drão), com biomassas de 444,3 kg/km2• Adensidade crua em habitats não preferidos éde 1,34 krn", com biomassa bruta de40,2 kg/km2

• Em janeiro e fevereiro essesnúmeros se mantêm em níveis um poucomais baixos, mas caem à metade nos outrosmeses do ano.

Os grupos sociais variam de dois a 49indivíduos, com um tamanho médio de oitoa 16 indivíduos, variando sazonalmente(Alho 1984, Alho & Rondon, em prepara-ção). É, no entanto, em julho-agosto que hágrupos sociais maiores, exatamente quandohá incremento de indivíduos jovens na popu-lação. Aqui há dois fatos ecológicos impor-tantes a serem considerados para o manejoem condições naturais. Em primeiro lugar,o fato de as densidades serem maiores de ja-neiro a abril indica simplesmente que os ani-mais estão mais concentrados em espaço, vis-to que é época de cheia no Pantanal, redu-zindo-se assim as áreas de dispersão dos gru-pos sociais, quando se observa maior sobre-posição desses espaços.

Um segundo fato importante é o aumen-to médio de indivíduos nos grupos sociais,cujo pico ocorre em julho-agosto e logo voltaao tamanho médio nos meses seguintes. Ani-mais subadultos, nascidos meses antes, sãoexpulsos dos grupos sociais e se tornam ani-mais satélites, com pressão de "stress", por-tanto, mais susceptíveis a doenças e preda-ção. A estrutura social é rígida e baseada nu-ma relação de parentesco (MacDonald1981).

Em populações de densidade normais, aretirada de uma parcela da ,população pode-rá ser recomendada no período de julho-agosto, justamente a parcela que será nor-malmente perdida por predação e doença. Omanejo poderá ser ainda melhor sucedido seas pesquisas sobre a incidência de helminto-ses, tripanosomoses e outras doenças dimí-

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nuírem a mortalidade natural das capivaras,o que poderá elevar a taxa de animal a serutilizado, sem prejuízo das densidades nor-mais em seus habitats.

Essas pesquisas deverão ser íncrementa-das quando a determinação do tamanho efe-tivo das populações de capivaras for estabe-lecida e o intervalo de regeneração de popu-lações afetadas pela prática de utilização forestimado com precisão. Esses dois parâme-tros, no entanto, dependem de tempo paraserem medidos e estimados, no decorrer daexecução do plano de manejo. Tamanhoefetivo da população e intervalo de regene-ração podem variar drasticamente em funçãode práticas diferentes de manejo. Há que seter cuidado também com a perda potencialde variabilidade genética, em caso de seexporem parcelas da população ao abate,para utilização econômica.

Esse plano de manejo, no entanto, deveser feito somente em condições experimen-tais, em áreas definidas e com absoluto con-trole de seus efeitos, a fim de garantir o su-cesso do projeto.

Manejo experimental em condições de semi-cativeiro

Os estudos de campo que inicialmenteforam conduzidos no Pantanal de MatoGrosso, em Poconé, com apoio do IBDF, eno Pantanal de Mato Grosso do Sul, emNhecolândía, na Fazenda Nhumirim, comapoio da EMBRAP A, serviram para estabele-cer o habitat preferido das capivaras, onde seencontram as maiores densidades ecológicase maior biomassa.

Três componentes de habitats são im-portantes para compor esse espaço domici-liar ocupado por grupos sociais de capivarasem maiores densidades ecológicas: (I) a pre-sença de água, com lagos ou poças; (2) a pre-sença de um campo de pastagem onde os ani-mais pastejam; e (3) uma mancha de mata,onde os animais se abrigam para repouso eonde têm seus ftlhotes.

As capivaras dedicam uma percentagemgrande do tempo à atividade de pastejo, prin-cipalmente nas últimas horas da manhã e àtarde, a partir das 15 ou 16 horas, até o iní-cio da noite. A hora de maior atividade depastejo no campo é à tardinha. O restantedas horas. os grupos sociais. utilizam para re-

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pousarem na mata ou banharem-se na águadas "baías". ou corixos do Pantanal. A cópu-la ocorre quase sempre na. água. Nesse habi-tat, a dinâmica social se faz presente, ondesubadultos são excluídos do grupo social,tornando-se animais satélites,

As .capivaras são bastante seletivas nositens de alimento. Competem, pois, com ogado, quanto à dieta alimentar, uma vez queos melhores pastos usados por capivaras egado se apresentam superpastejados.

A estratégia de manejo deve ser a deisolar uma área onde os elementos do habitatpreferido estão presentes, isto é, água, pastoe mata. Com uma cerca de alambrado, íso-Iam-se dois grupos, sociais que competementre si para manter a coesão social de am-bos, através da competição intergrupo. Osanimais contidos na área seminatural devemser previamente tratados com anti-helmín-ticos, devem estar isentos de doenças. Ascapivaras ficam, portanto, protegidas de trêsdeterminantes da causa da mortalidade: (l)predação .(onças, jacarés); (2), competiçãopor alimento com o gado e outros herbívo-ros; e (3) melhor controle de doenças, prin-cipalmente as parasitárias. .

Com o relaxamento da competiçãointer-específica, a população cresce inicial-mente mantida pelos recursos disponíveis nohabitat cercado, agora, da exclusividade dascapivaras. Uma das fínalídades, nessas condi-ções manejadas, é a de se determinar o nú-mero máximo que a população atinge, istoé, a capacidade de suporte do ambiente. Apartir desse ponto, pode-se complementara-dieta das capivaras através de itens diversosdisponíveis no local de criação, permitindoassim a utilização intensiva dos animais cria-dos.

A capivara pode oferecer opção de carnee de couro, para utilização comercial. .Antesda proibição por lei, a capivara era abatidaem massa, no Pantanal,para utilização deseu couro.

Antes, porém, de se por em prática qual-quer programa de utilização econômica, mui-ta pesquisa e experimentação têm que ser.conduzidas para melhor conhecimento da di-nâmica social, da dieta, da reprodução, docrescimento e desenvolvimento; das parasito-ses e doenças, principalmente aquela causadapelo Trypanosoma equinum que acomete ascapivaras .do Pantanal.

Esse tipo de criação, em condições semi-naturais, poderia servir para suprir animaispara cria extensiva em terras não aproveita-das para o gado. É essencial fazer-se algummanejo de área, por exemplo, aumentar adisponibilidade de coleções de água, atravésda construção de pequenas depressões oulagos, ou pequenas barragens. Nessas condi-ções, esses roedores poderiam atingir densi-dades adequadas, ainda que devendoadaptar-se a dieta não preferida.

É muito importante ressaltar a responsa-bilidade do pesquisador envolvido num pla-no de manejo racional como este. O sucessocomercial pode ser garantido se houver Umcontrole absoluto sobre a quota de utilizaçãoa ser estabelecida dentro de prazos determi-nados. Contudo, se a caça for aberta semcontrole rígido e sistemático, as populaçõespodem ser rapidamente dizimadas.

É preciso entender e distinguir com fir-meza o manejo de animal doméstico do ma-nejo da fauna silvestre. Enquanto os animaissilvestres formam parte essencial dos ecossis-temas, com eficientes adaptações quanto àutilização do habitat, e sem degradar o am-biente, a maioria das principais espécies do-mésticas não foi escolhida por sua adaptaçãoecológica, mas por satisfazer a demanda tra-dicional de produtos já bastante estudados ecujas técnicas são' dominadas para a criaçãoanimal.

Como a capivara, há outros mamíferosque podem e devem ser estudados para se co-nhecer sua ecologia, seus requisitos de vida esua produtividade, visando à aplicação de umplano de manejo. Os caititus e queixadas,Tayassu pecari e' T. tajacu, parecem suportarbem a pressão da caça. Mesmo o porco do-méstico, em estado silvestre no Pantanal(porco monteiro), deve ser estudado, para seter uma idéia real das densidades de suas po-puiações e da competição' por espaço, poralimento, por nicho 'ecológico, enfim, comas espécies silvestres de ecologia semelhante.

Um plano de manejo para caça esportivapoderia ser uma idéia válida, desde queembasada em pesquisas prévias e experimen-tação, para garantir a execução do plano demanejo e controle das populações. Igualmen-te, os cervos do Pantanal, Mazama gouazou-bira, Mazama rufa, Ozotecerus bezoarticuse particularmente Blastocerus dichotomus,precisam urgentemente de planos de pesqui-

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sa e manejo, visando a sua conservação e in-cremento de população.

MANEJO DOJACAR': NO PANTANAL

Este projeto, com apoio das entidades:EMBRAPA, CNPq, FlNEP, INAMB e UFMS,está a cargo do biólogo Francisco Breyer ede vários outros pesquisadores.

As estimativas de populações de jacaréestão sendo efetua das com base nas seguintestécnicas: (1) captura-marcação-recaptura; (2)contagens noturnas através de reflexão daluz nos olhos; e (3) diurnas, pela contagemdireta dos indivíduos.

Os fatores ambientais e biológicos são osdeterminantes da estratégia reprodutíva que,para os crocodilianos, estão relacionados auma época do ano que induz à reprodução.São alguns elementos básicos desse fenôme-no: temperatura, umidade, disponibilidadealimentar mais propícia aos filhotes, prote-ção contra predação e estrutura da popula-ção.

A temperatura, como visto com a tarta-ruga da Amazônia, também influi principal-mente na determinação do sexo; e a umidadeao que parece, como elemento significativodas condições de desenvolvimento do em-brião e tempo de incubação. O local de cons-trução parece -que é -escolhido atendendoproteção contra a predação e matéria orgâni-ca aí disponível, a qual está relacionada, jun-tamente com o tamanho da fêmea, ao tama-nho e à altura do ninho, que fundamental-mente influenciarão na manutenção de tem-peratura e umidade.

O manejo visa principalmente à localiza-ção dos ninhos no campo e à coleta de ovospara incubá-I os em uma incubadeira central.Essa interferência se faz necessária visto quegrande percentagem de ovos e filhotes sãopredados em natureza, com grande perdareprodutiva. Além disso, uma percentagemda postura anual. é perdida. por inundação.Estudos efetuados em Poconé, segundoCrawshaw & Schaller (1980), sugerem per-das de até 70%.

Na Venezuela, estudos com Caimamcrocodilus crocodi/us confirmam esses índi-ces. Considerando-se provável que essas taxastambém ocorram no Pantanal, deve-se ado-tar como estratégia de manejo uma ínterfe-

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rência já a nível de ninho, com a coleta,transporte e incubação artificial de ovos,para se obter, no coletado, um ganho míni-mo de 88%.

Para tanto, é necessário desenvolvertécnicas de coleta, transporte e incubação ar-tificial de ovos. Esses fatores serão controla-dos medindo-se as temperaturas e umidadede ninhos naturais, relacionando-se com asda incubação artificial praticada.

Para a coleta dos ovos, avalia-se, tam-bém, o estádio de desenvolvimento embrio-nário dos ovos coletados, a qual, para algunsautores (Joanen & MacNease 1981), deve serevitada entre a primeira e a quinta semanada postura, período crítico de fixação e de-senvolvimento do embrião.

Os jacarezinhos são mantidos em regimede cativeiro por cerca de 30 meses e depoissoltos na natureza. Uma quota de abate dapopulação adulta é, então, estabelecida.

Os jacarezinhos mantidos em regime deconfinamento serão testados em condiçõesdiferentes de cativeiro e dieta.

Os filhotes serão medidos mensalmenteem cativeiro e quando encontrados no cam-po. Os indivíduos devem apresentar um cres-cimento lento. Para Caimam crocodilus, Ri-beiro (1973) encontrou um índice de cresci-mento mensal de 2,5 em e Blohm (1973) umíndice de 2,25 em (citados por Ibaãez et al.1980).

Todo animal em crescimento apresentauma seleção matemática entre o seu peso outamanho e o tempo. -

CON,CLUSÃO

O método científico de pesquisa enfo-cando a tartaruga da Amazônia, a capívara eo jacaré do Pantanal, exemplifícà o objetivo,a técnica e aplicação dos resultados na exe-cução de um plano de manejo.

A condição essencial para o manejo é ode conhecer os requisitos de vida da espé-cie em foco, sua relação com outras espé-cies, sua dependência do habitat, em umapalavra, o conhecimento de sua ecologia.Manejo da fauna é mais ciência que meratécnica. As regras são ditadas pela naturezae a interferência humana há de ser coerenteno sentido de não contrariar o fluxo natu-ral do evento biológico. .

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PROGRAMA Y AVANCES DE INVESTIGACIONEN PASTOS EN LA SELVA PERUANA

Keneth Reátegui 1

RESUMEN - En los anos pasados, Ia investígacíôn de pastos en el Perú, estaba siendo con-ducida por instituciones específicas en una forma poco cordinada y menos integrativa,de tal manera que existían esfuerzos y récursos diluídos y con concepciones filosóficas ymetodológícas diferentes que reducían el flujo de transferencia.tecnológica ai productor. En1982, el Instituto Nacional de Investigación y Promocíón Agropecuária - INIP A, preocu-pado por esta inquietud elabora un Documento Base, con Ia finalidad de organizar elPrograma Nacional de Pastos. En este articulo 1a intención es resumir los objetivos, estra-tegia, organizaciôn, líneas de investigación y algunos avapces de investigación obtenidoshasta 1a fecha en los dos ecosistemas de Bosque Tropical Lluvioso (BTL) y Bosque Tropi-cal Semi Siempre Verde Estacional (BTSVE), predominantes en Ia Selva Peruana. En 1aactuaiidad existen ocho principales centros de investigación, distribuidos en lugares ecolô-gicamente distintos y geográficamente distantes, donde un total de 40 ensayos entre pruebasagronómicas, ensayos de pastoreo y sistemas de producción están siendo evaluados por dis-tintas instituciones, universidades y proyectos especiales dei pa ís. Los resultados en Iaspruebas agronômicas indican que Ias grarníneas Brachiaria decumbens, Brachiaria dictyo-neura, Brachiaria humidicola y Andropogon gayanus mantienen una mayor productividadde biomasa y resistencia a plagas y enfermedades, mostrando de esta manera su adaptaciónai trópico húmedo. Asímismo, Ias leguminosas Stylosanthes guianensts, Zomia latifoiia,Desmodium ovalifolium, Centrosema macrocarpum y Centrosema pubescens sobresalen en1a mayoría de los lugares y ecosistemas (BTL y BTSVE) evaluados, resistiendo en aigunoscasos, como Ias especies dei gênero Centrosema, el ataque severo de insectos. Las primeirasevaluaciones de pasturas asociadas con animales en pastoreo, realizadas en Yurimaguas,indican preliminarmente que Ias mezclas B. humidicolajD. ovalifolium y A. gayanusjS.guianensis, sobresalen ai inicio con mejor productividad animal, pero Ias mezclas de B.decumbenslõ, ovalifolium y A. gayanusjC. hibrido son más uniformes en su cornportamien-to pecuario. Estas observaciones y resultados nos animan a continuar Ia búsqueda de alterna-tivas tecnológicas que puedan ser transferidas rápida y eficientemente ai productor de país,ampliando de esta manera Ia frontera agrícola de Ia región tropical actualmente subutilizaday de amplio recurso agropecuário.Termos para indexación: Programa de pastos, bosque tropical lluvioso, bosque tropicalsemi siempre verde estacional, evaluación agronómica, asociación gramínea/legumínosa.

PROGRAM ANO AOVANCES OF PASTURERESEARCH IN THE PERUVIAN AMAZON

ABSTRACT - In recent years, pasture research in Peru has been conducted by severalinstitutions in an uncoordinated and non-integrated way, resulting in inefficient use ofresources. Different philosophies and methodologies reduced the transfer of technology toproducers. In 1982, the Instituto Nacional de Investigaci6n e Promoci6n Agropecuária -INIPA - prepared a Base Document to organize the National Pasture Programo The goal ofthis article is to summarize the objectives, strategy, organization, lines of research, andsome research findings in the Tropical Rainforest (TRF) and Tropical Seasonal Semi-evergreen Forest (TSSF) that dominate the Peruvian Amazon. There presently exist eightprincipal research centers in ecologically distinct and geographically widespread areas,where 40 studies are underway. These include agronomic trials, grazing tests and productionsystems that are being evaluated by distinct institutions, universities and special projects of

1 Investigador en Pastos. INIPA/PEPP /NCSU. Apartado 248. Lima 1ao, Perú.

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the country. The results of agronomic trials indicate that the grasses 8rachiaria decumbens,8rachiaria dictyoneura. 8rachiaria humidicola and Andropogon gayanus have the highestbiomass production and pest resistance. The legumes Stytossnthes guianensis. Zornia Iatifo-lia, Desmodium ovalifolium, Centrosema macrocarpum and Centrosema pubescens aresuperior in most places and ecosystems (TRF and TSSF) evaluated. In some cases, theselegumes, such as Centrosema, resist severe insect attack. The first evaluations of plant-animalsystems, in Yurimaguas, indicate preliminarily that the 8. decumbens/D. ovalifolium andA. gayanuslS: guianensis mixtures have the greatest initial animal productivity, but the 8.deçumbens/D. ovalifolium and A. gayanus/ Centrosema hibrido mixtures are more uniform.These observations and results encourage us to continue the search for alternativetechnologies that can be transfered rapidly and efficiently to produces, thus expanding theunderutilized and potentiallv productive agricultural frontier of the tropical region.Index terms: Pasture program, tropical rainforest, tropical seasonal semi-avergreen forest,agronomic evaluation, grass/legume associations.

INTRODUCCION

Los análisis más recientes sobre pro-ducción y consumo de carnes muestra unestancamiento en el volumen de producciónde carne bovina y una franca reducción en Iaproducción de carne ovina. Esto se ha tradu-cido en un menor consumo de carne percápita, debido aI incremento de Ia poblacióndeI país. EI estancamiento de Ia producciónde carnes bovina y ovina ha sido el resultadode una reducción de Ia población de vacunosyovinos. '

La Selva representa para el Perú el másvasto recurso en área y potencial para Iaproducción de alimentos. Sin embargo, noexiste todavía Ia tecnología integral quegarantice el desarrollo sostenido de esta des-poblada y sub-utilizada región. A pesar deello, Ias presiones demográficas han obligadoa improvisar intentos de colonización enforma privada y/o con el patrocinio de Esta-do; todos ellos afrontando grandes dificul-tades aI tratar empíricamente de efectuar sis-temas de producción sin haber podido lograrhasta hoy el exito esperado (Toledo & Mora-les 1978).

Los objetivos principales deI componen-te pastos tropicales consiste en el incrementode Ia producción de carne y leche medianteIa utilización eficiente de los pastos naturalesy cultivados, considerando en primerainstancia Ia recuperación de pasturas de-gradadas y Ia promoción deI desarrollotecnológico de pastos cultivados como alter-nativa a Ia "purma" en Ias regiones de agri-cultura migratoria, para mantener y mejorarIa fertilidad de los suelos y desarrollar siste-mas estables de producción agropecuaria.

Para cumplir con los objetivos antesmencionados, se cuenta como estrategia

general, Ia utilización al máximo de Iainformación generada en el pasado a travésde programas regionales o locales conducidospor instituciones nacionales o con Ia coope-ración de organismos internacionales ymisiones de cooperación técnica que de-sarrollarán actividades en el país.

En el área de investigación, Ia estrategiaespecífica consiste en seleccionar especiesforrajeras "adaptadas" a condiciones adver-sas deI medio ambiente especialmente en lossuelos ácidos y de baja fertilidad, además deidentificar especies resistentes a plagas yenfermedades compatibles en asociaciones aIpastoreo, alta productividad animal ypueden finalmente ser utilizadas en sistemasde producción que sean económica y ecoló-gicamente estables.

Se promueve, además, Ia incorporaciónde los trabajos de investigación y promociónconducidos por instituciones nacionales einternacionales.

OBJETIVOS

Aumentar Ia producción de carne yleche mediante Ia utilización eficiente de lospastos naturales y cultivados.

- Recuperación de pasturas degradadascomo base para ensamblaje de sistemas deproducción animal sobre pasturas que seaneconómica y ecológicamente estables.

- Promover el desarrollo tecnológicode pastos cultivados como alternativa a Ia"purma" en Ias regiones de agricultura mi-gratoria, para mantener y mejorar Ia fer-tilidad de los suelos y desarrollar sistemasde producción agropecuaria.

ESTRATEGIA

El Programa de Pastos se propone como

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instrumento normalizador de Ias actividadesde investigación y promoción de pastos conel propósito de promover Ia adopción detecnologías existentes por parte de produc-tores agropecuarios, así como de consolidartrabajos de investigación en ejecución e ini-ciar aquellos necesarios para el desarrollo denuevas tecnologías, dentro de un planorgánico a mediano y largo plazo.

Se propone como estrategia general, Iautilización ai máximo de Ia informacióngenerada en el pasado a través de programasregionales o locales conducidos por institu-ciones nacionales o con Ia cooperación deorganismos internacionales y misiones decooperación técnica que desarrollaronactividades en el país. AI mismo tiempo, sepretende a través dei Programa de Pastos,canalizar y racionalizar Ia asistencia técnicay financiera disponible ai presente, o Ia quepueda estar disponible en el futuro en Iasáreas de investigación, promoción y de-sarrollo agropecuario.

Se promueve además, a través dei Pro-grama de Pastos, Ia incorporación ai mismode los trabajos de investigación y promociónconducidos por instituciones nacionales nopertenecientes a INIP A, dentro de los obje-tivos, prioridades y regiones de interés priori-tario sefíalados por el Programa. Losproyectos incorporados de este modo aiPrograma de Pastos podrán recibir de ésteapoyo necesario para Ia ejecución de losmismos.

En el área de investigación, el Programada prioridad a Ia continuación y consolida-ción de los proyectos de investigación enejecución que se encuadran dentro de losobjetivos y prioridades determinados en elmismo. Se programa además dentro deiPrograma de Pastos Ia realización de nuevosProyectos de investigación en regiones con-sideradas prioritarias, en aquellas áreas deinvestigación en Ias que se considera que Iainformación experimental disponible para Iaelaboración de paquetes tecnológicos orien-tados a aumentar Ia productividad y/o pro-teger los recursos naturales.

Se pretende promover además Ia capa-citación técnica y Ia formación de profe-sionales especializados en áreas de investiga-ción y extensión a fín de aumentar Ia efi-ciencía de los programas en ejecución ypermitir Ia iniciación de nuevos programas

373

de acuerdo a 10 que determinen Ias necesi-dades actuales y Ias que generen Ia adopciónde tecnologías más avanzadas. En ese senti-do, se pretende dar al Programa de PastosIa flexibilidad necesaria para desarrollar nue-vas actividades en áreas específicas, deacuerdo a los problemas que puedan ge-nerarse en el proceso de adopción de Iatecnología desarrollada.

Finalmente, se propone en el ProgramaIa integración de Ia tecnología disponibleo de Ia que se desarrolle como resultado deIa investigación, dentro de sistemas de pro-ducción económícamente viables y com-patibles con el ambiente ecológico (Fig. 1).

CENTROS DE INVESTIGACIÓN

De acuerdo a sus prioridades, el Progra-ma de Pastos está siendo ejecutado en regio-nes ecológicamente distintas y dentro deéstas regiones geográficamente distantes.

AI mismo tiempo, Ia participación devarias instituciones en el programa exigeuna labor de coordinación intensa ycontacto permanente con responsables desectores. La sede principal dei Programa dePastos será Ia localidad de Pucallpa.

Colaboracióncon otras instituciones

Como se indica en Ias Tablas 1 y 2 elplan promueve Ia cooperación entre todas làsinstituciones que trabajanen relación a Iainvestigación, desarrollo y utilización de pas-turas, así como con los programas de de-sarrollo regional que inciuyan el desarrolloganadero en base a pasturas naturales o cul-tivadas.

