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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA GISELE VIOLA MACHADO PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política Pública de esporte na escola em tempo integral um estudo no interior paulista CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

GISELE VIOLA MACHADO

PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política

Pública de esporte na escola em tempo integral – um estudo no

interior paulista

CAMPINAS

2017

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GISELE VIOLA MACHADO

PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política Pública de esporte na

escola em tempo integral – um estudo no interior paulista

Tese apresentada à Faculdade de Educação

Física da Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para a

obtenção do título de Doutora em Educação

Física na área de Biodinâmica do Movimento

e do Esporte

Orientador: Prof. Dr. Roberto Rodrigues Paes

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DE TESE DEFENDIDA

POR GISELE VIOLA MACHADO E

ORIENTADA PELO PROF. DR. ROBERTO

RODRIGUES PAES

CAMPINAS

2017

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COMISSÃO EXAMINADORA

Roberto Rodrigues Paes

Orientador

Larissa Rafaela Galatti

Paula Teixeira Fernandes

Edna Maria Querido de Oliveira Chamon

Riller Silva Reverdito

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida

acadêmica do aluno.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho àqueles que me

ensinaram que para caminhar longe sempre é

preciso tirar os pés do chão! Pai e Mãe,

obrigada por me ensinarem a sonhar, a buscar

meus sonhos e mais ainda, por vivê-los

comigo! Amo vocês!

“É que eu nasci com o pé na estrada, e a

cabeça lá na lua” (Engenheiros do Hawaii).

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AGRADECIMENTOS

“Se fosse fácil achar o caminho das pedras,

Tantas pedras no caminho não seria ruim”.

Engenheiros do Hawaii

Agradeço a oportunidade que Deus me deu de conseguir ir além do que pudesse

imaginar. Agradeço, pois, nos momentos mais difíceis e solitários dessa caminhada Ele

sempre esteve ao meu lado, dando-me força e coragem para não desistir.

Agradeço minha família, por apoiar, encorajar e muitas vezes ir junto comigo,

mesmo que não fisicamente. Obrigada porque os hábitos de hoje, que me permitiram ir tão

longe, foram ensinados ainda na infância. Ler, escrever, estudar, questionar, são ensinamentos

que carrego comigo e constituem minha essência. “Não acomodar com o que incomoda”.

Vocês foram meus primeiros orientadores, ainda que não tenham se preparado para isso.

Muito obrigada!! Amo cada um de vocês, pai, mãe (Chico e Helô), irmãos (Rodrigo - in

memorian e Flávio) e sobrinhos (Gui, Heitor, Vitor e Henrique)!

Aos amigos que me ajudaram a tornar essa caminhada um pouco menos solitária!

Minha gratidão por compartilharem tantos momentos comigo!

Avelina e Orton! Amigos especiais que a vida me presenteou no começo dessa

jornada de doutorado! Carinhosos, parceiros, cuidadosos, mas impacientes com todos os dias

que não podia fazer festa com vocês, né?! Obrigada pela paciência e pelo cuidado de sempre!

Vanessa, Marisa e Cintia! É bom demais saber que a loucura do trabalho não

interfere em nossa amizade, mesmo quando estamos em situações adversas! Fico feliz em

dividir a caminhada com vocês!

Aos meus amigos Tiagos! Thiago Pinto e Tiago Bernardes! São os melhores

Thiagos que a vida me presenteou!! Grandes parceiros, principalmente para os momentos de

descontração e pra me ensinar que precisamos aproveitar mais a vida!

Às meninas do Jardim, de sempre! Gabi, Lidia, Luisa, Marina e Tati, nos vemos

pouco, mas o amor é de sempre!

Karina e Lerrine!!! Discutimos, discordamos, debatemos sobre conceitos, sobre a

vida, sobre tantas coisas, mas nos apoiamos e nos ajudamos sempre que precisamos!

Obrigada por existirem em minha vida!

Professora Edna! Obrigada por me movimentar, por me apresentar desafios

pessoais, profissionais e acadêmicos. Cresço com cada um deles!

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Agradeço à Prefeitura de Taubaté, onde construí grande parte da minha carreira

profissional, tendo a oportunidade de apresentar projetos, experimentar propostas e,

sobretudo, vivenciar o esporte que acredito. Agradeço a oportunidade de vivenciar as maiores

experiências profissionais e acadêmicas e ao permitir que nossos programas esportivos se

tornassem alvo de estudos e pesquisas.

Agradeço aos representantes das Secretarias de Educação e Esporte, Prof Edna e

Prof Macaé, por oportunizar a realização deste estudo e, especialmente por oportunizar a

implementação de uma proposta esportiva para o município.

Aos parceiros do CETI, Renato Almeida, Sheila, Renatinho e Ana Maria!

Obrigada por vivenciarem comigo essa jornada esportiva! Que tenhamos muitas outras

oportunidades de trabalhar juntos!

Aos diretores, professores e monitores esportivos da rede municipal de Taubaté!

Vocês tem sido grandes parceiros na consolidação do CETI! Acreditaram e abraçaram essa

proposta na escola. O trabalho e o envolvimento de vocês faz a diferença na educação de

nossas crianças.

Agradeço aos professores que fizeram parte da minha formação e, por essa razão,

foram convidados a contribuir ainda mais marcando presença na minha banca de defesa de

doutorado! Paula, Larissa, Riller e Edna, as contribuições de cada um de vocês possibilitou

alargar esse estudo.

Ao professor Carlos Gonçalves, obrigada por me acolher de forma tão cuidadosa

em Portugal! Além de me orientar em leituras e debates de textos, me proporcionou ótimas

aventuras gastronômicas! Espero revê-lo em breve!

Aos meus amigos do GEPESP! Paula, Thiago, Lucas, Ariane, Mariana, Riller,

Larissa e B.H., apesar de poucos encontros aprendo e me divirto muito com vocês!

Ao querido Professor Roberto! Foram 10 anos de convivência e aprendizagem

constante. As aulas, os livros e capítulos escritos, as orientações e as provocações me

motivaram a criar oportunidades para colocar em prática a Pedagogia do Esporte, tal qual

acreditamos e defendemos. Nestes anos todos, mais do que formação acadêmica ou

profissional, pude reforçar valores e crenças. Suas orientações, sempre com questionamentos

e sugestões provocativas, me permitiram amadurecer no campo da pesquisa. Obrigada por

impulsionar meu crescimento pessoal, profissional e acadêmico, levarei todos os seus

ensinamentos!

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RESUMO

Este estudo investigou a implementação de uma política pública em esporte educacional na

escola em tempo integral, a partir da consolidação de parâmetros curriculares, com a

finalidade de alcançar as expectativas estabelecidas tanto para a escola em tempo integral

quanto para o esporte educacional, no que tange a formação de crianças e adolescentes. Para

tanto, foi realizado um estudo de caso de um programa esportivo para a escola em tempo

integral em um município no interior paulista, que analisou como ocorreu a consolidação

desta Política a partir da investigação de todas as fases que compõem o ciclo das Políticas

públicas. Desta forma, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, entrevistas grupais e

análises documentais específicas para cada fase, a fim de identificar os fatores preponderantes

em cada uma delas. Das 43 escolas com o programa esportivo, foram selecionadas aquelas

que desenvolvem a proposta esportiva desde o início de sua implementação, em 2014, com

professores que ministram aulas há pelo menos dois anos na mesma unidade, para alunos do

Ensino Fundamental I e II, totalizando, 10 escolas. Assim, na fase de formulação da Agenda

identificamos quais objetivos levaram à discussão do esporte no contexto da escola em tempo

integral. Participaram da entrevista dois representantes das Secretarias de Educação e de

Esporte e foi realizada a análise documental do Plano de Governo do período de 2013 a 2016.

Na fase de Elaboração da proposta, verificamos quais os conceitos balizaram esta formulação,

participando da entrevista três Coordenadores do programa esportivo e foi realizada a análise

documental do currículo elaborado. Na fase de implementação averiguamos como se deu esse

processo, participando das entrevistas os Coordenadores, 10 diretores e 11 professores de

esporte. Por fim, na fase de acompanhamento e avaliação pesquisamos sobre como ocorreu o

acompanhamento da proposta e quais os resultados alcançados. Participaram da entrevista os

mesmos sujeitos da fase anterior e 221 alunos com idade entre nove e 17 anos, com os quais

foram realizadas entrevistas grupais com aproximadamente 10 alunos em cada grupo. Além

das entrevistas também foi apresentada uma análise sobre o modelo do planejamento do

professor e do acompanhamento dos Coordenadores. Os resultados foram obtidos por meio de

Análise de Conteúdos e as entrevistas foram tratadas pelo software IRAMUTEQ. A partir dos

resultados verificamos que a escola em tempo integral neste município constitui-se como uma

proposta política educacional ao oferecer aos alunos oportunidades de aprendizagem e de

desenvolvimento escolar e social, além de ser um espaço de acolhimento e de proteção,

afastando-os das situações de risco em decorrência da ampliação da jornada de trabalho de

seus responsáveis, sendo o esporte a atividade de maior aderência. Verificamos, também que

para a efetivação da aprendizagem e do desenvolvimento dos alunos, a partir do esporte, é

fundamental a existência de uma proposta norteadora das ações pedagógicas dos professores,

caracterizada neste estudo por um currículo esportivo, que deve ser constituído por três pilares

inter-relacionados: pedagógico, estruturante e funcional. O aspecto pedagógico deve oferecer

eixos norteadores sobre a linha pedagógica que conduzirá as ações relacionadas à proposta

esportiva, devendo estabelecer relação com os objetivos definidos na fase de formulação da

agenda, bem como considerar as expectativas de ensino da escola em tempo integral e do

esporte educacional. A partir dessa definição estabelece-se o eixo estruturante, que apresenta

eixos norteadores sobre os objetivos, os conteúdos, as metodologias, a sequência temporal de

ensino e os indicadores de avaliação. A partir da estruturação destes elementos, o eixo

organizacional indica a forma como a proposta curricular se relaciona com o ambiente, ao

estabelecer o modelo do planejamento das aulas, além do formato do acompanhamento

pedagógico com o objetivo de ajustar a práxis pedagógica dos professores de esporte. A inter-

relação destes três pilares constitui-se como um novo modelo da prática esportiva na escola

em tempo integral.

Palavras chave: Políticas Públicas; Escola em tempo integral; Pedagogia do Esporte.

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ABSTRACT

This study has investigated a public policy implementation in educational sports at full- time

school, centered on the consolidation of curricular parameters, aiming the expectations

established for both the full-time school and the educational sport, regarding the training of

children and adolescents. We carried out a case study of a sports program of a full-time school

in a city in the interior of São Paulo to analyze how the consolidation of such Policy occurred

based on the investigation of the whole Public Policies cycle phases. Semi-structured

interviews, group interviews and specific documented analyzes were performed for each

phase in order to identify the preponderant factors in each of them. From 43 schools applying

the sports program those selected were the ones that developed the sports proposal from the

beginning of its implementation in 2014, with teachers who have taught Elementary and

Middle School students for, at least, two years in the same school unit, totalizing 10 schools.

Thus, in the Schedule Preparation phase, we investigated which objectives led to the

discussion of sports in the full-time school context. Two representatives of the Education and

Sports Department have participated in the interview in addition to a documented analysis of

the Government Plan from 2013 to 2016. During the Elaboration phase, the concepts that

outlined the proposal were verified through the interview of three sports program

Coordinators and the documented analysis of the elaborated School Program. In the

implementation phase, the verification of how this process occurred was the interview with

Coordinators, 10 directors and 11 sports teachers. At last, in the Follow-up and Evaluation

phase, we have investigated how the proposal was monitored and which results were

achieved. The same individuals from the previous phase have participated in the interview in

addition to 221 students, from nine to seventeen years old, with whom group interviews were

conducted having approximately 10 students in each group. Besides the interviews, an

analysis was also presented on the teacher’s planning model and the Coordinators’ follow-up.

The results were obtained through Content Analysis and the interviews were treated by

IRAMUTEQ software. From the results, we verified that the full-time school in this town

constitutes an educational policy proposal when it offers to students learning opportunities,

school and social development and a space of welcome and protection, putting them away

from risk situations due to the extension of their parents or responsible ones’ working day,

making sports an activity of greater adhesion. It was also verified that for sports students'

learning effectiveness and development, it is fundamental the existence of a guiding proposal

of the teachers’ pedagogical actions, characterized in this study by a sports program, that must

be constituted by three interrelated pillars: pedagogical, structuring and functional. The

pedagogical aspect should provide guidelines that will orient the actions related to the sports

proposal and establish a relationship with the objectives defined in the Schedule Preparation

phase, as well as consider the full-time school teaching expectations and the educational sport.

From this definition the structuring axis is established, which presents guidelines on the

objectives, the contents, the methodologies, the temporal sequence of teaching and the

evaluation indicators. From these elements structuring, the organizational axis indicates how

the curricular proposal relates to the environment when it establishes both the classroom-

planning model and the pedagogical follow-up format with the objective of adjusting the

pedagogical praxis of sports teachers. The interrelation of these three pillars constitutes a new

model of sports practice in full-time schools.

Keywords: Public Policies; Full-time school; Sports Pedagogy.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Articulação entre as dimensões .............................................................................. 30

Figura 2: A transição do esporte moderno para o contemporâneo ........................................ 34

Figura 3: Premissas da Pedagogia do Esporte ....................................................................... 35

Figura 4: Conceito sobre Política Pública ............................................................................. 58

Figura 5: Formulação da Agenda na perspectiva da Escola em Tempo Integral .................. 62

Figura 6: Subfases da elaboração das Políticas Públicas no contexto do esporte na Escola em

Tempo Integral ........................................................................................................................ 63

Figura 7: A relação entre as fases do ciclo das PP ................................................................ 68

Figura 8: Relação entre Pedagogia do Esporte e Escola em Tempo Integral ........................ 76

Figura 9: Aspectos curriculares do ensino esportivo na escola em tempo integral ............... 87

Figura 10: Roteiro da pesquisa .............................................................................................. 93

Figura 11: Fase da elaboração da Agenda – do panorama inicial às expectativas do esporte no

integral .................................................................................................................................. 107

Figura 12: Análise da Agenda – relação entre PG e a classes de análise ............................ 113

Figura 13: Subfases na elaboração da PP esportiva na Escola em Tempo Integral ............ 124

Figura 14: Relação entre os objetivos gerais de ensino na perspectiva esportiva ............... 127

Figura 15: Caderno de Planejamento semestral do Professor do CETI ............................... 142

Figura 16: Caderno de Planejamento diário/semanal do Professor do CETI ...................... 143

Figura 17: Implementação de Política Pública de esporte na Escola em Tempo Integral ... 168

Figura 18: Caderno de Acompanhamento do Coordenador ................................................ 157

Figura 19: O Acompanhamento de Políticas Públicas em esporte na Escola em Tempo

Integral .................................................................................................................................. 160

Figura 20: Os pilares balizadores da Proposta Curricular esportiva para a Escola em Tempo

Integral ...............................................................................................................................171

Figura 21: Relação entre os ciclos das Políticas Públicas e a consolidação de uma proposta

esportiva para Escola em Tempo Integral por meio do currículo esportivo ......................... 177

Figura 22: O ciclo das Políticas públicas na consolidação de uma proposta esportiva na

escola em tempo integral .................................................................................................... 179

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Elementos balizadores da pesquisa ...................................................................... 21

Quadro 2: Os Referenciais da Pedagogia do Esporte............................................................. 36

Quadro 3: Fontes e informações para formulação de propostas curriculares em esporte

educacional para programas sociais ........................................................................................ 83

Quadro 4: Caracterização da amostra do estudo ................................................................... 90

Quadro 5: Dendograma – Análise da Agenda ....................................................................... 98

Quadro 6: Do panorama inicial aos caminhos para a mudança ........................................... 102

Quadro 7: Elaboração da proposta – Dendograma .............................................................. 115

Quadro 8: Os objetivos específicos e a relação com a Pedagogia do Esporte .................... 129

Quadro 9: Objetivos específicos na fase da Aquisição Geral – CETI ................................. 130

Quadro 10: Objetivos específicos na fase da Iniciação Esportiva – CETI .......................... 131

Quadro 11: Objetivos específicos na fase da Formação Esportiva – CETI ........................ 132

Quadro 12: Dendograma – Implementação do programa esportivo ................................... 136

Quadro 13: Dendograma – Acompanhamento e Avaliação ................................................ 155

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores captados para o esporte educacional a partir da Lei de Incentivo ao Esporte

...................................................................................................................................................53

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Resultados do IDEB das escolas públicas brasileiras ........................................... 23

Gráfico 2: Interesse pelas atividades – alunos de 6 a 8 anos ............................................... 105

Gráfico 3: Interesse pelas atividades – alunos de 9 a 11 anos ............................................. 106

Gráfico 4: Interesse pelas atividades – alunos de 12 a 15 anos ......................................... 106

Gráfico 5: Índices de criminalidade no município .............................................................. 109

Gráfico 6: Atos infracionais por zona da cidade .................................................................. 110

Gráfico 7: Melhora do desenvolvimento social dos alunos ................................................. 111

Gráfico 8: Preferência em estudar numa escola integral parcial .......................................... 149

Gráfico 9: Porque os alunos frequentam o período integral ................................................ 149

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SIGLAS

CETI: Cidadania e Esporte em Tempo Integral

ETI: Escola em Tempo Integral

LDB: Lei de Diretrizes e Bases

LOAS: Lei Orgânica da Assistência Social

PE: Pedagogia do Esporte

PG: Plano de Governo

PP: Políticas Públicas

SEED: Secretaria de Educação

SELT: Secretaria de Esporte e Lazer

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17

CAPÍTULO 1: As propostas para formação de crianças e adolescentes no Brasil: a

escola em tempo integral e o esporte educacional .............................................................. 22

1.1 O contexto da escola em tempo integral .................................................................. 22

1.2 Escola em Tempo Integral: assistencialismo ou política educacional? ................... 25

1.3 A escola em tempo integral no século XXI ............................................................. 27

1.4 A proposta esportiva neste milênio ......................................................................... 31

1.5 As relações entre as propostas esportivas para crianças e adolescentes e a Pedagogia

do Esporte ...................................................................................................................... 37

1.6 As Políticas Públicas esportivas para crianças e adolescentes: contextos e

perspectivas ................................................................................................................... 43

1.7 Políticas Públicas de esporte no Brasil: quais tendências para o esporte educacional?

.........................................................................................................................................47

CAPÍTULO 2: O contexto das Políticas Públicas e a inter-relação entre a escola em

tempo integral e as propostas esportivas educacionais ...................................................... 55

2.1 Políticas Públicas: considerações iniciais ................................................................ 55

2.2 O ciclo das Políticas Públicas no contexto da escola em Tempo Integral .............. 58

2.3 A relação entre esporte educacional e ETI .............................................................. 72

2.4 Orientações para o desenvolvimento de um projeto curricular ............................... 76

2.5 Esporte, Currículo e escola em Tempo Integral- relações e possibilidades ............ 85

CAPÍTULO 3: Caminhos metodológicos e contexto da pesquisa ..................................... 88

3.1Características da pesquisa ....................................................................................... 88

3.2 Participantes da pesquisa ........................................................................................ 89

3.3 Instrumentos e procedimentos de coleta de dados ................................................... 90

3.4 Análise de dados ...................................................................................................... 94

3.5 Caracterização do município ................................................................................... 96

CAPÍTULO 4: A Política Pública de esporte nas escolas em Tempo Integral – uma

experiência em um município paulista ................................................................................ 97

4.1 Formulação da Agenda – o esporte como assunto político no contexto da Escola em

Tempo Integral .............................................................................................................. 97

4.1.1 Panorama e discussão inicial ................................................................................ 99

4.1.2 Quando o esporte entrou em campo ................................................................... 100

4.1.3 A proposta para o ensino integral ....................................................................... 102

4.1.4 Expectativas para o esporte no período integral ................................................. 104

4.1.5 Análise do Plano de Governo – Quais propostas para a educação e o esporte no

município? ................................................................................................................... 108

4.2 Elaboração da proposta – definindo a linha de trabalho esportivo no período integral

...................................................................................................................................... 113

4.2.1 A inserção do esporte na escola em Tempo Integral .......................................... 115

4.2.2 A definição da linha de trabalho ......................................................................... 117

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4.2.3 Organização do Plano de trabalho ...................................................................... 120

4.2.4 Estruturação curricular ....................................................................................... 122

4.2.5 Análise Documental: Currículo esportivo do CETI ........................................... 126

4.3 Implementação do programa esportivo – o espaço do CETI no ambiente escolar. 134

4.3.1 O preparo para a implementação do CETI ......................................................... 136

4.3.2 O planejamento do professor e sua relação com as expectativas do CETI ........ 140

4.3.3 Superando as barreiras iniciais ........................................................................... 146

4.3.4 O CETI no cotidiano escolar – a relação professor e aluno ............................... 151

4.4 Acompanhamento e Avaliação da proposta esportiva na Escola em Tempo Integral

...................................................................................................................................... 154

4.4.1 O acompanhamento pedagógico ......................................................................... 156

4.4.2 O esporte do integral no ponto de vista da gestão escolar e do professor .......... 160

4.4.3 Os resultados da PP em esporte na Escola em Tempo Integral .......................... 165

CAPÍTULO 5: O currículo como eixo norteador de uma Política Pública esportiva na

Escola em Tempo Integral .................................................................................................. 171

CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 176

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 182

APÊNDICES ........................................................................................................................ 210

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17

INTRODUÇÃO

O século XXI tem apresentado demandas emergentes sobre a questão da escola

em tempo integral (CAVALIERE, 2007; 2002). Apesar de o tema ser debatido desde a década

de 1930 no Brasil e de diferentes propostas terem surgido desde então (CUSATI, 2013), é

neste século XXI que essa proposta tem buscado uma consolidação.

Diversos são os objetivos que cercam essa consolidação. Dentre eles, podemos

destacar as questões sociais ⸺ famílias que trabalham e não têm com quem deixar seus filhos

(VASCONCELOS, 2012), caracterizando-se por uma política assistencial; temos também as

questões educativas ⸺ representadas pelos baixos índices de aprendizagem da educação

pública brasileira (CASTANHO; MANCINI, 2016); e ainda as questões formativas ⸺

caracterizadas pela crença de que, ao permanecer mais tempo na escola, o aluno poderá ser

educado integralmente, tratando, inclusive, de aspectos morais (CAVALIERE, 2014).

Ora, ao ampliar as oportunidades de aprendizagem e de tempo do aluno na escola,

é preciso oferecer atividades que lhe sejam prazerosas para que a situação não ocorra na

contramão do que se espera, a evasão escolar (CAVALIERE, 2007). Para tanto, Decretos e

Leis têm sido promulgados desde 2001 (BRASIL 2001; 2007; 2010; 2014), nos quais são

estabelecidas propostas de como deve ser a modalidade de ensino integral nas escolas

públicas brasileiras.

Essas leis pouco falam sobre a estrutura da escola em tempo integral (ETI), e

pouco oferecem no que diz respeito às diretrizes pedagógicas para essa prática. Seus

formuladores apenas esperam que os alunos sejam atendidos, que fiquem fora das ruas, sejam

bem alimentados, melhorem suas notas nas escolas para, consecutivamente, melhorar os

índices da educação brasileira e que sejam desenvolvidos integralmente. A questão central

destes apontamentos é: como? Como as atividades devem ser oferecidas no período integral

para que se atinjam tais objetivos?

O Plano Nacional de Educação é claro em afirmar que, até 2024, 25% dos alunos

devem ser atendidos em período integral em pelo menos 50% das escolas públicas. Mais uma

vez, retomamos nosso questionamento: como este atendimento deve ser ofertado?

Das nove estratégias estabelecidas para a meta seis do referido Plano, nenhuma

delas oferece direcionamento pedagógico para concretizá-la. O Plano apenas indica algumas

estratégias no que diz respeito à organização espacial (que, ainda assim, depende da estrutura

atual da escola) e também aponta para a oferta de atividades que possam colaborar nessa

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ampliação do tempo do aluno na escola, dentre elas, o esporte. Contudo, não oferece

indicações pedagógicas de como essas práticas devem ser direcionadas.

Portanto, atrelado às questões da escola em tempo integral, temos também as

discussões emergentes no campo do esporte. Apesar de os estudos demonstrarem que esse

assunto tem sido pauta nas discussões governamentais também desde a década de 1930

(BUENO, 2008), parece que ainda não temos um cenário de concepção clara acerca deste

tema, mais especificamente do esporte em seu contexto educacional.

Apesar das tentativas do Governo em estabelecer uma diretriz sobre o esporte

educacional, o que se tem de concreto é um ou talvez dois artigos na lei esportiva vigente no

país (BRASIL, 1998).

A despeito dessa falta de direcionamento, a partir desse século XXI, desponta

mais um contexto de atuação esportiva: a escola em tempo integral. Se o esporte na escola, na

proposta da Educação Física escolar, já vem enfrentando há décadas um processo de

desmistificação da sua prática (DARIDO; RANGEL, 2005; PAES, 2001; RANGEL, 1999),

como pensar uma prática esportiva para o mesmo espaço e que não sofra os mesmos

problemas?

As diretrizes e os planos sobre a escola em tempo integral não possuem essa

resposta, tampouco as leis esportivas vigentes no país; os acadêmicos ainda não se

debruçaram em resolvê-la, o que indica uma necessidade de debate e atuação sobre o tema.

Estamos, então, diante de dois contextos educacionais – a escola em tempo

integral e o esporte – que embora presentes no mesmo cenário, carecem ainda de estudos que

articulem suas ações conjuntamente, para facilitar o desenvolvimento dos alunos nesse

contexto educacional. Contudo, acreditamos que, para que os planos sejam, de fato,

consolidados, é fundamental que se estabeleça um projeto delineado capaz de oferecer

subsídios a todos que dele fazem parte.

Esse é o ponto de partida desta pesquisa: apresentar e discutir a implementação de

uma Política Pública esportiva na escola em tempo integral, a partir da consolidação de

parâmetros curriculares.

Neste sentido, buscamos: a) verificar como ocorreu o processo de consolidação de

uma Política Pública em esporte na escola em tempo integral em um município no interior

paulista; b) analisar em que contexto o esporte passou a fazer parte da política de escola de

tempo integral no município; c) investigar como se deu o desencadeamento de cada ciclo

desta Política Pública, analisando a Agenda, Elaboração, Implementação e Acompanhamento

e Avaliação desta Política Pública em esporte; d) identificar os principais eixos norteadores

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19

desse processo; e e) propor parâmetros curriculares para a definição de Políticas Públicas de

esporte nesse contexto.

Para tanto, realizamos um estudo de caso, em um município no interior paulista, que

apresenta um programa de esporte para a escola em tempo integral: Cidadania e Esporte em

Tempo Integral (CETI). Esse programa foi desenvolvido para organizar a prática pedagógica

esportiva incialmente de 35 unidades escolares que, em 2014, ofereceram o esporte como uma

das atividades do período integral. Atualmente, essa proposta está presente em 45 unidades

escolares, atendendo aproximadamente 9.000 alunos.

Embora haja dificuldades iniciais apresentadas na fase de implementação do

Programa, o esporte é tido como a atividade de maior adesão e preferência dos alunos

conforme pesquisa realizada pela Secretaria de Educação do próprio município.

Além do interesse dos alunos pela prática esportiva, os dados da Secretaria de

Educação também demonstraram que, tanto no ponto de vista dos alunos quanto no ponto de

vista dos professores, monitores e gestores houve melhoria no comportamento e na

aprendizagem dos alunos, indo ao encontro das expectativas propostas inicialmente sobre a

ETI.

Certamente não podemos afirmar que essas melhorias são exclusivamente por

conta da proposta esportiva desenhada neste município, mas podemos inferir que ela pode ter

contribuído. Além do mais, a organização curricular da escola integral foi estabelecida

posteriormente à elaboração da Política esportiva, tendo esta ainda como base.

Além disto, o Programa conta atualmente com três coordenadores, que

acompanham as atividades ministradas aos alunos; cerca de 55 monitores e professores de

Educação Física, todos formados para ministrar as oficinas da esporte, além de estar em 45

unidades escolares e oferecer esporte a aproximadamente 30% dos alunos de toda a rede

municipal de ensino.

Diante destas peculiaridades apresentadas é que a realização deste estudo se

justifica, pois estamos diante de uma Política Pública desenvolvida com êxito.

Para a verificação destes dados, participaram da nossa pesquisa os sujeitos que

fizeram parte de cada ciclo desta Política Pública esportiva: a) secretária de Educação e

diretor da Secretaria de Esportes (fase da Agenda); b) coordenadores do CETI (fase da

Elaboração, Implementação e Acompanhamento e Avaliação); c) gestores (fase da

Implementação e Acompanhamento e Avaliação); d) professores e monitores de esporte (fase

da Implementação e Acompanhamento e Avaliação); e) alunos (fase de Acompanhamento e

Avaliação).

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Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cada um dos grupos e, no caso

dos alunos uma entrevista grupal, além da análise documental sobre o Plano de Governo de

2013 – 2016, o currículo do CETI e o caderno dos professores e coordenadores.

A fim de dar conta destes objetivos propostos e da metodologia empregada,

organizamos esta tese em cinco capítulos.

Os dois primeiros capítulos são de cunho teórico e abordam sobre as Políticas

Públicas e a escola em tempo integral; no primeiro capítulo, sobre o esporte; numa

perspectiva política e pedagógica, no segundo capítulo.

O terceiro capítulo apresenta as informações referentes à metodologia da pesquisa,

indicando os sujeitos, a amostra, os instrumentos utilizados, bem como a forma de análise de

dados. Trouxe também a contextualização do estudo, ou seja, apresentamos alguns dados

referentes à escola integral do município estudado.

O quarto capítulo traz a análise dos dados e a discussão dos resultados. Ele é

organizado de acordo com os ciclos das Políticas Públicas apresentados no primeiro capítulo,

no qual buscamos estabelecer um diálogo entre os autores da educação, da Pedagogia do

Esporte e de Políticas Públicas, o que nos possibilitou identificar quais os principais pontos

para estabelecer uma Política Pública de esporte na escola em Tempo Integral.

O quinto capítulo é a apresentação da tese em si, em que buscamos relacionar

todos os principais elementos apresentados no capítulo anterior de forma dialógica e contínua,

no intuito a oferecer subsídios para a elaboração de uma Política Pública de esporte na escola

em Tempo Integral.

O Quadro 1 apresenta sucintamente todos os elementos que constituíram a

construção desta tese.

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21

Quadro 1: Elementos balizadores da pesquisa

Tema Políticas Públicas de esporte na escola em Tempo Integral

Justificativa

A escola em Tempo Integral tem sido uma área de importante

investimento político no século XXI. As diferentes áreas de

atuação nesse novo cenário de ensino visam ao desenvolvimento

do aluno em seus diferentes aspectos, bem como busca contribuir

para sua aprendizagem escolar. O esporte tem se apresentado em

todos os documentos legais sobre o tema, como uma das áreas de

atuação nesse cenário, fazendo-se, portanto, urgente o tempo em

estudá-lo e delineá-lo.

Problema de pesquisa

Como deve ser delineada a prática esportiva para a escola em

Tempo Integral, de forma a respeitar tanto os preceitos do esporte

educacional quanto as expectativas da escola em Tempo Integral?

Objetivo geral

Apresentar e discutir a implementação de uma Política Pública

esportiva na escola em Tempo Integral, a partir da consolidação

de parâmetros curriculares.

Objetivos específicos

a) Verificar como ocorreu o processo de consolidação de uma

Política Pública em esporte na escola em Tempo Integral em um

município no interior paulista.

b) Analisar em que contexto o esporte passou a fazer parte da

política de escola de tempo integral no município.

c) Investigar como se deu o desencadeamento de cada ciclo

dessa Política Pública, analisando assim a Agenda, a Elaboração,

a Implementação e o Acompanhamento e a Avaliação desta

Política Pública em esporte.

d) Identificar os principais eixos norteadores desse processo.

e) Propor parâmetros curriculares para a definição de Políticas

Públicas de esporte nesse contexto.

Hipóteses O currículo é o norteador da implementação de Políticas Públicas

de esporte na escola em Tempo Integral.

Tese Parâmetros Curriculares esportivos para a escola em Tempo

Integral ⸺ diálogo entre a escola integral e o esporte

educacional.

Esperamos que este estudo contribua significativamente àqueles que se

interessarem pelo seu tema e que, de certa maneira, estejam atuando no cenário seja das

Políticas Públicas, seja das escolas em tempo integral.

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CAPÍTULO 1: AS PROPOSTAS PARA A FORMAÇÃO DE CRIANÇAS E

ADOLESCENTES NO BRASIL: A ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL E O ESPORTE

EDUCACIONAL

1.1 O contexto da escola em tempo integral

A escola em tempo integral tem se apresentado como prioridade no cenário de

decisões políticas, tendo principalmente como indicadores os problemas enfrentados na

educação brasileira. Segundo Vasconcelos (2012), a política nacional tem retomado as

questões referentes à ampliação da jornada escolar e do ensino em tempo integral justamente

pela dificuldade em superar alguns quadros da educação brasileira.

A implantação de programas de Educação Integral em escolas públicas municipais

de Ensino Fundamental tem sido prioridade nas atuais políticas de governo e tem

como desafios o enfrentamento de vários problemas que ainda persistem no quadro

da educação brasileira, entre eles o baixo rendimento escolar dos alunos, o acesso à

educação de qualidade, e a efetiva ampliação da responsabilidade da escola pública

na formação integral das crianças e jovens junto à família e à comunidade

(CASTANHO; MANCINI, 2016, p. 226).

Para Cavaliere (2007), essa discussão está presente nas agendas dos governos

desde a década de 1950, partindo das propostas de Anísio Teixeira, que já apontava a

importância dessa modalidade de ensino para minimizar os problemas da educação brasileira;

intensificou-se a partir da década de 1980 e, principalmente, no século XXI, tendo em vista a

não modificação do quadro educacional do país.

Já Cusati (2013) afirma que estas questões têm feito parte de estudos no Brasil

desde a década de 1920, buscando uma educação escolar ampliada de suas funções sociais e

culturais. Naquela época, as propostas de educação em tempo integral eram vistas como

possibilidade de formar jovens com valores nacionais, que respeitassem a pátria (CUSATI,

2013).

Vasconcelos (2012) também aponta para a intensificação dos debates acerca da

educação no Brasil com a finalidade de diminuir as desigualdades sociais. A autora ainda

complementa que a longa jornada de trabalho leva as famílias a perceberem a escola em

tempo integral como solução para a guarda de seus filhos.

Podemos constatar essa situação mediante os resultados obtidos por meio das

avaliações externas, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que

verifica a relação entre a aprendizagem e o fluxo escolar dos alunos do Ensino Fundamental I

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e II. O gráfico seguinte apresenta os resultados obtidos pelo país desde o início da aplicação

desta avaliação:

Gráfico 1: Resultados do IDEB das escolas públicas brasileiras

Fonte: Censo Escolar (2017).

Apesar do avanço apresentado, aproximadamente 70% das escolas públicas

brasileiras ainda não apresentaram o resultado esperado em educação. No Ensino

Fundamental I e no Ensino Fundamental II esse resultado é ainda pior, pois aproximadamente

98% das escolas públicas não apresentaram os resultados esperados, conforme análise feita

dos resultados.

Além do IDEB, a distorção idade-série também é um fator que precisa ser

corrigido. Atualmente, 15% dos alunos matriculados em escolas públicas encontram-se em

situação de defasagem escolar; isso significa que estes alunos reprovaram ou abandonaram os

estudos por no mínimo 2 anos, prejudicando o desenvolvimento escolar.

Outro dado que também evidencia os problemas na educação brasileira provém

dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). Neste

programa são avaliados os conhecimentos adquiridos na área de Língua Portuguesa,

Matemática e Ciências (INEP, 2017).

Nos dois primeiros anos de aplicação do PISA, 2000 e 2003, o Brasil obteve o

último e o penúltimo lugar, respectivamente. Já em 2015 apresentou a 63ª colocação de 70

países participantes, ou seja, ainda permanece entre os últimos países em desenvolvimento na

área da educação.

3,6

4 4,4

4,7 4,9 5,3

3,2 3,5 3,7 3,9 4 4,2

0

1

2

3

4

5

6

2005 2007 2009 2011 2013 2015

Resultados IDEB - escolas públicas

EF I

EF II

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Esses resultados evidenciam a necessidade em avançar com propostas

educacionais que favoreçam a aprendizagem dos alunos, sendo a educação em tempo integral

uma dessas propostas.

Por um lado, tem-se a escola em tempo integral para fortalecer os ideais de

educação, sendo caracterizada. Portanto, como uma política educacional e, ao mesmo tempo,

oferecer acolhimento às crianças e adolescentes de pais que possuem jornada de trabalho

intensa, sendo, assim, também uma política social (VASCONCELOS, 2012; HOFLING,

2001).

Neste sentido, criou-se uma expectativa sobre a escola em tempo integral tanto

para a melhoria do desempenho acadêmico dos alunos, visando a melhorar as notas escolares

e ampliar os conhecimentos, quanto para diminuir as desigualdades sociais apresentadas no

contexto da educação brasileira (CASTANHO; MANCINI, 2016; HONORATO, 2015;

CAVALIERE, 2007).

Os estudos de Vasconcelos (2012) apontam que, na percepção de alguns gestores

do Programa Mais Educação, estas desigualdades podem ser combatidas na medida em que

são oferecidas aos alunos atividades que normalmente a criança e o adolescente somente

teriam acesso fora da escola, equalizando, desta maneira, os conhecimentos entre os alunos da

rede particular e da rede municipal e estadual de ensino. Contudo, o mesmo autor deixa claro

que, apesar deste contexto, tais propostas não superam os riscos sociais enfrentados por esse

público. Para ele, a escola em tempo integral não deve ser vista como uma política

compensatória, no sentido de suprir carências sociais.

Apesar de certas divergências sobre as concepções da escola em tempo integral, o

fato é que, neste século XXI, ela tem se apresentado como uma das maiores preocupações do

Governo (CUSATI, 2013; VASCONCELOS, 2012; SPOSATI, 2007) sendo, portanto, parte

da agenda de discussões políticas no cenário nacional, estadual e municipal por meio da

implementação de leis e decretos.

Diante desse quadro, surge um importante debate: a escola em tempo integral

configura-se como uma política na área da educação ou também apresenta um viés social?

Para compreendermos esse contexto, é fundamental entendermos alguns conceitos e como a

escola em tempo integral configurou-se ao longo do tempo. É sobre esse tema que

debateremos a seguir.

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1.2 Escola em tempo integral: assistencialismo ou política educacional?

Para iniciarmos as discussões sobre os percursos da escola em tempo integral, faz-

se necessário esclarecermos alguns conceitos que abrangem esse contexto.

Cavaliere (2002) deixa claro que, a partir dos ideais de uma escola em tempo

integral, o que se busca é uma associação entre a instrução escolar e a integração social, ou

seja, para a autora, as funções da escola são ampliadas, “de forma a melhor cumprir um papel

sócio-integrador, vem ocorrendo por urgente imposição da realidade, e não por uma escolha

político-educacional deliberada” (CAVALIERE, 2002, p. 250). Em outro texto, a autora

reforça a ideia sobre a ampliação da carga depositada na escola com relação às questões

acadêmicas, físicas, morais, comunicação, cultura e educação para a cidadania

(CAVALIERE, 2014).

Ainda a mesma autora, em um texto publicado no ano de 2007, identifica quatro

abordagens que permeiam o assunto da escola em tempo integral. A primeira diz respeito à

visão assistencial, na qual a escola em tempo integral deve ser vista como uma instituição

para a classe dos menos favorecidos; a segunda apresenta uma visão mais autoritária, em que

a escola serve para diminuir os índices de criminalidade, visto que os alunos estariam retidos

mais tempo na escola; a terceira abordagem apresenta uma perspectiva emancipatória, na qual

se pretende proporcionar uma educação mais efetiva com relação à cultura; e a última aponta

para questões multifatoriais, visto que a educação em tempo integral pode ser realizada dentro

e fora da escola (CAVALIERE, 2007).

Gadotti (2009) também aponta que a escola tem apresentado outras funções, tendo

suas responsabilidades ampliadas, sendo responsável por programas que abarcam desde a

alimentação até o atendimento médico e odontológico.

Assim, a escola que fora marcada em sua história pelas práticas de exclusão, no

século XXI enfrenta o desafio de tornar-se democrática e inclusiva (BRANCO, 2009),

convertendo-se em um espaço para enfrentar as desigualdades sociais vividas e também para

dar conta dos diversos objetivos que se estendem hoje à educação brasileira (SOARES et al,

2014).

Para Guará (2009), a escola em tempo integral justifica-se principalmente pela

condição de pobreza e exclusão, levando às situações de risco pessoal e social enfrentadas por

crianças e adolescentes do país. Para a autora, essa modalidade de ensino pode oferecer aos

jovens maiores oportunidades de inclusão social, pois pode ser entendida também como um

Serviço de Proteção Básica.

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Paro et al (1988) já traziam essas discussões acerca das interpretações e críticas

sobre a escola em tempo integral desde a década de 1980. Por um lado, existem aqueles que

criticam as concepções puramente assistencialistas de ensino que algumas propostas

assumem; por outro lado, há o grupo que defende a importância da expansão do tempo de

permanência do aluno na escola justamente para resolver as questões ligadas ao abandono de

crianças e jovens, tendo a escola em tempo integral como fator fundamental para tirar as

crianças da rua.

Os estudos de Santos (2009) demonstraram que, em todas as propostas de ensino

em tempo integral analisadas pela autora, a relação entre a ampliação do tempo na escola e a

diminuição dos riscos enfrentados pela criança e pelo adolescente é fator de destaque.

Questões semelhantes foram encontradas nos estudos de Maurício (2004; 2006),

quando os pais afirmaram que a escola em tempo integral, além de oferecer melhores

condições aos seus filhos, também é fundamental por uma questão de necessidade familiar.

Portanto, estamos diante de um paradigma que vem se consolidando há algumas

décadas. Se, por um lado temos, os problemas sobre as defasagens da educação pública

brasileira, com baixo aproveitamento escolar, altos índices de distorção idade x série, retenção

e abandono escolar; por outro, temos a emergência de uma nova classe social, com pais que

trabalham o dia todo e não podem mais ficar com seus filhos durante o período de trabalho:

Seria uma necessidade imperiosa e geral do conjunto da sociedade brasileira ou uma

medida compensatória, emergencial, para os mais desprovidos economicamente?

Seria uma medida opcional a depender de realidades regionais ou locais específicas,

ou seria uma medida necessária apenas para as crianças menores, dependentes de

cuidados e proteção durante o dia inteiro? (CAVALIERE, 2014, p. 1206).

É sobre essa égide que a escola em tempo integral tem se consolidado ao longo de

décadas no cenário da educação brasileira e, principalmente, neste século XXI. Apesar das

críticas feitas sobre seu caráter assistencial, não se pode negar a necessidade de ofertar às

famílias brasileiras um local de acolhimento àqueles que precisam e também proporcionar

oportunidades de aprendizagem e enriquecimento curricular, favorecendo o desenvolvimento

das múltiplas competências dos alunos.

Apesar de não haver na política educacional brasileira indicadores que apontem e

comprovem as diferentes roupagens apresentadas pela escola em tempo integral, o fato é que

esta modalidade de ensino tem se tornado espaço de convivência, aprendizagem, inclusão e

proteção, sendo, portanto, fundamental repensar esse ambiente para atender às demandas

desse século XXI.

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1.3 A escola em tempo integral do século XXI

Muitos estudos já se atentaram para a reflexão sobre os percursos da escola em

tempo integral no Brasil, desde as ideias iniciais de Anísio Teixeira, na década de 1950, com

as Escolas Parques, e de Darcy Ribeiro, com os Centros Integrados de Educação Pública

(CIEPs) (SILVA, 2014; VASCONCELOS, 2012; CASTRO; LOPES, 2011; SILVA, 2009;

BARROS, 2008; BORGES, 2004; CAVALIERE, 2002; CORDEIRO, 2001; GHIRALDELLI

JR, 1990). Por esta razão, abordaremos de forma mais específica como a escola em tempo

integral tem se configurado nesse século XXI.

Ao abordar a escola em tempo integral no século XXI, devemos refletir para quem

essa escola se destina, pois o aluno do século XX não é o mesmo deste início de século.

Coutinho e Lisboa (2011) apontam para uma sociedade cujo fluxo de informações é intenso,

fluido e sempre em direção à mudança e, por esta razão, torna desafio da escola estimular o

desenvolvimento de múltiplas competências dos alunos que lhes permitam serem criativos,

reflexivos e flexíveis.

Ora, se a educação se configura como o direito de cada pessoa desenvolver suas

dimensões físicas, intelectuais, afetivas e estéticas, independentemente do grupo social ao

qual pertencem (LIBÂNEO, 2014), a escola em tempo integral deve, sobretudo, favorecer o

desenvolvimento destas competências, preparando o aluno para a dinâmica deste século XXI.

E este talvez seja um dos maiores desafios da escola em tempo integral, pois, para isso,

devem-se construir propostas educativas que levem em consideração a criança, suas

especificidades e seus interesses (CARVALHO, 2015).

As propostas de ensino nesta modalidade devem oferecer aos alunos a

oportunidade de vivenciarem aprendizagens significativas, promovendo o enriquecimento

curricular (GONÇALVES, 2006), ampliando não somente a jornada escolar, mas

principalmente a formação de crianças e adolescentes para desenvolverem suas habilidades e

competências necessárias para atuação no mundo contemporâneo (LOMONACO; SILVA,

2013); contribuindo, portanto, para a tomada de decisão, trabalho em equipe, relações

interpessoais positivas, liderança, criatividade, comunicação, entre outras essenciais para

atuação no século XXI.

Neste sentido, concordamos com Barros (2008), ao defender que a escola em

tempo integral não deve oferecer mais daquilo que já vem sendo ofertado, mas deve ampliar

de forma quantitativa e qualitativa as atividades oferecidas. Para Gonçalves (2006), esse

aumento quantitativo refere-se à quantidade de horas que o aluno passa na escola e o

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qualitativo refere-se às ampliações de oportunidade de aprendizagem, uma vez que os

conteúdos ensinados podem ser ressignificados e protagonizados por todos os alunos.

Lomonaco e Silva (2013) apresentam um conceito que, de certa maneira,

representa estas questões abordadas. Para os autores, a escola em tempo integral visa a

ampliar três dimensões: Tempo, Espaço e Currículo.

A ampliação do tempo possibilita ao aluno tanto a ampliação das oportunidades

de aprendizagem de forma intencional quanto a proteção das situações de risco, uma vez que

a exposição às situações vulneráveis tende a ser menor.

Para Libâneo (2014), a escola em tempo integral deve possibilitar o

enriquecimento de atividades para além daquelas vividas em sala de aula no período regular,

de forma a integrar métodos e procedimentos de ensino que una conteúdos, saberes e

experiências dos alunos nas mais diversas áreas do conhecimento, como artes, esportes e

cultura.

Contudo, apesar desta possibilidade, o autor critica a realidade da maioria das

escolas em tempo integrais brasileiras, pois as atividades por vezes estão desvinculadas de

uma proposta de ensino-aprendizagem. Ainda sobre a questão da ampliação do tempo

vinculada à aprendizagem, Miranda e Santos (2012) também fazem uma crítica à

improvisação desta utilização do tempo, ocorrendo processos de ensino não intencionais ou

planejados, não ocupando o tempo do aluno na escola de forma qualitativa (LIBÂNEO,

2014).

Com relação à proteção das situações de risco, já apresentamos que a política de

escola em tempo integral também é delineada por uma política assistencial, tendo em vista a

realidade atual do país (CASTANHO; MANCINI, 2016; HONORATO, 2015; CAVALIERE,

2007).

