CÂ~fARA DOS DEPUTADO·g -...

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ANO XXX - N." 009 CAPITAL FEDERAL SEÇÃO I QUARTA-FEIRA, 12 DE MARÇO DE 1975 DOS DEPUTADO·g RESOLUÇÃO NQ 1, DE 1975 Altera o número de funções de Secretário Parlamentar constante da tabela anexa à' Resolução nl.' 25, de 17 de maio de 1972. A Câmara dos Deputados resolve: Art. 1 9 Fica alterado para trezentos e sessenta e quatro, a partir de 19 de fevereiro de 1975, ° número de funções de Secretário Parlamentar exercidas nos Gabinetes dos Deputados. Art. 2 9 Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Sala, das Sessões, em 6 de março de 1975. - Célio> BOI'ja, Presidente. RESOLUÇÃO NQ 2, DE 1975 Autoriza Deputados a fazerem o Curso Superior de Guerra da Escola Superior de Guerra. A Câmara dos Deputados resolve: Art. 19 Ficam autorizados a fazerem o Curso Superior de Guerra, da Escola Superior de Guerra, no corrente ano, os Senhores Deputados MUlilo Paulíno Badaró e Emílio Antonio Souza Aguiar Nina . Ri.Q.eiro, considerando-se esse período como de comparecimento efetivo. Art. 2 Q Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Sala das Reuniões, em 10 de março de 1975. - Célio Borja, Presidente. I SUMÁRIO 1- "I,a SESSliQ-nA I,a SESSliO J>EGISLATIVA DA 8." LEGIS- LATURA, EM' 11 DE MARÇO DE 197.5 I- Abei.·tura da Sessão J 11 - Leitura e assinatura da ata da sessão JlII - Leitura do Expediente OF:íClOS - Do Sr. Líder da ARENA, Ofícios n.os 29 e 30, de 1975. - Do Sr. Líder do MDB, Ofício n. a 5, de 1975. REQUERIMENTO - Do Sr. Célio Marques Fernandes, n. o 1, de 1975. PROJETO APRESENTADO Projeto de Lei n.? 17, de 1975 (Do Sr. Alvaro Valle) -- Altera da Lei n.O 5.692, de 11 de agosto de 1971, que fixa Dlretrízes e Bases para o Ensino de 1.0 e 2.0 graus. IV - Pequeno Expediente ;rOAO DURVAL - Duplicação da rodovia Salvador-Feira de Santana, Bahia, SINVAL BOAVENTURA - Extensão de financiamento a frigo- ríficos em condições de estocar carne. VASCO AMARO - Importação de arroz pelo Brasil. GOMES DO AMARAL - Reivindicações do Paraná e do País. MURILO REZENDE - Administração Alberto Silva, Piauí. NOGUEIRA DE REZENDE - Situação do aeroporto da Pam- pulha. Belo Horizonte, Minas Gerais. FARACO - Carência de meios de transporte na. Região Amazônica. WALDOMIRO GONÇALVES - Necrológio do Sr. Odonalda Lázaro Dutra. RICARDO FIúZA - Registro no Conselho Regional de Enge- nharia e Agricultura do diploma dos engenheiros formados pela Universidade oatóüca de Pernambuco. FRANCISCO ROLLEMBERG - Eleições quadríenaís em todos os níveis da representação popular. ODACIR KLEIN - Falecimento do Prof. Ney Brito. Declarações do Prefeito de Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul, sobre corrupção I eleitoral no último plelto,

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ANO XXX - N." 009 CAPITAL FEDERAL

SEÇÃO I

QUARTA-FEIRA, 12 DE MARÇO DE 1975

CÂ~fARA DOS DEPUTADO·g

RESOLUÇÃO NQ 1, DE 1975

Altera o número de funções de Secretário Parlamentar constante da tabela anexa à' Resoluçãonl.' 25, de 17 de maio de 1972.

A Câmara dos Deputados resolve:

Art. 19 Fica alterado para trezentos e sessenta e quatro, a partir de 19 de fevereiro de 1975, ° número defunções de Secretário Parlamentar exercidas nos Gabinetes dos Deputados.

Art. 29 Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Sala, das Sessões, em 6 de março de 1975. - Célio> BOI'ja, Presidente.

RESOLUÇÃO NQ 2, DE 1975

Autoriza Deputados a fazerem o Curso Superior de Guerra da Escola Superior de Guerra.

A Câmara dos Deputados resolve:

Art. 19 Ficam autorizados a fazerem o Curso Superior de Guerra, da Escola Superior de Guerra, nocorrente ano, os Senhores Deputados MUlilo Paulíno Badaró e Emílio Antonio Souza Aguiar Nina

. Ri.Q.eiro, considerando-se esse período como de comparecimento efetivo.

Art. 2Q Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Sala das Reuniões, em 10 de março de 1975. - Célio Borja, Presidente.I

SUMÁRIO1 - "I,a SESSliQ-nA I,a SESSliO J>EGISLATIVA DA 8." LEGIS­

LATURA, EM' 11 DE MARÇO DE 197.5

I - Abei.·tura da Sessão

J 11 - Leitura e assinatura da ata da sessão a~teriorJlII - Leitura do Expediente

OF:íClOS

- Do Sr. Líder da ARENA, Ofícios n.os 29 e 30, de 1975.

- Do Sr. Líder do MDB, Ofício n.a 5, de 1975.

REQUERIMENTO

- Do Sr. Célio Marques Fernandes, n. o 1, de 1975.

PROJETO APRESENTADO

Projeto de Lei n.? 17, de 1975 (Do Sr. Alvaro Valle) -- Alteradi8P'Jl~itivos da Lei n.O 5.692, de 11 de agosto de 1971, que fixaDlretrízes e Bases para o Ensino de 1.0 e 2.0 graus.

IV - Pequeno Expediente

;rOAO DURVAL - Duplicação da rodovia Salvador-Feira deSantana, Bahia,

SINVAL BOAVENTURA - Extensão de financiamento a frigo-ríficos em condições de estocar carne.

VASCO AMARO - Importação de arroz pelo Brasil.GOMES DO AMARAL - Reivindicações do Paraná e do País.MURILO REZENDE - Administração Alberto Silva, Piauí.

NOGUEIRA DE REZENDE - Situação do aeroporto da Pam-pulha. Belo Horizonte, Minas Gerais.

RAF~EL FARACO - Carência de meios de transporte na.Região Amazônica.

WALDOMIRO GONÇALVES - Necrológio do Sr. OdonaldaLázaro Dutra.

RICARDO FIúZA - Registro no Conselho Regional de Enge­nharia e Agricultura do diploma dos engenheiros formados pelaUniversidade oatóüca de Pernambuco.

FRANCISCO ROLLEMBERG - Eleições quadríenaís em todosos níveis da representação popular.

ODACIR KLEIN - Falecimento do Prof. Ney Brito. Declaraçõesdo Prefeito de Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul, sobre corrupção I

eleitoral no último plelto,

D282 Quarta-feira. 1~ DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1975

EDGAR M~TINS - Transferência do canteiro de obras doMETRô ou dilatação do prazo para mudança do Diário Popular,de São Paulo.

DASO COIMBRA - Implantação da Loteria Popular no Brasil.

AMAURY MtfLLER - Comparecimento do Ministro da Justiçaà Câmara dos Deputados. Necrológio do Prot. Ney Brito.

JUAREZ BERNARDES - Ocorrências policiais em Paranaí­guara, Goiás.

ALCIR PIMENTA - Aposentadoria aos 30 e 25 anos de serviçorespectivamente, para funcionários públicos homens e mulheres.

CELSO BARROS - Memorial das representações sociais dePedro II, Píaui, pleiteando a instalação de agência no Munícípío.

JERÔNIMO SANTANA - Posse do novo prefeito de PortoVelho, Território de Rondônia.

. ERNESTO DE MARCO - Inauguração da "ponte da Frater­nidade" e da ponte sobre o rio Uruguai, na fronteira Rio Grandedo Sul-Santa Catarina. Conclusão da BR-158.

GASTA0 MtfLLER - Homenagem à memória dos srs, Odonal-do Lázaro Dutra e Arnaldo Dutra, de Agua Clara, Mato Grosso.

EDUARDO GALIL - Nota do Secretário-Geral do MDB.

PADRE NOBRE - Preço do livro didático no Brasil.PEIXOTO FILHO - Lançamento do livro "Pequena Antologia

do Trem", de Laís Costa Velho. .'

JOSÉ BONIFáCIO NETO - Tramitação do Projeto n.s 2.290-A,que propõe modificações na lei que regula a prqríssâo do. corretorde seguros.

JAISON BARRETO - Aposentadoria especial dos ~~elões eliandeiras.

OCTACÍLIO ALMEIDA - Necrológio dó Deputado estadualpaulista Arlindo Antônio dos Santos.

NOSSER ALMEIDA - Inundações no Município de SerraMadureira, Acre.

ANTôNIO BELINATI - Assistência aos cotonicultores para­naenses,

FRANCISCO LIBARDONI - Política agropecuária do GovernoFederal. Ameaça de extinção da Estação de Pesquisas Agropecuáriasde Chapecó, Santa Catarina.

FLORIM COUTINHO - Participação da União, dos Estados eMunicípios no sistema Brasileiro de Ensino.

NABOR Jú,NIOR - Inundações em Serra Madureira, Acre.

V - Grande ExpedienteADHEMAR SANTILO - A sucessão governamental. Adminis-

tração Leonino Caiado, Goiás. 'JOEL FERREIRA - Reivindicações da Amazônia.

'VI - Ordem do DiaSIQUEIRA CAMPOS, FRANCISCO AMARAL, JAISON BARRE­

'1'0, PACHECO CHAVES, CLEVERSON TEIXEIRA, ALDO FAGUN­DES, LAERTE VIEIRA, NORBERTO SCHMIDT, ANTÔNIO BRE­SOLIN FRANCELINO PEREIRA, AMARAL FURLAN, JUTAHIMAGALHAES, MARCO MACIEL - Apresentação de proposições.

SIQUEIRA CAMPOS - Reclamação sobre cumprimento deprovídêneias referentes à unificação de determinados serviços doCongresso Nacic·naI. .

PEIXOTO FILHo" - Discussão do Projeto nP 768-A, de 1972.ADHEMAR GHISI - Encaminhamento de votação do substí­

tutívo da Comissão de Constituição e Justiça ao Projeto n.o 768-A,de 1972.

GABRIEL HERMES - Discussão do Projeto n,o 1.214-A,de 1973. .

PARSIFAL BARROSO - Encaminhamento de votação do Pro­jeto n,o 1.214-A, de 1973.

OTAVIO CARDOSO, PEIXOTO FILHO - Discussão do projeton.o 597-A, de 1972. .

LAERTE VIEIRA - Encaminhamento de votação do Projeton.o 597-A, de 1972.

Projeto n.O 1.528-A, de 1973 - Rejeitado.

Projeto n,o 175-A, de 1967 - Adiado.

Projeto n.? 768-A, de 1972 - Aprovado substitutivo da CCJ.

Projeto n.O 1.214-A, de 1973 - Rejeitado.Projeto n,? 597-A, de 1972 - Aprovado substitutivo da CCJ.

NEY LOPES - (Como Lider.) Política social do Governo Geisel.

ANTÔNIO BRESOLIN - (Como Lider.) Reajuste do preço dotrigo-, Comercialização do soja.

VII - Comunicações das Lideranças

HUMBERTO LUCENA - Pronunciamentos e atas polítíec­administrativos do Governador Ernani Sá1;yro.

SIQUEIRA CAMPOS - Declarações do Deputado Adhena,Santilo, na tribuna da Câmara dos Deputados. ..VIII - Designação da Ordem do Dia

IX - Encerramento

2 - MESA (Relação dos membros)

3 - LíDERES E VICE-LíDERES DE PARTIDOS (Relação dosmembros) .

4 - COMISSõES (Relação dos membros das Comissões Perma­nentes.

GRANDE EXPEDmNTE

Deputados inscritos: Fernando Cunha - Adhemar Santilo ­Paulo Ferraz - Iturival Nascimento - Epitácio Cafeteira - Os­waldo Zanello - Jader Barbalho - Daso Ooímbra - Eloy Lenzi- Tulio Vargas - Raimundo Parente - Florim Coutinho - FreitasNobre - Jerônimo Santana - Athiê Coury - Argilano Dario ­Adhemar Ghisi - Francisco Líbardoní - Alcyr Pimenta - WalterSilva - Theodoro Mendes - Díogo Nomura - Magnus Guima­rães - Faria Lima - José Alves - Gabriel Hermes - AntônioBelinati - Jarbas Vasconcelos - Airton Soares - Walter Gui·marães - João Cunha - João Gilberto - Amaral Furlan - RosaFlores - Jorge Uequed - Walmor Deluca - Frederico Brandão- Odacyr Klein - Airton Sandoval - Octacílio Almeida - GuaçuPiteri - Aurélio Campos - Celso Barros - João Clímaco - JuarezBerriardes - António Florêncio - Marco Maciel - Sinval "'aventura - Nunes Rocha - Gastão Müller - Fábio Fonlieca--"c-..,.Côdo - Fernando Gonçalves - Francisco Amaral - AmauryMüller - José Mandelli - Padre NO}Jre - Wilmar Dallanhol ­Lauro Leitão - WiLson Braga - Sylvio Venturolli - AluisioParaguassu - Antunes de Oliveira - Santilli Sobrinho - Temis­tocles Teixeira -- Petrônío B'igueíredo -- Julio Viveiros - NosserAlmeida - Henrique Oardoso - Ádalberto Camargo - Hélio deAlmeida - Geraldo Guedes - João Castelo - Hermes Macedo- Valdomiro Gonçalves - Vicente. Vuolo - Carlos Santos - Ma­noel Novais - Alexandre Machado - Mário Frota - (Ilegível) ­Alceu Collares - Roberto Cardoso - Lineoln Grillo - HumbertoSouto - Raul Bernardo - Luiz Henrique - Hildérico Oliveira- José Mauricio - Erasmo Martins Pedro - Jorge Arbage - An­tônio Marimoto - Augusto Trein ~ Joaquim Bevilacqua - ParsifalBarroso - Lygía Lessa Bastos - Otávio .Oardoso - Nabor Júnior- Antônio Morais. -

ATA DA 7." SESSÃOEM 11 DE MARÇO DE 1975

PRESID~NCIA DOS SRS.:enio nORJA, PRESIDENTE;

HERBERT LEVY, 1.o.VICE-PRESIDENTE;

Lto SIMõES, 4.o-SECRETARIO; EUBALDO BARÉM, SUPLENTE DE SECRETÁRIO.

I - As 13 :30 horas comparecem os Se-nhores:

Célio BorjaHerbert LevyOdulfo DominguosRenrique Eduardo Alves

Léo SimõesJulio Viveiros .Lauro RodriguesUbaldo BarémAntônio Florêncio

Acre

Nabor Júnior MDB; Nosser Almeida- ARENA; Ruy Líno - MDB.

Amazonas

Antunes de Oliveira - MDB; Joel Fer­reira - MDB; Mário Frota - MDB.

Pará

Ediron Bonna - ARENA; Gabriel Hermes- ARENA; Juvêncio Dias - ARENA; Ubal­do Corrêa - ARENA.

Maranhão

Epitácio Cafeteira - MDB; José RibamarMachado - ARENA; Luiz Rocha - ARE­NA; Temístocles Teixeira - ARENA.

Piauí

Celso Barros - MDB; Hugo Napoleão ­ARENA; João Clímaco - ARENA; MuriloRezende - ARENA.

Ceará

Antônio Morais - MDB; Ernesto Valente- ARENA; Figueiredo Correia - MDB; Ja­nuário Feitosa - ARENA; Marcelo Unha­res - ARENA; Parsifal Barroso - ARENA;Paulo studart - ARENA. '

~ de 19'15 DJARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção· I) Quar~a-feirlj. lZ 02n

III - EXPEDIENTEOFíCIOS

1) Do Sr. Lider ãa ARENA, nos seguintestermos:

ln Do sr, Líder' do MDB, nos seguintestermos:

Brasília, 11 de março de 1975or. n,v 05/75

A Sua Excelência o Senhor Deputado CélioBorjaDD_ Presidente da Câmara dos Deputados

Sr. Presidente,Tenho a honra de comunicar a Vossa Ex­

celência as seguintes alterações na compo­sição das oomtssões Técnicas:

a) Deputado Francisco Amaral - passaa integrar, como Suplente, as Comissões deCiência e Tecnologia, Economia, Indústriae Comércio e Educação e Cultura;

b) Deputado José Carlos Teixeira - pas­sa a integrar, como Suplente, as Comissõesde Minas e Enel'gia, Fisca~izacãoFinanceirae Tomaila de Contas e poligono das Secas; e

c) Deputado Freitall Nobre - passa aIntegrar, como Suplente, a Comissão de Ser­viço Público.

Aproveito a oportunidade para renovar aVossa Excelênéia protestos de estima e con­sideração. - Laerte Vieira, Líder do MDB.

REQUERIMENTONP 1/75

Requer a constituição de Co'missão Es­pecial para elaborar a legislação com­p.lementar relativa ao Código de Trân­sito. (Do Sr. Célio Marques Fernandes)

Excelentissimo Senhor Presidente da Me­sa da Câmara dos Deputados.

Requeiro, nos termos do art. 32 do Regi­mento Interno, a constituição de uma Co­missão Especial, 'integrada por onze mem­bros, para elaborar a legislação complemen­tar relativa ao Código de Trânsito.

JustificaçãoNa legislatura recém-finda, a requeri­

mento do operoso ex-Deputado MarioBtarnrn, foi constituída uma Comissão Es­pecial com a finalidade de elaborar legis­lação sobre o t~nsito, segurança de veí­culos, engení'fârfã l1e-trlti'eg'(J,"Ctc·. Essa Co­mísão teve um trabalho profícuo, conscien­tizando a opinião pública do País sobre aproblemática do trânsito, estabelecendo di­retrizes básicas para a segurança do tran­sito. Todavia, seus trabalhos não foramconcluídos, apesar dO reconhecido esforçodos seus membros, devido à dinâmica pró­pria do trânsito, cuja tecnologia carece deaperfeiçoamento constante.

Os novos veículos postos em circulação,a construção das vias, a segurança dos pe­destres, as questões urbanísticas do tráfego,a fabricação de veiculas mais seguros, sãotemas de nossa atualidade, a que' o legisla­dor não pode ficar indiferente,

Trânsito é hoje, em todo o mundo, o maisgrave problema do urbanismo, cujas solu­ções, perseguidas com constância, por pla­nejadores, técnicos, autoridades ete., cadavez mais se afastam da capacidade resolu­tiva dos interessados.

E o problema se agrava quando a indús­tria automobüístíca, no País, avança a pas­SOi! de gigante e se dão os primeiros passospara o planejamento do tráfego das regiõesmetropolitanas, que terão de criar um sis­tema viário unificado, resolver questões re­lativas aos modernos transportes de massae outros problemas correlatos.

Brasília, com 101.440 veículos, teve umacréscimo, em apenas 3 (três) anos, de53 .330 novos veículos. Dos 110 mortos em19'70, tivemos, em 1974, 215 em acidentescom veiculas rodoviários. É de tal ordemalarmante o número de acidentes de trân-

Brasília, 11 de março de 1975Gabinete do lideI' da ARENA,Ofício n.O 030/75A Sua Excelência o Senhor Deputado CélioBorjaDD. Presidente da Câmara dos Deputados

Sr. Presidente:

Brs.síl.ta, 10 de março de 1975.

Gabinete do Lider da ARENA

Ofício 11.° 029/'75

A Sua Excelência o Senhor Deputado CélioBorjaDD. Presidente da Câmara dos Deputados

Sr. Presidente:Tenho a honra de comunicar a V. Ex.'..,

em aditamento ao Oficio n.> 026175 que oSr. Deputado Parsifal Barroso integrará, co­mo membro suplente, a Comissão de Saúdeno lugar do Sr. Deputado Juvêncio Dias, de­vendo este Sr. Deputado integrar a Comis­são de H.elações Exteriores, também comomembro suplente.

Nesta oportunidade renovo a V. Ex." pro­testos de estima e apreço. - José Bonifácio,Líder da ARENA2) Do Sr. Lider da ARENA, nos seguintestermos:

Tenho a honra de comunicar a V. Ex."em aditamento ao' Ofício n.v 028175 que oSenhçr Deputado João Pedro integrará, co­mo membro efetivo, a Comissão de Minase Energia. em substituição ao Senhor Depu­tado Aderbal Jurema, devendo este SenhorDeputado integrar, como efetivo, fi, oomís­são de Ciêncía e Tecnologia.

Em conseqüência da nova indicação o Se­nhor Deputado João Pedro fica desligadode efetivo da Comissão de Oíêneíae Tecno­logia e o Sr. Deputado Aderbal Jurema deefetivo de Minas e Energia.

:Nesta oportunidade renovo a V. Ex." pro­testos de minha alta estima e consideração,- José Bonifácio, Líder.da ARENA.

NA; Aluizio Paraguassu - MOB; AntônioBresolín - MDB; Célio Marques Fernandes- ARENA; Daniel Faraco - ARENA; EloyLenzí - MDB; João Gilberto - MDB; Li­dovino Fanton .- MOB; Norberto Bchmidt- AREN1\.; Rosa Flores _ MDB; VascoAmaro - ARENA.

AmapáAntônio Pontes - MOB.

If,ondôniaJerônimo Santana - MDB.o .SR. PRESIDENTE (Lêo Simões) ­

A lista de presença acusa o comparecimentode 132 Senhores Deputados.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus iniciamos nossos

trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitura da

ata da sessão anterior.n - O SIt. LAUR,O RODRIGUES, Suplen­

te de secretário, servindo como 2,o-Secre­târío, procede á leitura da ata da sessãoantecedente, a qual é, sem observações,aasínada.

O sn. PRESIDENTE (Léo Simões) ­Passa-$e à leitura do expediente.

I 'O SR,. ODULFO DOMINGUES, 1.°-Sem'e-túrío, procede à leitura do seguinte

Rio Grande do NortePedro Lucena - MDB; Ulil!sell Potiguar

- ARENA; Vingt Rosado - ARENA.Paraíba

Antônio Gomes - ARENA; Humberto Lu­Cena - MDB; Petrünío Figu.eiredo - MDB.

PwnambueoFernando Coelho - MDB; Fernando Lyra

- MDB; Geraldo Guedes - ARENA; Gon­zaga Vasconcelos -'ARENA; Inocêncio Oli­veira - ARENA; Joaquim Guerra ---.: ARE­NA; Sérgio M:millo - MDB.

A.blgoasJO$é- Alves - ARENA; José Costa

MDB; Theobaldo Barbosa - ARmA.'le1!gípe

Francisco :aolJemberg - ARENA; PassosPôrto - ARENA.

Bahia.Hénrique Cardoso - MDB; :ijUdér1co Oli­

veira - MDB; João Alves - ARENA; João';1:lw:Ya1 - ARENA;' Leur Lomanto '"- ARE­!íNA; Lomanto JÚIJior - AaENA; ':ManDeINDvaes - ARENA; Ruy Bacelar - ARENA,;Vieira Lima - ARENA. .

Espírito SantoGerson Camata - ARENA.

Rio de JaneiroBrígido Tinoco - MDB; Daso Coimbra ­

Afl,ENA; Edua;r(\o Galil - ARENA; JoséHaddad - ARENA; Lula Braz - ARENA;Peixoto Filho - MDB.

Guanabara

'Fle:xa Ribeiro - ARENA; Florin COuti­nho - MDB; Francisco Studal't ~ :MIJB;JG de Araújo Jorge .- MOB; José Maria deCarvalho MDB; Lygia Lessa Bastos ­ARENA.

Minas GeraÍliCotta Barbosa - !\IDB; Fábio Fonsêca ­

MDB; Francisco Bilac Pinto - ARENA;Homero Sant08 - ARENA; Humberto Souto- ARENA; Jorge Vargas - ARENA; Na­val'l'O Vieira - ARENA; Nelson Thibau ­MiDB~ Nogueira da Gama - MnB; Noguei-

~_r:!.e Rezende - ARENA; Padre Nobre ­pwJ.tl..' São Paulo

.lürton Sandovf.l - MOB; Amar!"l F'urlari- ARENA; Dias Mene2es - MOB; DiogoNomura - ARENA;' Faria Lima - ARENA;Francisco Amaral- MDB; Octac:l1io Almei­da - MOB; OtáVio Ceccáto -- MDB.

GoiásJosé de Assis - ARENA; Juarez Bcrnar­

dea:-. MDB; Siqueira Campos - ARENA.

MatQ Grosoo

Gastão Müller - ARENA; ValdomiroGonçalves - ARENA; Vicente VuoloARENA; Walter de Castro - MDB.

, -Paraná

Adriano Valente - ARENA; AgostinhoRodrigues - ARENA; Antônio Armíbellt ­MOB; Antõnio."Belinati - MOB; Expedito,Zanotti - MOB; Gamaliel Galváo - MDB;Norton Macêdo - ARENA; Osvaldo Buskei- MDB; Paulo Mal'ques - MDB; PedroJ.4l.J1ro - MDB; Santos Filho - ARENA;S~Ba$tião Rodrigues - MOB. "

Santa Catal'ina

Adhemar Ghisi - ARENA; Dib Onerem- ARENA; FraneisCl'J Libardoni - MDB;l.çsé Thomé _ :MIJB; Laerte Vieira - MOB.

. ,H' Rio Grl\ude do Sul

"'~tlberW Hof:fma:rm. - 1\.REN.A; Alceu CQ1­lâres - MOB; Ale:&:andre Machado - ARE-

0284 Quarta-feira 12

sito, em todo o mundo, que se prognosticaque, em cada 2 americanos nascidos esteano, um será eventualmente morto ou feri­do em acidente de veículo, e o preço pagopor isto será astronômico.

A Comissão Especial que se pretende criardará continuidade aos trabalhos da Comis­são Especial de Segurança de Veículos Au­tomotores e de Tráfego, da Legislatura pas­sada, e trará grande contribuição na buscadas soluções para o difíeil problema dotrânsito brasileiro.

Brasília, 6 de março de 1975. - Célio Mar­ques Fernandes.

PROJETO DE LEIN." 17, de 1975

(Do Sr. Alvaro Valle)

Altera di,spositivos da Lei n,° 5.692, de11 de agosto de 1971, que fixa Diretrizese Bases para o Ensino de 1." e 2." graus.

(As Comissões de Constituição e Jus­tiça, de Educação e Cultura e de:Finanças.)

O Oongresso Nacional decreta;Art. 1.0 Passa a ter a seguinte redação o

Capítulo I da Lei n. o 5.692/71:"Do Ensino de 1.° e 2.° GrausArt. 1.0 O ensino de 1.0 e 2.0 graus tempor objetivo geral proporcionar. ao edu­cando a formação necessária ao desen­volvimento de suas potencialidadescomo elemento de auto-realização, qua­lificação para o trabalho e preparo para<O exercício consciente da cidadania.§ 1.0 Para efeito do que díspõem osarts. 176 e 178 da Oonstãtutçâc, enten­de-se por ensino primário a educaçãocorrespondente ao ensino de primeirograu, e por ensino médio, o de segundograu.§ 2.0 O ensino de 1.0 e 2.0 graus seráministrado obrigatoriamente na língua.nacíonal,Art. 2.0 O ensino de 1.0 e 11.° graus seráministrado em estabelecimentos criadosou reorganizados sob critérios que asse­gurem a plena utilização dos seus re­cursos materiais e humanos, sem dupli­cação de meios para fins idênticos ouequivalentes. '§ 1.0 A organização administrativa, di­dática e disciplinar de cada estabeleci­mento será dada por seu regimento, quedeverá seguir os príneípíos estabeleci­dos pelo Conselho Federal de Educaçãoe pelo Conselho Estadual respectivo.§ 2.0 O regimento dos estabelecimentosparticulares de ensino deverá ser apro­vado pelo órgão próprio do sistema es-tadual. ' ,§ 3.° Os estabelecimentos de ensinopoderão estabelecer normas administra­tivas, didáticas ou disciplinares, sem aobservância do disposto no § 1.° desteartigo, devendo então submeter seusregimentos diretamente ao ConselhoFederal de Educação que os aprovará,ou não, ouvido o Conselho Estadual res­pectivo.Art. 3.° Sem prejuízo de outras soln­ções que venham a ser adotadas, os sis­temas de ensino estimularão, no mesmoestabelecimento, a oferta de modalida­des diferentes de estudos integrados poruma base comum e, na mesma localí­dade:a) a reunião de pequenos estabeleci­mentos em unidades mais amplas;h) a entrosagem e a íntercompíementa­riedade dos estabelecímentos de ensinoentre si ou eõm outras instituições so­eíaís, a fim de aproveitar a capacidade

DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

ociosa de uns para suprir deficiênciasde outros;c) a organização de centros ínteresco­lares que reúnam serviços e díscíplínasou áreas de 'estudo comuns a vários es­tabeleêímentos,Art. 4.0 Os programas de ensino de 1.0e 2.° graus terão um núcleo comum,obrigatório em todas as escolas do país,e uma parte díversíftcada para atendera peculiaridades locais, aos planos dosestabelecimentos e às diferenças indi­viduais dos alunos.§ 1.0 observar-se-ão as seguintes nor­mas na preparação dos programas esco­lares:I - O Oonselho Federal de Educação,por proposta de órgão apropriado doMinistério de Educação e Cultura, fixa­rá o conteúdo mínimo para os progra­mas de cada série do 1.° e 2.0 grausdistribuindo-o por matérias, dentro decada série, permitindo as necessáriasopções na escola de 2.° grau, nos horá­rios destinados à formação especíal.II - Os programas de disciplinas do2.° grau, correspondentes ,à formaçãoespecial, serão fixados pelo ConselhoFederal de Educação e utilizados pelasescolas que dêem habilitação profissio­nal que exija o estudo daquelas disci­plinas,

, !II - Os Conselhos Estaduais de Edu­cação acrescentarão ao núcleo comumou programa mínimo o conteúdo quejulgarem essencial para atender às pe­culiaridades regionais.IV - Os estabelecimentos poderãoacrescentar ao programa o conteúdoque julgarem conveniente, sem necessi­dade de consulta a qualquer órgão dosistema, e sem prejuízo do programamínimo determinado pelos ConselhosFederal e Estadual de Educação respee- ­tívo.V - Os estabelecimentos cumprirão oprograma estabelecido, distribuindo oconteúdo fixado para cada matéria ecada série em atividades, áreas de estu­do ou disciplinas, conforme lhes pareçamais conveniente.VI - Excepcionalmente, o Conselho:Federal de Educação, ouvido o ConselhoEstadual respectivo, poderá autorizarestabelecimentos de ensino a fixaremcurrículos ou programas próprios, semobediência das normas fixadas nestalei, devendo manter permanente fisca­lização sobre os riscos e vantagens da

. experíêncla,§ 2.° No ensino de 1.0 e 2.° graus dar­se-á especial relevo ao estudo da línguanacional, como instrumento de comuni­cação e como expressão da, cultura bra­sileira. '§ 3.0 No ensino de 2.0 grau, o ConselhoFederal de Educação fixará o mínimo dedisciplinas ou atividades exigidas emcada habilitação profissional, fixandotambém o programa mínimo para cadauma delas, de acordo com o § 1.0 desteartigo. •Art. 5,° Os programas deverão serorganizados de modo que:a) no ensino de primeiro grau, a partede educação geral sej a exclusiva nasséries iniciais e predominante nas fi­nais;b) no ensino de segundo grau, predo­mine a parte,de formação especial.Parágrafo único. A parte de formaçãoespecial dos prográrÍlaJl: ,a) terá o objetivo de sondagem de apti­dões e iniciação para o trabalho, no

Março -Ie 1975

ensino de 1.0 grau, e de habilitaçãoprofissional ou preparação para o en­sino superior, no ensino de 2.° grau;b) será fixada, quando se destine ã íní­cíaçào e habilitação profissional emconsonância com as necessidades domercado de trabalho local ou regional,à vista de levantamentos periodicamen­te renovados.Art. 6.° As habilitações proríssíonaíspoderão ser realizadas em regime decooperação com as empresas.Parágrafo único. O estágio não acar­retará para as empresas nenhum vín­culo de emprego, mesmo que se remu­nere o aluno estagiário, e suas obrigaçõesserão apenas as especificadas no con­vênio feito com o estabelecimento.Art. 7.0 Será obrígatôría a inclusão deEducação Moral e Cívica, Educação :Fí­síca, Educação Artística e Programas deSaúde nos currículos plenos dos esta­belecimentos de 1.0 e 2.0 graus, obser­vado quanto à primeira o disposto noDecreto-lei n.o 869, de 12 de setemb1"iilde 1969.Art. 8.° O ensino religioso, de matrí­culas facultativa, constituirá disciplinados horários normais em todas as sé­ries dos estabelecimentos de 1.° e 2.°graus.§ 1.0 Os professores de ensino religiosodeverão ser titulados pela autoridadereligiosa correspondente ao credo queIeeíonarâo.

§ 2.° Os títulos a que se refere o pa­rágrafo anterior serão sempre conce­didos precariamente, e poderão perdero seu Valor, mediante a simples comu­nicação escrita da autoridade religiosaque os emitiu ao estabelecimento Ou àautoridade competente do sistema deensino.§ 3.° Os professores de ensino religiosoperceberão salários correspondentes aosque forem pagos aos professores deoutras disciplinas do mesmo estabeleci­mento, ou sistema de ensino, sendo re­munerados pelos poderes públíeos,quando lecionando em escolas oficiais._Art. 9.° A ordenação dos progranleSiserá feita por séries anuais de discipli­nas ou áreas de estudo organizadas deforma a permitir, conforme o plano eas possibilidades do estabelecimento, ainclusão de opções que atendam às dife­renças individuais dos alunos e, 'no en­sino de 2,° grau. ensejem, se possível,variedade de há.bilitações.§ 1.0 Admitir-se-á a organização se­mestral no ensino de 1.0 e 2.0 graus e,no de 2.0 grau, a matricula por disci­plina, sob condições que assegurem orelacionamento, a ordenação e a se­qüência dos estudos.§ 2.° Em qualquer grau, poderão orga­nizar-se classes que reúnam alunos dediferentes séries e de equivalentes níveisde adiantamento, para o ensino de Iín­guas estrangeiras e outras disciplinas,áreas de estudo e atividades em que talsolução se aconselhe,Art. 10. Os alunos que apresentam de­ficiências físicas ou mentais, os que seencontrem em atraso considerávelquanto à idade regular de matriculas eos superdotados deverão receber trata­mento especial, de acordo com as nor­mas fixadas pelos competentes Conse­lhos de Educação.Art. 11. O ano e o semestre letivosindependentemente do ano civil, terão,no mínimo, 180 e 90 dias de trabalhoescolar efetivo, respectívamente, excluí-

Março de 1975 . DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 0285

do o tempo reservado às provas finais,caso estas sejam adotadas.§ 1.0 Os estabelecimentos de ensino de1.0 e 2.° graus funcionarão entre osperíodos letivos regulares para, alémde outras atividades, proporcionar estu­dos de recuperação aos alunos de apro­veitamento insuficiente e ministrar, emcaráter intensivo, disciplinas, áreas deestudo e atividades planejadas com áu­ração semestral, bem como desenvolverprogramas de aperfeiçoamento de pro­fessores e realizar cursos especiais denatureza supletiva.§ 2.° Na zona rural, o estabelecimentopoderá organizar os períodos letivos,com prescrição de férias nas épocas doplantio e colheita de safras, conformeplano aprovado pela competente auto­ridade de ensino.Art. 12. O regimento escolar regularáa substituição de uma disciplina, áreade estudo ou atividade por outra, desdeque se respeite o conteúdo programáticofixado pelos Conselhos Federal e Esta­dual respectivo de Educação.

Art. 13. A transferência do aluno de. um para outro estabelecimento far-ae-á

tendo em vista o núcleo comum fixado, ém âmbito nacional e, quando. for o

caso, os mínimos estabelecidos para ashabilitações profissionais, conforme­normas baixadas pelos competentesConselhos de Educação.Parágrafo único. Ao ser transferido, ouquando deixar o estabeleeímento, oaluno deverá receber um histórico desua vida escolar onde constem obrigato­riamente, pelo menos, as notas ou con­ceitos relativos ao seu aproveitamento,em cada ano letivo, nas matérias fixa­das pelo programa mínimo nacional.

Art. 14. A verificacão do rendimentoescolar e as normaa para aprovaçãoficarão na forma regimental, a cargodos estabelecimentos, compreendendo aavaliação .do aproveitamento e a apura­ção da assiduidade.§ 1.0 _Na avaliação do aproveitamento,a ser expressa em notas, conceitos oumenções, preponderarão .os. aspectosqualitativos sobre os quantitativos, e osresultados' obtidos durante o períodoletivo sobre os da prova final, caso s,ejaesta exigida.§ 2.0 O aluno de aproveitamento insu­ficiente poderá obter aprovação me­diante estudos de recuperação propor­cionados obrigatoriamente pelo estabe­lecimento.§ 3.0 Ter-se-á como aprovado quanto, àassiduidade:a) o aluno de freqüência igualou supe­rior a 75% na respectiva disciplina, áreade estudo ou atividade;

b) o aluno de freqüência inferior a 75:Yo,que tenha tido aproveitamento superiora 80% na escala de notas ou mençõesadotadas pelo estabelecimento;

c) o aluno que não se encontre na hipó­tese da alínea anterior, mas com fre­qüência igualou superior ao mínimoestabelecido em cada sistema de ensinopelo respectivo Conselho de Educaçào,

. e que demonstre melhoria de aproveita­mento após estudos a título de recupe­.ração.§ 4.° Verificadas as necessárias eon­.díções, os sistemas de ensino poderãoadmitir a- adoção de crítéríos que per­mítam avanços progressivos dos alunospela conjugação dos elementos de idadee aproveitamento.

Art. 15. O regimento escolar poderáadmitir que no regime seriado, a partirda 7." série, o aluno seja nv tríeuladocon- dependência de uma ou duas disci­plinas, áreas de estvdo ou atividades desérb anterior, desde que preservada aseqüência dos programas.Art. 16. Caberá aos estabelecimentosexpedir os ccrtírícados de conclusão desérie, conjunto de disciplinas -ou grauescolar e os diplomas ou certificadoscorrespondentes às ha:bilitações prof 3­síonaís de todo o ensino de 2.° grau, oude parte deste.Parágrafo único. Para que tenham va­lidade nacional, os diplomas e certifi­cados relativos às habíütações profis­sionais deverão ser registrados em órgãolocal do Ministério da Educacão e Cul-tura." -

Artigo 2.° Acrescente-se o seguinte pará-grafo ao artigo 26 da Lei n.v 5.692/71:

"Parágrafo. Os Conselhos Estaduais deEducação poderão autorizar a reduçãodas idades a que se referem as alíneasa e b do parágrafo . :imeiro deste artigopara 16 e 18 anos, -espectívamente,quando julgarem conveniente."

Artigo 3.°' Acrescentem-se os seguintesparágrafos ao artíg., 36 da Lei n.o 5.692/71:

"§ 1.° Os estatutos a. que se refere esteartígo não deverão prever salário infe­rior a três salários mínimos da respec­tíva região, correspondentes a vintehoras semanais de trabalho, como .e­muneração a. professores que lecionam,a qualquer título sendo essa rem: e­ração miníma devida ao menor nível domagistério estadual.§. 2.° _Os estatutos determinarão o quese fizer necessário para que os saláriosdo magistério em düerentes níveis, econsíceraco o número de horas de tra­balho, sejam proporcíonlamente eleva­dos, tendo-se como base o mínimo es­tabelecido no parágrafo anterior e asdisposições do artigo 39 desta Lei.§ 3.0 Nenhum sistema estadual pode­rá ):~eber, a qualquer titulo, subvençãoou auxilio federal sem fazer prova decumprimento do que dispõe os parágra­fos anteríorcs.§ 4.° Os Poderes Públicos só concede­rão bolsas de estudo em colégios pa-rti­culares que provem seguir a orientaçãosalarial determinada por esta Lei, sendoesta prova necessária para celebraçãode contrato ou percepção de auxilio ousubvenções dos Poderes Públicos.

Artigo. 4.° Passam a ter a seguinte re-dação os artigos 42 e 43 da Lei n.v 5.692/71:

"Art. 42. O ensino nos diferentes grausserá ministrado pelos Poderes Públicose por estabelecimentos parnículares,

Art. 43. Os recursos públicos destina­dos à educação serão aplicados:a) no pagamento de serviços prestadospor estabelecimentos particulares, deacordo com: contratos assinados, segun­do normas estabelecidas pelos Conse­lhos Estaduais de Educação;b) na concessão de bolsas de estudo;c) na manutenção do ensino oficial eno seu desenvolvimento, sempre que elefor indispensável para assegurar o en­sino gratuito e obrigatório previsto pelaConstituição."

Artigo 5° Acrescentem-se os seguintesparágrafos ao artigo 44 da Lei n.? 5.692/71:

"§ 1.0 Consideram-se estabelecimentosoficiais aqueles que são diretamente ad-

ministrados pela União, Estados ouMunicípios, ressalvados os direitos deestab-elecimentos administrados porfundações, ainda que instituídas pelosPoderes Públicos, de cobrarem taxas oumensalidades.§ 2.° Fica assegurado o ensino gratui­to de 1.0 grau, dos 7 aos 14 anos, mesmonos estabelecimentos mencionados noparágrafo anterior, aos alunos que pro­varem insuficiência de recursos para opagamento. de taxas ou mensalidades."

Artigo 6_° Fica suprtnitdo o parágrafoúnico do artigo 46 da Lei n.o 5.692/71.

Artigo 7.° Passa a ter a seguinte redaçãoo artigo 64 da Lei n.° 5. 692/71:

"Art. 64. Nos termos desta Lei, o, Con­selho Federal de Educação, ouvido oOonselho Estadual respectivo, poderáautorizar experiências pedagógicas, comregimes e programas especaís, assegu­rando .a validade dos estudos assim rea­lizados."

Artigo 8.° Esta Lei entrará em vigor em1.0 de janeiro de 1977, revogadas as dispo­sições em contrário.

Em 3 de março de 1975. - Alvaro Valle.

Justificaçã.o

Procuraremos desenvolv-er a ,Justificativado Projeto, dentro do seguinte plano:

I - A Lei n.o 5.692 e a Dinâmica de suaAplicação. A Experiência dos últimos TrêsAnos.

Ir - A Democratização e a Eficiência daEscola Brasileira

a) O Atual Sistema Curricular

b) Os Estímulos às Inovações Pedagógi­cas.

IrI - A Escola de 2.° Grau. Profissionali-zação e Formação Geral.

IV - Os Exames Supletivos.V - O Ensino Religioso.

VI - Remuneração do Magistério.VIr - A Escola Particular. A Carência de

Recursos para a Escola Pública.

VIII - Explicitação das Emendas Suge­ridas à Lei n,v 5.692.

IX - Bibliografia Sumária.I - A Lei n.o 5 692 e a Dinâmica de sua

Aplicação. A Experiência dos Últimos trêsAnos.

O ensino brasileiro de nível primário esecundário caraeterízava-sc por Sua preo­cupação exclusiva de preparação para auniversidade, da qual saiam 11 esllUdantes,dos 1.000 que haviam iniciado seus estudos.Tínhamos então uma estrutura de ensinopreocupada apenas com os futuros douto­res, esquecidas os que ficassem no caminho,sem título e sem uma preparação para otrabalho.

O sistema criado pela antiga Lei de Dire­trizes e Bases pouco atendia à realidade deum Brasil em desenvolvimento carente detécnicos de nível médio, que mal se forma­vam nas escolas. Não vísualízava peculia­ridades regionais, que um' sistema de ensinobrasileiro não poderia esquecer. Afinal, jáse desatualízara, considerando-se o desen­volvimento da pedagogia moderna e a ten­dência atual para a escola permanente, exi­gente de alterações profundas nas escolasregulares de nível secundário ou médio. (1)

Em 1970, o Ministro da Educação decideacelerar os estudos para a Reforma do En­sino brasileiro de 1.0 e 2.° graus. Em 12 demaio daquele ano SOlicita ao Presidente daRepública, pela Exposição de .,Motivos n.o3.209, a criação de um Grupo doe Trabalho

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com essa finalidade. O Decreto n,> 66.600,de 20 de maio, institui o Grupo de 9 mem­bros, e ele se instala a 15 de junho do mes­mo ano, com o prazo de &0 dias para con­cluir sua tarefa.

Funcionando na Faculdade de Educaçãoda Uníversídade de Brasília, o Grupo ana­lisa documentos de um Grupo de Trabalhoanterior, ouve autoridades e professores.Promove uma "semana de educação" naUniversidade de Brasília "para que a estecoro não raltassem as vozes dos estudantes"(do Relatório do Grupo). No prazo que lheé concedido, termina seu trabalho, sugerin­do o que viria a ser, em linhas gerais, aatual Lei n. o 5.692.

O anteprojeto é remetido ao ConselhoFederal de Educação, que o discute e apro­va com emendas, fazendo-o chegar' ao Mi­nistro em 21 de agosto. Pela Exposição deMotivos n.o 3.364, o anteprojeto é submetidoao Presidente da República em 25 de agosto.Finalmente será proposto ao Congresso, queo aprova, com emendas.

A Lei n.o 5.692 representou talvez o maiorpasso dado pelo ensino brasileiro e, por si,consagra uma administração. Aos seus au­tores não faltou a coragem de revolucionar(é esta a expressão correta) uma estruturasecular; não lhes faltou grandeza para acompreensão da nova realidade brasileira edas necessidades futuras do pais. Com elaestendemos para oito anos o ensino gratuitoe obrigatório, abriram-se novas perspectivaspara o ensino profissionalizante, deu-se no­va dimensão ao ensino supletivo. Por elachegavam ao Brasil os conceitos de educa­ção permanente, de termínaíídade em dife­rentes níveis. A escola tenderia a maiorpreocupação com a formação de seus alunose modernizava seus processos de aferiçãode conhecimentos ou de experiências. So­bretudo democratizava-se a escola, fazen­do-a para todos os brasileiros e não apenaspara, alguns privilegiados que tivessem apossibilidade de acesso à Universidade. Aomesmo tempo, descentralízava-se o sístema,atribuindo-se maior responsabilidade aosSistemas estaduais, às escolas, aos profes­sores.

Dava-se maior flexibilidade a toda a es­trutura. e traziam-se para a lei os concei­tos de atividades e áreas, preparatórios aoestudo das matérias por díscíplínas.

A Lei n.o 5.692 não se pretende, entre­tanto, perfeita. Por ser revolucionária, criounovas realidades que exigem ajustamentosnaturais. Iniciou um processo que é dinâ­mico e não se poderia desenvolver nos limi­tes de seu texto, às vezes rígido.

Por outro lado, como qualquer lei reror­madora desta envergadura, tem ímperrcí­çõe/: que só a sua aplicação revelaria.

O autor deste projeto sente-se à vontadepara sugerir emendas que julga aperreíçoaro texto original. Durante 3 anos defendeu aLei em curso, palestras e entrevistas tendorecebido por isso repetidos e enfáticos agra­decimentos do então Ministro de Estado.Nos anos de 1973 e 1974 percorreu 'quase to­das as capitais brasileiras, debatendo-a comprofessores e autoridades estaduais. Mais doque isso: esforçando-se porque prevaleces­sem todos os seus dispositivos. Só assim se­ria válida a experiência.

Após três anos, entretanto, não seria lí­cito continuarmos a tentar conformar arealidade às nossas previsões e anseios, pormais justos que sejam. Dísponíveís para aaceitação dos fatos, temos de reconhecerque, em alguns momentos, o sistema nãoreagiu como se pretendia, em outros, houvea tentativa de uma evolução excessivamenterápida para a qual não estávamos prepa­rados - e os resultados vêm sendo entãonegativos. Em alguns momentos, temos de

reconhecer que algumas das opções feitasnão se revelaram as melhores.

As emendas que ora --apresentamos inse­rem-se nesta perspectiva e são, afinal, umahomenagem aos autores da Lei n.o 5.692 eIndícatívas de confiança na nova escola porelà instaurada no BrasH.

Muitos criticam hoje o "apressamentocom que se fez a Reforma". Estamos entreos que acreditam ter sido oportuna a Lein.? 5.692. Havia, no caso, uma decisão po­Iitíca por ser tomada. Ou se aprovava a leicom imperfeições, ou se deixaria o assuntopara intermináveis debates acadêmicos quedificilmente chegariam a uma revoluçãotão completa - e necessária - em nossoensino. Assim se fazem as revoluções. Im­portante, entretanto, é que elas se possamir aperfeiçoando, passado o primeiro mo­mento de heroismo e do radicalismo quelhes é, quase sempre, inerente.

l!: o próprio Presidente do Conselho B'e­deral de Educação, Prof. José Barreto' Filho,que diz, ao submeter ao Ministro da Educa­ção o anteprojeto da lei e sua justificativa:"Ao entregar a Vossa Excelência o do­cumento elaborado em apenas 5 dias - pra­zo de que dispôs o colegiado para examinara relevante matéria - e que consubstarreíao pensamento médio dos membros que in­tegram este Conselho, permito-me acres­centar que o trabalho não alimenta preten­são de ter dado ao problema soluções per­feitas".

E uma lei perfeita sobre o assunto seriaimpossível, até por faltarem elementos vá­lidos e seguros para a pesquisa e a análise.De 1970 a 1972 - durante fase de elabora­ção da Lei n.o 5.692 - esteve no Brasil umadelegação da Unesco, estudando a situaçãodo ensino brasileiro, sob a chefia do Prof.J. Rossígrrol. Mostrando a dificuldade deexecutar sua tarefa, o Grupo repete o quejá afirmava a Prof. l. Deblé, em missão se­melhante, em 1969:

1- os dados estatísticos divulgados nãoeorrespondem às necessidades da plani­ficação;2 - os dados são em geral, divulgadoscom considerável atraso;

,3 - a validade dos dados é muitas ve­zes contestada;4 - numerosos dados são postos de ladoe não aproveitados (2),"

Não poderíamos, por outro lado, imaginaruma lei estática em um mundo e111 que tãorapidamente se desenvolvem as ciências. Seaceitarmos que a explosão dos conhecimen­tos duplica o volume do saber acumuladocada 10 anos (3), perceberemos a impor­tância de uma atitude permanentementecrítica diante da legislação sobre o ensinoque deve facilitar a aquisição deste saber.

No correr desta justificativa, faremos re­ferência a várias leis reformadoras, de di­ferentes países. Em nenhuma parte, fez-seuma Reforma de tanta envergadura em tãopouco tempo. A Alemanha do pós-guerralevou 30 anos para que seus Lãnder come­çassem a aceitar alterações substancíaís noseu sistema essencialmente elitista de en­sino. A consciência de que o "Wirtschafts­wunder" se baseava na tradição, no traba­lho, no respeito ao passado, impregnava aalma alemã e Impedia transformações. Efe­tivamente, elas só aparecerão em profundi­dade, a partir de 1972.

Esse é um comportamento que eorrespon­de ao espírito alemão, assim como a Refor­ma sueca reflete a maneira de ser cautelosade seu povo. Seus estudos se iniciaram em­1943 e, em 1950 surgiram escolas experí­mentais em-que se basearia a legislacão de1962. A Reforma foi sendo aplicada lenta-

mente, iniciando-se nas primeiras séries, demaneira a tornar-se inteiramente efetivaapenas no biênio 72173. Ainda assim, admi­tiu-se a possibilidade de sua aplicação par­cial em distritos em que as alterações nãose mostrassem possíveis.

No Brasil, teríamos de compensar rapi­damente alguns séculos de quase imobilis­mo. Sobretudo, teríamos de vencer tradi­ções arraigadas e viciadas, por exemplo noque se refere ao ensino profissionalizante.A Reforma teria de ser aprovada como ofoi, com coragem e determinação.

Ela teria sido apenas uma aventura, se­não estivesse, entretanto, aberta às corre­ções de seus erros e aos reajustamentos ne­cessários conseqüentes da experiência desua execução.

Com a mesma isenção podemos hoje lo­calizar algumas falhas graves, cuja soluçãoparece ser urgente, sob pena de se compro­meter o sistema pretendido pela lei, e a.própria estrutura da escola brasileira.

Vamo-nos referir aqui apenas a esses as­pectos que nos parecem a) passíveis de aná,Jlise em função da experiência acumuladãem 3 anos de aplicação da Lei; b) suficien­temente grave a ponto de exigir medida/urgentes, sob pena de sérios prejuízos paraa educação do país. Proposítadamente, dei·xaremos de lado outros dispositivos da Le:n. O 5.692, para alguns merecedores de mo­dificações, mas não bastante experímenta­dos para que se possa chegar a conclusõesválidas.11 - A Menor Eficiência da Escola e a De·mocratízação.

A democratização do ensino é hoje umsaspiração em todos os países do mundo. A~

modernas legislações procuram dar a todoriguais oportunidades de acesso ao saber.

No mundo de hoje os conhecimentos ad­quiridos determinam fortemente as possíbí­lidades de emprego e de salário. A igualdadena escola é então preliminar da demoeractssocial.

A escola brasileira era elitista, reservadapara um pequeno contingente da SOCIedadeCom o desenvolvimento, foram-se abrind<novas perspectivas para grupos socíaís, an­tes à margem do progresso e até da civiltlzaçâo. O sistema escolar teria de alargar-I?!para atender à nova renlídade,

Não mais poderíamos ter os excelentes eraros professores treinados para transmrtna poucos jovens a formação européia quereceberam. Basta lembrar que de 1964 e1974 aumentamos as matrículas, na fatxsdos 7 aos 14 anos, de 8.600 mil para 1'1.500mil, chegando hoje a mais de 80% de es­colarização na faixa da escola obrigatória(4).

Entramos na era da "massificação do en­sino". E em nome desta expressão, muitose tem permitido e aceito. Ela passou a sera explicação e a justificativa para a-queda,às vezes alarmante, da quantidade de in­formação e da qualidade, do ensino trans­mitidos hoje na escola brasileira.

J1': verdade que a massíficação modifica apaísagem da escola, dá-lhe outras caracte­rísticas e pode levar a uma queda dos nívll~

médios de aproveitamento. Se antes e,s~a,.

vam no sistema dez jovens "de boas faín~­lias", com uma tradição herdada de estu­dos e leituras, e agora superpomos ao grtlpovinte jovens, filhos de operários ou agricill­tores, socialmente desfavorecidos, a ten­dência será para menores taxas médias' deeficiência na aquisição de saber. O neces­sário aumento do número de professoresopera fenômeno semelhante no nível, domagístérío.,

Mas nada dísso justifica a queda absol1'ltádos níveis de eficiência, comprovada emnrí­eroanálíses, em universos que não sofre-

Março de 1975 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 O!8'J

ram transformação- sensível na composiçãodos grupos de alunos. Não pretendemostransformar esta Justificativa em uma tesesobre Educação, e por isso abstemo-nos deexemplos ou citação de trabalhos, que re­servamos para os debates deste Projeto. Aosque tenham dúvidas sobre a afirmação quefazemos, sugerimos consulta a professores etécnicos de ensino experientes e atualmentecom responsabilidade de orientação de tur­mas.

Não podemos aceitar que se procure um-nivelamento em planos mais baixos, emnome da massificação. Todos têm direito àaquisição de um mínimo de saber que per­mita a plena realização social (já que arealização humana apenas é nos dada pelaFé e não pelo corrhecímento) e a possibili­dade de competição no mundo do trabalho.Mas aqueles com maior capacidade de apre­ensão têm o direito elementar de desenvol­ver-se até o limite máximo de sua capaci­dade, o que não lhes será possível em umaescola que lhes sonegue informações.

~_ O baixo nível da "hígh sehool" média"americana é muitas vezes apontado comoexemplo ou modelo. Acontece que naquelepaís existem as escolas de excelência quepreparam seus futuros lideres e dirigentes;e a elas têm acesso, por mérito, aqueles queprovam sua capacidade. Os sistemas ame­ricanos de ensino pouco têm de exemplosválidos para nós porque se destinam a umasociedade e a um povo com hísfóría e rea­lidade dífererrtes do nosso. Aqul, como no.Europa, os futuros condutores do país têmde ir para a escola pública "massífíoada"do bairro; e, se ela não Ines der os eonne­cimenteis necessários, ter-se-ão embotadovocações. Neste aspecto, somos nÓS o mede­lo de democracia, e os modelos do Nortenão nos servem.

Voltaremos ao assunto da queda do nívelde nosso ensino, procurando analisar algu­mas de suas causas que possam ser ate­nuadas por alterações em dispositivos le­gais. No' momento, procuramos apenasrecusar a 'simplificação da idéia de que aescola massificado. é necessariamente írre­ficiente. Mais que isso: pedir a atenção pa­ra o fato de que, no Brasil, a rápida mobili­dade social fll.z com que a escola tenha.Jüaíux tendência para a heterogeneidade devocações e talentos no seu corpo discente.Nivelar por baixo a. todos os alunos corres­ponde a negar oportunidades e comprome­ter o futuro do país.

Em toda parte, em função da explosãode conhecímentos, procura-se aumentar a.produtívídadé do ensino: ensinar mais commaior eficiência. Não há filosofia de edu­cação que justifique ensinar-se menos. A"formação", os "aspectos qualitativos" de­vem-se somar no ensino à quantidade deinformações dada,: que tem de aumentar enão diminuir, sob pena de formarmos aven­tureiros ou sabidos, ao invés de sábios.

Os que menosprezam o grave problemada queda dos níveis do ensino em nossa es­cola e justificam o fenômeno em nome desua democratização (massificação), esque­ce\U que há alguns decênios já foi usado es­te argumento quando a escola européia cor­reu risco semelhante. Hoje, educadores detot'ltÍ o mundo usam o raciocínio inverso.:b que caracteriza a democratização não é

oportunídade de acesso à escola, mas o di­reito de acesso ao conhecimento. De queadianta dar-se escola ao menos favorecidosocialmente, se nela ele não aprender o su­ficiente para competir com igualdade decondições, em sua vida adulta?- E aí adiantamos um passo, sugerindo umaoutra reflexão (5); na realidade, a escolaW1,\CO eficiente é altamente alienadora etende para a estratificação de classes. Alie­nadora porque dá a sensação falsa - e a

satisfação - de estar cumprindo o seu pa­pel democrático. Tende para a estratíríca­ção porque acentua a desigualdade originá­ria entre filhos de famílias de diferentes ní­veis de renda. Em outras palavras: o filhode um letrado (ou de família abastada) temoutras fontes onde buscar conhecimentos: acultura acumulada em sua farnilía, a suabiblioteca, o seu ambiente, professores par­tículares, O filho de um operário só pode­rá sistematizar na escola os seus conheci­mentos, e só ali poderá receber algumas dasinformações indispensáveis parar sua pro­moção social.

Seria então uma contradição alegarmosa democratizãção do ensino para justificara queda dos níveis de eficiência da escola.

O Prof. Philíp Foster, da Universidade deChicago, (6) lembra-nos que "o simples fatode aumentar o número de vagas em esta­belecimentos de ensino não conduz ncces­sariamente à igualdade de acesso", já que"todas as pesquisas atuais mostram que ...a continuação dos estudos varia segundo aliregiões (dos alunos), os grupos étnicos ouas classes sociais". Para o professor ameri­cano, não se pode então falar em igualda­de de acesso, nos países em desenvolvimen­to, "senão em sentido muito teórico". Úque, aliás, também se poderia aplicar aosnegros de Nova Iorque ou aos plantadoresde Oklahoma..

Para evitar que ainda se deformasse oconceito de democratização, a Unesco de­finiu em documento recente: '

"A democratízacâo deve ser considera­da como ravorecímento de igualdade deoportunidades para o acesso ao saber epara a possibilidade de êxito (na vidafutura)" (7).

Não apenas escolas, mas boas ~scola5.

a) O Atual Sistema Curricular

O atual sistema de preparação de currí..culos e programas é uma das inovações daLei n.o 5.692 que não parece ter atingidotodos os resultados pretendidos.

Dedíciu o legislador dar ampla Iíberdadeaos sistemas estaduais, às escolas e aos pro­fessores sobre o conteúdo das matérias quese ensinam.

Seguindo o que preceitua a lei, sobretudunos arts. 4.° e 5.0, o. Conselho Federal deEducação (8) estabeleceu normas absoluta­mente genéricas, deixando aos ConselhosEstaduai..'> o poder de acrescentar-lhes ou­tros elementos que componham as diretri­zes curriculares das escolas. O currículo en­feixa então algumas metas, reúne experiên­cias, e não limita a capacidade criadora dostécnicos de ensino e professores. Os prcgra­mas só existirão em nível de escola, o con­teúdo programático será praticamente de­cidido pelo professor.

Para os que não estão afeitos ao estudodo assunto, exemplificaremos como se de­senvolve o processo. Diz o oonseíno Federai: 'apreendemos o conhecimento humano, ca­nalizando-o, sobretudo em três grandes se­tores, Comunicação e Expressão, Ciências, eEstudos 80ciais. O conteúdo prtncípal damatéria Comunicação e Expressão deve sero estudo' da lingua portuguesa. Explicito. aímportãncía da língua como Instrumento decomunicação, mostrando dever assim sercompreendido seu estudo, sem excessos gra­maticais, sobretudo nas séries iniciais. Apartir daí, o Conselho Estadual fará o quelhe parecer mais conveniente. Ele. poderáapenas dizer que haverá maior preocupaçãocom o enriquecimento do vocabulário dosalunos em tal série, com D aperfeiçoamentoda compreensão e interpretação em outra.Onde se vão aprender verbos ou pronomes

(se se vão aprender) ficará a critério da es­cola ou, em alguns casos, do professor.

Sugere o Conselho Federal 110 Parecer853/71 que o núcleo comum que ele próprioestabelece para todo o país, será "o conjun­to de matérias abaixo da qual se tenha porincompleta a educação básica de qualquercidadão".

Imagina-se então que o Conselho Federaldefiniria o núcleo comum por conteúdo. Ouseja, ele estabeleceria aquele mínimo de co­nhecimentos indispensáveis a um cidadãoem nossos dias. Isso não aconteceu talvezporque se tenha pretendido a total fidelida­de a conceitos de currículo altamente dis­cutíveis, em voga em alguns centros de en­sino norte-americanos.

Quer-se o currícúlo como um somatóriode experiências, essencialmente dinâmico, eentão capaz de apreender realidades queserão vívenctadas e dinamizadas pelo alunona escola.

O processo desejado não foi compreendidopelos sistemas de ensino. Basta que se leiamos currículos aprovados. Dentro do mesmoEstado, em alguns momentos o curriculo éinteiramente genérico, fixador de amplasdiretrizes; em outros, desce mais do que aoconteúdo programático, a um verdadeiroplano de aulas.

Por exemplo, enquanto os currículos deEstudos Sociais, no antigo estado da Gua­nabara apresentam como objetivos "identi­ficar os fatores que aceleram ou entravamo desenvolvimento" ou "analisar li. evolu­ção dos direitos humanos" algumas pági­nas adiante, o currículo desce a essas mi­núcias, no estudo da língua francesa:

A fórmula impessoal Il y aAdvérbios de interrogação (ou, por­quoí, comment)

o pronome iI impessoal:11 y a, n pleut, il raít froid e análogos

, -

Indefinidas: on, tout, rten

Relativos: qul, que (9)."Se um Estado como o da Guanabara n110

conseguiu seguir o espírito da lei, é fácilprever o que aconteceu em outras unida­des, mais carentes de recursos técnicos. Nocurso do debato do projeto, apresentaremoscurrículos de diferentes estados que .mos­tram a disparidade de concepções e tendên­cias. Sua inclusão nesta Justificativa des­viaria o rumo do raciocínio que pretende­mos seguir, mas chamamos atenção para ofato de que algumas unidades, até hoje,nem sequer concluíram a preparação deseus currículos. No Estado do Rio de JaneI­ro original, 25 professores por nós consulta­dos, em palestra em Niterói, não entendiamo que pretendia o currículo oficial; não ha­viam, em: suma, decifrado sua linguagem.Na antiga Guanabara, raros são os profes­sores que conhecem o currículo. Em SantaCatarinâ e em São Paulo, currículos bempreparados não chegaram aos reaponaávetepor turma porque seria necessário explicar­lhes sua aplicação - e faltaram recursos ou

• tempo. No Paraná, os currículos estão in­completos. Não existiam até o ano passadono Piauí, que realiza notável esforço naárea de Educação. Na Bahia, no Ceará, noPará, as parcelas prontas representam es­forço sério de professores abnegados quenão dispõem, entretanto, de elementos pa­ra uma obra completa, como seria índíspen­sável para orientação das escolas.

Bastariam esses fatos para evídenctar-seque o sonho da total descentralíaação não se

0288 Quarta-feira 1%

poderia tornar realidade. Não está havendoum núcleo nacional do currículo e não estáhavendo uma oríentaçâo específica e apro­priada em diferentes áreas, simplesmenteporque

3.) ou não há currículos estaduaisb) ou eles não são seguidos ou conhecidas

por professores

c) ou eles não têm, com exceções, o níveltécnico esperado pelo legislador e pelos ins­pirados da Lei n.o 5.692.

O que se pretendia é bem explicado peíoRelatório do Grupo de Trabalho que pre··IOU o anteprojeto de leí:

"Até a Lei de Diretrizes e Bases, Impe­rava na organizacão escolar braslleírauma rígida uniformidade, por força daqual todos os estabelecimentos tinhamde lecionar as mesmas disciplinas deum mesmo nivel, ao mesmo tempo. Nãoo faziam, é claro, mas deviam fazê-lo.Quando alguém se voltava contra essaorientação, que tolhia a iniciativa e em­botava a criatividade das escolas, o ar­gumento indefectível era o da transfe­rência. Porque um hipotético jovem deMorada-Neva talvez pretendesse um diaestudar em Dom Silvério em Morada­Nova - Ceará deveria ser ensinado exa­tamente o que se ensinasse em Dom Sil­vérío - Minas Gerais, e vice-versa, pou­co importando a diferenca das necessi­dades a atender. Era a exceção à regra.A partir de 1962 iniciou-se uma lenta,mas progressiva diversificação; e o ar­gumento da transferência voltou a serusado, cada vez com maior insistência,agora como base de critica e reinvidica­ção. A esta altura não há porque del­xar de considerá-lo, e a própria cons­tância de sua repetlcào revela existên­cia de um problema a resolver. O im­portante, porém, é chegar a uma solu­ção capaz de preservar a conquista quenos veio com a LDB; e o caminho ain­da uma vez está no meio, Se a partenuclear do currículo é nacional, assimpara a educação geral como para a for­mação profissional, nada mais simplesque a ela condicionar a transferên­cia". (lO)

Os objetivos não foram alcançados, e nãoparece valer a pena insistir em uma orien­tação que poderá trazer prejuízos gravespara o ensino.