Lrneas de Investigación

Las actividades de investigación dentrodei Programa de Pastos tienen por objetivoproporcionar información sobre los factoresde producción de pastos cultivados y camposnaturales y su manejo dentro de los sistemasde producción pecuaria, a fín de mejorar Iastécnicas de producción animal en uso.

- Introducción y evaluación de germo-plasma forrajero en su mayoría suministradopor el Programa de Pastos Tropicales deCIAT, Colombia y en menor proporciónprocedente de CSIRO, Australía.

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374

E vai uocionAgroncfmica

(FASE I)

Evaluacion

Bajo Pastoreo

(FASE TI)

Evoluacion con

Sistema de Produccion

(FASE nn

Transferencia

Germoplasma11 11

adaptado

- Evaluación de resistencia de especiesy variedades de gramíneas y leguminosas ainsectos y enfermedades.

- Desarrollar tecnología para producirsernilla de especies y variedades promisorias.

- Compatibilidad y persistencia asocia-tiva de Ias asociaciones gramíneasjlegumino-sas utilizadas con manejos diferentes.

- Evaluar producción animal en pastu-ras asociadas.

- Desarrollo de tecnología para Ia recu-peración y renovación de pasturas degra-dadas.

- Desarrollo de métodos de control demalezas en pasturas.

- Manejo y utilización de pasturas en

Prod. Semillc, Fert., Fit.,Ent., Microb.

\~

Recup. Past. degradados

Sist. Silvopastoriles

Cultivos anuales c/ rotacicfn de posturasy/ o cultivos intercalados

<:==Extrapolación

FIG. 1 Estrategia especifica de investigación en pastos.

E R : Ensayo regional (A,B,C Y O)

sistemas de producción agropecuaria.- Determinación de Ias necesidades de

fertilización para establecimiento y mante- ~"nirniento de pasturas cultivadas y renovadas. ~,

-'- Estudios microbiológicos tendientes a <,,

evaluar métodos de inoculación y eficiencia ~,_de rizobium y rnicorriza.

Avances de Investigación

En un total de 8 centros de investiga-ción existen actualmente 40 ensayos distri-buidos en los dos ecosistemas predominan-tes de Ia Selva Peruana (Tabla 3). Estaspruebas en su mayoría (37%), y como esnatural, son los ensayos de introducción

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Centros de invenigllción

TABLA 1. Ecosistema: Bosque TropiC8lsemi siempre verde estllCio--••• 1.

Lugar

IVITA/INIPA/(CIATI

Ensayos Institucion(es)

Pucallpa*

Tarapoto

Moyobarnba

Puerto Maldonado

ERBERCERDSist. Prod.SemillasEntom.Fitop.Establec.

ERB (21ERDEntorn.Fitop.Semillas

ERBERDSemillasEntorn.Fitop.

ERB (21Entom.

INIPA/ESEP

INIPA/PEAM

INIPA

* Sede PrincipalER • Ensayo regional (B, C, DI

Centro. de investig.ción

TABLA 2. Ecosinema:Sotque tropiC81 lIuviolO.

Lugar Ensayos Institucion(es)

Yurlmagual ERB INIPA/NCSUEntorn.Fitop.ERD

lquitos ERB 121 INIPA/UNAPFitop.

Tinge Mar(a ERB (31 INIPA/UNAS/PEAHEntom.

Pichis/Palcazú ERB (31 INIPA/PEPP/NCSUERCEntorn. (21Fitop.

TABLA 3. Trabajos de investigación por ecosiste-ma.

Prueba BTL* BTSVE** Total

6 151 23 44 44 73 61 11 1

23 40

ERBERCERDSemillasEntomologíaFitopatolog(aEstablecimientoSist. Producci6n

Total

911

33

17

* BTL Bosque tropical lIuvioso** BTSVE = Bosque tropical semi siempre verde

estacional

375

y evaluación de germoplasma forrajero. Losensayos conocidos como pruebas entorno-lógicas, corresponden a resistencia a "Salí-vazo" en Brachiaria spp cuya problemáticanos impulsa a Ia búsqueda de alternativasforrajeras resistentes a Ia plaga. Es de prio-ridad para el programa Ia obtención detecnologías de producción de semillas, detal forma que se continua incrementandoensayos y lugares de investigación y pro-ducción de este componente.

Las pruebas- de pastoreo por su mismocosto y requerimiento de mayor ·infraestruc-tura solamente están siendo conducidas enIos centros principales de investigacióny conmayor representabilidad de ecosistema.

RESULTADOS

Evaluaciôn Agronômica

El flujo dei nuevo germoplasma mayor-mente procedente de CIAT, está siendo eva-luado en Ia prueba de Ensayos RegionalesBo ERB, Ias cuales luego de ser evaluadas en Iafase de establecimiento cada 4, 8 y 12 sema-nas después de Ia siembra, el material es eva-luado en su fase de producción en períodosrepresentativos de máxima y mínima precipi-tación cada 3, 6,9 y 12 semanas después deicorte de uniformidad.

Las gramíneas con mayor producciónde biomasa, mejor cobertura y resistencia aplagas y enfermedades en Ia mayoría de loscentros y ecosistemas (bosque tropicallluvioso - BTL y bosque tropical semi siern-pre verde estacional - BTSVE) estudiadosson el B, decumbens CIAT 606 - "Braquia-ria", B. dictyoneura CIAT 6133 - "dictyo-neura", B. humidicola CIAT 679 - "humi-dicola" y A gayanus CIAT 621 - cv "SanMartín", observándose que el B. humidicolaen el BTSVE tiene una menor producciónforrajera en período de mínima precipita-ción. Sin embargo, repunta su performanceen época lluviosa, así como también suproducción es más uniforme en el ecosiste-ma de BTL, 10 mismo que el "dictyoneura".Lo más importante de ambas especies, es sucapacidad de cubrir fácilmente el área sem-brada, compitiendo de esta manera con Iasmalezas que es una problemática más en losecosistemas de Bosque Tropical.

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Dentro de Ia familia de Ias gramíneas,en estos ensayos no se observa daãos mayo-res ocasionados por insectos ni tampocoenfermedades que perturben Ia normal pro-ducción de Ias especies, salvo Ia presencia de"salivazo" en "Braquiaria" en Ia mayoría delos lugares de investigación, motivo por elcual estamos ampliando Ia RIEPT conensayos de resistencia al "salivazo".

Las leguminosas de mejor comporta-miento agronómico y más uniformes encuanto a producción se refiere tenemos Iasespecies de S. guianensis CIAT 136 - "sty-losantes", Z. latifolia CIAT 728 - "zornia" ,D. ovalifolium CIAT 350 - "ovalifolium " ,C macrocarpum CIAT 5065 - "macrocar-pum", y el C pubescens CIAT 438 - "cen-tro", entre otras especies que están siendoevaluadas en Ia Selva Peruana, tal como elP. phaseoloides CIAT 9900 - CV "kudzú"que se encuentra en forma natural por casitoda Ia región, especialmente en el ecosiste-ma de BTL.

EI ataque de insectos, especialmente detipo chupadores (orden Hómoptera) estápresente en casi todas Ias accesiones evalua-das, pero no se observa efecto considerableen el rendimiento productivo de Ias especies.Asímismo , los insectos comedores (ordemColeoptero), afectan o están presentes enIa mayoría deI germoplasma en estudio, es-pecialmente en Ias especies del genero Cen-trosema, tales como el C brasilianum queson más susceptibles aI ataque de esta plaga;contrastando con "ovalifolium" que por sumayor concentración de taninos en sus cé-lulas, posiblemente presenta menor inciden-cia de este coleoptero.

La presencia de daãos ocasionados por"antracnosis" (Colletotrichum spp) seencontró en el "stylosantes", pero hasta elmomento puede decirse que esta especie estolerante a Ia enfermedad. De Ia misma ma-nera, el daão por "rizoctoniasis" (ocasiona-dos por Rhizoctonia solani) está ocasionan-do daãos a Ias accesiones deI género Centro-sema spp especialmente en período de mí-nima precipitación (Tablas 4, 5, 6, 7, 8, 9,10,11,12,13, 14y 15).

Evaluación de Germoplasma Bajo Pastoreo

Como consecuencia de los primerosensayos agronómicos iniciados en 1978, en

algunos de Ios centros de investigación deIpaís, Ia EEA Yurimaguas, instala un ensayode pastoreo en Novembre de 1980 con Iafinalidad de evaluar pasturas asociadas degramíneas/leguminosas en Ias condicionesde Bosque Tropical lluvioso, iniciándose,con tal objeto, Ia evaluación de tres mezclas-A. gayanus/S. guianensis, B. decumbensfl).ovalifolium y P. maximunll'. phaseoloides -con un sistema de pastoreo contínuo condos repeticiones y una carga de 4.4 anima-Ies/ha., usando novillos tipo Nellore de150 kg. de peso vivo (PV) inicial.

Posteriormente, se observa que eI siste-ma de pastoreo contínuo ocasiona un des-balance gramínea/leguminosa bastante serioen todas Ias mezclas, ocacionado por Ia altapalatabilidad de Ias gramíneas y Ia ausenciade descanso que impide Ia recuperación deIas mismas, motivo que obliga a cambiar a unsistema de- pastoreo alterno, usando seissemanas de descanso/pastoreo entre Ias dosrepeticiones deI mismo tratarniento.

En Octubre de 1981, se reinicia eI pas-toreo, ya no con eI criterio de carga animal,sino como presión de pastoreo (3 kg. MateriaSeca Verde/l00 kg. PV), primando esteconcepto hasta eI presente afio de evalua-ción.

En cuanto aIos tratamientos, en eI se-gundo afio se incrementa a cuatro mezclascon el A. gayanus/C híbrido y solamente aItercer afio (1982) se instala el B. humidicola]D. ovalifolium para completar a cinco trata-mientos eI ensayo inicialmente programado.Pero a fines de 1983, se decide cambiar Iamezcla de P. maximunfl': phaseoloides porotra asociacíón, todo esto motivado por Ia in-quietante pérdida de peso de los anímales enpastoreo debido a Ia paulatina desaparicióndeIP. maximun y Ia predominancia de"kudzu" y malezas en los potreros. --_

Con eI sistema de pastoreo alterno,observamos que Ias mezclas de B. humidico-Ia/D. ovalifolium y A. gayanus/S. guianensis,en Ios primeros anõs de pastoreo, sobresalencon mejor rendimiento en términos de pro-ducción animal individual y por hectárea.Sin embargo, vemos (Tabla 16) que eIAg/Sg en eI cuarto afio de pastoreo dismi-nuye considerablemente su producción mo-tivado por eI enmalezamiento de Ios potre-ros. Los tratamientos, B. decumbensjõ. ova-lijolium y A. gayanusf C: híbrido a su vez

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377

TABLA 4. Vurimaguas~ Caracterización dei suelo.

Cationes Cambiables Sat. Disponibles

AIP Zn Fe

% ppm

39 9.5 1.7 93487 2.5 0.9 544

Nlvel pHAI Ca Mg K CIC

(em) meq%

0·10 4.4 1.29 1.13 0.6 0.28 3.310- 30 4.4 3.31 0.29 0.14 0.08 3.8

• Eeosistema: Bosque pluvialSuelo: Ultisol, Paleudult trpico: hisohipertérmieo.Preeipitaei6n: 2,200 mm.

TABLA 5. Vurimaguas: Germoplasma.

Resultados Ton. MS/ha/ano Cobertura Inseetos Enferrnedades

LeguminosasZ. latifolia 728D. ovalifolium 350C. macrocarpum 5065S. guianensis 136P. phaseoloides 9900C. pubescens 438Gramlneas

, 12

98976

555554

2

13

8. decumbens 6068. dictyoneura 6133A. gayanus 6218. humidicola 679

17.616.015.515.3

5555

Leguminosas: 28Grarnrneas: 7

TABLA 6. Tingo Maria; Pumahuasi*: Caraeterización dei suelo.

Nivel(em)

AI Ca + Mg PpH %Sat. AI.

meq% ppm

O· 30 4.7 3.5 0.7 5 8.3

• Eeosistema: Bosque pluvialSuelo: Ultisol; paleudult tfpico: hisohipertérmieoPreeipitaei6n: 3,100 mm

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TABlA 7. Pumahuasi: Germoplasma.

Resultados Ton. MS/ha/ano Cobertura Insectos E nferrnedades

leguminosasS. guianensis 136D. ovalifolium 350C pubescens 438Z. /arifolia 728P. pbeseotoides 9900C macrocarpum 5065

GramlneasB. humidico/a 679A. gayanus 621B. decumbens 606

1818141499

555543

11.52122

10.51

201616

343

leguminosas: 12Grammeas: 4

T ABlA 8. Puerto Maldonado *: Caracterización dei suelo.

pHM.O

%

Ca + Mg AI Sat. AI%

Pppm

CICmeq%

Nivel(em)

meq%

0·30 4.8 1.5 0.7 2.3 75 2 3

• Ecosistema: Bosque estacional siempre verdeSuelo: Ultisol; Paleudult, hisohipertérmicoPrecipitaci6n: 1,800 mm

T ABlA 9. Puerto Maldonado: Germoplasma.

Resultados Ton. MS/ha/ano Cobertura

leguminosasD. ovalifolium 350Z. /arifo/ia 728C.pubescens (común)C pubescens 438P. phase%ides

GramlneasB. decumbensB. humidico/aA. gayanus

87656

54453

Insectos Enfermedade~

<,

1 11 12 22 11

776

454

Leguminosas: 12Gram(neas: 4

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TABLA 10. Tingo Maria, La Morada*: Caracterización dei suelo.

379

Nivel(em) pH

660-30 4.5

* Eeosistema: Bosque pluvialSuelo: Ultisol; Paleudult tfpico; hisohipertérmieoPreeipitaei6n: 2,700 mm

TABLA 11. La Morada: Germoplasma.

AI Ca+Mg%Sat. AI

meq%

3.2 1.62

Resultados Ton. MS/ha/ai'io EnfermedadesCobertura Insectos

LeguminosasS. guianensis 136D. ovalifolium 350Z latifolia 728C. macrocarpum 5065C pubescens 438P. phaseoloides 9900

202019171211

GramlneasB. humidicola 679A gayanus 621B. decumbens 606

232220

555545

11.512.532

544

Leguminosas: 12Gramíneas: 4

TABLA 12. Iquitos*: Caracterización dei suelo.

Nivel pH Ca + Mg K Zn P MnAI Fe

(em)

0-1515 - 30

____ meq%

0.40.4

0.81.3

5.611.6

1412

4.54.5

* Eeosistema: Bosque pluvialSuelo: Ultisol; Paleudult trpíco: hisohipertérmieoPreeipitaeión: 2,700 mm

muestran mayor uniformidad en su producti-vidad pecuaria, vale indicar que los niveles deproducción fueron obtenidos con Centrose-ma como monocultivo debido a que Ia gra-mínea prácticamente desapareció desde elinicio deI ensayo por el mal establecimientodeI A. gayanus y por su mejor palatabilidaden comparación con Ia leguminosa.

pprn

0.81.3

710733

3O

Estudios realizados recientemente porAyarza (datos sin publicar) indican un con-siderable cambio de Ias propriedades deIsuelo en Ias pasturas en estudio mostrandode esta manera que con pasturas asociadas ycon animales a pastoreo existe un eficientereciclaje de nutrimientos (Tabla 17).

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380

TABLA 13. Iquitos: Germoplasma.

Resultados Cobertura Insectos Enfermedades

Leguminosas1. S. guianensis 1362. Z. /atifo/ia 7283. P. pheseotoides 99004. C. pubescens 4385. C.macrocarpum 5062

Gramlneas1. B. dictyoneura 61332. B. decumbens 6063. A gayanus 621

54333

21

554

Leguminosas: 15Gramineas: 3

TABLA 14. Puerto Bermudez*: Caracterización delsuelo.

Nivel pH AI Ca + Mg K Zn Fe P Mn

(crnl

0-1515- 30

----------- meq%_______ ppm _

4.24.2

4.04.2

1.11.0

.10

.201815

17311981

8.06.0

6.08.0

* Ecosistema: Bosque pluvialSuelo: Ultisol; Paleudult típico; hisohipertérmicoPrecipitaci6n: 3,350 mm.

TABLA 15. Puerto Bermudez: Germoplasma.

Resultados Cobertura Insectos Enfermedades "

LeguminosasS. guianensis 136P. pheseoloides 9900Z. /atifo/ia 728C. macrocarpum 5065C. pubescens 438

GramlneasB. dictyoneura 6233A. gayanus 621B. decumbens 606

55544

12222

112

544

Leguminosas: 19Gramineas: 3

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TABLA 16. Variaeión de Ias propriedades dei suelo de pasturas asoeiadas después de tres ailos de pastoreo .Vurimaguas· Perú*.

AiiosNivel Elemento

1979 1980 1983

0·20 pH 4.4 4.4 5.0AI meq (%) 2.13 1.2 1.14Sat, AI (%) 71.0 41.3 44.0P (ppm) 3.5 2.9 5.5Ca + Mg meq (%) 0.82 1.7 1.66

• Adaptado de Ayarza M. (1984).

TABLA 17. Produetividad animal de Ias mezelas gram/leg evaluadas bajo pastoreo de noviembre 1980 - agosto1984. Vurimaguas - Perú .

•Ano g/an/dia kg/ha/aiio

Tratamiento 2 3 4 2 3 4

Ag/C.p.l 435 553 538 884 449 581Ag/5.g. 2 219 402 570 295 390 703 689 240Bd/O.o J 398 419 316 312 639 846 513 507Bf/O.o 4 453 400 735 648Pm/P.fJ. s 406 205 278 724 304 338

1 Andropogon gayanus/Centrosema pubescens2 A. gayanus/Stylosanthes guianensis

3 8rachiaria decumbens/Desmodium ovalifolium4 8. humidicola/D. ovalifolium

5 Panicum maximum/Pueraria phaseoloides

CONCLUSIONES

Las especies de leguminosas de mejorcomportamiento agronômico son S. guianen-sis CIAT 136, Z. latifolia CIAT 728, D. ova-Iifoiium CIAT 350, C macrocarpum CIAT5065, y el C pubescens CIAT 438, Ias mis-mas que sobresalen en Ia mayoría de lossitios y ecosistemas evaluados.

Mientras que el B. decumbens 606, B.dictyoneura 6133, B. humidicola 679 y A.gayanus 621 son Ias gramineas que presentanmejores características agronômicas paranuestras condiciones de BTL y BTSE.

Evaluaciones de pasturas asociadas conanimales en pastoreo, realizadas en Yurirna-guas, indican preliminarmente que Iasmezc\as B. humidicolajD. ovalifolium y A.gayanus/S. guianensis sobresalem con mejor

producción animal, pero Ias mezc\as de B.decumbensjD. ovalifolium y A. gayanusf C:pubescens son más uniformes en su com-portamiento pecuario.

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-,

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A SITUAÇAO DA FAUNA DAS FLORESTAS TROPICAIS:CAUSAS, CONSEOÜENCIAS E CORREÇOES

Ernst Josef Fittkau 1

RESUMO - Nas florestas tropicais, devido a uma grande variedade de espécies animais, a umabaixa densidade de indivíduos, e a um grande espaço domiciliar exigidopelos mesmos, nãohá chances de sobrevivência quando da perda ou destruição de sua estrutura primitiva, bemcomo o conhecimento das espécies existentes é mínimo. Os grandes projetos de exploraçãoagrária e de silvicultura, a exploração seletiva de plantas e animais, assim como a grandeinterdependência entre espécies animais e/ou vegetais destruídas, certamente levarão aodesaparecimento das últimas regiões florestais fechadas nos próximos 50 anos, e ao exter-mínio de milhões de espécies animais ainda não conhecidas. Levando em consideração aimportância do conhecimento da fauna das florestas tropicais a serem destruídas é pro-posto: uma colaboração entre nações com florestas tropicais e aquelas com grande capaci-dade de pesquisa científica; coletas qualitativas e quantitativas em grande escala de animais,onde a floresta será destruída; e conservação do máximo' da fauna da floresta tropical noseu espaço vital, através da formação de uma densa rede de reservas.Termos para indexação:Flgresta tropical, fauna, potencial, causas de extinção, conseqüên-. _ eClaS,correçoes. '

THE UNKNOWN POTENTIAL OF THE TROPICAL FAUNA:CAUSES, CORRECTIVES ANO CONSEQUENCES

..

ABSTRACT - In the tropical forest, in view of a great diversity of animal species, a lowdensity of organisms, and the need of a large home range, only a few species out of the totalare known, and there are small chances of survival when its primitive structure is destroyedor disturbed. The large projects for agricultural or silvicultural exploitation, the selected useof plants or animais, and the many interconected relations among animal and/or plantspecies, surely will lead to the desappearance of the last forested regions in the next 50years, and the extinction of millions of unknown animal species. Due to the importance ofknowing the tropical forest fauna where the forest is going to be destroyed, it isrecommended: a cooperation among nations having tropical forests and those having greatpotential of scientific research; qualitative and quantitative large scale collections of animais,where the forest is going to be destroyed; and the conservation of the greatest quantitypossible of the tropical forest fauna in its original vital space, through the development of adense reserve system.Index terms: Tropical forest, fauna,corrections.

potential, causes of extinction, consequences,

INTRODUÇÃO Também, os inverte brados quase não apare-cem, à exceção de casas de cupim e formi-gueiros. Nós sabemos que essa impressão éerrônea, e comprovamos cada vez mais que afloresta tropical abriga espaços vitais dosmais ricos em espécies animais.

Avaliações feitas há 30 anos supunhamdois milhões de espécies animais existentesna Terra, hoje estimadas em 30 milhões, 50

A floresta tropical é caracterizada deforma predominante pela vegetação - árvo-res, lianas, palmeiras, samambaias e pela va-riedade de epífitas. A fauna passa desperce-bida à primeira vista. Especialmente naAmazônia, tem-se freqüentemente a impres-são de que faltam vertebrados maiores.

1 Zoologische Staatssammlung, Maria-Ward-Strasse 1B, Munique, Alemanha Ocidental.

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milhões não são considerados impossíveis. Oaumento verificado é explicado principal-mente através de experiências vividas em re-giões de florestas tropicais.

Em levantamentos detalhados de gruposde animais, especialmente de insetos e outrosinverte brados, em áreas bem delimitadas,comprova-se repetidamente que só um pe-queno percentual das espécies é conhecido.Atualmente só os vertebrados e os insetosespecialmente grandes, principalmente co-leópteros e borboletas, podem ser considera-dos taxonomicamente bem estudados. Amaioria dos inverte brados é desconhecida.Isto é válido tanto para a fauna terrestrequanto para a aquática das regiões alagadasdas florestas.

O nosso lamentável desconhecimentoda fauna das florestas tropicais torna-sepatente quando perguntamos sobre a biolo-gia, a ecologia, ou distribuição de determina-das formas já analisadas taxonomicamente.O nosso conhecimento é, aqui, extrema-mente fragmentário e insuficiente para umaavaliação, mesmo aproximada, da função dafauna em um ecos sistema de uma florestatropical.

Causas

Este balanço superficial do conhecimen-to da fauna da floresta tropical é confrontadocom a destruição que, há décadas, rapida-mente aniquila seu espaço vital - as Flores-tas dos Trópicos. Certamente ninguém podeou ousa avaliar quantas espécies animais fo-ram exterminadas no decorrer da destruiçãojá consumada de regiões de florestas tropi-cais, especialmente na' África e Ásia e tam-bém de maneira crescente na América. Tra-ta-se somente de centenas de milhares ou demilhões de espécies de animais? Onde fica,por exemplo, a grande variedade da micro-fauna dos solos: quando grandes áreas dacobertura vegetal são destruídas através dedesmatamento e queimadas?

