Pensadores Sociais e História Da Educação_resenha2- Au

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    Revista Histria da Educao

    ISSN: 1414-3518

    [email protected]

    Associao Sul-Rio-Grandense de

    Pesquisadores em Histria da Educao

    Brasil

    da Silva Carvalho, Gisele Francisca

    FARIA FILHO, Luciano Mendes de (org.). Pensadores Sociais e Histria da Educao. Belo Horizonte:

    Autntica, 2005. 311p.

    Revista Histria da Educao, vol. 13, nm. 28, mayo-agosto, 2009, pp. 241-250

    Associao Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em Histria da Educao

    Rio Grande do Sul, Brasil

    Disponvel em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=321627135010

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    Histria da Educao, ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, v. 13, n. 28 p. 241-250, Maio/Ago 2009.Disponvel em: http//fae.ufpel.edu.br/asphe

    FARIA FILHO, Luciano Mendes de (org.). Pensadores Sociais eHistria da Educao. Belo Horizonte: Autntica, 2005. 311p.

    Gisele Francisca da Silva Carvalho

    Lanado em 2005 pela editora Autntica, o livroPensadores Sociais e Histria da Educao foi organizado porLuciano Mendes de Faria Filho, doutor em Educao e professor

    da Faculdade de Educao da Universidade Federal de MinasGerais. Atravs da ampliao de fontes, diversificao e novosolhares sobre o objeto, o livro apresentado como uma propostade se empreender modos renovados de apropriao dos clssicospara a Historiografia Educacional Brasileira. Sua capa j traz asprimeiras imagens sobre os clssicos, apresentando as fotografiasnum padro envelhecido de oito dos quinze pensadores abordadosno livro, todos j falecidos. Conforme comenta Faria Filho na

    apresentao do livro, nas ltimas dcadas no houve umarenovao de autores de referncia no que se refere s abordagensterico-metodolgicas, e sim uma necessidade da historiografia emfazer releituras das fontes primrias, possibilitando a elaborao denovas abordagens de obras que embora possuam interpretaesconsolidadas, no podem ser consideradas as nicas possveis. Aobra de 311 pginas rene 15 artigos escritos por autores

    diferentes, cada um com a incumbncia de escrever sobre acontribuio de seu clssico pesquisa em Histria daEducao. No foram includos, e nem explicados os motivosdessa excluso, os autores clssicos M. Weber, P, Aris e P.Bourdieu, embora a importncia dos mesmos tenha sido destacadapor Faria Filho.

    Por se tratar de um livro com 15 artigos sobre autoresdiferentes optei em dividi-los em duas categorias que identifiquei

    aps a leitura. Mesmo que os autores estivessem movidos pelo

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    mesmo objetivo, o de trazer as contribuies dos clssicos para aHistria da Educao, as abordagens dos textos foramdiferenciadas, sendo que alguns deles trouxeram um novo olhar

    sobre aquele clssico, possuindo um diferencial bem destacado eoutros se ativeram em apresentar os principais conceitos de seuclssico, pontuando as possibilidades de operacionalizao dosmesmos para a pesquisa em Histria da Educao. Nesse sentido,esta resenha se inicia com os autores presentes na primeiracategoria: Marx, Freud, Durkheim, Bakhtin, Elias, Freyre eHolanda, mais detalhadamente, e segue com os demais autorespertencentes segunda categoria: Gramsci, Benjamin, Vygotsky,Arendt, Fernandes, Thompsom, De Certeau e Foucault. Emboraum tanto precria, essa categorizao passvel de recolocaes fruto de uma tentativa minha de trazer para o leitor uma visoglobal do livro e ao mesmo tempo oferecer algumas interpretaesmais especficos.

