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1 PEQUENA CIDADE E CRESCIMENTO URBANO NO NORTE DE MINAS: UMA ANÁLISE DOS PROBLEMAS ESTRUTURAIS DE JAÍBA-MG. SOUZA, Andrey Lopes de 1 [email protected] MOURA, Auricharme Cardoso de 2 [email protected] Resumo: O presente artigo tem como mote analisar as diversas contradições que tem apresentado o crescimento urbano da cidade de Jaíba, Norte de Minas Gerais, e suas repercussões na vida dos seus moradores. Os problemas descritos pelos habitantes tratam do fornecimento de água, saneamento básico, saúde pública da cidade, asfalto ou pavimentação de ruas, coleta de lixo, dentre outros. Este artigo é fruto de leituras bibliográficas e de pesquisa de campo onde foram aplicados questionários aos moradores dos bairros Veredas do Rio Verde, Bandeirantes, Vila Nova Esperança e Centro Comunitário. A partir da pesquisa foi possível perceber que as benesses e o propalado crescimento de Jaíba não foram e/ou não está sendo usufruído pela maioria dos cidadãos locais. Palavras-chaves: Geografia urbana; crescimento urbano; problemas estruturais; cidades pequenas; Jaíba. Abstract: This article is to analyze the various contradictions motto that has brought the urban growth of the city of Jaíba, North of Minas Gerais, and its impact on the lives of its residents. The problems described by the inhabitants treat the water supply, sanitation, public health in the city, asphalt or paving streets, garbage collection, among others. This article is based on literature readings and field research where questionnaires to residents of neighborhoods Footpaths Rio Verde, Bandeirantes, Vila Nova Esperança and Community Centre were applied. From the research it was revealed that the blessings and the vaunted growth Jaíba have not been and / or is not being used for the majority of local citizens. Keywords: Urban Geography; population and urban growth; structural problems; small towns; Jaíba. O crescimento urbano do Norte de Minas Gerais O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE divide Minas Gerais em 12 mesorregiões e 66 microrregiões. As 12 mesorregiões são: Noroeste de Minas, Norte de Minas, Jequitinhonha, Vale do Mucuri, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Vale do Rio Doce, Oeste de Minas, Sul e Sudoeste de Minas, Campos das Vertentes e Zona da Mata. A Mesorregião Norte de Minas é um agrupamento de sete microrregiões, sendo elas: Bocaiúva, Grão Mogol, Janaúba, Januária, Montes Claros, Pirapora e Salinas. Essa mesorregião, em sua totalidade, abrange 89 municípios. Para melhor entendimento, o IBGE (1980) apud Pereira (2007, p. 58) define mesorregião como sendo 1 Doutorando em História Social. Universidade Federal de Uberlândia-UFU. 2 Mestre em História Social. Universidade Federal de Uberlândia-UFU.

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PEQUENA CIDADE E CRESCIMENTO URBANO NO NORTE DE

MINAS: UMA ANÁLISE DOS PROBLEMAS ESTRUTURAIS DE

JAÍBA-MG.

SOUZA, Andrey Lopes de1

[email protected]

MOURA, Auricharme Cardoso de2

[email protected]

Resumo:

O presente artigo tem como mote analisar as diversas contradições que tem apresentado o crescimento

urbano da cidade de Jaíba, Norte de Minas Gerais, e suas repercussões na vida dos seus moradores. Os

problemas descritos pelos habitantes tratam do fornecimento de água, saneamento básico, saúde

pública da cidade, asfalto ou pavimentação de ruas, coleta de lixo, dentre outros. Este artigo é fruto de

leituras bibliográficas e de pesquisa de campo onde foram aplicados questionários aos moradores dos

bairros Veredas do Rio Verde, Bandeirantes, Vila Nova Esperança e Centro Comunitário. A partir da

pesquisa foi possível perceber que as benesses e o propalado crescimento de Jaíba não foram e/ou não

está sendo usufruído pela maioria dos cidadãos locais.

Palavras-chaves: Geografia urbana; crescimento urbano; problemas estruturais; cidades pequenas;

Jaíba.

Abstract: This article is to analyze the various contradictions motto that has brought the urban growth of the city

of Jaíba, North of Minas Gerais, and its impact on the lives of its residents. The problems described by

the inhabitants treat the water supply, sanitation, public health in the city, asphalt or paving streets,

garbage collection, among others. This article is based on literature readings and field research where

questionnaires to residents of neighborhoods Footpaths Rio Verde, Bandeirantes, Vila Nova Esperança

and Community Centre were applied. From the research it was revealed that the blessings and the

vaunted growth Jaíba have not been and / or is not being used for the majority of local citizens.

Keywords: Urban Geography; population and urban growth; structural problems; small towns; Jaíba.