A falta de alimentos e as graves modifi-cações do clima de superfície acarretam umarápida destruição destas formas, sem queelas possam se readaptar em outros espaçosvitais. O mesmo é válido também para as po-pulações de insetos de nicho ecológico nasárvores, anfíbios e répteis. Mesmo os ágeismamíferos e aves, que podem fugir da des-

truição do seu habitat, sucumbem. As re-giões para onde fogem só podem servir deespaço vital passageiro, visto que as posiçõesa longo prazo já estão ocupadas. Mesmo emregiões amplas, o espaço vital de cada espécieé muito limitado. Sabe-se através de inúme-ros exemplos bem documentados, que mui-tas espécies animais e vegetais possuem dis-tribuições restritas, ou que os animais estãointimamente ligados a determinados tipos ouformações de plantas.

Alguns números de grupos animais rela-tivamente bem conhecidos e de fácil análiseservem para salientar em detalhe a enormediversidade, a variedade da fauna da florestatropical. Em Paguana, uma pequena e priva-da estação de pesquisa do Prof. Koepeck, si-tuada num afluente do alto rio Ucayali, asudoeste de Pucallpa, Peru, foram determina-dos em uma superfície de cerca de 150 ha defloresta os seguintes números de espécies:formigas, 270; borboletas diurnas, 270;anfíbios, 70; répteis, 60; aves 350; mamífe-ros grandes, 70 (excluído mamíferos peque-nos); morcegos, 51.

Em um córrego de terra firme perto deManaus, Amazonas, Brasil, vivem cerca de80 diferentes espécies de peixes, tantas quan-tas ocorrem em todas as águas da EuropaCentral. Além disso, vivem junto a outrosanimais aquáticos, principalmente inverte-brados, no mínimo cerca de 400 diferentesespécies de insetos, a maioria em forma delarvas.

Desde que Bates forneceu, dos arredoresde Belém, Pará, Brasil, os primeiros dadossobre o número de espécies, bem como daquantidade de indivíduos em cada espécie,sabemos que a variedade das espécies estáacoplada a grande diversidade, isto é, comuma densidade de indivíduos extremamentebaixa. "-

A conservação de uma grande diversi-dade pressupõe áreas de distribuição de dife-rentes dimensões, de acordo com o grupoanimal, mas de qualquer forma relativamentegrandes. Somente assim podem sobreviver,a longo prazo, populações de espécies combaixas densidades de indivíduos. Espéciesintroduzidas assim no ecossistema florestal,e a ele adaptadas, não possuem, portanto,chances de sobrevivência quando a florestaperde a sua estrutura primitiva ou é total-mente destruída.

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o grau de ameaça à fauna da florestatropical é total onde esta desaparece. :e des-necessário entrar aqui em pormenores refe-rentes às causas do extermínio das florestastropicais e, por conseqüência, da sua fauna.Estas não residem nem por longe somente nanecessidade de espaço da população local.

Também, na Amazônia, são, lamentavel-mente, os projetos de exploração agrária e desilvicultura, de rentabilidade econômica alta-mente questionável, freqüenternente os res-ponsáveis pela destruição da floresta. Isto éválido principalmente para a Amazônia Cen-tral com o seu solo extremamente empobre-cido geoquimicamente.

Existem indicações suficientes de que,nestas regiões, a fauna constitui uma parcelamuito pequena da totalidade da biomassa,mas que, por outro lado, exatamente naAmazônia Central, a enorme diversidadeflorística está relacionada a uma grande di-versidade da fauna. Cabe aqui a pergunta decomo a destruição sem sentido de grandesáreas da região e com ela, da fauna, podemser justificadas, sob as condições dadas.

A destruição da fauna nos trópicos co-meça, porém, muitas vezes, antes da destrui-ção da floresta em si, através de intensivaexploração seletiva de determinadas plantase animais, que pode implicar rapidamente noseu extermínio. Em extensas regiões daAmazônia já desapareceram, por exemplo, asárvores fornecedoras de "chiclet", e tambémo pau-rosa, por exploração excessiva. Emambos os casos, tanto para a obtenção dolátex bem como do óleo do pau-rosa, asárvores são derrubadas. A experiência nosensina que, a cada espécie vegetal, adaptam--se algumas espécies animais, por exemplo,larvas de diferentes grupos de insetos e seusparasitas.

Todo empobrecimento do número deespécies vegetais da floresta implica forçosa-mente em empobrecimento paralelo dafauna. Recentemente, tem-se tornado cadavez mais claro que o extermínio de uma es-pécie animal pode alterar dramaticamenteecossistemas tropicais inteiros. Tudo indicaque a grande eliminação do Me/anosuchusniger (jacaré-açu), Podocnemis expansa(Tracajá) e Trichechus inunguis (peixe-boi),levada a efeito nas últimas décadas, tem con-seqüências definitivas sobre o ciclo materialnos ecossistemas aquáticos da Amazônia.

385

Assim parece, por exemplo, que com o ex-termínio dos grandes répteis predadores, onúmero de peixes, ao invés de crescer, di-minuiu. Quando o peixe-boi deixa de manteros pastos aquáticos produtivos, a produçãoprimária na superfície livre diminui rapida-mente e com ela a taxa de oxigênio.

Os efeitos da destruição de determina-dos ecossistemas podem se fazer sentir tam-bém em outros espaços vitais. A destruiçãodo mangue traz as conseqüências não só paraa fauna litoral como também para as espéciesde peixes de alto mar cujos alevinos depen-dem da alimentação que dele provém. Corre-lações análogas. são encontradas entre afauna de rios tropicais e as florestas inundá-veis fronteiriças. Desaparecendo as forma-ções arbóreas da várzea, ou do igapó, a faunaaquática perde suas bases nutritivas princi-pais. Os mais atingidos são os peixes, quandoas frutas e outros materiais orgânicos deixamde cair ou de serem arrastados para a água. Orestante da fauna, porém, também é larga-mente dependente desse transporte alócto-no.

Deve-se partir também do princípio deque ações higiênicas, levadas às regiões flo-restais afetadas, também, exercem influên-cias negativas persistentes sobre a fauna. Umexemplo disto, entre outros, é o combate àmalária, esquistossomose e oncocercose daÁfrica Ocidental, onde são lançados, sobregrandes áreas, venenos para exterminar osvectores das parasitoses. E de se esperar queo uso de desfolhantes durante a ocupaçãohumana em regiões florestais seja evitado.

Como conseqüência, o grau de destrui-ção da fauna da floresta tropical é total ondeesta é destruída em larga escala. Mesmo ondesão realizados esforços de reflorestamento,esta destruição total não pode ser impedida,enquanto se entender por reflorestamento,monoculturas com espécies de árvores maisou menos estranhas à região. Todos os queestão a par da problemática das florestas tro-picais sabem que a destruição atual nasatuais circunstâncias não pode ser impedida.Na melhor das hipóteses, a velocidade dedestruição pode ser freada em algumas re-giões. Isto significa que, com o desapareci-mento das últimas regiões florestais fecha-das, o que deve ocorrer em cerca de 50 anos,de acordo com previsões atuais, a fauna flo-restal terá sido dizimada, restando somente

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f:~:igmentos das reservas atuais. Isto significaque, até lá, milhões de espécies animais, umagrande parte do conjunto de formas do mun-do animal da Terra, terão desaparecido irre-versivelmente.

O que se pode fazer? Ecólogos, biólogose, principalmente, zoólogos não podem assis-tir a estes fatos indiferentes, independenteda sua nacionalidade. Sobre eles, que conhe-cem as circunstâncias especiais, reside umaresponsabilidade com relação a estes aconte-cimentos, à qual não podem se furtar. Háuma responsabilidade em dois níveis: o estu-do desta fauna ameaça da de extinção e adeterminação e a concretização de sua me-lhor proteção. Deve ser considerada primei-ramente a pesquisa da fauna de floresta tro-pical. O seu conhecimento é o pré-requisitopara manuseá-Ia e protegê-Ia e com ela, a flo-resta.

Um pequeno exemplo teórico quantita-tivo torna patente as conseqüências resultan-tes, caso se queira levar a cabo uma pesquisaséria. Segundo as já referidas especulaçõesfundamentadas, deve-se esperar cerca de 30milhões de espécies animais vivendo naTerra, no mínimo 10 milhões de formas nãodescritas nas florestas tropicais. Como a me-tade das regiões florestais dos trópicos jáfoi destruída e, com o rápido avanço destadestruição, este número continuará dimi-nuindo constantemente. Se o objetivo hojefosse o de classificar somente um décimo dafauna atual nos próximos 50 anos, quandoas últimas florestas terão desaparecido, ouseja, descrever sistematicamente um milhãode espécies, isto representaria o trabalho rea-lizado pelos zoólogos nos últimos 250 anos.

Com uma carga de trabalho muito eleva-da, descrevendo 30 novas espécies por ano,seriam necessários mil zoólogos a dedicartoda sua vida ao estudo taxonômico dafauna inverte brada da floresta tropical. Co-mo se apresenta, porém, a realidade no setorde pesquisa zoológica específica? Na melhordas hipóteses, o crescimento do número denovas descrições de espécies nas últimas dé-cadas deu-se de forma linear, enquanto queno mesmo período as avaliações do númerode espécies realmente existentes subiram deforma aproximadamente exponencial. Vistosob este prisma, o desconhecimento domundo animal aumentou muito nos últimostempos. O lento avanço da pesquisa sistemá-

tica ressente-se, há décadas, do desprezocrescente à taxonomia, paralelamente ao in-centivo à fisiologia, bioquímica e genética.

Por outro lado, falta uma relação econô-mica imediata deste tipo de trabalho, umavez que as espécies animais não possuem,como a higiene ou pragas, importância eco-nômica. Atualmente, são poucos os zoólogosque se ocupam em tempo integral da taxo-nomia na Alemanha Ocidental e nos outrospaíses industrializados. Praticamente, só osmuseus oferecem tradicionalmente trabalhoneste ramo. Somando-se, na Alemanha,todos os especialistas em tempo integral ouem regime parcial para determinadas espé-cies animais, obtém-se um número poucoacima de cem. Somente um ou outro entreeles tem condições de se ocupar da taxono-mia de animais de florestas tropicais.

Compreensivamente, o potencial de bió-logos que trabalham com sistemática nospaíses industrializados é maior do que nospaíses tropicais onde estão localizadas asflorestas. Lá, a formação de uma equipe depesquisadores para esta finalidade é impossi-bilitada pelos altos custos e tempo envolvi-dos. Da situação descrita, resulta necessaria-mente que uma ampliação e aceleração dapesquisa taxonômica da fauna da florestatropical só é possível através de estreitacolaboração entre as nações com florestastropicais e as que possuem grande capaci-dade de pesquisa. Mesmo com os maioresesforços das nações diretamente envolvi-das e de países industrializados, permane-cerá sendo uma ilusão a ocupação em re-gime integral de 500 cientistas em trabalhostaxonômicos da fauna das florestas tropi-cais. Isto é desanimador pois a análise ta-xonômica das espécies é o primeiro passopara o seu estudo.

Para a compreensão ecológica e bio-lógica necessita-se das correlações funcionaisque só se tornam compreensíveis quandoconhecidas as características ecológicas ebiológicas das espécies do ecossistema. Pes-quisa sistemática moderna não se limitaatualmente ao setor taxonômico morfológi-co, mas procura também levar em conside-ração critérios ecológicos, entre outros. Comisto, um especialista não consegue nem delonge analisar anualmente a quantidade deespécies suposta no exemplo anterior.

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Visto de maneira realista, precisa seradmitido que somente uma pequena parcelada fauna da floresta tropical poderá ser ana-lisada cientificamente, antes da sua destrui-ção. Resta pensar como se pode fazer opossível de forma intensiva e efetiva notempo disponível.

Um passo extremamente importante, eque ainda precisa ser ampliado nesta direção,é a disposição dos países em questão à cola-boração intensa e não burocrática, comtodas as forças que são oferecidas de fora.Há tanto a ser feito que ninguém precisa termedo de perder alguma coisa, partindo-se dapremissa de que haja uma coordenação su-ficiente. Uma espécie amazônica descritapor um europeu é um presente caro à Amé-rica do Sul, uma ajuda. Somente depois deuma análise taxonômica trabalhosa pode-setomar, cientificamente, conhecimento deuma espécie, possuí-Ia e começar a trabalharcom ela.

Um outro estímulo ligado ao que aca-bou de ser dito deve ser considerado nestecontexto. A proposta é a realização de cole-tas qualitativas e quantitativas de animais, deforma sistemática e em grande estilo, em re-giões onde a floresta tiver que ser, em breve,sacrificada para projetos econômicos. Taiscoletas só têm sentido e valor para pesquisasfuturas, se forem realizadas corretamente,abrangendo o maior número possível de pa-râmetros ecológicos. Tal propósito é traba-lhoso e exige forças especializadas - biólo-gos, ecológos e auxiliares treinados. Eles sãonecessários não só para a coleta de materiale de dados, mas também para prepará-Ios econservá-Ios de tal forma que seja possível asua análise científica sob diversos aspectos,posteriormente. Paralelamente, deve ser ga-rantida uma conservação apropriada, demodo que, a qualquer tempo, o materialpossa ser colocado à disposição para análise.A conservação correta é, porém tambémaltamente dispendiosa.

Tais procedimentos são praticamenteimpossíveis de serem levados a cabo emplano nacional, no espaço de tempo disponí-vel. Poderiam, porém, ser concretizados como auxílio internacional. Apesar de ser de co-nhecimento geral, deve ser mencionado quea guarda e utilização do material coletadotem, necessariamente, que ser estipulada porcontrato entre os pa íses envolvidos. Aos

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países industrializados, oferece-se aqui umanova possibilidade de prestar ajuda de de-senvolvimento em âmbito científico. Nãoparece, porém, errado exigir-se dos empreen-dedores de grandes projetos econômicos quedestroem a floresta, que participem do fi-nanciamento destas coletas de emergênciapara as últimas pesquisas ecológicas. e extre-mamente lamentável qu~ tais ações, porexemplo, quando da construção das primei-ras grandes represas da Amazônia e do pro-jeto de minério de ferro Carajás, atualmenteem realização, não tenham sido realizadassatisfatoriamente. Pelo exposto, os esforçosdeveriam ter sido muito mais intensos e ex-tensos para que pudessem ter sido obtidosresultados que fizessem jus às necessidadesda zoologia.

Auxílio

Por mais que seja a conservação para aciência de uma pequena fração do espectroda fauna de uma floresta tropical, que preci-se ser afogada durante a construção de umarepresa, este material morto e conservadosó deve servir para a nossa melhor compreen-são da natureza viva. O primeiro objetivo,portanto, deve ser a conservação do máxi-mo da fauna da floresta tropical no seu espa-ço vital, para as gerações futuras. Há muitoa ser feito caso se deseje que as reservasatuais e planejadas preencham satisfatoria-mente essa função. Esperamos que cresça aconsciência de que a maior parte das regiõesflorestais existentes hoje só foram poupadasporque nelas o solo é imprestável para a uti-lização agronômica intensiva. Isto é válido,em primeira linha, para a Amazônia.

Não é pedir demais quando se reivindicauma densa rede de reservas para a conserva-ção destas tão diversificadas flora e fauna flo-restal da Amazônia, isto é, não devem existirreservas insulares, mas, sim, áreas úteis insu-lares cercadas por florestas. Importante nesteconceito, é que não se deixe à disposição dafauna e da flora somente regiões extrema-mente pobres ou desoladas, mas, também,zonas com solos geoquimicamente ricos.

Com planejamento adequado seria, tam-bém, seguramente possível a formação deáreas para refúgio da fauna em regiões de ex-ploração de madeira, caso se consiga queestas plantações sejam compostas de árvores

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regionais. Manutenção e pesquisa de fauna éproteção de espécie. Não se pleiteia por elas,aqui, somente para atender às necessidadescientíficas ou por colocação simplesmentesentimental.

Durante a história da Terra semprehouve espécies que desapareceram e novasque surgiram. Mesmo sem a intervenção hu-mana, espécies continuarão sendo extintas.O extermínio deliberado, motivado apenaspor lucro a curto prazo, fere não só normaséticas. Isto é certamente muito míope e deconseqüências negativas com relação a nossaprópria existência.

~ difícil prever-se hoje a importânciacientífica e humano-biológica que as espéciesda fauna de floresta tropical poderão vir a

ter no futuro. A diversidade genética que seesconde em milhões de espécies da flora efauna da floresta tropical, desenvolvida emcentenas de milhões de anos, representahoje, no linear da tecnologia genética, umareserva preciosa. Se fungicidas houvessemexterminado mais fungos, talvez não existis-se hoje a penicilina. Quem poderia imaginarque uma das poucas espécies ainda sobrevi-ventes de tatus terciários viria a se tomar oanimal experimental decisivo na pesquisa dalepra.

Por amor a nós mesmos, devemos esfor-çar-nos pela conservação da diversidade deformas de vida na Terra, que encontraramnas florestas tropicais seu melhor desdobra-mento.

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POTENCIAL, LIMITAÇÕES E ALTERNATIVASPARA O DESENVOLVIMENTO DA PESCA

INTERIOR NO TRÚPICO ÚMIDO BRASILEIRO

Wolfgang J ohannes Junk1

RESUMO - O presente trabalho tem como objetivo fornecer uma visão geral do desenvolvi-mento da pesca interior no trópico úmido brasileiro, baseando-se principalmente na pesca doEstado do Amazonas, no período de 1970 a 1984. A pesca interior mostra grande importân-cia no abastecimento de proteína animal à população local. A situação da pesca é discutidacom base nas informações biológicas existentes sobre a região amazônica e seus estoques pes-queiros. Estima-se um potencial pesqueiro de pelo menos o dobro da captura atual. Mas, sese aumentasse a produção, este aumento resultaria em graves conseqüências para a pesca e osestoques ícticos, pois as espécies de grande porte e maturação sexual atrasada (estrategistasK) serão cada vez mais substituídas por espécies de tamanho pequeno com maturação sexualrápida (estrategistas-r). Há afirmações que apesar do grande número de espécies existentesna bacia amazônica, a pesca atual pode ser considerada altamente seletiva. Apenas quatroespécies são responsáveis por cerca de 70% do desembarque total de Manaus, principal cen-tro consumidor do Estado. Como o desembarque total do pescado acompanhou o cresci-mento populacional, !(ouve concomitantemente uma mudança na participação das princi-pais espécies no consumo interno. O tambaqui (Colossoma macropomum), participandoinicialmente com cerca de 40% do desembarque total, reduzido para cerca de 15%. Poroutro lado, os jaraquis (Semaprochilodus spp) aumentaram a sua participação de aproxima-damente 20% para mais de 40%. No futuro haverá necessidade de aproveitar um maior nú-mero de espécies ícticas, inclusive as espécies predadoras que são abundantes, usufruindo dagrande capacidade produtiva do ecossistema. Neste contexto, a importância da tecnologia dopescado é mencionada como meio de aumentar o valor comercial de espécies atualmentepouco procuradas. A piscicultura, por outro lado, tem importância como atividade comple-mentar, a fim de aumentar a produção pesqueira a médio e longo prazos. ~ discutida a legis-lação atualmente em vigor que protege a Iauna aquática, como também os problemasoriundos da pesca provocada pelas modificações ambientais no decorrer da instalação dosgrandes projetos de desenvolvimento da Amazônia. Também são oferecidas informações so-bre a exportação de peixes ornamentais, durante o período de 1974 a 1984.Termos para indexação: Amazônia, ecologia, pesca interior, peixes ornamentais.

POTENTIAL, LlMITATIONS ANO ALTERNATlVESFOR THE OEVELOPMENT OF INLANO FISHPUES

IN THE BRAZILlAN HUMIO TROPICS

ABSTRACT - The present paper gives a general idea about the development of inlandfisheries in the Brazilian humid tropics, based principally on the fisheries of the State ofAmazonas from 1970 to 1984. Inland fisheries are of great importance as a source of animalprotein for the inhabitants of the region. The status of the fisheries is discussed with relationto ecological information available for the Amazon region and its fish communities. Thefishery potential is estimated to be at least twice as high as the actual catch, but, ifproduction were increased, this increase would result in drastic consequences for the fishstocks and the fishery in the following manner. Big species with late sexual maturitv(K-strategists) will subsequently be substituted by small species with early sexual maturity(r-strateqists), Despite the high species diversity of the fish communities in the Amazon

Limnólogo. Ph.D., Max-Planck Institut für Limnologie. Arbeitsgruppe Tropenokoloqie, Plon, Alemanha Ocoe Instítuto Nacional de Pesquisa da Amazônia. Caixa Postal 418. CEP 69000 Manaus, AM.

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basin, the commercial fisheries is highly selective: four speciescontribute about 70% of thetotal amount of fish sold at Manaus market, the main urban center of the State of Amazo-nas. The total catch increased proportional to the increaseof the population of the city,but this was accompanied by a change in the proportion of the main species in the catch.The "tarnbaqui" (Colossoma mecropomum) which formerly contributed about 40% of thetotal catch, went down to about 15%, whereas the "jaraquis" (Semaprochilodus spp.)increased from about 20% to more than 40%. In the future, there will be a need to use agreater variety of fish species,including the numerouspredatory species,for a more balancedusageof the great productivity of the ecosystem. In this respect, the importance of fishtechnology is stressedin a way to increasethe commercial value of specieswith little demandon the current market. On the other hand, the importance of fish culture as an additionalactivity to increase the fish production of the long term is mentioned. The protectivelegislation for the aquatic fauna is discussedas well as the problems created for the fisheryby environmental changesdue to large scaledevelopment projects to be realized in Amazô-nia. Data are given on the export of ornamental fishes from 1974 to 1984.

Index terms: Amazon, ecology, ínland fishery, ornamental fish.

INTRODUÇÃO

A pesca nas águas interiores do trópicoúmido brasileiro é equivalente à pesca no rioAmazonas e seus afluentes e nas vastas áreasalagáveis, várzeas e igapós ligados a eles. Asatividades pesqueiras têm tradicionalmenteum papel importante para a população ama-zonense. O peixe é uma das principais fontesde prote ína para todas as classes, indepen-dente da situação econômica (Giugliano etal. 1978 e Shrimpton et aI. 1979). A maiorparte da população rural ao longo dos riosexerce a arte de pesca, mesmo que seja tem-porariamente ou como pesca de subsistência.O acelerado crescimento da população ama-zonense ocorrido nos últimos anos, devidoprincipalmente à migração do Sul e Nordestedo país e pela alta taxa de natalidade, ocasio-nou um rápido aumento na demanda de pes-cado. Em determinados períodos (p. ex.,Semana Santa) há escassez do produto, oque levou, em 1981, o Governo do Amazo-nas a proibir temporariamente a exportaçãodo pescado para outros Estados, objetivandogarantir o abastecimento da população local.

Apesar da grande importância da pescano suprimento de prote ína animal para apopulação amazonense, até bem pouco tem-po existia somente um trabalho clássico so-bre a pesca na Amazônia (Veríssimo 1895).A aparente superabundância de peixes deuorigem a cerca de 65 anos de negligência doassunto por parte da pesquisa e, conseqüen-temente, na falta de estudos mais detalhados.Somente em 1960, Meschkat publicou umtrabalho abrangente. A partir dos anos 70começaram atividades científicas mais inten-sivas incentivadas tanto pela Superintendên-

cia do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE),em Belém e Manaus, quanto pelo InstitutoNacional de Pesquisas da Amazônia (lNP A),em Manaus.

A implantação do Curso de Pós-Gradua-ção sobre "Biologia de Água Doce e PescaInterior" no INP A, em colaboração com aFundação Universidade do Amazonas, em1976, resultou na capacidade de recursoshumanos e em uma série de trabalhos sobrea biologia de peixes, lirnnologia, pesca e pis-cicultura.