    O primeiro artigo, Karl Marx: contribuies para ainvestigao em Histria da Educao no sculo XXI, escrito por

    Elomar Tambara, inicia a proposta apresentada por Faria Filho demaneira categrica, no que diz respeito s novas interpretaes dosclssicos. Nele, as contribuies de Marx so apontadas comoinesgotveis e passveis de redescobertas. Tambara argumenta queo pensamento marxista est presente nos paradigmasepistemolgicos ps Marx, mesmo que no final do sculo XX, emalguns casos, tenha havido um decrscimo no uso de referenciaisterico metodolgicos marxistas e a prpria marginalizao desses

    trabalhos. A partir dessas consideraes o autor tece argumentosdefendendo que mesmo diante do quadro descrito atualmentepercebe-se tambm, um ressurgimento desse paradigma emdiversos ambientes de pesquisa, mesmo que com outras matizes(Tambara, 2005, p. 11). Segundo Tambara a extremasimplificao e reducionismo das categorias analticasdesenvolvidas por Marx limitam o seu potencial explicativo,problematiza as interpretaes feitas sobre o papel dainfraestrutura e superestrutura em Marx. Alm disso, afirma que a

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    questo do sculo XXI para o paradigma marxista investigarminuciosamente a potencialidade desse modelo de compreender opapel dos indivduos e da subjetividade na conformao dos

    mesmos, sendo esse o ponto de endurecimento nas interpretaesmarxistas. Nessa perspectiva, cita passagens escritas por Marx quepossibilitam uma nova interpretao sobre o papel do indivduo nopensamento do autor. O artigo um convite releitura de Marxcom um ponto de vista diferenciado, em busca de redescobrir oconceito de subjetividade e indivduo desenvolvido pelo autorclssico.

    O artigo Freud e a Histria da Educao: possveisaproximaes, de Maria Madalena Silva de Assuno, iniciadopor uma discusso sobre o porqu da presena da Histria daEducao no currculo de Pedagogia e vai se direcionando para adiscusso sobre os novos olhares da Histria (a partir da NovaHistria Cultural) em relao Educao. Apesar de no haver naobra de Freud no um tratado sobre a educao e nem prescriespedaggicas, a autora defende a idia de que a Pedagogia- cincia

    dos fins e dos meios da educao pode extrair contribuies daPsicanlise. De acordo com Assuno o posicionamento queencontramos em Freud quanto idia de incompletude encontra-se diretamente relacionado ao pensamento historiogrfico, sendopossvel, em certa medida, que a nova perspectiva metodolgica dahistoriografia atual tenha recebido contribuies a partir das novasformas de investigao apontadas por Freud. Alm disso, assimcomo a Psicanlise, a Histria se apropria do discurso do outro

    para compreender questes sugeridas no presente, sendo amemria uma categoria bsica nesse processo. Enfim, a autoraaborda diversas questes no decorrer do texto, como o uso dosconceitos psicanalticos como utenslios decorativos, a mudana doconceito de infncia ps Freud e as repercusses no campo daeducao, propondo um novo olhar sobre as possveiscontribuies da obra freudiana educao.

    O artigo sobre Durkheim, escrito por Bruno BontempiJr., intitulado A presena visvel e invisvel de Durkheim na

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    historiografia da educao brasileiratem como eixo central a tese deque existem dois tipos de presena da sociologia durkheimiana emposio de transdiscursividade com os escritos contemporneos,

    mesmo naqueles autores que no a assumem: uma presena visvele outra invisvel. Na primeira Bontempi cita Fernando deAzevedo, assumidamente durkheimiano e na segunda analisa obrasde autores com Bourdieu, Althusser, Establet, que apresentam emsuas obras vestgios do mtodo de Durkheim, embora noexplicitem nos escritos tal influncia. O artigo mostra claramenteque as rupturas de paradigmas no significam a eliminao dosmesmos, havendo sim resqucios tericos-metodolgicos nosescritos posteriores.