Além disso, em um pais em desenvolvi­mento como o nosso, seria ilusório esperar­se que poderíamos dispor de inúmeras equi­pes de alto valor profissional e experiência,capazes de elaborar milhares de programasem nível próximo ao ideal. Em matéria deEducação, devem-se evitar certos riscos, so­bretudo os que põem em jogo a formaçãode crianças e jovens - aí, os erros são ir­reparáveís, Quem, em sã consciência. se nãohá firme orientação de Conselhos Estaduais,pode esperar que uma professora mal pagadisponha de bibliografia, tempo e disposi­ção para, no interior do pais, preparar seusprogramas?

Mesmo no plano estadual, quem pode es­tar seguro dos estudos que às vezes se tive­ram de fazer apressadamente, com técní­cos inexperientes, em alguns momentos des­lumbrados. com as aparentes possibilidadesabertas pelo novo sistema?

Para que se tenha Idéia de como são ín­suportáveis os riscos, transcrevemos aquí oeurrículo da antiga Guanabara, para 5,3 sé-,ríe, área de Estudos Sociais. Escolhemos es­tE' porque na Guanabara se concentram téc­nicos de indiscutível valor, e não se podealegar carência de recursos de qualquer na­tureza.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL <Seção I)

Este currículo oficial serviu ao Estado nosseus últimos anos de vida - e ainda hojeorienta professores. Chamamos atenção pa­ra o fato de que se destina a crianças de11 anos de idade:

Objetivos do Ensino

1 - Comparar o crescímento da poputa­cão rural e da população urbana, atravésdos resultados dos diferentes recenseamen­tos

2 - Explicar o crescimento urbano comoum resultado do processo de industrializa­ção e a expansão dos serviços

3 - Situar no mapa as principais cida­des brasileiras, as áreas de economia extra­tiva, agrícola e pastoril, e também os cen­tros e complexos industriais

4 - Identificar os contrastes entre a so­ciedade urbana e a rural, a primeira maledinâmica, a ses.unda mais estática

5 - Justificar os movimentos migratórioscomo uma conseqúêncía do desenvolvímen­to urbano, ínnustríal e dos servíços

6 - Enumerar as diferenças mutantes po­líticas como resultados naturais das trans­formações sociais e econômicas ocorridasnas diversas fases do processo nístóríco bra­sileiro.

Sugestões de Conteúdos a Serem Desen­volvidos:

1 - A sociedade urbana brasileira: asclasses sociais; hierarquização; relaciona­mento entre essas classes

2 - A sociedade rural brasileira: as clas­ses sociais; hierarquização; relacionamentoentre essas classes

3 - As relações econômicas entre a cida­de e o campo.

4 - As migrações internas como umaconseqüência do desenvolvimento urbano

5 - As transformações polittcas comouma conseqüência das transformações so­ciais e econômicas (11).

O que se leu acima é um exemplo demero aventuretrísmo em matéria de peda­gogia, talvez feito com as melhores inten­ções. Há definicões marxistas ortodoxas,abandonadas pelos próprios seguidores deMarx. Se os autores deste texto pretendiamsem "modernos" (o que é mais provável),deveriam saber que hoje se estudam as ori­gens dos fatos históricos com seu feixe deconcausas. Já não é inteligente dizer-sefriamente que o econômico determina opolítico,

É claro que de todos os proressores de5." série (que não têm necessariamente for­mação universitária), não se pode exigirque entendam o que pretendiam os reda­tores de tal currículo. E se entendessem,mal poderiam transmitir a seus alunos, al­guns dos quais brincam com bonecas oude esconder,

A esses riscos nos leva a excessiva des­centralízacão,

Em Estudos Sociais, há currículos queesquecem séculos de nossa História, por al­gum lapso de seus programadores. Há ou­tros que apresentam os fatos sem qualquerordenamento cronológico, por julgarem sermais didático. Em Comunicação e Expres­são, há currícuíos que suprimiram a Gra­mática e os que se propõem a complexosestudos lingüísticos no nível do antigo pri­mário. Sobre inovações desse jaez, vamo­nos estender adiante. For enquanto, que­remos acentuar apenas os riscos da ex­cessiva descentralização, e da aplicaçãoapressada das modernas teorias de eurrí­eulc,

Março de 1975

Afinal, poder-se-ia dizer que valem taisriscos por ser esta uma fase necessária detransição. Partindo-se do princípio de' quedevem ser descentralizados os programas,teríamos de manter o processo até que sepreparassem professores e técnicos, aindaque se tumultuassem a educação de gera-ções inteiras. .

Mas em que se baseiam os defensoresda total descentralização de conteúdo, con­denada em toda parte, se ela é levada aesses extremos? Só um pais do mundo se­gue a orientação que hoje adotamos: osEstados Unidos, que não nos servem demodelo e raramente servem para alguém,tão peculiar é a sua realidade, O ensínoamericano passa hoje por críticas severas,discutido no país e fora dele. A desceu­tralização total é ali compensada pela pes­quisa permanente (e cara), pela multipli­cidade de organismos técnicos de consul­toria, e sobretudo pela tradição de suasinstituições formadas dentro de um pnn­cípío de autonomia, no correr dos séculos.For que, de repente, importar tudo ISBljIcontrariando a realidade do ensino de ,tollllllo resto do mundo? E pior; depois de seterem revelado ineficazes experiências se­melhantes que se fizeram em outros países.

O Ministro da Educação do Japão, TatsuoMorito, Presidente da Comissão que pre­parou a 3.'" Reforma do Ensino de seu pars,em 1971, ,justifica a centralização que toidecidida, mostrando os erros da cópia domodelo americano. Só há bons resultados,se o sistema está de acordo "com a histo­ria; a tradição e a realidade nacional dopais". A Reforma de 1947, feita sob pres­são bem intencionada dos vitoriosos naguerra, "democratízara" o ensino japones,entregando autonomia administrativa e deformulação de programas aos sistemas re­gionais e unidades de ensino. Esta - naopinião das autoridades e técnicos do país- fo<i a maior causa de seu malogro, cor­rigida quando os prejuízos jã eram ísu­portáveis (12).

Na Alemanha li'ederal, cada um dos onzeLârrder é autônomo -na formulacão de suapolítica de ensino, e esta é uma antiga tra­dição do pais. Considerando, entretanto, osdesperdícios da pesquisa não centraliza~

e a necessidade da unificação de plan"ej.mento, em 1965 foi instituído pelos Minis­tros de Educacão (KMK) o Conselho "Ale­mão de Educacâo que fixa normas paratodo o país. E mais: para evitar diferençasprogramáticas, críou-ss mais tarde o Co­mitê de Ciências Naturais e Exatas e deCiências Humanas. por acordo entre o go­verno federal e todos os Lánder, garan­tindo unidade à escola livre alemã.

A Suécia é o pais que mais avançou nadescen tralízaçâo do ensino, e os resultadosdessa politica são hoje discutíveis. Mesmoassim, na área de programas, manteve-se aunidade. Oferecem-se alternativas paraescolas e alunos, mas cada uma delas édecidida, no plano nacional, até à espécí­ficação da carga horária anual por díscí­plina. A Dinamarca seguiu timidamentea Suécia com sua reforma de 1963, em vigorpartir de 1968, sem se exceder na autono­

mia de programas. Também lá a chamada"Lei Mamute" vem sendo debatida, ',ê" adescentralização é considerada excessíva,embora não tendo chegado aos extremos" 'dalei brasileira. ,I·H'

A Inglaterra, com seu ensino livreJ"l1e­termina programas oficiais até às eseclassubvencionadas. Na França, os progrl'l:1nassão minuciosamente fixados pelo gdvei'rtlJcentral e há exames nacionais, baseadosnestes prozramas, que dão os únicos êl'ipll!J~

mas válidos de nível médio. E seguil'íam.'elsa citar exemplos de todo o mundo, mesmoo de países como Israel, com forte tradiçãode ensíno livre. Embora ali o ensino médío

Março de 1975 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL <Seção I) Quarta-feira 12 0289

(9.l\, a 12.'" séries, 14 aos 18 anos) seja feitosobretudo em escolas particulares, elas se­guem programas oficiais e se submetem àsupervisão do governo <13l.

Poderíamos imaginar que os eficientessistemas' de ensino dos países socialistaspreferem deixar os programas entregues àcriátividade dos professores ou à sua capa­cidade de adequar princípios à realidadedas turmas. Pois exatamente lá, são maisestritos ps programas, e mais minuciosos.

Na imensidão soviética, onde são diferen­tes os costumes, tradições e realidades re­gionais, os programas são detalhados por­que a escola tem o objetivo específico detransmitir "conhecimentos indispensáveis àcompreensão dos aspectos técnicos dosprincipais processos modernos de produ­ção" (14). É a formação necessária a todose anteríor à análise ("não se julga o quenão se conhece"), que a escola não podesonegar, e que não varia no espaço de umpaís. Assim, na Ucrânia ou na Bielo-Rússiaou no extremo siberiano, toda criança co­meçará a estudar Arítméttca e Elementosde Algebra na 4." série do 1.0 grau, com o~esmo título de cada capítulo de estudo.II!lstudará História, como disciplina, da 5.l\,à 10.'" série, e a Reforma dos Programas de1970 acentuou sua importância, mantendocapítulos uniformes em toda li União So­viética. Esta mesma reforma introduziu oestudo de Física, Química e Biologia, comodisciplinas, desde as úitimas séries do pri­meiro ciclo do 1.0 grau (15).

.A: preparação de um programa é afinala peça mestra de que poderá depender aeficiência ou não do aprendizado. Tão sé­Tio 'o assunto, que o Instituto da Unescopai'à Educação, com sede em Hamburgo,decidiu, em março de 1972, concentrar seusesforços sobre o tema, convocando o ínte­resse e o trabalho de especialistas de todoo mundo. O próprio .Instituto fornece alen­tada bibliografia aos que pretendem dedi­car-se à matéria. Como livro base, sugeri­mos a consulta à obra recente de R. H. nave,"Education Permanente et Programme Beo­lalre" que, pelo menos, evidencia a com­plexidade da matéria (16).

Como deixar assunto de tal relevânciaem mãos de sistemas regionais às vezescom poucos recursos técnicos, e de prófes­irores, que mal disporiam de tempo paraIfles(luisas?

Há conhecimentos de História, de Ciên­cias, de Geografia ou de Matemática, quetodos devemos ter. A boa pesquisa peda­gógica indica-nos em que fase ou nível es­tes conhecimentos devem ser adquiridos.

Sugerimos então programas nacionaismínimos, elaborados por órgãos responsá­-veis do Ministério de Educação, a~rovadospelo Conselho Federal de Educaeâo. Pro­gramas que especifiquem o mínimo que de­ve ser ensinado em cada série, em cadaárea: ou disciplina. Os sistemas estaduaisacrescentarão o que lhes for peculiar, osprofessores aquilo que convier à realidadede sua escola ou de sua turma. Em nadaIsso irá contrariar o sistema de promoçãoautomática; que discutiremos mais tarde enem o novo conceito de escola trazido pelaI.,ei n.o 5.692.

,.Nã.o queremos voltar ao sistema de "pa­cote de conhecimentos entregue igual todoano, a cada aluno". Queremos que todos os>9Junl;lS tenham o direito a um mínimo deinformação, e que professores tenham al­guma orientação efetiva para seus planosde .aula.

:4êl;1im, é em toda parte, e se insistirmos~Rl.~urrículos genéricos, sem especificaçãoQl'lLconteúdo, estaremos apenas estímulan­.(iltifllllna fantasia, cujos resultados negati­v;9q,já estão custando caro à escola brasl­J,ei,rQ..

O Conselho Federal de Educação dispõede talentos e de recursos para a pesquisae para o julgamento do que lhe for ofe­recido por órgãos técnicos do Ministério.Não Se perderá a flexibilidade, na medidaem que os programas deixarem margem aosacréscimos em outras esferas do sistema.

A lei deve prever e estimular escolas ex­perimentais, que se poderão formar, sobsupervisão e controle das autoridades res­ponsáveis. Seriam então escolas liVl"''' dosprogramas oficiais, mas o Estado manteriavigilância para que não se sujeitasse a for­mação de jovens e aventuras pouco fun­damentadas tecnicamente.

b) Os Estímulos a Inovações Didáticas ePedagôgleas

A Lei n.o 5.692 não promoveu novas téc­nicas didáticas e limitou-se às Inovaçõespedagógicas .definidas eut seu articulado.

Sem que o quisesse, 'entretanto, o legis­lador, o espírito revolucionário do novosistema abriu caminho para toda espéciede experiências, que muitas vezes se fize­ram em nome da Lei ou dos Pareceres con­seqüentes do Conselho Federal de Educação.

Em função de nossa carreira, vivemosalguns anos na Suécia. Tivemos oportuni­dade de acompanhar experimentos de la­boratórios que vimos depoí., reproduzidosno Brasil, em colégios, para o risco de cen­tenas de alunos. Se algum professor, àsvezes obscuro, de uma escola do Interiordos Estados Unidos sugere algum sistemanovo, para deleite e crítica dos teóricos,pode surgir algum jovem mestre em cidadebrasileira que logo o aplique, certo de estarsendo atual, sem noção da complexidadee da seriedade da ciência que usa.

A Lei n.O 5.692 nada tem a ver com isso,mas é indiscutível que a sua implantaçãogerou um clima que permitiu experíêncíasexcessivamente perígosas. Qualquer estu­dioso da matéria as terá visto, e terá ouvi­do alguém que diga: "É assim que devemosfazer, de acordo com a Reforma". Reco­nhecido o problema, cabe-nos tentar limi­tar os seus efeitos ou controlar a sua ex­pansão.

Não se trata, outra vez, de limitar acapacidade criadora de nosso sistema deensino. Trata-se de orientá-la, permiti-ladentro de um mínimo de seriedade pro­fissionâl, e impedir prejuízos para os jo­vens estudantes.

O Lycée A. Renoir, de Limoges é reco­nhecidamente um centro onde Se realizamexperiências de tnestãmável valor pedagó­gico. Dentro de seu plano de "trabalho in­dependente", tem programas e técnicas deensino específicas, com excelentes resulta­dos. Sobre ele, entretanto, lembra-nos seuapologtsta, Jean-Pierre Henníon ; "A auto­nomia cessa onde começa o risco". Temen­do as lacunas que poderia haver em umensino com programas não pré-fixados, osprofessores do Lycée adotaram a técnicade inovar desde que se completasse oaprendizado essencial definido nos progra­mas oficiais. Graças a isso, obtiveram ín­dices de 67,3% e de 87,7% de aprovaçõesno "baccalauréat" de 1973 (exames escritose orais), sensivelmente superiores aos deanos anteriores (17).

Tomemos alguns exemplos de nossas ex­periências perigosas.

A Lei n,o 5.692 determina que o estudodas matérias se faça por atividades, áreasde estudos e disciplinas, estas preferente­mente no 2.° grau. Quase todas as escolasdecidiram eliminar as disciplinas de todo o1.0 grau, sem que isso fosse determinado pelaLei ou por qualquer Parecer do ConselhoFederal de Educação.

Na área de Ciências, os resultados vêmsendo quase catastróficos. O mesmo pro­fessor, não preparado para isso, tenta co­ordenar suas aulas de Matemática e de Zo­ologia, em um exercício intelectual que nâoleva a nada salvo a um mais baixo rendi­mento. Em algumas escolas, simplesmentefoi eliminado o estudo de Ciências Físicase Naturais, e o de Matemática reduziu-seà enunciação de alguns conceitos "práti­cos".

História, Geografia e Orgamzaçâo Sociale Politlca do Brasil devem integrar-se naárea de Estudos Sociais. Não havendo currí­culos definidos, a pretensão foi mal enten­dida e está levando a um virtual desapare­cimento do estudo da Geografia na escolabrasileira.

Em Comunicação e Expressão, faz-se todasorte de inovações. Por falta de conheci­mento da estrutura da língua, ou por jul­garem ser assim modernos, há, os que pre­tendem "antecipar o estudo da Lingüísticaao da Gramática", seguramente sem sabe­rem o que entendem professores sérios porestudo de Lirigúístíca. Há os que estão con­vencidos de que "devemos estudar Comuni­cação e não ídomas", e dão a seus alunosconceitos de almanaque de meta-comuni­cação, ao Invés de exercitá-los para o me­lhor uso do código em que se comunicam.

Tudo acontece em nome das "inovações"introduzidas no ensino brasileiro, como se

. houvesse alguma coisa de novo em víciostão antigos.

O estudo por áreas em séries medias fra­cassou na União Soviética - e insistiremosno exemplo soviético porque alguns autoresque se supõem socialistas defendem liberali­dades deste tipo em nome da maior con­cíentísação dos alunos, que lhes permítírtaapreensão mais rápida dos erros dos siste­mas. Fracassou e foi abandonado para sersubstituído por professores especializados,às vezes desde as primeiras séries do '1.0grau. Lá, as autoridades constataram que,na prática, os professores se especializavamdentro das escolas, c trocavam-se horáriosde aula, contra instruções oficiais. Resolve­ram, nos últimos dez anos, ceder à reali­dade, criando disciplinas até em séries ini­ciais.

Na Suécia, o estudo por áreas foi limitadoao início da escola de base (grundekola) ,passando a ser feito sob forma de discipli­

. nas nas três últimas séries do 1.0 grau(hogstadlet) :

Na Austrín, as Volkschulen, onde se faziao estudo genérico por áreas, praticamentedesapareceram, cedendo às Hauptschulen,onde o estudo se faz por disciplinas no finaldo 1.0 grau.

São esses os exemplos mais conhecidos depaíses que tentaram o sistema que aparece,em alguns setores, como ínovação.

Os professores de História, por exemplo.sentem hoje a que vem sendo relegada suadisciplina. Como se a Lei n.? 5.692 tivessedescido a tais minúcias, em nome dela, pro­cura-se menosprezar o fato para que pre­pondere a sua análise, como se se pudesseanalisar o que não se conhece. E mais: des­cobriram alguns que a "cronologia já era".e a História deve ser aprendida, levando-seem consideração os "centros de interesse".como se alguém pudesse, por exemplo, en­tender o Brasil industrial sem conhecê-Inenriquecido pelo café, como se Napoleão pu­desse ser percebido sem os antecedentes daRevolução Francesa. Não há nesses expe­rimentos nenhuma fundamentação válida.Há a pretensão do modernismo, há umatentativa de substituir a difícil aquisição dosaber pela invenção e pela improvisação fá­ceis, há um vago íntuíto de parecer politi-

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camente avançado, fazendo interpretaçõesaparentemente complexas do fato histórico.

É a mesma família de tendências que pre­valece naqueles que julgam ser "democrá­tico" abdicar da experiência acumulada pa­ra subordinar a orientação a desejos episó­dicos de uma turma por sua natureza des­preparada para a seleção de temas.

Como tantos imaginam que isso é atualou que corresponde a processos pedagógicoscientificas em voga em centros socialistasusaremos outra vez o exemplo soviético ~o depoimento de alguns dos seus mestresde maior renome: Arsenyev e Markouche-vitch. .

Algumas de nossas inovações, estimuladasem currículos descentralizados, foram aban­donadas na União Soviética há mais de 50anos, consideradas contraproducentes, re­sultantes de um esquerdismo infantil e in­conseqüente.- Para os que admiram os grandes educa­dores soviéticos, eis o seu laudo:

"Após se ter apaixonado - rio fim dadécada dos 20 - por um ensino de ca­ráter complexo, pelo método dos "Cen-

. tros de interesse" e por outras inova­ções pedagógicas então na moda (se­gundo as quais o processo de aprendi­zagem repousa em primeiro lugar sobrea experíêneía da criança e seus gostospessoais, sendo essas palavras entendi­das na sua acepção estreita) o ensinosoviético viu-se dotado, depois de 1930,de uma organização sistemática subor­dinada - até onde o permitiam o bomsenso e as necessidades pedagógicas ­à estrutura e à lógica das grandes dis­ciplinas científicas" (18).

Especificamente sobre o ensino de Histó­ria e de Língua Russa, o Professor Iantsovnos lembra que a Reforma dos Programasde 1970 manteve o estudo cronológico daHistória, abandonando definitivamente oenfoque sobre centros de interesse, e no es­tudo da língua passou-se a dar mais impor­tância ao estudo da Gramática e à correçãoda língua falada (19). .

Repetimos que só usamos o exemplo russopara que não nos acusem de buscar argu­mentos em sistemas fossilizados por umaestrutura de dominação de classes o quefreqüentemente dizem inovadores quando setenta pedir-lhes cuidado para a rapidez deseus passos. Claro que a História em ordemcronológica ou a Gramática são estudadassem exceção, em qualquer pais do mundo:Alguns de nossos currículos inovaram combase apenas em experimentos localizados,de pouca importância e repercussão.

Outras experiências se vêm fazendo emnome da Lei n. o 5.692, por má informaçãoou aproveitando-se suas lacunas. Em mui­tos setores, já se considera pacifica, porexemplo, a idéia de promoção automática,em todas as séries do 1.0 grau, sem que seestabeleçam ressalvas e sem medidas acau­teladoras paralelas.

O sistema da Reforma de 1971 conceituoumuito. bem li escola como o centro onde setrocam conhecimentos e experiências. Nãoum local onde se obriga alguém (como tantose fazia antes) a memorizar uma quantida­de determinada de informações programa­das para um determinado período. Na es­cola tradicional brasileira, o aluno que nãosoubesse, no fim do ano, exatamente aquiloque lhe pretendera transmitir o professorseria reprovado. Aí estava uma das princi':pais causas da interrupção dos estudos devários jovens, e também aí se gerava umaonerosa sobrecarga para o sistema já ca­rente de recursos.

Entendemos hoje que se deve procurarmanter o jovem na escola pelo menos du-

rante oito anos e fazer com que dela, eleobtenha o máximo possivel, de acordo comas suas potencialidades e na linha de suavocação. Ao invés de reprovar, ao invés dedescobrir o que não sabe a criança, pro­curaremos localizar o que sabe, e sobretudoo que pretende saber. Ficando mais tempona escola, ela certamente se desenvolverámais do que se a abandonasse, por qualquermotivo, em meio ao curso.

.Para que, 'entretanto, a heterogeneidadena turma não traga prejuízos pedagógicosínsupcrtávers, é csscncíal que se compreendao instituto da "recuperação", tão bem tra­zido para o Brasil pela Reforma de 1971. Arecuperação deve ser paralela ao curso etenderá a manter homogêneas as turmas,sendo permanente,

Entendida dentro deste quadro e sob essaperspectiva, a promoção autmp.ática seriavalidamente discutível. Não se trata apenasde dizer: "Todos passam de ano, sabendoou não". Mas, por absurdo que pareça, éisso que vem acontecendo em tantas esco­las. São raríssímas (talvez até irrelevantesestatisticamente) as escolas públicas quemantêm um sistema eficiente de recupera­ção. A situação é apenas um pouco melhorna rede particular.

Para os que recusam os sistemas mais mo­dernos de promoção nas séries do primeirograu, a promoção automática é apenas umprocesso engenhoso de se encobrir o fracas­so do ensino. Não estamos entre esses masnão podemos entender a facilidade com quese alteraram os métodos para aferição deconhecimentos ou se eliminaram eles napassagem das séries.

O assunto foi longamente debattdo porautoridades francesas, sendo afinal mantidoo "redoublemerrt" das escolas do pais. E ob­serve-se que os 12% estimados de alunos de­ficientes em cada turma, dispõem na Françade todo um sistema escolar de apoio. Calcu­la-se, aliás, que metade desta percentagemé facilmente recuperável na escola, por pro­cessos tradicionais.

Como lembram L. Pauli e M. A. Brímeros mais conhecidos estudiosos do problema:do "desperdício escolar", a idéia da promo­ção automática "introduzida há algunsanos nos países anglo-saxões" baseia-se emuma concepção radicalmente diferente deensíno, e a passagem sucessiva pode' fazercom que certas dificuldades do aluno per­sistam ou cresçam, se toda uma nova filoso­fia não estiver realmente sendo posta emprática (20). Na obra dos professores deBrtstol e Genebra, à qual nos estamos refe­rindo, hâ um quadro que especifica os pro­cessos de aprovação em diferentes países domundo, nas escolas de 1.0 grau. Ali se podeobservar que, salvo nos Estados Unidos eInglaterra, somos os únicos a adotar naprática, o sistema a que a nossa lei' nãoobriga (21). Poder-se-ia apenas citar a Sué­cia como outro país europeu que prescrevea promoção automâtica, mas dentro de umarealidade escolar radicalmente diferente.

Qualquer professor com responsabilidadede turma sabe da confusão reinante em nos­sas escolas, que inovam cada ano nos pro­cessos de aferição de aproveitamento, quan­do os utilizam..Não faltam aquelas que dãovalor definitivo a testes extremamente dis­cutíveis por professores mais sérios e tan-tas vezs aplicados por leigos. '

Parece já ser tempo de a lei definir suasdiretrizes, permitindo - que tais processosexistam, se compatíveis com a realidade daescola ou da região, e se houver os meca­ni.:'mos que lhes equilibram e correspondem,Nao se trata aí de corrigir a Lei n.O 5.692m}s de explicitá-Ia para que, em seu nome,nao se façam mais aventuras.

É importante considerarmos em um paíscomo o nosso a importância social de umaescola sistematizada, eficiente e com obje­tivos nacionais bem definidos. Por tudo isso,a maior centralização torna-se neeessáría,Teorias fantasiosas à moda de sociedadesou de aprendizagem "sem escolas" são luxosa que se podem dar' diletantes de paísesque já se desenvolveram. Entre nós, há mui­tos que dependem da escola como únicoinstrumento para que se promovam, há osque esperam dela os conhecimentos acumu­

'lados por gerações e que se devem aprimo­rar e enriquecer, os que vêem nela a espe­rança de um futuro melhor.

Pode-se aceitar que mais de 60% do quesabemos foi apreendido antes que chegás­semos aos seis anos de idade (o que defen­dem alguns psicólogos, com Benjamin Bloonà frente). Pode-se dizer que na rua, em casapela televisão ou lendo jornais, assimilalDo~-a maior parte de nossa experiência e denossos conhecimentos.

Mas cabe .à escola sistematizar o que seaprende fora dela, dar-lhe ordenamento, esobretudo preencher lacunas. Isso leva àformação completa que distingue os auto- jdidatas daqueles que passaram por colégios'que cumpriram suas funções. Por isso lhecabe 'ensinar Gramática, indicar ~ soluçãode problemas matemátícos, transmitir con­ceitos teóricos de Geografia ou uma visãotambém atual da História.

Se ela se limitar a estimular a "comuni­cação espontânea", o interesse pela realida­de próxíma ou a criatividade indisciplina­da, estará repetindo o que fazem, talvez commais eficiência, os jornais, a conversa darua ou a televisão. Então, nada estaráacrescentando e perderá o seu papel. Porisso os currtculos e programas às vezes têmde ser menos atraentes e mais eficientes;por isso muitas vezes o esforço não podeser evitado, e não nos podemos deixar em­bair pela miragem de um mundo futuroonde até o saber será todo adquirido semsacrifícios.

Esses são assuntos sérios demais para asfuturas gerações do país e para os própriosdestinos nacionais, para que fiquem entre­gues à inexperiência eventual ou ao entu­síasmo adolescente de supostos reformado­res que treslêem alguma obra e transmitem.o que entenderam dela sob forma de díre­trizes para centenas de crianças, às ..:vezespara toda uma região.

E a escola deve ser sistemática, informa­dora e séria para todos, desde os primeirosanos de vida escolar. Quanto mais desta­verecída socialmente a criança (22) maislhes será importante a boa escola e n~la lheserão dadas reais oportunidades pelo Estadoe pela sociedade em que vive (23). Aí esta­remos efetivamente democratizando o en­sino.

III - A Escola de 2.° GrauProfissionalizante

A preocupação baeharelesca de nosso en­sino sempre foi apontada como um de seusmales principais. Não temêssemos fugir ànatureza deste trabalho, e poderíamos citara constância do tema em nossa literaturaespecializada, desde o Império.

Na sociedade do açúcar, os trabalhoa ma­nuais eram invariavelmente delegados "aescravos, e assim associados a tarefas ex­clusivas dos que estivessem nos degraus in":feriores da escala social. Quando se iniciaa urbanização brasileira, em Minas, à épo­ca do ouro, os novos burgueses mandamseus filhos à Europa estudar Direito,Le­tras ou Filosofia. Voltavam de Paris imbuí­dos dos ideais da Revolução (não é.poracaso que a nossa Inconfidência acontecêno mesmo ano que a queda da Bastilha)'evinham constituir a elite de escritoreS" e

Março de 1975 DIÃRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 0291

poetas de um país que tinha na agricul­tura o seu futuro. Agricultura que se assen­tava no trabalho servil. Quando os capi­tais migrados do tráfico negreiro (após a"bill Aberdeen") tentam dirigir-se para apequena indústria, já nos falta a mão-de­obra especializada ou semi-especializada. Oproblema se vai tornar mais grave quando-se inicia efetivamente a época da índus­trialização, com o lastro do café de SãoPaulo i com a era dos estímulos governa­mentais, inaugurada em Volta Redonda.

Falta-nos a mão-de-obra. especializadaem quase todas as áreas. Uma política deimigração mal orientada ainda contribuiupara que recebêssemos menos a colabora­ção cultural européia. O temor dos "quistosraciais" fez com que durante muito tempoespalhássemos imigrantes, dissolvendo-sea contríbuíção que nos trariam. Os exce­lentes resultados da imigração alemã ouitaliana em certas regiões do Brasil nãocontinuariam nos últimos decênícs, justa­mente quando tenderíamos a receber umtrabalho mais qualificado (24).. A baíxíasíma produtividade de nossa

~·agropecuáJ:ia foi iniciada por fatores de or­dem cultural mais do que por carência deinvestimentos. O criador insiste em alimen­tar seu animal com o capim pobre, porquenenhuma escola lhe ensinou a Importânciadas leguminosas; o agricultor planta con­tra as curvas de nível porque acha quefacilita a "descida das águas", sem saberque está lavando o solo e promovendo aerosão: Quase nenhuma escola primáriadizia a seus alunos a boa técnica de plan­tar legumes ou verduras, o que, sem au­mentá de custo, iria decuplicar a produ­ção da "roça" de sua família. Japoneses sãoconsiderados como "mãos milagrosas" por­que calam a terra, mantendo bons níveisde ph, o que qualquer caboclo brasileiropode fazer, se instruido.

Há pouco menos de um ano, o autor des­te projeto visitava uma fazenda próximaa Aracaju, em companhia do Secretário deEducacão do Estado. Paramos diante deum muro quebrado, e o proprletárío ex­plicou-nos que cinco vezes ele já fora cons­truido, e cinco vezes se desmontara. Falta­va apenas um pedreiro que soubesse mis­turar os componentes da liga em propor­

"!:ê.Q correta. O que o proprietário já gasta­~ra em consertos bastaria para formar umpedreiro em uma escola especializada.

Qualquer industrial enfrenta problemaspor não dispor de operários de nível téc­nico razoável, em quantidade suficiente emsua indústria. Em tantas vezes tenta-se-substítuír a técnica por uma suposta inte­ligência, descobrindo-se art:rfícios que re­duzem a produtdvldade da empresa. Maistarde os altos custos serão absorvidos poraumentos de preços, em prejuízo do con­sumidor.

Se o problema é grave no nível de mão­de-obra semi-especializada,. que se podepreparar nas primeiras séries do primeirograu ou no ensino supletivo, ainda se tor­na pior se procurarmos buscar pessoal efe­tivamente habilitado.

A sua carência é uma das responsáveis,sem dúvida, .pela baixa produtividade per­manente na economia brasileira, pelo malcomportamento de nossa agricultura, porum ritmo ainda não maior de desenvolvi­mento industrial.

,A, presença de pessoal melhor habilitadoimediatamente conduziria a conseqüênciaqw: tais:.~) aumento da produtividade;''6) redução, da pressão sobre o ensino.

~n~versitário;~ c) redução do subemprego na área de1;ê~nicos universitários;

d) melhor distribuição da renda, sobre­tudo industrial;

e) maiores possibilidades de acesso a sa­lários mais altos em faixas de populaçãosocialmente menos favorecidas;

f) tendência para melhor nível no ensi­no do 3.° grau.

Os itens acima explicam-se no seu pró­prio enunciado. Convém apenas lembrar oíndísfarçável subemprego tão comum nasáreas de profissionais de nível universitá­rio. O médico desempenha funções que umaenfermeira, com formação apenas de en­sino médio, poderia exercer. O engenheiroperde seu tempo fazendo o que um bomassistente faria em seu lugar.

Técnicos de nível médio, e pessoal comboa habilitação profissional percebendomelhores salários (em função da sua maiorcontribuição para a. redução elos custos)permitiriam distribuição menos desigualna renda, estabelecendo degraus na escaladesparatada de salários brasiletros.

Afinal, restaria acentuar a importânciada escola prortssíonaüzarrte para o ensinouniversitário brasileiro, hoje em crise.

Porque as escolas de ensino secundárionão preparavam para alguma habilitação,visando só à Universidade, o curso superiorpassou a ser o objetivo de todos os jovens,tivessem ou não vocação universitária, es­tivessem ou não preparados para o ensinode terceiro grau. Nossas escolas superiorespassaram, muitas vezes, a lecionar o quese deveria aprender nos colégios, fazendocaír s, eficiência do ensino superior aos ní­veis atuais.

Não é um conceito elrtísta o de que o en­sino universitário deve ser reservado àque­les que tenham vocação espccif.ica. A for­mação comum a todos é dada até o níveldo 1.0 e 2.0 graus e deve continuar em cur­sos supletivos (educação permanente) ouem estudos particulares. Assim é em qual­quer parte do mundo capitalista ou socia­lista, onde o acesso à Universidade é difícile reservado a uma minoria que deve serescolhida sem que fatores econômicos defamília ou de renda participem do proces­so. Colocar um jovem pobre e mal prepa­rado em uma Universidade não é evidên­cia de democratização. As faculdades quese multiplicam às vezes em sobrados sãoapenas instrumentos de alienação porquesugerem uma promoção vertical que nãohouve, em muitos casos. Democrático éabrir a Universidade a todos que tenhamvocação universitária, pobres ou ricos (25).

Como não havia termínalídade em nívelde 2.0 grau, estratificamos a idéia já her­dada de que o anel de doutor é o objetivofinal do ensino.

Sentindo todos esses problemas, a Lei n.?5.692 alterou profundamente' a estruturado ensino brasileiro, errando o 2.° grau pro­fissionalizante e procurando estendê-lo àmaioria dos estudantes do País. Aí talvezum dos aspectos rnaís revolucionários daReforma por ela iniciada.

Eis o que diz o Grupo de Trabalho queapresentou ao Ministro da Educação o an­teprojeto de lei:

"Só tardiamente, quando não se incluina exceção dos egressos de cursos téc­nicos, o jovem descobre que a escolanão lhe deu sequer a tão apregoadacultura geral, e apenas o adestrou paraum vestibular em que o êxito é funçãodo número de vagas oferecidas à dispu­ta. Houvesse ele seguido concomitante­mente algo de "prático", e não se de­teria nos umbrais da Universidade embusca de uma matrícula como saída dedesespero. No mínimo, quando não pre-

tendesse enga]ar-se de uma vez no tra­balho, encontraria neste o apoio finan­ceiro e a estabilidade psicológica paranovas tentativas. O caminho a trilharnão é outro senão o de converter a ex­ceção em regra, fazendo que o 2.0 grausempre se conclua por uma formaçãoespecifica." (~6)

Com esta inspiração, e baseados na letrada lei, os aplicadores da Reforma decidi­ram levar o ensino brasileiro para a radi­calização, fazendo com que todo o ensinodo 2.° grau visasse a dar habilitações pro­físsíonaís, preparando técnicos de nívelmédio, embora essa expressão seja recusa­da pelo Conselho Federal.

Repetidos pareceres dos Conselhos Fe­deral e estaduais deixavam clara a orien­tação: a formação profissional com vistasàs habilitações era essencial em todas asescolas de 2.° grau sem que se perrnítlssemexceções. Só agora, graças a Parecer aoqual nos referiremos adiante, atenuou-sea rigidez das determinações oficiais. Aí de­finitivamente inovamos, criando um siste­ma úníeo em todo o mundo.

Os resultados não se mostraram satisfa­tórios.

Hoje, ainda que se destine à Universi­dade, o jovem brasileiro é obrigado a umaespecialização no 2.° grau e a freqüentaruma escola que forma jovens que devemterminar seus estudos nesse nivelo E claroque se procura fechar a porta que poderiaservir de fuga do ensino profissional. Jul­gam alguns que se houvesse escolas apenaspreparadoras para a Universidade, todos asprocurariam, mantendo-se a realidade an­terior à Le~ n.o 5.692.

Acreditamos haver nesse raciocínio e nes­Se comportamento falhas graves que estãocomprometendo os próprios objetivos da lei:

a) a carência de pessoal proríssíonalmen.,te habilitado não é exclusivamente causadapela ausência de escolas profissionais. E umproblema histórico com raízes do passadobrasileiro e em sua realidade econômica.Não é simplesmente abrindo escolas supos­tamente profissionais que iremos alterar oquadro tão complexo. Os cursos profissio­nais devem estimular vocações, dar condi­ções ao seu desenvolvimento; não forçá-las,o que é pedagogicamente uma tentativa ir­realista;

b) não há condições materiais para quese multipliquem escolas profissionalizantesde 2.° grau em toda parte onde existiamcursos clássicos e eíentifícos,

Os que se opõem aos ditames da Reformaalegam os altos custos do ensino proríssío.,nal para indicar a impossibilidade do cum­primento da lei. A própria Reforma indicouos caminhos de solução para o problema,lembrando os centros ínterescolares, ondeIaboratórios e oficinas podem servir a vá­rias escolas da área. Um bom planejamentopode ainda fazer com que escolas se espe­cializem, trocando-se alunos em determina­das dísctplmas,

A verdade é que tudo Isso pode ser feitoem grandes centros urbanos (e mesmo as­sim, não está sendo realizado, apesar dos es­forços governamentais), mas não no inte:­ríor do País. Aliás, os técnicos da UNESCOprevêem o ensino profissionalizante comnossas características apenas em grandescidades. (27)

c) não correspondendo - e aí o mais gra­ve -- à realidade, a obrigatoriedade do en­sino profissionalizante em todas as escola!tende a desmoralizar o instituto. Com rarís­simas exceções, salvo as escolas profissio­nais que já existiam, temos hoje simulacrosde escolas profissionalizantes de 2.0 grau.Para atender às determinações legais, in-

·292 Quarta-feira 12 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1975

ventaram-se e multiplicaram-se c~rsos de"secretário", de "laboratarista", de "auxiliarde turismo" e tantos outros que servemapenas para' mascarar a preparação paraovestibular em diferentes áreas. Afinal, naose dá habilitação profissional, e prejudica­se a formação geral;

d) a obrigatoriedade da habilitação em2.° grau atenta contra a vocação dos jovensque tenham efetivamente vocação universi­tária, l3eria preferível que esta vocação fos­se examinada, como em todo o mundo, eaqueles que aprovassem no final do 1.0 grau,poderiam preparar-se integralm,ente para ocurso de 3.° grau que farão;

e) a radicalização no 2,°' grau e a con­centração ali de esforços fez com que desa­parecesse, na prática, a preocupação profis­sional no 1.0 grau, e ela deve existir em se­tores em que os estudos regulares tendem aterminar neste nível ;- e esta é uma dasmais importantes metas da reforma de 1971.Pouquíssimas são as escolas brasileiras quefazem sondagens de aptítlões em nível de1.0 grau, partindo do conceito totalmenteirreal de que "o estudo deve continuar paratodos, e no 2.° grau haverá a especializaçãoprofissional" ;

í) afinal, deformamos estatístícas for­mando, no papel, centenas de milhares dejovem: semi-especializados que não têmqualquer espécie de habilitação. contribu~.

mos para uma idéia que se vem generali­zando, de que "não há mercado de trabalhono Brasil para tantos especialistas".

O empresariado brasileiro está pouco acos­tumado aos técnicos de nível médio que nãoexistiam, e pode haver desajustes setoriais etemporáríos no mercado de trabalho. O pro­blema é aí cultural mais do que econômico.Deve-se passar algum tempo antes que o CiO_.no de uma empresa perceba que vale a penapagar mais a um especialista que lhe trarámenores custos ou maior produção e, afinal,mais lucros.

órgãos governamentais ou das classes pro­dutoras podem medir permancntemente omercado e orientar as escolas, no sentido deque se habilitem, respeitadas as vocações, osprofissionais que podem ser absorvidos e osmais necessários ao desenvolvimento.

Nada disso é possível, "se temos estatís­ticas falsas e a suposição de que jovens re­cebem em todas as escolas de 2.0 grau umaformação profissional que não existe.

Para a defesa do ensino profissionalizan­te no Brasil e para que não SI! perca a nu­tável conquista da Lei n.? 5,692, julgamospreferível fazer coexistirem, no 2.° grau, asescolas que dêem habilitação profissional, eas preparatórias para a universidade.

"Só um país do mundo fez a experiênciabrasileira: a Tcheco-Eslováquia. TaJve:! ali(tão grande é a coincidência) se tenhaminspirado alguns dos defensores da escolaúnica de 2.° grau. Mas este experimento, au­torizado pela Reforma de 1953 e posto emprática alguns anos depois, falhou e foiabolido pelas autoridades de ensino, aindana década dos sessenta. Eis o que diz o Mi­nistério de Educação daquele país, em re­latório, à UNESCO: "no fim do decênio, em1959/60, tentou-se ver se as escolas de 2.°grau poderiam preparar alunos para a Uni~

versidade e ao mesmo tempo para empregosqualificados. A tentativa fracassou com­pletamente e foi rapidamente abandona­da" (28). Aliás, a Reforma de 53, muito se­melhante à brasileira, previa 8 anos de 1.0grau e três ou quatro no 2.°, esperando quetodos completassem os dois ciclos. Tal es­perança foi depois considerada um eviden­te "excesso de" otimismo", c, em 1960, criou­se uma escola de 1.0 grau de nove anos,com preocupação de terminalidade, reser­vando-se o 2.0 grau para aqueles que de-

monstrassem capacidade de continuar os.estudos (29).

De que tenhamos noticia, em nenhum ou­tro pais do mundo foi sequer tentada a ex­periência de unificação do 2.° grau. Pelocontrário, a tendência é para o inicio da se­paração dos caminhos ainda no 1.0 grau.

Na França, já no 1.0 ciclo há diferenteshipóteses de estudo, com orientações paraletras ou ciências. Entra-se no 2.° grau,após um exame nacional "brevet d'études")e ai têm-se diversas opções. Se pretende aUniversidade, o aluno se preparará para o"baccalauréat" (do qual há cinco tipos di­ferentes, mas a aprovação em qualquer de­les permite o acesso ao ensino de 3." grau);se não, o estudante fará um curso profl:!.sionalizante de 3 anos (industrial, comer­cial ou administrativo), que lhe permitirásubmeter-se a exames para a obtenção deum "certificat d'aptitude professíonnelle"que não dá acesso à Universidade (30).

Na Itália, há três tipos de escolas de 2.°grau: as que desenvolvem o ensino técnicoe profissional, o ensino artístico ou as quedão formação geral. Só o último tipo decurso dá acesso à Universidade (por sua vez,com três diferentes orientações: "Iíceo elas­síco, scientifico ou,o instituto magistrale").

A Suécia, depois de 9 anos de 1.0 grau,oferece ao estudante três oamínhos: o liceu,que permite a entrada na Universídade, eele existe com diferentes especializações, po­dendo ser de :3 ou de 4 anos: a escola espe­cializada, em dois anos, e que corresponde ànossa escola profissionalizante' a escolaprofissional, para cursos específicos, de in­teresse de áreas ou setores determinados.

Nos vários Lãnder alemães há diferentesescolas de 2.° grau, e, em vários deles, jáhá uma orientaeão nas últimas séries do1.0 grau. . .

Em Israel, onde é conhecida a preocupa­ção pelo bom ensino profissionalizante, hátrês tipos de escolas de 2.° grau: a que visaà formação técnico-profissional, a escolaagrícola, ou a que propicia formação geraLSó o terceiro curso dá acesso à Universida­de, depois de feitos os devidos exames("Bagrut"). Como em outros países, os cur­sos profissionalizantes permitem o acesso ao3.° grau, com estudos e exames adicionais.

Nos países socialistas, respeitam-se me­nos as preferências indivíduaís, e o ensinosubordina-se à planificação geral do gover­no e aos Interesses do Estado, Neles, sepa­ram-se ainda mais claramente os caminhesdaqueles que seguirão escolas de 3.0 grau, osque se dirigem imediatamente à produção.

Em linhas gerais, as chamadas repúhlí-.eas democráticas seguem o padrão soviético,com uma escola de 1.° grau de 10 ou de 8anos, para, os que continuarão ou não osseus estudos regulares (secundário longo oucurto). A habilitação profissional é fre­qüentemente dada em escolas de 2.0 graunoturnas (de três anos), enquanto a pre­paração para os exames que levam à Uni­versidade é feita em escolas específicas.

Na Alemanha Oriental (RDA) , havia umaescola de 1.° grau de 3 anos e, em seguida,cursos de 4 anos que levavam à Universida­de, e escolas profissionalizantes "para osjovens trabalhadores", Como surgiu a ten­dência de muitos fazerem a: escola de 2.0grau de 4 anos, modificou-se a legislaçãocom o objetivo de corrigir o que foi consi­derado uma distorção. Hoje há uma escolade 1.0 grau de dez anos, e só os "dotados"têm acesso aos cursos de 2.° grau, de 2 anos,que permitem a entrada na Universidade.Os demais alunos fazem cursos profissiona­lizantes também geralmente noturnos, Osdocumentos oficiais da RDA lembram a pos­sibilidade de jovens iniciarem a preparação

para a Universidade a partir da 8.& série,chamando a atenção para o fato de constí­tuirem esses "uma elite muito rara que nãochega a 15% dos estudantes" (30).

O nosso caminho parece bastante claro.Por que insistir em uma solução que falhouonde foi aplicada, e que não tem apoio emnenhum sistema educacional de qualquerpais?

Devemos, isso sim, preparar programas de1.° grau que permitam a iniciação profis­sional e esta deve ser a preocupação maiordos c'onselhos estaduais e de escolas' quesintam a necessidade em sua área. No 2.0grau poderemos ter escolas sérias prepara­tórias para a Universidade e outras escolasIgualmente bem equipadas para o ensinoprofissional. Aí .o Estado poderá desempe­nhar papel importante, criando os centrosinterescolares e estimulando as nossas ex­celentes escolas técnicas e o magistério es­pecializado de que dispomos, hoje desesti­mulados, e que devem ser o núcleo da ver­dadeira revolução que Se pode operar nosetor.

Recentemente, o Conselho Federal deEducação aprovou o brilhante Parecer;n,v 76/75 da professora Therezinha saraiva,reconhecendo as dificuldades para a im­plantação do 2.° grau profissionalizante, eadmitindo-a progressiva. Foi talvez a pri­meira abertura para o encontro da realida­de que pretendemos reconhecer neste pro­jeto (31).IV - Os Exames Supletívos

Não nos estenderemos aqui sobre os be­neficios trazidos pela Lei n,? 5.692 para oensino supletivo no Brasil, abrindo cami­nho para a efetivação da escola permanen­te em nosso País. :É lamentável que tãopouco se tenha feito após a aprovação daLei, apesar dos estímulos 'de educadores edos Conselhos Federal e estaduais de Edu­cacâo. Talvez o sistema de ensino, tãopreocupado em aplicar os novos dispositi­vos às escolas de 1.0 e 2.° graus não tenhapodido dedicar-se ao desenvolvimento doensino supletivo.

Nesta Justificativa, vamo-nos referir ex­clusivamente aos exames supletivos men­cionados no artigo 26 da Lei, e que têmpor objetivo permitir a continuação doS.~

estudos ( ou verificar conhecimentos) da­queles que não tenham cursado as escolasregulares de 1.° ou 2.° graus, em idadeapropriada.

Pelo regime da Lei de Diretrizes e Bases,tais exames eram conhecidos como "pro­vas do art. 91", e mais tarde, "do art. 99".Em alguns Estados do País eram chamados"provas de madureza". Podiam candidatar­se os maiores de 16 anos às provas co1'res-'pondentes ao 1.0 grau; maiores de 18 anosàs correspondentes aos cursoa científico eclássico.

Em um país em rápido desenvolvimento,tais exames reabriram as portas de escolasa centenas de milhares de estudantes. Ho­mens e mulheres, cujas familias, em outrostempos, não lhes haviam podido dar a es­cola adequada; jovens que tiveram de in­terromper o seu curso para trabalhar eganhar o seu sustento; estudantes que nãohaviam podido acompanhar suas turmase, mais preparados, pretendiam voltar aosestudos; todos sempre tiveram nas provesdo "art. 99" a oportunidade dé reencontrocom os bancos escolares e o direito à con­tinuação de sua vida escolar em níveis su­periores.

Vale a pena chamar aqui a atenção para,o fato de que o el'forço brasileiro pela Edu­cação, "a redescoberta do ensino", que pte:"senciamos nos últimos anos, constitui po­deroso estimulo que influencia benefica-

Março de 19'15 DrARI0 D~ CONGRESSO NACIONAL <Seção 1) Quarta-feira 12 0293

mente milhões de brasileiros. Hã hoje umaconsciência nacional de que é precisoaprender, de que nos livros c no saber es­tão as molas propulsoras do pie grosso e dodesenvolvimento. Em nenhuma cidade domundo vemos o espetáculo comovente denossas cidades, onde, à noite, milhares dejovens humildes se cruzam nas ruas, livrossob o braço, vindo !ie escolas e cursos quepagam com sem baixos salários. l1l um fe­nômeno tipicamente brasileiro e que nosdeve orgulhar mais que qualquer realizaçãomaterial, porque nesses jovens está, a pos­sibilidade do desenvoívímento harmônico,sérío, fundamentado em toda a Nação ena realidade de um povo que se começa apreparar melhor, e a participar mais.

Observe-se ainda que são bastante rarasno Brasil as escolas que dispõem de tur­mas especiais para jovens em idade supe­rior à média de seu nível de escolaridade,O estudante que por algum motívo se atra­se dois ou três anos, não teria outro cami­nho, na prática, senão o exame de madu.­reza, caso pretendesse continuar, a estudar.

A Lei n.O 5.692 elevou o limite mínimo~le idade para esses exames, exígínüo, pelobenos 18 e 21 anos, respectivamente, paraas provas referentes ao 1.0 e 2.° graus.

Tal decisão do legislador deveu-se às no­vas possibilidades que a Lei abria para aescola regular. Agora, permite-se a depen­dência nas últimas séries do 1.0 grau, o queautoriza um jovem que trabalhe a cursaro 7.° ou 8.0 ano da escola, de forma parce­lada. A reprovação será ainda rara, se con­siderarmos os novos conceitos trazidos e aexistência da recuperação permanente. Porum sistema da créditos, a escola de 2.° graupode ser cursada Parceladamente por quemdisponha de menor tempo para ded~cação

aos Iívros, Além disso, prevêem se cursossupletivos que podem completar a formaçãodaqueles que deixaram o eolégío regular,permitindo-lhes a realização de provas,quando estiverem melhor preparados.

Por todas essa? razões, elevou-se a idademínima exigida para os exames supletivosde 1.° e 2.0 graus, estimulando-se a fre­qüência à escola regular, e estabelecendo­se novos freios à evasão.

Diz a Lei n,o 5.692, em seu art. 72, que "a~mplantação do regime instituído na pre­Jiente Lei rar-se-á progressivamente ... " Olegislador reconheceu as dírículdades de sealterar todo um sistema de ensino, e nãopretendeu fazê-lo de um para outro anoletivo.

No caso dos exames supletivos, entre­tanto, foi isso o que aconteceu. Interpre­tando a Lei, decidiu o Conselho Federal deEducação, em repetidos pareceres homolo­gados pelo Ministro pôr imediatamente emvigor os novos limites mínimos de idade.Não díseutímos neste momento, hermenêu­tica. A Lei n,o 5.692 mantém os limitesanteriores de idade <art. 85) para o ano de1971, o que fez concluir não pretender amesma exceção para outros períodos. Nes­te sentido, o Conselho e o Ministro não fi­zeram senão cumprir a determinação legal.

Parece então caber ai interpretação au­têntica, que evitaria dúvidas ruturas. E, por.ísso, sugerimos a Inclusão de novo pará­grafo ao art. 26 da Lei.

São raras as escolas de 2.0 grau, que jáadotam o sistema de créditos instituído pe­la) neforma, e ainda mal regulamentado.Est'lldantes mal podem aproveitar cursossupletivos porque eles são raros, salvo aque­les que se destinam especificamente à pre­paração para os exames. A escola políva­Iente supletiva ainda é, um sonho, e o as­sunto também é pouco regulamentado peloseonselhos estaduais. São ainda raros )S

eolêgíos que dispõem de turmas especiais

para jovens de idade superior à média deseu nível

Na prática, chegamos ao resultado eon­trárío daquele pretendido pelo legislador.No momento em que se quer dar a todosa oportunidade de estudar, dírteultamos oestudo de jovens com 16 ou 17 anos quenão tenham concluído o 1.0 grau, e - mui­to mais grave - de jovens com 18, lP )U

20 anos, que tenham interrompido os es­tudos.

O segundo Caso parece-nos mais senoporque justamente nesta faixa, muitos co­meçam a trabalhar e podem definitiva­mente deixar a escola que lhes impossibi­litou a obtenção do diploma necessário. Aiestão os que abarrdonaram a escola regu­lar para a prestação do serviço militar,' osque começaram a trabalhar após concluídoo 1.0 grau, e pretendem agora continuarseus estudos,

Em alguns 'Estados, estudantes têm con­seguido, com a proteção de medidas judi­ciais, fazer seus exames supletivos, sem aobediência dos limites de idade da Lei n.ofi.692, e o problema"tem gerado atritos des­necessários entre órgãos do sistema, todosprocurando cumprir o seu dever. Um dis­positivo esclarecedor viria pôr termo a si­tuação que a ninguém benerícía.O Ensino Religioso

A legislação constitucional brasileira(art. 168, § 4.o i assegura o direito ao en­sino religioso, mencionado enfaticamentepela Lei n.? 5_692, que lhe garante (art.7.°, parágrafo único) horáríd nos estabele­cimentos oficiais de 1.0 e 2.0 graus.

O direito que têm as famílias de garau­tír a educação religiosa de seus filhos, ouque têm os jovens, _sempre foi reconhecidopelo Direito brasileiro e não caberia aquidefendermos o que não está sendo contes­tado. A formação integral não seria pos­sível sem a formação do espírtto, e em umaNação de tradições cristãs, esta verdadetraduz-se na legislação que é feita em seunome.

l1l claro que a formação religiosa é dadafacultativamente àqueles que solicitam, edeve haver na escola orientadores de dife­rentes credos, desde que um -número ra­zcável de alunos solicite a sua presença.

Na prÍitica, entretanto, muitas escolas,por razões de economia ou por simples de­sinteresse, deixam de assegurar a seus alu­nos o direito que têm, descumprindo aConstituição e a legislação especifica. Emoutros casos, asseguram-se horários paraa educação religiosa mas não se remune­ram os professores, o que torna quase ím­possível a existência de aulas regularesFinalmente, há os que não facilitam as au­las de Religião, alegando não saber comorecrutar os mestres, sendo a Lei omissa so­bre o assunto.

Em uma época em que, mais que nunca,se discutem valores, são inegáveis os pre­juizos que a ausência de formação religio­sa vem trazendo à nossa juventude. l1l tãocomum encontrarmos hoje aqueles que sãomarxistas em economia, positivistas em po­Iítíca, agnósticos em seu comportamento,e cristão, aos domingos, á hora da missaou de seu culto. Renegam preceitos de suareligião porque a não conhecem; rejeitamo que julgam ser, E não têm a eonscíêncíaformada para nela buscar as melhores res­postas, em horas de dúvida, 'eomo devemtê-la os homens bem formados.

A ausência de formação religiosa leva aorelativismo, às piores formas de pluralts­mo, e, em última análíse, tolhe a liberdadeporque sonega o conhecimento que lhe deveanteceder. Elomos livres em opções quandoconhecemos o que nos é dado a escolher.

Sem esse conhecimento, nossa aparente li­berdade estará sendo conduzida por im­pressões, por fórmulas ou receitas que semanipulam para impedir o seu exereícío,Aquele que recebe uma formação religiosa,não a aceita, necessariamente; mas, emconsciência plena, ele poderá rejeitar, sa­bendo o que faz, conhecendo o suficientepara ser livre.

No momento em que julgamos conve­niente estabelecer diretrizes e programasespecíücos para todo o sistema de ensinodo Pais, nada mais lógico do que estendero direito à educação religiosa a todos osjovens. A garantia constitucional protegeapenas os alunos de escolas oficiais; a leiespecífica pode estender o beneficio. E devefazê-lo, sobretudo se pretender fortalecera escola 'particular, assunto que analisare­mos adiante.

A emenda que estamos propondo visa atornar efetivo o ensino religioso facultativo,sanando as dificuldades que têm surgido.VI - A Remuneração do Magistério

Toda a Reforma deflagrada pela Lei n.o5.692 baseia-se, afinal, na maior participa­ção e responsabilidade do magístérío. Exi­ge-se dos professores uma permanente atua­lização, obriga-se eles à aquisição de novosconhecimentos, supõe-se avançado desen­volvimento em estudos de Pedagogia. Aosprofessores entrega-se a carga da recupera­ção, e a lei prevê trabalhos em épocas tra­dicionalmente dedicadas às férias escola­res. Não há, entretanto, 'artigos que deter­minem melhor remuneração pelos novos emelhores serviços que deverão ser prestados.

A baixa remuneração de nossos professo­res é uma nódoa que deve desaparecer emum pais agora em desenvolvimento e preo­cupado com seu futuro. Não há lei, não háplano perfeito e não há técnica ou sistemascapazes de resistir à realidade de um pro­fessor que perceba poucas centenas de cru­,zeiros.

Todos os planos vão-se iniciar e terminarem salas de burocratas, sem que tenham re­percussões em salas de aula.

Não é justo que se peça dos professoreso heroismo que não se exige de outras clas­ses. Eles têm também o direito de se preo­cupar com seu futuro, com o bem-estar desua família: têm (J direito ao lazer e, afinal,o direito elementar à justa retribuição porseu trabalho. A "nobreza" do ensino precisaser compreendida também pelos poderes pú­blicos e pela sociedade, não só pelos mes­tres. Se é tão nobre a função, e tão impor­tante o seu papel social, que se dêem aosprofessores os meios para uma vida decen­te e para que aprimorem seus conhecimen­tos. Nos atuais níveis salariais do magisté­rio brasileiro, nada disso é possível.

Há professores de diferentes graus querecebem salários inferiores aos de serviçaisde suas próprias escolas. Há professores re­cém-rormaríos que se surpreendem ao per­eeber que seus salários não bastam para asdespesas de condução e de alimentação. Edeles, muitas vezes, ainda se espera que su­plementem a escola, fornecendo 'materialdidático. Em quase todos os Estados, des­cobriram-se fórmulas destinadas a aindamais diminuir salários de professores.Criam-se eategoríaís de "contratados", "pro­visórios", nomes dados a mestres que de­sempenham iguais funções às de seus com­panheiros da sala ao lado, percebendo salá­rios inferiores.

Os governos costumam alegar carência derecursos para c pagamento justo ao -magís-,térío, Os que administram, sabem que sem­pre há recursos para as primeiras priorida­des que se estabelecem. Quando o GovernoFederal julgou conveniente, descobriu meiospara iniciar a construção da Transamazôni-

1294 QWU'ta.-feira I! DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção n Março (fe 1976

ea ou financiar Itaípu. Os governos esta­duais encontram recursos para grandesobras que se vêem em toda parte. As pre­feituras não têm faltado verbas para a cons­trução de chafariz ou para a iluminação amercúrio que inauguram e reínauguram,

O problema é então de prioridades. Ha­verá recursos para que se pague correta­mente ao magístérío quando isso for consi­derado mais importante até do que cons­truir estradas ou hidrelétricas. Porque sema remuneração condigna dos proressores,não há bom ensino, e sem bom ensino, nãose assegura a continuidade da progresso. Omelhor investimento que pode fazer o Paisé ern, educação - frase que muitos acei­tam mas à qual poucas dão conseqüências.Investir em Educação não é só construir es­calas; é, sobretudo, remunerar convenien­temente o magistério para .que ele possa darboas aulas, desenvolver-se e aperfeiçoar-se.Bons professores poderão obter excelentesresultados em um galpão; de. nada valemeoiegíos imponentes e modernos, se nas sa­las de aula não estiverem mestres estimula­dos em seu trabalho, e bem preparados.

As emendas que sugerimos obrigarão todoo sistema a uma remuneração menos InJUS­ta do magistério. Se sabemos que nao pro­pomos o ideal, acreditamos estar sugermdoo que se afigura um passo para a coloca­ção do professor brasileiro nos níveis emque devem estar, dentro da escala salarialdo pais.

A escola particular, que julgamos deverser fortalecida, como discutiremos adiante,poderá suportar maiores custos, se melhoramparada pelo poder público, outro objeti­vo das emendas que estamos apresentando.VII -- A Escola Particular. A Carência de:&ecmrsos para. a Escola Pública,

Já hoje são pouco freqüentes os debatesde/outros tempos sabre a valídade ou não daescola pública e da iniciativa particular,em matéria de ensino. Em todos os paísesdemoeeátícos, elas coexistem, e juntas pro­curam proporcionar educação, completan­do-se.

Estamos entre aqueles que acreditam de­ver caber, o ensino, sempre que possível, aiJ.:lBtituií}ões particulares, sendo o papel doEstado suplementar, onde faltarem aquelasmstítuíções. A criança e o jovem são edu­cados por sua família, que tem o ínalíená­ve, direito de orientá-los, e o dever de fa­zê-lo. Oom o desenvolvimento dos conheci­mentos humanos, não podem os pais ensi­nar a seus filhos tudo que pretendem e de­vem saber. A fanúlia delega a alguém ­a uma escola - o direito que lhe pertence,e esta delegação tem cláusulas e limites.

A escala deve formar a criança de acordocom a orlentacâo da família, respeitandosua' religião, seus costumes e seus hábitos.Para que ísso aconteça, a famílía procura­ra () colégio que lhe pareça poder dar aformação desejada e que corresponde aosseus anseios e às suas crenças.

Educar não é apenas instruir, dar infor­mações; é sobretudo formar. Como já co­mentamos em capitulo anterior, só se podetormar, transmítíndo sistemas coerentes depensamento, uma visão integral e harmôni­ca do 'mundo, relacionada a príncípíos éti­cos e religiosos. O homem que não recebeesta formação corresponde, na área da in­formação, ao autodidata: ficam-lhe semprelacunas, e, em horas de dúvida, faltam res­postas, e, o que é piar, ele não sabe ondeprocurá-las.

O Estado democrático não pode formarninguém porque ele próprio não é formado.Sendo democrático, não terá uma filosofIa(poderá ter doutrinas, ou uma Ideclogla) ,e não transmitirá a visão integral de queele não dispõe.

Insistimos na idéia de que uma formaçãopluralista anárquica não conduz à liberda­de, como pretendem alguns. Os país devemser livres para dar aos filhos a formaçãoque pretenderem, e, por isso, devem poderescolher entre colégios de diferentes ten­dências. O jovem deve poder escolher a ori­entação que prefere em sua vida universitá­ria. Oam as informações necessárias, elepoderá, conscientemente, aceitar ou recu­sar, mais tarde, a formação que recebeu.

Porque vísualízamos a escola formadora,preferimos ver a açâo supletiva do Estadona área. Oabe-lhe fazer escolas onde faltea iniciativa particular, e onde ela não pos­sa ser estimulada. Teremos aí um princípioainda maior a que obedecer: o direito quetodos têm à educação pelo menos informa­tiva e o dever do Estado de proporcioná-Ia.

De qualquer forma, o debate é hoje aca­dêmico, tanto se entrelaçaram as redes pú­blicas e particular em todo o pais. Na rea­lidade, eseolac particulares perderam mui­tas vezes a visão de o que seja o seu dever,e repetem aulas e orientação, tal como emuma escola oficial, sem preocupação de for­mação integral. Até Universidades católi­cas sentem-se tímtdas e hesitam em cum­prir o seu dever de transmitir' ciências eartes dentro da visão global da religiãoque lhes dá o nome.

A análise que faremos então aqui do pro­blema das escolas públicas e particularese menos baseada em razões teóricas, e con­seqüente sobretudo de uma constatação darealidade atual.

Governos estaduais, sobretudo na últimadécada, multiplicaram a construção de es­colas públicas, sem qualquer planejamen­to ou previsão orçamentária. Neglígencíou­se a escola particular, a quem o país devetoda a sua educacão através dos séculos,e proprietários de colégíos, "tubarões do en­sino" passaram a ser encarados como sim­ples homens de comércio que deveriam, sepossível, ser afastados.

Conhecemos colégios particulares em qua­se todas as regiões do Pais. E sabemos demuito poucos casos reais de abuso econômi­co. Em troca, poderíamos desfilar um rosâ­río de histórias de dedicação, de abnegaçãoe de sacrifícios. Nenhum Estado teria a sen­sibilidade de nossos primeiros jesuitas, denossas atuais missões na Amazônia, de or­dens religiosas que formaram bem geraçõesde brasileiros. ooíégíos católicos e protes­tantes espalhados pelo Pais ainda estão ho­je entre nossas melhores estabelecímentosde ensino, às vezes com uma tradição deséculos a assegurar os bons padrões da for­mação que transmitem. Pequenos e gran­des colégios não-confessionais às vezes re­presentam a dedicação de uma família,transmitida de pais a filhos, preparada pa­ra educar e ensinar. A escola particular bra­sileira constituí um dos mais ricos patrimô­nios do País, motivo de orgulho, e que deveser objeto de gratidão e. de estímulo.