O crescimento urbano do Norte de Minas Gerais

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE divide Minas Gerais em 12

mesorregiões e 66 microrregiões. As 12 mesorregiões são: Noroeste de Minas, Norte de

Minas, Jequitinhonha, Vale do Mucuri, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Central Mineira,

Metropolitana de Belo Horizonte, Vale do Rio Doce, Oeste de Minas, Sul e Sudoeste de

Minas, Campos das Vertentes e Zona da Mata.

A Mesorregião Norte de Minas é um agrupamento de sete microrregiões, sendo elas:

Bocaiúva, Grão Mogol, Janaúba, Januária, Montes Claros, Pirapora e Salinas. Essa

mesorregião, em sua totalidade, abrange 89 municípios. Para melhor entendimento, o IBGE

(1980) apud Pereira (2007, p. 58) define mesorregião como sendo

1 Doutorando em História Social. Universidade Federal de Uberlândia-UFU.

2 Mestre em História Social. Universidade Federal de Uberlândia-UFU.

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[...] uma área individualizada, em uma unidade da federação, que apresenta

formas de organização do espaço geográfico definidas pelas seguintes

dimensões: o processo social, como determinante, o quadro natural, como

condicionante e a rede de comunicação e de lugares, como elemento da

articulação espacial.

O mapa abaixo mostra a localização da Mesorregião Norte de Minas dentro do estado

de Minas Gerais.

Figura 01: Mesorregiões do Estado de Minas Gerais. Fonte:

Http://www.mg.gov.br/governomg/portal/m/governomg/conheca-minas/geografia/5669-

localizacao-geografica/5146/5044

O processo de urbanização do Norte de Minas Gerais está diretamente ligado a sua

inserção na área de abrangência da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste

(SUDENE) na década de 1960, uma vez que essa região faz parte do polígono das secas3. Os

incentivos fiscais e tributários da SUDENE elevaram algumas atividades econômicas da

região em detrimento de outras como atestado por Oliveira (2000, p. 115)

a industrialização, promovida pelos incentivos fiscais e financeiros, é

desajustada às condições locais e corresponde à integração da região ao

capitalismo brasileiro. O setor agropecuário é relativamente desaquecido,

mas continua como atividade de fundamental importância para a cidade e a

região, enquanto o comércio se fortalece.

3 A região das secas ou polígono das secas foi determinada em 1936, não incluindo o Norte de minas, isso só

seria feito em 1948 pelo decreto nº 9.857.

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Pode-se perceber então que a condição socioeconômica da região norte-mineira é

modificada, o setor agropecuário perde força, apesar de continuar sendo relevante para essa

região. O que está evidente é o aquecimento do comércio. Com a desaceleração da

agropecuária e o fortalecimento do comércio, a dinâmica econômica se concentra nas cidades

que passam a atrair um número cada vez maior de pessoas em busca de emprego nas

indústrias ou no comércio, processo esse que aumenta o êxodo rural.

A tabela abaixo retrata a distribuição da população da mesorregião Norte de Minas.

Tabela 01: Percentual populacional da Mesorregião Norte de Minas

Percentual populacional da Mesorregião Norte de Minas

Percentual (%)

População urbana 1.121.523 69,33

População rural 496.233 30,67

População residente 1.617.756 100

Fonte: IBGE (2010)

Observando a tabela acima, é possível verificar a superioridade da população urbana

sobre a população rural. É necessário ressaltar que nesta mesorregião, apesar dos números

mostrarem um elevado grau de urbanização, verifica-se a presença de vários municípios com

a população residente na zona rural maior que a urbana. Em números percentuais 64,04% dos

municípios possuem uma população urbana maior que a rural, enquanto que em 35,96% a

população rural ultrapassa a urbana. Transforma-se isso em números absolutos e obtém-se 57

e 32 municípios, respectivamente.

Metodologia

O presente estudo parte de uma pesquisa exploratória, descritiva e analítica de caráter

qualiquantitativa, baseada em pesquisa de campo.

A população deste estudo foi composta pelos moradores dos bairros Nova Esperança,

Centro Comunitário, Veredas do Rio Verde e Bandeirantes, todos situados no perímetro

urbano da cidade de Jaíba-MG.

A escolha dos bairros Nova Esperança, Veredas do Rio Verde e Bandeirantes se deve

a esses estarem mais afastados do centro da cidade, uma vez que os problemas estruturais

estão mais evidentes, e o bairro Centro Comunitário é totalmente diferente, sendo considerado

um bairro residencial que abriga a população da cidade que apresenta melhores condições

econômicas. A escolha de ruas diferenciadas foi no intuito de conseguir uma visão mais

abrangente, entrevistando moradores do início, meio e fim dos bairros.