Ainda sobre a dimensão do tempo, Cavaliere (2007) afirma que, se este tempo não

for vivenciado de forma interessante sob o ponto de vista dos alunos, pode produzir um efeito

contrário, ou seja, a ampliação do tempo de permanência na escola pode gerar um conceito

negativo sobre essa modalidade de ensino, provocando a evasão dos alunos (CAVALIERE,

2002). Por essa razão, o esporte tem sido um importante aliado às propostas de ensino

integral, visto que tem sido considerado como uma das atividades mais atrativas pelos alunos.

Este assunto será melhor abordado nos capítulos seguintes.

Sobre a dimensão do espaço, Lomonaco e Silva (2013) apontam tanto para a

utilização de espaços na escola que normalmente não são aproveitados para as aulas regulares,

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como espaços externos, para o aproveitamento de espaços no entorno escolar; como igrejas,

galpões, praças, quadras, entre outros.

Cavaliere (2007), ao expor sobre a concepção multissetorial da educação em

tempo integral, aponta que o ensino não precisa ser centralizado em uma única instituição,

mas que pode ocorrer fora do ambiente escolar:

As estruturas de Estado, isoladamente, seriam incapazes de garantir uma educação

para o mundo contemporâneo e a ação diversificada, de preferência de setores não-

governamentais, é que poderia dar conta de uma educação de qualidade

(CAVALIERE, 2007, p. 1029).

Assim, as práticas de ensino em tempo integral podem e devem ser realizadas fora

do ambiente escolar, haja vista os poucos recursos e infraestrutura deficitária, em comparação

aos espaços oferecidos pelas Organizações Não Governamentais (ONGs), que podem alargar

e revitalizar os espaços de aprendizagem da esfera pública (CARVALHO, 2006).

As políticas sobre a escola em tempo integral se intensificaram principalmente

depois do Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014), pois nele se estabeleceram metas

especificas para esse atendimento. Contudo, a infraestrutura das escolas é anterior às políticas

de escola em tempo integral e, portanto, enfrentam dificuldades em atender essa demanda,

fortalecendo o viés de reaproveitamento dos espaços escolares.

Por fim, a dimensão do conteúdo busca uma educação contextualizada entre a

comunidade escolar e o entorno; um currículo dinâmico que trate sobre assuntos de interesse

dos alunos, tornando a aprendizagem significativa; e uma relação próxima entre a sala de aula

e o cotidiano dos alunos (LOMONACO; SILVA, 2013).

Ao aludir sobre a questão do conteúdo, Libâneo (2014) é enfático ao criticar

propostas de educação em tempo integral que não se articulam com os conteúdos escolares. O

autor defende que as práticas esportivas, artísticas, culturais devem ser promovidas de forma

intencional, norteadas por objetivos claros e que estejam em consonância com a formação

integral dos alunos, em todas as suas competências.

Articular estas dimensões de forma organizada e sistematizada pela unidade

escolar é de fundamental importância para que a escola seja integral não somente no tempo

que oferece ao aluno, mas principalmente pela formação em todas as suas dimensões

(GALIAN; SAMPAIO, 2012), como apresentado na figura a seguir.

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Figura 1: Articulação entre as dimensões

Fonte: Baseado em Lomonaco e Silva (2013).

Podemos inferir, portanto, que a escola em tempo integral neste século XXI deve

ser: a) plástica, ao promover situações de ensino-aprendizagem que favoreçam o

desenvolvimento da criança e do adolescente em seus múltiplos interesses e características

(CARVALHO, 2015); b) promover situações de aprendizagem que possibilitem ao aluno

experimentar suas diferentes competências e habilidades, de forma a proporcionar seu

desenvolvimento social, físico, motor, cultural, afetivo, cognitivo (LIBÂNEO, 2014;

GALIAN; SAMPAIO, 2012); c) contextualizada, preparando o aluno para enfrentar a

dinâmica deste milênio (COUTINHO; LISBOA, 2011), buscando alternativas de espaços e

parcerias que podem potencializar a permanência e o gosto do aluno nestas atividades

(LOMONCO; SILVA, 2013; CAVALIERE, 2007; GONÇALVES, 2006); e todas estas ações

devem estar organizadas, sistematizadas e planejadas pela equipe gestora da unidade e por

todos os educadores envolvidos nesse processo (LIBÂNEO, 2014).

Neste sentido, as atividades oferecidas devem despertar o interesse dos alunos,

favorecendo a permanência deles na escola. Dentre as diferentes atividades oferecidas pela

escola em tempo integral, o esporte tem se configurado como importante instrumento para a

permanência de crianças e jovens.

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Para que os resultados esperados por meio da prática esportiva no cenário da

escola em tempo integral sejam alcançados, é necessário compreender quais as possibilidades

de ensino neste cenário e, para isso, o desenho de uma Política Pública de esporte é

fundamental, visto que esta delimitará seu trato pedagógico.

1.4 A proposta esportiva neste novo milênio

Inicialmente, para tratarmos da relação entre esporte, infância, adolescência e

escola em tempo integral, é preciso considerar o conceito de esporte, segundo o tempo e o

lugar no qual é praticado, porque, como qualquer outro fenômeno de grandeza mundial, o

esporte também está sujeito a essas variações.

King (2011) afirma que o esporte reflete e é influenciado pelas condições

históricas da sociedade. Scaglia (2005) sinaliza que as mudanças sofridas se dão a partir do

contexto social, econômico e da globalização. Podemos, ainda, associar ao contexto político

(ALMEIDA; DE ROSE JUNIOR, 2010) e cultural da sociedade. Para Marques, Gutierrez e

Almeida (2008, p.1), o esporte sofreu e ainda sofre mudanças em seu contexto social,

colaborando “para formar o fenômeno que se apresenta na sociedade contemporânea”.

As transformações sofridas pelo esporte moderno foram gradativas e marcadas

tanto pela mudança de paradigmas quanto por marcos históricos (MARQUES et al, 2009).

Holt, Tomlinson e Young (2011) especificam que essas mudanças ocorreram principalmente

após a Segunda Guerra Mundial, levando inclusive à alteração na compreensão do termo,

quando o esporte passou a ser compreendido por características socioculturais.

Isso significa dizer que, se o esporte moderno era caracterizado principalmente

pelas questões políticas e pelo alto rendimento (GALATTI, 2010; MARQUES;

GUTIERREZ; ALMEIDA, 2008; TUBINO, 1987), hoje, outros significados além destes são

atribuídos à sua prática. Então, não se trata mais de uma ação unilateral restrita às pessoas

com melhores rendimentos atléticos, (LEONARDI, 2012; PAES, 2001; 1996), mas se trata

principalmente de um fenômeno possível a todas as pessoas, independentemente da situação

econômica, social, física, motora, intelectual, emocional (MARQUES; GUTIERRES;

ALMEIDA, 2008; BENTO, 1995).

Paes (1996) defende que o esporte contemporâneo não mais pode ser tratado a

partir de um único referencial, de forma simplista e periférica. Ao contrário, sua prática deve

ser refletida por uma multiplicidade de praticantes:

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É preciso pensar esporte com múltiplas possibilidades, atendendo tanto as pessoas

que o praticam como ocupação de tempo livre, quanto por questões de saúde, enfim,

é preciso trabalharmos com uma iniciação esportiva que permita aos cidadãos uma

prática consciente, crítica e reflexiva (PAES, 1996, p. 6).

É evidente, portanto, que as manifestações esportivas passam a ter impactos em

diversos setores, como: economia, mercado, política (TOMLINSON; YOUNG; HOLT, 2011;

PRONI, 2011; HOULIHAN; GREEN, 2006), moda (BENTO, 1995), mídia (HOLT;

TOMLINSON; YOUNG, 2011; KING, 2011), cultura (PANAGIOTOPOULOU, 2011),

influenciando e sendo influenciado por modos de comportamento, sejam do praticante, do

espectador (GATZ; MESSNER; BALL-ROKEACH, 2002) ou ainda dos agentes

organizacionais.

Rapidamente podemos perceber os diferentes sentidos direcionados à prática

esportiva: “O Esporte no século XX tomou várias faces. A respeito dessa variedade de

interpretações, usos e significados, seu entendimento é cada vez mais pautado na

complexidade, agregando um grande número de interpretações decorrentes dessa visão”

(BALBINO, 2005, p. 59). Assim, ao se conceituar o esporte, não se deve ser rígido. Ao

contrário, devemos considerá-lo como um “fenômeno tão complexo e multifacetado”

(STIGGER, 2005, p.7), que impõe àqueles que se dedicam a estudá-lo, ampliar suas

percepções sobre o tema.

Este quadro nos leva a compreender que o esporte é um fenômeno sociocultural

(CONSTANTINO, 2003; REVREDITO; SCAGLIA; PAES, 2013), caracterizado pelas suas

dimensões plural (GALATTI et al , 2014; GALATTI, 2010; BENTO, 2006; PAES, 2001),

transversal (GONÇALVES, 2013; KING, 2011; BALBINO, 2005) e pedagógica

(MACHADO; GALATTI; PAES, 2015; SIEDENTOP; HASTIE; MARS, 2011; DYSON;

GRIFFIN; HASTIE, 2004; SCAGLIA, 1999; PAES, 1996).

O esporte é plural, pois constantemente surgem novos significados atrelados a sua

prática (PAES, 2001), estando estes relacionados a diferentes atores que o praticam e o

consomem ⸺ homens, mulheres, crianças, idosos, deficientes ⸺ (BENTO, 1991; 1995), aos

diferentes cenários em que este é vivenciado ⸺ escolas, praças, centros esportivos, clubes,

Organizações Não Governamentais (MACHADO, 2012; PAES; BALBINO, 2009) ⸺ e aos

diferentes significados atribuídos a sua prática ⸺ lazer, saúde, estética, educacional, social,

profissional (GALATTI, 2010).

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Para Bento (2006, p. 28), sua pluralidade está relacionada “por um enorme

crescimento e alargamento dos seus cenários, modelos e formas, dos seus sentidos e fins, das

causas e motivos das pessoas que praticam”.

Tal alargamento provocou uma crescente difusão do esporte, podendo ser

considerado como um fenômeno de dimensão transversal, pois recorta todos os setores da

sociedade, como as profissões ⸺ engenheiros, nutricionistas, médicos, fisioterapeutas,

advogados, empresários, jornalistas, comerciantes, professores (BALBINO, 2005); os meios

de comunicação em massa ⸺ internet, revistas, jornais impressos, televisão (KING, 2011); a

política, sendo alvo de disputas na arena política, consolidando de tempo em tempo novas

propostas políticas em esporte (PRONI, 2011; BAILEY, 2008); e os mercados, tornando-se

um importante objeto de consumo, sendo fundamental para o processo de globalização

(PANAGIOTOPOULOU, 2011; TOMLINSON; YOUNG; HOLT, 2011; GALATTI, 2010).

Diante de tal cenário, urge a necessidade da pedagogização do fenômeno

esportivo, considerando a sua influência e a interferência, direta e/ou indiretamente, na

sociedade e por ser constantemente recrutado em diferentes cenários para contribuir com a

formação do homem, em especial da criança e do adolescente (FERREIRA, 2015;

GONÇALVES, 2013; PAES; BALBINO, 2009; FREIRE, 2001).

A figura a seguir apresenta a transição sofrida pelo esporte e os principais

aspectos que influenciaram neste percurso.

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Figura 2: A transição do esporte moderno para o contemporâneo

Assim, a Pedagogia do Esporte, disciplina de estudos das Ciências do Esporte,

visa a organizar, sistematizar, aplicar e avaliar conteúdos e procedimentos pedagógicos

(MACHADO, 2012) em qualquer cenário do processo de ensino, vivência e aprendizagem,

para todos os personagens envolvidos, destacando diferentes significados, mas principalmente

o educacional e o social (GALATTI, 2010; PAES; BALBINO, 2009), buscando contribuir

com a formação plena do indivíduo, que vai praticar ou consumir o esporte, em seus aspectos

motores, cognitivos, afetivos e sociais (LEONARDI et al, 2014).

Neste sentido, mais do que ensinar esporte, cabe ao pedagogo do esporte criar um

ambiente favorável, utilizando de diferentes estratégias e procedimentos pedagógicos que

estimulem as múltiplas competências dos participantes. Para isso, Paes (1996; 2001) e Paes e

Balbino (2009) destacam a importância de estabelecer critérios de ensino que permitam um

melhor ajuste pedagógico à prática do professor/treinador, sendo estes:

a) Modalidades ⸺ o que ensinar? ⸺; tendo em vista a infinidade de modalidades

esportivas que podem ser ensinadas, é fundamental que o professor/treinador se aproprie de

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suas características para contextualizar o ensino, de modo que a aprendizagem de certas

modalidades esportivas possa contribuir para a aprendizagem de outras;

b) Cenário ⸺ onde ensinar? ⸺; a proposta esportiva deve estar alinhada de

acordo com os objetivos de cada instituição de ensino, seja na escola, em Organizações Não

Governamentais ou clubes esportivos; tendo em vista que este estudo tem como cenário

principal a escola em tempo integral, abordaremos a interação entre esses temas mais adiante;

c) Personagens ⸺ para quem ensinar? ⸺; o processo de ensino, vivência e

aprendizagem esportiva deve levar em consideração as características, necessidades e

interesses de cada grupo de ensino, sejam crianças, adolescentes, adultos, idosos;

d) Significados ⸺ para quê ensinar? ⸺; para os autores, existem diferentes

significados atrelados à prática esportiva, contudo, em uma proposta pedagógica, são

destacados os significados educacionais e sociais.

A partir destes critérios, podem-se estabelecer os conteúdos de ensino e quais os

procedimentos utilizados para alcançar os objetivos propostos.

A figura 3 representa as dimensões da Pedagogia do Esporte e o que ela aborda.

Figura 3: Premissas da Pedagogia do Esporte

Fonte: Adaptado de Paes (2001); Paes; Balbino (2009); Machado, Galatti; Paes (2012).

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É fundamental a compreensão de que essas quatro dimensões esportivas

apresentadas não são dissociáveis e, por essa razão, o ensino do esporte, principalmente na

formação da criança e do adolescente, deve fomentar o desenvolvimento dos alunos nos

aspectos motores, sociais, cognitivos e culturais, tendo como parâmetro três referenciais

propostos em estudos sobre Pedagogia do Esporte: Técnico-tático, Socioeducativo e

Histórico-cultural (MACHADO; GALATTI; PAES, 2015; PAES; BALBINO, 2009), para

que o praticante possa utilizá-lo como forma de lazer, jogando ou consumindo o espetáculo,

como atleta ou como meio de promoção social, através das demais profissões relacionadas ao

fenômeno (GALATTI, 2010; CÔTÉ; STRACHAN; FRASER-THOMAS, 2008).

Quadro 2: Os referenciais da Pedagogia do Esporte

Referenciais

Métodos de ensino e aprendizagem; Planejamento ao longo do período (mês, bimestre, semestre, ano...);

Organização de cada aula/treino; Adequação da proposta ao grupo de trabalho;

Técnico-tático Socioeducativo Histórico-cultural

Estratégias Aspectos Táticos

Ofensivos, Defensivos e de

Transição, Habilidades Motoras

Gerais Fundamentos

Especializados, Capacidades

biomotoras.

Promover a discussão de

princípios, valores e modos de

comportamento; Propor a troca de

papéis (colocar-se no lugar do

outro); Promover a participação,

inclusão, diversificação, a

coeducação e a autonomia;

Construir um ambiente favorável

para desenvolvimento de relações

intrapessoais e interpessoais

(coletivas); Estabelecer relações

entre o que acontece na aula de

esportes com a vida em

comunidade.

História das modalidades

esportivas; Evolução das

modalidades; Regras e contexto de

suas alterações; Principais

competições em nível local,

regional, nacional e internacional;

Personalidades de cada

modalidade; Outros saberes

necessários para a compreensão da

modalidade.

Fonte: extraído de Machado, Galatti, Paes (2015)

O esporte passou, portanto, de um fenômeno dual para um fenômeno

multifacetado, devido à influência de diversos setores, como mídia, política, sociedade,

mercado, economia, entre outros, cabendo à Pedagogia do Esporte “a responsabilidade de

tematizar a problemática educativa, observando os múltiplos personagens, cenários,

significados e finalidades” (REVERDITO; SCAGLIA; PAES, 2013, p. 23).

Assim, interessa-nos saber o contexto de ensino de esporte para crianças e

adolescentes e como este deve ser organizado a fim de alcançar os objetivos previstos. Para

isso, apresentaremos alguns estudos sobre o tema para, posteriormente, relacioná-los com o

contexto da escola em tempo integral, tendo em vista que os estudos nessa área ainda têm sido

pouco divulgados.

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1.5 As relações entre as propostas esportivas para criança e adolescente e a

Pedagogia do Esporte

A era esportiva atual reflete a ideia de que o esporte pode ser importante na

formação de crianças e adolescentes, tendo diversos programas mundiais para esse público,

buscando a sua formação global (WHITEHEAD; TELFER; LAMBERT, 2013). Para Zanet et

al (2008), os jovens que passam mais tempo envolvidos com atividades extracurriculares se

beneficiam mais do que aqueles que se envolvem pouco ou não se envolvem. Os benefícios

apontados são diversos, sendo destacados o desenvolvimento de habilidades e maior

envolvimento em atividades acadêmicas.

No mesmo sentido, Holt e Sehn (2008) descrevem que o sedentarismo e a

obesidade oferecem riscos não somente à saúde física, mas também levam ao baixo

desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Os autores atribuem importância à

participação dos jovens em atividades extracurriculares, dentre as quais destacam o esporte.

Os resultados positivos de participação no esporte também têm sido associados ao

desenvolvimento de habilidades sociais, como liderança, cooperação, e autoestima (CHOI et

al, 2015; TURNNIDGE; CÔTÉ; HANCOCK, 2014; CRONIN; ALLEN, 2015); à diminuição

de problemas sociais, como uso de drogas, tabaco e álcool (FRASER-THOMAS; CÔTÉ;

DEAKIN, 2005; GATZ; MESSNER; BALL-ROKEACH, 2002); a melhorias na condição de

saúde física, como redução de gordura corporal (HOTL; SEHN, 2008); além da própria

aprendizagem de habilidades motoras, servindo tanto para a continuidade da atividade física

na vida adulta, quanto para a formação da base de um atleta profissional (CÓTÊ;

STRACHAN; FRASER-THOMAS, 2008).

Apesar dos aspectos positivos supracitados, estudos também apontam para dois

paradoxos que precisam ser considerados. O primeiro é o fato de que o ambiente esportivo

nem sempre promove aprendizagens positivas, pois também pode apresentar efeitos negativos

(THEOKAS et al, 2008) associados a uma limitação na aprendizagem de habilidades,

principalmente as sociais (HOLT; SEHN, 2008). São indicadores dessa realidade os altos

índices de delinquência juvenil, de obesidade e de gravidez precoce que ainda persistem

(PETITPAS; CORNELIUS, RAALTE, 2008).

Anderson (2010), em estudo sobre o tema, aponta que a prática esportiva pode

estar associada a diversos fatores negativos, como: preconceito, violência, segregação de

gêneros e sacrifício por parte dos atletas, ocasionando altos índices de lesões e,

consequentemente, o abandono da prática precocemente.

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Para Holt e Sehn (2008), a competição é um dos elementos-chaves no ambiente

esportivo e pode contribuir tanto para a construção do caráter do participante quanto limitar o

desenvolvimento de suas habilidades, expondo-o a situações negativas de aprendizagem.

O segundo paradoxo está diretamente relacionado ao primeiro, pois apesar do

consenso que estabelece uma relação entre esporte e desenvolvimento humano, são poucos os

estudos que comprovam estes resultados (CRONIN; ALLEN, 2015; WITEHEAD; TELFER;

LAMBERT, 2013; CÓTÊ; STRACHAN; FRASER-THOMAS, 2008), ou seja, há certa

dificuldade dos autores em descrever os resultados positivos, obtidos por meio da prática

esportiva, pois estes questionam “a direção dos efeitos e o alcance da experiência no esporte

para o desenvolvimento positivo” Reverdito (2016, p. 67).

Se observarmos este ponto no cenário brasileiro, percebemos essa dificuldade na

medida em que são poucos os estudos que apresentam indicadores sobre os benefícios ou os

resultados dos programas esportivos federais ou estaduais. O que podemos encontrar

facilmente são os números de praticantes de determinada modalidade e os resultados em

campeonatos e jogos de cada time ou clube o que pouco ou nada contribui para a perspectiva

estudada.

É sobre este cenário de contrapontos que Melo (2007) faz uma crítica aos

discursos dos programas esportivos, sobretudo no Brasil, como se apenas a participação do

jovem fosse garantia para a redenção dos problemas da juventude. É preciso mais do que isso,

mais do que a simples participação, sendo igualmente relevante planejar as ações didáticas e

pedagógicas do contexto educacional.

No mesmo sentido, Reverdito et al (2016, p. 2) ao analisar uma série de estudos

sobre o tema, identifica que no nível Político, o desenvolvimento positivo de crianças e jovens

por meio da prática esportiva está mais associado “na crença generalizada do poder de

transformação do esporte que em evidências do seu alcance, sobretudo, por negligenciar

fatores socioestruturais”.

Dessa forma, a literatura sugere que é de responsabilidade da equipe técnica criar

um ambiente favorável ao desenvolvimento de crianças e adolescentes, mediante práticas

esportivas, já que o interesse desse público por tais atividades tem se revelado cada vez mais

intenso:

There appears to be nothing inherent about playing, competing, or knocking a ball

around that teaches adolescents positive values and skills. However, because we

know that a large percentage of the population of adolescents will be participating in

sports regardless of its prosocial value, it would seem both sensible and responsible

to create opportunities for prosocial development within an arena that occupies so

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much of our children’s time and thought (BRUNELLE; DANISH; FORNERIS,

2007, p. 43-44).

Assim, se o ambiente esportivo para crianças e adolescentes estiver associado a

uma prática organizada didática e pedagogicamente, há maior tendência de que o resultado

será benéfico aos participantes, reduzindo, sobremaneira, os impactos negativos que possam

ocorrer (MACHADO et al 2015; GONZÁLEZ et al, 2014; SCAGLIA; REVERDITO;

GALATTI, 2014; PETITPAS; CORNELIUS, RAALTE, 2008).

Assim, o potencial educacional do esporte pode estar diretamente ligado ao

ambiente pedagógico criado pelo professor/treinador, cabendo a ele controlar as variáveis que

podem influir positiva e/ou negativamente nesse processo. Trottier e Robitaille (2014)

afirmam que o treinador exerce uma grande influência na experiência do jovem, com o

esporte sendo um importante agente socializador nesse processo.

Visando diminuir os efeitos negativos da prática esportiva com crianças e

adolescentes, Fraser-Thomas, Cótê e Deakin (2005) propõem uma estratégia de organização

dos participantes em três fases diferentes, buscando evitar o problema da especialização

precoce, sendo elas: 1) Fase Generalizada, dos seis aos 12 anos ⸺ foco na ampla variação de

modalidades esportivas; 2) Fase de especialização, dos 13 aos 15 anos, em que

gradativamente o número da variedade de modalidades esportivas vai diminuindo; e 3) Fase

de Investimento, a partir dos 16 anos, quando deve incentivar a prática de apenas uma

modalidade esportiva, respeitando a escolha individual, com enfoque na prática deliberativa.

Neste contexto, as atividades são promovidas de acordo com o desenvolvimento

biopsicossocial dos alunos, com níveis de complexidades gradativas, em que a fase inicial

explora mais as atividades generalizadas e de base motora ampla, para que com o avanço nas

etapas as atividades sejam mais específicas, com níveis de complexidade maiores, tratando

mais do esporte praticado em si.

Cótê, Strachan e Fraser-Thomas (2008) apresentam uma proposta de prática

esportiva com base no modelo bioecológico de Bronfenbrenner, visando à relação Processo-

Pessoa-Contexto-Tempo. Sobre o Processo, os autores destacam a progressiva inversão entre

jogos deliberados e práticas deliberadas. Quanto aos jogos deliberados, os autores entendem

que se deve dar maior ênfase no início da infância, reservando-se à adolescência as práticas

deliberadas, de maneira a proporcionar na infância uma vivência mais livre e autodirigida.

Ainda sobre o processo, os autores destacam a variação de modalidades no contexto da

aprendizagem.

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Com relação à Pessoa, enfatizam a participação do aluno como produto e produtor

do contexto, sendo fundamental levar em conta as características individuais. No Contexto, os

autores destacam a questão do ambiente físico e as relações pertinentes a esse ambiente,

como: segurança, relação de apoio, inclusão, normas sociais positivas, envolvimento da

família. E, por fim, na dimensão Tempo, discute-se a organização do processo ⸺ como se

dará a construção temporal do processo de ensino, vivência e aprendizagem.

Também tendo como ponto de partida o modelo bioecológico, Lee e Martinek

(2013) apresentam sugestões sobre a transferência de valores aprendidos no campo esportivo

para a vida, a partir da interação dos quatro aspectos que são as bases do modelo.

Sobre a Pessoa, os autores destacam a importância de se levar em consideração as

necessidades e as características dos indivíduos. O Contexto deve fortalecer a ligação entre os

fatores que influenciam o desenvolvimento positivo da criança e do adolescente, como o

relacionamento familiar, escolar e na comunidade. O Processo deve facilitar a transferência de

aprendizagem, tendo clareza sobre a relação indissociável entre as habilidades físicas e as

habilidades para a vida. E, por fim, os autores apresentam a importância da relação

interpessoal como fator que pode influenciar no Tempo dessa aprendizagem. Relações

positivas contribuem para um resultado duradouro na participação e no envolvimento de todos

que atuam neste processo.

Theokas et al (2008) abordam sobre as lifes skills ou habilidades para a vida. Para

os autores, estas podem ser definidas como todas as habilidades que permitem as pessoas

terem sucesso em diferentes campos da vida, como escola, casa, vizinhança, comunidade,

podendo ser cognitivas, comportamentais, interpessoais ou intrapessoais. Assim, eles

defendem que apenas a participação em programas esportivos não garante a transferência

dessas habilidades para os demais campos da vida, sendo essencial a construção de um

programa esportivo que auxilie tal transferência, destacando para o programa denominado

SUPER: esportes unidos para promover educação e recreação.

O SUPER oferece aos alunos uma clínica com 18 módulos diferentes e três

atividades, com duração de 30 minutos cada: 1) aprendizagem de habilidades motoras

específicas de uma modalidade; 2) prática das habilidades físicas de forma geral; 3)

aprendizagem das habilidades para a vida, relacionadas a um determinado esporte.

O programa ainda destaca que, se o foco é a aprendizagem de habilidades para a

vida e para o esporte, a transferência dessas deve ser possível e, nesse sentido, são destacados

alguns pontos, dentre os quais: a) a criação de semelhanças entre os ambientes, pensando na

prática e na transferência dessas habilidades para outros cenários, b) a reflexão sobre a

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experiência vivida e c) o envolvimento de outras aprendizagens que sejam significativas à

vida dos praticantes.

Brunelle, Danish e Forneres (2007) apresentam os resultados de dois estudos

feitos com equipes de voleibol feminino e futebol masculino com a utilização da metodologia

do SUPER, de forma reduzida (oito módulos ao invés de 18) em uma escola na Grécia para

alunos de dez a 12 anos. O estudo contou com duas equipes em cada modalidade, sendo uma

utilizada como grupo controle e a outra recebeu a intervenção da metodologia. Ambos os

resultados indicaram que as equipes de intervenção nas duas modalidades obtiveram melhora

na auto percepção, na resolução de problemas e no pensamento criativo, além de melhorar as

habilidades motoras em relação as equipes controle.

Ainda sobre as habilidades para a vida, Choi et al (2015) destacam um ponto que

julgam ser fundamental nesse processo de aprendizagem e transferência, que é o

estabelecimento da relação de confiança e cuidado entre o adulto ⸺ professor/treinador e a

criança/adolescente participante.

Na perspectiva da Turnnidge, Côté e Hancock (2014), há dificuldades em se

perceber, no cotidiano, a transferência da aprendizagem, de habilidades adquiridas na quadra.

De maneira geral, os autores identificaram duas correntes de programas e estudos que

defendem maneiras de contribuir para essa transferência: explícita ⸺ em que as habilidades

são discutidas a partir de diferentes contextos, não somente o esportivo (como o SUPER) e a

implícita ⸺, indicando que os alunos primeiro devem aprender as habilidades no contexto

esportivo e que por serem semelhantes ao contexto vivido estas são automaticamente

transferidas para outros cenários. Os autores também indicam a pequena quantidade de

estudos nessa área para se ter uma conclusão mais específica sobre o assunto.

O Programa de Futebol para a Paz, apresentado por Lambert (2013), é destinado

às crianças e aos adolescentes judias e árabes. Tem como objetivo promover uma

oportunidade de contato social, compreensão mútua, compromisso com a paz e o

desenvolvimento das habilidades do futebol. São enfocados nesse programa cinco valores:

respeito, responsabilidade, equidade e inclusão, verdade e neutralidade. O programa apresenta

quatro fases em todas as aulas, sendo elas: Aquecimento, Fase de aprendizagem técnica, Fase

de Jogo e Volta à calma.

Em todas as fases da aula, os professores/treinadores promovem uma interação

entre os alunos por meio de jogos, buscando discutir com eles a relação entre as atividades e

os valores enfocados no programa.

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O programa Sport Education, apresentado por Siedentop, Hastie e Mars (2011),

desenvolvido desde a década de 1990, foi inspirado na proposta europeia de Esporte Para

Todos. De forma geral, seus objetivos são: desenvolver as habilidades motoras dos

praticantes, para que possam não somente praticar o esporte como lazer, mas também como

atletas; promover a continuidade da prática de atividade física durante a vida; e desenvolver

valores como liderança e responsabilidade.

Como metodologia de trabalho, destaca-se a organização dos alunos em grupos de

habilidades mistas, a aprendizagem e vivência de diferentes papeis pelos alunos para que

possam ter condições de gerir a própria prática, realização de registros de performance para

que os próprios alunos possam acompanhar sua evolução e a realização de festivais como

fechamento.

As propostas apresentadas até o momento indicam o ensino tanto das habilidades

motoras quanto das habilidades para a vida, ou de valores. Embora ainda exista dificuldade

em alguns estudos de quantificar a aprendizagem destas habilidades, todos defendem a

importância de propostas esportivas com base no ensino de habilidades motoras gerais e

específicas das modalidades esportivas, quanto de valores e modos de comportamento,

visando a formação do aluno de forma plena e significativa.

As propostas apresentadas até o momento evidenciaram um plano pedagógico que

busca promover o desenvolvimento dos aspectos motores e sociais, por meio da prática

sistemática das habilidades motoras e dos valores e modos de comportamento, aproximando-

se de uma proposta esportiva intencional (PAES, 2002; PAES; BALBINO, 2009;

MACHADO, 2012). Contudo, para avançarmos com relação aos conceitos da Pedagogia do

Esporte, um importante aspecto não foi trabalhado nos programas apresentados: o ensino das

questões históricas e culturais do esporte. Acreditamos que, numa perspectiva plural de

aprendizagem, visando a contribuir com a formação plena dos participantes, tendo como

consequência as diferentes formas de envolvimento com o fenômeno esportivo (atleta,

consumidor, profissional) é imprescindível que os debates conceituais façam parte das sessões

de aula/treino.

Para Machado, Galatti e Paes (2014, p. 419), o conhecimento sobre esses

elementos é fundamental para a formação do praticante:

Como influenciar a apreciação do esporte, o gosto pelo esporte, a ressignificação de

tais práticas se o aluno não conhece a trajetória, a evolução, o surgimento das

modalidades esportivas, de eventos esportivos internacionais, se não há

compreensão sobre o contexto das regras, sobre a influência da mídia?

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Em estudo feito com atletas de basquetebol, os autores verificaram a

superficialidade e equívocos no conhecimento da modalidade que praticam e a falta de

estímulo do treinador para a ampliação do mesmo e, em contraponto, verificou-se também o

interesse das atletas em conhecer parte da história da modalidade que treinam.

Nessa perspectiva são poucos os estudos que indicam o tratamento pedagógico do

ensino dessas questões, principalmente fora do contexto escolar. Destacamos, então, os

estudos de Machado, Galatti e Paes (2015), realizados em um projeto social que apresentam

as aprendizagens adquiridas indicadas pelos alunos, tanto em relação aos aspectos motores

quanto as habilidades para a vida e também os temas conceituais como história, relação com a

mídia, entre outros.

Cabe ainda refletir que, a partir de alguns debates realizados com os alunos sobre

o contexto histórico das modalidades esportivas e dos grandes eventos esportivos, pode-se

também discutir tanto sobre as questões motoras e físicas ⸺ tendo em vista que a evolução

das regras influencia diretamente na compreensão e vivência do jogo ⸺ quanto dos valores e

modos de comportamento, uma vez que podemos abordar sobre o aumento da participação da

mulher no esporte e o preconceito sofrido desde a reativação dos Jogos Olímpicos da

modernidade.

Isto nos mostra o quanto estes referenciais não são estanques, nem tão pouco

dissociados no contexto da aula. Ao contrário, devem fazer parte de uma proposta integrada

que leve em consideração o aluno em todas as suas dimensões.

Podemos inferir, portanto, que o esporte tem se apresentado ao longo do tempo

como importante fator de desenvolvimento social (BOSSIO, 2006; HOULIHAN; GREEN,

2006; SKILLE, 2009) e, assim, é reconhecido pela própria sociedade, pelos estudiosos do

tema e por políticos, independentemente do ambiente em que ele é praticado, como escolas,

clubes, ONGs e praças públicas (HOULIHAN, 1997; PAES, 2001; LLAMAS; SUARÉZ,

2004; BENTO, 2006; MACHADO et al, 2011; TUBINO, 2011; CÔTÉ; HANCOCK, 2014).

1.6 As Políticas Públicas esportivas para crianças e adolescentes: contextos e

perspectivas

Para McCree (2009), a última década do século XX pode ser caracterizada como

importante na transformação e na globalização do esporte contemporâneo. Um dos fatores que

demonstram isso é o aumento do interesse em políticas de esporte em diferentes países.

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Contudo, o autor concorda com Houlihan (2005), ao expor o contraste que se verifica entre

aquilo que os governos prometem como políticas públicas esportivas e o que efetivamente

realizam, não obstante reconhecerem a importância do esporte no combate de diversos

problemas sociais.

Fato é que a criança e o adolescente têm sido alvo de diferentes políticas públicas

com a principal intenção de promover seu desenvolvimento e bem-estar. Dentre as propostas,

a prática esportiva tem sido apresentada tanto como garantia de direito quanto como atividade

fundamental para contribuir com a formação do público em questão (REVERDITO, 2016;

CÔTÉ; HANCOCK, 2014; SKILLE, 2009; PAES, 2001; HOULIHAN, 1997).

Encontramos na literatura diferentes fatores que levam os governos a

estabelecerem metas e objetivos no setor esportivo e a construir políticas esportivas: melhoria

da condição de saúde da população, aumento na participação social, bem-estar, fortalecimento

da identidade nacional principalmente através das equipes de alto rendimento (LIPICER;

LAJH, 2013), além de promover a inclusão social e o auxílio no desenvolvimento de crianças

e adolescentes (CÔTÉ; HANCOCK, 2014).

Côté e Hancock (2014) apresentam uma perspectiva mais generalizada de como

deve ser pensada uma política de esporte para crianças até 13 anos de idade. Os autores

apontam a dificuldade dos governos em apresentar uma proposta de esporte que envolva ao

mesmo tempo a excelência e a participação, ou o que eles chamam de 3 Ps: Performance,

Participação e Desenvolvimento Pessoal. Nesta perspectiva, programas de esporte para

crianças e adolescentes podem e devem promover tanto o desenvolvimento das competências

motoras quanto manter altos índices de participação, bem como promover o desenvolvimento

das competências pessoais, como valores e modos de comportamento.

O equilíbrio entre a participação do aluno e a aprendizagem de modalidades

esportivas já tem sido um problema apresentado em estudos realizados em alguns projetos

sociais no Brasil. Zaluar (1994) e Hirama (2008) identificam que nestes cenários o esporte

muitas vezes tem um caráter puramente recreativo, não permitindo ao aluno uma

aprendizagem significativa em diferentes campos, inclusive no aspecto motor, faltando,

portanto, uma proposta delineada e uma intencionalidade pedagógica por parte do

professor/treinador.

Skille (2009) descreve sobre a Política Pública de esporte na Noruega ⸺

Programa Esporte da Cidade ⸺ desenvolvido em uma concepção de Esporte para Todos,

tendo foco de atendimento às crianças de 6 a 12 anos e aos adolescentes de 13 a 19 anos em

situação de privação social.

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Dois pontos desfavoráveis são destacados nos estudos de Skille (2009): 1) o

programa é do governo, mas é implementado por uma organização voluntária e, por vezes, os

interesses entre esses setores são distintos; 2) não há um planejamento direcionando as ações

do programa e as propostas são reiniciadas anualmente, sem relação com a anterior. Para o

êxito de uma proposta esportiva, dentre outros aspectos, destacamos para a continuidade da

proposta e, consequentemente, para o planejamento da mesma. Apesar das críticas, o autor

apresenta certo consenso dos estudos realizados de que o esporte é uma área que deve ser

apoiada pelas Políticas.

Houlihan e Green (2006) descrevem o processo de mudança de status tanto da

Educação Física escolar quanto do esporte escolar na Inglaterra e no País de Gales. Os autores

enfatizam que, entre as décadas de 1960 e 1970, estes eram relegados no contexto do ensino

secundário. Contudo, foi a partir da década de 1980 que esses temas tiveram destaque no

cenário de decisões políticas devido a quatro fatores:

I – Mudança de valores / crenças: não havia consenso entre os grupos que

debatiam sobre educação, educação física e esporte escolar. Contudo, teve maior destaque

aquele que defendia a relevância do esporte escolar e da Educação Física, como importantes

no alcance dos objetivos escolares, gerando certo interesse do Governo sobre o tema,

principalmente a partir da criação do Programa: Esporte, Juventude e Verdade.

II – Capacidade de lóbi: não havia um grupo organizado que conseguisse

influenciar as decisões políticas sobre as questões relacionadas ao esporte escolar e à

Educação Física. O destaque foi a participação de Sue Campbell como assessora de dois

departamentos do Governo.

III – Mudança na infraestrutura organizacional e na dependência de recursos: a

partir da criação do programa esporte juventude e verdade, observou-se que a Educação Física

e o esporte escolar realmente poderiam contribuir para a formação dos alunos e,

consequentemente, auxiliar o Governo a atingir seus objetivos políticos;

IV – A influência de pessoas: influência de Sue Campbell, sobre o Governo, para

que percebesse a importância do esporte escolar e da Educação Física, como instrumento

social e educacional.

Esse contexto levou à criação do Currículo Nacional de Educação Física, a partir

do qual Educação Física e esporte escolar se mantiveram como assuntos importantes na

agenda do Governo, aumentando inclusive o investimento nessas áreas (HOULIHAN;

GREEN, 2006).

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Ainda sobre o Reino Unido, também encontramos uma mudança no foco da

política de esporte em que a proposta de esporte generalista, para todos os grupos de

população, denominada de Sport for All, sofreu declínio, principalmente a partir da década de

90, quando a política esportiva passou a atender especificamente dois grupos: a) crianças e

jovens, com concepção de promover o cidadão ativo, através do investimento social; e b) foco

nos atletas profissionais com vistas ao aumento de medalhas e troféus nos eventos olímpicos

(GREEN, 2006).

Houlihan e Lindsey (2013) também apontam a década de 1990 como importante

para o esporte no Reino Unido e destacam dois fatores para a mudança de prioridade na

política de esporte: a) a introdução da Loteria Nacional, em que parte do dinheiro arrecadado

passou a ser designada ao esporte de alto rendimento e b) a publicação do documento Sport:

Raising the Game, que destacou o esporte escolar (para crianças e adolescentes) e o esporte de

alto rendimento, ignorando o esporte para a comunidade.

Na região da Catalunha, a Lei do Desporto de 2003 determina que os municípios

devam promover de forma geral atividades esportivas em todo território, em especial no setor

escolar, bem como fomentar atividades esportivas extracurriculares, estimular a utilização dos

equipamentos existentes nos municípios, entre outros (CALVET, 2015). Em investigação

realizada na região, a prioridade tem sido o esporte em idade escolar e a menor prioridade é

dada ao esporte como hábito de saúde.

A Política de esporte no Chile começou a ser desenvolvida principalmente a partir

de 2001, com a promulgação da Lei de Esporte, estabelecendo três propósitos de ação do

Estado: a) fomentar a prática de atividade física entre a população, visando a diminuir os

índices de sedentarismo; b) fortalecer associações de caráter esportivo; e, por fim, c) aumentar

o apoio ao esporte profissional (VILACHES; PACHECO, 2014). Segundo os autores, tais

focos se estabeleceram pelos problemas identificados no país, pois, embora a população

chilena reconheça o esporte como importante fator social, ela se destaca por ser uma das

populações mais sedentárias do mundo, além do país carecer de êxitos esportivos no alto

rendimento.

As propostas expostas apresentam três temas envolvendo as Políticas de Esporte:

a) Esporte Profissional – cuja preocupação central é o fortalecimento da nação por meio das

práticas esportivas; b) Esporte para todos – com foco na pulverização de práticas esportivas

entre a população como forma de lazer e saúde; c) Esporte infanto-juvenil – com a finalidade

de utilizar o esporte como ferramenta para o desenvolvimento bio-psíquico-social de crianças

e adolescentes.

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Houlihan e Lindsey (2013) apontam também para três temas esportivos no cenário

das Políticas Públicas, os quais eles denominaram de: Esporte de elite – relacionado ao

esporte de alto rendimento; Esporte para a comunidade – voltado à toda população; e Escola

de esporte – para a juventude.

Se compararmos essas propostas com o cenário brasileiro, vemos também três

áreas definidas de acordo com as Leis esportivas vigentes: o esporte educacional – voltado

para crianças e adolescentes, o esporte de participação – para toda a comunidade e o esporte

de alto rendimento, focado no esporte profissional (BRASIL, 1998).

Contudo, a maneira como essa classificação é apresentada na Lei, seria ela

suficiente para traçar as Políticas Públicas de Esporte no Brasil? Quais expectativas, metas,

objetivos a serem alcançados em cada área esportiva? Quais propostas na área do esporte

educacional? Quais propostas específicas para o esporte na ETI?

Tendo em vista o constante aumento da verba investida por empresas, por meio da

Lei de Incentivo ao Esporte em programas sociais, para a implementação de projetos em

esporte educacional, passando de quase R$ 3.500.000,00 no ano de 2007 para pouco mais de

R$ 50.000.000,00 no ano de 2014, (BRASIL, 2014), torna-se fundamental compreender e

discutir as diretrizes apontadas pelas leis esportivas vigentes no país, a fim de tentar alcançar

os objetivos propostos no cotidiano das aulas.

1.7 Políticas Públicas de esporte no Brasil: tendências para o esporte

educacional

Nosso interesse é discutir o esporte no Brasil em uma perspectiva contemporânea,

analisando as leis esportivas vigentes e os estudos que já se propuseram a tal tarefa. Por esta

razão, não nos atentaremos a apresentar as leis e propostas obsoletas.

Partiremos nossa análise da Constituição Federal (CF) de 1988, porque, por meio

dela, o esporte foi institucionalizado, ganhando status de direito social, como previsto em seu

artigo 217: “É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como

direito de cada um” (BRASIL, 1988).

Práticas esportivas formais podem ser consideradas como aquelas voltadas às

competições de alto rendimento (CARVALHO, 2013), principalmente por se caracterizarem

por regras rígidas e necessitarem de infraestrutura específica para acontecerem. Já as práticas

esportivas não formais podem ser desenvolvidas em diferentes cenários, não necessitando da

mesma rigidez das regras, nem das mesmas tecnologias em relação ao espaço e aos

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equipamentos, e assim podem ser dirigidas a diferentes personagens, como crianças,

adolescentes, idosos, deficientes, em significados diferentes, como o lazer, a saúde, a estética,

a educação.

Dando continuidade às proposições da CF, destacamos a observação feita no item

II do mesmo artigo: “a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do

desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento”

(BRASIL, 1988).

Embora a previsão de investimento financeiro fosse prioritariamente ao esporte

em seu caráter não formal, estudos apontam que, na prática, mesmo com o aumento do valor

investido no setor esportivo no Brasil nos últimos anos, o maior aporte financeiro sempre

ficou a cargo do esporte formal (ATHAYDE; MASCARENHAS; SALVADOR, 2015;

SILVA; BORGES; AMARAL, 2015; BUENO, 2008).

Para Galindo (2010), é papel do gestor público (federal, estadual e municipal)

equilibrar as formas de gasto entre as diferentes manifestações esportivas, proporcionando

uma integração entre diversos setores públicos, como a educação, a saúde, a ação social e a

cultura.

A partir da promulgação da CF, outras leis também abordaram a questão do

esporte em seu caráter não formal, reafirmando tanto o status de direito, quanto seu

oferecimento no âmbito das Políticas Sociais, principalmente no contexto da criança e do

adolescente.

Como um dos exemplos, destacamos o ECA, já apontado anteriormente, prevendo

o acesso ao esporte como um direito da criança e do adolescente (BRASIL, 1990) e a Lei de

Diretrizes e Bases da educação, 9394 de 1996, em sua 13ª edição, promulgada em 2016, ao

afirmar que o currículo na escola deve, dentre outras questões, promover o esporte

educacional em seu caráter não formal (BRASIL, 1996), representando, para Nogueira (2014)

a consolidação do esporte como direito cidadão.

No âmbito esportivo, seguindo a CF, tivemos a Lei 8672, de 1993, conhecida

como Lei Zico, que estabeleceu as três dimensões esportivas, a saber: educacional,

participação e rendimento (BRASIL, 1993b). Tendo em vista a revogação da referida lei,

trataremos especificamente da lei que se seguiu, a 9615 de 1998, conhecida como Lei Pelé,

vigente até os dias atuais.

O capítulo dois desta lei estabelece alguns princípios fundamentais sobre o

esporte, a partir da compreensão deste como direito individual. Destacamos os princípios

contidos nos itens V, VIII e IX, por tratarem respectivamente sobre: a) o direito social da

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prática esportiva, sendo função do Estado fomentá-la tanto no âmbito formal quanto não

formal; b) a educação voltada ao pleno desenvolvimento do praticante; e c) a qualidade,

visando resultados esportivos, educativos e nos âmbitos da cidadania e do desenvolvimento

físico e moral (BRASIL, 1998).

Seguindo, o terceiro capítulo estabelece sobre a natureza das atividades

esportivas, destacando três manifestações:

I - desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas

assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de

seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do

indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer; II -

Desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as modalidades

desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos

praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na

preservação do meio ambiente; III - desporto de rendimento1, praticado segundo

normas gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais,

com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e

estas com as de outras nações (BRASIL, 1998).

Embora Oliveira et al (2011) defendam a referida lei como a mais completa,

versando sobre a questão esportiva do país, pensamos, todavia, que ela não oferece subsídios

suficientes para o trato com o esporte, principalmente em sua natureza educacional, sendo

portanto, incompleta e superficial.

Ora, apenas apontar que o esporte educacional pode ser oferecido dentro e fora da

escola e que este não visa à seleção dos melhores alunos não quer dizer que a Lei indique os

caminhos pedagógicos necessários para se atingir tal proposta. Se os princípios supracitados

visam, dentre outros aspectos, à educação e ao alcance de resultados positivos em diversos

âmbitos, seria fundamental que houvesse uma indicação de um plano ou uma proposta que

direcionasse essas ações pedagógicas.

Destacamos, ainda, que outros significados possam ser incorporados à natureza

educacional do esporte, como a formação de atletas, a saúde, o lazer ou a socialização

(GALATTI, 2010). De acordo com o cenário de ensino e com os respectivos objetivos,

diferentes ênfases podem ser dadas à prática. Se, em um clube, além do aspecto educacional,

há também perspectivas de formação de atletas, em programas sociais a ênfase pode ser dada

também ao lazer e à socialização, o que ratifica a importância de se estabelecer melhor o

formato do oferecimento do esporte educacional.

