PERMANENTE DE TEATRO - Facebook · mais marcantes nomes do teatro do século XX, o ator...
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ori
al A revista Palcos está de volta para a sua segunda
edição do ano em curso. Esta edição sucedeu ao
Fórum Permanente de Torre de Moncorvo que foi
realizado no passado mês de Outubro e que coincidiu
com o IV Festival de Teatro Ibérico realizado em
parceria com o Município local e a nossa congénere
Espanhola, a Escenamateur e contando com o apoio
do GAFT – alma de Ferro.
Esta edição é também a última do ciclo dos atuais
órgãos sociais da FPTA. É tempo de os associados
começarem a refletir sobre o futuro que virá a
seguir e também sobre a forma como querem que
esta entidade leve por diante os seus objetivos
primordiais: contribuir para o desenvolvimento do
teatro, através da promoção de diversas iniciativas,
em todo o território nacional, que se enquadrem
dentro dos princípios de formação, organização e
divulgação dos seus produtos e atividades e, das suas
associadas.
Aproveito, pois, para agradecer aos meus colegas do
conselho editorial e ao professor João Maria André
a colaboração prestada que ajudou a cimentar a
importância desta publicação.
O futuro será aquilo que nós (todos) quisermos e é
necessário que novos protagonistas se perfilem no
horizonte…
Queria destacar, a nível nacional, duas notas
positivas: a Web Sumit que se realizou em Lisboa
de 6 a 9 de novembro, a maior feira de startups
do mundo que se transformou no palco do
empreendedorismo tecnológico. Para as startups, a
Web Summit foi uma oportunidade para se darem
a conhecer, cativarem clientes e encontrarem
potenciais investidores, tendo estado em Lisboa
empresas de mais de 60 países. A segunda nota
positiva foi o facto de o nosso País ter sido eleito a 8
de Novembro, de novo, para o Conselho Executivo da
Unesco sendo que este era um desiderato prioritário
para o governo, dado que é sinal do reconhecimento
internacional da importância que o nosso país atribui
ao multilateralismo, conforme ficou bem patente
no trabalho aberto, transparente e inclusivo que
Portugal desenvolveu durante o mandato que exerceu
no Comité do Património Mundial da UNESCO e
constitui uma mais-valia para a projeção da imagem
do nosso país a nível internacional permitindo uma
capacidade de intervenção acrescida na comunidade
internacional. Com 195 estados-membros e oito
membros-associados, esta agência da ONU tem
um objetivo ambicioso: "Construir a paz no espírito
dos homens através da educação, ciência, cultura e
comunicação".
Neste número vamos saber um pouco mais sobre
Rui Ferreira, formador de iluminação nos Fóruns
da FPTA, traçamos também uma panorâmica sobre
o Fórum de Torre de Moncorvo e levantamos o véu
sobre os anfitriões do próximo Fórum Permanente
que vai acontecer em Esmoriz nos dias 24, 25 e 26
de março de 2018: o Grupo de Teatro Renascer; O
professor João Maria André fala-nos de um dos
mais marcantes nomes do teatro do século XX, o
ator inglêsEdward Gordon Craig.Para refletir, sugiro
o texto da rubrica Boca de Cena que se dirige aos
associados.
Eis aqui, em resumo, os temas que iremos abordar
nas próximas páginas desta nossa (vossa) Palcos
Espero que gostem!
Fernando Rodrigues
Director da Revista PALCOS
2
FICHA TÉCNICAPropriedade Federação Portuguesa de Teatro
Praça José Afonso, 15 E | C.
C. Colina do Sol, Loja 55 | 2700-495 Amadora
Diretor Fernando Rodrigues
Conselho Editorial Tânia Maria Falcão, José Teles, Anabela Teixeira, Manuel Ramos Costa e Bruno Gomes
Colaborador permanente João Maria André
Fotografia Alice Grade e Carla Ferreira
Grafismo e Paginação DENOMEDIA
Periodicidade Semestral | Edição Digital
Índice
editorial 2 conversas de bastidores - Rui Ferreira 4-11 estreia - XIX Fórum Permanente de Teatro 12-14 boca de cena - Esforço e dedicação 15-16programa de sala - Esmoriz / Renascer 17-20reportório - Edward Gordon Craig 21-24sem palco - O Aleph 25-27
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Filho de Maria José da Silva Ferreira e de Joaquim Ferreira, Rui Manuel da Silva Ferreira,
nasceu a 11 de Setembro de 1974, na Sagrada Família, em Angola, de onde veio, com 9
meses, para morar na Amadora. Aqui passou a sua infância com os seus dois irmãos – ele é
o do meio - e bem assim com os seus amigos de rua, jogando à bola, ao pião e às escondidas
entre outras brincadeiras. «Nessa altura – diz-nos – sinto que havia realmente a amizade.
Éramos todos como uma equipa. Não havia interesses e egoísmos.»
Como quase todos os rapazes, o Rui gostava de ser jogador de futebol. Na altura, porém,
não tinha idealizado qualquer profissão, embora aos 13 anos tenha começado a ir trabalhar
com o seu pai aos fim-de-semana e nalguns dias de férias, a pintar casas, para poder ter
algum dinheiro extra para si.
«O tempo da infância passa tão depressa que nem damos por isso.»Diz-nos, acrescentando:
«No entanto, quando somos jovens parece que é uma eternidade!» E prossegue: «Tinha
6 anos quando experimentei o sentimento de perda, com o falecimento da minha avó,
com quem morávamos. Marcou-me também ver, mais tarde,alguns dos meus amigos
desaparecer em por causa da droga.» Concluindo: «Eu também sofri muito, até aos dez
anos, com bronquite asmática, que veio a passar com a idade.»
Casado com Carla Ferreira, com quem tem duas lindas filhas – Inês e Beatriz, – o Rui é um
tipo fantástico, cheio de humildade, muito afetuoso, dedicado e objetivo. Sempre ávido
de conhecimento, é igualmente bom a ensinar – que o digam os formandos que têm
frequentado o painel de luminotecnia, nos fóruns permanentes de teatro da Federação!
Trabalha numa fábrica por turnos e nos tempos livres dedica-se apaixonadamente à família
e ao teatro. Gosta de jogar à bola, de passear e de petiscar, coleciona moedas, selos, notas,
etc. Diz-se ator, cenógrafo e técnico luz/som. Amigo do próximo, está sempre pronto para
ajudar. Além das formações de Teatro, o Rui tem formação de socorrista e de Desfibrilhação
Automática Externa. E ainda de Empilhadores e Pontes rolantes contra pesados e de
Combate a incêndios com extintores. Gosta de cozinhar e de dar sangue.É dador há vinte
anos. E por fim, gosta mais de falar do que escrever. Pois bem, falemos, então…
***
RUI FERREIRA Luz, som, acção.
Manuel Ramos Costa - Família, o que representa
para ti?
Rui Ferreira – A família para mim significa, casa,
estabilidade, apoio, conforto, amigos.
Sei que o teatro não estava nos teus planos. Como
foi então que ele surgiu na tua vida?