.Aos que pensam em lucros exagerados doensino livre, sugerimos que tomem comoexemplo algum grande colégio de sua cida­de ou de seu Estado, e procurem analisá-lo.Não lucrariam seus proprietários se ven­dessem seus prédios e aplicassem o pro­duto da venda Jm alguma especulação imo­biliária ou comercial? É quase certo quesim. Em um sistema capitalista, medimosbons negócios, ealculando a taxa de jurosou lucros obtida, em relação ao investimen­to. Quanto valem as edificações e instala­ções de nossas melhores escolas particula­res, e qual o rendimento que delas auferemseus proprietários? Seguramente muito me­nos do que as taxas correntes no mercado.R aí vemos 9, in~ustiça de críticas generali­zadas que se fazem.

A VISao equivocada da escola particularsomada à simples Imprevísão administrativa.levou à proliferação da escola pública.Quando dizem que é obrigação do Estadodar ensíno gratuito, entendeu-se que eledeveria ser dado. em escolas do governo...

A Lei 5.692 estendeu a obrigatoriedade doensino às oito séries do 1.0 grau, fazendocom que as redes estaduais se tivessem dequase duplicar. ' .

O que constatamos hoje é que nenhumEstado do País tem condições d& manter arede pública em padrões ótimas de eficiên­cia. Para cumprir a lei, duplicam-se turmas,prédios e o quadro de professores. Há ain­da que equipar as escolas com o materialnecessário para o estudo por atividades ouáreas. Cursos de reciclagem e de "atualíza­ção devem ser mantidos de forma perma­nente. E multiplicam-se os trabalhos buro­cráticos, de pesquisa e de orientação. A a'ten­ção tem de ser grande para que se acom­panhe o simples aumento vegetativo da po­pulação. Se pretender dar bom ensino, OI!!Estados consumirão todos seus orçamentos.

Observe-se ainda-que, com a falsa ímpres­são de que o "aluno da escola pública nãocusta dinheiro", ramíüas abastadas tendema matricular nela os seus filhos. Nas maio­res cidades brasileiras, vemos crianças des-.cerem de carros importados à porta de ,gru­pos munícípaíe ou estaduais. As aulas. Q;es­sa criança rica estão senda pagas eom.Im­pastos que se arrecadam de assalaliadolf: debaixa renda. .

A proliferação índíserímínada de .escolaspúblicas fez que se esvaziassem as eseolasparticulares. Centenas se estão recnandocada a:Q.'O em todo o pais; outras têm deaumentar suas mensalidades porque t~

menos alunos; algumas fazem cair a qÍ1~­

lidade de seu ensino. Com isso, inicia-seum círculo vicioso que faz aumentar a pres­são sobre a escola oficial. Alegando falta derecursos, ela pagará mal os professores quenada têm que ver com. a ímprevísâo dead­mínístradcres, e também deixará caíro pa­drão de seu ensino.

A única maneira de resolver o protuema,é fazer girar o círculo ao contrário, reíní­eíando o processo em outro sentido. '

Um aluno custa aos Estados, em sua rede,pública, pelo menos três vezes mais do CJ:llE!lhe custa mantê-lo, sob forma de bolsa, na'rede particular (32). Aí está a luz pal'fl, asolução do problema. Oom a mesma verba,o Estado poderá dar ensino a três vezesmais crianças, se a concentrar em bolsasou contratos com o ensino particular.

A rede pública existente. não continuan­do a crescer, poderá oferecer melhor ensino,e professores poderão ser pagos correta­mente. Fort'alecida economicamente, a redeparticular poderá baixar mensalírlades,passando a a tender a uma faixa maíor- dapopulação, reduzindo-se a pressão da pro­cura sobre a rede oficial. O Estado poderáe deverá exigir a fixação de novas mensali­dades, ao assinar seus contratos. Tel:ia ain­da dé manter eficiente fiscalização, paraque a sistema não fosse aproveitado porinescrupulosos, com objetivos exclusivos delucro comercial.

Em diversos países há sistemas que nospodem servir de exemplo e que regulámproveitosamente as relações entre o Esllll:doe escolas particulares. O Reino Unido t~excelente legislação escrita que completa I}Scostumes existentes, e fortalece a iniciativapartãeular no ensino. A Alemanha Fedl!l'altem também uma tradição respeitadSJ:1!leestímulo à escola particular íortemerrtesubvencionada pelo Estado, ainda que J};Í03'caminhos indiretos. Mas talvez na Fr8.Wj!l.estejam os modelos mais aproprlados ,.àrealidade brasileira.

Março de 1975 DlARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 0295

Naquele país, o Estado concede bolsaspara as escolas particulares não ligadas àrede pública, com outras assina "contratosde· assoetação", ou "contratos simples", es­tes últimos com prazos variáveis de 3 a 9anos. As escolas associadas seguem progra­mas básicos oficiais, e o Estado paga seusprofessores. A escola completa os progra­mas, encarrega-se da admínístração eorientação pedagógica, além de fornecerinstalações para o colégío. Os contratossimples são assinados com diferentes cláu­sulas, dependendo de cada caso concreto,e, em geral, constituem um passo para fu­tura associação.

Todas são fórmulas de colaboração entreo Estado e a escola livre, também previstasno espírito de nossa Constituição, sobretu­do se considerarmos o parágrafo 2.° de seuart. 176 e a alínea 4: do parágrafo 3.° domesmo artigo;

"Art. 176 ..§ 2.0 Respeitadas as disposições legais,o ensino é livre à iniciativa particular,a qual merecerá o amparo técnico e fi­nanceiro dos Poderes Públicos, inclusivemediante bolsa de estudo.§ 3.0 A legislação do ensino adotará osseguintes príncípícs e normas:

IV - O Poder Público substituirá, gra­dativamente, o regime de gratuidade noensino médio e no superior pelo sistemade concessão de bolsa de estudos, me­diante restituição, qual a lei regula­rá." (33)

É importante, entretanto, para que nãose mantenham equívocos, que a lei ordiná­ria regule os dísposítívos constitucionais eos interprete corretamente, Parece-nos am­bígua a forma utilizada pelo art. 42 da Lein.o 5.692:

"Art. 42. O ensino nos diferentesgraus será mínístrado pelos poderespúblicos e, respeitadas as leis que Q re­gulam, é lívre à iniciativa particular."

Também se vem prestando a dúvidas ainterpretação da alínea 2, parágrafo 3.° doart. 176 da Constituição que determina: "Oensino primário é obrigatório para todos,dos sete aos quatorze, anos, e gratuito nosestabelecimentos oficiais".ifSeria da maior utilidade que todos os sís­remas pudessem CObrar mensalidades dealunos cuj as famílias dispõem de recursos.No' Estado do Paraná já foi estabelecidauma tabela, que considera renda familiar enúmero de filhos em idade escolar, segun­do a qual se pedem corrtríbuiões nominaisde ramilías de renda média e nada se cobrade famílias de baixa renda. A justa colabo­ração é solicitada de alunos ricos.

rara administrar uma rede eficiente, re­cebendo mensalidades, surgiu a idéia, emalguns Estados, de se instituirem fundaçõesque poderiam atuar mais livremente, sem oslimites burocráticos do serviço público. Aidéia não tem prosperado por haver dúvidassobre a possibilidade de serem cobradasmensalidades, nesses casos, considerando-seos textos legais. A írrterpretação correta ea explicitação em lei facilitariam a eventualimplantação do processo nos Estadoo que odesej assem.

VIU - Explicitação das Emendas Sugeridasâ ,Lei D.o 5. 69Z. .

Artigo 1.°;Art. 1.0 - Não houve alteração em rela-

ção ao texto original da Lei. .Art. 2.° - A modificação visa a permitir

as experiências a que nos referimos nestaJustificativa, garantíndo a pesquisa e o di­namismo na escola brasileira. Sendo a es­rola experimental uma exceção, deve caber

ao Conselho Federal julgar dos riscos e daoportunidade dos processes ou métodos quese pretender desenvolver.

Art. 3.° - Sem alteração.

.Art. 4.0 - Aqui fizemos as alterações queprocuramos justificar anteriormente, e quevlsam à unificação dos programas mínimosnas escolas brasileiras de acordo com o con­teúdo explicitado pelo Conselho Federal. Aalínea VI ressalva o caso de escolas experi­mentais.

Art. 5.0 - Neste artigo, abrimos a possí­bilidade de escolas de 2.° grau prepararemseus alunos para cursos universitários. Dei­xamos de repetir o parágrafo 3.° do artigo5.° da Lei n.> 5.692 por desnecessárío, con­siderando-se a nova redação dada aos arti­gos 4.0 e 5.°.

Art. 6.° - Stlm alteração.Art. 7.° - Sem alteração, salvo a supres­

são do parágrafo único que passou a cons­tituir outro artigo.

Art. 8.° - Procurou-se neste artigo sanarproblemas existentes na área do ensino rtl­Iígíoso e inseriram-se normas que garantama Iegítímação pela autoridade relígíosa dosproressores.

Art. 9." - Incluiu-se a expressão "se pos­sível" no caput do artigo.

Art. 10 - Sem alteração.Art. 11 - Suprimimos .a obrigatoriedade

da orientação vocacíonal, assunto extrema­mente debatido, e cuja inclusão em lei nãose parece justificar. A matéria deve ficar acritério da escola. Muitas vezes, não poden­do bem cumprir o que determina a lei, al­gumas escolas, para obedecer a ela, fazemsimulacros de orientação vocacíonal, comgrandes riscos para 08 alunos. .

Art. 12 - A morírüeação na redação cor­responde à nova sistemática sugerida.

Art. 13 - A inclusão do parágrafo visa aproteger alunos que muitas vezes precisamde suas fichas de aproveitamento para ma­tricula em cursos de nivel superior, no Bra­sil ou no exterior.

Art. 14 - Sem alteração, salvo o acrés­cimo da expressão "e as normas para apro­vação", no "eaput" do artigo, e "coJ;).ceit\ls"no parágrafo 1.°.

Art. 15 - Foi substrtuída a expressão"currículo" por "programa".

Art. 16 - Sem alteração.

AI·tigo 2.°

O acréscimo do parágrafo visa a permitiros exames supletivos a menores de 18 e 21anos, até que sejam definitivamente im­plantados os dispositivos da Lei n.O 5.692.

Artigo 3.°As emendas 'procuram garantir ao magis­

tério a percepção de remuneração menos in­justa, nos termos da Justificativa deste Pro­jeto.

Artigo 4.0

A emenda retira algumas alíneas pura­mente acadêmicas do texto original, e es­timula a maior colaboração entre os Pode­res Públicos e o ensino particular.

Artigo 5.°Procura-se permitir a cobrança de men­

salidades a alunos de famílias socialmentefavorecidas, sem desrespeito aos dispositivosconstítucíonals,

Artigo 6."A supressão do parágrafo é conseqüência

de emendas anteriores.Artigo 7.°A emenda é justificada por emendas an­

teriores sugertdas,

Artigo 8.°A fim de evitar alterações bruscas no

sistema, o projeto díspóe que as emendassugeridas entrem em vigor no ano de 1977,admitindo-se a possibilidade de serem apro­vadas em 1975.

NO TA,S

1) Para uma análíse crítica sucinta do sis­tema anterior à Lei n,? 5.692, sugerimos a lei~

tura da Justificativa do Projeto que lhe deuorigem; o pronunciamento do Ministro 'JarbasPassarmho, em reunião conjunta das Comis­sões de Educação e Cultura da Câmara e doSenado, em 25-10-73 (in "A Educação em De­bate", MEC, Brasílía, 1973); pareceres do Con­selho Federal de Educação dos anos de 1971e 1972, sobretudo o Parecer n.o 853/71.

2) Rossigriol, J. - "Brésil. Organisation del'Enseignement", Unesco, DOC•.••...••••••• ,.2967/RMO.RD/EHT. Paris, 1973. -

3) Sobre o assunto (importante, aliás, para ajustificação da Escola permanente), ler os Re­latórios da Reunião de Especialistas sobre ociclo Básico, promovidos pela Unesco, em Paris,em junho de 1974, Doc. Ed-74/Conf.622/5. Paris,1974.

4) Fonte: Exposição do Ministro Passarinhoem 25-10-73 (vide nota 1). Os dados referentesa 1974 são projeção de números do SEEC ...•(1969-1971). Os dados de 1964 foram obtidos doCenso Escolar. .

5) Para os que se interessam pelo tema dosriscos da má escola como força alienante e an­tídemocrátãca, sugerimos conhecimento de tra­balhos da Unesco, aos quais se pode ter acessopor intermédio do Sr. H. Van Vliet. diretor doDepartamento de Planificação da Unesco, elepróprio um estudíoso da matéria, e que muitocolaborou em estudos que realizamos.

6) Foster, Pl:úlip J. - "Le Fossé entre laPlanific21tion et la Réallsation", in Perspectrves,n.o 4, 1970 (Paris).

7) Reunião de Especialistas, em junho de1974 (vide nota 3).

B) Ver parecer n.o 853, de 1971 do ConselhoFederal de Educação.

9) ourrícuios de Comunicação e Expressão eFl'ancês - GB.

10) Relatório do Grupo de Trabalho institut­do pelo Dec. n.o 66.600/70 Fonte: MEC.

11) ourrículo de Estudos Sociais da Guana­bara, aprovado em 1972. Fonte: secretaria deEducação.

12) Sobre a Terceira Reforma. ler Morito,'I'atsuo, "Perspectíves de la 'I'roisreme Réformed'Enseignement au Japon", ín Perspectives, n.v 2,Paris, 1973.

13) Sobre Israel, consultar "InternationalGuide to Educational Doeumentatíon", Genebra,1971. Sobre outros países, "L'Educa1ioll dans <l.íl,Monde", Unesco, Paris, 1972, no qual vários SIS­

temas são analisados em mais de 1.500 páginas.Vale ainda, a consulta aos estudos da OeDE,citados na Bibliografia, no final deste trabalho,sobre os sistemas de ensino nos países membros.O Departamento de Estruturas,' Programas eMétodos de Educação da Unesco, dirigido peloProt. Jean Knapp facilita o acesso aos "countryprorües", como são conhecidas as fichas azuísque formam o conjunto dmãmíco dos "Profilesdes Systemes d'Education" daquele órgão. Afinal,por intermédio de Governos, pode-se analisar asérie confidencial de "Rapports pour Ies Go.vernements", preparados para o Banco Mundial,por especialistas, com visão fortemente realístae crítica, na área de programas.

14) Ver sobre o assunto trabalho do Pro!.A. Iantsov, da Acadernía de Ciências Pedagógi­cas da URSS, in Perspectives, n." 4, Paris. 1970.

15) Idem. \16) Dave, R.H. "Education Permanente cf;

Programme Scolaire", Hamburgo, 1973.

0296 Quarta-feira 12 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1915

17) Hennion, Jean-Pierre, "Une Expériencede Trava11 Jridéperidarrt" in Lc TravaU Indé­pendant, Les Amis de Sêvre, n,? 3, Centre Intel'­national d'Etudes Pédagogíques, Sêvres, 1974.

18) Arsenyev e Markouchevitch, "Perspecbí­ves" in Perspectíves n.v I, Paris 1969, Jll o se­guinte o texto original: "Aprês s'être passíonné- à la fin des années víngt - pour un enseíg­nement de caractere complexe, pour la méthodedes ",centres d'intárêt" et pour d'autres ínnova­tíons pédagogiques alors à la mode (selon Ies­qnelles le processus d'apprentissage reposait enpremier lieu SUl" I'expéríenee de l'enfant et sesgõuts personnels, ees rnots étant pris dans Ieuracceptlon étroíte) , I'enaeígnement soviétiques'étaít vu doté, apês 1930, d'une orgamtsatíon sys­térnatrque, subordonnée - autant que le bonsens et les nécessrtéa pédagogíques le permet­taient - à la structure et à la Iogíque desgrandes disciplines scientifiques.

19) Vide nota 14.20) O tema do "desperdícío escolar" ("westa­

ge" ou "déperdition", em inglês ou francês) vemdespertando cada vez mais o interesse dos espe­cialistas. Uma das obras mais completas aindaé a de Paul!, L. e Brml'ler, M.A., "La DéperditiollScolaire, un Problême Mondial" Paris, 1971.

21) Dbra citada na nota anterior, pág. 20 e21.

22) Há uma longa bibliografia que relata es­tudos realizados em áreas socialmente desfavore­cidas, reveladoras da importáncia da escola.Mary Ainsworth, por exemplo, apresenta o QLde alguns bebês africanos, medido por reações,como bastante superior à média mundial. Porfalta de desenvolvimento (OU talvez também porbaixos padrões de saúde), o nivel médio do Q.I.apresenta violenta queda pouco depois, ficandoas crianças da região abaixo dos niveis interna­cionais correspondentes, Ainsworth, Mary D.,"Infancy en Uganda", John Hopkíns UníversityPress Baltimore, 1967. Sobre o assunto, a tituloexempliflcativo: Foss, B. M.. "The Developmentof ml'ant-mother interaction among the Ganda",Londres, 1963 ou MaxwelJ Jr., WillJam "L'élabo­ratiOll des Programmes Scolaíres au Nigéria",in Perspectives, n.O 4, Paris, 1970.

23) Sobre o tema geral deste capitulo da Jus­tificatlva - DemOCratização e EfICiência da Es­cola - que nos parece essencial para uma ané.­lise séria do ensino brasileiro, sugerimos umabibliografia, levantada com a colaboração deespecialistas da Ur..eseo: Barbosa Faria, ReginaMarta: "El rendimento escolar y süs causales",Escuela latinoamericana de sociologia, ,Santiago,1969. Beer, Franz; Kutalek, Norbert; Schnen,Hermann, "Der Einfluss von Inteliígenz undMilieu auf die Schulleistung" (A influência daintellgência e do melo social sobre o rendimentoescolar), Verlag für Jugend un Volk, Viena,196B. Bernstein, Basil, "A critique of the conceptof "compensatory education", in: Ruhensteen,David, Stoneman, Colin, éd. Education for de­n'f3Cl:aCY, Penguin Books Harmondsworth, 1970.Bureau international d'éducation, "Le milieu so­cial des élêves et lems chances de succés àrécole: réporu;es des Etats membres à I'enquêtede l'Unesco": BIE (microfichas), Genebra, 1971.Claeys, P.C. ;'Perfomance and talent the pro­motion task of the famlly", in: Matthyssen,M.A.; vervoart, C.E., éd. Education in EuropeGravenhage, 1968. Clignet, R.; Foster, P. "Thefortunate few" North Western University Press,Evanston, 1966. Coleman, James E., et aI. "Equa­lity of educationa1 opportunity." GovernmentPrinting Office, Washington, 1966 (um estudoIlObre O Civil' Rights Act, de 1964). Cordasco,Francesco; HUlson, Manrie; Bul1ock, Henry A.,"Tlle schoOl in the social order: a socialogicalintroduction to educational undcrstanding",InUlrnational textbook Company, Scranton, 1970.Costa, Maria Corda, "Recherche SUl' les facteurssocio-économiques que coJMtitionent là poursuiteet l'Ol'ientatlOn des études dans certains quar­tiers romains", in: Visalberghi, A. Educazione eoondizionamento sociale, Laterza. Bari, 1964.

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24) Sobre ° assunto, seria conveniente a le1­tura dos excelentes trabalhos do geógrafo bra­sileiro Hildegard O'Reil1y Eternberg, atualmen­te profes,sor na Universidade da Califórnia. Taistrabalhos podem ser pesquisados em números es­parsos da Revista Brasileira de Geografia, so­bretudo entre os anos 1950-1960. Durante muitotempo, manteve-se a idéia do que imigrante.!!poderiam pôr em risco a Ullidade nacional, semantivessem, ao chegar, seus costumes, linguae padrões qe trabalho. As autoridades procura,ram dissolvê-los quando nosso interesse serIaexatamente o de reuni-los para que não dílu1s­sem seus melhores hábito§. agrícolas ou de tm­balhos artesanal e induetria1. Com sua gl'andezae sua personalidade formada o Brasil assimila­ria em poucas geraçõe1. o grupo imigrado, semriscos para a integração na,cional.

25) Desenvolvemos mais largamente ° assun­to em discurso que pronuneiamos no ConsclhoUniversitário da Universidade Federal do Rio deJaneiro, em 1973, in "Boletim de Ariel", n.­7/1974.

?Al) Ver nota n.o 10.

27) "Education dans le Monde", prefácIo(vlde nota 13).

28) "Thecoslovaquie", in "Education :lams leMonde" (vide nota 13).

29) Idem.

30) Para a análise da estrutura do ensinode 2.° grau em vários países, sugerimos consultaa obras cttadas n!;! nota n.o 13.

31) Parecer n." 76;75. Aprovado em 2.3-1-711.

32) Nenhum Estado brasileiro, sem exceção,é ClllpllZ de informar com precisão o custo doaluno/ano na rede oficial. Be se computa.reminvestimentos realizados, depreciação de mate­rial, eustos indiretos, e mais as despesas orça.-

Março de 1975 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 0297

mentárías e não orçamentárias (inclusive auxi­lias federais), em qualquer unidade, o custoaluno/ano tenderá a ser várras vezes superiorao custo das bolsas pagas às escolas particulares.

33) Jj; a seguinte a íntegra dos artigos 176, 177,178 da constituição Federal: Art. 176 - A edu-­cação, ínspirada no princípio da unidade nacio­nal e nos ídeals de Iíberdade e sohdariedade hu­mana, é direito de todos e dever do Estado, eserá dada no lar e na escola.

S 1.° O ensmo será rnmistrado nos diferen-tes graus pelos Poderes Públicos. '

§ 2.° Respeitadas as disposições legais, oensino é livre à ímcíatíva partacular, lO qual me­recerá o amparo técnico e financeiro dos Po­deres Públicos inclusive mediante bolsas de es­tudo.

§ 3.° A legislação do ensino adotará os ge­

guintes príncrpios e normas:

I - o ensino prrmário somente será ministradona Iíngua nacional:

II - o ensino prímário é ohrigatórlO pare to­dos, dos sete aos quatorze anos, e grauuto nosestabetecimentos oríciaís:

lU .c: o ensino pubnco será igualrnenLe gra­turto para quantos no rnvel memo e no superior,demonstrarem erenvo aproveitamento e prova­rem lalta ou msuneiéncia ue recursos;

IV - O Poder Púbhco subsutuira gl'ooatlva­mente, o regime de gratuidaue nóenslno memoe no superior pelo sistema de concessão de uol­sas-ne-estuco, mediante restituição, que a leiregulará:

V - o ensino religíoso, de matricula faculta­tiva, consntuirá disciplmâ dos horarios 110rJlHllSdas escolas otícíaís de grau prímario e médio;

VI - o provimento dos cargos imorais e rmaísdas cai-ren-as do magistério de grau médio esuperior dependera, sempre, de prova de hamh­tação, que constatará em recursos públicos deprovas e títuíos, quando se tratar de ensino OfI­cial, e

VII - a liberdade de comunicação de conne­cimentos- no exercício do magístérro, ressalvadoO disposto no artigo 154.

Art. 177. Os Estatdos e o DIstrito Federal 01'­

gamzarão os seus sistemas de enS1DO. e a trmão,os dos Tenitórios, assim como o SIstema federal,que terá caráter supletivo e se estenderá a todoo Pais, nos estritos limites das deficiências locais.

R 1.0 A União prestará assistência técnica efinanceira aos Estados e 00 Distrito Federal paradesenvolvimento dos seus SIstemas de ensine.

§ 2.0 Cada sistema de ensl110 terá, obrigato­riRmente, serviços de assIstência educacional. queassegurem aos alunos necessitados condIções deefIciência escolar.

Art. 178. As empresas comerciaris, industriaise agricolas são obrigadas a manter o ensino pri­mário gratUIto de seus empregados e o e'hBinodos filhos destes, entre os sete e os quatorze anos,ou a concorrer para aquele flUI, mediante acontrIbUIção do salárIO-educação, na forma quea lei estabelecer.

Parágrafo único. As empresas comerciais ejp.dustriais sáo ainda obngadas a assegmal", em'60operação, condições de aprendIzagem aos seus·tJ'abalhadores menores e a' promover o preparo.de seu pesao,"1 qualificadA}.

34) Mantivemos o texto original dos disposi­lÍ,ivos da Lei n." 5.692, sempre que não nos pa­"JJeceu haver motivo relevante para emendá-los.':Em muitos casos, preferiríamos outr" redação,,.aro outros, parece-nos sm'gIrem dispositIVOS su­.pérfiuos. Não nos pareee, entretanto, de bom'~lvitI'e a modificação constante de textos legais,,o que confunde estudiosos e an81lístas da ma­téna. Por isso foi seguida a politica de se sugeri-

rem apenas ~1S modífícações que parecem essen­ciais.

BIBLIOGRAFIA RESUMIDA

(OS trabalhos mais importantes citados nestaJustificatIva) •

t

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voI. n n.o 3 - 1972.

(.) Não se repetiu aqui a BlbllO@;l'afl3. Cltadn. nasno'taf, desta JustIflCatlva.

/

LEGISLAÇÁO CITADA ANEXADA PELACOORDENAÇÃO DAS COMISSõES

PERMANENTES

LEI N.o 5.692,DE 11 DE AGOSTO DE 1971

Fixa Diretrizes 'e Bases para o ensinode L" e 2.° graus, e dá outras provi­dências.

O Presidente da República

Faç.o saber que o Congresso Nacional de­creta e eu sanciono a seguinte LeI:

CAPíTULO IDo Ensino de 1.° e 2.° graus

Art. 1.0 O ensino de 1.0 e 2.° graus tempor objetivo geral proporcionar ao edu­cando a formação necessária ao desenvol­vimento de suas potencialidades como ele­mento de auto-realização, qualificação pa­ra o trabalho e preparo para o exercícíoconsciente da cidadania.

§ 1.0 Para efeito do que dispõem os arts.176 e 178 da Constituição, entende-se .porensino prímárro a educação corresponden­te ao ensino de primeiro grau e por ensinomédio, o de segundo grau,

§ 2.0 O ensino de 1.0 e 2.0 graus seráministrado obrígatoriamente na língua 'na­cional.

Art. 2.° O ensino de 1.0 e 2,° graus seráministrado em estabelecimentos criados oureorganizados sob critérios que assegurema plena utilização dos seus recursos mate­riais e humano,", sem duplicação de meiospara fins idênticos ou equivalentes.

Parágrafo único. A organização admi­nistrativa, didática e disciplinar' de cadaestabelecimento do ensino será reguladano respectivo regimento, a ser aprovadopelo órgão próprio do sístema, com obser­vância de normas fixadas pelo respectivoConselho de Educação.

Art. 3.0 Sem prejuízo de outras soluçõesque venham a ser adotadas, os sistemas deensino estimularão, no mesmo estabeleCi­mente, a oferta de modalidades diferentesde estudos integradas por uma base comume, na mesma locaildade:

a) a reunião de pequenos estabelecimen­tos em unidades mais amplas;

b) a entrosagem e a tntercompletaríeda­de dos estabelecimentos de ensino entre siou com outras instituições sociais, a fimde aproveitar a capacidade ociosa de unspara suprir deficIências de outros;

c) a organização de centros interesco­lares que reúnan'l serviços e disciplinas ouáreas de estudos comuns a vários estabe­lecimentos.

Art 4.0 Os curriculos do ensino de 1.0 e2.0 graus terão um núcleo comum, obriga­tório em âmbito nacional, e uma partediver.sificada para atender, conforme asnecessidades e possibilidades concretas, à.speculiaridades locais, aos planos dos esta­belecimentos e às diferencas individuais dosalunos. >

§ >1.0 Observar-se-ão as seguintes prescri­ções na defiriíção dos conteúdos curricula­res;

I - O Conselho Federal de Educação fi­xará pará cada grau as matérias relativasao núcleo comum, definindo-lhes os obje­tivos e a amplitude.

II - Os Conselhos de Educação relacio­narão, para os respectivos sistemas de en­sino, as matérias d.entre as quais poderácada estabelecimento escolher as qUe de­vam, constituir a parte diversificada.

III - Com aprovação do competenteConselho de Educação, o estabelecimento

'0298 Quarta-feira 12 DIáRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1975

-~=~~==~~==~=~==~==========~

poderá incluir estudos não decorrentes dematérias relacionadas de acordo com o in­ciso anterior.

§ 2.0 No ensino de 1.0 e 2.0 graus dar-se-áespecial relevo ao estudo da língua nacío­rial, corno instrumento de comunicação ~

como expressão da cultura brasileira.§ 3.° Para o ensino de 2:" grau, o Con­

selho Federal de Educação fixará, além donúcleo comum, o minímo a ser exigido emcada habilitação profissional ou conjuntode habilitações afins.

§ 4.0 Mediante aprovação do ConselhoFederal de Educação, os estabelecimentosde ensino poderão oferecer outras habili­tações profissionais para as quais não haj amínímcs de curriculo previamente estabe­lecidos por aquele órgão, assegurada a va­lidade nacional dos respectivos estudos.

Art. 5.0 As disciplinas, áreas de estudoe atividades que resultam das matérias fi­xadas na forma do artigo anterior, com asdisposições necessárias ao seu relaciona­mento, ordenação e seqüência, constituirãopara cada grau o currículo pleno do esta­belecimento.

§ 1.0 Observadas as normas de cada sis­tema de ensino, o currículo pleno terá umaparte de educação geral e outra de for­mação especial, sendo organizado de mo­do que:

a) no ensino de primeiro grau, a partede educação geral seja exclusivamente nasséries iniciais e predominantes nas finais;

b} no ensino de segundo grau, predo­mine a parte de formação especial.

§ 2." A parte. de formação especial docurrículo:

a) terá o objetivo de sondagem de apti­dões e iniciação para o trabalho, no ensi­no de L" grau, e de habilitação profissio­nal, no ensino de 2.0 grau;

b) será fixada, quando se destine a ini­ciação e habilitação profissional em con­sonância com as necessidades do mercadode trabalho local ou regional, à vista delevantamentos periodicamente renovados.

§ 3." E~cepcionalmente, a parte especialdo currículo poderá assumir, no ensino de2. 0 gr:l>u, o caráter de aprofundamento emdeterminada ordem de estudos gerais, para'atender a aptidão específica do estudante,por índícacão de professores e orientado­res.

Art. 6.0 As habilitações profissionais po­derão ser realizadas em regime de coope­ração com as empresas.

Parágrafo único. O estágio não acarre­tará para as empresas nenhum vinculo deemprego, mesmo que se remunere o alunoestagiário. e suas obrigações serão apenasas especificadas no convênio feito com oestabeleeímento.

Art. 7.0 Será obrigatória a inclusão deEduc~,ção Moral e Cívica, Educação Física,Educação Artistica e Programas de Saúdenos currículos plenos dos estabelecimentosde L'" e 2.0 graus, observado quanto à pri­meira o disposto no Decreto-lei n. O 869, de12 de setembro de 1969.

Parágrafo único. O ensino religioso. dematrícula facultativa, constituirá discipli­na dos horários normais dos estabelecimen­tos oficiais de 1.0 e 2.0 graus.

Art, 8.0 A ordenação do currículo seráfeita por séries anuais de disciplinas ouáreas de estudo organizadas de forma apermitir, conforme o plano e as possibili­dades do estabelecimento, a inclusão deopções que atendam às diferenças indivi­duais dos alunos e, no ensino de 2.0 grau,ensejem variedade de habilitações.

§ 1.0 Admitir-se-á a organização semes­tral no ensino de 1.0 e 2.0 graus e, no de2.0 grau, a matricula por disciplina sobcondições que assegurem o relacionamento,a ordenação e a seqüência dos estudos.

§ 2. 0 Em qualquer grau, poderão organi­zar-se classes que reúnam alunos de dife­rentes séries e de equivalentes níveis deadiantamento, para o ensino de línguas es­trangeiras e outras disciplinas, áreas deestudos e atividades em que tal soluçãose aconselhe.

Art. 9.0 Os alunos que apresentem de­ficiências físicas ou mentais, os que se en­

-contrem em atraso considerável quanto àidade regular de matrícula e os superdo­tados deverão receber tratamento especial.de acordo com as normas fixadas peloscompetentes Conselhos de Educação.

Art. 10. Será instituída obrigatoriamen­te a Orientação EducaCional, incluindoaconselhamento vocacíonal, em cooperaçãocom os professores, a família e a comuni­dade.

Art. 11. O ano e o semestre Ietivos, in­dependentemente do ano civil, terão, nomínimo, 130 e 90 dias de trabalho escolarefetivo, respecttvamente, excluído o temporeservado às provas finais caso estas sejamadotadas.

§ 1.0 Os estabelecimentos de ensino de1.° e 2.0 graus funcionarão entre os pe­ríodos letivos regulares para, além de ou­tras atividades, proporcionar estudos derecuperação aos alunos de aproveitamentoinsuficiente e ministrar, em caráter inten­sivo, disciplinas, áreas de eê,tudo e ativida­des planejadas com duração semestral, pemcomo desenvolver programas de aperfeiçoa­mento de professores e realizar cursos es-peciais de natureza supletiva. -

§ 2.0 Na zona rural, o estabelecimentopoderá organizar os períodos letivos, comprescrição de férias nas épocas do plantioe colheita de safras. conforme plano apro­vado pela competente autoridade de ensino.

Art. 12. O regimento escolar regulará asubstituição de uma disciplina, área de es-

. tudo ou .atividade por outra a que se atri­bua idêntico ou equivalente valor forma­tivo, excluídas as que resultem do núcleocomum e dos mínimos fixados para as ha­bilitações profissionais.

Parágrafo único. Caberá aos O:mselhosde Educação fixar, para os estabeleci­mentos situados nas respectivas jurisdições,os critérios gerais que deverão presidir aoaproveitamento de estudos definido nesteartigo.

Art. 13. A transferência do aluno de umpara outro estabelecimento rar-se-á pelonúcleo comum fixado em âmbito nacionale, quando fôr o caso, pelos mínímos esta­belecidos para as habilitações profissionais,conforme normas baixadas pelos competen­tes Conselhos de Educação.

Art. 14. verificação do rendimento es­colar ficará, na forma regimental, a cargodos estabelecimentos compreendendo aavaliação do aproveitamento e a apuraçãoda assiduidade.

§ 1.0 Na avaliação do aproveitamento,a ser expressa em notas ou menções, pre­ponderarão os aspectos qualitativos sobreos quantitativos e os resultados obtidos du­rante o período letivo sobre os da provafinal, caso esta seja exigida.

§ 2.0 O aluno de aproveitamento ínsu­ficiente poderá obter aprovação medianteestudos de recuperação proporcionadosobrigatoriamente pelo estabelecimento.

§ 3.0 Ter-se-á como aprovado quanto àassiduidade:

a) o aluno de freqüência igualou supe­rior a 75% na respectiva disciplina, áreade estudo ou atividade;

b) o aluno de freqüência inferior a 75%que tenha tido aproveitamento superior' a80% da escala de notas ou menções ado­tadas pelo estabelecimento;

c} o aluno que não se encontre na hi­pótese da alínea anterior, mas com fre­qüência igualou superior ao mínimo esta­belecido em cada sistema de ensino pelorespectivo Conselho de Educação, e quedemonstre melhoria de aproveitamentoapós estudos a titulo de recuperação. '

§ 4.0 Verificadas as necessárias condi­ções, os sistemas de ensino poderão admi­tir adoção de critérios que permitam avan­ços progressivos dos alunos pela conjuga­ção dos elementos de idade e apro verta­mente,

Art. 15. O regimento escolar poderáadmitir que no regime seriado, a partir da7.'" série, o aluno seja matriculado com de­pendência de uma ou duas disciplinas,áreas de estudo ou atividades de série an­teríor, desde que preservada a seqüênciado currículo.

Art. 16. Caberá aos estabelecimentos ex­pedir os certificados de conclusão de série,conjunto de disciplinas ou grau escolar eos diplomas ou certificados correspondentesàs habilitações profissionais de todo o en­sino de 2.° grau, ou de parte deste.

Parágrafo único. Para que tenham va­lidade nacional, os diplomas e certificadosrelativos às habilitações profissionais de­

. verão ser registrados em rórgâo local doMinistério da Educação e Cultura.

CAPÍTULO nDo Ensino de 1.0 Grau

Art. 17. O ensino de 1.0 grau destina-seà formação da criança e do pré-adolescen­te variando em conteúdo e métodos segundoas fases de desenvolvimento dos alunos.

Art. 18. O ensino de 1.0 grau terá a du­ração de oito anos letivos e compreenderá,anualmente, pelo menos no horas de ati­vidades.

Art. 19. Para o ingresso no ensino de1.0 grau, deverá o aluno ter a idade mini­ma de sete anos.

§ 1.0 As normas de cada sistema dispo­rão sobre a possibilidade de ingresso noensino de primeiro grau de alunos com me­nos de sete anos de idade.

§ 2.0 Os sistemas de ensino velarão paraque .as crianças de idade inferior a sete anosrecebam conveniente educação em escolasmaternais, jardins de íntãncía e instituí­ções equivalentes.

Art. 2D. O ensino de I." grau será obri­gatório dos 7 aos 14 anos, cabendo aos Mu­nicípios promover, anualmente, o levanta­mento da população que alcance a idadeescolar e proceder à sua chamada para ma­tricula.

Parágrafo único. Nos Estados, no Dis­trito Federal, nos Territórios e nos Muni­cípios deverá a administração do ensinofiscalizar o cumprimento da obrigatoriedadeescolar e incentivar a freqüência dos alunos.

CAl';iTULO IrIDo Ensino de 2.0 Grau

Art. 21. O ensino de 2.0 grau destina-seà formação integral do adolescente.

Parágrafo único. Para ingresso no ensi­no de 2.ó grau, exigir-se-á a conclusão doensino de 1.0 grau ou de estudos equíva­lentes.

DlA~IO Dl> CONGRESSO NACIONAL (Seçã.o I) Quarta-feira 12 6299

Art, 22, O ensino de 2.0 grau terá três ouquatro séries anuais, conforme previsto paracada habíljtaçâo, compreendendo, pelo me­nos, 2.200 ou 2.900 horas de trabalho esco­lar efetivo, respectivamente.

Parágrafo único. Medíafite aprovaçãodos respectívos Conselhos de Educação, 08sístemas de ensino poderão admitir que noregime de matrícula por díseíplína, o alunopassa co;o.c.luír·em dois anos J::lO mínimo, ecinco no mâxímo, os eatndos corresponden­tes a três séries da escola de 2.0 grau.

Art. 23, Observado o !!ue sobre o assuntoconste dii legislação própria: "

a) fi. conclusão da a.a sétie do ensino de2:° grau ou do correspondente no regimede matricula por disciplinas, habilltará ao)I;ll'OllSeguimento de estudos em grau su­perior; .

b) os estudos correspondentes a 4.0 sériedo ansíno de 2.° grau poderão, quando equi­valente, ser aproveítados em curso superiorda mesma área-ou de áreas afina.

CaPíTDLD TVDo Ensino Supletivo

Art. 24. O ensino supletivo terá por fi­nalidade:

a) suprir a escolarização regular para osadolescentes e adultos que não a tenhams-eguido ou concluído na idade própria;

b) proporcionar, mediante repetida voltaà escola, estudos de' aperfeiçoamento ouatualízação para os que tenham seguido oensino regular no todo ou em parte.

Parágrafo único. O ensíno snpletívoabrangerâ cursos e exames a serem orga­nizados nos vários sistemas de acordo comas normas baíxadas pelos. respectivos Con­selhos dé Educação.

Art. 25. ri ensíno supletívo abrangerá,conforme as necessidades a atender, desdea iniciação no ensino de ler, escrever e COn­tar e a f01':1Dação lll'Ofi.s.slonal defin;ida em

. lei específica até o estuà,o intensivo de dis­ciplinas do ensino regular e a atualizaçãode conhecimentos.

§ 1.0 Os cursos supletivo.s terão estrutura,duraçãe e regime escolar que se ajustemàssuas finalidades próprias e ao tipo espeeíalde aluno a que SI!! deetínam.

§ 2.0 Os cursos supletívos serão minis­trados em classes ou mediante a utilizaçãode rádio, televisão. correspondêncía e outrosmeios de comunicação que permitam alcan­çar o maior núrnero de alunos.

Art. 26. Os exames supletivos compreen­derão a parte elo currículo resultante donúcleo comum, fixado pelo Conselho Fe­deral de E6uéação, h~tando ao prosse­guímsntc de eBtudos em caráter regular, epcdsráo, quando realizados para o exclusivoefeito de habilitação profísaíonal de 2,°grau, abranger somente o mínímo estabe­lecido pelo mesmo Con.selho.

§ 1.0 Os exames a que se refere esteartigo deverão realizar-se:

a) ao nível de conclusão do ensino de 1.°',grau, para os maiores de 18 anos;

b) ao nível de conclusão do ensíno de 2.0grau, para os maiores de 21 anos.

§ 2.° Os exames supletivos ficarão acargo de estabelecimentos oficiais ou reeo­nhecídos Indicados nos vários sistemas,anualmente, pelos respectívos conseínos deEducação.

§ 8.° Os exames supletívos poderão serunificados na jurisdição de todo um sistemade ensino, ou parte deste. de acordo comnormas especiais baixadas pelo respectivoConselho de Educação.

Art. 27. Desenvolver-se-ão, ao nível deuma ou mais das quatro últimas séries doensino de 1.° grau, cursos de aprendizagemmínístrados a alunos de 14 a 18 anos, em .complementação lia eseolariaação regular,e, a esse nivelou ao de 2,° grau, cursos in­temivos de qualificação protíssíonal,

Parágrafo único. Os cursos de aprendi­zagem e os de quaãríeação darão direito aprosseguimento de estudos quando inclui­rem díscíplínas áreas de estudo e atividadesque os tornem equivalentes ao ensino regu­lar, conforme estabeleçam as normas dosvários sístemas.

Alt. 28. os certificados de aprovação emexames supletívoa e os relativos à conclusãode cursos de aprendizagem 'e qualificaçãoserão expedidos pelas instituições que OI!mantenham.

CAPíTULO VDos Professores e E~pecia1ístas

Art. 29. A formação de professores e es­pecialistas para o ensino de 1,° e 2,° grausserá feita em níveis que SE elevem progres­sivamente, ajustando-se às diferenças cul­turais de cada região do Pais, e com orien­tação que atenda aoS objetivos especificasde cada grau, às earacterístícas das disci­plinas. áreas de estudo ou atividades e àsfases de desenvolvimento dos educandos.

Art. 30. Exigir-.se-á como formação mí­nima para o exercício do magistério:

a) no ensino de 1.0 grau, da La à 4.1' sé­ries, habilitação específica de 2,° grau;

b) no ensino de 1.0 grau, da La à 8," sé­ries, habilitação especíríea de grau superior,ao nível de graduação, representada por li­cenciatura de 1.0 grau obtida em curso decurta duração; ,

c) em todo o ensino de L" e 2.° graus,habilitação específica obtida em curso su­perior de graduação correspondente a lícen­cíatura plena,

§],o Os professores a que se refere a le­tra "a" -poderão lecionar na 5." e 6." sériesdo ensino de 1.0 grau se a sua habilitaçãohouver 'sido obtida em quatro séries ou,quando em três mediante estudos adicionaiscorrespondentes a um ano letlvo que inclui­rão, quando fôr o caso, formação pedagó­gica.

§ 2.0 . Os professores a que se refere aletra b poderão alcançar, no exercício domagistério a 2." série do ensino de 2.0 graumediante estudos adicionais eorresponden­tes no mínimo a um ano letivo.

§ 3.0 Os estudos adicionais referidos aosparágrafos anteriores poderão ser objeto deaproveitamento em. cursos ulteriores.

Art. 31. A.s licenciaturas de L° grau e osestudos adicionais referidos no § 2.0 do ar­tigo anterior serão ministrados nas univer­sidades e demais ínstítuíções que mante­nham cursos de duração plena.

Parágraro único. As líeencíaturas de 1.0grau e os estudos adicionais, de preferêncianas comunidades menores, poderão tambémser ministradas em faculdades, centros, es­colas, institutos e outros tipos de estabe­lecimentos .criados Ou adaptados Para, essefim, com autorização e reconhecimento naforma da Lei. ...

Art. 32. O pessoal docente do ensino su­pletivo terá preparo adequado às caracte­rísticas especíaís desse tipo de ensino, deacordo com as normas estabelecídas pelosComelhos de Educação.

Art. 33, A formação de administradores,plane] adores, oríentadores, inspetores, su­pervísores e demais especialistas de educa­ção será feita em curso superior de gradua-

ção. com duração plena ou curta, ou de pós­graduação.

Art. 34. A admissão de professores e es­pecialistas no ensino oficial de 1.0 e 2.0graus rar-se-á por concurso público de 1'1'0­vas e titulas, obedecídas para inscrição asexígêneías de formação constantes destaLei.

Art. 35. Não haverá qualquer distinção,para efeitos didáticos e técnicos, entre osprofessoree e especialistas subordinados aoregime das leis do trabalho e os admitidosno regime do .serviço público,

Art. 36. Em cada sistema de ensino, ha­verá um estatuto que estruture a carreirade magistério de LO e 2.° graus, com aces­sos graduais e sucessivos, regulamentandoas dísposiçôea especificas da presente Lei ecomplementando-as no quadro da organíza.,ção própria do sistema.

Art. 37, A admissão e a carreira de pro­fessores e especialistas, nos estabelecimen­tos particulares de ensino de 1.0 e 2.° graus,obedecerão às disposições especificas destaLei, às normas constantes obrigatoriamen­te dos respectivos regimentos e ao regimedas Leis do Trabalho.

Art. 38. os sistemas de ensino estimula­rão, mediante planejamento apropriado. oaperfeiçoamento e atualização constantesdos seus professores e especialistas de Edu­cação.

Art. 89. Os sistemas de ensino devem fi­xar a remuneração dos nrof'esscres e espe­cialistas de ensino de L° c 2.° graus, tendoem vista a maior qualificação em cursos eestágios de formação, aperfeiçoamento ouesjrecíalízacâo, sem distinção de graus esco­lares em que atuem.

Art. 40. Será condição para exercícío demagístérlo ou especialidade pedagógica oregistro profíssíonal, em órgão do Ministé­rio da Educação e Cultura; dos titularessujeitos à formação de grau superior.

CaPíTULO VIDo Financiamento

Art. 41. A educação ccnstltul dever daUnião, dos Estados,' do Distrito Federal. dosTelTitórIos, dos Municípios, das empresas,da familía e da comunidade em geral, queentro.sarão recursos e esforços para promo­vê-la e incentivá-la.

Parágrafo único. Respondem, na formada lei, solidariamente com o Poder Público,pelo cumprimento do preceito constitucionalda obrigatoriedade escolar, os pais ou res­ponsáveis e os empregadores de toda nature­za de que os mesmos sejam dependentes.

Art," 42. O ensino nos diferentes grausserá ministrado pelos poderes públicos e,respeitadas as leis que o regulam, é livre àiniciativa' particular.

Art. 43. Os recursos públicos destinadosà educação serão aplicados preferencial­mente na manutenção e desenvolvimentodo ensino oficial, de modo que se assegu­rem:

a) maior número possível de oportunida­des educacionais;

b) a melhoria progressiva do ensino, oaperfeiçoamento e a assistência ao magtsté­1'10 e aos serviços de educação;

e) o desenvolvimento científico e tecno-lógico, .

Art. 44, Nos estabelecimentos oficiais, oensino de 1.0 grau é gratuito dos 7 aos 14anos, e o de níveis ulteriores sê-la-á paraquantos provarem falta ou insuficiência derecursos e não tenham repetido mais de umano letivo ou estudos correspondentes noregime de matrícula por disciplinas.

0300 Quarta-feira 12

Art. 45.' As instituições de ensino manti­das pela iniciativa particular merecerãoamparo técnico e financeiro do Poder PlÍ­bííco, quando suas condições de funciona­mento forem julgadas satisfatórias pelos ór­gãos de fiscalização, e a suplementação de

. seus recursos se revelar mais econômicapara o atendimento do objetivo.

Parágrafo único. O valor dos auxíliosconcedidos nos termos deste artigo será cal­culado COm base no número de matriculasgratuitas e na modalidade dos respectivoscursos, obedecidos padrões mínimos de efi­ciência escolar previamente estabelecidos etendo em vista o seu aprimoramento.'Art: 46. O amparo do Poder público a

quantos demonstrarem aproveitamento eprovarem falta ou insuficiência de recursosfar-se-á sob forma de concessão de bolsasde estudo.

Parágrafo único. Somente serão conce­didas bolsas de estudo gratuitas no ensinode 1.0 grau quando não houver vaga em es­tabelecimento oficial que o aluno possa fre­qüentar com assiduidade.

Art. 47. As empresas eomercíaís, indus­triais e agrícolas são obrigadas a manter oensino de 1.0 grau gratuito para seus em­pregados e o ensino dos filhos destes entreos sete e os quatorze ,anos ou a concorrerpara esse fim mediante a contribuição dos!l:lário-educação, na ~orma estabelecida porleI.

Art. 48, O salário-educação ínstítuídopela Lei n.o 4.440, de 27 de outubro de 1964,será devido por todas as empresas e demaisentidades públicas ou privadas, vinculadasà Previdência Social, ressalvadas as exce­ções previstas na legislação especifica.

Art. 49. As empresas e OS proprietáriosrurais, que não puderem manter em suasglebas ensíno para os seus empregados e osfilhos destes, são obrigados, sem prejuízo dodisposto no art. 47, a facilitar-lhes a fre­qüência à escola mais próxima ou a PrQ­pieiar a instalação e o funcionamento de es­colas gratuitas em suas propriedades.

Art. 50. As empresas comerciais e in­dustriais são ainda obrigadas a assegurar,em cooperação, condições de aprendizagemaos seus trabalhadores menores e a promo­ver o preparo de seu pessoal qualificado.

Art. 51. Os sistemas de ensino atuarãojunto às empresas de qualquer natureza, ur­banas ou agr-ícolas, que tenham empregadosresidentes em suas dependências, no senti­do de que instalem e mantenham, conformedispuser o respectívo sistema e dentro daspeculiaridades locais, receptores de rádio etelevisão educativos para o seu pessoal.

Parágrafo único. As entidades parti­culares que recebam subvenções ou auxíliosdo Poder Público deverão colaborar, me­diante oolicitação deste, no ensino suple­tivo de adolescentes e adultos, ou na pro­moção ·de cursos e outras atividades comfinalidade educativo-cultural, instalandopostos de rádio ou televisão educativos.

Art. 52. A União prestará assistência fi­nanceira aos Estados e ao Distrito Federalpara o desenvolvimento de seus sistemas deensino e organizará o sistema federal, queterá caráter supletivo e se estenderá portodo o Páís, nos estritos [ímítes das defi­ciências locais.

Art. 53. O Governo Federal estabeleceráe executará planos nacionais de educaçãoque, nos termos do art. 52, abrangerão osprogramas de iniciativa própria e os deconcessão de auxílios.

Parágrafo único. O planejamento seto­rial da educação deverá atender às díretri­

- ses e normas do 'Plano-Geral do Governo,de modo que a programação a cargo dos ór­gãos da direção superior do Ministério da.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Educação e Cultura se integre harmoníea­mente nesse Plano-Geral.

Art. 54. Para efeito de concessão de au­xílios, os planos dos sistemas de ensíno de­verão ter a duração de quatro anos, seraprovados pelo respectivo Conselho de Edu­cação e estar em consonâncía com as nor­mas e critérios do planejamento nacionalda educação.

§ 1.° A conces'são de auxílio federal aossistemas estaduais de ensino e ao sistemado Distrito Federal visará a corrigir as di­ferenças regionais de desenvolvimento só­cto-econômlco, tendo em Vista renda percapíta e população a ser escolarizada, o reg­pectívo estatuto do magistério, bem como aremuneração condigna e pontual dos pro­fessores e o progresso quantitativo e quali­tativo dos serviços de ensino verificado nobiênio anterior.

§ 2_° A concessão do auxilio financeiroaos sistemas estaduais e ao sistema do Dis­trito Federal rar-se-ã mediante convênio,com base em planos e projetos apresentadaspelas respectivas administrações e aprova­dos pelos Conselhos de Educação.

§ 3.° A concessão de auxílio financeiroaos programas de educação dos Municípios,integrados nos planos estaduais, far-se-ámediante convênio, com base rem planos eprojetos apresentados pelas .respectívasadministrações e aprovados pelos Conselhosde Educação. '

Art. 55. Cabe à União organizar e finan­ciar os sistemas de ensino dos Territórios,segundo o planejamento setorial da educa­ção.

Art. 56. Cabe à União destinar recursospara a concessão de bolsas de estudo.

§ 1.° Aos recursos federais, os Estados, oDistrito Federal e os Municípios acrescerãorecursos próprios para o mesmo fim.

§ 2.0 As normas que disciplinam a con­cessão de bolsas de estudo decorrentes dosrecursos federais, seguirão as diretrizes es­tabelecidas pelo Ministério da Educação eCultura, que poderá delegar a entidadesmunicipais de assistência educacional, deque trata o § 2.° do art. 62, a adjudicaçãodos auxílios,

§ 3.° O programa Especial de Bolsas deEstudo (PEBE) reger-se-á por normas es­tabelecidas pelo Ministério do Trabalho ePrevidência Social.

Art. 57. A assistência técnica da Uniãoaos sistemas estaduais de ensino e do Dis­trito Federal será prestada pelos órgãos daadministração do Ministério da Educação-eCultura e pelo Conselho Federal de Educa­ção.

Parágrafo único-, A' assistência técnicaincluirá colaboração e suprimento de re­cursos financeiros para preparação, acom­panhamento e avaliação dos planos eprojetos educacionais que objetivam-o aten­dimento das prescrições do plano setorialde educação da União.

Art. 58. A legislação estadual supletiva,observado o disposto no artigo 15, da Cons­ti tuíção Federal, estabelecerá as responsa­bilidades do próprio Estado e dos seus Muni­cípios no desenvolvimento dos diferentesgraus de ensino e disporá sobre medidas quevisem a tornar mais eficiente a aplicaçãodos recursos públicos destinados à educação.Parágrafo {mico. As providências de quetrata este artigo visarão à progressiva pas­sagem para a responsabilidade municipalde encargo e serviços de educação, especial­mente de 1.0 grau, que pela sua naturezapossam ser realizados mais satisfatoria­mente pelas administrações locais.

Art. 59., Aos municípios que não aplica­rem, em cada ano, pelo. menos 20% da

Matço de 197.5

receita tributária municipal no ensino de1.0 grau aplicar-se-á o disposto no art. 15,§ 3.°, alínea f, da Constituição.

Parágrafo único. Os mumcípíos destina­rão ao ensino de 1.0 grau pelo menos 20%das transferências que lhes couberem noFundo de Participação.

Art. 60. É vedado ao Poder Público e aosrespectivos órgãos da administração indi­reta criar ou auxiliar financeiramente esta­belecimentos ou serviços de ensino que cons­tituam duplicação desnecessária ou disper­são prejudícíal de recursos humanos, a juizodo competente Conselho de Educação.

Art. 61. Os sistemas de ensino estimula­rão as empresas que tenham em seus ser­viços mães de menores de sete anos aorganizar e manter, diretamente ou emcooperação, inclusive com o Poder Públíee,educação que preceda o ensino de 1.0 grau.

Art. 62. Cada sistema de ensino com­preenderá, obrigatoriamente, além de servi­ços de assistência educacional que assegu­rem aos alunos necessitados condições deeficiência escolar entidades que congreguemprofessores e pais de alunos, com o objetivode colaborar para o eficiente funcionamentodos estabelecimentos de ensino.

§ 1.0 Os serviços de assistência educa-­cional de que trata este artigo destinar-se­ão: de preferência, a garantir o cumprimen­to da obrigatoriedade escolar e incluirãoauxílios para a aquisição de material esco­lar, transporte, vestuário, alimentação, tra­tamento médico e dentário e outras formasde assistência familiar.

§ 2.° O Poder Público estimulará a orga­nízacão de entidades locais de assistênciaeducacional, constituídas de pessoas de com­provada idoneidade, devotadas aos proble­mas sócio-educacionais que, em colaboraçãocom a comunidade, possam incumbir-se daexecução total ou parcial dos serviços deque trata este artigo, assim çomo da adju­dicação de bolsas de estudo.

Art. 63. A gratuidade da escola oficial eas bolsas de estudo oferecidas pelo PoderPúblico serão progressivamente substituí­das, no ensino de 2.° grau, pela eoncessãode bolsas sujeitas à restituição.

Parágrafo único. A restituição de quetrata este artigo poderá fazer-se em espé­cie ou em serviços profissionais, na formado que a lei determinar.

CAPITULO VIIDas Disposições Gerais

Art. 1l4. Os Conselhos de Educação pode­rão autorizar experiências pedagógicas, comregimes diversos dos prescritos na presentelei, assegurando a validade dos estudosassim realizados.

Art. 65. Para efeito de registro e exercí­cio profissional, o Conselho Federal de Edu­cação fixará às normas de revalidação dosdiplomas e certificados das habilitações,correspondentes ao ensino de 2.° grau, expe­didos por instituições estrangeiras.

Art. 66. Ficam automaticamente reajus­tadas, quanto à nomenclatura, as disposi­ções da legislação anterior que permaneçamem vigor após a vigência da presente lei.

Art. 67. Fica mantido o 'regime especialpara os alunos de que trata o Decreto-lein.o 1.044, de 21 de outubro de 1969.

Art. 68. O ensino ministrado nos estabe­lecimentos militares e regulado por Iegís­Iação específica.

Art. 69. O Colégio Pedro II integra osistema federal de ensino.

Art. 70. A::; administrações dos sistemasde ensino e as pessoas jurídicas de direitoprivado poderão instituir, para alguns outodos os estabelecimentos de 1,0 e·2.0 grauspor elas mantidos, um regimento comum.que, assegurando a unidade básica estrutu-

Março de 1975

ral e funcional da rede, preserve a necessá­ria flexibilidade didática de cada escola.

CAPíTULO VIIIDas Disposições Transitórias

Art. 71. Os Conselhos Estaduais deEducação poderão delegar parte de suasatribuições a Conselhos de Educação que seorganizem nos Munícípíos onde haj a condi­ções para tanto.

Art. 72. A implantação do regime insti­tuído na presente lei rar-se-á progressiva­mente, segundo as peculiaridades, Possibili­dades e legislação de cada sistema de ensino,com observância do Plano Estadual deImplantação que deverá seguir-se a umplanejamento prévio ela.borado para fixaras linhas gerais daquele, e disciplinar o quedeva ter execução imediata.

Parágrafo único. O planejamento prévioe o Plano Estadual de Implantação, refe­ridos neste artigo, deverão ser elaboradospelos órgãos próprios do respectivo sistemade ensino, dentro de 60 dias o primeiro e210 o segundo, a partir da vigência desta lei.

Art. 73. O Ministro da Educação e Cultu­ra, ouvido o Conselho Federal de Educação,decidirá das questões suscitadas pela tran­sição do regime anterior, para o que seinstitui na presente lei, baixando os atosque a tanto se façam necessários.

Art. 74. Ficam integrados nos respectivossistemas estaduais os estabelecimentos par­ticulares de ensino médio até agora vin­culados ao sistema federal.

Art. 75. Na implantação do regime íns­tituido pela presente lei, observar-se-âo asseguintes 'prescrições em relação a estabele­cimentos oficiais e particulares de 1.0 grau:

I - as atuais escolas primárias deverãoinstituir progressivamente, às séries quelhes faltàm para alcançar o ensino completo

. de 1.0 grau.Ir - os atuais estabelecimentQs que man­

tenham ensino ginasial poderão continuar aministrar apenas as séries que lhes corres­ponder, redefinidas quanto à ordenação e àcomposição curricular, ate que alcancem asoito da escola completa de 1.° grau.

In - os novos estabelecimentos deverão,para fins de autorização, indicar nos planosrespectivos la. ~orma pela qual pretendemdesenvolver, imediata ou progressivamente,o ensino completo de 1.° grau. ,

Art. 76. A iniciação para o trabalho e ahabilitação profissional poderão ser antect­padas:

a) ao nível da série realmente alcançadapela gratuidade escolar em, cada sistema,quando inferior à oitava;

b) para a adequação às condições indivi­duais, inclinações e idade dos alunos.

Art. 77. Quando a oferta de professores,legalmente habilitados, não bastar paraatender às necessidades do ensino, permi­tir-se-á que lecionem em caráter suplemen­tar e a título precário:

a) no ensino de 1.0 grau, até a 8." série,os diplomados com habilitação para o ma­gistério ao nível da 4." séríe de 2.° grau;

b) no ensino de 1.0 grau, até a 6." série,os diplomados com habilitação para o ma­gistério ao nível da 3." série de 2.° grau;

c) no ensino de 2.° grau, até a série final,os portadores de diploma relativo à licen­ciatura de 1.0 grau., Parágrafo único. Onde e quando persis­tir a fálta real de professores, após a aplica­ção dos critérios estabelecidos neste artigo,poderão ainda lecionar:

a) no ensino de 1.0 grau, até a 6.& série,'candidatos que hajam concluído a 8." série e',venham a ser preparados em cursos inten­sivos:

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

b) no ensino de 1.0 grau, até a 5." série,candídatos habilitados em exames de capa­cítacâo regulados, nos vários sistemas, pelosrespectivos Conselhos de Educação;

c) nas demais séries do ensino de 1.0 graue no de 2.° grau, candidatos habilitados emexames de suficiência regulados pelo Con­selho Federal de Educação e realizados eminstituições oficiais de ensino superior indi­cados pelo mesmo Conselho.

Art. 78. 'Quando a oferta de professoreslicenciados não bastar para atender às ne­cessidades do ensino, os profissionais diplo­mados em outros cursos de nívet superiorpoderão ser registrados no Ministério daEducação e Cultura, mediante complemen­tação de seus estudos, na mesma área ouem areas afins, onde se inclua a formaçãopedagógica, observados os critérios estabe­lecidos pelo Conselho Federal de, Educação.

Art. 79. Quando a oferta de profissionaislegalmente habilitados para o exercício dasfunções de direção dos estabelecimentos deum sistema, ou parte deste, não bastar paraatender as suas necessidades, permitir-se-áque as respectivas funções sej am exercidaspor professores habilitados para o mesmograu escolar, com experiência de magistério.

Art. 80. Os sistemas de ensino deverãodesenvolver programas especiais de recupe­ração para os professores sem a formaçãoprescrita no art. 29 desta Lei, a fim de quepossam atingir gradualmente a qualificação

.exigida.Art. 81. Os sistemas de' ensino estabele­

cerão prazos, a contar da aprovação do Pla­no Estadual referido no art. 72, dentro dosquais deverão os estabelecimentos de suajurisdição apresentar os respectivos regi­mentos adaptados à presente Lei.

Parágrafo único. Nos três primeiros anosde vigência desta Lei, os estabelecimentosoficiais de 1.° grau, que não tenham regi­mento próprio, regularmente aprovado, de­verão reger-se por normas expedidas pelaadministração dos sistemas.

Art. 82. Os atuais inspetores federais deensino poderão ser postos à disposição dossistemas que necessitem de sua colaboração,preferencialmente daqueles em cuja juris­dição estej am lotados.

Art. 83. Os concursos para cargos do ma­gistério, em estabelecímentos ·of!ciais, cujasinscrições foram encerradas ate a data dapublicação desta Lei, serão regidos pela le­gislação citada nos respectivos editais.

Art. 84. Ficam ressalvados os direitos dosatuais diretores, inspetores, orientadores eadministradores de estabelecimentos de en­sino, estáveis no serviço público, antes davigência da presente Lei.

Art. 85. Permanecem, para todo o cor­rente ano, as exigências de idade e os ,cri­téríos de exame supletivo constantes dalegislação vigente, na data da promulgaçãodesta Lei.

Art. 86. Ficam assegurados os direitosdos atuais professores, com registro defini­tivo no Ministério da Educação, antes da vi­gência desta Lei.

Art. 87.' Ficanl revogados os artigos denúmeros 18, 21, 23 a 29, 31 a 65, 92 a 95,97 a 99, 101 a 103, 105, 109, 110, 113 e 116 dàLei n.o 4.024, de 20 de dezembro de 1961,bem como as disposições de leis gerais eespeciais que regulem em contrário ou- deforma diversa a matéria contida na pre­sente Lei.

Art. 88. Esta Lei entrará em vigor nadata de sua publicação.

Brasília, 11 de agosto de 1971; 15Q.o daIndependência e 83 da República. - EMí­LIO G. MÉDICI -' .Jarbó\S G. Passarinhe ­Júlio Barata.

Quarta-feira 12 0381

O SR. PRESIDENTE (Léo Simões) _Está finda a leitura do expediente.

IV -- Passa-se ao Pequello Expediente

Tem a palavra o Sr. Jão Durval.

O SR. .JOÃO DURVAL -- (Pronuncia o se­guinte diseurso.) Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, das muitas obras de infra-estruturano setor de transportes que o Governo Fe­deral vem implantando na 'Bahia, ressalta,pôr' sua importância, o trecho Salvador_Feira, na rodovia BR-324.

Já estão duplicados os 32 quilômetros ini_.cíaís que medeiam entre Salvador e o localdenominado Oova do Defunto, entrada paraa cidade de Candeias e o Porto de Aratu,

No entanto, Sr. Presidente, a duplicaçãodo trecho restante entre Cova do Defuntoe Feira de Santana, numa extensão de 76quilômetros, é da maior urgência.

Nas atuais condições de pista simples, otráfego é difícil e intenso, superando a ca­pacidade da rodovia.

Em Amélia Rodrigues, por exemplo, otráfego é da ordem de 6.000 veiculas pordia.

O crescimento do CIA e a instalação doPólo Petroquimíco da Bahia, ambos nasproximidades de Salvador, bem como o de­senvolvimento do Centro Industrial do Su­baé, em Feira de Santana, são fatores eco­nômicos que, por certo, influirão no incre­mento acelerado do tráfego da BR-324 entreSalvador e Feira de Santana.

Mas, não só o crescimento industrial doEstado da Bahia e, particularmente, o deFeira de Santana são fatores índieatívos danecessidade. premente da duplicação dos 76quilômetros que medeiam entre Cova doDefunto e Feira. Infletem sobre a cidade eo Município de Feira de Santana a BR-116(Rio~Bahia), a BR-324, a BR-101 (na Vilade Humildes), além de rodovias do PlanoEstadual. Ademais, por sua posição geográ­fica, constitui-se em passagem obrigatóriade grande parte do tráfego em demandade Salvador.

Dai, certamente, a razão de ter o ex­Deputado Vasco Filho, já nos idos de 1950,iniciado com segura visão do futuro, naqualidade de Ohefe do então 7.° Distrito Ro­doviário, a abertura da rodovia, partindo deFeira para Salvador com pista dupla.

A incompreensão do problema, pelos seussucessores, retardou de muito tal iniciativa.

Temos a convicção de que as autoridadesresponsáveis pelas obras providenciarão oseu inicio, com urgência.