1 Trataremos neste estudo como esporte de alto rendimento.

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Neste sentido, entendemos que o esporte educacional é uma das manifestações

esportivas cuja principal finalidade é promover situações intencionais de ensino, vivência e

aprendizagem, voltadas ao pleno desenvolvimento dos participantes, sejam crianças, jovens

ou adultos, em qualquer cenário educacional, de modo a propiciar aprendizagens no campo

motor, social, cognitivo e cultural, tendo como principal foco o aluno, seus interesses e

características incentivando-o a praticar, a gostar e a ressignificar a prática esportiva.

Atualmente, como concretização da política de esporte educacional no Brasil,

temos o Programa Segundo Tempo (PST), implementado a partir de 2003, como continuidade

à proposta do Esporte Solidário (REVERDITO et al, 2016) tornando-se, de acordo com

Matias (2013) o principal produto do Governo já implementado no Brasil no âmbito do

esporte educacional.

O programa tem como proposta democratizar a prática e a cultura esportiva,

visando à formação integral dos participantes (BRASIL, 2007), atendendo mais

especificamente a população em situação de vulnerabilidade social (SILVA; BORGES;

AMARAL, 2015). Apesar da expectativa de atendimento do PST, Matias (2013) e Reverdito

et al (2016) demonstram que quase 50% do investimento financeiro dos núcleos foram

destinados à região sudeste do país e somente 6% destinados à região norte. Segundo Matias

(2013):

Desde a escolha dos parceiros na formalização até a seleção das localidades e

beneficiados a serem atendidos pelo programa são realizados processos de exclusão.

Isto demonstra o processo de seleção e focalização da política em detrimento do

próprio princípio anunciado de universalização (MATIAS, 2013, p. 10).

Ainda segundo Reverdito et al (2016), apesar da proposta de atendimento do PST

ser direcionada à crianças e jovens em maior situação de vulnerabilidade social,

aproximadamente 60% dos municípios que conseguiram adesão ao programa possuíam

melhor IDHM, contradizendo a proposta inicial.

Ainda sobre a questão do investimento financeiro, segundo Athayde (2011) e

Matias (2013), embora o maior repasse de recursos programados da União fosse destinado ao

PST, os gastos do Governo não correspondem a tal dinâmica.

O protagonismo dado ao PST no primeiro mandato do governo Lula fez parecer que,

pela primeira vez na história deste país, o direito ao esporte finalmente seria

implementado, com destinação de recursos públicos, prioritariamente, para o esporte

educacional em relação às demais manifestações esportivas, especialmente ao

esporte de alto rendimento. Contudo, a entrada da esfera federal na organização dos

Jogos Pan Americano de 2007 na cidade do Rio de Janeiro não deixou dúvidas de

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que os sinais dados pelo governo para a criação de uma política “universal” de

esporte aos poucos foi ficando de lado ou conciliada aos valores e anseios do “clube

FIFA” e dos “Senhores dos Anéis” (MATIAS, 2013, p. 13 – 14).

Apesar da tentativa inicial do Governo em sustentar e priorizar uma política

esportiva educacional no país, o foco continuou sendo do esporte de alto rendimento, tal como

ocorreu nos governos anteriores (SILVA; BORGES; AMARAL, 2015; MATIAS, 2013;

ATHAYDE, 2011; BUENO, 2008), indo de encontro às proposições da CF quando esta se

refere à prioridade da oferta do esporte não formal.

Tendo em vista a dificuldade do Governo em sustentar o PST, atualmente ele é

executado por parcerias entre o Governo Federal e as instâncias estaduais, municipais, ONGs

e demais entidades públicas e privadas sem fins lucrativos. Tal situação, segundo Melo

(2007), coloca em risco a continuidade do programa, pois depende da possibilidade e do

interesse da gestão na sua renovação. Por essa razão, muitos projetos funcionam durante um

curto período de tempo, não havendo continuidade no processo e, por consequência,

prejudicando o atendimento das crianças e adolescentes matriculados.

Talvez também isso justifique melhor os apontamentos feitos por Matias (2013)

com relação ao atendimento do PST ser 50% maior nas grandes áreas urbanas do que em todo

o restante do país, tendo em vista a visibilidade destas regiões e a existência de empresas co-

financiadoras do programa.

Essa parceria no setor esportivo entre Governo Federal e entidades privadas sem

fins lucrativos pode ser percebida também mediante a Lei de Incentivo ao Esporte, que visa a

abater certa porcentagem do imposto de renda tanto de pessoas físicas quanto jurídicas para

repassar às instituições que concorrerem no edital (BRASIL, 2006).

O apoio pode ser dado nas três esferas do setor esportivo. Nesse caso, para Melo

(2007, p. 24), o papel do Ministério passa a ser “como uma espécie de banco de projetos, onde

a função limita-se a estabelecer regras e financiar os projetos, colhendo os resultados

positivos e distanciando-se dos negativos”.

Silva, Borges e Amaral (2015, p. 73) concluem que o esporte deixa de ser um

direito do cidadão e passa a ser apenas um serviço oferecido: “Dessa forma, foi possível

verificar que não existe indicativo que o Ministério do Esporte tem desenvolvido políticas

sociais orientadas pela ótica da materialização dos direitos legalmente reconhecidos”,

principalmente pelo fato de os cidadãos ficarem dependentes do mercado e da disputa de

interesses (ATHAYDE, 2009; MELO, 2007).

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Beraldi et al (2011) apontam que, devido à falta de investimento no setor

esportivo, mais especificamente na promoção do esporte educacional, há abertura de

propostas esportivas junto ao Terceiro Setor, criadas principalmente a partir de empresas

privadas.

Machado (2012) também aponta o crescente número de projetos sociais que têm o

esporte como um dos seus principais conteúdos, desenvolvidos com crianças e adolescentes,

tendo principalmente como proposta a promoção da formação humana e o desenvolvimento

da autonomia. A mesma autora relata que a década de 1980 foi marcante para a consolidação

destes projetos.

Desde então, diversos projetos sociais, programas esportivos, ONGs surgem na

sociedade no intuito de fomentar a prática esportiva em uma perspectiva educacional para o

público em questão, atendendo principalmente a população em situação de risco pessoal e

social.

Reafirmamos também que, devido às discussões de acadêmicos e influentes da

área do esporte, defendendo-o como ferramenta educacional e não somente como proposta do

alto rendimento, é que este passou a ser conteúdo recorrente nas organizações do Terceiro

Setor, reforçada pela possibilidade de pedagogizar um dos fenômenos que mais chamam a

atenção de crianças e adolescentes. Assim, as entidades manteriam as metas de público,

educacionais e de formação esportiva.

Embora essas ações tenham se eclodido a partir da década de 1980 e 1990, não

ficaram presas ao passado. Ao contrário, mesmo com a mudança de Governo a partir do ano

de 2003 e com algumas reformulações no setor esportivo, o Terceiro Setor continuou

ganhando forças, principalmente porque os investimentos continuaram sendo maior ainda no

setor de alto rendimento, como indicado por Bueno (2008), ao demonstrar que no período

entre 2003 e 2008, 64% do orçamento destinado ao esporte no país foram gastos com o alto

rendimento e somente 14,2% com o esporte educacional. O autor ainda destaca que a maior

parte dos gastos com o esporte de alto rendimento, no período mencionado, foi para a

preparação e a realização do Pan-Americano no Rio de Janeiro em 2007.

Embora não seja objetivo deste estudo discutir os legados deixados por esse

megaevento, cabe destacar que, na área social, a maior parte do prometido pelo Governo não

foi cumprida (DONHA; BONIN; MAOSKI, 2011).

Temos novamente, e talvez de forma mais acentuada, é o fortalecimento das ações

das ONGs e do Terceiro Setor no país, principalmente após a Lei de Incentivo ao Esporte. Um

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dos focos previstos nessa lei foi o fomento de práticas esportivas em regiões de

vulnerabilidade social, visando à promoção da inclusão social.

Segundo relatório da Gestão da Lei de Incentivo ao Esporte do ano de 2014,

foram captados R$ 254.075.000,00 de reais para promoção do esporte nas três manifestações,

sendo 26% deste valor destinado ao esporte educacional, correspondendo, aproximadamente,

a pouco mais de R$ 66.000.000,00 de reais (BRASIL, 2014). Este valor é quase semelhante

ao gasto pelo Governo durante a gestão de 2003 a 2008, fortalecendo mais ainda o que temos

defendido neste estudo de que as manifestações esportivas na área educacional são mais

incentivadas pelo Terceiro Setor do que pelo Governo, pois esse ainda concentra-se mais no

esporte de alto rendimento. Segundo o mesmo relatório, cerca de 15% do valor arrecadado

foram investidos em ONGs e 26% em Institutos.

Embora, nos dois últimos anos, 2013 e 2014, a quantidade de entidades aprovadas

para captação de verba em esporte educacional tenha diminuído, o valor arrecadado ao longo

dos anos tem aumentos consideráveis, conforme a tabela seguinte.

Tabela 1: Valores captados para o esporte educacional a partir da Lei de Incentivo ao Esporte

ANO VALOR CAPTADO Nº DE ENTIDADES

2007 R$ 3.245.266,99 195

2008 R$ 10.865.641,34 168

2009 R$ 21.678.639,39 218

2010 R$ 29.957.778,21 314

2011 R$ 35.133.077,15 430

2012 R$ 39.982.383,83 605

2013 R$ 47.477.443,55 438

2014 R$ 50.053.932,00 328

Fonte: Ministério do Esporte – Lei de Incentivo ao Esporte (BRASIL, 2014).

Pelo aumento anual do valor investido, fica claro que o Governo tem cada vez

mais incentivado a promoção do esporte educacional por meio da intervenção de instituições

e, de acordo com a política neoliberalista, a este cabe apenas o papel de mediar, deixando de

propor, intervir e/ou acompanhar as propostas elaboradas.

Contudo, se existe no país apenas uma Lei que regulamenta o repasse de verbas,

mas não estabelece critérios, diretrizes, normas, que servem como orientação didático-

pedagógica e administrativa a tais instituições, ou ainda se não existe um acompanhamento

sistemático por parte do Governo sobre as ações de esporte desenvolvidas nestas, como de

fato saber sobre as atividades que são desenvolvidas nessas instituições? Ou, ainda, como

saber se as ações propostas estão direcionadas ao esporte educacional na prática?

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A falta de organização legal no país evidencia a falta de preocupação na arena

política com o esporte em sua configuração educacional, ao contrário do que se estabelece no

esporte de alto rendimento, no qual temos as maiores regulamentações da prática esportiva.

Assim, encontramos no país um cenário de conflito de interesses e ideologias

sobre o esporte educacional, que vem sendo marcado principalmente a partir da década de

1980. Este passou a ser alvo de mercado (devido aos investimentos de diversas empresas na

área), de marketing político (propostas esportivas para as camadas menos favorecidas

passaram a ser alvo de propagandas políticas), de disputa (pelo financiamento dos projetos –

as ONGs precisam cada vez se especializar na área de captação de recursos) e de formação

pedagógica (estudiosos da área, expectativas das Políticas Públicas e das ONGs).

Dentre as diferentes manifestações do esporte educacional, temos o esporte na

escola em Tempo Integral, que deve possuir uma roupagem diferenciada à Educação Física

escolar e vem sendo discutido desde a década de 2000, contudo de forma descontextualizada e

sem direcionamento adequado. Por se tratar de uma proposta política no cenário da educação

e do esporte, antes de aprofundarmos sobre o tema, apresentaremos alguns conceitos básicos

sobre Políticas Públicas, suas fases para a consolidação de uma proposta para então relacionar

os principais assuntos desta pesquisa: Políticas Públicas, Escola em tempo integral e esporte

educacional.

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CAPÍTULO 2: O CONTEXTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E A

INTERRELAÇÃO ENTRE A ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL E AS PROPOSTAS

ESPORTIVAS EDUCACIONAIS

2.1 Políticas Públicas: considerações iniciais

A fim de melhor compreender a relação entre os principais temas deste estudo,

Políticas Públicas e o Esporte na escola em tempo integral, faz-se necessário compreendermos

sobre a Política Pública, sobretudo no Brasil, para então estabelecermos uma relação entre os

temas apresentados, visto que esta relação é o principal objeto desta tese.

Para compreender o significado de Política Pública (PP), segundo Lamounier

(19--?), é necessário levar em consideração dois aspectos: a) entender tanto sua dimensão

administrativa, com a finalidade de verificar a eficiência dos resultados alcançados; b) quanto

sua dimensão social ao reconhecer que a PP é também uma maneira de intervir na sociedade.

Portanto, para o autor, remete-se tanto ao eixo administrativo, no sentido de

compreender os processos que envolvem todas as etapas de uma PP, quanto ao eixo social, na

medida em que os resultados dessa Política geram impactos profundos na sociedade, em

diferentes setores, como: econômico, social, educacional, de transporte, moradia, entre outros.

De certa forma, tais impactos relacionam-se com as etapas desta Política. Assim,

concordamos com Silva e Pedone (1988), quando afirmam que o processo de PP é circular,

dinâmico e não linear.

Não cabe uma definição específica sobre PP, mas sim apresentar alguns

conceitos que auxiliam a compreender inclusive essa dinâmica de relações. Apesar das mais

diversas definições sobre PP, partiremos das concepções de Silva (2014), Gottemes et al

(2013), Cavalcanti (2007), Souza (2006; 2003) e Villanueva (1996) por relacionarem às

decisões e as ações realizadas por determinada instância política ao impacto sobre

determinada população, gerando mudanças, sejam elas positivas ou não.

As mudanças sociais ocorridas principalmente nos países em desenvolvimento

econômico, sobretudo aquelas advindas de uma política de restrição do Estado sobre os

problemas sociais, por meio de cortes de programas, diminuição de benefícios às pessoas em

maior situação de risco (PIANA, 2009) levou a um crescente aumento nos estudos sobre

Políticas Públicas (BRASIL, 2013; TREVISAN; BELLEN, 2008; SOUZA, 2006;

ARRETCHE, 2003). Romanini (2013) também atribui aos fracassos das PP nas últimas

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quatro décadas, o aumento do interesse em estudos nessa área, com a finalidade de entender

principalmente o processo da implementação.

Assim, enquanto área de estudos, as PP são as mais recentes das Ciências

Políticas (AGUDELO; ÁLVAREZ, 2008) e referem-se aos resultados das produções dos

sistemas políticos, no qual pretende compreender como e porque os governos optam por

implementar determinadas ações (SOUZA, 2006; FREY, 2000).

Dito de outra forma, o estudo na área de Políticas Públicas visa compreender o

Estado em ação e sua relação com a sociedade (SOUZA, 2006; AGUDELO; ÁLVAREZ,

2008). Para Frey (2000), as pesquisas, além de compreender e conhecer sobre os planos,

programas ou projetos desenvolvidos e implementados pelos governos, devem ainda analisar

as inter-relações existentes entre as Políticas Públicas, os processos e os conteúdos políticos.

Apesar da dificuldade apontada pelos autores em definir Políticas Públicas,

devido, principalmente, à abrangência do tema (SOUZA, 2003; 2006; VERONEZ, 2005;

BRASIL, 2013), encontramos na literatura alguns estudos que buscam sua conceituação.

As Políticas Públicas podem ser definidas como a maneira de atuação do

Estado frente às necessidades e capacidades da sociedade. Há sempre um contexto ideológico

envolvendo tais práticas, que nem sempre é percebido por causa da heterogeneidade e da

assimetria social existentes (ALCÁZAR, 1999). Essas ações estão voltadas a setores

específicos da sociedade, porém, conforme apontado por Höfling (2001), a implementação e

manutenção destas políticas não se restringem somente ao Poder Público, podendo envolver

também agentes privados que estejam identificados com a PP a ser implementada.

Nesta mesma perspectiva, Salomon (2002) aponta a importante articulação

entre o Estado (que possui maior capacidade em arrecadar recursos necessários para

implementação da PP) e o setor privado ou Terceiro Setor, por possuir maior capacidade para

produzir e entregar bens e serviços à sociedade. Souza (2003) também reconhece a

participação de outros setores sociais, como grupos de interesses, movimentos sociais e

agências multilaterais. Tais participações podem ter graus diferentes de influência. Contudo,

segundo a mesma autora, isso não diminui ou limita a capacidade de decisão e de formulação

de Políticas Públicas do Governo.

Velásquez (2001) entende que as Políticas Públicas são ações concretas do

Estado e que elas expressam uma relação de harmonia entre o Estado e a sociedade, visando a

solucionar questões que impedem o pleno exercício da cidadania. Assim, Cavalcanti (2007)

aponta que estas deveriam ser consideradas como:

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57

[...] resultado da atividade de um poder público frente a um problema ou a um

determinado setor que produz efeitos sobre os atores envolvidos com a mesma.

Mesmo sendo o Estado o agente primordial na consecução de políticas, a tomada de

decisão que as origina não é solitária, uma vez que envolve atores que ocupam

posições bastante diversas na sociedade (CAVALCANTI, 2007, p. 21).

Os programas em PP exercem influência direta na sociedade, seja ela positiva

ou não (MAGGIOLO; PEROZO MAGGIOLO, 2007) e que, de certa forma, buscam ao

mesmo tempo analisar as ações do Governo e colocá-lo em prática, na medida em que

mudanças são propostas a partir das PP implementadas (SOUZA, 2003; 2006).

Apesar da compreensão das PP, como a intervenção do Estado com a

finalidade de atender as demandas, necessidades ou interesses sociais, Veronez (2005, p. 71)

indica que as PP também visam a “manter as condições de estabilidade adequadas a fim de

garantir a produção e a reprodução social”. Para o autor, essas políticas podem se efetivar por

meio de ações direcionadas a um setor específico, como educação, esporte, cultura e saúde.

Embora haja similaridade entre os conceitos de Políticas Públicas, Gavilanes

(2009) afirma que algumas definições são por vezes falhas e não conceituam o fenômeno de

fato como é. Para o autor, algumas definições são muito específicas, não considerando

fenômenos importantes para a consolidação de um conceito sobre o termo, ou incompletas,

não levando em consideração todos os elementos que compõem uma Política Pública, ou

ainda por serem muito generalizadas e incompletas acabam incorporando definições que não

são Políticas Públicas de fato. O autor conclui que as Políticas Públicas são um processo que

integra decisões, ações, acordos estabelecidos pelas autoridades, podendo ter participação

popular que visam a solucionar ou prevenir determinado problema, com a intenção de

modificar ou manter essa realidade.

Diante dos conceitos apresentados, podemos compreender as Políticas Públicas

como uma sequência continuada de fatos envolvidos numa dinâmica entre decisões, causas e

consequências que buscam analisar indicadores e feedbacks a fim de formular ações no

sentido de manter, transformar ou ainda potencializar os resultados alcançados ou não, no

mundo real. Estas ações podem ter participação direta ou indireta dos setores da sociedade

civil e são transformadas em leis, propostas, projetos e programas nos diferentes campos de

atuação, como saúde, moradia, transporte, educação. A figura 4 apresenta um resumo sobre o

conceito apresentado.

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Figura 4: Conceito sobre Políticas Públicas

Tendo em vista que o resultado das Políticas Públicas é uma ação transformada

em programa, plano, projeto ou Lei, torna-se fundamental compreendermos quais são as fases

para sua elaboração, uma vez que tais fases são interativas e, de certo modo, interferem nos

resultados obtidos (BARBOSA, 2010).

A compreensão dessas fases terá como referencial a escola em tempo integral e

o esporte. Nesse contexto, visto que são os principais objetos de estudo dessa tese e, desse

modo, serão debatidos de forma articulada com os conceitos de Políticas Públicas.

2.2 O ciclo das Políticas Públicas e o contexto da escola em tempo integral

A consolidação de uma Política Pública vai além da implementação de sua

proposta. Os autores têm defendido diferentes fases que compõem este ciclo e estas são

marcadas por suas especificidades e também por dificuldades que levam à consolidação ou

não da PP (VIANA, 1996; SARAIVA; FERRAREZI, 2006; SOUZA, 2006; BARBOSA,

2010; ROMANINI, 2013; SIMAN, 2015).

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Apesar da falta de consenso sobre o número de fases para a consolidação da

PP, podemos identificar quatro etapas principais que devem ser entendidas em um contexto

interativo e de relação mútua (BARBOSA, 2010).

Siman (2005) aponta que algumas variáveis podem interferir na PP durante a

execução de suas etapas, tendo em vista que as PP se definem por uma série de políticas

interligadas. Compreender essas etapas é fundamental para que os erros sejam minimizados,

levando ao êxito da PP implementada.

Destacaremos a seguir quatro etapas das PP encontradas nos estudos de

Romanini (2013), Saraiva e Ferrarezi (2006) e Viana (1996): formulação da agenda,

elaboração da proposta, implementação e acompanhamento e avaliação, integrando-as ao

contexto da escola em tempo integral no Brasil. Nosso esforço será de dialogar com as teorias

das Políticas Públicas de forma prática tendo como cenário a escola em tempo integral.

1 – Formulação da agenda:

A formulação da agenda é identificada como a primeira etapa da PP, pois a

partir dela as demais decorrem. Esta parte do reconhecimento de um problema pelo

Governo/Estado a partir de diferentes indicadores, como a sociedade, o mercado, a sociedade

civil, dentre outros. Este, quando incluído na agenda de decisões, recebe o status de problema

político e passa a fazer parte do cenário de debates e decisões políticas (VIANA, 1996;

SARAIVA; FERRAREZI, 2006). Para Siman (2005), a influência de diversos setores e

grupos é fator relevante para a inclusão de demandas na agenda do Governo.

Compreender a agenda política é indagar porque certos assuntos fazem parte

do cenário de decisões políticas e outros, por mais que sejam identificados como problemas,

não são incluídos na arena de decisões.

Rua (1988) aponta que existem três tipos de demandas: as novas – aquelas que

possuem novos atores políticos ou que são compostas por novos problemas sociais; as

recorrentes – aquelas que expressam problemas que foram mal resolvidos e continuam

necessitando de atenção; ou reprimidas – caracterizadas pelas demandas que não chegam a

fazer parte do sistema político. Diante das análises feitas sobre a escola em tempo integral e

sobre o esporte educacional e da recorrência destes assuntos nas Agendas Políticas,

entendemos que estes se configuram como problemas recorrentes, tendo em vista que são

debatidos desde o início do século XX até os dias atuais, o que ratifica a importância deste

estudo.

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Para Kingdon (2003) as agendas Públicas são formuladas a partir da

confluência de três fluxos distintos e relativamente independentes: (1) Problem Streams –

fluxo de problemas; (2) Policy Streams – fluxo de soluções; e (3) Politices Streams – fluxo

das Políticas.

Assim, Gottems et al (2013) e Gottems e Pires (2013) apontam que a

formulação da agenda passa pelo seguinte processo: a) reconhecimento ou surgimento de um

problema pela sociedade de maneira geral; b) existência de alternativas para conceituá-lo e c)

existência de um contexto político favorável ao desenvolvimento das ideias.

O fluxo dos problemas busca responder os seguintes pontos: como as questões

são identificadas como um problema? Como estes passam a fazer parte da agenda do

Governo? (BRASIL, 2013; GOTTEMS et al, 2013). Segundo Vicente (2014), os problemas

são identificados por indicadores sistemáticos e não por força política. Dentre estes, podemos

destacar os indicadores sociais – marcados por indicativos como obesidade infantil,

marginalidade juvenil, índice de analfabetização; ocorrência de crises e eventos e, pelo

feedback do monitoramento sobre o orçamento público (PERDICARIS, 2009; GOTTEMS et

al, 2013).

Ao olharmos para o contexto da escola em tempo integral, podemos identificar

diferentes indicadores sociais que marcam a urgência da ampliação da permanência da criança

e do adolescente na escola, dentre os quais destacamos: o baixo rendimento escolar, a

preocupação com a formação integral de crianças e jovens e a necessidade de proteção destes

uma vez que a jornada de trabalho da família tem se intensificado nas últimas décadas

(VASCONCELOS, 2012).

O fluxo das soluções é composto pelas ideias e nem sempre está relacionado a

um problema específico. Perdicaris (2009) aponta que muitas vezes são soluções em busca de

um problema. Ocorre no cenário das comunidades políticas e pode ser formado por diferentes

tipos de profissionais. Segundo Bunner (2008), as ideias devem satisfazer alguns critérios,

sendo tecnicamente viáveis e relacionadas aos valores da sociedade.

No mesmo sentido, Brasil (2013) afirma que as ideias viram cenário de disputa

política e aquelas que parecem mais viáveis, providentes de certos padrões como

confiabilidade técnica, aceitabilidade e compatibilidade com os ideais vigentes da sociedade,

recebem maior destaque. O resultado final dessa disputa é a inclusão ou exclusão de

determinadas propostas na lista das alternativas para a agenda do Governo.

Por fim, o fluxo de decisões é o que determina se um problema entra ou não na

agenda do Governo. Para tal, três elementos são levados em consideração: o clima Nacional /

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Opinião Pública; as forças políticas organizadas (partidos políticos, legislativo, executivo) e a

Mudança do Governo, especialmente as que ocorrem no início do Governo, em que o mesmo

busca solucionar os problemas deixados pela gestão anterior (BRUNNER, 2008;

ZAHARIADIS, 2003).

Kingdon (2003) defende que a confluência desses três fatores abre o que ele

chama de “Janela de Oportunidades Políticas” e é possível de acontecer principalmente por

meio do envolvimento de Empreendedores Políticos (Policy Enterpreneurs), que são

especialistas no assunto (empresários, agentes acadêmicos, profissionais especializados) e

atuam nas soluções de problemas. Para Capella (2006), a ação destes empreendedores

políticos é fundamental para que haja continuidade na discussão do problema apresentado e

para que este passe a integrar o processo de formulação e elaboração da Política.

Assim, Siman (2005) conclui que, para um tema fazer parte da agenda de

decisões do Governo, ele deve gerar grande mobilização política por meio das ações coletivas,

deve ser reconhecido como uma calamidade de maneira que seja mais oneroso não resolver

do que resolvê-lo e, a inclusão desse problema deve ser reconhecida como uma oportunidade

política.

No contexto da escola em tempo integral, podemos destacar alguns indicadores

e problemas sociais que possam ter provocado o fortalecimento desta Política Pública.

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Figura 5: Formulação da Agenda na perspectiva da Escola em Tempo Integral

Os principais indicadores e problemas sociais que marcam as discussões da

Agenda no contexto da ETI estão relacionados principalmente às questões de aprendizagem

escolar, devido aos baixos resultados obtidos, e àquelas relacionadas às questões sociais,

como a vulnerabilidade social.

Como sequência da fase da Formulação da Agenda, os assuntos que se

destacaram na arena de discussão política, passam, então, a compor o quadro de Formulação

de propostas, em que se buscam soluções práticas para os problemas levantados. Essa fase é

denominada de Formulação da Política Pública.

2 – Formulação da Política / Elaboração:

Essa é a fase em que as alternativas para o problema político identificado

começam a ser debatidas, virando um cenário de disputa política. Pode ser entendida como

um diálogo entre as intenções e as ações, sendo considerada por Viana (1996) um processo

constante de reflexão. Romanini (2013) também destaca a importância dessa etapa tendo em

vista a dificuldade em encontrar soluções adequadas aos problemas identificados.

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Existem três mecanismos que podem chamar a atenção dos formuladores de

Políticas Públicas: a) dar visibilidade pública aos indicadores, demonstrando a dimensão do

problema; b) ter eventos que se repetem, mostrando a dimensão do problema; e c) o feedback

das políticas vigentes que apontam a necessidade de correção da situação atual (SANTOS,

2007).

A partir disso, identificam-se ainda três subfases do processo de elaboração/

formulação das propostas: a) transformação da massa de dados em informações relevantes; b)

combinação de valores, ideais, princípios com as informações, produzindo conhecimento

sobre uma ação específica; e c) a transformação do conhecimento empírico em Política

Pública.

Ao aprofundarmos essas subfases no contexto das Políticas Públicas de esporte

em Tempo Integral, podemos identificar sinteticamente os seguintes processos:

Figura 6: Subfases da Elaboração das Políticas Públicas no contexto do esporte na Escola em

Tempo Integral

Ter clareza sobre os indicadores para interpretação dos dados e formulação das

PP é essencial para alinhar as finalidades propostas à realidade encontrada, de forma a mantê-

la, transformá-la ou, ainda, potencializá-la. No esporte, podemos ter diferentes indicadores,

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mas propusemos apenas três no quadro anterior, pois a junção deles permite uma reflexão

específica sobre o desenvolvimento do aluno, enfoque principal na escola em Tempo Integral.

Semelhantemente, May (1996) aponta para duas importantes considerações

sobre a elaboração de PP: a primeira é a identificação das ideias viáveis de serem executadas

e a segunda é a elaboração de estratégias que sejam capazes de solucionar tais questões.

Assim, as alternativas consideradas mais eficientes, tecnicamente viáveis e que

estão vigentes com os valores sociais são as mais aceitas na arena de decisões. Estas

considerações serão melhores definidas se o diagnóstico for bem elaborado.

Para Lobato (1997), o processo de formulação de Políticas Públicas passa pelas

organizações sociais e políticas vigentes e deve ser levado em consideração as condições

econômicas, tecnológicas e culturais, visto a diversidade de interesses.

No mesmo sentido, Santos et al (2007) defendem que a elaboração de uma

Política Pública deve definir quem decide o quê, quando, com que consequências e para

quem. Para os autores, é fundamental que esse processo seja resultado de um cenário

democrático de decisão, para que não se privilegie apenas uma parcela da população ou,

ainda, para que as Políticas elaboradas não sejam apenas paliativas, descaracterizando em

ambos os casos os conceitos e as características das Políticas Públicas.

Para Siman (2015), a fase de elaboração de Políticas Públicas é caracterizada

pela criação de definições, diretrizes, competências, objetivos, metas, recursos e estratégias a

serem implementados. Por esta razão, deve-se considerar que as decisões tomadas nessa fase e

o desenho elaborado são fundamentais para a fase seguinte, a implementação, sendo

necessária uma boa relação entre os formuladores, os implementadores e o público-alvo a

receber a Política Pública desenhada, para que esta tenha êxito.

3 – Implementação:

O interesse pelos estudos na área da implementação de PP se deu somente ao

final da década de 1960 (ROMANINI, 2013) e, segundo Barbosa (2010) e Romanini (2013),

principalmente pelas falhas constatadas na implementação de PP sociais. Os estudos, de

forma geral, buscam identificar os fatores que levaram ao fracasso ou ao sucesso dos

resultados alcançados.

Outro fator que destaca a importância dos estudos na fase de implementação da

Política é apontado por Siman (2005), quando a autora defende que apenas compreender o

cenário da formulação da agenda e da elaboração das estratégias não são suficientes para

elucidar o processo que envolve o cenário das Políticas Públicas, já que, para Arretche (2001),

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a PP é concretizada, de fato, pelos implementadores e é esta fase que modifica o cenário das

políticas.

Segundo Viana (1996) e Saraiva e Ferrarezi (2006), essa fase é caracterizada

como a transição entre a seleção das estratégias e a implementação. Envolve o planejamento e

a organização dos aspectos importantes para colocar em prática as propostas construídas na

arena de decisões. Os autores reforçam a importância da boa articulação entre os

formuladores e os implementadores das propostas, devendo estes conhecer as atividades

relacionadas a cada fase do processo para que a política tenha êxito.

Do mesmo modo, Arretche (2001) afirma que a fase de implementação deve

ser entendida como uma cadeia de relações entre os formuladores e os implementadores,

sendo fundamental a comunicação entre ambos. Assim, compreendendo a importante relação

entre formuladores e implementadores, concordamos com Siman (2005):

Essa maneira de compreender o fenômeno da implementação pressupõe, portanto,

uma fase da formulação da política em que uma série de situações foram

devidamente estudadas e avaliadas, ou seja, diagnósticos foram realizados, uma

teoria foi construída e em função dela objetivos, metas, alocação de recursos,

competências e atribuições e estratégias foram definidas. Nessa perspectiva, não há

problemas na formulação e a política já pode ser implementada pelas agências

competentes (SIMAN, 2005, p. 49).

Barbosa (2010) destaca três modelos de análise de formulação de PP: top-

down, bottom-up, generalista. O modelo top-down caracteriza-se por uma implementação

realizada de cima para baixo, ou seja, por meio de determinações, principalmente em

documentos oficiais. As decisões são tomadas em níveis superiores, como soluções únicas,

característica marcante no Brasil devido à ação do Governo Federal sobre a elaboração de leis

e decretos e a consequente imposição na forma de implementação.

O segundo modelo apresentado pelo autor é o bottom-up, que se caracteriza

por levar em consideração a influência dos implementadores no desenvolvimento da política.

Neste modelo, há uma ação bidirecional em que são levadas em consideração as opiniões

tanto dos níveis operacionais, tomando como princípio a ideia de clientes, ou seja, o público

alvo a quem a PP se destina, quanto dos níveis mais estratégicos.

O último modelo apresentado tem características mais generalistas e leva em

consideração os fatores que podem levar tanto ao êxito quanto ao fracasso da PP, por

considerar a multiplicidade de atores envolvidos nesse processo: quem elabora, quem formula

e quem recebe.

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Retomando o conceito apresentado inicialmente nesse texto, cabe destacar

novamente a importante relação entre Estado e setor privado e Terceiro Setor na

implementação de Políticas Públicas, como defendido por Salomon (2002), visando a alcançar

ações complementares e extrair o que cada setor pode oferecer de melhor.

Por essa razão, Viana (1996) destaca que, nesta etapa, estão envolvidos tanto

atores governamentais quanto não governamentais (aqueles que implementarão a ideia),

envolvendo uma ação intencional, podendo ser caracterizada como ação social.

Após a implementação da PP, torna-se fundamental uma última fase, o

acompanhamento e avaliação, para verificar se aquilo que foi planejado, de fato está sendo

desenvolvido.

4 – Acompanhamento e Avaliação:

A última etapa tratada no ciclo da Política Pública é o acompanhamento e a

avaliação. Para Saraiva e Ferrarezi (2006), referem-se à supervisão das ações por atores

estatais e/ou sociais e à mensuração e análise dos resultados obtidos, bem como dos efeitos

que tais Políticas desempenharam na sociedade.

A avaliação pode ser compreendida como uma ferramenta para verificar a

viabilidade das propostas implementadas, com a finalidade tanto de redirecionar os objetivos

traçados quanto para reformular as propostas iniciais.

Neste sentido, para Derlien (2001), as avaliações possuem três funções básicas,

a de informação – cujo foco concentra-se na verificação de dados para a melhoria do

programa; de realocação, tendo como principal objetivo a alocação de recursos de forma

racional; e a terceira de legitimação, utilizada principalmente a partir da década de 1990

quando se busca a análise dos resultados.

Apesar da crescente discussão sobre a avaliação de Políticas Públicas, Mokate

(2002) acredita que esta ainda não desempenha um papel significativo ou estratégico em

relação à implementação de PP. Portanto, esta ainda não exerce papel significativo e

indispensável no ciclo das PP, apesar de seu reconhecimento.

Viana (1996) e Romanini (2013) sinalizam para dois momentos da avaliação: a

avaliação do processo e a avaliação de impacto.

A avaliação de processo é marcada principalmente pelo acompanhamento do

desenvolvimento do programa, cuja finalidade maior é verificar os aspectos que impedem

e/ou facilitam o desenvolvimento do mesmo. Romanini (2013) destaca que o principal

objetivo é a verificação e adequação entre os meios e os fins, ou seja, é analisar se aquilo que

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foi traçado como finalidade da PP foi e está sendo de fato desenvolvido na prática, o que pode

permitir a melhoria ou correção da proposta caso esta não esteja atendendo às expectativas

iniciais.

Viana (1996, p. 35) ainda aponta diferentes percepções dessa avaliação de

acordo com o nível de envolvimento na PP: “para os superiores, a avaliação permite uma

alocação melhor dos recursos; para os administradores, a otimização da relação

insumo/produto; e para os técnicos, maior conhecimento dos aspectos operativos”.

Neste sentido, a avaliação de processo está direcionada de forma mais

específica ao funcionamento do programa implementado do que ao resultado deste, buscando

articular os meios com os fins, pois busca verificar os procedimentos, conteúdos,

metodologias e adequação destes ao público-alvo (FARIA, 2012).

Já a avaliação de impacto refere-se aos resultados alcançados a partir da

implementação da proposta. Segundo Viana (1996), busca verificar se houve modificação e a

sua amplitude, além dos seguimentos afetados por ela, bem como as contribuições desta PP.

Portanto, a avaliação do impacto em Políticas Públicas visa verificar a relação de causa e

efeito entre a política implementada e as alterações sociais obtidas, de modo a produzir efeitos

do programa sobre a população-alvo (FIGUEREDO; FIGUEREDO, 1986).

Assim, temos um ciclo de Políticas Públicas que corresponde desde a

identificação de um problema por meio de análises diagnósticas da realidade, incorporando-o

como problema político ao fazer parte da agenda de decisões do Governo, indo até o

acompanhamento e avaliação com fins de verificação dos objetivos atingidos.

A figura 7 apresenta os principais pontos debatidos sobre o ciclo das PP e a

relação entre as fases, tendo em vista que elas são cíclicas e dinâmicas com interação

constante em um processo de retroalimentação.

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Figura 7: A relação entre as fases do ciclo das PP

Não é possível ter um marco exato para delimitar quando começa uma fase e

termina a outra, visto que elas coexistem numa relação de interdependência. Contudo,

conhecê-las permite identificar as dificuldades e as especificidades de cada momento para

uma percepção mais ampla sobre o processo e, consequentemente, para uma efetivação da PP.

Dentre as diferentes propostas de PP, Veronez (2005) as divide em setoriais,

que visam a atender demandas específicas de alguns setores da sociedade (educação,

transporte, saúde, esporte) e sociais, que atendem às demandas de assistência social ou

amparo ao trabalhador. Já Gelinski e Seibel (2008) as consideram como: a) sociais,

direcionadas nas áreas de saúde, habitação, emprego, renda, educação; b) macroeconômicas,

envolvendo as áreas fiscais, industriais; e c) outras áreas nas quais estão as propostas

tecnológicas, culturais e agrícolas.

Oliveira (2002) parte seus estudos da Constituição Federal (CF) brasileira de

1988, e aponta tanto para as políticas educacionais quanto as esportivas como sendo políticas

sociais, tendo em vista os direitos previstos a partir da CF, como: cidadania, dignidade da

pessoa humana, prevalência dos direitos humanos, entre outros.

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Concordamos com o ponto de vista do autor, uma vez que a CF prevê em seus

artigos 205 e 2017, respectivamente:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho. [...] Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas

desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados (...)

(BRASIL, 1988).

Desta maneira, mais do que atender setores específicos, as políticas em educação

e em esporte no país visam atender as demandas da sociedade em suas mais diversas

necessidades, tendo como um dos princípios a pulverização destas práticas como direito de

todos, buscando o desenvolvimento social.

Neste sentido, nos apoiamos também em Sagasti, Igíñez e Sculdt (1999), ao

defenderem que a Política Social deve atender três aspectos importantes: a) provisão de

serviços sociais – saúde, educação, segurança social; b) combate à pobreza e c) geração de

novos empregos. Isto posto, a Política Social deveria gerar uma situação de bem-estar social.

Piana (2009) afirma que as Políticas Sociais no Brasil tiveram seu auge a partir da

década de 1980, por meio do protagonismo dos movimentos sociais, quando apresentaram as

formulações mais impactantes na vida dos trabalhadores. A partir da Constituição Federal de

1988, denominada de Constituição Cidadã, houve pela primeira vez no país o acolhimento de

uma política social, consolidando conquistas e direitos em diferentes áreas, como educação,

saúde, segurança (PIANA, 2009; KERSTENTZKY, 2014) e também no esporte.

Höfling (2001, p. 31) define Políticas Sociais como:

[...] ações que determinam o padrão de proteção social implementado pelo Estado,

voltadas, em princípio, para a redistribuição dos benefícios sociais visando a

diminuição das desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento

socioeconômico.

Mais uma vez, reafirma-se a compreensão das políticas educacionais e esportivas

serem entendidas como sociais e não somente como setoriais, tendo em vista a busca do

desenvolvimento das múltiplas competências dos participantes e a consequente possibilidade

de diminuição das desigualdades, uma vez que essas práticas devem ser oferecidas a toda

população e oportunizar transformações pessoais e sociais.

Com relação à política social voltada à criança e ao adolescente, tivemos também

na CF um primeiro impulso, uma vez que foi previsto o amparo à criança e ao adolescente

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como um direito e não como um favor (BRASIL, 1988). A partir de então, diversas iniciativas

se consolidaram na busca desse amparo, por meio do oferecimento de atividades em

diferentes áreas.

Destacamos a Lei 8.069, de 1990, que instituiu o Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA) o qual buscou principalmente criar mecanismos para a efetivação dos

direitos da criança e do adolescente apresentados na Constituição Federal (BRASIL, 1990),

mais especificamente em seu artigo 227, no qual previu com absoluta prioridade o direito à

vida, à saúde, à educação, ao lazer, à cultura, à criança e ao adolescente, sendo estes deveres

de responsabilidade do Estado, da sociedade e da família (BRASIL, 1988).

Oliva e Kauchakje (2009) apontam tanto para a Constituição Federal quanto para

o ECA como importantes instrumentos na efetivação de Políticas Públicas para crianças e

adolescentes. Os autores destacam para uma rede de atendimento envolvendo Conselhos,

Ministério Público, Varas, Organizações Não Governamentais e demais políticas que devem

atuar conjuntamente para garantia da efetivação dos direitos previstos em Lei.

Para Morelli, Silvestre e Gomes (2000), a história da criança e do adolescente no

Brasil foi marcada durante quase um século pela negligência do Estado e pela violência da

sociedade, sendo o ECA um importante instrumento para romper com tal cenário. Sposito e

Cerrano (2003) também defendem que o contexto histórico da juventude não somente no

Brasil como também na América Latina fora marcado pela exclusão social, havendo consenso

na sociedade sobre a importância da implementação de Políticas Públicas a esse grupo, por

meio de programas sociais, Organizações Não Governamentais, entre outras possibilidades.

Além do ECA, destacamos a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei

8.742; BRASIL, 1993a) que também visa à implementação de políticas sociais voltadas à

criança e ao adolescente.

Nessa lei foi previsto que a Assistência Social era dever do Estado e direito de

todos os cidadãos e que o bem comum seria realizado por um conjunto de ações do setor

público e também da sociedade. Nela também foram destacadas as ações às crianças e aos

adolescentes em situação de risco pessoal e vulnerabilidade social, sendo destinado a esse

público um serviço específico de proteção (BRASIL, 1993a).

Em 2004, foi implementada a Política Nacional de Assistência Social – PNAS e a

partir dela foram implantados o Sistema Único de Serviço Social (SUAS) e as Normas

Operacionais Básicas (NOB) desse Sistema. Nestes documentos são estipulados os tipos de

serviços oferecidos à população, dentre os quais destacamos o Serviço de Proteção Básica,

destinado às crianças e aos adolescentes visando, principalmente, prevenir as situações de

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riscos enfrentados, sejam eles no âmbito social ou familiar/afetivo (BRASIL, 2005). Os

documentos também destacam a importância da articulação entre os programas de proteção

básica às políticas locais, como as de educação, esporte e saúde.

França e Ferreira (2012) entendem que tanto a Constituição Federal quanto o

ECA quanto as Leis da Assistência Social supracitadas e ainda a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação e o Sistema Único de Saúde são importantes instrumentos na efetivação dos direitos

da criança e do adolescente no país, além da prática esportiva, como destacado por Morelli,

Silvestre e Gomes (2000).

Apesar da evolução do país em alguns indicadores, principalmente a partir das leis

supracitadas, os resultados alcançados ainda não são satisfatórios em diversas áreas,

reforçando a importância do aumento da oferta das escolas em tempo integral e,

consequentemente, da estruturação das propostas oferecidas nesse cenário.

Como exemplo do que fora apontado, apresentamos inicialmente os resultados do

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Este é um instrumento adaptado que

busca verificar o desenvolvimento dos municípios brasileiros sob três indicadores: a)

Longevidade: expectativa de vida ao nascer; b) Escolaridade: identificando as pessoas com 18

anos ou mais com ensino fundamental completo e o fluxo escolar do jovem; e c) Renda:

calculada pela renda per capta.

Se compararmos os resultados entre 1991 e 2010, perceberemos um avanço

significativo, pois o Brasil passou de 0,493 (índice muito baixo) para 0,727 (índice alto)

(IBGE, 2010).

Ao observarmos os indicadores analisados no IDHM, encontramos 3 aspectos

interligados: a saúde, a educação e a renda, fato que reafirma a educação como política social

e como importante instrumento no desenvolvimento social do país.

Contudo, quando analisamos os resultados da educação brasileira por meio do

IDEB, conforme já apresentado, nos deparamos com um aumento pífio em todos os

segmentos escolares.

Apesar de ter sido garantido aos alunos o direito de permanência na escola, a

partir da CF, do ECA e da LDB, o aumento da escolarização de crianças e adolescentes com

idade entre seis e 14 anos, passou de aproximadamente 91% em 1997 para 98,5% em 2014,

contudo não houve ainda uma efetivação no processo de aprendizagem. Levando esse assunto

a ser uma pauta constante na arena de decisões políticas e, por essa razão, a retomada sobre a

escola em Tempo Integral, pois tem como um dos objetivos nesse século XXI melhorar a

aprendizagem dos alunos.

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2.3 A relação entre esporte educacional e ETI

Para aproximarmos os estudos sobre o esporte educacional e a ETI, é

importante estabelecermos a relação existente entre ambos, inclusive porque a literatura ainda

não se propôs a fazê-lo.

Apesar dos documentos do país não apresentarem um marco legal acerca da

prática esportiva no cenário da escola em tempo integral, por não apresentarem parâmetros e

relações entre os temas, de acordo com os estudos expostos até o momento, identificamos três

pontos comuns: a) Formação global dos alunos; b) Desenvolvimento de múltiplas

competências; e c) Diminuição das desigualdades.

Os estudos mais recentes sobre a ETI e sobre a Pedagogia do Esporte

apresentam propostas que buscam mais do que o aprimoramento escolar (como o aumento das

notas) e esportivo, respectivamente. Busca-se oferecer um espaço para o desenvolvimento

pleno dos alunos, em seus aspectos motores, afetivos, sociais e cognitivos (CARVALHO,

2015; CAVALIERE, 2014; 2002; MACHADO, 2012; PAES; BALBINO, 2009).

Isso significa que as experiências vividas pelos alunos devem proporcionar

condições para que eles possam experimentar diferentes possibilidades motoras, situações-

problemas que viabilizem conflitos cognitivos, estimulando a percepção e a tomada de

decisão, bem como a vivência de diferentes situações que oportunizem aos alunos

experimentar sensações e sentimentos, como derrota, vitória, solidariedade, amizade, respeito,

entre outros.

Ora, ao conceber a escola em tempo integral como um espaço de ampliação de

experiências físicas, morais, culturais e educacionais (CAVALIERE, 2014), oferece-se aos

alunos a oportunidade de desenvolvimento global.

Da mesma forma, ao ensinar esporte nesse contexto, deve-se refletir sobre o

sujeito e suas possibilidades, levando-se em consideração seu movimento, seu pensamento e

seu sentimento (PAES, 2008). Portanto, a prática de esporte não deve estar desvinculada de

uma formação global, principalmente na iniciação esportiva, conforme previsto por Leonardi,

Galatti e Paes (2014), o que inclui a escola em tempo integral.

Dito isto, parece claro que, ao abordar um processo de ensino, vivência e

aprendizagem esportiva na escola em tempo integral, que busca a formação global dos

participantes, possibilita-se, consecutivamente, um campo de experiências e vivências que

permitem aos alunos adaptarem-se ao mundo contemporâneo, a isto Perrenoud (2013)

denomina de competências.