    Mikhail Bakhtin: itinerrio de formao, linguagem epolticaescrito por Maria Rita de Almeida Toledo conta muito davida para falar da obra de Bakhtin, trazendo tona dificuldadesvividas por ele, como a censura, problemas de sade e o difcilreconhecimento de seu trabalho. Para a autora as vicissitudes datrajetria de vida e carreira de Bakhtin so importantes no

    entendimento de como seus escritos circularam e foramapropriados de forma peculiar. Toledo aborda quatro conceitosbakhtinianos: linguagem, interao verbal, polifonia e dialogismo(que consideram a lngua como um produto da relao social eportanto ideolgica) sempre buscando citaes do prprio autorpara explicit-los. Permeado pela idia de que a diversidade da obrade Bakhtin est diretamente ligada s adversidades de sua vida,este artigo nos mostra uma outra possibilidade de anlise dos

    clssicos que no desconsidera o elo entre vida e obra do autor.No artigoPensando com Elias as relaes entre Sociologia

    e Histria da Educao, de Cynthia Greive Veiga, a autora contaum pouco sobre a vida de Elias, a disperso de sua obra eproblemas de traduo. Expe seus principais conceitos comofigurao, interdependncia, equilbrio de tenses, usados paraconferir inteligibilidade s dinmicas da sociais dentro de umprincpio bsico de inseparabilidade entre sociedade e indivduo.Em um ponto bastante interessante do artigo Greive aborda a

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    problemtica sociolgica apresentada por Elias Histria no livroA sociedade de Corte (2001): como foi-se constituindo afigurao de pessoas interdependentes que tornou possvel se

    deixarem governar em uma longa durao histrica por famliasnicas (Greive, 2005, p. 142-143), trazendo o conceitofundamental de interdependncia entre os indivduos que esto emconstante relao com a sociedade, repleta de tenses econtradies. Bem como sugere o ttulo, o artigo prope o dilogoentre a Histria e a Sociologia utilizando uma base empricaconsistente com vistas a superar conceitos ainda fortes naliteratura, mas que segundo a autora pouco contribuem aoentendimento do processo civilizatrio, ponto central da obra deElias.

    Fazer Histria da Educao com Gilberto Freyre: achegaspara pensar o aluno com os repertrios da Antropologia umaproposta de Marcos Csar de Freitas de vislumbramento da obrade Freyre como um relicrio de citaes e imagens para se escrevera Histria da Educao, principalmente quanto anlise de

    pressupostos inaceitveis, que ainda esto na rua. Entendendo aantropologia de Freyre como fonte de pistas para se compreendero aluno onde o anedtico e o mnimo detalhe podem revelarindcios preciosos, o autor trabalha boa parte do artigo com oconceito freyriano de rua e sua relao com o aluno e a escola,exemplifica os modos de vida da infncia e argumenta que o temposempre sobrevive no mago do outro tempo que chega atravs degestos, posturas, tcnicas e sabores. Nessa perspectiva, a proposta

    de Freitas a de apresentar Gilbeto Freyre como uma espcie defonte primria para a Histria da Educao.

    Em seu artigo, Thas Nvia de Lima e Fonseca aoescrever Trilhando caminhos, buscando fronteiras: Srgio Buarquede Holanda e a Histria da Educao no Brasil levanta algumassugestes de estudo em Histria da Educao retiradas das obrasde Holanda, como capacidade de adaptao dos portugueses aochegarem no Brasil, o preconceito contra o trabalho manual,riqueza das situaes criadas pelo intercruzamentos culturais na

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    Amrica Portuguesa. Fonseca afirma suas consideraes a partirdo pioneirismo da obra do autor que recusou-se a utilizar de formaabstrata conceitos e categorias sem o cuidado de observar as

    condies histricas concretas (prticas concentradas na teoriamarxista), tematizando os sujeitos annimos da histria,semelhante proposta dos Annales desenvolvida um bom tempodepois. Alm disso, coloca em debate o porqu da pouca relevnciadada a Holanda no campo da Histria da Educao e nos convidaa promover relaes entre o pensamento do autor e a Histria daEducao atual.