Este estudo contou com a participação de 100 moradores de Jaíba, sendo que, desses,

foram entrevistados 25 moradores em cada um dos bairros citados acima. Dentro dos bairros

foram escolhidas 5 ruas diferentes e 5 moradores distintos de cada rua foram entrevistados.

Percepções sobre Jaíba

O município de Jaíba é um dos 89 municípios que compõem a região Norte de Minas

Gerais e, junto com Matias Cardoso, abrange o projeto Jaíba, que é apontado como o maior

projeto de irrigação da América Latina, que tem atraído pessoas em busca de emprego ou

oportunidades de investimentos no campo. Graças ao aumento da produtividade agrícola e

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discursos desenvolvimentistas acerca do perímetro hidroagrícola, o município de Jaíba obteve

a maior taxa de crescimento populacional das pequenas cidades do Norte de Minas.

Jaíba localiza-se no Norte de Minas Gerais, na mesorregião geográfica do Norte de

Minas, na microrregião de Janaúba, área mineira do polígono das secas, à margem direita do

rio São Francisco, numa área de transição do bioma cerrado e o bioma caatinga. Limita-se ao

norte com Matias Cardoso e Gameleiras, ao sul com Verdelândia, Vazerlândia e Janaúba, a

oeste com Itacarambi e a leste com Pai Pedro. A população absoluta do município de Jaíba-

MG, segundo os últimos dados do IBGE, é de 33.587 habitantes e ocupa uma área pouco

superior 2.626 km de extensão (IBGE, 2010).

Em sua tese de doutorado, Anete Marília Pereira aponta que as atividades econômicas

mais expressivas do município de Jaíba são ligadas à agropecuária (PEREIRA, 2007, p. 192).

A cidade de Jaíba abriga uma população de aproximadamente 17.635 habitantes, sendo que

esse total corresponde a aproximadamente 52,5% da população total do município (IBGE,

2010).

Parte-se do pressuposto que Jaíba está inserida no grupo das pequenas cidades do

Norte de Minas. Encontra-se em Pereira (2007, p.175) a definição de pequena cidade quando

coloca que

[...] o que denominamos de pequenas cidades no Norte de Minas são todas

aquelas cidades com população inferior a 20 mil habitantes, que possuem

uma relação direta com as atividades rurais e forte dependência do setor

público, em todas as suas esferas.

Segundo documentos da prefeitura de Jaíba (JAÍBA, 2005, p.05), a emancipação do

município se deu através da Lei Estadual nº 10.704, de 27 de Janeiro de 1992 e sua instalação

política e administrativa realizada a partir de 1º de janeiro de 1993, sendo o Distrito Sede

composto pelo desmembramento de parte do município de Monte Azul com a vila de

Otinolândia, à margem direita do rio Verde Grande, e parte do município de Manga com a

vila de Jaibênia (justaposta à margem esquerda do mesmo rio).

O município de Manga completa no dia 7 de setembro de 2014 noventa e um anos, de

acordo com a data de criação (07 de setembro de 1923). Sua população absoluta é de 19.813

habitantes, sendo que 13.848 habitantes correspondem à população urbana e 5.965 à

população rural (IBGE, 2010).

Direciona-se a atenção neste momento para Jaíba, município que com duas décadas

encontra-se com uma população superior à do município de Manga. Jaíba aparece com 13.774

habitantes a mais que Manga, o que corresponde a 62.52% da população absoluta de Manga,

segundo dados do IBGE (2010). É importante ressaltar que o município de Manga com a

desfiliação do Sub-Distrito de Jaibênia, sua população absoluta é diretamente afetada. Como

consequência, houve uma diminuição significativa. Fica então subentendido que Jaíba causou

um desfalque demográfico a esse município quando ocorreu sua emancipação.

Esta pequena cidade completou neste ano (2014) vinte e dois anos de emancipação

política, sendo que, nesse curto tempo, a população da urbe já supera a rural. Analisando o

crescimento populacional das pequenas cidades do Norte de minas, Jaíba aparece como a

cidade com a maior taxa de crescimento demográfico.

Segundo os dados organizados por Anete Marília Pereira, dentre os setenta e nove

municípios do Norte de Minas Gerais com a população da urbe inferior a vinte mil habitantes,

Jaíba, em termos percentuais, aparece como o município com a maior taxa de crescimento

populacional, sendo essa taxa de crescimento igual a 4,99%, num período de dez anos (1991 a

2000). Encontra-se também em Pereira (2007, p. 178) a possível explicação para esses

números quando cita que neste município possuem implantados, em seu território, 46 mil

hectares irrigados com 40 espécies cultivadas.

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O projeto Jaíba vem se consolidando como um dos maiores e mais importantes

empreendimentos agrícolas do Brasil, uma oportunidade de agronegócios, que atualmente

atrai grande quantidade de capital interno e externo proporcionando visibilidade e

investimentos para os municípios por ele abrangidos. A agricultura irrigada é uma atividade

bastante dinâmica e uma de suas principais características é o aumento da oferta de emprego

uma vez que a cada hectare gera de 1 a 1,2 empregos diretos e de 1 a 1,5 empregos indiretos.