No 7 º ano, na Escola Secundária da Falagueira, tive
uma professora que quis fazer uma performance de
teatro acerca da meteorologia, em que entrei com a
minha amiga Carla Chambel (hoje, atriz), que era da
minha turma. Mas ficou por aí. O teatro propriamente
dito surgiu em 2002, quando a minha mulher se
inscreveu num curso de atores no Teatro Passagem
de Nível. Era eu que a ia levar e depois buscar, até que
um dia o Sr. Porfírio Lopes disse para eu ir visitar o
espaço e ver o curso. Fui, inscrevi-me e fiz o curso. No
ano seguinte ingressei na Direção como Secretário,
passei depois para Instalações e Património e, desde
2007, fui o Diretor técnico/responsável no Auditório
de Alfornelos, até Março deste ano.
Fizeste formação na área da iluminação, com quem?
Fiz formação com o Mestre, Orlando Worm, em 2009;
com o Paulo Prata Ramos, em 2012; e com o Mário
Pereira, em 2014, que me ensinou e ajudou muito
quando ia aos Recreios da Amadora.Fiz também dois
cursos de Light Designer e Técnico de Iluminação
Chamsys Magic Q, sobre ledes e robótica/ 2 módulos,
em 2015 e 2016.
A luz desenha-se? Explica-nos.
A luz desenha-se, sim, e muitas vezes num espectáculo
é tão importante como o trabalho do ator. A luz marca
espaços, acompanha a ação, cria ambientes (dia /
noite), dá profundidade (contras), produz destaques,
seguimentos de atores (followspot), faz portas,
corredores, usando-se fumo ou safex (produto de
marcação de luz). Na peça «Pessoa», os projetores
pontuais eram todos medidos com fita métrica,
para que fossem todos iguais. Entendo que para se
fazer um bom desenho de luz é necessário, além de
conhecimentos técnicos, ter sensibilidade.
Trata-se de um trabalho ingrato, porque todos
querem ser atores para receber «palmas», enquanto
os técnicos muitas vezes não têm agradecimentos
nem tão pouco os seus nomes aparecem nos
cartazes. E contudo, a conceção de um desenho de
luz é um trabalho complexo, desenvolvido ao longo de
muitos ensaios e de interação com os encenadores,
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cenógrafos e figurinistas.
O técnico de luz é dos primeiros a chegar ao teatro
para as montagens e verificações. E é o último a
sair. Ou seja, a luz é o conjunto de ideias, de ações e
ambientes, que estão desenhadas/predefinidas antes
da montagem.
E o som, também. Com quem aprendeste a fazer
desenhos de som?
Já fazia desenhos de som, com efeitos e músicas desde
2003/4 em peças e animações do Teatro Passagem
de Nível. Mas em 2012 obtive de facto formação de
Desenho de Som, com o Pedro Esteves.
Se te fosse dado viajar agora, para onde irias? E
levarias o quê ou quem contigo?
Talvez Paris, Disneylândia. Levaria as minhas filhas,
pois estão sempre a perguntar quando é que podemos
lá ir. (Apesar de eu já lá ter ido duas vezes, é um lugar
que nos faz sonhar!)
O que te levaria a parar o mundo?
Não sei, se tenho tantos poderes para isso… Andamos
numa vida sempre a correr… Cada um olha cada vez
mais só para o seu umbigo… Que se eu parasse o
mundo acho que não alterava nada. Seria um esforço
em vão. Na verdade, se eu não mudar a minha
maneira de ser, não são os outros que o irão fazer…
Normalmente dizem todos que querem mudar o
mundo, mas ninguém muda a si próprio.
As gentes do teatro – dizem – são supersticiosas. E
tu és?
Por acaso não sou, passo muitas vezes por debaixo
do escadote.
O que é que, como pessoa, olhando ao teu redor,
mais te dói?
Ver tanta injustiça e tanta pobreza.
Partindo da frase que se segue, completa o teu
pensamento: «Não sou feito de fotocópias. Sou
feito de…»
Mim próprio.
Se tivesses de te pintar de alto-abaixo, que cores
utilizarias?
Muitas vezes pintar-me-ia de preto. Preto é uma cor
neutra e absorve todas as outras, (absorver/observar/
aprender). E também de branco. Branco é o conjunto
de todas as cores, e na nossa vida precisamos de
todas.
Há quem afirme que o teatro está cheio de pessoas
orgulhosas e arrogantes, de mercenários e traidores
e que tal facto ilustra bem o estado miserável em
que a nossa sociedade mergulhou. Que dizes tu
disto?
Infelizmente, não é só no teatro, e a nossa sociedade é
o espelho, quando só se olha para o próprio umbigo.
Teatro Passagem de Nível. Fala-nos do teu percurso
neste grupo.
Em 2002 fiz um Curso de teatro (Oficina de Teatro)
assim composto: Adereços/Cenografia, com Rita
Mandeiro e Jorge Venâncio; Desmontagem de Texto,
Porfírio Lopes; Iniciação à Técnica de Representar,
Isabel Leitão; Movimento e Caracterização, Nani
Lima; Voz e Dança, Cristina Benedita, num total de 72
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reshoras de formação. Em 2004/5, fui Diretor do Teatro
Passagem de Nível, tendo como cargo o de Secretário;
Em 2006/7, Diretor em Instalações e Património;
E de 2007 a 2017 Vice - Presidente do TPN, Área
Técnica. Fui durante dez anos responsável Técnico do
Auditório de Alfornelos, com programação regular,
festivais de teatro (Amadora em Cena e Mostin –
Mostra de Teatro para Infância); Serões dos Poetas,
todos os meses; Intercâmbios de norte a sul do país;
performances, animações, Oficinas de Teatro, saraus,
fados, música, dança, cinema. Em 2015 dei formação
no Auditório de Alfornelos; E fiz uma «Oficina de
atores-Interpretação» – ministrada pelo diretor André
Pais Leme e os atores Alexandre Dantas e Cláudia
Ventura, da Companhia Cia Falácia, Rio de Janeiro. Em
2006 estive na organização do III Congresso da Anta na
Amadora onde fui o responsável técnico, nos Recreios
da Amadora, e em 2015, na Organização do XIV Fórum
Permanente de Teatro Amadora. Participei como
ator em várias peças, animações e performances. Fiz
cenografianas peças «Fotos de fogo», «Aventuras de
animais e outros que tais» e «Aventuras do Tozé»,
adereços. Fiz vários desenhos de luz em saraus na
Escola de dança Aysel Dance, Academia dÀrtes Vera
Wilson e em concertos de música, Pedro Branco,
Filipa Pais, e em noites de Fados. Em teatro, além de
peças como ator, cenografia, desenho de luz e som,
e ultimamente técnico de luz, fiz e continuo a fazer
também fotografia de cena.
O que é que verdadeiramente te faz feliz?
Ter saúde. Ser reconhecido pelo meu trabalho. Faz
bem à autoestima. Estar com a família/filhas.
Para além do Passagem de Nível, sabemos que tens
colaborado com outros grupos e em vários eventos.
Quais?
Felizmente tenho tido amigos que têm reconhecido
o meu empenho e o meu trabalho nesta área.