    O primeiro artigo identificado na segunda categoria deanlise desta resenha foi escrito por Carlos Eduardo Vieira e intitulado Conhecimento Histrico e arte poltica no pensamento deAntonio Gramsci. Vieira busca relaes entre as idias gramscianase a pesquisa histrica, investigando qual o projeto intelectualsugerido pelos textos do autor. Nessa perspectiva enfatiza o rigorfilolgico na preocupao em restituir o sentido da palavra no seucontexto histrico especfico e a operao de ressignificao, sendo

    a Histria para ele o lugar para se estudar o homem e sua cultura.Conceitos como hegemonia, bloco histrico, intelectuais orgnicosso apontados por Vieira como forte referncia nos debates nocampo da historiografia.

    No artigo Walter Benjamin: os limites da razo, ClariceNunes tem como objetivo investigar a motivao do autor nabusca de um novo conceito de razo. Aberto Teologia, Benjaminencontra movimentos de sntese entre dois mundos antagnicos:

    razo e espiritualismo. Seu conceito de infncia e de Histria sodiretamente ligados, uma vez que o pensamento benjaminiamorecomenda que para assumirmos nossas responsabilidadesenquanto adultos devemos rememorar nossa infncia, recuperandotesouros e feras. Nunes, dando continuidade e novos rumos sdiscusses, pergunta ento se seria possvel uma educao queensinasse a reconhecer e a lutar contra a opresso? (...) Queacolhesse generosamente os sonhos? (Nunes, 2005, p. 94). Aautora finaliza caracterizando os educadores que se inspiram em

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    Benjamin como aqueles que trabalham a partir da abundncia deser e do limite de estar encarnado. Trabalham com nuanas.Trabalham com o provisrio (p.97).

    Vygotsky e a teoria sociohistrica, dos autores MariaCristina Soares Gouva e Carlos Henrique Gerken um artigoque trata a teoria sociohistrica como referncia para aconformao da psicologia contempornea, sendo Vygotsky oprimeiro autor a explicar a formao histrica da mente. Osautores buscam tambm analisar em que medida tal teoria podecontribuir nas teorizaes sobre os processos histricos naproduo de conhecimento. Para tanto tratam principalmente doconceito vygotskyano de Histria em um dilogo com aperspectiva marxista. Finalizam o artigo com algumas colocaessobre as possibilidades de interlocuo entre a teoria vygotskyana ea Histria da Educao, detendo-se Histria da Cultura Escolar.

    Falando um pouco de amor, passado e presente, Viver avida e cont-la: Hannah Arendt, escrito por Eliana Marta TeixeiraLopes, assume o postulado de Arendt de que para conhecermos o

    homem temos que conhecer sua biografia contando um pouco davida pessoal de Arendt e trazendo conceitos como o de histria evida, nascimento numa perspectiva de que a educao comeacom o novo, ou seja, as crianas , a relao entre ao e discursoe a coragem como uma virtude poltica. um artigo compassagens quase poticas, que tratam das subjetividades, temarealmente carente de abordagens.

    No artigo Florestan Fernandes, arquiteto da razo, de

    Marcus Vincius da Cunha, so confrontados autores queanalisaram a obra de F. Fernandes. Caractersticas eacontecimentos como a base terica durkheimiana, discussescalorosas causadas pela obra, o estudo dos desafios da poca,desorganizao de uma viso elitista e senhoril da sociedade estopresentes em Fernandes. Em seu conceito de educao comolibertadora da ignorncia h o questionamento ao fato de odireito educao ser transformado em privilgio e a atribuio desua organizao destinada aos cientistas, conhecedores das

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    necessidades do pas. um artigo sobre um autor que d margema muitas ponderaes e ao mesmo tempo, suscita novas idias.