Com relação à pesca, são de interesseespecífico os trabalhos de Annibal (1983),Annibal & Oliveira (1981), Barthem (1981),Bayley (1981, 1982), Goulding (1979,1981), Junk & Honda (1976), Petrere Jr.(1978a, b, 1982), Ribeiro (1983), Smith(1979) e Worthmann (1982).

Áreas alagáveis, várzeas e igapós, emconexão com rios, são sistemas altamentecomplexos e até agora relativamente poucoestudados, não somente na Amazônia masno mundo inteiro. O seu conhecimento énecessário para entender as peculiaridades dapesca local, avaliar os estoques pesqueiros epropor meios para seu uso racional e sua pro-teção, respectivamente. O presente trabalhopretende, de uma maneira sumária, apresen-tar o conhecimento existente, incluindo asestatísticas mais recentes e fazer uma avalia-ção das perspectivas futuras. Essa tentativabaseia-se principalmente em dados obtidosno Estado do Amazonas, onde existem infor-mações bastante detalhadas. A avaliação dasituação da pesca no Estado do Pará é difi-cultada pelo fato de não haver controle daentrada de grandes quantidades de peixe pelapesca marítima e do estuário.

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ASPECTOS ECOLÓGICOS

A produtividade de um lago (ou repre-sa) depende principalmente da fertilidade desua água e da forma do seu leito. Quantomais fértil a água tanto maior será a produti-vidade primária e secundária e conseqüente-mente os estoques pesqueiros. Lagos fundostêm menor produtividade do que lagos rasos,visto que a fotossíntese é realizada somentena camada eufótica superficial (epilímnio),sendo a relação superfície/volume desfavo-rável em lagos fundos. Além disso, nutrientessão acumulados nas partes fundas dos lagos(hypolírnnio), empobrecendo as camadas su-perficiais. Enquanto que nos lagos fundos osnutrientes podem ser acumulados por longosperíodos (meses e até anos), nos lagos rasoseles são reciclados freqüentemente, estimu-lando a produção primária na camada eufó-tica. A circulação d'água também abasteceo hypolírnnio com oxigênio, favorecendoa sua colonização com animais, em geral, ecom peixes, em particular.

Ryder et al. (l974) indicam que a pro-dução pesqueira pode ser avaliada através doMEl (Índice Morfo-Edáfico), conforme a se-guinte fórmula, baseada na fertilidade d'águae na forma do leito do lago:

Condutividade J1 rnhosMEl = ---------------

Profundidade média

Este índice pode ser usado quando nãohá dados detalhados do estoque de peixes.Supõe-se nesta fórmula, de uma maneira sim-plificada, uma correlação direta entre os nu-trientes dissolvidos e os sais minerais totaisusando-se a condutividade elétrica como in:dicador da fertilidade. Henderson & Wel-comme (1974) mostraram que a produçãopesqueira de lagos e reservatórios africanospode até certo ponto ser avaliada atravésdesta fórmula.

Na Amazônia, Sioli (l950, 1965, 1967)classifica os rios conforme a sua coloração,condutividade elétrica e pH. Rios de águabranca são turvos por causa de sedimentosinorgânicos em suspensão, relativamentericos em sais minerais dissolvidos e de pHquase neutro. Rios de água preta são trans-parentes, de coloração escura devido aos

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ácidos húmicos, extremamente pobres emsais minerais e muito ácidos. Rios de águaclara são transparentes de coloração esver-deada e de caráter hidroquírnico interme-diário entre os outros dois tipos.

Estudos sobre a produção primária mos-tram que as águas brancas são as mais produ-tivas em termos de fitoplâncton (cerca deseis toneladas de matéria seca/ha/ano). Aságuas pretas produzem somente 60 kg/ha/ano e as águas claras têm uma produção in-termediária (Schmidt 1973, 1976, .1982 eFisher 1978). As macrófitas aquáticas ocor-rem em grandes quantidades na água branca,apresentam-se em menores quantidades naágua clara e são raramente encontradas ouausentes na água preta (Junk 1970, 1983b).

Isto indica que os rios de água brancasão as principais áreas com alto potencialprodutivo pesqueiro na região amazônica. Defato, a maior parte do pescado provém doSolimões/ Amazonas, Purus e Juruá, princi-pais representantes de rios de água branca(Junk & Honda 1976 e Bayley 1981).

Porém, tem que ser considerado que nãoé somente a fertilidade da própria água queinfluencia a produtividade e as redes alimen-tares. Em geral, os rios, ao contrário dos la-gos, têm produção autóctone muito baixadevido à sua turbidez e às fortes turbulênciasda água. As redes alimentares dependemprincipalmente de material alóctone da suaárea de captação (Vannote et al. 1980).

As áreas alagáveis ocupam uma posiçãointermediária entre lagos e rios (Junk 1980).O principal fator que influencia as áreas ala-gáveis é a mudança periódica entre uma faseaquática e uma fase seca. O rio Amazonas eseus afluentes estão sujeitos a grandes oscila-ções de nível de água em torno de 5 - 15 mpor ano, inundando periodicamente vastasáreas ao longo de suas calhas. Durante a en-chente acha-se disponível, para as redes ali-mentares, além da produção primária da pró-pria água, uma grande quantidade de vegetaisque cresceram durante a fase terrestre: a flo-resta inundável e vastos capinzais. Junk(l986), estimando a produção primária davárzea amazônica, indica que dessa produção16% são provenientes do fitoplâncton e peri-fiton, 32% da floresta inundável e 52% dascomunidades herbáceas, tanto aquáticasquanto terrestres.

Durante a cheia, a oferta alimentar é

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grande e diversificada, enquanto que na secatorna-se bastante reduzida. A ictiofauna estáadaptada às variações na oferta dos itens ali-mentares: a maioria das espécies é omnívorá.Elas exploram diferentes recursos tanto emdependência da época do ano quanto naspeculiaridades do habitat colonizado, depen-dendo do tamanho do peixe e tamanho doitem alimentar. O tambaqui (C%ssomamacropomum), p. ex., até um tamanhode 50 em consome, na água baixa, principal-mente zooplâncton por falta de outros itensalimentares. Durante a enchente ele aprovei-ta, além do zooplâncton, os vastos arrozais,ingerindo as sementes, e na cheia alimenta-sedos frutos da floresta inundável (Carvalho1981). Os peixes adultos concentram-se prin-cipalmente nas sementes e frutos da floresta,acumulando grandes quantidades de gorduragarantindo reservas suficientes para atraves-sar o período de água baixa, quando há me-nor disponibilidade de alimentos (Goulding& Carvalho 1982).

São poucas as espécies estritamente es-pecializadas em itens alimentares produzidospela própria água, como os maparás (Hypo-phthalmus spp) que são filtradores e comemprincipalmente plâncton.

Muitos trabalhos mostram a grande im-portância dos frutos da floresta inundável,insetos terrestres e detritos da vegetaçãocrescente na fase terrestre para a alimentaçãodos peixes da várzea e do igapó (Gottsberger1978 e Goulding 1981). Bayley (1982), ava-liando a produção da ictiofauna na várzeaamazônica perto de Manaus, concluiu, quea produção do meio aquático propriamentedito seria insuficiente para sustentar a eleva-da quantidade de peixes e ao mesmo tempogarantir a sua alta taxa de crescimento. Mascomo o material oriundo da vegetação ter-restre existe em quantidade, a oferta ali-mentar durante a enchente cresce de umamaneira expressiva. De acordo com Bayley(1982), neste período não existe uma limi-tação de crescimento por causa da competi-ção por itens alimentares das doze espéciesestudadas por ele. Entretanto, durante aseca, duas espécies mostraram uma limita-ção trófica, sendo provável que em ou troshabitats, e principalmente em secas pro-nunciadas, esta taxa seja bem maior.

Durante o período da cheia fica à dispo-sição da ictiofauna uma área extensa com di-

ferentes habitats, enquanto que durante aseca o meio aquático é fortemente reduzido,sendo os habitats pouco diversificados. Amaioria das espécies ícticas reage a estasdrásticas mudanças do meio ambiente commigrações em escala diferente. Pode-se divi-dir a ictiofauna em um grupo com hábito se-dentário e um outro grupo que realiza gran-des migrações.

As espécies de hábito sedentário (Ciclí-deos, Scienídeos, Osteoglossídeos) deslocam--se por distâncias relativamente pequenas pa-ra evitar a seca. Esses movimentos são em ge-ral de poucos quilômetros e realizam-se indi-vidualmente entre os corpos de água perma-nentes (lagos, poços, braços de rio) e a áreainundável.

As espécies migradoras formam cardu-mes de desova no começo da enchente. Asmigrações podem ser direcionadas dos lagospara o rio, curimatã (Prochilodus nigricans),branquinha (Anodus spp) e tambaqui (Co-/ossoma macropomum), ou dos afluentespara o Solimões/ Amazonas, jaraqui (Sema-prophilodus spp.), ou em direção às cabecei-ras, cardinal (Cheirodon axe/rodi). Para com-pensar a baixada das larvas e alevinos, mui-tas espécies através da correnteza migramdurante a enchente rio acima. Estas migra-ções podem ser de longa distância (Goulding1979, Goulding & Carvalho 1982 e Ribeiro1983).

O comportamento migratório dificultaseriamente a avaliação dos estoques pesquei-ros. Sabe-se que espécies sedentárias, comoas pescadas (Plagioscion spp.), formam po-pulações separadas nos diferentes afluentesdo Solimões/ Amazonas (Worthmann 1982),porém, não se sabe, até que ponto espéciesmigratórias pertencem a uma só populaçãoou a várias, devido às grandes distânciasatravessadas durante as migrações.

Os diferentes modos de migração e dedesova refletem-se no balanço energéticodo peixe. Peixes migradores com desova to-tal necessitam de muita energia durante operíodo da desova para formar as gônadasvolumosas e realizar a migração. Por outrolado, espécies de hábito sedentário e dedesova parcelada necessitam de menos ener-gia ou distribuem as atividades de reprodu-ção e gastos energéticos num período maior.Conseqüentemente, peixes migradores acu-mulam muita gordura na enchente e são ma-

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gros na época da desova, enquanto o teor degordura das espécies não migradoras é maisuniforme (Fig. 1).

Apesar dos peixes saírem da área alagá-

vel antes da seca, a mortalidade durante esteperíodo é grande, seja por ficarem detidosnos lagos morrendo na seca, ou pelo desapa-recimento dos habitats específicos, permane-

m Nível do rio Amazonas30282624222018+-.-.-~~~-.-.-.".-~--~"~-.-.-.-.,,.-~.-r-

O/o80787674727068666462

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19781978

J F M A M J J A S O N OJ F M A M J J A S O N OSardinha( Triportheus e/ongotus)

Tucunaré(Cich/o oceüarts)

Proteína

Cinza

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J F M A M J J A S O N OJ F M A M J J A S O N OFIG.l Teor de água, proteína, gordura e cinza da sardinha (Triportheus elongatus), peixe dedesova total, e

do tucunaré (Cichla ocellaris), peixe de desova parcelada. (Análise do peixe inteiro).

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cendo em áreas desprotegidas e sujeitos àalta taxa de predação. Faltam ainda informa-ções detalhadas sobre a mortalidade duranteas vazantes nos rios amazônicos. Estimativasdo rio Kafue e sua área alagãvel na África in-dicam que na seca ficam somente cerca de60% da sua ictiomassa existente na cheia(Michigan University 1971). Bonetto et aI.(1969) estimaram a perda anual de pescadono rio Paraná durante a seca, em 40.000 t.Essa quantidade é quatro vezes maior que acaptura de 1967.

Outro evento que provoca anualmentegrande mortalidade de peixes é a friagem.Durante um período de dois a quatro diasnos meses de maio/junho, ventos provenien-tes da Antártida, trazendo chuvas torren-ciais, podem resfriar a temperatura do ar nabacia amazônica central até 170C. Em con-seqüência, há uma mistura total da água noslagos de várzea. As camadas inferiores sãodeficientes de oxigênio, contendo freqüen-temente altas quantidades de gás sulfídricotóxico. A mistura total resulta na quedadrástica da concentração de oxigênio na su-perfície, matando os peixes por asfixia e, emparte, até por direta intoxicação com H2S(Brinkmann & Santos 1974, Geisler 1969,Junk et aI. 1983 e Santos 1973).

SITUAÇÃO ATUAL DA PESCA

Existem duas estatísticas sobre o desem-barque de pescado em Manaus. Uma prove-niente da Superintendência do Desenvolvi-mento da Pesca (SUDEPE), e outra da Colô-nia dos Pescadores de Manaus (Z-2). Os da-dos divergem nos anos 70, sendo em geral osvalores indicados pela SUDEPE 10 - 15%menores que os da Colônia Z-2. Explica-seesta diferença pelo fato da SUDEPE, comoórgão fiscalizador e controlador, receber al-gumas vezes informações errôneas. A partirde 1980 os dados indicados por ambos osórgãos são iguais.

Todos os dados coletados referem-se aodesembarque do pescado no Mercado Muni-cipal Adolpho Lisboa. Porém, há muitosanos, existem outros pontos de desembar-que de menor importância. Com o cresci-mento da cidade de Manaus, estes pontos dedesembaque começaram a ganhar maior im-portância. Por isso, a partir de 1982, a Colô-nia Z-2 começou a coleta de dados no bairro

da Panair, e a partir de 1983 na Glória, SãoRaimundo e Compensa.

Os dados mostram que, no Mercado Mu-nicipal Adolpho Lisboa em 1983, foi desem-barcado cerca de 65% do pescado para a ci-dade de Manaus. Em 1984 o valor baixoupara 50%, mais 7.992 t de exportação parao Estado do Pará e Território de Roraima.Isso indica que o desembarque dos anos an-teriores foi subestimado. Estudos detalhadosde Petrere Junior (1978a, b) e Bayley (1981)indicam para Manaus em 1976 um consumode 30.800 t e em 1977 um consumo de24.900 toneladas, correspondendo a 28% e40% a mais do que_ as 24.000 t e 17.800 tindica das pelas estat ísticas da Colônia Z-2para o mercado Adolpho Lisboa (Fig. 2).

Apesar destes problemas, os dados esta-tísticos à disposição permitem as seguintesconclusões: o desembarque de pescado regis-trado para Manaus aumentou de cerca de10.500 t em 1970 para cerca de 39.000 t em1984. Supõe-se que o primeiro valor foi su-bestimado em cerca de 40% e estima-se porisso um desembarque total em Manaus, em1970, de 14.000 t. Comparando este valorcom o valor total indicado para 1984, de39.000 t, chega-se a um aumento de cerca de170%. Ao mesmo tempo, a população deManaus cresceu de 3 I 0.000 habitantes, em1970, para 640.000, em 1980. e segundo es-timativa do IBGE o número para 1984, estáem torno de 800.000, o que na realidade,porém, deve ter atingido 900.000. Issocorresponde a um aumento populacional decerca de 160 - 190%. Conseqüentemente, adisponibilidade de pescado em termosquantitativos mantém-se no mesmo níveldesde 1970. De acordo com Giugliano et aI.(1978), o consumo de pescado per capita em1976 foi de 55 kg para a classe de baixa ren-da, 50,9 kg para a classe média, e, 38,4 kgpara a classe alta. O pescado desembarcadoem 1984 é suficiente para manter este nível.

Em termos qualitativos verifica-se umamudança bem pronunciada (Fig. 2). Nosanos 70, o tambaqui (Colossoma macropo-mum) era a espécie principal, participandocom 35 - 40% do desembarque total. O tam-baqui é uma espécie de grande porte chegan-do a atingir até 1,20 m de comprimento eaté 30 kg de peso, sendo considerado comoespécie nobre. A segunda espécie era o ja-raq ui (Semaprochilodus spp), participando

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84FIG. 2. Desembarque de pescado total e das espécies principais no Mercado Municipal Adolpho Lisboa (AL). Manaus. A partir de 1982 é

indicado o valor total do mercado Panair(P) e a partir de 1983 os valores totais dos mercados Glória (G). São Raimundo(SR) e Com-pensa (C). (Fonte: Colônia dos pescadores Z-2. Manaus).

1970 72 82 8373 74 75 77 78 79 80 8171 76

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com 20 - 30% do desembarque. O jaraquié uma espécie de pequeno porte, 25 - 35 emde comprimento e 300 - 700 g de peso,sendo considerado o "peixe do povo" (Narealidade trata-se de duas espécies S. taeniu-rus e S. insignis).

A partir de 1978 começou uma quedacontínua da participação do tambaqui nodesembarque total, enquanto a participaçãodo jaraqui aumentou permanentemente. Nosúltimos cinco anos a participação média detambaqui foi de 22%, enquanto a do jaraquifoi de 42%. A terceira espécie, o curimatã(Prochilodus nigricans), manteve a sua posi-ção em torno de 10% durante todos os anos,aumentando somente em 1984 para cerca de17% e ultrapassando pela primeira vez o tam-baqui, que atingiu somente 16%. Levando-seem consideração o pescado exportado parao baixo Amazonas e Roraima, a percentagemdo tambaqui baixa ainda mais chegando a12,6%, enquanto a do curimatã aumentapara 17,5%. A participação do jaraqui é emambos os casos de 39,7%.

Apesar da bacia amazônica possuir pelomenos 2.000 espécies ícticas, das quais cercade 200 são comestíveis e de boa qualidade

. nutricional, somente quatro espécies contri-buem com. 70 a 75% do desembarque totaldo pescado em Manaus. Isso demonstra aalta seletividade da pesca, que apesar de umatroca em importância entre tambaqui, jara-qui e agora provavelmente curimatã, conti-nua da mesma forma durante os últimosquinze anos.

O desembarque do pescado porém nãoaumentou de uma maneira contínua. Houve

períodos com desembarques baixos, porexemplo, em 1977/78 e 1980/81 e anos comdesembarques excepcionalmente grandes,como 1975, 1979 e 1982/83/84. As razõespara estas diferenças podem ser ecológicasou técnico-econôrnicas, embora seja difíciluma avaliação precisa.

A queda do desembarque nos meados de70 está relacionada ao drástico aumento dospreços de combustível e gelo, que impediumuitos barcos pesqueiros de continuaremseu trabalho. O número de excursões pes-queiras continuou abaixar, enquanto o de-sembarque de pescado subiu. Atualmente,com cerca de 8 t de pescado/excursão pes-queira, os barcos trazem aproximadamenteo dobro da quantidade do período de 1975-1978, compensando-se dessa forma os gastosmaiores com gelo e combustível. Obviamen-te, os problemas foram mais acentuados comas embarcações pequenas: de 1975 para1917, a entrada de canoas caiu de 167 paraquatro e somente nos últimos anos está au-mentando novamente. A entrada de barcospequenos, entre 1975 e 1984, baixou em66,7%, de barcos médios em 61,9% e de bar-cos grandes em 43,7% (Tabela 1). Uma aná-lise detalhada do esforço pesqueiro existesomente para 1976-1978 (Petrere Junior1978a, b, 1982). Outro estudo está atual-mente em elaboração no INPA (Meronacom. pess.).

O desembarque do pescado não é uni-forme durante o ano. Existem épocas de sa-fras e entressafras (Fig. 3). Em geral há umamaior oferta a partir de agosto até janeiro.As safras estão relacionadas com o nível da

TABE LA 1. Entrada de barcos pesqueiros no mercado municipal" Adolpho Lisboa". Manaus.

Ano Canoa Barco pequeno Barco médio Barco grande Total Desembarque/viagem< 2t <lOt <2Ot > 20t (t)

1975 167 4.764 1.416 526 6.873 4.6311976 80 4.580 1.592 566 6.818 3.5501977 4 3.908 1.559 582 6.053 2.9421978 5 3.466 1.297 525 5.293 4.2751979 10 3.590 1.199 512 5.311 5.4261980 10 3.127 862 454 4.453 4.9351981 41 2.727 855 462 4.085 5.2151982 56 2.433 764 378 3.631 6.6781983 125 1.810 608 323 2.866 8.4441984 98 1.587 539 296 2.520 7.729

Fonte: Colônia dos Pescadores Z-2, Manaus.

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água, que por sua vez influencia profunda-mente o comportamento do peixe. Logo nocomeço da subida da água (dezembro/janei-ro), os jaraquis (Semaprochilodus spp) for-mam cardumes de desova e são capturadosem grandes quantidades. Entre março ejunho eles também formam cardumes e fa-zem migrações rio acima, podendo em algunsanos serem capturados em maior número.Como os jaraquis representam as principaisespécies no desembarque de pescado, as fasesde suas migrações contribuem para as safrasem Manaus. A partir de agosto, com a baixadas águas, a maioria das espécies ícticas co-merciais sai das áreas alagáveis, várzeas e íga-pós e são bastante vulneráveis à pesca. Du-rante este período uma quantidade maior depescado e um maior número de espécies sãooferecidos no mercado. Entre 1970 e 1979,a maior captura do tambaqui realizava-sedurante a seca, entretanto, desde 1980 estepadrão não é mais tão comum. Porém, éimportante salientar que safras e entressafraspodem até certo ponto, mudar de ano paraano (Fig. 4), sendo assim, não se pode prevercom detalhes o que acontecerá no próximoano.

Um dos fatores principais para o aumen-to da captura foi o aumento da capacidadeda fabricação de gelo em Manaus e a instala-ção de novas fábricas de gelo em várias cida-des ao longo do rio Solimões/ Amazonas, taiscomo Manacapuru, Itacoatiara e Tefé. Emvirtude do pescado em sua maior parteser consumido fresco, o abastecimento rápidodos barcos pesqueiros com quantidades su-ficientes de gelo é de fundamental importân-cia. Como conseqüência foi ampliado o cam-po de atuação da frota pesqueira de Manaus,que atualmente pesca em lugares até1500 km distante da capital nos limites doEstado do Amazonas.

Outros fatores importantes foram o usode fibras sintéticas para a confecção de redesmaiores e mais resistentes e a introdução demalhadeiras (Meschkat 1958), que permitiua pesca nas matas inundáveis. Todas essasmodificações no setor pesqueiro começaramem maior escala no início dos anos 70.

Para 1976, Petrere Junior (1978b)indica que 31 % do pescado desembarcado nomercado Adolpho Lisboa foi capturado pormalha deiras, 15% por redinha, 3% por arras-tão, 13% por espinhel e 38% por outros mé-

397

todos (zagaia, arpão, arco e flecha, tarrafa,anzol etc.). Isso demonstra o alto grau deequipamento de pesca moderna utilizada napescaria amazônica. Seria errôneo consideraros métodos tradicionais, como arpão e za-gaia, primitivos ou até levar em consideraçãosua proibição (Meschkat 1960). Esses méto-dos são bastante eficientes na mata inundá-vel e permitem uma pesca bem direcionada.Além disso, o equipamento utilizado é muitobarato e por isso bastante acessível às classesde baixa renda dos ribeirinhos. São aindausados, explosivos e veneno (rotenona),apesar de serem proibidos por causa dos efei-tos desastrosos aos estoques pesqueiros.

De acordo com Bayley (1981), a captu-ra total de pescado no Estado do Amazonasem 1977 atingiu 85.300 t. Deste total foramvendidas 24.900 t em Manaus, 38.200 t fo-ram consumidas pela população fora da capi-tal, 900 t foram exportadas para Porto Ve-lho, 12.300 t para outros Estados do Brasile 9.000 t para Colômbia. Com relação aoconsumo total no Estado do Amazonas, Ma-naus participou em 1977, com cerca de40%. Considerando o fato de que, conformedados do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), a população fora da ca-pital atualmente tem um índice de cresci-mento menor que a de Manaus, em 1984 cer-ca de 50% do consumo de pescado no Esta-do do Amazonas foi de Manaus. Esta altapercentagem justifica a importância atri-buída à estatística pesqueira de Manaus,com relação à análise da situação da pesca noEstado do Amazonas.

