Patologia Do Casamento - Camilo Castelo Branco - Iba Mendes

8/17/2019 Patologia Do Casamento - Camilo Castelo Branco - Iba Mendes

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Camilo Castelo Branco

Patologia do casamento Teatro

Adaptação ortográfica e revisão gráfica

Iba MendesIba MendesIba MendesIba Mendes

Publicado originalmente em 1862. In: "Cenas Contemporâneas"

Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco

(1825 — 1890)

“Projeto Liro Lire!

Livro 673

Poeteiro Editor Digital

São Paulo - 2015www.poeteiro.com


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PROJETO LIVRO LIVREPROJETO LIVRO LIVREPROJETO LIVRO LIVREPROJETO LIVRO LIVRE

Oh! Bendito o que semeiaLivros... livros à mão cheia...

E manda o ovo ensar!O livro caindo nalma

" #erme $ que %a& a alma'" chuva $ que %a& o mar.

(astro )lves

O “Projeto Livro Livre” é uma iniciativa que propõe o compartilhamento, de

forma livre e gratuita, de obras literárias já em domnio p!blico ou que tenhama sua divulga"#o devidamente autori$ada, especialmente o livro em seu formato%igital&

'o (rasil, segundo a Lei n) *&+-, no seu artigo ., os direitos patrimoniais doautor perduram por setenta anos contados de / de janeiro do ano subsequenteao de seu falecimento& O mesmo se observa em Portugal& 0egundo o 12digo dos%ireitos de 3utor e dos %ireitos 1one4os, em seu captulo 56 e artigo 7), odireito de autor caduca, na falta de disposi"#o especial, 8- anos ap2s a mortedo criador intelectual, mesmo que a obra s2 tenha sido publicada ou divulgada

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O nosso Projeto, que tem por !nico e e4clusivo objetivo colaborar em prol dadivulga"#o do bom conhecimento na 5nternet, busca assim n#o violar nenhumdireito autoral& 9odavia, caso seja encontrado algum livro que, por algumara$#o, esteja ferindo os direitos do autor, pedimos a gentile$a que nos informe,a fim de que seja devidamente suprimido de nosso acervo&

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uma ferramenta para promover o conhecimento, em ve$ de um temvel inibidorao livre acesso aos bens culturais& 3ssim esperamos;

3té lá, daremos nossa pequena contribui"#o para o desenvolvimento daeduca"#o e da cultura, mediante o compartilhamento livre e gratuito de obrasem domnio p!blico, como esta pe"a teatral do escritor portugu isso;Iba Mendes

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www.poeteiro.com


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PATOLOGIA DO CASAMENTO

DEDICATÓRIA

Excmª. sra. D. Fulana.

Conceda-me v. excª. a glória de oferecer-lhe um quadro desta galeria. Vai ler umdrama intitulado Patologia do Casamento.

Patologia, minha querida sra. D. Fulana, é uma alavra grega, comosta de patos,doen!a, e logos, tratado. "uer, or tanto, di#er moléstias do casamento.

$al#ac escreveu a % fisiologia&' outro, que me n(o vem ) memória, escreveu%anatomia do coração&' faltava uma % patologia& que aarece agora, e, mais tarde,se me n(o faltar a vista intelectual, que *+ sinto muito cansada, escreverei a%Farmácia do casamento& que hei de dedicar a uma outra D. Fulana, que eu c+ sei.

V. excª. é uma senhora fina, que, além de ter a cae!a no seu lugar, aresentamuitas ve#es lume no olho. imati#o com o seu talento, e talve# casasse com asra. D. Fulana, se tivesse a certe#a de odermos entreter o nosso temo tradu#indoos trinta e sete livros de Plnio, e os trinta e cinco De Linguâ Latinâ de /er0ncioVarro, que Deus tem em sua santa glória.

Penso que v. excª. n(o estaria or isto. 1 seu esrito tem calafrios de entusiasmo,e eu, a falar-lhe a verdade na sua nude# atriarcal, devo di#er-lhe que tenho dentrodo eito uma m2mia, que oderia valer alguma cousa nas runas de 3emfis, masn(o vale nada no cavername ossudo deste seu criado.

4u reciso de uma mulher de óculos, e itada constante nos dedos. "uero que elame fale dos 5eraclidas, das aturnais de 3acróio, de Creta e de 6acedem7nia, da$eócia e 4aminondas.

4u n(o sei se v. exª. sae alguma cousa disto' mas desconfio que n(o. Fala-memuito em Victor 5ugo, e na Petite Fadete de 8eorge and. 9+ a encontrei a ler lesLiaisons Dangereuses, e a Manon Lescaut . Palita-me que a sra. D. Fulana tem nacae!a muita soma de teias de aranha, e n(o serei eu a vassoura da lime#a.


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:(o ostante, reseito-a, admiro-a até ao onto de lhe oferecer a minha%Patologia do asamento.&

Digne-se v. excª. acolh0-la no rega!o da sua enevol0ncia, e d0-me ocasi;es demostrar-lhe que sou

De v. excª.

o 2ltimo criado, e o rimeiro dos seus admiradores,

C


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PERSONAGENS

D. 641C?D=< @AB anosD. 96=< @E anos< V=C1:D4< D4 V84 D< =6V4=>< @I anos?6V1 D4 C1 @IE anos4DJD1 64=/4 @I anos1 V=C1:D4 D4 V


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96=< K 4u seiL... nem as alavras, talve#...

641C?D=< K Porque n(o és francaML 4u, de mim, na tua osi!(o, tinha-lhe ditoO%n(o me ersigaL& N o que eu *+ disse a 4duardo...

96=< K 4u n(o sei di#er isso...


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reente, e ocuei-a rimeiro...

641C?D=< K 4 ?lvaro... nem assim...

96=< K 3e comreendeu... entou-se na imediata, e disse n(o sei que frioleira...

641C?D=< K e tu és t(o am+velL...

96=< K


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felicitei mais cedo, é orque o n(o saia... Vou l+ dentro... 3inha m(e deve reararnesta aus0ncia...

96=< K :(o me deixes agora que a vem ?lvaro... N insuort+velL

641C?D=< K 1raL... que mal te fa# o homemML... 4u volto *+... 1lha... di#-lhe queamas 9orge... é imossvel que ele queira sustentar a comet0ncia... @(ai .

CENA II

92lia e ?lvaro.

?6V1 K 4st+ incomodada, sra. D. 92liaM

96=< K :(o, senhor.

?6V1 K 4nt(o est+ aorrecida...

96=< K De certo...

?6V1 K 3enos, quando ao seu lado um certo cavalheiro de luneta...

96=< K


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96=< K Com que direito h+ de di#er-masM

?6V1 K :(o tenho nenhumM asolutamente nenhumM

96=< K De certo, nenhum...

?6V1 K < aix(o cega o entendimento...

96=< K :(o é minha a cula...

?6V1 K N toda...

96=< K /odaM... ois eu autori#ei-oM Disse-lhe alguma ve# que o amavaM

?6V1 K :unca mo disse... orque...

96=< K Porque o n(o sentia... "ue mais lhe osso di#er agoraM

?6V1 K Deois disso, mais nada. @)etira'se.

96=< K Foi reciso isto...


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91>84 K Perguntei-te se amavas 6eoc+dia.

4DJD1 K 8osto muito dela... Deois de um om charuto, é o meu sonhodourado.

91>84 K 4 ela...