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O desenvolvimento de competências é o segundo aspecto comum entre a PE e

a ETI. Segundo Perrenoud (2013, p. 45), “a competência é o poder de agir com eficácia em

uma situação, mobilizando e combinando em tempo real, e de modo pertinente os recursos

intelectuais e emocionais”.

As competências podem ser compreendidas como um sistema de

conhecimentos conceituais e processuais que visam à resolução de uma situação-problema.

No mesmo sentido, para Tardif (1996), a competência é um sistema de conhecimentos

declarativos (o que), processuais (como) e/ou condicionais (quando e porquê) que permitem a

definição de um problema e, além disso, a resolução do mesmo de forma eficaz.

Portanto, para haver competências, o sujeito deve dominar um conjunto de

situações, mobilizar e combinar uma série de recursos (saberes, habilidades, valores) e

apropriar-se de novos recursos (PERRENOUD, 2013), sendo a escola um cenário ideal que

deve possibilitar aos alunos a vivência dessas novas experiências e, portanto, o processo de

ensino e aprendizagem não deve se restringir apenas aos conhecimentos técnicos e específicos

de cada área, mas deve proporcionar aos alunos diferentes situações conflitantes, nas quais

eles sejam capazes de mobilizar os diferentes recursos desenvolvidos.

De acordo com os conceitos apresentados, concordamos com Lomonaco e

Silva (2013), ao defenderem a escola em tempo integral como um espaço de contribuição para

o desenvolvimento das múltiplas competências dos alunos. Por essa razão, os autores

defendem a importância da ampliação da proposta curricular nesse contexto.

Desta maneira, diante das possibilidades de aprendizagem e das exigências do

mundo contemporâneo, as experiências esportivas na escola em tempo integral devem

oferecer aos alunos a oportunidade de desenvolverem múltiplas competências para lidar com

a fluidez e dinâmica deste século XXI, tais quais: liderança, trabalho em equipe, relação

interpessoal, criatividade, entre outras.

Tendo em vista que o ensino das competências se dá, principalmente, em um

contexto desafiador, o ambiente esportivo pode ser excelente facilitador para esse

desenvolvimento, tendo em vista que a Pedagogia do Esporte prevê a atuação do

professor/treinador como um facilitador do processo de ensino, vivência e aprendizagem de

modalidades esportivas, sendo o aluno o protagonista neste cenário, estimulando assim,

constantemente, a tomada de decisão pelos alunos e, consequentemente, a transferência das

aprendizagens adquiridas para as situações da vida real (PAES, 2008).

De forma legal, a primeira citação do esporte na ETI foi com o Plano Nacional de

Educação, em 2001, ao destacar a importância da ampliação da jornada do aluno na escola

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tendo o esporte como uma das atividades de forma a auxiliar a diminuição das desigualdades

sociais (BRASIL, 2001).

Em 2007, o Governo lançou a Portaria Interministerial instituindo o Programa

Mais Educação. Sua proposta era fomentar a educação de crianças e adolescentes que

permanecem em tempo integral nas escolas municipais e estaduais (BRASIL, 2007). Dentre

as considerações destacadas nessa Portaria, temos aquela referente ao artigo 217 da

Constituição Federal, a qual remete ao esporte como dever do Estado e direito do cidadão,

cujo objetivo é democratizar o acesso às práticas esportivas. Assim, dentre os objetivos desta

Portaria temos:

Art. 1° Instituir o Programa Mais Educação, com o objetivo de contribuir para a

formação integral de crianças, adolescentes e jovens, [...]. Parágrafo único. O

programa será implementado por meio do apoio à realização, em escolas e outros

espaços sócio-culturais, de ações sócio-educativas no contraturno escolar, incluindo

os campos da educação, artes, cultura, esporte, lazer, mobilizando-os para a

melhoria do desempenho educacional, ao cultivo de relações entre professores,

alunos e suas comunidades, à garantia da proteção social da assistência social e à

formação para a cidadania, (...) (BRASIL, 2007, p. 2).

Ainda em seu Artigo 2, no item VI, a Portaria apresenta como uma das

finalidades:

estimular crianças, adolescentes e jovens a manter uma interação efetiva em torno de

práticas esportivas educacionais e de lazer, direcionadas ao processo de

desenvolvimento humano, da cidadania e da solidariedade (BRASIL, 2007, p. 2).

Ao que parece, surgem algumas proposições para estimular a prática esportiva no

período integral visando à formação dos alunos como um todo e não somente a formação

atlética, como já apresentado em outros momentos no país.

Ainda sobre o Programa Mais Educação, em 2010 o Governo lança um Decreto

que dispõe sobre o Programa. Nele ficam mais esclarecidas as propostas de ensino integral,

estabelecendo o tempo mínimo de permanência do aluno na escola de 7 horas, com o

desenvolvimento de diversas atividades, dentre as quais, o esporte recebe destaque mais uma

vez (BRASIL, 2010).

Contudo, o Programa traz em seu bojo o direcionamento destas atividades

esportivas por agentes colaboradores da comunidade escolar, que atuariam como voluntários

por não precisarem possuir formação na área de Educação Física. Neste sentido, entendemos

as propostas do Programa Mais Educação como placebo e não como contribuinte de fato para

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os objetivos propostos com a educação em tempo integral, e, tampouco, com a formação

integral dos alunos por meio da prática esportiva.

Ora, se estamos falando em formação integral de crianças e adolescentes, em

apoio às atividades socioeducativas, em desenvolvimento humano e cidadania, por meio das

práticas esportivas, como contar com o apoio voluntário de alguém não formado em Educação

Física para promover tais contextos?

Dito isto, defendemos que o esporte no cenário escolar pode contribuir

significativamente com o processo de formação da criança e do adolescente se alicerçado em

bases científicas e pedagógicas. Para Paes (1996), o esporte escolar deve ter objetivos,

conteúdos programáticos e procedimentos metodológicos estabelecidos com clareza para

superar as barreiras da prática esportivizada, cuja prática tem fim em si mesma e esta somente

poderá ser organizada por profissionais com conhecimentos específicos da área.

Desta forma, o esporte não pode ser oferecido por não profissionais, nem deve ser

descontextualizado de uma proposta pedagógica organizada e sistematizada para os fins já

declarados aqui. Machado et al (2015) apresentam um estudo no qual defendem a importância

da sistematização das práticas esportivas no cenário da escola em tempo integral, a fim de

alcançar os objetivos maiores dessa nova modalidade de ensino no país.

Assim, não concordamos com as Portarias Interministeriais publicadas sobre o

Mais Educação (BRASIL 2007; 2010), pois, para alcançar estas finalidades nas oficinas

esportivas na escola em tempo integral, não cabe a atuação de um agente comunitário, por

vezes não formado e despreparado para lidar com os conflitos que cercam o ambiente

educacional e esportivo, mas sim de um profissional da área.

Por fim, o último tópico que destacamos de aproximação entre a PE e a ETI é a

diminuição de desigualdades, tendo em vista as oportunidades de contato dos alunos com

diferentes áreas do conhecimento, inclusive de diferentes modalidades esportivas,

possibilidade que dificilmente seria possível de se ter se não estivesse na escola em tempo

integral.

Contudo, para de fato promover essa diminuição de desigualdades, as propostas

ofertadas devem estar balizadas em um contexto pedagógico e intencional por parte dos

gestores e dos professores. Essa intencionalidade é caracterizada pela integração entre

conteúdos, métodos de ensino, procedimentos e saberes dos alunos (LIBÂNEO, 2014), no

intuito de estimular o desenvolvimento das múltiplas competências, possibilitando ao aluno

não somente o contato com áreas do conhecimento diversas, mas também sua formação

integral, tornando-o um sujeito mais competitivo para o mundo contemporâneo. A figura a

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seguir apresenta essa relação entre a Pedagogia do Esporte e a escola em tempo integral,

constituindo, assim, novos paradigmas sobre os temas.

Figura 8: Relação entre Pedagogia do Esporte e Escola em Tempo Integral

A combinação dos aspectos semelhantes entre a Pedagogia do Esporte (PE) e a

escola em tempo integral pode possibilitar o alcance dos objetivos estabelecidos por essas

duas propostas, principalmente com relação à formação de crianças e adolescentes, quando

alicerçada sobre uma proposta organizada e sistematizada pelo professor. Os assuntos e

conceitos abordados até o momento nos permitiram aproximar essa intencionalidade

pedagógica no ensino, vivência e aprendizagem de modalidades esportivas na escola em

tempo integral por meio da articulação de uma proposta curricular.

2.4 Orientações para o desenvolvimento de um projeto curricular

Na literatura, de forma geral, o currículo tem sido apresentado como uma

perspectiva de organização do processo de ensino-aprendizagem, principalmente no contexto

escolar e, mais ainda, na modalidade formal de ensino. Nosso esforço nesse texto será de

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apresentar e discutir as possibilidades da organização didático-pedagógica do esporte em uma

perspectiva educacional no contexto do ensino em tempo integral, por meio de um currículo

esportivo, visto que as Políticas Públicas nem em esporte nem em educação se propuseram a

tal tarefa.

Ficou claro até o momento que o esporte tem sido considerado importante

componente no processo de desenvolvimento da juventude. Esta é uma das razões pelas quais

o número de programas esportivos tem crescido não somente no Brasil, mas no mundo

(WHITEHEAD; TELFER; LAMBERT, 2013; PETTIPAS; CORNELIUS; RAALTE, 2008;

BRUNELLE; DANISH; FORNERES, 2007; MELO, 2007), e este cenário tem sido cada vez

mais ampliado, tendo em vista as propostas de ensino integral do Governo Federal que prevê

o esporte como um dos eixos a serem trabalhados com os alunos.

Contudo, apenas oferecer um espaço para a prática esportiva sem uma orientação

didática, pedagógica e metodológica desse processo poderia reduzir as potencialidades de

ensino que o esporte pode oferecer (MACHADO et al, 2015) e aumentar a vulnerabilidade

dos participantes em situações desfavoráveis ao desenvolvimento positivo esperado.

Por essa razão é que a literatura tem trazido a importante relação entre esporte,

desenvolvimento positivo, juventude e organização pedagógica (MACHADO et al, 2015;

WHITEHEAD; TELFER; LAMBERT, 2013; PAES; BALBINO, 2009; HOLT, 2008).

A relação entre esporte e desenvolvimento positivo tem sido costurada por

diferentes linhas pedagógicas e destacaremos a linha curricular para ser debatida e

compreendida nessa sessão. Isto se justifica pelo fato de o currículo ser considerado um corpo

de princípios ideológicos, pedagógicos e psicológicos que demonstram a orientação geral do

ensino, sendo, portanto, importante elo entre a teoria educacional e a prática pedagógica

(COLL, 1987) e, ao mesmo tempo, uma mediação entre a sociedade, a escola, a cultura e as

aprendizagens socialmente significativas (VILAR, 1994). Neste caso, nota-se a relação entre a

teoria do esporte educacional e a prática pedagógica dos professores, principalmente no

contexto não formal de ensino.

Antes, contudo, de se estabelecer esta relação, convém conceituar o termo

“currículo” e saber o que pensam os autores da educação básica sobre a sua organização. Só

assim será possível relacioná-lo com a teoria da Ciência do Esporte, mais especificamente na

área da Pedagogia do Esporte e, por fim, com a prática esportiva no contexto não formal de

ensino.

Primeiramente, Coll (1987) indica que o currículo é uma forma de explicar o

projeto educacional, ou seja, ele somente pode existir se houver uma proposta clarificada de

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ensino em determinado cenário. Isso significa que o termo “currículo” não deve estar

associado apenas como matéria escolar. Para Goodson (2013), o conflito existente hoje em

relação ao termo currículo está ligado à similaridade estabelecida entre os conteúdos

ensinados e a avaliação destes.

Moreira e Silva (1997) percebem o currículo como um espaço de produção

política e cultural e que devem produzir a transformação de forma direta ou indireta do aluno.

Sacristán (1999) também aponta currículo como uma relação entre a cultura, a sociedade, a

escola e a educação; e entre a teoria e a prática possível.

Semelhantemente, Goodson (2013, p. 67) defende que “devemos adotar

plenamente o conceito de currículo como construção social, primeiramente em nível da

própria prescrição, mas depois também em nível de processo e prática”. Isso significa que o

currículo não pode ser entendido como prescrição, mas como um curso de estudos construído

por uma série de documentos que envolvem temáticas variadas, partindo das metas e

objetivos e um conjunto de roteiros que constituem normas, regulamentos e princípios que

orientam o processo de ensino-aprendizado (GOODSON, 2013).

Assim, Jesus (2008) aponta que o currículo pode ser entendido como o elemento

central do planejamento pedagógico e

[...] necessita ser percebido como um território a ser contestado diariamente, pois é

através dele que podemos pensar e legitimar o conhecimento que pretendemos? Para

quem? Para quê e como? Tendo como parâmetro a visão de mundo, de sociedade e

de educação que acreditamos (JESUS, 2008, p. 2647).

Neste mesmo sentido, entendendo que o currículo nasce de uma necessidade

social (JESUS, 2008) e que, por meio dele, podemos demonstrar diversas potencialidades a

serem alcançadas pelos alunos por meio das atividades, jogos, disciplinas, projetos, propostas,

organizados em anos, ciclos ou semestres, o currículo tem sido considerado como um dos

principais eixos escolares (SILVA, s/d).

Dito isto, Barretto (2006) entende que para a construção de uma proposta

curricular é preciso ter clareza sobre dois aspectos: Para quê? e O quê?, ou seja, deve-se ter

clareza inicialmente dos objetivos que pretendemos atingir ao ensinar determinados assuntos

pois, a partir destes, os conteúdos a serem ensinados estarão ligados ao tipo de homem e

sociedade que se pretende formar.

Pensando, portanto, na prática da construção curricular, Tyler (1974) aponta que a

filosofia da educação ou de uma escola é essencial para a esta tarefa, pois deve servir como

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ponto de partida para a elaboração dos objetivos de ensino e, a partir desses, selecionar os

demais elementos que o compõe.

Assim os autores apontam que existem diferentes fontes que servem de

informação para a elaboração do currículo, vindas de dados sobre a criança (seus interesses,

características e necessidades), sobre o conjunto de conhecimentos acumulados (herança

cultural de determinada área) e sobre os problemas da sociedade contemporânea (auxílio ao

jovem no enfrentamento de tais problemas). Tyler (1974), Coll (1987) e Vilar (1994)

destacam que estas são indispensáveis e não devem ser dissociáveis.

A partir do conjunto de informações, o primeiro passo na construção curricular é a

determinação dos objetivos que se devem alcançar. Tyler (1974) sugere que os objetivos de

ensino selecionados devem ser expressos de forma a indicar tanto o comportamento a ser

modificado ou esperado pelos alunos quanto a área ou o conteúdo em que este

comportamento será operado.

Por outro lado, o autor critica a formulação generalizada de objetivos, bem como

aqueles expressos como tarefas do professor ou ainda aqueles colocados em forma de itens,

indicando apenas o conteúdo de ensino e não necessariamente um objetivo destinado a ele.

Coll (1987) também faz uma associação entre os objetivos de ensino e os

conteúdos a serem ensinados, relacionando os objetivos aos processos de crescimento e de

desenvolvimento que se deseja provocar no aluno, e os conteúdos aos conceitos, habilidades,

normas e valores aprendidos por eles.

A partir do estabelecimento das intenções de ensino, seguem as outras etapas do

currículo, enfatizadas como planos de ação, referentes a três etapas: Quando ensinar?

(Organização e sequenciação do ensino); Como ensinar? (Metodologias de ensino) e O que,

como e quando avaliar? (Avaliação) (KLIEBARD, 2011; COLL, 1987).

A temporização do processo de ensino está ligada diretamente às formas de

organização e sistematização das intenções educacionais, bem como aos conteúdos e

estratégias ligados a elas. Para Zabala (1998) a organização dos conteúdos refere-se à maneira

pela qual os conteúdos de ensino se relacionam, formando as unidades didáticas. O autor

ainda defende que quanto maior for essa relação, mais significativa será a aprendizagem.

A organização pode estar relacionada tanto entre os diferentes níveis de ensino

entre os ciclos quanto dentro da própria turma (COLL, 1987). Assim, os objetivos e os

conteúdos devem ser sequenciais de uma turma para a outra e dentro da própria turma,

possibilitando aos alunos o avanço no processo de ensino e aprendizagem.

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É importante destacar que tal sequenciação deve estar relacionada tanto ao avanço

nos conteúdos de ensino, estabelecendo-se uma lógica progressiva entre eles, quanto com

relação às metodologias, devido a estreita relação entre eles (VILAR, 1994), permitindo aos

alunos explorarem de diferentes maneiras o mesmo conteúdo.

Assim, a metodologia, relacionada à maneira de ensinar, é outro aspecto

fundamental na elaboração curricular. Tyler (1974) afirma que a aprendizagem ocorre não

apenas pelas experiências adquiridas pelos alunos, mas também pela interação com o meio.

Deste modo, o autor julga ser fundamental decidir quais experiências educacionais devem ser

oferecidas para que atinjam os efeitos esperados.

Tendo em vista que a aprendizagem ocorre por meio da interação ativa do aluno

com o ambiente, sobre aquilo que ele mesmo faz (TYLER, 1974), seria reducionista

considerar a existência de apenas um método de ensino aplicável a todos os alunos (COLL,

1987), devendo estes se adaptar às características e condições de aprendizagem dos estudantes

(VILAR, 1994).

Neste sentido, o professor utiliza as diferentes estratégias, tanto para manipular o

ambiente quanto para criar diferentes situações estimulantes de aprendizagem, visando ao

alcance dos comportamentos desejados (TYLER, 1974).

Por fim, a avaliação se coloca como último elemento indispensável na

organização curricular e tem como principal finalidade verificar se os objetivos propostos

inicialmente foram e estão sendo alcançados pelos professores. Dessa maneira, a avaliação

pode permitir não só os ajustes ao longo do processo de ensino, como a percepção do alcance

dos objetivos pretendidos.

Embora existam diferentes concepções a respeito da avaliação, além do consenso

de que esse tema não está esgotado, os autores ressaltam a sua importância no processo de

ensino e aprendizagem (LEONARDI, 2013; HOFFMAN, 2010; LUCKESI, 2008; ZABALA,

1998).

Para Coll (1987, p. 147), a avaliação no plano do projeto curricular deve “permitir

ajustar a ajuda pedagógica às características individuais dos alunos por meio de aproximações

sucessivas; e permitir determinar o grau em que foram conseguidas as intenções do projeto”.

Portanto, ela serve tanto para os ajustes durante o processo quanto para verificar o

alcance dos objetivos propostos.

Para finalizar os conceitos sobre o currículo, é importante destacar que ele deve se

inspirar numa concepção aberta, propondo uma interação constante entre o sistema de ensino

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e a comunidade a que ele se destina, bem como seu foco deve estar no processo e não no seu

fim (COLL, 1987).

Isto posto, na sessão seguinte serão identificados os elementos propostos para a

área do esporte, no contexto da educação em tempo integral.

2.5 Esporte, Currículo e Escola em Tempo Integral – relações e

possibilidades

Importantes estudos têm sustentado a relação entre esporte, criança e

desenvolvimento positivo em diferentes ambientes educacionais, como escola (HOLT et al,

2011; BARROSO; DARIDO, 2009; DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2007; HOULIHAN;

GREEN, 2006; DARIDO; RANGEL, 2005; PAES, 1996) clube (GALATTI, 2010) e em

programas sociais (PERES; HISAYAMA, 2014; CÓTÊ; HANCOCK, 2014;

HAUDENHUYSE; THEEBOOM; COALTER, 2012; MACHADO, 2012; EIRAS et al, 2010;

HIRAMA, 2008; ZALUAR, 1994).

Contudo, apesar da crescente difusão da relação entre a escola em tempo integral

e as atividades esportivas, poucos estudos se debruçaram a compreender como a prática

pedagógica deve ser estabelecida neste cenário. Estamos diante de dois temas importantes

para a comunidade escolar e para os alunos. Contudo, não existem Políticas Públicas que

delimitam como o trabalho deve ocorrer, de forma a diferenciar o esporte na Educação Física

escolar e o esporte no ensino integral.

Devido à carência de estudos na área, ao aumento constante do número de escolas

que aderem ao programa de ensino em tempo integral no país e, consequentemente, ao

aumento da oferta esportiva é que esse estudo se faz fundamental para tentar alicerçar as bases

para a organização didática e pedagógica do esporte nesta modalidade de ensino.

Buscaremos, portanto, com base nos estudos sobre currículo e Pedagogia do

Esporte já apresentados, indicar possibilidades para a construção curricular para as escolas em

tempo integral que oferecem o esporte como uma das atividades.

O conhecimento sobre a filosofia da escola ou da educação, de um modo geral, é

ponto de partida fundamental nesta construção. Portanto, partimos das concepções de

educação em tempo integral nos documentos oficiais já apresentados anteriormente e também

das concepções sobre esporte educacional contidas nas leis esportivas vigentes no país,

também abordado outrora nesse texto.

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Sob a perspectiva da escola em tempo integral, destacamos a Portaria

Interministerial de 2007, que, em seu Artigo 2º, prevê:

Art. 2º O Programa tem por finalidade: I - apoiar a ampliação do tempo e do espaço

educativo e a extensão do ambiente escolar (...) mediante a realização de atividades

no contraturno escolar, articulando ações desenvolvidas pelos Ministérios

integrantes do Programa; II - contribuir para a redução da evasão, da reprovação, da

distorção idade/série, mediante a implementação de ações pedagógicas para

melhoria de condições para o rendimento e o aproveitamento escolar; III - oferecer

atendimento educacional especializado às crianças, adolescentes e jovens com

necessidades educacionais especiais (...); IV - prevenir e combater o trabalho

infantil, a exploração sexual e outras formas de violência contra crianças,

adolescentes e jovens (...); V - promover a formação da sensibilidade, da percepção

e da expressão de crianças (...); VI - estimular crianças, adolescentes e jovens a

manter uma interação efetiva em torno de práticas esportivas educacionais e de

lazer, direcionadas ao processo de desenvolvimento humano, da cidadania e da

solidariedade; VII - promover a aproximação entre a escola, as famílias e as

comunidades. (BRASIL, 2007, p.2).

Podemos destacar três eixos importantes neste documento:

1 – Eixo do desempenho acadêmico: a ampliação do tempo de permanência do

aluno na escola deve possibilitar uma melhoria nos aspectos acadêmicos;

2 – Eixo da assistência: a ampliação do tempo na escola leva à diminuição da

permanência do aluno em situações de risco pessoal e social;

3 – Eixo da formação: espera-se alcançar uma formação global com o aluno por

ele ser estimulado em suas múltiplas competências: artísticas, físicas, motoras, sociais,

cognitivas.

Ao olharmos para a filosofia esportiva contida na Lei 9615 (BRASIL, 1998),

encontramos um trato superficial e ausente de subsídios suficientes para a delimitação de uma

filosofia sobre o tema. A maneira como o esporte educacional tem sido apresentado nas leis

não indica a quem a prática se destina, em qual cenário, quais são as expectativas de

aprendizagem e quais indicativos pedagógicos para atingi-los, ficando a cargo de cada

instituição tal tarefa. Por essa razão é que encontramos por vezes objetivos e práticas

dissociadas, como as apontadas por Zaluar (1994) e Martins e Melo (2004).

Devido à falta de tal delimitação, a filosofia do esporte educacional será embasada

em alguns autores da área da Pedagogia do Esporte, como Paes (1996; 2001), Bento (1995),

Scaglia (2005), Freire (2006), Paes e Balbino (2009), Cótê, Strachan e Fraser-Thomas (2008),

Hirama (2008), Reverdito e Scaglia (2009), Galatti (2010), Gonçalves (2013), Leonardi et al

(2014), Machado et al (2015).

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De maneira geral, os autores têm apontado contribuições do esporte no

desenvolvimento da criança e do adolescente no âmbito: motor (habilidades motoras gerais e

específicas das modalidades, aspectos técnicos-táticos), físico (capacidades físicas

coordenativas e condicionantes), cognitivo (inteligências, tomada de decisão, resolução de

problemas e conflitos), emocional (sentimentos e emoções), cultural (conhecimento) e social

(interação positiva com o meio).

Mesmo de forma generalizada, tais filosofias servem como ponto de partida para a

compreensão da construção curricular ao público a que se dirige.

Dando continuidade, para a elaboração dos objetivos educacionais, os autores

indicam três importantes fontes que devem ser levadas em consideração. Assim, transpondo

para a realidade do esporte, destacamos as seguintes informações:

Quadro 3: Fontes e informações para formulação de propostas curriculares em esporte

educacional

FONTES INFORMAÇÕES

Indivíduo

- Características: idade, aspecto motor (habilidades, capacidades físicas),

aspecto psicológico (nível de desenvolvimento operatório – resolução de

conflitos), aspecto cultural (influências, conhecimentos sobre as modalidades

esportivas);

- Interesses: modalidades esportivas, atividades cotidianas e de lazer;

- Necessidades: o que precisa ser aprimorado, aprendido ou desenvolvido no

âmbito motor, cognitivo, afetivo, social, cultural.

Sociedade

- Quais as características da comunidade local: conflitos, problemas,

carências;

- Quais as culturas enraizadas na comunidade local;

- Quais as práticas esportivas mais comuns da comunidade;

- Quais as relações existentes com o momento de lazer e o esporte na

comunidade;

- O que se pretende manter e/ou transformar na comunidade;

Conhecimento

científico

- Conhecimento sobre:

Pedagogia do Esporte;

Criança e adolescente;

Esporte e educação.

Peres e Ysayama (2014), ao analisarem o currículo de um programa de esporte e

lazer na cidade de Belo Horizonte, identificaram alguns princípios que o embasam: a) a

prioridade de atendimento às crianças e adolescentes, tendo como base o texto da

Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do adolescente; b) a prioridade de

atendimento em regiões de maior vulnerabilidade social e c) a ludicidade como estratégia de

permanência dos participantes. Tais princípios semelham-se ao que fora exposto sobre a

ausência de indicadores presentes na lei esportiva vigente do país, sendo fundamental buscar

tal sustentação em outras fontes.

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84

A partir dos objetivos educacionais gerais formulados, é preciso estabelecer os

objetivos de cada ciclo de aprendizagem e os conteúdos relacionados. Como a proposta de

ensino na escola em tempo integral não possui uma seriação específica, os alunos podem ser

agrupados por faixas etárias que tenham características biopsicossociais próximas.

De maneira geral, a literatura oferece três grupos para o processo de formação

esportiva: a) Iniciação Esportiva, ampliação das habilidades motoras generalizadas e foco nas

experiências abertas que servem de base ao aprendizado das habilidades esportivas; b)

Especialização Esportiva, início do treinamento de uma única modalidade escolhida pelo

participante com foco no desenvolvimento dos aspectos técnicos e táticos específicos desta; e

c) Alto Rendimento, busca de resultados competitivos (BÖHME; LUGUETTI, 2011).

Embora não haja consenso em relação à distribuição das faixas etárias, nas fases

supracitadas, encontramos a Iniciação no período de seis a 12 anos de idade, a Especialização

dos 13 aos 15 anos e o início do rendimento esportivo a partir dos 16 anos (GRECO;

BENDA, 2007; FRASER-THOMAS; CÓTÊ; DEAKIN, 2005).

Considerando que a fase de Alto Rendimento é apenas uma das possibilidades de

prática esportiva para o jovem, é essencial repensar a organização temporal dos alunos, a

partir das diferentes perspectivas abordadas nesse estudo. Por essa razão, os objetivos

estabelecidos para cada fase deverão levar em consideração as características do indivíduo, as

finalidades sociológicas, bem como a especificidade da área, buscando abordar os três

Referenciais da Pedagogia do Esporte, relacionando as finalidades de desenvolvimento

pessoal, de performance esportiva (CÓTÊ; HANCOCK, 2014), com os objetivos e filosofias

do programa de tempo integral.

A partir dos objetivos de ensino podem ser estabelecidos os conteúdos de ensino

que, na perspectiva da Pedagogia do Esporte, devem englobar: habilidades motoras básicas e

específicas; qualidades físicas, aspectos técnicos e táticos das modalidades esportivas

(OLIVEIRA; PAES, 2004; PAES, 2001); conhecimento da história das modalidades e das

regras e suas evoluções; envolvimento da mídia; cultura das modalidades (MACHADO;

GALATTI; PAES, 2014; MACHADO, 2012; BARROSO; DARIDO, 2009) e valores como

cooperação, solidariedade, amizade, trabalho em equipe, respeito e responsabilidade

(LAMBERT, 2013; PAES; BALBINO, 2009; THEOKAS et al, 2008), conforme previsto a

partir de três Referenciais da PE, técnico-tático, histórico-cultural e socioeducativo,

respectivamente (MACHADO, 2012; MACHADO; GALATTI; PAES, 2015).

Este processo de seleção de conteúdos deve ser intencional e deve, sobretudo,

possibilitar ao aluno o saber jogar – referencial técnico-tático –, a vivência e transformação de

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valores – referencial socioeducativo – e a ampliação do conhecimento sobre esporte –

referencial histórico-cultural –, promovendo um processo de ensino, vivência e aprendizagem

esportiva que considere o aluno e seus interesses, características, necessidades, possibilitando

o desenvolvimento de suas múltiplas competências.

As experiências proporcionadas aos alunos devem permitir a exploração e o

contato com os variados tipos de conteúdo, sendo a aula um ambiente que estimule debates

para que eles busquem formular respostas, seja no campo motor, no cognitivo, no afetivo-

social ou no cultural, visando a uma aprendizagem significativa. Por isso, o

professor/treinador deve selecionar uma ampla gama de metodologias e procedimentos

pedagógicos que proporcionem tais efeitos.

A seleção dos métodos deve estar em consonância com os objetivos a serem

alcançados, também com os conteúdos selecionados e a organização e seriação da proposta,

devendo evoluir tanto dentro da própria turma quanto de uma turma para a outra.

A literatura aponta diferentes metodologias para o ensino das questões motoras e

táticas do esporte, como os princípios analíticos e globais presentes nos jogos coletivos

(DIETRICH; DÜRRWÄCHTER; SCHALLER, 1984), as diferentes famílias dos jogos e os

exercícios (FERREIRA; GALATTI; PAES, 2005; SCAGLIA, 2005), ou ainda a perspectiva

das Novas Tendências em Pedagogia do Esporte (FERREIRA, 2015), mas são poucas as

referências que indicam metodologias de ensino ou procedimentos pedagógicos para os

demais conteúdos, como os valores (LAMBERT, 2013; THEOKAS et al, 2008) e o contexto

histórico das modalidades (MACHADO; GALATTI; PAES, 2011).

Assim, ao construir o currículo, o professor deve selecionar e organizar

metodologias que provoquem intencionalmente situações de resolução de conflitos tanto no

âmbito motor quanto social, emocional, cognitivo e cultural dos alunos, utilizando-se de

leituras de textos, apresentação de vídeos, vivência de outros papeis, debates em grupo,

organização de festivais e feiras (MACHADO; GALATTI; PAES, 2011), contribuindo para a

vivência de uma proposta a partir dos três Referenciais supracitados.

Por fim, deve-se construir a proposta de avaliação. Talvez esse seja o campo de

maior dificuldade do professor, pois ainda é pouco explorado pedagogicamente no universo

esportivo (LEONARDI, 2013).

Segundo o autor, a avaliação deve ser autêntica, fornecendo informações sobre o

processo para que este possa ser constantemente reformulado, tendo em vista os objetivos

definidos, levando-se em consideração as respostas dos alunos.

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86

Vale ainda ressaltar que, de maneira geral, os protocolos de avaliação existentes

na área esportiva dizem respeito basicamente à aprendizagem dos aspectos motores e táticos,

sendo, portanto, incongruentes com as expetativas de aprendizagem da área.

Darido e Rangel (2005) apontam algumas possibilidades de avaliação do processo

de ensino, vivência e aprendizagem no cenário escolar e no contexto da Educação Física

como um todo. Algumas dessas estratégias podem ser transferidas para nosso cenário de

ensino, como a observação sistemática do professor, a resposta dos alunos sobre os

questionamentos levantados em aula e os resultados de pesquisas, relatórios e seminários por

eles apresentados.

A partir de tais configurações destacamos duas estruturas fundamentais para a

elaboração e execução do currículo: Elementos externos e Elementos Internos.

Os elementos externos são aqueles que oferecem sustentação para a construção de

um currículo, tais como: a) Pessoa – a quem o currículo se destina, levando-se em

consideração suas características, seus interesses e necessidades; b) a Filosofia do ensino,

assim entendidas as bases epistemológicas do esporte educacional e da escola em tempo

integral; c) o Ambiente de ensino, levando em consideração as características e necessidades

da comunidade local e a infraestrutura da escola (espaços e os materiais disponíveis) e, por

fim, d) o Mediador, devendo-se ter clareza sobre as características fundamentais dos

professores/treinadores para o ensino do esporte na escola em tempo integral.

Já os elementos internos são aqueles inerentes ao currículo abordados até o

momento: objetivos, conteúdos, organização temporal, método e avaliação. Esta relação deve

ser constante, pois a construção curricular sempre parte de uma referência, que é apresentada

neste estudo pelos elementos externos, para então se estabelecer os objetivos de ensino e estes

guiarem a construção das demais etapas curriculares, presentes nos elementos internos.

A partir desta configuração, o currículo pode atuar como um facilitador no

processo de ensino, vivência e aprendizagem do esporte, fortalecendo as possibilidades de

desenvolvimento positivo dos participantes e, ao mesmo tempo, buscando diminuir os efeitos

negativos dessa prática, tendo em vista o gerenciamento e a organização do processo, como

indicado a seguir:

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87

Figura 9: Aspectos curriculares do ensino esportivo na escola em tempo integral

Devemos nos questionar sobre que praticantes pretendemos formar a partir da

vivência esportiva na escola em tempo integral. “Assim, surgem os questionamentos: “Quais

conteúdos devem ser tratados? Quais procedimentos pedagógicos devem ser utilizados no

processo de ensino, vivência e aprendizagem?”(MACHADO, 2012, p. 75), como promover o

ensino de modo a respeitar o desenvolvimento biopsicossocial dos alunos? Quais parâmetros

devemos utilizar para avaliar o processo?

Desta maneira, podemos inferir que a construção do currículo esportivo no

contexto da escola em tempo integral pode ser visto como propulsor de uma Política Pública

esportiva e educacional ao possibilitar o alcance dos objetivos estabelecidos pela escola em

tempo integral e por delimitar as expectativas do processo de ensino-vivência-aprendizagem

do esporte educacional.

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CAPÍTULO 3: CAMINHOS METODOLÓGICOS E CONTEXTO DA

PESQUISA

Compreender o contexto do esporte no universo da escola em tempo integral nos

permite ofertar uma prática alicerçada em princípios pedagógicos e metodológicos, o que, por

consequência, pode levar ao alcance dos objetivos estabelecidos.

Desta forma, olhar para o ciclo das Políticas Públicas, apresentado no segundo

capítulo desta tese ⸺ definição da agenda, elaboração da proposta, implementação, avaliação

e acompanhamento ⸺ cria a possibilidade de identificar quais fatores são fundamentais na

elaboração de uma Política Pública esportiva para a escola em tempo integral.

Assim, este estudo se propôs a analisar em um município do interior paulista a

configuração do programa esportivo aplicado nas escolas em tempo integral, a fim de

identificar quais fatores preponderantes no processo de formalização desta Política Pública

esportiva.

3.1 Características da pesquisa

Esta pesquisa se caracteriza como exploratória, pois, segundo Gil (2008), esse tipo

de estudo tem como principal finalidade desenvolver, descrever, esclarecer e modificar

conceitos e ideias, estabelecendo maior familiaridade com o problema investigado a fim de

torná-lo mais explícito ou construir hipóteses (LIMA et al, 2012).

Tendo em vista a baixa exploração sobre o tema estudado, a pesquisa exploratória

permite maior proximidade entre o pesquisador e o objeto a ser estudado e é uma das mais

utilizadas em estudos de caso (GIL, 2008), outra característica desta pesquisa.

O estudo de caso é uma estratégia empregada nesta tese, pois se caracteriza como

um estudo aprofundado de determinado objeto de forma a permitir ampliar os conhecimentos

sobre o mesmo (PEREIRA; GODOY; TERÇARIOL, 2009). Para Triviños (1987), a unidade

de ensino a ser estudada, a partir de um estudo de caso deve ser significativa e ter realce, o

que permite basear um julgamento ou propor algum tipo de intervenção, podendo ainda

propor influências transformadoras a partir do estudo levantado.

No mesmo sentido, Ponte (2006) define que o estudo de caso permite um estudo

aprofundado sobre certa entidade, seja pessoa, instituição, curso, sistema educacional ou uma

política, “procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico e, desse modo,

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89

contribuir para a compreensão global de um certo fenómeno de interesse” (PONTE, 2006, p.

2).

Segundo Yin (2001), o estudo de caso é uma estratégia importante na pesquisa

quando se procura responder “como” e “porque” sobre determinado fenômeno.

Tais considerações reforçam a escolha do método empregado, visto que

buscaremos aprofundar sobre como a proposta esportiva para a escola em tempo integral foi

elaborada em um município no interior paulista e, a partir dos dados levantados, propor

intervenções para uma proposta em Políticas Públicas em esporte educacional no contexto da

escola em tempo integral.

Os temas a serem explorados aqui permeiam o universo das Políticas Públicas, do

esporte educacional e da educação em tempo integral. Embora os três temas sejam recorrentes

na literatura e bastante debatidos, os estudos os fazem de forma separada, não abordando os

três em um único universo. Por essa razão, nosso esforço no referencial teórico desta tese foi

apresentar uma similaridade entre os temas, para que, a partir dos resultados obtidos,

consigamos traçar uma estreita relação entre eles.

3.2 Participantes da pesquisa

A pesquisa foi realizada em um município localizado no interior do estado de São

Paulo que oferece aos alunos da rede municipal o ensino em tempo integral.

A escolha do município se deu pelo fato de este possuir uma proposta estruturada

para a escola em tempo integral, de acordo com o Decreto Municipal Nº 13671 de 2015, o

qual dispõe sobre o cumprimento da proposta curricular do ensino em período integral

(SEED, 2015). Além desta proposta curricular para o desenvolvimento do programa como um

todo, o município também possui uma estruturação esportiva específica para o atendimento

dos alunos que permanecem na escola o dia todo, denominado Programa Cidadania e Esporte

em Tempo Integral (CETI), também formalizado por meio de um Decreto Municipal no ano

de 2017 (SEED, 2017).

A pesquisa foi realizada com todos os níveis de participação e envolvimento,

direto ou indireto na proposta esportiva, sendo estes: Secretária e Diretor das Secretarias de

Educação e Esporte e Lazer, respectivamente, Coordenadores do Programa esportivo,

Diretores das Unidades de ensino, professores e monitores esportivos das respectivas

unidades de ensino e alunos com idade entre 9 a 17 anos.

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90

Como critério de inclusão das unidades de ensino, verificamos aquelas que

oferecem o programa esportivo com o mesmo professor/monitor há pelo menos dois anos e

que ministram oficinas de esporte para os alunos do Ensino Fundamental I e II. Neste sentido,

10 escolas, de um total de 43, enquadraram-se na amostra e todas elas fizeram parte da

pesquisa. Portanto, diretores, professores/monitores e alunos foram entrevistados na mesma

unidade de ensino, buscando assim uma correlação entre as falas de todos.

O quadro a seguir apresenta a caracterização da amostra:

Quadro 4: Caracterização da amostra do estudo

Sujeitos Tamanho da amostra Critério para Inclusão

Secretaria de

Educação e

Esporte e Lazer

1 Secretária de

Educação;

1 Diretor de Esporte

- Ter envolvimento com a discussão da proposta

esportiva para a escola em tempo integral do

município;

Coordenadores do

Programa

Esportivo

3

- Exercer a função de Coordenador do Programa

esportivo;

- Ter participado da elaboração implementação do

programa;

Professores e

monitores

esportivos

11

- Exercer a função de docente nas unidades de

tempo integral;

- Exercer papel de professor/monitor das

atividades esportivas no período integral na

mesma escola pelo tempo mínimo de 2 anos;

- Atuar junto aos alunos matriculados no integral

do Ensino Fundamental I e II;

Direção 10

- Pertencer à unidade de ensino investigada

(observar critérios dos professores/monitores);

Ter sido autorizado a participar do estudo pelo

Município;

Alunos 221

- Ter idade de 9 em diante;

- Estar matriculado na escola integral participante

da pesquisa;

Ao total tivemos uma amostra de 221 alunos com idade entre 9 e 17 anos. Os

dados sobre os participantes serão apresentados de forma mais detalhada nos resultados e

discussões.

3.3 Instrumentos e procedimentos de coleta de dados

Considerando que a pesquisa em estudo de caso deve envolver diferentes

instrumentos (LIMA et al, 2012; PEREIRA, GODOY; TERÇARIOL, 2009; GIL, 2008; YIN,

2001) e considerando ainda a abrangência deste estudo, tendo em vista seu objeto ⸺ o ciclo

da Política Pública no contexto do esporte educacional na escola em tempo integral ⸺,

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selecionamos três instrumentos que, conjuntamente, nos deram subsídios para responder os

problemas levantados inicialmente.

Assim, na pesquisa de campo, partimos da análise documental, que, segundo

Neves (1996), se caracteriza pela análise de documentos que ainda não receberam um

tratamento específico ou que podem ser examinados novamente a fim de ter uma análise

complementar. Realizamos a análise de três documentos: 1) Plano de Governo entre os anos

de 2013 – 2016; 2) Currículo esportivo do período integral; 3) Relatório das atividades do

período integral do ano de 2015.

Com relação ao Plano de Governo, nossa intenção foi verificar tanto os

indicadores da realidade esportiva e educacional do município quanto as concepções e

propostas a serem implementadas para o município a partir da gestão atual sobre os referidos

temas. Sobre o Currículo, a finalidade foi perceber a relação entre ele e as finalidades

apresentadas para a ETI previstos também no Plano de Governo. O relatório das atividades

nos indicadores de diferentes naturezas que puderam ser comparados com as informações

obtidas nas entrevistas ou nas demais análises documentais, por essa razão, esta análise foi

utilizada como fonte de informação e comparação com os resultados durante toda a análise

dos resultados.

O segundo instrumento utilizado foi a entrevista, caracterizada pelo encontro entre

duas pessoas com a intenção de uma delas obter respostas sobre determinado assunto

(LAKATOS; MARCONI, 2010). Dentre as diferentes formas de entrevista, selecionamos

duas, para tipos diferentes de público: a entrevista semiestruturada e a entrevista grupal, ou

focus group.

A entrevista semiestruturada pode ser caracterizada pelos questionamentos

básicos apoiados em determinadas teorias que se relacionam com o tema investigado

(TRIVIÑOS, 1987). Nesse sentido, um conjunto de perguntas é elaborado servindo como um

roteiro ao tema principal e, a partir da interação entre os participantes, novas formulações

podem surgir, a fim de tentar alcançar os objetivos pretendidos (MANZINI, 1990).

Essa técnica de coleta de dados foi utilizada com: Secretária de Educação, Diretor

da Secretaria de Esporte e Lazer, Coordenadores do programa esportivo, Diretores e

professores/monitores. O Apêndice 1 apresenta o roteiro inicial para cada grupo entrevistado.

As entrevistas foram feitas conforme possibilidade dos entrevistados, em local e

horário da preferência de cada participante, entre os meses de agosto e novembro de 2016.

Já a técnica da entrevista grupal foi utilizada com os alunos. Segundo Galego e

Gomes (2005, p. 175), o focus group deve ser utilizado com a intenção de obter

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através da introspecção de diferentes sujeitos, informações sobre a vida diária e

sobre as formas pelas quais cada indivíduo é influenciado por outros em situação de

grupo e como ele próprio influencia o grupo. A finalidade principal dessa

modalidade de pesquisa era extrair das atitudes e respostas dos participantes do

grupo, sentimentos, opiniões e reacções que se constituiriam num novo

conhecimento.

Para esse tipo de pesquisa é fundamental que haja certa homogeneidade entre os

participantes (GIOVINAZZO, 2001), caracterizada nessa pesquisa pela a) faixa etária entre os

alunos – grupos de entrevistas com alunos de 9 a 11 anos e de 12 anos em diante e b) pela

participação nas aulas de esporte do período integral e c) pelo pertencimento à mesma turma.

Ainda segundo o autor, essa técnica permite maior estímulo e interação entre os

participantes, profundidade na abordagem do assunto, espontaneidade e naturalidade na

colocação, tendo em vista que as falas, de certa maneira, se complementam.

Assim, para a entrevista, os alunos foram organizados em grupos de até 10

participantes, dentro da faixa etária supracitada, e eles responderam um roteiro de cinco

perguntas iniciais.

O período de entrevistas com os alunos variou entre os meses de setembro e

outubro de 2016.

A fim de caracterizar melhor o roteiro desta pesquisa, tendo em vista a

multiplicidade de sujeitos e documentos envolvidos e o contexto do estudo que envolve

analisar os ciclos das PP no cenário do esporte na escola em Tempo Integral, apresentaremos

um quadro que demonstra como essa análise foi organizada.

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Figura 10: Roteiro da pesquisa

Assim, na fase de formulação da Agenda, buscamos identificar os principais

motivos que levaram à discussão sobre o esporte no contexto da escola em tempo integral.

Para tal, participaram da pesquisa a Secretária de Educação e o Diretor da Secretaria de

Esportes da época. Os instrumentos utilizados foram tanto a entrevista semiestruturada quanto

a análise documental do Plano de Governo.

Para identificarmos como foi o processo de elaboração da PP realizamos uma

entrevista semiestruturada com os coordenadores do programa esportivo e também uma

análise documental do currículo esportivo elaborado.

Na fase de implementação, buscamos identificar as dificuldades enfrentadas nesse

processo e como ele ocorreu. Realizamos uma entrevista semiestruturada com os

coordenadores do programa, com os diretores e professores das unidades escolares.

Por fim, para identificarmos os processos de acompanhamento e avaliação,

realizamos uma entrevista semiestruturada com os coordenadores, diretores e professores e

uma entrevista grupal com os alunos participantes com idade a partir de 9 anos. O projeto de

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pesquisa foi autorizado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Campinas, sob o

CAAE: 51605515.0.0000.5404 e os Termos de Consentimento Livre e Esclarecidos assinados

pelos participantes e/ou pelos responsáveis dos mesmos em caso de menores de 18 anos,

conforme apresentado nos apêndices.

3.4 Análise dos dados

As entrevistas foram analisadas por meio do programa Interface de R pour les

Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnares (IRAMUTEQ). Para Camargo e

Justos (2013), o software possibilita diferentes formas de análises textuais, desde as mais

simples, como o cálculo de frequência de palavras, até análises multivariadas. Segundo

Almico e Faro (2014, p. 727), o programa “busca apreender a estrutura e a organização do

discurso, informando as relações entre os mundos lexicais mais frequentemente enunciados

pelo sujeito”.

Para esse estudo, organizamos o material da entrevista em quatro corpus, de

acordo com as fases do ciclo das PP apresentadas no início deste estudo. Assim, o corpus 1

abordou sobre a agenda, o corpus 2 sobre a elaboração da PP, o corpus 3 sobre a

implementação e, por fim, o corpus 4 sobre o acompanhamento e avaliação da proposta

esportiva na escola em tempo integral. A figura anterior apresentou as finalidades, os

participantes e os instrumentos de cada fase.

Cada corpus foi submetido a uma análise de Classificação Hierárquica

Descendente (CHD), que permite analisar segmentos de textos que possuem relação entre si e

vocabulários diferentes de outros segmentos, calculando a proximidade e a distância entre eles

(ALMICO; FARO, 2014).

A partir dessa análise, o programa organiza os resultados em dendogramas com

classes de palavras de acordo com a proximidade entre elas, partindo das mais representativas

às menos representativas dentro de cada classe. As classes foram renomeadas de acordo com

o tema que as representava. As classes que eram próximas e possuíam relação semelhante

foram também agrupadas em uma mesma reclassificação para facilitar a discussão dos dados.