AVALIAÇÃO DO POTENCIALPESQUEIRO

Existem na literatura várias estimativasdos recursos pesqueiros da bacia amazônica.Varoli (1969), baseando-se nas estatísticasde Manaus e Belém, e supondo um consumode 200 g de pescado por pessoa ao dia, esti-mou uma captura total de 75.000 t e indicouum possível aumento para 100.000 t/ano.

Azevedo (1970), sem indicar referên-cias, estimou a captura total em 65.000 t/ano. Baseando-se em dados obtidos da pescano rio Mogi-Guaçu, no Estado de São Paulo,ele avaliou a produção pesqueira em 200 kg/ha/ano. Levando em consideração uma áreaprodutiva de 3.165.000 ha na bacia amazô-nica brasileira, ele calculou o potencial pes-

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1980 1981 1982 1983 1984FIG. 3. Desembarque total e das espécies principais mensalmente indicadas em comparação com o nível d'água nos anos de 1980-

-1984, no mercado municipal Adolpho Lisboa, Manaus (Fonte: Colônia dos pescadores Z-2, Manaus).

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FIG. 4. Safras e entressafras de acordo com o desembarque mensal de pescado no Mercado Municipal Adol-pho Lisboa, Manaus. O desembarque "normal" corresponde ao valor médio mensal ± 10%. (Fonte:Colônia dos Pescadores Z-2, Manaus). O nível d'água corresponde ao valor médio do dia 15 de cadamês, indicando também o mínimo e o máximo absoluto de 1970-1984.

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400

queiro em 633.000 t/ano.Na realidade, existe até agora somente

um estudo quantitativo detalhado medindoa biomassa íctica por área e a sua produçãodurante o ciclo do ano inteiro. Este trabalhofoi realizado por Bayley nos anos 1977/1978nos arredores de Manaus (Bayley 1982). Osdados são calculados para a área entre Ma-naus e a boca do rio Purus.

De acordo com este estudo, a biomassamédia anual de peixes é 160 gim 2 ± 24 e aprodutividade média anual 280 g/m2. Para aárea estudada, Bayley calcula uma produçãototal de 366.000 t/ano do qual foram'apro-veitadas pela pesca somente 9.900 t, ou seja,2,7%. Considerando o fato que a pesca seconcentra em espécies com mais de 25 em decomprimento, tem que se levar em conside-ração principalmente as espécies maiores. Oscálculos para peixes com tamanho superior a25 em indicam uma produção de 134.000 t/ano dos quais somente 7,4% foram captura-dos.

Esses números mostram como o atualaproveitamento da produção íctica pelo ho-mem é baixo. Sem dúvida, uma pesca maisadequada pode aumentar a produção pes-queira.

Podemos constatar, que a alta seletivida-de da pesca atual aproveita somente poucasespécies. Espécies grandes, como o tamba-qui (CO/ossoma macropomum) e o pirarucu(Arapaima gigas), embora altamente procura-das, mostram um declive drástico na partici-pação no desembarque total. Outras espéciesde pequeno porte, de curto ciclo de vida erápida reprodução, tais como o cubiu, orana(Hemiodopsis spp, Hemiodus spp), pacu(My/eus spp), aracu (Leporinus spp, Schizo-don spp, Rhytiodus spp), branquinha (Curi-mata spp), são pouco aproveitadas.

Bayley (1982) chama atenção para aalta taxa de peixes predadores. Obviamenteos predadores são bastante eficazes em apro-veitar grande parte da produção íctica. Ofato, é que a grande maioria do pescado de-sembarcado pertence às espécies não preda-tórias o que pode afetar o equilíbrio entrepredadores e presa. Por isso seria necessárioaproveitar da mesma maneira espécies pre-dadoras como não predadoras. Porém, amaioria das espécies predadoras (peixe-ca-chorro (Hydro/ycus spp, Hydrocynus spp,Rhaphiodon spp), piranhas (Serrasa/mus

spp), bagres (Pime/odidae etc.) tem valor co-mercial baixo. Além disso, o pescador evitapescar em áreas com alto número de pira-nhas por causa dos danos que os peixes cau-sam ao equipamento pesqueiro.

Worthmann (1982) mostrou que os es-toques de pescadas (P/agioscion spp), sãosubexplorados. Isso foi indicado tambémpor Annibal (1983), o qual mostra que apescada no lago do Rei, área fortementeexplorada pelos pescadores de Manaus, parti-cipa com 11 - 35% na captura enquanto quea sua participação no desembarque de Ma-naus fica em torno de apenas 1 - 3%. Emgeral aumentou, com a intensificação dapesca nos arredores de Manaus e a subse-qüente diminuição do tambaqui, a partici-pação das espécies menores sem diminuir aprodução pesqueira total (Petrere Junior1978a). Para o Estado do Amazonas, PetrereJunior (1982) mostra que a produção pes-queira é diretamente proporcional ao esfor-ço.

Por outro lado seria errôneo supor, quea produção íctica medida por Bayley poderiaser totalmente ou em grande parte utilizada.A mortalidade natural, através de fatoresabióticos e bióticos, tais como durante aseca, a friagem e pela predação por animaiscarnívoros, pode somente ser substituídapela pesca em termos relativos.

Bayley (1981) baseando-se em dadospróprios e de Petrere J unior (1978a, b), fezuma avaliação do potencial pesqueiro, levan-do também em consideração informaçõesexistentes sobre a pesca em outras áreas ala-gáveis tropicais. De acordo com estudos rea-lizados em rios africanos, a produção pes-queira depende, além da fertilidade da água,também do tamanho da área alagada (Wel-comme 1976). Porém, a relação entre pro-dução íctica e a área alagável não é linear.Rios com áreas alagáveis relativamente gran-des (-1,8 - 2,3% da área de captação) tinhamuma produção pesqueira por área cerca detrês vezes maior que rios com áreas alagáveispequenas (1 % da área de captação). A maio-ria dos rios amazônicos possui áreas alagáveisextensas indicando alta produção pesqueira.Uma exceção é o rio Madeira com produçãopesqueira relativamente baixa por causa doseu vale estreito (Goulding 1979).

Bayley (1981) calculou o potencial pes-queiro do médio e alto Amazonas em

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217.000 t/ano (Tabela 2). O potencial dobaixo Amazonas é considerado menor, porcausa da menor área alagável sendo o poten-cial pesqueiro total para a bacia amazônicasem o delta, atualmente estimado em tornode 320.000 - 350.000 t/ano. Isso representacerca do dobro da captura atual. Consideran-do-se o crescimento da população amazôni-ca, que quase duplica a cada dez anos, oabastecimento da população com pescado nonível atual é garantido até meados dos anos90. É importante salientar que se trata deestimativas bastante preliminares, porém,atualmente não existem dados suficientespara cálculos mais exatos.

O valor indicado para o potencial pes-queiro é baixo em comparação com valoresobtidos na pescaria em áreas inundáveis daÁfrica e Ásia que atingem 40 a 60 kg/ha/ano(Welcomme 1979). De acordo com os cálcu-los de Bayley, a produção pesqueira da vár-zea perto de Manaus era, em 1977, cerca de19 kg/ha, considerada ainda superior a dorestante da bacia. Merona (s.d.) analisando apescaria do rio Tocantins na área da futura

401

represa de Tucuruí, chega à conclusão, queos valores indicados por Bayley (1981) pro-vavelmente subestimam fortemente o poten-cial pesqueiro da bacia amazônica.

LIMITAÇÕES E ALTERNATIVASDO MANEJO

O manejo de estoques mistos, ou seja,dos estoques compostos por várias espéciesocupando o mesmo habitat, pode ser feitoqualitativamente, aproveitando-se somentepoucas espécies de alto valor, ou quantitati-vamente aproveitando-se da produção detodas as espécies comestíveis com a finali-dade de conseguir a captura máxima susten-tável. O desenvolvimento demográfico e eco-nômico da bacia amazônica não deixará amédio e longo prazos grande margem de es-colha entre as duas alternativas.

O modelo conceitual de Welcomme(1983) demonstra a reação de um estoquemisto ao esforço pesqueiro crescente (Fig. 5).Com o incremento do esforço, aumenta acaptura até atingir o máximo. Ao contrário

TABELA 2. Captura registrada e teórica de pescado da média e alta bacia amazônica no Brasil, em 1977. Osvalores teóricos baseiam-se em dados de rios africanos.

RioRegiãoCaptura

registrada(t)

Captura teórica (t)Áreas alagáveis"Normais" (a)

Áreas alagáveis"extensas"

(b)

Condutividade(J.Lmhoscm à 20oC)

Alto AmazonasRio MadeiraBaixo SolimõesAlto Solimões

21.0007.8009.600

AmazonasMadeiraSolimãesSolimõesPurusJuruáJapuráIçá

SubtotalRio NegroTotal

Negro43.600

3.20085.200

13.50014.9004.200

28.45024.20025.300

5.8002.100

85.8006.200

125.000

40.60014.90012.70085.40024.20025.300

5.8002.100

142.8006.200

217.000

61-79c40-6971-9761-79d7O-100e

120-19431-6331-7311-12016-24

6-9

Fonte: Bayley 1981.a) Áreas alagáveis "normais" cobrem menos que 1% da área de captação. Captura teórica é baseadaem captu-

ra It) = 0,0033 (comprimento do rio em km), de Welcomme (1976).bl Áreas alagáveis "extensas" cobrem 1,8 - 2,3% da área de captação e tem um potencial cerca de três vezes

maior que áreas alagáveis "normais" (Welcomme 1976), Em caso de dúvida, a captura teórica foi baseadaem áreas alagáveis "normais".

c) Se não for indicado especificamente, valores de condutividade se referem à desembocadura dos rios e sãocalculados de acordo com Gibbs (1967) com o seu fator de conversão de 0,7.

d) Dados não publicados do rio Solimões perto de Manaus. Valores de 15-500 foram registrados de áreas ala-gáveis e lagos influenciados pelo baixo rio Solimões.

e) Do rio Solimões perto da boca do rio Purus (Gibbs 1967).f) Do rio Maraiion (Gibbs 1967).

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402

a pescaria em estoques monoespecíficos, quecomeça a render menos com um crescimentodo esforço pesqueiro além deste ponto, apescaria de estoques mistos continua rendermuito numa faixa bastante grande antes desofrer o colapso. Esta estabilidade aparente-mente grande, é ligada às profundas modifi-cações na composição dos estoques, taiscomo a redução da idade média dos esto-ques, do tamanho e valor dos peixes, redu-ção da biomassa, redução do número de es-pécie e da captura por esforço. Espécies deporte pequeno com produção rápida (estra-tegistas-r) aumentam em importância, en-quanto que espécies de porte grande e repro-dução retardada (estrategistas - K) dimi-nuem.

O modelo também indica um melhoraproveitamento dos recursos alimentícios pe-los estoques como um crescimento aceleradodos peixes e sua reprodução adiantada. Estesaspectos, porém, parecem menos importan-tes na várzea amazônica, visto que a oferta

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alimentar na maior parte do ano não é fatorlimitante (Junk 1976 e Bayley 1982), sendoos estoques fortemente influenciados pelaflutuação do nível da água.

A pescaria atual do Estado do Amazo-nas encontra-se provavelmente no ponto Ado modelo. Poucas espécies das quais algu-mas de grande porte compõem uma grandeparte da captura.

A tendência é desenvolver a pescaria aoponto B do modelo no qual a captura máxi-ma sustentável é conseguida aproveitando-semuitas espécies com um esforço pesqueiroadequado, porém a custo das espécies degrande porte. Apesar da proibição da pescade tambaquis menores de 55 em, tamanhomínimo de maturação sexual da espécie, en-contra-se no mercado especimen de até 20 emem número crescente. Conseqüentemente, aparticipação do tambaqui e de outras espé-cies de grande porte na captura total dimi-nuirá cada vez mais, sendo elas a longo prazoirrelevantes para a produção pesqueira total.

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FIG. 5. Esquema geral das modificações numa comunidade íctica composta de muitasespécies com crescente pressão pesqueira: 1 = Captura total, 2 = Produçãobiológi-ca, 3 = Captura por unidade de esforço, 4= Biomassa, 5 =Valoretamanho médiodopeixe, 6 = nOde espécies. (Fonte: Conforme Welcomme, 1983).

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Esta situação aparentemente já é observadaem vários lagos ao redor de Manaus, freqüen-temente visitados pelos barcos pesqueiros eintensivamente utilizados pelos moradoresda área, através da pesca de subsistência.

O aumento do esforço pesqueiro, alémdo ponto B do modelo em direção ao pontoC, não aumentará mais a captura, distribuin-do-a somente a um crescente número depescadores, até chegar ao ponto D no quala pescaria sofre rápido colapso.

Pode-se mencionar que a pesca na Ama-zônia encontra-se ainda bem longe desteponto. Porém, é possível, que a estabilidadedas comunidades ícticas dos rios amazônicoscontra altas pressões pesqueiras (a fase entreos pontos B e D do modelo) seja menor doque a indicada por causa dos hábitos migra-tórios bem pronunciados e sincronizados demuitas espécies de valor comercial. Ribeiro(1983) fornece uma descrição detalhada docomportamento complexo dos jaraquis(Semaprochilodus spp) o que toma as espé-cies altamente vulneráveis para a pesca. Ospescadores amazonenses são bem capazes deacompanhar os cardumes dos jaraquís, prin-cipalmente durante a época da desova porvários dias e capturá-los com grande sucesso.

Por isso, enquanto o jaraqui como indi-víduo pode ser considerado como estrategis-ta - r, os cardumes dos jaraquis provavelmen-te têm que ser considerados como estrategis-tas - K, representando de certa forma "orga-nismos de ordem superior". É exatamente ocardume, e não o indivíduo, que sofre oimpacto principal da pesca como demonstraa estatística pesqueira que indica capturasmáximas nas épocas das migrações reproduti-vas e tróficas. Provavelmente, no futuro,será necessário impor um regulamento napescaria dessas espécies para evitar a sobre-pesca.

A redução das espécies de grande porteparece inevitável para aumentar a médio elongo prazos a captura total. Do ponto devista ecológico, porém, isso é altamente la-mentável, porque algumas espécies parecemter função chave nos ecossistemas aquáticosamazônicos. Os tambaquis adultos, porexemplo, são extremamente adaptados àscondições das áreas alagáveis, aproveitandofrutos e sementes duros e grandes de váriasespécies de palmeiras e da seringueira barri-guda (Astrocaryum jauari, Hevea spruceana)

403

da floresta inundável, o que poucos peixesconsomem. A forte redução do tambaquidiminui a produtividade íctica e pode inter-ferir até com a composição florística damata inundável, sendo a distribuição de se-mentes por peixes (ictiocoria) uma estraté-gia comumente encontrada em várias espé-cies arbóreas tanto da mata de várzea quantono igapó (Gottsberger 1978, Goulding &Carvalho 1982, Piedade 1985). Uma funçãochave é atribuída também aos grandes ani-mais herbívoros, p. ex., peixe-boi (Triche-chus inunguis), capivara (Hydrochoerus hy-drocheris) e as tartarugas (Podocnemis spp),fortemente reduzidos em número pela caçae pesca. Junk (1980) suspeita de efeitos ne-gativos para as redes alimentares nas várzeaspelo retardamento da reciclagem de grandesquantidades de nutrientes estocados nas ma-crófitas aquáticas, por falta de herbívorosgrandes.

A maneira mais simples de manejar esto-ques mistos é simplesmente deixar a pescadesenvolver-se conforme as leis de oferta eprocura que determinam o preço e atravésdele as atividades pesqueiras (Bayley 1981).Esse extrativismo absoluto funciona atécerto ponto, porém, já colocou em perigo deextinção muitas espécies na Amazônia (tar-tarugas, peixe-boi, lontra, ariranha, jacaré)sendo, portanto, pelo menos questionável.Além disso, a pesca é a tradicional fonte deproteína animal para a maioria da populaçãoamazonense, principalmente da classe debaixa e média renda, que têm poder aquisiti-vo limitado para acompanhar a subida depreços. Isso atribui à pesca na bacia amazô-nica, além do aspecto econômico, aspectossociais e políticos, que provocam àtividadesadicionais do lado do governo.

A fim de proteger a fauna aquática fo-ram tomadas várias medidas:

1) Parques Nacionais e outras áreas de prote-ção

Existem na Amazônia, atualmente, seteparques nacionais, quatro reservas biológicas,oito reservas florestais e oito estações ecoló-gicas (Carvalho 1984). Todos englobam umcerto número de habitats aquáticos, porém,sendo somente poucas áreas explicitamentecriadas para a proteção da fauna aquática,por exemplo, a estação ecológica das Anavi-

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404

lhanas e a reserva biológica do Trombetas.Faltam ainda áreas de proteção nas várzeas,principais locais de pesca. As áreas atualmen-te protegidas ajudarão na preservação das es-pécies aquáticas ameaçadas de extinção, po-rém, não têm maior influência para o manejodos estoques pesqueiros.

2) Legislação protecionista

- Foi proibida a caça e pesca das espé-cies em perigo de extinção, como peixe-boi(Trichechus inunguis), tartaruga (Podocne-mis expansa), ariranha (Pteronura brasilien-sis), lontra (Lutra enudris), jacaré-açu (Mela-nosuchus niger) e jacaré-tinga (Caiman cro-codilus), assim como a comercialização desuas peles e isso diminui a pressão sobre osestoques e no caso do jacaré-tinga resultouna recuperação dos estoques.

- Foi proibida a pesca do pirarucu (Ara-paima gigas) durante a época de desova (ou-tubro a março).

- Foram estabelecidos tamanhos míni-mos de captura para várias espécies ícticas,entre elas o tambaqui (CO/ossoma macropo-mum) com 55 em e o piracuru (Arapaimagigas) com 150 em.

Para reforçar esta proteção, Goulding(1979) propôs a proibição da malhadeira demalha fina « 23-25 em). Porém, tal proibi-ção iria dificultar a pescaria de espécies demenor porte na mata inundável e nos capin-zais e também prejudicar os ribeirinhos queusam este tipo de malhadeira para a pescade subsistência. Necessita-se de mais subsí-dios para avaliar o impacto desta medida.

Outra medida discutida é a proibiçãotemporária da pesca em certas áreas por al-guns anos, permitindo a recuperação dos es-toques dos peixes grandes. Este tipo de ma-nejo é difícil de ser realizado devido aos há-bitos migratórios das espécies. A área temque ser bastante grande para garantir o su-cesso da medida, reduzindo paralelamente acaptura total e influenciando de uma manei-ra negativa o abastecimento dos centrosurbanos.

Todas as medidas acima citadas estãobaseadas em restrições. A realidade da pescaatual mostra que é extremamente difícil im-por um regulamento na vasta bacia amazô-nica. Em vista dos problemas de garantir ocumprimento das leis estabelecidas, é reco-

mendável limitar a legislação pesqueira aomínimo necessário, porém rigidamenteobservado, a fim de não desgastar a autori-dade do órgão envolvido.

Uma maneira viável de proteção do tam-baqui, pirarucu e de outras espécies aquáti-cas ameaça das, poderia estar baseada na pro-teção de áreas isoladas por particulares parafins de um manejo explícito dos estoquesdessas espécies. O alto valor do pescado com-pensaria a baixa captura, principalmente emáreas remotas, onde a relação entre os gastosde transporte e o valor da mercadoria é favo-rável somente para produtos de alto valor.As autoridades (principalmente a SUDEPE)deveriam estimular esta tentativa para desen-volver alternativas de manejo e para avaliar asua rentabilidade.

Em relação às atividades governamentaispara o melhoramento da infra-estrutura pes-queira discutem-se as seguintes metas:

1) Construção de um terminal pesqueiroem Manaus. Há tempo está em discussão aconstrução de um terminal pesqueiro. Umanteprojeto foi elaborado há alguns anos,por peritos da SUDEPE. Argumentos a fa-vor, são entre outros, as impróprias condi-ções higiênicas dos atuais locais de desembar-que, o desperdício de pescado, atualmenteestimado em 10-20% da captura total, rela-cionado em parte à falta de possibilidade decongelar peixe e a grande flutuação de ofertade pescado durante o ano, que poderia serequilibrada por câmaras frigoríficas.

Já existem estudos sobre o aproveita-mento da capacidade de congelamento, po-rém, mostram uma ociosidade média anualde 40-60% (Lessi E., com. pess.), indicandoa necessidade de estudos mais detalhadossobre a viabilidade econômica do projeto.

2) Melhor aproveitamento dos estoquesem áreas distantes dos centros urbanos. Estáem discussão a construção de pequenos fri-goríficos ao longo dos principais rios fre-qüentados pelos barcos pesqueiros, para acu-mular o pescado até seu transporte para oscentros de consumo. Aqui também faltamestudos detalhados de rentabilidade.

3) Estímulo da tecnologia do pescado.A tecnologia do pescado tem um papel im-portantíssimo para o aproveitamento dasespécies que atualmente apresentam baixacotação no mercado, pois o seu valor nutri-tivo é plenamente comparável com aquele

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das espécies altamente procuradas. A comer-cialização em forma de fishburger, físhflnger,salsicha de peixe etc ... iria valorizar a maté-ria-prima e aumentar a oferta protéica.

4) Implantação da piscicultura. A longoprazo, a implantação da piscicultura tem queser considerada corno importante medidacomplementar à pesca. Espécies atualmentemuito procuradas como o tambaqui, deverãoter também no futuro um mercado garanti-do, subindo o preço dessas espécies com adiminuição da sua oferta pela pescaria.

A piscicultura tem que ser vista tambémcorno atividade complementar para a agrope-cuária na terra firme, utilizando áreas impró-prias para o plantio (charcos, pântanos) eaproveitando os resíduos da própria agrope-cuária para a alimentação adicional dos pei-xes, p. ex., frutos de palmeiras e seringueiras.A criação mista de peixe/porco e peixe/patodesde muitos anos é uma atividade lucrativaem outras áreas tropicais. Dessa forma, a pis-cicultura além de complementar a oferta depescado, absorverá também mão-de-obra aoredor dos centros de consumo, merecendopor isso apoio e estímulo das instituiçõesgovernamentais.

Duas medidas, freqüentemente discuti-das, parecem inadequadas para aumentar acaptura:

1. Introdução de equipamento de pescamais moderno. Não existem ao que parece,métodos modernos economicamente viáveisa serem introduzidos atualmente para aAmazônia.

2. Eliminação de animais competidoresna pesca (jacarés, botos, garças, mergulhões).O impacto destes predadores como consumi-dores da produção íctica tem que ser vistode urna maneira bastante diferenciada. Nãoexiste a relação direta entre a predação hu-mana (pesca) e predação natural. Predadoresnaturais aproveitam certa parcela da popula-ção íctica, que não seja necessariamente amesma capturada pela pesca, tais corno pei-xes mortos, doentes, fracos, pequenos, man-tendo assim um controle sanitário importan-tíssimo no ambiente.

Por isso é ilusório esperar um aumentoda captura de peixes através da diminuiçãodas populações de jacarés, botos, garças emergulhões corno propôs Meschkat (1960),já que as espécies, exceto os botos, atual-mente são fortemente reduzidas em compa-

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ração com os estoques antigamente existen-tes.

Além disso, os nutrientes estocados nospeixes foragidos pelos predadores são reei-clados diretamente no habitat, adubando aágua (Fittkau 1970), favorecendo a produ-ção do fitoplâncton e zooplâncton, principalalimentação das pós-larvas da maioria daictiofauna. Estas, passando essa fase críticada vida, começam a aproveitar aos poucos agrande oferta de diferentes itens alimentaresexistentes na várzea, que, de acordo comBayley (1982), não é limitante para a produ-ção íctica.