Colaborei com o Grupo Hidroprojecto, em «Vic e
o Ambiente», para o qual fiz o desenho de luz e a
técnica; Teatro Nova Morada, a pedido do encenador
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res Nuno Loureiro, na Peça «O Macaco do rabo cortado»,
o desenho de luz e a técnica, no Teatro Turim em
Benfica e nos Recreios da Amadora; «O teu sonho»,
da Escola de Teatro Musical, (Casa do Artista), com
construção cénica, adereços, operador audiovisual,
desenho de luz e técnica; Casa do pessoal da Epal,
Grupo de Teatro H20, «Os crimes de Diogo Alves»,
em que fui ator; Projeto de Eva Lourence, «No Fim da
Linha»,com encenação de Nuno Loureiro, e no elenco
Alcinda Melo, Helena Laureano, Hugo Sequeira, para
o qual fiz o desenho de Luz e a técnica; «Começar
Acabar», de João Lagarto, desenho de luz e técnica);
Cia.Falácia (Rio de Janeiro), «Histórias que não
deviam ser contadas», no Auditório de Alfornelos e
Chapitô), desenho de luz; Gatem espelho Mágico,
«Quebra-Nozes», no Fórum Luísa Todi, desenho de
luz; e noutros espetáculos na parte técnica.
Como achas que anda atualmente a Cultura?
A nossa Cultura está como o nosso país,tem pouco
investimento.
És técnico de luz e de som mas também ator. Se te
fosse dado seguir unicamente por uma das áreas,
qual delas escolherias?
São três áreas completamente distintas, mas sinto-
me mais à vontade como técnico de luz. Gosto
principalmente de criar desenhos de luz e de ver
depois o espetáculo por fora.
Eu sei que para um artista todos os trabalhos são
especiais. Mesmo assim arrisco em perguntar-te:
Até agora qual foi trabalho que mais gostaste de
fazer? Porquê?
Não posso eleger só um, mas destaco «No fim
da linha», pela temática sobre o tráfico humano/
prostituição; «Pessoa», vencedor do Conte 2016;
«A moura» (Prémio de melhor desenho de Luz, em
Esmoriz); «Quebra Nozes», que no Fórum Luísa Todi
esteve sempre lotado; e a minha última experiência,
como figurante na peça «Pedro e Inês», produzida
pela Acal para a Viagem Medieval de Santa Maria da
Feira, com um elenco de mais de cem pessoas (atores,
figurantes e dançarinos), numa grande encenação
do meu grande amigo Manuel Ramos Costa. Foi
igualmente uma experiência muito agradável para a
minha família que nela também participou.
E o mais inusitado ou esquisito?
Alguns. Uns devido ao contexto… Houve um
espetáculo em que tive de fazer a técnica, depois do
intervalo, porque o técnico, embriagado, começou
a cometer muitas falhas, muitas vezes em blackout,
e como tinha sido eu a montar o espectáculo e
tinha visto o ensaio… fiz o trabalho. Outra vez, em
Alfornelos tínhamos começado a representar a peça
«Alice no país das maravilhas», e passado um bocado
começou-se a ouvir um cão a ladrar… Era uma velhota,
que levava uma mala ao ombro e tinha lá dentro um
caniche.
O que mais admiras num espetáculo?
A simplicidade.
De todos os espetáculos que já viste, quais foram os
que mais te agradaram e porquê?
Felizmente já vi bastantes. Gosto de ver teatro para a
infância,clássicos, com as minhas filhas, com os quais
se aprende algumas coisas. Realço no entanto «O Rei
Lear» e «A Casa do Lago», com o Sr. Ruy de Carvalho.
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Há quem diga que a multimédia está a adulterar o
teatro. Que dizes?
Nalguns casos, há excessos de vídeo-projeções
e robóticas que não se percebe o porquê… Em
concertos aceitam-se. Na minha opinião, está-se a
sair fora do teatro tradicional. No entanto, há casos
em que funciona como um complemento. Tenho visto
peças em que se não fosse a vídeo-projeção a fazer o
cenário e as mudanças de cena, perdiam muito…
Quando saídos das Academias, a maioria dos
atores e técnicos de teatro não encontra trabalho.
E para poderem sustentar-se acabam por trabalhar
noutras áreas, como por exemplo a restauração. Na
tua opinião o que falta aos artistas portugueses?
Infelizmente, não é só no teatro. Devia de haver
parcerias /protocolos entre Teatro, Companhias e
Escolas Superiores, Academias, etc. Por vezes as
pessoas acomodam-se e não procuram outros estilos,
outras regiões.
Como vês o teatro na educação portuguesa?
Na minha opinião é positivo porque, o Teatro tem
disciplina, rigidez, horários, trabalho em equipa,
voluntariado e engloba várias vertentes, tanto na
respiração, voz, escrita criativa, figurinos, cenografia,
etc. É uma mais-valia na formação das pessoas.
O que pensas das ações que a FPT (Federação
Portuguesa de Teatro) tem levado a efeito,
designadamente: o Fórum Permanente de Teatro e
o Conte?
As ações da Federação principalmente o Fórum
Permanente de Teatro, são de aplaudir e agradecer,
à Federação, aos grupos organizadores e municípios
o esforço /trabalho que fazem de 6 em 6 meses, para
que o pessoal dos grupos de teatro de Norte a sul do
pais, possa aprender o básico, explorar e aperfeiçoar
algumas técnicas, a um preço simbólico. O Fórum
para mim também foi uma escola onde adquiri bases
que não tinha. Por sua vez, o CONTE é um Festival
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res de Teatro muito importante, realizado em parceria
com a Câmara Municipal Póvoa de Lanhoso e com o
apoio da Fundação Inatel. Participei neste concurso
duas vezes: uma foi com a peça «Fotos de Fogo»,
cenografia e desenho de luz; a outra, em 2016,com a
peça, «Pessoa», que obteve o Prémio Ruy de Carvalho
para Melhor Espetáculo.
Tens participado como formador desde o XIII Fórum
Permanente de Teatro. Fala-nos desta experiência…
Para mim tem sido uma experiência maravilhosa e
estou extremamente agradecido ao Luís Mendes que
foi a primeira pessoa a convidar-me e aos restantes
membros da direção da FPTA que continuam
a apostar e acreditar em mim. É muito bom
podermos experimentar realidades completamente
diferentes da nossa, noutros auditórios, com outros
equipamentos, etc., o que nos proporciona também
aprender e partilhar conhecimentos. Sinto-me pois
honrado e agradecido por poder estar nesta família
de grandes mestres desta arte. Venha o próximo…
Que dirias tu, em jeito de conselho, aos jovens
que pretendem seguir artes e, mais propriamente,
Teatro?
Digo que não desistam dos seus sonhos e que têm de
trabalhar muito. Que procurem aprender sempre e
que sejam briosos em tudo o que façam.
Para além da tua profissão e do Teatro, que outros
valores te prendem à vida?
A minha família, as minhas filhas, jogar à bola,
passear, fotografia, dar uns mergulhos e comer uns
bons petiscos. Aproveitem a vida passa tão rápido.
Se fosses um grão num saco cheio de areia, achas
que te reconhecerias?