Com a implantação do Projeto Jaíba, houve a vinda de diversas pessoas de cidades

adjacentes e até de outros estados para o perímetro urbano do atual município de Jaíba. Nesse

contexto, aumentaram as atividades agrícolas e industriais nas duas últimas décadas com a

chegada de grandes empresas na região como a Sada (Cana-de-açucar) , Brasnica

(Bananicultura) e a Pomar Brasil (empresa especializada na extração de polpa de frutas).

A tabela a seguir apresenta um comparativo entre 10 pequenas cidades do Norte de

Minas no ano de 2000, e posteriormente no ano de 2010. Busca-se dessa maneira acompanhar

o crescimento populacional urbano dessas cidades.

Tabela 02: Norte de Minas-pequenas cidades população urbana nos de 2000 e 2010.

CIDADE POPULAÇÃO

2000

CIDADE POPULAÇÃO

2010

Porteirinha 18.140 Brasília de Minas 20.675

Brasília de Minas 17.580 Porteirinha 19.338

Espinosa 16.811 Espinosa 18.023

Manga 13.972 Jaíba 17.635

Coração de Jesus 13.948 Francisco Sá 14.897

Itacarambi 13.304 Coração de Jesus 14.766

Francisco Sá 13.191 Manga 13.848

Jaíba 13.148 Itacarambi 13.799

Monte Azul 11.478 Monte Azul 12.418

Rio Pardo de Minas 10.495 Rio Pardo de Minas 11.692

Inicia-se esta discussão esclarecendo que a cidade de Brasília de Minas-MG, a partir

do ano de 2010, não se encaixa mais no perfil de pequenas cidades, uma vez que este estudo

considera pequenas cidades somente aquelas com um número de habitantes inferior a 20.000.

Volta-se neste momento o olhar para cidade de Jaíba, que no ano de 2000 ocupava a

sétima posição, já no ano de 2010, esta passou a ocupar a quarta posição no que se refere ao

crescimento urbano dos pequenos municípios. Observa-se o crescimento urbano em números

absolutos, e Jaíba se destaca como a cidade com o maior crescimento urbano dentre essas,

com um incremento de 4.487 habitantes no perímetro urbano.

Neste artigo trabalhamos com os conceitos de crescimento e desenvolvimento não

como sinônimos e sim a partir da definição de Celso Furtado4. O crescimento está ligado mais

a números produtivos, já o desenvolvimento à satisfação das demandas sociais coletivas.

Os questionários emitidos a moradores de alguns bairros da cidade de Jaíba, através de

perguntas e respostas referentes a algumas necessidades básicas de qualquer ser humano, têm

como objetivo mostrar se o crescimento econômico na cidade se fez acompanhado do

desenvolvimento. Pretendemos analisar se a cidade tem se estruturado para atender ao

4 Segundo Celso Furtado, o conceito de crescimento econômico deve ser reservado para exprimir a expansão da

produção real no quadro de um subconjunto econômico. Assim, o conceito de desenvolvimento compreende a

ideia de crescimento superando-a. Com efeito: ele se refere ao crescimento de uma estrutura complexa. O

desenvolvimento econômico deve satisfazer às múltiplas necessidades de uma coletividade. (FURTADO, 1983,

p.78).

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crescimento demográfico urbano. Para dar suporte a essa ideia, foram analisados 4 bairros da

cidade: Nova Esperança, Centro Comunitário, Veredas do Rio Verde e Bandeirantes.

O bairro Nova Esperança, popularmente conhecido como Vila, é a área de ocupação

urbana mais afastada das áreas centrais da cidade. A distância que separa os moradores do

bairro para a prefeitura municipal é de aproximadamente um quilômetro, sendo que em toda

essa extensão não possui iluminação pública. Também é importante ressaltar que a maior

parte desse trecho já possui asfalto.

Com relação à parte estrutural desse bairro destaca-se que as ruas são estreitas e em

sua grande maioria já possuem asfalto ou calçamento, comporta uma Unidade Básica de

Saúde (UBS), uma CEMEI (creche), uma escola estadual e um Telecentro5 Comunitário

abandonado.

Toda essa estrutura nos leva a imaginar que as casas também são bem estruturadas,

sendo que é nesse momento que a contradição se estabelece. A maior parte dessas habitações

é composta por apenas dois ou três cômodos, um banheiro e não possuem total acabamento.

Muitas pessoas moram em casas feitas de madeira e que são cobertas por lonas pretas,

popularmente chamadas de “barracos de lona”.6 Os seus moradores são em grande maioria de

classe baixa, existem poucos de classe média e alguns em condições de extrema pobreza.