Além de certos métodos de pesca (p.ex., o uso de explosivos e de veneno) proibi-dos por lei, várias outras atividades humanaspodem afetar de urna forma negativa a pro-dução pesqueira na bacia amazônica, como:

1) Construção de grandes barragens. Atéagora existem duas represas hidrelétricas nabacia amazônica: Curuá-Una e Tucuruí. Ou-tras estão em fase de construção (Balbina eSamuel), e muitas em fase de planejamento.A interrupção dos caminhos migratórios demuitas espécies e a modificação dos habitats,podem afetar os estoques pesqueiros de urnamaneira negativa, ultrapassando as perdas to-tais até as capturas adicionais providenciadaspela área maior da represa. Um estudo sobrea ictiofauna da represa de Curuá-Una mostra,que sete anos depois do fechamento dascomportas ainda não haviam sido estabeleci-das populações de peixes detritívoros,iliófagos e herbívoros de valor comercial, ca-pazes de usufruir das abundantes macrófitasaquáticas do "Aufwuchs" e dos detritos,principais fontes alimentícias na represa(Ferre ira s.d.). A fim de garantir urna altaprodução pesqueira, provavelmente, será ne-cessária a produção de alevinos dessas espé-cies em grande escala e sua introdução nasbarragens. Essa atividade estimulará, tam-bém, a piscicultura em nível do pequenoempresário, visto que poderão ser oferecidosa ele os alevinos necessários.

2) Grandes projetos de mineração eindústria. Projetos de grande porte de mine-ração e de indústria podem ocasionar umimpacto negativo através de grandes quanti-dades de poluentes e tóxicos introduzidosnos rios. O impacto dessas substâncias podeser direto, como no caso do mercúrio que éliberado em certos processos de produção de

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celulose e papel ou indireto, no caso de gran-des quantidades de sedimentos na minera-ção de bauxita (red mud). Recomenda-sepor isso, um acompanhamento desses proje-tos por ecólogos para garantir um tratamen-to adequado dos esgotos e resíduos.

3) Intensificação das atividades agrope-cuárias na várzea. Os solos férteis da várzeapermitem colheitas boas e os pastos naturaisfavorecem a criação de bovinos e bubalinos.Sem dúvida alguma, o aproveitamento mistoda várzea, tanto através da pesca quantoatravés da agropecuária, aproveitará da me-lhor maneira a alta produtividade do sistema.Por outro lado, tem que se levar em conside-ração que certas atividades agropecuárias po-dem ser altamente prejudicais para os esto-ques pesqueiros, tais como a aplicação deagrotóxicos e a derrubada indiscriminada eem grande escala da mata inundáveI. Não sedeve planejar o aumento da produção agro-pecuária a custo da produção pesqueira, massim como uma complementação. Aqui tam-bém a intensiva colaboração entre ecólogos,agrônomos e biólogos pesqueiros é necessá-ria já na fase de planejamento: para evitardanos desnecessários aos estoques pesquei-ros.

PEIXES ORNAMENTAIS

Com um valor total de cerca deUS$ 600.000, o mercado de peixes orna-mentais é relativamente pequeno. Porém, éde importância local, principalmente para aárea do rio Negro, de onde vem a maiorparte dos peixes, sendo a sua captura umafonte adicional de renda para a populaçãoque vive principalmente da extração de pro-dutos naturais.

Manaus é o maior porto de exportaçãode peixes ornamentais do Brasil - 87,6% em1976, - (Welcomme et aI. 1979). O númerototal exportado aumentou de 6.l06, em1974, para 19.106, em 1979, baixou depoisgradativamente para 13,5.106, em 1982, esubiu novamente, em 1984, para 18.l06,

correspondendo a um valor de US $ 547.000para os peixes exportados (Fig. 6).

Cerca de 100 espécies são exportadas,porém, somente poucas têm importânciaeconômica. A principal espécie é o cardinal(Cheirodon axelrodi) que participa com70-80% da captura total e cerca de 50% do

valor total da exportação. O discus (Sym-physodon spp.) é exportado em número beminferior (0,6%), porém participa com 17-23%do valor total (Tabela 3). Os Estados Unidose a República Federal da Alemanha são osmaiores importadores, com um total decerca de 60% do número e de 70% do valortotal (Tabela 4).

Além do Brasil, a Colômbia, Peru e Ve-nezuela exportam peixes ornamentais da ba-cia amazônica. Para 1977, Welcomme et aI.(1979) estimaram o número total de peixesornamentais exportados da bacia amazônicaem termos de 20 - 30 milhões de animais.Para 1980, o número foi estimado por Junk(1984a) em cerca de 40 milhões. Nos últi-mos anos a exportação de peixes ornamen-tais parece se manter no mesmo nível. Isso,em parte, é devido às ofertas de peixes ama-zônicos criados em grande número em cati-veiro, principalmente na Ásia (Bangkok,Hongkong etc.). Por exemplo, a criação emgrande escala do neon (Hyphessobryconinnesi) reduziu drasticamente a exportaçãodesta espécie do Peru de mais de 50% paracerca de 14% da quantidade total (Hanek1982). O cultivo em cativeiro de peixesornamentais no Brasil até agora torna-seantieconômico, devido à falta de "know--how" e mão-de-obra capacitada e barata.

Considerando as grandes perdas durantea captura, transporte e estocagem dos ani-mais, o número retirado de seus habitatsnaturais é bem maior. Dados fidedignos sãodif íceis de conseguir. Estima-se para muitasespécies taxas de mortalidade de até 80%(J unk 1984a). A exploração dos estoques depeixes ornamentais em grande escala chamoua atenção dos naturalistas preocupados coma extinção de certas espécies. Porém, pode-senotar que a captura de peixes ornamentaistorna-se antieconômica bem antes da redu-ção das espécies a um nível crítico para suasobrevivência. Além disso, a maioria das es-pécies, como o cardinal, são espécies de ciclode vida curto e reprodução rápida (Geisler &Annibal 1985), substituindo as perdas pelapesca, rapidamente.

Os crescentes gastos com combustível ea competição crescente com criadores daÁsia e Europa forçarão os exportadores depeixes ornamentais no futuro a reduzir cadavez mais as perdas durante a captura, o trans-

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1974 1976 1978 1980 1982 1984FIG.6. Número total de peixes ornamentais exportados de Manaus de 1974-1984. (Fonte: SUDEPE, Ma-

naus).TABELA 3. Número e valor chI,.,péçies principai, de peix" ornementai. exportados de Manau. de 1980 - 1984.

1980 1981 1982 1983 1984Espécie

N~ % NO % N~ % NO % N~ %

Cardinal 13.407.992 81,6 12.847.806 80,S 10.578.400 77,7 9.430.699 66,3 13.288.210 70,9Rodostomus 921.097 5,6 1.011.136 6,3 1.113.580 8,2 1.688.979 11,9 1.714.835 9,2Corydoras 686.909 4,2 324.312 2,0 398.725 2,9 796.527 5,6 859.925 4,6Discus 107.882 0,7 112.334 0,7 115.931 0,9 134.827 0,9 112.045 0,6Aruanã 50.945 0,3 63.258 0.4 126,058 0,9 147.081 0,8Outros 1.248 130 7,6 1.592.778 10,0 1.414.365 10,4 2.055.646 14.4 2.620.669 14,0

Total 16.422.755 15.951.624 13.621.001 14.232.736 18.742.765

Valor

Cr$ % USS % Cr$ % US$ % US$ %

Cardinal 18.839.753 53,0 346.755 54,0 50.676.531 36,6 260.062 46,9 248.305 45,1Aodostomus 1.775.280 5,0 32.819 5,1 6.527.556 4,7 45.344 8,2 52.720 8.4Corydoras 1.361.840 3,8 9.486 1,5 2.604.481 1,9 20.433 3,7 26.902 4,3Discus 7.820,658 22,0 145.048 22,6 24.241.652 17,5 102.959 18,6 125.741 20,0Aruanã 1.194.510 3,4 32.044 5,0 17.830 3,2 38.376 6,1Outros 4.532.969 12,8 76.228 11,9 54.430.260 39,2 107.961 19,5 101.840 16,2

Total 35.525.010 642.380 138.480.480· 554.589 629.890

• - 561,784 US$Fonte: SUOEPEO Valor em US$ não leva em consideração os peixes vendidos no Sul do Brasil, sendo o seu valor indicado somente em Cr$.

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porte e o período de estocagem, reduzindodessa forma o número dos peixes capturadosna natureza.

Acredita-se ser bem mais perigoso para asobrevivência das espécies a modificação emgrande escala dos seus habitats naturais atra-vés do desmatamento, construção de barra-gens, mineração e aplicação de agrotóxicos .

AG RADECIMENTOS

o trabalho foi realizado através de cola-boração entre o Instituto Nacional de Pes-quisas da Amazônia (lNP A), Manaus, Ama-zonas, Brasil e o Max-Planck Institut fürLimnologie, AG Tropenõkologie, Plõn,Bundesrepublik Deutschland. A participa-ção no congresso foi financiada pelaGesellschaft für Technische Zusammenarbeit(GTZ).

Agradeço ao Sr. Alfredo J acaúna, presi-dente da Colônia dos Pescadores de Manaus -Z-2, pelo fornecimento dos dados sobre odesembarque do pescado e o número dosbarcos pesqueiros e ao Eng. de Pesca Dr. Pe-dro Roberto de Oliveira do PDPjSUDEPE-AM pelo fornecimento dos dados sobre aexportação de peixes ornamentais .

Agradeço também aos meus colegas doINP A, Drs. Edson Lessi, Bernard de Meronae Maria Gercilia Mota Soares que muito con-tribuiram com suas críticas e sugestões va-liosas.

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A PROBLEMATICA DE COMERCIALlZAÇAODA PECUARIA DE CORTE DO ESTADO DO PARA

Fernando Acatauassu Nunes!

RESUMO - Analisa-se a problemática da pecuária de corte no Estado do Pará, mostrandoaspectos relevantes sobre a comercialização do produto, política do setor, e apresenta-sesugestões para sanar a crise que aflige esse importante segmento da agropecuária do Estado.Com a abertura da estrada Belém-Brasilia, novas áreas de pecuária de corte foram implanta-das no sul do Pará, com pastagens cultivadas, principalmente com o colonião iPanicum ma-ximum), as quais passaram a produzir bovinos de corte de melhor qualidade, portanto demelhor preço de comercialização, quando comparadas com aqueles oriundos das áreas tra-dicionais de pecuária no Baixo Amazonas e Arquipélago do Marajó, fato que desencadeouum processo de melhoramento do sistema tradicional de criação. A comercialização no Es-tado é também influenciada por fatores externos, pois o produto abasteceu o mercado deoutros Estados, onde o preço é superior, e por fatores internos, devido à instalação de gran-des projetos como Albrás-Alunorte, Tucuru í, Carajás, etc. Com relação à bubalinoculturatem havido grande apoio por parte da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia-SUDAM, através de incentivos fiscais, tornando a comercialização desses animais bastanteinteressante. Além disso, o acordo assinado para venda de 10.000 fêmeas bubalinas ao Pe-ru, torna essa atividade bastante atraente. A comercialização se resume em: mercado favo-rável e com preço melhor para o gado de corte criado em pastagem cultivada; mercado fa-vorável, com preço 10% inferior, para o criado em pastagem nativa; mercado favorável parabubalinos de corte criados em pasto nativo, com preço igual ao de bovinos provenientes depastagem nativa. Com relação à política do setor, são discutidos aspectos sobre política fi-nanceira bancária, econômica fiscal e de insumos básicos. Finalmente, sugere-se medidaspara sanar a crise, como defesa de preços ao consumidor, controle de preços de insumos eimplementos, programa de crédito rural, política de comercialização, programa de habita-ção rural, eletrificação e telefonia, infra-estrutura de escoamento da produção, previdênciasocial ao trabalhador, justiça tributária, entre outras.Termos para indexação: Gado de corte, Estado do Pará, comercialização, fatores internos,fatores externos.

THE COMMERCIALlZATION PROBLEMSOF BEEF CATTLE RAISING IN THE STATE OF PARÁ

ABSTRACT - Problems of raising beef cattle in the State of Pará are analysed, presentingrelevant aspects of product marketing and pol itical issues; suggestions are presented to helpavert the crisis which is afflicting this important sector of animal husbandry in Pará. Withthe opening of the Belém-Brasília hiqhwav , new areas of beef cattle ranching in the south ofPará were developed through cultivated pastures, primarily of guinea grass (Panicum mexi-mumi, which produced beef cattle of better quality and at lower prices than traditional,native-grassland ranches of the lower Amazon and the Marajó archipelago. Marketing ofbeef within the State was also influenced by external factors for the meat supplied marketsof other states where prices are higher, and by internal factors related to the instalation oflarge projects such as Albrás-Alunorte, Tucuru i, Carajás, etc. With respect to buffaloranchinq, there has been much support from the Superintendency of Development ofAmazônia (SUDAM) through financial incentives which created ínterest in marketing ofthese animais. Furthermore, the agreement to sell 10,000 female water buffalo to Peru alsomade buffalo marketing atractive. The commercialization of meat in Pará can be summarizedas: a favorable rnarker and higher prices for beef cattle raised in cultivated pastures; a

Produtor.

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favorable market with 10% lower prices for beef raised in native pastures; a favorable marketfor water buffalo raised in native pasture with prices equal to those of beef cattle raised innative pastures. With respect to polítical issues, polítical aspects of bank financing, fiscaleconomics and basic inputs are discussed. Finally, methods to heal the crisis, are discussed,such as price defense for consumers, price control of inputs and implements, rural creditprograms, eletric and telephone systems, product distribution infra-structure, social welfarefor laborers, justice for taxpayers, among others.

Index terms: Beef cattle, State of Pará, commercialization, internal factors, external factors.

INTRODUÇÃO

A pecuária de corte do Estado do Paráse concentra no Baixo Amazonas, na regiãodas ilhas, incluindo o arquipélago do Marajóe na Região Sul do Pará, servida pela BR-01 Oe rede viária estadual.

As pastagens nativas de parte das ilhasde Marajó, Caviana e Mexiana, aliadas à plu-viosidade intensa e regime de seca bem defi-nidos trazem como conseqüência uma pe-cuária de menor porte, traduzida pelo menorpeso de carcaça e, conseqüentemente, co-mercialização demorada e mais difícil. Emcontrapartida, o custo da formação da boia-da é baixo, desde que se mantenha aguadano período da seca e controle sanitário porocasião das infestações periódicas.. No centro e sul do Estado, a pecuária decorte é desenvolvida em pastagens cultivadas,implantadas após a derruba das matas, condi-ção em que é possível produzir animais emmenor espaço de tempo, com carcaças maispesadas, percentual mais elevado de carne emercado sempre disponível para compra. Ocusto porém é elevado, calculando-se que oretorno para a manutenção de uma pastagemsem juquira (plantas invasoras), bem forma-da e manejada e mais as despesas normais demanutenção do rebanho de corte, está emtorno de 75% (setenta e cinco por cento)sobre o valor apurado na comercialização doestoque anual.

Entretanto, o estado atual de certasáreas ao longo da rodovia Belém-Brasília édesolador e foi provocado pela euforia inicialque levou o pecuarista a pretender uma capa-cidade de suporte das pastagens em até cincorezes por hectare. A gramínea desapareceu, ajuquira vegetou de forma violenta, aliada àcigarrinha nas braquiárias.

A experiência, no entanto, permitiu quemuitos pecuaristas reformulassem sua idéiainicial e, hoje, já se tem um razoável conheci-mento do manejo destas áreas, onde o supor-te não vai além de uma a duas cab./ha/ano,

desde que o manejo se faça de modo apermitir o descanso do pasto após ser total-mente vedado por certo período de tempo.As pastagens com o capim coloníão (Pani-cum maximum) permanecem se essas regrasforem obedecidas, existindo propriedadesque possuem essa gramínea há mais de trezeanos, apresentando resultados de engordasurpreendentes.

Objetivando fazer uma análise sobre aproblemática da pecuária de corte no Estadodo Pará serão mostrados aspectos relevantessobre essa questão, com respeito à comercia-lízação do produto, à política do setor, bemcomo sugestões para sanar a crise. Emborasejam considerados importantes, não serãoabordados assuntos atinentes à caracteriza-ção do ambiente da região, ao sistema decriação do gado regional, bem como sobreas doenças mais comuns, seus combates eprofilaxias, deficiências alimentares, repro-dução e melhoramento genético.

COMERCIALlZAÇÃO DA PECUÁRIADE CORTE REGIONAL

Não existindo na região frigoríficos doGoverno ou de particulares que permitam arealização de um estoque regulador de carnepara o período da entressafra, a venda degado de corte se faz durante todo o ano, emmaior ou menor quantidade, através demarchanterias ou cooperativa que abatemo gado em matadouros oficiais ou particula-res e, também, clandestinos.

O gado é distribuído em quartos diantei-ros e traseiros pelos mercados e casas de car-ne nas cidades do interior e capital dos Esta-dos. Nas cidades do interior o sistema éainda mais precário pois a fiscalização sani-tária praticamente não existe, bem comonão são adequadas as dependências usadas,não possibilitando um mínimo de segurançasanitária às populações da área.

A região amazônica, com sua rede hidro-viária vastíssima, dificulta a ação fiscalizado-

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ra sanitária e a cobrança dos impostos devi-dos ao erário. A fiscalização efetivamentesanitária se restringe as áreas metropolitanasdas capitais e algumas cidades mais impor-tantes do interior. Quanto a fiscalização tri-butária está disseminada em todas as cidadesdo interior, além da capital e ao longo daRodovia Belém-Brasília, onde se faz maiseficaz.

Durante muitos anos o Estado do Pará,que anteriormente abrangia o Território Fe-deral do Amapá, constituía com o restanteda Amazônia uma parte totalmente isoladado resto do Brasil. As vias de troca com o suldo país eram marítimas e aéreas e, interna-mente, fluviais. O transporte aéreo era inci-piente e sem expressão maior. A populaçãolocal estava acostumada a receber mercado-rias com atraso, as vezes deterioradas, cujopreço era elevado em função dessas dificul-dades.

Por ser uma região isolada, a pecuáriaera limitada ao Baixo Amazonas e ao arqui-pélago do Marajó. Todo o criatório era de-senvolvido em regime extensivo, com as pe-culiaridades de cada região, mas, primordial-mente, utilizando áreas de capim nativo, re-nováveis anualmente, sem nenhuma interfe-rência da mão do homem. O gado desta re-gião, face a sua consangüinidade, foi com otempo adquirindo características de rustici-dade para enfrentar as dificuldades do clima.No entanto, houve redução de sua carcaça,fato ainda hoje notado, existindo algumasboiadas, principalmente no interior do Esta-do do Maranhão, do gado chamado "CUR-RALEIRO", cuja carcaça não atinge mais de150 kg em animal adulto.

Com o advento da Belém-Brasília, aderrubada das matas e plantio de capim-colo-nião, na maioria das vezes com incentivos fis-cais da SPEVEA (Superintendência do Planode Valorização da Amazônia), hoje denomi-nada SUDAM (Superintendência do Desen-volvimento da Amazônia) e desta, houve aintrodução do gado zebuíno, principalmenteNelore e Gir, trazendo como conseqüênciaum desequilíbrio comparativo de carcaça porocasião da entrega deste do matadouro. En-quanto o gado vindo das ilhas e do BaixoAmazonas apresentavam-se geralmente ma-gros e velhos, o gado oriundo da estrada eranovo, bastante gordo e com carcaça desen-volvida. Daí em diante, passaram os mar-

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chantes e os matadouros a dar preferência aogado da estrada, criado em pastagem cultiva-da e, em conseqüência, deixando sem comer-cialização o gado das ilhas.

Esse processo que violenta um "StatusQuo", existente por centenas de anos,encontra inicialmente uma reação natural aessa modificação. A reação se deu por adesãoe a comercialização do gado nativo passou aser realizada por preço inferior ao gado daestrada, face à necessidade dos pecuaristasem atender a seus compromissos financeiros.A adesão também se deu no sentido deserem obrigados a melhorar o seu rebanho,usando melhores reprodutores, o que possi-bilitaria animais gordos e mais jovens. Ogado da estrada tomou conta do mercado,na euforia inicial já citada anteriormente,com o capim-colonião exuberante em todasas pastagens.

Inúmeros fazendeiros das ilhas adquiri-ram terras ao longo da Belém-Brasílía, con-tagiados por esse novo Eldorado, na expec-tativa de fazer a cria nas ilhas e a recria eengorda na estrada. No entanto, passado oestádio inicial de euforia, o excesso de gadonos pastos de colonião acabou por dizimá-lo,pois as terras fracas da Amazônia não resis-tiram ao excessivo pisoteio.

Foram desenvolvidos estudos, inclusivepela EMBRAP A - Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária, e a sugestão foi a in-trodução da Braquiaria humidicola, o famo-so quicuio-da-amazônia, menos exigente emsolo, possuindo raízes profundas, o quepossibilitaria mais condições de sustentação,além de estender-se pelo solo, evitando a ju-quira.

Novamente ocorre uma euforia, a doquicuio, como salvação da pecuária regional.Porém, cerca de dois anos após, a cigarrinhainvade o pasto de maneira efetiva e devasta-dora. Imediatamente, os órgãos de pesquisasão acionados para dar uma solução ao pro-blema. Várias alternativas foram apresenta-das, porém todas sem resultados práticos. Aprópria pesquisa, carente de recursos não sófinanceiros como humanos, busca soluçõespaliativas, e, entre estas, as mais recomen-dadas são: não permitir que a infestação dascigarrinhas encontre o pasto enfraquecidopelo pisoteio; deixá-lo com um mínimo de20 em de altura, em descanso, por ocasiãodas chuvas que é a época propícia à infesta-

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ção ; e, diversificar as pastagens, utilizandooutros tipos de. gramíneas como andropo-gon, (Andropogon gayanus), jaraguá, (Hy-parrhenia rufa), colonião, etc.

Estas recomendações são da própriaEMBRAPA já que, até o presente momento,as ninfas das cigarrinhas se protegem dentroda espuma que os inseticidas não conseguematingir. Assim, as ninfas injetam toxinas nocaule do capim, amarelecendo as folhas ematando o pasto. Hoje, existem as pastagensde quícuio-da-amazõnia e colonião, com al-guma experiência com outros tipos de gramí-neas, ainda sem um resultado que justifiquenova euforia.

Apesar dos problemas ainda carentes desolução, o gado de corte da estrada tem me-lhor comercialização do que o gado chamadodas ilhas. A Cooperativa da Indústria Pecuá-ria do Pará, que possui um vasto quadroassociativo e com grande número de associa-dos das ilhas, comercializa os dois tipos degado e, evidentemente, procurou soluçõespara atender a todos os seus associados. Paraisso, desenvolveu uma rede de casas de carne,na periferia da cidade, para dar saída aosquartos dianteiros do gado das ilhas e aceitareceber esse gado mediante um esquema dedatas de abate para não prejudicar a comer-cialização. Os quartos traseiros são colocadosnas casas de carne do perímetro urbano, paraatender ao público de maior renda.

A partir de 1983, com o aumento doproduto, a comercialização do gado de cortese encontra em franca expansão. Vários fato-res têm contribuído para este período devenda garantida, tais como: exportação brasi-leira de 71 mil toneladas de carne desossadapara o Iraque, além de grandes volumesenviados para a Europa e E. Unidos (o qua-dro de exportações garante para a carne oquinto lugar entre os maiores índices esteano); abate indiscriminado de matrizes nosanos de 80 a 83, em função do baixo preçodo leite que desestimulava o setor; alta taxade juros de financiamento pecuário, que pra-ticamente afastou a classe pecuarista dosbancos; aumento populacional brasileiro ataxa de 2,8% ao ano, significando que atual-mente 2,8 milhões de brasileiros precisam seralimentados; e a formidável seca que seabateu sobre o Nordeste nos últimos cincoanos, dizimando grande parte do rebanho.