Não há de se esperar que se torne o pro­blema crucial, como aconteceu no trechoSalvador-Oova do Defunto, para que a so­lução venha a se efetivar.

O problema não se restringe apenas aocampo econômico dos transportes, mas àsegurança dos que utilizam a estrada.

O índice de acidentes na Bahía-Feíra édos mais elevados do País.

Dos fatos e argumentos apresentados nes­te pronunciamento decorre o veemente ape­lo que ora díríjímos ao Exm. O Sr. Ministrodos Transportes, ilustre General Dyrceu deAraújo Nogueira, para que, quanto antes, seiniciem as obras de duplicação da BR-324,entre Cova do Defunto e l)'eirlil de Santana.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente eSrs. Deputados.

Durante o discurso do Sr. João Dtir­utü, o Sr. Léo Simões, 49-Secretário,deixa a cadeira da presidência, que éocupada pelo sr. Herbert Levy, 19·Vice­Presiâente,

·302 Quarta-feira 11 DIARIO DO CONGRESSO NACIONÁL (Seção I) Març~ de i915

: O SR. PRESIDENTE (Berbert Levy) ­Tem a palavra o Sr. Sinval Boaventura.(Pausa.)

O SR. SINVAL BOAVENTURA - (Sem'revisão do orador.) Sr. Presidente, hoje, ve­nho falar sobre a pecuária nacional. Nin­guém melhor que V. Ex.", ex-Secretário daAgricultura de São Paulo e grande lider daclasse rural, poderá compreender Q apeloque, através desta tribuna, irei formular aoExecutivo, em especial ao ilustre amigo Dr.Alysson Paulinelli, Ministro da Agricultura.

Sr. Presidente, estamos em plena épocade abate dos bovinos. Como sabe V. Ex.",em virtude da crise internacional, está ha-.vendo má comercialização dos produtosagropecuários. O Governo, através daCOBAL, anunciou o plano de estoeagem decerca de 150 mil toneladas de carne. Pare­ce-me que para o Centro-Sul o problema jáfoi equacionado. No Brasil Central, a safraocorre justamente nos meses de fevereiro,março, abril e até maio, por isso que aexecução das medidas sottcítadas não pode­.rão ser retardadas, pois a partir de maio osbovinos começam a perder peso. Os inver­nístas estão um tanto preocupados, aguar­dando que os tínanciamentos para os trígo­rífícos que têm capacidade para estocagernsejam liberados o mais rapidamente pos­sível.

Por outro lado, temos conhecimento deque a CaBAL estaria estudando apenas fi­~nciamento para os frigoríficos que já'transacíonaram com aquele órgão do Go­verno. Quero fazer um apelo ao Sr. Ministroda Agricultura, que é homem inteligente,para estender a medida aos demais frigo­ríficos que estejam em condições de fazer \estocagem. Faço esse pedido não no inte­resse da índústria, mas no dos criadores. re­criadores e Invernístas de regiões onde háfrigorificos instalados, porque se não rece­berem financiamento para estoeagem, natu­ralmente o produtor será prejudicado.

Endereço esta solicitação ao Sr. Presiden­te da República e ao dinâmico MinistroAlysson Paulinelli, da Agricultura, no senti­do de que as medidas sejam mais urgentes,caso contrário a classe rural, que já se en­contra bastante apreensiva, sofrerá enormeprejuízo.

O SR VASCO AMARO - (Sem revisãodo orador.) Sr. Presidente, Srs. Deputados,preliminarmente devo manifestar minha sa­tísfação, ao ocupar a tribuna pela primeiravez nesta Legislatura, por ver presidindo osnossos trabalhos o eminente colega Depu­tado Herbert Levy.

Sr. Presidente, noto que alguma coisa de­ve estar errada. Há pouco ouvimos o Depu­tado f3inval Boaventura abordar assuntosrelativos à pecuária, e justamente o temaagricultura me traz à presença de V. Ex."sQuero chamar a atenção do Plenário paraum fato estarreeedor, Enquanto se anunciaque este ano teremos a maior safra de arrozdo País, os jornais de hoje noticiam queontem atracava no porto do Rio de Janeiroum navio, oríurido da Itália, com 10.300 to­neladas de arroz. Seria necessário gastar­mos tantos dólares com a importação da­quele cereal, quando temos safras abundan­tes? F; mais, segundo comunlcacão que re­cebi hoje do Rio de Janeiro, aquele arrozé da pior qualidade.

Por isso, apelo desta tribuna ao eminentePresiclente Ernesto Geisel, para que mandeapurar quem é o responsável por medidastão descabidas, tão despropositadas. Pareceque se está brincando com a economia doPaís. Com Sinceridade, não encontro justi­ficativa para tal fato. Ainda hoje viajaramd.e Brasílía para o Rio de Janeiro, rumo ao

Sul, o atual e o futuro Presidente do Insti­tuto Rio-Grandense de Arroz. Aqui bateramde porta em porta tentando sensibilizar osresponsáveis pela política econômico-finan­ceira do Governo, a fim de serem reajusta­dos os preços, mas só encontraram insensi­bilidade, falta de conhecimento.

O Sr. Presidente da República, que temproclamado sua preocupação com a agricul­tura e com o homem do campo, não deveignorar que somente no dia em que produ­zirmos o suficiente para garantir o abaste­cimento nacional e exportar, teremos con­seguido combater a inflação, para, segundoa expressão de Roberto Campos, não divi­dir a miséria, o que seria absurdo, mas di­vidir a produção.

Aqui fica o nosso brado de alerta, Sr. Pre­sídente, certos de que V. Ex." fará chegarao conhecimento do Sr. Presidente da Re­pública nossa preocupação com este crimeque se está cometendo contra a economianacional.

O SR. GOMES DO AMARAL - (Pronun­cia o seguinte discurso.) Sr. Presidente, Srs.Deputados, somente as omissões e a desu­manízação da administração pública do meuPais me motivaram a ingressar na atividadepolítica.

Há muito que me preocupava em acom­panhar, atentamente, tudo o que acontecianos mais variados e longínquos rincões denossa imensa Pátria. A policromia das na­ções que formaram o Brasil, tornando-oum dos países mais cosmopolitas do mundo,inundava nossa alma da curiosidade de sa­ber o que acontecia aqui e acolá. Quaseprematuramente já começávamos a conhe­cer e a entender tudo que dizia respeito aoBrasil e, ao mesmo tempo, portávamos noíntimo de nosso ser o desejo de comparti-

. Ihar a solução dos problemas de nossa co­munidade, desejo que começou a tornar-seefetivo desde os primórdios de nossa saudo­sa caminhada estudantil e de nossa juven­tude escolar.

Hoje, porém, fazendo um retrospecto,vemos, com felicidade, que nossa caminha­da não foi em vão.

Temos plena consciência de que, nestaoportunidade, devemos aqui, na Câmara dosDeputados, levar a efeito uma sinopse denossa região, uma das mais belas e ricasdo nosso querido Paraná, a região dos Cam­pos Gerais, constituída pela gloriosa "Prin­cesa dos Campos", Ponta Grossa, pela his­tórica cidade de Castro e pelas ricas co­munas de Piraí do' Sul, Jaguariaíva, Ibi­tuva, Arapoti, Prudentópolis, Palmeiras, Ipí-:ranga, Ivaí, TIbagí. Reserva e os Distritos deVentania e Tereza Cristina.

Sr. Presidente, infelizmente devo aquiconfessar que a região integrada pelas ci­dades que enumerei tem sido consideradabastarda, nas gestões dos governos esta­duais do período pós-revolucionário. Sabe­mos que não somos o mais experiente re­presentante daquelas plagas nesta Casa, po­rém sabemos também que, dentre aquelesque, do povo mereceram a confiança pararepresentá-lo, através do pleito' de 15 denovembro próximo passado, não somos oque reúne menor inspiração, menor vontadede servir, menor empenho, menor corageme menor disposição de trabalho para que secorrijam as distorções e injustiças até agoracometidas contra comunidades tã,p próspe­ras e úteis. útil tem sido igualmente, adisposição do povo daquela região em favorda implantação do pensamento democráticoautêntico, defendido pelo espírito da revo­lução de 31 de março de 1964.

Por isso, Sr. Presidente, hoje aqui estamospara dizer a S. Ex." o Presidente da Repú-

blíea e a S. Ex." o Governador do Estado dóParaná e para que seja do conhecimento detodos os Estados de nossa F'ederaçâo, atra'-,vés de seus Iídímos representantes nestaCasa, que nossa região necessita urgente­mente da duplicação dá via rodoviária Pon­ta Grossa-Curitiba; que nossa região ne­cessita urgentemente do aceleramento daconstrução da BR-153, Rodovia Transbrasi~

liana, no trecho compreendido entre Ibaltie Alto do Amparo, onde os trabalhos foramparalisados após a terraplanagem; necessí­ta, ainda, urgentemente, que seja dado iní­cio aos trabalhos de correção do traçado,bem como de terrapíanagem e asfaltamentoda BR-2, antiga Rodovia do Cerne, que li­gará importante região interiorana à Capi­tal, integrando-a àquelas que conseguem es­coar seus produtos agropecuários sem tantossacrifícios, como vem ocorrendo até agora.A região necessita também urgentementeque sejam ultimados, no mais breve espaçode tempo possível, os trabalhos de ligaçãoda cidade de Ponta Grossa, príncrpal eixorodoviário do Sul do País, a Campo Mourão,com passagem por Cândido de Abreu, cen­tro urbano dos mais sacrificados de nossaPátria, localizado no coração do Estado q,ó •Paraná e que não Conta com entradas re­gularmente transitáveis, escolas e outrasbeneficios de ordem pública.

Nossa eleícâo, Sr. Presidente, aconteceuporque, no curso de nosa campanha, pelorádio, pela televisão, nos comícios e nóscontactos diretos, e mesmo através de amí­gos, afirmávamos que viríamos a esta tri­buna para dizer que nossa agricultura estátotalmente desassistida e quase desespe­rançada: que nosso meio empresarial en­contra-se moribundo e em grande partequase nos estertores <la morte, em virtudedos elevados encargos que há longo tempovem suportando patrioticamente, situaçãoque agora se agrava, principalmente apósa descapítalízação, motivada por ~álios

fatores, principalmente pela trtbutação dareavaliação do ativo imobilizado oeorrirfaa partir de 1965 e tendo em vista as di'lJ­euldades impostas pelo atual modus ope­randi das instituições bancárias, que tor­naram os depósitos ínrrutíreros, condicio-,naram grande parte das operações à ma'­nutenção obrigatória de saldo médio e erí­careceram e dificultaram mcomensuravel­mente as operações financeiras. Bancosoficiais, inclusive, entregaram recursos doPASEP para suplementação de capital degiro de nossas empresas a um custo realde mais de 5% ao mês, o que se constituiem verdadeiro abuso. a fato de nos finan­cíámentos agrícolas não haver sido ariota­do o comportamento de prorrogar-se auto­maticamente o vencimento do mútua,quando houver prova de que o produto dl1colheita ainda não foi 'comercializado, e ,Jil,manutenção das demais condições aindacontinuarão beneficiando grandemente osintermediários, que usufruirão os lucros evantagens que deveriam caber aos sofridosagricultores, fato que já vem ocorrendo coma própria pecuária.

Sr. Presidente, o universitário, dínãmíeoe Irreouíeto como sempre, esteve ao nossolado, porque, dirigindo uma escola superiwe lecionando disciplina fundamental i~posta pela Reforma do Ensino, pudemossentir, apreciar e analisar as dificuldadesque o estudante do ensino superior no Pamatravessa nestes dias. "

Os custos, mesmo nas escolas públíeas,já que estas hoje se apresentam igualmentecom esta característica negativa, são proi­bitivos e entravantes. Não queremos desc~a críticas ao negativista resultado até hojj!apresentado pela malfadada Reforma, massabemos que, atualmente, em todas as el}­colas públicas, o estudante tem duas ma-

DIÁRIO DO. CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 1~ 030~

tríeulas por ano a pagar além das escor­chantes mensalidades. A par disso, vemosà omissão do Governo federal no que tangel,l. auxílíos financeiros, através de verbas'que deveriam suplementar os parcos orça­mentes das universidades estaduais.

'.Não poderíamos deixar de, neste mornen­tu, dizer das agruras impostas aos traba­lhadores pelo congelamento salarial. So­frendo estão os humildes trabalhadoresbraçais no nosso Pais, os ferroviários, osbancários, inclusive os de bancos oficiais,como os do Banco do BrasiL A propósito,ali há uma elite criada através de rigorososistema de seleção e que tem servido noassessoramento de quase todos os órgãospúblicos - hoje há até Ministros retiradosdo quadro funcional do Banco do Brasil ­(lft mais alta relevância. Aos poucos, no en­tanto, aqueles funcionários foram sendocolocados em posição secundária em termosde remuneração, inclusive quanto às van­tagens, fato que acabou por conduzi-los auma condição de quase identidade compossas esquecidos "barnabés",

.No que se refere ao runcíonamento do'nosso sistema previdenciário, desnecessáriose torna dizer da inoperância do IpstitutoNacional de Previdência SociaL O proble­ma, porém, não reside apenas na prestaçãode serviços e no atendimento, eis que se.torna mais sério quanto às condições run­,C<Íonais do seu pessoal, havendo, pois, ne­'~sidade de rerormulaçâo de sua estrutu­ra interna e de seu sistema de remunera­~ão, que deve ser mais humano e não por­,ta~or de anomalias como ocorre hoje.

. Urge, Sr. Presidente e srs. Deputados,seja instituído o Estatuto do Magistério noEstado do Paraná, para que o professoradodaquela Unidade da Federação alcance seuverdadeiro desiderato.

Na esfera de nossas atribuições e por setratar de problema eminentemente domés­~ico, gostaríamos de deixar aqui registradoque somos contrários à atuação do Planode Desenvolvimento Industrial de PontaGfossa - PLADEI - no que diz respeitoa, vantagens oferecidas a empresas aliení­genas ou de outras plagas, em nosso Pais,que não portem a condição ele pioneirismoe' sem que as congêneres não recebam, porquestão de [usttça os mesmos benefícios,j4 que certamente contribuíram com suaparcela de sacrifício para o desenvolvímen­,J;o de toda a nossa comunidade, da regiãol}, do País... Quero servir-me desta oportunidade para

solícitar o registro, nos Anais desta Casa,dos nossos aplausos e de nosso reconheci­mento aos companheiros de Bancada e aS. Ex." o Sr. Presidente da República, pelofato de haver sido entendido o problemados Vereadores não remunerados nas cída­odes com menos de 200.000 habitantes.

, Ao findarmos este nosso pronunciamento,queremos afirmar que aqui estaremos, co­tidianamente ou quantas vezes necessáriofor, para, desta tribuna, dizer das reívín­dícações, das pretensões e dos problemasatinentes à nossa região e ao nosso povo,"sendo que nos colocamos à disposição dosPrefeitos das cidades daquela região para'representé-Jcs nesta Casa..;" Para concluir, desejamos externar nos­,.\\lOS mais, profundos agradeeímentos pela'honrOl3lt oportunidade que nos foi eonce­~ida, de usar esta tribuna.

.:; Muito obrigado.. ~ O SR. MURILO REZENDE - (Pronuncia)' seguinte díscurso.) Sr. Presidente, 8rs.Deputados, a ação administrativa do Go­~"Vernador Alberto Sílva no Piauí suscita,agora, ao final de seu mandato, um sen-

tímento de profundo reconhecimento dopovo píauíense pela eficácia imprimida àmáquina governamental na superação dosproblemas mais imediatos do meu Estado.

,É que, Sr. Presidente, ao iniciar-se a ges­tão do Governo Alberto Silva, encontrava­se o Piaui praticamente com toda a suainfra-estrutura a ser implantada, com oseu território desprovido até mesmo deenergia e rodovias. O seu povo, deprimido,sentia-se margmalízado do processo de de­senvolvimento que atingiu globalmente aNação, após a Revolução de 1964.

A imagem desalentadora de nossa realí­dade era motivo para o anedotário que oPais e o próprio Piaui, com certa amargura,reeptia e multiplicava, felizmente com o bomhumor característico do espírito brasileiro.

Passados estes quatro anos de trabalho,de ação otimista, de conquistas materiaisponderáveis, há que se realçar sobretudoa devolução ao povo piauíense da confian­ça em si mesmo, a que o Ministro Reis Vel­Ioso, com propriedade, chamou de a "re­volução pela cuca". Em verdade, é cadavez maior a participação de gente píauíen­se no esforço comum para alcançar o seuefetivo desenvolvimento.

A arrancada foi dada. Basta citar duasmetas atingidas pelo Governo que finda.Através de um programa de investimentosrodoviários ·bem planejados, promoveu-se aintegração de dois quintos do território doEstado, antes circunscrito à estagnação,pela implantação de 1.500 qcílômetros denovas estradas e a pavimentação de quase'1.000 quilômetros das rodovias estaduais,o que constituiu a maior realização rodo­viária do Norte e Nordeste, em nivel es­tadual.

Oompreendendo, igualmente, que a faltade uma infra-estrutura energética no Piauíprivara o Estado dos projetos de industria­lização, empreendidas no Nordeste- pelaSUDENE, o Governo construiu, nestes qua­tro anos, 3.000 quilômetros de linhas detransmissão, beneficiando diretamente 90sedes dos 114 Municípíos píauíenses com aenergia gerada na Hidrelétrica da Boa Es­perança.

Por isso, ao fazer este pronunciamento,creio estar interpretando o sentimento degratidão que o povo de minha terra tribu­ta ao Eng. Alberto 'Tavares Silva, píauíenseque se iguala aos maiores vultos da Pátria.Atento aos imperativos da História, nãorelutou S. Ex." em devotar-se integralmen­te a uma causa difícil, estafante e penosa,de modo a que o Piauí passasse a integrara Federação brasileira, como contingentecivico que esquece as derrotas do passadopara optar pelas conquistas reais do fu­turo.

O SUo NOGUEIRA DE REZENlI>E .: (Pro­nuncia o seguinte diseurse.) Sr. Presiden­te, Srs. Deputados, há cerce de dois anoso Ministério da Aeronáutica inicio/u peque­na reforma no prédio da estação de pas­sageiros do aeroporto da Pampulha, em Be­lo Horizonte.

As obras, no entanto, estão paralisadashá mais de um ano, causando grande des­eonrorto aos passageiros, obrigados a usaraquele aeroporto, e aos funcionários que látrabalham.

As pilastras, antes revestidas, foram des­cascadas a golpes de martelo, ficando àmostra o nu do cimento e do tijolo poeiren­to. As passarelas superiores, de serviço, fo­ram parcialmente demolidas e estão comas cercas provisórias de construção. Os bo­xes, que seriam destinados às várias empre­sas aéreas, estão cheios de entulhos, cana­lizando para dentro do aeroporto a poeiraque a-ventania dos jatos em manobras ati-

ra nas narinas dos que trabalham ou aguar­dam embarque nas modestas instalações dosaguão deespera.

No inicio das obras, vimos, num agua­ceiro, enormes besouros e sapos invadiremo aeroporto e pular sobre as funcionáriasdas empresas aéreas, as quais fugiam apa­voradas, aos gritos.

Felizmente, já a Prefeitura Municipal Ba Aeronáutica melhoraram o sistema de es­coamento, a fim de que as habituais inun­dações do aeroporto não mais se repetís­sem, apesar de situar-se o campo logo ajusante e em nível muito inferior ao daságuas da represa da Parnpulha,

A Capital mineira merecia um aeroportode primeira categoria e até de classe in­ternacional. Belo Horizonte, por seu extra­ordinário progresso e cuja densidade de­mográfica é superior à de Recife, Porto Ale­gre, Salvador e a de todas as Capitais bra­sííeíras, com exceção do Rio e de São Paulo- com tendência a maior elevação - bemcomo pelos extraordinários _recursos, pelopotencial e riquezas do Estado de Minas,carece de um aeroporto mais amplo e maisconfortável. O movimento turístico provin­do do exterior, já é apreciável e já funcio­nam na capital mineira hotéis de classe tu­rística internacional. Também nas estân­cias hídromínerats - São Lourenço, Ca­xambu, Lambari e outras - e nas cidadeshistóricas como São João Del Rei e Ouropreto, já funcionam hotéis de turtsmo declasse internacional, havendo outros emconstrução, como o da VARIG, em OuroPreto, e em planejamento, como o Hoteldos Profetas, em Congonhas.

As empresas multínaetonaís proliferampelo Estado, em busca de produção indus­trial mais barata e mais competitiva DOmercado tnternacíonaí. Entretanto, o queacontece no único aeroporto de jatos daCapital de Minas? O desembaraço de ba­gagens é mais demorado do que a própriaviagem do Rio a Belo Horizonte, enquantoo turista e o comum dos passageiros aceto­vela-se num acanhado cômodo. à espera deque o único funcionário que cabe no cubí­culo das bagagens vá conferindo um a umo número dos tickts correspondentes aoslumes.

Não há um quadro indicativo do horáriode chegada 'e de partida dos aviões. Se oavião sofre atraso, ninguém fica sabendo,porque não há qualquer orientação nestesentido. Da mesma forma ninguém sabe pa­ra qual portão deve dirigir-se na hora deembarcar.

As condições do referido aeroporto são tãoprecárias que pode parecer exagero men­cionar aqui todas essas falhas. Se os servi­ços de alto-falante anunciam alguma coisa,é muito comum o passageiro ter que ir aobalcão da empresa aérea para indagar arespeito daquele Iníntelígível pregão, dadaa má qualidade do som.

Não queremos absolutamente culpar a ad­ministração do aeroporto, que, por maisesforçada que seja, não pode fazer mila­gres, tendo em vista a precaríedade das íns­talacões.

Os Deputados e Senadores mineiros, quetodas as semanas transitam por aquele ae­roporto, freqüentemente praticam ali o idio­ma inglês ou francês para uma cordial in:'dtcação a um turista estrangeiro que sedesnorteia à cata de uma informação so­bre embarque ou desembarque. E istó acon­tece no aeroporto de uma capital cuja po-.pulação é duas vezes maior que a de Bra­sília.

Há tempos. a Aeronáutica instituiu a taxade embarque de passageiros, cujo valor é,

0304 Q\llarta-feira l~ mARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1975

nar-se excelente campo para Iínlias regula­res de aeronaves comerciais. A economia dopróspero município se ressente da falta des­se meio de transporte que lhe é vital.

Sabe-se que o POLAMAZONIA investirágrandes somas no setor. Mas não se sabese em seus estudos e projetos prioritáriosestariam incluídos os Municipios de Mauése Parintins.

Quero, desta tribuna, associar-me à dordo povo de Agua Clara e enviar aos pais,sogros, viúva e filhos do saudoso OdonaldoLázaro Dutra minha mensagem de con­fiança e fé Naquele que não nos revela to­dos os mistérios de Seus atos incompreen­didos.

Seria o caso de se promoverem estudos nosentido de permitir que os recursos do DNERdestinados à construção de estradas muitasvezes sem qualquer sentido econômico fos­sem aplicados na instalação de campos depouso, pelas Prefeituras, em convênios coma COMARA, órgão técnico incumbido des­sa tarefa na área.

Estou certo de que Deus, na Sua soberanasabedoria, agiu como que a levar para Siduas almas merecedoras de recompensaa­imediatas, pois a vida de um homem não semede pelos poucos ou muitos anos que pas­sa na Terra, mas pela obra que realiza. epelas marcas que deixa em sua jornada.

'Deus há de consolar os corações enluta­dos e suprir, com Sua Santa presença agrande lacuna que se abriu com os desapa­recímentos de Odonaldo Lázaro Dutra e Ar­naldo Ferreira Dutra.

O SR. RICARDO FIÚZA - (Sem revisáodo orador.) Sr. Presidente, 81'S. Deputados,recebi dos engenheiros recém-formados pelaUniversidade Católica do meu Estado, oficiodando conta de grave problema que enfren­tam. O -Oonselho Regional de Engenharia eArquitetura - CREA, atravé de suas nor­mas, de sua legislação, nega-se a conceder­lhes registro.

Procurando inteirar-me do assunto, ve­rifiquei que o Ministério da Educação, porintermédio do Conselho Federal de Educa­ção, autorizou, em 1969, o vestibular parao curso de Engenharia Civil da Faculdadede Engenharia da Universidade Católica dePernambuco. Entretanto, Br. Pre.s.idente, co­mo consta do laudo, apesar de reconhecer aexcelência das instalações e a proficiênciado corpo docente, fez algumas exigênciasreferentes à complementação dos laborató­rios de técnica de solos e de hidráulica, exi­gências que a Faculdade se obrigou a cum­prir dentro do prazo - se não me falha amemória - de 120 dias, com o que obteria oreconhecimento definitivo do curso.

ocorre que, por negligência de diretoresda universidade, esses quesitos não foramsatisfeitos em tempo hábil. Disso não tomouconhecimento do corpo docente; os alunos,por sua vez, continuaram pagando as men­salidades, que, diga-se de passagem, são al­tíssimas, e agora são surpreendidos, ao fi­nal do curso, com a negativa de registro deseus diplomas.

O próprio CREA dirigiu-se ao ConselhoFederal de Educação, e os alunos, ao tempoem que apelaram a esse órgão, recorrerama mim, a fim de que solicitasse das autori­dades, do Sr. Ministro da Educação, sejaconcedido, em tempo recorde, o registro dosseus diplomas. Saliente-se já haver a uni­versidade completado as exigências, aindaque fora do prazo.

Não é razoável, Sr. presidente, que alunosque pagaram durante quatro anos seu curso,que. julgavam regularizado perante o Minis­tério da Educação, vejam hoje baldados osseus esforços e sejam colocados em difícilsituação, já que sem o diploma registradonão poderão exercer sua profissão,

O mercado de trabalho é reduzido em nos­sa região, e esses formandos sentem-se pre­judicados, pois seus colegas de outras Fa­culdades disputam com prioridade as me­lhores oportunidades oferecidas.

Fica então, Sr. Presidente, o nosso apelo,a nossa interferência junto ao Exm.o Sr.Ministro da Educação, aos membros do Con­selho Federal de Educaçãó, para que se sen­sibilizem e resolvam de ímedíato o proble­ma, eis que estamos diante de um fato con­sumado. Na realidade, os alunos não fre",:qüentaram um curso clandestino, e, sim,uma grande Universidade, conforme ates­tado pelo próprio relatório do Mínístérío ;Assim, nada mais justo que esses jovens nãosejam preteridos e, possam, afinal, exercersua profissão, regularizando a situação deseus diplomas, conseguidos após tantos anosde luta e de sacrtüeíos.

O SR. FRANCISCO ROLLEMBERG ~

(Pronuncia o seguinte discurso.) Sr, Presi-

Casado com Maria Luíza ~eves Dutra, oPrefeito falecido deixa filhos que choramsua ausência de pai, sem se aperceberem osinocentes órfãos que a sentida ausência serepresenta também no sofrimento da gentehumilde do povo de Água Clara, que já nãotem o companneírísmo e a ajuda do jovemlíder, do político atuante, do homem quenunca soube dizer não e a todos atendiasempre com soluções próprias aos seus pro­blemas,

hoje, de sete cruzeiros por pessoa, e' que sedestina à melhoria e à conservação dos ae­roportos, Apesar de muitas obras estarema cargo da Administração da Aeronáutica,acreditamos que, pelo volume do tráfego naPampulha, já é apreciável a renda que vemsendo arrecadada, como apreciável deve sera que se arrecada, nos aeroportos de origem,dos passageiros que desembarcaram na Pam-.pulha, pelo que justo seria pedir-se às au­toridades da Aeronáutica voltarem suas vís­tas para o abandonado aeroporto de MinasGerais, proporcionando aos seus usuários oconforto e a atenção que merecem. Já háalguns anos abrimos caminho à descida dosjar;os no aeroporto da Pampulha quando, da­qui desta Casa do Parlamento, conseguimosfazer vitoriosa emenda nossa que destinavarecursos à Aeronáutica para ampliação dapista daquele campo, A quantia era, então, O SR. WALDOMffiO GONÇALVES ­insignificante, mas teve o mérito de cha- (Pronuncia o segurnte díscurso.) Sr. Presi­mar a atenção das autoridades para o pro- dente, Srs. Deputados, eonsternou a todosblema e dai conduzir à consignação de ver- nós a noticia de um acidente, com vítimas,bas substanciais no Orçamento da União, recentemente ocorrido com um dos "Ban­que permitiram o pouso dos jatos naquele deirantes" da VASP que voava no Estadolocal.deSão Paulo.

Nosso intuito não é criticar a preearíeda- Maior é; agora, o constrangimento meu,de das instalações da Pampulha, porque sa- quando tomo conhecimento que entre as vi­bemos impossível qualquer melhoria sem a timas daquela tragédia lamentável estava oconstrução de nova estação de passageiros. jovem Prefeito do Município mato-grossen­Reclamamos, todavia, que as obras. desse ae- se de Água Clara, Sr. Odonaldo Lázaro Du­roporto provisório sejam concluídas, paralí- tra,sanas que estão há tantos meses. Justa nos Pior ainda, Sr. Presidente. Odonaldo separece nossa reclamação, eis que ficamos fazia acompanhar de um seu irmão, o Dr.admirados ao constatar que o aeroporto do- Arnaldo Ferreira Dutra, que também pere­méstíeo, provisório, do Galeão, no Rio de ceu no desastreJaneiro, construido em menos de seis meses, . . . .é mais confortável do que o da capital mí- '\ Quero registrar nos AnaIS desta Casa aneíra, homenagem do povo de Água Clara ao seu

Estamos certos de que nosso apelo não jovem Prefeito desaparecido.será uma voz no deserto, porque espera- Era Odonaldo Lázaro Dutra uma das es­mos da alta compreensão das autori?-ades peranças políticas de Mato Grosso. Atuan­de nosso Goyemo - a .q~em damos ínteí- te, exercia agora seu segundo mandato àro apoio polítíco e admínistratívo - o ne- frente da municipalidade de Água Clara,cess~rH~ se1?;so para r~col?-hecer a Justeza da onde merecia o respeito e a admiração dereivtndícaçâo e a urgencia que se faz neces- todos os seus munícípes,sáría no seu atendimento.

O SE RAFAEL FARACO _ (Pronuncia o Co~ ? .seu desapare~i.mento nasceu um. . . . desafio a Juventude políttca de meu Estado.

seguinte dlscu!'so.) Sr. Presidente, Srs..Depu- Necessário se torna existirem valores iguaistad~~, os me~os de transporte na Imensa aos do extinto. Superiores ao dele é xigirRegIao Amazôníca, especialmente no meu. , . . eEstado, são os mais precários possíveis. Aín- muito, ma:s .sel que a polítíca mato-gr~s~e~­da. há brasileiros do interior que morrem à se se sentírá recom~ensadase valores iguaisialta de socorro O transporte fluvial é fei- aos de Odonaldo Lazaro Dutra se le,!"anta-to . b t· I r m o rem, no momento em que as autoridades

. por pequenos arcos p.a~ lCU a es, se concedem esta abertura política que todosmmimo de segurança, hígíene e conforto.A Empresa de Navegação da Amazônia dís- estamos ~endo, quando esta Casa_se prepa­põe de- três navios de médio porte, que fa- ra para resta~e~ec~r a remuneraçuo dos v«:zem a linha semanal do trajeto Belém-Ma- readores municipais,naus-Belém, comprados ainda no Governo Odonaldo Lázaro Dutra era o vínculo deVargas, pessimamente conservados, cuja tri- ligação entre duas das mais conceituadaspulaçâo deficiente percebe salário de fome. famílias de Água Clara,

Do transporte aéreo nem se fala. Ê tncom- Filho de Guilherme Ferreira Dutra, genropreensível a falta de sensibilidade das auto- de Dulcindo Costa Dias, enluta sua morte osridades responsáveis. Em todo o território Ferreira Dutra e os Costa Dias e abre nodo Estado há apenas três campos de pouso peito de todos os seus amigos a marca dasituados em Ltacoatíara, a 300 km de Ma- saudade e o desespero de não vê-lo nuncanaus, outro em Tefé - médio rio Solimões mais.- e em Tabatinga, nas fronteiras com oPeru e a Colômbia.

Não se justifica que na rota entre Manause Santarém não se haja construído um cam­po que garantisse segurança aos vôos deaviões de grande porte. O Municipio de Pa­ríntíns seria o ponto ideal para a implanta­ção de um projeto desse tipo, pois trata-sede Município-pólo de irradiação econômi­ca na área, com indústrias e uma popula­ção de 45.000 habitantes. Já há, inclusive,estudos nesse sentido.

Quanto ao Município de Maués, está in­sulado no rio do mesmo nome, nos confinsdo p~,raná do Ramos, sem qualquer possi­bilidade de comunicação. A comunidadeconstruiu uma pequena pista, que, se apro­veitada pelos órgãos técnicos, poderia tor-

MlU'ço de 1975 DIARIO DO CONGRESSQ NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 0305

dente, como minha primeira tala na atualLegí.Slatura, quero referir-me a um tema jáduas vezes abordado por mim em anos con­secutivos, ou seja, as eleições bianuais. Naúltima vez, preocupava-me com a apatiapopular em relação à renovação de toda a

_Câmara Federal e de um terço do Senado.Sentia-se o. desinteresse com que se reali­zavam as convenções, os comícios e a pró-pria propaganda eleitoral. >

Vieram as eleições e a ARENA perdeu tor­ça substancial em alguns Estados, o queveio reforçar em nós a convicção de que ne­cessitamos diagnosticar o ocorrido, e corri­gi-lo.

Múltiplas foram as causas. Entre elas, aseleições bíanuaís, assim como a não vin­culação da ARENA aos atos do Governo jáque é o Partido de certo modo co-respo~á­vel pelos mesmos. Basta observar-se que a­apatia popular não se vinculava ao Executi_vo, mas aos representantes do Legislativo.

O povo reconhece a obra altamente sig­l'l~icativa di?s governos revolucionários, quevem cumpríndo o esquema eeonômíco-fí­nanceíro da Revolução, visando ao desen­volvimento do País. Del': anos de atuaçãorevolucionária mostraram que sempre esti­vemos no caminho certo e que as diferen­ças de estilo nos governos de Castello Bran­co, de Costa e Silva e de Emília Médici cor­responderam a períodos de estratégia eco­nômica nas fases de combate à inflação. deexpansão comercial junto ao mercado ex­terno e, agora, de fortalecimento do merca­do interno.

Entretanto, Sr. Presidente, além da vin­culação da ARENA aos atos governamen­tais, dentro de um esquema de co-respon­sabilidade política, acredita que 'valorizaría­mos de maneira mais positiva o processoeleitoral, se não o seccíenássemos tanto emeleições bíenaís. Basta lembrar que em 1972tivemos a renovação das Câmaras Munici­pais e Prefeituras, em novembro renovamosa Câmara dos Deputados e parte do SenadoFederal, e em pouco menos de dais anos te­remos de mobílízar o eleitorado para novopleito municipal. '

Acontece que, embora o calendário se re­fira a dois processos eletivos distintos ter­na-se indispensável a presença de Depu­tad.os e Senadores, mesmo nos pleitos mu­nícípats. É exatamente no Munícípío re­conhecidamente a celula mater da órga­nízaçâo estatal, que se encontra a base denossa participação política. E lá não podê­mos deixar de estar presentes com a nossoincentivo, com o nosso apoio a quantoscomeçam na vida pública, disputando umavereança.

Reconhecem os teóricos do processo de­mocrática, por muitas razões, que se deveevitar a pulverização do político no esque­ma eleitoral. Exatamente para que não sedesgaste o candidato, seja do ponto de vistaeletivo, seja do ponto de vista financeiro.Parque, reconheçamos, não se taz política,não se empreende uma campanha políticasem o mínimo de despesas, que realmentepesam no orçamento do parlamentar, emsua maioria um profissional da classe mé­dia - advogado, professor. médico, enge­nheíro, comerciante - de recursos límí-tados. .

Há outro aspecto ainda a considerar, re­lacionado com o Orçamento da União: asdespesa eleitorais avultadas. Maior razão,pois, para que se altere o calendário elei­toral, dando-se ao art. 15 da Carta Cons­titucional nova redação.

Renovo, pois, com maior fundamcnto -o fundamento ratificado pela própría ex-

peri~ncia - o que afirmei há pouco maisde dois anos, desta tribuna:

"A determinação expressa, imperativae coercitiva - de realizar eleições paraos postos municipais em oportunidadediferente daquela em que os eíeítoressão chamados a compor os poderes es­taduaís e federais, se constitui em ônuspara a Nação, seja do ponto de vistafinanceiro, seja da ponto de vista dasínevítáveís agitações sociais."

E acrescentava:"Convocar todo o aparelhamento judi­cial, -que funciona às ordens da .JustiçaEleitoral para, de dais em dois anos,presidir, apurar e julgar pleitos que de­correm em toda o Pais, é onerar inutil­mente o erário. Convocar as agremia­ções politicas, sobretudo num regimebípartãdárío, para que movam toda asua máquina administrativa e burocrá­ti ca, para também de dais em dois anos,promover convenções, em todo o seucortejo de implicações naturaís, e tudoorganizar díspendíosamente, é desgas­tar física e materialmente os que pra­ticam a potítíca em favor da Brasil!Convocar a eleitorado, de certo modoreverso às urnas, para as canseiras deum dia de eleição (pois ainda as reali­zamos sob condições anacrônicas), éfustigá-lo, de dois em dois anos, semnecessidade maior." .

Era isto o que dizíamos em maio de 1972.- E agora, maior a minha convicção na acer­to da tese que defendo. Dirijo, assim, umapelo às lideranças partidárias em espe­cial à de meu Partido, a .l}.RENA, para quemeditem sabre o- assunto. Sejamos realistas.E procuremos, não através de campanhasquase perenes, mas de campanhas nacio­nais quadrtenaís eoíncídentçs. fortalecer oesquema representativo em toda a sua ex­tensão: de vereador, prefeito, vice-prefeitoe deputadas estaduais a deputadas federais,senadores e governadores.

A luz do bom senso, da pragmática, exa­minemos a possibilidade de alterar o art.15 da Constituição Federal. Somente assimteremos possibilidade de remover a apatiaque hoje eselerosa a vida política nacíonule transforma eleícões consecutívas num sor­vedouro. de recursos públicos e particula­res.

O SR. ODACIR KLÉIN - (Pronuncia oseguinte díseurso.) Sr. Presidente, 81'S,Deputadas ocupo hoje esta tribuna com ocoração enlutada. Inscrito neste PequenoExpediente para tratar de assunto especí­fico, recebi, da Rio Grande do Sul, comuni­cação de que, na manhã de hoje. falecera,acometido de mal súbito, o Suplente de8enador Ney Brito.

Ainda no último fim de semana estivecom o extinto, que acompanhava a direçãopartldária do MDB em reuniões pelo inte­rior do Estado, visando à reestruturação dósdiretórios mumeípaía e a preparação dacampanha munícípal do ano próximo.

Tive, então, oportunidade de constatar emNey Brito seu ardor eívíeo seu ideal traba­lhista, sua crença na democracia e sua C118­posição imensa de servir, principalmente à ,causa nacíonalísta,

Demonstrava, ainda, sattsracão por haverconcorrido, no último pleito, para a unidadepartidária e para que todas as forças daOposição, coesas na defesa de suas teses,conseguissem o sucesso eleitoral objetivado.

Falece, agora, de consciência tranqüilapor haver servido ao seu partido. à sua terrae à sua gente.

No entanto, a vida continua e nossa obri­gação de representante popular não cessa

mesmo nos momentos de luto e de dar, detal sorte que, no exato momento em que épranteado a falecimento da Suplente de Se­nador Ney Brito, devo ocupar esta tribunapara abordar outro assunto, o motivo espe­cífico de minha inscrição.

Estive, Sr. Presidente e 81'S. Deputados, noúltimo fim de semana, em meu Estado, maispropriamente em minha cidade natal. Equal não foi minha surpresa ao ler o noti­ciário da imprensa gaúcha e verificar que,o Prefeito Municipal de Getúlio Vargas,minha terra, eleito pela ARENA. não sendo,portanto, meu correligionário, acusava oSecretário dos Transportes do Rio Grandeda Sul de corrupção eleitoral. dizendo queo mesmo trocara, por apoio político no últi­mo pleito, o traçado de uma estrada de in­teresso de toda a comunidade. ligando acidade de Getúlio Vargas com o bairro Es­tação.

Tomei conhecimento, ainda pela impren­sa, que o Prefeito Municipal sustentava queo novo traçado da rodovia custaria para oEstada do Ria Grande da Sul .Cr$ 4.500.000,00 a mais da que o anterior eque inclusive Deputados da ARENA, partidoa que também pertence a Secretária dosTransportes durante a campanha eleitoral,afirmaram que o mesmo havia se compro­metido a construir a estrada obedecendodeterminado traçada em troca de apoio evotos, o que se caracterízaría em corrupçãoeleitoral.

Chegou-me às mãos -um estuda técnicofirmado por engenheiros da DAER em 1954,e corroborado em 1961, condenando o tra­çada agora adotado pelo Secretário dosTransportes, e assegurando ser este traçadoo menos viável tecnicamente e o mais one­roso ao Estado.

Li, ainda, declarações da Prefeito Muni­cípr.I, segundo as quais a futuro Secretáriodos Transportes, Eng. Firmino Girardelloque é filha de Getúlio Vargas, não irá .con~tínuar o asfaltamento da rodovia pelo tra­çada ora iniciado pela atual Becretárto, ado­tando o sugerido inicialmente pelos técnicasdo DAER com o que se estaria pondo foradinheiro do Estado.

Ouvi gravaçâo de pronunciamento doatual Secretário dos Transportes na "RádioSideral" de Getúlio Vargas, ande S. Ex."confirma que "houve a publicação de editalde concorrência para asfaltamento da rodo­via, por um traçado que não é a atual. masque este edital füi suspenso para reestudoda assunto", havendo ocorrido a pubücu-:ção do novo edital em plena campanhaeleitoral.

Terá havido corrupção?Não terá havido?Não sei.

Espero que não, mas confio em que osórgãos morallzadores deste Pais pelo menosexaminem o assunto, pois, se procedentes asaürmações do Prefeito Municipal, a caso é .grave, eIS que envolve os interesses de todauma comunidade e o dinheiro da Estado doRio Grande do Sul.

De outra parte, também confio na solu­ção que o meu conterrânea, Deputado Fir­mino Girardello, futuro Secretário dosTransportes, irá dar ao caso.

O SR. EDGAR MARTINS - (Pronunciao seguinte díseurso.) 8r. Presidente, Srs.Deputados, toma-se urgente que o Sr. Pre­feito do Município de São Paulo reestudedecisão sua segundo a qual torna de utili­dade pública os bens imóveis do jornalDiário Popular, para fins de desapropriação.

Tal medida, que colhe de surpresa os se­tores mats influentes de São Paulo, é Ius-

0306 Quarta-feira 12 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção 1) Março de 19'75

tificada pela íníormação de que o localonae se situa o DIário Popular servirá-paramais um canteiro de obras do metrô pau­lista.

Nâo somos absolutamente contra o pro­gresso. Mas somos daqueles que gostam. derespeítar tradições e, quanto possível, man­ter invioláveis os bens que se transrerem,peio seu significado, ao domínio do povo emgeral.

Tal é a posíção do Diário Popular, jornalde quase cem anos, alcançando a casa dos3U. uOO exemplares diariamente puhlícados,patruuônío ele uma cidade que ajudou acrescer e que agora lhe quer cobrar caropor 1Uo.O que fez em seu favor.

O Diári~ Popular, e o nome lhe cai muitobem, e a maior "bOlsa de emprego" de SaoPauio, 8ao mnhares de paulistanos que dia­raamenta se uuinzam de seus [a tramcionaísanuncies e se põem, manhã bem cedo, acannnno do novo emprego que Ines 101 in­dicado.

Imóveis, autómoveís, achados e perdidose sua varrada coieçao de assuntos, oesoe osgrandes temas nacionais e íntcmacíouarsas nctíeías dos pequenos acontecímentosesportavos, fazem elo um.rlO Pt>J?ular um jor­nal respeitado, once a desgraça alheia, odesequíjíbrto socíal e a delinqüência genera­luo",u.a nao enconcram ressunanc.a para ser­virem de manchetes e de estímulo às novasvocaçoes deterioradas.

Bei da angústía que invade ArmandoF'errentaní, e tona a equipe do uIáno t'opu­lar. Sei da preocupaçao que domina o ilus­tre e digno [ornausta ;aodrigo eoares Jr.,Diretor-Presíuente do Díarro Popular. Com­preendo a ansiedade de Rodrigo L.JSi:loa Soa­res e Nelo Ferrentini, Diretor Superinten­dente e Gerente do Diáw Popular.

Eeconheço serem justas as indagaçõesapreensivas de todos os funcionários 10n..ário Popular, Bem saberem ,o que lhes podesobrevir do ato do Prefeito.

Mas, uma coisa é certa: o Diário PopulaJ:não pode f.altar. Sua desapmpriação implicana paralisação de sua tiragem, e no dia em 'que isto acontecer, vai faltar alguém paracontar a. história de São Paulo.

Sr. Presidente, quero apelar, desta trt­puna, ao ilustre Prefeito de São Paulo, nosentado de reestuôar o assunto, dando-Ineuma outra soluçâo, sem deixar de atenderaos interesses públíeos.

Sugerimos ao Sr. prefeito alterar o pro­jeto de implantação do canteiro de obras dometrô que atinge o Diário Popular ou, en­tão, conceder prazo maior à mudança detoda uma estrutura centenáría..

Ao Diário Popular foi dado, segundo estouinformado, o prazo exíguo de seis mesespara adquirir, instalar e colocar em funcio­namento sua nova sede.

Apelamos ao Prefeito de Bâo Paulo paraque, não podendo mudar o canteiro, au­mente aquele prazo para um mínímo de 24meses. Este é o menor tempo necessáriopara que o Diário Popular monte suas novasinstalações em outro local. Que se dê pas­sagem ao progresso, mas que se respeite oDiário Popular, jornal do povo, centenárioquase, testemunha de fato das transforma­ções brutais e salutares que experimenta­mos na Capital de São Paulo.

Que o progresso não faça silenciar eDiário Popnlar é o apelo que deíxo ao Pre­feito de São Paulo que sai - antes queSaia - e ao que vai entrar - antes de sUaposse,

Era Q que tinha a dizer.

O SR. DASO COIMBRA - (Pronunciao seguinte dísenrso.) Sr. Presidente, 81'S.Deputados, sempre tenho marcado minhaposição nesta Casa contra todas as tenta­tivas de se oficializar o jogo no territórionacional. Trata-se de questão de consciên­cia, que me obriga a defender a dignidadedo homem e não facilitar sua corrupçãomoral e apoiar as conseqüências funestasqus disto sobrevêm para a família e a so­ciedade.

Quero definir a minha posição quanto aofalado encaminhamento a esta Casa deprojeto que regulariza o jogo do picho, pelaimplantação da chamada Loteria Popular.

O elenco das contravenções penais é bemdefinido e nada se incluiu, entre os atospunidos pela lei, a prática do jogo do bicho.

Anunciam os jornais que estudos estãosendo reítos - e envolvem setores da Cai­xa Econômica Federal - no sentido de seimplantar a Loteria Popular, retirando-se doelenco das contravenções penais o que hojeé condenado. Isto nada mais é do que aoficialização pela sociedade de um compor­tamento que a própria sociedade tem con­denado.

Se tal acontecer, sem dúvida, estaremosdiante de um afrouxamento de nossas maíscaras tradições de moralidade, estaremosaceitando como válida a argumentação dos

)lróprios contraventores, estaremos ceãen­do terreno ao que hoje punimos.

Não é dificil prever. Cedendo hoje, o Go­verno há de ceder amanhã. Cedo virá oesvaziamento da Lei das Contravenções Pe­nais. Já não se pune pela falta de pudore de decoro público. O porte indiscriminadode arma, sem as devidas cautelas legais, jánão é fiscalizado corno devia. A prostitui­ção é consentida, acobertada pelo Iuxo dosmotéis de beira de rodovias.

Somos absolutamente contrários à im­plantação desta chamada Loteria Popular.

Trata-se de posição pessoal, independen­temente de qualquer orientação. Dís danossa consciência evangélica, que definpperante esta Casa sem qualquer.constran­gimento.

Destacamos.jSr, Presidente, como .subsi­dio ao nosso pronunciamento, as observa­ções publicadas no Jornal do Brasil, namuito lida coluna "Informe JB", sob o tí­tulo "Bichobrás em Julgs:mento", em queà certa altura o articulista afirma:

"Decompõem-se Os argumentos que in­sinuam com a possibilidade de atenuara corrupção policial pela extinção dafonte eorruptora. Aí, também, todossabem que o ato de vender-se índepen­de do ato de comprar. Legalize o Go­verno o jogo do bicho e prepare-se pa­ra assumir a responsabilidade - que,de resto, já tem - da transferência depoliciais corruptos do mercado de apos­tas para o tráfico de entorpecentes.Além do mais, se a fórmula para mo­ralizar .um aparelho policial fosse aprogressiva liberação das contravenções,o contrabando acabaria transformandoo Rio em Porto Livre e os punguistasse regenerariam, estabelecendo-se umFUNAPU, ou Fundo Nacional da Punga,onde cada trabalhador descontaria umapercentagem do seu salário, que seriarecolhido e repassado aos descuídístas."

Enche-se de razão o colunista. Se apro­varmos a Loteria Popular, brevemente se­remos chamadas aos estudos de outras COn­cessões de caráter moral, contrárias à dig­nidade do povo brasileiro como nação.

Se cedermos agora, cederemos na oficia­lização da prostituição, e não faltarão os

argumentos no sentido de ser aquele com­portamento social deturpado "um mal ne­cessário". Se cedermos agora, cederemospara que se implante o jogo aperto, e nãofaltarão os defensores da tese de "que ojogo é necessário à indústria do turismo.Se cedermos, não eliminaremos o aspectoda contravenção do jogo do bicho, comonão se eliminou a contravenção, no casodas corridas de cavalos, cujas apostas re­gularizadas não impediram a proliferaçãodos bookmakers pelos bairros da Guana­bara.

Desejamos que o processo de implantaçãodo jogo do picho permaneça parado, quenão tramite mais, que seja retirado da ex­pectativa em que foi colocado. Nâo permita.o Governo a seus auxiliares estudarem esugerirem a oficialização de um mal socialQue se combata o jogo do bicho. Que seaplique a Lei das Contravenções Penais.Que nunca seja obrigado o país a trans­formar o que hoje e contravenção num'instrumento de salvação e solução para osproblemas sociais que enrrentamoe, Se talocorrer, estaremos nos apequenando comorepresentantes de um Pais que necessitadizer a si mesmo que os caminhos de OIl­tem, errados e condenados por nós mesmos'se tornem a trilha certa para caminharmos110je.

81'. Presidente, certos de que nossa vozhá de ser ouvida, antes de mais nada, que"remos estar em paz conosco mesmos, com­batendo todo o processo de deturpação denossa ímagem de nação capaz de sobre­por-se aos seus próprios problemas, sem,ceder ao desmando, à imoralidade, sembuscar nos processos que condenamos oscaminhos para solução de problemas so­ciais.

O Sa. AMAURY MüLLER - (Pronuncia.o seguinte discurso) Sr. Presidente, Srs.Deputados, para quem proclama, na tl'i~­

puna e fora dela, a ímperíosa necessidadede acelerar o processo de distensão potítíca,de modo a restabelecer, sem delongas, a'plenitude deznocrátíca do País, pareceminoportunas, extemporâneas e até .cpntra;­ditorias as declarações do nobre Lider d~;

Maioria, José Bonifácio, !l0p~'e o compare­cimento do Ministro da Justiça à Câmarados Deputados.

As acusações de S. E:K.a configuram, na!verdade, uma condenável provocação, 'con­tra a qual já se ergueram dezenas de vo­zes.

A Oposíção, ao buscar o diálogo com QSr. Armando Falcão, não pretende contes­tar quem quer que seja. E muito menosfazer o íoso de extremistas.

Afinal, há quase 27 anos o Brasil firmoua Declaração Universal dos Direitos Huma­nos, ato de altíssima relevância ,e que pro­clama, corno ideal a ser demandado portodos os povos e por todas as nações, oefetivo reconhecimento de prerrogativasindispensáveis à paz e à harmonia entreos homens. '

Ora, o MDB não contesta ou sequer pro­voca quando propõe o debate - leal efranco - a respeito da verdadeira situaçãode presos poíítícos. E muito menos sugerea absolvíção ou a condenação de pessoas'que, porventura, hajam transgredido a Lei'de Segurança Nacional O MDB quer ape...·'

.nas o diálogo, porque entende que o diálogo,'quando- vazado no respeito mútuo, é capaJ'l''''de dirimir dúvidas e dissipar interrogações.."A atitude oposicionista, longe de se eons­tituir numa provocação, poderia ser de.grande valia para o próprio Governo Fe- 'deral, > ,

Mas, SI', Presidente, obrigo-me a alteraro sentido de minha intervenção: acabo de"

MRrço de 1975

receber a infausta notícia do falecimento,estarmanhã, em Porto Alegre, vítima de malsúbito, do Prof. Nei Brito, Suplente de Se­nador pelo Rio Grande do Sul.

Faço o registro profundamente peseroeo,porque ainda anteontem estive com NeiBrito e outros destacados líderes de meupartido no interior gaúcho, participando degrandiosas concentrações políticas.

Ainda ressoam suas palavras de fé naDemocracia e na Liberdade.

Permanece viva sua mensagem de con­fiança nos altos destinos deste Pais.

Homem de convicções polítícas ínabalá­veís, Nei Brito pautou sua vida - públicae particular - no sentido da promoção dohomem, do reconhecimento de seus valoreseternos.

Com sua morte, perde o Rio Grande umde seus mais valorosos e bravos filhos.

Trilhou ao longo dos anos os ásperos ca­minhos da verdade e da justiça.

Viveu para a humilde glória de servir.Há quase 10 anos virtualmente afastado

da vida partidária; a ela retornou nos bra­ços do povo, conquistando, mercê de suasextraordinárias virtudes, a suplência sena­torial, como companheiro de chapa de ou­tro gaúcho de alta estirpe - o Prof. PauloBrossard de Souza Pinto.

No Governo de Leonel de Moura Brizola,ocupou a Cp.efia da Casa Civil, cargo quehonrou e dignificou.

Anteriormente, já servira ao Governo doGen. Ernesto Dornelles.

Dentro ou fora da atividade política,prestou assinalados serviços ao Rio Grandee à sua gente.

Dele assimilei, nos tempos de universi­tário, admiráveis lições de patriotismo. Meunacionalismo tem muito de sua inspiraçãoe de seus ensinamentos.

Por isso, como discípulo, como amigo, co­mo correligionário e como grande admira­dor, registro sua morte com profundo pesar.

Convenço-me, Sr. presidente, de que opassamento de Nei Brito deixa um hiato

. difícil de preencher na vida partidária rio-grandense. .

Mas, acredito firmemente na vida eterna.E sei que os bons exemplos, os magnífícosexemplos de civismo, de amor ao próximo,de respeito às instituições, de submissão àverdade e de reverência à justiça, que fo­ram uma constante na existência de NeíBrito, jamais serão esquecidos e servirão,sempre, de paradigma para as novas ge­rações.

Apóstolo da Liberdade e da Democracia,Nei Brito viverá perenemente na memóriade todos os brasileiros, que, em todos osquadrantes do País; sonham por uma Pá­tria grande e forte, livre e soberana, umaPátria, enfim, redimida de todas as iniqüi­dades.

O SR. JUAREZ BERNARDES - (Pro­nuncia o seguinte díseurso.) Sr. Presidente,Srs. Deputados, é constrangido que asso­mamos à- tribuna para protestar contraviolências policiais ocorridas na pacata,hospitaleira e progressista cidade de Pa­ranaiguara, promovidas exatamente peloresponsável pela segurança Municipal, oseu delegado Sr. Adáo dos Santos Amorím,

A 8.'" série do Colégio Municipal de pa­ranaiguara promoveu um baile a fim dearrecadar fundos para sua formatura.

Embora a festa tivesse por objetivo ar­recadar fundos, mesmo assim, a ele, dele-

DIARIO DO éONGRESSO NACIONAL (Seção n

gado, foram oferecidas gratuitamente 2mesas e os ingressos para seus familiares.

Não contente, o delegado queria mais.Queria também gratuitamente as bebidas,no que não foi atendido, uma vez que asbebidas custaram dinheiro aos estudantes.

Resultado: o prepotente delegado Adãodos Santos não teve dúvidas; visivelmenteirritado, mandou acabar com a festa, cau­sando sérios prejuízos aos estudantes. .

Movido pela revolta geral da sociedadeparanaiguarense, o Vereador José Gomesda Silva fez um protesto na Oàrnara Muni­cipal contra a atitude arbítráría do dele­gado. Em vista disso, ficou ameaçado o Ve­reador de prisão iminente pelo truculentodelegado.

Dia 4 do corrente mês concretizou-se aameaça. O Vereador foi preso, trancafiadopor 2 horas, porque reclamava e conclama-va por justiça. '.

Dirijimos o nosso apelo ao Governo doEstado e ao Secretário de Segurança Pú­blica de Goiás, no sentido de que não per- .mítarn que taís arbitrariedades se repitam,pois são elas, sem dúvida, geradoras degrande revolta popular.

. O SR. ALClR PIMENTA - (Sem revisãodo orador.) Sr. Presidente, Srs. Deputados,de autorja do nobre Senador Benjamim Fa­rah, tramita no Congresso Nacional propos­ta que visa a modificar os artigos 101 e 102da oonstttutção, com vistas a propiciar a to­dos os servidores públicos do País a alme­jada e sonhada aposentadoria aos 30 anosde serviço, para os do sexo masculino, eaos 2ii anos para a mulher.

Dentre as. razões alegadas pelo ilustreSenador figura uma, Sr. Presidente; quereputo da maior importância, qual seja, ade que a vida média do homem brasileiro,que oscila entre 45 e 48 anos de idade, nãopropicia àqueles que devem esperar 35 anospara aposentar-se a radiosa oportunidadede sobreviver ao.ato da aposentadoria parausufruir desse benefício e dar-se ao luxode, no aconchego do lar, j unto aos seus fa­miliares, não só de descansar fisicamente,mas também rememorar para os netos epara a família os afanosos tempos de ser­viço público.

Sr. Presidente, como se não bastara essaobservação tão judiciosa, é ainda de no­tar-se que, de modo geral, mal pago emtodos os ,escalões funcionais, não dispondoda possíblhdade de progredir gradativamen­te, na medida em que se aperfeiçoa intelec­tualmente, quase sempre ocorre que o fun­cionário público em nossa "Pátria, ao finalde 20 anos de serviço já perdeu as.esperan­ças de atingir um progresso material quejustifique todo seu devotamento ao trabalho,ao qua.l entregou-se de forma carinhosa etotal.

Sr. Presidente e srs. Deputados, é opor­tuno encarecermos a oportunidade da pro­vidêncía adotada pelo ínclito Senador Ben­jamim Farah, e fazemos votos para que oCongresso Nacional, em tomando em contatudo aquilo que contém a propositura, pos­sa converter em lei aquele instrumento quehá de reabilitar o Poder Público e o Le­gislativo da imperdoável falta em relaçãoao servidor público brasileiro.

O SR. CELSO RAMOS (Pronuncia o se­guinte díseurso.) Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, recebi memorial da cidade de PedrolI, no lEstado do Piauí, contendo quase cemassinaturas de pessoas das mais diversasclasses e representações sociais, acompa­nhado de Carta do Vigário da Paróquialocal, Pe. Lotário Weber, solicitando a nos­sa interferência no sentido de ser instala­da, naquela cidade, uma agência bancáría,

Quarta-feira 12 0301

o citado expediente focaliza os aspectosprincipais da economia do município; nossetores da cera de carnaúba, agropecuária,pedras sémtpreeíosas e artesanato, desta-,cando o seguinte, em relação a cada umdeles:

,1 - Cera de carnaúba - Representa omunicípio um dos maiores produtores donorte do Estado. E agora, com a implanta­ção, no Estado, de uma indústria para aexploração desse produto, abrangendo a pa­lha, que é aproveitada para o fabrico depapel, dado o seu rico teor de celulose,maiores são as possibilidades que se ofere­cem para a extração do produto. A empresaque a tal se propõe instalará, nos municípiosprodutores de cera, dezoito postos, um dosquais no município de Pedro lI.

2 - Agropecuária - Agropastoril por ex~

celência, o município possui um dos maio­res rebanhos do norte píauíense, produzin­do, em larga escala, farinha, arroz, feijão,milho e, em menor escala, mamona e algo­dão, além de outros. Dada a natureza deseu clima salubre, produz frutas e verdu­ras, sendo, inclusive, apropriado ao cultivode uva, segundo testes já realizados comêxito.

3 - Pedras semipreciosas - l!: conhecidono mundo inteiro como produtor de pedrassemipreciosas, destacando-se a opala, dealto valor eeonõmíco para o fabrico de jóias.Esse produto é exportado para os grandescentros da Europa e das Américas. PedroII é talvez o único município brasileiro a.explorar esse minério em grande quanti­dade.

4 - Artesanato - A cidade é bastanteconhecida pelo seu artesanato, destacando­se a- produção de vários produtos, como re­des, de linha esterlina, exportadas inclusive.Representa grande fonte de renda para omunícípío.

Cumpre destacar, por outro lado, que aParóquia de Pedro II é dirigida por padresalemães, que recebem substancial ajuda doseu país. Mantêm eles escolas com capaci­dade para mais de 800 alunos, Centro So­cial, com implantação de escolas domésticas,que ministram aulas de corte e costura, deartesanato, mantendo, ainda, ambulatório,maternidade. Em construção grande hospi­tal, cujo orçamento está previsto na basede U111 milhão de cruzeiros, excluindo asinstalações. O dinheiro da Paróquia e o queresulta das mencionadas fontes de produeáoé depositado nas agências de Piripiri, cidademais próxima a Teresina, capital.. Acresce a isso a necessidade de atendi­mento a grande parte da população urbanae rural, no setor do INPS e FUNRURAL,cujos pagamentos são efetuados através dasagências bancárias acima indicadas.

Justifica-se, por isso, plenamente a insta­lação de uma agência bancária nesse mu­nicípio, a qual, a par dos demais fatoresjá apontados, haverá de concorrer tambémpara o incremento da produção agrícola epecuária, auxiliando, consideravelmente,outras áreas de atividade e de assistência .social.

Sob o ponto de vista meramente lucrativo,uma agência bancária encontrará, no mu­nicípio, condições favoráveis ao seu desen­volvimento e expansão, com a implantaçãode projetos pela SUDENE, já em perspectiva,ao lado do já existente - o que se destina,'como antes mencionado - à índustrtajíaa­ção da cera de carnaúba.

Daí o nosso apelo ao Sr. Presidente doBanco do Brasil, Banco do Nordeste doBrasil S/A e Banco do Estado do Piauí nosentido de que examinem a possibilidade

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de atendimento da solicitação a nós formu­lada para a instalação na cidade de Pedro Irde uma agência bancária. Será esse um atode compreensão das necessidades daquelaregião, que precisa do apoio das organiza­ções de crédito oficiais para o incrementode sua economia e a expansão de suas ati­vidades.

O SR. JERõNIMO SANTANA - (Pronun­cia o seguinte discurso.) Sr. Presidente, Srs.Deputados, estamos denunciando ao Sr. Pre­sidente da Repúblíca, e ao Sr. Ministro daJustiça o clima de coação e ameaça que oGovernador do Território Federal de Ron­dônia desencadeou contra a Bancada doMDB, majoritária na Câmara Municipal dePorto Velho, tentando obrigá-la a empossar110 cargo de Prefeito o Sr. Odacir SoaresRodrigues, apiado desse mesmo cargo em1972, por comprovada corrupção na Admí­nístracão Municipal.

Agora, aquele mesmo Governador que ha­via exonerado Odacir, em razão inclusivedo escândalo do Sitio "Babilônia", 110 R10Candeias, e inclusive com as contas rejeita­das pela Câmara de entáo, cuja maioriaera da ARENA; agora, o' atual Governadordo Território, sem ouvir qualquer liderançapolítica na Unidade, à revelia da maioriado MDB na Câmara dos Vereadores, querimpor o nome do Sr; Odacir Soares paraPrefeito, e, para tanto, baixou decreto e de­seja obrigar a Cãmara a cumprir o seu de­creto inoportuno e provocador.

A Oâmara dos Vereadores, por motivos 'desobra e por representar a maíoría eleitoraldo Município, recusou-se a empossar o Pre­feito nomeado, cujo nome saiu do bolso docolete do Governador, conforme lhe facultao art. 55, item IV, do Decreto-lei n.? 411/69,pois é faculdade da Câmara dar ou nãoposse aos Prefeitos nomeados pelos Gover­nadores dos Territórios.

A partir da recusa da maíoría da Câmara,não dando posse aos Prefeitos nomeados pe­los Governadores, surgem as íntímídaeôes.Agora, está o Governador coagindo os Ve­readores a darem posse ao seu candidatonomeado, e daí'o esquema de pressões eameaças, que. não ee justifica e que denun­cíamos ao Sr. Ministro da Justiça.

E o absurdo maior vem ocorrendo, Sr. Pre­sidente: não dando a Câmara posse ao Pre­feito nomeado pelo Governador, este re­correu ao Judiciário, não sabemos se paraque o Prefeito seja empossado a revelia daCâmara ou se para obrigar a esta a lhe darposse.

Dar ou não posse aos Prefeitos nomeados,no Território, é questão interna das Câmarasde Vereadores. É questão eminentementepolítica, e, agora, o Governador deseja obri­gar os Vereadores a darem posse ao seuprotegido, nomeado Prefeito.

Táo absurdo como pretender obrigar aCâmara a empossar Prefeito nomeado, sematender aos requisitos políticos, seria pre­tender obrigar o Governador a indicar esseou aquele nome a Prefeito. Esse problemasó' se resolve com um diálogo franco com oPartido majorítárío, onde 'ambas as partestransijam.

Se é competência privativa do Governa­dor nomear esse ou aquele para Prefeito,também é competência privativa da Câmaraempossar ou não tais Prefeitos, problema,como disse, eminentemente político. O re­curso ao Judiciário para empossar Prefeitosnomeados para os Territórios é uma emendapior que o soneto. Como esse Prefeito 'rágovernar com uma Câmara que nem sequerlhe deu posse? Irá ele baixar leis atravésde mandatos de segurarica? Amanhã irá oPrefeito requerer mandató de segurança pa-

DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

ra a Câmara desfazer de suas decisões?Irão legislar em Porto Velho, através demandatos de segurança, contra a Câmara deVereadores, especialmente naqueles casos desuas prerrogativas e competência exclusiva?