4DJD1 K 8osta de mimM n(o sei em ainda... Perguntei-lho ainda agora elavigésima ve#... Disse-me que sim, e é a rimeira ve# que mo di#... e mente, l+ seavenha com a sua consci0ncia...

91>84 K 4 é a rimeira ve# que te disse que simM

4DJD1 K < rimeira, alavra de honra, 9orgeL

91>84 K 4 que concluis daM

4DJD1 K Concluo que n(o gostou até ho*e.

91>84 K 4 n(o concluis mais nadaM

4DJD1 K :em quero.

91>84 K :(o su;es que ela amasse, até este momento, outro homemM

4DJD1 K :(o só suonho' mas até acredito... :ada de emoscadas... 4ssadilomacia arece-me uma velhacaria ran!osa... ei que amas 6eoc+dia, ou, se an(o amas, que a amaste *+... 4u n(o tenho nada com o assado, nem com ofuturo... < minha grande quest(o é a atualidade. (o arrufosM Deix+-los serO aquiestou eu ara encher as lacunas, e tenho nisso muita honra... :unca me imortousaer que tentos lavravas no cora!(o da equena. Vi-te fa#er de César, e eu fi# deFaio.


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CENA IV

9orge e depois 92lia.

91>84 K 4u tinha revisto tudo... 4ra necess+rio renunciar uma das duas...

96=< K Procurava-o...

91>84 K imM... que é, 92liaM

96=< K Diga-meO oderei confiar a 6eoc+dia o segredo do nosso amorM... VacilaM...resondaL...

91>84 K /em recis(o de confidentesM

96=< @sorrindo. K /enho, orque me n(o cae a felicidade no cora!(o... PossoM...

91>84 K 4 é for!oso que se*a 6eoc+diaML

96=< K N... referi-a entre todas as minhas amigas... "ue emara!os s(o essesML

91>84 K 4ntendo que n(o deve revelar a ninguém o nosso amor.

96=< K imM... orque mo n(o disseM... 9+ agora, erdeu-se a sua discri!(o... 4udisse tudo...

91>84 K < quemM

96=< K < 6eoc+dia...

91>84 @á parte. K 4st+ exlicado o enigmaL...

96=< K :ada de monólogos... fale comigo... 1ra, sr. 9orge... que necessidadetnhamos nós de corarmos um na resen!a do outroLM

91>84 K 4u n(o coro... < cor deste rosto só ode alter+-la uma infQmia.

96=< K D0 o nome que lhe arouver ao seu ato, que eu n(o lhe conhe!o outro...V. sªa. feriu-me, e cicatri#ou-me a ferida... (o oas todas as afrontas que nosdesertam a sensiilidade da honra... < lemran!a do ultra*e h+ de fa#er que euesque!a a causa deressa... Fe# em... Deixou cair a m+scara muito a temo...


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@)etira'se.

91>84 K 4scute-me, 92lia... @ai sentar'se no sofá.

CENA V

9orge, e 4duardo, dando o %raço a 6eoc+dia.

4DJD1 K er+ isto um sonhoM... e o é, deixe-me sonhar uma hora, simM

641C?D=< @sorrindo. K /amém h+ sonhos de que se acorda com a face cheia de

l+grimas...

4DJD1 @ para ,orge. K 84 K 84 K Pois ainda tem muito temo de go#ar... (o tr0s horas... :unca lheesque!a que foi )s tr0s horas...

641C?D=< K :(o o comreendo, sr. 9orge... "ue tenho eu com as tr0s horas doseu relógioM

91>84 K :(o se fin*a simles como don#elinha que saiu ontem do colégio...

641C?D=< K 84 K :(o entendo.

4DJD1 K 1s senhores di#em que n(o se entendem, e eu de certo n(o osentendo melhor. :(o fa!am cerim7nia de mim. "ueiram exlicar-se de modo queeu ossa reconcili+-los.

91>84 K >econciliar-nosL... :(o estamos divorciados... 1 que me rende a estasenhora s(o os reseitos e considera!;es que se lhe devem. 4m quanto ela se n(odesviar da carreira de um nore rocedimento, as nossas rela!;es n(o sofremquera...


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4DJD1 K Pois nesse caso, meu caro 9orge, ser+s semre o reseitador destasenhora, orque os an*os n(o se reciitam desde que um, h+ muitos anos, teve o

mau gosto de se reciitar do céu.

91>84 @sorrindo. K ra. D. 6eoc+dia...... sra. D. 6eoc+diaL... @)etira'se.

CENA VI

4duardo e 6eoc+dia.

4DJD1 K Falemos seriamente, minha senhora. V. excª. num momento de

ci2me, dignou-se emregar-me no seu servi!o como instrumento de arro, que sequera, feito o servi!o, n(o é verdadeM

1ra ande l+... n(o erca o Qnimo, suosto que o escarlate do e*o n(o lhe ficamal... acho-a muito mais ela... Parece-me que adivinho o segredo... V. excª.encontrou em flagrante delito de ternura o sensvel 9orge com a sensvel 92lia...Ferida na sua vaidade, quer vingar-se, e eu reresento neste negócio o tertius semo gaudet . Perdoar+ o latim... quis di#er que reresento neste negócio uma tristefigura... 9+ n(o é a rimeira ve#... :(o se inquiete, que eu tamém me n(oinc7modo... /ire de mim o artido que quiser...

641C?D=< K sr. 4duardo... n(o devia falar-me assim... 4ssas alavras s(o t(oreassadas de ironia...

4DJD1 K N o meu g0nio... ou um Demócrito equenino, orque tamém s(oridiculamente equenas as cousas que me fa#em rir... a vem uma que me arrancado rofundo da consci0ncia uma legtima gargalhada.

641C?D=< K "ue éM

4DJD1 K N a sua amiga 92lia elo ra!o de ?lvaro, em ntima conversa!(o...:(o acha tudo isto t(o c7micoM

CENA VII

6eoc+dia, 4duardo, 92lia e ?lvaro.

4DJD1 @ para /l"aro! sorrindo. K 1s reis da noite somos nós, sr. ?lvaro... 6ogo


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desimos a 2rura de reis de comédia, e fumamos um éssimo cigarro docontrato...

?6V1 K :(o entendo a finura do eigrama.

4DJD1 K 4nt(o, é mais feli# do que eu suunha... Pode contar com o reino docéu... Deveras n(o entendeM

?6V1 K :(o, e disenso as exlica!;es oficiosas do meu amigo...

4DJD1 @rindo. K 4sero que ) solenidade do estilo, se n(o siga um cartel dedesafio...

641C?D=< K "ue linguagemL... N em galhofeiro o seu car+ter, sr. 4duardoL

4DJD1 K 3uito galhofeiro, minha rica senhora... 4 ali o do meu amigo ésomrio como o de um encaotado de drama em cinco atos.

?6V1 K < verdade é que nos n(o arecemos...

4DJD1 K Feli#mente ara o senhor ou ara mim... 3as na singele#a docora!(o, na temeratura do amor, h+ de ermitir que se*amos arecidos como

Plades com 1restes...

?6V1 K :(o temos semelhan!a nenhuma... 4u n(o osso rincar com asaix;es...

4DJD1 @á parte! a Leocádia. K N da for!a de trinta Paulos' mas a Virgnia que oescuta, só com os olhos, daqui a ouco remete-o ao catalogo dos 1telos em quartam(o. @ /l"aro e ,+lia retiram'se. 4sero que n(o se ater+ comigo, sr. ?lvaro... :(oresondeuL...


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6eoc+dia, 4duardo e 9orge.