Em nossa região, o aumento do preçodo gado de corte se deve mais a fatoresexternos do que a fatores internos. A carneé levada para abastecer os mercados dosoutros Estados, onde é comercializada porpreço superior, fazendo com que o preçoaqui se eleve para manter o produto dentrode nossas fronteiras estaduais. Outro fatorde origem interna que tem contribuído parao aumento da comercíalízação no Estado é ainstalação de grandes projetos como Albrás-Alunorte, Tucuruí, Carajás etc.

Os critérios atualmente adotados pelaSUDAM para aprovação dos projetos pecuá-rios, dedicados ao criatério de bubalinos,vêm possibilitando que vários e grandes pro-jetos sejam aprovados, não só para as ilhascomo para todo o Território Federal doAmapá e Baixo Amazonas. É preciso salien-tar que há muitos anos a carne de búfalovem sendo comercializada no Pará e dificil-mente se identifica no açougue, devido asemelhança com a bovina. No entanto, háuma restrição dos marchantes à carne buba-tina, alegando menor percentual de carne,ossatura mais pesada, o que é verdade. Parao pecuarista, o búfalo é mais rústico, me-nos afeto a parasitas e doenças, tem maiorpercentual de parição e ocupa os espaços queo bovino não ocupa e pode ser consideradoum animal ecológico, pois não agride a natu-reza, como ocorre na formação de pastagempara os bovinos, através da derrubada de ma-tas. O búfalo fez do alagado o seu habitat,daí a razão maior de sua proliferação e daexequibilidade dos projetos em andamento.Não obstante, o preço da carcaça do bubali-no corresponde ao preço da carcaça de vacaoriunda das ilhas, com percentual de carnevariando de 48 a 50%.

O desenvolvimento da bubalinoculturatem atravessado as fronteiras do Brasil e noperíodo 83/84 já foram enviadas para o Peru2.000 matrizes de 18 a 24 meses, de um to-tal de 10.000 fêmeas que serão exportadas,devido ao acordo firmado entre os Gover-nos brasileiro e peruano. O preço para essaexportação tem sido cotado na base de 450dólares por cabeça, considerado bastanteatraente.

Assim, a problemática de cornercializa-ção da pecuária de corte regional resume-senos seguintes itens: comercialização de gadode corte. criado em pasto cultivado, animais

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machos, com peso médio de 400 a 450 kg,aos três anos e meio, percentagem de carcaçade 54 a 58%, com mercado favorável porpreço melhor; comercialização de gado decorte criado em pasto nativo, animais ma-chos com peso médio de 360 a 400 kg, aosquatro anos e meio, percentagem de carca-ça de 52 a 54%, com mercado favorável atra-vés da Cooperativa e preço inferior em cercade 10% ao gado de pastagem cultivada, mes-mo cV1 áreas do interior do Estado; comer-cialização de bubalinos de corte criados empastos nativos, machos com peso médio de400 kg aos três anos, ou acima de 600 kgaos cinco anos, percentagem de carcaça de48 a 50%, com comercialização através daCooperativa, a qual se torna mais difícilquanto mais velho for o animal e preço igualao da vaca 'em pasto nativo, sendo o melhorpreço obtido pelo animal novo, ao redor dos400 kg.

POLfTICA DO SETOR

A pol ítica do setor pode r dividida em:Política Financeira - Bancária, Política Eco-nômica - Fiscal e Política dos Insumos Bási-cos.

Pol ítica Financeira - Bancária

A política do Governo em relação aosfinanciamentos via Bancos para a Pecuárianão foi abolida. Simplesmente, ficou proibi-tiva, pois se hoje ainda são concedidos a basede 80% do INPC e mais 3% de juros anuais,a partir de janeiro próximo será a base de100% do INPC e mais 3% de juros.

A política decisória de gabinete, paraum país de dimensões continentais como éo Brasil, é aplicada sem distinção entre osEstados desenvolvidos do Sul e as regiõescarentes do centro, norte e nordeste dopaís.

Esta política é também válida para aagricultura regional. Um financiamento tãocaro é melhor não ir buscá-Io, sob pena denão poder pagá-Io na época. ~ preciso, por-tanto, procurar outras soluções para permi-tir o desenvolvimento dos negócios pecuá-rios.

Uma das soluções que está na moda é ouso de leilões de gado de corte em todos osníveis. Os recentes leilões havidos no sul do

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país, com crescimento de mais de 250% novolume financeiro em relação ao ano passa-do, indicam claramente que este é o cami-nho certo. O vendedor recebe 20% de sinale o restante em quatro prestações iguais emensais de 20%.

O programa de crédito especial para aAmazônia devia ser reativado. Há que se to-mar alguma providência para sair desse im-passe. Não podendo contar com financia-mentos para os investimentos, o jeito é uti-lizar recursos próprios, inteligentemente,para poder conservar ou melhorar o rebanho.As soluções e os grandes progressos científi-cos são frutos de dificuldades. Toda a tecno-logia atômica que o mundo possui foi frutoda 2~ guerra mundial e a miniaturização doscomponentes eletrônicos, hoje, tão larga-mente difundidos, foi conseqüência da corri-da espacial. Não há limite para o progressoque o mundo está obtendo com a aplicaçãodo raio Laser e produtos inimagináveis serãopostos à disposição da indústria, do comér-cio e da pecuária nas próximas décadas. Umdia, quem sabe, poderá ser produzido oboi-minhoca, com 90% de carne e apenas10% de estrutura óssea.

O crescimento de mais de 250% no vo-lume financeiro dos primeiros 6 meses doano em relação a todo o ano passado nos lei-lões havidos no Rio Grande do Sul e em Mi-nas Gerais, indicam claramente o quantotem crescido a preferência dos pecuaristaspor este velho sistema de compra e venda.É o reconhecimento geral de que o leilão é ométodo mais simples, econômico e ágil decomercializar. O volume financeiro superacom certa margem a inflação admitida ofi-cialmente, apesar do empecilho representadopelas altas taxas de juros do mercado finan-ceiro.

Na região, a EMBRAP A tem propiciadoleilões de bovinos e bubalinos, dando ênfasepor ocasião das exposições Agropecuárias.Independentemente da EMBRAPA existempecuaristas e associações de classe já realizan-do leilões em nossa região, com pagamentoparcelado e uma entrada inicial e permitindopor este meio uma participação maior nomovimento financeiro.

No Estado do Pará, a Associação Ruralda Pecuária do Pará (ARPP) está envidandotodos os esforços no sentido de construir noseu parque de Exposições, em Belém, um

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Tatersall, com objetivo de promover leilõesmensais para gado de cria, recria e engorda,reprodutores e matrizes registradas, de todasas raças, de grande e pequeno porte.

A valorização de 330% registrada nopreço do boi vivo nos últimos 12 meses esti-mulou a pecuária de corte, o que, presente-mente, tem liderado os grandes negócios docentro e sul do país. Só a venda programadaao Iraque vai assegurar o fornecimento de800 mil bois nos próximos meses e render aoBrasil 150 milhões de dólares. Se por umlado, a falta de financiamento exige solu-ções, é preciso um acompanhamento porparte do Governo cooperando nesse pro-cesso evolutivo.

Pol ltica Econômica - Fiscal

A política fiscal tem sido madrasta daeconomia. O governo não tem recursos eportanto precisa produzi-los. Um meio se-ria fabricando dinheiro e com isso realimen-tando a inflação. Outro, seria criando impos-tos e normas para retirar esse recurso do pú-blico. Não há dúvida que o segundo estásendo mais utilizado porque o primeiro está

. compromissado com a carta de intensões doFMI.

Para atender a demanda estadual, o ICMfoi aumentado de 15 para 17% para opera-ções internas e permaneceu em 11% nas ope-rações interestaduais. Há, portanto, uma di-ferença de 6% entre os dois. Esta diferençapermite o já famoso "passeio do boi" entrecidades vizinhas de fronteiras estaduais. Emtermos regionais poderíamos imaginar o in-tercâmbio Imperatriz - Marabá ou Belém e atroca fluvial com o Território Federal doAmapá.

O ICM também passou a ser cobradosobre toda e qualquer operação com animaisde cria, recria e engorda etc., e não somentecomo era antigamente sobre apenas os ani-mais que iam para abate. Gerou-se, portanto,uma cobrança em cascata, principalmentesobre o produtor ou pecuarista, pessoa físi-ca, sem escrita regular e que não tem comoutilizar o aproveitamento do imposto oriun-do da compra por ocasião da venda. O únicotipo de comercialização que o ICM ainda nãoestá atingindo é a de animais registrados,com a devida comprovação, juntamente coma Nota Fiscal do Produtor.

O Governo do Rio Grande do Sul, sensi-bilizado pela exposição do que acima foi des-crito, denunciou o acordo que mantinhacom as demais secretarias estaduais e passoua isentar as operações internas do ICM entreanimais vivos não destinados a abate. Passoua fiscalizar melhor os matadouros e as vias deacesso, reduzindo a sonegação.

O governo do Estado do Pará impõeuma pauta de preços mínimos para a cobran-ça do imposto. O problema é que a pautanão distingue a origem dos rebanhos, isto é,se os animais são das ilhas ou da estrada, e,em conseqüência, a pauta não vem espelhan-do a realidade, além de ser atualizada men-salmente, sem a participação das entidadesque realmente poderiam contribuir para queela fosse justa. O acompanhamento de todaa movimentação de animais de uma NotaFiscal de Produtor é obviamente legal.

Na Amazônia estas notas são obtidas nascoletorias estaduais, nas sedes dos Municí-pios. No entanto, nem todas as propriedadesobrigatoriamente tem passagem pelas sedes.Tem sido uma dificuldade, realmente cons-tante, com evidentes despesas adicionais detransporte, a obtenção destas notas, prefe-rencialmente nas sedes de seus Municípios,como deseja o fisco. É preciso encontraruma solução que permita o escoamento daprodução com responsabilidade por parte dequem vende e por uma fiscalização conscien-te e compreensiva por parte do Governo.

Politica de Insumos Básicos

A Amazônia é uma grande firma impor-tadora. Tudo o que aqui se consome em ter-mos alimentícios é comprado dos outros es-tados produtores. Sua balança se faz atravésde produtos primários, na maioria das vezessem nenhum beneficiamento. O povo é indo-lente porque a natureza é pródiga, a caçaabundante e os rios são fartos. Costuma-sedizer que o homem na Amazônia é um pre-dador da natureza. Tudo tira e nada repõe.Não tem tradição agrícola porque foi acos-tumado na falta. É um povo despreparadopara a emergência e a proporção em que acaça e a pesca vão escasseando, abandona ointerior e procura a cidade grande, cujosresultados são conhecidos. É preciso fazercom que a fixação do homem no "interland"

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amazônico se dê mais como condição de tra-balho e não como produto da fartura regio-nal.

O futuro do Brasil está no campo. Não éà toa que este país é considerado o celeiro domundo. Apesar disso, a produtividade agrí-cola no Brasil é baixa, pois apenas 3% dosagricultores brasileiros obtém um nível ra-zoável de produtividade. Sabe-se que faltatecnologia e a assistência técnica é ainda in-suficiente. Em 1981, existiam no país maisde 5 milhões de propriedades rurais produti-vas e somente 15.000 técnicos para atendê--Ias, ou seja, um profissional para cada 500agropecuaristas. A safra brasileira de grãos,por exemplo, poderia ser duplicada semqualquer aumento da área de cultivo, se osagricultores tivessem meios de adotar siste-mas de produção há muito conhecidos e tes-tados. Entretanto, falta pessoal de nível mé-dio qualificado e acesso fácil ou mais fácil àtecnologia disponível sobre solo, água,clima,planta, animais e máquinas.

No entanto, o que se vê são dificuldadescada vez maiores pois, em 1977 com 25 boisse comprava um trator e hoje são precisos53 bois. A partir de janeiro do próximo anoos secretários de Fazenda Estaduais já deci-diram a cobrança do ICM sobre máquinasagrícolas, o que quer dizer um aumento de17% no preço de um trator. A sensibilidadegovernamental impede que eles entendamque os tratores, hoje isentos, já são carosquanto mais acrescidos de ICM.

Quando se trata de política de insumosbásicos para esta região, surge a preocupa-ção de saber que os insumos básicos de ali-mentação ficarão cada vez mais caros, à pro-porção que escasseia o financiamento para aprodução e os juros dos bancos se elevam.Por outro lado, a política governamental quecada vez tira mais recursos da minguada eco-nomia, pela cobrança de impostos diretos eindiretos, aliada à nossa total ignorância etendência agrícola, pois sempre foi mais fá-cil tirar do que repor, comprar do que plan-tar e gozar do que trabalhar, têm contribuí-do para agravar o problema.

Se os pecuaristas, agricultores de man-dioca ou agropecuaristas tivessem conheci-mento para, no âmbito restrito de cada umapropriedade, tirar do solo os insumos bási-cos de alimentação que são comprados, tal-vez fosse possível suportar melhor a crise

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que se avizinha e que em breve atingirá atodos. É preciso entender que o importantenão é saber que o preço do boi subiu e quevai se receber mais na venda de nosso pro-duto. O importante é saber qual o resíduoou a diferença que fica entre o preço de umproduto que se vende e tudo aquilo que secompra. Muitos ficariam realmente surpresoscom o resultado desta simples operação ma-temática, dentro de um certo período detempo.

Outro sério entrave é não se disporsequer de uma Cooperativa Agrícola, estru-turada para receber cinco, seis, dez ou 20produtos diferentes. Existem algumas pla-nejadas para um único produto, como pi-menta-do-reino ou ovos de granja. É precisocom urgência partir para um política de in-sumos básicos e diversificar o mais que forpossível a nossa agropecuária.

Sugestões para vencer a crise

Embora não se pretenda resolver todosos problemas brasileiros, as experiências jávividas permitem que sejam emitidas suges-tões sobre algumas providências que devemser tomadas, e que, juntamente com outras,transformem o Brasil, num futuro próximo,com a inflação controlada e reduzida, a se-melhança dos países desenvolvidos, comotodos desejamos, em um país realmenteforte.

Ao que tudo indica, e se nada der emcontrário, dentro do quadro sucessório, es-tamos caminhando para uma democraciaplena. A Amazônia brasileira, mesmo ocu-pando 59% do Território Nacional e commais de 5 milhões de km 2 , não tem vez nemvoz no centro de decisões do país.

A sugestão que será apresentada não épioneira. Já está sendo idealizada e concre-tizada em Paraná e Santa Catarina. O progra-ma consta de um termo de compromissoassinado entre deputados estaduais e federaisdos partidos majoritários e a CooperativaAgropecuária de Cascavel (Copavel). Por estetermo, os parlamentares, àquela altura, aindacandidatos a cargos eletivos se comprome-tiam entre outros tópicos com:

a) a defesa de preços justos de garantia,e com preços mínimos coerentes quepermitam à sociedade alimentaçãoadequada, em quantidade e qualida-

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de, e preços finais ao consumidor nãoespoliativos e inflacionários;

b) controle de preços de insumos e im-plementos, sob pena de um preçomínimo coerente vir a se tomar infla-cionário;

c) um programa de crédito rural quepermita normalidade e continuidadeno planejamento da produção;

d) política de comercialização que eli-mine as improvisações sempre dano-sas a exemplo de confiscos, contin-genciamentos, impostos de exporta-ção, etc.;

e) zoneamento agrícola que atenda àvocação dos ecos sistemas de cadaregião, levando-se em conta o clima eo solo, bem como aspectos de distân-cia dos centros de comercialização econsumo;

f) melhoramento da qualidade de vidano campo, criação de programasabrangentes e de longo alcance nasáreas de habitação rural, eletrificaçãoe telefonia, sem se olvidar de necessá-ria criação de uma infra-estrutura só-cio-educacional, com ensino específi-co no setor agrícola;

g) permitir ao agricultor o uso de ener-gia de sua produção própria, semmaiores entraves ou formalidades bu-rocráticas e quanto a política de agri-cultura energética, um tratamentodiferenciado do que se refere à finan-ciamento de custeio e investimentos,além da instituição de programasespecíficos de pesquisa;

h) justiça tributária e tratamento fiscal,equivalente ao industrial na comer-cialização de produtos agropecuáriosdestinados à exportação, assim comoa reaplicação dos tributos pagos pelaagropecuária na própria atividade;

i) previdência social para o trabalhadorrural, mas também para o emprega-dor rural;

j) um verdadeiro seguro agrícola queofereça cobertura total da atividadecom base na receita total prevista, pe-lo menos a valores de preços míni-mos;

k) infra-estrutura para escoamento dassafras da região, mediante um estudode viabilidade da rodovia tronco e

vicinais dentro de cada micro região;I) legislação relativa aos direitos traba-

lhistas no setor rural mais aperfeiçoa-da, permitindo o acesso do trabalha-dor rural às conquistas usufruídas pe-lo semelhante urbano;

m) livre atuação das cooperativas de cré-dito no mercado financeiro paracaptação de recursos, seu credencia-mento como agentes financeiros deprogramas especiais e permissão parautilização do compulsório na aplica-ção à agricultura e à pecuária; e

n) estabelecimento de parâmetros níti-dos de distinção entre empregador eempregados rurais, além de outrasprovidências que permitam aos sindi-catos a execução de seus objetivos.

Seria criado um fundo para financiar ascampanhas eleitorais com participação dospequenos, médios e grandes pecuaristas eagricultores. Não haveria credo religioso nemcor partidária, de forma que todos os políti-cos que assumirem o protocolo seriam ben-vindos. O que precisa é· fortalecer a agricul-tura e a pecuária, montando uma represen-tatividade própria no parlamento e, se possí-vel, numerosa. Unindo as federações, sindi-catos, cooperativas e associações de classe denossa região poderiam ser eleitos inúmerosrepresentantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Autofinanciamentos - leilões

Já foi falado, anteriormente, sobre oresultado financeiro que os leilões têm repre-sentado recentemente. Foi uma maneira in-teligente de se proceder a venda e conseqüen-te aquisição de animais de reprodução, re-cria e engorda, de todas as raças. Dado a im-possibilidade desse financiamento ser obtidovia bancária, tanto da rede oficial como par-ticular, os pecuaristas encontraram no leilãoa solução que sem ser ideal, porque o prazode pagamento não pode ser igual àquele an-teriormente obtido junto aos bancos, erauma providência que veio à minimizar a faltaou impossibilidade de acesso ao crédito.

O processo é simples e direto. Ao adqui-rir o animal, ou lote de animais que lhe in-teressa no leilão, o comprador paga no ato

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20% do valor de aquisição e 5% da taxa doleiloeiro. Tal reembolso corresponderia a suaparcela de recursos próprios, como existiaem qualquer processo de financiamento. Orestante 80% é dividido em quatro presta-ções mensais e iguais garantidos por pro-missórias no valor de 20% cada uma. Não sãocobrados juros, o que anima o comprador, opreço médio do leilão fica sempre convidati-vo ao vendedor, que se acha recompensadopor estar bancando o financiamento, alémde estar dando escoamento à sua produçãopor um preço justo. Dificilmente algum ven-dedor deixa de receber o que lhe é devido,pois o comprador sabe que se não pagar, anotícia se espalhará em toda a região e eleficará alijado do negócio.

O resultado financeiro tem sido tãoauspicioso inclusive para a associação, sindi-cato ou pecuarista que patrocina o leilão,que convênios ou contratos por prazo certotêm sido celebrado entre os dois, de modo apermitir uma continuidade de eventos dessetipo durante o ano inteiro, propiciando com-pra e venda por leilão ao redor de um bilhãode cruzeiros. Chega a ficar difícil saber a queleilão se deve ir, principalmente nos Estadosde Minas, S. Paulo, Paraná e Rio Grande doSul. Começa a ser introduzido na Amazôniao sistema de leilões por pecuarista, na peri-feria de Belém e a Associação Rural está pro-gramando até o ano próximo ter o seu Tater-sall.

Sensibilidade econômica

A representatividade política e o auto-financiamento dependem dos pecuaristas. Jáa sensibilidade econômica e nesta se inclui afiscal depende muito de um trabalho conjun-to de classe e autoridades, principalmenteaquelas cujas decisões afetam direta ou indi-retamente no custo da produção agrícola.As decisões para o campo não podem sertomadas dentro de paredes de suntuososgabinetes, sem ouvir o segmento da socieda-de diretamente ligado ao assunto através deseus órgãos de classe.

Deve ser evitado o aumento, ou cobran-ça do ICM estadual, nos tratores e implemen-

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tos agrícolas, que trarão como conseqüênciao aumento de insumos básicos, a partir dejaneiro próximo.

A pesquisa regional necessita de que lhesejam propiciados recursos maiores, pois aAmazônia é uma região com característicaspróprias e o que é bom para o resto do Bra-sil, pode não ser necessariamente bom paraela, haja vista que a cigarrinha infesta osnossos pastos é, autoctone, isto é, diferentedas que infestam os pastos de braquiária nocentro e sul do Brasil e tem que ser pesquisa-da regionalmente.

Necessitam-se de técnicos de nível mé-dio, para atender aos programas agropecuã-rios, principalmente das seguintes especiali-dades: Técnicos em agropecuária; em agri-cultura; em leite e derivados; em silvicultu-ra; em apicultura; em avicultura; em capri-nocultura; em conservação de solos; em in-seminação artificial; em irrigação; em pisci-cultura; em suinocultura; e mecânicos e tra-toristas rurais. Estes cursos deveriam serimediatamente instituídos nas escolas de2? grau do interior do Estado e de acordocom a aptidão de cada micro região ama-zônica pois é grande a falta dos mesmospara uma região tão pobre em tecnologiade reposição.

Finalmente, é preciso que o desenvolvi-mento de toda a região amazônica se faça docampo para a cidade pois, como exemplo,não é possível se contratar um técnico emlaticínios formado no sul do país e que,desconhecendo a precariedade regional, quei-ra exigir uma central de refrigeração parapasteurizar o leite. Que adianta provar umbom iogurte se o mesmo não pode ser feitonas atuais condições rurais. De nada adiantaum profissional em piscicultura que desco-nheça os hábitos dos peixes regionais.

Enfim é preciso sensibilizar o governopara fazê-lo mudar o atual estado de coisasem relação à Amazônia, dando condições derealizar aqui as pesquisas e reformas adapta-das ao meio ambiente local, pois só assim éque se terá condições de produzir o nossopróprio sustento e sair desta subcondiçãode importador até de bananas e verduraspara ser o verdadeiro celeiro do Mundo.

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ASPECTOS SANITARIOS DO REBANHO BOVINONO ESTADO DÓ PARA

José Alfinito 1

RESUMO - Relata-se que os baixos Índices zootécnicos observados no rebanho da Amazôniae particularmente no Estado do Pará, são grande mente influenciados pelo estado sanitáriodo rebanho, o qual, por sua vez é fortemente influenciado pela insuficiência e deficiência depastagens, manejo animal inadequado e pelas condições climáticas desfavoráveis. São relacio- 'nadas as doenças causadas por intoxicação, as parasitárias, as viróticas e as bacterianas, seussintomas e efeitos nocivos ao animal, bem como os prejuízos causados à pecuária, além demedidas preventivas e de controle.Termos para indexação: Sanidade animal, Estado do Pará, doenças, intoxicação, parasitos,vírus, bactéria, controle.