A utilização do programa permitiu aprofundar a análise de conteúdo por ser um

método que viabiliza interpretar os conteúdos presentes nas falas dos entrevistados (BARDIN,

2011). Para Godoy (1995), a análise de conteúdo pode ser tanto quantitativa quanto

qualitativa. A análise quantitativa verifica a frequência das características que se repetem no

texto, auxiliada pelo software utilizado; já a análise qualitativa possibilita a interpretação dos

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dados obtidos, sendo também organizada pelo IRAMUTEQ, com interveniência da

pesquisadora

Os dados obtidos por meio da análise documental também foram examinados por

meio da técnica da análise de conteúdo, contudo sem a utilização do software em questão.

Para melhor compreender os resultados obtidos nesta tese, faz-se necessário

contextualizar o ambiente da pesquisa, tendo em vista que ela se caracteriza como um estudo

de caso.

3.5 Caracterização do município

A pesquisa foi realizada em um município do interior paulista, localizado na

região do Vale do Paraíba, que atualmente conta com uma população de aproximadamente

300.000 (trezentos mil) habitantes e um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

(IDHM) de 0,800 – muito alto (IBGE, 2010). Com relação ao Índice Paulista de

Vulnerabilidade Social (IPVS), o município apresenta uma taxa de 73,8% dos habitantes em

situação de baixíssima, muito baixa e baixa vulnerabilidade (SEADE, 2010).

Segundo Lorena, Bergamaschi e Leite (2011), o IDMH é uma variação regional

do Índice de Desenvolvimento Humano criado na década de 1990 para verificar o

desenvolvimento de um país a partir de diferentes indicadores que não somente o econômico.

A partir dos indicadores coletados pelo IDHM ⸺ longevidade, escolaridade e renda ⸺

podemos ter uma perspectiva com relação ao desenvolvimento municipal no país. Na escala

do IDMH, temos cinco índices que variam de 0,0 a 1,0, sendo: 0,0 a 0,49: muito baixo; 0,5 –

0,59: baixo; 0,60 – 0,69 médio; 0,70 – 0,79: alto e; 0,80 – 1,00: muito alto.

Já o IPVS verifica os índices de vulnerabilidade social de uma determinada população,

levando em conta indicadores socioeconômicos e demográficos. Os resultados obtidos foram

apresentados em 07 níveis diferentes: (1) Baixíssima Vulnerabilidade social, (2)

Vulnerabilidade muito baixa, (3) Vulnerabilidade baixa, (4) Vulnerabilidade média, (5)

Vulnerabilidade alta – setores urbanos, (6) Vulnerabilidade muito alta – aglomerados

subnormais e (7) Vulnerabilidade muito alta – setores rurais.

Segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), a

vulnerabilidade social está associada a uma combinação de fatores que podem produzir uma

deterioração no nível de bem-estar de pessoas, das famílias ou comunidades, em consequência

de sua exposição a determinados riscos. Portanto, está ligada à maior ou menor capacidade do

indivíduo em controlar as forças que afetam seu bem-estar, sendo atrelada a problemas de

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ordem financeira, de saúde, de educação e até mesmo a existência de garantias legais e

políticas.

Apesar dos índices apresentados representarem configurações positivas no

município estudado, sabemos que os desafios pertinentes ao universo educacional e esportivo

são constantes e necessitam de Políticas Públicas para tais fins. Um dos exemplos que

configuram essa questão é o IDEB do município, já apresentado nesta tese, que se configura

abaixo do esperado.

Uma das propostas do governo para melhorar os resultados escolares dos alunos é

a escola em tempo integral, como já discutido no capítulo 1 desta tese. Contudo, apenas

ampliar o tempo de permanência do aluno sem oferecer uma proposta estruturada, pouco ou

nada pode contribuir neste sentido, tampouco nas demais funções da escola em tempo

integral, nas quais destacamos principalmente a ampliação das oportunidades de

aprendizagem do aluno em diversos aspectos: sociais, motores, cognitivos, afetivos, culturais.

Por esta razão selecionamos um município que tivesse uma proposta formalizada

de escola em tempo integral para estudar e analisar por meio dela como estabelecer

parâmetros para a formulação de Políticas Públicas de esporte na escola em tempo integral.

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CAPÍTULO 4: A POLÍTICA PÚBLICA DE ESPORTE NAS ESCOLAS EM

TEMPO INTEGRAL – UMA EXPERIÊNCIA EM UM MUNICÍPIO PAULISTA

Como abordado anteriormente, os resultados serão apresentados de acordo com as

fases do ciclo das PP para melhor compreensão de todo o processo. Em cada fase serão

ilustrados os dendogramas obtidos por meio da análise do IRAMUTEQ, a análise das classes

e, concomitantemente, uma discussão com base na literatura vigente sobre Políticas Públicas e

Pedagogia do Esporte.

4.1: Formulação da Agenda – o esporte como assunto político no contexto da

Escola em Tempo Integral

Tendo em vista que a Formulação da Agenda é o primeiro passo para a

consolidação de uma PP e que, nessa fase, os principais problemas identificados tanto pela

sociedade quanto pelos agentes políticos são discutidos para se tornarem de fato agendas

políticas, buscamos identificar os motivos que levaram à discussão de uma proposta esportiva

para a ETI.

Participaram da entrevista as pessoas que, de certo modo, estiveram envolvidas

nesse processo inicial entre esporte e escola em tempo integral, no caso, a secretária de

Educação e o diretor de Projetos Esportivos da Secretaria de Esportes.

As principais perguntas norteadoras nesta fase foram: “Por que a escola em

Tempo Integral passou a ser prioridade nesse Governo?”, “Por que se criou um programa

esportivo para a ETI?”, “O que se esperava a partir da implementação deste Programa?”.

Apresentaremos os resultados obtidos nessa fase em dois momentos: o primeiro

por meio dos resultados obtidos com a análise do IRAMUTEQ e, posteriormente, faremos a

análise do Plano de Governo entre os anos de 2013 e 2016, buscando cruzar as informações

entre ambos instrumentos de pesquisa.

A análise do CHD feita pelo IRAMUTEQ apresentou um dendograma contendo

quatro classes de agrupamentos de palavras, conforme o quadro seguinte.

Page 98: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política ... · Assim, na fase de formulação da Agenda identificamos quais objetivos levaram à discussão do esporte no contexto

98

Quadro 5: Dendograma da Análise da Agenda

Fonte: Análise CHD – IRAMUTEQ.

A análise apresentada pela Classificação Hierárquica Descendente resultou num

dendograma com quatro classes, estabelecendo-se uma relação entre as classes três e um e

entre as classes quatro e dois. As primeiras palavras em cada classe são aquelas que

apresentaram maior relevância no corpus e as últimas, são aquelas que tiveram menor

expressão.

Ao analisar os resultados obtidos por meio do software, renomeamos as classes da

seguinte forma:

Classe 3: Panorama e discussão inicial;

Classe 1: Quando o esporte entrou em campo;

Classe 4: Propostas para o ensino integral;

Classe 2: Expectativas para o esporte no ensino integral.

Apresentaremos uma análise mais específica de cada uma dessas classes.

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99

4.1.1 Classe 3: Panorama e discussão inicial

Como ponto de partida na elaboração da Agenda, temos o panorama inicial do

município, principalmente a realidade enfrentada pelas Secretarias de Educação e de Esporte e

as primeiras discussões sobre as mudanças necessárias.

Inicialmente, ambas as Secretarias apresentaram problemas com relação à

estruturação seja no campo de recursos humanos, físicos, materiais ou ainda pedagógicos. As

escolas de ensino integral eram marcadas pela resistência, ausência de proposta e,

consequentemente, do direcionamento do trabalho, da falta de equipe especializada, além da

necessidade de reorganização espacial.

A Secretaria de Educação já oferecia o ensino integral aos alunos, porém de forma

desestruturada. Contudo era uma proposta presente no Plano de Governo com a intenção de

avançar na educação e, portanto, necessitava ser reorganizada, conforme aponta a Secretária

de Educação:

[...] no que tange o tempo integral porque a gente vai discutir o tempo integral

especificamente, nós tínhamos poucas escolas não tinha um projeto definido [...].

Naquele momento eu não percebi que tivesse ou que houvesse realmente uma

proposta consolidada de tempo integral [...] é o contrário quando a gente pensou em

implementar o tempo integral a gente teve muita resistência e ainda tem ao meu ver

havia necessidade estrutural tanto em termos ambientais quanto de recursos

humanos (SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO).

A Secretaria de Esporte apresentava uma estrutura defasada, desde a falta de

material esportivo para as aulas à baixa quantidade de professores disponíveis para ampliar o

atendimento:

Bom a secretaria de esportes quando nós assumimos ela tinha um organograma

bastante defasado com relação às necessidades desse município [...] e a proposta que

nós tínhamos de toda implementação do plano de governo, não só essa divisão, não

cabia pra que a gente de fato desse conta da demanda que a gente estava se

propondo a fazer (DIRETOR DA SECRETARIA DE ESPORTES).

Apesar dos problemas iniciais, a escola em tempo integral fazia parte do Plano de

Governo e, portanto, passou a fazer parte das discussões iniciais das Secretarias, pois se viu a

possibilidade de ampliar o atendimento de ambas por meio da integração vinculada a uma

proposta no Ensino Integral.

[...] essa foi a proposta inicial e nessa conversa então com a secretária foi quando

surgiu a ideia que ela estava numa ação no mesmo sentido de ampliação da

secretaria de educação que era o aumento do atendimento da escola de tempo

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100

integral, e foi dessa conversa que surgiu. A ideia então de propor um projeto em

parceria com a secretaria de educação não só da utilização do espaço mas de uma

ação conjunta (DIRETOR DA SECRETARIA DE ESPORTES).

A retomada pelo assunto da escola em tempo integral do município nos aponta

duas questões já abordadas nesse estudo: a primeira vinculada às propostas de Ruas (1988), ao

definir que as demandas se repetem quando não foram bem resolvidas e, nesse caso, tinha-se

um baixo número de escolas integrais no município até 2013 e não havia uma proposta

formulada para esse tipo de atendimento; e a segunda relacionada aos conceitos de Viana

(1996) e Saraiva e Ferrarezi (2006), ao afirmarem que a agenda política se constitui quando

um problema é reconhecido pelo Governo. Justifica-se esse último ponto pelo fato de a escola

em tempo integral ter sido prioridade do Plano de Governo entre os anos de 2013 e 2016.

Nesse contexto, o fluxo de soluções, debatido por Kingdon (2003), foi marcado

pela integração entre as Secretarias de Educação e Esporte e, por essa razão, o esporte passou

a fazer parte das propostas de estruturação da ETI.

4.1.2 Classe 1: Quando o esporte entrou em campo

A estruturação de uma proposta esportiva para o período integral entra como uma

das soluções para os problemas diagnosticados pela equipe técnica das Secretarias, uma vez

que possibilitaria a ampliação do atendimento da Secretaria de Esportes e ofereceria uma

estrutura organizada à área esportiva do integral.

Havia um quadro de monitores esportivos que faziam parte de um projeto social

da Prefeitura e, a partir da nova gestão, esse quadro passou para a Secretaria de Educação.

Portanto, a SEED teria aproximadamente 32 monitores de esportes disponíveis para atuar no

ensino integral.

Dessa forma, tanto a Secretaria de Educação quanto a de Esportes tinha um

quadro razoável de funcionários (monitores de esportes), mas não tinha uma proposta

constituída para atender as escolas integrais.

Tendo em vista que a formulação da agenda política pode ser compreendida por

três fases distintas, conforme apresentado no início desse estudo (KINGDON, 2003),

identificamos essa classe como a de fluxo de soluções, ou seja, os problemas foram

identificados e entraram nas pautas de discussão, e agora necessitam de solução.

Segundo Perdicaris (2009):

A entrada de um assunto na agenda e as mudanças nas políticas públicas são

explicadas pela conjunção desses fluxos, que acontecem quando um problema é

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101

reconhecido, a solução está disponível e o clima político está favorável

(PERDICARIS, 2009, p. 4).

Para Kingdon (2003), a probabilidade de as mudanças acontecerem é quando há

uma confluência destes três fluxos, caracterizado pelo que o autor chama de Janela das

Oportunidades, facilitado pela existência de Empreendedores Políticos (Policy

Enterpreneurs), que são pessoas especialistas nos assuntos, sejam empresários, políticos ou

agentes acadêmicos. A existência desses agentes é fundamental para que haja uma

continuidade entre a discussão do problema apresentado e a elaboração da proposta

(CAPELLA, 2006).

No caso da formulação da proposta esportiva na escola em tempo integral no

município estudado, identificamos a confluência desses fluxos, tendo em vista: a) os

problemas identificados e reconhecidos por ambas as Secretarias; b) a possibilidade de

resolução destes problemas mediante vínculo; e c) o clima político favorável, tendo em vista a

pareceria estabelecida entre as Secretarias para a solução do problema, e a expectativa de uma

proposta estruturada para o período integral por parte do Governo.

Além disso, essa situação foi fortalecida pela presença de um agente acadêmico,

que, por ser especialista no assunto, pôde dar continuidade entre a ideia e construção da

proposta de fato:

eu penso que a gente teve um privilégio de ter também na equipe uma pessoa que

pensava na questão do movimento e que tinha essa especialização para trazer para

gente uma proposta que fosse abrangente (SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO).

Assim, a política de esporte para o período integral passou a ser pensada a partir

do momento que as Secretarias de Educação e Esporte puderam contar com o apoio de uma

coordenadora para articular a proposta de ensino.

Podemos concluir essas duas primeiras fases com o quadro seguinte:

Page 102: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política ... · Assim, na fase de formulação da Agenda identificamos quais objetivos levaram à discussão do esporte no contexto

102

Quadro 6: Do panorama inicial aos caminhos para a mudança – confluência dos três fluxos de

Kingdon (2003)

Secretarias Definição do Problema Fluxo de Soluções Política

SEED

- Falta de proposta estruturada

para o ensino integral;

- Falta de recursos humanos;

- Falta de organização estrutural

nas escolas integrais;

- Necessidade de ampliação do

atendimento.

- Discussão de ideias entre

as Secretarias;

- Promoção de vínculo

entre as Secretarias –

atendimento

compartilhado;

- Presença de

Coordenadores para

construir a proposta.

Programa Esportivo para a

escola em Tempo Integral.

SELT

- Necessidade de ampliação do

atendimento;

- Falta de recursos materiais;

- Espaços físicos para aula sem

estrutura;

- Desestrutura organizacional

Fonte: Baseado em Kingdon (2003)

As duas primeiras classes apresentadas configuram de forma mais específica o

processo de elaboração da agenda política e o cenário de decisão sobre os problemas

levantados. As duas últimas classes propostas pelo IRAMUTEQ apresentam a identidade que

o município buscava com a formulação da proposta esportiva no período integral.

4.1.3 Classe 4: A proposta para o Ensino Integral

Apesar de o ensino integral ser uma proposta do município desde o ano de 2008, e

mesmo com o aumento no número de escolas com atendimento desta proposta em 2013, para

a Secretária de Educação, foi em 2015 que houve a consolidação deste trabalho, devido à

organização estrutural, mas ainda assim necessita de um acompanhamento constante para de

fato analisar se a política teve êxito.

As expectativas para o ensino integral na rede municipal, conforme entrevista com

a Secretária de Educação, são baseadas principalmente na melhoria do rendimento escolar dos

alunos e, para isso, o processo precisa ser acompanhado para que não haja descontinuidade da

política:

Eu não vejo mais como o Brasil avançar em termos de educação e de atendimento da

população mais carente a não ser tendo uma escola que de fato acolha a criança e o

jovem durante o maior tempo possível do dia dessa criança, desse jovem

(SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO).

O atendimento do período integral neste município, conforme o Diretor da

Secretaria de Esportes, passou a ser no mínimo 7 horas por dia com os alunos do período

Page 103: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política ... · Assim, na fase de formulação da Agenda identificamos quais objetivos levaram à discussão do esporte no contexto

103

estendido (do Fundamental II) e de até 10 horas por dia com os alunos do Ensino

Fundamental I.

Segundo Castanho e Mancini (2016), a escola em tempo integral, principalmente

nas escolas públicas, tem se apresentado como prioridade nos governos visando, dentre outros

aspectos, a diminuir os problemas enfrentados, principalmente no que diz respeito ao baixo

rendimento escolar.

A implantação do Programa Novo Mais Educação (BRASIL, 2016) reafirma essa

questão ao instituir uma nova roupagem ao programa que vinha sendo trabalhado nas escolas

integrais desde 2007. Com a nova proposta, buscou-se intensificar a aprendizagem em língua

portuguesa e matemática, considerando principalmente as finalidades da educação propostas

na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), os baixos resultados alcançados

no IDEB em 2015 e as metas seis e sete do Plano Nacional de Educação que prevê a

ampliação da oferta do período integral e a melhoria da qualidade do fluxo e da aprendizagem

escolar pública (BRASIL, 2014).

Os resultados alcançados pelos alunos da rede municipal estudada também

ficaram abaixo da meta estipulada. Nos anos iniciais, 71,1% das escolas não atingiram a meta

e, nos anos finais, 97,5% das escolas não atingiram a meta estipulada pelo Governo, o que

indica, de fato, a necessidade de melhorar a aprendizagem dos alunos, sendo a escola de

tempo integral uma das frentes possíveis.

Contudo, as atividades devem ser atrativas para que os alunos tenham maior

adesão à proposta e, preferencialmente, estas devem estar atreladas ao planejamento do ensino

regular, para que a continuidade do ensino seja respeitada.

[...] quer dizer eu não tenho atividades regulares num período e de projetos no outro,

não tem que ser projetos a longo prazo que consolide uma escola em tempo integral

e que essas atividades estejam inseridas no projeto político pedagógico das escolas e

que o aluno inclusive opte pelos projetos que ele quer desenvolver (SECRETÁRIA

DE EDUCAÇÃO).

O esporte surge no contexto da ETI para consolidar uma política de direito,

conforme previsto na CF (BRASIL, 1988), no ECA (BRASIL, 1990), na LDB (BRASIL,

1996) e nas Portarias sobre o ensino Integral (BRASIL, 2014; 2007), para oferecer ao aluno

uma prática que atende seus interesses, e também para efetivar a proposta do Plano de

Governo:

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104

Um dos pontos que a gente não pode deixar de levar em consideração é que isso

também fazia parte do plano de governo desse gestor. Ele particularmente é uma

pessoa que gosta muito de esporte que acredita que realmente o esporte é uma das

possibilidades de inserção social do sujeito (SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO).

É sobre as expectativas para o esporte na escola em tempo integral que

discutiremos a seguir.

4.1.4 Classe 2: Expectativas para o esporte no período integral

Apesar de a descrição sobre a Elaboração e a Implementação da proposta

esportiva ser tratada nas sessões seguintes, cabe apresentar as expectativas sobre essa

proposta, tendo em vista que foi na Agenda que as primeiras soluções foram apontadas

(BUNNER, 2008) e, consequentemente, expectativas foram geradas e estas serviram de start

para a discussão das ideias na fase seguinte, a Elaboração da proposta.

Apesar de não ter encontrado na literatura discussões acerca do esporte e da escola

em tempo integral num mesmo contexto, temos autores que debatem sobre o esporte e a

escola (DARIDO; BARROSO, 2009; HOULIHAN; GREEN, 2006; PAES, 2006; 2001;

DARIDO; RANGEL, 2005) ou ainda sobre o esporte e o desenvolvimento de crianças e

adolescentes (WHITEHEAD; TELFER; LAMBERT, 2013; PAES; BALBINO, 2009;

BENTO, 2006; 1991; CÓTÊ; DEAKIN, 2005). Em todos os casos, conforme já apontado

neste estudo, quando a proposta está organizada e alicerçada em bases pedagógicas, os

benefícios desta prática se sobressaem em relação aos efeitos negativos que porventura

possam surgir.

Como expectativa para o município, o esporte na escola em tempo integral

deveria possibilitar as diferentes formas de movimento e o desenvolvimento do aluno de

forma ampla.

Eu vejo a escola dentro de um processo de desenvolvimento e o desenvolvimento

psíquico, cognitivo, físico, passa sim também pelo esporte. Não pode ser só o

esporte porque tem gente que não vai ter essa habilidade, mas mesmo não tendo essa

habilidade, o movimento tem que fazer parte da vida do sujeito nessa faixa etária,

inclusive nas faixas etárias seguintes. O movimento faz parte da vida, tem que ter. E

eu penso que o esporte propicia a questão do trabalho em grupo da socialização da

participação da solidariedade da disciplina que são elementos extremamente

importantes para a inserção do sujeito na vida atual (SECRETÁRIA DE

EDUCAÇÃO).

Assim, fica evidente que o município busca com a oferta do esporte no ensino

integral tanto o desenvolvimento global do aluno como também tornar a ETI mais atrativa

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105

para ampliar o atendimento junto aos alunos, por meio da oferta de uma proposta esportiva

ampla e generalizada.

O esporte tem sido considerado como uma das maiores manifestações

socioculturais de interesse para jovens (MARTINS; MELO, 2003), sendo alvo constante de

PP (REVERDITO, 2016; CÔTÉ; HANCOCK, 2014; HOULIHAN;GREEN, 2009; PAES,

2001), fato reafirmando neste estudo, conforme análise documental feita nos relatórios da

Secretaria de Educação sobre a escola em tempo integral no município, pois a atividade

esportiva no período integral foi a de maior preferência, de maneira geral, pelos alunos,

conforme apresentado nos gráficos seguintes.

Gráfico 2: Interesse pelas atividades dos alunos de 6 a 8 anos

Fonte: Extraído da SEED (2015)

A atividade esportiva apresenta-se como uma das preferidas pelos alunos nessa

faixa etária. De acordo com o aumento da idade, há um gosto mais acentuado pelo esporte do

que pelas demais áreas, como apresentado pelos gráficos 3 e 4.

15%

7%

17%

16% 9%

16%

8%

12%

Preferência das atividades de 6 a 8 anos

Artes

Capoeira

Dança

Esporte

Estudos

Informática

Música

Teatro

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106

Gráfico 3: Interesse pelas atividades dos alunos de 9 a 11 anos

Fonte: Extraído da SEED (2015).

Neste grupo de faixa etária, o interesse pelas atividades esportivas começa a se

despontar em relação às demais atividades. Esse índice é mais acentuado ainda quando

observamos os alunos de 12 anos em diante, como aponta o gráfico a seguir.

Gráfico 4: Interesse pelas atividades dos alunos de 12 anos em diante

Fonte: Extraído da SEED (2015).

O interesse pela atividade esportiva possibilita maior adesão ao programa em

tempo integral, despertando o interesse da criança e do adolescente em permanecer maior

período de tempo na escola, conforme Cavaliere (2007).

14%

5%

18%

20% 8%

15%

8%

12%

Preferência das atividades de 9 a 11 anos

Artes

Capoeira

Dança

Esporte

Estudos

Informática

Música

Teatro

13%

5%

22%

31%

8%

21%

Preferência das atividades de 12 anos em diante

Artes

Capoeira

Dança

Esporte

Estudos

Informática

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107

É lógico que o tempo integral não é só esporte no contra turno, existem outras

oficinas que são ofertadas como artes música enfim, e o esporte eu não sei se eu

estou enganado, mas o esporte é o carro chefe. Nós temos muito mais atividades

esportivas do que outras oficinas ofertadas dentro da escola de tempo integral

(DIRETOR DA SECRETARIA DE ESPORTES).

Concluindo essa análise, podemos inferir que a organização de uma proposta

esportiva para o ensino integral passou a fazer parte das discussões do Governo no momento

em que as demandas foram levantadas com relação à reestruturação das Secretarias de

Educação e de Esporte e do período integral; sendo fundamental a importância de um

Empreendedor Político para articular esse processo, como sintetizado na figura 11.

Figura 11: Fase da elaboração da Agenda – Do panorama inicial às expectativas do esporte no

integral

Destacamos ainda que, embora a fase da Agenda seja marcada apenas pelas

discussões iniciais sobre os problemas políticos, os resultados dessas discussões serviram de

base para a continuidade das fases seguintes. Nesse sentido, aqueles que discutiram os

problemas e as possibilidades de ideias inicialmente devem fornecer informações suficientes

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108

para que a Elaboração da proposta esteja em consonância com as expectativas iniciais,

principalmente no que tange à diminuição dos problemas apontados.

Tendo em vista que o Ensino Integral era proposta do Plano de Governo,

passaremos para a análise documental deste documento.

4.1.5 Análise do Plano de Governo – Quais as propostas para a educação e

para o esporte no município?

Dentre os principais problemas apresentados no Plano de Governo (PG), a

proximidade das crianças e dos adolescentes com o tráfico de drogas recebeu destaque pelos

munícipes, considerando a educação, a saúde e a segurança como as principais áreas de

atuação deste Governo.

Nesse sentido, foi previsto no Plano uma nova abordagem com os jovens no

intuito de oferecer propostas que estivessem em consonância com seus desejos e anseios,

ampliando dessa maneira a atuação nas áreas de emprego e renda e capacitação complementar

por meio da educação, com ampliação da oferta de atividades culturais e esportivas.

A proposta para a educação do município foi pautada no 2º Artigo da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação (LDB) cujo enfoque é:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de

liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996, p.1).

Nessa perspectiva, a primeira proposta apresentada previu a ampliação das

atividades acadêmicas, lúdicas, culturais e esportivas com a finalidade de manter os alunos

fora das ruas, diminuindo as situações de vulnerabilidade pessoal e social (PLANO DE

GOVERNO, 2013).

Como diretriz e ação, o plano propôs a ampliação da oportunidade de acesso e de

tempo que o aluno permanece na escola e, dentre as ações de curto prazo, destacou a criação

de novas escolas em Tempo Integral, promovendo a continuidade das atividades esportivas

nessa modalidade de ensino (PLANO DE GOVERNO, 2013).

Martins e Pillon (2008) defendem que o bom relacionamento dos alunos na escola

pode diminuir o risco de comportamentos inadequados pelos adolescentes e,

consequentemente, o uso de drogas. Os resultados apresentados nos estudos das autoras

Page 109: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política ... · Assim, na fase de formulação da Agenda identificamos quais objetivos levaram à discussão do esporte no contexto

109

apontaram para uma estreita relação entre a baixa escolaridade e o uso de drogas e,

consequentemente, o aumento do número de delitos cometidos por essa população.

Contudo, apenas estar na escola não garante a inversão da lógica supracitada.

Obviamente que outros fatores contribuem para o problema da drogadição e dos atos ilícitos,

como desestrutura familiar e distúrbios do comportamento (MARTINS; PILLON, 2008).

Podemos constatar estas questões por meio da análise documental feita nos

relatórios sobre a escola em tempo integral que apontam para a diminuição dos atos

infracionais cometidos por crianças e adolescentes no município do período de 2013 ao 1º

trimestre de 2016.

Gráfico 5: Índices de criminalidade no município

Fonte: Extraído da Secretaria de Educação (2015).

Em 2013, o município apresentava um índice de 183 atos infracionais cometidos,

já em 2015 esses índices diminuíram para 86, ou seja, menos da metade. Em 2016,

considerando o 1º trimestre do ano, ocorreram apenas 18 atos. Semelhantemente, o

atendimento de adolescentes em medidas socioeducativas também diminuiu no município

entre os anos de 2013 e 2015, com exceção apenas dos adolescentes com idade de 18 anos,

como apresentado pelo gráfico 6.

183

135

86

18

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Atos infracionais por ano - 2013 a 2016

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110

Gráfico 6: Adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas do município

Fonte: Extraído da Secretaria de Educação (2015)

Por certo, não podemos afirmar que a diminuição destes índices está diretamente

relacionada à oferta da escola em período integral. Contudo, podemos inferir que o aumento

das escolas em período integral e, consequentemente, das vagas oferecidas ao longo dos anos

pode ter possibilitado a diminuição dos atos infracionais, o que, de certa forma, vai ao

encontro das expectativas e das propostas do Governo Federal e Municipal que creditam na

escola em tempo integral uma possibilidade de afastamento dos riscos enfrentados por

crianças e adolescentes ao permanecerem menor tempo nas ruas. Podemos ainda inferir que a

oferta de atividade esportiva neste cenário educacional contribuiu para a maior permanência

do aluno na escola, tendo em vista a preferência dos alunos por esta atividade.

Em um estudo realizado por Gallo e Williams (2008) sobre adolescentes em

cumprimento de medidas socioeducativas, os resultados apontaram que mais da metade dos

adolescentes em desacordo com a lei estavam fora da escola, cerca de 60%, e o principal

motivo do abandono escolar foi o desinteresse, cerca de 43%. Ainda os autores discutem que

outros motivos apresentados pelos adolescentes sobre o abandono escolar estão relacionados à

dificuldade da escola em manter os alunos matriculados, chegando a representar 76% da

amostra. Entre os motivos, encontramos: desinteresse, abandono, conflito, fracasso escolar e

suspensão de aulas.

Outro dado importante neste estudo é sobre a taxa de defasagem idade – série.

Cerca de 90% dos adolescentes em medidas socioeducativas apresentava-se em situação de

24

27

20

17

21

9

5

9

15

10 11

2

14 15

5

7

10

6 7

16

12

10

2

9

7

3 4 4

3 2 2

1

0

5

10

15

20

25

30

2013 2015 2013 2015 2013 2015 2013 2015

13 - 15 ANOS 16 ANOS 17 ANOS 18 ANOS

Adolescentes em medidas sócioeducativas

ZONA NORTE

ZONA SUL

ZONA LESTE

ZONA OESTE

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111

defasagem escolar. Para Kauffman (2001), o baixo nível de escolarização do aluno atua como

fator de risco para o adolescente, na medida em que o alto nível de escolarização atua como

fator de proteção.

Ao refletir sobre a estrutura escolar, é preciso que esta ofereça à criança e ao

adolescente a oportunidade de aprender e de realizar atividades de maior interesse para

despertar no aluno a vontade de permanecer na escola, assim como apontado por Cavaliere

(2006), ao abordar sobre a ampliação da jornada de tempo do aluno na escola integral.

De acordo com a análise realizada, podemos inferir que uma das estratégias do

município foi a ampliação do tempo de permanência do aluno na escola visando a diminuir o

contato com fatores de risco, especialmente o uso de drogas, tendo o esporte como importante

aliado nesse contexto.

Neste sentido, reforça-se a importância da escola em tempo integral não somente

para ocupar o tempo de crianças e adolescentes e afastá-los dos riscos da rua, mas para,

principalmente, contribuir com a formação acadêmica, social e moral (CAVALIERE, 2014;

2007; 2002; GADOTTI, 2009; GONÇALVES, 2006). Observamos essa questão no município

estudado ao analisarmos o gráfico sobre a melhoria no desenvolvimento social dos alunos a

partir da participação na escola em tempo integral.

Gráfico 7: Melhora no desenvolvimento social dos alunos

Fonte: Extraído SEED (2015)

3 5 26

276

76

5

0

50

100

150

200

250

300

Não Mto pouco Pouco Muito Muito msm Não sei

Desenvolvimento social dos alunos

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112

A proposta para a Secretaria de Esportes teve como principal finalidade promover

atividades físicas com base nos princípios de igualdade, oportunidade de acesso com

qualidade e democratização da prática esportiva, sendo esta um direito do munícipe.

Como Diretriz e Ação, em curto prazo foi proposto a) integração entre as

Secretarias Municipais no intuito de ampliar e melhorar os projetos e b) ampliação de projetos

na área sócio esportiva, visando à inclusão de todos os cidadãos. E, em médio prazo, a

proposta foi de criar um programa socioesportivo para crianças e adolescentes com a

finalidade de ampliar o atendimento, principalmente dentro das escolas municipais.

A proposta prevista possui relação com a Lei Esportiva vigente ao estabelecer

como prioridade a democratização das práticas esportivas, compreendendo estas como um

direito social, voltada ao pleno desenvolvimento do participante (BRASIL, 1998).

Podemos compreender o termo “socioesportivo” como a promoção da prática

esportiva num caráter formador e socializador (PAES, 2001; GALATTI, 2010), fundamental

no processo de formação da criança e do adolescente, devendo estar presente em diferentes

cenários, inclusive na escola (PAES; BALBINO, 2009).

Outro fator de destaque é a proposta de relação entre as Secretarias, especialmente

entre a de Esporte e Educação, de forma a proporcionar a ampliação do atendimento dos

alunos nas escolas, fato destacado também na análise feita nesse estudo.

Podemos sinalizar, portanto, para dois pontos determinantes na inclusão do

esporte como um problema político a ser discutido, conforme Brunner (2008): a) o clima

Nacional: marcado pelas Leis e Decretos promulgados nos últimos 10 anos sobre a ampliação

do atendimento da criança e do adolescente na escola em tempo integral, tendo

principalmente como pilar a melhoria da aprendizagem e o afastamento destes das situações

de risco pessoal e social e, b) a mudança de Governo: a nova gestão procurou solucionar

problemas que não foram solucionados na gestão anterior.

Ao relacionarmos as propostas no PG, concluímos que a fase da Agenda foi

impulsionada também pelas questões apresentadas nesse Plano, haja vista a perspectiva de

melhorar e ampliar o atendimento do público infanto-juvenil por meio da articulação entre as

Secretarias de Educação e de Esporte e, ao mesmo tempo, a percepção sobre a importância

dessas atividades para a concretização de uma Política Pública voltada ao público em questão,

além das necessidades de avanço nessas áreas, conforme os fluxos desenhados.

A relação entre esses três pontos: perspectiva, percepção e fluxos, possibilitou a

inclusão do esporte na arena de discussão política e, consequentemente, a sugestão para a

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113

criação de um programa esportivo específico para os alunos do período integral, conforme

apresenta a figura seguinte.

Figura 12: Análise da Agenda – relação entre o PG e as classes de análise na fase da Formulação

da Agenda

Seguiremos a análise dos resultados discutindo na sequência os principais fatores

que influenciaram na Elaboração da proposta esportiva.

4.2 Elaboração da proposta – definindo a linha de trabalho esportivo no

período integral

A fase da elaboração é marcada pelas discussões das ideias levantadas na fase da

Agenda e se caracteriza principalmente pela busca de solução para os problemas

apresentados.

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114

Essa fase se caracterizou pela elaboração de uma proposta esportiva para a escola

em tempo integral, tendo em vista a necessidade de reestruturar as ações das Secretarias de

Educação e de Esporte do município e a falta de uma proposta direcionada à ETI.

Participaram das entrevistas dessa fase três Coordenadores esportivos que fizeram

parte desse processo entre o final do ano de 2013 e o início de 2014 e ainda atuam no

programa, com a intenção de verificar como ocorreu a elaboração da proposta e identificar

quais foram os principais referenciais para essa construção.

Além das entrevistas, também realizamos uma análise documental do programa

esportivo idealizado, a fim de cruzar as informações entre o que se esperava como proposta

esportiva para a ETI no município e sua concretização, por meio da proposta curricular.

Iniciaremos com os resultados obtidos por meio da análise do IRAMUTEQ e em seguida, os

resultados da análise documental.

A análise do CHD apresentou 5 classes de agrupamentos de palavras, conforme

demonstrado no quadro 7.

Quadro 7: Dendograma da Elaboração da proposta

Fonte: Análise CHD – IRAMUTEQ.

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115

A análise de CHD resultou num dendograma de 5 classes, no qual as classes dois

e três são as mais próximas entre si, mantendo relação também com a classe quatro e as

classes um e cinco são as mais distantes entre si. Ao analisarmos, as reclassificamos da

seguinte forma:

Classe 5: Objetivos do esporte no integral e início da elaboração da proposta:

Legados da fase da Agenda;

Classe 2: Definição da linha de trabalho;

Classe 3: Organização do plano de trabalho;

Classes 4 e 1: Estruturação curricular.

As classes 4 e 1 serão apresentadas de forma agrupada, tendo em vista a

proximidade dos temas e a relação entre eles no que diz respeito à organização do currículo

do CETI.

4.2.1 Classe 5: A inserção do esporte na escola em tempo integral: Legados

da fase da Agenda

Os resultados obtidos nessa fase apontam claramente uma relação entre a fase

anterior – a Agenda, e o início da Elaboração da proposta, pois os Coordenadores destacaram

questões semelhantes aos entrevistados na fase da Agenda, reafirmando a importância da

articulação entre os sujeitos e também a articulação entre as fases das PP como um ciclo

dinâmico e interativo (BARBOSA, 2010).

Um dos pontos que fortaleceu esse fato foi a presença de uma pessoa da

Coordenação, que participou das discussões iniciais e articulou a proposta com os demais

Coordenadores, sendo considerada como Empreendedora política, conforme discutido na fase

da Agenda (KINGDON, 2003).

A proposta surgiu a partir disso, primeiramente como a coordenadora estava na

secretaria de esporte trabalhando meio período né, estava na secretaria de educação e

de esporte na época, então foi aonde a responsabilidade de pensar nisso foi para ela

(COORDENADOR 3).

Os estudos de Houlihan e Green (2006) descrevem a experiência da Inglaterra em

uma mudança de contexto da Educação Física escolar. Ao analisarem a decorrência desse

processo, destacam a influência de uma pessoa que articulou a percepção sobre a Educação

Física escolar e esporte escolar, colocando essa discussão no cerne da arena política. Isso

favoreceu para que essa temática passasse a ser relevante sob o ponto de vista do Governo,

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116

possibilitando o avanço nos debates e nas soluções para os problemas apresentados e,

consequentemente, na consolidação de um Currículo Nacional para Educação Física,

semelhantemente como ocorreu no município estudado.

Seguindo a análise dos resultados, segundo os coordenadores, o esporte no

período integral se constitui como uma possibilidade de ampliar o atendimento aos alunos,

sendo fator motivacional para permanência deles na escola, além de ampliar e aprofundar sua

vivência esportiva, possibilitando também uma experiência global. E isso se tornou possível

por ter sido uma proposta discutida entre as duas Secretarias – Educação e Esporte.

Eu acho que a escola de tempo integral ela precisava do esporte lá dentro até como

um fator motivacional mesmo visto que as crianças adoram esporte

(COORDENADOR 1).

Que esse esporte além de ser um fator motivante que ele aprenda o esporte que não

dê apenas aquela pincelada né? Usando esse termo que ele não dê uma pequena

vivencia, que possa aprofundar no esporte e se apropriar da riqueza do esporte

(COORDENADOR 2).

O projeto surgiu como uma necessidade. Veio uma proposta da secretaria de esporte

visto que o esporte ele tem esse poder de atrair e de transformação, então as

secretarias entraram num acordo para inserir o esporte no integral

(COORDENADOR 3).

Demonstramos no terceiro capítulo que o esporte é a atividade de maior aderência

dos alunos na ETI e, além de ser um fator motivacional, os coordenadores também

identificam que, para o esporte abarcar todas as suas possibilidades educacionais, precisa estar

estruturado, atendendo aos interesses dos participantes, de forma a potencializar a formação

dos alunos em todos os aspectos.

A gente organizou uma proposta em regulamentar esse esporte dentro da escola para

não ficar um esporte livre para não ficar uma coisa sem direcionamento

(COORDENADOR 1).

O esporte veio para complementar essas oficinas visto que o aluno já ia permanecer

muito tempo na escola e o esporte vinha como um fator mais externo para o aluno

realmente extravasar, esse é um fator motivacional. Esse é um outro viés de

aprendizagem ali para o aluno (COORDENADOR 3).

Gatz, Messner e Ball-Rokeach (2002) defendem que o esporte tem sido um

importante recurso para tentar diminuir o cenário de evasão escolar, gravidez precoce,

violência e uso de drogas na infância e juventude. Contudo, segundo Peptpas, Cornleius e

Raalte (2008), para que as atividades esportivas possam contribuir para o desenvolvimento

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117

positivo de crianças e adolescentes é fundamental que a prática seja balizada por uma

proposta estruturada.

Nesse sentido, os coordenadores tiveram como base algumas experiências

adquiridas em um programa da Prefeitura, o Programa Ensino, Esporte e Juventude (PEEJ),

que tinha como base o trabalho esportivo no contexto e as experiências das aulas de Educação

Física escolar na rede municipal. A soma dessas vivências auxiliou no processo de

identificação das finalidades e construção da proposta esportiva para a ETI.

Pensando num conhecimento prévio, num conhecimento que a gente tinha adquirido

ao longo do tempo e nas experiências que foram construídas diante do PEEJ, nas

dificuldades nas facilidades e nas conquistas, então surgiu a partir disso a

elaboração. Começou a partir de então, trouxemos muito do que vivemos no PEEJ,

da construção esportiva e foi muito boa para a realidade do integral [...]. Após isso

foram chamados mais dois coordenadores para compor o grupo para fortalecer essa

construção com experiências de rede né? Com experiências de dar aula para a

criançada mesmo. Acho que agregou com um outro olhar visto que a gente tinha um

olhar de PEEJ, que era um projeto socioesportivo, com uma experiência mais

voltada para a escola (COORDENADOR 3).

As experiências dos coordenadores foram fundamentais para iniciar a construção

da proposta esportiva para a escola em tempo integral, visto que elas aproximaram a realidade

da rede municipal de ensino com o trabalho esportivo desenvolvido em um contexto social,

possibilitando apreender uma concepção esportiva que ao mesmo tempo não descaracterizasse

o trabalho apresentado na Educação Física escolar ⸺ favorecendo a continuidade do ensino

nessa área e que fortalecesse os pilares educacionais e sociais do ensino do esporte ⸺,

ampliando as oportunidades de experiência dos alunos.

Assim, destacamos dois pontos nessa primeira classe analisada: a) a participação

de pessoas influentes desde as discussões na fase da Agenda até a elaboração da proposta,

permitindo melhor alinhamento entre os interesses e finalidades do esporte na ETI e b) a

articulação entre as experiências dos elaboradores da PP, facilitando o processo de

construção.

A partir dessas considerações iniciais, a análise das classes segue para a definição

da linha de trabalho.

4.2.2 Classe 2: A definição da linha de trabalho

Apesar da dificuldade inicial apresentada pelos coordenadores em ter um

consenso sobre o que seria ideal para uma proposta esportiva na Escola em Tempo Integral,

diante das experiências de cada um, havia certa clareza sobre o que se esperava dessa prática.

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118

Nós tínhamos poucas escolas com o integral e a gente observava que essas escolas

que tinham o integral não tinham uma proposta esportiva direcionada, tinha um

trabalho de recreação. Era uma coisa bem mais solta, bem mais leve e a gente

percebeu que era coisa que precisava ter uma atenção um pouco melhor, uma

estrutura, algo planejado, algo com contexto para que os alunos não ficassem tão

soltos em horários de recreação [...]. É porque eu acho que o grupo que elaborou

estava bastante certo do que queria colocar dentro das escolas (COORDENADOR

1).

As dificuldades eu acredito é chegar num consenso do que tinha que acontecer

dentro do integral que tem que acontecer com o trabalho esportivo. [...] Eu acredito

que essa é a maior dificuldade definir: isso vai ser melhor para os nossos alunos,

para a realidade que a gente encontra (COORDENADOR 2).

Você tem que trazer uma vertente da educação física que seja diferenciada do que já

é feito no regular [...]. Então esse seria o objetivo, trabalhar o esporte

pedagogicamente, aprofundar na medida do possível, da escola da realidade escolar

e ser um trabalho diferenciado do que já acontece no regular, que seja atrativo para o

aluno que esteja ali na escola queira estar na escola por mais um período

(COORDENADOR 3).

No contexto das Ciências do Esporte, temos uma infinidade de estudos que

apresentam diferentes possibilidades de trabalho com o esporte em diversos cenários

(MACHADO, 2012; BÖHME, 2011; PAES; BALBINO, 2009; REVERDITO; SCAGLIA,

2009; GALLAHOUE; DONNELLY, 2008; DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2007; GRECO;

BENDA, 2007; TANI; BENTO; PETERSEN, 2006; PAES, 2001).

Alguns estudos apresentam uma perspectiva voltada ao treinamento a longo prazo

e a organização desse processo (BÖHME, 2011; GRECO; BENDA, 2007); outras apresentam

uma proposta esportiva voltada a uma abordagem desenvolvimentista, auxiliando na

organização sequencial física e motora das aulas (GALLAHUE; DONNELY, 2008); algumas

propostas se voltam mais especificamente ao ambiente escolar (DARIDO; SOUZA JUNIOR,

2007; PAES, 2001) ou são voltadas aos projetos sociais (MACHADO, 2012); e, por fim,

temos aquelas mais generalistas, que apresentam uma perspectiva pedagógica, abordando

todos os cenários e personagens envolvidos (PAES; BALBINO, 2009; REVERDITO;

SCAGLIA, 2009; TANI; BENTO; PETERSEN, 2006).

O fato é que não existe uma proposta melhor que a outra; todas elas, de certo

modo, podem contribuir para a organização do processo de ensino, vivência e aprendizagem

de modalidades esportivas, cabendo àqueles que gerenciam esse processo selecionar seu

formato de trabalho, tendo clareza sobre suas definições.

Neste sentido, é fundamental no contexto das Políticas Públicas que a definição da

linha de trabalho, que será o fio condutor de toda organização esportiva, esteja em

consonância com o que fora discutido e delineado na fase da Agenda. Reforçamos, portanto,

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119

mais uma vez, a importância da participação dos Empreendedores Políticos em todo o

processo e não somente para evidenciar a necessidade de discussão do assunto na arena

política, mas para também alinhar a partir da fase de elaboração o que se espera da PP.

O grupo de coordenadores definiu que a linha de trabalho seria baseada na

Pedagogia do Esporte, a partir de três referenciais:

Trabalhar com esporte com uma linha da Pedagogia do Esporte, os 3 referenciais.

Então com os autores ali já tinha muita coisa pronta e dentro do próprio grupo do

CETI já tinha professores que trabalham com essa linha [...].Então ter um currículo é

justamente não para fechar mas para abrir a visão daquele que está trabalhando

dentro do CETI (COORDENADOR 2).

Ao compreendermos o esporte como possibilidade de intervenção educacional

(PES, 2001) e social (CHOI et al, 2015; TURNNIDGE; CÔTÉ; HANCOCK, 2014; PAES;

BALBINO, 2009; GALATTI, 2010), torna-se fundamental estruturar sua prática mediante

uma proposta pedagógica, pois, para Bento (2006), cabe à Pedagogia do Esporte a análise, a

interpretação e a compreensão das diversas manifestações esportivas, tendo como base o

esporte em sua perspectiva formativa e educacional.

Desta maneira, o processo de ensino, vivência e aprendizagem de modalidades

esportivas deixa de ser pautado somente nas questões físicas e motoras e passa a se estruturar

também nas questões educacionais e sociais (GALATTI, 2012; BROTTO, 1999).

Segundo Machado (2012), essa proposta se consolida de forma pedagógica

quando abarcada por três referenciais: técnico-tático, socioeducativo e histórico-cultural (já

apresentados anteriormente nesse estudo).

Ao estabelecer uma relação com a fase da Agenda, percebemos uma importante

coerência entre as expectativas discutidas e a linha de trabalho definida.

Além de definir o eixo de trabalho, a equipe também definiu que este seria

organizado como um currículo.

Então é realmente costurar e fazer um trabalho completo com as três ações fortes

dentro da aula [...]. Então o currículo ele não foi algo muito profundo na época. A

gente começou aprendendo também a criar, embora a gente trouxesse uma

experiência de PEEJ, foi um outro formato, foi um formato acredito que detalhado

alguns aspectos depois de uma certa experiência (COORDENADOR 3).

A partir da definição estabelecida pela equipe, inicia-se o processo da elaboração

do currículo, evidenciado na classe seguinte.

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120

4.2.3 Classe 3: Organização do Plano de Trabalho

Ao ser definido que a proposta esportiva na escola em tempo integral teria como

eixo estrutural três Referenciais da Pedagogia do Esporte, propostos por Machado (2012) e

Machado, Galatti e Paes (2015), o passo seguinte foi a estruturação do processo de ensino,

vivência e aprendizagem a fim de orientar as oficinas esportivas oferecidas pelos monitores e

professores.