O bairro Centro Comunitário é considerado como sendo a sede dos moradores com

maior poder aquisitivo da cidade, uma vez que tal situação está explícita nas construções, que

são bem estruturadas e grandiosas. A maioria das ruas é espaçosa e pavimentada, com a

presença de muitas avenidas e duas praças. Nesse bairro está localizada a sede do poder

administrativo do município (Prefeitura Municipal de Jaíba), o hospital municipal e a escola

estadual, que comporta o maior número de estudantes do município (Escola Estadual Zoé

Machado). Até o momento esse bairro não possui uma Unidade Básica de Saúde, nem

Telecentro. Localiza-se também nesse espaço uma da poucas áreas destinadas ao lazer, o

Clube Vale de Jaíba, que é privado aos associados. Os moradores são de classe média e alta.

O bairro Bandeirantes é uma área também distante do centro mais dinâmico da cidade,

com ruas largas, apresentando muitos buracos na sua parte final. Quando chove essas ruas

ficam alagadas, dificultando a circulação de seus moradores. O bairro possui uma praça e um

CEMEI, não possui Telecentro e nenhuma Unidade Básica de Saúde. Os moradores são

atendidos na Unidade Básica de Saúde do bairro Veredas do Rio Verde.

O ginásio poliesportivo da cidade encontra-se nesse bairro. Este, por sua vez, não vem

sendo utilizado para eventos esportivos municipais. Também são visíveis pichações que

foram realizadas por vândalos que danificam o patrimônio público. Os moradores do

ambiente questionam a localização desse ginásio, por estar localizado em frente à maior igreja

do município, a Igreja Sagrada Família. Compõem a população do bairro moradores das

classes média e baixa.

Quanto ao bairro Veredas do Rio Verde, atribuíram-lhe a fama de “bairro mais

perigoso da cidade”, pelo fato de muitos crimes terem ocorrido dentro de seus limites e o

tráfico de drogas ser intenso. Essa fama, na atualidade, é dividida com os bairros Nova

esperança e Bandeirantes. É o maior bairro da cidade, sendo que a maioria das ruas é larga,

5 Telecentros Comunitários são espaços públicos providos de computadores conectados à Internet em banda

larga, onde são realizadas atividades, por meio do uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação),

com o objetivo de promover a inclusão digital e social das comunidades atendidas. Esse se constitui um Projeto

Estruturador da Secretaria de Estado Ciência e Tecnologia do Estado de Minas Gerais, que chegou à cidade de

Jaíba no mandato anterior, funcionou por algum tempo e atualmente está desativado. Existem vários Telecentros

espalhados pelo perímetro urbano e rural de Jaíba, como no bairro Veredas, no NS2, Frente 3, Gorutuba,

Marabá, APAE, NH1 e outros. Na cidade há o Centro Vocacional Tecnológico-CVT que constitui o polo de

Jaíba quanto a esse projeto. 6 Essas habitações são caracterizadas por absorverem muito calor e, como o clima predominante no Norte de

Minas é o semiárido, viver nas mesmas se torna difícil.

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com exceção de uma pequena parte que fora invadida no passado, considerada Área de

Preservação Permanente-APP, nas proximidades do Rio Verde.

O bairro comporta a Unidade Básica de Saúde Joaquim José dos Santos, um CEMEI,

um Telecentro abandonado, uma praça usada comumente como ponto de encontro para

usuário de drogas (relatos de moradores), uma escola estadual, o Clube Campestre Rio Verde,

também privado aos associados. Os moradores desse bairro variam entre as classes baixa e

média e alguns em extrema pobreza.

Através de entrevistas com os moradores do bairro Veredas do Rio Verde, constatou-

se que esse enfrenta problemas com relação ao fornecimento de água. Quando questionados

se o abastecimento de água é satisfatório, obtivemos as seguintes respostas, expostas no

gráfico abaixo.

Gráfico 01: Gráfico elaborado a partir das respostas do questionário aplicado aos moradores

do bairro Veredas do Rio Verde. Pesquisa de campo/maio/2011.

Segundo 80% dos entrevistados do bairro Veredas do Rio Verde o abastecimento de

água não é satisfatório. Eles relatam que falta água em certos períodos do dia, que se

normaliza somente no período da noite, e constitui a principal dificuldade quanto ao quesito

abastecimento de água. Os habitantes do bairro Nova Esperança também partilham dessa

ideia, visto que 60%, o que corresponde 15 moradores entrevistados, também questionam a

falta de água durante o dia. Alguns que moram nas partes mais elevadas relatam que a água

sobe para as caixas somente no período da madrugada.