91>84 K 4duardo, reciso rouar-te um instante a essa senhora... tens a ondadeL

4DJD1 K 84 @a s0s. K Fa#es um sacrifcio deixando-me cinco minutos com elaM

4DJD1 K acrifcio... nenhum' mas a dec0ncia ede que eu n(o este*a aquiservindo de sentinela ) vista a um teu namoro... 84 K "ue carichos s(o estes, 6eoc+diaM

641C?D=< K CarichosL... 1 sentimento de uma ofensa é um carichoML

91>84 K "ual é a ofensaM Jma leviandade de 92liaM

641C?D=< K < leviandade foi minha, que n(o quis imit+-la a ela e a muitas, quesaem isar os homens aos és antes de lhes darem a m(o ara que se levantem.4u dei-lhe a minha alma sem reserva... Fi# do meu amor um sagrado mistério com

medo que mo rofanassem. Violentei-me a olh+-lo, em 2lico, com indiferen!a,ara que ninguém me inve*asse. 4ram estes os seus conselhos, 9orge... 5o*e é queeu comreendo a horrvel significa!(o deste lano. 1 senhor recisava do segredoara agradar a muitas vtimas iludidas com um só lance de olhos... Creia que tenhotanta ena de mim como de 92lia...

91>84 K 1lha, 6eoc+dia... se o meu crime foi grande, a tua vingan!a excede-o...:(o me areces o an*o resignado que eu imaginei... 1 que eu acao de fa#er foiuma exeri0ncia na tua alma... 1 resultado foi infeli#L :unca revi que consentirias


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ao teu cora!(o um arro*o vingativo, indigno de ti...

641C?D=< K "ue fi# euM

91>84 K "ue fi#estes tuM... N oa a erguntaL... Procuraste nesse sal(o o homemmais desacreditado, o esrito mais corromido, o cnico mais orgulhoso de o ser, edisseste-lhe que o amavas, sorriste angelicamente )s suas frases ir7nicas, enivelaste-me com ele, aresentando-mo como rivalL... 4u... rival de 4duardoL...

641C?D=< @com "i"acidade. K Como rival... nuncaL 4le n(o odia ser seu rival...orque eu n(o tenho dous cora!;es.... Fui imrudente... confesso que fui' mas n(oude mais... a unhalada feriu-me de reente, n(o me deu temo de ensar...

disse-lhe n(o sei qu0 dos l+ios, mas o cora!(o aorrece-o, orque eu n(o ossoamar alguém com mais virtudes do que tu... ouco me imorta que tu se*as t(ocnico, t(o desmorali#ado como 4duardo... 1hL Deus queira que me n(o ouvissem...a vem 92lia... 4u retiro-me... < m(e est+ com os olhos fixos em mim... @Menção desair .

CENA X

?lvaro, 92lia e 9orge.

96=< @ passando por Leocádia. K 3uitos araéns, minha amiga...

641C?D=< K De queM

96=< K /ransigiste amigavelmenteM...

641C?D=< K :(o sei que di#es...

96=< @ir2nica. K =nocentinha... @Leocádia sai . Passam alguns grupos de #omens e

sen#oras.

?6V1 @&ue não "3 ,orge. K 9orge n(o é homem talhado ara o seu cora!(o...

96=< K Fale aixo, que ele est+ muito erto... 3as n(o se cale... diga algumacousa.

?6V1 K N necess+rio ter o cora!(o uro de amores viciosos ara conceer asulime candura do seu...


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96=< K 5ei de morrer sem ser comreendida...

?6V1 K :(o nasceria eu ara comreend0-laM

96=< K 84 @sem erguer'se do sofá. K R sr. ?lvaroL... "ue tal acha a eloqu0ncia destasenhoraM

?6V1 K < ergunta é célere' todavia, resondereiO a eloqu0ncia desta senhoraé excelente...

91>84 K 4 v. excª. ra. D. 92lia, que tal acha a eloqu0ncia daquele senhorM

96=< K 4u sou menos generosa que este cavalheiroO n(o lhe resondo.

91>84 K >esonda, resonda, que v. excª. n(o é resons+vel elo que di#...

?6V1 K 4u n(o osso consentir que se afronte assim uma senhoraL...

CENA XI

*s mesmos e 4duardo, &ue "em passando com uma dama pelo %raço! e para.

91>84 K Pois sen(o ode, resigne-se...

?6V1 K /enho a otar or outro exediente antes da resigna!(o...

4DJD1 K :aturalmente quer ater-se... 4u sou de oini(o que os meus amigosdevem cortar-se recirocamente os esco!os )s G horas da tarde...

91>84 @sorrindo. K Fecha l+ as torneiras ao esrito, 4duardo.


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4DJD1 K Pois o senhor est+ formali#adoM e v. excª. @ para ,+lia tamém est+formali#adaM e a menina @ para a &ue tem no %raço tamém se formali#aM... 4u de

mim, declaro-me formali#ado sem saer orque. Formali#em-se todos, desde odono da casa até ao criado da camainha. =sto deve acaar or ir cada um ara suacasa, orque s(o quase quatro horas... n(o achaM

?6V1 K e me d+ licen!a...

4DJD1 K < reseito de licen!as, isso n(o é comigoO é com o dono da casa... "uequeria o meu amigoM quer duvidar de que a sra. D. 92lia é a rainha das maisformosasM @om escárnio.

?6V1 K sr. 4duardo, as suas #omarias s(o intemestivasL... 4ntre cavalheiros éde uso adotar-se a linguagem seria e digna de um sal(o...

4DJD1 K 1 meu caro senhor est+ f2nere como um mestre de cantoch(o...Falou muito em' mas eu é que n(o me sinto disosto a manter a reuta!(o deeloquente )s quatro horas da manh(... e me querem ver dormir, falem-me emcousas sérias... Diga-me c+... *+ tomou chocolateM

96=< @desprendendo'se do %raço. K D0-me licen!a... 3inha mana chama-me...

?6V1 K 4u acomanho-a, minha senhora... @ão sair .

91>84 K 3inha ela menina, estamos quites... De ho*e em diante cada um de nóscaminha ara o seu ólo diverso...

96=< K (o indiferentes os seus assos... Caminhe ara onde lhe arouver, sr.9orge... @(ai .

4DJD1 K Disse que caminhasses ara onde te arouvesse... 4u de mim vouara casa... "ueres virM... N verdade... que é da transarente criatura, que eu tinha

no ra!oM 4vaorou-seM... Deix+-la... @ 1tira'se ao sofá.


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criado sai . R 9orge, n(o tens no cora!(o um reservatório onde caia uma ch+venade excelente chocolateM

91>84 K


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641C?D=< @reparando. K


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suerfcie...

V=C1:D4< K N verdade' mas as ases de uma verdadeira instru!(o s(o ossólidos rudimentos.

4DJD1 K 3uito em, minha senhora... 1 seu cora!(o deve ser t(o sensvelcomo a sua cae!a é ilustrada.

V=C1:D4< K 1 meu cora!(o est+ morto.

4DJD1 K DeverasL... "uem far+ o milagre de o chamar ) vidaM... 4u de certon(o ousaria t(o difcil emresa...

V=C1:D4< K V. sªa. #omaM...

4DJD1 K :(o #omo, orque n(o sei #omar com o amor...

V=C1:D4< K Fale aixo que a vem meu marido...

4DJD1 @ para o marido &ue entra. K sr. viscondeL... est+vamos falando naguerra da Crimeia.