Esse planejamento foi organizado com base em uma proposta curricular:

O currículo foi montado em pequenos eixos de esportes que se entrelaçam, que são

parecidos e que se a gente tá querendo um direcionamento não basta só falar, olha

trabalhe com a pedagogia dos esportes trabalhe dentro dessas três linhas aqui na sua

aula. A gente tem que dar esse direcionamento então ele é um currículo, mas ele é

aberto. Mas a ideia de se ter um currículo é justamente o direcionamento

(COORDENADOR 2).

Então o currículo, a ideia de criar isso, é um documento que o professor olhasse e

para qualquer direção para que ele olhasse ele teria um norte ali de trabalho. [...]

Então o currículo veio para isso, pensamos uma forma de o professor olhar e falar:

vou caminhar por aqui, eu tenho um objetivo por aqui, eu tenho alguns conteúdos

por aqui, eu tenho as idades separadinhas por aqui. Então o professor ele conseguiu

ter um norte (COORDENADOR 3).

O CETI foi organizado, portanto, em uma estrutura curricular, com temas que se

relacionam, possibilitando ao professor desenvolver diferentes propostas durante o ano letivo:

Quando a gente pensou em currículo foi para direcionar esse trabalho. Assim o

professor vai ter uma série de 10 currículos para ele escolher. Então ele pensa na

proposta, no espaço físico, no material que ele tem, na faixa etária da criança [...].

Nós pensamos em formas de elaborar currículos que são temas, por exemplo

esportes com raquetes, esse é um currículo que se trabalha. A gente pensou em

elaborar vários currículos para poder dar diversas opções para os professores

trabalharem (COORDENADOR 1).

Existem esportes não convencionais, existe esportes radicais, existem os esportes

com raquetes que não é só o tênis de mesa, você mostra para ele que às vezes ele já

está cristalizado numa forma de trabalho (COORDENADOR 2).

E aí vem os temas então a partir de uma coisa maior a gente estipulou alguns temas

de trabalho para o professor ampliar o que ele precisa trabalhar, senão a gente acaba

fechando no que ele tem (COORDENADOR 3).

Compreendemos, então, que a proposta da equipe de coordenação foi oferecer um

documento norteador das ações de planejamento do professor, organizado em diferentes

temas, de acordo com as características das modalidades esportivas.

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Assim, a perspectiva da coordenação seria ampliar também a cultura esportiva dos

alunos, tendo em vista a variedade de temas que poderiam ser desenvolvidos nas oficinas de

esporte:

Usando o esporte para isso, e ampliar a cultura esportiva do aluno não só

apresentando o que o aluno já conhece entendendo também a cultura local, mas

ampliando a cultura esportiva com outras modalidades entre jogos

(COORDENADOR 3).

Dentre as diferentes formas de compreensão e abordagem sobre o termo currículo,

concordamos com Lopes e Macedo (2011), ao afirmarem que a proposta curricular deve estar

atrelada às experiências diretas dos alunos, buscando superar o hiato entre a escola e o

interesse deles. Neste sentido, o currículo torna-se instrumento significativo no contexto

educacional quando compreendido como processo, ou seja, quando as experiências vividas a

cada aula agregam valor ao desenvolvimento do aluno.

Ainda para as autoras, o currículo não deve ser compreendido como um “anexo à

vida da criança nem pode, como o currículo clássico, se basear em princípios de rotinização e

recitação de informações” (LOPES; MACEDO, 2011, p. 109).

Segundo Moreira e Candau (2007), o currículo deve ser compreendido como as

experiências escolares diante das relações sociais que contribuem para a construção da

identidade dos alunos. “Currículo associa-se, assim, ao conjunto de esforços pedagógicos

desenvolvidos com intenções educativas” (MOREIRA; CANDAU, 2007, p. 2).

No mesmo sentido, Nunes e Rúbio (2008) vinculam o currículo a uma construção

social, sendo o eixo articulador das ações da escola.

As concepções trazidas pelos coordenadores do CETI aproximam-se destas

abordagens defendidas pela literatura, uma vez que, para eles, o currículo apresenta-se como

um eixo norteador do trabalho do professor, possibilitando a ele planejar sua prática mediante

a realidade em que estiver inserido, mas mantendo os princípios norteadores dessa proposta,

que são os Referenciais da Pedagogia do Esporte.

A partir da definição do que se espera com o esporte na escola em tempo integral

e do estabelecimento do eixo condutor dessa proposta, torna-se necessário estruturar a

proposta curricular para alinhar essas expectativas.

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4.2.4 Classes 1 e 4: Estruturação curricular

Para os coordenadores, o currículo apresenta uma estrutura básica do que se

espera com o esporte na escola em tempo integral, tendo como eixo três Referenciais da

Pedagogia do Esporte, de acordo com cada grupo de faixa etária proposta:

Mais um pouco, mais do que o básico para que ele tenha uma ideia do histórico

cultural, na questão das capacidades físicas etc., no socioeducativo para que ele

saiba trabalhar ali, se ele não souber nada daquela linha, não entender nada, ele

olhando o documento ele consegue entender [...].Ele pode olhar ali no documento e

vai ter lá que nessa faixa etária [...] o aluno tem capacidade para que eu motive ele

[...]. Que ele compreendesse, assimilasse e desenvolvesse na vida dele, mas ele tem

capacidade (COORDENADOR 2).

Assim, a estrutura curricular oferece as finalidades de ensino para cada grupo de

faixa etária proposta, prevendo o ensino das questões motoras, sociais e culturais do esporte,

indo ao encontro das expectativas discutidas tanto na fase da Agenda quanto nas outras

classes da Elaboração já abordadas nesse estudo.

Para o alcance desses aspectos, há uma organização flexível dos alunos em grupos

de idades próximas, de acordo com o desenvolvimento de cada um. Assim, são apresentados

objetivos para cada fase de ensino, com base nos três Referenciais da PE já apresentados.

Então a grande dificuldade era realmente pensar nesses três aspectos, organizar esses

três aspectos dentro de cada faixa etária e ainda organizar os objetivos para serem

atingidos pensando no desenvolvimento daquele aluno. O que de fato aquele aluno

precisa aprender dentro daquela faixa etária (COORDENADOR 3).

(...) E nesse currículo, num quadro geral, mostrando de seis, sete, oito anos de idade

o que seria para cada um desses três eixos; depois nove, dez e onze e de doze para

cima, dividindo em aquisição geral, iniciação esportiva e formação esportiva

(COORDENADOR 2).

Segundo os Coordenadores, o currículo do CETI apresenta como ponto principal

os objetivos a serem alcançados pelos alunos em cada grupo de faixa etária e, a partir dele, os

conteúdos a serem trabalhados em cada Referencial.

A partir dessa organização oferecida, o professor passa a elaborar sua proposta de

ensino, desta forma, a proposta curricular configura-se de fato como um eixo norteador do

planejamento do professor.

Para que o professor, monitor que olhasse o documento, entendesse

que existem esses três eixos de trabalho na aula dele. Para que ele faça o

planejamento de dois meses, três meses seis meses, mas que a gente coloca ali no

documento para que seja renovado no máximo a cada seis meses

(COORDENADOR 2).

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Conforme Barbosa (2010b), a estruturação do planejamento escolar passa por

diferentes níveis, sendo o planejamento curricular responsável por oferecer as diretrizes que

servirão de base para o trabalho da escola como um todo e, a partir desse, o professor elabora

sua proposta de ensino.

Essa proposta deve ser caracterizada por sua intencionalidade (MACHADO,

2012, BARBOSA, 2010b, FERREIRA, 2009), ou seja, deve-se ter clareza sobre o que se

pretende alcançar com o esporte na ETI. Na perspectiva dos coordenadores, as intenções

educacionais devem estar relacionadas à oferta de experiências que possibilitem o

desenvolvimento dos alunos em suas múltiplas dimensões, principalmente a social.

Bom além de desenvolver [...] o campo motor e diversificar o desenvolvimento

motor com vários estímulos, a partir de várias modalidades esportivas, onde as

mesmas proporcionam diversas possibilidades de desenvolvimento, costurando aí

com o desenvolvimento cognitivo [...], desenvolvimento do lado social, de atitudes

[...], pensando que a educação integral ela vem contribuir ali com atividades

extracurriculares então ela visa uma formação mais social (COORDENADOR 3).

A falta de intencionalidade é criticada por Miranda e Santos (2012), pois, segundo

os autores, as atividades no ensino integral nem sempre têm sido planejadas ou estruturadas,

diminuindo as possibilidades de aprendizagem pelos alunos. No mesmo sentido, Libâneo

(2014) reafirma que todas as práticas no ensino integral devem ser oferecidas de maneira

intencional, ou seja, com objetivos claros visando à formação integral das crianças e

adolescentes participantes.

A elaboração de uma proposta curricular deve estar em consonância com

objetivos já preestabelecidos e deve oferecer à equipe de professores um norte sobre o que se

espera das atividades docentes. Nesse sentido, não deve ser inflexível (COLL, 1987), mas

deve se articular com as expectativas de quem ensina e de quem aprende (LOPES; MACEDO,

2011).

Na fase de Elaboração da PP, as análises feitas nos apresentam uma interação

cíclica do processo, como apresentado na figura seguinte.

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Figura 13: Subfases na elaboração da PP esportiva na ETI

Identificamos quatro subfases no processo de elaboração de PP esportiva na

escola em Tempo Integral: a) Legados da Agenda; b) Definição da Linha de trabalho; c)

Organização do Plano de Trabalho; e d) Estruturação curricular.

Toda elaboração de uma PP deve partir das alternativas e discussões iniciais

levantadas na fase da Agenda, logo, deve-se levar em consideração o que já fora abordado

sobre o tema para que haja continuidade das discussões, entre a fase da Agenda e a fase da

Elaboração. Destarte, toda elaboração de uma PP deve partir dos legados deixados da fase

anterior para que, a partir deles, as discussões sejam aprofundadas e, no caso deste estudo,

possam se definir a linha de trabalho.

Para que esse processo ocorra da forma mais linear possível, a presença dos

empreendedores políticos é fundamental. Segundo Capella (2006), esses agentes

compartilham a preocupação com determinada área e contribuem na difusão das propostas

elucubradas.

Para Siman (2005), a transformação da demanda em ação perpassa uma série de

questionamentos políticos, indo desde o momento em que o problema se insere na Agenda até

a formulação de propostas para sua solução, devendo-se levar em consideração as diretrizes,

as competências, os objetivos, as metas, os recursos e as estratégias de implementação.

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Com base na identificação das expectativas definidas na fase da Agenda, foi

preciso definir a linha de trabalho a ser seguida, tendo em vista que a área esportiva apresenta

diferentes perspectivas de trabalho no cenário escolar.

Segundo Martines e Mezzadri (2007), a forma de compreensão sobre o esporte

interfere diretamente na Elaboração de PP, neste sentido, deve-se sempre considerá-lo a partir

de sua grandeza social, levando em consideração as interferências causadas e sofridas por este

fenômeno em nossa sociedade.

Por essa razão é fundamental estabelecer a linha de trabalho, pois essa será o fio

condutor de todo o processo de Elaboração e Implementação das PP. Dessa maneira, apesar

de o esporte assumir diferentes significados em nossa sociedade (GALATTI, 2010; PAES;

BALBINO, 2009; STIGGER, 2002), na escola devemos sempre considerá-lo a partir de sua

natureza social e educacional.

Dentre as diferentes formas de organização do plano de trabalho com o esporte na

escola, a estruturação curricular tem sido uma área abordada nos últimos anos (NUNES;

RÚBIO, 2008). Para Impolcetto et al (2007), a organização curricular leva a uma sustentação

da prática pedagógica de forma significativa, sendo um parâmetro e não uma obrigatoriedade.

Essa perspectiva foi levantada pela equipe de Coordenação, ao abordar sobre o currículo

como um norte a ser seguido.

Assim, estabelecendo a organização do plano de trabalho por meio de um

currículo, temos o último momento da fase de Elaboração, que é a própria formulação da

estrutura curricular.

A organização curricular pode compor diferentes elementos, embora os objetivos,

os conteúdos e as estratégias de ensino sempre façam parte dessa composição. Tyler (1974)

propõe um modelo baseado em quatro etapas: a) Definição dos objetivos; b) Seleção de

experiências de aprendizagem; c) Organização das experiências e d) Avaliação do currículo.

Para o autor, a proposta curricular deve estar alinhada a um formato de avaliação que permita

verificar se os objetivos propostos foram de fato alcançados.

Apesar de a entrevista ter apresentado alguns elementos sobre a configuração do

currículo esportivo do CETI, ela não foi suficiente para demonstrar a estrutura por completa.

Por essa razão, faremos a análise documental do currículo esportivo.

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126

4.2.5 Análise Documental: Currículo esportivo do CETI

A análise documental se ateve na verificação da estrutura curricular, analisando

dos objetivos às formas de avaliação. Contudo, o currículo ainda apresenta outros elementos,

como justificativa para a definição da linha de trabalho com base da perspectiva da Pedagogia

do Esporte, o que pode auxiliar na compreensão do professor sobre o programa esportivo. O

currículo é organizado em objetivos gerais e específicos, organização temporal dos alunos,

definição dos temas, atribuições de função, sistematização da seleção de conteúdos e

sinalização das avaliações.

O formato apresentado assemelha-se às propostas elaboradas por Tyller (1974) e

Coll (1987), por se caracterizar de forma mais linear e sistêmica, tendo como ponto central a

definição dos objetivos de ensino. Apesar de o currículo possuir uma estrutura mais

tradicional, sua estrutura consegue abarcar todos os elementos necessários para o

direcionamento do trabalho dos professores e monitores.

Embora atualmente a estrutura curricular tenha sido pautada em competências e

habilidades e não em objetivos, para Lopes e Macedo (2011), essas novas tendências

curriculares também apresentam fragmentos das propostas de Tyller ao aprofundar a relação

entre competências, performance e conhecimento.

O principal eixo do currículo do CETI são os objetivos. Eles são apresentados

como gerais e específicos, na organização temporal dos alunos e nos temas a serem

desenvolvidos. Segundo Libâneo (1994), a definição de objetivos permite alcançar certos

resultados por meio de ações intencionais e planejadas pelo professor. Desta forma, a prática

pedagógica deve se caracterizar por sua intencionalidade, de forma que o professor determine

objetivos de ensino, selecione os conteúdos e defina procedimentos (BARBOSA, 2010b).

Compreendemos, então, que o currículo do CETI se apresenta como um norteador

da organização pedagógica do professor, ou seja, a partir dele o professor conhece a proposta

metodológica do programa e elabora sua própria prática de ensino.

As primeiras definições dos objetivos apresentadas no currículo do CETI são os

objetivos gerais:

Oportunizar o contato com o esporte para que o aluno possa usufruir deste fenômeno

em suas diversas possibilidades, proporcionando a ampliação das ações motoras, do

conhecimento cultural e contribuindo para a formação e transformação de valores

(CETI, 2014, p. 5).

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127

Segundo Libâneo (1994), os objetivos gerais podem ser definidos em três níveis

de abrangência: a) Sistema escolar – expressa as finalidades de ensino mediante os valores

dominantes na sociedade; b) Pela escola – estabelece os princípios e as orientações do

trabalho escolar com base em um plano pedagógico; e c) Pelo professor – que concretiza em

sua área de ensino sua compreensão de educação e sociedade.

Traçando um paralelo com as perspectivas descritas acima e as discussões sobre

políticas de esporte no Brasil, podemos associar os objetivos do sistema escolar aos objetivos

definidos para o esporte educacional, conforme lei específica, os objetivos da escola aos do

CETI e o último nível associado ao professor mesmo, como ilustrado pela figura 14.

Destacamos ainda a importância de associar neste contexto as considerações sobre a escola

em tempo integral previstas nos Decretos e Leis Federais (BRASIL, 2007; 2010; 2014), e

também a proposta da própria rede de ensino acerca do programa de período integral.

Figura 14: Relação entre os objetivos gerais de ensino na perspectiva esportiva

O primeiro capítulo desta tese já se dedicou a discutir sobre as leis esportivas

vigentes no país e concluímos que, no caso do esporte educacional, elas não são suficientes

para elucidar o que se espera no processo de ensino, vivência e aprendizagem nesse contexto,

necessitando que as entidades de ensino estabeleçam melhor esses parâmetros.

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128

Para Darido (2012), o esporte não é em si educacional. Por essa razão, existe a

necessidade da intervenção pedagógica para que ele possa ser transformado em educativo “ou

seja, estar inserido em programa de esportes, praticando esportes, não quer dizer que você está

aprendendo esporte educacional” (DARIDO, 2012, p. 82). Isso reafirma o que já fora

defendido anteriormente, sobre a superficialidade da proposta em esporte educacional prevista

em lei, bem como a importância de se organizar e sistematizar as propostas esportivas em

qualquer cenário de ensino.

Na perspectiva dos objetivos gerais do CETI, identificamos a intenção de

descrever os objetivos do programa, a partir dos Referenciais da PE, sendo estes: Ampliação

das ações motoras – Técnico-tático; Ampliação do conhecimento cultural – Histórico-cultural

e Transformação de valores – socioeducativo (MACHADO, 2012). Essa estrutura serve de

base para a organização didático-pedagógica do professor.

Seguindo a análise do currículo, apresentaremos os objetivos específicos:

Proporcionar o desenvolvimento cognitivo, físico, motor, afetivo, social e cultural

dos alunos; Estimular o contato com o esporte para que o aluno possa usufruir deste

fenômeno nos momentos de lazer; Ampliar o conhecimento cultural dos alunos com

relação às modalidades esportivas coletivas; Promover a prática de valores e o

desenvolvimento da cidadania por meio das aulas esportivas (CETI, 2014, p.5).

Segundo Coll (1987), os objetivos gerais são considerados como marco

referencial na construção do planejamento, porém podem ser ambíguos e não oferecem de

forma clara um direcionamento para as atividades do plano de ensino. Por essa razão, o autor

defende a importância de se estabelecer objetivos específicos, que devem ser concretos ao

ponto de sinalizar as mudanças válidas, desejáveis e observáveis no comportamento dos

alunos.

No mesmo sentido, Tyller (1974) define que os objetivos são ações direcionadas

aos alunos, tendo em vista que devem apontar para as mudanças de comportamento desejáveis

para eles, de modo que as atividades sejam planejadas a fim de alcançar esse fim.

Apesar de haver estreita relação entre os objetivos gerais e os específicos na

proposta curricular do CETI, alguns objetivos específicos indicam a ação do professor e não a

mudança de comportamento do aluno. Portanto, eles indicam o que é preciso ser feito como

planejamento e proposta do professor, mas não marcam de fato a mudança de comportamento

que se espera no aluno.

Ainda assim, é possível verificar que os objetivos específicos do CETI ampliam e

aprofundam aquilo que o objetivo geral sinalizou e estes também são organizados à luz da

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129

Pedagogia do Esporte, sendo possível identificar os Referenciais, conforme apresentado pelo

quadro seguinte.

Quadro 8: Os objetivos específicos do CETI e a relação com os Referenciais da PE

Referencial Técnico-tático Referencial Socioeducativo Referencial Histórico-cultural

Desenvolver questões físico-

motoras

Desenvolver aspectos afetivos e

sociais

Desenvolver aspectos culturais

Desenvolver aspectos cognitivos

Estimular o contato com o esporte para usufruir no momento de lazer

Estimular prática de valores Ampliar conhecimento cultural

sobre as modalidades esportivas

Estimular o desenvolvimento da cidadania

Fonte: Adaptado de CETI (2014)

O quadro 8 sinaliza duas questões importantes: a primeira é que os objetivos

específicos de fato marcam aprendizagens na perspectiva da Pedagogia do Esporte, apesar das

restrições já discutidas; e a segunda é que os Referenciais apresentam relação entre si,

portanto, alguns objetivos podem ser entendidos como um estímulo tanto para um quanto para

outro referencial.

Dando sequência, o currículo apresenta de forma mais detalhada os objetivos de

aprendizagem em cada grupo de faixa etária. Os alunos são organizados em três grupos: a)

Aquisição Geral: alunos com idade entre seis e oito anos; b) Iniciação esportiva: alunos entre

nove e 11 anos; e c) Formação esportiva: alunos de 12 anos em diante (CETI, 2014).

Essa organização, além de ser um direcionamento para as ações do professor e

monitor, também se caracteriza como uma organização temporal da proposta, ao levar em

consideração as características biopsicossociais dos alunos. Para cada grupo de faixa etária,

foi previsto um objetivo geral e os objetivos específicos divididos nos três Referenciais da PE.

Na etapa de Aquisição Geral, o objetivo geral é: “Desenvolver as habilidades

motoras globais, estimular a socialização e contextualizar o jogo e sua característica histórica”

(CETI, 2014, p. 6). Encontramos aqui o mesmo problema evidenciado nos objetivos

específicos do programa, pois as ações estão voltadas ao professor e não ao aluno. Contudo,

quando observamos os objetivos específicos de cada faixa etária, as ações já são direcionadas

para a mudança de comportamento do aluno, conforme previsto por Tyller (1974), Coll

(1987) e Libâneo (1994).

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130

Quadro 9: Objetivos específicos da fase de Aquisição Geral – CETI

Etapa Formação Geral – alunos de 6 a 8 anos

Que o aluno seja capaz de:

Refer. Técnico-tático Socioeducativo Histórico-cultural

A

Q

U

I

S

I

Ç

Ã

O

G

E

R

A

L

-Aprimorar o domínio do

corpo com ou sem material

(saída rápida, parada brusca

e mudança de direção);

- Participar de atividades

e/ou jogos de sensibilização,

ritmo e expressão corporal;

- Ter criatividade e

espontaneidade nas diversas

atividades e jogos;

- Saber atuar dentro das

regras nas diversas

atividades e/ou jogos;

- Ampliar habilidades

motoras básicas:

* Locomotoras: andar, trotar,

correr, rolar, saltitar e saltar;

* Manipulativas: manusear,

lançar, agarrar, arremessar,

receber, quicar, chutar e

rebater;

* Equilíbrio: esquivas,

paradas, aterrissagens,

equilíbrio estático e

dinâmico.

- Aprimorar as capacidades

físicas coordenativas;

- Desenvolver a capacidade

de combinar as habilidades

motoras básicas;

- Socializar-se e cultivar

amizade;

- Descentralizar-se do “eu”;

- Respeitar considerando o

ponto de vista do “outro”;

- Respeitar os espaços,

materiais, regras;

- Ter coragem mediante as

situações;

- Ter atenção, e agir com

honestidade e sinceridade;

- Agir com autonomia

(independência nas pequenas

ações).

- Conhecer e valorizar os jogos

e outras manifestações

corporais/esportivas como

elementos culturais através de

sua evolução histórica;

- Conhecer o contexto do jogar

junto e jogar separado de

acordo com determinadas

características do jogo.

Fonte: Extraído CETI (2014, p. 7).

No mesmo formato são organizadas as demais fases previstas no currículo e todas

elas direcionam os objetivos específicos para ações aos alunos, ou seja, prevendo mudanças

de comportamento, conforme apresentado nos quadros seguintes.

A próxima fase é denominada de Iniciação esportiva e tem o objetivo geral de:

“Iniciar a aprendizagem de habilidades esportivas, estimular o jogar junto e apresentar as

diferentes manifestações esportivas” (CETI, 2014, p. 7). Os objetivos específicos serão

ilustrados nos quadros seguintes.

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131

Quadro 10: Objetivos específicos da fase de Iniciação esportiva – CETI

Etapa Iniciação Esportiva – alunos de 9 e 11 anos

Que o aluno seja capaz de:

Ref. Técnico-tático Socioeducativo Histórico-cultural

I

N

I

C

I

A

Ç

A

O

E

S

P

O

R

T

I

V

A

- Refinar o domínio do corpo

com ou sem material (saída

rápida, parada brusca e

mudança de direção);

- Combinar as habilidades

motoras básicas nas três

categorias de movimento,

locomotoras, manipulativas e

de equilíbrio (incluir:

desequilibrar, derrubar e

estabilizar);

- Desenvolver as capacidades

físicas condicionantes;

- Refinar as habilidades de

ritmo e expressão corporal;

- Compreender as regras e

atuar de acordo com cada

jogo;

- Compreender a lógica dos

jogos para jogar bem

(ocupação de espaços, criação

de linha de passe, atingir o

alvo, noção de ataque e

defesa, presença dos colegas e

adversário;

- Descentralizar-se do jogo.

- Ter coragem e superação

diante de atividades

desafiadoras;

- Cooperar com os colegas

nas diversas situações e/ou

jogos, trabalhar em equipe;

- Saber dialogar e participar

de construções em grupo;

- Saber respeitar os colegas,

regras, professor e ambiente

escolar;

- Ter concentração e agir com

honestidade nos jogos e

atividades;

- Saber ganhar e perder.

- Agir com autonomia

(consciência das ações);

- Valorizar os jogos e esporte

como fenômeno cultural.

- Conhecer, identificar e

diferenciar o esporte e os jogos

através de suas características e

evolução histórica;

- Conhecer as características e

diferenças de gênero;

- Conhecer o significado e a

importância dos grandes eventos

esportivos (Jogos Olímpicos,

Copa do Mundo, Liga

Mundial...).

Fonte: Extraído de CETI (2014, p. 8).

As ações previstas nessa fase apresentam-se como continuidade da anterior, tanto

nas questões motoras quanto sociais e culturais. A última fase, de Formação esportiva, possui

como objetivo consolidar as aprendizagens adquiridas nas fases anteriores: “Aprofundar as

habilidades esportivas, provocar o desenvolvimento de condutas éticas e cooperativas,

aprofundar o conhecimento sobre o universo esportivo e suas implicações sociais” (CETI,

2014, p. 9).

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132

Quadro 11: Objetivos específicos da fase de Formação esportiva – CETI

Etapa Formação Esportiva – alunos de 12 a 15 anos

Que o aluno seja capaz de:

Ref. Técnico-tático Socioeducativo Histórico-cultural

F

O

R

M

A

Ç

A

O

E

S

P

O

R

T

I

V

A

- Automatizar as habilidades

motoras básicas;

- Aperfeiçoar as habilidades

específicas de acordo com

cada modalidade;

- Compreender as regras e

lógica das modalidades

esportivas (técnica,

inteligência tática,

movimentação dos jogadores,

defesa, ataque, ocupação de

espaço);

- Aperfeiçoar capacidades

físicas condicionantes;

- Compreender as

possibilidades defensivas e

ofensivas em cada modalidade

esportiva (Princípios

Operacionais ofensivos e

defensivos);

- Aprimorar a tomada de

decisão no jogo (ações

ofensivas e defensivas);

- Agir com eficiência e

qualidade na execução dos

fundamentos.

- Saber liderar positivamente;

- Agir com respeito aos

colegas, adversários, e agentes

envolvidos no esporte;

- Trabalhar em equipe e

identificar a necessidade do

“outro” nos jogos;

- Ter atitudes não

preconceituosas quanto às

diversas manifestações do

esporte e gênero;

- Agir com autonomia e

consciência coletiva;

- Ter responsabilidade e

cuidado com o ambiente

escolar;

- Saber gerenciar pequenos

jogos e campeonatos bem

como sua organização;

- Ser tolerante e ter

autocontrole em diversas

situações nos jogos;

- Agir com ética e fair play em

diversas situações dos jogos;

- Ter atitudes positivas como

espectador e torcedor.

- Valorizar a prática esportiva

como patrimônio cultural e

como possibilidade de

manutenção da qualidade de

vida.

- Conhecer a evolução histórica

de cada modalidade esportiva;

- Conhecer e discutir as relações

entre mídia e esporte;

- Conhecer os grandes eventos

esportivos mundiais e locais nas

diversas modalidades esportivas;

- Conhecer as funções de

técnicos, árbitros e mesários,

bem como conhecer os

principais agentes de cada

modalidade;

- Conhecer o significado do

doping e suas implicações no

esporte;

- Conhecer o estatuto do

torcedor e suas implicações;

- Conhecer os atletas nacionais e

mundiais que fizeram e fazem

história no esporte.

Fonte: Extraído CETI (2014, p. 9).

Como uma proposta sequencial, as fases se complementam e desempenham uma

importante função de continuidade no processo de ensino, vivência e aprendizagem de

modalidades esportivas na escola em tempo integral. Os assuntos na primeira fase são mais

generalistas e com grau de dificuldade mais simples, conforme defendido pela literatura

(GRECO; BENDA, 2009; PAES, 2002) e, de acordo com o desenvolvimento dos alunos,

estes se tornam mais complexos.

Apesar de estes objetivos específicos serem apresentados de maneira a refletir a

mudança de comportamento que se espera nos alunos, apenas sua definição não garante tal

ação. Para Gonzáles et al (2014),

[...] tão importante quanto ter uma intencionalidade educativa específica, para

converter o processo de ensino-aprendizagem de uma modalidade em uma

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133

experiência em esporte educacional, é mediar o processo de forma que isso

efetivamente aconteça (GONZÁLES et al, 2014, p. 41).

Por essa razão o currículo vem sendo definido pelos coordenadores do CETI

como norteador do processo, pois ele apresenta indicativos do que se pretende atingir com os

alunos, mas o professor deve ser o construtor da sua própria prática.

Diante dos objetivos apresentados, o currículo define diferentes temas que podem

ser trabalhados com os alunos, a fim de alcançar essas expectativas. Os temas são agrupados

de acordo com as semelhanças das modalidades esportivas e também definem os objetivos

para cada um deles, como segue o exemplo:

Tema: Lutando pela paz.

Objetivos: Proporcionar o conhecimento sobre as origens e manifestações culturais,

bem como compreender as diferenças entre briga e luta, conduzindo os alunos para a

utilização de uma gama variada de deslocamentos, apoios e ações motoras, a fim de

aprimorar o conhecimento corporal, propiciando momentos de reflexão e

desenvolvimento de atitudes e valores como o autocontrole, atenção e o respeito

mútuo (CETI, 2014, p. 11).

Na proposta esportiva estão previstos dez temas, percorrendo as diferentes

possibilidades de ensino do esporte, indo desde as modalidades de esportes radicais às

modalidades mais tradicionais.

Gonzáles (2004) apresentou um estudo sobre o agrupamento de modalidades

esportivas conforme a semelhança entre elas, levando em consideração quatro critérios, sendo

eles: a) a relação com os companheiros de equipe; b) a relação com os adversários; c) a

estabilidade ambiental; e d) a instabilidade ambiental.

Assim, o autor classificou três grupos de modalidades em que não há oposição

direta dos adversários e quatro grupos de modalidades que possuem relação direta. Apesar de

não ter sido essa classificação utilizada pelos coordenadores do CETI, percebemos a

proximidade entre alguns temas como Lutas e Esportes com raquetes.

Seguindo a análise documental, o currículo prevê as diferentes fontes que

precisam ser levadas em consideração quando o professor for organizar suas aulas, sendo elas:

a) Características biopsicossociais dos alunos; b) Necessidades dos alunos; c) Características

dos alunos e comunidade escolar; d) Interesse dos alunos; e) Objetivos e metodologia do

CETI; f) Espaço físico da escola; g) Material disponível para desenvolvimento do trabalho.

Ao compararmos as propostas de Coll (1987) sobre as fontes de inspiração para a

elaboração do currículo, com as apresentadas agrupamos as do CETI em quatro fontes de

informação, sendo: a) Perfil dos alunos: necessidades, interesses e características; b)

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134

Característica da comunidade local; c) Conhecimento científico: objetivos e metodologia do

CETI e d) Estrutura da escola: Espaço físico e material disponível.

Assim, podemos evidenciar que, para a organização de uma prática esportiva,

além de levar em consideração informações sobre os alunos, a comunidade e os critérios

científicos da área, é preciso também levar em consideração a infraestrutura escolar para a

realização das aulas, pois, por vezes, o professor irá precisar adaptar sua prática mediante o

espaço disponível (CUTRIM; SOUZA, 2013).

Para os autores, ter espaços adequados para as aulas de Educação Física seria

essencial para oferecer qualidade aos alunos e maior oportunidade de vivência motora. Porém,

tendo em vista que essa não é a realidade da maioria das escolas, é preciso refletir sobre a

postura e a organização do planejamento do professor diante das adversidades.

Por fim, o currículo sinaliza para as avaliações. Esse processo se apresenta de

forma superficial e abstrata. Indica apenas que serão realizadas avaliações com os alunos, pais

e comunidade para verificar o impacto das atividades esportivas, mas não há especificação

sobre os indicadores de como isso deverá ser realizado.

Portanto, não há definição de como o alcance dos objetivos será acompanhado.

Leonardi (2013) sinaliza justamente para a dificuldade da área da Educação Física em definir

os critérios de avaliação para verificação do alcance dos objetivos. Esse ponto também foi

levantado na entrevista da fase da Agenda, pelo diretor da Secretaria de Esportes, quando ele

afirma a dificuldade em estabelecer formas de acompanhamento e avaliação das práticas

esportivas.

Ao relacionarmos as fases para a elaboração do currículo do CETI e o documento

propriamente dito, percebemos o cruzamento de informações, principalmente no que diz

respeito à linha definida pelos coordenadores, da Pedagogia do Esporte e dos três

Referenciais. Estes conceitos estão claramente apresentados no currículo, contudo, este ainda

está centrado nos objetivos, precisando avançar principalmente na definição das estratégias de

ensino e da avaliação do processo.

4.3: Implementação do programa esportivo – o espaço do CETI no ambiente

escolar

A partir da fase da implementação, as entrevistas foram marcadas pela presença

de diferentes personagens, conforme já indicado no capítulo três. Participaram os

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135

coordenadores do CETI, a direção escolar e o monitor e/ou professor que recebeu a proposta

em sua unidade escolar.

Embora para cada grupo tivesse um enfoque de perguntas diferentes, houve uma

linha de condução que permitisse verificar a relação entre todos os grupos, haja vista que o

tema central foi sobre como a proposta esportiva do CETI foi implementada na escola.

O foco das perguntas para os coordenadores foi principalmente sobre o processo

de levar a proposta até a escola e iniciá-la. Aos diretores foi sobre a recepção dessa nova

proposta na escola tendo em vista o espaço escolar e aos professores. O foco principal foi

sobre a adequação do espaço e a adaptação da proposta esportiva no dia a dia, ou seja, o

currículo na prática.

Apesar de a entrevista nesta fase constituir sujeitos diferentes, tendo em vista que

o assunto principal era comum, elas foram rodadas num mesmo corpus no programa

IRAMUTEQ. Os resultados obtidos com a análise do CHD apresentaram seis classes

diferentes. Apesar de algumas perguntas terem sido diferentes para os colaboradores

envolvidos, os resultados não apontaram, com clareza, respostas específicas para um grupo ou

outro. Ao contrário, as falas se completaram.

O quadro seguinte apresenta o resultado das classes:

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136

Quadro 12: Dendograma da fase de Implementação do programa esportivo

Fonte: Análise CHD – IRAMUTEQ.

As classes foram renomeadas conforme descrito abaixo:

Classe 3: O preparo para a implementação;

Classe 2: O planejamento dos professores e a relação com as expectativas do

CETI;

Classes 6, 5 e 4: Superando as dificuldades iniciais;

Classe 1: O CETI no cotidiano da escola – a relação entre professor e aluno.

Tendo em vista a proximidade entre algumas classes e dos temas abordados por

elas, as classes 6, 5 e 4 serão apresentadas no mesmo contexto de análise.

Apresentaremos concomitantemente com a análise das entrevistas uma análise

documental sobre o modelo do planejamento dos professores e monitores do CETI.

4.3.1 Classe 3: O preparo para a implementação do CETI

O estudo deixou evidente até o momento a importância da articulação entre as

diferentes fases de consolidação de uma PP, o que será reafirmado nesta sessão também, pois,

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137

para Siman (2005), implementar uma PP significa colocar em prática aquilo que fora

previamente formulado:

Essa maneira de compreender o fenômeno da implementação pressupõe, portanto,

uma fase da formulação da política em que uma série de situações foram

devidamente estudadas e avaliadas, ou seja, diagnósticos foram realizados, uma

teoria foi construída e em função dela objetivos, metas, alocação de recursos,

competências e atribuições e estratégias foram definidas (SIMAN, 2004, p. 49).

Essa relação fica evidente neste estudo, quando as duas primeiras classes

apontadas nesta fase se apresentam ainda como uma transição entre a fase de elaboração e de

implementação, uma vez que sinalizam o planejamento do processo. A primeira classe

apresenta o sistema de organização dos professores e monitores, bem como a formação deles

e o critério de seleção das escolas; a segunda classe trata de informações sobre o planejamento

de aulas dos professores e monitores, para a partir de então, abordar sobre o início das

atividades do CETI nas escolas.

A respeito da seleção das escolas, os coordenadores sinalizaram que foi realizado

um levantamento para identificar aquelas que teriam estrutura adequada para a prática das

atividades esportivas.

A gente teve que fazer todo um levantamento de quais escolas seriam integrais quais

iam ter o esporte, então foi feita uma sondagem [...] e foi decidido junto com a

secretaria posteriormente onde seriam bons locais (COORDENADOR 1).

Foi feito uma seleção por parte dessa estrutura escolar. Foi feito um estudo para ver

a possibilidade do monitor esportivo conseguir o mínimo de qualidade das aulas de

esporte para o ensino integral (COORDENADOR 3).

Grindle e Thomas (1991) afirmam que a implementação de uma PP é marcada por

um processo interativo e constante de tomada de decisão feita por pequenos grupos

responsáveis pelo processo. Uma dessas tomadas de decisão foi marcada nesse estudo pela

seleção das escolas que receberiam a proposta esportiva, pela reorganização do material

esportivo e pelo remanejamento dos monitores e professores de Educação Física do período

regular.

Segundo Silva e Damázio (2017), as condições materiais interferem diretamente

na qualidade das aulas de Educação Física nas escolas. Segundo as autoras, a criatividade e os

ideais dos professores podem fracassar mediante espaços e condições materiais precários.

As questões de infraestrutura escolar têm sido entendidas também como Políticas

Públicas na medida em que a falta de investimento financeiro se torna o discurso da

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138

criatividade e ação do professor (SILVA; DAMÁZIO, 2017), necessitando repensar a

qualidade do espaço ofertado às aulas da área. A literatura ainda nos aponta que esse

problema não é contemporâneo na medida em que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de

1971 previa colocar 50 crianças em um espaço de 100 metros quadrados (BRASIL, 1971),

impedindo os alunos de se movimentarem, ação prevista na Educação Física escolar (FEIRE,

1989).

Para a direção escolar, a nova proposta do integral gerou uma demanda maior de

alunos na escola, tendo em vista o interesse na participação. Isso provocou uma adequação da

unidade escolar e que, de certa forma, ainda ocorre, de acordo com a realidade:

Foi em relação a demanda que aumentou bastante, triplicou né? Por causa dessa

nova proposta de integral e a gente foi se adequando a essa demanda que foi

chegando... é aumentou o numero de oficinas e a escola foi se adequando a isso mais

tudo foi ocorrendo de forma natural (DIRETOR 12).

Na verdade foi, eu tinha pedido um tempo antes né, antes de começar o projeto em si

na possibilidade de ter o integral aqui por causa dos alunos viver numa situação de

vulnerabilidade muito grande na comunidade [...]. De início, apesar de eu querer

tanto foi bem complicado. A gente teve até questão da estrutura de escola até

repensar porque foi assim: ó vocês vão começar mês tal. Foi muito de supetão né? Até hoje nós estamos adequando à realidade porque não é tão simples assim

(DIRETOR 19).

A implementação da proposta do CETI, apesar de ter sido levada em consideração

a possibilidade de atendimento da escola por meio da análise da infraestrutura escolar,

aproximou-se da abordagem top-down (BARBOSA, 2010a), pois foi uma determinação da

Secretaria de Educação para as unidades escolares, com base nas propostas estabelecidas

sobre a ETI.

Contudo, cabe destacar que, apesar de o processo de implementação ter sido

baseado em um modelo hierárquico, a equipe de Coordenação do CETI, em concordância

com a Secretaria de Educação, buscou conduzir o processo de forma mais dialógica, quando

analisa os espaços da escola, oferece oportunidade de escolha do local de trabalho pelos

monitores e abre processo seletivo, aos professores da Educação Física do ensino regular para

se inscreverem no CETI.

Outro fator de destaque nessa fase foi a formação dos profissionais envolvidos

com o programa.

Eles participaram dessas outras formações específicas para o trabalho no integral.

Algumas dessas formações, acho que uma dessas formações foi misturada com um

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139

grupo do regular, mas a maioria foi feita um trabalho específico para o trabalho

integral (COORDENADOR 2).

Então a gente tentou de fato trazer uma formação para eles junto com os monitores

esportivos, fazendo esse link entre a proposta esportiva, a experiência deles e a

proposta do integral, pensando nisso, dentro da escola que era um ambiente novo um

cenário novo né? [...] Então teve formação sim no inicio do ano onde foi apresentada

toda a proposta do que seria desenvolvido e oficinas para potencializar o

conhecimento dos professores e no meio do ano também (COORDENADOR 3).

Apesar de parte do grupo de monitores esportivos já ter trabalhado com uma

proposta esportiva diferenciada em outro programa da rede municipal, a expectativa para o

esporte no ensino integral ganhava nova roupagem e, por essa razão, havia a necessidade de

formação dos profissionais envolvidos. Além disso, era preciso levar em consideração tanto a

mudança do cenário de ensino para todos os monitores, que passou de um programa social

para dentro da escola, quanto a atuação dos professores do ensino regular da rede, pois estes

só apresentavam experiências com a Educação Física escolar e, portanto, a equipe precisava

de uma formação específica.

Porque assim, é primeiro o plano de aula, por exemplo, pra mim foi uma novidade

então o esquema que o CETI me passou eu demorei acho que uns 6 meses pra

entender direito. Porque a gente aprende de uma maneira na universidade e aí vem

essa metodologia muito mais tranquila de fazer que até você pegar você paga pau

mais depois é muito mais tranquilo (PROFESSOR 42).

A metodologia acredito que não, ela é muito semelhante logico também houve

algumas mudanças no quesito planos de aulas mais essas pequenas mudanças foram

muito sutis. Então assim não posso dizer pra você que houve alguma dificuldade até

pelo contrario nós estávamos acostumados a estes modelos e é um modelo que fica

muito valido uma vez que você programa e se organiza referente ao que você vai

lecionar ao seu aluno (PROFESSOR 33).

A formação continuada de professores é um assunto recorrente na literatura,

principalmente a partir da década de 1990, quando se buscava a legitimação da profissão do

professor (NUNES, 2001). Para Tardif (2014), diversos aspectos contribuem para a

consolidação dos saberes do professor, dentre eles, a formação continuada. Entretanto, não é

possível desvincular a formação continuada dos saberes que o professor já possui, levando em

consideração sua trajetória profissional, experiência vivida, relação com os alunos,

enfrentamentos na sala de aula e relação com demais atores escolares.

Ao analisarmos a proposta de formação oferecida pelos coordenadores do CETI,

apesar de ter sido válida num primeiro momento, por oferecer subsídios aos professores para

esse novo formato de trabalho, pode ter sido insuficiente na medida em que ocorreu apenas no

início do ano.

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140

Em um estudo sobre o tema, Rodrigues (2014) encontrou diferentes situações de

aprendizagem vivenciadas por treinadores de diversas modalidades esportivas, dentre as

quais, algumas eram oferecidas pelas instituições de trabalho e outras partiram do interesse e

busca pessoal de cada treinador.

Nesse sentido, apesar da contribuição da formação inicial para a compreensão da

nova proposta esportiva, principalmente aos professores que ainda não tinham vivenciado

prática semelhante, a experiência anterior com esse tipo de prática apresentou-se mais eficaz

para o desenvolvimento da proposta, conforme percebemos nas falas apresentadas dos

professores, em que primeiro não tinha experiência e o segundo tinha.

Podemos inferir nessa análise que, para a implementação de uma PP em esporte

na escola integral, antes da execução do programa em si, é importante considerar o espaço

escolar, o material esportivo disponível, os profissionais envolvidos e a formação desses.

A análise seguinte apresenta outro aspecto que, de certo modo, antecede à

execução das atividades com os alunos, que é a organização do material pedagógico pelo

professor.

4.3.2 Classe 2: O planejamento do professor e sua relação com as

expectativas do CETI

Percebemos nessa classe três situações inter-relacionadas com a questão do

planejamento: a) Finalidade do planejamento; b) A percepção do professor e c) A relação

deste com as expectativas do CETI.

Apesar do planejamento já ter sido discutido na fase da Elaboração da proposta, o

tema aparece novamente, porém com uma roupagem diferenciada à anterior, tendo como foco

a ação dos professores e monitores.

O planejamento na fase da Elaboração se caracterizou pela definição da linha de

trabalho e pela construção da proposta curricular, elaborados pela equipe de Coordenação. Já

na fase de Implementação, se caracteriza pela execução do planejamento feita pelo professor,

além de apresentar também as concepções sobre o tema e sua relação com as expectativas

sobre o esporte na ETI.

A equipe de Coordenação do CETI elaborou a partir da proposta curricular

definida, um caderno para planejamento do professor, com a finalidade de oferecer um

instrumento de organização e sistematização da proposta a ser desenvolvida em cada

realidade escolar.

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141

[...] Elaborou um caderno onde ele tem a proposta curricular dele que é semestral.

Ele põe nesse caderno a proposta que ele vai trabalhar nesse semestre e depois tem

os planos de aula que são semanais a maioria é semanal (COORDENADOR 1).

Um caderno de planejamento para que a partir desse direcionamento ele pudesse por

conta própria estar usando esse material, com a motivação necessária, ele usar os

conhecimentos dele e pegar esse material e planejar, mediante a realidade que ele

vai encontrar (COORDENADOR 2).

Nesse sentido, o material construído na fase da Elaboração pode ser entendido

como um parâmetro para a construção do planejamento do professor, como proposto por

Bossle (2002), assemelhando-se à estrutura dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que,

segundo Darido et al (2001), tem como principal função subsidiar a elaboração de

documentos e currículos dos estados e municípios, incentivando a elaboração de propostas e

de projetos educativos.

O planejamento elaborado pelos professores e monitores passa a ser, então, uma

extensão dos parâmetros oferecidos na proposta do CETI, além de ser a concretização desta

proposta, conforme apresentado pela figura seguinte.

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142

Figura 15: Caderno de Planejamento semestral do Professor do CETI

Fonte: Extraído (CETI, 2016, p. 24).

Essa figura representa o planejamento que o professor elabora para o

desenvolvimento de uma proposta esportiva ao longo de um semestre ou bimestre. A partir

deste, ele elabora o planejamento das aulas, que podem ser semanais ou diárias, de acordo

com a demanda, conforme indicado pela figura 16.

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143

Figura 16: Caderno de planejamento semanal / diário do professor do CETI

Fonte: Extraído (CETI, 2016, p. 25)

Ao analisarmos as duas figuras apresentadas sobre o planejamento do CETI,

percebemos estreita relação com as abordagens feitas tanto na fase da Definição da Agenda

Política, quando expressada a expectativa sobre o esporte na escola em Tempo Integral,

quanto na fase da elaboração, quando definida a linha de trabalho para essa proposta.

Diante das duas propostas de planejamento, os professores podem definir com

clareza seus objetivos e estratégias em cada Referencial da PE e, com isso, estabelecer uma

intencionalidade pedagógica voltada não somente ao desenvolvimento do aspecto motor dos

alunos, mas, principalmente, em relação ao desenvolvimento social e cultural, promovendo

assim, uma formação plena dos participantes (MACHADO; GALATI; PAES, 2014;

MACHADO et al, 2012).

Segundo Barbosa (2010b) e Ferreira (2010), a prática do professor deve ser

caracterizada pela intencionalidade pedagógica, devendo ser uma ação consciente, planejada e

organizada, visando a otimizar o processo de ensino, vivência e aprendizagem de modalidades

esportivas, levando em consideração o ambiente formador de suas aulas.