Neste momento é pertinente evidenciar que tanto o bairro Veredas do Rio Verde como

o Nova Esperança são bem afastados do centro da cidade, além de estarem localizados em

lugares mais altos. A falta de água nos bairros mais afastados (periferia) acontece também nas

grandes cidades do Brasil. Nucci (2001, p.53) salienta que nas suas pesquisas sobre

distribuição de água em São Paulo foi constatado que “segundo a Sabest os moradores dos

bairros mais altos devem se acostumar com a falta d’ água devido ao elevado consumo de

água nas áreas mais baixas”.

Dentre os moradores do bairro Bandeirantes, 56%, o que corresponde a 14 dos

entrevistados, estão satisfeitos com o fornecimento de água, enquanto 44%, ou seja, 11

moradores, consideram insatisfatório esse abastecimento.

No bairro Centro Comunitário, 100%, o que equivale a 25 dos entrevistados, estão

satisfeitos como o abastecimento de água. Essa situação pode ser justificada de acordo com

Fellenberg (1972 apud Nucci, 2001, p.53), que coloca que:

Pode-se constatar que o consumo de água não apenas cresce paralelamente

ao padrão de vida da população, mas que o consumo per capita nas grandes

cidades é 2 a 3 vezes maior que em comunidades pequenas. Isso significa

que os habitantes dos grandes centros e pessoas de nível mais elevado

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produzem quantidades maiores de água contaminada, necessitando em

consequência de um maior fornecimento de água tratada do que os

moradores de pequenas cidades ou pessoas de nível mais modesto.

Nesse bairro, as pessoas possuem um nível de vida mais elevado, além de estar

localizado bem próximo à companhia fornecedora de água (Companhia de Saneamento de

Minas Gerais-COPASA). Dessa maneira, a água chega primeiro no bairro supracitado e, por

último, nos bairros mais afastados.

Novamente, os moradores do bairro Veredas foram questionados. Desta vez com

relação à coleta de lixo. Obtivemos as seguites respostas, que podem ser visualizadas no

gráfico abaixo.

Gráfico 02: Gráfico elaborado a partir das respostas do questionário aplicado aos moradores

do bairro Veredas do Rio Verde. Pesquisa de campo/maio/2011.

Os moradores afirmam que a quantidade de vezes que os caminhões coletores de lixo

circulam não garante a limpeza do bairro. Assim responderam 22 moradores, correspondendo

a 88% dos entrevistados. No bairro Nova Esperança, 14 moradores, o que corresponde a 56%

dos entrevistados, estão satisfeitos com a coleta de lixo que é feita. No bairro Bandeirantes, 20

moradores, ou seja, 80%, estão satisfeitos com essa coleta. No Centro Comunitário, 100% dos

moradores se declararam satisfeitos. Somente no bairro Veredas do Rio Verde a coleta do lixo

se apresenta como um problema. Na cidade de Jaíba, o “lixão” não pode ser definido nem

como aterro controlado, nem como aterro sanitário, sendo que o mesmo está localizado a 9

Km da cidade, entre os distritos Linha I e Linha II.

Posteriormente, os moradores do bairro Bandeirantes foram questionados em relação a

existência de asfalto na rua onde moram. Seguem expostas abaixo as respostas:

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Gráfico 03: Gráfico elaborado a partir das respostas do questionário aplicado aos moradores

do bairro Bandeirantes. Pesquisa de campo/maio/2011.

No bairro Bandeirantes, 80%, o que corresponde a 20 moradores entrevistados, não

foram beneficiados com obras de pavimentação e, por essa razão, sofrem no tempo da seca

com a poeira e no período das chuvas com os alagamentos e lama das ruas. Com o passar dos

dias, a água que fica empoçada em forma de lagoas começa a causar um odor desagradável,

impedindo uma melhor qualidade de vida dos moradores. Alguns moradores do bairro

Veredas do Rio Verde também vivenciam a mesma situação, mas o bairro foi beneficiado

com as obras do Programa de Aceleração e Crescimento-PAC, um programa do governo

federal que chegou à cidade no ano de 2008. Dos 25 entrevistados no bairro, 13 moradores

(52%) afirmaram que não moram em ruas pavimentadas. No bairro Nova Esperança, 21 de 25

moradores entrevistados (84%) responderam que residem em ruas pavimentas devido,

novamente, ao PAC.

Os moradores entrevistados dos bairros Nova Esperança, Centro Comunitário do Rio

Verde, Bandeirantes e Veredas do Rio Verde classificaram o sistema municipal de saúde da

cidade de Jaíba. Acompanhe essa classificação no gráfico abaixo.

Gráfico 04: Gráfico elaborado a partir das respostas do questionário aplicado aos moradores

do bairros: Nova Esperança, Centro Comunitário do Rio Verde, Bandeirantes e Veredas do

Rio Verde. Pesquisa de campo/maio/2011.