V=C1:D4 K Vai or l+ o diao... 4u acho que os aliados n(o metem o nari# emeastool.

V=C1:D4< K Pelo menos em quanto a ?ustria e Pr2ssia n(o exedirem for!asque suram a mortandade dos ingleses...

V=C1:D4 K 4 que me di# o senhor ) exorta!(o dos oisM Cessa ou n(o cessaM

4DJD1 K < reseito de ois, n(o sei nada... @reparando para fora a vemtudo... "ue é istoL... uma senhora desmaiadaM

CENA XIV

*s mesmos! e 92lia desmaiada nos %raços de algumas damas.

V1T4 K "ue seriaM

Coitadinha...


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/ragam +gua...

4DJD1 K Fumo de charuto n(o é mau...

V=C1:D4 K Fa# favor de lhe otar um ouco de fumo elas ventasM...

4DJD1 @acendendo o c#aruto. K 6+ vou... l+ vou, sr. visconde.

V1T4 K :(o é reciso...

96=< K N 9orgeL... 9orge é o resons+vel da minha vida...

V1T4 K 84 @ fa6endo 4 na areia com a c#i%ata. K 4stou otimamente. @*u"em'seguinc#os muito simpáticos das sen#oras! &ue patin#am no %an#o. 1lguns #omensurram.

641C?D=< K Parece que te aorrece a Fo#L...

91>84 K :ada me aorrece... 4stou em em toda a arte...


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641C?D=< K :inguém o h+ de di#er... /odas as minhas amigas me erguntam oque tens...

91>84 K Di#-lhes que se n(o incomodem...

641C?D=< K 5(o de suor que a tua ami#ade ara comigo foi uma ilus(odesvanecida elo casamento...

91>84 K < oini(o é livre... uonham o que quiserem.

641C?D=< K 3as n(o consideras que eu sofro muito se elas imaginam talM

91>84 K :(o me lemrava essa esécie... =sso é amor rório...

641C?D=< K :(o é amor rório... é dor do cora!(o...

91>84 K er+ algum aneurismaM

641C?D=< K N uma #omaria em cruelL... 4stranho-te, 9orge.

91>84 K /amém eu me estranho... :(o achas que é melhor estarmos caladosM

641C?D=< K Calar-me-ei...

91>84 K 4 fa#es em... 4stes di+logos terminam semre mal... < necessidade davariar a conversa!(o é a tsica das grandes aix;es... Jma frase reetida aorrece,or mais onita que se*a... :ós odamos ter semre cousas novas a di#er, se n(otivéssemos gastado a insira!(o em quatro meses de casados. Dissemos tudo...definimos tudo que nos rodeava, e agora sentimos a dura necessidade de nosdefinirmos a nós... N onde est+ o mal.... /u queres que eu te reita o que te disseh+ cinco meses, e eu #ango de reeti!;es... :(o sei fa#er frases como tu fa#esunhos de camisas... 4xauri-me...


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641C?D=< @disfarçando as lágrimas. K 3uito em... agradecida... 4st+ omM

4DJD1 K Como semre... /enho uma sa2de insuort+velL... :(o sou caa# dearran*ar uma dor de cae!a, ara me dar certos ares romQnticos. Ve*o or amuitos manceos, alquerados no frescor da vida, e, em quanto a mim, s(oinfeli#es criaturas que sofrem dos calos... 9+ tomou anho, minha senhoraM

641C?D=< K :(o tomo anho ho*e. Constiei-me ontem.

4DJD1 @ para ,orge. K 4 tuM

91>84 K Vou tratar disso... Ficas or aquiM

4DJD1 K Vamos nós conversar, minha senhora... 4u ho*e sinto-me comdisosi!(o ara di#er cousas muito filosóficas... @ ,orge sai .

CENA III

6eoc+dia e 4duardo.

641C?D=< K V. sªa. tem semre um humor t(o alegre...

4DJD1 K er+ isto idiotismoM 9+ me lemrou se eu seria t(o doudo como or ame *ulgamL

641C?D=< K "uem o *ulga doudoML

4DJD1 K N toda essa sociedade...

641C?D=< K Doudo... n(oL... Di#em que v. sª. n(o tem ersist0ncia em cousanenhuma' e escarnece tudo...

4DJD1 K 4m quanto ) ersist0ncia, é falso o que di#em, minha senhora, e sintoque v. excª., t(o distinta do comum, queira ser o eco das oini;es vulgares daran!osa sociedade... :(o sou inconstante...

641C?D=< K < quem di# issoM Pois n(o sei eu a sua vidaL... ó namoros, tenho-lheconhecido cinquenta.

4DJD1 K er(o mais, talve#' mas... que namorosL... V. excª. n(o se recorda de


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que foi meu namoro vinte minutos no aile do ar(o de ValomM @Leocádia a%aixaos ol#os. Pois os tais cinquenta namoros foram todos assim... :(o sou constante,

orque n(o encontrei ainda uma mulher, que ossa adorar-se seriamente. :(o h+aix(o que o ridculo n(o mate.


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esritos de a#as cintilantes, como n(o vi em nenhuns, exceto nos de v. excª...

641C?D=< K Disenso a comara!(o...

4DJD1 K 4 fa# em, minha senhoraL... 4la or fim, caiu do ministério a que eu alevantei, e tornou-se uma gorda matrona casada com um gordo ate-folha, que é aminha vergonha orque teve a etulQncia de lutar comigo, e vencer-me...

641C?D=< K 4 foi esse que teve o duelo com v. sª.M

4DJD1 K :ada... foi uma segunda vtima, que ainda ho*e fa# quadras a umacerta vis(o que lhe aareceu no amanhecer da vida... 4 esta vis(o é a soredita

filha do meu saateiro...

641C?D=< K < sua vida é um oema éico... 4 o terceiro catuloM

4DJD1 K N verdade, o terceiro catulo... 1 terceiro catulo... é isto... N esteriso, esta #omaria, esta conscienciosa anega!(o de mim mesmo... é a resignadadocilidade com que me restei a ser o instrumento de v. excª. ara ferir a vaidadede seu marido... "ueira descular-me... 4ntristeci-aM 1 assado, assado... "uer v.excª. que eu lhe escolha duas conchinhasM @Procurando na areia.


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com l+grimas... 3as tu n(o tens cula... ei que n(o és amada... 4u tamém o n(oseria... ou ainda tua amiga... :(o oderei restar-me nunca a ser o cutelo na m(o

do teu algo#... a tens essas cartas.

641C?D=< K "ue cartas s(o estasML

96=< K (o cartas, que teu marido me escreve...

641C?D=< K 3eu maridoL...

96=< K im... mais nada... adeus... @(ai .

CENA V

6eoc+dia, e depois 4duardo.

641C?D=< K Vou sondando toda a rofundidade do meu aismo... 4u em saiaque era infeli#' mas tanto... n(oL...

4DJD1 K Parece-me que a sua amiga n(o veio dar-lhe ra#er... /(o descorada,minha senhoraL "ue temM

641C?D=< K :ada, sr. 4duardo... N uma nuvem assageira... "ueira di#er a 9orgeque me retirei...

4DJD1 K 4u acomanho-a...

641C?D=< K :(o consinto... a minha casa é ali...

4DJD1 K :(o insto, minha senhora, ara n(o ser imortuno... @Ela sai!corte5ando'o.

CENA VI

4duardo, e depois a Viscondessa de Valom, com um criado de farda! &ue condu6em saco de damasco "ermel#o a roupa de %an#o.