Se fosse o único grão, claro que sim, pelos óculos,
pelo sorriso.
Sei que gostas de cozinhar e que o fazes muito
bem… Que pratos teus mais nos recomendarias?
Depende da ocasião, felizmente, sei fazer de tudo um
pouco, grelhados, sopas, sobremesas… Ah! Faço um
bolo de bolacha com mousse de chocolate, muito
bom. E Bacalhau à Gomes Sá (não faço na Bimby).
Qual é o teu lema de vida?
Estar bem comigo próprio. Se tenho que fazer algo,
procuro fazê-lo sempre o melhor possível.
Que compras gostarias de fazer agora mesmo para
teu conforto ou para conforto dos teus?
Neste momento não tenho nada em mente, mas
basta-me ter saúde, que já é um grande conforto para
mim.
***
A simplicidade que ele tanto admira num espetáculo não deixará certamente de ser
semelhante à simplicidade com que ele tem correspondido e continua a corresponder
às muitas solicitações das pessoas que o rodeiam onde quer que esteja: em família, no
trabalho, no teatro ou até mesmo nesta entrevista para a «palcos». Com simplicidade e
prontidão. Ah! E com um sorriso. O seu sorriso por detrás dos óculos.
Manuel Ramos Costa
Encenador/dramaturgo
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XIX FÓRUM PERMANENTE DE TEATROIV Festival Ibérico de Teatro
TORRE DE MONCORVO
Torre de Moncorvo acolheu o XIX Fórum Permanente
de Teatro, uma organização da Federação Portuguesa
de Teatro em parceria com o GAFT – Alma de Ferro.
A título excecional, decorreu em simultâneo o IV
Festival Ibérico de Teatro, com a mesma parceria,
incluindo a congénere espanhola Escenamateur.
A Federação Portuguesa de Teatro contou com
a parceria institucional do Município de Torre de
Moncorvo e o Fórum aconteceu um pouco por toda a
vila: Escola Sabor Artes, Centro de Memória, Museu
do Ferro, Celeiro, Junta de Freguesia e Cineteatro.
A combinação entre os dois eventos permitiu a
apresentação de 6 espetáculos: no Cineteatro –
“Leandro, O Rei da Helíria” pelo ARCA – Associação
Recreativa e Cultural de Aveleda; “A Mandrágora”
pelo GAFT- Alma de Ferro; “Visitando a la señora
Green” pelo Paraskenia Teatro, de Talavera de La Reina
– Toledo e o vencedor do CONTE 2017 – “Palco de
Babel” pelo Grupo Dramático e Recreativo da Retorta.
O evento contemplou ainda dois espetáculos infantis
para as escolas de Torre de Moncorvo: “O Avião que
tinha medo das alturas” pela Contacto de Ovar e
“Ângela e as Caramelas Voadoras” pelo ATA – Grupo
de Teatro Artimanha. No Largo General Claudino foi
possível assistir ao espetáculo espanhol “Macb[eat]
h” pelo grupo Melpómene de Madrid.
Depois das boas-vindas do grupo anfitrião e do
Município de Torre de Moncorvo, eis que chega o
momento de acolher os participantes desta XIX edição
13
estr
eiado Fórum: Associação Teatro sem Dono, ATA – Acção
Teatral Artimanha, Ateneu Artístico Vilafranquense,
Clube da Sertã – A.Com.Te.Ser – Companhia Teatral
da Sertã, Contacto – Companhia de Teatro Água
Corrente de Ovar, GAFT – Alma de Ferro, GETAS
– Centro Cultural de Sardoal, Grupo de Teatro
Renascer, Grupo Nun´Álvares Teatro Vitrine, Teatro
Nova Morada, TIL – Teatro Independente de Loures,
TPN – Teatro Passagem de Nível, ACAL – Associação
Cultural e Artística da Lourocoop, Plebeus Avintenses
e Confederaçao – Colectivo de Investigação Teatral.
Os grupos tinham à sua escolha 11 painéis de
formação:
JOGO DRAMÁTICO – “Vamos Brincar ao Faz de Conta”
– MARIA JOÃO VIEIRA; PREPARAÇÃO DO ACTOR –
“Respiração e Voz” – SÓNIA SOUSA; IMPROVISAÇÃO
TEATRAL – “Improvisação Dirigida” – NUNO LOUREIRO;
CRIAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO ESPECTÁCULO – JORGE
FRAGA; TEATRO MUSICAL – INÊS SANTOS; DANÇAS
MEDIEVAIS – MARIA SALVATERRA; ILUMINAÇÃO
DE CENA – “Os Equipamentos e a Montagem” –
RUI FERREIRA; CENOGRAFIA E ADEREÇOS – JOÃO
BARROS; ESCRITA CRIATIVA – MANUEL RAMOS COSTA;
CARACTERIZAÇÃO – AURORA GAIA; FOTOGRAFIA DE
CENA – PAULO SOUSA.
O habitual espaço de debate- “Painel de Dirigentes”
decorreu no Auditório do Centro das Memórias onde
foram debatidos alguns projectos, assim como o
futuro da FPTA.
O XIX Fórum Permanente de Teatro homenageou
o dramaturgo Jorge Luís Borges. Escritor, poeta,
tradutor, crítico literário, ensaísta e bibliotecário de
ascendência judaico-portuguesa, nasceu em Buenos
Aires, na Argentina, a 24 de agosto de 1899. A sua
ascendência portuguesa deve-se ao bisavô, Francisco
Borges, que nasceu em Portugal, em 1770, tendo
vivido em Torre de Moncorvo, antes de emigrar
para a Argentina, onde casou. O próprio escritor
sempre assumiu a sua ascendência Portuguesa e
Moncorvense. Em 1984, é-lhe atribuído título de
Cidadão Honorário Moncorvense.
A homenagem, singela mas genuína, foi realizada
pelo grupo de formandos do painel de Escrita
Criativa a cargo de Manuel Ramos Costa. Baseados
no texto intitulado “O Aleph”, com encenação de
Daniela Serra Cardoso (GAFT- Alma de Ferro) e
orientação do respetivo formador, apresentaram um
excelente e interessante exercício de representação.
Esta apresentação foi apoiada pelos formadores e
formandos dos Painéis de Caracterização, Iluminação
e Construção de Cenografia e Adereços.
O XIX Fórum termina com a fotografia de grupo, entre
risos, abraços e a alegria contagiante que une esta
estr
eia
14
XIX FÓRUMPERMANENTE
de
TEATRO
IV FESTIVAL IBÉRICO DE TEATRO
TORRE DE MONCORVO5 6 7 8 de
. . eout. 2017
“grande família” que é a Federação Portuguesa de
Teatro.
Será em Esmoriz que fechamos um ciclo de XX edições
do Fórum Permanente de Teatro pela mão do Grupo
de Teatro Renascer nos dias 23, 24 e 25 de março
de 2018. Esperam-nos muitas surpresas, animação,
convívio e grandes estórias que teremos para recordar
neste caminho que o Fórum já percorreu.
Tânia Falcão
15
esta será a última vez, nesta revista, que me dirijo
a vós na qualidade de Presidente da Federação
Portuguesa de Teatro. O mandato que se iniciou em
Janeiro de 2014 em Sardoal, terminará em Março de
2018 em Esmoriz no XX Fórum Permanente de Teatro.