    Fazer Histria da Educao com E.P. Thompson:

    trajetrias de um aprendizado pode ser realmente uma idiafecunda, no escrito de Luciano Mendes de Faria Filho. Thompson logo caracterizado no artigo como um autor pouco utilizado nahistoriografia brasileira em uma perspectiva terico metodolgica.O objetivo do artigo trazer as dimenses em que as pesquisas doprprio Luciano Mendes tm sido enriquecidas pelo aporte tericode Thompson, tratando das noes de experincia, identidadecoletiva e individual tomando a educao como algo construdonas relaes sociais, extrapolando os limites da escola: segundoThompson, na experincia que os sujeitos se constituem, sejamestes sujeitos indivduos ou classes sociais p. (Faria Filho, 2005,p.244). O conceito de lei tambm tratado como ponto centralem Thompson uma vez que contribui para a formao dasidentidades e para a formao do discurso sobre a educao. defato uma abordagem abrangente no entendimento das prticas

    educativas.O artigoMichel De Certeau e a difcil arte de fazer histriadas prticas, de Diana Gonalves Vidal possui carter exploratrioe conta com detalhes algumas passagens sobre e a vida e obra deDe Certeau, sendo esta ltima caracterizada como o fazer dasprticas. Na trajetria de De Certeau, as viagens serviram de basede experincia e questionamentos das grandes teorias e dofuncionamento institucional da igreja, lembrado o fato de o autor

    ter sido ordenado sacerdote em 1956. No final do artigo, Vidaltraa um esboo detalhado da repercusso e traduo das obras doautor alm das apropriaes da mesma, tendo como fontes osAnais Eletrnicos do I, II e III Congresso Brasileiro de Histriada Educao.

    O ltimo artigo do livro e da segunda categoria propostanessa resenha, Paul-Michel Foucault uma caixa de ferramentaspara a Histria da Educao, Jos Gonalves Gondra define aspalavras de Foucault como fortes, inquietantes e difceis,

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    procurando refletir acerca da presena desse clssico na Histria daEducao brasileira. Em sua primeira parte, o artigo aborda algunsconceitos foucaultianos como arqueologia, poder, sua crtica

    modernidade e o prprio conceito de Histria, me das CinciasHumanas, no qual recusa explicitamente noes clssicas comoorigem, totalidade, causalidade, continuidade, causando polmicaentre a comunidade intelectual francesa. Partindo para umaanlise da presena da obra de Foucault na Histria da Educaobrasileira Gondra empreende uma pesquisa usando como fonteperidicos brasileiros Revista Brasileira de Histria da Educaoe a Revista de Histria da Educao problematizando, naconcluso do artigo, como tais apropriaes esto sendo feitas.Assim como o artigo que fala sobre De Certeau, uma abordagembastante preocupada com as freqncias e formas de apropriaodos clssicos.

    Enfim, mais que contedo histrico, o livro PensadoresSociais e Histria da Educao traz importantes orientaestericas e metodolgicas, como a necessidade da leitura de fontes

    primrias de modo a empreendermos novas interpretaes; de quea negao dos clssicos no necessariamente traz benefcios literatura contempornea e que nunca os paradigmas deixam de serepresentarem uns nos outros pois se constroem na alteridade.Quero retomar o ltimo artigo do livro, que providencialmentefinaliza o livro com dois problemas metodolgicos importantes jque abrangem a pesquisa em Histria da Educao em geral: comoos clssicos esto sendo consumidos e a necessidade de se pensar

    os critrios e motivos que terminam por promover a eleio de umdeterminado autor na pesquisa em Histria da Educao(Gondra, 2005, p. 305) causando-nos a sensao de necessidadede refletir sobre o rigor metodolgico exigido em talempreendimento. Enumeradas algumas das contribuies trazidaspor este livro, fica a espera pela verso sobre os autores clssicosainda vivos.

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    Gisele Francisca da Silva Carvalho Mestranda do PPGE-Mestrado em Educao da Universidade Federal de So Joo del-Rei. E-mail: [email protected].

    Data de recebimento: 22/01/2009Data de aceite: 20/02/2009