Pe. Lucas - Nao faltou pão para ninguem - Mateus 14, 13-21 … · 2017-06-29 · NAO FALTOU PAO...

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Pe. Lucas - Nao faltou pão para ninguem - Mateus 14, 13-21 EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA) REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM SEGUNDA-FEIRA DA XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM NAO FALTOU PAO PARA NINGUEM 1) Oração Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os vosso filhos que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação, e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 2) Leitura do Evangelho (Mateus 14, 13-21)

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Pe. Lucas - Nao faltou pão para ninguem - Mateus 14, 13-21

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

SEGUNDA-FEIRA DA XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM

NAO FALTOU PAO PARA NINGUEM

1) Oração

Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os vosso filhos que vos imploram

e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação, e

conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do

Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 14, 13-21)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - 13A essa notícia, Jesus

partiu dali numa barca para se retirar a um lugar deserto, mas o povo soube e a multidão

das cidades o seguiu a pé. 14Quando desembarcou, vendo Jesus essa numerosa multidão,

moveu-se de compaixão para ela e curou seus doentes. 15Caía a tarde. Agrupados em volta

dele, os discípulos disseram-lhe: Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta

gente para que vá comprar víveres na aldeia.

16Jesus, porém, respondeu: Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer. 17Mas,

disseram eles, nós não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes. 18Trazei-mos, disse-

lhes ele. 19Mandou, então, a multidão assentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois

peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos

seus discípulos, que os distribuíram ao povo. 20Todos comeram e ficaram fartos, e, dos

pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios. 21Ora, os convivas foram

aproximadamente cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças. - Palavra da

salvação.

3) Reflexão: E NÃO FALTOU PÃO PARA NINGUÉM

Como no deserto Deus não deixou faltar comida para o povo israelita e Ihes mandou

prodigiosamente o maná e as codornizes, assim saciou de pães e de peixes a multidão que

o seguira nas imediações do lago de Tiberíades.

Como também não deixará faltar até ao fim do mundo o Pão da Eucaristia para os

que nele crerem. E um prazer ir descobrindo na leitura das Sagradas Escrituras como

esses acontecimentos que se desenrolam no tempo estão ligados nos planos da

eternidade. E não estranhamos ao descobrir ressonâncias da liturgia eucarística na

narração do milagre da multiplicação dos pães. Sobretudo na redação de São Marcos:

"Tomando os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães

e deu-os aos discípulos para que lhos distribuíssem". (Mc 6, 41 ).

E os pães e os peixes foram sendo distribuídos fartamente, como água que fosse

jorrando de uma fonte sem parar. Não foi preciso comprar duzentos denários de pão,

como surgira na preocupação de Felipe. Entrou a gratuidade de Deus e sua infinita

liberalidade, operando pelas mãos de Jesus. E todos se fartaram. E sobraram ainda doze

cestos. Era o número dos apóstolos e era o símbolo da universalidade dos bens de Deus.

Até ao fim do mundo não irá faltar o pão para o corpo, nem o pão para o espír1to: a

palavra de Deus e a eucaristia, que aquela multiplicação de pães prefigurava.

Como os Santos Padres já observavam, o milagre que Jesus faz é um pequeno

milagre instantâneo, se comparado com o milagre continuado pelo qual Deus faz crescer

as searas em toda a superfície da terra, ao longo dos anos e dos séculos, para que chegue

o pão às mãos de todos os homens.

O gesto de Jesus é lição para a Igreja, é lição para os cristãos. Não que devamos

repetir o milagre. Ainda que mesmo isso Deus tenha concedido a alguns de seus servos,

como Eliseu no Antigo Testamento (cfr 2Rs 4, 42-44). O que temos que aprender é

cultivar o ritmo do trabalho honesto pelo qual a terra produzirá Com fartura, e os bens

da terra serão distribuídos. Com justiça, de modo que nem falte o pão a quem tem fome,

nem sobre para quem não tem fome.

Penso que essa mensagem está implícita nesta página do Evangelho. Não é apenas um

convite a adorar o poder taumatúrgico de Jesus e sua misericórdia que se compadeceu

daquela gente humilde. Nem é só a lição de que a Providência de Deus premia os que Vão

em busca da Palavra de Deus. Eles sabem que não só de pão vive o homem; mas Deus sabe

que os homens precisam também de pão; e têm o direito de rezar não só para que o nome

de Deus seja santificado, para que seu reino venha e sua vontade seja feita na terra e no

céu; mas têm também o direito de pedir o pão de cada dia. Jesus os ensinou tudo isso,

quando ensinou seus discípulos a rezar.

A lição evangélica aponta porém certamente para nossa responsabilidade em face

da distribuição dos bens da terra. Deus criou o homem e o pôs na terra para que a

governasse. Não para que a subjugasse despoticamente. Destinou a terra para todos, e

não é justo que apenas um pequeno grupo se aposse dela, fazendo faltar terra para os

que precisam e podem trabalhar.

"Sejam quais forem as formas de propriedade, adaptadas às legítimas instituições

dos povos, segundo circunstâncias diversas e mutáveis, deve-se atender sempre a esta

destinação universal dos bens" (G S 69/430). Isso é 0 que ensinou o Concílio Vaticano lI.