O gráfico acima é resultado de um consenso de todos os bairros pesquisados neste

estudo, visto que classificaram a saúde prestada pela cidade como insuficiente. Ficaram assim

distribuídos: no bairro Nova Esperança, dos 25 moradores entrevistados, 11 classificaram o

sistema de saúde como regular, 01 como bom e 13 como insuficiente, a saber, 44%, 4% e

52%, respectivamente.

No bairro Centro Comunitário do Rio Verde, os resultados ficaram assim distribuídos:

dos 25 moradores entrevistados, 07 classificaram o sistema público de saúde da cidade como

regular e 18 como insuficiente, ou seja, 28% e 72%, respectivamente.

No bairro Bandeirantes, dos 25 moradores, apenas 02 classificaram o sistema público

de saúde da cidade como regular e 23 como insuficiente, a saber, 8% e 92%, respectivamente.

No bairro Veredas do Rio Verde, dos 25 moradores apenas 01 classificou o sistema de

saúde da cidade como regular e 24 classificaram como insuficiente, ou seja, 4% e 96%,

respectivamente.

O resultado geral dos 04 bairros analisados na cidade de Jaíba apontou o sistema

municipal de saúde como insuficiente para com a demanda de seus moradores, incapaz de

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atender as necessidades básicas e específicas de sua população com relação à saúde. Do grupo

absoluto de 100 moradores, 78 classificaram a saúde pública da cidade como insuficiente, 21

como regular e apenas 01 como bom, perfazendo um percentual de, 78%, 21% e 1%,

respectivamente.

Os resultados deste estudo deixam transparecer que o setor público de saúde da cidade

tem deixado a desejar e que os moradores da mesma encontram-se descontentes com essa

situação. A falta de médicos, de aparelhos modernos, ou até mesmo básicos, para a prevenção

e tratamento de doenças, número insuficiente de ambulâncias para atender a toda demanda e

infraestrutura razoável do hospital municipal podem explicar as críticas feitas pela população

no que se refere à saúde municipal.

O gráfico abaixo apresenta oito opções de respostas dadas pelos moradores dos bairros:

Nova Esperança, Centro Comunitário do Rio Verde, Bandeirantes e Veredas do Rio Verde,

quando questionados sobre o serviço público que falta à cidade de Jaíba.

Gráfico 05:. Gráfico elaborado a partir das respostas do questionário aplicado aos moradores

do bairros: Nova Esperança, Centro Comunitário do Rio Verde, Bandeirantes e Veredas do

Rio Verde. Pesquisa de campo/maio/2011.

Os moradores desses bairros identificam a falta de qualidade de sete tipos de serviços

que faltam à cidade como: serviços de saúde, pavimentação, transporte escolar, gestão de

qualidade, assistência social, coleta de lixo, cultura, esporte e lazer. O questionamento visava

identificar ou descobrir um serviço público que não existisse na cidade, mas as respostas

levaram para este lado.

Os moradores entrevistados identificaram a saúde e a gestão de qualidade como os

principais problemas do município de Jaíba. Apareceram como 1% das respostas

pavimentação, transporte escolar, assistência social, coleta de lixo, cultura, esporte e lazer, e

1% não opinou.

Quanto às respostas dadas sobre a questão da existência de possibilidade de progredir na

vida morando na cidade de Jaíba, foram as seguintes:

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Gráfico 06: Gráfico elaborado a partir das respostas do questionário aplicado aos moradores

do bairro Veredas do Rio Verde. Pesquisa de campo/maio/2011.

Os 25 moradores do bairro Veredas do Rio Verde Grande, quando foram questionados

se morando em Jaíba é possível progredir na vida, 96% responderam que não. Isso equivale a

24 moradores; apenas 4% responderam que sim, o que equivale a apenas 01 morador. Os

moradores do bairro Nova Esperança também concordam que não é possível progredir na vida

morando na cidade de Jaíba, uma vez que o percentual ficou dividido em 60% para não e 40%

para sim. No bairro Centro Comunitário os moradores não partilham dessa ideia, visto que o

percentual ficou dividido em 60% para sim e 40% para não. No bairro Bandeirantes, os

moradores ficaram meio que divididos e 54% responderam que sim e 44 responderam que

não.

Provavelmente, o que responde essa falta de oportunidade pode ser apontado pelo fato

de existir pouca oportunidade de profissionalização na cidade. Quanto aos cursos técnicos,

recentemente foi inaugurado o Sesi Senai na cidade. Com relação ao ensino superior, há o

polo da Universidade Norte do Paraná, que oferece cursos EaD. No mais, a cidade não

oferece cursos pré-vestibulares e possui apenas uma escola particular, que abrange a educação

infantil. Com isso, muitos jovens procuram cidades como Janaúba e Montes Claros para

estudo e trabalho. Grande parte desses jovens não volta para a cidade, pois a mesma não

oferece boas oportunidades de empregabilidade.