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144

Essa intencionalidade “exige que o professor pense sobre o futuro, que ele

determine objetivos para seu ensino, selecione conteúdos, defina os procedimentos desse

ensino, etc. Assim, o caráter intencional pressupõe planejamento” (BARBOSA, 2010b, p. 43).

Portanto, a proposta curricular do CETI permite ao professor organizar sua prática

pedagógica conforme a demanda e a percepção sobre o ambiente escolar, não sendo

engessada nem tão pouco inflexível.

Contudo, o professor deve também ter essa percepção sobre a importância do

planejamento para o desenvolvimento de suas atividades para que não se torne apenas um

cumprimento burocrático, mas que seja compreendido como atividade processual e de

interação com a comunidade escolar (BOSSLE, 2002).

Existe um fundo científico e a medida que você tem um embasamento teórico a

prática se torna muito mais organizada e não só organizada, mas ao mesmo tempo

ela se torna um mais, como que eu vou dizer, mais sistematizada (PROFESSOR 33).

Porque quando você trabalha um tempo com educação física, as coisas ficam muito

engessadas você começa a fazer coisas já vira uma rotina. De repente veio o pessoal

do CETI com uma proposta diferente do que a gente trabalha na escola. Então pra

mim acrescentou, acrescentou mais conhecimento e me tirou um pouco daquela

mesmice (PROFESSOR 35).

Você tendo um currículo ali, a ideia de formato geral, obedecendo cada faixa etária

em cima disso é aberto pra gente adaptar conforme a realidade do local, então eu

acho um caminho bacana pra educação do integral (PROFESSOR 36).

O embasamento teórico para a definição da proposta curricular do CETI permitiu

aos professores delinearem seus planejamentos, a partir de certas referências, possibilitando

reinventar e reconstruir sua prática pedagógica (CAPARROZ; BRACHT, 2007), tendo como

referência o desenvolvimento, o interesse e a necessidade dos alunos, bem como as

expectativas de ensino estabelecidas pelo programa.

O trabalho é sistematizado, é organizado, tem planejamento tem uma sequência, o

currículo é definido né? Então é excelente e deviam ter mais é grupos assim, todas

oficinas como tem o CETI direcionado pro esporte, devia ter outro é um grupo pra

cada pra cada tipo de oficina também (DIRETOR 16).

Então pra mim acho que o material do CETI tem me ajudado nisso, sabe? A manter

o conhecimento a longo prazo, não só o jogar pelo jogar entendeu? Eu acho que o

nome mesmo já diz, que é o ensino integral é formar eles integralmente não só

pensando no lado do esporte, mas os valores do esporte (PROFESSOR 9).

Sob o ponto de vista dos professores e diretores, a proposta curricular do CETI

ofereceu um embasamento sobre o que se espera nas aulas de esporte do integral e, de certa

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145

maneira, contribuiu para avançar na percepção sobre as diferentes possibilidades desse

trabalho.

Discutir o planejamento dos professores na fase de Implementação nos induz a

perceber o quanto o ciclo das PP é um processo dinâmico, não linear (BARBOSA, 2010a) e

atemporal, pois a ação do planejamento executada pelo professor é contínua e se apresenta

como permanente nessa proposta, marcando, portanto, a implementação, bem como a

continuidade do programa esportivo.

O conhecimento sobre a proposta curricular permitiu também aos professores

perceber o que se espera da prática pedagógica com os alunos.

Então todos esses valores do esporte acabam, a gente conseguindo trabalhar dentro

da vida deles também, como um ser humano integral mesmo justamente fazendo

essa reflexão junto com eles. Igual eu acabei de falar, o esporte não é só o jogar pelo

jogo ele tem que ter um sentido. Então a gente joga e sempre reflete no final vamos

entender o que foi necessário pra gente fazer esse jogo hoje (PROFESSOR 9).

Eu particularmente não tenho problema em trabalhar dentro da proposta do CETI eu

acho uma proposta excelente sim porque ela é uma metodologia diferente de uma

aula de educação física, de uma aula de treinamento, ela é algo que a gente tem que

pensar assim: levar o aluno a refletir sobre aquilo que nós estamos passando. Então

não é simplesmente chegar, dar a sua aula, tchau aluno e volta pra sua. Não, você

tem que apresentar a proposta você tem que colocar o seu aluno pra refletir sobre o

que nós estamos fazendo o que está trazendo de beneficio pra você nesse momento

(PROFESSOR 10).

Retomando os objetivos da escola em tempo integral (CASTANHO; MANCINI,

2016; VASCONCELOS, 2012; CAVALIERE, 2007) e da perspectiva pedagógica do esporte

(SCAGLIA; REVERDITO; GALATTI, 2014; PAES; BALBINO, 2009; BENTO, 2006),

percebe-se na fala dos professores uma preocupação com o desenvolvimento não somente das

questões físicas e motoras dos alunos, mas, sobretudo, dos valores e modos de

comportamento que as aulas podem proporcionar, tendo no planejamento um importante

aliado nesse processo.

Então aqui na minha escola, por ser uma escola de clientela difícil com muita

indisciplina, então a minha finalidade além de proporcionar para eles o esporte em si

seria transformar mesmo a pessoa. Então aquela pessoa, aquele aluno que está com

problema, aquele aluno que tem dificuldade que tem problema social que o esporte

ajude a resgatar isso, então meu principal objetivo é esse (PROFESSOR 8).

Então assim além do desenvolvimento motor esse desenvolvimento social da criança

sem contar o risco que essa criança deixa de ter porque ela está muito mais tempo na

escola (PROFESSOR 11).

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146

No decorrer desse estudo, teremos a oportunidade de averiguar a relação entre os

discursos dos professores descritos acima e a perspectiva dos alunos sobre as oficinas de

esporte no período integral, quando abordarmos o ciclo de acompanhamento e avaliação.

Contudo, os dados já nos apresentam a crença sobre a importância do esporte no

desenvolvimento da criança e do adolescente.

Reiteramos, portanto, a defesa de Petitpas, Cornelius e Raalte (2008) sobre a

importância da estruturação do trabalho esportivo para de fato buscar alcançar o

desenvolvimento positivo dos participantes. No mesmo sentido, Machado (2012) defende que

a prática esportiva deve estar balizada por princípios pedagógicos que possibilitem ao

professor a sistematização de uma proposta intencional de forma a articular oportunidades.

Os dois pontos tratados até o momento apresentaram informações acerca do

período que antecede à implementação, no sentido da organização do processo. A seguir,

apresentaremos a análise das próximas três classes (6, 5 e 4) que apresentam as perspectivas

dos diretores, professores e professores coordenadores sobre o início das atividades com o

CETI nas escolas.

4.3.3 Classes 6, 4 e 5: Superando as barreiras iniciais

Apesar dos estudos feitos pela equipe de Coordenação do CETI sobre a

possibilidade de atendimento da oficina de esporte nas ETI, uma das principais dificuldades

relatadas pelos entrevistados foi com relação à adaptação de espaço, por duas razões: a) pelo

aumento substancial do número de alunos atendidos no integral devido à nova proposta; e b)

adequação do espaço existente a essa nova configuração.

Foi em relação a demanda que aumentou bastante triplicou né por causa dessa nova

proposta de integral e a gente foi se adequando a essa demanda que foi chegando é

aumentou o numero de oficinas e a escola foi se adequando a isso mais tudo foi

ocorrendo de forma natural. Então as principais dificuldades foi se adequar ao

numero de alunos dentro de cada oficina (DIRETOR 12).

Eu acho que acaba que complicando um pouquinho mais é a adaptação dos espaços,

ela não estava preparada totalmente preparada pra receber por falta de espaço

mesmo (DIRETOR 13).

Eu acho que no começo foi um tanto complicado a questão do esporte, porque a

questão de sala de aula era mais simples de resolver. Se tinha o espaço de sala tinha

a aula de arte, de dança que podia ser no pátio, mas o esporte vai ser no pátio, tinha

que dividir a quadra, material não tinha ainda, então o grande desafio foi colocar

nesse espaço escolar (DIRETOR 18).

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147

Apesar de já retratarmos a questão dos espaços nas aulas de Educação Física

escolar, o discurso dos diretores leva essa discussão a outro patamar: a dificuldade de

aceitação dos professores de Educação Física do período regular sobre a proposta do esporte

do integral.

A questão inicial de complicação foi ocupar espaço dentro da escola, visto que a

educação física escolar já sofre com alguns problemas dentro da escola em relação

ao espaço para o desenvolvimento de aula. Então iniciar esse trabalho dentro da

escola, ocupando espaço, a sensação era de que estávamos roubando espaço do

professor de educação física. Essa foi uma das primeiras dificuldades

(COORDENADOR 2).

Quando retomamos os estudos sobre a Escola em Tempo Integral, uma das

dimensões apresentadas foi a do espaço (LOMONACO; SILVA, 2013). Para os autores, a

percepção da escola deve ser para utilização de espaços que normalmente não são utilizados

no dia a dia, mas que podem ser locais de aprendizagem.

Deve-se ainda destacar que a Política de Escola em Tempo Integral começa a ser

debatida de forma mais aprofundada a partir do século XXI, quando as propostas começam a

surgir de forma substancial (BRASIL, 2007; 2010; 2014; 2016), período em que grande parte

das escolas já estavam construídas e em funcionamento. Portanto, a necessidade de adaptação

do espaço escolar é real e urgente. Carvalho (2006) ainda sugere a utilização de espaços do

entorno escolar, justamente pela infraestrutura deficitária das escolas públicas brasileiras.

Apesar de o município estudado apresentar escolas com amplos espaços, ainda

assim, essas escolas enfrentaram dificuldade inicial em atender a nova demanda tendo em

vista o aumento no número de alunos, de oficinas e maior utilização dos espaços escolares, o

que gerou, por consequência, maior dinamismo na escola.

A despeito de toda essa dificuldade enfrentada inicialmente, o que não pode

perder de vista é o atendimento ofertado ao aluno.

No momento que eu cheguei era espaço (dificuldade), tinha os professores do

regular e foi me adaptar aos espaços. Mas daí o programa já é isso mesmo, a gente

tem que se adequar às escolas e levar o melhor pro aluno, sempre pensando no aluno

e dessa forma foi. Encontrei uma dificuldade e hoje eu tenho uns espaços assim bem

legais na escola (PROFESSOR 3).

Já defendemos neste estudo a importância da plasticidade da escola em tempo

integral, tendo em vista a dinamicidade da sociedade atual e dos próprios interesses dos

alunos (CARVALHO, 2015). Ao compreender a importância da ampliação do tempo de

permanência do aluno na escola, deve-se compreender também que a escola passa a ser um

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espaço mais democrático, ao possibilitar ao aluno diferentes experiências de aprendizagem

(LIBÂNEO, 2014; GALIAN; SAMPAIO, 2012).

O período de adaptação das escolas foi de aproximadamente seis meses, portanto,

podemos inferir que a dificuldade apresentada inicialmente foi mais por uma questão de

gestão da nova realidade do que pela falta de espaço em si.

No início foi bem difícil a questão de aceitação de professores, a questão de

aceitação da escola, mesmo porque essa dinâmica de muito aluno na escola e essa

correria então foi um pouco complicado a situação, mas acho que foi o que uns 6

meses de adaptação e depois foi se encaixando as coisas; as salas foram sendo

arrumadas então isso foi tranquilizando um pouco então tá sendo bem, bem

interessante (PROFESSOR 8).

Essa questão fica mais clara ainda quando se evidenciam os motivos de

participação dos alunos na Escola em Tempo Integral e sobre a preferência dos alunos com

relação à escola integral ou parcial, em que cerca de 60% preferem estudar em uma escola em

Tempo Integral, conforme análise documental feita.

Gráfico 8: Preferência dos alunos pela escola em tempo integral

Fonte: Extraído SEED (2015)

Isso aponta para uma participação espontânea devido, possivelmente, à

identificação com a proposta. Portanto, apesar das dificuldades apresentadas pelos gestores e

pelos professores, estes foram problemas iniciais, mas que não interferiram diretamente na

relação positiva do aluno com a proposta do ensino integral, nem tampouco com a prática

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esportiva. Ao contrário, para os professores e diretores, os alunos participam do programa do

ensino integral por causa das oficinas de esporte.

Provavelmente eu posso afirmar que os alunos do estendido vêm para o integral por

causa do esporte (DIRETOR 14).

Uma escola que o integral dá certo é principalmente pela questão do esporte [...] e o

integral faz parte, você percebe que o integral é o coração da escola (DIRETOR 17).

Foi bem aceito e tá fluindo quando eu cheguei não tinha o esporte eram algumas

oficinas, mas o esporte não. Isso foi novo pra eles e eles receberam assim, com

muito entusiasmo [...]. Tanto que os alunos quando eles, eles olham lá no calendário

o dia que não tem esporte são poucos alunos que vem na escola. Só quando tem a

oficina de esporte que isso daqui bomba e eu vejo que isso é um ponto muito assim

importante (PROFESSOR 3).

Eles vêm para o integral com uma perspectiva de eles entendem, eu não sei onde,

que começou isso aqui no Walter, mas eles entendem que quem tá no integral é o

melhor (PROFESSOR 11).

Quando comparamos as falas supracitadas com a pesquisa realizada pelo

município sobre a preferência dos alunos das atividades ofertadas pelo ensino integral, vemos

que realmente o esporte é uma das atividades de maior aceitação, além de ser uma das razões

pelas quais os alunos frequentam a escola em tempo integral.

Gráfico 9: Porque os alunos frequentam a escola em tempo integral

Fonte: Extraído SEED (2015)

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As principais razões para participação dos alunos na ETI são: a) Para não ficar

sozinho em casa; b) Por causa das atividades; c) Para aprender; e d) Pela prática esportiva.

Reafirmamos novamente a importância do esporte no contexto da ETI, por ser uma atividade

de maior identidade dos alunos e, consequentemente por ser uma atividade que leva os alunos

à escola. Uma das razões que pode influenciar nessa questão é a estruturação das aulas

formalizada pela proposta curricular.

Então essas vivências fora da escola são super importantes, creio eu, então esse

suporte que o CETI possibilita ele vem pra somar com certeza [...]. Isso na formação

dos indivíduos eu acho que pra isso ser necessário o professor precisa conhecer

muito bem a turma dele, então a gente tem alunos muito de vivências muito distintas

aqui (PROFESSOR 5).

De certa forma bem legal do CETI e as crianças estão se desenvolvendo a gente vê

um aprendizado, um desenvolvimento deles. Olha teve bastante alteração sim então

na verdade eu acredito que tanto do programa quanto a minha vida como

profissional mesmo [...]. A questão de tá trabalhando sempre o conceitual junto com

eles, deles terem uma, terem um embasamento teórico daquilo então isso acho que

fortaleceu mais o trabalho (PROFESSOR 8).

É muito legal você olhar ali na apostila e ver aquilo que realmente a criança precisa

absorver nesse momento então pra mim foi bem bacana isso principalmente com o

direcionamento do material mesmo da apostila (PROFESSOR 9).

Apesar da análise do último ciclo das PP apresentar de forma mais específica

sobre o acompanhamento e os resultados dessa proposta, temos já na fase de implementação

algumas sinalizações sobre essas questões.

Para os professores, a existência de uma proposta curricular contribuiu

significativamente para a sistematização e organização do trabalho que eles desenvolvem nas

escolas, indo ao encontro com a perspectiva da literatura (GONZÁLEZ et al, 2014;

MACHADO; GALATTI; PAES, 2014; 2011; BRUNELLE; DANISH; FORNERIS, 2007;

MELO, 2007; DARIDO; RANGEL, 2005).

Outro aspecto abordado foi o conhecimento que os professores precisam ter sobre

os alunos, de modo que as aulas sejam mais direcionadas, fator também já foi levantado neste

estudo como um dos pontos importantes na construção do currículo esportivo (MACHADO et

al, 2015; COLL, 1987).

A última classe da fase de Implementação sugere a importância da relação entre

professor e aluno e a prática do CETI nas oficinas de esporte.

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4.3.4 Classe 1: O CETI no cotidiano da escola – a relação entre professor e

aluno

A última classe de análise da fase de Implementação apresenta uma perspectiva

prática do trabalho esportivo na escola em tempo integral. Os principais pontos levantados

nessa análise foram feitos pelos professores, justamente por apresentar o prisma da vivência

esportiva na escola.

Temos defendido até o momento a importância da estruturação do trabalho do

professor para que os efeitos negativos da prática esportiva possam ser minimizados

(THEOKAS et al, 2008). Porém, apenas estruturar o trabalho não garante o alcance de

aprendizagens significativas. Por um lado, o professor responsável pela prática pedagógica

precisa compreendê-la e, por outro, a interação com o aluno precisa ser positiva para que ele

se interesse pela proposta.

Assim, é fundamental que o professor reconheça a importância do seu papel,

como formador de crianças e adolescentes por meio da prática esportiva e ofereça tarefas

realmente significativas aos alunos para levá-los a uma prática consciente e relacionada a sua

própria realidade (OLIVEIRA, 1985).

Eu vejo isso eu respeito muito meus alunos então quando eles se sentem amados se

sentem respeitados eles fazem o que eu peço [...]. Quando ele gosta de você, você

leva ele gostar do colega e aí você tem uma equipe inteira e aí você faz o que você

quiser. Então eu acho que é a parti daí, a partir do momento que você tem o respeito

do aluno e o respeito de toda uma equipe eles se respeitam; eles podem não se gostar

muito, mas se eles se respeitarem você pode faze o que você quiser (PROFESSOR

10).

Segundo Tassoni (2010), o vínculo afetivo estabelecido entre o professor e o

aluno sustenta a etapa inicial do processo aprendizagem. No mesmo sentido, conforme

Fernández (1991), para que haja o processo de ensino e aprendizagem, é fundamental a figura

de dois personagens: o aprendiz e o ensinante e um vínculo que se estabelece entre eles. Para

o autor a aprendizagem somente ocorre quando outorgamos àqueles a quem ensinam, a

confiança e o direito de ensinar. Portanto, não há aprendizagem significativa sem o

estabelecimento de vínculos afetivos, conforme indicado por Brait et al (2010):

Logo, a relação professor/aluno em meio ao ensino/aprendizagem, depende

fundamentalmente, do ambiente estabelecido pelo professor, da relação empática

com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de

compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles

(BRAIT et al, 2010, p. 6).

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Por essa razão é tão fundamental que o ensino seja pautado para além das

questões técnicas e motoras das modalidades esportivas, mas que estejam baseadas,

principalmente, na aprendizagem e no desenvolvimento das relações pessoais, pois o

ambiente da aprendizagem é constituído por relações entre alunos e professores (TASSONI,

2010).

Para os professores do CETI, a proposta esportiva se baseia justamente nesses

conceitos, de aprendizagens que vão além da mudança de comportamento física ou motora.

Eu acredito que é a socialização o desenvolvimento do respeito o desenvolvimento

psicomotor a relação a um todo né tanto quanto a desenvolvimento de algumas

habilidades básicas e a capacidade física (PROFESSOR 2).

Não só o desenvolvimento motor cognitivo do aluno como as relações afetivas então

eu vejo a educação física e o a disciplina de esporte no integral como muito

importante creio eu que ela tem sido bastante valorizada pelos alunos (PROFESSOR

5).

Então através de algumas atividades algumas coisas de jogos cooperativos ou mostra

que ele precisa do outro ou até mesmo no esporte de competição que nós somos um

grupo independente de quem vai ficar sentado de quem vai ficar na reserva ele faz

parte do grupo. Que um tem que respeitar o outro, então tento sempre passar isso pra

eles, pra que consigam formar esse ser humano mais, como eu vou dizer um ser

humano que hoje tá faltando (PROFESSOR 8).

Mediante o contexto do esporte contemporâneo, Paes e Balbino (2009) defendem

a compreensão do esporte de forma mais ampla, em que o papel do professor deve ser como

um facilitador no processo de educação do ser humano, indo além dos aspectos técnicos, ao

promover a integração entre os alunos. Fato que somente é possível, se a prática estiver

balizada em princípios pedagógicos e filosóficos, ou seja, planejada.

Essa reflexão somente é possível, pois todos os professores de esporte do período

integral são formados em Educação Física, apesar da proposta do Governo Federal em

oferecer atividades no período integral por meio de voluntários (BRASIL, 2010), que não

precisam ser profissionais formados. Essa proposta do Governo Federal vai de encontro ao

posicionamento dos gestores das escolas, pois estes destacam positivamente o fato do CETI

trabalhar somente com profissionais formados.

O que eu gosto do CETI é que trabalha com professores, pessoas habilitadas pra tá

exercendo a função; diferente do integral que trabalha com monitores que

normalmente não tem a formação especifica que precisaria pro aluno (DIRETOR

20).

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Percebe-se, então, que a relação entre o professor e o aluno é fundamental para o

estabelecimento de um ambiente educacional favorável ao desenvolvimento do aluno e que a

formação do professor contribui significativamente para essa relação, tendo em vista a

organização da prática pedagógica mediante os conhecimentos adquiridos.

Concluímos até aqui que a Implementação de uma PP esportiva na escola em

tempo integral não deve ser entendida como uma ação pontual, mas como uma ação

processual, ou seja, ela não ocorre de um dia para o outro e depende de uma série de situações

que devem ser planejadas e verificadas para que a proposta implementada seja efetivada na

escola conforme o que fora previsto.

Ficou claro também que nessa fase o planejamento é etapa fundamental antes da

execução da ação em si. Nesta pesquisa, o planejamento previu o estudo da infraestrutura

escolar, do remanejamento dos materiais esportivos e da equipe de monitores e professores,

além da formação dos profissionais envolvidos com o CETI.

A execução da proposta foi realizada pela equipe gestora da escola e pelos

professores e monitores envolvidos, mediante as informações recebidas. Contudo, além da

execução, identificamos também nessa fase o acompanhamento por parte da Coordenação, o

que permitiu os ajustes necessários no programa, tanto com relação à acomodação de alunos,

espaços e equipe técnica, quanto em relação à proposta esportiva em si.

Portanto, a fase de acompanhamento, apesar de ser tratada na próxima análise,

também faz referência à implementação da proposta, visto que esse acompanhamento inicial é

processual e se dedica a ajustar o que for necessário para andamento da PP.

A figura seguinte apresenta um esquema do que fora abordado.

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Figura 17: Implementação de Política Pública de esporte na escola em Tempo Integral

O processo de acompanhamento e ajuste no momento da implementação do

programa permite reavaliar os objetivos previstos na fase de elaboração, mas também

possibilita ajustar as práticas dos monitores e professores para que estas atendam às

expectativas iniciais. Ademais, também oferecem informações para a fase seguinte, a de

acompanhamento e avaliação do programa.

4.4 Acompanhamento e avaliação da proposta esportiva na escola em Tempo

Integral

O ciclo da avaliação e do acompanhamento é marcado principalmente pela

verificação contínua dos resultados e do impacto obtido por meio da implementação da

Política Pública (ROMANINI, 2013). Sua análise permite verificar não somente o resultado

da PP, mas também como ela tem sido percebida pelos atores que fazem parte dela.

Segundo Figueredo e Figueredo (1986), há sempre uma expectativa sobre o

impacto causado por meio da PP implementada. Para os autores:

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155

Os produtos (policy Outputs) são indicadores de que os governos estão fazendo, de

suas prioridades, e das demandas que estão sendo atendidas, dos interesses que estão

sendo articulados e dos benefícios e objetivos que estão sendo perseguidos

(FIGUEREDO; FIGUEREDO, 1986, p. 110).

Nesse sentido, Trevisan e Bellen (2008) defendem que a avaliação deve

proporcionar informações úteis para a verificação dos resultados alcançados e se estes estão

em acordo com as propostas estabelecidas na fase de implementação. Por essa razão o

acompanhamento é essencial nesse processo, pois contribui com informações relevantes sobre

o desenvolvimento da PP, pois, segundo Zingoni e Ribeiro (2006), o acompanhamento é a

verificação de algo em andamento e requer tomada de decisão imediata, diante das alterações,

previstas ou não.

Assim, interessou-nos saber como ocorreu o processo de acompanhamento por

parte dos coordenadores, como esse acompanhamento ofereceu indicadores para análise dos

resultados e quais os resultados alcançados, sob o ponto de vista dos coordenadores, dos

gestores, dos professores e dos alunos.

Para obtenção dos resultados foi feita a análise do discurso utilizando o

IRAMUTEQ, que organizou o discurso em cinco classes:

Quadro 13: Dendograma Acompanhamento e Avaliação

Fonte: Análise CHD – IRAMUTEQ.

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156

As classes 2 e 1 apresentam resultados referentes ao acompanhamento pedagógico

da proposta e, por essa razão, serão analisadas em conjunto, da mesma forma que as classes 3

e 5 apresentam dados sobre a avaliação da PP e também serão analisadas numa mesma

perspectiva.

Assim, temos as seguintes análises:

Classes 2 e 1: O Acompanhamento Pedagógico – perspectivas e execuções;

Classe 4: O esporte do período integral sob ponto de vista da gestão escolar e do

professor;

Classes 3 e 5: Os resultados da PP em esporte na Escola em Tempo Integral.

Além dos resultados obtidos por meio da análise das entrevistas, também

realizaremos uma análise documental do caderno de acompanhamento do coordenador

pedagógico a fim de relacionar os pontos abordados na entrevista e a organização do caderno.

Para melhor relacionar os temas, essas análises serão realizadas concomitantemente,

conforme abordagem dos temas.

4.4.1: Classes 2 e 1: O acompanhamento pedagógico – perspectivas e

execuções

O acompanhamento desta PP esportiva foi marcado pelo acompanhamento

pedagógico sistematizado dos coordenadores esportivos, por meio principalmente da

observação das aulas.

Esse acompanhamento é feito diariamente, então, o professor coordenador vai até a

escola, fica um período na escola, acompanha a aula do professor, acompanha todo o

desenvolvimento de organização de material, de postura, de objetivo, de

planejamento, senta com o professor, analisa o plano de aula, tira dúvida do

professor, orienta, oferece auxílio (COORDENADOR 1).

Nós fazemos observações no nosso caderno, no caderno de acompanhamento que

nós fazemos deles. Nós temos alguns itens que a gente coloca de maneira

quantitativa: se é ótimo se é bom se é regular, se é insatisfatório aquilo que nós

estamos observando; alguns itens que a gente selecionou como importantes e a gente

ainda tem um espaço dentro desse caderno para anotar observações gerais

(COORDENADOR 2).

A finalidade do acompanhamento, no ponto de vista dos coordenadores, é

verificar o desenvolvimento da proposta de trabalho para auxiliar os professores, alinhando os

objetivos do CETI com a prática docente. Ele ocorre de forma sistematizada, organizada em

um caderno, onde os coordenadores seguem um roteiro para a observação de aulas e os pontos

desse roteiro são avaliados entre ótimo, bom, regular e insatisfatório.

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157

Então, dentro desse caderno, você tem uma pontuação, você tem um programa que

você cumpre, ali para preencher, onde você senta com o monitor e faz a avaliação

pontuando se ele entregou o planejamento, se está em dia, se ele conduz a aula bem,

a postura dele, se os materiais estão bem organizados, e depois com o gestor, você

ouve a assiduidade do monitor, como ele é com a equipe, como ele desenvolve esse

trabalho junto com a direção da escola. E aí, nós fazemos essa avaliação, o diretor da

escola assina, ele lê toda essa avaliação, assina e esse nosso atendimento é diário

(COORDENADOR 1).

A gente planifica. A gente mês a mês tem que colocar isso em gráfico para a gente

perceber durante o ano todo [...] aonde que a escola que está verde que está tudo

bem com ela, ou amarela que é que nem sinal de trânsito que precisa de atenção e o

vermelho que realmente pare, pare e vá para a escola que você vai precisar ir mais

vezes e fazer um acompanhamento mais de perto. (COORDENADOR 2).

A exemplo do que os coordenadores abordaram, apresentamos na figura seguinte

o modelo do caderno de acompanhamento do CETI.

Figura 18: Caderno de acompanhamento – CETI

Fonte: CETI (2016).

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158

Segundo Sousa et al (2010), é importante estabelecer critérios de

acompanhamento para que essa ação não seja vista como uma ação de controle, mas “devem

ser considerados como instrumentos de gestão que propiciam identificar possíveis diferenças

entre o resultado real e o planejado, por meio de indicadores previamente estabelecidos”

(SOUSA et al, 2010, p. 50).

Ao analisarmos os indicadores construídos pelos coordenadores do CETI,

percebemos relação direta com as expectativas do programa, principalmente pela pontuação

dos Referenciais da PE presentes no acompanhamento e também com o caderno de

planejamento do professor, indicando coerência entre ambos instrumentos, fato que pode

facilitar a percepção do alcance dos resultados esperados.

Isso demonstra a congruência entre a elaboração da PP em esporte na ETI, pois a

linha de trabalho foi definida com base na Pedagogia do Esporte e na utilização de

Referenciais para alcançar os objetivos previstos e discutidos na fase da Agenda, e estes são

acompanhados de forma sistematizada, por meio da observação de aulas e do planejamento do

professor.

A observação de aulas tem papel fundamental na melhoria e na qualidade das

aulas observadas, pois, devido ao envolvimento do professor em sua prática, por vezes ele não

consegue perceber questões que um observador, por não estar envolvido no processo, é capaz

de verificar (WEISZ, 2002).

Segundo Reis (2011), a observação de aulas apresenta diversas finalidades, como:

a) diagnosticar aspectos da prática profissional que precisam ser melhores trabalhados; b)

adequar o acompanhamento às características e necessidades de cada professor; c) definir

bases para as tomadas de decisão acerca do processo de ensino e aprendizagem; d) avaliar as

adequações curriculares desempenhadas pelos professores; e) refletir sobre potencialidades e

limitações quanto a utilização de diferentes abordagens e estratégias; e f) desenvolver diversas

dimensões do conhecimento dos profissionais envolvidos.

Semelhantemente, Tamassia (2011) destaca a importância da observação de aulas

realizada pelo coordenador pedagógico com a intenção de contribuir para a formação

continuada dos professores.

Para os coordenadores do CETI, além de o acompanhamento permitir a formação

continuada dos professores, possibilita verificar o que precisa ser melhorado. Diante das

perspectivas do currículo e o feedback, apresenta-se como importante instrumento nesse

processo.

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159

Procuro dar esse feedback ao professor sempre que eu posso então espero um

período de acompanhamento para ver se aquela avaliação tem oscilações de aula de

planejamento para que eu possa dar um feedback mais completinho

(COORDENADOR 3).

Segundo Freire (1996), a observação de aula, para ser bem aproveitada, precisa

estar fincada sob dois aspectos: a) o planejamento, ou seja, o observador deve ter clareza

sobre sua intencionalidade naquela aula; e b) o feedback, caracterizado pelo retorno dado ao

professor sobre o que fora observado.

Segundo Tamassia (2010), o momento do feedback é um dos mais importantes na

observação de aulas, pois permite a aproximação dos conteúdos com a prática pedagógica do

professor, cumprindo o coordenador o papel de parceiro mais experiente, ao contribuir com a

reflexão da prática, apontando o que precisa ser melhorado.

Assim, a fase do acompanhamento, de fato, como já apresentado anteriormente,

não é característica somente do ciclo da avaliação, mas deve ser fazer presente desde o

momento da implementação da proposta para que cumpra com seu papel de regulador do

processo (ZINGONI; RIBEIRO, 2006).

Além disso, deve ser uma ação constante e consoante com os objetivos

estabelecidos pelo programa. Por essa razão, o acompanhamento desta PP estudada se

caracterizou pelo acompanhamento pedagógico dos coordenadores do CETI, conforme

delineado pela figura 19.

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160

Figura 19: O Acompanhamento de Políticas Públicas de esporte na Escola em Tempo Integral

Assim, todo acompanhamento de uma PP em esporte na Escola em Tempo

Integral deve ter como principal atuação o acompanhamento das atividades desenvolvidas

pelos professores, com a intenção de ajustar o currículo proposto, bem como a prática

pedagógica esperada.

Deve ser uma ação intencional, direcionada, para principalmente definir o que se

pretende com essa ação (GIOVANINI; TAMASSIA, s/d) e, a partir do que fora observado,

fornecer feedback ao professor para que ele tenha um parâmetro sobre suas aulas.

O acompanhamento pedagógico também pode permitir a verificação de certos

resultados do trabalho desenvolvido, avançando para alguns aspectos da avaliação das PP.

Sobre esse aspecto que trataremos a seguir.

4.4.2 Classe 4: O esporte do integral no ponto de vista da gestão escolar e do

professor

Apresentaremos nesta sessão a percepção da equipe gestora e dos professores

sobre o esporte na escola em Tempo Integral. Os dados da entrevista apontam para como o

trabalho tem sido desenvolvido e quais pontos são favoráveis para os resultados alcançados.

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161

De certa forma, os dados indicam para questões relacionadas ao

acompanhamento, mas neste caso assistemático, realizado pela equipe gestora da escola e

pelos próprios professores, diante do dia a dia do período integral e das aulas de esporte, e

consequentemente para as repercussões percebidas por essa equipe.

Não se trata do acompanhamento sistemático, como o realizado pelos

coordenadores do CETI, mas de um acompanhamento diário, mediante a demanda e a

concepção da proposta pela equipe executora.

Um dos pontos levantados pela maioria dos gestores é a diferença entre o trabalho

desenvolvido pela equipe do CETI e o da Educação Física escolar. Para eles existem três

pontos que diferenciam estas práticas na escola: a) menor número de alunos no período

integral; b) maior tempo de aulas, levando a maior continuidade da proposta; c) planejamento

flexível no integral, possibilitando ampliação das modalidades esportivas ensinadas.

Então no integral em relação a sala regular, o número é um pouco menor do que a

sala regular; o professor leva a sala inteira para fazer a educação física se for do

primeiro ao quinto ano dentro do horário regular. No integral como é um horário

diferenciado também o numero é um pouco mais reduzido daí eu vejo assim que dá

para trabalhar mais modalidades né? [...].O planejamento também fica mais flexível

dá pra possibilitar outras formas de trabalho (GESTOR 1).

O planejamento exige com que o monitor faça isto ele não fique só engessado no

cumprir tabela (GESTOR 4).

O planejamento do esporte acaba sendo concluído melhor por ter mais tempo com o

aluno por tudo eu acredito que seja mais pelo esporte te realmente um, um projeto

então o aluno é mais constante com ele (GESTOR 3).

[...] isso que é legal, isso no integral e não é de uma maneira rígida e fechada você

abre um leque de possibilidades pro aluno aprender (GESTOR 5).

Apesar de não haver uma determinação sobre o número de alunos nas aulas de

Educação Física, é preciso levar em consideração a infraestrutura para oferecer uma atividade

com qualidade, de forma que não aglomere os alunos e não os impeça de realizar os

movimentos previstos nessas aulas (FREIRE, 1989).

Já a continuidade nas aulas é possível pela estrutura flexível do período integral,

oferecendo aos alunos mais de uma aula de esporte por semana; em alguns casos, como

apontado pelos gestores, as aulas chegam a ser diárias, possibilitando maior integração entre

professor e aluno.

Esse ponto também é ressaltado pelos professores como fator positivo, pois

possibilita maior contato com os alunos, estreitando a relação entre ambos.

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162

Eu acho que a relacionamento acho que o tempo porque você vê o ensino regular

trocar de professor todo ano as possibilidades que eu vi de professor que troca

sempre no integral que não é tão efetivo não consegue construir uma relação assim.

Então tem aluno aqui que basta uma conversa com ele por causa da amizade, o

tempo que a gente já, a gente se conhece as coisas facilitam, melhora sim com

certeza (PROFESSOR 2).

Por fim, a flexibilidade no planejamento já foi um ponto tratado neste estudo,

principalmente quando discutimos a questão curricular (IMPOLCETTO et al, 2007); este

deve estar adequado à realidade de cada turma e pode ser ajustado conforme as demandas

surgidas na própria aula.

Podemos destacar dois fatores associados à flexibilidade do trabalho apontados

pela gestão: o primeiro está relacionado à proposta tradicional da Educação Física escolar na

rede municipal estudada, tendo em vista que, para os gestores, somente é possível diversificar

as modalidades e os materiais apresentados aos alunos nas oficinas de esporte do integral, o

que vai contra às propostas de Educação Física escolar atuais (DARIDO; SOUZA JUNIOR,

2007; DARIDO; RANGEL, 2005; BRASIL, 2000); e o segundo está relacionado à forma

como o professor conduz o planejamento, ao levar em consideração o ponto de vista do aluno,

aproximando-se de uma proposta de planejamento participativo (SOUSA; FREIRE, 2008;

RODRIGUES; GALVÃO, 2005).

Ele pega também os desejos dos alunos e coloca, joga isso nas aulas dele e isso

acaba o que, incentivando os alunos a participarem mais porque [...] tá observando a

vontade dos alunos também, e traz isso pro planejamento dele e isso só faz os alunos

quererem participar mais e mais do esporte do integral (GESTOR 5).

Indo mais para parte do esporte tem alunos que adoram essas vivências diferentes. A

gente propiciou o golfe aqui escola, aula de mountain bike. Então você fazer essas

coisas diferente com certeza deixa o dia deles diferente (PROFESSOR 2).

Apesar de não ser o foco deste estudo discutir a Educação Física escolar, o fato é

que em ambas propostas deve-se levar em consideração a flexibilidade do planejamento, bem

como podem e devem ser apresentadas aos alunos diferentes possibilidades esportivas e, mais

do que isso, aos alunos das aulas de Educação Física escolar devem ser abordados outros

assuntos além do esporte, tendo em vista a abordagem da Cultura Corporal do Movimento

(DARIDO; RANGEL, 2005; BRASIL, 2000). Assim, podemos inferir que a tendência dos

professores desta rede de ensino regular seja mais tradicional e, por essa razão, os diretores

associam as possibilidades de ampliação de ensino às atividades do contraturno.

Segundo Sousa e Freire (2008), a falta de significado entre os conteúdos

apresentados aos alunos pode levar ao desinteresse pela prática esportiva. Uma das maneiras

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163

de evitar essa situação é desenvolver propostas conjuntas, partindo de seus interesses,

necessidades e características.

Esse diálogo entre professor e aluno pode levar também a outro ponto destacado

pela equipe, que é a relação positiva entre alunos e professores, questão já apresentada nessa

pesquisa, na fase de Implementação da proposta.

Meu ponto de vista é essencial, sabe no trabalho com o esporte, eu vejo que o

[monitor de esporte do integral] consegue coisas que muitos professores não

conseguem. Ele consegue disciplinar o aluno através do esporte, colocar limites né?

Faz, cria um vínculo, ele consegue criar um vinculo afetivo muito bom com os

alunos (GESTOR 2).

Olha o professor, graças a Deus, é maravilhoso [...], super carinhoso com as

crianças, tanto na pesquisa que teve do integral que a gente teve que fazer, ele foi o

professor mais aceito pelos alunos. É como falei pra você, não tenho dúvida que os

alunos vêm por causa dele, porque a aula dele é muito boa a gente vê ele dando aula

dá vontade de ir fazer junto com ele (GESTOR 3).

Quando vai para parte de esportes no integral geralmente o aluno já se matricula

porque ele quer isso, então ele já vem com uma motivação extra tem diferença sim

eu vejo os alunos muito mais motivados quando eles estão na parte de esportes do

integral (GESTOR 7).

Então eu vi crescer então consegui uma relação com eles de amizade além de ser

professor então essa relação de amizade eu acho que favorece para eles também

como para mim (PROFESSOR 2).

Eles conversam comigo sobre tudo. Então o respeito no horário do integral eu vejo

que é muito melhor do que no regular, não sei se porque [...] os adolescentes assim

então respeitam muito (PROFESSOR 7).

Segundo Vasconcelos et al (2005, p. 3): “As relações afetivas que o aluno

estabelece com os colegas e professores são grande valor na educação, pois a afetividade

constitui a base de todas as reações da pessoa diante da vida”. Ao conduzir o processo de

ensino e aprendizagem de forma dialógica, o professor pode despertar o interesse dos alunos,

despertando-os à curiosidade e ao aprendizado prazeroso (BRAIT et al, 2010).

Podemos constatar isso quando olhamos para a pesquisa realizada com os alunos

sobre a preferência em estudar em uma escola de período integral ou uma escola de período

parcial. Como já demonstrado no capítulo três, a preferência em mais de 50% dos

entrevistados foi em estudar na escola integral.

Outro indicador que também pode ser analisado sobre esse viés é a preferência

dos alunos pela atividade esportiva, como apresentado no capítulo três. Podemos inferir que

um dos pontos favoráveis para essas questões é a relação de afetividade entre professor e

aluno.

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164

Cara é tão automático, vou dizer para você que eu acho que a primeira coisa que eu

acho que o professor tem que entender quando o moleque vem pro integral é que ele

precisa se amado, de verdade, que quando ele entende que ele é amado e que ele é

especial você consegue mais coisas (PROFESSOR 11).

Ao refletir sobre o processo de ensino, vivência e aprendizagem de modalidades

esportivas, é preciso por um lado estabelecer os objetivos, os conteúdos e as estratégias de

ensino; por outro, é fundamental que se estabeleçam relações positivas entre professor e

aluno, pois é preciso ambos para que haja de fato aprendizagem no ambiente educacional.

Por fim, a última relação que podemos inferir da percepção dos gestores está no

perfil do profissional que atua com o esporte na escola em Tempo Integral. Para eles deve ser

comprometido e saber motivar os alunos para participar das atividades.

Em estudo sobre a prática do professor de Educação Física, Galvão (2002) define

algumas características de um professor bem sucedido, dividindo em três blocos: a) na

questão técnica – domínio de conteúdos e estratégias, fornece feedback aos alunos, reflete

sobre sua prática, utiliza o tempo útil da aula, conhece seus alunos e adequa o processo de

ensino, vivência e aprendizagem a suas características; b) na questão afetiva – demonstra

interesse e entusiasmo por aquilo que o aluno é capaz de desempenhar, desenvolve relação de

afetividade com os alunos, mantém clima agradável e respeitoso com os alunos; c) questão

sociopolítica – conhece a experiência social dos alunos, possui visão crítica da escola e dos

conteúdos escolares.

Podemos identificar alguns desses aspectos nos professores do CETI mediante a

fala da gestão e até deles mesmos com relação ao dia a dia na escola com os alunos.

Identificamos também alguns pontos previstos na proposta curricular do CETI, quando esta

aponta para o conhecimento dos alunos e da comunidade escolar como elemento importante

para a construção do planejamento.

Isto posto, podemos compreender que algumas competências necessárias para o

desempenho do papel do professor, mesmo que implicitamente, são apresentadas já na

proposta curricular do CETI, alinhando, assim, as expectativas e as ações dos professores.

As duas análises tratadas até o momento ilustraram sobre como se procedeu o

acompanhamento da PP implementada e sob quais aspectos a prática do professor tem sido

pautada. A soma desses elementos nos levam a análise da última classe, que são os resultados

obtidos por meio da implementação da PP de esporte na escola em Tempo Integral.

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165

Buscaremos identificar quais resultados obtidos sob o ponto de vista da equipe

escolar e dos alunos envolvidos nesse processo.

4.4.3 Os resultados da PP em esporte na Escola em Tempo Integral.

Toda implementação de uma PP visa a algum tipo de resultado (FIGUEREDO;

FIGUEREDO, 1986), alguns deles são explícitos e outros podem despontar ao longo do

processo. Segundo Souza (2006) toda PP é uma ação intencional, ou seja, visa a alcançar

determinados objetivos.

As diferentes formas de avaliar as PP já foram debatidas nesse estudo

(ROMANINI, 2013; SARAIVA; FERRAREZI, 2006; DERLIEN, 2001; VIANA, 1996).

Segundo os autores, existem diferentes propostas para a avaliação em PP, mas neste estudo

identificamos claramente duas delas: a) Avaliação do processo – identificada nesse estudo por

meio do acompanhamento pedagógico realizado pelos Coordenadores; e b) Avaliação de

impacto – resultados alcançados, tendo como base diferentes dados (alunos, comunidade,

pais, professores, gestores).

Nossa intenção não foi realizar um estudo sobre o impacto do CETI, mas

verificar, por meio das entrevistas realizadas e do cruzamento de dados entre elas e as análises

documentais, quais os resultados obtidos a partir da implementação do programa esportivo

nas escolas.

Inicialmente identificamos as razões pelas quais os alunos participam da escola

em Tempo Integral, dentre elas destacamos: os pais trabalham, eles gostam do integral, pela

aprendizagem, pelo esporte, pela convivência, pela diversão, conforme apresentado

anteriormente no gráfico 9.

Constatamos que, apesar de os alunos irem pelo trabalho dos pais e,

consequentemente, por não poderem ficar sozinhos em casa, há uma identidade com o que é

ofertado pelo integral.

Eu amo fazer esportes e faz bem pra saúde. Eu pratico esportes porque eu melhoro o

que eu já sei e eu pratico novos. E eu gosto de esporte porque eu gosto de esportes

porque é muito legal (GRUPO DE ALUNOS 12).

Porque a gente convive como se fosse uma família. Ah é legal eu gosto porque eu

vivo conversando com meus amigos... assim no esporte é legal, eu gosto porque a

gente aprende, porque a gente convive com os amigos e aprende muitos esportes.

Porque tem muitos esportes e porque nós vamos pro SESC (GRUPO DE ALUNOS

2).

2 O grupo de alunos de 1 a 11 são de idade entre 9 e 11 anos. Já o grupo de alunos de 12 a 26 possui

idade de 12 a 16 anos.

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166

Ah eu gosto eu gosto das atividades! Também pra brincar mais, para divertir mais,

para aprender mais, para distrair. Eu venho pra aprender mais e para divertir. Eu

venho no integral porque eu gosto (GRUPO DE ALUNOS 3).

Porque é muito legal, nos ensinam a aprender muitas coisas que ajudam a melhorar

cada dia no esporte pra se desenvolver cada dia mais o nosso corpo. Eu venho

porque aqui eu tenho esporte, porque ficar em casa sem fazer nada, não dá nada

(GRUPO DE ALUNOS 16).

Sendo ou não meu favorito, assim pra poder jogar em competições pela escola, eu

venho porque eu gosto de aprender esportes novos, não sendo só o que eu gosto mas

pra me divertir (GRUPO DE ALUNOS 19).

Os estudos já apontaram as diferentes concepções sobre a importância da escola

em período integral (CASTANHO; MANICINI, 2016; HONORATO, 2015; CAVALIERE,

2014; 2002; GUARÁ, 2009; VASCONCELOS, 2007). Os dados trazidos pelos alunos

reforçam o que já fora discutido neste estudo, confirmando-se o viés de que a escola em

tempo integral tem seu caráter social e educacional e diante da fala dos alunos percebemos

também seu caráter de lazer, caracterizado por meio lúdico, nas práticas esportivas.

Essa caracterização lúdica faz sentido, pois, para Ferraz (2006), somente o que é

lúdico parece fazer sentido às crianças.

A gestão escolar reforça esse viés de lazer na escola em Tempo Integral ao

defender que as atividades propostas oferecem aos alunos oportunidades que eles não teriam

se estivessem fora da escola:

Muitos alunos aqui não tem dinheiro pra ir no shopping pra ver um jogo para assistir

um jogo para participar para fazer esporte para pagar um esporte uma academia

alguma coisa lá fora, então o integral ele possibilita isso para o aluno a ter vivências

(GESTOR 5).

Ao compararmos os resultados da entrevista com a análise documental

apresentada no capítulo três sobre a razão da criação das escolas Tempo Integral, temos

destaque para a necessidade (pais trabalham e para não ficarem sozinhos na rua), pela

aprendizagem e por razões diversas, incluindo a prática esportiva.

Apesar de a prática esportiva não ser a principal razão para a implementação da

escola em Tempo Integral sob o ponto de vista dos alunos, ela é uma das principais razões

para a participação e o envolvimento deles, e isso se dá, dentre outros aspectos, pela diversão

presente nas aulas e pelo relacionamento positivo entre professores e alunos.