4DJD1 @acendendo um c#aruto. K 1ra aqui est+ o que s(o os mo!os honestos,honrados, e em comortadosL... (o estes dous maridos. 9orge assa or um


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manceo exemlar' ?lvaro di#em que é o tio da ondade' e, contudo, voudescorindo que as resectivas mulheres, se escrevessem *ornais, estavam em

oosi!(o com os maridos. 1s honrados s(o eles... 4u é que sou o cnicoL... 4stasociedade é uma grande atacuadaL... a vem a viscondessa de Valom. :(o melarga desde aquele aile... @*l#ando so%re o om%ro. 4la c+ est+ comigo...@Erguendo'se. 3inha querida senhora viscondessa, como assou v. excª. desdeontemM

V=C1:D4< K Passa%lement . 4serei-o ) noite ara a artidinha, e o magan(on(o nos quis honrar com a sua visita...

4DJD1 K Jrgentes negócios origaram-me a ir ao Porto.

V=C1:D4< K :amoro... diga a verdade... namoro...

4DJD1 K :(o, minha senhora. 1 meu cora!(o est+ desde muito na terceirase!(o... :(o h+ oder que o fa!a entrar na efetividade...

V=C1:D4< K 1ra deixe-se disso... 4u sei que ama... e ama uma senhora... que...digoM

4DJD1 K e lhe ara#...

V=C1:D4< K :(o direi' mas... lemre-se de que la proprieté nest pas un "ol como di# Proudhon...

4DJD1 K 4u acredito que a roriedade n(o se*a um rouo, e or isso mesmon(o tento contra ela.

V=C1:D4< K /enta, tenta... =sso n(o é onito... e quer merecer a minhaestima, n(o tente artir os vnculos matrimoniais de... eu em sei...

4DJD1 K 4 v. excª. acha que sou indigno da sua estima, se tentar...

V=C1:D4< K Pois n(oM h+ cousa mais sagrada sore a terraML < reuta!(o deuma senhoraL... @Mudando de tom. N verdade que muitas ve#es toda a filosofia éouca ara conter os metos do cora!(o... @Mudando para o tom da #onestidade.


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4DJD1 K 4scorregam...

V=C1:D4< K 9ustamente...

4DJD1 K 4 nesse caso...

V=C1:D4< K 4st+ a essoa de quem falamos...

4DJD1 K :ós n(o falamos de essoa nenhuma... "ueria eu di#er que nessecaso n(o est+ de certo v. excª.

V=C1:D4< K "uem saeL... @ / parte.


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4duardo e 9orge.

91>84 K 6eoc+diaM

4DJD1 K 9+ l+ vai... Disse que ia ara casa.

91>84 K D+-me lume... @acende o c#aruto. "uero dar-te um conselho, 4duardo...

4DJD1 K imML

91>84 K :(o te cases.

4DJD1 @ /l"aro! sem ser "isto! entra numa das pr0ximas %arracas. K Deus melivre... endo eu, como realmente sou um cnico, ore da mulher que tivesse delutar com o meu cinismoL... 1 casamento é om ara ti que és um an*o de virtude,e ara ?lvaro que é o tio da sisude#... Di#-me c+, és muito feli#, n(o ésM

91>84 K :(o. 4stou cansado... 3inha mulher... é uma mulher...

4DJD1 K N uma mulherM Pois louva a Deus or n(o serem duas... "uantasquerias tuM 84 K emre galhofeiro... 84 K e tu souesses que tormentos aqui v(o nesta almaL... < aix(o alucinadaque me ariu o inferno no cora!(oL... /enho necessidade de resirar... "uero quetu me ou!as, orque n(o és desses tartufos que torcem o nari# ) menor exans(ode um esrito atormentadoL... aes que amo até ao delrio uma mulherM

4DJD1 K N a tua naturalmente... =sso é muito *usto...

91>84 K :(o é a minha...

4DJD1 K Pois a minha tamém n(o...

91>84 K :(o mote*es a minha dor... e me n(o queres ouvir com seriedade,calemo-nos...


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4DJD1 K 1ra di#...

91>84 K 4u amo... 92lia...

4DJD1 K < mulher de... 1h escQndaloL... Fala aixo que te n(o ou!am oscarangue*os...

91>84 K :(o sofro o esc+rnio... Ns incaa# de comreender um sentimentonore...

4DJD1 @rindo. K im... esse sentimento é muito nore... 4u é que sou ocnico... /ens ra#(o... estou estragado a onto de n(o comreender a nore#a

desse sentimento... Prega essa moral, ver+s o galard(o que recees...

91>84 K :(o me imorta a sociedade... Perco-me or aquela mulher... 4ra elaquem eu amava... Casei com 6eoc+dia or um caricho... mas a mulher do meucora!(o era 92lia...

4DJD1 K 4 ela... concordaM

91>84 K :(o... desre#a-me... recee as minhas cartas, e n(o me resonde...

4DJD1 K 3as semre vai lendo as cartasM... 4nt(o continua, visto que essesentimento é nore... 4u é que sou o cnico...

91>84 K 4 quem sae o fim ara que ela recee as cartasM

4DJD1 K /alve# ara aelotes, quando se frisa...

91>84 K 84 K /alve# ara mostr+-las a minha mulher... e vingar-se assim...

4DJD1 K =sso ode ser... < história antiga conta tr0s fatos semelhantes. 1rimeiro aconteceu com Dido, a reseito de 4néias' o segundo com Fredegonda...

91>84 K Deixa l+ isso... que me imorta a mim a históriaM... Fa#es-me um favorM...e falas com ela, odes sond+-la a meu reseito...


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4DJD1 K ond+-laM... n(o sei de que modoL... /u n(o saes que o marido émeu figadal inimigoM ó se a vir or aqui destacada do osso do seu osso... 4la ainda

agora aqui esteve com D. 6eoc+dia...

91>84 K Com minha mulherL

4DJD1 K im...

91>84 K 4stou erdidoL... Deu-lhe as cartasL...

4DJD1 K DariaML "ue grande imoralidadeL

91>84 K 4 or isso 6eoc+dia se retirou...

4DJD1 K 4 olha que n(o ia oa... Parece-me que a estas horas *+ ela admirou oestilo das tuas reciosas cartasL... 1lha... queres ver 92liaM... 4la vem ara aqui...4sconde-te atr+s dessa arraca, em quanto ela te n(o v0... e quando assar, fala-lhe...

91>84 @cumpre. K "ue hei de eu di#er-lheML...

4DJD1 @sorrindo. K V0 se ela comreende o o teu no%re sentimento...

91>84 K 4la n(o ara a ouvir-me... tu ver+s...

4DJD1 K e n(o arar, anda tu com ela... @)etira'se.

CENA VIII

9orge e 92lia.

91>84 K :(o tenho Qnimo... ou um imecil...

96=< @sem o "er! sentando'se em cadeira. K < minha querida vingan!aL... :(o vimsó ara sofrer... 84 @dirigindo'se com irresolução. K nimoL

96=< @"oltando'se de repente! e erguendo'se. K 1 senhorL... @;uer retirar'se.


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91>84 @sustendo'a. K :(o me fu*a...

96=< K >etire essa m(o, senhorL

91>84 K 4sse enfado é muito ouco senhoril... 4sta m(o n(o mancha a suaure#a...

96=< K Para mim tem o horror de m(o que me feriu com um unhal... 1 senhorn(o tem dignidade nenhuma... >etire-se, que meu marido ode v0-lo.

91>84 K "ue ve*a... 4u n(o temo seu marido...