Cumpre-me pois fazer um balanço deste mandato
difícil, com alterações significativas a nível da Direção
que se verificaram ao longo deste período, mas que
apesar das contrariedades, foi possível com muito
esforço e dedicação manter a funcionalidade da sua
equipa.
Foram aperfeiçoados e consolidados projetos,
iniciaram-se outros, mas mais importante do que
tudo isto foram as “sementes” que se lançaram para
a próxima equipa que se seguirá. É impensável para
mim, depois de todo o trabalho efetuado em prol do
projeto Federação Portuguesa de Teatro, que não
exista boa vontade e capacidade para que se continue
a lutar pelo Teatro e pelas Associadas.
A FPTA é um bem inequívoco que devemos manter e
preservar. O seu papel é demasiado importante para
se extinguir. Assim sendo é urgente que as Associadas
que compõem e são a FPTA se articulem e garantam a
sustentabilidade do projeto. Imaginem a quantidade
de pessoas que já passaram pela FPTA e o contributo
que lhe deram. Está na hora de outros se prestarem
a esse papel com a mesma vontade e afinco e com
novas ideias.
Certamente que muitos dirão que diariamente o
tempo é escasso e por isso receiam tal compromisso.
É normal que tenham essa atitude porque de facto
é necessário tempo. Mas para além do tempo o
mais importante é ter Amor- é preciso amar-se o
Teatro e as pessoas que trabalham em equipa nas
nossas Associações. Só o amor permitirá ultrapassar
barreiras e ultrapassar as dificuldades.Este é o maior
contributo que podemos dar pela Cultura e pela
nossa Comunidade.
A FPTA não parará nunca. Ela vive por si própria,
expectante por novos intervenientes com vontade
de impulsionar o seu crescimento e consequente
valorização.
Aos Associados desta Federação sinto-me na
obrigação de vos endereçar algumas palavras:
ESFORÇO E DEDICAÇÃO
boca
de
cena
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Foi uma honra, um orgulho imenso, dirigir com os restantes elementos da Direção,
o seu destino. Perdoem-me as falhas (que foram muitas reconheço), mas acreditem
que tudo aquilo que fizemos foi o possível e com a melhor das intenções –
engrandecer o Teatro e a Cultura!
A FPTA precisa de voluntários. Agora mais do que nunca, depois de colocarmos “o
carro em andamento” não podemos deixar que pare. É preciso que alguém o conduza
e lhe coloque o combustível necessário para chegar ao destino. Não tenham medo.
Os caminhos podem ser tortuosos, mas nada se consegue sem esforço e dedicação.
Acredito em todos vós porque vos conheço e sei que somos uma família.
Vamos mantê-la unida!
Tânia Maria Falcão
(Presidente da FPTA)
boca
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cena
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sal
aA CIDADE DE ESMORIZ
esmoriz é uma cidade portuguesa do concelho de
Ovar, com 9,05 km² de área e 11 448 habitantes. Tem
o estatuto de cidade desde 1993, e é cidade geminada
com a de Draveil, em França.
As suas origens remontam aoperíodo da ocupação
romana, quando se denominava "Ermeriz" ou
"Hermeriz". A primeira referência histórica a Esmoriz
remonta às Inquirições de 1288. Posteriormente, há
também referências a Esmoriz num Foral de 1514.
A 29 de março de 1955 ascendeu ao estatuto de vila
e, mais tarde, a 2 de junho de 1993 ascendeu ao de
cidade.
Ao longo dos séculos, a fertilidade das terras de
Esmoriz e os seus recursos naturais foram razões
determinantes para a fixação da população nesta
zona. As principais atividades centravam-se na Arte
Xávega, na Tanoaria e na Cordoaria.
Atualmente essas atividades não têm tanta
preponderância como antigamente sendo que a elas
se juntaram novas indústrias, como por exemplo a de
móveis, confecções, construção civil, e outras.
Em termos de património edificado destacam-se os
antigos Palheiros, abrigos de pescadores no passado,
e os templos, nomeadamente a Igreja Matriz de
Nossa Senhora da Assunção, a Capela de Nossa
Senhora da Penha e a Capela da Praia. A cidade tem
ainda uma forte ligação à poetisa Florbela Espanca,
sendo que em Esmoriz se situa uma das casas onde a
poetisa passou largos períodos da sua vida.
A cidade conta ainda com um monumento em
homenagem ao Tanoeiro e outro aos Pescadores,
antigas atividades económicas expressivas para a sua
economia.
Em termos de espaços verdes, a Cidade de Esmoriz é
brindada com a beleza de dois espaços emblemáticos:
a célebre Barrinha de Esmoriz e o magnífico Parque
Ambiental do Buçaquinho.
A estes espaços naturais soma-se a Praia de Esmoriz,
um dos maiores areais a norte do país, com condições
de excelência.
Para além dos seus espaços verdes, naturais e
monumentos, a cidade de Esmoriz caracteriza-se pela
Praia de Esmoriz
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sua dinâmica associativa. Esmoriz conta com mais
de 40 associações, desde as ligadas ao desporto, à
cultura, à juventude e ao ambiente.
Esmoriz caracteriza-se ainda pela sua gastronomia
de excelência, sendo possível encontrar restaurantes
de todas as gamas: desde os tradicionais aos mais
requintados.
A cidade conta igualmente com todas as
infraestruturas necessárias para bem receber
e acolher quem nos visita: desde um Parque de
Campismo e um Hotel, passando por uma biblioteca.
Esmoriz dispõe ainda de Posto de Saúde, Quartel
de Bombeiros e da GNR, bem como de estação de
comboio, que facilita a acessibilidade de quem nos
queira visitar.
JFE / João Gomes
Passadiços da Barrinha de Esmoriz
Parque Ambiental do Buçaquinho
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aBREVE HISTORIALGrupo de Teatro Renascer
“Aos sete dias do mês de Maio de mil novecentos
e noventa e dois, um conjunto de cidadãos, no uso
dos seus direitos cívicos, reuniram-se às vinte e uma
horas e trinta minutos (…). Resolveram os seguintes
cidadãos (…) prepararem-se para formar um grupo de
Teatro. (…) ”
E assim ficou escrita a primeira ata do livro do Grupo
Teatro Renascer que começou esta viagem na Cidade
de Esmoriz.
A constituição oficial do Grupo deu-se a 30 de Junho
de 1992 e nos estatutos o destino ficou traçado: “A
associação tem por fim representar peças de autores
nacionais e estrangeiros, organizar espetáculos de
nível cultural e publicar boletins informativos”. Um
destino implacável e próspero que se vai cumprindo e
repartindo pelas pessoas que se orgulham de tomar
parte nele.
O Renascer deu os seus primeiros passos com
espetáculos de “Revista”, estilo que marcou
fortemente os primeiros anos da vida da coletividade.
Entretanto, ávido por experimentar e mostrar
variedade, começou a apresentar diferentes tipos
de espetáculo. Esta mudança retirou o rótulo
exclusivamente “revisteiro” do Renascer e o Grupo
passou a apresentar-se cada vez mais versátil,
primando atualmente pelas peças infantis, pelos
dramas e comédias.