A Câmara, pela sua maioria, decidíu nãodar posse ao Prefeito; ao Juiz, ao que nosparece, não compete fazê-lo, data venia. Enesse clima de desentendimnnto total, o Go­verriador permanece sem querer acatar adecisão da maioria, que no Território é, es­magadoramente, do MDB, e assim usa docargo para provocar a maioria do eleitora­do que, mais de uma vez, recusou, nas ur­nas, os seus apanígt.ados. E agora, usa docargo para se vingar do povo, nomeandojustamente aquele que foi derrotado nas ur­nas. Isto é o fim em materia de política eadmínístracão de um Território Federal, fei­ta apenas ií base da perseguição e da pro­vocacâo à maioria vitoriosa. Nâo é uma no­meação ; é um revanchismo, um despique amais, entre os inúmeros atos de perseguiçãoque se vêm verificando em Rondõnia, apóso resultado das eleícôes de 15 de novembro.

Sr. Presidente, em Rondônia, é incriveiacreditar. a partir do momento em que oMDB fez maioria na Oâmara de Vereado­res da Capital, nunca o Governador consul­tou nem ouviu essa maioria para nomearseus Prefeitos. Assim é um Porto Velho, as­sim foi em Guajará-Mirim. Sempre quis im­por os nomes do bolso de seu colete. Nomesque se fossem candidatos a Vereadores nàoseriam eleitos. são nomeados Prefeitos. Éuma prerrogativa- da Oâmara recusar em­passar o Prefeito e ela, agora, através de suamaioria, fez valer a sua prerrogativa. Afinal,não é só o Govermador que tem tais prerro­gativas.

A Câmara de Vereadores, único órgão co­legiado eleito pelo povo, também tem seusdireitos e prerrogativas, que devem ser res­peitados.

É preciso esclarecer à Oasa que o escân­dalo da Prefeitura de Porto Velho já searrasta por mais de três meses, sem soluçãopolítica, sem que o Governador tenha pulsopara resolvê-lo. Primeiro, perderam as elei­ções. A partir dai, o Sr. Emanuel PontesPinto, à vista desses resultados. e por estarenvolvido em negociatas de terras, grila­gens, afastou-se da sede do Municipio pormais de 15 dias. Segundo a Lei n.v 411, esseafastamento depende de licença da Câma­ra. Não havendo a solicitação, e verífícan­do-se a hipótese, o prefeito perde o cargo.Depois de quase um mês de seu afastamen­to, o Sr. Emanuel, sem que tenha a perdado cargo decretada pela Câmara, enviouuma carta dizendo que não queria ser maisprefeito. Numa palavra: a situação da Pre­feitura de Porto Velho é tão crítica que, naverdade, o seu prefeito abandonou a Pre­feitura. Sua carta teria sido entregue aoGovernador em 16-12-74. Q jornal O Gna­poré a reproduz, na edíçâo de 17 de dezem­bro passado:

"EMANUEL PEDE EXONERAÇãOO Prefeito Emanuel Pontes Pinto deve­rá viajar no dia de hoje, inicialmentecom destino a Belém do Pará e poste­riormente ao Sudeste e Sul do Pais, on­de se submeterá a intenso tratamentode saúde.Pela manhã de ontem, em seu gabinetede trabalho, na sede da Prefeitura, oSr. Emanuel Pontes Pinto reuniu seusecretariado, ocasião em que manifes­tou a decisão de solicitar exoneraçãodas elevadas funções, tendo encaminha­do ao Governador Marques Henriquesmissiva contendo os motivos do seu pe­dido, e que resulta da necessidade quetem de permanecer algum tempo aras-

Março de 1975

tado do Território por razões particula­res e principalmente em busca da me­lhoria da sua saúde. Após concluídaessa reunião, o Prefeito Emanuel Pon­tes Pinto dirigiu-se à presença doGovernador Marques Henriques, no Pa­lácio "Presidente Vargas", onde se de­morou em palestra com o governanteterritorial. Acompanhou-o nessa visitao diretor do Departamento Rodoviárioda Prefeitura, Sebastiáo Asser V,alada­res, o qual permanecerá à frente dosdestinos da Comuna porto-velhense, atéulterior deliberação.

A CartaEis, a seguir, na integra, a carta do Pre­feito Emanuel Pontes Pinto, levada pelomesmo ao Governador Marques Henri­ques, quando do encontro entre amoos,no dia de ontem, no gabinete de traba­lho do Chefe do Executivo porto-velhen­se, no Palácio "Presidente Vargas".

"Razões de ordem particular, inclusivemotivos de saúde, levam-me a depositaro cargo de Prefeito do Município dePorto Velho, à"dlsposíçâo de Vossa Ex­celência."Creia-me senhor Governador que, nes­ta iniciativa por mim tomada, não estáimplícita, em hipótese alguma, qual­quer manífestaçào de descontentamen­to, mesmo porque minha assunção aocargo de gestor do Município de PortoVelho, devo-a exclusivamente à de­monstração de confiança de Vossa Ex­ceíêncía.

"Nesses nove meses no exercício dafunção de Prefeito Municipal, na inti­midade do estudo e das decisões de or­dem administrativa em favor da nossacomunidade, foi-me dado aferir as ele­vadas quaüncações humanas e o altonível em que Vossa Excelência colocaas questões que dizem respeito ao bempúblico, de onde esplende sentimentode justiça, probidade e extremo cuidadono trato dos problemas que lhe SM co­minados.

"Isto posto, agradecendo as inúmerasdemonstrações de confiança com queVossa Excelência me distinguiu, aotempo em que aguardo a indicaçáo demeu substltuto, aproveito a oportunida­de para renovar-lhe meus votos de êxi­to na condução dos destinos do Terri­tório."

Desde o afastamento de Emanuel PontesPinto, ainda em novembro de 1974, ficourespondendo interinamente pela Prefeiturao Sr. Sebastião Asset Valadares, que, aliás,é um homem de bem. Mas o que se constataem tudo isso é a falência política e admims­trativa de um Governador: que, há maisde três meses, não tem pulso para nomearum prefeito para Porto Velho, que corres­penda os anseios da população. E agorafoi buscar justamente aquele que fora exo­nerado por irregularidade no exercício dessemesmo cargo. Dai as coações e intimidaçõesaos Vereadores do MDB para empossaremum nome imposto, que não é da aceitaçãoda maioria. Estamos denuncíando o fato aoSr. Ministro da Justiça para que se ponhafim às arbitrariedades que sempre se veri­ficaram no Território de Rondônia.

O SR. ERNESTO DE MARCO - (Pronun­cia o seguinte díseurso.) Sr. Presidente, Srs.Deputados, vimos a esta Casa pele voto dopovo catarinense, com o propósito de lutarem favor dos problemas do Estado, notada­mente da regiáo oeste de Santa Catarina.J!: a região menos favorecida pelo poder pú­blico estadual e desprezada pelas autorida­des federais em suas necessidades básicas,particularmente quanto às rodovias.

l\larço de ~975

Vizinha à região gaúcha do Alto Uruguai,esta .parte de Santa Catarina (oeste) viveuo fim de uma longa espera, assistindo àinauguração da ponte sobre o rio Uruguai,no porto Goio - em que liga os dois Esta­dos do extremo Sul do país. A festa foi nodia 23 de fevereiro deste ano.

Há mais de dez anos que os moradores doAlto Uruguai e do oeste catarinense espe­ravam que seus governantes efetivassem aobra prometida. Era a "ponte da eternida­de", conforme íronícamente lhe chamava opovo é, por esse motivo, sua inauguraçãofoi acolhida com grande alegria, justifican­do as festas que foram feitas de um e deoutro lado do rio Uruguai.

O advento da ponte fortaleceu os laço deamizade entre as duas .nações. Facilitou ointercâmbio material, espiritual e culturalque sempre ligam gaúchos e catarrnenses.Tudo ficou mais fácil para as populaçõesque margeíam o rio naquela região.

Quero, pois, Sr. Presidente, fazendo o re­gistro deste fato, congratular-me com D po­vo do oeste catarínense e com nossos irmãosgaúchos do Alto Uruguai por esta vitória,que tantos no passado quiseram ver masque só a nós, agora, é dado verificar.

Construída a ponte, que seria da "eterni­dade", seu nome ficou Ponte da Fraternida­de, e não erramos em dizer que sua existên­cia há de desempenhar relevante papel nodesenvolvimento econômico e social da re­gião. Sua inauguração foi uma conquista dopovo, fruto de longas caminhadas, pedidose irrsistência de pessoas do próprio povo,entre estes Iavourístas, comerciantes, pre­feitos, vereadores, políticos locais, tanto emSanta Catarina como no Rio Grande do Sul,que não mediram distâncias, indo muitasvezes às capitais de seus Estados para bus­carem das autoridades a solução de um pro­blema que não mais poderia ser adiado.

Veio o dia da festa' e os jornais de Santa.Oatarína noticiaram a inauguração da Pon­te da Fraternidade como obra realizada pe­los dois governos; catarmense e gaúcho. Noentanto, a coisa não foi bem assim.

São dizeres da placa afixada no ato damauguraçâo:

"Ponte sobre o rio Uruguai, inauguradaem 23 de fevereiro de 1975, sendo go­vernador do Estado o Engenheiro Eu­clides Triches, Secretário dos Transpor­tes" o Engenheiro Paulo' Nunes Leal eDiretor Geral do DAER o EngenheiroJorge Cláudio da COsta."

Como se vê, a placa só registra nomes deautoridades gaúchas. Omite autoridades deSanta Catarina e a plana faz justiça ao querealmente aconteceu, A Ponte da Fraterni­dade é obra do Goverll'O do Rio Grande doSul.

Santa Catarina em nada contribuiu paraaquela obra, demonstrando as autoridadesgaúchas maior sensibilidade -para com osproblemas da região do Alto Uruguai, comreflexos benéficos sobre o oeste catarinen­se, região onde se desenvolve a maior pro­dução agrícola de meu Estado.

Quero registrar este fato para mostrar aesta Casa e ao povo de Santa Catarina co­mo os últimos governos de meu Estado têmrelegado ao esquecimento total o oeste ca­tarínense.

Outra obra importante, recentementeconcluída pelo Governo Federal, é a pontesobre o rio Uruguai, na ligação dos municí­pios de Caibi, em Santa Catarina, com Iraí,no Rio Grande do Sul. Foi causa de granderegozijo entre as populações vizinhas.

Estou certo que estas duas obras realiza­das beneficiam grandemente Santa Cata-

DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

rina. É o início de uma nova era para o es­quecido oeste catarínense. É. nossa esperan­ça que o Governo Federal e o futuroGovcrll'O do Estado, voltem suas atenções deforma incisiva para aquela região. Já esta­mos cansados de promessas. Agora quere­mos ver 08 fatos, as realizações, os benefí­cios que o povo exige sendo executados.

Concluindo, Sr. Presidente, quero afirmarentretanto, que pouco ou quase nada vale­rã" as pontes se o Plano Rodoviário nãofor executado. Ê tarefa para o DNER. Viti­mas de promessas, queremos esquecer opassado para crer nas que agora nos estãosendo feitas pelo Dr, Stanley Fortes Batista.Prometeu aquele ilustre diretor ao Depu­tado João Linhares que concluiria, parainaugurar em junho próximo. as obras daBR-158. Mas, até agora, as obras estão pa­ralisadas.

Apelamos ao Diretor do DNER no sentidode cumprir sua promessa. Não queremosque S. s.a entre para o rol daqueles que sósabem prometer ao oeste catarínense, Aoque parece, isto vai acontecer.

Apelamos ainda ao Sr. Ministro dosTransportes no sentido de apressar a con­clusã-o das obras da BR-153, autovia queligará dois importantes Estados sulistas,passando pelos Munícíplos de Iraí, Caíbí,Cunha Porã, Maravilha, Campo Erê e SãoLourenço do. Oeste.

O SR. GASTA0 MtJLLER (Pronuncia o se­guinte díseurse.) - Sr. Presidente, 81'S.Deputados, mais uma vez tenho de vir aesta tribuna para assinalar o desapareci­mento de uma pessoa ilustre do nosso MatoGrosso. Trata-se do Sr. Odonaldo LázaroDutra, jovem Prefeito da cidade de ÁguaClara. da regíão do sul de Mato Grosso.

Pela segunda vez Odorialdo Lázaro Dutrafoi eleito pelo povo daquele município eexercia com eficiência o Poder ExecutivoMunicipal. Membro de tradicional famíliadaquela área e filho de um exemplar chefepolítico daquele município - o Sr. Guilher­me Dutra, que também já foi Prefeito da­quela comunidade - Odonaldo Elutra se­guia as pegadas do seu genítor, na ativida­de pública, por um dever vocacíonal.

O destino, no entanto, determinou que ojovem Prefeito fosse vítima do desastre aé­.reo com o avião Bandeirante. logo após adecolagem do Aeroporto de São Paulo. Tam­bém faleceu, na mesma ocasião, o Dr. Ar­naldo Dutra, irmão do Prefeito Odonaldo.

No momento, rendemos as nossas home­nagens à momóría dos dois ilustres conter­râneos falecidos.

Perde, assim, Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, Água Clara e, por que não dizer, MatoGrosso dois jovens, um já consagrado navida pública, graças à unção do voto popu­lar, e o outro uma esperança da vída po­Iítíca e também dos seus genitores,

Levamos à família enlutada os sentidos esinceros pêsames, bem como a nossa totalsolidariedade, quando sofre tã-o rude e ir­reparável golpe. Aspiro a que a familia Du­tra tenha a necessária dose de compreensãopara aceitar com reslgnação os ditames doCriador, .

O SR. EDUARDO GAUL (Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,circula nesta Casa - e parece-me que foidistribuída à imprensa - nota do eminen­te Secretário-Geral do Movimento Democrá­tico Brasileiro. Para nós, da ARENA, é pro­fundamente agressiva à dignidade de nossoLíder, o Deputado José Bonifácio, que foiescolhido pela unanimidade de nossos com­panheiros de bancada e que, pela sua tra­jetória nesta Casa, merece o respeito e aadmiração de todos nós, As atitudes que S.

Quarta-feira 12 6369

Ex.a vem tomando na Liderança represen­tam o pensamento comum dos arernstas.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, ocupamosa tribuna neste momento para repudiar es­sa nota do Deputado Thales Ramalho e,acima de. tudo, para dizer que as qualida­des do Deputado José Bonifácio se expres­sam para caracterizá-lo como autêntico lí­der. Com sua capacidade, conhecimentos ecompreensão, como já diziam os tratadis­tas franceses, S. Ex.a não está limitando àsbrigas olíticas de seu município nem ao ho­rizonte geográfico de seu País. Seu amorà causa pública projeta-se num todo uni­versal, que o qualifica como grande líder.

Queremos registrar os protestos da Alian­ça Renovadora Nacional, responsável pelo,processo histórico revolucionário da Pátria.A ARENA, partido majoritário no País, tem- e assnme publicamente - responsabili­dade histórica quanto ao futuro da Naçãoe ao desenvolvimento que nos trouxe a Re­volução de 1964.

O SR. PADRE NOBRE (Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, não é de hoje queluto pela moralização do comércio do livrodidático no Brasil, mas de longa data. Nãoé possível que, somente para atender aosinteresses e às ambições de lucro daquelesque editam livros escolares, tenhamos desubmeter o povo brasileiro à escorcnante ex­ploração, no que diz respeito ao preço dolivro didático no Brasil. Em primeiro lugar,não admito que o Conselho Federal de Edu­cação e o próprio Ministério da Educação eCultura permitam sejam substituídos livrosescolares, sem necessidade alguma e comprejuízo absoluto até para a pedagogia epara a didática do povo e dos escolares.

O Ministério da Educação e Cultura, emresposta a uma crítica que eu fizera, aotempo do Ministro Jarbas Passarinho, afir­mou que o livro escolar - pasmem, 81'S.Deputados - estaria ao preço' de Cr$ 4,20,em média. Fui apurar, depois, que o Insti­tuto Nacional do Livro realmente os publi­cava à média desse preço, ma'!t para 11%dos alunos brasileiros. E os restantes 89%,onde compra os livros, e por que preço? Sãopara atender aos trustes, são para atenderà ganância dos editores, que nã-o se preo­cunam com a economia popular, com os po­bres pais de família que, ano a ano, sãoforçados a desembolsar, do magro salárioque recebem, uma consíderável importânciapara um, dois, três, quatro filhos compra­rem livros, o que representa sacrifício paraa família brasileira.

Reclamo, reclamarei e voltarei outras ve­zes a esta tribuna para tratar deste assun­to, até que l Governo tome conscíêncía deque não se deve abusar tanto e por muitotempo da paciência e da economia de umpovo.

O SR. PEIXOTO FILHO (Pronuncia o se­guinte díscurso.) - Sr. Presidente, 81'S.Deputados, a Rede Ferroviária Federal, aocomemorar o seu 17.0 aniversário de fun­dação, fez divulgar um excelente trabalhodenominado "Pequena Antologia do Trem",elaborado por um dos seus antigos servido­res, o festejado escritor duque-eaxiense LaísCosta Velho.

Alimentado pela inteligéncia do seu au­tor, Q trabalho seleelonou trechos de obrasliterárias que fixam a presença do trem­incorporada à paisagem e a operação ferro­viária - associada intimamente à vida deseus personagens de ficção. O tema cresceainda em suas páginas, através da sensibi­lidade de rtguras de relevo da poesia nacio­nal.

Assinala o Presidente da RFE, seu ilustreapresentador. que "a ferrovia na LiteraturaBrasileira, além de representar sígrüücatí-

0310 Quarta-feira 1:t DIÃRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1975,

va contribuição ao conhecimento de nossasletras, se valoriza, também, como livro-tex­to para as classes de língua e literatura por­tuguesas, sem sua destinação didática maisdireta e oportuna para nossa juventude".

A história do trem é uma antologia detrabalho, de píoneírísmo, de conquista. Éuma caminhada de progresso. com marcasde lirismo, de saudade e esperança. Cons­titui, sobremodo, um registro de eterna pre­sença do homem, plantando na terra trilhosde aço para' conduzir seus sonhos, suas as­pirações. Ao todc 37 trechos de obras-pri­mas da literatura nacional ornamentam oexcelente trabalho de Lais Costa Velho, es­critor e jornalista, da pujante cidade flu­minense de Duque de Caxias, com várioslivros publicados de repercussão nacional.

Adonias li'ilho, Agrlpino Grieco, AníbalMachado, Ana Maria Martins, Antônio deAlcântara Machado, Augusto Meyer, Aus­tregésilo de Ataide, Boris Schnaiderman,Carlos Drummond de Andrade, Danton Jo­bim, Di Cavalcanti, Gastâo Cruls, GilbertoAmado, Gracilíano Ramos, Guilherme Fí­gueiredo, Hélio Damante, João do Rio, JoãoCabral de Melo Neto, João Guimarães Rosa,José Alípio Goulart, José Lins do Rego, JoséMauro de Vasconcelos, José Santos de Oli­veira, Jorge Amado, Josué Montelo, Léo Vaz,Léo Arruda, Luiz Aranha, Literatura de Cor­del, Mana Clara Machado, Manoel Bandei­ra, Monteiro Lobato, Oliveira Ribeiro Neto,Paulo Mendes Campos, Ríbeiro Couto, Ru­bem Braga -e Walmyr Ayala foram os auto­res selecionados na "Pequena Antologia doTrem", que focaliza com rara felicidade aferrovia na literatura brasileira.

Sr. Presidente, não sendo afeito as baju­lações, [amais ocupo esta tribuna para for­malizar elogios que sejam entendidos comoprotocolares ou em razão de interesse po­lítico-partidário ou pessoal. Por isso, estouà vontade, coerente com a normativa de mi­nha ação parlamentar, para abrir uma ex­ceção, por encontrar-me com o coração emfestas e a alma em regozijo' diante do ex­traordinário trabalho de Laís Costa Velho,de há muito combatente de primeira linhaem prol do desenvolvimento sócio-econômi­co do Estado do Rio. Já não é preciso dizermais nada para justificar minha presençanesta tribuna, a fim de registrar as maisefusivas congratulações com o brilhante ho­mem de letras fluminense Lais Costa Velho,extensivas ao Presidente e demais dirigen-

•tes e servidores da Rede Ferroviária FederalS.A, Isto basta!

O SR. JOSÉ BONIFACIO NETO (Pronun­cia o seguinte dlseurso.) - Sr, Presidente,tramita presentemente nesta Casa o Pro­jeto n.? 2,290-A, de origem governamental,propondo fundas modificações na Lei n.?4.594, de 29 de dezembro de 1964, que re­gula a profissão de corretor de seguros.

É de se lembrar que esse diploma legal,nascido depois de muitos debates no Parla­mento, veio pôr cobro a uma situação deabusos então 'existente, Estabeleceu direi­tos para os corretores, dando-lhes autono­mia, mas, ao mesmo tempo, fixou-lhes deve­res, estipulando cominações civis e crírnínaíspara os faltosos.

O mercado securitário ressentia-se de ummccanísmo de profissionuis capazes para oseu desenvolvimento, Para o ingresso naclasse, passaram a ser exigidos requisitos deordem técnica.

O grande beneficiado era o segurado, quetinha a atendê-lo um profissional compe­tente, representando, na sua esfera de ação,O corretor papel de verdadeiro advogado.

O projeto em curso vem derrogar precisa­mente preceitos moralizadores da lei vigen­te, quais sejam os arts. 13, 17 e 19.

O art. 13 declara que somente ao corretordevidamente habilitado deve ser paga co­missão. O art. 17, enfatizando a autonomiada função, proíbe se vincule empregatícia­mente o corretor a qualquer pessoa jurídicade direito público, inclusive entidade de ca­ráter paraestatal; por igual, veda ao corre­tor ser sócio, administrador, procurador,despachante ou empregado de empresa deseguro. O art. 19 regula o destino de comis­sões não contratadas pelo corretor, as quaisdevem reverter, obrigatoriamente, para acriação de escolas profissionais e de um"Fundo de Prevenção contra Incêndios".

Sr. Presidente, a simples leitura dessesdispositivos mostra a sua importante fina­lidade. Tais preceitos vêm funcionando, hádez anos" com proveitos para os segurados.

Na Exposição de Motivos, o Sr. Ministroda Indústria e do Comércio argumenta quea substituição da seguradora pelo corretorveio gerar distorções no crescimento domercado.

Em primeiro lugar, com o devido respeito,as estatísticas não demonstram tal coisa.O mercado securitário vem crescendo con-tinuamente. '

Em segundo lugar, é necessário atentarpara a defesa do segurado, a qual logica­mente está muito mais assegurada com aintermediação do corretor do que atravésda venda direta, quando o segurado se vêinerme diante do poderio da seguradora.

Quem acompanha o funcionamento dasseguradoras sabe que o mesmo se faz, cadavez mais, ao lado dos Bancos e junto comeles.

Tenho para mim que a proposição me­recia maior exame antes de seu envio.

Não haverá, se aprovada a alteração, asadia reversão' das comissões não contra­tadas, É o que está no art. 1.° do projeto.Na verdade, o limite aí fixado pode ser re­visto, na forma do parágrafo único. Isto,por um lado. Por outro, tal limitação nãoimpede, na prática, a burla de, em caso deseguro maior, serem emitidas tantas apó­lices quantas forem necessárias para nãoexceder aquele teto,

" Pode, por certo, ainda, o Governo retiraressa Mensagem, para melhor estudar oproblema. Fazendo-o, terá contribuido paraa tranquílídaue do mercado securitário epara a salvaguarda dos interesses dos se­gurados, que são os que precisam ser de­fendidos, seja do ponto de vista social, sejado ponto de vista .humano.

Era o que desejava dizer,O SR. JAISON BARRETO (Pronuncia o

seguinte discurso.) - Sr, Presidente, Srs.Deputados, reconhecido deve ser, pelo povoe por quantos tenham qualquer parcela deresponsabilidade na conduçâô dos destinosdesta Nação, que de uns tempos para cáa esta parte os problemas sociais passa­ram a agigantar-se no contexto das preo­cupações do Governo.

se o atual Presidente da República, coma criação do Ministério da Previdência eAssistência Social, pôde dar uma dinâmicainusitada às questões específicas dessaárea, particularmente à previdência social,j á no final do Governo Médici se vinhaprocurando aperfeiçoar o sistema, median­te o envio de numerosas proposições aoCongresso, muitas delas, forçoso é reco­nhecer também, representando idênticose antigos reclamos de parlamentares dopartido oposicionista.

Pena é que os textos das proposições nemsempre corresponderam às exageradamen­te apregoadas intenções do Governo.

Pena é, ainda, que muitas das medidaspropostas .e afinal transformadas em leiaté hoje não foram executadas.

Neste caso está o direito à aposentado­ria especial garantido aos tecelões e rían­deíras pela Lei n,> 5.890, de julho de 1973, ,e seu regulamento.

Previsto está no dito regulamento que osexercentes de atividades, em locais per­manentemente expostos a ruídos superioresa noventa decibéis, têm direito à aposen­tadoria especial após vinte e cinco anos de'serviço, na forma do disposto na Lei n,?5.890, de julho de 1973. Tal exceção, justasob todos os aspectos, alcança os tecelõese fiandeiras.

Entretanto, até o momento, nenhumamedida acauteladora desse direito foi to­mada, estando tais categorias de trabalha-'dores impossibilitadas de comprovar queem seus locais de trabalho ocorrem ruídossuperiores ao previsto na legislação, porabsurda intransigência do INPS.

O Instituto, como que a fazer pouco doque lhe está determinado em lei, não re­conhece perícias feitas por engenheirosacústicos particulares e nem mesmo porum órgão da respeitabilidade da Divisão deHigiene e Segurança do Trabalho da Se-'cretaria do Trabalho do Estado de São'Paulo. Aceita, tão-somente, que os pedidos'de aposentadoria em casos dessa naturezasejam instruidos pelos profísstonaís., pró- ,príos do Instituto que, todavia, não os tem ,em seu quadro ou, se os tem, é com número'limitado.

Disso resulta que milhares de trabalha­dores vêm tendo procrastinada indevida­mente a sua aposentadoria e, pois, preju- :dícados em um direito expressamente asse- 'gurado em lei.

Permanentemente sujeitos à surdez e àneurose, tecelões e fiandeiras continuam a 'aguardar que o Instituto Nacional de Pre- .vidência Social se disponha a reconheceruma situação que é de inteira justiça.

Agora há pouco o Sr. Ministro da Aero- .náutica interditou o Aeroporto de Congo­nhas argumentando sobre a necessidade de 'proteger a população contra os efeitos dapoluição sonora,

Paradoxal, contraditório Pais este.Esta é a segunda vez que ocupo a tribuna

da Câmara dos Deputados para denunciartal fato. Espero não ter mais que fazê-lo,por isto que soltclto.r apelo mesmo, ao ilus-'tre Presidente do INPS que determine se­jam tomadas providências imediatas emfavor dos referidos direitos de tecelões efíandeíras.

O SR. OCTACíLIO ALMEIDA - (Pro­nuncia o seguinte discurso.) ar. Presidente,.Srs, Deputados, esperava vir a esta tribuna,Sr. Presidente, nesta semana, para apre-.sentar aos nobres Deputados desta Casa,alguns esclarecimentos a respeito do povo,'sua riqueza e suas dificuldades, a fim deque a região da Alta Araraquarense, capi­taneada pelo Minicípio de são José do RioPreto, despontasse no .cenárío da CâmaraFederal sob promissora expectativa, ,

Imperando, entretanto, o provérbio deque o homem põe e Deus dispõe, a fatali­dade interpôs-se à minha pretensão, for-'çando-me a vir à tribuna com um discurso'de saudade, de grande mágoa para mim e'para -o povo paulista.

Faleceu domingo, Sr. Presidente, na ci­dade de São Paulo, o Deputado Estadualda bancada do MDB Arlindo Antônio dosSantos.

Arlindo Antônio dos Santos, ar, Presiden­te, era natural de Mato Grosso, tendo mí- .

Março de 1975 DIA:&IO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 0311

grado, ainda na primeira infância, para aregião de Macaubal e Turiúba, área de [u­rísdíção de São José do Rio Preto.

Fez os estudos de 2.° grau no ColégioMo:qsenhor Gonçalves, o primeiro estabele­cimento de ensino seeundárío regional,tendo partido, depoís, para a Cidade doRio de Janeiro, onde matriculou-se numaFaculdade de Medicina.

Retomóu, depois de formado, a Macaubale. Turiúba, procurando devolver, persisten­temente, tudo quanto sua família recebera,dadivosamente, daquelas terras e do seupovo.

Médico de profunda sensibilidade profis­sional, destacou-se" também Arlindo dos'Santos pelo seu espírito humano, ao des­dobrar-se, durante muito anos, no atendi­mento da população urbana e rural.

Politico por vocação e por entusiasmo pe­las lutas cívicas da 'Nação, esteve duranteanos na vanguarda dos grandes movimen­tos naelonuís.

I ,ço:nhe~o. Sl'. Presidente, .há cerca dedez. anos, nascendo, entre nós dois, fortevínculação ideológica, que nos fez partíeí­pautes do MDB, no interregno do seu en­g~tinhamento, e quando os emedebístaseram olhados de soslaio.

'Eleito Deputado Estadual em 1970, o pri­meiro Deputado Estadual daquela região,destacou-se pelo amor à estrutura do .Par­tiíio, instalando, sozinho, grande númerode Diretórios.

Parlamentar de vanguarda na Assem­bléia Legisle,tiva, iml?ÔS-se. entre os seusPares, sendo eleito ,secretário~Geral doDiretório Regional

Dizia-me Arlindo, durante nossasandan­ças. que o seu maIor desejo era morrer nastríncheíras do MDB e ser carreglj.do peíoscompanheiros de lutas partídârías.

Deus ouviu-o, Sr. Presidente: eoncretl­zen-se o pedido,

Arlindo saiu ontem da Assem.bléia .Legís­látiva de São Paulo, com destino à sua últí­ma morada, carregado pelos companheirosde lutas cívicas, que o recolheram nas trin­cheiras do MDB.

,Creio, Sr. l:'re.s:idente, que felizes são oshomens que coneretízam os seus sonhos,C011lO este de Arlindo Antônio dOI! Santos,que em sua trajetôría de vida construiupara sí, neste mundo de desilusões, um"pouso na glória".

O SR. NOSSER DE ALMEIDA (Pfomm­(lia o seguinte díséurso.) - Sr. Presidente,Brs, Deputados, inundação de proporçõesalarmantes acaba de ocorrer na cidade deBena Madureíra, no Acre, impondo ímedía­to desabrigo a milhares de pessoas, além dedestruir habitações e concentrações agro­pecuárias.

As últimas informações chegadas de meuE,stado dão conta de que os rios Iaco, Oaeté,Purus e Maeauâ, cresceram eom impressio­nante rapidez, sendo esta a maior enchentedos últimos 20 anos,

O Prefeito de Sena Madureira, Sr. Ana­Dias Gadelha, decretou imediatamente 'esta­do de calamidade pública, enquanto a Câ­mara Municipal, o Paláeío da Justiça, sus­penderam os seus trabalhos, além de outrasrepartições, em face do clima de pânico, quetomou conta da cidade. .

Aviões da Força Aérea Brasileira e mo­nomotores particulares movimentam-se pa­ra socorrer alto número de vítimas, levandomédicos, enfermeiras, asaístentes sociais eo possível em medicamentos.

Louva-se esse espírito de imediata soli­dariedade humana, notadamente o da nos­sa Força Aérea.

Tenho a convlcção, todavia, de que, dadaa extensão da catástrofe, é indispensávela cobertura do Governo FederaL

Venho dirigir veemente apelo aos Minis­térios do Interior e da Saúde, no sentido deque complementem, de forma maís deeísíva,e em termos mais amplos, o socorro ao -Mu­nícípío de Sena Madureíra, inclusive quandoas águas baixarem. Porque, a esta altura,serão indispensáveis recursos capazes deevitar as epidemias.

Por outro lado, torna-se imperiosa, desdelogo, a -verírícação in loco da área devasta­da, a fim de que se plane]e um esquema derestauração social e econômíca da região.

Este é o meu apelo,

O SR. UTôNIO BELINATI (Pronuncia oseguínte ãíseurso.) Sr. Presidente, Srs.Deputados, a atu-al sítuação dos cotonícul­teres paranaenses é símplesmente de cala­midade. No ano passado, uma arroba de al­godão era vendida, pelos plantadores, apreços que chegavam a quase 50 cruzeiros.Neste ano, com toda a taxa inflacionária,altos custos de adubos e outros produtos in­dispensáveis, o preço mínimo fixado foi de35 cruzeiros e 20 centavos.

O preço mínimo deveria ser bem superior,para equllíbrar as finanças dos produtores,que estão desesperados, pois contraíram dí­vidas nos bancos e não estão em condiçõesde liquidar seus débitos, tendo em vista osbaíxos preços fixados. O plantador con­traiu empréstimos para a compra de semen­tes, maquínarías e até mesmo para pagarseus empregados, pagando juros e correndoo risco de até perder sua propriedade, poisa colheita deste ano será uma das mais fra­cas.

O Sr. Mínilltro da Agricultura deve encon­trar urgentemente uma saída para a crisepor que passam os cotoníoultores paranaen­ses, que estão aflitos com a delicada situa­ção a que se vêem submetidos,

Caso não sejam tomadas as providências. reclamadas, não há dúvida de que dentro

de pouco tempo haverá sensível redução naqueda da produção de tão importante pro­duto.

O S:&' FRANCISCO LmARDONI (ProIlun­cia o seguinte díseurso.) - Sr. Presidente,Srs. Deputados, o Exm.o Sr. Presidente daRepública vem reiteradamente afirmandoà Nação a predísposíção de seu Governo emdar prioridade ao setor agropecuário. Esti­vemos, durante o tempo de seu primeiro anode investidura, na mais entusiasmada ex­pectativa e aplaudíamos S. Ex." quando sedispunha a conceder ao setor primário deprodução a atenção que sempre reivindica­mos para os problemas relativos ao eampo,

Logo assistímos à criação de duas empre­sas públicas, a EMBRAPA e a EMBEATER,destinadas a- dinamizar a assistência àagropecuária brasileira, através, príneípal­mente, da orientação téenica aos agriculto­res. Depois, outras medidas de importânciae repercussão foram anunciadas, revigoran­do, ainda mais, nossas esperanças de umapolítica que realmente atendesse aos velhosanseíos da classe.

Entretanto, quando o Governo iniciou,efetivamente, sua ação de rerormulações es­truturais, apresentando ao oongresso asprimeiras mensagens relativas a projetos delei, já corneçamcs a nos preocupar. Em pri­meiro lugar, afligimo-nos quando da apre­sentaeãn da mensagem que objetiva a cria-

'ção da EMBRATER. Ao tomarmos ciênciade seu texto, verificamos que o Governo se

dispunha a uma perigosa e desaconselhávelpolítica de substítuíção de órgãos e deoríéntações, em vez da implantação de en­tldades novas que viessem como apoio e re­vigoramento das já existentes.

Como exemplo, citamos a sítuacão daABCAR, entidade partícular sem fim lucra­tivo, que, desde longa data, vem prestandoínestímâveís serviços à nossa agropecuária,através de ínexcedível filosofia de trabalho.

O projeto de lei que objetiva a criaçãoda EMBRATER prevê a integração daABCAR na nova empresa pública, deixando­nos apreensivos quanto ao resultado desta.absorção, eis que aquela maravilhosa filo­sofia de trabalho poderá perder-se, inteira­mente, dentro do sistema viciado e impro­dutivo de nossa Administração Pública.

Agora estamos tendo notícia de que oGoverno pretende extinguir outros órgãosoficiais ou que dele dependam de algumaforma, órgãos esses que, bem ou mal, járepresentaram enorme progresso, uma vezque conseguiram instalar-se em regiões es­tratégicas do País, promovendo a descentra­lização administrativa e o hábito salutar deconviver, de perto, com os rurícolas e seusproblemas, chegando, assim, a uma perfor­mance bastante próxima da ideal.

Por último, tomamos conhecimento dadisposição do Governo, de fechar a Estaçãode Pesquisas Agropecuárias de Chapecó, emSanta Catarina.

Representante daquele ~staqo e, maisparticularmente, daquela região, fazemosveemente apeio ao Governo Federal paraque não efetive medida dessa natureza,mas, pelo contrário, intensifique a ajudafederal àquele instituto de pesquisas, quehoje se constitui em elemento de grandeimportância para o desenvolvimento deSanta Catarina.

O S:&. FLO:&IM COUTINHO (Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs.Deputados, a Emenda Constitucional n.O 1,de 17 de outubro de 1969, prescreve, noart. 1.76, § 1:":

"o ensino será ministrado nos diferen­tes graus pelos Poderes Públicos."

O ítem V do § 3.° estabelece: '

"o ensino relígíoso de matrícula facul­tativa constituirá disciplina dos horá­Mos normais das escolas oficiais de grauprimário e médio."

No item VI do mencionado § 3,° do mesmoartigo se determina;

"o provimento dos cargos iniciais e fi­naís das carreiras do magístério de graumédio e superior dependerá sempre deprova de habilitação, que consistirá emconcurso público de provas e títulos,quando se tratar de ensino oficial.".

Assim, pelos dísposítãvos que integram otexto constitucional, os diferentes graus deensino são: primário, médio e superior.

Ensino primário, ensino médio e ensinosuperior são expressões constantes dos itensI, rI e IV do § 3.°; nível médio e nível su­perior decorrem do item rII do § 3.0I Assim, não cabem outras denominações,se não as existentes no texto constitucional,sendo descabidas, pois, as do § 1.0 do art,1.° da Lei 0.0 5.692 e os demais dispositivosdele decorrentes.

Na item Ir do § 3.° do art. 176 é fixadoque o ensino primário é obrigatório paratodos, dos sete aos quatorze anos, e gratuitonos estabelecímentosoríctaís. O art. 178 dis­pões que as empresas comerciais, industriaise agrícolas são obrigadas a manter ensínoprimário gratuito para seus empregados, e

031% Qual"ta-feira 1% DIARXO DO CONGRESSO NACXONAL (Seção I) Ma:rçll de 19'75

o ensino dos filhos destes, entre os sete eos quatorze anos, ou a concorrer para-aque­le fim mediante a contribuição do salário­educação, na forma que a lei estabelecer.

Pelo item UI do § 3.°, "o ensino público'será igualmente gratuito para. quantos, nonível médio e no superior, demonstraremefetivo aproveitamento e provarem falta ouínsuneíêncía de recursos".

'. No tocante ao ensino primário, é gratuito'só nos estabelecimentos oficiais; o de nívelmédio e superior não se restringe a esses,na modalidade que se apresenta. Isso ocor­reu principalmente com os situados naGuanabara, que perderam suas característí­eas tradicionais, com a consolidação da Oa­pí tal em Brasília, a partir do segundo tri­mestre de 1964, acrescendo-se o processa­mento da Instalação do novo Estado do Riode Janeiro, resultante da fusão ocorrida.

Dever··se-ia estender também esse aspectoaos estabelecimentos oficiais de ensino pri­mário partícular' e atendendo a- que, peloart. 178. o ensino primário gratuito, semmaior limitação, é obrigatório para as em­presas, na conformidade do art. 178.

O art. 177 dispõe que os Estados e o Dis­trito Federal organizarão os seus sistemas deensino, e a União os dos Territórios, assimcomo o sistema federal, que terá carátersupletivo e se estenderá a todo o País, nosestritos limites das deficiências locais. O§ 1.° registra que a União prestará assis­tência técnica e financeira a-os Estados e aoDistrito Federal, para desenvolvimento dosseus sistemas de ensino.

A tradição na educação brasileira temsido a de atribuir o ensino primário e pré­escolar aos municípios. O ensino médio vemsendo atríbuido, no seu desenvolvimento,aos Estados. O ensino superior, que era dacompetência precípua do poder federal, vemsendo também ministrado pelo poder es­tadua.l

A vista do caráter supletivo constante dotexto constttucíonaí, isto é, no sentido desuprir, de ajustar para completar. de prover,de dar o que faltava, o necessário, duas t;en­dêncías se podem apresentar; uma, em largo'sentido, que o sistema' federal, nos seusdiversos graus de ensino, se estenda por todoo território nacional; a outra. mais realista,que a União deve apenas prestar, a precisaassistência técnica e financeira. Destarte,neste caso, não há como admitir a existên­cia de estabelecimentos federais de ensinomédio. devendo os mesmos se transferirempara a esfera da competência estadual.

Quanto ao ensino superior, ante a deman­da que ocorre e a necessidade de maioresrecursos para a manutenção de tais estabe­lecimentos, poder-se-ia ainda admitir suaexistência nos atuais moldes do sistema fe­deral, embora sobrestada a criação de novasescolas federais. Poder-se-ia cogitar da pas­sagem paulatina de tais institutos para aestrutura estadual, em que já se oferecem,com condições bem razoáveis, universidadesmantidas pelos Estados. A reversão paraestes dos estabelecimentos federais de en­

.sino, com o seu patrimônio das mais diver­sas eoridíçôes, teria um sentido regionalapropriado e benéfico tanto para o conve­niente desenvolvimento da educação e dacÍl1tura como para desonerar de certo modo'a União, que limitaria sua ação executiva ede manutenção total aos Territórios e aoDistrito Federal, neste consideradas as ea­racterístãcas vigentes.

O SR. NABOR JúNIOR - (Pronuncia 11segnínte díscurse.) Sr. Presidente, Srs.Deputados. a população do Município deSena Madureira vem vivendo, nos últimosdias, momentos dramáticos, em conseqüên­cia do transbordamento do rio Iáco, afluen­te do Purus, eis que as fortes chuvas au-.

mentaram consideravelmente o' volume daságuas.

O prefeito daquele muníeípío acreano,Ananias Gadelha, viu-se forçado a decretarestado de calamidade pública, reconhecendooficialmente o desespero que atinge a popu­lação e ameaça a própria sobrevivência eco­nômica da região. Na sede do Município oproblema atingiu proporções assustadoras,com as águas invadindo prédios públicos eparalisando a vida sócio-econômica emgeral. COJ:!l as inundações vemos surgir aameaça de outro problema terrível, o dasepidemias, que, se não houver pronta açãodo Governo, poderão atingir as populaçõesvitímadas.

Ê da maior urgência, Sr. Presidente e Srs.Deputados, a necessidade de intervenção dospoderes públicos, no socorro à população eà economia de Senil. Madureíra, para que osprejuízos causados pelo tempo não sejamagravados pela passividade dos governantes.

Quero deixar público. nesta tribuna, que abancada federal do MDB está acompanhan­do com atenção e ansiedade o problema e,através deste seu representante, está soli­dária com o povo de sena Maduraíra, nestemomento dramático, e saberá cobrar dequem de direito a assistência às vitimas dasinundações.

V - O SR. PRESIDENTE (Herbe1"t Levy)- Passa-se ao Grande EXpediente.

Tem a palavra o Sr. Adhemar Sa~tiID.

O SR. ADHEMAR SANTILO - (Sem re­visão do orador.) Sr. presidente, Srs. Depu­tados, o jornal O Estadll de S. Paulo, naedição de hoje, traz notícia relacionada comos Governadores que encerrarão seus man­datos a partir do dia 15 de março e falatambém daqueles que serão os seus sucesso­res. Em certo ponto, assinala:

"AS discretas esperanças, que mal sedísttnguem por entre as generalizadasapreensões, com que a opinião pública,o governo e toda a área política aguar­dam a posse dos novos governadores nosábado, não se constituem apenas numsinal desalentador, mas definem umcáustico julgamento de um processo deseleção que chega a seu termo acumu­lando insucessos.Apenas como um dado revelador do es­tado de espírito do Congresso, vale oregistro de uma especulação recolhidaem roda numerosa de parlamentares eque concluiu por qualificar a safra dosfuturos governadores potencialmentepior que a dos atuais, em final melan­cólico de mandato."

Mais adiante, diz;"Os governadores que se preparam parapassar os cargos, quase todos amargu­rando inesperados desastres eleitorais,foram designados pelo mesmo método,com insignificantes modificações, queorientou a seleção dos seus sucessores.Portanto, não há por que esperar me­lhores resultados."

Afirma, ainda o O Estado de S. Paulo:"O governo assusta-se com a perspec­tiva de um malogro coletivo e tentamontar o esquema de socorro, capaz deoferecer o minimo de sustentação aosEstados. Mas o desafio mais sério é opolítico e para ele não há como assegu­rar a salvadora ajuda federal."

Sr. presidente e Srs. Deputadas, quandoem 1970, o sistema federal resolveu abolir aescolha. dos governadores através do vere­dito popular, em conseqüência da 'EmendaConstitucional n.O 1, esperavam os dirigen­tes de nossa Pátria que teríamos ai a solu­ção para os grandes problemas enfrentados

por todos os Estados. Pensavam eles que,com A designação de um homem desvín­eulado da vida política, de um homem quejamais tivesse participado de uma campa­nha . eleitoral, de um homem sem compro­missos para com o próprio povo, de um téc­nico acima de tudo. seriam resolvidos' osgrandes desafios .adrni~trativos:

Assim,· em 1970, com os raríssimos exce­ções, os escolhidos foram aqueles que jamaishaviam disputado um mandato eletivo, quejamais haviam participado de um comíctoem praça pública, que jamais haviam visi­tado as cidades do interior e, por isso mes­mo, se iriam opor à classe pclítíca brasi­leira, considerada, naquela altura dos acon­tecimentos, como desinteressante para ospróprios interesses da NAÇão.

Observamos a atuação desses Governa­dores nomeados. Tão logo assumiram assuas funções à frente do Executivo. emcada Estado, Q que se viu não foi apreocupação de administrar, não foi a preo­cupação de resolver os problemas do povo,mas Governadores nomeados, tidos comotécnicos da era tecnocrata, preocupando-setambém em fazer política. Entretanto neó­fitos nesse assunto, não tendo qualquer vin­culação com o povo, não tendo tradições,esses Governadores, ao invés de procura­rem agluténar as forças polítícas do seuPartido. dedicaram-se a fonnar liderançasparalelas àquelas já existentes. Antes deentrar em vigor a lei da fidelidade parti­dária, havia um trabalho harmônico e co­letivo em todo o terrítórto nacional. Masvimos, em 1972, os Governadores nomeadosà cata de adesões e mais adesões às suasfileiras, inclusive provocando a díssenção.iadivisão nos Muntcipíos onde participaramativamente para a rormação de 'diretóriosmunicipais e do próprio diretório regional;fomentando a discórdia, dentro do seu pró­prio Partido, através das sublegendas, ins­tituto criado pelo Partido majoritário a fimde acomodar a situação em casos eventuaisonde ocorresse a possibilidade de vitória docandidato do Movimento Democrático Bra­sileiro. Contudo, já para as eleições de 1974a ARENA não usou o instituto da sublcgen­da apenas n08 Municípios on-de o MDBtinha possibilidade de vitória. Não. No Es­tado de Goiás, por exemplo, as grandes di­vergências dentro do Partido do Governoocorreram justamente onde o nosso Par-,tido não estava organizado, onde o MDBnão havia concorrido às eleições. O que no­tamos foi a divisão total dentro da ARENA,com diversas alaa pleiteando o voto, numamesma agremiação partidária, dando assim,aparentemente, a oportunidade ao povo deescolher democraticamente seus represen­tantes. Aparentemente apenas, porquequalquer um dos eleitos pertencia à mes­ma legenda partidária. Isto levou o Par­tido governista, que tem grande responsa­bilidade nesta Pátria, a se esfacelar aindamais. Em conseqüência desse esfacelamento,o que pudemos constatar foi o atraso admi­nistrativo, as brigas de grupos. impedindo obem-estar do povo.

Acompanhamos as administrações muni­cipais em vários Estados, mas, especialmen­te em Goiás, onde notamos, com insatisfa­ção, que os interesses de grupos eram es­tritamente pela manutenção no Poder depessoas despreparadas e que não sabem quea política foi feita para colocar as conve­niências do povo em prtmeíríssímo lugar eque visa, acima de tudo, à felicidade do ho­mem. Esses grupos o que quiseram foi jus­tamente se manter na preferência de seulíder especial e por isto mesmo o insucessoadministrativo foi total nas comunas, nãosó nas do nosso Estado, como nas de todo oterritório naeíonal. O resultado verificou-senas eleições de 15 de novembro de 1974. O

Março de 1975 DIAR{(]t DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 031S

povo, notando o desastre das administra­ções estaduais e municipais, colocou-se aolado do Movimento Democrático Brasileiro.E para nós, do MDB, seria muito mais con­véníente que a situação permanecesse assírnpor mais tempo, pois haveríamos de faturar- faturar eleitoralmente - l1a eleição arealizar-se em 1976. Mas, como somos da­queles que acreditam que a política tem de

. colocar o interesse do povo, do munícípío,da comunidade em primeiro lugar, visandocada um investido de autoridade buscarem primeiro lugar a felícídade do povo,entendemos que estas divergências devemrealmente desaparecer e que não só os pre­feitos das capitais. das cidades consideradascomo estâncias hídromíneraís, como dasáreas de segurança nacional e também ospróprios governadores dos Estados, todosdevem ser eleitos pelo voto do povo. Fraca.s­sou o sistema político nacional da escolhade chefes do Executivo através da nomea­ção. Hoje podemos ver o 10rnal O Estado deSão Paulo como outros jornais de respeito,já se ·preocup,ando com os destinos do Es­tado com relação aos Governadores quetomarão posse a partir do dia 15. E se essasafra atual já foi ruim, como o próprio jor­nal chegou a afirmar, - apenas 1 ou 2conseguiram. se salvar no âmbito adminis­trativo - prevê igualmente o fracasso da­queles que vão tomar posse no próximosábado, e numa prova evidente de que devehaver uma reforma total e prevalecer otexto constitucional garantindo a eleíçãodireta para Governador do Estado a partirde 1978, e a extinção da sublegenda a partirde 1976, para que a felicidade do povo seja,pelos menos, objeto de esperança através daclasse política brasileira.

O Sr. Mário Frota - Nobre Deputado, V.Ex.'" tem razão quando afirma que os GD­vernadores eleitos não irão promover umbom governo nos Estados, ll: verdade que oMDB, o nosso Partido muito tem a se bene­ficiar cleítoratmente com isso. Mas o povoserá profundamente prejudicado. Ao ler umjornal da semana, do Amazonas, veríf'iqueí,estarrecido, que a meta do Governo para ohinteriand é embelezar as cidades, cons­

.truir campos de futebol, piscinas, áreas re­creativas e salões de leitura. Sabemos queisso não constitui prioridade para o hintcr­laudo São fatos que os próprios Deputadosda ARENA poderão confirmar. Prioritáriosna Amazônia são as escolas, hospitais e,acima de tudo, a alimentação, porque oshomens sofrem com sua falta.

o O SR. ADHEMAR SANTILO - O apartedo nobre Deputado vem enriquecer nossadespretensiosa fala nesta tarde. Abordare­mos, nesta oportunidade, assunto relaciona­do com a administração do Governador doEstado de Goiás, Sr. Leonino Ramos Caia­do, que também fracassou: não atendeu àsreais necessidades do povo, não deu assis­tência a três problemas básicos da adminis­tração estadual. Com efeito, não se preo­cupou com o setor da saúde - em nossoEstado milhares de vidas são ceifadas peladoença de Chagas e pela malária e quasecem por cento da população rural é atacadapela verminose intestinal - não se exe­ci.tando qualquer trabalho para melhorar ascondições de vida daquela gente. No setoreducacional a situação também é crítica,porque o Governo estadual não construiunenhuma sala de aula. A preocupação maiordo Sr. Leonino Ramos Caiado foi a de en-

_ tregar ao povo goiano uma' obra de sus­tentação que perpetuasse o seu nome nahistória política daquela Unidade .da Fe­deração, não se importando se vier amanhãa ser chamado de "o Faraó do Século XX"com a construção do majestoso Estádio"Serra Dourada". Num Estado pobre, queprecisa da assistência governamental em

vanos setores básicos, todo o dinheiro dopovo foi aplicado em obras suntuárías. Alémdo mais, endividou-se o Estado através deempréstimos contraídos pelo Oovernadcrpara conclusão daqueles empreendimentosque, na verdade nada contribuem para oprogresso do povo goiano. Ainda no setoreducacional podemos afirmar aos Srs.Deputados que no Estado de Goiás os pro­fessores são mal remunerados, Em novem­bro de 1973 a Assembléia Legislativa foiconvocada extraordinariamente para apro­var, em menos de 8 dias, o Estatuto do Ma­gistério. E até hoje, Sr. Presidente e Srs.Deputados, este Estatuto não entrou em vi­gor, simplesmente porque o Sr. Governadornão se preocupou em dar assistêncía con­digna aos mestres que militam na Secreta­ria de Educação e Cultura. Além disso, estáhavendo evasão dos mestres de Goiás, por­que enquanto em Brasília, por uma jornadaidêntica àquela do nosso Estado, se pagade 3.500 a 4 mil cruzeiros por mês, em Goiáso mestre não chega a ganhar nem 1.200.Por isso os cursos particulares, principal­mente os cursinhos, vão aumentando gra­dativamente e os professores ligados á re­de oficial do ensino se transferem para asescolas particulares, dizendo que lá não háprofessores de Quimica, Física, Biologia eMatemática, conseqüentemente, cabalando,cada um, para que o aluno vá para umcurso particular para ter melhor aprendiza­do e eles poderem ganhar mais.

O Sr. Siqueira Campos - Inicialmente,Deputado Adhemar Santilo, congratulo-mecom a gente goiana por vê-lo na tribuna doCongresso Nacional, iniciar os grandes de­bates que certamente travaremos aqui, V.Ex.a pela Oposição e nós pela ARENA, nodecorrer desta Oitava Legislatura V. Ex a,com brilho, já' se consagrou como um dosmelhores Deputados da Assembléia Legisla­tiva de Goiás. Permita-me agora, meu no­bre colega e amigo, que discorde de V, Ex.'"quanto à atuação do Governador LeoninoRamos Caiado. E, ainda amanhã, gostaria­mos que V. Ex.'" verificasse com que formaecnsagradcra sai S. Ex.'" do Governo, indoa um dos jogos que realizaremos no estádio"Serra Dourada", uma das obras do Gover­nador Leonino Caiado. Neste setor 'o povoestava totalmente desguarnecido, porque se­quer tinha meios de assistir ás partidas doesporte que emociona todo o povo goiano,como todo o povo brasileiro, em condiçõesde conforto e num ambiente de beleza. Nãoexiste, nobre Deputado, nenhum municípiodo Estado de Goiás que não tenha sidobeneficiado com obras necessárias e de altaenvergadura, pelo Governo Leonino Oaíado.Verdade que o Governador fez empréstimosexternos, inclusive para implantar um pro­grama, que servíu de modelo para o Go­verno Federal entrar nesse setor de apro­veitamento. das terras de cerrado; dandomaior assistência à área rural com o Pro­grama 'GOIASR.URAL. Verdade que o Go­vernador utilizou uma pequena parte dacapacidade de endividamento do Estado.Mas V. Ex."', justo como é, há de reconhecerque longe está da tomada total dessa ca­pacidade de endividamento. Pela própriapalavra do futuro Governador Irapuan Cos­ta Júnior, o Estado ainda tem longa faixaa utilizar. Em relacâo ao Governo LeoninoCaiado apenas perdura - e concordo comV. Ex.'" - a situação calamitosa do pro­fessorado. Mas essa situação foi muito mi­nímízada, porque essa classe ganhava muitomenos. l1; problema nacional a baixa remu­neração do professor. Eu mesmo tenho fa­lado sobre isso nesta Casa. Precisamos, semdúvida, sensibilizar a alta cúpula do Gover­no Federal para que tome medidas em favordessa abnegada classe, que prepara os ho­mens desta geração, os quais nos substitui-

rão.. :Mas Ex."', as obras realizadas pelo GD­vernador Leonino Caiado, o seu própriocomportamento político - um homem quesai do Governo gozando da admiração daOposição e da amizade do povo, sem nenhu­ma pressão - hão de merecer uma palavrade louvor de V. Ex."', porque V. Ex.'" é umhomem justo. Muito obrigado.

O SR. ADHEMAR SANTILO -'NobreDeputado Siqueira Campos, o aparte de V.Ex.'" muito nos honra. Aliás, no instante desua intervenção, iríamos ler um pronuncia­mento feito por V. Ex,'" nesta Casa, publí­cadô no Diário do Congresso do dia 29 denovembro de 1972. V. Ex.'" dizia o seguinte:

"Ora, Sr. Presidente, já se vão dois anosde mandato do atual Governador deGoiás e ainda o vemos, juntamente comvários integrantes- de seu Governo, afalar em "estudo", em "propor política"desta ou daquela forma, a falar emdiagnosticar e prognosticar e deitar re­gras sobre supostos "programas de as­sistência ao produtor".

Será que o atual Governador de Goiás,homem que já fracassou à frente daPrefeitura de Goiânia, não se dá contade que a apresentação de planos, nestaaltura, só ficaria bem para o futuro Go­vernador? Ou será que ele já pensa emfazer seu. sucessor e já procura progra­mar o seu governo?"

Mais adiante. diz V. Ex."', nobre DeputadoSiqueira Campos: .

E mais, Srs. Deputados, não há uma só'obra programada para a região doGrande Norte, que compreende o nor-

. te-nordeste do Estado de Goiás e re­presenta dois torcos da área territorialdo Estado. - >

A população do Norte e do Nordeste deGoiás, pergunta ao Governador quandoé que S. Ex."', sairá dos "planos" dosdíagnóstícos" .e das "análises" para aexecuçao dos trabalhos de construcâodas obras indispensáveis ao desenvolví­menta da grande região.

É hora de agir, Sr. Governador, V. Ex.'"teve oito meses antes de' iniciar o Go­verno para analisar, diagnosticar e pla­nejar; se não o fez, agora cabe traba­lhar, com ou sem planos.

O povo reclama menos planejamento emaís "razimento."

Goiás é um dos Estados lideres no au­mento da arrecadação. Apesar disto. te­mos um Governo que nada realiza. anão ser o acabamento de obras de ad-

. ministrações anteriores.

O que se vê, além disso. em Goiás. é aformulação de novos planos e o desen­volvimento duma espantosa, campanhapublicitária, enquanto a população sen­t~ crescerem, a cada dia, seus angua­tIOSOS problemas, à falta de quem con­duza com acerto os destinos do Estado.A verdade pode ser desagradável e con­tudente, mas nem por isso deve ser obs­curecida e, menos ainda, silenciada."

Tais palavras o Sr. Deputado SiqueiraCampos proferiu aqui, nesta Casa em 1972no mês de novembro. Além dis'so nobreDeputado Siqueira Campos, gostaria de con­vidá-lo - enquanto V. Ex.'" me convida parauma visita ao estádio "Serra Dourada" - air até à porta do Colégio Estadual de Aná­polis, a fim de ver os alunos voltarem daescola em virtude da falta de iluminacãopública, simplesmente porque houve a trocade voltagem de 110. para 200 volts. Até hojeo colégio não reiniciou suas aulas nesteano de 1975.

'UI «:l!uarta-felra I! DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção U lUarço de ,19'JJjí

O Sr. Siqueira Campos - Concede-meV. Ex. a um aparte?

O ss, ADHFj,l)1AR SANTILO - NobreDeputado Siqueira campos, em vista da exi­güidade do tempo, apresentaremos outroaspecto da administração Leonino Caiadoe logo a seguir daremos o aparte, com muitasatisfação, a V. Ex.a

As Prefeituras de Goiás estão à beira dafalência. Ainda na semana passada, os pre­feitos goianos, reunidos sob a presidência daAssociação Goiana dos Municípios" resolve­ram que, se o Governo estadual não fizer orepasse do ICM recebido da comercializaçãodo boí .. .

O Sr. Siqueira Campos - Isso foi desmen­tido categorícamente: é problema nacional.Agora, tenha em mente V. Ex. a que o meudiscurso nesta Casa foi feito para toda aNação, e está registrado. Na época, talvezas coisas não andassem bem em Goiás, eeste Parlamentar que aqui está critica, emnome do povo de Goiás, o Governo, inclu­sive o federal. e defende-o quando ele me­rece. E tenha V. Ex.a a certeza de que sem­pre o farei.

O SR. PRESIDENTE (Léu Simões) ­Nobre Deputado Adhemar Santilo, dispõeV. Ex. a de 3 minutos para concluir suaoração.

O SR. ADHEMAR SANTILO - NobreI;leputado Siqueira Campos, esta atitude deV. Ex. a não é de agora. V. Ex.a se tem por­tado aqui de forma contraditória no desen­volvimento do seu mandato.

O Sr. Siqueira Campos - Não é contra­ditória. Sou representante do povo e estouaqui para aplaudir o Governo se este andarbem e também para criticá-lo se assim nãose comportar. Estou aflui para exercer ummandato... .

O SR. ADHEMAR SANTILO - Sr. Pre­sidente, solicito a V. Ex. a que me assegurea palavra.

O Sr. Siqueira Campos - .,. mandatoconferido pelo povo. A contradição é da­queles que só louvam ou só atacam; só secolocam de uma forma.

O SR. ADHEMAR SANTILO - Sr. Pre­sidente, solicito novamente a V. Ex.a que meassegure a palavra; porque não concediaparte.

O SR. PRESIDENTE (Léu Simões) - Oorador não concederá mais apartes.

O SR. ADHEI\'IAR SANTILO - Sr. Pre­sidente e Srs. Deputados, os Prefeitos doEstado de Goiás - depois de proposta apre- .sentada pelo Chefe do Executivo municipalde Goiatuba - resolveram pedir interven­ção federal caso o Governo não entregue acota de 10M devida pelo Estadp às Prefei­turas, numa importância aproximada de 100milhões de cruzeiros. Lamentamos apenasque a providência tenha demorado tanto,porque, na verdade, a intervenção deveriater ocorrtdo durante a administração Leo­nino Caiado. Além do mais, o Prefeito deRio Vel'de declarou também, na oportuní­dade, que o melhor para os Prefeitos goia­nos - em vista do descaso administrativodo Chefe do Executivo estadual - seria arenúncia coletiva, para sensibilizar as auto­ridades da Nação. Em Goiatuba, o Prefeitodeixou de contribuir para o pagamento daalimentação aos presos, e o Juiz de Direitodaquele município resolveu colocá-los emliberdade, mesmo aqueles que estavam àdisposição da justiça.

O Sr. Siqueira Campos - Este é um pro­blema nacional.

O SR. ADHEMAR SANTILO - O Prefeitode Rio Verde resolveu tomar a mesma ati­tude e já cortou o fornecimento de alimen­tação aos presos, criando um problema para

a Delegacia de Policia, que tem seis presos àdisposição da Justiça.

Queremos concluir dizendo que a Assem­bléia Legislativa do Estado de Goiás vaipropor a criação de pelo menos três Comis­sões Parlamentares de Inquérito. Entre osassuntos a serem tratados por essas CPIspodemos citar a construção de uma mo­derna estação geradora de imagens de tele­visão. Não se concebe que num Estado pobrecomo Goiás, onde os mestres são mal remu­nerados e onde o número de vagas paraestudantes ainda é ínsuncíente, o Governomonte uma estação de TV a .cores. O MDBquer saber o por que da criação dessa esta­ção, embora oficialmente a sua construçãotenha sido determinada sob a capa deorientar a educação e a cultura, ainda quefalte inclusive a assistência míníma a essesetor.

Oportunamente, Sr. Presidente e Srs.Deputados, voltaremos à tribuna e teremoso prazer de conceder novos apartes ao Depu:tado Siqueira Campos que. como disse, econtraditório, porque ele próprio luta nestaCasa pela criação do Estado do Tocantins,sempre alegando o abandono em que seencontra aquela região. (Pahnas.)

Durante o discllrso do Sr. Adhemarsanuto, o Sr. Herbert Levy, to-vice­Presidente, deixa a cadeira da presi­dência, que é ocupada pelo Sr. Léo Si­mões, 49-Secl·etúl'io.

O SR. PRESIDENTE (Léo Simões) - Tema palavra o Sr. Joel Ferreira.

O SR. JOEL FERREIRA - (Sem revisãodo orador.) 81'. Presidente, 81'S. Deputados,primeiramente, desejo cumprimentar oscompanheiros que chegam a esta Casa paraabrilhantá-la e movimentá-la, como temostido o prazer de observar.

Em segundo lugar, desejo continuar de­senvolvendo a luta em que me venho empe­nhando ao tratar de assuntos de interessenacional e, vez por outra, trazendo a minhapalavra sobre assuntos da minha região,especificamente do meu Estado.

Ouviu-se, há pouco, um Deputado daAmazônia na parte de Goiás, reclamarprovidências do Poder Publico em razão defalhas administrativas, notadamente emsetores de primeiríssima necessidade, comoé o caso da educação.

Minha palavra é inicialmente dirigida aoGoverno Federal, particularmente ao Minis­tério da Agricultura, porque, sem querer te­cer uma critica prévia aos Governadores quetomarão posse no dia 15 de março, nelesnão acredito com muito entusiasmo. Nãotenho condições de acreditar nos Governa­dores escolhidos pelo poder central da Re­pública, sem a devida vivência com o povoda sua terra, com os problemas de seus Es­tados, com a vida da gente que- vão gover­nar.

Desejo, portanto, referir-me ao GovernoFederal, no que tange ao Mínlstérío da Agri­cultura, já que o assunto a abordar é espe­cificamente da Região Amazônica, maisparticularmente do meu Estado, o Amazo­nas.

Por várias vezes ocupei a tribuna para re­latar fatos, para muitos talvez aterradores.Tenho dito que a Amazônía, compreenden­do quase dois terços do território nacional,é um pedaço do Brasil carente de tudo: Eume tenho proposto a advogar para a Ama­zônia não o que tenho visto ser reivindica­do para os Estados do Sul, tal o prímarísmodo que lá ainda necessitamos. 'Decantar asterras da Amazônia para os companheirosque me escutam não é necessário: terrasférteis, exuberantes, capazes de tudo pro- .duzír, quando se plantar. Esta, porém, ê a

parte negativa da Amazônia: importamostudo, da farinha de mandioca ao feijão, aOarroz e ao que mais seja para o consumointerno da sua reduzida população. .'