96=< K Pois n(o o tema a ele, mas reseite-me a mim, ara que a sua osi!(o demarido se*a reseitada... @Eduardo tem "indo por entre as %arracas esconder'seatrás da mais pr0xima do diálogo.

91>84 K 4u *+ me n(o reseito na minha osi!(o... eu marido que tirereres+lias, que eu sou indiferente a todos os ultra*es dessa ordem.

4DJD1 @á parte. K 4u é que sou o cnico...

96=< K 4nt(o devo acreditar que o senhor requintou em imoralidade...

91>84 K


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de seu marido, que é de nenhuma imortQncia neste o*eto...

CENA IX

*s mesmos e ?lvaro saindo da %arraca! "estido de %an#o.

96=< K 84 K 4sta situa!(o é melhor que a n(o rolonguemos. V. sª. vai edir-me umasatisfa!(o... @ ,+lia retira'se.

?6V1 K 4st+ enganado... :(o tenho de que lhe edir satisfa!(o... Fa# v. sª.muito em... :(o lhe desagradam os olhos daquela senhora, e ;e os seus meios.../udo isto é natural... "ue satisfa!(o lhe hei de eu edirL...

4DJD1 @á parte. K 4u é que sou o cnicoL

91>84 K 84 K :(o sei com que inten!(o me fa# semelhante roosta...

?6V1 K Com a melhor inten!(o do mundo... N um contrato ilateral... semtestemunhas... 4u concedo-lhe a frequ0ncia de minha casa ara v. sª. estudar emos olhos de minha mulher, e o cavalheiro franqueia-me ocasi;es de estudar osolhos da sua.


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4DJD1 @á parte. K 4u é que sou o cnicoL...

91>84 K 4 se na sociedade se desconfia esta conven!(oM

?6V1 K Deixe-se disso... < sociedade, deu-nos dilomas de excelentesessoas... 4u creio que amos temos a finura necess+ria ara desemenharmos,sem ateada, os nossos aéis...


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91>84 K N natural que venha.

V=C1:D4< K Com o cael(oM

91>84 K im... com o cael(o...

V=C1:D4< @a ,+lia. K 1 sr. ?lvaro que andar+ a fa#erM

96=< K :aturalmente... das suas...

V=C1:D4 K Das suas... isso que quer di#erML ?lvaro é o exemlo da honrade#ersonali#ada...

96=< K 84 K 3uito grato, minha senhora. /enho emregado todos os esfor!os or

merecer ) sociedade um om conceito, e creio que o tenho conseguido...

V=C1:D4< K Porque o merece. e o n(o merecesse, creia que o n(o teria,orque a oini(o 2lica é *usticeira, e nunca se engana com os ons, ou com osmaus... :(o se lemra da oini(o que teve 4duardoM

91>84 K Jma éssima oini(o.

V=C1:D4 K 1hL de certo, aquilo era um homem com uma lngua deravada, ecostumes horrveis...

V=C1:D4< K 3as ve*am que lhe chegou a sua hora de reflex(o. >etirou-secomletamente da sociedade' viveu tr0s meses encerrado consigo mesmo nasolid(o, e voltou ara o mundo comletamente desfigurado. N outro homem...

96=< K /otalmente outro.

V=C1:D4 K Fa# mesmo esantar a diferen!a que o homem fe#L...


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91>84 K N asmosaL

V=C1:D4< K


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96=< K 3as vive com ele h+ mais de sete anos...

91>84 K N verdade... mas, como ele me n(o chamava a testemunhar os seusdesvarios, nada sei...

96=< K 1 que se segue é que nenhum de nós sae di#er em que consistiu aderava!(o de 4duardoL...

V=C1:D4< K < sociedade n(o se engana, menina. 4la que o condenou l+ saeos motivos orque o fe#. < virtude n(o é nunca infamada. Ve*a l+ se seu marido, eaqui o sr. 9orge foram vtimas da cal2niaL...

96=< K 3as eu queria que me citassem um crime de 4duardo...

J3 C>=


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4DJD1 K Como est+ tua senhora, 9orgeM

V=C1:D4< K 4stamos ) esera dela.

4DJD1 K 4 seu marido, sra. D. 92liaM

V=C1:D4 K :(o deve tardar... @Eduardo em ar de pensati"o! esfregando as costasdas mãos.

V=C1:D4< K 4le a vai recair nas suas melancoliasL :(o o queremos assimL "uetemM

4DJD1 K Pesares... que vem de longe, minha senhora...

V=C1:D4 K 1 assado *+ l+ vai...


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tantos anos...

4DJD1 K 3uito devo a Deus, orque é o contr+rio que costuma acontecer...4nt(o a sra., D. 92lia n(o nós d+ o ra#er de a ouvirmosM Vai-nos demorando ogo#o...

V=C1:D4 K 4u vou l+... @(ai .

CENA III

4duardo e a viscondessa.

V=C1:D4< @com "i"acidade. K V0s como saiu certo tudo o que eu te disseM <sociedade é uma excelente essoa.

4DJD1 @mudança de tom. *u"e'se o piano. K /enho notado isso...


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4DJD1 @tornando ao tom %eatifico. K Passou em, minha senhoraM

641C?D=< K $em...

?6V1 @dá uma gargal#ada.

V=C1:D4< K "ue riso é esseM

?6V1 K :(o é nada, minha senhora... "uem toca, é minha mulherM

V=C1:D4< K N sim... se quer v+ ) sala...

?6V1 K :(o, minha senhora. @(enta'se trom%udo a um canto da sala.

V=C1:D4< @a Leocádia. K "ue ter+ eleM 4stranho-oL...

641C?D=< K 4u n(o sei... Chegou a minha casa quando eu estava ara sair... Disse-me que me acomanhava... veio comigo sem di#er alavra... e n(o sei mais nada,nem me imorta...

4DJD1 @ pesaroso. K /er+ dor de dentesM (o dores dos nossos ecados... Deusnos acuda...

V=C1:D4< K Venha c+, sr. ?lvaroL... 1 nosso om amigo 4duardo, que é o .Paulo dos nossos temos, ergunta se lhe doem os dentes... @ /l"aro dá outragargal#ada.

641C?D=< K 1ra entendam l+ aquiloL...

CENA V

*s mesmos! e 92lia, 9orge, e o visconde.

91>84 @apertando a mão de Leocádia. K


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91>84 K "ue riso é esseM

96=< K < que vem o destemero dessa gargalhadaM...

V=C1:D4< K 6+ est+ outra ve# mergulhado na sua melancolia o sr. 4duardoL..."uer, talve#, mais m2sica...

4DJD1 K e n(o receasse ser indiscreto, edia a v. excª. aquela +ria da:orma... no ato final...

V=C1:D4< K 4xecutada or quemM

4DJD1 K Por v. excª... d+-lhe uma gra!a articular... :(o quero ofender as duassenhoras que a desemenham hailmente' mas n(o sei que toque melancólico...

V=C1:D4< K Pois sim... irei... Vamos todos...

4DJD1 K e me concedesse...

V=C1:D4< K Ficar so#inho aquiM... Pois sim... fique.

V=C1:D4 K 4u c+ fico com ele...

V=C1:D4< K :(o, n(o... deixa-o... s(o necessidades orgQnicas... 4u tamémtenho destas temestades morais...

V1T4 K Pois sim... ois sim... @(aem.

CENA VI

4duardo, e depois 92lia.

4DJD1 K < gargalhada de ?lvaro quer di#er muito... @*u"e'se a ária da >orma.