Em 2000 iniciou o seu projeto mais importante-
o Festival de Teatro de Esmoriz- propondo-se a
organizar anualmente, entre setembro e dezembro,
um evento com várias peças de estilos variados
apresentadas por Grupos de Teatro de diversas
origens. O objetivo é fomentar o gosto pelo teatro,
educar e tornar a população da Cidade mais sensível
à cultura e a outras formas de teatro. Em cada edição,
convida sempre uma personalidade diferente ligada
ao Teatro para “apadrinhar” o evento, tendo estado
já presentes nomes como Júlio Cardoso, Alfredo
Correia, Ruy de Carvalho, Odete Santos, Irene Cruz,
Almeno Gonçalves, Manuel Bola, António Capelo,
Joaquim Nicolau e Heitor Lourenço.
Em 2013 deu início à organização de mais dois projetos
de continuação para dinamizar o plano cultural de
Esmoriz: o ATI– Amostra de Teatro Infantil (evento
composto por vários Grupos e peças especialmente
para a infância), actualmente inserido no Festival de
Teatro de Esmoriz; e o Vi(r)ver Teatro (evento que visa
levar a palco um espetáculo de teatro mensalmente
ao público da cidade).
Em 2017, uma nova iniciativa foi lançada pelo Grupo
de Teatro Renascer. Com o objetivo claro de inovação,
e aproveitando como mote os seus 25 anos, foi
criado o I FESTIVAL SET’ARTES, evento promovido
pela primeira vez nos dias 21 e 22 de Julho de 2017.
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a O Festival Set’Artes trata-se de um evento cultural
que pretende promover as Sete Artes nacionais e
internacionais, um evento que reúne no mesmo
espaço e em somente dois dias, todas as formas de
expressão de arte e cultura.
O Grupo Teatro Renascer é sócio fundador da
Federação Portuguesa de Teatro, participa ativamente
em iniciativas de intercâmbio cultural, Festivais de
Teatro e também de cariz competitivo. Em 2017 o
Grupo de Teatro Renascer passou a ser o associado
nº 1 das FPTA após renumeração aprovada em
assembleia geral.
É uma associação com tradição, mas que se afirma
jovem e dinâmica. Aposta na formação e no teatro
de qualidade, revela-se cada vez mais ambiciosa
e empenha-se cada vez mais no futuro e em novos
desafios.
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o
edward Gordon Craig é o nosso convidado de hoje
para as “conversas com os mestres” que temos
vindo a ensaiar já há algum tempo. Talvez menos
conhecido do que os anteriores convidados, é no
entanto mais um dos grandes visionários do teatro na
primeira metade do século XX, incendiando com os
seus textos publicados na primeira década o estado
das coisas existente. Ombreia, como teorizador e
encenador, com os grandes nomes que, em diversos
países da Europa, foram acendendo e renovando as
perspectivas da arte cénica com os Teatros de Arte,
desde a Rússia, com Stanislavski e depois Meyerhold
e a França com Paul Fort, à Alemanha, com Reinhardt,
à Suíça com Adolphe Appia e à Inglaterra com
Gordon Craig. As suas reflexões continuam a ser
profundamente actuais constituindo um desafio
CONVERSAS COM OS MESTRES O actor e as emoções
“É assim que o pensamento do actor é dominado pela sua emoção, a qual consegue
destruir o que o pensamento queria criar; e, triunfando a emoção, o acidente sucede ao
acidente. E chegamos ao seguinte: que a emoção criadora, na origem, de todas as coisas,
é depois destruidora. Ora a Arte não admite o acidente. De modo que o que o actor nos
apresenta não é uma obra de arte, mas uma sucessão de testemunhos involuntários. […]
«O artista», diz Flaubert, «deve estar na sua obra como Deus no universo, invisível e todo
poderoso; adivinha-se por toda a parte, não se vê em parte alguma. É preciso elevar a arte
acima dos sentimentos pessoais e da sensibilidade nervosa. É chegado o momento de dar
à Arte a mesma perfeição que às ciências físicas por meio de um método inflexível.» […]
Tudo leva a crer que a verdade verá a luz em breve. Suprimi a árvore autêntica que
colocastes em cena, suprimi o tom natural, o gesto natural e acabareis por suprimir o actor
igualmente. É o que acontecerá um dia e gosto de ver certos Directores de teatro a encarar
esta ideia desde já. Suprimi o actor e retirareis a um grosseiro realismo os meios de florir em
cena. Já não haverá personagem viva para confundir no nosso espírito a arte e a realidade;
já não haverá personagem viva em que as fraquezas e as comoções da carne sejam visíveis.
O actor desaparecerá; no seu lugar veremos uma personagem inanimada que terá, se
quiserdes, o nome de Super-marioneta — até ter conquistado um nome mais glorioso. […]
Esta não rivalizará com a vida, mas irá para além dela; não figurará o corpo de carne e
osso, mas o corpo em estado de êxtase e, enquanto dela emanar um espírito vivo, revestir-
se-á de uma beleza de morte.”
(Edward Gordon CRAIG, “L’acteur et la sur-marionette”, in Edward Gordon CRAIG, L’Art du
théâtre, Éditions Circé, 1999, pp. 81-82, 94 e 99.)
rep
ort
óri
o
sempre renovado a quem quer pensar radicalmente
“a arte do teatro”. É este, aliás, o título da recolha de
uma parte significativa dos seus textos, publicada pela
primeira vez em 1911 e em que se inserem quer os
dois diálogos que têm como título o título do próprio
livro, “A arte do teatro”, quer o pequeno texto que
elegemos para esta conversa, intitulado “o actor e
a super-marioneta”, publicado pela primeira vez na
revista The Mask, em 1908, que serviu de suporte
à divulgação das suas ideias e à publicação das suas
provocações ao teatro do seu tempo.
Neste caso, sob o polémico título “O actor e a super-
marioneta” Gordon Craig propõe-se pensar as
bases científicas da arte teatral, elevada à “suprema
perfeição” anunciando, no “teatro do amanhã”, a
“substituição” dos actores vivos e vibrantes que
povoam os palcos do seu tempo por seres que
designa “super-marionetas”.