Este estudo visualizou o bairro Veredas do Rio Verde e o Nova Esperança com

moradores tendo um poder aquisitivo bem menor que o Centro Comunitário Rio Verde e

Bandeirantes, o que justifica, dessa maneira, a diferença entre as perspectivas para futuro

entre os moradores dos bairros, uma vez que os moradores do bairro Centro Comunitário do

Rio Verde tem o poder aquisitivo elevado e renda mensal satisfatória, enquanto os moradores

dos demais bairros deste estudo sobrevivem com um salário mínimo.

Dando prosseguimento à análise dos serviços públicos de Jaíba, o gráfico abaixo foi

elaborado em resposta ao questionamento sobre a existência de rede de esgoto. Este gráfico

expressa as respostas dos moradores do bairro bandeirantes.

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Gráfico 07: Gráfico elaborado a partir das respostas do questionário aplicado aos moradores

do bairro Bandeirantes. Pesquisa de campo/maio/2011.

Os moradores do bairro Bandeirantes que relataram problemas relacionados à rede de

esgoto afirmam que este tem causado um odor desagradável. Somente 32% dos moradores

desse bairro já usufruem do serviço, o que corresponde a 08 dos 25 moradores, e 68% ainda

não começaram a utilizar esse serviço, o que equivale a 17 moradores.

100% dos entrevistados no bairro Nova Esperança ainda não possuem rede de esgoto.

No centro comunitário, 8% possuem e 92% não possuem e no Veredas do Rio Verde, apenas

4% possuem e 96% não possuem rede de esgoto.

Sobre os principais problemas estruturais do bairro Veredas do Rio Verde, seguem

abaixo as respostas em porcentagem.

Gráfico 08: Gráfico elaborado a partir das respostas do questionário aplicado aos moradores

do bairro Veredas do Rio Verde. Pesquisa de campo/maio/2011.

Os moradores do bairro Veredas do Rio verde destacaram como sendo os principais

problemas do bairro a não existência de asfalto (24%), 20% violência, 28% drogas e 28%

alagamento das ruas no período das chuvas. O bairro Bandeirantes compartilha esses mesmos

problemas, onde destacaram 16% não existência de asfalto, 24% violência, 28% drogas e 32%

alagamento das ruas quando chove. No bairro Nova Esperança, a violência aparece com 52%,

drogas com 24%, e falta de policiamento com 24%. O Centro Comunitário do Rio Verde

identificou a falta da rede de esgoto com 92%, a não existência de asfalto com 4% e 4% não

identificou problemas.

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Em termos de lazer, os moradores de Jaíba, principalmente os de classe baixa,

encontram poucas opções, já que os dois clubes são privados. O esporte está traduzido na

imagem do ginásio do poliesportivo da cidade, que carece de uma reforma na sua

infraestrutura.

Conclusão

Existe uma visão de que a cidade de Jaíba é um excelente lugar para se viver, no

entanto, a partir dos questionários aplicados, a realidade social dos moradores locais revela

paralelismos, uma vez que problemas diversos são apontados pelos mesmos, sendo que o

progresso não está sendo usufruído por todos.

É possível perceber que o crescimento urbano do município ocorre de maneira

acelerada, todavia os resultados não se fizeram sentir para muitos moradores localizados na

zona urbana de Jaíba. Os problemas estruturais da cidade afetam a uma parcela significativa

da população mostrando que é necessário políticas públicas sociais mais eficazes. Os gráficos

indicam que o bairro Centro Comunitário do Rio Verde apresenta melhores condições

estruturais como esgoto, asfalto, saneamento básico, dentre outros. Já os bairros Veredas,

Nova Esperança e Bandeirantes apresentam grande índice de violência, problemas de falta de

esgoto, asfalto e lazer.

Os questionários aplicados com os moradores ainda revelam que o discurso político e

econômico salientando a grandiosidade de Jaíba e de sua agricultura irrigada não é

compartilhado por todos. Parece que o bolo cresceu, mas aqueles que contribuíram para a sua

produção ainda estão na fila à espera de sua fatia.

FONTES:

a) Endereços eletrônicos

http://www.ibge.org.br.

http://www.ihgmc.art.br/revista_volume2.htm

http://www.mg.gov.br/governomg/portal/m/governomg/conheca-minas/geografia/5669-

localizacao-geografica/5146/5044

http://educacao.uol.com.br

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cultural,1983.

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PEREIRA, Anete Marília. Cidade média e região: o significado de Montes Claros no norte de

Minas Gerais. (Tese de doutorado em Geografia). Uberlândia, Universidade Federal de

Uberlândia-UFU, 2007.

POLIDORI, Maurício; KRAFTA, Romulo. Crescimento urbano – fragmentação e

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