. , l

Uma pergunta, então, Sr. Presidente, sefaz necessária: por que isso? Será porque ohomem da Amazônia - como alguns espa­lham - é indolente ou preguiçoso, Ou por­que não tem o apoio do Poder Público? El eudeclaro aqui, sem medo de contestação: éporque não tem ele o apoio do Poder Públi...co, quer estadual, quer federal. E é I2jJmcerta vergonha que digo para o Brasil queimportamos farinha de mandioca, numaterra que, como acabo de declarar, produztudo. Importamos arroz, feijão, milho. Fi:­nalmente, não há tomate, legumes, verdu-,ras, pelo menos em meu Estado, para a suararefeita população, de pouco mais de meíohabitante por quilômetro quadrado.

Já desta tribuna tenho advogado juntoao Governo Federal, que está falhando nosetor da educação. Como acabamos deobservar. a remuneração dos professores, em.todos os níveis, é realmente muito baixa,

Está o Governo também falhando no pla...no agrícola - e não deve ser apenas naAmazônía. Já ouvimos, nesta Casa, díscuz..sos da bancada do Rio Grande do 8ul re­clamando providências do Ministério "da.Agricultura em relação ao apoio a essa atíl.vidade tão fundamental. Aqui para nós, te1.mos desaprendído ao longo da História. '6kromanos tinham em mente que a granClhsustentação do Estado era a terra. Por issbsó um imposto cobravam: o da terra. HóJeenvergonha-nos e constrange-nos a relacâóde impostos e taxas que se tem a pagar, 'Í'eLnho observado, a exemplo de alguns com­panheiros, que, no caso de certos tributos ovalor do papel e o trabalho de pagá-los noguichê custam mais do que a importânciado imposto a ser pago. Os romanos eram pois,mais inteligentes, quando arrolavam tudo' ecobravam apenas um imposto, porque, sa­biamente, só uma coisa produz realmente:a terra. E é exatamente no setor da agrt..cultura, da terra, portanto, que o Governoestá falhando, em termos de apoio a essaatividade.

Na minha região essa falta de apoio sediversifica. Em primeiro lugar, córno tenhodito aqui, e repito agora, no Amazonas exís­te uma repartição, um entreposto ou umposto - não sei bem o nome - do Miliis­térío da Agricultura. Jamais advoguei queesse entreposto tivesse tratores e rnâquí'­nas sofisticadas para venda, revenda, 0'11doação aos agricultores. Tenho advogado,sim, que essa repartição do Ministério daAgncultura dispusesse das ferramentas pri­márias, usadas no meu Estado - ou seja,o terçado, o machado, a enxada - para re:"venda aos agricultores, a fim de que estespossam pagá-las com o produto da agrícul­tura. Mas. para tristeza nossa - e digo is­to aqui há anos, sem nunca ter recebidocontestação - aquela repartição do Minis,..térío da Agricultura, em Manaus, não tun- ..­cíona, porque não tem terçado, não tem en­xada, não tem machado, não tem pá. nemuma só qualidade de inseticida para acabarcom as pragas danosas à agricultura. :

Como pode, pois, Sr. Presidente, o homemdo interior do Amazonas, ou da Amazônía,produzir, se o pouco que produz é vendido,em Manaus, a qualquer preço? Como podeproduzir, se os preços do terçado, da enxa­da, do machado, estão - realmente muitoaquém do preço da mercadoria vendida?

Além do mais, a maioria dos ocupantes deterras na Amazônia não têm o documentodefinitivo da terra. São posseiros há meioséculo, e. no entanto, a repartição federalcompetente - no caso, o INCRA - não te~

'lit:arço de 1"975 'DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção ])

~:~pedido os respectivos títulos. Em razãopisto, não podem eles adquirir empréstimosnos bancos oficiais, que só operam à vistado documento de posse.

i Volto a reafirmar: não há arroz, farinhamilho, tomate, verduras ou qualquer legu­l11&.para consumo dos habitantes de uma re­gi.ão que - ninguém pode esconder, podeproduzir tudo - inclusive para fins de ex­portação.. O Sr. Aurélio Campos - Nobre DeputadoJoel Ferreira, acompanho com bastante in­teresse a exposição de V. Ex.a sabre os pro­blemas da Amazônia, que constituem preo­cupação do Brasil inteiro, especialmente deSão Paulo. Na Assembléia Legislativa deSão 'Paulo, onde cumpri três mandatos,'criamos, por proposta do Deputado onopín'I'avares de Lima, da representação do MDB,p Dia da Amazônia. E, por iniciativa nossa,~.nstituimos a Medalha do Mérito Amazôní­co para as autoridades que se distingam no~studo e na solução dos problemas daquelaregiâo. Não poderia deixar passar a opor­tunidade sem dizer a V. Ex.a que seus ir­mãos de São Paulo têm permanente preo­cupação pelas graves e grandes dificuldadesdaquela imensa região brasileira.

. : O SR. JOEL FERREIRA - Sou-lhe muitograto pelo aparte, nobre Deputado. Teste­munho, com alegria, que São Paulo real­;çp.ente se preocupa com a Amazônia, que re­;ill:esenta dois terços do território nacional.R Sul do Brasil está explorado e cansado,~6rtanto, o futuro do Brasil.. em todos os~entidos, está na Amazônia. Então, por quenão cuidarmos da Amazônia? Por que me­nosprezá-Ia? Visitei uma exposição agríco­lá no Estado de São Paulo, há cerca de qua­tro anos, e, mesmo sendo agricultor, fiqueisurpreso com a maquinaria sofisticada aliexposta. Jamais pensei em pleitear maqui­naria igual para o Amazonas ou para aAmazônia. Mas nem o tercado ou a enxada...;.... ímplementos agrícolas pnmaríssrmosainda ali usados - ° Ministério da Agri­;Cultura providencia para aqueles agrrcul­;tores.

O problema é nacional, por isso o trouxe.aquí. Mas, enquanto São Paulo' ou Rio,9rande do Sul, Minas Gerais ou Paranásofrem 30 ou 40% desse problema, meu;Ij:stado sofre 90%. É constrangido, que in­formo à Casa que o meu Estado importaJarinha, feijão, milho, tomate, carne de boi,tudo enfim, como se com isso estivesseitestando a indolência de seus habitantes.1"1as a indolência parte dos podercs públí­ros, que. não dão condlções ao homem doínteríor para produzir. Conseqüência: o{lxodo do interior para as Capitais, gerando,desta forma, problemas sociais.

, A situação do Amazonas, há seis ou oítoanos, era semelhante à de alguns outrosEstados: dois terços se constituíam de po­'pulação rural, enquanto um terço era ur­bana. Hoje dá-se o inverso: a maioria dapopulação é urbana e apenas um terço ér'ural.-, O Sr. Siqueira Campos - Permita-me,Deputado Joel Ferreira. V. Ex."' tem inteirarazão. Nos quatro anos em que estive nesta'Casa, pude testemunhar sua ação incisiva-em prol da Amazônia. V. Ex.a é realmenteum líder regional, cujo trabalho ex trapola'os limites do seu Estado, em favor de todaa área. Afirma o nobre colega que o êxodo.'rural cria dois problemas graves: o esva­ziamento dos campos, do interior em geral,e os problemas sociais das~grandes metrô­.poles. Estes são males do Brasil dos nossos,dias. Por isso me bato pela redívísão ter­ritorial. O Governo tende sempre a pro­teger os grandes aglomerados populacío­'riais, . deixando sem maior atenção os ha-

bítantes do interior. Ainda há pouco o meuilustre companheiro de bancada, Deputado

. Adhemar Santilo, dizia que minha atuaçãonesta Casa era contraditória, porque eume batia pela redívísão territorial sob aalegação de que minha região, o norte deGoiás, estava abandonada. E ainda está,pela incapacidade financeira do meu go­verno dé atender a todas as suas reclama­ções, reivindicações, necessidades e carên­cias. Este, o mal da Amazônia também. Nãoacredito, absolutamente, haja um governono Brasil, dentro da atual estrutura geo­gráfica, que possa cuidar desses problemas.Dai minha insistência pela redívtsâo ter­ritorial. Acredito, Deputado Joel Ferreira,que ela virá sanar, em grande parte, osmales que V. Ex.", com grande brilho, sem­pre nos apresenta. Receba meus parabéns.

O Sr. Otávio Ferreira - Nobre DeputadoJoel Ferreira, espero que V. Ex.a releve ainterferência deste rio-grandense-do-sulem problemas da Amazônia, mas nossapreocupação está voltada para todo o ter­ritório nacional. V. Ex." deu uma idéia daextensão da Amazônia: 300 milhões de hec­tares, dois terços das reservas florestaistropicais do mundo, 59% do território na­cional. O Governo revolucionário acaba dedescobrir a Amazônia, que - V. Ex.a sabemelhor do que eu - não pode ser coloni­zada pelo sistema tradicional, como se fezno Rio Grande do Sul, Santa Catarina eParaná. Com o trabalho do homem. coma enxada e o arado de boi, 2. Amazônia háde ser povoaria e integrada ao territórionacional, e não pela ocupação econômica,pela aplicação de grandes investimentos. Épreciso dar ao amazônída condições de so­breviver numa área inóspita,' quase despo­voada. Isto o Governo tem feito. O Bancoda Amazônia - BASA - e o Banco do Es­tado do Amazonas estão processando umaocupação econômica, que dará condiçõesao homem de vencer em meio tão rude,tão duro. Os Governos anteriores e o atualprocuraram integrar a Amazônia pelas viasde comunicação, pelas estradas e por umaocupação econômíca que há de preceder aocupação do homem, que dispõe apenas daforça dos seus braços.

O SR. JOEL FERREIRA - ,Ao longo deminha permanência aqui na Câmara, umadas alegrias que tenho sentido é que repre­sentantes de todos os quadrantes do Bra­sil compreendem o problema amazônico,realmente incontestável. Ao agradecer osapartes do Deputado Siqueira Campos edo nobre companheiro do Rio Grande doSul, devo declarar que me limito, na tardede hoje, a tratar do setor agrícola, poispara tratar da Amazônra em sentido geralo tempo há de ser mais longo. Quanto àsdificuldades no setor, acredito que ninguémtenha condições de negar que se trata defalta de apoio do poder público, quando oEstado do Amazonas, com um milhão emeio de quilômetros quadrados não produzpara seu consumo interno.

Já afirmei desta tribuna que não dis­tingo governos, seja anteriores ou poste­riores a Revolução, porque para mim a ad­ministração é continua. Não desconheço osfeitos dos governadores de antes da Revolu­ção, corno não desconheço os _feitos dosgovernadores da Revolução, como reconhe­ço as falhas do passado e as falhas do pre­sente. Prefiro, entretanto, discutir o assun­to sem distinguir dois Brasís, um antes daRevolução, e outro depois da Revolução.Mas tenho aqui reconhecido duas grandesmedidas que o falecido Presidente OastelloBranco promoveu para o meu Estado: aZona Livre de Manaus e a divisão da Re­gião Amazônica em Amazônia Legal e Ama­zônia Ocidental. Esta é a mais carente.Ama~.onas, Acre, Rondônia e Roraima são,

dentro do contexto da Amazônia. a regiãomais necessitada do Brasil.

No setor de comunicações, o Governo Fe­deral tem realizado muito. Mas no setor daagricultura e no de transportes nada temfeito para a Amazônia. Por isso aqui estoureclamando as providências governamen­tais de incentivo à agricultura. são os pro:'dutos da terra que me sustentam e que sus­tentam os companheiros que me ouvem eos demais que se dão ao luxo de morar nascidades. O que reclamo? Tratores especiais,máquinas elétricas e eletrônicas? Não. Re­clamo, mais uma vez, do Governo Federal,para o setor especifico da agricultura, fer­ramentas primárias: o tercado, a enxada,a pá, o ancinho, para que se produza man­dioca, milho e arroz no interior do meuEstado. Apenas isto.

Ao mesmo tempo, aguardo que o GovernoFederal, através do organismo específico ­o INCRA - procure legalizar as terras decentenas de posseiros que lá se encontramsem poder transacionar com os bancos ofi­ciais, porque não são detentores de títulode propriedade, mas unicamente de posse.Concedo o aparte ao nobre companheiro.

O Sr. Júlio Viveiros - Deputado JoelFerreira, o problema da agricultura naAmazônia é quase lendário. V. Ex." recla­ma, com toda objetividade, medidas de quenós do Pará, Estado vizinho do seu, tam­bém necessitamos, pois ali o problema équase o mesmo. Às .vezes se encontra, naSecretaria de Agricultura, um machado,um terçado ou uma pá. Entretanto, se sair­mos da periferia de Belém, veremos que asCASAGRI'8 - nome técnico dado às Repre­sentacões da Secretaria no interior - têmum prédio, uma camioneta com gasolinapara o engenheiJ;o viajar, ou passear, e.nada mais. É isto o que ocorre, à exceçãoda do Municipio de Santarém, que, aindatem alguma coisa. A agricultura para nós,como sempre digo, é fundamentaL Os Es­tados do Norte não podem viver sem pro­dutos agricolas para vender aos Estados doSul e incrementar o mercado interno doPaís. Posso mesmo dizer que não é neces­sária uma grande industrialização, comoa que se prega, para a Região Norte. Essaindustrialização deveria abranger apenasos produtos agrícolas, a fim de que pudés­semos exportar para o Sul, de onde com­prariamos, por exemplo, sabonetes, cami­sas, ônibus, pneus, enfim tudo aquilo deque necessitássemos e cuja infra-estruturaindustrial já está montada nos Estados doSuL É irritante ver, por exemplo, a Secre­taria de Agricultura do Pará elaborar dedoze a quinze projetos de implantação agri-, 'cola, em consonância com o Banco do Es­tado, e até hoje o financiamento não sair,ficar apenas no papel. A agricultura é oúnico meio de sobrevivência do homem doNorte, e um dia a nação brasileira veráque não só o Sul mas o mundo inteiro vaidepender da Amazônia.

O SR. JOEL FERREIRA - Agradeço aoeminente colega o seu aparte, e nesta partederradeira do meu pronunciamento, desterelato não muito simpático, mas verdadei­ro, desejo encarecer o empenho do Minis­tério da Agricultura no sentido de dotarseu departamento, em Manaus, de rerra­mentas primárias, bem como de ínsetícídàspara combate à praga, no interior, a fimde que dentro de dois ou três anos a Ama­zônia, especiríeamente o meu Estado, nãoesteja importando gêneros de primeiríssi­ma necessidade para consumo interno,mas, ao contrário, esteja produzindo paraexportar, já que a Amazônia é rica nãoapenas na fertilidade das suas terras, masde peixes e de recursos minerais. Final­mente, a Região Amazônica, que começaa ser descoberta, precisa realmente do

0316 Quarta-feira 1J DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1915

Paulo Ferraz

apoio do Governo Federal, mais do quedo estadual, para que possa produzir aqui­lo de que é capaz.

O Sr. Antunes de Oliveira - Nobre Depu­tado Joel Ferreira, desejo apenas dizer aV. Ex."' que nós, da Amazônia, estamos depleno acordo com V. Ex. a Sua tese é intei­ramente sustentável porque tem bases ver­dadeiras não só nos estudos, mas na ex­periência e na vivência na área. V. Ex. a,conosco, deverá continuar nesta luta, paraque o Governo Federal ampare a Amazô­nia através de equipamentos, de investi­mentos e de outras facilidades, das quaisV. Ex." tem falado.

O SR. JOEL FERREIRA - Sr. Presiden­te, agradeço o aparte do nobre companhei­ro Antunes de Oliveira. Encerro minhaspalavras na esperança de que este proble­ma, aparentemente regional, mas que, con­forme o atestam os depoimentos de cole­gas, também é nacional, possa merecer aatenção do Sr. Ministro dar Agricultura, quenão teve ainda a oportunidade de ir atéo meu Estado constatar a veracidade doque aqui estamos a afirmar, ou seja, dasnecessidades do Amazonas no setor da agri­cultura. (Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Joel Fcr­reira, o S1·. Léo Simões, 49-Secretário,deixa a cadeira da presuiéncia, que éocupada pelo S1'. Célio Borja, Presi­dente.

O SR. PRESIDENTE <Célio Borja) ­Está findo o tempo destinado ao Expe­diente.

Vai-se passar à Ordem do Dia.

Comparecem mais os Srs.:

Alencar Furtado

Amazonas _.

Rafael F'araco - ARENA; Raimundo Pa­rente -- ARENA.

Pará

Alacid Nunes - ARENA; Jader Barba­lho - MDB; João Menezes - MDB; JorgeArbage - ARENA; Newton BarreiraARENA.

Maranhão

Eurico Ribeiro - ARENA; João Castelo- ARENA; Magno Bacelar - ARENA; Ma-'rão Fi!l10 ARENA; Vieira da Silva ­ARENA.

Piauí

ARENA.

Ceará

Claudíno Sales - ARENA; Flávio Marcí­lio - ARENA; Furtado Leite - ARENA;Gomes da Silva - ARENA; Humberto Be­zerra - ARENA; Manoel Rodrigues ­ARENA; Mauro Sampaio - ARENA; OssíanArarípe -.:...- ARENA; Paes de AndradeMDB.

Rio Grande do Norte

Francisco Rocha - MDB; Ney LopesARENA; Wanderley Mariz - ARENA.

Paraiba

Ademar Pereira - ARENA; Alvaro Gau­dêncío - ARENA; Antônio Mariz - ARE­NA; - Janduhy Carneiro - MDB; Marcon­des Gadelha -.:...- MDB; Mauricio Leite ­ARENA; Teotônio Neto - ARENA; WilsonBraga - ARENA.

Pernambuco

Airon Rios - ARENA; Carlos Alberto ­ARENA; Carlos Wilson - ARENA; JarbasVasconcelos -- MDB; Joaquim Coutinho ­ARENA; Josias Leite - ARENA; Lins eSilva. "- ARENA; Marco Maciel - ARENA;

Ricardo Fiuza - ARENA; 'I'hales Ramalho- MDB.

Alagoas

Antônio Ferreira - ÃRENA; GeraldoBulhões - ARENA; Vinicius Cansanção ­MDB.

Sergipe

Celso Carvalho - ARENA; José CarlosTeixeira MDB; Raimundo Diniz -ARENA.

Bahia

Antônio José - MDB; Djalma Bessa ­ARENA; Férnando Magalhães - ARENA;Horácio Matos - ARENA; Jutahy Maga­lhães - ARENA; Menandro Minahim ­ARENA,; Ney Ferreira - MDB; Noide Cer­queira - MDB; Prisco Viana - ARENA;Rogério Rêgo - ARENA; Rômulo Galvão

ARENA; Theódulo AlbuquerqueARENA; Vasco Neto - ARENA; Viana Ne­to - ARENA; Wilson Falcão - ARENA.

Espírito Santo

Argilano Dario - MDB; Henrique Pretti- ARENA; Mário Moreira - MDB; Moa­cyr Dal1a - ARENA; Oswaldo ZanelloARENA; Parente Frota - ARENA.

Rio de Janeiro

Abdon Gonçalves - MDB; Arío Theodo­ro - MDB: Darcílio Ayres - ARENA;Emanuel Waissmann - MDB; HydekelFreitas - ARENA; Joel Lima - MDB;José Mauricio - MDB; José Sal1y - ARE­NA; Leônidas Sampaio - MDB; MiltonSteinbruch - MDB; Moreira Franco ­MDB; Osmar Leitão - ARENA; OswaldoLnna - MDB; Walter Silva - MDB.

Guanabara

Alcíf Pimenta - MDB; Alvaro ValleARENA; Amaral Netto - ARENA; DanielSilva - MDB; Erasmo Martins Pedro ­MDB; Hélio de Almeida - MDB; JorgeMoura - MDB; José Bonifácio Neto ­MDB; Lysâneas Maciel - MDB; Mac Do­well Leite de Castro - MDB; Marcelo Mé­deiros - MDB; Miro Teixeira - MDB;Pedro Faria - MDB; Rubem DouradoMDB; Rubem Medina - MDB.

Minas Gerais

. Aécio Cunha - ARENA; Altair Chagas- ARENA; Batista Miranda - ARENA;Bento Gonçalves - ARENA; Bias Fortes ­ARENA; Carlos Ootta - MDB; FernandoFagundes Neto - ARENA; Francelino Pe­reira - ARENA; Genival Tourinho ­MDB; Geraldo Freire - ARENA; JairoMagalhães - ARENA; Jorge Ferraz ­MDB; José Bonifácio - ARENA; José Ma­chado - ARENA; Juarez Batista - MDB;Manoel de Almeida - ARENA; Marcos Ti­to - MDB; Melo Freire - ARENA; Pauli­no Cicero - ARENA; Raul Bernardo ­ARENA; Renato Azeredo - MDB; SílvioAbreu Júnior - MDB; Sinval Boaventura- ARENA; Tancredo Neves - MDB; Tar­eíslo Delgado - MDB.

São Paulo

A. H. Cunha Bueno - ARENA; Adal­berto Camargo - MDB; Adhemar de Bar­ros Filho - ARENA; Airton Soares ­MDB; Alcides Franciscato - ARENA; An­tônio Marimoto - ARENA; Athiê Coury ~MDB; Aurélio Campos - MDB; BaldacciFilho - ARENA; Blotta Junior - ARENA;Oarttosode Almeida - ARENA; Edgar Mar­tins - MDB; Ferraz Egreja - ARENAFrederico Brandão - MDB; Freitas Nobre- MDB; Gioia Junior - ARENA; GuaçuPiteri - MDB; Israel Dias-Novaes ­MDB; Jacob Carolo - ARENA; João Ar­ruda - MDB; João Cunha - MDB; JoãoPedro - ARENA; Joaquim Bevilacqua ­MDB; Jorge Paulo - MDB; José Camargo

- MDB; Lincoln Grillo - MDB; MarceloGato - MDB; Odemir Furlan - MDB; Pa­checo Chaves - MDB; Roberto Carvalho- MDB; Rt..y Côdo - MDB; Santilli So­brinho - _MDB; Sylvio Venturolli - ARE­NA; Theodoro Mendes - MDB; UlyssesGuimarães MDB; Yasunori Kunigo .-:;.MDB.

Goiás

Adhemar Santilo - MDB; Ary Valadão- ARENA; Elcival Caiado - ARENA; Fer­nando Cunha - MDB; Genervino Fonse­ca - MDB; Hélio Mauro - ARENA; Ituri­val Nascimento - MDB; Jarmund Nasser- ARENA; Rezende Monteiro - ARENA.

ParanáAlípio Carvalho - ARENA; Alvaro Dias

- MDB; Antonio Ueno - ARENA; Arnal­do Busato - ARENA; Braga Ramos ­ARENA; Cleverson Teixeira - ARENA;Fernando Gama v--; MDB; Gomes do Ama­ral - MDB; Hermes Macêdo - ARENA;Igo Losso - ARENA; ítalo Conti - ARE­NA; João Vargas - ARENA; Minoro Miya­moto - ARENA; Nelson Maculan - MDB;Olivir Gabardo - MDB; Walber Guima­rães - MDB.

Santa CatarinaAbel Avila - ARENA; Albino Zeni ­

ARENA; Angelíno Rosa - ARENA; Ernes­to de Marco - MDB; Jaison Barreto ­MDB; 30ão Linhares - ARENA Pedro .co­lin - ARENA; Valmor de Luca - MDB;Wilmar Dal1anhol - ARENA.

Rio Grande do Sul

Aldo Fagundes - MDB; Amaury Müller- MDB; Arlindo Kunzler - ARENA; Au­gusto Trein - ARENA; Carlos Santos ­MDB; Cid Furtado - ARENA; FernandoGonçalves - ARENA; Getúlio DIas ­MDB; .raíro Brum - MDB; João Gilberto- MDB; Jor:;e Uequed - MDB; José Man­delli - MDB; Lauro Leitão - ARENA;Magnus Guimarães - MDB; Nadyr Ros­setti - MDB; Otávio Cardoso - ARENA;Odacir Klein - MDB.

Roraima

Hélio Campos - ARENA.

VI - ORDEM"DO DIAO SR, PRESIDENTE (Célio Borja) - A

lista de presença acusa o comparecimentede 345 Srs. Deputados.

Os Senhores Deputados que tenham pro­pcsícões a apresentar poderão tazê-Io.

O SR. ALDO FAGUNDE.8 - Requeri­mento de inserção nos Anais da CMade voto de pesar pelo falecimento doDr, Ney de Almeida Brito, ocorrido hojeem Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

O SR. AMARAL FURLAN - Projetode lei que concede anistia nos termosem que especifica.

O SR. JÚTAHY MAGALHÃES - Pro:'jeto de lei que acrescenta parágrafo aoart. 25 da Lei n.> 4 961, de maio de 1966,que altera a redação da Lei n.v 4. 73}, de15 de julho de 1965.

O SR. ANTôNIO BRESOLIN - Re­querimento de inserção nos Anais daOusa de voto de pesar pelo falecimentodo Prof. Ney de Brito, ocorrido hoje emPorto Alegre, Rio Grande do Sul.

O SR. FRANCELINO PEREIRA ­Projeto de lei que altera dispositivo deLei Orgânica dos Partidos Políticos. ,

Pt"Ojeto de lei que altera dispositivosda Lei Orgânica dos Partidos.

O SR. LAERTE VIEIRA - Proj eto delei que dispõe sobre o registro de em:'

Março de 1975 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçãn n Quarta-feira 12 6317

presas nas entidades fiscalizadoras doexercício de profíssôes.

O SR. NORBERTO SCHMIDT - Pro­jeto de lei que revigora a.Lei n.o 5.274,de 24 de abril de 1967, que dispõe sobreo salário mínimo de menores.

O SR. MARCO MACIEL - Projeto delei que altera o art. 2.° da Lei n.o 5.782.de 6. de [unho de 1972, que "fixa prazopara filiação partidária".

projeto de lei que altera dísposí tlvoda Lei oomptementar n.o 5, de 29 deabril de 1970, que "estabelece, de acor­do com: a Emenda Constitucional n.o 1,de 17 de outubro de 1969, art. 151 e seuparágrafo único, casos de inelegibilida­des".

O SR. PACHECO' CHAVES - Projetode lei que revoga o artigo 3.0 do De­creto-lei n.o 389, de 26 de dezembro de1968.

O SR. SIQUEIRA 'CAMPOS - Pro­jeto de lei que altera a redação do art.50, eaput, do Decreto-lei n.> 3.B88, de 3de outubro de 1941 (Lei das Contraven­ções Penais).

O SR. CLEVERSON TEIXEÍRA - Re­querimento de consignação nos Anaisda Casa de voto de pesar pelo fale<li·mente, em Curitiba, do Monsenhor Ber­nardo José Kmsinski.

O SR. FRANCISCO AMARAL - Re­querímento de informações ao Ministé­rio do Trabalho sobra vinculação daordem dos Advogados do Brasil a esteMinistério.

P1XJjeto de lei que dispõe sobre a con­cessão de subvenções por parte do Con­selho Nacional de Desportos e das Oori­federações e Federações esportivas.

O SR. JAlSON BARRETO - Projetode lei que concede anistia a -eontríbuí..ções cobradas pelo INPS em virtude deeonstrução da casa própria.

Projeto de lei que altera a redaçãodo art. 60 da Lei n.o 5.194, de 24 dedezembro de 1966, que .regula o exercí­cio das profissões de Engenheiro, Ar­quiteto e Engenheiro-Agrônomo.

O SR. SIQUEIRA CAMPOS - Sr. Presi­dente, peço a palavra para uma reclama..ção.

o O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) -­Tem a palavra o nobre Deputado.

O SR. SIQUEIRA CAMPOS - (Sem revi..são do orador.) Sr. Presidente, esta recla­mação consiste mais numa sugestão, ou,<talvez, em cobrar o cumprimento de pro­vidências, já oolicitadas à Mesa anterior,~bl'e os servíços telefônicos da Casa e .arespeito da possibilidade de unificação dedeterminados serviços do Congresso Nacio­nal, ora pertencentes à Câmara ou ao se­nado, ou seja a gráfica e O computador.Portanto solicito a V. Ex .... as providênciascabíveis, no sentido de que esses últimosserviços sejam estendidos à Câmara. Me..diante entendimentos com a outra Casa doParlamento, eles poderiam passar a consti­tuir um único serviço do Congresso Nacío­~al. Do mesmo modo poder-se-ia procederem relação à unificação do sistema telefô­nico da Cámara e do senado, para que hou­vesse maiores facilidades de comunicações.Nesta Casa há dois sistemas, que impedem,-muítas vezes, uma comunicação rápida: osdos Anexos 11 e 111.>. O SIt PRESIDENTE (Célio Borja) ­Vai-se passar à votação da matéria que,está sobre a Mesa e a constante da Ordemdo Dia.

O SIt PRESIDENTE (Célio Borja) ­Há sobre a mesa e vou submeter a votos o'seguinte

REQUERIMENTOExcelentissimo Senhor Presidente da Cá­

- mara FederalRequeiro a V. Ex ...., nos termos do Regi­

mento Interno, a constituição de uma Co­míasão da Câmara dos Deputados destina­da a assistir à posse do Excelentíssinto Sr.Governador do RlO Grande do Norte, Dr.'I'areisio Maia, a realizar-se em Natal, nodia 15 próxírno,

Sala das Sessões, 11 de março de 1975. ­Ney Lopes.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Os Srs. que o aprovam queiram ficar comoestão. (Pausa.)

Aprovado.O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­

Designo, para comporem a Comissão Exter­na, os Sra. Ulysses Potiguar, Ney Lopes, An­tônio Florêncio, Francisco Rocha e 'Pedro.Lucena,

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Há sobre a mesa e vou submeter a votos oseguinte .

REQUERIMENTO

Senhor Presidente,

Requeremos a Vossa Excelência, ouvido oplenário seja constítuída umà comissão ex­terna para representar a Câmara dos Depu­tados, na solenidade de posse do futuro Go­vernador do Estado da Paraíba, Doutor IvanBichara Sobreira, a realizar-se no próximodia 15 do corrente na cidade de João Pessoa.

Brasília, 11 de março de 1975. - MaurícioLeite - Ademar Pereira.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Os Srs. que o aprovam queiram ficar comoestão. (Pausa.)

Aprovado.O SR. PRESIDENTE (Cêlio Borja) ­

Designo, para comporem a Comissão Exter­na, os Srs. Maurício Leite, Adernar Pereira,Antônio Mariz, Costa Gomes e MarcondesGadelha.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Há sobre a mesa e vou submeter a votos oseguinte

.REQUERIMENTOSenhor PresidenteNos termos regímentaís requeiro a cons­

tituição de uma Comissão Externa para re­presentar a Câmara dos Deputados na so­lenidade de posse do Senhor Senador Dr.Antônio Carlos Konder Reis no cargo de Go­vernador do Estado de Santa Catarina a serealíaar no dia 15 de março do corrente ano.

Sala das Sessões, 11 de março de 1975. ­Joã.o Unhares.• O SR. PRESD;lENTE (Célio Borja) ­Os Brs. que o aprovam queiram ficar comoestão. (Pausa.)

Aprovado.O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­

Designo, para comporem a Comissão Exter­na, os Srs. João Línhares, Wilmar Dallanhol,Abel Av'ila, Francisco Libardoni e José Tho­mé.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borfa) ­Há sobre a mesa e vou submeter a votos oseguinte

)REQUERIMENTO

Sr. Presidente:Requeiro à V. Ex.llo, nos termos do regi­

mento. a formação ae uma Comissão Ex-

terna para representar esta Câmara dosDeputados, na posse do Deputado SinvalGuazellí no Governo do Estado do Rio Gran­de do Sul.

Brasília, 11 de março de 1975. - CélioMarques Fernandes.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Os Srs. que o aprovam queiram ficar comoestão. (Pausa.)

Aprovada.O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­

Designo, para comporem a Comissão Ex­terna, os Srs. Célio Marques Fernandes, Ale­xandre Ma-chado, Alberto Hoffmann, MárioMondino e Otávío Cardoso.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Há sobre a mesa e' vou submeter 'a votos oseguinte

REQUERIMENTOSr. Presidente,O Deputado que'este subscreve requer que,

ouvido o augusto plenário, seja designado ahora regimental do dia 18 do corrente parahomenagear a memória do saudoso Presi­dente Vargas.

Sala das Sessões, 11 de março de 1975. ­Antõnio Bresolin.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Os Srs. que o aprovam queiram ficar comoestão. (Pausa.)

Aprovado.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Há sobre a Mesa e vou submeter a votos oseguinte.

REQUERIMENTOSenhõr Presidente,

OCorrendo no dia 21 de abril do correnteo 15.0 aniversário desta Capital, requeiro, naforma regimental, que parte da sessão dodia 22 do referido mês seja destinada à co­memoração do evento.

Brasília, em 11 de março de 1975 - JuarezBernardes.

O SR. PREI'lIDENTE (Célio Borja) - OsSrs. que o aprovam queiram ficar comoestão. (Pausa.)

Aprovado.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Hásobre a mesa e vou submeter a votos Q

seguinte -

REQUERIMENTO

Senhor Presidente,

Os abaixo-assinados, representantes dePernambuco nesta Casa, soücítam a V. Ex.",atendidas as exigências regimentais, sejadesignado o Grande Expediente da próximaSessão do dia 10 de abril próximo, parahomenagear a data do Sesquicentenário doDiário de Pernambuco, que se edita no Re­cife, capítal de nosso Estado.

Sala das Sessões, em 10 de março de 1975.- Geraldo Guedes - Jarbas Vasconcelos_ Inocêncto Oliveira - Carlos Wilson ­Airon Rios - Gonzaga Vasconcelos - Fez­nando Coelho.

O SIt PRESIDENTE (Célio Borja) - OsSrs. que o aprovam queiram ficar comoestão. (Pausa.)

Aprovado.O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Nos

termos do art. 86, § 3.°, do Regimento In-

.SlS Quarta-feira I! DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seç~ I) Março de 19~5

terno, convoco a Câmara dos Deputadospam uma Sessão Extraordinária Matutina,amanhã às 10,00 horas, destinada a Tra­balho das Comissões.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) -Discussão única do Projeto n.O 1.l>28-A,

de 1973, que estende até 29 de julho.de 1969, aos ocupantes que menciona, osdireitos conferidos pelo art. 1.0 do De­creto-lei n.o 713, de 29 de julho de 1969,que autoriza a venda de imóveis doINPS; tendo pareceres: da Comissão deConstituição e Justiça, pela constitu­cionalidade, juridicidade, legalidade e,com emenda, quanto à técnica legislati­va; da COllU$São de Trabalho e Legis­lação Social, pela rejeição, contra o vo­to do Sr. Francisco Amaral; e, da Co­missão de Finanças, pela aprovação.(Do Senado Federal.) Relatores: srs:Djahna Bossa, Raimundo Parente eA1;hiê Ooury.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Não havendo oradores inscritos, declaroencerrada a díscussâo.

Vai-se passar a votação da matéria.

O SR. PRESIDENTE (Célio BOl'ja)A Comissão de Ocnstrtuíçâo e Justiça, ao

" apreciar o projeto, ofereceu ao mesmo e vousubmeter a votos a seguinte

EMENDA

Exclua-sc da emenda do projeto a se­guinte expressão;

"Até 29 de julho de 1969."O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­

Os Srs. que a aprovam queiram ficar comoestão. (Pausa.)

Rejeitada.

O sn, PRESIDENTE (Célio Dorja) ­Vou submeter a votos o seguinte

PROJETON.o 1.528-A, DE 1973

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1.0 São extensivos os direitos eon­ferido.s pelo art. 1.° do Decreto-lei n.? 713,de 1969, àqueles que, em 29 de julho de1969, estivessem ocupando imóveis residen­ciais do Instituto Nacional de PrevidênciaSocial (INPS) e que, à data de vigênciadesta . lei, ainda mantenham aquela ocupa­ção.

Art. 2.° Esta lei entra em vigor na datade sua publicação, revogadas as disposiçõesem contrário.

O SR. PUESIDENTE (Célio Borja) ­OS 81'S. que o aprovam queiram ficar cornoestão. (Pauaa.)

Rejeitado.

Vai ~o Arquivo.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) -Discussão única do Projeto n.? 175-A,

de 1967, que revoga o Decreto-lei n.o192, de 24 de fevereiro de 1967, que fixao entendimento da expressão "índeni­zações trabalhistas" nos textos legaisque menciona; tendo pareceres: da Co­missão de Constituição e Justiça pelaconstitucionalidade e [uridícídade; daOomiBllão de Trabalho e Legislação So­cial, pela aprovação, com Substitutivo;e, da Comissão de Finanças, pela apro­vação, com adoção do Substitutivo daComissão de Trabalho e Legislação Só­eíal, (Do Sr. Francisco Amaral.) Re­latores: Brs, Lauro Leitão e FernandoCunha.

O SR. PRESIDF;NTE (Célio Borja) ­Há sobre a mesa e vou submeter a votoso seguinte

REQUERIMENTO

Senhor Presidente

Nos termos regimentais requeiro adíamen­to da discussão do Projeto de Lei n.o 17l>-A,de 19~7, por 10 (dez) Sessões.

Sala das Sessões, em 11 de março de 1975.- Parsifal Barroso, Vice-Líder no exercícioda Liderança.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Os Brs. que o aprovam queiram ficar comoestão, (Pausa.)

Aprovado.Em consequêncía, o projeto sai da Ordem

do Dia.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) -Discussão única do Projeto n.? 768-A,

de 1972, que torna obrigatória a íns­talacão de sanitários a bordo de ôni­bus ·com percurso interestadual; tendopareceres; da Oomíssâo de Constitui­ção e Justiça, pela constitucionalidade e[urídícídade, com Substitutivo; e, dasComissões de Transportes e de Finan­ças, pela aprovação, com adoção doSubstitutivo da Comissão de Constitui­ção e J'ustiça. (Do Sr. Juàrez Bernar­des.J Relatores: Srs. Adhemar Gh1Si,Abel Ávila e Adhemar de Barros Filho.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Tem a palavra o Sr. Peixoto Filho, paradiscutir o projeto.

O SR. PEIXOTO FILHO - (Sem revisãodo oradcr.) Sr. Presidente, o projeto teminteira procedêncra, Aliás, assim entende­ram as Comissões Técnicas. O substitutivooferecido teve por objetivo aprimorá-lo, do­tando-lhe de melhor técnica legislativa. Demaneira que o Deputado Juarez Bernardes,ao apresentar essa proposição, encontrpu amelhor boa vontade e compreensão dos ilus­tres colegas do Partido do Governo. E aprova está, Sr. Presidente, em que o substi­tutivo, além de ressaltar o trabalho do ilus­tre autor, traz melhores elementos para queesta Casa possa prová-lo como a Lideran­ça do MDB espera nesta oportunidade.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Não havendo mais oradores inscritos, de­claro encerrada a discussão.

Vai-se passar à votação da matéria.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja)Tem a palavra o Sr. Adhemar Ghisi paraencaminhar a votação.

O SR. ADHEMAR GHISI - (Sem revisãoo oradur.) Sr. Presldente, Srs. Deputados,

em 1972 o nobre Deputado Juarez Bernar­des ofereceu à alta consírícração desta Casao projeto que tomou o n.? 768, objetivandoa instalação obrigatória de sanitários a bor­do de ônibus com percurso Interestadual.

Na Comissão de Ju~tiça, em 197'3, comomembro designado pela presidência daque­le órgão técnico para relatar a matéria, ti­vemos oportunidade de apresentar-lhe umsubstitutivo global, substitutivo que veio aser aprovado por unanimidade por aquelaoomíssão.

Através dele, objetivamos estender a exi­gência referida no projeto original àquelesveículos que cumpriam ou que venham acumprir percurso Internacíonal. Além domais, estabelecemos outras exigências, decaráter geral, para que os ônibus oriundosdo Brasil, que demandem países vizinhos,ofereçam o máximo de conforto e de co­modidade aos seus usuários. Por ter me­recido o nosso substitutivo parecer favorá­vel na Oomíssão de Justiça, o transforma-

mos agora em substitutivo do próprio par­tido e ríxamo-nos na sua aprovação.

Eram estas as considerações que desejá­vamos fazer.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) _A Comissão de Constituição e Justiça, aoapreciar o projeto, ofereceu ao mesmo. evou submeter a votos o seguinte

SUBSTITUTIVO

Torna obrigatória a instalação de S!'-­nitário nos veículos de transporte co­letivo de passageiros, de percurso inte­restadual ou interuacional, e dá outrasprovtãênctas.

O Congresso Nacional decreta:Art. 1.° Ficam as empresas de transpor­

te coletivo de passageiros obrigadas a equi­par com santtánío os veículos de sua pro­priedade de percurso interestadual ou in­ternacional.

Parágrafo único. Compreende-se por sa­nitário, para os efeitos desta lei, um com­partimento, localizado na trazeíra do veí- .eulo, contendo lavatório e vaso sanítárío tem material inoxidável e um depósito. paraágua.'

Art. 2.° Somente poderão ser incorpora­dos às frotas de transporte coletivo, de pas­sageiros, interestaduais ou ínternaeíonaíe,os veículos novos equipados com sanítárío.

Art. 3.° Dentro do prazo de 180 (centoe oitenta) dias, as empresas de transpor­te coletivo de passageiros ficam obrigadaaa cumprtr :o disposto no art. 1.0

Parágrafo .úníeo. Esgotado o prazo desteartigo, o Departamento- Nacional de Estra­das de Rodagem (DNER) , providenciará: aretirada da circulação dos veículos que nãosatisfaçam às exigências desta lei.

Art. 4.° Esta lei entra em vigor na datada sua publtcaçâo.

Art. 5.° Revogani~8e as disposições emcontrário.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - OsSrs. que o aprovam queiram ficar como es­tão. (Pausa.)

Aprovado.

Em conseqüência, fica prejudicado o Pro­jeto.

Vai à Redação Final.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) '_Discussão única do Projeto n.o 1.214­

A, de 1973, que altera a redação do ar­tigo 7.° da Lei n,v 5.692, de.H de agostode 1971, que rixa díretrízes e bases parao ensino de 1.0 e ,20 graus, e dá outrasprovidências; tendo pareceres: da Co­missão de Constituição e Justiça, }leIaconstítucíonaüdade, iuridicidade e boatécnica legislativa; e, das Comissões deEducação e Cultura e de Finanças, pelaaprovação. (Do Sr. Faria Lima).

O 8R. PRESIDENTE (Célio Borja) - Tema palavra o Sr. Gabriel Hermes, para dis­cutir o proj ate.

O 8R. GABRIEL HERMES - (Sem reví­são do orador.) Sr. Presidente, o Projeto n."1. 214-A/73, do nobre e brilhante DeputadoFaria Lima, está ligado à luta desse nossocompanheiro contra a poluição, contra osmales das grandes cidades, inclusive os in­cêndios. Pretende S. Ex.a tornar obrigatóriaa inclusão de Educação Moral e Oivica, Edu..cação Física, Educação Artístíca, Programasde Saúde e Prevenção e Combate a Incên­dios "nOE currículos plenos dos estabeleci­mentos de 1.0 e 2.0 graus.

O autor apresenta, fundamentalmente,razões que justificam seu projeto.

, Março de 1975 DIARIO DO CONGRESSO,NACIONAL íSeção 1) Quarta-feira 12 0319

"A Comissão de Justiça, acompanhando ovoto do Relator, concluiu pela constitucio­nalidade do projeto. A Comissão de Edu­cação e Cultura, depois de louvar o traba­lho, opinou, em reunião de 15 de março de1974, unanimemente pela aprovação do

, projeto.

Sr. Presidente, este projeto me leva a te­cer ligeiras considerações acerca da maté­ria, já que inclui Cadeiras nos currículos doensino de 1.0 e 2.0 graus. A solução não éconceder-se mais e mais responsabilidadesaos nossos professores, estudantes e· esco­1M, mas a criação de novas escolas, princi­palmente de 2.0 graus, em todo o Brasil. Co­mo exemplo, cito o meu Estado, o Pará, on­de, em média, para cada dez alunos de 1.0grau, em três a quatro de 2.° grau não hávagas.

Como se vê, há neste País que se desen­volve e cresce em termos de população ­País por cuja juventude temos de nos in­teressar - mais um drama. Ainda não fazmuito era dramática a luta dos jovens paraconseguir uma vaga nas universidades. Mui­tos jovens e muitas familias ficaram trau­matizados diante das dificuldades existen­tes, às quais, graças aos esforços do últímoMinistro da Educação - fazemos justiça ­Senador Jarbas passarinho, e do atual, fo­ram mínímízadas. Agora há um númeromaior de vagas e maiores possibilidades deos jovens cursarem as universidades destePaís.

No 2.°' grau, porém, com as exigências dareforma do ensino, há escassez de vagas. Édramático vermos os jovens de 16, 17 ou 18anos, por todo o Brasil, correrem em buscade uma vaga do 2.0 grau. No meu Estado,encontramos jovens e famílias quase cho­rando, para conseguirem uma vaga - e nãohá vagas, como não há escolas.

Sr. Presidente, ao comentar este projeto,simpático, humano, de alta finalidade, apro­veitamos para registrar nos Anais da Casao nosso apelo ao Governo e ao Ministérioda Educação, em especial, para que olhem,com o mesmo entusiasmo com que encara­ram o problema das universidades - quejá está bem mais suavizado do que antesde 64 - para o ensino de 2,° grau, Quedêem aos nossos filbos, aos filhos dos bra­

.sííeíros, mais escolas de 2.° grau.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Nãohavendo mais oradores inscritos, declaroencerrada a discussão.

Vai-se passar à votação da matéria.O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ....,. Tem

a palavra o Sr. Parsífal Barroso, para en­caminhar a votação.

O SR. PARSIFAL BARROSO - (Sem re­visão do orador.) Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, tendo em ,vista as ponderações donobre e ilustre colega, Deputado GabrielHermes, e, como se trata de proposição le­gislativa com pareceres favoráveis das Co­missões competentes, cumpre-me apenasjustificar o motivo que leva a Liderança daMaioria a opinar contrariamente à apro­vação da matéria, por mais respeitáveis quesejam as razões dos pareceres' já lidos.

11; que, após a tramitação da proposituraI nas Comissões Técnicas da Casa, no ano de

1972, posítívado ficou que é da competên­cia do Conselho Federal de Educação fazera distribuição harmônica das cargas horá­rias destinadas às disciplinas que o nobreDeputado Faria Lima pretendia introduzirno currículo, com caráter de obrigatorieda­de, como se todas devessem ser ministradascom a mesma importância e, portanto, coma mesma carga horária. Eis a razão de ter

, havido uma mudança na apreciação da ma­téria por parte daqueles que têm a respon-

sabilidade técnica da Comissão de Educa­ção e Cultura.

Resta-nos, finalmente, em atenção às pa­lavras do nobre Deputado Gabriel Hermes,dizer a S. Ex. a que esse descompasso real­mente existente entre a juventude que ter­mina o 1.0 grau e as disponibilidades dematrículas nas áreas do 2.0 grau foi, anopassado, corrigido por deliberação do Con­selho Federal de Educação aprovada peloSr. Ministro da Educação e Cultura, quedesprofissionalizou tanto quanto possível o2.0 grau, de modo a f'acílítar o ato de mi­nistrar matérias que tanto servem para dara profissionalização como dão acesso-à uni­versidade, pelo vestibular.

Por essas razões, opinamos contrariamen-te à aprovação do projeto. '

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) -- Vousubmeter a votos o seguinte

PROJETON.O 1.214-A, de 1973

O Oongresso Nacional decreta:Art. 1.° O artigo 7.° da Lei n.v 5.692, de

11 de agosto de 1971 que estabelece as di­retrizes é bases para o ensino de 1.0 e 2.°graus, passa a vigorar com a seguinte re­dação:

"Art. 7.° - Será obrigatória a inclusãode Educação Moral e Cívica, EducaçãoFfsíea, Educação Artístíca, Programasde Saúde e Prevenção e Combate a In­cêndios nos currículos plenos dos esta­belecimentos de 1.0 e 2.° graus, obser­vado quanto à primeira o disposto noDecreto-lei 'D.o 869, de 12 de setembrode 1969.§ 1.0 - Os conhecimentos indispensá­veis à prevenção e ao combate a incên­dios serão ministrados por instrutorestreinados em corporações especializa­das.§ 2.° - Caberá ao Conselho Federal deEducação, com a prévia audiência doCorpo de Bombeiros, estabelecer as di­retrizes para o ensino de métodos deprevenção e combate a incêndios, bemC0)110 para a realização dos cursos depreparação de instrutores da referidadisciplina.

§ 3.° - O ensino religioso, de matrículafacultativa, constituirá disciplina doshoráríos normais dos estabelecimentosoficiais de 1.0 e 2.° graus."

Art. 2.° Esta Lei entrará em vigor nadata de sua publicação, revogadas as dis­posições em contrário.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) -- OsSrs. que o aprovam queiram ficar comoestão. (Pausa.)

Rejeitado.Vai ao Arquivo.O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) _

Primeira discussão do Projeto n,v597-A, de 1972, que dá nova redação aoartigo 6.° do Código de Processo Penal;tendo parecer, da Comissão de Consti­tuição e Justiça, pela constitucionalida­de, juridicidade, no mérito, pela apro­vação, com Substitutivo. (Do Sr. Laer­te Vieira.) Relator Sr. João Línhares,

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) _Tem a palavra o Sr. Otávio Cardoso, paradiscutir o projeto.

O SR. OTAVIO CARDOSO - (Sem revi­são do orador.) Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, a iniciativa dos Jlustres colegas derepresentação, Deputados Laerte Vieira eAlceu Collares, merece minha adesão. Não

necessitaria aduzir maiores argumentos,não fosse a oportunidade que esses projetosque acabaram resultando em substitutivoda Comissão de Justiça nos dá para teceralgumas considerações, por exemplo, sobrea violência policial.

Sabemos que o indiciamento em inquéritopolicial é o começo do processo penal. Naminha função de Promotor de Justiça, en­contrei inquéritos policiais verdadeiramenteabsurdos, em que a autoridade não sabiasequer capitular aquilo que entendia ser umdelito. Não chegava, na prova colhida, nemde perto, a atingir a tipicidade do fato de­lituoso. No entanto, o cidadão se via envol­vido, Em virtude de o Código estabelecerque a autoridade policial não pode arquivarinquérito, a solução era o cidadão aguardar,respeitando a morosidade da policia ou de­pendendo da sua boa vontade. Ele deveriaesperar que o órgão do .Mínistérío Público,observando o absurdo, pedisse o arquiva­mento do processo. Corria, às vezes, o risco,por qualquer circunstância, de ter de ir àprópria Procuradoria da Justiça, em graude recurso.

Foi bastante feliz a iniciativa da apre-~sentaçâo do substitutivo da Comissão deoonsttturção e Justiça. O cidadão, uma vezde posse de sua cédula de identidade, desua identificação civil, ver-se-á eximido daidentificação datiloscópica, ato que não dei­xa de causar um vexame.

Nesta escalada de violência da policia dediversos Estados, ora da polícia civil, orada polícia militar, muitas vezes, no trân­sito, o cidadão advertido por um policialfardado, ao pretender apenas dizer que nãoinfringiu qualquer regra de trânsito, seja

. qual for o tom da sua argumentação, a suapostura, pode ser conduzido à delegacia, pordesobediência, por desacato e, às vezes, atépor resistência. Resisténcia, desobediênciae desacato e, às vezes, até por resistência.Resistência, desobediência e desacato abso­lutamente inexistentes, mas que o sujeitamao arbítrio da autoridade não esclarecidae, em algumas oportunidades, prepotente.

Dou, portanto, a minha adesão a esta ini­ciativa, consubstanciada no substitutivo dadouta COmissão de Constituição e Justiça,que determina seja juntada aos autos doinquérito policial a folha de antecedentes.Aí, sim, quem tiver maus antecedentes quearroste as consequêncías, Em nenhuma bi­pótese será feita a identificação criminal,a não ser depois de definido o delito, apósa sentença transitar em [ulgado.

O Sr. Airon Rios - Em verdade, eminenteDeputado, têm toda razão os autores dosprojetos. A Comissão Técnica acolheu osubstitutivo do Deputado-Relator. Na prá­tica forense, nos caminhos das delegaciasde policia, a cada instante estamos a nosdeparar com situações que causam vexamee que atingem o conceito e a honorabilida­de de cidadãos, em face dessas exigênciasdo já antigo Código de Processo brasileiro.Ainda é rotina promover a identificaçãoqualificando o indiciado, inclusive toman­do-lhe os sinais datiloscópicos. O processo,na sua fase inicial, é mera peça de investi­gação, que formula indícios, tipifica o de­lito. Mas, em grande parte, ele não temcurso. E digo curso dentro da tramitaçãonatural a que ele se propõe. Não pode serarquivado pela própria autoridade policiale é remetido ao Juiz da Vara, a quem cabe,então, arquivar ou dar prosseguimento, porum despacho, à denúncia, na primeira hi­pótese. arquivando-se o processo. Entretan­to, não há um procedimento automáticopara desarquivar-se a qualificação das pes­soas que, nas Secretarias de Segurança Pú­blica, ficam prontuaríadas como infratores,por prática de delitos que não cometeram.Daí, começa aviá erucis para solicitar da

0320 Quarta-feira 12 DIÁRIO DO CONGRIi:SSO NACIONAL <Seçáo I) Março de 19'75

autoridade o cancelamento daqueles assen­tamentos. Algumas vezes, por falta de me­lhor organização burocrática, isso demorameses, alcançando pessoas que estão na de­pendência daquela folha corrida paraocupação de cargos, no campo da atividadeprivada ou do serviço público. E elas sãoimpedidas e prejudicadas por estarem qua­lificadas como autoras de crimes que nãocometeram. Desde que o cidadão tenha ­como exige o projeto - sua identificaçãofornecida pela autoridade competente -- aSecretaria de Segurança Pública, no caso ­não me parece justo que se qualifique quemnenhum crime cometeu.

O SR. OTÁVIO CARDOSO - Agradeço aV. Ex. a o aparte. O colega tem toda razão.Muitas vezes a simples dificuldade em en­contrar testemunhas para instruir o inqué­rito policial leva a autoridade a manter oprocesso quase indefinidamente na delega­cia de polícia. Além do mais, a identificaçãovisa a propiciar à autoridade judiciária en­contrar o indiciado, quando necessárIO.' E,na Justiça, deve o juiz instrutor do processoperquirir todas as condíções que rodeiam oréu: sua profissão, sua idade, seu estadocivil; deve saber se é ocupado ou deso­cupado, enfim, deve conhecer tudo o queinflui na decisão.

Para arrematar, Sr. Presidente, eu diriaque basta que o cidadáo se sinta ameaçadode ver seu nome no Departamento de Or­dem Política e Social, com anotações, semsaber por quem foi denunciado e registrado,sem saber se o escrivão do DOPS tem dis­cernimento para macular ou não sua ficha,basta isso para que ele se veja em situaçãode permanente intranqüilidade. pois seunome pode estar com algum borrão ou man­cha e ele nem sequer chega a suspeitar dis­so. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE - (Célio Borja) ­Tem a palavra o Sr. Peixoto Filho, paradiscutir o proj eto.

O SR. PEIXOTO 'FILHO - (Sem revisãodo orador.) Sr. Presidente, Srs. Deputados,no ano passado, o ilustre Vice-Lider daARENA, Deputado Cantídio Sampaio, conse­guiu a aprovação, pelo Plenário, com apoiounânime da Casa, de duas alterações pro­postas ao Código de Processo Penal. Naquelaépoca, o Governo já anunciava a criação deum grupo de trabalho, integrado por juristasti penalistas, para oferecer completa reformado Código de Processo Penal. Aquelas alte­racões tornaram-se leis. Em todo o Pais vêmsendo aplicadas as novas redações introdu­zidas, especialmente aquela que se refere àliberdade provisória, quando tratar-se deréu primário e de bons antecedentes.

Outra alteração foi oferecida pelo nobreLíder e brilpante Deputado Laerte Vieira,estudioso e advogado emérito, assim comoaprovada pelos Integrantes da Comissão deConstituição e Justiça que apreciaram osubstitutivo oferecido á proposição.

O primeiro tópico da justificativa oferecenova redação ao art. 6.0 do Código de Pro­cesso Penal.

Diz o inciso VIII:"V[!I - fazer juntar aos autos a folhade antecedentes do indiciado".

O inciso X tem a segumte redação:

"X - Em nenhum caso será feita iden­tificação criminal, inclusive pelo pro­cesso dactiloscópico, de pessoa que jápossuir documento de identidade".

No primeiro tópico da justificação lemos:

"Todos os dias, muitas pessoas se vêemacusadas e envolvidas em inquéritos po­liciais. Mas acontece que muitas acusa­ções são falsas. E muitos acusados 10­gram absolvição, com o reconhecimento

solene da justiça de que não praticaramcrime algum. Entretanto, a lei proces­sual penal atual lhes impõe a humilha­ção de serem identificados criminal­mente, como delinqüentes comuns".

Só isto basta, Sr. Presidente, pois nasdelegacias policiais, onde o delegado é oeterno ausente e onde o escrivão tem o po­der de inquirir - e de fato é ele quem pre­side os inquéritos - os acusados ficam àmercê de sua vontade e são obrigados, porse constituírem em parte do instrumento doinquérito, a serem identificados criminal­mente.

Ora, Sr. Presidente, às vezes o escrivão dácurso a uma simples denúncia sem fulcroalgum de veracidade, sem amparo legal,porque o primeiro ato do delegado, no livrode ocorrências é protocolar - há até carírn­Lo próprio - "instaure-se o inquérito".Depois o escrivão-chefe faz a redistribuiçáoaos escrivães das delegacias e o escrívãosorteado será o dono do processo, presidiráas inquirições e acompanhará sua tramita­ção até que seja encaminhado ao juiz com­petente.

Este projeto, ao modificar a redação dedispositivo legal do Código de Processo Pe­nal, visa a evitar humilhações ao acusado,mesmo quando acompanhado de seu advo­gado. Ao ser advertido, ele insinua ao advo­gado que peticione, que requeira a não iden­tifi-cação, indicando o registro da identifi­cação desua carteira de identidade do Ins­tituto de Policia Técnica do Estado. Se oréu praticar ou for acusado de um delito noEstado do Rio de Janeiro, e se seu advogadopeticionar pedindo a sua não identificaçãocriminal. indicando registro do InstitutoFélix Pacheco; da Guanabara, o escrivãotodo-poderoso não aceita. Nem o delegado,se for chamado, aceitará, porque ele temque ser identificado criminalmente na ju­risdição do Estado onde foi praticado o de­lito.

Sr. Presidente, nesta oportunidade, con­gratulo-me, como velho advogado provin­ciano, com o ilustre Líder, prezado compa­nheiro e amigo, Deputado Laerte Vieira,pelas medidas sugeridas. Assim como ocupeia tribuna. no ano passado, para elogiar ainiciativa do Deputado Cantídio Sampaio,faço-o, nesta oportunidade, com o coraçãoem festa. Sinto-me tranqüilo com a minhaconsciência, ao exteríorízar o meu séntir,satisfeito por ver a nova mentalidade daLiderança da ARENA, mentalidade que estátransformando esta Casa e quase iniciandoa recuperação de suas mais legítimas prer­rogativas.

Ao congratular-me com o DeputadoLaerte Vieira, estendo também estas con­gratulações aos membros da Comissão deJustiça, que tão bem se houveram na apro­vação desta proposição. (Palmas.)

/'

, O SR. LAERTE VIEIRA - (Sem revisãodo orador.) Sr. Presidente, desejo dizer duaspalavras apenas, em aditamento aos judi­ciosos pronunciamentos feitos da tribuna.A douta Comissão de Constituição e Justiçahouve por bem acrescentar ao projeto odispositivo do Parágrafo único do art. 23,pelo qual a identificação criminal só se faráapós sentença condenatória. Creio que, aí,efetivamente, é a ocasião exata, qus nãose poderá dispensar, para proceder-se àidentificação do criminoso, uma vez tran­sitada em julgado a séntença.

Está, portanto, completado o projeto, comestá iniciativa, sem dúvida muito oportuna,do douto órgão técnico desta Casa.

Obrigado a V. Ex.'\ Sr. Presidente. (Pal­mas).

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) ­Não havendo mais oradores inscritos, de­claro encerrada a discussão.

Vai-se passar à votação da matéria.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja)Tem a palavra o Sr. Laerte Vieira, paraencaminhar a votação.

O SR. LAERTE VIEIRA - (Sem revisãodo orador) Sr. Presidente, desejo dizer duaspalavras apenas, em aditamento aos judi­ciosos pronunciamentos feitos da tribuna.A douta Comissão de Constituição e Justiçahouve por bem acrescentar ao projeto odispositivo do Parágrafo único do art. 23,pelo qual a ídentdrícaçâo criminal só se faráapós sentença condenatória. Creio que, aí,efetivamente, é a ocasião exata, que não sepoderá dispensar, para proceder-se à. iden­ttricação do criminoso, uma vez transitadaem julgado a sentença. '

Está, portanto, completado o projeto, comesta iniciativa, sem dúvida muito oportu­na, do douto órgão técnico desta Casa.

Obrigado a V. Ex. a , Sr. Presidente. (Paí-mas.) .

O SR. PRESIDENTE (Célio Burja) - AComissão de Constituição e Justiça, ao apre­ciar o projeto, ofereceu ao mesmo e vou sub­meter a votos o s~guinte

SUBSTITUTIVO

Altera a redação dos artigos 6.0 e: 23do Código de Processo Penal.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1.0 O inciso VII do art. 6.° do Có­digo de Processo Penal (Decreto-lei n,?

3.689, de 3-10-1941) passa a viger com aseguinte redação, acrescentando-se novoinciso, sob o número X, do seguinte teor:

"Vln - fazer juntar aos autos a folhade antecedentes do indiciado."

"X - Em nenhum caso será feita iden­tificação criminal, inclusive pelo pro­cesso dactiloscópico, de pessoa que jãpossuir documento de identidade."

Art. 2. 0 Acrescente-se ao art. 23 do CÓ­dígo de Processo Penal o seguinte parágra­fo único:

"Art. 23 .

Parágrafo único. Havendo uma provade identificação civil, a criminal so sefará após ter a sentença condenatóriapassado em julgado."

Art. 3.0 Esta lei entrará em vigor nadata de sua publicação, revogadas as dis­posições em contrário.

O SR. PRESIDENTE (Célio .Borja) - OsSrs. que o aprovam queiram ficar como es-tão. (Pansa.) /"

Aprovado.

Em conseqüência, fica prejudicado o pro­jeto.

Passa à 2.a discussão.

O SR. PRESIDENTE (Célio Borja) - Nostermos do inciso n do art. 10 do RegimentoInterno, concedo a palavra ao Sr. Ney Lo­pes, na qualidade de Líder da Aliança Re­novadora Nacional.

O SE. NEY LOPES - <Como Líder. Pro­nuncia o seguinte discurso.) Sr. Presidente,Srs. Deputados, a delegação do Líder doGoverno, Deputado José Bonifácio, para fa­larmos em nome da Liderança, dá-nos aexata dimensão da responsabilidade dequem, chegando a esta Casa, através dereferendum popular de um dos menores Es­tados federativos - o Rio Grande do Norte

Março d~ 1975 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 (1321

-, tem o dever de apoiar o comportamentopolítico em bases sólidas de estudo e aná­lise da problemática nacional, dando, assim,ao lado de ilustres Companheiros, cor.trt­buíçâo singela à obra revolucionária paraeonsoltdação do binômio Desenvolvimentoe Segurança, pre-requisítos indispensáveis à,sonhada sociedade desenvolvida, moderna,progressista, e. sobretudo, voltada para oHomem nas suas diferentes dimensões easpiracoes.

Chegamos a esta tribuna falando a lin­guagem do brasileiro humilde. da classe mé­dia ou abastado, Interpretando os objetivose opções nacionais permanentes de uma so­ciedade aberta, racial e pqlitlcamente, aten­ta à abertura de oportunidades para o gran­de núm~ro, sem deixar nenhuma classe ouregião à margem do processo e moderniza­ção, preservando a identidade nacional dacultura brasileira.

Abordaremos aspectos da polítíca socialvigente, sobretudo a Mensagem Presiden­cial enviada ao Congresso Nacional, a qualdesvíncula o salário míriímo da função demultiplicador de valores, eliminando a suainfluência sobre a correção monetária, osaluguéis, enfim, deixando de ser um fatorde expectativa de continuidade da inflação.

A análise pragmática, honesta e sincera,de quem, até para discordar, examine a es­tratégia já em execução pelo Presidente Er­nesto Geisel, leva ao convenéímento de quese dispensa maior proteção às classes debaixa renda garantindo-lhes maior partici­pação na riqueza nacional, sem qualquerintuito de distrfbutívísmo prematuro.

Reconhecemos, e é honesto ressaltar, °custo socíal pago pela Nação, a exemplo deoutros paises do mundo, com a deteriora­ção de valor real dos salários, devido a polí­tica, antnnrlacíonáría.

O Sr. Parsífal Barroso - Desejaria, nobreDeputado Ney Lopes, na exercício da Li­derança da ARENA, expressar a V. Ex.'" nos­so duplo contentamento: Primeiro, porqueV. Ex.a assoma à tribuna desta Câmara pa­ra abordar um dos aspectos mais sedutoresda política do eminente Presidente Geisel ­o aspecto da sua política salarial; segundo,porque V. Ex." escolheu justamente paraexemplificar quão real e válido é o propó­sito do Chefe da Nação de enfatizar o as­pecto social durante o seu Governo, a Men­sagem que S. Ex.'" resolveu, em boa hora,enviar ao Congresso Nacional, no sentido deque seja desvinculado o salário mínimo detodas aquelas injunções que haviam sidocriadas, dificultando sempre as majoraçõesnessa base míníma da remuneração salarial.A ARENA deseja felicitar V. Ex.'" - repito- e em meu nome pessoal quero, também,levar ao seu coração minha palavra de es­timulo para que continue versando, de pre­ferência, essas teses e esses temas tão ricos,que constituem a mensagem social do emi­nente Presidente Geisel.

O SR. NEY LOPES - Recolho, no apartede V. Ex.", o incentivo indispensável de queum jovem necessita ao chegar a esta Casa,para continuar, sem pretensões, porém, comdedicação, estudando assuntos que digamrespeito 11 atualidade nacional e, sobretudo,ao desenvolvimento ansiado por todos nósbrasileiros.

Todavia, o II PND, sendo, como efetiva­mente é, um documento sério e firme, eví­deneía, com toda ênfase, sem adjetivos ou-entrelínhas, as verdadeiras intenções doGoverno.

"Na opção realizada - diz o II PND ­o Governo não aceita a colocação deesperar que o crescimento econômico,

por si só, resolva o problema da distri­buição da renda."

Adiante afirma o Presidente Ernesto'Geisel:

"A estrutura da distribuição de rendaé insatisfatória, e com ela a Revolueâonão se solidariza, mesmo porque taldistribuição resultou de uma evoluçãode longo prazo da economia, e não defatores recentes."