O desafio é pensar a arte do actor, em comparação
com as outras artes, por um lado, mas tendo em conta
a sua especificidade por outro. E, ao pensar a arte do
actor, trata-se de pensar aquilo que constitui o actor
como tal, ou seja, aquilo que constitui a essência do
teatro, que não é, como a visão dominante na segunda
metade do século XIX aceitava facilmente, o texto,
com as suas palavras, entoações ou jogos literários,
mas o gesto, a dança e o movimento. O pai do
dramaturgo, gostava Gordon Craig de repetir, não foi
o poeta dramático mas o dançarino: é no movimento,
ou seja, no ritmo, na cor, nas linhas cruzadas, na
gestualidade que está a fonte e a raiz do teatro e
não na declamação mais ou menos pomposa de um
texto literário. E pensar no movimento é pensar no
corpo e na energia que nele se pode inscrever para
fazer da matéria, da carne, da respiração e do sangue
a personagem inventada e reelaborada à revelia das
vontades espontâneas e confusas que o habitam. E é
aqui que ganha sentido a comparação com as outras
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o
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artes: o escultor trabalha a pedra que está aí, muda
e queda, com infinitas formas dentro dela mas sem
as discutir, sem as reclamar, sem vaidosamente as
ostentar, a pedra neutra, a pedra vazia que pode ser
tudo precisamente por se apresentar assim vazia;
o pintor encontra-se perante uma tela, igualmente
vazia, donde todas as cores poderão brotar, onde
todos os jogos se poderão ensaiar e tecer, onde a luz
pode lutar com a sombra, não pelas mãos da tela,
mas pelas mãos do artista, pela sua inteligência, pela
sua dinâmica criadora. O mesmo faz o músico com
os sons que faz brotar do silêncio, com as notas que
inscreve na pauta, com o ritmo que não pré-existe à
música que compõe. Se o actor é um criador como
o escultor, o pintor ou o músico, bem diferente é,
no entanto, o seu trabalho pelas condições em que
é realizado: porque o actor vai trabalhar o corpo
que ele é, com gestos, expressão e movimento, mas
esse corpo que o actor é é também um corpo com
vontade, com paixões e emoções, com inclinações,
vícios, clichés, modos de ser e de estar, jeitos de
dizer, de afirmar e de negar, ou seja, é um laboratório
psíquico em plena efervescência, em permanentes
transmutações, em imitações da natureza que são
apenas isso, “grosseiras imitações da natureza”.
É no teatro das emoções que se joga a grandeza
ou a mediocridade do actor. É nele que se joga
a especificidade da sua arte, é nele que o actor se
ganha ou se perde, porque na sua base está a sua
duplicidade. O actor é um ser humano como qualquer
outro ser humano: tem os dias preenchidos pelas
ocupações mais diversas, tem as horas habitadas
pelas emoções mais díspares, tem o tempo repleto
de alegrias e tristezas, êxitos e contrariedades,
aborrecimentos e prazeres e é com todo esse
material vivo e efervescente que chega a um ensaio,
se aproxima do seu papel e tenta dar corpo e voz
ao corpo e à voz das personagens. No momento do
ensaio ou no momento do espectáculo o actor está
“saturado”: saturado de vida, saturado de ritmos,
saturado de gestos e de movimentos, saturado
de pensamentos, saturado na sua mente e na sua
vontade, saturado na sua maneira de falar e na sua
maneira de calar, saturado de ser e de não-ser. Teve
um dia cheio de alegrias e vai pedir-se-lhe que chore
a morte de Ofélia? Está perturbado pela tristeza da
morte de um ente querido e pede-se-lhe que entoe
uma declaração de amor a Julieta? É este o verdadeiro
drama do actor; não da personagem, mas do actor,
esse ser frágil, inconstante e contingente que se abre
à personagem. É o drama da sua duplicidade. Por um
lado é um ser humano com nome, com vida própria,
com hábitos, com vontade e com vontades; por
outro é uma personagem que descola do drama, da
acção, que ganha vida própria e que não pode estar
sujeita aos caprichos e às inconstâncias de quem a
representa. Esta é a grandeza da arte de representar
e as rasteiras da sua astúcia. Ser e não ser, é essa a
questão, a questão maior do teatro. Se o teatro é
uma alquimia de emoções, começa por sê-lo dentro
do próprio actor. Porque o pensamento diz uma
coisa, mas as emoções que o actor sente, transporta
e tende a exprimir dizem outra coisa traindo o que o
pensamento criador reclama no acto da sua perfeição.
Quando a emoção do actor triunfa, a arte deixa de
ser arte, para ser uma sucessão de acidentes, de
imitações servis, de quedas em série na contingência
da banalidade da vida.
Neste aspecto, penso, Gordon Craig afasta-se
decididamente da utilização da memória afectiva de
Stanislavski no processo de preparação do actor e de
construção da personagem, mesmo tendo em conta
que o encenador russo postula sempre um controle
das emoções dessa memória pelo pensamento. Mas
se Stanislavski sugere que o actor mergulhe dentro
de si próprio e beba na memória das suas emoções
o impulso para desenhar e criar a personagem, o
encenador inglês reclama antes um esvaziamento
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óri
o do corpo e da mente, como se o espaço vazio de
Peter Brook não fosse apenas o espaço cénico, mas
também o espaço interior.
É neste contexto que deve ser interpretada a ideia
visionária de Gordon Craig de que o actor do futuro
tenderá a ser substituído por uma super-marioneta.
Não se trata, de maneira nenhuma, de apontar para
um trabalho meramente mecânico na preparação do
actor como se o corpo e a mente do actor fossem
apenas dispositivos mecânicos cujos fios seriam
manipulados pelo encenador ou até mesmo pelo
próprio actor. Esta super-marioneta não é uma
máquina nem pode ser comparada a uma máquina,
tal como os actores não podem ser vistos como mero
joguete de partituras desenhadas fora deles, do seu
pensamento e da sua criatividade. Precisamente
porque não é de uma simples marioneta que se trata,
mas de uma super-marioneta. Assim, não sendo
uma simples marioneta, a super-marioneta tem
pensa¬mento, tem chispa, tem luz, tem imaginação,
tem criatividade. A única coisa que partilha com a
marioneta é o vazio total das emoções para que as
emoções da personagem possam encher o corpo e a
mente do actor, para que o desenho da personagem
seja perfeito e puro, para que a arte seja total e não
uma colecção de acidentes dependentes de emoções
e paixões demasiado volúveis e contingentes que
habitariam o interior do actor. O que significa que
uma super-marioneta, essa super-marioneta que
substituirá o actor, não é um boneco morto, mas,
como diz Gordon Craig, estará “para além da vida”,
será “um corpo em estado de êxtase”, emanando
dela um “espírito vivo”, que se “revestirá de uma
beleza de morte”.
É para preparar em nós esse estado semelhante ao
de super-marioneta que o treino quotidiano e os
exercícios de aquecimento e relaxamento antes dos
ensaios e dos espectáculos servem: esvaziar o corpo,
esvaziar o espírito, para que um novo corpo e um novo
espírito tomem posse deste pedaço de matéria que
somos e o transformem num processo incandescente
que é uma verdadeira alquimia de emoções.
João Maria André
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Texto produzido no âmbito do Painel de Escrita
Criativa, orientado por Manuel Ramos Costa, no XIX
Fórum Permanente de Teatro, em Torre Moncorvo,
Outubro de 2017
O ALEPH escrito pelos formandos do painel de Escrita
Criativa no XIX Fórum Permanente de Teatro.
Ana Rita Tavares (Acal), Bruno Joaquim Quelhas
Costa (Os Plebeus Avintenses), Eliana Berenguel
(TIl), Ricardo André Castro Fernandes (A.Com. Te. Ser
- Clube da Sertã), José Manuel Brás Ferreira (GAFT -
Alma de Ferro), Maria de Fátima Costa Monteiro (GT
Renascer), Cristiana Almeida (GAFT- Alma de Ferro).