1 maldito veria alguma cousaM e viu, l+ vai a terra todo o meu edifcio de virtude...Di#em que ela é f+cil, eu ve*o-me ilaqueado numa rede tal, que se me descoremn(o sei or onde hei de evadir-me... "ue ena se me n(o deixam ser honradoL.../enho, só num m0s, colhido tantas almas de virtude, que, assados tr0s, nesteandar, eu todo seria um almito...


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96=< @agitada. K 4duardo...

4DJD1 K 92lia...

96=< K Pelo amor de Deus, desvanece-me de uma suseita que me deseda!a...

4DJD1 K "ue éML

96=< K /u amas 6eoc+dia.

4DJD1 K N falso...

96=< K 3as ela adora-te com delrio...

4DJD1 K "ue cula tenho euM

96=< @tomando'l#e a mão com frenesi ... K :(o me sacrifiques a ela... anenhuma... orque nenhuma te amar+ tanto...

91>84 @ao fundo. K =sto é esantosoL...

4DJD1 K :(o v0s que reresento um ael hiócrita, t(o contra o meu car+ter,

ara te n(o erderM

91>84 @o mesmo. K N incrvelL...

96=< K Conhe!o tudo... meu an*o... Vou ) sala... ode notar-se a minha falta...

CENA VII

4duardo, e depois 6eoc+dia, e depois o Visconde na porta do fundo sem ser "isto.

@*u"e'se ainda a m+sica da >orma.

4DJD1 K /ornemos ) osi!(o do enemérito /artufo. 1h meu querido 3oliWre,onde quer que est+s recee os meus agradecimentos elo excelente molde que mec+ deixasteL

641C?D=< @impetuosamente. K 4duardo... só duas alavras... 1lha que ?lvaro viu-te sair de minha casa...


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4DJD1 K ViuML est(o exlicadas as gargalhadas...

641C?D=< K >eceio maus resultados... 4le é caa# de tirar qualquer vingan!a... 1hmeu DeusL... estou sore um vulc(o...

4DJD1 K 4 eu dentro de uma tina... Deixa correr os sucessos... Vai, que odemdescorir-nos...

V=C1:D4 @á parte. K Como se exlica istoM

641C?D=< K "ue h+s de tu di#er se ele nos den2nciaM

4DJD1 K Provo que n(o sou mais imoral que ele...


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4DJD1 K Continuo a reresentar emM < lateia alaudeM...

V=C1:D4< K 1 visconde disse-me neste momento que tinha muito que contar-me... erguntei-lhe a que reseito... e ele de fugida ronunciou o teu nome e de6eoc+dia...

?6V1 @aparte. K 4 6eoc+diaL...

4DJD1 K 4 6eoc+diaL... Como se entende issoM...

V=C1:D4< K :(o sei... 3udemos de tom que eles a vem...

CENA IX

*s mesmos! e 92lia, ?lvaro, 9orge e 6eoc+dia.

V=C1:D4< @com 3nfase. K Pois n(o queremos uma virtude assimmelancólica... N necess+rio que resur*a desse aatimento moral, sr. 4duardo... <verdadeira felicidade est+ na consci0ncia. 1 seu assado n(o tem a edir contas aoseu resente... < sociedade are-lhe o ra!os como ao filho ródigo... @ /l"aro soltauma risada.

"ue riso é esse, sr. ?lvaroM

?6V1 K N um riso nervosoL...

4DJD1 @á parte. K 3auL...

641C?D=< K :(o tem ra#;es ara tanta melancoliaL... N estimado geralmenteelas suas virtudes, e merece a confian!a de todas as essoas... @* "isconde soltauma risada.

"ue risada é essa, sr. viscondeM

V=C1:D4 K N uma risada como a daquele senhor @apontando /l"aro. N umarisada nervosaL

4DJD1 @á parte. K PiorL...

96=< K Parece que escarnecem a virtudeL... 4stas transfigura!;es morais custam


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muitas amarguras... 4u comreendo a melancolia do sr. 4duardo... 6emra-se doque foi, e, no ra#er do que é, sente esar de o n(o ter sido desde muito... @ ,orge

solta uma risada.

/amém o senhor se riM

91>84 K N uma risada como a daquele senhor... @apontando /l"aro é uma risadanervosa...

4DJD1 @á parte. K 4st+ tudo or terraL... @ 1lto. Ve*o que os meus amigosest(o muito nervososL... $anhos de mar odem ser-lhes roveitosos... :(o achoonito que me escarne!am... Fa#em-me lemrar a f+ula do le(o e do... 4m fim,

se*a tudo em desconto das minhas culasL... @)iem todos tr3s.

1ra comreendam istoL... N um auso do risoL... 4u n(o lhes mere!o isso, senhoresLDi#em or a que eu sou um honrado homem, e n(o se cose assim na honra...

91>84 @á parte. K Vou-lhe arrancar a m+scaraL...

V=C1:D4 @á parte. K 5iócritaL

?6V1 @á parte. K 1 imostor n(o assar+ de ho*e...

V=C1:D4< K "ue falsa osi!(o é estaM

641C?D=< K :(o entendo istoL

96=< K :em euL

4DJD1 K :em euL...

V=C1:D4< K "ue modos s(o essesL... em que ensam os senhoresM...

?6V1 K 4u ensava nos recursos do talento deravadoL... enhoresL... énecess+rio que se acae este comédia dalgum modoL...


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V=C1:D4 K 9ustamenteO a sra. D. 6eoc+dia que as d0L...

91>84 K 3inha mulherL...

641C?D=< K 4uL

4DJD1 K 4laL...

?6V1 e V=C1:D4 K imL elaL...

91>84 K Pois em... caia a m+scara... 4sse senhor é um infame sedutorL

4DJD1 K 4uL

V=C1:D4< K 4leL

91>84, V=C1:D4, e ?6V1 K im, sim, eleL

4DJD1 K Provas, senhores caluniadoresL

91>84 K ProvasM a sra. D. 92lia que as d0L

?6V1 K 3inha mulherL

96=< K 4uL

4DJD1 K 4laL

91>84 e V=C1:D4 K im, sim, elaL

?6V1 K :esse caso... rasgue-se o véu do mistério... /odos somos vtimas dahiocrisia desse homemL

V=C1:D4 K 3enos euL

V=C1:D4< K :em euL

4DJD1 K Provas, senhoresL

?6V1 K ProvasM a sra. viscondessa que as d0.

V=C1:D4 K 3inha mulherL


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V=C1:D4< K 4uL

4DJD1 K 4laL

?lvaro e 91>84 K im, simL

4DJD1 K /odas tr0sL...

?6V1 @ para ,+lia. K >esondeL

91>84 @ para Leocádia. K "ue di#es a istoM

1 V=C1:D4 @ para a "iscondessa. K Pois n(o te defendesM

/1DX K N falsoL...

4DJD1 @mudando de tom. K 4u vou defend0-las, minhas senhorasL

?6V1 K < sra. D. 6eoc+dia n(o tem defesa nenhuma, orque...

4DJD1 K il0ncioL

91>84 K < sra. D. 92lia n(o tem defesa nenhuma, orque...

4DJD1 K 4seremL...

V=C1:D4 K Concordo que nenhuma dessas tem defesaL... mas é reciso que merovem que...

4DJD1 K esondam, sim ou n(oM

?6V1 K "ual regenerou'seL N um imostorL...