A redução da "pobreza", ou seja, o con­tangente de famílias com nível .de rendaabaixo do mínimo admissivel, constitui ameta primordial a ser atingida, através depolítica social com objetivo próprio.

No primeiro semestre de 1974 sobreveioa crise do petróleo, além de outros fatoresexternos, ocasionando na economia nacio-,nal uma inflação importada, fora do con­trole estatal, com reflexos negativos nosíndices de aumento dos salários. Sem alar­des, porém com firmeza, o Governo enviouMensagem a esta Casa, de largo alcance so­cial, reaguardando e ampliando o poderaquisitivo dos salários, dímmuíndo os efeitoscorrosivos de uma repentina e imprevistaaceleração do processo inflacionário. As ta­xas de aumento dos díssídíos coletivos al­cançaram em janeiro deste ano 43% e 44%em fevereiro, para compensar aumento decusto de vida em torno de 32% nos últimosdoze meses. Embora atíngidos pelo abonode emergência, os- trabalhadores que ga­nham o salário mínimo merecem, igualmen­te aos demais, reajustes reais de seus sa­lários, ensejando melhoria da populaçãotrabalhadora e ativamento do mercado in­terno. Cabe ao poder públíeo impedir o avil­tamento do salário ou a sua excessiva ele­vaçáo, com reflexos negativos na economiaglobal.

Cabe. a nós políticos da Aliança Renova­dora Nacional a defesa de salarío social­mente justo, sem caracterização estática,capaz de acompanhar o aumento inflacio­nário e melhor distribuir a renda nacional.Esta a orientação do nosso Partido e daIilosnf'Ia revolucionária, traduzidas num es­forço obstinado e concreto, visando, ultima­mente, a corrigir distorções no reajustamen­to de salários, mediante projetos especificasde anétíse do custo de vida, de estudos doorçamento familiar e de pesquisas sobre osefeitos do treinamento, da assistência téc­nica e demais ações governamentais no pa­drão de vida do trabalhador.

A desvinculação do salário mínlmo dosvalores monetários fará com que o cálculodo salário acompanhe o ritmo inflacioná"rio, sendo mais autêntico, sem o risco de­magógico de "engordar salários", deixandoo Homem estagnado dentro do seu limitadohorizonte de aspiração, esquecendo a me­lhoria do aparelho social e sacrificando,pela alta desordenada do custo de vida, abolsa dos prôpríos assalariados.

Haveremos de atingir o estágio previstono II PND da conjugação da política deemprego com a política salarial, permitin­do a criação de mercado de consumo demassa, através da oferta anual de 1.320mil novos empregos, ou sej a, 6.600 mil no­vos empregos no qüinqüênio, reduzindo,substancialmente, o subemprego. A com­plementação do crescimento da economiasobre o emprego tar-se-á através do "Sis­tema Nacional de Emprego", melhorando oIuneíonamento do mercado de trabalho comrede de agências de colocação, atendendogratuitamente a população menos qualifi­cada em busca de trabalho.

O Sr. João Menezes - Eminente Depu­tado, é com satisfação que vemos V. Ex."',em nome da Aliança Renovadora Nacional,

falar em melhoria de salário e, conseqüen­temente, melhoria econômica do País. Ébom que se note que o Governo passou aatender as reívmdícacões do MovimentoDemocrático Brasileiro, defendendo as nos­sas teses, porque eram aquelas que tinhame têm sentido eminentemente popular, sen­do uma das principais a luta contra o acha­tamento salarial. Quantas vezes vimos osrepresentantes do Governo e da ARENA as­somar à tribuna, mostrando com númerosque não havia achatamento salarial? Porisso sentimos imensa satisfação quando ve­mos o próprio Governo confessar a autenti­cidade de nossa luta e reconhecer o acha­tamento salarial que existia no País pro­pondo-se a dar aumentos que, pelo menos,procurem chegar à realidade brasileira.Quanto ao crescimento econômico' do País,o crescimento empresarial, esse tambémexiste, mas há ainda um erro de fundo doGoverno. É que, através de obrigações, im­postos, taxas, ou que nome tenham, oneramde tal forma a produção brasileira que elaainda se situa acima dos níveis do poderaquisitivo do brasileiro. V. Ex.'" pode tomarcomo exemplo a produção de automóveis.Um automóvel, no Brasil, paga de impostose taxas quase 50% - se não for mais ­do seu valor de vendá. Isso sem contar osimpostos pagos em relação aos subprodutosdo automóvel. Veja V. Ex.a que ai existeainda um câncer que está a debilitar a eco­nomia brasileira. Entretanto, nós, do Mo­vimento Democrático Brasileiro, ouvimoscom prazer quando o Governo reconhece anossa posição. O Sr. Presidente da Repú­blica, em sua última Mensagem enviada aoCongresso, fala em enfrentar o problemada distribuição de rendas. que foi e conti­nua sendo a grande tese do Movimento De­mocrático Brasileiro. Muito grato a V. Ex.a

O SR. NEY LOPES - Recebo o aparte deV. Ex.'" como contribuição a este modestopronunciamento, sobretudo porque entendoa ação parlamentar como um diálogo crí­tico em busca de soluções. Apenas, comtodo o respeito, permito-me discordar deV. Ex." quando atribui ao Movimento De­mocrático Brasileiro as preocupações coma distribuição de rendas neste País. Afinal,será que a inteligência nacional constituium latifúndio do Movimento DemocráticoBrasileiro? Se por acaso é assim haveremosde desapropriá-lo, para que nós, pelo me­nos, tenhamos o direito de, bem intencio­nados, contribuirmos, como efetivamente arevolução brasileira contribuiu na épocaprópria para uma maior distribuição darenda "nacíonal. Saibam V. Ex."s .que todosos países do mundo na história econômicado desenvolvlmento, quer entendido no seusentido abrangente ou no sentido mera­mente econômico de desenvolvimento, pa­garam um custo social elevado para que osníveis de crescimento da economia chegas­sem a um índice tal que se tornasse-possi­vel distribuir a riqueza aeumulada.

Disse, no início desta exposição, que oPaís pagou um custo social sério, responsá­vel, dentro de uma política econômico­financeira que possibilita hoje, inclusivecom reconhecimento do Movimento Demo­crático Brasileiro, que não refuta que a eco­nomia cresceu, a descoberta de novos canaisde circulação de rendas através de medidasde alto cunho social, como a que está sendoposta em prátíca com a desvinculação dosalário mínimo de qualquer outro valor mo­netário.

O Sr.•I\iron Rios - Eminente .DeputadoNey Lopes, começam a ser postas nos seuslugares as questões maiores do interesse doPaís. Esclarecem-se também as coincidên­cias de pontos de vista que sempre marca­ram o Governo e a Aliança Renovadora Na­eínnal. Por vezes também - e por coinci­dência - integrou-se na defesa dos interes-

0322 Quarta-feira·l}. DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) MarÇ" de 1975

ses maiores da economia brasileira e, em es­pecial, no que se refere à política social doGoverno quanto ao problema de salário mí­nimo, Q Movimento Democrático Brasileiro.Nós, que integramos a ARENA, suporte po­lítico do Governo, não temos, na verdade, aambição ou a veleídadé de nos colocarmoscomo mentores das soluções nacionais. E so­mos majoritários na Câmara e no Senado, noCongresso, Nunca desprezamos a colabora­ção dos que têm o que ofertar, quando vin­da, com lealdade, com interesse superior,da honrada bancada da Oposição. Mas, emverdade -- e V. EX,a já a isso reagia comenergia - não pode haver um processo desubordinação de idéias, de conceitos e deatuação, a ponto de se querer, portanto,criar um perfil de que quem governa oPaís é a Oposição, de que quem sugere so­luções é o MDB. Os Anais desta Casa estãoaí, impregnados das vozes dos dois parti­dos, que se encontraram muitas vezes nadefesa dos mesmos objetivos. Agora, quan­do o Governo parte para a ação - Gover­no que fala pouco e age depressa - come­çam, talvez, a surgir problemas de dasa­justamento quanto à nova orientação polí­tica governamental, provocando assim,algumas vezes, pronunciamentos que, emverdade, ressoam sem maior fidelidade paracom o comportamento do partido majoritá­rio. Esse assunto, que está galvanizando aopinião pública, o problema do salário, desua desvinculação, desonerando-se o queera um processo impeditivo de melhor rea­justamento salarial, sem ter sído anunciadocomo mensagem-impacto, impacto provocouem todas as camadas trabalhadoras, sobre­tudo quando a ele se engajá a política anti­inflacionária, que começa na sua fase dereversão, como vem sendo noticiado e noti­ficado por um Governo que, inclusive demaneira inédita na vida republicana destePaís, resolveu, agora, dizer toda a verdadesobre todos os aspectos de sua administra­ção, mesmo aquelas verdades que, de início,aparentemente, não se contabilizam a seufavor em termos políticos. Quero cumpri­mentar V. Ex." pela sobriedade e segurançacom que salienta uma das proposições maio­res dessa fase do Governo brasileiro.

O SR. NJEY LOPES - Interpreto o apartede V. Ex.'" como a complementação da aná­lise que estamos pret-endendo fazer para acompreensão mais profunda da mensagempresidencial.

O Sr. Alceu Collares - Nobre Deputado.não quero perder a oportunidade, no mo­mento em que V Ex.a focaliza um assuntomuito sensível. a estrutura salarial do País,de cumprimentá-lo antes de tudo pela se­renidade com que aborda um problema detanta significação. Devo dizer que, antesda chegada de V. Ex.'" na Legislatura an­terior, foram raros, talvez nenhum, os In­tegrantes do Partido de V. Ex.'" que naotivessem defendido quase intransigente­mente a política salarial e social então vi­gente. Não vi - e os Anais estão aí ­qualquer tipo de contribuição para modifi­car as critérios de fixação da política sala­rial brasileira. Por muitas e muitas vezes,dessa tribuna, tivemos oportunidade deanalisar, tanto quanto possível cientifica­mente, os componentes pelo menos do sa­lário mínimo, para mostrar que o 'Governo- não este, não o anterior, mas desde quecriaram o salário mínimo - vem ludibrian­do o trabalhador brasileiro quanto ao di­reito consagrado na própria Constituição.Parece-me, agora. quando V. Ex.a analisacom serenidade este problema, que se estásoltando uma quantidade muito grande defoguetes para uma festa que é pequena. Adesvinculação em si não significará, nobreDeputado, muita coisa ao trabalhador. Umadas preocupações do Governo, ao desvin­cular o salário mínimo como paradigma

para o reajustamento doe outras obriga­ções contratuais, se vincula ao papel doPlano Nacional de Habitações, porque, ago­ra, as prestações do Banco Nacional de Ha­bitação seriam elevadas na ordem de 36 a44%, se neste valor for elevado o saláriomínimo, Esta é uma das preocupações doGoverno. Eu já disse, dessa tribuna, que éuma tentativa válida, é uma medida acer­tada, mas não é a solução. Outras medidasterão de vir para este Congresso, e sei quea ARENA irá contribuir também, atravésde críticas construtivas, para o aprimora­mento do processo salarial deste Pais. Fo­calizarei pelo menos - para não roubarmais o tempo de V. Ex.'" - os componentesdo salário mínimo. Sabe V. Ex.a que aConstituição garante ao trabalhador brasi­leiro um salário mínimo capaz de atenderàs necessidades normais dele e de sua fa­mília. E os Governos todos, antes e depois,sempre fixaram salário mínimo para umasó pessoa. Aí já vai uma fraude à Consti­tuição; aí já se violenta a Constituição.Nos componentes do salário mínimo, noque o Governo considera como necessidadesnormais, também há outro equívoco: sóalimentação. habitação, vestuário, higiene,transporte. O Ministério do Trabalho achaque apenas essas necessidades são as nor­mais para o trabalhador. Não inclui nemsaúde, nem educação, nem distração. VejaV. Ex.a que há um campo enorme para con­tribuirmos, colaborarmos para o aperfeiçoa­mento da política social deste País. E V.Ex.a o está fazendo. Espero que o aprofun­damento da tese que V. Ex.'" ínícíou venhaexatamente a pedir ao GOverno que modi­fique a estrutura salarial a partir da baseda pirâmide, que é o salário mínimo; dandooutros componentes, admitindo outros cri­térios, para que efetivamente a Constituí­çâo seja cumprida. Parabenizo V. Ex."', maisuma vez pela tranqüillidade com que estáexaminando o assunto. Mas quero apenasdimensionar, pelo menos do meu ponto devista pessoal, que a mensagem do governonão é a solução para o problema dos tra­balhadores, não significa mais aumento,mais poder aquisitivo, quando muito, poderáacompanhar, neste ano, a elevação do custode vida. Mas V. Ex.a há de convir comigoque a defasagem na estrutura salartal jávem desde há muito tempo. É preciso queo Governo faça, através de medidas quedevam ser tomadas, examinar, planejar umconsumo mínímo para a família braaílerra.as necessidades mínimas de sobrevívêncía,a fim de evitar que se atinja aquela situa­ção em que começa a estrada cruel e de­sastrosa da desnutrição do operário bra­sileiro.

o SR. NEY LOPES - Recebo o aparte donobre Deputado dentro da vibratívídade quesei caracterizar a ação combativa de V. Ex.'"nesta Casa. Mas devo colocar, como premis­sa do que foi afirmado, que a nossa tesenão desvíncula o esforço sério e racionalque em termos econômicos o Governo re­volucionário vem f.azendo desde 1964. Ago­ra as preocupações com novos canais dedistribuição de renda são maiores, por queefetivamente já temos neste Pais o que dls­trlbuír. Não podíamos partir para dístríbu­tívísmo ou maior circulação da riqueza na­cional com base numa economia cambale­ante como a que a Revolução encontrouem 64 (muito bem), onde certas classes commaior poder de pressão obtinham até 130%de reajuste salarial, enquanto outras, so­frendo igualmente os efeitos danosos da in­flação, tinham 30,40%. O "Governo foi obri­gado a partir para critérios rígidos de pla­nejamento econômico, que nos permitemhoje. até para honra de todos nós brasi­leiros, com apoio do MDB, reconhecer quejá se tem o que repartir neste Pais, pois aprópria Oposição considera que houve eres-

cimento econômico. E a partir deste ins­tante, deste momento nacional, mesmo sa­bendo-se do custo social pago anteriormen­te, mas que era necessário através da his­tória econômica dos povos, poderá a socie­dade brasileira ter uma circulação de ri­queza maior, com novos canais de distri- ,buição de renda.

O Sr. Adhemar Ghísí - Gostaríamos' de'solidarizar-nos com os conceitos e as tesesque V. Ex.a está, para encanto de todosnós, neste momento transmitindo ao Ple­nário. N.a verdade, o que o Governo faz'hoje no campo da política salarial, talvez osetor social mais importante que ele pudes­se encarar nesta hora, decorre do trabalhodos técnicos relacionados com o ConselhoSocial do GOverno. Já no ano passado, emsetembro, para ser bem exato. há dois me­ses das eleições, portanto, recordo-me queuma comissão era constãtuída justamente 'para estabelecer aquelas premissas sobre asquais V. Ex.'" falou tão bem no início da.'sua oração e que se eonsubstancía no pro­jeto de lei que dentro de alguns dias oCongresso Nacional apreciará, O que se,faz, portanto, neste momento, no País. nãoé apenas a encampação das teses da Opo­sição. Mais do que isso, é a encampaçâo l

das teses dos homens que comandam e di- ,rigem o País, que de cabeça fria, voltadospara o estudo dos números, das cifras edas estatísticas, podem fazer aquilo que V. 'Ex.a referiu: distribuir o que já temos hojepara distribuir. Nem se diga que o Governo 'está improvisando, porque ele dá também, l

Sr. Deputado. ainda no campo social, paraos que nada tinham, como os velhos e os 'inválidos, os primeiros com mais de 70 anos, 'porque ele dá também aos lavradores, aosque não apenas têm mais de 65 anos deidade, mas àqueles que sejam incapazes pa­ra qualquer atividade. A política social doGoverno não se volta, todavia, apenas paraos que: recebem salário, remuneração pelosseus serviços. Ela extrapola esse tipo deconceito, esse tipo de entendimento, por­que, através do projeto que iremos apreciarem poucos dias, beneficia os que hoje re­cebem proventos, pensão, aposentadoria,visto que os mesmos percentuais que fo­ram auferidos por aqueles que recebem sa­lário mínimo serão na mesma proporçãoauferidos também pelos que recebem atra­vés de pensão ou de aposentadoria. Pode­ríamos aqui permanecer por muito maistempo, Sr. Deputado Ney Lopes para trazeros exemplos sobre as linhas gerais que Jl.Ex." nesta hora desenvolve tão bem, paragáudio e encantamento de todos nós.

Mas vou ficar por aqui mesmo, para po­dermos, desta maneira, escutar os outrosargumentos que certamente V. Ex.a aindatrará em abono e em apoio à política socialsadia e patriótica que o Governo está exe­cutando, para benefício das classes maissofridas do nosso Pais. E quero dizer maisuma coisa, Sr. Deputado: o de que preci­samos, como arenístas, não é mais nos preo­cupar tanto com problemas de caráter eco­nômíeo e financeiro deste Pais. Precisa­mos nos arregimentar com base naquilo queo Governo nos está dando, oferecendo pa-.ra que, no ano que vem, em novembro, pos­samos colher uma grande e significativavitória para o Partido da Revolução - a 'Aliança Renovadora Nacional.

O SR. NEY LOPES - Agradeço o apartede V. Ex.a

O SR. PRESIDENTE (Ubaldo Barêm) ­V. Ex.a díspõe de 3 mínutos para terminaro seu pronunciamento.

O SR. NEY LOPES - Sr. Presidente, es­tas as idéias que pouco a pouco transfor­mam-se na ação patriótica e corajosa derealizar política de melhoria da distribui-

Março de 1975 mARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 0321

SALARIO úNICO NO PAíS

O salário mínimo unificado para todo OPaís afigura-se recomendável, sob certos as-

pendendo do progresso econômico e socialde uma Nação, o salárío-mínímo poderá iralém de um mero orçamento de subsistênciaou de' saúde. Este, evidentemente, o idealdesejado e defendido numa polítíea salarialjusto e cristã.

A visão pragmátíea do assunto em dis­cussão demonstra, à saetedade, que não se­rão as leis ou decretos capazes, por si só,de vencerem a miséria e minorarem o de­salento de tantas famílias carentes dê me­lhores níveis de bem-estar social. Uma po­lítica bem intencionada, mas que não seapóie realisticamente no suporte econômicoda sociedade, Ievará fatalmente a resulta­dos nulos ou negativos.

BALARIO E INFLAÇAO

Sabemos que os salários constituem ape­nas um item dos custos de produção, ao la­do do juro, aluguel, lucro, tributo... Toda­via, a economia do trabalho recomenda queos aumentos de salários devem ser ajusta­dos de maneira a não provocarem tensõesinflacionárias.

Foi o primeiro passo para que o BraÍlU Tem-se como racional considerar nas ele-aceitasse a idéia, que já vinha sendo aven-· vações de salário a capacidade de pagarnen-,tada há algum tempo. Para complementar to das empresas, as possibilidades de trans­a filosofia de remuneração míníma a ürT, ferências dos aumentos de salários paraem 1951, estendeu os. príncípíos de fixação idênticas elevações de preços, a elasticidadedo Salário-mínimo à agricultura. No caso da oferta dos bens susceptíveis de procurabrasileiro, ó sistema de remuneração míní-. mais intensa em conseqüência das elevaçõesma foi ínsütuído em 1936, regulamentado de salário, as earacteristícas da balança deem 1938, mas os primeiros níveis salaríaís pagamento e as possibilidades de importa­tiveram a sua fixação em 1940. Antes de nós ção de bens de consumo.foram 'precursores, nos tempos modernos, a _Austrália e a No.va Zelândia; seguindo-se O exame da situação nacional traz a lu-a grande maioria dos países civilizados. me nuances as maiJ:l diversificadas, todas

elas enfrentadas corajosamente pelo Gover-SALARIO-CONCElTO no Revolucionário, dentro de uma linha fi­

losófica de buscar resultados possíveis, as­segurando, em todas as hipóteses, o direitodo trabalhador e das várias categorias so­ciais.

Verifica-se que, sendo o problema salarialangustiante para todas as sociedades domundo. não poderia o Brasil excluir dasanálises e estudos, em busca de caminhosmais justos e cristãos, quaisquer categoriassociais responsáveis que possam dar a con­tribuição patriótica para diminuir as ten­sões sociais e assegurar às classes de rendainferior meios compatíveis, não somente desubsistência, mas de vida social, no sentidoabrangente do termo.

Viemos a esta tribuna sem pretensões desermos latifundiários da Verdade. Afinal,uma concepção pragmática de vida social

.fmpõe aos que dela participem o reconhe­cimento do esforço feito, no sentido de al­cançar melhores níveis de bem-estar.

Reconhecemos que o trabalhador brasi­leiro, percebendo o salário-mínimo esvazia­do ultimamente por fatores externos, terádificuldades em sobreviver com a sua famí­lia. O Governo do Presidente Ernesto Geiselmostrou-se, desde os seus primeiros passos,altamente sensível aos problemas de or­dem social. Veja-se a criação do Conselhode Desenvolvimento Social e do Ministérioda Previdência Social, revelando, ambos, ameta governamental de marchar gradual­mente para a democracia pnlítíca e social,tendo a consciência de que os resultadoseconômico-financeiros alcançados poderão

,ser repartidos com as classes menos favore­cidas. Evidentemente que os níveis do sa­lário-mínimo, até pela sua insuficiênciaatual, constituíram o ponto de partida naspreocupações do Governo. ,O milagre nãoserá possível, vista a complexidade do pro­blema, exigindo nas soluções equilíbrio ebom senso.

o exame da evolução hístóríea impõecomo regra a conclusão de que o saIário­mínimo jamais afastou-se do conceito sa­larial, sendo a preocupação basilar no or­denamento jurídico e social dos Estados.Sua origem é tão vetusta quando o direito,surgindo com as prlmeíras manifestações de'economia, onde o homem buscava a caçapara alimentar-se e necessitava transferirsua tarefa a outrem.

A política de salário-mínimo tem por es­copo a melhoria das remunerações dos gru­pos de trabalhadores mais. desfavorecidos.Duas variá'leis fundamentais influem nadefinição de uma política salarial: as ne­cessidade reais dos trabalhadores e a Ca­pacidade da economia para suportar a ele­vação de salários.

O salário direto é, sem dúvida, a partemais sígnífíeatíva dos rendimentos sa­lariais, constituindo o meio de fazer face àsnecessidades mínimas. Ê, portanto, primá­rio o princípio de política social, segundo oqual deve ser igualado o limite da estruturade salário à despesa que se calcule para sa­tisfação das necessidades nmdamentaís dotrabalhador.

SALARIO NO DffiEITO COMPARADO

Nas legislações dos vários países são va­gas as referências acerca do que se poderiaclassificar como "mínimo", No México, pre­tende-se ga;rantir aos trabalhadores ummínímo vital satlsfatiirio. Em Portugal, anorma eonstitucíonal acentua a necessida­de de o Estado zelar pela melhoria das con­dições das classee socíaís mais desfavoreci­das, "procurando assegurar-Ihe nível de vi­da compatível com 'll, dignidade humana".Na França, foi instituído em 19'i0 o "saláriode crescimento", de forma a proteger asfaixas de rendas menores.

Na verdade, o mínimo salarial estarásempre associado aos níveis de gastos ehábitos de consumo da maioria dos grupossociais estudados concretamente. É impor­tante atentar-se para o aspecto de que, de-

lho eseravo, prolongando-se até 13 de matode 1&88, quando foi suprimida a escravidão.A Constituição de 1891 (artigo 72 § 24) ga­rante o livre exercício de qualquer protís­são, moral; intelectual e industrial, omitin­do-se sobre as questões salariais.

O 'rratado de VersaJJ:ies, de 1919, embotaaprecie a regulamentação salarial, não cogí-

-tou ele salário-mínimo. Somente em 1928 aConferência Internacional do Trabalho daOIT. realizada em Genebra. com vigênciaa partir de 1~-6-1930, dispôs sobre métodosde fixação do salárío mínimo.

No artigo 1.0 a Convenção estipula:"se comprometem a instituir ou a con­servar métodos que permitam fixar ossalários-minimos dos trabalhadores em­pregados na índústrta ou partes daindústria, em que não exista regime!lficaz para a fixação de salários pormeio de contrato coletivo de trabalhoou de outra modalidade e nas quais ossalários sejam excepcionalmente bai­xos."

ção de renda pessoal e regional, siplultanea­mente com o enescímentc eeonômíeo, pro­movendo I) desenvolvímento com a p.!'J!ªer­vação da estabi11dade sOcial e política.

A análise mais profunda da Mell$ag'emPresidencial relativa ao salárío-rninímo le-"va-nos a ccnstderações técnicas indispensá­veis à abordagem do tema.

O SALARIEl-MíNIMO NA HISTóRIA

As preocupações em torno do salário exis­tiram desde o rei Hammura1Ji, da Babilônia(iWeuIo XIII AC), que em seu famoso Có­digo descoberto nas ruínas de Susa (1900),o ,mais antigo documento jurídico conheci­do, apreciava o aluguel de operários, pre­gando a necessidade de retribuição pelo ser­viço prestado.

'0 caminhar na 'bistôria universal apon­ta! o Código de Manu \de. século XIII AC ea Lei das XII 'I'áboas, elaboradas para osromanos no ano 454 da fundação da cidade(300 AC), como pontos de referência defundamental importância no estudo dospródromos do problema salarial.

Platão já preconizava o salário legal e emplena Idade Antiga o rmperador Dioclecia­no consagrou a' norma - de pretfís rerumv~;nalium, np ano 801, prescrevendo uni­formemente para' o Império ROJ;nano os pre­ços das mercadorias e OI> salários. A fína­Iídade seria uniform1zar os preços, atravésde um dos seus principais componentes ­o salário, Todavia, a medida, elassíríeadana nomenclatura [urirüec-trahalhísts, comoo limiar da politi.ca íntervencíonísta públí­ea no campo do contrato privado de traba­lho, não logrou sua finalidaM e, na explí­eação de Kovaliov (In História de -Roma ­"101. UI) numa "'economia natural, o Estadonão tendo' condições de assumir um contro­le planífteado da produção", qualquer obje­tivo visado neste sentido será frustrado.

Na concepção cristã o salário é o símbolosupremo da grandeza do IIome.tn, contra­riando, assim, a constatação de- Cícero, se­gundo a qual para o paganismo o salárioera o !erretll da eseravídão,

Na Idade Média, encontramos na Françaa matéria sendo encarada pelo reí João, Q

Bom; na Inglaterra as ordenanças de Edu­ardo JU; l'l.J3 leis prnssíarras de 1358 e osatos do Rei de Cast.ela. 'Merecem realce es­pecial os eonceítos tomistas promanados deSão Tomás de AquÍlW. inspirador das preo­cupações humanistas e cristãs que norteiamnosso Ideárío político.

"A justiça do salário, para São Tomás,não se esgota na sua proporção com asexigências de vida, mas deve tambémultrapassar este limite, pois que novoaelementos devem algumas vezes entrarno cômputo da justiça. Assím, à maioreficiência produtiva deve proporcio­nalmente corresponder maior salário(maior 11!-b.oÍ' maíorem mereedem me­retur) , devendo na retribuição obser­var-se a norma de igualdade quantita­tiva."

.a. Revolução Fl'ancesa, como não poderiadei:s:ar de ser, preocupou-se com o mínimode salárto indispensável à sobrevivência hu­mana, antecipando a problemátipa socialsurgida com a Revolução IndustrIal.

No Brasil, dUrante D período colonial,onde houve a predominância do trabalhoindígena e do negro, e, paralelamente, dohomem livre, não exístíu Direito Social,sendo desconhecido o princípio de que otrabalho é uma atividade legal defendida eamparada pelo Estado. As Ordenações doReino e o Díreíto das Cartas de doação dasoapttanías prevaleeíam com característicastípicas de regime feudal. A nossa indepen­dência política verificou-se sobre uma basejurídica da estrutura econômica do traba-

0324 Quarta-feira 12 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 19':5'

pectos, sobretudo considerando-se o esforçorevolucionário, que vem estreitando, no cur­so do tempo, a relação entre o maíor e omenor valor do salário-mínimo, tendo pas­sado de 2.7 para 1. 41 vezes. O montamo sa­larial, todavia, somente poderá ser atingi­do por etapas, mediante um processo deaglutinação progressiva, à medida e na pro­porção em que se forem atenuando as dis­paridades regionais. A fixação de níveis di­vorciados das condições e possibilidades eco­nômicas locais repercutiria de modo tantomais desfavorável quanto menor desenvol­vidas as regiões que se pretende beneficiar.A imposição de níveis salariais em flagran­te desrespeito às leis econômicas que regemo mercado de trabalho acabaria por acar­retar as mais danosas conseqüências à po­pulação, em termos de desemprego, de au­mento de preços e de tensões sociais.

REPERCUSSAO DO SALARIO-MíNIMOO grande problema que enfrentava o Go­

verno era a repercussão do aumento de sa­lário-mínimo na economia nacional, ou se­ja, nos aluguéis, salários profissionais, mul­tas sanitárias etc. O mínimo passou a serno Brasil uma espécie de moeda, não sendohonesto acrescer os seus níveis para efeitosdemagógíeos, pois diminuiria, em verdade,o poder de compra do assalariado, pelo de­sencadeamento da inflação,

A fórmula encontrada na Mensagem Pre­sidencial, descaracterizando o salário-míni­mo como fator de correção monetária, será,sem dúvida, um passo deeísívo e históricopara o trabalhador brasileiro.

A proposição dos Exmos. Srs. MinistrosArnaldo Prieto, do Trabalho; Mário Henri­que Simonsen, da Fazenda; Severo Gomes,da Indústria e Comércio, e João Paulo dosReis Velloso, Chefe da Secretaria de Plane­jamento, abre novos caminhos a serem per­corridos pelas classes de baixa renda, tendoem vista que os seus salários deixam de serum peso incômodo para a economia do País,passando a ser encarados, como devem ser,apenas em função das necessidades do tra­balhador.

Caminha esta Nação para a desejada esonhada democracia social, onde sejam res­peitados os valores democráticos de livreiniciativa e assegurado o bem-estar à popu­lação economicamente ativa, em todos osníveis.

Tal fato antecipa a segurança de que ospróximos aumentos salariais, ajustados evi­dentemente ao estágio atual de nossa eco­nomia, contemplarão o universo do traba­lhador, de acordo com os mais sadios prín­eípíos da técnica salarial.

JUSTIÇA SOCIAL

Sr. Presidente, srs. Deputados, a nossavoz é de registro de uma ação lastreadanos melhores propósitos de Justiça Social eCristã. Não pretendemos usar o penacho dasidéias expostas como parâmetro irreversívelde Verdade. Queremos, apenas, nesta tribu­na, revelar para o Pais, sobretudo à classetrabalhadora nacional, a visão nítida, segu­ra e obstinada do Presidente da República,que busea, inclusive apelando para o poderde criatividade desta Casa, sem distinguirARENA ou MDB, as fórmulas e meios quelevem esta Nação para o pleno desenvolvi­mento, entendido na sua expressão globale abrangente.

A descaracteríaaçâo do salário-mínimocomo fator de correção monetária abre no­vos horizontes para a sociedade brasileira.A História haverá de comprovar as nossaspalavras. É mais um canal de distribuiçãode renda pela população em geral, atravésde um maior realismo na fixação do salá-

rio direto, sem descuidar do salário indireto,cujos beneficios o Governo distribui atra­vés da democratização do ensino por inter­médio da concessão de bolsas de estudo aosfilhos dos trabalhadores, a melhoria dosserviços de assistência social à população,o acesso à aquisição da casa própria atravésde financiamentos oficiais, a integração dossíndrcatos nos programas de desenvolvi­mento social em favor do trabalhador nocampo da educação, saúde; a instituição deformas de acesso ao crédito, Inclusive em­préstimos simples; o Programa de Integra­ção .Social e o Fundo de Participação doFuncionalismo; o salário-família; acídentesdo trabalho; salário educação; lSENAI,SESI, SENAC) o FGTS, Central de Medi­camentos etc. (O salário indireto, no Brasil,corresponde atualmente a cerca de 17,2%do salário nominal).

De agora por diante o salário poderáaproximar-se do crescimento econômiconacional, deduzidos os entraves decorrentesdas disparidades regionais.

Em 1970 o Parlamento Francês aprovou aínstítuícão do salário mínimo do cresci­mento, • em cuja mensagem Presidencial,inclusa na obra de Jean Pélissier (inDocumentos do Direito do Trabalho), estáa justificativa que muito se assemelha àsatuais preocupações nacionais:

"O salário-mínimo do crescimento devesubstituir a noção estática do mínimovital, transformando-se na noção dinâ­mica de salário de crescimento harmo­nizando com o desenvolvimento econô­mico, a fim de proporcionar a partici­pação efetiva do salário dos menosremunerados com os frutos da expan-são." ...."Assim - prossegue o Governo Franeês- os titulares de salários baixos parti­ciparão dos resultados da expansãoeconômica, conforme a orientação dapolítica governamental, que visa, sobre­tudo, a melhorar a sorte das categoriasmenos favorecidas."

As nossas palavras revelam o estado deespírito nacional, e sobretudo desta: Casa,onde se têm feito sentir, com marcas inde­léveis de coragem CÍvica, as ações do Pre­sidente Ernesto Geisel. Não nos orienta oaplauso fácil e inconseqüente, até porqueá orientação é o apelo ao poder de criaçãoda classe política, colocando sobre os nossosombros a difícil missão de exercer as prer­rogativas imanentes ao Poder Legislativo, aoqual pertencemos e cujo prestígio havere­mos de defender.

Apoiados neste convencimento, classifi­camos a medida governamental relativa aosalário-mínimo, corno sem registro similarna história, e que traduz, em toda plenitude,o resguardo das classes sociais de baixarenda, fortalecendo-as e abrindo novas pers­pectivas ao seu poder aquisitivo, sem reper­cussões inflacionárias negativas.

Ressalte-se, por também constituir temapalpitante de política social, a ampliação,que vem sendo executada, do conceito dePrevidência SOcial, através da clarividênciado Ministro Nascimento Silva, cogitando-seda universalização da previdência, isto é, desua extensão paulatina às camadas da po­pulação ainda carentes de proteção. Recen­temente, foi extinta a taxa de 5% queincidia sobre as pensões e montepios dosbenerícfáríos da Previdência Social, atin­gindo mais de dois milhões de brasileiros,além da contagem 'de tempo de serviçotrabalhista e estatutárto, para fins de apo­sentadoria; a extensão do seguro de aci­dentes do trabalho aos trabalhadores ru­rais; a prestação de assistência médica aos

servidores públicos íntertorfzados: a insti­tuição do amparo previdenciário para maio­res de setenta anos de idade e para invá­lidos; a transferência para a previdênciasocial dos ônus do salário-maternidade, aca­bando com a discriminação contra o íngres-

. so da mulher na força de trabalho. Quantoà assistência médica, acha-se em fase deelaboração o projeto para criação de ínstt­tuíçâo nacional responsável pela saúde in­dividual da população, a qual terá auto­nomia sob a forma de Fundo ou Fundaçâo,

A Aliança Renovadora Nacional tem acom­panhado, através do seu presidente, o emi­nente Senador Petrônio Portella, a estratégiagovernamental, dando-lhe suporte e apoio,visto que a expressão política de nossa.bancada..e a confiança que possamos me­recer do povo estará na razão direta dassoluções postas em prática e dos frutoseolhidos em favor de todos brasileiros.

A ARENA, cada vez mais, se identificaeom os ideais dos operários, da juventude,do homem rural, do produtor, enfim de to­das camadas sociais do Pais. Será dessaconjugação de esforços que se concluirá numfuturo próximo' a construção do edifício desegurança e desenvlovlmento, o qual abri­gará os nossos filhos, sendo regístrado naHistória que todos nós - brasileiros de boavontade - colocamos o tíjoío da nossa con­tribuição, séria e responsável, para o ama-nhã de paz e progresso nacional. .

Durante o discurso do Sr. Ney Lopes,O Sr. Célio Borja"Presidente, deixa a.cadeira da presidência, que é ocupadapelo Sr. Ubaldo Barém,. Suplente deSecretário.

O SR. PRESIDENTE (Ubaldo Barém) _Nos termos do inciso II do art. 10 do Re­gimento Interno, concedo a palavra ao Sr.Antônio Bresolín, na qualidade de Líderdo Movimento Democrático Brasileiro.

O SR. ANTôNIO BRESOLIN _ (ComoLíder, Pronuncia o seguinte dlseurso.)Sr. Presidente e Srs. Deputados, sempreadvoguei a idéia de que boas safras estãoem grande parte relacionadas com boas se­mentes. Esta opinião foi robustecida apósvisita que empreendi à França, à Jtálía e,sobretudo, ao México. O famoso CampoExperimental de Chapingo realiza verda­deiros milagres no setor da genética, fazen­do do México UlX' grande produtor de trigopor hectare, Basta dizer. que a safra' demaior rendimento por hectare no Brasiloperou-se há três anos e a nossa médiageral não f01 além de 1.050 quilos por hec­tare, enquanto naquele pais a média alcan­ça 3.500 quilos por hectare. Na Provínciade Sonora, a que produz mais trigo, a mé­dia atinge seis toneladas por hectare, ha­vendo casos em que um único hectare deterra produz até nove toneladas de trigo,

No Brasil nunca se cuidou com especialcarinho desse ín.portante setor, a despeitode o nosso País possuir grandes técnicos.Há mais de vinte anos, em estação experi­mental do Rio Grande do Sul, o genetíeís­ta Beckmann produziu o trigo "Frontana",semente da melhor qualidade, quê, na fal­ta dLnovas variedades, ainda hoje é plan­tada por algum lavoureíro.

Atualmente, o Presidente Geisel, mesmoantes de assumir a chefia do Governo, vi­sitou campos experimentais e prometeudar ênfase à genética, destinando recursospara seu desenvolvimento. E isto se estáconcretizando.

Ainda há pouco visitei o IPEAS, de Pas­so Fundo, hoje vinculado à E:MBRAPA. Em'companhía do seu Chefe, Engenheiro-Agrô­nomo Ottoni de Sousa Rosa, técnico degrande renome, inclusive com cursos no es-

Março de 1975 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 0325

trangeíro, percorri centenas de canteiros,onde estão sendo feitas experiências, e to­mei conhecimento de quantidade de ele­mentos que vêm sendo registrados paraacompanhar o resultado das pesquisas.

Trabalham neste campo os seguintes téc- 'nícos:

Edgar Peixoto Gomes, Chefe-Adjunto, doBrasil; Rui Colvara Rosinha, Chefe-Adjun­to, também brasileiro; Walter Kugler, Dire­tor de projeto da FAO, da Argentina;B. S. Gil, genetícísta, da Índia; JoaquimSantiago, fitopatologista, da Argentina;B. R. Bouglê, sistema de produção, daFrança; Augusto C. Baíer, genetícísta, doBrasil; Veslei R. Caetano, entomologista,do Brasil; Arnaldo G. Línhares, semen­tes, do Brasil; Amarilis B. Barcelos, fitopa­tologista, do Brasil; Ardi Rene Bartz, so­los, do Brasil; otávio Siqueira, do Brasil;Carlos Roberto Pierobom, fitopatologista,do Brasí), e mais os seguintes técnicos bra­sileiros: Edson Jair Iorezeski, melhora­mento genético; Eliza T. Coelho, fitopato­logista; Francisco A. Langer, rítotecnísta;Henrique P. dos Santos, fitotecnista; JoãoCarlos S. Moreira, fitotecnista; WalescaLmhares, fitopatologia; Wilmar Cório daLuz, fitopatologia. No setor de apoio técni­co e administrativo trabalham mais 60funcionários, isto sem falar nos técnicosque se dedicam às pesquisas de soja e.mílho.

Por esses dados pode-se aquilatar a im­portância deste centro de pesquisas, queopera em colaboração com o IPEAS de Pe­lotas, com a Estação Experimental de Júliode Castilhos e com o campo de pesquisasda FECOTRIGO, sediado no Município deCruz Alta. .

Vou servir-me de relatórios do próprioserviço da EMBRAPA para melhor ilustraros trabalhos que vêm sendo realizados noRio'-Grande do Sul, sobretudo no setor daprodução de novas variedades de trigo.

RECOMENDAÇÓES DE VARIEDADES

As variedades recomendadas para culti­vo no Rio Grande do Sul, pela ComissãoSul-Brasileira de Trigo, foram estudadasquanto ao rendimento de grãos nas Regiões.Tritícolas I, lI, lII, IV e V.

Dentro de cada região, as variedades sãoapresentadas em ordem decrescente derendimento, sendo sublinhadas -as quemais se destacaram. Visa-se, com este pro­cedimento, à indicação de melhores opçõesaos triticultores, com base nos resultadosobtidos pela pesquisa nos anos de 1971,1972 e 1973.

Beglãe 1

Precoces: IAS-64 - IAS-53 - Jacuí ­IAS-61 - Lagoa Vermelha - Ivaí - Co­tiporã - IAS-54 - B-15 - IAS - IAS-59- Erexím - B-20 - Nobre - S-76 - C-33- IAS-62 - IAS-57 - IAS-20 - IAS-63 -Frontana - IAS-52 - IAS-56 - IAS-53 ­IAS-51 - IAS-55.

Tardios: IAS-60 - Vila Rica - D. Feli­ciano - Encruzilhada - Cinqüentenário- Toropi - D. Marcos - Santa Bárbara.

Região 11

Precoces: IAS-58 - IAS-133 - B-15 ­0-33 - Jacui - S-76 - B-20 -·IAS-62 ­IAS-57 - IAS-59 - IAS-55 - IAS-61 ­IAS-64 - Lagoa Vermelha - IAS-54 ­Nobre - Frontana - IAS-20' - IAS-56 ­Ivaí - IAS-53 - Cotiporã - IAS-51 ­Erexim - IAS-52.

Tardios: IAS-60 - D. Feliciano - Toropi- Vila Rica - Encruzilhada - Cinqüen­tenárío - D. Marco - Santa Bárbara.

Região 111

Precoces: Jacui - B-20 - S-76 - IAS-64- IÁS-58 - C-33 - IAS-62 - Nobre ­IAS-59 - Ivaí - IAS-63 - IAS-57 - La­goa Vermelha - B-15 - Erexim - IAS-61- IAS-55 - IAS-20 - Frontana - IAS-34- IAS-53 - IAS-52 - Cotiporã - IAS-56- IAS-51.

Tardios: Santa Bárbara - Cinqüentená­rio -- B. Feliciano - Encruzilhada -- To­ropi .- Vila Rica - D. Marco - IAS-130.

Região IV

Precoces: Jacui - B-20 - IAS-63 -'IAS-fiS - IAS-59 - B-15 - IAS-20 - No­bre -- IAS-54 - Erexim - Ivai - IAS-64- IAS-55 - IAS-57 - IAS-53 - Cotiporã- IAS-62 - IAS-51 - Frontana - C-33- Lagoa Vermelha - S-76 - IAS-52 -IAS-fll - IAS-56.

Tardios: Toropi - Santa Bárbara - En­cruzilhada - D. Feliciano. - Cinqüentená­rio - Vila Rica - IAS-60 - D. Marco.

Região VPrecoces: IAS-63 - B-20 - IAS-64 ­

S-76 - B-15 - IAS-58 - IAS-62 - Jacui- IAS-59 - IAS-55 - Erexim - IAS-54- IAS-57 - IAS-52 - IAS-20 -. Nobre -C-33 - Frontana - IAS-63 - IAS-53Lagoa Vermelha - IAS-51 - IAS-56 ­Cotiporã - Ivai.

Tardios: Cinqüentenário - Encruzilhada- IAS-60 - VIla Rica - D. Feliciano -'­D. Marco - Santa Bárbara - Toropi.

Além destas, outras variedades estão 'emestudo e poderão em breve ser liberadaspara plantio. '

Ao lado destas conquistas da técnica, es­tão sendo adotados zoneamentos para asemeadura de sementes de variedades quemelhor correspondam ao clima e solo, aexemplo do que se faz no México e emoutros países.

O trigo é um dos principais problemas daeconomia do País. O consumo, que em 1940era de apenas 1 milhão de toneladas, pas­sou em 1-964 para cerca de 3 milhões de "to­neladas. Passados 10 anos, a estimativa deconsumo de 1975 é de 4,5 milhões de tone­ladas. Desse total a produção brasileira po­derá atender, com a safra favorável de 1974,a 60%.

As causas principais do baixo nível derendimento da lavoura tritícola brasileiratêm sido as doenças, especialmente no RioGrande do Sul, Santa Catarina e Centro­Sul do Paraná. Problemas de-baixa fertili­dade e toxidez de alumínio, na maior partedos solos brasileiros dedicados ao trigo, têmsido outros fatores importantes. Na regiãolocalizada no Norte e Oeste do Paraná, SãoPaulo e sul de Mato Grosso a maior defi­ciência tem sido a falta de umidade e acarência de' variedades e informações téc­nicas apropriadas.

REGlóES TRITfCOLAS

O Brasil pode ser dividido em duas gran­des regiões tritícolas, caracterizadas espe­cialmente por suas diferenças climáticas.

A Região Sul de Trigo abrange os Estadosdo Rio Grande do Sul, Santa Catarina eCentro-Sul do Paraná. Está limitada ao nor­te, aproximadamente, pelo paralelo 24.oS.

A Região Norte de Trigo, compreende o-Norte do Paraná, São Paulo, sul de MatoGrosso e zonas potenciais de Minas Geraise Goiás. O oeste paranaense, apesar de fi­car !10 Sul do paralelo 24, por sua maiorsemelhança ecológica, é incluído nessa Re­gião.

A diferença fundamental entre essas duasregiões, no que se refere a trigo, é o regimepluviométrico. Cada uma delas pode sersubdividida em sub-regiões com caracterís­ticas diferenciais quanto ao clima ou solo.

REGIÃO SUL

Nesta zona temos uma distribuição uni­forme das chuvas nos diferentes meses, comtendência a apresentar invernos e iniciosde primavera com elevadas precipitaçõespluviométricas e, conseqüentes, baixa inso­lação e alta umidade relativa. Apresenta,também, temperaturas mais baixas no in­verno, freqüentes geadas, as quais impedema floração do trigó nos meses de junho,julho e agosto. Com o espigamento do trigonos meses dc setembro e outubro, o rendi­mento da cultura tem variado de acordocom as condições climáticas ocorridas nes­ses dois meses - em anos com aJ.ta ínsola­ção e baixa umidade em setembro e outubro,tem-se obtido as melhores safras - anoscom baixa insolação e alta umidade relativado ar nesse mesmo período, determinaramsafras com bãlxos rendimentos. Esses bai­xos rendimentos são motivados por um con­junto de doenças entre as quais são julga­das importantes:

1. Ferrugem da Folha - Puccinia re­condita

2 . Ferrugem do Oolmo - Pucciniagraminia tritici

3 Septoria da Gluma - Septoria no­dorum

4. Septoría da Folha - Septoria tritici5. Giberela - GibbereIla zego

6. Helmintosporiose - Helminthospo­dum spp.

7. Oidio (Cinza) - EI'Ysiphe graministritiei

8. Mal do pé - Ophiobclus graminis

9.' Carvão voador - Ustilogo tritico

10. Amarelidão dos Trigais - Virus doNanismo Amarelo da Cevada (SYDY)

11 Estriado Amarelo - Vírus do Mo­saico do Trigo12. Espiga Branca - Virus da EspigaBranca do Trigo

Al':m das doenças, o ataque de pulgões,especialmente nos últimos 4 anos, tem sidoum fator importante na redução dos rendi­mentes, Além do dano direto são tambémvetores do Virus do Nanismo Amarelo daCevada de ocorrência generalizada em nos-so.s trigais. '

As espécies que têm causado danos àslavouras de trigo têm sido os pulgões:

amarelo - Acyrthoaiphen (Metepolo­phium dirhodumverde escuro - Macrosiphum (Sito-bium) syenau .verde - Schizaphis (Toxoptera) gramí­num eescuro - Rhopalosiphum spp.

Os períodos de plantio recomendados para.essas zonas vão de 15 de maio a 15 de ju­lho e a colheita, de outubro a dezembro, de­pendendo da altitude e latitude do localconsiderado.

A maior parte dos solos dessa região apre­sentam problemas de "crestamento" exigin­do o cultivo de variedades resistentes a alu­mínío. Esses solos, em sua quase totalidadesão utílízados em sucessão com soj a, a qualdeve ser. considerada dentro do seu siste­ma de utilização, condicionando muitas ca­racterísticas do trigo a ser cultivado, sejaquanto a ciclo, seja quanto as próprias con-

0326 Quarta-feira 12 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL <Seção I) Março de 197$

Se levarmos em conta que até 1965 essaRegião não constava nas estatisticas de pro­dução tritícola, mais ressaltam 0Ei resulta­dos agora alcançados.

Para termos uma idéia do potencial des­ta zona, basta considerar que o sul deMa to Grosso apresenta uma área de maisde 3.500.000 de hectares, com condições fa-

díções de fertilidade e inclusive nos cál­culos da economicidade de sua exploração.

O potencial de cultivo de trigo na RegiãoSul é superior a 4.000.000 de hectares.

REGIAO NORTEEsta região caracteríza-se por apresentar

um inverno seco, com pouco frio,' que per­mite o cultivo do trigo nos meses de outo­no e inverno sem graves riscos de geadas. Otrigo é pfantado de março a maio, aprovei­tando as últimas chuvas de verão e, colhe­se de julho a setembro, ainda durante operíodo de estiagem. Os fatores limitantespara cultura do trãgo nesta região são, decerta forma, inversos ao da Região Sul.

Os anos críticos são aqueles em que apreeípítação pluviométrica é insuficiente;os septorloses e a gíberela não são impor­tantes devido a alta insolação e baixa umi­dade relazíva durante o período de rloraçâoa colheita; a ferrugem do colmo e a hel­míntosporíose se apresentam como proble­mas fitossanitários mais graves que no Sul.Nesta Região, havendo disponibilidade deirrigação para complementar a falta deágua em alguns anos muito secos ou utili­zando técnicas de plantio que permitamperder menos água no preparo do solo, otrigo tem condições de apresentar rendi­mentos mais elevados e com maior estabi­lidade que na Região Sul. Mesmo com ren­dimento semelhante a Região Sul, o desen­volvimento dessa nova zona tritícola é umfator muito importante para segurança deabastecimento nacional; dificilmente tere­mos condícões climáticas desfavoráveis emambas as regiões. Por outro lado, a colheitabrasileira se estendendo de julho a dezcrn­bro, fascilitará em muito o transporte e acomercialização das safras.

Entre os fatores limitantes para a expan­são do trigo nestas áreas, os mais importan­tes têm sido a competição com outras ex­plorações de maior rendimento econômico,as dificuldades econômicas da exploraçãoisolada do trigo, a falta de tradição de cul­tivo e a falta de pesquisa. Julgamos quecom a expansão da soja para 9 norte, estaSituação está mudando e essa cultura quea primeira vista parece ser uma concor­rente para o trigo, está se constituindo emum fator decisivo para sua rápida expan­são. A soja está possibilitando condiçõeseconômicas para fixação do agricultor emregiões praticamente inexploradas pelaagricultura, possibilitando a mecanizaçãofacilitará o desenvolvimento da lavouratrttícola desde que sejam desenvolvidasinformações técnicas e cultivares apropria­das para essa região. O cultivo soja-trigopoderá cobrir em poucos anos alguns mi­lhões de hectares nessa região, contribuin­do decisivamente para a autosurícíêncíatriticola brasileira.

Na Região Norte a produção de trigo nasduas últimas safras foi a seguinte (em to­neladas) :

Norte do Paraná ..Oeste do Paraná ..São Paulo ..Mato Grosso ~ .

'TOTAIS .......•..•

1973 1~74

232.000 500.000150.000 370.000

52.602 121.4008.508 16.600

443.110 1.008.000

voráveís para o cultivo soja-trigo, que so­mados ao Norte e Oeste do Paraná e Su­deste de São Paulo, ultrapassam a 5.000.000de hectares.

Quanto aos solos, a maior parte da Re­gião apresenta problemas de crestamentomas, grandes zonas apresentam-se sem alu­mínío tóxico, o que tem facilitado a utiliza­ção de variedades introduzidas de outrospaíses.

No que se relaciona às pragas o proble­ma é mais grave nesta região. ,Aos insetosjá relacionados na Região-Sul se devemacrescentar muitas pragas do solo que têmcausado sérios prejuízos às lavouras, espe­cialmente em anos com baixa precipitação.

Limitações técnicas para aumentode rendimento ou produção

Na Região Sul há necessidade de serdesenvolvido um melhor nível de resistên­cia às diversas doenças nas cultivares, espe­cialmente para prevenir os prejuízos quepodem acontecer em safras com condiçõesmuito desfavoráveis, como foram 1963 e1972.

Por outro lado, uma grande dificuldadeque está sendo enfrentada pelos que tra­balham em melhoramento genético é a decombinar em uma só cultivar, a resistênciaàs diversas doenças já citadas. Além dogrande número de doenças temos que con­siderar o grande número de raças fisioló­gicas dos agentes patológicos e o surgimen­to freqüente de novas raças.

Para solucionar esses problemas, há ne­cessidade de programas especiais para cadadoenças, a prazo longo, com objetivo de in­corporar os gens de resistência em uma sócultivar e de forma sistemática ir combi­nando essas cultivares até conseguir umacom resistência combinada às várias doen­ças.

Além desses trabalhos a prazo longo, umaoutra grande possibilidade que se apresen­ta é a do controle dessas doenças, e, simul­taneamente dos pulgões, pela aplicação dedefensivos. Ensaios que vínham sendo con­duzidos há muitos anos no IPEAS, em Pe­lotas e, mais freqüentemente por técnicosda EMBRAPA e da FECOTRIGO, respecti­vamente em Passo Fundo e Cruz Alto, temevidenciado efeitos muito favoráveis aorendimento do trigo pela aplicação conjun­ta de fungicidas e inseticidas. Há necessi­dade de aprofundar os estudos sobre con­trole de doenças e pulgões como a melhorsolução a curto prazo.

Jl: possível que através do controle. dedoenças, haja possibilidade da utilizaçãode níveís mais elevados de fertilizantes que,pela ação conjunta do controle de doenças,pulgões e melhor nível nutricional, consi­ga-se romper a barreira de nosso baixo ren­dimento por hectare.

Além dos aspectos já citados, as entida­des de pesquisa estão buscando cultivarescom maiores potenciais de rendimento, me­lhor resistência ao acamamento, melhorqualidade industrial, cícln que permita umaépoca de plantio mais extensa e possibili­dade de pastoreio.

Um outro fator muito importante a serconsiderado, é o da conservação de solos.Em geral as lavouras de trigo são desen­volvidas em terrenos ondulados sujeitos aerosão. Há necessidade de pesquisa e di­vulgação dos melhores métodos -de con­servação dos solos para garantirmos umaprodução elevada por um prazo infinito.

Na Região Norte as limitações por pro­blemas de doenças são relativamente pe­quenas, ao comparadas às da Região Sul.A grande ümítação está na falta de água.

O deserwolvimento de culturas irrigadas dotrigo no Sul de Mato Grosso, São Paulo,Vale do São Francisco e Brasília, poderãoalterar profundamente a produção trítíco­la no Brasil, uma vez que naquelas condi;ções será mais' fácil alcançar rendimentosde 3 a 4 toneladas do que no Rio Grandedo Sul. Técnicas que permitam uma me­lhor conservação da umidade do solo na re­serva de soja ou arroz, também poderãoinfluir para uma grande expansão do trigona Região Norte.

LOCAIS DE TRABALHO

As atividades do CNPT serão concentra­das, inicialmente, em quatro locais:

Fasso FUndo_Nesse local estará localizada a maior par­

te da equipe de pesquisadores, desenvolven­do trabalhos básicos para todo o País. Ha­verá necessidade de complementar as' ins­talações já existentes, para possibilitar arealização de uma programação mais ex­tensa e mais especializada. Jl: previsto oaproveitamento do pessoal técnico e deapoio já existente na ex-Estação Experi­mental de Passo Fundo e a transferênciaou contratação para o CNPT, de especia­listas existentes em outros locais. Have­rá necessidade de ampliar o número dopessoal de apoio técnico e administrativo oque, preferentemente, se buscará atendercom transferências de servidores existen­tes no IPEAS, em Pelotas.

Norte do ParanáEsta região, juntamente com o Oeste do

Paraná e São Paulo, foram responsáveispela produção de 1. 000 _000 de toneladas detrlgo em 1974. Com base, preferentemente,no IAPAR, o CNPT manterá uma pequenaequipe de técnicos para desenvolver tra­balhos diretamente ligados a Passo Fundoe, perfeitamente coordenados com o siste­ma estadual do Paraná. É prevista 'Umaparticipação intensa da equipe de Passo'Fundo no desenvolvimento dos trabalhosdessa região.

Sul de Mato GrossoEssa região foi responsável pela produ-o

ção de apenas 16.000 toneladas de trigoem 1974. No entanto, é uma das zonascom maior potencial de expansão de pro­dução. Nessa região vem atuando em pes-.quísa de trigo, a FECOTRIGO, que recebeapoio financeiro da EMBRAPA e apoio dopessoal da Secretaria da Agricultura deMato Grosso.

Julgamos, com base em resultados doano anterior, que deve ser ampliado ocontrato de colaboração existente com aFECOTRIGO,' incluindo a Secretaria daAgricultura e provendo-se a participaçãode técnicos do CNPT localizados em Doura­dos para desenvolver programação sobremétodos de conservação de unidade em res­tevas de soja e arroz e trabalhos com irri­gação.

Brasil CentralEssa regiao ainda não produz trigo de

forma sig~lÍficativa. Existem experimentose algumas lavouras mostrando evidênciasda possibilidade da produção de trigo, es­pecialmente com irrigação. É prevista alocalização de uma equipe de técnicos doCNPT nessa região, com base em Brasília,que desenvolverão trabalhos exploratóriosvisando caracterizar a viabilidade técnica:e econômica da cultura nessas zonas. .'

Até aqui os nossos parabéns ao Govern~brasileiro pelo que vem realizando no .seto»da genética, fazendo votos no sentido deque não faltem recursos aos nossos campos,experimentais.

Março de 1975 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção n Quarta-feira 12 0327

Não se pode dizer o mesmo, no entanto,em relação ao preço do trigo. Tudo in~icaque sempre que se fixa o preço do trígo,além de ignorar-se o verdadeiro custo daprodução, o Governo não leva em conta aimportância da lavoura do cereal-ouro.

Ainda há pouco, atilado repórter do jor­nal O GIQbo visitou a região que mais pro­duz trigo no Brasil e soja na América La­tina - Santiago, São Borja, Santo Antôniodas Missões São Luiz Gonzaga e SantoAngelo. Ao IEtdo de magníficas reportagens,fez a seguinte e acertada observação;

"Os reflexos dessa nova ordem de coi­sas, na economia míssíoneíra, podemser percebidos, perfeitamente, na im­pressionante valorização das terras daregião; a expansão da indústria de má­quinas e Implementes agrícolas: no sur­gímento de fábricas de óleos vegetais ede subprodutos da soja, de adubos efertilizantes; no extraordinário índicede crescimento e de influência, alcan­çado pelo cooperativismo agrícola, comorganizações sem si~ilar na AméricaLatina; na exploração paralela de pe­cuária e agricultura, como maneira desobrevivência da primeira; na incon­testável melhoria dos rebanhos bovinos,com pastagens artificiais e outras téc­nicas; no rortaleeímento do comércioem geral; e no próprio "status" atingidopor determinadas ~a~.das da pop~l~­ção. na sede e no ínteríor dos mumci­pios.Além desses, dois ratos especialmentesignificativos atestam o vulto da meta­morfose sócio-econômica na RegiãoMíssíoneíra do Rio Grande do SuL"

Além do exposto, só no Rio Grande do Sulvivem dessa atividade 350.000 trabalha­dores. E nos três Estados do Sul - Paraná,Santa Catarína e Rio Grande do Sul ­direta ou indiretamente, vivem da tríbícul­tura dois milhões de pessoas. Estes dados .destacam a importância da lavoura e su~

contribuição, sobretudo, no que se refere aeconomia de divisas.

Estes elementos contrastam com a políti­ca do Governo Todos sabem que, a despeitodas lutas travadas, no último ano o Governonegou-se atender às reivindicações dos pro­dutores, que pleiteavam cem cruzeiros pelasaca de trigo, concedendo apenas oitenta edois cruzeiros. O mesmo Governo, no entan­to, acaba de comprar agora, do Uruguai,50.000 toneladas de trigo ao preço de 150dólares a tonelada. Acrescente-se a isso opreço do trete e outras C:espesas e verificar­se-á, desde logo, quão baixo é o preço pagoao produtor brasileiro. O preço do trigouruguaio, pelo câmbio atual, anda acima deCr$ 110,00 a sacá.

E é preciso ressaltar que este trigo foicomprado barato, porque a cotação docereal-ouro, nos Estados Unidos, no anopassado, chegou quase à casa dos 300 dóla­res a tonelada. Mesmo assim, comprado emexcelentes condições, a aquisição de trigouruguaio representa evasão de divisas e emnada contribui para a economia do Pais,principalmente tendo em vista que a t~iti­cultura constitui meio de vida para muitosmilhares de patrícios.

É indispensável e urgente, portanto, oreajustamento do preço do trigo na basede Cr$ 130,00 a saca. Enquanto o Governonão deter o aumento constante e desenfrea­do dos insumos, a única opção que resta éo reajustamento do preço do trigo em basesjustas a fim de estimular o produtor, asse­gurando-lhe o lucro previsto no Estatutoda Terra.

Outro problema que continua causandosérias apreensões aos produtores é o que serelaciona com a comercialização da soja.

Ao lado de uma safra fantástica, não houveainda qualquer medida do Governo capazde tranqüilizar os produtores. E para que oproduto deixe rendimento ao produtor, éindispensável que a saca seja comercíalí-

. zada em média por noventa cruzeiros.

Além do adubo, combustível, aluguéis doscampos, máquinas e ímplementos agrícolasregistrarem astronômico aumento de preço,a lagarta, a broca e outras pragas obriga­ram os plantadores a gastar somas elevadascom fungicidas para salvar os soj ais.

Outro problema que .está preocupandotremendamente os produtores é o escoa­mento, no tempo oportuno, da grandequantídade de trigo e soja que continua nosgraneleíros das cooperativas e da CESA(Companhia Estadual de Silos e Armazéns).

.-0 Banco do Brasil é um dos grandes res­ponsáveis por esta situação. Por motivosque se desconhece, mas que são comenta-'dos o Banco só faz convênios com determi­nadas empresas de transporte. A própriaCooperativa de Transporte de Passo Fundo,que deveria ser prestigiada, porque defendeos interesses dos motoristas, até há poucosdias não havia conseguido contrato. Empre­sas de transporte há que pagam muito malos motoristas que possuem caminhão pró­prio, determinando o desinteresse da classe.Em conseqüência, ficam o trigo e a sojanos graneleiros, em- prejuízo dos produtorese da própria economia do País.

A dírecão do Banco do Brasil e o Gover­no através dos órgãos competentes, deve­ria:m mandar verírícar de perto o que se estápassando neste importante setor do escoa­mento da produção.

Ainda sábado e domingo, em Cruz Alta ePasso Fundo, em duas grandes reuniões po­Iítícas que contaram com a presença dedelegdções de mais de noventa Municípiosgaúchos, tive oportunidade de manter con­tatos diretos com dirigentes de cooperativas,granjeiros, técnicos, colonos e outros. Todosse manifestaram entusiasmados com agrande safra de soja que se prenuncia, po­rém céticos em relação aos preços.

.Já tive oportunidade de denunciar destatríbuna que há um mês vinha sendo vendi­da soja verde, na roça, ao preço de Cr$ ....35 00 a saca o que corresponde pouco maisde' 50% do custo da produção. E à medidaque passam os dias, os agricultores, semrecursos de qualquer espécie, vão-se entre­gando, vendendo anteclpadamente a sojapor preço viL E amanha ou depois, quan­do comecar a colheita, a exemplo do anopassado . as multínacíonaís terão campoaberto para dar largas à sua política deespoliação, comprando a soja por preço mi­serável. 8ó os que dispõem de recursos oucrédito fácil poderão, por algum tempo, fa­zer face a esta odiosa politica, com possibi­lidade de vender a soja mais tarde porpreço compensador.

O Banco do Brasil deveria restabelecer oserviço do crédito no próprio local. Em con­duções especiais, visitar o interior, realizarreuniões com os colonos e fazer o financia­mento da safra através da cédula EF-G.Esta, por certo, seri~ uma medida acertada.Ou de outra maneira, prorrogar os prazosde pagamento dos empréstimos por sessentadias. Sem providências desta ordem, tudoestá a indicar as arcas das multinacionaisvoltarão a ser atulhadas com dinheiro quedeveria ficar em poder dos colonos e dosgranjeiros, com dinheiro que deveria forta­lecer a economia do País.

Isso é simplesmente vergonhoso, mas serepete todos os anos, a despeito dos pro­nunciamentos feitos nesta casa, do que aimprensa publica, das prom-essas dos Srs.Ministros da Agricultura, principalmentedo atual.

Todos os anos, ao se aproximar a safra,como agora, tenho assomado à tribuna parachamar a atenção do Governo sobre esseproblema. No ano passado fui falar pessoal­mente com o Presidente Geisel, para levar aS. Ex." o apelo de milhões de brasileiros queestavam sendo espoliados pelas multmacío­naís. Entretanto, o Governo nada fez. Piordo que isso, o próprio Ministro da Fazenda,através da televisão, dos jornais e dos rá­dios, mandou que os agricultores vendessema soja a cinqüenta e um cruzeiros a saca,sendo que, dias depois, ela foi comercializa­da a noventa cruzeiros a saca.

Não se concebe, Sr. Presidente e Srs.Deputados, que o Brasil, país que poderiaser o celeiro do mundo, continue a importartantos produtos. Ainda hoje tomei conhe­cimento de que, enquanto se registra no RioGrande do Sul uma safra superior a 24 mi­lhões de sacas de arroz, enquanto o Estadode Goiás vai produzir mais de 23 milhõesde sacas, o Governo brasileiro importa arrozda Itália. Ontem mesmo chegou um grandenavio com carregamento de arroz.