Como ensinou o dever de uma justa distribuição das terras, o dever da honestidade nos

negócios, a harmonia entre o capital e o trabalho, a dignidade do homem, que jamais deve

ser sacrificada aos valores econômicos.

Se a luz do Evangelho iluminar o caminho dos homens, a terra será sempre a grande

mãe fecunda de bens para todos os seus filhos. Não haverá desperdício nem miséria. E,

onde houver necessitados, não faltará quem os socorra. E aquela multidão alimentada pelo

pão do milagre de Jesus estará presente e multiplicada em toda a terra, alimentada pelo

milagre do trabalho honesto, da justiça respeitada, da caridade solícita e da fé em Deus

sempre presente.

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

SEGUNDA-FEIRA DA XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM

NAO FALTOU PAO PARA NINGUEM

Jesus é o grande sinal de esperança que brilha no Evangelho. Todos

acorrem a Ele, para ouvir sua palavra, para pedir cura para seus doentes, e para dele receber conforto e coragem. E, mesmo inconscientemente, lá no fundo de seu coração, o que estão procurando é o encontro com Deus. Se Deus nos fez para Ele - é Santo Agostinho que o recorda - nosso coração vive inquieto, enquanto não se encontrar com Ele. O Evangelho, em todas as maravilhas de suas narrações, é o grande encontro do povo com Jesus, preludiando o encontro com o mundo inteiro, que vai acontecendo e continuará a acontecer ao longo dos séculos: Jesus Cristo ontem, hoje e sempre.

Hoje relemos, num dos belos momentos em que Jesus se mostrou como

sinal de esperança, o milagre da multiplicação dos pães.

É um dos dois milagres de multiplicação que os evangelistas nos narram,

sendo que um deles é trazido só por São Mateus e São Marcos, ao passo que este é narrado pelos três sinópticos e ainda por São João. E é justamente depois desse milagre, que São João nos traz o duplo discurso de Jesus sobre o "Pão da vida": o Pão da fé e o Pão da Eucaristia.

A multidão viera ao encontro de Jesus, em busca de sua palavra e de seus milagres. De Cafarnaum onde se encontrava, Ele quis retirar-se para um lugar

deserto - perto de Betsaida, como nos informa São Lucas -e para isso tomou uma barca. Mas o povo foi por terra e, quando Ele desembarcou, viu-se diante de muita gente. Teve pena deles, curou os doentes que lhe foram apresentados, e pregou para todos o Reino de Deus, no que se prolongou até o cair da tarde.

Foi quando os discípulos se aproximaram dele e lhe fizeram ver que era

tarde e o lugar era deserto. Que ele então despedisse o povo, para que pudessem ir às aldeias vizinhas para comprar alimentos. Mas o pensamento de Jesus era muito diferente. Não se devia falar em comprar. Ia acontecer uma grande hora de gratuidade.

"Não precisam ir comprar- disse Ele; dai-Ihes vós mesmos de comer". Como

dar de comer - perguntavam eles - se, procurando tudo o de que dispunham, não podiam contar senão com cinco pães e dois peixes? Mas Jesus, sem se perturbar, com majestosa serenidade, disse a eles que fizessem o povo sentar-se na relva verde.

Era perto da Páscoa e era primavera. Eles se sentaram em grupos de

cinqüenta e de cem: a cena ficou muito bonita.. São Marcos usa uma palavra que significa "canteiros" para Indicar os grupos assim formados. Porque, na verdade, sentados no verde do campo e com as diferentes cores de suas túnicas e de seus turbantes, formavam como que canteiros floridos.

Jesus tomou o pão e os peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou a

bênção, partiu os pães e os peixes, deu-os aos discípulos e eles os deram ao povo (É fácil perceber nesta narração a influência do rito eucarístico). E aconteceu o milagre! Como água que vai jorrando de uma fonte ininterruptamente, os pães e os peixes foram brotando das mãos dos discípulos, à medida que eles os iam dando ao povo. Todos comeram à farta. No fim, Jesus mandou que se recolhessem os pedaços que tinham sobrado; e se recolheram doze cestos, sendo que o número dos que haviam comido era cerca de cinco mil homens, sem contar as mulheres e as crianças (cfr Mt 14,13-21 ).

Talvez a grande lição deste milagre possa ser a de que nós também

seremos capazes de repetir o prodígio da multiplicação, se soubermos pôr em prática a gratuidade. Se, em vez de nos apegarmos àquele pouco ou àquele muito que tivermos, formos capazes de distribuir com quem precisa. Se fizermos assim, não faltará comida para ninguém. Será o mundo da fraternidade. Onde ninguém se sentirá feliz, se seu irmão não estiver feliz também. Longe o egoísmo! Longe a ganância! Cresça o amor e a fraternidade! Esse é o princípio que deveria estar na base de todos os sistemas econômicos. LEITURAS DO SEGUNDA-FEIRA DA XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM - ANO A:

1a) Is 55,1-3 2a) Rom 8,35.37-39 3a) Mt 14,13-21