A partir do texto homónimo de Jorge Luís Borges.
QUADRO 1
NARRADOR 1 (Canta os versos iniciais utilizando o
tema do ADESTE FIDELIS.)
(No final do canto, é interrompido pelo NARRADOR 2
que grita a fórmula seguinte:)
NARRADOR 2 -Beatriz, Beatriz, que morreste infeliz!
Beatriz, Beatriz, que morreste infeliz!
NARRADOR 1 - Beatriz Viterbo, mulher anjo e mulher
fatal, morreu só, em imperiosa agonia, numa manhã
de Fevereiro de 1929.
NARRADOR 2 - Beatriz, Beatriz, que morreste infeliz!
Beatriz, Beatriz, que morreste infeliz!
NARRADOR 1 - Mas não só de Beatriz falaremos
nesta história. Dois pretendentes, tem Beatriz: Carlos
Argentino e Borges, sem apelido. Apenas BORGES.
NARRADOR 2 - Beatriz, Beatriz, que morreste infeliz!
Beatriz, Beatriz, que morreste infeliz!
NARRADOR 1 - Carlos Argentino, o robusto,
o encanecido, de traços finos, o autoritário, o
ineficiente. Ou seja, completamente insignificante.
(Abre luz sobre cadeirão onde CARLOS está sentado.)
CARLOS (Com livro na mão, lê.) - Vi, como o grego, as
cidades dos homens, os trabalhos, os dias de vária luz,
a fome; Não corrijo os factos, não falseio os nomes,
mas le voyage que narro é... autour de ma chambre.
(Apaga a luz sobre CARLOS.)
NARRADOR 1 - E o Borges? Pouco há a dizer sobre o
BORGES. O BORGES era apaixonado pela Beatriz... E
chega para a história!!
(Luz sobre o Borges.)
NARRADOR 2 - Beatriz, Beatriz, que morreste infeliz!
Beatriz, Beatriz, que morreste infeliz!
NARRADOR 1 e 2 (Olhando um para o outro) - Ah,
pois morreste!
QUADR0 2
(Luz fraca em cima dos Narradores, que estão
estáticos.)
CARLOS (Fecha o livro estrondosamente. Abre luz em
toda a cena.)
BEATRIZ 2 (Que estava escondida atrás do cadeirão,
surge lentamente atrás de CARLOS e dança
sedutoramente)
CARLOS (Em tom malicioso.) - Borges, meu amigo, cá
estás, um ano depois...! Como todos os anos!
BORGES 1 (Em tom nostálgico) - Como todos os
anos... A 30 de Abril! Sem falta! (Surge em redor de
BORGES 1 a figura de BEATRIZ 1, que deambula junto
dele, lentamente)
CARLOS - Telefonei-te para tomarmos leite juntos,
O ALEPH
sem
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no salão-bar que os proprietários da minha casa
inauguraram na esquina.
BORGES 1 (Resignado) - Sim, como queira!
CARLOS - Sabes porque te chamei?
BORGES 1 - Soube que quer vender a casa. Os seus
40 anos ainda não lhe ensinaram nada? Não sabe que
esta é a casa de Beatriz? Ainda a vejo em todas as
paredes, em todos os espaços sinto a sua presença.
(Movimentos sincronizados entre BORGES 1 e BEATRIZ
1 durante alguns momentos. Foco de luz em ambas
as personagens. Ouve-se a música do filme Amélie.)
CARLOS (com desordem) - Tu não sabes nada sobre
Beatriz!
(A música baixa mas não desaparece).
BORGES 1 (Falando para o vazio) - Eu amei-a de
verdade.
CARLOS (Falando para o vazio) - Eu tive-a por inteiro.
(Termina a música).
BORGES 1 (sonhador) - Beatriz!
CARLOS (contraditório) - Beatriz Elena!
BORGES 1 (Em retaliação a Carlos mas com voz doce)
- Beatriz Elena Viterbo!
NARRADOR 2 - Beatriz, Beatriz que morreste infeliz!
Beatriz, Beatriz que morreste infeliz!
(A luz incide mais forte.)
NARRADOR 1 - Beatriz querida, Beatriz perdida para
sempre! Beatriz, a causadora da loucura dos homens!
O que Borges queria, Carlos ofereceu-lhe! O Aleph: o
multum in parvo! (noutro tom) O muito em pouco!
BORGES 1 - O Aleph? Que é isso de Aleph?
CARLOS - Não sabes o que é o Aleph? Desconhecia
tamanha ignorância...
BORGES 1 - Aleph: O ponto que contem todos os
pontos. O lugar onde estão todos os lugares, onde
estão todas as fontes de luz, onde posso ter tudo o
que quiser.
CARLOS - Muito bem! Incluindo a Beatriz. Tenho-a no
porão!
BORGES 1 (irradia felicidade agitando-se)
BORGES 1 - No porão? Onde?
CARLOS - Eu indico-te o caminho. (Carlos aponta o
caminho e BORGES 1 vai até à escadaria. Baixa a luz
de palco lentamente.)
QUADR0 3
BORGES 1 (Desce as escadas cambaleando, repetindo
a fórmula.) - Vou ver Beatriz! Quero a Beatriz! A
Beatriz é minha!
(Cada vez mais intensamente tornando-o obsessivo
quase paranóico.)
- Vou ver Beatriz! Quero a Beatriz! A Beatriz é minha!
(Repete a fórmula vezes sem conta ainda em palco
com voz baixa mas obsessiva.)
- Vou ver Beatriz! Quero a Beatriz! A Beatriz é minha!
(Entretanto ouve-se o Narrador.)
NARRADOR 1 - Pobre Borges. Deixou-se soterrar por
um louco, depois de tomar um veneno. Carlos, para
defender o seu delírio, para não saber que estava
louco, tinha de matá-lo. (Narrador solta gargalhada.)
(No final da gargalhada ouve-se intensamente a
fórmula)
- Vou ver Beatriz! Quero a Beatriz! A Beatriz é minha!
BORGES 1 (Rodopia no final das escadas dá de
caras com o globo e tenta tocar-lhe. Tenta fazê-lo
rodar ligeiramente e nesse momento há “blackout”.
Escuridão apenas. Ouve-se um grito forte e neste
momento há troca de BORGES 1 por BORGES 2.
Follow spot em cima da personagem.)
BORGES 2 (Rodopia freneticamente o globo e repete
sem
pal
co
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a mesma fórmula de forma obcecada em frente da
imagem do globo)
- Vou ver Beatriz! Quero a Beatriz! A Beatriz é minha!
BORGES 2 (Gargalhada tresloucada evidenciando a
loucura mas também a vitória.)
- Formidável! Sim, formidável!
(Levanta a cabeça em direcção ao plano superior.)
- Obrigado, Carlos Argentino. Aproveita a demolição
da tua casa. Agora sim, a
Beatriz é minha!
BORGES 2 (Interage com o público tocando em cada
espectador de forma evasiva e repete a fórmula):
- Beatriz! És tu? És tu, Beatriz?
(Follow spot segue a personagem. Sai de cena gritando
por Beatriz em plena loucura até desaparecer de
cena.)
Fim