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O GNERO NEOMARICA NO COMBATE EROSO (*)
ADELMAR F . COIMBRA FILHO Administrador do Parque da Gvea.
So bem conhecidos os estragos causados pela eroso aos terrenos declivosos e encostas marginais das estradas, parques, pomares etc. Aqueles e estas podem, entretanto, ser protegidos por meio de vegetao adequada, de pequeno porte, a qual, criando obstculo poderoso ao livre escoamento das guas, reduza a velocidade desse elemento e, portanto, a sua ao desgastadora. No fcil, todavia, encontrar uma vegetao que satisfaa plenamente a todos os requi-sitos que deve apresentar uma boa planta detentora da ero-so . Neste sentido cabe ao tcnico escolher uma espcie que atenda s seguintes exigncias principais:
1 RUSTICIDADE 2 CRESCIMENTO RPIDO 3 PERENIDADE 4 RAZES FORTES E FASCICULADAS 5 ALASTRAMENTO QUE GUARNEA O TERRENO
Na famlia IRIDACEAE encontramos o gnero Neoma-rica formado por plantas rizomatosas, de pequeno porte, que apresentam aprecivel valor no controle da eroso, princi-
() Entregue para publicao em 10 TV/1949.
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palmente em encostas sombreadas. Este gnero oferece todas as vantagens acima enumeradas, alm de outras.
So plantas rsticas, sem sujeio particular a nenhu-ma praga ou doena especfica que as prejudique; mos-tram-se, ademais, capazes de bem suportar estios mais ou menos prolongados. Seus rizomas ricos em reservas nutriti-vas asseguram-lhes a sobrevivncia nessas pocas desfavo-rveis .
Apresentam rpido crescimento, bem como raizes fasci-culadas e resistentes, que so o elemento consolidador do solo por excelncia.
Alastram com grande rapidez, pois, alm de frutifica-rem fartamente, emitem abundante propagao vegetativa, donde em breve se originam novos ps. Guarnece-se, assim, de modo firme o terreno (Fig. l),-no qual, j desde o mo-mento do plantio, se obtm o benefcio de retardar o movi-mento de descida das guas.
Em trechos que margeiam matas (Fig. 2), nem sempre possvel, devido ao sombreamento, o emprego de quaisquer outras plantas anti-erosivas, tais como a "grama forquilha", a "grama das Bermudas", a "grama de Pernambuco" e t c , porque a falta de luz lhes desfavorvel. Poder-se-o, porm, utilizar as espcies do gnero "Neomarica", pois elas se adaptam to bem sombra quanto ao direta dos raios solares.
Uma das maiores vantagens dessas plantas, alm das j citadas, para a defesa do solo contra a ao mecnica das guas, a disposio que oferecem as suas folhas, as quais reproduzem, em conjunto a forma de um perfeito leque. Com isto se tornam elas, quando plantadas em massios, um aprecivel anteparo s enxurradas, o melhor que j tivemos ocasio de observar.
As experincias por ns feitas no Parque da Gvea com a Neomarica Northiana (SCHN.) Sprague (forma cultiva-da) (Fig. 3) demonstraram ser esta a espcie mais indi-
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cada. Com o seu plantio, encostas outrora erdidas acham-se atualmente em fase de franca recuperao (Fig. 4 ) . E' de obteno fcil, porque nativa em terrenos midos do nosso interior. E, planta cultivada que , adapta-se sem dificul-dade a condies diferentes de solo e de clima.
Nesta, como nas demais espcies do mesmo gnero, as folhas se apresentam alongadas ensiformes, invaginantes na base, eretas e dispostas em "leque". "A base destas to fortemente aplicada que forma um cilindro aberto em sua frente. Mais para cima aplicam-se as duas metades do limbo to intimamente e de tal maneira que constituem uma nica superfcie bifacial." (*)
Floresce de setembro a novembro. O escapo tem a forma da folha. As flores, de grande
valor ornamental, tm infelizmente durao efmera: desa-brocham pela manh, murchando pouco depois do meio-dia . Nelas predomina a tonalidade branca, mesclada de roxo ou azul, devendo-se notar que, em outras espcies, encontra-dias na Gvea, as flores apresentam outros tons. A inflo-rescncia protegida por bracteas imbricadas. Estigma tr-fido; ovrio nfero, trilocular; fruto cpsula.
Aps a florao, surgem da haste floral diversas "mudas".
O plantio dever ser feito em dias chuvosos, fileiras al-ternadas, isto , ocupando a planta da fileira inferior o lugar que corresponde ao espao vago na fileira superior, e de modo que tenha cada muda a parte facial das folhas voltada para a direo de onde provm as enxurradas (Fig. 5) .
O espaamento a adotar fica na dependncia do declive: quanto maior for este, menor dever ser a distncia entre as mudas; pode-se, contudo, tomar por base o compasso de 30cm. x 30cm.
() DECKER. J. S . : "Aspectos Biolgicos da Flcra Brasileira", pg. 484.
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No obstante os predicados acima, que, a nosso ver, muito recomendam a Neomarica Northiana (SCHN.) Spra-gue, vrias outras espcies e variedades podero, tambm, ser utilizadas com proveito. Delas nos ocuparemos noutro artigo.
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Ftff. 1 Parque da Gvea. Neomarica Northiana (Schm.) Sprague guarnecendo o terreno.
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Fig. 2 Parque da Gvea. Encosta protegida por Neomarina Northiana (Schm.) Spraeue.
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Fig. 3 Exemplar de Neomarica Northiana (Schm.) Sprague.
Fig. i Parque da Gvea. Caminho com declive e aclive marginais protegidos por Neomarica Northiana (Schm.) Sprague.
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