Faco esta denúncia, Sr. Presidente e 81'S.Deputados, não como Deputado da Oposi­ção, mas como patriota, servindo ao próprioGoverno.

Tenho levado ao conhecimento do Presi­dente Geisel aquilo que se passa nos p.rJn­cípaís setores da produção e admito mes­mo que S. Ex.a tenha a melhor boa vontadeem solucionar esses problemas. Sabemos. noentanto, que o Presidente Geisel não contacom uma colaboração eficiente por partedos órgãos que o assessoram. De outra ma­neira. não se justificariam tantos erros.

Se o Sr. Presidente da Repúbhea não ado­tar medidas enérgicas em relação à soja,voltarei a esta tribuna para reafirmar oque vou dizer neste instante: o povo brasi­leiro e os produtores de soja mais uma vezserão espoliados pelas multinacionais. (Pal­mas.)

VII - O SR. PRESIDENTE (Ubaldo Ba­rém) - Vai-se passar ao' período destinadoàs Comunicações. das Lideranças.

Te~-l a palavra o Sr. Humberto Lucena.O SR. HUMBERTO LUCENA - (Pronun­

cia o seguinte díscurso.) Sr. Presidente, Srs.Deputados, sempre evitei trazer ao Plenárioda Câmara assuntos relacionados com a po­lítica paraibana, por achar que este recintodeve ser reservado ao debate dos grandestemas regíonaís e nacionais. Entretanto,por vezes, há fatos que, pela sua gravidade,repercutem de tal modo, fora do Estado,que exigem imediatos comentários dos re­presentantes do povo no plano federal. É ocaso, por exemplo, da participação do Go­vernador do meu Estado, Ernam 8átyro, emdois episódios lamentáveis, amplamente di­vulgados pelos meíos de comunicação demassa. Um deles começou com a impugna­ção, pelo Tríbunal de Contas da Paraíba,dos contratos através dos quais o Governa­dor admitiu, sob o regime da CLT. todos osseus Secretários de Estado, desde a sua pos­se em 15 de março de 1971, sob a alegaçãode que os salários atribuídos àqueles auxi­liares do Governo do Estado eram insufi­cientes, para fazer face às despesas de re­presentação. Diante da decisão do Tribunalde Contas, o Governador teria de suspendero pagamento dos contratos CLT a seus Se­cretários, e estes, por sua vez, providencia­riam, cada um deles, a restituição ao Es­tado da importância de Cr$ 144.000,00.

O Governador do Estado, ao tomar co­nhecimento da deliberação do Tribunal,emitiu uma violenta nota em que afirmaque "não vai cumprir a exigência por con­siderá-la incabível e inspirada maís emrazões de natureza política do que em mo-

8328 Quarta-feira lZ DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Març;) de 1975

tívos de ordem constitucional e legal", pre­ferindo aguardar o pronunciamento da As­sembléia LegislaUva.

Ora, na verdade, sem querer invadir acompetêncía da Assembléia, não posso dei­xar de proclamar o acerto da decisão doTribunal de Contas da Paraíba, ao impug­nar esses contratos flagrantemente injuri­dicas. E não se afirme a sua legalidade,porque se alguma lei estadual em vigor osamparava, ao invés de celebrá-los, o Go­-vernador Ernani Sátyro deveria ter provi­denciado a revogação pura e simples dessediploma legal, que permitiu em nosso Es­tado a prática de atos que não se compati­bilizam com os bons costumes político-ad­ministrativos.

Se O problema era aumentar os venci­mentos dos Secretários de Estado, que oGovernador o resolvesse encaminhandomensagem ao Poder Legislativo.

Espero e confio em que a Assembléia daParaíba mantenha o ato do Tríbunal deContas, por considerá-lo constitucional elegal.

O outro episódio prendeu-se à inaugura­ção de um estádio de futebol, .em João Pes­soa, na tarde de anteontem quando a ex­plosão de uma bomba, não' se sabe aindase dentro ou fora daquela praça de espor­tes, gerem pânico no meio da multidão,quase redundando numa tragédia de gran­des propcrcôes. Muitas pessoas foram piso­teadas, ficando mais de .100 feridas, algu­mas em estado grave,

Pois bem, o Governador do Estado, emmeio ao tumulto, procurando acalmar osânimos, perdeu o controle emocional e afir­mou que se tratava de uma ação criminosa,passando a responsabilizar o Deputado Ruy,Gouveia, do MDB, pelo lamentável acon­tecimento, o qual, segundo ele, deveria tero seu mandato cassado, por ínfrmgência daLei de Segurança Nacional.

O que houve foi que o referido parla­mentar da Oposicâo no exercicío de seumandato, dias atrás, havia condenado apressa da Inauguração do estádio, pois se­gundo dizia, a obra estava inacabada'; porisso mesmo, a presença de uma massa hu­mana em arquibancadas ainda inseguraspoderia constituir sério risco para a popu­lação.

O Governador, sob o impacto dos aconte­cimentos, no dia da inauguração, maliciosa.e perversamente, tentou vincular o que hou­ve à posição assumida na Assembléia peloDeputado Ruy Gouveia.

Infelizmente. Sr. Presidente, 81'S. Depu­tados, esses dois epiSÓdIOS servem apenaspara ressaltar, mais uma vez, aos olhos per­plexos desta Nação, a intolerância políticado Governador Ernani Sátyro, que. apesarde haver sido Presidente da ex-UDN e líderda Oposição, na Câmara dos Deputados, játeve a coragem de iiizer aos jornais que"cada pais tem a democracia que pode ter",pedindo a manutenção das leis de exceção;investiu furiosamente contra uma decisãoIegal do Tribunal de Contas do seu Estadoe, agora insinua a cassação do mandato deum Deputado da Oposição ao seu Governo,cujo temperamento pode ser forte, cuja lin­guagem pode, por vezes, conter até excessos,mas é um representante do povo, no de­sempenho de suas atribuicóes. Se S. Ex."acha que o parlamentar fôi o responsávelpor essa ação criminosa, que reúna as pro­vas, para apresentá-las à Assembléia Le­gislativa.. Mas, nunca deve aproveitar-se deuma conjuntura excepcional na vida políti­ca do País, para exigir a cassação de maisum mandato parlamentar.

Lavro, desta tribuna, em nome do povoparaíhano, o meu mais veemente protesto

contra a conduta do Governador ErnaniSátyro, que, a meu ver, não condiz com asmelhores tradições cívicas da Paraíba.

O SR. SIQUEIRA CAMPOS - (Sem revi­são do orador.) Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, na tarde de hoje, no horário reservadoao Grande Expediente, esta Casa teve opor­tunidade de ouvir atentamente o brilhantediscurso do meu colega de representaçãoAdhemar Santilo. E particularmente ést~Deputado, que aprecia a combatividade dojovem parlamentar goiano, ficou satisfeitoem verificar que trouxe S. Ex.a para estaalta Câmara do Legislatívo brasileiro todoaquele ardor, todo aquele empenho, todaaquela dedícação que já o consagrou juntoà opinião pública de Goiás.

Mas fiquei em dúvida quanto aos propó­sitos revelados na brilhante oração do im­petuoso Parlamentar, sem saber se 8. Ex."veio a Plenário para acusar este modestoDeputado, ou se para atacar a administra­ção Leonino Caiado, que ora finda no meuEstado. Lamentavelmente, talvez S. Ex."não soubesse que o método que utilizou aquijá havia sido usado por um Deputado domeu Partido. Pecou S. Ex." pela falta denovidade. Talvez S. Ex." também não saibaque este Deputado de maneira alguma iráimpressionar-se. Não vai modificar seu com­portamento, deixando de reservar-se o di­reito de criticar admírnstrações, sejam daARENA, sejam do MDB. Antes de ser repre­sentante da ARENA, considero-me repre­sentante do povo que me elegeu.

Lamento que S. Ex.a queira ditar-me umcomportamento, ou mesmo pretenda modi­ficá-lo, trazendo discurso que realmenteproferi nesta Casa e que hoje ratifico, dis­curso cuja repercussão determinou mudan­ça na alta administração de Goias. Naépoca, inclusive, recebemos convite do Go­vernador para debater o problema comS. Ex.", originando-se então aquela mu­dança de comportamento de que muito meorgulho da administração pública goiana.

Não mudarei, Deputado Adhemar San­tilo, meu comportamento, se me permiti­rem, primeiro Deus, segundo as leis que te­mos - as de caráter constitucional e mes­mo as discricionárias. Procurarei chegar aofim do meu mandato utflízando-o com todaa força da vontade popular explícitada nasurnas e cntícareí o Governo que, no meumodo de entender não esteja tendo bom'comportamento para com o povo e a Nação.

Este o direito que me reservo, e somenteDeus pode modificá-lo, nenhum homem nes­te País.

Se amanhã, por circunstâncias alheias àminha vontade, eu for obrigado a mudareste comportamento, entregarei o mandatoque o povo me conferiu, porque aí, sim, jáme julgarei Indigno dessa representação.

O Sr. Adhemar Santilo - V. Ex." permiteum aparte?

O SR. SIQUEIRA CAMPOS - Vou dar oaparte a V. Ex." Mas, antes, permita-medizer que jamais nesta Casa alguém usoupara com este seu amigo o termo que V. Ex.'"utilízou. V. Ex.", que é homem favorável àredistribuição territorial, naturalmente bemorientado como é por sua consciência, pelasanálises a que procedeu, sabe muito bemque a Região Amazônica de Gbiás é real­mente abandonada: sabe que o orçamentode Goiás ascende apenas ao de uma cidade,Brasília: um bilhão e 600 milhóes de cru­zeiros para pulverizarem 642 mil quilôme­tros quadrados. Um Governo, numa sededistante mil e quatrocentos quilômetros dasáreas mais abandonadas do Estado, não temcomo atender com proficiência a estas árease eliminar as carências que estão a criaras mais graves distorções no campo sociale econõmlco,

Sr. Deputado, erros existem ainda, comoexistiram na administração do seu irmão- que não vdu trazer a este Plenário ,-r­

quando acusações as mais graves, justas ouinjustas, foram feitas na Assembléia ondeV. Ex." tinha assento. Todo admíníatradorerra, porque errar é humano. O Governa­dor Leonino Caiado, a quem estou ligadoapenas por amizade pessoal - não tenhonenhum compromisso com o seu Governoa não ser o partidário, não há um auxiliarseu indicado por mim, não tenho ninguémempregado em seu Governo, nenhum inte­resse meu particular foi por ele defendido- merece, sem dúvida, louvores, quandotermina o seu Governo ouvindo a todosporque, daquela época para cá, a todos el~ouviu. O diálogo sempre foi aberto. Estaspalavras que estão sendo agora proferidasreproduzem apenas o que disse o saudosoDeputado Lúcio Lincoln de Paiva da ban­cada de V. Ex.a, na minha presenca emdiscurso feito em Tocantínópolís, qu~ndoprestava homenagem a Adarcy Marinho,que estava sendo sepultado naquele dia. Te­mos de louvar essas atitudes. Acho que 'àOposição não cabe apenas protestar; oucontestar, nem tampouco à situação ba.térpalmas. Por isso, nobre Deputado e bomamigo, preferirei creditar à conta do arrou­bo da primeira intervenção de V. Ex." natribuna, talvez até do próprio desconheci­mento que o colega tem de minha pessoa.esta sua declaração de que a minha atuaçãofoi desconforme ou contraditória. Tenho V.Ex." como um colega do mais alto estofomoral, que irá ter boa convivência não so­mente comigo, mas com toda a brincada ecom toda a Câmara. Por isso, não posso

. aceitar a primeira intervenção de V. Ex.aapenas como um modo de se expressar con­tra um colega, mas como um equívoco quetenho certeza, a atuação de V. Ex.a irá com;provar.

Com prazer ouço V. Ex. a

O Sr. Adhemar Santilo - Agradeço li­oportunidade que V. Ex." me concede pri­meiramente para afirmar que nunc~ tivea intenção de querer modificar o seu com­portamento. nesta Casa. Quem sou eu paraditar normas a V. Ex.", Deputado já pelasegunda Legislatura. Contudo, se houve umencontro de V. Ex." com o Governador Leo...nino Caiado, após aquele novembro de1972, ..

O SR. SIQUE;IRA CAMPOS - Em virtudede solicitação de S. Ex.", e houve modifica-

~~~ton~ ~~v~~ore!e~o sabe V. Ex.", n~

O Sr. Adhemar Santilo - Por solicitacãodo Sr, Governador ou de V. Ex." - se é quehouve realmente o encontro - pode terhavido modificação apenas no relaeíona­mento entre V. Ex." e o Governador deGoiás. Mas a inoperância e o fracasso ad­ministrativo prosseguiram naquele Estado.

O SR. SIQUEIRA CAlVIPOS - O Secre­tário de Indústria e Comércio, que haviaprestado aquelas declarações de que aindaia fazer diagnósticos, planejamentos saiu-do Governo, como é do conhecimento' de V.Ex." Mas o Governo passou a construir e édaqueles que mais obras realizaram nestePaís.

O Sr. Adhemar Santilo - Infelizmente,nobre Deputado Siqueira Campos, isso sóocorreu na parte relacionada a estudos,prognósticos e diagnósticos, de parte doGovernador e de seus assessores. Neste fi­nal da administração do Sr. Leonino Caiado,o que vimos foi o Estado em completo aban­dono. Como sabe V. Ex.a, o desenvolvimentoobservado nas cidades próximas à Belém­Brasília não foi conseqüência de obras, por­que o que se viu foi a emigração de pessoas

Março de 1975 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Quarta-feira 12 0329

não só do Sul para o Norte, como também'de outras zonas mais afastadas do Nortepara as grandes cidades próximas à Be­lém-Brasília. Não houve desenvolvimentono Estado de Goiás, nem mesmo na região,de V. Ex." O que se viu foi o Governo aplí­'cal' verbas irresponsavelmente ...,

O SR. SIQUEIRA CAMPOS - No enten­·der de V. Ex."

O Sr. Adhemar Sarrtilo - '" na cons­,trucão de um autódromo que não terá con­'diç5es de sediar uma competição interna­cional, embora seja este o caráter do está­dio, porque nem Brasília está tendo essaoportunidade. Ao construir o Estádio "Ser­ra Dourada", O G(}verno endividou o Estado,'e agora vem de abandonar o setor educa­"cíonal, não colocando em vigor o Estatuto'do Magistério, permitindo a evasão de pro­'!essores de Goiás para outros Estados, sob aalegação de que irá montar uma televisãoa cores para o setor cultural. Na verdade,'0 que pretende é aplicar desonestamente a.dinheiro do povo ...

i .. O SR. SIQUEIRA CAMPOS - De acordocom o entendimento de V. Ex."

O Sr. Adernar Santilio - .,. num órgãoque servirá, exclusivamente para massacrar;a Oposição naquele Estado, órgão que seráusado; na campanha política do Governa­.dor, Portanto, nobre Deputado, se, de no­vembro de 1972 para cá, V. Ex" modificou.seu conceito a respeito do Governador, gcs­,taria que respeitasse o meu relativamente.a S. Ex.", pois continua sendo aquele mes-mo. ..

. O SR. SIQUEIRA CAMPOS - Não queroditar normas a V. Ex." Não vou dizer aV. Ex." que entendo que a Oposição existeapenas para fazer oposição, para fazer con­testaeões, Nunca faria isto. Mantenho asmelhores relações com os colegas do MDB,até mesmo com aqueles cujas posições são'completamente diferentes da minha. Respei­to-os e peço o testemunho de sua bancada.:Assim, quero que respeitem minha posição.'Critiquei sempre que achei de meu dever'fazê-lo. Critiquei o Presidente 1'1<' meu par­tido, um todo-poderoso deste País, porque'EIra homem que estava levando a ARENA aocaos, dando oportunidade ao MDB de obter.a espetacular vitória a que todos assistimos.Com isto não queremos dizer que os compe­,ti dores" não tinham qualidades. Achamosque, não fossem os erros cometidos, tería­mos muito mais chance de obter bancadaenaíor,. Critiquei Ministros quando o mereceram,no meu entendimento. Apoiarei V. Ex." nomomento em que aqui trouxer uma causa'justa. Afirmei a S. Ex. a , o Sr. Governador,que o autódromo era um erro. N(lo sendoàutorníbilísta, não ó considerava necessário.Outros podem achar o contrárío, A juven­tude, que é quem comanda, gosta muito doautódromo, Sou de opinião que outras obras'deveriam ser feitas. O estádio é um lugarde divertimento do pobre. Goiânia não pos­.suí praias. nem clubes, não oferece díevrsõesde fim de semana para o trabalhador.V. Ex. a pôde constatar que a capacidadetotal do estádio foi lotada no jogo de inau­guração. Se V. Éx." lá não roí, perdeu uma'bela festa popular. Eu, que sou Presidentede honra do clube mais famoso do meu'Estado, e ligado diretamente ao futebol,tenho orgulho de afirmar que represento agente humilde da minha região. Sou umdos mais votados na Capital e favorávelplenamente não só à construção do estádlo,mas também à de um ginásio, 'para que opovo tenha oportunidade de praticar e as­sistir o seu 'esporte preferido. Na realidade,o autódromo foi um erro, e não endossareierros de ninguém, nem mesmo de compa-

nheíros meus. Os atos de um político devemser públicos, dai não talar reservadamentenos bastidores, mas, sim, publicamente. Nãoiria modificar a intenção do Governador deconstruir o autódromo, que, apesar de tersido um erro, proporcionou grande alegria ànossa Capital, trazendo-lhe fama interna­cional. As rendas certamente cobrirão asdespesas de manutenção e todo o investi­mento que nele se fez. Portanto, que taiserros se repitam neste Pais. Um homemmuito importante, a quem V. Ex." por certoadmira, Juscelino Kubitschek de Oliveira,praticou, segundo muitos, um dos maioreserros deste País. Muita gente, desta tribu­na, assim arírmou. Mas este erro está le­vando o Brasil ao seu desenvolvimento:esta Brasília, com sua Belém-Brasília. Er­rem, homens brasileiros, errem realizando.Estarei aqui para aplaudi-los. :É necessárioque se entenda que o erro maior é o'daomissão administrativa, daqueles que nãoquerem faze):" nada. que ficam segurando achave do Erário para que não haja o perigoda corrupção. mas que deixam a Naçãomergulhada na fome, na miséria provocadapela indolência e pelo mau comportamento.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Gover­no ele Goiás, cujo mandato finda no dia lopróximo, é, na história do Estado, o maiorgoverno. o que mais realizou, o de ação maisprofícua.

Eu diria a V. EX.", Deputado AdhemarSantilo, que o Governador Mauro BorgesTeixeira, a quem se tentou impingir a .pe­cha de comunista, ou' pró-comunista - coma qual não concordo, apesar de não conhe­.eer S. Ex." - foi também um administradorcapaz. íntegro e dinâmico. Talvez pelos fa­tos que são do conhecimento da Nação ­inclusive de muitos de V. Ex."', do MDB ­não tivesse podido realizar obra compará­vel à do Governador Leonino Caiàdo. Aíestá a marca do Governo Leonino caiado,Governo que pôde perfeitamente copiaraquele lema, que não é do MDB, porque édeste homem, que foi candidato a vereadorem Colinas de Goiás. Homem sem medo esem ódio, o Governador Leonino Caiadocontinuou todas as obras, inclusive o Cen­tro Administrativo, que tinha. ficado apenasno esqueleto, concluiu aquela obra tão ne­cessária à administração pública de Goiás.Deu continuidade às obras de todos os seusantecessores. Realizou. como nenhum outroGovernador o fizera antes - como já disse- e o fez sem ódio, sem perseguição, semse promover e aos ·seus companheiros polí­ticos. e sem prejudicar a eleição de quemquer que fosse. Sai sob os aplausos e o ca­rinho da população. A ele a ARENA e oMDB, como todos os homens de bem destePaís poderão atirar flores. pedindo seu re­torno para 1978, quando poderão razer-Ihejustica as urnas de Goiás.

~ O SR. PRESIDENTE (Ubaldo Baréml ­Nada mais haven-ío a tratar, vou levantara sessão.

Deixam de comparecer os Senhores:

Pinheiro Machado

Piauí

Correia Lima - ARENA; Dyrno Pires ­ARl~NA.

BahiaHenrique Brito - ARENA.

Espírito Santo

Aloisio Santos - MDB.

R.io de Janeiro

Alair Ferreira - ARENA; Alberto Lavl­nas - MDB.

GuanabaraNina Ribeiro - ARENA.

Minas GeraisMurilo Badaró - ARENA.

GoiásHelio Levy - ARENA.

Mato GrossoAntonio Carlos - MDB; Benedito Canel­

las - ARENA; Nunes Rocha - ARENA.

ParanáTúlio Vargas - ARENA.

Santa CatarinaHenrique Córdova - ARENA; Luiz Hen­

rique - MDB.

Rio Grande do SulMário Mondino - ARENA.

VIII - O SR. PRESIDENTE (Ubaldo Ba­rêm) - Levanto a sessão designando paraamanhã a seguinte

ORDEM DO DIA

Sessão em 12 de março de 1975(QUARTA-FEIRA)

EM PRIORIDADE

Discussão

1

PROJETO N.o 1. 643-A, DE 1964

Discussão única do Projeto D. O 1. 643-A,de 1964, que estabelece novo prazo para pe­dido de contagem de tempo de serviço, aque se refere a Lei n,v 3.841, de 15 dedezembro de 1960: tendo pareceres da Co­missão de Constituição e Justiça, pela cons­titucionahdade e juridicidade, com Subs-

'-titutivo; e das Comissões de ServiçoPúblico e de Finanças, pela aprovação,nos termos do Substitutivo da Comissão deConstituição e Justiça. (Do Senado Fe­dera.l.) Relatores: Srs. Alceu Collares e JoãoVargas.

EM TRAMITAÇiiO ORDINARIA

Discussão

2

PROJETO N.o 988-A, DE 1972

Discussão única do Projeto n.? 98S-A, de1972, que dispõe sobre incentivo à produ­ção de filmes nacionais. com motivos dahistória-pátria; tendo pareceres: da Co­missão de Constituição e Justiça, pelaaprovação, com substitutivo; e das Comis­sões de Educação e Cultura e de Finanças,pela aprovação, com adoção do substituti­vo da Comissão de Constituicão e Justica.Relatores: Srs. Francisco Amaral e Adhe­mar de Barros Filho.

3

PROJETO N.o 1.199-A, DE 1973

Discussão única do Projeto n.o 1.199-A, de1973, que assegura ao pequeno proprietáriorural, o direito de opção em matéria de en­quadramento sindical, e dá outras provi­dencias; tendo pareceres: da Comissão deConstituição e Justiça, pela constituciona­lidade e ,iuridicidade; da Comissão de Agri­cultura e Política Rural, pela aprovação,com emendas, com .voto em separado do81'. Paulo Alberto; da Comissão de Eco­nomia, Indústria e Comércio, pela apro­vação, com adoção das emendas da Co­missão de Agricultura e Política Rural; e,da Comissão de Trabalho e Legislação So­cial, emitido em audiência, pela aprovação,com adocão das emendas da Comissão deAgrícultura e Política Rural. (Do Sr. JaisonBarreto.) Relator: Sr. Walter Silva.

0330 Quarta-feira lJ DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1975

4

PROJETO N.o 275-A, DE 1971

Primeira discussão do Projeto n.? 2'l5-A,de 1971. que altera a redação do art. 15da Lei n.o 5.316, de 14 de setembro de 1967,que "Integra o seguro de acidentes do tra­balho na previdência Social, e dá outrasprovidências"; tendo pareceres: da Comis­são de Constituição e Justiça, pela cons­titucionalidade e, contra os votos do Sr.Miro Teixeira e, em separado, do Sr. AlceuCoUares, pela adoção de Substitutivo; e,da Comissão de Trabalho e Legislação So­cial, pela aprovação, com Substitutivo. (Do8r. Nina Ribeiro.) Relatores: Srs. João Li­nhares e Walter Silva.

5PIWJETO N.o 1.953-A, DE 1974

Primeira discussão do Projeto n.v 1.953-A,de 1974, que reajusta automaticamente ossubsídios dos Vereadores Municipais, obser­vados os critérios proporcionais; tendo pa­recer, da Comissão de Constituição e Jus­tiça, pela constitucionalidade, e, no méri­to, pela aprovação, com Substitutivo. (DoSr. Arto Theodoro.) Relator: Sr. ArlindoKunzler.

CONVOCAÇÃOFicam convocados os Srs. membros das

Comissões Permanentes, nos termos doart. 17, letra c, n.? 7, do Regimento Inter­no, para Eleição dos Presidentes e Vice­Presidentes, às 10:00 horas dos dias 12 e 13do corrente mês, de acordo com o seguinteescalonarnento:

DIA 12 (quarta-feira) - 10:00 horas

Comissão de Agricultura e Política RuralOormssâo de Economia, Indústria e Co-

mérciooomíasão de FinançasOomíssão de Minas e EnergiaComissão de RedaçãoComissão de Relações ExterioresComissão de Segurança NacionalComissão de Trabalho e Legislação SocialDIA 13 (quinta-feira) - 10:00 horas

Comissão de Ciência e TecnologiaComissão de ComunicaçõesComissão de Constituição e JustiçaComissão de Educacão e CulturaOormssâo de F'isea.Iízaçâo Financeira e

Tomada de ContasComíssâo de Serviço PúblicoComissão de SaúdeComissão de TransportesCélio JBorja - Presidente da Câmara dos

Deputados.IX - Levanta-se a Sessão às 17

horas e 50 minutos.

(DISCURSO DO DEPUTADO ANTONIOBRESOLIN, NA SESSAO VESPERTINA DE6-3-75.)O SR. ANTONIO BRESOLIN - (Sem revi­

são do orador.) Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, o Brasil tem conhecimento do queocorreu no ano passado com a comercializa­ção do soja. Creio mesmo que o soja tenhasido o cavalo de batalha do MDB na cam­panha politica no Rio Grande do Sul, Es­tado que, sendo o maior produtor desse ali­mento no Brasil, foi o mais prejudicado coma comercialização desse produto.

Neste Plenário e na Comissão de Agri­cultura e Política Rural, eu e outros cole­gas, muitas vezes debatemos este problema,não propriamente com o espirito de critica,mas numa eolaboracão sincera e honesta aoGoverno. As medidas tantas vezes reclama­das, não foram tomadas. E agora, às portasde uma nova safra de soja, safra que, supõe-

se, será a maior de todos os tempos, os gru­pos econômicos internacionais, estão, maisuma vez, operando como de maneira conhe­cida dos que tratam desse problema há lon-,gos anos. A nossa preocupação está, pre­sente através de jornais, das emissoras, des­ta tribuna, alertando o Governo sobre aqui­lo que infelizmente vai ocorrer.

O problema da comercialização do soí aé de singular importância para o nosso PaIS.Trata-se de cereal que, aos poucos, deve serplantado em quase todos os Estados da Fe­deração , Seu cultivo é de excepcional im­portância para a conservação do solo e atépara a recuperação da terra. Ademais,adapta-se, mais do que qualquer outro àrotação de cultura com o trigo, podendo,inclusive, ser plantado consorciado com amandioca, o feijão e .o milho. Enfim, apre­senta as melhores vantagens para a alimen­tação humana e dos animais, além de ofe­recer possíbíüdaue de ser aproveitado emquase 70 produtos fabricados pela nossa in­dústria.

Por tudo isso temos acompanhado de per­to o problema não apenas da plantação,mas da. comercia.lização do soj a. Quanto àsafra deste ano - queira Deus que nãoaconteça - tudo está a indicar que as PtO­vídêncías do Governo até agora não têmsido seguras e que os grupos econômicosuma vez mais vão influir decisivamente nacomercialização do produto.

Daí a grande preocupação que tive, hápoucos dias, quando integrei a delegaçãobrasileira na 7. a Assembléia ParlamentarLatino-Americana. Ali, tive a honra de fi­gurar entre os membros da Comissão de In­tegração Econômica e Social, presidida peloilustre colega, o Deputado Bias Fortes.Apreciando moção apresentada pela dele­gação da Argélia, obtive, depois de longosdebates, uma vitória, que não foi propria­mente minha, mas do Brasil: consegui in­cluir o soja entre os produtos básicos deexportação. E isto porque os países pro­dutores de petróleo, de acordo com o pro­nunciamento do Presidente da Venezuela,já àquela oportunidade tinham em mirasempre se reunirem para debater com ospaises altamente industrializados o preçodo petróleo, figurando na agenda, em igual- .dade de condições, os produtos básicos deexportação dos países latino-americanos.

Considero tal iniciativa da maior impor­tância, principalmente para o Brasil, paisexportador de muita matéria-prima. E, ve­jam bem, caros colegas, tornada vítoríosa. aidéia, no Plenário daquele Parlamento,posteriormente, tive oportunidade de desta­car mais uma vez a importância do soja.Graças à compreensão, ao apoio decidido,sobretudo por parte dos integrantes da de­legação brasileira, a iniciativa foi acolhida.Hoje, o soja figura entre os produtos bási­cos de exportação, de acordo com os princí­pios estabelecidos pelos países produtoresde petróleo.

O Sr. Nelson Maculan - Permite V. Ex.aum aparte? É com satisfação que ouço o no­bre Deputado Antônio Bresolin ocupar atribuna para tratar de problema que afligea agricultura nacional. Mas, nobre colega,apesar de o soja haver sido classificado co­mo produto básico de exportação, é neces­sário que se crie um suporte para o produtornacional. Não podemos apenas exportarmatérias básicas. matérias-primas. O so]a, .pelo seu conteúdo de proteina, poderá en­riquecer a alimentação do povo brasileiro.No entanto, o que vemos, são os corredoresde exportação, os terminais de embarquesde produtos primários, como o soja ao invésde se desenvolver em nosso País a indus­trialização do produto para melhor remu-

nerar os produtores. O preço mínimo do so­ja e de outros produtos está na mesma ra­zão da crítica feita pelo nosso colega AlceuCollares relativamente ao salário mínimo,Ora, o preço mínimo está estabelecido noEstatuto da Terra. Posso dizer a V. Ex." ea esta Casa, que foi de minha autoria, quan­do Senador, o art. 80 - se não me falha amemória - onde se diz que o preço mínimoé o preço real de custo. Significa o traba­lho, significa o valor real da terra, significaos insumos e sobre isso 30% e um justo es­tímulo à fonte de produção. Nunca se cal­culou o preço mínímo dessa maneira. Ostecnocratas que se apresentam na televi­são para dizer que tudo vai bem - muitobem remunerados - esquecem-se de queexiste a lei. Como estabelecem o preço mí­nimo? Partem da paridade internacional namundo. E quem faz a paridade internacio­nal no mundo? São os Estados Unidos, porseu excesso de produção. Resolvem mais oproblema deles do que o de quem precisa.Excesso de produção, de colheita há muitoarmazenada e que jogam no mundo avil­tando o preço. Não temos, assim, condi­ções de competir. Dizia um cidadão inte­grante da Comissão de Preços que não ha­via outra maneira. Se se calculasse efeti­vamente de acordo com a lei, dizia ele, in­flacionar-se-ia o País. E eu respondi queé preferível inflacionar o Pais e garantirjusta remuneração àqueles que trabalhama terra e constroem a grandeza do nossoBrasil.

O SR. ANTôNIO BRESOLIN - Muitoobrigado pelo aparte do eminente colega eamigo. V. Ex." está ouvindo o primeiro pro­nunciamento que faço sobre o assunto. SeV. Ex.a estivesse aqui há poucos dias, teriaouvido o que afirmei, desta tribuna. Dequalquer maneira, sua presença é preciosa,príricípaímente porque V. Ex." foi Senadorda República, representante de um dosgrandes Estados produtores de soja. Con­seqüentemente, mostra-nos a alma palpi­tante do povo do Paraná, que também estáansioso pela solução do problema. Pode es­tar certo de que o que afirmei é a verdadegenuína dos fatos. Os técnicos do Governodesprezam os dados colhidos junto às fontesde produção, desprezam os dados fornecidospor técnicos, por Parlamentares, pelas co­operativas e se baseiam em dados cabalís­ticos, arrancados dos computadores eletrô­nicos - muitas vezes até das rodas pala­cianas - onde se toma uísque estrangeiro.Muit{) obrigado a V. Ex.... '

Prossigo, Sr. Presidente.

Os países produtores de petróleo, reuni­dos na Argélia, comunicaram ao mundo,em conjunto, que a partir desta data sódiscutirão o preço do petróleo com os paí­ses altamente industrializados se figura­rem da pauta, também, em igualdade decondições, os produtos básicos de exporta­ção, isto é, café, algodão, milho, arroz, sojae outros itens considerados básicos. Talcomunicação foi feita pelo Presidente daVenezuela, Carlos Andres Perez, estadistadinâmico e inteligente.

A primeira reunião será realizada emParis, no 'dia 7 de abril, por iniciativa doPresidente da França. Ao lado de outrosprodutos, o soja estará, então, na pauta dosdebates. A ínrormação, altamente signifi­cativa também para o Brasil, traz mais umaesperança para os produtores de soja. Pelaprimeira vez esse produto figurará em se­melhante agenda e pela primeira vez serádebatida sua comercialização entre as gran­des potências.

Ao lado desta vitória, é indispensável quedentro do País os responsáveis pelos desti­nos da nossa Pátria adotem providências

contra as multinacionais. Não há quem nãoconheça GS prejuízos que estes órgãos con­tinuam causando à Nação. No entanto, nãoestá sendo tomada qualquer medida contraestes grupos econômicos. Ainda hoje pelamanhã li importante trabalho sobre as ope­rações que realizam as 'multínaeíonaís ecomo óperam em todos os países, sobre­tudo na América Latina. O autor, um nor­te-americano, profundo conhecedor da ma­téria, denuncia coisas do arco-da-velha, Eo Brasil tem experiência em sua própriacasa. Além de muitos outros males, o casodo soja é absurdo. Se o Governo'não pusercobro à atividade dessas organizações tudoindica que neste ano crescerá a espoliaçãodo produtor. O dinheiro que deveria ficarem mãos dos produtores, para fortalecer aeconomía do pais, irá atulhar ainda maisos cofres das multinacionais.

O Presidente da Venezuela, Carlos AndréaPerez, em brilhante e corajoso dlseursn. pm­nuncíado perante os delegados da VII As­sembléia do Parlamento Latino-Americano,afirmou, entre outras coisas: "Ou tomamosconta das multinacionais, ou estas tomarãoconta dos nossos países".

a texto, na integra, do discurso pronun-dado por S. Ex. a é o seguinte:·

"Reciban ustcdes la cordial bievenida yel saludo fraterno del pueblo de Vene­zuela que aqui represento, no sólo en míeondíeíón de J'efe del Estado, sino enel hondo sentímíento que nace en nues­tra propia hístoría en constante bús­queda de la integración Iatínoamcríca­na.Este Parlamento Latinoamericano nacíóun 7 de Díeíembre, fecha aniversariade la Oonvocatoria por Simón Bolívar,desde Lima, del oongreso Anfictiónicode Panamá, cuyo sesquícentenarío aca­bamos de eonmemorar el ano pasado.Se quíso de esta manera, por el Parla­mento peruano, recordar que desde allá,desde el rondo de nuestra hístoría, víe­ne este anhelo insatisfecho que biensintieron todos nuestros Libertadores:unir a la América Latina en un pactoen un compromiso integral que nos ha~ga fuertes y respetables en el conciertode las relaciones internacionales quenos permita posibilidades ciertas de de­sarroll0 económico y de bienestar paranuestros pueblos.

A fuer de sinceros tenemos que decir­mos que nó es mucho lo que há avan­zado esta generosa y grande idea entre1964 a 1975. Comenzó en la reuniónde Lima eon la representación de 13Parlamentos Latinoamericanos y hoyapenas once lo conforman. Y cuandome hago y convoco en ustedes estasreflexiones, no hay pesimismo en ellasy muc,h? menos creencias de que esta­mos vlVlendo el fracaso de la iniciativaSólo nos da oportunidad de observar lóque ya la historia nos ensena como ex­periencia de la humanidad, que no haycaminos fá,Çiles para las grandes obras.Fue 140 anos después de la iniciativadeI Libertador que yolvió a encenderseesta lIama, esta angustia, esta preo­cupación en el sentimiento latinoame­ricano, y aún nos falta trecho muylargo por caminar para lograr que seperfile con caracteristicas de realidadplasmada lo que se büsca en todo esteempeno de integl'ación latinoamerica­na.Vive la América Latina una crisis; perouna crísis creadora, una criBts afirma­tiva. Se discute con fervor, con vehe­meneia. Se hacen ensayos diferentespara la organización de los Estados.Está cuestionado elmismo sis~ema de la

DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

democracia representativa. Y frente aeste reto los venezolanos queremos er­guírnos, confiados y seguros del desti­no de la democracia en nuestro conti­nente, fieles a un principio estampadoen el Preámbulo de la Constitución Na­cional, expresión de los valores eseneía­Ies que ínspíran a las ínstítucíones del:EJstado,democrático.Dice el preámbulo de la Constituciónque el Estado venezolano se organiza,entre otros objetivos, "para sustentar elórden democrático como único e Irre­nuncíable medío de asegurar los dere­chos y la dígnídad de los eíudadanos,y favorecer pacíficamente su extensíóna todos los pueblos de la tlerra". Estemandato de nuestra Carta Magna nosoblíga más aliá de nuestras rronteras,a mostrar eon el e,íemplo la significa­cíón, la transcendencia humana del sis­tema democrático, en toda su dímen­síón, em toda su grandeza, como la másgenerosa expresíón de la dignídad delhombre, de las Iíbertades que ennoble­cen la vida de los pueblos.

Es verdad que la tarea no es fácil. EIdesarrollo de nuestras naeíones está li­mitada no sólo por nuestras propias de­ficiencias sino más que por ellas porlos obstáculos que los poderosos nosínterponen para mantenermos comoafluentes de sus economias y al serviciode sus íntereses. <

Por esta razón tanta importancia co­bra la presencia del Parlamento Lati­noamerícano, Ninguno de nuestros paí­ses, ni los más grandes en nuestra área,podrán e110s solos enfrentar estos pro­blemas del mundo en que vívímos. SóIoen la uníón estará la fuerza y las posí­bílídades para tramontar esta etapa yatan larga de subdesarrollo y de pade­címíentos que víven las nacíones lati­noamerlcanas.Los problemas son comunes a todos.Puede haber gradoll de desarroll0 dí­ferentes, pero en todos está presentela explotación de nuestros recursosnaturales por intereses foráneos ladesnutrición como factor degradàntede nuestro recurso humano. En todosestá presente no sólo la explotación delos recursos, sino el contraI y los condi­cionamientos de la ciencia, de la tecno­logia, para mantenermos sujetos a ma­nipulaciones y a decisiones que nosvienen desde los grandes centros deIpoder económico deI mundo.

SóIo la integración latinamericana pa­drá darnos los instrumentos para ven­cer estas circunstancias definitivamen­te desfavorables aI desarrollo y aI bie­nestar de nuestros pueblos.

Crcemos los venezolanos que el terrenomás propicio y abonado para el logrode estos objetivos es el de la demo­cracia, es el de la vigencia de las liber­tades, es el de la presencia de los par­lamentos como órganos deI poder po­litico que le den contenido popular alas aspiraciones de nuestros pueblos.Confiados y seguros deI éxito pondre- _mos empeno no sólo en que esta ini­ciativa latinoamericana se consolidesino en que muy pronto en ella estér,;presentes los parlamentos de todos lospaises de la América Latina aI fin or­ganizadas sus instituciones dentro deIsistema democrático. 'Invitamos desde esta tribuna deI Con­grero de Venezuela, en nombre deIGobierno y de nuestro pueblo, a la Re­pública de Mexico, a la República Do­minicana, a que se incorporen a esta

Quarta-feira 12 0331

obligante responsabilidad que nos cor­responde par igual a todos los latino­americanos. Invitamos a los países quehoy víven el ocaso de sus parlamen­tos a.que reflexíonen sobre el contenidoy significación del sistema parlamen­tario, imperfecto como es imperfecto oincipiente nuestro desarrollo político ysocial. Y si tíene un casto, un cestoeconómíco, un cesto político y de apren­dizajc la vigencia y la presencia deIparlamento, que se reflexione y se com­pare con el costo de no tener Parla­mento. Lo que significa para la centro­versia de las ídeas, para el control dela Administración; y lo que vale parala vigencia de los Derechos Humanos,y el respeto a la dígmdad del hombre,la presencia de los parlamentos encada urro de los países de la AméricaLatina.Somos cptímístas. Sabemos que estascírcunstancías que víven los pueblos dela América Latina son consecuenciadirecta de la ímperfección y de las di­fícultades superables para consolidarInstituciones como ésta que aseguren ypromuevan los planes de IntegraciónLatinoamericana.En la medida en que vayamos tra­morrtando díftcultades, el Parlamento yla vida democrática se irá imponiendoen cada pais. Hoy nos corresponde darel ejemplo. Hoy nos corresponde, de estemodo pacifico como lo estamos hacíen­do, llevar la reflexíón a Gobiernos y apueblos de patrias hermanas sobre laímportaneía de la institucionalidad de­mocrática y sobre la conveníencía ynecessidad de un Parlamento Lati­nnamericano que nos sirva de tribunacontinental para discutir, no sobreteoria políticas, tampoco para dirimirecntroversias entre nuestros pueblos,sino para identificar materías funda­mentales que tienen que unimos y queconstítuven la médula esencial de lalucha que hoy libra la América Latina,los pueblos en desarrollo deI mundo,para obtener un puesto de dignidad, untrato de igualdad, para lograr condicio­nes de intercambio, una nueva y justadivisión internacional deI Trabajo paralograr, en sintesis, 10 que ya llamamos,lo que ya tenemos definido, 10 que yaes idioma que hablamos por igual todoslos paises deI Tercer Mundo, el Nuevoardeu- Económico Internacional.Me siento hondamente conmovido aIrefIexionar, aI vuelo de mis palabras, encuanto aI momento que vive la AméricaLatina. AI tiempo que hemos perdido yseguimos perdiendo batalIas, la pobreza,el subdesarrollo son hoy denominadorcomún en la vida de los pueblos lati­noamericanos. Mientras los grandespaíses siguen tejiendo sus redes de do­minación económica, y en sus universi­dades y tecnológicos se sigue forjandociencia y tecnologia para servicio egois­ta de sus interesses, en nuestras Patriaslos ninos padecen desnutrición y losjóvenes no tienen acceso a los institutoseducaciol1ales ni los medias económicospara prepararse y ponerse aI servicio deesta transformación indispensable ynecesaria para que podamos en verdadllamaronos países libres y hombres li­bres. Porque hoy, lo sabemos todos, ladominación no se ej erece por las armasy con aparente generosidad los paísescoloniales se desprenden de sus colonias.Hoy rro se requieren procónsules, sol­dados con bayoneta. Hoy se usa la tec­nología para dominar, como está suce­diendo en toda el área de la AméricaLatina. Y no lograremos, desunidos,vencer esta aparentemente pacifica do-

6332 Quarta-feira 12 - DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de 1975

mínacíón, Tampoco podremos lograrlosi a la par de la conformación de lasínstítueíones latínoamerícanas no uni­mos la poca o mediana fuerza económí­ca para articular y sistematizar el de­sarrollo de nuestras riquezas, eomen­zando por la expíotacíón soberana denuestros recursos naturales renovablesy no renovables: y por su oomereíaltza­ción conjunta, para obtener preeíos errequílibrio con los costas de lo que im­portamos.Sé, no me hago ríusíones, de que es muypoca aún la influencia de este Par'la>menta. Todavia rio setrata de una Iris­titución supranacional, está confiada alos buenos propósitos' y deseos de ungrupo de parlamentos latinoamericanos.Pera no es obligación pactada por losEstados a los cuales pertenecen estesparlamentos. Y creo que uno de los prt­meros pasos, entiendo que está aqui pordarse, es proponer la firma de un Tra­tado mediante el cualse le dé fuerza einstitucionalidad, se incorpore a las íns­tituciones supranacionales de Américael Parlamento Latínoamerieano. De es­ta manera daríamos un salto, no unpaso, procuraríamos desde ahora arti­cular lo que puede ser, como ya se in­tenta con éxito en Europa, el Parla­mento Latinoamericano ' no por elnombre nl por la representaeíón de losparlamentos sino por la fuerza vin­culante que tengan las decisíorres queaqui se tomen.

Se ha afianzado con vigor en el senti­mtento latínoamerícano la idea de lalntegración. No importa que la Alíansade Libre Comercio, la ALALC, esté e11­trabada por sínnúmero de dificultades;no ·ímporta que el mísmo Pacto Andínoesté avanzando con muehos tropiezos,que no mismo suceda aI Mercado Co­mún Centro Americano. No hay alter­nativa distinta para nuestra área. O nosintegramos o seguiremos siendo depen­diente.s. O algo peor: hacemos nosotros

la integración o las companhias trans­naeíonales harárr la Integraclón por no­sotros y contra nosotros.No desesperemos por las dificultades.Este proceso, el auténticamente revoíu­cíonarío para la Amérlca Latina, no sepoderá cumplir en pocos afíos, reque­rirá mucnos anos, requerírá seguramen­te muehas décadas. Lo importante esque en cada oportunidad en que veamosposíbílídad de avance no vacilemos enaprovecharla porque sólo as! iremosdándole realidade práctica a una ídeaque nació con la independencia, que es­tuvo presente en eI pensamiento de to­dos los libertadores, que no fue exclu­siva posición de Simón Bolívar sino queaaímismc la tuvíeron como objetivoesencial todos los hombres a quíenes lasPatrias Latinoamericanas les rendírnostributo como nuestros libertadores.

Venezuela es tierra propicia; Venezuelaes país que síempre há aportado contrí­bución amplia y abierta para el procesointegrador. Hoy mísmo, cuarrdo tiene lafortuna de ~ albergar en su entraíia eIpetróleo, no lo estamos usando egoísta­mente. Sabemos que el petróleo es uninstrumento de la América Latina, enmanos de Venezuela, para lograr su li­beración económica. No es el precio delpetróleo 10 que debe discutirse en elForo mundial, son los preeíos de lasmaterias primas, los precíos de las ma­nufacturas y bienes de capital, las con­diciones en que recíbímos la tecnologiade los países desarrollados, Es el NuevoOrden Económica Internacional 10 queestá en debate impostergable. Entretanto, nuestro petróleo al servicio deestas tésís de politíca económíca inter­nacional, está desarrollando planes am­plios de cooperación Iatínoamerícana.Nuestra participación en el Banco Mun­dial, nuestra presencia en eI Bancq 1n­teramericano de Desarrollo para daruna muestra de 10 que debe ser la au­téntica solidaridad fundada en la con-

fraternidad, sín condiciones, para aquel­los planes de desarrollo económico quehoy las empresas transnacíonales evítany para los cuales las grandes nacíonesestablecen vetos oblígarido a los paíseade la América Latina a seguir siendodependientes de los grandes centroseconómícos del mundo. Y hemos idotambíén al Banco Centro Americano .deDesarrollo, al Banco deI Caribe, a: laCorporación Andina de Fomento, y es­tamos intentando la creaeíón de la prí­mera empresa multínacíonal latínoame­rícana para la comercialízacíón de íoscafés de Centroamérica. Ya dímos lospasos iniciales para ello, y aspiramos aque muy pronto esta empresa multína­cional latinoamericana nos demuestreque si es posíble hacerlo y eontríbuyaa espantar los míedos y los fantasmasque sor, los que hán venído inhibien dolas iniciativas latmoamerícanas, Hemostambién concebido y puesto en práetícaun sistema de facilidades petroleras pa­ra cooperar al equilíbrio de las balancasde pagos de aquellos países de la regionque no producen petróleo. Ya está run­cíonando con Centro América, suseríbí­mos convenio similar eon la RepúblIcadel Perú, y hemos recibido solicitud dela República Argentina.

Sin perjucio para los intereses venezo­lanos, consustancíados eon el ínteréssupremo de la Integración Latínoame­ricana, yo les ofrezo, compatriotas la­tinoamericanos, no sólo la voluntad deservícío, sino que comprometo la co-

- operaeíón deI Gobierno y deI pueblo deVenezuela en el triunfo de estos gran­des ideales que germínaron prímero ennuestros libertadores.

Y con estas palabras finales, siento sa­tisfacción aI dejar instalada la VIIAsamblea deI Parlamento Latinoame-ricano. '

Muchas gracias."

Março de 1975

MESA

Presidente:Célio Borja - ARENA

l?-V1ee-Pr~dente:

Herbert Levy - ARENA

- 2.o-Viee-Presidente:

Alencar Furtado _ MDB

l.o-secretário: ,Odulfo Domíngues - ARENA

2P-Secretário:Henrique Eduardo Alves - MDB

lI.o-Secretário:J'inheiro Maehado - ARENA

4"o-Secretário:Uo Si,nlões - MDB

SUPLENTES

Júlio Viveiros _ MDB

LaUro Rodrigues - MDB

Ubaldo Barém - ARENA

Antônio Florêncio - ARENA.

DlARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Sel;ão I)

LIDERANÇAS

ARENA - MAIORIA

Líder:José Bonifácio

Vice-Lideres:Joio LinharesAlípio CarvalhoJorge VargasJosé AlvesJairo MagalhãesParente FrotaÀiron RiosBlotta Juniorl\'larcelo Lmhares

Quarta-feira 12 0333

MDB - MINORIA

Líder:

Laerte Vieira

Vice-Líderes:

Alceu CollaresFernando LyraFigueiredo CorreiaFreitas NobreGetúlio DiasGuaçu PiteriIsrael Dias NovaesJoão Mene:IJesJoei FerreiraMarcondes GadelhaPadre NobrePeixoto Filho

DEPARTAMENTO DE COMISSÕESPAULO ROCHA

Locaí: Anexo II - Ramal 661

COORDENAÇAO DE COMISSõES PERMANENTES

GENY XAVIER MARQUES

Local: Anexo II Telefones: 24-5179 e 24-4805 - Ramais: 601 ,e 619

COMISSÕES PERMANENTES

1) COl!t'IISSAO DEAGRICULTGRA. EPOLíTICA RURAL

Titulares

ARENAAlexandre MachadoAntônio GomesBenedito Canel!asCardoso de AlmeidaCelso CarvalhoEleival CaiadoFerríloZ EgrejaGeraldo BulhõesRenrique BritoHumberto SoutoJoão DurvafJuvêneio DiasManoel RodriguesMelo FreireVasco Amaro

MDBPooheco ChavesGuaçu PlteríJopé MandelliAntônio BresolinRenato AzeredoJuarez BernardesViniiJius CansançãoAntônio Ar.nibelliPranciseo LibardoniNelson MaculanAlvaro DiasHenrique oardoso

Suplentes

ARENAAlcides FraneiscatoAntônio UenoBatista Mira.ndlll

Bias FortesFrancisco Bílae PintoHorácio MatosInocêncio OliveiraJOàquim CoutinhoJorge VargasJosé de AssisMaurício LeiteMenandro Minl\!húnPrisco VianaRuy BacelarSinval Boaventura

MDBMoreira FrancoSebastião RodriguesEloy LenziMilton steinbruch

, Juarez BatistaRoberto CarvalhoPedro LauroIturival NascimentoYasunori KunigoOsvaldo BuskeiJosé MauricioErnesto de Marco

2) COMISSãO DECU;NCIA ETECNOLOGIA

Titúlares

ARENAAntônio FlorêncioAry ValadãoBatista Mil-andaEdison Bonna.JarnlUnd NasserJoão PedroNina RibeiroParsífal Barroso

MDBBrígido TinocoFernando CunhaAlberto LavinasJanduhy CarneiroSilvio de Abreu JúniorJorge UequedEJi:pedito Zanotti

Suplentes

ARENACélio Marques Ferna>ndes.Correia LimaDiogo NomuraGabriel HermesJoaquim GuerraMurilo RezendeTúlio VargasUbaldo Barém

J !lIDBDias MenezesJaiBon BarretoHélio de AlmeidaAbdon GonçalvesVagoVago

3) COMISSãO DECOMUNICAçõES

TitularesARENA

Alair FerreiraCarlos AlbertoCorrei~ LimaDib CheremGerson CamataGióia JuniorMauricio LeiteNorberto Schmidt

058ia11 AraripeVieira da Silva

MDBHumberto LucenaJG de Araújo JorgeAurélio CamposJorge PauloEloy LenziAluizio ParaguassuFreitas Nobre

SuplentesARENA

Abel AvilaAntônio FerreiraArnaldo BusatoAugusto TreinBlotta JuniorEdson Bonna,Jorge A,rbageMagno BacelarMinoro MiyamotoOswaldo Zanello

MDBJosé CamargoGetúlio DiasJúlio ViveirosDias MenezesJoão Gilbel'toMário FrotaJoel Ferreira

4) COMISSãO DECONSTITUIÇãO E.JUSTIÇA

TitularesARENA

Altair ChagasAntônio Mallll

Arlindo E:unslerBlotta JuniorClaudmo SalesCleverson TeixeiraDjalma BessaErnesto ValenteGomes da Silva

, Jairo MagalhãesJoáo LinharesJosé SallyLauro LeitãoLuiz BrazNey LopesNorton MacedoTheobaldo Barbosa

MDBNogueira da. GamaPetrõnío Figueiredo •Celso BarrosTarcisio DelgadoErasmo Martins PedroSebastião RodriguesNoide Cel'queiraAlceu CoUaresLuiz HenriqueLídovíno FantonMiro TeixeiraJoaquim BevilácquaJarbas VasconcelosRubem DOurado

Suplentes

ARENAAlbino ZeniAntônio MarimotoDib oneremEduardo GnlflGonzaglO VasconcelOllHenrique CórdovaHenrique Pretti

f3S4 Quarta-feira l~ DIARlO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Março de ~''J5

- Homero Santos Darcilio Aires Carlos Wílson Alacid Nunes MDBIgoLosso Flexa Ribeü'o Celso Carvalho Antônio Fexreira Jairo BrumJarmund Nasser Geraldo Freire João Climooo Gonzaga VallConcelos Ulysses Gui.marãeB ,Moacyr Dalla Hélio Mauro JOBias Leite Hélio Levy Carlos santosNogueira de .Re:rende José Alves Marão Filho Horácio Matos Paulo MarquesOsmar Leitão Leur Lomanto Melo Freire Jutahy Magalhães Adalberto -CamargoParente Frota Lygía Lessa Bastos Nelson Marchezan Marco Maciel Felnando GamaRaimundo Parente Magno Bacelar Pedro Carola Newton BmTeira Ario 'I'heodoro \Raul Bernardo Manoel de Almeida Pedro Colin Paulino oícero Francisco 8tudartViana Neto Menandro Minahim Raimundo Diniz Prisco Viana Thales Rm:nalho

MDBRômulo Galvâo Wilson Braga Rafael Faraco Mac Dowell Leite de

Nady:r RossettiSalvador Julianelli MDB Ubaldo Coxrêa Castro,

José Bomfácío N;eto MDB Aluizio Paraguassu MDB João CunhaFigueiredo Correta Olivir Gabardo Antonio Carlos Lysãneas Maciel Cotta BarbosaSergio Muri11o' João Gilberto Marcelo Medeiros Israel Dias Novaes Padre Nob.reHumberto Lucena Alcir Pimenta José Bonífâcio Neto José Camargo Suplen1;esWalter Silva Hildérico Oliveira Florim Coutinho Jorge FerrazWaJber Guimarães Antônio Morais Dias Menezes Jerônimo Santana ARENAJorge Uequed Daniel Silva Vago Walmor de Luca Adhemax GhiaiJoálJ Gilberto José Maria de Caa-valho Vago Nelson Thibau Alvaró GaudéncioJosé Maurrcío Geníval Tourinho Vago Marcos T1to Ary ValaMoJader Barbalno Edgar Martins Vago Mário Moreira Cunha BuenoFernando Coelho Airton Soares Vago Pedro Lauro Fernando MSlgalhãCIISílvio Abreu Júnior Nadyr Rossetti Vago Yasunori Kunigo Flexa RibeiroFranciscl"> Studart Figueiredo Correia 8) COMISSAO DE Suplentes Geraldo Guedes

Gerson Camata'5) COMISSAO DE Suplentes FISCALJZAÇ,AO ARENA Hermes Macedo

IWONOlI:UA, ARENAFINANCEIRA E

Alberto Hoffrnann Jono VargasIND>ÚSTRIA E TOMADA DE Leur LomantoCOllfl!:RCIO Aderbal Jurema CONTAS Amaral Netto

Marco MacielAntônio MarlZ Benedito Canellas Norberto I3cbntidtTitulares Gomes da Silva Titulares Carlos Alberto Parsífa! BarrosoARENA Jairo Magalhães ARENA • Djalma Bessa Paulo Studart

A_H. Cunha Bueno Jutahy MagalhãesAlberto Hoffmann

Fel-raz EgreJa Waldomim GonçalvesAmaral Furlan Hydekel Lima Baldacci Fl1l1o

Francelino -Pereira.Luiz Braz Gastâo Müller MDBAmflral Netto EurICO HJbeiro

Angelmo Rosa Ney Lopes Furtado LeiteJosé Macnedo Sergio Murillo

Augusto Trem Norton Ma<cedo Gabriel HermesLins e Silva Paes de Andrade

Carlos Wíison Nosser Alrneida Gootão MüllerLU1Z Rocha Aldo Pagundes

Fernando Gonçalves Ossían Ararrpe Jorge ArbageSiqueira Campos MagmlS Guimaráes

Paulo Ferraz Vingt Rosado Yaosunori KurugoHennque CÔI'dovaRafael Faraco Josias Leite Wilmar DallanhclJgo Losso Manoel Novaes Roberto CaJ;valho

João Clímaco Sílvio Vcnturolli Minore Miyamoto MDB Antunes de Olívelra,Jose Haduad Temístocles Teixeira Nosser Almeida Rubem Dourado Daniel SilvaMarlio Fl1ho ·MDB Oswaldo Zanello Airton Soares João MenezesViana Neto Alvaro Días Rlcardo Fiúza Sílvio de Abreu Júnior Pedro FariaVieira Lima Lauro Rodrigues Theádulo Albuquerque Lauro Rodrigues Dlas Menezes

MDB Paulo Marques MDB Dias Menezes Antônio Morais

Aldo Pagunues JG de Araujo Jorge Vago José Camaxgo

Bantilll Bobrmho Otacílío Almeida Walter Silva Vago12) COMISSAO DE

Lincoln Grillo Marcelo Medeiros VagoTancredo NevesiJriltunes de Oliveira José Bonifácio Neto Vago SAÚDE

Marcondes GadelhaMagnus Guimarães Airton Sandoval Vago TitularesRubem Medma Jadel' Barbalho V~go

MOl'eira Franco Theodoro Mendes waíber Guimarães AREN.e..Harl'Y Sauer Expedito ZSlIlotti Júlio Viveiros 10) COMISSAO DE Ademar PereiraJoão Arruda Vago Magnus Guímss-ães REDAÇAO Airon RiosAntônio Carlos Vago Peixoto Fl1ho Arnaldo BusatoGenervino Fonseca. ., Ernesto de Marco TituJ....es Diogo Nomura -7) COMISSAO DEJosé Thomé FINANÇAS Dias Menezes ARENA Francisco Rollemberg

Suplentes Suplentes AItair Chaga<! Inocéncio OliveiraTitulares Mauro Sampaio

ARENA ARENADiogo Nomura Navarro VieiraARENA Furtado Leite

Ale~andre Mach.adõ Adriano Valente ' Adhemar de Barros FilhoUlisses Potíguar

AltSlr Chagas MDB Vingt RosadoAntonio Marimoto Aécio Cunha Alcyx Pimenta Wilson FalcãoCardoso Almeida Alvaro Valle

Cleverson 'PeixeiraDyrno Pires Antônio BresolínFernando Magalhães Darcílío Aires MDB

Dyrrio Pires Francisco Bilac Pinto Fernando Fagundes Neto Suplentes Fábio FonsecaFal-ia Lima Hélio Campos Fermmdo Gonçalves ARENA Jaison BarretoHugo Napoleão Homero Santos Geraldo Freire Prisco VilllUa Pedro LucenaHumberto Souto João Castelo João Castelo Walter de CastroJanuár10 Feitosa João Vargas Lauro LeitãoRlbamar Machado

Odemír FurlanNunes Leal Jorge Vargas Lomanto Júnior,Theobaldo Barbosa

Abdrm GonçalvesPaulino CiceroRicardo Fiúza. Mário Mondino Marcelo Linhares MDB Osvaldo BuskeiRogério Rêgo Moaeyr DaUa Mário Mondino Henrique Cardoso Leôrridas :SampaioUlisse6 PotigulU' Nunes Rocha Wa<nderley Mariz Vago SuplentesRiblJm1ar Machado Wilson Falcão

MDB 'I'emístocles TeixeiraMDB

11) COMISSAO DE ARENAFernando Gama. RELAÇõES Adrismo ValenteMDB EXTERIORESAntônio Pontes Athiê Coury

Epitácio Cafeteira. Braga RamosOtávio Ceccato Epitácio Cafeteira

Joaquim ,Bevilácqua Titulares Daso Coimbra.Amaury Milller Emanoel Waissmann Vago

ARENAHenrique Brito

Ruy Côdo Antonio José Vago JQão AlvesJm'ge lJequed Gomes do Amaral Vago Antônio Ueno João Durva!Juarez BatÍ/lta Odacir Klein Vago Blas Fortes José AlvesYinicius CalJJ!anção Milton Steinbruch Vago Faria Lima Juvéncio DiasJader Bal''Jalho Ruy Côdo Vago Flávio Marcílio Manoel NovaMNelson Ma.culan Theodoro Mendes Va.go Hugo Napoleão Salvador JulianeJliVQlgO Roberto Carvalho Vago Jaoquim Coutinho Tbeobaldo Alpuquerque

Gl COMISSãO DE João Menezes Vago José Macl1adoMDB

Pedro Faria Lins e SilvaEDUCAÇAO E 9) CO~IISSAO Marcelo Linbares Janduhy CarneiroCUI1.l'URA Suplentes DE MINAS E Murilo Badará Cados Cotta

'I'itulares ARENAENERGIA Nogueira de Rezende Walmor de Luca

Titulares Passos Pôrto Athiê COll.ryAF.ENA Alair Ferreira Pedro Colín Marcondes Gadelha

.Alva.ro Valle Angelíno Rosa ARENA Raimundo Diniz J0911uim BevillÚ'quaBraga RamOll Antônio Flor.!ncio Aderhal Jurema Rogério Rego Va,goDasD Coimbra Arlindo Kunzler AéCIO Cunha Teotônio Neto VagQ

nlarço de 1975 DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção 1) Quarta~feira 12 0335

13) COMISSAO DE 14) COMISSAO DE Antônio Annibelli Suplentes Joaquim GuerraSEGURANÇA SERVIÇO Erasmo Martins Pedro ARENA José de AssisNACIONAL PÚBLICO José Costa Lomanto Júnior

Titulares Vago Adernar Pereira Murilo RezendeTitulares Vago Antônio Gomes Rezende Monteiro

ARENA ARENA Vago Elcival Caiado Ruy BacelarAgostinho Rodrigues Furta>:io Leite Santos FilhoAlípio Carvalho Adhemar de Barros Filho 15) COl\fiSSAO DE GemIdo Bulhões MDBoeno Marques Fel"nandes Francelino Pereira TRABALHO E Gióia Júniorítalo -Conti Geraldo Guedes LEGISLAÇAO Hélio Mauro Amaury MüllerJanuário Feitosa Humberto Bezerra SOCIAL ítalo Conti Hélio de Almeida.Nunes Leal Paulo Ferraz José Haddad Fernando LyraParente Frota Raul Bernardo Titulares JOsé Sa1y Nlllbor JúniorPaulo' Studart Túlio Vargas Lygia Lessa Bastos Oswaldo LimaSilvio Venturolli Ubaldo Barém ARENA Manoel Rodrigues Francisco RochaSinval Boaventura Vasco Neto Adhemar Ghisi Murilo Badaró Mário Frota

Valdomiro Gonçaolves Nina Ribeiro Iturival NascimentoMDB Wanderley Mariz Albino Zeni

Rezende Monteiro Juarez BatistaFlorim Coutinho Alv!lll'o Gaudêncio

Santos Filho octacílio AlmeidaNey Ferreira MDB Cid FurtadoRuy Lino Paes de Andrade Eduardo Galil MDB SuplentesAntônio Belinatti Sérgio Muríllo . Fernando Fagundes Neto Fernando Cunha ARENAAntunes de Oliveira Ahtônio Pontes João Alves Peixoto Filho Aíron RIOSJosé Carlos Teixeira Gamaliel Gaivão Luiz Rocha Aurélio Campos AlIpio Carvalho

Nelson MarehesanLincoln Grillo Adhemar Santilo Osmar Leitão Luiz Henrique Hélio CamposSuplentes Fernando Coelho Pedro oarclo Silvio de Abreu Júnior . Hélio Levy

Joel Ferreira Theodoro Mendes João LmharesARENA Lauro ROdrigues Raimundo Parente Gamaliel Galvão João Pedro

Alacid Nunes Siqueira CamposGenivad Tourinho" Navarro Vieira

Baldacci Filho Suplentes Vicente vuolo Nunes Rocha.Bento Gonçalves Wilmar DalJanhol Tarcisio Delgado Passos PôrtoARENA Wílson Braga Ruy CôdoFlávio Marc.ilio Vago Ubaldo oorreaFranciseo Rollemberg Agostinho Rodrigues MDB Vago Vasco Amaro:Humberto Bezerra Amaral Furlan Vago Vasco NetoNewton Barreira Cid Fw'tado Getúlio Dias Vicente VuoloRibamar Machado Claudino Sales Argílano Doo'io 16) COMiSSãO DE MDBTeotônio Neto Ernesto Valente FraJ],Cisco Amaral TRANSPORTESVieira Lima Eurico Ribeiro Carlos Cotta Ernesto de Ma.rco

Manoel de Almeida José Costa Titulares Ario TheodoroMDB Mauro Sampaio Aloisio Santos Jairo Brum

Dias Menezes Rômulo Galvão Joel Lima ARENA José MandelliAldo Pagundes Theobaldo Barbosa Jorge Moura Abel Avila Pedro LauroAluizio Parsguassu Vieira da Silva Rosà Flores AlCIdes Franciscato Ruy CôdoJG de Araújo Jorge MDB Marcelo Gato Bento Gonçalves Odacir KleinVago Frederico Brandão Henrique Pretti Antônio CarlosVago Dias Menezes Otávio oeccato Hermes Macedo Mário MoreiraVago Thales Ramalho José Maurício :Hidekel Lima Francisco Libal'doni

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