SANITARV ASPECTS OF BOVINE CATTLEIN THE STATE OF PARÁ

ABSTRACT - It is reported that the low production efficiency of cattle in the Amazon, andparticularly in the State of Pará, is greatly affected by sanitary problems which, in turn, arestrongly influenced by pasture insufficiency and deficiency, improper animal husbandry andunfavorable climatic conditions. The main diseasescaused by intoxication, parasitas, virusesand bacteria, their symptoms and harmful effects on cattle, the economic lossesand controlmeasuresare reported.

Index terms: Animal health, State of Pará, diseases, intoxication, parasites, virus, bacteria,control.

CONSIDERAÇÕES GERAIS

o Brasil, que mantinha até 1980 um re-banho bovino estimado em 120 milhões decabeças, superado apenas pelos Estados Uni-dos, Rú~ia e Índia, posicionou-se em 1984na liderança com 130.226.000, tendo cres-cido 2,87% segundo fontes do FIBGE/SNAD/MA.

Em relação à Amazônia, o contingenteé avaliado em 5.026_000 cabeças, das 'quais,cerca de 70% se encontram no Estado doPará, como mostra a Tabela 1_

Segundo a Superintendência de Desen-volvimento da Amazônia-SUDAM, dos 486projetos de incentivos' à pecuária, 433 sãodirigidos ao criatório bovino e 53 ao criató-rio bubalino, com 4.952.958 cabeças de ani-

mais que deveriam responder pelo contigen-te global do rebanho.

É importante salientar que a estruturaracial do rebanho nacional é formada por80% de animais com predominância de san-gue zebu, 17% de taurino e um percentualreduzido de animais de raças puras, confor-me se observa na Tabela 2.

Segundo fontes da FAO; o Brasil produ-ziu em 1980, com essa estrutura racial ,4.895.000 toneladas de carne, com disponi-bilidade teórica de 41,13 kg/hab./ano, re-gistrando-se nos países considerados desen-volvidos, no mesmo período, 90.066.000toneladas, com 78 kg/hab./ano.

A SIPA-MA mostra no relatório de1982, quatro milhões de toneladas de carne,inspeciona dos nos estabelecimentos manti-

Méd. - Veto M.A., Serviço de Defesa Sanitária Animal. Av. Almirante Barroso, 5384. CEP'66000 Belém,PA.

'-

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TABELA 1. Distribuição do rebanho bovino naAmazônia.

Unidade federativa Rebanho (1.000) %

Pará 3.372 67,09Acre 456 9.07Amazonas 417 8,30Rondônia 365 7,26Roraima 364 7,24Amapá 52 1,04

Total 5.026 100,00

TABE LA 2. Estrutura racial do rebanho nacional.

Raça ou tipo %

Indiana puraEuropéia puraMestiço zebuMestiço taurinoNativa e cruzamento dirigido

1,51,0

80,017,00,5

Total 100,0

dos pelo SIF, correspondendo a 60 a 70% daprodução animal (SIPA-MA 1982).

Isso significa que, da demanda de produ-tos agropecuários indispensáveis à alimenta-ção, os produtos de origem animal contri-buem de um modo geral com 8%, cabendoaos produtos de origem vegetal uma signifi-cativa parcela de 71 %, e aos de outras ori-gens 21%.

Lamentavelmente, a tendência em nossopaís é de diminuição do consumo de carne"per capita", independente da disponibilida-de de qualidade e quantidade, com evoluçãode preços aquém dos índices de inflação,mas agravada pelo achatamento salarial fla-grante.

Esse quadro pode ser comparado com osíndices de consumo anual de carne bovinanos países limítrofes ao Brasil, como Argen-tina e Uruguai, cujos níveis são, respectiva-mente, de 89,7 e 78,4 kg/hab./ano, respecti-vamente, contra 16 kg/hab./ano no nossoPaís.

Na Amazônia, esse índice passa a serirrisoriamente de 5 kg/hab./ano, emboracompensado pelo pescado e, até certo ponto,com os produtos da caça de sustento.

Quanto aos índices de produtividade dorebanho, os níveis podem ser observadosna Tabela 3.

A baixa produtividade do rebanho bovi-no brasileiro resulta fundamentalmente dadeficiente utilização da tecnologia modernaquanto à seleção genética, manejo, melhora-mento de pastagens, utilização de alimenta-ção suplementar e controle de doenças que,segundo a FAO, ocasionam perdas enormesequivalentes a 35% da produção potencial,contra 7% nos países desenvolvidos.

SANIDADE ANIMAL

Preliminarmente, é importante assinalarque o estado sanitário do rebanho na Ama-zônia é fortemente influenciado pela defi-ciência e insuficiência das pastagens, manejoanimal inadequado e pelas condições climáti-cas desfavoráveis.

Segundo a SUDAM, existem 483 proje-tos de pecuária apoiados pelo programa deincentivos fiscais do governo com a forma-ção de 3.079.740 ha de novas pastagens(Relatório Anual SUDAM 1984).

Observadas as normas sanitárias quantoàs vacinações periódicas, introdução de ani-mais no rebanho com prévios exames de ro-tina e rigoroso controle no trânsito de ani-mais, o quadro nosológico seria ameno.

Doenças por intoxicação

As mais graves doenças por intoxicaçãoque ocorrem na Amazônia são causadas porplantas e botulismo.

Por plantas, a Palicourea marcgravii,Arrabidea bilabiata e Arrabidea japúrensissão as mais importantes, podendo aindaocorrer intoxicação por Ipomoea fistulosa,Ipomoea asarifolia, Lantana camara, Pteri-dium aquilinum; Ricinus communis, Ma-nihot spp e Brachiaria spp.

A P. marcgravii é um arbusto que cresceem lugares sombreados em terra firme, cau-sando mortes súbitas em bovinos, principal-mente quando os animais são movimentados,ela é talvez a mais tóxica dentre as plantasencontradas na Amazônia e de efeito acumu-lativo. Vulgarmente é chamada de cafezinho,café bravo, erva café, erva de rato, roxa, ro-xinha, roxona e vick.

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TABELA 3. Indices de produtividade do rebanho brasileiro e de palsesdesenvolvidos.

Indicadores Nacional Amazônia Pa(sesdesenvolvidos

Desfrute (%) 11 9 30- 40Carcaça/halano (kg) 15 - 25 10 - 15 150 - 250Pesovivo/ha/ano(kg) 30- 50 20-30 300- 500Natalidade (%) 30- 50 20- 30 85- 95Mortalidade (%) 10- 15 10 - 15 3- 5Idade de abate (ano) 4- 5 5- 7 1.5 - 2Pesode carcaça (.kg) 193 - 200 140 - 300-380

Fonte: Relatório Anual SIPA (1982).

;' Quanto a A bitabiata, também conheci-da por jibata ou chipata, é a planta tóxicamais disseminada na região das várzeas, e,segundo observação dos técnicos e criadores,em condições naturais, sua toxidade atingesomente os bovinos.

Em relação à toxidade da A. japurensis,esta causa mortes súbitas em bovinos na re-gião dos lavrados dos campos gerais do Ter-ritório Federal de Roraima, sua disseminaçãoé intensa nas margens dos rios, clareirasematas, sendo observada maior incidência porocasião da seca.

No segundo grupo de plantas tóxicas demenor importância, destaca-se a I fistulosa,vulgarmente denominada de manjorana oualgodão bravo, que somente' é consumi dapelo gado quando há realmente deficiênciade pastagem, ocasião em que premidos pelafome a ingerem, por estar verde o ano todo.Importante mencionar que os bovinos, ovi-nos e caprinos transferidos para regiões ondenão ocorra a sua presença, não apresentamrecuperação quando já tenham anteriorrnen-té ingerido a planta.

A I. asarifolia, conhecida como salsa oubatatarana, causa intoxicação quando ingeri-da em grande quantidade e de efeito retarda-do. A ingestão por bovinos, caprinos e ovi-nos é atribuída por extrema escassez de pas-tagens.

A L. camara, chumbinho, cambará oucamará, é ingerida por bovinos e ovinos emcondições extremas de fome. Sua ação tóxi-ca é menor, mas a fotossensibilização é ativanos animais, expondo-se à infestação por lar-vas de C hominivorax e infecções nas feri-das abertas na pele.

A P; aquilinum, ou samambaia do cam-po. é ingerida por fome ou vício, causando

febre e hemorragia na pele e mucosas visí-veis, COmdescargas fecais fétidas e sanguino-lentas.

A R communis, mamona ou carrapateí-ra causa intoxicação neuromuscular.

O gênero Manihot engloba diversas espé-cies de plantas do grupo das cianogênicas, .isto é, contém ácido cianídrico, destacando--se a M esculenta, mandioca ou maniçoba.Os animais são intoxicados acidentalmentepor beberagern e ingestão de folhas, emquantidades apreciáveis e período curto.

Três espécies de Brachiaria podemcausar problemas de toxidade (B. radicans) efotossensibilidade (B. decumbens e B. bri-zanthay.

O Clostridium botulinum causa mortesviolentas em todas as espécies. O apareci-mento dessa enfermidade está sempre rela-cionado com a afosforose das pastagens, ne-crofagia das carcaças, águas suspeitas, mine-ralização incorreta, maior concentração deanimais por área, etc. O botulismo pode serevitado através de condições profiláticas,higiênicas e sanitárias, e, nos casos de focos,o combate é através de imunização ativa fei-ta pela anatoxina botulínica e casos excep-cionais pela imunização passiva.

Doenças parasitárias

São os parasitos e a carência de alimen-tos responsáveis por 60% dos prejuízos cau-sados à pecuária.

Das 56 antropozoonoses de origem pa-rasitária existentes no mundo, 36 já foramdiagnostica das no Brasil, e, sendo a Amazô-nia de clima quente e úmido, as condiçõessão extremamente favoráveis à incidênciados ecto e endoparasitos.

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Helmintiases

Dos 50 milhões de cabeças de bovinosque morrem anualmente no mundo, as hel-mintíases são responsáveis por 20%, sendo5% a 10% pelas perdas por mortalidade e de10% a 20% por morbidez.

Segundo o Dr. Hugh Mac Gordon, daAustrália, os endoparasitos que infestam osanimais dariam uma montanha de vermesde 400.000 quilos e que, se ligados entre si,circundariam 29 vezes a Terra.

Outra importante revelação sobre aação I nefasta das parasitoses é que a infesta-ção maciça que ocorre no quarto estômagodos ruminantes é responsável pela perdaanual de doze litros de sangue.

As helmintíases produzem os seguintesefeitos nocivos ao animal:

provocam morbidez e mortalidadereduzem a velocidade de crescimentoe puberdadereduzem a precocidade, fertilidade enatalidadereduzem a eficiência do animal aotrabalho

Igualmente, as helmintíases provocamuma série de medidas de controle:

restringem o comérciodepreciam couros e produtosexigem a construção de laboratóriosde diagnósticoexigem a inspeção em matadouroscom condenação, depreciação ou se-qüestros de produtosexigem programas especiais de ordemsanitária e manejoaumentam os custos operacionais dosprogramas de produção

Segundo a SIPA-MA, em 1982, foraminspecionados 8.776.754 bovinos, dos quais

TABELA 4. Bovinos rejeitados, após inspeção, em 1982.

cerca de 14% foram rejeitados. Os pâncreasrejeitados em aproximadamente 5% dos ani-mais, por eritrematose, causam sérios prejuí-zos à produção de insulina no País. A Tabe-Ia 4 apresenta esses dados.

Naturalmente que na Amazônia os índi-ces são bastante reduzidos em função do nú-mero de animais sacrificados, ausência deinspeção sanitária na maioria dos matadou-ros municipais ou abates em propriedadesparticulares e de poucos estabelecimentoscom o Serviço de Inspeção Federal.

Mesmo assim, os Serviços de Defesa Sa-nitária Animal das Delegacias Federais deAgricultura registram a ocorrência de hida-tidose e cisticercose na Amazônia, causandoperdas de carcaça.

Carrapato

O Boophilus microplus é o principalresponsável pela perda de 928 milhões dequilogramas de peso em animais ou oito kgjbovino/ano. Dois carrapatos sugando um bo-vino, continuamente durante um ano, cau-sariam a diminuição de um quilograma depeso.

Esses aracnídeos são responsáveis pelatransmissão de quinze doenças por vírus, seispor theileirias e três por anaplasmas, matan-do 10% do rebanho, pela doença vulgarmen-te conhecida por tristeza dos bovinos.

Um dos graves prejuízos causados peloscarrapatos são as imperfeições nos couros,que sustentam o funcionamento de 86,7%de microempresas de capital nacional, repre-sentadas por 540 curtumes, 464 fábricas decalçados, 741 indústrias de vestuários e arte-fatos de couros, 742 indústrias de equipa-mentos e componentes de calçados e produ-tos químicos afins.

%Causa (local) Animais afetados

Cisticercose (carcaça)Hidatidose (carcaça)Outros helmintos (carcaça)Eritrematose (pâncreas)

385.669246.546158.722406.768

4,392,811,814,63

Total 1.197.705 13,64

Fonte: Relatório Anual SIPA (1982).

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Em 1981, para garantir a posição do sé-timo produtor de calçados, o Brasil teve queimportar 4,5 milhões de quilogramas de cou-ro, devido aos graves problemas gerados coma rejeição dessa matéria-prima nas fontes deprodução. A perda dos produtos de couro nomercado interno foi de 65%, desde 1981,devido aos sucedâneos sintéticos, tecidos eoutros.

Na Amazônia, as áreas infestadas porcarrapatos vêm aumentando progressivamen-te causando sérios problemas ao criatório emortalidade significativa. As raças zebuínassão menos receptíveis a essas infestações.

Bicheiras

A Cochliomyia hominivorax causa per-sistentes miíases cutâneas e são responsáveisem 8% pela mortalidade de bezerros, princi-palmente por onfalite.

Segundo revela a Revista Indústria eProdutividade, as bicheiras causam perdas naqualidade do couro, correspondendo a47,5% do valor real da produção. Na Amazô-nia as perdas são pequenas.'

Bernes

A Dermatobia hominis causa sérios pro-blemas ao criatório, pela perda da qualidadedo couro, inquietação nos animais infesta-dos, que deixam de pastar normalmente, im-plicando em diminuição de peso, de leite,etc. Na Amazônia o problema é ainda inexis-tente.

Protozoas

Embora tenha sido detectada a presençado Trypanosoma vivax nos rebanhos bovinose bubalinos, principalmente na região deAlmeirim, no Estado do Pará, o controle ecombate a essa doença somente será levadoa efeito após a instalação no LaboratórioRegional de Apoio Animal, em Belérn, atra-vés de equipamento especializado para aprova imunológica de Elisa.

Mosca

A Haematobia irritans, morfologicamen-te semelhante à Stomoxys calcitrans ou mos-ca dos estábulos, já foi identificada no Terri-

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tório Federal de Roraima, Estados do Ama-zonas e Pará.

É conhecida como mosca dos chifres oupantaneira, causando enormes prejuízos pelofato de sugarem constantemente os bovinos,provocando intensa irritação e fazendo comque os animais fiquem agitados, balançandoexageradamente a cauda e se deslocandocom largos movimentos das pernas. Devidoà intensidade das picadas', podem ocorrerdepilações, deformação nos couros e dimi-nuição de peso e de produção de leite. Osanimais de pêlos escuros são mais susceptí-veis.

Ao encerrar esse capítulo, é importanterevelar a estatística de consumo de produtosveterinários destinados ao combate e contro-le das parasitoses em geral, constante do re-latório SUDAM de 1982.

Segundo aquele Sindicato, 31 indústriasfarmacêuticas destinaram 36,59% de sua pro-dução ao comércio de produtos veterinários,que correspondem a cifra superior a 261 mi-lhões de dólares, conforme a Tabela 5.

Importante ressaltar que os valores sãoem dólares a preços de revendedor.

Entre os produtos destinados ao contro-le e combate dos parasitos, os carrapaticidasrepresentam quase a metade. A participaçãodos diferentes produtos usados no controlede parasitos é mostrado na Tabela 6.

Com relação aos anti-helmínticos, a re-gião sudeste lidera o consumo com 35% dovolume de vendas. Os percentuais de vendaspara as diferentes regiões do País são apre-sentados na Tabela 7.

Doenças por vírus

A febre aftosa ocorre em toda a regiãoamazônica de forma enzoótica, não sendoassinalado nos últimos dez anos epizootiasgraves.

Importante assinalar que no primeirotrimestre de 1984 não ocorreu um só caso dadoença no Território Federal de Roraima.

Segundo a Secretaria de Defesa SanitáriaAnimal (SDSA), houve um decréscimo de23% do número de rebanhos afetados em1984.

Atualmente, onze laboratórios produ-zem vacinas antiaftosa, sendo sete do tipohidróxido e quatro do tipo oleosa, que sãodirecionadas pela SDSA para aplicação em

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TABELA 5. Produtos veterinérios comercializados no Brasil.

Tipos % US$

19,33 51.311.91717,26 45.841.39117,75 45.584.00313,93 36.998.22615,00 39.828.3212,92 7.144.5760,32 857.3420,11 289.5270,40 1.068.5250,43 1.144.5665,85 15.533.5952,85 5.827.2313,85 10.234.031

100,00 261.663.251

EndoparasiticidasEctoparasiticidasMinerais e vitaminasProdutos biológicosAntibi6ticos e sulfasProdutos biológicos para avesProdutos biológicos para suínosProdutos biol6gicos para eqüinosProdutos biológicos para outrosOutros produtosTônicos e fortificantesEstimulantesDiversos

Total

Fonte: Relat6rio Anual SDSA (19841.

TABE LA 6. Produtos usados para combate de pa-rasitos.

Produtos %

CarrapaticidasBernicidasConjugadosSarnicidasRepelentesMatabicheirasBebesicidasOutros parasiticidasDesinfetantes

43,615,612,93,85,02,52,91,0

12,7

Total 100,0

Fonte: Relatório Anual SDSA (19841.

TABELA 7. Volume de vendas de anti-helmlnti-cos nas diferentes regiões do Brasil.

Região % de venda

SudesteSulCentro-OesteNordesteNorte

352524142

Total 100

Fonte: Relatório Anual SDSA (1984).

áreas endêmicas primárias visando a eliminarfocos persistentes da doença na Amazônia.Somente no Território Federal de Roraima,por força de acordos internacionais, são apli-cadas anualmente 200 mil doses da oleosa.

A produção anual de vacinas oscila emtorno de 190 milhões de doses do tipo hidró-xido e três milhões do tipo oleosa sob rigo-roso controle de qualidade pelo M.A.

Os prejuízos que a doença causa aos bo-vinos podem ser resumidos na recente pes-quisa levada a efeito pelo projeto BID·OPS-M.A., intitulado quantificação de perda físi-ca pela febre aftosa em animais vacinados.Os dados revelaram o retardamento de trêsmeses no abate, diminuição de 15% na pro-dução do leite, mais ativa nas fêmeas atéquatro partos e perda de 25 kg no peso vivo,mais acentuado nos animais jovens.

Além disso, sabe-se que as lesões cardfa-cas, alteração no metabolismo térmico e per-da de vigor físico são as principais seqüelasconhecidas nos animais, vulgarmente conhe-cidos como "cocoteiros".

A raiva dos herbívoros assume caráterenzoótico, ocorrendo maior intensidade decasos nos Estados do Acre e Rondõnia eTerritório Federal de Roraima. No correnteano não ocorreu nenhuma notificação decaso no Estado do Amazonas.

Um dos sérios problemas da raiva é aintensa espoliação nos animais, principal-

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mente nos bezerros, causando grandes per-das pelo quadro anêmico que desencadeia.O combate ao morcego, através de vampirici-das, tem logrado resultados surpreendentes,e, atualmente, estuda-se no País, aplicaçãodo produto injetável nos animais.

Doenças por bactérias

A brucelose é responsável na espécie bo-vina pela redução de 20 a 25% da produçãoláctea, perda de 10 a 15% da produção decarne, abortos em torno de 15%, sendo queem cinco vacas uma torna-se estéril, aumen-tando em 30% as necessidades de repor ani-mais em rebanhos infectados.

Considera-se que as vacas isentas de bru-celose dão, em média, um bezerro em cada11,5 meses, enquanto as infectadas em cada20 meses.

Um dos perigos da brucelose bovina é atransmissão ao homem, através dos produtosdo leite, e também aos eqüídeos, com grandeperigo de reinfecção ao homem quando rom-pem os abcessos de cernelha.

Os índices de brucelose encontrados nasregiões fisiográficas do Brasil, estão na Tabe-la 8.TABELA 8. Indices de brucelose nas regiões fisio-

gráficas do Brasil.

Região %

Nordeste 2,81Centro 2,52Sudeste 1,88Sul 1,50Norte 6,03

Fonte: Relatório Trimestral SDSA (1984).

Na região Norte, onde ocorre o maiorpercentual de brucelose, 6,03%, se destaca oTerritório Federal de Roraima com a maiorincidência desta doença, conforme é observa-do na Tabela 9.

O controle da doença é através da vaci-nação de bezerras entre três a oito meses deidade, soroaglutinação rápida ou lenta naaquisição de animais, rigorosa fiscalizaçãode animais dirigidos aos certames, aluguelde pastos, etc.

Lamentavelmente a vacinação de bezer-ras na região Norte é praticamente inexisten-

427

TABELA 9. Indicesde brucelose na região Norte.

Estado (Território) %

RoraimaRondôniaAcreAmazonasParáAmapá

19,249,706,796,283,663,13

Fonte: Relatório Trimestral SDSA (1984).

te, tendo em vista o registro de 4.730 apli-cações contra 294.130 nas demais regiõesfisiográficas. .

A incidência de tuberculose em bovinossob inspeção federal segundo SIPA, em 1983é visto na Tabela 10.

TABE LA 10. Incidência de tuberculose em bovi-nos.

Item Valor

Animais abatidosAnimais rejeitadosRelação % entre incidência e abateCarcaças condenadasAproveitamento condicionalCarcaças não apreendidas

8.748.98719.5020.222.4868.7358.281

Fonte: Relatório Anual SIPA (1983).

Segundo a SDSA, o índice de doençanas regiões fisiográficas, no primeiro semes-tre de 1984, é mostrado na Tabela 11.

TABELA 11. Indice de tuberculose nas diferentesregiões fisiográficas do Brasil.

Região %

SulSudesteNordesteCentro OesteNorte

1,620,570,460,342,49

Fonte: Relatório SDSA (1984).

Dos 2,49% da região Norte, 1,65% cor-respondem ao Pará e 0,60 e 0,24, ao Amazo-nas e Amapá, respectivamente.

Em 1983, o Serviço de Defesa SanitáriaAnimal do Pará procedeu com recursos espe-

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cíficos do CNPq, um estudo visando conhe-cer as razões epidemiológicas da tuberculosebovina na ilha de Marajó. Segundo esse estu-do, o levantamento procedido no matadouroda Cooperativa, que só manipula animaisprocedentes da ilha de Marajó, constatou-seque, no período de outubro de 1974 a junhode 1983, houve rejeição de 17,02% carcaças,com índices de 5,15% de animais tubercu-losos.

Finalmente, não se pode deixar de men-cionar que a mamite, salmonelose, carbun-culose (sintomática), vibriose, tricomoníasee a leptospirose agregam-se ao quadro dedoenças que influem na expansão agropecuá-

ria, cujo controle depende tão somente decuidados de manejo, vacinação e rigorosocontrole na aquisição de animais.

Para uma exploração racional, diz-se"em um menor espaço, em um menor tem-po, deve-se produzir mais", devendo-seacrescentar: com saúde.

REFERf:NCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RELATORIO ANUAL SDSA, 1984.RELATÓRIO ANUAL SIPA-MA, 1982.RELATÓRIO ANUAL SIPA-MA, 1983.RELATÓRIO ANUAL SUDAM, Belérn, 1984.RELATÓRIO TRIMESTRAL SDSA, 1984. 1?

trimestre.

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