Ah, eu venho porque os professores são legais e também não tenho nada pra fazer

em casa também (GRUPO DE ALUNOS 17).

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167

Eu venho pro integral no Walter porque eu tenho um carinho muito grande pela

escola e é na onde eu posso fazer o que eu gosto que é esporte e junto dos meus

amigos também (GRUPO DE ALUNOS 20).

Já abordamos sobre a importância da relação positiva entre alunos e professores

no processo de ensino, vivência e aprendizagem esportiva e para a escola em Tempo Integral

isso tem sido importante aspecto na permanência do aluno na escola. Interessa-nos saber

agora quais são as percepções dos alunos acerca da aprendizagem nas aulas de esporte do

período integral.

Foi questionado aos alunos o que eles aprendem nas aulas de esporte do integral.

As respostas variaram entre questões motoras ⸺ aprender certas habilidades ou modalidades

esportivas, sobre questões sociais ⸺ modos de comportamento dentro e fora das quadras e,

ainda que em menor frequência sobre aspectos culturais das modalidades esportivas ⸺

envolvendo a história das modalidades, dos campeonatos internacionais.

Tendo em vista que os resultados das PP devem estar relacionados às expectativas

do programa implementado, faremos uma relação entre as percepções dos alunos e os

objetivos do CETI, para de fato averiguar se o que fora estabelecido como finalidade teve

resultado positivo junto aos alunos.

Retomando, portanto, os objetivos do CETI temos: a) Desenvolvimento integral;

b) Ampliação do contato com o esporte; c) Ampliação da cultura esportiva e d) Promoção da

prática de valores e desenvolvimento da cidadania.

Para os alunos, eles aprendem nas aulas esportivas do integral:

Vôlei também, ele ensina um monte de coisa e ele fala também que se a gente

aprender essas coisas ele vai levar a gente pra campeonato com outras escolas. Ele

fala que a gente também tem que aprender a perder aprender a ganhar e que também

a gente não pode ser fominha na bola, porque se a gente for fominha muitas vezes o

nosso time vai acabar se prejudicando por causa do que a gente faz (GRUPO DE

ALUNOS 3).

Ele ensina muitas coisas divertidas, tipo o basquete, ele ensina várias coisas e

principalmente competir sendo amigo (GRUPO DE ALUNOS 7).

E tem vez que ela ensina a gente a jogar outras coisas que a gente pede: futebol,

vôlei, taco... Ela fala com a gente sobre as olimpíadas, sobre ter educação, sobre

outros esportes (GRUPO DE ALUNOS 8).

A gente aprende a nadar virar mortal a professora ensina a gente a fazer espacate

cair na ponte depois que a professora termina ela fala sobre alguma atleta da

ginástica (GRUPO DE ALUNOS 9).

Ele explica as regras, [...], ensina os passos... Muito boa essa semana, ele tá

ensinando rugby, ele já ensinou pra gente badminton, fez campeonato, ensinou

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também futsal pebolim handebol [...]. Ah ele fala sobre o campeonato dos esportes

que ele ensina pra gente, depois ele passa vídeo pra gente ver [...]. Ah ele fala sobre

os jogadores, sobre o esporte que a gente tá trabalhando, fala sobre o respeito um

com o outro na hora de jogar (GRUPO DE ALUNOS 16).

A partir da fala dos alunos fica claro o alcance dos objetivos do CETI na prática.

A aprendizagem não se restringe somente ao desenvolvimento motor, problema recorrente na

área da Educação Física e do esporte (MACHADO; GALATTI; PAES, 2014; MACHADO,

2012; BENTO, 2006; PAES, 2001), mas busca oferecer oportunidades aos alunos de

vivenciarem questões que vão além do aspecto físico, como a prática de valores, a ampliação

cultural sobre o esporte.

Segundo Condessa (2015), o esporte possibilita alcançar objetivos educacionais,

ao promover o desenvolvimento da personalidade de crianças e adolescentes, além de

aptidões mentais e físicas. Para ela, a participação deste público em práticas esportivas

mantém relações importantes com as capacidades motoras, sociais e cognitivas.

Neste sentido, podemos inferir que os conteúdos de ensino nas aulas de esporte do

CETI possibilitam o desenvolvimento das capacidades físicas, motoras, sociais, afetivas e

culturais dos alunos (ZABALA, 1998) e, por essa razão, vão ao encontro da linha pedagógica

definida pela equipe de Coordenação – Pedagogia do Esporte e Três Referenciais de Ensino:

técnico-tático, socioeducativo e histórico-cultural (MACHADO, 2012; PAES, 2001).

Destacamos, portanto, três elementos que parecem ter sido essenciais nesse

processo: a) a proposta curricular do CETI – por oferecer uma diretriz de trabalho pedagógico

aos professores, estabelecendo parâmetros de ensino com base em Referenciais da PE e, a

partir destes, objetivos, formas de seleção de conteúdos e temas esportivos para serem

desenvolvidos junto aos alunos; b) o planejamento do professor – por permitir a elaboração de

um plano de trabalho intencional e; c) as estratégias utilizadas pelos professores nas aulas,

como vídeos, conversas, pesquisas, jogos, oferecendo aos alunos a exploração do contexto

esporte para além da vivência motora, como sugerido por Machado, Galatti e Paes (2014).

Por fim, traremos o que o esporte representa na vida dos alunos participantes. Para

os alunos, o esporte no integral representa uma segunda família, pois se sentem acolhidos pelo

professor:

Como se fosse nosso pai sim todos isso aqui é como se fosse uma família né mano?

Tem briga, tem tudo, mas todo mundo se ama a gente saí aí e se diverte pra mim

representa tudo. O integral faz muita coisa boa pra gente é como meus amigo disse é

como se fosse uma segunda família para gente e de vez estarmos em casa, nós

estamos na escola e nós gostamos muito do professor como ele gosta da gente

(GRUPO DE ALUNOS 18).

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169

Apesar de alguns afirmarem que vão ao integral por uma questão de necessidade,

percebe-se uma clara identificação com a proposta, principalmente pela relação positiva

estabelecida com os professores. Os estudos de Holt e Sehn (2008) apontam a dificuldade em

definir exatamente como o esporte influencia positivamente no desenvolvimento de crianças e

adolescentes, mas os autores ressaltam que há maior envolvimento destes quando estas

atividades envolvem reconhecimento pessoal e relação positiva com adultos.

No mesmo sentido, Petiptas, Cornelius e Raalt (2008) defendem que apenas a

participação de crianças e adolescentes em ambientes esportivos não garante a aprendizagem

de habilidades positivas, mas relacionam como uma das possibilidades o papel do professor.

Quando este envolve os alunos num tratamento atencioso e cuidadoso, há maior probabilidade

destas aprendizagens ocorrerem.

Consecutivamente, Bailey (2008) defende que programas esportivos autoritários,

sem relação positiva com os professores, levam ou a desistência de participação ou à

obediência sem reflexão por parte dos alunos.

Continuando a apresentação da fala dos alunos sobre a representação do esporte

no integral, temos aspectos ligados intimamente ao ensino de valores e modos de

comportamento, bem como proporciona expectativa de vida para os adolescentes.

Ele entrou na minha vida e mudou sei lá, mudou minha forma de pensar, de agir.

Também representa amizade, professor, coletivo, desde quando eu entrei no integral

aprendi muita coisa também é símbolo de amizade (GRUPO DE ALUNOS 12).

Gostamos muito! Se tornar alguém na vida, se tornar um professor de física... para

mim representa você ser melhor no que você faz tipo se você está ruim na vida agora

depois você melhora (GRUPO DE ALUNOS 20).

Ele significa ter que respeitar as pessoas, os amigos. Ele, ele significa que tem que

cumprir as regras, que a gente tem que aprender os esportes sem arrumar briga

(GRUPO DE ALUNOS 21).

Eu acho que além dos esportes a professora ensina a respeitar qualquer escola, acima

de tudo a se ultrapassar os seus mesmos limites, fazer algumas coisas novas que

você pensa que você não consegue, mas às vezes você consegue sim (GRUPO DE

ALUNOS 25).

Apesar da fala dos coordenadores em que o aspecto socioeducativo aparece de

forma menos intencional no planejamento dos professores, ao perguntar aos alunos a

representação que o esporte do período integral tem na vida deles, fica claro que a

importância dada é mais sobre a aprendizagem de valores do que sobre a aprendizagem

motora. Apesar de os alunos gostarem das aulas de esporte por conta do movimento, de ser

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170

lúdico e de vivenciarem as modalidades de interesse, o que fica para eles sobre essa prática é

a aprendizagem de valores e modos de comportamento, indo ao encontro desde aquilo que

fora discutido na Agenda política até aqui, na avaliação desta PP.

Apesar do ponto de vista da coordenação do CETI sobre o menor peso intencional

nas oficinas esportivas incidir sobre os aspectos sociais, no ponto de vista dos gestores,

professores e alunos, são os aspectos sociais e a transformação de valores que marcam a

trajetória e a permanência dos alunos na ETI, principalmente a relação positiva estabelecida

entre professor e aluno.

Ao compararmos essa questão com diferentes estudos (CRONIN; ALLEN, 2015;

HOLT; SEHN, 2008; GATZ; MESSNER; BALL-ROKEACH, 2002), percebemos a

dificuldade dos autores em conseguir identificar as consequências positivas da prática

esportiva na vida do aluno e a forma como isso acontece, o que demonstra a importância de

estabelecer mais estudos nessa temática.

Como avaliação de uma PP, identificamos aqui clara relação entre os objetivos

propostos pelo programa e os resultados alcançados junto aos alunos, que pode ser resultado

de uma proposta esportiva estruturada e de um acompanhamento pedagógico sistematizado.

Apresentamos uma série de dados nesse quarto capítulo que nos auxiliaram a

perceber os caminhos percorridos para a consolidação de uma Política Pública em esporte na

escola de tempo integral. Contudo, apesar da tentativa em relacionar os dados obtidos, eles

foram apresentados de forma separada, sendo então a finalidade do próximo capítulo

apresentar os pontos relevantes e de diálogo entre o que fora discutido.

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171

CAPÍTULO 5: O CURRÍCULO COMO EIXO NORTEADOR DE UMA

POLÍTICA PÚBLICA ESPORTIVA NA ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL

Estruturar uma Política Pública esportiva para a escola em tempo integral

constitui-se em uma relação dinâmica em que as fases apresentam-se interativamente, num

processo não linear, mas balizado nas expectativas definidas desde a fase da Formulação da

Agenda Política. Essa relação foi marcada nesse estudo por três pilares na formulação e

implementação desta Proposta Curricular: a) Pedagógico; b) Estruturante; c) Funcional. A

relação entre esses três pilares possibilita o alcance dos objetivos iniciais propostos em

relação à escola em Tempo Integral, bem como ao esporte nesse contexto, como indicado pela

figura seguinte.

Figura 20: Os pilares balizadores da Proposta Curricular esportiva para a Escola em Tempo

Integral

No eixo Pedagógico, é preciso definir a Linha Pedagógica, que conduzirá todas as

ações relacionadas à proposta esportiva. Para tanto, deve haver consonância com os objetivos

esperados, sinalizados desde a fase da Formulação da Agenda, bem como com as expectativas

da escola em tempo integral e com as possibilidades de ensino do esporte educacional,

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172

conforme já sinalizados neste texto. Essa Linha Pedagógica será desenhada em todas as fases

da Proposta Curricular, definindo desde as questões Estruturantes às Organizacionais, ao

estabelecer o roteiro de toda estrutura curricular e também do acompanhamento pedagógico.

Defendemos, portanto, que, para o alcance destas etapas, é fundamental que este

Pilar esteja balizado pelas premissas da Pedagogia do Esporte, tendo como principal

significado de ensino o aspecto educacional e social e, portanto, estabelecido a partir de três

Referenciais da PE: técnico-tático, socioeducativo e histórico-cultural.

Definida a Linha Pedagógica, a estrutura do currículo começa a ganhar corpo. No

eixo Estruturante definem-se os objetivos, os conteúdos, a metodologia, a sequência temporal

e os indicadores de avaliação.

Os objetivos devem indicar o aprendizado que os alunos podem adquirir ao longo

do processo, estabelecendo, portanto, a mudança de comportamento desejável (COLL, 1987).

Por essa razão devem ser escritos a partir de verbos, indicando as ações desempenhadas pelos

alunos, como por exemplo: Conhecer, Saber, Vivenciar, Experimentar, Realizar, Aprimorar,

Desenvolver, Aprofundar, Valorizar, Apreciar, Respeitar, entre outros.

Destacamos que todas as ações propostas para vivência dos alunos devem

proporcionar experiências globais, desde as motoras às sociais, cognitivas e culturais,

possibilitando, assim, o desenvolvimento das múltiplas competências.

Tendo em vista que a escola em Tempo Integral não possui a mesma estrutura que

o período regular no que tange à organização temporal, é preciso também definir como será o

agrupamento destes alunos e quais os objetivos específicos de cada fase, de forma a delinear o

processo sequencial. Para a definição das fases é essencial levar em consideração o

desenvolvimento bio-psíquico-social dos alunos, bem como seus interesses, suas culturas e

seus desejos de aprendizagem, para que o processo se torne significativo e não apenas

mecânico.

A partir da definição dos objetivos, estabelecem-se os conteúdos de ensino,

definidos por Zabala (1998) como tudo aquilo que o aluno precisa aprender para alcançar

determinados objetivos, desta forma, devem estar intimamente associados aos objetivos de

ensino e, nesta tese defendemos sua estruturação a partir de três Referenciais da PE.

Segundo Machado (2012), tratar os conteúdos na perspectiva dos três Referenciais

da PE possibilita uma prática que visa o desenvolvimento pleno e harmonioso dos alunos, ao

oportunizar a experiência motora, emocional, social, cultural e cognitiva, tendo em vista

justamente as diferentes experiências e interesses dos alunos.

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173

Os objetivos e conteúdos devem permitir um avanço gradual na aprendizagem e,

por essa razão, devem ser sequenciais, ou seja, as aulas devem apresentar certa continuidade,

o que seguramente não significa rigidez, pois o contexto da aula é imprevisível e outras

demandas podem ser apresentadas, sendo papel do professor se ajustar a elas.

As metodologias de ensino, ligadas intimamente aos conteúdos, devem

possibilitar diferentes maneiras dos alunos explorarem o mesmo conteúdo e também

conteúdos diferentes, sendo intimamente ligadas aos objetivos de ensino e devem ainda

possibilitar uma aprendizagem significativa.

Portanto, devem ser utilizados procedimentos que desafiem os alunos a refletirem

sobre suas ações, utilizado diferentes estratégias, como vivência de outros papeis, leituras de

textos, rodas de conversa, diálogos, momentos de reflexão, pesquisas, jogos, conforme

propostos por Machado, Galatti e Paes (2012), sendo, de fato, o professor mediador do

processo de ensino, vivência e aprendizagem.

Por fim, a avaliação permitirá verificar as aprendizagens adquiridas pelos alunos

ao longo do processo de ensino. Concordamos com Leonardi (2013) que esta talvez seja um

dos maiores desafios dos professores de Educação Física, visto que grande parte das

avaliações na área indica apenas para as mudanças de comportamento no âmbito motor,

portanto não estão relacionadas aos objetivos e conteúdos de ensino mais globais, e

normalmente são avaliações somativas, pois são realizadas apenas ao final de um processo,

visando classificar os alunos em aptos e não aptos.

Numa perspectiva curricular pedagógica, defendemos a importância de

estabelecer um sistema de avaliação contínuo e formativo, ou seja, que produza feedback ao

aluno de forma que ele possa identificar suas dificuldades e seu progresso, e ao professor para

que ele ajuste o processo de ensino, às condições dos alunos (LEONARDI, 2013;

HOFFMAN, 2010).

A partir da estruturação destes elementos, passamos para o último pilar, o

Organizacional, que indica a maneira que a proposta curricular se relaciona com o ambiente

⸺ escola ⸺ e define o comportamento da proposta, de forma que as atividades desenvolvidas

estejam voltadas aos resultados esperados.

Neste sentido é preciso estabelecer o papel do professor nas as oficinas esportivas

na escola em tempo integral. Para isso é fundamental ter clareza sobre os objetivos desse

programa, bem como sobre a caracterização dos alunos que serão atendidos.

Desta forma, o professor precisa desempenhar um papel de mediador do processo

de ensino, vivência e aprendizagem, sendo, portanto, um facilitador proporcionando aos

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alunos a possibilidade interagir, experimentar, criar, recriar, desafiar, relacionar, brincar,

jogar, respeitar, problematizar e solucionar. Este processo deve incidir sob um cenário de

respeito mútuo, de cumplicidade e de relações afetivas positivas, tanto entre professor-aluno,

quanto entre aluno-aluno, pois sem estes aspectos não haveria troca, diálogo, interesse,

motivação e consequentemente não haveria aprendizagem.

Para tanto é fundamental que o professor planeje sua prática de forma intencional

e provocativa, tendo clareza sobre o que pretende que seus alunos aprendam e as estratégias

que utilizará para atingir esses objetivos, tendo como referência o eixo Estruturante da

Proposta Curricular.

Estabelecer um padrão de planejamento aos professores possibilita estreitar a

relação entre a Estrutura da Proposta Curricular com a prática pedagógica nas escolas e,

consequentemente, o alcance dos objetivos esperados, engajando o eixo Pedagógico, ao

Estruturante e ao Organizacional.

Por fim, ficou evidente que o acompanhamento pedagógico desempenhou papel

fundamental na consolidação de uma Política Pública em esporte na escola em tempo integral,

pois possibilitou o ajuste das práticas com as expectativas desenhadas para esse programa.

Esse acompanhamento deve ter foco no trabalho desenvolvido pelos professores, de forma a

acompanhar o planejamento e as aulas, verificando o alinhamento entre todos os eixos da

Proposta Curricular, além de se apresentar como uma proposta de formação continuada uma

vez que ocorrem reuniões, conversas, feedbacks e formações.

Este acompanhamento possibilita tanto o ajuste da prática pedagógica no dia a dia

quanto o planejamento e reestruturação daquilo que precisa ser melhorado, sendo importante

instrumento de avaliação e retroalimentação da proposta.

Essa estruturação nos permite concluir que para a oferta de esporte na escola em

tempo integral atingir suas finalidades é preciso muito mais do que uma atividade direcionada

por um agente comunitário, conforme previsto pelas leis e portarias já apresentadas nesse

estudo. É fundamental uma organização didático-pedagógica, que no caso desse estudo foi

delimitada por meio de um currículo, a ação planejada e intencional de um agente

pedagógico, formado em Educação Física, capaz de definir objetivos, conteúdos e estratégias

de ensino conforme interesse, característica e necessidade dos alunos, bem como ter um

acompanhamento pedagógico constante que possibilite os ajustes necessários com vistas às

propostas da escola em tempo integral e do esporte educacional.

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175

Neste sentido, estamos diante de um novo Paradigma da Proposta Curricular

esportiva para as escolas em tempo integral, constituído pelos pilares Pedagógicos,

Estruturantes e Organizacionais.

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176

CONCLUSÃO

Abordamos até aqui questões pertinentes sobre as Políticas Públicas, educação em

tempo integral e sobre a Pedagogia do Esporte. Procuramos integrar esses assuntos fazendo

algumas inferências diante de dados levantados, deixando clara a importante relação que se

estabelece entre a educação em Tempo Integral e o esporte educacional.

Apesar de a literatura apontar principalmente a ETI como uma política

educacional, por direcionar suas finalidades ao aprendizado escolar e ao desenvolvimento

global dos alunos, os autores também têm debatido sobre sua dimensão social, por ter se

caracterizado também como um espaço de acolhimento dos alunos enquanto seus

responsáveis trabalham, afastando-os das situações de risco pessoal e social (CASTANHO;

MANCINI, 2016; HONORATO, 2015; CAVALIERE, 2014; 2007; 2002; CUSATI, 2013;

VASCONCELOS, 2012; GADOTTI, 2009; SANTOS, 2009; SPOSATI, 2007; MAURÍCIO,

2006; 2004).

A pesquisa de campo reafirmou essas dimensões, pois, para os alunos, a principal

finalidade da ETI é contribuir com a melhoria nos estudos, seguido da opção de não ficarem

sozinhos nas ruas e porque seus pais trabalham, ainda que com destaque para o aspecto

educacional.

Assim, no contexto do município estudado, a ETI é uma política educacional, que

busca a melhora no desenvolvimento escolar e das múltiplas competências dos alunos, com

características sociais na medida em que se apresenta como uma opção segura, em

consequência da ampliação da jornada de trabalho de seus responsáveis.

Podemos ainda inferir que a ETI tem de fato cumprido seu papel social, afastando

os alunos das situações de risco, devido à diminuição dos atos infracionais cometidos por

adolescentes entre os anos de 2013 e 2015 no município, passando de 183 para 86 atos

cometidos, uma redução em mais de 50%.

Contudo, para que se produzam efeitos desejáveis nessas esferas Políticas que

envolvem a escola em Tempo Integral – educação e social, é fundamental a existência de uma

proposta norteadora destas ações, caso contrário, descaracterizam-se os propósitos

intencionais nesse setor e, consequentemente, minimizam as possibilidades de aprendizagem

aos alunos.

Neste estudo, identificamos a formulação de uma Política Pública por meio da

consolidação de um programa esportivo para a escola em Tempo Integral, cujo principal eixo

norteador foi a proposta curricular elaborada, tendo como influência a participação de um

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empreendedor político em todas as fases desse processo, conforme apresentado pela figura

seguinte.

Figura 21: A relação entre os ciclos das Políticas Públicas e a consolidação de uma Proposta

esportiva para a escola em Tempo Integral por meio do currículo esportivo

O referencial teórico deste estudo apresentou que o resultado de uma Política

Pública se constitui em uma ação transformada em programas, projetos ou leis e que o alcance

desse resultado somente é possível quando a proposta perpassa por todas as etapas desta

consolidação, desde a discussão da Agenda, até o Acompanhamento e Avaliação

(BARBOSA, 2010; SOUZA, 2006).

Portanto, não é possível fazer PP sem o assunto central ser parte das decisões

políticas e sem ser de interesse resolvê-lo. Somente a partir de então, que as elaborações das

propostas começam a tomar corpo.

Um dos marcos identificado foi o importante alinhamento entre todas as fases da

PP feito por um dos coordenadores do CETI, que participou desde as conversas iniciais na

formulação da Agenda, por fazer parte da Secretaria de Educação e da Secretaria de Esportes,

até da elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do programa esportivo. Os

demais coordenadores, fizeram parte desde a Elaboração até a Avaliação da proposta.

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178

Certamente isso diminuiu os problemas normalmente enfrentados na consolidação

da PP, devido à falta de diálogo entre elaboradores e implementadores, como apontado por

Siman (2005). De certo modo, isso também permitiu que a transição entre uma fase e outra

fosse mais fluída, dinâmica e interativa, pois havia um elo entre elas.

Na fase da Agenda, o fluxo de problemas foi caracterizado pela necessidade de

reestruturação do ensino integral do município e também das atividades oferecidas pela

Secretaria de Esporte e Lazer. Como fluxo de soluções foi definida uma parceria entre as

Secretarias de Educação e de Esporte e Lazer, por meio da elaboração de um programa

esportivo para as escolas em Tempo Integral do município, na qual, os projetos da SELT

seriam levados para dentro das escolas numa perspectiva que contemplasse também às

expectativas do ensino integral.

Assim, como legado para a fase de Elaboração, ficou claro que as discussões na

Arena Política previram o esporte na ETI como possibilidade de ampliação do movimento dos

alunos, além de fomentar a vivência e a transformação de valores.

Diante das necessidades levantadas, os coordenadores elaboraram uma proposta

curricular a fim de direcionar a prática pedagógica dos professores que estariam à frente das

atividades esportivas no período integral. Esse currículo previu alguns parâmetros, como

objetivos gerais e específicos, organização dos alunos por grupo de faixas etárias e as

expectativas de aprendizagem para cada uma delas, com base nos três Referenciais da

Pedagogia do Esporte, sendo esta a linha pedagógica definida por eles para condução do

trabalho esportivo na escola.

Partindo do pressuposto que esse currículo serviria como um norteador da práxis

do professor, ele foi elaborado de forma flexível, de modo que oferecesse condições ao

professor elaborar sua própria proposta pedagógica para cada ciclo de ensino, conforme

interesse, demanda, necessidade e característica dos alunos.

A fase de implementação foi marcada por três momentos importantes que fizeram

um link tanto com a fase anterior e com a fase seguinte. Primeiramente, ela fora marcada pelo

planejamento da implementação, ou seja, antes de iniciar de fato a proposta nas escolas, os

coordenadores se preocuparam em: formar os professores, analisar a infraestrutura escolar

para definir onde seria possível introduzir a prática esportiva, redividir o material esportivo

existente e direcionar cada monitor e professor para uma unidade escolar, para conhecer sua

unidade escolar antes do início das aulas e elaborar uma proposta esportiva específica de

acordo com cada realidade.

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179

A execução foi marcada pelas ações do dia a dia, gerenciadas tanto pelos

coordenadores do CETI, quanto pelos gestores e professores, a fim de ajustar aquilo que fora

necessário, caracterizando, então, juntamente com a implementação da proposta, o início do

acompanhamento.

O acompanhamento teve um foco especificamente pedagógico e foi realizado

pelos coordenadores do CETI, com a finalidade de auxiliar o desdobramento da proposta

curricular na prática, ou seja, no dia a dia do professor. Por meio dele, foi possível ajustar

quase que diariamente as expectativas que o CETI trazia em sua proposta com aquilo que era

realizado pelos professores e monitores na quadra, tendo os coordenadores um importante

papel de formadores. Portanto, esse acompanhamento foi um elo entre a fase da

implementação e a fase da avaliação, possibilitando a verificação do alcance dos objetivos

traçados.

Por fim, como avaliação do processo, identificamos o alcance dos objetivos

propostos, pois, para os alunos, o esporte na ETI possibilitou conhecer novas modalidades

esportivas, aprender e viver valores, se afastar de situações vulneráveis, bem como melhorar

nos estudos.

Figura 22: O currículo como eixo norteador de uma PP esportiva para ETI

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Confirmamos, portanto, que as fases que compõem o ciclo de uma PP são inter-

relacionadas apresentando elementos de elo entre uma fase e outra, dificultando, por vezes a

definição exata de início ou término entre elas.

Buscamos, dentro de um processo didático, elencar assuntos pertinentes a essa

temática de modo a permitir que o leitor aprofunde seus conhecimentos acerca dos três

principais temas nesta tese: Políticas Públicas, educação em Tempo Integral e Pedagogia do

Esporte.

Assim, retomando nossos objetivos:

- Verificamos o processo de consolidação de uma PP esportiva na escola em

Tempo Integral ao analisar como essa Política se consolidou em um município no interior

paulista;

- Analisamos o contexto que evidenciou o esporte no cenário da ETI e

verificamos que desde as discussões na fase da Agenda, o esporte vinha sendo pensado como

possibilidade de desenvolvimento dos alunos, além de ser entendido como agente

fundamental na permanência do aluno na escola;

- Investigamos o desencadeamento de cada ciclo da PP estudada ao entrevistar os

atores que fizeram parte em cada uma das fases e pudemos constatar a importância da

elaboração do currículo para nortear as ações na ETI, do acompanhamento pedagógico para

constantemente orientar e realinhar as propostas dos professores, além da relação de confiança

e afetividade estabelecida ente os alunos;

- Identificamos os principais eixos norteadores desse processo e constatamos a

importante presença de Empreendedores Políticos que atuaram desde as discussões da Agenda

até a fase do Acompanhamento e Avaliação. Neste caso, esse papel foi desempenhado por um

dos coordenadores e, por também ser considerado como um agente acadêmico, facilitou a

linguagem em todos os ciclos de consolidação dessa PP, em consonância com as expectativas

previstas no Plano de Governo;

- Propomos um parâmetro curricular que possa servir de referência para qualquer

proposta esportiva na ETI, tendo como base os princípios da Pedagogia do Esporte e as

expectativas da ETI, apresentado no quinto capítulo.

Tendo em vista a articulação de todos esses temas e do cumprimento dos

objetivos supracitados, acreditamos ter colaborado com aqueles que estão à frente de um

trabalho esportivo no cenário da escola em Tempo Integral, seja como professor, diretor ou

como coordenador, pois nossa intenção, para além dos objetivos acadêmicos, também foi

contribuir com o processo de formação de crianças e adolescentes por meio da prática

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esportiva no cenário da escola em Tempo Integral. Que esse tempo de fato seja proveitoso e

educativo.

Contudo, apesar desta retomada com os objetivos, identificamos também neste

estudo uma série de dados e informações que, devido à especificidade do tema, merecem um

tratamento mais adequado e, por essa razão, possibilitam direcionar futuros estudos sobre o

tema. Dentre eles, destacamos:

a) O perfil do professor para o trabalho com esporte nas escolas em Tempo

Integral;

b) As representações sociais dos alunos sobre o esporte na ETI;

c) A relação entre professor e aluno como importante fator na aprendizagem no

contexto da ETI;

d) O Acompanhamento Pedagógico nas aulas de esporte como contribuinte na

formação continuada do professor;

e) O impacto da implementação de um currículo esportivo para a ETI;

f) Estudo longitudinal sobre a proposta esportiva na ETI e o desenvolvimento do

aluno;

g) Estudo com egressos no intuito de verificar a transferência das aprendizagens

adquiridas;

h) Elaboração de indicadores de avaliação para a proposta esportiva na ETI;

i) Como considerar propostas competitivas e festivais esportivos à luz da

Pedagogia do Esporte no cenário da ETI;

j) Identificação da ETI como proposta Política de Lazer.

Esses são alguns temas que o estudo, de certa forma abordou, mas, por não ser o

foco, ficaram abertos para novas pesquisas sobre o tema, ficando explícita a carência de

estudos sobre o assunto e a importância de aprofundamento nessa área recente de pesquisa.

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209

VICENTE, Vitor Manuel Barbosa. Políticas Públicas: uma contribuição sucinta à edificação

de um modelo para sua análise. Revista Brasileira de Políticas Públicas. Brasília, Vol. 4, nº.

1, p. 28-47, 2014.

VILCHES, Pablo Sandoval; PACHECO, Iñigo García. Cultura deportiva en Chile: desarrollo

histórico, institucionalidad actual e implicancias para la política pública. Polis, Revista

Latinoamericana, Volumen 13, Nº 39, p. 441 – 462, 2014.

WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2002. Palavra

de Professor, 2007.

WHITEHEAD, Jean; TELFER, Hamish; LAMBERT, John. Values in youth Sport and

Physical Education. Londres: Routledge, 2013.

YIN, Roberto. Estudo de caso: Planejamento e métodos. Traduzido por Daniel Grassi. 2ª

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ZABALA, Antoni. A prática educativa. Porto Alegre: Artmed, 1998.

ZAHARIADIS, Nikolaos. Ambiguity and multiple streams. In SABATIER, Paula; WEIBLE,

Christopher. Theories of the policy process. Westiview Press, 2014. Cap. 2, p. 25-58.

ZALUAR, Alba. Cidadãos não vão ao paraíso. Campinas, SP: Escuta, 1994.

ZANETT, Nicole. Variations in adolesent engagement in sports and its influence on positive

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Londres: Routledge, 2008. Cap. 1, p. 9 – 23.

ZIGONI, Patrícia; RIBEIRO, Carla Andréia. Elaboração, monitoramento e avaliação de

projeto social de lazer. Brasília: SESI/DN, 2006 (Dimensões Políticas de Lazer, V. 8).

Page 210: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política ... · Assim, na fase de formulação da Agenda identificamos quais objetivos levaram à discussão do esporte no contexto

210

APÊNDICES

Apêndice 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentado aos Coordenadores do

CETI

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política Pública

de esporte na escola em tempo integral – um estudo no interior paulista

Pesquisador Responsável: Prof. Dr Roberto Rodrigues Paes

Aluna: Ms Gisele Viola Machado

Nº CAAE: 51605515.0.0000.5404

Prezado Coordenador,

Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo “PEDAGOGIA DO

ESPORTE: A consolidação de uma Política Pública de esporte na escola em tempo integral –

um estudo no interior paulista”.

Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus

direitos e deveres como participante sendo elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com

você e outra com o pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houverem

perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador.

Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir

participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer momento, não

haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.

Justificativas e objetivos da pesquisa: O estudo busca avaliar a relação entre a

prática pedagógica nas escolas de tempo integral em um município no interior paulista

e a existência de um currículo norteador.

Benefícios: A partir dos resultados obtidos pretendemos propor alguns parâmetros

curriculares importantes para a organização didático-pedagógica do professor nessas

instituições.

Procedimentos:

Participando desse estudo você estará sendo convidado a: realizar uma entrevista com

o pesquisador sobre as aulas de esporte na escola em tempo integral.

Observações:

- As entrevistas serão realizadas em local e horário escolhidos pelos colaboradores e

gravadas por uma filmadora e transcritas na íntegra logo após sua realização;

- Os colaboradores terão acesso à pesquisa em qualquer etapa da mesma;

- O pesquisador será responsável pelos procedimentos da pesquisa, estando disponível

para quaisquer esclarecimentos sobre a mesma durante e após o período dos

procedimentos técnicos;

- Não haverá nenhum tipo de reembolso para a pesquisa, haja vista que a mesma não

prevê qualquer tipo de gasto.

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211

Desconforto e riscos de participação: Esta pesquisa não oferece riscos previsíveis à sua integridade física ou moral.

Possíveis desconfortos podem ocorrer devido ao tempo disponibilizado para a mesma,

porém é de responsabilidade do pesquisador procurar minimizá-los.

Confidencialidade: a identidade dos colaboradores será mantida em sigilo

tornando púbicos apenas os dados coletados sem identificação dos sujeitos.

Contato:

Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com prof. Dr Roberto

Rodrigues Paes, Professor do Departamento de Ciências do Esporte, FEF/UNICAMP,

Avenida Érico Veríssimo, 701, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão Geraldo, CEP

13.083-851, Campinas, SP, Brasil. E-mail: [email protected]; telefone (19) 3249-

3136.

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação no estudo, você pode entrar em

contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): Rua: Tessália Vieira de

Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-

7187; e-mail: [email protected]

Consentimento Pós-informação: Após ter sido esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos,

benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar:

Eu, ___________________________________________________________________

esclarecido sobre todos os aspectos da pesquisa como objetivos, procedimentos e sigilos, de

livre vontade dou meu consentimento para minha inclusão como sujeito da pesquisa. Assim,

assino este documento de autorização e recebo uma cópia do mesmo.

______________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do voluntário)

Contatos: E-mail: ______________________________________ Tel:______________

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na

elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante.

Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado.

Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para

as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo

participante.

______________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do pesquisador)

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212

Apêndice 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentado aos Representantes

das Secretarias de Educação e Esporte

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política Pública

de esporte na escola em tempo integral – um estudo no interior paulista

Pesquisador Responsável: Prof. Dr Roberto Rodrigues Paes

Aluna: Ms Gisele Viola Machado

Nº CAAE: 51605515.0.0000.5404

Prezado (a) Representante da Secretaria de Educação / Esporte,

Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo “A

consolidação de uma Política Pública de esporte na escola em tempo integral – um estudo no

interior paulista”.

Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa

assegurar seus direitos e deveres como participante sendo elaborado em duas vias, uma que

deverá ficar com você e outra com o pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se

houverem perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o

pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas

antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer

momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.

Justificativas e objetivos da pesquisa: O estudo busca avaliar a relação entre a

prática pedagógica nas escolas de tempo integral em um município no interior paulista

e a existência de um currículo norteador.

Benefícios: A partir dos resultados obtidos pretendemos propor alguns parâmetros

curriculares importantes para a organização didático-pedagógica do professor nessas

instituições.

Procedimentos: Participando desse estudo você estará sendo convidado a: realizar

uma entrevista com o pesquisador sobre as aulas de esporte na escola em tempo

integral.

Observações:

- As entrevistas serão realizadas em local e horário escolhidos pelos colaboradores e

gravadas por uma filmadora e transcritas na íntegra logo após sua realização;

- Os colaboradores terão acesso à pesquisa em qualquer etapa da mesma;

- O pesquisador será responsável pelos procedimentos da pesquisa, estando disponível

para quaisquer esclarecimentos sobre a mesma durante e após o período dos

procedimentos técnicos;

- Não haverá nenhum tipo de reembolso para a pesquisa, haja vista que a mesma não

prevê qualquer tipo de gasto.

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213

Desconforto e riscos de participação: Esta pesquisa não oferece riscos previsíveis à

sua integridade física ou moral. Possíveis desconfortos podem ocorrer devido ao tempo

disponibilizado para a mesma, porém é de responsabilidade do pesquisador procurar

minimizá-los.

Confidencialidade: a identidade dos colaboradores será mantida em sigilo tornando

púbicos apenas os dados coletados sem identificação dos sujeitos.

Contato:

Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com prof. Dr Roberto

Rodrigues Paes, Professor do Departamento de Ciências do Esporte, FEF/UNICAMP,

Avenida Érico Veríssimo, 701, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão Geraldo, CEP

13.083-851, Campinas, SP, Brasil. E-mail: [email protected]; telefone (19) 3249-

3136.

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação no estudo, você pode entrar

em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): Rua: Tessália Vieira de

Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-

7187; e-mail: [email protected]

Consentimento Pós-informação: Após ter sido esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos,

benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar:

Eu, _______________________________________________________________________

esclarecido sobre todos os aspectos da pesquisa como objetivos, procedimentos e sigilos, de

livre vontade dou meu consentimento para minha inclusão como sujeito da pesquisa. Assim,

assino este documento de autorização e recebo uma cópia do mesmo.

______________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do voluntário)

Contatos: E-mail: ______________________________________ Tel:______________

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento

ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi

apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa

exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento

dado pelo participante.

______________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do pesquisador)

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214

Apêndice 3: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentado aos Professores e

Monitores de Esporte do CETI

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política Pública

de esporte na escola em tempo integral – um estudo no interior paulista

Pesquisador Responsável: Prof. Dr Roberto Rodrigues Paes

Aluna: Ms Gisele Viola Machado

Nº CAAE: 51605515.0.0000.5404

Prezado (a) Professor / Monitor esportivo,

Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo “A

consolidação de uma Política Pública de esporte na escola em tempo integral – um estudo no

interior paulista”.

Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa

assegurar seus direitos e deveres como participante sendo elaborado em duas vias, uma que

deverá ficar com você e outra com o pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se

houverem perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o

pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas

antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer

momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.

Justificativas e objetivos da pesquisa: O estudo busca avaliar a relação entre a

prática pedagógica nas escolas de tempo integral em um município no interior paulista

e a existência de um currículo norteador.

Benefícios: A partir dos resultados obtidos pretendemos propor alguns parâmetros

curriculares importantes para a organização didático-pedagógica do professor nessas

instituições.

Procedimentos: Participando desse estudo você estará sendo convidado a: realizar

uma entrevista com o pesquisador sobre as aulas de esporte na escola em tempo

integral.

Observações:

- As entrevistas serão realizadas em local e horário escolhidos pelos colaboradores e

gravadas por uma filmadora e transcritas na íntegra logo após sua realização;

- Os colaboradores terão acesso à pesquisa em qualquer etapa da mesma;

- O pesquisador será responsável pelos procedimentos da pesquisa, estando disponível

para quaisquer esclarecimentos sobre a mesma durante e após o período dos

procedimentos técnicos;

- Não haverá nenhum tipo de reembolso para a pesquisa, haja vista que a mesma não

prevê qualquer tipo de gasto.

Page 215: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política ... · Assim, na fase de formulação da Agenda identificamos quais objetivos levaram à discussão do esporte no contexto

215

Desconforto e riscos de participação: Esta pesquisa não oferece riscos previsíveis à

sua integridade física ou moral. Possíveis desconfortos podem ocorrer devido ao tempo

disponibilizado para a mesma, porém é de responsabilidade do pesquisador procurar

minimizá-los.

Confidencialidade: a identidade dos colaboradores será mantida em sigilo tornando

púbicos apenas os dados coletados sem identificação dos sujeitos.

Contato:

Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com prof. Dr Roberto

Rodrigues Paes, Professor do Departamento de Ciências do Esporte, FEF/UNICAMP,

Avenida Érico Veríssimo, 701, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão Geraldo, CEP

13.083-851, Campinas, SP, Brasil. E-mail: [email protected]; telefone (19) 3249-

3136.

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação no estudo, você pode entrar

em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): Rua: Tessália Vieira de

Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-

7187; e-mail: [email protected]

Consentimento Pós-informação: Após ter sido esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos,

benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar:

Eu, _______________________________________________________________________

esclarecido sobre todos os aspectos da pesquisa como objetivos, procedimentos e sigilos, de

livre vontade dou meu consentimento para minha inclusão como sujeito da pesquisa. Assim,

assino este documento de autorização e recebo uma cópia do mesmo.

______________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do voluntário)

Contatos: E-mail: ______________________________________ Tel:______________

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento

ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi

apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa

exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento

dado pelo participante.

______________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do pesquisador)

Page 216: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política ... · Assim, na fase de formulação da Agenda identificamos quais objetivos levaram à discussão do esporte no contexto

216

Apêndice 4: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentado aos Diretores

escolares

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política Pública

de esporte na escola em tempo integral – um estudo no interior paulista

Pesquisador Responsável: Prof. Dr Roberto Rodrigues Paes

Aluna: Ms Gisele Viola Machado

Nº CAAE: 51605515.0.0000.5404

Prezado Diretor,

Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo “A

consolidação de uma Política Pública de esporte na escola em tempo integral – um estudo no

interior paulista”.

Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa

assegurar seus direitos e deveres como participante sendo elaborado em duas vias, uma que

deverá ficar com você e outra com o pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se

houverem perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o

pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas

antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer

momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.

Justificativas e objetivos da pesquisa: O estudo busca avaliar a relação entre a

prática pedagógica nas escolas de tempo integral em um município no interior paulista

e a existência de um currículo norteador.

Benefícios: A partir dos resultados obtidos pretendemos propor alguns parâmetros

curriculares importantes para a organização didático-pedagógica do professor nessas

instituições.

Procedimentos: Participando desse estudo você estará sendo convidado a: realizar

uma entrevista com o pesquisador sobre as aulas de esporte na escola em tempo

integral.

Observações:

- As entrevistas serão realizadas em local e horário escolhidos pelos colaboradores e

gravadas por uma filmadora e transcritas na íntegra logo após sua realização;

- Os colaboradores terão acesso à pesquisa em qualquer etapa da mesma;

- O pesquisador será responsável pelos procedimentos da pesquisa, estando disponível

para quaisquer esclarecimentos sobre a mesma durante e após o período dos

procedimentos técnicos;

- Não haverá nenhum tipo de reembolso para a pesquisa, haja vista que a mesma não

prevê qualquer tipo de gasto.

Page 217: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política ... · Assim, na fase de formulação da Agenda identificamos quais objetivos levaram à discussão do esporte no contexto

217

Desconforto e riscos de participação: Esta pesquisa não oferece riscos previsíveis à

sua integridade física ou moral. Possíveis desconfortos podem ocorrer devido ao tempo

disponibilizado para a mesma, porém é de responsabilidade do pesquisador procurar

minimizá-los.

Confidencialidade: a identidade dos colaboradores será mantida em sigilo tornando

púbicos apenas os dados coletados sem identificação dos sujeitos.

Contato:

Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com prof. Dr Roberto

Rodrigues Paes, Professor do Departamento de Ciências do Esporte, FEF/UNICAMP,

Avenida Érico Veríssimo, 701, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão Geraldo, CEP

13.083-851, Campinas, SP, Brasil. E-mail: [email protected]; telefone (19) 3249-

3136.

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação no estudo, você pode entrar

em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): Rua: Tessália Vieira de

Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-

7187; e-mail: [email protected]

Consentimento Pós-informação: Após ter sido esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos,

benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar:

Eu, _______________________________________________________________________

esclarecido sobre todos os aspectos da pesquisa como objetivos, procedimentos e sigilos, de

livre vontade dou meu consentimento para minha inclusão como sujeito da pesquisa. Assim,

assino este documento de autorização e recebo uma cópia do mesmo.

______________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do voluntário)

Contatos: E-mail: ______________________________________ Tel:______________

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento

ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi

apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa

exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento

dado pelo participante.

______________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do pesquisador)

Page 218: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política ... · Assim, na fase de formulação da Agenda identificamos quais objetivos levaram à discussão do esporte no contexto

218

Apêndice 4: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentado aos Responsáveis

pelos alunos

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política Pública

de esporte na escola em tempo integral – um estudo no interior paulista

Pesquisador Responsável: Prof. Dr Roberto Rodrigues Paes

Aluna: Ms Gisele Viola Machado

Nº CAAE: 51605515.0.0000.5404

Prezado Responsável,

Seu filho está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo “A

consolidação de uma Política Pública de esporte na escola em tempo integral – um estudo no

interior paulista”.

Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa

assegurar os direitos de seu (a) filho (a) e deveres como participante sendo elaborado em duas

vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se

houverem perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o

pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas

antes de decidir participar. Se você não autorizar a participação de seu (a) filho (a) ou desejar

retirar sua autorização, poderá fazê-lo a qualquer momento e não haverá nenhum tipo de

penalização ou prejuízo.

Justificativas e objetivos da pesquisa: O estudo busca avaliar a relação entre a

prática pedagógica nas escolas de tempo integral em um município no interior paulista

e a existência de um currículo norteador.

Benefícios: A partir dos resultados obtidos pretendemos propor alguns parâmetros

curriculares importantes para a organização didático-pedagógica do professor nessas

instituições.

Procedimentos: Participando desse estudo você estará sendo convidado a: realizar

uma entrevista com o pesquisador sobre as aulas de esporte na escola em tempo

integral.

Observações:

- As entrevistas serão realizadas na própria unidade escolar em horário que não

prejudique as atividades acadêmicas de seu filho e transcritas na íntegra logo após sua

realização;

- Os colaboradores terão acesso à pesquisa em qualquer etapa da mesma;

- O pesquisador será responsável pelos procedimentos da pesquisa, estando disponível

para quaisquer esclarecimentos sobre a mesma durante e após o período dos

procedimentos técnicos;

- Não haverá nenhum tipo de reembolso para a pesquisa, haja vista que a mesma não

prevê qualquer tipo de gasto.

Page 219: PEDAGOGIA DO ESPORTE: A consolidação de uma Política ... · Assim, na fase de formulação da Agenda identificamos quais objetivos levaram à discussão do esporte no contexto

219

Desconforto e riscos de participação: Esta pesquisa não oferece riscos previsíveis à

integridade física ou moral dos menores. Possíveis desconfortos podem ocorrer devido ao

tempo disponibilizado para a mesma, porém é de responsabilidade do pesquisador procurar

minimizá-los.

Confidencialidade: a identidade dos colaboradores será mantida em sigilo tornando

púbicos apenas os dados coletados sem identificação dos sujeitos.

Contato:

Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com prof. Dr Roberto

Rodrigues Paes, Professor do Departamento de Ciências do Esporte, FEF/UNICAMP,

Avenida Érico Veríssimo, 701, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão Geraldo, CEP

13.083-851, Campinas, SP, Brasil. E-mail: [email protected]; telefone (19) 3249-

3136.

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação no estudo, você pode entrar

em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): Rua: Tessália Vieira de

Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-

7187; e-mail: [email protected]

Consentimento Pós-informação: Após ter sido esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos,

benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar:

Eu, _______________________________________________________________________

esclarecido sobre todos os aspectos da pesquisa como objetivos, procedimentos e sigilos, de

livre vontade dou meu consentimento para inclusão do meu (minha) filho (a)

___________________________________________________________ como sujeito da

pesquisa. Assim, assino este documento de autorização e recebo uma cópia do mesmo.

______________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do responsável)

Contatos: E-mail: ______________________________________ Tel:______________

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento

ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi

apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa

exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento

dado pelo participante.

______________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do pesquisador)