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4DJD1 K Concordemos em que sou um imostor. 3as digam-meO a oini(o2lica a meu reseito é essaM

V=C1:D4 K :(o é... orque o senhor enganou-nos.

4DJD1 K Pois, se n(o é, orque n(o reseitam os senhores a oini(o 2lica )qual me mandaram oedecerM

V=C1:D4 K 9+ lhe disse que a oini(o 2lica est+ iludida com o senhorL

4DJD1 K 4 dantesM h+ quatro meses era mais verdadeira que ho*eM

91>84 K :(o quero disutas... :(o resondo ao seu interrogatório... "uero umasatisfa!(o imediata.

?6V1 K 4 eu tamém.

4DJD1 K 4 o sr. viscondeM

V=C1:D4 K Veremos, deois...

4DJD1 @sorrindo. K 84 K :ósML...

4DJD1 K 1s senhores...

?6V1 K Por qu0ML

4DJD1 K Porque t0m traalhado recirocamente na sua desonra.


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91>84 K =sso é uma nova infQmiaL

4DJD1 K 3(os na consci0ncia, meus amigosL 1 contrato feito h+ quatro mesesna raia dos =ngleses n(o os exime de serem honradosL

?6V1 e 91>84 K :a raia dos =nglesesL...

4DJD1 K "uerem exlica!;esM... Ve*am l+ o que resolvem... "ueremexlica!;esM... "ue di#emML... 4sse sil0ncio anuncia onan!a...


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1s outros, como é natural, ficam a olhar uns ara os outros com aquelas carasrórias de tais conflitos. 1 autor vem fora di#er que n(o h+ na comédia alus;es

nenhumas. < lateia retira satisfeita, e continua a guardar-se dos cnicos.

:o dia seguinte os *ornais di#em que a comédia é imoral, e atentatória contra osons costumes. 1s ganarelos mandam comrar o *ornal, e mostram-no aoscomadres. 1 autor, c7nscio de que o mordem, vem no conhecimento de que osmordentes s(o os legtimos *rgons deste século' mas, um ouco menos feli#es queos de uma grande comédia, que o leitor, se se n(o recorda, ou n(o leu nunca, odeencontrar com o ttulo de 4artufe. e, todavia, detesta a letra redonda, estude avida r+tica, e chegar+ ) mais difcil das formaturas, ao ultimatum da saedoriaO %oconhecimento dos homens.& N t(o f+cil, ao rimeiro intuito, estremar o cnico do

hiócritaL... Dai-me o rimeiro, que reelis, e n(o me relacioneis com o segundo,que ara!aisO que eu, rofundamente grato, ficarei edindo a Deus que vosaumente o dinheiro, e vos conserve uma sa2de em vermelha, em gorda, araque a virtude n(o se*a semre uma irris(o neste laneta. Disse.

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BIOGRAFIA

Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa, no Largo do Carmo, a 16 de Março de

1825. Oriundo de uma família da aristocracia de ro!íncia com distanteascend"ncia crist#$no!a, era fil%o de Manuel &oa'uim Botel%o Castelo Branco,nascido na casa dos Correia Botel%o em (#o )inis, *ila +eal, a 1 de -gosto de18, e 'ue te!e uma !ida errante entre *ila +eal, *iseu e Lisboa, onde faleceua 22 de )eembro de 18/0, tomado de amores or &acinta +osa do sírito(anto erreira.

Camilo foi assim erfil%ado or seu ai em 182/, como 3fil%o de m#e inc4gnita.icou 4rf#o de m#e 'uando tin%a um ano de idade e de ai aos de anos, o 'uel%e criou um carter de eterna insatisfaç#o com a !ida. oi recol%ido or uma tia

de *ila +eal e, deois, or uma irm# mais !el%a, Carolina +ita Botel%o CasteloBranco, nascida em Lisboa, (ocorro, a 27 de Março de 1821, em *ilarin%o de(amard#, em 18/, recebendo uma educaç#o irregular atra!9s de dois :adresde ro!íncia.

;a adolesc"ncia, formou$se lendo os clssicos ortugueses e latinos e literaturaeclesistica e contatando a !ida ao ar li!re transmontana.

Com aenas 16 anos


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)e!ido a esta desa!ença, 9 esancado elo 3Ol%os$de$Boi, caanga do>o!ernador Ci!il.

-s suas irre!erentes corresond"ncias Aornalísticas !aleram$l%e, em 1878, no!a

agress#o a cargo de Caçadores.

Camilo abandona :atrícia nesse mesmo ano, fugindo ara casa da irm#,residente agora em Co!as do )ouro.

Eenta ent#o, no :orto, o curso de Medicina, 'ue n#o conclui, otando deoisor )ireito. - artir de 1878, fa uma !ida de bo"mia releta de ai@Fes,reartindo o seu temo entre os caf9s e os salFes burgueses e dedicando$seentretanto ao Aornalismo. m 1850, toma arte na ol"mica entre -le@andreGerculano e o clero, ublicando o o?sculo O Clero e o (r. -le@andre Gerculano,

defesa 'ue desagradou a Gerculano.

-ai@ona$se or -na -ugusta *ieira :lcido e, 'uando esta se casa, em 1850,tem uma crise de misticismo, c%egando a fre'uentar o seminrio, 'ue abandonaem 1852.

-na :lcido tornara$se mul%er do negociante Manuel :in%eiro -l!es, umbrasileiro 'ue o insira como ersonagem em algumas das suas no!elas, muitas!ees com carter dereciati!o. Camilo sedu e rata -na :lcido. )eois de

algum temo a monte, s#o caturados e Aulgados elas autoridades. ;a'uela9oca, o caso emocionou a oini#o ?blica, elo seu conte?do tiicamenteromntico de amor contrariado, H re!elia das con!ençFes e imosiçFes sociais.oram ambos en!iados ara a Cadeia da +elaç#o, no :orto, onde Camilocon%eceu e fe amiade com o famoso salteador I9 do Eel%ado. Com base nestae@eri"ncia, escre!eu Mem4rias do Crcere. )eois de absol!idos do crime deadult9rio elo &ui &os9 Maria de -lmeida Eei@eira de Jueir4s


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m 180, de!ido a roblemas de sa?de, Camilo !ai !i!er ara *ila do Conde,onde se mant9m at9 181. oi aí 'ue escre!eu a eça de teatro 3O Condenado


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u@ando or cem mil reis em notas entregou$as ao intor. O san%ol,surreendido com a'uela inter!enç#o 'ue esta!a longe de eserar, n#o ac%ouuma ala!ra ara resonder. )uas lgrimas, or9m, l%e desliaram silenciosaselas faces, como ?nica demonstraç#o de recon%ecimento.

m 1885 9$l%e concedido o título de 1. *isconde de Correia Botel%o. - / deMarço de 1888, casa$se finalmente com -na :lcido.

Camilo assa os ?ltimos anos da !ida ao lado dela, n#o encontrando aestabilidade emocional or 'ue ansia!a. -s dificuldades financeiras, a doença eos fil%os incaaes


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sobre!i!eu em coma agoniante at9 Hs cinco da tarde. - de &un%o, Hs seis datarde, o seu cad!er c%ega!a de comboio ao :orto e no dia seguinte, conformeo seu edido, foi seultado eretuamente no Aaigo de um amigo, &o#o-ntKnio de reitas ortuna, no cemit9rio da *ener!el rmandade de ;ossa

(en%ora da Laa.

(#o suas rinciais obras -ntema

Patologia Do Casamento - Camilo Castelo Branco - Iba Mendes

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